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A Psicose Na Perspectiva Lacaniana
A Psicose Na Perspectiva Lacaniana
RESUMO
ABSTRACT
The foreclosure of the Name of the Father impossibility the child from the symbolization of the law,
what ultimately interferes in their relationship the reality. In this project we used the movie "Black
Swan" of the director Darrem Aranofsky (2010) as object trigger to think the theory J. Lacan. It is
important to highlight there was no pretense of interpreting the film in its entirety from the reference
adopted, instead, uses the same cuttings to illustrate the theory. The movie has the possibility to many
interpretations, in the way there wasn't the intention of reduce their senses. This way, the present
research seek comprehend the process of structuration psychic from psychosis from the theoretical
framework of Jacques Lacan, thereby providing possible links between the structural design of
psychosis in Psychoanalysis relating them to some aspects of the film. This research is based on a
qualitative methodology of theoretical-reflective from the reference of psychoanalysis. The
development of it takes place from thematic readings with possible associations with the movie "Black
Swan." Thus, we conclude that the failure of the paternal metaphor psychotic is barred from entering
the symbolic order, with the intervention of the Name of the Father in Another who works as a point-of-
just that the law is instituted and that, however, for him this is the point that will never come to be
structured.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
A criança supõe faltar algo a mãe, então tenta ela mesma se fazer esse
objeto faltante desejado pela mãe, o falo. Segundo Dor (1989), para Lacan enquanto
o falo se fizer desejo da mãe sua relação com ele é necessária. A criança estará
nessa relação fusional com a mãe enquanto não existir um elemento terceiro para
interditar essa identificação fálica da criança com sua progenitora.
A criança sente o complexo de Édipo como um afastamento de sua
progenitora, como aponta Almeida (2010) como um afastamento de seu objeto de
desejo, a mãe sente esse afastamento como uma privação de seu objeto fálico.
A criança aqui se faz objeto fálico que pudesse preencher a Falta da mãe e
assim vive imaginariamente uma relação de que um completa o outro.
“Por mais que a instância mediadora (o Pai) seja aqui considerada estranha à
relação mãe-criança, é a própria dimensão da identificação fálica da criança nessa
relação que a pressupõe”. (DOR, 1989, p.81).
Essa identificação fálica como aponta Dor (1989) é uma tentativa de evitação
da castração. Enquanto a criança se identificar com o objeto fálico ela impede no
imaginário de ser castrada, vivenciando dessa forma a dimensão subjetiva da
dialética do ser ou não ser o falo.
supostamente tem o objeto fálico desejado pela mãe. Aquele que possibilita a
simbolização da lei, momento em que a criança encontra a lei do pai, sendo levada a
confrontação com a castração, através dessa mediação na relação dual mãe-
criança, ele ascende na posição de pai simbólico. (Dor, 1989). O sujeito então “[...] o
reconhece como ditando-lhe a lei” (Dor, 1989, p.87).
“O pai, ou o seu nome, libera a criança da relação de aprisionamento com a
mãe” (FERRETTI, 2004, p.133). No caso do filme em questão podemos perceber
que o significante Nome-do-Pai não está presente no enredo da trama, logo a
relação simbiótica entre mãe e filha remete ao primeiro tempo do Édipo em que a
relação fica entre mãe-filho/falo.
Sales (2008) faz referência ao jogo do fort-da em que a mãe direciona sua
atenção a algum outro objeto que não a criança, fazendo-se assim
ausente/presente, elucidando que o desejo do outro (a mãe) é o desejo do Outro (o
falo).
A criança dessa forma, simbolicamente vivencia o abandono da mãe, em que
através do afastamento e da aproximação pelo brincar, metaforicamente, a coloca
no lugar do carretel, o que para Lacan seria uma substituição significante. (DOR,
1989).
O olhar da mãe para longe da criança, possibilita que esta não fique presa ao
imaginário gerando fantasias que a possa deixar na posição de objeto fálico à mãe.
(Sales, 2008).
Com a personagem Nina pode-se verificar que a mãe se dedicava
inteiramente a filha, estando sempre perto e a ajudando a realizar as coisas mais
triviais, como se trocar, cortar as unhas, se alimentar. Assim Nina possivelmente se
colocava na posição desse objeto faltante à mãe e esta se apresentava com um
desejo frio, não transmitindo afeto à filha como se ela fosse meramente um objeto de
sua satisfação.
Quando o falo assume sua posição e seu lugar correto, e denota que o Pai,
aquele que o possui, tem preferência junto à mãe, estabelece assim, o processo da
metáfora paterna e com ele o recalque originário.
O sujeito fica fixado como objeto faltante à mãe, devido não ocorrer o corte
nessa relação pela instituição da metáfora paterna, dessa forma, não há significação
fálica, “a significação do falo, dissemos, deve ser evocada no imaginário do sujeito
pela metáfora paterna” (LACAN, 1998, p.563).
Essa criança não busca o gozo no objeto, visto que subentende que ela
própria não está ligada ao falo. O seu gozo é caracterizado a um Outro que dele
goza, como no clássico exemplo de Schereber, o qual se percebia como objeto de
gozo de Deus. Deus o amava por isso em seu delírio se via como sendo “Mulher de
Deus” (FREUD, 1915). Ele seria a cópula na qual Deus faria nele um filho, este
mudaria o mundo. E assim criaria uma nova descendência.
Esse exemplo foi analisado por Freud e caracterizado como sendo um caso
de paranoia, pois o paranoico ocupa o lugar de objeto do gozo do Outro. É em torno
do Outro que se organiza toda a existência do sujeito. Assim pode-se dizer que a
paranoia está do lado do estádio do espelho, segundo Quinet (2009).
Outro aspecto da paranóia sendo uma das derivações da psicose é a
suplência da metáfora paterna, operação que não se realizou, e corresponde a uma
transladação do gozo do corpo (esquizofrenia), para um gozo localizado num Outro
subjetivado, em alteridade em relação ao próprio sujeito.
“Para que a psicose se desencadeie, é preciso que o Nome-do-Pai,
verworfen, foracluído, isto é, jamais advindo no lugar do Outro, seja ali invocado em
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oposição simbólica ao sujeito”. (LACAN, 1998, p.584). A falta desse significante abre
um furo no significado que dá margem a modificação do significante que só se
estabelecerá na metáfora delirante.
Assim, o psicótico se depara com um discurso sem um norte, em que há
possibilidade de várias significações, mas que não o é suficiente, pois, ao mesmo
tempo, não lhe diz nada, visto que, não foi antes simbolizada. Os significantes
circulam fora da cadeia significante, por não ter o psicótico acesso ao simbólico.
(LACET, 2004).
Para Lacet (2004), o psicótico não suporta o fato dos significantes não lhe
darem um sentido, sendo assim, faz uso deste e da linguagem para tentar enganar
as leis do símbolo, que irá organizar o texto delirante. A falta do significante que
torna possível a significação é vivenciada pelo psicótico como uma angústia que só
diminui com o delírio.
No filme que utilizamos como objeto de nossa reflexão podemos perceber que
a personagem principal, Nina, transfere e projeta a todo o momento a raiva que
sente pela mãe na colega Lily, e também vivencia o delírio de que a colega está
perseguindo-a, o que nos faz lembrar o controle exercido pela própria mãe sobre
ela. Esse não reconhecimento nos faz pensar no desejo de Nina de ser como a
colega (representante do Cisne Negro para ela), que ela resistia a viver.
Para Lacan, assim como para Freud, as alucinações e os delírios seriam uma
tentativa (imaginária) de re-construção do mundo externo e interno. Assim, aquilo
que foi rejeitado no interior agora retorna no exterior, ou o que foi rejeitado no
simbólico retorna efetivamente no real.
Devido à forclusão o sujeito não tem acesso às leis de simbolização, dessa
forma, elas não operam na psicose, sendo elas: Verdichtung (condensação);
Verdrangung (deslocamento); Verneinung (negação) (LANCET, 2004), “é a forclusão
(Verwerfung) primordial que domina tudo por seu problema” (LACAN, 1998, p.587).
Lacan cita a figura do prof. Flechsig, do caso Schreber, que nos mostra que
mesmo que posteriormente um terceiro elemento intervenha não será capaz de
“preencher o vazio subitamente vislumbrado da Verwefung inaugural” (LACAN,
1998, p.588).
No filme esse terceiro elemento poderia ser representado pela figura do
professor Thomas Leroy (Vicent Cassel) suposto interditor da relação dual com sua
mãe. No entanto, essa interdição não resolveria a foraclusão do Nome-do-Pai, no
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642004000100023&lang=pt>. Acesso em 10. jul. 2012.
LAPLANCHE; PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise. 4. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
QUINET, A. Teoria e clínica da psicose. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2009.
SALES, L. S. Consistência do Édipo na psicanálise lacaniana: símbolos zero para o
desejo. Fractal Rev. Psicologia, v. 20, n.1. Rio de Janeiro. jan/jun, 2008. Disponível
em<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
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SALES, L. S. Posição do estádio do espelho na teoria lacaniana do imaginário. Rev.
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
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