Desde quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência
de Saúde Pública de Importância Internacional, em janeiro de 2020, caracterizando como uma pandemia em março do mesmo ano, o mundo já enfrentava graves questões humanitárias, sociais e ambientais, nenhuma delas novidade na história da humanidade. Sabe-se que as crises expõem fragilidades e exacerbam qualidades e defeitos, mas nunca o mundo contemporâneo havia passado por uma crise tão grave como esta que estamos passando. Portanto, podemos afirmar que a pandemia por Covid 19 tem sido um grande laboratório ético moral natural. No “Novo Normal” imaginou-se que ante o enfrentamento da Covid 19 a humanidade de um modo geral iria elevar significativamente seus valores traduzindo estes em condutas éticas. No entanto, apesar das diversas demonstrações de solidariedade, empatia, amor ao próximo, responsabilidade, honestidade que pudemos observar, em velocidade semelhante a do vírus, denúncias de negócios supostamente superfaturados e desonestos com o dinheiro público se alastraram pelo Brasil. O que provocou absurdo sofrimento não somente aos pacientes e seus familiares, mas em toda a sociedade, uma vez que tais desvios muitas das vezes foram com recursos destinados ao combate à pandemia. Para além dessa questão dos gestores públicos, também saltou aos olhos desvios éticos também de ordem individual já que foi exigido de cada um ser ator da sua responsabilidade moral quando da obrigatoriedade do uso de máscara, não promover aglomeração, manter o isolamento social, tomar a vacina quando disponível; e muitas das pessoas deliberadamente por motivos egoísticos optaram pelo descumprimento das novas e necessárias regras de convivência social. Ante o exposto, para preservação primordial da nossa saúde mental é importante que compreendamos que a ocorrência de situações adversas como essa que vivemos e ainda estamos vivenciando, independem de nós de forma direta, contudo, precisamos ressignificar a forma de lidar com a pandemia de forma otimista. Pois não a venceremos sem a virtude da coragem e da prudência. O momento atual deve ser vivido com um somatório de esforços com as virtudes que possuímos e até mesmo aprimorar algumas que certamente nos ajudará a sermos éticos nas próximas adversidades.