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Evolucionismo: O preenchimento do vazio
Por Thiago Rafael Vieira em 10 maio, 2019
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A principal “prova científica” que encontramos no seio das universidades contra a existência de Deus é a tese do
evolucionismo de Charles Darwin. Em “A Origem das Espécies”, Darwin expõe suas ideias que consistem, em
apertada síntese, na evolução biológica das espécies ao logo de tempo, derivando, todas, ao fim e ao cabo, de
um ancestral comum.

Por outro lado, chamam-se caracteres específicos os pontos pelos quais as espécies diferem das outras espécies
do mesmo gênero; ora, como estes caracteres específicos têm variado e se diferenciaram desde a época em que
as espécies se afastaram do ancestral comum[1].

Mas, o que de fato é ciência? Ou, o que pode ser caracterizado como “prova científica? Ander-Egg explica que
ciência é “um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados
e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza”[2]. Em outras palavras, científico é tudo
aquilo que é observável e comprovável. Com o aumento do grau de complexidade do debate, que transcende o
ambiente acadêmico e entra nas salas de Escola Dominical nas Igrejas, assim como nas diversas modalidades de
círculos intelectuais, nascem as seguintes perguntas: será que o evolucionismo é comprovável e observável? Ou
é necessário o uso da crença para acreditar no evolucionismo?

Fé na evolução
Os evolucionistas creem que o homem evoluiu do mesmo ancestral do macaco. Que esta evolução, ou seja,
mutação de espécie aconteceu num período de muitos milhões de anos solares, até a forma do homo sapiens tal
qual a conhecemos e à qual pertencemos. Porém, utilizando dos mesmos argumentos da metodologia científica
de aferição da realidade através da observação, constatamos que não há qualquer comprovação verificável de tal
fato. Trazem a baila como exemplo para justificar sua convicção (nome politicamente correto no meio científico
para “crença”) os tentilhões de Darwin, pássaros que vivem nas ilhas Galápagos (arquipélago Colón, no
Equador, onde Darwin fez suas observações no século XIX), os quais tiveram, no decorrer do tempo, seu bico
adaptado. Prosseguem a teoria omitindo o fato de que os tentilhões com os bicos adaptados, continuaram sendo
tentilhões. Primeiro, continuaram sendo pássaros (essência, gênero) e, segundo, continuaram sendo tentilhões
(forma, espécie), somente tiveram o bico alterado!! A isto, a ciência designa como adaptação!

São muitas as outras narrativas construídas pelos evolucionistas para preencher a ausência de um requisito. Na
verdade, constroem-se narrativas em cima de um fato para, então, ressignificar seu conceito e, assim, “provar”
sua tese – uma forma de duplipensar, denunciada por George Orwell. Richard Dawkins usa do mesmo
expediente no experimento do macaco, digitando textos ao acaso. Neste experimento, através do programa de
informática “doninha”, simula-se um macaco digitando textos ao acaso em uma máquina de escrever. Após um
enorme espaço de tempo, ao acaso, surge um texto com significado, o que “comprovaria”, por meio da analogia,
a evolução ao acaso e gradual ensinada por Dawkins em “O Relojoeiro Cego”. Porém, Dawkins esquece de
informar ao seu leitor que este fato já tinha sido demonstrado milênios antes por Aristóteles, Marcos Túlio
Cícero, e, mais recentemente (século XX), por Émile Borel e Arthur Eddington, como sendo efeito de cadeias
infinitas na mecânica estatística, uma área da física, como muito bem lembrado por Briones[3].
Utilizamos o verbo crer ao falar sobre o evolucionismo, ao acaso, mas podemos corroborar tal escolha com uma
simples percepção: é necessário fé para acreditar no termo e em suas (utópicas) conclusões que se
autodenominam irrefutáveis para explicar o desenvolvimento humano. Basta relembrar os princípios básicos da
lógica, para ter uma lente de análise que aponta as inverdades presentes na teoria[4]. A falta de um sistema
formal de regras para construção do raciocínio científico demonstra a ausência, clara, de lógica na argumentação
evolucionista. Assim como pressupostos não podem produzir conclusões sem a aplicação da razão[5], não
existem comprovações científicas, mas apenas ilações sobre a teoria da evolução. O que existe, é uma tentativa
desesperada daqueles que não acreditam em Deus, em provar sua “verdade”, diga-se de passagem, sem
nenhuma riqueza lógica, filosófica ou até mesmo literária – a riqueza, na verdade, é de falácias dentro de uma
narrativa. Não possuem fontes nem comprovações, simplesmente inventam luzes para preencher o vazio de suas
posições, tais como: o Universo é fruto do acaso; o homem é o acaso da evolução; o mal é fruto da percepção
social enquanto os valores de uma sociedade de condicionamento; etc.

Preenchendo o vazio
Não é de hoje que percebemos a necessidade do homem de preencher vazios na ausência de fontes. Na idade de
ouro da antiga Grécia, percebemos em Ésquilo, Sófocles e Eurípedes o preenchimento do desconhecido e
misterioso, em suas tragédias, por meio dos mitos. O desconhecimento das origens era preenchido pela
mitologia, uma narrativa que substituía o mistério de onde viemos e para onde vamos, colocando, em seu lugar,
uma luz, que uma vez compartilhada por todos, lançaria luzes sobre o certo e errado e sobre todos os valores
daquela sociedade. Ou seja, na ausência de fontes, criava-se uma narrativa que, por sua vez, criaria as fontes.

Este processo, por exemplo, não se vê no povo Hebreu. Como bem sabemos, o pentateuco é um registro
histórico dos acontecimentos, sendo uma origem não baseada em narrativas, mas em fatos[6]. Eric Voegelin, em
sua obra “Anamnese” demonstra:

Nas sociedades do Antigo Oriente encontramos um tipo peculiar de especulação no curso de sua ordem no
tempo. O simbolismo que a desenvolveram fizeram sua atual sociedade saltar para a existência num ponto
absoluto de origem, como parte da própria ordem cósmica, e então contam sua história daquele ponto até o
presente em que eles vivem. O que o autor pretende como uma narração essencialmente homogênea de
acontecimentos, entretanto, mostra consistir em duas partes de caráter completamente diferente: apenas a parte
cronologicamente posterior da história, a parque que chega ao presente do autor, se refere às res gestae da
história pragmática; a parte cronologicamente anterior, que começa desde o começo, se relaciona a
acontecimentos míticos[7].

Ocorre um salto da tese para a comprovação científica. Em outras palavras, acreditam que é científica e,
simplesmente, ensinam como se fosse. Para melhor ilustrar o cenário da metodologia evolucionista, trata-se de
uma fé cega. Diante deste vício, vale lembrar que, para chegar na prova da verdade, é indispensável que tal
argumento contenha suficiência de pressupostos, conforme preleciona o Pastor Franklin Ferreira: “uma
cosmovisão que deixe perguntas e fatos importantes sem respostas razoáveis, não é digna de muita
confiança.”[8] Além disso, o argumento a ser defendido deve possuir evidência empírica e viabilidade
existencial, no qual tem-se a oportunidade de responder se “é possível viver sem hipocrisia e construir uma
civilização segundo essa cosmovisão?”[9] – um passeio detalhado pelo evolucionismo nos leva a conclusão de
que, simplesmente, não há atenção para nenhum desses princípios ora elencados!

É muito mais simples aceitar as fontes históricas e a própria natureza que demonstram e comprovam o
criacionismo e o Designer Inteligente, ao invés de inventar fontes e construir narrativas por meio de falácias.
Todavia, para alimentar a histórica fuga do homem contra Deus, substituem a crença original, que sabiamente
concilia razão e fé, pelo evolucionismo como a “grande tese” para divorciar o homem totalmente de Deus e até
mesmo do que é certo e errado (uma Babel construída com tijolos de razão magisterial e humanismo deísta –
conforme Gênesis 11: 1 ao 9). Na verdade, com o evolucionismo de Darwin um camundongo tem tanto direito à
vida quanto um neonato, contrariando todos os ensinamentos bíblicos de que somos a imagem e semelhança de
Deus, “não podemos ser darwinistas e ao mesmo tempo manter a opinião bíblico-cristã de que a vida humana é
sagrada”[10].

Pender para tal concepção de origem também é fruto do afastamento do homem em relação a fé. Anos de
doutrinação científica, alimentou-se a ideia de que fé e ciência não podem andar lado a lado. O processo de
subversão não é um problema apenas das humanas, alcançando de forma avassaladora o campo das exatas,
desqualificando qualquer mérito que o Cristianismo venha ter nas descobertas referentes a origem do universo, e
a origem do homem. Pontos dissecados por Tomás de Aquino, por exemplo, no que se refere a causa primeira
de todos os seres, ou do modo de emanação das coisas, do primeiro princípio, são o ponto de partida para
estimular a ciência a se debruçar sobre tais assuntos.

Ora, a causa das coisas enquanto entes deve sê-lo não somente enquanto são tais coisas, pelas formas acidentais,
nem somente enquanto são estas coisas, pelas formas substanciais; mas também segundo tudo o que lhes
pertence ao ser de qualquer modo. Assim que, é necessário também admitir a matéria prima como causada pela
causa universal dos seres.[11]

A tendência ateia dos últimos séculos não está preocupada em responder qual a causa universal dos seres
utilizando uma confissão de fé que seja incompatível com a valorização integral dos méritos homem – na
verdade, vivemos no estopim de uma era que valida diferente concepções. Para o ateu a moralidade é
condicionada socialmente de acordo com as necessidades de cada grupo. Como ensina Aagaard [12], a defesa
do evolucionismo tem como ponto de partida a negação de que o homem foi criado por Deus e, que em razão
disto, de ter sido criado por Deus, deteria uma dignidade especial. Para o ateu não existe base ontológica para a
dignidade da pessoa humana, sendo a moralidade sempre fruto de escolhas da coletividade.

Isto nos faz lembrar a opinião de uma presidenciável nas últimas eleições (2018) no Brasil que, pressionada
sobre o aborto, desconversou dizendo ser “democrática” e que submeteria a decisão ao povo, por meio de um
plebiscito. Este é justamente o condicionamento social ateu: escravidão, eliminação étnica, aborto. A maioria
decide e define, exatamente porque o homem não possui dignidade humana, ontologicamente não é nada e
relativamente é apenas o animal mais evoluído[13]. Este pensamento foi rechaçado pelo concerto das nações,
após os horrores nazistas na segunda guerra mundial, através da declaração universal dos direitos do homem.
Inclusive, no processo de formulação da DUDH, os principais estudiosos e líderes de todas as nações e povos
foram consultados e todos concordaram de forma uníssona da necessária proteção a dignidade do homem, como
ensina Jacques Maritain, um dos autores do texto, em “O Homem e o Estado”.

Ou seja, o homem, em sua essência, é especial porque é criado a imagem e semelhança de Deus, o que
chamamos de Imago Dei. Deus é o nosso criador, autor e consumador da história, o logos encarnado, a
linguagem e o verbo que se fez carne, a própria fonte de todas as coisas, que habitou e habita entre nós. O
homem não precisa de narrativas para preencher seu(s) vazio(s), basta olhar para Jesus Cristo.

[1] DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Porto : Lello & Irmãos Editores, 2003, p. 171.
[2] ANDER-EGG, E. Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7ª edição.
Buenos Aires: Humanitas, 1978, p. 15 (tradução livre).
[3] BRIONES, R. S. Marcelo. A falácia ateísta de Richard Dawkins. Revista Mensageiro Luterano, Porto
Alegre: Concórdia, 09/2011, p. 10-16.
[4] FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 5-8.
[5] Ibidem.
[6] Em “A teologia do Exôdo”, R. Alan Cole demonstra a interação do “Kairos” com o “Chronos”, iniciando seu
texto brilhantemente com a seguinte afirmação: “Deus é o controlador invisível de toda a história e de todas as
circunstâncias”.
[7] VOEGELIN, Eric. Anamnese: Da teoria da história e da política. São Paulo : É realizações, 2009 , p. 129.
[8] FERREIRA, op. cit., p.8.
[9] Ibidem, p. 8.
[10] AAGAAARD, Earl. As implicações morais do darwinismo. Revista Diálogo, 11:2/1999, p. 5-7.
[11] DE AQUINO, Santo Tomás. Suma Teológica – V. 1 – La Pars. Editora Ecclesiae: São Paulo, 2016. p. 318.
[12] Ibidem.
[13] A Living Waters, ong norte-americana, no documentário “Evolution & God”, questionou diversos ateus
sobre o seguinte caso hipotético: se o seu cachorro estivesse se afogando, ao mesmo tempo e na mesma piscina,
com aquele vizinho que você não gosta, quem você salvaria? Todos hesitaram em responder, por mais que
escolhessem o animal. A escolha pelo animal é a escolha óbvia para um ateu, visto que para ele não existe
diferença entre um ser humano e um animal, mas apenas um condicionamento social de que o segundo é mais
importante de que o primeiro. A hesitação se dá pelo próprio condicionamento social, e, porque não dizer, pela
centelha da criação que há em cada um de nós. Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=JDvi2defQEM

Por: Thiago Rafael Vieira & Jean Marques Regina. © Voltemos ao Evangelho. Website:
voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: Evolucionismo: O preenchimento do vazio.

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Thiago Rafael Vieira é advogado, especializado em Direito Religioso, com pós em Liberdade Religiosa pelo
Mackenzie, estudos em Oxford e Coimbra; pós em Direito do Estado pela UFGRS e pós-graduado em Teologia
e Bíblia pela Ulbra, Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Religião – IBDR. Co-autor da Obra: Direito
Religioso: questões práticas e teóricas. Colunista da Gazeta do Povo, na coluna semanal “Crônicas de um
Estado Laico”. Colunista dos sites “Voltemos ao Evangelho”, “Gospel Prime”, “Revista de Teologia Brasileira”
e diversos outros sites. Em 2019, foi um dos delegados do Brasil na Universidade de Brigham Young
(Utah/EUA) no 26º Simpósio Anual de Direito Internacional e Religião, evento com mais de 60 países
representados. Atualmente é membro e conselheiro fiscal da Igreja Batista Filadélfia de Canoas, RS. Esposo da
Keilla e pai da Sophia Vieira, reside em Porto Alegre.

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