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Funções sintáticas

Sujeito

Função sintática desempenhada pelo grupo nominal que controla a


concordância verbal.

Ex: O Pedro é um rapaz simpático.

Eu gosto de desporto.

Os meus amigos vão à discoteca.

Este cão não é vadio.

Sujeito simples: é constituído apenas por um grupo nominal ou uma


oração.

Ex: O João não quer viajar comigo.

Nós partilhamos as mesmas ideias.

Sujeito composto: é constituído por mais do que um grupo nominal ou por


mais do que uma oração.

Ex: O Rui e o João vão ao cinema.

Ele e ela adoram ver filmes.

Sujeito nulo

– Subentendido: o referente é contextualmente identificável ou


corresponde ao pronome pessoal. Ex: Bati à porta. (Eu bati à porta)

- Indeterminado: de referência imprecisa, pode ser substituído por


“alguém, há quem…”. Ex: Bate-se à porta. (Alguém bate à porta)

- Expletivo: Sujeito gramatical de verbos impessoais. Ex: Anoiteceu.

O verbo haver é exemplo de um sujeito expletivo porque, com o sentido de


existir, se utiliza apenas em algumas pessoas. Os verbos que remetem para
as condições meteorológicas apresentam um sujeito expletivo, entre outros.

Vocativo
Função sintática desempenhada por um constituinte que indica um
interlocutor.

Ex: Ouve lá, Mariana, por acaso viste o meu irmão?

Marta, chega-me cá esse livro.

Complemento do nome

Função sintática de um constituinte do grupo nominal que se encontra à


direita do nome e é selecionado por ele. Geralmente, é um grupo
preposicional (de, da, dos, das…).

Ex: A ideia do espetáculo foi dele.

A necessidade de atenção constante torna-se cansativa.

O complemento do nome pode ser desempenhado por:


• grupos preposicionais (geralmente introduzidos pela preposição de,
podendo também ser introduzidos por outras preposições);
Ex.: “O beijo” é uma obra de Klimt. A declaração de que a obra ia ser
vendida foi acolhida com surpresa.
A visita ao museu ocorreu na terça-feira.
• em poucos casos, por grupos adjetivais (sendo os adjetivos derivados de
nomes e os nomes que os selecionam derivados de verbos).
Ex.: a pesca baleeira, a revolta estudantil, a destruição romana

De entre os nomes que selecionam complemento, podem destacar-se:

Nomes que selecionam


Exemplos
complemento
Nomes que representam situações a visita ao museu, a observação da
(derivados de verbos – nomes pintura, a oferta do quadro, a
deverbais) declaração de que a obra ia ser
vendida
Nomes de parentesco o pai de Klimt, os filhos do Klimt
Nomes icónicos (que denotam o desenho de Klimt, o quadro de
representações visuais /gráficas) Klimt, a fotografia do artista, o
retrato do artista
Nomes que denotam relações de o cabelo da rapariga (parte-todo),
parte-todo (indicando posse) a perna da mesa (parte-todo)
Nomes que denotam relações o amigo do pintor; o professor de
institucionais ou sociais entre Klimt; o sócio do artista
pessoas
Nomes que descrevem estados a alegria de Klimt; a angústia do
psicológicos de alguém (sensações, artista, o medo do pintor, o desejo
emoções) do pintor
Nomes que denotam obras a obra de Klimt; um filme de João
culturais, produzidas por Botelho; um filme de João Botelho
determinado autor ou sobre um sobre Bernardo Soares
determinado assunto
Nomes que denotam conceitos, a ideia de beleza, a beleza do
ideias quadro, a hipótese de visitar o
museu, o facto de visitar o museu

Complemento do adjetivo

O complemento do adjetivo é uma função sintática interna ao grupo


adjetival (grupo de palavras que tem como núcleo um adjetivo).
Ex.: Os astronautas estavam desejosos de viajar.

2. O complemento do adjetivo é selecionado por um adjetivo. Pode ser:


• obrigatório (sem ele a frase não tem sentido completo);
Ex.: Os astronautas estavam desejosos de viajar.
• opcional (a sua presença é facultativa na frase).
Ex.: Os astronautas ficaram contentes com o sucesso da viagem.
Os astronautas ficaram contentes.
3. O complemento do adjetivo é desempenhado por grupos preposicionais,
que podem ser:
• constituintes frásicos;
Ex.: Os astronautas estavam conscientes dos perigos.
• orações.
Ex.: Os astronautas estavam ansiosos por iniciar a viagem.

4. Alguns adjetivos que, dependendo do contexto frásico em que surgem,


podem selecionar complemento do adjetivo são os seguintes:
Complemento do adjetivo
abstraído (de, em) crente (em) inerente (a)

abundante (em) defensor (de) inexperiente (de, em)

adaptado (a) descontente (com, por) insatisfeito (com)

admirador (de) desejoso (de) interessado (em)

admissível (a, em) desiludido (com) inútil (a)

alheio (a) desleal (a) investido (de, em)

anexo (a) difícil (de) leal (a)

ansioso (por, de) digno (de) necessário (a, em,


para)
apto (a) disponível (para)
nocivo (a)
apto (a, para) divergente (de)
orgulhoso (de)
atento (a) doutorado (em)
passível (de)
atinente (a) entendido (em)
posterior (a)
ávido (de) esquecido (de)
precavido (contra,
baseado (em, sobre) estranho (a)
para)
benéfico (a) extrínseco (a)
predisposto (a, para)
capaz (de) fácil (de)
prejudicial (a)
cercado (de, por) fiel (a)
certo (de) hábil (em) preocupado (com)

condescendente (com) hostil (a) presente (em)

confiante (em) impossível (de) propício (a)

conivente (com, em) imune (a) radiante (com, por)

consciente (de) incapaz (de) receoso (de)

contemporâneo (de) inconciliável (com) satisfeito (com)

contente (com) indeciso (em) solícito (com)

contrário (a) indigno (de) surpreendido (com)

convencido (de) indispensável (a, em, suscetível (a, de)


para)
convicto (de) unânime (em)
indisponível (para)
aborrecido (com)

útil (a)

Predicado

Função sintática desempenhada pelo grupo verbal (verbo +complementos +


modificadores)

Ex: A Maria acordou tarde.

Ele escreveu um postal aos pais.

Predicativo

Predicativo do sujeito: função sintática desempenhada por um grupo


nominal, adjetival, preposicional e/ou adverbial selecionado por um verbo
copulativo (ser, estar, permanecer, ficar, parecer, continuar, andar, revelar-
se, tornar-se…), que atribui uma propriedade, uma característica ou uma
localização temporal ou espacial ao sujeito.

Ex: A Ana é minha aluna.

O João está mal.


Ela parecia feliz.

Predicativo do complemento direto: função sintática desempenhada por


um constituinte selecionado por alguns verbos transitivos-predicativos
(achar, considerar, julgar, tratar, eleger, nomear, designar…), que atribui
uma propriedade ou um predicado ao complemento direto.

Ex: Os alunos consideram aquele professor simpático.

Complementos

Complemento direto: função sintática desempenhada pelo grupo nominal


substituível pelo pronome pessoal (o,a,os,as) e que responde, normalmente,
a “o quê?”.

Ex: Ele comprou estas revistas. (ele comprou-as.)

Complemento indireto: função sintática desempenhada pelo grupo


preposicional introduzido pela preposição “a” e substituível por “lhe ou
lhes”. Responde a “a quem?”

Ex: A Maria ofereceu um ramo de flores à mãe. (A Maria ofereceu-lhe um


ramo de flores.)

Complemento oblíquo: função sintática desempenhada por um grupo


preposicional ou um grupo adverbial selecionado pelo verbo. Sem este
complemento, a frase ou oração não é portadora de sentido.

Ex: O Luís foi a Faro.

O aluno portou-se mal.

Complemento agente da passiva: função sintática desempenhada por um


grupo preposicional introduzido pela preposição “por” nas frases que estão
na passiva e que corresponde ao sujeito da frase ativa.

Ex: O assaltante foi preso pela polícia (ativa: o polícia prendeu o


assaltante.)

Modificador
Função sintática dos constituintes que não são selecionados por nenhum
elemento sintático de que fazem parte. A sua omissão, por norma, não afeta
a gramaticalidade de uma frase. Pode ser locativo, temporal e de modo.

Ex: Infelizmente, não vou viajar nas férias.

Aquela música agradável encantou-me.

Modificador do nome restritivo: restringe a referência do nome que


modifica.

Ex: Prefiro bifes grelhados.

Os romances interessantes prendem os leitores.

Modificador do nome apositivo – não restringe a referência do nome que


modifica. Por norma, apresenta-se entre vírgulas por se tratar de
informação acessória.

Ex: D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, tem um novo


monumento.

Os romances, que são interessantes, prendem os leitores.

Modificador do grupo verbal – distingue-se do complemento oblíquo


porque pode ser suprimido. Pode aparecer numa pergunta / resposta.

Exemplo: O Pedro resolveu o exercício com facilidade.

(Pode perguntar-se: O Pedro resolveu o exercício com facilidade?)

Modificador de frase – Não pode ser negado ou interrogado. Modifica a


frase, na sua essência.

Provavelmente, ninguém o viu.

(É agramatical perguntar: *Foi provavelmente que ninguém o viu?)

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