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Raquel Rebouças A.

Nicolau
ORGANIZADORA

DESIGN, TEORIA E PRÁTICA


Raquel Rebouças A. Nicolau
ORGANIZADORA

Z83 Zoom: design, teoria e prática / Raquel Rebouças A.


Nicolau (Orgs.). - João Pessoa: Ideia, 2013.
201p.:il.

ISBN 978-85-7539-784-8

I. Design - teoria e prática

CDU: 7.05

EDITORA DesIGN, teORIA e PRátIcA


www.ideiaeditora.com.br

Feito o Depósito Legal


Impresso no Brasil

João Pessoa
Paraíba
2013
Capa e Projeto Gráfico:
Hossein Albert Cortez de Oliveira

Equipe de Diagramação:
Affonso Wallace Soares Lopes
Ayrla de Farias e Melo
Danielle Araújo Silva Trinta
João Fellipe Guimarães da Silva
Niandson Leocádio da Silva
Sarah da Nóbrega Lins

Coordenação Editorial:
Raquel Rebouças Almeida Nicolau

Assistente Editorial:
Hossein Albert Cortez de Oliveira

Equipe de Revisão:
Amanda Vilar de Carvalho
Ana Carolina dos Santos Machado
Anália Adriana da Silva Ferreira
Fabrício Vieira de Oliveira
Raquel Rebouças Almeida Nicolau
Vítor Feitosa Nicolau

Organizadora:
Raquel Rebouças Almeida Nicolau
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Design, teoria
e prática
Raquel Rebouças A. Nicolau
Mestre em Design

Vítor Feitosa Nicolau


Mestre em Comunicação

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Design, Teoria e Prática
“O designer tornou-se um operador-chave no mundo da produção e do consumo, cujo
saber empregado é tipicamente multidisciplinar pelo seu modo de raciocinar sobre
o próprio produto, por estar no centro da relação entre consumo e produção, pela
necessidade de entender as preferências e as dinâmicas da rede de valor e, sobretudo,
por que as suas ações devem conseguir modificar ou conferir novos valores aos
produtos através de suas intervenções projetuais. Os designers, de igual forma,
tendem a promover a síntese dos conceitos teóricos e transferi-los como resposta
formal de satisfação, desejo ou necessidade” (CELASCHI apud MORAES 2008, p 13)

Algumas áreas de estudo, que abrangente e o desenvolvimento


eram sustentadas pelo ideal de de ações transversais são
um cenário estático, entraram em essenciais para os designers.
conflito com a realidade do cenário
fluido atual, que se apresenta O Design é utilizado para informar,
repleto de mudanças e códigos identificar, sinalizar, estimular,
A atividade do Design, essencialmente relacionada ao ato de projetar, não passíveis de interpretações. persuadir, conscientizar. Os meios
pode ser pensada como uma área estática, com fronteiras definidas. Ela se Krucken (2008) afirma que o para esses objetivos são variados
configura a cada nova necessidade profissional e social. Design e Gestão, principal desafio do Design no e torna-se cada vez mais difícil
Design e Experiência, Design e Interação - é o Design voltado ao contexto mundo contemporâneo está no delimitá-los diante da infinidade
e às necessidades em que está inserido. Nesta aproximação, são absorvidas desenvolvimento de soluções para de substratos de atuação, os quais
novidades e fornecidos subsídios para otimizar a profissão e as áreas com que questões complexas, que exigem têm se tornado cada vez mais
pode ser associado o design. uma visão ampliada do projeto, complexos e interdisciplinares. Sob
envolvendo produtos, serviços e essa perspectiva, a atuação dos
O uso plural da expressão ‘Design’ tem como possível causa a capacidade comunicação, de forma conjunta designers supõe uma transformação
de integração do conhecimento de diversas disciplinas e áreas de estudo, na e sustentável. Neste contexto, contínua na elaboração do próprio
reflexão a respeito da tríade de produção, ambiente e consumo. a riqueza interpretativa, a visão conhecimento.
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Cabe ao designer intervir na realidade com atos projetuais, superando profissional e à pesquisa. O conceito A ideia do nome ‘Zoom’ para
“A tecnologia digital levará a
as dificuldades e não se contentando apenas com uma postura crítica de design se expandiu e se libertou esta publicação surgiu como profundas mudanças nas tradições
epistemológicas e criará um novo
Design, Teoria e Prática

frente à realidade e persistindo nessa posição. Afinal, projetar, de algumas regras que o limitavam. um convite a observar o papel para o design visual.(...) Ao giro
introduzindo as mudanças necessárias, significar ter a predisposição de Essa nova configuração apresenta design ‘mais de perto’, a um icônico das ciências corresponderia
o giro cognitivo nas disciplinas
mudar a realidade sem se distanciar dela. (BONSIEPE, 2011, p. 37) um crescimento da popularidade percurso que leve além das projetuais. (...) Seria necessário fazer
uma completa revisão dos currículos
do termo, junto com a necessidade fronteiras desse material, como escolares, privilegiando esses novos
discursos em substituição aos
de rever os limites deste, a fim de sugestão de aprofundamento.
discursos tradicionais.”
A prática e o estudo do design Cabedelo-PB. A elaboração deste reposicionar a profissão e o campo Zoom remete a foco, ao (MORAES, 2008, p. 240)

têm como função refletir sobre a estudo busca refletir sobre o Design de pesquisa. posicionamento do olhar para
cultura na qual participamos. Essa e apresentar áreas de atuação e
reflexão resulta em diferentes pesquisa a ele relacionadas. Na
olhares que se adequam ao contexto busca de incentivar a reflexão dos
histórico e social vivenciados. É discentes sobre a abrangência
difícil observar as vertentes do das escolhas profissionais em
design de forma singular, tal atitude que podem se aprofundar, surge
resultaria em uma visão distorcida e um material de apoio a alunos e
equivocada. As áreas e sinuosidades profissionais que estão no mesmo
do design devem ser avaliadas em caminho ou que buscam uma leitura
conjunto, de forma integrada e indicativa de referências a respeito
orgânica. O design precisa investir de diferentes enfoques das áreas
prioritariamente na atividade de do Design. Não é necessário uma
projeto, onde deve estar seu olhar linearidade na leitura, a sequência
central, não se podendo privilegiar pode ser guiada pelos links entre os
apenas o discurso do campo de capítulos ou de acordo com as áreas
atuação. de interesse do leitor.

O presente projeto foi idealizado Os termos apresentados nos


em parceria com alunos do títulos dos capítulos não tratam de
Pixelmator - Projeto Vencedor da
curso Superior Tecnológico de novas denominações do design, e Apple Design Awards 2011
< http://www.pixelmator.com/>
Design Gráfico, do IFPB, Campus sim de associações úteis à prática
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uma realidade ampliada ou ‘Zoom – design, teoria e prática’ é uma Revisões nos modos de tratar o design segundo o critério de divisão por
pontual, que facilita na percepção reunião de recortes, de várias cores, disciplinas é uma necessidade no cenário contemporâneo. A vocação
Design, Teoria e Prática

dos limites, ou da ausência deles, formas e densidades. Uma solução que interdisciplinar do design se mostra evidente tanto na prática diária como
em alguns pontos do design. É precisa ser vista na particularidade nos discursos de designers e estudiosos. (ROMERO, 2011, p.16)
necessário também que sejam de cada vertente, mas também na
encontradas nas entrelinhas uniformidade de uma única disciplina,
desse material a reflexão a plural, mas com coerência e harmonia Este material é também um do passado, existiam ‘containers
respeito dos temas abordados e nos objetivos de projetar soluções para apontador, um chamado a disciplinares seguros’, nos quais
da pluralidade do design. melhorar o contexto em que vivemos. observação e reflexão sobre pontos qualquer um poderia se posicionar,
de congruência do Design, dos sentindo-se bem definido em sua
‘novos Designs’ que ameaçam própria identidade profissional (e,
surgir e que precisam ser olhados consequentemente, no sentido
de forma crítica, com os pés no amplo, também na esfera pessoal).
mais coerente embasamento Agora não é mais assim: ‘no mundo
para o campo. Se tudo passa a ser fluido contemporâneo’, os containers
Design, corremos o risco de nada foram abertos e as suas paredes não
mais ser Design. O livro, apesar de são mais protegidas, as definições
não abordar esse dilema em sua profissionais e disciplinares se
essência, é um convite à reflexão dissolvem e qualquer um deve
sobre as portas que surgem para a redefinir a si mesmo e à sua
nossa profissão híbrida e ramificada. própria bagagem de capacidade e
competência”.
Manzini (apud MORAES, 2008,
p.16) afirma que: “no mundo sólido

Projeto ‘Map of the future’, “Algumas disciplinas da area do conflito com a realidade do cenário
desenvolvido pela Density Design conhecimento humano, que se mutante atual, que se apresenta
<http://www.densitydesign.org/ sustentavam em interpretações sólidas permeado de mensagens híbridas e
research/map-of-the-future/> advindas do cenário estático (dados códigos passíveis de interpretações.”
previsíveis e exatos), entraram em (MORAES, 2008, P.14)
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Diante de cenários mutantes e Esta realidade de conexão e interação, diversos temas, não é resultar em O grande diferencial nesta e em
complexos que vivemos nos dias exige dos designers uma capacidade conclusões, mas gerar no leitor a tantas profissões, não se encontra
Design, Teoria e Prática

atuais, o desafio para os designers para ir além dos limites projetuais: de curiosidade a respeito daquilo que apenas em pesquisas e livros, mas
está nos atributos intangíveis atualização e gestão da complexidade. não está aqui escrito: o que não foi prioritariamente na paixão e nos
do universo do consumo – Moraes (2008) defende a ilustrado nas páginas que seguem e ideais que impulsionam o trabalho.
democracia, sustentabilidade, necessidade de entender que que pode ser amplamente explorado
experiência, interação e emoções. passamos da “técnica para a cultura por alunos e profissionais do Design. Cada capítulo foi escrito por um
O que leva ao contato aproximado tecnológica”, da “produção para a aluno do curso de
com disciplinas cada vez menos cultura produtiva” e do “projeto para Design Gráfico do
objetivas e exatas. Há um cenário a cultura de projeto” o que ampliou as Hoje, o universo do Design Gráfico se IFPB - Cabedelo, em
contemporâneo da abundância fronteiras de atuação e pesquisa dos ampliou. Não tratamos mais de espaços bi busca da descoberta
de informações e da interconexão designers na atualidade. ou tridimensionais, mas tratamos de espaços de um ponto de
entre elas, fazendo do Design que nem sequer temos o alcance visível e/ou partida para um
um resultado de contínuas Este material pode ser visto como material. (CAMPOS, 2011, p.30) aprofundamento
transformações na reorganização um enfoque do vasto universo no Design. Os
do sistema de produção, ambiente do Design. O objetivo da reunião temas foram
e consumo. de pequenos artigos, sobre Que essa publicação contribua na selecionados a partir das áreas
busca da satisfação ao apreciar, apresentadas no tópico sobre
estudar e desenvolver projetos. especialidades do Design,
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BONSIEPE, Gui. Design, Cultura e Sociedade. São Paulo, Blucher, 2011.
Design, Teoria e Prática

Design, Teoria e Prática


CAMPOS, Gisela Beluzo de. Novos Enfoques para o Design Gráfico. In
Novas Fronteiras do Design Gráfico/ Orgs. Gisela Belluzo, MaríaLedesma.
São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2011.

KRUCKEN, Lia. Competências para o Design na Sociedade


Contemporânea. Estudos Avançados em Design.Caderno 2. UEMG, 2008.

Projeto vencedor do IF Comunication ROMERO, Monica Pujol. Design: apontamentos para definir o campo. IN
Award Design 2012
Escritório responsável: Papel Design contidas no documento de referencias bibliográficas a Novas Fronteiras do Design Gráfico/Orgs. Gisela Belluzo, MaríaLedesma.
< http://www.pegadesign.com/en/
portfolio-daocha.html > Acesso em
“Revisão da Tabela de áreas de respeito do tema abordado. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2011.
Março de 2013 conhecimento sobre a ótica do
“A estética é apenas um dos fatores, design”, organizado pelo comitê Como entusiastas do Design, este MORAES, Dijon de. Design e Complexidade. Estudos Avançados em
entre muitos outros, com os quais
o designer de produtos trabalha, de assessoramento da área de significa um pequeno trabalho, com Design. Caderno 2. UEMG, 2008.
não sendo o mais importante e nem
tampouco aquele dominante. Ao
Desenho Industrial do CNPq uma intenção nobre: a de transpor
lado do fator estético, existem os em 2005. Cada artigo apresenta barreiras e alimentar de forma
fatores da produção, da engenharia,
da economia e também dos aspectos pesquisas, apontamentos, relatos perene, o despertar para novos
simbólicos.” (Maldonado apud
Bonsiepe, 2011, p. 53) de profissionais e indicação pontos de vista do Design.
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Design e
editorial
Affonso Wallace Soares Lopes
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O design editorial é uma das Design editorial é uma profissão

Design Editorial
especialidades do design gráfico multidisciplinar que atua na
e corresponde ao projeto visual formação de opinião e na busca
de uma edição. Entende-se por de soluções para um determinado
edição o processo de planejamento problema gráfico, conjugando
envolvendo textos e imagens que características formais com
irão compor uma publicação, sendo aspectos de funcionalidade do
ela periódica ou não. Livros, jornais, projeto. A editoração pode atuar no
revistas, e-books, são produtos de projeto gráfico de livros, revistas,
design editorial, onde mensagens jornais, catálogos e inúmeras outras
visuais e textuais são ordenadas plataformas de comunicação visual.
visando cumprir os objetivos Este campo converge produções
de comunicação. Hierarquia da oriundas de várias disciplinas,
informação, ritmo e harmonia da por isso o designer deve ter o
composição são valores relevantes conhecimento de aspectos culturais
a serem alcançados nessa área e técnicos do projeto, exigindo
do design. Villas-Boas (1999), senso estético e treinamento no
conceitua o design editorial manuseio de ferramentas gráficas.
como:

[...] a área de conhecimento e a prática profissional específica que tratam


da organização formal de elementos visuais - tanto textuais quanto não
textuais que compõem peças gráficas feitas para reprodução, que são
reproduzíveis e que têm um objetivo expressamente comunicacional.
(VILLAS-BOAS, 1999, p.17).

O designer editorial relaciona-se


com ilustradores, fotógrafos,
infografistas, jornalistas e redatores,
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além de manter contato com foi ato o de projetar livros, revistas
gráficas e setores de acabamento. e jornais. Desde os tipos móveis,
Design Editorial

Design Editorial
Em um projeto de diagramação, o design editorial é uma das
o designer deve valorizar o texto, atividades de excelência, exercida
escolhendo a tipografia mais por designers gráficos. Segundo a
adequada, utilizando recursos e ADG¹ , a área editorial é a que mais
técnicas que são fundamentais para absorve os profissionais de design
uma edição, como a escolha do grid, gráfico no Brasil. Na área editorial
da hierarquia da informação, de brasileira, há poucas décadas atrás, O design editorial se utiliza da publicação. Deve-se também
cores e de composições adequadas os designers eram contratados combinação de elementos gráficos estar atento aos tipos de suportes
ao projeto. para fazer prioritariamente capas no objetivo de informar, instruir oferecidos e /ou disponíveis para
e comunicar os objetivos da o projeto. Mais do que apresentar
“Cresce a preocupação em tratar as publicações como objetivos publicação. Com o desenvolvimento o conteúdo, é necessário refletir
integrais, incorporando à linguagem visual da capa e do miolo das tecnologias digitais, o termo sobre os diferentes contextos de
a escolha do papel e acabamento e a qualidade de impressão”. editoração eletrônica passou a ser aplicação e usabilidade no design
(ALVES, 2003, p. 28-29) utilizado, foram introduzidos novos editorial.
softwares para a composição destas
O texto também pode ser auxiliado de livros, ficando o conteúdo por publicações virtuais. Com o desenvolvimento de novas
com imagens e ilustrações, conta da própria editora, recebendo tecnologias, surgiram diferentes
dependendo do tipo de publicação. tratamento padronizado e No projeto de diagramação, ferramentas e técnicas de atuação.
mecânico. Atualmente, os designers geralmente é aplicada a construção A tipografia tem evoluído e tornou-
Questões como legibilidade, são responsáveis pelo projeto de um grid para a disposição se independente da caligrafia. A
leiturabilidade, harmonia e gráfico de todas as dimensões da ordenada de elementos, como ampliação dos recursos fotográficos,
equilíbrio permeiam todo projeto edição. formas, cores, ilustrações, dos processos gráficos e de
Exemplo de design editorial. Projeto de
de design gráfico, o que não é Graduação dos alunos da FH Joanneum, fotografias e a escolha do impressão transformaram essa área.
University of Applied Sciences -
uma exceção em design editorial. Áustria. Projeto disponível em: http:// formato do texto. Com uma grade O designer gráfico deve coordenar,
Segundo Alves (2003), o que www.behance.net/Gallery/Bachelor- compositiva, o diagramador possui por meio do projeto gráfico, os
Thesis/435855
mais tornou os designers gráficos ¹ALVES, Marcus Vinícius Barili. maior liberdade em distribuir de elementos estético-visuais para
O valor do Design. Guia ADG
conhecidos, além de símbolos e Brasil de prática profissional forma adequada e equilibrada compor a mensagem, seja ela textual
do designer gráfico: da prática
logotipos (identidade corporativa), à teoria. Ed. Senac, 2003.
os elementos que compõem a ou não. Estes elementos devem ser
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projetados com ênfase no perfil do de arte, Alexey Brodovich, entre as Diagramação de Joseph Sem sacrificar a legibilidade, adotaram apresentações de notícias
Muller-Brockmann e de
público-alvo do projeto. décadas de 40 e 50 se tornou uma Richard Paul Lohse - década a clareza de navegação ou a mais envolventes, ilustrativas e
de1950
Design Editorial

das maiores referências na área de flexibilidade necessária para acessíveis. A variedade de larguras
Um bom exemplo de design editorial design editorial, especificamente produzir edições cujo conteúdo está de texto diferencia as matérias e
é o da revista de moda Harper’s falando de periódicos. Suas idéias em permanente e rápida evolução, cria uma tensão dinâmica entre os
Bazaar. O designer gráfico e diretor gráficas inventivas e seu estilo o design do The Seattle Times se espaços, ajudando na orientação do Capa do Jornal do The Seattle
Times - Edição do dia 23 de janeiro
visual são muito apreciados até os assemelha a outros jornais que conteúdo. de 2012.
dias de hoje. A característica de
dispor colunas e textos remetendo
a silhuetas femininas era o motivo
central para compor os layouts.

Importantes designers da suíça na


década de 50 construíram malhas
inovadoras de espaços geométricos
para organizar os layouts, como
Joseph Muller-Brockmann e
Richard Paul Lohse.

Outro exemplo de design editorial


é o projeto de redesign do jornal
The Seattle Times² , que possui
uma estrutura de grid clara, com
variedade de famílias tipográficas,
tratamentos de cor e inovação na
composição, gerando um aspecto
dinâmico que difere do layout de um
jornal convencional.
layouts de Alexey Brodovich ²Seattle Times <http://
para a revista Harpeer’s seattletimes.com/html/home/
Bazaar index.html> Acesso em 10 de
Abril de 2013
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Ainda no âmbito do jornalismo, o O Design Editorial exige do interferir de forma relevante na ALVES, Marcus Vinicius Barili. O valor do design - Guia ADG Brasil de prática
profissional do designer gráfico: da prática à teoria. São Paulo: Senac, 2003.
Jornal Folha de São Paulo³ recebeu profissional um conhecimento possível interpretação do material
Design Editorial

Design Editorial
oito prêmios de design gráfico. Este aprofundado a respeito da por parte do leitor, pois certos
COLLARO, Antônio. Projeto Gráfico: teoria e prática da diagramação. São Paulo:
jornal é o veículo brasileiro mais percepção de arranjo espacial, recursos gráficos podem evidenciar Summus, 2000.
premiado pela Society for News análise de conteúdo, construção de ou disfarçar diversos elementos
Design concurso realizado desde grid e domínio dos tipos de suportes da composição. No âmbito das FENSTERSEIFER, Thais Arnold. Design Editorial: Os livros infantis e a construção
de um público leitor, 2012 <http://hdl.handle.net/10183/61843>
1979, que reúne importantes e formatos no projeto. Podemos mídias, este profissional tem um Acesso em 13 de abril de 2013.
projetos de design editorial. concluir que o designer pode importante papel social e ético, pois
possui parte da responsabilidade FETTER, Luiz Carlos. Revistas, Design Editorial e Retórica tipográfica, 2011.
<http://hdl.handle.net/10183/30193> Acesso em 13 de abril de 2013.
sobre a exposição do conteúdo de
uma publicação,que guia e ajuda a HEITLINGER, Paulo. Layout - Design Editorial, Boas práticas de composição e
compreensão do leitor. regras tipográficas. Disponível em: <www.tipografos.net>
Acesso em 11 de Abril de 2013.

SAMARA, Timothy. Guia de Design Editorial: Manual Prático para o Design de


Publicações. Editora Bookman, 2011.
³Folha de São Paulo < http://www.folha.
uol.com.br/ > Acesso em 11 de Abril de
2013 SCHERDIEN, Ingrid. Design de Livros: Analisando a Construção Gráfica/Editorial,
2010. < http://tconline.feevale.br/tc/files/4902_277.pdf>
Acesso em 13 de abril de 2013.

VILLAS-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi] Design. Rio de Janeiro. Ed. 2AB.
1999.

Links:

Folha de São Paulo <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/94908-folha-ganha-


oito-premios-mundiais-de-design-grafico.shtml>. Acesso em 06 de abril de 2013.

Caderno Cotidiano - Folha de São


Paulo - Edição do dia 19 de março
de 2012.
Design e
embalagem
Ana Carolina dos Santos Machado
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As embalagens podem funcionar acondicionamento, no ato do
como importantes ferramentas envase, até o consumo e o uso
Design e Embalagem

Design e Embalagem
de mercado, ajudando empresas do produto pelo consumidor
a atrair novos clientes e manter final”. Durante o transporte, a
os já estabelecidos. Em relação ao embalagem deve proteger o
poder de venda de uma embalagem, conteúdo, impedindo que ele
Klimchuk e Krasovec (2012, p. 1, sofra qualquer tipo de avaria. Ela
tradução livre) afirmam que: deve ser projetada para resistir a
possíveis impactos ou acidentes,
O seu principal objetivo é criar um veículo que serve para conter, bem como promover proteção
proteger, transportar, distribuir, armazenar, identificar e distinguir contra umidade, temperaturas
um produto no mercado. Em última análise, o objetivo do design excessivas ou mau tempo.
de embalagens é atender objetivos de marketing, comunicar a
personalidade de um produto de consumo e gerar a venda. A embalagem precisa permanecer
(KLIMCHUK & KRASOVEC, 2012, p. 1) comercializável frente às múltiplas
Embalagem de água mineral
inspirada nas geleiras da etapas antes do produto chegar
Noruega. Existem diversos tipos de ao seu destino final. Isto inclui
embalagens comerciais, dentre carregamento, descarregamento,
Escritório Responsável: Blue
Marlin elas caixas de transporte, re-carregamento e eventualmente
recipientes para bens industriais o armazenamento em estoques.
e suportes para produtos de Portanto, ela deve ser versátil o
consumo. Além de proteger o suficiente para facilitar a totalidade
Design de Embalagem não trata apenas do projeto de um invólucro visualmente conteúdo contra danos e evitar do processo. Negrão e Camargo
agradável. Negrão e Camargo (2008, p. 29) definem embalagem como “um acidentes com o manuseio, (2008, p.30) afirmam que “a
sistema cuja a função é técnica e comercial, e tem como objetivos acondicionar, para Negrão e Camargo (2008, embalagem tem como função
proteger (desde o processo de produção até o consumo), informar, identificar, p.30), “a proteção implica na primordial garantir a integridade do
promover e vender um produto”. O design da embalagem se configura então preservação da integridade física produto desde o fabricante até o
como o projeto do recipiente que armazena e representa um conteúdo. e química do produto, desde o canal de venda onde será adquirido.”
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Design e Embalagem

Design e Embalagem
Embalagem de Pipoca
Funções e Requisitos de uma serviço está inserido: na residência, a atenção do consumidor, que Na distribuição: O produto arma- Gourmet que faz uso de cores
contrastantes em seu layout.
Embalagem no local de comercialização, na comuniquem confiança, e que o zenado precisa chegar intacto ao
produção industrial, na logística produto seja de fácil identificação seu destino final. As embalagens
Escritório Responsável: Designers
Uma embalagem deve: satisfazer de distribuição e nas legislações e diferenciação da concorrência. devem ser capazes de suportar a - anonymous.com

os requisitos legais exigidos, ser específicas ao conteúdo que Deve-se ainda comunicar benefícios pressão de diversas caixas armaze-
adaptável ao processo produtivo, envolve: extra e motivar os clientes ao nadas umas sobre as outras; resistir
proteger o produto, promover ou consumo do item. à umidade; e adaptar-se a mudanças
vender o item, e ainda comunicar Residência: No espaço doméstico, de temperatura. As embalagens
valores atrativos para o usuário, a embalagem deverá ser de fácil Na produção: As exigências durante também devem ser concebidas para
dentre outras atribuições manuseio e armazenagem. Além esta fase abordam questões de satisfazer as necessidades de trans-
específicas a cada etapa de disso, um número crescente custo, tempo de produção, escolha porte. Negrão e Camargo (2008)
produção, comercialização, uso e de consumidores esperam que de materiais, resíduos e gasto de afirmam que qualquer dano ao
descarte. a embalagem seja reciclável, energia. O contexto de produção produto no processo de transporte
reutilizável e ecologicamente viável. possui influência hiperativa no gera perdas para a empresa, que
O Design de embalagem deve preço final e nos demais atributos deverá ressarcir o cliente, sem que
atender critérios funcionais em Local de Comercialização: É da embalagem. este tenha qualquer ônus.
cada contexto em que o produto ou preciso que as embalagens atraiam
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Design de Embalagem e a tamanho, clareza e aproveitamento estando entre as escolhas mais
Embalagem de cerveja do
Qualidade do espaço visual.” Portanto, se a Canadá que tem a tipografia importantes no desenvolvimento
como objeto principal
Design e Embalagem

Design e Embalagem
embalagem tenta transmitir muitas no projeto. Na lateral da gráfico de uma embalagem.
Não basta o produto/serviço mensagens sem uma organização embalagem, onde estão as
informações técnicas, foram
ter qualidade, é preciso que a hierárquica, provavelmente haverá utilizados diversos tipos de A escolha da tipografia exerce uma
tipografia que resultou numa
embalagem comunique esse valor a problemas na comunicação com o composição harmoniosa e que grande importância no projeto.
não prejudica a clareza das
respeito do conteúdo. A impressão consumidor. As fontes a serem utilizadas
informações sobre o produto.
de qualidade é um requisito precisam ajudar na comunicação
importante para a embalagem, A embalagem deve ser projetada Escritório Responsável: dos valores associados ao produto.
Saint Bernadine Mission
porque os itens que são percebidos para despertar o desejo de Communications Inc. Deve-se tomar cuidado com a
como de baixa qualidade são consumo. A atratividade questão da legibilidade, a escolha
geralmente assumidos como tal. está relacionada à estética de uma tipografia deve levar em
Embalagens que transmitem baixo e à visibilidade do produto. consideração sua leiturabilidade
valor agregado incluem: tipografia, Dependendo do conteúdo, a perante o consumidor. Todas
cores ou imagens desbotadas e/ou embalagem pode ser projetada para as informações presentes na
com falhas de impressão e que não parecer atraente, emocionante, embalagem devem estar num
refletem os benefícios do produto suave, assustadora, intrigante, ou tamanho adequado para leitura sem
comercializado. alguma outra reação emocional a grandes esforços. Há que se tomar
ser despertada no consumidor. cuidado também com tipografias
A embalagem deve ser de fácil de hastes muito finas, pois estes
leitura e interpretação, isto é de Cor e Tipografia no Design tipos podem sofrer problemas
suma importância para produtos de Embalagem no processo de impressão,
que são dispostos no ponto apresentando falhas principalmente
de venda rodeados de marcas No design de uma embalagem, a quando o fundo for de cor escura e a
concorrentes. Roncarelli e Ellicot combinação de cores e a escolha tipografia de cor clara.
(2010, p. 168) afirmam que “para da tipografia são os aspectos que
comunicar-se eficazmente, o design formam a base da composição As combinações de cores podem
precisa ter um elemento dominante visual do projeto. Eles auxiliam ser interpretadas de forma
que se destaque dos demais. Este na identificação, na comunicação completamente distintas, de acordo
elemento deve ser óbvio pelo dos atributos e no uso do produto, com a idade, gênero, cultura,
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O Futuro das Embalagens sustentáveis, por embalagens


que podem ser recicladas e/
Design e Embalagem

Uma das tendências mais relevantes ou reutilizadas. A tendência


no mercado de embalagens em embalagens sustentáveis ​​
é a crescente valorização da está crescendo rapidamente e
sustentabilidade. Um grande abrangendo o mercado de bens de
número de consumidores estão consumo, vestuário e alimentos.
O design minimalista dos
optando por alternativas mais De acordo com Roncarelli e produtos da empresa Hartford
Reserve possui como destaque
Ellicott (2010, p. 110) “apesar das
o uso da tipografia.
embalagens sustentáveis ainda não
Escritório Responsável: United*
para A&P

ideologia ou perfil emocional item providencial e de extrema


Exemplo de como a cor pode
atuar de forma predominante do grupo a que se destina a importância. Roncarelli e Ellicott
num projeto de embalagem.
embalagem. Para Fraser e Banks (2010) defendem que um produto
Edição limitada da Vodka
Absolut intitulada “ABSOLUT (2011, p. 1) “as associações com deve manter o equilíbrio, não
Unique”.
as cores variam entre culturas e afastar o consumidor pelo excesso,
Escritório Responsável: Ardagh indivíduos [....] uma cor ou uma mas também não ser tão comum a
Group
composição colorida, pode significar ponto de nem ser notado no ponto
algo diferente para cada pessoa que de venda. O ideal está em equilibrar
olha para ela.” as cores e os demais elementos
visuais de forma a envolver o
A escolha da paleta de cores no consumidor positivamente.
projeto de uma embalagem é um
40

41
serem a principal razão da compra é uma das principais causas do Reciclar
de um produto, tornaram-se uma desperdício. Com a simples redução
Design e Embalagem

Design e Embalagem
das expectativas do consumidor.” do tamanho da embalagem, é O uso de materiais recicláveis no
possível economizar um grande projeto de uma embalagem permite
Para Mestriner (2002, p.11) “a volume anual de matéria prima. a sua reintrodução na cadeia
embalagem é um produto da ação industrial para outros fins. Essa
de uma complexa cadeia produtiva Reutilizar consciência contribui na redução
que começa na matéria-prima.” do volume de extração de recursos
Embalagens sustentáveis são Uma nova solução para diminuir a naturais.
aquelas projetadas com ênfase na quantidade de resíduos é evitar o
redução e conservação de recursos uso de embalagens descartáveis e Muitos materiais modernos
importantes para o meio ambiente adotar recipientes que cumpram podem ser processados mais de
e para a sociedade. Há três ações mais de uma função, que possam uma vez, isso significa que eles
principais a serem valorizadas ser posteriormente reutilizados podem ser reciclados após o
pelos designers durante o projeto, para outros fins, tais como copos de descarte. É crescente a quantidade
são os chamados 3Rs (Cartilha de vidro, potes, caixas plásticas, entre de fabricantes que optam por
Diretrizes de Sustentabilidade para outros. materiais recicláveis e reciclados,
a Cadeia Produtiva de Embalagens e contuibuindo grandemente com os
Bens de Consumo, p. 7): A embalagem multiuso, além de ser princípios da sustentabilidade.
menos agressiva ao meio ambiente,
Reduzir possui outra vantagem competitiva:
As sacolas 60BAGS são biodegradáveis e produzidas com
fibras de resíduos industriais, portanto não exploram a maior permanência da marca junto
os recursos naturais do planeta e exigem o mínimo
de energia durante a sua produção. Esta tecnologia Uma grande porcentagem de ao consumidor. Para Roncarelli
inovadora originada na Polônia permite que as sacolas se embalagens possui dimensões e Ellicott (2010, p. 118), “é uma
decomponham naturalmente em aproximadamente 60 dias
depois de serem descartadas, o que significa que elas não maiores do que sua real grande honra para um designer,
precisam de reciclagem.
necessidade. Os fabricantes quando sua embalagem continua
Escritório Responsável: 60BAG usam desta técnica para que os sendo usada durante muito tempo
País: Polônia
produtos pareçam maiores, dando após o produto ter sido consumido”.
a impressão de conter uma maior
quantidade. No entanto, esta
42

FRASER, T.; BANKS, A. O essencial da cor no design. Tradução de Luís Carlos


Borges. São Paulo: Senac São Paulo, 2011.
Design e Embalagem

KLIMCHUK,M.R.; KRASOVEC,S.A. Packaging Design: Successful Product


Branding from Concept to Shelf. New Jersey: Wiley, 2012.

MESTRINER, F. Design de Embalagem - Curso Básico. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2002.

MESTRINER, F. Design de Embalagem - Curso Avançado. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2005.

NEGRÃO, C.; CAMARGO, E. Design de Embalagem: do marketing à produção.


São Paulo: Novatec, 2008.

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projeto e aplicação. São Paulo: Blucher 2010.

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em: <http://www.abre.org.br/downloads/cartilha_diretrizes.pdf> Acesso em
10 Abril de 2013.

Embalagem de água mineral Isklar - Disponível em: <http://www.


bluemarlinbd.com/our-work/portfolio/isklar/> Acesso em Abril de 2013.

Embalagens de pipoca Joe&Sephs - Disponível em: <http://www.designers-


anonymous.com/portfolio/joe-sephs-1> Acesso em Abril de 2013.

Embalagem de cerveja East Side Bitter - Disponível em: <http://lovelypackage.


com/east-side-bitter/#more-32116> Acesso em Abril de 2013.

Embalagens de vodka Absolut Unique - Disponível em:


<http://www.ardaghgroup.com/news-app/story.43/title.
Ardagh+produces+unique+bottles+for+Absolut> Acesso em Abril de 2013.

Embalagens Hartford Reserve - Disponível em: <http://www.thedieline.com/


blog/2009/6/17/hartford-reserve.html> Acesso em Abril de 2013.

Embalagem 60bag - Disponível em: <http://www.60bag.com/> e <http://


lovelypackage.com/60bag/> Acesso em Abril de 2013.
‘‘‘

Design de
superfície
Luíza Moreira F. de Almeida
graduanda em design gráfico

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46

47
Como afirmado por Rubim (2008), cortina que foram produzidos por
um designer de superfície pode um artesão, com o que foi produzido
Design e Superfície

Design e Superfície
realizar desde uma criação manual por um designer? Essa dúvida surge
até uma elaborada imagem digital, pela eventual semelhança entre
atuando na área têxtil, papelaria, áreas e materiais utilizados, o que
cerâmicas, revestimentos, vidros para um leigo faz parecer que se
e também em aplicações digitais. trata da mesma profissão.
São os padrões de imagens e
texturas desenvolvidos que geram Mas ao analisar um pouco
identidades visuais e singularizam melhor a questão, as diferenças
linhas de produtos, estampam são facilmente perceptíveis. Os
tecidos e ornamentam interiores. padrões criados pelo design são
Percebe-se então, a infinidade de desenvolvidos com ênfase em
áreas onde o design de superfície diversos requisitos impostos
podem ser inserido. A superfície pelo mercado, pela produção e
É perceptível a variação de contém a primeira impressão de pelo consumo, há uma complexa
texturas e materiais que
podem ser aplicadas na um objeto, é o que está por cima, o reunião de fatores e técnicas para
área, abordando a dimensão
visual e tátil na relação com o
que cobre ou reveste, e claramente, a criação no design. Quando se
consumidor. precisa de um tratamento próprio. fala de artesanato, a ênfase está
É nessa singularidade que atua esta na manualidade da produção, e
área do design. na riqueza cultural de um fazer
passado por gerações, a expressão
Quando falamos em design de superfície, na mente surgem várias questões: Com tantas áreas de atuação, surge se manifesta, sobretudo pelo ofício.
Design na superfície? Sobre uma superfície? Que tipo de superfície? Qual a a necessidade de delimitar o design O design e o artesanato são áreas
utilidade? São dúvidas oriundas do desconhecimento desse campo de atuação, de superfície e suas relações com que podem trabalhar em conjunto
ou quando ele é confundido com outras áreas criativas. áreas próximas, principalmente
quando falamos de artesanato.
“Não há mistério em saber o que faz um surface designer. Ele projeta: superfícies Como exemplo, podemos
têxteis, superfícies cerâmicas, de vidro, de borracha, de metal, etc. Em cada uma questionar: Como diferenciar
destas áreas podem haver sub-áreas e se pensarmos, por exemplo, numa superfície objetos como um tapete ou uma
1
Entrevista com Renata Rubim,
retirado do site: <http://www.
têxtil, abre-se um leque variado de possibilidades.” 1 revestir.com.br/>
48

49
em uma parceria enriquecedora, moda e interiores. Nesse espaço apresentação de novos produtos e
mas não podem ser confundidas virtual, as profissionais apresentam superfícies, pensando nos projetos e
Design e Superfície

Design e Superfície
como sinônimos. seus projetos: das ilustrações tecnologias do futuro.
produzidas manualmente com tinta
No Brasil, o design de superfície e nanquim, às criações digitais. No Mesmo com uma grande variação
ainda representa um pequeno site estão disponíveis downloads de possibilidades de atuação no
volume de publicações e de de estampas e ilustrações, além do design de superfície, é perceptível
profissionais especializados. espaço para encomendas e compra o foco maior na área têxtil. Esta
No entanto, em outros países a de trabalhos prontos. As aplicações promete ser a mais promissora
atuação do designer de superfície nas estampas desenvolvidas pelas quando falamos no design de
já existe com certa representação designers são feitas em roupas, superfície. O profissional pode 2
Site da Associação Americana
profissional. O surface design é uma bolsas e até em cases de iPhones. trabalhar com estampas, tecelagens, de Design de Superfície:
Passarela < surfacedesign.org >
área estudada individualmente, jacquard, malharia, rendas, tapeçaria
da grife italiana
com cursos especializados. Por Dolce & Gabanna, Outro exemplo interessante é entre outras opções. 3
Site do estúdio Patternpeople:
que apresentou sua < www.patternpeople.com >
isso, quando se fala em Design coleção verão 2013 repleta a organização britânica Surface
de Superfície em âmbitos de estampas e foi destaque Design Show4 que realiza desde Ao tratar o design de superfície no
mundial no mercado em que atua. 4
Site da organização Surface
internacionais, há diversas Percebe-se a necessidade de um 2004, um evento anual de design Brasil, uma importante referência Design Show:
profissional especializado para < surfacedesignshow.com >
publicações e associações, como a trabalhar as superfícies de de superfície no Business Design é a designer e consultora de
acordo com as exigências 5
Site do Núcleo de Design de
Associação Americana de Design Centre of London. Estudantes, cores Renata Rubim, autora do
da área Superfície:
de Superfície2, com mais de 36 anos profissionais e interessados na área livro Desenhando a Superfície < www.nds.ufrgs.br >

de existência, além de escritórios e assistem palestras, exposições, além (2010), a profissional foi quem
profissionais especializados. de participarem de workshops e importou o termo “design de
do concurso anual Surface Design superfície” para o país. Nos seus
Como exemplo do desenvolvimento Award. O site da organização trabalhos percebemos o uso dos
do design de superfície no mercado, oferece informações sobre a área e padrões e estampas como foco
existe o estúdio americano disponibiliza seminários e debates principal. Inovações nas áreas de
Patternpeople , inserido em um
3
virtuais para os visitantes. Os temas revestimentos de paredes, pisos
site criado por duas designers que abordados no site são relacionados e móveis também são projetos de
se destacam em fazer estampas e à criação, desenvolvimento e destaque . Outra referência nacional
atuam principalmente nas áreas de é o Núcleo de Design de Superfície5
50

51
da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, o qual se propõe
Design e Superfície

Design e Superfície
a divulgar e consolidar a área no
meio acadêmico. Um dos resultados
dessa busca pela consolidação
foi o lançamento do livro Design
de Superfície em 2008, da autora
Evelise Anicet Ruthschilling, que
aborda a evolução histórica, áreas e
Estampas de autoria do designer
aplicações sobre o tema. Mateus Bailon para Colcci.

profissionais do ramo, normalmente com superfícies ultrapassa as


“Se tudo tem superfície e cor, então tudo não se faz ideia da abrangência aplicações em roupas e acessórios,
o que temos a fazer é aperfeiçoar o trato e desse setor e do que ele pode para alcançar embalagens, móveis,
afeiçoar o olhar sobre elas”. 6
oferecer. eletrodomésticos e até identidades
visuais.
O crescimento na diversidade de Os profissionais que trabalham com
áreas de atuação para o design design de moda, de interiores, gráfico Em design de interiores, são os
de superfície, reflete no aumento ou de produto, possuem uma grande revestimentos de móveis, pisos,
da demanda por profissionais afinidade com a área de superfície. paredes, tapetes, e cortinas, as áreas
especializados. O desafio atual Em design de moda, o foco principal de maior intervenção pelo design de
está em aumentar a consciência são as estampas. Essas seguem superfície. Nesse segmento, a cada
Renata Rubim para Solarium a respeito da profundidade e padrões de acordo com a aplicação dia surgem novos tipos de produtos
Revestimentos da linha
Catavento. Revestimento da necessidade de inovar no e as restrições das criações. Logo, o para serem trabalhados. Cabe ao
cimentício, que teve como
tratamento e no estudo de designer de superfície que atua na designer conhecer as tendências em
inspiração tecidos e relevos
feitos a partir de concreto, superfícies. Apesar do mercado moda precisa conhecer tendências, tecnologias e materiais, podendo
seguem a tendência da
superfície tridimensional. O estar repleto de produtos materiais e o público-alvo das suas ser de interesse do profissional
resultado sugere a sensação de
movimento. A linha Catavento que sofreram intervenção de criações. Para o desenvolvimento a pesquisa de novos substratos e
resultou em premiação no IF de uma estampa, é necessário novas intervenções nas superfícies
Product Award em 2012, na
Alemanha. pesquisa e metodologia. O trabalho de produtos e ambientes.
6
RUBIM, Renata. Retirado do site
<http://www.renatarubim.com.
br/>
52

53
Vidros reciclados e fundidos com ter suas superfícies projetadas
chumbo, cristais fundidos, fibras criativamente. Na área gráfica e de
Design e Superfície

Design e Superfície
de poliéster recicladas, novos tipos papelaria, o designer pode trabalhar
de resinas e até painéis de LED são com texturas, padrões e imagens encontra em
materiais presentes nos projetos para a criação de uma identidade atrair, conquistar
finalistas no concurso Surface Design visual, na superfície de papéis, e chamar a atenção
Award 2013, e são exemplos da como os de parede e de presente, do consumidor.
vasta diversidade de opções para convites, entre outros. Também
escolher e aplicar em um projeto. existe o leque das embalagens e até A superfície se configura como
mesmo as superfícies de materiais a primeira associação que o
Muitos objetos, quando são de escritório. Algumas empresas consumidor faz em relação ao
tratados superficialmente, terminam do ramo da moda lançam linhas produto, no âmbito cognitivo e
por ser totalmente projetados, escolares com a estamparia que é emocional. Percebe-se que o valor
por terem no caso, somente a utilizada nos tecidos das peças, uma estético atua no relacionamento
superfície como forma. Quando opção de ampliar o alcance da marca da aparência com as reações do
o projeto se limita à superfície no cotidiano dos usuários. observador.
do produto, ele está inserido no
design de superfície. Embalagens, Quando se argumenta sobre design Por ser a parte que reveste, a
louças, até mesmo veículos podem de superfície, uma importante superfície está intimamente
discussão pode acontecer quanto a relacionada ao tato. O toque do
relevância de atuação como área do produto pelo consumidor gera
design: Não podemos fugir da ideia associações interpretativas, a
de que um projeto de superfície interação com o consumidor é muito
precisa ter sua fundamentação importante para um projeto de
principalmente no campo estético. design de superfície.
Esse é um fato que não se pode Projeto de Superfície aplicado
em Design de Interiores -
ignorar, mas que não reduz a A ênfase ao estético aparece na Linha de estampas desenvolvi-
das pelo designer brasileiro
profundidade da área. Se o design maioria dos projetos de design de Wagner Campelo para a em-
de superfície trata do visual do superfície, mas não é regra. Quando presa Alluminare. Aplicação de
padrões em almofadas e papéis
produto, a sua funcionalidade já se de parede.
54

55
COLE, Drusilla. Patterns: New Surface Design. Londres: Laurence King
Publishing, 2007
Design e Superfície

Design e Superfície
JURACEK, Judy A. Soft Surfaces: Visual Reserch for Artists, Architects, and
Designers. Nova Iorque: W. W. Norton & Company, 2000

Vidros com tratamentos LUPTON, Ellen; Skin: Surface, Substance, and Design. Nova Iorque: Princeton
diferenciados de superfície da Architectural Press, 2002.
empresa Daedalian Glasses,
finalista do Surface Design MANZINI, E. A matéria da invenção. Lisboa: Centro Português de Design,
Award 2013. 1993. 193 p.

RUBIM, Renata. Desenhando a superfície. 2ª. ed. São Paulo: ROSARI, 2010

RUTHSCHILLING, Evelise Anicet. Design de Superfície. Porto Alegre: UFRGS,


2008
se trata de pisos e interiores de seja, a superfície representa mais UJIIE, Heather. Digital Printing of Textiles. Philadelphia: CRC Press,
veículos, por exemplo, observa-se do que só aparência, há nela uma 2006.

a evidência na funcionalidade e grande quantidade de informações Revestir: <http://www.revestir.com.br/tema_livre/ tema_livre_Abr08_/ body_


segurança da superfície em questão. e sensações a serem transmitidas tema_livre_abr08_.html> Acesso em: 10 Fevereiro 2013

Cabe aos profissionais o domínio sobre o produto e sua relação com o Design Brasil: < http://www.designbr asil.org.br/entrevista/renata-rubim >
Acesso em: 04 Fevereiro 2013
sobre as particularidades dos usuário.
materiais e do contexto onde está Design forum: < http://www.designforum.com.br/superficies/superficies_
cenario.html> Acesso em: 15 Fevereiro 2013
inserido o projeto.
Padronagens & Afins, Wagner Campelo: < http://www.padronagens.
wordpress.com/2010/03/25/livros-design-estamparia/> Acesso em: 21
Defendendo a importância do Fevereiro 2013
design de superfície, o professor e
Pattern People: <http://www.patternpeople.com> Acesso em: 21 Fevereiro
especialista em design sustentável 2013
Ezio Manzini (1993, p. 193) afirma
Revista Clichê: <http://www.revistacliche.com.br/2012/04/design-de-
que a área “[...] concentra muito superficie/> Acesso em: 04 Fevereiro 2013
daquilo que num objeto é significante Surface Design Association: <http://www.surfacedesign.org> Acesso em: 21
para um observador/utilizador: Fevereiro 2013
qualidades sensoriais (propriedades WIDN: <http://www.worldinteriordesignnetwork.com/comments/surface_
ópticas, térmicas, tácteis), valores design_show_preview/> Acesso em: 18 Fevereiro 2013

simbólicos e culturais [...]”. Ou


‘‘‘

Design e
animação
Danielle Araújo Silva Trinta
graduanda em design gráfico

cinema
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cria
59
As raízes da história da animação técnicas citadas, mas certamente

Design e Animação
se encontram no trabalho já fez ou viu um flipbook², assistiu
experimental dos pioneiros desenhos infantis ou já se
do cinema, desde o tempo em encantou com efeitos especiais
que este era mudo. As imagens no cinema. Nos três exemplos
animadas, no entanto, já existiam citados, a animação se apresenta
em brinquedos ópticos, tais como o de diferentes formas: lápis, argila e
Fenaquistiscópio¹ (fig.1 ), inventado pixels - ou materiais e tecnologias
pelo belga Joseph Plateau e pelo semelhantes.
austríaco Simon von Stampfer, em
1832. Com o passar do tempo, As duas técnicas mais utilizadas
surgiu o Praxinoscópio (fig.2), de em animação são as seguintes: a
ÉmileReynard, um sistema de primeira se dá pela fotografia de
animação de 12 imagens criado para imagens desenhadas, cada uma
o primeiro desenho animado. com pequenas mudanças a cada
representação; e a segunda se
Com o desenvolvimento da utiliza da geração por computação
técnica, vários dispositivos gráfica – podendo haver a mistura
foram descobertos, como o dessas duas técnicas. A ilusão visual
papel fotográfico flexível de de movimento que o olho humano
George Eastman, que foi reproduz – de algo que na verdade
influenciador no processo são apenas quadros passando numa
Kathryn Beaumont, voz e de desenvolvimento do velocidade muito rápida – ajuda
inspiração de Alice no País das
Maravilhas fazendo uma visita à cinetoscópio de Thomas a criar a impressão da animação.
Marc Davis, artista e animador da
Walt Disney.
Edson. Os métodos citados, apesar de
existirem desde os primórdios do
Provavelmente você cinema, são utilizados até hoje,
não deve ter ouvido atualizados constantemente por
falar das últimas profissionais da área de animação.
60

CURIOSIDADES
Design e Animação

George Mélies é conhecido “Stills de cena” é uma sequência


como o pioneiro da criação dos de imagens feita por Eadweard
efeitos especiais, ou como eram Muybridge, ao utilizar câmeras
chamados na época, “filmes com modificadas por ele mesmo, para o
truques”. Mélies descobriu por estudo do movimento dos cavalos.
acidente a base da animação Além de fornecer material de
quadro a quadro, manipulando a referências para gerações de
câmera e substituindo atores ou animadores, expôs a mecânica
Figura 1. Um fenaquistiscópio por objetos que estavam em cena. fundamental para a produção de
Eadweard Muybridge (1893)
Outra descoberta sua foi na pós- filmes anos antes dessa tecnologia
Figura 2. Praxinoscópio fabricado produção, onde utilizou técnicas ser inventada.
pó Emile Reynaud (1879)
de retoque manual para colorir o
filme fisicamente.

Vídeo “Le Voyage à


traversI’Impossible”:(disponível Figura 3. Sequência de imagens, de
Muybridge.
em: http://www.youtube.com/
watch?v=jvUf5ro8uQA)

Rodapé de Procura

Fenaquistiscópio é um brinquedo que cria a ilusão de movimento através de uma


1

movimentação das imagens em sequência desenhadas em um disco.

Vídeo “fenaquistiscópio”:(disponível em: https://www.youtube.com/


watch?v=pGiV0rrsLIs)

2
Flipbook ou folioscópio é uma sequência de imagens que, em geral, aparecem no formato
de um pequeno livro para ser folheado, gerando a impressão de movimento.

Vídeo “Dragon Ball Z Flipbook Episode 1 GokuVsBuu”:(disponível em: http://www.


youtube.com/watch?v=zTHsNX6kmTY)
62

63
Animação
Design e Animação

Design e Animação
Como o campo da animação é muito Essa técnica surgiu de uma animar com stop motion é preciso
vasto, é preciso separá-lo em duas brincadeira ocasional. Paris não somente dominar as técnicas
técnicas principais para ilustrar George Méilès, filmando algum de animação, mas também haver
melhor a atuação do designer de seus materiais numa rua, viu interesse em performance, ilusão,
gráfico na área: sua câmera parar de funcionar truques e principalmente ser
por alguns instantes. Esse simples instintivo, assim como Méilès o foi.
Stop motion acidente transformou - já no
filme desenvolvido - um ônibus Com o passar dos anos, surgiram
Essa técnica não é a mais refinada que passava por ali, num carro novas tendências e formas de
e os movimentos que os objetos fúnebre. Essa técnica foi chamada como trabalhar o stop motion.
e personagens possuem são de stoppingmotion, para fazer Atualmente, os materiais mais
diferentes das animações feitas referência à falha da câmera, por conhecidos para aplicação da
em computadores. Mas é nessas para de gravar. Hoje, esse artifício é técnica são a argila e a plasticina
limitações que está o seu atrativo. usado como base em todos os filmes – popularmente conhecida como
Ver algo inanimado tomando forma de stop motion. massinha de modelar. Esses
e agindo como um ser com vida, materiais precisam de
interagindo fisicamente com o Méilès, porém, não parou com flexibilidade para
ambiente, é encantador. Remete à essa descoberta. Ele comprou um se adequar aos
imaginação infantil, de animar aquilo estúdio só para esses experimentos, movimentos e
que é naturalmente estático. o qual foi berço para invenções boa durabilidade,
conhecidas atualmente para resistir o
O que as pessoas gostam sobre a animação em como a tela verde/azul. longo período de
stop motion é que é real. É como um truque Essa tela inicialmente era gravação. Alguns
de mágica, tomando coisas reais, lugares reais de veludo preto, na qual dos modelos Figura 4. Wallace and Gromit,
personagens ícones da cultura
para fazê-los adquirir vida com movimentos. havia a movimentação moderna Britânica, criados por
Nick Park. Eles são feitos de
(CLOKEY, 2010, p. 44) de cenários e pixilation³. plasticina moldada em armaduras
O exemplo de Méilès de metal, e os filmes são gravados
em stop motion.
demonstra que para
64

65
feitos desses materiais mais Animação Digital
maleáveis precisam de um arame
Design e Animação

Design e Animação
que funcione como estrutura de Este ramo da animação abrange “arte-finalistas” obsoletos. Apesar
sustentação (fig. 4). as técnicas de 2D e 3D, que se disso, muitos animadores e estúdios
integram e se complementam com ainda utilizam essa técnica, seguida
A variedade de materiais vai além o stop motion, pois suas raízes ou não da digitalização.
dos citados. Muitos modelos estão relacionadas . O stop motion
são feitos em substratos mais é o berço para o descobrimento A verdade é que, independente
Figura 5. Willis O’Brien (animador
rígidos, e por isso, precisam de de stop motion), responsável por e a evolução da animação no da técnica, a animação tem como
dar vida ao King Kong.
um sistema de juntas mecânicas, meio digital, pois esta se utiliza característica a preocupação com
com articulações mais complexas. das mesmas bases – desde a o realismo. Não se trata de algo
Os modelos são fotografados CURIOSIDADES modelagem dos personagens até a realista materialmente falando, mas
quadro a quadro, e depois essas movimentação por quadros. de criar plausibilidade.
fotografias são montadas em uma Os filmes de Méilès retratavam com clareza sua paixão pela fantasia. Ele
película cinematográfica para serem gravou Cinderella (ou Cendrillon), onde esse traço é de fácil observação. As Os primeiros filmes animados A busca por essa plausibilidade
adicionadas músicas ou falas. figuras extraordinárias e os objetos inanimados que ganham vida não faltam utilizavam celulóide – mais começa com os pioneiros da
em seus filmes. conhecido como película ou filme tecnologia cinematográfica, cujas
Existem ainda outras formas de - por causa da translucidez do criações são obras clássicas do
aplicação do stop motion, como “George Meiles – Cendrillon”:(disponível em: https://www.youtube.com/ material. Essa forma de animar cinema. Após esse período, a
nos efeitos especiais. Por exemplo: watch?v=B10eA5kdVXg ) permaneceu por várias décadas, até invenção do rotoscópio4 de Max
a versão original do ano de 1993 o advento dos computadores, que Fleicher e outras tecnologias,
de “King Kong” se utilizou do Teaser de “Minhocas”, primeiro longa-metragem gravado em stop motion do tornaram os “intervaladores” ou com o o rostrum multiplano5 da
stop motion para criar a ilusão de Brasil: (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=szeymDXSaPE) Disney ajudaram na evolução da
que a fera – King Kong – estava Uso o computador para gerar movimentos visuais periódicos com autenticidade dos filmes.
andando pela cidade. Na verdade, “Animated In Bed”:(disponível em: https://www.youtube.com/ a intenção de revelar harmonia justaposta contra fenômenos
se tratava de uma réplica de um watch?v=C3Ue1AXSzyw) desarmônicos. Para criar tensões, transformações; formar estruturas Foi com o desenvolvimento de
gorila medindo 48cm. Isso também rítmicas afastadas de padrões seriais repetidos continuamente. Obter interfaces mais rápidas e próximas
aconteceu no filme “The Empire variações ordenadas das mudanças e criar formas harmônicas em ao usuário, que a computação
Strikes Back” e em muitos outros. Rodapé de Procura movimento que o olho humano pode perceber e apreciar. pôde ganhar espaço nas indústrias
(WHITNEY, 1972, p.1383) cinematográficas, principalmente
³Pixilation é a sequência de fotos de atores vivos que formam uma animação.
Figura 6: Cartaz do filme Vertigo,
66

67
pelas mãos de John Whitney de 1950 - design de Saul Bass. Nessa década, foi grande a procura Foi com a evolução tecnológica na
Sr., Edwin Catmull e Douglas por profissionais para fazer o design área de games (ver capítulo Design
Design e Animação

Design e Animação
Trumbull, importantes animadores e da abertura e dos créditos de filmes e Games) , que as imagens digitais
cineastas. mais ousados. Além de Saul Bass - no setor de filmes evoluíram ainda
que também produziu a abertura de mais. Os animadores adaptaram
John Whitney foi um dos pioneiros “Psycho” (Psicose, 1960) – outros as habilidades e conhecimentos
a usar o computador para criar nomes como James Pollac com “The tradicionais dos jogos para
animações. Em seu primeiro Birds” (Os pássaros 1963); Maurice desenvolver novas ferramentas
trabalho, Whitney utilizou um Binder com Charade (Charada, em animação. O primeiro grande
computador analógico usado para 1963), Dr. No (O satânico Dr. No, impacto no âmbito digital na
manipular canhões antiaéreos para 1962); e Robert Freeman com animação tradicional comercial
controlar o movimento da câmera, “A Hard Day’sNigth” (Os Reis do ocorreu com o filme “Tron” de
produzindo padrões geométricos lê-iê-iê, 1964) e Help! (Socorro!, 1982 (fig.7), da Disney, dirigido por
de luz e sombra. Nessa época, 1964) foram alguns dos nomes mais Steven Lisberger. Além de possuir
colaborou com um designer gráfico importantes que contribuíram para um estilo visual nunca antes visto,
que começara a construir sua que as aberturas, muitas vezes se o filme quebrou os paradigmas do
carreira no projeto de créditos e tornassem mais importante que os cinema.
abertura de filmes em meados dos próprios filmes.
anos 1950, chamado Saul Bass,
Figura 7. Cartaz do filme Tron.
que participou da produção da
sequência animada da abertura do
filme de Alfred Hitchcock, “Vertigo”
– traduzido no Brasil como “Um
Corpo que Cai”.
68

69
A partir de “Tron”, a tecnologia maior notoriedade na animação 2D. estão em constante crescimento, CURIOSIDADES
da animação digital evoluiu Já nos trabalhos em 3D, os tipos de como na web, em dispositivos
Design e Animação

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gradativamente. As aplicações em aplicação mais conhecidos são os eletrônicos portáteis, modelagens Repare nas oscilações dos “Vertigo” é considerado uma das
2D se popularizaram principalmente games e filmes como “os Incríveis”, químicas, em telões de concertos, personagens em “A Branca de maiores obras primas do cineasta
nos games das décadas de 60 à 90, “Monstros S/A” e “A Era do Gelo 3” – shows musicais, planetários e Neve e os Sete Anões”. A Disney Alfred Hitchcok. A abertura do
especialmente pela simplicidade co-direção de Carlos Saldanha. muitos outros. A animação digital conseguiu retratar os movimentos filme foi criada pelo designer
e tamanho, os quais deveriam ser também se alia a várias outras áreas, de sutileza e elegância da Branca gráfico Saul Bass.(disponível
pequenos para caber nos cartuchos. Além das animações mais populares, transformando essas relações num de Neve, ao mesmo tempo em que em: https://www.youtube.com/
Apesar do universo dos jogos, são os a animação digital também atua em universo cheio de possibilidades a aumentou o caráter perturbador watch?v=4oRImjiwqFo)
Figura 8. Cena do filme
desenhos animados que alcançam espaços menos conhecidos, mas que serem desenvolvidas. ‘A Era do Gelo 3’ da bruxa e do espelho com
os cuidados ao representar o
movimento humano.

Rodapé de Pesquisa

4
O rotoscópio permitia traçar movimentos previamente filmados. Consistia em um
projetor que podia ser avançado um quadro por vez e mostrava a ação por trás de uma
superfície de vidro fosco de uma prancheta ou de uma mesa de animação, o que permitia
ao animador utilizá-la como referência direta.

5
Rostrum multiplano era uma câmera montada sobre várias camadas de trabalho
artístico, as quais podiam ser manipuladas de forma independente para aumentar a ilusão
de espaço tridimensional.
Figura 12. Personagem Rango.
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71
Criaturas + Criadores Fight For Everyone
Figura 13. Personagens e alguns
objetos do cenário de Fight For
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A seguir, alguns projetos de design Star Wars: Clone Wars Clipe para a banda The Leisure Everyone.
e animação que são destaque no Society, feita pela PersistentPeril.
Figura 14. Ilustrações criadas por
ramo do cinema e dos desenhos É uma série de animação 3D Dentro da equipe de animadores se
Tsutsumi para La Luna.
animados. baseada no filme homônimo, encontra Emma Wakely, graduada
produzida pela Lucasfilm. Seus pela University for the Creative
Rio (o filme) cenários são pintados pelo artista Arts, especialista em animação
Scott Wills. Em seu portfólio tradicional e 2D.
Filme 3D animado, produzido pela podemos encontrar pinturas dos
Century Fox e pela Blue Sky, dirigido cenários de “El dorado” e “Monster Videoclipe (disponível em: http://
por Carlos Saldanha. vsAlliens”. vimeo.om/60999448)

La Luna
Rango

Adventure Time (Hora da Animação criada pela produtora Curta indicado ao Oscar.
aventura) Industrial Ligthand Magic para a DiceTsutsumi produziu os
Nickelodeon Movies. Na produção conceptarts. Tsusumi é atualmente
Série de desenho animado exibida do filme está o artista brasileiro diretor de arte no estúdio Pixar e
pelo Cartoon Network de maior Antropus, que é Senior Digital Artist seu último trabalho foi como diretor
audiência infato-juvenil. Skyler Page na ILM. de luz e cores no filme ToyStory
é o storyboard artist e já ganhou Figura 8. Alguns dos personagens 3. Já passou pela Blue Sky (onde
a categoria de “Best Writing” no do filme Rio. Rango trailler (disponível em: trabalhou nas produções de Ice Age,
“Toronto StudentFilm Festival” pela http://www.youtube.com/ Robots e Horton).
Figura 9. Cena do desenho
animação “Crater Face”. animado Adventure Time. watch?v=h2zR6GrgSZY)
vídeo (disponível em: http://vimeo.
com/52701437)
Figura 11. Cenário de Clone Wars.
Crater Face(disponível em: http://
vimeo.com/11414910) Design gráfico + Animação
72

73
O termo motion graphics nasceu
na década de 70, para designar o
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conjunto da produção que combina é o de “filmtitle design” ou “endtitle apoio e intertítulos (no cinema, TV design. Porém, algumas áreas não arte conceitual de personagens e o
preocupações do design tradicional design”, que correspondem à área e vídeo); vinhetas de identidade necessitam que o profissional seja meio que estes interagem (prédios,
(como o uso de tipos, distinção de design gráfico que produz a visual, chamadas de programação, graduado especificamente em carros, florestas). É nessa etapa que
estética e signos de comunicação abertura e o encerramento de peças interprogramas, spots comerciais design. As divisões no campo serão as posições e movimentos labiais
eficientes) à capacidade de cinematográficas. e suportes de infografia em classificadas de acordo com a ordem são registrados na chamada ficha de
movimento. programas jornalísticos e esportivos de um projeto de animação (VELHO, filmagem.
Abrangendo uma maior área está (na TV); videoclipes, videoarte, 2008).
Após a chegada do computador o “motion design”, que compreende vídeo experimental, poesia visual, Layout: estabelece as
pessoal, houve um aumento qualquer tipo de design para vídeos narrativos e suporte de Storyboard: a partir de uma idéia características de cada cena
explosivo na produção do motions as diversas mídias que utilizam infografia para vídeos institucionais inicial é desenvolvido uma série com definição maior de cenários
graphics, principalmente no ramo imagens com movimento. e educativos (no vídeo). de ilustrações em sequência que e personagens. Aqui podemos
chamado “broadcast design”, que servirão como uma pré-visualização evidenciar os coloristas, que dão
se refere às aplicações do design Podemos listar algumas áreas Há ainda, na animação, um do filme, animação, gráfico animado detalhes de sombra e luz. Depois
gráfico voltadas para imagens em que o design gráfico pode ser universo a ser explorado pelo ou até mesmo elementos interativos de prontos, os materiais são
temporalizadas na TV (aberturas de aplicado na animação. São elas: de um web site. incorporados ao animatic numa
programas, soluções de identidade versão chamada “Leicareel”.
visual e vinhetas, por exemplo). Créditos de abertura e Trilha sonora: é gravada uma trilha
No cinema, outro ramo conhecido encerramento, interferência de sonora improvisada que guia o Animação: a fase de criação
trabalho dos animadores. dá espaço para a animação
propriamente dita. As posições
Animatics: fase onde a trilha sonora chave (traços a lápis ou “penciltest”
é adicionada a um protótipo da de posições com dura transição)
animação, criando um “animatic” ou ganham movimento de acordo com
Exemplo de motion graphics:
Practice - Part Three of Three
“storyreel”. a trilha sonora, formando os novos
(Nike History Lesson) “Leicareels” com todas as posições
(disponível em: http://vimeo.
com/46141034#) Design e timing: aprovando-se (chave e intermediárias).
o animatic, é hora da criação.
Nessa etapa podemos destacar o Cenários de fundo: desenhistas
concept artist, que desenvolve a pintam os cenários onde a ação
74

75
acontece, seguindo o layout feito necessita da animação para a
anteriormente. produção dos créditos; o storyboard
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depende do designer de som
Ink-and-paint: folhas de celulóide para criar o animatic; e o concept
são preenchidas com os desenhos artist precisa do animador para o
e seus detalhes de cor e textura, personagem ganhar vida. Esses
cada personagem em sua folha. são alguns exemplos de relações
A seqüência é filmada quadro a que fazem parte do universo da
quadro. animação e que são de extrema
importância para o resultado final
Conclusão da obra.

Os caminhos da animação vão dos


créditos, passando pela criação
de personagens e sets até as Cena do filme Up!Altas Aventuras.

produções para web ou qualquer


outro meio digital. O designer
gráfico, apesar de exercer sua
função em uma pequena área diante
da grandeza do ramo da animação,
é capacitado para desempenhar
outras funções do processo de
animação que não as especificadas
da sua área, pois sua formação é
voltada para criação, metodologia,
tipografia, manuseio de softwares,
e várias outras áreas que possuem
ligação direta ou indireta com
animação. Cada área se completa
e se relaciona. O designer de tipos
76

77
Imagem 6: (Alice Volk – Visual Explorer, Saul Bass – the great graphic designer
BACHER, Hans. Dream Worlds: Production Design for Animation. of the mid-20th century.Em:<http://aliceovolk.wordpress.com/2012/11/06/
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‘‘‘

Design e
games
Niandson Leocádio da Silva
graduando em design gráfico

bilidad e
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o
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ge satisfação

a
atividade

on
cri
gamers

jogos
pers
ade
d

al

ili
ab
digit

jog
rio
81
O teórico Brian Sutton-Smith (1971) desenvolvimento do jogo, podendo
ressalta que o game designer não ser alterado ou incrementado sempre

Design e Games
se trata necessariamente de um que forem percebidas modificações
programador, designer visual, ou ou melhorias a serem feitas, visando
gerente de projetos, embora, às tanto abarcar a criatividade e técnica
vezes, ele também desempenhe esses da equipe, quanto satisfazer as
papéis no projeto. Um game designer necessidades do cliente.
pode trabalhar sozinho ou como
parte de uma equipe maior. Ele pode Ao finalizar o projeto, os designers
desenvolver jogos de cartas, sociais, possuem a responsabilidade de
digitais, ou qualquer outro tipo de jogo. garantir que a jogabilidade no game
O foco de um game designer é projetar se mantenha em um padrão uniforme,
o jogo, junto a concepção e elaboração independente de ser um jogo causal e
de regras e estruturas que resultam rápido ou um longo, cheio de desafios.
em uma experiência para os jogadores.
O que faz um game designer
Game Design é uma atividade de
projeto, o processo tem início a Dentro do processo de design
partir de uma simples ideia, seja ela nos games, podemos encontrar
totalmente nova ou a releitura de um as seguintes especialidades
Game design é o processo de criação e análise de conceito existente, na cabeça do game (BRATHWAITE, SCHREIBER
jogos, sejam eles digitais , de cartas ou de tabuleiro, com todas as designer ou em reunião com a equipe, 2009, p. 5):
suas especificações, regras e características. Um game designer, ou projetista onde todos podem contribuir até
de jogos, é um profissional fundamental para o desenvolvimento de qualquer fechar o primeiro conceito do projeto. World Design: Área responsável 1
Chain-points: Pontos que
jogo. É ele quem possui a visão geral do projeto, participando desde a criação Esse conceito é arquivado no chamado pela concepção do contexto onde originam ou ligam partes na
história e/ou contexto do game.
do conceito, pesquisas de mercado e usuários, documentação e orientação da GDD (Game Design Document), se passa o jogo. Mundo, cenário,
equipe de produção, até o balanceamento e o design de nível do jogo. documento principal resultante das tema, gênero, plano de fundo, 2
Hooks: Partes do jogo em que
se deixa abertura para que a
ideias e dados-chave concebidos e pontos de apoio, chain-points e 1
história siga, mude de rumo,
O designer de jogos é quem projeta, concebe e estabelece as regras e a controlados pelo projetista de jogos. hooks2 são desenvolvidos pelo abra novas missões ou dê apoio a
algum background ou elemento,
estrutura do jogo. (Oxland, 2004, p. 292) Este documento acompanha todo o Lead Designer, ou Designer se tornando pontos chave.
82

83
Chefe, profissional que coordena e matemáticos subjacentes que competências artísticas apuradas
3
Concept Artist

supervisiona o trabalho dos outros serão aplicados ao mundo, cenário para assumir a coordenação dessa
É o profissional que trabalha com Concept Art, ou Arte Conceitual, que é uma
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projetistas visuais envolvidos no e personagens do jogo, levando área, por isso, é onde geralmente forma de ilustração que possui como objetivo principal a representação visual
de uma ideia que ainda não existe, para utilização em filmes, jogos, animações,
projeto. Ele é o designer principal do em consideração o equilíbrio e as encontramos mais Concept Artists3 revistas, livros, móveis, automóveis, e até casas e prédios, antes mesmo do
produto final começar a ser desenvolvido. Essas ilustrações podem ser muito ou
jogo, que garante a integração e a definições que o jogo deve abarcar. envolvidos, que agem juntamente
pouco detalhadas, dependendo do objetivo e conceito que se precisa transmitir,
comunicação entre as equipes. com Ilustradores e Designers o que otimiza o tempo de execução do projeto e antecipa muitos dos problemas
que poderiam vir a acontecer devido a falhas na comunicação entre os setores
Content Design: Este é o campo Gráficos. de produção ou falta de instrução e detalhamento da ideia.
System Design: Desempenhado onde se cria todos os personagens,
Um concept artist, além de possuir as habilidades de um artista, precisa saber
pelo System Designer ou pelo peças, missões, itens, puzzles, Level Design: Design de Nível, trabalhar com prazos rigorosos e ter um conhecimento amplo do campo
próprio Lead Designer, esta área locais específicos e até armadilhas. Design de Ambiente ou Game de Design Gráfico. A interpretação de ideias e conceitos de forma gráfica,
juntamente com a capacidade de criar nos mais diversos estilos e técnicas, é o
gera o sistema de regras e padrões O Content Designer precisa de Mapping, são alguns dos nomes que faz o diferencial destes profissionais.

Concept art do jogo Star Wars


1313, com data de lançameto
indefinida, após a compra da
LucasFilm pela Disney.
84

85
dados a esta área que projeta coordenação para que caminhem
os estágios e locações com base dentro dos objetivos planejados.
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na sensação que se deve passar O Game Designer é o responsável
ao jogador, analisando possíveis por garantir que essa integração
puzzles e/ou armadilhas de acordo aconteça da melhor forma possível.
com cada nível. Para isso, o profissional não precisa
dominar com excelência todas
Além das atribuições citadas, essas áreas, mas sim entender e
há ainda o Design de Interfaces compreender todas as etapas, que
que desenvolve e conduz a são essenciais para qualquer game.
navegabilidade; as interações
diversas; e o feedback ao jogador. Outra função do Game Designer
Como os menus do jogo e os HDUs é observar e analisar os principais
Alguns nomes mundiais do Game jogos Mazis, que agora faz parte
Design: da Eletronic Arts. Criou o SimCity (atributos do player – pontos de pontos do desenvolvimento do
e, alguns anos depois, a série The
Sims. vida, magia, munição e armas, projeto, o que inclui o estudo dos
Akira Toriyama: Autor japonês
criador de diversas séries como entre tantos outros, de acordo clientes, público-alvo, cultura,
Dragon Ball, Dr. Slump e game Shinji Mikami: Designer de jogos e com o projeto), os quais caminham abordagem, intenção e mensagem.
designer de jogos como Blue criador do Resident Evil e Survival
Dragon, Dragon Quest Monster e Horror, Devil May Cry, Onimusha, paralelamente ao projeto, não Os aspectos citados devem
Chrono Trigger. entre outros.
sendo, assim, dependentes dele. ser levados em
Kojima Hideo: Designer japonês Satoshi Tajiri: Criador da série consideração
de jogos, que trabalha na Konami. de jogos digitais Pokémon pela
Game Design é então, o resultado pelo
Diretor-executivo e chefe do Nintendo, que deu origem ao anime
estúdio Kojima Produtions, é o de mesmo nome. da integração da multiplicidade de
criador de Metal Gear, Snatcher e
Policenauts. áreas do projeto do jogo, as quais
Shigeru Miyamoto: Designer e
produtor de jogos eletrônicos são dependentes e precisam de
Hironobu Sakaguchi: Game japonês, conhecido pelas criações
designer, programador e diretor de de Mario, Donkey Kong, The
jogos japoneses. Criador da série Legend of Zelda, entre outros.
Final Fantasy, possui longa carreira
no mundo dos jogos, participando
da criação de diversos games. Rafael Grassetti: Character Artist
brasileiro que já trabalhou na
Ubisoft Montreal e hoje é designer-
Will Wright: Designer de games chefe da Mass Effect. Participou
americano e co-fundador da do desenvolvimento da série Game Design é uma atividade
empresa de desenvolvimento de Assassin’s Creed. de projeto.
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projetista juntamente com os na identidade visual e divulgação
empresários, por possuírem uma dos games.
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visão global do projeto e do objetivo
do jogo, conseguindo assim, gerir as Na publicidade e marketing, o
equipes para que caminhem juntas, profissional recebe o material já
atendendo às necessidades do disponível do jogo, como logotipo,
jogo. Esse fator é muito importante, imagens 3D, ilustrações, concept
pois muitos games parecem ser arts, e projeta o visual em que o
extremamente bem elaborados em jogo será apresentado ao público,
diversos aspectos, porém acabam criando desde cartazes até vídeos
não agradando o público-alvo, por de apresentação.
exemplo, caracterizando uma falta
de estudo da área pela equipe. Competências de um game
designer
Em empresas pequenas e/ou
independentes o Designer, ou até Uma das premissas para ser um
mesmo um programador, acaba Game Designer é ter espírito de
A Game of Thrones, um épico jogo
precisando assumir mais de um liderança e coordenação com uma de tabuleiro baseado no best-seller criar jogos para seu público, por Conhecimentos gerais: Para ter idealização e/ou planejamento
“A Song of Ice“, de R.R. Martin.
destes papéis (e às vezes todos visão inovadora e de negócios. falta de vivência e observação. ideias relevantes é preciso ter inicial, cabendo ao projetista
eles), sem contar com mão-de- Além destas características, é conhecimento do contexto mundial. contornar o problema em busca de
obra externa, o que pode limitar o necessário ter um perfil observador, Seguem algumas características Tendências são um conhecimento soluções viáveis e criativas.
resultado desses projetos. para interpretar as preferências indispensáveis ao Game Designer, imprescindível para saber quais
do público. A credibilidade dos independente do papel que os direcionamentos devem ser Visão: Capacidade de identificar
Outras formas de se jogos japoneses, por exemplo, ficou assumirá na equipe: tomados para o sucesso do jogo. oportunidades de jogos rentáveis e
trabalhar com jogos sob suspeita mundial por falhas de alcance global.
nesse âmbito: Game designers Sociabilidade: O designer precisa Criatividade: A criação de vários
Existem diversas possibilidades de que passam horas em frente possuir habilidades sociais, tais como dos elementos visuais do jogo, e Ser jogador: É preciso amar esse
atuação do design na área de jogos. ao computador, não percebem saber expor suas ideias, entender e a extração das melhores ideias do universo, passar horas conhecendo,
Além da criação e desenvolvimento aspectos importantes do contexto assimilar a opinião de terceiros e o brainstorm. A realidade do projeto experimentando e testando os mais
do jogo, é possível trabalhar ainda social e terminam por não conseguir que estão tentando dizer. pode não corresponder com sua diversos jogos, sejam eles antigos,
88

89
novos, experimentais, complexos
BRATHWAITE, Brenda; SCHREIBER, Ian. Challenges for Game Designers. MENDEZ, Rodrigo. Concept art!? O que diabos é isso?. 4 fev, 2009. Disponível
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Design de
interação
Sarah da Nóbrega Lins
graduanda em Design Gráfico

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tecno
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93
utilizamos um produto interativo, abordagem mais artística do que
seja em equipamentos eletrônicos, científica.

Design e Interação
projeções ou interfaces. Essa
área do Design vem crescendo, No livro Design de Interação – Além
progressivamente, devido a da interação humano-computador,
ênfase do mercado na relação dos de Jenny Preece, Yvonne Rogers e
consumidores com produtos e Helen Sharp (2002), esta área é
serviços. descrita como:

Definição de design de Design de produtos interativos que fornece suporte


interação às atividades cotidianas das pessoas, seja no lar ou
no trabalho. A criação de experiências que extendem
O Design de Interação é uma área que e melhoram a maneira como as pessoas trabalham,
estuda processos de criação para se comunicam e interagem em si e com os produtos.
produtos interativos, ou seja, produtos (PREECE, ROGERS & SHARP, 2002).
que se relacionam com o usuário. Para
Frederick van Amstel (2006): Para Jonas Löwgren (2008), o
“Design de Interação
Design de interação é a maneira como um consiste em atribuir
produto proporciona ações em conjunto entre forma à produtos
pessoas e sistemas (AMSTEL, 2006). digitais para o uso
Os produtos de consumo digitais interativos surgiram com a inclusão dos das pessoas”. O autor
computadores no cotidiano das pessoas e com o crescimento do uso da internet, Este campo se configura como uma utiliza a expressão “atribuir forma”
tanto no âmbito profissional quanto no lazer. Foi a partir desse avanço que a subdisciplina do design que, além de para sugerir uma ligação mais forte
engenharia e o design começaram a apresentar novas formas de atuação. O indicar os aspectos de um produto com um processo de design, em
Design de Interação tem sido visto como uma área de estudo que vai além da interativo, estuda processos de oposição ao termo “construir” que
utilidade e eficiência de um produto, aplicativo ou interface, considerando a criação de componentes interativos. se relaciona mais com engenharia.
amplitude da relação entre produtos e usuários. Não há o foco apenas na solução de O Design de Interação envolve
problemas, e sim na intermediação cinco abordagens de atuação
Design de Interação é um termo pouco conhecido entre as pessoas que não entre pessoas, tendo uma (LOWGREN, 2008):
trabalham na área da tecnologia, mas todos nós, mesmo sem perceber, já
94

95
1) O Design envolve mudança de 4) A área do Design de Interação O Design de Interação consiste O que faz um designer de
em pensar o projeto através
contextos de uso do produto por consiste em pensar o projeto de rascunhos ou outras interação
representações tangíveis.
Design e Interação

Design e Interação
meio de formulações e implantação através de rascunhos ou outras
de artefatos digitais. representações tangíveis. O designer de interação tem como
Quando o designer esboça partes objetivo melhorar a relação entre
2) O Design consiste na previsão do projeto ou até aspectos de homem e produto, uma vez que o
de possíveis interações entre possíveis soluções, ele não está sucesso deste no mercado depende
pessoas e produtos/serviços. A apenas representando, mas da experiência interativa que pode
autora exemplifica essa definição realizando micro experimentos, proporcionar. Um projeto deste
comparando um estudo acadêmico que podem vir a mostrar os pontos tipo, quando bem aplicado, pode
com um estudo de design. fortes, fracos e as possíveis adequar respostas do sistema
Enquanto um estudo crítico ou mudanças. ao perfil do usuário, agregar
analítico se preocupa com o que interação, funcionalidade e prevenir
já existe, um estudo de Design 5) O Design de Interação aborda erros de uso. Estas respostas
foca sempre no que pode vir a ser. aspectos instrumentais, técnicos, acontecem quando são criados
Explorar futuros possíveis dentro estéticos e éticos em suas produtos centrados nos usuários
do Design de Interação consiste produções. As decisões técnicas e são considerados os objetivos,
em convidar os futuros usuários a influenciam a qualidade estética capacidades, fatores emocionais
participar do projeto. de interação resultante, assim e necessidades dos destinatários
como as escolhas de instrumentos finais do projeto.
3) O Design procura definir sobre os recursos oferecidos
o problema projetual e, geram repercussões éticas. Um Os designers de interação
paralelamente, criar possíveis Designer de Interação deve geralmente trabalham em
soluções interativas. A qualquer insistir para que a qualidade conjunto com designers gráficos,
momento do projeto, a situação de estética seja considerada, uma vez de informação e de produto. O
uso do produto/serviço é passível que a coerência entre a aparência profissional dessa área se baseia
de mudança e o designer precisa e o uso causa um impacto na em pesquisas com usuários e testes
prever essas possíveis modificações, experiência com o usuário, de usabilidade, e precisa saber
redefinindo o problema para como também em resultados utilizar os dados dessas pesquisas
encontrar soluções tangíveis. mensuráveis acerca do produto. em favor do projeto. O designer
96

97
4) Saber trabalhar de forma Exemplos de aplicações de
colaborativa – O designer design de interação
Design e Interação

Design e Interação
de interação deve saber
trabalhar em conjunto com Um bom exemplo de aplicação
outros profissionais, de forma de Design de Interação para
colaborativa e utilizando variadas publicidade é a campanha
ferramentas de projeto. produzida pela Oi1, empresa
de telecomunicações,
5) Criar soluções apropriadas – para o natal de 2012.
O designer precisa estar atento Nesta campanha, foi
ao contexto no qual os usuários instalado um orelhão
estão inseridos. O contexto de em Ipanema, Rio
de interação também precisa ter realização de testes, em que as uso do objeto ou serviço deve se de Janeiro,
noções de design gráfico, interfaces escolhas e as ações individuais adequar ao contexto histórico-
e design de produtos, para executar são observadas. social do usuário.
projetos ou orientar profissionais
em parcerias de projeto. 2) Encontrar diversas soluções – 6) Desenvolver um amplo
Desenvolver produtos e serviços campo de influências – A
Perfil do profissional de interação implica em criar interdisciplinaridade deve ser
múltiplas soluções. Quando se comum nos projetos de interação,
Para Saffer (2006), o profissional tem duas alternativas possíveis, para haver maior facilidade no
que atua nessa área precisa ter sete deve-se buscar uma terceira. encontro de novas soluções.
atitudes principais. São elas:
3) Buscar prototipação rápida – 7) Saber incorporar a emoção
1) Focar no usuário – o estudo Entre as diversas soluções geradas, aos projetos – Considerar que
do usuário é uma das principais devem ser feitos protótipos para aspectos emocionais se tornam
ferramentas no projeto de descartar as alternativas que menos elos entre os indivíduos e os
design e interação. Este tipo de se adequam logo após os primeiros aparatos tecnológicos.
estudo se baseia geralmente na testes, economizando tempo. Campanha de Natal 2012 da Oi.
Acesso ao vídeo:
http://youtu.be/4oY1he71EoM
Óculos de realidade aumentada
98

em frente a um dos prédios da personagens, enquanto no vídeo do Google.


empresa. O orelhão convidava vão passando desenhos simples em
Design e Interação

crianças a ligarem para o Papai preto e branco.


Noel, que pedia ajuda para
encontrar um de seus duendes, O projeto The Sexperience 10002
dava presentes para as crianças e, produzido na Inglaterra pelo blog
no fim da ligação, pedia para elas Sexperience pode ser considerado
clicarem em uma tecla que continha um exemplo de design de interação
uma estrela. Ao clicarem na tecla, para informação. Este projeto é
começava automaticamente uma um infográfico interativo sobre
projeção no prédio da empresa sexualidade, em que as pessoas
que formava uma grande árvore de podem ter informações sobre cada
natal. A ação fez sucesso no país um dos pesquisados - como sexo,
e pelo mundo, por interferir no idade e região onde mora; e filtrar
imaginário infantil e na nostalgia os resultados para conseguir ver
provocada nos adultos. informações sobre as pessoas que
mais parecem com o leitor; ou pode
Outro exemplo de aplicação de escolher seguir certos grupos de
Design de Interação é o projeto pessoas a partir da resposta que
The Next Day , produzido pela
1
o grupo forneceu. No projeto, é
National Film Board of Canada. possível seguir o grupo de pessoas
É um documentário em forma de que respondeu que teve sua
animação que conta a história de primeira relação sexual aos doze
quatro personagens que tentaram anos, por exemplo. O infográfico 1
Link do projeto:
http://thenextday.nfb.ca
cometer suicídio. A narrativa segue aparece listado por questões e
de forma interativa, apresentando possui alta qualidade estética. 2
Link do projeto:
http://sexperienceuk.channel4.
os quatro personagens de início e com/the-sexperience-1000#/
oferecendo quatro opções para o O projeto do Google Glass3, um
usuário escolher qual história deseja óculos de realidade aumentada,
3
Link da demonstração:
http://www.google.com/glass/
ouvir. Só é possível ouvir a voz dos onde o usuário poderá executar start/
100

101
comandos a partir de falas pré-
PREECE, Jenny; ROGERS, Yvonne; SHARP, Helen. Design de interação – além
programadas ou gestos na frente da interação humano-computador. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Design e Interação

Design e Interação
da câmera existente nos óculos.
Esse produto pode ser considerado VAN AMSTEL, Frederick. Afinal, o que é design de interação. Disponível em:
<http://www.usabilidoido.com.br/afinal_o_que_e_design_de_interacao.html>.
uma revolução no mundo do
Acesso em: 01 Janeiro 2013
Design de Interação, por ser um
projeto inovador e com novas LÖWGREN, Jonas. Interaction Design. Disponível em: <http://www.
interaction-design.org/encyclopedia/interaction_design.html>. Acesso em:
opções de usabilidade. Os óculos
Janeiro 2013
possuem conexão com a internet,
por onde o usuário pode realizar SAFFER, Dan. Designing for Interaction: Creating Smart Applications and
chamadas com vídeo, postar fotos Clever Devices, Peachpit Press, 2006,

e vídeos nas redes sociais, checar


Oi promove campanha com intenção de ”recriar a
informações em tempo real como magia do natal”. 14 dez, 2012. Disponível em: <http://
clima, horários de voo e qualquer portalimprensa.uol.com.br/cdm/caderno+de+midia/55565/
oi+promove+campanha+com+intencao+de+recriar+a+magia+do+natal>.
outra informação desejada,
Acesso em: 01 janeiro 2013
tudo isso por comandos de voz.
O usuário só precisa informar 15 projetos interativos que você deve conhecer. 12 dez, 2011. Disponível em:
aos óculos a informação que ele <http://webdocumentario.com.br/webdocumentario/index.php/resenhas/15-
webdocs-que-voce-deve-conhecer/>. Acesso em: 01 janeiro 2013
precisa. Este protótipo de produto
também possui acelerômetro e Tudo sobre o google glass, o óculos do google. Disponível em: <http://
giroscópio, tornando possível digitaisdomarketing.com.br/tudo-sobre-o-google-glass-o-oculos-google/>.
Acesso em: 15 março 2013
a interação do usuário por
movimentos com a cabeça.
Design de
experiência
Kathelen Larissa M. Alves
graduanda em design gráfico

sabilidade
u
gia
lo

cia
o sinestesia

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emoç

ra
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ação
105
Design e Experiência
A pessoa é, antes de tudo, consciência. Por isso, o que
caracteriza a experiência não é tanto o fazer, estabelecer
relações com a realidade com o fato mecânico; (...) o que
caracteriza a experiência é compreender uma coisa,
descobrir-lhe o sentido. A experiência implica, pois, a
inteligência do sentido das coisas. (GIUSSANI, 2000, p. 23)

A experiência coincide, certamente,


Aplicação de projeto de
interação e experiência no com ‘provar’ alguma coisa, mas
Hotel Silken Puerta América,
na cidade de Madrid. A obra foi coincide sobretudo com o juízo dado a
projetada pelo arquiteto Jason respeito daquilo que se prova. O
Bruges em colaboração com
Kathryn Findlay. estudo do Design de Experiência se
localiza entre as expectativas humanas
e os possíveis resultados de um projeto
de Design, desenvolvido de forma
Ao analisarmos o que significa ter uma experiência, percebemos o quanto o direcionada à atender as necessidades
seu entendimento nos conduz ao sentido de vivência, de algo experimentado do público-alvo, principalmente
de forma concreta e consistente em nosso dia-a-dia. Aquele que não através do estudo da experiência. Além
experimenta, poder ser considerado como alguém que está à margem, não disso, esta área agrega valores às
interage de forma plena com o objeto ou situação com que se depara. Neste mídias digitais, aproveitando as suas
âmbito, o estudo do Design de Experiência nos apresenta uma reflexão diferentes formas de interação com o
a respeito da profundidade existente na relação entre as pessoas e os usuário e possibilidades de criação de
produtos/serviços de Design. significados.
106

107
Todas as ideias vêm da sensação ou reflexão. Suponhamos
que a mente seja, como dizemos, um papel em branco, um
Design e Experiência

Design e Experiência
vazio de caráter, sem nenhuma idéia: - Como vem ele a ser
guarnecido? De onde vem este vasto estoque de fantasias
constantes e ilimitadas, pintadas pelo homem com praticamente
infinita variedade? Onde estão todos os materiais da razão
e conhecimento? Para isso eu respondo em uma palavra: da
EXPERIÊNCIA. (LOCKE, 1952, p. 121)

O Design de Experiência surge


como norteador de uma nova forma
de pensar o Design. Uma das razões
que define a importância dessa área nesse âmbito é intangível, o produto Escadaria de acesso do
final é a própria experiência. Apesar MetrôRio, projetado pelo
são seus princípios e fundamentos
escritório Ana Couto Branding,
voltados à experiência do usuário ao de envolver questões práticas e potencializando a experiência
do usuário com o espaço.
manusear o produto. materiais, a materialidade nesse
caso não é um fim em si mesmo,
Usuários dos produtos, interfaces, sistemas e espaços estão trata-se de uma via com ênfase na
descobrindo seu enorme grau de influência no processo de experiência.
criação. E através dessa influência estão começando a receber
o que querem, quando querem e como querem. (SANDER apud Pela complexidade envolvida em todo o processo, o design para
FRASCARA, 2002). experiência deve ser entendido, abordado e trabalhado por uma visão
mais abrangente, que permita ao designer articular de forma coerente
O profissional de design transforma- os fatores a serem explorados para o fomento da experiência. Pelas
se então, não apenas em um problemáticas levantadas e trabalhadas por essa abordagem, (...) para
desenvolvedor de projetos, mas em se trabalhar a relação entre interatores e objetos interativos para a
um estudioso atento aos desejos, promoção da experiência. (NOJIMOTO,2009,p.53)
emoções e valores, evidenciando as
necessidades e vontades do usuário.
O resultado de um projeto de design
108

109
A experiência entre o indivíduo e o A área de estudo conhecida como Nas metodologias relacionadas
produto/serviço nem sempre pode Design de Interação possui um papel ao Design de Interação, o foco
Design e Experiência

Design e Experiência
ser delimitada. As reações humanas importante no desenvolvimento das no usuário é estudado em duas
são variáveis e os resultados podem pesquisas do Design de Experiência. abordagens: pelo user-centered
ser imprevisíveis para o designer, Segundo Rifikin (2000), os dois design, termo designado para definir
o qual não tem o controle sobre fenômenos integram parte de um a usabilidade dos produtos e serviços;
determinados fatores subjetivos. mesmo projeto que ele denomina e pelo user experience design, que
A “insegurança” serve de estímulo a “Era do Acesso”. Para o autor, evidencia as possibilidades das
para o aprofundamento no estudo a sociedade foi direcionada pela experiências interativas entre o
do público-alvo. informática e pela comunicação para usuário e o objeto. Segundo Sharp,
as networks (estruturas em rede), nas Rogers e Preece (2007), a abordagem
Segundo Freire (2009), este quais vendedores e compradores do user experience na metodologia
comportamento deve ser visto pelos se transformaram em fornecedores projetual é desenvolvida a partir da
designers como uma oportunidade e usuários, e onde o acesso é forma como as pessoas sentem e
de conhecer o público para o qual praticamente universal. Inseridos reagem ao interagir com o produto/
projetam e de estabelecer uma nesse contexto, Pine e Gilmore serviço, a satisfação em ver, usar,
relação colaborativa com ele. (1999) refletem acerca da questão olhar, segurar, abrir ou fechar.
da experiência como fenômeno da
No Design de Experiência, os objetos atualidade. Segundo os autores, as No campo do design, as experiências
não são considerados apenas em distintas formas da economia ao que o usuário terá com o produto
sua forma material ou gráfica, mas longo da história culminaram no não podem ser delimitadas. No
também o seu uso e à maneira estágio onde a experiência se torna o entanto, é possível direcionar o
pela qual o produto é adquirido. A resultado mais importante, colocando- projeto de acordo com as respostas
aproximação do Design com outras se acima da máxima capitalista da experienciais do contato entre
áreas de estudo, como a psicologia, aquisição de bens, mercadorias e usuário e objeto. Em um projeto de
a antropologia e a sociologia, vem serviços. Esta contextualização nos Design voltado para a experiência, o
demonstrando o vínculo que existe ajuda a entender a mudança de foco ponto central não está em conceber
As reações humanas são
entre objeto e usuário. no desenvolvimento de projetos de objetos mais prazerosos à utilização, variáveis e os resultados
design nas últimas décadas. mas sim à diversidade de experiências podem ser imprevisíveis para o
designer, a experiência varia de
passíveis de surgir desta relação. usuário para usuário.
110

111
A experiência do indivíduo não é o iPhone também possui outros
apenas um pré-requisito para ser dispositivos como o acelerômetro,
Design e Experiência

Design e Experiência
trabalhado através do Design, e sim aparelho que detecta através de um
uma estratégia de valor. Enquanto sensor espacial a movimentação do
o setor de marketing de uma telefone, retornando informações
empresa utiliza uma campanha de relacionadas à posição e
publicidade para chamar a atenção movimentação do mesmo. Desta
do público, o Design de Experiência forma, o acelerômeto permite que
procura dar uma ênfase maior o usuário controle um jogo, por
no produto, como atração para o exemplo, como se fosse uma direção
usuário.
Experiências relacionadas aos
Categorias do Design de sentimentos que se identifiquem com a sua que permitem e incentivam uma
Experiência personalidade a determinado maior interação entre diferentes Imagem interna de um avião da Virgin
America, empresa que modificou
Este tipo de experiência está sistema, constitui-se como uma indivíduos e a construção de suas aeronaves visando o conforto e
experiência dos usuários.
Experiências relacionadas aos conectada às emoções dos possibilidade de projeto de conteúdo, estas experiências podem
sentidos usuários ao utilizar um produto. experiência. ser intensificadas e ampliadas. O
Para Buccinni (2006), essa Orkut, uma das primeiras redes
Segundo Buccini (2006), as categoria varia e apresenta um Experiências sociais sociais a se popularizar, funciona
experiências são definidas através alto grau de subjetividade. Uma baseada numa interface simples e
de estímulos nos órgãos sensoriais. das característica marcantes nas As experiências sociais podem intuitiva. Assim como ocorreu com
A audição, a visão e o toque se experiências sentimentais é a ser identificadas com as reações o Orkut, o Facebook amplificou as
relacionam à aparência do produto. personalização de interfaces e apresentadas pelos usuários denominadas “amizades virtuais”,
Com a evolução da tecnologia, o aplicativos digitais, com base nas através da intermediação de um assim como as experiências
tato passou a ser mais explorado, ideias e preferências do consumidor. determinado produto. Segundo possíveis neste meio. Além das
principalmente através do touch- Para Pereira e Gonçalves (2010), Buccinni (2006), esta categoria redes sociais, existem outros
screen (telas sensíveis ao toque) a capacidade de conhecer as interfere na percepção do substratos onde podem ocorrer as
presente em aparelhos como o emoções e os sentimentos dos comportamento de uso de outras experiências sociais, como é o caso
iPhone e o Microsoft Surface. usuários a partir de elementos pessoas. Com o surgimento da dos bate-papos virtuais.
Além da ferramenta touch-screen, web 2.0 e de suas ferramentas,
112

113
Design e Experiência

Design e Experiência
Experiências cognitivas Experiências de uso pela experiência de uso através
de “interfaces transparentes”,
Compreendem as possibilidades de Caracterizam-se pela relação entre que, como afirma Pereira e
interpretação de códigos e símbolos a funcionalidade dos produtos Gonçalves (2010), pouco exigem da
pelo usuário. Um bom exemplo e a sua usabilidade. Os critérios capacidade cognitiva.
é a utilização de metáforas, que subjetivos não possuem maior
é o processo de transposição de evidência nesta categoria e o Experiências de motivação
elementos reais para um contexto maior destaque está na produção
virtual. Dentro desse processo, das interfaces relacionadas ao A aquisição e o consumo de um
vem surgindo um novo conceito de software. Nas experiências de uso, determinado produto podem
interação com o usuário, o qual explora é interessante a reflexão acerca do se caracterizar como fatores
Páginas de apresentação e compreende a interface e passa a paradigma interativo proposto por determinantes no comportamento
da empresa Biruta – Idéias fazer uso desta de forma mais simples Preece et. Al. (2005), que consiste do consumidor. Este tipo de
Mirabolantes <biruta.com.br>
e de fácil compreensão (PEREIRA E nos fundamentos da computação experiência se encontra, embora
Proposta de experiência e GONÇALVES, 2010). Os símbolos transparente: o computador deve não necessariamente, nas
interação com os visitantes
a partir de metáforas bem- mais comuns aos usuários, como suprir as necessidades do usuário, novas alternativas de interação
humoradas e do uso de
recursos gráficos, animados,
ícones, mensagens e demais interfaces, prevendo o que ele deseja fazer. e divertimento do usuário. As
textuais e sonoros <www. podem ser considerados como Valendo-se deste paradigma, as tecnologias que possibilitam a
biruta.com.br>
exemplos de experiências cognitivas. hipermídias são categorizadas produção e integração de vídeos
114

e animações tridimensionais em Exemplos de Projetos com o


portais da internet tornaram Design de Experiência
Design e Experiência

possível destacar as experiências


motivadoras e de imersão A experiência envolve emoções e
daquele que freqüenta estes expectativas, e reflete na memória
espaços. A educação à distância, e na construção da relação com o
especialmente os objetos do ensino produto/serviço. Um bom exemplo de
e da aprendizagem, possuem projeto na área é o site da empresa
amplas possibilidades em relação de mídias extensivas ‘Biruta - Idéias
à motivação. Neste caso, cabe aos Mirabolantes’, a ênfase na experiência
designers fortalecer este campo. se dá através do uso de metáforas
bem-humoradas na relação com o
usuário. A partir da primeira interação
com o site, guiada por uma introdução Uma proposta de design e Projeto com ênfase na
da empresa, o visitante opta por experiência retratando conceitos experiência do usuário
que resultou na alteração
diferentes experiências virtuais, de sustentabilidade e qualidade do ambiente de MetrôRio,
desenvolvido pela Ana Couto
onde a música, os códigos visuais, o da informação está no projeto Branding. <anacouto.com.br>
vídeo e as expressões para termos Itaú folhetaria, desenvolvido pelo
técnicos como equipe ou portfolio escritório de Design – Ana Couto
são trabalhados dentro do contexto Branding1. Após um estudo da
metafórico. O envolvimento do vivência dos consumidores nas
cliente com a empresa é comparado agências, surgiu a necessidade do
às relações sociais, o usuário planejamento de uma informação
pode optar por uma relação mais organizada, padronizada e
séria – ‘casamento’, um acesso sem segundo as preferências dos
compromisso – ‘rapidinha’ ou um usuários. Foi feita uma revisão
Projeto da Folhetaria do Banco
Itaú - desenvolvimento de ícones ‘bate-papo informal’, que conduzem na forma com que o banco
visando a aproximação dos clientes
aos serviços oferecidos pela a uma experiência virtual onde a comunicava seus produtos, o que 1
Site do Escritório Ana Couto
empresa. Projeto do escritório Ana Branding – <www.anacouto.
empresa transmite sua mensagem de resultou na redução do número
Couto Branding. com.br> Acesso em abril de
<anacouto.com.br> forma criativa e ousada. de folhetos, de trinta e duas para 2013
117
sete versões. O projeto contou no espaço mapeou e potencializou
BUCCINI, Marcos Buccini Pio. Design Experiencial em ambientes digitais:
com o desenvolvimento de códigos os pontos de contato, como ponto- um estudo do uso de experiências em web sites e junto a designers e

Design e Experiência
visuais de aproximação com o de-partida do projeto. O interior usuários de internet. Dissertação de mestrado – UFPE, 2006 . Disponível
em: <http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.
público, como resultado do estudo dos metrôs também foi alterado php?codArquivo=4530> Acesso em 27 jan. 2013
da experiência do consumidor. para proporcionar mais segurança e
CARDOSO, Natália Pizzeti, PEREIRA, Alice Theresinha Cybis. Design de
conforto aos passageiros.
Experiência como estímulo pro desenvolvimento de hipermídias voltadas a
Um outro exemplo na área, foi o satisfação do usuário. Florianópolis: UFSC, 2011.
desenvolvimento do projeto do O Design voltado ao estudo da
PEREIRA, Alice Theresinha Cybis, GONÇALVES, Berenice Santos. Design de
MetrôRio, realizado pela Ana Experiência é uma importante Hipermídia. Volume 1. Processos e Conexões. Florianópolis:UFSC, 2010.
Couto Branding. O objetivo era possibilidade dentro do campo
NOJIMOTO, Cynthia. Design para Experiências: processos e sistemas digitais.
potencializar a experiência com o de pesquisa e atuação do Design,
São Carlos: EESC-USP, 2009.
espaço, transformando as estações que está sendo desenvolvida,
em espaços que funcionassem como explorada e expandida. Esta área GIUSSANI, Luigi Giovanni. O Senso Religioso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2000.
meio e mensagem dos atributos da integra diferentes ciências sociais
marca. O desafio da experiência era aliadas ao estudo da tecnologia e Portal Experiência Design. Disponível em: <http://www.experienciadesign.
Projeto com foco na experiência,
desenvolvido pela empresa transformar as estações em grandes das emoções, dedicando esforço na com/home.htm>. Acesso em 27 jan. 2013
3M Nordic Innovation, com
sede na Suécia. <http://www. plataformas de mídia, deixando de criação de ferramentas com foco na Portal Nellyben. Disponível em: <http://www.nellyben.com/> Acesso em 27
internimagazine.com/newsweekly/ ser apenas um local de passagem. experiência dos indivíduos. jan. 2013
project/3m-nordic-innovation-
center-in-stockholm-sweden> Um estudo da vivência dos usuários
Portal Ana Couto. Disponível em: <http://www.anacouto.com.br/> Acesso em
06 Abr. 2013

Portal Biruta. Disponível <http://www.biruta.com.br/> Acesso em 06 Abr.


2013.

Portal Jason Bruges. Disponível em <http//www.jasonbruges.com> Acesso em


15 Abr 2013.

Portal Mont Parnas. Disponível em <http://www.montparnas.com/articles/


virgin-americas-customer-experience/> Acesso em 15 Abr 2013.
‘‘‘

Design e
branding
Amanda Vilar de Carvalho
graduanda em design gráfico

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120

121
A marca
Design e Branding

Design e Branding
A marca evoluiu historicamente
a partir de três paradigmas. O
primeiro é a identificação, como
no caso de brasões familiares
e fachadas. O segundo, está
na distinção da origem ou do
comerciante de produtos, como
acontecia nas marcas em móveis
e cerâmicas. O terceiro, é a
identificação do dono de algum
bem, como na marcação de animais
(CHAMMA; PASTORELO 2007).

Partindo desses três pressupostos,


o conceito de marca evoluiu e
alguns autores ajudam a entendê-lo
sob diferentes visões. Kotler (1998,
p. 393), por exemplo, define marca
por uma perspectiva mais racional:

Um nome, termo, sinal, símbolo ou combinação dos


mesmos, que têm o propósito de identificar bens ou
serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de
Não raro observamos que a definição mais comum sobre o quê o designer gráfico faz diferenciá-los de concorrentes. (KOTLER, 1998, p. 393)
é a que envolve marcas e identidades visuais, as quais estão fortemente relacionadas
ao branding. Essa área tem adquirido um espaço relevante no mercado nas últimas Já segundo Pinho (1996, p. 7),
décadas. Neste capítulo, a abordagem será feita em torno do conceito de branding e do ao “[...] adquirir um produto, o
papel que o designer gráfico exerce nesse âmbito. consumidor não compra apenas
122

um bem. Ele compra todo o [...] Quando (as marcas) conseguem estabelecer representação para
conjunto de valores e atributos um relacionamento afetivo (com o público), criam sintetizar todos esses
Design e Branding

da marca”. Um exemplo dessa suas heranças, tornam-se símbolos de confiança, fatores através dos
afirmação está na competição ganham uma história e geram riquezas. elementos visuais que ARQUITETURA DE LOJAS E SEDE

entre as gigantes de tecnologia, (STRUNK, 2001, p. 34) a compõe. SONS


Apple e Samsung. A primeira CARTÃO DE VISITA
estabeleceu um vínculo emocional Um exemplo prático está no público- A identidade da marca
ANÚNCIOS IMPRESSOS, DE RÁDIO E TV
com o público, a aquisição do alvo formado por donas de casa, a
produto gera status dentro de maioria estabelece uma certa De modo geral, identidade é um FUNCIONÁRIOS
seu círculo social. Enquanto a tradição com o produto que utiliza na conjunto de características pelas VÍDEOS DE TREINAMENTO
Samsung preza pela qualidade limpeza do lar, como é o caso da quais algo é reconhecido ou
INFORMAÇÕES E FROTA DE VEÍCULOS
técnica de seus produtos e, em esponja de aço bombril. O conhecido. Sendo assim, a marca
decorrência de sua recente supermercado pode até vender também possui uma identidade que
RELAÇÕES PÚBLICAS
entrada na competição, outras esponjas que tenham a distingue de seus concorrentes.
ainda não estabeleceu um exatamente o mesmo desempenho e De acordo com Delano Rodrigues PRODUTOS E SERVIÇOS
relacionamento tão subjetivo
com os consumidores. Em termos
sejam mais baratas, mas elas
preferem não arriscar em marcas
(2011, p.25), essa identidade
é formada através do contato
NOME E SLOGAN PONTOS DE
de funcionalidade e qualidades que não confiam e acabam levando “o com diversos aspectos que, de AÇÕES CIVIS CONTATO DA MARCA
técnicas, uma não supera a outra, de sempre”. certo modo, influenciam na sua
PROMOÇÃO DE VENDAS
no entanto, o tipo de relação que assimilação. O diagrama ao lado
o público estabelece com a marca A marca portanto, configura-se como apresenta os pontos de contato da IMPRESSOS
e com os produtos diferencia de a imagem da empresa e à ela estão marca:
forma latente o posicionamento associados os valores, a qualidade WEBSITE
dessas empresas no mercado. do produto/serviço, a relação com
EMBALAGENS
o mercado, bem como a relação
Strunk (2001, p. 34) complementa emocional com os consumidores. MALA DIRETA
esse raciocínio ressaltando que: A marca deixa, então, a mera AROMAS E CHEIROS
124

125
Os pontos de contato revelam quatro Identidade corresponde ao que é Segundo Rodrigues (RODRIGUES
aspectos importantes da identidade emitido ao público pela marca, sobre apud SILVA, 2006 p. 3), “a interação
Design e Branding

Design e Branding
da marca (RODRIGUES, 2011, p. 25): o que ela representa. Já a imagem diz do branding é fazer com que
respeito ao que é emitido pelo público a marca ultrapasse sua esfera
Posicionamento, que diz respeito ao ao decodificar a identidade da marca, econômica, passando a fazer
objetivo da existência da marca e qual ou seja, é o conceito que o consumidor parte da cultura e a influenciar
sua importância para o público; criou através dos símbolos, serviços/ o comportamento das pessoas,
produtos e as mensagens transmitidas. num processo de transferência
Identidade verbal, que engloba o de valores para todas as partes
naming e toda a linguagem verbal Branding interessadas da marca”. Vale
utilizada, como idioma e vocabulário; ressaltar que a prática de branding
Em inglês, brand significa “marca” passou a ganhar importância
Universo experiencial da marca, que e a expressão “branding” resume a nas estratégias de mercado nas
abrange as experiências olfativas, prática de gestão da marca. Quando últimas décadas. Começou a
táteis e sonoras vivenciadas pelo falamos em gestão de marca abranger não apenas gigantes
público; envolvemos todos os aspectos e da economia mundial, como era
conceitos citados até agora neste comum, mas também pequenas
Identidade visual, que é desenvolvida capítulo. O branding se caracteriza e médias empresas em busca de 1
SILVA, Giorgio G. O Branding:
Ferramenta estratégica para
pelo designer em conjunto com como uma área interdisciplinar crescimento e espaço. Isso se o posicionamento da marca.
Universidade do Vale do Itajaí.
outros profissionais e relacionada em que vários profissionais estão deve ao avanço da tecnologia, Disponível em: <http://fido.
aos elementos acima. É a síntese da envolvidos: principalmente o desenvolvimento palermo. edu/servicios_dyc/
encuentro2007/02_auspicios_
marca e todos os seus aspectos em publicaciones/actas_diseno/
articulos_pdf/A079.pdf>. Acesso
elementos gráfico-visuais, como o O marketing entra com sua função de planejamento, pesquisa de em Março de 2013
logotipo e/ou o símbolo, uniformes, informações estratégicas para a idealização do produto. O design tem
cartão de visita, embalagens, a função de decodificar essas informações, e, através delas, expressar
impressos, e demais aplicações. visualmente a marca. A propaganda tem a incumbência de divulgar a
personalidade da marca e gerar conhecimento. A arquitetura é um forte
É preciso compreender que elemento de experiência, tanto do ponto de venda, quanto no contato
identidade e imagem da marca com os colaboradores e funcionários da empresa. A administração e suas
possuem conceitos distintos subáreas têm a função de planejar, organizar, gerenciar e controlar o
(RODRIGUES, 2011, p. 26). trabalho de seus funcionários e colaboradores.1
126

127
da internet, onde as mídias gráficos, como o logotipo, as cores preto e vermelho ao clube e qualidade e muitos outros fatores
digitais proporcionam um meio embalagens, cartão de visitas e discute energicamente com pessoas empresariais.
Design e Branding

Design e Branding
para divulgação e popularização outros impressos e meios digitais. Já de times diferentes. O conjunto de
da marca ao mesmo passo que o segundo, o intangível, está ligado valores emocionais ultrapassa a O Branding e o Design
aumentam a vulnerabilidade desta. ao comportamento, a experiência, disputa de placares e vitórias para Gráfico
Graças a liberdade de expressão, o a capacidade de ser memorável, a transformar-se essencialmente num
consumidor se tornou mais crítico mente, ao clima, a receptividade debate sobre branding. A maior contribuição que o design
e seletivo, podendo construir uma obtida junto ao público e a emoção gráfico pode oferecer ao branding
reputação em torno da marca causada por ela, que também Em suma, branding é o processo está no projeto de elementos
através de postagens nas redes estão intimamente relacionados de unificação e criação, não só gráfico-visuais que enfatizem os
sociais. aos elementos tangíveis, inclusive de elementos gráfico-visuais, valores tangíveis e intangíveis da
o design gráfico (CHAMMA; mas das áreas e estratégias que marca. O designer gráfico será
O branding tornou-se o ponto de PASTORELO 2007). correspondem a identidade da responsável pela comunicação
convergência das estratégias de empresa, produto ou serviço. visual do conceito da empresa,
mercado que buscam a valorização Ainda segundo Chamma e Pastorelo Ele será responsável pelo produto ou serviço.
da imagem da empresa e não (2007), um exemplo claro de gerenciamento do conceito
somente do produto/serviço em elemento intangível da marca é a da marca em sua totalidade,
si. Ele divide a imagem da empresa ligação entre um indivíduo e seu determinando a linguagem verbo-
em dois elementos distintos: o time de futebol. Um fanático pelo visual, o posicionamento,
tangível e o intangível. O primeiro flamengo, por exemplo, chama a os valores, a
está relacionado às características camisa de “manto sagrado”, chega a
do produto e aos elementos relacionar os objetos que possui as
128

129
É importante que o designer planeje Símbolo é um sinal gráfico que A flexibilidade, que torna o logotipo
estrategicamente o projeto. Este substitui o registro do nome da adaptável à diversos contextos de
Design e Branding

Design e Branding
deve ser guiado pelos princípios instituição; uso.
da empresa, perfil do público-alvo,
simbologia envolvida, concorrentes Logotipo é a forma particular e A versatilidade, relacionada a
diretos e indiretos, e necessidades e diferenciada com o qual o nome capacidade de ser mutável, ou seja,
percepções. Não é recomendável, no da instituição é registrado nas de um futuro redesign.
projeto visual negligenciar pequenos aplicações, podendo vir, ou não,
detalhes inerentes à empresa, acompanhado de símbolo; E por fim, o manual de uso, para
mesmo que aparentemente não que, no uso posterior do logotipo,
sejam relevantes. É necessário traçar Ao desenvolver os aspectos gráficos não existam distorções que
objetivos, planejar estratégias, bem da marca, o designer precisa prejudiquem a imagem da marca.
como prever riscos e supervisionar considerar critérios relacionados
resultados. com a memorização e aceitação do Metodologia
público:
Juntamente com o envolvimento O branding necessita de um
de outros profissionais, o designer A legibilidade: que pode ser planejamento que ajude a equipe
desenvolve a comunicação visual resumida pela facilidade de envolvida, inclusive o designer,
de uma empresa, produt o ou reconhecer uma letra, palavra ou no processo de desenvolvimento
serviço. Essa comunicação abrange símbolo. projetual. O planejamento das
desde o logotipo e/ou símbolo, até etapas de ação do branding serve
embalagens, impressos, websites, A leiturabilidade, que está como um guia que facilitará e dará
hotsites e outros. É importante associada à velocidade de leitura consistência ao projeto, uma vez
enfatizar a diferença presente no uso e compreensão de uma palavra ou que ao fundamentar cada passo com
dos termos: logotipo, marca e símbolo texto. análises e estudos, as chances de o
(PÉON, 2003): projeto fracassar diminuem.
A dimensão mínima do logotipo,
O termo marca refere-se, como já que deve ter um limite de redução O escritório Ana Couto Branding
vimos, ao conceito da empresa e não especificado no projeto. para que e Design possui clientes como
só a elementos visuais; possa ser reconhecido pelo público. Gradiente, Ambev, Credicard e
130

131
outros, e utiliza uma metodologia 3- Arquitetura de marcas: será 6- Universo Visual e Verbal: serão
que é referência nesse âmbito. definida a relação existente entre definidos pequenos e importantes
Design e Branding

Design e Branding
No site do escritório é possível as marcas que compõe a empresa detalhes do universo da marca,
obter todo o processo utilizado (se houver mais de uma), a fim de como, tipografia, texturas, imagens,
nos projetos de branding . As
1
comunicar claramente os objetivos vocabulário, tom de voz etc.
seguintes etapas dizem respeito junto ao público.
ao projeto de personalidade da 7- Guia de Branding: um guia de
marca, ou seja, como deve ser 4- Nome: a criação do nome da aplicação da marca em suas várias
elaborada de modo que seja sólida marca (naming), que deve expressar formas (não somente na forma
e pregnante: e reforçar a proposta de valor da gráfica).
empresa definida na etapa 2. O nome
1- Diagnóstico e Branding: deve ser de fácil pronunciação e 8- Manual da Marca: estabelece
corresponde à etapa base para o funcionar bem nos idiomas que fazem regras para a utilização da marca na
desenvolvimento do projeto, onde parte do universo da marca, bem forma gráfica.
será analisada, com detalhes, a como estar disponível para registro.
situação atual da Marca. 9- Workshop: trata-se da
5- Marca: nesta etapa, será criado disseminação do conteúdo
2- Plataforma da Marca: o um símbolo que funcione como estratégico da marca, formando os
objetivo desta fase é alinhar a identidade da marca e que seja públicos internos, como acionistas,
a cultura corporativa, com memorável para as pessoas. Ele deve colaboradores, parceiros etc.
definição de proposta de valor, alinhar o material de comunicação da
visão, missão, posicionamento e marca e deve ser de fácil reprodução 10- Material corporativo:
propósito da marca. em diversos meios e tamanhos. aplicação da identidade visual da
marca nos materiais corporativos,
como papelaria, frota de veículos,
website etc.

1
Conteúdo retirado do site Ana
Couto Branding e Design
<www.anacouto.com.br>,
acessado em 02/04/2013
132

133
As etapas seguintes dizem respeito conexão entre o consumidor e a 1
Conjunto de operações efetuadas utilização da marca nos pontos de 1- Planejamento de comunicação: seguindo a proposta de valor e
dentro do ponto de vendas,
à experiência da marca, que está marca em locais estratégicos, por visando colocar o produto certo, contato citados acima. tem o objetivo de planejar a posicionamento definidos nas
na qualidade certa, com preço
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relacionada ao modo de interação exemplo, hotéis, restaurantes, certo, no tempo certo, com
comunicação da marca de forma primeiras etapas do projeto.
com o público, a forma como é aeroportos e bares. impacto visual adequado e dentro 7- Evento de marca: tem como estratégica. Exemplo: lançamento
de uma exposição correta.
promovida no mercado: (KOTLER, 1993) objetivo fidelizar o cliente, de produto, mudanças e mídias. 5- Jornada da marca: tem por
4- Ambientação e varejo: diz através de um conjunto de ações objetivo avaliar os pontos de
1- Embalagem: criação da respeito ao ambiente onde estão que proporcione experiências 2- Campanha de comunicação contato da marca e fortalecê-los.
embalagens dos produtos da sendo vendidos os produtos/ memoráveis para o público. (interna/externa): criação de
empresa, que representam um serviços. Ele deve refletir a marca campanhas comunicativas, sejam 6- Mapa de endobranding1: analisa
momento de experiência direta através de luzes, texturas, aromas, 8- Design de produto: projeto elas comerciais, institucionais ou a utilização da marca por seus
entre o público e a marca. etc. de produtos que reflitam a marca promocionais. colaboradores, fortalecendo a
em seus vários aspectos e que cultura corporativa.
2- Portfólio de Ponto de Venda: 5- Ambientação corporativa: despertem desejo no público. 3- Comunicação Corporativa: tem
criação de um ponto de venda que corresponde ao espaço onde a função de reforçar a comunicação 7- Site e aplicativos: promoção
gere visibilidade para a marca, além o público interno da empresa 9- Sinalização: determina de forma corporativa. Exemplo: relatórios da marca no universo digital,
de despertar o desejo de compra no realiza suas funções. Ele deve ser clara e personalizada a sinalização anuais e vídeos institucionais. aumentando o relacionamento com
consumidor. inspirador e motivador. de determinado local. o público.
4- Comunicação por conteúdo: diz
3- Portfólio de Merchandising : 1
6- Guia de Experiência: tem a E por fim, as etapas que tratam da respeito à geração de conteúdo 8- Guia de comunicação: guia
tem como objetivo ampliar a função de mostrar as regras para comunicação da marca: relevante para o público da marca, completo destinado à equipe de

O Endobranding é a maneira que


a empresa ou instituição transmite
aos funcionários sua visão, missão
e valores, aprimorando o senso
de pertencimento dos mesmos ao
local de trabalho.
134

135
marketing e comunicação, com traduziu no símbolo criado.
Inspiração para tipografia e Inspiração para tipografia e
o objetivo de manter a marca traços utilizados no projeto das traços utilizados no projeto das
Olimpíadas Rio 2016. Imagem Olimpíadas Rio 2016. Imagem
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alinhada ao seu propósito. O logotipo foi desenvolvido com retira de <www.rio2016.org> retira de <www.rio2016.org>
base em um amplo estudo a respeito Acessado em Março de 2013 Acessado em Março de 2013

Projetos de Branding da cultura do Rio de Janeiro e de


vasto repertório a respeito do
Marca Rio 2016 povo brasileiro. O resultado de
projeto sintetiza bem os elementos
O projeto da marca das propostos para o projeto. A
Olimpíadas 2016 no Rio de tipografia foi criada especificamente
Janeiro foi desenvolvido pela para o símbolo, representando
agência Tátil Design de Ideias. fluidez, além de as letras serem
Através de estudos e análises, inspiradas nos movimentos dos
a Tátil reuniu características atletas. O símbolo também possui
marcantes do povo brasileiro e as alta valor semântico, reunindo
referências do Rio de Janeiro e do da marca, desenvolvido pela
Brasil. O logotipo apresenta uma FutureBrand Brasil4.
personalidade e uma identidade
marcantes, que estão presentes em Era necessário que a nova
todo material desenvolvido para marca atingisse dois objetivos
divulgação dos jogos. principais. O primeiro era reforçar
a imagem que o público já tinha
Teleton da Teleton como um movimento
de solidariedade, transformação
A Associação de Assistência à e felicidade. O segundo objetivo
Criança Deficiente (AACD) possui estava em apresentar uma marca
um programa transmitido pelo que não era transmitida apenas
Sistema Brasileiro de Televisão pela TV, mas que havia ampliado 1
Site da empresa FutureBrand
Logotipo das Olimpíadas 2016, Inspiração para tipografia utilizada Forma tridimensional da marca das Brasil <www.futurebrand.com.
desenvolvido pela Tátil Design de no logotipo das Olimpíadas Rio Olimpíadas 2016 (SBT) chamado Teleton. O projeto sua atuação atingindo diversas br> acessado em 02/04/2013
Ideias <www.abstratil.com.br> 2016. Imagens retiradas de
Acessado em Março de 2013 <www.rio2016.org> Acessado em de design foi de reposicionamento plataformas digitais.
Março de 2013
136

137
O novo logotipo possui em tinham condições de comprar um necessitou de acompanhamento
CHAMMA, Norberto; PASTORELO, Pedro Dominguez. Marcas & Sinalização:
sua composição o botão “play”, calçado mais sofisticado, tornou- e planejamento acerca dos novos práticas em design corporativo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
Design e Branding

Design e Branding
que significa o começar da se hoje referência no mercado públicos que estavam sendo
transformação, da alegria, da união. de sandálias internacionais. Seu atingidos. Foi necessário o estudo KOTLER, Philipe. Administração de Marketing. Rio de Janeiro, 1993.

É como “acionar” a solidariedade. posicionamento transformou o aprofundado de tendências em


PÉON, Maria Luísa. Sistemas de IDentidade Visual. Rio de Janeiro: 2AB, 2003.
pensamento dos consumidores cores e estampas e da simbologia
Havaianas acerca do produto e agora, a marca associada à marca, afim de RODRIGUES, Delano. Naming: o nome da marca. Rio de Janeiro: 2AB, 2011.
representa os conceitos de fashion, comunicar brasilidade e jovialidade
A marca Havaianas é conhecida cool, jovial e que ‘todo mundo usa’. ao produto. Conceitos como SILVA, Giorgio G. O Branding: Ferramenta estratégica para o posicionamento
da marca. Universidade do Vale do Itajaí. Disponível em: <http://fido.palermo.
internacionalmente, um produto humor, descontração e verão são
edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/
originalmente brasileiro que possui A função do design gráfico em desenvolvidos em toda a identidade articulos_pdf/A079.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2012.
um bom histórico de evolução meio a evolução da empresa foi visual da empresa, desde estampas
e é inspiração de branding para reformular o material visual no nos calçados, planejamento de SILVA, Giorgio G, et.al. Aplicação da gestão conhecimento no Branding
da marca. Trabalho apresentado no Diseño en Palermo. Encuentro
muitos profissionais. A marca que novo posicionamento da marca acessórios, visual na web, campanhas Latinoamericano de Diseño. Disponível em: <http://fido.palermo.edu/
antigamente era associada às no mercado. O desenvolvimento publicitárias, até na aparência de servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/
articulos_pdf/ADC065.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2012.
pessoas de baixa-renda que não do conceito visual da havaianas lojas e pontos de vendas.

Publicidade da Havaianas -
disponível em
<http://br.havaianas.com/pt-BR>
‘‘‘

Design e
gestão
Ayrla de Farias e Melo
graduanda em design gráfico

ist ração
in
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a id a
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pr

tit
em estratégia

o
pe
unida

gestã
de
ipe

com
u
eq

ar
lig
tores
inter
141
Logo, gestão trata de administrar, O gestor de design trabalha com
organizar, ou ainda de coordenar a identidade corporativa, ou seja,

Design e Gestão
algo, seja uma empresa, casa ou o gerenciamento de itens como
comunidade. marca, papelaria, embalagens, além
das muitas outras características
Gestão de design trata-se O Design, por sua vez, é visto empresariais, como as formas
da união do estudo e da
aplicação do design na como “estratégia aliada à ousadia de atendimento e logística. Tudo
administração de uma
empresa.
e à inovação” (MENESES e SILVA, precisa ser visivelmente interligado,
p. 46, 2011), ou seja, ao projeto refletindo a filosofia e as atitudes da
de produtos ou serviços criativos, empresa.
resultantes de ideias novas e
diferentes do convencional. Ele também pode gerir a evolução
dos produtos, a escolha dos
Aplicando, então, a união dos materiais, as técnicas utilizadas
conceitos de gestão e design, na fabricação, a comunicação do
podemos entender a Gestão de posicionamento institucional e os
Design como o estudo e a aplicação demais aspectos que compõem a
do design na administração1 de uma empresa e que influenciam para
empresa grande, média ou pequena, que esta possa intervir de forma
relevante no mercado. Apesar da
De acordo com Minuzzi, Pereira e reunião de todos esses aspectos
Merino (2010), o gestor de Design aumentar a responsabilidade
Muitos de nós conhecemos os conceitos de gestão e de design separadamente. possui a função de interligar os do designer, o volume de inter-
Essa apreensão isolada pode ajudar a intuir sobre a Gestão do Design com maior ambientes e setores da empresa, relações também gera garantias de 1
Administrar é o ato de “Interpretar
facilidade: pois, além de criar e desenvolver resultados positivos, tanto interna os objetivos propostos pela
empresa e transformá-los em
projetos, ele tem uma noção maior quanto externamente, ao negócio ação empresarial por meio de
“O termo “gestão” deriva do latim “gestione”, indicando o ato de gerir, de gerência das etapas percorridas em questão. planejamento, organização, direção
e controle de todos os esforços
gerência e/ou administrar. Que no sinônimo “gerir”, em latim “gerere”, por produtos e/ou serviços, realizados em todas as áreas e
em todos os níveis da empresa,
traz em seu significado original as ações de trazer, produzir, criar; observando desde a criação até a Há várias definições para Gestão de a fim de atingir tais objetivos”
(CHIAVENATO, 1994, p. 25).
executar e administrar.” (FERREIRA, 1999) comercialização e o consumo. Design apontando a sua importância
142

143
para o meio empresarial, por se NÍVEIS DA GESTÃO DE competitivas. Para isso ocorrer, quanto o que o cliente espera dos
tratar de uma área fundamental DESIGN de forma a trazer bons resultados, produtos/serviços por ela oferecido.
Design e Gestão

Design e Gestão
para as estratégias competitivas e há a necessidade da realização
A Gestão Tática do Design
para a construção de uma imagem Conforme Martins e Merino de um levantamento de dados Gestão Operacional de estabelece as metas e
estratégias para a implantação
corporativa compatível às atitudes (2011), a Gestão de Design está buscando detectar os erros a Design de novas formas de
da empresa no mercado. Conforme subdividida em diferentes níveis serem amenizados. Em seguida, administração.

Walton (apud Fascioni 2000, p. 4): estruturais direcionados para cada é efetuado um estudo profundo A Gestão Operacional de Design
tipo de estratégia sobre a empresa e, a partir de então, tem o intuito de adequar a
A Gestão do Design começa com a proposição que uma empresa entende-se como ela surgiu, se comunicação visual da empresa,
de valores bem definidos que é a estratégia da deseja aplicar, de formou e qual imagem deverá ser na manutenção do padrão do
corporação, seguida por claras definições de visão, acordo com suas comunicada para o seu público-alvo. material utilizado na divulgação e na
missão, objetivos, estratégias e planos de ação que necessidades. De valorização da marca. Os resultados
unam a corporação e o negócio. (WATSON apud acordo com Mozota Gestão Tática ou Comercial gerados por esta categoria são
FASCIONI 2000,p.4) (2003), a prática da de Design consequência da eficácia da equipe
gestão de design e da aplicação dos seus projetos,
A Gestão do Design concentra o pode ser dividida nos seguintes Objetiva a geração de conceitos principalmente, por se tratar de
gerenciamento de várias áreas níveis: originais e de novas oportunidades um setor que irá transmitir parte
em um único profissional, o qual de mercado. É nela que são da imagem que a empresa é e/ou
possui conhecimento aplicável para Gestão Estratégica de Design estabelecidas as metas e estratégias pretende comunicar.
diferentes desafios em atividades, para a implantação de novas
produtos e conceitos, passíveis Essencialmente, Gestão Estratégica formas de administração. Para
de surgir após a realização de um de Design se caracteriza pela que a Gestão Tática se concretize,
minucioso diagnóstico empresarial. elaboração de uma tática para o o gestor de design depende de
avanço da empresa no mercado uma equipe de colaboração na
competitivo. Esse profissional transformação da imagem da
ainda interfere na estrutura, nas empresa em algo tão positivo
finanças e nos recursos humanos
da empresa, com a finalidade
de prepará-la para a inserção
no mercado com vantagens
Onde um
144

145
Gestão de Design de Serviços

gestor
Design e Gestão

Design e Gestão
É a atividade de planejamento e organização de
pessoas, de infraestrutura, de comunicação e de
componentes materiais de um serviço. O objetivo

de design é melhorar a qualidade do serviço, a interação


entre o provedor do serviço e os seus clientes, e a

atua?
experiência do consumidor.

Gestão de Design de Marca

Diferentemente do A gestão da marca envolve tanto a gestão da logo Gestão de Design Urbano
que possa parecer até da própria empresa, quanto dos produtos que essa
aqui, um gestor de empresa produz. Ao colocar a marca como o ponto Apresenta um guia correto para os profissionais
design não está preso à central para as decisões relacionadas ao design, que pretendem organizar ações de planejamento
administração integral o gestor prioriza a experiência dos clientes, do de uma cidade com o objetivo de aumentar as
de uma empresa, pois ele contato com os compradores, da confiabilidade e do questões que envolvem a sustentabilidade
tem a responsabilidade reconhecimento.
de cuidar de cada detalhe
que abrange um complexo
empresarial. O gestor de
design pode ser responsável Gestão de Design de Produto
Gestão de Design de Engenharia
por toda a empresa, ou
ainda por pontos específicos Nas empresas da área de produto, a gestão de
dela, além disso, pode design inclui fortes interações entre design É a organização de dados e pessoas para a
ooc
k ie s

c
também gerir áreas como de produto, marketing de produto, pesquisa e produção, design e gestão de projetos de
arquitetura e urbanismo. desenvolvimento de novos itens. Essa gestão engenharia. O gestor planeja como produzir em
é focada na estética, semiótica e aspectos massa e quais as ferramentas que devem ser
ergonômicos do produto para expressar as utilizadas na fabricação daquelas peças.
suas qualidades e gerenciar diversos grupos e
plataformas de design de produto.
146

PARA DECIFRAR GESTÃO no qual o fluxo de pessoas é Chipotle Ao entrar no restaurante, percebe-se
DE DESIGN notavelmente agradável, sem a harmonia entre cada elemento
Design e Gestão

a desvalorização da imagem e O restaurante de comida mexicana disposto no espaço. As bandejas,


Em meio a difícil concorrência no da marca da empresa, graças Chipotle possui mais de 1000 filiais copos e guardanapos possuem um
mercado, a constante evolução a pequenos detalhes como: espalhadas pelos Estados Unidos, se design apropriado, a decoração é
da tecnologia e o crescimento iluminação, sinalização, escolha das sobressai por ter as características operacional e o lugar possui uma
da interação entre clientes e cores, entre outros. de uma excelente Gestão de Design fácil circulação de pessoas, evitando
empresas, o Design vem sendo visto a formação de filas.
como diferencial competitivo e A Gestão de Design também
eficaz, e não como área relacionada é fortemente interligada à
apenas à criação. sustentabilidade (capítulo 11),
pois com frequência este conceito “No Chipotle, nós pretendemos fazer poucas coisas, porém fazê-las
O gestor de design tem funções que está presente em diferentes excepcionalmente bem. Quando Chipotle foi inaugurado em 1993, o objetivo
abrangem diversas áreas, tanto do projetos, nos quais até os menores era simples: servir comida de alta qualidade rapidamente com uma experiência
design quanto da administração, detalhes são sustentáveis, como o que não só excede, mas redefine a experiência com fast-food. Para este fim,
podendo determinar soluções aproveitamento de luz natural e o nós focamos em pesquisar os melhores ingredientes possíveis, servir a mais
aprimoradas para os diferentes tipo de lixo gerado pela empresa, saborosa comida e aumentar a equipe mais capaz que pudermos. Boa comida
ambientes e setores que uma ocasionando uma otimização é bom negócio”. (tradução livre do site da empresa Chipotle <www.chipotle.
empresa possa ter. nos custos de manutenção e com> acessado em Março de 2013)
administração gerais.
A gestão de Design atrai mais
clientes e maior reconhecimento Para entender melhor o contexto no
A sustentabilidade tem para as empresas em geral. qual a Gestão de Design está inserida,
presença constante nos
projetos de Gestão de Design. Possui o objetivo de criar um local serão apresentados dois exemplos
confortável física e mentalmente, que se destacam nesta área:

Faixada e interior do restaurante


de fast-food Chipotle, em Norwood
& Westwood, Massachusetts.
148

149
Há também detalhes pontuais que nova experiência de serviços, A empresa possui também
caracterizam uma boa gestão de porém seguindo princípios básicos e um grupo de design separado
Design e Gestão

Design e Gestão
design, tais como o design do lixeiro, tradicionais da marca. responsável pelo design dos móveis,
no qual existe um espaço exclusivo acessórios e layouts das lojas. Já a
para garrafas; uma folha de pedidos A equipe de criação da Starbucks marca é administrada por um grupo
personalizada para fax, já que nos é composta por designers que de designers que organiza novas
EUA, a utilização do fax ainda é desenvolvem os anúncios e o plataformas de marca, assim como
bastante comum; um aplicativo material para marketing; por um novas linhas de produtos e novas
de celular; e a transparência dos grupo responsável pela apresentação identidades.
serviços do restaurante, ou seja, visual das lojas e dos produtos; e por
Marca da cafeteria Starbucks.
o Chipotle deixa evidente a sua grupos diversos de agências externas
cozinha, seus alimentos e as calorias que criam campanhas publicitárias
que cada um deles possui, focando por todo o mundo.
nas preferências dos consumidores. localidade em que é instalada,
sem abandonar sua identidade de
Starbucks origem.

Há mais de 30 anos no mercado, Há uma apurada Gestão de Design


a Starbucks não é conhecida que administra todos os pontos da
apenas por campanhas empresa, deixando-a notavelmente
publicitárias, mas principalmente integrada, mesmo com a influência
pelo reconhecimento de seus cultural dos diferentes países onde
consumidores como um lugar há franquias.
para se passar o tempo livre em
computadores ou lendo um livro. A Starbucks possui atualmente,
Apesar de atualmente ter filiais profissionais exclusivamente
em vários lugares do mundo, suas dedicados às variações constantes
A Starbuck possui um grupo
lojas seguem um mesmo padrão do design de seus produtos. A de design responsável pelo
design dos móveis, acessórios
pré-estabelecido a partir do ritmo, Starbucks Global Creative visa e layouts das lojas. Site da
das culturas e do público de cada atender os clientes usando uma Starbucks <www.starbucks.
com> acessado em Março de
2013
150

151
Portal A Minha Gestão. Disponível em: < http://aminhagestao.blogspot.
com.br/2013/02/as-marcas-da-nossa-vida-25-starbucks.html> Acesso Imagem 1
em Fevereiro 2013. Disponível em: <http://extensionengine.com/wp-content/uploads/2012/03/
Design e Gestão

Design e Gestão
Portal Ligia Fascioni. Disponível em: <http://www.ligiafascioni.com. project_management.jpg> Acesso em Abril de 2013.
br/2007/12/voce-sabe-o-que-e-gestao-do-design/> Acesso em Imagem 3 Sustentability Hands
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MARTINS, Rosane Fonseca de Freitas; MERINO, Eugenio Andrés Diaz. Chipotle-Norwood_C0035E_PF.jpg> Acesso em Abril de 2013.
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integração do design em organizações. Ed. - Londrina: EDUEL; Rio de Janeiro: Imagem 5 Interior Chipotle
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Design
sustentável
José Rodolfo da Silva Santana
graduando em design gráfico

economia
ade
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a atureza con

sus e
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ten
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ten
uso
155
crescimento econômico. Assim,
um projeto para ser intitulado

Design e Sustentabilidade
sustentável precisa responder a
três dimensões: ser ecologicamente
correto, ser economicamente
viável, e culturalmente aceito.
Estas premissas são partes de um
compromisso com resultados a
longo prazo, o que requer esforço
adicional para ser alcançado.

O termo Ecodesign pode


ser confundido com Design
Sustentável, mas é importante
destacar a diferença. Ecodesign
Vivemos um período de transição, se refere ao design projetado
empresas, designers, e parte da
população, estão sendo reeducados com uma visão exclusivamente
para entender a importância do Design
comprometido com a tríade ESA
ecológica. Por se tratar de uma
(econômica, social e ambiental). ênfase muito específica e restrita,
o termo tem sido menos aplicado,
porém é consenso que o estudo do
Ecodesign está inserido no Design
Sustentável.
O Design Sustentável está inserido na sociedade contemporânea como a
vertente do design responsável com o presente e com o futuro, promovendo É importante destacar que
assim, uma produção industrial ligada ao mercado, mas também ligada à vida. sustentabilidade não se restringe
Segundo Manzini e Vezzoli (2008), o design para a sustentabilidade deve às práticas da reciclagem, ou do
abordar aspectos técnicos, econômicos e sociais na concepção de produtos e artesanato, como popularmente
serviços. Já Kazazian (2005) fala que tal vertente engloba aspectos ambientais, é rotulada. O que caracteriza um
sociais e econômicos com o objetivo de suavizar os desgastes gerados pelo projeto como sustentável não é o
157
156

fato de ele ter sido produzido por relacionada à qualidade de vida. A é necessário uma complexa deixam de ser economicamente
materiais reciclados, até porque visão da sustentabilidade sugere infraestrutura material e processual. viáveis. Um dos grandes desafios

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

isto não é uma regra. O projeto inclusive, em alguns casos, a dos designers que
precisa ser economicamente substituição da posse material pelo A sustentabilidade é um assunto tão projetam com esta ênfase
viável, considerar a esfera social e uso, proposta abordada pelo design abrangente que requer a mobilização é justamente resultar em
agredir minimamente o contexto de serviços. de diversas áreas de estudo e atuação preços finais competitivos,
em que está inserido, seja nas fases profissional. Criar estratégias para reduzir apesar das exigências de
de concepção, transporte ou em Vivemos um período de transição, o uso de recursos naturais; reduzir o uso custo para concepção,
qualquer outra parte do processo. empresas, designers, e parte da de energia e de resíduos; aumentar a produção e consumo
população, estão sendo reeducados durabilidade do produto; projetar para específicos aos produtos
Design Sustentável é a proposta para entender a importância do reutilização; planejar a reciclagem; e sustentáveis.
de uma área de pesquisa e Design comprometido com a tríade pensar a vida útil dos materiais/produtos;
atuação profissional que valoriza ESA (econômica, social e ambiental). são apenas parte dos caminhos a serem Um exemplo de aplicação
o aproveitamento racional dos A sustentabilidade envolve a trilhados por um produto sustentável de design sustentável está
materiais e está diretamente consciência de que o produto não é (RAMOS, 2001). nos produtos Natura (figura
independente, nem mesmo um item 1). A empresa se preocupa
isolado do processo, pois até chegar Design e Sustentabilidade é um com desperdícios de água e
Estágios do Ciclo de Vida de um ao consumidor final, e após essa tema inserido no capitalismo, e materiais, bem como o compromisso
produto - adaptação de USEPA
fase, durante o reuso e o descarte, diferente do pensamento comum, sustentável nos produtos, desde
(2001 apud FERREIRA, 2004,p.9)
não está em oposição a este tipo de embalagens, encartes, revistas e
sistema econômico. O que acontece transporte, até à mão de obra. As
é que há casos em que o produto é embalagens dos produtos Natura
intitulado como sustentável, mas são exemplos da conciliação de
em essência é apenas um apelo de princípios sustentáveis e estética.
marketing para justificar um custo O investimento em refis se reflete
final elevado. É válido ainda lembrar como vantagem para o consumidor
que os produtos que possuem preço final, para o meio ambiente
muito elevado não são considerados (economia de material) e para a
sustentáveis por quebrarem o tripé empresa. As embalagens da linha
da sustentabilidade, pois assim Ekos, por exemplo, utilizam 50%
159
158

de PET pós-consumo. Segundo deles foi o convite de folhas secas subjetivos e ganham atenção
a empresa, 120 toneladas de para um workshop no festival de especial do consumidor.

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

garrafas PET são recicladas e 149 publicidade de Cannes, em 2008: as


toneladas de carbono deixam de informações foram gravadas a laser, Um exemplo de matéria prima rica
ser emitidas em um ano. Ainda na e após o uso, as folhas puderam em possibilidades de reuso é o
linha Ekos, as embalagens de papel ser devolvidas ao meio ambiente e papelão. Extremamente popular e
também são feitas de material pós- degradadas da mesma forma, pois comumente descartado após o uso,
consumo, assim 250 toneladas de não houve uso de tinta no processo o papelão pode servir como base
papel são recicladas e economizam (figura 3). para mobiliário, artigos decorativos,
20.500 m³ de água, além de evitar ou como suporte para identidades
que 23 toneladas de carbono sejam No design gráfico, a escolha de visuais diversas. Muitas vezes,
emitidas anualmente. materiais é um importante requisito com o formato e o acabamento
para um projeto sustentável. Como modificados, é difícil reconhecer
Na cidade do Rio de Janeiro, a opção, há o papel semente, um que se trate de um produto
Tátil Design é um escritório de composto que germina após o uso, descartado, e neste ponto o design
design conhecido por projetos estando sob condições favoráveis tem expressiva responsabilidade:
premiados pelas soluções criativas (figura 4). Este tipo de papel desvincular a imagem de reuso
e sustentáveis . Um projeto gráfico tem ganho popularidade e hoje da associação com o lixo. A
com essa premissa é a produção é utilizado em convites, cartões criatividade é o que estimula a
dos cartões de visita da própria de visita, etiquetas de roupas, transformação e permite um novo
empresa: os funcionários recolhem envelopes, folders e outros projetos olhar de valorização às soluções
em suas residências caixas (tetra gráficos. O material é composto sustentáveis.
pack) de leite e suco vazias, na por matéria prima reciclada e para
Tátil estas caixas são recortadas e germinar basta picar, enterrar, Designers comprometidos com
impressas com tinta monocromática regar, e em pouco tempo as plantas a sustentabilidade têm pensado
e transformadas em cartões-de- crescem. As sementes podem ser em diferentes soluções de
Figura 2: Cartão de visita
visita (figura 2).O resultado recebeu de cravo, camomila, manjericão, desmaterializar produtos, evitando Tátil Design
<http://www.abstratil.com.br/>
o prêmio Idea em 2009, nos Estados até mesmo erva doce, alface ou desta forma o envolvimento de
Unidos. A Tátil tem desenvolvido cebolinha. Com este diferencial, os diversos setores que poderiam Figura 3: Convites impressos em
Figura 1: Produtos da linha Natura folhas secas - Tátil Design
Ekos - http://naturaekos.com.br vários projetos neste âmbito, um produtos são acrescidos de valores interferir no ciclo sustentável. <http://www.abstratil.com.br/>
161
160

O surgimento de indústrias mas poucos o colocam em prática.


criativas e o aumento do número A carência maior está na falta de

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

de profissionais comprometidos atitudes coletivas.


está mudando gradativamente este
cenário. O designer, independente Os problemas ambientais estão
do campo em que atua, tem uma evidentes com a extinção de
grande responsabilidade. Manzini espécies da fauna e flora; além dos
e Vezolli (2002) afirmam que cabe problemas econômicos e sociais
ao designer ser criativo e sair evidenciados por crises financeiras
da zona de conforto para optar e de racionamento; pelo aumento no
por projetos que possuam em preço de fontes de energias fósseis;
Figura 4: Papel Semente - material Um exemplo desta política de coletivos, telões coletivos, entre seu conceito a sustentabilidade, e pela reivindicação de condições
reciclado que contém grãos
desmaterialização são os arquivos outros (RITTO & D’ARINOS, 2001). mesmo que isso não seja melhores de trabalho.
digitais. Um folder, normalmente exigência do cliente contratante.
impresso, pode ser divulgado pela Outro desafio para a implantação É o designer quem precisa Acredita-se que os consumidores
internet, poupando os processos de uma consciência sustentável conciliar os objetivos do cliente, a cada vez mais optarão por produtos
de impressão, transporte e está nos preços. Os materiais e sustentabilidade e a criatividade. com políticas sustentáveis, por
distribuição. Assim, evitam-se técnicas alternativas, em primeira Cabe a ele o convencimento do estarem mais informados, mais
desperdícios e a produção de lixo instância, são mais caros que os cliente e do mercado a favor da exigentes e menos tolerantes. O
sem interferir no resultado que demais. Contudo, o uso de matérias sustentabilidade. O designer possui designer tem a responsabilidade
a empresa contratante espera. primas de forma inteligente, aliado uma parcela de responsabilidade de seguir esta tendência e, como
A expectativa é que os produtos a técnicas de funcionalidade, na transição de um sistema social agente transversal, adaptar os
físicos sejam progressivamente aparência e eficácia, gera resultados e industrial para a produção projetos buscando soluções que
substituídos por soluções que visem positivos e compensa os custos responsável. Não é algo fácil, porém considerem cada etapa do ciclo de
às demandas de sustentabilidade. iniciais na escolha de opções não chega a ser utópico. vida do produto.
Há ainda outras soluções passíveis sustentáveis (DOUGHERTY, 2011).
de reduzir o uso de matérias primas: O que se observa, no contexto Quem deseja estudar ou atuar na
extensão de vida dos produtos e Há diversos esforços para mudar o brasileiro, é que parte da população área de Design Sustentável precisa
compartilhamento de produtos e contexto de uma sociedade pouco tem a preocupação e o discurso atualizar-se constantemente a
serviços de resultados - transportes preocupada com a sustentabilidade. conscientes sobre sustentabilidade, cerca de políticas e soluções a nível
163
162

social e ambiental. É uma área de


KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves. Tradução de Eric Roland
intensas mudanças que requer René Heneault. São Paulo: Ed. Senac, 2005.

Design e Sustentabilidade
Design e Sustentabilidade

conhecimento aprofundado em
MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São
materiais e processos. É importante Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
priorizar matérias primas de fontes VEZZOLI, C. Design de sistemas para a sustentabilidade: teoria, métodos e
renováveis e ter uma visão ampla do ferramentas para o design de “sistemas de satisfação”. Salvador: EDUFBA, 2010.
percurso que a criação percorrerá RITTO, A; D’ARINOS, L. O Design e as organizações em um ambiente de novos
visando à diminuição de impactos paradigmas: Estudos em Design, volume 9, número ½, 2001.

que possam ferir o conceito de RAMOS, Jaime. Alternativas para o projeto ecológico de produtos. Santa
sustentabilidade. É importante Catarina, 2001. 152f.

ressaltar que os projetos CASAGRANDE, Jr., Eloy Fassi. Inovação tecnológica e sustentabilidade:
possíveis ferramentas para uma necessária interface.
sustentáveis nem sempre possuem
impacto zero na natureza, mas FERREIRA, J. Vicente Rodrigues. Análise de Ciclo de Vida dos Produtos, 2004.

devem, ao menos, reduzir os índices Natura Ekos: <http://naturaekos.com.br/tecnologias-verdes/> Acesso em:


de agressão. Há especializações 23/01/13

e cursos de aperfeiçoamento que Ilha Design: <http://ilhadesign.com.br/ Acesso em: 23/01/13>


direcionam o Design e outras áreas Choco la Design: <http://chocoladesign.com/tendencia-3-o-ecodesign/> Acesso em:
de projeto para a sustentabilidade. 23/01/13

O Design Sustentável requer Tátil Design: <http://www.abstratil.com.br/> acesso em: 23/01/13


esforços para pensar em materiais,
Mundo Sustentável: <http://www.mundosustentavel.com.br/> Acesso em:
processos e soluções alternativas e 23/01/13
globais. Design para a Vida: <http://designparavida.com.br/2012/05/05/podcast-i-bia-
simon/> Acesso em: 23/01/13

Christian Ullmann, especialista em design para a sustentabilidade: http://


resudaca.wordpress.com/insustentabilidade/ Acesso em: 23/01/13

It Projetos: http://itprojetos.wordpress.com/ Acesso em 23/01/13


Cartaz de Vanessa Poli, da primeira
edição do Posterheroes, concurso
de pôsteres que visa estimular a
consciência da comunidade criativa
e estimular o debate sobre temas
com fortes repercussões sociais.
<http://www.posterheroes.org/>
Design de
serviços
Hossein Albert Cortez
graduando em design gráfico

serviços
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167
entender a sociedade e o meio compra em uma loja virtual,
ambiente de maneira interdisciplinar estão estritamente relacionados

Design de Serviços
e propõe a “desmaterialização do a serviços. Inevitavelmente e
design” aproximando-o das ciências diariamente, pessoas utilizam e
sociais com o objetivo de melhorar se relacionam com algum tipo
e facilitar o cotidiano das pessoas de serviço. No Brasil, este
(FRASCARA, 2002, p.238). setor representa
quase 70%
Manzini (2004) complementa essa do Produto
perspectiva com o conceito de Interno Bruto
mundo fluido, como reflexo da era (PIB), e não há sinais
pós-industrial. O autor reflete sobre de decréscimo. É o setor
o modo com que esse conceito vem que mais emprega no país, segundo
transformando profundamente pesquisa do Instituto Brasileiro de O Design de Serviços trabalha em
pontos de contatos que resultam
o sentido do design enquanto Geografia e Estatística (IBGE, Pesquisa na interface do serviço projetado.
campo de atuação. Campo este Anual de Serviços – PAS - 2012). Adaptação e tradução livre de
Moritz (2005, p.49)
que vivencia o surgimento de
novas demandas de projetos, novas Assim como um produto, o serviço
reflexões e novas soluções. O autor também demanda estratégias e
questiona o que vem a ser um técnicas de planejamento para ser
produto, o significado de projetar e desenvolvido. É para o universo
o papel do designer inserido nesse prioritariamente intangível que o
A partir da revolução tecnológica da década de 1990, desencadeada mundo fluido. Manzini afirma que: Design de Serviços se direciona, no
principalmente pelo surgimento da rede mundial de computadores, constantes intuito de estudá-
transformações e adaptações são impostas à prática do design frente a este novo Produtos não são restritos ao físico, ao tangível, mas lo e de apontar-lhe
contexto. são na realidade eventos que modificam o estado de soluções. Trata-
quem os adquire (MANZINI, 2004) se de um campo
Frascara (2002) defende novas perspectivas para o design, baseadas na substituição integrativo e
do projeto de produtos tangíveis pela reflexão a respeito do contexto ao qual eles O uso do transporte público, de multidisciplinar que busca abranger
estão inseridos e suas relações com o usuário. O autor enfatiza que é necessário aparelhos celulares ou numa simples todos os aspectos de um projeto. O
168

169
Design de Serviços pode ser uma significativas e importantes para Qualquer que seja o serviço prestado, este
peça fundamental para a inovação todos os envolvidos no processo. deve ser consistente, fácil de usar e
Design de Serviços

Design de Serviços
e desenvolvimento de serviços, É um campo que procura entender possuir uma estratégia sistêmica
buscando torná-los mais úteis, o perfil dos consumidores, seus Na essência, o Design de (HOLLINS E HOLLINS 1991, p 212)
Serviços tenta responder
proveitosos e desejáveis para os desejos e suas necessidades, a fim perguntas básicas a respeito
da experiência do usuário
clientes, assim como eficientes e de garantir que o serviço seja, ao ao utilizar um determinado Para Marger (2007;2009) Design expressa que as ideias devem
serviço.
adaptáveis às organizações mesmo tempo, competitivo para de Serviços aborda a funcionalidade ser geradas em conjunto com
(MORITZ, 2005). o mercado e relevante para quem e a forma dos serviços, todas as pessoas que serão, de
Como deve ser a experiência do
o usa. consumidor ao usar o serviço? principalmente, sob o ponto de vista fato, impactadas por elas e que
Definições do usuário. os protótipos sejam construídos
Como deve ser a experiência
Hollins e Hollins (1991) destacam do funcionário ao prestar o e testados ainda durante o
serviço?
O Design de Serviços pode ser que o Design de Serviços pode ser Na visão de Moritz (2005, p.125) processo projetual. (MARTIN,
compreendido como um caminho tangível e intangível, envolvendo Como uma empresa mantém- o design de serviço, além da 2009, p.62)
para aprofundar as experiências artefatos, comunicação, ambientes se fiel à sua missão e ao mesmo experiência com o serviço em si,
tempo, relevante para o
de serviços e fazer com que sejam e comportamentos. consumidor? é também o projeto do processo Outras áreas do design, como
e a estratégia para a prestação ou o design de produto, design
criação do mesmo. Busca entender sustentável, interface, e design
o cliente, a organização e o mercado, de interação, emprestam seus
desenvolver ideias e traduzi-las métodos e modelos já estabelecidos
em soluções flexíveis, que serão de criação e análise, para
implementadas considerando o ciclo elaboração de processos no Design
de vida do serviço. de Serviços.

O Design de Serviços tem suas Contexto


origens advindas do design thinking,
termo utilizado por Tim Brown Áreas da tecnologia em
para expressar a diferença entre contínuo desenvolvimento,
ser um designer e pensar como como telecomunicações,
um. Martin (2009) explica que transporte e processamento de
este termo, forjado por Brown, informações, possibilitam, tanto
170

171
O designer no setor de
serviços
Design de Serviços

Design de Serviços
No desenvolvimento de serviços,
o designer precisa considerar
a cultura, o ambiente, as
singularidades da empresa e,
sobretudo, as particularidades
do consumidor. Deve utilizar-se
de processos diferentes para o
aprofundamento da cultura local
Design de Serviços integra para as empresas quanto para ferramentas virtuais para a e então visualizar os problemas e
marketing, gestão, pesquisa os consumidores, um universo customização de carros, aplicativos oportunidades que a pesquisa possa
e design. Ele atua como ilimitado de opções de serviços. que alertam para a manutenção do ter revelado.
uma interface e conecta Uma visão unificada justifica essa veículo e computadores de bordo
organizações e clientes de amplitude: o incansável e contínuo que monitoram a performance no Este profissional precisa visualizar
uma maneira totalmente nova. esforço para satisfazer os clientes volante. Todas essas ferramentas as diversas faces de contato entre
MORITZ, S. 2005, 4p. através de uma maior proximidade fazem parte do segmento de serviços a empresa e o consumidor. Deve
no relacionamento com eles prestados por uma única empresa. buscar informações minuciosas
(BOGMANN, 2001). Percebe-se então, quão vastas são como: qual o tempo médio de um
as possibilidades que o Design de cliente na fila do banco; o que o
Os produtos e serviços vêm se Serviços possui no mercado atual. usuário ouve no caminho de casa
transformando nos últimos anos, ao trabalho; quanto tempo o
no mesmo ritmo que a expectativa No campo de àreas relacionadas ao usuário de uma operadora de TV
das pessoas em relação a eles. A Design de Serviços, os profissionais por assinatura espera no call-
tecnologia tem contribuído para podem advir das mais diversas center, e o que ele ouve enquanto
que consumidores interajam com formações, como: projeto de espera. Todas essas questões estão
as marcas de diversas formas. produto, interação, comunicação relacionadas à interação entre Áreas correlatas do Design
de Serviços. Tradução livre e
Como exemplo, no mercado visual, marketing, gestão, usuário e serviço. O designer de
adaptação de Moritz (2005, p.49)
de automóveis, há atualmente ergonomia, psicologia, entre outras. serviços deve utilizar ferramentas
172

173
como: questionários de pesquisa,
entrevistas, elaboração de cenários
Design de Serviços

Design de Serviços
e simulações, entre outros, a fim de
imergir na experiência com o serviço
e obter um mapeamento detalhado
da experiência do usuário: quem é, O post-it é bastante usado no
Design de Serviços, porque
como pensa e qual a sua conduta em agiliza os fluxos de iteração
relação a determinado serviço. entre as ideias e conceitos
abordados

Após a pesquisa, devem ser


geradas as ideias e conceitos para
o serviço. Nessa etapa, chamada
de “fase dos post-its”, as ideias
são enumeradas, realocadas,
substituídas, descartadas ou
reconstruídas quantas vezes
forem necessárias. Nesta fase, é Os conceitos e ideias que de caso de uso do serviço, com o Projetos de Design de
importante a participação do maior passarem da fase dos post- maior nível de fidelidade possível Serviços
número de pessoas que saibam a its, serão investigados e (TEIXEIRA, 2011).
respeito do serviço, o que inclui aprofundados. As ideias passam Há projetos de Design de Serviços nova-iorquina que presta serviços
não só os consumidores, mas para a fase de testes, onde o Ao final do processo, ocorre a em várias partes do mundo. de suporte de TI e tecnologia.
também todo corpo da empresa intuito é obter uma visão real implementação do serviço. Esta Tratam-se de ideias inovadoras O fundador e inspetor-chefe do
(BUCHANAN, 2009). de como o serviço funcionará. é a fase onde deve-se entender que, com a ajuda das ferramentas grupo, Robert Stephens, defende
Protótipos são gerados a fim de quais são as mudanças gerenciais certas, encontraram no Design que “A publicidade era um imposto
penetrar na experiência, antes necessárias para que o serviço de Serviços a fórmula para a muito alto por um produto banal”.
que o serviço seja implementado. entre em funcionamento. Nessa excelência no funcionamento e Cada parte da Geek Squad2
1
Role Playing é uma técnica São utilizadas inclusive, técnicas etapa, os envolvidos devem ter a aplicação. Na área de design e foi projetada para maximizar a
teatral onde se assume
2
Site da empresa Geek
personalidades para diferentes de teatro, como role playing ,
1
visão clara do funcionamento do branding temos o exemplo da experiência e seu impacto junto Squad: <www.> acessado em
personagens ou situações Março de 2013
cenários e tudo mais que se fizer serviço. Geek Squad, uma multi-nacional aos clientes, no intuito de gerar
afim de dar a experiência, uma
atmosfera mais realística. necessário para criar um estudo
174

175
publicidade espontânea. O nome Considerações finais
e logotipo foram inspirados em BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de relacionamento: estratégias de
fidelização e suas implicações financeiras. São Paulo: Nobel, 2001.
Design de Serviços

Design de Serviços
programas policiais de TV, os A evolução social e tecnológica
funcionários são chamados de apontam para uma irreversível
BUCHANAN, R. Boundaries of Service Design. On-line. Disponível em <http://
agentes, seus uniformes têm um mudança no comportamento e nas designforservice.wordpress.com/ buchanan_keynote/>. Acesso: Janeiro. 2012.
grampo preto na gravata e um práticas dos consumidores, o que
distintivo do tipo FBI que diverte impõe profundas transformações, não FRASCARA, JORGE. Design and Social Sciences: making connections. New
York: Taylor & Francis. 2002. p.238.
os clientes e transmite segurança. apenas nas estratégias das empresas,
Até mesmo os sapatos dos mas também aos profissionais que se HOLLINS, G.; HOLLINS, W. Total Design: Managing the Design Process in the
agentes foram planejados: eles destinam a oferecer sua mão de obra Service Sector. London: Pitman Publishing, 1991. p.212.

possuem nas suas solas o logotipo a este novo cenário.


KELER, Laura: This Is Service Design Thinking: Deconstructing a Textbook
Geek Squad para que, onde eles <http://www.uxmatters.com/mt/ archives/2011/09/this-is-service-design-
passem, suas pegadas com a O Design de Serviços projeta- thinkingdeconstructing-a-textbook.php> Data de acesso: 21/12/2012.
marca sejam deixadas no caminho. se como um campo que propõe
MAGER, B. Design Dictionary: Perspectives on Design Terminology. Basel:
O slogan da empresa -“Você não intermediar as mais diversas áreas do
Birkhäuser. 2007. <http://booksgreatchoice.com>. Data de acesso: 18/12/2012.
me viu. Eu não estive aqui”- foi conhecimento, buscando entender
pensado depois de pesquisas as fases da experiência com o serviço, ________. Service Design as an Emerging Field. In: MIETTINEN, S.; KOIVISTO, M.(Ed.).
mostrarem que os clientes não tornando possível uma melhor Designing Services with Innovative Methods Keuruu: Otava Book Printing, 2009.

gostam de admitir ter problemas interação entre empresas e usuários.


MARTIN, Roger. The design of business: Why design thinking is the next
técnicos, como o fato de não saber Trata-se da busca por soluções viáveis competitive advantage. Boston: Harvard Business, 2009.
conectar os cabos de sua TV a de design a todos os envolvidos no
cabo. Jonathan Sands, presidente processo, considerando as pessoas, a MORITZ, S. Service Design: Pratical Access to an evolving field. 245 p. (Masters
of Science thesis) - Faculty of Cultural Science, Köln International School of
da Geek Squad diz: “Para mim, cultura e o meio ambiente, no projeto
Design, University of Applied Sciences Cologne, Cologne, 2005. p.125.
estratégia de design é fazer as de serviços.
pessoas sorrirem, se sentirem TEIXEIRA, Fabrício: O que é Service Design? Disponível em: <http://
seguras, é ter um propósito além arquiteturadeinformação.com/2011/11/21/o-que-e-service-design-ou-
design-de-servicos/> Data de acesso: 20/01/2012.
do preço e estabelecer uma Tradução livre de Design
Concil, disponível em:
conexão emocional e não apenas <http://www.designcouncil. Design Council: <http://www.designcouncil.org.uk/about-design/types-of-
org.uk/about-design/types-of- design/service-design/case-studies/> Data de acesso: 16/02/2012.
racional”3. design/service-design/case-
studies/> acesso em março de
2013.
‘‘‘

Design
social
Anália Adriana S. Ferreira
graduanda em design gráfico

coletividad
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c

la
çã
bem-

o
179
Muito se pesquisa sobre o Design Definições de design Social
Social, sobretudo nos âmbitos

Design Social
de design de produto, design Design social está sobretudo
gráfico e web design. Projetos voltado a uma formação de
e ações em busca de um design consciência crítica a respeito do
ambientalmente sustentável e contexto e das relações sociais em
socialmente coerente surgem com que estamos inseridos. Bonsiepe
freqüência nas publicações da área. (apud NEVES, 2011 p.53), prefere
Produtos associados a cooperativas adotar a nomenclatura ‘design
e comunidades produtivas, com humanista’, definindo como:
suporte e consultoria de design,
também fazem parte do Design Social. O exercício de atividades do design para interpretar as
São atuações que ocorrem em função necessidades de grupos sociais e desenvolver propostas
do momento de conscientização emancipatórias viáveis na forma de materiais e artefatos
ambiental e social pelo qual passamos. semióticos. (BONSIEPE apud NEVES, 2011 p.53)

É comum encontrarmos no O autor defende que o design


meio digital a proliferação de não deve ser encarado como um
ações cujo intuito é estimular ideal ingênuo, mas com a intenção
discussões, promover debates de “criar uma consciência crítica
para promoção do bem estar social sobre poder e sobre as pessoas
e conscientização sobre os mais submetidas a esse poder” (ibidem).
John Lennon sonhava com uma sociedade onde “todas as pessoas vivam diversos temas, desde mudanças O papel do designer é o de
para o hoje, compartilhem o mundo” em sua emblemática música “Imagine”. no código florestal, campanhas formador de opinião, assim, sua
Se transpusermos esse pensamento ao contexto do design, facilmente nos de conscientização no trânsito, ao função também é a de proliferar
encontraremos com o Design Social. A idéia de produzir conhecimento em prol combate ao bullyng nas escolas. informações de relevância ao
de ações que visem o bem estar ou contribua para melhorias da sociedade é uma Essas ações podem associadas ao coletivo, incentivando ações que
realidade bastante valorizada na atualidade. Design Social, quando se utilizam promovam o bem estar social
ferramentas do design para sem necessariamente estarem
soluções nos âmbitos citados. vinculadas ao lucro empresarial.
180

181
O designer norte americano Milton Visto assim, é fácil entender que o março de 2011 na cidade de Curitiba,
Glaser (2003, HELLER & VIENNE, profissional praticante do design noticiado pela imprensa sobre uma
Design Social

Design Social
apud NEVES, 2011, p. 47) defende social é antes de tudo um cidadão discussão envolvendo uma cadeirante
que “bom design é boa cidadania”. O consciente de seus deveres e de que reivindicou seus direitos junto
que elucida com clareza o conceito sua função como formador de a uma motorista que estacionou
de Design Social, pois traduz opinião, que utiliza as ferramentas na vaga preferencial, sem que a
projetos de comunicação como a da comunicação visual para alcançar mesma portasse deficiência física ou
promoção de debates em torno pessoas com idéias e propostas de dificuldade de locomoção2.
de situações ou direitos de uma cunho social.
população. Observamos então, O caso chamou a atenção da
que o papel de Design Social está Ações brasileiras em design agência, que produziu um vídeo
firmemente relacionado à valorização social evocando a conscientização da
da cidadania, que deve ser exercida população a essa questão. O criador
por todos. Outra abordagem muito Alguns projetos mobilizaram as da campanha, Mauricio Ramos,
pertinente é feita por Flávia Barros mídias digitais em prol de causas relatou que a idéia se originou
Neves em artigo publicado na sociais. Um deles, desenvolvido da tentativa de transformar um
coletânea “O papel social do Design pela agência curitibana TheGetz , 1
episódio como esse em uma
Gráfico” (2011), onde afirma: é uma ação de conscientização oportunidade de educação. O vídeo
sobre os direitos dos portadores foi imediatamente compartilhado
“Na contramão da área de interesse de deficiência e dificuldades nas redes sociais e mobilizou não só
da venda de produtos e serviços, de locomoção e suas vagas Fig.1 Frente e verso do panfleto a região, como se expandiu por todo
abordamos uma área de atuação preferenciais em estacionamentos. (www.estavaganaoesua.wordpress. o país, sendo motivo de debates e
com)
de design gráfico cujo foco não é discussões polêmicas nos canais em
o mercado, mas o resultado social A campanha “Essa vaga não é sua que foi exibido3.
trazido por ele. Ou seja, o design nem por um minuto” foi criada a
gráfico utilizado como ferramenta partir de um incidente, ocorrido em
de questionamento e mobilização
social, dedicado à difusão de
2 Matéria Cadeirante x 3 Vídeo “Essa vaga não é
ideologias e à busca de melhoria ignorante: <www.gazetadopovo. sua nem por um minuto”:
1 Site da agência TheGetz: <www. com.br/colunistas/conteudo. <http://www.youtube.com/
social” (NEVES, 2011, p. 45) getz.com.br> acessado em 05 de phtml?id=1106312> acessado em watch?v=C50FAN9bYqU>
Abril de 2013 05 de Abril de 2013 acessado em 05 de Abril de 2013
182

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Fig. 3 Marca e slogan da
Além do vídeo, a agência também A mesma agência também campanha ‘Ciclista Legal’.
desenvolveu um panfleto explicando desenvolveu outra campanha de
Utilização de cartazes
Design Social

Design Social
o porquê da vaga e seu espaço ação social, denominada “Ciclista divertidos para chamar
específico (fig.1). O material informa Legal” (fig. 3). atenção ao respeito às normas
e convivência no trânsito
as exigências necessárias para ter
direito às vagas preferenciais, as A campanha de educação no
punições para quem não respeita trânsito e respeito às bicicletas
a lei e o contato para maiores consiste em cartazes produzidos
informações. com a intenção de contribuir para
a harmonia no trânsito. A partir da
Também foi desenvolvida uma criação de ilustrações evolvendo
‘Multa Moral’, semelhante ao uma bicicleta e um veículo, a
talão de multas dos agentes de campanha possui o objetivo Segundo Ramos, diretor da agência A ação é veiculada na internet
trânsito. Ela está disponível para de mobilizar e conscientizar TheGetz “um dos conceitos que através de compartilhamento em
impressão, para que a sociedade acerca dos direitos e deveres mais se discute é a sobre a questão redes sociais e blogs relacionados
participe notificando os carros dos ciclistas e condutores de estrutural, como as ciclofaixas ao tema. Os cartazes estão
irregulares encontrados em vagas veículos motorizados. Mensagens e ciclovias. O que pretendemos disponíveis para quem quiser
preferenciais4. Na multa moral, como “dê pelos menos 1,50m atingir com a campanha é a outra imprimir e distribuir da maneira que
a intenção é fazer o cidadão de distância lateral” ou “dê a parte fundamental deste debate, achar conveniente.
exercer o seu direito de reivindicar preferência de passagem aos que trata da civilidade das pessoas
quando presenciar atitudes ilegais veículos não motorizados” são no trânsito”. Os dois exemplos citados são
referentes ao estacionamento de defendidas com humor e simpatia ações práticas de Design Social.
veículos. nos cartazes. “A campanha faz uma brincadeira O primeiro se utilizou de um fato
com a relação entre carros e que gerou polêmica, desconforto e
bicicletas, comparando-a com uma debates. O estímulo para expandir
Fig.2 Cartaz da campanha ‘Essa 4 O download dos cartazes
vaga não é sua’. para distribuição e de todo o relação entre casais, pretendendo a discussão suscitou uma ação
material de apoio à campanha
está disponível no site: <http:// que se chegue a um entendimento“, relevante, com a finalidade de
estavaganaoesua.wordpress. explica o publicitário Eduardo educar e contribuir para o bem-
com> acessado em 05 de Abril
de 2013 Lubiazi, responsável pela elaboração estar social. O segundo se valeu
do projeto. da observação sobre o cotidiano
184

185
no trânsito das cidades brasileiras: na elaboração de adesivos cujo Fig. 4 Cartaz explicativo do
projeto “Que ônibus passa
a briga entre motorista de carros, intuito é fazer a população escrever aqui?” que conta com o apoio
Design Social

Design Social
motos e bicicletas. A intenção dessa as linhas de ônibus que passam na de divulgação da organização
“Imagina na Copa.
campanha é chamar atenção, trazer parada, um projeto de socialização da
à tona o debate sobre o respeito nas informação.
ruas.

Outro caso de Design Social que


se surgiu a partir da observação
do cotidiano é o “Que ônibus passa
aqui?”4 (fig 4). O projeto em questão
só é colocado em prática se de
fato acontecer a contribuição e a
participação da população. O mérito desta ação é que ela As fronteiras do Design Fig. 5 e Fig. 6- Imagens
retiradas do site da campanha
provém de uma prática que Social <http://www.shoottheshit.cc/
Que-Onibus-Passa-Aqui>
Desenvolvido pela organização porto define muito bem o Design
alegrense Shoot The Shit , que cria
5
Social: vivenciar o contexto. A É importante observar que não
propostas para melhorar a vida na probabilidade de obter bons é o simples fato de envolver um
cidade a partir de soluções criativas, resultados fazendo um projeto que designer numa ação social que
o projeto surgiu da constatação de vise promover o bem estar social resulta em Design Social. Este
que a grande maioria dos pontos de aumenta quando existe de fato a apresenta como característica
ônibus da cidade de Porto Alegre vivência da questão. Só percebe a fundamental o engajamento
não possuía identificação das linhas falta de sinalização nos pontos de em temas cujo benefício social
de ônibus. A ação de design consistiu ônibus quem usa esse transporte seja o ponto de partida, e não
(fig 5 e 6). Assim acontece com o benefício próprio. A questão
a maioria dos projetos de design central está no posicionamento
4 Vídeo de divulgação do
projeto: < http://vimeo. social, que partem da constatação e reflexão críticos agregados às
com/61579538 > acessado
em 05 de Abril de 2013 do problema a partir da experiência ações e peças produzidas. Barros
e do olhar crítico à realidade de uma (2011, p.62) esclarece tratar-se de
5 Site do projeto: <www. comunidade ou grupo de pessoas. projetos onde temos “o designer
shoottheshit.cc/> acessado em
05 de Abril de 2013
186

187
gráfico que usa de atributos como observador, o design social precisa
BARROS, F.C. Contestação Gráfica: engajamento polítco-social por meio do
comunicador visual para provocar mover, inquietar e incentivar novos design gráfico, in BRAGA, Marcos da Costa (Org.). O papel social do design
Design Social

Design Social
mudanças políticas e sociais que projetos. gráfico – histórias conceitos e atuação profissional. São Paulo: Ed. SENAC,
2011, PP 44-66.
causem impacto positivo junto à
sociedade”. Design social é sobretudo uma BONISIEPE, Gui. Design, Cultura e sociedade. São Paulo: Blucher, 2011.
área provocativa, intencionalmente
Essa é a grande questão: as planejada para incitar o desejo Sites visitados
ações para serem classificadas de mudança, fazendo com que as
BONSIEPE, Gui. DESIGN e DEMOCRACIA disponível em <http://
como design social necessitam pessoas saiam da zona de conforto
designengenho.blogspot.com.br/2009/05/design-e-democracia-gui-bonsiepe.
gerar mudanças e contribuir e defendam a causa apresentada, html> acessado em 12 de Março de 2013
positivamente junto à sociedade. não apenas pela maneira como é
Não se trata apenas da produção de oferecida, mas sobretudo, pelo “Ciclista Legal”: campanha quer melhorar a relação entre bikes e carros http://
www.stica.com.br/jonny/?p=1835 acessado em 12 de Março de 2013
folders, cartazes e outdoors. conteúdo e relevância social da
É preciso gerar posicionamento mesma. Shoot The Shit <http://www.shoottheshit.cc/Que-Onibus-Passa-Aqui>
crítico, reações e interações acessado em 12 de março de 2013.

sociais. É importante que resulte Já imaginou uma sociedade assim?


em mobilização social, pouco Onde as pessoas vivem as causas de
adianta um projeto em que o hoje e compartilham com o mundo?
público participe apenas como Imagina.
‘‘‘

Design e
informação
João Fellipe Guimarães da Silva
graduando em design gráfico

conteúdo
eficácia
o ade cria

o
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a
lin cesso criativo


o
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r
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n
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iciência
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190

191
Há ainda outros conceitos que Horn (1999, p.15), afirma que “o
fornecem maior abrangência sobre Design da Informação é a arte e a
Design e Informação

Design e Informação
design da informação e sua ligação ciência de preparar a informação,
com outras áreas. Knemeyer (2003 possibilitando seu uso pelo
apud SHIRAIWA, LIMA, TRISKA, homem de maneira eficiente e
2009) afirma que o design da eficaz.” Seus principais objetivos
informação é um ponto que está são: Desenvolver documentos de
entre os estudos da linguagem, compreensão precisa e rápida e
arte, estética, informação, também que sejam de fácil tradução
comunicação, comportamento e para uma ação efetiva; Projetar
cognição, administração e direito, e interações com equipamentos de
tecnologias de produção de mídias. forma fácil, natural e mais prazerosa
Mijksenaar (1997) identifica ainda possível. Isso envolve solucionar
o design da informação como uma problemas no design de interface
O Design da Informação, além de ser um campo de atuação, é uma área de disciplina transversal na medida homem-computador; Possibilitar
pesquisa voltada ao desenvolvimento de projetos com ênfase na disseminação da em que dialoga com a fotografia, que as pessoas encontrem caminhos
informação em produtos e serviços. a ilustração, a cartografia, o em espaços tridimensionais com
design gráfico, o design industrial, facilidade e conforto, seja no plano
De acordo com a Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI: a arquitetura e a psicologia material ou virtual.
experimental, colaborando com
Design da informação é uma área do design gráfico que objetiva a criação de ferramentas que
equacionar os aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos que possibilitem a tomada de decisões
envolvem os sistemas de informação através da contextualização, dentro destas áreas.
planejamento, produção e interface gráfica da informação junto ao
seu público alvo. Tem como princípio básico otimizar o processo de
aquisição da informação efetivado nos sistemas de comunicação
analógicos e digitais.¹

¹Conceito de Design da Informação.


Disponível em: www.sbdi.org.br
192

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uma produção gráfica a partir da da informação, que pode ser
representação mental, que um reproduzida de diferentes modos,
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Design e Informação
sujeito transmite verbalmente sobre além dos tradicionais meios de
determinado objeto, conceito ou comunicação - panfletos, outdoors,
problema (SHIRAIWA et al., 2009). cartazes, tv, internet; também os
novos meios, como o cinético - jogos
Deve-se levar em conta a satisfação que captam o movimento do usuário;
do usuário e a eficácia e eficiência e o tátil - smartphones e tablets.

Petterson (2007) destaca que um econômica e ergonomicamente.”


material bem projetado deve facilitar (PETTERSON, 1998)
o cotidiano das pessoas e remeter
boa credibilidade aos remetentes O Design da informação é
ou fontes. “A fim de satisfazer as caracterizado por ser uma atividade
necessidades dos receptores da interdisciplinar com o objetivo
informação, deve-se compreender de planejar a comunicação, para
a análise, o planejamento, a facilitar e auxiliar a acessibilidade
apresentação e a compreensão de uma e a compreensão de um projeto.
Ao projetar, devem ser Modelo de Design da
considerados dois pontos: mensagem, que contêm linguagem O profissional que trabalha com Informação. Adaptado de
a eficácia e a eficiência da (Petterson, 2002: 19).
informação, que pode ser e forma. Independente do meio design da informação é o facilitador
reproduzida de diferentes escolhido, um material de informação do processo de disseminação
modos desde materiais
impressos aos digitais. bem concebido irá satisfazer estética, de dados, cuja função é fazer
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Informação como área do e o Glyphs. No Brasil, a fundação
Design da SBDI – Sociedade Brasileira de
“Boas ideias já não são o
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Design da Informação, em 2002, suficiente para uma venda.
A necessidade por uma
A partir da leitura dos relatos e reuniu pesquisadores, docentes e boa apresentação, que faça
o público-alvo ‘comprar’
definições citados, fica perceptível profissionais da área de design que a ideia, é cada vez maior”
que o design da informação é atuam em sistemas de informação Lucas Vogelmann, designer
e proprietário da agência
uma área que precisa ser parte e comunicação analógicos e Multiverso
fundamental na formação do digitais, e na gestão e produção da
designer. Atualmente, é comum informação. A sociedade surgiu
encontrar designers gráficos com o intuito de otimizar processos
especialistas em design da de aquisição e gerenciamento
informação. da informação visual. Em 2003, Internacionalmente, o design De maneira semelhante no Brasil, a
foi realizado na cidade de Recife, de informação já é consolidado, demanda por infográficos, relatórios
O estudo da informação como área Pernambuco, o primeiro Congresso principalmente devido à grande anuais de empresas entre outros
do design ganhou importância em Internacional de Design da demanda por branding. Com o projetos gráficos, têm contribuído
meados da década de setenta, com a Informação na América Latina. A crescimento e desenvolvimento para consolidação da profissão.
criação na Áustria da entidade IIID - área cresceu muito ao longo da de empresas, novas estratégias De acordo com Lucas Vogelmann,
International Institute for Information primeira década de existência da de mercado e posicionamento de designer e proprietário da agência
Design, e a publicação de produções SBDI. marca precisam ser constantemente Multiverso, a área de atuação em
como o Design Information Journal desenvolvidas. Logotipo, sinalização, informação no design é ampla,
web, impressos, aplicações – a devido ao número de empresas
necessidade de um designer da que vêm recorrendo aos serviços
informação nesse meio é inevitável, de interface para transmitir
afinal, é necessário que o conceito da informações extensas. “Boas
empresa e informações relacionadas ideias já não são o suficiente
aos seus produtos e serviços sejam para uma venda. A necessidade
transmitidos ao seu público de maneira por uma boa apresentação, que
a valorizar a eficácia e eficiência das faça o público-alvo ‘comprar’ a
informações. ideia, é cada vez maior”, afirma o
designer.
196

197
Projetos que utilizam Design da Informação
Design e Informação

Design e Informação
A seguir veremos alguns projetos com ênfase no design da informação. No
Brasil, o design da informação está muito presente em infográficos para revistas.
Algumas edições da Superinteressante possuem bons exemplos de aplicação
deste tipo de projeto.

No
período das
olimpíadas em
2012, a revista
preparou um
infográfico falando a
respeito de como estão
distribuídos globalmente
alguns dos maiores vencedores
olímpicos de todos os tempos.

Infográfico: Alexandre Verginassi,


Jorge Oliveira, Cristine Kist e FelipeTurcheti.

Edição: SUPER 306, julho 2012.

A versão completa do infográfico pode ser encontrada


no site: http://goo.gl/BskEe
198

199
Design e Informação

Design e Informação
O quantitativo de imigrantes no Brasil aumentou consideravelmente nos
Infográfico: Karin Hueck, Rafael
Esses e outros exemplos de dois últimos séculos. No mês de março de 2012, a edição da revista Super Quick, Itamar Cardin, Fabricio
Lopes e Diogo Blanco.
infográficos da Revista Super Interessante apresentou um infográfico contando um pouco dessa história, que
Interessante podem ser possui uma versão online interativa e também um mini documentário sobre o Edição: SUPER 306, julho 2012.
conferidos no link: http://goo.gl/ tema, onde pode ser acessado através do link: http://goo.gl/ebWCE
nM766. A versão completa do infográfico
pode ser encontrada no link:
http://goo.gl/WijP4a.
200

201
COUTO, R.M. de S. Escritos sobre o ensino de design no Brasil. Rio de Janeiro:
Rio Books, 2008.
Design e Informação

Design e Informação
COUTO, R.M. de S. Fragmentação do conhecimento ou interdisciplinaridade:
ainda um dilema contemporâneo? Revistafaac, Bauru, v. 1, n. 1, p. 11-19, 2011.

HORN, R. E. Information Design: Emergence of a New Profession. In:


Jacobson, R. (Ed). Information design. Cambridge: MIT Press, 1999.

HORN, R. E. Visual Languages: a global language for 21st century. Bainbridge


Island: WA, 1998.

MIJKSENAAR, P. Visual Function: An Introduction to Information Design. 010


Publishers, 1997.

PETTERSSON, Rune. Research in Information Design. 3rd information design


international conference. Curitiba, 2007.

PETTERSSON, Rune. Information Design. Västerås: Mälardalens Högskola


Research & Reports. Opuscula Nr 36, 1998.

SHIRAIWA, J.; LIMA, M.; TRISKA, R. A semiótica e o design da informação:


Uma reflexão. In C. Spinillo, P. Bendito, & S. Padovani (Eds.), Selected Readings
on Information Design: communication, technology, history and education. (pp.
111-­123). Curitiba: Sociedade Brasileira de Design da informação, 2009.

SHIRAIWA J., LIMA M. V. M, TRISKA R. A semiótica e o Design da Informação:


Na edição de fevereiro de 2012, a dados do quantitativo de água Infográfico: André uma reflexão. Selections Readings on Information Design. Chapter 09, 2009.
Bernardo, Karin Hueck, e
Super Interessante trouxe para seus gasto no mundo durante um dia, Jorge Oliveira.
leitores um infográfico que trata a quantidade de água necessária
a respeito da água. O infográfico para produzir um computador, o Edição: SUPER 301,
fevereiro 2012.
abordou de forma inteligente consumo de água por habitante por
o tema, trazendo, por exemplo, dia no Brasil, entre outros dados. A versão completa
do infográfico pode ser
encontrada no site: http://goo.
gl/8qrXy.

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