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Aluno: Guilherme Luis Silva Busato

Disciplina: Comunicação em Língua Brasileira de Sinais (LIB038)


Instituição: Universidade Federal do Paraná
Docente: Brenno Barros Douettes

Resumo das Aulas online 03 e 04 UNIVESP / Disciplina LIBRAS (LBS-


001)

As aulas 03 e 04 do curso de Libras da UNIVESP tratam sobre as filosofias


na educação de surdos através da história. Os textos bases utilizados são: “Do oralismo à
comunicação total ao bilinguismo”, “O Decreto 5626/2005 e as diretrizes para a inclusão social dos
sudos”, “A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre
esta experiência”, “Educação bilingue para surdos e inclusão segundo a Política Nacional de
Educação Especial e o Decreto 5.626/05”.
Mais uma vez, a análise se inicia na antiguidade com Aristóteles que
acreditava na necessidade da audição para o aprendizado. Em seguida fala-se de Kant, que
acreditava que a linguagem de sinais era limitada e incapaz de expressar conceitos abstratos
complexos. E por fim, Schopenhauer, também acreditava na superioridade da língua oral, e que o
raciocínio dependia dela.
É visível, portanto, que durante toda a história houve filósofos que
duvidavam da capacidade dos surdos de desenvolver raciocínio lógico.
Estas visões refletiram no método alemão de ensino de surdos, que buscava
dar a eles o que não tinham, linguagem. Desse modo, este método se focava na oralização, aprender
a língua falada.
Por outro lado, o método francês de l’Epée defendia que a educação de
surdos deveria primar pela leitura e a escrita e de outras matérias da educação básica. Este educador
foi o primeiro a reconhecer que os surdos possuíam língua própria, a língua de sinais. No entanto,
ao compará-la com a sua língua, o francês, as discrepâncias o levaram a acreditar que ela possuía
falhas e tentou corrigi-las através dos sinais metódicos.
Estes dois métodos coexistiram por muitos anos na Europa, até o Congresso
de Milão (1880), um evento que incluiu apenas um educador surdo. Neste congresso, estabeleceu-se
o oralismo puro buscando desenvolver a fala nos estudantes surdos. E, para efetivar este ensino, os
oralistas expulsaram os professores surdos das escolas de surdos, excluíram-nos das políticas de
ensino e proibiram o uso da língua de sinais entre os estudantes.
O oralismo teve consequências extremamente negativas para o
desenvolvimento acadêmico dos estudantes surdos. Pois nem todos os surdos conseguem
desenvolver a oralidade. Os dados apontam que o desenvolvimento da linguagem de sinais com
crianças surdas auxilia no desenvolvimento da língua oral, o que indica que a linguagem de sinais é
de fato a melhor opção para as pessoas surdas.
Seguido o desastre do oralismo, surge uma nova filosofia de ensino
chamada comunicação total. Esta abordagem defende o uso de todos os métodos possíveis que
possam auxiliar a comunicação para estudantes surdos, inclusive sistemas artificiais de linguagem
de sinais que se assemelham com a língua oral e que tem o objetivo de auxiliar o aprendizado da
leitura e escrita. Este sistema gerou um saldo positivo, observou-se uma melhora na comunicação
entre surdos e ouvintes, porém as habilidades de leitura e escrita continuaram defasadas
O motivo do fracasso nessa área foi a dificuldade de compreensão das aulas
dadas na língua oral e utilizando os sistemas artificiais de sinais, que eram inconsistentes e difíceis
de compreender, diferentemente de uma língua natural.
Por fim, a linguística compreendeu que as línguas de sinais dos surdos eram
línguas naturais, e, desse modo, ideais para a instrução dos mesmos. Surge então o chamado
bilinguismo.
O objetivo dessa filosofia de ensino é dar ao aluno a habilidade na língua
oral na modalidade escrita, como também desenvolver a língua de sinais. Nesta abordagem, a
oralização deixa de ser um objetivo.
A Suécia foi o primeiro país a reconhecer os surdos como uma minoria
linguística e realizar estudos usando o método do bilinguismo que apresentou resultados positivos
para o desenvolvimento linguístico desses alunos assim como o seu desenvolvimento cognitivo e
social.
No Brasil, a Lei 10.436, de 24 de Abril de 2002, regulamenta Libras como
um meio oficial de comunicação e expressão, inclui a disciplina de Libras nos cursos de licenciatura
e fonoaudiologia e também oficializa a necessidade do bilinguismo, pois Libras não substitui a
língua portuguesa em sua modalidade escrita. Esta Lei é regulamentada pelo decreto 5.626, que,
entre outras coisas, coloca a obrigatoriedade de possuir intérpretes de Libras em todas as
instituições de ensino.
Apesar das lutas da comunidade surda em defesa da sua cultura, a política
nacional de educação especial ainda rege a educação de surdos. E, como esta segue o Plano
Nacional de Educação, que determina a inclusão educacional independente das diferenças que o
estudante possa ter, as escolas de surdos ficam sob ameaça dessa política.
Ela, por exemplo, impõe a inclusão de crianças surdas no ensino regular.
Um estudo da professora Cristina Lacerda, autora de um dos textos-base,
realizado com uma turma de 29 ouvintes, 2 intérpretes e 1 aluno surdo de uma escola privada em
São Paulo, nos aponta as consequências dessa determinação:
Os professores entrevistados tinham uma grande desinformação quanto às
particularidades dos alunos surdos e uma falta de planejamento quanto as suas necessidades.
Os alunos ouvintes dizem que o aluno é bem acolhido, mas também que
acham Libras difícil e esperam que o seu colega aprenda a falar.
As intérpretes revelaram que os professores não coordenavam as suas
atividades com elas e que as responsabilizavam pelo aprendizado do aluno surdo.
O aluno surdo entrevistado revelou que não se relacionava com seus
professores e com apenas um colega no espaço escolar. Também disse que estava sempre
acompanhado de um adulto, uma realidade atípica para crianças de 10-12 anos.

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