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Joel Almeida- Filosofia

DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE DEFINIÇÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO


COGNOSCITIVA
 O conhecimento é crença verdadeira justificada.
TIPOS DE CONHECIMENTO  Para saber algo não basta acreditar que se sabe,
 Por contacto: A frase “O João conhece o jogo de é preciso, para além da crença, que isso seja
xadrez”, atribui ao João um contacto com o verdade. Estas duas condições são necessárias,
xadrez, mas não indica que ele sabe jogar. O mas não suficientes, para além disso é preciso
mesmo se aplica a alguém que conhece um uma justificação.
determinado país ou cidade.  Conhecer implica formar uma ideia acerca de
 Saber-fazer ou saber como: A frase “A Carlota algo, crer em algo.
sabe jogar xadrez” atribui à Carlota uma  Conhecer implica que a ideia que temos acerca
competência. O mesmo se aplica, por exemplo, a de algo seja verdadeira. Não faz, por isso, sentido
alguém que sabe tocar um instrumento. falar em conhecimento falso.
 Saber-que ou saber proposicional: A frase “A  Conhecer implica poder explicar ou fundamentar
Julieta sabe que o campeão mundial de xadrez o que acreditamos ser verdade. Um palpite feliz,
foi Garry Kasparov.” atribui à Julieta por exemplo, não é conhecimento.
conhecimento de algo que pode ser expresso sob
O PROBLEMA DA ORIGEM DO CONHECIMENTO
a forma de um enunciado declarativo e tem valor
de verdade. Este é o saber em estudo neste  Existem duas teorias fundamentais explicativas
momento. do conhecimento:
o Racionalismo: A origem do
RELAÇÃO ENTRE SUJEITO E OBJETO: conhecimento é a razão. É
FENOMENOLOGIA conhecimento a priori, analítico,
 Sujeito: Cognoscente; aquele que conhece; necessário, inato. Vai cair num
elemento ativo dogmatismo -> verdades absolutas.
 Objeto: Cognoscível; aquele que é conhecido; Segundo este o conhecimento é
elemento passivo possível.
 O conhecimento é o ato através do qual um o Empirismo: A origem do conhecimento
sujeito constrói uma representação de um é a experiência. É conhecimento a
objeto. posteriori, sintético, contingente. Vai
 O processo que está na raiz da definição de cair num ceticismo -> dúvida que deve
conhecimento está dividido em 3 momentos: caracterizar o conhecimento. Segundo
o 1º momento: O sujeito abandona a sua este o conhecimento não é possível.
esfera e vai ao encontro do objeto. A TEORIA RACIONALISTA: O RACIONALISMO
o 2º momento: O sujeito repousa na CARTESIANO
esfera do objeto para captar as
determinações sensíveis / empíricas.
A razão por si só constrói um conhecimento
(características)
universalmente válido.
o 3º momento: O sujeito regressa a si
com uma representação mental do
PERCURSO A EFETUAR NO ESTUDO DE
objeto.
DESCARTES:
 O sujeito alterado é determinado pelo objeto
inalterado determinante.  Método: Caminho para, neste caso, chegar à
verdade através da razão
 Dúvida: Dúvida metódica, provisória, radical,
hiperbólica, universal e metafisica usada como
caminho para alcançar o conhecimento.
 Cogito: Primeira verdade em Descartes: “Penso
logo existo” (cogito ergo sum)
 Existência de Deus: tendo Deus como garantia
sabemos que o conhecimento é indubitável
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Joel Almeida- Filosofia
A DÚVIDA CARTESIANA METÓDICA CARACTERISTICAS E FUNÇÕES DO COGITO
 Partindo da dúvida devemos seguir um método  Primeira certeza de Descartes.
que assegure o conhecimento verdadeiro.  Permite ultrapassar o ceticismo e demonstra que
 Esta dúvida é: é possível conhecer.
o Metódica: meio para alcançar os  Primeira verdade clara e distinta. (indubitável)
fundamentos do conhecimento.  Funda na razão a origem do conhecimento
o Provisória: apenas uma estratégia seguro. (a priori)
momentânea.
o Radical: submeter todos os CRITÉRIO DE VERDADE SEGUNDO DESCARTES
conhecimentos a um teste.
 Todo o conhecimento, para ser considerado
o Hiperbólica: vê como falso tudo o que
verdadeiro, deve ser claro e distinto, isto é,
suscita a dúvida.
evidente.
o Universal: incide sobre todos os
 Ideias inatas: aquelas que se apresentam com tal
conhecimentos.
evidencia ao espírito humano que não podemos
o Metafísica: incide sobre realidades com
duvidar da sua verdade nem as confundir com
Deus e o mundo
outras.
 Descartes usa metodicamente a dúvida em 3
etapas principais:
o Rejeitar a informação com base nos DEUS NO COMANDO
sentidos, pois eles são enganadores.  Segundo Descartes, Deus garante que tudo o que
o Rejeitar o conhecimento racional, é claro e distinto é verdadeiro. Esta é também a
porque muitas vezes nos enganamos ao segunda verdade clara e distinta.
raciocinar.  Se duvido, sou imperfeito, logo não posso ser a
o Rejeitar tudo o que até aí havia entrado causa da ideia de perfeição.
na sua mente, porque muitas vezes o  Um ser imperfeito torna necessária a existência
sonho se confunde com a vigília. de um ser perfeito
 A um ser perfeito não pode faltar o atributo da
DA DÚVIDA AO COGITO existência
 Logo, Deus existe.
 Mesmo que duvide de tudo, há uma coisa que
não posso duvidar. Se duvido é porque penso, e
CONSEQUENCIAS DA EXISTENCIA DE DEUS
se penso existo, ainda que seja apenas uma
substância pensante.  A existência de Deus permite ultrapassar a
 Penso, logo existo (cogito ergo sum) hipótese do génio maligno, pois um ser perfeito
não pode ser enganador.
O GÉNIO MALIGNO  Se Deus não engana, então o mundo físico existe.
 As provas da existência de Deus constituem-se
 O génio maligno é uma espécie de deus
como um passo importante para a sustentação
enganador, um ser empenhado em fazer-nos
do conhecimento a outras realidades.
viver na ilusão. Sem que o soubéssemos este
 A existência de Deus permite a Descartes vencer
poderia controlar os nossos pensamentos. Como
definitivamente o ceticismo inicial
tudo não passa de uma ilusão, estaremos
 Descartes ultrapassa o ceticismo provisório
sistematicamente a cometer erros.
fixando-se no dogmatismo metafisico.
 Descartes não está a dizer que existe um génio
maligno, está apenas a dizer-nos que não
podemos excluir a possibilidade de ele existir. CRÍTICAS AO RACIONALISMO
 No entanto, este génio maligno só me pode fazer  É exclusivista;
acreditar nisto se eu realmente existir, logo,  É dogmático;
reforça o cogito.  É circular;
 Afirma a existência como predicado.

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