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Monitoria de bioestatística

Teste de Hipóteses
Professora: Carolina Melo
Monitora: Natália Vieira
Teste de hipóteses
 O teste estatístico permite que seja feita uma inferência, com certo nível de confiança, acerca dos resultados obtidos em
determinado estudo de população;

 Toda inferência está sujeita a erro, mas o teste estatístico garante certo grau de confiança nas afirmativas;

 Para apresentar uma pesquisa, o pesquisador deve coletar, organizar, analisar e interpretar os dados coletados;

 Quando os dados provêm de uma amostra da população, o pesquisador pode descrever essa amostra, ou usá-la para uma
generalização;

 Essa generalização deve passar por uma análise estatística.


Como fazer o teste estatístico?

i. Defina as hipóteses

ii. Especifique o nível de significância

iii. Calcule o valor do teste


iv. Interprete o resultado
Como fazer o teste estatístico para esta
disciplina?
i. Defina as hipóteses

ii. Especifique o nível de significância

iii. Calcule o valor do teste


iv. Interprete o resultado
Construindo as hipóteses

 O pesquisador coleta os dados com um objetivo em mente.

 Ao realizar a pesquisa, existem, de maneira geral, duas hipóteses:

i. Hipótese de Nulidade (𝐇𝟎 ): não há diferença ou há semelhança

ii. Hipótese Alternativa (𝐇𝟏 ): há diferença → opõe-se à hipótese de nulidade


Erros estatísticos
Toda inferência está sujeita a erro:
 Erro tipo I: rejeitar a hipótese de nulidade quando ela é verdadeira – dizer
que a diferença é significante quando não é;
 Erro tipo II: não rejeitar a hipótese de nulidade quando ela for falsa – dizer
que a diferença não é significante quando ela é.
Exemplo
1. Um réu será julgado por um crime cometido. Diante disso, responda:

a) Quais as hipótesesb) Quais são as decisõesc) Quais são os erros


possíveis? possíveis? possíveis?
O réu é inocente; Julgar o réu como Julgar o réu como inocente
inocente; quando ele for culpado;
O réu é culpado.
Julgar o réu como culpado. Julgar o réu como culpado
quando ele for inocente.
Exemplo
2. Uma indústria farmacêutica deseja testar o efeito de um novo tipo de analgésico
antes de inseri-lo no mercado. O seu efeito foi comparado ao da droga convencional
do mesmo laboratório. Os dados foram coletados e analisados. Responda:
a) Qual é a hipótese de nulidade?
H0 : não há diferença entre o efeito do novo analgésico e do convencional
b) Qual é a possível hipótese alternativa?
H1 : há diferença entre o efeito do novo analgésico e do convencional
Nível de significância (α)
 O nível de significância (𝛼) é a probabilidade de cometer erro tipo I, ou seja
rejeitar H0 quando H0 for verdadeira.
 Quando é seguro rejeitar essa hipótese? Ou seja, quando é seguro concluir
que a diferença é significante?
Quando a probabilidade de errar nessa decisão for pequena.
 Na área da saúde, são comuns os níveis de significância: 10%, 5% e 1%.
Nível de significância = 1 – nível de confiança
p-valor
O p-valor mostra a probabilidade de obter uma amostra tal qual a que foi obtida quando a
hipótese de nulidade for verdadeira;
Em outras palavras, a chance que o meu resultado tem de ser “obra do acaso”.
O cálculo do p-valor é feito apenas por programas de computador;
 Para nós, convém saber interpretá-lo.
p-valor
Ele nos permite decidir se existe evidência suficiente para rejeitar a hipótese
de nulidade com menor erro possível. Então... Quando?
Quando o p for muito pequeno
 Uma vez que, seria muito pouco provável chegar no resultado obtido caso não
houvesse diferença – ou seja, caso a hipótese de nulidade fosse verdadeira;
 Portanto, a diferença é significante.
Interpretando o resultado
 Nível de significância: é a probabilidade de se rejeitar H0 e errar – portanto, de
dizer que há diferença quando não há;
 p-valor: probabilidade do meu resultado ser obra do acaso – portanto, de a diferença
não ser significativa;
Portanto,

i. Caso p < nível de significância, rejeita-se a hipótese de nulidade.


ii. Se p ≥ nível de significância, aceita-se a hipótese de nulidade.
Interpretando o resultado
A grosso modo...
Nível de significância (α) p-valor
A chance de errar que a hipótese de nulidade é A chance de acertar que a hipótese de nulidade é
verdadeira. verdadeira.
Portanto...

i. Caso p < nível de significância, em outras palavras, se minha chance de acertar é menor
que a de errar: rejeita-se a hipótese de nulidade.
ii. Se p ≥ nível de significância, em outras palavras, se minha chance de acertar é maior que a
de errar: aceita-se a hipótese de nulidade.
Interpretando o resultado

p<α p≥α
 A diferença nos resultados é  A diferença nos resultados não é
significante; significante;
 Rejeito a hipótese de nulidade;  Aceito a hipótese de nulidade;
 Conclusão: hipótese alternativa.  Conclusão: hipótese de nulidade
Exercitando
1. Pesquisadores acompanharam a gestação de dois tipos de mulheres: o primeiro era constituído de
diabéticas e o segundo de não diabéticas, pois se suspeitava que o óbito neonatal ocorresse mais em
mulheres diabéticas. Os pesquisadores contaram o número de casos de óbito neonatal tanto nos grupos
de diabéticas como no grupo de não diabéticas.
A partir dos dados apresentados:
a) estabeleça a hipótese de nulidade
H0 : Diabetes na gestação não influencia no óbito neonatal
b) estabeleça uma hipótese alternativa
H1 : Diabetes na gestação influencia o óbito neonatal ou Diabetes na gestação aumenta o óbito neonatal
Exercitando
2. Observe o texto a seguir:
“Refrigerantes dietéticos usam adoçantes artificiais para evitar o uso de açúcar. Esses adoçantes gradualmente perdem sua doçura ao
longo do tempo. Os fabricantes, portanto, testam a perda de doçura dos refrigerantes novos antes de colocá-los no mercado. Provadores
treinados bebem um pequeno gole de refrigerante juntamente com bebidas de doçura-padrão e atribuem ao refrigerante um “escore de
doçura” de 1 a 10. O refrigerante é, então, armazenado por um mês em alta temperatura para imitar o efeito do armazenamento por
quatro meses em temperatura ambiente. Cada provador atribui um escore ao refrigerante novamente após o armazenamento.”
A partir dessas informações, estabeleça:
a) uma hipótese de nulidade
H0 : o tempo de armazenamento de refrigerantes dietéticos não influencia suas doçuras
b) duas hipóteses alternativas
H1 : o tempo de armazenamento de refrigerantes dietéticos influencia suas doçuras
H2 : o tempo de armazenamento de refrigerantes dietéticos diminui suas doçuras
Exercitando
3. Um antropólogo suspeita que daltonismo é menos comum em sociedades que vivem de caça e colheita do
que em sociedades agrícolas estabelecidas. Para avaliar essa possibilidade ele testa vários adultos em duas
populações na África, uma de cada tipo.
a. A partir dessas informações, estabeleça uma hipótese de nulidade e duas hipóteses alternativas.
𝐻0 : viver de caça e colheita não influencia na frequência de daltônicos em uma população
𝐻1 : viver de caça e colheita influencia na frequência de daltônicos em uma população
𝐻2 : viver de caça e colheita reduz a frequência de daltônicos em uma população
b. Após aplicar um teste estatístico ele observa que o valor de P é de 8% (0,08). Qual é a conclusão do estudo?
Como p > 5%, aceita-se a hipótese de nulidade. Ou seja, viver de caça e colheira não influencia na frequência de
daltônicos de uma população.
Exercitando
4. Pesquisadores realizaram um ensaio clínico para estudar o efeito do composto Y sobre a dor no pós-
operatório de pacientes submetidos a tratamento endodôntico. Indivíduos do grupo experimental receberam
comprimido do composto Y e, indivíduos controle receberam placebo. Os dados encontrados estão na tabela.
a) A partir dessas informações, estabeleça uma hipótese de nulidade e duas hipóteses alternativas. Relato de dor
H0 : o uso do composto Y não influencia nas dores do pós-operatório de tratamentos endodônticos Grupo Sim Não
H1 : o uso do composto Y influencia nas dores do pós-operatório de tratamentos endodônticos Controle 5 12
Experimental 2 18
H2 : o uso do composto Y reduz as dores do pós-operatório de tratamentos endodônticos
b) Utilizando-se o tratamento estatístico adequado e adotando-se um nível de significância de 5% (α = 0,05),
verificou-se que a probabilidade de a diferença observada entre os dois grupos ser devido ao acaso é de 3% (p
= 0,03). Qual é a conclusão do estudo?
Como p < 5%, rejeita-se a hipótese de nulidade. Portanto, o uso do composto Y influencia (ou reduz) as
dores do pós-operatório de tratamentos endodônticos.
Exercitando
5. O professor de uma determinada Universidade investigou se o desempenho dos alunos nas avaliações era influenciado
pelo horário de aplicação da prova. Ele coletou as notas obtidas nas provas aplicadas nos períodos diurno e noturno. Os
dados estão representados no gráfico a seguir:

GRÁFICO 1. Influência do turno sobre a avaliação de alunos de uma determinada


Universidade. Os valores representam média ± desvio padrão. Nível de significância de 5% (α
= 0,05). Teste t de Student, p = 0,42.
a. Estabeleça a hipótese de nulidade e a hipótese alternativa.
H0 : o horário de aplicação de prova não influencia no desempenho dos alunos
H1 : o horário de aplicação de prova influencia no desempenho dos alunos
b. Qual é a conclusão do estudo?
Como p > 5%, aceita-se a hipótese de nulidade. Portanto, o horário de aplicação de prova
não influencia no desempenho dos alunos.
Exercitando
6. Um grupo de pesquisadores investigou a possível ação hipotensora de determinada droga. Eles
selecionaram um grupo de indivíduos que foram distribuídos, aleatoriamente, em dois grupos:
O gráfico representa o resultado obtido.
GRÁFICO 2. Efeito de uma nova droga sobre a média da pressão arterial. Os valores representam
média ± desvio padrão. Nível de significância de 5% (α = 0,05). * vs controle, teste t de Student, p <
0,05.
A partir dos dados apresentados responda:
a. Estabeleça a hipótese de nulidade e a hipótese alternativa.
H0 : a droga não influencia a pressão arterial média
H1 : a droga reduz a pressão arterial média
b. Qual é a conclusão do estudo?
Como p < 5%, rejeita-se a hipótese de nulidade. Portanto, a droga influencia (ou reduz) a pressão
arterial média.
Exercitando
7. Uma indústria farmacêutica estava interessada em desenvolver um método de diagnóstico laboratorial para a Doença
de Alzheimer. Com esse objetivo, foi medido o nível plasmático do peptídeo Aβ42 em 100 idosos saudáveis e em 80
idosos com a Doença de Alzheimer. Foram obtidas as médias 95 e 100, respectivamente. Responda:

a) Qual a hipótese de nulidade?

Não há diferença entre o nível plasmático de peptídeo Aβ42 entre idosos saudáveis e idosos com a Doença de
Alzheimer

b) Estabeleça duas hipóteses alternativas.

Há diferença entre o nível plasmático de peptídeo Aβ42 entre idosos saudáveis e idosos com a Doença de Alzheimer;
ou

O nível plasmático de peptídeo Aβ42 em idosos saudáveis é menor que em idosos com a Doença de Alzheimer
Exercitando
7. Uma indústria farmacêutica estava interessada em desenvolver um método de diagnóstico
laboratorial para a Doença de Alzheimer. Com esse objetivo, foi medido o nível plasmático do
peptídeo Aβ42 em 100 idosos saudáveis e em 80 idosos com a Doença de Alzheimer. Foram
obtidas as médias 95 e 100, respectivamente. Considerando α = 5%, responda:
a) Após tratamento estatístico adequado, a probabilidade de a diferença observada entre os dois
grupos ser devido ao acaso foi de 12%. Como deve ser considerada a diferença entre os grupos?
Não significante
b) Qual é, então, a conclusão do estudo?
Não há diferença entre o nível plasmático de peptídeo Aβ42 entre idosos saudáveis e idosos com
a Doença de Alzheimer
Exercitando
8. Uma pesquisa é realizada entre recém-nascidos com baixo peso de mães com menos de 20
anos e com 20 anos ou mais. Considerando o nível de significância 5%, e sabendo que o
pesquisador obteve um p-valor de 0,2%, determine:
a) As possíveis hipóteses de nulidade e alternativa para a essa pesquisa.
H0 : não há diferença entre os pesos de recém-nascidos de mães com menos de 20 anos e mães
com mais de 20 anos
H1 : há diferença entre os pesos de recém-nascidos de mães com menos de 20 anos e mães com
mais de 20 anos
b) Qual a conclusão do estudo?
p = 0,002 < 0,05 → a chance do meu resultado ser obra do acaso é muito pequena → rejeito a
hipótese de nulidade → conclusão: há diferença entre os pesos de recém-nascidos de mães com
menos de 20 anos e mães com mais de 20 anos
Referências

Introdução à Bioestatística. Vieira, Sonia. Elsevier, 2016, 5ª Ed. Cap. 10, págs. 127-137.
Aula da professora Carolina Melo.
Obrigada!

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