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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

PROJETO DE MONOGRAFIA

O USO TERAPÊUTICO DA HOMEOPATIA PARA O EQUILÍBRIO


SISTÊMICO DE GATOS DOMÉSTICOS

LAURA DE ANDRADE PEREIRA


LAURA GOMES DE AGUIAR LIMA

VALENÇA, 2021
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

O USO TERAPÊUTICO DA HOMEOPATIA PARA O EQUILÍBRIO


SISTÊMICO DE GATOS DOMÉSTICOS

LAURA DE ANDRADE PEREIRA


LAURA GOMES DE AGUIAR LIMA

Sob a orientação do professor


Flávio da Silva Nunes

Projeto de Monografia apresentado ao


curso de Medicina Veterinária do
UNIFAA, como parte das exigências da
disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso I
1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o uso terapêutico e profilático da homeopatia em animais vem se


ampliando e se destacando cada vez mais na sociedade. Esse tratamento medicinal de caráter
holístico foi relatado por Hipócrates no século IV a.C. e elaborado pelo médico alemão
Samuel Hahnemann, no século XVIII (COSTA et. al.., 2009).
Com reconhecimento em âmbito mundial, a homeopatia é vista como uma terapia de
aptidão única e específica baseada no princípio vitalista e no uso da lei dos semelhantes
(FILHO et. al., 2014), que visa proporcionar o bem-estar animal, equilíbrio orgânico, saúde
mental e metabólica do paciente e do meio em que ele vive, por meio de plantas medicinais e
curativas em diversos ambientes da área da saúde.
Fruto de estudos e análises baseados na observação clínica e em experimentos
realizados na época, Hahnemann ordenou os princípios filosóficos e doutrinários da
homeopatia em suas obras, Organon da Arte de Curar e Doenças Crônicas. Com base nelas,
esse raciocínio médico teve um grande crescimento por várias regiões do mundo, estando hoje
firmemente instituída em diversos países da Europa, das Américas e da Ásia (COSTA et. al..,
2009).
Ao contrário da alopatia, que é o tratamento tradicional, que consiste em utilizar
medicamentos, os quais funcionam como neutralizadores no organismo debilitado,
produzindo reação oposta aos sintomas a fim de diminuí-los, o tratamento homeopático é uma
técnica não invasiva, que é composta apenas por ingredientes naturais. Isso faz com que o
paciente não tenha efeitos colaterais e estimule o próprio organismo a combater a doença, se
curando de dentro para fora. Inclusive, é uma forma de terapia sustentável que é
consideravelmente correspondente à Saúde Única, visto que o medicamento homeopático age
de aspecto positivo na saúde do homem, do animal e para o meio ambiente. Por esses
benefícios, integrou-se à área da medicina veterinária, como meio exploratório de tratamentos
alternativos e preventivos (MANHOSO, 2019, p.11).
Assim, em 1815, deu-se início à Homeopatia Veterinária, aplicada por Hahnemann,
quando apresentou seu trabalho: “O tratamento homeopático dos animais domésticos”.
Alguns anos depois, seus conceitos foram restabelecidos e desenvolvidos pela teoria e prática
de diversos médicos veterinários (PIRES, 2005).

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Tratando-se de uma terapia natural, tem como benefício o uso de substâncias extraídas
de variadas fontes animais, minerais e vegetais que, quando diluídas e trabalhadas dão origem
ao remédio homeopático. Além disso, amplia-se a visão na medicina felina em diagnósticos,
muita das vezes, considerados idiopáticos, para aqueles que podem ser corrigidos através da
homeopatia.
Também corrige ou previne doenças renais (FRANCHI, 2019), autoimunes
(BARBOSA et al, 2013), dermatológicas (TORRO et al, 2014), traumatismos (ROCHA e
MOTTA, 2008), lesões (BARBOSA et al, 2013) e distúrbios comportamentais que podem ser
causados, principalmente, por estresse e ansiedade sendo considerados em muitos casos a
principal fonte de desequilíbrio do organismo animal, que pode levar a consequências físicas
e fisiológicas a longo prazo (SOUZA, 2002).
A terapia homeopática explora uma visão sistêmica, a fim de auxiliar o corpo na sua
cura, através da estimulação dos seus mecanismos naturais de defesa (DEMES, 2007;
SHEALY, 1998). Portanto, esse tratamento busca meios de analisar e tratar o problema de
forma integral, para avaliar quaisquer eventos que o integram e relacionar sua visão na análise
entre os meios interno e externo, como um único meio de base e equilíbrio.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

A terapia homeopática aplica o fundamento de cura através do princípio de


semelhança, por meio da administração de doses diminutas de substâncias medicinais já
testadas, que promovem manifestações análogas ao indivíduo (TEIXEIRA, 2006).
A origem dos preparos são obtidos por meio de dinamização, através da diluição de
determinada substancia fornecida de bases pertencentes aos reinos da natureza ( animal,
mineral, vegetal) com álcool e/ou agua sucedendo uma redução em sua concentração e
subsequentemente passando pelo processo de sucussão onde é feita a agitação originando a
solução. (BARBOSA et al, 2013).
Gerando atrito nas moléculas diluídas e no composto selecionado, liberando seu
poder medicinal latente, presente na substância bruta. Sendo assim quanto mais
dinamizações a solução for sujeita , maior será a ação terapêutica da homeopatia
(BARBOSA et al, 2013).
Na década de 70, a homeopatia consegue seu lugar no domínio da medicina humana.
Logo após, se amplia com o surgimento de cursos para a área da medicina veterinária, seguido
seu reconhecimento como especialidade médico veterinária (SOUZA, 2002). Suas aplicações
e conceitos são vistos não somente como forma de terapêutica, mas também de potências,
aplicadas na área de produção animal (PIRES, 2005). Uma terapia que hoje nos mostra
diversos resultados na prática pela aplicação de suas vantagens em relação à medicina
convencional (PIRES, 2005).
De acordo com o mesmo autor, a homeopatia ganha seu espaço como forma de
equilibrar o organismo por meios de mecanismos, a fim de proporcionar estímulos naturais e
alto defesa. O que ocorre através de medicamentos conhecidos como nosódios, ou seja,
aqueles que são desenvolvidos e formados com base no próprio agente etiológico da doença,
gerando imunidade especifica, com funções de gerar respostas de ação rápida e eficiente, agir
nas patologias graves, inibir a saturação do organismo, proporcionar lucros maiores e custos
menores, sendo de fácil administração e englobando todo o reino animal.
Segundo a obra de Hans Gunter Wolf (1986), o tratamento homeopático se aplica aos
animais pelo fato que as leis da natureza são dominantes, pode-se explicar que os animais

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também revelam sintomas objetivos visíveis, da mesma forma que o homem, de modo que há
concordância da manifestação básica da experimentação humana e animal. Pesquisas
comportamentais, que avaliam percepção e consciência, exibem a similitude dos demais
animais com os seres humanos, gerando uma perspectiva otimista (SERPELL, 2004).
Hahnemann cita que o animal não conhece o ato de fingir, e sendo assim, não exagera
nos casos de manifestações de dor, sendo evidente que o animal deixa explícito, por meios de
comportamentos e sintomas, um quadro real da doença e do seu estado interno (WOLF,
1986).
De acordo com Demers (2007) a doença é um conjunto de alterações anatômicas e
funcionais, cuja manifestação se desenvolve por meio de sintomas físicos resultantes do
processo de adaptação biológica a vários fatores como: calor, tóxicos, alimentos, bactérias,
vírus, parasitas, sustos, ciúmes, saudades, medo, stress, entre outros (LOBÃO, 1994, apud
PEREIRA, 2012, p.23),.
Segundo Costa e Manhoso (2007), ansiedade por separação é um distúrbio
comportamental em resposta ao estresse na ausência do proprietário, podendo estar
relacionado à mudança ambiental, principalmente em felinos. Os sinais observados
são defecação e micção em locais impróprios, comportamento destrutivo,
vocalizações excessivas, anorexia, depressão ou hiperatividade. Entretanto, destaca-
se a Homeopatia como possibilidade terapêutica, tendo indicação frequente o
medicamento Ignatia amara, por sua ação nas manifestações nervosas, depressão,
angústias e tristezas.

Também podem influenciar no comportamento do animal a falta de socialização, a


imposição do castigo excessivo, a presença de um dono agressivo ou de outro animal,
mimar, isolar do contato humano ou brincadeiras frequentes de crianças (GRISOLIO, 2017).
É essencial que médicos veterinários compreendam os princípios básicos relacionados a essas
interações, de forma que ajudem a estabelecer o equilíbrio harmonioso entre pessoas e seus
animais de estimação (MEDITSCH, 2006).
Além da existência de fatores genéticos e hereditários que influenciam o
comportamento como hormônios, machos que não passaram por esterilização, fêmeas já
esterilizadas; fêmeas que estão no fim da gestação ou próximas de seus filhotes propendem
a ser mais agressivas, independentemente de estarem acompanhados de seus proprietários
ou de outros indivíduos (SÃO PAULO, 2003).
Desse modo, a saúde através da visão vitalista, representa a energia que flui pelo
organismo e que controla suas funções vitais de forma prática e harmoniosa, que, quando se
desequilibra, gera o aparecimento da doença (KOSSAK-ROMANACH, 2003). O equilíbrio
da energia vital do quadro de saúde reverbera na intangibilidade dos órgãos, seus arranjos de

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funções e de suas habitudes adequadas a cada animal, de acordo com a sua espécie
(KOSSAK-ROMANACH, 2003).
O medicamento homeopático atua como forma de estímulo na energia vital do ser,
tendo o objetivo de capacitá-lo a se curar da condição alterada em que se encontra
(BARBOSA et al, 2013).
Assim é função do médico homeopata conhecer a fundo seu paciente e os sintomas,
os quais ele apresenta podendo ter relações mentais, psíquicas, gerais e locais, relacionado a
sensações, sintomas simultâneos, alternantes e os sintomas atípicos e típicos individuais , cujo
conjunto leve a sua causa fator, podendo estar relacionado a temperamento e a diátese, ou
seja, reação vital da individualidade (Weir, 2011; Luna, 2007, apud ALVES, 2012, p.27).
No estudo de MATTES et al (2013), sobre o uso da homeopatia em surto endêmico de
panleucopenia felina, há um relato de caso que apresenta o tratamento homeopático com
Baptista, como tratamento alternativo. Como resultado, de um total de dezoito animais
sintomáticos, oito sobreviveram e dez vieram a óbito, o que nos dá uma sobrevivência de 44%
dos animais, comparando com os dados de literatura, nos quais era esperado 90% de óbito.
Concluiu-se que o uso da homeopatia foi eficaz e reduziu o índice de mortalidade
proporcional da doença.
Povey (1990) cita eficácia da homeopatia em um caso de felinos que passaram por
abandono em situação de confinamento apresentando afecções respiratórias e dermatoses. Na
maioria dos casos as patologias respiratórias têm relação aos vírus da rinotraqueíte viral felina
e ao calcivírus felino, onde nesses casos oriundos de origem viral, não possui tanta eficácia a
prática alopática.
A terapia homeopática também já é uma alternativa considerada, por alguns
médicos veterinários, para o tratamento das dermatopatias, como no caso de eczemas,
prurido e erupções cutâneas (KAYNE, 1992), dermatite alérgica (GIMENES,
2002), dermatose por lambedura (TORRO et al., 2004), complexo granuloma-eosinofílico
felino (ABOUTBOUL, 2006), dermatite atópica (MATHIE et al., 2010) e até mesmo em
casos de puliciose (ARENALES et al., 1994, apud BARBOSA et al., 2013, p.30).
As dermatopatias constam entre as doenças mais comuns apresentadas pelos
gatos domésticos da atualidade. Estes animais sofrem com afecções de origem
infecciosa, alérgica, psicogênica, ou mesmo multifatorial (BARBOSA et al, 2013).
Por meio de questionários enviados a veterinários conhecidos por sua prática com
homeopatia da Grã-Bretanha em 1992, Kayne constatou que Arsenicum albume

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Sulphur eram os medicamentos homeopáticos mais receitados por este grupo a
animais com dermatopatias (o primeiro, receitado a pacientes com eczemas, e o segundo a
pacientes com prurido, cistos, erupções e outras condições de pele variadas), cujas
espécies não são citadas.
A homeopatia tem a visão do animal como um todo amparado por sua força vital e,
contradizendo sobre pensamentos que muitos possuem, esse tratamento é verídico e apresenta
resultados práticos que rebatem conceitos como , concentrações terapêuticas mínimas e
exprimem vantagens sobre a medicina convencional (COSTA et.al., 2009).
Segundo Wolf (1986), para aplicações homeopáticas em gatos, as formulações em
gotas devem ser evitadas e usadas somente em última necessidade, pois contém álcool, sendo
usadas, preferencialmente, as formulações à base de lactose, seja em glóbulos ou em forma
triturada (pó). Considerando que a quantidade não é de grande significância e sim que o
organismo receba o medicamento, pois a massa e o peso não têm grande importância como
nos preparos químicos, nos quais se leva em consideração os efeitos colaterais e intoxicações
dependendo da dose (WOLF, 1986).
Assim como na Medicina, não é incomum, no caso de animais com doenças crônicas,
aplicar a homeopatia como último recurso, depois que um tratamento convencional a longo
prazo falhou em produzir qualquer melhora definitiva (COSTA et.al., 2009). Há também um
grande receio em relação aos tratamentos alopáticos, em geral, aos antibióticos e
corticosteroides particularmente, que estão relacionados a reações adversas, as quais levam
muitas pessoas à procura de uma terapia mais leve (COSTA et.al., 2009).
Segundo o mesmo autor, a veterinária homeopática pode ser considerada uma
alternativa aos medicamentos alopáticos, devido ao seu menor custo e sua fácil administração,
visto que o medicamento pode ser fornecido na água, ração ou sal mineral, além de favorecer
o bem-estar animal, já que os gatos não são submetidos à contenção e traumas, como pela
aplicação de injeções.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Retratar a homeopatia e suas aplicações na medicina veterinária, de forma


exploratória, apresentando exemplos positivos na aplicação de tratamentos em gatos
domésticos.

3.2. Objetivos Específicos

 Apresentar como o tratamento homeopático é aplicado na medicina felina.


 Apresentar os benefícios do tratamento homeopático para a saúde do animal.
 Apresentar as aplicações homeopáticas em patologias felinas.

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4. HIPÓTESES
 A homeopatia tem resposta fisiológica positiva no tratamento clínico de felinos
domésticos.
 A homeopatia tem como objetivo auxiliar o corpo na sua cura através de estímulos
vitais.
 A homeopatia é considerada uma terapia alternativa de caráter natural, aspecto leve
e sem efeitos colaterais.
 A homeopatia apresenta vantagens sobre a medicina convencional e tratamentos
alopáticos.

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5. JUSTIFICATIVA

O presente estudo justifica-se através da inclusão da abordagem do uso da medicina


homeopática associada a gatos domésticos, onde esse assunto ainda é pouco explorado.
Dissertando o tema que tem se ampliado, com a concretização de seus conceitos básicos,
apresentando custos mais baixos e provendo menores efeitos colaterais em relação à alopatia,
sem sobrecarga por eliminação renal, sendo assim, tema importante da área de medicina
felina.

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