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ANÁLISES
obras da fuvest
pdf gratuito por @estudamavy

2021
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recadinho rápido
as análises foram feitas por
mim, com base em minha
leitura das obras
referências e fontes externas
estão citadas na última página
no final, selecionei algumas
questões com o gabarito
durante a semana, estarei
postando comentários mais
detalhados sobres as questões
no insta @estudamavy

Não sou especialista da área


de letras. Esse pdf foi
disponibilizado de maneira
gratuita com o único
objetivo de compartilhar
minhas anotações sobre as
obras cobradas na FUVEST
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nesse pdf, você encontrará


análises das obras

A Relíquia Quincas Borba Angústia


Eça de Machado de Graciliano
Queiroz Assis Ramos
pág 4 pág 9 pág 14

Campo Geral Mayombe Nove Noites


Guimarães Pepetela Bernardo de
Rosa Carvalho
pág 18 pág 22 pág 28
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A RELÍQUIA
EÇA DE QUEIROZ
1887
x características gerais:
realismo português
memórias narradas em primeira pessoa pelo
protagonista Teodorico Raposo
dividido em cinco capítulos

x autor e contexto:
Eça de Queiroz nasceu em 1845 em Póvoa do
Varzim. Formou-se em Direito pela
Universidade de Coimbra em 1866 e durante
sua vida fez diversas contribuições literárias.
Com obras que, posteriormente, seriam
reconhecidas como expoente do realismo
português, Eça retratou a sociedade
portuguesa do século XIX.
Além de "A Relíquia" se destacam também: O
Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio
(1878) e Os Maias (1888)
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A RELÍQUIA
EÇA DE QUEIROZ

x personagens:
Teodorico Raposo: órfão de pai e mãe, criado
pela tia Dona Patrocinio, Teodorico leva uma
vida dúbia e hipócrita. Aproxima-se da religião
apenas para agradar a tia e herdar a fortuna
após a morte. Seu verdadeiro caráter é de um
rapaz boêmio que se envolve com diversas
mulheres ao decorrer da trama, atitude que
sua tia abomina.
Titi (Dona Patrocínio): Beata e rica, Dona Maria
Patrocínio criou Teodorico após a morte dos
pais dentro de uma moral religiosa
extremamente rígida. Titi, além de zelar pela
castidade, fazia duros julgamentos a quem
desviava seus preceitos. Convive com seu
sobrinho e padres, que frequentam sua casa.
Miss Mary: Amante que Teodorico conhece na
viagem à Jerusalém. Apelidada
carinhosamente de Maricoquinhas, é uma
mulher de "vida livre". É ela quem lhe oferece a
camisola de lembrança para Teodorico.
Topsius: historiador alemão de Herodes que
acompanha Raposo em sua viagem à Terra
Santa.
Outros personagens: Adélia (amante de
Teodorico); Padre Negrão (padre que herda
grande parte da fortuna de Titi e termina com
Adélia); Crispim; Dr. Margaride; Alpedrinha
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A RELÍQUIA
EÇA DE QUEIROZ

x críticas:
Eça representa a sociedade portuguesa
oitocentista em suas obras e costuma fazer
críticas às instituições: família e igreja.

Em “A Relíquia” temos críticas direcionadas:

× ao clero;
desde críticas centradas no interesse pela
fortuna de Titi; a questão do celibato no
desfecho do Padre Negão e Adélia e a narrativa
alternativa a história de Jesus Cristo, presente
no sonho de Raposo (capítulo III)

× a hipocrisia religiosa;
representada na figura de Teodorico e Titi, que
apesar de se considerar tão apegada a fé cristã,
não é capaz de ajudar um parente em leito de
morte por acreditar que ele leva uma vida
impura. Além de fazer diversos julgamentos.
"Se Jesus retornasse, seria crucificado pelos
mesmo que dizem o seguir"

× simonia e o abuso da fé
Representado pela venda de relíquias. O lucro
através da enganação da fé alheia.
"Vendem tantos pedacinhos da cruz de Cristo
que seria impossível um homem carregá-la"

× culto a aparência
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A RELÍQUIA
EÇA DE QUEIROZ
x resumo por capítulo:
Capítulo I: A obra se inicia com a memória da
morte do pai e a mudança de Teodorico, que
passa a viver com a tia Titi, beata que o cria de
forma regrada e rígida dentro de uma doutrina
católica. Teodorico Raposo, por sua vez, forma seu
caráter duplo e mentiroso: falso cristão dedicado
perante a tia, porém boêmio e mulherengo.

Capítulo II: Com o sonho de visitar Paris, Raposo


tenta convencer a tia, todavia Titi não lhe permite
e considera um destino mais religioso. Titi envia
Raposo à Terra Santa e lhe pede que traga uma
relíquia sagrada.
Teodorico viaja a Jerusalém e faz amizade com o
historiador Topsius. No entanto, não faz da
viagem um momento de espiritualidade, como
ordenara Titi. Pelo contrário, em Alexandria,
conhece Mary e mantém um relacionamento
com ela. Após os tempos com a amante, recebe
uma camisola na despedida, como uma
lembrança das noites passadas juntas.

Capítulo III: Narra um sonho de Teodorico.


O historiador Topsius o acorda para ir a
Jerusalém. No entanto, Teodorico percebe que
retornou à crucificação de Jesus Cristo. Teodorico
vivencia o julgamento de Pôncio Pilatos e tem
outra perspectiva da ressureição de Cristo,
diferente da acreditada pela religião católica. Só
então, Teodorico acorda e percebe se tratar de
um sonho
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A RELÍQUIA
EÇA DE QUEIROZ
x resumo por capítulo:
Capítulo IV: Chegando o fim da viagem, Teodorico
organiza as "relíquias". Para Titi, leva um galho
enrolado em formato de coroa - que diz ser a
coroa de espinhos usada por Jesus Cristo - cujo
embrulho se assemelha ao pacote de Mary. Por
fim, ele se livra do pacote de Mary e retorna a
Portugal.
Capítulo V: Teodorico é recebido pela tia e por
todos os padres que frequentam a casa. Dona
Patrocínio decide abrir a relíquias que Raposo lhe
trouxera no jantar com a presença dos clérigos,
dentre eles o Padre Negão. Frente a todos, Titi
abre. E no lugar da coroa de espinhos, encontra a
camisola de Mary. Raposo é expulso de casa e
deserdado. Posteriormente, Titi morre e deixa
para ele apenas óculos.
Após uma reflexão sobre sua vida, Raposo se
muda para uma pensão e se torna vendedor de
relíquias para sobreviver. No entanto, para ganhar
mais dinheiro, vende muitas relíquias - o que
faz com que o mercado sature e as pessoas
desconfiem da veracidade dos objetos, não
conseguindo mais lucrar com isso.
Um dia, Teodorico reencontra seu amigo, o
burguês Crispim, que lhe oferece um emprego.
Decidido a ser sincero ganha a aprovação de
Crispim, que lhe sugere um casamento com sua
irmã Jesuína. Raposo confessa que não a ama,
mas promete ser um bom marido. Crispim
concede a mão da irmã. Por fim, Teodorico se
casa com D. Jesuína, senhora rica.
No final, observando os bens que o padre Negão
herdou, Raposo faz a última reflexão: tudo seria
diferente se ele tivesse dito a Titi que era a
camisola de Maria Madalena.
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QUINCAS BORBA
MACHADO DE ASSIS

x características gerais:
realismo, tom de ironia e pessimismo
narrado em terceira pessoa
capítulos curtos

x autor e contexto:
Um dos mais renomados escritores brasileiros,
Machado de Assis, nascido em 1839, faleceu em
1908 e deixou uma vasta obra.
"Quincas Borba", juntamente de "Memórias
Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro", é
expoente do realismo em Machado de Assis.
Publicado em 1892, fins do século XIX, "Quincas
Borba surge em um contexto que circulavam
correntes filofóficas e científicas, como o
positivismo, o marxismo e o socialismo
científico, o darwinismo e a seleção natural
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QUINCAS BORBA
MACHADO DE ASSIS

x personagens:
Quincas Borba: personagem que aparece em
Memórias Póstumas de Brás Cubas, fundador
da filosofia do humanitismo. Casou-se com a
irmã de Rubião (que morre ainda cedo) e, pela
falta de herdeiros, deixa sua fortuna e o
cachorro Quincas Borba ao cunhado Rubião.
Rubião: professor ingênuo que cuidou de
Quincas Borba e herdou a fortuna do cunhado
com a condição de cuidar do cachorro de
mesmo nome. Após receber a herança, Rubião
decide se mudar de Barbacena (MG) para o Rio
de Janeiro, viagem em que conhece o
ambicioso casal Palha.
Sofia Palha: mulher casada com Cristiano por
quem Rubião se apaixona. Descrita como bela,
Sofia é mulher dentro dos padrões sociais,
apesar de fiel ao esposo, admira a posição que
Cristiano a coloca para engariar o dinheiro
alheio.
Cristiano Palha: extremamente ambicioso,
Cristiano percebe a ingenuidade de Rubião e
utiliza o sentimento do rapaz por sua esposa
para ascender financeiramente.
Carlos Maria: apresentado como um rapaz
sedutor, que se casa com a prima de Sofia.
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QUINCAS BORBA
MACHADO DE ASSIS

x resumo da obra:
A obra se inicia com a morte do filósofo Quincas
Borba, já apresentado em Memórias Póstumas,
que deixa sua fortuna e o cachorro Quincas
Borbas a seu cunhado Rubião.

Decidido a se mudar de Barbacena, Rubião parte


para o Rio de Janeiro e conhece o ambicioso casal
Palha na viagem. Rubião se apaixona por Sofia
Palha e o amor, apesar de não correspondido,
serve de pretexto para a exploração do inocente
Rubião, que passa a frequentar o círculo social da
família Palha.

Com a presença constante do casal Palha e a


influência de Cristiano nos negócios, Rubião se
apaixona cada vez mais por Sofia e resolve se
declarar.

Após se declarar e ser rejeitado por Sofia, Rubião


se sente culpado e decide retornar à Barbacena,
porém é detido pelo próprio Cristiano - que
convence a esposa a usar os sentimentos de
Rubião para garantir os interesses financeiros.

Além de permanecer no Rio, Rubião se torna


sócio de Cristiano, quando começa a desconfiar
que Sofia esteja mantendo um relacionamento
extraconjugal com Carlos Maria.
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QUINCAS BORBA
MACHADO DE ASSIS

x resumo da obra:
Sofia nega o envolvimento com Carlos Maria e,
posteriormente, ele se casa com a prima de Sofia.
Rubião insiste em um romance com Sofia e
começa a apresentar sintomas de delírio e
loucura, assumindo a personalidade de Napoleão
III.
O casal Palha, que administra o dinheiro de
Rubião, se afasta e, quando os delírios aumentam,
o internam em um hospício.
Por fim, Rubião foge do hospício com o cachorro
Quincas Borba e retorna à Barbacena (MG), como
um louco sem abrigo, dorme na rua e, em
seguida, morre.

devido a quantidade e
tamanho dos capítulos,
característica presente na obra
machadiana, o resumo da obra
não foi feito por capítulo
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QUINCAS BORBA
MACHADO DE ASSIS

x temáticas abordadas:
× humanitismo
a filosofia criada por Quincas Borba, a qual
Rubião não compreende, rege a narrativa do
próprio Rubião - que enriquece, ao receber a
herança do cunhado Quincas Borba, todavia,
morre sem nada e louco, situação que cria um
sentimento de compaixão no leitor. É possível
traçar um paralelo com a ideia de
sobrevivência do mais forte ou mais apto
"Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor,
as batatas"

× o adultério
presente em outras obras de Machado de Assis
(seja no dilema de Capitu e Bentinho em Dom
Casmurro, ou o relacionamento extraconjugal
entre Virgília e Brás Cubas) o adultério aparece
de forma diferente em "Quincas Borba".
Sofia não traí o marido, todavia, é construído
uma expectativa do leitor no caso de Rubião e
Sofia, tal como as desconfianças de Rubião
com Carlos Maria.
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ANGÚSTIA
GRACILIANO RAMOS

x características gerais:
instrospecção e crítica social
narrativa psicológica, narrado em primeira
pessoa pelo protagonista Luís da Silva
existencialismo

x autor e contexto:
Graciliano Ramos, nascido em 1892 e
renomado escritor da segunda fase do
Modernismo.
Publicado em 1936, enquanto o autor estava
preso pelo Governo de Vargas, "Angústia"
dialoga com o contexto da época e o vivido
pelo autor.
Contexto de instabilidade política e
econômica. A crise de 29 e a queda do café, tal
como a ascensão de Vargas, a modernização e
a oposição das oligarquias paulistas, marcam o
contexto de publicação da obra.
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ANGÚSTIA
GRACILIANO RAMOS
x personagens:
Luís da Silva: funcionário público totalmente
insatisfeito com sua situação econômica e
social. Apegado ainda a raízes patriarcais e ao
passado agrário e escravista da fazenda de seu
avô. Socialmente deslocado e instrospectivo,
envolve-se com sua vizinha Marina, que se
torna sua noiva.
Marina: vizinha de Luís, jovem de família de
humilde que vive com os pais Ramalho e
Adélia. Segundo Luís, uma jovem supérflua e
com certa ambição em ascender socialmente,
instigada pelo burguês Julião.
Julião Tavares: comerciante afortunado,
herdeiro de uma elite burguesa e rival de Luís.
É descrito por Luís como um homem gordo e
pomposo. Com uma espécie de simpatia,
entende-se como amigo de Luís e frequenta a
casa, quando tem um caso com Marina.
Trajano: herança deum passado colonial e
agrário, fora um coronel dono de terras e
escravos. No entanto, finda a vida como um
homem decadente, já sem escravos e cheio de
vícios.
Outros personagens:
Vitória (idosa empregada de Luís); Moisés
(judeu socialista e amigo de Luís, que costuma
emprestar dinheiro para o funcionário)
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ANGÚSTIA
GRACILIANO RAMOS

x resumo da obra:
Infeliz com a situação ecônomica e social, Luís da
Silva descreve os personagens ao seu redor de
forma pessimista. Funcionário público de Maceió,
convive com Moisés, que lhe empresta algum
dinheiro, e Pimentel. Além de Vitória, sua
empregada.

A vida pacata de Luís sofre uma brusca mudança


quando ele conhece Marina. O envolvimento
com a vizinha acaba em um noivado e muitas
dívidas criadas para atender os agrados de
Marina.

O relacionamento com Marina acaba com a


presença da figura de Julião Tavares, burguês de
família rica que seduz Marina e a abandona
grávida, gravidez, posteriormente, interrompida
por um aborto.

Luís, em uma tentativa desesperada de um ato


quase heroico e justiceiro, persegue Julião, em
uma noite, e o enforca com a corda, que lhe
presenteara o mendigo seu Ivo.

O desfecho apresenta a angústia de Luís,


ampliada pela insegurança de ser descoberto em
seu crime.
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ANGÚSTIA
GRACILIANO RAMOS

x temáticas abordadas:
× existencialismo
corrente filosófica que pode ser representada
por Sartre, o existencialismo se faz presente na
obra de Graciliano - o que possibilita fazer uma
analogia com a obra de Dostoiévski, quem em
Memórias do Subsolo, também descreve o
desagradável. Luís Silva vivencia um ambiente
pútrido com ratos e que se agrava conforme a
decadência psicológica do personagem.

× o passado agrário, patriarcal e escravista


em diversos momentos Luís evoca seu avô
Trajano, exemplo de valentia para o
personagem.

× a burguesia liberal e a corrupção moral


em contraposição ao avô Trajano e a
representatividade de um coronel do sertão
decadente, Julião Tavares é expoente da
burguesia liberal, cujo dinheiro tem um grande
poder de corrupção.
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CAMPO GERAL
GUIMARÃES ROSA

x características gerais:
regionalismo
narrada em terceira pessoa, sob a
perspectiva infantil do protagonista Miguilim
tempo psicológico

x autor e contexto:
João Guimarães Rosa, escritor mineiro que
nasceu em 1908 em Cordisburgo (MG) e
faleceu em 1967, tem como uma de suas obras
notáveis "Sagarana".
Publicado em 1964, no livro "Manuelzão e
Miguilim", "Campo Geral" não apresenta um
diálogo direto com a conjutura do país - que
vivenciava o Golpe de 64. A obra se passa em
Mutum, interior de Minas, com um foco no
tempo individual dos personagens
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CAMPO GERAL
GUIMARÃES ROSA

x personagens:
Miguilim: protagonista da obra e criança de
oito anos, que observa seu redor com tamanha
sensibilidade.

Dito: um dos irmãos de Miguilim, inteligente e


comunicativo. A relação de amizade,
companheirismo e dependência entre os dois
é interrompida pela morte de Dito.

Nhanina: mãe de Miguilim, insatisfeita com a


vida em Mutum e com o casamento.

Nhô Bernardo: pai de Miguilim, homem severo


e trabalhador. Tem desentimentos com
Miguilim, que está mais inclinado ao lado da
mãe. Apesar de rude, demonstra o sentimento
pelos filhos em alguns momentos

Tio Terez: muito querido por Miguilim, se


envolve com a cunhada Nhá Nina, o que
promove o rompimento com a família de
Miguilim (já no início da obra)

Luisaltino: funcionário contratado por Nhô


Bernardo, tem um caso com Nhá Nina. É
assassinado pelo pai de Miguilim.
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CAMPO GERAL
GUIMARÃES ROSA

x resumo:
A obra se desenvolve com foco nas relações de
Miguilim e seu amadurecimento na narrativa.

Com a construção do espaço e a apresentação


do núcleo familiar de Miguilim, destaca-se o
caso entre o tio Terêz e Nhanina, que afasta o
tio de Miguilim, tão querido por ele, da casa da
família.

Em uma paranóia, Miguilim acredita que está


doente e cria um prazo de dez dias. Após esse
período não morre. Retorna ao habitual.

O pai de Miguilim lhe incumbe a tarefa de


levar seu almoço na roça. Miguilim orgulhoso
encontra o tio Terêz que lhe pede que
entregue uma carta a Nhá Nina. Miguilim
enfrenta um dilema entre entregar ou não a
carta. Por fim, decide não entregar e confessa
ao tio, que compreende e consola o menino.

Nesse ponto, surge Luisaltino, contratado por


Nhô Bernardo, que se interessa por Nhanina.
Miguilim é ferido por um touro e o cachorro da
família morre. Contudo, a situação piora
quando Dito em uma caçada corta o pé.
Dito adoece e morre de tétano.
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CAMPO GERAL
GUIMARÃES ROSA

x resumo:
Miguilim adoece. Em momentos de lucidez e
delírio do menino, o pai Bernardo mata
Luisaltino e, em seguida, se suicida.

Miguilim melhora. Tio Terêz retorna a casa,


como marido de Nhá Nina.

O fim é marcado pela chegada de um Dr.


Lourenço que nota que Miguilim era míope e
lhe oferece um óculos. Miguilim enxerga um
mundo novo e cresce, despedindo-se da
família e partindo com o doutor para estudar.
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MAYOMBE
PEPETELA

x características gerais:
dividido em seis capítulos
narrativa em terceira pessoa com trechos
narrados em primeira pessoa pelos
guerrilheiros
"Eu, O Narrador, Sou Teoria..."

x autor:
Artur Carlos Maurício Pestana, nascido em 1941
e reconhecido por Pepetela, escreveu o livro
durante sua participação na base guerrilheira
na floresta de Mayombe em 1970 a 1971.
Mayombe" se aproxima de uma literatura
testemunhal. Pepetela retrata, com ressalva da
ficcionalização, a vivência e participação no
grupo MPLA.
Por esse motivo, o contexto histórico é
imprescindível para o entendimento da obra.
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MAYOMBE
PEPETELA

x tempo e espaço:
Com tempo e espaço bem definidos, a história
se passa em Cabinda, na floresta Mayombe,
localizada na África ocidental. Existe a
personificação e o protagonismo da Floresta.
A obra retrata a Guerra de Libertação de
Angola (1961-1974), dentro do grupo
guerrilheiro MPLA. Além do tribalismo e das
divergências internas, nota-se a oposição entre
os grupos que buscavam a independência,
marcada, principalmente, pela divergência
entra o MPLA, de viés marxista, com o FNLA.
que encaminha a Guerra Civil após 1974.

x contexto:
Após a Segunda Guerra Mundial as pressões
internas e externas aumentaram para o fim da
colonização. Contudo, o Estado Novo de
Salazar em Portugal manteve seus domínios
coloniais, contrariando a Ordem Bipolar, que se
formava (URSS e Estados Unidos)
O Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA) é um dos grupos precursores da Guerra
Anticolonial, cuja busca pela independência só
se concretiza após a Revolução em 1974.
Em 1974, a Revolução de 25 de Abril (ou
Revolução dos Cravos) finda o regime
Salazarista e possibilita a libertação das
possesões coloniais portuguesas.
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MAYOMBE
PEPETELA

x personagens:
Sem-Medo/Comandante: um dos personagens
com grande destaque, juntamente de
Comissário e Ondina. Protagoniza grande parte
das discussões, que abordam desde a
exploração colonial e o marxismo até a
religiosidade e a sexualidade. Enfrenta os
dilemas do tribalismo entre os camaradas de
luta e coordena o grupo.
Comissário/João: companheiro de luta e
grande amigo de Sem Medo, tem uma relação
de "aprendiz" com o Comandante. É noivo de
Ondina, com quem tem uma relação
conturbada e infeliz.
Ondina: professora e noiva do Comissário, não
participa da ação direta. É uma mulher
independente e mais experiente que o noivo
que não consegue lhe satisfazer. Tem um caso
com André, motivo do rompimento da relação,
e, posteriormente, envolve-se com Sem-Medo.
Teoria: professor da base, responsável pela
educação dos guerrilheiros. Filho de pai
português, enfrenta o conflito de ser mestiço
Outros personagens: André (cuida da parte
burocrática de alimentação dos guerrilheiros,
envolve-se com Ondina); e os guerrilheiros
(Lutamos, Mundo Novo, Muatânia, Milagre, etc)
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MAYOMBE
PEPETELA

x temas abordados
× colonialismo
a obra apresenta como tema principal a luta
contra a exploração colonial portuguesa. Nesse
sentido, os personagens debatem e vivenciam
o colonialismo, enquanto lutam pelo seu fim.

× tribalismo
os conflitos internos, devido ao tribalismo, são
levantados em diversos momentos da
narrativa, reforçam a falta de unidade

× colorismo e a figura do mestiço


o conflito interno vivenciado por Teoria, filho
de pai português, aborda a questão de ser
mestiço.

× marxismo
a posição ideológica dos guerrilheiros é
discutida nos diálogos da narrativa, assim
como a conscientização e politização dos
trabalhadores para a luta anticolonial.

× sexualidade
a personagem Ondina, seja pela própria
narrativa ou por diálogos, discute a
sexualidade da mulher e estigmas sociais.
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MAYOMBE
PEPETELA
x resumo por capítulo:
A Missão (Capítulo I): O primeiro capítulo se
resume em uma missão de libertar os
trabalhadores angolanos que trabalhavam na
exploração da madeira. O grupo de guerrilheiros
realiza uma emboscada e raptam os
trabalhadores, sem machucá-los, buscando
politizá-los. No entanto, há o furto de dinheiro de
um dos trabalhadores. Ingratidão do Tuga é
descoberto e condenado. Alguns guerrilheiros
retornam para devolver o dinheiro, todavia, o
trabalhador doa para o MPLA. O grupo realiza um
ataque aos portugueses.

A Base (Capítulo II): A base é construída em meio


a floresta. Chegam novos guerrilheiros, todavia,
não enviam mantimentos e os recursos ficam
escassos. O Comissário é o encarregado de ir a
Dolisie e trazer alimentos. O personagem
aproveita a viagem para ver Ondina, sua noiva.

Ondina (Capítulo III): O alimento escasso amplia


os conflitos internos do grupo, aumenta a tensão
do tribalismo entre kikongos e kimbundos. Por
fim, a comida chega, juntamente de uma carta de
Ondina e a notícia que André fugiu, após ser pego
com Ondina. Sem Medo aconselha o Comissário.
Depois partem juntos a Dolisie. Ondina e o
Comissário não se acertam e ela pretende partir.
Sem-Medo recebe a notícia que os portugueses
instalaram uma base próximo a deles. Ingratidão
do Tuga, que estava preso, foge.
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MAYOMBE
PEPETELA
x resumo por capítulo:
A Surucucu(Capítulo IV): Sem Medo encontra
Ondina, debatem sobre diversos assuntos e
acabam dormindo juntos, sendo acordados com
o anúncio que a base foi atacada. Ondina se
despede de Sem Medo e pede que ele não deixe
que o Comissário morra. Sem Medo, embora
desconfiado, prepara um grupo para contra-
atacar. Quando chegam, descobrem que se
tratou de um mal entendido: um dos
guerrilheiros disparara contra uma cobra
(surucucu). Comemoram o fato de Sem Medo
comandar bem o grupo, mesmo se tratando de
engano.

A Amoreira (Capítulo V): O grupo organiza um


ataque contra a base Pau Caído, ocupada pelos
tugas (portugueses). A imprudência do
Comissário o coloca em risco, porém Lutamos e
Sem-Medo morrem em seu lugar. O fato de um
cabinda (Lutamos) e um kikongo (Sem Medo)
salvarem um kimbundo (Comissário) diminuí os
conflitos tribalistas. Sem Medo e Lutamos são
enterrados no pé de uma amoreira, comparada
pelo Comandante com a união do grupo e o fim
dos conflitos tribalistas.

Epílogo (Capítulo VI): O Comissário reflete sobre a


morte de Sem Medo. Em seguida, é enviado ao
Leste no lugar do Comandante.
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NOVE NOITES
BERNARDO DE CARVALHO

x características gerais:
metaficção
mescla de gêneros
polifonia
realidade e ficção

x autor e obra:
Bernardo de Carvalho, nascido em 1960, é um
jornalista e escritor contemporâneo. Publicado
em 2002 e conhecida como obra-prima do
autor, "Nove Noites" constroi a narrativa em
torno de um episódio real: o suícidio do
antropólogo Buell Quain em 1939.
Com a investigação de um narrador-jornalista,
é apresentado fragmentos e suposições sobre
a veracidade do suícidio e os motivos de Buell.
Nessa investigação minuciosa, mescla-se os
conflitos internos do narrador e de Buell. Bem
como, a obra de Bernado aproxima a realidade
e a História da ficçao
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NOVE NOITES
BERNARDO DE CARVALHO

x narradores
Com dois narradores, a narrativa circula em
torno de um real acontecimento: o suicídio de
Buell Quain, um antropólogo norte-americano,
em 1939.
x NARRATIVA EPISTOLAR DE MANOEL PERNA
Manoel, engenheiro e confidente de Buell, é o
narrador-personagem que narra as últimas
nove noites do antropólogo, em meados dos
anos 40, através de cartas.
x NARRADOR JORNALISTA
um jornalista, que após quase 62 anos da
morte do antropólogo, fica obcecado pelo caso
e resolve investigá-lo, reunindo todo o material
que consegue: cartas, fotografias, relatos, que
remetem à década de 30 e a morte de Buell.

x tempo e espaço:
O tempo e o espaço não são lineares,
alternando entre as décadas de trinta e
quarenta e a realidade do jornalista
contemporâneo (que apesar de não
especificado, em muito se assemelha com o
próprio Bernardo de Carvalho) que vive no
ínicio dos anos 2000.
O espaço se expande desde o Xingu até os
Estados Unidos, com passagem por outros
lugares do antropólogo
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
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30
NOVE NOITES
BERNARDO DE CARVALHO

x personagens
Buell Quain: antropólogo estadunidense que
estudou tribos indígenas no Brasil. Suicidou-se
em 1939, entre os índios Krahôs,
aparentemente sem explicação.
Manoel Perna: engenheiro sertanejo que tem
um relacionamento com o antropólogo, com
quem passa " nove noites" (não seguidas). que
aparecem na narrativa epistolar em itálico.
Narrador-jornalista: após encontrar uma
notícia da morte do antropólogo Buell Quain
em um jornal e se recordar do episódio que
fora confundido com ele em um hospital, o
jornalista decide iniciar uma investigação
sobre o suícidio misterioso do antropólogo.
Outros personagens:
Ruth Landes: antropóloga colega de Buell, com
quem trocara cartas
Ruth Benedict: orientadora americana de Buell
Heloísa Alberto Torres: personagem histórica,
antropóloga mundialmente conhecida, é
diretora do Museu Nacional
Familiares de Buell: são citados os pais e a irmã
Pai do narrador-jornalista: responsável pelo
contato do jornalista com os índios, através das
terras que comprara durante o Regime Militar.
Termina doente.
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
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31
NOVE NOITES
BERNARDO DE CARVALHO

x resumo
Buell Quain, antropólogo americano que viveu
entre os índios Krahô em Tocantins, comete
suícidio em 1939, de modo a levantar suspeitas
da comunidade científica da época.
Sessenta e dois anos depois, um jornalista
encontra uma notícia sobre o caso em um
jornal, que faz o lembrar de quando fora
confundido com o próprio Buell em um
hospital.

Nesse ponto, o narrador decide investigar a


morte de Buell Quain, através das cartas
deixadas pelo antropólogo, fotografias e
quaisquer outras evidências sobre a veracidade
do suícidio e/ou o motivo do antropólogo para
tal ato.

A narrativa do jornalista acontece paralela à


narrativa epistolar de Manoel Serna. O
jornalista cria suposições, todavia, não existe
uma conclusão sobre o suícidio de Buell Quain.
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
5
32
NOVE NOITES
BERNARDO DE CARVALHO

x temas abordados
x a questão indígena
o indígena é retratado de forma bem
diferente: há uma quebra com a idealização
do índio na primeira fase do romantismo,
principalmente em relação às obras de José
de Alencar (Iracema)

x o desenvolvimentismo e a exclusão
a ideia de desenvolvimento incompatível com
a preservação das populações indígenas é
trabalhada na obra em dois contextos: na
Marcha para o Oeste de Vargas e na Ditadura
Militar - levantada pelo pai do jornalista.

x antropologia e a história
a obra de Bernardo de Carvalho engloba uma
interdiciplinalidade entre história,
antropologia, sociologia e geografia.
"Nove Noites", continuamente, retrata os
choques culturais e a alteridade, bem como a
narrativa tensa dialoga com a censura do
Estado Novo.
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
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33
questões
OBRAS FUVEST

TODAS AS QUESTÕES FORAM RETIRADAS DE


PROVAS ANTIGAS DA FUVEST
COMENTÁRIOS EM @ESTUDAMAVY

bora treinar!
confira o gabarito no final

1- Atente para as seguintes afirmações relativas ao


desfecho do romance A Relíquia, de Eça de Queirós:

I. O autor revela, por meio de Teodorico, sua descrença


num Jesus divinizado, imagem que é substituída pela
ideia de Consciência.
II. Ao ser sincero com Crispim, Teodorico conquista a
vida de burguês que sempre almejou.
III. Teodorico dá ouvidos à mensagem de Cristo,
arrepende‐se de sua hipocrisia beata e abraça a fé
católica.

Está correto o que se afirma apenas em


a)I
b)II
c) I e II.
d) II e III.
e) I e III.
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
4
34
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da
linguagem corrente; poéticos, abolem, “destroem” o mundo circundante, cotidiano,
graças à função irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na teia
de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que nos enleia; seduz‐nos o
mundo outro, irreal, neles configurado (…). No entanto, da adesão a esse “mundo de
papel”, quando retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela
experiência da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e
pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a mentira, o fingimento da ficção,
aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em
nós provocou.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.

O que eu precisava era ler um romance fantástico, um romance besta, em que os


homens e as mulheres fossem criações absurdas, não andassem magoando‐se,
traindo‐se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras já não
me comovem.
Graciliano Ramos, Angústia.

Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de


podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto do público. Solilóquio doido,
enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro Angústia.

2- Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele,


transfigurando‐o”, pode‐se dizer que Luís da Silva, o
narrador ‐ protagonista de Angústia, já não se comove
com a leitura de “histórias fáceis, sem almas
complicadas” porque

(A) rejeita, como jornalista, a escrita de ficção.


(B) prefere alienar‐se com narrativas épicas.
(C) é indiferente às histórias de fundo sentimental.
(D) está engajado na militância política.
(E) se afunda na negatividade própria do fracassado.
3- Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao
gosto do público na medida em que compõe uma
atmosfera

(A) dramática, ao representar as tensões de seu tempo.


(B) grotesca, ao eliminar a expressão individual.
(C) satírica, ao reduzir os eventos ao plano do riso.
(D) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e
mundo.
(E) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira.
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
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35
O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a
vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em
decomposição.
[...]
Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.
A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se
eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à
folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal
é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se
na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde
predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira
gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o
tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida. [...] Os olhos de Sem
Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para
sempre desaparecera no seu elemento verde.
Pepetela, Mayombe

4- Considerando-se o excerto no contexto de Mayombe,


os paralelos que nele são estabelecidos entre aspectos
da natureza e da vida humana podem ser interpretados
como uma

a) reflexão relacionada ao próprio Comandante Sem


Medo e a seu dilema característico entre a valorização
do indivíduo e o engajamento em um projeto
eminentemente coletivo.
b) caracterização flagrante da dificuldade de aceder ao
plano do raciocínio abstrato, típica da atitude
pragmática do militante revolucionário.
c) figuração da harmonia que reina no mundo natural,
em contraste com as dissensões que caracterizam as
relações humanas, notadamente nas zonas urbanizadas.
d) representação do juízo do Comissário a respeito da
manifesta incapacidade que tem o Comandante Sem
Medo de ultrapassar o dogmatismo doutrinário.
e) crítica esclarecida à mentalidade animista - que
tende a personificar os elementos da natureza - e ao
tribalismo, ainda muito difundidos entre os guerrilheiros
do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY
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E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai, amiga minha, a
resposta é naturalmente a mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –
coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta
última reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois
muito indiscreta, e que eu não me quero senão com dissimulados.
Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da comissão das Alagoas,
com elogios da imprensa; a Atalaia chamou‐lhe “o anjo da consolação”. E não se
pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resumindo em
Sofia toda a ação da caridade, podia mortificar as novas amigas, e fazer‐lhe perder
em um dia o trabalho de longos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha
trouxe no número seguinte, nomeando, particularizando e glorificando as outras
comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba

5- No excerto, o autor recorre à intertextualidade,


dialogando com a comédia de Molière, Tartufo (1664),
cuja personagem central é um impostor da fé. Tal é a
fama da peça que o nome próprio se incorporou ao
vocabulário, inclusive em português, como substantivo
comum, para designar o “indivíduo hipócrita” ou o “falso
devoto”.

No contexto maior do romance, sugere‐se que a


tartufice
a) se cola à imagem da leitora, indiscreta quanto aos
amores alheios.
b) é ação isolada de Sofia, arrivista social e benemérita
fingida.
c) diz respeito ao filósofo Quincas Borba, o que explica o
título do livro.
d) Se produz na imprensa, apesar de esta se esquivar da
eloquência vazia.
e) se estende à sociedade, na qual o cinismo é o trunfo
dos fortes.

confira o gabarito
na próxima página
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY

confira o gabarito

1- C 3- E
5- E
2- E 4- A

espero ter te ajudado <3

parabéns por ter


chego até aqui
desejo uma ótima prova

links úteis
https://www.vestibulandoweb.com.br/analise_obra/resu
mo-nove-noites.pdf
(resumo e questões da obra "Nova Noites)

https://jornal.usp.br/tag/analise-das-obras-da-fuvest/
(análise das obras por especialistas de literatura)

https://www.curso-
objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/fuvest.asp
(resolução comentada de questões da fuvest da primeira
e segunda fase)

https://acervo.fuvest.br/fuvest/index.html
(acervo da fuvest com provas e gabaritos)
@ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY @ESTUDAMAVY

referências
Fontes consultadas além da leitura das próprias obras e
as anotações realizadas por mim no decorrer do ano

MATOS, Alfredo Campos. Eça de Queiroz, Uma Biografia.


Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2017.

SERRANO, Carlos. O romance como documento social: o


caso Mayombe. Via Atlântida, São Paulo, n. 3,
p. 136, dez. 1999

ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. 5ª Ed.


Organizada e prefaciada por Nelson Romero. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1954. V. 5, pp. 1617-1638.

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