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Gerenciamento de Projetos:
Corrente Crítica (CCPM) Versus Caminho Crítico (CPM) na Produção
de Equipamentos para a Indústria
Duque de Caxias
2015
Roberto Carlos Teixeira
Gerenciamento de Projetos:
Corrente Crítica (CCPM) Versus Caminho Crítico (CPM) na Produção
de Equipamentos para a Indústria
Duque de Caxias – RJ
2015
ii
CATALOGAÇÃO NA FONTE/BIBLIOTECA – UNIGRANRIO
CDD – 658.5
iii
Roberto Carlos Teixeira
Gerenciamento de Projetos:
Corrente Crítica (CCPM) Versus Caminho Crítico (CPM) na Produção
de Equipamentos para a Indústria
Aprovado em_____de________________de______.
__________________________________________
Prof. Rubens Aguiar Walker, M. Sc.
UNIGRANRIO
__________________________________________
Prof. Fabrício da Costa, M. Sc.
UNIGRANRIO
__________________________________________
Prof. Rubens Lopes de Oliveira, D. Sc.
UNIGRANRIO
iv
DEDICATÓRIA
Agradeço a meu orientador, Prof. Rubens Aguiar Walker, M.Sc., que não só
foi um bom mestre e orientador, mas também um amigo que me conduziu por várias
disciplinas, até chegarmos a esse resultado, mesmo em face das dificuldades.
Agradeço aos professores que nos momentos difíceis ao longo desse curso,
deram incentivos e acreditaram em meu potencial, em especial ao nosso coordena-
dor Prof. Rubens Lopes de Oliveira, D.Sc., pelos inúmeros conselhos e infindável
paciência e incentivo para encontrar as melhores soluções; a Prof.ª Maria Cristina
Ravagnani Gonçalves, Prof.ª Aparecida Cristina Mauro, M. Sc. e Prof. Fabricio da
Costa, M. Sc., que ajudaram a construir os pilares desse projeto; por fim, agradeço
também e muito ao Prof. Leonardo Aragão Guimarães, M.Sc., pelas dicas para dire-
cionar e concluir esse trabalho e a jornada rumo a minha META - graças a ele,
mesmo enfrentando turbulentas e drásticas mudanças de curso, eu consegui supe-
rar e definir a minha CORRENTE CRÍTICA!
Agradeço os meus pais Carlos Henrique (I.M.) e Irody, pelos belos exemplos
de vida, pois mesmo com as escassas possibilidades e muito pelo sacrifício pessoal,
me propiciaram dar valor ao conhecimento e à honestidade.
“Siga em frente!”
(Walter Elias Disney)
vii
RESUMO
Palavras-chave:
Gerenciamento de Projetos; Teoria das Restrições; Corrente Crítica; PMBOK®.
viii
ABSTRACT
The present work is the result of years of experience and several projects in
the Oil industry in Brazil, related to the design and production of flow measurement
systems, and other associated processes.
For over more than 20 years, despite the existing know-how already consoli-
dated and aggregated by companies in this area (and others), the application of Pro-
ject Management traditional tools in the industrial equipment production is not notice-
able.
It is also noted that due to not properly using any Project Management Tool
(neither the PMI Critical Path Method nor the TOC Critical Chain method); this results
in faults in the company's Project Time Management, as will be seen in this study.
The ultimate objective of this paper is to present these tools of Project Man-
agement and explain their use in the solution of the time management’s described
problems. It is believed that, after introducing them, everyone will be convinced that
this goal is possible, plausible and viable.
Keywords:
Project Management; Theory of Constraints; Critical Current; PMBOK®.
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 2-1 - Interações na gestão de portfólios, programas e projetos ................................................ 34
Figura 2-2 - Grupos de processos de gerenciamento de projetos........................................................ 36
Figura 2-3 - Grupos de processos interagem em uma fase ou projeto ................................................ 37
Figura 2-4 - Interações nos processos de gerenciamento de projetos ................................................. 38
Figura 2-5 - Limites do projeto .............................................................................................................. 39
Figura 2-6 - Fluxo de dados, de informações e de relatórios do projeto .............................................. 40
Figura 2-7 - Visão geral do gerenciamento do tempo do projeto.......................................................... 43
Figura 2-8 - Visão geral do desenvolvimento do cronograma .............................................................. 44
Figura 2-9 - Processo: Planejar o gerenciamento................................................................................. 45
Figura 2-10 - Processo: Definir as atividades ....................................................................................... 45
Figura 2-11 - Processo: Sequenciar atividades .................................................................................... 46
Figura 2-12 - Processo: Estimar os recursos ........................................................................................ 46
Figura 2-13 - Processo: Estimar durações ............................................................................................ 47
Figura 2-14 - Processo: Desenvolver o cronograma ............................................................................ 48
Figura 2-15 - Exemplo de método do caminho crítico .......................................................................... 49
Figura 2-16 - Exemplo de método da corrente crítica ........................................................................... 50
Figura 2-17 - Nivelamento de recursos ................................................................................................. 51
Figura 2-18 - Cronograma de barras do projeto (Diagrama de Gantt) ................................................. 53
Figura 2-19 - Cronograma de marcos do projeto .................................................................................. 53
Figura 2-20 - Cronograma de resumo do projeto (gráfico de barras) ................................................... 54
Figura 2-21 - Processo: Controlar o cronograma.................................................................................. 55
Figura 2-22 - Problemas mais frequentes em projetos. ........................................................................ 63
Figura 2-23 - Habilidades necessárias/valorizadas ao gerenciar projetos. .......................................... 64
Figura 2-24 - Principais deficiências dos gerentes de projetos. ........................................................... 64
Figura 2-25 - Frequência de problemas relacionados ao cumprimento dos prazos estabelecidos. .... 65
Figura 2-26 - Sem multitarefa X Com multitarefa.................................................................................. 69
Figura 2-27 - Curva de distribuição do tempo de atividades imaginada ............................................... 71
Figura 2-28 - Curva de distribuição do tempo de atividades real ......................................................... 71
Figura 2-29 - Efeito cascata do contingenciamento no tempo das atividades ..................................... 72
Figura 2-30 - Como as pessoas tentam se proteger pelo contingenciamento ..................................... 76
Figura 2-31 - O que efetivamente ocorre graças à Síndrome do Estudante ........................................ 76
Figura 2-32 - Probabilidade de eventos dependentes (Atividades Sequenciais) ................................. 77
Figura 2-33 - Probabilidade de eventos dependentes (Atividades Paralelas) ...................................... 78
Figura 2-34 - Probabilidade de eventos dependentes (Paralelas)........................................................ 79
Figura 2-35 - O problema da dependência de recursos compartilhados .............................................. 79
Figura 2-36 - O desafio de gerenciar múltiplos projetos ....................................................................... 83
Figura 2-37 - As Cinco Etapas de Enfoque ........................................................................................... 84
Figura 2-38 - Tarefas com segurança adicional.................................................................................... 87
Figura 2-39 - O Caminho Crítico (em vermelho) ................................................................................... 89
x
Figura 2-40 - A Corrente Critica (em vermelho) .................................................................................... 89
Figura 2-41 - Corrente Critica com Pulmões......................................................................................... 89
Figura 2-42 - Fim da tarefa e o consumo do pulmão (2º Dia) ............................................................... 90
Figura 2-43 - Fim da tarefa e consumo do pulmão (3º dia) .................................................................. 90
Figura 2-44 - O gráfico de tendência (ou gráfico “febril”) ...................................................................... 91
Figura 2-45 - Gráfico de tendências da taxa de conclusão .................................................................. 92
Figura 2-46 - Gráfico de tendências - Mudanças na Razão Crítica ...................................................... 92
Figura 3-1 - Linha do tempo da “KBR OIL & GAS LTDA.” .................................................................... 94
Figura 3-2 - Market Share da “KBR OIL & GAS LTDA.” ....................................................................... 95
Figura 3-3 - Diagrama do mercado local da “KBR OIL & GAS LTDA.”................................................. 96
Figura 3-4 - Análise SWOT da “KBR OIL & GAS LTDA.” ..................................................................... 96
Figura 3-5 - Formatos de definição dos papéis e responsabilidades ................................................. 101
Figura 3-6 - Matriz RACI ..................................................................................................................... 101
Figura 3-7 - Organograma - “KBR OIL & GAS LTDA.” ....................................................................... 102
Figura 3-8 - As sete ferramentas de gerenciamento da qualidade ..................................................... 104
Figura 3-9 - Cronograma sem Corrente Crítica - UO-SKID.01 ........................................................... 106
Figura 3-10 - Cronograma sem Corrente Crítica - UO-SKID.02 ......................................................... 107
Figura 3-11 - Gráfico dos Prazos Máximos......................................................................................... 108
Figura 3-12 - Gráfico Atrasos x Adiantamentos .................................................................................. 109
Figura 3-13 - Cronograma com Corrente Crítica - UO-SKID.01 ......................................................... 110
Figura 3-14 - Cronograma com Corrente Crítica - UO-SKID.02 ......................................................... 110
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 - Grupo de processos e mapa das áreas de conhecimento ............................................... 41
Tabela 3-1 - Detalhamento dos Setores de Atuação no Market Share da “KBR.” ............................... 95
Tabela 3-2 - Detalhamento dos marcadores de entregas do contrato da “KBR” com a “EPC” ............ 99
Tabela 3-3 - Impacto das Estimativas com as Contingências nos Marcos do Projeto ....................... 108
Tabela 3.4 - Amostras de aplicações do Método da Corrente Crítica ................................................ 114
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................17
xiv
2.2.3 Informações do projeto ...................................................................... 40
2.2.4 Papel das áreas de conhecimento ..................................................... 41
2.3 GERENCIAMENTO DO TEMPO DO PROJETO .............................................. 42
2.3.1 Planejar o gerenciamento do cronograma ......................................... 44
2.3.2 Definir as atividades ........................................................................... 45
4.1.1 Sequenciar as atividades ................................................................... 46
2.3.3 Estimar os recursos das atividades.................................................... 46
2.3.4 Estimar as durações das atividades................................................... 47
2.3.5 Desenvolver o cronograma ................................................................ 47
2.3.5.1 Método do caminho crítico .................................................... 48
2.3.5.2 Método da corrente crítica ..................................................... 49
2.3.5.3 Técnicas de otimização de recursos ..................................... 51
2.3.5.4 Ferramenta de cronograma ................................................... 52
2.3.5.5 Linha de base do cronograma ............................................... 52
2.3.5.6 Cronograma do projeto.......................................................... 52
2.3.5.7 Dados do cronograma ........................................................... 54
2.3.6 Controlar o cronograma ..................................................................... 54
2.4 ANALISANDO O PROBLEMA .......................................................................... 55
2.5 METODOLOGIA DA CORRENTE CRÍTICA ..................................................... 59
2.7 A IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA ........................................................... 82
2.7.1 A Natureza dos Riscos e da Complexidade ....................................... 83
2.7.2 As Cinco Etapas de Enfoque ............................................................. 84
2.7.2.1 Explorar a restrição ............................................................... 85
2.7.2.2 Subordinar a restrição ........................................................... 85
2.7.2.3 Elevar a restrição................................................................... 86
2.7.2.4 Não permitir que a inércia se torne a restrição ...................... 87
2.7.3 O Método da Corrente Critica ............................................................ 87
2.7.4 Razão Crítica ..................................................................................... 91
xv
3.3.2 Análise “SWOT” ................................................................................. 96
3.4 PROBLEMAS DO GERENCIAMENTO DE PROJETO ..................................... 97
3.5 ANÁLISE DO PROBLEMA ............................................................................... 97
3.5.1 Aplicando a Corrente Crítica .............................................................. 98
3.5.2 Aspectos que impactam na gestão .................................................... 98
3.5.2.1 Objeto do contrato ................................................................. 98
3.5.2.2 Cronograma do Projeto ......................................................... 99
3.5.2.3 Requisitos e Escopo ............................................................ 100
3.6 AVALIAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO ......................................... 101
3.6.1 Ferramentas de Planejamento da Gestão de Recursos .................. 101
3.6.1.1 Estrutura Organizacional ..................................................... 101
3.6.2 Ferramentas de Planejamento da Gestão da Qualidade ................. 103
3.6.2.1 Listas de verificação da qualidade....................................... 104
3.6.2.2 Realização da garantia da qualidade .................................. 104
3.6.3 Cronograma do projeto sem a corrente crítica ................................. 106
3.6.4 Cronograma do projeto com a corrente crítica ................................. 109
3.7 RESULTADOS................................................................................................ 111
3.8 FERRAMENTAS DA CORRENTE CRÍTICA EXISTENTES ........................... 112
3.9 BENEFÍCIOS DAS APLICAÇÕES DA CORRENTE CRÍTICA ........................ 113
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................115
xvi
17
1 INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais, nos mais diversos aspectos da vida humana, sejam eles
culturais, tecnológicos, políticos, econômicos, sociais, etc., estão ocorrendo mudan-
ças significativas e cada vez mais rapidamente. De uma maneira geral, todos asso-
ciam as mudanças ao resultado de projetos (VIEIRA, 2002). Como resultado disso,
pode-se afirmar que gerenciar projetos de uma maneira eficiente nesses tempos de
grandes mudanças é um dos maiores desafios do executivo moderno (KERZNER,
2001). Ter como meta a superação deste desafio é estar qualificado para atuar no
gerenciamento de projetos de uma forma planejada e profissional.
Ser único significa que todo produto ou serviço gerado por um projeto é dife-
rente de outros produtos e serviços. Os projetos envolvem a realização de algo ja-
mais realizado anteriormente e logo é único. Um projeto é progressivo porque a me-
dida que é mais bem compreendido, ele é progressivamente elaborado, ou seja,
maior é o detalhamento das características peculiares que o distinguem como único
(PMI, 2000). Segundo o PMI, o gerenciamento de projetos é a aplicação de conhe-
cimentos, habilidades, ferramentas e técnicas para projetar atividades que visem
atingir os requisitos do projeto.
19
Para facilitar o gerenciamento do projeto ele deve ser dividido em fases que
constituem seu ciclo de vida (DINSMORE e CAVALIERI, 2003).
Voltando até a última metade do século XIX, quando o mundo comercial es-
tava se tornando cada vez mais complexo, pode-se saber como o gerenciamento de
projetos evoluiu a partir dos princípios básicos de gerenciamento. Grandes projetos
governamentais de larga escala foi o ímpeto para as decisões importantes que se
tornaram a base para a metodologia do gerenciamento de projetos (MICROSOFT,
2010).
20
Não foi realizada qualquer alteração até a década de 90, onde linhas de li-
gação (ligações lógicas) foram acrescentadas às barras de atividades, as quais des-
crevem as dependências mais precisas entre as atividades. Hoje, o legado de Henry
Gantt é lembrado por uma medalha oferecida em seu nome pela Sociedade Ameri-
cana de Engenheiros Mecânicos (MICROSOFT, 2010).
21
A TOC também serve como um excelente ponto de partida para outras me-
todologias de gerenciamento, como Lean e Seis Sigma.
1.1 PROBLEMA
Citando ELDER (2006): “Como é possível completar mais projetos, mais rá-
pido, sem sacrificar a qualidade ou o escopo, quando seus recursos já estão mais do
que sobrecarregados?”.
• Atrasados.
• Recursos sobrecarregados.
• Mudanças em excesso (longos prazos).
• Recursos não disponíveis quando necessários (mesmo sendo assegurados).
• Prioridades mutáveis.
• Retrabalho.
25
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 METODOLOGIA
1.4.4 Amostra
Não houve seleção de sujeitos, uma vez que a base do estudo de caso foi
toda documental, não sendo necessária a entrevista a elementos da empresa.
Aqui também será apresentado onde se manifestam esses sintomas pelo es-
tudo de caso do gerenciamento de projetos da empresa objeto do estudo de caso,
as suas características, o escopo de fornecimento, um resumo básico da estrutura
interna da mesma e como esta empresa obtém os seus resultados.
Segundo o PMBOK®:
• Portfólios
• Programas
• Projetos
2.1.1 Portfólios
2.1.2 Programas
2.1.3 Projetos
6.2. Definir as
atividades
6.3. Sequenciar as
atividades
6.7. Controlar o
TEMPO cronograma
6.4. Estimar os
recursos das atividades
6.6. Desenvolver o
cronograma
CUSTOS
QUALIDADE
RECURSOS
HUMANOS
COMUNICAÇÕES
RISCOS
AQUISIÇÕES
STAKEHOLDERS
Um caminho crítico (CCM) é caracterizado por folga total zero. Quando im-
plantados com sequenciamento do método do diagrama de precedência (MDP), ca-
minhos críticos podem ter folga total positiva, zero ou negativa, dependendo das res-
trições aplicadas (PMI, 2013). Qualquer atividade no caminho crítico é chamada de
atividade de caminho crítico. A folga total positiva é causada quando o caminho de
volta é calculado a partir de uma restrição do cronograma que é mais tarde que a
data de término mais cedo que foi calculada durante o cálculo do caminho de ida
(PMI, 2013).
A folga total negativa é causada quando uma restrição na data mais tarde é
violada por duração e lógica. As redes do cronograma podem ter múltiplos caminhos
quase críticos. Quando a folga total para um caminho da rede for calculada, a folga
livre, isto é, o tempo que atividades do cronograma podem atrasar sem atrasar a
data de início mais cedo de atividades sucessoras, ou violar restrições do cronogra-
ma, também pode ser determinada. Por exemplo, a folga total para a Atividade B na
Figura 2-15 é cinco dias (PMI, 2013).
Isso indica que projetos não são apenas conjuntos de ideias, desenhos, es-
quemas e listas de materiais. Eles relacionam avaliações criteriosas de processos
envolvidos na sua realização. A gestão de tempo e prazos não se trata do controle
sistemática de “marcadores” em Diagramas de Gantt.
56
Em artigo da Revista ÉPOCA com o título “Por que tudo atrasa no Brasil?” é
abordada a questão dos projetos malfeitos, licitações irreais, aditamentos, liminares
e corrupção, esta perversa combinação de fatores que legou ao nosso país a alcu-
nha de “Terra do Nunca Fica Pronto” (BOMBIG, et al 2013).
O fenômeno é tão conhecido que pode ser considerado como parte da cultu-
ra brasileira. Conforme Aldo Rebelo, ministro do esporte, citado na reportagem, e
responsável por obras da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro,
informa: “O atraso é um dos nossos problemas civilizatórios, faz parte da nossa cul-
tura. Até reunião ministerial atrasa no Brasil”. Mas o que leva a essa “cultura do atra-
so em projetos”? Isso é um fenômeno localizado, ou acontece em outros lugares do
mundo? É de fato uma questão cultural? (BOMBIG, et al 2013).
No âmbito geral, na medida em que esses fatores variam para mais, a capa-
cidade de previsão com certeza quanto tempo será dispendido ou qual será o custo
do projeto, reduz-se significativamente, ou seja, são inversamente proporcionais. Em
outras palavras, o grau de incerteza aumenta na medida em que o número de fato-
res de contingenciamento aumente (ROBINSON; RICHARDS, 2010).
A partir dessa premissa, pergunta-se: "Se os projetos que falham têm uma
considerável contingência embutida nestes, por que ainda assim falham?”.
Devido aos efeitos negativos destas condutas reverterem nos projetos como
consequências involuntárias de ações isoladas, no entanto, quando bem-
fundamentadas, a presença desses efeitos não é facilmente detectável nas organi-
zações.
• Atrasados
• Recursos sobrecarregados
• Mudanças em excesso (devido aos longos prazos do projeto)
• Recursos não disponíveis quando necessários (mesmo quando prometidos)
• Prioridades mutáveis e/ou retrabalho
Através dos anos os projetos sofrem os mesmos efeitos. Qual a razão para
isso? O que pode causar tais falhas, universalmente, e por tanto tempo?
64
Mesmo acreditando que seu trabalho é diferente, descobrirá que “não impor-
ta em qual tipo de projetos se atue ou se gerencie; projetos de energia, militares, de
TI, de construção e de inúmeros outros campos sofrem de destino idêntico: Todos
estão sujeitos ao atraso” (ELDER, 2006). Como visto nas Figuras 2-23 a 2-25 a se-
guir, isso impacta nas exigências, expectativas e julgamentos feitos sobre os profis-
sionais de gerenciamento de projeto pelas empresas fazem em função de expectati-
vas não atendidas na condução, gerenciamento e realização dos projetos. Por fim,
temos a indicação do grau de satisfação do cliente quanto aos prazos de entrega.
• Multitarefa Nociva
• Síndrome do Estudante (ou Procrastinação)
• Lei de Parkinson
• Dependência entre Tarefas
• Matemática do Gerenciamento de Projetos
Dito isto, nem toda multitarefa é nociva. Quando ninguém está esperando
por inputs não há nada de errado em comutar entre várias tarefas. Mas por que as
pessoas fazem multitarefas? Para alguns é por causa do tédio de se trabalhar em
uma coisa por vez. A mente humana exige níveis de estimulação maiores, logo, to-
dos mudam constantemente seu foco. Geralmente a culpada é a nossa má prioriza-
ção de tarefas (ELDER, 2006; GOLDRATT, 1997).
Dessa forma, a multitarefa sempre faz com que atividades acabem levando
mais tempo do que deveriam. Entre os fatores que se somam está o tempo de racio-
cínio que leva para “voltar ao foco”. Para tarefas de engenharia, programação e re-
dação esse tempo pode ser uma parte significativa do tempo total da tarefa quando
se faz multitarefa. Em trabalhos manuais isto equivale ao tempo de ajuste (setup) da
máquina, de preparação das ferramentas e dos equipamentos apropriados e colocá-
los de volta em seus lugares (ELDER, 2006).
Existem tarefas onde o tempo de ajuste é desprezível e não é fator, mas es-
sas são poucas no mundo do trabalho intelectual. Estimativas indicam que o tempo
de raciocínio, pode igualar ou até exceder o tempo real, para tarefas altamente cog-
nitivas. A forma mais rápida de completar a atividade é começá-la e fazê-la até ter-
miná-la. O recurso pode, então, concentrar-se na atividade e no seu stakeholder. É
mais rápido e fornece o melhor serviço a ele. Ninguém reclama, a menos que a fila
fique muito grande. Quando se faz a comutação de tarefas, o risco de haverem pro-
blemas com a qualidade também aumenta. Acaba-se esquecendo do que foi e do
que não foi feito. Entra-se numa corrida para retornar a outra tarefa. Acaba-se pas-
sando por cima de pequenos detalhes em nosso ajuste. E são os pequenos detalhes
que podem acabar fazendo grandes diferenças (ELDER, 2006).
Se ele sabe que levará dois dias para completar uma tarefa, mas também
sabe que será interrompido (contingência), ele incluirá o tempo de interrupção na
estimativa. Agora, uma tarefa de dois dias passa a ser estimada em 10 dias. Consi-
dere então essa circunstância: “O cliente esperará dez dias?”. O gerente então terá
que decidir. “Será que o cliente ficaria mais motivado a fazer negócio com a organi-
zação se o gerente prometesse dois dias em vez de dez?” (ELDER, 2006).
Que tal 50%? Mesmo neste nível de certeza o recurso estará atrasado em 5
de cada 10 vezes. Talvez a oferta tenha ficado próxima a 90%. Isto significa que 9
em cada 10 vezes se está no prazo. Isto parece razoável? Qual o nível de certeza
exigida das equipes? Foi exigido que as estimativas fossem sempre precisas? Ou
são aceitos atrasos em 5 de cada 10 vezes? A maioria dos gerentes exige que os
recursos forneçam “estimativas precisas”, o que não faz o menor sentido científico
porque uma estimativa, por definição, é apenas uma aproximação (ELDER, 2006).
Assim, para fornecer uma estimativa realista é preciso levar em conta todas
as coisas que podem impactar na duração da tarefa, embutindo segurança. Quando
se adiciona segurança às estimativas elas são consideradas razoáveis porque, men-
talmente, essa segurança é adicionada pensando-se em distribuição normal do tem-
po. Em uma distribuição normal do tempo, 50% estão de um lado e 50% estão do
outro lado da média. Assim, passar de 50% para 80% de probabilidade não parece
ser significativo, como visto na Figura 2-27 (ELDER, 2006).
Este fenômeno é tão predominante que possui seu próprio nome: Lei de
Parkinson. Esta lei expressa que:
Imagine um professor dizendo ao aluno que ele tem uma prova final em 19
semanas. O professor dá ao aluno a matéria que cairá na prova, indica o livro, os
objetivos que serão testados e a data. Quando é que o aluno começa a estudar? Na
véspera da prova. Por quê? Ele tem tempo, é por isso. Outras tarefas pressionam
mais e, portanto, o aluno atrasa o início da tarefa de estudar para a prova até o últi-
mo momento, para lhe dar tempo de completar outras atividades, muito provavel-
mente também sendo feitas no último momento (ELDER, 2006).
Em geral, todos dizem que não sabem estimar com precisão o tempo que
uma tarefa irá durar. Essa é uma afirmação da qual se pode discordar veemente-
mente. A evidência para esta afirmação é que as pessoas realmente sabem o último
minuto possível que elas têm para iniciar uma tarefa, ou arriscar atrasar. Quando foi
a última vez em que se adiou algo até o último minuto e ainda assim foi-se capaz de
escolher o último minuto real? Trabalhou-se a noite toda para concluir a tarefa e im-
primir o resultado exatamente antes da grande reunião. O papel ainda está morno
na entrega, mas conseguiu-se (ELDER, 2006).
75
Deverá documentar entradas necessárias para garantir que não será pedido
aos recursos que iniciem atividade sem as entradas estarem sob sua posse. O tra-
balho do gerente é garantir que os recursos tenham o necessário para realizar o seu
trabalho. Enquanto o gerente sobrecarregar recursos com atividades e permitir que
estes inflacionem seus prazos para acomodar outras tarefas, ele perpetuará a Sín-
drome do Estudante. Isso é ampliado pela multitarefa. O gerente tem a equipe traba-
lhando em múltiplas atividades com tempos inflados e espera que esta priorizem tais
atividades. As atividades urgentes terão precedência sobre as importantes. Isto en-
coraja a inclusão de contingencias nas atividades, aumentando o tempo mais que o
realmente necessário, então os recursos atrasam o início das atividades até terem
absolutamente o que começar, devido às demandas concorrentes. E o que acontece
quando a atividade realmente encontra um problema? Onde está a segurança? (A
pergunta correta é: “Quando é que se usa a segurança?”). A segurança ficou no
passado. Não se pode usá-la mais, como pode se vê nas Figuras 2-30 e 2-31 (EL-
DER, 2006).
76
A maioria das pessoas enfatizará que estas afirmações não são verdadeiras.
Na verdade as equipes fornecem estimativas que quase sempre cumprem. Entretan-
to, ela é verdade porque é uma profecia auto-realizável. A atividade torna-se vítima
das questões mencionadas anteriormente, fazendo com que seja completada como
previsto, porque as pessoas querem ser vistas como confiáveis. Como se percebe,
se a atividade é iniciada logo e não há problemas sérios, a segurança adicionada é
consumida pela Lei de Parkinson. Se a atividade não é iniciada logo e ocorrem pro-
blemas, esta acaba atrasada. Se a atividade inicia atrasada (Síndrome do Estudan-
te) e nada dá errado, a tarefa é completada “no prazo”. De um jeito ou de outro, toda
a segurança é gasta. Esse é um tempo que faz a duração do projeto ser estimada
além do necessário. Isso também torna o projeto menos competitivo. E isto afeta a
produtividade da empresa que é a sua META (ELDER, 2006).
77
Outro efeito negativo causado pela dependência entre tarefas é bem conhe-
cido na Teoria da Probabilidade como a “Probabilidade de Eventos Dependentes”.
Essa teoria afirma que “o tempo total requerido para eventos dependentes, em ter-
mos de probabilidade, é o produto da probabilidade de todos os eventos dependen-
tes”. Veja como isso impacta a organização na Figura 2-32 a seguir.
Se você tem três tarefas que são dependentes uma da outra, e cada uma
tem uma chance de 90% de ser terminada no prazo, qual é a probabilidade das três
serem completadas no prazo? Cerca de 73%! Calcula-se a probabilidade de terminar
a Tarefa-1 (90%) e depois a probabilidade de terminar a Tarefa-2, dada a depen-
dência desta com a Tarefa-1 (90% x 90% = 81%). Como se observa, a probabilidade
de terminar a Tarefa-1 e a Tarefa-2 no prazo é de apenas 81%. Calcula-se a proba-
bilidade de terminar a Tarefa-3, dada à dependência da Tarefa-1 e da Tarefa-2 ter
sido completadas no prazo (90% x 90% x 90% ≈ 73%). Ou seja, com apenas três
tarefas, e cada uma com 90% de chance de terminar no prazo existe apenas uma
chance de 73% de terminar, de fato, todas as três no prazo (ELDER, 2006).
Não são necessárias muitas tarefas para obter probabilidade zero de se ter-
minar o projeto no prazo. Nesse ponto todos afirmarão: “Nesta empresa não existe
esse problema, porque as atividades são realizadas em paralelo, em vez de em sé-
rie.” Examine-se esta solução como visto na Figura 2-33 a seguir.
Se cada tarefa possui uma chance de 90% de ser feita como planejado, qual
é a chance do projeto terminar no prazo? A primeira resposta pode ser 90%, mas, já
que o término do projeto depende do término de todas as tarefas, usa-se o produto
de cada evento dependente para calcular o tempo de término. Assim, multiplica-se
90% de cada tarefa em paralelo, obtendo a mesma chance de 73% de término no
prazo. Agora se vê porque tentar fazer que cada tarefa termine no prazo não signifi-
ca que o projeto termine no prazo. É necessário que todas as tarefas dependentes
sejam concluídas no prazo, para que o projeto termine no prazo (ELDER, 2006).
79
Isso faz que os gerentes de projetos concluam que a única forma de findar
um projeto no prazo é garantir que todas as tarefas, realmente, terminem no prazo.
Tal solução exige que tarefas sejam estimadas com 100% de precisão. Ainda que
fosse possível, isso faz os tempos das tarefas durarem inimaginavelmente. Examine
a Figura 2-34 a seguir para entender como atrasos são passados adiante, mas adi-
antamentos não. Este projeto é planejado para durar 17 dias. Se a primeira tarefa
acabar cinco dias adiantada o quanto adiantado ele poderia acabar? Os mesmos 17
dias. A razão é que se dependem do término de todas as cinco tarefas. Portanto,
mesmo quando tarefas estão adiantadas, o projeto não termina adiantado em nada.
E se as primeiras quatro tarefas terminam 5 dias antes? A duração do projeto ainda
é de 17 dias. Agora pense na duração do projeto se apenas uma tarefa atrasar 5
dias: o projeto agora leva 22 dias (ELDER, 2006).
Então se examine o círculo vicioso de lógica que ocorre por se converter es-
timativas em requisitos. Lembra-se de que as pessoas querem ser vistas como con-
fiáveis e, portanto, todas tentam completar as tarefas o mais próximo possível do
prazo. Este fato impede a remoção da contingência das estimativas futuras e as fa-
zem sentirem-se confiáveis. Mas quando o projeto atrasa, qual é a resposta típica
que se tem? Conduza uma atividade simulada pelas lições aprendidas e identifique
as atividades que atrasam o projeto (ELDER, 2006).
Além disso, o recurso que realizou a tarefa não pode marcar a sua própria
atividade como terminada. Apenas o recurso que precisa da sua entrega pode vali-
dar que você “concluiu”. Isto impede entregas atrasadas assim como fornece ao pró-
ximo recurso na fila, à oportunidade de rejeitar resultados com má qualidade, que
impactem seu trabalho. Este método foi denominado de efeito “papa-léguas” por
GOLDRATT (1997). O efeito é similar à corrida de revezamento, onde se deve ter
certeza que a próxima pessoa na fila está sempre pronta para iniciar o trabalho nu-
ma tarefa do projeto quando entregue (ELDER, 2006).
É fato da vida que em todos os esforços diários, nada é mais certo do que a
própria incerteza. Na área de Gerenciamento de Projetos isso se manifesta assim:
Todos concordam que o fluxo de valor aos olhos do cliente é agregado atra-
vés das funções da empresa. Se a empresa atribui comando e controle da organiza-
ção dentro de setores, conflitos inerentes surgem entre gerentes de setor e os de
projeto sobre o uso dos recursos específicos em alta demanda. O gerente de setor
quer melhorar sua produtividade ou seu centro de custo e, simultaneamente, os de
projeto pressionam o cumprimento dos cronogramas. Como é que este conflito é
resolvido? Os métodos atuais são suficientes em um mundo mais e mais competiti-
vo? Deve-se encaminhar cada conflito à camada de gestão superior para ser resol-
vido? Como a “camada superior” decide qual é o melhor interesse para a empresa?
Que impacto as decisões arbitrárias têm sobre desempenho do projeto, percepção
de valor pelo cliente e moral do pessoal? (HODES, 2009).
O termo “explorar” se refere aos meios para obter o máximo possível dos re-
cursos de determinação de velocidade na rede do projeto. Em projetos individuais, o
gerente deve entender como a engenharia paralela, questões sobre validade de de-
pendências de precedência e a integridade de estimativas de tempo podem ser ana-
lisadas, para definir o menor plano possível para concluir o projeto. Ao lidar com múl-
tiplos projetos, se a empresa pode entregá-los apenas à razão do recurso crítico
mais restrito, então o bom senso determina que tal recurso seja tratado de forma
diferenciada dos outros (HODES, 2009).
Que métrica deve ser posta em prática para mudar o comportamento de me-
lhoria de conclusão da tarefa aprimorando a conclusão do projeto? E, finalmente,
que sinais os recursos do projeto devem receber para garantir que estão alinhados
nos esforços para fazer continuamente o certo para reduzir o lead time do projeto? A
postura necessária para melhorar desempenho em demandas da Corrente Critica é
que recursos não presentes na Corrente Crítica “sejam subordinados” às suas exi-
gências. Se subordinar significa garantir que a Corrente Critica não é alimentada,
mesmo significando que as atividades da corrente não crítica demorem mais tempo.
Assim, enquanto os recursos da corrente não crítica parecerem estar fazendo o que
não é melhor para si próprio, eles estarão fazendo o que é melhor para o projeto
como um todo. No ambiente multiprojeto, isso significa se subordinar às exigências
do recurso de ritmo (HODES, 2009).
Assim que tenham sido feitos os esforços para reduzir a duração de projeto
individual até o mais próximo possível de zero que o planejamento prudente permita,
é hora de “elevar” recursos limitados. Em geral, isso é um passo estratégico e exige
a adição de recursos para melhorar a taxa de transferência do projeto ou “pipeline”
da empresa (HODES, 2009).
87
Mais uma vez, o bom senso dita que se há sempre uma restrição em um sis-
tema estas restrições não vão desaparecer com a etapa de elevação, elas vão sim-
plesmente aparecer em outro lugar. É importante quando se considera e se introduz
a etapa de elevação para determinar onde a nova restrição vai aparecer, e se este é
o lugar onde você quer que ela esteja. Se todos os sistemas têm restrições, então
realmente há apenas duas opções - ou você gerencia as restrições, ou controla-as.
Entender essa proposição permite que a empresa escolha onde vá querer que a sua
restrição (também conhecido como ponto de controle ou acelerador) fique e, assim,
controlar o seu próprio processo de melhoria contínua (HODES, 2009).
A Figura 2-38 acima mostra uma típica rede de projeto com as barras sólidas
coloridas representando estimativas de 50% de nível de confiança de tempo da tare-
fa e as barras vazias associadas representando o preenchimento necessário para
levar cada estimativa até o nível de confiança de 90%.
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1
O tempo previsto para concluir a tarefa ultrapassa o esforço real necessário.
2
Prevenção contra multitarefa no âmbito do projeto ou de múltiplos projetos.
89
Figura 2-42 - Fim da tarefa e o consumo do Figura 2-43 - Fim da tarefa e consumo do
pulmão (2º Dia) pulmão (3º dia)
FONTE: Hodes (2009) FONTE: Hodes (2009)
Assim, se uma corrente específica foi 50% concluída e seu pulmão foi 50%
consumido, não há motivo para alarme ou atenção da administração. No entanto, se
90% do pulmão foi consumido, e apenas 10% da corrente que ele suporta estão
concluídas, então este deve ser foco de atenção, uma vez que está atuando para
bloquear o fluxo de trabalho por todo o projeto e comprometerá a data de conclusão.
Esta Razão Crítica, ou taxa de consumo do pulmão, é a pedra angular da gestão de
risco. Dentro de ambiente multiprojeto é o meio pelo qual os gerentes ganham visibi-
lidade e controle sobre a multiplicidade de tarefas que percorrem o pipeline da orga-
nização. A Razão Crítica fornece um sistema claro e objetivo de medição para de-
terminar que recursos subordinar ao que em momento. A Razão Crítica pode ser
mapeada diariamente em um gráfico de tendência (ou “febril”), como na figura 2-44.
O ideal é que a Razão Crítica deva tender dentro da área do gráfico de tendência
em amarelo, o que significa que o trabalho na cadeia mais longa esta sendo conclu-
ído em um taxa proporcional ao consumo de pulmão de projeto (HODES, 2009).
3 ESTUDO DE CASO
A “KBR OIL & GAS LTDA.” foi fundada em maio de 2003, por profissionais
atuantes no mercado com experiência adquirida de mais de 20 anos, e é estabeleci-
da no Rio de Janeiro. A empresa surgiu como uma solução na prestação de serviços
voltados para a indústria de petróleo e gás natural, e atua na representação técnica
e comercial de empresas líderes no campo da medição de vazão e válvulas especi-
ais.
94
A “KBR OIL & GAS LTDA.” foi criada inicialmente para atuar como uma divi-
são de suporte técnico de outra empresa, atendendo a sua demanda de assistência
técnica. Construindo expertise própria, conquistou posição de destaque, acumulando
experiência e melhorando soluções e serviços, atendendo com qualidade as exigên-
cias do mercado. Além disso, atua em serviços especializados de instalação, manu-
tenção e calibração. Os principais processos de suporte são a Engenharia Conceitu-
al e Básica, Engenharia de Detalhamento e Marketing de Sistemas e Produtos.
A “KBR OIL & GAS LTDA.” surgiu com objetivo de diferenciação no merca-
do, apresentando-se como empresa de serviços especializados em instrumentação
e controle, não importando fabricante do equipamento. Iniciou suas atividades como
divisão de assistência técnica terceirizada e, depois, passou a atuar com parceria
comercial de representação. Sua linha do tempo pode ser vista na Figura 3.1.
O “core business” da “KBR OIL & GAS LTDA.” são soluções integradas em
equipamentos e serviços orientados para a indústria de óleo e gás, nestas áreas:
empresas de Exploração & Produção de óleo e gás natural; refinarias e petroquími-
cas, empresas de transporte de petróleo, gás natural e derivados do petróleo; distri-
buidoras de combustíveis; e finalmente, empresas de construção e montagem
(EPC), de engenharia e estaleiros.
95
Legenda da figura:
1) Plataforma de Produção Offshore (Óleo e Gás Natural) 16) Gasodutos (Transferência de Custódia)
2) Plataforma de Transferência Offshore/Onshore (Concentradora) 17) Terminal de Unidades Separadoras de Teste
3) Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Descarregamento (FPSO) 18) Produção Onshore de Gás Natural
4) Terminal de Carregamento/Descarregamento de GNL 19) Estação de Recompressão de Gás Natural
5) Terminal de Carregamento de Petroleiros 20) Terminais de Transferência de Custódia Automática Arrendados (LACT)
6) Terminal Concentrador Marítimo (Paiol de Carregamento/Descarregamento) 21) Unidades Individuais de Separadores de Teste
7) Carregamento/Distribuição para Aviação Civil/Militar 22) Refinarias de Óleo Cru
8) City Gate (Estação Fiscal de Distribuição de Gás Natural) 23) Refinarias de Gás Natural / Plantas de Processamento Petroquímico
9) Caminhões-Tanque para Suprimento doméstico (não existe no Brasil) 24) Entrada de Terminais/Plantas (Sistemas de Automação e Acesso)
10) Postos de Abastecimento e Serviço (Distribuidoras) 25) Carregamento de GLP (Transferência de Custódia Móvel)
11) Terminal de Distribuidoras (Derivados de Petróleo, Etanóis e Biocombustíveis) 26) Descarregamento de Etanóis & Biocombustíveis (Transferência de Custódia Móvel)
12) Produção Onshore de Petróleo e Gás 27) Envase de Óleo Lubrificante
13) Oleodutos para Transporte de Óleo Cru (Transferência de Custódia) 28) Terminais de Abastecimento e Desembarque de Balsas/Navios-Tanque
14) Oleodutos para Transporte de Derivados (Transferência de Custódia) 29) Carregamento Ferroviário (Transferência de Custódia Móvel)
15) Armazenamento Subterrâneo de Gás (não existe no Brasil)
Em uma visão bastante resumida, o mercado local da “KBR” pode ser dia-
gramado desta forma (Figura 3-3):
96
Figura 3-3 - Diagrama do mercado local da “KBR OIL & GAS LTDA.”
FONTE: “KBR OIL & GAS LTDA.” (2014)
Após um estudo interno mediante a análise SWOT sobre a “KBR OIL & GAS
LTDA.” e sua relação com o mercado se chegou aos seguintes resultados, vistos na
Figura 3.4:
1) Programação ou cronograma.
2) Recursos ou orçamento.
3) Objetivos de escopo, qualidade ou desempenho.
Será abordado aqui da forma mais sucinta possível itens críticos do contrato
que nortearão a análise do problema.
Tabela 3-2 - Detalhamento dos marcadores de entregas do contrato da “KBR” com a “EPC”
Fonte: “KBR OIL & GAS LTDA.” (2014)
100
Segundo o PMBOK®:
Ficou comprovado pelo estudo de caso, o efeito nefasto dos sintomas (ou
arquétipos) do mau gerenciamento do tempo no âmbito geral do gerenciamento de
projeto. Mesmo com o esforço considerável de cumprir metas para atender as de-
mandas dos marcadores do projeto, é evidente que a “KBR” inflacionou os tempos
de documentação e de compra com evidentes contingenciamentos. Basta olhar a
Tabela 3-3 e as Figuras 3-11 e 3-12, para perceber isso.
108
Tabela 3-3 - Impacto das Estimativas com as Contingências nos Marcos do Projeto
3.7 RESULTADOS
Constata-se que a “KBR OIL & GAS LTDA.” além de não usar de forma ade-
quada as ferramentas de Gerenciamento de Projetos, baseia os seus processos de
gestão de projetos apenas nos procedimentos da qualidade e normas dos clientes,
orientando desta forma a sua produção em conformidade com estes requisitos. Des-
ta forma, deixa de se beneficiar de meios que ampliariam sua produtividade. A apli-
cação da Corrente Crítica permitiria a redução no tempo de projeto, eliminando o
contingenciamento do tempo de execução, estipulando-se realisticamente os “lead
times” e reduzindo as estimativas usadas no tempo de cada atividade.
Como consequência, a “KBR OIL & GAS LTDA.” está sujeita aos arquétipos
responsáveis por atrasos, e que podem ser eliminados mediante o uso correto da
ferramenta MS-Project (ou similar) e da aplicação das técnicas dos métodos do Ca-
minho Crítico (PMBOK®) e da Corrente Crítica (Teoria das Restrições) no tratamen-
to dos sintomas identificados no seu Gerenciamento de Projetos.
112
• Proctor & Gamble antes da Corrente Crítica completava três projetos por trimes-
tre com 25 projetos no sistema. Após implantar a Corrente Crítica, em um ano e-
les completaram oito projetos por trimestre com 41 projetos no sistema. Com me-
lhorias no sistema eles ampliaram para concluir mais de 12 projetos por trimestre
(SMITH, 2009).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Precisa-se atentar para essa questão: Nenhum recurso é ilimitado! Tudo tem
a sua restrição, e para que se mantenha o foco na principal meta da humanidade
que é a sobrevivência humana em um planeta com recursos cada vez mais escas-
sos, é necessário se usar todas as ferramentas disponíveis.
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BOMBIG, Alberto; PINHO Angela; GORCZESKI, Vinicius (2013). Por que tudo atrasa
no Brasil? 13 de maio de 2013, Revista ÉPOCA. Rio de Janeiro, Ed. Globo. Disponí-
vel em: http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2013/05/por-que-tudo-atrasa-no-
brasil.html. Acessado em 19/03/2015.
6 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ALVES, Alessandro Pereira; SILVA, Tatiane Gomes; ALMEIDA, Rodrigo Santana de;
COGAN, Samuel (2010). Utilizando os Passos da Teoria das Restrições para a Me-
lhoria Contínua da Produção: um Estudo Aplicado a uma Fábrica de Jeans. Revista
do Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial da Universidade Es-
tácio de Sá – Rio de Janeiro. Revista ADM. MADE, ano 11, v.15, n.1, p.93-114, ja-
neiro/abril, 2011.
QUELHAS, Prof. Osvaldo, D.Sc; BARCAUI, Prof. André B., M.Sc.; (2004). A Teoria
das Restrições aplicada a Gerência de Projetos: Uma Introdução à Corrente Crítica.
Disponível em http://www.pmtech.com.br/newsletter/. Acessado em 18/05/2015
SOARES, Mariana Costa Mattos; PAVÃO, Sabrina Pereira. (2009). Uma Proposta
para a Melhor Gestão de Projetos: Um Estudo de Caso de Projetos de Consultoria
em Empresas Estatais. Projeto Fim de Curso - Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro, Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Industrial, Curso de Enge-
nharia de Produção.