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E G I T A N I A S C I E N C I A

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ESTRATÉGIAS DE COPING DE CUIDADORES


INFORMAIS DE IDOSOS DEPENDENTES
COPING STRATEGIES OF INFORMAL CAREGIVERS OF DEPENDENT
ELDERLY PEOPLE
ESTRATEGIAS DE COPING PARA PRESTADORES INFORMALES DE
PERSONAS MAYORES DEPENDIENTES

Cláudia Marisa Vicente Conceição Mingote (claudiamingote1@gmail.com)*


Agostinha Esteves de Melo Corte (acorte@ipg.pt) **
Ermelinda Maria Bernardo Gonçalves Marques (emarques@ipg.pt) ***
Roberto Miguel Gonçalves Mendes (robertomiguelmendes@gmail.com)****

RESUMO

Ser cuidador informal de um idoso dependente, pode constituir uma fonte de stresse, perante a qual,
deverão ser mobilizadas estratégias de coping, para reduzir o impacto negativo inerente ao papel. O
estudo teve como objetivo identificar estratégias de coping de cuidadores informais de idosos
dependentes. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, descritivo-correlacional, numa
amostra de 33 cuidadores informais de idosos referenciados numa Equipa de Cuidados Continuados
Integrados da Região Centro de Portugal. Utilizou-se um questionário para caracterização do idoso,
do cuidador, do contexto de cuidados, o Índice de Barthel, a Escala de Graffar e o Inventário de
Avaliação Pessoal Orientado para a Crise em Família. Obteve-se que 60,6% dos idosos são do sexo
masculino, com média de idades de 80,45 anos e totalmente dependentes (81,8%). Os cuidadores
informais são na sua maioria do sexo feminino (75,8%), com média de idades de 66,1 anos e
pertencentes à classe média baixa (60,6%). Salienta-se a utilização das estratégias
“Reenquadramento” (25,9) e “Mobilização de Apoio Formal” (8,54). A idade e nível de dependência
do idoso, a idade e classe social do cuidador, influenciaram as estratégias de coping. Os resultados
apontam para a necessidade de implementar intervenções focadas na família, para mobilizarem e
potenciarem estratégias de coping, que permitam otimizar o papel de cuidador.
Palavras Chave: envelhecimento, dependência, cuidador informal, família, estratégias de coping.

ABSTRACT

Being an informal caregiver of a dependent elderly person may be a source of stress in which coping
strategies should be mobilized to reduce the negative impact inherent to the role. This study aimed at
identifying the coping strategies of informal caregivers of dependent elderly people. It is a
quantitative, cross-sectional, descriptive-correlational study of a sample of 33 informal caregivers
of elderly people referenced in a Team of Integrated Continuous Care in the Central Region of
Portugal. A questionnaire was used to characterize the elderly person, the caregiver, the context of
care, the Barthel Index, the Graffar Social Scale and the Family Crisis-Oriented Personal Evaluation
Inventory. It was found that 60.6% of the elderly people are male with an average age of 80.45 and
completely dependent (81.8%). Informal caregivers are mostly female (75.8%) with an average age

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of 66.1 and belonging to the low-middle class (60.6%). Emphasis is given to the use of "Reframing"
(25.9) and "Mobilization of Formal Support" (8.54) strategies.. The age and dependence level of the
elderly person as well as the age and social class of the caregiver influenced the coping strategies..
The results point to the need to implement family-oriented interventions to mobilize and enhance
coping strategies to optimize the role of the caregiver.
Keywords: ageing, dependence, informal caregiver, family, coping strategies.

RESUMEN

Ser prestador informal de una persona mayor dependiente, puede ser una fuente de estrés ante la
cual se deben desarrollar estrategias de coping, para reducir el impacto negativo inherente al papel.
Este estudio tuvo como objetivo identificar estrategias de coping de prestadores informales de
personas mayores dependientes. Se trata de un estudio cuantitativo, transversal, descriptivo-
correlacional, en una muestra de 33 prestadores informales de personas mayores remitidas a un
Equipo de Unidad de Atención Continua de la Región Central de Portugal. Se hizo un cuestionario
para la caracterización de la persona mayor, del prestador, del contexto de la atención, el índice de
Barthel, la Escala de Graffar y el inventario de Evaluación Personal Orientada a la Crisis Familiar. Se
encontró que el 60,6% de las personas mayores son del sexo masculino, con una edad promedia de
80,45 años y totalmente dependientes (81,8%). Los prestadores informales son en su mayoría del
sexo femenino (75,8%), con una edad promedia de 66,1 años y de clase media baja (60,6%). Se
enfatiza el uso de estrategias de "Reencuadre" (25,9) y "Movilización de Apoyo Formal"(8,54). La
edad y el nivel de dependencia de las personas mayores, la edad y la clase social del prestador,
influyeron en las estrategias de coping. Los resultados apuntan a la necesidad de implementar
intervenciones orientadas en la familia con la finalidad de poner en acción y mejorar las estrategias
de coping que permitan optimizar el papel del prestador.
Palavras clave: Envejecimiento, Dependencia, Prestador informal, Familia, Estrategias de coping.

*Mestre e Especialista em Enfermagem Comunitária; Centro Hospitalar


Universitário Cova da Beira
**Ph.D., Professor Adjunto, Escola Superior de Saúde do Instituto
Politécnico da Guarda, UDI/IPG.
***Ph.D., Professor Adjunto, Escola Superior de Saúde do Instituto
Politécnico da Guarda, UDI/IPG, CINTESIS, CACB.
****Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação, ULS
Castelo Branco; Doutorando na Faculdade de Ciências da Saúde.
Universidade da Beira Interior.

Submitted:27th February 2020


Accepted: 14th June 2020

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INTRODUÇÃO

A diminuição significativa quer na taxa de natalidade quer de mortalidade, bem como o


aumento da esperança média de vida relacionado com os avanços na área da saúde pública e
da medicina, conduziu, a partir da segunda metade do século XX a um envelhecimento
demográfico das sociedades, principalmente as europeias (Duarte et al., 2013; Instituto
Nacional de Estatística [INE], 2016).
No contexto da União Europeia [UE], Portugal apresenta-se como o 4º país com maior
percentagem de idosos (INE, 2018a), representando a população com 65 e mais anos, 21,5%
da população total (INE, 2018b). Destaca-se ainda com o terceiro valor mais elevado de índice
de envelhecimento (Base de Dados de Portugal Contemporâneo [PORDATA], 2017a). A região
Centro, surge logo a seguir ao Alentejo, como das mais envelhecidas de Portugal,
representando esta faixa etária, 22% da população (INE, 2012). Salienta-se ainda, que cerca
de 60% da população idosa, em Portugal, vive só (400 964 pessoas), ou em companhia
exclusiva de pessoas também idosas (804 577 pessoas), o que contribuiu para o aparecimento
de uma nova realidade, cuja dimensão aumentou 28% ao longo da última década, que é a de
idosos dependentes estarem a ser cuidados igualmente por idosos (Idem).
A par desta revolução demográfica, verificou-se uma alteração no perfil epidemiológico,
adquirindo as doenças crónico-degenerativas, maior relevância na condição de saúde das
populações (Direção Geral da Saúde [DGS], 2013). O envelhecimento é uma realidade
inevitável, ao qual estão indubitavelmente associados, índices de dependência acrescidos,
resultantes de uma maior vulnerabilidade do idoso ou do agravamento de morbilidades
previamente adquiridas (Sequeira, 2010) que conduzem à necessidade de cuidados por parte
de terceiros.
A responsabilidade por esse cuidado tem sido atribuída à família, que continua a ser
considerada a principal fonte de apoio nos cuidados diretos, no apoio psicológico e nos
recursos sociais (Araújo e Martins, 2016). Desta forma surge o cuidado informal, que assenta
na prestação voluntária de cuidados, por pessoas da rede social do recetor de cuidados, de
forma não remunerada e sem ser mediado por uma organização (Pereira, 2013).
Entretanto foi aprovado o Estatuto do Cuidador Informal [CI] (Diário da Républica [DR], 2019)
no sentido de regular os direitos e deveres do cuidador e da pessoa cuidada e, recentemente
foram publicados os termos e condições de implementação das medidas previstas no referido
Estatuto, que prevê, entre outras medidas de apoio, a remuneração do CI, contudo, ainda
restritas a 30 concelhos do país (DR, 2020).
Cuidar, no entanto, constitui um processo complexo e exigente, contínuo e quase sempre
irreversível, caracterizado por pressões e efeitos negativos, podendo provocar distúrbios na
vida pessoal e social, na saúde, no bem-estar físico e emocional e nas finanças, determinantes
de stresse em cuidadores (Areosa, Henz, Lawisch e Areosa, 2014). O CI vê-se confrontado
com uma situação desafiante e difícil de gerir, que pode afetar negativamente o seu
quotidiano, a sua qualidade de vida e diminuir a sua capacidade para continuar a cuidar
(Loureiro, Fonseca e Veríssimo, 2012; Pereira e Carvalho, 2012).
O sucesso em lidar com esta situação dependerá das estratégias de coping que compreendem
os esforços cognitivos e comportamentais, no sentido de reduzir ou tolerar, com as exigências
especificas, internas e externas, que foram avaliadas como excedendo os recursos disponíveis
(Lazarus e Folkman, 1984). Estas poderão contribuir para uma adaptação positiva e um bom
controlo da situação (Martins, 2006).

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Atendendo a que desenvolve a sua prática centrada na comunidade, o Enfermeiro Especialista


em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde
Pública e na área de Enfermagem de Saúde Familiar, subsidiariamente a dimensão normativa
e legal, inerente às suas competências (DR, 2018), deve estar atento às necessidades e
dificuldades dos cuidadores, facilitando o processo de adaptação ao seu novo papel.
Neste sentido, face ao quadro de envelhecimento demográfico e no âmbito de um contexto
social caracterizado por insuficiência e inadequação de recursos às pessoas idosas e de falta
de apoio aos seus CI´s, e pelas consequências inerentes a este papel, pretendemos com este
estudo contribuir para identificar as estratégias de coping de cuidadores informais de idosos
dependentes, de modo a que o enfermeiro especialista possa intervir junto desta população,
providenciando o seu bem-estar e a melhoria da sua qualidade de vida, bem como do idoso
dependente, alvo de cuidados.

1. QUADRO TEÓRICO

1.1. Envelhecimento e dependência

Assistimos hoje a um envelhecimento da sociedade, que tem vindo a ser estudado não só sob
a perspetiva do envelhecimento individual, mas também do envelhecimento demográfico
(Cordeiro, 2011). Ao envelhecimento individual está subjacente um conjunto de alterações
biológicas, psicológicas e sociais que se processam ao longo da vida (Sequeira, 2010). Por sua
vez, o envelhecimento demográfico, é entendido como uma “evolução particular da
composição etária da população que corresponde ao aumento da importância estatística dos
idosos (...) ou à diminuição da importância estatística dos jovens” (Rosa, 2012: 23).
Por outro lado, tem-se assistido também, nas últimas décadas, a um aumento da longevidade,
resultando num aumento considerável do número de pessoas com idade superior a 80 anos
(Duarte et al., 2013), emergindo, outro fenómeno designado de “envelhecimento dos idosos”
(“the aging of the aged”), tratando-se de um processo secundário de envelhecimento
demográfico, que ocorre, gradualmente, em todo o mundo (Pereira, 2011).
Em Portugal, tal como em outros países ditos desenvolvidos, paralelamente às mudanças
sociodemográficas, constata-se que a evolução dos progressos terapêuticos na área da
saúde, o desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas e fármacos mais eficazes, a melhoria
das condições socioeconómicas, bem como a alteração dos estilos de vida da população, se
tem traduzido num aumento significativo de pessoas com doenças crónicas, que vivem mais
anos e em situação de dependência (Petronilho, 2013). De acordo com o Observatório
Português dos Sistemas de Saúde [OPSS] (2015:38) “estima-se que haverá 110 355 pessoas
dependentes no autocuidado nos domicílios, sendo que destas, 48 454 serão pessoas
acamadas”. De acordo com a PORDATA (2017a) verificou-se em Portugal um aumento,
continuadamente entre 2011 e 2017, do índice de dependência de idosos, passando de 28,5
idosos por cada 100 pessoas em idade ativa em 2011, para 32,9 em 2017. A região Centro, de
acordo com a PORDATA (2017b) seguiu essa tendência, tendo registado, em 2018, o segundo
valor mais alto (38) a seguir ao Alentejo (40,9).
A idade avançada aumenta, pois, o risco de doenças crónicas não transmissíveis ou
degenerativas, acompanhadas por vezes, de perda progressiva de autonomia, que assumem
geralmente, um caracter permanente e cuja conjuntura desencadeia uma potencial exigência

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de cuidados complexos, durante longos períodos, o que implica uma maior dependência de
terceiros, refletindo-se na necessidade de apoio formal e informal.

1.2. Família como cuidador informal

As políticas sociais e de saúde tendem a privilegiar a manutenção dos idosos no domicílio,


devido ao aumento crescente do número de idosos, às insuficientes e inadequadas respostas
formais às suas necessidades, ao contributo na promoção da sua qualidade de vida e à
constatação das potencialidades da família na prestação de cuidados (Sequeira, 2010;
Ribeiro, Pinto e Regadas, 2013). Desta forma, o CI assume particular relevância e é definido
como “o cônjuge ou unido de facto, parente ou afim até ao 4.º grau da linha reta ou da linha
colateral da pessoa cuidada, que acompanha e cuida desta, cumprindo os deveres referidos
no artigo 6.º do Estatuto do Cuidador Informal (…) (DR, 2020:6).
O CI emerge, como o principal responsável pela organização, assistência ou prestação de
cuidados à pessoa com algum grau de dependência física ou mental e que necessite de ajuda,
total ou parcial, na realização das suas atividades de vida diária. Constitui deste modo, uma
fonte de cuidados que proporciona às pessoas idosas em situação de dependência, pessoas
incapacitadas ou outros grupos, a sua permanência no domicílio, evitando deste modo, a sua
institucionalização (European Observatory on Health Systems and Policies [EOHSP], 2012).
De acordo com a Entidade Reguladora da Saúde (2015), os cuidados informais prestados no
domicílio por membros do mesmo agregado familiar são mais frequentes nos países do Sul da
Europa, tendo Portugal a maior taxa de cuidados domiciliários informais, da Europa (12,4%).
A família tem vindo a assumir o domínio da prestação de cuidados e apoio informal a idosos,
particularmente daqueles que se encontram em situação de dependência uma vez que a
pessoa dependente procura ajuda, em primeiro lugar no seio da família (Araújo e Martins,
2016). Esta desempenha, desde os tempos mais remotos, um importante papel, sendo
considerada um sistema social primário, no qual o indivíduo é cuidado e se desenvolve quer a
nível físico, pessoal e emocional (Melo, Rua e Santos, 2014). Assume uma função primordial
na promoção e manutenção da independência e saúde dos seus familiares, implicando a
prestação de cuidados ao longo do seu desenvolvimento e durante as diferentes transições do
ciclo vital (Sequeira, 2010; Araújo e Santos, 2012). Considera-se, inclusive, a nível mundial,
que nenhuma instituição a possa substituir na prestação de apoio ao idoso, estimando-se que
80% a 90% dos idosos, em diferentes países, sejam cuidados pela família (Neri, 2013). ).
Embora esteja a cargo da família a função de cuidar do idoso dependente, a prestação de
cuidados não se reparte equitativamente dentro da mesma, podendo surgir três tipos de
cuidadores: principal ou primário, secundário e terciário. O cuidador principal ou primário é
aquele sobre o qual recai a responsabilidade integral de cuidar, supervisionar, orientar e
acompanhar a pessoa idosa que necessita de cuidados, realizando a maior parte dos mesmos.
O cuidador secundário é quem presta ajuda de forma ocasional ou regular, sem assumir a
responsabilidade direta do cuidar e o terciário, um familiar, amigo ou vizinho que ajuda, de
forma esporádica, quando solicitado, ou numa situação de emergência e não detém qualquer
responsabilidade pelo cuidado (Sequeira 2010). Recentemente foi definido CI principal como
sendo “o cuidador informal que acompanha e cuida a pessoa cuidada de forma permanente,
que com ela vive em comunhão de habitação e que não aufere qualquer remuneração de
atividade profissional ou pelos cuidados que presta à pessoa cuidada “(DR, 2020:6).

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1.3. Sobrecarga, stresse e estratégias de coping

Prestar cuidados a um familiar idoso dependente, apesar de constituir uma experiência cada
vez mais normativa, consiste num enorme desafio que implica estar exposto a todas as
consequências associadas a uma relação de prestação de cuidados, sendo a sobrecarga do
papel de cuidador a mais apontada. Esta refere-se aos problemas físicos, psicológicos ou
emocionais, sociais e financeiros experimentados por CI´s de idosos dependentes, que podem
surgir ao lidar com a dependência física e incapacidade mental do idoso (Braithwaite, 1992).
Consideram-se dois tipos de sobrecarga, a objetiva e subjetiva. A primeira relacionada com a
situação de doença e dependência, mais associada às tarefas de cuidar e à repercussão das
mesmas no bem-estar físico, psíquico, social e económico; a segunda mais relacionada com
as características do cuidador, reportando-se à sua perceção pessoal (sentimentos, atitudes
e reações emocionais) sobre a experiência do cuidado (Marques, 2007; Sequeira, 2010).
O stresse tem sido igualmente apontado na literatura como o resultado principal da
experiência de cuidar, uma vez que pode tornar-se num dos acontecimentos mais
perturbadores na vida dos cuidadores, obrigando-os a definir e redefinir relações, obrigações
e capacidades (Pearlin e Zarit, 1993; cit. por Lage, 2005). De acordo com Lazarus e Folkman
(1984), a situação indutora de stresse é considerada toda a relação estabelecida entre a
pessoa e o ambiente, percebida como excedendo os recursos da mesma para lidar com a
situação, colocando em risco o seu bem-estar.
As famílias, perante o cuidado de um familiar dependente, têm como suporte, de forma
implícita ou explicita, algum modelo de stresse e/ ou de estratégias de resolução de
problemas, as estratégias de coping. O coping familiar, constitui um conjunto de processos
cognitivos, afetivos e comportamentais, concebidos para fortalecer a família, manter a
estabilidade emocional e o bem-estar dos seus membros, obter ou utilizar recursos próprios
ou da comunidade, em função do elemento gerador de stresse (Figueiredo, 2012). Ou seja,
trata-se de esforços que a família empreende face às exigências a que é exposta e que avalia
como stressantes, que conduzam a um adequado ajustamento e adaptação às mesmas.
Lazarus e Folkman (1991) referenciados por Pinto e Barham (2014a) defendem que o coping
desempenha, essencialmente, duas funções: lidar com o problema que causa o sofrimento
(coping focado no problema) e regular as emoções, ou seja, controlar, reduzir ou eliminar as
respostas emocionais ao episódio stressor (coping focado na emoção), surgindo, desta forma,
estratégias de coping orientadas para o problema e para as emoções. As estratégias de coping
podem ainda agrupar-se em duas dimensões: estratégias internas e externas. As estratégias
internas referem-se à mobilização de recursos do sistema familiar nuclear e incluem o
reenquadramento (redefinir as experiências stressantes para que se tornem racionais e
aceitáveis) e a avaliação passiva (adoção de uma postura mais passiva, em que a família
expressa, que com o passar do tempo, tudo se vai resolver); as estratégias externas incluem
os comportamentos que a família adota para adquirir recursos, fora desta, onde estão incluídas
a aquisição de suporte social (utilizar recursos de vizinhos e família extensa), a procura de
suporte espiritual (recurso à fé de cada um e da família em geral) e a mobilização familiar para
adquirir e aceitar ajuda (procurar ajuda na comunidade e aceitar ajuda de outros) (McCubbin,
Olson e Larsen, 1981 cit. por Jorge, 2004).
Perante situações de stresse do CI, associadas à sobrecarga quer física, emocional, social,
familiar e económica, as estratégias de coping, desempenham um papel central a nível das
repercussões, podem moderar e contrabalançar a carga objetiva e o estado do cuidador
(Pereira, 2013) e atenuar os efeitos negativos do processo de cuidar (Peixoto e Machado,
2016).

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A escolha das estratégias de coping está determinada, em parte pelos recursos internos e
externos do indivíduo, os quais incluem características de personalidade, atitude,
autoconceito e autoestima, motivação, capacidade cognitiva, experiência de vida, crenças e
valores, recursos sociais e económicos, fatores sociodemográficos, educacionais e fatores
contextuais (Sequeira, 2007; Guido et al., 2011).

1.4. Intervenção do enfermeiro especialista

Cuidar de um familiar dependente pode constituir uma experiência física e emocionalmente


stressante para o familiar cuidador, necessitando de ajuda para planear, restabelecer as
rotinas e ultrapassar as dificuldades durante o período de transição (Petronilho, 2013). A
família pode sofrer várias (re)adaptações e enfrentar situações de crise e mesmo de rutura,
sendo que a única forma de aliviar esta sobrecarga pessoal e familiar é intervir junto desta
população (Martins, 2014).
Além disso, o cuidado prestado pela família assume, no contexto em que vivemos, particular
relevância, pelo que deve ser reconhecida como um recurso efetivo no cuidado à pessoa
dependente e, considerar-se, como tal, entidade beneficiária de cuidados (Petronilho, 2016).
A recente reconfiguração dos Cuidados de Saúde Primários, orientada para a melhoria da
equidade e acessibilidade aos cuidados de saúde, permite no seu atual enquadramento
legislativo, evidenciar os cuidados centrados na família e que o foco da prática de enfermagem
seja direcionado para a mesma (OE, 2014). Novos desafios foram deste modo colocados aos
enfermeiros, aos quais foi reconhecida a sua contribuição na promoção, manutenção e
restabelecimento da saúde familiar e coletiva e pelo seu papel de gestor e potencializador das
forças, recursos e competências da família (Idem).
Destaca-se, neste contexto, o papel do enfermeiro especialista em enfermagem comunitária
e de saúde pública como facilitador das transições saudáveis, uma vez que assume um
entendimento profundo sobre as respostas humanas aos processos de vida e aos problemas
de saúde (DR, 2018).
Pode dizer-se que estes profissionais, desempenham um contributo fundamental na
capacitação do CI, cuja otimização do papel, deve passar pelo desenvolvimento de
competência no domínio da informação, da mestria e do suporte, de forma integrada e
complementar (Sequeira, 2010). Os enfermeiros devem integrar uma filosofia de cuidados
colaborativos, também sustentada pelo Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar
[MDAIF], de modo a incentivar os membros da família a elaborarem soluções promotoras de
mudança que permitam o seu funcionamento efetivo em todas as áreas relevantes na
promoção e manutenção da saúde familiar (OE, 2014).

2. METODOLOGIA

O contexto sociodemográfico onde nos inserimos, pautado por um acentuado envelhecimento


demográfico, ao qual se encontra associado o aumento de doenças crónicas, tem contribuído
para o aumento do número de pessoas dependentes no autocuidado, em contexto domiciliário.
Estes requerem a médio ou longo prazo suporte familiar, destacando-se o CI familiar, que
assume um papel preponderante na recuperação e manutenção do bem-estar do idoso.
Contudo, a dependência e a natureza complexa dos cuidados a prestar, podem ser geradores
de stresse, tendo o CI que adotar novas formas de resposta para ultrapassar as dificuldades,

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sendo que as estratégias de coping poderão atuar como um mediador crítico na relação com
esse stresse. Deste modo, considerámos pertinente realizar um estudo que respondesse à
seguinte questão: Quais as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores informais de
idosos dependentes?
Procedeu-se à realização de um estudo que se insere numa investigação não experimental, de
natureza quantitativa, transversal, descritivo-correlacional, recorrendo a uma amostra por
conveniência, constituída por 33 CI´s de idosos dependentes, referenciados numa Equipa de
Cuidados Continuados Integrados [ECCI] da Região Centro de Portugal.
Os CI´s foram selecionados com base nos seguintes critérios de inclusão: ser CI principal e ter
idade superior a 18 anos; ser CI principal de idosos, com idade igual ou superior a 65 anos,
referenciados numa ECCI da Região Centro de Portugal; ser CI de um idoso dependente com
Índice de Barthel inferior a 19; não receber qualquer tipo de remuneração pelos cuidados
prestados e aceitar participar voluntariamente no estudo depois de esclarecidos acerca dos
objetivos do mesmo.
Foram efetuados pedidos de autorização, formais, às Instituições envolvidas, aos autores
responsáveis pela validação do Inventário de Avaliação Pessoal Orientado para a Crise em
Família [F-COPES] e o consentimento livre e informado aos participantes, tendo-se obtido
pareceres favoráveis.
A colheita de dados, decorreu entre os meses de julho e novembro de 2017 e foi efetuada
através da aplicação de um questionário de caracterização sociodemográfica do CI e do idoso,
do perfil clínico do idoso, de caracterização do contexto de cuidados e aplicação de
instrumentos validados para a população portuguesa: Índice de Barthel, utilizado para avaliar
o nível de independência em 10 atividades básicas; Escala de Notação Social da Família
[Graffar] utlizada para avaliar as condições socioeconómicas e o Inventário F-COPES com o
objetivo de avaliar estratégias comportamentais e de resolução de problemas, utilizadas por
famílias em situações difíceis, considerando os recursos familiares, sociais e comunitários Tem
como enquadramento teórico de base o Modelo Duplo ABCX de McCubbin e Patterson e
apresenta uma estrutura de sete fatores (Reenquadramento, Procura de Apoio Espiritual,
Aquisição de Apoio social – Relações de Vizinhança, Aquisição de Apoio Social – Relações
Íntimas, Mobilização de Apoio Formal, Aceitação Passiva e Avaliação Passiva). Contudo
apenas os cinco primeiros foram utilizados como subescalas devido à fraca consistência
interna apresentada pelos últimos dois (no modelo de validação para Portugal).
A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistic Package for the Social
Sciences [SPSS], versão 23. Foram utilizados como métodos descritivos: frequências
absolutas e relativas, medidas de tendência central e medidas de dispersão. Analisou-se a
correlação da pontuação total da F-COPES e de cada uma das suas dimensões com outras
variáveis quantitativas em estudo, através do teste de correlação de Spearman, com um nível
de significância de 0,05.

3. RESULTADOS/DISCUSSÃO

Os resultados bem como a sua discussão foram organizados em 5 partes: na primeira


caracteriza-se o idoso dependentes, na segunda, o cuidador informal, segue-se a
caracterização do contexto da prestação de cuidados, a identificação das estratégias de
coping e dos fatores que influenciam as estratégias de coping do cuidador informal.

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3.1. Caracterização do idoso dependente

No que se refere aos idosos, constatou-se que a maioria (60,6%) são do sexo masculino, com
idades compreendidas entre 66 e 98 anos, com média de idades 80,45 anos, destacando-se
que 45,5% dos idosos têm idades compreendidas entre 78 e 90 anos. Estes resultados vão ao
encontro do elevado índice de envelhecimento da região em estudo (191,2) superior ao que se
verifica a nível Nacional (153,2), segundo a PORDATA (2017b) e foram encontrados em outros
estudos (Araújo e Santos, 2012; Gonçalves et al., 2013; Martins et al., 2014). As doenças
clinicamente diagnosticadas foram agrupadas com base na Tabela Nacional de Grupos de
Diagnóstico Homogéneo (DR, 2006), verificando-se que a totalidade dos idosos apresentam
doenças clinicamente diagnosticadas, sendo as mais registadas, as doenças e perturbações
do sistema nervoso (81,8%), onde se destacou o Acidente Vascular Cerebral e a Demência, em
consonância com alguns autores, de acordo com os quais, estas doenças aumentam de
prevalência com a idade (Sousa-Uva e Dias, 2014; Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico [OCDE], 2017).
Através da aplicação do Índice de Barthel verificou-se que 81,8% dos idosos estudados
apresentam dependência total, resultados que estão de acordo com os dados do INE (2018a)
e PORDATA (2017b) e obtidos em estudos consultados (Costa et al., 2013; Pereira, 2014). O
grau de dependência, por ordem decrescente, é maior para o banho (97%), subir e descer
escadas (84,8%), uso da casa de banho (78,8%), cuidado pessoal (75,8%), vestir (72,7%),
transferir-se entre superfícies (63,6%), deambular (54,5%), controlo vesical (48,5%), controlo
intestinal (36,4%) e alimentação (24,2%). Estes resultados mostram que os idosos alvo de
cuidados, necessitam de grande apoio por parte dos CI´s.

3.2. Caracterização do cuidador informal

Relativamente ao CI, obteve-se uma amostra de 33 CI´s, sendo a maioria do sexo feminino
(75,8%) corroborando com muitos estudos que versam esta temática (Costa et al., 2013; Rocha
e Pacheco, 2013; Sequeira, 2013; Martins et al., 2014; Pérez-Cruz et al., 2016) e que se
referem à prestação de cuidados como uma tarefa tendencialmente feminina. A figura feminina
surge com maior representatividade por ter uma esperança de vida mais longa e por questões
socioculturais (INE, 2012; Araújo e Martins, 2016). Apesar do papel social da mulher se ter
vindo a alterar progressivamente nas últimas décadas, continua a ser a principal responsável
pelos cuidados familiares, prevalecendo a lógica que cuidar é um domínio feminino (Lage,
2005).
Os CI´s desta amostra tinham idades compreendidas entre 42 e 86 anos, com uma média de
idade de 66,1 anos. O grupo etário mais representado situou-se entre os 70 e os 79 anos
(36,4%), mostrando que um número significativo de idosos desempenha a função de CI, em
consonância com a nova realidade, em crescendo em Portugal, a de idosos que estão a ser
cuidados por idosos (INE, 2012). As alterações na estrutura e dinâmica familiar, o papel da
mulher no mundo do trabalho e as políticas sociais desajustadas à transição demográfica e
epidemiológica, levam a que cada vez mais idosos surjam como CI´s (Araújo e Martins, 2016).
Relativamente ao estado civil, predominam os casados ou a viver em união de facto (81,8%),
resultados corroborados por outros estudos (Sequeira, 2013; Martins et al., 2014) e em
consonância com os dados apresentados pelo INE (2012), segundo os quais cerca de 50% da
população da região Centro é casada.

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No que se refere à situação laboral, os CI´s, encontravam-se na situação de reformados


(63,6%), seguindo-se os desempregados (24,2%), resultados também verificados no estudo
de Castro et al. (2013) e Costa et al. (2013). Tendo em conta o grupo etário predominante no
estudo, os CI´s não desempenham qualquer atividade profissional e, como tal, apresentam
maior disponibilidade para cuidar dos membros da família dependentes
Relativamente à área de residência, os CI´s residiam na sua maioria no meio urbano (51,5%) e
no que respeita à classificação do nível socioeconómico, segundo a escala de Graffar, a
maioria (60,6%) pertencem à classe média baixa (classe IV). De salientar ainda que nenhum
participante pertence à classe alta (I), o que se mostra preocupante, uma vez que cuidar de um
doente dependente, acarreta um acréscimo de despesas, muitas vezes incomportáveis.

3.3. Caracterização do contexto da prestação de cuidados

A prestação de cuidados foi efetuada maioritariamente por cônjuges da pessoa dependente


(60,6%), a que se seguiram os descendentes (27,3%), nomeadamente as filhas (21,2%) e
outros familiares (12%), em consonância com outros estudos consultados (Cunha et al., 2013;
Gonçalves et al., 2013; Sequeira, 2013) e com a recente definição de CI, que se refere a
membros da família que acompanham e cuidam (DR, 2010). Obedecem, ainda, ao Modelo
Hierárquico Compensatório que defende uma ordem preferencial na assunção do papel:
cônjuge-filhos-outros familiares (Pereira, 2013). Tendo em conta as dificuldades do sistema
de saúde e proteção social em dar respostas às necessidades de cuidados da população, tem
sido atribuída às famílias a responsabilidade pelo cuidado dos seus membros em situação de
doença e/ou dependência (OPSS, 2015; Araújo e Martins, 2016).
Verificou-se neste estudo que a maioria dos CI´s residia com o idoso dependente (90,9%),
assim como no estudo de Dahdah e Carvalho (2014) e Pérez-Cruz et al. (2016), confirmando
a perspetiva de alguns autores, de que a coabitação é um fator importante na assunção do
papel de CI, colocando-o numa posição privilegiada para o desempenho do mesmo (Sequeira,
2010; Ribeiro, Pinto e Regadas, 2013 ). Também a coabitação é destacada na definição mais
recente de CI principal, já referida anteriormente (DR, 2020). É também relatada, a coabitação,
como necessária para a prestação de cuidados de carácter instrumental (Lage, 2005) o que
coincide com a realidade estudada, uma vez que os idosos da amostra, eram na sua maioria,
totalmente dependentes.
O desempenho do papel de CI´s decorreu entre 2 meses e 20 anos, com um tempo médio de
5,5 anos, destacando-se 36,4 %, que prestaram cuidados entre 4 e 8 anos. No que respeita ao
tempo despendido nos cuidados, os CI´s gastaram em média, diariamente, 10,3 horas, num
mínimo de 4 e num máximo de 24 horas/dia, A maioria dos CI´s refere não ter cuidado de
alguém dependente no passado (72,2%), pelo que não apresentam experiência prévia no
desempenho deste papel.
O presente estudo visou também analisar o apoio recebido pelos CI´s, sendo que a maioria
recebia ajuda (54,5%), proveniente, essencialmente, de familiares (48,6%) onde se destacam
as filhas, seguindo-se o apoio domiciliário (12,1%) e por fim, o recurso a cuidadores
remunerados (6,1%). Estes resultados foram também encontrados nos estudos de Castro et al.
(2013) e Anjos et al. (2014). De facto, uma das principais fontes de ajuda provém de familiares
próximos, reforçando a importância do suporte familiar em situação de dependência (Araújo e
Martins, 2016).
Para além da ajuda referida, os CI´s sublinham ainda, na sua maioria (81,8%), a necessidade
de mais apoios, nomeadamente: visitação domiciliária de enfermagem (66,7%), visitação

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domiciliária médica (45,5%), instituições de apoio social (21, 2%), apoio familiar (15,2%) e
monetário (3%). Cuidar de um idoso dependente constitui um processo complexo, ficando o
CI exposto à sobrecarga (física, psicológica e socioeconómica), sendo que, quando se sente
apoiado, consegue desempenhar com maior êxito o seu papel, reduzindo a incidência de
situações de conflito, de ansiedade e stresse.
Ao assumirem o papel de CI´s, a maioria (87,9%) mostrou necessidade em alterar as suas
atividades/interesses, nomeadamente, os passatempos (84,3%), seguidos das relações
familiares e com amigos (75,8%), atividades profissionais (27,3%) e outros (mudar de país
para cuidar do seu familiar idoso, 3%). Num estudo de Torres et al. (2013) a maioria sofreu
limitações na sua vida profissional/ocupacional. No que se refere aos passatempos, as
atividades agrícolas (15,2%), desportivas (15,2%) e ir às compras (15,2%), passear com a
família (6,1%) e participar em atividades religiosas (3%) foram os passatempos mais afetados
pela assunção do papel dos CI´s, referidos pelos CI´s deste estudo. O desempenho do papel
de CI interfere, pois, com aspetos da vida pessoal, familiar, laboral e social.

3.4. Identificação das estratégias de coping do cuidador informal

Tendo em conta os resultados obtidos através da aplicação do inventário F-COPES e


considerando os valores de referência para a sua interpretação (tabela 1), de acordo com o
estudo de Cunha e Relvas (2016), constatámos que os CI´s em análise recorrem a estratégias
de coping, uma vez que a média obtida para a escala total (79,96±8,14) se encontra entre os
intervalos de valores, calculados por estas autoras (90,37±17,91), mais próxima do limite
inferior. Também os valores obtidos para os cinco fatores se encontram nos intervalos
calculados para as mesmas, destacando-se o fator “Reenquadramento” (25,9 pontos) e a
“Mobilização de apoio formal” (8,54 pontos), que se encontram nos valores considerados de
referência.

Tabela 1 – Valores de Referência do Inventário F-COPES por fator e global

Cunha e Relvas
Fatores F-
F- COPES (2016)
Média Desvio Padrão
Reenquadramento 25.46 5.47
Procura de Apoio Espiritual 10.75 4,38
Aquisição de Apoio Social – Relações de Vizinhança 6,28 3,05
Aquisição de Apoio Social – Relações Íntimas 20,35 5,10
Mobilização de apoio formal 8,08 3,08
Total 90,37 17,91

Assim, podemos concluir que os CI´s do estudo, dispõem de capacidade de resposta a


momentos de stresse familiar, revelando capacidade para utilizar estratégias internas e
externas. Revelam, pois, capacidade para redefinir a experiência stressante de forma a torná-
la contornável e de procurarem soluções de forma rápida e ativa (Reenquadramento) assim
como, boa capacidade para procurar recursos em entidades de apoio formal (Mobilização de
apoio formal). Relativamente ao apoio formal, verificou-se maior nível de concordância na
procura de ajuda e aconselhamento profissional e menor concordância na procura de
instituições de apoio a idosos (Estrutura Residencial para Idosos). Atendendo a que a maioria
dos idosos da amostra são totalmente dependentes, requerendo cuidados mais complexos,
compreende-se que a família tenha recorrido ao aconselhamento profissional como forma de

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obter ajuda relacionada com os cuidados a prestar e tenha sido encaminhada para o serviço da
ECCI do qual usufruem. Esta tipologia de cuidados representa o modelo privilegiado de
acompanhamento de pessoas dependentes e familiar CI, em contexto domiciliário (Petronilho,
2016). Por outro lado, recorrem pouco a outras instituições de apoio, pois muitos deles, por
vezes, desconhecem as respostas formais existentes ou por questões culturais.
De referir que a “Aquisição de apoio social – relações de vizinhança”, ainda que considerada
pelos CI´s, obteve a média mais baixa, o que pode relacionar-se com o facto dos CI´s da
amostra em estudo pertencerem ao meio urbano, onde geralmente, não se verificam relações
de solidariedade como no meio rural.
O recurso a estas estratégias certamente conduzirá a uma melhor adaptação ao papel de CI´s
uma vez que resultados de um estudo conduzido por Pinto e Barham (2014b), são consistentes
com o facto de CI´s que utilizam estratégias de enfrentamento de stresse com maior
frequência, têm menos conflitos com a pessoa idosa de quem cuidam e a perceção de menor
nível de sobrecarga em alguns fatores. Também um estudo de Pérez-Cruz et al. (2016), apoia
a hipótese de que o enfrentamento disfuncional pode aumentar a carga subjetiva. De salientar
ainda, que pessoas que diversificam os comportamentos de coping experienciam menos
sofrimento (Lagarelhos, 2012).

3.5. Fatores que influenciam as estratégias de coping do cuidador


informal

Procurou-se analisar a correlação entre as estratégias de coping e algumas variáveis em


estudo, tendo-se verificado a existência de uma correlação positiva entre a idade do idoso e o
fator “Procura de apoio espiritual” (rs = 0,498; p = 0,003), o que significa que CI´s de idosos
com mais idade tendem a procurar mais apoio espiritual. Este resultado pode estar relacionado
com o facto de serem idosos a assumir o papel de CI´s, uma vez que o grupo etário
predominante se encontra entre 70-79 anos e que, com o avançar da idade, a procura da
espiritualidade constitui uma importante fonte de suporte emocional, que parece influenciar,
de forma positiva, o lidar com situações de stresse (Cartaxo et al., 2012).
Obteve-se igualmente uma correlação negativa moderada entre a pontuação total do
inventário F-COPES e Barthel total (rs = - 0,496; p = 0,003), bem como uma correlação
negativa elevada, entre o fator “Procura de apoio espiritual” e Barthel total (rs = - 0,557; p =
0,001), o que indica que CI`s de idosos mais dependentes tendem a utilizar um maior número
de estratégias de coping e que estes tendem a recorrer mais à estratégia “Procura de apoio
espiritual”. Tais resultados podem justificar-se pelo excesso de atividades a desenvolver, pois
quanto maior o nível de dependência do idoso, maior a necessidade de cuidados e, por
conseguinte, maior o nível de sobrecarga do CI (Maia e Dal Pozzo, 2013). Estes, procuram
igualmente um suporte espiritual para continuarem na rotina de cuidados, também encontrado
num estudo de Sequeira (2010) e Cartaxo et al. (2012).
Verificou-se também uma correlação negativa moderada entre a idade do CI e a pontuação
total do inventário F-COPES (rs = - 0,352; p = 0,045), o que significa que CI´s mais novos
tendem a recorrer a um maior número de estratégias de coping. Tal resultado pode estar
relacionado com o facto dos jovens mais facilmente poderem obter informação e recursos, ou
ainda pelo desempenho, simultâneo, de vários papéis (socioprofissionais e familiares) e
necessitarem recorrer a mais estratégias de coping que os ajudem a dar resposta a todos eles.
Constatou-se ainda, a existência de correlação negativa moderada entre a pontuação obtida
na Escala de Graffar e a pontuação total F-COPES (rs = - 0,407; p = 0,019), o que significa que

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CI`s que pertencem a uma classe social mais elevada, tendem a utilizar mais estratégias de
coping. Este resultado encontra-se em consonância com a literatura, segundo a qual a escolha
das estratégias de coping está determinada, em parte, por alguns recursos nos quais se
incluem os socioeconómicos e educacionais (Sequeira, 2010). Ao ocuparem uma posição
social mais elevada, os CI`s tenderão a apresentar melhores recursos e consequentemente a
recorrer a um maior número de estratégias de coping (internas e externas).

CONCLUSÃO

Atualmente, as políticas nacionais encaminham-se para a manutenção das pessoas


dependentes no seu domicílio, em que o cuidado prestado pela família assume particular
relevância e a qual deve ser reconhecida como um recurso no cuidado à pessoa dependente,
pelo que deve emergir como foco dos cuidados de enfermagem.
Ao cuidar de um idoso dependente, a família sofre várias (re)adaptações, enfrentando
situações de crise e mesmo de rutura, sendo a única forma de aliviar esta sobrecarga pessoal
e familiar, intervir junto desta população, providenciando o bem-estar do CI.
Como profissional de saúde, o enfermeiro deve efetuar um diagnóstico das principais
dificuldades, necessidades e potencialidades da família no desempenho do seu novo papel,
identificando as estratégias utilizadas bem como variáveis que possam influenciar a
mobilização das mesmas.
Sugere-se deste modo e face aos resultados do estudo, implementar intervenções
personalizadas incidindo particularmente nas populações mais idosas, já que foram os mais
jovens a recorrer a um maior número de estratégias; procurar fortalecer e alargar as redes
sociais do CI (família alargada, vizinhos, instituições de apoio formal) para criar redes de apoio
secundário; orientar para a aquisição de subsídios/prestações sociais que possam colmatar
algumas necessidades económicas e facultar o apoio emocional e instrumental necessário.
Devem assim, implementar-se programas psicoeducacionais destinados a CI´s, que incluam
uma componente educacional, treino de habilidades e apoio emocional.
Os cuidados de enfermagem centrados na família como unidade de cuidados, devem promover
a sua capacitação, perante as exigências decorrentes das transições que vão ocorrendo ao
longo do ciclo vital, neste caso, do cuidar de um familiar idoso, dependente. Devem ter
presente que intervenções que desenvolvam competências para cuidar e potenciem
estratégias de coping, contribuirão para a melhoria da qualidade de vida dos CI´s e dos idosos
alvo de cuidados, bem como para a continuidade da disponibilidade familiar.
O estudo apresentou como principal limitação a impossibilidade de generalização dos
resultados para a população em geral, pelo reduzido tamanho da amostra e pelo seu caráter
não probabilístico. De referir ainda o facto de terem sido encontrados poucos estudos recentes
publicados, que versam as estratégias de coping de CI de idosos dependentes.

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