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Trabalho da Aula II - A diferença entre conhecer e saber

Aluno: João Paulo de Lima

Em primeiro lugar, no processo de conhecimento e do saber, a linguagem é fundamental,


agindo como mediação entre o ser humano consigo mesmo, com os demais indivíduos e a
natureza. Além disso, é preciso levar em consideração que o ser humano é composto por dois
elementos: a racionalidade e a historicidade. Algumas tendências filosóficas dão primazia à
racionalidade, enquanto que outras dão primazia à historicidade. Porém, segundo
Bombassaro, não podemos pensar nessas duas categorias como separadas e inconciliáveis
entre si. Na realidade, as duas estão interligadas e articuladas uma com a outra, compondo
uma totalidade no ser humano.
O ser humano é um ser social, isto é, um ser que só consegue viver e sobreviver em sociedade.
Todo ser humano necessita da socialização para aprender como viver e sobreviver. Aristóteles
diz que o homem é um zoon politikon (animal político), não sendo simplesmente um animal
social, mas também um animal que apenas por meio da sociedade pode se individualizar.
Mesmo indivíduo que se isole da sociedade, ele só pode se isolar porque carregou consigo as
forças próprias da sociedade, isto é, para se isolar da sociedade ele precisou aprender os meios
de garantir a sua sobrevivência, o que só pode ser aprendido em sociedade.
Por exemplo, a linguagem, como falamos, é fundamental para que o homem faça a mediação
consigo mesmo, com outros seres humanos e com a natureza, sendo uma ferramenta
fundamental na vida do ser humano. E a linguagem só pode surgir em sociedade, justamente
porque é algo que surge para que humanos que vivam juntos possam conversar entre si, como
meio de transmitir conhecimentos, ideias, generalizações, abstrações etc. Deste modo, fica
claro por exemplo como pode ser absurdo imaginar que a linguagem possa surgir sem a
presença de indivíduos que convivam entre si e que falem uns com os outros, justamente
porque a linguagem só existe quando individuos querem se comunicar.
E a linguagem é uma forma de conceituar e classificar realidade, realizando abstrações e
generalizações, por meio de letras, palavras e outros símbolos. Desse modo o ser humano
pode pensar o mundo concreto em sua mente, isto é, transpor para o mundo das ideias o
mundo material. Ao realizar essas abstrações o homem pode, mentalmente, decompor os
objetos da realidade em partes, pensar as partes e buscar a sua lógica, o seu funcionamento,
assim podendo entender a própria funcionalidade de um todo que busca conhecer, que é
composto por essas partes.
Assim, o ser humano pensa tanto a realidade em suas partes como em seu todo. Essa
capacidade do homem é a racionalidade, que busca conhecer a realidade e suas leis,
permitindo ao próprio homem criar uma historicidade, isto é, criar a sua própria história. Ou
seja, a partir do que o homem reflete da realidade, por meio da razão, ele pode refletir de que
formas ele pode transformar essa realidade, o que o leva a transformar o seu próprio meio, e
ao transformar o seu próprio meio os próprios homens se transformam.
Existem diferentes formas de conhecer e tipos de conhecimento. Esse conhecer vai se
moldando de acordo com as diferentes culturas, países e épocas da história em que vai se
formando. Alguns conhecimentos vão perdendo a sua validade ao longo do tempo, enquanto
que outros vão mantendo a sua validade. Além disso, o conhecimento pode ser classificado em
duas categorias:1) o conhecimento por familiarização, que se caracteriza por ser aquele
conhecimento que a sua validade é estabelecida através de experiências que os próprios
indivíduos vão tendo em suas vidas, de forma empírica e direta, como por exemplo quando
aprendemos por experiência própria qual é a melhor forma de se produzir um alimento . Ou
seja, é um conhecimento realizado pela relação direta entre sujeito e objeto; 2)o
conhecimento por descrição é aquele conhecimento que não se dá de forma direta e imediata,
mas sim de forma indireta, quando conhecemos algo por meio de explicações, pela linguagem,
por símbolos, ou representações, sem ter conhecimento direto com o objeto. Um exemplo é
quando conhecemos a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, sem nunca ter estado em
Natal. Conhecer Aristóteles por descrição significa dizer que sabemos que ele existiu e quais
foram as suas ideias por meio dos seus livros, explicações etc. mesmo sendo impossível
conhecê-lo.
Além disso, é preciso levar em conta a diferença fundamental entre doxa e episteme. A doxa
diz respeito a ideias que formuladas e que são chamadas de opinião, e por isso mesmo, não
representam conhecimento efetivo, cientificamente comprovado, pois se os indivíduos têm
apenas opiniões, que não estão nem certas ou erradas, então na verdade nenhuma delas é
válida. Enquanto que a episteme busca ir além da opinião, e elaborar um conhecimento que se
comprove cientificamente, por meio de um método.
Desse modo, há diversas escolas e teorias de pensamento, com diversos métodos de análise
da realidade, em especial no pensamento Ocidental, mas é necessário reiterar que a
racionalidade não é exclusiva desse pensamento, sendo encontrada em todas as sociedades,
pois a razão é capacidade mental que permite todo ser humano a chegar em conclusões a
partir de suposições ou premissas. E essas suposições ou premissas só podem surgir a partir
dessa ferramenta social que é a linguagem.
Assim, por exemplo, vemos que nas ciências sociais, ainda que a concepção hegemônica é que
esta seja uma ciência pautada no conhecer, ela também contempla o saber. Deste modo,
vemos nela tanto o conhecer, como um pensamento rigoroso, elaborado por meio de um
método que se diz científico e que busca a verdade de um objeto de estudo, mas também
encontramos em algumas áreas das ciências sociais a primazia do saber, isto é, concepções e
pressuposições existentes que não expressam a realidade verdadeira dos objetos, e que pode
ser vista por exemplo na perspectiva fenomenológica.

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