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Memórias da Dorinha x Memórias da Manutenção.

 
Interessante como assuntos tão distintos nos fazem lembrar e associar a problemas do dia-a-dia quer seja no
trabalho ou em nossa vida pessoal. Lendo uma crônica do Luis Fernando Veríssimo, que reproduzo abaixo um
pequeno trecho, me deparei comparando o esquecimento da Dorinha com o que acontece na Manutenção,
diariamente.
 
Assim escreve o Veríssimo: “Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, já teve
tantos casamentos que interrompeu o último no meio da cerimônia porque se deu conta que estava se casando
novamente com um ex-marido. O que contrariava seu lema, “Repeteco, não!” Ela está pensando em usar um
carimbo com tinta indelével para identificar seus maridos e evitar que isto aconteça de novo”. Já que não pode
confiar na memória, pois só o que lembra dos maridos é o número da sua conta bancária e nunca liga o saldo à
pessoa.”
O que isso tem a ver com Manutenção, devem estar perguntando?
 
Associei o esquecimento da Dorinha com o esquecimento dos Manutentores que diariamente atendem a
chamados de manutenção e algumas vezes não anotam o que fazem. Qual foi o problema que o equipamento
apresentou? Qual a causa e que peça foi trocada ou reparada? Quanto tempo demorou em resolver o
problema? Muitas vezes essas perguntas não são respondidas.
 
Alguns comentam que não gostam da burocracia de escrever e preferem guardar tudo na memória, mas às
vezes outro mecânico ou eletricista acaba “casando” novamente com o problema porque não existe registro para
ser consultado. Talvez a tinta indelével da Dorinha possa ser substituída por uma simples Ordem de Serviço e
um Histórico dos principais equipamentos para evitar que isso aconteça de novo. Devem defender o mesmo
lema da Dorinha, “Repeteco, não!”
 
“Em nossa fábrica somos muito dinâmicos e não utilizamos papel ou qualquer
outro tipo de registro de Manutenção porque é perda de tempo.”
 
Várias vezes já ouvi esse discurso e ao analisar a documentação existente na Manutenção, os registros de
atendimento, incidências de problemas, peças trocadas e custo de manutenção, chego a concordar com a
Dorinha que se tivessem marcado com tinta indelével, os custos poderiam ser otimizados e a repetição de
problemas bem menor. Ou seja, se exigissem a solicitação da Manutenção através de Ordem de Serviço, se
existisse Histórico e uma filosofia de pesquisar as causas em vez de atuar rapidamente, apenas no efeito, com
certeza a Disponibilidade, Produtividade e Qualidade seriam bem maiores e os Custos reduzidos.
 
Enquanto não resolverem registrar de alguma forma o que acontece na fábrica, o risco de atacarem o mesmo
problema diversas vezes, em turnos e pessoas distintas, será muito grande. Não confiem na memória apenas,
procurem criar uma filosofia de análise e solução de problemas em vez de atacarem a manutenção de forma
predominantemente corretiva, como se fossem Bombeiros.
 
Já imaginaram o risco de se produzir quantidades a mais ou a menos se não houvesse registro da produção e a
constante comparação com o programa de vendas do mês?
 
Pois é, na Manutenção pode ocorrer exatamente isso se não registrarem, muito bem, o que é feito pelos
Manutentores durante o dia na fábrica.
 
Pensem nisso e se não tiverem tempo disponível para elaborar um Modelo de Gestão de Manutenção, peçam
ajuda, mas reflitam sobre a possibilidade de reduzir os custos de peças de reposição, aumentar a disponibilidade
dos equipamentos e melhorar a produtividade.
 
Marcio Cotrim
MC CONSULTORES

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