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Aula 1 - Hérnias

Conceito - Hérnia é definida como uma massa circunscrita formada por um conteúdo, seja um órgão ou parte dele, que é
extravasado por um orifício (natural ou acidental) da cavidade que o contém, devido a uma resistência de parede,
de ligamentos ou outros.

Hérnia Inguinal

Hérnia Inguinal - Hérnia indireta: há saída da víscera ou parte dela da cavidade abdominal para a região inguinal por meio de um
defeito congênito indireto pois usa conduto já existente.
- Hérnia direta: ocorre formação de um novo orifício, relacionado ao defeito parede posterior.
- OBS: na menina, o conduto vaginal, ligamento ovariano, patente forma o canal de Nuck em direção aos grandes
lábios

Incidência - 6 a 9 vezes maior em meninos: descida do testículo retarda o fechamento do conduto


- Mais comum do lado direito pois testículo esquerdo desce primeiro
- Herniorrafia inguinal é a cirurgia mais comum na infância
Classificações - Redutível: conteúdo do saco herniário pode ser reintroduzido na cavidade abdominal com facilidade
- Encarcerada: o conteúdo (intestinos) do saco não pode ser reintroduzido na cavidade abdominal
- Estrangulada: o conteúdo não pode ser reintroduzido, aparece comprometimento da sua irrigação
Alterações do - Inguinoescrotal (Hérnia Inguinal Completa): o conteúdo do saco herniário está em contato direto com a túnica
conduto peritônio vaginal do testículo
vaginal
Diagnóstico - Patologia testicular
diferencial - Hidrocele: conduto se fecha parcialmente permitindo a passagem de líquido abdominal, se acumula no conduto e
vai pro testículo
- Cisto de cordão
- Os dois últimos diferem de hérnia inguinal pois ao invés de conter uma víscera abdominal o saco é estreito e só
contém fluido peritonial
Diagnóstico - História clínica: volume inguinal, choro
- Exame físico: manobra de valsava (tampa a boca e faz força); sinal da seda (tecido deslizando sobre o outro)
- Exames de imagem: apenas quando necessário pois o exame físico basta na maioria das vezes; US pode dar falso
positivo e negativo
Tratamento - Laparoscopia não é indicada para crianças pois necessita de anestesia geral; a cirurgia sem vídeo é menos
invasiva e tem melhor recuperação
- Ligadura do conduto e reconstrução da parede
- Meninos: > 1 ano cirurgia bilateral; > 5 anos só do lado acometido; entre e 1 5 depende (se for direita opera só
direita, se for esquerda opera os dois)
- Meninas: > 5 anos cirurgia bilateral pois não há estrutura para ser lesada; > 5 anos só do lado acometido

Hérnia Umbilical

Hérnia Umbilical - Ocorre defeito do fechamento as estruturas fibromusculares da aponeurose umbilical permitindo o
deslocamento dos órgãos recobertos pelo peritônio

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Fisiopatogenia - Falha na proliferação do tecido que preenche o anel umbilical, resultando em uma zona enfraquecida que, somada
a protrusão da víscera, forma a hérnia umbilical
- Intestino entra e volta, não é patológica, geralmente se fecha sozinha até os 8 anos e só opera quando ela é
rígida, não maleável e não some
- Não dói no bebê
- Contraindicado utilizar ataduras ou faixas sobre a cicatriz umbilical (limita movimentos espontâneos)
Diagnóstico - História clínica: volume aumentado na cicatriz umbilical
- Exame físico: palpação
- Evolução: 90 a 95% tem resolução espontânea com fechamento do anel
Tratamento - Cirurgia quando há defeitos maiores após 2 anos ou se permanecer após os 4 anos
Fatores de risco - Negros, desnutridos, prematuros, gêmeos, trissomias 13, 18, 21

Hérnia Epigástrica

Hérnia Epigástrica - Defeito da linha alba associado à herniação de gordura pré-peritonial, em qualquer parte da linha média acima do
umbigo e abaixo do apêndice xifoide, onde ocorre cruzamento de vasos

Diagnóstico - Dor em região epigástrica


- Volume aumentado no local
- Falha na linha alba
- Exame físico: palpação do defeito ao esforço
- Evolução: progressão conforme cresce a criança
Tratamento - Relacionado com a queixa. Se a dor for significativa, cirurgia para fechar o defeito

Aula 2 - Criptorquidia e Escroto Agudo

Criptorquidia

Conceito - Anormalidades que causam escroto vazio pela não descida dos testículos da cavidade abdominal
Testículos retráteis - Testículo já está descido, mas retrai intermitentemente, podendo ser encontrado na região inguinal ou na bolsa
escrotal
Criptorquia - Intra-abdominal: dentro do anel inguinal interno
- Canalicular: dentro do canal inguinal, entre os aneis interno e externo
- Emergencial: para fora do anel inguinal externo
- Supra-escrotal
- Posições possíveis: do rim até a coxa
Fatores de - Fatores genéticos
crescimento -

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crescimento - MIF: fator de inibição mulleriano liberado pelas células de Sertoli auxilia na descida testicular
endócrinos e - Leydig: libera testosterona; ductos de Wolf se diferenciam em epidídimo, canal deferente e vesículas seminais
pancreáticos - INSL 3: fatores de crescimento semelhantes à insulina
Mecanismos de - Transabdominal: movimentação da crista genitourinária até o anel inguinal interno; peeping testis é um testículo
descida dos testículos não descido que migra para frente e para trás no anel inguinal interno.
- Inguinoescrotal: migração do guberlaculun tetis, requer estimulação androgênica
Testículo não descido - Fatores mecânicos: gubernáculo, ligamento suspensor cranial, permanência do conduto peritônio-vaginal
- Síndromes associadas: Síndrome Prune-Belly, Síndrome Pradder Willi, Síndrome Kalman, Síndrome Noonan,
Gastrosquize, extrofia vesical, Disgenesia gonadal, Insensividade estrogênica
- Fusão esplenogonadal: ocorre em 3% dos RN do sexo masculino; atinge bebês com peso inferior a 1,5kg; após
1 ano de idade é improvável a descida; comum do lado direito
- Fertilidade: comprometida pelo aumento da temperatura do testículo; altera a maturação das células
germinativas, atrofia das células de Sertoli e Leydig; geralmente são unilaterais
- Diagnóstico: exame físico (técnica do sabão), testículo palpável em 75% dos casos, imagem com pouca
sensibilidade e vascularização
- Conduta: laparoscopia quando não palpável; usada para demonstrar testículo intra-abdominal ou sua ausência;
hormonal é um tratamento em desuso e cirurgia convencional é por volta dos 18 meses de vida, para fechar o
conduto peritônio vaginal, dissecar os vasos testiculares e fixá-los.
- Malignização do testículo não descido: relacionado com a posição; intra-abdominal (5%), inguinal (1%), realiza
cirurgia após 10 anos.

Escroto Agudo

Escroto Agudo - Dor escrotal aguda em crianças que pode ser causada por torção testicular, torção de apêndices do testículo
e do epidídimo
Torção testicular - Torção das estruturas em torno da base do testículo
- Resulta em oclusão da circulação sanguínea que pode levar a isquemia e necrose após 6h do início da dor
- Conduta médica deve ser rápida
- Epidemiologia: mais comum no testículo esquerdo pois o cordão espermático é mais longo; pacientes referem
dor semelhante: dor transitória ou recorrente
- Apresentação: testículo doloroso com edema e hiperemia, mais alto e com ausência do reflexo cremastérico
(reflexo superficial da pele provocado pela passagem de um objeto de ponta romba na face interna da coxa);
cintilografia (área fria com ausência de fluxo sanguíneo); eco doppler colorido (avascularização do testículo)
- Fator de risco: criptorquidia (movimentação do testículo na região inguinal) e hidrocele (permite mobilidade do
testículo)
- Conduta: cirurgia de urgência para distorcer o cordão; realiza-se orquidopexia (alocar testículo) contralateral e
afastado o diagnóstico de torção, trata sintomas e uso de antibióticos em caso de infecção
Torção de apêndices - Torção de restos embrionários de regressão derivados dos ductos de Muller e Wolff
do testículo e - Clínica: dor súbita ou gradual, de intensidade leve a moderada; presença de eritema e edema na bolsa escrotal;
epidídimo dor mais localizada na região superior; apresenta-se como um nódulo esférico, endurecido, doloroso, móvel e
palpável
- Eco Doppler colorido
- Conduta: restrição de atividade física, medicamentos, cirurgia quando a dor for forte, incapacidade,
recorrente e prolongada
Epididimite/Orquite - Processo inflamatório do testículo e/ou epidídimo; as infecções se iniciam no trato urinário e são causadas por
patógenos locais ou sexualmente transmissíveis; pode ocorrer em crianças por infecção de streptococcus e
staphylococcus
- Clínica: dor escrotal gradual, com queixas urinárias, edema, hiperemia, sinal de Prehn: dor diminui ao elevar as
estruturas
- Tratamento: não cirúrgico; repouso e medicamentos

Aula 3 - Miscelância

Cisto Tireoglosso - Ocorre por falha no desaparecimento do ducto tireoglosso, o qual conduz muco pelas células da sua
mucosa
- Clínica: localizado na linha média, varia de 3 a 10 cm de diâmetro, se movimenta com a deglutição
- Complicações: podem sofrer infecção formando abscessos
- US cervical: cisto simples ou com sinais inflamatórios na linha média da região cervial anterior
- Tratamento: cirúrgico após tratar infecção; Técnica de Sistrunk: retirada do cisto com ressecção da
porção central do osso hioide.

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porção central do osso hioide.
Má formação de arcos - Arcos branquiais formam as estruturas do pescoço e podem mal se desenvolver e formar cistos com
branquiais secreção; cirurgia pode ou não ser complicada
- Seio pré-auricular: só faz cirurgia se incomodar e sair secreção
- Tratamento: canular e injetar azul de metileno (corante)
Cisto epidermoide - Glândula sebácea que acumula secreção; comum ter no supercílio; se não retirado, só aumenta de tamanho.
Cisto dermoide - Localiza-se na linha média e não se movimenta com a deglutição
- Origem: retenção de células multipotenciais, resultando em cisto benigno originário do epitélio germinativo
embrionário
Apêndice pré-auricular - Apresenta artéria no meio
- Algumas pessoas não querem tirar
- Recomenda-se cirurgia
Anquiloglossia - Anomalia congênita que ocorre quando uma porção de tecido embrionário deveria ter sofrido apoptose
mas permanece no ventre da língua
- Caracteriza-se por um frênulo lingual curto, espesso e delgado, restringindo os movimentos da língua
- É um dos fatores que interferem negativamente na amamentação, dificultando o estímulo à produção de
leite e o esvaziamento da mama, causando dor nas mães
- Cirurgia: quando a criança não consegue falar

OBS: Protocolo de Bristol: fornece medidas objetivas e de simples execução para a gravidade da
anquiloglossia
- Elementos: aparência da ponta da língua, fixação do frênulo na margem gengival inferior, elevação da língua
e projeção da língua
- Podem variar de 0 a 8, sendo que de 0 a 3 indicam redução grave do potencial de função da língua
Torcicolo congênito - Traumatismo ao nascer, com lesão do músculo esternocleidomastoideo, formando fibrose e calombo; há
rotação da cabeça para o lado contralateral
- Clínica: assimetria craniofacial, alteração do formato da cabeça (linha interpupilar inclinada)
- Tratamento: clínico (reconhecimento e terapia precoce); cirurgia em casos graves (encurtamento
acentuado, presença de tumoração - raro)

Aula 4 - Fimose

Fimose - Processo inflamatório que desencadeia fibroblastos a produzir colágeno, de modo que o tecido fique endurecido
e impeça a exposição da glande
- Crianças em fralda: comum ter glande fechada
- Cirurgia é simples, o problema é quando há complicações
- Aderências bálano-prepuciais: normal mas pode evoluir para parafimose e formar cisto
- Postite: ruptura da continuidade entre pele e mucosa, permitindo entrada de agente infeccioso; no pronto
socorro dá antibiótico mas é aconselhável a dar banho de analgésico
Desenvolvimento do - Começa no 3º mês de gestação e se completa no 5º mês; a separação de prepúcio e glande começa intraútero
prepúcio mas é incompleta ao nascimento
- 4% dos RN apresentam prepúcio totalmente retrátil; aos 5 anos, em 90% dos meninos ele apresenta-se
retrátil; nos 10%, prepúcio não-retrátil e possível fimose
Circuncisão - Benefícios: incidência reduzida de ITU, câncer peniano, DST's
- Indicações: fimose, parafimose, trauma, anomalias
- Contraindicações: anomalias penianas, pênis embutido, problemas médicos
Classificação de
Kayaba

Parafimose - Estrangulamento do prepúcio distal ao anel de fimose; se não tratada, haverá necrose no prepúcio e glande
- Tratamento: cirurgia de emergência (postectomia) quando há falha no tratamento clínico; tópico: secar, limpar,
desinflamar, proteger, tratam a fimose e evitam a cirurgia.
- Se a criança tiver 12 anos, após tratamento sem resolução, cirurgia; se tiver 5 anos e o tratamento tópico não
funciona, dá opção de espera ou cirurgia.

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funciona, dá opção de espera ou cirurgia.
- Fimose patológica: faz balonite em que remove a mucosa e remove o prepúcio
Técnicas cirúrgicas - Postectomia: prepúcio redundante é demarcado e removido e as margens da pele são reaproximadas com
material de sutura absorvível
- Prepucioplastia: cirurgia para tratar áreas de estenose (princípio de Heinekken Mickulicz)
- Plastibel ou Gomco Clamp: utiliza na glande

Aula 5 - Abdome Agudo

Anamnese - Queixa, característica, localização


- Tempo de evolução
- Febre, náuseas, vômito, inapetência
- Evacuação, micção
- Doenças metabólicas: a primeira manifestação de uma criança diabética é a dor abdominal
Dor inespecífica - Região periumbilical: intestinos
- HD: vesícula biliar, fígado
- FE: flatulências
- FIE: fecaloma, diverticulite
- H: bexiga
- FID: válvula íleo-cecal, apêndice, linfonodomegalias
Exame físico - Palpação
- Defesa, percussão dolorosa, peristaltismo visível
- Posição antálgica
Diagnóstico diferencial - IVAS (infecção das vias aéreas superiores)
- GECA (gastroenterocolite aguda)
- Obstipação intestinal
- ITU
- Febre
- Inflamação
Sinais - Murphy, Giordano, Blumberg, Rovsing
- Lasègue: paciente em decúbito dorsal com braços e pernas esticados; profissional flexiona a coxa sobre a
bacia; é positivo se a pessoa sentir dor na face posterior do membro (atrás da perna)
- Abdome em tábua: sugere abdome agudo
- Dor à micção: ao final da micção sente dor, provável presença de líquido atrás da bexiga
- Score alvarado: apendicite na pediatria > 7
Rotina de abdome agudo - Urina, RX abdome simples, hemograma, PCR, amilase, TGO, TGP, USG, TC abdome (exagero), laparoscopia
diagnóstica.
- Sinal do fecalito: patognomônico
Conduta - Jejum absoluto
- Hidratação
- Analgesia
- Avaliação da cirurgia pediátrica
Tratamento - Não-cirúrgico: não perfurado e abscesso bloqueado
- Cirúrgico: convencional: McBurney, videolaparoscopia
- Apendicectomia tradicional
- Videolaparoscopia
- Clips metálicos pós-operatório

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