Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Portugues Novas Palavras 2 Professor PNLD 2018
Portugues Novas Palavras 2 Professor PNLD 2018
Novas Palavras 2
ENSINO MÉDIO
COMPONENTE CURRICULAR
LÍNGUA PORTUGUESA
Emília Amaral
3ª edição
FTD
MANUAL DO PROFESSOR
FTD
Editoras assistentes Ana Paula Figueiredo, Irene Catarina Nigro, Maria Aiko
Nishijima, Nathalia de Oliveira Matsumoto, Roberta Vaiano
Novas palavras 2º ano / Emília Amaral...[et al.]. - 3ª ed. - São Paulo : FTD,
2016. - (Coleção novas palavras)
1. Português (Ensino médio) I. Amaral, Emília. II. Patrocínio, Mauro Ferreira do.
III. Leite, Ricardo Silva. IV. Barbosa, Severino Antônio Moreira. V. Série.
16-03484
CDD-469.07
Índices para catálogo sistemático:
www.ftd.com.br
E-mail: central.atendimento@ftd.com.br
CNPJ 61.186.490/0016-33
Apresentação
Caro aluno,
Este é o objetivo maior deste livro: que você, ao transformá-lo em seu parceiro
de aprendizagens, tenha um posicionamento ativo: leia, goste, não goste; ache
fácil, ache difícil; mas sempre releia, repense, reformule, persista, pois assim é
que gradativamente conquistará novas habilidades de usos da linguagem, que
certamente contribuirão para seu sucesso escolar, profissional e humano.
Vamos começar?
Os autores
SUMÁRIO
Literatura
Primeira leitura
E mais..., p. 11
A história da literatura, p. 12
Leitura de imagem
Leitura
Leitura
Leitura
Atividades, p. 23
Primeira leitura
Leitura
Leitura
E mais..., p. 38
Leitura
Paráfrases, p. 40
Leitura
Leitura
Atividades, p. 46
Primeira leitura
O Quinhentismo, p. 53
Leitura
O Barroco, p. 55
Leitura
Leitura
O Neoclassicismo, p. 60
Leitura
E mais..., p. 62
Leitura
Atividades, p. 66
Primeira leitura
E mais..., p. 74
O Romantismo, p. 74
Leitura
Leitura
Leitura
Leitura
E mais..., p. 81
Leitura
Atividades, p. 85
Primeira leitura
A prosa romântica, p. 93
Leitura
E mais..., p. 97
Leitura
E mais..., p. 100
Resumindo o que você estudou, p. 100
Atividades, p. 100
Primeira leitura
Leitura
E mais..., p. 110
Leitura
Leitura
Leitura
Leitura
Leitura
E mais..., p. 123
Leitura
Leitura
Leitura de imagem
E mais..., p. 132
Atividades, p. 133
Primeira leitura
Leitura
Leitura
Quincas Borba (fragmento), de Machado de Assis, p. 145
E mais..., p. 147
E mais..., p. 149
Atividades, p. 150
Gramática
Introdução, p. 155
Pronome, p. 155
Atividades, p. 165
Atividades, p. 178
Da teoria à prática, p. 180
E mais..., p. 183
Introdução, p. 186
Verbo, p. 187
Conceito, p. 187
Atividades, p. 199
Atividades, p. 212
E mais..., p. 216
Capítulo 3 - Palavras invariáveis, p. 217
Introdução, p. 218
Advérbio, p. 218
Atividades, p. 223
Preposição, p. 225
Conjunção, p. 227
Interjeição, p. 229
Atividades, p. 230
Introdução, p. 237
Atividades, p. 250
E mais..., p. 255
Introdução, p. 257
Atividades, p. 261
Atividades, p. 265
Atividades, p. 271
Introdução, p. 277
Predicativo, p. 279
Atividades, p. 282
Aposto, p. 286
Vocativo, p. 287
Atividades, p. 288
Primeira leitura
A noiva cadáver, resenha de H. P. A., aluno do Ensino Médio, p. 295
Releitura, p. 296
E mais..., p. 297
Leitura
Leitura
Atividade, p. 301
Primeira leitura
Releitura, p. 303
Atividade, p. 304
Atividade, p. 305
E mais..., p. 306
Primeira leitura
Leitura
Relatório sobre estudo do meio na cidade litorânea de Iguape, T., L., R., alunos
do Ensino Médio, p. 314
E mais..., p. 315
Releitura, p. 322
E mais..., p. 323
Primeira leitura
Enredo, p. 332
Leitura
Atividades, p. 334
E mais..., p. 338
Critérios de avaliação e reelaboração, p. 338
Primeira leitura
Releitura, p. 342
O conto, p. 343
Atividades, p. 343
Atividades, p. 344
Atividades, p. 344
E mais..., p. 347
9
LITERATURA
10
Livros
Sites
· DOMÍNIO PÚBLICO. Disponível em: http://tub.im/8m4sua. Acesso em: 27 abr.
2016.
11
PRIMEIRA LEITURA
Mãos dadas
a vida presente.
Em tom de conversa
Exponha para os colegas suas impressões sobre o poema e discuta com eles
as seguintes questões:
E MAIS...
Pesquisa e apresentação
Procedimentos
http://tub.im/yvh7us
http://tub.im/vj577n
12
Comentário
De algum modo, esse é o projeto de todo autor: falar sobre sua época -
exprimir o seu tempo. Até mesmo a obra evasiva, que foge para um passado
remoto, exprime, pela negação ou pela recusa, uma atitude em relação ao
mundo contemporâneo do autor. Os autores românticos do século XIX, por
exemplo, frequentemente situavam seus personagens na época medieval,
misteriosa e distante, repleta de aventuras. Pode-se interpretar essa tendência
de fuga como uma recusa dos valores excessivamente pragmáticos da era
burguesa, como expressão da nostalgia de valores morais abandonados pela
sociedade moderna. Do mesmo modo, uma obra cuja ação é ambientada no
futuro pode ser expressão da esperança ou, contrariamente, dos temores em
relação aos desdobramentos e às consequências do tempo presente.
A HISTÓRIA DA LITERATURA
Como todas as outras artes, a literatura reflete as relações do ser humano com
o mundo e com seus semelhantes. À medida que essas relações se
transformam historicamente, a literatura também se transforma. Ela é o registro
mais sensível das peculiaridades de cada época: dos modos de encarar a vida,
de problematizar a existência, de questionar a realidade, de exprimir os
sentimentos coletivos...
13
Leitura de imagem
PINTURA 1
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
14
PINTURA 2
CRÉDITO: Pietro Perugino. Pietà. 1494-95. Óleo sobre painel, 168 × 176 cm.
Galleria degli Uffizi, Florença
Características clássicas
15
PINTURA 3
LEGENDA: Em Deposição da cruz (1602-1604), de Caravaggio, a solenidade
é quebrada pela expressão da dor, que explode nos gestos dramáticos e
incontidos dos personagens.
CRÉDITO: Caravaggio. 1602-1604. Óleo sobre tela, 300 × 203 cm. Museu do
Vaticano, Cidade do Vaticano
Características barrocas
· Desequilíbrio: assimetria.
16
Observe agora esta pintura modernista, do século XX. Ela representa a mesma
cena ou motivo tradicional da deposição de Cristo, ou seja, da retirada do corpo
de Cristo da cruz em que foi martirizado.
PINTURA 4
Características modernistas
CRÉDITO: ARQUIVO/ESTADÃO
Em tom de conversa
17
· Era Colonial;
· Era Nacional.
Era Medieval
[...]
[...]
MENDINHO. In: MONGELLI, Lênia Márcia (Org.). Fremosos cantares:
antologia da lírica medieval galego-portuguesa. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2009. p. 134.
18
LEITURA
Em tom de conversa
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Porto: Porto Editora, 1978. p. 224.
19
(Acolhe-se Satanás)
LEITURA
MATOS, Gregório de. Obra poética. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1992. v. 1.
p. 78.
Em tom de conversa
Exponha sua opinião sobre a seguinte questão e discuta-a com seus colegas:
Qual é o tema tipicamente barroco dessa estrofe de Gregório de Matos?
20
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: SILVA, Domingos Carvalho et
al. Grandes poetas românticos do Brasil. 5ª ed. São Paulo: Discubra, 1978.
t. I. p. 252.
21
LEITURA
João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro
que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos
refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara
nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em
pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro,
como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.
Em tom de conversa
22
O capoeira
- O quê?
- Qué apanhá?
A literatura contemporânea
23
Atividades
Escreva no caderno
b) ilustrarem aquele que foi o primeiro dos estilos arquitetônicos que marcaram
a arte medieval, baseado na ideia da verticalidade e da grandiosidade divina.
Resposta: Alternativa e.
24
Esparsa
D'esperança em esperança
grand'engano ou confiança,
Bernardim Ribeiro
Vocabulário:
leixar: deixar;
Fim do vocabulário.
ABABCDCD
Caso esses versos fossem escritos nessa nova ordem, a leitura também seria
atraente e melodiosa? Por quê?
Resposta pessoal. Professor(a), peça aos alunos que façam a leitura oral das
duas estruturas comparando as mudanças sonoras de cada uma.
Resposta: Alternativa a.
25
PINTURA 1
CRÉDITO: Andrea del Sarto. 1520-1525. Afresco, 871 × 525 cm. Convento San
Salvi, Florença
PINTURA 2
26
PINTURA 3
CRÉDITO: Tintoretto, 1594. Óleo sobre tela. 3,65 × 5,68 m. San Giorgio
Maggiore, Veneza
27
Resposta: Pinturas 1, 2 e 4.
Resposta: Pintura 3.
c) Deformação da perspectiva.
Resposta: Pintura 3.
Resposta: Pinturas 1, 2 e 4.
Resposta: Pintura 3.
Resposta: Pinturas 1 e 2.
Resposta: Pintura 4.
Resposta: Pintura 4.
b) pintura medieval.
Resposta: Pintura 3.
Resposta: Pinturas 1 e 2.
Fim do vocabulário.
28
Resposta: "Esta chama que alenta e consome," e "Que é a vida - e que a vida
destrói -".
10. O sujeito lírico evoca o tempo em que o amor era apenas um sonho. Os
olhos de uma mulher despertaram-no, tornando o sonho realidade.
11. (Enem/MEC)
Soneto
Resposta: Alternativa b.
12. (UFRJ)
HAPPY END
O meu amor e eu
Cacaso
29
O texto "Happy end" - cujo título ("final feliz") faz uso de um lugar-comum dos
filmes de amorconstrói-se na relação entre desejo e realidade, e pode ser
considerado uma paródia de certo imaginário romântico.
Bucólica
Detém a charrua
E pensa em colheitas
Resposta: Alternativa d.
14. (Mack-SP)
e) Denuncia, com a metáfora "fere o sol" (verso 4), a atitude agressiva e hostil
das mulheres que frequentam academias.
Resposta: Alternativa a.
15. (PUC-RS)
a) sentimental.
b) racional.
c) emotiva.
d) sensorial.
e) onírica.
Resposta: Alternativa d.
16. (PUC-RS)
a) disponibilidade.
b) carência.
c) descontinuidade.
d) indagação.
e) dissolução.
Resposta: Alternativa c.
30
Livros
· CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Porto Alegre: L&PM, 2008. Edição
comentada.
Vídeos
Sites
PRIMEIRA LEITURA
TEXTO 1
Soneto
é um contentamento descontente,
CAMÕES, Luís de. Rimas. Texto estabelecido, revisto e prefaciado por Álvaro
J. da Costa Pimpão. Coimbra: Atlântida, 1973. p. 110.
TEXTO 2
Soneto
FIQUE SABENDO
Versos 10 e 11: jogo sobre a palavra hora que, no verso 10, significa unidade
de tempo e, no verso 11, oportunidade favorável. (Nota de Maria de Lurdes
Saraiva, op. cit. p. 40.)
Vocabulário:
soneto: composição poética de quatorze versos, distribuídos em quatro
estrofes - dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (três
versos). Esse modelo foi fixado pelo poeta humanista italiano Francesco
Petrarca.
Fim do vocabulário.
Em tom de conversa
32
Respostas pessoais.
Respostas pessoais.
5. Tente traduzir em uma frase a ideia mais geral sobre o amor desenvolvida
no soneto. Ouça as frases de seus colegas e discuta com eles para que,
juntos, escolham a que consideram a melhor. Um bom ponto de partida:
[...] o poeta atenua os impulsos do seu "eu", quer dizer, de sua vida subjetiva
particular, em favor de uma visão impessoal ou objetiva e universal, que
pressupõe absolutos de beleza, de bem e de verdade. Por isso, interessa-lhe
mais a Mulher que a mulher (ou esta como reflexo daquela), mais o Amor que o
amor (ou este como reflexo daquele) e assim por diante.
Releitura
Escreva no caderno
a) Explique por que "um fogo que arde sem se ver" é um oximoro.
Resposta pessoal.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
33
Comentário
A leitura dos dois sonetos nos dá uma pequena amostra da maestria de
Camões. Ideias aparentemente banais, como as contradições do amor e a
confusão dos sentimentos de quem ama, são expostas numa impressionante
torrente de imagens - metáforas, antíteses, oximoros. Embora algumas já
fossem lugares-comuns em sua época (como a metáfora do fogo ou o
hiperbólico rio de lágrimas), elas ganham vida na perfeita construtura do texto:
as imagens se sucedem e se acumulam até o final da terceira estrofe, para, na
quarta, ponto culminante, fechar-se o poema com o maior e mais categórico
dos paradoxos (primeiro soneto) ou com a causa do grande desconcerto
confessado pelo eu lírico (segundo soneto).
O RENASCIMENTO
Características do Classicismo
· impessoalidade;
· identificação com os valores ideais do Bem e da Verdade e o ideal da Beleza.
FIQUE SABENDO
34
SOUSA, Francisco de. In: SPlNA, Segismundo. Era Medieval. São Paulo:
Difel, 1966. p. 137. (Presença da Literatura Portuguesa, v. 1).
LEITURA
TEXTO 1
Comigo me desavim,
agora já fugiria
Sá de Miranda já era poeta quando fez uma longa viagem pela Itália, berço do
Renascimento. Depois de seu retorno, em 1527, além de divulgar os novos
ideais estéticos, foi um dos primeiros a utilizar as formas poéticas clássicas. A
constante busca da perfeição torna sua poesia muito elíptica e bastante difícil.
Além da produção poética, escreveu duas peças de teatro.
35
TEXTO 2
Dispersão (fragmento)
[...]
[...]
SÁ-CARNEIRO, Mário de. In: _____. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1995. p. 61.
Releitura
Escreva no caderno
2. A maioria dos poemas líricos que estudamos até agora falam do amor. O
conflito, embora se desenvolvesse no interior do sujeito lírico, relacionava-se
sempre com o mundo exterior (isto é, com o outro, com a pessoa amada).
Resposta: Nos dois poemas, o sujeito lírico exprime um conflito interior, uma
desavença consigo mesmo. No primeiro, o sujeito está preso em si, devendo
viver consigo, sendo seu próprio inimigo; no segundo, o sujeito está perdido no
labirinto de seus sentimentos e, incapaz de encontrar-se ou de reconhecer-se,
sente saudades do que era porque temia que sua dor aumentasse.
b) O sujeito lírico do texto 1 afirma que fugia das pessoas. A solidão era capaz
de aplacar a sua dor? Por quê?
Resposta: Não. Porque a causa de sua dor estava nele mesmo, não nos
outros. Portanto, mesmo na solidão, permanecia a presença incômoda de um
outro, que era ele mesmo e do qual era impossível fugir.
Comentário
Por sua temática, porém, a trova ilustra perfeitamente o espírito da nova época.
O Antropocentrismo é a autoafirmação do ser humano em sua relação com o
mundo. Voltado para si mesmo, ele torna-se individualista e quebra a harmonia
dessa relação. Os conflitos entre o eu e o mundo são interiorizados e chegam a
tal intensidade que o indivíduo se sente, contraditoriamente, dividido: "não
posso viver comigo".
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
36
A lírica camoniana
A medida velha
A medida nova
A poesia composta na medida nova constitui o ponto mais alto não apenas da
lírica camoniana, mas de todo o Renascimento português. Camões não seguiu
apenas uma moda. A nova métrica, as formas fixas, como a do soneto, os
temas, a imitação (sobretudo de Petrarca), enfim, todos os preceitos e todos os
lugares-comuns da lírica renascentista são apenas instrumentos expressivos
de uma vivência profunda e intensa.
Sua poesia não evita as contradições da época. Pelo contrário, dá a elas uma
expressão tensa e dramática. Aos ideais buscados pelo homem renascentista
contrapõe a dura realidade humana: ao Bem, nossa fragilidade; à Beleza,
nossas imperfeições; ao Amor, nossa infelicidade; à Mulher idealizada, a
mulher real... Da contraposição tensa entre o ideal e a realidade resulta uma
visão trágica e pessimista da vida, que prenuncia o Barroco.
37
LEITURA
Soneto
CAMÕES, Luís Vaz de. Rimas. Texto estabelecido, revisto e prefaciado por
Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra: Atlântida, 1973. p. 162.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
2. Que verso da primeira estrofe resume o postulado geral feito pelo sujeito
poético?
5. Observe o esquema.
Com base nas respostas anteriores, explique por que a conjunção aditiva e que
inicia o 11º verso possui uma conotação adversativa e pode ser entendida
como um mas.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
38
Resposta: No 11º verso, o sujeito lírico afirma que, nele, o doce canto converte-
se em choro. Como o tempo cessou de mudar as coisas em seu contrário, ele
não pode mais esperar o retorno da alegria, ficando condenado ao choro
perpétuo e à infelicidade.
Comentário
E MAIS...
Leitura de poemas
· Escolham um ou dois sonetos (há uma edição digital dos sonetos disponível
no site Domínio Público: http://tub.im/4h8ad6. Acesso em: 31 mar. 2016).
Não deixa de ser irônico que a obra destinada a imortalizar os feitos do povo
português e a exaltar a maior glória da nação tenha sido publicada em 1572,
apenas oito anos antes de Portugal perder sua independência, passando ao
domínio espanhol.
Vocabulário:
Características formais
39
Características temáticas
Características estruturais
No final do Canto II, o rei de Melinde pede a Vasco da Gama que lhe conte a
História de Portugal; os Cantos III e IV são dedicados a essa narração. No
Canto V, ainda pela voz de Gama, a primeira parte da viagem é relatada.
Estrutura de Os Lusíadas
I. Introdução:
a. Proposição;
b. Invocação;
c. Dedicatória;
II . Narração;
III . Epílogo.
40
LEITURA
que tiveram;
enrouquecida,
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Ed. de Emanuel Paulo Ramos. Porto:
Porto Editora, 1978. p. 69 e 351.
Vocabulário:
Musa: nome dado às nove filhas de Zeus que habitavam o monte Hélicon e
presidiam as artes liberais. O poema refere-se a uma delas: Calíope, musa da
epopeia e da eloquência;
favor: aplauso;
acender: inflamar;
austero: sombrio.
Fim do vocabulário.
Paráfrases
Não posso cantar mais, Musa, não posso, porque tenho a lira desafinada e a
voz enrouquecida, e não por causa do longo canto, mas por perceber que
estou cantando a uma gente surda e indiferente. A pátria não me dá o aplauso,
com que mais se inflama a inspiração, porque ela está mergulhada no gosto da
cobiça e no mau humor de uma tristeza austera, desanimada e vil.
41
Releitura
Escreva no caderno
Principais episódios
· "Inês de Castro" (no Canto III): conta a história da amante de D. Pedro I (rei
português dos meados do século XIV), assassinada em 1355. A história dos
amores de Pedro e Inês tornou-se tema recorrente na literatura portuguesa (foi
tratado por Fernão Lopes, Garcia de Resende, Antônio Ferreira, Camões, entre
outros).
· "O Velho do Restelo" (no Canto IV): quando as naus vão zarpar, um velho
maltrapilho, de aspecto impressionante, faz um discurso contra a aventura
marítima, predizendo futuros resultados desastrosos e a decadência da pátria.
· "A Ilha dos Amores" (nos Cantos IX e X): no final da viagem, os navegantes
são recebidos por Tétis na Ilha dos Amores.
Os Lusíadas
I. Introdução (estrofes 1 a 18)
· Chegada a Mombaça
Canto II
· Intervenção de Vênus
· Profecia de Júpiter
Em Melinde:
· O rei de Melinde pede a Vasco da Gama que lhe conte a História de Portugal
Canto III
Canto IV
· Conquista de Ceuta
42
CRÉDITO: Allmaps
Canto V
· Partida de Lisboa
· Em Melinde
Canto VI
· Partida de Melinde
· Histórias a bordo:
· Tempestade marítima
Canto VII
· Chegada a Calicute
· Descrição da Índia
· Visita do Catual
Canto VIII
· Resgate
Canto IX
· Viagem de regresso:
Canto X
· Regresso a Portugal
LEITURA
43
(Estrofes 89 e 90)
Ordem direta é a ordem mais usual dos termos nas orações ou das orações
nos períodos. Na língua portuguesa, a ordem direta é esta: sujeito - verbo -
complemento(s). Se essa ordem for alterada, a oração estará na ordem
indireta.
FIQUE SABENDO
O Velho do Restelo
94
Mas um velho despeito [de aspecto] venerando, que ficava entre a gente nas
praias, os olhos postos em nós, meneando, descontente, três vezes a cabeça,
alevantando um pouco a voz pesada, que nós ouvimos claramente no mar,
com um saber feito só de experiências, tirou tais palavras do peito experto
[experiente]:
95
44
96
97
102
- Oh! Maldito [seja] o primeiro que no mundo pôs nas ondas velas em lenho
seco [i. e., fez o primeiro barco a vela], [seja] dino [digno] da pena eterna do
[inferno] profundo, se a lei justa que sigo e tenho é [realmente] justa! [Que]
nunca algum juízo [opinião] alto e profundo, nem cítara sonora, ou engenho
[talento] vivo, te dê fama nem memória por isso [pela invenção do barco a
vela], mas [que] o nome e glória se acabe contigo [i. e.; sejas esquecido].
Releitura
Escreva no caderno
Resposta: O velho dirige-se a uma ideia abstrata, que ele nomeia como glória
de mandar, vã cobiça, vaidade ou Fama.
b) A quem pertence o peito vão (coração vaidoso) que muito te ama, ou seja,
que ama o interlocutor abstrato do Velho do Restelo? Explique.
Fim do vocabulário.
45
Em tom de conversa
LEITURA
CRÉDITO: Auad/Alamy/Latinstock
Suas obras são publicadas também no Brasil, onde é muito lido. Livros mais
conhecidos: Levantado do chão, Memorial do convento, O ano da morte de
Ricardo Reis, A jangada de pedra. Ensaio sobre a cegueira foi filmado em
2008 (produção do Brasil, Japão e Canadá; direção de Fernando Meirelles).
Releitura
Escreva no caderno
a) a métrica.
b) a estrofação.
c) a rima.
46
Comentário
Atividades
Escreva no caderno
47
b) "... a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão."
c) "Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De
que sequer suspeitava."
MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras,
1992.
Resposta: Alternativa b.
Cantiga
Voltas
Eles verdes são,
na cor, esperança
Vossa condição
[...]
Haviam de ser,
Se na condição
CAMÕES, Luís Vaz de. Rimas. Texto estabelecido, revisto e prefaciado por
Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra: Atlântida, 1973. p. 17-18.
2. Faça a escansão dos versos do mote e dos dois primeiros das voltas.
Classifique-os quanto à métrica.
Resposta: Mote: Me / ni / na / dos / o / lhos / ver / des, - redondilha maior
(heptassílabo); por / que / me / não / ve / des? - redondilha menor
(pentassílabo); E / les / ver / des / são, / e / têm / por / u / san / ça, -
redondilhas menores (pentassílabos).
Resposta: "na cor, esperança"; "verdes são aqueles / que esperança dão."
Olhos verdes
na cor, esperança
Camões, Rimas.
Que ai de mi!
Mas ai de mi!
[...]
Que ai de mi!
Que ai de mi!
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
48
Soneto
CAMÕES, Luís Vaz de. Rimas. Texto estabelecido, revisto e prefaciado por
Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra: Atlântida, 1973. p. 119.
8. Para Platão, o ser humano é um ser decaído, mas que anseia por retornar
ao mundo ideal e perfeito que ele um dia conheceu. Os neoplatônicos
identificam esse mundo ideal ao Céu cristão. Releia as duas últimas estrofes
do soneto e explique como o sujeito lírico exprime esse anseio por atingir a
plena realização da felicidade e do amor.
Resposta: Ele pede à amada que interceda diante de Deus para que também
morra e suas almas possam realizar, no Céu, o amor que foi impossível na
Terra.
9. (Fuvest-SP)
Resposta: Alternativa d.
49
Livros
· CAMINHA, Pero Vaz de. Carta ao Rei D. Manuel: versão moderna de Rubem
Braga. Rio de Janeiro: BestBolso, 2015.
50
PRIMEIRA LEITURA
[...]
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a
quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida,
porque a mesma miséria ou escusa ou alivia o seu pecado, como diz Salomão:
Non grandis est culpa, cum quis juratus juerit: juratur enim ut esurientem
impleat animam*. (Prov., VI, 30.) O ladrão que furta para comer, não vai nem
leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões
de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do
mesmo predicamento distingue muito bem S. Basílio Magno: Non est
intelligendum jures esse solum bursarum incisores, vellatrocinantes in balneis,
sed et qui duces legionum statuti, vel qui commisso sibi regimine civitatum, aut
gentium, hoc quidem jurtim tollunt, hoc vera vi, et publice exigunt. Não são só
ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar,
para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem
este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou
o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com
manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam
um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu
risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados, estes
furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros
homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a
enforcar uns ladrões, e começou a bradar: "Lá vão os ladrões grandes enforcar
os pequenos". Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras
nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes
se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no
mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador por ter roubado uma
província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões
triunfantes? De um chamado Seronato disse com discreta contraposição
Sidônio Apolinar: Non cessat simul furta, vel punire, vel facere. Seronato está
sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isto não
era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar
ele só.
VIEIRA, Antônio. Sermão do bom ladrão. São Paulo: Princípio, 1993. p. 21-
22.
Vocabulário:
vara: antiga insígnia representando o poder dos juízes e vereadores; aqui, por
extensão, os próprios juízes;
Fim do vocabulário.
51
CRÉDITO: Antonio Jose Nunes Junio. 1868. Óleo sobre tela, 146 × 118 cm.
Coleção Biblioteca Nacional de Portugal
Em tom de conversa
Resposta: "O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com
pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres."
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
a) vileza.
b) fortuna.
c) escusar.
d) predicamento.
e) manha.
Resposta: Não são ladrões, diz o Santo, só os que cortam bolsas [...].
3. Para Vieira, a culpa pelo crime de roubo deve ser considerada de modo
absoluto ou deve ser relativizada? Explique.
52
Comentário
E MAIS...
Debate
· Atualidade do texto.
· A argumentação do autor seria válida para o Brasil do século XXI? Que fatos
noticiados ultimamente pela imprensa podem justificar a opinião do grupo?
Preparação
53
A terra, conhecida por ilhas culturais (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, São
Paulo), é inicialmente apenas objeto de literatura: vista de fora, com os olhos
dos viajantes que dela descrevem as grandezas e diversidades. Depois, pouco
a pouco, ocorre o processo de enraizamento. À descrição diarista do
estrangeiro sucede a tentativa poética do colono, o qual, ao mesmo tempo em
que ainda toma do país de origem as estruturas literárias, emprega a matéria
local, temática e lexical, como pincelada exótica ou substitui a exaltação épica
da pátria europeia pela prosopopeia do novo continente.
Vocabulário:
prosopopeia: personificação;
Fim do vocabulário.
O Quinhentismo
Literatura informativa
54
LE ITURA
Muitos autores dos séculos XIX e XX buscaram sugestões para suas obras nos
cronistas do século XVI. Os autores modernistas, sobretudo, fizeram uma
releitura das obras dos viajantes, frequentemente com intenções satíricas.
Murilo Mendes, em sua obra História do Brasil (1932), foi um deles.
TEXTO 1
Carta (fragmento)
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até
outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista,
será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa.
[...]
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa
alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons
ares, assim frios e temperados como os de Entre-Doiro e Minho, porque neste
tempo de agora os achávamos como os de lá.
Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve
lançar.
CAMINHA, Pero Vaz de. A Carta. In: RONCARI, Luiz. Literatura brasileira:
dos primeiros cronistas aos últimos românticos. São Paulo: Edusp, 2002. p. 40.
TEXTO 2
Vocabulário:
vossa perna encanareis: engordareis. O rei "estava mal das pernas", isto é,
sem dinheiro, "quebrado". As riquezas do Brasil poderiam tirá-Io dessa
situação.
Fim do vocabulário.
55
Releitura
Escreva no caderno
1. O adjetivo graciosa possui vários sentidos: bonita, jovial; que tem graça,
encanto, delicadeza; engraçada, divertida; que tem generosidade, liberalidade;
que concede graças, favores. Com que sentido esse adjetivo é empregado por
Pero Vaz de Caminha?
Resposta: Ele a traduz satiricamente, por meio do exagero, dizendo que a terra
é tão fértil que de um caniço espetado no chão nasce uma bengala com castão
de ouro.
NAVEGAR É PRECISO
· A música "A Carta de Pero Vaz de Caminha", de Arnaud Rodrigues, gravada
em 1978 (disco Redescobrimento), é considerada o primeiro reggae
brasileiro. Você pode encontrá-la na internet e ouvir.
O Barroco
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Características do Barroco
A irregularidade, em contraposição à simetria e à regularidade do Classicismo,
é a marca do novo estilo, que expressa o pessimismo, o conflito, o
desequilíbrio entre a razão e a emoção.
56
O Barroco brasileiro
57
Gregório de Matos
· poesia lírico-amorosa;
· poesia satírica;
· poesia burlesca, cujo tom brincalhão frequentemente se torna obsceno.
LEITURA
À cidade da Bahia
Soneto
MATOS, Gregório de. Obra poética. Edição James Amado. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Record, 1992. v. 1. p. 333.
Vocabulário:
empenhado: endividado;
sisuda: ajuizada;
Fim do vocabulário.
58
Em tom de conversa
Procedimentos
Releitura
Escreva no caderno
1. Nas duas primeiras estrofes, ele faz um paralelo entre a sua vida e a da
cidade, descrevendo as transformações que ambas sofreram.
b) E a situação atual?
3. A vida do poeta foi mudada pelos maus negócios e por negociantes mais
espertos que ele. A que ele atribui as mudanças de condições da cidade?
Resposta: Segundo ele, a Bahia trocava o excelente açúcar que produzia por
"drogas" inúteis. Em outras palavras, o capital estrangeiro que recebia pela
exportação do açúcar era utilizado na importação de futilidades e artigos de
luxo.
Resposta: O poeta deseja que a Bahia seja "sisuda", isto é, que ela tenha siso,
juízo, e abandone o estilo de vida luxuoso e de gastos inúteis que vinha
levando. O "capote de algodão" representa a roupa do povo, barata (de
algodão) e despretensiosa, e simboliza a vida simples.
59
Comentário
LEITURA
Em 1989, a escritora Ana Miranda lançou o romance Boca do inferno, que fez
grande sucesso. A obra reconstitui ficcionalmente a Bahia do século XVII e as
desavenças políticas entre o governador-geral, Antônio de Sousa Meneses, e a
família do padre Antônio Vieira. O poeta Gregório de Matos, personagem do
romance, toma partido contra o tirânico governador, satirizando-o em vários
poemas. No trecho a seguir, ele observa o burburinho da cidade.
[...]
MIRANDA, Ana. Boca do inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p.
14.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
60
MATOS, Gregório de. Obra poética. Edição James Amado. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Record, 1992. v. 1. p. 52.
Releitura
Escreva no caderno
2. Encontre no texto de Ana Miranda uma passagem que possa ilustrar a vida
de luxo e desperdício dos habitantes de Salvador, também descrita por
Gregório em seu soneto.
Resposta: "Mesmo os que não tinham eira nem beira, nem engenho, nem
amiga, vestiam seda, punham polvilhos."
O Neoclassicismo
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
61
O Neoclassicismo brasileiro
· Cláudio Manuel da Costa - Obras poéticas (poesia lírica, 1768) e Vila Rica
(poema épico, 1773).
O Barroco mineiro
Você já deve ter ouvido muitas vezes a expressão "Barroco mineiro". E se você
sabe que esse barroco está ligado ao ciclo do ouro, do século XVIII, pode estar
um pouco confuso: afinal, esse período é barroco ou neoclássico? A resposta a
essa pergunta exemplifica muito bem a observação de que, quando estudamos
História da Arte, não podemos confiar ingenuamente nas periodizações e
classificações. Elas são muito úteis, mas construídas apenas com finalidades
didáticas, para dar uma organização racional e compreensível ao conjunto das
produções artísticas. Com essa finalidade, exigem grandes abstrações,
generalizações e simplificações.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
62
LEITURA
Aleijadinho
pisam
respira
o tempo fixado.
E MAIS...
O poema de Fernando Paixão, que você acaba de ler, foi publicado no final do
século XX.
Reúna-se com seu grupo para realizar esta atividade, de acordo com o roteiro
a seguir:
1. Pesquisa
2. Comentário
3. Apresentação
4. Painel
63
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Marília de Dirceu
O sujeito lírico é o pastor Dirceu, que confessa seu amor pela pastora Marília.
Contudo, é evidente que no casal de pastores se projeta o drama amoroso
vivido por Gonzaga e Maria Doroteia. A todo momento a emoção rompe o véu
da estilização arcádica, brotando, dessa tensão, uma poesia de alta qualidade:
um coração, e basta,
onde tu mesma cabes.
Vocabulário:
ode anacreôntica: pequeno poema lírico que imita os temas e o tom das
composições do poeta grego Anacreonte (segunda metade do século VI a.C.).
Caracteriza-se pela singeleza e naturalidade afetada, pela graça e pela
ingenuidade engenhosa, disfarçando elegantemente temas sensuais.
Fim do vocabulário.
64
LEITURA
[...]
A mesma formosura
e ao semblante a graça.
Lira LXXXI
a tua formosura.
Amor na minha ideia te retrata;
Vocabulário:
Apolo: deus do Sol (na mitologia, Apolo, por ter conspirado contra Zeus, foi
exilado nas encostas do monte Ida, onde apascentou, durante um ano, o gado
do rei Laomedonte; num outro episódio, Zeus condenou-o a ser pastor das
ovelhas do rei Admeto);
estrela: destino;
ponderar: refletir;
tíbio: fraco;
Fim do vocabulário.
65
Releitura
Escreva no caderno
5. Com que artifício o Amor procura dar forças a Dirceu, para que resista à dor
da ausência de Marília?
Resposta: O Amor faz Dirceu ter uma alucinação e ver a imagem de Marília.
7. O que Dirceu pede ao Amor, como único meio de aliviar seu sofrimento?
Resposta: Dirceu pede ao Amor uma lágrima de Marília, como prova de que ela
o ama e sofre por ele.
Comentário
66
Principais autores:
Atividades
Escreva no caderno
Resposta: Alternativa a.
2. (Enem/MEC)
67
Resposta: Alternativa c.
CRÉDITO: Albert Eckhout. 1641. Óleo sobre tela, 272 × 161 cm. Museu
Nacional da Dinamarca, Copenhague
A morte
[...]
68
CRÉDITO: Juan de Valdés Leal. 1672. Óleo sobre tela, 220 × 216 cm. Hospital
de la Santa Caridad, Sevilha
69
Resposta pessoal.
O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.
Ordenado, mas como as estrelas: Stellae manentes in ordine suo. Todas as
estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem
que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores
fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, da outra
há de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há de estar noite; se de
uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem
desceu, da outra hão de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num
sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o
seu contrário?
Mas fosse! Este desventurado estilo que hoje se usa, os que o querem honrar,
chamam-lhe culto; os que o condenam, chamam-lhe escuro, mas ainda lhe
fazem muita honra. O estilo culto não é escuro; é negro, e negro boçal, e muito
cerrado. É possível que somos portugueses, e havemos de ouvir um pregador
em português, e não havemos de entender o que diz?
Resposta: Ele condena o abuso das antíteses nos sermões. Exemplos: branco
e negro, dia e noite, luz e sombra, descer e subir.
Resposta: É o cultismo.
MATOS, Gregório de. Obra poética 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1992, p. 69.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
70
Resposta: O pecador diz que não desiste da clemência divina porque quanto
mais ele peca mais Deus fica obrigado a perdoá-lo.
Resposta: Deus deve perdoá-lo, se não quiser ter prejuízo em sua glória.
Soneto
Resposta: Não. Porque o Amor se torna mais forte em quem mais resiste a ele.
TEXTO 1
E decidir os pleitos.
TEXTO 2
Responda.
b) Explique.
Vocabulário:
penha: rocha;
Fim do vocabulário.
71
Livros
Vídeos
· CASTRO Alves: retrato falado do poeta. Direção: Silvio Tendler. Brasil, 1999.
Site
72
PRIMEIRA LEITURA
Canção do exílio
Kennst du es wohl?
- Dahin, dahin!
(Goethe)
73
Em tom de conversa
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Símbolos nacionais
· Bandeira Nacional
· Hino Nacional
· Armas Nacionais
· Selo Nacional
Releitura
Escreva no caderno
a) A oposição e a distância são marcadas por dois advérbios. Quais são eles?
A que lugar cada um se refere?
Resposta: Os advérbios são cá (no 3º verso, aqui) e lá. O primeiro refere-se à
terra do exílio; o segundo, à terra natal.
Resposta: A repetição (lá: quatro vezes; cá: duas vezes, além do sinônimo
aqui, do 3º verso) e o posicionamento em final de verso, rimando entre si e
com o substantivo Sabiá.
a) Métrica.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
74
Comentário
Criar uma expressão poética nacional era uma das maiores preocupações dos
primeiros autores românticos brasileiros. Como veremos neste capítulo, essa
preocupação ganhariaforma sobretudo no indianismo e na utilização da "cor
local", isto é, da caracterização de um ambiente tipicamente brasileiro por meio
da descrição da natureza.
E MAIS...
Pesquisa
NAVEGAR É PRECISO
O ROMANTISMO
Acontecimentos marcantes
· Revolução Gloriosa (Inglaterra, 1688-1689) e instituição da Declaração de
Direitos (Bill of Rights, 1689), que limitava os poderes do rei, submetendo-os
ao Parlamento.
75
LEITURA
Releitura
Escreva no caderno
3. Mesmo assim, Victor Hugo reconhece dois tipos de leis que devem presidir a
criação artística.
76
Características do Romantismo
As gerações românticas
Primeira geração
Fim do vocabulário.
77
LEITURA
CRÉDITO: Ferdinand Krumholz. 1848. Óleo sobre tela, 128,5 × 98 cm. Museu
Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
CRÉDITO: Félix Taunay. 1843. Óleo sobre tela, 134 × 195 cm. Museu Nacional
de Belas Artes, Rio de Janeiro
CRÉDITO: Nicolas-Antoine Taunay. 1811. Óleo sobre tela, 44,5 × 36,5 cm.
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Félix-Émile Taunay (1795-1881)
Pintor e poeta francês, veio para o Brasil com seu pai, membro da Missão
Artística Francesa. Foi professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes.
Era pai do escritor Alfredo d'Escragnolle Taunay, autor do romance Inocência.
78
Em tom de conversa
Pode-se até mesmo dizer que a mensagem dada pela tela [Mata reduzida a
carvão, de Félix-Émile Taunay,] adquire, de certa maneira, tons "ecológicos".
O Catálogo da Exposição de 1843, em que ela aparece pela primeira vez,
alerta sobre os perigos dessa técnica na natureza: "A desaparição dos mais
belos exemplares do reino vegetal nos arredores da cidade ameaça a esta,
segundo cálculos irrefragáveis, com diminuição das águas-vivas e elevação do
grau médio de calor, dois males reciprocamente ativos".
DIAS, Elaine. Arte e academia entre política e natureza (1816 a 1857). In:
BARCINSKI, Fabiana Werneck (Org.). Sobre a arte brasileira: da Pré-história
aos anos 1960. São Paulo: WMF Martins Fontes: Sesc-SP, 2014. p. 170.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Gonçalves Dias
O maranhense Antônio Gonçalves Dias não foi superado pelos poetas das
gerações seguintes e, ainda hoje, é considerado um dos maiores poetas de
nossa literatura. Seu primeiro livro (Primeiros cantos, 1846) realiza, em nível
superior, as propostas temáticas da primeira geração: o nacionalismo, o
indianismo, a cor local.
· Poema épico: "Os timbiras", sua obra mais ambiciosa, permaneceu inacabada
(o autor publicou apenas os quatro primeiros cantos; os outros, se foram
escritos, perderam-se).
· Poesia lírica: "Seus olhos", "Olhos verdes", "Ainda uma vez, Adeus!", "Como!
és tu?" e "Se se morre de amor" contam-se entre as mais belas realizações do
Romantismo em língua portuguesa.
NAVEGAR É PRECISO
LEITURA
79
viração: vento brando e fresco que, à tarde, sopra do mar para a terra;
tapiz: tapete;
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
Resposta: A viração, o luar, as folhas verdes com que se fez o leito do amor e,
sobretudo, as flores, que exalam o aroma como prece de amor.
80
Segunda geração
No Brasil, os principais autores foram três jovens poetas que morreram muito
prematuramente: Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo.
Álvares de Azevedo
Toda a sua obra, escrita entre 1848 e 1852, foi publicada postumamente.
· Poesia: Lira dos vinte anos, Poema do frade, Conde Lopo, Livro de Fra
Gonticário.
· Teatro: Macário.
Poeta paulistano, passou a infância no Rio de Janeiro, mas retornou para São
Paulo para fazer o curso de Direito. Vitimado pela tuberculose e por um tumor
na fossa ilíaca, causado por uma queda de cavalo, faleceu aos 21 anos de
idade.
81
LEITURA
Meu sonho
Eu
O fantasma
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Garnier, 1994. p.
153.
Releitura
Escreva no caderno
4. Como você estudou, o livro Lira dos vinte anos divide-se em três partes.
Identifique, por hipótese, a parte do livro a que o poema deve pertencer.
Fundamente sua hipótese.
E MAIS...
Leitura
82
Terceira geração
No Brasil, os poetas das décadas de 1860 e 1870 engajam sua poesia nas
polêmicas campanhas da época: a campanha republicana e, sobretudo, a
campanha abolicionista. O grande tema dessa geração é a liberdade. A águia e
o condor são os símbolos de seus ideais - o alto voo da imaginação a serviço
da liberdade. Por isso ela é chamada "condoreirismo". O tom exaltado e
retórico de sua poesia é próprio para a leitura em público, para emocionar e
convencer.
Castro Alves
Teve vida tão efêmera quanto intensa e brilhante. Nasceu na Bahia e estudou
Direito em Recife e São Paulo. Já era famoso quando, aos 22 anos (1869),
precisou amputar um pé, em consequência de um acidente de caça. Em 1871
voltou à Bahia, onde morreu, vitimado pela tuberculose.
LEITURA
Se é loucura... se é verdade
Combatem na solidão.
83
Se eu deliro... ou se é verdade
[...]
CRÉDITO: Album/Latinstock
84
Releitura
Escreva no caderno
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
Resposta: Alternativa e.
Resposta: Alternativa b.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Caetano Veloso (1942-), em seu álbum Livro (Universal, 1997, faixa 9),
musicou um trecho do poema, com participação de Maria Bethânia (1946-), e
Carlinhos Brown (1962-). Você também poderá encontrá-lo na internet.
85
A poesia romântica
Atividades
Escreva no caderno
FONTE: Caspar David Friedrich. 1822. Óleo sobre tela. Galeria Nacional,
Berlim
a) Qual das três gerações românticas poderia ter sua descrição ilustrada por
essa pintura?
b) "O pintor não deve pintar apenas o que vê diante de si, mas também o que
vê dentro de si." (Caspar David Friedrich). Comente a pintura com base nessa
frase do pintor.
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a
mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não
digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo,
porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os
olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto
nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da
natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro
indivíduo, para os fins secretos da criação.
86
c) "Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, [...]"
Resposta: Alternativa a.
TEXTO 1
O canto do piaga
[...]
Pelas ondas do mar sem limites
Vocabulário:
maça: clava; pau pesado e mais grosso em uma das extremidades, que se
usava como arma;
ínvio: intransitável.
Fim do vocabulário.
TEXTO 2
O deslocamento da população
[...]
87
Resposta: O piaga descreve um monstro que chega pelas ondas do mar. Esse
monstro sustenta uma selva de troncos e cipós, semelhantes aos das matas,
mas tendo asas brancas, como um bando de garças, no lugar das folhas. O
monstro é a imagem do casco de um navio; os troncos representam os
mastros; os cipós, o cordame; e as asas brancas, as velas. Essas imagens
constituem uma alegoria da chegada dos navios portugueses ao Brasil.
a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.
Resposta: Alternativa e.
7. (Enem/MEC)
O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Façanhas de bravos
- Ouvi-me, Guerreiros,
88
II
Valente na guerra,
- Guerreiros, ouvi-me;
[...]
(Gonçalves Dias)
Macunaíma (Epílogo)
(Mário de Andrade)
c) as perguntas "- Quem há, como eu sou?" (1º texto) e "Quem podia saber do
Herói?" (2º texto) expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira.
Resposta: Alternativa c.
8. (Enem/MEC)
TEXTO 1
Cantar o sabiá!
Lá na quadra infantil;
Cantar o sabiá!
TEXTO 2
Resposta: Alternativa b.
89
Livros
Vídeos
Site
90
PRIMEIRA LEITURA
TEXTO 1
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu
Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas
do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé
grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com
as primeiras águas.
[...]
TEXTO 2
Senhora
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em
disponibilidade.
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a
conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande
novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a
verdade, sem os comentários malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; e tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D.
Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade.
Constava também que Aurélia tinha tutor; mas essa entidade desconhecida, a
julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua
vontade do que a velha parenta.
[...]
ALENCAR, José de. Senhora. Edição crítica de José Carlos Garbuglio. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1979. p. 5.
91
TEXTO 3
Luizinha
Em uma das últimas vezes que foram à casa de D. Maria, esta, assim que os
viu entrar, dirigiu-se ao compadre e disse-lhe muito contente:
- Ora, afinal venci a minha campanha... veio ontem para o meu poder a
menina... O tal velhaco do compadre de meu irmão não levou a sua avante.
- Muitos parabéns, muitos parabéns! respondeu o compadre. Leonardo deu
pouca atenção a isso; há muito tempo que ouvia falar da tal sobrinha; sentou-
se a um canto, e começou a bocejar como de costume.
Depois de mais algumas palavras trocadas entre os dous, D. Maria chamou por
sua sobrinha, e esta apareceu. Leonardo lançou-lhe os olhos, e a custo
conteve o riso. Era a sobrinha de D. Maria já muito desenvolvida, porém que,
tendo perdido as graças de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de
moça: era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia
as pálpebras sempre baixas, e olhava a furto; tinha os braços finos e
compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava
mal penteada e trazia a cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe caía
sobre a testa e olhos, como uma viseira. Trajava nesse dia um vestido de chita
roxa muito comprido, quase sem roda, e de cintura muito curta; tinha ao
pescoço um lenço encarnado de Alcobaça.
[...]
Vocabulário:
Iracema: *em guarani significa lábios de mel - de ira, mel e tembe - lábios.
Tembe na composição altera-se em ceme. Alencar costuma traduzir os nomes
indígenas por apostos: "Iracema, a virgem dos lábios de mel", "tabajaras,
senhores das aldeias", "potiguara, comedor de camarão", "Tu és Moacir, o
nascido de meu sofrimento";
Ipu: *certa qualidade de terra muito fértil, que forma grandes coroas ou ilhas no
meio dos tabuleiros e sertões, e é de preferência procurada para a cultura;
Alcobaça: cidade portuguesa, famosa por seu convento de estilo gótico e pelo
artesanato, principalmente pelos lenços.
Fim do vocabulário.
92
Em tom de conversa
Releitura
Escreva no caderno
Se você utilizasse esse trecho para descrever Luizinha, por quais palavras ou
expressões substituiria as que estão destacadas?
FIQUE SABENDO
93
Comentário
Os três livros foram escritos num intervalo de pouco mais de duas décadas,
durante o Segundo Reinado. Em Iracema, de 1865, temos a recorrência da
temática indianista, já estudada na poesia da primeira geração; aqui, a mulher
é idealizada como símbolo lendário de uma das origens do povo brasileiro. Em
Senhora, de 1875, a mulher, bela e fatal, é idealizada como um ser superior,
que precisa usar a arrogância para vencer o jogo de interesses e os
preconceitos característicos da alta sociedade da corte. Já em Memórias de
um sargento de milícias (entre 1852 e 1853), o autor mergulha nos costumes
das camadas populares da cidade, e nos apresenta uma menina desajeitada e
tímida, em tudo oposta à heroína do romance de Alencar.
Não se pode aplicar à prosa a mesma divisão em três gerações que se fez no
estudo da poesia romântica. Mas, pelas descrições das personagens feitas nos
fragmentos desses três livros, podemos já vislumbrar a variedade dos temas e
dos enfoques da prosa romântica brasileira.
A PROSA ROMÂNTICA
Todos esses temas são sempre, mais ou menos intensamente, envolvidos por
histórias de amor. O Romantismo criou uma galeria de casais apaixonados,
que se tornaram verdadeiros mitos literários referidos até hoje, tanto na cultura
erudita quanto na popular.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
94
Essa obra contrasta com os romances românticos por várias razões. Primeiro,
por ter como protagonista um herói malandro, ou um "anti-herói", na opinião de
alguns críticos. Suas virtudes compensam seus defeitos. Situa-se, portanto,
fora das categorias maniqueístas (o bem x o mal; heróis x vilões) com as quais
geralmente são criados os personagens do Romantismo.
LEITURA
TEXTO 1
Pedilúvio sentimental
[...]
Três pessoas havia nesse quarto: Paula, deitada e abatida sob o peso de sua
sofrível mona, era um objeto triste e talvez ridículo, se não padecesse; a
segunda era uma escrava que acabava de depor, junto do leito, a bacia em que
Paula deveria tomar o pedilúvio recomendado, objeto indiferente; a terceira era
uma menina de quinze anos, que desprezava a sala, em que borbulhava o
prazer, pelo quarto em que padecia uma pobre mulher; este objeto era nobre...
D. Carolina e a escrava tinham as costas voltadas para a porta e por isso não
viam Augusto: Paula olhava, mas não via, ou antes não sabia o que via.
[...]
- Mas nem por isso deve a senhora condenar suas lindas mãos a serem
queimadas, quando algum dos muitos escravos que a cercam poderia
encarregar-se do trabalho em que a vi tão piedosamente ocupada.
- Nenhum o fará com jeito.
- Experimente.
- Senhor!...
- Obrigada!
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
96
Neste fragmento de Memórias de um sargento de milícias, o assunto é
também um namoro.
TEXTO 2
O nascimento do herói
[...]
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa,
sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando,
não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos
empossado*, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera
com ele no mesmo navio, não sei fazer o que, uma certa Maria da hortaliça,
quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitota. O Leonardo,
fazendo-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal-apessoado, e
sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda
do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o
ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria,
como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e
deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão
esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra:
levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma
cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco
mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e
familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
[...]
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Edição
crítica de Cecília de Lara. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1973.
p. 6.
Vocabulário:
enojo: enjoo.
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
b) Uma vez que os dois livros foram escritos na mesma época, com o intervalo
de menos de dez anos, quais seriam as razões dessas diferenças?
97
Em tom de conversa
1. A Moreninha foi uma das obras mais lidas no século XIX e sua popularidade
continuou no século seguinte. Foi adaptada para o cinema em 1915 (filme
mudo) e em 1970, e para telenovelas em 1965 e 1975. Considerando as
características do enredo e o trecho que você leu, como se pode explicar o
grande sucesso desse romance, sobretudo entre o público feminino do século
XIX? Por que suas adaptações para a televisão, nas décadas de 1960 e 1970,
foram destinadas ao horário das sete e das seis?
Resposta pessoal. Professor(a), o tema pode motivar uma boa discussão sobre
questões candentes como a liberdade sexual, a sexualidade responsável e a
gravidez indesejada.
NAVEGAR É PRECISO
Um modesto casal
[...]
E MAIS...
Apresentação
Grupo 1 - A Moreninha;
Grupo 4 - Lucíola.
Após a leitura, cada grupo deve preparar uma apresentação sobre a obra
abordando os seguintes tópicos:
· Temática principal.
José de Alencar
98
1. Romances indianistas - dão continuidade à idealização do indígena,
iniciada na poesia. Exemplos: O guarani e Iracema.
Sua obra completa reúne vinte romances de desigual qualidade, entre os quais
duas obras-primas, Iracema e Senhora; seis peças de teatro; crônicas e
artigos de jornal; polêmicas literárias e políticas; discursos; pareceres jurídicos
e uma pequena autobiografia (Como e por que sou romancista).
LEITURA
Seixas
É um moço que ainda não chegou aos trinta anos. Tem uma fisionomia tão
nobre quanto sedutora; belos traços, tez finíssima, cuja alvura realça a macia
barba castanha. Os olhos rasgados e luminosos às vezes coalham-se em um
enlevo de ternura, mas natural e estreme de afetação, que há de torná-los
irresistíveis, quando o amor os acende. A boca vestida por um bigode elegante
mostra o seu molde gracioso, sem contudo perder a expressão grave e sóbria,
que deve ter o órgão da palavra viril.
[...]
- Mano, já acordou?
99
A moça aproximou-se do sofá, reclinou-se para o irmão, que sem mudar de
posição cingiu-lhe o colo com o braço esquerdo atraindo-a a jeito de pousar-lhe
um beijo na face.
- Traze, menina.
ALENCAR, José de. Senhora. Edição crítica de José Carlos Garbuglio. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1979. p. 25.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Em tom de conversa
Mas é na atenção com a moda feminina que podemos avaliar todo o senso de
detalhes exteriores, que iluminam a personalidade ou os lances da vida. Balzac
foi porventura o inventor da moda no romance, o primeiro a perceber a sua
íntima associação com o próprio ritmo da vida social e a caracterização
psicológica. Alencar não denota a influência marcada do mestre francês
apenas na criação de mulheres cujo porte espiritual domina os homens, ou na
mistura do romanesco e da realidade. Denota-a principalmente na intuição da
vestimenta feminina, que aborda como elemento de revelação da vida interior
[...]. Em Senhora, um peignoir de veludo verde marca o âmbito máximo da
tensão entre os dois esposos.
100
E MAIS...
Etapas:
Atividades
Escreva no caderno
Leia o texto e consulte o glossário à página 102 para responder às questões de
1 a 7.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade
oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos
afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.
101
Ninguém o soube.
O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça
na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver; e enche sua alma com o
nome e a veneração de seu Deus:
- Cristo!... Cristo!...
Volta a serenidade ao seio do guerreiro branco, mas todas as vezes que seu
olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda
de ardente chama. Assim quando a criança imprudente revolve o brasido de
intenso fogo, saltam as faúlhas inflamadas que lhe queimam as faces.
Fecha os olhos o cristão, mas na sombra de seu pensamento surge a imagem
da virgem, talvez mais bela. Embalde chama o sono às pálpebras fatigadas;
abrem-se, malgrado seu.
- Virgem formosa do sertão, esta é a última noite que teu hóspede dorme na
cabana de Araquém, onde nunca viera, para teu bem e seu. Faze que seu
sono seja alegre e feliz.
- O estrangeiro vai viver para sempre à cintura da virgem branca; nunca mais
seus olhos verão a filha de Araquém, e ele já quer que o sono feche suas
pálpebras, e que o sonho o leve à terra de seus irmãos!
Quando Iracema foi de volta, já o Pajé não estava na cabana; tirou a virgem do
seio o vaso que ali trazia oculto sob a carioba de algodão entretecida de penas.
Martim lho arrebatou das mãos, e libou as gotas do verde e amargo licor.
Agora podia viver com Iracema, e colher em seus lábios o beijo, que ali viçava
entre sorrisos, como o fruto na corola da flor. Podia amá-la, e sugar desse
amor o mel e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem.
O gozo era vida, pois o sentia mais forte e intenso; o mal era sonho e ilusão,
que da virgem não possuía senão a imagem.
A juruti, que divaga pela floresta, ouve o terno arrulho do companheiro; bate as
asas, e voa a conchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertão aninhou-
se nos braços do guerreiro.
Quando veio a manhã, ainda achou Iracema ali debruçada, qual borboleta que
dormiu no seio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia o pejo vivos
rubores; e como entre os arrebóis da manhã cintila o primeiro raio do sol, em
suas faces incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruído
amor.
Vendo Martim a virgem unida ao seu coração, cuidou que o sonho continuava;
cerrou os olhos para torná-los a abrir.
A pocema dos guerreiros, troando pelo vale, o arrancou ao doce engano: sentiu
que já não sonhava, mas vivia. Sua mão cruel abafou no lábio da virgem o
beijo que ali se espanejava.
102
Vocabulário:
libar: beber;
Fim do vocabulário.
Resposta: O sujeito lírico da canção exprime suas saudades do Brasil por estar
"exilado" do país; Martim tem saudades de Portugal por estar no Brasil, mas
sente-se dividido entre o amor que deixou na terra natal e o amor que
encontrou na terra do exílio.
2. Ainda no mesmo parágrafo, a oposição completa-se pela caracterização de
dois ideais românticos de mulher. Em que se assemelham e em que se
diferenciam esses estereótipos?
6. Para fugir ao seu dilema, Martim pede que ela lhe dê os "sonhos da jurema".
Explique a decepção de Iracema.
Resposta: Ela também o ama e deseja. Enciumada, pensa que Martim quer
transportar-se em sonho a Portugal, onde está a virgem branca.
Caçada
[...]
O tigre desta vez não se demorou; apenas se achou a coisa de quinze passos
do inimigo, retraiu-se com uma força de elasticidade extraordinária e atirou-se
como um estilhaço de rocha, cortada pelo raio.
Foi cair sobre o índio, apoiado nas largas patas de detrás, com o corpo direito,
as garras estendidas para degolar a sua vítima, e os dentes prontos a cortar-
lhe a jugular.
A velocidade deste salto monstruoso foi tal que, no mesmo instante em que
viram brilhar entre as folhas os reflexos negros de sua pele azevichada, já a
fera tocava o chão com as patas.
103
Esta luta durou minutos; o índio, com os pés apoiados fortemente nas pernas
da onça, e o corpo inclinado sobre a forquilha, mantinha assim imóvel a fera,
que há pouco corria a mata não encontrando obstáculos à sua passagem.
Quando o animal, quase asfixiado pela estrangulação, já não fazia senão uma
fraca resistência, o selvagem, segurando sempre a forquilha, meteu a mão
debaixo da túnica e tirou uma corda de ticum que tinha enrolada à cintura em
muitas voltas.
Nas pontas desta corda havia dois laços que ele abriu com os dentes e passou
nas patas dianteiras ligando-as fortemente uma à outra; depois fez o mesmo às
pernas, e acabou por amarrar as duas mandíbulas, de modo que a onça não
pudesse abrir a boca.
ALENCAR, José de. O guarani. Porto Alegre: L&PM, 2011. p. 28. Edição
digital.
LOBATO, Monteiro. Urupês. In: _____. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1985.
p. 145.
11. (Enem/MEC)
"Ele era o inimigo do rei", nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda,
"um romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou
inventando o Brasil". Assim era José de Alencar (1829- 1877), o conhecido
autor de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de
criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e
históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de
teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na
descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de
seu acervo inédito será digitalizada.
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura
digitalização de sua obra, depreende-se que:
Resposta: Alternativa d.
104
Livros
· CASTRO, Rui. Bilac vê estrelas. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Vídeo
Música
105
PRIMEIRA LEITURA
PINTURA 1
CRÉDITO: Anne-Louis Girodet. 1808. Óleo sobre tela, 210 × 267 cm. Museu do
Louvre, Paris
PINTURA 2
CRÉDITO: Gustave Courbet. 1850. Óleo sobre tela, 314 × 663 cm. Museu
d'Orsay, Paris
106
Em tom de conversa
Resposta pessoal.
4. Uma das pinturas é romântica e a outra realista. Em sua opinião, qual delas
é romântica? Dê uma justificativa para a sua resposta.
Resposta: A primeira pintura é romântica, pois apresenta Atala, a heroína
morta, de maneira individualizada, centralizada e repleta de dramaticidade.
Releitura
Escreva no caderno
· Intenção documental.
Resposta pessoal.
a) Exotismo.
b) Emocionalismo.
c) Nacionalismo.
Resposta: Alternativa b.
107
LEITURA
Mais luz!
Vocabulário:
inextinguível: que não pode desaparecer, que não pode esgotar-se, acabar.
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
Resposta: "Tu, Lua, com teus raios vaporosos, / Cobre-os, tapa-os e torna-os
insensíveis, / Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis / Como aos longos
cuidados dolorosos!" Efeito expressivo: a personificação da Lua permite que se
torne interlocutora do eu lírico.
a) Prosopopeia ou personificação.
Resposta pessoal.
108
Nasceu nos Açores (Ponta Delgada). Estudou Direito em Coimbra, onde cedo
se tornou o líder dos estudantes que constituiriam a chamada Geração
Materialista ou Geração de 70, que implantou o Realismo em Portugal. Em
1865, com Teófilo Braga e outros escritores, deflagrou a Questão Coimbrã e
publicou Odes modernas, considerada a principal obra da poesia realista
portuguesa. Mais tarde, ligou-se a membros avançados do Movimento
Proletário Internacional e procurou incansavelmente instaurar o pensamento
socialista em seu país, decepcionando-se a cada tentativa. A última delas foi
em 1890, quando se filiou à liga patriótica do Norte, na ocasião do Ultimatum
inglês. Com mais esse malogro, e já doente, entregou-se a um pessimismo
doentio que o levou ao suicídio.
LEGENDA: Antero de Quental
Comentário
109
CRÉDITO: Édouard Manet. 1862. Óleo sobre tela, 76,2 × 118,1 cm. Galeria
Nacional, Londres
FIQUE SABENDO
E MAIS...
Discussão
111
1. Com qual dos dois polos da criação literária e artística você sente maior
afinidade? Por quais razões? Exemplifique sua resposta com músicas, filmes,
revistas em quadrinhos, programas de TV ou outros tipos de manifestação
cultural de que goste.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
O Realismo-Naturalismo em Portugal
112
LEITURA
TEXTO 1
Ora bem, compreende-se a ruidosa aceitação d'O crime do padre Amaro. [...]
Víamos aparecer na nossa língua um realista sem rebuço, sem atenuações,
sem melindres, resoluto a vibrar o camartelo no mármore da outra escola, que
aos olhos do Sr. Eça de Queirós parecia uma simples ruína, uma tradição
acabada. Não se conhecia no nosso idioma aquela reprodução fotográfica e
servil das coisas mínimas e ignóbeis. Pela primeira vez, aparecia um livro [...]
em que o escuso e o torpe eram tratados com um carinho minucioso e
relacionados com uma exação de inventário. [...] Porque a nova poética é isto,
e só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número exato dos fios de
que se compõe um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha. [...]
ASSIS, Machado de. In: _____. Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar,
1962. v. 3. p. 903-904.
Vocabulário:
exação: exigência.
Fim do vocabulário.
113
TEXTO 2
[...] Ela concordou logo - como em tudo que saía dos seus lábios. Desde a
primeira manhã, na casa do tio Esguelhas, ela abandonara-se-lhe
absolutamente, toda inteira, corpo, alma, vontade e sentimento: não havia na
sua pele um cabelinho, não corria no seu cérebro uma ideia, a mais pequenina,
que não pertencesse ao senhor pároco. Aquela possessão de todo o seu ser
não a invadira gradualmente; fora completa, no momento em que os seus
fortes braços se tinham fechado sobre ela. Parecia que os beijos dele lhe
tinham sorvido, esgotado a alma: agora era como uma dependência inerte da
sua pessoa. E não lho ocultava: gozava em se humilhar, oferecer-se sempre,
sentir-se toda dele, toda escrava; queria que ele pensasse por ela e vivesse
por ela; descarregara-se-lhe nele, com satisfação, daquele fardo da
responsabilidade que sempre lhe pesara na vida; os seus juízos agora vinham-
lhe formados do cérebro do pároco, tão naturalmente como se saísse do
coração dele o sangue que lhe corria nas veias. [...] Vivia com os olhos nele,
numa obediência de animal: tinha só a curvar-se quando ele falava, e quando
vinha o momento de desapertar o vestido.
Amaro gozava prodigiosamente esta dominação; ela desforrava-o de todo um
passado de dependências - a casa do tio, o seminário, a sala branca do senhor
Conde de Ribamar... A sua existência de padre era uma curvatura humilde que
lhe fatigava a alma; vivia da obediência ao senhor bispo, à câmara eclesiástica,
aos cânones, à Regra que nem lhe permitia ter uma vontade própria nas suas
relações com o sacristão. E agora, enfim, tinha ali aos seus pés aquele corpo,
aquela alma, aquele ser vivo sobre quem reinava com despotismo. Se passava
os seus dias, por profissão, louvando, adorando e incensando Deus - era ele
também agora o Deus de uma criatura que o temia e lhe dava uma devoção
pontual. Para ela ao menos, era belo, superior aos condes e aos duques, tão
digno da mitra como os mais sábios. [...]
QUEIRÓS, Eça de. In: _____. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1986. p. 443-444.
Releitura
Escreva no caderno
Se fora simples copista, o dever da crítica era deixá-lo, sem defesa, nas mãos
do entusiasmo cego, que acabaria por matá-lo; mas é homem de talento,
transpôs ainda há pouco as portas da oficina literária; e eu, que lhe não nego a
minha admiração, tomo a peito dizer-lhe francamente o que penso [...].
114
Pela primeira vez, aparecia um livro [...] em que o escuso e o torpe eram
tratados com um carinho minucioso e relacionados com uma exação de
inventário.
NAVEGAR É PRECISO
FIQUE SABENDO
115
O mulato
Obra muito bem recebida pela crítica e pelo público, já que, em plena
campanha abolicionista, tratava do preconceito racial, além de inaugurar a
narrativa propriamente naturalista no Brasil.
O cortiço
116
LEITURA
Em tom de conversa
1. Que tipo de impacto ela causa? Por quê? Tente perceber as semelhanças
que possui com Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, que você
interpretou no início do capítulo.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
Releitura
Escreva no caderno
Note que a pintura compõe-se de dois planos, formados por personagens que
se contrapõem socialmente: os de "terceira classe", ou seja, os trabalhadores,
e aqueles que representam a classe média.
117
LEITURA
O cortiço
Nada! aquele demônio era capaz de invadir-lhe a casa até a sala de visitas!
Prontas, João Romão mandou levantar na frente, nas vinte braças que
separavam a venda do sobrado do Miranda, um grosso muro de dez palmos de
altura, coroado de cacos de vidro e fundos de garrafa, e com um grande portão
no centro, onde se dependurou uma lanterna de vidraças vermelhas, por cima
de uma tabuleta amarela, em que se lia o seguinte escrito a tinta encarnada e
sem ortografia:
As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; tudo pago adiantado. O
preço de cada tina, metendo a água, quinhentos réis; sabão à parte. As
moradoras do cortiço tinham preferência e não pagavam nada para lavar. [...]
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
118
Releitura
Escreva no caderno
Resposta: Trata-se do discurso indireto livre. Por meio dele, a voz do narrador
incorpora a do personagem e revela seus pensamentos e sentimentos, o que
nos permite concluir que o narrador é onisciente.
· começou a minhocar
· um mundo
Resposta: uma coisa viva, uma geração; ali mesmo, daquele lameiro
Resposta: A comparação é "[...] um mundo, uma coisa viva, uma geração, que
parecia [...] multiplicar-se como larvas no esterco.".
Leitura comparativa
Em seguida, leia seu texto para os colegas e ouça os deles. Após trocarem
opiniões, aprimore sua percepção sobre o tema focalizado e, se necessário,
reescreva seu argumento.
119
Realismo Naturalismo
Comentário
LEITURA
TEXTO 1
Ao abrir o livro, Ana Rosa soltou logo uma vergonhosa exclamação: dera com
um desenho, em que o autor da obra, com a fria sem-cerimônia da ciência,
expunha aos seus leitores uma mulher no momento de dar à luz o filho. [...]
Observou-o com profunda atenção, enquanto dentro dela se travava a batalha
dos
120
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
CRÉDITO: Eugène Carrière. Séc. XIX. Óleo sobre tela, 61 × 46 cm. Museu
d'Orsay, Paris
TEXTO 2
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
121
Releitura
Escreva no caderno
Resposta: "[...] enquanto dentro dela se travava a batalha dos desejos. Todo o
seu ser se lhe revolucionou; o sangue gritava-lhe, reclamando o pão do amor;
seu organismo protestava contra a ociosidade."
Resposta: "E ela então sentiu bem nítida a responsabilidade dos seus deveres
de mulher perante a natureza, compreendeu o seu destino de ternura e de
sacrifícios, percebeu que viera ao mundo para ser mãe [...]."
2. Que expressão do texto 1 nos faz compreender o caráter determinista, isto é,
de irrevogável determinação pela força da natureza, da concepção naturalista
sobre a mulher?
Resposta: "[...] concluiu que a própria vida lhe impunha, como lei indefectível, a
missão sagrada de procriar muitos filhos [...]."
LEITURA
TEXTO 1
Maldita preta dos diabos! Era ela o único defeito, o senão, de um homem tão
importante e tão digno!
Agora, não se passava um domingo sem que o amigo de Bertoleza fosse jantar
à casa do Miranda. Iam juntos ao teatro. João Romão dava o braço à Zulmira,
e, procurando galanteá-la e mais ao resto da família, desfazia-se em obséquios
brutais e dispendiosos, com uma franqueza exagerada que não olhava gastos.
Se tinham de tomar alguma coisa, ele fazia vir logo três, quatro garrafas ao
mesmo tempo, pedindo sempre o triplo do necessário e acumulando compras
inúteis de doces, flores e tudo o que aparecia. Nos leilões das festas de arraial
era tão feroz a sua febre de obsequiar a gente do Miranda, que nunca voltava
para casa sem um homem atrás, carregado com os mimos que o vendeiro
arrematava.
TEXTO 2
122
Releitura
Escreva no caderno
· "E, no entanto, adorava o amigo; tinha por ele o fanatismo irracional das
caboclas do Amazonas pelo branco a que se escravizam, dessas que morrem
de ciúmes, mas que também são capazes de matar-se para poupar ao seu
ídolo a vergonha do seu amor."
123
E MAIS...
Discussão
Com base nos fragmentos lidos, discuta com seus colegas:
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
NAVEGAR É PRECISO
O Ateneu
124
FIQUE SABENDO
LEITURA
O Ateneu (fragmento 1)
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
Nesta cena de volúpia, a descrição dos olhos, das narinas e dos lábios de uma
mulher, que se entrega ao desejo sexual, possui fortes traços naturalistas.
a) Exemplifique-os.
125
O Ateneu (fragmento 2)
Triste e feliz.
Vocabulário:
loba: batina;
Fim do vocabulário.
Releitura
Escreva no caderno
Resposta pessoal. Sugestão: "O sol vinha também à capela e colava de fora a
fronte às vidraças, brando ainda do despertar recente, fresco da toillete da
aurora, com medo de entrar, corado de vergonha de não rezar, pobre astro
ateu".
Resposta: O Romantismo.
a) Religiosidade.
b) Morte.
c) Musicalidade.
126
LEITURA
BILAC, Olavo. In: _____. Poesias. Belo Horizonte: Itatiaia, 1985. p. 92.
Olavo Bilac nasceu no Rio de Janeiro, onde também faleceu. Estudou Medicina
e Direito, mas não concluiu nenhum dos dois cursos. Trabalhou como
jornalista, funcionário público e inspetor escolar, dedicando-se amplamente ao
ensino: traduziu e escreveu versos infantis, foi autor de livros didáticos,
organizou antologias escolares, fez campanhas pela instrução primária, pela
cultura física, pelo serviço militar obrigatório e outras de caráter nacionalista.
Autor da letra do "Hino à Bandeira", a vida toda escreveu, em prosa e verso,
para a imprensa, tendo sido um dos cronistas mais expressivos e polêmicos de
seu tempo.
127
Releitura
Escreva no caderno
128
Leitura comparativa
BANANÉRE, Juó. La divina increnca. São Paulo: Folco Masucci, 1966. p. 17.
FIQUE SABENDO
Escrita entre 1307 e 1321, em italiano, A divina comédia é a obra-prima de
Dante Alighieri, grande poeta florentino do século XIV. Trata-se de um poema
épico, que narra uma odisseia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, utilizando-se
de detalhes rítmicos e visuais de intensa expressividade artística. Dante, o
protagonista da história, atravessa o Inferno e o Purgatório guiado pelo poeta
romano Virgílio, ao passo que chega ao Paraíso conduzido por Beatriz, sua
musa na maioria das obras que escreveu.
a) A diferença de tom.
b) A diferença de linguagem.
129
Comentário
Eleito, em 1907, num concurso realizado pela revista Fon-Fon, "o príncipe dos
poetas brasileiros", Olavo Bilac foi o mais popular de nossos poetas
parnasianos, vindo a se tornar um dos principais alvos da crítica dos jovens
artistas que implantaram o Modernismo no Brasil, nas duas primeiras décadas
do século XX. Por meio da leitura de "Nel mezzo del camin...", você conheceu
algumas das características principais do Parnasianismo, estilo poético
praticamente inexistente em Portugal e que se tornou bastante expressivo no
Brasil.
NAVEGAR É PRECISO
A estética parnasiana
Características do Parnasianismo
· Erotismo.
· Esteticismo.
· Rigor técnico.
A arte acadêmica
CRÉDITO: Nicolas Poussin. c. 1630. Óleo sobre tela, 145 × 197 cm. Museu do
Prado, Madri
130
Leitura de imagem
CRÉDITO: William-Adolphe Bouguereau. 1867. Óleo sobre tela, 200 × 108 cm.
Arnot Art Museum-Elmira, Nova York
· Perfeição técnica.
· Perfeição de acabamento.
· Realismo fotográfico.
· Perfeição anatômica.
131
CRÉDITO: Almeida Júnior. 1899. Óleo sobre tela, 145 × 97 cm. Pinacoteca do
Estado de São Paulo, São Paulo
CRÉDITO: Víctor Meirelles. 1903. Óleo sobre tela, 129 × 199 cm. Museu de
Arte de São Paulo, São Paulo
132
Atenção Professor(a), vale mostrar aos alunos como este fragmento de poema
testemunha o legado do Parnasianismo ao Modernismo, movimento em que
Carlos Drummond de Andrade se insere, sobretudo no que diz respeito à
importância atribuída pelo poeta ao trabalho com a linguagem. Professor(a),
ver em Conversa com o professor, nas Orientações específicas do capítulo
6, comentários sobre esta seção. Fim da observação.
E MAIS...
Discussão e pesquisa
1. O debate que opõe a arte engajada nas lutas sociais à arte voltada para si
própria é atual ou foi superado? Por quê? Encontre exemplos concretos de
manifestações artísticas contemporâneas que justifiquem sua resposta.
[...]
provocam.
concentrada
no espaço.
[...]
O Parnasianismo, por sua vez, a expressão poética dessa fase, ampliou de tal
modo sua preocupação com a perfeição formal que se afastou da vida
contemporânea, voltando-se para temas mitológicos, para a ideia de arte como
expressão de beleza, com base nos padrões clássicos.
Se, por um lado, a ideia de "arte pela arte" parnasiana é considerada escapista,
por outro ensina a lição antirromântica, que será bem aproveitada pelos
modernistas do século XX, de que a literatura não é confissão de sentimentos
pessoais, mas, antes de tudo, árduo trabalho com a linguagem.
133
Olavo Bilac, o "príncipe dos poetas brasileiros", foi a figura mais conhecida do
academicismo que caracterizou a "literatura oficial" daquele momento.
Atividades
Escreva no caderno
1. (Unicamp-SP) Leia o seguinte comentário a respeito de O cortiço, de Aluísio
Azevedo:
2. (Enem/MEC)
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até
mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente,
o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam
vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes
da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo,
como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se
outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram
dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em
torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada;
eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e
soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
Resposta: Alternativa c.
134
d) preferência pelas formas poéticas fixas, como o soneto, e pelas rimas ricas.
Resposta: Alternativa c.
II. A narrativa, ainda que feita na primeira pessoa, evita o comentário subjetivo
e as impressões individuais, uma vez que o narrador adota uma postura
rigorosa, condizente com o cientificismo da época.
III. Através da figura do Dr. Aristarco, diretor do colégio, com sua retórica
pomposa e vazia, Raul Pompeia critica o sistema educacional da época e a
hipocrisia da sociedade.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
Resposta: Alternativa c.
6. (Enem/MEC)
A pátria
nasceste!
ninhos,
Resposta: Alternativa b.
135
CRÉDITO: José Ferraz de Almeida Júnior. 1892. Óleo sobre tela, 95 × 141 cm.
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Livros
Minissérie
Filme
136
PRIMEIRA LEITURA
TEXTO 1
Capítulo XXXII
Olhos de ressaca
1 Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não
sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as cousas, como eu. É o que
contarei no outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do
ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D.
Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela
filha.
3 Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este pode ser que não
fosse; era um espelhinho de pataca (perdoai a barateza), comprado a um
mascate italiano, moldura tosca, argolinha de latão, pendente da parede, entre
as duas janelas. Se não foi ele, foi o pé. Um ou outro, a verdade é que, apenas
entrei na sala, pente, cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi esta
pergunta:
4 - Há alguma cousa?
5 - Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Padre Cabral chegue para
a lição. Como passou a noite?
9 - Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no assunto; não vai logo de
pancada, falará assim por alto e por longe, um toque. Depois, entrará em
matéria. Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita...
10 - Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para
vencer já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá
influir tanto; acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser
padre, mas poderá alcançar?... Ele é atendido; se, porém... É um inferno isto!
Você teime com ele, Bentinho.
12 - Você jura?
14 Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana
oblíqua e dissimulada". Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia,
e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só
me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor
e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe
deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los
mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto
atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal
expressão que...
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
137
É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso
e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da
praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes
vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas
tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava
e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos
gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo
infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca
deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar
o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já
terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das
delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos
condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu
não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um
tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitu, mas
então com as mãos, e disse-lhe, - para dizer alguma cousa, - que era capaz de
os pentear, se quisesse.
16 - Você?
17 - Eu mesmo.
20 - Vamos ver.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Novo Século, 2001. p. 57-
59.
Vocabulário:
Dante Alighieri: maior poeta clássico italiano do século XIV. Autor de A divina
comédia.
Fim do vocabulário.
TEXTO 2
Capítulo XXXIII
O penteado
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
138
- Pronto!
- Estará bom?
- Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que
estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que
me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era
baixo. Inclinei-me depois sobre ela, rosto a rosto, mas trocados, os olhos de
uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar
tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta
razão a moveu.
- Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até
que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Novo Século, 2001. p. 59-
60.
Vocabulário:
Tétis: uma das divindades primordiais das teogonias helênicas, que personifica
a fecundidade feminina do mar;
139
Releitura
Escreva no caderno
a) Tendo em vista os dois textos, que momento pode ser interpretado como o
clímax da narrativa?
Resposta: Trata-se da frase "É o que contarei no outro capítulo". Ela deixa
dúvida e curiosidade no leitor, que quer saber se Capitu ensina ou aprende
com Bentinho. Essa dúvida será dirimida no texto 2, quando Capitu provoca o
beijo entre eles.
Resposta: Capitu; é ela quem "puxa" a conversa, insiste nela e faz Bentinho
prometer que fará José Dias conversar com D. Glória.
Resposta: A frase é: "Deixe ver os olhos, Capitu". Essa frase indica que a
atenção de Bentinho se concentra nos olhos de Capitu.
Metalinguagem
Linguagem que tem seu foco no próprio código linguístico, ou seja, tem como
referente a própria linguagem.
140
Mulato, tímido, gago e epilético, fez carreira como funcionário público e escritor.
Autodidata, conquistou vasta cultura literária e, embora escrevesse críticas
teatrais e literárias, crônicas, artigos políticos, contos e peças de teatro, a
princípio ganhou nome como poeta.
Aos 30 anos, casou-se com Carolina Xavier de Novais e desde então fez
carreira burocrática, na qual ascendeu e permaneceu até a morte. Foi um dos
fundadores e presidente da Academia Brasileira de Letras; ao longo de mais de
50 anos de vida literária, colaborou em inúmeros jornais e revistas.
· Romance
O REALISMO MACHADIANO
141
Além de Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom
Casmurro, pertencentes à chamada fase realista de Machado de Assis, outros
romances, como Esaú e Jacó e Memorial de Aires, completam a galeria de
obras representativas da maturidade literária do escritor.
· Metalinguagem.
NAVEGAR É PRECISO
142
Elementos do enredo
Nascido em berço de ouro, Brás foi um menino malvado e mimado; na
juventude, envolveu-se com Marcela, uma cortesã que o amou "durante quinze
meses e onze contos de réis". Para impedi-lo de dissipar a fortuna dafamília, o
pai o mandou cursar Direito em Coimbra, de ondevoltou "um fiel compêndio de
trivialidade e presunção". Ao retornar, quis casar-se com Virgília e tornar-se
deputado, em outro negócio arranjado pelo pai, mas perdeu a noiva e o cargo
para Lobo Neves. Mais tarde, pretendendo ser ministro, conseguiu o amor
adúltero de Virgília e o cargo de deputado. Nhá Loló, outra possibilidade de
casamento, arranjada pela irmã, morreu vitimada por uma epidemia; Quincas
Borba, um colega de infância que se dizia filósofo, ensinou-lhe o Humanitismo
e depois enlouqueceu. Por fim, Brás dedicou-se a um último projeto, a
invenção de um emplastro contra a hipocondria, que curaria miraculosamente
os males da humanidade. Ao sair de casa para patenteá-lo, contraiu
pneumonia e faleceu.
LEITURA
Capítulo XXVII
Virgília?
Virgília? Mas então era a mesma senhora que alguns anos depois?... A
mesma; era justamente a senhora, que em 1869 devia assistir aos meus
últimos dias, e que antes, muito antes, teve larga parte nas minhas mais
íntimas sensações. Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis
anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais
voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as
mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a
realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe
maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía
das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo
passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isto Virgília, e era
clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos;
muita preguiça e alguma devoção, - devoção, ou talvez medo; creio que medo.
Aí tem o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que devia
influir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezesseis anos. Tu que me lês,
se ainda fores viva, quando estas páginas vierem à luz, - tu que me lês, Virgília
amada, não reparas na diferença entre a linguagem de hoje e a que primeiro
empreguei quando te vi? Crê que era tão sincero então como agora; a morte
não me tornou rabugento, nem injusto.
143
- Mas, dirás tu, como é que podes assim discernir a verdade daquele tempo, e
exprimi-la depois de tantos anos?
Ah! indiscreta! ah! ignorantona! Mas é isso mesmo que nos faz senhores da
Terra, é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das
nossas impressões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o
homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada
estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida
também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: _____. Machado
de Assis: obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1962. p. 547, v. 1.
Escreva no caderno
1. Neste capítulo, Brás Cubas descreve Virgília, a mulher com quem quis se
casar e de quem se tornou amante.
Resposta: [...] era justamente a senhora, que em 1869 devia assistir aos meus
últimos dias [...]"; "[...] a morte não me tornou rabugento, nem injusto."
3. Em "Aí tem o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que
devia influir mais tarde na minha vida", que recurso bastante frequente do estilo
machadiano pode ser reconhecido?
Resposta: Ela era bonita e sensual, como se percebe pelo trecho: "Era bonita,
fresca [...] cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a
outro indivíduo, para os fins secretos da criação".
144
Quincas Borba
Elementos do enredo
Com a morte do "filósofo", Rubião herda sua fortuna, sua doutrina filosófica e
seu cão, cujo nome ironicamente também é Quincas Borba.
CRÉDITO: Poty
145
LEITURA
- Quero.
- Bem, irás entendendo aos poucos a minha filosofia; no dia em que a houveres
penetrado inteiramente, ah! nesse dia terás o maior prazer da vida, porque não
há vinho que embriague como a verdade. Crê-me, o Humanitismo é o remate
das cousas; e eu, que o formulei, sou o maior homem do mundo. Olha, vês
como o meu bom Quincas Borba está olhando para mim? Não é ele, é
Humanitas...
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. In: _____. Machado de Assis: obra
completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1962. v. 1. p. 646.
Releitura
Escreva no caderno
Resposta pessoal.
146
Dom Casmurro
Elementos do enredo
Em tom de conversa
Ouso falar sobre Capitu como atriz. Como se estivesse analisando um texto de
dramaturgia, juntamente com um elenco, ao redor de uma mesa. Não estou
aqui me arvorando em crítica literária. E como mulher de palco digo que, se eu
tivesse tido na minha vida a oportunidade de tentar interpretar Capitu, partiria
do ponto de vista de sua clara, profunda e inconfundível brasilidade.
147
E MAIS...
Apresentação
148
Resposta: Inácio não ousa mirar D. Severina nos olhos: acostuma-se então a
espreitá-la à mesa de olhos baixos. Assim, só consegue ver seus braços. Além
disso, não era comum as mulheres trazerem os braços nus. Daí chamarem
tanto a atenção do rapaz.
Resposta: D. Severina revela essa reação ambígua ora sendo áspera, ora
sendo meiga com Inácio; ora esquivando-lhe os olhos, ora demorando-os nele.
6. Para qual dos protagonistas o encontro foi real e para qual foi imaginário?
Por quê?
Resposta: O encontro foi imaginário para Inácio, porque ele beijou D. Severina
em sonho. Para ela, no entanto, foi um encontro real, já que beijou de fato o
rapaz enquanto ele dormia.
7. Na sua opinião, por que se trata de um texto realista, e não romântico,
considerando que explora a temática amorosa, tão preciosa ao Romantismo?
Os recursos estilísticos
1
Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que
fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre
é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a
sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o
maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro
anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e
este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda,
andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam
e caem...
2
Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos outros, - velhos
todos, - em que a matéria do capítulo era posta no sumário: "De como
aconteceu isto assim, e mais assim". Aí está Bernardim Ribeiro; aí estão outros
livros gloriosos. Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a
Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos quais só pelo
sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV, cap. I, lede este título:
Contendo cinco folhas de papel. É claro, é simples, não engana a ninguém; são
cinco folhas, mais nada, quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos
é que o autor conclui obsequiosamente: "E agora, sem mais prefácio, vamos ao
seguinte capítulo".
Digressão metalinguística.
Citação irônica de fontes literárias.
Conversa com o leitor, questionando o processo de criação literária.
Microcapítulo metalinguístico.
Quincas Borba
3
A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e
remorsos; mas Fortunato ouviu-a com singular interesse. Nos lances dolorosos,
a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a
outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências
pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não
esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo Beco do
Cotovelo, Rua de S. José, até o Largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo,
parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão
ficava ganindo e ele ia andando.
Imagens irônicas, inesperadas.
Caracterização substantiva e refinada de um tipo sádico.
E MAIS...
Documentário
150
Atividades
Escreva no caderno
1. (UnB-DF)
O emplasto
Um tio meu, cônego de prebenda inteira, costumava dizer que o amor da glória
temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao
que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de infantaria, que o
amor da glória era a coisa mais verdadeiramente humana que há no homem e,
consequentemente, a sua mais genuína feição.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. p. 514-515, v. I (com adaptações).
Com relação ao texto acima, à obra Memórias póstumas de Brás Cubas e a
aspectos por eles suscitados, julgue os itens subsequentes.
Resposta: incorreto
Resposta: correto
Resposta: correto
Resposta: correto
151
Resposta: correto
E vejam agora com que destreza, com que arte faço eu a maior transição deste
livro. Vejam: o meu delírio começou em presença de Virgília; Virgília foi meu
grão pecado da juventude; não há juventude sem meninice; meninice supõe
nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de outubro
de 1805, em que nasci. Viram? Nenhuma juntura aparente, nada que divirta a
atenção pausada do leitor: nada.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática,
2000.
Este fragmento ilustra bem o estilo narrativo da obra, que é marcada pela:
Resposta: Alternativa a.
Resposta: Alternativa e.
4. (Enem/MEC)
Capítulo III
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1993. v. 1 (fragmento).
152
Resposta: Alternativa a.
5. (Enem/MEC)
Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de
frango no prato, e trincava-a com filosófica serenidade. Eu fiz-lhe ainda
algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em
destruí-las.
- Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer nunca
o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra,
que parece uma calamidade, é uma operação conveniente, como se
disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava
filosoficamente a asa de frango), a fome é uma prova a que a Humanitas
submete a própria víscera. Mas eu não quero outro documento da sublimidade
do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi
plantado por um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu esse
africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de
madeira cortada no mato por dez ou doze homens, levado por velas, que oito
ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho
náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de
uma multidão de esforços e lutas, executadas com o único fim de dar mate ao
meu apetite.
Resposta: Alternativa b.
Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela
verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se
casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um
quatuor...
Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros
omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que
faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as cousas que não
achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões
profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos
me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os
generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam
as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.
É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as
lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008. p. 213.
153
GRAMÁTICA
CAPÍTULO 1 | Pronome
CAPÍTULO 2 | Verbo
154
capítulo 1 - Pronome
Classes gramaticais
Artigos
155
INTRODUÇÃO
Classes gramaticais
· substantivo
· adjetivo
· artigo
· numeral
· pronome
· verbo
· advérbio
· preposição
· conjunção
· interjeição
PRONOME
QUADRO 1
QUADRO 2
O homem supõe que é superior à natureza, por isso ele a destrói, sem pensar
que ela é essencial para a sua vida.
· sua
· Tirar notas altas nas provas, sem assistir às aulas e sem estudar em casa?!
Ah... É muito difícil! Só quem é meio "gênio" consegue isso.
Palavra que, funcionando como pronome, substitui toda a frase "Tirar notas
altas nas provas, sem assistir às aulas e sem estudar em casa".
156
Atenção Professor(a), sob a designação de pronomes reúne-se um grupo de
palavras bastante heterogêneo quanto às características sintáticas e
semânticas, razão pela qual é impraticável, em um curso escolar, discutir todos
os seus aspectos. Caso haja interesse em aprofundar o estudo, sugere-se
recorrer às obras Gramática descritiva do português, de Mário A. Perini
(Editora Ática) e Gramática de usos do português, de Maria Helena de
Moura Neves (Editora Unesp). Fim da observação.
· Pronomes pessoais
· Pronomes possessivos
· Pronomes demonstrativos
· Pronomes indefinidos
· Pronomes relativos
· Pronomes interrogativos
Pronomes pessoais
Leia, como exemplo, este diálogo entre o garotinho Calvin e Susie, colega de
escola dele.
157
Agora observe, nas duas falas, estes pronomes empregados pelos dois
interlocutores:
· Na fala de Calvin:
· Na fala de Susie:
Note, no quadro acima, que cada grupo é constituído por diferentes formas de
um mesmo pronome pessoal. O emprego de uma ou de outra forma de um
determinado pronome depende, como veremos mais à frente, da estrutura da
frase em que ele é utilizado.
Complementos teóricos
158
A expressão "a gente", há muitos (muitos!) anos vem sendo usada como
pronome pessoal. Ela, no entanto, pelo menos "oficialmente" ainda não integra
a classe dos pronomes, embora seja empregada cotidianamente por todos os
brasileiros. A respeito desse uso, leia este texto:
Ana Maria Zilles, numa pesquisa de vulto sobre o tema [...] comenta que o
substantivo "a gente" em português adquiriu no curso de seu desenvolvimento
a função gramatical de pronome. Ana Maria informa que existe um paralelo
com o pronome "você", que se originou da forma de tratamento "vossa mercê",
utilizada inicialmente para se dirigir ao rei, mais tarde usada por entre a
nobreza na corte e mais recentemente pela burguesia portuguesa e brasileira.
O uso de "a gente" ainda não tem prestígio oficial, sendo considerado pouco
apropriado em textos formais [...].
FIQUE SABENDO
· Caiu um temporal.
159
Pronome pessoal
Grupo 1 (não precedidos de Grupo 2 (precedidos
reto (função de
preposição) de preposição)
sujeito)
tu te ti, contigo
você você, se, o/a, lhe você, si, consigo
si, eles/elas,
eles/elas se, os/as, lhes
consigo
Complemento teórico
Algumas das formas dos pronomes pessoais têm usos diferentes na variedade
culta e na variedade coloquial-popular do idioma. Vamos conhecer as principais
diferenças entre esses usos.
eu e tu
Só aparecem na coluna de pronome pessoal reto; ou seja, exercem a função
de sujeito.
mim e ti
160
Observe que, nessa última frase, a forma oblíqua mim está desempenhando o
papel de sujeito de vender. Empregar o pronome oblíquo na função de sujeito é
válido na variedade coloquial-popular; a variedade culta, no entanto, não
admite esse emprego.
3. Para mim, vender a moto nova será muito fácil. → variedade culta e
variedade coloquial-popular
Nesse exemplo, o pronome mim não é sujeito de vender. O que ocorre é que
essa frase está invertida; sua ordem normal seria esta:
ele(s), ela(s)
o(s), a(s)
preposição
· Você nunca concordou com elas quando fazia parte do grupo. → variedade
culta e variedade coloquial-popular
Precedidas de preposição, as formas ele(s)/ela(s) não apresentam diferença
de uso entre a variedade culta e a coloquial-popular.
161
c. Uniformidade de tratamento
Na variedade culta da língua, para indicar, mais de uma vez, uma determinada
pessoa gramatical, é necessário manter a uniformidade gramatical, ou seja,
devem-se empregar de maneira uniforme os pronomes referentes a essa
pessoa. Assim, por exemplo:
tu → te → ti → contigo
· É importante ficar claro que eu não participarei da reunião sem ser convidado.
Faz referência ao emissor (quem fala/escreve).
162
Coesão textual
Note que, nesse enunciado, o leitor precisa recuar na leitura, ou seja, precisa
voltar ao que já havia lido, para associar aos pronomes a e ela o referente
"milenar cidade espanhola de Toledo". A esse tipo de referência textual damos
o nome de coesão por anáfora, ou coesão anafórica.
Na coesão por catáfora, o pronome aponta para a frente, para adiante, ou seja,
ele se refere a um elemento que ainda vai aparecer no texto. Veja este
exemplo:
Este ano elas vieram impiedosas: arrasaram cidades, destruíram casas e
rodovias, tiraram vidas, mataram sonhos.
Observe que, nesse exemplo, não há, antes da forma elas, nenhum referente
desse pronome; a forma pronominal está apontando para adiante no texto,
sinalizando ao leitor que ele precisa dar prosseguimento à leitura até encontrar
o termo "as chuvas" e estabelecer, assim, a relação de sentido. A esse tipo de
referência textual dá-se o nome de coesão por catáfora ou coesão
catafórica.
Em sua conversa com o pai, o rapaz fez questão de lembrar que o vizinho já o
havia insultado várias vezes. → Quem foi insultado?
163
Pronomes possessivos
Leia, na tira humorística abaixo, o diálogo entre Hagar e Helga, esposa dele:
Nesse diálogo:
164
Quando falamos (ou escrevemos), podemos tratar nosso ouvinte (ou leitor) por
tu ou por você. O quadro da página anterior mostra que ao pronome tu
associam-se os possessivos teu, tua, teus e tuas e ao pronome você
associam-se seu, sua, seus e suas. Assim, por exemplo:
ou
Veja essa equivalência nos pronomes destacados nas frases de cada par:
Pronome
Convidamos suas três melhores amigas para a festa, mas elas não vieram.
165
1. Pessoais
2. Possessivos
3. Demonstrativos
4. Indefinidos
5. Relativos
6. Interrogativos
Você e Isabel precisam conversar, pois ela quer lhe explicar o que aconteceu.
Atividades
Escreva no caderno
CRÉDITO: © 1991 Paws, Inc. All Rights Reserved/ Dist. Universal Uclick
Resposta: Não. Para Jon, o referente de lo é "rato" (Vá pegar o rato.); para
Garfield, é "biscoito" (Vá pegar o biscoito.).
166
I. [...] por que diabos, nesse restaurante paulista, sigo achando que uma parte
dos meus vizinhos são vulgares a ponto de me causar mal-estar? [...] Meu mal-
estar tem a ver com a maneira amigável como eles tratam os garçons. Na
verdade, quanto mais eles parecem cordiais, mais eu acho eles vulgares.
II. Já foi notado várias vezes que a cordialidade nacional é uma pantomima*
comunitária que quer esconder a crueldade das diferenças sociais. Uma
maneira de amenizar a contradição social para deixá-la por mais tempo
irresoluta.**
Resposta: Sim. Nas três ocorrências a forma eles retoma o termo "uma parte
dos meus vizinhos".
Resposta: "amenizar a contradição social para deixar ela por mais tempo".
· Como seria redigido, na norma culta, o fragmento em que ele optou pela
variedade coloquial?
O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de
pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma-
padrão da língua, esse uso é inadequado, pois:
a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
Resposta: Alternativa b.
167
JUSTIÇA às formigas. Globo Rural, São Paulo: Globo, n. 288, p. 16, out. 2009.
a) O pronome estabelece uma relação de coesão por catáfora, uma vez que
tem como referente um nome posterior: defensores.
Resposta: Alternativa e.
5. Leia o texto:
Eles são 200 mil brasileiros. A maioria tem mais de quatro anos de idade.
Todos têm menos de 19. Nenhum mora em casa. Nenhum mora na rua. Estão
escondidos em orfanatos espalhados por todo o país. Ninguém os conhece
porque não incomodam. Não fazem rebelião nem suplicam esmolas. São
personagens invisíveis de uma história jamais contada.
O grande diário
Resposta: Alternativa e.
168
· pessoais
· possessivos
· demonstrativos
· indefinidos
· relativos
· interrogativos
Pronomes demonstrativos
FONTE: WALKER, Mort. Recruta Zero. O Globo, Rio de Janeiro, 16 abr. 2009.
No primeiro quadrinho, o falante usa "este livro" para indicar o livro que está
perto dele próprio; no último quadrinho, o outro falante usa "isso" para
localizar, no espaço, um objeto que não está perto dele, e sim perto de seu
interlocutor.
Nesse caso, a palavra isso foi empregada para retomar e, ao mesmo tempo,
substituir elementos textuais que fazem parte da própria fala de um dos
interlocutores.
Do alto da ponte, o velhinho olha com tristeza as águas agora poluídas do belo
rio de sua infância. Naquela época, o Tietê atravessava São Paulo limpo e
cheio de vida.
169
· no espaço físico
· no próprio texto
· no tempo
Ex.: Esta cicatriz que tenho na perna é dos tempos em que eu jogava futebol.
Ex.: Ela se despediu com estas palavras: a vida é longa; a gente se vê por aí.
Ex.: Finalmente este dia chegou! Hoje vou conhecer o maravilhoso rio
Araguaia.
Ex.: Por favor, posso dar uma olhada nessa revista que está com você?
Ex.: Dinheiro e fama. Nada mais que isso parece dar sentido à vida dele.
Exs.: Choveu muito nesse fim de semana, mas a segunda-feira está linda.
170
Note, pelos exemplos, que, para retomar dois elementos já citados, usa-se
"aquele/aquela/aquilo" para o referido em primeiro lugar e "este/esta/isto" para
o referido em segundo lugar. Veja outro exemplo:
Ex.: Meu avô não teve oportunidade de estudar; naquela época, não havia
escolas onde ele morava.
· o(s), a(s)
· tal/tais
· mesmo(s)/mesma(s)
· próprio(s)/própria(s)
· semelhante(s)
Alguns exemplos:
· Ela gastou rapidamente tudo o que ganhou; não faça você semelhante
besteira.
= aquilo
= esta
Demonstrativos anafóricos
Demonstrativos catafóricos
171
· "Seu" Gilberto foi nosso professor de História no Ensino Médio. Esse, sim, era
um mestre!
demonstrativo anafórico
· Muitas vezes lhe ocorria esta ideia: largar tudo e ir viver numa praia deserta
do litoral brasileiro.
demonstrativo catafórico
Pronomes indefinidos
CRÉDITO: Duke
172
Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de
cada um se resume ao tamanho do seu saber.
bastante(s) menos
um(uns), uma(s)
Ex.: Meu sonho é, algum dia, fazer uma longa viagem pelo maravilhoso rio
Amazonas.
b. Certo(s), certa(s)
Ex.: Existem certas coisas que só devem ser ditas no momento certo.
pronome indefinido
adjetivo
c. Todo(s), toda(s)
173
NAVEGAR É PRECISO
174
Pronomes relativos
Invariáveis Variáveis
pronome relativo
· Muitos imigrantes sonhavam com o regresso ao país onde haviam nascido.
1ª oração
2ª oração
pronome relativo
· Meu amigo, que sempre faz turismo no exterior, pouco conhece do próprio
Brasil.
2ª oração
1 ª oração
Note que, nesse exemplo, a segunda oração se encaixa entre duas partes da
primeira.
pronome relativo
· O irmão mais velho foi a única pessoa em quem ele sempre confiou
plenamente.
Preposição exigida pelo verbo confiar (confiarem algo/alguém).
pronome relativo
· A única coisa com a qual tínhamos preocupação eram os recursos para
finalizar a obra.
Preposição exigida pelo substantivo preocupação (ter preocupaçãocom
algo/alguém).
175
A forma que é o relativo de uso mais amplo e pode ter, como antecedente,
palavras que nomeiam pessoas ou coisas. Veja estes exemplos:
176
Essas duas formas, que na variedade culta formal da língua só podem ser
empregadas para indicar lugar, têm empregos diferentes. Assim:
· A cidade aonde você irá nas próximas férias fica no litoral de Alagoas?
A quem só despertaria
Vocabulário:
infante: príncipe.
Fim do vocabulário.
Esse exemplo permite concluir que a função dos pronomes relativos - retomar
e repor elementos numa sequência de frases - é essencial para a estruturação
textual, uma vez que, contribuindo para a coesão, esses pronomes,
adequadamente empregados, possibilitam a progressão (sequencialidade) do
texto e a organização do sentido dele.
177
Pronomes interrogativos
· que
· quem
· qual/quais
· quanto(s)/quanta(s)
Exs.: Este livro que está comigo é mais interessante que esse que está com
você.
Ela nasceu em 1971; naquele ano, seus pais se mudaram para o Brasil.
Ex.: Letícia não foi aprovada no exame, mas isso não a desanimou de estudar.
Ex.: De alguma forma, alguém deverá arcar com todas as despesas da festa.
3. Pronomes relativos - referem-se a um elemento textual (substantivo ou
pronome) já citado em uma oração, retomando-o e introduzindo-o no início da
oração seguinte da mesma frase.
Ex.: O livro que li relata uma história real cujo desfecho é inacreditável.
178
Atividades
Escreva no caderno
Quantas pessoas em sua casa não economizam porque pensam que o que
eles gastam não é suficiente para acabar com a água do mundo? Agora
multiplique pelo número de casas da sua rua, seu bairro, sua cidade, seu país,
do mundo todo, pensando da mesma maneira.
I. O enunciado "Quer levar a culpa por isso?" se configura como uma pergunta
dirigida a qualquer leitor do texto.
II. No enunciado "Quer levar a culpa por isso?", o pronome "aponta" para a
imagem que está retratada no texto.
Estão corretas:
a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
Resposta: Alternativa c.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Se você quiser ler, na íntegra, a obra Brás, Bexiga e Barra Funda, acesse o
seguinte link: http://tub.im/dsyqrp. Acesso em: 18 fev. 2016.
179
Para ele, o fim do ano era sempre uma época dura, difícil de suportar. Sofria
daquele tipo de tristeza mórbida que acomete algumas pessoas nos festejos
de Natal e de Ano-Novo. No seu caso havia uma razão óbvia para isso: aos 70
anos, solteirão, sem parentes, sem amigos, não tinha com quem celebrar,
ninguém o convidava para festa alguma. O jeito era tomar um porre, e era o
que fazia, mas o resultado era melancólico: além da solidão, tinha de suportar
a ressaca. [...]
NAVEGAR É PRECISO
Para conhecer um pouco sobre a vida do escritor gaúcho Moacyr Scliar, que,
além de contista, romancista e ensaísta, era também médico, visite o site
http://tub.im/8cb2mq. Acesso em: 28 maio 2016.
Resposta: ["era o que fazia" = era isso que fazia, isso = tomar um porre]
Resposta: Alternativa d.
Resposta: Existem assuntos a respeito dos quais eu prefiro não dar opiniões.
c) Estão sob investigação duas entidades sociais que foram transferidos para
elas recursos públicos destinados às vítimas da tragédia que atingiu a cidade.
1. O empreendimento faliu.
Resposta: Alternativa e.
180
DA TEORIA À PRÁTICA
Ponto de partida
- Não deixe sua cadela entrar na minha casa de novo. Ela está cheia de
pulgas.
- Diana, não entre nessa casa de novo. Ela está cheia de pulgas.
O tutor da Diana, portanto, fingiu não entender a frase. Ele se ofendeu com a
acusação de que sua cadela era pulguenta e aproveitou a brecha linguística - a
dupla referência do ela - para devolver a ofensa. Subentendida na fala dele
está a seguinte mensagem: "Nem me passou pela cabeça interpretar a palavra
ela como minha cadela, porque a Diana não tem pulgas; se alguma coisa aqui
é pulguenta, obviamente só pode ser sua casa".
Bem, a Diana pode até ter algumas pulguinhas, mas, sem dúvida, o tutor dela
mostrou que é um hábil usuário do idioma. Você concorda?
Escreva no caderno
Resposta: Ele dá a entender que ele não faz parte do conjunto designado pelo
pronome nós, ou seja, que ele não se julga insignificante diante da grandeza
do Universo.
181
2. Leia o texto:
3. Suponha que, de um diálogo entre um rapaz e uma amiga dele, tenha sido
extraído este trecho de fala:
Iniciando pela palavra Você, crie diferentes continuações para a frase, a fim de
ficar claro, em cada uma, que o possessivo sua evidencia que Gabriela é:
a) modelo fotográfico.
Resposta: Você está linda no pôster, um arraso! Todo cara que passava ficava
babando!
b) fotógrafa.
Resposta: Você está cada dia melhor, hein?! Já pode se tornar fotógrafa
profissional.
c) proprietária/colecionadora de fotos.
Resposta de Churchill:
Autoria desconhecida.
Resposta: Seria intensificado, pois "aos 90 anos" teria duplo sentido (90 anos
de Churchill ou do repórter?). Isso possibilitaria que Churchill, intencionalmente,
interpretasse esse trecho como "aos seus (do repórter) 90 anos". Assim,
Churchill estaria subentendendo que o repórter viveria mais uns 60 anos e
insinuando, em tom de brincadeira, que ele próprio, Churchill, que já tinha 80
anos, também viveria mais 60, ou seja, até os 140.
Resposta: Não. Ele só seria executado se dissesse "Corta esta", pois nesse
caso, "esta" indicaria a cabeça dele (corta esta cabeça). Como ele diz "Corta
essa!", o carrasco, se conhecesse os diferentes usos de essa e esta,
entenderia que o condenado lhe pede que pare com o que está fazendo, ou
seja, interrompa a execução.
182
TEXTO 1
TEXTO 2
Escala milimétrica
Enquanto este cavalo-marinho pode chegar a 30 cm, os filhotes medem poucos
milímetros ao nascer. Eles surgem depois que a fêmea deposita óvulos em
uma bolsa na barriga do macho, que é responsável pela fertilização.
LEGENDA: 10 cm
183
Passarei as férias na casa de praia de minha amiga, cujo aluguel está cotado
em mil reais por semana.
Tolerância pragmática
E MAIS ...
Mas será que, na língua falada, essas diferenças de uso realmente existem?
Para tentar responder a essa pergunta, vamos desenvolver uma atividade de
pesquisa.
[...] Os pronomes o/a, de construções como "eu o vi" e "eu a conheço", estão
praticamente extintos no português falado no Brasil [...]. Esses pronomes
nunca aparecem na fala das crianças brasileiras nem na dos adultos brasileiros
não alfabetizados e têm baixa ocorrência na fala dos indivíduos cultos, o que
demonstra que são exclusivos da língua ensinada na escola, sobretudo da
língua escrita, não fazendo parte, então, do repertório da língua materna dos
brasileiros. Nossas crianças usam sem problema me e te - "Ela me bateu", "Eu
vou te pegar" -, mas o/a jamais, que são substituídos por ele/ela: "Eu vou pegar
ele", "Eu vi ela". As formas lo e la - pegá-lo, vê-la -, então, nem pensar. Se as
crianças não usam é porque não ouvem os adultos usar, e se os adultos não
usam é porque não precisam desses pronomes. E mesmo na língua dos
adultos escolarizados, esses pronomes só aparecem como um recurso
estilístico, em situações de uso mais formais, quando o falante quer deixar
claro que domina as regras impostas pela gramática escolar. [...]
184
1. Objetivo
Em desacordo
De acordo com
com a norma
a norma culta
culta
5. Atividade complementar
185
capítulo 2 - Verbo
Classes gramaticais
Artigos
Crônicas
· RIBEIRO, João Ubaldo. O verbo for. Jornal Grande Bahia, Feira de Santana,
12 jun. 2013. Disponível em: http://tub.im/4nsanz. Acesso em: 10 mar. 2016.
INTRODUÇÃO
O movimento também espaço para que, cinco anos depois, em 1980, Vigdis
Finnbogadottir, uma mãe solteira divorciada, a Presidência do país, a primeira
mulher presidente da Europa e a primeira mulher no mundo a
democraticamente como chefe de Estado.
Leia abaixo esse mesmo trecho, agora acrescido das palavras que haviam sido
excluídas.
O movimento também abriu espaço para que, cinco anos depois, em 1980,
Vigdis Finnbogadottir, uma mãe solteira divorciada, conquistasse a
Presidência do país, tornando-se a primeira mulher presidente da Europa e a
primeira mulher no mundo a ser eleita democraticamente como chefe de
Estado.
[...]
BREWER, Kirstie. A greve geral de mulheres que tornou a Islândia o país "mais
feminista do mundo". G1, 2 nov. 2015. Disponível em:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/11/a-greve-geral-de-mulheres-que-
tornou-islandia-o-pais-mais-feminista-do-mundo.html. Acesso em: 10 mar.
2016.
Como você pôde perceber, as palavras destacadas são fundamentais para dar
sentido ao texto e possibilitar a compreensão adequada de seu conteúdo.
Essas palavras fazem parte da mais importante classe gramatical do idioma: o
verbo.
187
VERBO
Conceito
CRÉDITO: NASA/SPL/Latinstock
Complemento teórico
· Conjugações verbais
· Flexões do verbo
188
As conjugações verbais
Veja o quadro:
As flexões do verbo
FIQUE SABENDO
Flexão são variações que podem ocorrer na forma de uma palavra e que
desempenham determinadas funções gramaticais. [...]
O português é uma língua rica em flexões. [...] Um verbo típico como escrever
tem quase uma centena de formas: escrevo, escreve, escrevemos,
escreveríeis, escrevendo, escrito etc. E o número fica maior se contarmos
como flexão formas como tem escrito, está escrito e vai escrever, isto é, as
perífrases verbais. [...]
Pessoa e número
Números
Note, pelos exemplos desse quadro, que as formas você/ vocês indicam a 2ª
pessoa do discurso - quem ouve/lê - e exigem a forma verbal na 3ª pessoa:
você beija; vocês beijam.
CRÉDITO: Gustav Klimt. 1918. Óleo sobre tela, 180 × 189 cm. Museu
Kunsthistorisches, Viena
NAVEGAR É PRECISO
Gustav Klimt (1862-1918) foi um pintor austríaco da art nouveau (arte nova),
estilo artístico muito apreciado no final do século XIX e início do XX.
Para conhecer mais obras desse artista, visite os sites https://tub.im/gsxtkf e
http://tub.im/kt8dbj (acessos em: 10 mar. 2016) e discuta com seus colegas
sobre as características das pinturas encontradas nessas visitas virtuais.
189
CRÉDITO: Laerte
Tempo verbal
Essa divisão geral do tempo dá origem aos três tempos verbais básicos:
passado (ou pretérito), presente e futuro. Veja, por exemplo, os tempos
expressos pelas formas verbais na sugestiva troca de mensagens entre os dois
personagens deste cartum:
CRÉDITO: Amarildo
· chegarei
Fato posterior ao momento da escrita → futuro.
· sei
Fato simultâneo ao momento da escrita → presente.
· estou aguardando
Fato simultâneo ao momento da escrita → presente.
190
Presente
Pretérito
Pretérito perfeito
Pretérito imperfeito
Pretérito mais-que-perfeito
Futuro
Futuro do presente
Futuro do pretérito
Modo verbal
Modo é a flexão verbal que possibilita ao falante revelar sua própria atitude em
relação ao fato expresso pelo verbo. São três os modos verbais:
Modo indicativo
Fazem parte desse modo as formas verbais que exprimem atitudes de certeza
do falante.
Modo subjuntivo
Modo imperativo
Fazem parte desse modo as formas que exprimem ordem, pedido, conselho,
convite etc.
Cada um desses três modos é constituído, como veremos logo à frente, por um
conjunto específico de tempos verbais.
Formas nominais
Veja o quadro:
191
Complemento teórico
· Você vai sofrer com nossa ausência? ⇐⇒ Esse seu falso sofrer não nos
comove.
infinitivo funcionando como forma verbal
infinitivo funcionando como substantivo (forma nominal)
· A águavai ficar fervendo meia hora. ⇐⇒ Usamos água fervendo para lavar
os frascos.
gerúndio funcionando como forma verbal
gerúndio funcionando como adjetivo (forma nominal)
· O vilarejo ficou isolado pelas chuvas. ⇐⇒ Ele vive num sítio isolado, longe
da cidade.
particípio funcionando como forma verbal
particípio funcionando como adjetivo (forma nominal)
Presente Eu falo
FIQUE SABENDO
192
Presente
Eu viajo
Tu viajas
Ele/você viaja
Nós viajamos
Vós viajais
Eles/vocês viajam
Pretérito perfeito
Eu viajei
Tu viajaste
Ele/você viajou
Nós viajamos
Vós viajastes
Eles/vocês viajaram
Pretérito imperfeito
Eu viajava
Tu viajavas
Ele/você viajava
Nós viajávamos
Vós viajáveis
Eles/vocês viajavam
Pretérito mais-que-perfeito
Eu viajara
Tu viajaras
Ele/você viajara
Nós viajáramos
Vós viajáreis
Eles/vocês viajaram
Futuro do presente
Eu viajarei
Tu viajarás
Ele/você viajará
Nós viajaremos
Vós viajareis
Eles/vocês viajarão
Futuro do pretérito
Eu viajaria
Tu viajarias
Ele/você viajaria
Nós viajaríamos
Vós viajaríeis
Eles/vocês viajariam
Exemplos:
193
Complementos teóricos
Ex.: Não se preocupe; na semana que vem eu pago o que lhe devo.
3. A noção de tempo presente pode ser expressa também por determinadas
estruturas constituídas de duas ou mais formas verbais.
Pretérito perfeito
LIMA, Jorge de. Calunga. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. p.
125.
Como vimos no item anterior, o sentido de tempo passado (pretérito) pode ser
expresso por formas do presente. Essa substituição, usual em narrativas
históricas e manchetes jornalísticas, constitui um eficiente recurso para tornar
mais vivos os fatos, mostrando-os como se estivessem acontecendo no
momento da fala/escrita.
Pretérito imperfeito
Ex.: Quando era jovem, ele trabalhava como vendedor em uma loja de móveis.
Pretérito mais-que-perfeito
Note, nesse exemplo, que comprar é um fato mais "antigo", "mais concluído"
que entregar.
194
Quem dera
Futuro do presente
Futuro do pretérito
Ex.: O documento ainda não está pronto; você poderia pegá-lo amanhã?
Ex.: Segundo os jornais, um clube italiano faria uma proposta milionária pelo
jovem atacante.
195
Presente
Que eu conheça
Que tu conheças
Pretérito imperfeito
Se eu conhecesse
Se tu conhecesses
Se ele/você conhecesse
Se nós conhecêssemos
Se vós conhecêsseis
Se eles/vocês conhecessem
Futuro
Quando eu conhecer
Quando tu conheceres
Exemplos:
· É muito perigoso que ele viaje sozinho para aquela região tão remota.
· Ninguém admitirá que vocês dividam a culpa pelo erro que ele cometeu.
196
FONTE: THAVES, Bob. Frank & Ernest. Correio Popular, Campinas, 21 ago.
1994.
CRÉDITO: Ziraldo
· Imperativo afirmativo
· Imperativo negativo
197
Imperativo Exemplos
Formação do imperativo
Imperativo afirmativo
tu e vós
Formas derivadas de suas correspondentes no presente do indicativo, sem o
s final que essas formas sempre apresentam.
Observando com atenção o sentido das setas entre os quadros a seguir, veja,
como exemplo, a formação do imperativo afirmativo do verbo viajar.
Complementos teóricos
· seja você
· sejamos nós
· sejam vocês
2. Uma ordem, um pedido, um conselho etc. só se aplicam diretamente ao
interlocutor (pessoa com quem se fala); por isso, no imperativo, não existe a 1ª
pessoa do singular. Pelo mesmo motivo, as formas verbais referentes às 3 as
pessoas (ele/eles) são utilizadas para tratar por você/vocês a(s) pessoa(s)
com quem se fala.
198
Imperativo negativo
FONTE: BROWNE, Dik. Hagar. Folha de S.Paulo, São Paulo, 8 jul. 1996.
CRÉDITO: © 1996 King Features Syndicate /Ipress
Nesse diálogo, Helga está aconselhando sua jovem filha Hony. Com o
imperativo negativo "nunca esqueça", ela faz uma recomendação à filha; com
o imperativo afirmativo jogue, mostra que a jovem deve fazer essa exigência
ao futuro marido.
CRÉDITO: Junião
199
1. Flexões do verbo
Pessoa
1ª
2ª
3ª
Número
singular
plural
Tempo
presente
pretérito
futuro
Modo
indicativo
subjuntivo
imperativo
Voz
ativa
passiva
reflexiva
3. Formação do imperativo
· Imperativo afirmativo
Ex.: fala (tu), fale (você), falemos (nós), falai (vós), falem (vocês)
Ex.: não fales (tu), não fale (você), não falemos (nós), não faleis (vós), não
falem (vocês)
Atividades
Escreva no caderno
A praia estava deserta. Não havia ninguém ao longo da enseada e nem nas
matas que a cercavam. A areia, porém, se encontrava repleta de pegadas, num
claro sinal de que a terra era habitada. Tal evidência não impediu que os
marujos recém-desembarcados gravassem seus nomes e o de seus navios nas
árvores e nas rochas costeiras e, a seguir, imprimissem o dia, o mês e o ano
de seu desembarque, tomando conta daquele território em nome da Coroa de
Castela.
Imagine que você seja um dos marujos referidos no texto e, fazendo todas as
adaptações necessárias, reescreva-o como se você estivesse vendo e vivendo
neste momento os fatos relatados.
200
Resposta: Alternativa c.
[...]
Agora imagine que, tal como nós, outras criaturas inteligentes em algum canto
da galáxia descobriram a ciência. Só que o fizeram, digamos, 1 milhão de anos
antes de nós, o que em termos cósmicos não é nada.
Resposta: Alternativa c.
201
b) Como ficaria o discurso de Rodrigo, caso ele quisesse evitar a 2ª· pessoa do
plural?
Resposta: Nas suas mãos, meninas de hoje e mães de amanhã, está o destino
do Brasil. Os homens que darão ao mundo, os homens cujo caráter hão de
moldar [...] governarão este país [...]. Sejam, pois, castas. Sejam, pois, virgens.
Sejam, pois, puras!
Resposta: Alternativa d.
MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. São Paulo: FTD, 1993. p. 18.
202
Resposta: Alternativa e.
Para concluir o estudo dessa classe gramatical, vamos agora tratar dos
seguintes itens:
· Aspecto verbal
irão
alterar
Então:
Outro exemplo:
Tipos de
Características e exemplos
verbo
Eu fazi um desenho.
Eu sabo desenhar.
As crianças, quando estão aprendendo a falar, frequentemente usam formas
de verbos irregulares como se fossem regulares. É comum, por exemplo, elas
dizerem "eu fazi" (em lugar de "eu fiz"), "eu sabo" (em lugar de "eu sei"), "ele
fazeu" (em lugar de "ele fez"), "eu trazo" (em lugar de "eu trago"). E por que as
crianças falam assim?
204
As formas regularizadas ("se você trazer", "quando ele pôr", "se você fazesse"
etc.) são válidas em situações informais de comunicação, mas não cabem em
situações em que se faça necessário empregar a variedade culta formal da
língua.
205
Voz verbal é a flexão que, nos verbos de ação, estabelece uma relação entre o
fato verbal e o sujeito, indicando se este pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo.
Voz
Comportamento do sujeito Exemplos
verbal
Além da voz ativa e da voz passiva, existe uma terceira voz verbal, chamada
reflexiva, a qual, por meio de um pronome oblíquo (me, nos, se etc.) associado
ao verbo, indica que o sujeito pratica e também recebe a ação verbal.
Veja este exemplo de uma frase na voz reflexiva:
Estrutura verbal
Estrutura verbal
206
Compare essas duas construções e observe que, nos dois casos, o verbo foi
empregado no plural para concordar com o sujeito, que é o mesmo nas duas
frases.
Complemento teórico
voz ativa
voz passiva analítica
O tempo destruiu os belos casarões. ⇐⇒ Os belos casarões foram destruídos
pelo tempo.
Note que o sentido geral das duas construções é o mesmo porque, em ambas,
o termo "o tempo" exprime o agente da ação e, também nas duas, o termo "os
belos casarões" indica o paciente da ação.
207
Complemento teórico
Não. Para que uma frase tenha voz passiva é necessário haver, na voz ativa,
um elemento que funcione como paciente/destinatário da ação verbal praticada
pelo sujeito. Compare os exemplos a e b.
a) Voz ativa: Os rios do Pantanal inundam muitas fazendas.
sujeito agente
paciente da ação verbal
Essa frase, como apresenta um paciente da ação, admite voz passiva. Assim:
Essa frase não apresenta um paciente da ação verbal, por isso não admite voz
passiva.
Vimos, na página anterior, que a transposição de uma frase da voz ativa para a
voz passiva analítica (ou vice-versa) não muda o "sentido geral" da informação.
Então qual seria a utilidade prática desse mecanismo no idioma?
208
O aspecto verbal pode ser expresso por uma única forma verbal ou por uma
combinação de formas verbais e apresenta diferentes classificações,
dependendo do momento inicial, do momento final e da duração do fato no
tempo.
FIQUE SABENDO
A palavra aspecto formou-se a partir da raiz latina spek /spec, que significa
"olhar com atenção, observar". Essa raiz ocorre também em várias outras
palavras, como, por exemplo, espectador e espectro.
O aspecto verbal está, portanto, relacionado à ideia de "observar", no tempo,
o desenvolvimento e/ ou os limites do fato verbal e constitui um recurso de que
a língua dispõe para exprimir com mais refinamento de sentido, com maior
exatidão, certas possibilidades de ocorrência de um fato no tempo.
Veja, nas falas dos personagens desta tirinha, outros exemplos de aspecto
contínuo:
Exs.: Para assistir aos jogos sem pagar ingresso, os meninos pulavam o muro
do estádio.
Quando ela era jovem, vivia passeando pelo mundo sem preocupações com o
futuro.
A esse tipo de articulação temporal entre duas (ou mais) formas verbais damos
o nome de correlação temporal.
209
Afinal conseguiram chegar. Mas, ah! quando a pobre Magdá, toda trêmula e
exausta de forças já no tope da pedreira, defrontou com o pavoroso abismo
que se precipitava debaixo de seus pés, soltou um grito rápido, fechou os
olhos, e teria caído para trás, se o Conselheiro não lhe acode tão a tempo.
[...]
AZEVEDO, Aluísio. O homem. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1970. p. 94.
· Os verbos listados podem servir de modelo para outros (alguns dos quais são
apresentados, em cada caso, abaixo dos respectivos quadros).
· O sinal # indica que a forma verbal relativa àquela pessoa gramatical não
existe (tratando-se de um verbo defectivo, isto é, que não possui determinadas
formas).
1. Haver
Indicativo
Subjuntivo
210
2. Pôr
Indicativo
Subjuntivo
3. Reaver
Indicativo
Subjuntivo
· Presente: não tem nenhuma das seis formas. São incorretas, portanto,
formas como: que eu "reaveja", que tu "reavejas" etc.
4. Requerer
Indicativo
· Presente: requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis, requerem.
Subjuntivo
5. Ter
Indicativo
Subjuntivo
6. Ver
Indicativo
Subjuntivo
· Pretérito imperfeito: (se eu) visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem.
211
7. Vir
Indicativo
Subjuntivo
[E não: quando eu "vir", quando tu "vires", quando ele "vir", quando nós
"virmos" etc.].
Ex.: Ele reclamou muito, por isso foi expulso pelo árbitro.
Ex.: Ele foi expulso pelo árbitro porque já havia reclamado várias vezes.
· Quanto à flexão
Exs.: falir (não existe [eu] "falo"), abolir (não existe [eu] "abulo").
2. Vozes verbais
3. Aspecto verbal
4. Correlações temporais
Ajuste entre formas dos diferentes verbos presentes na frase para exprimir
adequadamente as relações de sentido de tempo entre eles.
212
Atividades
Escreva no caderno
Resposta: Alternativa e.
213
Resposta: Alternativa e.
d) Esse tipo de frase, embora apresente estrutura de voz passiva, não é usado
pelos falantes para evidenciar o sujeito passivo, e sim para indeterminar o
agente. Assim, o sentido pretendido, nesse caso, é: "Alguém vende rendas de
bilro".
Resposta: Alternativa e.
I. partiu e tinha acontecido indicam aspecto perfectivo, uma vez que exprimem
fatos inteiramente concluídos.
Resposta: C
Resposta: C
III. foram crescendo indica aspecto contínuo, ou seja, exprime um fato que se
prolonga no tempo.
Resposta: C
IV. regava, chegava e contava indicam aspecto habitual, já que exprimem fatos
de ocorrência repetitiva, rotineira.
Resposta: C
Resposta: refizerem
Resposta: previssem
Resposta: intervier
Resposta: contivesse/contenha
e) Reaver conjuga-se como haver, mas apenas nas formas em que esse verbo
apresenta a letra v. - Até agora eles ainda não [reaver] o dinheiro, mas,
futuramente, se o [reaver], quitarão todas as dívidas.
214
DA TEORIA À PRÁTICA
Ponto de partida
TERGALIZE-SE
O objetivo da campanha publicitária era, evidentemente, persuadir o leitor a
comprar o tecido.
Observe ainda que o verbo foi empregado com o pronome se, que exprime a
ideia de ação reflexiva, ou seja, uma atitude a ser tomada pelo destinatário da
mensagem e da qual ele próprio seria o beneficiário: tergalize-se equivale,
então, a atualize-se, renove-se, modernize-se, fique na moda (usando uma
roupa feita com tergal, evidentemente...).
Por isso, convém ficar bem atento(a) às propagandas que você vê por aí!
Escreva no caderno
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
os ocasos.
BARROS, Manoel de. Mundo pequeno - I. In: _____. Poesia completa. São
Paulo: Leya, 2010. p. 315.
215
Louco - sujeito que cisma que é Napoleão, desde os tempos de Napoleão, que
foi o único verdadeiro; vai dizer que não fui?
Infância
[...]
Mal meu tio saiu, e Maria Irma aparecia. Veio vindo, com o ondular de pombo e
o deslizar de bailarina, porque o dorso alto dos seus pezinhos é uma das dez
mil belezas de Maria Irma.
216
E MAIS...
Neste capítulo, vimos que se classifica como irregular todo verbo que, ao ser
conjugado, sofre alteração em seu radical. Depois, também neste capítulo, foi
apresentada, para consulta, uma listagem com alguns dos verbos irregulares
mais usuais.
1. Objetivo
c) O(A) professor(a) definirá também os critérios para a coleta dos dados com
os informantes.
Com base nas respostas apresentadas pelos informantes, cada grupo deverá
reproduzir, em uma folha de papel sulfite, a tabela a seguir:
Nível de
Número de
escolaridade dos Quantidade % Quantidade %
informantes
informantes
Fundamental Resposta: 4
Médio Resposta: 4
Superior Resposta: 4
Total Resposta: 12
b) Com base nas tabelas dos grupos, será preparada, em classe e sob a
coordenação do(a) professor(a), uma tabela geral, para consolidar os dados
obtidos.
217
Classes gramaticais
Livro
Artigos
218
INTRODUÇÃO
Na língua portuguesa existem palavras que não admitem alteração em sua
forma. Tais palavras, denominadas invariáveis, constituem quatro grupos:
1. Advérbio
2. Preposição
3. Conjunção
4. Interjeição
Relembre-as:
· substantivo
· numeral
· adjetivo
· pronome
· artigo
· verbo
Advérbio
Conceito
Vendo como os micróbios vivem e morrem, Pasteur deu seu inspirado passo
ao perceber que aí estava a chave para se entender as doenças. Ele acabou
por se transformar no profeta cuja visão empurrou os cientistas da época para
uma percepção revolucionária do nascimento, da decadência e da morte da
matéria.
BIRCH, Beverley. Louis Pasteur. São Paulo: Globo, 1993. (Personagens que
mudaram o mundo: os grandes cientistas). p. 7-8.
219
Complementos teóricos
1. Locução adverbial
Ex.: Nos dias de hoje, seria impossível viver sem as descobertas de Pasteur.
locução adverbial (de tempo)
locução adverbial (de modo)
220
3. Existem alguns advérbios que podem modificar uma frase inteira. Veja este
exemplo:
Classificação do advérbio
Complemento teórico
O que são dêiticos?
A palavra dêitico vem do grego dêixis, que significa "mostrar, apontar por meio
de elementos linguísticos". Os dêiticos são palavras de algumas classes
gramaticais que possibilitam ao falante indicar, por meio da linguagem,
tempos, lugares e indivíduos específicos. Funcionam como dêiticos:
1. Os pronomes pessoais:
· de 1ª pessoa: eu/nós;
· de 2ª pessoa: tu/você/vós/vocês;
Ex.: Ele ali, o Zequinha, será o guia de nossa caminhada pela mata.
221
irritado
é um adjetivo?
ou
é um advérbio de modo?
· Associa-se a substantivo.
Advérbio
· Associa-se ao verbo.
Como houve a mudança (irritado → irritada), fica claro que essa palavra é
variável e associa-se ao substantivo, funcionando, portanto, como adjetivo.
· Designação: eis.
222
Palavras invariáveis são aquelas que não admitem flexão (variação de forma).
As palavras que apresentam essa característica constituem quatro classes:
advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
Advérbio
afirmação
sim
certamente
dúvida
talvez
porventura
intensidade
pouco
demais
lugar
aqui
longe
modo
assim
depressa
negação
não
tempo
hoje
sempre
Locução adverbial
Ex.: Depois das aulas, ele voltava sem muita pressa para a loja do pai.
tempo
modo
lugar
223
Atividades
Escreva no caderno
O sedutor médio
Vamos juntar
Nossas rendas e
expectativas de vida
querida,
o que me dizes?
Ter 2, 3 filhos
d) nos dois primeiros versos, em que "juntar rendas" indica que o sujeito
poético passa por dificuldades financeiras e almeja os rendimentos da mulher.
Resposta: Alternativa b.
Infância
CRÉDITO: Superstock/Glowimages
224
Djavan: Usei o Chile como advérbio de quantidade. São ousadias, não tenho
satisfação a dar a ninguém. O Chile é aquela coisa comprida. É uma metáfora
interessante. É preciso que você tenha alma para senti-la ou não. As pessoas
da mídia têm que parar de achar que isso me atinge.
Resposta: Alternativa b.
Resposta: 1 e 3.
d) Que enunciado(s) faz(em) uma afirmação que não condiz com a realidade?
Explique.
225
Resposta: [Vestido assim = vestido igual a esse; age assim = age desse
modo/dessa maneira.]
Resposta: Alternativa e.
Preposição
Conceito
É claro que aí está faltando alguma coisa, não é mesmo? Então veja:
· partiu em 2011
Palavra que relaciona "partiu" e "2011", exprimindo, por meio dessa relação,
uma ideia de tempo.
226
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por [per],
sem, sob, sobre, trás
· Tempo - Um conhecido ditado popular diz que à noite todos os gatos são
pardos.
227
COM
· Instrumento - Com uma pequena chave de fenda, foi muito fácil abrir a porta.
DE
· Posse - Íamos pescar com o velho carro de meu irmão quase toda semana.
EM
· Lugar - Por que antigamente muitas igrejas eram construídas no alto dos
morros?
PARA
· Lugar - Seu sonho sempre foi mudar-se para uma pequena cidade à beira-
mar.
POR
· Causa - Marcelo, por ser o menorzinho da turma, sempre tinha que jogar no
gol.
· Tempo - Por mais de duas horas, ele tentou inutilmente consertar a velha
bicicleta.
SOBRE
Conjunção
Conceito
228
Cada uma dessas informações constitui uma oração (frase com verbo). É bem
provável, no entanto, que o repórter, em vez de usar três orações
separadamente, reunisse-as em uma única frase. Assim:
sujeito
· A chuva e um vento forte frustraram os planos do técnico.
palavras de mesma função (núcleos do sujeito)
Note que, nesse caso, a palavra e não liga orações, e sim duas palavras de
mesma função. A palavra e também é conjunção.
Então:
· duas orações;
FIQUE SABENDO
Complementos teóricos
2. Em muitos casos, a conjunção que liga duas orações é constituída por mais
de uma palavra. Nesse caso, a expressão denomina-se locução conjuntiva.
oração 1
oração 2
Exs.: As chuvas foram boas este ano, no entanto a produtividade não
entusiasmou os agricultores.
locução conjuntiva
oração 1
oração 2
Todas as árvores da avenida ficam floridas logo que começa a primavera.
locução conjuntiva
229
Interjeição
Conceito
No segundo quadro dessa tirinha, Hagar não empregou uma frase logicamente
organizada para expressar sua surpresa e alegria. Ele poderia ter se
expressado assim: "Estou muito feliz com isso que você está me dizendo."; no
entanto, ele sintetizou na palavra oba! tudo o que sentia naquele momento.
Essa palavra é um exemplo de interjeição.
São inúmeras as reações emotivas que podem ser expressas por meio de
interjeições e locuções interjetivas (expressões que funcionam como
interjeição). Veja alguns exemplos nos quadros:
Nessa tirinha, a interjeição oba! exprime o entusiasmo das ovelhas, que acham
que vão "ficar na moda"; o fazendeiro, por sua vez, usa ué! para exprimir
surpresa, estranhamento em relação ao comportamento delas, que geralmente
não gostam de ser tosquiadas.
230
Preposição
Palavra invariável que liga duas outras, estabelecendo entre elas determinadas
relações de sentido e/ou de dependência. Das duas palavras ligadas pela
preposição, uma delas é a principal (mais importante) e a outra é a
secundária.
Conjunção
Interjeição
Atividades
Escreva no caderno
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
Resposta: Alternativa d.
Resposta: "pelo" estabelece uma relação de lugar ("o mundo inteiro" é o lugar
por onde ele viajou)
Resposta: Relação de causa (Ele ficar conhecido tem como causa o fato de ele
defender a paz)
Resposta: Sim. Ela pode exprimir uma relação de agente ("mundo inteiro"
significando "povos/pessoas do mundo de todo o mundo"); pode também
exprimir a mesma relação semântica que ocorre em 1 ("mundo todo"
significando "[em] todos os lugares do mundo")
TEXTO 1
FONTE: GONSALES, Fernando. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/quadrin/f30609201005.htm. Acesso em: 20
jun. 2011.
TEXTO 2
Revista Língua Portuguesa, ano 5, n. 54, p. 19, abr. 2010. Disponível em:
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12001. Acesso em: 20 jun.
2011.
A precisão no uso dos termos é fundamental para definir com clareza o que se
quer expressar. Nos textos 1 e 2, o emprego da preposição, seguida, ou não,
de artigo e o uso de diferentes preposições remetem a sentidos diferentes nos
contextos em que ocorrem.
a) De/do no texto 1.
b) No/ao no texto 2.
232
Tio
e não entende
o que se fala
(ouve menos)
ali, sentadinho,
sem camisa,
magro,
os pelos do peito
esbranquiçados.
(tentamos) [...]
CARMO, Ruth do. Sobre vidas. São Paulo: Mageart, 1998. p. 36.
II. A substituição do mas por por isso enfatizaria a ideia de que o fato de o tio
estar velho é o motivo que leva o eu lírico a mantê-lo perto de si.
III. O mas deixa claro que, ao contrário do que muitas vezes costuma
acontecer numa situação como essa, o fato de o tio estar velho não levou o eu
lírico a abandoná-lo ou a afastá-lo de si.
Estão corretas:
a) I, II e III.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Apenas II.
Resposta: Alternativa d.
· Deputado A:
· Deputado B:
FONTE: www.orlandeli.com.br
CRÉDITO: Orlandeli
c) Para cada uma das interjeições referidas no item a, indique pelo menos duas
outras que também poderiam ter sido empregadas por eles para exprimir as
mesmas reações referidas em b.
233
DA TEORIA À PRÁTICA
Ponto de partida
Vamos começar com uma pergunta: "melhorar até 25% das fotos" significa
dizer que, de cada 100 fotos feitas com o filme anunciado, exatamente 25
ficam melhores do que se feitas com filmes de outras marcas?
Talvez a intenção do anúncio tenha sido informar que o filme "melhora em até
25% as suas fotos". Nesse caso, a frase estaria afirmando que todas as fotos
feitas com o filme têm qualidade até 25% superior à das fotos feitas com outro
filme. Repare que, mesmo assim, a afirmação continuaria capciosa: se todas
as fotos ficassem apenas 1% melhores (mais nítidas) que as feitas com outro
filme, a frase também não poderia ser considerada enganosa.
Escreva no caderno
a) Tal como está redigido, esse texto possibilita uma interpretação diferente da
informação que se pretende transmitir. Qual é essa interpretação?
Resposta: Pode-se entender que, quando o usuário abastece seu veículo, ele
não deve colocar pouco combustível (cinco ou dez litros, ou meio tanque, por
exemplo); ele precisa sempre encher completamente o tanque, até o
travamento automático da bomba.
234
Resposta: O já indica que "cavar 12 km" foi o limite máximo alcançado pelos
humanos e subentende que essa profundidade é insignificante, insatisfatória; o
ainda exprime tempo em relação a um fato em potencial (não realizado) e
evidencia a frustração, a impaciência do autor quanto a enviar uma sonda às
profundezas da Terra; o só exprime restrição, evidenciando que o autor
considera que foi tardia demais a descoberta do núcleo interno da Terra.
O garçom esclarece:
- Se você não for comer alguma coisa, não poderei servir-lhe o suco. Você leu
o aviso?
235
A respeito desse diálogo entre o rapaz e o garçom, responda aos itens abaixo:
O humor crítico dessa historinha baseia-se num jogo de sentidos obtido pelo
emprego de duas preposições.
b) Que recurso linguístico dessa frase foi empregado para argumentar que o
trabalho dessa instituição se diferencia dos outros? Explique.
236
Sintaxe da oração
Livro
Artigos
· MACHADO, Josué. Um pra cá, outro pra lá. Revista Língua Portuguesa,
[201-]. Blog Josué Machado. Disponível em: http://tub.im/bgf8xk. Acesso em:
18 mar. 2016.
Vídeo
237
INTRODUÇÃO
Todas essas palavras fazem parte do nosso idioma, mas como não foram
ordenadas, posicionadas em uma sequência válida no português, não criam
um "sentido", ou seja, não constituem um texto. O emissor, no entanto,
obviamente não usaria essas palavras assim; ele as organizaria em uma
sequência para criar o sentido pretendido. Assim:
Bastar ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles
estão despontando para o anonimato.
Dizemos, então, que esse texto está adequado à sintaxe da língua portuguesa.
238
· Sintaxe de concordância.
· Sintaxe de regência.
· Sintaxe de colocação.
Análise sintática
Conceitos preliminares
oração 1
oração 2
· Já faz quase dois anos que esta rodovia está em obras.
É frase (transmite ideias).
É um período composto (formado por mais de uma oração).
239
Incêndios matam.
A
B
Nessa oração, o termo A é formado por uma única palavra; o termo B também.
O mais comum, no entanto, é que elementos secundários se agrupem em torno
de um núcleo - palavra principal - para formar termos maiores, criando assim
uma escala de importância, isto é, uma hierarquia sintática.
C
· Incêndios matam animais.
A
B
Agora o termo B é formado por dois componentes:
· o núcleo (palavra principal): matam.
· o termo secundário C: animais.
C
· Os incêndios florestais matam muitos animais silvestres.
A
B
A
núcleo
Os incêndios florestais
termo secundário
termo secundário
B
núcleo
matam muitos animais silvestres.
C (termo secundário de B)
C
núcleo
muitos animais silvestres.
termo secundário
termo secundário
1. Sujeito
2. Predicado
3. Objeto (direto/indireto)
4. Agente da passiva
5. Adjunto adverbial
6. Adjunto adnominal
7. Predicativo
8. Complemento nominal
9. Aposto
10. Vocativo
Vamos iniciar, a seguir, o estudo dessas funções sintáticas. Esse estudo terá
continuidade nos dois próximos capítulos.
240
SUJEITO E PREDICADO
241
É o termo da oração com o qual o verbo concorda em pessoa (1ª, 2ª, 3ª) e
número (singular, plural).
Predicado
Complementos teóricos
· Ordem direta: sujeito antes do verbo. Ex.: Uma linda lua cheia clareava a
vastidão da fazenda.
242
Agora, vamos trocar o sujeito "dois multicoloridos balões" por outros grupos de
palavras e, assim, criar novos enunciados:
Sujeito
sujeito
· Seu amigo e você deram ótimas sugestões para o nosso trabalho.
substantivo
pronome
núcleos do sujeito
243
Complemento teórico
Sintagma nominal
Quando o sintagma nominal é formado por mais de uma palavra, seu núcleo é
sempre um nome (substantivo). Veja estes exemplos:
· No ano que vem, vamos reformar o pequeno sítio que compramos em Minas.
sintagma nominal
Note que, nesse último exemplo, o sintagma nominal, cujo núcleo é "sítio", é
constituído por um segmento dentro do qual ocorre uma oração inteira ("que
compramos em Minas").
Características do sujeito
a. O núcleo do sujeito
sujeito
· A grande diferença nos resultados das pesquisas eleitorais causou polêmica.
núcleo do sujeito (substantivo não precedido de preposição)
A maioria das orações tem como sujeito uma palavra ou expressão que
designa a 3.ª pessoa do discurso; por isso, geralmente o sujeito pode ser
substituído por ele(s)/ela(s), que são pronomes de 3ª pessoa. Observe:
244
Note que, nesse último exemplo, o sujeito de "estão se tornando" não é apenas
o segmento "Algumas espécies de peixes", e sim todo o sintagma "Algumas
espécies de peixes que vivem em corais"; note também que um dos elementos
formadores desse sujeito é uma oração inteira: "que vivem em corais".
Nas orações em que o verbo exprime ação, é possível estabelecer entre ele e
o sujeito certas correlações que determinam a classificação das vozes
verbais. Veja o quadro:
Sujeito agente e
reflexiva Ele sempre se julgou um herói.
paciente
Complemento teórico
1. O juiz, depois da partida, foi muito criticado pelos técnicos dos dois times.
· Função sintática → sujeito (termo com o qual o verbo concorda).
· Papel semântico → paciente (recebe a ação expressa pelo verbo "criticar").
[Note que, nesse caso, as funções de "sujeito" e de "agente" não coincidiram.]
245
Conceitos básicos
Sujeito e predicado
Atividades
Escreva no caderno
Enlace
No convento da Senhorita Sandra Carvalho e cirurgião plástico Nóbrega
Pernotta, contraíram carmelitas ontem as próprias testemunhas sendo seus
pais os laços matrimoniais.
c) Como seria a redação desse texto, supondo que ele realmente tivesse sido
publicado na coluna social de um jornal?
O trapiche
[...]
Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora
o areal do cais do porto. Por baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A
areia invadiu tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos poucos, lentamente,
a areia foi conquistando a frente do trapiche. Não mais atracaram na sua ponte
os veleiros que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros
musculosos que vieram da escravatura. Não mais cantou na velha ponte uma
canção um marinheiro nostálgico. A areia se estendeu muito alva em frente ao
trapiche. E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso
casarão. Ficou abandonado em meio ao areal, mancha negra na brancura do
cais.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
p. 25.
246
Resposta: Alternativa a.
a) A forma omitida foi aumentou, aumentaram ou pode ter sido qualquer uma
dessas duas? Justifique sua resposta, baseando-se no conceito de sujeito.
Resposta: Poderia ser qualquer uma delas. A forma aumentou levaria o leitor a
interpretar como sujeito (elíptico) o termo "O Ministério do Meio Ambiente"; o
emprego de aumentaram teria como sujeito (simples) o termo "os anos de vida
de nossos pulmões".
c) Se o "E" que inicia a segunda oração fosse substituído por "isso", o verbo
aumentar deveria ser empregado no singular ou no plural? Justifique.
As classificações do sujeito
sujeito determinado
sujeito indeterminado
Sujeito determinado
Sujeito
determinado
Apresenta apenas um
Apresenta dois Não aparece explícito, mas pode ser
núcleo, isto é, uma
ou mais núcleos. identificado pelo ouvinte/leitor.
única palavra principal.
A identificação dos diferentes tipos de sujeito não deve ser vista como uma
simples nomenclatura, utilizada apenas para "dar nome" a um termo da oração.
A importância dessa identificação está no fato de que o sujeito é o termo que
comanda a concordância verbal e, dependendo de como ele se apresenta, o
verbo se flexionará de uma determinada maneira. Sem identificar claramente o
sujeito, é impossível estabelecer adequadamente a concordância na variedade
culta da língua.
247
Sujeito indeterminado
CRÉDITO: Laerte
Complemento teórico
1ª oração
2ª oração
· Os pais dos alunos se reuniram e exigiram a substituição do coordenador.
sujeito determinado simples
sujeito: eles (sujeito determinado elíptico/oculto
248
Dizemos que uma oração é sem sujeito quando ela não apresenta nenhum
elemento ao qual o predicado possa ser atribuído. O que importa, nesse tipo de
oração, é o fato verbal em si.
Orações sem sujeito só ocorrem com um pequeno grupo de verbos que têm
uma particularidade sintática: eles não admitem sujeito, por isso não
estabelecem concordância verbal e, consequentemente, apresentam-se
sempre na 3ª pessoa do singular. Esses verbos são denominados
impessoais.
249
a. Verbo haver
Quando empregado:
· Indicando tempo passado. Ex.: Seu irmão esteve aqui há poucos dias.
b. Verbo fazer
Quando indica passagem do tempo, ou seja, tempo decorrido ou a decorrer,
como nestes exemplos:
Verbos como ventar, chover, fazer frio/calor etc. são impessoais. Veja estes
exemplos:
· No verão, amanhece mais cedo, escurece mais tarde e faz dias muito
quentes.
Complementos teóricos
· Havia muitas árvores nesta praça. ⇐⇒ Existiam muitas árvores nesta praça.
oração sem sujeito
sujeito
Classificações do sujeito
Sujeito determinado
· Simples (um só núcleo). Ex.: A enorme fazenda é cortada por uma ferrovia.
Ex.: Com certeza, ficarás feliz com as boas notícias. [sujeito: tu]
Sujeito indeterminado
verbo impessoal
verbo impessoal
Ex.: Já fazia uns três anos que não mais havia festas juninas aqui no bairro.
oração sem sujeito
oração sem sujeito
250
Atividades
Escreva no caderno
Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma
série de contágios entre línguas.
Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além
do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o
francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia,
que significava "influência dos astros sobre os homens". O segundo era apenas
a forma nominal do verbo gripper, isto é, "agarrar". Supõe-se que fizesse
referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
a) "[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas."
b) "Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]".
Resposta: Alternativa e.
CRÉDITO: Laerte
Resposta: Alternativa d.
251
Resposta: Alternativa e.
c) Se quiséssemos manter esse verbo tal como ele se apresenta no texto, que
mudança seria necessária para tornar o trecho adequado à regra?
Resposta: Bastaria deslocar o verbo para antes do sujeito, e, para uma melhor
organização da frase, antepor também a expressão "para fora da boate":
Levou-o para fora da boate o vendedor ambulante Luciano Ribeiro e a
cabeleireira Denise Cunha [...]. Assim, o verbo concordaria com o primeiro
núcleo: "vendedor".
· constar
· restar
· existir
· haver
c) Na resposta ao item b, qual verbo não foi flexionado como os demais? Por
quê?
Resposta: O verbo haver, pois é impessoal (sem sujeito) e, por isso, deve ser
empregado no singular.
252
DA TEORIA À PRÁTICA
Ponto de partida
Vocabulário:
plácido: tranquilo;
Fim do vocabulário.
Será que, ao cantá-los, você sabe exatamente o que eles estão dizendo?
Esse trecho é constituído por uma única oração, que está na ordem indireta.
Mas, afinal, qual é o sujeito de ouviram?
O fato de o verbo iniciar a oração e apresentar-se na 3ª pessoa do plural pode
induzir o leitor a supor que o sujeito seja indeterminado, ou seja, pensar assim:
Mas... Será que o sujeito não seria "um povo heroico"? Essa hipótese será
facilmente descartada se observarmos que esse termo está precedido por
preposição "de" e se levarmos em conta que o sujeito, por ser um elemento
sintático independente na estrutura da oração, não pode ter seu núcleo
precedido de preposição. Além disso, se "um povo heroico" (termo no singular)
fosse o sujeito, obviamente exigiria o verbo no singular, e não no plural.
Assim fica fácil, não é mesmo? O sujeito é "as margens plácidas do Ipiranga", o
que exige a concordância verbal no plural: elas ouviram o brado retumbante
de um povo heroico.
NAVEGAR É PRECISO
253
Escreva no caderno
TEXTO 1
Em São Paulo, implantaram uma indústria da multa que fica cada vez mais
faminta. Agora, em um trecho de uma avenida, o limite é 70 km/h e, duas
quadras mais à frente, cai para 60. E o motorista, além de ficar atento à
confusão do trânsito, tem que se prevenir contra essas armadilhas.
TEXTO 2
Ator: Ah, isso foi meio por acaso, eu era desligado dessas coisas de futuro...
profissão... mas chega uma hora, né... que você se sente pressionado... Você
tem que achar o seu caminho. Aí, um dia, botei na cabeça que ia ser ator.
Gerações de renda
Carolina Vianna de Sá só faz renda de filé quando está inspirada. "Tem uma
hora que dá aquela vontade de fazer, mas quando cansa, eu paro", diz a
menina de 13 anos. [...]
GERAÇÕES de renda. TAM nas Nuvens, n. 13, p. 63-64, jan. 2009.
254
Tem uma hora que dá aquela vontade de fazer, mas quando cansa, eu
paro
c) O cartum é um gênero textual que, por meio do humor, tem por objetivo
criticar determinados aspectos da realidade social. Qual é a crítica veiculada
por esse cartum?
Resposta: Trata-se de uma crítica ao fato de o aluno não ter motivação para
continuar frequentando a escola, ou seja, uma crítica ao sistema educacional e
à incapacidade da escola (e da família) de impedir a evasão escolar.
[Observação: O Brasil tem um índice de 24,3% de abandono escolar, sendo a
terceira maior taxa entre os 100 países com maior IDH, só atrás da Bósnia e
Herzegovina (26,8%) e das ilhas de São Cristóvão e Névis, no Caribe (26,5%),
de acordo com dados de 2012. (Fonte: BRASIL tem 3ª maior taxa de evasão
escolar entre 100 países, diz Pnud. Uol, 2012. Disponível em:
http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/14/brasil-tem-3-maior-taxa-de-
evasao-escolar-entre-100-paises-diz-pnud.htm. Acesso em: 18 mar. 2016.)]
Mas que movimento, que vida, que economia de músculos: a gente chega a
acompanhar com a cabeça a trajetória da frase!
Vocabulário:
análise lógica: era o nome do que hoje chamamos de "análise sintática".
Fim do vocabulário.
a) O que Mario Quintana quis dizer ao exclamar que "a gente chega a
acompanhar com a cabeça a trajetória da frase!"?
255
E MAIS...
Mas será que, quando falamos, usamos mais a ordem direta ou a indireta? E
será que, quando escrevemos, temos preferência por uma dessas
ordenações?
Para tentar responder a essas perguntas, vamos desenvolver uma atividade
composta por duas etapas.
O(A) professor(a) irá propor alguns enunciados a respeito dos quais será
desenvolvida, oralmente, uma breve análise coletiva.
1. Objetivo
b) A critério dos integrantes de cada grupo, ele será subdivido em dois grupos
menores.
c) Um dos subgrupos ficará responsável por selecionar cinco textos orais para
a realização da pesquisa; o outro subgrupo selecionará cinco textos escritos.
Quantidade % Quantidade %
Quantidade % Quantidade %
Textos orais
Textos
escritos
b) Será feita uma breve análise coletiva dos resultados obtidos na pesquisa.
256
Sintaxe da oração
Entrevista
Artigos
257
INTRODUÇÃO
O trecho abaixo foi transcrito do livro A fantástica história do cérebro. Leia-o
dando atenção aos termos que foram destacados:
CRÉDITO: SPL/Latinstock
verbo de ligação
verbo significativo
Verbo de ligação
258
Verbo de ligação
É todo verbo que, por si mesmo, nada informa a respeito do sujeito; ele apenas
liga o sujeito ao predicativo.
Predicativo do sujeito
sujeito
verbo de ligação
predicativo do sujeito
Muitas vezes, para que a frase tenha uma estruturação mais concisa, o verbo
de ligação pode ficar em elipse, ou seja, subentendido. Compare:
Complemento teórico
Então, da mesma forma que não faz sentido memorizar uma "lista de sujeitos"
(ou de qualquer outro termo), não faz sentido memorizar uma "lista de verbos
de ligação".
259
Verbo significativo
CRÉDITO: Candido Portinari. 1941. Óleo sobre tela, 60x73 cm. Coleção
particular - Direito de reprodução gentilmente cedido por João Candido
Portinari
Verbo intransitivo
É aquele que, em uma determinada oração, exprime, por si só, uma ideia
completa e, por isso, não requer outro termo que complete seu sentido.
Verbo transitivo
É aquele que, em uma determinada oração, não tendo sentido completo por si
mesmo, requer um objeto, isto é, um termo que complete seu sentido.
Objeto
260
Verbo de ligação
Verbo significativo
Verbo que, por si mesmo, apresenta um significado, um sentido, que pode ser
completo ou incompleto.
Exemplos:
· Poucos minutos antes do início da peça, o teatro ainda estava meio vazio.
verbo de ligação
predicativo
Exemplos:
261
Atividades
Escreva no caderno
b) 1. Diz a lenda que, nas noites de lua cheia, o lobisomem anda pelas
estradinhas das fazendas assustando as pessoas.
2. Fernando disse que o pai dele anda preocupado com a situação financeira
da loj a.
LOOS, Anita. In: CASTRO, Ruy. O melhor do mau humor. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989. p. 51.
a) "Estou" funciona como verbo de ligação, pois relaciona o sujeito elíptico "eu"
ao predicativo "uma fera com as feministas".
Resposta: Alternativa e.
O que não falta na História do Brasil são heróis: Cabral, o que descobriu;
Martim Afonso, o que colonizou; Anchieta, o que catequizou; Paes Leme, o
que desbravou; Calabar, o que traiu; Tiradentes, o que antecipou; D. Pedro I,
o que gritou; D. Pedro II, o que dançou; princesa Isabel, a que redentou;
Caxias, o que espadou; Deodoro, o que proclamou; Oswaldo Cruz, o que
saneou; Santos Dumont, o que voou; Bilac, o que obrigou; Getúlio, o que se
matou; Pelé, o que marcou.
FEIJÓ, Martin Cezar. O que é herói. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 45.
Atenção Professor(a), Martim Afonso: primeiro colonizador do Brasil; Paes
Leme: um bandeirante; Calabar: proprietário de terras que, na guerra dos
portugueses contra os holandeses em Pernambuco, em 1632, mudou para o
lado dos holandeses, ajudando-os a combater os portugueses; Oswaldo Cruz:
médico sanitarista que, a partir de 1903, promoveu a extinção da febre amarela
no Rio de Janeiro; Olavo Bilac: poeta que foi defensor convicto da
obrigatoriedade do serviço militar pelos jovens. A princesa Isabel é conhecida
como a redentora [= libertadora] dos escravos. Fim da observação.
· catequizou
· gritou
· espadou
· marcou
· antecipou
· redentou
· proclamou
262
objeto direto
objeto indireto
VERBO
agente da passiva
adjunto adverbial
termo que
· completa o sentido do verbo "criar";
· nomeia o resultado da ação do sujeito;
· não é iniciado por preposição (de, em, com etc.).
CRÉDITO: Reprodução
Essas características do termo a campanha "Natal sem fome" determinam, em
b, sua função sintática: objeto direto do verbo "criar", que, por sua vez,
classifica se como verbo transitivo direto. Assim, em b, temos:
263
em você
termo que
· completa o sentido do verbo "confiar";
· nomeia o "destinatário" do processo verbal;
· é iniciado por preposição [em] exigida pelo verbo.
Objeto direto
Termo que, sem ser iniciado por preposição, associa-se a um verbo transitivo,
completando-lhe o sentido e representando o alvo, o paciente ou o
resultado/produto do processo verbal.
Objeto indireto
Termo que, por meio de uma preposição, vincula-se a um verbo transitivo, para
complementar-lhe o sentido e representar o receptor, o beneficiário ou o
destinatário do processo verbal.
Sim. A transitividade não é uma característica fixa dos verbos; ou seja, ela
pode variar dependendo das relações sintático-semânticas estabelecidas na
oração em que o verbo é empregado. Compare, nestas três orações, as
diferentes classificações do verbo ler:
264
substantivo
pronome
· Ela enviarátodas as cópias do contrato para vocês.
OD
OI
Ex.: Compreendo seu ponto de vista, mas não concordo com sua decisão.
VTD
OD
VTI
OI
Preposição exigida pelo verbo: concordarcom...
voz ativa
· Um incêndio destruiu os pastos.
VTD
OD
voz passiva
Os pastos foram destruídos por um incêndio.
sujeito paciente
Note, pelo exemplo, que o objeto direto da voz ativa passa a funcionar, na voz
passiva, como sujeito paciente.
· o(s), a(s) - sempre objeto direto. Ex.: O rio inundou toda a planície. ⇒ O rio
inundou-a.
265
objeto direto
objeto indireto
agente da passiva
adjunto adverbial
Ex.: Ele sempre visita nossa região, por isso conhece muita gente por aqui.
VTD
OD
VTD
OD
Ex.: Enviamos o documento ao prefeito para que ele libere a verba para a
escola.
VTDI
OD
OI
VTDI
OD
OI
Atividades
Escreva no caderno
CRÉDITO: Sinovaldo
Considere as relações sintáticas e semânticas da oração "Fiz uma retirada
sustentável" e identifique a afirmação incorreta:
Resposta: "Sujeito" é um termo da oração, não o ser nomeado por esse termo.
Resposta: Alternativa d.
266
2. (UFSC) A poesia pode ser encontrada nas formas e lugares mais inusitados,
como nesta inscrição em um para-choque de caminhão:
16. para que ocorra a interpretação I, é necessário que o termo "a terra" seja
tomado como objeto direto do verbo e que o termo "o teu orgulho" seja
entendido como sujeito.
b) Que sentido e que transitividade esse verbo passa a ter na fala do segundo
interlocutor?
Resposta: "Receber" passa a ter sentido de "pegar", "aceitar" e funciona como
transitivo direto e indireto (receber alguma coisa [OD] de alguém [OI]).
SHELLEY, Percy Bysshe. A máscara da anarquia. Lisboa: Ed. & Etc, 2008.
d) Nos quatro versos, o primeiro verbo é transitivo direto e tem como objeto o
pronome relativo "que".
Resposta: São verbos transitivos diretos. Seus objetos são, pela ordem, os
sintagmas: "a semente que tu semeias"; "a riqueza que tu achas"; "as roupas
que tu teces"; "as armas que tu forjas".
Resposta: Alternativa e.
FIQUE SABENDO
Paralelismo sintático
267
agente da passiva
adjunto adverbial
Agente da passiva
No estudo dos verbos (capítulo 2), vimos que, se o verbo exprime ação,
estabelecem-se entre ele e o sujeito certas relações sintático-semânticas que
caracterizam as diferentes vozes verbais. Relembre duas dessas relações:
Note que, na voz passiva, o termo "(por) Oscar Niemeyer" deixou de funcionar
sintaticamente como sujeito da oração, mas continua sendo o agente da ação
expressa por "projetar". Esse termo é, então, o agente de uma oração na voz
passiva, ou, simplesmente, o agente da passiva.
268
NAVEGAR É PRECISO
substantivo
· O velho cemitério do vilarejo era vigiado por alguns fantasmas brincalhões.
agente da passiva
pronome
· Essa proposta absurda e inútil teria sido apoiada por vocês?
agente da passiva
269
Veja um exemplo:
CRÉDITO: Renoir. 1875. Óleo sobre tela, 71x92 cm. Coleção particular. Foto:
World History Archive/Alamy/Latinstock
NAVEGAR É PRECISO
Voz passiva ⇒ Em 1521, esse antigo povo mexicano foi massacrado pelos
espanhóis, sedentos dos tesouinadequada ros dos astecas.
"Voz passiva": Uma bicicleta velha era tida por meu irmão. → construção
agramatical
FIQUE SABENDO
A condição básica para que uma oração admita voz passiva é que, na ativa, ela
apresente objeto sem preposição (objeto direto). Essa condição se impõe
porque o objeto direto da ativa passa a funcionar, na passiva, como sujeito,
termo que, como você já aprendeu, não pode ter o núcleo precedido de
preposição.
270
Adjunto adverbial
CRÉDITO: Lute
· Talvez eles não saibam que, nas próximas férias, terão de ir de ônibus à
praia.
dúvida
negação
tempo
meio
lugar
Complemento teórico
Atividades
Escreva no caderno
1. Em relação às orações dos itens de a a c, faça o que se propõe.
Resposta: · Porque esse termo não funciona como sujeito, e sim como objeto
direto. O sujeito, termo que comanda a concordância verbal, é "o velho barco".
· Passe a oração para a voz passiva e explique por que, na passiva, o termo
"alimentos e remédios" influi na concordância verbal.
· Por que não é possível transpor essa oração para a voz passiva?
272
2. (Insper-SP) Leia estas manchetes:
Resposta: Alternativa d.
2. "com os pais" é objeto indireto, pois quem viaja viaja com alguém.
Resposta: Em 2, "com os pais" não é objeto porque não representa o alvo (ou
paciente/ destinatário/beneficiário) do processo verbal (é adjunto adverbial de
companhia: as crianças viajaram em companhia dos pais; junto com os pais).
b) A frase I, que está na voz passiva, admite duas formas de voz ativa:
"Durante a noite, levaram alguns animais pelo rio" e "Durante a noite, o rio
levou alguns animais".
d) Se uma pessoa que nunca foi ao Egito usasse a frase II, ela não
necessariamente estaria mentindo.
Resposta: Em d, pode-se atribuir à fala da pessoa o sentido "Estou, de novo,
com vontade de ir ao Egito", ou seja, ela não estaria afirmando que já foi ao
Egito, e sim que já teve, anteriormente, vontade de ir lá.
Resposta: Alternativa e.
273
DA TEORIA À PRÁTICA
Ponto de partida
[...] Íamos, se não me engano, pela Rua das Mangueiras, quando, voltando-
nos, vimos um carro elegante que levavam a trote largo dois fogosos cavalos.
[...]
Uma leitura pouco atenta desse período pode dar a impressão de que na
passagem a seguir ocorre um erro de concordância:
[...] vimos um carro elegante que levavam a trote largo dois fogosos cavalos [...]
Além disso, a antecipação do adjunto adverbial "a trote largo" para o meio da
oração dificulta um pouco a leitura. No entanto, se considerarmos o conteúdo
lógico do trecho, perceberemos que não há erro algum. Qualquer pessoa sabe
que não é a carruagem que leva (puxa) os cavalos, e sim o contrário. Então, na
oração iniciada no relativo que, temos:
"vimos um carro elegante que dois fogosos cavalos levavam a trote largo"
274
Escreva no caderno
2. Leia esta breve narrativa, uma piada citada por Sigmund Freud, o pai da
psicanálise:
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
275
a) Passe a frase 1 para a voz passiva e explique por que, na manchete, não
seria recomendável usar a construção passiva.
b) Em que voz verbal está a manchete 2? Faça uma hipótese para explicar a
opção do redator por essa construção sintática.
Resposta: Voz passiva. Ao apresentar o termo "araras ameaçadas de extinção"
na função de sujeito, a passiva possibilita enfatizar esse termo. A voz ativa
("Furtam em Ribeirão Preto araras ameaçadas de extinção") não teria o mesmo
apelo expressivo que tem a manchete original.
UM CARRO QUE
ATÉ A ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE
APROVARIA:
ANDA MAIS
E BEBE MENOS.
5. Leia este trecho de texto sobre uma descoberta feita por um astrônomo:
b) Explique por que o trecho "localizaram no Havaí" gera certa dificuldade para
compreender adequadamente o que se pretendeu dizer na última frase.
276
Sintaxe da oração
Artigos
277
INTRODUÇÃO
adjunto adnominal
predicativo
NOME
complemento nominal
aposto
Esses quatro termos, que recebem a designação geral de termos associados
a nomes, constituem o assunto deste capítulo.
Adjunto adnominal
sujeito
verbo
objeto
O sentido dessa oração é compreensível, mas bastante amplo, vago, uma vez
que não traz qualquer informação a respeito do nome "cachoeiras", nem a
respeito do nome "visitantes". Para especificar, caracterizar melhor esses dois
nomes, podemos acrescentar-lhes outros termos. Assim, por exemplo:
Então:
278
Relação morfossintática do adjunto adnominal
Veja, por exemplo, as classes gramaticais das palavras que, na oração abaixo,
expressam os adjuntos adnominais sublinhados:
1ª característica
sujeito
objeto direto
· Alguns poucos guardas ambientais protegem a deslumbrante beleza da
Serra da Canastra.
adjuntos adnominais dentro do sujeito
adjuntos adnominais dentro do objeto direto
279
Predicativo
Predicativo do sujeito
Vamos considerar estas orações observando os termos destacados:
280
Predicativo do objeto
CRÉDITO: Lute
Note, pelo sentido geral da notícia, que ser "uma epidemia" é uma
característica nova atribuída ao "sedentarismo"; entende-se que ele não era
considerado uma epidemia, mas passou a ser. A essa característica nova que,
no contexto do ato de comunicação, é atribuída ao objeto damos o nome de
predicativo do objeto.
281
Veja este exemplo: A seca tornava completamente sem sentido o esforço dos
lavradores.
predicativo do objeto
locução adjetiva
objeto
Predicativo
Adjunto adnominal
282
Adjunto adnominal
Predicativo
Complemento nominal
Aposto
Adjunto adnominal
Predicativo
Atividades
Escreva no caderno
1. O jornal de uma pequena cidade publicou, certa vez, uma notícia com a
seguinte manchete:
283
a) O que a recepcionista quis dizer ao afirmar "O doutor não atende bêbado!"?
Resposta: Ele supôs que o médico, por estar bêbado, não poderia atendê-lo
naquele momento.
Resposta: Frase 3.
BRAGA, Rubem. Sobre o Amor, etc. In: _____. 200 crônicas escolhidas: as
melhores de Rubem Braga. Rio de Janeiro: Record, 1978. p. 88.
284
Complemento nominal
Aposto
Complemento nominal
CRÉDITO: Laerte
285
substantivo
pronome
· Ela está preocupada com o projeto porque não tem confiança em nós.
complemento nominal de "preocupada"
complemento nominal de "confiança"
Ex.: Arthur tem tanta paixão pelo mar, que se mudou para perto de uma praia.
subst. abstrato
compl. nominal
advérbio
complemento nominal
objeto direto
adj. adverbial (lugar)
Ex.: Arthur tem tanta paixão pelo mar, que se mudou para perto de uma praia.
complemento nominal dentro do objeto direto
complemento nominal dentro do adjunto adverbial
Compare os exemplos:
286
Aposto
Então:
pronome
substantivo
· Os responsáveis pelo projeto, tu e o engenheiro, não podem faltar à reunião.
aposto
287
VOCATIVO
O núcleo do vocativo, por ser o nome que o falante utiliza para chamar
diretamente seu interlocutor, é sempre representado por substantivo (ou por
um equivalente: palavra substantivada ou pronome).
substantivo
· Até quando, meu generoso planeta, vão desperdiçar tanto do que
gratuitamente você nos dá?
vocativo
288
Ela fica muito preocupada com o filho quando ele está longe de casa.
compl. nominal de "preocupada"
compl. nominal de "longe"
Vocativo
Termo que o falante emprega para chamar diretamente o interlocutor por meio
de seu nome, apelido, característica, profissão etc.
Ex.: Pois é, meu amigo, você deixou para trás os sonhos da nossa juventude.
vocativo
Atividades
Escreva no caderno
289
Resposta: Alternativa e.
Resposta: Morre Ahmed al Chalabi, político que apoiou a invasão dos EUA ao
Iraque. Ou: [...] apoiou a invasão do Iraque pelos EUA.
- Desculpe, querida, mas eu tenho a impressão de que você quer casar comigo
só porque eu herdei uma fortuna do meu tio.
- Imagina, meu bem! Eu me casaria com você mesmo que tivesse herdado a
fortuna de outro parente qualquer!
No texto, a partir da fala da mulher, o leitor pode ser levado a deduzir que ela
quer se casar, não por interesse, mas por amor. Essa dedução, no entanto, é
desconstruída quando:
c) ela afirma que casaria mesmo com ele; enfatizando assim que a situação
financeira em si não é o mais importante na relação.
e) ela afirma o seguinte: "- Imagina, meu bem!", pois o uso de frase
exclamativa, no texto, vem confirmar o quanto há mal entendido entre homem e
mulher.
Resposta: Alternativa d.
290
DA TEORIA À PRÁTICA
Ponto de partida
Escreva no caderno
291
292
TEATRO CORISCO
Tragédia em um ato
Época: atual
ATO ÚNICO
Patrão: Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora em diante toma mais
cuidado.
Resposta: Ele quis lembrar ao patrão que era um excelente empregado. Com
esse argumento, ele provavelmente pretendia reivindicar um aumento de
salário ou uma promoção.
CRÉDITO: Egon Schiele, 1911. Óleo sobre tela, 80,5 x 80 cm. Erich
Lessing/Album Art/Latinstock
NAVEGAR É PRECISO
293
CAPÍTULO 3 | Relatório
294
Livro
Sites
295
PRIMEIRA LEITURA
A noiva cadáver
CRÉDITO: Filme de Mike Johnson e Tim Burton. A noiva cadáver. EUA e Reino
Unido, 2005
3 A história do filme inicia-se quando Victor van Dort (dublado por Johnny
Depp), filho de um casal novo-rico, torna-se noivo de Victoria Everglot, uma
recatada jovem que deveria contrair matrimônio para salvar a nobre família da
ruína financeira. Durante o ensaio às vésperas do casamento, os noivos
apaixonam-se inesperadamente, mas o rapaz, extremamente tímido, não
consegue pronunciar seus votos com clareza.
5 A noiva-cadáver leva Victor para o mundo dos mortos, do qual ele tenta fugir,
enganando-a com estratagemas para convencê-la a deixá-lo retornar ao
mundo dos vivos e rever a sua noiva. Emily o impede e ambos permanecem na
habitação dos defuntos.
296
Em tom de conversa
1. Você já assistiu ao filme A noiva cadáver? O que achou dele? E quanto aos
outros trabalhos de Johnny Depp e Tim Burton mencionados no texto? Conte
aos colegas tudo o que sabe a respeito da produção dessa dupla.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
3. Para você, qual é o significado do adjetivo clássico? Ele pode ser atribuído
a um filme de animação, como A noiva cadáver? Por quê?
a) Quais parágrafos você tiraria dessa resenha escolar, a fim de dar a ela um
tom de resenha propagandística?
Resposta: Parágrafos 7 e 8.
Escreva no caderno
Resposta: Parágrafos 1 e 2.
Resposta: Parágrafos de 3 a 8.
2º - "O âmbito sonoro é ainda mais exuberante: os bonecos foram dublados por
grandes astros e atrizes [...]".
RESUMO E RESENHA
Um dos procedimentos que devem ser seguidos para fazer um bom resumo é o
de ler e reler o texto, quantas vezes for necessário, para:
E MAIS...
Resposta pessoal.
Resenha de crônicas
O assunto de uma crônica pode ser uma experiência pessoal do cronista, uma
informação obtida por ele ou um caso imaginário. O modo de apresentar o
assunto também varia: pode ser uma descrição (subjetiva ou objetiva), uma
narrativa sugestiva, uma exposição argumentativa, entre outros. Quanto à
finalidade pretendida, é possível promover uma reflexão, definir um sentimento,
provocar o riso etc.
Leitura
TEXTO 1
298
Vocabulário:
mazela: aborrecimento;
Fim do vocabulário.
TEXTO 2
Quando uma mulher e um homem se veem pela primeira vez, pode acontecer
uma faísca; é quando bate.
Ela surge de uma imediata e inconsciente avaliação de parte a parte; pode ser
com o cunhado, o feirante, o padre, o marido da maior amiga, e independe de
beleza, charme ou classe social.
Essa estranha sensação pode não dar em nada, mas quanto mais intimidade
você tiver com você mesma - e com seus pensamentos -, mais rapidamente vai
perceber o que está acontecendo, o que, aliás, é raro; a maioria das pessoas
não identifica o que sente, até porque essa avaliação passa por uma fina
peneira de censuras mentais - morais e sociais.
Desde que a pessoa seja do outro sexo - ou do sexo que lhe interessa -, perigo
existe. É difícil botar em palavras sensações, mas tudo parte dessa faísca ser
positiva ou não.
Se ela não acontece, nem se pensa no assunto; mas se é positiva e se tem
tempo e coragem para brincar, a fantasia pode ir longe. [...]
Algum dia você largou seu freio de mão mental e deixou sua imaginação livre,
como devem ser as imaginações? Vamos admitir: é difícil.
299
com que esse momento seja diferente, especial; o corpo fica tenso, o olho
brilha, e você sente o prazer supremo, que é o de se saber viva.
Para alguns isso nunca acontece, e existe quem nunca soube, nem nunca vai
saber, do que se trata.
[...]
Atenção: essa eletricidade é contagiosa, por isso tantos passam a vida sendo
desejados, enquanto outros sofrem de um incurável desinteresse do sexo
oposto.
Aliás, pense nas coisas que devem acontecer na vida de nossos amigos mais
íntimos e que nem podemos imaginar.
O tema é interessante, aliás, interessantíssimo, e vale sempre a pena saber a
quantas se anda; se está viva ou se respira ligada nos aparelhos, que são a
educação, a moral, a religião e os bons costumes.
Sendo assim, por mais que uma mulher seja um poço de virtudes, é temerário
que ela fique perto de qualquer homem, porque homem e mulher, quando se
juntam, ninguém sabe o que pode acontecer.
LEÃO, Danuza. O que será que será? Folha de S.Paulo, São Paulo, 4 dez.
2011. Cotidiano, p. C2. Folhapress.
Atividades
Escreva no caderno
Produção
Resposta pessoal.
Depois de Samba esporte fino e Cru, Seu Jorge lança América Brasil, álbum
carregado de seu peculiar e inovador samba-rock e de boas letras, mostrando
que diversão pode ser feita com inteligência.
300
Leitura
O trabalho de resenhar pode começar com um relato subjetivo, como no texto a
seguir.
Uma, 10, 20, 30... 50 páginas. Limite! Não estou gostando... Que livro chato!
Será? Seria cômodo abandonar a leitura. Motivos não me faltavam. De Clarice
conhecia apenas alguns contos, e, claro, A hora da estrela
(brilhaaaaaaaaaaante!!!!). Mas a convivência com um apaixonado "doentio"
(que ele não me ouça) por Clarice me aguçou a curiosidade. Ganhei de
presente... é assim que ele seduz: escolhe, presenteia... e vai alimentando a
presa. Eis-me, então, com A paixão segundo G.H. Comecei e parei várias
vezes. No início não conseguia entender/descobrir o motivo de a leitura não
fluir... Isso durou mais ou menos um mês. Muito tempo! À medida que ia lendo,
uma espécie de torpor me invadia, travava e impedia o avanço... a reflexão, sei
lá. Com o tempo e a insistência, descobri que o torpor era a minha arma contra
a luta que a leitura daquele livro me propunha. Aquela barata estava mais
próxima de mim (da minha realidade) do que eu podia imaginar ou suportar, o
que era bem pior. Em cada página um espelho... e minha imagem só não seria
refletida se eu fechasse o livro... e foi o que fiz muitas e muitas vezes.
Confesso que Clarice ainda me assusta. Isso: assusta. Mas essa é outra
história, né?
FIQUE SABENDO
Resenha de livros
Em tom de conversa
2. Leia o texto a seguir e explique por que podemos considerá-lo uma resenha.
Resposta pessoal.
Neste romance, uma mulher, nomeada apenas pelas iniciais (G.H.), vivencia
uma experiência de desvendamento interior, provocada por um banal incidente
doméstico: ao arrumar o quarto da empregada recém-demitida, abre o armário
e defronta-se com uma barata.
Trata-se de uma obra em que o enredo fica em segundo plano, para dar lugar a
agudas reflexões sobre o percurso existencial da humanidade, visto "de
dentro", ou seja, de um plano que podemos denominar metafísico.
301
Atividades
Escreva no caderno
Produção
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
3. Agora, transforme a resenha escolar que você produziu em resenha
propagandística para colocar num mural e seduzir outros leitores.
Resposta pessoal.
Atividade
Escreva no caderno
1 O ano nem sempre foi como nós o conhecemos agora. Por exemplo: no
antigo calendário 2 romano, abril era o segundo mês do ano. E na França, até
meados do século XVI, abril 3 era o primeiro mês. Como havia o hábito de dar
presentes no começo de cada ano, o primei 4 ro dia de abril era, para os
franceses da época, o que o Natal é para nós hoje, um dia de ale 5 grias, salvo
para quem ganhava meias ou uma água-de-colônia barata. Com a introdução
do 6 calendário gregoriano, no século XVI, primeiro de janeiro passou a ser o
primeiro dia do ano 7 e, portanto, o dia dos presentes. E primeiro de abril
passou a ser um falso Natal, o dia de não se 8 ganhar mais nada. Por
extensão, o dia de ser iludido. Por extensão, o Dia da Mentira.
b) Crie uma frase que contenha um sinônimo da palavra "salvo" (linha 5),
mantendo o sentido que ela tem no texto.
Resposta pessoal.
302
Livros
Vídeos
303
PRIMEIRA LEITURA
Sábado, 18 de fevereiro
Faz hoje três dias que eu entrei para a Escola Normal. Comprei meus livros e
vou começar vida nova. O professor de Português aconselhou todas as
meninas a irem se acostumando a escrever, todo dia, uma carta ou qualquer
coisa que lhes acontecer.
Passei na casa de minhas tias inglesas e encontrei lá Mariana. Ela foi a aluna
mais afamada da Escola e sempre ouvi minhas tias falarem dela com
admiração. Ela esteve me animando e disse que o segredo de ser boa aluna é
prestar atenção, tomando notas de tudo.
Tia Madge disse que Mestra Joaquininha lhe falou que eu fui a aluna mais
inteligente da escola dela, mas era vadia e falhava dias seguidos. Isto é
verdade, porque o ano passado fomos, muitas vezes, passar dias com meu pai
na Boa Vista. Não sei se sou inteligente. Vovó, meu pai e tia Madge acham;
mas só sei que não gosto de estudar, nem de ficar parada prestando atenção.
Em todo caso eu gosto que digam que sou inteligente. É melhor do que
dizerem que sou burra, como vai acontecer na certa, quando virem que não
vou ser, na Escola Normal, o que eles esperam. Hoje já vi o jeito. Achei tudo
difícil e complicado. O que me vale é que eu tenho facilidade de decorar.
Quando eu não puder compreender, decoro tudo. Mas no Português como é
que eu vou decorar? Análise, eu nem sei onde se pode estudar. Só daqui a
dias poderei saber como as coisas vão sair. Escrever não me vai ser difícil,
pelo costume em que meu pai me pôs de escrever quase todo dia. Duas coisas
eu gosto de fazer, escrever e ler histórias, quando encontro. Meu pai já
consumiu tudo quanto é livro de histórias e romance. Diz ele que agora só nas
férias.
Ainda não comecei a estudar e já estou pensando nas férias. Que bom vai ser
quando eu estiver na Boa Vista, livre da escola, sem ter que estudar. Mas um
ano custa tanto a passar!
Vou deitar-me e pedir a Nossa Senhora que me ajude a estudar e abra mesmo
minha inteligência, para não desapontar meu pai, vovó e tia Madge. [...]
MORLEY, Helena. Minha vida de menina. São Paulo: Companhia das Letras,
1998. p. 26-27.
Por meio do gênero diário, é possível descobrir por quais razões é tão
interessante ser enunciador e enunciatário do próprio texto.
Releitura
Escreva no caderno
· Identifique:
b) o objetivo do texto;
c) o enunciatário do texto.
304
DIÁRIO PESSOAL
Por essa razão, podemos afirmar que escrever um diário é uma forma de
conviver consigo próprio, de se conhecer melhor, exercitando a linguagem
escrita de modo livre e informal.
FIQUE SABENDO
O predomínio da narração
Atividade
Escreva no caderno
Atividades
Escreva no caderno
Resposta: afamada
Resposta: foi
a) Identifique-a.
Resposta: "Não sei se sou inteligente. Vovó, meu pai e tia Madge acham; mas
só sei que não gosto de estudar, nem de ficar parada prestando atenção. Em
todo caso eu gosto que digam que sou inteligente. É melhor do que dizerem
que sou burra, como vai acontecer na certa, quando virem que não vou ser, na
Escola Normal, o que eles esperam."
305
Atividade
Escreva no caderno
Tia Madge disse que Mestra Joaquininha lhe falou que eu fui a aluna mais
inteligente da escola dela, mas era vadia e falhava dias seguidos. Isto é
verdade, porque o ano passado fomos, muitas vezes, passar dias com meu pai
na Boa Vista.
Nesse trecho, por meio de um discurso duplamente citado ("Tia Madge disse
que Mestra Joaquininha falou..."), Helena destaca uma opinião de sua antiga
professora. Repare que é a própria Helena que fornece um argumento para
justificar essa opinião, numa construção típica das dissertações.
Comentário
Lendo e analisando trechos de Minha vida de menina, você viu que se trata
de um texto marcado pela predominância do relato de acontecimentos vividos
pela menina.
Entretanto o relato se combina com expressões de sentimentos, sensações e
também de opiniões, por meio de passagens descritivas e dissertativas. Esse
fato mostra concretamente que, em geral, os principais tipos de estruturação
textual tendem a se entrelaçar num mesmo gênero textual.
Em tom de conversa
Respostas pessoais.
Resposta pessoal.
306
E MAIS...
· a fluência da narradora;
Respostas pessoais.
Minha vida de menina tem por cenário um meio definido e culturalmente muito
determinado. A cidadezinha do Brasil em que viveu a Helena do livro, com a
mesma vida pacata de qualquer pequena cidade do mundo, possuía, no
entanto, características deveras marcadas. Em terra de mineração, entre
urbana e rural, a Diamantina do fim do século [XIX] começava a atravessar um
período de decadência econômica bastante grave. [...] Sonhava com o caminho
de ferro. [...] Ainda viva, a recordação romanesca do Arraial velho parecia
então pertencer a uma remota idade do ouro, muito e muito distante. A
descoberta do diamante na África do Sul e cem anos de uma exploração
primária, contínua e caótica haviam esgotado as jazidas nativas e afetado
seriamente os recursos da cidade, quase toda ela dirigida para as lavras.
NAVEGAR É PRECISO
Leia a sinopse:
"Tendo como pano de fundo um Brasil que acaba de abolir a escravatura e
proclamar a República, Helena Morley começa a escrever o seu diário, que nos
revela seu universo e um país que adolesce com a menina. É nesse diário que
Helena [...] desmascara as pretensas virtudes alheias. Adolescente de
ascendência inglesa, Helena vive na remota cidade de Diamantina em Minas
Gerais, símbolo da era de mineração agora em franca decadência. Em um
momento crítico de sua vida, ela briga para estabelecer sua liberdade e
individualidade. Procurando com sofreguidão não perder uma infantil alegria de
viver, e reinventando o mundo à sua maneira, Helena Morley é o diamante
mais raro de Diamantina."
307
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
Resposta pessoal.
TEXTO 1
28 de fevereiro
Diário precisa ser escrito todos os dias? Se precisa, babau, porque às vezes
não dá. E não é sempre que acontecem coisas. Há dias em que a gente não
vive, apenas espera, fica vendo as pessoas e os carros passarem. Quando
chove, a gente apenas cuida de não se molhar. Se eu fosse pôr minha vida no
papel, teria apenas três ou quatro páginas. Mas, mesmo acontecendo pouco,
vou manter o diário. É um jeito de segurar as pernas do tempo. Descrevendo
tudo, tim-tim por tim-tim, ele corre menos. Pode ser bobagem, mas é a minha
impressão. [...]
REY, Marcos. Diário de Raquel. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p.
35.
TEXTO 2
2 de janeiro
Resposta pessoal.
3. (Enem/MEC)
TEXTO 1
O trecho acima tem 140 caracteres exatos. É uma mensagem curta que tenta
encapsular uma ideia complexa. Não é fácil esse tipo de síntese, mas dezenas
de milhões de pessoas o praticam diariamente. No mundo todo, são disparados
2,4 trilhões de SMS por mês, e neles cabem 140 toques, ou pouco mais.
Também é comum enviar e-mails, deixar recados no Orkut, falar com as
pessoas pelo MSN, tagarelar no celular, receber chamados em qualquer parte,
a qualquer hora. Estamos conectados. Superconectados, na verdade, de várias
formas.
308
[...] O mais recente exemplo de demanda por total conexão e de uma nova
sintaxe social é o Twitter, o novo serviço de troca de mensagens pela internet.
O Twitter pode ser entendido como uma mistura de blog e celular.
TEXTO 2
Resposta: Alternativa c.
Coerência e coesão
309
Atividade
Escreva no caderno
Produção
TEXTO 1
O ambiente é todo colorido, tem uma ponta de mesa no canto direito, em cima
dela tem uma cesta de frutas, um galo, uma jarra de água e uma menina lendo
atentamente um livro. Ela está sentada nesta mesa, com as mãos na cabeça,
seus cabelos são longos e estão presos com um lenço, também colorido. Tudo
tem muita cor, suas roupas, a toalha da mesa, os quadros na parede, são
vários tons existentes, porém a menina está envolvida com outras tonalidades,
no mundo da escrita. Nada altera o estado de concentração daquela menina.
TEXTO 2
Ana é uma menina quase moça, sonhadora, distraída, calma, de bem com a
vida. Estava de férias escolares, e este era um bom motivo para serem
atribuídas muitas tarefas no seu dia, para ela pôr o pé na realidade, segundo
sua tutora. Naquela manhã, todos saíram de casa, ela ficou com a incumbência
de pôr tudo em ordem. Logo que se viu sozinha, "achou" um livro e começou a
folhear. Esqueceu de tudo à sua volta, sentou na mesa com o livro e se ocupou
de outro prazer. Começou a ler histórias. Esqueceu do tempo. Quando todos
voltaram para casa encontraram tudo como estava, por fazer...
TEXTO 3
310
capítulo 3 - Relatório
Livro
Sites
· GRACILIANO RAMOS. Obra: Viventes das Alagoas (1962). 2016.
Disponível em: http://tub.im/6r54w3. Acesso em: 29 abr. 2016.
311
PRIMEIRA LEITURA
Não foram muitos, que os nossos recursos são exíguos. Assim minguados,
entretanto, quase insensíveis ao observador afastado, que desconheça as
condições em que o Município se achava, muito me custaram.
Começos
[...]
Conclusão
Certos indivíduos, não sei por que, imaginam que devem ser consultados;
outros se julgam autoridade bastante para dizer aos contribuintes que não
paguem impostos.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
312
Graciliano Ramos
1. A referência ao leitor.
2. As repetições enfáticas.
Resposta: "O principal, o que sem demora iniciei, o de que dependiam todos os
outros, segundo creio, foi estabelecer alguma ordem na administração."
Resposta: "Há quem ache tudo ruim, e ria constrangidamente, e escreva cartas
anônimas, e adoeça, e se morda [...] há até quem pretenda embaraçar-me em
coisa tão simples como mandar quebrar as pedras dos caminhos.". Esses
recursos de linguagem enfatizam as contínuas dificuldades encontradas para
administrar o município.
4. A ironia.
313
A relação texto-contexto
As escolas também trabalham com relatórios técnicos, que são solicitados por
professores de diferentes disciplinas. Em geral, esses relatórios aproximam-se
do tom mais informal de relatos de experiências de leitura, de estudos do meio,
de resultados de experimentos em Química, Física, Biologia etc., enfim, de
atividades de pesquisas, nas diferentes áreas de estudo. Trata-se, portanto, de
um gênero que abrange todas as disciplinas, podendo, em alguns casos, ser
interdisciplinar.
Comentário
Esse exemplo de relatório mostra como um texto, mesmo que técnico, pode se
distinguir dos outros, conquistando a adesão do leitor.
314
Leitura
12 Com o estudo que fizemos nos três dias que permanecemos em Iguape,
podemos dizer que a cidade apresenta características especiais: é rica em
belezas naturais, possui um valioso patrimônio histórico e conta com o apoio da
população para manter a tradição da cultura local, sem colocar em risco o
ecossistema.
315
Em tom de conversa
1. Identifique:
a) o enunciador e o enunciatário do texto.
Resposta: O texto foi escrito por estudantes do Ensino Médio (2º ano) do
Instituto de Educação AA. O enunciatário é o professor que o solicitou.
FIQUE SABENDO
E MAIS...
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
Abertura
· Título
· Vocativo
Introdução
Desenvolvimento
316
Conclusão
· Saudação
· Local e data
· Assinatura
Resposta: Abertura
Título
Resposta: Vocativo
Resposta: Introdução
Será preciso, ainda, enviar mobiliário e equipamentos para dar suporte a essas
contratações e realizar substituições que se fazem necessárias à unidade,
garantindo segurança e conforto a clientes e funcionários.
Resposta: Desenvolvimento
É preciso que se considere a urgência dos itens mencionados, para a
adequação da unidade às normas e políticas internas do Grupo Utópica.
Resposta: Conclusão
Atenciosamente,
Resposta: Fecho
Saudação
Resposta: assinatura
5. Dê sua opinião.
317
7. Relate um fato marcante de sua vida que o(a) tenha auxiliado a pensar numa
carreira profissional que gostaria de seguir, em dois contextos diferentes:
Respostas pessoais.
Resposta pessoal.
318
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
1. Leia atentamente os textos apresentados a seguir e identifique os contextos
em que se inserem: contexto de informalidade ou contexto de formalidade.
TEXTO 1
TEXTO 2
Hoje acordei pensando nos motivos da minha opção profissional. Isso me faz
recordar de fatos muito marcantes. Situações pessoais e especiais que me
agradavam muito quando aconteciam. Desde aproximadamente meus 10 anos
de idade, me recordo de cuidar de crianças mais novas do que eu. No clube da
cidade, em festas, na própria escola em que estudava, lá estava eu com
algumas crianças a minha volta.
319
3. (PUC-PR)
d) O fato de o autor assinar seu nome precedido do título de doutor (Dr.) é uma
forma de dar credibilidade tanto à posição defendida como aos argumentos
apresentados.
Resposta: Alternativa c.
c) Sem que (2º parág.) exclui um fato que poderia constituir um argumento
contrário à afirmação anterior.
e) Com isso (3º parág.) retoma a palavra bomba, evitando sua repetição.
Resposta: Alternativa a.
320
I. Nem os animais de estimação estão livres dos males causados pelo vício de
seus donos: a Faculdade de Medicina Veterinária da USP pesquisou a relação
entre tabagismo e doenças respiratórias de cães e gatos e concluiu que eles
sofrem das mesmas doenças decorrentes do fumo passivo - como câncer,
bronquite, asma e crise alérgica - que acometem seres humanos.
IV. A pesquisa do Inca revela que 2,9% das mortes cerebrovasculares podem
ser atribuídas à exposição passiva à fumaça do tabaco.
e) N. d. a.
Resposta: Alternativa b.
5. (Enem/MEC)
[...]
ADMINISTRAÇÃO
GRACILIANO RAMOS
Resposta: Alternativa e.
321
Livros
· LEITE, Lígia Chiappini Moraes. O foco narrativo. São Paulo: Ática, 1991.
Site
322
PRIMEIRA LEITURA
A volta do Messias
João Batista, 42 anos, desempregado, foi detido na tarde de ontem sob a ponte
do Limão. Dizendo-se personagem bíblico, entre preces e balidos, submergia
diversas pessoas no Tietê, provocando-lhes graves queimaduras de pele. Por
ter ficado mais de seis horas exposto aos produtos químicos lançados no rio,
os pés do próprio acusado sofrem risco de amputação. Quanto à notícia de um
certo Jesus ter andado sobre as águas, os PMs afirmam que, embora pareça
alucinação coletiva, o fato é possível, dada a alta concentração de poluentes
no local, tornando a superfície praticamente sólida.
FIQUE SABENDO
Em tom de conversa
Que ação João Batista praticava quando foi preso? Com quais consequências?
Releitura
Escreva no caderno
II. O texto foi escrito com o objetivo de ironizar uma determinada situação
social, por meio de paródia de acontecimentos bíblicos.
Como você já pôde perceber, o relato de histórias pode ter vários objetivos.
E MAIS...
Apresentação
Propostas de produção
Escolha uma das propostas a seguir e, depois de escrever seu texto, leia-o
para os colegas.
Proposta 1
Imagine que você é João Batista e que, depois de preso, resolveu relatar, em
forma de diário pessoal, o que aconteceu em "A volta do Messias". Utilize a 1ª
pessoa e o tom informal desse gênero textual para incorporar, como se fosse
seu, o ponto de vista do personagem.
Proposta 2
Você estava passando pela ponte do Limão e viu o que aconteceu. Dessa
perspectiva, faça um relato oral a seus colegas, assumindo o papel de
testemunha ocular da cena.
Proposta 3
Suponha que você é o policial que prendeu João Batista e precisa fazer um
relatório a seu chefe, contando exatamente o que aconteceu.
324
[...] Uma passageira de um voo da companhia francesa Air Austral deu à luz
uma criança [...] no banheiro do avião em que voava da cidade de Lyon para a
ilha francesa de Reunião, no oceano Índico.
Uma aeromoça percebeu que a mulher, de 25 anos, não saía e foi perguntar o
que estava acontecendo. Só então soube que um bebê estava nascendo
enquanto o avião - com 170 passageiros - sobrevoava o território etíope.
Elementos
estruturais
Relato Narrativa
O que
Ação ou enredo
aconteceu?
Comentário
325
Atividade
Escreva no caderno
Produção
Resposta pessoal.
[...] Este menino sempre inspirará inveja a outros meninos. Que debocharão
dele, dizendo "você é um avoado, você está sempre no ar, trate de pisar em
terra firme". A isso ele responderá com desprezo: não falo com criaturas
inferiores, eu já tinha milhagem desde o meu primeiro segundo de vida.
[...]
PREVISÕES SOBRE O MENINO QUE NASCEU NA ALTURA, de Moacyr
Scliar, publicado na Folha de S.Paulo, em 9 de janeiro de 2006; © herdeiros
de Moacyr Scliar.
É preciso criar o personagem de modo vivo, para permitir que o leitor o recrie
em sua imaginação.
Entrou no elevador.
A um canto, outra mulher segurava firme debaixo do braço uma enorme bolsa
de couro lilás.
326
Atividades
Escreva no caderno
Produção
1. Escolha uma das duas propostas a seguir e, a partir da caracterização do
personagem, crie um pequeno relato protagonizado por ele.
Resposta pessoal.
· Era um homem alto, magro, sempre vestido com cores escuras. Andava meio
de lado. Tocava as coisas levemente.
2. Agora, leia com atenção texto e imagem para realizar uma proposta de
vestibular. (UEL-PR)
Não há como afirmar que existe alguém totalmente bom ou totalmente mau
como nas maniqueístas histórias infantis. Mas em determinadas situações há
pessoas de personalidade difícil, que potencializam as fragilidades de quem
está a sua volta, semeando frustrações e desestruturando sonhos alheios.
Atitudes que, em resumo, envenenam. O terapeuta familiar argentino Bernardo
Stamateas identificou essas pessoas, cunhou o termo "gente tóxica" e falou
sobre elas no livro Gente tóxica - como lidar com pessoas difíceis e não ser
dominado por elas. Assim como uma maçã estragada em uma fruteira é
capaz de contaminar as outras frutas boas, as pessoas tóxicas, segundo
Stamateas, tendem a envenenar a vida, plantar dúvidas e colocar uma pulga
atrás da orelha de qualquer um. A vilania da situação reside no fato de que
gente tóxica está sempre à espera da queda ou da frustração de alguém
próximo para, então, assumir o papel de protagonista. "Eles (os tóxicos) se
sentem intocáveis e com capacidade de ver a palha no olho do outro e não no
seu", comenta o autor.
CRÉDITO: Benett
Com base no texto e na tira, redija uma narrativa, envolvendo personagens
cujo comportamento desconsidera os sentimentos das pessoas, bem como
"intoxicam" as relações interpessoais.
Resposta pessoal.
Os personagens falam
327
DIRETO
INDIRETO
INDIRETO LIVRE
Discurso direto
- Eu vou p'ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!... E a minha vez há de
chegar... P'ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!...
O narrador utiliza apenas o travessão inicial, mas isola suas intervenções com
vírgulas. Observe:
ASSIS, Machado de. Helena. In: _____. Obras completas. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1962. p. 335.
- Sissenhora.
- Olhem: se aprontem logo que o jantar vai já pra mesa. Felisberto, você
telefona pro Doutor Horton.
- Telefono.
ANDRADE, Mário de. Amar, verbo intransitivo. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p.
99-100.
328
Pode-se também destacar a fala com aspas em vez de travessões, como neste
exemplo:
Movendo lentamente sua cadeira de balanço, meu pai lhe dava um cigarro de
palha, e perguntava: "Então, Quinca?".
Quem deu a ideia de trazer prima Biela para a cidade foi Constança. Deixa,
Conrado, traz ela cá para casa, disse. Biela fica morando com a gente, pode
até me ajudar com as meninas, fazer companhia. Olha, quando você vai para a
roça, tem dias que eu sinto uma falta danada de alguém para conversar. De
noite, então... Tem Mazília, se limitou Conrado na resposta. Mazília, disse ela,
ainda é menina. Já é mocinha, disse Conrado, de pouca conversa.
Discurso indireto
[...] Pegou das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o
joelho direito, porque acabava de cruzar as pernas. Depois referiu uma história
de sonhos, e afirmou-me que só tivera um pesadelo, em criança. Quis saber se
eu os tinha. A conversa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu
desse pela hora nem pela missa. Quando eu acabava uma narração ou uma
explicação, ela inventava outra pergunta ou outra matéria, e eu pegava
novamente na palavra. [...]
ASSIS, Machado de. Missa do galo. In: _____. Páginas recolhidas. São
Paulo: FTD, 2012. p. 69.
O discurso indireto livre é mais complexo. Muitas vezes, não sabemos quem
está falando, se o narrador ou se o personagem. Como se dá o processo do
discurso indireto livre? Como o próprio nome revela, trata-se de um discurso
indireto: o narrador está traduzindo, com suas palavras, em 3ª pessoa, a fala
do personagem. Porém, sem anúncio prévio, aparecem as palavras do
personagem, em 1ª pessoa, no meio do discurso do narrador, como se a
própria voz do personagem permeasse a fala do narrador, ou como se
pudéssemos ouvir o que ele está pensando ou o fluxo de sua linguagem
interior. Exemplo:
Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. Os dois animais
louros. A mulher desviou os olhos da jaula, onde só o cheiro quente lembrava a
carnificina que ela viera buscar no Jardim Zoológico. Depois o leão passeou
enjubado e tranquilo, e a leoa lentamente reconstituiu sobre as patas
estendidas a cabeça de uma esfinge. "Mas isso é amor, é amor de novo",
revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era
primavera e dois leões se tinham amado. Com os punhos nos bolsos do
casaco, olhou em torno de si, rodeada pelas jaulas, enjaulada pelas jaulas
fechadas. Continuou a andar. Os olhos estavam tão concentrados na procura
que sua vista às vezes se escurecia num sono, e então ela se refazia como na
frescura de uma cova.
329
Atividades
Escreva no caderno
TEXTO 1
[...]
A ignorância de Holmes era tão notável quanto seu conhecimento. O que sabia
de literatura, filosofia e política contemporâneas era praticamente nada.
Quando citei Thomas Carlyle, ele me perguntou, da forma mais ingênua, de
quem se tratava e o que havia feito. Minha surpresa maior, porém, foi
descobrir, incidentalmente, que ele desconhecia a Teoria de Copérnico e a
composição do sistema solar.
[...]
TEXTO 2
[...] Estava alegre nesse dia, bonita também. Um pouco de febre também. Por
que esse romantismo: um pouco de febre? Mas a verdade é que tenho mesmo:
olhos brilhantes, essa força e essa fraqueza, batidas desordenadas do
coração. Quando a brisa leve, a brisa de verão, batia no seu corpo, todo ele
estremecia de frio e calor. [...]
Resposta pessoal.
· início de namoro
· casamento
· fim de namoro
· aniversário
· velório
· formatura da escola
· final de novela
O diálogo deve ser [...] natural e significativo. Natural não pressupõe que se
tenha de reproduzir tudo o que foi dito, mas segundo o modo como foi dito,
sem exageros, sem rebuscamentos, sem pedantismos. [...] Significativo, por
sua vez, implica que as palavras não sejam gratuitas, colocadas apenas [...]
para instaurar e facilitar a comunicação. Fugir ao clichê, às frases feitas, por
exemplo, é fundamental, a menos que sejam propositados e tenham
contextualização pertinente. [...]
330
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
1. (UFRJ)
AMADO, Jorge. Tenda dos milagres. São Paulo: Martins, 1969. p. 163.
Resposta: Pedro Arcanjo diz/disse "São mestiças a nossa face e a vossa face:
é mestiça a nossa cultura, mas a vossa é importada [...]".
- Não, senhor.
- Então me acompanhe.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
331
Livro
Sites
332
PRIMEIRA LEITURA
Yufá, tonto como era, não lograva obter nenhum convite ou um gesto de
acolhida. Certa vez foi até uma fazenda para ver se lhe davam alguma coisa,
mas como o viram tão mal-ajambrado, soltaram os cães atrás dele. Então sua
mãe arranjou para ele um lindo casacão, uma calça e um jaleco de veludo.
Vestido como um cavaleiro, Yufá retornou à mesma propriedade. Acolheram-no
muito bem e o convidaram para comer com eles, e ali cobriram-no de elogios.
Quando lhe trouxeram a comida, Yufá com uma das mãos a levava à boca e
com a outra a punha nos bolsos, bolsinhos, no chapéu e dizia: - Comam,
comam, minhas roupinhas, pois vocês é que foram convidadas, não eu!
CALVINO, Italo. Fábulas italianas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p.
411.
ENREDO
O enredo linear
Podemos identificar quatro partes mais ou menos distintas em um enredo
linear, isto é, aquele formado por uma sequência lógica e progressiva de
ações.
Se não houver conflito, a narrativa fica reduzida a uma sequência de fatos que,
provavelmente, não despertarão o interesse dos leitores. Grande parte da
paixão de contar está no jogo dos conflitos, que tecem o desenvolvimento da
trama até o clímax e o desfecho, com o triunfo ou a derrota do personagem
principal.
333
Leitura
4 Cada vez mais ligava-se ao vizinho, absorvendo seus hábitos. Ouvia bater de
louças e se apressava à cozinha, vinham vozes moduladas e ligava a televisão.
À noite só conseguia dormir depois do baque dos sapatos do outro, o ranger da
cama assinalando que se metera em lençóis.
5 Perdia-o, porém, quando saía porta afora. Passos, tinir de chaves, lá se ia o
vizinho. Sem ele, vazios a sala e o quarto, a parede emudecia, separando
silêncios.
6 Voltava ao fim do dia, pontual. Passos, tinir de chaves. Ele então acendia a
luz ao estalar do interruptor do outro, e juntos punham a casa em andamento.
10 Tudo estava pronto quando ouviu o caixão do outro chegar para o velório.
Sobre a mesa da sala, na exata posição em que o do vizinho deveria estar,
colocou seu próprio caixão. Depois abriu a porta de par em par e, vestido no
terno azul-marinho, deitou-se cruzando as mãos sobre o peito.
Em tom de conversa
2. Comente com seus colegas: você achou o texto lido interessante? Por quê?
Resposta pessoal.
334
Atividades
Escreva no caderno
Vamos retomar cada uma das partes que você identificou para observar
detalhadamente o modo como o enredo desse conto se organiza.
a) Observe que o conto "Uma vida ao lado" começa com ênfase nos elementos
descritivos. Reconheça tais elementos no trecho a seguir:
A frase "Cada vez mais ligava-se ao vizinho, absorvendo seus hábitos." mostra
ambas as coisas, pois, enquanto a expressão "cada vez mais" expressa a ideia
de progressão, o uso de verbos no pretérito imperfeito do modo indicativo
denota ações passadas que se repetem indefinidamente, servindo como pano
de fundo da narrativa.
335
Percebeu que precisava trabalhar rápido. Sem hesitar, arrancou as portas dos
armários, as cortinas, pegou a caixa de ferramentas, e começou a serrar, lixar,
bater, colar.
Tudo estava pronto quando ouviu o caixão do outro chegar para o velório.
Sobre a mesa da sala, na exata posição em que o do vizinho deveria estar,
colocou seu próprio caixão. Depois abriu a porta de par em par e, vestido no
terno azul-marinho, deitou-se cruzando as mãos sobre o peito.
FIQUE SABENDO
Comentário
336
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
3. (Unicamp-SP)
· uma solução para o problema, mesmo que origine uma nova situação
problemática.
Resposta pessoal.
Quando seu texto estiver pronto, mostre-o aos colegas, aos amigos e ao(à)
professor(a). Ouça e considere diversas opiniões a respeito dele. Não tenha
medo da leitura alheia, pois sem ela não há sentido no ato de escrever. Essa
prática é muito enriquecedora; devagar ela vai transformando o medo que
todos temos da censura em consciência da necessidade de diálogo, de troca,
de interação.
4. (Enem/MEC)
Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite
negra da rebelião, fiquei furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em
frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do
dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia
Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria
homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o
convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. "E tem mais coisas ainda,
minha queridinha", anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo.
Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça.
Como ousava desmoralizar meus heróis?
337
Resposta: Alternativa c.
A beleza total
2 A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos
condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um
engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse
voltado logo para casa.
4 Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal:
a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro,
acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua
beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de
Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando
no salão fechado a sete chaves.
Resposta: parágrafo 1
· Complicação
Resposta: parágrafos 2 e 3
· Desfecho
Resposta: parágrafo 4
FIQUE SABENDO
338
E MAIS...
Reúna-se com seu grupo para inventar e contar uma história coletivamente, a
partir do início dado:
· de amor;
· de terror;
· fantástico;
· de ficção científica;
· de suspense.
· enredo linear;
Observação:
Ao escolher os procedimentos narrativos, pensem na funcionalidade deles para
tornar a história a ser contada mais interessante, considerando o tipo de
enredo, os efeitos pretendidos etc.
· 1ª etapa - oralmente
Você já sabe que narrar é criar uma realidade dinâmica, que parte de uma
situação inicial e chega a um desfecho.
339
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
Quando pensei que as coisas estavam chegando aos seus devidos lugares, me
acontece uma coisa extraordinária.
Conheci um rapaz pelo qual o meu coração bateu bem mais forte e a partir daí
houve uma reviravolta em minha vida.
Resposta pessoal.
Resposta pessoal.
[...] Uma história não será reconhecida como tal se recontar meramente os
eventos, como em uma reportagem, e se estiver desprovida de um problema
(complicação) seguido de uma resolução qualquer. [...]
340
Cada uma das histórias que lemos, ouvimos ou escrevemos é contada por um
narrador. A maneira de apresentar o enredo e os personagens e o processo
narrativo como um todo depende do autor da história. Cada autor conta de um
modo diferente, de acordo com sua perspectiva, sua emoção, seus valores,
sua percepção, suas referências e relações com o mundo narrado.
Livro
· CONTOS brasileiros 1. São Paulo: Ática, 2012. (Coleção Para gostar de ler, v.
8). Contos de Graciliano Ramos, Ignácio de Loyola Brandão, Lima Barreto, Luiz
Vilela, José J. Veiga, Marcos Rey e Stanislaw Ponte Preta.
Sites
341
PRIMEIRA LEITURA
Vamos ler um conto e saber melhor como o narrador arquiteta a história, cujo
enredo você perceberá que não é linear.
Tantas mulheres
1 Descobrisse ela que a amava com tal fúria, estava perdido. A salvação era
fugir e, com a desculpa da mãe doente, afastou-se alguns dias da cidade.
3 - Pois é, mãe.
8 Ganhar a paz na renúncia do amor. Ele, que era de gesto violento, não tinha
coragem de arrancar a faca do coração? Ah, quanta vergonha na partida, em
que havia ido às duas da manhã, debaixo de chuva, espiar a janela fechada.
Nem sequer chovia - ele que chorava. Não enxugava a lágrima quente no olho,
fria no canto da boca. Bem sabia por que dissera consigo quando o avião
pousou: "Não se alegre, cara feia, você foi poupado para morte pior".
11 - Que é, mãe?
12 - Você gosta da mulher de outro. Verdade, João? São tristes os seus olhos.
13 - Iguais aos seus, mãe.
15 "Era outra bichinha, não a mesma." Remoendo a dúvida, das dez da noite
às duas da manhã, ainda sem paletó, quando passou pelo sono. "Que foi que
me aconteceu" - interrogava-se, as mãos na cabeça - "a que ponto me
degradei?".
16 Chegara a sua vez, fora apanhado. Pensava na amada, o olho perdido num
objeto qualquer, deixava de vê-lo e o coração latia no peito. Não havia perigo;
que é o ato gracioso de beijar uma boca, qual a lembrança de uma noite? Sou
um homem, com experiência da vida. Depois, encurralado no velho sofá de
veludo, sem fugir dos olhos acesos a cada fósforo - e nunca mais beijar o
pequeno seio como quem bebe água na concha da mão.
17 Chovia, ela aninhava-se nos seus braços, a face trêmula das gotas na
vidraça. Cada gesto uma descoberta: a maneira de erguer o rosto para o beijo
e de sorrir, aplacada, depois do beijo. Estendida nua entre as flores desbotadas
do sofá: Eu não gostei de outro... Mentia, bem que ela mentia! Doente de amor.
Quero você. Venha por cima de mim. Nunca mais livre do teu peso.
20 - Pois é, mãezinha.
NAVEGAR É PRECISO
342
Em tom de conversa
Releitura
Escreva no caderno
Identifique dois trechos em que se utiliza o discurso direto para mostrar dois
pontos de vista sobre a causa do comportamento do personagem.
Resposta: Trecho 1 - ponto de vista da mãe de João: "- Você gosta da mulher
de outro. [...]" (parágrafo 12); trecho 2 - ponto de vista de João: "Mentia, bem
que ela mentia!" (parágrafo 17).
a) "Bebia sozinho nos bares, voltava de madrugada para casa." (5º parágrafo)
b) " 'Que foi que me aconteceu' [...] 'a que ponto me degradei?' " (15º
parágrafo)
Resposta pessoal. Sugestão: João decidiu: "- Vou ganhar a paz na renúncia do
amor."
FIQUE SABENDO
O enredo não linear, como o próprio nome revela, desenvolve-se
descontinuamente, com saltos, cortes, vaivéns na sequência da história,
retrospectivas e/ou antecipações e rupturas do tempo e do espaço em que se
desenvolve a ação. O tempo cronológico dos relógios mistura-se ao tempo
psicológico da duração das vivências dos personagens. O espaço objetivo,
exterior, também se mistura aos espaços interiores da memória e da
imaginação.
343
O CONTO
Essa comparação mostra que o impacto provocado pelo conto é explicado por
se tratar de um gênero em que a narrativa caracteriza-se pela brevidade,
concisão, economia, concentração.
Atividades
Escreva no caderno
1. Para entender melhor a definição de conto apresentada por Massaud
Moisés, procure no dicionário o significado das palavras digressão e
extrapolação. Em seguida, explique por que é recomendável evitá-las ao
produzir um texto breve como o conto.
Grosso modo, podemos distinguir três tipos de narrador, isto é, três tipos de
foco narrativo: narrador-personagem, narrador observador e narrador
onisciente.
Narrador-personagem
Narrador observador
344
Narrador onisciente
Vamos reler o oitavo parágrafo do conto "Tantas mulheres", para rever como
se constrói esse tipo de discurso.
Ganhar a paz na renúncia do amor. Ele, que era de gesto violento, não tinha
coragem de arrancar a faca do coração? Ah, quanta vergonha na partida, em
que havia ido às duas da manhã, debaixo de chuva, espiar a janela fechada.
Nem sequer chovia - ele que chorava. Não enxugava a lágrima quente no olho,
fria no canto da boca. Bem sabia por que dissera consigo quando o avião
pousou: "Não se alegre, cara feia, você foi poupado para morte pior".
Note que a frase que inicia o parágrafo é bastante sucinta, sintética. Nela, o
narrador onisciente parece decifrar um desejo ou uma decisão do protagonista,
por meio de discurso indireto explícito (João decidiu que). Entretanto, o fato de
começar com um verbo no infinitivo torna a frase ambígua. Sendo assim,
também podemos interpretá-la como um pensamento do personagem, que
aparece sem as marcas do discurso direto.
Atividades
Escreva no caderno
1. Em "Ele, que era de gesto violento, não tinha coragem de arrancar a faca do
coração?", que trecho indica claramente a presença do narrador em terceira
pessoa e qual exemplifica a presença do discurso indireto livre?
Resposta: "Ele, que era de gesto violento" (narrador em 3ª pessoa); "não tinha
coragem de arrancar a faca do coração?" (discurso indireto livre).
É importante perceber que o uso desse tempo verbal pode ser considerado um
fator de coerência do texto narrativo, pois torna os personagens mais
verossímeis, ao apresentar ao leitor fatos de seu passado que justificam a
situação em que se encontram no presente da narração.
Atividades
Escreva no caderno
Resposta: "[...] em que havia ido às duas da manhã, debaixo de chuva, espiar a
janela fechada." O tempo verbal utilizado para narrar o fato é o pretérito mais-
que-perfeito composto do modo indicativo.
Para estudar como se constrói o efeito lírico do conto, vamos retomar o 17º
parágrafo, que remete à principal lembrança do protagonista.
Chovia, ela aninhava-se nos seus braços, a face trêmula das gotas na vidraça.
Cada gesto uma descoberta: a maneira de erguer o rosto para o beijo e de
sorrir, aplacada, depois do beijo. Estendida nua entre as flores desbotadas do
sofá: Eu não gostei de outro... Mentia, bem que ela mentia! Doente de amor.
Quero você. Venha por cima de mim. Nunca mais livre do teu peso.
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
"[...] a lágrima correu do olho," repetia com seus botões, "nariz da mosca é olho
da lágrima" [...].
- Assunto urgente. Um amigo me chama. Caso de vida ou morte. Não sei o que
se passa comigo. Estou em aflição, tremo sem saber por quê. A senhora me
ajude, mãe. Um mau-olhado estragou minha vida. Estranho e misterioso, não
sei o que é. Sem ânimo para nada. Não durmo, não como, pouco falo. Quem
sofre é a senhora. Sei que ficará preocupada, mas não deve. Que será isso,
mãezinha? Desespero tão grande que tenho medo. Bem pode ser alguma
mulher. Tantas passaram pela minha vida.
Comentário
346
NAVEGAR É PRECISO
Veja e comente com seus colegas um filme muito original, entre outras razões
pela força do papel do narrador em sua estruturação.
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
1. (Unicamp-SP) Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que "a cidade não dorme". Além de
frequentarem bares, clubes, cinemas e bailes, há um crescente número de
pessoas que circulam à noite pela cidade, física ou virtualmente, trabalhando,
consumindo, estudando, divertindo-se.
Instruções:
Resposta pessoal.
2. Leia o texto.
Romeu e Julieta
Resposta: O texto tem como foco narrativo um narrador observador, pois ele
conta a história se limitando aos fatos, sem comentá-los nem explorar o mundo
interior dos personagens.
b) Na sua opinião, por que razão podemos classificar esse texto como
paródico? Qual é o alvo da paródia nele presente?
Resposta pessoal. Sugestão: O texto lido é uma paródia por ser contado em
forma de relato jornalístico, a maior história de amor romântico de todos os
tempos - Romeu e Julieta -, transformando-a num caso de caráter banal e
corriqueiro.
Respostas pessoais.
· narrador-personagem
· narrador onisciente
347
3. (UFES)
TEXTO 1
TEXTO 2
Campainhada
(Mário de Sá-Carneiro)
Resposta pessoal.
E MAIS...
Pesquisa e apresentação
· 1º momento
Observação
· 2º momento
Cada grupo apresenta o conto escolhido, por meio de leitura dramática e/ou
encenação, com possibilidade de utilizar fundo musical, criar cenários,
apresentar figurinos, maquilagens etc.
· 3º momento
Atividade de produção
348
Uma história contada de forma coerente tem uma veracidade que nos faz
desejar a verdade, buscá-la mais além do próprio texto, nos desperta para
avaliar o que está sendo contado desde o ponto de vista de um outro, que
ocupa a cena. [...]
Atividades
Escreva no caderno
Leitura e produção
TEXTO 1
Estremeci. Por minha causa o pobre ia ficar às escuras, receber um pires de
feijão por dia, sem conseguir estirar-se no cubículo molhado e exíguo, de um
metro e pouco. Achava-me na obrigação de responsabilizar-me, dizer ao
homem de beiço rachado que a culpa era minha: sem as pilhérias bestas, não
teria havido o riso. [...] Iria denunciar-me? Ou deixaria outro ser punido em meu
lugar? Na verdade a minha falta não era grande: apenas me distraíra a lançar
observações a respeito da eloquência do padre e da literatura da citação,
usada sem propósito. O infeliz tivera o desplante de zombar disso claramente,
às barbas da autoridade. Pior para ele. Assim falava no íntimo, e ainda me
conservara indeciso, a condenar-me, a inocentar-me. O rapaz fora leviano por
me haver escutado. Evidente. A culpa era minha.
349
TEXTO 2
Baleia queria dormir. Acordaria feliz num mundo cheio de preás. E lamberia as
mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela,
rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria
todo cheio de preás, gordos, enormes.
Um dia tomou coragem e ligou para sua já antiga terra. Durante a ligação
soube que Anita não estava mais grávida. Tinha perdido o filho quando entrou
no mar e quase se afogou. Também soube naquele telefonema que ela estava
namorando o rapaz da praça que escrevia as cartas. Respirou fundo. "Agora
posso ter paz e me entregar a minha nova vida." Saiu da pensão e foi morar
com Gabriela, que dividia o apartamento com outro casal. Deixou o trabalho e
se tornou iluminador dos shows. Iluminar aquilo tudo era sua maior satisfação.
Antônio agora caminha pela noite com leveza, pois não sente mais o peso
daquela culpa e, sempre que sente o cheiro da canela, respira fundo e sorri.
Finalmente, ele se tornara uma pessoa feliz.
350
Literatura
ALIGHIERI, Dante. A divina comédia: inferno. Tradução e notas Italo Eugenio
Mauro. São Paulo: Editora 34, 1999.
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix: Edusp, 1977.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e
Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, DF,
1999.
CANDIDO, Antonio. A educação pela noite & outros ensaios. São Paulo:
Ática, 1987.
CANDIDO, Antonio. Vários escritos. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1977.
CUMMING, Robert. Para entender a arte. Trad. Isa Mara Lando. São Paulo:
Ática, 1996.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 36ª ed. São Paulo: Cultrix, 2008.
351
SCHWARZ, Roberto. Duas meninas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Gramática
352
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix: Edusp, 1977.
KANDINSKY, Wassily. Ponto e linha sobre plano. São Paulo: Martins Fontes,
1996.
LEITE, Lígia Chiappini Moraes. O foco narrativo. 5ª ed. São Paulo: Ática,
1991.
LUNA, Maria José de Matos. A redação no vestibular: a elipse e a
textualidade. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2004.
Lista de siglas
353
354
Sumário
Parte comum
Apresentação.........................................................................., p. 355
Literatura
Gramática
Orientações específicas
355
APRESENTAÇÃO
356
357
Literatura
INTRODUÇÃO
[...] por que ensinar literatura? [...] 1) porque ensinar literatura é ensinar a ler, e
sem literatura não há cultura; 2) porque os textos literários são aqueles em que
a linguagem atinge seu mais alto grau de precisão e sua maior potência de
significação; 3) porque a significação, no texto literário, não se reduz ao
significado (como acontece nos textos científicos, jornalísticos, técnicos), mas
opera a interação de vários níveis semânticos e resulta numa possibilidade
teoricamente infinita de interpretações; 4) porque a literatura é um instrumento
de conhecimento e de autoconhecimento; 5) porque a ficção, ao mesmo tempo
que ilumina a realidade, mostra que outros mundos, outras histórias e outras
realidades são possíveis, libertando o leitor de seu contexto estreito e
desenvolvendo nele a capacidade de imaginar que é um motor das
transformações históricas; 6) porque a poesia capta níveis de percepção, de
fruição e de expressão da realidade que outros textos não alcançam.
358
Cada capítulo se abre com a seção Primeira leitura, que traz um texto
representativo do tema específico (volume 1) ou da escola literária a ser
focalizada (volumes 2 e 3). O estudo e a interpretação desse texto servem de
gatilho para o estudo do tema e, no caso das escolas literárias, anunciam as
principais características do estilo estudado.
359
Nos três livros a seção Leitura de imagem incentiva a comparação entre
linguagens artísticas do mesmo estilo, ou de estilos contrastantes.
Especificamente no terceiro volume, vários gêneros textuais são mobilizados
para introduzir a produção literária modernista. Assim, uma crônica de João do
Rio aproxima o Teatro Municipal às vésperas da Semana de Arte Moderna do
Covent Garden, teatro inglês que simboliza a "civilização e cultura
metropolitanas" a que os brasileiros tanto aspiravam, mesmo que por via
antropofágica; uma carta de Mário de Andrade a Manuel Bandeira mostra a
efervescência "futurista" que invade São Paulo naquela época, enquanto um
fragmento da peça Tarsila, de Maria Adelaide Amaral, põe em cena uma
reflexão entre entusiasta e melancólica dos principais protagonistas da geração
de 22. Ainda a respeito deles, um artigo de opinião sobre Joaquim Pedro de
Andrade, o diretor dos filmes Macunaíma e O homem do pau-brasil, faz a
abertura do estudo de suas obras e figuras mais emblemáticas, como os dois
Andrades (Mário e Oswald). Nelson Ascher, autor de um artigo de opinião
sobre o suposto fim da poesia, remete aos poetas de 30. Quanto à produção
em prosa dessa geração, ela é introduzida por meio de um depoimento
histórico de Leon Hirszman, dado ao crítico e escritor Paulo Emílio Salles
Gomes, sobre a adaptação que realizou de São Bernardo, em plena vigência
da ditadura militar.
Mensagem
Nota preliminar
PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. p. 69.
360
· A primeira leitura do texto deve ser silenciosa ou em voz alta? Deve ser feita
pelo(a) professor(a) ou pelos alunos? Deve ser individual ou compartilhada? O
primeiro contato com um poema, por exemplo, deve ser feito, sobretudo na
fase inicial do curso, por meio da leitura do(a) professor(a) ou de um(a)
aluno(a) previamente preparado(a), para que a classe frua a expressão lírica e
a beleza do texto na inteireza de seu ritmo e musicalidade. Vale lembrar que a
escuta é também uma forma importante de recepção que deve ser trabalhada
em sala de aula.
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura
Sandroni. São Paulo: Global, 2007.
GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. 3ª ed. São Paulo:
Ática, 2003.
MOISÉS, Carlos Felipe. Poesia não é difícil. São Paulo: Biruta, 2012.
361
Gramática
INTRODUÇÃO
Parte dos alunos que terminam o Ensino Médio tem, ao final desse ciclo
escolar, uma expectativa: ingressar em um curso superior e dedicar-se
exclusivamente aos estudos; outra parte pretende ter acesso ao curso superior
e conciliar estudo e trabalho. A uma terceira parte, entretanto, pelas
adversidades socioeconômicas, apresenta-se não uma opção, mas quase
sempre uma imposição: ingressar ou manter-se no mundo do trabalho,
desvinculando-se, assim, da vida escolar.
OBJETIVOS
[...] Esse tipo de ensino está diretamente ligado [...] à gramática normativa e só
privilegia, em sala de aula, o trabalho com a variedade escrita culta, tendo
como um de seus objetivos básicos a correção formal da linguagem. [...] alguns
exemplos de elementos que são trabalhados em um ensino prescritivo [...]:
362
[...]
[...]
363
Semântica e pragmática
Análise do discurso
364
365
366
Por sua vez, a seção Resumindo o que você estudou organiza, para os alunos,
os conceitos e práticas estudados a cada capítulo. Em Critérios de avaliação e
reelaboração, que finaliza os capítulos, as orientações de reescrita dos textos
produzidos pelos alunos desenvolvem-se progressivamente, fornecendo-lhes
elementos para realizarem autoavaliação, avaliação horizontal (com os
colegas) e avaliação vertical - coordenada pelo(a) professor(a).
Quanto ao tempo que cada projeto demandará (se algumas aulas ou todo um
bimestre, por exemplo), isso deve ser definido levando em conta a maior ou
menor extensão do tema e a profundidade almejada na exploração de seus
diferentes aspectos.
367
1932: Getúlio Vargas promulga o novo Código Eleitoral, que garante o direito
de voto às mulheres brasileiras.
Escritoras brasileiras
SÉCULO XIX
· Nísia Floresta (1810-1885)
A norte-rio-grandense Dionísia Gonçalves Pinto, conhecida pelo pseudônimo
Nísia Floresta, foi precursora do feminismo no Brasil. Educadora, fundou uma
escola de moças que tinha no currículo disciplinas como Latim, História,
Geografia, Matemática e idiomas. Publicou, em 1832, a obra Direitos das
mulheres e injustiça dos homens.
· Maria Firmina dos Reis (1825-1917)
Maranhense e negra, teria sido a primeira brasileira a publicar um romance:
Úrsula (1859), de temática abolicionista. Foi educadora e colaborou com
jornais literários.
· Maria Benedita Bormann (Délia) (1852-1895)
Nasceu em Porto Alegre (RS) e mudou-se para o Rio de Janeiro. Lésbia é seu
romance mais famoso. Publicou crônicas e contos nos principais periódicos do
Rio de Janeiro.
· Narcisa Amália (1852-1924)
Nascida no Rio de Janeiro (RJ), é considerada a primeira jornalista profissional
do Brasil. Publicou, em 1872, Nebulosas, cujos poemas tiveram grande
acolhida da crítica, e em 1874, o volume de contos Nelúmbia.
· Júlia Lopes de Almeida (1862-1934)
Nascida no Rio de Janeiro (RJ), escreveu romances, contos, crônicas, peças
de teatro e obras didáticas, além de ter colaborado com diversos periódicos,
como a revista A Semana e o jornal O País (este por mais de 30 anos). Seu
romance A falência (1901) é tido pela crítica como uma de suas melhores
obras, e foi sucesso de público.
SÉCULOS XX E XXI
· Rachel de Queiroz (1910-2003)
· Patrícia Galvão (1910-1962)
· Clarice Lispector (1920-1977)
· Lygia Fagundes Telles (1923-)
· Hilda Hilst (1930-2004)
· Adélia Prado (1935-)
· Nélida Piñon (1937-)
· Ana Cristina Cesar (1952-1983)
· Patrícia Melo (1962-)
Propor aos alunos que escolham algumas das escritoras para aprofundamento,
pesquisando biografia e obras principais. É interessante que selecionem pelo
menos uma escritora do século XIX e uma dos séculos XX e XXI. Sugere-se
dividir a turma em grupos para um trabalho mais abrangente. Por exemplo:
definir cinco grupos, e cada grupo escolhe três autoras, para estudar suas
biografias e obras à luz dos momentos históricos nos quais se inserem.
368
Os grupos podem realizar uma apresentação para a turma, apoiada por uma
antologia (digital ou impressa).
Seguem alguns links que podem servir de ponto de partida tanto para o
planejamento do(a) professor(a) quanto para a pesquisa dos alunos.
· Artigo da revista Nova Escola com subsídios para trabalhar em aula as lutas
femininas e o perfil da mulher brasileira:
MIRANDA, Gil. 162 anos de Narcisa Amália. Jornal Quotidiano, 3 abr. 2014.
Disponível em: http://tub.im/h5ydnu.
Pode ser interessante que os alunos organizem um mural com as imagens que
considerarem mais representativas durante a pesquisa.
Seguem alguns links que podem servir de ponto de partida tanto para o
planejamento do(a) professor(a) quanto para a pesquisa dos alunos.
· MATOS, Carlos Eduardo. A relação entre História e Arte. Nova Escola, [201-].
Disponível em: http://tub.im/dprwsh.
369
GRAMÁTICA / BIOLOGIA
Para este projeto, é útil trabalhar com listas de radicais, prefixos e sufixos
gregos e latinos, que podem ser obtidas em gramáticas.
Seguem alguns links que podem servir de ponto de partida tanto para o
planejamento do(a) professor(a) quanto para a pesquisa dos alunos.
· DUARTE, Paulo Mosânio Teixeira. Influência dos padrões morfológicos
latinos na terminologia científica. Revista Philologus, ano 9, n. 26, maio/ago.
2004. Disponível em: http://tub.im/r62ztk.
O primeiro passo é definir com os alunos uma lista de topônimos: bairros, vias
principais, praças, viadutos, edificações (escolas, hospitais, tribunais etc.). A
turma pode ser dividida em grupos para melhor organização do trabalho.
370
Concluída a pesquisa, sugere-se transformá-la em um pequeno livro. Em cada
página apareceria um topônimo, com as informações levantadas pelos alunos e
uma foto do lugar (p. ex.: foto do rio da cidade, da avenida, da pessoa
homenageada etc.).
Seguem alguns links que podem servir de ponto de partida tanto para o
planejamento do(a) professor(a) quanto para a pesquisa dos alunos.
· SÁ, Edmilson José de. A cara do Brasil. Língua Portuguesa, [201-]. Disponível
em: http://tub.im/wqpv74.
· SOUSA, Antonio Ari Araújo. Atlas toponímico dos bairros Bahia, Bahia Nova e
João Eduardo, em Rio Branco/AC: uma contribuição aos estudos da EJA.
Revista Philologus, Rio de Janeiro: CiFEFiL, ano 14, n. 42, p. 29-31, set./dez.
2008. Disponível em: http://tub.im/eey9bb.
Seguem alguns links que podem servir de ponto de partida tanto para o
planejamento do(a) professor(a) quanto para a pesquisa dos alunos.
· AMESTOY, Micheli Bordoli; OLIVEIRA, Cláudia Sirlene de. A ação das drogas
no organismo humano. Nova Escola, [201-]. Disponível em:
http://tub.im/v3zn4g.
· AUGUSTO, Agnes. Jornal na sala de aula: leitura e assunto novo todo dia.
Nova Escola, [201-]. Disponível em: http://tub.im/c7ictp.
371
Sugere-se que a turma seja dividida em grupos e que cada grupo fique
responsável pela realização de um determinado experimento. Assim, haverá
maior diversidade tanto de temas quando de estilos dos relatórios.
2. Resumo
4. Introdução
5. Desenvolvimento
6. Resultados
7. Conclusões
8. Bibliografia
O texto deve ser redigido em linguagem impessoal (p. ex.: "Conclui-se que a
saliva ajuda a..."), objetiva, clara e formal. Deve-se usar a variedade culta
formal e a terminologia da área de estudo.
Bibliografia e referências
A primeira abrange todos os materiais que o autor tenha citado e consultado,
ainda que não mencionados no trabalho. Já as referências limitam-se ao que
foi mencionado (e só são "referências bibliográficas" se se tratar apenas de
livros). É mais comum que periódicos acadêmicos solicitem referências em vez
de bibliografia. Em qualquer dos casos, devem-se seguir as normas da ABNT.
Seguem alguns links que podem servir de ponto de partida tanto para o
planejamento do(a) professor(a) quanto para a pesquisa dos alunos.
[Este plano de aula refere-se ao Ensino Fundamental, mas pode ser adaptado
para o Ensino Médio.]
372
Literatura
ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS
Objetivos
5. Ler e discutir com os alunos o Comentário (p. 12), salientando a ideia de que
todo autor procura, de algum modo, exprimir o seu tempo.
Pesquisa e apresentação
Este tópico pode ser apresentado em aula expositiva. O(A) professor(a) deve
enfatizar algumas ideias que poderão influenciar o modo como os alunos verão
a literatura e a história da literatura nos estudos deste e do próximo ano: a
literatura (assim como qualquer outra arte) não evolui no sentido de um
aperfeiçoamento; uma época literária não é, necessariamente, melhor que a
anterior; as obras singulares não possuem, necessariamente, as características
predominantes na literatura de sua época; as diferenças entre a obra e as
marcas estilísticas da escola literária não significam defeito, sendo, muitas
vezes, a principal qualidade.
Pinturas:
Objetivos
Sugestão de procedimento
373
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.
"Amor é um fogo que arde sem se ver" e "Tanto de meu estado me acho
incerto", de Camões
374
Objetivos
Sugestão de procedimento
Sugestões de atividade
Sugestão de procedimento
Objetivos
Objetivos
Objetivos
Sugestão de procedimento
A primeira leitura do texto deve ser feita pelo(a) professor(a), de modo bastante
expressivo. Em virtude da complexidade do texto, sugere-se que as atividades
referentes a ele sejam conduzidas como estudo dirigido ou em pequenos
grupos, com a assistência do(a) professor(a). Antes da realização dos
exercícios de Releitura (p. 37), o poema deve ser analisado e discutido pela
classe. É importante que os alunos compreendam a última estrofe do soneto: o
mundo é feito essencialmente de mudança; tudo se transforma, sempre, em
seu contrário. Portanto, depois que o canto do eu lírico se converte em choro,
essa tristeza de-
375
Leitura de poemas
Objetivos
1. Conhecer as características do poema épico de Camões. 2. Conhecer, em
linhas gerais, a estrutura narrativa de Os Lusíadas.
Sugestão de procedimento
Objetivos
Sugestão de procedimento
A leitura deve ser feita com o auxílio das paráfrases. As atividades de Releitura
(p. 41) podem ser realizadas coletivamente, em grupos ou individualmente.
Objetivos
Sugestão de procedimento
Objetivo
Ler e interpretar poema moderno comparando-o com seu intertexto do século
XVI.
Sugestão de procedimento
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Porto: Porto Editora, 2015. Org. Emanuel
Paulo Ramos. [Edição didática, traz uma boa introdução e anotações que
facilitam a compreensão do texto e enriquecem a leitura].
MATOS, Maria Vitalina Leal de. Tópicos para a leitura de Os Lusíadas. Lisboa:
Verbo, 2004.
376
Objetivos
Sugestão de procedimento
Debate
Para garantir que haja um debate vivo e entusiasmado, é importante que o(a)
professor(a):
Este tópico pode ser objeto de uma explanação do(a) professor(a), com o
objetivo de organizar o desenvolvimento das aulas que trabalharão com este
capítulo. Os alunos devem entender que elas contemplarão três momentos
sucessivos da literatura colonial brasileira: o Quinhentismo, o Barroco e o
Neoclassicismo.
Objetivos
Sugestão de procedimento
377
Objetivos
1. Ler e interpretar poema conceptista do século XVII. 2. Desenvolver
habilidades de compreensão e interpretação de poemas. 3. Desenvolver a
capacidade de redigir paráfrase. 4. Responder a questões de interpretação de
texto.
Sugestão de procedimento
Como temos sugerido para outros poemas, a primeira leitura desse soneto
deve ser feita pelo(a) professor(a) - uma leitura expressiva, que valorize os
recursos retóricos utilizados pelo autor -, seguida da leitura individual e
silenciosa pelos alunos. Após as leituras, é importante conversar sobre o
poema e solicitar as impressões dos alunos. As dificuldades e dúvidas que
apresentarem podem funcionar como motivação para a seção Em tom de
conversa (p. 58).
Sugestão de atividade
Objetivo
Ler e interpretar fragmento de texto ficcional (romance histórico),
estabelecendo relações intertextuais com um poema do século XVII.
Sugestão de procedimento
378
Ler o poema "À Ilha de Maré", de Manuel Botelho de Oliveira. Comentar o tom
ufanista do poema, precursor do nacionalismo ufanista romântico, que será
estudado nos capítulos 4 e 5, e contrastá-lo com o tom crítico de Gregório de
Matos. O texto pode ser encontrado na internet, por exemplo, no portal
Domínio Público: http://tub.im/99uwmt. Acesso em: 18 maio 2016.
Sugestão de procedimento
Objetivos
Sugestão de procedimento
O(A) professor(a) pode promover uma pequena discussão sobre o poema e,
em seguida, orientar a formação dos grupos e a organização do trabalho.
Sugestão de atividade
379
Sugestão: O texto que apresenta a obra Marília de Dirceu (p. 63) cita uma
estrofe da Lira II (segunda parte). Seria interessante ler para os alunos o
poema "Mundo grande", de Carlos Drummond de Andrade, ou pelo menos a
primeira estrofe:
É muito menor.
preciso de todos.
Objetivos
Sugestão de procedimento
Sugestões de atividade
Barroco
HATZFELD, Helmut. Estudos sobre o Barroco. Trad. Célia Berretini. 2ª ed. São
Paulo: Perspectiva, 2002. [Recomendamos principalmente o capítulo "O
Barroco em seu aspecto cultural. Seus motivos artísticos"].
SANT'ANA, Affonso Romano de. O quadrado e a elipse. Rio de Janeiro: Rocco,
2000.
380
Neoclassicismo
Objetivos
Sugestão de procedimento
A primeira leitura do poema pode ser feita pelos alunos. Pode-se organizar
uma sessão de leituras em que se alternem diversas "canções do exílio" com o
poema de Gonçalves Dias (por exemplo, a paródia "Migna terra", de Juó
Bananére, a "Canção do exílio", de Casimiro de Abreu, ou mesmo a "Canção
do expedicionário", que tem letra de Guilherme de Almeida. Essas e outras
canções do exílio podem ser encontradas em sites e blogs).
A leitura e a interpretação da "Canção do exílio", de Gonçalves Dias, merecem
destaque especial por tratar-se de um texto fundador, o mais expressivo da
poesia nacionalista-ufanista do Romantismo brasileiro, e por suas qualidades
literárias a serem realçadas ao longo da realização das atividades. A
simplicidade dos recursos estilísticos, a intensa musicalidade, a presença da
palmeira e do sabiá simbolizando flora e fauna brasileiras (para alguns autores
o sabiá representaria o poeta nacional e a palmeira a natureza, sua aliada
distante, graças à condição de "exílio" em que se encontra), a contradição
entre lá (o Brasil, a natureza) e cá (a Europa, a cultura) etc. constituem alguns
dos tópicos a serem comentados com os alunos.
Reunidos todos esses elementos, será oportuno suscitar uma discussão sobre
a questão fundamental defrontada por nossos primeiros românticos: conciliar o
Romantismo europeu com a cor local, o cenário e os personagens brasileiros,
para criar uma literatura nacionalista, e assim implantar a ideia de pátria, de
nação, necessária à consolidação da almejada independência política.
381
Pesquisa
Orientar os alunos sobre como realizar a pesquisa, que pode ser feita em livros
da biblioteca e na internet. Basta digitar "canção do exílio" em qualquer
buscador para surgirem inúmeros exemplos. Explicar que o mais importante,
portanto, é a leitura crítica e a seleção. Insistir que os alunos anotem os dados
do poema ou da letra de música que farão parte da apresentação. É também
importante orientar a leitura (postura, entonação, expressividade) e pedir que
ensaiem antes da aula.
Sugestões: Solicitar que cada aluno(a) copie seu poema em uma folha e
escreva um comentário, comparando-o com o texto-matriz. Essas folhas
podem ser recolhidas para avaliação. Pode-se também organizar um painel
com os textos e comentários.
Com o objetivo de acentuar o elo entre texto e contexto, o(a) professor(a) pode
mostrar como as mudanças históricas influenciam as literárias.
Objetivos
Sugestão de procedimento
Sugestão de procedimento
O(A) professor(a) pode introduzir esse tópico com uma explicação ampla e
esquemática das três gerações. É importante enfatizar que se trata de uma
classificação tradicional e didática, que deve ser relativizada. Nem sempre se
pode considerar a totalidade da produção de um autor como pertencente a uma
única geração. Assim, por exemplo, na lírica amorosa de Gonçalves Dias,
poeta da primeira geração, há poemas cujo pessimismo e excesso emocional
são típicos dos autores da segunda. Alguns poemas de Castro Alves o
colocariam entre os poetas do Ultrarromantismo.
382
Objetivos
1. Observar e descrever coletivamente duas pinturas do início do Romantismo
brasileiro. 2. Reconhecer as características românticas das pinturas. 3.
Interpretar as temáticas das pinturas, percebendo a diferença entre a exaltação
da natureza tropical e a crítica da ação destruidora do ser humano.
Sugestão de procedimento
Objetivos
Sugestão de procedimento
Um indígena tupi conduz seu pai, um velho cego, pelas matas, e é aprisionado
pelos timbiras. Quando se inicia o festim em que seria morto e devorado, o
indígena, lembrando-se do pai abandonado na mata, pede, entre lágrimas, que
o libertem, com a promessa de retornar quando o velho não mais existisse. O
chefe timbira ordena então que o soltem, dizendo que não quer "com carne vil
enfraquecer os fortes", pois toma o pranto do tupi como covardia diante da
morte. O jovem é solto e reencontra o pai, mas este decide que devem ir à taba
timbira para que ele mesmo peça a morte do filho. O discurso do velho tupi, no
canto VIII, é a parte mais bela e mais impressionante do poema. Revoltado
com as palavras do pai, que o acusa de covarde, o moço atira-se à luta com tal
bravura que o chefe timbira reconhece sua coragem e seu direito a morrer
como um forte.
383
Objetivos
Sugestão de procedimento
Este é um bom poema para ser lido expressivamente em voz alta. Os alunos
que se apresentarem como voluntários para a leitura devem ser previamente
preparados pelo(a) professor(a). As questões de Releitura (p. 81) podem ser
realizadas coletivamente.
Leitura
Objetivos
Sugestão de procedimento
384
Objetivos
Sugestão de procedimentos
385
Sugestão de procedimento
Esse tópico pode ser objeto de uma breve exposição do(a) professor(a),
seguida da leitura e do fichamento pelos alunos.
Complementação teórica
A ficção [romântica brasileira]
[...]
386
Sugestão de atividade
Objetivos
Sugestões de procedimento
Apresentação
Para esta atividade, a leitura das obras sugeridas deve ser orientada e
acompanhada pelo(a) professor(a). O estabelecimento de um cronograma
facilita o acompanhamento.
Enredo
387
Enredo
Leonardo, o protagonista, é filho de "uma pisadela e um beliscão" ocorridos
entre um meirinho (oficial de justiça de nível inferior), Leonardo Pataca, e uma
saloia (camponesa), Maria da Hortaliça, quando vinham num navio, de Portugal
para cá.
Enredo
Principal romance indianista de nosso Romantismo, Iracema tem como
subtítulo "Lenda do Ceará". Alencar utilizou um argumento histórico - a
colonização do Ceará no início do século XVII - e um argumento ficcional - o
caso amoroso entre a indígena tabajara Iracema e o guerreiro português
Martim. Franceses e portugueses disputam a posse do Ceará; aqueles se
aliaram aos Tabajara; estes, aos Pitiguara. Martim e Iracema são, portanto,
inimigos.
Enredo
O narrador, Paulo Dias, escreve a história de sua relação amorosa com Lúcia e
a envia por carta a uma amiga, senhora G. M.
Vindo de Olinda, PE, para o Rio de Janeiro, quando tinha 25 anos, conheceu
Lúcia, uma famosa cortesã carioca, numa festa da Glória. Tornaram-se
amantes e se apaixonaram um pelo outro. Ela lhe contou sua história. Seu
verdadeiro nome era Maria da Glória. Para cuidar dos familiares doentes
durante a epidemia de febre amarela de 1850, entregara-se a um milionário, o
Sr. Couto. Quando soube do caso, seu pai expulsou-a de casa. Entregou-se,
então, à prostituição usando o nome de Lúcia. Toda a família morreu, ficando-
lhe apenas uma irmã, Ana, por quem ela se responsabilizou, colocando-a em
um colégio. Por amor a Paulo, Lúcia retomou o seu nome verdadeiro e retirou-
se da vida mundana. Mas a felicidade foi muito curta. Grávida de Paulo,
recusou-se a tomar um remédio que provocaria o aborto e salvaria sua vida.
Faleceu após obter de Paulo a promessa de que cuidaria sempre de sua irmã
Ana.
388
Objetivos
Sugestão de procedimento
Antes de iniciar a seção Em tom de conversa (p. 99), ler com os alunos o
comentário de Antonio Candido no boxe O que dizem os especialistas (p. 99).
Incentive os alunos a formular as hipóteses solicitadas no item 3. Se for realizar
a atividade da seção E mais... (p. 100), esse é o momento adequado para
propor a leitura do romance aos alunos.
Mas acontece que, além disso, o próprio assunto repousa sobre condições
sociais que é preciso compreender e indicar, a fim de penetrar no significado.
Trata-se da compra de um marido; e teremos dado um passo adiante se
refletirmos que essa compra tem um sentido social simbólico, pois é ao mesmo
tempo representação e desmascaramento de costumes vigentes na época,
como o casamento por dinheiro. Ao inventar a situação crua do esposo que se
vende em contrato, mediante pagamento estipulado, o romancista desnuda as
raízes da relação, isto é, faz uma análise socialmente radical, reduzindo o ato
ao seu aspecto essencial de compra e venda. Mas, ao vermos isto, ainda não
estamos nas camadas mais fundas da análise, o que só ocorre quando este
traço social constatado é visto funcionando para formar a estrutura do livro.
389
Quando fazemos uma análise deste tipo, podemos dizer que levamos em conta
o elemento social, não exteriormente, como referência que permite identificar,
na matéria do livro, a expressão de uma certa época ou de uma sociedade
determinada; nem como enquadramento, que permite situá-lo historicamente;
mas como fator da própria construção artística, estudado no nível explicativo e
não ilustrativo.
ALENCAR, José de. Como e por que sou romancista. Campinas: Pontes, 1990.
390
Objetivos
Sugere-se que o(a) professor(a) inicie a leitura das pinturas conversando com
os alunos livremente a respeito delas, após observação individual e silenciosa
das características que apresentam, por meio de questões como a 1 e a 2, do
Em tom de conversa (p. 106). O debate contará com o(a) professor(a) como
mediador(a) e orientador(a).
Sugestão de atividade
Para ampliar as impressões e conclusões dos alunos, propor que realizem uma
pesquisa, na internet ou em livros de arte, de pinturas e autores que sejam
representativos dos estilos comparados. O resultado das descobertas dos
alunos deve ser apresentado para a classe.
Este item pode ficar como sugestão de atividade extraclasse ou pode ser
realizado na própria escola, caso os alunos tenham acesso à internet. Boas
reproduções podem ser encontradas em sites como: http://tub.im/fipefb. Acesso
em: 18 maio 2016.
O objetivo desta atividade é sensibilizar os alunos para os elementos que
compõem os suportes das obras pictóricas: títulos, identificação dos autores,
datas de elaboração dos trabalhos, estilos a que pertencem etc. A utilização
desses elementos para a realização de uma pesquisa comparativa entre obras
românticas e realistas possibilita uma ampliação de repertório bastante
enriquecedora das leituras interpretativas.
Objetivos
Sugestão de procedimento
O conjunto de questões presentes na Releitura (p. 107) pode ser proposto após
leitura enfática, em voz alta, do soneto de Antero de Quental ("Mais luz!"),
pelo(a) professor(a) ou por alunos que se disponham a tal exercício, sobre cuja
importância nunca é demais insistir.
391
Discussão
É importante salientar, também nesta seção, que os alunos devem ter espaço
de manifestação de gosto, seja por identificação ou antipatia (questão 1). Ao
mesmo tempo, destacar a relatividade das oposições binárias e excludentes
tanto na arte quanto na vida (questão 2).
Objetivos
Sugestão de procedimento
Como o texto teórico apresenta dificuldade de leitura, seja por seu vocabulário,
seja por se tratar de um fragmento de ensaio crítico, seria oportuno que as
cinco questões da Releitura (p. 113) fossem divididas entre cinco grupos de
alunos. Num primeiro momento, eles as responderiam individualmente e por
escrito. Num segundo momento, os grupos se reuniriam para
392
Esse gênero literário foi discutido ao longo de todo o Realismo, mas já havia
sido proposto pelos autores românticos de maior envergadura, como entre nós
foram José de Alencar e, de forma muito específica, Manuel Antônio de
Almeida. Vale marcar a importância do ano de 1881 para a literatura brasileira,
consideradas essas reflexões.
Objetivos
393
Sugestão de atividade
Solicitar à turma que explique por quais razões o fragmento lido de O cortiço (p.
117) confirma as palavras do autor. Pedir que exemplifiquem com trechos do
texto.
Objetivos
Sugestão de procedimento
394
Objetivos
Sugestão de procedimento
Discussão
395
Objetivos
Sugestão de procedimento
Novamente, estamos diante de uma atividade que pode ser realizada em aula,
em casa ou como avaliação formal de conteúdos estudados, dependendo das
intenções e necessidades do(a) professor(a).
Enredo: O cortiço é habitado por pessoas exploradas em três níveis por João
Romão, o proprietário: elas são seus inquilinos, trabalham em sua pedreira e
fazem compras em sua taverna.
À medida que vai enriquecendo, João Romão prepara-se para se casar com
Zulmira, filha de Miranda (o burguês dono do sobrado no qual sua ambição se
espelha), a fim de consolidar a própria ascensão social. No entanto, vive
amasiado com Bertoleza, uma escrava supostamente alforriada.
Para livrar-se da amante negra, ele a delata aos antigos senhores. Quando
estes aparecem para capturá-la, Bertoleza suicida-se com uma faca de
cozinha.
396
Objetivos
Sugestão de procedimento
O trabalho com esse texto - cujas respostas às questões propostas podem ser
discutidas pela classe, sob a orientação do(a) professor(a), e em seguida
redigidas pelos alunos (que poderiam formular outras perguntas, a partir de
dúvidas e inquietações pessoais) - ajuda a perceber a importância da
intertextualidade no desenvolvimento da literatura. A citação que Bilac faz de A
divina comédia, obra-prima da literatura italiana, de Dante Alighieri, e a citação
paródica que Juó Bananére faz do poema de Bilac constituem bons exemplos
desse diálogo de textos, cuja compreensão é fundamental num estudo histórico
dos estilos literários e numa abordagem preocupada em focalizar e enriquecer
o processo de leitura das obras.
Discussão e pesquisa
397
BARTHES, Roland. O efeito de real. In: _____. O rumor da língua. São Paulo:
Martins Fontes, 2004.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 47ª ed. São Paulo:
Cultrix, 2006.
PAES, José Paulo. Para uma pedagogia da metáfora. In: _____. Os perigos da
poesia e outros ensaios. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.
Objetivos
398
b) A qualidade literária com que Machado de Assis criou essa bela cena,
relativizando os clichês românticos e, ao mesmo tempo, mantendo o suspense,
o clima de sedução, o encantamento proporcionado pela descoberta e pela
concretização do sentimento amoroso etc.
BOSI, Alfredo. Brás Cubas em três versões: estudos machadianos. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006.
399
b) Destacar seu caráter de universalidade, que "sela nossa independência
literária", ao negar tanto o romantismo idealizador quanto o nacionalismo
pitoresco, inaugurando outra concepção de literatura brasileira.
Objetivos
Sugestão de procedimento
Sugerimos que esta leitura seja feita em silêncio pelos alunos e posteriormente,
de forma expressiva, pelo(a) professor(a). As questões propostas nas
atividades de releitura podem ser utilizadas como um roteiro de compreensão
de importantes aspectos do romance. Ao respondê-las (oralmente em
discussão aberta com a classe, para que em seguida os alunos redijam as
respostas e proponham novas questões), seria interessante o(a) professor(a)
acentuar a situação fantástica explorada no romance: o ponto de vista de um
defunto-autor, além de outros procedimentos tipicamente machadianos, como o
uso da metalinguagem irônica para criticar o Romantismo, a conversa com o
leitor, tornando indistintas as fronteiras entre ficção e realidade, passado e
presente etc.
Com relação a esta obra, sugerimos que o(a) professor(a) enfatize a questão
do Humanitismo, já referida a propósito do romance anteriormente estudado e
desenvolvida nas atividades de leitura e releitura do fragmento de Quincas
Borba, presente no capítulo.
Leitura (p. 145)
Objetivos
Sugestão de procedimento
400
O fragmento citado de Lúcia Miguel Pereira fornece uma visão geral não
apenas sobre os contos de Machado de Assis, mas também sobre o conjunto
de sua obra, razão pela qual o escolhemos para sintetizar o conteúdo teórico
do capítulo dedicado ao escritor. O(A) professor(a) pode aproveitar esse texto
de caráter sintético pedindo aos alunos que façam uma enumeração das
afirmações sobre Machado de Assis, exemplificando-as por meio de trechos
e/ou de comentários sobre as obras que leram. Assim, aprofundarão a prática
de realizar a leitura de textos literários, subsidiada por fragmentos teóricos ou
formulações críticas e teóricas.
Apresentação
Este trabalho minucioso com o conto "Uns braços" pode ser utilizado pelo(a)
professor(a) tanto como exercício extraclasse quanto como atividade de
avaliação da apreensão dos conteúdos estudados ao longo do capítulo.
A retomada dos recursos estilísticos que o autor mais utiliza, por meio de
exemplificações nos fragmentos apresentados, deve servir como elemento de
reforço e subsídio às atividades que se seguem. O(A) professor(a) pode
enriquecer esse trabalho solicitando aos alunos que encontrem outros
exemplos dos recursos mencionados e que descubram novos recursos nos
textos concretos que leram e analisaram. Não discutimos a fase romântica do
escritor nem sua produção poética, de caráter parnasiano, devido ao extenso
conteúdo da fase realista, sem dúvida a mais importante, a mais representativa
da maturidade literária de Machado de Assis.
Documentário
Sugerimos que os alunos assistam ao filme Dom (2003), dirigido por Moacyr
Goes e baseado na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Esta atividade pode ser uma forma interessante de levar os alunos a discutirem
aspectos de modernidade da obra machadiana, por meio da comparação entre
a linguagem literária do autor, de aparência "antiga", "acadêmica", e a
linguagem cinematográfica, em princípio mais moderna. É interessante que
o(a) professor(a) ajude os alunos a perceberem que o filme não dá conta das
ambiguidades e sutilezas do livro, o que reforça a compreensão de Machado
como um autor do século XIX que antecipa certas discussões sobre o
comportamento humano que só apareceriam na literatura do século XX. Os
problemas do ponto de vista a partir do qual algo é relatado (no caso, o ponto
de vista do ciumento) e da ambiguidade entre o fato real e o fato imaginado,
enfocados em Dom Casmurro, exemplificam bem o caráter vanguardista da
obra do escritor.
401
Gramática
ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS
· Sugestão de procedimento
· Complementação teórica
· Exercícios complementares
Objetivos
Sugestão de procedimento
E mais...
Nos capítulos 1, 2, e 4 são propostas, no livro do aluno, atividades de pesquisa
e/ou experimentação que, eventualmente, necessitam de subsídios ou
orientações complementares às já indicadas. Esses subsídios e orientações
são, nesses casos, apresentados ao(à) professor(a) aqui neste item.
Complementação teórica
São indicadas, neste item, obras teóricas - ou partes delas - que tratam
especificamente do assunto desenvolvido no capítulo. Algumas constituem
material teórico de maior densidade e/ou nível de aprofundamento; outras,
principalmente algumas a que o(a) professor(a) pode ter acesso pela internet,
são mais breves e/ou tratam o assunto de forma mais didática/resumida. O(A)
professor(a) tem, assim, a possibilidade de selecionar aquela(s) que possa(m)
atender às suas expectativas de aprofundamento do assunto tratado no
capítulo.
Exercícios complementares
Objetivos
402
Sugestão de procedimento
a) A quantidade de gravações que cada grupo deverá fazer fica a critério do(a)
professor(a) (sugerimos que sejam 9, no mínimo), mas importa que os
informantes sejam, em igual número, dos três diferentes níveis de
escolaridade. Assim: 3 informantes com nível fundamental (completo ou
incompleto, indiferentemente), 3 com nível médio (idem), 3 com nível superior
(idem).
403
Enfatizar que, quanto mais variados forem esses três aspectos - e, obviamente,
a quantidade de informantes - , mais representativo será o resultado da
pesquisa.
Se a gravação precisar ser feita com o conhecimento do falante, ele não deve
ser informado sobre o real objetivo da pesquisa. A abordagem deve ser feita
com conversas genéricas, que, de preferência, envolvam algum assunto
emotivo (ex.: Já aconteceu, na sua vida, alguma situação em que você achou
que ia morrer? Como aconteceu isso? Ou: Fale um pouco da sua infância, das
brincadeiras e de seus amigos daquele tempo.). Essa estratégia induz o
informante a se soltar mais, diminuindo, assim, o controle sobre "como" fala. Se
for necessário perguntar ao informante seu nível de escolaridade, isso somente
deverá ser feito ao final da gravação. Se não for possível saber o grau de
escolaridade, isso deverá ser pressuposto.
404
Nesses dois trabalhos, são analisados outros aspectos relativos ao tema que
o(a) professor(a) poderá, se for de seu interesse, acrescentar à discussão
coletiva a ser realizada a partir da tabela geral produzida pelos alunos.
Grupos de enunciados:
Concluída a análise das frases dos dois grupos, apresentar à turma a atividade
a ser realizada, conforme segue:
1. Objetivo
405
Complementação teórica
1. O sistema pronominal
O conceito de sujeito como "o termo com o qual o verbo estabelece relação de
concordância" é proposto por inúmeros linguistas, dentre eles o professor Mário
A. Perini, que assim se posiciona em relação a essa definição:
[Essa] é uma definição formal e não diz nada a respeito do papel semântico ou
discursivo do termo em questão; em outras palavras, não estamos aqui
preocupados com o termo que exprime o agente de uma ação, nem com o
termo que exprime a entidade sobre a qual se faz uma declaração. Trata-se
simplesmente de um dos constituintes da oração, vinculado a ela através de
uma relação formal bem
406
3. Coesão e coerência
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1999.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto. São
Paulo: Ática, 1991.
4. Pragmática
É muito importante que o(a) professor(a) converse com os alunos sobre essa
característica dos atos de interlocução e enfatize que, quanto mais
desenvolvemos nossa capacidade de combinar o conteúdo de um texto e o
conhecimento de mundo, mais ampliamos nossa competência para
compreender o que lemos e ouvimos.
407
Exercícios complementares
1. Leia este trecho de texto:
GARRETT, Almeida. Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012.
p. 190.
a) Em "o pôs num inferno", o pronome não está adequado à variedade culta; a
forma correta seria "ele".
b) As formas masculinas "o", "-lo" e "o" estabelecem coesão anafórica com "o
homem"; a forma feminina "a" estabelece coesão catafórica com "a sociedade".
c) Em "o pôs num inferno", a forma adequada seria "a", uma vez que o
pronome retoma "a sociedade".
CRÉDITO: Jim Davis © 2014 Paws, Inc. All Rights Reserved / Dist.Universal
Uclick
Resposta: Alternativa e.
c) A relação entre as formas "você" e "te" evidencia que, na frase, não foi
respeitada a uniformidade de tratamento, o que constitui um descuido
gramatical reprovável em qualquer texto de responsabilidade de uma instituição
pública.
Respostas: a) E; b) C; c) E; d) C; e) E.
408
Resposta: Como foi o seu (ou: teu) dia? Queria que fosse (ou: tivesse sido)
melhor.
de nos transformar
Negramente...
Caboclamente...
Portuguesamente...
vivia.
Resposta: O que possibilita interpretar "a gente" como "nós" é o pronome "nos".
Se ele fosse eliminado, "a gente" poderia continuar sendo uma expressão
pronominal (significando "nós"), ou poderia ter sentido de "o povo", "as
pessoas".
d) Se a expressão "a gente" fosse substituída pelo pronome "nós", que outra
palavra do texto precisaria ser alterada? Por quê?
Resposta: A forma verbal "vivia" (no singular) concorda com "a gente"
(singular); se o sujeito fosse "nós", o verbo deveria concordar no plural:
"vivíamos".
a) A Carol disse para mim ficar estudando em casa de manhã e ir encontrar ela
no colégio só depois do almoço.
b) Puxa! Rafael! Estou muito decepcionado consigo; você não tem razão de
acusar eu de ser o responsável pelo problema que tanto te aflige.
Resposta: Opções: 1) ... decepcionado com você.../... de acusar-me (ou: de
me acusar).../... tanto o aflige. 2)... decepcionado contigo.../... de acusar-me
(ou: de me acusar).../... tanto te aflige...
409
Resposta: Opções: 1) ... entre você e mim .../... profissional com você...; 2) ...
entre ti e mim.../... profissional contigo...
Resposta: Com "suas orelhas", pode-se entender que o mágico tirava cigarros
das próprias orelhas ou das orelhas dos presos.
e) Londrina e Ribeirão Preto são duas belas cidades; aquela fica no Paraná e
esta, em São Paulo.
Resposta: Alternativa e.
e) O pronome "que" gera ambiguidade, pois pode retomar tanto "a vida" como
"comédia infame".
Resposta: Alternativa e.
410
d) "alguns" antecipa a informação "É isso que digo para meus pais".
Resposta: Alternativa a.
Sugestão de procedimento
411
· O aspecto verbal pode ser tratado de forma breve; mais importante do que
classificar suas "subdivisões" (indicando-lhes os "nomes"), é que os alunos
tenham consciência dessa característica das estruturas verbais e consigam
perceber/identificar os diferentes "sentidos de tempo" que elas podem exprimir.
· A correlação dos tempos verbais é importante, uma vez que, quando não é
estabelecida adequadamente, prejudica a lógica temporal dos eventos
referidos pelos verbos, prejudicando assim a coesão textual e,
consequentemente, dificultando a compreensão do texto.
As frases dos conjuntos deverão ser transcritas na lousa para que os grupos as
copiem no caderno e, depois, preparem fichas individuais (uma ficha para cada
frase).
a) fazer
b) fizer
a) queresse
b) quisesse
a) cabesse
b) coubesse
a) manter
b) mantiver
a) propor
b) propuser
412
a) interviu
b) interveio
a) prevesse
b) previsse
a) intervir
b) intervier
a) reaver
b) reouver
a) Cada uma das frases dos três conjuntos deverá ser reescrita separadamente
em uma ficha (sugestão: um terço de folha de caderno), acompanhada das
respectivas alternativas (formas verbais).
a ba ba b
1º
2º
3º
4º
1. Reproduzir, na lousa, a mesma tabela utilizada pelos grupos, que será agora
uma tabela geral (completada com os dados obtidos por cada grupo).
2. Pedir a um(a) aluno(a) de cada grupo que vá à lousa e indique, nos
respectivos quadrinhos, os valores constantes na tabela que o grupo dele
elaborou.
413
Complementação teórica
Exemplo: eu falo;
nós falamos;
eles/vocês falam.
Exemplo: eu falo;
eles/vocês falam.
Exemplo: eu falo;
ele/você/a gente/eles/vocês fala.
2. O conceito de "gerundismo"
414
[...]
Falar é construir um texto, num dado momento, num determinado lugar, dentro
de um contexto de fala definido, visando um determinado efeito. Quando o
falante usa uma frase com a partícula se, ele quer se valer dos recursos que
esse tipo de construção sintática lhe oferece para chegar ao efeito que visa
provocar naquele determinado contexto. Trocar essa frase por outra é trocar,
também, ao mesmo tempo, o efeito visado.
[...]
Está claro que em (1) temos uma oração na voz ativa em que o sujeito é
indeterminado e o objeto de mistura-se é água. Já em (2) o sujeito passa a ser
água e a partícula se indica que se trata de um verbo reflexivo.
[...]
415
Exercícios complementares
1. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
[...]
- Para mim?
COUTO, Mia. O outro pé da sereia. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
p. 229.
a) início da ação, uma vez que aponta para o estado da personagem, expresso
pelo verbo "estava".
Resposta: Alternativa b.
Novas tecnologias
416
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para
nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com
as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados.
Resposta: Alternativa d.
3. (Unicamp-SP) Leia o texto:
Mas muitos de nós, que estudam planetas e asteroides, podem acariciar blocos
de nossos amados corpos celestes e induzi-los a revelar seus mais íntimos
segredos. Quando eu era aluno de graduação em astronomia, passei muitas
noites geladas observando por telescópios aglomerados de estrelas e
nebulosas e posso garantir que tocar um fragmento de asteroide é mais
gratificante emocionalmente: eles oferecem uma conexão tangível com o que,
de outra forma, pareceria distante e abstrato.
As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em
2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água só
duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (metade do
que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados,
não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado.
Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas, não é só ela
que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãos da
América Latina em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no país, a
agricultura e a pecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com
mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos.
417
Resposta: Alternativa d.
a) Em que tempo estão as formas "tens" (1º parágrafo), "vives" (1º parágrafo) e
"esperas" (3º parágrafo)?
destruir
o fogo
rapidamente
a loja
e) Qual das frases que você criou seria, mais provavelmente, empregada por
um bombeiro e qual seria empregada pelo dono da loja? Justifique.
Resposta: O bombeiro empregaria a frase de c, porque a ele interessa
enfatizar o fogo (já que trabalha com isso); o dono da loja empregaria a frase
de a, porque, para ele, é mais importante falar da loja.
418
CRUZ E SOUSA. Clamor supremo. In: PRANDINI, Paola. Cruz e Sousa. São
Paulo: Selo Negro, 2011. p. 61.
Resposta: "teu" (2ª pessoa do singular) → vem, põe, vem, atravessa, [nada]
temas.
a) Quando a ver, dê o seguinte recado a ela: seu marido creu que, se detesse
o animal, este não quereria mais ficar com a família.
b) Quando a ver, dê o seguinte recado a ela: seu marido creu que, se
detivesse o animal, este não quereria mais ficar com a família.
Resposta: Alternativa c.
419
Objetivos
Sugestão de procedimento
Advérbio
Preposição
· O papel de vínculo de subordinação (palavra principal × palavra secundária)
exercido pela preposição.
Conjunção
Interjeição
Complementação teórica
A conversão adjetivo/advérbio
420
· *Maria decidiu baixo. (A relação de "baixo" com o verbo "decidir" gera uma
construção agramatical.)
Exercícios complementares
Advérbio
Resposta: Alternativa c.
2. Compare estes dois enunciados:
421
Resposta: A nova frase (A salada estava muito temperada!) passa a ser uma
crítica; entende-se que havia excesso de tempero na salada.
[...] Que a prática de esportes faz bem para o corpo, tonifica os músculos e
melhora a capacidade respiratória, todo mundo já sabe. Mas os cientistas
descobriram que, muito além dos benefícios para o corpo, os exercícios são
ótimos para a saúde do cérebro. Não é novidade, por exemplo, que fazer artes
marciais, dança, natação, esportes coletivos - e até jogar peteca - favorece o
bombeamento de sangue, o que indica mais oxigênio pelo corpo, inclusive
para as células da massa cinzenta. Isso significa que quem faz exercícios
físicos regularmente tem risco menor de sofrer pequenos e grandes AVCs
(acidentes vasculares cerebrais), que colocam a mente e a vida em perigo. [...]
a) jogar peteca é mais fácil que dançar; e que o oxigênio é importante para o
nosso cérebro.
422
c) jogar peteca não favorece o bombeamento de sangue e as células de massa
cinzenta precisam de mais oxigênio.
d) jogar peteca indica mais oxigênio pelo corpo e praticar exercícios também é
importante para as células de massa cinzenta.
Resposta: Alternativa b.
Preposição
PARA PARA
O que não faz nenhum sentido é ler "São Paulo para para ver o Corinthians
jogar". Pior ainda que ler é ter de escrever.
Resposta: A opção do jornalista pela forma "roubou" (em vez de, por exemplo,
"excluiu" ou "eliminou") evidencia nitidamente o posicionamento contrário dele
à eliminação do acento da forma verbal "para", que, antes do acordo
ortográfico, era acentuada ("pára").
Resposta: Alternativa c.
[....]
8 No regaço do vale.
GULLAR, Ferreira. O açúcar. In: _____. Toda poesia (1950-1999). Rio de
Janeiro: José Olympio, 2000. p. 165.
423
Resposta: Alternativa e.
a) Para que a notícia tenha o sentido lógico pretendido pelo redator, que valor
semântico (sentido) o leitor deve atribuir à preposição "com"? Explique.
Conjunção
Trecho 1
Ouvimos o ferrolho da porta que dava para o corredor interno; era a mãe que
abria. Eu, uma vez que digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as
mãos da minha amiga...
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Globo, 1997. p. 67.
Trecho 2
Fomos jantar com a minha velha. Já lhe podia chamar assim, posto que os
seus cabelos brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse
comparativamente fresco...
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Globo, 1997. p. 165.
[...]
[...]
MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
a) "Pai, para onde fores,/ irei também trilhando as mesmas ruas..." (Augusto
dos Anjos)
c) "Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não surtiu efeito,
mesmo em doses variáveis." (Raimundo Faoro)
Resposta: Alternativa c.
424
Interjeição
CRÉDITO: Glauco
Resposta: Com "Puxa, que pena!", a mulher finge ter ficado decepcionada,
chateada com a notícia que o marido lhe deu. Da oposição entre a sinceridade
expressa pelo "Urru!" e do fingimento expresso por "Puxa, que pena!" emerge o
humor da tirinha.
Objetivos
· Primeira parte do capítulo: 1 . Apresentar os conceitos dos mecanismos de
seleção e combinação para a construção dos enunciados; 2. Introduzir o
conceito de sintaxe. 3. Revisar os conceitos de frase, oração e período. 4.
Introduzir os conceitos de sintaxe, termo, núcleo e termo secundário. 5.
Conceituar sujeito e predicado e fazer referência à estrutura típica das orações;
6. Sistematizar as características do sujeito e, dentro desse item, conceituar
relação morfossintática e sintagma nominal.
Sugestão de procedimento
425
[...]
[...]
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
Resposta: [flores]
Resposta: [ninhos]
b) Em relação ao 3º verso:
c) Como ficaria essa estrofe se suas orações fossem transpostas para a ordem
direta? [Sugere-se reescrever a estrofe na lousa.] Essa alteração afetaria de
alguma forma a estrofe original?
426
Seguem algumas informações que podem ser úteis ao(à) professor(a) para,
dependendo das características da turma, ampliar a discussão com os alunos.
Elas foram retiradas, resumidamente, da obra A língua falada no ensino de
português, do linguista Ataliba Teixeira de Castilho (Contexto, 2009), na qual
nos baseamos, em parte, para elaborar esta atividade.
Berlinck (1989) foi atrás da história da ordem VS [verbo-sujeito] no Português
Brasileiro, pesquisando em documentos dos séculos XVIII a XX. [...] Os dados
de Berlinck apontam para um decréscimo da ordem VS, com 42% de
ocorrências no séc. XVIII, 31% no séc. XIX, e apenas 21% no séc. XX.
427
Complementação teórica
1. Sintaxe
a) A relação sujeito-predicado
428
quero dizer que o carro praticou a ação de emperrar as portas, nem que o carro
emperrou, mas que as portas do carro emperraram. "Meu carro" não é o sujeito
dessa oração; trata-se de uma construção diferente, não composta de sujeito +
predicado, mas obedecendo a princípios diferentes de estruturação. Vamos ver
mais alguns exemplos para deixar isso mais claro:
Sabemos que esses enunciados são perfeitamente normais na fala, mas que
nunca apareceriam na escrita. Se tentarmos estudá-los tomando como
referência a análise tradicional em sujeitos e predicados, acabaremos
chegando a becos sem saída. Por exemplo, qual seria o predicado da primeira
dessas duas frases? "Só jejum"?
Mas aí nem sequer há um verbo, logo não pode ser predicado. E o predicado
da segunda frase? Não pode ser "é tudo frio", porque, primeiro, um predicado
referente a "blusa de lã" teria que ter "fria", e não "frio"; e, depois, sabemos
muito bem que "frio" não se refere à blusa (não é a blusa que está fria), mas à
sensação de frio da pessoa com quem falamos.
3. Sintagma nominal
Para fixar o conceito de sintagma nominal, o(a) professor(a) pode utilizar, além
dos exemplos apresentados no livro do aluno, os enunciados a seguir e
mostrar que o SN pode ser bem simples, como no primeiro exemplo, ou
bastante complexo, como no terceiro exemplo, no qual "dentro" do SN ocorre,
inclusive, uma oração adjetiva. Independentemente de ser simples ou
complexo, o SN sempre tem como núcleo um nome (substantivo).
A palavra sintagma designa uma unidade gramatical que é menor do que uma
oração; ou seja, ela se caracteriza por não conter todos os elementos
encontrados em uma oração.
Muitas vezes, os alunos têm dificuldades para diferenciar esses dois tipos de
construção. Caso isso ocorra, sugere-se estabelecer uma comparação entre
enunciados como estes:
429
KURY, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática. São Paulo: Ática,
2004.
Exercícios complementares
Resposta: Ele deve ter suposto que o núcleo fosse "brigas" (plural) e
concordou o verbo com essa palavra. (Professor(a), comentar que "brigas" é,
no caso, a palavra de maior carga semântica, isto é, que mais chama a
atenção, mas, por estar regida de preposição, não pode funcionar como núcleo
do sujeito.)
c) Se, no primeiro verso, trocarmos "tempo" por "meses", o verbo "há", por ser
impessoal, não alterará sua forma.
d) No segundo verso, "ficaram", forma de 3ª pessoa do plural, é o núcleo
sintático de uma oração com sujeito indeterminado. Resposta: [O sujeito de
"ficaram" é "todas as notícias".]
Resposta: Alternativa d.
430
Por que a comoveu tanto o alvoroço triste com que foi recebida por Chico
Bento, quando chegou com as passagens?
QUEIROZ, Raquel de. O quinze. In: _____. Obra reunida. Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1989. p. 70.
Resposta: Não seria possível identificar o sujeito de "chegou", que poderia ser
tanto "ele" (Chico Bento) quanto "ela" (Conceição).
Resposta: Bastaria explicitar o sujeito de "chegou": ... com que foi abraçada por
Chico Bento quando ela chegou com as passagens.
4. Relembre duas das classificações das vozes verbais e responda aos itens a
e b.
Voz ativa Voz passiva
1. o sujeito
2. o agente da ação
3. o paciente da ação
4. a voz verbal
II. Ainda não foram encontradas pelos cientistas evidências de vida em outro
planeta.
b) Agora, considere o seguinte fato: em uma prova escolar, uma das questões
pedia aos alunos que definissem sujeito.
Resposta: livro
b) Em relação a 2:
Resposta: ele
431
c) Em relação a 3:
· Por que a palavra "livro" não pode ser o núcleo do sujeito da segunda
oração?
7. A banda de rock Ultraje a Rigor fez muito sucesso nos anos 1980 com
grandes hits radiofônicos, como a canção "Inútil", cuja letra inicia-se assim:
Objetivos
Sugestão de procedimento
Muitas vezes, os alunos trazem, dos anos anteriores, uma lista decorada dos
verbos de ligação (ser, estar, ficar etc.); por isso, é importante chamar a
atenção para o complemento teórico apresentado, no livro do aluno, no final da
seção teórica sobre o verbo de ligação: esses verbos - ser, estar, ficar,
permanecer etc. - nem sempre são de ligação; eles podem funcionar como
ligação.
432
1. Tipos de predicado
Classificação
Característica Exemplos
do predicado
[Os alunos]
Tem dois núcleos: um núcleo sintático comemoravam felizes o
e semântico (verbo significativo) e um fim do ano letivo.
Verbo-nominal
núcleo semântico (o predicativo do [As chuvas] tornaram
sujeito ou do objeto). intransitáveis as
estradas da região.
O verbo de ligação não tem, por si mesmo, um sentido próprio, mas pode
estabelecer diferentes relações entre o sujeito e o predicativo. As mais comuns
são as seguintes:
433
Nos verbos transitivos, o processo verbal parte de um agente e vai até o objeto,
que, além de representar o paciente (ou alvo do fato verbal), pode representar
o destinatário, o beneficiário ou o produto/resultado desse fato. O objeto é,
portanto, o "ponto de chegada" de um processo verbal transitivo.
Exercícios complementares
e) em uma das duas ocorrências, o mesmo valor semântico que na frase "Essa
câmera digital tira excelentes fotografias".
O camarada chegou assim com ar suspeito, olhou pros lados e - como não
parecia ter ninguém por perto - forçou a porta do apartamento e entrou. Eu
estava parado olhando, para ver no que ia dar aquilo. Na verdade eu estava
vendo nitidamente toda a cena e senti que o camarada era um mau-caráter.
b) No trecho, a forma "estava" ocorre duas vezes. Explique por que na primeira
ocorrência ela se classifica como verbo de ligação, mas na segunda não.
Resposta: O complemento poderia ser: "a cena", "o camarada", "as atitudes do
camarada", termos com função de objeto direto; portanto, "olhar" é transitivo
direto.
434
Para compreender essa crítica, o leitor precisa "completar" o sentido dos dois
verbos com termos que sejam adequados ao sentido geral da afirmação.
Explicite, para cada verbo, qual poderia ser esse complemento (objeto).
c) A forma verbal "mantenha" e o pronome "a" indicam que a atriz trata sua
interlocutora na 3ª pessoa do singular.
d) O verbo "manter" tem, nos dois casos, o mesmo valor semântico, isto é, o
mesmo sentido.
Resposta: Alternativa d.
c) Por que, em 4, o termo "o livro" não pode funcionar como objeto de
"comprei"?
Resposta: Porque "o livro" não ocorre na oração em que está o verbo
"comprar".
Responda:
Objetivos
Sugestão de procedimento
Na introdução deste capítulo, convém que o(a) professor(a) volte a fazer
referência ao conceito de hierarquia sintática: dentro de um termo maior pode
haver outro(s) termo(s) menor(es).
435
Ao tratar do aposto, é importante comentar que, muitas vezes, esse termo tem
uma função que vai além do simples papel informativo (de esclarecer melhor o
sentido do nome), pois o locutor pode empregá-lo com uma carga ideológica,
com a intenção de obter um efeito discursivo favorável ou desfavorável ao
elemento caracterizado. Para exemplificar esse fato, o(a) professor(a) pode
comparar enunciados como estes:
1. O ex-prefeito, um excelente administrador, anunciou sua candidatura a
governador.
Exercícios complementares
d) Em 1, entende-se que a cidade, pela ação dos invasores, passou a ter uma
característica nova.
Qual dessas duas pessoas corre maior risco de sofrer um ataque cardíaco?
Justifique sua resposta.
436
c) Se o termo "fácil" fosse substituído por "difícil", qual dos três sentidos
deixaria de ser possível?
c) Qual dos dois apostos referidos em b não poderia ser excluído, sob pena de
causar um problema de sentido no trecho? Explique que problema seria esse.
O ar da terra elevada.
ANDRADE, Mário de. In: _____. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia,
2005. p. 189.
Vocabulário:
Fim do vocabulário.
437
e) Se for acrescentada uma vírgula para isolar o termo "Belo Horizonte", será
necessário, para manter a uniformidade de tratamento, substituir "seu" (corpo)
por "teu" (corpo).
Respostas: a) E; b) E; c) C; d) E; e) C; f) C.
Resposta: "Tio"
438
ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS
Proposta
Objetivo
Sugestão de procedimento
II. A classe é dividida em dois grupos e cada um fica responsável por uma das
crônicas. Reunidos, os alunos leem e discutem os trabalhos realizados, unindo
as respostas dos itens a e b e reorganizando, por meio de complementação e
seleção, os elementos neles presentes, de modo que produzam uma resenha.
439
III. A classe apresenta um painel de resenhas, que pode ser colocado num
mural e, depois de algum tempo, substituído por outras resenhas, sobre livros,
filmes, espetáculos de música, de teatro etc. Sugerimos também a reiteração
da importância do gênero textual crônica, que, como o diário pessoal, a ser
estudado no próximo capítulo, mistura livremente os tipos de texto: apresenta
características, conta casos, expõe ideias. Ressaltar a beleza poética, o lirismo
e a simplicidade das crônicas lidas, resumidas e resenhadas.
Sugestão de avaliação
LEITE, Marli Quadros. Aprenda a fazer resumo. São Paulo: Paulistana, 2006.
Proposta
Objetivos
Sugestão de procedimento
440
Professor(a), chamar a atenção dos alunos para o fato de que o estudo das
sequências textuais e das formas como se articulam para produzir os gêneros
diversos implica perceber os fatores de coesão e coerência textuais, abordados
nestes capítulos.
Por meio de leitura compartilhada e dialogada, salientar o fato de que
especificamente o relato estudado apresenta sequências descritivas e
dissertativas que se articulam para a montagem do texto, tendo em vista o
conceito de predominância.
Produção
Sugestão de avaliação
Sugerimos que a avaliação das atividades deste capítulo privilegie dois pontos:
a conexão entre as sequências textuais para se construir um determinado
gênero textual, como o diário pessoal, e a presença de características como o
uso da informalidade na linguagem escrita, o uso recorrente da primeira
pessoa, linguagem subjetiva etc. O diário pessoal é uma espécie de conversa
da pessoa consigo mesma, por meio da escrita.
VAL, Maria das Graças Costa. Redação de textualidade. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.
Capítulo 3 - Relatório
Proposta
Objetivo
Sugestão de procedimento
441
Quanto a este relatório de estudo, realizado por alunos de Ensino Médio, seria
interessante enfatizar, ao longo da realização das questões propostas para
debate, o caráter interdisciplinar que apresenta e também sua menor
formalidade, considerando o fato de que se trata de um trabalho escolar.
Leitura e produção
Sugestão de avaliação
Proposta
Objetivos
442
Sugestão de procedimento
Apresentação
Produção
Produção
Produção
Os alunos podem, durante a leitura, propor novos diálogos e cenas que lhes
provoquem a imaginação. Tendo sempre em vista a capacidade de observação
e de síntese, a fim de cativar o leitor.
Sugestão de avaliação
Neste capítulo, seria interessante propor aos alunos que atentem para notícias
(na TV, em jornais, em revistas etc.), discutindo o quanto elas lhes parecem
verossímeis. O que está em jogo neste trabalho é a percepção da falta de
precisão dos limites entre o que chamamos de realidade e o que chamamos de
ficção. Se por um lado as notícias são verdadeiras, já que relatam fatos que
aconteceram, mas muitas vezes não parecem verossímeis, por outro, as
narrativas ficcionais não são verdadeiras, mas são verossímeis. Essa
discussão pode ser encaminhada no sentido de levar os alunos a concluírem
que as narrativas ficcionais são elaboradas de um modo especial; elas não
falam diretamente sobre o mundo, mas constituem um mundo que pode e deve
ser decifrado pelo leitor.
443
Complementação teórica
Por isso é que nas nossas sociedades a literatura tem sido um instrumento
poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a
cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade
preconiza, ou os que considera prejudiciais, estão presentes nas diversas
manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e
nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de
vivermos dialeticamente os problemas. Por isso é indispensável tanto a
literatura sancionada quanto a literatura proscrita; a que os poderes sugerem e
a que nasce dos movimentos de negação do estado de coisas predominante.
A respeito destes dois lados da literatura, convém lembrar que ela não é uma
experiência inofensiva, mas uma aventura que pode causar problemas
psíquicos e morais, como acontece com a própria vida, da qual é imagem e
transfiguração. Isto significa que ela tem papel formador da personalidade, mas
não segundo as convenções; seria antes segundo a força indiscriminada e
poderosa da própria realidade. Por isso, nas mãos do leitor o livro pode ser
fator de perturbação e mesmo de risco. Daí a ambivalência da sociedade em
face dele, suscitando por vezes condenações violentas quando ele veicula
noções ou oferece sugestões que a visão convencional gostaria de proscrever.
No âmbito da instrução escolar o livro chega a gerar conflitos, porque o seu
efeito transcende as normas estabelecidas.
444
Em geral pensamos que a literatura atua sobre nós devido ao terceiro aspecto,
isto é, porque transmite uma espécie de conhecimento, que resulta em
aprendizado, como se ela fosse um tipo de instrução. Mas não é assim. O
efeito das produções literárias é devido à atuação simultânea dos três
aspectos, embora costumemos pensar menos no primeiro, que corresponde à
maneira pela qual a mensagem é construída; mas esta maneira é o aspecto,
senão mais importante, com certeza crucial, porque é o que decide se uma
comunicação é literária ou não. Comecemos por ele.
Toda obra literária é antes de mais nada uma espécie de objeto, de objeto
construído; e é grande o poder humanizador desta construção, enquanto
construção.
De fato, quando elaboram uma estrutura, o poeta ou o narrador nos propõe um
modelo de coerência, gerado pela força da palavra organizada. Se fosse
possível abstrair o sentido e pensar nas palavras como tijolos de uma
construção, eu diria que esses tijolos representam um modo de organizar a
matéria, e que enquanto organização eles exercem papel ordenador sobre a
nossa mente. Quer percebamos claramente ou não, o caráter de coisa
organizada da obra literária torna-se um fator que nos deixa mais capazes de
ordenar a nossa própria mente e sentimentos; e em consequência, mais
capazes de organizar a visão que temos do mundo.
Proposta
Objetivos
Este texto deve ser valorizado pelo(a) professor(a) como um tipo de narrativa
que envolve um saber mágico, mítico, que funciona como fonte das histórias
ficcionais. Seria interessante discutir com os alunos a "solução" dada ao
conflito, e a existência dele (o conflito) como fator nuclear de qualquer narrativa
ficcional. Inserir na discussão os conceitos de personagem protagonista versus
personagem antagonista, personagem principal, personagem secundário,
fazendo com que se lembrem de personagens, e que pensem no assunto.
Quem é, por exemplo, Yufá, o bobo? Ele tem alguma relação com Dom
Quixote, de Miguel de Cervantes? Lembrar a crônica "Pausa", de Mario
Quintana, que consta do volume 1 da coleção, na parte de literatura, em que o
assunto é tratado.
445
Sugerimos que, após ler com os alunos o texto "Uma vida ao lado", de Marina
Colasanti, proponha a eles que se dividam para trabalhá-lo, percebendo como
nele se desenvolvem os seguintes elementos do enredo: situação inicial,
complicação, clímax, desfecho. Há uma análise minuciosa do texto que deve
ser realizada, com destaque para os detalhes que envolvem uma leitura mais
refinada: destacar a funcionalidade de adjetivos, de tempos verbais (o
imperfeito e o perfeito), elementos de progressão da narrativa, desfecho
inesperado, tema do espelhamento do eu no outro etc.
Sugestão de avaliação
STEEN, Edla van. Viver & escrever. Porto Alegre: L&PM, 2008. 3 v.
VARGAS LLOSA Mario. Cartas a um jovem escritor: toda vida merece um livro.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Proposta
Objetivo
446
Sugestão de procedimento
Como este tipo de enredo está presente no cotidiano dos alunos, pedir que o
encontrem em letras de música, filmes, peças de teatro etc., e que tragam para
a sala de aula bons exemplos (exemplos que julgam bem-sucedidos), a fim de
mostrá-los aos colegas.
Leitura e produção
Pesquisa e apresentação
É importante frisar que, para que essa atividade seja significativa, é preciso
atentar para a diversidade de tipos e modos de apresentação de personagens
(protagonista, antagonista; principal, secundário; apresentação por meio de
descrição, ação ou fala), de tipos de enredo (amoroso, de aventura, de
suspense, de terror etc.), de tipos de estrutura (enredo linear e não linear), de
tipos de narrador e focos narrativos (narrador observador, onisciente, narrador-
personagem etc.), de tipos de discurso (direto, indireto e indireto livre), de
temas que sejam relevantes etc.
Sugestão de avaliação
447
5. Linguagem:
Leitura e produção
Sugestão de resposta:
Antônio agora caminha pela noite com leveza e sempre que sente o cheiro da
canela, respira fundo e sorri.
LEITE, Lígia Chiappini Moraes. O foco narrativo. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras,
1997.
448