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A definição de CRM na Aviação: O que é?

Texto por Autor(a): Muita Viagem em Meio Aéreo

Na Aviação, Corporate Resources Management, ou antigo Cockpit Resources


Management, ou Crew Resources Management, é um treinamento
desenvolvido pela NASA para pilotos e comissários, e posteriormente todos os
profissionais da empresa aérea – da alta direção ao menor nível hierárquico –
reduzam incidentes e acidentes aeronáuticos.
O CRM na Aviação é um treinamento e exercício obrigatório
internacionalmente para todas as empresas aéreas que transportem
passageiros, seja companhia de transporte regular, ou táxi aéreo.
Os países signatários da ICAO ou OACI – Organização da Aviação Civil
Internacional, é órgão da ONU responsável pela regulação internacional e o
Brasil é membro fundador.
No Brasil na aviação civil a ANAC é a responsável por regulamentar a norma
IAC 061-1002, que traduzida para o português ficou como “Treinamento em
gerenciamento de recursos de equipes”.
O CRM da aviação é um treinamento onde o trabalho em equipe em ambiente
crítico ou adverso é uma constante, e estas equipes serem em cada jornada
composta novos integrantes.
A tripulação em empresas aéreas médias e grandes nem sempre são os
mesmos. Comandantes e primeiro oficial (o antigo copiloto) e comissários são
escalados e provavelmente nunca voaram juntos antes. Mas com o
treinamento do CRM aprendem a trabalharem como um time campeão.
O CRM “aéreo” é hoje adaptado para outros cenários de trabalho em equipe
como em equipes de cirurgia, de defesa civil, de explosão de minas e edifícios,
resgate e urgências, vendas, policia, gestão de crises, concretagem em
grandes obras e também noutros ambientes aonde o espaço para o erro pode
custar vidas, prejuízos ou atrasos, visando redução de risco e erro.
O CRM da aviação é também aplicado em toda a aviação militar de muitos
países, no programa espacial e para o controle de tráfego aéreo o mesmo já
tem outra sigla: TRM – Tower Resources Management.
Para quem deseja entender melhor sugiro assistirem os filmes Apolo 13 e o do
pouso no Rio Hudson. Abaixo, vídeo mostrando a importância do CRM no caso
do voo 1549 da US Airways em Nova York.
CRM – O divisor de águas no processo de
tomada de decisão
Tendo sua origem no  programa de pesquisa de fatores humanos da NASA. O
Gerenciamento de Recursos Corporativos (Corporate Resource Management
– CRM) tem como meta, o uso eficaz de todos os recursos disponíveis para
garantir segurança e eficiência nas operações aéreas. Seu treinamento busca
a mudança nas atitudes e comportamentos da tripulação, da equipe de voo e
de todos os integrantes das companhias.
O CRM é uma ferramenta essencial para o desenvolver da profissão do
aeronauta.
habitar uma cabine de comando em altas altitudes e altas velocidades, exige
uma tripulação com comportamentos treinados, que reflitam ações que
favoreçam o trabalho de toda equipe, principalmente a do voo em operação.
Por isso o treinamento de CRM tem como principal objetivo diminuir a
incidência de falhas humanas nas operações aéreas e melhorar o processo
decisório da tripulação.

O que o CRM não faz


 Substituir as habilidades básicas de voo e conhecimentos técnicos
 Tentativa de mudar a personalidade das pessoas
 Diminui a autoridade do comandante
 Cria processo democrático
 Criar um recurso para ser mantido em reserva ou prontidão para
emergência
 Padronização de procedimentos de cabine
O CRM deve ser uma atitude constante, mesmo quando tudo está indo bem,
de maneira que essas habilidades estejam disponíveis quando surgir uma
emergência. Ele faz a utilização de todos os recursos para a diminuição das
falhas humanas na operação de aeronaves e aperfeiçoamento do processo
decisório. Ao contrario do que alguns possam imaginar, dentro de uma cabine
com CRM  a autoridade do comandante não é diminuída, pois a última palavra
no processo decisório é sempre do comandante.
O maior desafio do CRM não está em sua compreensão, mas em sua
aplicação
A administração do Comandante
Dentre os recursos que o comandante de uma aeronave precisa administrar
estão:
1. O equipamento. O mais fácil elemento a ser gerenciado
2. As informação dos instrumentos; manuais, pessoas, sentidos, etc.
3. O combustível e o tempo (combustível x tempo). Consumíveis, limitam
as ações.
4. O ser humano o mais complexo (Respostas diversas)

A comunicação é o fator mais importante no gerenciamento da cabine, pois o


processo decisório está alicerçado nas boas informações que por sua vez
precisam de ambientes favoráveis para fluírem. A diminuição da comunicação
é um dos efeitos mais nítidos de stress na comunicação do trabalho em equipe.
Treinamentos modernos consistem na operação de sistemas integrados e no
processo decisório, que através da ferramenta do CRM auxilia os tripulantes
melhorando a comunicação e a eficiência no compartilhamento das decisões.
O objetivo da comunicação no CRM, é fazer compreender os processos e
aumentar a eficiência gerencial, que por sua vez também depende da
comunicação.

Características que influenciam na comunicação

A tripulação deve comunicar-se com clareza, e ter certeza de que os outros


entenderam o que se quis dizer.
Podemos identificar as qualidades da comunicação eficiente quando ela
apresentar as seguintes características:
 É curta
 Precisa
 Compreensível
 É feita em termos padronizados
 Faz uso de figuras

Os principais fatores que causam impedimento a comunicação


eficiente são
 Desnível de autoridade
 Desnível de experiência
 Insegurança
 Excesso de confiança
 Estresse

Existem filtros que modificam a forma da mensagem ser recebida


 Preconceito
 Expectativa
 Reação treinada
 Distração
 Prioridades Inadequadas
 Visão canalizada
 Gírias
 Conflitos Emocionais

Algumas Técnicas que podem ser utilizadas para melhorar a


comunicação
 Brifim
 Indagação
 Assertividade
 Saber escutar
 Resolver Conflitos

Se você achar que alguma coisa está errada, se você sentir-se desconfortável
por alguma razão ou se você não entender alguma coisa, fale logo que
possível.

Os 6 passos para uma boa comunicação


 1º passo – Brifar os tripulantes definindo o que vai ser feito e
estabelecendo um clima aberto para o fluxo de informações
 2º passo – Não ter receios de fazer perguntas
 3º passo – Defender o seu ponto de vista até estar convencido pelos
fatos de que sua posição não está correta.
 4º passo – “Saber ouvir”!
 5º passo – “Saber resolver conflitos”!
 6º passo – habilidade de dar e receber “críticas construtivas”

Fatores Contribuintes nos acidentes com falhas humanas


 Preocupação com falhas mecânicas pequenas
 Liderança ou Supervisão inadequada
 Falha em delegar tarefas e responsabilidades
 Falha em estabelecer prioridades
 Falha em comunicar planos e intenções
 Falha em utilizar dados disponíveis
 Falha em monitorar adequadamente o desempenho dos outros
tripulantes

Trabalho de equipe

Mesmo que apenas uma pessoa esteja pilotando a aeronave em determinada


hora, há outros membros da tripulação desenvolvendo atividades ligadas ao
voo, ou seja, completar um voo com sucesso é uma tarefa da tripulação.

Aspectos que favorecem a formação de equipes


 Espírito de corpo
 Lealdade
 Comunicação clara e franca
 Satisfação: (Tarefas, Objetivos traçados, Relações interpessoais)
 Co-responsabilidade

Aspectos que desfavorecem a formação de equipe


 Individualismo
 Competição
 Desinteresse
 Oposicionismo

Papel da Liderança no CRM


A liderança é o processo de influenciar as atividades individuais ou grupos para
a consecução de um objetivo numa dada situação.
Em essência, a liderança envolve a realização de objetivos com e através de
pessoas

É a percepção precisa dos fatos e condições que afetam uma aeronave e sua
tripulação durante um período de tempo definido, e suas consequências
futuras.

 
Níveis de Consciência Situacional
 Nível 1 – percepção: reage atrás da situação ( o piloto fica sabendo
depois da ocorrência)
 Nível 2 – compreensão: atualizado com a situação mais desligado dos
acontecimentos futuros (o piloto sabe o que está acontecendo, mas não se
antecipa interrompendo a cadeia de acontecimentos futuros)
 Nível 3 – Projeção: proativo, à frente da situação, projeta as
necessidades futuras ( nível ideal para um piloto)

Indicativos de perda da Consciência Situacional

 Falha em atingir metas


 Uso de procedimento não documentado
 Descumprimento do procedimento padrão
 Violação de mínimos
 Ninguém pilotando a aeronave/atrás da aeronave
 Ninguém olhando para fora da aeronave
 Falta de comunicação
 Ambiguidade
 Discrepâncias não resolvidas
 Fixação ou preocupação
 Sentimento de vazio

Fatores de diminuição da consciência situacional

 Inexperiência
 Conflito interpessoal
 Expectativas
 Fadiga
 Desinteresse

Dicas para a manutenção da consciência situacional

 Tenha um plano para lidar com distrações


 Predefina tarefas para as fases conhecidas de alta carga de trabalho
e/ou alto risco
 Defina tarefas ao confrontar-se com situações anormais
 Mantenha sua proficiência técnica para melhor identificar e entender as
anormalidades
 Fale com os outros quando achar que a Consciência situacional está
diminuindo
 Monitore as atividades em curso

Na matéria publicada 18 de janeiro de 2013 no site Português Diário de


Notícias, mais da metade dos pilotos portugueses admite ter adormecido
involuntariamente em voo, indicou um inquérito realizado por investigadores
apoiados pelo Instituto Nacional de Aviação Civil, que contou com as respostas
de 456 profissionais.
Pesquisadores de acidentes aéreos apontam a fadiga como um dos principais
fatores que geram cadeias de erros, que levam a situações de alto risco e
propensão de acidentes.
Veja o vídeo publicado em 20 de março deste ano (2013) no site do canal de tv
on-line do parlamento Europeu, a polêmica da nova proposta de reguladores
europeus para limitar o tempo de serviço dos pilotos.
 

Sinais de estresse e fadiga


 Suor nas mãos
 Diarréia
 Taquicardia
 Depressão
 Irritabilidade excessiva
 Baixa capacidade de concentração
 Abalo emocional
 Alteração no desempenho etc.

As principais consequências da fadiga são

 Julgamento deficiente
 Diminuição do tempo de reação
 Problemas com a memória
 Dores musculares
 Dificuldades de atenção e concentração
 Mudança de humor
 Alterações de hábitos de sono e alimentares
 Alterações sensitivas, etc.

Medidas preventivas contra a fadiga


 Sono adequado
 Dieta correta
 Exercício Físico
 Privar-se do cigarro e álcool
 Repouso adequado
 Conhecimento técnico e cientifico do trabalho
 Relaxamento mental
 Divisão da carga de trabalho
 Abstinência de substâncias psicoativas

Etapas:
 1º – Reconhecer uma necessidade
 2º – Identificar claramente o problema
 3º – Reunir toda informação disponível
 4º – Identificar alternativas possíveis
 5º – Executar sua ação
 6º – Acompanhar os resultados
 
As atitudes perigosas na tomada de decisão
 Anti-autoridade: “Não me diga o que fazer” Antídoto: “Siga as regras,
geralmente estão certas”
 Impulsividade: “Faça alguma coisa rápido!” Antídoto: “Não tão rápido,
pense antes”
 Invulnerabilidade: “Não vai acontecer comigo” Antídoto: “Pode
acontecer comigo”
 Machismo: “Eu posso fazer isso” Antídoto: “Assumir riscos é
bobagem!”
 Resignação: ” De que adianta?” Antídoto: “Algo pode ser feito.
Depende de mim!”
 “Regressite” “vontade de regressar/voltar” Antídoto: ” Não tome
decisões precipitadas, volte com segurança!”
 Complacência é causada pelos mesmos fatores que deveriam prevenir
acidentes: experiência, treinamento, e conhecimento contribuem para a
complacência.
 Exibicionismo

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