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A língua mirandesa

Índice:

1-Introdução……………………………………………………………………………………………… 1

2- Evolução histórica…………………………………………..………………………………………… 1

3- Estatuto atual comparativamente ao português……………………………………………………….. 2

4- Particularidades fonológicas, morfológicas e sintáticas………………………………………………. 2

5- Perspetivas de futuro………………………………………………………………………………….. 3

6- Conclusão……………………………………………………………………………………………... 3

7- Bibliografia……………………………………………………………………………………………. 3

Introdução

Segundo os linguistas, o português é uma língua bastante unificada, isto é, apesar da existência de
uma variedade considerável de dialetos (11), não se verifica nestes um desvio muito grande à norma
padrão, ou seja, os falantes dos vários dialetos do português são bem capazes de se compreender uns aos
outros.

Nesta pesquisa, irei abordar o dialeto falado em Miranda, o mirandês, atual língua cooficial de
Miranda do Douro.

Evolução histórica

Durante muitos anos, Portugal teve apenas uma língua oficial – o português. Porém, em 1882, o
filologo José Leite de Vasconcelos anunciou que havia uma outra forma de falar a nordeste do país, nas
Terras de Miranda.

A língua mirandesa surgiu a partir de uma evolução do latim popular como ramificação do asturo-
leonês, um dialeto linguístico que abrange o nordeste da Península Ibérica. O dialeto mirandês, viveu

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durante muitos séculos na “sombra”, porém, em 1999, foi-lhe reconhecido pela Assembleia da
República o estatuto de segunda língua oficial de Portugal. Mas foi só em 2008 que foi estabelecida uma
convenção ortográfica que visava à aprendizagem, ao ensinamento e à leitura do mirandês. Atualmente,
estima-se que haja cerca de 15000 falantes da língua em Portugal, sendo que apenas em Picote, uma
aldeia de Miranda do Douro, todos os habitantes falam mirandês como língua primária.

Estatuto atual comparativamente ao português

Sabendo que cerca de 10 milhões de portugueses têm o português como língua nativa e que apenas
15000 pessoas da população total falam mirandês, verifica-se que a língua mirandesa é, numerariamente,
quase insignificante comparando-a ao português (na proporção de 97%:0.1%).

Particularidades fonológicas, morfológicas e sintáticas

→ Fonologia:

Características comuns ao português, ao galego e ao mirandês:

 evolução do grupo latino -ct- em -it-: nocte (latino) = noite (português);


 evolução dos grupos latinos pl-, cl- e fl- na fricativa /tʃ/;
 conservação dos ditongos ei e ou.

Algumas diferenças fonológicas em relação ao português:

 palatização da consoante inicial l: língua = lhéngua/léngua;


 manutenção das consoantes l e n em posição intervocálica: lua = lhuna/luna, mau = malo;
 palatização das consoantes duplas ll/nn/mn: castelo = castielho, ano = anho, dano = danho;
 ditongação da vogal breve e em posição tónica: ferro = fierro.

→ Morfologia e Sintaxe:

Vejamos um exemplo de uma frase em mirandês e a mesma em português:

 Mirandês: Qui múito durme pöuco aprende.

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 Português: Quem muito dorme pouco aprende.

Perspetivas de futuro

O mirandês é atualmente ameaçado pelo desenvolvimento, a vida moderna, a televisão, e as pressões


do português e do castelhano. Em sua defesa, foram tomadas as seguintes medidas:

 ensino em mirandês, como opção, nas escolas do ensino básico do concelho de Miranda do
Douro, desde 1986/1987, por autorização ministerial de 9 de setembro de 1985;
 publicação de livros sobre e em mirandês, pela Câmara Municipal de Miranda do Douro;
 uso do mirandês em festas e celebrações da cidade e, ocasionalmente, nos meios de
comunicação social;
 tradução de todas as placas toponímicas da cidade de Miranda do Douro, efetuada em 2006
pela Câmara Municipal;
 estudo por centros de investigação portugueses como o Centro de
Linguística da Universidade de Lisboa com o projeto "Atlas Linguístico de Portugal", e
a Universidade de Coimbra, com o "Inquérito Linguístico Boléo";
 criação de uma Wikipédia em mirandês, a Biquipédia;

Assim, com estas medidas, ainda há esperança para língua mirandesa, pois estas permitem a
aprendizagem e divulgação da mesma.

Conclusão

A reter, a língua mirandesa existe em Portugal há vários séculos e foi-se espalhando oralmente até ser
reconhecida como língua oficial, mas, apesar disso, continua a ser uma língua com um número bastante
reduzido de falantes quando compara ao português e, por isso, está em risco de extinção. Para tal, foram
criadas medidas preventivas desse acontecimento.

Bibliografia

 Vasconcelos, José Leite de (1929). «Mirandês. Opúsculos» (PDF). Coimbra: Imprensa da


Universidade de Coimbra. IV – Filologia (Parte II).
 Ceolín, Roberto (2002). «Um enclave leonês na paisagem unitária da língua
portuguesa». Ianua. Revista Philológica Románica: 62-83. 
 Correia, Susana ( 2003). «Os dialectos em Portugal». Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

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 «Linguagens Fronteiriças: Mirandês». Centro de Linguística da Universidade de
Lisboa. Universidade de Lisboa.

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