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RESUMO
O Diabetes mellitus (DM) é uma doença endócrina caracterizada por níveis elevados
de glicemia sanguínea (hiperglicemia) contínua ou intermitente. Constitui em um grave
problema de saúde pública, sua prevalência vem alcançando grandes proporções, tanto
em termos de números de pessoas afetadas, como mortalidade prematura e incapacida-
de funcional. A prática de atividade física tem sido indicada para o controle/tratamento
de pessoas com DM. O objetivo do presente estudo é verificar os benefícios e efeitos
fisiológicos proporcionados por exercícios físicos de endurance e/ou contra resistência,
em indivíduos com Diabetes mellitus. Para isso foi realizada uma revisão bibliográfica
na base de dados do SCIELO com artigos QUALIS de A1 e B2, em português, inglês e
espanhol. Como resultado observou-se uma diminuição do colesterol total, LDL, aumento
do HDL, redução da glicemia após a realização dos exercícios, redução da glicemia de
jejum, da hemoglobina glicada e uma melhora na função vascular. Portanto o exercício
físico de endurance e contra resistência mostrou eficaz no controle de variáveis que
agravam o diabetes mellitus.
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INTRODUÇÃO
O DM 2 é o tipo mais comum da doença, representando cerca de 90% a 95% dos ca-
sos. Seu surgimento se dá normalmente em indivíduos após os 40 anos de idade, podendo,
entretanto, acometer adultos mais jovens, adolescentes e crianças, sendo, na maioria das
vezes, obesos (BERNARDINI, MANDA E BURINI, 2010). Está associado a uma resistên-
cia às ações da insulina, a secreção de insulina anormal e a níveis de insulina plasmática
anormais e elevados. Indivíduos com este tipo apresentam hiperglicemia de jejum devido ao
elevado e constante programa de gliconeogênese hepática e baixa capacidade de captação
e utilização da glicose no músculo esquelético. Além da hiperglicemia crônica, os indivíduos
com DM2 possuem uma disfunção no metabolismo de lipídios (excesso de ácidos graxos
livres circulantes no sistema portal), acarretando a formação de placas de ateromas, que
são manifestações da aterosclerose caracterizadas pelo acúmulo focal de lipídios, hidratos
de carbono, sangue e produtos sanguíneos, tecido fibroso e depósito de cálcio na camada
íntima da artéria. (CARVALHO et al. 2010; ADA, 2015)
A diabetes é uma doença que afeta os humanos desde os tempos antigos e, é respon-
sável pelas consequências calamitosas da deficiência da insulina no organismo. (Silverthorn,
2010). A hiperglicemia crônica é característica de ambos os tipos de diabetes (tipo 1 e 2) e
leva aos principais sintomas da doença. Glicosúria e diurese osmótica são provocadas por
elevações de cargas filtradas e excretadas de glicose pelos rins. O efeito osmótico impede
a reabsorção do líquido, aparecendo poliúria, resultando em desidratação e polidpsia. Essa
hiperglicemia crônica é toxica e danifica o sistema micro e macrovascular. Nos danos micro-
vasculares podemos evidenciar a cegueira, doença renal em estágio final e uma variedade
de neuropatias debilitantes. Na macrovascular podemos citar a aterosclerose, que afeta as
artérias que suprem o coração, encéfalo e membros inferiores; causando infarto agudo do
miocárdio, derrame e amputação de extremidades inferiores, respectivamente. Um dos fato-
res que contribui para a formação de ateromas se deve a anormalidades no metabolismo de
lipídios, acarretando um aumento de ácidos graxos livres circulantes (FERREIRA et al., 2011).
A diabetes desenvolve alterações no metabolismo de proteínas por causa do hipoin-
sulinismo, o que leva o indivíduo a permanecer em um estado catabólico. Isto decorre de
uma alteração no equilíbrio entre a síntese e degradação de proteínas. Essa alteração na
síntese de proteína ocasiona uma disfunção no reparo tecidual após lesões e infecções.
Outra importante alteração no diabetes se deve ao aumento da degradação e oxidação de
gordura, resultando em excesso de cetonas, causando cetoacidose diabética, podendo levar
a morte nessa patologia (FERREIRA et al., 2011).
A Nefropatia Diabética (ND) é uma complicação crônica do diabetes que afeta, em
média 30% das pessoas com diabetes mellitus tipo 1 ou tipo 2, sendo responsável por
aproximadamente metade dos novos casos de insuficiência renal nos indivíduos em diálise
e tendo sido associada a aumento significativo da mortalidade, principalmente cardiovascu-
lar. A ND se dá pela presença de pequenas quantidades de albumina na urina representa o
estágio inicial da nefropatia diabética (microalbuminúria ou nefropatia incipiente), já o estágio
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avançado caracteriza a nefropatia clínica (macroalbuminúria ou proteinúria) e a fase terminal
é a insuficiência renal (Tschiedel, 2014).
A Neuropatia Diabética é uma complicação crônica que afeta de 30 a 50% dos pacientes
com DM, definida por causar danos neurológicos, mais especificamente o sistema nervoso
desses pacientes, na maioria dos casos manifestam-se como polineuropatia sensório-mo-
tora distal simétrica. Essa Polineuropatia Diabética está associada ao comprometimento
de qualidade de vida dos pacientes com DM, relacionado diretamente aos quadros clíni-
cos (quadro de dor crônica, riscos de amputações, etc) apresentados por esses pacientes
(COSTENARO et al., 2015).
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energético o glicogênio muscular e hepático, a glicose sanguínea e os ácidos graxos livres,
dependendo da duração e intensidade da atividade (SILVA et al., 2015).
NO CONTROLE GLICÊMICO
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POSSÍVEL MECANISMO
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Figura 1. Mecanismos removedores da glicose sanguínea pelo musculo esquelético. Adaptação de Bernardini, Manda,
Burini, (2010).
NO PERFIL LIPÍDICO
Dentre os efeitos causados DM, nos efeitos agudos estão a hiper e hipoglicemia; já os
efeitos crônicos podem ser doenças cardíacas, doenças vasculares, retinopatia, nefropatia e
neuropatia (PONTIERI, BACHION, 2010). Há variáveis que comumente são encontradas em
diabéticos como concentrações de LDL elevadas e HDL reduzido (PENAFORTE et al., 2013).
A doença, em relação aos músculos e tecidos caracteriza-se pela diminuição da habi-
lidade da insulina em estimular a utilização da glicose pelo músculo e pelo tecido adiposo,
prejudicando a supressão da lipólise mediada por esse hormônio (SOUZA, 2013).
A redução de peso e diminuição dos riscos cardiovasculares está frequentemente
associada à melhora dos níveis de colesterol (Estridge e Reynolds, 2011). O treinamento
físico, em conjunto com uma dieta pode reduzir a adiposidade e controlar os níveis de co-
lesterol (FERREIRA, 2014).
O exercício físico tem sido indicado para aumentar as defesas antioxidantes, reduzir o
estresse oxidativo, bem como melhorar perfil lipídico, gerar uma hipotensão arterial (aguda
e crônica) e possivelmente reduzir as lesões renais (MONTEIRO et al., 2010).
NA FUNÇÃO RENAL
A doença renal crônica (DRC) tem sido considerado um problema de saúde pública no
qual a maior prevalência ocorre em pessoas com diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) e
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (ROMÃO, 2013). A DRC limita a capacidade funcional,
trazendo complicações cardiovasculares, alterações endócrino-metabólicas, osteomioarti-
culares entre outras que comprometem a qualidade de vida (KOSMADAKIS et al., 2010).
Roso et al. (2011) afirma que pacientes com doença renal crônica (DRC) apresentam
menor tolerância ao exercício, até mesmo para atividades de vida diária, quando compa-
rados com indivíduos saudáveis ou com doença renal de menor gravidade. Além disso, a
atividade física pode contribuir de forma significativa para a melhora da DRC, no entanto
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não há evidencias sobre os parâmetros mais adequados como intensidade, frequência e
duração do exercício (DE ALENCAR, 2012).
A principal função do exercício físico para o cotidiano do individuo com Diabetes são
os efeitos benéficos para sua prevenção e tratamento. O exercício deve ter função primor-
dial em grupos de risco como obesos e familiares de diabéticos. As continuidades dessas
morbidades acarretam varias doenças que são desencadeadas por multifatores podendo ser
agravadas, onde não sendo tratadas com urgência trazem danos a saúde. “(...) O exercício
físico age diretamente sobre a resistência à insulina, além de aumentar a capilarização nas
células musculares esqueléticas (BARBIERI; FERREIRA, 2014).”
Sabemos que diabéticos apresentam menor força muscular, menor flexibilidade e me-
nor condição aeróbica do que pessoas que possuem mesmo sexo e idade. Diabéticos que
possuem melhor condição aeróbica e que são fisicamente ativos apresentam um melhor
prognostico do que aqueles que não fazem exercício físico (DIRETRIZES SBD | 2014-2015).
AVALIAÇÃO PRÉ-EXERCÍCIO.
Assim como aqueles que não possuem essa diabetes, indivíduos que buscam iniciar
qualquer programa de exercícios devem passar por uma avaliação médica criteriosa. A ava-
liação não deve ser padrão para o grupo dos diabéticos, pois para cada nível de exercício
físico e público há diferenças. Essa avaliação deve conter um Eletrocardiograma e Teste
Ergométrico antes de iniciar a prática, de preferência em horário próximo ao que o mesmo
realizará a atividade, sem suspender o uso da medicação. É imprescindível avaliar possíveis
complicações arteriais, renais, além da retinopatia e neuropatia autonômica (ADA, 2011;
ACSM-ADA, 2010). Para aqueles diabéticos que já se exercitam, uma avaliação médica pe-
riódica é fundamental. Ao paciente que apresente o quadro de diabetes e que queira iniciar
exercícios de moderada a alta intensidade, o teste de esforço está indicado para aqueles
que apresentam as condições do quadro a seguir (DIRETRIZES SBD | 2014-2015).
A avaliação inicial do DM deve ser criteriosa. Devem ser submetidos a um
Eletrocardiograma e Teste Ergométrico antes de iniciar, de preferência em horário próxi-
mo ao que o mesmo realizará a atividade, com uso da medicação (se fazer uso). Avaliar
a presença de doença arterial periférica, retinopatia, doença renal e neuropatia autonômi-
ca. Os seguintes critérios devem ser utilizados para a execução do Teste de Esforço (ADA,
2010; ACSM-ADA, 2010):
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• Idade > 40 anos (com ou sem FRs CV);
• Idade > 30 anos (DM1 ou DM2 + 10 anos):
– HA;
– Tabagista;
– Dislipidemia;
– Retinopatia;
– Nefropatia, incluindo microalbumiúria;
– Neuropatia Autonômica;
– Nefropatia Avançada com Insuficiência Renal.
TIPOS DE EXERCÍCIO
PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO
INTENSIDADE DO EXERCÍCIO
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RECOMENDAÇÃO E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA DIABÉTI-
COS DO TIPO 1
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CONTRA INDICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
POR DIABÉTICOS
Um estudo realizado por Lara (2009) com um indivíduo sedentário e diabético verificou
que exercício de força e caminhada, gerou uma diminuição da glicemia, mas essa queda
apresentou-se de forma mais acentuada no exercício de caminhada (caiu em 55% após duas
horas) quando comparado ao exercício de força (caiu em 28% após duas horas). Exercício
físico de alta intensidade não é recomendado por resultar um estado de hiperglicemia, pois
os mecanismos mediados pela insulina não estão presentes. Isso ocorre dependendo do
estado do paciente, se é ou não ativo, e também do estado do paciente com a diabetes.
Logo, a reposição de carboidratos extra ou redução na dose de insulina podem resultar na
exacerbação da hiperglicemia pós-exercício e não a uma diminuição necessária para os
indivíduos com DM 1. Isto se deve ao fato de indivíduos com DM1 possuírem os mecanis-
mos reguladores da glicemia independentes da insulina estarem preservados. Logo, é a
liberação de catecolaminas que irá controlar a produção hepática de glicose (DIRETRIZES
SBD | 2014-2015).
As recomendações atuais da ADA (American Diabetes Association) enfocam não o
nível glicêmico, mas sim a presença de cetose e a ausência do uso de insulina por 12 a 48
horas. Nesse caso, os exercícios, principalmente os vigorosos, podem piorar a hiperglicemia
e a cetose. Entretanto, desde que o paciente esteja clinicamente bem, com diurese normal
e com cetonas plasmáticas negativas não é necessário adiar o exercício fundamentado
apenas na hiperglicemia (DIRETRIZES SBD | 2014-2015).
CONCLUSÃO
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