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Direito Penal 14/04 

4. Erro
Em Direito Penal o erro retrata uma falsa percepção (uma má compreensão) da realidade.
Importante destacar que em Direito Penal a ignorância da existência de uma lei é tratada da
mesma forma que o erro. Desta forma, via de regra não poderão servir de escudo protetor
para que o agente pratique uma conduta delituosa.
Em Direito Penal existem duas espécies de erro que são: Erro de Tipo e Erro de Proibição.

Erro de Tipo
Conceito
Ocorre nas hipóteses em que o agente se equivoca sobre uma situação
fática. Desta forma, a má compreensão do agente recai sobre as elementares
ou sobre circunstâncias que compõem sobre determinada figura típica.
Em relação ao Erro de Tipo temos duas espécies que são

1. Erro de Tipo Essencial


Conceito:
É aquele no qual o equívoco do agente recai sobre os dados principais do
tipo penal e desta forma enseje que o agente venha a praticar uma conduta
delituosa.
O fundamento legal do erro de tipo essencial encontra-se previsto no Art. 20
caput do Código Penal, que adotou duas espécies de tipo penal que são:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

● Erro de Tipo Essencial Inevitável ou Escusável


Nessa hipótese em razão do fato de que qualquer pessoa incidiria no erro, a
lei exclui o dolo e a culpa do agente.

● Erro de Tipo Essencial Evitável ou Inescusável


Aquele no qual se o agente tivesse um pouco mais de cuidado não teria
cometido a conduta delituosa. Em tais hipóteses a lei excluirá o dolo do
agente, mas permite a punição na modalidade culposa se prevista no tipo
penal.
OBSERVAÇÃO
Como avalias a inevitabilidade do erro?
Acerca do tema existem duas correntes: adotada pela doutrina clássica ou
tradicional que adota como critério o homem médio acerca dos conhecimentos
Doutrina moderna: levasse em consideração as circunstâncias do caso em
concreto bem como a idade do agente.
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ERRO DE TIPO ESSENCIAL ERRO DE TIPO ACIDENTAL

No​ Erro de Tipo Essencial​ o agente caso venha ser informado (ter conhecimento)
do erro ele cessará sua conduta criminosa pois não quer praticar nenhum tipo
penal. Por sua vez, no ​Erro de Tipo Acidental​ o agente informado de seu erro por
pretender praticar um crime corrigirá sua conduta para não incidir no erro.

2. Erro de Tipo Acidental


conceito
É o erro que ocorre quando o agente pratica sua conduta delituosa
equivocando-se sobre dados irrelevantes sobre a conduta típica. Desta forma
o agente possui o conhecimento de que pratica um crime, mas desconhece
um erro sobre um dado irrelevante. Portanto, o erro não o beneficia.

Espécies de Erro de Tipo Acidental


➢ Erro sobre a pessoa (error in persona)

Encontra-se no Art. 20, § 3º do CP que versa sobre um equívoco (confusão)


sobre a pessoa que se pretendia atingir. Desta forma, o agente atinge pessoa
distinta daquela que pretendia atingir, em razão de ter confundido a pessoa.
Solução Jurídica: o agente responderá como se tivesse atingido a vítima que
desde o início pretendia atingir, considerando-se todas as qualidades desta
vítima.

Art.. 20 Erro sobre a pessoa


§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta
de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

➢ Erro sobre o objeto (error in objecto)


Embora não exista previsão legal, o agente responderá por sua conduta
ainda que tenha confundido os objetos.

➢ Aberratio ictus ou erro no golpe ou desvio na execução

Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o
agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
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também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a


regra do art. 70 deste Código.

Ocorre na hipótese em que o agente em razão de inabilidade ou por acidente


na execução do crime vem a atingir pessoa distinta da pretendida. Na
Aberratio ictus, diferentemente do erro sobre a pessoa não há confusão sobre
as pessoas (sobre a vítima), o que há é erro na execução da conduta
delituosa. Duas hipóteses são possíveis na Aberratio ictus, quais sejam:
○ Aberratio ictus de Resultado Único.
↪ O agente atinge apenas a pessoa diversa da pretendida.
○ Aberratio ictus de Resultado Duplo
↪ Ocorre quando o agente atinge a pessoa pretendida e também
um terceiro.

➢ Aberratio criminis ou aberratio delicti ou resultado diverso do pretendido

Neste caso, em razão do erro nos meios executórios o agente atinge o bem jurídico
diferente do pretendido fazendo com que ele responda de forma culposa.

Resultado diverso do pretendido


Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente
responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre
também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

➢ Aberratio causae ou erro sobre o nexo causal

Ocorre nas hipóteses em que o agente pratica sua conduta para alcançar o
resultado, porém alguma outra causa desconhecida pelo agente atua sobre a
situação fática e vem a produzir o resultado pretendido pelo agente. Neste
caso o agente responde pelo resultado de forma dolosa.

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