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PARALELISMO NA POSSE

De acordo com o artigo 1.96 do código civil brasileiro “ considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não de alguns dos poderes inerentes a
propriedade”

o novo texto do código civil, assim como a codificação anterior, não define o que seja
posse. Existem varias teorias relativas a posse, sendo explicadas por duas teoria
principais: a teoria subjetiva da posse e a teoria objetiva da posse, sendo essa ultima a
que a maior parte da doutrina se baseia .

TEORIA SUBJETIVA DA NATURZEA DA POSSE

Essa teoria subjetiva da posse foi idealizada por Savigny. Para Savigny a posse é
sempre um fato, se tornando direito quando se juridiciza. Savigny diz que para ser
possuidor, o sujeito deve ter o corpus (elemento material) possibilidade de exercer
sobre a coisa os poderes inerentes ao domínio, e o animus (elemento espiritual) a
vontade de ter a coisa como a sua, ou seja aqui não basta a possibilidade de exercer
poder sobre a coisa, o sujeito tem a vontade de ser seu proprietário e não apenas a
vontade de agir como se fosse proprietário.

Nesta teoria havendo o corpus e o animus domini, configura-se a posse. Caso haja o
corpus e a vontade de agir como se fosse proprietário configura-se apenas detenção.

TEORIA OBJETIVA DA NATUREZA DA POSSE

Esta teoria criada por Jhering, Rudolph Von, parte do conhecimento de que o corpus é
o suficiente para que haja a posse, ou seja, é a relação entre o sujeito e a coisa,
exteriorizada como se fosse entre o proprietário e a propriedade, sendo uma relação
fática com a propriedade. Nesta teoria não se exige a intenção do dono (animus
domini) na caracterização da posse.

Sendo assim por esta teoria basta que o possuidor proceda como proprietário da
coisa, velando por ela independentemente de demonstrar a sua intenção de
demonstrar sua intenção de ter a coisa como sua, já que seus atos já demonstram por
si mesmo., ou seja possuidor é aquele que age como se fosse proprietário , podendo
ser ou não o verdadeiro proprietário.

Essa é a teoria mais utilizada no mundo, pois ela explica varias situações corriqueiras
do no dia a dia.

TEORIA SOCIOLOGICA DA POSSE

Tendo a disciplina evoluído o sistema jurídico adotou a teoria sociológica da posse,


pois esta teoria se preocupa em ingressar no plano constitucional superio voltado a
função social. Podendo-se dizer que a posse deve ser explicada e justificada pela sua
própria função social, e não, simplesmente pelo mero viés do interesse pessoal
daquele que a exerce. Ou seja o brasil adotou a teoria de Jhering que conceitua a
posse como exteriorização do poder de fato sobre a coisa.

DESDOBRAMENTO DA POSSE

O desdobramento da posse surge quando se verifica qe o proprietário efetivando uma


relação jurídica negocial com um terceiro, transfere para este terceiro o poder de fato
sobre a coisa. Apesar de não mais, se manter no poder da coisa, o proprietário
continuara sendo possuidor, sendo que indireto.
O possuidor indireto é aquele que entrega a coisa a outro, em virtude de uma relação
jurídica existente entre eles, já a posse direta ou imediata pode ser explicada como a
posse daquele que a exerce os poderes do proprietário , diretamente, sem obstáculo,
pois ele tem o conato físico com a coisa.

Um exemplo seria a de um contrato de locação onde o proprietário (possuidor indireto)


aluga a sua casa para o locador (possuidor imediato) este passa a exercer o poder
físico direto sobre o imóvel. Exercendo sobre ele o direito de usufruir sobre a coisa,
também passa a ser possuidor do imóvel, porque passa a praticar atos de proprietário.
A relação jurídica dessa classificação é que a pose do possuidor direto não exclui a do
indireto. Dessa forma o possuidor nunca poderá reivindicar a sua posse excluindo a do
possuidor indireto.
Vale ressaltar que tanto o possuidor direto quanto o indireto poderão se valer das
ações possessórias para protegerem a sua posse que quem quer que a ameace.

COMPOSSE

A composse se explica quando há uma comunhão de posses, ou seja, quando uma ou


mais pessoas exercem a mesma posse conjuntamente, existindo uma pluralidade de
pessoas, desta forma não há exclusão de nenhum compossuidores, somente podendo
haver sobre coisas indivisas.
Um exemplo seria se você precisasse alugar um cômodo de uma casa onde já existe
outra pessoa morando, sendo que nesta casa só existe um banheiro. Neste caso você
e a outra pessoa serão compossuidores do banheiro, mas possuidores únicos de cada
quarto da casa.
Outro exemplo trazido pelo autor Silvio Rodrigues em sua obra em relação a
composse: seria a dos cônjuges, em um regime de comunhão de bens, ao exercerem,
sobre o patrimônio comum, os direitos de compossuidores. Os atos de posse,
praticados por um dos conjugues não excluem atos semelhantes do seu consorte.
Apesar de parecerem institutos semelhantes, a composse se diferencia do
desdobramento possessório, pois, aquela constitui posses da mesma qualidade,
sendo assim os compossuidores exercem a mesma posse, com as mesmas
características. Sendo que no desdobramento possessório, as posses são de
qualidades diferentes, cada um exerce uma determinada posse, com suas
características próprias.

CARACTERISTICAS DA POSSE

POSSE PLENA E NÃO PLENA

Posse plena é a posse que não foi desdobrada.

Posse não plena é aquela resultante de um desdobramento. No caso do


desdobramento surgem duas classificações: posse direta (imediata) e posse indireta
(mediata).

Posse direta ou imediata é aquela que é adquirida pelo não proprietário, é quando
uma pessoa adquire o coisa na forma física. A posse direta é marcada pela
temporariedade, porque esse desdobramento se baseia na relação transitória da
transferência de poderes dominiais. Exemplo um contrato de locação, onde o locador
cede a posse ao locatário.
A posse direta ou imediata também caracterizada como subordinada ou derivada, já
que a atuação do possuidor direto é limitada ao âmbito dos poderes dominiais, sendo
esse poder transferido pelo possuidor indireto.

Posse indireta ou mediata é aquela que o proprietário conserva quando por um tempo
cede a outro o poder de fato sobre a coisa.

POSSE PRÓPRIA E NÃO PRÓPRIA

Posse própria é aquela que é a posse que é fundada em titulo causal.


Posse não própria é a posse que não é titulada.

POSSE JUSTA E INJUSTA

Posse justa é a posse que não possui vícios


Posse injusta é a posse que é viciada, ou seja, é decorrente de uma violência,
clandestinidade ou precariedade.

Os vícios da posse são:


Violência: quando se obtém a posse por meio de um ato de violência
Clandestinidade: é quando se obtém a posse por meio de subterfúgios que mascaram
a obtenção.
Precariedade: é quando se obtém a posse por abuso de confiança.

BOA- FÉ E MÁ-FÉ
A posse com boa-fé é a posse que não esta viciada ou a posse que tem vícios mas o
possuidor ignora o vicio.

A posse com ma-fé é a posse que não tem vicio, porém o possuidor supõem que há o
vicio ou o possuidor tem conhecimento do vicio.

DETENÇÃO

Conceitua-se a detenção como o exercício fático das faculdades de usar, gozar e


reaver, pautado na subordinação e dependência do real proprietário ou possuidor, e
limitado também no poder de dispor e, sujeito a cessação dos seus efeitos mediante a
vontade do subordinante.

Portanto a detenção é aquela situação em que alguém conserva a posse em nome de


outro em cumprimento ás suas ordens e instruções, não sendo a detenção uma posse,
conferindo ao detentor direitos diferentes da posse.

Um exemplo comum seria de um caseiro em relação ao imóvel que ele cuida. Se por
algum evento houvesse uma ação possessória dirigida indevidamente ao detentor,
este deverá nomear a autoria ao possuidor ou proprietário. Esta nomeação é
obrigatória de acordo com o artigo 1.198 do código civil

“considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com


o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções
suas.”

TRADIÇÃO

É a entrega da coisa ao adquirente, com a intenção de lhe transferir sua propriedade


ou posse.

O artigo 1.267 do código civil diz o seguinte:

“a propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”

A tradição pode ser efetiva, simbólica e ficta

Tradição efetiva é aquela que o bem é transmitido a outro conforme combinado. A


entrega da coisa se aperfeiçoa com a posse do bem em sim.

A tradição simbólica
É aquela que tem pose base no ato que exprime a entrega que não foi real, mas por
um ato equivalente, sendo aquela que ocorre por meio de documentos. Com esta
tradição mesmo que a tradição efetiva não tenha sido concretizada, o bem já estará na
posse de outro.

A tradição ficta

É aquela que embora não tenha a entrega da coisa efetiva, o alienante continua na
posse em nome do outro, podendo ocorrer de três formas: através do taditio brevi
manu, traditio longa manu e do constituto possessório.

EFEITOS DA POSSE

São efeitos que decorrem da posse: a proteção possessória, abrangendo a autodefesa


e a invocação dos interditos; percepção dos frutos; responsabilidade pela perda ou
deterioração da coisa; indenização pelas benfeitorias e o direito de retenção e a
usocapião.

- da manutenção da posse: tem como pressuposto que o possuidor, no exercício da


sua posse, tenha sofrido embaraços, mas sem perdê-la.

-reintegração de posse: no caso de esbulho, em que o possuidor venha a ser privado


da posse, adequada é a reintegração de posse, esta ação pressupõe a perda da
posse em razão do ato de agressão.

- interdito proibitório- aqui trata-se de tutela possessória com fim inibitório, visando a
evitar a agressão ou o incomodo, ou seja, consiste na defesa preventiva da posse pelo
possuidor , a qual esta ameaçada.

CASO CONCRETO

Fulano é proprietário de um imóvel no estado do Rio de Janeiro, em 20 de


janeiro de 2019 o proprietário deu o seu imóvel a uma sociedade empresaria
em comodato por prazo determinado, ocorrendo portanto o desdobramento da
posse. Findo o prazo o comodato foi prorrogado por prazo indeterminado..

Decorrido um período o proprietário solicitou a devolução do imóvel, onde o


comodatário solicitou um prazo para a devolução do imóvel, findo o prazo
solicitado pelo comodatário, este disse que não devolveria o imóvel. O
proprietário esgotou todas as formas amigáveis de reaver seu imóvel, então
enviou ao comendatário uma notificação extrajudicial, onde não obteve
nenhuma resposta.

A notificação extrajudicial foi entregue diretamente a administradora da


sociedade empresaria, dando se inicio ao prazo de 60 dias para a saída
amigável do imóvel. Ao termino do prazo e com a falta de devolução do imóvel
e com o esgotamento das tentativas amigáveis de reaver o seu imóvel, não
restou outra alternativa para o proprietário senão de ingressar com uma
demanda judicial solicitando a reintegração de posse.

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