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Teorias Sociológicas: As Grandes Escolas

Aulas 5 e 6

O estrutural funcionalismo é uma escola, é uma maneira muito sistematizada e que foi
desenvolvida por muitos autores para estudar a sociedade.

É fundamental saber a posição que Parsons e Merton têm sobre qual deve ser a natureza
da teoria, ou seja, como é que deve de ser construída a teoria sociológica de forma a que
ela permita avançar com o conhecimento sociológico sobre a sociedade. Sobre esta
questão há divergências entre estes autores.

Há divergências primeiro sobre a maneira de construir a teoria (como é que a teoria deve
ser construída para ser uma boa teoria que nos permita ler a realidade social)

Há um assunto sore o qual ambos refletem, sobretudo Merton que é distinguir muito
claramente a ciência da história da ciência . (mais à frente)

Na opinião de Merton e de Parsons, os fundadores da sociologia (os clássicos) mas


sobretudo na opinião de Merton, muitos dos autores clássicos, apesar de os terem
iluminado com textos e ideias importantes fazem parte da história da ciência.

Ou seja, a posição do Merton é que nós devemos separar o que é a ciência atual, a ciência
e as teorias científicas, isto é válido para a sociologia ou para outras áreas científicas. As
teorias científicas atuais são aquelas que estão construídas sobre problemas específicos
da atualidade que nos permitem resolver estes problemas, percebeu- los, identificá-los e
estudá-los e eventualmente apresentar soluções teóricas ou práticas para os resolver, isso
é uma coisa. Outra coisa são os autores ou as teorias que fazem parte da história da nossa
disciplina, mas que hoje não tem nada a dizer sobre os problemas atuais. Isto é uma
posição muito radical.

Na continuação desta discussão, do papel da teoria da ciência, vamos ver como Merton
crítica o valor sistémico de Parsons. Qual é a ideia fundamental do Parsons? É pensar que
as teorias clássicas dos autores clássicos, que ele respeita e que estudou na Europa não
respondem aos problemas atuais, quer dizer não dão as chaves para compreender e
Interpretar os problemas atuais. Parsons tomou para si a tarefa de no fundo substituir os
clássicos e inventar ele uma grande teoria global generalista sistémica, ou seja, uma teoria
que tal como à maneira dos clássicos e inventar ele uma grande teoria Global ou
generalista sistémica seja uma teoria que a maneira dos clássicos procurava responder a
todos os problemas a todos os fenômenos sociais. portanto para isso, Karl Marx, Weber
e Durkheim, procuraram desenvolver teorias globais, teorias abstratas, não
necessariamente têm que ser abstratas, porque elas procuram dar-nos uma visão, uma
interpretação global do funcionamento global da sociedade e não só algumas das suas
facetas ou alguns dos seus fenómenos. É então que Parsons vai emergir como uma figura
que se vai no fundo tentar substituir às teorias clássicas, no sentido de ser ele próprio
quem vai elaborar numa teoria sistémica, numa teoria Global, numa teoria que deu
horizontes para pensar em todo e qualquer fenómeno e facto social. É contra isso que
Justamente se coloca Merton, Merton vai dizer no seu texto que que isso não é possível.
Não é possível que uma só pessoa, um só homem, um só ator, por mais brilhante que seja
consiga alguma vez construir uma teoria Global. Portanto uma teoria sociológica, não
pode ser segundo Merton construída a partir do ponto da abstração mais elevado de uma
teoria generalista para depois ir derivando teorias que permitam ir respondendo, irem
captando fenómenos particulares, fenómenos sociais específicos e Factos sociais
específicos.

A ideia de Merton é simplesmente esta: "eu não posso a partir de uma teoria global, uma
teoria generalizadamente abstrata (porque para ser Global tem que ser abstrata) , eu não
posso a partir daí retirar conhecimentos ou retirar orientações para estudar problemas
muito concretos como seja, por exemplo o suicídio, o mercado de trabalho, como seja o
sistema de ensino e o insucesso escolar como seja o sistema de classes sociais e
desigualdades. ”Tudo Isto são problemas específicos e Merton considera que não é partir
de uma grande teoria generalista que nós podemos perceber estes problemas, pelo
contrário só podemos perceber estes problemas elaborando teorias específicas, práticas
dirigidas a estes problemas específicos. Esta é a grande diferença entre os dois autores.
Saber a diferença entre a teoria sistêmica e a teoria sistemática
Uma teoria sistemática é uma teoria que nos mostra, nos dá indicações e orientações
através do seu sistema de conceitos e da relação entre esses conceitos, dá-nos orientações
precisas e claras sobre como devemos investigar , o problema é como devemos testar a
nossa teoria. Ao contrário da teoria sistémica, como é aquilo que pretende Parsons fazer,
é uma Teoria Geral abstrata, que nos dá indicações sobre o funcionamento da totalidade
social mas indicações tão abstratas que nós não conseguimos traduzir em problemas mais
concretos e a interpretação desse problema.

Parsons é partidário da ideia que a teoria sociológica, para avançar como ciência deve
dispor de um sistema conceptual geral e abstrato que seja comum a todos aqueles que
praticam a disciplina e de forma a que não aconteça o que aconteceu no período da
Sociologia clássica, em que cada um dos autores procurou fazer de facto esse sistema
geral abstrato, mas entraram divergência uns com os outros. Há um dilema entre uma
teoria sistémica, uma teoria geral e abstrata, ou uma teoria sistemática.
Para Merton, a teoria tem de ser sistemática, tem de haver uma Unificação, tem que haver
uma sistematização das diversas formas de explicar os fenómenos, mas isso não quer
dizer que a teoria tenha que ser sistémica, não quer dizer que dizer que nós tenhamos de
partir para uma teoria global geral e abstrata como Parsons pretende.
Todos os autores que vem a seguir vão fazer uma sociologia, à exceção dos últimos, vão
praticar uma teoria sociológica que de certa maneira vai contestar muito esta ideia de
fazer avançar a sociologia. E esta discussão é muito condicionada por estes dois autores.
Robert Merton tem uma perspetiva da ciência, não como uma coisa acabada que é o que
ele critica a Parsons. Parsons esforçou-se toda a sua vida de sociólogo por construir a tal
teoria geral e abstrata de uma vez, deixar o esquema teórico, conceptual pronto para todos
sociólogos o poderem utilizar, e portanto se todos estamos a trabalhar numa coisa em
comum, as coisas avançam com mais pressa, do que se tivermos divergências entre nós,
e justamente a perspetiva de Merton é que a construção da teoria não se faz de uma vez,
nem por uma única pessoa, mas é uma coisa progressiva, quer dizer é uma coisa que se
vai construindo por etapas e com a colaboração vários outros autores que investigam
muitas áreas diferenciadas.

Em 1948, numa das suas obras, houve uma crítica no trabalho de Parsons sobre o seu
conceito de função e o seu conceito de necessidade funcional que ele crítica logo desde
1948, isto mostra também que Robert Merton apesar de ser criticável, no fundo
preconizou fazer uma sociologia que hoje está mais perto daquilo que é na verdade a
sociologia que hoje nós fazemos habitualmente.
Primeiro é a ideia de que a ciência resolve alguns problemas sociais, não todos os
problemas sociais, isto tem a ver com a tal ideia da teoria geral e abstrata. Para quê uma
teoria geral e abstrata?
Para nós termos em conta o sistema social, como é que tudo funciona e ver como é que
está organizado. Nunca vamos ver onde é que é possível chegar essa imagem porque a
ciência efetivamente não resolve todos os problemas. Não podemos esperar sentados que
a ciência resolva tudo, a ciência é de facto um conhecimento poderoso porque é rigoroso
e porque é preciso, mas não consegue resolver tudo ao mesmo tempo, isso significa que
a ciência tem limitações e que a explicação científica tem sempre um caráter provisório,
isto é uma ideia que vem de Popper.
É de Popper que vem a ideia de que a ciência apesar de ser um conhecimento rigoroso/
poderoso e preciso não é um conhecimento absoluto, nós não dominamos todas as coisas,
a ciência tem evoluído muito. Tem sempre um caráter provisório. Segundo, a ideia de que
a ciência é pública, a ciência não é uma coisa se faça nos "gabinetes".
A ciência atual é um conhecimento em rede constante, portanto se é um trabalho público
é um trabalho que está sempre sujeito à controvérsia, à crítica e ao conflito, portanto
também não há ideias absolutas e ideias aceites para todo o sempre, a ciência é isso
mesmo, é uma forma de conhecer o mundo que está sempre a enfrentar-se a si próprio,
exatamente porque ela é pública e porque ela está sujeita à controvérsia.
Podemos ver no exemplo de Parsons e Merton, no mesmo congresso encetam uma
discussão mundial e é isso que Justamente contribui, hoje 50 ou 60 anos depois para nós
continuarmos a beneficiar desse diálogo e dessa discordância.

Depois, aponta também limites à ambição de Parsons, que é o de construir as tais teorias
Gerais, porque Merton considera que não utiliza preposições verificáveis. Aqui nós
começámos entrar numa linguagem empírica. Merton começa a usar aqui pela primeira
vez palavras e expressões que tem muito a ver com a investigação empírica. Portanto uma
coisa, é o que nós pensamos teoricamente sobre um assunto, como é que nós teoricamente
elaboramos um quadro de análise sobre um determinado fenómeno, outra coisa é
experimentarmos esse quadro de análise, vermos se ele funciona.
(Exemplo sobre o coronavírus dado pela professora)
Agora vamos pegar estes conceitos, nesta maneira de racionar e vamos aplicar isto a um
problema concreto, vamos pegar nas teorias que nós já conhecemos da área da virologia,
dos vírus (dos especialistas em virologia) e vamos ver como é que nós com essas teorias
percebemos ou não percebemos com o coronavírus.
Agora vamos analisar o que o autor distingue, ele acha que uma coisa é uma teoria
sociológica, outra coisa é a história das teorias sociológicas.
Ele aborda isto nas primeiras páginas do texto e na sua discussão com Parsons e considera
que a teoria sociológica é aquela teoria ou o conjunto de teorias que sobreviveram à prova
dos factos, cá temos nós a verificação de proposições, de propostas. Quer dizer, a teoria
serve para nós analisarmos casos concretos e portanto toda a teoria, todas as explicações
teóricas que nós propomos sobre o mundo, em ciência tem que ser verificadas porque não
são teorias científicas. O que é que distingue uma teoria científica de uma teoria não
científica?
-"Uma coisa é, eu dizer assim volta das 5:00 vai chover terrivelmente em Lisboa e nós
verificamos que se não for às 5:00 é às 5:30, 10 minutos depois cai a trovoada imensa na
cidade de Lisboa, isto não tem a ver com capacidades adivinhatórias, tem a ver com a
ciência, portanto há um mundo científico há um mundo de teorias por detrás de estudo do
universo, da posição dos astros, no vento, na atmosfera que nos permitem fazer aquela
previsão rigorosa. E ela vai acontecer. Portanto, quer dizer que as teorias científicas e
astronómicas que foram capazes de prever aquele fenómeno são teorias científicas, de
facto é a prova dos factos, a trovoada cair.”
Outra coisa é eu dizer que, a conjugação dos astros desta semana, como por exemplo os
horóscopos, é tão vago que até pode acontecer, a astrologia não é capaz de prever por
exemplo que eu vou partir uma "perna".
Isto não é para Merton uma teoria científica, porque ela não emitiu nenhuma proposição
que fosse empiricamente verificada. Justamente, também para Merton uma coisa é o que
ele diz, a história das teorias sociológicas e ele fala em autores brilhantes que escreveram
coisas muito interessantes, mas que segundo Merton já não têm nada a dizer, não
deixaram um legado com qual diz-nos ele que nós possamos continuar a usar a realidade
social de hoje, então ele diz que “isso faz parte da formação de qualquer sociólogo”,
qualquer sociólogo deve conhecer a história das teorias sociológicas mas deve separar
isso do que é a teoria sociológica que me permite continuar a investigar e a trabalhar os
problemas atuais.

Merton quer dizer que, ele só considera uma teoria científica aquilo que ele designa como
teoria sistemática. Ele diz que a teoria sistemática atual representa uma acumulação
seletiva daquelas partes das teorias mais antigas que sobreviveram ao teste décadas de
investigação. Só faz parte da teoria sociológica atual, exatamente aquelas partes seletivas
de algumas teorias mais antigas que sobreviveram ao teste de investigação, que continuam
a manter-se atuais, continuam a permitir o que nós analisemos fenómenos atuais. As que
não resistiram à prova dos factos fazem parte da história das ciências.
O que está em evidência é que Merton valoriza o modelo das ciências físicas.
Merton considera que na sociologia, nós podemos adotar o modelo das ciências físicas.
Qual é esse modelo?
Um conjunto de conceitos básicos, um conjunto de ciências e de teoremas e vai construir
teorias específicas que são adequadas ao estudo de fenómenos específicos que são
comuns a toda a comunidade científica. Este é que é o problema (a professora acha que
Merton está enganado).
A ideia de que as ciências físicas, têm menos conflitualidade do que às ciências sociais,
não é verdade. Aparentemente, as ciências físicas, matemática, a biologia entre outros há
divergências enormíssimas. A ideia do autor é que nós devemos adotar um modelo
estável, um paradigma estável, não devemos de estar em guerra por exemplo as escolas
em guerra umas com as outras, devemos todos procurar justamente elementos, teoremas
postulados comuns para que a ciência possa avançar mais rapidamente e não perder-se
em divergências, em conflitos...

Como é que o autor pensa que a teoria sociológica deve ser construída para ser uma
teoria científica?

Primeiro, ele diz-nos que a teoria deve ser sistemática e distinta das histórias das teorias
porque a história das teorias, nomeadamente das teorias clássicas, mostra-nos que há
teorias para todos os gostos. Há uma grande diversidade de interpretação do mundo social
e portanto é com isso que Merton quer acabar e Parsons também à sua maneira, e portanto
nós temos todos que nos comprometer numa teoria sistemática, numa teoria que até pode
ter vários lados, pode buscar a vários sítios, mas que depois tem de ser sistematizado e
ser organizado na mesma linha, não pode ser cada um pensar numa forma diferente sobre
os problemas. Pode haver contributos diferentes, maneiras de pensar diferentes, mas então
temos de pensar numa maneira de os sistematizar, de os organizar numa linha que seja
lógica e que portanto permita fazer (não consegui perceber).
Segundo, a teoria tem que ser cumulativa, não pode haver ruturas no pensamento
científico, se há uma teoria que concorre com outra teoria então nós temos que arranjar
maneira de perceber qual das duas teorias é verificável empiricamente. Qual é aquela que
resiste à prova dos factos, a que não resiste à prova dos factos é a que não dá.
Uma teoria cumulativa quer dizer que umas teorias não podem contradizer-se
relativamente umas às outras porque senão o conhecimento não avança, fica disperso, por
isso é que tem que ser sistemático e tem que ser cumulativo, quer dizer a investigação
anterior tem que permitir que a investigação seguinte avance no mesmo sentido, não pode
contraditá-la, porque senão o conhecimento fica fragmentado.
O conhecimento tem que ser cumulativo e as leis têm que ser explicativas. O que é que é
uma lei explicativa?
É uma lei que é verificável empiricamente. (exemplo da trovoada em Lisboa)
Qual é o modelo que ele quer ver desenvolvido em sociologia?

É uma conceção teórica no sentido inverso ao de Parsons, porque ele quer uma reflexão
teórica empiricamente fundamentada, quer dizer para ele não há teoria, não existe teoria
se ela não tiver a possibilidade de vir a ser verificada/testada empiricamente. Ele faz
perguntas muito interessantes a Parsons para justamente Parsons dizer como é que vai
provar isso , como é que vai verificar isso sobre as funções, sobre os sistemas, sobre as
necessidades funcionais.
Merton designa as teorias de médio alcance como midle range theories, portanto para
Merton devemos acabar com as teorias sistémicas, teorias globais gerais e abstratas, e
enverdarmos o nosso caminho pela conceção das teorias de médio alcance. O que é que
ele entende como teorias de médio alcance?

São teorias aplicáveis a grupos de fenómenos limitados, portanto não é uma teoria geral
sobre como funciona o nosso sistema social, não serve segundo Merton para
descobrirmos problemas específicos. Portanto o que nós temos que fazer na sociologia é
o que fazem na biologia, nas ciências naturais, nas ciências ditas duras, middle range
theories, ou seja, teorias apropriadas a fenómenos específicos. Há teorias sobre as
matérias, há teorias sobre os gases, não há uma teoria geral, há teorias específicas sobre
determinados fenómenos. O mesmo se aplica nas ciências sociais, há a teoria das classes,
as teorias do conflito, as teorias de um grupo de referência, isto são middle range
theories. Não é uma teoria sistémica, uma teoria global, são teorias apropriadamente
construídas para problemas específicos concretos.

Merton, diz o seguinte " a teoria sociológica deve avançar com base nos seguintes planos
interconectados"
Primeiro, através de teorias especiais (middle range theories) adequadas a um conjunto
limitado de dados sociais e através da infusão de um esquema conceptual adequado à
consolidação de grupos de teorias sociais.
A teoria serve para nos dar uma visão global de conjunto sobre o funcionamento de um
todo, nunca vamos ter isso.
Merton diz que a teoria sociológica deve avançar através dos seguintes planos
interconectados, primeiro através das teorias de médio alcance (teorias específicas) mas
que depois não podem ficar a pairar no ar.

Essas teorias específicas têm que ser sistematizadas da história da teoria sistemática, num
esquema conceptual que consolide/organize todas essas teorias que são dirigidas a
fenómenos dispersos e específicos.
Objeções que Merton faz a Parsons.
Quais são os cinco pontos essenciais do texto de Parsons?

Por um lado, o autor procura desenvolver aquilo que ele chama de "quadro da ação social"
e em que tem o ponto da ação, aquilo que ele chama de ação social. O que os sujeitos
fazem e a análise do que os sujeitos fazem, o que nós fazemos tem que ser visto dentro
de um contexto estrutural e dentro de uma situação específica.
Num dos textos de Parsons, ele falava da análise subjetivista no sentido de termos que ter
em conta o ponto de vista do ator. Para que um sistema funcione, é preciso estruturas, é
preciso regulação, mas é preciso também nós contarmos com o ponto de vista do ator
social, como é que o ator social se vê naquele sistema, porque isso tem consequências no
funcionamento do sistema.
Isto é uma das coisas que o Parsons vai contestar.
Segundo, é o conceito de necessidades ou de requisitos funcionais, Parsons diz que um
sistema funciona ( um sistema de ensino, um sistema de educação...) porque preenche
determinados requisitos funcionais, porque preenche determinadas funções. Ele diz que
qualquer sistema preenche fundamentalmente 3 tipos de necessidades funcionais
(necessidades de sobrevivência do sistema, necessidades de coordenação, motivação, os
atores têm que estar motivados para perceber como, através dos papéis que
desempenham, a melhor forma de dempenharem funções positivas no funcionamento
daquele sistema).
O conceito de função, que também é muito criticado por Merton, ele também é praticante
da análise estrutural funcionalista, mas considera que no texto de Parsons há imprecisões
sobre o qual ele precisa de ser mais rigoroso.

Ele também vai criticar o conceito de função e finalmente a última parte do texto de
Parsons que fala das instituições, ele diz qual deve ser o objeto central da Sociologia- as
instituições.

O que é que são as instituições?

As instituições são comportamentos padronizados e legitimamente aceites pelos autores,


então ele vai com esta definição procurar explicar como é que se produzem na sociedade
comportamentos desviantes, comportamentos Marginais àqueles padrões institucionais
que são aceites pela sociedade.
Isto evidentemente, permite a Parsons tratar um dos problemas sociológicos centrais.

Merton também vai criticar muito essa forma sobre como Parsons olha para os
comportamentos desviantes.
Vamos ver como é que Merton desafia Parsons a pensar sobre estas questões que ele
considera que não estão objetivas
A primeira questão que ele põe muito interessante sobre a consideração da análise
subjetivista, ou seja, da análise do ponto de vista do ator é o seguinte, pergunta se Parsons
quer verdadeiramente fazer uma análise objetiva dos factos objetivos, como manda
qualquer ciência e que são independentes na consciência do ator social. Qual é o aviso
que ele está aqui a dizer a Parsons?
Ele diz, "eu sei que o senhor não está a confundir isto, mas no seu texto isto não está
claro"
O que é que quer dizer" tomar em consideração" na subjetividade do ator?
É necessário recordar Weber, no espírito capitalista e na ética protestante, em que o
mesmo diz que, temos que fazer uma sociologia em que temos que ter em conta a
perspetiva do ator social, como é que o ator social pensa, Isso é fundamental para nós
esclarecermos como é que ele atua, ainda que a sociologia não se confunda com aquilo
que o ator social pensa.
O sociólogo tem que ter instrumentos para compreender a subjetividade do ator, partindo
das opiniões do ator, encontrando uma análise objetiva dessas formas de pensar, ou seja
isso é perceber que a sociedade se produz tendo em conta a forma como os atores sociais
pensam e orientam as suas ações, mas que a sociedade é uma coisa diferente daquilo que
eu penso e das minhas intenções, é isso que prova ética protestante e o espírito do
capitalismo.

Ele faz 4 críticas essenciais ao conceito de necessidades funcionais.


Ele crítica o conceito de necessidade e diz que quando Parsons fala de necessidades
funcionais, ele não sabe que quando se fala em necessidade estamos a falar de uma causa
ou de um efeito. porque, quando nós dizemos que que um sistema para sobreviver tem
que ter uma forte motivação nos seus atores sociais. De onde é que vem a forte motivação?
Dos próprios atores sociais ou é uma consequência da forma como os sistemas está
organizado não é fácil distinguir empiricamente, se quando se fala de uma necessidade,
estamos a falar de uma causa, ou seja uma variável que contribui para a manutenção do
sistema, ou pelo contrário estamos a falar de um efeito pela forma como esse sistema
funciona, portanto Merton acha que isso não está claro no texto dele.
Outro assunto que ele aponta com muita veemência é a questão da sobrevivência e da
ordem social.
A teoria de Parsons, teoria sistémica naturalmente privilegia a ordem.

Para nós percebermos, para nós elaborarmos melhor uma teoria global sobre um assunto
qualquer nós temos que partir do princípio que esse assunto qualquer que estamos a
investigar, funciona como um sistema, quer dizer com uma certa ordem. Nós temos que
pressupor que o sistema é enorme e está organizado, ordenadamente e que tudo funciona
no seu lugar.
O que Merton está aqui a acusar Parsons é de a sua teoria sociológica ao querer sistémica,
não visualizar /não perspetivar um sistema em mudança.

Quer dizer, sociedades mudam, os sistemas sociais são dinâmicos e portanto querer
amarrar a uma teoria estática uma visão da sociedade, como se tudo funcionasse de uma
forma perfeita, de uma forma equilibrada, de uma forma ordeira é um erro do ponto de
vista da análise sociológica.
(É uma crítica à ordem).
Os autores que vêm a seguir criticam isto abundantemente, a ideia de que a preocupação
sistémica, leva a privilegiar a ordem em vez da mudança, leva a sermos obrigados a olhar
para a sociedade como uma coisa fechada, que funciona muito bem, em vez de vermos a
sociedade dinâmica em conflitos com transformações constantes (outra crítica).
Ele aponta limitações metodológicas às necessidades funcionais, diz que é muito difícil e
a sociologia ainda não conseguiu avançar suficientemente para dizer o que é são
efetivamente necessidades funcionais.
Uma coisa é haver necessidades funcionais no sistema abstrato e ordenado, outra coisa é
nós percebemos o que é que são necessidades específicas.

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