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N º 2 7 – 2 0 2 0 I S S N : 1 6 4 6 - 8 8 4
RESUMO
Ser cuidador informal de um idoso dependente, pode constituir uma fonte de stresse, perante a qual,
deverão ser mobilizadas estratégias de coping, para reduzir o impacto negativo inerente ao papel. O
estudo teve como objetivo identificar estratégias de coping de cuidadores informais de idosos
dependentes. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, descritivo-correlacional, numa
amostra de 33 cuidadores informais de idosos referenciados numa Equipa de Cuidados Continuados
Integrados da Região Centro de Portugal. Utilizou-se um questionário para caracterização do idoso,
do cuidador, do contexto de cuidados, o Índice de Barthel, a Escala de Graffar e o Inventário de
Avaliação Pessoal Orientado para a Crise em Família. Obteve-se que 60,6% dos idosos são do sexo
masculino, com média de idades de 80,45 anos e totalmente dependentes (81,8%). Os cuidadores
informais são na sua maioria do sexo feminino (75,8%), com média de idades de 66,1 anos e
pertencentes à classe média baixa (60,6%). Salienta-se a utilização das estratégias
“Reenquadramento” (25,9) e “Mobilização de Apoio Formal” (8,54). A idade e nível de dependência
do idoso, a idade e classe social do cuidador, influenciaram as estratégias de coping. Os resultados
apontam para a necessidade de implementar intervenções focadas na família, para mobilizarem e
potenciarem estratégias de coping, que permitam otimizar o papel de cuidador.
Palavras Chave: envelhecimento, dependência, cuidador informal, família, estratégias de coping.
ABSTRACT
Being an informal caregiver of a dependent elderly person may be a source of stress in which coping
strategies should be mobilized to reduce the negative impact inherent to the role. This study aimed at
identifying the coping strategies of informal caregivers of dependent elderly people. It is a
quantitative, cross-sectional, descriptive-correlational study of a sample of 33 informal caregivers
of elderly people referenced in a Team of Integrated Continuous Care in the Central Region of
Portugal. A questionnaire was used to characterize the elderly person, the caregiver, the context of
care, the Barthel Index, the Graffar Social Scale and the Family Crisis-Oriented Personal Evaluation
Inventory. It was found that 60.6% of the elderly people are male with an average age of 80.45 and
completely dependent (81.8%). Informal caregivers are mostly female (75.8%) with an average age
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of 66.1 and belonging to the low-middle class (60.6%). Emphasis is given to the use of "Reframing"
(25.9) and "Mobilization of Formal Support" (8.54) strategies.. The age and dependence level of the
elderly person as well as the age and social class of the caregiver influenced the coping strategies..
The results point to the need to implement family-oriented interventions to mobilize and enhance
coping strategies to optimize the role of the caregiver.
Keywords: ageing, dependence, informal caregiver, family, coping strategies.
RESUMEN
Ser prestador informal de una persona mayor dependiente, puede ser una fuente de estrés ante la
cual se deben desarrollar estrategias de coping, para reducir el impacto negativo inherente al papel.
Este estudio tuvo como objetivo identificar estrategias de coping de prestadores informales de
personas mayores dependientes. Se trata de un estudio cuantitativo, transversal, descriptivo-
correlacional, en una muestra de 33 prestadores informales de personas mayores remitidas a un
Equipo de Unidad de Atención Continua de la Región Central de Portugal. Se hizo un cuestionario
para la caracterización de la persona mayor, del prestador, del contexto de la atención, el índice de
Barthel, la Escala de Graffar y el inventario de Evaluación Personal Orientada a la Crisis Familiar. Se
encontró que el 60,6% de las personas mayores son del sexo masculino, con una edad promedia de
80,45 años y totalmente dependientes (81,8%). Los prestadores informales son en su mayoría del
sexo femenino (75,8%), con una edad promedia de 66,1 años y de clase media baja (60,6%). Se
enfatiza el uso de estrategias de "Reencuadre" (25,9) y "Movilización de Apoyo Formal"(8,54). La
edad y el nivel de dependencia de las personas mayores, la edad y la clase social del prestador,
influyeron en las estrategias de coping. Los resultados apuntan a la necesidad de implementar
intervenciones orientadas en la familia con la finalidad de poner en acción y mejorar las estrategias
de coping que permitan optimizar el papel del prestador.
Palavras clave: Envejecimiento, Dependencia, Prestador informal, Familia, Estrategias de coping.
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INTRODUÇÃO
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1. QUADRO TEÓRICO
Assistimos hoje a um envelhecimento da sociedade, que tem vindo a ser estudado não só sob
a perspetiva do envelhecimento individual, mas também do envelhecimento demográfico
(Cordeiro, 2011). Ao envelhecimento individual está subjacente um conjunto de alterações
biológicas, psicológicas e sociais que se processam ao longo da vida (Sequeira, 2010). Por sua
vez, o envelhecimento demográfico, é entendido como uma “evolução particular da
composição etária da população que corresponde ao aumento da importância estatística dos
idosos (...) ou à diminuição da importância estatística dos jovens” (Rosa, 2012: 23).
Por outro lado, tem-se assistido também, nas últimas décadas, a um aumento da longevidade,
resultando num aumento considerável do número de pessoas com idade superior a 80 anos
(Duarte et al., 2013), emergindo, outro fenómeno designado de “envelhecimento dos idosos”
(“the aging of the aged”), tratando-se de um processo secundário de envelhecimento
demográfico, que ocorre, gradualmente, em todo o mundo (Pereira, 2011).
Em Portugal, tal como em outros países ditos desenvolvidos, paralelamente às mudanças
sociodemográficas, constata-se que a evolução dos progressos terapêuticos na área da
saúde, o desenvolvimento de técnicas mais sofisticadas e fármacos mais eficazes, a melhoria
das condições socioeconómicas, bem como a alteração dos estilos de vida da população, se
tem traduzido num aumento significativo de pessoas com doenças crónicas, que vivem mais
anos e em situação de dependência (Petronilho, 2013). De acordo com o Observatório
Português dos Sistemas de Saúde [OPSS] (2015:38) “estima-se que haverá 110 355 pessoas
dependentes no autocuidado nos domicílios, sendo que destas, 48 454 serão pessoas
acamadas”. De acordo com a PORDATA (2017a) verificou-se em Portugal um aumento,
continuadamente entre 2011 e 2017, do índice de dependência de idosos, passando de 28,5
idosos por cada 100 pessoas em idade ativa em 2011, para 32,9 em 2017. A região Centro, de
acordo com a PORDATA (2017b) seguiu essa tendência, tendo registado, em 2018, o segundo
valor mais alto (38) a seguir ao Alentejo (40,9).
A idade avançada aumenta, pois, o risco de doenças crónicas não transmissíveis ou
degenerativas, acompanhadas por vezes, de perda progressiva de autonomia, que assumem
geralmente, um caracter permanente e cuja conjuntura desencadeia uma potencial exigência
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de cuidados complexos, durante longos períodos, o que implica uma maior dependência de
terceiros, refletindo-se na necessidade de apoio formal e informal.
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Prestar cuidados a um familiar idoso dependente, apesar de constituir uma experiência cada
vez mais normativa, consiste num enorme desafio que implica estar exposto a todas as
consequências associadas a uma relação de prestação de cuidados, sendo a sobrecarga do
papel de cuidador a mais apontada. Esta refere-se aos problemas físicos, psicológicos ou
emocionais, sociais e financeiros experimentados por CI´s de idosos dependentes, que podem
surgir ao lidar com a dependência física e incapacidade mental do idoso (Braithwaite, 1992).
Consideram-se dois tipos de sobrecarga, a objetiva e subjetiva. A primeira relacionada com a
situação de doença e dependência, mais associada às tarefas de cuidar e à repercussão das
mesmas no bem-estar físico, psíquico, social e económico; a segunda mais relacionada com
as características do cuidador, reportando-se à sua perceção pessoal (sentimentos, atitudes
e reações emocionais) sobre a experiência do cuidado (Marques, 2007; Sequeira, 2010).
O stresse tem sido igualmente apontado na literatura como o resultado principal da
experiência de cuidar, uma vez que pode tornar-se num dos acontecimentos mais
perturbadores na vida dos cuidadores, obrigando-os a definir e redefinir relações, obrigações
e capacidades (Pearlin e Zarit, 1993; cit. por Lage, 2005). De acordo com Lazarus e Folkman
(1984), a situação indutora de stresse é considerada toda a relação estabelecida entre a
pessoa e o ambiente, percebida como excedendo os recursos da mesma para lidar com a
situação, colocando em risco o seu bem-estar.
As famílias, perante o cuidado de um familiar dependente, têm como suporte, de forma
implícita ou explicita, algum modelo de stresse e/ ou de estratégias de resolução de
problemas, as estratégias de coping. O coping familiar, constitui um conjunto de processos
cognitivos, afetivos e comportamentais, concebidos para fortalecer a família, manter a
estabilidade emocional e o bem-estar dos seus membros, obter ou utilizar recursos próprios
ou da comunidade, em função do elemento gerador de stresse (Figueiredo, 2012). Ou seja,
trata-se de esforços que a família empreende face às exigências a que é exposta e que avalia
como stressantes, que conduzam a um adequado ajustamento e adaptação às mesmas.
Lazarus e Folkman (1991) referenciados por Pinto e Barham (2014a) defendem que o coping
desempenha, essencialmente, duas funções: lidar com o problema que causa o sofrimento
(coping focado no problema) e regular as emoções, ou seja, controlar, reduzir ou eliminar as
respostas emocionais ao episódio stressor (coping focado na emoção), surgindo, desta forma,
estratégias de coping orientadas para o problema e para as emoções. As estratégias de coping
podem ainda agrupar-se em duas dimensões: estratégias internas e externas. As estratégias
internas referem-se à mobilização de recursos do sistema familiar nuclear e incluem o
reenquadramento (redefinir as experiências stressantes para que se tornem racionais e
aceitáveis) e a avaliação passiva (adoção de uma postura mais passiva, em que a família
expressa, que com o passar do tempo, tudo se vai resolver); as estratégias externas incluem
os comportamentos que a família adota para adquirir recursos, fora desta, onde estão incluídas
a aquisição de suporte social (utilizar recursos de vizinhos e família extensa), a procura de
suporte espiritual (recurso à fé de cada um e da família em geral) e a mobilização familiar para
adquirir e aceitar ajuda (procurar ajuda na comunidade e aceitar ajuda de outros) (McCubbin,
Olson e Larsen, 1981 cit. por Jorge, 2004).
Perante situações de stresse do CI, associadas à sobrecarga quer física, emocional, social,
familiar e económica, as estratégias de coping, desempenham um papel central a nível das
repercussões, podem moderar e contrabalançar a carga objetiva e o estado do cuidador
(Pereira, 2013) e atenuar os efeitos negativos do processo de cuidar (Peixoto e Machado,
2016).
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A escolha das estratégias de coping está determinada, em parte pelos recursos internos e
externos do indivíduo, os quais incluem características de personalidade, atitude,
autoconceito e autoestima, motivação, capacidade cognitiva, experiência de vida, crenças e
valores, recursos sociais e económicos, fatores sociodemográficos, educacionais e fatores
contextuais (Sequeira, 2007; Guido et al., 2011).
2. METODOLOGIA
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sendo que as estratégias de coping poderão atuar como um mediador crítico na relação com
esse stresse. Deste modo, considerámos pertinente realizar um estudo que respondesse à
seguinte questão: Quais as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores informais de
idosos dependentes?
Procedeu-se à realização de um estudo que se insere numa investigação não experimental, de
natureza quantitativa, transversal, descritivo-correlacional, recorrendo a uma amostra por
conveniência, constituída por 33 CI´s de idosos dependentes, referenciados numa Equipa de
Cuidados Continuados Integrados [ECCI] da Região Centro de Portugal.
Os CI´s foram selecionados com base nos seguintes critérios de inclusão: ser CI principal e ter
idade superior a 18 anos; ser CI principal de idosos, com idade igual ou superior a 65 anos,
referenciados numa ECCI da Região Centro de Portugal; ser CI de um idoso dependente com
Índice de Barthel inferior a 19; não receber qualquer tipo de remuneração pelos cuidados
prestados e aceitar participar voluntariamente no estudo depois de esclarecidos acerca dos
objetivos do mesmo.
Foram efetuados pedidos de autorização, formais, às Instituições envolvidas, aos autores
responsáveis pela validação do Inventário de Avaliação Pessoal Orientado para a Crise em
Família [F-COPES] e o consentimento livre e informado aos participantes, tendo-se obtido
pareceres favoráveis.
A colheita de dados, decorreu entre os meses de julho e novembro de 2017 e foi efetuada
através da aplicação de um questionário de caracterização sociodemográfica do CI e do idoso,
do perfil clínico do idoso, de caracterização do contexto de cuidados e aplicação de
instrumentos validados para a população portuguesa: Índice de Barthel, utilizado para avaliar
o nível de independência em 10 atividades básicas; Escala de Notação Social da Família
[Graffar] utlizada para avaliar as condições socioeconómicas e o Inventário F-COPES com o
objetivo de avaliar estratégias comportamentais e de resolução de problemas, utilizadas por
famílias em situações difíceis, considerando os recursos familiares, sociais e comunitários Tem
como enquadramento teórico de base o Modelo Duplo ABCX de McCubbin e Patterson e
apresenta uma estrutura de sete fatores (Reenquadramento, Procura de Apoio Espiritual,
Aquisição de Apoio social – Relações de Vizinhança, Aquisição de Apoio Social – Relações
Íntimas, Mobilização de Apoio Formal, Aceitação Passiva e Avaliação Passiva). Contudo
apenas os cinco primeiros foram utilizados como subescalas devido à fraca consistência
interna apresentada pelos últimos dois (no modelo de validação para Portugal).
A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistic Package for the Social
Sciences [SPSS], versão 23. Foram utilizados como métodos descritivos: frequências
absolutas e relativas, medidas de tendência central e medidas de dispersão. Analisou-se a
correlação da pontuação total da F-COPES e de cada uma das suas dimensões com outras
variáveis quantitativas em estudo, através do teste de correlação de Spearman, com um nível
de significância de 0,05.
3. RESULTADOS/DISCUSSÃO
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No que se refere aos idosos, constatou-se que a maioria (60,6%) são do sexo masculino, com
idades compreendidas entre 66 e 98 anos, com média de idades 80,45 anos, destacando-se
que 45,5% dos idosos têm idades compreendidas entre 78 e 90 anos. Estes resultados vão ao
encontro do elevado índice de envelhecimento da região em estudo (191,2) superior ao que se
verifica a nível Nacional (153,2), segundo a PORDATA (2017b) e foram encontrados em outros
estudos (Araújo e Santos, 2012; Gonçalves et al., 2013; Martins et al., 2014). As doenças
clinicamente diagnosticadas foram agrupadas com base na Tabela Nacional de Grupos de
Diagnóstico Homogéneo (DR, 2006), verificando-se que a totalidade dos idosos apresentam
doenças clinicamente diagnosticadas, sendo as mais registadas, as doenças e perturbações
do sistema nervoso (81,8%), onde se destacou o Acidente Vascular Cerebral e a Demência, em
consonância com alguns autores, de acordo com os quais, estas doenças aumentam de
prevalência com a idade (Sousa-Uva e Dias, 2014; Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico [OCDE], 2017).
Através da aplicação do Índice de Barthel verificou-se que 81,8% dos idosos estudados
apresentam dependência total, resultados que estão de acordo com os dados do INE (2018a)
e PORDATA (2017b) e obtidos em estudos consultados (Costa et al., 2013; Pereira, 2014). O
grau de dependência, por ordem decrescente, é maior para o banho (97%), subir e descer
escadas (84,8%), uso da casa de banho (78,8%), cuidado pessoal (75,8%), vestir (72,7%),
transferir-se entre superfícies (63,6%), deambular (54,5%), controlo vesical (48,5%), controlo
intestinal (36,4%) e alimentação (24,2%). Estes resultados mostram que os idosos alvo de
cuidados, necessitam de grande apoio por parte dos CI´s.
Relativamente ao CI, obteve-se uma amostra de 33 CI´s, sendo a maioria do sexo feminino
(75,8%) corroborando com muitos estudos que versam esta temática (Costa et al., 2013; Rocha
e Pacheco, 2013; Sequeira, 2013; Martins et al., 2014; Pérez-Cruz et al., 2016) e que se
referem à prestação de cuidados como uma tarefa tendencialmente feminina. A figura feminina
surge com maior representatividade por ter uma esperança de vida mais longa e por questões
socioculturais (INE, 2012; Araújo e Martins, 2016). Apesar do papel social da mulher se ter
vindo a alterar progressivamente nas últimas décadas, continua a ser a principal responsável
pelos cuidados familiares, prevalecendo a lógica que cuidar é um domínio feminino (Lage,
2005).
Os CI´s desta amostra tinham idades compreendidas entre 42 e 86 anos, com uma média de
idade de 66,1 anos. O grupo etário mais representado situou-se entre os 70 e os 79 anos
(36,4%), mostrando que um número significativo de idosos desempenha a função de CI, em
consonância com a nova realidade, em crescendo em Portugal, a de idosos que estão a ser
cuidados por idosos (INE, 2012). As alterações na estrutura e dinâmica familiar, o papel da
mulher no mundo do trabalho e as políticas sociais desajustadas à transição demográfica e
epidemiológica, levam a que cada vez mais idosos surjam como CI´s (Araújo e Martins, 2016).
Relativamente ao estado civil, predominam os casados ou a viver em união de facto (81,8%),
resultados corroborados por outros estudos (Sequeira, 2013; Martins et al., 2014) e em
consonância com os dados apresentados pelo INE (2012), segundo os quais cerca de 50% da
população da região Centro é casada.
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domiciliária médica (45,5%), instituições de apoio social (21, 2%), apoio familiar (15,2%) e
monetário (3%). Cuidar de um idoso dependente constitui um processo complexo, ficando o
CI exposto à sobrecarga (física, psicológica e socioeconómica), sendo que, quando se sente
apoiado, consegue desempenhar com maior êxito o seu papel, reduzindo a incidência de
situações de conflito, de ansiedade e stresse.
Ao assumirem o papel de CI´s, a maioria (87,9%) mostrou necessidade em alterar as suas
atividades/interesses, nomeadamente, os passatempos (84,3%), seguidos das relações
familiares e com amigos (75,8%), atividades profissionais (27,3%) e outros (mudar de país
para cuidar do seu familiar idoso, 3%). Num estudo de Torres et al. (2013) a maioria sofreu
limitações na sua vida profissional/ocupacional. No que se refere aos passatempos, as
atividades agrícolas (15,2%), desportivas (15,2%) e ir às compras (15,2%), passear com a
família (6,1%) e participar em atividades religiosas (3%) foram os passatempos mais afetados
pela assunção do papel dos CI´s, referidos pelos CI´s deste estudo. O desempenho do papel
de CI interfere, pois, com aspetos da vida pessoal, familiar, laboral e social.
Cunha e Relvas
Fatores F-
F- COPES (2016)
Média Desvio Padrão
Reenquadramento 25.46 5.47
Procura de Apoio Espiritual 10.75 4,38
Aquisição de Apoio Social – Relações de Vizinhança 6,28 3,05
Aquisição de Apoio Social – Relações Íntimas 20,35 5,10
Mobilização de apoio formal 8,08 3,08
Total 90,37 17,91
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obter ajuda relacionada com os cuidados a prestar e tenha sido encaminhada para o serviço da
ECCI do qual usufruem. Esta tipologia de cuidados representa o modelo privilegiado de
acompanhamento de pessoas dependentes e familiar CI, em contexto domiciliário (Petronilho,
2016). Por outro lado, recorrem pouco a outras instituições de apoio, pois muitos deles, por
vezes, desconhecem as respostas formais existentes ou por questões culturais.
De referir que a “Aquisição de apoio social – relações de vizinhança”, ainda que considerada
pelos CI´s, obteve a média mais baixa, o que pode relacionar-se com o facto dos CI´s da
amostra em estudo pertencerem ao meio urbano, onde geralmente, não se verificam relações
de solidariedade como no meio rural.
O recurso a estas estratégias certamente conduzirá a uma melhor adaptação ao papel de CI´s
uma vez que resultados de um estudo conduzido por Pinto e Barham (2014b), são consistentes
com o facto de CI´s que utilizam estratégias de enfrentamento de stresse com maior
frequência, têm menos conflitos com a pessoa idosa de quem cuidam e a perceção de menor
nível de sobrecarga em alguns fatores. Também um estudo de Pérez-Cruz et al. (2016), apoia
a hipótese de que o enfrentamento disfuncional pode aumentar a carga subjetiva. De salientar
ainda, que pessoas que diversificam os comportamentos de coping experienciam menos
sofrimento (Lagarelhos, 2012).
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CI`s que pertencem a uma classe social mais elevada, tendem a utilizar mais estratégias de
coping. Este resultado encontra-se em consonância com a literatura, segundo a qual a escolha
das estratégias de coping está determinada, em parte, por alguns recursos nos quais se
incluem os socioeconómicos e educacionais (Sequeira, 2010). Ao ocuparem uma posição
social mais elevada, os CI`s tenderão a apresentar melhores recursos e consequentemente a
recorrer a um maior número de estratégias de coping (internas e externas).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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