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Erica Vanessa da Mota França Araújo, Marta Ferreira Bastos, Priscila Larcher

Longo
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AVALIAÇÃO DE FATORES QUE INTERFEREM NA ADESÃO AO


CALENDÁRIO VACINAL DA PESSOA IDOSA DA BAIXADA
SANTISTA (SÃO PAULO, SP)

EVALUATION OF FACTORS THAT INTERFERE IN THE


ADHERENCE TO THE VACCINATION SCHEDULE OF THE
ELDERLY IN BAIXADA SANTISTA (SÃO PAULO, SP)

EVALUACIÓN DE LOS FACTORES QUE INTERFIEREN EN LA


ADHERENCIA AL CALENDARIO DE VACUNACIÓN DEL
ANCIANO EN LA BAIXADA SANTISTA (SÃO PAULO, SP)

Erica Vanessa da Mota França Araújo1


Marta Ferreira Bastos2
Priscila Larcher Longo3

DOI: 10.54751/revistafoco.v16n5-006
Recebido em: 04 de Abril de 2023
Aceito em: 02 de Maio de 2023

RESUMO
Introdução O ato de envelhecer consiste em um processo que envolve complexas
alterações sociais, psicológicas e fisiológicas que podem acarretar efeitos deletérios no
sistema imunológico. A imunossenescência pode ser definida como um estado de
função imunológica desregulada nas pessoas idosas e desencadeia consequências
clínicas importante como uma maior suscetibilidade às infecções respiratórias,
neoplasias, doenças cardiovasculares e redução da resposta vacinal. As vacinas evitam
doenças infecciosas e representam o investimento em saúde com melhor custo-
efetividade. A alta adesão das pessoas às vacinas disponíveis pelo sistema público de
saúde colaboram para redução nos casos das doenças com controle e erradicação das
doenças infecciosas. Objetivo: Avaliar fatores que podem interferir na adesão ao
calendário vacinal da pessoa idosa na Baixada Santista. Métodos Trata-se de um estudo
quantitativo transversal observacional e comparativo com amostra de conveniência.
Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu
(Parecer n°5.839.607). Foram incluídos no estudo 53 pessoas idosas de ambos os
sexos com idade a partir dos 60 anos, residentes na Baixada Santista. Os participantes
foram contactados por mensagens eletrônicas e convidados a responder ao
questionário, sociodemográfico, comorbidades e conhecimento geral sobre vacina.
Resultados: A maior parte dos participantes eram do gênero feminino, com idade entre

1
Pós-Graduada em Enfermagem em Unidade Terapia Intensiva, Pós-Graduada em Gestão e Gerenciamento em
Enfermagem. Universidade São Judas Tadeu. Comendador Martins, Santos - SP, CEP: 11015-530.
E-mail: ericavanessa2@hotmail.com
2
Doutora em Ciências. Universidade São Judas Tadeu.Taquari, 546, Mooca, São Paulo - SP, CEP: 03166-000.
E-mail: pllongo@gmail.com
3
Doutora em Ciências. Universidade São Judas Tadeu. Taquari, 546, Mooca, São Paulo – SP, CEP: 03166-000.
E-mail: pllongo@gmail.com

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AVALIAÇÃO DE FATORES QUE INTERFEREM NA ADESÃO AO
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60 e 70 anos. A amostra mostrou-se diversa em relação à escolaridade e a maior parte


possui convênio médico particular. A adesão às vacinas contra Influenza e COVID-19
foi alta, 82 e 92% respectivamente. A maior parte dos participantes afirmou possuir
hipertensão arterial e apesar de 76% dos participantes considerarem seu conhecimento
sobre vacinas bom/muito bom, apenas 56% sentem-se seguros ao se vacinar e 36%
concordam com argumentos dos movimentos antivacina. Conclusão: É necessário,
entender os múltiplos fatores que estão contribuindo para adesão vacinal no idoso, para
auxiliar o estabelecimento de ações de prevenção contra doenças imunopreviníveis.

Palavras–chave: Envelhecimento; idosos; imunidade; vacinas.

ABSTRACT
Introduction: Aging is a process that involves complex social, psychological, and
physiological changes that can have deleterious effects on the immune system.
Immunosenescence can be defined as a state of dysregulated immune function in older
individuals and leads to important clinical consequences such as increased susceptibility
to respiratory infections, neoplasms, cardiovascular diseases, and reduced vaccine
response. Vaccines prevent infectious diseases and represent the most cost-effective
health investment. The high adherence of people to vaccines available through the public
health system contributes to the reduction in cases of diseases and the control and
eradication of infectious diseases. Objective: To evaluate factors that may interfere with
adherence to the vaccination schedule of elderly people in Baixada Santista. Methods:
This is a cross-sectional, observational, and comparative quantitative study with a
convenience sample. The study was approved by the Research Ethics Committee of
Universidade São Judas Tadeu (Opinion No. 5.839.607). The study included 53 elderly
individuals of both sexes aged 60 years or older living in Baixada Santista. The
participants were contacted by electronic messages and invited to answer a
sociodemographic questionnaire, comorbidities, and general knowledge about vaccines.
Results: The majority of participants were female, aged between 60 and 70 years. The
sample was diverse in terms of education, and most had private medical insurance.
Adherence to influenza and COVID-19 vaccines was high, 82% and 92% respectively.
Most participants reported having hypertension, and although 76% of participants
considered their knowledge about vaccines good/very good, only 56% felt secure when
vaccinating, and 36% agreed with anti-vaccine movement arguments. Conclusion: It is
necessary to understand the multiple factors contributing to vaccine adherence in the
elderly to assist in establishing preventive actions against immunopreventable diseases.

Keywords: Aging; elderly; immunity; vaccines.

RESUMEN
Introducción El acto de envejecer es un proceso que involucra cambios sociales,
psicológicos y fisiológicos complejos que pueden tener efectos nocivos sobre el sistema
inmunológico. La inmunosenescencia puede definirse como un estado de desregulación
de la función inmune en el anciano y desencadena importantes consecuencias clínicas
como mayor susceptibilidad a infecciones respiratorias, neoplasias, enfermedades
cardiovasculares y respuesta reducida a vacunas. Las vacunas previenen
enfermedades infecciosas y representan la inversión en salud más rentable. La alta
adherencia de las personas a las vacunas disponibles a través del sistema público de
salud colabora a reducir los casos de enfermedades con el control y erradicación de las
enfermedades infecciosas. Objetivo: Evaluar los factores que pueden interferir en la
adherencia al calendario vacunal de los ancianos de la Baixada Santista. Métodos Se
trata de un estudio transversal observacional y cuantitativo comparativo con una
muestra de conveniencia. Estudio aprobado por el Comité de Ética en Investigación de

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la Universidade São Judas Tadeu (Opinión n°5.839.607). Participaron en el estudio 53


personas mayores de ambos sexos, de 60 años y más, residentes en la Baixada
Santista. Los participantes fueron contactados por correo electrónico e invitados a
responder el cuestionario sociodemográfico, de comorbilidades y de conocimientos
generales sobre la vacuna. Resultados: La mayoría de los participantes eran mujeres,
con edades entre 60 y 70 años. La muestra resultó ser diversa en términos de educación
y la mayoría tiene seguro médico privado. La adherencia a las vacunas de Influenza y
COVID-19 fue alta, 82 y 92% respectivamente. La mayoría de los participantes afirmó
tener presión arterial alta y aunque el 76% de los participantes consideró que su
conocimiento sobre las vacunas era bueno/muy bueno, solo el 56% se sintió seguro al
vacunarse y el 36% estuvo de acuerdo con los argumentos de los movimientos
antivacunas. Conclusión: es necesario comprender los múltiples factores que están
contribuyendo a la adherencia vacunal en los ancianos, para ayudar a establecer
acciones preventivas contra las enfermedades inmunoprevenibles.

Palabras clave: Envejecimiento; anciano; inmunidad; vacunas.

1. Introdução
A população com 60 anos ou mais está crescendo rapidamente, mais que
qualquer outra faixa etária e estima-se que até 2050, haverá dois bilhões de
pessoas com mais de 60 anos no mundo, sendo 80% nos países desenvolvidos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde. O Brasil será o sexto país em
números de idosos até 2025. No contexto atual do país, o envelhecimento
populacional gera grandes desafios para a saúde pública, causando um aumento
nas exigências educacionais, sociais e econômicas. (ORGANIZAÇÃO PAN-
AMERICANA DA SAÚDE, 2020)
As mudanças demográficas do país estão associadas, entre outros
fatores, à menor mortalidade e taxa de natalidade sendo necessário respostas
rápidas e adequadas do Estado por meio da implantação e implementação de
políticas de saúde públicas (GUIMARÃES, 2008).
O envelhecimento não está necessariamente relacionado à doenças,
porém na faixa etária acima de 60 anos, as doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) são mais prevalentes e aumenta a utilização dos serviços de saúde, já
que pessoas idosas são mais propensas a terem vários problemas coexistentes
e inter-relacionados (BEARD; BLOOM, 2015).
Além disso, para que haja melhor qualidade de vida na velhice, é
imprescindível que ao decorrer do ciclo de vida sejam realizadas estratégias de
prevenção à saúde (RAMOS et al., 2016). Nesse cenário a prevenção é eficaz

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em todos os níveis e focar em ações preventivas como a imunização é


fundamental para a melhoria das condições de saúde (VERAS, 2009).
As vacinas, que combatem as consequências devastadoras que as
doenças infecciosas impuseram à humanidade por séculos, representam o
investimento em saúde com melhor custo-efetividade. Os benefícios individuais
e coletivos da vacinação são obtidos com elevado custo financeiro e o empenho
de uma grande estrutura dos programas públicos de vacinas e autoridades
sanitárias, além da atuação individual dos profissionais de saúde (SUCCI, 2018).
O Programa Nacional de Imunização (PNI) é responsável pela política
nacional de imunização e é um dos maiores programas de vacinação do mundo
e visa reduzir a transmissão de doenças imunopreviníveis. O Sistema Público de
Saúde do Brasil é considerado referência para outros países e conta com um
calendário vacinal para cada faixa etária com mais de 20 vacinas que protegem
e previnem contra doenças que podem levar a morte (ANTONIO; CAMACHO;
TORRES CODEÇO, [s.d.] )
Como as vacinas não são compulsórias, o sucesso da cobertura vacinal
depende da adesão das pessoas ao calendário vacinal. Como consequência
desta adesão, observa-se a redução nos casos das doenças com controle além
da erradicação das doenças infecciosas. O calendário vacinal do adulto e
pessoa idosa do Ministério da Saúde atualmente contempla as seguintes
vacinas: Hepatite B recombinante, Difteria e Tétano (dT), Febre Amarela
(Atenuada), Sarampo, Caxumba e Rubéola (SCR), Pneumocócica 23-valente
(PPV 23) (MINISTÉRIO DE SAÚDE- BRASIL, 2014).
A avaliação e o acompanhamento da situação vacinal dos idosos pelos
profissionais de saúde, em especial pelo enfermeiro, favorecem o
estabelecimento de ações de prevenção de doenças infectocontagiosas
e, consequentemente, contribuem para a redução das taxas de hospitalização
(FERREIRA et al., 2021). Analisar fatores e relacionar à adesão ao calendário
vacinal pode contribuir para a tomada de decisões em saúde pública que visem
aumentar a adesão aos programas de vacinação nacional.

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2. Objetivo
Avaliar possíveis fatores que interferem na adesão ao calendário vacinal
de pessoas idosas residentes na Baixada Santista (São Paulo, Brasil).

3. Métodos
Trata-se de um estudo quantitativo transversal observacional com
amostra de conveniência, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu (Parecer n°5.839.607).
A coleta de dados foi realizada entre os meses de janeiro a fevereiro de
2023, exclusivamente por meio das redes sociais WhatsApp, Instagram e
Facebook. Foi realizada postagem de carta-convite para participação. Ao clicar
na imagem os interessados eram direcionados ao Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), e após a leitura e assinatura eletrônica, tinham
acesso aos questionários.
Os questionários foram estruturados em três blocos: o primeiro constituído
por um sociodemográfico com intuito de caracterizar o perfil dos participantes
incluindo idade, gênero, cidade de residência, escolaridade, estado civil, com
quem mora, se possui convênio médico e se frequenta a Unidade Básica de
Saúde do bairro onde mora. O segundo bloco foi elaborado com questões sobre
estado geral de saúde e doenças pré-existentes/comorbidades. O terceiro bloco
contou com questões sobre conhecimento geral sobre vacinas, além de solicitar
que fossem apontadas as vacinas que já havia tomado.
Foram incluídos no estudo 53 participantes idosos de ambos os sexos
com idade a partir dos 60 anos, residentes na Baixada Santista, além de possuir
acesso à internet e computador/smartphone e alfabetizados. Foram excluídos
participantes que não responderam mais de 70% das questões. Devido à
necessidade de habilidades para manusear aparelhos eletrônicos que dão
acesso à internet, bem como interação ativa nas redes sociais, não houve coleta
de dados e avaliação da cognição dos participantes.

4. Resultados
As características sociodemográficas dos participantes estão

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apresentadas na Tabela 1. Observa-se predominância de pessoas idosas do


sexo feminino (75%), com idade entre 60 e 70anos (75%). A maior parte da
amostra reside na cidade do Guarujá (38,5%), seguida por moradores de Santos
(25%). A escolaridade dos participantes variou entre “nunca estudou” (1,9%) e
pós-graduação (11,5%), sedo que a maior parte dos participantes possui ensino
médio completo (22,2%). Além disso, são casados (31%) e moram com seus
parceiros (60,8%). Apensa um participante afirmou morar com netos e a maior
parte dos participantes afirmou que não acompanha seus netos em consultas
médicas (26%). A maior parte dos participantes (70%) também afirmou possuir
convênio médico particular, porém mais da metade da amostra (58%) afirmou
que também utiliza serviços/atendimento da UBS do seu bairro.

Tabela1: Caracterização sociodemográfica dos participantes.


Variáveis N %

Gênero
Feminino 40 75
Masculino 13 25

Faixa etária
60-70 anos 39 75
71-80 anos 8 15,4
81-90 anos 4 7,7
Acima de 91 1 1,9

Cidade de residência
Guarujá 20 38,5
Santos 13 25
Bertioga 2 3,8
Cubatão 1 1,9
Itanhaém 2 3,8
Peruíbe 1 1,9
Praia Grande 2 3,8
São Vicente 2 3,8
Mongaguá 1 1,9

Escolaridade
Fundamental I 11 21,2
Fundamental II 7 13,5
Médio 12 22,2
Superior 10 19,2
Pós-graduação 6 11,5
Nunca estudou 1 1,9

Estado Civil
Solteiro 5 9,6
Casado 31 59,6
Viúvo 10 19,2
Divorciado 6 11,5

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Com quem mora


Filhos 10 19,6
Sozinho 9 17,6
Parceiros/Cônjuge 31 60,8
Netos 1 2

Acompanha os netos em
consulta?
Sim 8 23,5
Não 26 76,5

Possui convênio médico


Sim 35 70
Não 15 30

Usa atendimento/serviços
de UBS?
Sim 29 58
Não 21 42

Em relação às doenças pré-existentes/comorbidades (Tabela 2) foi


possível observar que mais da metade dos participantes afirmou apresentar
hipertensão arterial sistêmica (62,5%) seguida por Diabetes Mellitus (27,1%) e
doenças cardíacas crônicas (20,8%). Além disso nota-se que 25% da amostra
afirmou não realizar nenhum tratamento médico.

Tabela 2: Doenças pré-existente/comorbidades dos participantes.


Doenças pré/existentes/ Comorbidades N %
Hipertensão Arterial Sistêmica 30 62,5
Diabetes Mellitus 13 27,1
Doenças Imunossupressoras 5 10,4
Doenças Cardíacas Crônicas 10 20,8
Doenças Pulmonares Crônicas 1 2,1
Insuficiência Renal Crônica 0 0
Tratamento de Hemodiálise 0 0
Não, realizo nenhum tratamento 12 25

Na Tabela 3 são apresentados os dados dos participantes relacionados


ao conhecimento sobre vacinas e à vacinação. A maior parte dos participantes
afirmou ter aderido à vacinação contra a Covid-19 (92%) e contra a Influenza
(82%). Por outro lado, apenas 2 participantes afirmaram não ter se vacinado
após os 60 anos e 3 participantes afirmaram ter se vacinado contra a Herpes
Zoster (uma vacina não disponível na rede pública).

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Tabela 3: Conhecimento sobre vacina e adesão ao calendário vacinal.


Indique as vacinas que tem certeza que tomou após os 60 anos N %
Gripe (influenza) 41 82
Covid 19 46 92
Febre amarela 21 42
Sarampo, caxumba e rubéola 15 30
Pneumocócica 23 valentes (VPP23) 7 14
Hepatite B 18 36
Herpes zoster 3 6
Difteria e tétano (DT) 15 30
Nunca tomei vacina 2 4

Como você considera seu conhecimento sobre vacinas


Bom 29 58
Ruim 11 22
Muito bom 9 18
Muito ruim 1 2

Como você se sente ao se vacinar após os 60 anos


Me vacino, e me sinto seguro com as vacinas 28 56
Me vacino, mas me preocupo com as reações que ela pode causar. 20 40
Não me vacino, tenho medo 1 2
Não me vacino, sou contra as vacinas 1 2

Você concorda com algum dos argumentos do movimento


antivacina?
Sim 18 36
Não 32 64

A maior parte dos participantes (58%) considera bom seu conhecimento


sobre vacinas, além disso, 56% dos participantes afirmaram que se sente seguro
ao ser vacinado enquanto 2 participantes afirmaram não se vacinar. Em relação
ao movimento antivacina, 64% dos participantes declararam que são contra os
argumentos do movimento.

5. Discussão
A maior parte dos participantes do presente estudo identifica-se como
pertencente ao gênero feminino. Esse resultado relaciona-se à feminização do
envelhecimento como já observada em diferentes partes do mundo incluindo o
Brasil (CEPELLOS, 2021), maior parte dos participantes possui entre 60 e 70
anos. Como o estudo foi divulgado por redes sociais e de comunicação via
internet é possível afirmar que essa faixa etária é que mais tem acesso e utiliza
esse tipo de tecnologia da informação. Tais resultados corroboram com estudo
realizado com 384 idosos, em maioria mulheres com idade média de 60 a 64
anos e que utilizavam a internet (DINIZ et al., 2020).

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Além disso, a amostra mostrou-se bem diversa em relação à


escolaridade. 30,7% dos participantes possuem graduação/pós-graduação
enquanto 34,7% possuem apenas o ensino fundamental. Os dados de
escolaridade do IBGE (2015) evidenciam baixa escolaridade/analfabetismo em
quase 20% dos idosos do país. Esses dados são bastante preocupantes já que
o impacto positivo da educação sobre a qualidade de vida dos idosos é algo
consensualmente aceito e destacado afetando diretamente a memória e os
cuidados à saúde (PAULA et al., 2021) (DA SILVA et al., 2020).
O nível educacional pode afetar diretamente a compreensão sobre os
benefícios da imunização e as informações fornecidas pelos profissionais de
saúde (NEVES; DURO; TOMASI, 2016)
É interessante notar que a maior parte dos participantes possui convênio
médico particular e que 21 afirmaram não utilizar atendimentos/serviços de
Unidades Básicas de Saúde indicando que não relacionam a vacinação gratuita
do PNI ao Serviço Único de Saúde já que 82% e 92% afirmaram terem se
vacinado contra Influenza e COVID-19, respectivamente.
A maior parte dos participantes (62,5%) afirmam possuir hipertensão
arterial sistêmica. Esses dados mostram estar em consonância com outros
estudos que evidenciam a hipertensão arterial como prevalente (59,5%) entre
brasileiros (UNA-SUS, 2020).
A cobertura vacinal para Influenza e Covid-19 foi alta entre os
participantes indicando que campanhas nacionais são efetivas já que para as
outras que integram o calendário vacinal do idoso (sarampo, caxumba e rubéola,
febre amarela, hepatite B, difteria e tétano), houve baixa adesão. É importante
pontuar que a vacina Pneumocócica Polissacarídica 23-valentes (VPP23) é
recomendada para prevenir infecções pneumocócicas comuns em menores de
2 anos e maiores de 65 anos. No entanto, pessoas com doenças crônicas
cardiovasculares, pulmonares, imunodepressão e Diabetes mellitus possuem
risco aumentado para infecções pneumocócicas e, apesar de grande parte da
amostra apresentar doenças crônicas, apenas 7 afirmaram terem se vacinado
com a VPP23.
Além disso, deve-se atentar que apenas 3 participantes se vacinaram

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contra herpes-zoster, uma vacina disponível apenas na rede privada, indicando


inconsistência com os dados dos participantes que possuem convênio médico
particular. A imunização contra herpes zoster é recomendada para adultos com
mais de 50 anos para prevenir a ocorrência e agravamento da doença.
Apesar de 76% dos participantes considerarem seu conhecimento sobre
vacinas bom/muito bom, apenas 56% sentem-se seguros ao se vacinar e 36%
concordam com argumentos dos movimentos antivacina.
O presente estudo apresenta limitações já que apenas foram incluídos no
estudo idosos que possuem acesso a internet e alfabetizados, além de depender
da memória para preenchimento das respostas. Apesar das limitações do
presente estudo é possível afirmar que a identificação de fatores associados à
situação vacinal da pessoa idosa pode contribuir para o estabelecimento de
ações voltadas para a ampliação da cobertura vacinal nessa faixa etária. Esta
ampliação pode favorecer a manutenção da saúde, prevenir doenças e reduzir
custos em tratamentos relacionados às doenças imunopreveníveis.
Embora o Brasil seja um dos países que mais investem dinheiro público
na cobertura vacinal de idosos destaca-se a importância dos profissionais de
saúde como formadores de opinião sobre a vacinação. A educação em saúde
deve ser conduzida para que as pessoas idosas conheçam o PNI e confiem no
mesmo, visando evitar possíveis distorções que diminuam a cobertura vacinal.

6. Conclusão
Este estudo pode contribuir para o planejamento de estratégias em saúde
pública para o aumento da cobertura vacinal da população idosa da Baixada
Santista. Algumas medidas preventivas e ações em saúde podem aumentar a
adesão ao calendário vacinal do idoso incluem conscientização, acesso à
vacinação, incentivo pelos profissionais de saúde, campanhas de
conscientização, monitoramento da cobertura vacinal e integração dos serviços
de saúde.
É imprescindível que estudos para compreender os motivos da não
adesão as vacinas sejam realizadas, visto que a prevenção de enfermidades que
interferem nas atividades rotineiras da população idosa reduz a morbidade e

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mortalidade por doenças infecciosas.

REFERÊNCIAS

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Envelhecimento ativo: uma política de


saúde. p. 62, 2005.

2.ANTONIO, L.; CAMACHO, B.; TORRES CODEÇO, C. Vacinas em saúde


pública. [s.d.].

BEARD, J. R.; BLOOM, D. E. Towards a comprehensive public health response


to population ageing. The Lancet, v. 385, n. 9968, p. 658–661, 2015.

CEPELLOS, V. M. Feminização Do Envelhecimento: Um Fenômeno


Multifacetado Muito Além Dos Números. Revista de Administração de
Empresas, v. 61, n. 2, 2021.

CASTRO, Camila Menezes Sabino et al. Influência da escolaridade e das


condições de saúde no trabalho remunerado de idosos brasileiros. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 24, n. 11, p. 4153-4162, nov. 2019. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/1413-812320182411.05762018.

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Disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/diabetes-hipertensao-e-
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DINIZ, J. L. et al. Inclusão digital e o uso da internet pela pessoa idosa no Brasil:
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FERREIRA, P. C. DOS S. et al. Análise da situação vacinal de idosos. Revista


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GUIMARÃES, R. M. O mundo envelhece: É imperativo criar um pacto de


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Saudável 2020-2030. Organização Pan-Americana da Saúde, p. 1–29, 2020.

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