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Comunicação)
1.1 Análise de diferentes textos buscando identificar propriedades
sua progressão 20
28
2
1.8 Função da Linguagem
4.2 Coerência 80
5.2 Dedução 96
6
5.5 Inferências
supostos e subtendidos.
» Argumentação na interpretação.
» Gêneros textuais
» Arte e cultura;
» Avanços tecnológicos;
» Direitos Humanos;
» Globalização e geopolítica;
» Relações de trabalho;
» Violência;
Com metodologias que associam teoria e prática, recorre a práticas didático-pedagógicas que
Educação e Linguagens.
versidade (2013).
do CEFOR/IFES.
sua progressão 20
1.4 Relação entre informações do texto e conhecimentos prévios 21
1.5 Identificação das palavras e ideias chave do texto 22
1.6 Aspectos semânticos do vocábulo da língua 24
1.7 Relação do texto com outros textos 27
1.8 Função da Linguagem 28
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Leitura, análise e interpretação de textos são habilidades que precisam ser exercitadas para se-
rem aprimoradas. Portanto, não tem como falarmos delas sem efetivamente lermos ou exercitar-
mos corretamente o que um texto comunica e quais elementos empregados nele contribuem
O texto como evento sóciocomunicativo torna-se o fio condutor de todas as interações humanas,
Ele também carrega em si um conteúdo ideológico resultante de uma posição Social, Histórica e
É com essa premissa básica que vamos iniciar o primeiro subtema desta unidade que está intrin-
O TEMA
sendo o que há de único e irrepetível em cada enunciado.
Por exemplo, quando alguém come algo que gosta e diz “Que delícia!” por
O ESTILO
sendo como o modo particular que cada um tem de se enunciar (dada
A FORMA COMPOSICIONAL
sendo um estilo dos gêneros, que são “relativamente estáveis”.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Observe os textos a seguir e perceba que eles apresentam propriedades específicas, ou seja, um
TEXTO A
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FONTE: https://www.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/
hollywood/, acesso em 02 out. 2019.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Não pela palavra fria que enquanto o homem trabalha quem come o arroz que ele colhe
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Mas pelo que ela semeia. vai preparando a explosão. se ele o colhe e não janta.
Quem fala em flor não diz tudo. Bomba colocada nele e faz arroz virar fome
Quem me fala em dor diz demais. muito antes dele nascer; é o mesmo que põe a bomba
O poeta se torna mudo que quando a vida desperta suja no corpo do homem.
Mais que palavra, diarréia e que explode em diarréia que mata nossos irmãos.
Que mata mais do que faca, Não é uma bomba limpa: deter o sabotador
mais que bala de fuzil, é uma bomba suja e mansa que instala a bomba da fome
E sobretudo é preciso
no Rio Grande do Norte, mas não apenas ali pra dentro de cada homem
de cem crianças que nascem, que a fome do Piauí trocar a arma de fome
setenta e seis leva á morte. se espalha de leste a oeste. pela arma da esperança.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
É certo que você, pela vivência que teve até chegar ao curso de graduação, já estudou diversos
aspectos da língua portuguesa. Por isso fica relativamente fácil identificar as diferenças de cada
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A principal diferença que percebemos em um primeiro plano visual diz respeito a sua forma com-
posicional.
O texto A, sendo uma propaganda, apresenta elementos verbais e não verbais (imagens) que, em
O modo como a linguagem é utilizada, fazendo referência a outros textos de domínio público,
exigem do leitor determinado conhecimento para que possa fazer a associação e compreender
a mensagem (subtema 1.7). Sendo mais específico, é preciso que a pessoa saiba a respeito do ro-
mance de Jorge Amado “Dona Flor e seus dois maridos”, popularizado em forma de filme, para
compreender os enunciados verbais “Ela ficou dividida entre dois amores da Hortifruti”, “Couve-
-flor e seus dois maridos”, e “Aqui a natureza é a estrela” e a imagem dos alimentos com uma ca-
beceira de cama. No entanto, a forma composicional, ou a forma como o texto se apresenta para
o leitor já nos diz que ele é uma propaganda, pois conseguimos visualizar os elementos típicos
de margem a margem, com seus parágrafos demarcados por um recuo (texto B) ou um espaça-
mento maior entre eles (texto C), de um título bem demarcado com fonte maior e centralizado e
do nome do autor logo abaixo, caracteriza uma organização textual (forma composicional) pró-
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Observe:
FRAGMENTO DO TEXTO B
Sentada na varanda da minha casa, observo a fumaça que sai do calorão do asfalto. É o
tempo da seca! E meus olhos experientes veem uma paisagem bem diferente daquela do meu
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tempo de infância. Faz tanto tempo! Mas a saudade insiste em bater e trazer recordações.
Nasci numa fazenda do município de Catalão, tinha uma vida simples e tranquila. Meu pai
cuidava da roça, do gado, e mamãe, da casa, da comida e da educação dos filhos. Meus irmãos e
FRAGMENTO DO TEXTO C
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o
conhecimento do que se passa em um lugar épossível em todos os [...]
No entanto, para identificarmos mais detidamente qual gênero textual corresponde à forma
de seu conteúdo para sabermos. Em relação a isso, traremos uma abordagem mais detalhada
O texto D, pela sua estrutura visual, evidencia uma organização própria de poemas, mas só com
a leitura dele podemos dizer que, mesmo com uma linguagem poética e metafórica, também é
dissertativo, pois introduz a temática da fome, estabelece suas consequência, expõe exemplos,
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Veja:
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A palavra diarréia. é uma bomba suja e mansa
Não pela palavra fria que elimina sem barulho
Mas pelo que ela semeia. vários milhões de crianças.
Quem fala em flor não diz tudo. Quem faz café virar dólar
Quem me fala em dor diz demais. e faz arroz virar fome
O poeta se torna mudo é o mesmo que põe a bomba
sem as palavras reais. suja no corpo do homem.
PROPÕE INTERVENÇÃO:
EXEMPLIFICA: Mas precisamos agora
Por exemplo, a diarréia, deter o sabotador
no Rio Grande do Norte, que instala a bomba da fome
de cem crianças que nascem, dentro do trabalhador.
setenta e seis leva á morte.
E sobretudo é preciso
É como uma bomba D trabalhar com segurança
que explode dentro do homem pra dentro de cada homem
quando se dispara, lenta, trocar a arma de fome
a espoleta da fome. pela arma da esperança.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Você deve estar se perguntando: Mas é poema, como pode ser dissertativo?
E eu te respondo que sim, o texto D tem a estrutura de um poema, mas o seu conteúdo se orga-
niza em forma de uma dissertação (como exemplifiquei), assim como você já deve ter visto um
poema em tom narrativo, ou alguma letra de música com tom de protesto. Na unidade 4, ao tra-
zermos a temática específica dos gêneros textuais e tipologias abordamos isso mais a fundo. Se
O texto E com forma composicional própria e diferente dos demais textos também é representa-
tivo de um estilo de gênero. Porém, para nos certificarmos de a qual gênero textual ele se refere,
textuais é que podemos concluir que se trata de uma notícia, pois além do título, apresenta um
pequeno texto colocado em destaque - que na linguagem jornalística é chamado de lide - com
EM SÍNTESE:
Os textos têm um modo de organização específico que pode ser identificado a partir dos co-
nhecimentos prévios. Podemos identifica-los num plano visual, ou quando procedemos com a
Para quem ainda não aprofundou o conhecimento acerca das características dos diferentes gê-
neros textuais que circulam na sociedade, terá a oportunidade de fazê-lo com os estudos da uni-
Seguindo com a unidade temática 1, avançamos para os próximos subtemas nos quais retomare-
mos esses textos, ampliando o que foi exposto até o momento, uma vez que os conteúdos desta
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
questão discursiva, aquela em que você tem que escrever um texto, geralmente dissertativo-ar-
gumentativo (mais comum nesses exames) apresenta uma coletânea de textos para que, a partir
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Essa coletânea, na verdade, traz diversas abordagens sobre um tema com o intuito de oferecer
ao candidato subsídios para a construção de seus próprios argumentos e defesa de seu ponto de
vista (tese).
Agora imagine que você se deparou com a proposta da professora de “Formação Geral”, de es-
crever sobre educação ambiental/ ecologia/biodiversidade. Nota-se que o tema gerador é muito
amplo, mas se considerarmos o contexto de queimadas na Amazônia, podemos trazer uma te-
mática específica, organizando uma ideia por vez, sem perder o todo enunciativo. Daí decorrem
Nem sempre os textos apresentam a temática de forma explícita. Muitas vezes, é preciso ler o
Responder a essa pergunta também é uma atribuição do título do texto que deve resumir as
ideias apresentadas de forma atrativa, com vistas a despertar no leitor o desejo de proceder com
a leitura. Logo, a principal diferença entre tema e título é que o tema corresponde a um conteúdo
Ainda, para que nossas ideias se apresentem com mais clareza, precisamos organizá-las uma por
vez, por meio dos parágrafos, que precisam ser construídos de modo claro e coerente, ou seja,
as ideias devem estar relacionadas a temática principal, articuladas em si. Afinal, é muito ruim
quando lemos um texto que muda bruscamente de assunto ou que “não diz coisa com coisa”,
não é mesmo?
Feitas essas considerações que podemos chamar de teóricas sobre tema, título e parágrafo, ve-
jamos como isso se materializa de forma harmoniosa, retomando o texto B, “Valor de Infância”.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
VALOR DE INFÂNCIA
Sentada na varanda da minha casa, observo a fumaça que sai do caldo do asfalto. É o tem-
po da seca! E meus olhos experientes veem uma paisagem bem diferente daquela do meu tempo
de infância. Faz tanto tempo! Mas a saudade insiste em bater e trazer recordações.
Nasci numa fazenda do município de Catalão, tinha uma vida simples e tranquila. Meu
pai cuidava da roça, do gado, e mamãe, da casa, da comida e da educação dos filhos. Meus irmão
e eu tivemos uma infância ingênua, sem riquezas ou luxo, mas havia uma alegria de viver muito
grande, principalmente na hora da diversão. A noite, subindo em pedaços de galhos cortados em
forma de forquilha, brincávamos de perna de pau e assim éramos palhaços no nosso circo imagi-
nário; o aplauso era o zunzum de grlos e cigarras e o céu, a lona pretacheia de furinhos iluminados.
A casa, de estilo bem antigo, fica à sombra de flamboyants e tinha um pomar que adoçava
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minha infância: mangas, carambolas, laranjas, jabuticabas pretinhas! Ali, a sinfonia dos passaru-
nhos alegrava nosso dia. E bastava andar um pouco mais pelos arredores da fazenda para encon-
trar as mais coloridas e doces frutas do Cerrado. Eu me lambuzava com as mangabas, muricis,
gabirobas...uma delícia! Naquela época, a infância tinha muito mais sabor!
Mas o que eu mais gostava de fazer era tomar banho no riacho que ficava nos fundos da
minha casa. A água era sempre limpa e fresquinha e lá meu irmão tentava me ensinar a nadar.
Ele dizia que bastava engolir um lambari vivo que eu iria a aprender rapidinho, mas eu nunca tive
essa coragem. O riacho era passagem para outtras fazendas e para a escola e, ao fazer a travessia,
precisávamos nos equilibrar na pinguela - tronco que servia de ponte. Quando alguém caía, tchi-
bum... aproveitava para se refrescar nas águas cristalinas.
Íamos a pé para a escola, juntos com os filhos dos vizinhos, e o caminho era o nosso par-
que de diversão, principalmente quando chovia, pois, descalços, brincávamos de chutar a água
empoçada uns aos outros, e todos virávamos piratas nas canoinhas de papel que deixávamos a
enxurrada levar.
Certa noite, estávamos dormindo e o galo já começava os avisos do dia, quando, de re-
pente, ouvimos foguetes e cantoria: era uma "treição". Isso acontecia toda vez que os vizinhos e
amigos se juntavam e, de surpresa, chagavam à casa de alguém para ajudar a fazer alguma ta-
refa mais difícil. No nosso caso, era a reconstrução do rego d'água. Enquanto os homens ficavam
naquela labuta, as mulheres preparavam as comidas. O cheiro do pequi era o sinal de almoço na
mesa, que tinha também frango, angu, quiabo frito, arroz e tutu de feijão. No fim da tarde, o som
da sanfona chamava para encerrar o serviço e o forró levantava a poeira na pista de chão batido.
As festas de roça alegravam a vida das pessoas. Eram feitas em ranchões, cobertos co
folhas de coqueiro e iluminadas por lamparinas. Minha mãe preparava e doava pratos deliciosos
- as prendas - que eram disputados na hora do leilão. Vestidos com roupas de chita, íamos com a
intenção de dançar a noite inteira, mas, quando acabava o querosene das lamparinas, a escuridão
colocava fim à festa daquela noite.E era só esperar pela próxima...
A vida simples na roça me ensinou a dar valor a essas reuniões de amigos e de familiares, a
respeitar os mais velhos, a pedir a benção aos pais até na hora de dormir, a dar a palavra em nome
da honra, e me ensinou também que a história da nossa vida se mistura à história do nosso lugar.
Hoje, muito desses valores já não existem. E os lugares também não existem.
Depois de muitos anos, voltei à fazenda à fazenda onde nasci. esperava encontrar, ao me-
nos, as paredes da velha casa, alguma árvore do pomar ou então saborear as doçuras do Cerrado,
tudo numa tentativa de encontrar ali um restinho da minha antiga felicidade. Não restou nenhu-
ma árvore e o riacho banhou minha infância estava morrendo, quase seco. O meu lugar se foi e
agora só existe em minha memória.
Se tem um desejo?
Voltar aos tempos de criança e viver tudo de novo!
(Elissama Miller da Silva Mota)
Observe, com as partes destacadas em amarelo no texto, que a temática de memórias de infân-
cia e da mudança de valores em tempos de globalização é bem sintetizada pelo título escolhido
pela autora e que no decorrer de todo o memorial ela é sempre retomada para garantir um todo
coerente.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
E os parágrafos?
Observe como cada um deles aborda um assunto diferente (tópico discursivo), mas relacionado
ao tema central:
» 1º PARÁGRAFO:
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infância, em tempo de seca.
» 2º PARÁGRAFO:
» 3º PARÁGRAFO:
Descreve como eram os sabores da infância com a localização da casa em meio a um pomar.
» 4º PARÁGRAFO:
» 5º PARÁGRAFO:
» 6º PARÁGRAFO:
» 7º PARÁGRAFO:
» 8º PARÁGRAFO:
» 9º PARÁGRAFO:
» 10º PARÁGRAFO:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» 11º PARÁGRAFO:
Também composto por uma única frase declarativa – Responde a sua própria inda-
gação.
Essa é uma estratégia para se manter a unidade temática por meio do que chamamos de pro-
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sua progressão.
do tema é um texto coerente (detalhamento na unidade 4). Portanto, para se manter a unidade
!
CAMPO LEXICAL
DE UM MESMO RADICAL:
Exemplo:
Byte...
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Retorne ao texto B “Valor da infância” e observe que a palavra “infância”, bem como outras desse
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letânea de textos sobre a temática em questão para que ele desenvolva a escrita, estamos dizendo
que é preciso ter o que dizer para dizer. Afinal, qualquer um teria dificuldade em escrever sobre
algo que não conhece, não é verdade? Por isso, é ofertado um mínimo de conteúdo sobre o tema
para que o candidato que não tenha conhecimento do tema, consiga elaborar um texto e para o
que conheça consiga ampliar e desenvolver seu texto de acordo com a proposta da questão.
Da mesma forma ocorre em relação a leitura. Quando lemos algum texto que trata de um assunto
que conhecemos a compreensão fica muito mais fácil. Ao contrário, quando lemos a respeito de um
assunto que nunca, ou pouco vimos, precisamos fazer um esforço muito maior para compreendê-lo.
Isso está relacionado aos conhecimentos prévios ou às informações que temos guardadas em nos-
sa mente e que acionamos quando precisamos. Esses conhecimentos prévios podem ter sido ad-
quiridos a partir da vivência, das leituras que fizemos, da relação com o outro, enfim. O interessante
é que todo esse conhecimento armazenado sempre se renova, se amplia, se modifica, ou até mes-
mo se perde (esquecemos) se não for acionado. Eles são fundamentais, pois contribuem para que
possamos fazer inferências, ou seja, para que possamos construir compreensões a partir do que
"
No livro “Texto e leitor – aspectos cognitivos da leitura”, Ângela Kleiman (2002, p.13) afirma que
vida.
" 21
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Você assistiu a
noticiários na TV
sobre isso? Leu
alguma coisa na
internet ou redes
sociais?
O que é isso?
O que dá para
concluir com isso?
subitem 1.3. Ao mesmo tempo em que elas colaboram para a manutenção da unidade temática e
progressão do texto, elas indicam e sintetizam a temática. Podem ser palavras ou expressões.
Para exemplificarmos, vamos recorrer ao texto C: “Por uma globalização mais humana”, de Milton
Santos.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Como já abordamos, o título nos ajuda a identificar, inicialmente, o conteúdo global do texto. Logo, fica
fácil perceber que o conteúdo refere-se à “globalização”. Para identificarmos as palavras e ideias chaves,
vamos procura-las buscando responder a seguinte pergunta: O que é globalização, segundo o texto?
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Milton Santos
Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso
técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico baseado na importância obtida pela tecnologia,
a chamada ciência da produção.
Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensáve à produ-
ção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o co-
nhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.
Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos - a competitividade.
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qual-
quer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na reaidade, as relações cha-
madas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas
transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrá-
rio do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num
mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.
A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globaização perversa. Ela está sendo tanto
mais perversa porque as enormes possibilidaes oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não
estão sendo adequadamente usadas.
Não cabe, todavia, perder a esperança porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20,
se usados de uma outra maneira, bastariam para reproduzir muito mais alimentos do que a popua-
lação atual necessita e, aplicadoa à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.
Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos
e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É pos-
sível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro
tipo de globalização.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Veja que procuramos por palavras que respondessem sinteticamente à pergunta ou que fossem
Depois de marcarmos as palavras ou expressões relativas ao tema do texto, com nossos conhe-
cimentos prévios (linguísticos, textuais e de mundo) e com os adquiridos com a leitura do texto,
que promove um consumo excessivo e uma competitividade que reforça desigualdades e que é
perversa.
Diante disso, como palavras chaves que sintetizam as ideias do texto podemos elencar: internaciona-
semânticas que contribuem para uma leitura, uma análise e uma interpretação mais eficiente de
um texto. Mas ainda tem alguns outros aspectos que são importantes conhecermos e diferen-
ciarmos, tendo em vista que eles contribuem para a construção de sentidos, para o efeito estilís-
Como já foi explicado o que é campo lexical, explicarei agora o que é campo semântico, pois não
"
são a mesma coisa. Embora parecidos, apresentam distinções significativas. Para facilitar, vejamos
24
"
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
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campo/área de conheci-
mento
» POLISSEMIA:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
rência a algo, a alguém, a fatos, a eventos, a sentimentos (referenciação), sem ser repetitivo, e man-
Observe como no trecho do texto C, a seguir, a temática da globalização é retomada com o uso de sinônimos:
[...]
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece
em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o que acontece em
todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações
chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empre-
sas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
[...]
E como no mesmo trecho o autor faz uso do hiperônimo com a expressão "organização interna-
cionais" referindo-se "... a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas trans-
nacionais..."
[...]
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma escala global. Na realidade, as relações
chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empre-
sas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Seguimos com a leitura, análise e interpretação de textos dando uma atenção especial à intertex-
tualidade.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
É nesse plano do conteúdo que o diálogo, ou a referência a outro enunciado aparece, formando o
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intertextualidade - interação
Todos nós carregamos uma bagagem vivencial que nos permite fazer comparações de uma coisa
ções que se evidenciam incompletas, fazer avaliações que vão ao encontro de nossos gostos, dese-
jos, sentimentos e tirar conclusões daquilo que vivemos. Tais habilidades cognitivas também são
Quantas vezes você já leu ou viu algo que te fez lembrar de uma outra coisa (outra história
que leu, algum acontecimento vivido por você ou que ficou sabendo)?
Isso é muito comum, pois estamos rodeados de textos e vivemos no mundo da linguagem.
Portanto, a intertextualidade nos permite atribuir novos sentidos ao texto, fazer relações de um
caso o leitor não tenha a experiência com outras leituras do campo temático abordado. Quantas
vezes também você já leu ou viu algo do qual não entendeu nada? Isso também é muito comum,
pois nem sempre temos a bagagem vivencional sobre os mais variados temas.
leitor/consumidor, bem como vimos no texto A. E todos os enunciados podem ser relacionados a
outro se considerarmos que eles nunca são novos. Observe as imagens abaixo e as intertextualida-
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
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intenção, uma finalidade. Logo, somos um emissor ou destinador, que dirige uma mensagem (con-
junto de informações) referente a algo (situação, contexto), a alguém (receptor ou destinatário), por
meio de um canal de comunicação (meio físico que permite a comunicação: televisão, rádio, jornal,
Portanto, emissor, receptor, código, mensagem, referente e canal são elementos constitutivos do ato
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
A partir desses elementos da comunicação e acordo com as nossas intenções, configuram-se seis
funções da linguagem:
Palavra-chave: Receptor, pois tem como objetivo influenciar o receptor ou destinatário, com
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» FUNÇÃO APELATIVA:
» EMOTIVA
SAMBA EM PRELÚDIO
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Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar.
[...]
Vinícius de Moraes
» FÁTICA
Palavra-chave: canal, pois tem como foco principal o contato entre o emissor e o receptor.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» METALINGUÍSTICA
típica das gramáticas e dicionários que utilizam a escrita para falar das regras ou significados
dela própria.
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» POÉTICA
objetivo de torna-la diferente, surpreendente, com expressões fora das habituais, fugindo da
Diferentemente da função emotiva que tem como objetivo emocionar o leitor, a função po-
ética se importa mais com a mensagem em si e a forma de como ela será transmitida. As
palavras são usadas no sentido figurado (sobre sentido figurado ver Unidade 2).
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
Observe que, na manchete da notícia, o foco está no assunto “redução do pó preto”, ou seja, no
referente.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Em síntese:
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Poética Mensagem Valorizar o Texto
Referencial Referente Transmitir Informação
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
RESUMO
Os textos têm um modo de organização específico que pode ser identificado em um
» Tema,
» Título e
» Parágrafo.
gerais do texto.
de ligação que dão o encadeamento ao texto são fundamentais para se manter a uni-
» Linguístico,
» Textual e
» De mundo.
» POLISSEMIA:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» SINONÍMIA:
(preto = negro)
» ANTONÍMIA:
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(frio – quente)
» HIPERONÍMIA:
Sentido mais abrangente atribuído a uma palavra em seu campo semântico (animal = gato,
leão, cobra...)
» PARONÍMIA:
(cavaleiro – cavalheiro)
» INTERTEXTUALIDADE:
» EMOTIVA:
» FÁTICA:
» METALINGUÍSTICA:
35
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» POÉTICA:
» REFERENCIAL:
36
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
REFERÊNCIA:
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
revista. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2002.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção
OLIVEIRA, Luciano Amaral (org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São Paulo:
37
2
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO
E FIGURAS DE LINGUAGEM ASSOCIADAS
AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
2.1 Denotação e Conotação 41
2.2 Denotação e conotação 42
2.3 Figuras de linguagem 42
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
É... a primeira unidade ficou bem extensa, pois a temática prescindiu de muitos textos para que
você pudesse exercitar a leitura, análise e interpretação de textos associados aos temas gerais de
Nessa segunda unidade, perceberá que os assuntos retomam ou se relacionam com os outros,
Para iniciarmos, apresento a você um diálogo humorístico com o qual começará a entender essa
O sujeito questiona:
E o caipira responde:
Disponível em https://orkutudo.com/whatsapp/grupos/passa-onibus-na-
-porta/1290/1/755/gostara, acesso em 06 out. 2019.
40
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
Você deve ter percebido como, no diálogo anterior, os interlocutores atribuem sentidos diferentes
O moço da cidade utiliza essa expressão fazendo referência ao ônibus passar na frente da casa
(porta), o que é muito comum de se dizer na vida urbana. Logo, ele atribuiu à expressão um senti-
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do figurado, ou seja, um sentido que só pode ser compreensível em situações particulares de uso,
em um determinado contexto.
Já o moço da roça (caipira) entende como se o ônibus fosse passar através da porta da casa que
ele estava alugando. Assim, quando ele responde que já viu passar geladeira, fogão, sofá... ele atri-
bui à expressão um sentido literal, ou seja um sentido primário, exato, sem contexto.
Para deixarmos ainda mais claro, trazemos algumas frases muito utilizadas cotidianamente e
A primeira frase, por exemplo, assume o sentido figurado, pois em uma festa as pessoas, normal-
mente, não “metem o pé na jaca”. Essa expressão surgiu para indicar que a pessoa curtiu muito,
aproveitou.
Da mesma forma depreendemos com as outras frases em que os sentidos são figurados, pois
41
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
Quando usamos uma palavra/expressão no sentido figurado, estamos atribuindo a ela um sen-
E quando usamos uma palavra/expressão no sentido literal, estamos atribuindo a ela um sen-
» Entonação,
» Humor,
» Intensidade,
» Beleza,
42
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
» Leveza etc.
Por isso, elas também são denominadas de figuras de estilo, pois conferem ao enunciado o estilo
Se você fizer uma busca rápida por esse assunto na internet verá que são muitas as figuras de lin-
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guagem e que existem diferentes maneiras de classificá-las. No entanto, para este estudo serão
apresentadas as que eu julgo como principais, as que têm o termo mais utilizado cotidianamente.
COMPARAÇÃO
É o emprego de palavras no sentido figurado com a intenção de comparar uma coisa com a ou-
tra. Emprega-se nexos comparativos (como, tal, qual, assim como, etc.)
EXEMPLO:
Eles não têm ideal: são como folhas levadas pelo vento.
METÁFORA
É o emprego figurado de uma palavra ou expressão com tom emotivo, ou seja, é o uso de termos
EXEMPLOS:
METONÍMIA
É a troca de palavras quando uma evoca a outra, pois há estreita relação de sentido.
Nas horas de folga lia Machado de Assis. ( = lia a obra literária de Machado de Assis.)
43
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
Moro no campo e como do meu trabalho. ( = Moro no campo e como o alimento que produzo.)
Bebeu o cálice/a taça todo. ( = Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)
Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. ( = Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. ( = As mulheres foram cha-
44
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
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Exemplos adaptados, retirados de:
https://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil3.php e de Cegalla (2010).
PERSONIFICAÇÃO
Também denominada de prosopopeia ou animação, é quando se atribui vida, ou características
EXEMPLOS:
HIPÉRBOLE
É o emprego de palavras no sentido exagerado, criando um efeito expressivo ampliado, desmedido.
EXEMPLOS:
EUFEMISMO
Ao contrário da hipérbole, o eufemismo suaviza uma expressão com termos mais agradáveis,
mais delicados.
EXEMPLOS:
45
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
ANÁFORA
É a repetição de palavras ou expressões no começo de várias frases para tornar expressiva a men-
EXEMPLO:
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COMIDA
Titãs
Bebida é água!
Comida é pasto!
Diversão e arte
Diversão, balé
[...]
ANTÍTESE
É a contraposição, ou seja, no uso de palavras que expressam ideias opostas, mas que seu sentido
EXEMPLO:
46
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
PARADOXO
Também conhecido como oximoro, é a oposição de ideias em relação a um mesmo referente.
EXEMPLOS:
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
“Eu aprendi que pra te prender é só deixar a porta aberta...”
IRONIA
É quando utilizamos uma palavra no sentido contrário ao verdadeiro sentido que queremos.
EXEMPLO:
Que beleza! (Quando nos deparamos com uma situação ruim, horrível)
PLAT!
ONOMATOPEIA
P OW !
É a formação de uma palavra a partir da imitação/reprodução de:
S
» Sons,
OO
O M ! NG
A ! 47
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
ZO OOM !
BANG!
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CATACRESE
É a utilização de uma determinada palavra, fora do seu contexto original, para nomear, de modo
EXEMPLOS:
» Pé da mesa
» Dente de alho
» Braço da poltrona
» Céu da boca
» Cabeça de prego
» Fio de azeite
» Batata da perna
» Maçã do rosto
» Boca da garrafa
48
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
GRADAÇÃO
É o uso sequenciado de palavras na exposição de um enunciado com uma mesma ideia.
EXEMPLOS:
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
AMBIGUIDADE
Também conhecido como polissemia, é o duplo sentido atribuído a uma palavra ou expressão, ou
que admite mais de uma interpretação ou gera dúvidas enquanto ao seu significado.
EXEMPLO:
Carlos disse ao amigo que havia chegado. (Quem havia chegado? Pedro ou o amigo?).
Mais especificamente, a polissemia refere-se aos vários sentidos de um enunciado como é o caso
PLEONASMO
É quando se repete uma palavra ou expressão na frase com outra de mesmo sentido, o que torna
EXEMPLO:
PLEONASMOS VICIOSOS:
» Hemorragia de sangue
» Duas metades
» Ambos os dois
» Verdade verdadeira
» Fato real
» Propriedade característica
49
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
» Encarar de frente
» Retornar de novo
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
SINESTESIA
É o uso de palavras que nos rementem aos sentidos:
» Visão,
» Audição,
» Tato,
» Paladar,
» Olfato.
EXEMPLO:
Como pode ver, são muitas as figuras de linguagem. No entanto, ainda existem outras as quais
» Antonomásia,
» Perífrase,
» Anacoluto,
» Elipse,
» Polissíndeto,
» Silepse,
» Aliteração,
» Assonância,
» Paranomásia, etc.
50
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
RESUMO:
A DENOTAÇÃO quer dizer que a palavra é empregada no SENTIDO LITERAL.
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
FIGURA PALAVRA-CHAVE EXEMPLO
51
UNIDADE 2 :
SENTIDO DENOTATIVO, CONOTATIVO E FIGURAS DE LINGUAGEM [...]
REFERÊNCIA:
CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48ª edição
52
3
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS
AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Continuando nossos estudos sobre os elementos que integram a linguagem como um todo, pas-
saremos agora para a parte que trata das características dos textos, percebíveis na forma e no
conteúdo.
Então, primeiramente é preciso ter em mente que nos comunicamos por meio de textos, ou seja,
produzimos textos para interagir com alguém e isso responde a pergunta “Para que produzi-
mos textos?”.
noção de texto e passamos a entende-los como discursos. Então também indiciamos que há algo
entre texto e discurso. Mas vamos nos ater em saber o que é um texto e se uma palavra pode ser
considerada um texto.
Se já sabemos que nos comunicamos por meio de textos então o que precisa ser ou ter
Estudiosos da área da comunicação vão dizer isso (vimos isso na unidade 1), mas estudiosos da
linguagem, tipo Bakhtin, vão dizer que é preciso ter “interação verbal”. Então, uma palavra pode
ser um texto?
Sim, desde que ela esteja numa situação de comunicação, que ela esteja num contexto de produ-
VAMOS EXEMPLIFICAR:
A palavra “chuva” se eu a disser agora não tem sentido. Mas se eu estou aqui conversando
com você, olho para a janela, e digo a palavra com uma entonação de pergunta, então ela
passa a ter sentido e a se configurar como um texto, porque transmitiu uma mensagem e
54
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
É lógico que não nos comunicamos por palavras soltas, mas por um encadeamento de palavras
que vão externar aquilo que queremos dizer. Também conseguimos perceber que para cada situ-
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
VEJAMOS:
O modo como contamos uma piada ou um caso que aconteceu conosco eventualmente se
dá da mesma forma do modo quando estamos numa entrevista de emprego, por exemplo?
Ainda, o modo como escrevo no WhatsApp para uma amiga, alguém íntimo, é diferente da forma
mas essas já nos bastam para dizer que os textos são diferentes e que se diferem pela situação de
comunicação (ou seja onde estou, o conteúdo temático do que comunico e como eu comunico),
pelo interlocutor (ou seja, com quem eu falo) e pelo objetivo da comunicação (ou seja, para que
eu falo).
55
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
São exatamente esses diferentes modos de produção que são conhecidos como gêneros textu-
ais. Consideramos, embasados em Koch e Travaglia (2000), que têm como base os estudos de
Bakhtin, que o texto é uma unidade linguística concreta, que é tomada pelos usuários da língua
Nos livros didáticos para o ensino da Língua Portuguesa, em propostas curriculares e em textos
teóricos é muito comum vermos a referência aos tipos de textos, ou tipologia textual. É com base
"
Avançando para o subtema 3.2, compreenderá melhor.
56
"
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Constructos teóricos definidos por propriedades Realizações linguísticas concretas definidas por
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
Sua nomeação abrange um conjunto limitado de Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente
categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal,
Narração, argumentação, descrição, injunção e exposição. telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, aula
policial, etc.
Para este estudo, veja algumas características básicas dos cinco tipos textuais apresentados por
Marchuschi (2005):
» Descrição, quando o que se busca e caracterizar, dizer como é o objeto, a situação, a pes-
mentar, conceituar, expor posicionamentos, pontos de vistas, para dar a conhecer, para fa-
» EXPOSIÇÃO, quando o que se quer é expor dados, apresentar teorias, conceitos, informa-
ções.
» INJUNÇÃO, quando o que se busca é incitar a realização de uma ação por parte do inter-
57
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
TIPOLOGIAS GÊNEROS
DESCRITIVA:
» Liga-se a nossa percepção de espaço; Conto de fadas; Poema (Descritivo), Fábula; Biografia
» Permite ao leitor construir um retrato mental; Romanceada; Romances; Contos; Crônicas: Literária, So-
» Possui uma estrutura simples com um verbo estático cial, Esportiva; Noticia; Reportagem; Casos Contados em
no presente do indicativo ou no pretérito perfeito do Rodas de Amigos etc.
indicativo;
» Adjetivos, advérbios de lugar e de modo;
» Caracteriza uma pessoa, uma paisagem, um ambien-
te, um objeto;
ARGUMENTATIVA:
» Liga-se ao ato de julgar e a tomada de posição; Artigos de opinião; Carta de Leitor; Carta de Reclama-
» Realiza-se por meio de conectores lógicos; ção; Carta de Solicitação; Debate Regrado; Discurso de
» Predominam as sequências contrastivas explícitas. Defesa (advocacia); Discurso de Acusação (advocacia);
» Além de muitas outras relações, expõem-se ideias Resenha Crítica; Editorial; Ensaio etc.
para convencer o leitor/ouvinte de certos posiciona-
mentos.
EXPOSITIVA:
» E caracterizada pela intenção de facilitar a compre- Seminário; Conferência; Comunicação Oral; Palestra;
ensão do leitor/ouvinte através de informações que Entrevista de Especialista.
normalmente são feitas por meio de texto expositivo Predominam as sequências explicitamente explicativas,
(em livro didático); artigos científicos, notícias jornalísticas, verbetes de en-
» Pode ocorrer em trechos de: afirmações e logicidade ciclopédias. Também em trechos informativos de outros
na ordenação de conceitos, entre outros aspectos; gêneros, como romances, relatórios e cartas.
INJUNTIVA
» Liga-se a previsão de comportamento por meio de Anúncios e peças publicitárias;
enunciados incitadores à ação. Receitas de culinária, Instruções de uso;
» Concretiza-se por meio de verbos no imperativo ou de Instruções de montagem, Regras de utilização; leis; re-
perguntas e de expressões congeladas de cumprimento. ceitas de culinária, Guias; regras de trânsito, obrigações a
» Direta ou indiretamente, se instrui ou se orienta o cumprir/ normas de conduta etc.
leitor/ouvinte, visto como aquele que pode tomar uma
decisão ou realizar algo.
58
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Por que muitas vezes classificamos o gênero notícia como texto narrativo?
» Equilíbrio Inicial;
» Instauração de um conflito;
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Ou seja, para a tipologia textual, o que define um tipo de texto é a sua característica, ou a sua
estrutura predominante.
"
Em contrapartida, para os gêneros discursivos, segundo Bakhtin (2003, p. 277)
"
Por isso também que muitas vezes ficamos confusos em classificar um determinado texto em
uma tipologia textual, pois eles podem apresentar partes com características tipológicas diferen-
tes, mistas.
Com o intuito de exemplificar esses modos de organização dos textos (tipos e gêneros) é que
seguimos para o subitem 3.3, onde você compreenderá melhor o que está sendo abordado nesta
unidade.
NARRAÇÃO
É contar histórias, oralmente ou de forma escrita. Logo, as narrativas são textos com a exposição
De acordo com Gancho (2003), toda narrativa tem elementos fundamentais, que são:
59
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
» ENREDO:
Conjunto de fatos da história, marcados por u conflito que é dividido em partes (exposição,
» PERSONAGENS:
Ser fictício (ou não) que é responsável pelo desempenho do enredo. Quem faz a ação. Eles
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Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha es-
cura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos
cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre
escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos pa-
dres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Enta-
ladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bor-
dava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo.
Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas,
esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso
não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a
triste criança, gritava logo nervosa:
— Quem é a peste que está chorando aí?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da cri-
minosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do
quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero.
— Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou
frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente as-
sustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a
pontapés. Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por
ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava
ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com
pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa
senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta.
[...]
60
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
» ESPAÇO:
Lugar físico onde se passa a ação de uma narrativa, situando as ações dos personagens (es-
paço fechado, aberto, espaço urbano, rural, na escola, na praça, em casa, na rua, etc.)
Para designar um espaço “psicológico”, “social”, “econômico” etc. Gancho (2003) emprega
o termo ambiente.
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
» TEMPO:
Época que se passa a história, duração da história (curta, longa, horas, dias), cronológico (tem-
po que transcorre na ordem natural dos fatos) ou psicológico (tempo que transcorre numa
» NARRADOR:
Elemento estruturador da história, é aquele que a conta. Pode ser a terceira pessoa (ele/ela),
estando fora dos fatos narrados (narrador observador) ou a primeira pessoa (eu - narrador
OBSERVE OS EXEMPLOS:
"
Com narrador observador (extraído de Gancho - 2003):
da mesa. Foi então que deu com os olhos de Pedro e daí por
" 61
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
pareciam quando findava a dor. Certa vez minha mãe surrou-me com uma
corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, vi-
rando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos
vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de
sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, conde-
nou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem
querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó. Se não fosse ele,
a flagelação me haveria causado menor estrago. E estaria esquecida. A his-
tória do cinturão, que veio pouco depois, avivou-a.
Meu pai dormia na rede, armada na sala enorme. Tudo é nebuloso. Pare-
des extraordinariamente afastadas, rede infinita, os armadores longe, e meu
pai acordando, levantando-se de mau humor, batendo com os chinelos no
chão, a cara enferrujada. Naturalmente não me lembro da ferrugem, das ru-
gas, da voz áspera, do tempo que ele consumiu rosnando uma exigência. Sei
que estava bastante zangado, e isto me trouxe a covardia habitual. Desejei
vê-lo dirigir-se a minha mãe e a José Baía, pessoas grandes, que não leva-
vam pancada. Tentei ansiosamente fixar-me nessa esperança frágil. A força
de meu pai encontraria resistência e gastar-se-ia em palavras.
Não consigo reproduzir toda a cena. Juntando vagas lembranças dela a fa-
tos que se deram depois, imagino os berros de meu pai, a zanga terrível, a
minha tremura infeliz. Provavelmente fui sacudido. O assombro gelava-me
o sangue, escancarava-me os olhos.
62
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Onde estava o cinturão? Hoje não posso ouvir uma pessoa falar alto. O co-
ração bate-me forte, desanima, como se fosse parar, a voz emperra, a vista
escurece, uma cólera doida agita coisas adormecidas cá dentro. A horrível
sensação de que me furam os tímpanos com pontas de ferro.
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Onde estava o cinturão? A pergunta repisada ficou-me na lembrança: pare-
ce que foi pregada a martelo.
Havia uma neblina, e não percebi direito os movimentos de meu pai. Não o
vi aproximar-se do torno e pegar o chicote. A mão cabeluda prendeu-me, ar-
rastou-me para o meio da sala, a folha de couro fustigou-me as costas. Uivos,
alarido inútil, estertor. Já então eu devia saber que gogos e adulações exaspe-
ravam o algoz. Nenhum socorro. José Baía, meu amigo, era um pobre-diabo.
Achava-me num deserto. A casa escura, triste; as pessoas tristes. Penso com
horror nesse ermo, recordo-me de cemitérios e de ruínas mal-assombradas.
Cerravam-se as portas e as janelas, do teto negro pendiam teias de aranha.
Nos quartos lúgubres minha irmãzinha engatinhava, começava a aprendiza-
gem dolorosa.
O suplício durou bastante, mas, por muito prolongado que tenha sido, não igua-
lava a mortificação da fase preparatória: o olho duro a magnetizar-me, os gestos
ameaçadores, a voz rouca a mastigar uma interrogação incompreensível.
Solto, fui enroscar-me perto dos caixões, coçar as pisaduras, engolir solu-
ços, gemer baixinho e embalar-me com os gemidos. Antes de adormecer,
cansado, vi meu pai dirigir-se à rede, afastar as varandas, sentar-se e logo se
levantar, agarrando uma tira de sola, o maldito cinturão, a que desprendera
a fivela quando se deitara. Resmungou e entrou a passear agitado. Tive a
63
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
» TEMA:
» ASSUNTO:
Concretização do tema, isto é, como o tema aparece desenvolvido no enredo. Pode-se iden-
substantiva) concreto(a).
» MENSAGEM:
DESCRIÇÃO
Descrição é caracterizar algo, fazer o detalhamento, a representação oral ou escrita de. Logo, tex-
animal, etc., de modo que o leitor consiga criar mentalmente a imagem do que foi descrito.
Um texto descritivo é rico em adjetivos, substantivos e locuções adjetivas. Ele não apresenta ações
realizadas e não situa o leitor no tempo (como vimos isso caracteriza a narrativa), mas pode fazer
referência as atividades realizadas por um profissional, bem como veremos no exemplo. Dessa
64
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
forma, a descrição pode ser feita de forma objetiva ou subjetiva. Veja como Duarte (s.d) difere:
Na descrição objetiva, como literalmente ela traduz, o objetivo principal é relatar as características
A subjetiva perfaz-se de uma linguagem mais pessoal, na qual são permitidas opiniões, expressão
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de sentimentos e emoções e o emprego de construções livres em que revelem um “toque” de
É muito comum, em editais de concurso público, a descrição das atribuições dos profissionais a
FUNÇÃO: ADVOGADO
ESCOLARIDADE EXIGIDA :
Graduação em Direito, Fixado na forma da Lei Estadual Nº 15.050 de 12/04/2006.
FONTE: http://www.uel.br/prorh/carreira/classe_1/advogado.pdf
Nota-se que é diferente de uma descrição em prosa, bem como foi mostrado nos fragmentos
que descrevem as personagens no conto Negrinha, de Monteiro Lobato, na seção narrativa desta
65
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
unidade.
Por isso, é importante dizer que dificilmente encontraremos um texto todo descritivo, sendo mui-
to mais provável encontrarmos trechos descritivos em outros tipos de texto. É dessa forma que os
DISSERTAÇÃO/ARGUMENTAÇÃO
Dissertação é a apresentação de um tema, explicando-o, enquanto argumentação é defender
a temática e defende uma opinião baseada em fatos comprobatórios, referência a autores que
também discutem a temática e em dados de pesquisas. Tem uma estrutura bastante rígida, divi-
» INTRODUÇÃO
No início da dissertação, é necessário que o autor deixe claro qual é o assunto abordado no
texto e, além disso, qual será a tese - ou ponto de vista - a ser defendida.
» ARGUMENTAÇÃO
que, por meio da análise de provas ou fundamentos, confirma o ponto de vista do autor.
» CONCLUSÃO
problemática.
66
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
sertações (mestrado) e teses (doutorado). Por isso a linguagem deve obedecer à norma culta
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conhecimentos com base em argumentos de diversas áreas, estabelecendo uma relação entre a
do Enem, em 2017 e 2018, cujos temas foram “Desafios para a formação educacional de surdos no
67
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
68
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Nesse sentido, urge que o Estado, por meio de envio de recursos ao Ministé-
rio da Educação, promova a construção de escolas especializadas em defi-
cientes auditivos e a capacitação de profissionais para atuarem não apenas
nessas escolas, mas em instituições de ensino comuns também, objetivan-
do a ampliação do acesso à educação aos surdos, assegurando a estes, por
fim, o acesso a um direito garantido constitucionalmente. Outrossim, ONGs Conclusão com
devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a popu- proposta de inter-
lação acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfati- venção
zando em mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria
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capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse
concedido a este o direito à educação e à equidade de tratamento, por meio
da difusão do uso de libras. Dessa forma, o Brasil poderia superar os desafios
à consolidação da formação educacional de surdos.
Fonte: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/enem/conheca-as-redacoes-nota-mil-
-enem-2018/345063.html
https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2017.ghtml.
EXPOSIÇÃO
Exposição é a apresentação de informações sobre um determinado objeto ou fato. Trata-se de
um texto usado para apresentar informações, características, permitindo que o leitor identifique
» TEXTOS DE DIVULGAÇÃO:
São aqueles em que o tema tratado se dirige a toda população, como um artigo de história
em uma revista escolar, os conteúdos de Wikipédia ou até mesmo os artigos que compõem
este site.
» TEXTOS ESPECIALIZADOS:
São direcionados para um tipo de leitor que já tem algum conhecimento prévio, por exem-
plo, um artigo de história em uma publicação universitária, uma tese doutoral ou um rela-
tório pericial.
69
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Eles tem uma linguagem clara, objetiva, não apresenta a opinião do autor e se estrutura, na maio-
ria das vezes, em torno de uma apresentação, de um desenvolvimento e de uma conclusão. Veja
nos exemplos a seguir como a informação é clara e informativa, apresentando a temática da ofer-
Fonte: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=81121
70
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
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FONTE: http://socioambiental-diocesesjc.blogspot.com/2016/02/lanca-
INJUNÇÃO
O texto injuntivo, também chamado de instrucional, indica um procedimento para realizar algo.
Alguns exemplos, como visto anteriormente, são a bula de um remédio, um manual de instruções
Pizza
1 pitada de sal
71
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UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
RESUMO:
Para que um enunciado se constitua como um texto é necessário que ele esteja numa situa-
Os textos se diferem pela situação de comunicação (ou seja onde estou, o conteúdo
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temático do que comunico e como eu comunico), pelo interlocutor (ou seja, com quem
Esses diferentes modos de produção que são conhecidos como gêneros textuais.
» Narrativo,
» Descritivo,
» Argumentativo,
» Expositivo e
» Injuntivo.
Pode-se dizer que um gênero textual pode conter uma ou mais tipologias textuais.
Para os gêneros crônica, romance, fábula, piada, contos de fadas, entre outros, a tipolo-
tipologia injuntiva.
73
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
REFERÊNCIA:
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
CALDAS, Lilian Kelly. Trabalhando tipos/gêneros textuais em sala de aula: uma estra-
tégia didática na perspectiva da mediação dialética. IBILCE/Unesp. São José do Rio Pre-
DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. O texto descritivo; Brasil Escola. Disponível em:
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 7. Ed. Série Princípios. São Paulo:
Ática, 2003.
Textuais e ensino. Organizado por Angela Paiva Dionísio, Anna Rachel Machado e Maria
MARICONI, Italo (Org.). Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de janeiro:
Objetiva, 2001.
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto-dissertativo-argumentativo.htm. Acesso
em 09 de outubro de 2019.
74
UNIDADE 3 :
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOLOGIA ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Sueli Cristina (org.). Língua Portuguesa pesquisa e ensino – Vol. II. São Paulo: EDUC/
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75
4
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E
COERÊNCIA) ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
4.1 Coesão 79
4.2 Coerência 80
Até agora você teve acesso a diversos conhecimentos de composição estrutural e semântica de
textos. Esses conhecimentos, aliados a práticas de leitura e de escrita, bem como a reflexão sobre
Entretanto, não existe uma “fórmula mágica” que nos ensine a escrever um bom texto. Mas assu-
mir uma postura crítica diante do que nos é apresentado e dominar alguns recursos linguísticos
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Quer dizer que devemos organizar nosso discurso(texto) em parágrafos textuais (partes) garan-
Para tanto, a concisão, a correção e a clareza são qualidades que você deve cultivar quando for
Pensando assim você já deu um grande passo para que seu texto seja compreensível e acessível
aos mais diversos leitores. Outro passo seria dar a ele unidade de sentido, ou melhor, coesão e
coerência.
São coisas diferentes, de modo que um texto coeso pode ser incoerente. Ambas têm em comum
o fato de estarem relacionadas com as regras essenciais para uma boa produção textual.
A coesão textual tem como foco a articulação interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a coe-
78
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
4.1 COESÃO
A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação
entre frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora com sua organização e ocorre por
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CONECTIVOS são palavras ou expressões que
COESÃO REFERENCIAL:
Esse tipo de coesão diz respeito ao uso de termos que retomam vocábulos ou expressões que já
ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos.
Quando há termos que retomam outros no texto, temos coesão referencial. Sobre esse assunto
COESÃO SEQUENCIAL:
Esse tipo de coesão diz respeito ao uso de termos que fazem o texto ‘andar”, ou seja, promove a
sequência do texto.
Mas antes, leia as frases e tente identificar por que elas nos causam estranheza.
» Maria saiu para ir ao supermercado, como estava chovendo, porém retornou ao seu quarto
79
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
É como se o nó não estivesse atado. Não tem uma “amarração” lógica das ideias.
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4.2 COERÊNCIA
FONTE: http://metropolerevista.com.br/gente/entrevista-e-perfil/tiago-silva-mente-inquieta/1616
80
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
Texto coerente é aquele que não se contradiz, mas que promove os sentidos de forma eficaz a
fim de tornar a comunicação mais clara. O que chamamos comumente de ser coerente ao se
produzir um texto, é apresentar um raciocínio lógico e manter em seu texto a unidade de sentido.
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lhado pelos interlocutores;
» Domínio das regras que norteiam a língua: isto vai possibilitar as várias combinações dos
elementos linguísticos;
al/ :
Fui ao médico e ele me recomendou repouso e uma alimentação mais saudável, porque eu não
estou doente.
A frase acima faz sentido para você? Não, porque ela não é coerente. Agora veja:
Fui ao médico e ele me recomendou repouso e uma alimentação mais saudável, apesar de
Veja que a troca do conectivo “porque” pelo “apesar de” alterou completamente o sentido da fra-
Foi um elemento coesivo que interferiu na coerência (sentido) do texto. Por isso, estude o próximo
subitem.
que ela envolve a repetição da mesma unidade lexical ao longo do texto ou a sua substituição por
81
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
por substituição da mesma unidade lexical que garante a coesão do texto. Ou seja, o tema do
texto foi reiterado com palavras e expressões diferentes de modo a se garantir a permanência
temática.
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(Fonte: https://www.stoodi.com.br/redacao/redacao-pronta-mobilidade-ur-
bana/. Acesso em 10 out. 2019).
82
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
Em verde, destacamos a substituição gramatical ocorrida por meio da troca de pronomes, o que
?
E os outros? Faça você um exercícios.
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O que os outros pronomes, destacados em
O pronome relativo que retoma a “valorização exagerada do carro” e “transporte público”, no pri-
meiro parágrafo.
à coesão sequencial.
Esse tipo de coesão diz respeito ao uso de termos que fazem o texto ‘andar”, ou seja, promove a
sequência do texto.
CAUSA:
Porque, que, uma vez que, já que, por isso que, porquanto, visto que, por, por causa de, em vista
OPOSIÇÃO:
» SUBORDINAÇÃO CONCESSIVA (ocorre mudança no verbo): embora, muito embora, por
mais que, por menos que, apesar de, a despeito de, não obstante etc.
83
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
CONDIÇÃO:
caso, desde que, contanto, uma vez que, sem que etc.
CONCLUSÃO:
logo, portanto, por conseguinte, assim, então, de modo que, em vista disso, pois (antes do verbo)
84
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
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a condenar os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas
e também a pressionar as empresas para a observância de requisitos am-
bientais e exigindo à entidades reguladoras, legislativas e governamentais a
produção de quadros legais apropriados e a vigilância da sua aplicação.
Você certamente já estudou no ensino médio sobre orações coordenadas e orações subordinadas.
Veja no quadro a seguir a classificação dos articuladores perante a ideia (sentido) que eles trans-
85
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
Conclusivas logo, portanto, por isso, assim, por Possui um bom histórico profissional, logo
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Explicativas que, porque, porquanto, pois, etc. Não compareci á festa porque
No próximo quadro consta a classificação dos articuladores perante a ideia(sentido) que eles
Causais porque, uma vez que, sendo que, Como estava frio, resolvemos adiar o passeio.
Consecutivas que (precedido de tal, tão, tanto, Tamanho foi o mau desempenho do rapaz,
tamanho), sem que, de modo que, que a empresa optou por não contratá-lo.
Comparativas como, tal qual, que ou do que, assim A menina era delicada era delicada
Concessivas mesmo que, por mais que, ainda Embora gostasse muito dele,
Condicionais se, caso, contanto que, a menos que, Terá seu dia cortado, a menos que apresente
Proporcionais à medida que, à proporção que, Quanto mais agir desta maneira, amsi será
Finais a fim de que, para que, etc. Estudo bastante, a fim de que possa construir
meu futuro.
Como pode ter notado, cada conjunção carrega em si um sentido próprio e pode resumir a ideia
do enunciado. Para este subitem mostramos este quadro representativo, de modo que possa
dos de conjunções. Ainda sobre esse assunto, retomarem-no no subitem 6.3 da unidade 6.
86
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
RESUMO:
Coesão e coerência são mecanismos fundamentais na construção de textos.
ligação entre frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora com sua organiza-
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ção e ocorre por meio de palavras chamadas de conectivos.
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua argumentação
eficácia da leitura.
87
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
ADIÇÃO E, pois, além disso, e ainda, mas também, por um lado … por outro
REAFIRMAÇÃO Nesse sentido, nessa perspectiva, em outras palavras, ou seja, novamente, em suma,
SEMELHANÇA Do mesmo modo, tal como, assim como, pela mesma razão
OPOSIÇÃO / RESTRIÇÃO Mas, apesar de, no entanto, entretanto, porém, contudo, todavia, tampouco, por outro lado
LIGAÇÃO TEMPORAL Atualmente, contemporaneamente, após a década de, antes de, em seguida, até que, quando
OPINIÃO Ao meu ver, creio que, em meu/nosso entender, parece-me que, (in)felizmente, in-
HIPÓTESE A menos que, supondo que, mesmo que, salvo se, exceto se
FINALIDADE Para, para que, com o intuito de, com o objetivo de, a fim de
ESCLARECER (não) significa que, quer dizer, isto é, não pense que, com isto, (não) pretendemos
ENFATIZAR Efetivamente, com efeito, na verdade, como vimos, como pudemos refletir, mais uma vez
CHAMAR A ATENÇÃO Note-se que, atentar para o fato de que, constata-se que, verificamos, mais uma vez
CONCLUSÃO Portanto, logo, enfim, à guisa de conclusão, em suma, concluindo, para que
FONTE: https://www.todamateria.com.br/coesao-e-coerencia/
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/conectores-discursivos.htm
88
UNIDADE 4 :
CONSTRUÇÃO DE SÍNTESES CONTEXTUALIZADAS (COESÃO E COERÊNCIA) [...]
REFERÊNCIA:
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção
TERRA, Ernani. Gramática, Literatura e Redação para o 2º grau. São Paulo: Scipione, 1997.
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
89
5
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU
DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
5.1 Indução 94
5.2 Dedução 96
5.3 Argumentos dedutivos válidos 98
5.4 Sofisma ou falácias 99
5.5 Inferências 101
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Nesta unidade você estudará sobre as formas de raciocínio, de modo que possa construir e ve-
rificar argumentos, partindo de premissas até chegar a uma conclusão e vice-versa. Para tanto,
conhecerá os dois processos básicos “segundo os quais organizamos os nossos raciocínios: a in-
Mas antes, leia a introdução do artigo “Violência de gênero, sexualidade e saúde”, de Karen Giffin,
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INTRODUÇÃO
Nas sociedades onde a definição do gênero feminino tradicionalmente é referida à esfera familiar
dade na esfera pública, concentrador dos valores materiais, o que faz dele o provedor e protetor
da família.
na força de trabalho e no mundo público, a distribuição social da violência reflete a tradicional di-
visão dos espaços: o homem é vítima da violência na esfera pública, e a violência contra a mulher
[...]
TOLERÂNCIA: EU E OS OUTROS
Sem dúvida, a tolerância se instaura a partir do reconhecimento da existência do outro, que além
de ocupar um espaço, tem direitos e deveres, como eu, mas é essencialmente diferente de mim.
92
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Em sua “Lei Fundamental da Razão Pura Prática”, conhecida como “imperativo categórico”, Kant
estabelecera: “Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como prin-
cípio de uma legislação universal”. Tal princípio, consentâneo ao ensinamento cristão “Ama ao
próximo como a ti mesmo”, ou, em sua forma negativa, ao aforismo confuciano em epígrafe, pode
acolher igualmente a pressuposição de uma simetria na relação eu/tu que, em muitos casos,
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o germe da intolerância. As epígrafes com a aguda observação de Bernard Shaw e o poema/
na relação com o outro. O outro não sou eu, pode não gostar do mesmo que eu gosto; importa
De fato, não basta o conhecimento da existência do outro, que se realiza no âmbito da razão
prática, mas onde eu sou o sujeito e o outro permanece como objeto. Os navegantes espanhóis
tiveram conhecimento da existência dos “índios”, ainda que sua atitude em relação aos mesmos
to, é necessário compreender o outro, o que exige a disponibilidade para colocar-se em seu lugar
e enriquecer a perspectiva pessoal com a percepção das relações que se estabelecem do ponto
de vista do outro. Tal atitude compreensiva, no entanto, ainda é insuficiente para a caracterização
subjaz. A compreensão do outro costuma ocorrer por meio da assimilação de suas características
pelo referencial daquele que compreende, como se realizasse certa tradução de seus horizontes
na linguagem compreensiva. A tolerância, no entanto, deve fundar-se em outra atitude, que pres-
peito a sua perspectiva, o que caracteriza efetivamente a ideia de tolerância. Não se trata de dissol-
ver o outro em minhas análises, de situá-lo em meu cenário, de traduzi-lo em minha linguagem, de
dade do cenário que vislumbra, diverso do meu, de colocar-me em disponibilidade para a comuni-
cação com ele ainda que continuemos a falar línguas diferentes, ou a alimentar diferentes projetos.
O respeito pela diversidade de cenários ou projetos, tanto em termos individuais quanto no plano
cultural ou coletivo não pode elidir, no entanto, algumas dificuldades teóricas bastante reniten-
tes, diretamente relacionadas com tais questões. Elas incluem, por exemplo, certa identificação
93
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
ou ainda, a legitimação de um relativismo radical, no que se refere aos valores, o que fatalmente
condena a ideia de tolerância a semear seu próprio fim: tolerar incondicionalmente os intoleran-
[...]
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5.1 INDUÇÃO
Do verbo induzir, a indução ou raciocino indutivo é um modo de raciocínio em que se compara
várias regras para se chegar a uma conclusão. Por isso, diz-se que ela se constitui das partes para
o todo, ou do particular para um padrão, ou do isolado para o conjunto. É aquilo que te induz a
Veja na tirinha a seguir como isso se presentifica com Mafalda tentando chegar a uma conclusão:
FONTE: http://www.emdialogo.uff.br/node/3543
lógica interna do texto, pois apresenta vários argumentos para comprovação de uma tese.
que a autora chega de que a tradicional divisão dos espaços reflete a violência contra os gêneros,
é fundamentada nas ideias de que as atividades do gênero feminino pertence às esferas fami-
liar e maternal e que as atividades do gênero masculino pertence a esfera pública. Ou seja, duas
94
UNIDADE 5 :
"
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
"
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
OBSERVA•°O DOS RELA•°O ENTRE GENERALIZA•°O DA
FEN≤MENOS FEN≤MENOS RELA•°O
partir dos resultados obtidos por meio das observações e das experiências. No entanto, é preciso
ter cuidado! Muitas vezes, o método indutivo leva a uma generalização indevida dos casos espe-
Mais uma vez Mafalda e Miguelito nos dão um exemplo do raciocínio indutivo: Miguelito expõe
seu pensamento sobre tudo que já existe no mundo e a conclusão de que estando tudo feito ele
pode descansar.
95
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
5.2 DEDUÇÃO
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
FONTE: http://www.ivancabral.com/2008/04/deduo.html
das teorias e leis consideradas gerais e universais para explicar a ocorrência de fenômenos parti-
culares. Originou-se na obra “O discurso do método” de René Descartes, que instituiu a dedução
96
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
conclusão. Entretanto, deve-se frisar que a dedução não ofe-
belecida.
"
O ponto de partida é sempre um enunciado. Do enunciado inicial são extraídas premissas que a par-
tir daí são tiradas as devidas conclusões. Assim se deu com o texto sobre tolerância apresentado no
início desta unidade, em que as premissas são desenvolvidas em torno de uma ideia central apresen-
tada de início “a tolerância se instaura a partir do reconhecimento da existência do outro, que além de
ocupar um espaço, tem direitos e deveres, como eu, mas é essencialmente diferente de mim”.
É muito comum deduzirmos informações no dia a dia. Por exemplo, quando uma pessoa uma
mãe diz que o filho está doente e pede para uma amiga ir a farmácia comprar um remédio, logo
acionamos um raciocínio lógico que estabelece relação de um enunciado com o outro e deduzi-
Isso também é conhecido como fazer inferências, o que veremos no subitem 5.6 e 5.7.
97
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
"
De acordo com o site https://filosofianaescola.com/logica/argumento-dedutivo/, acesso em 10 out. 2019:
lamos que uma pessoa deduziu que seu telefone, que não é a
"
Portanto, conheça um pouco mais da dedução a partir dos argumentos dedutivos válidos, tema
do próximo subitem.
Quando é válido, podemos dizer que a conclusão é uma consequência lógica das premissas, ou
EXEMPLO:
Eu ganhei na Loteria.
98
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
É Válido
Quando os argumentos dedutivos não são válidos, ou seja verdadeiros, temos as falácias ou sofis-
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5.4 SOFISMA OU FALÁCIAS
Um raciocínio incorreto quando tem aparência de correto é chamado de falácia, ou sofisma. Al-
guns estudiosos fazem distinção desses termos, atribuindo a sofisma uma intenção de enganar
Muitas falácias decorrem de generalizações apressadas ou irrelevância das premissas, como no exemplo:
Veja que a premissa 1 parte de uma generalização apressada que leva a uma conclusão falaciosa,
ou seja, incorreta.
O site https://www.bandab.com.br/entretenimento/curiosidades/30-falacias-mais-comum-uti-
discussões. Os exemplos são muito interessantes e valem um consulta. Para este texto trazemos
APELO À EMOÇÃO
Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um argumento logicamente coerente pode inspirar emoção, ou
ter um aspecto emocional, mas o problema e a falácia acontecem quando a emoção é usada no
lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos claro o fato de que não existe nenhuma
99
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Exceto os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por isso apelos à emoção são uma tática
de argumentação muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e desonestos, com tendência a
EXEMPLO:
Lucas não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu pai o
lembrou de todas as crianças famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a
ALEGAÇÃO ESPECIAL
Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.
muitos inventarão modos de se agarrar a velhas crenças. Uma das maneiras mais comuns que as
pessoas fazem isso é pós-racionalizar um motivo explicando o porquê aquilo no qual elas acredi-
tavam ser verdade deve continuar sendo verdade.
É geralmente bem fácil encontrar um motivo para acreditar em algo que nos favorece, e é neces-
sária uma boa dose de integridade e honestidade genuína consigo mesmo para examinar nossas
EXEMPLO:
Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas “habilidades” foram testadas em condi-
ções científicas apropriadas, elas magicamente desapareceram. Ele explicou, então, que
100
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
AMBIGUIDADE
Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo enganoso.
Políticos frequentemente são culpados de usar ambiguidade em seus discursos, para depois, se
forem questionados, poderem dizer que não estavam tecnicamente mentindo. Isso é qualificado
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EXEMPLO:
Em um julgamento, o advogado concorda que o crime foi desumano. Logo, tenta conven-
cer o júri de que o seu cliente não é humano por ter cometido tal crime, e não deve ser jul-
5.5 INFERÊNCIAS
Para tratar de inferência sugiro a leitura do texto de Regina L. Péret Dell’Isola, da Faculdade de
Letras da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG) sobre “Inferência na leitura”, dada a coe-
rência da abordagem.
Agora que já leu sobre o que é inferência e como ela se realiza, vamos proceder com inferências
101
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
inferimos o tempo todo de situações cotidianas, de relações com o outro, de leituras que realizamos.
102
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
RESUMO:
Na indução tem-se várias premissas, ou vários enunciados, de onde tira-se uma conclu-
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
traídas premissas que a partir daí são tiradas as devidas conclusões.
falácias ou sofismas.
ação, ou deduzimos algo de um enunciado de forma implícita. É aquilo que não está
103
UNIDADE 5 :
CONSIDERAÇÕES OBTIDAS POR INDUÇÃO E/OU DEDUÇÃO ASSOCIADAS AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
REFERÊNCIA:
com.br/consulta/Artigos/29386/aplicacao-de-tecnicas-didaticas-ao-ensino-do-direito.
CAMARGO, Maria Ângela de. Dedução e indução – noções elementares de lógica. Edu-
GIFFIN, Karen. Violência de Gênero, Sexualidade e Saúde. Cad. Saúde Públ., Rio de Janei-
104
6
ARGUMENTA•°O NA INTERPRETA•°O
ASSOCIADA AOS TEMAS GERAIS DE ESTUDO
Nesta unidade, vamos estudar a respeito da argumentação como ato persuasivo, ou seja, como
técnica de convencimento do outro. Agora que já sabe que os argumentos podem ser verda-
deiros ou falaciosos, vamos, a partir da leitura e observação de argumentos em textos, buscar
compreender como eles se articulam para sustentar uma tese ou refutar (questionar) uma ideia.
Portanto, leia um trecho da tese de Shirlei Neves dos Santos Campos, intitulada de “Estudo dialó-
O propósito de trazer um fragmento de tese é o de oportunizar a você contato com a escrita aca-
dêmica. Essa esfera comunicativa (textos acadêmicos) recorre a argumentação para elucidação
e ampliação de conceitos, para validação de uma tese, para refutação (questionamento) de uma
O termo terceiro setor não possui uma definição precisa, sendo mesmo men-
cionado como um termo nunca definido (COHN, 2002), vago e impreciso a Argumento por
ponto de se transformar em uma daquelas palavras que explicam tudo e nada comparação
ao mesmo tempo, carregando muitas contradições em si (TEODÓSIO, 2002).
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Com a redefinição, a sociedade civil passa a ser vista como a esfera respon-
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sável pelo bem-estar social e representativa da estabilidade, da provisão, da
confiança e da responsabilidade social, depositadas no âmbito privado das Argumento por
famílias, das comunidades, das instituições religiosas e filantrópicas. A essas comparação e por
consequência
entidades é atribuída a responsabilidade pela tessitura de uma rede de so-
lidariedade capaz de proteger os mais pobres e não toda a sociedade me-
diante o Estado (RAMOS, 2005).
Nessa perspectiva, sociedade civil passa a ser vista como um amplo setor
não-governamental, formado por associações comunitárias, movimentos Argumento por
princípio
sociais, organizações não-governamentais, entidades beneficentes, associa-
ções profissionais, igrejas e fundações de empresas, todos situados em um
âmbito privado. Essas organizações civis de iniciativa privada são tidas como
as responsáveis pelas questões sociais públicas e, a partir dos anos 1990, al- Argumento por
guns desses segmentos passam a se identificar com o campo conhecido comparação
atualmente como o terceiro setor.
[...]
!
MAS O QUE É UMA TESE?
Tese, do grego thesis, significa proposição intelectual. Logo, é
aquilo que se busca alcançar, objetivo, intuito, finalidade.
de um texto argumentativo.
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Conforme foi demonstrado no texto de Campos (2016), os argumentos sustentam uma tese, dan-
A tese central da autora, nessa parte do texto, é de que as organizações do segmento do terceiro
setor são organizações civis de iniciativa privada responsáveis pelas questões sociais públicas.
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» Argumento por evidência: quando faz referência a alguma pesquisa estatística, de campo,
ou fato real sobre o tema.
» Argumento por comparação: quando faz analogias, comparações de enunciações sobre
o tema.
» Argumento por exemplificação: quando apresenta exemplos representativos da temática.
» Argumento de princípio: quando apresenta uma crença com constatação lógica, dada a
partir de uma verdade concretizada.
» Argumento por causa e consequência: quando se apresenta uma causa (os motivos) ou
uma consequência (os efeitos) dos desdobramentos da temática, ou quando a própria tese
é uma causa ou uma consequência dos dados.
» Argumento de refutação: quando se questiona ou quando são feitas críticas sobre um
Acesse as indicações abaixo e veja mais exemplo para cada tipo de argumento.
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Portanto, esse é um recurso muito bem visto na avaliação de textos dissertativos argumentativos,
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pois além de reforçar as ideias do autor, demonstra que ele tem uma bagagem de leitura que o
sustenta nas enunciações sobre o que se propõe, ou seja, não diz do nada.
Ao citar outro autor em seu texto, pode-se parafrasear ou escrever na íntegra o texto da referên-
cia. Parafrasear significa dizer com suas próprias palavras o que o outro disse, ou o seu entendi-
mento sobre o que o outro disse, e essa técnica argumentativa é chamada de citação indireta.
Já escrever na íntegra, ou copiar partes do texto de outrem é conhecido como citação direta. Em
ambas, a referência ao autor utilizado e obrigatória, sob a pena de se configurar como plágio, o
que é crime, pois viola os direitos autorais (artigo 184, do Código Penal).
» SE FOR UMA CITAÇÃO DIRETA COM ATÉ TRÊS LINHAS (CITAÇÃO DIRETA CURTA), deve
vir em sequência ao texto, mas transcrita entre aspas. Logo após, ou antes, apresenta-se o
EXEMPLO:
A cidadania plena é exercida em democracia, que exige como condição necessária a “cons-
rioriza e temos direito de reivindicar a diferença sempre que a igualdade nos descarac-
» SE FOR UMA CITAÇÃO DIRETA COM MAIS DE TRÊS LINHAS (CITAÇÃO DIRETA LONGA)
deve vir destacada com recuo de 4 cm, em fonte tamanho 10 e sem aspas. O sobrenome do
autor, ano da publicação e página da parte copiada também deve aparecer antes ou logo
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após a citação.
EXEMPLO:
Em última instância, como afirma a Declaração de Princípios sobre a Tolerância da UNESCO
Sem tolerância não pode haver paz e sem paz não pode haver nem desenvolvi-
» SE FOR UMA CITAÇÃO INDIRETA, deve vir na sequência do texto, alterando a escrita do
original, mas mantendo-se o sentido. Também é obrigatório colocar o sobrenome do autor
e o ano da publicação.
EXEMPLO:
» SE FOR UMA CITAÇÃO DA CITAÇÃO, quando não se teve acesso ao original de um autor,
mas referência a ele por meio de uma outra autoria, deve vir o sobrenome do autor da parte
transcrita e o ano da publicação, seguido da palavra apud (que significa “citado por”) para
EXEMPLO:
Salanova (1996 apud SILVA, 2004) definem motivação como sendo uma ação endereçada
a objetivos […]
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Exemplo:
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» LOCUÇÃO ADVERBIAL DE QUANTIDADE:
de muito, de pouco, de todo, em excesso etc.
Exemplo:
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RESUMO:
É isso!
ção de conceitos, para validação de uma tese, para refutação (questionamento) de uma
» De autoridade,
» Por evidência,
» Por comparação,
» Por exemplificação,
» De princípio,
» De refutação.
» Indireta (paráfrase), ou
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REFERÊNCIA:
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
PACHECO, Mariana Do Carmo. O que é tese?; Brasil Escola. Disponível em: https://brasi-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 3. ed. vista rev. atual. / Elaboração: Roziane
do Amparo Araújo Michielini e Fabiana Marques de Souza e Silva. Belo Horizonte, 2019.
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REFERÊNCIA:
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
PACHECO, Mariana Do Carmo. O que é tese?; Brasil Escola. Disponível em: https://brasi-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 3. ed. vista rev. atual. / Elaboração: Roziane
do Amparo Araújo Michielini e Fabiana Marques de Souza e Silva. Belo Horizonte, 2019.
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