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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL

TÉCNICO DE MARKETING

Diversidade linguística e
FICHA TÉCNICA

PROJETO: SISTEMA APRENDIZAGEM


CURSO TÉCNICO DE Marketing
DIVERSIDADE
LINGUÍSTICA E
CULTURAL

EQUIPA TÉCNICA: FORMADOR:


ANO 2022
PREFÁCIO

As competências a alcançar pelos formandos devem ser vistas numa perspetiva multidimensional,

integrando os requisitos técnicos necessários à execução de tarefas compreendidas numa situação

global de trabalho, com as condições reais de execução, uma avaliação em função do nível padrão

de desempenho, bem como a capacidade de enfrentar novas situações, resolver novos problemas,

transferindo conhecimentos anteriormente adquiridos.

Considerando o formando como um agente construtor do seu próprio conhecimento, a

metodologia que se propõe é propiciadora do desenvolvimento de saberes e competências

adequadas ao ramo de atividade no qual está inserido.

Bom Trabalho.
Resultados da Aprendizagem

Reconhece a língua como caraterística de uma cultura.


Identifica os diferentes falares regionais e os seus elementos diferenciadores.
Interpreta corretamente o sentido da expressã o “unidade na diversidade”.
Situa geograficamente os diferentes falares.
Identifica alguns aspectos culturais dos países pertencentes à CPLP.
Relaciona os objectivos da CPLP com os objetivos da política externa portuguesa.
Conteúdos

O Português – uma língua viva


Língua, dialeto e falar regional
Unidade e diversidade da Língua Portuguesa
 A pronú ncia e o léxico, elementos de diferenciaçã o
 Variedades do português, distribuiçã o geográ fica
O Português no mundo atual
Comunidade de Língua Oficial Portuguesa (CPLP)
 Antecedentes e Declaraçã o
 Estatutos
 Estados membros
 Objetivos
Expansã o da Língua Portuguesa no mundo: descobrimentos e descolonizaçã o
Política externa e defesa da Língua Portuguesa
Índice
Introduçã o - O português - uma Língua Viva.....................................................................................4

Língua, dialeto e falar regional....................................................................................................................6

A pronú ncia e o léxico, elementos de diferenciaçã o....................................................................8

Variedades do português, distribuiçã o geográ fica........................................................................9

O Português no mundo atual.....................................................................................................................11

Comunidade de língua oficial portuguesa (CPLP)......................................................................13

Antecedentes.........................................................................................................................................................13

Declaraçã o...............................................................................................................................................................14

Estatutos...................................................................................................................................................................18

Estados membros...............................................................................................................................................19

Objetivos...................................................................................................................................................................29

Expansã o da língua portuguesa no mundo: descobrimentos e descolonização .. 31

Política externa e defesa da língua portuguesa............................................................................37

Bibliografia e webgrafia................................................................................................................................38

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Introduçã o - O Português -
uma língua viva
O português é uma língua viva e, como tal, todos os dias se transforma. Língua viva em vá rias culturas,
em vá rios climas.
Uma língua viva é usada por uma determinada comunidade passível de evoluir e de se renovar.

As variantes do português, que surgem na CPLP e em Portugal, sã o uma fonte riquíssima de


criatividade e de reflexã o.

O português - é falado atualmente nã o apenas em Portugal e no Brasil, mas em vá rias á reas de diversos
continentes. A sua origem remonta ao latim falado na antiga Roma. Inicialmente, o latim era a língua de
um povo que vivia no Lá cio, regiã o central da Península Itá lica. A partir do século III a.C., porém, com
as conquistas militares de Roma (de 264 a.C. a 117 a.C.), cidade situada na regiã o do Lácio, a influência
romana espalhou-se pelas regiõ es conquistadas. Consequentemente, a língua falada pelos soldados, o
latim, também foi levada à s á reas ocupadas por Roma, inclusive na Península Ibérica, onde mais tarde
surgiriam os reinos de Portugal e da Espanha.

Havia dois níveis de expressã o do latim: o clássico e o vulgar.

O latim clássico, modalidade da língua escrita e falada pelas pessoas cultas, foi pouco divulgado
e hoje conhecemos apenas por meio da literatura e dos documentos histó ricos. Enquanto isso, a língua
falada pelo povo - o latim vulgar - espalhou-se durante a expansã o do domínio romano e foi-se
diversificando nas
regiõ es
conquistadas. Assim, o latim vulgar deu origem à s línguas neolatinas
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ou româ nicas, como sã o chamadas as línguas modernas derivadas do latim: o português, o espanhol, o
galego, o catalã o, o francês, o provençal, o italiano e o romeno.

Como toda língua viva, desde o seu período de formaçã o a língua portuguesa nã o se tem mantido
uniforme, nem no tempo nem no espaço. Historicamente, recebeu influências de outras línguas e vem-
se transformando a partir do uso que se faz dela e enriquecendo-se sempre por palavras de diferentes
origens. Em cada país que é falado, o português apresenta variaçõ es que se manifestam tanto no
vocabulá rio utilizado quanto na pronú ncia, na morfologia e na sintaxe. Essas variaçõ es ocorrem
também dentro de um mesmo país, de regiã o para regiã o, em consequência de fatores sociais,
econó micos e culturais.

Onde se fala o Português?

Com os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI, os portugueses levaram a sua língua para
vastos territó rios por eles conquistados na Á frica, na América, na Á sia e na Oceâ nia. Assim, o
português é falado em á reas de todos os continentes. Vejamos:

Continente País ou região

Europa Portugal, arquipélago dos Açores e Ilha da Madeira

Á frica Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, arquipélago


de Cabo Verde e ilhas de Sã o Tomé e Príncipe

Á sia Macau

Oceâ nia Timor Leste

América Brasil

Fora das regiõ es pertencentes ao domínio político de Portugal, do Brasil e das jovens repú blicas
africanas, o português é falado ainda em povoaçõ es espanholas como Ermisende (na província de
Zamora); Alamedilla (na província de Salamanca); em San Martín de Trevejo, Eljas, Valverde de
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Fresno, Herrera de Alcantara e Cedill (na província de Cáceres); em Olivença e arredores (na província
de Badajó s).

Também nas á reas das fronteiras do Brasil, a língua portuguesa tem penetrado em territó rios de
língua espanhola, formando à s vezes um dialeto misto, como o falado nos departamentos uruguaios de
Artigas, Rivera, Cerro Largo, Salto e Tacuarembó . É falado ainda por nú cleos de imigrantes
expressivos, em países como Estados Unidos, França e Alemanha.

Língua, dialeto e falar regional

Segundo a gramá tica tradicional, um dialeto é uma forma de língua que tem o seu pró prio sistema
léxico (isto é, de vocabulário), sintático (de organização das palavras em frases) e fonético (de
pronúncia das palavras), e que é usada num ambiente mais restrito do que a pró pria língua. Deste
modo, o conceito designa as diferenças que nã o opõ em línguas mas que constituem antes variedades
de uma mesma língua.

Geralmente considerado como uma variedade regional da língua-padrã o (dialeto social), o dialeto
constitui-se como um sistema de signos e de regras combinatórias da mesma origem que a
língua, apesar de, aquando do seu desenvolvimento, nã o ter adquirido o mesmo estatuto cultural e
social.

Desta forma, o dialeto é excluído do ensino de base e só se emprega numa parte de um determinado
país ou países em que se usa a língua. Daí que, por exemplo, no que diz respeito ao português (padrã o
europeu), se possa falar de dialetos setentrionais ou centro-meridionais, distinçã o baseada em
caraterísticas fonéticas (por isso, pela fala se distingue entre uma pessoa do Norte e outra do Sul).

Por outro lado, também é possível a classificaçã o de dialeto social, que se constitui como um sistema
de signos e de regras sintáticas usado num dado grupo social ou em referência a esse grupo. Um
determinado dialeto pode revelar a origem social de quem o utiliza. Pode também demonstrar a
manifestaçã o da vontade de pertencer ou de se referir a um grupo social (é o caso da gíria dos
estudantes, por exemplo).

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Quando é que uma linguagem deixa de ter o estatuto de dialeto para passar a língua?

Existe alguma definição de língua e/ou dialeto do ponto de vista linguístico?


A língua define-se como um có digo, entendendo por isso a criaçã o de correspondência entre
imagens auditivas e 'conceitos.

A fala é a utilizaçã o, o emprego desse có digo pelos sujeitos falantes.


A língua é uma pura passividade. A sua posse põ e em jogo apenas as faculdades recetivas do
espírito e antes de tudo a memó ria. Correlativamente, qualquer atividade ligada à linguagem pertence
à fala. Acrescentada à precedente, esta caraterística tem duas consequências:

a) O có digo linguístico consiste apenas numa multidã o de signos isolados (palavras, morfemas), cada
um dos quais associa um som particular a um sentido particular.

b) Significantes e significados sã o, no có digo linguístico, puramente está ticos.



A língua é um fenómeno social, enquanto a fala é individual.


O dialeto é um falar regional (dialeto mirandês) no interior duma naçã o onde domina
oficialmente outro falar. Esta é a língua oficial: da administraçã o, das escolas, etc.

O dialeto é uma forma particular duma língua num determinado domínio. Define-se por um conjunto
de particularidades tais, que dá a impressã o de ser um falar distinto do falar (ou falares) em que está
integrado, apesar do parentesco que tem com os outros. O dialeto passa a ser língua, quando adquire
independência total. Foi o que aconteceu com as línguas novilatinas.

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Língua é um sistema de comunicaçã o verbal que se desenvolve espontaneamente no interior
duma comunidade. Este termo opõ e-se à língua artificial.


Dialeto é cada uma das subdivisõ es que se podem aplicar a uma determinada língua, tomando
por critério a regiã o geográ fica ou a camada social a que pertencem os falantes. O dialeto passa a ser
língua, quando adquire independência.

A pronú ncia e o léxico, elementos de


diferenciaçã o

A língua é uma estrutura maleá vel que apresenta variaçõ es e está sempre em constante mudança,
mudanças estas que podem ocorrer tanto no léxico, quanto na sintaxe e mesmo na semâ ntica. Mas,
para que haja mudança, é necessá rio haver variaçã o e esta dura um longo período dentro da
comunidade linguística até que se estabilize. Muitas das línguas europeias descendiam de línguas
antigas. O Inglês surgiu a partir do anglo-saxã o as chamadas línguas româ nicas; o Francês, o Espanhol,
o Italiano etc., tiveram sua origem do Latim.

A língua portuguesa originou-se a partir do latim que era a língua


falada na regiã o do Lá cio (atual Roma). Os Romanos ao conquistarem as regiõ es pró ximas levavam sua
cultura e sua língua: o Latim. Um dos fatores que contribuíram para a origem das línguas: português,
Francês, Provençal, Romano, Espanhol e etc. foram à invasã o da Península Ibérica.

As línguas derivadas do Latim sã o chamadas neolatinas ou româ nicas. Sã o elas: galego, romeno,
francês, espanhol, italiano, português, franco-provençal e rético. A língua portuguesa deriva do latim

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vulgar, com a queda do Império Romano, as invasõ es provocaram o surgimento das variaçõ es
linguísticas, entre elas o galego-português.

O léxico pode ser definido como o conjunto de palavras de um determinado idioma: todo o conjunto
de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm à sua disposiçã o para se expressarem,
oralmente ou por escrito. Podemos dizer que uma caraterística bá sica do léxico é sua mobilidade, já
que ele está em constante evoluçã o. Algumas palavras tornam-se arcaicas, outras sã o incorporadas,
outras mudam o seu sentido, e tudo isso ocorre de forma gradual e quase impercetível. O sistema
léxico de uma língua traduz a experiência cultural acumulada por uma sociedade através do tempo, ou
seja, o léxico pode ser considerado como o patrimó nio vocabular de uma comunidade linguística
através da sua histó ria, um patrimó nio que é transmitido de uma geraçã o para a geraçã o seguinte.

O léxico de uma língua é composto de palavras semâ nticas agrupadas em classes, conforme prescreve
a gramá tica da língua. Há classes de palavras que existem em praticamente todos as línguas como os
substantivos, os adjetivos e os verbos. O léxico, ou uma parte do léxico de uma língua pode ser
encontrada em dicioná rios de diversos tamanhos. Quanto maior o tamanho, maior o conjunto de
palavras e definiçõ es que poderã o ser contempladas com um espaço naquela obra.

A pronúncia é o modo como a prosó dia de uma palavra é realizada. Na gramá tica normativa, há um
modelo padrã o de pronú ncia das palavras. À fixaçã o deste modelo de pronú ncia dá -se o nome de
ortoepia. A pronú ncia padrã o das palavras independe do falante, do idioma de origem, do sotaque e de
outros fatores circunstanciais.

Os dicioná rios utilizam recursos simbó licos para retratar de modo fiel a pronú ncia padrã o das
palavras. Podem ser utilizados:

Alfabetos fonéticos, que sã o conjuntos de símbolos para os diversos fonemas da linguagem.

As pronúncias fonadas, possíveis a partir do surgimento de dicioná rios electró nicos.

Variedades do português, distribuiçã o


geográ fica

O português – nã o se fala apenas em Portugal. Muitas pessoas de outros países, que vivem em
continentes diferentes, usam a nossa língua para comunicar. Isso acontece porque, na época dos

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Descobrimentos, os portugueses instalaram-se e permaneceram em lugares distantes do país, como
em certos pontos de Á frica, da Á sia e da América.

Ao longo do tempo, o português acabou por se manter como língua oficial de alguns países africanos e
de um país sul-americano. Em África, é ainda hoje a língua oficial de cinco países:

Angola;

Cabo Verde;

Guiné-Bissau;

Sã o Tomé e Príncipe Moçambique.

Na América do Sul, é a língua oficial do Brasil. Mas, apesar de se tratar da mesma língua, o português
falado no Brasil, em Portugal ou em Angola tem algumas caraterísticas diferentes. A isto chama-se
variedade linguística, já que o modo de falar e usar uma língua adapta-se à geografia, à cultura e
às diversidade locais.

O português tem, assim :

A variedade europeia, falada em Portugal continental, Açores e Madeira;

A variedade brasileira, falada no Brasil;

As variedades africanas: variedade angolana variedade cabo-verdiana;

As variedades do português divergem ao nível do vocabulá rio e das expressõ es utilizadas na


oralidade, bem como em alguns aspetos da construçã o frá sica. Nas variedades do português, sã o
usadas diferentes palavras para designar as mesmas coisas.

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Por exemplo, no português europeu, usamos a palavra casa de banho; na variedade brasileira, usa-se
banheiro. A palavra pequeno-almoço, do português europeu, nã o é usada nas variedades angolana e
moçambicana, sendo substituída pela palavra mata-bicho..

Ao nível da construção frásica podemos dizer que em Português europeu, os pronomes á tonos
vêm a seguir ao verbo, nas frases afirmativas: “Deu-me uma surra.” Nas variedades africanas e
brasileira, estes pronomes aparecem antes da forma verbal: “Me deu uma surra.” O uso dos
pronomes diverge consoante a variedade do português. Nas variedades africanas e brasileira, o
pronome lhe ou lhes aparece, à s vezes, sobretudo na oralidade, em vez de o/a, os/as: “Posso-lhe
acompanhar.”

As preposições sã o usadas também de forma diferente: “Abria nas cabeças dos peixes” ou
“Vivia em uma casa de tamanho médio.” Nas variedades africanas e brasileira, as formas verbais no
gerú ndio sã o muito comuns: “Vou correndo”, ”Ele vive fazendo”, etc.

Todas estas diferenças nã o impedem a comunicaçã o, uma vez que as estruturas bá sicas da
língua sã o comuns a todas as variedades. Podemos entã o verificar que a nossa língua portuguesa é
falada pelos quatro cantos do mundo. O facto de apresentar tantas variedades dá à Língua Portuguesa
mais cor e mais expressividade!

O Português no mundo atual

Atualmente, o português é língua oficial de oito países (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste). Apesar da incorporaçã o de
vocá bulos nativos e de modificaçõ es gramaticais e de pronú ncia pró prias de cada país, as línguas
mantêm uma unidade com o português de Portugal.

O português também é falado em pequenas comunidades, reflexã o de povoamentos portugueses


datados do século XVI, como é o caso de:

Zanzibar (na Tanzâ nia, costa oriental da Á frica)

Macau (ex-possessã o portuguesa encravada na China)

Goa, Diu, Damã o (na Índia)

Malaca (na Malá sia)

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A Língua Portuguesa está presente nos seguinte continentes:

América: O Brasil é o ú nico país de língua portuguesa na América. Durante o período colonial, o
português falado no Brasil foi influenciado pelas línguas indígenas, africanas e de imigrantes europeus.
Isso explica as diferenças regionais na pronú ncia e no vocabulá rio verificadas, por exemplo, no
nordeste e no sul do país. Apesar disso, a língua conserva a uniformidade gramatical em todo o
territó rio.

Europa: O português é a língua oficial de Portugal. Em 1986, o país passa a integrar a


Comunidade Econó mica Europeia (CEE) e a língua portuguesa é adotada como um dos idiomas oficiais
da organizaçã o. Existem expressõ es concentradas na França, Alemanha, Bélgica, em Luxemburgo e na
Suécia, sendo a França o país com mais falantes.

Ásia: Entre os séculos XVI e XVIII, o português atuou como língua franca nos portos da Índia e
sudeste da Á sia. Atualmente, a cidade de Goa, na Índia, é o ú nico lugar do continente onde o português
sobrevive na sua forma original. Entretanto, o idioma está a ser gradualmente substituído pelo inglês.

Em Damão e Diu (Índia), Java (Indonésia), Macau (ex-territó rio português), Sri Lanka e Malaca
(Malá sia) fala-se o crioulo, língua que conserva o vocabulá rio do português, mas adota formas
gramaticais diferentes.

Na Oceania: O português é idioma oficial no Timor Leste. No entanto, a língua dominante no


país é o tétum. Devido à recente ocupaçã o indonésia, grande parte da populaçã o compreende o
indonésio bahasa e apenas uma minoria compreende o português.

Em África: O português é a língua oficial de cinco países, sendo usado na administraçã o, no


ensino, na imprensa e nas relaçõ es internacionais. A língua convive com diversos dialetos crioulos.

Em Angola, 60% dos moradores falam o português como língua materna. Cerca de 40% da
populaçã o fala dialetos crioulos como o bacongo, o quimbundo, o ovibundo e o chacue.

Em Cabo Verde, quase todos os habitantes falam o português e um dialeto crioulo, que mistura
o português arcaico a línguas africanas. Há duas variedades desse dialeto: o Barlavento e o Sotavento.

Na Guiné-Bissau, 90% da populaçã o fala o dialeto crioulo ou dialetos africanos, enquanto


apenas 10% utiliza o português.

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Em Moçambique, apenas 0,18% da populaçã o considera o português como língua oficial,
embora seja falado por mais de 2 milhõ es de moçambicanos. A maioria dos habitantes usa línguas
locais, principalmente as do grupo banto.

Nas ilhas de São Tomé e Príncipe, apenas 2,5% dos habitantes falam a língua portuguesa. A
maioria utiliza dialetos locais, como o forro e o moncó .

Comunidade de Língua Oficial Portuguesa


(CPLP)

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organizaçã o assinada entre países
lusó fonos, que instiga a aliança e a amizade entre os signatá rios. A sua sede fica em Lisboa e o seu atual
Secretá rio Executivo é Domingos Simõ es Pereira, da Guiné-Bissau. Promove a data de 5 de Maio como
Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, celebrado em todo o espaço lusó fono.

Antecedentes

O primeiro passo no processo de criaçã o da CPLP foi dado em Sã o Luís do Maranhã o, em Novembro
de 1989, por ocasiã o da realizaçã o do primeiro encontro dos Chefes de Estado e do Governo dos
países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e
São Tomé e Príncipe, a convite do Presidente brasileiro, José Sarney. Na reuniã o, decidiu-se criar o
Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que se ocupa da promoçã o e difusã o do idioma
comum da Comunidade. A ideia da criaçã o de uma Comunidade que reunisse os países de língua
portuguesa – naçõ es irmanadas por uma herança histó rica, pelo idioma comum e por uma visã o
compartilhada do desenvolvimento e da democracia – já tinha sido suscitada por diversas
personalidades.

Em 1983, por ocasiã o de uma visita oficial a Cabo Verde, o entã o ministro dos Negó cios Estrangeiros
de Portugal, Jaime Gama, referiu que: "O processo mais adequado para tornar consistente e
descentralizar o diálogo tricontinental dos sete países de língua portuguesa espalhados por África,
Europa e América seria realizar cimeiras rotativas bienais de Chefes de Estado ou Governo, promover
encontros anuais de Ministros de Negócios Estrangeiros, efectivar consultas políticas frequentes entre
directores políticos e encontros regulares de representantes na ONU ou em outras organizações
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internacionais, bem como avançar com a constituição de um grupo de língua portuguesa no seio da
União Interparlamentar". O processo ganhou impulso decisivo na década de 90, merecendo destaque o
empenho do entã o Embaixador do Brasil em Lisboa, José Aparecido de Oliveira.

A CPLP foi criada em 17 de Julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. No ano de 2002, apó s conquistar independência,
Timor-Leste foi acolhido como país integrante. Na atualidade, sã o oito os países integrantes da CPLP.

Apesar da iniciativa, a CPLP é uma organizaçã o recente que procura colocar em prá tica os objetivos de
integraçã o dos territó rios lusó fonos. Em 2005, numa reuniã o em Luanda, Angola, a CPLP decidiu que
no dia 5 de Maio seria comemorado o Dia da Cultura Lusó fona pelo mundo.

No decorrer da VI Conferência de Chefes de Estado e de Governo realizada em Bissau em julho de


2006, foram admitidos como dois observadores associados: a Guiné Equatorial e as Maurícias. Na
Cimeira de Lisboa, que teve lugar no dia 25 de julho de 2008, foi a vez da formalizaçã o da admissã o do
Senegal como observador associado.

Declaraçã o

Os Chefes de Estado e de Governo de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,


Portugal e São Tomé e Príncipe, reunidos em Lisboa, no dia 17 de Julho de 1996, imbuídos dos
valores permanentes da Paz, da Democracia e do Estado de Direito, dos Direitos Humanos, do
Desenvolvimento e da Justiça Social;

Tendo em mente o respeito pela integridade territorial e a nã o-ingerência nos assuntos internos de
cada Estado, bem como o direito de cada um estabelecer as formas do seu pró prio desenvolvimento
político, econó mico e social e adotar soberanamente as respetivas políticas e mecanismos nesses
domínios;

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Consciente da oportunidade histó rica que a presente Conferência de Chefes de Estado e de Governo
oferece para responder à s aspiraçõ es e aos apelos provenientes dos povos dos sete países e tendo
presente os resultados prometedores das reuniõ es de Ministros dos Negó cios Estrangeiros e das
Relaçõ es Exteriores dos Países de Língua Portuguesa, realizadas em Brasília em 9 de Fevereiro de
1994, em Lisboa em 19 de Julho de 1995, e em Maputo em 18 de Abril de 1996, bem como dos seus
encontros à margem das 48ª, 49ª e 50ª Sessõ es da Assembleia-Geral das Naçõ es Unidas;

Consideram imperativo:

• Consolidar a realidade cultural nacional e plurinacional que confere identidade pró pria aos
Países de Língua Portuguesa, refletindo o relacionamento especial existente entre eles e a experiência
acumulada em anos de vantajosa concertaçã o e cooperaçã o;

• Encarecer a progressiva afirmaçã o internacional do conjunto dos Países de Língua


Portuguesa que constituem um espaço geograficamente descontínuo, mas identificado pelo idioma
comum;

• Reiterar, nesta ocasiã o de tã o alto significado para o futuro coletivo dos seus Países, o
compromisso de reforçar os laços de solidariedade e de cooperaçã o que os unem, conjugando
iniciativas para a promoçã o do desenvolvimento econó mico e social dos seus povos e para a afirmaçã o
e divulgaçã o cada vez maiores da Língua Portuguesa.

Reafirmam que a Língua Portuguesa:

 Constitui, entre os respetivos Povos, um vínculo histó rico e um patrimó nio comum resultantes
de uma convivência multissecular que deve ser valorizada;

 É um meio privilegiado de difusã o da criaçã o cultural entre os povos que falam português e de
projeçã o internacional dos seus valores culturais, numa perspetiva aberta e universalista;

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 É igualmente, no plano mundial, fundamento de uma atuaçã o conjunta cada vez mais
significativa e influente;

 Tende a ser, pela sua expansã o, um instrumento de comunicaçã o e de trabalho nas


organizaçõ es internacionais e permite a cada um dos Países, no contexto regional pró prio, ser o
intérprete de interesses e aspiraçõ es que a todos sã o comuns.

Assim, animados de firme confiança no futuro, e com o propósito de prosseguir os objetivos


seguintes:

 Contribuir para o reforço dos laços humanos, para a solidariedade e para a fraternidade entre
todos os Povos que têm a Língua Portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica,
e, nesse sentido, promover medidas que facilitem a circulaçã o dos cidadã os dos Países Membros no
espaço da CPLP;

 Incentivar a difusã o e enriquecimento da Língua Portuguesa, potenciando as instituiçõ es já


criadas ou a criar com esse propó sito, nomeadamente o Instituto Internacional da Língua Portuguesa
(IILP);

 Incrementar o intercâmbio cultural e a difusã o da criaçã o intelectual e artística no espaço da


Língua Portuguesa, utilizando todos os meios de comunicaçã o e os mecanismos internacionais de
cooperaçã o;

 Envidar esforços no sentido do estabelecimento em alguns Países Membros de formas


concretas de cooperaçã o entre a Língua Portuguesa e outras línguas nacionais nos domínios da
investigaçã o e da sua valorizaçã o;

 Alargar a cooperaçã o entre os seus Países na á rea da concertaçã o político-diplomá tica,


particularmente no âmbito das organizaçõ es internacionais, por forma a dar expressã o crescente aos
interesses e necessidades comuns no seio da comunidade internacional;

 Estimular o desenvolvimento de acçõ es de cooperaçã o interparlamentar;

 Desenvolver a cooperaçã o econó mica e empresarial entre si e valorizar as potencialidades


existentes através da definiçã o e concretizaçã o de projetos de interesse comum, explorando nesse
sentido as vá rias formas de cooperaçã o, bilateral, trilateral e multilateral;

 Dinamizar e aprofundar a cooperaçã o no domínio universitá rio, na formaçã o profissional e nos


diversos setores da investigaçã o científica e tecnoló gica com vista a uma crescente valorizaçã o dos

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seus recursos humanos e naturais, bem como promover e reforçar as políticas de formaçã o de
quadros;

 Mobilizar interna e externamente esforços e recursos em apoio solidá rio aos programas de
reconstruçã o e reabilitaçã o e acçõ es de ajuda humanitá ria e de emergência para os seus Países;

 Promover a coordenaçã o das atividades das diversas instituiçõ es pú blicas e entidades


privadas, associaçõ es de natureza econó mica e organizaçõ es nã o-governamentais empenhadas no
desenvolvimento da cooperaçã o entre os seus Países;

 Promover, sem prejuízo dos compromissos internacionais assumidos pelos Países Membros,
medidas visando a resoluçã o dos problemas enfrentados pelas comunidades imigradas nos Países
Membros, bem como a coordenaçã o e o reforço da cooperaçã o no domínio das políticas de imigraçã o;

 Incentivar a cooperaçã o bilateral e multilateral para a proteçã o e preservaçã o do meio


ambiente nos Países Membros, com vista à promoçã o do desenvolvimento sustentá vel;

 Promover açõ es de cooperaçã o entre si e de coordenaçã o no âmbito multilateral para


assegurar o respeito pelos Direitos Humanos nos respectivos Países e em todo o mundo;

 Promover medidas, particularmente no domínio pedagó gico e judicial, visando a total


erradicaçã o do racismo, da discriminaçã o racial e da xenofobia;

 Promover e incentivar medidas que visem a melhoria efectiva das condiçõ es de vida da criança
e o seu desenvolvimento harmonioso, à luz dos princípios consignados na Convençã o das Naçõ es
Unidas sobre os Direitos da Criança;

 Promover a implementaçã o de projetos de cooperaçã o específicos com vista a reforçar a


condiçã o social da mulher, em reconhecimento do seu papel imprescindível para o bem estar e
desenvolvimento das sociedades;

 Incentivar e promover o intercâmbio de jovens, com o objectivo de formaçã o e troca de


experiências através da implementaçã o de programas específicos, particularmente no âmbito do
ensino., da cultura e do desporto.

 Decidem, num acto de fidelidade à vocaçã o e à vontade dos seus Povos, e no respeito pela
igualdade soberana dos Estados, constituir, a partir de hoje, a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa.

Feita em Lisboa, a 17 de julho de 1996

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Estatutos
Nos estatutos aprovados pela 1ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, a CPLP é definida como “o
foro multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mú tua, da concertaçã o político-
diplomá tica e da cooperaçã o entre os seus membros” particularmente nos domínios econó mico, social,
cultural, jurídico, técnico-científico e interparlamentar.

Os estatutos da CPLP consagram os princípios básicos seguintes:

Igualdade soberana dos Estados-membros;

Nã o-ingerência nos assuntos internos de cada estado;

Respeito pela sua identidade nacional;

Reciprocidade de tratamento;

Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social;

Respeito pela sua integridade territorial;

Promoçã o do desenvolvimento;

Promoçã o da cooperaçã o mutuamente vantajosa.

A organização tem como objetivos gerais:

A concertaçã o político-diplomá tica entre seus Estados-membros, nomeadamente para o reforço


da sua presença no cená rio internacional;

A cooperaçã o em todos os domínios, inclusive os da educaçã o, saú de, ciência e tecnologia,


defesa, agricultura, administraçã o pú blica, comunicaçõ es, justiça, segurança pú blica, cultura, desporto
e comunicaçã o social;

A materializaçã o de projetos de promoçã o e difusã o da língua portuguesa.

18
Estados membros
A área do globo terrestre ocupada pelos oito Estados-membros da CPLP é muito vasta. Sã o 10 742
000 km2 de terras, 7,2 por cento da terra do planeta (148 939 063 km2), espalhadas por quatro
Continentes – Europa, América, África, Ásia.

Situado maioritariamente no hemisfério sul, este espaço descontínuo abrange realidades tã o diversas
como a do Brasil, quinto país do mundo pela superfície, como o minú sculo arquipélago de Sã o Tomé e
Príncipe, o Estado mais pequeno, em á rea, de Á frica.

O clima, a fauna e a flora sã o variados, correspondentes à diversidade das latitudes em que se situam
os vá rios países membros.

Com exceçã o de Portugal, de clima temperado com variantes oceâ nica e mediterrâ nea, a maior parte
da CPLP situa-se na zona tropical subequatorial.

Os índices de pluviosidade determinam grandes diferenças de paisagens naturais, à s vezes dentro de


um só país, como acontece no Brasil – das estepes semiá ridas do Nordeste à selva amazó nica – e em
Angola – da floresta do Maiombe ao deserto de Namibe e à s savanas inundá veis do Zambeze, por
exemplo.

19
Angola

Designação Oficial: Repú blica de Angola

Capital: Luanda

Outras cidades importantes: Huambo, Lobito, Cabinda, Benguela, Lubango, Malange

Data da atual Constituição: o MPLA adoptou uma Constituiçã o de Independência em Novembro de


1975, alterada em Outubro de 1976, Setembro de 1980, Março de 1991, Abril e Agosto de 1992 e
Novembro de 1996

Língua: a língua oficial é o Português. Sã o falados outros idiomas, sobretudo o Umbundo, Quimbundo,
Quicongo e Tchokwé

Unidade monetária: Kwanza (Kz)

Recursos económicos:

Angola possui uma grande diversidade de recursos naturais. Estima-se que seu subsolo tenha 35 dos
45 minerais mais importantes do comércio mundial, entre os quais se destacam petró leo, diamante e
gá s natural. Há também grandes reservas de fosfato, ferro, manganésio, cobre, ouro e rochas
ornamentais, além de uma grande produçã o pecuá ria. A cultura do café e o petró leo representam 90%
das exportaçõ es

As principais bacias de petró leo em expansã o situam-se junto à costa nas províncias de Cabinda e
Zaire, no norte do País. As reservas de diamantes nas províncias de Lunda Norte e Lunda Sul sã o
admiradas por sua qualidade e consideradas umas das mais importantes do mundo.

20
Brasil
Designação Oficial: Repú blica Federativa do Brasil

Capital: Brasília

Outras cidades importantes: Sã o Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba,
Recife, Manaus, Porto Alegre e Belem

Data da atual Constituição: Outubro de 1988. Alteraçõ es introduzidas posteriormente

Língua: Português

Unidade monetária: Real (BRL)

Recursos económicos:

Pelo facto de a industrializaçã o se concentrar no triâ ngulo formado por Rio de Janeiro, Sã o Paulo e
Minas Gerais, e de as vias de transporte serem precá rias devido à extensã o geográ fica e à ineficiente
rede rodoviá ria, o desenvolvimento econó mico entre as regiõ es reflectem-se nas condiçõ es sociais,
acentuando as discrepâ ncias na distribuiçã o de riqueza e de oportunidades de trabalho.

A atividade é variada e tem como produtos de destaque café, banana, cacau, tabaco, açú car, feijã o,
citrinos, milho, soja, algodã o, arroz, trigo, batata e mandioca. O Brasil ocupa posiçõ es de destaque
mundial na produçã o dessas culturas.

Nos anos 1930, o cultivo do café representava 80% da sua receita por exportaçõ es e mais de metade
da produçã o mundial. Na década de 1990, o peso do café na economia brasileira foi reduzido

21
significativamente, mas o país ainda conserva posto de primeiro produtor mundial. Na produçã o de
cana-de-açú car, soja, milho e cacau, o Brasil ocupa as primeiras posiçõ es.

Minas Gerais, Sã o Paulo, Paraná , Rio Grande do Sul e Bahia sã o os principais estados agrícolas. Embora
figure entre os principais produtores mundiais, o Brasil nã o aproveita o potencial das á reas
cultivá veis. Ainda existem vá rias regiõ es ará veis como a bacia Amazó nica e o Oeste do país.

A exploraçã o florestal é importante. Cerca de 60% da superfície do país é florestal. O Brasil é o


primeiro produtor sul-americano de caucho e tem uma relevante reserva de pinheiros no Paraná , que
serve de matéria-prima para as indú strias madeireira e de papel. Também exporta outras espécies,
como o cedro e a nogueira.

Ainda em relaçã o ao setor primá rio, a pecuá ria tem demonstrado uma evoluçã o nas ú ltimas década
com a modernizaçã o das técnicas e a formaçã o profissional. O país é o primeiro produtor mundial de
carne.

No setor mineral, o Brasil possui a segunda maior reserva de ferro do mundo em Minas Gerais e Pará
(serra dos Carajá s), além de manganésio, cró mio, níquel, carvã o, fosfatos, cobre, urâ nio e bauxite.
Também possui reservas petrolíferas e tornou-se recentemente auto-suficiente nesse setor. Devido ao
relevo hidrográ fico acidentado, mais de 90% da energia consumida no país é proveniente de
hidroelétricas.

O setor secundá rio gira em torno das indú strias automobilísticas, siderú rgica, têxtil, química, de
derivados agropecuá rios (açú car, cacau, café, carne) e metalú rgica (aço, alumínio, ferro, zinco,
chumbo).

Transportes e serviços financeiros sã o as atividades de maior destaque, favorecidos por 42,3 mil km
de rios navegá veis, pela rede de estradas, com uma extensã o de quase 1,5 milhõ es de km – dos quais
31 mil km de ferrovias. Os seus principais portos localizam-se em Santos, Vitó ria, Rio de Janeiro,
Paranaguá , Porto Alegre, Recife, Belém, Macapá e Salvador.

A partir da crise energética dos anos 1970, o Brasil experimentou um crescente défice na sua balança
comercial – até 2001, quando apresentou um superavit. Ao mesmo tempo, o Estado contraiu uma
enorme dívida externa. Nos anos 1990, as taxas de juros mantiveram-se altas para atrair capital,
ocasionando estagnaçã o econó mica.

22
Cabo Verde
Designação Oficial: Repú blica de Cabo Verde

Capital: Cidade da Praia

Outras cidades importantes: Mindelo, Assomada, S. Filipe

Data da atual Constituição: 25 de setembro de 1992. Foi revista em julho de 1999

Língua: A língua oficial é o Português, utilizando-se localmente o Crioulo

Unidade monetária: Escudo de Cabo Verde (CVE)

Recursos económicos:

Os recursos econó micos de Cabo Verde dependem sobretudo da agricultura e da riqueza marinha. A
agricultura sofre frequentemente os efeitos das secas.

As culturas mais importantes sã o o café, a banana, a cana-de-açú car, os frutos tropicais, o milho, os
feijõ es, a batata-doce e a mandioca.

O setor industrial encontra-se em pleno desenvolvimento e podemos destacar a fabricaçã o de


aguardente, vestuá rio e calçado, tintas e vernizes, o turismo, a pesca e as conservas de pescado e a
extracçã o de sal, nã o descurando o artesanato e a construçã o.

A banana e a indú stria das conservas de peixe, o peixe congelado, as lagostas, o sal e as confecçõ es sã o
os principais produtos exportados.

Assim, o comércio e o turismo, especialmente na ilha do Sal, produzem 69% do PIB. O setor secundá rio
gera 17% do PIB. O país importa mais de 80% dos alimentos que consome.

23
Guiné-Bissau
Designação Oficial: Repú blica da Guiné-Bissau

Capital: Bissau

Outras cidades importantes: Bafatá, Gabú , Mansoa, Catió , Cantchungo, Farim

Data da atual Constituição: aprovada em 16 de maio de 1984, foi revista em maio de 1991, novembro
de 1996 e julho de 1999

Língua: a língua oficial é o Português, utilizando-se localmente o Crioulo, Mandjaco, Mandinga, entre
outros

Unidade monetária: Franco CFA

Recursos económicos:

A Guiné-Bissau depende fortemente da agricultura e da pesca (cerca de 62% do PIB). O preço das
castanhas de caju aumentou e hoje o país encontra-se em sexto lugar na produçã o mundial do produto.
A Guiné-Bissau exporta peixe e mariscos juntamente com amendoim, semente de palma e produtos
das atividades extrativas florestais. As licenças para a pesca sã o uma fonte de receitas do governo. O
arroz é o cereal mais produzido e comida típica. O turismo é, também, uma aposta crescente do país.

24
Moçambique
Designação Oficial: Repú blica de Moçambique

Capital: Maputo

Outras cidades importantes: Beira, Nampula, Chimoio, Nacala-Porto, Quelimane, Tete, Xai-Xai,
Pemba, Inhambane

Data da atual Constituição: 30 de Novembro de 1990, alterada em 1996 e em 2004

Língua: a língua oficial é o Português. Há numerosas línguas nacionais, como o Lomué, Makondé,
Shona, Tsonga e Chicheua

Unidade monetária: Metical (MZM)

Recursos económicos:

A economia é precá ria e depende de doadores estrangeiros. O solo é rico em ouro, carvã o, sal, grafite e
bauxite, mas é pouco explorado. Moçambique possui também reservas de gá s natural, má rmore e
madeiras. A maioria da populaçã o vive da agricultura de subsistência, mas o país exporta cana-de-
açú car, algodã o, sisal, chá e tabaco.

25
Portugal
Designação Oficial: Repú blica Portuguesa

Capital: Lisboa

Outras cidades importantes: Aveiro, Braga, Coimbra, É vora, Faro, Funchal (Madeira), Ponta Delgada
(Açores), Porto, Setú bal

Data da actual Constituição: aprovada em Abril de 1976. Revisõ es em Setembro de 1982, Julho de
1989, Novembro de 1992, Setembro de 1997, Dezembro de 2001, Julho de 2004 e Agosto de 2005

Língua: Português

Unidade monetária: Euro (EUR)

Recursos económicos:

A produçã o agrícola representa apenas 4% do PIB. A principal cultura é a uva, situando o país entre os
dez primeiros produtores mundiais de vinhos de qualidade.

Batata, beterraba açucareira, arroz, legumes, hortaliças e frutas também sã o importantes produtos.

A abundâ ncia de sobreiros, especialmente a Sul do rio Tejo, faz de Portugal o maior produtor mundial
de cortiça (cerca de metade da produçã o da cortiça mundial).

Na pecuá ria, destaca-se a produçã o de ovinos e, na pesa, a da sardinha. Embora o solo seja rico em
muitos minerais, como pirite, tungsténio, estanho, ferro, carvã o, urâ nio, volfrâ mio, manganésio, sal,
26
ouro, prata e cobre, má rmore, a sua exploraçã o comercial ainda é reduzida, por se encontrarem
dispersos geograficamente.

Com um passado predominantemente agrícola, actualmente e devido a todo o desenvolvimento que o


país registou, a estrutura da economia baseia-se nos serviços e na indú stria, que representam 67,8% e
28,2% do VAB (Fonte: INE, 2004).

O setor industrial responde por 28% do PIB. As principais atividades concentram-se nos setores têxtil,
siderú rgico, metalú rgico, automobilístico e químico. Também têm importâ ncia as indú strias
alimentares (conservas de peixe, vinho, cerveja e azeite), de calçados e de cerâmica.

O setor de serviços (destaque para o turismo) responde por 68% do PIB e por 60% dos empregos.

O comércio exterior é deficitá rio, pois as importaçõ es – petró leo, gá s natural e alimentos, entre outros
sã o maiores do que as exportaçõ es.

Com vista a tornar-se mais auto-suficiente em produçã o energética, Portugal aposta nas novas
energias e vai implementar, no norte do país, o primeiro parque mundial de aproveitamento da
energia das ondas.

São Tomé e Príncipe

Designação Oficial: Repú blica Democrá tica de Sã o Tomé e Príncipe

Capital: Sã o Tomé

Outras cidades importantes: Santo Antó nio, Santa Cruz, Neves

Data da atual Constituição: publicada a 29 de janeiro de 2003 em Diá rio da Repú blica

Língua: a língua oficial é o Português. Localmente, também se fala Crioulo

Unidade monetária: Dobra (STD)

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Recursos económicos:

A principal atividade econó mica é a agricultura, que produz cacau, ó leo de palma, café e coco e na
pesca.

A recém-descoberta de jazidas de petró leo nas suas á guas pode constituir uma importante fonte de
receitas e de energia no futuro.

Sã o Tomé e Príncipe também aposta no turismo quer favorecer a qualidade, propondo um quadro
ú nico de descoberta, preservando o melhor possível as suas paisagens luxuriantes, a sua arquitectura
singular e, sobretudo, a sua calma.

Timor-Leste

Designação Oficial: Repú blica Democrá tica de Timor-Leste

Capital: Díli

Outras cidades importantes: Baucau, Manatuto, Aileu e Liquiçá

Data da atual Constituição: Maio de 2002

Língua: as línguas oficiais sã o o Português e o Tétum

Unidade monetária: Dó lar norte-americano (USD). Para facilitar as trocas comerciais, o Estado cunha
moedas de denominaçã o “centavo”.
Missão Permanente de Timor-Leste junto à CPLP: Embaixador José Barreto Martins

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Recursos económicos:

A economia de Timor-Leste assenta na produçã o de cacau, café, cravo e coco. Nos ú ltimos anos foram
encontrados importantes reservas de petró leo e gá s natural.

Objetivos
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP é o foro multilateral privilegiado para o
aprofundamento da amizade mú tua e da cooperaçã o entre os seus membros. Criada em 17 de julho de
1996, a CPLP goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia financeira.

A Organização tem como objetivos gerais:

A concertaçã o político-diplomá tica entre seus estados membros, nomeadamente para o reforço
da sua presença no cená rio internacional;

A cooperaçã o em todos os domínios, inclusive os da educaçã o, saú de, ciência e tecnologia,


defesa, agricultura, administraçã o pú blica, comunicaçõ es, justiça, segurança pú blica, cultura, desporto
e comunicaçã o social;

A materializaçã o de projectos de promoçã o e difusã o da língua portuguesa.

A CPLP é regida pelos seguintes princípios:

Igualdade soberana dos Estados membros;

Nã o-ingerência nos assuntos internos de cada estado;

Respeito pela sua identidade nacional;

Reciprocidade de tratamento;

Primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social;

Respeito pela sua integridade territorial;

Promoçã o do desenvolvimento;

Promoçã o da cooperaçã o mutuamente vantajosa.

No ato de criação da CPLP, foram estabelecidas como órgãos da Comunidade as seguintes


instâncias:
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A Conferência de Chefes de Estado e de

Governo O Conselho de Ministros

O Comité de Concertaçã o Permanente

O Secretariado Executivo

Posteriormente, os Estatutos revistos na IV Conferência de Chefes de Estado e de Governo


(Brasília, 2002) estabeleceram como ó rgã os adicionais da CPLP:

As Reuniõ es Ministeriais Setoriais

A Reuniã o dos Pontos Focais da Cooperaçã o

Em Luanda, o X Conselho de Ministros em 2005 estabeleceu também como ó rgã o adicional:

O Instituto Internacional de Língua Portuguesa - IILP.

Expansã o da Língua Portuguesa no


mundo: descobrimentos e descolonizaçã o

O conceito «Lusofonia» usa-se genericamente para designar o conjunto das comunidades de língua
portuguesa no mundo. Para além de Portugal, há mais sete países que utilizam o Português como
língua oficial: Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e
Timor-Leste A ideia da criaçã o de uma Comunidade reunindo os países de língua portuguesa – naçõ es
irmanadas por uma herança histó rica, pelo idioma comum e por uma visã o compartilhada do
desenvolvimento e da democracia.

A CPLP foi criada a 17 de Julho de 1996 numa cimeira constitutiva, realizada em, Lisboa. Dela fazem
parte, como já atrá s se referiu, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Sã o
Tomé e Príncipe e, desde 2002, Timor-Leste. As Ilhas Maurícias, a Guiné Equatorial e o Senegal (na VII
Cimeira) sã o países observadores associados. É um meio privilegiado de difusã o da criaçã o cultural
entre os povos que falam português e de projeçã o internacional dos seus valores culturais, numa
perspetiva aberta e universalista;

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A presença dos Portugueses e dos luso-descendentes emigrante nos quatro cantos do mundo (cerca de
4,5 milhõ es) em França, na Alemanha, na Suíça, no Brasil, no Canadá, nos Estados Unidos da América e
na Á frica do Sul ou Macau faz com que a Língua Portuguesa seja a 5ª Língua mais falada em todo o
mundo

Os descobrimentos

Os descobrimentos foram uma condiçã o para a expansã o da língua portuguesa e a descolonizaçã o


como fator que permitiu que novos Estados adotassem a língua portuguesa como língua oficial. Estes
dois fatores sã o essenciais para perceber a importâ ncia e a dimensã o da língua portuguesa espalhada
pelo mundo.

No sec. XV, os Portugueses iniciaram um projeto que iria modificar a sua histó ria, bem como a do
mundo: as descobertas.

Na base deste “projeto” estiveram sobretudo motivaçõ es de ordem econó mica (o reino estava a
precisar de metais preciosos, cereais e mã o de obra), mas também de ordem social, politica e religiosa.

Foi este processo de aculturação (processo pelo qual duas ou mais culturas diferentes, entrando em
contacto entre si, originam mudanças importantes numa delas ou em ambas) que permitiu que a
Língua Portuguesa se tenha difundido e que ainda hoje seja o Idioma Oficial de vá rios países.

A descoberta do Brasil

O Brasil foi descoberto por Pedro Á lvares Cabral, navegador português, em 1500. Esta foi uma das
descobertas mais importantes da Histó ria dos Descobrimentos Portugueses.

Em Fevereiro de 1500, D. Manuel I (o rei de Portugal na altura) escolheu Pedro Á lvares Cabral para ser
o capitã o-mor de uma armada de 13 navios que deveria seguir para a Índia.

No dia 9 de março de 1500, a armada de Pedro Á lvares Cabral partiu em direçã o à Índia.

Quando já estavam perto de Cabo Verde, os navios começaram a desviar o seu percurso para sudoeste.

Nã o se sabe se este desvio foi propositado ou se foi obra do acaso.

No dia 22 de abril de 1500, a armada de Pedro Á lvares Cabral avista as Terras de Vera Cruz.

31
Em julho de 1501, Pedro Á lvares Cabral e a sua armada regressam a Portugal.

Antes de regressarem, foram a Calecute (Índia) para cumprirem os objetivos que o rei tinha traçado no
início da viagem.

A descoberta do caminho marítimo para a Índia

Em 1492, D. Joã o II começou a preparar a primeira viagem marítima até à Índia.

No entanto, foi só no reinado de D. Manuel I que tal viagem teve lugar. Este monarca, designou Vasco
da Gama para chefiar a expediçã o, que partiu a 8 de junho de 1497.

Vasco da Gama chegou finalmente a norte de Calecute a 20 de maio de 1947.

A descoberta do caminho marítimo para a Índia permitiu que se estabelecesse uma nova rota a ligar
diretamente as regiõ es produtoras das especiarias aos mercados europeus.

Dominada pelos portugueses, a Rota do Cabo possibilitou o grande desenvolvimento econó mico da
metró pole.

32
A Descolonização

No fim da 2ª guerra mundial, a maioria dos países europeus acabou por reconhecer a independência
das suas coló nias.

Portugal, no entanto, nã o acompanhou esta tendência. O chefe do Governo, Antó nio de Oliveira Salazar,
considerava as coló nias como partes integrantes do territó rio nacional.

Em 1961 estalou a Guerra Colonial primeiro em Angola e depois na Guiné-Bissau e em Moçambique, a


qual só terminaria em 1974.

Porém o fim do império colonial fez regressar a Portugal mais de 800 mil pessoas, muitas das quais se
viram forçadas a deixar em Á frica os seus bens e empregos.

33
Mas também as novas naçõ es africanas sentiram os efeitos negativos da descolonizaçã o. Além das já
referidas guerras civis, o êxodo repentino dos portugueses desorganizou os principais setores da
economia (comércio e agricultura).

A Guerra Colonial

Designa-se por Guerra Colonial, ou Guerra do Ultramar, o período de confrontos entre as Forças
Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertaçã o das antigas províncias
ultramarinas de Angola, Guiné e Moçambique, entre 1961 e 1974.

Cronologia da Independência das Ex-Colónias Portuguesas

Guiné-Bissau Setembro de 1974

Moçambique Julho de 1975

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Cabo Verde Julho de 1975

Sã o Tomé e Príncipe Julho de 1975

Angola Novembro de 1975

Timor-Leste Anexaçã o pela Indonésia em dezembro de 1975

Independência em 2003
A Diáspora Portuguesa

As Comunidades Portuguesas no mundo

Diáspora – De acordo com o dicioná rio este termo define o deslocamento, normalmente forçado ou
incentivado, de grandes massas populacionais originá rias de uma zona determinada, para vá rias á reas
de acolhimento distintas.

A diáspora (ou dispersã o) dos Portugueses pelo mundo nã o se limitou, porém, à época das
descobertas. Pelo contrá rio, ao longo da histó ria nacional sucederam-se as vagas migrató rias, sendo
que os dois momentos mais importantes tiveram lugar no final do séc. XIX e nas décadas de 60 e 70 do
séc. XX.

35
1º Período

A maioria dos emigrantes (cerca de 80%) voltou-se para o Brasil devido á afinidade da língua e à
necessidade crescente de mã o-de-obra.

2º Período

Nas décadas de 60 e 70, Portugal permanecia um dos países mais atrasados da Europa, sendo muito
acentuado o desnível de rendimentos entre os trabalhadores portugueses e europeus.

Tal situaçã o afetava de modo especial as populaçõ es rurais, as quais viram na emigraçã o o ú nico meio
de fuga à pobreza e à fome em que viviam.

Uma excecional vaga emigrató ria originou-se entã o em Portugal, dirigindo-se para destinos tã o
variados como a França, a Alemanha, a suíça, os Estados Unidos da América, o Canadá , e a Á frica do Sul,
entre outros.

36
A Emigração

Desde o início da expansã o marítima, no século XV, que os Portugueses têm emigrado para quase
todos os continentes.

Calcula-se que existam mais de 4,5 milhõ es de Portugueses e Luso-descendentes em Países


estrangeiros.

Política externa e defesa da língua


portuguesa

A política externa e a defesa da língua portuguesa prende-se com:

Reforçar da relaçã o privilegiada com o espaço lusó fono, nomeadamente através da projeçã o de
valores e interesses nos PALOP, no Brasil e em Timor;

Aprofundar as relaçõ es bilaterais com os países vizinhos e os parceiros estratégicos;

Reforçar a presença nas organizaçõ es internacionais;

Manter uma estreita ligaçã o à s Comunidades Portuguesas e aos Estados que as acolhem;

Defender e afirmar a língua e a cultura portuguesas;

Promover uma diplomacia econó mica ativa;

Rumar a uma diplomacia do século XXI.

Tendo o círculo como base geométrica, resolveu-se dividir em sete partes iguais, tantas quantos os
países que formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Utilizou-se um elemento
modular com forma de onda, tendo este a intençã o de simbolicamente representar o mar que, antes da
língua, foi o elemento primeiro que serviu ao estabelecimento dos laços que unem os países
constituintes da Comunidade. No centro desta estrutura colocou-se um círculo concêntrico a esta,
representando o elemento de uniã o — a Língua.

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Bibliografia e webgrafia

CUNHA, Celso e Cintra, LINDLEY, Luís F. Nova Gramá tica do Português Contemporâ neo

O Atlas da Língua Portuguesa

www.oi.acidi.gov.pt/docs/...Intercultura/3_PI_Cap6.pd

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