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LUIZ INÁCIO DA SILVA BRUNO MALAFAIA GRILLO

Presidente da República CLARISSA MARIA DE AGUIAR


DÉBORA SILVA CARVALHO
MARINA SILVA FLAVIA REGINA RICO TORRES
Ministra de Estado do Meio Ambiente GRACIEMA RANGEL PINAGÉ
e Mudança do Clima RUBENS RAMOS MENDONÇA
TITO NUNES DE CASTRO
GARO JOSEPH BATMANIAN RUBENS RAMOS MENDONÇA
Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro Equipe Técnica

ANDRÉ RODRIGUES DE AQUINO GRACIEMA RANGEL PINAGÉ


Diretor de Fomento Florestal TITO NUNES DE CASTRO
RUBENS RAMOS MENDONÇA
FERNANDO CASTANHEIRA NETO CLARISSA MARIA DE AGUIAR
Coordenador-Geral de Fomento e Inclusão Florestal PETER WIMMER
Conteudistas
LILIANNA MENDES LATINI GOMES
Coordenadora de Ações de Fomento Florestal FELIPE RIBEIRO
INGO ISERNHAGEN
Revisão Técnica

AVANTE BRASIL INFORMÁTICA E TREINAMENTO LTDA.


Projeto Gráfico e Ilustração
SUMÁRIO
1 A recomposição da vegetação e sua re lação com as mudanças climáticas e a
Conservação das florestas 6
Apresentação 7
1. Introdução 8
1.1. Conceitos sobre recomposição 9
1.2. Conhecendo melhor as florestas tropicais 11
1.3. As estruturas da floresta tropical úmida 13
1.3.1. Composição florestal 13
1.3.2. A Biogeografia da Floresta Amazônica 16
1.4. Recomposição e a sua importância 20
1.4.1. Instrumentos legais e políticos 22
1.5. Lei de Proteção da Vegetação Nativa 24
Encerramento do módulo 1 31

2 Planejamento da recomposição da vegetação 32


2.1. Introdução 33
2. Planejamento da recomposição 34
2.1. Diagnóstico das áreas a serem recompostas 34
2.1.1. Localização e mapeamento da paisagem 35
2.1.2. Vegetação remanescente 38
2.1.3. Qualidade do solo 39
2.1.4. Logística das áreas 41
2.2. Definição dos métodos de recomposição 42
2.3. Planejamento econômico 44
2.4. Cronograma 46
Encerramento do módulo 2 47

3 Métodos de recomposição da vegetação nativa 48


1. Introdução 49
2. Regeneração Natural 50
3. Transposição de solo florestal superficial ou “topsoil” 51
4. Plantios de Adensamento 52
5. Plantio mecanizado de sementes em área total 53
6. Plantio de mudas em área total 54
7. Plantios de enriquecimento 56
8. Sistemas Agroflorestais (SAFs) 57
9. Nucleação 59
Encerramento do módulo 3 61

4 Implantação, manutenção do plantio e monitoramento da recomposição 62


1. Introdução 63
2. Preparo do solo 64
3. Abertura de aceiros e instalação de cercas 66
Encerramento do módulo 4 84

5 Coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes florestais 85


1. Introdução 86
2. As sementes 87
Encerramento do módulo 5 102

6 Produção de mudas de espécies florestais 103


1. Introdução 104
2. Viveiros Florestais 105
2.1. Viveiros temporários x viveiros permanentes 106
2.2. Critérios para implantação do viveiro 107
2.2.1. Facilidade de acesso 108
2.2.2. Quantidade e qualidade de água 108
2.2.3. Drenagem 109
2.2.4. Orientação geográfica e proteção contra o vento 109
2.3. Insumos necessários para a produção no viveiro 110
2.3.1. Recipientes 110
2.3.2. Substratos 112
2.3.3. Tipos de substratos 112
2.4. Métodos de produção de mudas 113
2.4.1. Germinação 113
2.4.2. Dormência 114
2.4.3. Dormência exógena 114
2.4.4. Quebra de dormência exógena
115
2.4.5. Dormência endógena
116
2.4.6. Quebra de dormência 116
2.4.7. Teste de qualidade 117
2.4.8. Pureza 117
2.4.9. Germinação 118
2.5. Semeadura 118
2.5.1. Densidade 119
2.5.2. Época 119
2.5.3. Abrigo 119
2.6. Sequência operacional de atividades no viveiro 120
2.7. Elaboração de projetos de viveiros florestais 122
2.8. Monitoramento das mudas 123
2.8.1. Parâmetros morfológicos 123
Encerramento do módulo 6 125

7 Geração de renda pela recomposição florestal 126


1. Introdução 127
2. Importância da geração de renda para o sucesso da recomposição em larga escala 128
Encerramento do módulo 7 143
Referências Bibliográficas 144
MÓDULO 1
A recomposição da vegetação e
sua relação com as mudanças
climáticas e a conservação das
florestas
Apresentação

Olá! Eu sou o Altair, técnico extensionista da região, e irei conduzir este curso com
a analista ambiental Carol. Os fazendeiros Eliana e João também irão partilhar as
experiências e dúvidas sobre os temas que serão apresentados.

CAROL
TÉCNICO

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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7
1. Introdução

Para começar, faremos uma introdução sobre o tema recomposição


florestal, que é muito discutido hoje no Brasil e no mundo, sendo de
grande importância o seu entendimento. Nesse curso, vamos abordar as
principais orientações para a recomposição da vegetação em florestas
CAROL

tropicais, a partir das etapas de coleta, beneficiamento e armazenamento


de sementes, produção de mudas e construção de viveiros. Para
complementar, vamos estudar os principais métodos de recomposição,
os recursos necessários, bem como acompanhar todo o seu processo de
implementação e monitoramento.

Vale lembrar que todas as atividades mencionadas detêm princípios


técnicos e legais muito claros e bem definidos, estando estabelecidas
em legislação específica, como leis, decretos, portarias e instruções
normativas, que também serão apresentadas durante os módulos.
TÉCNICO

Vamos lá conhecer mais sobre como recompor a nossa floresta!

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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1.1. Conceitos sobre recomposição

O Serviço Florestal Brasileiro adota os termos Recomposição ou


Recuperação, definidos no Decreto n° 8.972/2017 – Política Nacional
de Recuperação da Vegetação Nativa. Vamos apresentar, a seguir, o
conceito de acordo com o Decreto:

Importante
Recuperação ou recomposição da vegetação nativa - restituição da cobertura
vegetal nativa por meio de implantação de sistema agroflorestal, de
reflorestamento, de regeneração natural da vegetação, de reabilitação ecológica
e de restauração ecológica.

Agora vamos entender cada um deles?

Restituição

Fazer recuperar o uso ou o estado anterior deste.

Sistema agroflorestal (SAFs)

Segundo o World Agroforestry Center - ICRAF, os SAFs são “sistemas baseados na dinâmica,
na ecologia e na gestão dos recursos naturais que, por meio da integração de árvores na
propriedade e na paisagem agrícola, diversificam e sustentam a produção, com maiores
benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos aqueles que usam o solo em
diversas escalas”.

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Reflorestamento

Plantação de espécies florestais, nativas ou não, em povoamentos puros ou não, para


formação de uma estrutura florestal em área originalmente coberta por florestas.

Regeneração natural da vegetação

Processo pelo qual espécies nativas se estabelecem em área alterada ou degradada a ser
recuperada ou em recuperação, sem que este processo tenha ocorrido deliberadamente
por meio de intervenção humana.

Recuperação ou recomposição da vegetação nativa

Restituição de cobertura vegetal com espécies nativas por meio de plantios de mudas ou
semeadura direta visando reabilitação e/ou restauração ecológica com a implantação de
estratégias de plantios como sistema agroflorestal, reflorestamento ou mesmo
regeneração natural da vegetação.

Reabilitação ecológica

Intervenção humana planejada visando à melhoria das funções de ecossistema degradado,


procurando desencadear o restabelecimento mais próximo da composição, da estrutura e
do funcionamento do ecossistema preexistente.

Restauração ecológica

Produto da intervenção humana intencional em ecossistemas alterados ou degradados


para facilitar ou acelerar o processo natural de sucessão ecológica.

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1.2. Conhecendo melhor as florestas
tropicais

Temos nossas práticas e costumes, então Conte com a gente, Eliana e João. Mas
estamos felizes por contar agora com para realizar a recomposição é necessário
o apoio de vocês para este processo de entender as características da vegetação
recomposição. que pretendemos recompor, pois cada
área apresenta uma disposição própria
conforme o local de ocorrência.

As principais características das florestas tropicais são:


• Clima quente (devido à proximidade com a linha do Equador); e
• Grande diversidade de espécies.

Essas florestas estão localizadas na região entre os trópicos, mais precisamente


na América Central e México, na América do Sul, na África, no sudeste Asiático e em ilhas do
Oceano Pacífico.
De acordo com a FAO (2012), são divididas em três categorias: tropicais secas, tropicais
estacionais e tropicais úmidas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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Florestas tropicais secas

• Apresentam um longo período seco (5 a 8 meses), onde todas as árvores perdem as


folhas nesta época;
Exemplo: Bioma Caatinga.

Florestas tropicais estacionais

• Apresentam um período seco (3 a 5 meses), onde algumas árvores perdem suas


folhas durante esse período.
Exemplo: Manchas de vegetação no Bioma Mata Atlântica.

Florestas tropicais úmidas

• Apresentam ou não uma estação seca que pode variar de 0 a 3 meses;


Exemplo: Bioma Amazônia.

No próximo item, daremos destaque as características da floresta tropical úmida.

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1.3. As estruturas da floresta tropical úmida

1.3.1. Composição florestal

As florestas são formadas por milhares de espécies que apresentam diferentes tamanhos,
formas e funções dentro do ecossistema florestal. Em relação ao tamanho e forma dessas
espécies, podemos dividir a floresta em quatro estratos (altura): herbáceo, sub-bosque,
dossel e emergente.
Emergente: árvores altas que ultrapassam o
dossel.
Dossel: patamar superior da floresta correspon-
dendo à mais alta camada de folhas, caules e
pequenos ramos expostos;
Sub-bosque: conjunto de plântulas e plantas
jovens que crescem abaixo do dossel florestal;
Herbáceo: camada de ervas (planta não lenhosa
e terrestre), subarbustos (planta de base
lenhosa e ápice herbáceo), trepadeiras (planta
de hábito escandente de forma ampla), sendo
estas herbáceas (vinhas) ou lenhosas (lianas)
e arbustos (planta lenhosa ramificada desde a
base) com até 1,30m.
* Planta recém brotada ou muito nova.

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Para cada estrato, podemos identificar e quantificar em uma determinada área a:

Densidade de indivíduos: número de indivíduos por hectare;

Área basal: área ocupada pela circunferência dos indivíduos por hectare;

Distribuição diamétrica: frequência dos indivíduos por tamanho de seus diâmetros;

Distribuição espacial: forma de distribuição dos indivíduos na floresta, se em grupos,


espaçados etc.

Estrutura florística: como as diferentes espécies se distribuem nos diferentes estratos


e locais da floresta.

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Nessa mesma área podemos observar a evolução da floresta ao longo do tempo, diante das
seguintes observações:

Grupos ecológicos sucessionais

As espécies da floresta apresentam diferentes estratégias de crescimento e sobrevivência,


que se adaptam à natureza conforme os recursos disponíveis. Entre estes grupos temos:
• Espécies primárias que possuem crescimento rápido (atingindo rapidamente o
dossel), necessitando de maior iluminação para seu crescimento, com ciclo de vida
reduzido e produzem grande quantidade de sementes, que ficam bastante tempo
no solo esperando melhores condições para se desenvolver. Essas espécies se
desenvolvem melhor após algum distúrbio na floresta, como por exemplo a abertura
de uma clareira na floresta. Exemplo: Açaí (Euterpe sp.), Paricá (Schizolobium
amazonicum (Vell)) e Maricá (Mimosa bimucronata).
• Espécies secundárias e clímax crescem em condições de luz reduzida, possuem ciclo
de vida longo produzindo sementes em menor quantidade. As espécies desse grupo
são capazes de desenvolver plântulas dentro do sub-bosque da floresta. Exemplo:
Jatobá (Hymenaea courbaril var. stilbocarpa), Copaíba (Copaifera sp.) e Sobrasil
(Colubrina glandulosa Perkins).
• Espécies intermediárias possuem comportamentos situados entre os dois casos
citados anteriormente, mudando o comportamento de crescimento após atingirem
certos níveis da floresta.
• Nestes casos, no momento de escolher as espécies para o plantio, é importante
reconhecer as espécies de diferentes estratégias de ocupação do ambiente, aquelas
de recobrimento ou seja aquelas que não apenas crescem rápido, mas produzem
grande biomassa de folhagem e assim são capazes de competir com as invasoras,
ao mesmo tempo sejam relativamente fáceis de sair do sistema quando forem
substituídas naturalmente pelas espécies de diversidade e crescimento mais lento,
que são aquelas fundamentais na estruturação final da restauração ou seja, as
espécies clímax.

Mosaicos

A mortalidade e a formação de clareiras ocorrem o tempo todo dentro da floresta. Quando


um indivíduo adulto de estrato arbóreo morre, abre-se uma clareira que beneficia as
espécies de crescimento rápido. Estas sombreiam relativamente rápido a área, facilitando
o crescimento de espécies tolerantes à sombra. Isso transforma a floresta em uma junção
de unidades florestais em diferentes processos de sucessão (clareiras em processo de
fechamento de dossel, áreas com vegetação madura, entre outros) criando um mosaico
dinâmico.
Esses parâmetros auxiliam no entendimento da composição e da dinâmica da floresta
e devem ser observados durante a recomposição da vegetação possibilitando, assim,
acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da floresta como um todo.

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1.3.2. A Biogeografia da Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica é considerada a maior floresta tropical do mundo e está localizada


no norte da América do Sul, abrangendo os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia,
Pará, Roraima, norte do Mato Grosso e Tocantins e oeste do Maranhão, além de menores
proporções nos países Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e no
território da Guiana Francesa.

Mapa da Amazônia continental Mapa dos biomas

Fonte: IBGE, adaptado SFB

A Floresta faz parte do bioma Amazônico, no qual ocupa 49,29% do território nacional,
aproximadamente 4.196.943 km2, representando o maior bioma do Brasil (SNIF).

* Bioma: um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação
contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes
e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma
diversidade de flora e fauna própria(IBGE, 2005).

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A vegetação da Floresta Amazônica está intimamente ligada ao clima, ao solo e ao relevo.

Clima

O clima predominante da região é o equatorial úmido, devido à proximidade com a linha


do Equador, apresentando pouca variação de temperatura ao longo do ano, com médias
anuais de 26 a 27°C.
As chuvas são abundantes com médias de precipitação anuais de 2.300 mm. Quanto à
hidrografia, a região norte abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, a Bacia Amazônica,
onde os rios mais importantes da região são o rio Amazonas e o rio Tocantins.

Relevo

Mapa de altitude do Brasil

O relevo Amazônico apresenta áreas de planície


(terrenos com pouca variação de altitude) que são
constantemente inundadas pela água dos rios,
áreas de depressões (tipo de relevo aplainado,
onde são encontradas colinas baixas) e áreas de
planaltos (terrenos com superfície elevada), como
o planalto das Guianas.

(https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/
atlas/mapas_brasil/brasil_fisico.pdf).

Solo e Vegetação

Devido à influência do clima e das diferentes formações geológicas e de relevo, os solos


amazônicos são geralmente arenosos com uma fina camada de nutrientes resultantes do
processo de decomposição de folhas, galhos, frutos e animais mortos, possibilitando o
crescimento de uma rica floresta com uma enorme biodiversidade e diferentes formações
florestais, são elas (IBGE, 2012):
Floresta Ombrófila Densa ou floresta tropical úmida ou pluvial: vegetação formada
por árvores de grande porte, sendo a vegetação mais presente na floresta amazônica. Essa
formação florestal foi subdividida em cinco categorias de acordo com as variações das
faixas de altitude são elas: Altomontana, Montana, Submontana, Terras Baixas e Aluvial.

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Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) disponível em IBGE, 2012.

O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve a riqueza e a variedade do mundo natural,


em espécies, populações dessas espécies e a diversidade genética.

Formações florestais se refere àos diferentes tipos de vegetação arbórea, como a Mata de Araucarias,
Cerradão, Mata de bambus na Amazônia, etc.

Ombrófila é um termo em grego que quer dizer amigo da chuva.

Floresta Ombrófila Aberta: possui um dossel mais aberto devido à grande presença de cipós
ou palmeiras ou bambus ou sororocas;
Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) disponível em IBGE, 2012.

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Campinarana florestada ou Caatinga da Amazônia e Caatinga-Gapó: esse tipo de vegeta-
ção apresenta árvores menores e com troncos mais finos em relação as florestas ombrófilas
e ocorrem no alto rio Negro (noroeste do Amazonas) e no médio rio Branco (sul de Roraima);
* Sororoca ou banana-da-mata, planta da família da banana, que se parece com ela, mas sem
frutos, de matas úmidas.
CampinaranaarborizadaouCampinaranaeCaatinga-Gapó:ocorrenasmesmaslocalidades
da campinarana florestada, porém em locais com solos mais arenosos, apresentando árvores
menos desenvolvidas.
Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) disponível em IBGE, 2012.

Mapa da vegetação da Amazônia.

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1.4. Recomposição e a sua importância

Pessoal, quero ressaltar que manutenção dos serviços ambientais e a conservação


da biodiversidade já representam razões importantes para recompor uma área
degradada ou alterada, mas vale incluir ainda a exigência legal e os compromissos
internacionais do Brasil.

CAROL

Exatamente, Carol! Desta forma, as florestas representam


uma grande fonte de recursos naturais, gerando riqueza
ambiental e socioeconômica. Entre os serviços ambientais
destacamos a manutenção do ciclo das águas, absorção de
carbono, polinização e dispersão de sementes, controle de
enchentes e erosões. Em termos socioeconômicos, a coleta
e comercialização dos produtos florestais madeireiros e não-
madeireiros geram segurança alimentar e renda para diversas
famílias.

Serviços ambientais: trata-se dos benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente,
através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta, como proteção contra erosão, água
potável, solos férteis e muitos outros.
Absorção de carbono: as plantas, enquanto crescem, retiram gás carbônico do ar – uma árvore adulta
tem cerca de 40% de seu peso de carbono.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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A degradação ou alteração de uma área pode ocorrer por diversas ações,
tanto naturais, quanto antrópicas (causada por ação do homem), entre elas:
• pecuária extensiva;
• exploração predatória de madeira e produtos não-madeireiros;
• agricultura de corte e queima; e
• agricultura mecanizada de grãos.

Essas atividades foram e continuam sendo atrativas economicamente,


entretanto, causam degradação das florestas e a redução de bens e
serviços ambientais, comprometendo o bem-estar das gerações presentes e
futuras, como também podem reduzir o potencial produtivo das atividades
destacadas acima.

Saiba mais
O relatório “O Futuro Climático da
Amazônia”, aponta o importante pa-
pel da floresta na regulação do clima,
destacando a sua capacidade em
manter a umidade do ar, possibili-
tando que ocorram chuvas dentro do
continente, longe dos oceanos, como
o fenômeno dos rios voadores.
Este fenômeno ocorre da seguinte
forma: os ventos alísios (ventos que
sopram de leste para oeste) carregam
vapor d’água que vem do oceano
Atlântico para a região amazônica,
gerando chuvas e fazendo mover os
rios voadores. Essa umidade avança
até atingir a Cordilheira dos Andes, onde ocorre uma nova precipitação forman-
do as cabeceiras dos rios da Amazônia. A umidade que atinge a região andina em
parte retorna para o Brasil, podendo gerar precipitações nas regiões centro-oes-
te, sudeste e sul.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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1.4.1. Instrumentos legais e políticos

A recomposição da vegetação obrigatória, quando


ocorrer, é definida na Lei n° 12.651 de 2012, que trata
sobre a Proteção da Vegetação Nativa, também conhe-
cida como Novo Código Florestal. É a lei que traz regras
sobre como se deve usar a terra e proteger as florestas
brasileiras. Essa lei determina quais as áreas de vege-
tação nativa que toda propriedade e posse precisam
ter, a Reserva Legal (RL) e a Área de Preservação Per-
manente (APP), como também em que condições pode
realizar intervenções na vegetação nativa como sua
exploração florestal, o suprimento de matéria-prima
florestal, o controle da origem dos produtos florestais,
o controle e prevenção dos incêndios florestais, e a pre-
visão de instrumentos econômicos e financeiros para o
alcance de seus objetivos.

O Brasil assumiu o compromisso internacional de recompor doze milhões de hectares de áreas


desmatadas e degradadas, perante a Convenção da Diversidade Biológica e a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).
Essas duas Convenções, juntamente com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à
Desertificação e Mitigação dos efeitos da seca, foram elaboradas durante a Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em
1992, a Rio 92, na qual reuniu representantes de 179 países, onde foi consolidada uma agenda
global para minimizar os problemas ambientais mundiais.
Um dos resultados mais importantes da Convenção-Quadro, foi a criação do Protocolo de
Quioto em 1997 durante a COP3 (Conferência entre as Partes), no qual estabeleceu metas de
redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) para países desenvolvidos, considerados
os responsáveis históricos pela mudança atual do clima. O Protocolo entrou em vigor em
2005, onde foi estabelecido que os países desenvolvidos deveriam reduzir 5% das emissões
em relação aos níveis de 1990. O Brasil aderiu ao Protocolo em 2002.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
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Em 2015, na COP 21, foi aprovado um novo acordo global, o Acordo de Paris, que possui metas
de redução de emissões de gases de efeito estufa para todos os países, desenvolvidos e em
desenvolvimento, definidas nacionalmente conforme as prioridades e possibilidades de cada
um. O Brasil fez o compromisso de reduzir as emissões dos GEEs em 37% abaixo dos níveis de
2005 até o ano de 2025 e 43% para o ano de 2030. Para isso, o país se comprometeu a aumentar a
participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18%
até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma
participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética
em 2030.
Outro compromisso internacional relacionado ao tema ambiental, foi o Desafio de Bonn
em 2011, onde foi estabelecido meta mundial de 150 milhões de hectares em processo de
restauração até 2020 e ampliado para 350 milhões de hectares restaurados até 2030.

* Gases de efeito estufa são as substâncias gasosas que absorvem o calor (radiação infravermelha) e
impedem que ele se dissipe no espaço, esquentando a atmosfera da terra.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
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1.5. Lei de Proteção da Vegetação Nativa

A Lei n° 12.651/2012 estabelece regras para a recomposição das áreas de Reserva Legal e a
Área de Preservação Permanente para todas as propriedades rurais. Vamos entender agora a
relação das áreas de um imóvel rural com a regularização ambiental, seus serviços e produção
sustentável.
Áreas de APP e RL
As áreas de RL e APP são áreas de grande importância socioambiental. A proteção de rios,
nascentes e lagoas contribui para a manutenção de boas fontes de água. A vegetação
dos morros e ribanceiras ajuda a proteger o solo, diminuindo a possibilidade de erosão e
deslizamentos. Sendo assim, a manutenção da vegetação nativa nessas áreas contribui para
manter o clima mais agradável, conservar os recursos hídricos e permitir a sobrevivência dos
animais silvestres, além de outros serviços ecossistêmicos.
Cada imóvel rural precisa ter em sua área uma porcentagem de Reserva Legal. Confira os
dados.
Amazônia legal
Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Para, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do
Maranhão
área de floresta: 80%
área de cerrado: 35%
área de de 20%
campos gerais:

Demais regiões
do país 20%

Em relação à Área de Proteção Permanente (APP), as seguintes áreas deverão estar protegidas
tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais:
APP de curso d’água – São matas ciliares que formam faixas na beira de qualquer rio ou
riacho, mesmo quando o rio é do tipo que seca uma vez ao ano. O tamanho da APP varia de
acordo com a largura desse rio dentro do imóvel rural e deve ser medida a partir da borda da
calha do leito regular desse rio.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
24
REGRA GERAL

APP de lagos e lagoas naturais – São as faixas de vegetação em volta de espelhos d’água
naturais. Quanto maior o lago ou lagoa, maior deve ser a faixa de mata.
Nascentes – São os lugares onde nascem os rios. Também são conhecidas como cabeceiras,
olhos-d’água, minas ou fontes. Devem ter uma faixa de vegetação de 50 m em seu entorno.
Topos de morro, montanhas, montes e serras, com altura mínima de 100 metros e
inclinação média maior 25º – A vegetação deve ser preservada em pelo menos 1/3 da
parte superior das elevações muito inclinadas.
Altitudes maiores que 1800 m – Não importa o tamanho do imóvel, a regra é a mesma:
trata-se de APP e deve ser preservada.
Encostas ou parte de encostas com declividade superior a 45º: As elevações mais
inclinadas do terreno antes de chegar ao topo de um morro, como os paredões de uma
montanha, também devem ter a vegetação protegida.
Veredas: Aqui cresce a palmeira buriti, em um solo encharcado conhecido como brejo. A
regra para essa APP, no caso de pequenos imóveis rurais, é manter uma faixa de vegetação
com 50 metros contados a partir do brejo.
Há outras condições em que as áreas podem ser enquadradas como APP conforme
estabelecido na Lei, como o entorno de reservatórios de águas artificiais que foram
represadas, as bordas de tabuleiros ou chapadas. As restingas e manguezais do ambiente
costeiro também são consideradas APP e devem ser preservadas em toda a sua extensão.
Vale lembrar que existem três possibilidades das áreas de APPs sofrerem intervenções ou
supressões da sua vegetação, são elas:
• hipótese de utilidade pública;
• interesse social;
• atividades eventuais ou de baixo impacto social.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
25
Recomposição de APP e RL

A Lei 12.651/2012 trouxe novidades em relação a regularização ambiental de todas as


propriedades rurais. A inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) é o primeiro passo para
obtenção da regularidade ambiental do imóvel, e contempla:
• Dados do proprietário, possuidor rural ou responsável direto pelo imóvel rural;
• Dados sobre os documentos de comprovação de propriedade e ou posse; e
• Informações georreferenciadas dos limites do imóvel, das áreas de interesse social e
dasáreasdeutilidadepública,comainformaçãodalocalizaçãodosremanescentesde
vegetação nativa, das APPs, das Áreas de Uso Restrito (AUR), das áreas consolidadas
e das RLs.

Área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações,
benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

Saiba mais: http://www.car.gov.br/#/


Caso as propriedades rurais não estejam de acordo com a legislação devido à retirada
irregular de remanescentes de vegetação nativa para uso alternativo do solo, como
roçado, plantações e construções, os proprietários e/ou possuidores, deverão recompor
essas áreas conforme estabelecido na Lei n° 12.651/2012.
Os Programas de Regularização Ambiental - PRA - referenciados na Lei nº 12.651/12, e nos
Decretos nº 7.830/12 e nº 8.235/14, restringem-se à regularização ambiental das Áreas de
Preservação Permanente - APP, de Reserva Legal - RL e de uso restrito desmatadas até
22/07/2008, ocupadas por atividades agrossilvipastoris, que poderá ser efetivada mediante
recuperação, recomposição, regeneração ou compensação. A compensação aplica-se
exclusivamente às Áreas de Reserva Legal – RL suprimidas até 22/07/2008.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
26
Ao aderir ao PRA, e enquanto estiverem sendo cumpridas as obrigações estabelecidas
no PRA ou no Termo de Compromisso para a regularização ambiental, o proprietário/
possuidor tem acesso aos seguintes benefícios:
• suspensão de sanções administrativas decorrentes de autuações por infrações
cometidas antes de 22 de julho de 2008, relacionadas à supressão irregular de
vegetação em Reserva Legal, caso existam;
• suspensão da punibilidade dos crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998, cometidos até 22 de julho de 2008;
• manutenção de atividades nas Áreas de Preservação Permanente, uso restrito e de
Reserva Legal desmatadas até 22 de julho de 2008;
• acesso a apoio técnico e incentivos financeiros criados em âmbito federal, estadual
ou municipal que poderão incluir medidas indutoras e linhas de financiamento para
atender, prioritariamente, às pequenas propriedades ou posses rurais familiares, nas
iniciativas de (i) Recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente e de
Reserva Legal; (ii) Recuperação de áreas degradadas; e (iii) Promoção de assistência
técnica para regularização ambiental e recuperação de áreas degradadas.
• om a efetiva regularização do imóvel rural, as multas das autuações cometidas serão
consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação
da qualidade do meio ambiente, e será extinta a punibilidade.

Identificadanainscriçãoanecessidadederecomposiçãodevegetaçãonativa,oproprietário
ou possuidor de imóvel rural poderá solicitar de imediato a adesão ao Programa de
Regularização Ambiental - PRA, sendo que, com base no requerimento de adesão ao PRA,
o órgão estadual competente convocará o proprietário ou possuidor para assinar o termo
de compromisso.
Para recompor, o proprietário e/ou possuidor rural pode aderir ao Programa de Regulariza-
ção Ambiental – PRA que representa um conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvol-
vidas com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental de imóveis rurais.
Ao aderir ao PRA, os proprietários e/ou possuidores rurais que retiraram de forma irregular
a vegetação de APPs, RLs e AURs antes de 22 de julho de 2008, ficam isentos de autuação
por infrações. Destacamos que todo imóvel rural que tenha área de RL em extensão inferior
ao estabelecido poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA.
Aqueles que não aderirem ao PRA não terão acesso aos benefícios acima listados, e deverão
responder nas esferas civil, penal e administrativa sobre os ilícitos cometidos objetos dos
PRA (infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de
vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito).

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
27
Como o CAR será analisado pelo órgão ambiental estadual/distrital, as providências acima
indicadas provavelmente dar-se-ão à medida que o órgão competente notificar o detentor
do imóvel rural para cumpri-las. A análise é uma espécie de fiscalização das informações
declaradas, a partir da qual o órgão identifica passivos ambientais e notifica o proprietário/
possuidor para resolvê-los, seja no âmbito do PRA ou não.
Atualmente, a informação para a sociedade da regularidade ambiental do imóvel rural está
atrelada à situação e à condição do CAR do imóvel rural, que são informações públicas
hoje. À medida que o CAR é analisado pelo órgão competente, a situação e a condição do
CAR vai se alterando até chegar à situação e condição de regularidade ambiental do imóvel
rural.
Formas de Recompor a Reserva Legal
A recomposição da RL pode ser feita por meio das seguintes técnicas, que podem ser
combinadas entre si:
1. Regeneração natural da vegetação na área de RL;
2. Plantio;
3. Compensação da Reserva Legal.
No caso de recomposição poderá ser feito o plantio intercalado de espécies nativas com
exóticas ou frutíferas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros:
1. O plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas de
ocorrência regional;
2. A área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50% (cinquenta por
cento) da área total a ser recuperada.
É possível fazer a exploração econômica da RL, mas sempre com manejo sustentável
previamente aprovado pelo órgão ambiental.

Formas de Recompor APPs

A recomposição da vegetação de APP varia de acordo com o tamanho do imóvel rural e o


tipo de APP (beira de rios, lagos, lagoas, etc), e pode ocorrer das seguintes formas:
• Condução da regeneração natural;
• Plantio de espécies nativas;
• Plantio de espécies lenhosa, perenes ou de ciclo longo, misturando nativas e exóticas
em até 50% da área total a ser recomposta.
Para imóveis que apresentavam APP ocupadas antes de 22 de julho de 2008, a Lei
12.651/2012 apresenta regras específicas de acordo com o tamanho da área (módulo fiscal)
de cada propriedade.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
28
Saiba mais
Exceções da porcentagem de Reserva Legal para a Amazônia:
a. Os empreendimentos que realizaram desmatamentos na Amazônia entre 1989
e 1998, respeitando o limite de 50%, estão desobrigados de recomposição até
80%. Caso possuam excedente acima dos 50%, estes podem ser usados para
compensação.
b. O percentual pode ser reduzido para até 50% se:
I) o estado tiver Zoneamento ecológico-econômico e mais de 65% do seu
território ocupado por unidades de conservação regularizadas ou terras
indígenas homologadas, considerando-se o ponto de vista do Conselho Estadual
de Meio Ambiente.
II) o município tiver mais da metade de sua área ocupada por unidades de
conservação ou terras indígenas homologadas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
29
Saiba mais
Para saber mais consulte a legislação ambiental
• Lei Federal 12.651/2012: Institui a nova legislação ambiental e apresenta
as regras para proteção e restauração da vegetação nativa.
• Decreto Federal 7.830/2012: Dispõe sobre o Sistema de Cadastro
Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural e estabelece normas de
caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental.
• Instrução Normativa 2/2014 do MMA: Dispõe sobre os procedimentos
para a integração, execução e compatibilização do Sistema de Cadastro
Ambiental Rural-SICAR e define os procedimentos gerais do Cadastro
Ambiental Rural-CAR.
• Decreto nº 8.235 de 5 de maio de 2014: Estabelece normas gerais
complementares aos Programas de Regularização Ambiental.
• Resolução Conama 429/2011: Dispõe sobre a metodologia para
Restauração de APP.
• Resolução Conama 425/2010: Trata de critérios para Agricultura Familiar
dos povos e comunidades tradicionais como de interesse social para fins
de produção, intervenção e restauração de APP.
• Resolução Conama 369/2006: Considera de utilidade pública, interesse
social ou de baixo impacto ambiental as agroflorestas realizadas em Área
de Preservação Permanente em propriedade de Agricultura Familiar.
• Instrução Normativa 005/2009 do MMA: trata de procedimentos
metodológicos para restauração e recuperação das APP e RL, incluindo as
agroflorestas como forma de restauração.
• Lei Federal 9.985/2000: Apresenta regras para as áreas protegidas no
Brasil, instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.
• Lei Federal 11.326/2006: Apresenta definições para a Agricultura Familiar
e Empreendimentos Familiares Rurais.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
30
Encerramento do módulo 1

Neste módulo, apresentamos os conceitos sobre recomposição e


conhecemos um pouco mais sobre as florestas tropicais. Também
abordamos as estruturas da floresta tropical úmida, sua composição
TÉCNICO
florestal e a biogeografia da floresta amazônica. Tratamos ainda,
sobre a recomposição da floresta e sua importância, e sobre seus
instrumentos legais e políticos.

Um outro assunto importante que vimos neste


módulo foi relacionado a Lei de Proteção da
Vegetação Nativa, destacando as áreas de CAROL

APP e RL, sua recomposição e as formas de


recompor.
No próximo módulo falaremos sobre o plane-
jamento da recomposição da vegetação.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 1
31
MÓDULO 2
Planejamento da
recomposição da vegetação
2.1. Introdução

João, para a recomposição de uma área, é


importanteelaborarumprojetoquedescreva
Até aqui, foi possível entender a
importância da recomposição, além as etapas de planejamento, implantação,
da preservação de áreas. Mas como manutenção e monitoramento.
podemos colocar isto em prática?

A etapa de planejamento tem por objetivo detalhar as atividades necessá-


rias para implantar todas as etapas, com base em um diagnóstico da área,
ou seja, um estudo sobre a situação atual dessa área (localização, qualida-
de do solo e vegetação remanescente). A partir desse diagnóstico, é pos-
sível identificar o método de recomposição mais adequado e assim calcu-
lar os custos de implantação da técnica indicada, como também planejar
quando será realizada cada atividade de cada etapa.
Nesse módulo vamos apresentar as principais etapas de um bom planejamento de recom-
posição.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
33
2. Planejamento da recomposição

2.1. Diagnóstico das áreas a serem


recompostas

Pessoal, o diagnóstico das áreas alteradas ou degradadas é o primeiro passo para o


planejamento e o seu objetivo é trazer uma visão da situação atual da área, ou seja, sua
localização, se existe vegetação ainda presente (vegetação remanescente) e qual a qualidade
do solo. O levantamento dessas informações permite escolher melhor as atividades de
recuperação necessárias para a área, abordando inclusive a importância de identificar e cessar
ou ao menos mitigar o fator de degradação. Vamos entender cada uma delas?!

TÉCNICO CAROL

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
34
2.1.1. Localização e mapeamento da
paisagem

Este é o primeiro passo para o diagnóstico da recomposição da vegetação,


seja para regularização ambiental do imóvel, para fins econômicos ou para
conservação.
Esta atividade é realizada a partir da localização e mapeamento de todas
as áreas presentes no imóvel rural, por exemplo:
• Áreas remanescentes da vegetação nativa;
• Rios, lagos e nascentes;
• Estradas;
• Construções;
• Áreas com inclinação acima de 45°; e
• Áreas produtivas existentes.
O mapeamento traz uma maior clareza da situação ambiental e produtiva do imóvel rural
ao localizar todas as estruturas, áreas produtivas e áreas com vegetação remanescente.
IMPORTANTE - Neste momento identificamos as Áreas de Preservação Permanente (APP) e
a Reserva Legal (RL), já descritas no módulo anterior.
A seguir serão apresentados alguns métodos que podem ser utilizados para o mapeamento
do imóvel rural.

Cadastro Ambiental Rural (CAR)

O CAR é uma ferramenta estratégica


para o mapeamento da propriedade.
Ele gera um mapa com as informações
detalhadas das áreas e atividades
presentes no imóvel rural. Ao final, o
proprietário ou possuidor consegue
visualizar a situação quanto à necessi-
dade de recomposição da vegetação.
h t t p : / / w w w . f l o r e s t a l . g o v . br /
documentos/car/3-manual-car-
modulo-de-cadastro/file

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
35
Imagens de satélite

Atualmente a internet disponibiliza várias imagens de satélite que podem ser úteis para
compreender a paisagem do imóvel rural e entorno, tais como:
• Conexões entre fragmentos florestais;
• Áreas degradadas ou alteradas dos rios, lagos e nascentes;
• Áreas de vegetação nativa;
• Áreas produtivas; e
• Áreas construídas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
36
Croqui

A identificação das áreas também pode ser realizada com a elaboração de um desenho das
áreas do imóvel rural.
IMPORTANTE – As informações indicadas no mapa ou croqui devem ser verificadas em
campo para garantir que estão de acordo com a realidade.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
37
2.1.2. Vegetação remanescente

A vegetação remanescente é toda a vegetação que está presente em uma área, composta
por espécies nativas e/ou exóticas nos mais diversos estágios de sucessão.
Dessa forma, a vegetação remanescente irá auxiliar na identificação do nível de intervenção
necessária para recompor a área, por exemplo:
1. Áreas alteradas/degradadas que apresentam uma diversidade de espécies nativas
de árvores e arbustos e/ou estão próximas a fragmentos de vegetação nativa são
mais favoráveis à regeneração natural, por possibilitar a dispersão de sementes das
plantas presentes no local e entorno (disponíveis para germinação, estoque no solo
ou, ainda, migração para outras áreas);
2. Áreas que apresentam um maior grau de alteração/degradação e/ou estão longe
de fragmentos de vegetação nativa possuem menor potencial de regeneração
natural, exigindo maior interferência. A situação se torna ainda mais difícil no caso da
presença de gramíneas exóticas invasoras, tais como as braquiárias (Urochloa spp.),
o capim-colonião (Panicum maximum), o capim-elefante (Pennisetum purpureum)
e o capim-gordura (Melinis minutiflora), que dificultam a regeneraçãode espécies
nativas.

Espécies nativas: são originárias do local em questão.


Espécies exóticas: são aquelas cujo local de origem é outro que não o que está sendo analisado. Uma
espécie pode ser exótica em um lugar e nativa em outro.

Fragmentos da vegetação: áreas de vegetação natural interrompidas por barreiras antrópicas ou


naturais, como estradas, áreas de plantio, rios largos, etc.

Exóticasinvasoras:sãoespéciesexóticasquesereproduzemdemaneiramuitoagressivaemdeterminado
local, ameaçando as espécies nativas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
38
2.1.3. Qualidade do solo

O solo é o resultado da transformação e desgaste da camada de rocha da superfície da


Terra devido à ação da chuva, ventos, temperatura e organismos vivos. Ele é composto por
elementos sólidos, como minerais e matérias orgânicas, água, ar e numerosos organismos
vivos, como fungos, insetos, bactérias e minhocas. Possui um papel de extrema importância
para a vegetação, pois promove o suporte das raízes e a nutrição mineral das plantas.
Examinando os solos em um perfil horizontal ou vertical, se observa que o solo possui
camadas (horizontes). Os horizontes são formados por processos de degradação da rocha e
o depósito de sedimentos de natureza diversa ao longo do tempo e apresentam diferentes
características, como: cor, profundidade, textura e porosidade. São classificados como:
• Horizonte O – camada mais superficial do solo com predominância de restos de
plantas e animais;
• Horizonte A – primeiro horizonte mineral, com grande acúmulo de matéria orgânica,
sendo o horizonte mais afetado pela atividade agrícola;
• Horizonte B – horizonte com maior concentração de argila e com pouca matéria
orgânica, formado por partes bastantes desagregadas da rocha-mãe;
• Horizonte C – horizonte pouco atingido pelo processo de degradação da rocha,
contendo pedaços de rocha que ainda estão se transformando em solo;
• Rocha – rocha-mãe não alterada.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
39
O mesmo horizonte irá se diferenciar em cada tipo de solo em relação ao tamanho,
cor, textura, composição química, sendo que alguns horizontes podem estar ausentes,
principalmente, devido à idade de formação do solo ou algum processo erosivo.
A qualidade do solo está diretamente ligada ao processo de formação desse e,
principalmente, ao histórico de uso e a situação atual da área, principalmente ao modo de
produção (agrícola, pecuária ou florestal).
Uma boa qualidade do solo, para recomposição, deve considerar a dinâmica entre a
estrutura física, os nutrientes e os organismos vivos que interagem com este.
Os solos cobertos por vegetação e/ou matéria orgânica mantêm a ciclagem de nutrientes
e o protegem da ação das chuvas, do sol e do pisoteio de animais. Em solos descobertos,
ocorre o aumento dos processos erosivos, favorecendo a perda de solo e o aparecimento
de sulcos de erosão e voçorocas, gerando prejuízo em sua estrutura e na disponibilidade
de nutrientes. Com isso, é necessário um maior investimento inicial, como, por exemplo,
introdução de plantas de cobertura e adubação do solo.

Estrutura física do solo é como se distribuem os componentes sólidos, gasosos e líquidos do solo, e a
textura deles.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
40
2.1.4. Logística das áreas

A logística está relacionada ao acesso ao local


da recomposição e de produção de mudas, é um
conjunto de fatores decisivos no planejamento e
escolhas das técnicas para recomposição, podendo
influenciar nos custos das atividades. Deve ser
considerado na área:
• Relevo (plano ou inclinado) – indica a
possibilidade de mecanização;
• Acesso e condições das estradas – indica a
facilidade de acesso e deslocamento para a
área e dentro dela; e
• Distância entre áreas de coleta de sementes,
viveiros e locais de compra de insumos –
determina o custo de transporte dos produtos
necessários para a recomposição.

Importante
A origem das plântulas (mudas e sementes) a serem usadas na recomposição
devem ser, prioritariamente, de procedência local ou o mais próximo possível
da área a ser recomposta. Isso garante que as plantas estejam adaptadas
as condições climáticas locais, dando maiores condições para o sucesso da
recomposição.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
41
2.2. Definição dos métodos de recomposição

Como podemos decidir o método para a


recomposição do nosso terreno?

TÉCNICO

Existem diversos métodos de recomposição


da vegetação que se diferenciam por grau e
período de intervenção, custos e tempo para a
vegetação se recuperar.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
42
Para a definição do método, é importante ter clareza sobre a finalidade da recomposição,
sendo compatível com os recursos disponíveis. Entre as finalidades, podemos destacar:
• Cumprir a exigência legal no processo de regularização do imóvel rural;
• Agregar renda com a integração de espécies agrícolas e florestais; e
• Conservação dos recursos naturais.

Dentre as estratégias de recomposição, podemos destacar:


Para áreas degradadas:
• Transposição de solo florestal superficial ou “topsoil”;
• Plantio direto de sementes em área total, com espécies de recobrimento e/ou
diversidade;
• Plantio de mudas em área total, com espécies de recobrimento e/ou diversidade;
• Nucleação, com plantio de sementes, mudas e estruturas para atrair polinizadores e
dispersores
• Plantio de enriquecimento com transposição de solo florestal superficial ou “topsoil”,
ou semeadura direta e/ou plantio de mudas;
• Consórcio nativas e exóticas ex. Sistemas Agroflorestais – SAFs.

A descrição de cada método será detalhada no próximo módulo.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
43
2.3. Planejamento econômico

O planejamento econômico é uma etapa fundamental, pois ele garante a sustentabilidade


financeira do projeto. É necessário saber quanto de recursos se tem disponível para
investimento e qual será a estimativa de custo do projeto.
Paraisso,deve-selistartodasasatividadesprevistas,incluindoasatividadesdemanutenção
e monitoramento do projeto e fazer uma estimativa de custos de cada atividade, conforme
exemplo a seguir.

Exemplo

Valor unitário
Atividade Item Unidade Quantidade Valor Total (R$)
(R$/unidade)
Mudas 500,00 1000 mudas 3 (mil mudas) 1.500,00

Adubo 15,00 Saco (50 kg) 1 15,00

Plantio de Combustível
4,00 Litros 75 300,00
mudas do trator
Mão de obra … … … …

… … … … …

… … … … … …

Soma de todos os
Total
custos

* Os valores demonstrados aqui são exemplos e não refletem a realidade.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
44
Atenção
Vale lembrar que cada metodologia possui custos diferenciados que serão
diretamente relacionados à estrutura regional onde se localiza o projeto, ao nível
de degradação da área e aos recursos já disponíveis na propriedade rural. De
forma geral, o momento da implantação (preparo do solo e plantio) é o mais caro.
No entanto, é importante que se planeje recursos adicionais para a manutenção
dos plantios (roçadas, capinas, prevenção ao ataque de formigas e replantio) e
para o monitoramento.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
45
2.4. Cronograma

O cronograma é fundamental para organizar e planejar as atividades de implantação,


manutenção e monitoramento, conforme exemplo ao lado.
Vale lembrar: as atividades de manutenção e monitoramento devem ser planejadas por
um período de pelo menos 3 anos após o plantio, para garantir o sucesso da recomposição.

Atividade Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

Aquisição das mudas

Preparo do solo

Controle de formiga

Controle de gramíneas

Transporte das mudas

Plantio

Manutenção

Replantio

Monitoramento

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
46
Encerramento do módulo 2

Nestemódulo,falamossobreoplanejamentodarecomposição
da vegetação e o diagnóstico das áreas a serem recompostas,
além da localização e o mapeamento da paisagem, bem como
sobre o Cadastro Ambiental Rural. Por fim, tratamos sobre a
TÉCNICO

vegetação remanescente, a qualidade do solo e a logística


das áreas e sobre a definição dos métodos de recomposição,
planejamento econômico e sobre o cronograma.

No próximo módulo iremos abordar os


métodos de recomposição da vegetação
nativa.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 2
47
MÓDULO 3
Métodos de recomposição da
vegetação nativa
1. Introdução

Como vimos no módulo anterior, a escolha do melhor método de recomposição vai


influenciar diretamente no sucesso da recomposição e no custo associado a esta.
Nesse módulo vamos detalhar os principais métodos de recomposição.

CAROL
TÉCNICO

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 3
49
2. Regeneração Natural

A regeneração natural consiste em deixar a vegetação nativa se recuperar


naturalmente (sem a interferência humana), sendo necessário eliminar
ou minimizar fatores de degradação ambiental através do cercamento e a
construção/manutenção de aceiros, reduzindo o pastoreio de animais e a
ocorrência de fogo.
Esse método é mais recomendado para áreas com solos pouco
compactados, baixa presença de espécies invasoras e/ou próximas à remanescentes de
vegetação nativa (alta densidade e diversidade de plantas nativas).
A área deve ser monitorada periodicamente, acompanhando o desenvolvimento das
espécies que germinaram, para auxiliar na tomada de decisão dos próximos passos. Caso
seja observado o crescimento de bambus, cipós e/ou gramíneas exóticas será necessário o
manejo da área com roçadas e capinas periódicas.
Este método é o menos custoso dentre os métodos existentes, pois não existem custos com
sementes, mudas, adubação e máquinas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 3
50
3. Transposição de solo florestal superficial
ou “topsoil”

Essa técnica consiste em transferir a camada superficial de solo (20


a 30 cm de profundidade) de uma formação natural para a área a ser
recomposta.
A camada de solo superficial de uma floresta junto com a serapilheira
(folhas mortas que caem das árvores que estão iniciando o processo de
decomposição) é um importante reservatório de sementes de espécies
nativas, matéria orgânica, insetos, microrganismos e nutrientes,
possuindo um enorme potencial para iniciar a regeneração.
Ela é mais utilizada em grandes obras, como estradas, barragens e
mineração. O solo das áreas a serem desmatadas ou alagadas por
essas obras é previamente retirado e utilizado para a recomposição
de espaços adjacentes, onde a vegetação foi retirada e o banco de
sementes do solo é inexistente ou foi destruído.
A camada de solo retirada pode ser distribuída na área a ser recomposta
com o uso de trator de esteira ou com o uso de uma enxada, deixando
uma camada fina de até 5 cm de altura para aumentar o rendimento de
uso. O solo pode ser distribuído em área total ou em faixas.
Sendo assim, ao retirar uma camada de solo com 30 cm de profundidade
em uma área de 1 hectare, será possível utilizá-lo em até 6 hectares de
área a ser recomposta ao distribuí-lo em uma camada fina de 5 cm.
Esta técnica deve ser realizada para curtas distâncias entre o local de
retirada do solo e a área degradada, pois demanda o uso de maquinários
pesados para recolhimento e transporte do solo.
Vale lembrar que a retirada do solo só deve acontecer em áreas que
serão atingidas por uma grande obra, pois a retirada de solo florestal de
áreas íntegras irá danificar a floresta local.
O monitoramento dessa técnica é importante, pois é muito frequente
a existência de espécies exóticas indesejadas no banco de sementes.
Caso isso ocorra, deve ser realizado o controle dessas espécies por meio
de capina e roçadas periódicas.

O banco de sementes do solo são as sementes viáveis, de várias espécies, que se encontram na camada
superior do solo aguardando boas condições para germinar.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 3
51
4. Plantios de Adensamento

Os plantios de adensamento são plantios de mudas


e/ou sementes de espécies iniciais da sucessão
(pioneiras) nos espaços não ocupados pela
regeneração natural. Essa atividade é recomendada
para áreas que alternam boa presença de regeneração
natural com locais falhos, bordas ou clareiras.
O plantio das mudas e/ou sementes pode ser feito
obedecendo a espaçamentos e alinhamentos pré-
definidos ou pode ser distribuído de forma isolada ou
agregadas (“ilhas”) em locais favoráveis como locais úmidos, sob a copa de árvores, etc.
Esse método ajuda a controlar a expansão de espécies invasoras e favorece o desenvolvi-
mento das espécies secundárias ou clímax por meio do sombreamento.
Neste método, podemos optar por uma ampla diversidade de espécies de acordo
com a finalidade do plantio. Espécies pioneiras podem ser utilizadas para plantios
conservacionistas e espécies frutíferas e madeireiras, para geração de renda.
O custo desse método é relativamente baixo, pois o número de mudas e/ou sementes por
área é pequeno, entretanto uma das desvantagens é a baixa mecanização, pois as mudas
são dispostas em meio à vegetação nativa já existente.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 3
52
5. Plantio mecanizado de sementes em área total

Esse método utiliza maquinários agrícolas para o preparo do solo e plantio das sementes.
Geralmente é utilizada uma mistura de sementes de espécies de árvores, arbustos e de
adubação verde, que é conhecida como é conhecida como muvuca.
Aconselha-se fazer duas ou mais muvucas com sementes de tamanhos e formas diferentes,
separando sementes grandes de sementes pequenas e aladas, pois as grandes podem ser
enterradas até 3-4 cm de profundidade no solo, enquanto as pequenas e aladas devem
ficar próximas à superfície. As sementes pequenas são misturadas com terra ou areia para
aumentar o volume a ser distribuído e evitar que uma grande quantidade de sementes caia
em um mesmo local.
Essa técnica é indicada para áreas extensas com histórico de uso por pastagem e lavoura.
Em áreas ocupadas por pastagem, é necessário realizar a descompactação do solo e o
controle das gramíneas antes da semeadura, que pode ser realizada com lançadeiras de
capim,espalhadoresdecalcárioouàmão.Jáemáreasocupadasporlavourasmecanizadas,
a semeadura pode ser realizada em linhas com plantadeiras através da técnica de plantio
direto, dispensando as operações de preparo de solo.

Saiba mais
O Instituto Socioambiental (ISA) uti-
liza a muvuca para a recomposição
de APPs degradadas na bacia do rio
Xingu, no estado do Mato Grosso.
Guia da muvuca:
https://us14.campaign-archive.
com/?u=2e9f3527128e6ed6d086fc5b4&id=64400ed51b
h ttps://www.s ocioambie nt al.org/pt-br/noticias-
socioambientais/vamos-plantar-florestas

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53
6. Plantio de mudas em área total

É o plantio de mudas de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas realizado de forma


aleatória ou em linhas, com espaçamentos entre mudas, podendo variar em função do
relevo, das espécies escolhidas e do objetivo da recomposição.
Essa técnica pode ser utilizada em regiões com antigo histórico de ocupação do solo pela
agricultura e/ou pecuária, como também em áreas que apresentam baixa ou nenhuma
capacidade de regeneração natural.
Os plantios em linhas podem ser feitos combinando espécies de diferentes grupos
sucessionais (pioneiras, intermediárias, secundárias e clímax), compondo unidades que
resultam em uma gradual substituição de espécies no tempo, caracterizando o processo
de sucessão.
Para combinação das espécies, é recomendado o plantio de mudas de dois grupos distintos
em linhas alternadas, conforme metodologia desenvolvida no Laboratório de Ecologia e
Restauração florestal (LERF) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ). O
primeiro grupo, denominado de recobrimento, é constituído por espécies que possuem
rápido crescimento e boa cobertura de copa, proporcionando o rápido fechamento da área
plantada. Essas espécies, em sua maioria, são classificadas como pioneiras e, em geral,
possuem ciclos de vida curtos. Outra característica desejável para as espécies do grupo
de preenchimento é que elas possuam florescimento e produção precoce de sementes.
Com o rápido recobrimento da área, as espécies desse grupo criam um ambiente favorável
ao desenvolvimento dos indivíduos do segundo grupo, denominado de diversidade, e
desfavorecem o desenvolvimento de espécies competidoras como gramíneas e cipós.
No grupo de diversidade incluem-se as espécies de crescimento lento e copas menores,
mas com ciclos de vida longo. Estas são fundamentais para garantir a perpetuação da área
plantada, já que é esse grupo que vai gradualmente substituir o grupo de preenchimento
quando este entrar em declínio.
Quando a recomposição for destinada apenas à recuperação ambiental e conservação,
devemos utilizar o maior número de espécies de diversidade possível, buscando reproduzir
as espécies originais do local. O plantio deve ser feito de maneira que as mudas da mesma
espécie não sejam plantadas lado a lado ou muito próximas umas das outras, nem muito
distantes a ponto de proporcionar o isolamento reprodutivo destas.

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54
Se desejarmos obter algum rendimento econômico a partir da recomposição, podemos
escolher um conjunto de espécies de interesse que serão plantadas em maior densidade.
A EMBRAPA Amazônia Oriental já possui alguns modelos de plantios intercalados de paricá
(Schizolobium amazonicum (Vell)), castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa), andiroba
(Carapa guianensis Aubl.) e taxi-branco (Sclerolobium paniculatum Vogel).
O ideal é que o plantio seja executado com ciclos de colheita definidos de forma individual
para cada espécie, a partir da velocidade de maturação comercial das mesmas. Dessa
forma, teremos diversas colheitas ao longo do tempo, gerando rendimentos periódicos
sem impactar excessivamente a estrutura do nosso plantio.
A grande vantagem ao realizar o plantio de mudas em área total é a possibilidade de escolha
das espécies, pensando em colheitas futuras, e a previsibilidade em relação ao processo
de recomposição. Por outo lado, é uma das técnicas mais caras, pois demanda o preparo
do terreno, compra ou produção das mudas, implantação, adubação e as atividades de
manutenção periódicas.

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7. Plantios de enriquecimento

Essa técnica se baseia no plantio de mudas ou sementes de espécies de estágios finais de


sucessão em linhas abertas no interior da vegetação.
Plantios de enriquecimento possuem os seguintes objetivos:
• Aumento da diversidade em áreas com vegetação nativa alteradas ou degradadas
que apresentam baixa diversidade de espécies; e/ou
• Agregação de renda para o proprietário ou posseiro com a introdução de espécies
comerciais,nativasouexóticas.Devemserobservadasascondiçõesparaaintrodução
de espécies exóticas em áreas de RL e APP conforme disposto na Lei 12.651/2012.

Também devem ser observadas e avaliadas as seguintes características locais para o


planejamento do plantio:
• Estado de degradação/alteração da vegetação;
• Presença de espécies exóticas invasoras;
• Composição florística;
• Presença de plantas regenerantes.

http://esalqlastrop.com.br/capa.asp?j=31#![1]/6/

O espaçamento de plantio é mais amplo, em comparação ao plantio em área total, devido à


presença de vegetação, sendo que a definição do espaçamento poderá variar dependendo
do objetivo do enriquecimento.
A manutenção dessa técnica é reduzida, pois as mudas irão aproveitar a sombra, umidade
e nutrientes proporcionados pelos indivíduos existentes.
Apesar do plantio das mudas ser simples e o sistema exigir pouca manutenção, a alocação
e abertura das linhas de plantio demanda uma maior mão de obra.

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8. Sistemas Agroflorestais (SAFs)

Os sistemas agroflorestais, segundo o Centro Internacional de Pesquisa


Agroflorestal (ICRAF), são “sistemas baseados na dinâmica, na ecologia e
na gestão dos recursos naturais que, por meio da integração de árvores na
propriedade e na paisagem agrícola, diversificam e sustentam a produção,
com maiores benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos
aqueles quem usam o solo em diversas escalas”.
Como já demonstrado no módulo 1, a Lei 12.651/2012 permite a utilização de sistemas
agroflorestais para a recomposição de APP e RL, desde que a área recomposta com
espécies exóticas não exceda a 50% (cinquenta por cento). Lembrando que no caso de APP,
a utilização de exóticas para recomposição só é permitida em imóveis de até 4 módulos
fiscais.
Os SAFs podem ser classificados como:
Os sistemas simplificados (SAFs simples) utilizam poucas espécies comerciais, apresentam
baixa intensidade de manejo e geralmente são plantados em faixas ou em linhas visando
facilitar o processo produtivo e a geração de renda.
Os sistemas complexos (SAFs sucessionais) baseiam na sucessão natural, com alta
biodiversidade e alta intensidade de manejo visando criar abundância no sistema e
otimização da produção agroflorestal, com dinâmica de manejo e produção escalonada
ao longo do tempo.
Apesar de a terminologia SAF ter se tornado popular recentemente, a técnica já é antiga
e tradicionalmente utilizada no Brasil, em especial na região amazônica, na forma dos
quintais agroflorestais. Situados próximo às residências, estes sistemas associam árvores
com espécies agrícolas e/ou animais, medicinais e outras de uso doméstico. Normalmente
são altamente produtivos e contribuem de maneira importante para a segurança alimentar
e o bem-estar da família.

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57
Entre os benefícios sociais e econômicos, destacamos (MICCOLIS et al., 2016):
• promoção de soberania e segurança alimentar;
• geração e diversificação de renda;
• maior estabilidade financeira ao longo do ano;
• diminuição no uso de insumos externos;
• redução do risco econômico, pois é menos sensível às variações de preço e clima;
• intensificação do uso do espaço;
• aumento na eficiência do uso da água, luz, nutrientes;
• melhor qualidade do trabalho e de vida (trabalho na sombra);
• mão de obra melhor distribuída ao longo do ano;
• menor suscetibilidade a pragas e doenças nos cultivos;
• manutenção da agro-biodiversidade e dos conhecimentos associados;
• potencialização da produção de mel de abelhas (exóticas e nativas).

Entre os benefícios ambientais dos SAFs, podemos destacar (MICCOLIS et al., 2016):
• restauração e conservação da fertilidade e estrutura do solo;
• sombra e criação de microclimas;
• favorece a biodiversidade de forma geral, incluindo agentes polinizadores;
• regulação de águas da chuva e melhoria da qualidade da água;
• mitigação e adaptação a mudanças climáticas.

Apesar desses benefícios listados anteriormente, SAFs são métodos mais complexos que
os tradicionais, pois exigem conhecimento específico e são extremamente exigentes em
mão-de-obra devido à demanda de trabalho manual. Sendo assim, as principais causas de
insucesso dos SAFs em escala local são (MICCOLIS et al., 2016).
• falta de planejamento agroflorestal e econômico;
• baixo acesso a conhecimento;
• baixa disponibilidade de mão de obra;
• baixo acesso a insumos;
• fatores limitantes do meio físico.

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9. Nucleação

A nucleação é uma técnica de formação de ilhas, ou núcleos de vegetação


ou elementos, com capacidade de melhorar o ambiente, atraindo animais
que vêm se alimentar de seus frutos ou obter outros benefícios, como local
de pouso e abrigo.
A atração de animais acelera o processo de recomposição das áreas
degradadas e/ou alteradas e diminuem os custos em relação as outras
técnicas, pois a manutenção e o controle de pragas são reduzidos.

Poleiros naturais ou artificias

São obtidos por plantios de árvores de rápido crescimento com copa favorável para o pouso
de aves e morcegos. Poleiros artificias podem ser construídos com varas de bambu, postes
de eucalipto ou outro tipo de madeira, sendo recomendado o plantio de trepadeiras para
colonizar o poleiro. Esses poleiros servem de locais estratégicos para pouso, reprodução
ou esconderijo de aves e morcegos, aumentando a dispersão de sementes na área e a
interação fauna-flora;

Transposição de solo de áreas próximas – técnica “topsoil”

Para a nucleação são retiradas apenas pequenas porções da camada superficial de solo de
uma formação natural para a área a ser recomposta.

Transposição de sementes de áreas próximas

Consiste na coleta periódica de sementes no interior de matas vizinhas. Essas sementes


podem ser usadas para a produção de mudas ou para semear diretamente na área a ser
recuperada;

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Enleiramento de galharia

Consiste em formar pilhas de galhos, tocos e galhos de rebrota de altura variada entre 30 e
50 cm que irão funcionar como atrativo e abrigo de animais;

Plantio de ilhas ou núcleos

Consiste na plantação de mudas de espécies nativas que florescem e frutificam


precocemente de forma adensada e simétrica. Cada ilha pode conter de 3 a 25 mudas de
espécies arbóreas e arbustivas com distância máxima de 1 metro entre as mudas.

Essas técnicas devem ser usadas em conjunto de forma aleatória ou sistemática na área a
ser recomposta, conforme exemplo.

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60
Encerramento do módulo 3

Quantas técnicas e práticas importantes.


Agora temos que colocar tudo em prática.
No próximo módulo vamos ver a implantação, manutenção e monitoramento das áreas
recompostas. Até lá!

CAROL

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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61
MÓDULO 4
Implantação, manutenção do
plantio e monitoramento da
recomposição
1. Introdução

Agora que você já conhece como é realizado o planejamento da recomposição e quais


são os principais métodos utilizados, vamos entender melhor como realizamos a
implantação, manutenção e monitoramento das áreas recompostas?!

T É C N IC O
CAROL

A etapa de implantação da recomposição envolve as atividades de pré-plantio e plantio como a


preparação do solo para a semeadura e/ou plantio de mudas, o controle de formigas cortadeiras
e plantas competidoras, seleção das espécies, adubação, plantio e irrigação.
Sabemos que a execução de cada uma dessas atividades vai estar relacionada com o grau de
degradação/alteração da área e com o método de recomposição selecionado.

Após a implantação da recomposição, é necessário realizar a manutenção da área ou


as atividades pós-plantio. Essa manutenção envolve atividades semelhantes às da
implantação, como o controle de formigas e de plantas competidoras, entretanto realizadas
de forma mais pontual.
A última etapa do projeto de recomposição é o monitoramento da área para verificar se as
etapas e atividades resultaram na recomposição da vegetação.

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2. Preparo do solo

O principal objetivo do preparo do solo é fornecer condições adequadas para o


desenvolvimento e estabelecimento das sementes e mudas. Essas condições estão
relacionadas ao aumento da aeração, capacidade de infiltração de água e disponibilidade
de nutrientes no solo.
Em solos que já apresentam condições adequadas, o sistema de cultivo mínimo, que
consiste em um preparo mínimo do solo, é o mais recomendado, onde o preparo será
realizado somente na linha ou cova do plantio e, quando possível, os resíduos de plantas
competidoras deverão ser mantidos para controlar os processos erosivos. Sendo assim,
o preparo consiste basicamente em reduzir a competição da vegetação espontânea e
melhorar a condição das propriedades físicas do solo, o que permite uma expansão do
sistema radicular das plantas.

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64
Recuperação dos solos

A recuperação é recomendada para solos com histórico de uso intenso, com ausência das
camadas mais superficiais (horizontes A e B) e/ou intenso processo erosivo. Essa atividade
tem o objetivo de melhorar as qualidades físicas, químicas e biológicas e podem ser
realizadas pelas seguintes ações, observando os custos para cada atividade:
• Construção de terraços e bacias de acúmulo de água para reduzir os processos
erosivos;
• Descompactação do solo, ou seja, aumentar a porosidade/espaços vazios desse solo
melhorando a qualidade física e facilitando o crescimento das raízes;
• Avaliação da fertilidade do solo por meio da análise química do solo, que consiste em
uma análise do solo feita em laboratório para medir a quantidade e a disponibilidade
dos nutrientes minerais no solo, com o objetivo verificar a necessidade e a dosagem
de adubação mineral e orgânica para melhorar o desenvolvimento das espécies.
Após essas etapas, inicia a semeadura e o plantio de mudas. Entretanto, para solos muito
degradados ainda é recomendado o uso de espécies de adubação verde, como: a mucuna
(Mucuna pruriens), o nabo-forrageiro (Raphanus sativus) e a crotalária (Crotalária spp.).
Vale lembrar: em áreas declivosas, a semeadura das espécies de adubo verde deve ser
realizada em covas e em curvas de nível.

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3. Abertura de aceiros e instalação de cercas

Ao redor da área a ser recomposta é necessária a construção e também manutenção dos


aceiros, que são espaços sem vegetação ao redor de uma área, com o objetivo de proteger
essa área contra incêndios. Em áreas maiores podem ser abertos aceiros internos até o
crescimento da vegetação, após este período, os aceiros internos também deverão ser
revegetados.
A largura dos aceiros vai depender do porte da vegetação do entorno e podem ser abertos
de duas formas:
• Manual: são utilizadas enxadas para eliminar toda vegetação. A palhada seca
remanescente deve ser retirada para diminuir os riscos de incêndio.
• Mecanizada: é feita com uma lâmina acoplada a um trator agrícola, que deverá
raspar a camada superior do solo, amontoando o solo e a vegetação para parte
interna da área.
O cercamento da área (sempre que possível com arame farpado) é recomendado quando
existe a possibilidade da entrada de animais, principalmente bovinos e equinos.

Controle de formigas cortadeiras

As formigas cortadeiras dos gêneros Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns) podem


causar danos ao desenvolvimento das mudas, plantas jovens e regenerantes, sendo
recomendado o seu controle antes de iniciar o preparo do solo e as outras etapas do projeto
de recomposição, pois essas formigas são sensíveis e podem mudar o seu comportamento
em decorrência de qualquer alteração na área.
O primeiro passo é verificar se existem folhas sendo devoradas por formigas. Caso seja
observado, o controle pode ser realizado de forma química, orgânica, mecânica, entre
outros, por meio de iscas granuladas, formicidas, produtos naturais etc.
Iscas granuladas: as iscas podem ser químicas (princípio ativo a Sulfluramida ou Fipronil)
ou orgânicas (à base de rotenona ou extratos naturais) e podem ser espalhadas pela área
na forma granulada ou porta-iscas de acordo com a recomendação do fabricante.

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66
Formicidas de contato: a aplicação é realizada dentro dos formigueiros ou sobre as mudas
já plantadas da seguinte forma:
• Gasosa (utilização de termonebulizador);
• Pó seco (utilização de polvilhadeira); e
• Líquida (diluição do inseticida).
Estes formicidas possuem ação imediata, entretanto são mais tóxicos, exigindo maior
cuidado no momento da aplicação e orientação de um técnico responsável.

Outras formas de controle:

• Uso de produtos à base de mamona e de gergelim, que são prejudiciais ao fungo que
a formiga utiliza para se alimentar;
• Revolvimento dos ninhos com uso de enxadas; e
• Injeção de grande volume de água, gás de cozinha ou gás de escapamento de trator
nos olheiros.
Obs: Caso sejam adotados tais métodos, o monitoramento deve ser mais constante, pois,
em geral, essas técnicas são menos eficientes.
O controle deve ser realizado em três momentos distintos: pré-plantio, plantio e repasses
pós-plantio.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
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Pré-plantio: É importante que a área seja vistoriada preventivamente antes de iniciar o
plantio e de qualquer intervenção na área (controle do mato, preparo do solo, abertura de
covas, etc.). Recomenda-se que a busca seja realizada logo pela manhã ou ao cair da tarde,
com o objetivo de registrar o pico de atividade das formigas. Os indicadores da presença
das formigas são plantas atacadas, “carreadores” e “olheiros”. Os carreadores são trilhas
limpas de 10 a 15 cm de largura, geradas pelas formigas ao transportar a vegetação atacada,
já os olheiros são as entradas dos ninhos onde se observa montes de terra revirados.

Controle de plantio: deve ser realizado 5 a 7 dias antes do plantio, com um repasse logo
após a implantação das mudas, sendo realizado da mesma forma que na fase pré-plantio.
Repasse pós-plantio: é indicado que seja realizado periodicamente até o segundo ano
pós-plantio das mudas. Nos primeiros 2 meses, esse controle deve ser realizado a cada
15 dias e, após esse período, a cada 2 meses. Nessa fase, o controle deve ser realizado
somente nas vizinhanças das mudas cortadas e próximo aos olheiros.
Controle de plantas competidoras
O controle de plantas competidoras deve ser realizado nas fases iniciais do projeto e du-
rante a sua manutenção para aumentar a oferta de água, luz e nutrientes para o desenvol-
vimento da regeneração natural e das sementes e mudas.
A escolha do controle mais adequado para área dependerá:
• Da forma de vegetação existente (árvores, ervas, palmeiras);
• Grau de desenvolvimento das plantas (semente, plântula, juvenil ou adulto); e
• Espécie de planta competidora.

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68
Esse controle pode ser realizado de forma:
• Mecânica: corte da vegetação através do uso de ferramentas ou máquinas;
• Química: herbicidas; e
• Manejo: procedimentos que geram condições desfavoráveis para o crescimento da
vegetação (uso de cobertura morta, adubação verde ou sombreamento pelas copas
das árvores).
O controle mecânico é a técnica mais utilizada no início do projeto por meio da roçada e
durante a manutenção pelo coroamento das mudas.
A roçada consiste no corte de toda a vegetação que não seja de interesse no processo de
recomposição, podendo ser:
• Manual: utilização de foices;
• Semimecanizada: utilização de uma roçadeira costal; e
• Mecanizada: utilização de tratores. Essa atividade geralmente é realizada em áreas
planas, livres de encharcamento, pedras e com baixo potencial de regeneração
natural.
O coroamento consiste na remoção ou controle da vegetação em um raio de, no mínimo,
cinquenta centímetros ao redor da muda ou indivíduo regenerante. Esta operação pode
ser feita de forma manual ou química.
• Coroamento manual: realizado com enxada, removendo a vegetação ao redor da
muda com o devido cuidado para não machucar ou atingir as raízes.
• Coroamento químico: consiste na aplicação de herbicida, com a utilização de
pulverizador costal, em um raio de cinquenta a cem centímetros ao redor da planta
que se deseja conduzir. É recomendado para mudas com porte acima de cinquenta
centímetros de altura, de forma a evitar o contato do herbicida com as folhas e
caules jovens das mesmas. Recomenda-se o uso de bicos especiais nos aspersores
ou protetores para as mudas, evitando que sejam atingidas pela deriva do produto.
Atenção: As operações de roçada e coroamento (mecanizada, manual ou química)
devem ser realizadas com muita atenção, de preferência por mão de obra capacitada.
Equipamentos desregulados e mão de obra despreparada podem causar a supressão
acidental das mudas e regenerantes.
Após o controle mecânico, o uso de cobertura morta e/ou adubação verde pode favorecer
a manutenção da área.
Para o uso do controle químico, é recomendado verificar a possibilidade do uso desta
técnica junto ao órgão ambiental estadual ou municipal e consultar um responsável
técnico, pois sua utilização pode gerar danos ambientais.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
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Seleção de espécies
É recomendado adotar alguns critérios para selecionar as espécies que serão introduzidas
na área. São eles:
• Espécies nativas com ocorrência regional;
• Maior número possível de espécies para gerar alta diversidade;
• Combinar espécies pioneiras, intermediárias, secundárias e clímax; e
• Espécies atrativas à fauna.

No caso da restauração do Cerrado, com exceção do Cerradão e das Matas Ciliar e de Galeria, em todas
as outras fitofisionomias não se aplica esta distinção, já que as plantas precisam de luz solar abundante

1. As espécies nativas locais já estão adaptadas aos diferentes tipos de solos, condições
climáticas, presença de polinizadores e dispersores de sementes predominantes na
região. Além disso, esta condição aumenta a probabilidade de sucesso reprodutivo e de
regeneração natural nos projetos de recomposição.
2. Áreas com alta diversidade apresentam maior:
• Capacidade de recuperação de possíveis distúrbios (incêndios, pragas, doenças
etc.);
• Ciclagem de nutrientes;
• Atratividade à fauna; e
• proteção do solo de processos erosivos.
3. A combinação de espécies pioneiras, intermediária, secundárias e clímax favorece a
sucessão ecológica.
4. Inserir espécies que são atrativas para a fauna aumenta o número de polinizadores e
dispersores de sementes.
Em relação à introdução de espécies exóticas, é necessário ter muito cuidado, pois estas
podem se tornar invasoras, ocupando o espaço e impedindo o desenvolvimento das
espécies nativas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
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Espécies de Recobrimento

Características:
• Crescimento rápido;
• Tolerante ao sol e produz sombra densa;
• Forte competidora com invasoras espontâneas;
• Fácil saída do sistema de plantio (vida curta ou retirada); e
• Atrativas para a fauna, potencial econômico.

Espécies de Diversidade
• Crescimento vagaroso;
• Cresce na sombra e produz pouca sombra;
• Fraca competidora com invasoras espontâneas;
• Fácil remoção do sistema; e
• Atrativas para a fauna, potencial econômico.

Adubação

A adubação orgânica e mineral tem o objetivo de suprir as necessidades das espécies por
nutrientes não disponíveis no solo. A quantidade recomendada de adubo vai depender
de uma análise química do solo e do conhecimento sobre as exigências nutricionais das
espécies selecionadas.
Em relação às espécies nativas, ainda não existem informações precisas sobre as exigências
nutricionais da maioria das espécies, sendo recomendada a adubação padrão nesses
casos, em recomposição realizada em Áreas de Mata Atlântica, que é a mais estudada. Nos
casos de Amazônia e Cerrado, onde as espécies nativas estão adaptadas a solos pobres e
ácidos, é preciso pesar cuidadosamente a necessidade de adubação com uma análise de
solo.
As áreas a serem recompostas geralmente apresentam fertilidade baixa, ou seja, baixos
valores de bases: cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), sódio (Na) e de fósforo (P), e
em alguns casos, podem ser considerados solos ácidos/distróficos (pH abaixo de 5) que
apresentam elevado teor de Al3+ (alumínio). Tais condições podem ou não ser limitantes
para a recomposição, de acordo com os Biomas, a fitofisionomia e as espécies a serem
usadas.
Aadubação,emgeral,érealizadanaocasiãodoplantio(adubaçãodebase)eperiodicamente
durante os primeiros estágios de desenvolvimento das espécies (adubação de cobertura).
Para solos considerados ácidos, é recomendado realizar a calagem antes de iniciar a
adubação.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
71
Calagem

A aplicação de calcário tem o objetivo de:


• Aumentar os teores de cálcio (Ca) e magnésio (Mg);
• Controlar a acidez e neutralizar o alumínio (Al3+);
• Melhorar o aproveitamento de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio
(K), enxofre (S) e molibdênio (Mo); e
• Aumentar a atividade dos microrganismos e a liberação de nutrientes da matéria
orgânica do solo.
A calagem deverá ser realizada, preferencialmente, antes do plantio ou nos primeiros
seis meses pós-plantio, de forma mecanizada em área total ou nas faixas de plantio.
Nas áreas que não permitem mecanização, a aplicação de calcário poderá ser realizada
diretamente no fundo ou ao redor da cova. No caso de áreas de Cerrado, esta prática tende
a ser contraindicada, a depender de análise de solo, no máximo uma adição de calcário às
covas, para disponibilizar nutrientes.

Adubação mineral

A adubação mineral refere-se aos sais inorgânicos obtidos por extração ou processos
industriais químicos e/ou físicos. Em geral, são utilizados fertilizantes à base de nitrogênio,
fósforo e potássio. Na adubação de base, o fertilizante é misturado à terra da cova de
plantio. Na adubação de cobertura, o fertilizante é depositado sobre o solo ao redor da
muda. Para que a adubação não favoreça o crescimento de gramíneas e plantas invasoras,
a aplicação do adubo deverá ser realizada após a capina e durante a estação das chuvas
para sua melhor absorção.

Adubação orgânica

A adubação orgânica refere-se à utilização de resíduos orgânicos de origem animal, vegetal,


agroindustrial e outros. Em caso de adubos de origem animal, é recomendado misturá-lo
levemente no solo para evitar que seja levado pela água da chuva. Da mesma forma como
recomendado para os adubos minerais, a aplicação do orgânico deverá ser realizada após
a capina.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
72
Veremos agora o plantio de mudas e semeadura direta.

A introdução das espécies na área pode ser realizada por meio do plantio de mudas e/
ou pela semeadura direta, de forma manual ou mecanizada. A escolha da melhor forma
depende da acessibilidade da área, recursos financeiros e disponibilidade de mão de obra
e/ou equipamentos.

Plantio de Mudas

O plantio de muda é a ação de colocar a muda na cova ou sulco, já com o solo preparado,
e posteriormente preencher os espaços vazios com solo. O plantio pode ser manual ou
semimecanizado, variando de acordo com o recipiente em que a muda foi produzida.
O plantio manual é mais utilizado para mudas produzidas em sacos plásticos, sendo
recomendado o corte do fundo do saco para evitar que as raízes enovelem (acumulem no
fundo do recipiente), como também a retirada do saco antes de finalizar o plantio.
1) Abra covas ou sulcos; 2) Coloque a muda sem enterrar o colo (ponto de transição entre
caule e raiz; 3) Aperte levemente o solo ao redor da muda para retirar os bolsões de ar e
deixar as mudas firmes; 4) Construa pequenas bacias ao redor da muda, isso vai ajudar a
reter água e reduzir a perda da adubação de cobertura por lixiviação.

Muda

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
73
O plantio semimecanizado pode ser utilizado para mudas produzidas em tubetes, a partir
de plantadeiras manuais (tubo de aço com uma ponta cônica, que se abre acionada por
um gatilho).

Plantadeira manual

Semeadura direta

A semeadura direta ou o plantio de sementes consiste no lançamento das sementes na


área ou nas linhas de plantio (covas ou sulcos) e cobertas por uma quantidade adequada
de solo (essa quantidade vai depender do tamanho da semente). Essa técnica pode ser
realizada de forma manual (áreas íngremes ou de difícil acesso), por máquinas agrícolas
(áreas planas) e aviões (áreas planas).
A muvuca de sementes (mistura de várias espécies de sementes nativas, areia e grãos)
é muito utilizada nessa técnica, podendo ser realizada por semeadura a lanço de forma
manual ou a partir do uso de máquinas espalhadoras de adubo ou calcário. Para semeadura
em linha, recomenda-se o uso de plantadeira de grãos.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
74
Após a semeadura mecanizada, pode-se semear manualmente as sementes que não
couberam na máquina ou que não podem ser enterradas.

Irrigação

É recomendado que a introdução das espécies na área seja realizada no período chuvoso,
reduzindo os custos. Caso não seja possível, é necessário realizar a irrigação desde o dia do
plantio até que as mudas enraízem no solo. Após esse período, a frequência da irrigação vai
depender de vários fatores, entre eles:
• Uso de hidrogel durante o plantio;
• Quantidade e distribuição das chuvas;
• Capacidade de retenção de água no solo;
• Espécies selecionadas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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75
Replantio

O replantio é a reposição das mudas que morreram, mas antes de substituir uma muda por
outra é importante verificar:
• A causa da morte (evitar que a muda reposta morra pelas mesmas causas); e
• Se a muda a ser substituída realmente morreu (as mudas podem perder suas folhas
por herbivoria ou em virtude da seca).
A necessidade de reposição geralmente é verificada entre 60 e 90 dias após a introdução
das espécies na área e é realizada quando a mortalidade for superior a 5% do total de cada
espécie plantada. Nesse processo as mudas mortas devem ser substituídas pela mesma
espécie ou pelo mesmo grupo (recobrimento ou diversidade), respeitando a metodologia
de recomposição definida no projeto.
O replantio deve continuar durante todo o período de manutenção do projeto.

Monitoramento da recomposição florestal

O monitoramento tem por objetivo acompanhar se as ações de implantação e manutenção


estão efetivamente promovendo a recomposição da vegetação e verificar se o projeto está
atingindo a sua finalidade (recomposição da APP e/ou RL; geração de trabalho e renda;
entre outros). Essa atividade pode ser realizada uma única vez ou várias vezes, dependendo
do programa estabelecido no projeto de recomposição.
Para avaliar os pontos apresentados, são definidos os indicadores (itens com objetivo de
medir alterações da área recomposta ao longo do tempo), cronograma de monitoramento
e os métodos de amostragem, coleta e análise dos dados.
O uso de indicadores permite analisar se as ações de recomposição irão possibilitar a
reconstrução dos processos ecológicos mantenedores da dinâmica vegetal, de forma
que áreas restauradas sejam sustentáveis no tempo sem mais interferência do homem,
garantindo a sua perpetuação e funcionalidade para conservação da biodiversidade local.
Além do sucesso das ações já implantadas, os indicadores também devem apontar a
necessidade de novas ações visando corrigir e/ou garantir que os processos da sucessão
ecológica local ocorram.
Osindicadoresmaisutilizadosparaomonitoramentoestãorelacionadoscomacomposição
e estrutura da vegetação, como também com o funcionamento dos processos ecológicos.
Na Tabela 1 são apresentados alguns exemplos.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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76
Monitoramento da recomposição florestal

Tabela 1. Exemplos de indicadores ecológicos para monitoramento de áreas em processo


de recomposição.

Característica Indicadores
Altura do dossel
Número de estratos verticais
Presença de indivíduos emergentes
Estrutura
Densidade total de indivíduos
Cobertura (projeção de copas ou gramíneas so-
bre o terreno)
Formas de vida (presença e proporção entre ár-
vores, arbustos, ervas e trepadeiras)
Grupo sucessional (primárias, secundárias e tar-
Composição dias)
Grupo de plantio (recobrimento e diversidade)
Riqueza de espécies nativas regionais
Riqueza de espécies invasoras e não invasoras
Taxas de recrutamento e mortalidade
Funcionamento Taxa de fixação de carbono
Restabelecimento da fauna

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
77
Monitoramento da recomposição florestal

Para cada indicador são estabelecidos critérios e pontuações, conforme exemplo


apresentado por Brancalion et al, (2015). Confira a tabela.
Tabela 2. Critérios e pontuações estabelecidos para cada indicador (Brancalion et al., 2015)

Grau de im-
Indicador Critério Peso
portância
- Riqueza de espécie;
- Diversidade;
- Cobertura de copa;
- Cobertura de gramíneas;
Podem comprometer todo
- Mortalidade das mudas plantadas;
Alto o plantio em curto prazo e 3
- Presença de espécies exóticas inva-
são de difícil correção
sora;
- Distribuição ordenada das mudas
no campo por meio de grupos de
plantio.
Podem comprometer o
- Presença de espécies exóticas não
plantio da áreas em médio
Médio invasoras; 2
prazo e podem sem corrigi-
- Altura das mudas plantadas.
dos.
Não comprometem o plan-
- Presença de espécies incluídas em
Baixo tio, mas são indicadores 1
algum nível de ameaça de extinção.
positivos.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
78
Monitoramento da recomposição florestal

Rendimento
Atividade Condição Opção técnica
operacional
1) Limpeza da área
Corte com machado Baixo
Corte com motosserra Alto

Árvores invasoras --
Manutenção dos resíduos no
local

Remoção dos resíduos Baixo

Gramíneas de Foice Baixo


grande porte Trator com pá carregadeira Alto
Controle inicial de
espécie invasora Roçagem tratorizada Alto
Baixo
Roçagem com motorroçadei-
ra costal
Gramíneas de
Alto
baixo porte Aplicação de herbicida com
barra de pulverização

Aplicação de herbicida com


Médio
pulverizadores costais
2) Preparo do solo
Baixo
Remoção de impedimentos
Recuperação do físicos e correção química
Solo degradado
solo
Uso de adubação verde Baixo

Sem necessidade de controle --


Controle de formi-
Iscas granuladas Médio
gas-cortadeiras
Inseticida em pó ou líquido Médio
Baixo
Manual (cavadeira e/ou enxa-
Abertura da cova
dão)
ou linha do plantio
Motocoveadora Moderado

Subsolador/sulcador Alto

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
79
Relevo não decli-
Alto
voso

Relevo declivoso Baixo

Terreno com pe-


Baixo
dregosidade
Com calagem --
Sem calagem --
Adubação mineral Alto
Adubação orgânica Baixo
Adubação
Adubação de base na cova do
Alto
plantio
Adubação de base em covetas
Baixo
laterais
3) Plantio
2 m x 2 m (2.500 indivíduos/
Baixo
ha)
Densidade de plan- 3 m x 2 m (1.667 indivíduos/
Médio
tio ha)
3 m x 3m (1.111 indivíduos/
Alto
ha)
Sacos plásticos Baixo
Tipo de muda Tubetão (250 cm3) Médio
Tubetinho (56 cm3) Alto
Sem necessidade de uso --
Uso de hidrogel Integrado à plantadeira Alto
Usado separadamente Baixo
Manual Baixo
Forma de plantio Com plantadeira Alto
Com chucho Alto

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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4) Manutenção
Regador Baixo
Motobomba Alto
Irrigação
Mangueiras acopladas a um
Alto
tanque

Enxada Baixo
Coroamento Pulverização direcionada de
Alto
herbicida
Sem limpeza --

Limpeza de entre- Limpeza com roçadeira costal Baixo


linhas Limpeza com aplicação dirigi-
Alto
da de herbicida

Média-alta mortal-
Baixo
Replantio idade
Baixa mortalidade Alto

Adubação de cob- Mineral


ertura Orgânico

Apesar da importância do uso de indicadores e dos avanços nessa temática, ainda são
necessárias mais pesquisas para estabelecer indicadores confiáveis e seguros com os
respectivos valores de referência esperados nas diferentes etapas do projeto, em relação a
cada situação ambiental e de acordo com a técnica de recomposição utilizada.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
81
Atividades e custos

Nesse módulo apresentamos as diferentes atividades ou procedimentos operacionais


para a implantação e manutenção da recomposição da vegetação. Para cada atividade
existe a necessidade de equipamentos, insumos e mão de obra, influenciando diretamente
no rendimento operacional e no custo da recomposição. A Tabela 2, apresentada por
Brancalion et. al. (2015), contém exemplos de opções técnicas e custos dos procedimentos
operacionais referentes à restauração florestal.
Veja na Tabela 2 Exemplos de opções técnicas e custos dos procedimentos operacionais
referentes à restauração florestal (Brancalion et. al., 2015).

Saiba mais
Informações sobre rendimentos operacionais podem ser obtidas nas seguintes
publicações:
- Economia da restauração florestal (Benini e Adeodato, 2017). Disponível em:
https://www.nature.org/media/brasil/economia-da-restauracao-florestal-
brasil.pdf
- Manual para restauração florestal: florestas de transição (Cury e Carvalho,
2011). Disponível em: https://aliancadaterra.org/wp-content/uploads/2015/05/
boas-praticas-05.pdf
- Manual de Restauração Florestal: Um Instrumento de Apoio à Adequação
Ambiental de Propriedades Rurais do Pará (NBL e TNC, 2013). Disponível em:
https://www.nature.org/media/brasil/manual-de-restauracao-florestal.pdf
- Restauração da vegetação nativa no Brasil: caracterização de técnicas e
estimativas de custo como subsídio a programas e políticas públicas e privadas
de restauração em larga escala (Tymus et al., 2018). Disponível em: https://www.
nature.org/media/brasil/restauracao-da-vegetacao-nativa-no-brasil.pdf

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
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Equipamentos de proteção individual (EPIs)

As atividades de plantios e sua manutenção exigem considerável esforço físico, manuseio de


ferramentas e máquinas e substâncias potencialmente perigosas, além de longas jornadas
de exposição ao sol. Para proteger a saúde e evitar possíveis acidentes, os trabalhadores
devem sempre utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) que são botas, luvas,
perneiras, óculos de segurança e chapéu (para protegê-los do sol, podendo também ser
utilizado protetor solar como medida complementar).
Nas operações de manuseio e aplicação de produtos químicos, os trabalhadores devem
utilizar luvas específicas, máscaras e aventais. Todas as operações devem ser realizadas
com cuidado, de forma a se evitar ao máximo a exposição direta e o contato com esses
produtos.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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Encerramento do módulo 4

Neste módulo, tratamos sobre a implantação, manutenção do plantio e o monitoramento da


recomposição florestal.
Foi possível entendermos melhor o processo de preparo do solo, controle de formigas cortadeiras, e
sobre plantas competidoras e seleção de espécies.
Além disso, foi falado sobre adubação, plantio de mudas e semeadura direta, bem como irrigação e
replantio.
Por fim, foi apresentada também a questão do monitoramento da recomposição florestal, atividades
e custos, e os equipamentos de proteção individual (EPIs).

TÉCNICO

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 4
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MÓDULO 5
Coleta, beneficiamento e
armazenamento de sementes
florestais
1. Introdução

Para realizar a recomposição de uma área, muitas vezes é


necessário coletar frutos e sementes e/ou produzir mudas.

Exatamente, João. Nesse módulo


vamos apresentar as formas de coletar,
beneficiar e armazenar sementes de
espécies florestais.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
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2. As sementes

A semente é uma estrutura que garante a dispersão da espécie e a proteção do embrião


contra a ação do meio. As sementes são definidas pela botânica como o óvulo desenvolvido
após a fecundação, que contém embrião, reservas nutritivas e tegumento.
As sementes florestais são de grande importância para manutenção da vida nas florestas,
sendo:
• Um meio de sobrevivência das espécies vegetais; e
• Uma fonte de alimento para muitos animais.
Para o ser humano, as sementes apresentam diversos benefícios e usos, dentre eles
podemos destacar sua utilização para o cultivo de alimentos, extração de óleos, fabricação
de artesanato, corantes, produtos medicinais, formação de plantios comerciais e a
recomposição de áreas.

Coleta de sementes florestais

O sucesso da coleta de sementes florestais depende de um bom planejamento. Vamos


entender melhor como realizamos esse planejamento?!

Planejamento da coleta

Para um bom planejamento da coleta é importante definir, destacando também o tempo


gasto e os custos de cada atividade pertinente, os seguintes aspectos:
a) Finalidade;
b) Local;
c) Época;
d) Métodos e os materiais utilizados;
e) Equipe; e
f) Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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87
Finalidade da coleta

A definição da finalidade do uso da semente influencia na seleção das espécies e das


árvores onde serão realizadas as coletas, ou seja, as árvores matrizes. Dessa forma, se o
objetivo for a produção de madeira, é importante avaliar a qualidade do tronco; se for a
coleta de produtos não madeireiros como os extrativos, é importante selecionar árvores
que apresentam elevado teor desses extrativos; e se for recomposição da vegetação, é
recomendável selecionar uma grande diversidade de espécies e de matrizes diferentes
dentro da mesma espécie, para garantir uma boa diversidade genética.

Local

Apósdefinirafinalidadedassementes,énecessárioestabelecerolocalondeserãocoletadas
as sementes, sendo importante levar em consideração alguns pontos, principalmente, se o
objetivo for a recomposição da vegetação:
• Bom estado de conservação da área e com grande extensão, cenário que aumenta
a probabilidade de encontrar mais indivíduos de uma mesma espécie em condições
desejáveis;
• Grande diversidade ou variedade de espécies, possibilitando coletar várias espécies
durante uma mesma expedição de coleta no campo; e
• Logística para a coleta: próximo à residência, facilidade no transporte ou ainda quais
serão as estratégias necessárias, caso a coleta seja feita em um local distante.
Após escolher as áreas de coleta e as espécies que se deseja, é preciso identificar as árvores
matrizes onde serão coletadas as sementes ou frutos. É importante escolher matrizes que
sejam árvores adultas, vigorosas, com copa sadia, que não apresentem sinais evidentes de
ataque de pragas e doenças e que não estejam isoladas.
Para identificar corretamente as espécies selecionadas, pode-se:
• Contar com a ajuda de um parabotânico, ou seja, uma pessoa que conheça bem a
flora da região e que consiga identificar as espécies arbóreas de interesse; ou
• Coletar o material botânico (ramos, folhas, flores, frutos e sementes) das árvores
para posterior identificação em um herbário. O armazenamento desses materiais
pode ser realizado em sacos plásticos etiquetados e, quando possível, em prensas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
88
É recomendado escolher e coletar sementes de vários indivíduos da mesma espécie que
estejam distantes uns dos outros para manter a diversidade genética. Sendo assim, quanto
mais diversa a coleta, mais chance o plantio terá de resistir às variações ambientais,
doenças, incêndios etc.
Exemplo de uma prensa
Após a seleção, as árvores matrizes deverão ser identificadas por uma plaqueta com
número e/ou letra, georreferenciadas com GPS, relacionadas em uma ficha de campo e
registradas em um banco de dados! É importante também elaborar um mapa da área de
coleta contendo todas as matrizes e as melhores trilhas.

Diversidade genética é o grau de variedades de genes existente dentro de uma única espécie (animal
ou vegetal). Ela corresponde ao número total de características genéticas na composição genética das
espécies ou subespécies.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
89
a) Época
Após marcar as matrizes, é necessário saber a época certa para coletar os frutos e
sementes. A melhor época de realizar a coleta é quando as sementes e os frutos atingem a
maturidade fisiológica, apresentando maior capacidade de germinação e vigor. Para isso, é
necessário identificar a época de floração e frutificação de cada espécie, seus polinizadores
e dispersores e os tipos de frutos. Também é possível identificar o ponto de maturação
através da mudança de coloração, de cheiro e de textura dos frutos e sementes.
A época de floração é quando as plantas emitem as flores que são polinizadas por aves,
insetos, morcegos, água, vento etc. Quando ocorre a polinização (cruzamento dos grãos
de pólen das partes masculinas – antera – com os óvulos – estigma – das partes femininas)
acontece o encerramento do ciclo reprodutivo da planta e se inicia a formação dos frutos
(formação no ovário) e das sementes (formação nos óvulos), sendo a época de frutificação.

Quando os frutos atingem a maturação fisiológica está na época de coletar, no entanto,


para iniciar a coleta é importante identificar se os frutos são secos ou carnosos e se são
deiscentes ou indeiscentes.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
90
Frutos secos:

Vagens, espigas ou cápsulas.

Jatobá (Hymenaea courbaril)

Ingá (Inga spp.)

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
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Guaraná (Paullinia cupana)

- Deiscentes: são frutos que abrem sua estrutura com o objetivo de soltar as sementes para
que elas sejam levadas pelo vento, água ou animais. Esses frutos devem ser colhidos assim
que iniciarem a abertura e levados para um local ventilado para terminar de abrir. São
exemplos: Guaraná (Paullinia cupana var. sorbilis ), Cedro-rosa (Cedrela odorata L.), Ucuuba
(Virola spp. Sumaúma (Ceiba pentandra L.), Mogno (Swietenia macrophylla King.), etc.
- Indeiscentes: são frutos que não se abrem sozinhos, geralmente dispersos pelo vento
ou por animais, podem ser coletados diretamente na árvore ou no chão. São exemplos:
Jatobá (Hymenaea courbaril), Ingá-açu (Ingá cinnamomea Spruce ex Benth) e o Timboril
(Enterolobium contortisiliquum).
Frutos carnosos:

Abricó do Pará (Mammea americana)

Jambo rosa (Syzygium jambos)

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
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Baga ou drupas.

Bacuri (Platonia insignis)

Cupuaçu (Theobroma grandiflorum)

Pequiá (Caryocar villosum)

São frutos que apresentam polpa carnosa ou dura envolvendo a semente. Todos os frutos
carnosos são indeiscentes, ou seja, não se abrem naturalmente. São exemplos: Pequiá
(Caryocar villosum (Aubl.) Pers. ) e Ingá (Inga spp.), podendo ser colhidos na árvore ou no
chão.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
93
Para identificar a época de floração e frutificação dos frutos de cada espécie, é importante
montar um calendário e assim organizar as atividades de coleta. Esse calendário pode
ser construído a partir de observações das árvores matrizes juntamente com a busca de
informações já existentes de algumas espécies florestais.

b) Métodos e materiais
A coleta de sementes pode ser realizada diretamente na árvore ou no chão, no entanto, a
escolha do melhor método vai depender da espécie, altura, forma, acessibilidade da área
e localização da matriz.
Independentemente do método escolhido, é importante limpar a área ou estender uma
lona embaixo da copa da matriz para que os frutos e sementes novos não se misturem com
os antigos.
- Coleta na árvore: esse tipo de coleta apresenta os melhores resultados em relação à
qualidade da semente coletada, entretanto, depende de vários fatores, entre eles: a forma
e a altura da árvore, o tipo de casca, a presença de espinhos, condições físicas do terreno,
o equipamento disponível e o conhecimento técnico do pessoal envolvido na coleta. Em
qualquer caso, sempre que for necessária a escalada da árvore, deve ser realizada por uma
pessoa capacitada e com os equipamentos de segurança adequados.
Os equipamentos mais utilizados são:
a) Podão: Ferramenta de cabo longo com cortador ou gancho na ponta e fácil de usar.
O alcance dos frutos e das sementes é limitado pelo tamanho do cabo.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
94
b) Escada: confeccionada em alumínio, fibra ou madeira. Mais utilizadas em árvores
retas, podendo ser utilizada em conjunto com o podão. Essa técnica apresenta alto
risco ao coletor e deve ser utilizada como última alternativa de coleta.

c) Esporas: pode ser empregado em qualquer tipo de árvore, exceto as palmeiras,


entretanto, pode causar ferimentos nas árvores. É necessário treinamento e uso de
cinturões de segurança, capacetes e correias que circundam a árvore.

d) Equipamento de alpinismo e técnicas de ascensão vertical: método que exige


treinamento e equipamento adequado, sendo um dos mais práticos e de fácil
condução dentro da mata. É muito utilizado para a colheita em árvores de médio a
grande porte.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
95
e) Blocante ao tronco: é realizado um conjunto de nós especiais em uma corda
envolvendo a árvore e conectada ao cinturão e aos pés do coletor.
f) Peconha: técnica que utiliza uma corda ou cipó para fazer uma argola que é presa
aos pés do coletor. Essa técnica é muito utilizada para coleta de frutos em palmeiras,
entretanto, apresenta baixa segurança.

- Coleta no chão: essa forma de coleta pode ser usada para frutos grandes que caem
próximo à copa e cujas sementes não sejam aladas. Geralmente a colheita é feita quando
os frutos se desprendem da árvore, seja de forma espontânea ou com a ajuda de alguém
ou de alguma ferramenta (podão, estilingue, corda etc.). É recomendado colocar uma
lona embaixo da árvore ou limpar a região para facilitar o recolhimento dos frutos ou das
sementes.

Alguns materiais são fundamentais para levar durante a coleta, são eles: lona, ficha de
coleta, GPS, trena, sacos de ráfia e plástico, tesoura de poda e os materiais direcionados
para o método de coleta escolhido.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
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GRUPO: FAMÍLIA:

NOME CIENTÍFICO:

NOMES VULGARES COM IDIOMAS:

NOME DO COLETOR: Nº DO COLETOR DATA DA COLETA:

NOME DO DETERMINADOR: DATA DE DETERMINAÇÃO MATERIAL DISPONÍVEL

HÁBITO DE CRESCIMENTO: FILOTAXIA (SÓ DICOT.): COR DA FLOR OU DO ESPORÓFORO:

COR DO FRUTO DOS ESPORES: INTERESSE ECONÔMICO: INTERESSADO:

AMBIENTE GERAL:

COMPORTAMENTO: FREQUÊNCIA RELATIVA:

PAÍS: REGIÃO: ESTADO TERRITÓRIO OU SIMILAR:

MUNICÍPIO: LATITUDE LONGITUDE: ATITUDE:

LOCAL DA COLETA:

OBSERVAÇÃO

Ficha de coleta

No momento da coleta, não é recomendado coletar todos os frutos e sementes das matrizes,
sendo importante deixar parte desses recursos para a fauna e para a regeneração natural.
As sementes coletadas das matrizes da mesma espécie podem formar os Lotes de
sementes florestais que são definidos como uma quantidade definida de sementes da
mesma espécie, da mesma região e pode ser formado por sementes de uma ou de várias
matrizes.
Obs: É sempre bom avaliar a condição do tempo antes de sair para a coleta: Não é
recomendado coletar durante ou logo depois de uma chuva, como também quando estiver
com muitos relâmpagos e ventos fortes.
c) Equipe
Para realizar a coleta, é sempre importante não estar sozinho, contando sempre com uma
equipe de duas ou mais pessoas e, quando possível, a presença de um parabotânico.
Além de facilitar a coleta, uma equipe formada por mais pessoas possibilita o atendimento
rápido em caso de algum acidente, como torção de membros, picadas de cobras e insetos.
d) Equipamentos de Proteção Individual – EPIs
Durante a coleta de sementes é fundamental utilizar calças, camisa de manga comprida,
botas ou tênis, chapéu, perneiras, capas de chuva, repelentes, protetor solar e óculos de
proteção.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
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Beneficiamento
Extração
Após a coleta dos frutos e sementes, inicia-se o processo de beneficiamento, que envolve
a retirada de restos de folha, terra, sementes quebradas, podres etc. Para as sementes que
ainda estão dentro dos frutos, é necessário realizar a extração, sendo que para cada tipo de
fruto, existe uma forma de extração.
A extração pode ser feita de forma manual, com a utilização de ferramentas como martelo,
sacos de ráfia, facão e pilão, ou mecanicamente, por meio de máquinas destinadas para
esse fim.
Na extração de sementes de frutos carnosos, deve-se lavar em água corrente, imergir em
água e/ou esfregar na peneira.
Na extração de sementes de frutos secos indeiscentes, deve-se quebrar o fruto com a
utilização de facas, pilão, martelos, etc.
Secagem
Após a extração, as sementes devem ser secas, evitando, assim, o ataque de microrganismos
durante o armazenamento. O processo de secagem é composto por duas fases: inicialmente
há deslocamento da umidade da superfície da semente para o ar ao seu redor, seguida da
migração da umidade do interior da semente para a superfície desta.
A velocidade de perda de umidade da superfície da semente para o ambiente é maior do
que o deslocamento de umidade do interior para sua superfície, sendo assim, o processo de
secagem deve ser lento e gradativo, possibilitando a migração de umidade de dentro para
fora. O tempo que é transcorrido para a realização da secagem também é fator importante,
uma vez que uma secagem muito lenta propicia o aparecimento de microrganismos, os
quais afetam a qualidade das sementes.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
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A secagem das sementes pode ser realizada de duas formas:
• Secagem natural: as sementes podem ser espalhadas em camadas finas na sombra
sobre áreas cimentadas, lonas ou bandejas durante o dia e recolhidas ou cobertas de
noite para evitar a umidade ou chuvas. Essa forma depende das condições climáticas,
sendo mais lenta e mais barata que artificial.

• Secagem artificial: realizada por meio de estufas que controlam a temperatura, a


umidade relativa e a circulação do ar.

Estufa para secagem artificial

Para definir a forma de secagem, é necessário identificar se a semente é classificada como


ortodoxa ou recalcitrante.
As ortodoxas são sementes com casca dura, geralmente menores ou mais achatadas e se
mantêm viáveis após dessecação até um grau de umidade em torno de 5% e podem ser
armazenadas sob baixas temperaturas por um longo período (ex: ipês (Handroanthus sp.)).

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
99
As recalcitrantes são sementes com casca mole, grandes e que não sobrevivem em baixos
níveis de umidade, o que impede o seu armazenamento por longo prazo (ex: ingás (Inga
sp.), várias espécies de castanha (Lecythidaceae sp.) e andiroba (Carapa sp.)) (ROBERTS,
1973).
Além destes grupos, há um terceiro, no qual as sementes apresentam um comportamento
de armazenamento intermediário ao ortodoxo e ao recalcitrante.
Após o beneficiamento, as sementes podem seguir para o plantio ou armazenamento.

Armazenamento e Embalagens

Armazenamento
Oarmazenamentorefere-seàformadeacondicionarassementesflorestaisemumambiente
controlado até a sua semeadura, preservando, assim, a sua capacidade de germinar,
reduzindo o grau de deterioração devido ao ataque de fungos e microrganismos, como
também garantindo a disponibilidade de sementes durante os anos de baixa produção.
As sementes devem ser armazenadas, de preferência, em câmaras frias e secas, onde
é possível controlar a umidade do ar e a temperatura, reduzindo, assim, alguns dos
fatores que estimulam a germinação. Existem também as câmaras que são frias ou secas
que controlam a temperatura ou a umidade, respectivamente, e geralmente possuem
instalação e manutenção mais baratas que a anterior.

Câmara de armazenamento

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
100
Para o armazenamento correto das sementes, é necessário classificá-las como ortodoxas ou
recalcitrantes. As sementes ortodoxas, como dito anteriormente, podem ser armazenadas
com baixo teor de umidade e temperatura, mantendo sua viabilidade por um maior período
de tempo.
As sementes recalcitrantes são muito sensíveis à perda de umidade e seu período de
viabilidade é bem mais curto comparado com as ortodoxas, não existindo regra geral de
armazenamento para esse grupo. Geralmente, essas sementes são armazenadas com alto
teor de umidade, o que favorece o ataque de microrganismos e a germinação durante o
armazenamento. Quando submetidas a baixas temperaturas, o que poderia inibir as duas
situações anteriores, as sementes podem ser danificadas. Alguns testes observaram que
uma forma de armazenar essas sementes é colocá-las em substratos como vermiculita,
areia úmida, entre outros.
Nas florestas tropicais úmidas existem muitas espécies recalcitrantes e que precisam
ser semeadas logo após o beneficiamento, como os ingás (Inga sp.), várias espécies de
castanha (Lecythidaceae sp.), andiroba (Carapa sp.), entre outras, dessa forma, a produção
de mudas dessas espécies representa uma boa alternativa para o armazenamento.
Veremos como produzir mudas no Módulo 6 desse curso!
Embalagens
As sementes podem ser armazenadas em diferentes embalagens, são elas: permeáveis,
semipermeáveis e impermeáveis.
As embalagens permeáveis permitem a troca de água com o meio e são indicadas para
sementes ortodoxas que ficam armazenadas em câmara seca. São exemplos os sacos de
algodão, juta, estopa, papel etc.
As embalagens semipermeáveis permitem pouca troca de água e são indicadas para
sementes recalcitrantes que estejam no substrato. São exemplos os sacos ou bombonas
de papel multifoliado revestido com substância cerosa ou entremeados com substâncias
impermeáveis.
Já as embalagens impermeáveis não permitem a troca de água e de gases, sendo
recomendado para sementes muito secas. São exemplos os envelopes, pacotes e latas de
alumínio e garrafas de vidro e plástico espesso.
Para saber mais sobre o assunto, consulte cartilhas e livros sobre coleta e beneficiamento
de sementes ou entre em contato com as Redes de Sementes existentes no Brasil, como a
Rede de Sementes do Xingu e a Rede de Sementes da Amazônia.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
101
Encerramento do módulo 5

Neste módulo, tratamos assuntos relacionados a sementes,


coleta e planejamento da coleta, beneficiamento, bem
como extração e secagem. Além disso, abordamos o
armazenamento e as formas de embalagens.

No próximo módulo, vamos tratar


da produção de mudas de espécies
florestais.
TÉCNICO

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 5
102
MÓDULO 6
Produção de mudas de
espécies florestais
1. Introdução

Depois da etapa de coleta, beneficiamento e armazenamen-


to das sementes, elas podem ser semeadas diretamente no
campo ou vão para a produção de mudas.

Neste módulo, iremos apresentar os


métodos de produção de mudas e os
principais pontos para serem observados
quanto à instalação de viveiros florestais.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
104
2. Viveiros Florestais

O desenvolvimento da muda, antes de ser plantada no campo, ocorre em


locais denominados viveiros.

A fase de produção de mudas é uma das etapas mais importantes para


garantir o sucesso da recomposição da vegetação, pois o uso de mudas
de melhor qualidade diminui a sua mortalidade após o plantio e, como
consequência, reduz a frequência de manutenção do plantio, garantindo
uma qualidade melhor da recomposição e um menor custo (HOPPE et al.,
2004).

TÉCNICO

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
105
2.1. Viveiros temporários x viveiros permanentes

A escolha do tipo de viveiro dependerá dos seguintes fatores:

Objetivos de produção de mudas;

Escala de produção pretendida;

Nível tecnológico que pretende utilizar;

Quantidade de recursos que o produtor ou a comunidade pode investir


para a produção de mudas.

Os viveiros contam com diversas infraestruturas que vão depender de seu tamanho e
características. Podemos destacar dois tipos de viveiros: os viveiros temporários e os
viveiros permanentes.

Viveiros temporários

São viveiros bem simples que possuem duração curta e


limitada e são destinados à produção de poucas mudas
em uma área predeterminada e geralmente localizados
próximos às áreas de plantio (OLIVEIRA et al., 2016).

Viveiros permanentes

São utilizados para produção de mudas em maior


quantidade e por um longo período de tempo. Possuem
instalações mais duradouras e materiais mais resistentes,
o que aumenta os gastos para a sua implantação em
comparação com os viveiros temporários (OLIVEIRA
et al., 2016).

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106
2.2. Critérios para implantação do viveiro

Devido aos diferentes objetivos, nível tecnológico e a escala de


produção que os viveiros podem possuir, fica impossível definir
recomendações técnicas de produção para cada situação.
Entretanto, existem alguns critérios de instalação e construção dos
viveiros que podem ser generalizados para garantir o sucesso na
produção de mudas. A seguir, vamos falar um pouco desses critérios. TÉCNICO

Importante
É importante lembrar que, para a instalação de viveiros permanentes em todo
o território brasileiro, deve-se obedecer à Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003,
regulamentada pelo Decreto nº 5.153, de 23 de julho de 2004 (Revogado pelo
Decreto nº 10.586/2020), publicados no Diário Oficial da União. Além disso, para
quem deseja iniciar qualquer atividade relacionada a sementes e mudas, é
aconselhável procurar a orientação do setor de sementes e mudas da
Superintendência Federal de Agricultura de seu Estado. Também, para a
realização de qualquer atividade relacionada a sementes e mudas que vise a
comercialização, é necessário estar inscrito no Registro Nacional de Sementes e
Mudas (Renasem), – com exceções para variedades nativas e crioulas e as
destinadas para troca/venda de povos e comunidades tradicionais e agricultores
familiares entre si –, além do Registro Nacional de Cultivares (RNC).

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
107
2.2.1. Facilidade de acesso

O viveiro deve ser instalado em local que favoreça o acesso e o escoamento das mudas,
levando em consideração a qualidade das estradas para o trânsito de veículos de grande porte,
principalmente em época chuvosa, quando existe o maior escoamento de mudas devido à
redução de gastos com irrigação no plantio.

TÉCNICO

2.2.2. Quantidade e qualidade de água

É necessária a escolha de um local que possua uma fonte de água


limpa e permanente suficiente para irrigação em qualquer época do
ano, levando em consideração a enorme quantidade de água que as
mudas necessitam repor devido à evapotranspiração. TÉCNICO

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
108
2.2.3. Drenagem

O local de instalação do viveiro deve possuir uma leve inclinação (entre 1%


e 3%) para evitar o acúmulo de água das chuvas e do excesso de irrigação.
Deve-se evitar a construção do viveiro em solos pedregosos ou muito
argilosos, dando preferência por solos com boa drenagem. Outro ponto
muito importante é a construção de canais de drenagem para facilitar o
escoamento da água que acumula no solo do viveiro, além de recobrir o
solo com uma camada de brita ou outro material permeável para ajudar na absorção de
água no solo e evitar a formação de poças d’água.
Esses procedimentos são importantes pois o acúmulo de água pode criar um ambiente
favorável para o desenvolvimento de uma série de doenças para as mudas, além de
dificultar o movimento de trabalhadores e insumos dentro do viveiro (OLIVEIRA et al., 2016).

2.2.4. Orientação geográfica e proteção contra o


vento

O viveiro deve ser instalado com o maior comprimento, ficando no sentido leste oeste,
garantindo um ambiente totalmente ensolarado na maior parte do tempo. Outro ponto
importante é a implantação de quebra-ventos que contribuirão para a diminuição do
ressecamento do solo e da transpiração das mudas, além de ser uma barreira para deriva de
defensivos agrícolas de áreas de cultivo próximas ao viveiro. Devem ser plantadas árvores
ou arbustos de rápido crescimento como quebra-vento, sendo este plantado perpendicular
à direção dominante do vento.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
109
2.3. Insumos necessários para a produção no
viveiro

Para a produção de mudas, dois insumos são essenciais: os recipientes e os substratos.


Veremos em detalhes a seguir.

2.3.1. Recipientes

Os recipientes são uma estrutura física utilizada para acondicionar o substrato com o
objetivo de cultivar plantas desde a germinação das sementes até a comercialização das
mudas (OLIVEIRA et al., 2016).
Suas principais funções são de suporte do meio de crescimento das mudas e moldagem
das raízes em desenvolvimento, protegendo-as de danos mecânicos, da desidratação e da
incidência de luz, e facilitar o manuseio das mudas até o plantio definitivo (HOPPE et al.,
2004).
A escolha do tipo de recipiente a utilizar depende do objetivo, da escala de produção, do
grau tecnológico do viveiro e do tipo de espécie que deseja produzir. Além disso, o tamanho
do recipiente também irá variar com o objetivo das mudas e a espécie.
Esses recipientes podem ser classificados em duas categorias: degradáveis e persistentes.
Os recipientes degradáveis são aqueles que se degradam facilmente ao longo do tempo
e não são reutilizáveis, podendo ser constituídos de materiais naturais ou artificiais.
Exemplos desses recipientes são o torrão paulista, tubo ou bandeja de papelão, taquara e
tubo de madeira laminada.
Os recipientes persistentes são aqueles feitos com materiais duráveis e que podem
ser reutilizados ou reciclados. Exemplos de recipientes reutilizáveis são os tubetes e de
recipientes recicláveis são as sacolas plásticas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
110
Os tubos de papelão possuem a vantagem de possuir rápida degradação e baixo custo, sem
a necessidade de serem retirados no momento do plantio em campo, entretanto isso pode
ser um problema, pois a rápida desintegração pode fazer com que a muda, durante seu
desenvolvimento no viveiro, não mantenha a forma até o plantio, dificultando o transporte
e o plantio das mudas, podendo ocasionar danos ao sistema radicular da muda.
As sacolas plásticas precisam de um equipamento especial para enchê-las com substrato.
São fáceis de retirar no campo e, após isso, devem ser recicladas ou ter uma destinação
adequada. A desvantagem desse tipo de recipiente é a maior quantidade necessária de
substrato em relação aos outros recipientes e ao risco de enovelamento das raízes das
mudas.
Esses tipos de recipientes, como a taquara, tubo de papelão e sacolas plásticas, são
utilizados para pequena e média escala geralmente em viveiros com baixo nível tecnológico
(HOPPE et al., 2004).
Se o viveiro possuir uma escala de produção muito elevada, é aconselhável a utilização de
tubetes. Apesar de serem mais caros que os outros tipos de recipientes, são reutilizáveis,
requerem uma menor quantidade de substrato, permitem uma melhor formação do
sistema radicular das mudas, um menor espaço de armazenamento no viveiro e possui
uma maior facilidade de transporte. Com isso, leva a uma redução no custo de produção
da muda.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
111
2.3.2. Substratos

O substrato é o material sólido natural ou residual, mineral ou orgânico, podendo ser


utilizado puro ou em mistura para o cultivo intensivo de plantas, substituindo parcial ou
totalmente o solo natural (OLIVEIRA et al., 2016).
Osubstratotemafunçãodefornecersuportefísicoàsraízes,favorecendoodesenvolvimento
radicular, possibilitando a formação de um torrão firme com capacidade de retenção de
umidade e nutrientes, necessários para o crescimento das plantas.
Segundo Oliveira et al. (2016), o cultivo em substrato em substituição ao solo natural se
deve aos seguintes motivos:
• Maior facilidade de transporte devido ao menor peso;
• A utilização de solo natural pode apresentar fatores limitantes, como presença de
patógenos de solo, sementes de plantas daninhas, salinidade e desequilíbrio entre
arejamento e umidade;
• Facilidade de uniformizar a granulometria;
• Maior produtividade e rentabilidade da atividade.

2.3.3. Tipos de substratos

O tipo de substrato vai depender do processo de produção de mudas e também do tipo


de recipiente utilizado. Geralmente, os substratos são compostos por um componente
mineral e um ou mais componentes orgânicos, que podem ser inertes ou biologicamente
ativos com adição de fertilizantes e corretivos de solo, como, por exemplo, calcário e gesso.
Os resíduos como galhos folhas e pedras devem ser separados antes de realizar a mistura
para promover a homogeneização do tamanho de partículas. Após isso, deve se realizar
a mistura de todos os materiais até o substrato adquirir uma aparência homogênea. Essa
mistura pode ser realizada manualmente ou através de betoneiras.

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112
2.4. Métodos de produção de mudas

Existem,basicamente,doismétodosdeproduçãodemudas,aviasexuadaeaviaassexuada.
A via sexuada é feita por meio da germinação de sementes e a via assexuada é realizada
pela propagação vegetativa. Em projetos de recomposição da vegetação nativa, é utilizada
a produção de mudas via sexuada, pois esse método garante uma maior variabilidade
genética.

Propagação Vegetativa é a produção de mudas através de partes de planta já adulta, como a estaquia.
A muda assim produzida é um clone da planta-mãe

2.4.1. Germinação

A germinação é o processo inicial de crescimento de uma planta. Ela irá depender de


fatores ambientais que servirão como gatilhos para o início do desenvolvimento da planta,
são eles:
• Temperatura;
• Oxigênio;
• Água; e
• Luz.
Entretanto, cada espécie possui uma estratégia diferente para iniciar sua germinação com
diferentes demandas em relação a cada um desses fatores, sendo essencial buscar mais
informações sobre as espécies.
Obter informação sobre quais são as melhores condições para o processo de germinação
de cada espécie é essencial para garantir o sucesso da formação da muda.

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113
2.4.2. Dormência

Boa parte das sementes das espécies, em condições favoráveis, iniciam sua germinação
imediatamente, enquanto algumas outras espécies apresentam dormência em suas sementes.
Dormência é um processo que bloqueia a germinação da semente mesmo em condições ambientais
favoráveis. É uma adaptação para a sobrevivência das espécies a longo prazo, pois mantém as
sementes viáveis por um maior período de tempo (HOPPE et al, 2004).
Com isso, é necessário superar a dormência da semente para ocorrer a germinação com o
procedimento adequado para cada espécie.
A dormência pode ser classificada em endógena ou exógena, sendo que existem casos que as
sementes apresentam os dois tipos combinados.
É importante saber que existem diversos tipos de dormência e que cada uma possui uma forma
diferente de superá-la. A condição de dormência é variável de espécie para espécie e algumas podem
requerer métodos combinados. Caso não sejam adotados os métodos adequados para superar a
dormência, a germinação das sementes pode ser reduzida e irregular.

2.4.3. Dormência exógena

A dormência exógena, ou física ou tegumentar ocorre devido à impermeabilidade do tegumento, da


casca da semente, ou seja, o tegumento não permite a entrada de água e de ar na semente impedindo
a germinação. Exemplos: Murici (Byrsonima crassifolia L.Rich); Araçá boi (Eugenia stipitata McVaugh);
Castanha do Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl); Tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Mey).

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114
2.4.4. Quebra de dormência exógena

Para superar a dormência desse tipo de semente é necessário facilitar a entrada de água e
ar dentro da semente, sendo que o método mais comum é raspar a casca da semente até
alcançar a sua parte interna.
Para desgastar o tegumento da semente podem ser usadas lixas, raspagem no concreto,
uso de esmeril ou o uso de tambores com britas ou paredes revestidas por lixa.

Essa raspagem da semente não pode ocorrer na região do hilo da semente, pois isso
aumenta a chance de dano ao eixo embrionário resultando na morte da semente ou na
germinação de plântulas defeituosas (BRANCALION et al, 2015).

Outro método de superar esse tipo de dormência é a utilização do choque térmico, que
consiste na imersão repentina das sementes em água quente e logo em seguida em água
fria, ocasionando a rápida expansão e contração do tegumento, causando microfissuras
que possibilitam a absorção de água pela semente. É recomendado para sementes com
grande superfície de exposição (área de superfície/unidade de massa).
Outra forma de realizar esse procedimento é por meio do uso de produtos químicos, como
ácidos, facilitando a absorção de água e ar pela semente. Esse método é aconselhável para
sementes pequenas pela dificuldade de se manusear as sementes.

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115
2.4.5. Dormência endógena

A dormência endógena ou embrionária ocorre devido à imaturidade do embrião ou devido


alguma inibição fisiológica que o impede de se desenvolver.

2.4.6. Quebra de dormência

Esse tipo de dormência pode ser superado por diversos modos como a adição de hormônios
e fitoreguladores, lavagem das sementes por longos períodos, tratamento térmico, entre
outros (HOPPE et al., 2004).

São substancia sintéticas que interferem na regulação hormonal das plantas, favorecendo ou retardando
processos como o enraizamento, a frutificação, etc

Importante
Caso a semente esteja adequadamente armazenada, a dormência irá cair
progressivamente ao longo do tempo, independentemente do tipo de dormência.
Com isso, um bom armazenamento pode ser uma estratégia eficiente para
a quebra da dormência das sementes, sendo uma das formas mais fáceis de
estimular a germinação (BRANCALION et al., 2015).

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
116
2.4.7. Teste de qualidade

Os testes de qualidade de sementes são importantes para identificar a qualidade física


e fisiológica do lote de sementes, estabelecendo parâmetros de comparação entre eles,
tanto para semeadura quanto para armazenamento. As técnicas e os procedimentos de
como analisar as sementes estão descritos no manual Regras de Análises de Sementes
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2009 - disponível em:
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/arquivos-publicacoes-
insumos/2946_regras_analise__sementes.pdf). Entretanto, ainda existe uma grande
dificuldade nessa padronização de métodos devido à grande quantidade de espécies e os
diferentes tipos de sementes da vegetação brasileira.
Alguns desses testes são o de pureza e de germinação. São testes simples que auxiliam na
inferência sobre a qualidade do lote de semente.

2.4.8. Pureza

Os lotes de sementes podem conter pedaços de galhos, folhas secas, sementes de outras
espécies e outros materiais. Com isso, é necessário determinar a pureza através da
quantidade efetiva de sementes da espécie especificada na amostra. Para isso, é necessária
a separação das sementes da espécie do lote dos outros materiais. Depois disso, pesa-se a
quantidade de sementes e a quantidade total de material. Veja o cálculo que determina a
porcentagem de pureza do lote de sementes.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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117
2.4.9. Germinação

Esse teste serve para estimar o número máximo de sementes que germinam sobre ótimas
condições de temperatura, substrato, umidade e aeração. Os resultados desse teste são
expressos em porcentagem de sementes germinadas.

2.5. Semeadura

A produção de mudas via sexuada acontece pela semeadura das sementes. A semeadura
pode ser classificada em direta ou indireta.
A semeadura direta consiste em colocar as sementes diretamente nos recipientes em que
a muda irá se desenvolver até ser transferida ao campo.
A semeadura indireta ocorre quando as sementes são colocadas para germinar em
sementeiras e após a germinação são transferidas para os recipientes definitivos. Esse tipo
de semeadura é aconselhável para espécies com germinação baixa e irregular.
A sementeira pode conter como substrato 100% de areia lavada e como cobertura das
sementes recomenda-se utilizar esterco de gado bem curtido ou substrato comercial à
base de casca de Pinus sp. compostada (OLIVEIRA et al., 2016). A localização da sementeira
dependerá da espécie considerada, espécies tolerantes à sombra devem ficar em locais
com menos incidência de luz ou cobertas por um sombrite, já espécies pioneiras podem ser
dispostas à incidência de luz. A transferência das mudas da sementeira para os recipientes
definitivos, conhecido como repicagem, é realizada logo após a emergência das plântulas
através da seleção das melhores plântulas.
Para obter sucesso na produção de mudas, devem ser observados fatores como a densidade
de semeadura, época de semeadura e o abrigo dos canteiros.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
118
2.5.1. Densidade

A densidade de semeadura é o número de mudas por metro quadrado no canteiro. Durante


a semeadura indireta, deve-se usar uma densidade menor, ou seja, menos mudas por
metro quadrado, para evitar uma competição por luz, água e nutrientes. Na semeadura
direta, pode deixar as mudas bem perto uma das outras durante o processo de germinação,
ao passo que as mudas vão crescendo deve-se diminuir sua densidade para evitar a
competição por luz.

2.5.2. Época

A época de semeadura, quando possível, deve ser sincronizada com a época em que se
realizará o plantio, ou seja, cada espécie deve ser plantada em um determinado número
de meses antes da estação chuvosa, assegurando que nessa época a muda já esteja pronta.
Dessa forma, a etapa de expedição de mudas deve coincidir com a época de chuvas do
local do plantio.

2.5.3. Abrigo

Uma proteção na sementeira ou no local em que estão as os recipientes com a sementes


para germinação pode ser necessária para a proteção das sementes de ataques de pássaros
ou até mesmo de roedores.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


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119
2.6. Sequência operacional de atividades no
viveiro

Mesmo existindo viveiros de diversos tamanhos com diversos objetivos, algumas atividades
são essenciais para o funcionamento do viveiro com objetivo de produzir mudas de
excelente qualidade. Confira as atividades a serem realizadas para que o viveiro produza
mudas com boa qualidade.

Irrigação

Água é essencial para o desenvolvimento e sobrevivência das mudas no viveiro. É


recomendado molhar as mudas pelo menos duas vezes ao dia, de preferência no início
da manhã e no final da tarde. As regas podem ser feitas manualmente, com regadores,
mangueirasououtros,oupodeserfeitadeformaautomatizadaporaspersoresautomáticos.
Deve ser tomado cuidado com a quantidade de água, pois uma grande quantidade pode
levar a erosão do substrato, lavagem dos nutrientes e propiciar o aparecimento de doenças.

Adubação

Existem dois métodos de fertilização das mudas em viveiros: a adubação de base e a


adubação de cobertura. Esses métodos são utilizados por diferentes sistemas de produção
de mudas florestais.
A adubação de base consiste em incorporar os corretivos e fertilizantes ao substrato. A
adubação de cobertura é realizada por meio da aplicação de fertilizantes pelo sistema de
irrigação. É extremamente importante saber como, quanto e por que aplicar cada nutriente
na planta. Para isso, recomenda-se buscar assistência técnica para indicar a melhor receita
para o seu viveiro de mudas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
120
Desbaste e seleção

Deve ser realizado um desbaste para retirar o excesso de plântulas nascidas nos tubetes.
Algumas semanas após o desbaste, as mudas devem ser separadas em tamanho para
melhor controle de qualidade dentro do viveiro e descarte das mudas que não germinaram.
Além disso, durante a seleção, é recomendado ir diminuindo a densidade de mudas nos
canteiros para evitar a competição por luz.

Controle de pragas, doenças e ervas daninhas

A presença de folhas murchas, amareladas ou cortadas indica que as mudas podem estar
doentes ou então sendo atacadas por alguma praga.
No caso de doença, a redução do sombreamento e da irrigação pode ser suficiente para
a planta se recuperar. Caso não ocorra, poderá ser necessária a aplicação de fungicida
ou algum outro defensivo, mas para isso será necessária a consulta com um profissional
técnico da área.
No caso de ataque de pragas, como pulgões, formigas, cupins, besouros, grilos, gafanhotos,
lagartas, caramujos, e outros, poderá ser usado o controle mecânico, físico ou químico. A
presença de pragas geralmente ocorre em viveiros malcuidados ou em mudas malnutridas.
Além disso, a utilização de canteiros de mudas suspensos pode diminuir a incidência de
pragas, uma vez que a maioria delas está associada ao solo (OLIVEIRA et al., 2016).
Para ervas daninhas, deve ser realizado o controle em todo o viveiro e não apenas no
canteiro de mudas e pode ser realizado o controle tanto manual quanto por meio do uso
de herbicidas (OLIVEIRA et al., 2016).
É recomendada, para todas essas atividades, a consulta de um profissional técnico.

Rustificação

Rustificação é o processo de adaptação das mudas no viveiro às condições do local de


plantio definitivo. É a última etapa no viveiro antes de levar as mudas ao campo. As
condições de luminosidade e irrigação no viveiro são bastante diferentes das que as mudas
encontrarão em campo. Dessa forma, é necessário que as mudas passem por um período
de adaptação, diminuindo a quantidade de água e aumentando a luminosidade. Sendo
assim, as mudas são deixadas a pleno sol e a irrigação diminuída para uma vez ao dia ou
menos. Esse período deve durar pelo menos 30 dias (OLIVEIRA et al., 2016).

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
121
Expedição

Antes de iniciar o transporte das mudas ao campo, deve-se realizar a seleção das melhores
mudas, pois más condições de desenvolvimento inicial irão refletir em toda a vida adulta
daquela planta. Devem ser selecionadas as mudas saudáveis e com boa aparência. As
mudas que não se enquadram nesse perfil deverão ser descartadas. Mudas doentes, ou
com presença de pragas, ou muito velhas (podem apresentar raízes enoveladas) ou muito
novas (não resistem ao processo de rustificação) terão um desenvolvimento em campo
pouco satisfatório.
Após essa seleção, inicia-se o transporte das mudas para o campo. O tempo de permanência
da muda no viveiro irá depender do desenvolvimento de cada espécie como também da
época em que o plantio das mudas irá ocorrer.

2.7. Elaboração de projetos de viveiros florestais

Além disso, é necessária a construção de estrutura para:


• Armazenamento das sementes;
• Armazenamento de insumos e equipamentos; e
• Casa de vegetação.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
122
2.8. Monitoramento das mudas

O monitoramento é realizado para verificar a qualidade das mudas


produzidas no viveiro, podendo realizar alguma ação para melhoria
no crescimento destas. Monitorar as mudas serve para identificar a
qualidade delas.
Pode-se verificar as mudas quantos as suas qualidades morfológicas e CAROL

fisiológicas.

2.8.1. Parâmetros morfológicos

Altura da parte aérea

A altura da muda é facilmente medida como uma régua. As plantas que possuírem uma
altura menor podem apresentar alguma deficiência nutricional ou estar sendo atacada por
alguma doença ou praga.

Vigor

O vigor da semente determina a porcentagem de germinação e crescimento das mudas


em condições desfavoráveis para o seu crescimento. Dessa forma, as sementes com baixo
vigor poderão ter seu crescimento prejudicado em condições de campo e acarretar até na
morte da muda após o plantio.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
123
Parâmetros fisiológicos (fitossanidade)

As medições dos parâmetros fisiológicos não são simples e, às vezes, são até mais
complicados, exemplos deles são o potencial hídrico, estado nutricional, ecofisiologia de
raízes e outros.

Outros

Além desses parâmetros, existem muitos outros que podem ser monitorados para avaliar
as condições e crescimento das mudas. Cabe ao produtor de mudas definir e avaliar quais
são os melhores e mais práticos parâmetros que o viveirista pode medir para acompanhar
o desenvolvimento da muda.

Importante
Para o trabalho em um viveiro florestal, alguns EPIs são importantes. Devido à alta
exposição ao sol, os trabalhadores dos viveiros devem usar roupas que cubram o
todo o corpo, como camisetas de manga comprida, calças, sapatos fechados (de
preferência impermeável), chapéu que cubra o rosto e principalmente protetor
solar. Caso haja uso de herbicidas, fungicidas e outros, os EPIs adequados ao
manuseio destes produtos também devem ser utilizados.
Em relação à ergonomia, o trabalho em posição agachada e o levantamento
de peso do chão pode ser desgastante fisicamente. Com isso, deve ser dada a
preferência da utilização de bancadas elevadas para facilitar o trabalho dos
viveiristas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
124
Encerramento do módulo 6

Neste módulo, abordamos os viveiros florestais (temporários e permanentes), os


critérios para implantação do viveiro, facilidade de acesso, quantidade e qualidade
de água, drenagem, bem como orientação geográfica e proteção contra o vento.

T É C N IC O

Tratamos, ainda, sobre os insumos necessários para a produção de viveiro, os recipientes


e os substratos, além dos tipos de substratos.
Os métodos de produção de mudas também foram tratados neste módulo, sendo falado
sobre a questão da germinação e dormência. Além do teste de qualidade (pureza e
germinação) e semeadura (densidade, época e abrigo).
Vimos ainda, a sequência operacional de atividades no viveiro, a irrigação, adubação,
desbaste e seleção. Bem como, controle de pragas, doenças e ervas daninhas, rustificação
e expedição.
A elaboração de projetos de viveiros florestais, monitoramento das mudas e os parâmetros
morfológicos também foram abordados neste módulo. No módulo seguinte, abordaremos
a geração de renda pela recomposição florestal.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 6
125
MÓDULO 7
Geração de renda pela
recomposição florestal
1. Introdução

Neste módulo olharemos a atividade de recomposição florestal sob um viés


econômico, avaliando as etapas da atividade de instalação e as possibilidades
de realização de negócios que envolvam produtos originários da recuperação da
vegetação nativa.

CAROL

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
127
2. Importância da geração de renda para o
sucesso da recomposição em larga escala

Conforme já colocado nos módulos anteriores, realizar uma recomposição florestal com
vegetação natural em imóveis rurais é uma obrigação legal para os produtores que têm
menos áreas de florestas nativas que o previsto na Lei nº 12.651. O não cumprimento
dessas obrigações pode levar o proprietário a ser penalizado, e pode impedir o acesso ao
crédito rural.
A recomposição também promove a melhora ambiental e ecológica, gerando benefícios
para toda a sociedade, inclusive globalmente, como: manter um ambiente estável, ajudar
a regular o clima, reduzir o impacto de inundações e deslizamentos de terra, melhorar a
quantidade e a qualidade da água, fixar carbono, manter a biodiversidade, a qualidade do
solo e vários outros.
No entanto, apesar dos benefícios serem para muitos, o custo dessa recomposição
recai apenas sobre o proprietário/possuidor rural. E essa atividade pode ser cara. Além
disso, o produtor/possuidor rural pode se ver em uma situação onde, além de gastar na
recomposição, perde parte das suas terras produtivas para a recomposição. Não é de se
estranhar que as iniciativas de recomposição em larga escala geralmente não têm a adesão
de muitos proprietários.
Logo, para cumprir os compromissos que o Brasil assumiu na Convenção do Clima e o
passivo ambiental detectado a partir da Lei de Proteção da Vegetação Nativa, é essencial
que os custos para os proprietários/possuidores rurais sejam menores, que incentive
a promoção de mercados alternativos para os produtos da recomposição e aumente a
renda gerada por esse mercado de forma diferente, sustentável e permanente. A vontade
dos proprietários em fazer isso é ponto crucial para a realização bem-sucedida destas
atividades.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
128
Vamosconheceragoraalgunsmotivosparaosproprietáriosrealizaremarecomposição:
a. conforto ambiental e sustentabilidade da propriedade, mantendo-a mais estável
e produtiva – mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, como chuvas mais
intensas e estiagens;
b. A lei ambiental que exige recuperar e permite integrar com sistemas produtivos a
vegetação a ser recuperada;
c. Existem programas nacionais de incentivo para fomentar mercados de produtos
e serviços da vegetação nativa (Planaveg, financiamento oficiais, adesão ao PRA
quando a legislação oferece vantagens na gestão da propriedade, por exemplo,
suspensão de multas, possibilita uso diferenciado da propriedade);
e. Os serviços ecossistêmicos com potencial de gerar renda – Carbono, Pagamento por
Serviços Ambientais – PSA, turismo, Cota de Reserva Ambiental – CRA (compensação
ambiental);
f. A comercialização dos produtos da área recuperada.
É bom notar que os motivos apresentados ainda não estão muito bem estruturados, não
funcionando muito bem ainda. Trabalhar nestes incentivos é fundamental.

Cadeias produtivas florestais

A cadeia produtiva é o conjunto de todas as etapas da produção de um bem ou serviço,


desde o seu planejamento até que ele esteja entregue ao consumidor. Logo, as cadeias
produtivas florestais são as cadeias produtivas que fornecem bens de origem florestal para
o consumidor. Estes produtos e serviços florestais são de variados tipos, mas uma divisão
comum é a de produtos florestais madeireiros – madeira, em todos os seus usos, madeira
para móveis, construção civil, laminados, papel, MDF, mourões, carvão e vários outros
usos, e os produtos florestais não madeireiros, como resinas, gomas, plantas medicinais,
frutas, sementes etc. Esses produtos serão tratados de forma diferente mais à frente, uma
vez que são adotados diferentes instrumentos de produção e a legislação também os trata
de forma diferente.
Um ponto importante sobre cadeias produtivas é que todas as etapas devem estar
presentes para que a entrega do bem ou serviço aconteça ao consumidor final. Quando
se fala de recomposição, com o olhar econômico, existem duas situações distintas: as
cadeias produtivas que devem existir para que a recomposição aconteça (por exemplo,
a disponibilidade de mudas e sementes) e as cadeias produtivas que devem existir para
que os produtos da recomposição sejam vendidos (por exemplo, deve haver compradores
de madeira em tora proveniente do local da recomposição). Só que muitas destas cadeias
só irão se desenvolver quando houver escala na produção dos produtos gerados da
recomposição florestal.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
129
Gargalos da cadeia de recomposição florestal

Ainda hoje, a recomposição da vegetação nativa enfrenta muitos desafios, como os altos
custos e a dificuldade de sua implementação. Isso ocorre principalmente pela fragilidade
dos elos que compõem a cadeia. Assim, foram listados alguns dos principais gargalos que
precisam ser superados para fomentar a cadeia de recomposição e que se analisarmos
sob o ponto de vista de oportunidades, podemos nos integrar a algumas ações de forma
empreendedora (Antonielle et al, 2016):
• A demanda ainda é baixa, levando a cadeia a não se desenvolver;
• Não existem sementes em quantidade e qualidade de espécies suficientes para
atender à diversidade de espécies exigidas pelas leis, ou para suprir os modelos com
aproveitamento econômico. Para o caso específico da técnica de semeadura direta,
a principal dificuldade é a falta de sementes disponíveis em grandes quantidades e o
consequente alto custo desse insumo;
• Não existem muitos viveiros de espécies nativas, o que encarece as mudas. Os
viveiros existentes estão mal distribuídos ao longo do território brasileiro;
• Baixa divulgação de conhecimento técnico e científico sobre a recomposição
florestal, produzido por empresas e instituições de pesquisa;
• Falta de informações sobre o comportamento silvicultural das espécies nativas
regionais (quais espécies, como, onde e quando plantá-las nas diferentes regiões);
• Falta de mão de obra capacitada para o plantio das mudas;
• Para modelos com aproveitamento econômico, a irregularidade no crescimento
das espécies nativas por conta do uso de matrizes sem melhoramento genético
representa uma incerteza sobre a produtividade; e
• Ausência ou dificuldade de acesso a incentivos financeiros e outras contrapartidas
econômicas voltadas a projetos de recomposição florestal.
A resolução desses gargalos contribuiria consideravelmente para a estruturação da cadeia
de recomposição e, consequentemente, para redução dos custos da atividade.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
130
Soluções para os gargalos:

• Estimular a demanda por recomposição, especialmente via cumprimento da


legislação;
• Aumentar o número de viveiros e a disponibilidade de mudas e sementes de espécies
nativas, especialmente no Cerrado e na Amazônia;
• Capacitar mão de obra para recomposição da vegetação;
• Aumentar a produção e divulgação de conhecimento técnico sobre comportamento
silvicultural de espécies nativas;
• Investir em melhoramento genético de espécies florestais nativas;
• Estabelecer estratégias de comunicação para promover a cadeia de recomposição;
• Criar mecanismos financeiros atraentes para projetos de recomposição.
Ainda assim, conforme a implementação da Lei nº 12.651 avança, surgem oportunidades
para os produtores/possuidores rurais e demais pessoas interessadas na consolidação
da cadeia. Para fins de clareza, neste curso abordaremos estas oportunidades em dois
momentos: antes do plantio, considerando as atividades, produtos e insumos necessários
para que a recomposição ocorra; e pós-plantio, que aborda os bens, produtos e serviços
advindos da recomposição.

Atividades que geram renda antes do plantio

Para que a recomposição aconteça, além da decisão dos proprietários/possuidores em


recuperar as suas áreas, é necessário que haja os meios para a realização desta atividade.
Esses meios podem incluir: assistência técnica, apoio financeiro para a realização da
recomposição,reembolsávelounão,disponibilidadedesementesemudas,disponibilidade
de mão de obra, adubação, entre outros.
É bom notar que geralmente existem opções de financiamento para a recomposição. O
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) possui várias linhas
que podem atender à essa demanda, no caso de agricultores familiares, como o PRONAF
ECO, PRONAF Silvicultura, e outras. Para conhecer melhor as linhas, suas condições de
pagamento atuais, taxa de juros e selecionar a mais adequada, é bom se dirigir à entidade
de assistência técnica do município. Essas condições são variáveis de ano para ano. Para
proprietários que não se enquadrem no PRONAF, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) possui linhas de financiamento para isso também.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
131
As sementes de espécies nativas, sejam florestais ou não, são uma boa oportunidade
para agricultores familiares e povos e comunidades tradicionais que ainda disponham de
áreas de coleta. São produtos que usam muita mão de obra, possuem um alto valor e não
precisam de muita infraestrutura e investimento para produzir. Mas existem alguns itens
legais que precisam ser cumpridos, que é a legislação de mudas e sementes.
Além das sementes, a produção de mudas também é uma oportunidade econômica para
a zona rural. Pequenos viveiros localizados em locais distantes e/ou com dificuldade de
transporte onde há demanda por recomposição como ocorre em algumas regiões da
Amazônia podem ser competitivos com os grandes viveiros nos grandes centros.
A recomposição em larga escala necessita também de mão de obra em larga escala. Essa
atividade é uma prática intensiva em mão de obra principalmente na zona rural e, muitas
vezes, usa colaboradores com pouca qualificação, duas situações onde as oportunidades
econômicas geralmente estão ausentes.
No Brasil, os viveiros de mudas nativas são predominantemente privados e realizam a
coleta de sementes com mão de obra própria. A maioria emprega mais de dez profissionais
permanentes, utilizando-se de pouca mão de obra temporária.

Coleta e beneficiamento de sementes

A coleta de sementes é essencial para melhorar a diversidade e a qualidade genética


das iniciativas de recomposição. Sendo importante também por proporcionar acesso às
plantas a preços menores, abre caminho para técnicas de recomposição como a semeadura
direta mecanizada, manual, pré-germinada, entre outras. As sementes representam uma
oportunidade de transformar projetos ambientais em socioambientais, envolvendo
as comunidades locais na sua coleta e beneficiamento. Dessa forma, valorizam-se os
conhecimentos das comunidades locais e também conserva os remanescentes florestais
mantidos por elas.
No entanto, o conhecimento técnico sobre coleta, beneficiamento, armazenamento e
tratamento de sementes nativas é insuficiente, e o que existe, pouco divulgado. Este
gargalo pode ser amenizado agregando o conhecimento das populações locais sobre a
floresta, podendo representar grande avanço às iniciativas de recomposição por todo o
país.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
132
Atualmente, o pequeno volume e a baixa diversidade de espécies têm sido recorrentemente
citados como sendo de maior dificuldade para a recomposição ambiental em larga escala
nos diferentes biomas do país. É possível fomentar redes de sementes locais e regionais
para o fornecimento e o beneficiamento de sementes e mudas para a recomposição.
Contudo, isso demanda forte articulação institucional para mobilização, formação, estudos
de viabilidade econômica e consolidação de empreendimentos dentro do seu território
de abrangência. Mas para a superação da insuficiência de sementes nativas, não há outra
opção.
No início dos anos 2000, o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) financiou a criação de
diversasredesdesementesdeabrangênciaregional.Taliniciativaimpulsionouadivulgação
de conhecimentos na área de sementes florestais nativas, bem como a construção de
laboratórios e a formação de pesquisadores do meio. No entanto, com o final do apoio,
muitas destas redes se desorganizaram, voltando à ativa apenas com a promulgação da Lei
de Proteção da Vegetação Nativa.
Essas redes são constituídas pelos coletores de sementes que, por sua vez, constituem um
importante elo da recomposição. Sua atividade representa fonte de renda local e produz a
integração de diversos atores da cadeia. Ainda, esta atividade valoriza a vegetação nativa,
e é intensiva em mão de obra, podendo incluir mulheres e jovens, que muitas vezes se
veem sem alternativas de renda nas regiões rurais. Um ponto importante para produtos
em locais com dificuldades de escoamento é que a maioria das sementes tem um alto valor
por unidade de peso e, se tratadas e acondicionadas apropriadamente, grande parte não
se deteriora rapidamente.
No caso de se iniciar a atividade de coleta de sementes, indica-se buscar assistência com
as redes de sementes locais ou próximas. As mesmas podem ajudar com conhecimento,
inclusive sobre a venda das sementes, articulação com outros atores da cadeia e a cumprir
com a legislação relativa às sementes. Existem várias redes no Brasil, operando com
variados graus de sucesso, embora a distribuição ao longo do território seja bastante
desigual. Como exemplos, a Rede de Sementes do Xingu, a Rede de Sementes da Amazônia,
Rede de Sementes da Amazônia Oriental, Rede de Sementes da Amazônia Ocidental, Rede
de Sementes da Mata Atlântica, Rede de Sementes Sul, Rede de Sementes da Caatinga,
Rede de Sementes do Pantanal, Rede de Sementes Rio-São Paulo e Rede de Sementes do
Cerrado. Ainda, muitos projetos com recomposição florestal trabalham com sementes, e
mesmo que não sejam uma rede, podem oferecer conhecimento e apoio, como o Projeto
Arboretum, em Teixeira de Freitas – BA, e o Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional.
Buscar as iniciativas já existentes pode ser crucial para a iniciativa.
Para que a venda de sementes e mudas possa ser realizada de acordo com a legislação,
existem algumas exigências a serem cumpridas.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
133
Registro Nacional de Sementes e Mudas - RENASEM

A produção e comercialização de sementes e mudas devem obedecer à Lei nº 10.711, de


5 de agosto de 2003, regulamentada pelo Decreto nº 5.153, de 23 de julho de 2004
(Revogado pelo Decreto nº 10.586/2020). Por se tratar de uma legislação um pouco
complexa, é aconselhável procurar a orientação do setor de sementes e mudas da
Superintendência Federal de Agricultura de seu estado. Também, para a realização de
qualquer atividade relacionada a sementes e mudas que vise a comercialização, é
necessário estar inscrito no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), – com
exceções para variedades nativas e crioulas e as destinadas para troca/venda de povos e
comunidades tradicionais e agricultores familiares entre si –, além do Registro Nacional de
Cultivares (RNC).

Implantação de viveiros

Os viveiros florestais não são importantes apenas pela parte ambiental, na produção
de mudas, mas também tem seus reflexos econômicos e sociais, já que essa atividade é
intensiva em mão de obra, e movimenta valores financeiros por vezes elevados.
Dependendo da escala dos projetos de recomposição, os responsáveis geralmente optam
por investir na estruturação de viveiros próprios, ao invés de comprarem mudas, muitas
vezes porque faltam sementes e mudas de qualidade no mercado da recomposição.
Nesse sentido, cada bioma apresenta desafios específicos. Na Amazônia, por exemplo, os
viveiros familiares e comunitários são muito mais efetivos e adequados do que grandes
viveiros nos centros urbanos, devido às longas distâncias e às dificuldades de transporte.
A participação de agricultores familiares em redes de sementes e viveiros comunitários é
uma alternativa importante, já que possibilita a diversificação nas atividades produtivas
e na renda familiar. Uma rede de pequenos viveiros integrados, ou um grande viveiro
ligado aos coletores locais, utilizando as sementes deles, pode ser alternativa tanto para
a geração de renda quanto para a oferta de mudas. No entanto, antes de investir nesta
atividade, é bom se certificar de que existe um bom mercado local no raio de atividade do
viveiro pretendido.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
134
Plantios

A recomposição florestal é uma atividade que gera muitos empregos devido à alta taxa
de uso da mão de obra em praticamente todas as etapas, como coleta de sementes,
produção de mudas, operações de plantio, a manutenção das áreas e a exploração dos
produtos florestais. O preparo das áreas, plantio e manutenção é o serviço operacional
que apresenta maiores dificuldades devido à sua baixa oferta de mão de obra com
conhecimento específico destas as atividades.
A escassez de mão de obra frequentemente tem gerado perdas de mudas antes e após o
plantio das áreas, pela dificuldade de manutenção. Isto é tão grave que tem gerado perdas
no campo que muitas vezes ultrapassam 90% das mudas plantadas (BENINI et al., 2016).
A baixa oferta de mão de obra para esta atividade está relacionada com o alto custo nas
atividades agrícolas. Só que estas últimas têm perspectivas claras de retorno econômico,
o que geralmente não ocorre ou não é facilmente percebida na recomposição. Assim, os
produtores rurais priorizam a aplicação da mão de obra no setor agrícola, em que o retorno
econômico é mais seguro.
Há serviços que ocorrem na recomposição que são comuns nas atividades agrícolas, como
capina, coroamento, construção de cercas. Mas existem partes mais específicas, como
reconhecer as mudas em campo, tanto na hora do plantio como no coroamento, prevenção
contra ataques de formigas, identificar quando se faz necessário o suporte de condução
das mudas para evitar seu tombamento, entre outras, que nem sempre os trabalhadores
existentes no local estão capacitados para realizar.
A oferta de insumos para os plantios, como adubação, equipamento, transporte apropriado
de mudas, etc., uma vez que a cadeia da recomposição florestal esteja instaurada
localmente, também pode se constituir numa oportunidade de geração de renda.
Outro ponto da cadeia de recomposição que demanda mão de obra, nem sempre
disponível, é a elaboração de projetos, a assistência técnica antes, durante e depois do
plantio, capacitação dos atores da cadeia, previsão de custos e outros.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
135
Atividades que geram renda após o plantio

Este bloco refere-se aos produtos florestais que são produzidos nas áreas recompostas. No
caso de recomposição com fins comerciais, aplicam-se as mesmas observações relativas
aos sistemas agroflorestais, ou seja, deve haver mercado próximo para estes bens. Por
exemplo, se não houver serrarias próximas, o custo de transporte da madeira retirada
da área pode inviabilizar a venda dessa madeira – a menos que seja das espécies mais
valorizadas. Para não madeireiros, por exemplo, se não houver comprador próximo para
espécies medicinais, essas plantas deveriam ser secas, de forma apropriada, antes da
venda. É importante que o proprietário/possuidor rural reflita se deseja arcar com essa
atividade.
Para além da existência de mercado, é importante ressaltar que os projetos de
recomposição, principalmente os que também têm geração de renda como propósito,
devem, obrigatoriamente, serem desenvolvidos visando atender aos interesses do
proprietário e suas necessidades, respeitando a lei. É importante que, no caso da reserva
legal, ele escolha as áreas das quais pode abrir mão de que sejam áreas agrícolas na
propriedade, e que queira trabalhar com os produtos e espécies selecionados. Nas palavras
de Brancalion et al., (2015), “É preciso que empresas ambientais, ONGs e Governo deixem
de enxergar esses proprietários de forma utilitarista, ou seja, como alguém que vai apenas
ceder a terra para se realizarem ações que sirvam aos interesses destes grupos, mas de fato
integrem o proprietário como verdadeiro parceiro e beneficiário”. Para que isso ocorra, o
proprietário tem de participar das decisões, e avaliar as alternativas técnicas, financeiras
que estão sendo apresentadas e outras, para que a recomposição aconteça na escala
assumida como um compromisso pessoal. É bom lembrar que a recomposição florestal
proporciona benefícios para a sociedade como um todo, não apenas para o proprietário/
possuidor da área onde ela acontece.
Os produtos florestais oriundos da recuperação podem ser produtos madeireiros e não
madeireiros, e serão tratados a seguir, por terem legislação diferente.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
136
Produtos madeireiros

São os produtos obtidos do lenho das árvores, sejam para uso como madeira, energia,
processamento e vários outros fins. Podem ser de espécies nativas ou exóticas, sendo
que em APP apenas as propriedades com até quatro módulos fiscais e territórios de uso
coletivo de povos e comunidades tradicionais podem plantar exóticas, em até 50% da área
e intercalada com espécies nativas, devendo haver um bom manejo de solo e água. Em
reserva legal, a recomposição pode ser realizada contendo até 50% de espécies exóticas,
sem restrição do tipo de proprietário.
As espécies mais plantadas no Brasil para fins madeireiros são pinheiros e eucaliptos, mas
o pinheiro é uma espécie invasora agressiva, e não deve ser utilizada na recomposição.
O eucalipto é uma espécie exótica, seu plantio está submetido às restrições legais de uso
de exóticas em Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. No entanto, é uma
espécie de rápido crescimento, com mudas muito baratas, cuja madeira tem muitos usos,
tanto em cidades quanto no meio rural, e que já tem uma silvicultura bem desenvolvida.
Desta forma, pode ser usada como pioneira nos plantios de recomposição, ou mesmo para
melhorar o solo antes, já que bem escolhida a espécie e variedade, pode crescer bem em
solos degradados. Ainda, tem venda quase que garantida, ajudando a diminuir o custo
da recomposição e desmitificando que a área recomposta é uma área economicamente
perdida para o produtor rural.
Em relação às espécies nativas para a produção madeireira, quando da escolha das
espécies, alguns cuidados devem ser tomados para decidir o que plantar. Primeiro, deve
ser uma espécie que seja viável em plantios, inclusive formando tronco retilíneo (várias
espécies madeireiras só formam um tronco retilíneo se crescerem em florestas), a madeira
deve ter mercado local, ou ser valiosa o suficiente para valer à pena o transporte para
localidades mais distantes, como o jacarandá da Bahia (Darlbergia nigra), o pau-brasil
(Caesalpinia echinata), e o mogno (Swietenia macrophylla), deve haver mudas de qualidade
disponível, e a espécie deve crescer bem no local de plantio. Nem todas as espécies vão se
desenvolver bem, principalmente se o regime de chuva do local for diferente do local de
origem da espécie.
Caso a retirada de madeira de espécies nativas seja um dos objetivos da recomposição, é
importante registrar o projeto junto aos órgãos ambientais competentes, de forma que o
corte e transporte desta madeira sejam autorizados depois.
É bom lembrar que não pode haver a retirada de madeira em áreas de Preservação
Permanente, mesmo que recuperadas, com exceção de alguns casos muito específicos
para agricultores familiares e quando declarados como de interesse social e baixo impacto.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
137
Produtos não madeireiros

SAFs - produtos florestais não lenhosos e madeireiros


Análises econômicas mostram que os Sistemas Agroflorestais (SAFs) possuem melhor
atratividade em termos de risco e retorno no curto prazo quando comparados à
recomposição florestal somente com espécies arbóreas. Como usualmente possuem
várias culturas, os riscos do ‘investimento’ são diluídos, e o uso de espécies agrícolas de
ciclo curto, como milho, mandioca e feijão nos anos iniciais, se soma ao retorno financeiro
quando adicionado ao grande volume de receitas que virá com as culturas florestais e
perenes. Isso melhora o retorno do investimento na recomposição e antecipa o retorno do
valor investido.
Mas a implementação destes sistemas exige maiores investimentos em termos de capital
e de mão de obra, em comparação com a executada com espécies arbóreas. Análises
efetuadas pela The Nature Conservancy – TNC (2014), indicam que SAFs com culturas
permanentes, como cacau, seringueira, citros, e outras, diminuem o risco do investimento
como um todo. A mesma análise mostra que a produção madeireira de SAFs, quando
culturas assim estão presentes, passam a afetar muito pouco o resultado econômico
do projeto. Portanto, a produção madeireira, tida como elemento de maior risco nesses
sistemas (baixa produtividade e preços futuros), passa a ser mitigada pela diversificação
das culturas anuais e dos produtos não madeireiros dos SAFs.
Todavia, os resultados mostram que os SAFs necessitam de mais investimento em termos
de capital e mão de obra, comparado com restauração com espécies arbóreas. Além disso,
SAFs que possuem culturas perenes como commodities (cacau, seringueira, cítrus, etc.)
tendem a diminuir o risco do investimento como um todo por meio de vendas futuras,
conhecimento da tecnologia e do mercado, alta liquidez e curto tempo de maturação da
produção. A participação da mão de obra foi superior a 50% nas fases de preparo das áreas
para plantio e manutenção (tratos culturais) dos SAFs.
Os SAFs devem, necessariamente, ser projetados junto com o proprietário, que é quem
melhor avalia o quanto de mão de obra e de recursos tem para investir, não apenas na
implementação, mas também na manutenção, que é custosa. Ainda, o mesmo deve
conhecer o cultivo das espécies plantadas, sua colheita, e o potencial de mercado para
estes produtos. Uma boa obra para consulta é o livro “Restauração Ecológica com Sistemas
Agroflorestais”, do Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal – ICRAF, disponível no site
do Serviço Florestal Brasileiro. A TNC também tem um aplicativo para a análise financeira
destes sistemas, o AnalisaSAFS, disponível no site da instituição, que é um sistema digital
que realiza análise financeira e socioambiental de sistemas agroflorestais.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
138
Produtos florestais não madeireiros
A definição da FAO sobre o que seriam esses produtos é: produtos para o consumo humano
(alimentos, bebidas, plantas medicinais e extratos, como por exemplo, frutas, bagas,
nozes, mel, fungos, entre outros); farelos e forragem (campos para pastagem); e outros
produtos não madeireiros (tais como cortiça, resinas, taninos, extratos industriais, plantas
ornamentais, musgos, samambaias, óleos essenciais etc.) (FAO, 1994).
Como se pode ver, o leque de utilidades destes produtos pode ser bem amplo. No Brasil,
corresponde a muitos produtos e espécies, com variações regionais e locais. Embora sejam
geralmente associados ao extrativismo, podem ser originários de florestas plantadas
também, tendo neste caso a vantagem de haver mais indivíduos por hectare que nas
florestas naturais, facilitando a vida do coletor. Uma prática tradicional para estes produtos
são os chamados quintais agroflorestais, onde se planta perto de casa as espécies frutíferas,
medicinais e produtoras de fibras mais usadas. Muitas residências na floresta ficam à beira
do rio em áreas de APP, sendo que para regularizar esta situação será necessário recuperar
parte da área conforme determinado na lei. Os quintais agroflorestais seriam a forma mais
conveniente para se adequar à legislação.
Muitos destes produtos apresentam um bom valor de mercado, como o açaí (Euterpe
oleracea),aerva-mate(Ilexparaguariniensis),obreu-branco(Protiumheptaphyllum),opequi
(Caryocar brasiliense), a andiroba (Carapa guianensis), a copaíba (Copaifera langsdorffii), a
jussara (Euterpe edulis) (palmito e fruto), a erva-baleeira (Cordia verbenacea) e a espinheira
santa (Maytenus ilicifolia), dentre outros, variando de região para região. Outros podem
contribuir para a sustentabilidade da propriedade rural sem necessariamente serem
vendidos, como os frutos da algaroba (Prosopis juliflora) para pasto arbóreo, frutas para
consumo próprio e outros.
Serviços ambientais
Os serviços ambientais prestados pela vegetação, seja nativa ou recomposta, são muitos.
Com a crise hídrica batendo às portas em várias cidades brasileiras, rios perdendo volume
de água, mudanças climáticas, extinção de espécies, perda de solo agriculturável e outros
problemas ambientais, estes serviços se tornam cada vez mais relevantes e valorizados.
Serviços ecossistêmicos são os serviços que a natureza presta, como a filtragem de água,
ciclagem de nutrientes, formação de solo etc. Os serviços ambientais são oferecidos pelo
homem, para serem pagos, de alguma parte dos serviços ecossistêmicos, como a fixação
de carbono, por exemplo.
O conceito mais conhecido de Pagamento por Serviços Ambientais – PSA compreende
quatro fatores que precisam estar presentes simultaneamente: i) uma transação voluntária,
ii) um serviço ambiental bem definido ou um uso da terra que possa assegurar este serviço,
iii) um comprador que necessite deste serviço, e de pelo menos, iv) um provedor, que é o
proprietário que garanta a provisão e fornecimento deste serviço (WUNDEL, 2009).

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
139
Os PSAs podem ser remunerados para vários serviços, mas os mais comuns são: retenção
ou captação de carbono; conservação da biodiversidade; conservação de serviços hídricos
e conservação de beleza cênica. A depender da região do país, um desses serviços pode
ser mais importante que outros ou pelo menos, ter mais oportunidades, como Projetos de
Carbono e Biodiversidade na Amazônia, e de água na Mata Atlântica.
Mercado de carbono
O mercado de carbono surgiu a partir da criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre a Mudança Climática (UNFCCC, em inglês), durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. Foi
regulamentada em 1997, em Quioto no Japão, por isso este acordo ficou conhecido como
Protocolo de Quioto. Esse Protocolo determina que os países signatários deveriam assumir
compromissos mais rígidos para a redução das emissões de carbono. Assim, a redução de
emissões passou a ter valor econômico, o tal mercado de carbono.
Nessa convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de
carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão
de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em
créditos de carbono, utilizando-se o conceito de carbono equivalente - ou seja, outros gases
de efeito estufa, multiplicados pelo potencial de aumento do efeito estufa que esses gases
causam. Por exemplo, o metano, que é emitido por lixões e esgotos, é um gás de efeito
estufa 21 vezes mais potente que o dióxido de carbono, logo uma tonelada de metano
equivale a 21 toneladas de CO2 nos mercados de carbono.

As florestas são grandes reservatórios de carbono. Retiram o gás do ar, principalmente


quando estão crescendo, desta forma, projetos de recomposição podem se classificar
para este mercado. No entanto, a metodologia para calcular o quanto determinado
plantio florestal retira de carbono da atmosfera é complexa, principalmente para a grande
diversidade brasileira, e as várias formas de comercialização destes créditos estão além
deste curso.
Pagamento por água
A água é um dos serviços ambientais mais relevante que as áreas de vegetação nativa
oferecem, e um dos mais evidentes e essenciais à vida. Com as várias crises hídricas em todo
o Brasil ao longo dos últimos anos, tanto a disponibilidade de água quanto a sua qualidade,
tem sido bastante discutido, e os pagamentos por água têm se espalhado ao longo do país,
mostrando um bom potencial para pagamento aos produtores rurais provedores desse
serviço, com seu subsequente incentivo à melhoria do uso do solo.
Existem várias iniciativas de PSA água no Brasil já em vigência, como o Plantando Água
Boa, da Itaipu Binacional, Conservador de Águas, em Extrema, MG, um dos pioneiros neste
serviço, Produtores e Florestas para a Vida, no Espírito Santo, Produtor de Água, da Agência
Nacional de Águas – ANA, Projeto Oasis, da Fundação o Boticário, Manancial Vivo, na Bacia
do Rio Guariroba, MS.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
140
Não existe uma metodologia comum para o funcionamento destes Projetos, como a
seleção de áreas, monitoramento, forma e periodicidade do pagamento. O que eles têm em
comum é o pagamento aos proprietários que tenham vegetação nativa além do previsto
na legislação e os que fizeram plantios de recomposição, manejo de solo, e outras práticas
em suas propriedades.
Compensação ambiental – Cota de Reserva Ambiental – CRA
Cotas de Reserva Ambiental (CRAs) são títulos representativos de cobertura vegetal que
podem ser usados para cumprir a obrigação de Reserva Legal em outra propriedade. Podem
ser criadas em áreas de Servidão Florestal, Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN,
Reserva Legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais
legais, e Unidades de Conservação que ainda não tenham sido desapropriadas. Podem ser
criadas em áreas com florestas existentes ou com vegetação em processo de recuperação
(salvo se a regeneração ou recomposição da área forem improváveis ou inviáveis).
As CRAs podem ser usadas para compensar a ausência de Reserva Legal, desde que
atendidas determinadas condições legais relativas à data da perda da cobertura florestal e
à equivalência entre as características ecológicas da área representada pelo CRA e da área
a ser compensada. De um modo geral, CRAs podem ser usadas para compensação entre
imóveis rurais no mesmo bioma e estado.
Um dos pré-requisitos para a criação de CRAs é que as propriedades rurais tenham feito seu
Cadastro Ambiental Rural (CAR). Para ter informações sobre o processo de criação de CRAs,
incluindo o processo de CAR, existe uma iniciativa de uma ONG que criou a Plataforma BVRio
onde está disponibilizado um manual explicativo. O Instituto BVRio é uma organização
com a missão de promover o uso de mecanismos de mercado para facilitar o cumprimento
de leis ambientais e apoiar a economia verde no Brasil.
A BVRio oferece a possibilidade de comercialização de CRAs em sua plataforma de
negociação (Plataforma BVRio). Atualmente, este mercado conta com mais de 3 mil
participantes, e 3 milhões de hectares de imóveis rurais ofertando Cotas de Reserva
Ambiental. No entanto, como ainda não há CRAs emitidas em volumes suficientes para
possibilitar um mercado de pronta entrega (mercado “spot”), a BVRio criou um mercado
de contratos de desenvolvimento destas cotas para entrega em um momento futuro – o
mercado de CRAFs.
O Decreto9.640/2018,publicadoem27dedezembronoDiárioOficialdaUnião,regulamenta
as Cotas de Reserva Ambiental (CRA), títulos que equivalem a áreas com cobertura natural
que excedem à Reserva Legal (RL) de uma propriedade e que podem ser usadas para
compensar o déficit de RL de outra. Cada cota representa um hectare e as CRAs estarão
disponíveis para aquisição na bolsa de mercadorias.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
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O mercado de CRAFs
Os CRAFs – Contratos de Desenvolvimento e Venda de Cotas de Reserva Ambiental para
Entrega Futura estabelecem obrigações entre aqueles que têm excedente de reserva legal
(vendedores) e aqueles que queiram comprar CRAs para se adequar aos requerimentos do
Código Florestal. Por meio do CRAF, o vendedor se compromete a criar as CRAs e entregá-
las ao comprador mediante o pagamento, a ser realizado na entrega das CRAs, de um preço
previamente acordado entre as partes.
Contratospadrãosãoutilizadosparaestabelecerostermosecondiçõesgeraisdatransação.
O uso de contratos padronizados dá liquidez e facilita o seu mercado secundário. No
entanto, as partes podem definir algumas variáveis, tais como preço, tamanho do lote e
o prazo de duração criada. Para maiores informações, o site da Bvrio deve ser consultado.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
142
Encerramento do módulo 7

Neste último módulo, falamos sobre a geração de renda pela recomposição florestal, sua importância
para o sucesso da recomposição em larga escala, além das cadeias produtivas florestais, gargalos da
cadeia de recomposição florestal e as soluções para os gargalos.

Foi importante esclarecer as atividades que geram renda


antes do plantio, coleta e beneficiamento de sementes e o
registro nacional de sementes e mudas.
Também foi possível aprimorar nossas práticas de implan-
tação de viveiros, plantios, atividades que geram renda
após o plantio, produtos madeireiros e não madeireiros,
bem como sobre os produtos florestais não-lenhosos e
TÉCNICO
madeireiros.

Abordamos, por fim, a questão dos ser-


viços ambientais, mercado de carbono,
pagamento por água, compensação am-
biental, cota de reserva ambiental (CRA)
e sobre o mercado de CRAFs. Realize as
atividades avaliativas e obtenha o seu
certificado.

INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO


COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 7
143
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