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Christiano Leonardo Gonzaga Gomes
Condescendência criminosa
Art. 320. Também é punido na forma omissiva, sendo crime omissivo próprio e
incabível a forma tentada.
Importante que exista um subordinaAula 50do e o superior com ascendência sobre
aquele. Além disso, o subordinado pode ter cometido QUALQUER INFRAÇÃO,
que não precisa necessariamente ser penal. A autoridade que comete esse crime é
aquela que deixa de promover a sindicância administrativa ou processo
administrativo para punir o inferior pela infração praticada ou, não possuindo
competência para tanto, deixar de avisar a quem tenha. Toda autoridade que fica
sabendo de alguma infração tem por dever legal levar ao conhecimento da
autoridade competente ou fazer a devida punição, como já decidiu o STJ (MS
11974/DF).
Cuidado: Até mesmo aquele demorar para tomar uma atitude contra o seu
subordinado que praticou uma infração responde pelo crime (STF, RT 597,
p.413).
Advocacia administrativa
Art. 321. Interesse pode ser legítimo (caput) ou ilegítimo (parágrafo único), mas de
qualquer forma é crime.
Patrocínio de forma direta (pelo próprio agente) ou indireta (“testa-de-ferro”).
Cuidado: o interesse deve ser privado, porque se for público o fato é atípico,
uma vez que o próprio tipo penal faz alusão à expressão interesse privado.
Além disso, patrocinar interesse público perante a Administração Pública é
normal por parte do funcionário público, ainda mais se ele for político. Ex:
vereador “assume” a causa de várias pessoas que perderam suas casas
Denunciação caluniosa
Art. 339, CP.
Não confundir com calúnia. Abaixo, segue uma comparação das principais
diferenças.
Bem jurídico tutelado na denunciação caluniosa: administração da justiça.
Bem jurídico tutelado na calúnia: honra.
Calúnia somente incide sobre FATO CRIMINOSO.
Denunciação caluniosa pode incidir sobre crime (caput) ou contravenção penal
(parágrafo 2o).
Calúnia não gera processo ou procedimento contra a vítima do crime.
Denunciação caluniosa gera processo (ação de improbidade ou qualquer
processo judicial) ou procedimento (inquérito policial, civil ou investigação
administrativa) contra a vítima.
Conflito aparente de normas. Tal artigo absorve a calúnia, por ser crime-meio e
menos específica que o crime de denunciação caluniosa (Princípios da
consunção e especialidade).
Dolo direito de saber que o sujeito passivo é inocente é importantíssimo para fins
de condenação, mas de difícil comprovação. Todavia, o STF somente admite
para fins de configuração desse tipo penal a figura do DOLO DIRETO, não
sendo possível condenar a pessoa que fez a denunciação caluniosa com base em
dolo eventual (Informativo 655, STF).
Consumação. Crime formal que se consuma com a simples instauração de um
dos procedimentos ou processo previstos no caput.
Obs: Resta possível punir o denunciante quando o sujeito passivo tiver sido
absolvido pelo crime imputado em decisão definitiva ou ter sido arquivado o
inquérito policial, pois nessas hipóteses o dolo do denunciante é patentemente
direto.
Autoacusação falsa
Art. 341, CP. Agente imputa a si mesmo um CRIME inexistente. Diferencia-se do
art. 340, porque nesta há imputação falsa de fato indeterminado. Também não se
confunde com art. 339, porque nesta o agente imputa crime ou contravenção a
terceiro.
Crime de mão própria. Só caberia, em tese, participação, uma vez que nos crimes
de mão própria somente o sujeito ativo em si é que poderia praticá-lo, sendo
impossível, assim, dividir as tarefas com outra pessoa não qualificada para tanto.
Isso para a doutrina dominante. Todavia, STF pensa que pode haver sim
coautoria quando o outro coautor for advogado, uma vez que este possui o
chamado domínio final do fato e não pode ser apenado como simples partícipe
(HC 75037/SP, STF). Tal questão pensada apenas pelo STF já foi cobrada em
muitos concursos públicos e muitos se esquecem, pois estudam apenas doutrina,
enquanto que o pensamento dos Tribunais Superiores é que fazem a diferença.
Obs: Testemunha que se recusa a depor responde pelo crime de desobediência, e
não pelo crime em epígrafe. Réu em processo não responde por tal tipo penal, uma
vez que o crime é expresso para as pessoas elencadas no tipo, inexistindo a figura
do acusado (No Brasil, não se pune o perjúrio).
Desnecessidade do compromisso legal de dizer a verdade ser tomado para
fins de configurar-se o crime, uma vez que tal elemento não está previsto
expressamente no tipo penal (princípio da taxatividade). Logo, mesmo aquele que
depõe sem prestar o aludido compromisso de dizer a verdade responde pelo crime
(HC 66511/RS e HC 73035/DF, ambos do STF).
Consuma-se com o encerramento e assinatura do depoimento falsamente
prestado (HC 73059/SP, STJ).
Teoricamente, cabe tentativa, mas será difícil a sua ocorrência, diante do
parágrafo 2º, que permite a retratação. Esta deve ser feita perante o mesmo órgão
em que foi dado o depoimento falso e antes da sentença (1º grau). Se feita a
retratação depois, pode ter uma atenuante (Art. 65, III, b, CP).
Parágrafo 1º- suborno só se aplica se o perito for nomeado pelo Juiz, ou seja,
tratar-se de perito não-oficial ou particular. CUIDADO: Se for perito oficial
(funcionário público) responde por corrupção passiva (art. 317, CP), caso
receba o aludido suborno, sendo que aquele que ofereceu o suborno responderá
pelo delito de corrupção ativa (art. 333, CP).
pessoas que oferecem vantagem àqueles previstos no tipo anterior e que não
sejam funcionários públicos, sob pena de ocorrerem, como já visto no tópico
anterior, os crimes dos art. 317 e 333, CP.
Consumação. Crime formal em que a consumação ocorre com o simples
oferecimento ou prometimento da vantagem, sem a necessidade do efetivo
falseamento da verdade. Crime material na conduta de “dar”.
Favorecimento pessoal
Nestes casos, o favorecimento deve ser prestado ao criminoso depois do
crime ter sido cometido, pois se o favorecimento for prometido antes ou durante a
prática do crime, trata-se de concurso de pessoas no delito anterior. Ex: Combinar
com o criminoso que após o roubo a ser perpetrado por ele, o agente irá escondê-
lo em sua residência. Ora, nestes casos ambos respondem pelo crime de roubo em
concurso de pessoas, um como autor e o outro como partícipe (auxílio material).
Parágrafo 2º. Cuidado que existe causa de isenção de pena (por inexigibilidade de
conduta diversa, em razão do parentesco e da presumida relação de afeto que ele
possui com a pessoa do criminoso) quando é ascendente, descendente, cônjuge
ou irmão que presta o auxílio. Analogia in bonam partem é cabível quando quem
presta o auxílio é o companheiro (a), também ficando isento de pena nessas
hipóteses.
Favorecimento real
Aqui também o favorecimento deve ser prestado após a consumação do
delito, pois se for combinado com o agente que ele ficaria com o produto do crime
ANTES do cometimento do delito, trata-se de receptação (art. 180, CP). Na
receptação, o dolo do agente é para adquirir a coisa para si, enquanto que no
favorecimento real, o agente apenas está prestando um favor ao criminoso e
guardando momentaneamente o proveito do crime para ele.
Obs: O tipo não fala em “instrumentos do crime”, mas sim em “proveito do crime”,
que são o dinheiro, carro, ou demais objetos auferidos com a prática criminosa.
Favorecimento impróprio
Art. 349-A. É o reflexo do tipo penal previsto no art. 319-A, CP, sendo que no tipo
em tela o agente é quem ingressa no estabelecimento prisional com aparelho
celular ou similar.
Obs: Não confundir os casos em que o agente ingressa no estabelecimento
prisional com acessório essencial ao funcionamento do aparelho telefônico, como
baterias, e que constitui falta grave, para fins do art. 50, VII, LEP, com o tipo
penal em epígrafe, que somente admite a figura criminosa quando o agente
ingressa com aparelho telefônico ou similar como rádio e etc, diante do
princípio da taxatividade (Informativo 475, STJ).
Patrocínio infiel
Art. 355, CP. Crime próprio. Somente pode ser praticado por advogado.
NOVIDADE: necessidade de procuração nos autos para a prática do crime? NÃO.
STJ decidiu que basta existir um liame de confiança entre advogado e cliente para
ocorrer a imputação pelo crime em tela, não sendo expressamente exigida no
tipo a procuração ou mandato conferido ao advogado, desde que por outros
meios se prove que o advogado atuava para o cliente (Informativo 465, STJ).
Todavia, em sentido contrário, o STF entende que é atípico o fato quando o
advogado não recebeu instrumento de mandato para representar o cliente,
ocorrendo a necessidade da procuração (Informativo 706/STF). Apenas como
exceção à ausência de procuração, o STF aceita a existência do tipo se o
cliente houver indicado o advogado por ocasião do seu interrogatório,
constando isso na respectiva ata de audiência (art. 266, CPP), na linha de
pensamento do Informativo 714. Em concursos, ver qual posicionamento está
sendo perguntado, mas se a questão for silente, colocar o posicionamento do
STF.
Competência. Será da Justiça Criminal em que ocorreu o crime. Se ocorreu na
esfera estadual, será julgado pela Justiça Estadual; Se ocorreu na esfera federal,
será julgado pela Justiça Federal. Cuidado: se ocorreu na Justiça do Trabalho, será
julgado pela Justiça Federal, uma vez que não existe juiz criminal na Justiça do
Trabalho (RE 328168/SP, STF).
Consumação. Na esteira do pensamento do STF, trata-se de crime formal, não
sendo necessário que tenha ocorrido qualquer prejuízo para o cliente do advogado
infiel (RHC 58.841-7/MG, STF), bastando que o advogado atue com essa
intenção.
Parágrafo único- Defende autor e réu ao mesmo tempo no processo. Chamado de
Tergiversação. Cuidado: não ocorre quando o advogado está representando
as duas partes em processo de homologação de acordo, uma vez que neste
inexistem interesses antagônicos e não haverá interesse prejudicado, como