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ZEPPAZARIEL
TRADUÇÃO: ADARA MARQUES
CRIMSON RIVERS
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ZEPPAZARIEL
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TRÊS MESES DEPOIS
Lily franze os lábios. "Só perguntei onde você conseguiu o brinco. Você
poderia ter dito que não queria me contar."
"De pé, Red," Kingsley diz, segurando sua mão em direção a ela. O brinco
que ela está se referindo brilha em sua orelha direita, dourado e brilhando sob
as luzes do teto. Ele não tinha ele ontem. Lily tem suas suspeitas sobre como
ele conseguiu.
"Sabe, Sybill vai gostar," Lily aponta levemente enquanto ela pega a mão
dele, deixando-o puxá-la de pé.
"Ela já viu?" Lily tenta novamente, pulando nas pontas dos pés enquanto
eles se afastam. Kingsley não responde a ela; ele apenas sacode os braços. "Ela
vai achar sexy."
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"Lily," Kingsley diz, sua voz baixa e suave, mas há um pequeno sorriso se
contorcendo no canto de sua boca.
"Mm, bem, seu brinco acabou de me dar uma boa notícia," diz Lily,
abrindo um sorriso enquanto levanta as mãos também. Kingsley suspira e ela
o apressa.
Apesar de todo o treinamento que Lily fez nos últimos três meses, ela
ainda não pode vencer Kingsley, embora não por falta de tentativa. Lily leva o
treinamento muito a sério, raramente—ou nunca—brincando e sempre
focando rigorosamente. Isso não é um jogo; isso é uma preparação para o que
está por vir, e ela não vai levar isso com ânimo leve. Kingsley é seu principal
treinador, mas ela trabalhou muito com Poppy, especialmente com o lado
médico das coisas em mente. É difícil e cansativo, mas satisfatório também.
No entanto, toda vez que suas costas batem no tapete, Lily se pega se
perguntando o que diabos ela está fazendo. Às vezes ela se pergunta isso só
para lembrar sua resposta, sempre a mesma.
Por Remus.
Isso é amor, à sua maneira, ela pensa. Amor por coisas que ela não tem de
verdade, então não pode ser tirado dela. Tudo pelo que ela luta é uma força,
não uma fraqueza.
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"Eu sei," Lily diz, mantendo-se quieta enquanto ele se aproxima, esperando
a abertura. Kinglsey nunca lhe dá uma; sua forma é perfeita, e não há dúvida
em sua mente de que ele é o melhor lutador comparado a literalmente
qualquer outro dentro da Fênix. Ele também mantém a cabeça fria, mesmo
em uma briga, o que provavelmente o torna inestimável para Dumbledore
também. Há uma razão para Kingsley ter uma posição tão alta na Ordem.
"Você está pensando demais," murmura Kingsley. Isso é a coisa dele. Ele
está sempre calmo, sempre focado em qualquer tarefa que lhe foi dada,
orientado pelo dever e orientado para os objetivos. Nada o atinge, não
importa a situação. Nada.
"Eu não posso evitar que meu cérebro esteja sempre funcionando, King,"
Lily responde, exasperada. "Mas eu estou melhorando, certo?"
Kingsley assente. "Você está. Ainda hoje, você mostrou sinais de melhora.
Você quer parar e ir para o campo?"
"Eu pensei que sim," diz Kingsley, um sorriso carinhoso brilhando em seu
rosto quando ele deixa cair as mãos.
Kingsley não responde, sua mão subindo para puxar o lóbulo de sua orelha
enquanto eles caminham pelo complexo, descendo para os níveis mais baixos.
Seus dedos se enrolam ao redor do brinco, bloqueando-o de vista, mas Lily
percebe com crescente interesse que ele deixa cair a mão assim que Sybill
aparece. Ela tem suas suspeitas sobre como ele conseguiu, mas agora tem suas
suspeitas sobre por que ele conseguiu. Ela estava brincando antes, sobre Sybill,
mas talvez...
"King!" Sybill suspira de prazer assim que percebe. Seus olhos brilham
imediatamente quando ela se afasta de Wren—com quem ela estava andando
pelo corredor—para balançar para frente e olhar boquiaberta para a orelha de
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Kingsley. Ela recua, olhando para ele incrédula, como se nunca o tivesse visto
antes. "Isso é um—"
"Você está tão sexy," Sybill informa a Kingsley, assim como Lily sabia que
ela faria. "Eu quero um. Você fez isso sozinho? Você vai fazer para mim?"
"Oh, eu tenho certeza que ele adoraria fazer para você," Lily diz com uma
ironia divertida, porque ela conhece aquele olhar nos olhos de Kingsley, e sim,
suas suspeitas estão corretas. Ela se pergunta quanto tempo... Seu coração dá
uma pequena pontada. Ela espera que não há muito tempo, pelo menos não
antes de seu treinamento começar, porque isso significaria que ele teve que ver
Lily e Sybill juntas.
"E você, Evans?" Wren chama, dando-lhe um olhar lento para cima e para
baixo ao longo de seu corpo, suas intenções muito claras. "Você precisa de
um quarto para vir depois?"
"Mas nós sentimos sua falta," Wren reclama, rindo com um gemido
enquanto finge bater os pés.
"É verdade, nós sentimos," confirma Sybill, estendendo a mão curiosa para
cutucar a orelha de Kingsley, ainda encantada com o brinco. Kingsley fica
muito quieto e a deixa fazer o que ela gosta. "Miranda e Ember estão prestes a
começar a escalar as paredes."
"Ah, desculpe, você sabe o quão ocupada eu estive," Lily diz com uma
careta de desculpas. Não foi uma piada quando ela disse que as mulheres com
quem ela dorme—ou costumava dormir—ficariam desapontadas se ela
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parasse. Eles ficariam. Lily não teve tempo para nenhuma delas nos últimos
três meses. "Aqui está uma ideia, apenas um pensamento, mas alguma de
vocês já considerou, sabe, foder uma com a outra?"
"Certo, bem uh, nós temos que ir." Lily tosse e solta sons desanimados
enquanto Sybill e Wren os chamam para se livrar de seus deveres e ficar um
pouco mais. Apesar da tentação, Lily e Kingsley permanecem fortes e
continuam.
Eles ficam em silêncio por um tempo, e assim que Lily abre a boca,
Kingsley diz, "Nem uma palavra, Red," então Lily a fecha novamente e faz o
possível para abafar a risada.
Ela temia ter medo de armas, porque ela já foi baleada antes, mas não tem.
Ou talvez ela tenha, e a forma obsessiva que ela tem com as armas é como ela
controla esse medo.
Kingsley não fala com ela enquanto ele coloca o papel com a silhueta vaga
de uma pessoa nele para ambos, puxando cada um de volta até que os
números quase não sejam visíveis. Ele escolhe a arma com a qual ela
trabalhará primeiro, e eles se separam para ir para suas próprias baias, uma
divisória os mantém separados.
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"Entendi," Lily diz, então levanta sua arma, nem mesmo hesitando em
puxar o gatilho. É rápido, três tiros consecutivos antes que Kingsley possa
passar por ele, mesmo que eles tenham começado ao mesmo tempo. Ele
termina apenas alguns segundos depois dela, mas esses segundos importam
quando é vida ou morte.
"Tudo bem, você terminou o dia, pelo menos até o seu turno na
enfermaria," diz Kingsley.
"Sim, tudo bem." Lily fica por perto para ajudá-lo a trancar as armas de
volta de qualquer maneira, então meio que o bloqueia antes que ele possa
escapar rapidamente. "Então..."
"Você gosta dela," Lily diz, sorrindo. "King, você realmente—quero dizer,
você realmente gosta dela. Você tem um brinco para ela!"
"Não, não, não," Lily corre para corrigir. "Não foi estúpido. Foi fofo. É—é
realmente fofo. Você não é estúpido, Kingsley."
"Eu nem sei se ela gosta de homens," Kingsley diz cansado, soltando sua
mão.
Lily assente rapidamente. "Ela gosta. Você absolutamente tem uma chance,
ok?" Ela estende a mão e bate o cotovelo no dele, pegando seu olhar. "Há
quanto tempo você...?"
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"Oh, porra, você gostava dela mesmo enquanto eu estava dormindo com
ela?" Lily deixa escapar, angustiada. Ela o encara com os olhos arregalados,
mas ele apenas desvia o olhar. "Pelo amor de Deus, King, por que você
não disse alguma coisa? Eu teria—"
Kingsley faz uma careta e murmura, "Olha, não estou orgulhoso disso, mas
foi assim que eu descobri, certo?"
"Eu, uh, não sabia," explica Kingsley, suspirando. Ele dá de ombros para
ela um pouco impotente. "Quero dizer, Sybill e eu somos amigos há anos, e
claro, eu sempre achei ela brilhante, mas eu também costumava pensar que ela
era esquisita pra caralho."
"Sim, eu não sabia que gostava de coisas esquisitas até..." Kingsley franze a
testa e gesticula para ela. "Demorou um pouco, honestamente, porque eu não
conseguia descobrir o que me incomodava tanto."
"Eu não posso dizer com quem Sybill deve estar ou não, só porque eu
gosto dela. Eu não descobri até que fosse tarde demais, e isso era comigo, não
com você ou ela," diz Kingsley .
"Sim, mas eu ainda..." Lily suspira. "Bem, se isso faz você se sentir melhor,
não significa nada."
"Sim, Red, isso nunca acontece com você, não é?" Kingsley murmura,
sobrancelhas franzidas.
"O que isso deveria significar?" Lily pergunta com uma carranca,
reconhecidamente um pouco traída pelo fato de Kingsley parecer estar
virando a conversa para os seus... problemas, ou qualquer outra coisa.
Kingsley arqueia uma sobrancelha para ela. "Você sabe o que eu estou
dizendo. Nada significa nada para você, nem ninguém. E eu não me refiro
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Lily franze os lábios, desviando o olhar. Ela sabe que Kingsley está
preocupado com ela, por causa de quão distante ela é, mas ela realmente não
se importa. É melhor ela não se importar. Ela gosta de Kingsley, claro, mas
eles não são amigos. Não é isso.
Como se pudesse ler a mente dela, Kingsley diz baixinho, "Eu sei que o
que aconteceu com Remus foi—"
"Não fale sobre ele," Lily corta bruscamente, tão afiada que Kingsley
instantaneamente para. Seus olhos estão tristes, e ela odeia isso.
Ele estava lá naquele dia, cinco anos atrás. Ele atirou em Aurores para
pegá-la do chão, para salvá-la, e suas lágrimas não eram pelo ferimento de bala
em seu ombro, mas por Remus. Ela estava gritando o nome dele, implorando
a Kingsley que fosse salvá-lo, e ele prometeu que tentaria assim que a
colocasse em segurança. E ele o fez. Assim que ela estava segura, ele saiu para
tentar, enquanto ela era levada para a Fênix pela equipe com quem ele estava
trabalhando.
Dumbledore disse a ela naquele dia na enfermaria. Quando ela exigiu saber
se ele havia sido capturado—recusando-se a ficar na Fênix se ele tivesse sido,
com a intenção de abrir caminho até a Relíquia sozinha para salvá-lo, se
precisasse—Dumbledore lamentavelmente a informou que Remus havia sido
executado, assim como sua família.
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ela agradeceu. Foram as últimas palavras que ela falou por muito, muito
tempo; quando ela falou de novo, foi para pedir ajuda a Kingsley para sair,
porque ela não aguentava mais, não aguentava mais se sentir sufocada no
subsolo, e Kingsley deu um rádio para ela e disse para ela fazer o que tinha
que fazer.
Lily e Kingsley têm muita história. Ele foi a primeira pessoa com quem ela
ficou realmente confortável na Fênix, e talvez fosse porque ele a salvou,
porque ele realmente se esforçou para pelo menos tentar salvar Remus. Ele é
um bom homem, e embora ela não se permita se aproximar muito dele, ou de
qualquer pessoa, ela tem um respeito inabalável por ele.
"Você não fala sobre isso," Kingsley diz calmamente. "Você nunca fala
sobre isso, o que aconteceu naquele dia. Às vezes eu acho que você nunca
superou isso, Lily."
Eu não superei. Como eu posso? Lily pensa, seu estômago torcendo como
raízes retorcidas na base de uma árvore derrubada. Ela não sabe como ela
poderia passar por isso, quando terminou do jeito que terminou. Foi culpa
deles—dela e de Remus. Ele nunca poderia ficar fora de problemas, e ela
nunca poderia escapar bem o suficiente sozinha.
Eles foram uma receita para o desastre desde o início, ela e Remus.
Gêmeos do caos, mas da pior maneira possível; silenciosamente. Ninguém os
viu chegando, até que eles o fizeram.
"Dorcas está aqui, não está?" Lily pergunta abruptamente, segurando seu
olhar enquanto ela muda de assunto descaradamente e descuidadamente. Ele
estreita os olhos, e ela cantarola. "Ela te deu o brinco, então?"
Kingsley a encara por um longo momento, mas ela não desvia o olhar,
deixando bem claro que—como sempre—ela não vai escapar bem o
suficiente sozinha. Ele suspira. "Sim, ela está aqui."
Lily sorri.
~•~
Dorcas rastreia Slughorn por toda a sala enquanto ele bate em retirada
apressada, finalmente liberado por Dumbledore. Ele tem sido incapaz de
encontrar seus olhos, constantemente se remexendo toda vez que ela fala,
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congelando de medo quando ela se dirige a ele. Ela o fez se contorcer durante
toda a reunião. Ela gostou disso.
Dumbledore balança a cabeça. "Imagino que ele estava com muito medo."
"O recrutamento deve ser uma escolha, Sra. Meadowes. Não ameaçamos a
vida de nossos aliados."
"Ele não era exatamente um aliado na época, era? Além disso, não finja
que você nunca opera sob a regra de que os fins justificam os meios. Não foi
você que me disse que o risco do recrutamento era necessário para vencer a
guerra, independentemente das perdas que enfrentaríamos ao longo do
caminho?"
"Talvez, mas coerção não é um fardo que eu já pedi para você carregar,"
Dumbledore murmura.
"Não questione meus métodos, contanto que eu faça as coisas. Se você não
gosta, encontre outra pessoa," Dorcas o informa bruscamente, e ele não
responde. "Ah, mas você não pode, pode? Ninguém faz o que eu faço tão
efetivamente quanto eu."
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"Não."
"Lily Evans."
"Ah," Dorcas murmura, trabalhando para manter sua expressão neutra. Ela
inclina a cabeça. "Sábia escolha, senhor."
"Eu quero saber o que aconteceu com eles," Dorcas exige, inclinando-se
sobre os cotovelos enquanto mantém o olhar sobre a mesa. "Gideon e Fabian.
Onde foi que deu errado?"
Dorcas zomba. "Claro que você sabe. Você sempre sabe, e honestamente,
metade do tempo eu não me importo em saber tudo o que você sabe. Eu só
me importo em saber o que eu preciso. Mas isso? Eu tenho que saber disso, e
você vai me contar."
"Temo que este conhecimento seja grande demais para você suportar."
"Eu não posso arriscar o progresso que sua posição proporciona para esta
guerra," Dumbledore diz simplesmente. "Eu não vou."
"Eu estou nisso há anos," Dorcas sussurra, batendo a mão na mesa. Ele não
vacila. "Eu dei tudo de mim desde que Alastor Moody me recrutou, e eu
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nunca, nem uma vez, questionei você ou minhas ordens. Minha posição não
está em risco, a menos que você continue me recusando isso agora."
"Sra. Meadowes—"
"Você considerou que eu não desejo lhe contar para o seu próprio bem?"
Dumbledore pergunta, quase gentil sobre isso, mas ela não suaviza nem um
pouco. Ele suspira. "Se você insiste."
"Você era uma suspeita," murmura Dumbledore, "Mas, como eu lhe disse,
não posso arriscar o progresso que sua posição proporciona para esta guerra."
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Dorcas o encara através das lágrimas. "Você—você os fez levar a culpa por
mim, porque eu valho mais para você do que eles. Você—você os matou.
Você—"
Dumbledore balança a cabeça. "Eu não acho. Embora você esteja ferida e
sofrendo, é como você disse; você não é vítima da coerção, e isso significa que
você está aqui porque acredita nisso. Você não é culpada."
Não há pessoas boas na guerra, Dorcas sabe disso. Ela nunca se atreveu a
afirmar que ela é uma boa pessoa, especialmente no meio desta guerra em que
ela se plantou firmemente no meio. Há muitas coisas que pesam em seu
coração, coisas das quais ela nunca se livrará do peso, mas Gideon e Fabian...
Eles eram bons homens. Eles eram seus amigos.
Ela sabe, agora, que ele é o responsável pela morte de Fabian e Gideon.
Ela deseja, ansiosa e desesperadamente, que fosse o suficiente para fazê-la ir
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embora, mas não é. Fazer isso seria viver na ignorância, escolhendo não fazer
nada quando ela pode realmente fazer a diferença. Afastar-se dele e de tudo o
que ele representa seria caminhar direto para o lado de Riddle, e ela nunca,
nunca fará isso. Ela não pode.
A visão faz seu sangue ferver, honestamente, mas ela não se envolve ou
interrompe. Slughorn claramente se ajustou ao seu lugar na Fênix, embora
algumas pessoas tenham insinuado que não era um processo simples.
Aparentemente, ele foi evitado um pouco por algumas das merdas estúpidas
que saíram de sua boca, todas vindas de um lugar de privilégio e direito—a
Relíquia especial, se você preferir. Dorcas conhece essas pessoas, e ela
conhece bem muitas delas agora. Ela não duvida que Slughorn foi colocado
em seu lugar e teve um despertar muito, muito rude esperando por ele.
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Molly parece melhor do que da última vez que Dorcas a viu. Francamente,
Dorcas está um pouco surpresa que Molly parece tão feliz em vê-la,
considerando que Molly uma vez ameaçou matá-la e pretendia cumprir essa
ameaça. Dorcas não a culpa por isso. Veio de um lugar de dor e puro
desespero. Ela até se desculpou depois, o que foi legal.
Dorcas também tem certeza de que Molly extrai conforto dela porque ela a
lembra de casa como outra Relíquia. Molly nunca mais poderá voltar para
casa, pelo menos não antes que a guerra termine; ela sabe demais agora e, por
mais próxima que fosse de Gideon e Fabian, estaria em risco.
"Oi, Molly," Dorcas murmura enquanto elas se separam. "Eu só queria vir
ver como você está e ver como você está se adaptando."
Dorcas olha para o homem em questão, que sorri e acena assim que ela
chama sua atenção. Ele está preenchendo algum tipo de papelada, então ela
apenas acena de volta e se concentra em Molly novamente, que olha para ele
com carinho. "Isso é bom. Eu só—eu queria dizer que sinto muito por ter
perdido o funeral realizado para Fab e Gid."
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"Certo," Dorcas sussurra, dando um sorriso de dor. "Ah, por mais adorável
que seja ver você, eu também estava esperando falar com Poppy. Ela está aqui
dentro, por acaso?"
"Ela está em seu escritório," diz Molly, acenando para ele. "Vá em frente,
vá vê-la. Eu tenho que voltar ao trabalho de qualquer maneira."
Dorcas deixa Molly apertar suas mãos mais uma vez, então se afasta para ir
em direção ao escritório de Poppy. Ela bate, esperando a chamada para deixá-
la entrar, e então ela desliza pela porta. Poppy parece levemente assustada ao
vê-la, mas satisfeita.
"De qualquer forma," diz Poppy, franzindo os lábios, "Em que posso
ajudá-la, Dorcas?"
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perguntou. Como eu disse, eu tive uma reunião com Dumbledore. Ele trouxe
carregamentos de guerra biológica que a Ordem roubou de Riddle. Estou
assumindo que você estava lá."
"Um segundo." Poppy rola a cadeira para trás e se inclina sobre o cofre
atrás dela, colocando a mão em concha ao redor para girar. Há uma longa
sequência de bipes—muito longa—enquanto ela digita o código, então o cofre
abre com um silvo e um clique. Ela pega algo e fecha o cofre novamente antes
de rolar de volta para a mesa e aparecer com um frasco de—
Dorcas pisca, seus lábios se inclinam para baixo enquanto ela olha para o
frasco, sentindo um puxão em sua mente que insiste que ela já sabe o que é.
Ela leva um momento olhando para o líquido cintilante no frasco, grosso e
verde, e então clica. Seus olhos disparam em alarme. "Veneno de Besouro
Horcrux?"
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Dorcas faz uma careta. "Mas ele está usando o veneno como arma fora
disso. Isso é um risco, não é?"
"Não se cria simplesmente uma guerra biológica a esse extremo sem criar
uma proteção contra falhas, se for inteligente. Encontramos anotações que
implicam isso, mas algo tão importante—está sendo tratado na Relíquia. O
Distrito Um foi encarregado do armamento dos Besouros Horcrux, mas a
cura, ou qualquer imunidade que ele pretenda criar, ele não arriscaria cair em
mãos erradas. Sabemos que está acontecendo, mas não o que é, ou como é
feito, então não podemos fazer réplicas. Não ainda, de qualquer maneira.
Estou trabalhando nisso agora, ou tentando. Até agora, não tenho... nada."
"Certo, mas qual é o propósito de ter algo assim como uma arma para
começar?"
"Não, claro que você está," Dorcas diz rapidamente, engolindo enquanto
ela olha para o frasco, arrepios eclodindo ao longo de sua pele. "Eu não
duvido. Obrigado por me dizer."
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"Não posso ficar muito tempo," murmura Dorcas. "Eu tenho algumas
coisas para resolver na Relíquia de qualquer maneira. Minerva vai ficar um
pouco, então não se preocupe com isso."
A informação que ela acabou de saber pesa sobre ela durante todo o
caminho para fora da enfermaria e em direção ao seu quarto, a última parada
que ela fará para pegar suas malas antes de ir. É uma coisa assustadora, saber
que tipo de poder Riddle tem, saber quais são seus planos. Ele não se importa
com riscos; ele nunca se importou. Isso a assusta, mas ela acha que ele está se
preparando para a guerra. O que mais a assusta é o quão longe ele vai na
tentativa de vencer.
Embora, na verdade, Dorcas saiba que é uma troca entre elas, ambas se
perdendo uma na outra para não precisarem se perder nas coisas que as
atormentam, pelo menos por um tempo.
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Então, é fácil ficar presa nisso. Fácil deslizar as mãos no cabelo de Lily,
puxando-a para mais perto enquanto o beijo se aprofunda. Fácil de fazer
quando Lily a coloca contra a parede. Fácil de gemer, de arquear mais perto,
enquanto Lily morde seu lábio inferior e desliza as mãos frias por baixo da sua
camisa, os dedos flertando com os ossos do quadril.
"Me diga que você trouxe cigarros," Lily diz sem fôlego assim que elas se
separam.
Dorcas solta uma risada fraca. "Sabe, estou começando a ter a ideia de que
você só tem alguma coisa comigo porque eu forneço o seu vício."
"Nosso vício," Lily brinca, "E não, essa não é a única razão. Você também
está cheia de informações divertidas que eu quero."
"Oh, eu não tenho nada para você desta vez, então nem tente. Eu não
posso ficar muito tempo de qualquer maneira," murmura Dorcas.
Lily estala a língua. "Pena. Suponha que teremos que fazer isso rápido,
então."
Com isso, Lily se abaixa para pegar Dorcas sob suas coxas e puxá-la em
seus braços, virando-se para levá-la para a cama. Dorcas, reconhecidamente,
se envolve em beijá-la novamente, porque já faz um tempo agora, e é bom.
Não é até que Lily a deita na cama e se acomoda entre suas coxas abertas
que Dorcas tem um pensamento passageiro. Um que é como um tapa na cara.
Apenas um flash rápido de uma memória, cabelos loiros em vez de ruivos, a
última pessoa com quem Dorcas estava antes disso. Marlene.
Isso pode ter algo a ver com o fato de Dorcas nunca ter se despedido. Ela
ia e voltava sobre se despedir de Marlene antes de partir, após o fim dos jogos,
uma batalha interna que ela não conseguia descobrir como vencer. Significaria
alguma coisa, ela pensou, e elas concordaram em ser amigas, apenas amigas,
nada mais; elas nunca poderiam ser mais, porque isso colocaria Marlene em
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risco. Gideon e Fabian são a prova disso. Talvez depois da guerra, se algum
dia acabar, talvez então...
Mas não, Dorcas não conseguiu se despedir. Ela decidiu que era uma má
ideia, e ainda acabou correndo para a estação de trem, apenas para chegar
tarde demais. Marlene já tinha ido.
"O que?" Lily murmura, recuando para olhar para ela com as sobrancelhas
franzidas. "O que foi?"
Lily aperta os olhos pensativamente, então acena com a cabeça. "Sim, acho
que vi um pouco disso, talvez. Garota loira? Atirou alguém no fogo?"
"Essa mesma."
"Ela é gostosa."
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"Sim. Foi incrível. Nós—" Dorcas suspira e olha para seus dedos. "Nós
ficamos próximas, eu suponho. Ela é—ela é realmente brilhante, Lily. Quero
dizer, realmente."
"Sim," Dorcas concorda, triste, e elas não dizem mais nada por um tempo.
Elas realmente não precisam.
Essa é a coisa. É fácil com Lily, porque isso nunca foi um problema para
elas. A verdade é que uma parte de Dorcas ama Lily, e sempre amará Lily, mas
ela sabia desde o início, quando elas caíram na cama juntas, que era um amor
que só poderia crescer até certo ponto e não ir mais longe. As duas têm a
mesma opinião sobre isso, muito conscientes dos riscos de se aproximar
demais de outra pessoa.
Mas Dorcas não é muito melhor. Ela não se engana pensando que não se
importa, ou que não está se permitindo amar, mas está muito consciente de
que não pode deixar que isso importe. Não pode ser mais importante do que
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suas responsabilidades. Ela pode amar e se importar o quanto quiser, mas não
pode permitir que isso vá a lugar algum. Não vai salvar ninguém. Apenas os
coloca em perigo.
"Você quer dizer que você está treinando para ser uma médica de campo?"
"Eu só—" não quero que você se machuque, Dorcas não termina. Não consegue
terminar. Mesmo só de pensar isso a assusta, como se estivesse aumentando a
possibilidade. Lily pode não admitir que se importa, mas Dorcas não tem
esses problemas. Claro que ela se preocupa com Lily. Elas podem não estar
apaixonados, mas têm um vínculo. Foi construído na troca de cigarros e troca
de informações que nenhuma das duas deveria saber, assim como beijos
roubados e esgueirar-se para a superfície para soprar fumaça e esperar por um
mundo melhor. "Apenas tenha cuidado, Lily. Quem mais vai fumar comigo na
Fênix quando eu vir se você não estiver por perto?"
"Eu poderia dizer o mesmo para você," murmura Lily. "Sua posição não é
menos perigosa, Dorcas."
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Lily parece satisfeita, e ela se anima quando Dorcas rola para fora de sua
cama e tropeça em sua bolsa, procurando por dois maços de cigarros. Vinte
pacotes. Deve mantê-la abastecida por um tempo e, na verdade, é o mínimo
que Dorcas poderia fazer.
Lily pega as caixas como se fossem feitas de ouro, então levanta o olhar
para Dorcas, sua boca se abrindo um pouco quando ela toca a ponta da língua
no lábio superior. "Tire essa roupa bonita, e eu vou fazer exatamente isso."
"Oh, você sabe que eu posso ser rápida e ainda assim ser bom. Você pode
me contar sobre Marlene, se quiser."
"Claro, por que não? Não poupe detalhes." Lily coloca as caixas de lado e
estende a mão para agarrar o pulso de Dorcas para puxá-la lentamente, sua
voz se suavizando e caindo para um tom mais baixo e sensual que,
reconhecidamente, causa calor entre os quadris de Dorcas. "Me conte tudo
sobre ela."
"Ela—ela me disse que eu era impecável, sabe. Disse que eu sou linda,
sempre," Dorcas sussurra, sua boca seca enquanto Lily a puxa entre suas
pernas abertas.
"Não, ela realmente não estava," Dorcas concorda, uma tensão em sua
voz, suas pernas se sentindo um pouco fracas e trêmulas apenas pela memória
da boca de Marlene, e agora Lily está fazendo algo tão irrevogavelmente
perturbador e pecaminoso, segurando seu olhar e envolvendo os lábios em
torno do dedo indicador de Dorcas para raspar os dentes provocativamente
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sobre a pele macia deles. Dorcas sente isso entre suas malditas pernas, e seu
corpo inteiro se contorce.
Ela pode ver os olhos de Lily se iluminarem, pode praticamente ouvir Lily
pensando em peguei você, a merdinha sedutora. Dorcas nem está chateada, na
verdade. Ela gostaria de ficar perdida por um tempo de qualquer maneira.
"Venha aqui," Lily sussurra, beijando seu dedo e indo direto para a cama, e
Dorcas vai de boa vontade, feliz, porque ela não é imune às artimanhas de Lily
Evans e ela está completamente excitada só de pensar em Marlene McKinnon.
Perdidas juntas.
~•~
"—um dos pobres bastardos, e não importa qual deles, em qualquer caso.
Não suspeite que eles vão sobreviver de qualquer maneira."
"Tudo bem. Esse, então. Ele está me dando olhares engraçados há anos.
Eu juro que ele está me encarando às vezes, e se eu não soubesse, eu pensaria
que ele estava me xingando em sua cabeça."
Isso é exatamente o que eu estou fazendo, seu filho da puta, Remus pensa enquanto
levanta o olhar para ver dois guardas parados do lado de fora de sua cela,
olhando para ele através das grades. Ele olha. Propositalmente.
"Bem, ele vai desejar não ter feito isso." O outro estende a mão com seu
bastão de choque e bate nas barras. "De pé."
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Remus tropeça, olhando para frente enquanto ele é levado cada vez mais
para baixo pela prisão, passando cela após cela no caminho. Seus passos
ecoam pelo silêncio sinistro, ecoando em seus ouvidos. Seu coração está
afundando à medida que descem, porque ele sabe o que é isso. Ele sabe para
onde está indo.
Os gritos sempre vêm de baixo. Ele geralmente tenta ignorá-los, mas tem a
sensação de que será incapaz de ignorar os seus.
Eles o levam para uma sala com uma cadeira de metal pregada no chão no
meio dela. Um homem já está lá, sentado em um banquinho ao lado dele, um
suporte ao lado dele também. Remus pode ver uma seringa e outra coisa que
parece uma máscara de oxigênio sobre ela; ele olha para ela enquanto é levado
até a cadeira.
"Retire a máscara dele, por favor," o homem no banco ordena. Ele pode
ser um médico, ou um cientista, ou ambos, pela aparência dele.
Remus tenta não ficar muito tenso enquanto os guardas o forçam a sentar
na cadeira, prendendo seus braços para baixo e algemando cada pulso. Eles
algemam cada tornozelo também, depois empurram sua cabeça para trás
contra o encosto de cabeça e o prendem com a alça acolchoada que já está
embutida. Só então eles removem a máscara em seu rosto, e ele
imediatamente lambe os lábios secos, enrolando a mandíbula e respirando
uma lufada de ar.
O possível médico faz uma careta e aponta para a porta. "Vão preparar a
porra da carruagem. Bastardos inúteis." Os guardas fazem uma careta, mas
eles fazem o que ele manda, saindo da sala enquanto murmuram baixinho. O
possível médico olha para Remus exasperado. "Realmente, você acha que eu
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CRIMSON RIVERS
Remus não responde, é claro. Ele está tentado. Ele não ouve sua própria
voz há... meses, ele está assumindo. Não está claro, porque não é como se eles
tivessem malditos relógios ou calendários em Azkaban. Mas já faz um tempo,
ele tem certeza.
"Melhor não lutar muito," ele murmura cansado. "Nunca pareceu ajudar os
outros, de qualquer maneira. Fique quieto."
Remus não tem escolha, já que ele está amarrado na porra da cadeira. Cada
parte dele grita em protesto, querendo lutar, mas ele só pode assistir com o
coração acelerado enquanto a agulha desliza em sua veia.
É puro fogo lambendo suas terminações nervosas, corroendo sob sua pele,
ácido queimando através de seu corpo. Remus grita. Ele não pode evitar. Ele
nunca sentiu nada parecido em sua vida, uma dor lancinante tão forte que é
tudo o que ele conhece.
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ZEPPAZARIEL
escorregando de seu crânio, porque ele está fervendo, ele está pegando fogo,
ele está—
"Só. Fique. Parado," Alguém diz, e Remus não sabe de nada, não consegue
entender nada além das chamas comendo seus músculos, tendões e ossos.
Certamente ele está desmoronando em cinzas. Como ele é sólido? Como—
"Vamos ver. Respire fundo agora." As palavras não fazem sentido para
Remus, e ele mal consegue ouvi-las, mas há uma máscara clara descendo para
emoldurar seu nariz e boca. É uma cúpula fechada, como uma máscara de
oxigênio, e há uma vasilha preta presa ao fundo com o símbolo de perigo bem
ao lado do emblema da Relíquia.
Do jeito que está, Remus não consegue pensar em nada. É apenas dor.
Pura tortura. A máscara se acomoda ao redor de sua boca e nariz,
pressionando com tanta força que seus gritos são abafados. Ele pode saboreá-
los; eles são picantes e azedos com medo e angústia.
Remus inala.
A dor fica pior. Muito pior. Atinge um pico que parte seu cérebro ao meio,
e ele está morrendo, ele tem tanta certeza de que está morrendo. Ele só pode
estar morrendo, e ele não quer, ele luta tanto para não morrer, rebelando-se
contra o mero pensamento porque—porque—
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CRIMSON RIVERS
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ZEPPAZARIEL
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PRESENTES
"Não, ainda não é ele," Barty diz, aparecendo enquanto ele se levanta e se
inclina para olhar para ele, as sobrancelhas levantadas. Ele parece levemente
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CRIMSON RIVERS
"Ele te acha muito irritante, sabe," Regulus diz enquanto abaixa as mãos,
os lábios se contraindo levemente. "Eu acho que irrita ele que você nos
interrompe."
"Está tudo bem," é tudo o que Regulus diz. "Eu vou escovar meus dentes.
Você pode sair."
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ZEPPAZARIEL
Ele nem sempre toma banho sozinho, o que ajuda nos dias muito ruins.
Bem, não, ele sempre toma banho sozinho. Ele nunca poderá tomar banho
com outra pessoa na banheira com ele, onde ela possa tocá-lo, onde ele possa
sentir seus dedos em sua pele. Mas alguém está lá quando ele precisa. Barty
geralmente se senta no banheiro e conversa, não incomodado com sua nudez
e totalmente sem medo de fazer comentários lascivos e provocadores, mesmo
quando Regulus está chorando, o que Regulus honestamente aprecia. Sirius,
por razões óbvias, não entra no banheiro quando Regulus está tomando
banho, mas ele fica sentado do lado de fora da porta—assim como Remus
fazia—e fala com ele o tempo todo, sem fazer perguntas.
Há muito mais dias em que ele faz isso sozinho, onde ele pode entrar em
contato com a água sem voltar imediatamente para o rio. Esses são os bons
dias. Quando Barty fica, ele sempre tenta pegar os dias ruins de antemão, ao
invés de deixar Regulus lutar para descobrir como pedir ajuda. De qualquer
forma, Regulus percorreu um longo caminho. Progresso é progresso, como
dizem.
Regulus nunca toma banho no chuveiro. Ele nunca mais vai tomar banho
no chuveiro de novo.
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CRIMSON RIVERS
Regulus balança a cabeça e vai até sua mesa para acender sua lâmpada e
abrir seu diário. Ela se abre automaticamente na última página em que ele
escreveu, a última flor não se ajustando exatamente à encadernação,
pressionando o caule. Regulus corre os dedos sobre as pétalas, absorvendo,
depois vira para a próxima página e pega sua caneta.
Barty grunhiu. "A poesia não tem que rimar. Você me ensinou isso. De
qualquer forma, é melhor do que qualquer coisa que você esteja escrevendo,
sem dúvida. Tome nota disso, ok? Eu sou um gênio."
"Mas eu odeio isso, só para você saber," Barty resmunga enquanto rola
para fora da cama. "Ele só vai me dar um sermão assim que eu passar pela
porta, como se eu me importasse em fazer dobradiças estúpidas o dia todo. E
está tão quente. E meus braços doem no final. E eu nem quero ser um ferreiro,
mas ele se importa com isso? Nãooo, claro que não. Ele está apenas—ei, você
está me ouvindo, Regulus?"
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ZEPPAZARIEL
Para ser justo, não é como se Regulus nunca tivesse ouvido nada disso
antes. Ele sabe tudo sobre o desgosto de Barty por seu pai, e o desgosto de
Barty por trabalhar como ferreiro com seu pai, e também apenas o desgosto
geral de Barty por praticamente tudo. Regulus não pode culpá-lo; ele conhece
melhor do que a maioria os sentimentos complexos que se tem por pais de
merda.
No caso de Barty, sua mãe é aquela por quem ele tolera tudo. Se não fosse
por ela, Regulus tem certeza de que Barty teria cuspido na cara de seu pai e
nunca mais pisaria na forja. O pai de Barty pode ser uma merda, mas a mãe
dele é adorável.
Enquanto Barty anda por aí, ele continua a tagarelar e reclamar, enquanto
Regulus o ignora, desinteressado. Ele não oferece mais dinheiro a Barty,
porque Barty parou de aceitar quando seu pai começou a exigir saber onde ele
conseguiu e o que ele fez para obtê-lo, levando a uma discussão maciça que
perturbou sua mãe. Regulus sabe que não deve oferecer agora, mesmo que ele
tenha muito e não se importe em dar a Barty o suficiente para manter sua
família alimentada, até mesmo sua desculpa de pai.
"Eu acho que vou passar. Você vai divertir, no entanto," Regulus
murmura.
"Você precisa sair mais," diz Barty com um suspiro. "Não estou dizendo
que sexo resolveria todos os seus problemas, mas pelo menos tiraria sua
mente deles, e você merece orgasmos."
Regulus solta uma risada fraca porque Barty diz isso com tanta seriedade
que é literalmente engraçado. Vindo de Barty, isso é genuinamente um elogio
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CRIMSON RIVERS
"Acredite ou não, estou indo muito bem sem orgasmos, Barty," Regulus o
assegura. "Você pode ir e ter quantos você quiser, no entanto. Não me deixe
impedir você."
Barty franze a testa, hesitando na porta. "Você vai ficar bem esta noite,
certo? Porque eu posso cancelar—"
"Você vai ter que ser mais específico." Barty abre um sorriso e pisca. "Eu
faço muitas coisas com a minha boca."
"Exceto calar a boca, infelizmente," diz Regulus, e Barty olha para ele antes
de bater na porta e reclamar por ter que ir trabalhar. Eles trocam despedidas, e
então Barty leva todo barulho com ele quando vai embora, deixando para trás
o silêncio.
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ZEPPAZARIEL
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CRIMSON RIVERS
Assim que James volta para sua casa, Regulus bate a caneta no chão e sai
correndo da cadeira, descendo as escadas a uma velocidade, francamente,
ridícula. Ele está sem fôlego quando chega à porta, e é rápido ao abri-la um
pouco e esticar a mão para se abaixar e pegar o que James deixou para trás, o
que ele deixa para trás todas as manhãs, sem falta.
Regulus se inclina contra a porta e olha para ela, seu coração martelando
em seu peito—da corrida, obviamente, e nada mais. Ele arrasta o polegar
suavemente sobre as pétalas macias e finas em plena floração do azul do
pássaro canoro, seu coração inchado no peito como se tivesse sido picado. Ele
pulsa.
É praticamente uma rotina, neste momento. Regulus usa uma das flores
para substituir uma que está morrendo em seus diários anteriores que ele já
preencheu, e a segunda flor vai entre a página que ele está escrevendo hoje. A
flor—é rosa—está sobre a mesa enquanto ele pega sua caneta novamente.
~•~
James para na cozinha para beijar sua mãe na bochecha dela, apertando seu
ombro enquanto faz isso. Effie se inclina para ele com um sorriso, mas não se
afasta do fogão.
"Se ele quiser ir," James diz a ela, dando de ombros. "Ele provavelmente
vai, se não tiver planos de incomodar Regulus hoje."
Alguns minutos depois, James anda pela casa e encontra seu pai na sala
principal, jogando lenha cortada na lareira. A visão disso faz o coração de
James apertar, como sempre acontece. James nunca corta lenha mais para seus
pais; Monty lida com isso agora, mesmo que deva ser brutal para suas costas e
joelhos. Ele faz isso sem reclamar, porém, e guarda o machado em algum
lugar que James não precisa ver quando está cuidando de suas flores.
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CRIMSON RIVERS
"Eu estou no meu auge, só para você saber," declara Monty. "Diga-
me, meu jovem, qual é a sua desculpa?"
"Mãe!" James chama. "Papai está tirando sarro da minha perna de novo!"
James abafa uma risada enquanto se dirige para as escadas e Monty entra
na cozinha para apaziguar sua esposa, declarando que seu filho é um
mentiroso sujo e podre que só pretende separá-los. As escadas, como sempre,
não são a invenção favorita de James no mundo, mas ele pula o assento
dobrável que Sirius construiu e instalou para ele, que funciona em um
mecanismo ao longo do corrimão para ele montar quando sua perna está
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ZEPPAZARIEL
dando muito problema. Hoje não está tão ruim, e ele conhece seus limites
agora, depois de quase cinco meses aprendendo-os.
James assobia.
"Temo que eu não seja capaz. Você é uma visão," James diz sem fôlego,
abanando o rosto.
James bufa. "Sim, sim. Falando em Regulus, você está planejando vê-lo
hoje?"
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CRIMSON RIVERS
"Deveria ter começado com isso," Sirius deixa escapar, então praticamente
empurra James para fora do caminho para sair correndo do quarto, cantando
saudações e pedidos de comida enquanto ele desce as escadas e sem dúvida
irrompe na cozinha. Há uma pausa de silêncio, então, "James, eles estão se
beijando de novo!"
"Nem pode imitar. Você só pode ter a sorte de ter o que temos,"
acrescenta Effie, lutando contra um sorriso.
James tosse para cobrir uma risada. "Sirius, eu não sei como podemos
continuar vivendo nessas condições."
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ZEPPAZARIEL
"Eu nunca vou embora," Sirius anuncia, o que só prova o ponto de vista
de James. Eles compartilham um olhar, então têm que desviar o olhar para
que não se dissolvam em risadas.
A única coisa que James não pode ignorar é o vazio ao seu lado, apenas um
pouco mais frio do que qualquer outra parte dele, um espaço esculpido
implorando para ser preenchido. Regulus caberia ali, encostado nele, enfiado
debaixo de seu braço e sussurrando comentários maldosos no ouvido de
James para deixá-lo em pedaços. Regulus caberia aqui, com James, com essa
família. Regulus se encaixaria tão bem que sua ausência é sentida; James sente
ela, sempre.
Depois de todo esse tempo, você pensaria que ele já estaria acostumado
com isso.
~•~
Sirius e James reivindicaram partes do quintal para si, e embora isso não
seja dito, é bastante conhecido que o que é deles é deles, e só deles.
Sirius, Effie e Monty não mexem com as flores de James de forma alguma,
e não derrubam colméias ou ninhos de vespas, e não deixam ferramentas que
podem ser pegas e usadas como armas para James ver ou pegar—tudo isso foi
aprendido por meio tentativas e erros. James, Effie e Monty não entram no
galpão de Sirius, não movem suas ferramentas e não fazem pedidos para que
ele construa algo específico, apenas agradecem o que ele lhes der—isso
também foi aprendido por meio de tentativa e erro.
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CRIMSON RIVERS
A última vez que Sirius esteve na casa de Regulus, ele viu as canetas e lápis
espalhados por toda a mesa em seu quarto—aquela que Sirius construiu para
ele—e fez a nota mental de construir algo para prendê-los. Não é nada
extravagante, não é a coisa mais intrincada que ele já construiu, mas vai
funcionar. Apenas um recipiente de madeira grande o suficiente para que as
canetas e lápis pudessem tinir com facilidade, pendurado para facilitar o
acesso no topo, o lado de fora esculpido em padrões sem sentido porque
Sirius ficou entediado. O verniz deixa tudo brilhante e liso.
Não foi fácil, recuperar isso depois de dez anos. Aquela primeira bengala
que ele fez foi honestamente uma merda, mesmo que James a usasse sem
problemas. Talvez Sirius seja apenas dramático, mas para ele, a visão dela o
fez querer arrancar seus globos oculares, então ele insistiu em fazer melhor na
segunda vez. Foi assim que ele ficou bom de novo, velhos hábitos e sua
determinação implacável de esperar mais de si mesmo. O som de desprezo em
sua cabeça que zomba de seus fracassos ainda toma a forma da voz de sua
mãe, até hoje.
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ZEPPAZARIEL
novas para fazer com ele, e provavelmente o fará até que finalmente seja
colocado em uso. A estante de James e Regulus está lá—aquela mencionada
apenas uma vez, de alguma outra vida, e ele a fez nesta para eles terem quando
estiverem prontos. Sirius acredita que eles estarão, algum dia. Ele ousa esperar
que sim, pelo menos.
Não é uma viagem muito longa para chegar à casa de Regulus, já que ele
está do outro lado da rua. Não tão longe de seus pais quanto Sirius gostaria,
mas perto dele, então ele lida com isso. Ele queria jogar Walburga e Orion
para fora e deixá-los desabrigados, mas Regulus havia pedido a ele para não
fazer isso—implorou para que ele não o fizesse, na verdade, que é a única
razão pela qual Sirius não o fez.
Eles foram duros com Regulus depois que ele voltou, muito duros, então
não foi surpresa que ele finalmente tenha se irritado. Demorou menos de uma
semana, apenas alguns dias de Walburga mandando ele tomar banho, se
recusando a ter um filho que não tivesse higiene adequada, que não se
apresentasse direito; então, quando Orion se atreveu a tentar arrastar Regulus
para um banho, totalmente vestido e gritando tão alto que Sirius ouviu tudo
na rua e imediatamente veio correndo, tudo meio que—foi para a merda,
honestamente. Sirius irrompeu e viu Regulus literalmente sufocando Orion até
a morte, e ele admitiu considerar apenas... deixá-lo fazer isso.
No final, ele não deixou, porque ele sabia que Regulus só ficaria mais
fodido com isso, e honestamente, lidar com os Aurores e as repercussões seria
uma tarefa do caralho. Então, Sirius o puxou—o único que conseguiu, porque
ele era o único forte o suficiente, embora Walburga estivesse tentando, sem
sucesso. Regulus estava atacando e bastante selvagem na época, então Sirius
teve que genuinamente arrastá-lo para longe. Naquele mesmo dia, ele ajudou
Regulus a se mudar, e seus pais não tiveram nada a ver com eles desde então.
Eles estão com medo, Sirius sabe disso. Com medo de seus próprios filhos,
no qual Sirius encontra algum tipo de justiça poética e fodida. Afinal, seus
filhos já tiveram medo deles; agora eles sabem como é estar do outro lado.
Seus filhos são assassinos, e eles nunca parecem compreender todo o horror
de tal coisa até que suas vidas estejam em risco.
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CRIMSON RIVERS
Orion não se importam com o trauma que ambos têm após os jogos; eles
nunca se importam, e por que eles se importariam? Não é como se eles se
importassem com o trauma que Sirius e Regulus carregam depois de sua
infância, o trauma que eles causaram.
Sirius conhece o ciclo. Ele viveu isso. As coisas estão muito ruins, então
elas melhoram um pouco, e então elas ficam muito piores, e então elas ficam
bem, e então é insuportável, e então de alguma forma, inexplicavelmente, é
muito bom. De novo e de novo, assim vai. Regulus e James—e Sirius—estão
bem agora, ao mesmo tempo, o que é muito raro, mas não vai durar para
sempre. Isso só fica cada vez mais distante, deixando-os aprender a viver com
isso.
Sirius não entra em pânico, não como na primeira vez que recebeu essa
resposta. Regulus nunca o recusa se ele está por perto, mas ele nem sempre está
por perto. Às vezes, ele simplesmente—sai. Ninguém sabe para onde ele vai, e
ninguém consegue encontrá-lo. Sirius talvez tenha tido um colapso legítimo
na primeira vez que isso ocorreu, então agora Regulus tende a deixar um
bilhete, só para garantir.
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ZEPPAZARIEL
Sirius não lê os diários de Regulus. Ele respeita esse limite, apesar de sua
curiosidade, e está ciente de que Regulus perderia a cabeça se Sirius o fizesse.
Regulus é da mesma forma sobre sua escrita que James é sobre cuidar de suas
flores e Sirius é sobre construção.
~•~
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CRIMSON RIVERS
Regulus sabe mais do que isso. A morte está em toda parte, então não há
como evitá-la.
De qualquer forma, Regulus gosta dessa árvore. Ele acha que Evan gostaria
de escalá-la. Regulus nunca o fez, embora diga a si mesmo cada vez que vier
que o fará, ele finalmente o fará, ele se agarrará e seguirá em frente até chegar
ao topo.
Regulus pensa em jogar sua adaga de novo, mas para e olha para o céu
contra o forte estrondo do sol batendo em sua pele pegajosa. Ele está aqui há
horas, então se Sirius decidiu vir, sem dúvida está esperando por ele. Regulus
é cauteloso em mantê-lo esperando por muito tempo, a memória de quão
ruim isso foi na primeira vez que aconteceu nunca está muito longe de sua
mente. Sirius não tinha lidado bem com isso.
Então, com uma leve relutância, Regulus solta um suspiro profundo e puxa
o cabelo para trás de onde ele está encharcado e úmido sobre sua testa,
tentando se agarrar à sua pele suada. Sim, ele vai ter que tomar banho esta
noite. O pensamento faz seu estômago revirar, então ele o ignora por um
pouco mais.
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ZEPPAZARIEL
Depois do mercado, ele passa pela escola, para a qual ele olha
furtivamente, dizendo a si mesmo que não está tentando ver James, embora
esteja. Ele sabe através de Sirius que James passa muito tempo lá com Mary, e
Sirius também vai quando tem chance. Sirius o convidou várias vezes, jurando
que Mary não se importaria, prometendo que seria bom para ele.
Regulus nunca vai, mas estaria mentindo se dissesse que não pensou nisso,
nem que fosse para ver James. O único problema são as crianças. Regulus mal
consegue funcionar em torno de adultos, então ele sabe que seria uma causa
perdida em torno de crianças. Ninfadora está se tornando uma exceção, mas
ele não quer testar a teoria com outras crianças.
Assim que Regulus abre a porta e entra, Sirius está lá, puxando-o para um
abraço apertado que deixa todo o corpo de Regulus tenso enquanto um raio
de confusão o atravessa. Sirius nunca o toca sem pedir, ou sem um sinal claro
de aviso para que Regulus possa se afastar se precisar, e nos dias realmente
ruins, ele sabe que não deve tocar de jeito nenhum. O fato de Sirius estar
abraçando ele antes de qualquer outra coisa o deixa em alerta máximo
imediatamente, assim como o pânico nos olhos de Sirius quando ele o solta.
"Ei, Regulus. Só para avisar, James saiu depois de você, mas ele deve estar
em casa logo," Sirius diz, segurando seu olhar, claramente tentando transmitir
algo que Regulus está honestamente apenas—não entendendo. Do que diabos
ele está falando?
"O que?" Regulus pergunta, perplexo. Esse é, tipo, um dia ruim de algum
tipo para Sirius? "James não—"
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CRIMSON RIVERS
Regulus de alguma forma fica mais rígido, e ele prende a respiração por um
instante enquanto Sirius olha para ele, praticamente implorando para ele
concordar com isso com os olhos. Então, Regulus exala e balança a cabeça
lentamente. "Sim, tenho certeza que sim. Quem é a visita?"
"Ah," Regulus diz, esperando como o inferno que não soe como se ele
tivesse levado um soco do jeito que ele sente. Ele engole em seco, pigarreia
baixinho, então endireita os ombros. "Bem, suponho que não deveria deixá-lo
esperando, então. Vou fazer companhia para ele enquanto você traz James
para casa."
"Tudo bem, claro," Sirius responde levemente, como se não fosse grande
coisa, mas ele arrasta Regulus de volta para um abraço, e desta vez, Regulus
reflexivamente o abraça de volta, segurando firme. Sirius abaixa a cabeça para
sussurrar em seu ouvido. "Eu vou ser rápido. James mora aqui e você o ama
muito, fui claro?"
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ZEPPAZARIEL
"Regulus, obrigado por se juntar a mim," Riddle diz, sua voz suave e clara.
"Que tolice minha, senhor, eu nunca pensei nisso," Regulus diz sem
rodeios, olhando para Riddle sem expressão, porque ele não se importa com
qualquer discussão verbal para qual Riddle está tentando arrastá-lo. Ambos
sabem que ele está coberto de cicatrizes; ambos sabem exatamente por que ele
ainda está em uma camisa de manga comprida, mesmo agora.
"Eu sou seu amante, não seu guardião," responde Regulus. "Nós temos
outras coisas para fazer durante o dia além de ficar debaixo do outro o tempo
todo, assim como qualquer outro casal."
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CRIMSON RIVERS
"Ah, você vai ter que perdoar minha confusão. Eu tinha a impressão de
que seu amor um pelo outro era diferente de todos os outros," Riddle
anuncia, inclinando a cabeça.
"Eu?"
Riddle apenas cantarola. "Você não é o primeiro, você não será o último.
Do jeito que está, nós não somos parecidos, mas acho que nós dois
compartilhamos uma apreciação por falar sem rodeios, sem ilusões do que
está sendo discutido. Vamos falar livremente agora, Regulus."
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ZEPPAZARIEL
"Eu não concordo com a noção tola de que o amor—" Os lábios de Riddle
se curvam em desgosto em torno da palavra, "—pode ser comparável de
pessoa para pessoa. Que pode ser maior entre um par de amantes do que o
outro. Todo mundo acredita que eles inventam o amor, apenas a partir da
profundidade que eles sentem, mas não é o caso. O seu amor e o de James,
por exemplo, não precisa ser mais estimado do que o de qualquer outro. Assim
como qualquer outro casal, você disse. Sim, apenas isso. Nós concordamos com
isso."
"Talvez não em tantas palavras, mas esse é, no entanto, o escudo que você
usou quando estava sob fogo." Riddle dedilha na maleta. "Quer eu ou não, as
pessoas na Relíquia acreditam nessa noção boba, Regulus, e isso é a única
coisa que mantém você e James vivos."
Regulus não reage a isso, forçando-se a não fazê-lo, porque ele já sabia
disso. Eles estão falando livremente, certo? Claramente eles estão, porque
Riddle com certeza está. "As pessoas da Relíquia são o motivo pelo qual essa
noção boba existe para começar."
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CRIMSON RIVERS
"Convença-os," diz Riddle simplesmente. Ele faz uma pausa, então abre
sua maleta com dois cliques, levantando a tampa, mas sem chegar lá dentro.
Ele segura o olhar de Regulus sobre ela. "Convença todos eles, e faça isso sem
permitir que nem mesmo uma pessoa pense que vem de um lugar de medo.
Melhor ainda, me convença."
"Eu espero que, quando chegar a hora, você aprenda a mentir melhor,"
Riddle murmura, a mão mergulhando em sua maleta antes de puxar um pote e
colocá-lo entre eles.
~•~
James observa com carinho enquanto a classe de Mary grita e corre para a
porta assim que a campainha sinaliza que o dia acabou, saindo da escola
56
ZEPPAZARIEL
correndo para casa, ou correndo direto para seus pais que estão esperando por
eles do lado de fora.
James nunca foi para esta escola, mas Sirius e Regulus foram antes que
Sirius terminasse seus jogos e eles entrassem na Vila dos Vitoriosos e tivessem
acesso a tutores pessoais da mesma forma que James.
Veja, começou por acidente. Nos primeiros dois meses, James realmente
não viu... ninguém, exceto seus pais e Sirius. Ele só saía de casa para levar uma
flor para Regulus todas as manhãs. Sirius, é claro, nunca o pressionou, mas ele
também nunca deixou de tentar ajudar, e um dia ele convenceu James a vir
almoçar com ele e Mary.
Então, James foi, e ele se sentiu melhor por isso. Ele continuou voltando,
mesmo quando Sirius não tinha tempo ou estava ocupado com outra coisa;
contanto que Mary o deixasse aparecer, ele ia. Eventualmente, um dia, ela
pareceu perceber o fato de que ele realmente não queria ir embora, mesmo
quando o almoço acabou, então ela o convidou para a sala de aula. Ele estava
cauteloso, mas foi, e instantaneamente se iluminou ao redor das crianças.
Os mais novos geralmente não assistem aos jogos—seus pais tendem a não
deixá-los, se puderem evitar—então a maioria deles nem sabia sobre o que ele
havia feito na arena, e eles o tratavam como se fossem qualquer outro adulto
que fosse gentil com eles e trabalhasse duro para fazê-los rir. Os mais velhos
assistem aos jogos—seus pais geralmente não podem impedi-los, quando
atingem uma certa idade e entendem completamente o que diabos eles são—
então eles sabem sobre o tempo dele na arena. Mas há uma cautela instintiva
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CRIMSON RIVERS
que até as crianças têm sobre esse assunto, principalmente quando correm o
risco de um dia entrarem na arena. Claro, nem sempre, no entanto.
Ele vê Vanity neles, às vezes. Pega a visão dela com o canto do olho
quando ouve um suspiro de prazer. Procura por ela quando um besouro
rasteja sobre seu sapato. Vê ela no sorriso de uma jovem e nas lágrimas de
outra.
Ele tenta não ver Hodge, mas ele está lá também. Meninos fingindo ser
príncipes. Meninos tentando encontrar seu caminho no mundo. Meninos
comemorando seu décimo quinto aniversário, porque eles têm a chance.
Alguns deles o lembram de Regulus, e é aí que ele descobre que Hodge o
lembra de Regulus—um Regulus que nunca aconteceu, um garoto na arena
apenas tentando sobreviver, perdido e nunca voltando para casa. Regulus
poderia ter sido Hodge, se Sirius não se voluntariasse para ele.
"James?"
Sacudindo, James dá uma piscadela áspera e vira a cabeça para olhar para
Mary com surpresa. Por um segundo, ele não sabe quando é. Antes da arena,
durante ou depois? Quem está vivo e quem está morto e onde está seu
machado? Onde está Regulus?
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ZEPPAZARIEL
Isso ainda acontece com ele, com frequência. O fluxo do tempo parece
desordenado e desconexo, e às vezes ele precisa encontrar seu lugar nele,
porque a corrente pode arrebatá-lo quando ele menos espera. As coisas o
desencadeiam, é claro, como uma noite fria ou um machado no chão ou muita
dor na perna, mas também pode acontecer aleatoriamente. Ele conversou
com Sirius sobre isso, que confessou que é semelhante aos seus problemas
com sua memória.
James sorri reflexivamente e olha para Bingley, que está pegando sua bolsa
do cubículo no fundo da sala de aula. Bingley é o irmão mais novo de Mary,
literalmente com metade de sua idade aos treze. É o primeiro ano em que ele
estará na colheita, e Mary tem se preocupado com isso, já que ela está
envelhecendo. Assim como Sirius, James não tem dúvidas de que ela se
ofereceria como voluntária para seu irmãozinho, se fosse o caso, mas ela não
pode.
"Não, uh, eu acho que vou ao mercado," James reflete, acenando para ela.
Mary e Bingley costumam levá-lo para casa—ou quase para casa—quando ele
ainda está por perto no final do dia, porque eles vão em sua direção de
qualquer maneira. Na verdade, tecnicamente James leva eles para casa, mas ele
sabe tão bem quanto eles que na verdade é para seu benefício. Ele gosta de
não ficar sozinho.
"Bem, se você tem certeza, vamos para que eu possa trancar," Mary instrui,
balançando a cabeça para fazer James se mexer. "Eu não posso esperar por
você o dia todo, Potter. Ei, vamos lá, Bing Bing."
"Vamos, vamos," Bingley resmunga enquanto corre para seguir James para
o corredor. James espera com ele enquanto Mary tranca a sala de aula,
balançando sua bengala preguiçosamente, fazendo truques com ela para fazer
59
CRIMSON RIVERS
Bingley sorrir. James a leva para onde quer que ele vá na maioria das vezes, se
sair de casa, mesmo que nem sempre precise se apoiar nela e saiba que sua
perna ficará bem. É uma sensação de segurança, caso a necessidade surja.
Mary sopra alguns cachos do rosto enquanto se junta a eles andando pelo
corredor, e o calor é tão forte que James não pode culpá-la por puxá-lo para
trás de seu rosto e amarrá-lo em cima de sua cabeça em um bela massa de
cachos apertados.
Ele perguntou uma vez se ela pensava em cortá-lo, porque ela ficava
reclamando do calor que fazia durante o verão, e ela explicou que não cortava
o cabelo desde os nove anos e disse à mãe que ela era uma menina e que
queria o cabelo mais comprido. James, por outro lado, cedeu e pediu
timidamente a sua mãe para cortar um pouco o cabelo dele, mas está
começando a crescer novamente. Enquanto isso, Sirius gritou e correu na
direção oposta quando Effie se ofereceu para fazer o mesmo por ele. Monty
riu tanto que estalou algo nas costas, porque ele é realmente um homem
velho.
"James! James!"
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ZEPPAZARIEL
"Desculpe, Mary, não há tempo para explicar. James, vamos lá," Sirius
insiste, já recuando.
James não precisa ouvir mais nada. Ele não hesita em começar a correr, a
adrenalina o empurrando para acompanhá-lo enquanto Sirius corre de volta
para a Vila dos Vitoriosos com James em seus calcanhares. Ele quer saber o
que está acontecendo, mas ambos estão correndo demais e rápido demais para
realmente conversar. A perna de James sem dúvida ficará chateada com ele
por isso mais tarde, mas no momento, ele não se importa particularmente.
"Riddle está aqui. Ele está na casa de Regulus, com ele, agora," Sirius
explica, seu tom curto e cortante. Seu rosto está alarmantemente neutro, mas
ele não parece satisfeito. James sente seu coração cair enquanto seu medo
aumenta. "Ele pode ter insinuado que não gostou da ideia de você e Regulus
não serem um casal de verdade, então eu posso ter insinuado que vocês dois
moram juntos e são um casal muito real e muito feliz, então você vai entrar lá
e agir de acordo para o bem de—todos."
61
CRIMSON RIVERS
E sim, tudo bem, isso é justo. É uma situação muito intensa, e James não
quer ninguém em perigo mais do que Sirius. Isso não impede seu coração de
acelerar quando Sirius o arrasta até a porta e os deixa entrar sem gaguejar.
James diz a si mesmo que é da corrida.
James nunca esteve na casa de Regulus, por razões óbvias. Ele esteve do
lado de fora da casa de Regulus, ou pelo menos na porta da frente, mas isso é
tudo, então esta é sua primeira olhada. Ele não sabe o que estava esperando,
mas é mais vazio do que ele pensava que seria. Parece vazio e ecoante, como
se estivesse eviscerado, como se não houvesse sinais de vida dentro das
paredes.
A primeira coisa que James nota são os dois Aurores parados do lado de
fora de uma porta depois das escadas. Eles não reagem quando Sirius gesticula
para a porta, e não protestam quando Sirius a abre e os leva para dentro.
Vespa.
Não, não Vespa. Vanity não manteria Vespa em uma jarra. Onde Vanity
conseguiu uma jarra? Onde está Vanity? Por que Vespa está tentando voar?
Quem está com medo?
James está. James está com medo. Ele leva um momento para perceber
isso, porque o medo não é útil na arena. Mas é claro que ele está com medo;
ele está na porra da arena. Ele não está? Ele está?
O fluxo do tempo o puxa para frente e para trás, e ele exala, tentando
firmar os pés. Ajuda que ele esteja em um lugar que nunca esteve antes. Não
antes da arena, nem durante, então só pode ser depois. Está quente,
absurdamente quente, então só pode ser verão. A turnê da vitória ainda não
62
ZEPPAZARIEL
Regulus não se virou, mas seus ombros estão tensos. Ele certamente os
ouviu entrar, mas ele ainda está encarando Riddle, que está observando James
e Sirius com olhos críticos. Parece um teste, e James lembra que, de certa
forma, é. Ele precisa passar, então sorri e caminha para frente sem olhar para
o frasco novamente, ignorando o abafado bater de asas finas e o baque surdo
quando o Besouro Horcrux atinge o vidro repetidamente.
"Desculpe o atraso," diz James, levantando a cabeça para olhar para Riddle
com um sorriso. "Não estávamos esperando visitas hoje."
"Oh, está tudo bem, James," Riddle diz, inclinando a cabeça enquanto se
levanta. "Regulus foi o anfitrião perfeito, e tivemos uma conversa adorável.
Receio não poder ficar mais tempo."
Para isso, James não consegue descobrir como responder, mas ele se afasta
de Regulus lentamente, não tentando se mover muito rápido. James leva
Riddle para fora da cozinha, tentando agir como se estivesse confortável aqui,
como se conhecesse esse lugar enquanto dormia.
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CRIMSON RIVERS
"Tenha uma boa viagem de volta para a Relíquia, senhor," James diz
cordialmente, balançando a cabeça educadamente enquanto abre a porta da
frente.
"Eu vou," Riddle diz a ele. Ele para em frente a James e o observa por um
momento, então inclina a cabeça. "Pergunta rápida, James, em qual armário
Regulus guarda seu café? Eu teria gostado de um pouco, mas me esqueci de
pedir."
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ZEPPAZARIEL
A primeira vez que o fez, James sabe que foi um acidente. Ele se lembra
com carinho. Ele se virou para roubar um vislumbre rápido de Regulus,
apenas um, e ao mesmo tempo, Regulus levantou a cabeça e parou de escrever
para olhar pela janela. James tinha visto quando Regulus o avistou, então
imediatamente caiu da cadeira, apenas para aparecer segundos depois, ver
James ainda lá, e lentamente sentar novamente.
Às vezes, Regulus olha de volta de propósito. Ele faz questão de olhar para
James, ou James pensa que faz, pelo menos. Nesses dias, James fica no lugar e
não se move até Regulus desviar o olhar novamente. Nesses dias, James sente
que seu coração vai saltar direto da porra do seu peito.
Na maioria dos dias, porém, Regulus não olha. Tudo bem. Ele sempre
deixa as cortinas abertas para que James possa olhar, e isso significa alguma
coisa. Tem que significar, não é? James espera que sim.
"Desculpe por—invadir," James deixa escapar, sua boca seca enquanto ele
observa cada detalhe dos olhos de Regulus, mais perto deles do que ele esteve
em meses. "Eu não—Sirius disse—"
"Não, está tudo bem. Você nãoaanós realmente não tivemos escolha,"
Regulus murmura, bufando uma risada fraca e desviando o olhar com uma
careta enquanto seus olhos se fecham.
E quão fodidamente horrível é isso? Eles nunca têm escolha, não é? Tudo
entre eles é circunstancial, mas talvez sempre seja assim quando eles nunca
fizerem escolhas por si mesmos. Talvez seja sempre assim, ponto final. Talvez
isso seja tudo o que eles podem ter.
"Ele disse alguma coisa para você?" Regulus murmura, olhando para ele
com um olhar afiado. Já faz um tempo desde que James esteve sob a
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CRIMSON RIVERS
intensidade disso assim. Talvez seja ridículo, mas perturba James. Faz com
que ele se sinta nervoso e agitado.
"Eu não—"
"E eu disse a ele que você não toma café," James termina baixinho, o que
faz Regulus olhar para ele, visivelmente assustado. James limpa a garganta.
"Então ele me disse que eu era mais inteligente do que as pessoas imaginam,
mas ainda assim um tolo. Muito charmoso, não é?"
"Ok," Sirius diz cuidadosamente. "Bem, você está certo, nós já sabíamos
disso. Ele só queria lembrar você pessoalmente?"
"Acho que ele queria que eu percebesse o quão crucial é que eu não
estrague tudo," diz Regulus. "Eu também acho que ele queria deixar claro que
ele não acredita que não foi um ato de desafio, e se as coisas estão funcionando
para nós, eu preciso mudar a ideia dele."
Com uma risada rouca, Regulus inclina a cabeça para trás e olha para o teto
enquanto diz, "Eu acho que ele já decidiu a própria ideia."
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ZEPPAZARIEL
"Quanto tempo?" Regulus exige sem rodeios. "Me diga, Sirius, quanto
tempo vai ser assim? Até onde vamos ter que levar isso? Ele vai ter que se
mudar? Vamos ter que ficar noivos, casar, adotar crianças?"
James tenta não deixar doer ouvir Regulus falar de todas essas coisas como
se ele não as quisesse. James as quer, mas não assim. Não desta forma. Ele
acha que é com isso que Regulus está chateado, não com o que ele está
realmente se referindo. Ou ele espera.
"Nenhum de vocês nunca terá que ser um mentor," Sirius murmura, suas
sobrancelhas franzidas. "Infelizmente, você sempre estará sob o controle da
Relíquia."
"Obrigado por fazer isso soar como tortura, Regulus. Eu realmente aprecio
isso," James retruca, incapaz de evitar.
Regulus lhe lança um olhar penetrante. "Não comece. Isso não é sobre
nós. É sobre o fato de que não temos escolha. É a nossa vida, James. É nossa, e
eles estão controlando. Como diabos você pode esperar que eu esteja bem
com isso?"
"Eu não espero. Eu só—" James suspira e balança a cabeça, seus ombros
cedendo. "Esquece. Você está certo, desculpe."
"Reggie, pare de ser um idiota," Sirius murmura com uma carranca. "Não é
culpa dele, e na verdade, você poderia não tornar isso pior."
isso vai acontecer. Pode levar vinte anos, ou a Relíquia pode ficar obcecada
por algo novo e brilhante nos próximo jogos, e vocês dois ficarão em segundo
plano. Eu não sei. Nós não sabemos. O que nós sabemos é que estamos todos em
perigo se não trabalharmos duro na turnê da vitória, então é nisso que
precisamos nos concentrar primeiro. Certo?"
"Tudo bem," Regulus retruca, soando amargo, e então ele se levanta e pega
o pote da mesa com o Besouro Horcrux nele em um movimento rápido.
"Agora, se vocês dois me dão licença, eu vou enterrar isso no meu quintal."
"Não, você não vai," James declara bruscamente. "Se você não quiser, eu
entendo, mas eu fico."
"Você não vai ficar com isso. É perigoso pra caralho," Regulus rosna, olhando
para ele. "Vou embrulhar isso, colocar em uma caixa e enterrar tão fundo que
ninguém jamais vai encontrar."
James flexiona os dedos em torno de sua bengala. "Dê para mim, Regulus.
Eu não estou brincando."
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ZEPPAZARIEL
"Eu não vou deixar isso sair, mas eu não vou deixar você enterrar também.
Só—pelo amor de Deus, pare de ser teimoso e dê para mim. Eu cuido disso
para que você não precise se preocupar."
"Você acha que eu vou me preocupar menos com isso quando estiver perto
de você?" Regulus pergunta com uma zombaria incrédula. Ele balança a
cabeça e descuidadamente empurra a bengala de James para baixo.
"Ok." Regulus respira fundo e segura o pote, mas não o solta quando
James o agarra. "Não abra, James. Apenas tome cuidado, certo? Estou falando
sério. Me prometa."
James luta contra um sorriso, mas perde, e fica mais do que feliz,
especialmente quando as bochechas de Regulus ficam vermelhas. Regulus
pigarreia alto, então se vira e vai para a cozinha, murmurando baixinho
enquanto anda. James o observa ir com um sorriso bobo, apenas para dobrar
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CRIMSON RIVERS
os lábios assim que vê Sirius olhando para ele de uma maneira nada
impressionada.
"Eu estarei lá a tempo do jantar," Sirius diz a ele, e James acena com a
cabeça antes de sair.
Ao sair, ele tenta dar mais uma olhada em Regulus antes de ir, mas a única
coisa que ele vê é um buquê de flores familiares no peitoril da janela.
~•~
Assim como todas as noites, Sirius rasteja para fora de sua janela para se
empoleirar no telhado antes de dormir. Ele se recosta contra os azulejos e
solta uma respiração profunda, tentando se livrar da tensão crescente do dia
inteiro.
"Remus," Sirius murmura, "Você não vai acreditar no dia que eu tive.
Honestamente, eu nem sei por onde começar..."
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ZEPPAZARIEL
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O SEGREDO DA LUA
Quando eles chegarem na Relíquia, eles terão uma entrevista lá com Rita,
então se estabelecerão para a noite. No dia seguinte, eles viajarão para uma
grande festa no castelo de Riddle, passarão a noite e voltarão para casa no dia
seguinte.
Então, por uma semana, seis meses após os jogos vorazes, Regulus vai
fingir estar loucamente apaixonado por James, exceto que ele está loucamente
apaixonado por James, então isso realmente não deveria ser tão difícil para ele
conseguir fazer.
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CRIMSON RIVERS
Mas é.
Nenhum deles gosta disso, que eles sejam forçados a isso, que eles não
tenham a chance de fazer do seu jeito. Regulus está amargo, porque ele não
gostaria de dar nada disso para a Relíquia se fosse verdade de qualquer
maneira. Isso deveria ser deles: seja o que for, seja o que poderia ser, deve
pertencer apenas a eles.
Regulus não quer que seja uma necessidade. Ou uma performance. Ele
quer quando estiver pronto, quando ambos estiverem, e agora não é o
momento. Seis meses não é tempo suficiente.
Não quando Regulus ainda dorme com uma adaga debaixo do travesseiro,
apertada na mão. Não quando Regulus ainda fala com seu melhor amigo
morto durante o sono na maioria das noites, nunca conseguindo salvá-lo
quando ele cai. Não quando Regulus ainda chora quando toma banho, e se
esquiva do toque, e não consegue dar a James tudo o que ele merece.
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ZEPPAZARIEL
As coisas mudam, até as coisas que você menos espera. Regulus nunca
poderia imaginar em um milhão de anos que ele e Sirius estariam próximos
novamente, como eles já foram, e eles... não estão, não realmente. É diferente,
depois de todo esse tempo, depois de tudo que eles passaram. Mas é... É
muito bom, apesar de tudo. Honestamente, é a melhor parte da vida de
Regulus agora.
Sirius diz a ele às vezes, de improviso, que ele o ama. Casual, leve,
geralmente saindo pela porta. Apenas uma chamada rápida de "Te amo,
Reggie!" enquanto ele continua, como se fosse algo que ele sente a
necessidade de lembrar a Regulus, de vez em quando.
De qualquer forma, Regulus não consegue ficar perto de seu irmão por
muito tempo antes de Dorcas terminar com James e arrastá-lo para prepará-
lo. Dorcas faz tudo, até mesmo fazendo a maquiagem dele, o que ela não fez
muito da última vez, e Regulus não tem um rosto cheio de maquiagem desde
que ele tinha treze anos e Sirius fez isso por ele uma noite quando eles
estavam entediados.
Ela apara um pouco o cabelo dele, com a permissão dele, afofando seus
cachos e deixando-os soltos e brilhantes. Ela passa rímel sem cutucá-lo no
olho, e habilmente aplica delineador com o mesmo cuidado, depois desenha
estrelinhas no canto dos olhos dele pelas asas, parecendo satisfeita com seu
trabalho.
"Você não fez tudo isso com James," Regulus murmura, olhando para ela
com desconfiança.
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CRIMSON RIVERS
"Sim, eu fiz, meu amor. Você simplesmente se recusou a olhar para ele,"
Dorcas informa, arqueando uma sobrancelha. Regulus... não pode discutir
com isso, então ele fica em silêncio. "O que é isso, hm?"
Dorcas suspira. "Você e James. Vocês parecem estar distantes, o que não é
muito útil para o que está por vir, sabe."
"Nós não... É apenas complicado," diz Regulus. Ela o encara com ousadia,
e ele geme de frustração, começando a levantar as mãos e esfregá-las no rosto,
mas ela pega seus pulsos rapidamente e o encara. Ele os solta rapidamente,
limpando a garganta. "Olha, é só... difícil, certo? Talvez eu esteja—eu estou
com medo, eu não sei. Não, eu sei, eu estou com medo, mas eu só—" Ele
respira fundo e olha para ela impotente. "Você já teve medo de olhar para
alguém, porque você sabe que nunca vai querer desviar o olhar assim que o
fizer?"
"Sim," Dorcas diz suavemente. "Deve confortar você saber que ele está
sempre olhando de volta."
James quase quebra a porra do pescoço para dar uma segunda olhada assim
que Regulus é levado para fora novamente. Se ele fosse um cachorro, suas
orelhas estariam erguidas em intenso interesse. Sirius bate na nuca dele no que
parece ser um reflexo, provavelmente porque James não está fazendo
absolutamente nada para esconder o fato de que ele está despindo Regulus
com os olhos. James leva o tapinha suave na cabeça como se ele merecesse,
porque, para ser justo, ele meio que mereceu. Seus pais estão na sala, pelo
amor de Deus. Para o seu crédito, James parece levemente envergonhado
enquanto tira o olhar de Regulus, apenas para acabar encarando-o novamente
apenas cinco segundos depois.
Pandora estala os dedos na frente do rosto dele e diz, "Sim, ele está bonito,
nós entendemos, mas eu preciso do seu foco."
74
ZEPPAZARIEL
Todos param de provocar James depois disso, e mesmo Sirius não faz
barulho quando James continua lançando olhares furtivos para Regulus, como
se não pudesse evitar. Regulus acha que não pode, porque ele está na mesma
situação, apenas muito mais dissimulado sobre isso.
Dorcas realmente embelezou James. Seu rosto está bem barbeado, o que
torna seu maxilar muito mais potente e faz com que o estômago de Regulus
fique todo trêmulo. Ela não cortou o cabelo dele, provavelmente porque foi
cortado meses atrás e não precisava. Ela pegou os óculos dele também, o que
faz Regulus querer rasgar o céu, porque isso o lembra da arena, e também faz
a força total dos olhos de James parecer tão intensa que Regulus
genuinamente não consegue parar de se mexer. Ela fez os olhos dele também.
Oh, por que ela fez isso?
James sempre teve cílios cheios, grossos, longos e escuros, mas eles estão
tão bonitos agora que Regulus está meio irritado com isso. Ele não quer que a
Relíquia veja isso. Eles não merecem ver James, não agora quando ele está
usando maquiagem, e não em qualquer outro momento quando ele não está.
Regulus quer mantê-lo fora de vista, para que ninguém possa olhar para ele,
nunca.
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CRIMSON RIVERS
Regulus sabe com certeza que Effie e Monty sabiam de sua paixão por
James quando ele era criança. Olhando para trás, ele agora sabe que eles
achavam fofo, mas naquela época, eles nunca chamaram atenção para isso.
Eles foram até gentis com ele sobre isso, especialmente porque ele era muito
tímido. James, é claro, nunca provocou Regulus na frente deles, ou então
Regulus suspeita que Effie e Monty teriam uma conversa com ele sobre não
ser um merdinha sobre a coisa toda.
De qualquer forma, Regulus é mais uma vez pego, todos esses anos depois,
como se algumas coisas nunca fossem mudar. Os lábios de Monty se
contorcem, e todo o rosto de Regulus parece estar pegando fogo. Ele desvia o
olhar e tenta o seu melhor para não olhar para James novamente, mas ele é um
homem fraco e falha em menos de cinco segundos.
Por um momento, tudo que Regulus quer fazer é cair aos pés de James e
dizer a ele como ele é adorável. Apenas isso, isso é tudo o que ele quer fazer,
isso seria suficiente. Seria suficiente cair no altar de James Potter e adorá-lo.
"O que?" Regulus deixa escapar, sua cabeça girando para encontrar
literalmente todo mundo olhando para ele.
"Com..." Regulus pode sentir seu rosto queimando de novo, e ele não
consegue parar de se mexer, porque o peso do olhar de James sobre ele é como
uma carícia real. "Desculpe, hum, com o quê?"
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ZEPPAZARIEL
"Não, não, está tudo bem! Isso é bom. Muito bom," Pandora insiste
alegremente. "Canalize essa energia na entrevista, e vai ficar tudo bem.
Dorcas, você é maravilhosa."
Pandora mais uma vez lança um discurso inteiro sobre como esta
entrevista deve ser, e Regulus se sai melhor ouvindo desta vez. Antes, ela
estava perguntando se ele estava bem com James dando-lhe um beijo na tela,
porque esse é o tipo de conversa que eles têm em voz alta, aparentemente.
Regulus olha para ela até que ela se mova com sabedoria e rapidez, nunca
obtendo sua resposta de qualquer maneira, o que provavelmente é bastante
irritante para ela, porque ela parece determinada a planejar tudo até o último
detalhe.
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CRIMSON RIVERS
"Obrigado, James, você também está bonito," James diz, então faz um
barulho de pfft e acena com a mão casualmente. "Oh, não é nada, na verdade.
Eu acordei assim."
O rosto inteiro de Regulus se contorce, e ele luta contra o sorriso que puxa
implacavelmente seus lábios. Ele realmente não consegue responder por
medo de abrir a boca e soltar uma risada impotente, ou um sorriso se abrindo
em seu rosto.
Regulus estende a mão para passar a mão sobre a boca, tentando esconder
o sorriso crescente, lutando sinceramente para não cair na gargalhada. James
faz um barulho mhm-mhm como se eles ainda estivessem conversando.
"E como você está hoje, James?" James continua, e então ele dá de ombros
e estala a língua. "Oh, não posso reclamar, suponho, já que estou aqui com
você." Ele engasga e pressiona a mão no peito. "Ora, James, você é tão doce,
simplesmente o mais doce; oh, como você me faz desmaiar—"
Regulus racha. Ele não pode evitar. Sua cabeça se inclina para frente
quando ele a perde, seus ombros tremendo enquanto sua risada aumenta e
borbulha, leve e arejada em seu peito. Por mais que Regulus tente sufocá-la,
ele literalmente não consegue.
"Você está rindo. Por que você está rindo?" James pergunta fingindo
ofensa, colocando as mãos nos quadris. "O quê? Você tem algo que quer
dizer?"
"Não, nada. Você disse tudo por mim," Regulus diz, balançando a cabeça
enquanto ele olha furtivamente para James pelo canto do olho, ainda incapaz
de olhá-lo completamente.
James está sorrindo em triunfo, o que torna ainda mais difícil. "Eu só
pensei em tirar toda a tensão estranha do caminho de um jeito rápido.
Funcionou?"
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ZEPPAZARIEL
"Bem, chamar a atenção para isso traz de volta à tona, sabe," diz Regulus
ironicamente.
"Eu acho que reconhecer isso torna mais fácil de lidar, na verdade," James
rebate, se virando e fica bem na frente de Regulus, olhando para ele
suavemente. "Sério, como você tem estado?"
Por um longo momento, Regulus nem sabe por onde começar. Eles se
viam, é claro, pelo menos uma vez por dia porque James ainda traz uma flor
todas as manhãs, sem falta. Mas, no mês passado, foi como todos os
anteriores, especialmente após a visita de Riddle. Uma distância muito
necessária—para Regulus, pelo menos—porque a realidade de que eles não
têm controle sobre sua própria... história de amor, ou o que quer que seja,
ficou ainda mais pesada desde que Riddle deixou isso claro para eles.
Regulus está emaranhado sobre esta entrevista, sobre a semana que eles
estão prestes a suportar, mas agora que ele está aqui e agora que James está
aqui, na frente dele e fazendo-o rir, Regulus percebe que sentiu falta dele.
"Oh," James diz, uma respiração saindo dele enquanto ele pisca
rapidamente e parece muito assustado, como se essa possibilidade nunca
tivesse passado pela sua cabeça. "Sim, eu—eu conheço o sentimento. Eu
também senti sua falta. Eu só—quero dizer, eu estou só do outro lado da rua.
Não—eu não quero dizer que você tinha que me ver, só que você poderia ter,
se quisesse, a qualquer momento. Se eu fiz alguma coisa para fazer você
pensar que você não poderia, ou que isso tinha que significar algo para você
ser capaz, então eu—"
"Não, você não fez," Regulus interrompe rapidamente. "Não é nada que
você fez, James, ou não fez. Sou eu. Ainda sou apenas... eu."
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CRIMSON RIVERS
James franze os lábios. "Tudo o que eu espero de você é que você faça o
que é melhor para si mesmo."
"Sim, uh, sobre isso..." Regulus solta uma risada fraca e levanta a mão para
esfregar a têmpora. "Eu realmente não sei o que é isso, sabe, e eu tenho
tentado descobrir, mas está levando muito tempo—e eu não quero dizer
apenas com nós dois; quero dizer com tudo, porque é—é tudo realmente—"
"Sirius ajuda, mas..." Regulus olha para onde Sirius parece estar tentando
acalmar uma Pandora exausta e engole enquanto seu peito fica apertado.
Regulus exala lentamente e mantém seu olhar. "Mas você ainda me traz
uma flor todos os dias. Todos os malditos dias, James, não importa o que
mais esteja acontecendo ou como você se sente."
"Eu—porque eu—" Regulus gagueja até parar, piscando para James, que
espera curioso. A questão é que há muitas respostas para essa pergunta. Às
vezes, apenas saber que ele vai ver Sirius pode tirá-lo da cama nos dias em que
é a última coisa que ele quer fazer; às vezes, é o pensamento da promessa que
ele fez de visitar Andrômeda, Ted e Ninfadora novamente; outras vezes, é
80
ZEPPAZARIEL
porque Barty está lá para acordá-lo e convencê-lo a sair da cama. Mas essas
coisas já falharam antes. Houve momentos em que nem mesmo essas coisas
foram suficientes para combater o peso esmagador que o mantinha preso à
cama, e tudo o que restava era uma flor.
Uma flor solitária não deveria ter tanto poder, e ainda assim tem. No início
do dia, quando parece o fim de sua vida e ele está tão exausto com tudo,
quando tudo mais falha, é aquela flor que James traz para ele todas as manhãs
que o tira da cama. Porque Regulus tem que se certificar de que está lá, todos
os dias, desesperado para encontrá-la em sua porta uma e outra vez,
aterrorizado que, um dia, não estará lá.
Regulus franze a testa ligeiramente. "Não entenda isso como se você tivesse
que fazer isso, certo? Não é um padrão que você tem que seguir, e se você não
fizer isso, ou simplesmente... não puder, tudo bem. Eu só—eu quero que você
saiba que eu aprecio que você faça isso."
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CRIMSON RIVERS
"Sim," Regulus admite sem rodeios, apesar do jeito que a verdade faz seu
coração bater forte em seu peito. Que terror é se abrir e se deixar ver. Ele
também engole e suspira um pouco melancólico. "E agora eu sinto falta da
porra dos seus óculos. Por que eles tiram de você todas as vezes?"
"Eu—" James pisca, então solta uma risada fraca. "Bem, Dorcas me deixou
ficar com eles contanto que eu concordasse em não usá-los na câmera ou na
festa quando chegarmos à Relíquia. Eu—eu ainda tenho eles. Eles estão aqui,
no meu bolso."
Regulus observa James bater suavemente na lateral de seu paletó com uma
carranca. "Tudo bem, claro, mas por que você não pode usá-los? Acho que
fez um pouco de sentido na—na arena, mas—"
James assente com cuidado. "Acho que sim. É um lembrete físico, talvez,
que isso é—separado, você sabe o que eu quero dizer? Eu usei meus óculos
em todas as outras partes da minha vida, exceto quando estou me
apresentando a Relíquia, então isso ajuda a evitar que tudo se misture... E,
hum, meio que me ajuda a descobrir a linha do tempo, se isso faz sentido?
Tipo, eu não estou usando meus óculos, então não pode ser antes da arena,
mas eu também tenho minha bengala, então tem que ser depois da arena."
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ZEPPAZARIEL
Regulus sente seus lábios se contorcerem com o quão petulante James soa
sobre isso. Isso o faz querer estender a mão e acalmar o beicinho no rosto de
James até que ele esteja sorrindo novamente. "Sim, eu diria que sim. Existe—
quero dizer, eu posso... fazer alguma coisa?"
"Não. É meio que... uma dessas coisas," James diz com um suspiro
cansado, resignado. "Eu geralmente consigo descobrir a partir de pistas de
contexto, e bastante rápido também. Às vezes Sirius tem que me dizer, então
suponho que se eu perguntar, você também pode."
A ideia de James indo em frente, por assim dizer, faz Regulus querer se
enrolar em uma bola apertada e encolher em si mesmo. Ele não—mesmo
agora, tocar é... É difícil. Ele tem seus momentos, seus dias bons, mas na
maioria das vezes ele não suporta ser tocado. É o mesmo que fugir de coisas
mortas, repelidas pela podridão; ele é um cadáver que esquece que está morto
até que alguém o toque e o lembre de que ele não está vivo. Ele não quer que
James repare nisso.
Ele também não tem escolha, porque o perigo está respirando em seus
pescoços, e eles não podem fugir dele. Eles só podem seguir em frente e
nunca se virar para enfrentá-lo. Fazer isso seria um desafio. Regulus não sente
mais vontade de ser desafiador. A conformidade é segura. Conformidade é
tristeza silenciosa e tragédias não ditas. Ele não quer levantar a voz. Ele não
quer falar nada.
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CRIMSON RIVERS
"Tudo bem, mas ainda assim, há alguma coisa que você não quer que eu
faça, nem mesmo para fazer um show?" James insiste.
"Oh. Hum." Regulus engole. "Só—quero dizer, eu estou bem com... Mãos.
Nós podemos—dar as mãos. Isso é... Sim, deve estar tudo bem." Ele faz uma
pausa, então faz uma careta ligeiramente porque ele já sabe que isso não será
suficiente. Claro que não. "É—James, não tem problema em me tocar na
próxima semana. Na câmera, pelo menos. Isso é... separado para mim
também. Apenas—talvez sem beijos? Não—não muito, de qualquer maneira.
Na bochecha está tudo bem. Talvez apenas me deixe iniciar a maioria das
coisas. Tudo bem?"
Regulus assente. "E—e é importante lembrar que isso não é real. Eu não
estou dizendo—eu sei que você sabe disso, e eu sinto muito, mas vou fazer o
que precisa ser feito quando essas câmeras estiverem ligadas, quando as
pessoas estiverem assistindo, mas quando não estiverem..."
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ZEPPAZARIEL
também não deveria. Confie em mim, não há chance de eu ter uma ideia
errada sobre isso. Eu sei o que nós somos."
James ri, quieto e sem fôlego, e seus olhos brilham quando Regulus o espia
novamente. "Amor, eu não ignoro você desde o seu aniversário de quinze
anos. Confie em mim, eu não vou começar agora."
Regulus sabia disso. Ele sabia. E, no entanto, seu rosto ainda queima. Oh,
ele é tão patético. James. Maldito James. Regulus o odeia, mas oh, como ele o
ama.
"Isso—isso vai ser difícil para mim," James anuncia, limpando a garganta.
"Eu—eu vou ter dificuldade, eu acho, e eu não quero descontar isso em você.
Eu realmente não quero. Então, apenas, se você quiser, não me ignore
também, por favor? Podemos apenas passar por isso juntos?"
O coração de Regulus afunda, porque ele não sabe se vai conseguir fazer
isso, ou acertar. Ele não sabe se pode. Tudo o que ele pode dizer é, "Eu vou
tentar," e ele espera que James saiba que ele realmente vai tentar.
~•~
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CRIMSON RIVERS
Ele conversou com Effie sobre isso em preparação para essa, porque ele
genuinamente não tem nenhuma lembrança além de pequenos fragmentos de
memórias que ele não tem certeza de que são reais. Ele sabe que aconteceu, e
ele sabe que Effie estava lá com ele o tempo todo, mas é só isso.
Então, Sirius está visitando todos os distritos pela primeira vez também,
embora tecnicamente já tenha feito isso uma vez. Effie fez isso quatro
vezes—uma vez quando ela era uma Vitoriosa, uma vez como mentora de
Bellatrix, uma vez com Narcissa, e uma vez com Sirius. Ela deu a ele um
resumo básico do que esperar, deslizando de volta para um papel de mentora
como se ela nunca tivesse saído, pelo qual Sirius estava grato, porque ele
realmente precisava de sua orientação sobre isso.
De qualquer forma, ele se sente mais preparado quando eles partem para o
distrito doze, sua primeira parada na turnê. É o dia seguinte à entrevista, que
correu bem. James e Regulus foram repugnantemente amorosos o tempo
todo, mas assim que as câmeras foram desligadas, eles seguiram caminhos
separados novamente.
Pandora e Dorcas estarão com eles durante todo o caminho de volta para a
Relíquia, e Pandora sentou James e Regulus para treiná-los tão
cuidadosamente que eles provavelmente poderiam fazer seus discursos
enquanto dormiam.
Não vai ser um bom momento, independentemente, porque eles terão que
enfrentar fortes lembretes de pessoas que mataram e pessoas que perderam.
Pandora tem a lista completa, então ela conhece cada tributo de cada distrito.
Aqueles com os quais Sirius está preocupado são aqueles que ele sabe esse
tempo todo.
O dois provavelmente não será difícil, porque eram Axus e Willa. O um, é
claro, era Mulciber e Avery, mas Sirius suspeita que será particularmente difícil
para ele e Regulus por razões que não têm nada a ver com os tributos caídos e
tudo a ver com o fato de que será um pouco como uma reunião familiar se
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ZEPPAZARIEL
Lucius levar Narcissa e Bellatrix. Quatro, sete, oito, dez e doze devem ser os
mais simples.
O distrito seis é onde eles moram, que eles não verão novamente até que a
semana acabe. Apenas uma semana. Eles podem lidar com uma semana.
Não demora muito para Sirius perceber que esse não será o caso.
Antes que James e Regulus tenham que se levantar e fazer seus discursos,
há um almoço com o prefeito e o mentor dos tributos caídos, e é realizado no
gabinete do prefeito. Sirius não é muito próximo do mentor deste distrito, um
homem chamado Figgins, que bebe mais do que fala e é um mentor há pelo
menos trinta anos; Sirius acha que ele e Effie se davam bem, na época deles,
mas isso é tudo que ele sabe.
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CRIMSON RIVERS
quem Remus se parece muito. A placa abaixo da foto diz Lyall Lupin e agradece
a ele por mais de trinta anos de serviço como Auror.
"Sirius?"
Regulus arqueia uma sobrancelha para ele. "Quer saber. Apenas vá, Sirius.
Eu cuido dos outros."
Vendo que Sirius não tem a menor ideia de onde Lyall mora, ou qualquer
coisa sobre o distrito doze em geral, ele está um pouco perdido desde o início.
Felizmente, Sirius sabe como encantar as pessoas e conseguir exatamente o
que quer, então ele fala com todas as pessoas que encontra e reúne
informações suficientes para, esperançosamente, apontar na direção certa.
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ZEPPAZARIEL
não vai dar a mínima para como Sirius bate quando Sirius começa a falar sobre
seu filho.
Então, Sirius respira fundo, junta sua coragem, e estende a mão para bater,
então fica parado e internamente entra em pânico, porque e se ele bater muito
forte? Muitas vezes? Realmente, a aldrava está bem ali, e não é muito chato tê-
la, só para ninguém usar? Ele pode fazer os dois? Talvez ele devesse fazer as
duas coisas. Talvez—
A porta se abre antes que Sirius possa decidir o que conta como etiqueta
apropriada ao bater na porta do homem por quem você está apaixonado.
Lyall, como Remus, é um homem alto. Ele é mais velho do que na foto,
seu cabelo grisalho e seus olhos emoldurados por rugas. Ele parece severo, e
Sirius pode ver de onde Remus tirou aquela expressão cautelosa dele. Lyall,
também como Remus, é incrivelmente bonito—envelheceu como um bom
vinho, como diz o ditado.
"O mentor dos Vitoriosos deste ano," Lyall completa, quando Sirius para
sem jeito. O pobre Lyall parece que não tem a menor ideia do que traria Sirius
à sua porta, o que é justo, porque se não fosse por Remus, Sirius não teria
nenhuma razão para estar aqui. "Existe algo em que eu possa... ajudá-lo, Sr.
Black?"
"Sirius, por favor," Sirius diz rapidamente, enfiando as mãos nos bolsos e
limpando a garganta. "Eu—eu estava esperando poder entrar, se isso não for
muito incômodo. Eu só gostaria de falar com você sobre algo importante. Eu
estou ciente de que é confuso, senhor, e eu entendo se você preferir não, mas
eu realmente acho que você ficará grato por ter feito isso."
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CRIMSON RIVERS
"Eu não quero ser rude," Lyall diz cuidadosamente, chamando sua atenção,
"Mas eu gostaria de saber para que você está aqui."
Sirius abre a boca, fecha, então faz tudo de novo repetidamente enquanto
tenta descobrir como começar. Suas pernas estão pulando para cima e para
baixo inquietas. "Certo. Então, eu—bem, honestamente, eu não sei como
explicar. Eu acho que eu deveria... ir direto ao ponto e dizer."
"Eu conheço seu filho," Sirius deixa escapar, e então os dois meio que
param e se encaram. Lyall não está se movendo, nem parece estar respirando,
e nem Sirius. Há uma emoção tremeluzindo nos olhos de Lyall, mas Sirius não
consegue dar um nome ao que é. O silêncio se estende, e Sirius finalmente
não aguenta mais, sua expiração explodindo enquanto ele prontamente
começa a divagar. "Quero dizer, eu o conheci. Seu filho, quero dizer.
Recentemente, quando eu estava na Relíquia. Nós nos conhecemos, para ser
mais preciso, o que foi—"
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ZEPPAZARIEL
Sirius engole e assente. "Sim. Remus. Nós nos conhecemos, como eu disse.
Ele foi designado para nossa suíte como servo, mas eu o fiz tirar a máscara.
Espere, não, eu—é—isso saiu errado. Eu—eu tentei, a princípio, com boas
intenções, mas no final, ele escolheu tirá-la sozinho e—e ele estava livre para
fazer o que quisesse na suíte, então ele fez, e nós passamos muito tempo
juntos. Nós conversamos muito, e é assim que eu sei sobre você, e ele—ele é
simplesmente brilhante, Sr. Lupin, de verdade."
"Bem, er, ser um servo não é a coisa mais... glamourosa, por razões óbvias,
mas ele—apesar de tudo, ele está tão bem quanto pode, senhor," Sirius diz
suavemente. "Ele é gentil e apaixonado, e não deixou que os últimos cinco
anos o fizessem esquecer seu valor. Quando eu estava com ele, eu vi muitos
sorrisos e ouvi muitas risadas, se isso conforta você."
"Ele falou sobre você e a mãe dele com—tanto amor, Sr. Lupin," Sirius
murmura, seu coração aperta quando os olhos de Lyall se abrem, brilhando
um pouco, molhados de lágrimas não derramadas. "Eu acho que ele gostaria
que você soubesse que ele te ama e sente sua falta, e ele espera que você
esteja... indo bem também. Eu sei que as circunstâncias são injustas, mas se eu
pudesse lhe dar isso—dar a ele—então eu tinha que pelo menos tentar.
Desculpe se eu exagerei, mas—"
Sirius respira fundo. "Eu pretendo vê-lo novamente quando eu voltar para
a Relíquia para os próximos jogos vorazes. Ainda faltam seis meses, mas eu
estaria mais do que disposto a levar uma carta para ele, se você quiser escrever
uma. Ou se você apenas quiser que eu diga algo a ele, eu diria."
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CRIMSON RIVERS
"Eu—bem, sim, senhor," Sirius admite. "Eu pretendo fazer isso acontecer,
custe o que custar. Suborno, se necessário. Eu, hum, tenho um jeito com as
Relíquias, de qualquer maneira. Eu sou meio... bom em manipulá-los para
fazer o que eu quero, e por Remus, eu vou."
Lyall pisca, encarando-o, depois assente lentamente. "Bem, isso é... Ah, eu
dificilmente vou te impedir. Pelo que eu entendi, Remus tem um pouco mais
de liberdade enquanto está com você, certo?"
"Sim, senhor," Sirius diz. "Eu realmente não... gosto de servos." Ele faz
uma pausa, então seus olhos se arregalam. "Espere, eu não quis dizer isso. Eu
quis dizer que não gosto de como os servos são tratados, e eu—eu não
permito isso em nossa suíte designada, onde é seguro para eles serem tratados
como deveriam. É—Remus não é o primeiro que eu insisti em ter direitos
humanos básicos, mas ele é o primeiro que realmente se permitiu concordar
totalmente. Normalmente, o perigo que isso representa impede a maioria das
pessoas, e eu não posso culpá-los por isso, mas Remus era... diferente."
"Eu sempre temi que ele se metesse em encrencas das quais não pudesse
sair, e agora que ele se meteu, eu temia que tudo o que fazia dele quem ele era
seria... tirado dele," Lyall confessa baixinho. "Saber que esse não é o caso,
saber que ele ainda está..." Lyall exala e olha para cima para segurar o olhar de
Sirius, os lábios se curvando nos cantos. "Você me deu um presente que
nunca poderei retribuir, Sirius, e eu—eu não posso nem começar a expressar
o que isso significa para mim. Eu gostaria de escrever uma carta para ele, se
você estava falando sério quando se ofereceu para levá-la para ele."
"Eu estava," Sirius confirma imediatamente. "Eu vou entregar para ele,
senhor, eu prometo. Eu acho que seria muito bom para ele."
Lyall engole. "É um risco. Tenho certeza de que você sabe disso, mas sinto
a necessidade de apontar, mesmo porque sinceramente duvido que meu filho
queira que você se coloque em perigo, mesmo por isso. Se você for
descoberto dando a carta para ele, vocês dois seriam punidos, ou
possivelmente mortos."
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ZEPPAZARIEL
"Eu sei," Sirius diz, sua voz firme e inabalável. "Eu vou ter cuidado, é
claro, mas o risco vale a pena por ele, e só posso esperar que você concorde.
Se—se for descoberto, você também estará em perigo, Sr. Lupin. Eu não
posso forçar você, e eu entenderia se você não quisesse; tenho certeza que
Remus também."
"Não," murmura Lyall. "Se você estiver disposto, então eu quero. Meu
filho sempre foi tão corajoso, mesmo para seu próprio prejuízo, e eu posso
ser corajoso por ele agora. Há coisas que eu nunca tive a chance de dizer a ele,
coisas ele merece ouvir, então se você tem certeza absoluta de fazer isso..."
Sirius pega o álbum de fotos e acena para Lyall. "Claro. Leve o seu tempo."
93
CRIMSON RIVERS
Sirius encontra uma favorita rápido. Uma foto de Remus e Lily, ele tem
certeza. É claramente uma foto que eles mesmos tiraram, apenas pelo ângulo.
Eles parecem jovens, provavelmente em torno de dezesseis ou dezessete anos,
se Sirius tivesse que adivinhar. Nela, Lily está segurando Remus pela
mandíbula e enfiando a língua na orelha dele, como se pretendesse lambê-la, e
o rosto de Remus se contorce em um sorriso que, por algum motivo, traz
lágrimas aos olhos de Sirius. Ele solta uma risada molhada, acariciando a
borda da foto com reverência, seu coração se sentindo inchado e dolorido da
melhor e pior maneira.
É que—bem, isso pode ter sido na época em que Sirius estava na arena, ou
depois, quando as coisas estavam tão difíceis para ele. Dói, de certa forma, ver
as pessoas vivendo com tanta facilidade, como se o mundo não estivesse
desmoronando, porque naquela época era assim que ele sentia. Ao mesmo
tempo, algo sobre isso acalma Sirius também, só de saber que Remus tinha
isso, saber que ele era feliz e amado.
Nela, Remus parece mais velho do que nunca em qualquer uma das fotos,
não além dos vinte, já que ele foi capturado nessa idade. Ele está dormindo na
foto, com Lily bem ao lado dele, ambos esparramados com a boca aberta e
seus membros jogados um sobre o outro descuidadamente.
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ZEPPAZARIEL
Sirius o encara por um longo tempo. Ele nunca viu Remus dormindo,
nunca teve a chance, e ele nunca vai ver isso pessoalmente. É uma pena,
porque Remus é adorável enquanto dorme, pelo menos quando está
descansando confortavelmente. Ele parece gentil, como o tipo de pessoa que
sorriria assim que você fizesse contato visual com ela.
Sirius sente tanta falta de Remus que é lamentável. Ele sente falta de
Remus o tempo todo, não importa o que ele esteja fazendo, e ele só precisa
ficar sozinho e ficar quieto por alguns minutos antes de sua mente se voltar
para cada lembrança deles que ele tem. Ele não esqueceu nada delas, nem por
um segundo, e ele acha que poderia esquecer todo o resto e ainda se lembrar
de Remus.
O som de Lyall se arrastando de volta para a sala faz Sirius fechar o álbum
de fotos gentilmente e colocá-lo de lado, endireitando-se enquanto Lyall volta
para sua cadeira. Os olhos de Lyall estão avermelhados e um pouco inchados
como se ele estivesse chorando, o que aperta as cordas do coração de Sirius de
uma forma horrível, mas ele não chama a atenção para isso, porque acha que
Lyall preferiria se ele não o fizesse.
"Remus não confia muito facilmente," Lyall murmura, "Mas eu sei que ele
deve confiar em você para ter contado sobre sua mãe. Não é algo que ele
tenha falado muito. Perder Hope foi difícil para ele, difícil para nós dois, e
saber que ele lhe contou sobre ela me permite saber que ele confia em você,
então eu vou fazer o mesmo."
"Obrigado," Sirius responde baixinho. "Eu nunca faria nada para machucar
Remus. Você pode confiar nisso, Sr. Lupin."
"É tudo o que um pai quer, apenas saber que seu filho tem pessoas que se
importem com ele," Lyall resmunga enquanto estende o envelope, sem marca
e lacrado. Nem todos os pais, pensa Sirius, mas ele não diz isso. "Eu aprecio você
mais do que você jamais saberá."
"Você é um bom pai, senhor." Sirius estende a mão para pegar a carta com
cuidado, oferecendo a Lyall um pequeno sorriso. "Para ser justo, é muito fácil
se importar com Remus. Ele é... algo especial."
95
CRIMSON RIVERS
que ele fez para ver isso. Não posso agradecer a você o suficiente por fazer
isso, apesar das pessoas que ele matou."
"Oh," Lyall diz baixinho, parecendo aflito, "Você não sabia... Eu pensei—
bem, ele te contou tanto que nunca tinha contado a ninguém, e você disse que
vocês dois conversavam muito, então eu apenas presumi que isso era algo que
ele confiou em você também."
O silêncio cai sobre eles como uma guilhotina, e o cérebro de Sirius mal
consegue entender isso. Remus matou pessoas? Que porra? Isso não—isso não
faz nenhum sentido. Remus nunca esteve nos jogos. Por que ele—por qual
razão ele nunca—
É por isso que ele é um servo? Assassinato foi seu crime? Bem, porra, Sirius
genuinamente não esperava por isso. Como ele poderia esperar por isso?
Remus nunca deu nem a entender—
"Sirius," Lyall começa, com muito cuidado, "Eu—eu sei que isso parece
ruim e o coloca sob uma luz negativa, mas você tem que entender que não é o
que você pensa. Por favor, permita-me explicar a história completa antes de
você—"
"O quê? É claro," Sirius diz, perplexo. "Por que eu não iria?"
96
ZEPPAZARIEL
E, na verdade, Sirius não tem espaço para julgar, tem? Essa é a verdade.
Ele matou doze pessoas, com a tenra idade de dezesseis anos. É um fato do
qual ele nunca pode se livrar. Claro, ele estava em uma situação em que não
tinha escolha, onde era isso, ou morrer, e ele não tem ideia das circunstâncias
em que Remus estava quando se tornou um assassino.
Ele não conhece os detalhes; as razões por trás disso; quantas pessoas, ou
mesmo como ele fez isso. Talvez seja tolice, mas Sirius não se importa
particularmente. Ele não esperava por isso, mas não é como se isso mudasse
alguma coisa. Sirius ainda sente falta de Remus a cada respiração, ainda o ama
com todas as células de seu corpo, e ainda tem todos os planos de vê-lo
novamente assim que puder.
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CRIMSON RIVERS
isso. Eu não sei porque eu disse isso. Por favor, não pense que eu tirei
vantagem de Remus. Eu juro que não. Foi muito mútuo, e na verdade eu
estava super nervoso e não tinha muita certeza sobre a coisa toda—er, sexo,
quero dizer, porque eu nunca tinha feito isso, mas eu confiava em Remus, e
ele foi tão adorável—"
"Sirius—"
"Eu—eu não o forcei, eu nunca faria isso, e ele tinha total liberdade para
fazer o que quisesse, ou não quisesse. Ele poderia simplesmente—me bater, se
necessário. Tenho certeza de que eu disse isso a ele uma vez, na verdade, e ei,
agora eu sei que ele poderia ter fodidamente me matado, então é isso. Merda,
desculpe, a linguagem de novo. Eu só—eu não quero ser desrespeitoso na sua
casa, senhor, Eu juro. Eu estou apenas um pouco em pânico, no momento,
e—e tentando explicar que eu não coagi seu filho a fazer sexo com—"
"Sirius," Lyall interrompe mais uma vez, desta vez mais alto.
"Eu estou apaixonado por ele," Sirius deixa escapar, então inala
profundamente e emaranha os dedos em seu colo, encarando Lyall com os
olhos arregalados. Seu rosto parece que está prestes a derreter.
"Minha nossa," Lyall diz baixinho, e então uma risada baixa escapa dele,
mas continua crescendo até que ele está rindo tanto que ele se recosta na
cadeira e embala seu estômago. É uma risada de barriga cheia, ecoando por
toda a casa vazia que não deveria estar vazia. Demora um pouco para Lyall se
acalmar, e uma vez que ele o faz, ele realmente tem que esfregar as lágrimas
dos olhos enquanto balança a cabeça. "Oh. Oh, diabos, eu precisava disso."
"Por favor, me chame de Lyall, Sirius. Você com certeza merece isso,"
Lyall declara, olhando para ele com um carinho para o qual Sirius não está
preparado. Ele parece... caloroso. Satisfeito, até. "Aposto que Remus fica
infinitamente entretido por você."
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ZEPPAZARIEL
"Eu estava tentando não fazer isso ser sobre mim," Sirius murmura.
Sirius limpa a garganta e se inclina para pegar a carta de volta com cuidado.
"Certo, bem, desculpe por... hum, você sabe."
"Não se preocupe com isso," diz Lyall ironicamente. "Ele é Remus. Eu não
espero nada menos dele, honestamente." Suspirando, Lyall olha para o
relógio, então se concentra em Sirius novamente. "Se você quiser voltar antes
que seus tributos subam ao palco, o que eu recomendo para evitar qualquer
suspeita, então você deve sair agora. Vou estar assistindo de onde é
televisionado daqui—um quadril ruim me mantém em casa, na maioria dos
dias, então isso foi bom. Estou muito grato por ter conhecido você, Sirius, e
obrigado por amar meu filho como você ama."
"Certo, sim, tudo bem," Sirius concorda, ficando de pé. Ele guarda o
envelope e avança para apertar a mão de Lyall assim que ele a oferece.
"Obrigado, Sr. Lup—hum, Lyall."
"Duvido que nos veremos de novo," Lyall murmura enquanto solta a mão
de Sirius, "Mas eu não me importaria de estar errado sobre isso. Se você
estiver na área, você é bem-vindo aqui."
Sirius sorri, incapaz de evitar a onda de triunfo que lhe dá, só porque
conseguiu a aprovação de Lyall. "Se eu estiver aqui, com certeza passarei por
aqui."
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CRIMSON RIVERS
Com uma respiração profunda, Sirius acena para ele, diz adeus, então se
vira para ir embora. Ele sente o peso da carta no bolso durante todo o
caminho até a porta.
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ZEPPAZARIEL
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UM DIA RUIM
Enquanto isso, Dorcas quase engasga quando inala seu próprio cuspe,
porque ela será amaldiçoada se essa não for a mulher mais atraente que ela já
viu em sua vida. Puta merda, isso nem é justo. Oh, isso não parece bom para
Dorcas, de jeito nenhum. Ela não vê Marlene há seis meses, basicamente, e ela
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CRIMSON RIVERS
"Hum. Olá," James diz suavemente, mais manso do que Dorcas já o viu.
Seus ombros estão curvados para frente, e ele não parece ser capaz de olhar
Marlene diretamente nos olhos.
Não pela primeira vez, a mente de Dorcas se volta para Vanity e Hodge, e
o envolvimento doloroso de James em seus respectivos últimos momentos.
Isso é claramente difícil para ele, apenas estar perto de Marlene, a mentora
deles, e a culpa praticamente escorre dele de todos os lados. Claramente não é
muito fácil para Marlene também, porque algo passa por seus olhos quando ela
olha para ele, e por um breve momento, sua mandíbula aperta e seus dedos se
contraem como se ela estivesse pensando em fazer algo violento.
No final, Marlene exala e olha para Sirius, que acena gentilmente, e então
Marlene dá um passo à frente e estende a mão para James. "Olá. Prazer em
conhecê-lo."
É muito duro e estranho entre eles, mas James estende a mão para apertar
a mão dela. Acaba rápido, e talvez seja melhor assim, porque Regulus está
começando a ficar nervoso. Ele fica assim, Dorcas notou. Qualquer coisa que
ele perceba como uma ameaça o deixa inquieto, e não deixe que seja uma
ameaça que ele sente ser direcionada a James ou Sirius, porque então as coisas
têm grandes chances de ir de mal a pior. Dorcas nunca viu um grupo de
pessoas mais hostil e perigoso em sua vida.
Então, porque Dorcas faz as coisas, e ela pode ver que isso é muito difícil
para Marlene e James, especificamente, ela avança e diz, "O que, sem olá para
mim, Marlene?"
102
ZEPPAZARIEL
"Eu não esperava ver você," Marlene diz baixinho quando elas se separam,
para desgosto interno de Dorcas. "Eu não tinha certeza se os estilistas
viajavam na turnê da vitória."
103
CRIMSON RIVERS
"Eu não vou," diz Dorcas, e ela espera que não seja mentira, porque
mesmo que elas não possam ser... nada, ela não consegue resistir a querer
manter Marlene em sua vida, mesmo à distância.
A prefeita acaba se dando bem com Pandora e James, que fica com ela e
parece desesperado para evitar Marlene a todo custo. Regulus, sem surpresa,
paira em torno de Sirius como sua sombra pessoal. Ele também faz muito
isso, Dorcas notou. Apenas gravita em direção ao irmão sem nem mesmo
parecer perceber, como uma coisa instintiva. Quando ele não o faz, Sirius o
procura, nunca se acomodando completamente até saber onde seu irmão está
e o que ele está fazendo.
Marlene passa o tempo com Sirius—e Regulus, porque ele está pairando—
enquanto Dorcas fica com James, Pandora e a gentil prefeita. Se a Prefeita
Matilda percebe que mais do que algumas pessoas estão evitando uns aos
outros—James e Marlene, James e Regulus, Dorcas e Marlene—então ela não
menciona isso ou parece se importar. Sinceramente, ela é uma mulher muito
legal.
Não é que Dorcas queira evitar Marlene, veja bem, é só que fazer isso é o
melhor. Ela está grata apenas por poder vê-la, no entanto, por colocar os
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ZEPPAZARIEL
olhos nela mais uma vez e saber que ela está bem. Apenas isso é suficiente.
Tem que ser.
Em vez disso, ela sai pela porta lateral que a prefeita Matilda gentilmente a
informou antes que ela poderia usar para fazer uma pausa para fumar, se
quisesse. Dorcas, de fato, quer.
Ela só fuma metade do cigarro antes que a porta se abra e Marlene saia, o
que honestamente não deveria ser uma surpresa. De alguma forma, é. De
alguma forma, Dorcas se assusta que Marlene se juntaria a ela, que iria
procurá-la, que estaria à vontade com ela o suficiente para passar algum tempo
com ela de propósito. Ela não sabe por que isso é tão chocante, aqui no
distrito natal de Marlene, mas comparado à Relíquia, é. Este é o lugar de onde
Marlene é, onde ela cresceu, e Dorcas é apenas uma garota da Relíquia. Um
lugar que leva o ditado que tudo que reluz não é ouro para o próximo nível. Uma
fossa crescente de desespero e podridão que se esconde em belos sorrisos e
belas jóias.
"Ainda mal começou," diz Dorcas com um suspiro. "Temos que ir até o
distrito nove hoje. Oito, sete, cinco e quatro no segundo dia. Três, dois, um e
depois para a Relíquia no terceiro dia, onde eu vou ter muito pouco tempo
para deixar James e Regulus prontos para a entrevista."
"Você não se ofereceu para estar junto para a viagem?" Marlene pergunta
com uma leve diversão, arqueando uma sobrancelha.
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CRIMSON RIVERS
"É bom?" Dorcas pergunta, porque é a primeira coisa que sai de sua boca.
Dorcas não está mais rindo, nem Marlene. Isso fica entre elas, pesado, e
então Dorcas desvia o olhar enquanto engole o nó na garganta. "Por que você
nunca segura o bebê?"
"Maximus é um bebê calmo, não me entenda mal, mas eu só... eu não sei,
ele é tão pequeno, e eu não—" Marlene para, então limpa a garganta. "Bem,
como eu te disse, eu nem sempre sei ser gentil."
"Você sabe," murmura Dorcas. "Você é capaz de ser gentil, Marlene. Você
come amendoim torrado que você odeia, só para fazer uma mãe feliz, e se isso
não é gentil, eu não sei o que é."
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ZEPPAZARIEL
Marlene sorri para ela, toda cheia de dentes. "Eu mesma costurei e depois
voltei ao trabalho."
"Você adormeceu—"
"Olha—"
"Você soa como minha mãe." O rosto de Marlene se contorce uma batida
de silêncio depois. "Oh, eu odeio que eu acabei de dizer isso."
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CRIMSON RIVERS
"Ela não é. Ela é facilmente cansada e não tem ideia do que está
acontecendo a qualquer momento," Marlene corrige, seus olhos suavizando
com amor desenfreado. "Ela só—sente muito, se isso faz sentido. Não é um
pensamento por trás de seus olhos, na verdade, mas da melhor maneira. Ela
é... toda coração. Louca como ela é, eu a amo muito."
Parece Sybill, Dorcas pensa, engolindo as palavras antes que elas saiam de
sua boca de forma imprudente. "Ela parece adorável."
Marlene olha para baixo por um tempo, então olha para cima e encontra os
olhos de Dorcas. Suavemente, ela diz, "Sabe, na verdade sim."
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ZEPPAZARIEL
"E você?" Marlene expira, afastando-se para olhá-la com olhos brilhantes e
boca inchada. "Como você tem estado?"
Marlene espera que Dorcas continue, que lhe dê mais, mas Dorcas não o
faz.
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CRIMSON RIVERS
Marlene olha para baixo e gira o anel no polegar, e elas não dizem mais
nada. Apesar de tudo, o silêncio é confortável.
~•~
E Hodge... Bem, não apenas James sobreviveu, mas também o matou. Ele
é a razão pela qual Hodge está morto, e não importa se foi um acidente, não
importa se ele provavelmente não teria chegado ao fim de qualquer maneira.
Nada disso importa, certamente não para as pessoas que queriam que Hodge
voltasse para casa para eles.
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ZEPPAZARIEL
James, de fato, tem o discurso que ele deveria fazer memorizado, assim
como Regulus. A questão é que James está preso. Atrás das famílias há
grandes telas exibindo o perfil do tributo, então lá está Vanity, lá está Hodge,
olhando diretamente para ele com olhos claros e inocentes. Ele esqueceu
como eles realmente eram, porque eles estão mortos e vingativos quando ele
os vê em seus pesadelos. Mas, assim, nada mais que uma lembrança em um
banner, eles são jovens e brilhantes. Ainda mortos de qualquer maneira.
"Eu..." A voz de James fica presa na garganta, e aquele som ecoa pela
multidão silenciosa e morta. Regulus está estrangulando sua mão, neste
momento. James pode sentir a pressão crescendo em seu peito, em sua
cabeça, e a mãe de Hodge está chorando, silenciosamente. Curio tem os olhos
de Vanity. "Eu sou—eu—"
James solta um ruído estrangulado e, pela primeira vez em sua vida, ele se
afasta de Regulus. Ele literalmente tira a mão do aperto de Regulus e se afasta
dele, aproximando-se do microfone enquanto as palavras começam a sair dele
em uma corrida que ele não consegue descobrir como parar.
"Eu sinto muito," James diz, olhando direto para a mãe de Hodge,
forçando-se a testemunhar sua dor, sabendo que ele é a causa disso. "Eu—eu
sinto muito. Eu—eu sei que isso não pode compensar a perda dos seus filhos,
porque nada vai compensar isso. Eles eram muito jovens, e não era justo.
Hodge—ele estava com medo. Ele estava com medo, e tentando sobreviver, e
111
CRIMSON RIVERS
não é justo que ele não tenha sobrevivido. Ele nunca deveria ter estado lá; ele
nunca deveria ter sido forçado a entrar naquela arena. Eu não queria empurrá-
lo; eu—eu nunca quis machucá-lo. Eu sinto muito. Ele não merecia isso, nada
disso. Eu carrego meu arrependimento comigo todos os dias, mas eu sei que
empalidece em comparação com a sua dor. Eu daria qualquer coisa para que
ele tivesse quinze anos."
A mãe de Hodge estende a mão para cobrir a boca, seus olhos se fecham
com força enquanto as lágrimas escorrem por suas bochechas. Ela nunca faz
um som. Atrás dela, na tela, Hodge sorri.
Talvez não importe, porque Regulus de repente está bem ali, puxando
James para longe do microfone e basicamente empurrando sua cabeça para
baixo na curva de seu pescoço. James cai contra ele e se esconde lá, chorando,
mal ouvindo as palavras calmas e firmes que saem da boca de Regulus.
Algo sobre a culpa de James. Sua dor. Uma capa frágil para tudo o que
James já disse, para todas as maneiras pelas quais James acabou de falar fora
de hora, saiu do roteiro, os aproximou do perigo em sua necessidade de fazer
o que é certo.
James está chorando, e ele não sabe quando ele está. Parece que Vanity e
Hodge acabaram de morrer, e o mundo está desmoronando ao seu redor
112
ZEPPAZARIEL
novamente. O tempo gira em torno dele, e ele não está usando seus óculos, e
Regulus está sussurrando em seu ouvido enquanto o conduz para fora do
palco, fora de vista.
~•~
James não está bem. Ele está chacoalhando contra Regulus e chorando
tanto que não está respirando direito. Ele não está aguentando, e Regulus não
sabe como ajudar. A pele de Regulus está arrepiando porque James está
pressionado contra ele, e ele odeia se sentir assim. Por James, ele tolera isso.
A questão é que Regulus nem culpa James. Ele não pode culpar James.
Vanity era muito jovem, e Hodge também, e tudo que eles passaram não foi
justo. Eles nunca deveriam ter estado lá; eles nunca deveriam ter morrido.
Regulus não está com raiva. Ele está com medo, no entanto. Há uma
chance de que James tenha causado problemas para as suas cabeças, mesmo
que Regulus tenha feito o possível para consertá-los. Ele tentou. Ele realmente
tentou, apesar do fato de que isso o fez se odiar mais. Ele deveria ter ficado ao
lado de James, independentemente do medo, independentemente das
consequências. James merece alguém que o apoie em qualquer coisa, não
importa o quê.
113
CRIMSON RIVERS
James faz uma espécie de barulho fraco e indefeso contra Regulus, uma
merda da cabeça aos pés, e Regulus responde à sua angústia como se estivesse
se preparando para a batalha. Ele quer lutar contra isso, o que quer que esteja
perturbando James, mas não pode. Isso não é algo que ele pode matar, e isso
o deixa se sentindo perdido e inútil e terrivelmente fora de sua profundidade.
"Ok, ok, ei," Sirius diz, sua voz suave quando ele para ao lado deles e
cuidadosamente coloca a mão no ombro de James, abaixando sua cabeça para
mais perto dele. "James, me escute. Eu preciso que você me escute, certo?
Você está no distrito onze. Seis meses depois dos jogos vorazes. Você não
está na arena. Você está na turnê da vitória."
E assim, eles vão. Sirius diz algo para Pandora, que aparentemente está
ficando um pouco para falar com a Prefeita Matilda novamente. Na saída, eles
passam por Dorcas e Marlene, que os observam com os olhos arregalados.
Marlene está olhando direto para James, todos os traços de raiva persistente
inexistentes. Há respeito ali, em seu olhar, assim como choque. Há algo nos
olhos de Dorcas que Regulus não consegue nomear, algo estranhamente
calculista, mas ele não tem tempo ou foco para descobrir o que isso significa.
114
ZEPPAZARIEL
Sirius xinga quando começa a arrastar James mais rápido, fazendo Regulus
correr para acompanhá-lo. Eles não o soltam até que estejam no trem, e assim
que o fazem, Sirius está empurrando Regulus para trás, então eles dão a James
um amplo espaço.
É ruim. Muito fodidamente ruim. Regulus pode dizer que James está fora
de contato com a realidade, com o tempo, agora. Ele não acha que James sabe
onde ele está, ou com quem está com ele. Várias vezes, ele diz o nome de
Regulus. Ele sai procurando seu machado, cantando onde está, onde está, onde
está? Ele começa a procurá-lo e, a certa altura, ele legitimamente apenas
derruba a mesa no meio do vagão, fazendo os pratos baterem e se espatifarem
no chão.
Termina quando a perna de James cede. Também não há aviso para isso. A
perna de James se dobra abruptamente, mandando-o direto para o chão,
felizmente não em uma pilha de vidro. Assim que James desce, ele se arrasta
de volta contra a parede do vagão e se enrola em si mesmo, curvado e
estranhamente quieto.
115
CRIMSON RIVERS
Regulus sente que vai vomitar. Ele se lembra na arena, dizendo que não
queria que James fosse mudado. Olhando para trás agora, ele percebe como
esse desejo era ingênuo. Como era injusto, até certo ponto, mesmo que ele
não pudesse evitar. Ele estava tão apaixonado, mesmo naquela época. Eu te
amei lá, ele pensa. Eu te amo aqui, ele pensa enquanto pega o vidro.
"Eu sabia que seria difícil para ele," Sirius sussurra, fechando os olhos.
"Esse distrito, especificamente. Difícil para você também, sem dúvida, mas
eu—eu não sabia como consertar isso. Eu não acho que isso é algo que eu
poderia ter consertado."
"Não faça isso, Reggie," Sirius diz suavemente, parecendo tão exausto
quanto Regulus se sente.
Regulus pode sentir seus olhos coçando, sua respiração tremendo nas
paredes de sua garganta. "Eu nem sabia que ele—quero dizer, eu estou
assumindo que isso é bastante comum, já que você estava tão familiarizado
com isso."
116
ZEPPAZARIEL
"Nem sempre é tão ruim assim," Sirius diz baixinho. "Ele só... Bem, é pior
quando ele está tendo um dia ruim. Na maioria das vezes, quando ele não
consegue descobrir quando ele está, ele fica meio calmo. A primeira vez foi
quando ele descobriu o machado lá fora. Ele pensou que estava de volta à
arena, ficou confuso e com medo, quase arrancou minha cabeça. Mas fica—
fica melhor, com o tempo. Cada vez menos quanto mais longe da arena você
fica. Essas coisas passam, eventualmente, na maior parte. Será assim para você
também."
"Eu não estava lá para ele. Eu não estava lá para você, e eu não estive lá
para ele," Regulus resmunga, sentindo seu estômago revirar com aquela
realidade. Porque é verdade, e desta vez, ele escolheu.
"Pare com isso," Sirius ordena com firmeza, mantendo seu olhar. "Eu
não deixei você estar lá para mim, principalmente porque eu não sabia como, e
eu estava com medo. Isso é—está feito, certo? Você está aqui para mim agora,
e isso significa alguma coisa. E—e até se você não estivesse aqui para mim, se
você não pudesse estar, tudo bem. Nós estamos bem. Sempre estaremos bem,
eu e você, não importa o que aconteça."
"Sim, bem, eu não deveria ter deixado você para trás," Sirius responde, e
Regulus esvazia um pouco, sentindo-se como um nervo exposto, sensível e
em carne viva. "Nós dois temos coisas das quais nos arrependemos, e nós dois
desejamos que pudéssemos ter feito as coisas de forma diferente do que
fizemos, mas estamos aqui agora de qualquer maneira. Isso é o suficiente, não
é? Para mim, é."
117
CRIMSON RIVERS
Ele não pode estar comigo onde qualquer um possa ver. Ele não tem posses,
nada que ele possui, e mesmo seu tempo não é seu para dar livremente. Ele
não pode me dar tudo, e ainda assim, ele me deu algo que ninguém mais deu.
Tudo o que qualquer outra pessoa poderia oferecer não tem sentido, porque
eles não são ele, e isso—simplesmente que Remus é a pessoa que eu amo—
supera qualquer outra coisa. Já passou pela sua cabeça pensar que talvez,
apenas talvez, você dê a James o que ninguém mais pode apenas sendo você?"
"Não é sobre o que eu posso dar a ele. É sobre como eu vou fazer isso,"
diz Regulus. "Eu não sei como. Eu não sou—eu mal suporto ser tocado, e eu
não consigo nem tomar banho, e eu peço demais enquanto eu sempre dou tão
pouco, e eu estou com medo—eu estou tão—Sirius, eu estou com tanto
medo—"
"Eu quero amá-lo direito," Regulus engasga, "E eu não sei se vou ser capaz
de fazer isso."
Ele acha que poderia ter sido, uma vez, mas isso foi há muito tempo.
~•~
O distrito dez foi mais fácil, ele admite, porque, novamente, James e
Regulus nunca interagiram com os tributos. Eles subiram no palco, de mãos
118
ZEPPAZARIEL
Parecia vazio, depois disso, pensa James. Todas aquelas pessoas, todos
aqueles olhares se fixaram nele e em Regulus, de alguma forma eles se sentiam
acusadores, até mesmo exigentes. James sente um profundo senso de
obrigação moral de fazer mais, dizer mais, abordar o fato de que todas essas
pessoas não mereciam morrer, chamar a atenção para o fato de que a Relíquia
está errada.
Quando as câmeras não estão ligadas, Regulus quase não tem nada a ver
com ele. Não vai falar com ele. Não vai olhar para ele. Depois que ele surtou
no trem, James não pode culpá-lo, mesmo que doa.
Não é algo de que James se orgulhe, quando fica tão ruim. Isso o assusta,
honestamente, e o deixa uma pilha de nervos após o fato. Ele só—ele não
quer que isso aconteça, e ele não pode impedir. A primeira vez, ele balançou
um machado em Sirius e quase instantaneamente teve um ataque de pânico
assim que percebeu o que tinha feito. Por três dias, ele não deixou Sirius
chegar perto dele, e ele se esquivou de seus próprios pais, mas Sirius teve um
pesadelo muito ruim uma noite que fez com que James o acalmasse,
assegurando-lhe que as alucinações não eram reais, segurando-o através de seu
ataque.
Isso meio que lembrou James que não é culpa dele, porque não é culpa de
Sirius. É uma troca, o jeito que eles cuidam um do outro, o jeito que eles
tomam conta um do outro. James recebeu golpes de Sirius que trouxeram
119
CRIMSON RIVERS
lágrimas aos seus olhos de tanto doer, e ele nunca deixou que isso o impedisse
de voltar para cuidar dele quando precisava. Então, James deixa Sirius cuidar
dele também, porque ele precisa disso. Às vezes, ele precisa mais do que sabe
lidar.
Mas Regulus... Bem, ele nunca viu isso, algo pelo qual James é
secretamente grato. James sabe que é um pouco hipócrita da parte dele se
envergonhar, considerando que ele não culpa Sirius ou acha o que ele passa
vergonhoso, mas é muito mais difícil quando é você do que qualquer outra
pessoa. James é muito gentil, mas às vezes, ele não sabe se conceder a mesma
gentileza.
Então, sim, em seus piores dias, James fica envergonhado. Às vezes, tem
até vergonha de sua perna, de seus pesadelos, dessa solidão sempre presente
que parece existir em seus ossos, mesmo quando está cercado pelas pessoas
que ama. Ele pensa, tristemente, que o mundo sempre vai se sentir um pouco
mais solitário sem Vanity nele. Sem Peter. Irene. Mathias. Hodge. Evan.
Mas, com a ajuda de Sirius, ele tenta ser mais gentil consigo mesmo. Ele
lembra a si mesmo que suas lutas não são algo para se envergonhar. É difícil,
sim, mas ele está fazendo o seu melhor, e isso é algo para se orgulhar. Alguns
dias, é fácil acreditar nisso, realmente sentir isso. Outros dias, é quase
impossível. Os dias ruins são quando é mais difícil, e tem sido um dia ruim.
Ele está preocupado que seja um dia ruim para todos eles, e ele está com
medo de que vá piorar para Regulus, especialmente.
O distrito nove será outro difícil, James tem certeza. Ele não precisa falar
com Regulus para ver que isso está pesando sobre ele. Ele já está mais tenso,
mais retraído, no momento em que eles chegam.
120
ZEPPAZARIEL
família em seu palco, pais e irmãos. Evan não tem ninguém. Seu palco está
vazio.
Eles jantam fora do caminho com Emmeline e o prefeito, que é onde eles
descobrem que Evan genuinamente não tinha ninguém. Ele era filho único e
seus pais faleceram no mesmo ano, quando ele tinha apenas dezenove anos.
Não que ele tenha sido próximo de seus pais, porque aparentemente é apenas
um fato conhecido que eles eram abusivos enquanto ele crescia. Ele não lhes
deu funerais e deixou sua casa de infância vazia e abandonada quando teve a
chance. Ele nunca teve amigos. Apenas um. Apenas Regulus.
"Acho que Evan gostaria que você visse," Emmeline interrompe, olhando
diretamente para Regulus. "Claro, você não precisa, eu não posso te obrigar,
mas se você quiser—"
121
CRIMSON RIVERS
"Eu vou ficar bem. Eu vou encontrar todos de volta no trem," Regulus diz
a ele, balançando a cabeça, e então ele sai com Emmeline sem parar para olhar
para trás.
Sirius está claramente preocupado, mas ele está lá com Pandora para
encantar o prefeito, enquanto James fica ao lado de Dorcas. Todos eles
acabam voltando para o trem, Pandora indo ao condutor para que eles saibam
que devem esperar e Dorcas escapando em seu próprio vagão. James senta
com Sirius em um silêncio pesado, esperando Regulus voltar.
"Ele vai ficar bem," James murmura, eventualmente, porque Sirius está
ficando mais preocupado a cada minuto.
"Certo, mas—mas Evan é só... um assunto muito doloroso para ele," Sirius
diz baixinho. "Emmeline é adorável, não me entenda mal, mas ela pode ser
um pouco direta às vezes, então eu só me preocupo..."
Sirius olha para ele, e seu rosto suaviza. "Ei. Eu realmente não perguntei.
Como você está indo com... tudo isso? Com Regulus, quero dizer."
James engole, olhando para suas mãos enquanto mexe inquieto com os
dedos. "Você quer saber a pior parte disso, Sirius? A pior parte de tudo isso?
É horrível, mas há uma parte de mim que —que está tão feliz em segurar sua
mão, ter ele perto, mesmo sabendo que é apenas uma performance. É claro
que eu odeio isso, que não seja uma escolha, mas eu não posso evitar. Eu
só—eu o amo, sabe. Eu realmente amo. É errado, ser um pouco grato, Eu sei
disso, mas eu—"
122
ZEPPAZARIEL
Sirius acena com a cabeça e mantém seu olhar. "Assim como ele não tem
obrigação de fazer nada, você também não tem. Você não é obrigado a
continuar segurando, se for melhor você deixar ir. Ele não iria querer que
você fizesse isso, e não culparia você por isso. Ou se você só precisa de uma
pausa, tudo bem também. Se você precisar dar um passo para trás, se você
precisar de distância, tudo bem."
"Não é justo," James sussurra, seus olhos queimando. "É apenas deixá-los
ganhar, e eu—eu não quero fazer isso. Eu não quero ceder, Sirius. Talvez—
talvez seja um desafio, talvez seja isso que sempre foi, porque eu acho que eu
queimaria a Relíquia se isso nos desse a chance que nós deveríamos ter. Eu
ainda quero essa chance, mesmo agora. Eu ainda o amo. Eu não consigo
simplesmente—parar. Eu não sei como."
123
CRIMSON RIVERS
"Eu não quis dizer que você tinha que... ceder, como você disse," Sirius diz
a ele. "Eu só quis dizer que você pode tomar seu tempo, e você pode parar de
se pressionar, assim como ele. Você não espera nada dele, mas espera tudo de
si mesmo. Você tem que parar com isso. Isso só está machucando você."
"Eu vou dizer," Sirius diz, os lábios se contraindo nos cantos enquanto
seus olhos se enchem com aquele carinho imediato que ele sempre sente
sempre que Remus aparece na conversa—o que é muitas vezes, porque Sirius
às vezes nunca se cala sobre ele. Francamente, James acha adorável. "Mas eu
quis dizer isso, o que eu disse."
Suspirando, James assente. "Eu sei. Eu só... Eu não sei. Eu estou com
medo de que sempre seja assim entre mim e ele, porque eu acho que nunca
teremos nossa chance enquanto ainda formos entretenimento para a Relíquia,
e você disse—você disse que poderia levar muito tempo. E eu não sei o
futuro. É uma merda. Todo esse salto de tempo que eu faço, e eu nunca
posso pular para frente."
"Bem, sabe, nós chegamos lá quando chegarmos lá," Sirius murmura com
um suspiro, dando um tapinha nas costas da mão de James em um claro sinal
de solidariedade. O coração de James dói quando ele lembra que Sirius está
aguentando um ano inteiro sem sequer ver Remus. O tempo também é cruel
com ele.
~•~
Regulus gosta de Emmeline. Ela é muito direta. Ela não fala com ele como
se ele a deixasse desconfortável, e ela não o trata como se ele fosse quebrar
toda vez que ela menciona Evan, mesmo que talvez, só um pouco, ele esteja
preocupado que isso aconteça.
124
ZEPPAZARIEL
Em todo caso, ele não o faz. Ele realmente gosta de ouvir sobre Evan dela.
Emmeline é honesta, admitindo que eles nunca foram amigos e, de fato, uma
vez entraram em uma discussão terrível na escola quando ambos tinham
quatorze anos—acontece que ela e Evan tinham a mesma idade, a mesma
idade de Regulus—que terminou com ela chamando Evan de idiota e
empurrando todos os seus livros para fora de sua mesa, ao qual ele retaliou
fazendo-a tropeçar quando ela passou.
Eles nunca mais se falaram depois disso, não até que Emmeline se tornou
sua mentora, e Regulus está aprendendo que Emmeline não tem utilidade em
esconder as coisas que ela quer dizer. Ela admite que foi direto a Evan e disse
a ele, antes mesmo que ele pudesse perguntar, que sua discussão passada
quando eram crianças não teria impacto em seus deveres como mentora. Evan
aparentemente gostou disso, e imediatamente a respeitou depois disso.
Eles nunca se tornaram amigos, não realmente, Emmeline diz, mas ela não
nega que ela se importava com ele como uma mentor, da mesma forma que
ela se importava com Juniper. Ela não tem medo de dizer que doeu quando
eles morreram, e Regulus é grato por ouvir isso, por saber que alguém lá fora,
além dele, também dói por Evan.
125
CRIMSON RIVERS
"Desculpe, o quê?"
"Bem, não é à toa que ele não tinha amigos," Regulus diz ironicamente, e
Emmeline bufa uma risada, seus lábios se contraindo. Ele quase pode ver o
sorriso de Evan em sua cabeça.
"Essa era a árvore favorita dele," Emmeline anuncia quando eles param na
frente dela. "Todo mundo sabia disso. Todos nós achávamos que ele era
louco para amá-la tanto, e ele escalava praticamente todos os dias. Eu vim
aqui uma vez, cerca de um ano atrás, não muito antes do nome dele ser
chamado, e é lá que ele estava. Apenas empoleirado na árvore, jogando
pedrinhas e balançando as pernas, parecendo satisfeito como uma torta de
estar exatamente onde estava."
126
ZEPPAZARIEL
É estranho, a forma como o luto toma forma nas pessoas, diferente para
cada um. Para Regulus, depois de tantas conversas com Evan em seus sonhos,
a dor de perdê-lo quase se tornou suave. Atinge ele pior em alguns dias, em
comparação com outros. Na maioria das vezes, não parece tão pesado, sua
dor. Na verdade, ele só sente falta de Evan, e a maneira como ele lida com
isso são seus sonhos, ele pensa. Eles sempre se transformam em pesadelos no
final, mas antes disso, ele aprecia aqueles momentos em que Evan está apenas
conversando com ele em metáforas ridículas e complicadas como conselhos
para todos os problemas em sua vida que Regulus reconhecidamente ignora
na maioria das vezes.
Evan está sempre falando sobre a vista. Sobre escalar até aquela vista,
chegar até ela, e aquela vista é sempre, inevitavelmente, Sirius e James toda
vez. Regulus nunca se move do galho e ele sempre quebra. Mas a vista? Evan
vive e morre pela promessa de que a vista vale a pena.
Qual era a vista de Evan? Essa era a sua árvore favorita, logo essa era a sua
vista favorita.
"Infelizmente," Regulus murmura, fazendo uma careta. Ele olha para ela,
mas ela apenas dá de ombros e estende a mão no gesto universal
de fique à vontade.
127
CRIMSON RIVERS
Emmeline tosse. "Você vai ser capaz de voltar para baixo, certo? Sem cair,
quero dizer. Porque eu não gostaria que Sirius venha para cima de mim por
deixar seu irmãozinho subir em uma árvore e ficar preso, ou pior, cair e
quebrar seu pescoço."
Evan vai me falar tanta merda por isso da próxima vez que eu o vir nos meus
sonhos, Regulus pensa precisamente cinco segundos antes de olhar para
Emmeline e murmurar, "Uma escada, você disse?"
Emmeline sorri.
Não vai tão alto quanto ele precisa. Ele pode ver o galho mais alto acima
dele, e ele sabe que é para onde Evan teria ido todas as vezes, porque é o
último lugar que Regulus quer estar. Ele sabiamente não está olhando para
baixo para ver o quão longe Emmeline está agora, e ele passa provavelmente
cinco minutos no topo da escada, apenas se agarrando a ela.
128
ZEPPAZARIEL
Em seguida, Regulus deve se levantar e subir mais alto, subir até aquele
galho mais alto, subir até a vista que Evan escalava todos os dias. Evan
merece isso. Regulus pode fazer isso por ele, depois de tudo que Evan fez por
ele, e talvez—apenas uma vez—ele possa sentir a presença de Evan em algum
lugar além de seus sonhos.
Por mais que ele tente, por mais que ele queira fazer isso, Regulus não
consegue desbloquear seu corpo. Ele implora a si mesmo, ele se repreende, ele
começa e para de novo e de novo. Ele começa a tremer, e sua frustração
consegue subir mais alto dentro dele, e então de repente ele está chorando
muito, muito forte.
129
CRIMSON RIVERS
"Tudo bem. Nós podemos ir agora. Não há nada para mim aqui," Regulus
rosna, então abaixa a cabeça e vai para o vagão do trem, sem olhar para
ninguém no caminho.
Ninguém o incomoda naquela noite, pelo que ele é grato. Mesmo quando
o trem começa a se mover, Regulus é deixado por conta própria. Ele vê
James, Sirius e Pandora em fila para seus próprios quartos eventualmente, suas
vozes murmurando no caminho. Dorcas já deve estar na cama.
Ele também não consegue fazer isso. É claramente uma noite ruim, e
normalmente, ele tem a ajuda de Barty para isso, ou ele simplesmente... não
dorme. Mas, esta noite, Regulus realmente quer. Uma parte dele tem medo,
mas outra parte dele está desesperada para ver Evan em seus sonhos e pedir
desculpas, porque ele tentou. Ele realmente tentou, mas não conseguiu fazer,
e ele precisa que Evan saiba.
Evan está morto, o cérebro de Regulus o lembra. Ele não sabe de mais nada.
Tudo o que ele sabia era que ninguém pensava em olhar para cima, e você provou que ele
estava errado. Por que? Por que você faria isso? Ele não tinha ninguém, nem família, nem
amigos—apenas você, e você o arrastou para baixo. Você arrasta todo mundo para baixo,
porque você não sabe como escalar. Que porra tem de errado com você?
Regulus não sabe. Muita coisa está errada com ele. Tanto que ele não sabe
por onde começar.
A noite continua. O trem não chacoalha; ele anda suavemente, como uma
nuvem nos trilhos. Regulus tenta dormir, mas não consegue, e isso o deixa
inquieto. À medida que as horas passam, as sombras no canto da sala
começam a tomar forma, e o medo começa a afundar nele como as mãos frias
e implacáveis do rio. Ele está muito perto de ficar paralisado de pânico nesta
cama, seu coração acelerado e as memórias vindo para pegá-lo.
130
ZEPPAZARIEL
Ele falhou. James precisava de mais dele, e assim como ele sabia que faria,
Regulus não conseguiu dar a ele.
Mas Regulus está aqui, e ele está implorando internamente para que James
não o recuse agora. Ele não culparia James se ele o fizesse, se ele precisasse de
seu espaço, se ele precisasse de distância também. Isso está machucando ele,
tudo isso, Regulus sabe disso. Ele pede muito de James, quando James não
pede nada dele.
131
CRIMSON RIVERS
Eu vou perder ele, pensa Regulus, a percepção o atingindo com força total, e
é como ter seu coração partido novamente. Eu já estou perdendo ele, Regulus
pensa em seguida, e isso envia uma nova onda de pânico através dele.
James exala um suspiro quieto, estendendo a mão para jogar seu cobertor
de volta, balançando a cabeça levemente enquanto diz, "Venha, então."
"Vai ter que estar," é a resposta de James enquanto ele se deita, e a curva
convidativa de seu corpo, a memória de seu calor e como é estar em seus
braços, é uma tentação que Regulus é fraco demais para resistir, especialmente
agora.
"Eu tive um dia muito ruim, então qualquer coisa que eu disser para você
não vai ser legal, eu acho, e eu vou me arrepender mais tarde," James o
informa, enrolando o braço em volta dos ombros de Regulus.
"Por favor, não fique com raiva de mim," Regulus rouca, sua voz ficando
trêmula e rachando no meio contra sua vontade. "Eu realmente odeio pra
caralho quando você está com raiva de mim."
132
ZEPPAZARIEL
"Eu não estou... pedindo para você fazer isso. Não é isso que eu estou
tentando fazer. Eu só—eu vim aqui porque eu também tive um dia muito
ruim, e eu não consigo dormir, mas você—você me faz sentir..." Regulus para,
lutando por um momento, porque é tão vulnerável. Mas, depois de tudo, ele
pode admitir isso para James. Ele vai, porque James deveria saber. Ele merece
ouvir. "Você me faz sentir seguro, só isso. É por isso que eu estou aqui."
James é tão quente. Ele é tão, tão quente. Ele cheira bem também, e
Regulus está perdido na sensação e no pulso constante de sinto sua falta, sinto
sua falta, sinto sua falta e estou tão feliz por estar em casa, eu queria voltar para
casa há tanto tempo, por favor, não me faça ir embora.
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CRIMSON RIVERS
É a última coisa que ele se lembra de ter pensado, e então não se lembra de
nada porque ele dorme.
Ele não verá Evan em seus sonhos novamente por muito, muito tempo.
134
ZEPPAZARIEL
35
REVOLTAS E REUNIÕES
O distrito oito é difícil para James, porque é o lar de sua primeira morte. O
nome do homem era Cole, ele tinha vinte e quatro anos e tinha esposa e dois
filhos. Duas garotinhas—uma ainda tão jovem que é segurada pela mãe, e a
outra tão pequena que mal consegue chegar ao colo da mãe. As duas estão
afeiçoadas pela foto de seu pai na tela atrás delas, estendendo a mão para ele
com mãos pequenas e bochechas manchadas de lágrimas.
O distrito sete é mais fácil, lar de dois tributos com os quais eles nunca
falaram, mas um deles era uma criança, o que é sempre difícil de lidar. James e
Regulus estão no palco, fazendo seus discursos, suas mãos entrelaçadas entre
eles.
135
CRIMSON RIVERS
~•~
Sirius fica encantado em ver Frank, e Frank não protesta quando Sirius o
puxa para um abraço. Frank estava em seus jogos anos e anos atrás—apenas
dois anos depois de Sirius, e dois anos mais velho que Sirius, então ele tinha
vinte anos quando ganhou—mas ele não se tornou um mentor até cinco anos
atrás, quando finalmente falou com sua mãe para se aposentar e deixá-lo
assumir.
Quando Frank entrou, porém, ele era amigável com qualquer pessoa que
fosse amigável com ele, muito fácil de se conviver, mas também não alguém
para subestimar. Ele é um bom homem, mas trouxe para casa um Vitorioso
duas vezes—no seu primeiro ano como mentor e em um ano antes dos jogos
de James e Regulus. Isso pode não parecer muito, mas dois Vitoriosos em
cinco anos é uma grande coisa quando você não está treinando os Comensais
da Morte.
136
ZEPPAZARIEL
Então, sim, ele puxa Frank para um abraço entusiasmado, assim como fez
com Emmeline e Marlene. Assim como eles, Frank o encontra no meio do
caminho. Todos eles têm essa coisa que carregam entre eles que ninguém mais
pode entender.
"É bom ver você, Sirius," Frank diz calorosamente. "Você parece bem.
Como você está indo?"
Por enquanto, porém, o prefeito Larch vai em uma longa tangente cheio de
desculpas pela espera, porque eles estão um pouco atrasados, então o almoço
só começará em meia hora. Sirius não se importa, e diz isso, feliz em
continuar conversando com Frank.
137
CRIMSON RIVERS
determinação de organizar toda a vida daquele pobre homem, que talvez ele
precise, honestamente.
James e Regulus ficam para trás, ao lado de Sirius enquanto ele fala com
Frank. Regulus, como sempre, não fornece muita informação; ele nunca foi
muito conversador de qualquer maneira, mas ele parece satisfeito o suficiente
de apenas se encostar na parede e ouvir. James, por outro lado, aparentemente
tem muito a dizer.
para trás para ter certeza de que ele não está, tipo, morrendo; ele não está, ele
está apenas rindo muito de James, por algum motivo. Sirius os deixa com isso.
De acordo com Frank, tudo que sua mãe faz hoje em dia é gritar com as
crianças que correm pela Vila dos Vitoriosos e resmungar sobre todas as
fofocas que ela aprende em todo o distrito. Além disso, ela reclama de Frank
por algo que nem é verdade.
"Eu juro que disse a ela um milhão de vezes que Alice e eu não estamos
juntos; nós somos apenas colegas de quarto, mas ela não acredita em mim,"
Frank reclama angustiado. "Ela aparece sem avisar, toda suspeita, como se ela
estivesse tentando nos pegar em uma posição comprometedora, e eu não
tenho ideia de como fazê-la parar."
Frank parece magoado, o pobre coitado. "Ninguém diz à minha mãe para
fazer qualquer coisa. Ela tem boas intenções, ela tem, mas ela está genuinamente
apenas lutando contra as sombras, neste momento. Ela não aprova Alice para
mim—o que é um monte de besteira, porque Alice é brilhante—mas é só isso!
Nós nem estamos juntos."
"Você quer estar junto?" Sirius pergunta, arqueando uma sobrancelha para
ele.
"Não, honestamente, não é assim entre nós. Alice é brilhante, mas ela é
apenas minha melhor amiga," Frank diz, suspirando. "Mas mamãe não
acredita nisso."
"Ah, bem..." Sirius estala a língua e estende a mão para dar um tapinha no
ombro de Frank. "Mães, não é?"
139
CRIMSON RIVERS
Frank suspira.
Regulus está sorrindo. Ele parece tão entretido, o que Sirius realmente não
entende, mas é bom vê-lo assim, então ele não está reclamando.
Quando Sirius pergunta se ele está bem, James faz uma careta para o lado e
murmura, "Oh, eu estou ótimo. Não me deixe atrapalhar você. Tenho certeza
que você e Frank querem conversar sobre maçaricos estúpidos ou as
dificuldades da paternidade."
"As—eu—o quê?" Sirius pisca. James apenas faz uma careta, então se vira
e sai aparentemente para falar com Pandora. Sirius olha para Regulus, que
dobra os lábios com diversão dançando em seus olhos. "O que eu estou
perdendo?"
Regulus abre um sorriso novamente, um tão raro que Sirius sente seu
coração apertar só de olhar para ele. "Não ciúmes de mim, seu idiota. Ele está
com ciúmes de Frank, por causa de você."
"O que?" Sirius deixa escapar, confuso. "Mas Frank é—quero dizer, nós
somos apenas amigos." Ele faz uma pausa, então franze a testa. "Espere,
James não se importaria se Frank fosse mais do que um amigo de qualquer
maneira."
"Sirius," Regulus diz, lutando para não rir, "Ele está com ciúmes porque
você e Frank são amigos. James é seu melhor amigo, lembra? Ele se sente
ameaçado."
140
ZEPPAZARIEL
Regulus bufa. "Eu sei disso, mas James é um idiota possessivo que está
tendo uma semana difícil. Dê um tempo a ele." Regulus sorri levemente e
acena para James. "Vá em frente, vá tranquilizá-lo de que ele é seu único
melhor amigo sempre e para sempre."
"Você está brincando, mas ele realmente é, sabe," Sirius se sente compelido
a apontar.
Então, Sirius se aproxima para apaziguar James com menos sutileza do que
ele deveria admitir a situação, mas James está felizmente alheio e apenas feliz
por ser tranquilizado. Sirius talvez seja um pouco amoroso demais, porque
James honestamente está tendo uma semana muito ruim—todos eles estão,
francamente, mas James realmente tem isso vindo de todos os lados, então ele
merece um pouco de amor extra de qualquer maneira. Sirius dá a ele aos
montes, espalhando-se dramaticamente sobre ele e anunciando a todos que
estão ao alcance da audição que James é o melhor amigo que alguém poderia
ter, incluindo Frank.
James finalmente relaxa, e algo sobre toda a situação meio que parte o
coração de Sirius. Por um lado, o agita que ele nem tenha notado. Por outro
lado, Sirius tem certeza de que James está apenas... tentando segurar o que ele
141
CRIMSON RIVERS
não quer perder, porque esta semana é apenas um lembrete brutal de todas as
coisas que escorregaram por seus dedos, e todas as coisas que ele não pode
realmente ter ou segurar.
De qualquer forma, uma vez que ele está à vontade, James volta ao seu
habitual charme casual com basicamente todo mundo, e ele acaba sendo
vítima do comportamento amigável de Frank. Não demora muito para que ele
ceda e se dê bem com Frank, e é óbvio que James está envergonhado com
suas ações anteriores porque ele instantaneamente tenta compensar isso sendo
bastante agressivamente legal com Frank. Isso meio que soa como um flerte,
se Sirius for honesto, mas Frank—sempre descontraído e feliz em se ajustar
ao fluxo das coisas—combina com James passo a passo.
Enquanto isso, James não tem esses requisitos, então ele não está imune ao
efeito que Frank pode ter quando ele dá um sorriso fácil e preguiçosamente
enfia os polegares nas presilhas do cinto, os olhos brilhando de tanto rir. O
flerte é quase uma competição neste momento, e não surpreende Sirius
quando Regulus aparece abruptamente como um mau hábito, praticamente se
materializando do nada, não parecendo mais divertido.
Parece atingir Frank e James ao mesmo tempo o que eles estavam fazendo,
bem como por que essa é uma ideia extremamente ruim para todos os
142
ZEPPAZARIEL
envolvidos, para seu desgosto compartilhado. Sirius sabe que nenhum deles
realmente quis dizer nada com isso, sabe que foi tudo uma boa diversão,
mas Regulus não sabe. Ele não está contente, e o pobre Frank está obviamente
agora na lista de Regulus.
Não há muito o que fazer sobre isso, na verdade. Regulus e James têm que
subir no palco de qualquer maneira muito cedo, então eles se afastam,
deixando Sirius com Frank enquanto Pandora e Dorcas se preocupam com
James e Regulus, certificando-se de que estejam apresentáveis e prontos,
como sempre fazem.
Sirius apenas cantarola, porque Frank está certo. Ele nunca conheceu
alguém do distrito cinco que não fosse resiliente, mesmo os tributos ao longo
dos anos que nunca chegaram a ser Vitoriosos.
Isso o faz pensar se os moradores do distrito seis, sua casa, têm algo em
comum. Por mais que ele pense sobre isso, ele não pode chegar a uma coisa
que todos compartilhem.
~•~
James tem certeza de que Regulus está tentando quebrar sua mão. Ele está
segurando tão firmemente que James está lutando para não estremecer. Certo,
então não é uma boa ideia ser pego flertando com pessoas bonitas quando
Regulus está por perto. Anotado.
Não é como se isso significasse alguma coisa, é claro. Para James, isso
nunca significou. Ou, bem, não significou nada seriamente desde seu último
relacionamento, quando ele finalmente chegou à conclusão de que Regulus era
143
CRIMSON RIVERS
para ele. Além disso, Regulus não tem o direito de ficar com ciúmes, o babaca
exigente. Foi ele quem disse a James para seguir em frente há muito tempo.
Fácil em teoria; não tão simples na prática, não é?
É bom saber que Regulus acha difícil manter a cabeça no lugar no que diz
respeito a James também.
No entanto, isso traz o assunto à mente que eles meio que não podem estar
com outras pessoas, não realmente. Não enquanto a Relíquia estiver
apaixonada por sua história de amor. Claro, talvez eles possam fazer isso em
segredo, talvez, mas sempre será um risco. James não deseja estar com mais
ninguém, mas isso não o torna ignorante de quão fodida é a situação deles.
E se Regulus pudesse ser feliz com outra pessoa? Barty, talvez. Ou apenas
alguém no distrito com quem ele nunca se preocupou em conversar, mas
possivelmente o fará algum dia. O mero pensamento faz James murchar em
honesto desânimo e mágoa, mas ao mesmo tempo, ele nunca prejudicaria a
felicidade de Regulus, onde quer que ele a encontrasse, mesmo que não fosse
com James.
Agora não é hora de se estressar com nada disso, porque eles estão no
palco, e há os banners exibindo Irene e Mathias. Irene tem uma família,
apenas mãe e pai, enquanto Mathias aparentemente foi criado por seus avós.
Nenhum dos dois tinha irmãos. Eles pareciam ter encontrado isso um no
outro.
144
ZEPPAZARIEL
por algum motivo. Há uma energia sobre todos que James pode sentir se
instalando em seu intestino como uma pedra.
Apesar disso, James realmente não espera que nada aconteça. Ele espera
que eles terminem o discurso como fizeram em todos os distritos anteriores,
excluindo o distrito onze, contanto que não percam a cabeça novamente. É
difícil não ver os rostos de Mathias e Irene, suas famílias, forçados à
lembrança.
Mas eles fazem isso de qualquer maneira, sem perder o ritmo, porque a
vida das pessoas com quem eles se importam está em jogo, e James já
estragou tudo uma vez. Parece uma traição para Irene, para Mathias, mas
James continua pensando em seus pais, em Sirius, em Regulus. Ele não pode
arriscar. Ele não vai.
Está indo como deveria por um tempo, pelo menos até que alguém, de
algum lugar na multidão, levante a voz para gritar, "Isso é besteira! É a mesma
porra de discurso feito pela Relíquia sem coração nenhum! Hallow is hollow,
Hallow is hollow, Hallow is hollow!"
145
CRIMSON RIVERS
~•~
Regulus sente que ele não se move há anos, como se estivesse sentado no
mesmo lugar que Sirius o colocou, e ele está envelhecendo rapidamente,
murchando rápido demais para acompanhar. Sirius não os deixa sair do
quarto—o vagão de trem em que ele está dormindo— então eles estão todos
meio que empacotados juntos. James está sentado na cama ao lado de
Regulus, e Sirius está no chão, mais próximo da porta como um cão de
guarda.
Regulus ainda pode ver a linha de corpos que caíram no chão, cheios de
balas e sangue. Ele ainda pode ouvir o canto furioso, bem como os gritos
seguintes. Tudo o que ele continua pensando é em Riddle e seus frios, frios
olhos.
"Isso é ruim, não é?" James sussurra, o primeiro a quebrar o silêncio depois
de horas.
"Isso foi ao vivo. Todos no mundo viram isso, não viram? Ou um pouco
disso," James resmunga, parecendo angustiado.
146
ZEPPAZARIEL
Sirius faz uma careta. "Eu estava assistindo a transmissão ao vivo e não
parou até que os tiros começaram, então... sim."
"Eu estava conversando com Frank," Sirius diz a eles, "E ele disse que o
distrito está brigando com os Aurores há anos. É—é um distrito realmente
desafiador mesmo sem o nosso envolvimento, mas vendo o que aconteceu no
onze e o fato de que Irene e Mathias eram adorados por tantas pessoas... Bem,
isso foi exatamente onde a panela ferveu, basicamente. Vocês não—nenhum
de vocês fez nada de errado, certo? Isso não é com vocês."
"Nós não sabemos disso," rebate Sirius. "É—sim, é uma possibilidade, mas
a turnê da vitória não acabou. Nada vai acontecer antes disso, por um lado, e
ainda há tempo. Nós seguimos o plano, certo? A Relíquia tem continuado em
feliz ignorância por anos, e eles continuarão a fazer isso. As coisas vão se
acalmar."
Sirius não tem palavras de conforto para nenhum deles. Ele apenas fecha
os olhos e fica no chão, balançando para frente e para trás, para frente e para
trás.
147
CRIMSON RIVERS
~•~
Na manhã seguinte, eles tomam café da manhã no trem, e então eles vão
para o distrito três. James não está nem um pouco ansioso por isso, porque
são Peter e Bernice.
Peter só tem sua mãe para ficar na plataforma para ele. Ela é uma mulher
baixa, e ela parece ainda mais baixa pela forma como ela se curva, nunca
levantando o olhar para olhar para cima, nem uma vez. Sinto muito que ele não
tenha chegado em casa, James pensa enquanto olha para ela, seu coração
apertando violentamente em seu peito.
148
ZEPPAZARIEL
Nos piores dias de James, ele está com raiva de Peter tanto quanto ele
pode estar de qualquer pessoa ou qualquer coisa que ele já sentiu alguma
semelhança de amor. Vai queimar dentro dele até que ele esteja fervendo, até
que ele deseje poder voltar atrás e matar Peter ele mesmo, e esses pesadelos
são os piores. Aquelas em que ele tem a garganta de Peter entre as mãos,
apertando cada vez mais forte, não importa o quanto ele implore. Isso o
aterroriza, o perturba, mesmo que Sirius tenha dito a ele muitas e muitas vezes
que seus sonhos não são um reflexo dele e que ele não tem controle sobre
eles.
Nos melhores dias de James, ele pode admitir para si mesmo que esses
sonhos não o tornam uma pessoa ruim, porque a verdade é que ele não
gostaria de ter matado Peter. Ele gostaria de ter salvado Peter, mas não
conseguiu; ele nunca seria capaz. Naqueles dias, os bons, James sente muita
falta de Peter, de sua risada e de seu calor e do jeito que ele cuidava de Vanity
como James fazia. A realidade é que Peter o deixa triste; toda a linha do
tempo do início ao fim, porque talvez James tenha se iludido acreditando que
Peter poderia representar algo bom e verdadeiro naquela arena, quando nunca
foi justo colocar isso em Peter, que só queria sobreviver.
Outro difícil, porque esse é Axus e Willa. Axus tem alguns irmãos e ambos
os pais em sua plataforma, enquanto Willa era filha única sendo criada por seu
pai, que parece completamente indiferente—quase entediado—por todo esse
processo. A família de Axus, pelo menos, parece estar de luto ainda, e se eles
estão um pouco envergonhados com todas as coisas que Axus fez na arena,
não há sinais disso. James está no palco, ainda usando uma bengala por
causa de Axus, e ainda assim ele honestamente não pode culpar a família de
Axus por não parecer incomodada com as coisas que Axus fez. Eram os jogos
vorazes. Axus não era uma pessoa muito boa lá, mas quem sabe como ele era
fora de lá? James não sabe, e ele nunca saberá.
149
CRIMSON RIVERS
Vitoriosos no palco diante deles. De alguma forma, isso é quase pior do que a
sensação de vazio.
"Eu não sabia que isso seria uma reunião de família," James sussurra para
Sirius, com os olhos arregalados.
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ZEPPAZARIEL
"Sirius," Regulus sussurra, "Por que eles estão aqui? É só para ser o mentor
e a prefeita."
"Eu temia que eles fizessem isso," Sirius murmura. "Lucius provavelmente
teve algo a ver com isso, o idiota."
"Vai ser realmente tão ruim?" James murmura. "Quero dizer, eles são sua
família."
"É por isso que vai ser ruim," Sirius diz categoricamente.
James pisca.
~•~
velhos, e então seus sentimentos mudaram. Talvez isso não seja nada
estranho, em retrospecto. As coisas que você sente quando criança se
transformam quando você cresce, porque de repente você pode entender
todas as coisas que não entendia antes.
Por exemplo, Regulus não entendia quando ele era criança que Bellatrix é
louca pra caralho. Ele entende agora, é claro, e é engraçado, não é, que
diferença o tempo pode fazer?
"É bom ver você, Sirius. Você parece bem," Narcissa cumprimenta
enquanto se aproxima, mas ela não vai para um abraço, mesmo que esteja
sorrindo. Regulus inveja tanto Sirius agora, porque Bellatrix ainda está
bajulando ele. "Bella, deixe ele em paz, sim? Você não pode ver que ele está
extremamente desconfortável?"
Regulus não entendia o que isso significava naquela época, mas ele entende
agora. Ele tem certeza de que sua prima mais velha matou um homem para
tornar a vida de sua irmã um pouco mais fácil. A coisa é, ela ainda nem tinha
entrado em seus jogos.
"Você também parece bem, Regulus," Narcissa comenta, sorrindo para ele,
pequena e recatada, mas seu olhar é afiado. Claro. Piscinas de azul que cobrem
mais em suas profundezas. Talvez seja uma coisa de irmãos mais novos, mas
assim como Regulus, ela sempre foi boa em esconder coisas. A única
diferença é que ela se esconde atrás de sorrisos delicados e palavras gentis, de
fala mansa e bonita como vidro artisticamente construído que você tranca
para que ninguém possa tocá-lo, para que eles só possam olhar, porque é
muito frágil.
152
ZEPPAZARIEL
Narcissa não é, e nunca foi, frágil. Oh, ela finge ser, é claro, mas ela é tão
perigosa quanto suas irmãs, especialmente porque você não espera por isso.
Regulus se lembra de seus jogos. As pessoas achavam que ela era frágil, e ela
provou que elas estavam erradas.
~•~
Sirius não quer estar aqui. Ele realmente, desesperadamente, não quer fazer
isso agora. Porra, por que Bellatrix e Narcissa tiveram que vir? Era para
ser apenas a prefeita e o mentor, mas não o surpreende que Narcissa e Bellatrix
tenham aproveitado a oportunidade para vir, e ele não duvida que Lucius
tenha algo a ver com tornar isso possível.
Veja, não é nenhum segredo que a família Black tem... problemas entre os
membros que estão distantes. Houve uma grande briga que ocorreu antes de
Narcissa e Bellatrix deixarem o distrito, uma que terminou com Andromeda
em lágrimas, Bellatrix com um olho roxo e Narcissa ameaçando matar
Cygnus.
Foi tudo muito dramático, pelo que Sirius se lembra, o que honestamente
não é muito com sua memória fraca. Ele foi capaz de juntar a maior parte
disso, no entanto. Basicamente, Cygnus era um pedaço de merda abusivo,
particularmente para Narcissa, que ele nunca tinha certeza se era sua filha ou
não. A mãe delas morreu antes de Sirius nascer, quando Narcissa ainda era
bem jovem, e coube a Bellatrix e Andromeda cuidar dela. Principalmente
Andy, porque Bella era e sempre foi verdadeiramente desequilibrada.
De qualquer forma, Andy foi a primeira a sair de casa com um homem que
a família não aprovava, e Bella tomou isso como uma afronta pessoal,
enquanto magoou profundamente Narcissa. No entanto, assim que Narcissa
viu sua chance de sair, de ir embora, ela também aproveitou. Até onde Sirius
sabe, ela não tinha planos de levar Bellatrix com ela, não no começo, mas
153
CRIMSON RIVERS
talvez Bellatrix apenas... se convidou. Ele não tem certeza sobre os detalhes,
honestamente. Andy não gosta muito de falar sobre isso, porque ainda é um
assunto delicado.
Cygnus morreu não muito tempo depois que todas as suas filhas o
abandonaram, e Alphard o seguiu rapidamente. Sirius sempre se perguntou se
parte da deterioração constante de Alphard nesses últimos meses foi porque
seu irmão mais velho estava morto. Mas, novamente, Alphard estava se
matando com álcool e drogas há tanto tempo que nunca ficou claro.
O almoço é doloroso.
Sirius está tão fodidamente desconfortável agora, ainda mais quando está
conversando com Bella e Cissa como se elas não fossem praticamente
estranhas para ele. Ele se lembra deles, um pouco. Ele se lembra de nunca ter
gostado muito de Bellatrix, acima de tudo.
Tudo isso o lembra de jantares sufocantes com seus pais, forçado sentar
com as últimas pessoas que ele quer estar perto, preso com o lembrete
constante de como é sua família. É sempre segredos ou loucura completa com
eles. Nunca houve um Black que não fosse, de alguma forma, magnificamente
fodido. Infelizmente, ele está incluído e ele não gosta de ter que enfrentar isso.
Pandora, a linda joia que ela é, faz a maior parte do trabalho pesado em
manter a conversa. Ela está usando o que Sirius decidiu rotular de sua voz de
154
ZEPPAZARIEL
Sirius se pergunta se, como ele e Regulus e James e Effie e todos os outros
Vitoriosos que ele já conheceu, Bellatrix e Narcissa não gostam de falar sobre
seus jogos. Elas não os mencionam, e também não falam dos de Sirius ou
Regulus, pelo que Sirius pode ser grato.
Em outras palavras, Sirius tem sua chance de fugir, e assim como suas
primas mais velhas, ele não hesita em aproveitá-la.
Sirius fica do lado de fora e fuma como se sua vida dependesse disso. Um
logo após o outro, ignorando os sons distantes de conversa e talheres
tilintantes flutuando até ele.
155
CRIMSON RIVERS
"Tem outro desses?" Narcissa pergunta enquanto ela corre para fora para
se juntar a ele, inclinando-se contra o pilar em frente a ele com um pequeno
sorriso moderado.
Sirius suspira, mas ele passa um cigarro para ela e acende o isqueiro,
observando-a inalar e olhar pensativo para o lado enquanto ela exala fumaça.
"Achei que você tinha parado."
"Há algumas coisas das quais você não cresce," responde Narcissa. "Eu dei
a você sua primeira tragada de cigarro, sabe. Você tinha dez anos. Você se
lembra?"
"Como está minha irmã?" Narcissa pergunta baixinho, e pela primeira vez,
Sirius se pergunta se é por isso que ela está realmente aqui.
Sirius franze os lábios. "Sendo uma cadela furiosa na outra sala. Por que a
pergunta?"
"Uma sobrinha," Narcissa sussurra, sua respiração tão baixinho que ele
quase não ouve. "Eu tenho? Qual é o nome dela?"
156
ZEPPAZARIEL
"Agora, por que ela faria isso com aquela pobre criança?" Narcissa
pergunta, balançando a cabeça enquanto inala novamente.
Sirius não pode evitar. Ele bufa uma risada. "Honestamente, eu perguntei a
mesma coisa. Não há nomes normais nessa família, você conhece as regras.
De qualquer forma, nós a chamamos na maior parte do tempo de Dora."
"Ah, adorável, fico feliz em ouvir isso," declara Sirius, abrindo um sorriso
desafiador. Ele está esperando que ela fique irritada, mas ela apenas ri. "Se
você acha que eu vou me desculpar—"
"Você sabe por que eu me casei com ele," Narcissa diz sem rodeios.
"Se ao menos fosse tão simples," Narcissa reflete. "Ele quer tentar ter um
filho. De preferência um menino, ele diz."
"Ele—o quê?" Sirius hesita, piscando para ela surpreso. "Depois de todo
esse tempo, ele ainda não descobriu que é casado com uma mulher sem desejo
de sexo?"
157
CRIMSON RIVERS
lembra de Narcissa dizendo a ele sem rodeios que ela não tinha tais desejos,
como suas irmãs.
"Lucius sempre soube disso sobre mim. Ele também sabia que eu preferia
a companhia romântica de mulheres sobre qualquer outro gênero, e de
ninguém sexualmente. Isso nunca foi um segredo."
Narcissa arqueia uma sobrancelha para ele. "Não. Lucius nunca me quis
para sexo ou romance. Ele sabe por que eu me casei com ele, sempre soube, e
nunca foi sobre me salvar, não para ele. É sobre poder. Ele sente que tem
poder sobre mim, e eu o deixo acreditar. Essa ilusão me mantém confortável,
e ele tem muitas pessoas para aquecer sua cama para manter ele confortável."
"Isso é..." Sirius faz uma careta e balança a cabeça. Honestamente, ele
odeia o som disso, mas é o que Narcissa escolheu. É o que Narcissa fez
acontecer, de propósito. Lucius não era nada mais do que um fantoche em
suas cordas, e provavelmente ainda é. "Certo, se for esse o caso, por que pedir
a você filhos?"
"Bem, nós somos casados, então ele gostaria que seu filho viesse de sua
esposa em vez de qualquer outra pessoa," explica Narcissa.
"Eu adoraria ser mãe. Eu posso não ter vontade de fazer sexo, mas eu
gosto de vez em quando, embora nunca com homens. Eu provavelmente
poderia convencê-lo a outras opções, talvez inseminação, mas eu não vou
fazer isso," murmura Narcissa. Ela dá uma forte tragada no cigarro, as
bochechas afundando, e seus olhos brilham enquanto ela exala. "Eu quero
criar um filho. Ele quer treinar um Vitorioso."
"Ele é uma escória, você sabe disso?" Sirius diz com desgosto, entendendo
instantaneamente o que ela quer dizer. Não que ele pudesse realmente não
entender, já que ela foi tão direta. Ele pode apreciar que ela não tem planos de
satisfazer o desejo de Lucius, no entanto.
158
ZEPPAZARIEL
Narcissa apenas cantarola e desvia o olhar. "E você, Sirius? O galã das
Relíquias. Você tem sua própria escória grudada na sola do seu sapato
enquanto ousa julgar a minha."
"Não pisou?"
"Sim, o mesmo que eu, mas é claro que você não vê dessa maneira."
"Não, eu realmente não poderia," responde Narcissa. "Não havia nada para
mim lá."
Sirius acha que, na distância de seu olhar, ela está procurando por
Andrômeda.
~•~
Caso em questão:
159
CRIMSON RIVERS
Regulus a encara.
Bellatrix não se perturba com seu silêncio. "A última vez que eu te vi,
Reggie, você era tão doce. Ainda muito tímido como sempre, claramente." Ela
espera, então ri quando ele continua a olhar para ela. "Oh, vá em frente, me
diga tudo o que eu perdi. Como foi a adolescência? Tempo terrível para todos
nós, é claro, mas me dê todos os detalhes sórdidos."
"Oh, claro que tem." Bellatrix franze a testa ligeiramente quando ele, mais
uma vez, não oferece resposta. "Anime-se, fofucho. Vire essa carranca para lá;
eu me lembro de você sorrindo muito mais do que isso. Para onde isso foi?"
"Os garfos geralmente não entram nos globos oculares também, mas eu
posso fazer isso acontecer também," Bellatrix diz a ela, levantando um pé e
soltando-o de volta para enviar um garfo voando para cima da mesa pelo ar,
que ela estala sua mão para pegar. Ela sorri para a prefeita Delores, olhando
para ela, e a prefeita Delores fica pálida e silenciosa assim que reconhece a
ameaça. Bellatrix consegue deixar seus pés sobre a mesa. "De qualquer forma,
Regulus, o que você estava dizendo?"
"Oh, tudo bem, se você não quer falar sobre nada disso, acho que vou
conhecer o namorado, certo?" Bellatrix gira a cabeça. "Potter!"
160
ZEPPAZARIEL
com a clara intenção de tocar seu rosto, provavelmente girando-o pelo queixo
para examiná-lo.
Ela não consegue, porque a mão de Regulus se estende para pegar seu
pulso, sua voz afiada quando ele declara, "Não toque nele."
Regulus aperta seu pulso com mais força, muito apertado, mas ela nem se
mexe. "Se você tocar nele, a única a ser esfaqueada com um garfo será você.
Agora pare de ser tão..."
"Apenas as melhores," James diz a ela, seu olhar rapidamente para Regulus
antes de desviar o olhar.
"Você ficou muito bonito, sabe. Quantos anos você tem agora? Vinte e
poucos anos, sim?" Bellatrix inclina a cabeça, considerando-o de perto. "Se
tornou um grande homem."
sentir vergonha de sua família quando se trata de James, porque seus pais têm
muito pouco a ver com ele, e Sirius sempre foi bom com ele.
Bellatrix repreende ele. "Faz muito tempo que eu não me divirto, sabe. Todo
mundo é tão chato, e Cissy está sempre por perto para me repreender, então,
na verdade, eu não adoraria nada mais." Ela prontamente se levanta e se vira
sem aviso para chutar a cadeira de James para trás, se jogando no colo dele e
se jogando sobre ele. James engasga, suas mãos voando para cima enquanto
ele as segura com as palmas para fora, olhos esbugalhados enquanto sua boca
cai aberta. Belatrix ri. "Olhe para isso, você encontrou um homem leal,
Reggie. Ele nem me toca, o que é uma pen—"
O resto de sua frase é abafada por seu grito repentino quando Regulus a
agarra pelos cabelos e literalmente a arrasta para fora do colo de James,
jogando-a impiedosamente no chão. James fica boquiaberto para ele onde ele
está, e Bellatrix solta uma longa série de maldições enquanto ela começa a se
levantar. No momento em que a mão dela pousa na mesa para se apoiar,
Regulus pega o garfo e finca nas costas da mão dela, porque ele disse que isso
aconteceria, e ela não ouviu. Culpa dela, na verdade.
"Sirius!" Dorcas grita, enquanto Pandora cobre o rosto com as duas mãos,
abafando um gemido alto.
162
ZEPPAZARIEL
Bellatrix arranca o garfo de sua mão e ataca Regulus com um grito agudo, e
o inferno imediatamente começa quando Sirius e Narcissa mergulham
freneticamente na briga. Narcissa tem que envolver seus braços em volta de
Bellatrix e arrastá-la de volta enquanto Regulus tem que se virar e fazer a
mesma coisa com Sirius, que aparentemente não precisa de contexto para
aproveitar a primeira oportunidade de dar uma surra nela, especialmente se ela
estiver tentando furar o olho de Regulus com um garfo.
~•~
Regulus revira os olhos e vira a cabeça, mas James pode ver seus lábios se
contorcendo nos cantos. Pandora está sufocando o que parece ser uma risada
levemente histérica por trás de sua mão, e Dorcas está sorrindo
descaradamente para Sirius, que genuinamente parece orgulhoso de Regulus
por esfaquear Bellatrix com um garfo. O trem continua em direção a Relíquia.
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CRIMSON RIVERS
"Ainda não consigo acreditar que você literalmente esfaqueou ela com um
garfo," insiste Dorcas, balançando a cabeça enquanto olha para Regulus em
uma clara mistura de descrença e admiração.
"Sim, você a avisou que faria, então você fez," Pandora interrompe,
divertida, "Mas isso ainda não é uma coisa que a maioria das pessoas
simplesmente faz."
Regulus não é a maioria das pessoas, pensa James, olhando para ele impotente.
Ele se lembra de Mulciber novamente, como Regulus cortou sua mão quando
ele não atendeu ao aviso de Regulus para não cortar James. Isso, pelo menos,
foi um pouco menos violento, menos sangrento, menos bagunçado. Também
estava em uma situação e cenário totalmente diferentes. Isso significa que
James pode apreciar isso totalmente e, como tal, ele pode dizer com segurança
que nunca esteve tão desesperado para se ajoelhar por alguém do jeito que
está agora, por Regulus.
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ZEPPAZARIEL
Não importa o que ele tente, seu corpo e coração têm certeza de uma coisa
sobre qualquer outra, e isso é Regulus Black.
~•~
Pandora está andando rapidamente, liderando tudo, o que Sirius fica mais
do que feliz em deixá-la fazer. Como sempre, estar de volta à Relíquia não é
um bom momento para ele, nem James e Regulus parecem estar em êxtase
com isso.
Simples o suficiente.
"Certo, então, vocês dois estão mais do que preparados para a entrevista, e
Dorcas me garante que vocês dois ficarão lindos," Pandora tagarela enquanto
eles descem do elevador e se dirigem para a cobertura, que fica no corredor. E
165
CRIMSON RIVERS
ela está certa, James e Regulus foram preparados para esta entrevista ainda
mais do que a última, então Sirius está bastante confiante de que eles vão se
sair bem. "Depois da entrevista, vamos voltar aqui, e então o mais importante
amanhã é a festa, que será um grande evento, então vocês dois precisarão me
ouvir."
"Não, você passa uma noite, então sai na manhã seguinte," Pandora diz
com firmeza. Ela para na frente da porta e lhes dá um sorriso. "Tudo bem,
apresse-se, não temos muito tempo."
Sirius bufa quando Pandora abre a porta e estende a mão para agarrar seu
ombro, praticamente o empurrando para dentro. Ele não pode deixar de rir
carinhosamente na direção dela antes de se virar para examinar a cobertura
com curiosidade, ele nunca a tinha visto antes, e então sua risada pega na
garganta e morre.
Remus.
Ele está lá com a cabeça inclinada para frente, seu perfil lateral à mostra, e
os ouvidos de Sirius estão zumbindo porque ele não entende. Eles—eles não
recebem servos para isso. Eles chegam muito tarde na primeira noite e estão
tem a festa durante a maior parte do segundo dia, e eles não vão se vestir aqui
antes dos eventos, então não precisarão de ninguém para cozinhar para eles,
ou lavar suas roupas, e eles realmente não terão tempo para fazer uma
bagunça a menos que eles estejam se esforçando muito para isso, o que os
faria parecer ruins, então é claro que ninguém faria isso, e—e—
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ZEPPAZARIEL
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CRIMSON RIVERS
36
A CARTA
Remus mal consegue respirar novamente antes que Sirius esteja se jogando
pela sala em velocidades que seriam alarmantes em qualquer outra
circunstância. A máscara cai no chão segundos antes de Sirius estar em cima
dele, e é como se eles tivessem treinado, o jeito que Sirius genuinamente se
lança direto nos braços de Remus, com as pernas em volta dele, e Remus o
pega sem nem mesmo tropeçar.
Faz tanto tempo. Oh, aí está você, aqui está você, oi, o coração de Remus pulsa,
uma pulsação constante de alívio que inunda suas veias. Por mais que ele
tentasse se agarrar às memórias de como era ter Sirius em seus braços, não se
comparava com a realidade. Nada se compara a isso, ao calor dele, ao peso
dele, como ele cheira, sente e respira.
As mãos de Sirius voam para emoldurar seu rosto, segurando-o ali, e então
ele está literalmente apenas soltando beijos por todo o rosto de Remus com
um entusiasmo inegável. Ele beija a testa de Remus, suas bochechas, seu nariz,
acima e abaixo de cada olho, até a cicatriz. Se isso o incomoda, ele não mostra
sinais disso, apenas beijando o comprimento de onde começa no canto
interno da sobrancelha esquerda e se arrasta sobre o nariz, parando no canto
168
ZEPPAZARIEL
direito do lábio superior. Quando Sirius chega ao fim, ele beija cada canto da
boca de Remus, então nos lábios, forte, contundente e rápido, afastando-se
para falar.
"Cale a boca, não fale comigo, eu estou tão feliz por você estar aqui," Sirius
declara sem fôlego, seus olhos brilhando. "Oh, a lua está com tanta inveja de
você. Você está aqui. Você está—oi, você está aqui."
Mais uma vez, Remus tenta falar com sua risada borbulhante, sentindo-se
ridiculamente excitado e tonto, mas Sirius o interrompe mais uma vez, com
um beijo novamente. Desta vez, Sirius o beija uma, duas, uma terceira vez, e
então ele não se afasta. O beijo de boca fechada se transforma em boca
aberta, e Sirius faz um barulho verdadeiramente indecente (e alto) enquanto
balança nos braços de Remus, chacoalhando como se estivesse prestes a
desmoronar.
Não, em vez disso, ele tropeça pelo corredor para encontrar a primeira
porta que encontra, decidindo que só vai ter que ser o quarto de Sirius, porque
ele não vai perder tempo para ir mais longe. Ele abre a porta e a chuta com o
pé enquanto entra, os dedos trêmulos de Sirius deslizando em seu cabelo.
A cama felizmente não está longe, e Remus não perde tempo em levá-los
até ela. Ele é cuidadoso, abaixando Sirius com cuidado, como se ele fosse
precioso, porque ele é. Oh, ele é. Remus também está tremendo, mal
conseguindo entender que isso é real, que isso está realmente acontecendo,
não apenas um sonho.
169
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170
ZEPPAZARIEL
~•~
James está de acordo, e para provar isso, ele estende a mão para pegar a
mão dela, dando um beijo sorridente na parte de trás de seus dedos. Ela
parece tão satisfeita, tão tocada, com os olhos marejados enquanto sorri
brilhantemente. "Isso foi uma coisa muito gentil de se fazer, de verdade.
Regulus está certo. Nós não merecemos você."
"Eu pensei que conseguir um servo não era... permitido?" James pergunta
enquanto aperta a mão dela antes de soltá-la.
ter mentido um pouco e ter dito que Sirius não está se sentindo bem, então ele
precisa de cuidados, e então eu casualmente sugeri que eles nos enviassem o
servo que tínhamos antes para lidar com isso. De qualquer forma, ele está
tecnicamente se sentindo mal—Sirius, quero dizer, então ele não vai se juntar
a nós para a entrevista e tudo mais. Eu meio que imaginei que ele se distrairia
com Remus no momento em que o visse de qualquer maneira."
"Nós podemos deixar Sirius ter algum tempo para si mesmo pelo menos
uma vez," Regulus murmura, o que é bastante maduro da parte dele, James
pensa. "Nós não nos importamos. Está tudo bem, Pandora. Bom, até."
~•~
É estranho, porque Remus teve pessoas fazendo isso com ele que
certamente eram mais experientes, mas ele ainda está muito certo de que ele
172
ZEPPAZARIEL
nunca esteve melhor. Um tema comum com Sirius é que o que lhe falta em
experiência, ele compensa em entusiasmo, especialmente quando ele está
focado no que quer que esteja fazendo.
"Se você tem certeza," Remus murmura. "Eu só pensei, porque você
está—bem, eu posso sentir que você está—"
O rosto de Sirius brilha ainda mais. "Sim, ignore isso, isso vai passar. É—
quero dizer, apenas uma coisa do corpo, mas eu não quero—"
173
CRIMSON RIVERS
Remus não pode evitar. Ele bufa uma risada suave e estende a mão para
colocar a mão em volta do pescoço de Sirius, puxando-o para dar um beijo
entre suas sobrancelhas, onde estão enrugadas com incerteza. "Confie em
mim, foi adorável."
"Sim," Remus confirma, no caso de Sirius estar preocupado que ele tenha
esquecido, mesmo que não soe como se ele estivesse incerto.
"Eles torturaram você," Sirius diz suavemente, mas há um tom em sua voz,
e quando Remus abre os olhos, os de Sirius estão afiados e brilhando de raiva.
"Eu fui levado para o nível mais baixo e injetado com algo, feito para inalar
outra coisa, e—bem, eu estava um pouco fora de mim por causa da dor,
honestamente, então eu quebrei as amarras na minha cabeça e bati na bandeja
ao lado da cadeira com o meu rosto." Remus examina o rosto de Sirius, sua
boca seca com a raiva fria crescendo mais brilhante em seu olhar. Eu quase
morri, ele não diz. Ele não quer que Sirius saiba disso, que fique perturbado
com isso. As próximas palavras que saem de sua boca são uma mentira
174
ZEPPAZARIEL
descarada, mas são dadas com o conforto de Sirius em mente. "Eu realmente
não me lembro da maior parte."
"É o que é. Apenas mais uma cratera entre muitas," Remus murmura,
oferecendo a Sirius um pequeno sorriso. "Eu me lembro de você dizer algo
sobre a lua estar com inveja de mim..."
"Oh, a lua está com muita inveja de você," Sirius declara, abrindo aquele
sorriso dele, aquele que instantaneamente rouba o fôlego de Remus porque
faz muito tempo que ele não o vê. "A lua é linda, não me entenda mal, mas
não é nada como você."
"Eu não gosto de como você conseguiu, mas você só é mais glorioso por
isso." Sirius sorri ainda mais quando Remus começa a rir, balançando a cabeça
incrédulo. "Não, eu não estou brincando! É sério, é sexy. Faz você parecer...
vulgar."
"Vulgar?"
"Mas faz!"
"Patife."
Os lábios de Remus se curvam. "Bem, se você diz isso, deve ser verdade,
então. Sou eu. Remus, seu patife regular."
Sirius solta uma risada trêmula e se aproxima dele, deslizando sua mão para
cima e para baixo na lateral do pescoço de Remus. "Eu quase não sei como
175
CRIMSON RIVERS
agir. Eu pensei—eu não esperava—eu não estava preparado para você, mas
eu também não estava na primeira vez, então agora eu suponho que eu estou
muito tonto para ser alguma coisa além de bobo. Eu estou apenas—eu estou
muito, muito feliz por você estar aqui."
"Você tem que agradecer a Pandora por isso," Remus diz com carinho.
"Sirius?"
"Porra!"
"Sirius," Remus chama, mais alto dessa vez, mas Sirius ainda está preso em
uma série de maldições, repreendendo-se enquanto mergulha para a porta.
Remus suspira e se levanta para segui-lo.
"Sirius—"
176
ZEPPAZARIEL
"Sim, eles se sentem, mas eu aposto que eles vão se sentir melhor sabendo
que você está tirando algum tempo para você. Pandora está com eles. Ela vai
se certificar de que eles estão bem," Remus o assegura.
"O que é agora?" Remus pergunta com afeição crescente quando eles
chegam ao quarto e Sirius deixa cair a mão para dar uma volta com toda a
sutileza de um tornado, freneticamente procurando por algo.
"Estou sentado," Remus diz, uma vez que ele está realmente empoleirado
na beirada da cama, observando Sirius com curiosidade. "O que é isso?"
Sirius vem se afundar ao lado dele, respirando fundo. "Eu—eu tenho algo
para você. Eu não pensei que iria dar para você até—bem, eu pensei que
levaria mais seis meses, mas não há necessidade de esperar agora."
Remus congela, seu sorriso desaparece enquanto seu coração parece dar
um chute forte em seu peito. Sirius o observa de perto, e Remus sente uma
gota fria de medo deslizar por sua espinha. "Você o quê? Você conheceu
ele? Como? Você—você não sabe de que distrito eu sou."
"Doze," Sirius diz baixinho. "Você sabe como funciona a turnê da vitória,
Remus. Eu o conheci no primeiro dia quando nós—"
"Mas de jeito nenhum você poderia saber, Sirius, a não ser que você—você
tenha perguntado por aí para descobrir, e você não pode fazer isso. Você não
pode—isso chama a atenção para ele; isso coloca ele em perigo!" Remus
explode, seu coração martelando em seu peito. "Eu propositalmente não te
disse de qual distrito eu era—"
178
ZEPPAZARIEL
"Eu conheci o seu pai," Sirius continua, sua voz perdendo o tom a cada
palavra dita. "À propósito, ele é um homem adorável. Nós conversamos um
pouco e eu me ofereci para te trazer uma carta dele."
"Remus—"
"Não, Sirius, você—você não entende. Meu pai nunca correria esse risco,
especialmente não por—"
"Mas ele fez," Sirius diz a ele, sua voz suavizando, provavelmente devido
ao fato de que Remus acabou de engasgar com suas palavras. "Ele te escreveu
uma carta, essa carta, e se arriscou por você. Ele te ama, Remus, muito."
179
CRIMSON RIVERS
Ele ama Sirius, no entanto. Ama ele muito, com cada osso desafiador em
seu corpo. Esse homem, que nem percebe a importância do que acabou de
fazer, dando a Remus um envelope fechado. Remus, que não possui nada.
Remus, que não tem nada. Remus, que não tem privacidade ou liberdade para
nada disso, para nada.
"Eu me lembro," Sirius diz a ele, dando-lhe um sorriso rápido, e então ele
sai e fecha a porta suavemente atrás dele.
Remus o encara por um longo tempo depois que ele sai, apenas respirando,
e então ele olha para o envelope. Uma parte dele quer rasgá-lo freneticamente
e devorar as palavras em um instante, mas uma parte muito maior quer ir
devagar, saborear cada traço de tinta no papel.
Para alguém que não tinha nada para reivindicar genuinamente como seu,
além da própria máscara que simboliza cada restrição da qual ele nunca
escapará, essa carta significa o mundo. Remus é tão cuidadoso ao abri-la,
recusando-se a causar o menor rasgo no envelope, muito menos na carta.
Quando ele puxa e abre, ele faz devagar, delicadamente, como se pudesse se
transformar em cinzas a qualquer momento.
180
ZEPPAZARIEL
Eu espero que esta carta o encontre como aquele que a entregou me garantiu que vai. Eu
gostaria que esta carta fosse longa e cheia de todas as incontáveis coisas que eu gostaria
desesperadamente de poder lhe dizer, mas acho que a brevidade nos serviria muito bem.
Para ser honesto com você, temo que nenhuma palavra que eu pudesse escrever expressaria
adequadamente o quanto sinto sua falta todos os dias, nem forneceria um resumo adequado
do amor e da preocupação que sinto toda vez que você passa pela minha mente. Tenho
orgulho de admitir, como pai, que não passa um dia sem que eu pense em você. Dias
pensando em nossa última briga me ensinaram muitas coisas sobre arrependimento, e eu
quero lhe dizer agora que o único arrependimento que eu realmente tenho é de não
assegurar à você, mesmo em nossas diferenças, que eu sempre o amaria e o apoiaria em
qualquer coisa. Se você duvida de mais alguma coisa, não duvide disso, porque eu
sempre amarei você, não importa o que aconteça; Sempre terei orgulho de chamar você de
meu filho. Eu também só posso ser grato por saber que você encontrou a felicidade
possivelmente no último lugar em que eu poderia esperar que ela existisse, então sorria, ria e
ame, e nunca pare, nunca mude quem você é, por ninguém.
Remus dobra a carta e chora tanto que seu estômago se contrai; soluços
profundos e ofegantes saem dele enquanto ele embala o papel no peito e sente
falta de seu pai como uma criança pequena.
Já faz anos desde que ele se permitiu pensar em Lyall, sentir falta dele, e
isso o está atingindo de uma vez. Ele manteve isso a distância, como se isso
provasse algo, como se caso ele não se deixasse se sentir assim, significava que
ele não estava olhando para o passado, para quem ele estava determinado a
ser, com arrependimento. Ainda orgulhoso demais para estar errado,
orgulhoso demais para admitir que talvez, apenas talvez, ele gostaria de poder
voltar e fazer tudo de forma muito diferente.
Quando Remus era muito jovem, Lyall costumava embalar para Remus seu
almoço para a escola todos os dias, e todos os dias, ele deixava um pequeno
bilhete para ele ler. Apenas três frases por dia, apenas três, porque eles criaram
um pequeno código entre elas. Cada segunda palavra em uma frase compunha
uma mensagem secreta. Todos os dias, essa mensagem secreta era eu te amo.
181
CRIMSON RIVERS
~•~
Dois dias atrás, Sirius descobriu que Remus matou pessoas, e de alguma
forma isso parece muito trivial quando Remus está ao seu alcance. Não é uma
coisa trivial, ou talvez não devesse ser, mas Sirius não consegue encontrar
dentro de si mesmo algo para fazer disso uma prioridade. Basicamente, todos
que Sirius conhece são assassinos, então, na verdade, isso não o incomoda
muito.
182
ZEPPAZARIEL
Sirius empurra sua xícara de chá para Remus e diz, "Oh, você está, mas
isso pode esperar. Primeiro, você está bem?"
"Você não precisa me agradecer," Sirius murmura. "Eu queria fazer isso,
Remus. Você merece isso e muito mais. Isso é tudo que eu podia fazer, então
foi o que eu fiz."
"Você tem certeza que quer falar sobre isso agora?" Sirius pergunta,
incapaz de manter o tom afiado fora de sua voz.
Remus respira fundo, então sopra e olha para Sirius. "O que eu fiz?"
"Seu idiota passivo agressivo," Sirius sussurra, derrubando seu chá. "Não se
atreva a virar isso para mim. Eu nunca exigi nenhuma maldita coisa de você."
"Sério? Porque você está bastante chateado por não conseguir algo de
alguém que você não esperava nada," Remus retruca, cruzando os braços.
"O que isso tem a ver com isso?" Remus pergunta incrédulo. "Meu
crime—o que, você está dizendo que eu não tenho permissão para fazer sexo
só porque eu—" Ele para, piscando, e então olha para Sirius. "Espere, isso é
parte da razão pela qual você luta para se permitir aceitar o prazer, mesmo que
literalmente não tenha sido sua culpa? Sirius—"
"Sabe de uma coisa?" Sirius bufa uma risada fraca e balança a cabeça,
passando a língua pelos dentes. "Não importa. Esqueça isso; me conhecendo,
eu provavelmente vou esquecer de qualquer maneira."
"Você quer saber por que é tão perturbador?" Sirius pergunta, virando-se,
os lábios pressionados em uma linha fina. "Não é porque eu secretamente quis
saber. Eu não fui até a casa do seu pai esperando descobrir o que você fez; eu
fui só para poder fazer algo por você, e por ele. Foi isso. Ele foi quem deixou
escapar. Eu não perguntei, e então eu não deixei ele explicar mais, porque eu
queria ouvir de você. E sim, isso tem a ver com sexo—não minha aceitação
de prazer, mas sexo. Porque eu preciso de confiança para fazer sexo, Remus.
Não apenas eu confiando em você, mas você confiando em mim, e parece que
eu me enganei pensando que isso estava lá, mas acontece que não estava."
"O que?" Remus rosna. "Não, estava. Eu—eu não escondi isso de você
por desconfiança, Sirius. Não foi isso."
184
ZEPPAZARIEL
Sirius sente que está prestes a arrancar o cabelo. "Não! Não é isso que eu
estou dizendo. Você não tem que me dar nada, nunca. Eu não pedi nada, ou
pressionei você, nem uma vez. Mas isso não significa que você é
completamente inocente nisso. Você sabe muito dos meus problemas,
especialmente em torno do sexo, e eu estou chateado porque você—você
deixou acontecer sabendo que a confiança não era uma troca igual, e isso não
é justo. Eu estou chateado porque eu confiei você, e eu não sei se eu posso
mais."
"Eu te disse, não era desconfiança, não para mim. Eu—eu não vi dessa
maneira, então eu nem pensei nisso assim. Se eu suspeitasse que isso iria te
machucar, eu nunca teria permitido que isso acontecesse, Sirius, você tem que
saber disso. Eu preciso que você saiba disso," Remus diz a ele com
sinceridade, quase desesperadamente. "Eu juro para você, eu confio em você
mais do que confio em mim mesmo, honestamente."
Remus engole em seco e joga a cabeça para trás, piscando com força e
revirando a mandíbula. Sua voz está cheia de emoção quando ele começa a
falar. "Sirius, eu te disse uma vez que você me vê no meu pior todos os dias, e
é verdade. Eu sou um servo. Um criminoso. Eu não tenho nada a oferecer,
nenhum lugar para ir, e literalmente nenhum valor como ser humano aos
olhos da Relíquia. Você foi a primeira pessoa a olhar para mim como se eu
valesse alguma coisa em cinco anos, e eu—eu só queria ser alguém que
merecesse isso. Eu queria—eu queria existir fora do que eu tinha feito. Eu
queria ficar livre disso."
185
CRIMSON RIVERS
"Eu nunca pensei que você olharia para mim de forma diferente, ou me
trataria de forma diferente," Remus engasga, seus olhos brilhando com
lágrimas que apertam o coração de Sirius. "Eu só gostava de ser alguém que
fosse realmente digno de você."
Por muito tempo, isso é tudo o que eles fazem. O coração de Sirius está
em frangalhos em seu peito, porque Remus chorando e ficando chateado
genuinamente o coloca em aflição instantânea. Ele esfrega as costas de Remus
e beija o lado de sua cabeça várias vezes, tentando sufocá-lo com conforto,
mas Remus parece ter muito alívio emocional que ele precisa trabalhar.
Sirius não tenta impedir, sabendo que provavelmente é sobre muitas coisas.
Seu pai, sentir falta de Sirius, a tortura que ele suportou, e possivelmente
muitas outras coisas que Sirius não sabe. Tudo bem. Sirius não precisa saber
para ter certeza de que quer cuidar de Remus através disso.
"Sim."
"Seu valor não é medido no seu passado, ou mesmo no seu presente, mas
sim em você, Remus, e você é valioso." Sirius diz suavemente. "Para mim,
para esse mundo, para quem te conhece, você é valioso."
186
ZEPPAZARIEL
~•~
Com toda a honestidade, Remus não acha que chorou tão abertamente ou
tão forte com outro ser humano que não seja Lily. Ela é a única pessoa em
quem ele confiou para fazer isso, mas agora há Sirius também. Porque Remus
confia em Sirius. Eles construíram confiança entre eles e, apesar desse
contratempo, ele ainda acredita na base disso. Não há nada de errado em
precisar fortalecer isso, de tempos em tempos.
"Não, está tudo bem. Eu—quero que você saiba," Remus interrompe, sua
voz grossa. "Seu nome era Fenrir Greyback, quem eu matei."
"Os outros? Eu... não matei mais ninguém," Remus diz, perplexo.
"Seu pai disse pessoas. Ele disse que você matou pessoas," explica Sirius.
"Tipo no—plural."
187
CRIMSON RIVERS
"Eu não estou dizendo que você está," Sirius diz a ele rapidamente,
levantando ambas as mãos em rendição. "Ele—talvez ele quis dizer Lily? Ou
talvez ele apenas... não sabia?"
"Sim, eu sei. Não é algo que eu goste de falar, mas eu acho que você
deveria saber, Sirius. Greyback implicou com meu pai por praticamente
metade da minha vida, só porque meu pai teve um dia ruim e disse algo que
ele não deveria dizer, apenas uma vez. Quando eu tinha vinte anos, a rixa
havia mudado na sua maior parte para mim."
"Bem, Greyback era uma parte da nova onda de Aurores que veio depois
que meu pai se aposentou, e você se lembra que eu disse a você que meu pai
não gostava de como eles faziam as coisas? Sim, então ele deixou isso bem
claro para Greyback, que não apreciou o sentimento."
"E você disse que a raiva mudou para você?" Sirius pergunta.
"Eu era..." Remus lambe os lábios e inclina a cabeça para o lado, bufando
uma risada suave. "Bem, eu era um pouco... falador."
"Por que eu sinto que isso está subestimando as coisas?" Sirius murmura
secamente, levantando uma sobrancelha.
188
ZEPPAZARIEL
"Só como um aparte, eu nem culpo você por matar ele. Tipo, eu já ouvi o
suficiente neste momento para não precisar de mais contexto para entender
por que o mundo está melhor sem ele."
"Ela estava furiosa," Remus corrige com uma bufada. "Não se engane, Lily
não era uma flor. Ela era tão selvagem e imprudente quanto eu, às vezes. Nós
estávamos—eu não sei, apenas sempre na mesma onda o tempo todo.
Quando ela não estava, eu também não estava. Nós fazíamos tudo juntos, às
vezes até só—sentir."
189
CRIMSON RIVERS
"Esse não era o plano original, não. Greyback era um Auror, e isso vem
com regras, todas as quais eu conhecia intimamente porque meu pai foi um
por mais de trinta anos. Eu sabia que não havia como Greyback seguir todas
as regras, porque ele simplesmente não era do tipo que faria isso. Então, nós
pretendíamos encontrar provas sólidas e entregá-las."
"Eu gostaria," Sirius murmura, baixo e perigoso, "Que você não tivesse
matado Greyback. Para que eu pudesse. Lentamente."
"Isso pode ser a coisa mais sexy que eu já ouvi você dizer," Remus o
informa, abrindo os olhos para encarar Sirius. Ele vai direto à fúria, não
parando para ter pena dele, e Remus acha isso insuportavelmente atraente,
honestamente.
"Me diga que ele morreu lentamente, pelo menos," Sirius resmunga.
"Bem, ele não morreu pacificamente, eu posso te dizer isso." Remus limpa
a garganta. "Depois de três anos, Lily e eu finalmente encontramos a prova
que estávamos procurando. Prova sólida e indiscutível, quero dizer. Nós
invadimos sua casa e verificamos seu computador, onde descobrimos que ele
estava roubando dinheiro de fundos distritais e enviando para uma mulher,
por quem assumimos que ele estava apaixonado ou pagando por sexo, e
ambos eram contra as regras, assim como roubar o dinheiro."
190
ZEPPAZARIEL
"Ele tinha a arma dele," Remus continua, seu olhar desviando para o lado.
"Tudo—tudo aconteceu tão rápido. Ele ia colocar ela na minha cabeça e me
ameaçar para obedecer, mas nós brigamos, e a arma estava—estava
balançando. Nós dois estávamos tentando mantê-la apontada para longe de
nós, e então Lily meio que—começou a estrangulá-lo. Acho que ela estava
tentando fazer ele desmaiar para que pudéssemos correr, mas a arma disparou
antes que isso acontecesse. Fui eu quem puxou o gatilho. Até hoje, eu não sei
se eu pretendia. Eu só sei que eu não me arrependi."
"Sim," Remus concorda com uma risada rouca. "Nós tivemos que correr.
Os outros ouviram os tiros, e ou eles nos matariam ou nos pegariam, então
nós passamos pelos trilhos do trem pela primeira vez, e eles nos perseguiram.
Não havia como eles se aproximarem do jeito que eles estavam, então eu—eu
disse a Lily para continuar correndo, para não parar por nada, e eu dei a ela a
arma. Então eu circulei de volta e fiz com que eles me perseguissem na
direção oposta. Eu fui pego, e nunca mais vi Lily de novo."
"Eu sinto muito," Sirius suspira, dando um passo à frente para estender as
mãos e deslizá-las para cima e para baixo nos braços de Remus. "Eu sinto
191
CRIMSON RIVERS
muito que isso tenha acontecido com você, Remus. Nada disso foi justo. Ele
deveria estar aqui, não você. Você não é uma pessoa ruim, sabe. Como você
pode pensar que isso te torna menos digno? Você não tinha mais controle
sobre isso do que eu tive."
"Exceto que eu não me arrependo," Remus declara sem rodeios, sua voz
firme quando encontra o olhar de Sirius, segurando-o. "Eu não sinto nenhum
remorso por matar Greyback. Nenhum. Eu estou feliz que ele está morto, e
eu estou feliz por ter puxado o gatilho."
Remus o encara. "Eu te digo tudo isso e sua resposta é que você gostaria
de chupar o meu pau?"
"Hum." Sirius cora com aquele adorável rubor dele, e Remus nunca
poderia imaginar que ele estaria rindo depois da conversa que ele acabou de
ter, e ainda assim, aqui está ele.
Ele não pode evitar. Ele apenas ri, e Sirius geme, levantando as mãos para
cobrir o rosto, descaradamente mortificado. Remus ainda está rindo
impotente quando ele estende a mão para puxar as mãos de Sirius para baixo e
192
ZEPPAZARIEL
~•~
"Quero dizer, não é—eu nunca pensei sobre isso, até você, mas são duas
coisas separadas," Sirius murmura, franzindo as sobrancelhas enquanto ele
tenta encontrar as palavras certas para explicar isso. "Suponho que eu—bem,
por muito tempo, eu meio que pensei que minhas lutas para aceitar o prazer
influenciavam meu desejo sexual, e talvez isso torne mais complicado, mas eu
sou eu porque eu sou eu, não por causa do que foi feito comigo. Isso faz
sentido?"
Sirius franze os lábios. "É—eu nunca percebi isso, porque acho que eu
nunca pensei sobre isso, mas sempre foi assim. Não sentindo desejo sexual,
quero dizer. Tipo, eu entrei nos meus jogos aos dezesseis anos, mas nunca fiz
nada até então. Nem mesmo sozinho, e sabe, a maioria das pessoas pelo
menos faz isso, apenas para tentar, ou porque é bom. Mas, honestamente, isso
193
CRIMSON RIVERS
"Pervertido," Sirius comenta com uma bufada, e Remus sorri para ele,
torto e sedutor. Faz o estômago de Sirius se encher de borboletas, sim, mas
ele não pode ser culpado por isso. "Mas não, eu literalmente nunca me
importei ou pensei sobre isso. Então, bem, havia Mary. Nós éramos amigos
há anos antes de eu realmente começar a gostar dela, e não foi até que eu
comecei que eu realmente tive o desejo de fazer qualquer coisa."
"Ah, ela é adorável. Ainda é uma amiga íntima até hoje, alguém em quem
eu confio de todo o coração. Nós crescemos juntos, acho que se pode dizer.
Nós fomos para a mesma escola, e na verdade nós não morávamos muito
longe um do outro antes de eu me mudar para a Vila dos Vitoriosos. Ela foi a
primeira pessoa que fez minha maquiagem quando eu tinha, tipo, doze anos.
Então, quando eu tinha dezesseis anos, eu tinha certeza que ela era... isso, para
mim, sabe? " Sirius comenta.
"Na verdade não," Remus responde pensativo. "Eu não era realmente o
tipo de pensar em termos de sossego, não naquela época."
Sirius ri. "Sim, bem, eu nunca senti o que eu senti por Mary por ninguém
antes. Era muito novo, e também muito emocionante, ou é assim que eu me
lembro de qualquer maneira. Você pode perguntar a Regulus e James; eu
andei por aí por um mês inteiro fazendo todo mundo me chamar de Sr. Sirius
Macdonald."
"Um pouco embaraçoso, olhando para trás. Mary foi adorável sobre isso,
no entanto. Eu nunca a convidei para sair. Eu simplesmente falhei em manter
minha paixão em segredo, e ela acabou me confrontando sobre isso. Oh, eu
estava tão nervoso, mas—mas de um jeito bom, eu acho? Eu realmente não
consigo me lembrar da maior parte, mas ela foi muito legal sobre a coisa toda.
194
ZEPPAZARIEL
Acho que nós namoramos por uma semana antes de eu estar pronto para
beijá-la, e ela não se importou com isso."
"Não." Sirius limpa a garganta e balança a cabeça. "Eu entrei nos meus
jogos não muito tempo depois, e eu não estava... Bem, nós nunca terminamos,
tecnicamente, então eu suponho que você possa argumentar que ainda
estamos namorando, já que nunca tivemos essa conversa."
Remus arqueia uma sobrancelha. "Sua namorada está ciente de que você
tem uma coisinha do outro lado?"
"Faz você se sentir... melhor? Saber que seu desejo sexual e aceitação do
prazer são separados, quero dizer?" Remus pergunta, pressionando a cabeça
na mão de Sirius, silenciosamente pedindo para ele continuar passando os
dedos pelo cabelo, porque ele se distraiu o suficiente para parar.
195
CRIMSON RIVERS
"Eu me importo agora, sim, por causa de você. Eu me importei antes com
Mary também, mas isso foi há muito tempo, e não chegou a lugar nenhum.
Também não foi uma luta para mim naquela época. quer dizer, eu estava
nervoso, sim, e eu precisava de tempo, mas eu estava—eu não sei,
inocentemente animado com isso, eu acho? Não havia... culpa. Ou vergonha."
Os lábios de Remus se inclinam para baixo. "E agora há, mesmo comigo."
"Você está animado?" Remus verifica. "Porque, mais cedo, você disse que
não sabia se podia confiar mais em mim, e eu—"
Sirius faz um tsk e puxa seu cabelo um pouco. "Shh, eu sei o que eu disse,
mas foi quando eu tive a impressão de que você não confiava em mim. Eu—
eu preciso de um nível de confiança entre nós para que o sexo seja uma
opção, um desejo que eu tenho, e isso é tudo que eu quis dizer. Mas você
confia em mim. Eu sei disso agora."
"Shh, eu sei. Está tudo bem, Remus. Nós conversamos sobre isso."
Remus procura seu rosto e murmura, "É por isso que você não me deixou
retribuir antes? Porque, na hora, você não tinha certeza sobre a confiança?"
para você, mas para mim, é excitante pra caralho. Tipo, é tudo tão... novo, e
eu gostei. Que eu queria fazer isso por você, com você, mas não queria isso
em troca. E você apenas—me deixou. Eu gosto disso também. Que você
apenas vai com isso, e você não se ofende nem nada. Porque eu acho que vai
ser diferente; às vezes eu vou querer que você retribua, e outras vezes eu
provavelmente nem vou querer fazer nada. Eu gosto de poder confiar em
você apenas para estar—bem com tudo isso."
"Sinto muito por não acertado antes," Remus diz, mais uma vez.
Sirius geme de exasperação. "Oh, você pode parar com isso? Por favor,
não se preocupe com isso, Remus. É—quero dizer, nós conversamos sobre
isso, e isso é... Bem, honestamente, eu acho que é bom que nós conversamos
e eu acho que não seria bom continuar agarrado a isso. Eu sei que você sente
muito, e eu também. Está tudo bem. Eu prometo que está."
"Primeira vez para tudo," Sirius brinca com uma piscadela, bagunçando o
cabelo de Remus de brincadeira. "Você tem o cabelo da sua mãe, sabe. Eu vi
uma foto dela com você. Ela era linda."
Os olhos de Remus suavizam. "Ela era, sim. Eu sempre pareci mais com
meu pai, no entanto."
197
CRIMSON RIVERS
"Não, sério, eu acho que realmente tenho uma chance. Estamos na base do
primeiro nome, seu pai e eu."
"Mhm. Ele gosta de mim," Sirius declara presunçosamente. "Eu o fiz rir.
Aposto que se eu me esforçasse, eu poderia—"
"Tudo bem, tudo bem," Sirius murmura, assim que Remus levanta a mão.
Sirius sorri para ele suavemente. "De qualquer forma, todas as piadas à parte,
seu pai realmente é um homem legal, Remus. Eu estava muito nervoso em
conhecer ele, e eu queria causar uma boa impressão, ridiculamente o
suficiente. Acho que eu consegui sua aprovação, no entanto."
"Eu—" Remus pisca. "Como isso poderia vir à tona na conversa, Sirius?
Você acabou de conhecer o homem."
198
ZEPPAZARIEL
isso antes de fazermos sexo, e então tudo foi ladeira abaixo a partir daí. Eu
não estou brincando, Remus. Eu entrei em pânico."
Remus bufa uma risada suave e balança a cabeça no que Sirius sabe que é
puro espanto. "Sua bagunça absoluta de ser humano. O que ele disse?"
"Bem, honestamente, ele apenas disse que não esperava nada menos de
você, e também que o agradou saber que você ainda estava sendo um
merdinha rebelde." Sirius faz uma pausa. "Estou parafraseando."
Sirius para.
"Você está apaixonado por mim," Remus suspira, e quando Sirius abre os
olhos, seu coração dá um salto como se estivesse caindo de um penhasco pelo
jeito que Remus está olhando para ele. "Você está apaixonado por mim, e
você disse ao meu pai que você está apaixonado por mim, e você está
apaixonado por mim. Você me ama. Você está apaixonado por mim."
"Espere, espere, volte," Sirius diz fracamente. "Isso não foi nem perto de
romântico. Eu—eu queria te contar de uma maneira melhor. Tipo, eu não sei,
com vinho ou... algo assim. Oh, isso foi uma merda. Isso foi absolutamente a
pior—"
199
CRIMSON RIVERS
Há apenas um segundo entre a última palavra que sai dos lábios de Sirius e
Remus substituindo-a pelos seus, praticamente rastejando para que ele possa
alcançar, para que ele possa se dobrar sobre Sirius e beijá-lo como se estivesse
tentando se derramar em Sirius e desaparecer dentro dele, existir com ele
sempre, ficar e nunca sair.
Não, ele literalmente não se cansa, então talvez ele reclame quando Remus
se afasta, tentando desesperadamente puxá-lo de volta, mas Remus resiste em
sussurrar, "No dia seguinte aos jogos vorazes, depois que Regulus foi liberado
da enfermaria, quando você e eu estávamos tirando um momento e você
começou a rir porque eu te disse que você era precioso para mim. Esse foi o
meu momento. Foi quando eu soube."
200
ZEPPAZARIEL
"Venha aqui, venha aqui, venha aqui," Sirius canta sem fôlego, puxando-o
e tremendo embaixo dele como uma linha de falha se abrindo em um abismo,
mais espaço para as coisas entrarem e sairem. Ele sente tanto, e tudo tão bom,
e só Remus pode fazer isso com ele.
Honestamente, isso é o melhor que ele pode fazer com o quão urgente ele
está no momento, mas aparentemente é tudo o que Remus precisa, porque ele
imediatamente diz, "Sim," e começa a se despir.
201
CRIMSON RIVERS
37
A FESTA
"—e então ele disse que foi quando ele soube, e nós fizemos sexo, o que
foi tão bom, muito bom, porque ele é realmente uma maldita maravilha com a
boca; não, você não entende as coisas que ele pode fazer, James, eu estou
falando sério," Sirius está divagando sem fôlego, apoiado na cama com um
travesseiro no colo, abraçado ao peito, olhos tão brilhantes que a estrela que
ele recebeu o nome deve estar pingando de inveja no momento.
James luta para não rir. Ele está feliz por Sirius, de verdade, mas ele não
pode deixar de achar incrivelmente divertido o quão tonto Sirius está agora.
James honestamente não acha que ele já viu Sirius ficar rindo e com os olhos
estrelados por... literalmente ninguém. Ele está tão apaixonado que seria
doloroso se Remus não sentisse o mesmo—embora, felizmente, esse não seja
o caso.
"O que ele pode fazer?" James pergunta, muito envolvido nessa conversa,
principalmente porque Sirius está muito feliz e animado com a coisa toda.
Sirius imediatamente inicia uma descrição detalhada de todas as coisas que
Remus pode fazer com prazer palpável. James não pode culpá-lo. É tão lindo
estar apaixonado, não é?
202
ZEPPAZARIEL
Quase sempre.
Oh, pelo amor de Deus, James pensa exasperado, fazendo a nota mental de
dar um tapa na sua cabeça. Ele absolutamente se recusa a ser amargo agora.
Não. Apenas não.
Isso rendeu uma entrevista muito boa. James e Regulus entraram nisso de
bom humor, então eles realmente se saíram extremamente bem, se o próprio
James disser. James foi especialmente borbulhante, e Regulus estava muito
discretamente satisfeito com aquele jeito secreto dele que James ama muito.
203
CRIMSON RIVERS
Eles deram um show, sentando tão perto um do outro que Regulus estava
praticamente no colo dele, sendo deliciosamente sentimental. E Regulus o
beijou.
Todo esse tempo, eles mantiveram as aparências como um casal, mas não é
como se os casais andassem se beijando o tempo todo, então eles estavam
livres disso. Regulus queria manter isso no mínimo, e James respeitou isso o
tempo todo, mantendo sua boca muito firmemente longe do rosto de Regulus
em literalmente qualquer medida. A única vez que ele fez alguma coisa foi
hoje, durante aquela entrevista, porque se fosse em outro lugar...
E então James se forçou a se afastar, mas ele não foi muito longe, porque
Regulus genuinamente perseguiu sua boca, beijando-o completamente de
propósito, e James sabe que foi real. Ele sabe com certeza, porque Regulus
congelou no momento em que fez isso, e quando ele se afastou, James só
precisou de um vislumbre em seus olhos para ver que ele não pretendia. Ele não
tinha a intenção de fazer isso, ele só ficou tão envolvido, e ele queria isso, e
James sentiu como se seu coração fosse sair pela garganta e voar pela porra da
sala. As Relíquias, é claro, adoraram, mas tudo o que James podia ver era o
rubor rosado que cobria as bochechas de Regulus.
204
ZEPPAZARIEL
O rosto de Sirius se ilumina tanto que é quase doloroso olhar para ele.
"Sim, sempre. Onde Reggie está?"
"Ele está chateado por não ter uma varanda, eu acho, então Pandora está
escoltando ele até o telhado," Remus explica enquanto entra no quarto e se
joga sem cerimônia na cama, cabeça e ombros caindo direto no colo de Sirius.
Remus vira a cabeça para olhar para James calorosamente. "Como você
tem passado, James?"
"James só está chateado porque eu não deixo ele ser mau consigo mesmo,
só isso," Sirius murmura, revirando os olhos. "Eu juro, ele é tão ruim quanto
Regulus às vezes. Eu nunca conheci duas pessoas tão diferentes, mas tão
dispostas a fazerem as mesmas coisas."
"Sim, não seja mau consigo mesmo," Remus concorda, estalando a língua
para James em desaprovação. "O mundo é cruel o suficiente para nós por si
só; nós não precisamos acrescentar nada a isso."
Sirius cantarola presunçosamente. "Eu não disse que ele se sentiria assim?"
"Oh, anime-se, James," Remus diz fracamente, estendendo a mão para dar
um tapinha gentil em seu joelho. "Olhe por esse lado, você vai beber amanhã
à noite."
205
CRIMSON RIVERS
"Bem, não diga assim, James. Você faz parecer que eu sou um pai rígido,
ou um cônjuge controlador," Sirius resmunga. "E eu deixo você beber, com
moderação, quando você está em um ambiente seguro e em bom estado
mental. Não se esqueça de mencionar que você só me deixa beber dentro dessas
mesmas regras."
"Então, não, na verdade eu não vou beber amanhã à noite," James informa
a Remus com um suspiro. "Para ser honesto, eu não tenho certeza se eu iria
querer de qualquer maneira. Não em alguma festa estúpida da Relíquia. Você
vai estar lá, Remus?"
Sirius faz um pequeno ruído infeliz e agarra o pulso de Remus para levar
seus dedos à boca, pressionando beijos nas pontas deles. Isso faz Remus
observá-lo com carinho, seu rosto suavizando, e então ele solta uma risada
abafada quando Sirius se dobra para dar um beijo sem graça no meio de seu
rosto, onde está a cicatriz. Isso alivia o clima imediatamente, mas Sirius
sempre foi bom nisso.
"O que eu disse, hm? Remus, o patife." Sirius olha para cima com um
sorriso. "Vá em frente, James, Remus não é muito sexy com sua nova cicatriz?
Faz ele parecer vulgar, não é?"
"Muito vulgar," diz James apoiando. Ele pisca para Remus e balança as
sobrancelhas. "Na verdade, Remus, se você decidir que devemos abandonar
os irmãos Black, eu estou muito disposto a—"
"Ei, cai fora," Sirius interrompe, estendendo a mão para bater no braço de
James com as costas da mão, franzindo a testa.
207
CRIMSON RIVERS
"Eu vou matar todos nós agora, não brinque comigo," Sirius declara,
enganchando suas mãos no braço de Remus para embalá-lo de volta em seu
colo, eriçado como um pássaro ofendido.
Não demora muito para que todos eles estejam rindo e brigando pelo
travesseiro, lutando na cama e falando merda como se as partes mais cruéis do
mundo não pudessem tocá-los. E não é muito depois dessa tolice que eles
estão todos esparramados novamente, conversando e brincando e rindo como
se as partes mais cruéis do mundo já não os tivessem tocado.
Tocaram, é claro que tocaram, e vai novamente; mas, agora, James acha
que isso importa mais.
~•~
Regulus não consegue entender por que estar no telhado não o assusta. É
alto, afinal, então, por todos os meios, deveria deixá-lo histérico, mas isso não
acontece.
Pandora está com ele. Ela está encostada no parapeito também, mas não
contra ele. Ela está quieta, meio pensativa, pensa Regulus. Eles não falaram,
em vez disso, estão apenas olhando para a borda, confortáveis e solenes.
Se Pandora está surpresa por ele estar aberto a conversar com ela, ou
mesmo a falar, ela não demonstra. Ela apenas responde, "Não, na verdade
208
ZEPPAZARIEL
não. Acho que nunca pensei sobre isso porque eu estou... nisso, se isso faz
sentido. Mas ultimamente..."
"O que?" Regulus pergunta, girando a cabeça para olhar para ela.
Regulus estuda o lado de seu rosto, seu coração aperta quando vê a coluna
de sua garganta subir e descer em um gole áspero. Ele não sabe o que dizer,
então não diz nada.
"Você disse uma vez..." Pandora se vira para olhar para ele, e seus olhos
brilham com lágrimas. "Você se lembra quando nos conhecemos? E você
disse que—que as Relíquias prosperam na morte, e eu disse que é um assunto
sombrio para nós também?"
Pandora sufoca uma risada rouca. "Veja, é—é engraçado, porque eu tive a
audácia de ficar chateada com você por dizer isso. Meu pai estava morrendo
também, e essa é a primeira pessoa em que eu pensei, mas olhe para mim
209
CRIMSON RIVERS
Regulus não—ele não gosta de tocar, obviamente, mas ele está achando
mais suportável quanto mais isso acontece, e Pandora... Apesar de tudo, ele
nutre uma espécie de confiança gentil nela. Ele a respeita imensamente, mais
do que ele esperava, e se é assim que ele pode consolá-la, ele o fará. Ela fez
tanto por eles, todos eles, e ela merece ser cuidada também.
Regulus tem certeza de que ela ignorando a morte iminente de seu pai não
tem nada a ver com ela não se importar, mas apenas um sintoma do quanto
ela se importa. Há uma razão pela qual a negação é o primeiro estágio do luto
e a aceitação é o último. Ela não está se deixando sentir, ou desmoronar,
como se isso pudesse tornar isso menos verdadeiro. Isso não a torna oca. Isso
a torna humana.
E agora está batendo nela. O momento em que ela fica quieta. O momento
em que o dia de trabalho está feito. O momento em que ela não tem nada a
fazer na tentativa de evitar isso. O dia começou com a morte de seu pai, e não
importa o que ela tenha feito, ele ainda está morrendo no final. Não há como
mudar isso.
Pandora balança a cabeça contra ele e soluça outro soluço, então ele cede e
lhe dá mais tempo. Ele mantém os braços ao redor dela e acaricia suas costas,
engolindo reflexivamente o nó em sua garganta toda vez que outro soluço
engasgado sai dela. Regulus deseja poder ir até aquele dia no trem e retirar
aquilo, o que ele tão cruelmente disse a ela, tão descuidadamente.
210
ZEPPAZARIEL
"Oh, que chocante. Eu pensei que vocês Relíquias prosperavam com esse tipo de coisa,
mas apenas quando são pessoas como nós, certo?"
"Eu—eu estou bem. Está tudo bem. Eu estou bem," Pandora rosna,
afastando-se de uma vez com uma fungada para enxugar as lágrimas e firmar
os ombros. "Eu—é—"
"Só você, Sirius, James, Remus, e todos os outros tributos que eu colhi que
nunca chegaram em casa," Pandora responde instantaneamente, e Regulus
sente seu coração murchar como um pedaço de papel amassado quando ele
211
CRIMSON RIVERS
percebe que ela está falando sério, que ela os considera sua família. Ela já
perdeu tanta família.
"Sim, bem, é um tema comum para mim descobrir que meu ódio não é tão
forte quanto eu sempre me convenço que é," Regulus murmura com um
suspiro pesado.
"Você quer meu conselho?" Pandora pensa, então não espera por uma
resposta. "Não importa, eu vou dar a você de qualquer maneira. Apesar do
fato de que tudo isso é uma merda—o fingimento e tal—eu não acho que
você esteja tão preso quanto você acredita que está. E eu quero dizer isso,
tipo, quando você e James quando estão sozinhos. Talvez isso pudesse ser
separado de tudo isso, se você tentasse deixar ser. Você não ganha nada por
não tentar nada, Regulus."
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ZEPPAZARIEL
Ele não perde? Ele não perde sempre? Ele não perdeu o suficiente?
~•~
Sirius claramente nunca teve que expulsar James de seu quarto ou de seu
espaço antes, então provavelmente nem passa pela sua cabeça fazer isso, mas
Remus não tem tais escrúpulos.
James leva isso no ritmo. Na verdade, ele tem uma mente muito suja,
aparentemente, porque ele abre um sorriso quando suas sobrancelhas se
erguem, e ele diz, "Oh? Claro, claro! Eu vou deixar vocês dois sozinhos.
Divirtam-se, não façam nada que eu não faria!"
"Oh," James repete, desta vez com mais desânimo. "Bem, isso é uma
merda. Mas sim, venha aqui, me deixe abraçar você."
213
CRIMSON RIVERS
Remus abafa uma risada, mas ele obedientemente rasteja para fora da cama
para deixar James lhe dar um abraço, incapaz de engolir a risada quando Sirius
grita, "Cuidado com as mãos, Potter," e James quase imediatamente começa a
agarrar sugestivamente os braços de Remus e a comentar sobre o quão firme
ele é. Ambos são atingidos na lateral de suas cabeças quando Sirius joga o
travesseiro neles, absolutamente implacável com sua mira.
James mantém o adeus alegre no geral, como se ele achasse que faria isso
mais detalhadamente mais tarde, e Remus não quebra a ilusão. A única pessoa
que sabe que ele não voltará amanhã e será escoltado para Azkaban depois da
festa é Pandora—e Sirius, aqui em um minuto, quando Remus contar a ele,
porque não contar seria muito cruel.
Com um sorriso final para eles, James enfia os óculos no nariz e fecha a
porta, deixando-os sozinhos.
"Eu fico com ciúmes das suas roupas porque elas ficam enroladas em você
o tempo todo, Remus. Claro que eu estou com ciúmes," Sirius murmura,
acenando com a mão preguiçosamente. "Eu sei que vocês dois nunca fariam
isso e vocês estão apenas brincando comigo, e é engraçado, mas também eu
sou um merdinha ciumento. James diz que eu sou territorial, como um
cachorro."
Remus bufa. "Bem, você lambeu o rosto dele uma vez porque alguém
tentou reivindicá-lo como seu melhor amigo."
"E eu faria de novo," Sirius diz sem remorso. Ele faz uma pausa, então
parece divertido. "Ele não é muito melhor, e você acha que eu sou ruim? Oh.
Oh, não, Regulus é o pior."
Remus fica sabendo tudo sobre a situação com Frank, que aparentemente
tem um talento especial para deixar muitas pessoas com ciúmes, o que Remus
reconhece que acha divertido. Isso leva Sirius a explicar como Regulus
214
ZEPPAZARIEL
esfaqueou sua prima mais velha na mão com um garfo por tocar em James, e
Remus acha isso incrivelmente delicioso. Sirius fala sem parar sobre tudo o
que aconteceu na turnê, falando um pouco sobre sua família, e Remus ouve
obedientemente, satisfeito por alcançá-lo. Ele não pode estar lá. Ele nunca
poderá estar lá, então ele aprecia que ele esteja incluído assim. Ele também
adora ouvir Sirius falar, adora o som de sua voz, que é tão adorável.
Sirius morde o lábio, os olhos brilhando. "Você vai ficar com ciúmes
amanhã, quando eu estiver dançando com todas aquelas Relíquias?"
"Eu estou sempre pensando em você," Sirius suspira, e então ele prende a
respiração no momento em que Remus estende a mão para segurar sua
mandíbula, mantendo-o parado enquanto ele se aproxima. Ele não o beija,
apenas se inclina o suficiente para pegar o lábio inferior de Sirius entre os
dentes e puxá-lo. Sirius engasga com sua própria expiração, curvando-se para
frente com um gemido suave. Ele quase parece assustado quando resmunga,
"Oh, isso foi muito bom."
215
CRIMSON RIVERS
"Não vamos, mas podemos fingir que sim," Sirius murmura na curva de
sua garganta, tentando deslizar sorrateiramente as mãos pela camisa de
Remus. "Eu nem quero fazer nada, na verdade. Só—talvez o que eu fiz antes.
Só isso. Vai ser tão rápido, Remus. Eu posso?"
Porra, Remus odeia ser um servo. Com um gemido, ele se abaixa para
colocar as mãos nos cotovelos de Sirius para puxá-lo para cima e basicamente
apenas esmagá-lo contra seu peito, envolvendo seus braços ao redor dele.
"Não me entenda mal, eu adoraria te dar o que você quiser, mas eu tenho que
ir."
"Oh. Certo." Sirius se esvazia contra ele e faz um barulho inquieto e infeliz.
Ele vira a cabeça para descansar o queixo no peito de Remus, lábios franzidos.
"Bem, há sempre o amanhã."
216
ZEPPAZARIEL
"Eu posso te ver na festa?" Sirius pergunta, sua voz tensa. Ele parece tão
desesperadamente esperançoso. "Eu não quero dizer apenas ver um ao outro
do outro lado da sala, ou quando eu pego uma bebida de uma bandeja que
você está carregando. Eu quero—eu quero—"
É arriscado. É sempre arriscado, entre eles, não importa onde eles estejam
ou o que estejam fazendo. Eles assumem os riscos de qualquer maneira,
porque sempre vale a pena. Remus diz, "A cada hora, os servos se revezam
para varrer o chão dos outros quartos para limpá-los, caso alguém tenha
deixado para trás copos ou pratos ou qualquer outra coisa, geralmente aqueles
que escapam com amantes e tal. Se você notar quando eu sair, você pode
seguir. Nós não teremos muito tempo, Sirius, mas é—é alguma coisa..."
Sirius abre um sorriso triste. "Alguma coisa é sempre suficiente para mim,
desde que seja com você."
~•~
Pandora faz café no qual todos podem se afogar para acordar, exceto que
Regulus não gosta de café, então James se levanta para fazer uma xícara de
chá para ele, já que Pandora não sabe, Sirius está perto de adormecer
novamente, e Regulus apenas—não. Ele é do tipo que sofre em silêncio,
James sabe, e ele realmente não pode ficar parado e não fazer nada sobre isso
quando está ciente disso. Isso o torna patético? Bem, ele é sempre patético
sobre Regulus. Ele está acostumado com isso agora também.
A questão é que ele não se ressente disso. Na verdade, ele não guarda
nenhum ressentimento por sua incapacidade de ignorar Regulus em qualquer
217
CRIMSON RIVERS
Como agora. Regulus parece genuinamente surpreso quando James lhe traz
uma xícara de chá. Ele nem parece perceber que é para ele no começo, mas no
momento em que clica, seus olhos ficam um pouco arregalados e suas
bochechas ficam um pouco vermelhas. Parece uma recompensa, francamente,
e James esconde seu sorriso enquanto se afasta. Regulus toma seu chá entre as
palmas das mãos como se fosse a coisa mais preciosa que ele já recebeu,
bebendo lentamente e ficando mais vivo enquanto Sirius bebe o café como se
fosse sua fonte de vida bem ao lado dele.
Na festa, eles têm que comer em algum momento, para não serem vistos
como ingratos. Eles têm que conhecer funcionários do governo, apertar suas
mãos e basicamente encantá-los. Eles precisam conhecer patrocinadores,
especialmente aqueles que doaram para eles em seus jogos, e essencialmente
expressar imensa gratidão. Eles precisam ser vistos se misturando com os
outros mentores que estão todos viajando para a festa hoje, incluindo os
mentores daqueles que eles mataram pessoalmente, como mais um sinal de
que os horrores da arena são algo que as pessoas podem simplesmente
ignorar. Durante tudo isso, eles precisam ser amigáveis, educados e
aparentemente felizes, enquanto fazem um show com o seu romance.
No entanto, o dia passa e não demora muito para que todos sejam
conduzidos a Dorcas, que não irá à festa, mas está absolutamente linda como
sempre. Ela não está usando seu colar Hallow is Hollow, e James não consegue
se lembrar da última vez que o viu, mas ela está adornada com muitos
acessórios bonitos pelos quais ele continua se distraindo, literalmente
apaixonado por coisas brilhantes. Isso a faz sorrir.
218
ZEPPAZARIEL
"Você está linda," James diz a ela honestamente. "Bem, você sempre
parece sensacional, honestamente, mas você entende o que eu quero dizer."
Dorcas ri. "Sim, e obrigado. Aqui, vire-se para mim; ah, obrigada, meu
amor. Você também está lindo, a propósito."
"Mm, não, a verdadeira beleza não tem nada a ver com o que podemos
ver, James. É algo completamente diferente. Você brilha com isso."
Dorcas se vira para ficar na frente dele, seu rosto suavizando quando ela
encontra seus olhos. "Tenho certeza que sim, ainda mais do que qualquer
outra pessoa neste mundo, e acho que isso o cega. Acho que, para ele, você
brilha tanto que é difícil para ele ver você."
Vendo que todos eles estão chegando como uma unidade em um grupo
esta noite, causando impressões como um esforço de equipe, Dorcas está
essencialmente preparando todos eles. No momento em que ela termina com
219
CRIMSON RIVERS
todos eles, cada um parece tão bonito que James poderia chorar
honestamente.
Ela colocou Regulus em uma maldita gola alta feita daquele material macio
de cashmere que o faz parecer quente e doméstico, o que faz com
que James queira rastejar dentro do material com ele e simplesmente morar lá.
Quanto a Pandora, ela vestiu um terninho, exceto que o casaco se prende em
um cinto e flui em uma capa em trenzinho que James sabe que ele estará
constantemente se lembrando de não pisar; parece brilhante, no entanto. E
Sirius foi enfiado em calças pretas que parecem pintadas e uma daquelas
camisas de seda que descem na frente, não mostrando muito, mas mostrando
o suficiente para que as pessoas sonhem ansiosamente em ver mais, sem
dúvida; oh, e ela também confiou nele em um par de botas pretas de salto alto
que o tornam realmente mais alto que James pela primeira vez, embora apenas
por uma polegada ou duas.
Depois disso, tudo o que resta a fazer é ser escoltado para o castelo, o que
aparentemente eles têm que fazer em carruagens novamente, mesmo que
James ache um pouco ridículo quando eles podem literalmente levar carros. É
irritante entrar e sair da carruagem, que é muito alta do chão—mais alta do
que um carro seria—e coloca um pouco de tensão na perna dele. Isso o faz
desejar ter trazido sua bengala. Além disso, as carruagens são puxadas por algo
chamado testrálio, que é apenas uma criatura animatrônica parecida com um
cavalo a vapor que funciona com tecnologia que permite que eles sejam
codificados para serem revelados apenas para aqueles que viram a morte em
pessoa.
Sirius diz que é uma coisa simbólica, como tributos que chegam não
costumam ver os testrálios durante o desfile de apresentação, e apenas o
Vitorioso pode ver quando a turnê da vitória começa. James acha que é
mórbido, e não ajuda seus sentimentos que os testrálios sejam realmente
assustadores.
220
ZEPPAZARIEL
Suas mãos se unem, e James esquece de ficar tão nervoso porque está muito
ocupado olhando como suas mãos se encaixam.
Eles chegaram.
Pandora sai primeiro, e Sirius está logo atrás dela, pulando de salto alto
como se fosse fácil. Por um segundo, nem James nem Regulus se movem, e
então eles trocam um olhar rápido antes de sair da carruagem. Regulus vai
primeiro para ajudá-lo a descer, pelo que James é grato.
Regulus claramente luta com isso, mas James suspeita que ele vai lutar com
tudo esta noite. Este é basicamente um cenário de pesadelo para ele.
Ele odeia socializar, James sabe disso, então ele tenta fazer a maior parte do
trabalho pesado para ele, e Sirius pega muito disso também. Eles são muito
bons em serem charmosos, principalmente juntos, e deixam cada pessoa
sorrindo e satisfeita.
221
CRIMSON RIVERS
James se sente muito, muito sujo depois de apertar todas as mãos deles e
essencialmente agir como se o que eles fazem não fosse errado, como se o que
eles fazem não se espalhasse e afetasse os distritos, como se o que eles fazem
não criasse pobreza, morte e sofrimento. Eles podem não fazer todas as
regras, mas ficam felizes em aplicá-las, muito dispostos a manter os outros
para baixo para que possam subir mais alto.
Ele fica grato quando Sirius os leva para longe e promete que eles não
precisam mais procurar nenhuma dessas pessoas. Assim, eles podem evitá-los
pelo resto da noite. Tudo o que resta é se misturar com os mentores e lidar
com qualquer outro convidado que exija sua atenção.
Sirius e Pandora estão lá com eles para a primeira metade dos mentores.
Os que Sirius não gosta, ou não é próximo. Lucius e Yaxley, por exemplo. É
tão tenso quanto o esperado, honestamente. Lucius é o pior.
"Cuidado para não esfaquear ninguém esta noite, Regulus," Lucius diz,
levantando seu vinho em um brinde com um leve sorriso. "Este é um evento
formal, e eu não acho que seu pequeno... romance será suficiente para manter
você longe de problemas para sempre."
"Vai se foder, Malfoy," Sirius retruca rispidamente, antes que alguém possa
dizer uma palavra.
"Você nunca sabe quando tomar cuidado com a sua boca, não é?" Lucius
responde, seu lábio se curvando em desgosto.
Yaxley bufa. "Não, mas ele claramente sabe como usá-la." Ele acena para
Sirius, especificamente para a marca em seu pescoço que James sabe que
Remus deixou lá. "Se o romance deles não pode mantê-los longe de
problemas, Sirius usando seu corpo com certeza vai."
222
ZEPPAZARIEL
"Sim, Yaxley, deixe mais óbvio o quão amargo você é porque as Relíquias
não acham você nem um pouco desejável." Sirius lhe dá um sorriso afiado.
"Você sabe que eles não se contentam com menos do que o melhor, e não é
minha culpa que isso seja claramente você."
"É isso que você diz a si mesmo cada vez que eles te rejeitam?" Sirius
ironiza, rindo quando Yaxley o encara e começa a avançar também, apenas
para ser parado também. Sirius cantarola. "Bem, terminamos aqui. Os
Vitoriosos deste ano têm assuntos mais importantes para tratar, você
entende."
Sirius fica rígido ao lado de James, sua expressão endurece, e James sente
uma onda de raiva tão forte que ele nem se importa quando se vê dizendo,
"Ei, Reg, lembra daquela vez que você cortou a mão de Mulciber?"
"Foi fantástico pra caralho," anuncia Regulus, sem perder o ritmo. "Só
lamento não ter terminado o que comecei."
James sorri para Lucius, que está claramente irritado. "Está tudo bem,
amor, eu cuidei disso."
"Mas você lidou com Avery de qualquer maneira," diz James. "É uma pena
que o mentor deles não os preparou para nós, hein?"
223
CRIMSON RIVERS
"Ano que vem," Lucius sussurra, olhando direto para Sirius, "Eu vou
garantir que seus tributos não passem do primeiro dia."
"Oh, eu tomaria cuidado com isso, Lucius," Sirius retruca, olhando para
ele. "Não funcionou tão bem da última vez, funcionou?"
Com isso, Pandora dá a Lucius e Yaxley um olhar tão frio e fulminante que
eles realmente param e calam a boca, embora isso possa ser apenas porque ela
é uma Relíquia. James não tem certeza. De qualquer forma, Pandora diz que
eles terminaram, então eles terminaram. Ninguém protesta quando ela os cala.
Eles passam por mais alguns mentores que Sirius conhece apenas
vagamente, e a maioria deles são educados, mas distantes. Alguns já estão
bêbados, o que é meio triste, honestamente.
Sirius está perdido para eles no momento em que eles encontram Marlene,
Frank e Emmeline. Ele instantaneamente pede a Marlene para dançar, apenas
para receber uma risada e um simples em seus malditos sonhos, Black que o faz
apertar o peito como se tivesse levado um tiro. Emmeline fica com pena dele
depois disso—ou, bem, ela apenas dá um passo à frente e diz que gostaria de
dançar, então Sirius se anima e a leva para a pista de dança.
"Não," Regulus interrompe antes que ele possa terminar, seus olhos
semicerrados. Ele solta a mão de James para segurar seu braço em vez disso,
puxando-o para longe sem aviso, deixando Pandora e Frank sozinhos.
224
ZEPPAZARIEL
"Tudo bem, tudo bem," James diz com uma risada silenciosa, puxando
Regulus pela mão enquanto desliza o braço ao redor de sua cintura para puxá-
lo para mais perto.
Eles estão cercados por pessoas dançando ao redor deles, pessoas que dão
uma segunda olhada quando percebem que são eles, e sem dúvida estão sendo
observados por pessoas à margem, mas, felizmente, ninguém está perto o
suficiente para ouvir o que eles estão realmente dizendo.
James ainda mantém sua voz baixa ao falar de qualquer maneira, só para
estar seguro. "Do que você está com ciúmes?"
225
CRIMSON RIVERS
"Você parece com casa," James sussurra, porque é a primeira coisa que sai
de sua boca, apenas a simples verdade.
São apenas quatro palavras, mas devem ser feitas de magia, porque Regulus
praticamente derrete. James sente isso. Regulus genuinamente apenas se
amolece e afunda em James, deslizando os braços sobre os ombros de James
para prendê-los atrás de seu pescoço, pressionando-os mais juntos. Toda a
luta sai dele, assim. James se ajusta, envolvendo os braços em volta da cintura
de Regulus. Eles continuam balançando, tão perto agora que não podem nem
ver mais ninguém.
James zomba. "Não minta para mim. Você acha que eu não te conheço
bem o suficiente para saber quando é apenas fingimento, ou quando é real?
Me dê um pouco mais de crédito. Eu sei que foi real."
James hesita, e Regulus fica com aquele olhar de pânico em seus olhos
novamente, o mesmo olhar que ele tinha na noite em que ele pediu para
dormir com ele. Isso aperta as cordas do coração de James toda vez, e toda
maldita vez, James não consegue mandá-lo embora. Como ele pode? Ele ama
Regulus. Ele não quer rejeitá-lo, nunca, mesmo que doa continuar deixando
ele perto sem tê-lo.
Regulus respira fundo e, quando volta, é uma risada rouca. "Sim, as coisas
sempre são conosco, não são?"
"Isso não," James reflete, incisivamente puxando Regulus ainda mais para
indicar o que ele quer dizer. "Você acha que é tão fácil nessa nossa outra vida?
Eu imagino que é assim que nós dançamos nessa vida, muito perto, à luz do
fogo."
226
ZEPPAZARIEL
"Eu tenho imaginado isso desde os dez anos," resmunga Regulus. "Na
minha cabeça, nós estamos sempre sozinhos."
"Nós podemos ficar sozinhos," James diz a ele. "Nós podemos sair agora e
ir a algum lugar onde ninguém possa nos encontrar. Tenho certeza que temos
opções em um castelo tão grande quanto esse."
"Eu não dou a mínima para o que nós devemos fazer," James corta
descaradamente. "Você sabe o que eles vão supor que estamos fazendo."
"Não olhe para mim assim," James sussurra, cada centímetro dele focado
com total interesse agora, seu estômago afundando enquanto o calor desliza
sob sua pele e inunda suas veias.
"Bem, eu preciso que você pare," James resmunga. "Porque eu—eu não
posso fazer isso. Eu não posso, Regulus, especialmente não agora, não essa
semana quando estamos fingindo assim. Eu não posso fazer isso e saber que
não muda nada, não dessa vez."
Última vez. Oh, da última vez. Aquele último dia na Relíquia, quando eram
apenas eles, quando era sua escolha e seus desejos, mesmo antes de estarem
prontos. Essa foi a última vez que eles se tocaram enquanto não estavam na
frente de uma câmera, ou de uma multidão, até essa turnê. Aquele beijo
profundo e consumidor, e os muitos que se seguiram. Olhando para trás,
227
CRIMSON RIVERS
"Sim," James diz, porque ele o faz. Ele disse que não se arrependeria, e ele
o faz. Isso faz ele doer. Isso faz ele ansiar. Isso faz ele querer de novo, querer
doer, querer mais.
"Eu sabia que você iria," Regulus diz, seus olhos se fechando.
"Eu não posso evitar," murmura James, um eco das palavras anteriores de
Regulus. Os olhos de Regulus se abrem. "Eu não posso evitar como eu te
amo."
Regulus faz um pequeno som, quieto no fundo de sua garganta, e então ele
está derretendo ainda mais para tentar juntar suas bocas. James se esquiva
com cuidado, virando a cabeça para pressionar suas bochechas juntas,
abaixando o rosto enquanto fecha os olhos. É a primeira vez que ele rejeitou
Regulus, se afastou de qualquer coisa que ele ofereceu, e parece que está
partindo seu coração também.
"Regulus, ei, não—está tudo bem. Apenas respire," James diz, se afastando
para observá-lo com cautela. "Olha, eu não culpo você pelo que você não
pode fazer, certo? Honestamente, eu não acho que eu possa fazer isso
também, especialmente não durante isso, não aqui."
"Eu tenho sido tão cruel com você, pedindo demais e dando basicamente
nada," Regulus diz a ele, quase frenético, suas palavras saindo dele. "Eu
ignorei você, porque eu—porque eu estou com medo pra caralho o tempo
todo, e ter que fingir só torna as coisas mais difíceis, mas eu também não
consigo deixar você em paz. Eu não consigo parar de querer—eu ainda
quero—e eu estou perdendo você de novo e de novo. Eu continuo perdendo
você, e eu odeio isso. É por isso que eu odeio você, porque eu não posso ter
você, porque mesmo quando eu poderia ter você, eu não estou pronto, ou eu
estou com muito medo, ou as pessoas querem reivindicar isso para si mesmas,
ou todos os três, e eu odeio tudo. Eu—"
228
ZEPPAZARIEL
"Eu odeio você, e tudo, e tudo menos você," Regulus sussurra, seu corpo
todo tenso como se ele estivesse prestes a se partir ao meio. "Eu estou
perdendo você. Eu sei que estou. Você está ficando cansado de mim, eu
posso sentir isso, e eu não posso nem culpar você porque eu estou cansado de
mim também. Eu—eu me odeio, principalmente."
"Regulus, eu preciso que você pare, e eu preciso que você respire," James
diz a ele, esfregando as mãos para cima e para baixo nas costas de Regulus,
seu coração apertando violentamente em seu peito repetidamente. Ele engole
o nó na garganta e se inclina para pressionar suas testas juntas, inspirando e
expirando, esperando Regulus o copia. "Me ouça, tudo bem? Eu não estou me
cansando de você. Eu nunca poderia me cansar de você. Eu estou cansado,
sim, mas não é por sua causa. É por causa das circunstâncias de merda, e eu...
estabelecendo limites e recuando um pouco não significa que você está me
perdendo."
"Eu sei que os nossos sentimentos em relação a nós mesmos são muitas
vezes mais duros do que merecemos," James continua suavemente, "E eu sei
que não é tão simples quanto decidir amar a nós mesmos, mas eu acho que se
esforçar para tentar vale a pena. "
"Isso é uma tragédia," James murmura, "Porque você é uma das minhas
pessoas favoritas. Eu gostaria que você se conhecesse como eu conheço
você."
James se inclina para trás e encontra seus olhos. "E se você estiver?"
229
CRIMSON RIVERS
Regulus olha para ele, segurando seu olhar, e há tanto tumulto em seus
olhos que James tem certeza de que poderia ser sugado para o redemoinho de
complexidades e nunca encontrar a saída. Ele está realmente lutando com
tudo isso e, francamente, James não está muito melhor, mas à sua maneira,
eles estão tentando.
Regulus engole em seco e resmunga, sem aviso ou guia, "Você ainda vai
me trazer flores?"
"Ok, bem, se—se você—apenas, se você bater, eu vou convidar você para
um chá," Regulus diz suavemente. "Se estiver tudo bem. Você não—quero
dizer, obviamente você não tem que vir, mas você pode se quiser. Eu gostaria
que você viesse. Eu... espero que você venha."
"Você não tem que falar." James estende a mão para agarrar a mão de
Regulus, entrelaçando seus dedos frouxamente. "Nós podemos sentar em
completo silêncio, e eu vou ficar feliz em estar com você, desde que você me
queira por perto."
"Bem, você pode ter isso a qualquer momento," James o assegura. "Você
não tem que me dar nada para... me ganhar, Regulus. Se você quer me ver,
então me veja. Se você quer sentar comigo, então me mostre a cadeira."
"Eu quero—" Regulus hesita, então puxa suas mãos unidas, puxando-as
até a boca, embora ele não toque. Ele espia James através de seus cílios. "Eu
posso?"
James jura que seu estômago desce uma colina, seu coração estremece de
excitação em seu peito. "Sim."
230
ZEPPAZARIEL
Ele continua, sem parar, Regulus ficando mais ansioso a cada beijo, quase
desesperado. Ele abre a mão de James para dar beijos quentes na palma da
mão, até a colina abaixo de seu polegar e depois sobre a curva de seu pulso.
Ele pressiona a boca no pulso ali, logo abaixo da pele, demorando-se por um
longo tempo. James luta para respirar.
James está com medo de chorar. Tipo, de verdade? Não, sério, seus olhos
estão ardendo com força, e ele nunca—ele nunca sentiu nada assim. Ele
precisa desesperadamente que isso pare e simultaneamente espera que nunca
acabe.
"Essas mãos—suas mãos devem ser adoradas," diz Regulus, como se fosse
apenas um comentário improvisado, e ele realmente parece um pouco
descontente por não haver santuários construídos em homenagem às mãos
dele. "Eu adoro suas mãos."
"Suas mãos são tão lindas. Você é tão lindo, James," Regulus diz a ele,
levantando o olhar para que seus olhos se encontrem e se cruzem. Ele parece
231
CRIMSON RIVERS
"Você também é isso. Você é tudo para mim, amor." Regulus vira a cabeça
e dá outro beijo na palma de James, os olhos ainda fechados. De novo e de
novo, ele chove mais beijos em seus dedos, parecendo que está bebendo a
salvação da palma da mão de James.
"Ok. Ok, ok, ok," James canta sem fôlego, balançando para frente para
pressionar suas testas juntas novamente, envolvendo o braço livre em volta da
cintura. Ele emaranha suas mãos mais uma vez e respira trêmulo quando
começa a puxá-las em círculos lentos novamente, sem saber quando pararam.
"Você—você não pode fazer coisas assim comigo. Sobre o que
nós acabamos de conversar?"
"Porra, por favor, não se desculpe," James bufa. "Você é incrível. Você é
tão fodidamente adorável, Regulus. Você nem sabe, e isso me mata. Você não
tem ideia do que você faz comigo."
Regulus fica quieto por um momento, e então, "Eu acho que, na maioria
das vezes, apesar dos meus melhores esforços, tudo que eu faço é te
machucar."
"Isso não é tudo que você faz," James sussurra, "E mesmo quando você
faz, é bom pra caralho. Eu não consigo me cansar de você."
"Você acabou de explodir todos eles. Eu não poderia dar a mínima para
eles no momento. Venha aqui. Eu sinto sua falta. Oh, eu—"
232
ZEPPAZARIEL
"Não," Regulus interrompe, inclinando a cabeça para baixo para que James
não possa beijá-lo como ele está tentando desesperadamente. "Você disse não,
você disse que era melhor para você, e eu vou respeitar isso, James. Eu não
vou fazer algo que você vai se arrepender, não de novo."
"Não, James," Regulus diz com uma bufada silenciosa de riso gentil, mas
ele acalma James envolvendo seu braço livre em volta do pescoço de James e
trazendo suas mãos unidas entre seus peitos. Ele abaixa a cabeça para dar um
beijo gentil nelas, então se inclina e descansa a cabeça no ombro de James
com um suspiro suave. "Eu vou fazer a coisa certa. Se eu não posso escalar,
eu vou evoluir."
Só isso e só eles.
~•~
Sirius dançou com nada menos que oito pessoas, porque Emmeline o
abandonou em algum momento para ir caçar Marlene para uma dança—o
que, Sirius observa, não funcionou para ela, claramente, porque ela agora está
dançando com Pandora, que provavelmente ofereceu quando ela não
conseguiu encontrar Marlene ou quando Marlene recusou. Marlene não gosta
de dançar.
Enquanto isso, James e Regulus estão seguros onde estão, tão intimamente
envolvidos que ninguém os incomoda. Bem, muitas pessoas os assistem, e há
risadinhas e sussurros ao redor da sala, mas Regulus e James parecem tão
pacíficos juntos que, felizmente, ninguém parece ter coragem de tentar
interromper. As pessoas parecem entretidas pela maneira como eles mal estão
dançando, seus braços em volta um do outro enquanto eles balançam
preguiçosamente, como uma desculpa apenas para segurar um ao outro.
Sirius não vai mentir, ele está levemente invejoso, porque ele não pode
passar os braços em volta daquele que ele ama e sentir todo o resto
desaparecer. Em vez disso, ele dança com pessoas com quem ele realmente
não se importa, tomando alguns segundos livres entre cada parceiro para
localizar repetidamente o homem por quem ele os deixaria para trás.
É fácil para Sirius encontrar Remus. Ele o fez no momento em que entrou
na sala, e ele o encontrou inúmeras vezes desde então. Lá está ele, o bastardo
mais bonito nesta sala em nada além de roupas cinzas, nada lisonjeiras e uma
máscara preta que cobre basicamente metade de seu rosto, e ainda assim ele
envergonha todos os outros. O fato de que ninguém mais percebe isso só
prova o quão estúpidos e sem vida eles são, cegos demais por luzes piscantes e
sorrisos falsos para ver a verdadeira glória bem na frente deles.
Remus nem sempre está olhando para ele—ele tem outras tarefas para se
concentrar, infelizmente—mas desta vez, ele está. Toda vez que
ele está observando Sirius, ele está fazendo isso com um olhar encoberto, algo
tão intenso em seus olhos que tem a capacidade de enviar um arrepio na
espinha de Sirius por toda a sala. Há algo mais desta vez, um tipo significativo
de olhar que faz o estômago de Sirius revirar de antecipação.
Boris apenas ri, não parecendo nem um pouco ofendido por sua partida
abrupta, e ele se afasta rapidamente da pista de dança. A maioria das pessoas
parece distraída por James e Regulus, então Sirius escapa com relativa
234
ZEPPAZARIEL
facilidade. Ninguém o detém na saída, e ele desliza pelo corredor, cada vez
mais longe da festa que se torna mais abafada à distância.
Neste andar, há pelo menos três outras alas cheias de salas diferentes para...
quem sabe por quê, honestamente? Sirius não se importa. Ele se afasta o
suficiente para não ouvir os sons distantes da festa, pega uma porta e se
encosta nela para esperar.
"Um pouco mais alto que o normal," Remus observa com um pequeno
sorriso, suas mãos deslizando pelos lados de Sirius. "Além disso, o armário de
limpeza?"
"Eu não sabia o que seria até chegar aqui," Sirius reclama, passando os
braços pelos ombros de Remus e se inclinando para ele. Ele nem precisa se
esticar para pressionar suas testas juntas. "Quanto tempo nós temos?"
"Apenas alguns minutos, no máximo. Sinto muito. Eu sei que não é tempo
suficiente, mas—"
Remus cantarola e inclina o rosto para a frente para roçar suas bocas, suave
e doce. "Com certeza é. Você está lindo, a propósito. Eu gosto dos saltos."
Ele desliza uma mão para cima para passar o dedo suavemente pelo centro do
235
CRIMSON RIVERS
peito de Sirius, onde sua camisa se abre. "Eu gosto mais disso quando eu sou
o único a olhar."
"Sim, eles, tanto faz," Sirius diz descuidadamente. "E você, no entanto?"
"Eu mal posso fazer a porra do meu trabalho porque você é tão
perturbador," Remus o informa, beijando um caminho lento ao longo de sua
mandíbula.
Sirius quer fazer isso para sempre, o tempo todo, constantemente. Ele só
quer beijar Remus todos os dias, abraçá-lo e tê-lo. Ele não se sente
necessariamente inteiro, ou completo, porque duvida que algum dia se sentirá
assim, não importa o quê. Mas ele não tem que sofrer aquela sensação horrível
de sentir falta de Remus, ansiando por ele, querendo-o e não podendo tê-lo.
Não há nada para se preocupar, nada para se assustar, quando ele tem Remus
tão perto, porque Sirius pode mantê-lo seguro e garantir que nada aconteça
com ele. Ele o ama. Oh, ele o ama tanto, com cada batida constante de seu
coração.
236
ZEPPAZARIEL
suficiente, mas eu estou tão feliz por ter conseguido ver você de novo. Eu—
eu vou guardar essa carta para você, eu prometo, e eu te vejo em seis meses."
"Eu também te amo," Remus sussurra de volta. Ele se inclina para a frente
para bater suas testas suavemente uma contra a outra, suspirando
melancolicamente, então se afasta. "Espere alguns minutos antes de voltar
para a festa, e não se esqueça de se cuidar. Vejo você em seis meses, amor."
Com isso, Remus coloca sua máscara de volta e sai da sala como se nunca
tivesse entrado nela, e Sirius leva os poucos minutos que tem que esperar para
pressionar a mão sobre a boca e fechar os olhos enquanto o crescente soluço
em seu peito luta para sair. Ele o aprisiona ali, sentindo-o apodrecer, mas
sabendo que não pode ceder, não desta vez.
Quando Sirius volta para a festa, ele o faz com os olhos secos e um sorriso
radiante, ninguém ao seu redor percebendo que ele está dolorido, exceto o
lindo bastardo da máscara, quando ele finalmente retorna, que não pode fazer
nada além de assistir de longe.
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CRIMSON RIVERS
38
NÃO CONVENCIDO
James não está preparado para alguém ser corajoso o suficiente para
interromper ele e Regulus enquanto eles dançam, então pega ele de surpresa
quando ele sente alguém tocar em seu ombro. Regulus lentamente levanta a
cabeça com assassinato em seus olhos.
"Bem, você não está bastante requisitado?" Regulus murmura para James,
franzindo a testa enquanto ele dá um passo para trás.
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ZEPPAZARIEL
"Eu não quero, mas... eu gostaria de falar com você, e eu posso entender
porque você e o projeto menor de Sirius podem querer ficar na pista de
dança." Marlene suspira e olha para as mãos dele. "Vá em frente, coloque-as
de volta. Está tudo bem."
James faz uma pausa. "Você prefere que eu segure seus ombros? Podemos
trocar, se você quiser."
"Eu—" Marlene pisca. "Na verdade, sim. Menos... invasivo dessa forma."
"Claro," James diz simplesmente, porque ele entende o que ela quer dizer,
ele pensa. Eles trocam rapidamente, com as mãos dele descansando nos
ombros dela enquanto ela coloca as dela na cintura dele. Eles não estão
próximos, e é um pouco divertido porque ela é mais baixa que ele, mas isso a
deixa à vontade. "Além disso, projeto pequeno de Sirius? Ele é, tipo, um
centímetro mais baixo que ele."
"Sim, mas eu aposto que Sirius nunca o deixa esquecer disso, então eu
também não posso ser solidária," Marlene reflete. "Além disso, aposto que eu
poderia quebrar ele como um galho facilmente."
239
CRIMSON RIVERS
James abre a boca, fecha e diz, "Ele fez isso? Espere, quando foi isso? Na
arena, eu sei, mas—mas eu não me lembro disso."
"Sim, porque você estava desmaiado." Marlene revira os olhos para ele.
"Foi depois de toda aquela confusão com Mulciber. Você não estava bem,
então Regulus pegou você. Como exatamente você acha que voltou para a
caverna?"
Marlene assente. "Suponho que seja justo. Foi... um jogo difícil. Seus jogos,
quero dizer. Definitivamente um dos mais brutais, eu diria. Eles vão falar
sobre isso por um longo tempo."
"Eu entendo," Marlene o informa, e ele sabe que ela entende. Claro que ela
entende. Ela também é uma Vitoriosa. "Olha, eu só—eu queria te dizer que—
significou muito, o que você disse sobre Vanity e Hodge na turnê."
"Não, escute." Marlene segura seu olhar, seus olhos brilhantes e ferozes.
"Foi—foi um pouco confuso, sim, mas foi real. Foi importante, porque você
estava certo, e eu sou grata por você ter a coragem de dizer isso. Muitas
pessoas passaram muito tempo sem dizer isso, James, e você disse na primeira
chance que teve."
"Era tudo que eu podia fazer, e ainda não era o suficiente," James sussurra.
"Eles mereciam mais."
"Não é sua culpa que eles não tenham tido," Marlene diz a ele
simplesmente, e parece como ser absolvido, só um pouco, um simples perdão
que corta o peso que ele nem sabia que estava lá, permitindo que ele se
desfizesse para fora de suas costas até que ele está quase desequilibrado de
tanto se sentir mais leve. Tudo tem sido pesado por tanto tempo, mas ela era a
240
ZEPPAZARIEL
mentora deles, tentando ajudá-los a sobreviver, e ela não o culpa pelo fato de
eles não terem feito isso.
James pisca. "Oh... Bem, sabe, você pode se quiser. Se você tem algumas
coisas para tirar do peito, quero dizer."
~•~
Sirius faz o possível para proteger Regulus do pior da atenção que ele recebe
quando está longe do lado de James, mas é difícil pra caralho, honestamente.
As Relíquias são uma força a ser reconhecida quando se reúnem assim, e
Regulus está, infelizmente, recebendo o peso disso no momento. Eles são
todos atraídos, curiosos, ansiosos e exigentes.
241
CRIMSON RIVERS
Ele tem certeza de que funciona, na maior parte. Algumas pessoas, ele
pensa, podem perceber que Regulus as odeia, mas elas parecem se convencer
de que não para o seu próprio conforto.
No final, Sirius salva Regulus da maior parte disso da única maneira que ele
sabe, levando-o para dançar com um dos patrocinadores mais bem-
intencionados. Um tímido, na verdade. Sirius não tem muitos favoritos, mas
Huey Rutledge é um deles. Ele é um coração mole, francamente, e
coincidentemente o patrocinador com a menor quantidade de dinheiro. Ele
geralmente só pode pagar uma ou duas doações por ano, e ele nunca as usou
em Comensais da Morte, sempre indo para os oprimidos na arena. Foi ele
quem doou a Frank para dar sopa quente a Irene que todos na caverna
poderiam dividir para se aquecer.
Regulus não parece muito satisfeito por sair dançando com um completo
estranho, mas ele parece aliviado por não ser oprimido por todos ao mesmo
tempo, e é claro que ele confia no julgamento de Sirius sobre isso, porque ele
vai sem protestar.
Vendo que James está seguro com Marlene, Regulus está seguro dentro do
alcance de James e Marlene, e Pandora está segura com Emmeline, Sirius
localiza seu alvo do outro lado da sala—que Pandora apontou para ele antes
—e se dirige com um sorriso radiante. Ele pega a mão da próxima criadora
dos jogos e a leva aos lábios em um beijo rápido enquanto ela está se virando.
A maioria delas é envelhecida, como se ela tivesse feito quando era jovem,
mas não todas—há algumas que sugerem que ela ainda faz tatuagens até hoje.
É mais comum na Relíquia, porque aqueles nos distritos têm que fazer isso
242
ZEPPAZARIEL
sozinhos, e eles não têm acesso a tratamento médico bom o suficiente para
consertar se algo der errado. Não que as pessoas nunca tenham feito isso nos
distritos, mas é mais raro, e nunca é algo assim. Uma ou duas tatuagens,
talvez, mas braços inteiros? Não, isso é definitivamente mais uma coisa de
Relíquia.
"Bem, sabe, você não pode acreditar em tudo que ouve. Algumas coisas, é
melhor aprender por si mesma," Sirius diz a ela, segurando seu olhar. "Sempre
vale a pena verificar em primeira mão, eu digo."
Nunca recuando, Sirius sorri ainda mais e levanta as sobrancelhas para ela,
engolindo sua diversão e prazer ao dizer, "Então, você não quer descobrir se
minha reputação de ser o melhor dançarino nesta sala é verdade, Sra.
McGonagall?"
243
CRIMSON RIVERS
McGonagall pisca, lentamente. Sirius tem que lutar contra o riso crescente
quando algum tipo de luz de compreensão se apaga visivelmente nos olhos dela,
seguido por outra contração de sua boca e uma leve inclinação de cabeça, um
pequeno movimento que admite derrota e incita respeito, uma consciência de
que ela foi superada.
Porque, veja, ela estava supondo que ele estava insinuando algo sexual—e,
tudo bem, isso é o que ele estava fazendo, para ser justo, embora ele não fosse
seguir adiante, é claro, porque ele nunca segue, ou precisa—mas ele rebateu
isso sem esforço. Ele sendo o galã da Relíquia, amado e desejado por todos, é
algo que é conhecido, mas não se discute. Ou, bem, ele tem certeza que as
pessoas falam sobre isso quando ele não está por perto, mas fazer isso na cara
dele é algo completamente diferente, o que coloca McGonagall em um canto
onde ela tem que admitir a derrota, ou admitir que ela esperava que ele
seduzisse ela com favores sexuais.
A maioria das pessoas não seria corajosa ou sem vergonha o suficiente para
fazer isso, mas Sirius está aprendendo muito rapidamente que McGonagall
não é como a maioria das pessoas, certamente não como a maioria das
Relíquias.
"Eu não tenho interesse em quaisquer avanços sexuais que dizem que você
espalha como doces," esclarece McGonagall, mesmo enquanto ela estende a
mão, "Mas eu não vou dizer não a uma dança."
Sirius ri. Ele não pode evitar. Com uma gargalhada brilhante, ele estende a
mão para segurar a mão dela delicadamente na sua, erguida enquanto a leva
para a pista de dança. "Bom saber. Venha, então—Minerva, não é?"
244
ZEPPAZARIEL
A questão é que Sirius sabe como fazer isso, como encantar as Relíquias. É
a coisa dele. A maioria deles são marionetes sem vida e sem cérebro que ele
pode manobrar à vontade, mas há alguns ocasionais que exigem um pouco
mais de esforço. Há sempre um ângulo, porém, e ele pretende encontrar o
dela.
"Foi uma boa participação," comenta McGonagall enquanto ela olha para
aqueles que estão dançando perto deles. Eles passam por James e Marlene—
James levanta a mão para sorrir e acenar para Sirius como um cachorrinho
animado enquanto ele passa, o que faz Sirius sorrir de volta contra sua
vontade, enquanto Marlene nem gagueja no que parece ser um longo discurso
sem fôlego sobre as implicações de um anel como um presente—e o olhar de
McGonagall permanece em James por um momento até que eles se afastem.
"É uma pena que Horace Slughorn não esteja aqui para aproveitar os frutos
de seu trabalho."
"Oh, eu tenho certeza que ele não teria amado nada mais," Sirius reflete,
lançando seu olhar em direção ao dela. Ela já está olhando para ele, sua
expressão neutra. Ele se pergunta o que ela sabe, porque ele suspeita do por
que Slughorn não está presente. Ele tem certeza de que o homem está morto,
e nenhuma parte de Sirius lamenta sua participação nessa possibilidade. Riddle
provavelmente o executou por permitir que James e Regulus vencessem, e
Sirius foi quem plantou essa ideia em sua cabeça. Ele não sente nenhum
remorso por isso.
"Foi uma coisa muito corajosa de se fazer, permitir dois Vitoriosos," diz
McGonagall. "Devo admitir, no meu tempo de conhecimento de Horace, ele
nunca me pareceu um homem muito valente."
"Não, eu diria que não era," Sirius concorda, nunca desviando o olhar dela,
porque ele pensa—bem, de alguma forma, ele tem quase certeza de que ela
sabe que foi ele. "Talvez ele precisasse de alguém mais valente para guiá-lo."
"Eu considero," McGonagall diz simplesmente, então ela sorri para ele,
pequena e reservada, "Mas eu não sou tão facilmente guiada."
245
CRIMSON RIVERS
"Ninguém sabe." McGonagall nunca perde aquele sorrisinho que vive nas
adoráveis pequenas rugas no canto de sua boca, e Sirius não tem ideia do que
fazer com isso. "O que eu sei é que Horace Slughorn foi um tolo, Sr. Black, e
eu não sou."
~•~
Huey Rutledge é um homem quieto e tímido que cora com o rosto inteiro
toda vez que Regulus olha para ele, gaguejando e tropeçando em suas palavras
toda vez que tenta falar, ficando de olhos arregalados e focados toda vez que
Regulus fala em resposta, o que não são muitas vezes e geralmente acontece
de forma monossilábica.
Ele é um pouco mais alto que Regulus, ombros largos e bonito o suficiente
com cabelos loiros encaracolados, olhos verdes pálidos e covinhas muito
profundas em suas bochechas. Embora ele seja educado e pareça ter a
sensibilidade e decência humana simples que a maioria das outras Relíquias
não tem—especialmente patrocinadores, Regulus notou—o que Regulus mais
gosta nele é que ele parece não ter interesse em falar sobre os jogos de
Regulus ou o relacionamento de Regulus com James.
Não, seu interesse parece estar no próprio Regulus, como se ele estivesse
tentando conhecê-lo como pessoa, não como um Vitoriodo ou um
246
ZEPPAZARIEL
Regulus faz uma pausa, então acena com a cabeça timidamente. "É mais
fácil colocar o que está na minha cabeça no papel do que na minha boca, na
maioria das vezes."
"Eu, hum—sim, eu entendo," Huey diz a ele. "Eu sou músico, mas não
cantor. Posso compor e tocar o que estou sentindo, mas a ideia de colocar em
palavras e cantar é... insondável para mim, honestamente. As pessoas só—
fazem isso. Eu não tenho ideia de como."
"Meu irmão teve um kazoo, uma vez," Regulus diz baixinho, os lábios se
curvando impotentes enquanto ele se lembra. "Ele o construiu quando tinha
247
CRIMSON RIVERS
nove anos. Na maioria das vezes, ele só—gritava com ele, e nem sequer teve o
bom senso de se sentir um idiota por isso."
"Sim, irmãos mais velhos são bons para coisas assim," Huey diz a ele
ironicamente, rindo. "Eu tenho um desses também. Um irmão mais velho,
quero dizer. Louie nunca se leva a sério também."
"Hum, sim," Huey murmura. "Nossos pais eram, então quando eles
passaram, a abertura permaneceu para nós entrarmos. Louie... não achava que
havia um ponto. Rutledges não são exatamente grandes apostadores, você
entende, mas nossos pais pensavam que cada pedacinho que poderiam dar era
importante. Raramente é o suficiente para realmente ajudar alguém, para
salvá-los, mas se pudermos pelo menos deixá-los um pouco mais confortáveis,
devemos fazer isso."
"Você quer saber um segredo, Huey?" Regulus murmura. Ele puxa Huey
um pouco mais perto, ouvindo sua respiração falhar enquanto Regulus se
inclina para sussurrar em seu ouvido. "Se você não fizesse, não importaria.
Não há conforto na arena."
248
ZEPPAZARIEL
Ele não consegue descobrir como responder a isso, e Regulus tem uma
sensação de diversão vingativa ao ver sua visão de mundo mudar de uma só
vez. É bom, honestamente, mesmo que seja cruel. Certamente há
patrocinadores piores, e Huey claramente tem boas intenções de uma maneira
que poucas Relíquias tem, mas ele está cego por suas próprias contribuições
para questionar o sistema por trás de tudo isso. Ele deveria questionar isso.
Regulus espera que ele questione. Regulus espera que ele pense sobre isso,
pense em todas as pessoas que ele sentiu a necessidade de ajudar, todas as
pessoas que ele não teria que ajudar se a arena não existisse. Regulus espera
que isso o mantenha acordado à noite.
É injusto, na verdade, porque o que Huey pode fazer? Mesmo que ele não
esteja mais cego para o que está realmente errado, não é como se ele pudesse
fazer algo a respeito. Mas, bem, a miséria adora companhia, e Regulus nunca
mais dormiu em paz.
"Você abordou meu parceiro de dança por tempo suficiente. Eu vou pegá-
lo de volta agora," James diz, sua voz entrecortada. Ele dá a Huey um último
olhar duro, então literalmente fica entre ele e Regulus para enrolar um braço
em volta da cintura de Regulus antes de arrastá-lo imediatamente.
"Pobre Huey está tendo uma noite muito ruim," é tudo que Regulus pode
pensar em dizer, seus lábios se contraindo.
"Oh, sim, pobre Huey," James murmura enquanto os gira para mais longe,
apenas diminuindo a velocidade deles para um movimento casual de balanço
quando Regulus não consegue esticar a cabeça e avistar Huey novamente. Ele
tenta, e James range os dentes audivelmente.
249
CRIMSON RIVERS
James não parece feliz agora, no entanto. Seu olhar é afiado. "Eu olhei e
você estava falando com ele, e então você estava sussurrando em seu ouvido
como se estivesse contando a ele um maldito segredo ou—"
"E, você não gosta das pessoas o suficiente para trocar segredos," James
grita. "Mas, o que, você gostou dele?"
"James."
"O que?"
James faz uma careta. "Você me deixa estúpido. E oh, ele obviamente gosta
de você. Nem sequer me olhava nos olhos, o maldito—"
"Eu vou matá-lo. Eu faço isso agora. Matar pessoas. É algo que eu fiz e
aparentemente estou disposto a fazer de novo," James anuncia. "Ele forçou
você a dançar com ele? Você poderia ter vindo até mim. Por que você não
veio até mim? Se ele fez alguma coisa que você não gostou, eu realmente vou
matar—"
250
ZEPPAZARIEL
"Pare com isso, idiota," Regulus diz, bufando uma risada silenciosa
enquanto balança a cabeça. James ainda parece muito mal-humorado com a
coisa toda, mas ele está apenas fazendo beicinho agora. Isso faz Regulus
querer mimar ele, embora ele se abstenha, porque ele morreria de vergonha se
cedesse ao desejo. "Você estava ocupado com Marlene, lembra? Sirius me
colocou com Huey para, eu presumo, me tirar da multidão de abutres que
estavam me cercando por todos os lados. Huey não é tão ruim, na verdade.
Um pouco equivocado, mas ele tem boas intenções."
"Ele tem a intenção de entrar na porra das suas calças," James declara
bruscamente. Regulus revira os olhos, e James solta um bufo. "Não, eu não
estou brincando. Estava na cara dele."
"Estava?"
Regulus suspira em exasperação. "E você parou para pensar no fato de que
eu não cederia às intenções dele?"
"Sim, isso foi antes de você começar a sussurrar segredos no ouvido dele,"
James murmura. "Você nunca sussurra segredos no meu ouvido."
"Sim, eu posso ver como isso é angustiante para você, como o homem que
eu realmente queria deixar entrar nas minhas calças antes," Regulus diz
secamente.
"Claro, mas agora eu estou triste com isso, então nem conta," responde
James.
251
CRIMSON RIVERS
pode fazer duas coisas ao mesmo tempo, especialmente quando são coisas
contraditórias, como ficar irritado ou ficar encantado.
"Eu não quero mais falar sobre Huey. Nunca mais vamos mencionar Huey
novamente," James anuncia previsivelmente. Ele puxa Regulus um pouco
mais perto, examinando seu rosto, lábios entreabertos. "Eu estou—oh, eu
estou esquecendo meus limites de novo."
"Não, nada disso," repreende Regulus. "Você—é bom para você ter eles,
honestamente. Especialmente se nós vamos tomar chá. Nós—você ainda quer
fazer isso?"
O rosto de James suaviza. "Sim, claro. O que, você acha que eu mudei de
ideia nos últimos trinta minutos?"
"Eu gosto do seu chá," James oferece. "Talvez eu seja tendencioso, mas
tem um gosto melhor do que o de qualquer outra pessoa. O que você faz
nele?"
James ainda está rindo, quieto e leve, quando protesta, "Há alguma razão
para que eu não devesse? Nós já nos beijamos antes, muitas vezes! Você
literalmente colocou a sua língua na minha boca. Tecnicamente, nós já
trocamos cuspe, se você pensar sobre isso, então sabe, se você tiver vontade
de—"
"Pare com isso. Cale a boca, pare," Regulus chia, enterrando o rosto no
ombro de James e agarrado-se a ele, estômago doendo pela risada que não vai
parar. "Só cale a boca e dance comigo."
"Sim, tudo bem," diz James suavemente, varrendo a mão para cima e para
baixo das costas de Regulus, segurando-o perto enquanto eles balançam.
E isso é tudo o que eles fazem, por um tempo. É tão fodidamente bom.
Não tem o direito de ser tão bom quanto é, honestamente. Regulus não gosta
da sensação de mãos nele, mas James... Bem, talvez não deva surpreendê-lo
que James esteja se tornando sua exceção. No começo, logo após a arena, era
insuportável a maior parte do tempo, mas Regulus está começando a ter
esperança que esteja ficando mais fácil, melhorando, se puder.
Mas a semana passada mostrou a ele que talvez, apenas talvez, seja algo
que vai passar. Talvez já esteja passando. É tão bom ter James por perto,
mesmo quando ele não está prestes a adormecer. Não há nenhuma parte de
Regulus que queira se afastar e encolher em si mesmo; ele quer ficar assim,
para sempre. Ele acha que isso é um bom sinal. É, não é? Ele quer que seja.
Ainda assim, Regulus não tem a menor ideia de como ele poderia oferecer
sexo a James. Não que ele pense que é tudo o que James quer, na verdade. Ele
253
CRIMSON RIVERS
tem certeza de que James nunca faria sexo com ele se não fosse isso que
Regulus quisesse, e ele nem ficaria chateado com isso, porque é claro que ele
não ficaria. Isso sendo reconhecido, é algo que Regulus quer dar a ele, e quer
se deixar ter, pelo menos algum dia.
Mas James... Bem, é diferente para James, não é? Ele está mais perto disso,
por um lado. Regulus está apavorado que James veja suas cicatrizes e o veja de
forma diferente, ou o veja e se culpe, ou apenas o veja e seja levado de volta à
arena, ou talvez uma mistura de tudo isso.
Regulus mal consegue se ver na maioria dos dias. Ele não quer
sobrecarregar James com isso.
Então, eles entrelaçam as mãos e vão encontrar uma mesa para se sentar.
Regulus faz James sentar lá e guardar seu lugar, então vai fazer pratinhos,
254
ZEPPAZARIEL
Sirius disse a ele que isso aconteceria. Que Riddle sairia em algum
momento da noite e faria um discurso para o Vitorioso, assim como ele faz
todos os anos, exceto que este ano, são dois. É um show, é claro, então
acontece exatamente como Sirius disse que aconteceria. Palavras vazias e
celebrações sem vida. Oco. Riddle é a pessoa mais oca que Regulus já viu.
~•~
255
CRIMSON RIVERS
Dorcas continua olhando para a porta. Ela não quer. Ela está se
esforçando ao máximo para prestar atenção, porque o que Minerva está
dizendo é sem dúvida importante de uma forma ou de outra. É só que... Bem,
os mentores dos outros distritos que viajaram para a festa estão saindo agora
que acabou, o que significa que Marlene vai embarcar em um trem em breve,
e Dorcas não conseguiu se despedir da última vez, mas ela gostaria desta vez,
pelo menos.
Mas o trabalho e a conversa com Minerva tem que ser mais importante.
Claro, ela receberá suas ordens finais de Dumbledore assim que Minerva o
informar, mas Dorcas sabe que elas vão coincidir com o que Minerva já pensa.
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ZEPPAZARIEL
"Seu rosto bonito parece ser sua arma de escolha," Minerva diz a ela. "No
entanto, ele se adapta bem e pensa rápido. Posso ver que ele é mais inteligente
do que as pessoas acreditam."
Minerva cantarola. "Ele é, sim. No entanto, Albus não iria esclarecer isso, e
todos eles vão fornecer assistência para a guerra sem estar na linha de frente
ainda. É melhor deixá-los de fora por enquanto."
"Eu entendo que você veio a se importar com eles, Dorcas, eu realmente
entendo," diz Minerva calmamente, "Mas não há como mantê-los fora disso,
neste momento. Pessoalmente, eu preferiria, porque Deus sabe que eles já
passaram pelo suficiente, mas você sabe tão bem quanto eu que não é tão
simples. Você viu o tumulto no distrito cinco, o tropeço no onze. A
mensagem de Regulus—Hallow is Hollow—sem dúvida se tornará o principal
grito de guerra quando as batalhas realmente começarem."
Dorcas abre um sorriso triste. "Sirius, Regulus e James passaram por muita
coisa. Não é errado eu dizer que serem arrastados para isso é injusto com
eles."
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CRIMSON RIVERS
"No entanto, a guerra está aqui," diz Minerva suavemente, "E eles não
estão a salvo de seu alcance."
"Quanto tempo você acha...?" Dorcas para e engole, abrindo os olhos para
examinar o rosto de Minerva.
Minerva faz uma pausa, então cuidadosamente murmura, "Eu acredito que
as coisas vão ficar quietas pelos próximos seis meses, mas depois disso..."
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ZEPPAZARIEL
Mas aqui estão elas, nisto por opção, desejando que a outra não estivesse,
apesar de saberem o quanto é importante para elas estarem. Se importar com
pessoas no meio da guerra é sempre um jogo perigoso.
"Você tem algum lugar para estar?" Minerva pergunta, porque ela conhece
Dorcas há anos, e ela é uma mulher assustadoramente observadora em todos
os momentos.
"O único evento em que consigo pensar que tem um limite de tempo hoje
à noite são os mentores saindo para viajar de volta para seus distritos," diz
Minerva.
"Você diria que ela é uma boa candidata para se juntar à Ordem?" Minerva
pergunta simplesmente.
A respiração de Dorcas fica presa, seu corpo inteiro fica imóvel enquanto
Minerva a examina, estudando-a de perto. Dorcas fecha a mão em punho
sobre a mesa e engasga, "Por favor, não, Minerva. Ela não. Por favor, eu—
por favor—"
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CRIMSON RIVERS
"Obrigada," Dorcas respira, sua voz rouca enquanto seus olhos se fecham,
alívio batendo nela de uma vez.
"Eu não sei," admite Dorcas. "Acho que eu poderia. Acho que eu quase
amo."
Durante todo o caminho até o trem, ela pensa em como Minerva olha para
Poppy às vezes como se fosse a última vez. Como ela é forte o suficiente para
lidar com o risco disso, Dorcas não sabe.
E, no entanto, ela é gulosa por punição, porque ela chega à estação de trem
e sente sua respiração sair dela no momento em que põe os olhos em Marlene.
Ela está em um terno azul ártico que Dorcas reconhece, um que ela mesma
desenhou e que Marlene deve ter se dado ao trabalho de comprar em uma loja
ou online. Os botões superiores de sua camiseta estão desabotoados, e sua
260
ZEPPAZARIEL
gravata está aberta, dando a ela aquele visual preguiçoso e sexy que
genuinamente faz a cabeça de Dorcas girar um pouco. Dorcas quer tirá-la do
terno. Oh, ela é deslumbrante.
Mesmo daqui, Dorcas pode ver. Ela está enrolada em Emmeline, rindo
alto, o rosto corado enquanto ela luta para ficar de pé. Frank paira ao lado
dela, como se ele pudesse precisar segurá-la se ela cair, mas Emmeline parece
estar fazendo a maior parte do trabalho para mantê-la firme. Na verdade,
Emmeline parece bastante dedicada a manter Marlene de pé, mãos nos
quadris, pressionada contra ela.
Bem, Dorcas não gosta disso. Nem um pouco. Oh, ela definitivamente não
gosta disso. Tardiamente, ela percebe que isso é bastante hipócrita da parte
dela, considerando que ela transou com Lily, e também ela e Marlene são
tecnicamente apenas... amigas. Ela não tem absolutamente nenhum direito de
ficar irritada com a visão de Marlene em cima de outra mulher, mas isso a
impede de ranger os dentes? Não, não, não impede.
Marlene está bêbada, isso é óbvio, mas talvez a maneira como Dorcas está
fazendo buracos na lateral de sua cabeça com os olhos seja perceptível,
porque ela eventualmente a vê. Assim que o faz, ela dá uma piscadela bastante
cômica.
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CRIMSON RIVERS
"Eu só... tomei algumas bebidas," Marlene murmura. "Só para tornar a
noite um pouco mais suportável, você sabe como é. Eu sou, ah, mais
apreciado pelas Relíquias quando estou bêbada. Eu rio mais fácil."
Dorcas tem certeza de que seu coração está partido. "Nem todas as
Relíquias. Eu gosto de você quando você está muito sóbria, na verdade."
"Sim, bem, você não pode me oferecer dinheiro para salvar a vida dos
meus futuros tributos, então sem ofensas, mas não é exatamente na sua
opinião sobre mim que eu estou contando," Marlene anuncia sem rodeios.
"Eu não sei o que fazer," Marlene confessa, piscando forte e rápido. "Eu
não sei como eu vou continuar fazendo isso. Eu vou acabar como tantos
outros mentores. Bêbada. Definhando. Escapando disso da única maneira que
podemos."
Dorcas engole em seco e estende a mão com cuidado para pegar a mão de
Marlene, apertando-a suavemente. "Eu—eu acho que você deveria parar de
beber, Marlene, ou tentar. Talvez seja injusto eu dizer, mas eu só—eu quero
que você fique bem. Eu quero que você esteja segura e saudável. Talvez
você—você poderia falar com sua mãe? Do jeito que você falou sobre ela, não
duvido que ela ajudaria você."
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ZEPPAZARIEL
"Ei, está tudo bem," Dorcas a assegura, apertando sua mão novamente.
"De verdade, está. Eu vim dizer adeus, porque eu—eu não consegui na última
vez."
"Vou ver você de novo no ano que vem?" pergunta Marlene. "Você vai
estar projetando para Sirius de novo?"
"Ah," Dorcas diz, soltando uma risada fraca, "Sirius me mataria, eu acho."
"Eu não deixaria. Eu prometo," Marlene diz a ela, curvando-se para frente
até que ela está colocando a mão livre na cintura de Dorcas e se inclinando
para roçar os lábios ao longo da mandíbula de Dorcas.
"Você está bêbada," Dorcas rosna, sua boca seca enquanto ela gentilmente
desembaraça seus dedos para afastar Marlene de volta.
Marlene bufa. "Sim, mas não é como se eu te quisesse menos quando estou
sóbria."
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CRIMSON RIVERS
"Bem, você parece querer muitas coisas quando está bêbada," Dorcas
murmura, seu olhar passando por cima do ombro de Marlene para pousar em
Emmeline, que está conversando facilmente com Frank.
"O que?" Marlene segue seu olhar, então se vira e a encara. "Você—está
com ciúmes?"
"Achei que nós fôssemos amigas," Marlene a lembra, cantando, essa última
palavra embrulhada em uma zombaria.
Marlene tem um sorriso no canto dos lábios quando Dorcas abre os olhos
novamente. "Sim, mas não há necessidade de ficar com ciúmes. Eu não tenho
uma amiga como você, além de você, e isso funciona para mim. Eu estou bem
em sermos amigas assim por enquanto, do jeito que ninguém mais é."
"E você estava com ciúmes?" Marlene pergunta incrédula. "Pelo amor de
Deus, Dorcas, isso é—você percebe o quão ridículo isso é, não é? Quero
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ZEPPAZARIEL
dizer, eu sabia que Relíquias sentiam um forte senso de posse, mas porra, o
duplo padrão é um pouco demais."
"Só—espere, não, não é assim," insiste Dorcas. "Eu juro que não, Marlene,
ok?"
"Não, isso é por minha conta. Foi um erro meu. É claro que você tem
outras amigas," Marlene sibila.
Dorcas não amaria mais nada, exceto que ela não pode, porque então ela
teria que admitir que o que ela sente por Marlene é muito mais do que
amizade, e ela sabe disso, mas fazer isso seria colocar Marlene em perigo.
Dorcas tem responsabilidades e outras coisas que ela tem que deixar ser uma
prioridade, nenhuma das quais ela está disposta a arrastar Marlene. Ela estaria
mentindo para Marlene de uma maneira pior do que já está.
265
CRIMSON RIVERS
"Marlene," Dorcas sussurra, aflita, sentindo que seu peito está encolhendo
quando Marlene se corta e desvia o olhar. "Pelo menos fique com o anel.
Você não gosta de ver essa cicatriz."
"Vai ser mais fácil ver do que lembrar de você," Marlene diz suavemente.
Sem outra palavra, Marlene se vira e cambaleia de volta para seus amigos,
embarcando no trem com a ajuda deles sem olhar para trás. Dorcas fica ali,
segurando o anel com tanta força que dói, sonhando acordada com não ter
vindo.
~•~
A viagem de trem para casa é mais rápida sem nenhuma das paradas. Sirius
está carrancudo, mal-humorado e quieto, claramente chateado por estar longe
de Remus novamente. Ele está em seu ambiente de apenas James, aquele em
que a única pessoa que parece fazê-lo se sentir um pouco melhor é James.
Regulus não olha muito para isso, não mais. Não é um sentimento injusto ter,
afinal. Regulus não pode culpar Sirius por isso, especialmente quando ele
mesmo entende isso intimamente, de uma maneira muito diferente.
266
ZEPPAZARIEL
Às vezes, parte o coração de Regulus que James não possa ver isso.
O trem está indo rápido demais para ele realmente ter certeza, então ele se
acomoda lentamente em seu assento, sobrancelhas franzidas. Contra sua
vontade, ele pensa na maneira como Riddle deixou bem claro que Regulus
não conseguiu fazê-lo mudar de ideia, ou fazer um trabalho adequado para
convencê-lo, como foi exigido.
Regulus não acredita que realmente haja algo que ele pudesse ter feito para
atingir esse objetivo, se ele for honesto. Riddle não lhe parece o tipo de
homem que se deixa influenciar quando tem sua mente fixada em alguma
coisa. Mas, bem, talvez Regulus tenha feito um trabalho bom o suficiente para
convencer todos os outros. James também. Eles realmente tentaram, não
importa o quão difícil fosse.
De qualquer forma, Regulus fica aliviado quando eles voltam para casa. Ele
não conhece o futuro, não sabe se as Relíquias exigirão mais dele e de James
em algum momento, mas ele tem certeza de que as chances deles
desaparecerem na obscuridade são maiores agora. Haverá novos tributos em
breve, e Sirius é o único que com certeza terá que retornar à Relíquia. James e
Regulus podem não precisar, possivelmente por um longo tempo.
Então... chá. Regulus acha que o chá é um bom lugar para começar. Ele
não tem certeza do que isso significa para eles, honestamente, mas ele tem
certeza de que ele não se opõe a descobrir. É mais fácil assim, sem o peso das
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CRIMSON RIVERS
expectativas das Relíquias caindo sobre eles. O que quer que eles façam, seja
como for, será a escolha deles. Não será para exibição. Será deles, e só deles.
Quando o trem desacelera até parar, Regulus desce primeiro. James tem se
levantado em intervalos aleatórios para andar quando sua perna exigia, então
ele não parece tão desconfortável quanto da última vez que voltou para casa
da Relíquia. Regulus fica na frente, esperando em silêncio enquanto Sirius
desce atrás dele, então ajuda James a sair logo em seguida. James está bem o
suficiente para não estar usando sua bengala, apenas balançando
preguiçosamente enquanto andam.
Ele parece satisfeito que Regulus esperou por eles. Um sorriso curva sua
boca, e é lindo, tão lindo. Regulus quer sentir aquele sorriso contra seus
próprios lábios, e sem ninguém por perto ansioso para ver isso, o desejo
parece mais real de alguma forma. Isso o deixa um pouco confuso,
honestamente.
Regulus poderia ter saído e apenas—ido para casa, mas em vez disso, ele
caminha junto com Sirius e James até o portão. Estão todos quietos, mas não
é um silêncio pesado. É leve, na verdade, apenas um alívio tácito estar em casa
com a semana passada para trás.
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ZEPPAZARIEL
39
MEMORIAL QUARTERNÁRIO
A primeira vez que Regulus convida James para um chá é meses depois de
saber que seus pais estão mortos. James não pode culpá-lo por isso,
honestamente, porque—bem, seus pais estão mortos.
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CRIMSON RIVERS
depois de saber que seus pais morreram, Sirius teve um grande colapso
pensando que talvez, apenas talvez, houvesse lembranças felizes de sua
infância com seus pais, mas ele simplesmente as esqueceu. Naquele dia, a
única pessoa que poderia ajudar Sirius era Regulus—que também não estava
indo tão bem na época—e então foi Regulus quem teve que explicar que não,
eles não tinham muitas lembranças felizes com seus pais quando crianças, e
sim, seus pais eram pessoas de merda, mas eles ainda estavam mortos, e ainda
doía de qualquer maneira.
Não houve um funeral ou algo parecido. James tem quase certeza de que
Sirius e Regulus tiraram uma noite para ficarem absolutamente bêbados pra
caralho, porque Sirius não voltou para casa uma noite, e ele podia ouvir gritos
do outro lado da rua. No dia seguinte—não de manhã, mas à tarde—Sirius
veio tropeçando, de ressaca e com os dedos arrebentados, resmungando sobre
irmãos mais novos lunáticos.
Então, James colocou um pequeno vaso de flores para ele em sua varanda,
só para que a flor não morresse, deixando-a esperando lá para quando Regulus
estivesse pronto para pegá-la. Regulus finalmente o fez. James apareceu um
dia para ver que a flor havia sumido, então ele a recolocou novamente, e o
ciclo continuou. Houve alguns dias em que Regulus não pegou a flor, e houve
alguns dias em que James mal conseguiu atravessar a maldita rua antes que a
mão de Regulus estivesse correndo para fora de sua porta para pegar a flor
como se fosse tudo o que ele queria na vida.
Levou dois meses, quase três, para aquela porta se abrir quando James
subiu na varanda. Ele não esperava por isso, não naquele dia, e provavelmente
270
ZEPPAZARIEL
nunca. Alguma parte de James sentiu culpa, sentiu que era pelo menos
parcialmente culpa dele, porque talvez ele pudesse ter feito mais, tentado mais,
feito um desempenho melhor, e talvez Walburga e Orion tivessem
sobrevivido. Ele sabia, racionalmente, que ele não era o culpado—Riddle
era—mas isso não impediu que os sentimentos estivessem lá.
Mas então, um dia sem aviso prévio, a porta da casa de Regulus se abriu no
momento em que James estava prestes a colocar uma flor em sua varanda, e
por mais bonito que Regulus sempre é, ele parecia bastante áspero na época.
Para James, que não colocava os olhos nele há meses, parecia uma mudança
drástica. Ele estava mais magro e tinha olheiras profundas e escuras sob os
olhos que pareciam estar lá há algum tempo. James imediatamente quis
alimentá-lo e colocá-lo na cama.
Mas ele estava lá, e sua voz falhou um pouco quando ele olhou para a flor
na mão de James e sussurrou, "Você gostaria de entrar para um chá?"
O que o traz ao agora, dois meses depois, quase cinco meses depois de
voltar para casa e descobrir que Walburga e Orion haviam morrido. Não
apenas morrido, no entanto. Eles foram assassinados. James nunca se permite
esquecer, nunca se permite esquecer como foi fácil para Riddle assassinar eles,
feito em segredo, tarde da noite; não como um aviso, mas como uma punição.
Desde que Regulus o deixou entrar naquele primeiro dia, James tomou
pelo menos uma xícara de chá com Regulus todos os dias desde então. Ele
não coloca mais flores na varanda, em vez disso ele bate na porta—se Regulus
não abrir antes que ele possa levantar a mão em primeiro lugar—e entrega
diretamente para Regulus, que pega cada uma como se fosse preciosa. Ele
sempre substitui as flores velhas do vaso de sua cozinha pelas novas, levando
uma das velhas para o quarto antes de voltar para a cozinha para preparar o
chá para os dois.
271
CRIMSON RIVERS
silêncio e ouve os sons da vida que eles criam mesmo quando viver é tão
difícil; o tilintar de cerâmica, o arrastar de sapatos no chão, e a forma suave e
firme como eles respiram. Nesses dias, James sabe que não deve tocá-lo, e ele
sabe que, de alguma forma, apenas estar lá com Regulus é suficiente.
Outros dias, Regulus parece melhor. Ele está disposto a falar; ele vai olhar
nos olhos de James; ele vai um pouco mais devagar ao fazer o chá. Nesses
dias, James fala com ele, e geralmente é só isso. Conversa preguiçosa e fútil
sobre quaisquer pensamentos que passem por sua cabeça. Às vezes, o objetivo
é apenas fazê-lo rir, e James sempre fica satisfeito quando funciona. Nesses
dias, James tem quase certeza de que pode se aproximar, que pode estender a
mão e tocar, que Regulus o deixará. Na maioria das vezes, James não o faz.
Mas, ocasionalmente, ele não consegue evitar ao menos tentar—apenas uma
mão no braço de Regulus na mesa, ou chegar tão perto que apenas um passo
seria o suficiente para ele ter Regulus em seus braços—e nos dias bons,
Regulus permite, todas as vezes.
Alguns dias, James é quem está lutando. Ele se arrasta até a cozinha de
Regulus e não consegue se lembrar de como sorrir. Nos dias em que sua
perna dói mais do que o normal, ele está mais mal-humorado com a dor. No
dia em que ele acidentalmente mata uma abelha enquanto cuida de suas flores,
ele passa pelos cinco estágios do luto em menos de uma hora, que não tem
nada a ver com a abelha e tudo a ver com Vanity. Ele tem dias ruins também,
dias em que ele entra na casa de Regulus e quer se enrolar em uma bola e
chorar, ou se levantar e jogar tudo pela sala, ou gritar a plenos pulmões até
ficar sem fôlego.
Naqueles dias, Regulus sempre tenta estar lá para ele. James sabe que sim.
Ele pode ver. Regulus não é muito bom com vulnerabilidade, James sabe
disso, mas ele faz questão de perguntar se James precisa ou quer conversar, ou
apenas reclamar, se ele claramente está tendo um dia ruim. Ele ouve quando
James aceita a oferta, o que nem sempre acontece, mas James já aprendeu que
se sente um pouco melhor toda vez que se deixa descarregar um pouco. E,
quando James não quer falar, Regulus faz seu chá um pouco mais doce, e de
alguma forma isso o faz se sentir melhor também.
Hoje é um bom dia para os dois, o que não é tão raro como era quando
eles começaram a fazer isso no início. É mais frequente agora, na verdade,
especialmente porque Regulus parece ter chegado a um acordo com a morte
272
ZEPPAZARIEL
de seus pais, tanto quanto ele pode chegar. Ele não fala sobre eles, nunca, pelo
menos não com James—talvez com Sirius, mas Sirius não disse nada, então
James não sabe—mas Regulus parece melhor hoje em dia. Ainda cansado, na
maioria das vezes, e ainda lindo.
Neste dia, Regulus está de bom humor para adicionar bagels à hora do chá,
como James apelidou carinhosamente em sua cabeça. Quando Regulus quer
mais tempo com ele, ele adiciona bagels, que James agora inconscientemente
pensa como sua comida favorita por esse motivo. Por um lado, ele pode
assistir Regulus espalhar cream cheese nos bagels quentes; um deleite para os
olhos, porque Regulus usa uma faca de cozinha cega com a mesma facilidade
com que usava suas adagas na arena.
Regulus sussurra e gira a faca mais uma vez antes de colocá-la na mesa e
deslizar o bagel de James para ele. "Talvez. Eu não sei. Realmente é apenas
um movimento inconsciente. Um hábito."
James pensa sobre isso por um longo momento, então levanta metade de
seu bagel e admite, "Não, na verdade não. Eu só gosto de olhar, se eu for
honesto. Parece... legal."
273
CRIMSON RIVERS
"Talvez você devesse pensar um pouco mais sobre seu fascínio por facas,
James," Regulus reflete, colocando um pedaço de bagel na boca e mastigando
lentamente, sobrancelhas levantadas.
"Eu realmente não preciso. Elas são sexy." James dá de ombros, sem
vergonha, porque isso é o suficiente para ele. "Isso é tudo que eu preciso
saber."
"É mesmo?"
James sorri para ele e morde seu bagel, mastigando detestavelmente como
se pudesse convidar um pouco de vida para esta casa com apenas um sorriso e
uma vontade de ser bobo. Ele está sempre fazendo isso, quando é capaz, em
seus melhores dias. Ele ri alto e o ouve ecoar por toda a casa, esperando que
penetre nas paredes e aqueça o espaço quando ele se for. Todos os dias,
quando James deixa para trás resquícios de conversa e comoção, parece um
pouco menos vazio.
Effie manda comida e várias outras coisas para ter certeza de que a
despensa de Regulus nunca ficará vazia. Monty enviou livros para Regulus ler,
o que James sabe de fato que ele realmente lê, porque ele viu os livros
espalhados com flores que James lhe deu usadas como marcadores. Mary de
alguma forma descobriu através das divagações de James que eles estão
274
ZEPPAZARIEL
tentando tornar a casa de Regulus um pouco mais como um lar, então ela
enviou uma bela pintura cheia de cores brilhantes e felizes que
genuinamente fazem a casa parecer mais quente. E, claro, sempre tem um vaso
de flores na cozinha de Regulus.
Ainda é... Bem, ainda há um vazio que perdura, e James sabe por quê. É
difícil fazer de um lar uma casa onde vive um fantasma, e há dias em que a
única coisa que parece real nesta casa é a maneira como Regulus a assombra.
"Então," James diz mais tarde, uma vez que ambos terminaram seus bagels
e a visita está chegando ao fim. Há apenas algo que James quer falar primeiro,
e ele se atreve a esperar que ele realmente receba uma resposta positiva. "Eu
estive pensando..."
James ri, incapaz de evitar, e isso é outra coisa. Regulus é malvado com ele
novamente, às vezes, mas no bom sentido. James não consegue explicar, o que
há de tão bom nisso, por que ele se sente feliz toda vez que Regulus faz isso,
mas mesmo assim ele fica satisfeito com isso. Ele nem percebeu como
Regulus parou de fazer isso até que ele começou a voltar.
275
CRIMSON RIVERS
leva seu prato e xícara também. "Você vai, ah, assistir ao anúncio do Memorial
Quarternário hoje à noite, certo?"
"Bem, todos nós vamos assistir do outro lado da rua. Mamãe, papai, Sirius
e eu, quero dizer," James diz lentamente, apoiando a mão no balcão e olhando
para Regulus esperançoso. "Se você quiser—quero dizer, se você não quiser
assistir sozinho, você sempre pode vir e assistir com a gente."
"Ah, eu—eu não sei se essa seria a melhor ideia, James," Regulus responde
com cuidado.
"Eu—eu não—" Regulus faz uma pausa, então solta uma respiração
profunda e coloca os pratos para secar, desligando a torneira e virando-se para
encarar James, sobrancelhas franzidas. "Eu vou ver como me sinto mais tarde,
que tal isso? Eu vou pensar sobre isso."
James acena com a cabeça, sem vontade de insistir. Seu olhar se prende em
uma mecha de cabelo ondulada teimosamente sobre a testa de Regulus, e ele a
estuda por um longo momento antes de sua mão se levantar lentamente. Ele
hesita por um instante antes de entrar em contato, baixando o olhar para olhar
nos olhos de Regulus e ver se isso o está perturbando de alguma forma, ou se
vai. Regulus apenas o observa, seus olhos claros e afiados, um pouco intensos.
276
ZEPPAZARIEL
James pula no lugar, puxando sua mão para trás reflexivamente enquanto
ele explode, "Puta merda, Sirius! Pelo amor de Deus, porra, não faça isso. Você
quase me matou de susto!"
"Porra, você não pode bater?" Regulus estala, fixando um olhar em Sirius,
que parece imperturbável com isso.
"Bem, eu geralmente não bato, não é? E agora eu estou feliz por não ter
feito isso. O que é tudo isso, então?" Sirius bate a mão entre eles, franzindo o
nariz. "Parem com isso. Eu sou miserável e sem amor, então isso significa que
todos os outros também devem ser miseráveis e sem amor em solidariedade
comigo, porque eu disse isso."
"Não muito tempo agora," James diz a ele fracamente, caminhando para
dar um tapinha em seu ombro. Não há muito que James possa dizer para
fazer Sirius se sentir melhor por sentir falta de Remus; ele disse todas as coisas
reconfortantes que ele pode pensar tantas vezes que ele tem certeza que Sirius
está cansado de ouvir isso.
Sirius suspira e se levanta. "Vou atacá-lo com a boca quando o vir de novo.
Vou simplesmente absorver ele, assim eu posso manter ele quando for embora
da próxima vez. Isso é loucura? Acho que eu sou louco."
"Seu sobrenome é Black," Regulus diz ironicamente. "Claro que você é."
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CRIMSON RIVERS
"Você não quer levar James até a porta, Regulus? É apenas educado, sabe,
depois de um encontro."
"Fora!"
Sirius cacareja todo o caminho até a porta, e James tem que abafar o
próprio riso enquanto segue atrás. Ele olha para trás no caminho, bem a
tempo de ver Regulus balançando a cabeça com um pequeno sorriso
enquanto se vira, estendendo a mão para escovar suavemente os dedos sobre
as flores no parapeito da janela.
~•~
"Puta que pariu, Potter, você é pesado," Sirius reclama, parando no lugar
para dar um pequeno pulo para puxar James ainda mais para cima em suas
costas, tendo que se jogar para frente para manter o equilíbrio.
"Ei, isso foi ideia sua. Se acalme, meu nobre corcel," James declara em
deleite, estalando os dentes e levantando a bengala no ar, rindo alto quando
Sirius bufa.
Mesmo assim, Sirius continua, porque realmente foi ideia dele, então agora
ele tem que fazer isso. Está mais frio agora, hoje em dia, já que o inverno está
chegando; isso torna a perna de James um pouco mais difícil de lidar às vezes,
especialmente se ele estiver muito ativo. O idiota estava perseguindo crianças
do lado de fora hoje, enquanto Sirius—que é preguiçoso—preferia ficar do
lado de Mary e fofocar sobre os outros professores. No final, James estava
mancando um pouco no caminho para casa, mesmo com sua bengala, então
Sirius—que não é preguiçoso, quando se trata das pessoas que ele ama—
decidiu que dar carona era uma solução clara. Suas costas não estão felizes
278
ZEPPAZARIEL
com ele sobre isso, porque James é uma massa sólida de músculo envolto por
toda parte agora.
"Eu posso sentir você se virando para olhar para a casa dele," Sirius diz
secamente enquanto carrega James em direção à casa deles.
Ele pode literalmente sentir James se virando para olhar para Regulus atrás
deles.
É que foi tão inesperado. Tipo, sim, todos eles sabiam que era uma
possibilidade; isso é parte do medo que eles tiveram desde o momento em que
Riddle os visitou. Mas uma coisa é pensar sobre isso, e outra completamente
diferente é que isso realmente aconteça. Sirius não sabe por que, mas uma
parte dele não esperava. Talvez porque ele tenha passado anos de sua vida
apenas desejando que seus pais morressem, como se isso pudesse apagar tudo
o que eles fizeram ele e Regulus passarem, apenas para que isso realmente
acontecesse e ele descobrisse que não apaga.
Sirius teve uma guerra nele por meses depois que eles foram mortos.
Metade dele emaranhado com vergonha e esse desejo horrível por Walburga e
Orion que nunca existiu em primeiro lugar; a outra metade
simplesmente aliviada, por mais horrível que isso possa ser, porque eles
estarem mortos não pode mudar o que eles fizeram no passado, mas garante
que eles não possam fazer mais nada no futuro. A guerra se acalmou agora,
com o tempo, mas nenhum dos lados realmente ganhou. Ele apenas... deixou
pra lá. Ou, ele tentou. Ele ainda está tentando, e tenta um pouco mais a cada
dia.
Regulus, porém... Bem, ele amava seus pais. Ele ainda ama seus pais. Ele
nunca quis que eles morressem, apesar de todas as razões, seria perfeitamente
válido para ele desejar isso. Isso o atingiu muito, muito forte e não era uma
279
CRIMSON RIVERS
Então, é—bem, é um alívio para Sirius vê-lo melhor. Ele tem certeza que
um peso saiu de seu peito na primeira vez que James não voltou para casa
imediatamente depois de deixar uma de suas flores, e ele descobriu os dois
tomando chá em completo silêncio. Ele os deixou lá, esperando que fosse um
bom sinal.
E foi. Regulus tem se saído melhor, lenta mas seguramente. Não apenas
com a perda de seus pais, mas com muitas coisas, honestamente. Dois dias
atrás, Sirius apareceu na casa de Regulus sem avisar e eles entraram em uma
guerra de brigas que terminou com os dois subindo as escadas correndo,
empurrando um ao outro e insultando o outro durante todo o caminho, e no
topo, Sirius sem pensar jogou o braço em volta dos ombros de Regulus para
arrastar rudemente os nós dos dedos sobre sua cabeça, esquecendo por um
momento que Regulus odeia ser tocado. Exceto que Regulus se agitou e
esticou a cabeça para longe, mas ele não empurrou Sirius, até mesmo se
inclinando um pouco para ele enquanto eles tropeçavam, como se ele não
odiasse o contato.
É uma grande melhora em relação à briga horrível e feia que eles tiveram
na noite em que decidiram que misturar álcool com sua dor seria uma maneira
adequada de deixar seus pais irem. Parecia apropriado na época, mas, em
retrospecto, era uma ideia muito estúpida. Regulus acabou falando muita
merda para Sirius, gritando com ele sobre um monte de coisas, como ele era
um filho ruim e um irmão ruim e uma pessoa ruim, tudo porque Sirius fez o
comentário menos que inocente de que uma parte dele estava feliz que seus
pais estavam mortos, então eles não poderiam causar mais danos.
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ZEPPAZARIEL
dia novamente. Coisas como o quanto eles sentiram falta um do outro nos
dez anos que passaram separados. Regulus admitindo que sentia falta de
Walburga e Orion e nem tinha certeza do que estava sentindo falta. Sirius
sussurrando que desejava se lembrar mais deles, mesmo que as memórias que
ele teria fossem tão ruins quanto todas as outras, mas uma parte dele queria se
agarrar a elas de qualquer maneira. Ambos desmaiaram no chão da sala
principal da casa de Regulus e se arrependeram de todas as suas decisões no
dia seguinte, além de lutarem para se olhar nos olhos após a agitação
emocional da noite anterior.
"Ele disse?"
"Ele—bem, ele não prometeu nada, mas ele também não disse não,
então..."
A ausência de um não ainda não é um sim, e James sabe disso tanto quanto
Sirius, especialmente com Regulus, mas Sirius pode ver que James está tendo
esperanças de qualquer maneira. Sirius não vai fazer barulho de forma alguma,
mas ele realmente espera que Regulus venha.
Mas Regulus não aparece para o jantar, e Sirius faz uma careta cada vez que
vê James olhando melancolicamente na direção da porta. É provavelmente
uma das merdas mais comoventes que ele já viu. James está tão ridiculamente
apaixonado que Sirius nem zomba dele por causa disso, mesmo que seja pelo
irmão de Sirius. Sirius também não tem espaço para julgar por estar
ridiculamente apaixonado, porque não passa uma noite em que ele não se
arrasta até o telhado para falar com a lua.
281
CRIMSON RIVERS
A única coisa que ele pode fazer é viver um dia de cada vez, como diria
Remus, e assim ele faz. Alguns dias são melhores que outros, mas todos os
dias, ele sente falta de Remus da mesma forma.
Antes do jantar, James estava de bom humor, mas durante o jantar, ele fica
mais visivelmente abatido e subjugado. Sirius não costuma ficar bravo com
Regulus ou James em nome do outro—ele falou sério quando prometeu ficar
de fora—mas há alguns momentos em que ele não pode evitar. Esse é um
deles. Ele quer atravessar a rua e agarrar seu irmão teimoso e emocionalmente
atrofiado pela orelha e arrastá-lo até aqui, só para colocar um sorriso de volta
no rosto de James.
Sirius sabe, do jeito que um irmão sabe, que Regulus ama James com tudo
o que tem nele. Ele não tem dúvidas de que um dia, algum dia, Regulus estará
pronto para permitir que James o ame do mesmo jeito. Muito em breve,
provavelmente, pelo que ele viu. Regulus está chegando lá. Lenta mas
seguramente, ele e James estão chegando lá.
Effie percebe, também, porque ela discretamente leva Sirius para ajudá-la a
lavar a louça enquanto Monty vai ligar a televisão e James implora para tomar
um banho. Assim que eles estão sozinhos, ela murmura, "James teve um dia
ruim?"
282
ZEPPAZARIEL
"Bem, Regulus era... uma criança quieta e tímida que ficou acanhado no
momento em que eu sorri para ele. Um menino muito, muito gentil," Effie
reflete com um sorriso carinhoso. "Ele cresceu como um homem gentil."
"Sim," Effie confirma com uma risada. "A maioria não pensaria assim, mas
eu sei que sim. Eu o observei se levantar e se jogar em um rio de sangue em
um ato tão terno que eu nunca mais serei capaz de olhar para ele com nada
menos que puro amor. Todos os outros membros da família Black,
incluindo você, lutaram com garras e tentaram voltar para sua família, muitas
vezes para uma família que nunca os fez se sentir amados. Regulus? Ele lutou
com garras naquela arena, o tempo todo, por James. Ele é muito mais gentil do
que qualquer um acredita."
"Coisas delicadas são facilmente esmagadas. É por isso que elas são
embaladas com mais cuidado. Demora um pouco mais para desembrulhar,"
Effie diz a ele com sua marca especial de sabedoria que ele tem a sorte de ter
em sua vida há muito tempo. Ela sorri para ele e estende a mão para passar a
mão pelo cabelo dele, inclinando-se para beijar sua têmpora, então ela volta a
lavar a louça.
Eles ficam em silêncio por um tempo, e ele pode ouvir os sons fracos de
um chuveiro, junto com o som baixo de Rita Skeeter tagarelando ao longe na
tela. Na semana passada, para a preparação do anúncio do Memorial
Quarternário, os jogos vorazes anteriores foram revistos para uma atualização.
Destacando momentos da arena, da entrevista antes e depois, bem como os
comentários constantes de Rita.
283
CRIMSON RIVERS
Eles não os estão assistindo por razões óbvias, mas eles não têm muita
escolha esta noite.
Sirius nem tinha nascido quando o primeiro Mestre das Relíquias foi
assassinado. Gellert Grindelwald, morto em seu próprio castelo apenas alguns
meses após os 34º Jogos Vorazes. Ele não sabe muito sobre isso, apenas que
as pessoas nos distritos esperavam que uma mudança na liderança traria boa
sorte para os distritos.
Não trouxe.
Tom Riddle foi o próximo a se tornar Mestre, e Sirius também não sabe
muito sobre isso, já que foi antes de seu tempo, mas ele sabe que as pessoas
ficaram chocadas com o quão jovem Riddle era quando chegou ao poder.
Nem mesmo dezoito anos na época, se Sirius tiver os fatos corretos, mas
enquanto os do distrito estavam chateados, as Relíquias o amavam.
Uma das primeiras coisas que ele implementou foram jogos especiais em
memória do anterior Mestre da Relíquia. Assim, os 35º jogos foram alterados
com uma regra para permitir que os tributos colhidos escolhessem voluntários
para ir em seu lugar, com o problema de que eles só poderiam escolher de sua
própria família.
284
ZEPPAZARIEL
"Qual você acha que vai ser a regra?" Sirius não pode deixar de perguntar,
sua voz baixa, seu coração acelerando de medo.
"Eu não sei," Effie diz baixinho. Ela lava um prato e olha para frente, seu
olhar distante como se ela estivesse olhando para o passado e existindo lá
também.
~•~
Regulus chegou à conclusão de que olhar para uma porta e pensar em bater
não é a mesma coisa que bater de verdade. Ele não sabe por que é tão difícil
de fazer, mas ele está realmente lutando para levantar a mão. O primeiro
passo, e de alguma forma ele está conseguindo estragar tudo.
Bem, não, o primeiro passo foi realmente chegar na hora, mas ele estragou
tudo também. Foi culpa dele. Ele não tem certeza do por que importava tanto
para ele o que ele usava, e ele não esperava que isso importasse, ou talvez ele
tivesse se vestido mais cedo do que ele se vestiu. Mas ele não estava ciente de
que isso o levaria a uma crise leve na qual ele despejou basicamente todo o seu
armário, trocou de roupa pelo menos seis vezes, então de alguma forma
acabou no chão com a cabeça entre os joelhos, tentando não chorar porque
ele percebeu que já estava atrasado e ainda não tinha encontrado roupas que o
fizessem se sentir apresentável o suficiente para aparecer em primeiro lugar.
Ele não tem ideia do porquê, além do fato de que ele se importa com o que
James pensa dele, o que é tão estúpido, porque James literalmente o viu no seu
pior e isso não o impediu de sentir por Regulus o que ele sente.
Então, Regulus estava atrasado para o jantar e decidiu simplesmente não ir,
já que ele já estava atrasado, mas então ele continuou pensando em como
James realmente parecia querer que ele viesse, e honestamente, Regulus
realmente queria ir. Quanto mais ele pensava nisso, mais o desejo se instalava
dentro dele, porque ele realmente não quer assistir ao anúncio do Memorial
Quarternário sozinho.
Ele também gostaria de escolher estar lá para Sirius pelo menos uma vez em
sua vida, e é Sirius quem realmente vai precisar de apoio esta noite, já que o
anúncio vai afetá-lo mais. Então, Regulus se convenceu a voltar.
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CRIMSON RIVERS
E agora ele não consegue descobrir como bater, e a porta não se abrirá
magicamente para ele, então ele está meio—
A porta se abre magicamente sem nenhum aviso, e Monty pisca para ele
enquanto segura um saco de lixo na mão, claramente prestes a sair e jogá-lo na
grande lixeira no canto de sua propriedade.
"Você vai entrar?" Monty pergunta. "Você acabou de perder o jantar, mas
eu poderia fazer um prato para você, se você quiser."
"Oh, ah, obrigado, mas eu comi," Regulus admite timidamente, porque ele
de fato colocou para dentro dois sanduíches antes de sair de casa por estar
atrasado para o jantar, e sim, ele quase chorou com as migalhas que ficaram
em sua camisa, e ele também tinha certeza de que seus pais estavam rolando
em seus—bem, eles não tinham túmulos, então seus túmulos metafóricos, por
como ele empurrou aquelas migalhas de sanduíches de volta sem qualquer
educação.
"Tudo bem, entre," diz Monty agradavelmente, dando um passo para trás
para deixá-lo entrar. Assim que o faz, seus lábios se contorcem quando ele
inclina a cabeça e chama as escadas, "James, apresse-se no chuveiro, Regulus
está aqui!"
"O QUE? ELE ESTÁ?!" É o grito que volta para baixo, seguido por uma
série de baques altos e xingamentos abafados.
Monty ri baixinho, então olha para Regulus com carinho. "Meu pobre
filho. Tudo bem, eu já volto. Sirius está na cozinha com Euphemia se você
quiser ir vê-lo."
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ZEPPAZARIEL
Antes que Regulus possa dar um passo, a cabeça de Sirius aparece pela
porta da cozinha. Ele pisca. "Reggie?"
"Altas chances disso, na verdade, com os horrores que meu cérebro gosta
de inventar."
"Não sei por que seu cérebro teria que inventar alguma coisa quando tudo
que você precisa fazer é olhar no espelho."
Sirius abre a boca como se estivesse prestes a responder, mas ele a fecha
novamente quando Effie aparece na porta, sorrindo enquanto diz, "Com
fome, querido? Eu posso fazer um prato para você."
Sirius faz uma careta, e Effie ri enquanto acena para os dois na cozinha.
Regulus cede e concorda com chocolate quente quando Effie oferece
novamente, o que faz Sirius parar de resmungar baixinho. Regulus fica de lado
e observa em silêncio enquanto Effie e Sirius trabalham juntos para fazer as
bebidas, movendo-se fluidamente um ao redor do outro com uma
familiaridade que o próprio Regulus nunca teve—com ninguém,
honestamente.
Effie conversa um pouco com ele, pede para ele passar uma ou duas
canecas para ela, repreende Sirius quando ele esguicha creme diretamente em
sua boca, e é—legal. Ele se sente do lado de fora, mas ele se sente do lado de
fora de muitas coisas, e ele acha que sempre se sentirá. Na maioria das vezes,
ele nem se importa. Este é um daqueles casos em que ele está bem com isso,
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CRIMSON RIVERS
onde é quase reconfortante apenas ficar nos bastidores e assistir, onde ele não
está com inveja ou anseio, apenas feliz em testemunhar.
James cantarola. "Tudo bem. Você está aqui agora. Mas você está com
fome? Eu posso fazer um prato para você."
"Mas Effie não pode deixar você de mãos vazias, então temos chocolate
quente!" Sirius anuncia brilhantemente, parecendo absolutamente encantado
enquanto segura sua caneca entre as palmas das mãos.
"Regulus, eu vou ter que pedir para você vir mais vezes," James diz,
ansiosamente estendendo suas mãos com um sorriso, e Sirius ri enquanto ele
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ZEPPAZARIEL
senta sua própria caneca para passar uma para James, então mais uma para
Regulus.
Effie não é muito discreta sobre levar a si mesma e Sirius da cozinha logo
depois disso, embora isso seja parcialmente apenas porque Sirius não percebe
que é isso que ela está fazendo, então ele continua falhando em perder suas
deixas, e ela finalmente o empurra gentilmente pelo ombro e praticamente o
arrasta para fora do lugar. Regulus cora atrás de sua caneca de chocolate
quente, tentando se esconder, e pela primeira vez, James parece tão confuso
quanto ele.
E ele está, essa é a coisa. Ele está tão feliz por estar aqui agora; ao lado de
James, perto de James, olhando para James, tendo a sorte de existir ao mesmo
tempo que James. É tão insuportável e inexplicavelmente bom estar perto
dele, estar com ele. Isso deixa Regulus feliz. Tão feliz.
Também faz com que ele sinta que vai desmoronar, mas não do jeito que
costumava acontecer. Ele não suportava ser tocado antes, e agora é tudo o
que ele quer que James faça. Tocar ele. Só tocar ele. Por favor, por favor,
toque ele. Seja como for, como quiser, Regulus não se importa. Ele anseia
pelas mãos de James com um desespero que ele nunca pensou que alcançaria
novamente, depois da arena, mas aqui está ele, e ele não esqueceu.
Ele não esqueceu o que é ansiar por James. Ele ainda sabe o que é desejá-
lo tanto que estaria disposto a se ajoelhar no altar de James Potter
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CRIMSON RIVERS
e implorar; ele cairia de quatro e rastejaria se fosse preciso, se isso provasse sua
devoção. Ele é a manifestação do anseio construído sem ter para onde ir, e ele
anseia, deseja, suplica.
A coisa insana sobre tudo isso é que Regulus poderia literalmente... ter isso.
Tudo isso. Qualquer coisa. Se ele pedisse, James o tocaria. Ele sabe disso.
Ele pensa muito, o mais alto possível. Por favor, me toque, ele vai pensar
repetidamente, olhando para James e quase desejando que James pudesse ler
sua mente. Oh, se James pudesse ler sua mente, até ele provavelmente ficaria
atordoado—possivelmente até um pouco horrorizado—com o discurso
absoluto de pura obsceno que invadiu a cabeça de Regulus apenas nesta última
semana.
James literalmente não pode fazer nada sem Regulus querer arrancar suas
roupas e pular em seus ossos. Mas, acima de tudo, ele só quer as mãos de
James sobre ele, o peso e o calor delas pressionados contra ele por toda parte,
em qualquer lugar, por favor.
290
ZEPPAZARIEL
Então, na verdade, ele não conhece outra forma de comunicar seus desejos
sem apenas esperar que James perceba, ou apenas que fique descarado o
suficiente para ele agir por conta própria, enquanto Regulus participa
alegremente.
Nem passa pela sua cabeça que ele pode fazer isso sozinho, até que eles
terminem o chocolate em um silêncio confortável, e James se vira para levar
sua caneca para a pia. Regulus segue atrás dele automaticamente, apenas para
James virar de volta muito abruptamente e dizer, "Ah, merda, me deixe levar o
seu também, se você—" e não continua, porque Regulus literalmente apenas
esbarra diretamente nele. Tipo, direto no peito dele. Ele até quica um pouco
com um piscar de olhos, porque James é... firme.
Oh, olá, eu estou em casa de novo, pensa Regulus, ou talvez ele apenas sinta,
sempre sentindo sempre que James está perto dele, na ponta dos dedos. Tão
perto, e ainda assim, não perto o suficiente. Regulus o quer mais perto. Ele
quer estar mais perto.
É ao mesmo tempo tão fácil e nada fácil deslizar a mão pelo braço de
James e dar um passo à frente para pressioná-lo mais uma vez, e ele não
percebe que está prendendo a respiração até que ela escapa dele em um
suspiro agudo e trêmulo no momento em que ele cede ao calor que James
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CRIMSON RIVERS
carrega com ele onde quer que vá. Já faz meses desde a última vez que
Regulus esteve em seus braços, com essa distância da Relíquia, e já faz muito
tempo. Regulus desliza o braço para cima para amarrar a nuca de James, então
faz o mesmo com o outro, seus olhos se fechando enquanto ele se derrete
nele de uma vez.
"Reg?" James murmura, sem se mover, sem retribuir o abraço. Suas mãos
pendem ao lado do corpo, esperando.
"Você pode, James. Você pode me tocar. Por favor," Regulus responde,
não querendo que a última palavra saia de sua boca, mas acontece, e ele não
pode voltar atrás agora. Ele não tem tanta certeza de que faria de qualquer
maneira, porque assim que ela cai de seus lábios, os braços de James voam
para envolvê-lo, instantaneamente, com sinceridade.
É diferente aqui, assim, na cozinha de James sem mais ninguém por perto,
só eles, sem olhares indiscretos e sem expectativas. É diferente depois do
tempo, depois que eles tiveram tempo para se ajustar, depois que eles
chegaram a um ponto em que tentar não é uma tarefa assustadora na qual eles
podem se afogar, mas uma possibilidade brilhante de que eles estão ansiosos
para pular direto para o fundo. James nunca o deixaria se afogar, ele sabe
disso; ele não sabia, depois de tudo, mas nunca foi sobre isso; sempre foi
sobre Regulus precisar aprender a nadar sozinho. Regulus pode nadar agora.
Ele está pronto para nadar.
"Você está tremendo," James sussurra, sua mão gentilmente varrendo para
cima e para baixo nas costas de Regulus.
James, a alma pura que é, não chama a atenção para isso, nem faz
perguntas. Ele apenas segura Regulus em um aperto firme e continua a
acariciar suas costas, deixando Regulus soluçar, deixando Regulus tremer e
deixando Regulus se acalmar.
"Lembra daquela vez que eu te disse que continuaria esperando por nós?"
James pergunta baixinho.
292
ZEPPAZARIEL
"Eu ainda estou," diz James. Regulus solta uma risada rouca e sufocada e
se agarra a ele ainda mais forte. James dá um beijo fugaz na lateral de sua
cabeça, em seu cabelo, e Regulus praticamente fica mole contra ele. Ele
quase choraminga. "Acho que, agora mais do que nunca, eu tenho motivos para
ter esperança. Não tenho? Eu tenho?"
~•~
Tudo bem, então talvez James esteja andando nas nuvens no momento,
mas ele está tranquilo. Na verdade, ele está sendo muito normal sobre isso, se
você ignorar o fato de que literalmente cada parte dele está formigando e seus
braços parecem permanentemente deformados para a forma do corpo de
Regulus. Ele tem certeza de que está prestes a começar a flutuar.
"Obrigado, Rita," Riddle murmura assim que ele está na tela, olhando
direto para a câmera. Ele parece estar em uma mesa, suas mãos entrelaçadas
casualmente em cima. Há um sorriso cordial em seu rosto, e seus olhos—
geralmente tão vazios—brilham com um prazer não dito que faz o coração de
James afundar em seu peito. "Assim como em cada Memorial Quarternário,
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CRIMSON RIVERS
"Cinquenta anos atrás, nós tivemos os primeiros jogos vorazes com uma
regra alterada, e o Memorial Quarternário nasceu," explica Riddle. "A cada
vinte e cinco anos após os primeiros jogos alterados, temos o Memorial
Quarternário para lembrar o Mestre anterior que nos foi tirado cedo demais,
um evento especial em sua homenagem que, se estivesse vivo hoje, acredito
que estaria verdadeiramente honrado por isso."
"Ele não era," murmura Monty. "Grindelwald, quero dizer. Eu ainda era
muito jovem quando ele foi assassinado, mas lembro que meus pais ficaram
aliviados com a notícia. Grindelwald era jovem, vinte e seis anos, acredito. Ele
tinha sido um Mestre por oito anos antes de morrer. Muito jovem quando
assumiu o cargo, e ainda assim, Riddle era ainda mais jovem."
"Não havia um," diz Monty. "Os primeiros vinte e seis jogos vorazes não
eram... o que são agora. A Relíquia costumava ser uma democracia, há muito
tempo, dirigida por um conselho de pessoas em vez de apenas um, mas
Grindelwald de alguma forma conseguiu mudar isso, e com isso, os próprios
jogos vorazes. Costumava ser..."
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ZEPPAZARIEL
adorado, se isso faz sentido. Não havia como eles manipularem para tornar
desejável para assistir, mas aparentemente Grindelwald o transformou no que
é agora."
"Tiramos o chapéu para quem o matou, então," Sirius declara com firmeza.
"Espero que aquele filho da puta não esteja descansando em paz, na verdade.
Eu adoraria que fizessem o mesmo com Riddle também."
Riddle ainda está falando na tela, embora o que ele está dizendo, James não
possa dizer. Ele não consegue ouvir além do tom alto em sua cabeça que está
lentamente, cada vez mais alto. Ele está apenas olhando para a tela,
observando a boca de Riddle se mover, e então Rita aparece na tela ao lado,
olhando para a câmera com os olhos arregalados.
"Não. Não, não—de novo não. Não—" Monty engasga e abaixa a cabeça
para frente antes de sair da sala completamente, marchando pelos degraus.
Uma porta bate ao longe, e então outra bate muito mais perto.
~•~
Ele não sabe há quanto tempo ele está fora quando volta, mas não está no
mesmo lugar que estava. Ele está na cozinha, sentado ao lado de James,
enquanto Effie anda de um lado para o outro em completo silêncio. Sirius
pisca e olha para James, que está visivelmente abalado, o branco de seus olhos
mostrado com medo descarado enquanto observa cada movimento de sua
mãe. Sirius olha ao redor, mas Monty não está aqui, e nem Regulus.
"Tenho certeza de que ele foi para casa," murmura Effie, parando de
repente e encarando os dois. "Sente-se, Sirius. Há algo que eu preciso dizer
antes de você ir até ele."
Sirius se senta, apesar de todos os instintos gritando para ele ir até seu
irmão agora. James—ele tem Effie e Monty, e é claro que ele tem Sirius
também, mas Regulus? Ele não tem ninguém agora, e ele precisa de Sirius. Ele
tem que precisar. Sirius precisa que Regulus precise dele, porque ele também
precisa de Regulus.
Sirius passou tanto tempo pensando nela como uma mentora que ele não
pensou em como ela é uma Vitoriosa também, na linha como o resto deles.
Sirius passou tanto tempo pensando nela como mãe que não se preparou para
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ZEPPAZARIEL
perdê-la, porque uma verdadeira mãe não é alguém que você possa suportar
perder.
"Se seus nomes forem chamados, eu estarei me oferecendo para ir nos seus
lugares," Effie continua descaradamente, "E—não, não me interrompa, James
Potter—"
"Isso não é justo, mãe!" James explode de qualquer maneira, quase saindo
de sua cadeira. "Você não pode simplesmente—simplesmente nos dizer que
não podemos nos voluntariar por você, mas se virar e dizer que você vai se
voluntariar por nós!"
"Eu posso, e eu vou. Sente-se," Effie retruca, e James cai de volta em sua
cadeira. Ela o encara. "Você é meu filho, e eu sou sua mãe. Eu sou
sua mãe, então eu vou—"
"Eu sou," Effie informa a ele, seu tom cortante, e embora eles nunca
tenham dito isso em voz alta antes, ele já sabe disso. "Você é meu filho, e eu
vou me voluntariar no seu lugar, se isso acontecer."
Sirius engole. "Eu não posso deixar você fazer isso, Effie."
"Você não pode me parar, e não vai," Effie diz simplesmente, seu olhar
passando entre Sirius e James. "Eu vou me oferecer como voluntária por
qualquer um de vocês, e eu vou fazer com que quem quer que eu vá para
aquela arena chegue em casa, entende? E eu não vou ouvir uma palavra de
protesto de nenhum de vocês. E nenhum de vocês vai se voluntariar em meu
nome se ele for chamado. Me prometam. Agora. Vocês dois." Eles não falam,
e ela bate a mão no balcão, fazendo-os sacudir. "Me prometam."
"Mãe—"
"Agora, James."
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CRIMSON RIVERS
Effie varre o olhar entre eles, então exala pesadamente e se inclina para
trás. "Bom. Agora, se vocês me dão licença, eu tenho que ir consolar meu
marido."
Com isso e nada mais, Effie sai da cozinha, com as costas retas e rígidas, os
lábios pressionados em uma linha fina enquanto ela vai. Sirius e James ficam
em silêncio por um longo momento, e então eles se olham, e isso é tudo o que
é preciso.
"Você a ouviu; ela é minha também. Ela é—James, ela foi minha mentora.
Eu—eu nem estaria aqui se não fosse por ela," Sirius engasga. "Por favor, só—
por favor, não—"
"Eu não vou deixá-la voltar," James rosna, "E eu não vou deixar você
tomar o lugar dela, Sirius. Eu simplesmente não vou."
"E abandonar seu irmão?" James pergunta friamente, segurando seu olhar.
Regulus.
Seu irmãozinho.
298
ZEPPAZARIEL
James engole em seco. "Desculpe. Isso foi—eu não deveria ter dito isso.
Eu—"
James não, ele pensa desesperadamente. James não, James não, James—
"Sirius?" James murmura, sua voz trêmula como uma criança pequena,
tanto remorso em seus olhos que chega a doer. Sirius sabe que James não
queria machucá-lo; ele estava apenas tentando ser quem toma o lugar de sua
mãe, outra maneira de manter Sirius fora disso.
Exceto que não há como manter Sirius fora disso, ou Regulus, ou Effie, ou
James. Existem quatro opções, dois nomes chamados e seis maneiras
diferentes de isso acontecer, sem incluir todas as maneiras pelas quais eles
poderiam chegar a essas maneiras se o voluntariado entrar em jogo. Duas
pessoas não vão voltar para a arena, o que significa que Sirius pode tomar o
lugar de Effie, ou James, ou Regulus, mas um dos outros ainda estará com ele
de qualquer maneira.
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"Você não pode pedir isso de mim," James resmunga, seus olhos
visivelmente cheios de lágrimas. "Você não pode—"
"Eu posso e eu vou," rebate Sirius, e James puxa sua mão, sua garganta
balançando duramente, para cima e para baixo. "Eu nunca, nunca vou ser
capaz de viver comigo mesmo se você fizer isso, entende? A culpa—James, se
a arena não me matasse, isso mataria."
"Isso vai me matar. Você vai me matar. Eu—eu preciso que você não faça
isso. Eu preciso que você me prometa que não vai," Sirius insiste.
"Eu não sei," Sirius murmura. "Eu tenho que ir falar com ele. Eu vou fazer
ele prometer também. Mas eu estou aqui com você agora, e eu não vou sair
até que você prometa."
"Você tem que prometer também," James diz a ele, mantendo seu olhar
firme. "Se eu vou prometer, então você tem que prometer não se voluntariar
por mim. E falar sério. Você tem que falar sério."
Isso fica entre eles por um longo momento, um momento pesado onde
algo insondável passa entre eles, um simples entendimento conjunto do
quanto dói estar nessa posição. Como é impossível ficar preso aqui, incapaz
de se separar para proteger e salvar todos ao seu redor, ambos desejando fazer
exatamente a mesma coisa. É agonizante olhar um para o outro com o
impulso de proteger um ao outro; é tão horrível olhar um para o outro e ver o
desespero ecoado para proteger as mesmas pessoas que não são eles. Effie e
Regulus, eles compartilham isso entre eles, aqui e agora, como um dos piores
segredos que já ouviram.
Não ser voluntário vai contra sua natureza em todos os sentidos. Sirius já
fez isso uma vez, e faria de novo mais três vezes por cada um deles. James
também fez isso uma vez, à sua maneira, planejando morrer para levar
Regulus para casa da arena, embora felizmente isso tenha ido em uma direção
melhor. Sirius tem a sensação de que não há como escapar disso, não desta
vez.
300
ZEPPAZARIEL
Eles são criaturas indefesas presas nas garras da vida, sem saída, sem
maneira de se libertar. Eles não podem fazer isso e, no entanto, não têm
escolha. Isso é o que é, e Sirius só consegue pensar em como isso o afetaria,
como realmente o mataria, se James entrasse naquela arena em seu lugar. Ele
não sobreviveria a isso e sabe que isso o mudaria irrevogavelmente. Ele sabe
que seria a pior coisa que James poderia fazer com ele.
E ele sabe que, fazer ao contrário, seria exatamente o mesmo para James.
Isso o arruinaria. Então, Sirius engole enquanto pisca duramente e diz, "Eu
prometo, James."
"Ok," James suspira, piscando forte e rápido, nem mesmo parecendo notar
as lágrimas que escorrem de seus olhos. "Ok, então eu—eu prometo também.
Nada de se voluntariar um para o outro."
"Eu tenho que ir," Sirius sussurra, sua visão embaçando, e James assente
antes de deixar sua cabeça cair nas mãos. Sirius quer confortá-lo, mas ele tem
que chegar a Regulus e resolver isso; ele tem que arrancar uma promessa dele
também.
~•~
Sirius está sentado à mesa da cozinha de Regulus com dois copos cheios de
uísque—o tipo de coisa fina que Orion sempre gostou de ter à mão—quando
Regulus chega em casa.
301
CRIMSON RIVERS
Mas ele não o fez. Ele ainda está aqui e ainda há mais para suportar. Ele
não podia fazer nada sobre isso, então ele se levantou e voltou para casa, onde
Sirius claramente estava esperando por ele.
Regulus olha para ele e se lembra de ser um menino com cara de bebê,
tendo acabado de fazer quinze anos, saindo para o centro do pátio na primeira
vez que foi colhido, apenas para o seu irmão mais velho sair tropeçando, sua
voz um apelo desesperado quando ele se ofereceu em seu lugar.
Já se passaram quase onze anos, e qual era o ponto? Qual era o ponto de
tudo isso? Olhe para eles. Aqui estão eles. Todas as escolhas que eles fizeram,
mesmo tão jovens, os levaram até aqui.
"Você não pode fazer isso de novo," Regulus rosna, sua garganta dolorida
e ardida, seu corpo inteiro. "Eu quase não te perdoei da última vez, e eu não
vou desta vez."
"Você não pode fazer isso de novo, Sirius," Regulus sussurra, sua voz baixa,
uma nota desesperada e suplicante. Ele está se expondo, se abrindo na frente
de seu irmão, nu para ele e vulnerável. "Por favor, não se voluntarie por mim
de novo. Por favor."
Os olhos de Sirius se fecham, e ele pressiona o copo contra sua testa, seu
rosto contorcido. O momento se estende entre eles, e o coração de Regulus
bate mais forte a cada segundo que Sirius não responde. Regulus não sentia
terror assim desde os quinze anos, particularmente esse tipo de terror, o medo
avassalador de saber que ele será o culpado por tudo que Sirius sofre, assim
como sempre foi.
302
ZEPPAZARIEL
Cada grama da dor de Sirius pode ser originada de volta a um lugar. Uma
pessoa. Regulus. Mesmo quando criança, todos os golpes que ele levou por
ele, todas as punições que ele se ofereceu para ter para que Regulus não
tivesse, todos os abusos que ele carregou para que Regulus não precisasse. E a
arena, onde Sirius derramou sangue e tirou vidas em seu nome, onde sua vida
foi destruída e alterada, onde ele carregou feridas e cicatrizes e tragédias
apenas para que Regulus pudesse viver.
"Sirius. Sirius," Regulus engasga, quase frenético agora, e ele não quer sair
da cadeira, mas é isso que acontece. Lá vai ele, girando ao redor da mesa para
se agachar ao lado da cadeira de Sirius e pressionar as mãos trêmulas em seu
braço deitado na mesa, puxando sua manga como se não fosse nada mais do
que uma criança novamente. "Olhe para mim. Olhe para mim, Sirius, por
favor."
"E se—"
"Não. Não, nós não estamos falando de mais nada, nenhuma outra
possibilidade. Nós estamos falando sobre isso. Sobre o que acontece se meu
nome for chamado. Me prometa, Sirius."
"Você não pode fazer isso de novo. Por favor, não faça isso de novo, não
tome o meu lugar de novo, porque eu—eu—" Eu te amo, eu te amo, eu também te
amo, Regulus pensa, tentando forçar as palavras, mas elas não vêm. Ele mal
consegue respirar. "Eu não vou ser capaz de perdoar você dessa vez, Sirius, se
você fizer isso. Tudo o que nós acabamos de voltar, tudo o que nós
trabalhamos juntos para ter todos os dias, tudo isso terá desaparecido. Vamos
nos perder de novo. Você vai me perder. Então, por favor, apenas—apenas
escolha ficar comigo dessa vez. Por favor."
303
CRIMSON RIVERS
Sirius segura a parte de trás de sua cabeça por um momento, sua palma um
peso quente de conforto que faz os olhos de Regulus arderem. Por um
instante, os dois ficam ali, simples assim, e então Sirius puxa seu cabelo para
fazê-lo levantar a cabeça. Ele segura o olhar de Regulus e exige, "Agora, você.
Sua vez. Me prometa o mesmo."
"Regulus," Sirius diz rispidamente, tão ríspido que Regulus pode ouvir sua
mãe em sua voz.
A pior parte é que Regulus não pensou nisso. Sua mente estava muito cheia
de outras coisas, outros medos, outras preocupações. Mas pode acontecer.
Essa é uma realidade que ele não sabe como enfrentar, que o nome de Sirius
poderia ser chamado, e Regulus deveria apenas—o que, ficar em silêncio? Não
fazer nada? Nem retribuir o favor? Sirius fez isso por ele. Regulus deveria—
ele deveria—
"Se você não pode prometer, então eu também não," declara Sirius,
soltando a mão do cabelo de Regulus para agarrar seu ombro e sacudi-lo um
pouco. "Você entende o que eu estou dizendo, Regulus? Isso tem que ser uma
304
ZEPPAZARIEL
troca igual. Eu preciso que você me prometa, e é melhor você não mentir
quando fizer isso."
Certo. Porque é claro que é assim que tem que funcionar, para que tudo
isso funcione. Regulus reconhece isso, o que é se esforçar e exigir o mesmo
um do outro, porque eles passaram um ano fazendo exatamente isso. Eles
passaram um ano tentando tanto, trabalhando juntos para chegar a este ponto,
e agora eles têm que lutar contra todos os instintos de deixar isso desmoronar
novamente.
Então, ele inspira e expira e luta. Ele olha para Sirius, olha para ele e
afunda na crença daquele irmãozinho jovem de que o nome de Sirius não será
chamado, e ele acena com a cabeça. Ele engole e diz, "Ok."
"Você sabe que eu te amo, certo?" Sirius pergunta, sua voz falhando, as
palavras suaves como uma pena, mas tão pesadas com uma sinceridade
infinita, vindo direto do coração.
305
CRIMSON RIVERS
40
VOLUNTÁRIOS
Um chapéu muito, muito velho com uma bola fofa em cima que
costumava ter um sino funcionando, mas não tem mais. Regulus não o vê há
literalmente onze anos, exatamente.
Tem sido difícil para eles desde o anúncio. Por uma semana inteira, James
não saiu de casa—não saiu do lado de seus pais, e Monty tem estado uma
bagunça, de acordo com Sirius—e Regulus estava basicamente na mesma
situação. Mesmo que James tivesse se incomodado em vir, Regulus não teria
306
ZEPPAZARIEL
saído da cama para deixá-lo entrar. A única razão pela qual ele saiu da cama
quando finalmente o fez foi porque Barty o persuadiu a sair.
Porra, Regulus estava com raiva por ele ainda estar tentando. Não importa
como isso aconteça, a chance deles—se foi. Regulus cometeu o erro de pensar
que eles realmente conseguiriam o que eles queriam, apenas para ter isso
arrancado dele imediatamente depois. Ele não conseguia entender como
James podia suportar isso, podia suportar ainda trazer flores para ele, ainda ter
esperança quando não havia mais a maldita esperança para elas. Ele estava tão,
tão bravo.
Uma vez que ele começou a pegá-las novamente, ele abriu a porta para
deixar James entrar, e eles tiveram uma conversa muito, muito difícil.
"Você não pode se voluntariar por mim," disse Regulus. Foi a primeira
coisa que ele disse. Era o que precisava ser dito, a coisa que estava entre eles,
um tópico que eles ainda não haviam abordado.
Foi uma briga. Mais ou menos. James estava na maior parte do tempo
implorando, muito perto de um colapso interior, querendo encerrar a
conversa e se afastar dela. Irritado por Regulus exigir isso dele. Uma
promessa, uma que ele honraria, uma que ele olharia Regulus nos olhos e
falaria sério.
Regulus, teimoso como ele é, não iria deixar passar. Mesmo quando James
chorou. Mesmo quando ele estendeu a mão para ele e implorou. Ele ficou ali e
abriu James para alcançar as profundezas dele e esculpir a promessa que ele
precisava. Ele recebeu.
307
CRIMSON RIVERS
prometeu, com os olhos fechados e o coração partido. Foi a última vez que
eles se falaram, a última vez que se tocaram, porque Regulus não abriu a porta
novamente para deixá-lo entrar até hoje.
E agora, aqui estão eles. James parado em sua porta com um chapéu, e
Regulus de pé na frente dele, querendo deixá-lo entrar, querendo-o tanto que
ele não consegue respirar.
"E-Eu só pensei que você gostaria disso de volta agora," James resmunga,
ansiosamente flexionando os dedos ao redor do chapéu em suas mãos. "Eu
sei que você não quer me ver—"
"Ok, s-sim, ok," James engasga, tropeçando para frente com o chapéu
pressionado em seu peito, agarrando-se a ele.
Regulus leva James para dentro e sobe as escadas, estendendo a mão para
trás para pegar uma das mãos de James no caminho, oferecendo equilíbrio
porque ele não está com a sua bengala hoje. Deve significar que sua perna não
está lhe causando problemas, mas as escadas são sempre irritantes para ele,
Regulus notou. Ele planejou pedir a Sirius para construir um daqueles
assentos para carregar James em sua casa também, mas ele supõe que não há
sentido agora.
James nunca esteve em seu quarto, mesmo que tenha visto vislumbres dele
pela janela. Ele não está realmente em condições de absorver tudo, chorando
como está, e não há muito o que ver de qualquer maneira. Regulus tira o
chapéu das mãos de James e gentilmente o coloca na mesa antes de se sentar
na cama e puxar James para perto dele. James vem de bom grado.
308
ZEPPAZARIEL
"Shh, não se preocupe com isso, James. Venha aqui," Regulus murmura, se
acomodando e puxando James para perto. James se aconchega ao seu lado e
enterra o rosto no peito de Regulus, chorando e tremendo. Regulus acaricia
suas costas e repetidamente passa a mão pelo cabelo de James.
"Eu não sei como vou fazer isso," James resmunga. "Como eu posso não
fazer nada se seu nome for chamado? E Sirius—"
James engole em seco. "Eu sei, e eu—eu não vou me voluntariar, mas não
importa o que aconteça, vai partir meu coração. Eu espero que meu nome seja
chamado. Eu espero que seja eu."
"Eu te amo," James sussurra. "Talvez você odeie ouvir isso, mas eu te amo
tanto, Regulus. Tanto."
"James—"
Regulus avança para cortá-lo com a boca, porque ele não pode evitar,
porque ele quer. Porque por que ele não deveria? Porque qual é o sentido de
não fazer isso, quando não há sentido em fazer isso em primeiro lugar? É
tudo tão inútil.
Exceto.
309
CRIMSON RIVERS
"Oh," Regulus engasga com uma risada áspera e dolorida, sem fôlego
enquanto ele balança para trás para olhar para James, que está olhando
diretamente para ele, suplicante. "Isso vai doer."
E isso vai. Claro que vai, porque eles são uma grande, grande tragédia. Isso
é o que eles são; isso é o que eles sempre foram; isso é tudo que eles vão
conseguir ser. Não há como mudar isso agora, não importa o que eles façam,
não importa o quanto tentem.
"Desculpe. Eu sinto muito. Eu não deveria ter feito isso," James diz,
fechando os olhos.
"Fui eu. James, fui eu," Regulus diz a ele, porque foi. Ele sabia que James
iria se culpar. Ele genuinamente não parece perceber isso, como se o conceito
de Regulus escolhendo beijá-lo fosse impossível. Seus olhos se abrem, cheios
de confusão, e Regulus sente uma onda de raiva interior por
sempre, sempre fazer James duvidar do quanto Regulus o quer.
Regulus não consegue beijar James sem perder a noção de todo o resto, de
qualquer outra coisa. É apenas James. Apenas James.
James.
James.
James.
"Não, não, está tudo bem. Está—" A respiração de Regulus fica presa em
sua garganta, porque James simplesmente enfiou a mão na camisa de Regulus
e congelou no momento em que percebeu o que fez. Ele não está tocando em
nenhuma cicatriz, mas Regulus suspeita que ele esteja preocupado com isso.
Regulus recua um pouco para encontrar seus olhos arregalados. "Você pode
ver. Eu vou deixar você ver. Você só—você tem que me prometer que você
não vai—que você vai fingir que eu—"
James pisca, então bufa uma risada fraca. "Certo, bem, esse é um
argumento sólido, eu admito."
311
CRIMSON RIVERS
Lentamente, ele se abaixa para agarrar a bainha de sua camisa, suas mãos
tremendo, e ainda leva um minuto inteiro para se mover. Ele fecha os olhos,
apertando-os bem apertados, e então ele tira a camisa. Há silêncio. Nenhum
deles está respirando, e Regulus não abre os olhos para ver a reação de James.
"Você acha que isso deixa você menos lindo?" James pergunta suavemente.
"Porque não deixa. Não deixa, Regulus."
E é isso. James Potter desmonta todo o seu medo em apenas três frases, e
a verdade em seus olhos. Regulus não queria, mas seus ombros se erguem, e
ele não está chorando, mas está perigosamente perto de fazer exatamente isso.
Toda a luta sai dele de uma vez, e ele cai, engasgando com uma respiração
áspera que pode ser uma risada ou um soluço, ou ambos. James chega mais
perto, cuidadosamente estendendo a mão para pegar a mão de Regulus, e
então ele se inclina e beija as cicatrizes na parte interna de seu antebraço. Elas
estão pálidas e desbotadas agora, mas para sempre arrancadas, amassadas
pelas garras que cavaram em sua pele. Os lábios de James estão quentes contra
elas.
Regulus chora, então. Ele não pode evitar, porque as cicatrizes sempre
foram como a morte para ele, como a morte permanentemente gravada em
sua pele, e James está respirando a vida de volta para ele.
312
ZEPPAZARIEL
A pior está em seu peito, bem acima do coração, onde a mão fria e
penetrante tentou arrancá-lo. Uma parte de Regulus acreditou por muito
tempo que ela realmente conseguiu. Toda vez que ele olha para James, ele se
lembra de que não.
Deixou para trás uma cicatriz mutilada e elevada, a pele cheia de nós e
irregular. James a beija como se não fosse diferente do resto.
James levanta a cabeça e encontra seus olhos. "Você olha para mim de
forma diferente pela minha perna?" Regulus balança a cabeça. "Então por que
isso seria diferente, amor?"
"Porque você me implorou para não fazer isso," Regulus murmura. "Você
disse—você me disse que nunca me perdoaria, e agora você tem que olhar
para mim e ver—sempre ver—"
"Eu olho para você e vejo você," James interrompe. Ele levanta a mão e
cobre a pior cicatriz, nem mesmo olhando para ela. "Eu nunca quis—" Ele
engole, então suspira. "Eu poderia olhar para suas cicatrizes e me culpar por
elas, ou até mesmo culpar você, mas a verdade é que nenhum de nós foi
culpado pelas coisas que passamos naquela arena. No final do dia, você é
Regulus."
313
CRIMSON RIVERS
Regulus tem que beijá-lo por isso, de verdade. Ele enfia os dedos no cabelo
de James e freneticamente o puxa para outro beijo, seu peito arfando
enquanto suas emoções borbulham e ameaçam sair dele. Ele pensa sobre isso,
o jeito que James disse uma vez que a arena—as Relíquias—poderiam mudá-
los, mas não poderiam tirar quem eles são deles, e a ideia de que Regulus está
incluído nisso, para James, o envia em espiral.
Com cicatrizes e tudo, ele sempre será o Reg de James. Tem um belo toque
de finalidade, algo resoluto, algo seguro e protegido.
"James—"
"Me dê um segundo. Isso é—é um pouco difícil quando você não fica
parado. Você tem que—"
"James—"
No final, Regulus só tem que aceitar o fato de que James não pode crescer
espontaneamente mais mãos, o que é cruel e injusto, se você perguntar a ele.
Ele quer que James o toque por inteiro, toque suas cicatrizes e limpe a morte
que ecoa das mãos erradas que o tocaram antes. James faz. Leva tempo, mas
ele faz, deixando para trás marcas de mãos escaldantes com a vida gravada em
suas palmas que apenas Regulus pode sentir.
Regulus não sabe como será capaz de se olhar no espelho depois disso e
odiar o que vê, sabendo que verá as carícias persistentes da vida com as quais
James o abençoa.
Assim, com as mãos de James sobre ele, ele se sente mais bonito do que
nunca. Ele nunca realmente se sentiu, até agora.
314
ZEPPAZARIEL
É difícil entre eles, no início. Sexo. Eles lutam para encontrar a posição
certa que não incomode a perna de James. Eles lutam com roupas, lutam com
lençóis, lutam para não cair da cama quando Regulus se esforça para abrir a
gaveta de baixo da mesa para encontrar o que precisa, agradecendo
mentalmente a Barty por sempre manter ele bem abastecido. Sexo seguro é
importante para Barty, o que está valendo a pena para Regulus agora.
Fica mais fácil quando eles chegam aonde estão tentando ir, quando tudo
se encaixa e o mundo inteiro desmorona. É quando eles param, quando
pausam, nenhum deles se movendo ou falando ou fazendo nada.
Regulus olha para ele, e sua voz sai em um chiado quando ele diz, "Não, e
você também não vai ficar quando eu arrancar seus olhos em um segundo. Se
você não se mexer—"
"Sim, sim, sim," James provoca com uma risada eufórica, sorrindo
enquanto se abaixa para colocar a mão sob o joelho de Regulus e engatar a
perna mais alto, o que faz Regulus calar a boca imediatamente. "Tão
impaciente."
"Nós temos todo o tempo do mundo," James mente, então começa a fodê-
lo como se fosse a verdade, lenta e íntima e revestida de amor, como se nada
mais existisse além disso.
~•~
Sirius suspira.
315
CRIMSON RIVERS
"Eu sinto—eu sinto muito," Pandora engasga, seus olhos lacrimejando, peito
gaguejando em soluços ásperos e engasgados. "Sirius—"
"Pare, Pandora. Pare com isso," Sirius diz suavemente, avançando para
puxá-la para um abraço. "Não é sua culpa. Não faça isso."
Sirius apoia as mãos nos ombros dela e abaixa a cabeça para olhar nos
olhos dela. "Nenhum de nós culpa você, Pandora. Você não tem culpa disso.
Me desculpe, eu sei que é perturbador, mas eu preciso que você se segure
agora, porque você tem notícias que precisamos ouvir, não é?"
Eles vão para o escritório do prefeito, onde Effie já estava esperando, mas
Sirius fica surpreso ao descobrir que James e Regulus também chegaram cedo.
Ele pensou que eles estariam... fazendo coisas que Sirius prefere não pensar,
mas infelizmente ele está ciente mesmo assim, porque James sentiu a
necessidade de contar a ele.
Esta manhã, James o olhou nos olhos e disse sem vergonha alguma, "Eu
vou passar o dia todo transando com o seu irmão e fingindo que tudo não é
uma merda. Nos vemos mais tarde, sim?"
Regulus e James não estão felizes agora, e com razão. Sirius não está, Effie
não está, Pandora não está. Nenhum deles está feliz, e a atmosfera é pesada e
solene quando todos se reúnem para ouvir o processo do que está prestes a
acontecer.
Pandora abraça James e Regulus primeiro, depois Effie, que nunca recusa
um abraço de ninguém, e então ela limpa a garganta e endireita os ombros,
inspirando e expirando. Suas mãos estão visivelmente tremendo. "Então, a
primeira coisa primeiro. Mentores. As—as opções de mentores que a Relíquia
aceitará são Regulus, Sirius e James. Euphemia, eles—eles querem que seja um
deles, independentemente de quais de vocês são tributos."
"Eu vou ser um tributo de qualquer maneira," é tudo o que Effie diz.
"Isso significa..." Pandora engole. "Isso significa que se, digamos, sua mãe
e—e Sirius fossem tributos, por exemplo, então caberia a você e Regulus
decidir quem é o mentor entre vocês."
317
CRIMSON RIVERS
"E se—se fosse sua mãe e Regulus, então seria entre Sirius e você para
decidir," Pandora continua.
"Eu vou," Effie interrompe. "Não, Regulus não terá que ser um mentor, e
apenas um deles terá que ser um tributo. Eu pretendo me voluntariar por
quem for chamado—ou, se meu nome for chamado, eles não vão se
voluntariar por mim."
"Isso não importa," murmura Effie. "A única pessoa que será voluntária
sou eu."
"É verdade," James confirma cansado. "Sirius, Regulus e eu não vamos nos
voluntariar um pelo outro. Nós concordamos em não fazer isso."
"Ok," Pandora sussurra, piscando rápido e com força. Sua boca se torce.
"Eu só—eu queria dizer que eu—que se houvesse alguma saída para isso,
qualquer maneira que eu não tivesse que escolher, eu—eu—"
"Oh, doce menina, isso não é com você," Effie diz suavemente,
estendendo a mão para pegar a mão dela. Pandora se agarra a ela, seu rosto se
contorcendo até que finalmente desmorona, e então ela está chorando de
novo.
"Nós—nós não temos muito tempo," Pandora chora. "Eu sinto muito. Eu
sinto muito, por todos vocês. Nenhum de vocês merece isso."
~•~
Regulus não está com medo, não desta vez. É irônico, ele pensa. Em todas
as outras colheitas, ele sempre alimentava uma forte dose de terror bem na
boca do estômago, e agora que suas chances são ainda piores do que nunca,
ele não sente nada.
Está errado. Os Vitoriosos deviam estar isentos disso; essa é a única promessa
que a Relíquia conseguiu manter, até agora, e é mais um sinal da desigualdade
e do poder abrangente mantido sobre eles em todos os momentos. Não ajuda
que muitas pessoas conheçam Sirius e James, amem Effie e tenham respeito
por Regulus de seus jogos, se nada mais, porque ele acredita que sim.
Regulus gira a cabeça para olhar para os que estão no palco com ele. Effie
está de pé, os ombros para trás e o queixo inclinado para cima, os olhos de
aço com determinação. Uma parte de Regulus olha para ela e sente—tristeza.
Apenas essa dor silenciosa e quieta pelo vínculo que ele nunca deixou
florescer totalmente entre eles. Ela teria sido gentil com ele, da mesma forma
que ela é com Sirius, se ele tivesse permitido. Ele gostaria de ter.
Ao lado dela está James, que parece com medo. Ele parece completamente
e totalmente aterrorizado, mais do que nunca, mais do que quando seu nome
foi chamado pela primeira vez. Mas isso faz sentido, porque desta vez, ele não
está apenas com medo por si mesmo; ele também está com medo pelas
pessoas que ele ama. Regulus está incluído nisso. É algo que ele duvida que ele
vai dar como certo novamente.
Entre James e Regulus está Sirius. Ele está olhando para frente, lábios
pressionados em uma linha fina, olhos em chamas. Ele está com raiva. Parece
que ele quer abrir caminho para a Relíquia e incendiá-la, como se ele se
alegrasse em massacrar cada pessoa que teve uma contribuição em fazer isso
acontecer. É um sentimento com o qual Regulus se identifica. Ele sente o
mesmo.
"Regulus Black."
~•~
Sirius ouve o nome de seu irmão, e ele tem dezesseis anos novamente.
Naquele dia, pela primeira vez, Sirius cambaleou por um momento. Ele
estava congelado no lugar, os ouvidos zumbindo, incapaz de entender
qualquer coisa. Um medo frio e desesperado tomou conta dele, e não tinha sido
uma escolha, na verdade, sair correndo e tomar o lugar de Regulus, se
voluntariar por ele.
321
CRIMSON RIVERS
Esse instinto ainda, apesar de tudo, existe dentro dele hoje. É um instinto
que ataca como uma cobra, rápido e implacável, de ação rápida e venenosa.
Uma invasão dos sentidos, tudo no mundo se esvaindo, e ele não perde a
consciência. Ele não se vai. Ele está aqui, plantado firmemente neste
momento, ancorado em uma coisa, uma necessidade.
Sua voz ecoa, arrancada dele, alta e suplicante. Ele não pode evitar.
É Regulus.
Seu irmãozinho.
322
ZEPPAZARIEL
A pior parte é que Sirius gostaria de ser o irmão que sempre acerta com
Regulus, mas ele errou muitas vezes, e ele tem certeza de que essa é uma delas.
Os olhos de Regulus estão girando de emoção, cheios de turbulência, e Sirius
sabe o que vem a seguir. Ele sabe, porque Regulus disse a ele.
E tudo bem. Sirius faz as pazes com isso, rapidamente e de uma vez,
porque não importa. Sirius não consegue manter Regulus, mas se isso significa
mantê-lo vivo, a perda vale a pena.
Sempre valeu.
323
CRIMSON RIVERS
Sirius luta contra a onda de dor que o atinge com essas palavras, dizendo a
si mesmo que é o melhor. Afinal, ele estará morto muito em breve, porque
com quem quer que ele esteja entrando, ele certamente o trará para casa.
Sem dizer uma palavra, Regulus deixa cair o seu braço e o solta para que
ele possa caminhar até a frente e tomar seu lugar. De novo.
Sirius faz.
~•~
Sirius.
Ele está ali parado, um tributo de novo, e James sente que isso o atingiu
completamente. Sirius vai voltar para a arena. Não há como parar agora. Ele
vai voltar, de cabeça para o perigo, onde ele pode morrer, e James não pode—
ele não pode—
"Espere," James diz, a palavra saindo de sua boca enquanto ele avança.
"Espere, não, Sirius. Não."
"Me ouça, você precisa voltar e esperar, ok? Você não pode fazer isso
aqui," Sirius insiste, lançando seu olhar para o lado. Quando James o segue,
ele encontra Aurores se aproximando lentamente dos degraus com as mãos
324
ZEPPAZARIEL
"Eu sei," Sirius responde, exalando trêmulo. Ele engole e arrasta James
para um abraço apertado por um momento, então o empurra de volta com a
mesma rapidez, dando-lhe um pequeno empurrão.
James cambaleia para trás, seu peito arfando e sua visão embaçada. Ele
continua recuando como se pudesse fugir disso, como se ficar mais longe
tornasse menos real, mas não ajuda. Ele sente como se estivesse sendo
rasgado diretamente ao meio.
Sirius não, ele pensa desesperadamente. Sirius não, Sirius não, Sirius—
James esbarra em alguém, e sua cabeça se vira para ver Regulus, que está
visivelmente e palpavelmente desligado. Seu rosto está em branco, olhos
desprovidos de emoção. Tudo nele está vazio, e ele está apenas parado ali,
apenas esperando. James espera com ele.
"Eu sinto muito," Pandora anuncia e nunca desvia o olhar deles enquanto
mergulha a mão na tigela e pega um pedaço de papel com o próximo tributo.
A questão é que James sabe que não importa de quem é o nome no papel,
porque sua mãe vai de qualquer maneira. Ela deixou bem claro que seria
voluntária, então se for o nome dele, ela fará exatamente isso. E, apesar de sua
reação instintiva para quebrar sua promessa e garantir que ela não volte, ele
sabe que não pode fazer isso com ela. Ele sabe que não pode machucá-la ou
decepcioná-la assim. Eles conversaram muito sobre isso, e ela disse algo para
325
CRIMSON RIVERS
ele, algo que partiu seu coração, mas algo que ele precisava ouvir mesmo
assim.
Uma mãe nunca deveria ter que sobreviver a seus filhos, James. Não me coloque em
uma posição em que eu tenha que fazer isso, ela disse, porque Sirius está incluído
nisso, tanto quanto James está. Se James se oferecesse por ela de qualquer
maneira, se ele quebrasse essa promessa, ele a condenaria a viver sem um de
seus filhos, possivelmente ambos, e quando ela começou a chorar, mais uma
vez fazendo-o prometer, ele só podia fazer isso novamente e dizer isso pela
segunda vez. Ele não foi capaz de pensar sobre o que isso implica, o que isso
significa para ele, o que isso fará com ele e sua família quando ela—quando
ela—
Ele não pode pensar sobre isso, e então ele não pensa, petrificado demais
pelo terror para se atrever a tentar. Mas ele sabe. Ele olha para aqueles
pedaços de papel e sabe que isso não importa, porque sua mãe vai com Sirius
de qualquer maneira, e ela não vai voltar. Ele olha para ela, seus olhos
ardendo, apenas para desviar o olhar quando Pandora alcança o microfone
novamente.
"Eu me voluntario."
James sente seu corpo inteiro esfriar. Como o sol morrendo. As chamas se
extinguiram. O mundo inteiro escurecendo.
Não.
James se vira lentamente e olha para Regulus, que encontra seu olhar firme,
inabalável. As três últimas palavras que ele falou soam nos ouvidos de James,
326
ZEPPAZARIEL
altas, contundentes e seguras. A voz de Regulus nem tremeu. Ele disse isso de
forma tão simples.
Sem hesitação.
James começa a perder a porra da cabeça. Ele não pode dizer exatamente o
que acontece, mas os Aurores acabam envolvidos, junto com sua mãe. Ela
está lá, sussurrando asperamente em seu ouvido e tentando puxá-lo para longe
de Regulus, mas James não se mexe. Os Aurores têm que inundar o palco e
literalmente arrastá-lo para longe, e uma briga começa ali entre basicamente
todos. No momento em que James ataca, os Aurores revidam, e então Sirius,
Regulus e Effie estão lá também.
327
CRIMSON RIVERS
A coisa é, James tem certeza de que, entre os quatro, eles poderiam lutar
honestamente contra todos os Aurores do distrito.
No momento em que ela é apontada para a sua cabeça, tudo para. Sirius,
Regulus e Effie instantaneamente ficam parados, então soltam quem eles estão
batendo, se rendendo com as mãos para cima. James está tão irritado que ele
ainda está disposto a lutar, mas o medo palpável o impede.
~•~
Euphemia foi uma mentora por mais de vinte anos, então ela passou muito
tempo com Aberforth, e ela sabe que ele se preocupa com as pessoas em seu
distrito. Ela sabe que está incluída nisso. Ela também sabe que há muitas
coisas—a maioria das coisas, na verdade—que estão fora de seu poder.
"Você agrediu três aurores, Euphemia," Aberforth diz, sua voz rouca,
como sempre foi.
328
ZEPPAZARIEL
"Tudo bem, e?" Euphemia arqueia uma sobrancelha para ele. Ele está
muito enganado se pensa, mesmo por um momento, que ela se importa com
o que James, Sirius, ou mesmo Regulus fazem, no que diz respeito a lutar por
eles. Ela sempre lutará por eles, independentemente.
"Você sabe o quão sortuda você é que eles decidiram não transmitir ao
vivo a colheita deste ano?" Aberforth pergunta, estendendo a mão para
esfregar os dedos sobre a sobrancelha. "Eles atrasaram a transmissão, para que
pudesse ser revisada, o que era uma preparação para circunstâncias
imprevistas."
"No entanto," Aberforth continua com uma careta, "Eles não vão permitir
que seu crime fique impune."
"Não, é claro que não," Euphemia murmura, segurando seu olhar sem
vacilar. "Não gostariam que ninguém ficasse com a ideia de que eles podem
revidar, certo?"
Aberforth suspira novamente. "Você sabe tão bem quanto eu como isso
funciona, Euphemia."
329
CRIMSON RIVERS
inferno e parar de aceitar isso? As crianças que eu amo estão destruídas. Você
entende? Eles passaram por muita coisa, e eu não vou suportar isso. Eu não
vou sentar e ficar em silêncio mais, não desta vez. Meus meninos—"
"Você vai se matar, mulher," Aberforth rosna, baixo e exasperado. "É isso
que você está tentando fazer? Porque eu estou tentando evitar que isso
aconteça."
"Assim seja," Euphemia declara com desdém. "Se eu morrer lutando por
eles, morrerei sem arrependimentos."
Isso é algo que Sirius, James e Regulus ainda precisam aprender, e ela
gostaria de poder voltar no tempo para contar a eles, para ensiná-los, mas
agora é tarde demais. Veja onde isso os levou.
330
ZEPPAZARIEL
Com isso, ela bate a porta e continua sem olhar para trás. Ninguém vem
atrás dela, e ninguém a impede no caminho, o que é o melhor.
A primeira pessoa que ela encontra é James, que surge em sua direção no
momento em que a vê. Ele quase a derruba com a força de sua colisão,
agarrando-se a ela enquanto suga respirações profundas e ofegantes. Seu
pobre bebê. Ele passou por tanto. Ele perdeu muito.
Se ela pudesse mantê-lo longe de tudo o que ele suportou, e tudo o que ele
irá suportar, ela o faria. Ela planejava, e Regulus—oh, aquele garoto estúpido
e apaixonado. Ele havia planejado isso. Não há nenhuma maneira que ele não
tenha com o quão rápido ele foi. Um plano silencioso e secreto que ninguém
esperava. Vai arruinar James, e Sirius vai—ela já sabe. Ele vai lutar por seu
irmão; claro que ele vai. Euphemia queria que fosse ela, para que ela pudesse
entrar e garantir que Sirius voltasse para casa. Maldito seja aquele menino.
Malditos sejam os dois e suas formas egoístas e imprudentes de amar. Vai
destruí-los todos, e não há nada que ela possa fazer sobre isso.
"Mãe," James engasga, recuando para olhar para ela com os olhos
arregalados e óculos tortos. Ele parece inocente e muito jovem, mesmo agora.
Ela quase morreu ao dar à luz a ele, e ela o criou para ser o homem adorável
que ele é hoje, tão infinitamente orgulhosa da cor e vibração que ele convida
para as vidas ao seu redor apenas por ser ele mesmo—e ela não pode protegê-
lo.
"O que eu faço, mãe? Eu não sei o que fazer," James diz freneticamente,
parecendo aterrorizado.
Euphemia engole. "O que você faz é ir para a Relíquia e ouvir o conselho
que Sirius lhe der sobre ser um mentor. Você faz o seu melhor, querido, pelos
dois."
331
CRIMSON RIVERS
"Eu sei, James. Eu sei disso. Não é—você não pode fazer nada sobre isso.
Sirius e Regulus farão o que eles decidirem fazer, e tudo o que você pode
fazer é ajudá-los ao longo do caminho. Eu sei que você está assustado, mas
nós não temos muito tempo, e eu—eu preciso falar com Sirius."
"Claro que sim, querido. Está tudo bem," Euphemia mente, porque não há
necessidade de James se preocupar com a punição que a espera. Ele só vai se
culpar.
~•~
Sirius olha para os nós dos dedos arrebentados e espera. Ele se sente
entorpecido. Ele se sente... Ele não sabe. Tudo o que ele consegue entender é
que, mesmo agora, ele sente falta de Remus.
Sua cabeça se levanta quando a porta se abre, uma onda de medo o atinge
de uma vez, e só se acalma levemente quando Monty entra na sala. Ele olha
para Sirius e engole em seco.
"Eu não sei," diz Monty, sua voz rouca. "O prefeito Aberforth é um bom
homem, e nós o conhecemos há muito tempo. Se houver algo que ele possa
fazer, ele fará."
"Então, eu—eu não vou vê-la de novo?" Sirius pergunta, sua voz baixa. A
pele ao redor dos olhos de Monty se contrai, porque ele sabe o que isso
significa, e então ele fecha os olhos e abaixa a cabeça para a frente. Os ombros
332
ZEPPAZARIEL
de Sirius caem. "Ele é meu irmão, Monty. Meu irmão mais novo. Você sabe
que eu vou trazê-lo para casa."
"Eu sei que você vai fazer o seu melhor," Monty murmura, seus olhos se
abrindo. "Eu só queria..."
"Eu te conheço desde que você era uma criança, Sirius. Por mais
devastador que isso seja, uma parte de mim não está surpresa."
O rosto de Monty suaviza. "Não, você não é, mas você sempre será nossa
criança, assim como James, não importa sua idade."
"Você está apenas fazendo o seu melhor, é claro que você está," Monty
garante a ele, e Sirius não consegue se conter de quase explodir em lágrimas.
"Oh, Sirius, venha aqui, meu querido menino."
333
CRIMSON RIVERS
Ele não queria dizer isso, mas o que sai da boca de Sirius é um pequeno e
sincero "Eu sinto muito, mãe."
"Por favor, eu preciso que você faça algo por mim. Há uma carta no meu
quarto para Remus, do pai dele. Eu preciso que você a mantenha segura, e se
você o vir, dê a ele por mim, porque eu não vou conseguir. Porque eu não
vou voltar," Sirius resmunga, colocando o rosto em suas mãos sem medo,
com nada além da necessidade desesperada de conforto.
Sirius está lá nos braços dos únicos pais que ele conhece verdadeiramente,
e ele chora. Eles choram junto com ele. Porque é isso. Esta é a última vez.
~•~
Ela é muito jovem para entender a gravidade deste momento, mas Regulus
é grato, no entanto, que Andy a trouxe para vê-lo. Regulus nunca esperou se
apegar a Dora, honestamente. Por muito tempo, ele não tinha se apegado, e
334
ZEPPAZARIEL
ela tinha medo dele, porque Andrômeda se certificou de que ela soubesse que
não tinha permissão para tocar Regulus, especialmente nos primeiros dias
após a arena, quando ele não podia ser tocado por qualquer um, muito menos
uma criança.
Com o tempo, à medida que Regulus melhorou e Dora ficou mais velha, as
coisas mudaram. Ela se sentava ao lado dele e desenhava, ou lia livros, ou
pedia para ele segurar um de seus bichos de pelúcia—e ele elogiava suas
habilidades artísticas, ouvia as histórias e mantinha todos os bichos de pelúcia
seguros até que ela os pedisse de volta. Sendo tão jovem, ela adormeceu e se
inclinou contra ele um dia por completo acidente, e por mais que isso o
aterrorizasse, ele literalmente não se moveu um centímetro, recusando-se a
fazer isso, porque ela estava dormindo tão pacificamente e ele não podia
suportar acordá-la.
Foi nesse momento que ele percebeu que ela não tinha mais medo dele, e
algo sobre isso parecia bom. Com o tempo, ela se afastou cada vez mais da
memória de ter sido instruída a não tocá-lo, e ela simplesmente parecia
esquecer. Ela já havia feito isso muitas vezes, mas Andy e Ted sempre a
lembravam, insistindo que era importante ensinar as crianças a respeitar os
limites, mas Regulus acabou criando coragem para confessar que não se
importava mais tanto.
"Oi, Reggie," Nymphadora gorjeia, sorrindo para ele. Ela pegou isso de
Sirius. O sorriso e o apelido. "Mamãe disse que você tem que sair um pouco,
então você não poderá visitar na próxima semana como deveria."
335
CRIMSON RIVERS
"Vou sentir muito a sua falta," Nymphadora diz, seu sorriso caindo.
"Vou sentir muito a sua falta também," Regulus sussurra, piscando rápido
para dissipar o calor que se acumula em seus olhos.
"Eu—" A voz de Regulus pega, e ele olha para Andrômeda, que está
desviando o olhar, esfregando o rosto rudemente. Ele se assusta ao vê-la
chorar. Andrômeda é uma mulher muito estóica, e sempre foi, nunca de
mostrar muita emoção. Regulus não apreciava isso o suficiente quando
criança, realmente não entendia, mas ele entende agora. Regulus limpa a
garganta e olha para Dora. "Eu não sei."
"Mas você vai, certo?" Nymphadora sussurra, sua voz baixa. "Você vai
voltar, não vai?"
"Eu não quero que você vá," Nymphadora diz a ele, fungando enquanto as
lágrimas caem de seus olhos, grandes lágrimas de olhos grandes que só uma
criança pode produzir. Ela envolve seus pequenos braços em volta do
pescoço dele e o abraça forte, chorando baixinho, mas de todo o coração.
336
ZEPPAZARIEL
Ted está esperando do lado de fora da porta e leva Dora embora, fazendo
o possível para acalmá-la. Seus gritos eventualmente são abafados, depois
desaparecem. Regulus tenta reunir os restos quebrados de seu coração e se
conforta com o conhecimento de que ela é muito jovem agora, ela
provavelmente nem se lembrará disso um dia.
"Eu entendo por que você pensa assim," Andrômeda murmura, e quando
ele olha para ela, há um tipo de dor antiga e ecoada em seus olhos. "Bella,
Cissy e eu não éramos tão jovens quando seus nomes foram chamados. Você
acha que não havia nenhuma parte de mim que desejava ser voluntária para as
duas?"
"Papai achou que era uma forma de fraqueza. Ele deixou bem claro que se
voluntariar seria inútil, porque ele mataria quem quer que nos oferecêssemos,"
Andrômeda murmura.
"Oh," Regulus diz baixinho, com o coração apertado quando percebe que
Cygnus fez suas filhas sentirem que tinham mais chances de sobreviver na
arena do que ele. Ele pensa em como Sirius foi evitado depois de seus jogos,
especialmente por Walburga, e se pergunta se o fato de Sirius se voluntariar
por Regulus teve alguma coisa a ver com isso. "Os jogos estão destruindo
nossa família muito antes de nós, não é?"
Ela não faz isso com Regulus desde que ele era criança, e ele não sabe por quê,
mas dá um nó na garganta. "Eu tenho que ir, não tenho muito tempo, mas
eu—eu—"
"Andy," Regulus sussurra, balançando a cabeça. Ele sabe que ela é mais
próxima de Sirius, sempre foi mais próxima de Sirius, mas isso não significa que
dói menos.
Andrômeda firma sua mandíbula, segurando seu olhar. "Você e Sirius são a
primeira ocasião de uma arena reunindo qualquer membro desta família, e eu
não posso dizer como isso se traduzirá quando vocês entrarem juntos, mas
vou dizer a você e a ele a mesma coisa." Ela se inclina e abaixa a voz para um
sussurro. "Uma família como a nossa, se nós trabalhássemos juntos, nós
poderíamos fazer qualquer coisa, Regulus. Depois de tudo, eu acredito nisso. Eu
acredito em você e em Sirius."
"Eu sei," Andrômeda concorda, se afastando para travar os olhos com ele,
seu olhar feroz. "Faça-os pagar por isso."
338
ZEPPAZARIEL
Ele sabia que James não iria gostar, uma vez que descobrisse, mas isso é
outra coisa. Ele acha que nunca viu James parecer tão zangado,
tão distante com uma fúria vazia, do jeito que ele está agora. Regulus passou os
últimos dois dias tocando James o máximo que podia, sabendo que de uma
forma ou de outra ele estaria perdendo James após a colheita, mas ele ainda
não consegue parar de se levantar de qualquer maneira, preparado para se
aproximar, querendo pedir desculpas mesmo que ele não esteja arrependido.
"Você mentiu para mim. Você quebrou sua promessa, e você pretendia
fazer isso o tempo todo, não é?" James exige.
339
CRIMSON RIVERS
"James—"
"Há quanto tempo?" James estala, quando ele não responde. "Há quanto
tempo, porra, você planeja se voluntariar por mim, se meu nome que fosse
chamado? Há quanto tempo, Regulus?"
Esse sempre foi o plano. Ele sabia—o tempo todo, ele sabia que tomaria o
lugar de James se seu nome fosse chamado. Era apenas uma questão de em
que ordem os nomes seriam chamados primeiro. O que fosse necessário para
manter James fora, era o que Regulus sempre faria. E ele estava ciente, é claro,
que Effie tomaria seu lugar em um piscar de olhos, mas Regulus não a
deixaria. Não a mãe de James. Não a única mãe que já fez o certo por Sirius,
depois que sua mãe nunca fez, depois de toda a dor que Sirius recebeu de sua
mãe para que Regulus não precisasse. Se tivesse acontecido como deveria, na
ordem dos nomes chamados, Regulus teria sido colhido, então James e Effie
teriam se oferecido. Regulus garantiria que ela voltasse para casa para o seu
filho—para os dois.
Sirius fodeu tudo isso. Ele nunca deveria ter se envolvido. Ele se ofereceu,
apenas para Regulus se colocar ao lado dele segundos depois. Era quase—
justiça poética, de certa forma. Por um momento, Regulus só pôde pensar,
vingativo, olhe para isso, seu idiota, você tomou meu lugar e aqui estou eu; você deveria ter
aprendido da primeira vez, por que você não aprendeu?
340
ZEPPAZARIEL
meu quarto e espere que eu te abrace, porque eu não vou. Não se desculpe,
porque eu não quero ouvir isso."
"Ok," Regulus diz suavemente, mesmo quando seu coração bate aos seus
pés. Alguma parte dele estava se preparando para isso. Ainda dói. Ainda o faz
querer se enrolar em uma bola e chorar.
Regulus hesita, considerando mentir, mas ele já fez o suficiente disso, não
é? Então, ele olha James bem nos olhos e diz a verdade. "Não."
James não responde a isso, não reage nada, e Regulus se pergunta agora,
depois de todo esse tempo, se James está disposto a deixá-lo ir agora. Regulus
acha que ele está disposto a pelo menos tentar.
Sem dizer uma palavra, James gira no mesmo lugar e sai, batendo a porta
atrás dele enquanto ele vai.
Assim que Regulus fica sozinho, com as portas fechadas, todas as apostas
são canceladas. Ele se enrosca na cadeira e agarra os braços dela com tanta
força que seus dedos doem, o rosto enterrado na dobra do cotovelo enquanto
ele soluça com tanta força que nem faz barulho.
341
CRIMSON RIVERS
41
Não atinge Dorcas completamente até que ela esteja sentada na frente de
uma televisão, tarde da noite, assistindo com a respiração presa enquanto a
colheita do distrito dez termina e a do onze começa.
Não existem pessoas boas na guerra. Dorcas sabia disso o tempo todo,
então talvez uma parte dela devesse ter previsto isso, mas ela não previu. Ela
não previu.
Dorcas não sabia disso, porque ela não conhece todos os Vitoriosos em
cada distrito. Ela não descobre até que ela está olhando para a televisão onde
Marlene e o que deve ser o seu mentor anterior estão esperando no palco.
Sozinhos.
342
ZEPPAZARIEL
Assim que ela chega, ela bate o punho contra a porta repetidamente sem
parar, seu peito arfando enquanto ela não consegue recuperar o fôlego. Ela
gritaria se pudesse, se não estivesse ofegante, se conseguisse encontrar sua
voz.
343
CRIMSON RIVERS
Com isso, Minerva gira no local e sai voando, deixando a porta aberta.
Dorcas não se move por um longo momento, seu peito ainda doendo, seus
pulmões queimando. Ela leva alguns segundos, então ela levanta o queixo e
marcha para a casa de Minerva, onde ela nunca esteve antes.
Minerva traz uma toalha para ela, mas Dorcas não aceita. Ela fica lá e
continua a pingar no chão de Minerva.
Uma coisa sobre Minerva é que ela não é alguém com quem você ferra.
Dorcas viu Minerva derrubar homens adultos com o dobro do seu
tamanho sem esforço. Ela sabe com certeza que Minerva matou pessoas. Se você
a conhece, não encara a ideia de atacá-la de ânimo leve, e Dorcas a conhece
melhor do que a maioria.
Então, diz muito que a primeira coisa que Dorcas quer fazer é se jogar em
Minerva e ficar violenta.
Ela não o faz, porque ela sabe que não faria sentido. Ou Minerva a
esmagaria em cinco segundos, ou Minerva a deixaria fazer isso sem se
defender, o que só deixaria Dorcas com arrependimentos no final, e ela não
sabe qual possibilidade é pior. O que ela sabe é que ela já tem muitos
arrependimentos. Ela não adiciona outro.
"Me diga," Dorcas resmunga, "Que você não estava envolvida em fazer
isso acontecer. Pelo menos me diga que você—que você não—"
344
ZEPPAZARIEL
"Não havia uma solução adequada, mas isso—nós podemos fazer algo
com isso. Houve quatro tumultos nos distritos desde a turnê da vitória. A
Ordem recebeu mais de trinta e cinco desertores. Mais de quinze Aurores
foram mortos, e você nem quer saber o número de mortos que varre os
distritos agora."
Dorcas engole. "Eu ainda não entendo como forçar a porra dos Vitoriosos
a voltar é benéfico, Minerva. Pelo amor de Deus, eles já não passaram
pelo suficiente?"
"Perder Regulus, James e Sirius seria um grande golpe para o nosso lado da
guerra, particularmente após suas habilidades aparentemente acidentais de
revigorar os rebeldes. A perda de todos eles—faria com que aqueles que
resistem perdessem força na melhor das hipóteses e cada pedacinho de
esperança na pior."
345
CRIMSON RIVERS
"Mártires," Dorcas engasga. "Eles não são nada além de mártires para ele.
Para você."
Dorcas afasta a mão de Minerva e dá um passo para trás, olhando para ela.
"Sem questionar, Minerva? A vida deles não significa nada para você? Você vai
arrastar essas pessoas de volta para morrer, só para começar a porra de uma
guerra?"
"Para ganhar uma guerra," Minerva corrige bruscamente. "Eu segui ordens
que sei que nos ajudarão a vencer esta guerra. Uma guerra que estamos
lutando há muito tempo. Você acha que essas são as primeiras vidas que serão
perdidas? Você sabe como isso funciona, Dorcas, e se você não estivesse
liderando com o coração, você veria o quão importante é salvar
quem pudermos."
A questão é que Dorcas sabe. É claro que ela sabe, porque ela está lutando
nesta guerra há tempo suficiente para saber o que vai ajudar a longo prazo, e
ela tem sido uma Relíquia tempo suficiente para saber o que vai enfurecê-los
mais.
"Sirius," Dorcas sussurra. "Ele é quem você vai se certificar de que ganhe,
porque todo mundo vai ficar furioso que Regulus não conseguiu voltar para
James."
lutar em uma guerra! Você terá sorte se ele não deitar e se lamentar até a
morte!"
Dorcas faz uma careta e rosna, "Oh, é mesmo? Ele acha? E o que o levou
a ter tanta certeza disso?"
Minerva segura seu olhar. "Porque ele a começou quando perdeu a dele."
Por um segundo, apenas um, Dorcas sente sua respiração travar com uma
onda de empatia, pensando naquele retrato da jovem no escritório de
Dumbledore, a jovem que tem os olhos dele. A jovem que Dorcas nunca
conheceu.
"Apesar dos problemas que temos com ele e da maneira como ele faz as
coisas," murmura Minerva, "Ele nunca esteve errado antes."
347
CRIMSON RIVERS
Ela tem pensado nisso como uma escolha entre Riddle e Dumbledore,
ficando do lado do menor dos dois males, mas não há muita diferença no mal
entre eles agora—e Dorcas se recusa a ficar do lado de ambos. Se são as
únicas opções que ela tem, então ela terá que fazer outra.
Ela própria.
~•~
"Não tem como isso não ter sido fodidamente manipulado," Sirius rosna,
olhando para Pandora incrédulo. "As duas?"
Não que eles não tenham mais tempo no futuro, porque Sirius obviamente
vai massacrar todo mundo para ter certeza de que Regulus chegará em casa,
mas independentemente disso. Regulus nem reconhece a presença dele. Nem
olha para ele. A única vez que Sirius se atreveu a falar com ele, Regulus fingiu
que ele nem existia.
348
ZEPPAZARIEL
Ele não pode fazer nada sobre isso, e não é algo que ele tenha certeza de
como se sentir. A ideia de matar Bellatrix ou Narcissa, ou as duas, não
exatamente... o desanima. Elas podem ser da família, mas ele não as conhece,
não realmente. Elas são estranhas para ele, e para Regulus, ele as mataria sem
piscar.
Mas ele particularmente não... quer. Talvez seja alguma lealdade familiar
estúpida e trêmula na parte de trás de sua cabeça, mas ele duvida disso. Ele
não quer matar ninguém. Bellatrix e Narcissa não são especiais, mas há uma
coisa que as diferencia de todos os outros. Independentemente disso,
elas são da família, e ele não pode deixar de pensar em Andrômeda... Ele sabe
que ele não vai voltar para casa para ver qualquer resposta que alguém terá ao
que ele fez na arena—em outra—mas isso não significa que ele está
simplesmente bem com a ideia de Andy vê-lo matar suas irmãs.
"Quatro?"
349
CRIMSON RIVERS
"Alice Fortescue era a outra do cinco," Pandora continua, e Sirius sente seu
coração afundar.
Oh, isso é difícil. Isso é—isso é uma merda. A mãe e a melhor amiga de
Frank. Nenhum dos dois pode voltar para casa, porque Sirius tem que se
certificar de que a única pessoa que consegue sair é Regulus.
"Sete?" Sirius resmunga, e assim vai. Sete e oito são apenas mais quatro
Vitoriosos que ele nunca conheceu, o que torna as coisas um pouco mais
fáceis, honestamente. Melhor se ele não os conhece.
"Emmeline," Sirius diz fracamente, seus olhos se fechando. Não. Não, ela
não. Por que tinha que ser ela? Ela é amiga dele. Ele—ele—
350
ZEPPAZARIEL
"E quanto ao—eles não—não são só eles?" Sirius gagueja, sua garganta
está apertada, como se ele estivesse sendo estrangulado. "Quem vai ser o
mentor deles?"
Assim que ele teve o pensamento, ele recuou fisicamente como se pudesse
recuar de si mesmo, seu estômago revirando com desgosto interno. Ele sabe,
objetivamente, que isso vem do que ele sempre rotulou como cérebro de
mentor, onde ele pensa em termos de vantagens e desvantagens para a
sobrevivência, mas ele nunca pensou em termos assim sobre amigos.
Não faz.
~•~
351
CRIMSON RIVERS
Leva mais tempo do que deveria para James sair do vagão de trem em que
ele está essencialmente se escondendo. Ele só queria um momento, na
verdade, apenas um para recuperar o fôlego e sufocar a dor em seu peito toda
vez que via Regulus com o canto do olho—mas então ele ficou sozinho e
começou a tremer, de novo, e ele simplesmente não conseguia. Ele não
conseguia parar, e ele não conseguia se recompor, e ele não conseguia
descobrir uma maneira de empurrar tudo para baixo para que ele pudesse lidar
com voltar lá.
Ele descobre, eventualmente, porque ele precisa voltar lá e lidar com tudo.
A raiva ajuda nisso. Ela vem em ondas e não vai embora; ela só fica piorando,
crescendo dentro dele até que ele pode sentir isso apodrecendo sob sua pele,
borbulhando em suas veias. Essa raiva...
Oh, essa raiva é diferente de tudo que ele já sentiu antes em toda a sua vida.
Ele nunca esteve tão furioso como está agora. É uma raiva áspera, implacável,
que o consome, e ele não acha que ela vai embora.
"Ah, James, aí está você," Sirius cumprimenta quando ele entra no vagão
do trem, onde todos estão reunidos. Ele está ocupado escrevendo algo, mas
Pandora ergue os olhos do bloco de notas e sorri para ele. James não sorri de
volta.
James não notou isso. Ele não notou. Todas as vezes que ele olhou nos
olhos de Regulus, todos os diferentes estados em que ele viu Regulus, e ele
não notou isso. Ele nunca viu isso chegando.
352
ZEPPAZARIEL
Uma nova onda de raiva o inunda, e ele desvia o olhar de Regulus para
pegar uma cadeira e se sentar em frente a Sirius e Pandora. "O que você está
escrevendo?"
"Bem, dê uma olhada nisso? Parece que toda a maldita família não
consegue ficar de fora disso," James diz brevemente, e Sirius pisca. James
tritura sua mandíbula. "E quem é o mentor delas? Malfoy, eu acho?"
"Ele não se ofereceu pela sua esposa?" James pergunta. "Me pergunto por
quê. Hm, talvez porque ele realmente tenha um pingo de respeito por ela e
pelo que ela quer. Talvez ele até se importe com ela. Talvez—"
"Ok, um, isso não poderia estar mais longe da verdade se você tentasse,"
Sirius interrompe. "E dois, eu estou—eu estou sentindo que você tem
algumas coisas com as quais está claramente chateado—"
E, a coisa é, James poderia estar chateado com Sirius também; talvez uma
parte dele esteja. Mas Sirius não quebrou sua promessa com James. Não,
apenas com Regulus. Talvez isso o torne uma pessoa horrível, mas James
simplesmente não pode. Ele não pode fazer isso. Não os dois. Ele não pode
carregar tudo isso, e Sirius—ele precisa de Sirius, especialmente pelo que está
por vir. E isso é diferente.
Isso é.
É diferente porque não foi Sirius quem quebrou a promessa a James. Ele
não mentiu. É diferente porque há coisas diferentes para perdoar. Porque
Sirius não transou com ele. Sirius não o segurou. Sirius não lhe deu pequenas
fatias de felicidade e as arrancou sem remorso.
Sirius sente muito. James pode olhar para ele e ver que ele sente.
354
ZEPPAZARIEL
Regulus não sentiu. Ele não sente. James só teve que olhar em seus olhos
para ver essa verdade. Ele se lembra, de repente, que não estava olhando nos
olhos de Regulus quando ele fez a promessa, quando ele mentiu. Por que James
não olhou? Ele deveria ter olhado.
"Não," James diz, sua voz saindo firme. "Não, eu não tenho que ficar
chateado com você, na verdade. Só com ele. Eu só estou chateado com ele.
Eu odeio o que ele fez. Eu odeio—" Ele para, as palavras pegando como se
estivessem batendo no dentro de sua garganta, inundado com a acidez ardente
de sua raiva crescente. Ele lança seu olhar para Regulus, que finalmente abriu
os olhos, olhando diretamente para ele. James segura seu olhar e espera com
tudo nele que Regulus veja a verdade nos olhos de James quando ele
friamente anuncia, "Eu odeio ele."
"Eu te odeio," James afirma, falando sobre Sirius enquanto olha para
Regulus. "Eu não entendia antes, como alguém poderia odiar alguém que uma
vez disse amar, mas agora eu entendo. Não é irônico, Regulus?
Eu entendo agora."
~•~
355
CRIMSON RIVERS
"Meu amor, você não precisa falar sobre isso, claro que não, mas você
também não precisa mentir," Dorcas diz a ele, segurando o queixo dele
suavemente entre os dedos enquanto ela faz sua maquiagem. Ele não tem
ideia do que ela vai fazer este ano, honestamente, mas ele a deixa com seus
caprichos neste momento, sabendo que não deve duvidar dela. Ele não vai
questionar as habilidades de estilista de Dorcas.
Assim que eles entraram na Relíquia, ele e Sirius foram conduzidos como
de costume, para serem apresentados para o desfile de introdução. O desfile
de reintrodução, mais precisamente. Regulus teve que esperar um pouco, visto
que ele estava sozinho com a porra de uma banheira, e então Dorcas apareceu
e começou a conversar com ele de pé no canto, de costas para ele,
trabalhando em algum tipo de design em sua mesa enquanto ele tomava
banho.
Depois disso, ela saiu novamente, depois voltou. Saiu novamente, depois
voltou. Levou algum tempo para Regulus perceber que ela estava correndo
entre ele e Sirius, o que o desconcertou. Ela é a estilista deles, sim, mas deveria
haver uma equipe de design para ajudá-la da maneira que ela precisar. Regulus
não duvida que existem inúmeras pessoas que venderiam pelo menos um órgão
interno apenas para trabalhar ao lado dela, especialmente este ano.
"James me odeia," Regulus sussurra, e leva tudo dentro dele, todo o seu
esforço, para não cair imediatamente em lágrimas assim que ele diz isso. Oh,
ele é patético.
356
ZEPPAZARIEL
Dorcas ri.
"Oh, não me olhe assim." Dorcas bufa e gentilmente estende a mão para
segurar seu queixo pela segunda vez. "James não te odeia. Eu não sei quem te
disse isso—"
Dorcas não ri desta vez. Ela parece tão confusa, suas sobrancelhas se
juntando. "Isso é simplesmente impossível. Esse homem está tão apaixonado
por você que é quase loucura, Regulus. Ele está perdido. Quero dizer, tão
distante que não há como recuperá-lo."
"Sim, bem, parece que ele foi tão distante que passou para o outro lado,"
resmunga Regulus, e a pior parte é que ele sabe tudo sobre isso.
Ele sabe o que é amar tanto uma pessoa que você a odeia. Querer tanto
alguém que você o despreza. Precisar tanto de alguém que você o machuca.
Ele sabe exatamente o que é olhar para alguém que você ama após uma perda
horrível e sentir tanto, demais, toda aquela dor e tristeza e fúria pura, e isso
deixa você sem saber como entender o amor através de tudo isso. Ele sabe
muito bem.
É devastador pra caralho. É nada menos do que Regulus merece, sim, mas
não deixa de ser devastador. Isso devasta ele. Ele odeia quando James está
bravo com ele. Ele não quer que James fique bravo com ele; ele não quer que
James o odeie. Ele quer que James sorria para ele, e o abrace, e o segure até
que ele não possa mais.
Isso faz dele um grande hipócrita, ele sabe, e isso realmente é carma. Ele
passou anos fazendo James se sentir assim, sentir como Regulus está se
sentindo agora.
357
CRIMSON RIVERS
"Eu sei que isso é difícil para todos vocês," Dorcas murmura, sua garganta
subindo e descendo em um gole áspero. Ela gentilmente varre o polegar sobre
sua mandíbula. "Vai—vai ficar tudo bem, Regulus. Vai ficar. Eu prometo que
vai."
Dorcas o olha bem nos olhos e diz, ferozmente, "Sim, e é uma que não
será quebrada."
Regulus não responde, porque ele sabe tudo sobre promessas feitas que só
acabam sendo quebradas no final. Ele entende que ela também está chateada.
Um olhar para ela torna isso óbvio. Ainda assim, isso não vai ficar bem, mas
se for mais fácil para ela acreditar que ficará, ele vai deixar. A realidade vai
alcançá-la em breve. Sempre alcança.
Depois que Dorcas termina com o rosto dele, ela o deixa se vestir sozinho
com a promessa de que ele esperaria depois para que ela pudesse voltar e ter
certeza de que estava tudo certo. Ele pode ver que há uma diferença em suas
escolhas de estilo desta vez, e não como da última vez. Ele não parece
inocente, como o anjo que ele foi apresentado como antes, em vez disso
parece—bem, bastante perigoso.
Regulus não sabia que podia parecer perigoso. Ele se olha no espelho,
perplexo, mas seu olhar vazio de descrença só o faz parecer mais malvado. Ele
é todo afiado e couro, cores escuras e material atraente, uma arma ambulante
destinada a chamar a atenção e invocar... algo.
~•~
Sirius olha para si mesmo no espelho, lábios franzidos. Dorcas está atrás
dele, esperando julgamento, e Sirius provavelmente é mais opinativo sobre
moda e tal do que—bem, James e Regulus eram, então ele é um crítico um
pouco severo.
"Dorcas, eu estou uma merda, querida," Sirius diz sem rodeios. "Puta que
pariu, o que você fez comigo? Como você—conseguiu isso? Você sabe o quão
sexy eu sou?"
Ele não pensou nas implicações de sua posição como tributo este ano, se
for honesto. O desempenho que ele tem que fazer, por assim dizer. Ocorre a
ele de repente que ele não é realmente obrigado a se apoiar em seu papel
habitual pela vida de ninguém, exceto a sua própria, e se ele assim desejar, ele
não precisa se inclinar para isso.
359
CRIMSON RIVERS
É só que ele parece mudo. Como alguém que não tenta deixar uma
impressão. Como alguém que não pode deixar uma impressão. E isso, ele pensa,
deixará uma impressão por si só.
"Não, tudo bem, você tem razão," Sirius murmura, piscando para seu
reflexo. "Eu estou tendo a visão."
"Sim, não, não faça isso," diz Dorcas com uma bufada.
360
ZEPPAZARIEL
"Eu não vou," Sirius assegura a ela, ainda sorrindo enquanto a encara
novamente. "Só—obrigado. Por isso. Isso—isso significa muito. Mais do que
você jamais poderia saber."
Mas, bem, isso foi difícil de fazer quando James está furioso, assim como
Regulus. Eles não estão bem. Nenhum deles. É uma situação de merda, e
Sirius sabe o quão difícil é ver duas das pessoas que você mais ama neste
mundo estarem nisso. Ele fez isso apenas no ano passado e quase não
conseguiu. James é mais forte do que ele, então ele vai conseguir. Ele precisa,
porque a ideia de qualquer outra coisa é algo que Sirius simplesmente não
aceita.
A questão é que James está muito, muito assustado agora. Ele está pirando,
e Sirius não pode nem culpá-lo. Não é como se ele tivesse lidado bem com
isso, quando foi ele, e as circunstâncias eram muito diferentes naquela época.
As circunstâncias são muito diferentes para James agora, especialmente em
relação a Regulus.
Mas—e talvez isso seja cruel, mesmo que seja a realidade—ele vai ter que
passar por isso e se recompor. Porque se ele não o fizer, Sirius sabe que James
vai se arrepender. Ele vai se arrepender de cada momento que passou com
raiva e mágoa, em vez de apreciar o tempo que poderia ter tido. Ele vai se
arrepender de todas as palavras duras que disse, e vai se arrepender de todas
as verdades não ditas que escondeu, como se isso pudesse protegê-lo da dor
de tudo. Ele vai se arrepender de todo o tempo perdido e de todas as
oportunidades perdidas.
O som de passos o tira de sua própria cabeça e o faz olhar para cima, e no
momento em que ele vê Regulus, ele fica ofendido. Ele olha para Dorcas em
descrença.
361
CRIMSON RIVERS
"Espere, por que diabos ele consegue parecer legal? Por que não podemos
ser chatos juntos?" Sirius deixa escapar.
Sirius faz uma pausa, pensando sobre isso, então ele acena com a cabeça.
"Certo, não, isso faz sentido. Se eu realmente parecesse legal, então todos eles
estariam olhando para mim e nem notariam ele de qualquer maneira."
Tentar incitar Regulus a uma discussão, brigas leves ou até mesmo uma
briga completa de gritos, não funciona. Regulus não olha para ele. Não fala.
Não reage de forma alguma. É como se Sirius nem estivesse aqui, como se ele
realmente já estivesse morto.
~•~
Alguma parte de Remus realmente não achava que ele seria designado para
esta suíte novamente. É um pouco arriscado, mas também não é. Alguém teria
que se importar o suficiente para investigar isso e, como servo, ninguém se
362
ZEPPAZARIEL
importa, a menos que ele não esteja sendo adequado. E sim, ele está falhando
nisso—descaradamente e com alegria—mas ninguém sabe disso. Ainda assim,
é muito raro que os servos sejam designados para as mesmas coisas duas
vezes, então o que quer que Sirius tenha feito para que isso acontecesse...
Bem, funcionou.
Remus está praticamente vibrando enquanto espera Sirius entrar. Talvez isso
seja injusto e até um pouco cruel, porque Sirius estará tão ocupado este ano
quanto esteve no último. Ele também terá dois novos tributos para cuidar,
embora Remus tenha certeza de que não será tão emocionalmente desgastante
quanto no ano passado, quando era seu irmão e melhor amigo que ele tinha
que cuidar, vivendo com esse medo de que ele perderia um deles, ou os dois.
O som da porta se abrindo faz seu coração pular, e ele não consegue parar
de olhar para cima, esperando com a respiração suspensa pelo momento em
que ele verá Sirius novamente.
363
CRIMSON RIVERS
É todo errado.
Remus só pode ficar ali, congelado, sem entender o que está acontecendo
ou o que isso significa. James nem o cumprimenta; ele simplesmente marcha
pela sala e pelo corredor, uma porta batendo ao longe com força. Isso faz
Regulus se encolher.
Oh.
Sirius, no entanto... Ele respira fundo, então lentamente solta o ar. Apesar
de com quem ele chegou, ele não corre e se joga em Remus. Ele apenas se
aproxima dele lentamente, e a cada passo, seus olhos parecem ficar mais
brilhantes. Lágrimas. Há lágrimas em seus olhos, aumentando à medida que
ele se aproxima.
"Eu pensei que talvez você tivesse ouvido," Sirius resmunga, "Mas pelo seu
jeito, eu posso—eu suponho que você não tenha ouvido."
364
ZEPPAZARIEL
"Ouvido o quê?" Remus sussurra, fodidamente apavorado, tanto que sua voz
está tremendo, e Sirius não responde. O coração de Remus está acelerado, e
ele não sabe por quê.
"Oh. Oh, Sirius, eu sinto muito," Remus suspira, estendendo a mão para
ele imediatamente, e Sirius solta um ruído áspero e engasgado no momento
em que ele se dobra nos braços de Remus. Remus o segura, segurando a parte
de trás de sua cabeça e apertando os olhos enquanto a dor se enraíza nele.
365
CRIMSON RIVERS
Eu não vou quebrar, sabe, Remus disse a Sirius uma vez. Era mentira. Ele não
sabia, mas era mentira. Apenas espere, eu mal coloquei minhas mãos em você
ainda, Sirius respondeu, e ele estava certo. Porque aqui está Remus, agora, em
ruínas.
Não atinge Remus até este exato momento, mas havia segurança em Sirius,
uma sensação de segurança na qual ele tolamente acreditava, de todo o
coração. Não importa o que eles fizessem, Sirius nunca estava em perigo. O
risco nunca realmente se aplicava a ele, não realmente. Se alguma coisa desse
errado, Sirius provavelmente sobreviveria, escaparia da morte e tortura e
coisas piores; a ameaça de perdê-lo nunca foi uma ameaça genuína além de
não poder vê-lo novamente, mas ele sempre saberia, no mínimo, que Sirius
estaria seguro.
"Remus, por favor, diga alguma coisa," Sirius murmura, encarando-o com
olhos arregalados e brilhantes. "Me dê alguma coisa."
Eles nunca poderiam ter tudo, e agora, eles estão perdendo a única coisa
que eles tiveram, porque Remus não tem dúvidas, nem mesmo uma, que
Sirius está indo para aquela arena com seu irmão ou melhor amigo—qualquer
um—sem absolutamente nenhuma intenção de voltar.
366
ZEPPAZARIEL
367
CRIMSON RIVERS
42
A MISSÃO
Ser prefeito de um distrito não é exatamente o que ele esperava que fosse
quando ele lutou e abriu caminho para a posição, totalmente determinado a
subir o suficiente dentro do sistema para que ele pudesse realmente fazer a
diferença, apenas para chegar onde estava indo e aprender que não havia
muita diferença que ele pudesse fazer.
Isso escalda suas entranhas às vezes, saber que Albus estava certo.
Aberforth não pode negar que cuidou de seu distrito, de sua casa, com o
melhor de suas habilidades. Há sempre uma linha tênue a percorrer quando
plantada firmemente entre as demandas da Relíquia e as necessidades do
distrito. É um ato de equilíbrio constante, navegar em quais regras dobrar e
onde manter uma mão firme.
368
ZEPPAZARIEL
quebrar quando a Relíquia coloca todos eles sob uma pressão que ele não tem
como aliviar. Durante décadas—durante a maior parte de sua vida—ele esteve
no meio, pisando com cuidado para não se inclinar muito para nenhum dos
lados, e agora ele não tem escolha.
Albus está fazendo isso, sem dúvida. Aberforth não é tolo; ele está ciente
de que seu irmão está por trás de tudo, puxando as cordas, empurrando para a
guerra. Tentando compensar os erros antigos. Cometendo novos.
Durante anos, ele manteve este distrito seguro. Amanhã, ele sabe, não
conseguirá. Porque, amanhã, um dia depois do desfile de apresentação
televisionado, Euphemia Potter será levada para o meio do distrito e
espancada na frente de todos, e ninguém será poupado da violência de tal
369
CRIMSON RIVERS
coisa, porque a presença de todos é obrigatória. Até ele. Até ele terá que estar
lá para testemunhar.
Aberforth não quer ver. Ele não quer assistir. Ele não quer se lembrar. O
distrito seis não usa um poste de açoite desde que ele se tornou prefeito, e a
última pessoa que ele se lembra de ter sido chicoteado foi o próprio Albus.
Aberforth não quer que isso aconteça, não de novo, e não há nada que ele
possa fazer.
Bem.
Bem, há algo que ele poderia fazer. Algo que ele tem que fazer, porque ele
conhece as pessoas de seu distrito e sabe que haverá um tumulto no momento
em que Euphemia for marchada na frente da multidão e deixada à própria
sorte.
Ele toca apenas duas vezes antes de ser atendido, como se não tivessem se
passado quase cinquenta anos, e a voz de Albus é suave, muito suave, quando
a linha estala e ele murmura, "Aberforth."
370
ZEPPAZARIEL
Tanta lealdade, mesmo agora. Esse sempre foi o problema de Albus, seu
senso de lealdade apegado, e como isso se manifestava quando confrontado
com a perda, quando manchado por seus próprios erros. O que as pessoas
não percebem no distrito seis é que uma lealdade como essa pode levar a um
caminho sombrio do qual não se pode voltar. Justiça gera vingança o que gera
um ponto sem retorno.
Albus superou isso há muito tempo, aquele ponto sem retorno. Ele o
solidificou no momento em que assassinou Grindelwald. Aberforth implorou
para que ele não o fizesse. Mas, na verdade, ele estava apenas implorando a
Albus para não deixá-lo. Ele não sabia disso na época, mas ele estava.
"Albus," Aberforth diz rispidamente, apoiando sua testa com uma mão
trêmula, "Eu... preciso da sua ajuda."
Embora sua voz seja diferente e o tempo certamente tenha mudado mais
do que Aberforth jamais poderia saber, Albus, de fato, faz o que sempre fez
como irmão mais velho. Sem perder o ritmo, sem sequer gaguejar, ele diz,
"Você a tem."
~•~
Dorcas tem lutado consigo mesma a manhã toda, sem saber como vai
convencer Marlene a fazer isso, mas precisando encontrar um jeito de
qualquer maneira. Cada pensamento e plano que ela tinha parece tão estúpido,
então agora ela não tem nenhum plano.
371
CRIMSON RIVERS
"Eu queria ver quem apareceu para treinar de qualquer maneira, e já que
você está sendo preguiçosa e não quer vir comigo, eu vou sozinha,"
Emmeline interrompe simplesmente. Com isso, ela se vira e se afasta.
372
ZEPPAZARIEL
"Sim, eu, uh—" Marlene zomba um pouco e estende a mão para coçar a
sobrancelha, fazendo uma careta. "Eu realmente acho que é um pouco tarde
para isso, Dorcas."
"Você pode superar isso por cinco malditos minutos?" Dorcas estala. "Eu
não estou aqui para cair aos seus pés e—e—"
373
CRIMSON RIVERS
O rosto de Marlene fica vermelho, e ela parece irritada com isso. Dorcas
quer traçar a cicatriz em seu pescoço com a língua e sentir o calor de sua pele
entre os dentes. Emmeline parece completamente entretida enquanto passa
por elas, parando o suficiente para dar um sorriso a ambas antes de puxar a
porta de Marlene e fechá-la atrás dela, rindo enquanto ela sai.
"Chá?" Marlene oferece, tão tensa que ela quase parece que está se
preparando para a batalha, ou lidando com uma em curso já de dentro. Sua
mandíbula está apertada quando ela se vira e se dirige para a cozinha sem
esperar por uma resposta.
"O quê? Só estou dizendo. Você é quem disse que não era assim entre
vocês, então eu pensei—"
"Sim, bem, isso foi naquela época e isso é agora. Qual é o seu ponto? E,
francamente, como isso é da sua conta?"
"E se eu viesse um pouco mais cedo?" Dorcas pergunta, olhando para ela,
incapaz de se impedir de buscar a resposta, querendo tanto saber que mal
consegue pensar em mais nada.
"Mas se eu tivesse?"
374
ZEPPAZARIEL
"Eu nunca dei um anel para Lily," Dorcas deixa escapar, congelando no
momento em que a frase sai de sua boca. Não foi isso que ela veio aqui para
dizer, mas... bem, saiu agora. Marlene a encara. "Você perguntou antes o que
era diferente sobre como nós somos—como éramos amigas e como eu era
com qualquer outra pessoa. Lily—ela é minha amiga, certo? Ela é, mas é
diferente. Sempre foi diferente."
375
CRIMSON RIVERS
"Se eu tiver sorte, o mesmo tipo de coisas que Emmeline sabe sobre mim,"
Dorcas responde, porque se Emmeline é amiga de Marlene do jeito que Lily é
de Dorcas, então os olhares de diversão e prazer de Emmeline fariam total
sentido. Lily não seria diferente se fosse pega nessa situação.
"Eu preciso que você use isso, mesmo na arena, e não tire ou perca, por
nada," Dorcas diz a ela, empurrando as mãos ainda mais para embalar os
dedos de Marlene, pressionando o anel em seu polegar. Faz Marlene
estremecer, sua garganta balançando em um gole áspero enquanto ela olha
para ele.
"Por favor. Eu preciso que você faça isso, ok? Confie em mim." Dorcas
aperta suas mãos, segurando seu olhar. "Eu preciso que você confie em mim."
"Você não me deu uma razão para confiar em você, Dorcas," diz Marlene
rigidamente, as narinas dilatadas.
Dorcas assente com cuidado. "Eu sei. Você confia em mim mesmo
assim?"
376
ZEPPAZARIEL
"Contanto que você use isso, você pode ficar tão irritada quanto precisar,"
Dorcas diz a ela sem rodeios.
"Fora, fora, longe. Ninguém está aqui. Somos só eu e você," Marlene diz
rapidamente, seu peito arfando, olhos febris. "Nós podemos fazer isso aqui.
Nós vamos absolutamente fazer isso aqui. Venha aqui."
Dorcas vai. Claro que ela vai. Como ela poderia não ir? Sem qualquer
barulho, ela começa freneticamente a arrancar os anéis de uma mão, cada
tilintar deles batendo no balcão fazendo Marlene gemer. Marlene se dobra
para beijá-la novamente e, assim que a mão de Dorcas está livre, ela puxa a
377
CRIMSON RIVERS
O canto de aprovação de Marlene fica mais alto, e não demora muito para
que ela fique toda tensa, uma mistura do nome de Dorcas e xingamentos
realmente impressionantes saindo de sua boca. Suas costas arqueiam, o que
também é um feito impressionante, considerando sua posição. Ela quase cai
da beirada do balcão, e provavelmente cairia se Dorcas não a prendesse no
lugar, segurando-a ali, sem parar ou desacelerar até que Marlene estivesse
genuinamente apenas ofegante e se contorcendo contra ela.
Dorcas espera que ela caia para trás, respirando com dificuldade,
reconhecidamente satisfeita que as pernas de Marlene estão tremendo
enquanto caem um pouco, toda a energia parecendo sair dela por um
378
ZEPPAZARIEL
momento. Marlene apenas respira, olhos fechados, rosto corado. Ela parece
debochada e deliciosa espalhada no balcão, seu roupão aberto ao lado do
corpo. Dorcas fica lá e observa.
"Talvez, mas eu—eu tive uma recaída," responde Marlene, fazendo uma
careta e desviando os olhos. "Eu ainda tinha meu estoque, e na noite do
anúncio do Memorial Quaternário, fui direto para ele. Foi quando eu percebi
que estava apenas guardando para o caso de precisar. Eu estava lutando, tudo
bem, apenas pela coisa errada."
Dorcas suspira. "Marlene, você estava fazendo o seu melhor, e isso é tudo
que você pode fazer, ok? Uma recaída não faz—isso não faz de você uma
pessoa ruim. Não significa que você falhou. Você é humana, e essas coisas
acontecem."
379
CRIMSON RIVERS
"Acho que era de se esperar. Quer dizer, eu tinha acabado de saber que ia
voltar. Mas eu gostaria de não ter feito isso, e ficar sóbria uma segunda vez foi
uma merda," murmura Marlene. "Mas eu tenho sorte. Eu tive meus pais,
minha tia e meu tio, e meu primo. Bem, eu tive muito apoio, honestamente.
Eu sou grata, porque eu quero voltar para a arena com a cabeça limpa. Eu
quero ir como eu, não como a pessoa que eu tentei ser para as Relíquias."
"Bom. Você deveria estar," Dorcas diz a ela com firmeza, inclinando-se
para deslizar os braços em volta de suas costas e arrastá-la para mais perto, os
olhos se fechando enquanto Marlene se derrete nela com um suspiro
silencioso. Por um longo momento, elas ficam assim, e então Marlene a
empurra para trás e estende a mão para passar os dedos pelo seu cabelo.
"Não deveria ter feito isso. Porra," resmunga Marlene. "Oh, foda-
se você. Sério, apenas—apenas vai se foder, honestamente. Droga."
"Marlene—"
Dando um passo para trás, Dorcas oscila no lugar, engolindo em seco. "Me
prometa que você vai usar o anel."
"Eu prometo que eu vou usar seu anel estúpido," Marlene resmunga,
fazendo uma careta para o lado.
"Você vai ser o último pensamento que eu vou ter, sabe," Marlene
sussurra. "Antes de eu morrer, vai ser você. Eu simplesmente sei disso."
a Fênix. Ela quer, mas não tem tempo, recursos ou apoio para administrar
isso. Todos seriam mortos antes de dar um passo para fora do prédio.
Ela precisa ir. Ela tem que ir, porque ela tem uma chance de fazer a única
coisa que pode, neste momento. Há muito o que fazer e tão pouco tempo
para fazer, mas por Marlene, ela vai fazer acontecer. Custe o que custar, ela vai
conseguir.
"Não morra," Dorcas diz trêmula, se afastando para olhar para ela,
segurando seu olhar. "Faça o que fizer, não tire esse anel, e não morra."
~•~
A cabeça de Lily aparece entre as coxas de Ember, e ela ignora seu gemido
enquanto se levanta rapidamente, gritando, "Uma missão? Nós temos?!"
"Desculpe," Lily diz distraidamente enquanto ela corre para seu armário
para encontrar as roupas designadas especificamente para ela para as missões,
embora ela nunca tenha tido a chance de usá-las até agora. Ember enterra o
rosto no travesseiro de Lily e solta um grito abafado, o que faz Lily
estremecer. "Ok, ei, eu sei que é uma merda, mas eu realmente tenho que ir.
Eu vou, ah, fazer as pazes com você mais tarde."
381
CRIMSON RIVERS
O nível mais alto da Fênix é o mais seguro, visto que é a única maneira de
entrar e sair, se você excluir as aberturas. Há um hangar inteiro dedicado a
helicópteros, roubados ou construídos, ou ambos. Eles raramente são usados,
visto que a Ordem é uma organização silenciosa, e isso chamaria muita
atenção. Pouquíssimas pessoas se preocupam em se tornar pilotos, visto que é
basicamente visto como o 'trabalho preguiçoso'. Claro, Sybill sempre diz que é
exatamente por isso que ela escolheu, geralmente com um sorriso no rosto
quando ela diz isso. Apesar de ser treinada, ela nunca voou em nada antes.
Lily acha isso hilário.
A maior parte da atividade em torno do nível mais alto parece ser no trem,
que é—até onde Lily sabe—o meio de transporte usual para missões, visto
que é subterrâneo e fora da rede. Eles podem chegar a cada distrito e a
Relíquia a partir de uma rede de estações abaixo da terra. Praticamente todo
mundo é treinado para ser o motorista. Até Lily pode dirigir o trem.
"Então resgatamos seus corpos, se for possível," diz Kinglsey sem rodeios.
"Como de costume, haverá duas equipes. A equipe A se moverá para o
distrito, enquanto a equipe B permanecerá no ponto de encontro. Cada equipe
tem seu líder dando as ordens; sou eu na equipe A e Bones na equipe B. Cada
equipe tem seu médico de campo, caso precisem realizar a triagem com o
382
ZEPPAZARIEL
Lily sente sua boca ficar seca. Ela é médica. Como diabos ela deveria lutar
contra todos os instintos de ajudar as pessoas? E se...? E as crianças? E se ela
pudesse salvar—
Lily pega seu Notif quando é oferecido a ela. Ela meio que odeia isso, só
porque há uma quantidade ridícula de códigos para memorizar, mas ela
encontra uma pequena guia útil quando ela o inicia que lista os códigos para
ela. TA para alvo adquirido, e o código para ir com ele é 0310. Ela começa a
cantá-lo internamente em seu cérebro, mas para quando Kingsley começa a
falar novamente.
Então, é isso que Lily faz até o trem começar a se mover, apenas se
familiarizando com seus suprimentos, descarregando e recarregando sua arma,
tentando manter a calma. Kingsley e Edgar vão para cima e para baixo no
corredor, respondendo a perguntas que Lily ouve, arquivando as respostas.
Quando as coisas ficam quietas, Kingsley se joga no assento ao lado dela.
Kingsley lhe lança um olhar seco. "Você é muito boa de tiro para
desperdiçar no ponto de encontro." Quando Lily sorri, Kingsley ri e balança a
cabeça, então seu rosto suaviza quando ele pega seu olhar. "Nervosa?"
"Empolgada," diz Lily, porque uma vez ela leu em algum lugar que a
sensação de nervosismo e a sensação de empolgação vêm do mesmo lugar em
seu cérebro, e se você conseguir convencer sua mente a acreditar que é um em
vez do outro, seu cérebro não saberá a diferença. Sinceramente, não está
funcionando.
"Não vai ser limpo. Missões nunca são limpas. Elas ficam confusas e dão
errado o tempo todo," Kingsley a avisa. "Apenas lembre-se das suas
prioridades, e você ficará bem."
384
ZEPPAZARIEL
Lily sussurra e se inclina para trás, virando o olhar para sua arma, olhando
para onde a trava de segurança está. É uma boa metáfora para o que está por
vir, ela pensa, porque a segurança eventualmente terá que ser retirada. Da
mesma forma, a guerra eventualmente terá que ser travada. Ela acha que este
pode ser o primeiro tiro disparado.
~•~
385
CRIMSON RIVERS
Aberforth não acredita nisso nem por um segundo. Albus adorava mexer
com as pessoas, e ele duvida que a idade tenha mudado muito isso. Talvez o
tenha tornado mais vingativo, se alguma coisa. "Essa é uma linha segura.
Você sabe que sou eu."
"Eu nunca posso ter certeza de que alguém não encontrou, e se você não
responder com sua resposta adequada, então é um sinal claro de que você não
está sozinho ou pode falar livremente. É uma questão de segurança e sigilo,
Aberforth."
Albus faz uma pausa, então murmura, "As equipes estão à caminho."
Aberforth exala. "Eles enviaram um novo Auror chefe. Ele chegou esta
manhã e reuniu o resto com autorização da Relíquia para, ah, lidar com tudo
daqui. Ele... eu não sei o que ele fez, Albus, mas ele tinha malas cheias do que
parecia ser algum tipo de remédio. Todos os Aurores foram reunidos para
isso."
386
ZEPPAZARIEL
"Aberforth," Albus interrompe, sua voz mais afiada do que tem sido até
agora, desde que Aberforth a ouviu décadas atrás, "Sua casa provavelmente
corre um grande risco de ser varrida do mapa, você e seu povo com ela. Se
você ficar, você vai morrer."
Aberforth zomba. "Você acha que eu estou com medo, Albus? Eu não
estou. Se eu morrer aqui, então morrerei sem arrependimentos. Você pode
dizer o mesmo?" O silêncio é sua única resposta. Para enfiar a faca mais
fundo, Aberforth continua, "Nossa irmã está enterrada aqui, Albus."
Desamparado, Aberforth vira seu olhar para fora de sua janela, olhando
por cima da árvore na borda de sua propriedade. A que eles plantaram para
Ariana, junto com suas cinzas sob a base. Ele viu o menino—o Black mais
jovem—lá fora muitas vezes, jogando suas adagas na casca, ou simplesmente
sentado nas raízes frutíferas tecidas pela terra abaixo.
Aberforth sabe que ele e Albus não concordam com isso. A lealdade pode
se manifestar de maneira diferente para todos. A lealdade de Aberforth o
mantém aqui; A lealdade de Albus o levou embora. Ele duvida que eles vão
perdoar um ao outro por isso.
~•~
387
CRIMSON RIVERS
Lily balança sua mochila nos ombros e segura sua arma, acionando a trava
de segurança e seguindo Kingsley para fora do trem e subindo pela escotilha
até a superfície. Eles saem no meio da floresta, movendo-se em silêncio fora
do som de suas mudanças de marcha e batendo em seus corpos.
Lily estaria mentindo se dissesse que seu coração não está acelerado agora,
suas palmas um pouco suadas de onde ela segura sua arma. Eles revisaram
tudo no trem minuciosamente, passando fotos de Euphemia e Fleamont,
fazendo perguntas e apresentando cenários a serem observados. Mesmo
assim, Lily está no limite. Ela não foi tão longe da Fênix em seis anos agora. É
diferente de apenas esgueirar-se para a superfície pelas aberturas.
Lily escorrega para a direita e segue um beco entre duas casas, correndo
com cuidado com a arma ao lado. Os gritos aumentam de volume à medida
que ela se aproxima. Parece que seu sangue se transforma em gelo quando ela
ouve a rajada de tiros, o estalo das balas voando, acompanhadas de mais gritos
e os sons de pés batendo se espalhando por toda parte.
388
ZEPPAZARIEL
Há uma pausa no final do beco, e assim que Lily vira a esquina, ela tem que
se jogar de volta. Ela suga uma respiração afiada e estica a cabeça para além da
parede de tijolos, seu corpo fica tenso enquanto ela observa um Auror arrastar
um homem pela rua. Ele não é Fleamont, mas...
O Auror que ela atirou morreu de qualquer maneira, mas ela não o matou.
Ela nunca matou ninguém, até agora. Uma pessoa. Alguém que tinha uma
vida para viver até que ela a tirasse.
Alguém que estava prestes a tirar a vida de outra pessoa, Lily lembra a si mesma,
firmando sua mandíbula e se forçando a continuar. Ela passa correndo pelo
corpo e não olha para trás.
Quanto mais perto do pátio ela fica, mais caos há para encontrar. Pessoas
correndo. Pessoas gritando. Pessoas lutando e pessoas morrendo. Há
cadáveres no chão, alguns que são Aurores, outros não.
Lily continua.
Nos arredores do pátio, Lily pode ver pessoas de sua equipe no meio da
luta, Kingsley entre eles. Os Aurores estão cercando as pessoas e arrastando-
389
CRIMSON RIVERS
Lily se vira apenas o suficiente para ver uma mulher derrubar o outro
Auror no chão, e o Auror não parece ter uma arma, o que provavelmente é o
melhor, ou a mulher estaria morta. Do jeito que está, ela luta valentemente,
arranhando e rosnando, uma potência forte, honestamente.
O que Lily não espera que aconteça é que a mulher se lance do chão e vá
direto para Lily em seguida. Isso a pega desprevenida, e ela resmunga
enquanto cambaleia para trás, batendo no chão com tanta força que sua
respiração sai de dentro dela. Ela só tem um flash de pele morena, cabelo
encaracolado e olhos negros frenéticos antes que a arma em suas mãos seja
arrancada.
"Ei!" Lily grita, ficando de pé ao mesmo tempo que a mulher, apenas para
parar imediatamente quando se vê olhando para o cano de sua própria arma.
Oh, que porra é essa? Lily range os dentes. "Você está louca? Devolva isso.
Eu estou aqui para ajudar. Eu pareço um Auror para você?"
Lily estreita os olhos. "Você sabe mesmo atirar com uma arma?"
390
ZEPPAZARIEL
"Oh, pelo amor de Deus. Eu não tenho tempo para isso," Lily sussurra,
dando um passo à frente. "Não aponte uma arma para alguém se você não vai
puxar a porra do gatilho, e você está claramente—"
"Você atirou em mim, porra!" Lily explode quando ela cai no chão, uma
linha de fogo lambendo a parte externa de sua coxa. É apenas um arranhão,
na verdade, sem pontos de entrada ou saída, mas ainda dói pra caralho. Ela
fica boquiaberta para a mulher. "Você... Você atirou em mim."
Lily solta uma gargalhada atordoada, boquiaberta para ela, para Mary,
enquanto ela diz, "Lily. Eu sou Lily."
"Obrigada pela arma, Lily," Mary diz a ela, então se vira e sai correndo sem
olhar para trás. Ela está correndo em malditos saltos altos, também. Oh, ela é
louca, claramente.
391
CRIMSON RIVERS
Remus...
Por um segundo, isso é tudo que ela pode ver. Remus preso ao poste, suas
costas sangrando e despedaçadas, a cabeça caída. Toda vez que ela o
encontrava assim, a respiração dele ficava tão superficial. Depois de todos os
gritos e tiros que ressoam em seus ouvidos, Lily jura que pode ouvir
novamente. Como ele respirava.
Só por um segundo.
E então Lily está correndo para agarrar o poste e se jogar na estrutura que
o sustenta, subindo mais alto até que ela possa ver bem acima da multidão.
Ela levanta a arma, inspira e expira, o mundo inteiro se reduz aos quatro
Aurores puxando Fleamont.
Um.
Dois.
Três.
Quatro.
392
ZEPPAZARIEL
De qualquer forma, eles podem precisar de ajuda, então Lily desce e ignora
o latejar em sua perna enquanto ela começa a correr mais uma vez. Seus
pulmões estão queimando. Seu coração está acelerado. Tudo é tão alto,
sangrento e rápido. Está tudo acontecendo tão rápido.
"Sim, muito nobre, mas você está apenas impedindo essas pessoas de uma
ajuda melhor do que você e o Sr. Potter sozinhos poderiam dar a elas," Lily
interrompe enquanto ela literalmente vem subindo os degraus, arma segura
em seu quadril. "Assim que você e seu marido estiverem em um local seguro,
o resto da equipe estará liberada para fornecer ajuda a todos os outros. Ficar
por perto para essas pessoas é realmente pior para elas, porra, então, mexam-
se."
Kingsley suspira e dá a ela um olhar que claramente afirma sério, não havia
como você ter colocado isso de forma mais delicada? Isso é irônico, visto que eles estão
cercados de pessoas morrendo por todos os lados. Não há tempo para ser
delicado.
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CRIMSON RIVERS
Lily se concentra em sua tarefa e não volta a sintonizar até que ela se
levante e declare, "Não há nenhum ferimento de saída, o que pode significar
que há sangramento interno. Eu preciso de atendimento médico mais cedo ou
mais tarde, Sra. Potter. Agora, Sr. Potter, se você não quer ver sua esposa
morrer, você vai pegá-la e arrastá-la para fora daqui se for preciso. "
Esse parece ser o botão certo para apertar, porque Fleamont consegue
fazer o que ninguém mais poderia—convencer Euphemia a sair. Kingsley,
Amos e Lily viajam rapidamente juntos pelo pátio, conduzindo Euphemia e
Fleamont junto. É difícil evitar que Euphemia se envolva em brigas; ela
continua tentando parar e ajudar as pessoas, e até mesmo Fleamont é vítima
do desejo de tempos em tempos.
Lily pode ver um monte de gente correndo na frente, e ela sabe que deve
haver alguns que já conseguiram escapar, mas ela está praticamente louca para
voltar e ajudar a reunir mais pessoas para salvá-las. Focar apenas em dois
alvos é restritivo, e Lily preferiria muito mais—
"Você nunca consegue fazer o que é dito!" o homem mais velho grita,
lançando-se para a frente com uma carranca. "Se você não causar nenhum
problema, se você apenas ouvir e seguir a lei, sua mãe vai ficar bem. Você só
está piorando. Você faz tudo—"
394
ZEPPAZARIEL
"Eu disse para você me deixar ir, pai," e oh, oh, esse é o filho dele. Aquele
homem acabou de atirar no próprio pai. "Mamãe está lá, e eu vou levá-la para
um lugar seguro. Nem mesmo você vai ficar no meu caminho."
Lily exala surpresa, mas ela se vira para continuar assim que o homem cai
no chão, definitivamente mortalmente ferido. Ele acabou de ser baleado no
peito à queima-roupa. Infelizmente, a comoção conseguiu chamar a atenção
de Euphemia e, apesar de possivelmente estar mortalmente ferida, ela se vira
para encarar Fleamont com os olhos arregalados.
Crouch visivelmente não sabe se virar com uma arma, não com eficiência,
mas ele não tem medo de dar um soco, isso é óbvio. Ele está, no entanto, em
menor número no momento, o que significa que Fleamont e Euphemia o
alcançam no momento em que ele está sendo empurrado de joelhos, uma
arma pressionada em sua cabeça. Fleamont bate no Auror antes que ele possa
puxar o gatilho, e Euphemia se joga para frente também para empurrar outro
para trás, um braço em volta da cintura e ainda lutando apesar disso.
Crouch vai para o terceiro, agarrando-o pela manga e jogando-o com força
no chão. Não é preciso saber como lidar com uma arma nas proximidades;
tudo o que você precisa fazer, na verdade, é apontar e atirar. Crouch faz isso.
395
CRIMSON RIVERS
Euphemia luta com a arma para longe do Auror que ela atacou, também
apontando e atirando sem um segundo de hesitação. Lily e Amos correm para
ajudar Fleamont, que, apesar de ser um homem muito grande, está lutando
para conseguir a arma. Amos lida com isso para ele, chutando
impiedosamente o Auror no rosto enquanto Lily pega Fleamont pelas costas
de sua camisa e o arrasta para fora da linha de fogo, enquanto Kinglsey mira e
atira.
O centro do pátio é a fonte, e Lily pode ouvir pessoas tentando fugir, ainda
bloqueadas por Aurores, implorando para serem libertadas. Então, um após o
outro, esses apelos também dão lugar a gritos, somando-se ao resto.
"Não! Não, mãe! Mãe!" Crouch berra, jogando-se para frente contra
Euphemia e Amos, que o estão empurrando desesperadamente para trás. Ele
luta contra eles, e Fleamont se afasta de Lily para ajudar a arrastá-lo de volta.
"Recuem! Todos recuem agora!" Kingsley grita, sua voz elevada até quase
explodir, e ele já está com seu Notif em mãos, enviando os códigos.
Lily sente seu Notif vibrar em seu bolso, dando um ping alto.
Os gritos ficam mais altos, mais próximos, e Lily não pensa. Ela apenas
corre. Ela não está sozinha. Kingsley está empurrando Euphemia na frente
396
ZEPPAZARIEL
Lily corre para se esconder atrás de uma lixeira, seu peito arfando enquanto
ela fecha os olhos e leva um segundo para entender o que está acontecendo.
Lentamente, muito lentamente, ela percebe que a névoa verde está sendo
usada para matar pessoas rapidamente, e aqueles que tentam correr são
recebidos com balas, deixando todos presos. Eles precisam de uma brecha, ou
todos vão morrer.
Todos agora estão correndo na direção oposta, longe dos tiros, deixando a
linha de Aurores ainda no lugar, bloqueando a rota de fuga. Há Aurores vindo
atrás também. Lily não tem a mínima ideia de como eles vão—
"Abaixem-se!"
O aviso vem de cima, e a boca de Lily se abre com a visão de uma granada
voando pelo ar, lançada por um homem na frente com uma semelhança
surpreendente com Dumbledore.
397
CRIMSON RIVERS
"Vamos! Vamos! Vamos!" O homem mais velho que realmente poderia ser
confundido com Dumbledore começa a conduzir as pessoas para a floresta, e
todos fazem uso da brecha imediatamente.
Lily pode ver que eles vão. Mary tem um menino dobrado ao seu lado,
bloqueando-o enquanto ela atira. Crouch é uma bagunça do caralho,
claramente, mal capaz de ficar em pé, ensanguentado e machucado e ainda
berrando sobre sua mãe. Euphemia está cobrindo a multidão enquanto
Fleamont os dirige com o outro homem que se parece com Dumbledore.
Então Kingsley está lá, gritando para todos correrem, e Lily nunca o ouviu
soar tão frenético. Um olhar ousado por cima do ombro lhe diz o porquê. A
neblina verde os alcança, derramando-se dos becos atrás deles. É uma nuvem
grossa que fica pendurada no chão, não se espalhando mais alto, mas viajando
em um aglomerado. Os Aurores saem correndo, ilesos.
Atrás, uma pequena família de três pessoas—sendo uma delas uma criança
assustadoramente jovemaavem correndo em direção a eles, e Euphemia
engasga, "Andrômeda!"
"Vá, vá, Ted, vá," Andrômeda está cantando, tentando afastá-lo. Ela está
mancando, coberta de sangue, e ele a ajuda com o braço em volta da cintura
dela, enquanto o outro braço está carregando a criança, que está escondendo o
rosto em seu pescoço.
398
ZEPPAZARIEL
"Aberforth, nós não temos tempo para isso!" Ted estala, realmente
confiando em Andrômeda com Lily e Kingsley enquanto ele sai correndo para
Aberforth.
Aberforth não termina, o resto de suas palavras abafadas pelo estalo agudo
de um tiro, e a cabeça de Ted vira para o lado antes que seu corpo caia no
chão.
Andrômeda grita.
Ela grita de tal maneira que Lily pensa, por um momento, que a névoa
verde a pegou também. Um calafrio sobe pela espinha de Lily, sua respiração
399
CRIMSON RIVERS
saindo dela enquanto ela encara Ted, de olhos arregalados, sem se mover. Ela
não se apressa para fornecer assistência médica. Não há nada para ajudar.
"Pense na pequena Dora. Ela é sua filha, e ela precisa de você, ela ainda
precisa de você, então você tem que se levantar. Eu sinto muito mesmo, mas
você tem que se levantar," Euphemia continua em uma corrida frenética,
agarrando Andrômeda pelos ombros e puxando. "Vamos, nós temos que ir.
Não faça isso. Andrômeda—"
400
ZEPPAZARIEL
43
PREPARANDO-SE
"Isso não vai acabar bem, você percebe?" Remus murmura, mas ele não
soa como se realmente se importasse.
402
ZEPPAZARIEL
Remus está aqui na varanda com ele desde que eles se encontraram na
cozinha nos primeiros cantos desta manhã. Sirius, Pandora e James ainda não
tinham acordado, mas Regulus nem tinha dormido na noite anterior. Remus
apareceu, exatamente como faria, mas não demorou muito para fazer ele
abandonar o café da manhã e sair com ele.
Nada disso.
Regulus sabe que Remus está ciente de que Sirius vai voltar para a arena
com ele. Ele sabe disso porque ouviu Remus chorando do seu quarto. Apenas
mais uma pessoa que está ferida por causa de Regulus. Sirius estaria seguro
agora, se ele não tivesse—mas ele fez. Ele fez, e agora Regulus sabe como
Remus soa quando chora. É de cortar o coração.
403
CRIMSON RIVERS
"Você pode me odiar por isso. Faça o que você precisa fazer, e eu—vou te
apoiar nisso," Regulus continua, lutando contra a onda de emoção que faz seu
peito ficar apertado. "Mas não se esqueça de odiar ele por isso também. Eu
implorei para ele, Remus. E ele fez isso."
Remus fecha os olhos com força. "Eu não odeio você, Regulus. Eu
também não odeio ele."
~•~
A coisa é, Sirius não sabe o que fazer sobre isso. É claro que ele quer
respeitar a necessidade de espaço de Remus, mas ele também quer passar o
404
ZEPPAZARIEL
máximo de tempo que puder com ele enquanto ainda tem chance. Neste
ponto, todos eles estão apenas perdendo tempo.
E 'todos' inclui James, sim, que está fazendo sua versão de birra no
momento. Sirius não fica irritado com isso; ele é a última pessoa que pode
julgar alguém por fazer birras, com Regulus sendo o segundo próximo. Talvez
seja por isso que eles estão permitindo que James faça isso sem interferência,
sem falar, sem intervir para tentar melhorar. A verdade é que Sirius acha que
ambos—ele e Regulus—têm esse medo interior de que eles só são capazes de
piorar as coisas.
No entanto, Remus precisa... de espaço agora, então Sirius fica com o que
ele realmente teme, possivelmente pela primeira vez em sua vida. Bem, a
primeira vez que ele consegue se lembrar, pelo menos.
405
CRIMSON RIVERS
Fazendo uma careta, Sirius estende a mão para esfregar a mão na boca,
então solta um suspiro e deixa seus ombros caírem. "Ok, apenas acabe com
isso. Vá em frente, solte. Grite à plenos pulmões."
"Acho que você pode precisar, no entanto," Sirius diz a ele, tentando se
preparar para isso. Seu estômago está embrulhado, e James não se incomoda
em responder. "Se—se você apenas tirar isso, e você puder passar por isso,
então—"
"Não há como passar por isso," James interrompe, e ele não parece
zangado. Ele parece exausto.
Os olhos de James se abrem, e ele apenas olha para Sirius, apenas o estuda
devagar, diligentemente. Suavemente, ele diz, "Você está planejando tirar ele
de lá."
James faz um ruído áspero e engasgado. "O que eu faço com isso? O que
eu devo fazer com isso, com tudo isso? Está tudo fodido. Como ele pôde
fazer isso comigo?"
"Não havia uma resposta certa para isso," Sirius murmura. "Não havia
nenhuma maneira de qualquer um de nós conseguir—passar por isso sem que
tudo desse merda. A verdade é que estávamos todos fodidos de qualquer
maneira."
406
ZEPPAZARIEL
"Ele pretendia," diz James, sua voz embargada. "Essa é a diferença. Ele
mentiu para mim, de propósito, Sirius. Ele esteve sempre planejando isso, e—e
eu não posso—é uma bagunça, porque minha mãe está segura por causa dele,
mas ele ainda—não é que eu a quero em perigo, ou você, é só que
ele pretendia—"
"Isso machuca pra caralho," James engasga. "Machuca, e ele sabia que iria,
e ele pretendia me machucar."
"Mas você não vai estar," James diz, seu queixo balançando.
"Me perdoe mesmo assim," Sirius implora, porque ele precisa disso,
mesmo que seja mentira. Ele não quer morrer sem o perdão de James.
"James," Sirius diz, sua voz suave e rouca, e ele desliza para cima da cama
cautelosamente, sem saber se—
407
CRIMSON RIVERS
"Eu não posso, eu não posso fazer isso, Sirius, eu não posso, por favor,"
James choraminga, as palavras saindo de sua boca. Ele não para de chorar por
muito tempo, mas quando o faz, ele cai nos braços de Sirius e repete, "Eu não
posso fazer isso."
"Sim, por causa dele," diz James, e há força em sua voz novamente,
finalmente, alimentada pela raiva. "Você acha que eu e ele seremos felizes?
Você está errado. Eu odeio ele. Eu odeio a porra do seu irmão estúpido e suas
mentiras estúpidas e suas—"
"Eu não quero falar sobre ele," James interrompe friamente. "Nós não
vamos dar um jeito nisso. Eu e ele, nós não seremos felizes, Sirius. Ele é—eu
simplesmente não posso. Ele é quem—ele—"
"Eu não vou falar sobre ele," James corrige, seus olhos brilhando, a
mandíbula apertada. "Eu não vou fazer isso, Sirius. Está acabado. Eu e ele—
nós acabamos. Eu o odeio, e é isso."
"Ok, claro, é isso," Sirius murmura, sem acreditar por um segundo. "Você,
ah, odeia ele. Não é da minha conta, mas o bem-estar dele é da minha conta
como irmão dele, então... Bem, seja o que for, eu sei que posso pedir isso a
você e ter certeza de que você fará isso. Eu vou me certificar de que ele
chegue em casa, então apenas... Cuide de Regulus, James, por favor."
408
ZEPPAZARIEL
A última vez que Sirius pediu isso a James, ele tinha dezesseis anos e estava
indo para a arena. James não conseguiu responder antes de Sirius ser
arrastado, e ele não responde agora, mas Sirius não precisa de uma resposta
para saber que ele vai tentar o seu melhor.
~•~
"Que razões você tem para evitar eles?" Remus pergunta, os lábios se
contraindo enquanto ele arqueia uma sobrancelha para ela.
"Bem, Sirius está todo deprimido, o que me deixa triste," Pandora explica,
lançando um olhar aguçado para Remus. Logo depois, ela lança um olhar
aguçado para Regulus também. "E James está todo... bravo, o que me deixa
preocupada. Eu preciso de uma pausa, honestamente, então nenhum de vocês
pode ser nada além de calmo e neutro pelos próximos cinco minutos, por
favor e obrigado."
Nos cinco minutos seguintes, eles literalmente não falam ou fazem nada
além de olhar para a varanda. Pandora começa a cantarolar baixinho, e é
reconfortante. Remus fecha os olhos e joga a cabeça para trás, inspirando e
expirando, inspirando e expirando.
"Hum?"
409
CRIMSON RIVERS
Remus abre os olhos e olha para Pandora, que respira fundo, então
murmura, "Ele está—sim, ele ainda está praticamente o mesmo. Ainda
doente. Não está melhorando, e—e os curandeiros dizem que não resta muito
tempo, talvez um mês ou dois."
"Eu sinto muito," Regulus murmura. "Eu queria... Bem, eu esperava que eu
pudesse—estar lá para você quando..." Ele exala e desvia o olhar. "A única
razão pela qual eu trouxe isso à tona é porque, ah, eu tenho um conselho.
Apenas, hum, tenha alguém com você quando você estiver vasculhando as
coisas dele. Isso ajuda."
"Ok. Obrigada," Pandora sussurra. Ela faz uma pausa, então franze a testa
para ele. "Espere, eu pensei que você tinha dito que não sabia nada sobre o
processo?"
Regulus pisca para ela. "Oh, bem, eu ainda não sei, mas meus pais
morreram na última noite da turnê da vitória. Incêndio na casa. Nós
descobrimos quando voltamos. Foi—bem, nós temos certeza de que foi
Riddle que fez, mas de qualquer forma—"
"Eu sinto muito," Remus diz a ele, sincero e desesperado, cheio de tanto
arrependimento e tristeza por tantas coisas, porque ele está percebendo de
uma vez que ele sente tanta falta de Sirius, e aqui está ele como um maldito
tolo, faltando mais.
410
ZEPPAZARIEL
"Ok, ei, tudo—tudo bem, Remus. Não é sua culpa. Vamos, não faça isso,
sim?" Sirius se aproxima, estendendo a mão com visível apreensão. "Vamos
apenas—vamos falar sobre isso, certo? Podemos ir? Você vem comigo?"
Alguns momentos depois, Sirius está levando Remus direto para seu quarto
e direto para a cama. Ele tira os sapatos e solta a mão de Remus, subindo na
cama e se posicionando antes de olhar para ele com esperança descarada em
seus olhos.
"Remus, você literalmente não podia," Sirius murmura. "E eu não culpo
você por isso. E... na verdade, de certa forma, você estava lá para mim. Sabe,
eu saía todas as noites e falava com a lua como se estivesse falando com você,
e eu estava. Toda vez, eu estava apenas conversando com você, e conversar
com você ajudou. Mesmo com meus pais morrendo, ajudou."
"Mas foi alguma coisa," Sirius diz suavemente. "Para mim, isso foi tudo.
Por favor, não diminua a maneira como você conseguiu cuidar de mim,
mesmo quando você não pôde estar lá."
Remus pisca forte e rápido, engolindo em seco. "Ok, eu não vou fazer isso,
então. Mas eu—eu falhei em estar aqui para você hoje, Sirius, e eu sinto muito
por isso."
"Sirius," Remus sussurra, lutando para não cair no suave canto de Sirius e
no suave movimento de seu corpo.
"Nós não podemos roubar a lua, nós não podemos ficar com as estrelas,
mas nós não podemos ser gratos por amá-las de qualquer maneira? Apesar de
tudo, eu sou grato por amar você, Remus," Sirius sussurra de volta. "Você é?"
Sirius faz um barulho suave em sua boca, a mão deslizando para embalar a
nuca de Remus, segurando-o lá. É um beijo lento, profundo e sem pressa,
reverente e completo. Remus toma o tempo para reaprender os lábios de
Sirius, não que ele os tenha esquecido, mas ele sente o alívio de reencontrá-los
depois de tanto tempo. Ele não pode evitar. Sirius é pior que uma droga, e
Remus nunca quer largar ele.
"Oh, oh, porra, eu senti sua falta. Eu senti falta disso," Sirius murmura
enquanto se aproxima ainda mais, inalando bruscamente enquanto desliza a
mão no cabelo de Remus. "Merda, eu senti tanto a sua falta."
"Não se passou um dia sem que eu não pensasse em você, Sirius," Remus
responde. "Eu fechei meus olhos todas as noites e sonhei com você. É
sempre você, em qualquer mundo, em qualquer vida."
Sirius, depois de todo esse tempo, ainda cora lindamente como sempre. O
calor pulsa no peito de Remus quando ele o vê, aquele rubor que sobe às suas
412
ZEPPAZARIEL
bochechas quando ele está nervoso, ou satisfeito, ou tudo isso e muito mais.
Ele é precioso. Simplesmente precioso.
"Essa também," Remus murmura. "Talvez seja mais gentil conosco do que
essa foi."
"Talvez, mas por enquanto, essa não é tão ruim," Sirius diz a ele, sua
respiração engasgando quando ele finalmente se encaixa no lugar, onde ele
estava tentando ficar todo esse tempo, pressionado contra Remus. Ele parece
tão satisfeito consigo mesmo. "Não, não é tão ruim assim, não no momento.
Porque aqui está você. Aqui estamos nós, por enquanto."
Remus se vê sendo beijado novamente, com mais fervor dessa vez, mais
intensidade e propósito. Os dedos de Sirius apertam seu cabelo, e Remus se
ajusta. A mudança de tom rouba seu foco até que ele está agarrando o
caminho pela coxa de Sirius, finalmente enganchando os dedos sob seu joelho
e puxando a perna de Sirius sobre seu quadril.
Sirius geme no beijo, alto e orgulhoso por isso, e isso envia uma emoção
impotente através de Remus imediatamente. Ele puxa Sirius para mais perto,
subitamente desolado por todo o dia que ele desperdiçou até agora não
fazendo exatamente isso. Uma névoa enche sua cabeça, e ele quebra o beijo
para descer com a boca até a garganta de Sirius.
"Oh, sim, isso é—mm, Remus, espere um segundo," Sirius bufa, e Remus
o faz, recuando para piscar para ele.
"Brilhante," Sirius diz fracamente, e então ele tosse um pouco, seu rosto
ficando vermelho vibrante. "Eu só—bem, eu estava me perguntando se nós
poderíamos... Hum."
413
CRIMSON RIVERS
Remus sorri para ele com carinho. "Você quer tentar alguma coisa? Você
pode apenas perguntar, Sirius, está tudo bem. Eu provavelmente vou dizer
sim de qualquer maneira. Eu não posso imaginar que há algo que eu não faria,
contanto que eu esteja fazendo isso com você."
Essa é a coisa certa a dizer. Remus pode ver imediatamente que ele acabou
de acertar o alvo, porque Sirius relaxa, e seus olhos brilham como se ele
tivesse acabado de descobrir uma nova função em um brinquedo que ele nem
sabia que existia. Oh, ele também faz isso? Sim, sim, ele faz. Remus luta para
abafar uma risada com o puro deleite no rosto de Sirius, sua excitação e alegria
palpáveis.
"Eu quero tentar—do outro jeito," Sirius diz a ele. "Me deixe tentar
realinhar a sua coluna dessa vez, se estiver tudo bem."
Remus bufa uma risada. "Você realmente pensa nisso assim? Como essa
frase, quero dizer. Realinhamento da coluna."
"James é uma influência terrível, mas ninguém sabe disso porque eles
pensam que ele é todo doce e inocente. Ele não é. Ele é um pervertido travesso
que—" Sirius engasga, e então ele se apoia em seu cotovelo. "Remus, eles
fizeram isso. O realinhamento da coluna; aconteceu. Bem, provavelmente. Eu
não sei os detalhes, felizmente, mas você entendeu."
Sirius balança a cabeça como um boneco. "Eles passaram, tipo, dois dias
seguidos apenas..." Ele franze o nariz. "Bem, você sabe."
"Então, o que diabos aconteceu?" Remus deixa escapar. "Regulus não falou
muito, mas eu acho que eles estão... brigando? Quero dizer, eu sei que isso é
tudo uma merda, mas James parece realmente, ah..."
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ZEPPAZARIEL
genuinamente. Ele disse que eu estou morto para ele. E James disse que odeia
Regulus, só que é claro que ele não odeia, e é—é tudo uma bagunça, Remus."
Remus pisca. Muito. Tudo o que ele pode dizer é, "Oh, isso é tão fodido.
Tudo isso é tão fodido."
"Eu sei," Sirius concorda com um gemido, abaixando a cabeça para bater
no ombro de Remus, e então ele se levanta. "Eu não quero mais pensar nisso.
Você não disse se—se nós podíamos... fazer isso. Se você não quiser, tudo
bem. Podemos fazer outra coisa. Ou se você não—"
"Sim?" Sirius exala, seu rosto corando novamente, mas como um sinal de
ansiedade. Seus olhos dançam com antecipação.
Como se ele pudesse sentir isso, como se estivesse sendo atraído por isso,
Sirius avança para beijá-lo, e Remus fica muito grato por ele ter feito isso.
~•~
Sirius trabalha com Pandora para reunir todos mais perto da noite. James e
Remus ficam em um canto e murmuram para frente e para trás enquanto
Sirius e Pandora discutem sobre como configurar as telas para o que eles
precisam. Regulus fica em silêncio, olhando para os dedos sem dizer uma
palavra.
415
CRIMSON RIVERS
Sirius não consegue evitar começar a rir. O som não parece apropriado
para a atmosfera atual, mas ele não pode evitar. Remus pisca para ele,
assustado, e James tosse como se estivesse lutando para não rir também.
Pandora dobra os lábios, visivelmente divertida. Regulus não reage nada.
"O que?" Remus pisca novamente. "Onde eu estou indo? O que nós
estamos fazendo?"
Sirius bufa e se abaixa para pegar a mão de Remus, puxando-o para ficar de
pé. "Já que você duvida de mim, eu vou provar isso para você. Forte como
você é, certamente você pode dar conta de mim, certo?"
416
ZEPPAZARIEL
"Não foi isso que eu quis dizer," Remus diz fracamente, suas mãos
penduradas ao seu lado. "Eu só—eu só estava dizendo para não desperdiçar a
oportunidade de—"
"Isso é—talvez seja só eu, mas parece muito..." Remus tosse e dá a ele
um olhar. Sirius balança as sobrancelhas para ele, e ele realmente cora um
pouco. Oh, ele está nisso. Ele está tão envolvido nisso agora. Sirius nunca
sentiu tanta alegria em sua vida.
Remus bufa uma risada fraca, balançando a cabeça, mas ele realmente dá
um passo à frente, e suas mãos sobem quase automaticamente, como se seu
primeiro instinto fosse sempre alcançar Sirius no momento em que ele
chegasse ao alcance. Desta vez, ele não vai tão longe. Sirius estende a mão
para agarrar seu pulso, puxando com força e chutando com o pé para prendê-
lo ao redor do joelho de Remus, varrendo sua perna por baixo dele e
mandando-o direto para o chão. Isso acontece em cerca de cinco segundos, e
então Remus está caindo de costas com um baque.
Sirius estala a língua e vira a cabeça para o lado, olhando para Remus com
um zumbido baixinho. Remus pisca para ele, ofegando um pouco. Ele parece
bem assim. Bem, ele sempre parece bem, mas Sirius não é imune à visão de
Remus Lupin atordoado, olhando para ele sem esconder sua admiração. Ele
viu isso mais cedo quando eles estavam—
"Você acha que eu passei os últimos onze anos sem fazer nada, Remus?
Talvez seja o trauma, mas você não simplesmente para de se preparar para
qualquer coisa depois da arena, especialmente quando você é um mentor,"
Sirius diz a ele, divertido. Ele estende a mão, sorrindo gentilmente. "Me deixe
ajudar você a levantar. Você está bem?"
417
CRIMSON RIVERS
"Absolutamente eu quero."
Sirius sorri para ele. "Eu posso fazer aquela coisa de balanço onde eu, tipo,
subo em seu corpo enquanto você está de pé e te jogo no chão com minhas
coxas em volta de sua cabeça."
Eles nunca têm tempo suficiente, e Sirius não quer perder um segundo do
que eles têm. Ele quer passar o máximo de tempo que puder junto apenas
sendo... feliz, ou o mais feliz possível com tudo isso acontecendo.
"Tudo bem," Sirius anuncia. "Hoje, nós vamos revisar os outros Vitoriosos
e os seus jogos, o que significa que vamos assistir aos destaques e tomar notas.
Será, tipo, uma atividade de união em grupo para todos nós. Aconcheguem-se,
desliguem as luzes, descontraiam-se e relaxem um pouco enquanto nós—"
418
ZEPPAZARIEL
~•~
Regulus tem certeza de que ele tem o layout do lugar decorado no que diz
respeito aos outros tributos. Há Sirius, é claro, cujos jogos Regulus conhece
de trás para frente; está praticamente gravado em seu cérebro, mesmo onze
anos depois.
No distrito um, há Bellatrix e Narcissa, que é uma bagunça por si só, e isso
sem incluir o quão implacáveis as duas eram em seus jogos.
Bellatrix abordou seus jogos como—bem, como uma mulher louca. Ela era
uma Comensal da Morte—é claro que era—e não tinha vergonha de matar
qualquer um que encontrasse. Os Comensais da Morte chegaram ao fim em
um grupo de cinco, e Bellatrix foi a última de pé depois que eles se voltaram
um contra o outro.
Narcissa não era uma Comensal da Morte, mas ela parecia ter feito alianças
com os Comensais da Morte e praticamente com todos os outros tributos que
estavam dispostos a lutar. Ela se retratou como delicada, precisando de
proteção, e mal precisou levantar um dedo até chegar a hora de atirar em
alguém pelas costas. E ela fez exatamente isso, uma e outra vez. Ela até fez
isso para ganhar. Literalmente, no final dos jogos, ela atirou em um homem
nas costas com uma flecha antes que ele pudesse perceber que o canhão
anterior significava que restavam apenas dois tributos.
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CRIMSON RIVERS
Augusta é uma mulher mais velha e, em seu tempo, era mortal. Fora todos,
exceto Sirius, ela tem a maior contagem de mortes, que chega a nove pessoas
que ela matou em sua arena. Ela tem sessenta e três anos agora, mas isso não
significa automaticamente que ela seja mais fraca ou menos capaz. Afinal,
Effie tem cinquenta e quatro anos e é perigosa.
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ZEPPAZARIEL
"Não, isso foi apenas como ela lidou," Sirius murmura, quando James, que
também percebe, fala para perguntar. "Ela compartimentalizava muito em seus
jogos, ou pelo menos foi o que ela me disse. Mas isso a atingiu depois."
Dixon foi o mentor de Emmeline antes dela assumir o lugar dele, e ele
também era um Comensal da Morte. Ele está mais velho agora, mas ainda é
alguém para se preocupar, apenas por causa de quão forte ele era e
provavelmente ainda é, se ele continuou praticando.
Eli, seu mentor, era um jovem brilhante quando entrou em seus jogos.
Brilhante e charmoso. Amado pelos patrocinadores. Ele está mais velho agora,
e de acordo com Sirius, ele é um bêbado. Pandora diz que ele estava
literalmente perdido na colheita, e Regulus não pode deixar de sentir uma
profunda tristeza por aquele homem, que mudou depois de seus jogos. Isso o
lembra vividamente de seu tio Alphard.
coisa ambiental. Camilla, por outro lado, foi ridiculamente esperta ao se juntar
aos Comensais da Morte e depois assassinar todos eles enquanto dormiam na
primeira noite. Ela sobreviveu a todo o resto e matou o último no sexto dia.
"Então, o que nós sabemos?" Pandora pergunta, uma vez que a tela está
desligada.
Pandora faz uma careta. "Certo. Existe alguma chance de que a lealdade
familiar entre em jogo aqui, ou...?"
Sirius bufa. "Um pela outra, sim, mas não para nós." Ele gesticula entre ele
e Regulus. "Elas provavelmente vão trabalhar juntas, e eu não duvido que
Bella queira se juntar aos Comensais da Morte, então Cissy provavelmente irá
junto com ela. Eu tenho a maior contagem de mortes dos meus jogos, e eu
também sou muito adorado pela Relíquia. Eles vão querer me tirar do
caminho mais cedo, e Regulus também, provavelmente."
"Sim, mas os outros Comensais da Morte vão querer usar isso a seu favor.
As Relíquias amam todos os membros da família Black. Nós somos seus
favoritos. Os mais divertidos," Sirius explica, franzindo o nariz. "É porque
somos todos loucos. Faz um bom show. Eles amam o drama, sem dúvida, e
não há família mais dramática do que a nossa."
"Eles deviam ter cuidado com isso," murmura Pandora, seu rosto caindo
em uma carranca. "A insanidade não é um evento contido. Pode alcançar eles
também. Eu espero que alcance."
"Talvez sete, se Dixon se juntar de novo," Sirius diz, "E eu não vejo por
que ele não faria isso. Ser um Comensal da Morte em uma arena cheia de
pessoas tão perigosas assim? Bem, é inteligente. É uma linha clara até o fim, se
422
ZEPPAZARIEL
for feita corretamente, porque isso é acesso aos melhores lutadores ao lado
deles e patrocinadores que vão apoiá-los."
"Certo. Hum, vamos ver..." Sirius hesita, então solta um suspiro profundo.
"O ponto fraco de Augusta é Frank, e o de Alice também, eu acho. Marlene—
"
"Dorcas," James diz baixinho. Ele fecha os olhos quando todos olham para
ele. "Dorcas, com certeza. Elas têm—uma coisa. Pelo que eu sei, é bem
complicado, mas o jeito que Marlene falou sobre ela... Sim, Dorcas é uma
fraqueza para ela."
Pandora faz um pequeno som, olhando para Sirius, que parece prestes a
vomitar. "Ok, não, não vamos—não vamos fazer isso. Elas são—quero dizer,
elas serão mesmo uma ameaça?"
"Acho que sim," resmunga Sirius. "Para começar, tenho certeza que todos
seremos aliados, assim como os Comensais da Morte. Serei eu, Reggie,
Marlene, Emmeline, Augusta e Alice. Mavis e Velvet estarão juntos. Dixon e
Eli são curingas. Coen e Camilla estarão lutando entre si, aparentemente, mas
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CRIMSON RIVERS
serão curingas fora disso. Majesty, Asher, Lester, Henri, Alowyn e Warwick
também serão curingas, mas eu suspeito que todos tentarão passar por isso
sozinhos. O resto serão Comensais da Morte."
"Yaxley foi o último mentor para o dois, mas ele está de volta, então quem
é esse ano?" musas de Sirius.
Regulus não consegue parar de fazer uma careta, incapaz de parar seu
cérebro em desenhar as semelhanças com o ano anterior, quando seu irmão
mais velho era seu mentor. Sirius trabalhou até os ossos por ele, e por James,
então se Rodolphus se importa com seu irmão metade do que Sirius se
importava... Bem.
"Frank," James diz, e isso é tudo que ele diz. Regulus não quer ranger os
dentes, mas acontece de qualquer maneira. James não percebe, ou se importa,
porque ele ainda está agindo como se Regulus não existisse.
Sirius limpa a garganta. "Sim, Frank. Ele é—ele vai ser alguém para ficar de
olho, James. Ele é um mentor muito bom com pessoas que ele não é próximo,
mas pela sua mãe e Alice? Eu suspeito que ele estará trabalhando mais do que
nunca. Ele provavelmente também vai estar uma bagunça, porque não só elas
estão na arena, mas também o resto de seus amigos. Apenas... verifique se
você tiver a chance, ok? Se apoie nele. Deixe ele se apoiar em você."
"Você é novo," Pandora diz a ele gentilmente. "Eles—bem, isso será uma
vantagem. Ninguém nunca teve acesso a você como mentor antes, então você
vai atrair o interesse deles. Você também..."
"Eu quero dizer, que se Sirius precisar de algo na arena, então expressar o
quanto ele significa para você como seu melhor amigo, bem como o quanto
ele significa para as Relíquias, ajudará você a conseguir doações para usar para
ele. E—e para Regulus, se ele precisar de alguma coisa, então expressar o
quanto você... o ama—"
Assim que as palavras saem da boca de James, Regulus se levanta e sai sem
dizer uma palavra, indo direto para o seu quarto. Ele fecha a porta
suavemente, tranca ela e vai encher a banheira. Pelo menos lá, quando ele
chora, ele pode mentir para si mesmo sobre o porquê.
~•~
425
CRIMSON RIVERS
Ele não gosta do lembrete de que ele já foi um ignorante também. Parece
uma mancha de vergonha que ele nunca consegue limpar. É verdade que a
ignorância é uma felicidade, e Horace passou a maior parte de sua vida feliz,
mas não mais.
Vir para a Fênix foi o equivalente a ser espancado na cabeça com uma dura
e medonha realidade que ele nunca teve conhecimento. Uma realidade onde as
pessoas estão sofrendo. Uma realidade onde a guerra está fervendo sob a
superfície, subindo mais alto a cada dia. Uma realidade onde existem
verdadeiros problemas neste mundo—sua parte do mundo,
especificamente—e ele ajudou a perpetuá-los.
Crianças.
Ele não sabia. Ele realmente não sabia. Uma parte dele ainda deseja que ele
não soubesse, porque às vezes ele não sabe lidar com o que sabe agora.
Estar na Fênix abriu seus olhos para todas as coisas que ele não podia ver
antes. As coisas sobre as quais Dorcas falava e muito mais. Muitas pessoas
aqui são de distritos e não têm vergonha de contar a ele o que sofreram, coisas
com as quais ele nunca teve que lidar. Por muito tempo, encarar de frente o
que eles lidaram o deixou desconfortável, o fez querer se virar e ignorar, e
levou tempo até que ele pudesse deixar de lado sua própria culpa, vergonha e
desconforto para realmente aprender os problemas, bem como perceber que
ele queria ajudar a consertá-los.
426
ZEPPAZARIEL
Mas ele o fez. Ele deu esse passo por conta própria, indo direto para Albus
e contando tudo o que sabia sobre Tom, sobre a Relíquia, sobre os
funcionários do governo e como os jogos funcionavam. Foi surpreendente
perceber que Albus foi o homem que assassinou Gellert, porque ele se
lembra disso. Ele e o resto da Relíquia foram informados de que o Vitorioso
que matou Gellert foi capturado e executado pelo crime. Aparentemente não.
A coisa é, Horace quer ajudar—ele quer—mas ele não quer lutar. Ele não
quer arriscar sua vida. Talvez isso seja vergonhoso e desprezível depois de
tudo o que ele fez e não fez na mesma medida, mas é verdade. Ele está feliz
em ser um consultor, respondendo perguntas e dando informações vitais,
vendendo os segredos de sua casa com uma ânsia que cresce a cada dia. Ele
apenas se sente inadequado de uma maneira que nunca se sentiu na Relíquia,
como se ele pudesse estar fazendo mais, como ele deveria estar.
427
CRIMSON RIVERS
De qualquer forma, ele decide que é melhor ficar fora do caminho, o que o
leva direto para seu quarto, onde ele entra, fecha a porta e se vira para
encontrar Dorcas Meadowes sentada na beirada de sua cama, arma na mão.
"Ah, agora é um momento muito ruim," Horace tenta, então apenas cede e
começa a mergulhar para a porta.
Dorcas está de pé com a arma apontada para a cabeça dele antes que ele
faça isso, assobiando, "Nem pense nisso." Horace sabiamente para e engole em
seco. Dorcas cantarola. "Bom. Agora, eu tenho algumas perguntas, e você vai
responder a todas elas."
"Os tributos," Dorcas estala. "Eu preciso tirá-los. Alguns deles. Todos eles.
Eu não me importo. Apenas—mais de um."
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ZEPPAZARIEL
Horace respira fundo e solta o ar lentamente. "Você não tem que apontar a
arma para mim. Eu vou te dizer tudo o que eu sei. Se isso é algo que você
planeja fazer, embora eu duvide que você possa, eu gostaria de pelo menos
contribuir por minha própria escolha."
~•~
"Como ela está?" Lily pergunta enquanto Poppy dá um passo para trás e a
deixa deslizar para fora da cama, puxando suas calças de volta com um
pequeno pulo e careta, sua perna agora medicada e liberada para ir.
"Se recuperando. Ela se saiu bem na cirurgia," Poppy diz a ela. "Se ela
chegasse aqui mesmo uma hora depois, ela estaria em estado crítico, mas ela
vai viver."
"Não, sem outras perdas," murmura Poppy. "Você fez bem. Temos alguns
ossos quebrados, mais do que alguns ferimentos de bala, mas fora isso
tivemos uma sorte incrível."
"Certo," Lily diz baixinho, seu coração aperta quando ela pensa em todas
aquelas pessoas que nunca conseguiram sair do distrito. Todos aqueles que
morreram, Ted entre eles. Todos que conseguiram tiveram sorte; Euphemia
passou por uma cirurgia, Andrômeda se reuniu com sua filha e
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CRIMSON RIVERS
"Oh, foi só um arranhão, Poppy. Já tive coisa pior do que levar um tiro de
uma mulher muito atraente, acredite em mim," Lily diz a ela, achando graça,
embora não seja como se Poppy não soubesse. Poppy foi quem tirou a bala
quando ela foi baleada no ombro.
"Eu estou bem," Lily interrompe, dando um passo para trás e limpando a
garganta, dando-lhe um sorriso tenso. "Sim, eu estou bem, Poppy. Sério."
"Tudo bem não estar bem, Lily. Você sabe disso, não sabe? Eu não estava
depois da minha primeira missão," Poppy a assegura.
Não que ela tenha problemas. Ela está indo muito bem.
Lily tem que engolir um gemido quando ela entra em seu quarto e vê a
forma de alguém em sua cama com o canto do olho, pensando a princípio que
é Ember, ainda aqui e esperando Lily terminar o que começou. Por mais que
430
ZEPPAZARIEL
Lily adoraria compensar a interrupção anterior para ela, ela está morta e
realmente só quer um cigarro. Ou cinco.
"Oh, bem, bom para você," Lily responde apoiando. "O que você roubou,
então? Trouxe alguma coisa para mim? Você sabe que eu adoro quando você
me traz presentes."
"Oh, merda," Lily ofega, estendendo a mão para pressionar a mão sobre
seu coração acelerado. "Porra, Dorcas, não faça isso. Você não pode
simplesmente dizer essas merdas assim para mim! Você está louca? Eu quase
tive um maldito ataque cardíaco."
"Eu estou bem," Lily diz, limpando a garganta, e ela ignora a pulsação fraca
em seu peito que parece... arrependimento. Há um pensamento no fundo de
sua mente tomando forma, não importa o quanto ela lute contra isso, com
certeza ela poderia ter amado Dorcas. Realmente a amado. Devidamente. Ela
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CRIMSON RIVERS
"Isso é—oh, isso é... Ela é um tributo," Lily sussurra, e a pulsação em seu
peito desta vez é muito mais alta. "Oh, Dorcas..."
"Sim," Dorcas repete, ficando mais reta. "Então, sobre eu ser uma ladra..."
Dorcas começa a rir, e Lily sorri para ela timidamente, sentindo uma onda
de carinho por Dorcas enquanto ela puxa Lily para a cama e expõe tudo o que
sabe, bem como seu plano.
Acontece que Lily terá muito tempo para fumar, então, na verdade, ela está
a bordo sem fazer perguntas. Ela diz a si mesma que é sobre a parte da justiça.
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ZEPPAZARIEL
44
DECISÕES RUINS
James tem que ir para essa recepção estúpida de mentores, onde ele deveria
socializar com patrocinadores e com vários criadores dos jogos, enquanto
outros mentores fazem o mesmo ao seu redor.
Sirius fez isso muitas vezes, e ele deu a James um resumo muito completo
de como será, bem como uma lista estranhamente meticulosa de cada
patrocinador pelo nome. Ele sabe coisas sobre esses patrocinadores que
honestamente surpreendem James—os nomes dos pais, ou filhos, ou
cônjuges; suas bebidas favoritas; o que eles querem da vida e como fazê-los se
sentir muito bem consigo mesmos. James sabia que Sirius era bom com as
pessoas, bom em descobrir o que as motiva e como usar isso a seu favor, mas
mesmo assim James fica impressionado com o trabalho de base que ele
colocou nisso e como ele essencialmente conhece todos os ângulos para
manipular melhor essas pessoas, como marionetes em suas cordas. É incrível.
E inquietante.
433
CRIMSON RIVERS
bajulam por ter sido colocado em uma posição tão horrível, ou mesmo as
pessoas piores que querem saber qual pessoa ele prefere que consiga sair.
Ele está sorrindo quando diz isso, franco e sem vergonha bem na frente de
uma multidão de patrocinadores, e é claro que eles estão vivendo para o
drama. James não se importa. Ele apenas desliza a mão para pegar sua
bengala, agarra-a com força e se balança para colidir com a maçaneta no rosto
de Lucius com tanta força que ele bate nas cadeiras atrás dele. Um suspiro
coletivo ecoa pela sala enquanto Lucius agarra seu rosto e cospe sangue.
Um murmúrio baixo começa na sala, e Frank tem que parar para falar com
os Aurores que estavam caminhando firmemente em direção à comoção. Ele
dissolve a tensão e acalma a situação prometendo escoltar James de volta à sua
suíte.
"Você não pode fazer isso, James," Frank sussurra enquanto o leva
rapidamente para longe da sala. "Existe uma certa maneira de você se
comportar como um mentor, não apenas por causa dos seus tributos, mas
também por você. Por mais que você queira, você não pode sair por aí batendo
nas pessoas com sua bengala quando elas te irritam. Corre o risco de custar
patrocinadores a Sirius e Regulus, se você se meter em encrencas."
434
ZEPPAZARIEL
"Eu estou realmente com raiva," James sussurra, "E eu não sei como fazer
isso parar."
"Eu ouvi sobre Regulus se voluntariando por você," Frank diz suavemente,
e James range os dentes. "Eu—eu entendo. Minha mãe... eu pedi a ela de
antemão para não fazer isso, e ela fez isso de qualquer maneira. É—eu
entendo como é enfurecedor ter alguém que você ama fazendo isso,
especialmente quando seu melhor amigo está na mistura, apenas outra pessoa
que você ama. Eu entendo a raiva, James, eu realmente entendo. Dito isso,
essa é uma arena tanto para nós quanto para eles. Nós estamos lutando por
suas vidas e pela nossa, e a raiva? Ela não salva ninguém."
James olha para baixo e não responde. Frank suspira e estende a mão para
apertar seu ombro, gentilmente guiando-o de volta para a suíte, onde James
espera Frank ir embora antes de voltar para dentro.
~•~
435
CRIMSON RIVERS
Remus continua.
Ele ainda está fazendo exatamente isso quando o som de vozes elevadas os
atinge e os faz congelar. Lentamente, ao mesmo tempo, eles levantam a
cabeça para olhar para a porta, depois se entreolham. No próximo segundo,
eles estão lutando com suas camisas e correndo para fora da sala.
A questão é que Regulus está fora. Ele foi para a sala de treinamento, então
ele não está aqui. James não deveria estar aqui, mas certamente é a voz dele,
abafada por Pandora, que está gritando com ele. O fato de Pandora e James
estarem discutindo não é bom. Nada bom. E desconcertante.
Quando eles chegam à sala principal, Pandora está parada bem na frente de
James, apontando um dedo em seu rosto, seus olhos brilhando como se ela
não estivesse com medo dele nem um pouco. "Você perdeu a porra
da cabeça?!"
"Uau, o que está acontecendo?" Sirius deixa escapar enquanto ele corre
para frente para aliviar fisicamente Pandora pelas costas, porque ela está
tremendo de raiva de uma forma que ele legitimamente nunca viu antes.
436
ZEPPAZARIEL
ainda poderia encontrar maneiras de tornar a vida de todos muito mais difícil.
Ele só precisa subornar o criador de jogos certo para fazer Sirius e Regulus
sofrerem mais do que já vão, e se ele não ia conseguir que seus tributos e os
outros mentores de Comensais da Morte se concentrassem em Regulus e
Sirius antes, você pode apostar que ele vai agora."
"Pare com isso, Pandora," Sirius murmura, suspirando enquanto olha para
James, que tem horror florescendo em seus olhos. "Não—James, está tudo
bem. Quero dizer, definitivamente não faça isso de novo, porque ela está
certa, você pode ser punido. Provavelmente não vai ser, se você não foi no
momento em que aconteceu, mas ainda assim. O que aconteceu?"
"Viu? Está tudo bem. Pandora, está tudo bem," Sirius diz a ela, porque ela
ainda parece furiosa. "Deixe isso. Estou falando sério. Ele está fazendo o seu
melhor."
437
CRIMSON RIVERS
"Me desculpe," James murmura, sua voz áspera e grossa. Ele levanta o
olhar para olhar para Sirius. "Eu—coloquei você e... ele em perigo? Sirius, me
diga."
"Não é tão simples assim," Sirius murmura. "Olha, Lucius não pode fazer
Bella e Cissa fazerem nada que elas não queiram fazer. Se elas decidirem vir
para mim e Regulus, isso é o que elas vão fazer, independente do que ele
disser. Se elas decidirem não, então elas não vão, e é isso. O resto dos
Comensais da Morte virão direto para nós se eles forem espertos de qualquer
maneira. Lucius poderia subornar um criador de jogos, com certeza, mas a com
mais poder é Minerva McGonagall, e ela não me parece uma mulher
facilmente subornada por qualquer coisa. Regulus e eu vamos estar em perigo
na arena, não importa o que aconteça, e nós vamos lidar com isso quando
chegar a hora. Você apenas continua fazendo o seu melhor. Isso é o
suficiente. "
"Eu te disse," James engasga. "Eu te disse que eu não podia fazer isso, e eu
estou—eu estou fodendo tudo. Eu vou fazer você ser morto. Eu—"
"Ok, ei, pare com isso, você não vai," Sirius diz gentilmente, movendo-se
rapidamente para colocar seu braço em volta de James, apressadamente
escoltando-o para fora da sala no momento em que ele quebra, começando a
chorar.
O coração de Sirius aperta quando ele leva James em segurança para seu
quarto e para sua cama. Ele sobe na cama de James bem ao lado dele,
assistindo triste e impotente enquanto James fica lá e soluça. Sirius entende.
Ele também soluçou muito, em seu primeiro ano como mentor. E muitos
anos depois disso. Todos os anos, na verdade.
Essa é a coisa. Ninguém além dos mentores sabe o quão difícil é ser um
mentor. É um inferno para os nervos, por um lado, porque você está
literalmente segurando vidas em suas mãos, e depende de você fazer tudo o
que puder para salvar essas vidas. Cada movimento que você faz, cada palavra
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ZEPPAZARIEL
que você diz, impacta seus tributos. Você pode cometer erros e trazer mais
perigo aos seus tributos; você pode cometer erros e custar aos seus tributos o
apoio que salva vidas que pode ajudá-los a vencer.
Pior do que tudo isso, você pode fazer tudo absolutamente certo e ainda
ver seus tributos morrerem de qualquer maneira.
"Você—você tem que—eu preciso que você cuide dele," Sirius ofega, seus
ombros levantando. "Remus, por favor, eu—"
"Ei, shh, amor, venha aqui," Remus sussurra, se inclinando para pegar sua
mão e puxá-lo. Sirius se encaixa entre suas pernas abertas onde ele está
sentado na beira da cama, e ele desliza seus braços ao redor dos ombros de
Remus, inclinando-se para ele enquanto empurra os dedos trêmulos em seu
cabelo. Remus inclina a cabeça para cima, descansando o queixo na barriga de
Sirius, seus olhos gentis. "É claro que eu vou. Isso não é nem mesmo uma
pergunta."
439
CRIMSON RIVERS
"Como você cuidou de mim?" Sirius verifica, deslizando a mão para baixo
para traçar o arco da sobrancelha de Remus, aquela com a cicatriz passando
por ela.
"Eu—sim, talvez pule os beijos e outras coisas," Sirius concorda com uma
gargalhada, sua voz toda trêmula.
~•~
Merda.
440
ZEPPAZARIEL
Regulus sente seu coração cair quando vê Bellatrix pegar algumas adagas,
girando-as entre os dedos com a mesma facilidade e prática que ele faz. Ele
esperava...
Veja, Bellatrix era sua favorita quando ele era jovem, e ela foi boa com
adagas primeiro. É por isso que ele gostava tanto delas, porque ela gostava.
Uma parte dele meio que suprimiu isso, honestamente, ou se recusou a pensar
sobre isso. Ele secretamente esperava que ela encontrasse um amor por
alguma outra arma, ou talvez tenha ficado enferrujada com elas ao longo dos
anos, mas vendo o jeito que ela lida com elas agora—sim, ela ainda é uma
especialista. Porra.
Narcissa vai para o arco e flecha, e ela o conhece bem. Willa era boa com
um arco. Narcissa? Ela é melhor.
Thorfinn e Rabastan vão para os tatames para fazer corpo a corpo, ao que
parece, enquanto Dixon e Yaxley se separam para percorrer as estações.
Alecto e Narcissa permanecem nas armas. Bella faz o caminho direto para
Regulus, presumivelmente para usar os alvos, mas ele duvida que isso seja
tudo. É claro que não é.
"Não posso deixar de notar que Sirius não está aqui," Bellatrix reflete, e ele
não se incomoda em responder. Ela se inclina contra sua baia e balança a mão
sem olhar, enviando uma de suas adagas girando no ar. Ela cai no centro da
cabeça do alvo, o que faz seu estômago revirar. "Ainda assim, aqui está você."
441
CRIMSON RIVERS
Regulus não diz nada. Ele não—ele não consegue descobrir o que
ela quer. Ele sabe que ela está atrás de alguma coisa, porque ela tem aquele
brilho nos olhos, aquele brilho levemente louco que todos na família têm
quando estão tramando. Até ele. É um traço de família que todos
compartilham.
"É uma pena tudo isso, a propósito," Bellatrix diz, virando a cabeça para
encarar o alvo. Na verdade, há uma nota de amargura em sua voz. "Ter que
voltar, quero dizer. Deve ser especialmente difícil para você. Ouvi dizer que
você ficou chateado quando Sirius tentou tomar o seu lugar, e aqui está você
de qualquer maneira, sem saber se você vai conseguir voltar para Potter."
"Acho que você não soube. Você deve ter estado aqui." Bellatrix balança a
cabeça, bufando. "Lucius apareceu de volta na suíte, furioso com Potter.
Aparentemente ele disse algo sobre como você e Potter tem tão pouco tempo
juntos, e Potter bateu na cara dele. Ele está com um pequeno hematoma
adorável agora, seu lábio todo inchado. Hilário."
Bellatrix cantarola. "Sim, com certeza. Ele fica todo vermelho no rosto
quando está furioso, como uma uva. Você só quer estourá-lo, sabe?" Ela olha
para ele com um sorriso. "De qualquer forma, ele quer que você e Sirius
paguem por isso."
"Eu amo isso para Sirius. Menos para você." Bellatrix gira sua adaga entre
os dedos, segurando seu olhar. "Por que Sirius não está aqui, fofura? Ele
simplesmente deixou você sozinho?"
442
ZEPPAZARIEL
"E," Bellatrix diz com um bufo, "Está claro que vocês dois não estão
lidando com isso tão bem quanto Cissy e eu estamos."
Regulus arqueia uma sobrancelha para ela. "E como exatamente vocês duas
estão lidando com isso?"
"Levando uma a outra até o fim, então vendo quem se move mais rápido,"
Bellatrix anuncia com um sorriso. Ela se inclina para frente e pisca para ele.
"Cá entre nós, acho que serei eu. Ela tem que pegar uma flecha. Eu já vou ter
uma adaga na mão."
"Que bom que vocês duas encontraram uma solução," diz Regulus, sua
voz afiada e implacável. "Eu ainda não sei por que você está me
incomodando."
"Você está em perigo, fofura," Bellatrix diz a ele, "E me parece que Sirius
não se importa com isso. Ele é uma criaturinha egoísta, sempre foi, e você o
odeia—eu posso ver isso em você. Confie em mim, eu sei como é."
"Poderia ser nós, sabe," Bellatrix continua suavemente, sem desviar o olhar
dele. "Uma família adequada no final. Eu, você e Narcissa. Você estaria mais
seguro conosco, Regulus. Ninguém que queira atingir você ousaria, se você
estivesse conosco."
Bellatrix segura sua adaga, ficando imóvel. "Eu estou te dizendo, que se
você quer sobreviver, você vai me ouvir quando eu explicar por que a melhor
coisa a fazer é se juntar a nós."
~•~
443
CRIMSON RIVERS
"Oh, esfregar dois gravetos porque você não tem duas células cerebrais
para esfregar, eu vejo."
"Oh, me ensine como acender uma fogueira, Sirius, por favor," Marlene diz
sem fôlego, juntando as mãos e olhando para ele com uma falsa súplica em
seus olhos. O sorriso crescente em seu rosto meio que estraga esse efeito, não
que ela se importe.
"Você é tão talentoso," Alice sorri, balançando seus cílios para ele e
enrolando uma mecha de seu cabelo curto em torno de um dedo.
"O que seria necessário para você me proteger, uma donzela, que em breve
estará em perigo?" Emmeline pergunta. "Acenda a fogueira por mim, Sirius.
Apenas por mim. Me escolha. Me escolha. Me proteja."
"Sim."
"Absolutamente sim."
"Sem dúvida."
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ZEPPAZARIEL
A sala de treinamento está bastante vazia, desde que ele chegou e Regulus
saiu. Augusta e Alice foram as próximas a entrar, e Augusta não hesitou em ir
até ele e perguntar, um tanto sem rodeios, se ele e Regulus seriam aliados ou
não. Quando ele disse que sim, Augusta assentiu com a cabeça e prometeu
não matá-lo ou Regulus antes que chegasse a hora, o que foi... legal da parte
dela, ele supõe. Mais ou menos.
Sirius acha que poderia ser pior. Ele tem, em muitas palavras, aliados
garantidos para ele e Regulus, embora ele saiba que seus aliados já eram
garantidos, de certa forma. Em uma arena cheia de pessoas muito perigosas
que já têm experiência... bem, ter aliados é a escolha inteligente. Quanto mais,
melhor, especialmente quando há um grande grupo de Comensais da Morte.
E haverá muitos deles, Sirius não duvida disso. Ajuda que ele já saiba para
quem estar preparado. Conheça o seu inimigo, ou seja lá como diz o ditado.
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CRIMSON RIVERS
~•~
"Que porra você pensa que está fazendo?" James estala enquanto se
levanta, olhando para ele. "Saia. Eu não quero—"
Faz James querer gritar. Sirius assegurou-lhe que ele poderia tirar vantagem
disso, e James o fará. Ele fará o que for preciso, o que for preciso para os
dois, mas a raiva ainda está apodrecendo ele. Bater em Lucius não ajudou.
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ZEPPAZARIEL
Nada ajuda.
"Me deixe deixar uma coisa bem clara para você, James," Regulus diz, sua
voz afiada como uma lâmina. "Você me odeia? Tudo bem. Me odeie, então.
Mas no momento em que isso começa a afetar você, é um problema. Você
poderia ter se colocado em apuros. O que quer que você tenha que fazer para
se recompor, você vai fazer. Entendido?"
"Eu não preciso que você me diga isso," James sussurra, se virando para
poder sentar na beirada da cama, encarando Regulus. "Eu sei, certo? Porra,
eu sei."
"Trabalhe mais."
"Você não acha que eu estou tentando, seu idiota insensível?! Como você
se atreve? Como se você soubesse o que é isso. Eu gostaria de ver você na
minha posição, lidando bem com isso. Oh, espere, seria você se— "
"Oh, pelo amor de Deus!" Regulus explode, saltando de sua cadeira para
ficar de pé, carrancudo. "Deixe pra lá, James! Você está revisitando algo que
nós já sabemos. Sim, eu menti para você. Sim, eu me voluntariei por você. Está
feito! Você não pode mudar isso, você não pode fazer nada sobre isso—"
"Por sua causa!" James grita. "Isso é por causa de você! Tudo isso poderia ter
sido evitado se você—"
"Evitado? Evitado?! Cresça, seu idiota!" Regulus grita de volta, seus olhos
brilhando, o rosto corado. "Não havia como evitar isso! Não importa como
fosse, não importa o que acontecesse, nós ainda teríamos acabado bem aqui."
"Não. Não, há uma diferença! Você mentiu para mim!" James ruge, se
levantando e arremessando os braços enquanto seu peito arfa. Ele dá um
passo à frente e aponta um dedo para Regulus. "Você fez isso
comigo! Você. Você é tão fodidamente egoísta, e um mentiroso, e
eu odeio você. Eu—eu odeio você. Eu—"
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CRIMSON RIVERS
James vacila, tremendo da cabeça aos pés, seu sangue bombeando e seus
ouvidos zumbindo. Seus olhares não vacilam, porque eles estiveram olhando
um para o outro o tempo todo, olhando nos olhos um do outro sem vacilar
ou quebrar. O quarto está tão quente, tão sufocante, cheio de tensão que parece
muito perto de queimar fora de controle. Um movimento errado. Um erro.
Uma parte de James deseja que ele possa desaparecer. Se ele pudesse, ele
simplesmente apertaria o botão e evaporaria para ir para outro lugar, para
fugir disso, porque ele sabe o que está por vir. Ele pode sentir isso no tremor
de seus dedos. Ele pode sentir isso no calor de sua pele. Ele pode sentir isso
no ar entre eles, uma distância frágil que será tão fácil de fechar.
A pior parte é que James ainda está com raiva. Mesmo com todo esse
desejo passando por ele como uma tempestade, a raiva não diminuiu nem um
pouco. Ele está chacoalhando como se estivesse prestes a se desfazer, e ele
está, e ele quer, ele quer, ele quer—
"Eu te odeio pra caralho," James engasga, porque essa é a única explicação,
isso é tudo que pode ser. As palavras mal saem de sua boca antes dele pegar o
rosto de Regulus em suas mãos e beijá-lo desesperadamente, furiosamente,
pateticamente.
As mãos de Regulus voam para agarrá-lo, para arrastá-lo para mais perto, e
o espaço entre eles se reduz a nada até que sejam pressionados juntos. O beijo
é mordaz, implacável, duro com todas as emoções que eles não conseguem
articular ou aceitar. Há língua e dentes e a vibração baixa de um gemido,
embora James não saiba de quem vem, dele mesmo ou de Regulus. Talvez
ambos.
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ZEPPAZARIEL
Regulus não perde tempo. Ele apenas se abaixa para pegar a camisa de
James, fazendo um som de frustração até que James finalmente levanta os
braços e deixa Regulus arrancá-la dele. Seus óculos ficam emaranhados em seu
colarinho, deixando-os tortos em seu rosto, mas quando ele começa a levantar
a mão para jogá-los de lado descuidadamente, Regulus pega seu pulso para
detê-lo antes de prontamente subir em seu colo e beijá-lo novamente.
O lembrete é amargo e serve apenas para enfurecê-lo ainda mais, até que
tudo o que ele pode fazer é recuar e empurrar Regulus para o lado. James
segue o movimento, pressionando Regulus na cama e pegando seus pulsos,
puxando as mãos de Regulus de seu cabelo e batendo-as nos travesseiros.
"Não. Mantenha elas aí," James diz a ele, sua voz áspera e rouca, baixa e
arranhada em sua garganta. Ele aperta os pulsos de Regulus para indicar o que
ele quer dizer, então solta. Regulus não levanta as mãos. "Bom. Não toque. Se
você fizer isso, eu vou parar."
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Com isso, James levanta para travar a parte de baixo de sua mandíbula e
lentamente, vagarosamente, desce em seu próprio ritmo. Não é a primeira vez
que ele faz isso, beijar Regulus todo, mas ele nunca se cansa disso.
Ele nunca terá o suficiente de Regulus sob sua boca, sob suas mãos, espalhado,
disposto e querendo. A eternidade não seria tempo suficiente.
Eles fizeram isso... muito. Tanto quanto duas pessoas podem em dois dias,
na verdade. Em sua defesa, eles tinham muita tensão acumulada para
trabalhar—mais de uma década, na verdade—e dois dias não foram
suficientes. Dois dias nem sequer fizeram o mínimo.
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ZEPPAZARIEL
Desta vez, Regulus puxa os lençóis e canta o nome de James como uma
oração, como um juramento, como uma promessa. Ele também fez isso, e
quebrou sua promessa de qualquer maneira. James o odeia. James precisa
tanto dele que não consegue suportar.
Ele está procurando algo. Perdão, pensa James. Ele não vai encontrar isso,
mas ele ainda está agarrado aos lençóis, nunca soltando ou levantando as
mãos, e isso merece uma recompensa, não é? Então, James se abaixa e o beija,
gentilmente.
James balança a cabeça e rola para o lado, pegando sua bengala enquanto
se levanta, sua perna rígida por estar em uma posição por muito tempo. Ele
ignora a excitação exigindo sua atenção, clamando por prioridade dentro dele,
e vai até o banheiro sem olhar para trás.
James olha para trás então, parando na porta do banheiro quando encontra
o olhar de Regulus. Tudo o que ele diz é, "Bem? Você não reconhece um
presente de despedida quando vê um?"
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CRIMSON RIVERS
~•~
Sirius voltou após sua breve visita à sala de treinamento e foi direto para
Remus, sem espera. Remus estava escovando o cabelo para ele, os dois
murmurando quando Pandora entrou e disse nervosamente que Regulus havia
entrado no quarto de James antes de Sirius voltar, e ela estava preocupada,
sem saber se eles deveriam intervir ou não.
Por mais tentado que Sirius estivesse em se envolver, ele fez uma promessa
de ficar de fora, e então a cumpriu. Fazendo Pandora fazer o mesmo. Remus
tinha feito o comentário de que não ia terminar bem, e ele realmente nunca
está errado, está? Pandora se acomodou no quarto com eles, e todos ouviram
quando James e Regulus começaram a gritar um com o outro.
Eles ouviram quando a gritaria parou. Eles não conseguiram ouvir mais
nada, mas uma parte de Sirius ousou esperar que eles estivessem apenas—
trabalhando com as coisas, estando lá um para o outro, talvez tirando uma
soneca ou algo assim. Era otimista da parte dele, ele sabia disso, mas
ele realmente esperava que eles ficassem bem.
Eles não estão bem, o que ficou aparente quando Regulus passou todo o
tempo trancado em seu quarto, recusando-se a abrir a porta para qualquer um,
até mesmo Remus. James não tentou; ele foi o único que não tentou, e isso
dizia muito. Quando Sirius perguntou timidamente o que aconteceu, James
explicou, categoricamente, que eles fizeram um imprudente sexo de ódio, o
que honestamente fez Sirius realmente querer bater na cabeça dos dois por
serem idiotas, aparentemente determinados a machucar um ao outro.
452
ZEPPAZARIEL
sido. Está tudo perdido para eles agora, para todos eles. Isso não é nada
diferente. Tudo está fodidamente arruinado.
No final, Regulus não viu ninguém antes das avaliações, e ele nunca
ressurgiu até a hora de ir para as avaliações. Regulus ficou impassível e calado
esse tempo todo, sem dizer uma palavra, sem reconhecer Sirius. E agora,
vendo o olhar nos olhos de Regulus após sua avaliação... É selvagem.
Feroz. Desafiador.
Complicado.
Balançando a cabeça, Sirius vai fazer o que tem que fazer. Entrando na sala
de avaliação, a primeira coisa que ele faz é olhar para cima para ver os vários
criadores de jogos, funcionários do governo e quaisquer patrocinadores de
alto nível que possam entrar—todos o observando, fixos e ansiosos.
Ele sabe que eles acreditam nisso, na verdade. Ele os deixou acreditar nisso
por um longo tempo, e de repente ele é atingido com a percepção e a
liberdade esmagadora do fato de que ele não precisa mais. Eles estão errados.
Ele não é deles.
Lentamente, Sirius vira a cabeça para olhar suas opções. Existem armas
com as quais ele poderia se exibir e, por um segundo, ele fica tentado a pegar
uma lança. Não, ainda não. Há muitas coisas que ele poderia fazer para
mostrar o quão competente ele é, desde lutar até sua aptidão na sobrevivência
dependendo do ambiente. Já faz anos desde que as pessoas o viram nesse
contexto; elas devem estar ansiosas para ver o que ele pode fazer.
453
CRIMSON RIVERS
Quando Sirius vira a cabeça, ele sente sua respiração congelar em seus
pulmões, seu coração dando um chute forte em seu peito. A avaliação de
Regulus não demorou muito, e agora Sirius sabe o porquê.
HALLOW
IS
HOLLOW
Não é como se Sirius não tivesse notado, a raiva subjacente que está
varrendo a Relíquia, mas não só eles. Os Vitoriosos que agora são tributos
novamente também. Até os Comensais da Morte. Sirius tomou nota enquanto
esperava por sua avaliação, olhando para todos ao redor, estudando-
os. Ninguém está feliz por estar aqui, por estar voltando, nem uma maldita
pessoa, nem mesmo aqueles que prosperaram em seus jogos da primeira vez.
Porque todos eles sabem. Todos eles sabem o que é fazer isso e sair disso.
Eles não deveriam ter que fazer isso de novo. É quase um tipo de coisa
unificadora? Apenas um entendimento silencioso e tácito entre todos eles que
honestamente faz algo em Sirius murchar de tristeza, porque ele sabe que não
vai durar. Não pode. Assim que o canhão inicial na arena soar, todos estarão
prontos para matar uns aos outros.
Não.
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ZEPPAZARIEL
Sirius vira a cabeça para encarar as pessoas que o observam, seus olhos
exigentes, possessividade em seus olhares. Eles realmente olham para ele
como se ele fosse deles, como se eles o possuíssem, como se ele fosse um
fantoche em suas cordas. Tolos. Eles são todos tolos.
Sem dizer uma palavra, Sirius estende a mão e começa a desabotoar sua
camisa, lentamente, um botão de cada vez para que sua camisa se abra em
lascas. As pessoas—excluindo McGonagall—todas se inclinam para frente
ansiosamente, satisfeitas, encantadas com o que acreditam ser um strip-tease.
Surgem murmúrios. Risos suaves. Olhos brilhantes de encorajamento e elogio,
como se eles não esperassem por isso, mas estão encantados com isso de
qualquer maneira.
Tudo isso para no momento em que ele tira a camisa, revelando a pele
cheia de marcas que Remus deixou para trás, ainda bem frescas até agora.
Sirius estende os braços e dá um giro lento, deixando-os olhar, deixando-os se
perguntar.
Há uma frustração crescente deles que Sirius pode sentir daqui, sua
curiosidade correndo solta, sua inveja se transformando em amargura. Eles
acreditam que ele é deles, e essas marcas dizem o contrário. Eles podem
pensar que foi uma Relíquia que as deixou, mas não foram eles, e eles sabem
disso; eles não sabem quem, e estão cientes de que nunca conseguirão
descobrir.
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CRIMSON RIVERS
essas marcas que dizem, muito claramente, que ele pertence a outra pessoa.
Ele não é o brinquedo deles, e a caixa de areia está pegando fogo, então eles
não podem nem entrar para pegá-lo.
Olhe para mim, pensa Sirius. Olhe para mim e veja a quem eu pertenço. Não a
vocês. Nunca a vocês. Eu pertenço a mim, e eu me entreguei a ele, e não há nada que vocês
possam fazer sobre isso.
Com isso, Sirius pega sua camisa, coloca de volta, e dá a todos um sorriso
brilhante e desafiador. Ele se curva um pouco, deixando seu sorriso suavizar
em um sorriso malicioso enquanto ele passa o olhar sobre todos, e então ele
se levanta e sai.
~•~
Regulus espera duas horas depois que as notas da avaliação saem antes de
sair do quarto. Ele obteve uma pontuação bastante alta, apenas um ponto
abaixo do ano anterior. Sirius teve a menor da história.
Ele não teve problemas em contar a ninguém o que Regulus fez, no entanto.
Era como se ele estivesse fofocando sobre ele, falando com James e Pandora,
enquanto Regulus fazia uma careta enquanto Pandora o repreendia, e James...
Bem, ele apenas olhou para Regulus. A primeira vez que ele olhou para ele
desde que o deixou em sua cama com os restos frios de um presente de
despedida pesando nos ossos de Regulus. Sua mandíbula estava apertada,
narinas dilatadas, olhos cheios de calor e raiva. O coração de Regulus
começou a bater forte e rápido, porque ele sabia que James queria fodê-lo de
forma estúpida, o que é—sim, Regulus está bem com isso, na verdade. Os
456
ZEPPAZARIEL
No final, James tinha apenas dito, rápido e afiado, "Pare de ser estúpido," e
desviou o olhar, flexionando os dedos. Regulus queria rastejar para o colo de
James e deixar aqueles dedos flexionarem ao redor de sua garganta. Ele acha
que talvez, apenas talvez, ele esteja ficando louco.
Está chegando perto da noite agora, mas não exatamente, e ele tem um
lugar para estar. Sair parece simples no começo, mas então ele é pego por
Sirius e Remus, que por acaso estão dobrando roupas na sala principal,
conversando e rindo como uma cena de um filme caseiro.
"Para onde você está indo?" Remus pergunta enquanto tenta passar
casualmente, despercebido. Sirius parece saber que não deve falar, o que é o
melhor. Para ele, Regulus não responderia de qualquer maneira. Remus é...
Bem, Remus tem um passe.
"Apenas indo dar uma volta," Regulus murmura. "Estou cansado de olhar
para as mesmas quatro paredes."
"Você pode vir nos ajudar a dobrar a roupa suja," Remus oferece.
Sirius estala a língua, estendendo a mão para passar os dedos pelo cabelo
de Remus. "Você tentou, meu amor, não se preocupe com
isso. Eu vou dobrar a roupa com você o quanto você quiser."
"Você realmente não deveria ficar vagando por aí," Remus murmura,
olhando para ele. "Você tem um dia ocupado amanhã com a entrevista. Você
deveria descansar um pouco."
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CRIMSON RIVERS
Desce, desce, desce. Todo o caminho até o primeiro andar. Não no nível
do subsolo, ou do térreo, mas o primeiro andar com uma suíte para os do
distrito um.
Regulus está feliz por ter se preparado, porque a visão de Lucius quando
ele abre a porta quase faz Regulus abrir um sorriso. O lado de sua mandíbula
está inchado e roxo, um hematoma terrível à mostra, forte contra a pele
pálida. Regulus quase começa a rir. James deu realmente bateu nele.
Lucius parece estar sentindo algo azedo, mas Narcissa deve ter repreendido
ele em algum momento, porque ele está se comportando. Ele recua sem
palavras e deixa Regulus entrar.
"Ah, aí está ele," Bellatrix chama, e a sala fica em silêncio enquanto ela
levanta os braços, sorrindo para ele. "Eu sempre soube que você era o irmão
mais esperto, fofura!"
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ZEPPAZARIEL
mesmo quando ela o olha com um pequeno e triste sorriso. Todos os outros
bebem, claramente no meio da conversa antes de ele aparecer.
"Bem, entre, entre," Bella diz, acenando para ele entrar no quarto e
soprando cachos de seu rosto. "Pegue uma bebida, acomode-se, misture-se
um pouco. É melhor se acostumar com todos. Conversaremos mais quando a
comida estiver pronta."
Regulus, talvez infantilmente, vai direto para Narcissa porque ele a conhece
melhor do que ninguém, exceto Bellatrix, que provavelmente está a cerca de
oito segundos de arrastar o Lestrange mais velho para seu quarto, pelo que
parece. E ela chama ele de desesperado por pau.
"Mm, Sirius nunca te prendeu nisso, não é?" Narcissa reflete, sentando o
maço novamente.
"Ele não começou até depois de seus jogos, e nós não estávamos
realmente... Bem, nós não estávamos em bons termos na época," resmunga
Regulus.
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CRIMSON RIVERS
"É uma pena, não é?" Narcissa sussurra, seus olhos se fechando, a
expressão tensa. Assim como todos os outros, ela está legitimamente chateada
com a situação em que todos estão.
"Quando eu apontei que apenas um de nós poderia ganhar, ela disse, faça-os
pagar por isso," Regulus diz a ela.
Narcissa não reage por um momento, e então ela solta uma risada fraca
enquanto seu rosto se suaviza. Ela desvia o olhar, seus cílios estremecendo. "É
claro que ela disse."
"Eu vou," Regulus confessa, segurando seu olhar firmemente quando ela
olha para ele novamente. "Você vai?"
"Sim," Narcissa diz suavemente. Seu olhar mais uma vez percorre a sala,
agarrando Bellatrix por um momento, e então ela olha de volta para ele, algo
afiado em seu olhar. Afiado como vidro estilhaçado que deveria estar
guardado, nunca destinado a ser tocado—não porque é frágil, mas porque
cortaria mais fundo do que qualquer outra coisa se fosse quebrado—e agora
ele caiu. "Sim, eu acredito que todos nós vamos."
Eles não dizem mais nada depois disso, e Bellatrix não tem tempo
suficiente para arrastar Rodolphus para longe, porque a refeição está pronta
antes que ela tenha a chance. A suíte não foi feita para acomodar essa
quantidade de pessoas—doze ao todo—então eles têm que se acomodar em
torno de uma mesa que poderia acomodar confortavelmente apenas metade
disso, na melhor das hipóteses. Regulus está enfiado entre Bellatrix e
Rabastan, sentindo-se muito apertado, e Narcissa se senta em frente a ele com
visível diversão no rosto.
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ZEPPAZARIEL
Regulus entende por que as Relíquias gostam dele. Ele é fácil de conversar,
fácil de ouvir, facilmente engraçado e bastante descontraído, honestamente.
Preparado e equilibrado, Regulus não duvida que as Relíquias o admiraram
antes e provavelmente o farão novamente. Pessoalmente, além de Bellatrix e
Narcissa, Regulus suspeita que ele irá gravitar em torno de Rabastan também,
especialmente como uma pessoa que entende o que é ser um irmão mais
novo.
Por um segundo, Regulus observa Rabastan rir quando ele faz uma piada
seca sobre precisar de mais vinho para lidar com todos esses idiotas, e ele
sente seu estômago cair debaixo dele quando ele é atingido por um horrível
deja-vu só de pensar em Evan. Da última vez, Regulus fez um amigo—um
melhor amigo, não importa o quanto ele lutasse contra—e então ele o matou.
De repente, Regulus não tem certeza se quer ter algo a ver com Rabastan na
arena.
Regulus olha para ele, e olha para todos, e ele percebe que provavelmente
todos estarão mortos em questão de dias. Aqui estão eles, comendo e
conversando como se a realidade estivesse fora de alcance, como se não fosse
um conjunto de paredes se fechando em torno de todos eles. Isso revira a
porra do estômago dele.
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CRIMSON RIVERS
porque essas pessoas podem ser horríveis, mas não são estúpidas. Eles sabem
que Sirius é uma ameaça. Eles sabem que será preciso esforço para matá-lo.
Emmeline é outra que eles têm certeza que precisa ser alvejada
rapidamente, assim como Marlene, e também Asher e Majesty. Eles não
sabem muito sobre Alice, não veem Augusta como uma ameaça e acham Eli
absolutamente ridículo. O resto são aqueles que eles têm certeza de que vão
lidar ao longo do caminho.
"Então, o que, você não tem nenhum comentário sobre nós planejando
matar seu irmão, Regulus?" Yaxley pergunta, curvando o lábio em desgosto.
"Você não pode honestamente esperar que nós nos sentemos aqui e
ajamos como se ele fosse alguém em quem podemos confiar," Yaxley sibila.
"Você não pode confiar em ninguém nos jogos vorazes," diz Alecto,
arqueando uma sobrancelha para ele. "Nenhum de nós pode confiar um no
outro. Em algum momento, Corban, todos nos voltaremos um contra o
outro."
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ZEPPAZARIEL
vocês estão aqui juntas. Eu devo apenas acreditar que Regulus virou as costas
para Sirius e será um trunfo para nós? "
"Me desculpe se eu acho um pouco difícil de acreditar que vocês duas são
mais importantes para ele do que o irmão dele. Além disso, não faz anos que
vocês não se veem?" Desafios de Yaxley.
"Pare," Regulus diz, sua voz firme, e os olhos de Yaxley se fixam nele.
Muitos olhos, na verdade. "Você quer duvidar de mim? Fique à vontade. Eu
não tenho interesse em apaziguar suas inseguranças. Você tem medo de mim.
Você acabou de deixar isso claro para todos nesta mesa, e o que você acha
que isso significa para você? "
"Então você não tem nada para se preocupar, não é?" Regulus inclina a
cabeça para ele. "Afinal, quanta ameaça eu poderia representar para você se
você não é tão fraco quanto está se apresentando agora? Você está
preocupado que eu seja melhor que você, Corban?"
"Você não é melhor do que eu," declara Yaxley, sua voz áspera.
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CRIMSON RIVERS
"Oh, é mesmo?" Yaxley zomba dele. "Então, você vai ficar aí e nos deixar
matá-lo?"
"Não," Regulus diz, e todos o encaram. Ele nunca desvia o olhar de Yaxley
enquanto anuncia, sem a menor hesitação em seu tom, "A única pessoa que
pode matar Sirius sou eu."
Para isso, ninguém tem uma resposta. Regulus pega seu garfo e recomeça a
comer, e—depois de algumas batidas—todos os outros seguem o exemplo.
Bellatrix parece satisfeita. Narcissa olha para ele, olha para ele, olha para ele e
então desvia o olhar.
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ZEPPAZARIEL
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FAZENDO ELES PAGAREM
Regulus faz uma pausa, suas mãos parando no meio de espalhar o cream
cheese nos bagels, porque ele se encarregou de fazer o café da manhã. Sirius
não sabe se bagels contam como café da manhã, mas também não tem
coragem de questionar isso. Por alguma razão, Regulus parece realmente
querer bagels agora.
Como sempre, Regulus não responde. Não olha para ele. Não tem nada a
ver com ele.
Sirius sente seu coração afundar um pouco, e ele não consegue entender o
porquê. Ele sabia que isso iria acontecer. Regulus disse a ele que Sirius iria
perdê-lo. É só que Sirius nunca quis que isso acontecesse.
Regulus não estava no telhado ontem à noite. Não a noite toda, pelo
menos. Sirius sabe disso porque, depois que Remus saiu para voltar para sua
cela, ele foi até o telhado com a ideia de ir lá em cima e passar um tempinho
com Regulus, talvez fumar um pouco, talvez tentar falar com ele. Ele sente
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CRIMSON RIVERS
falta dele. É essa dor horrível bem onde seu coração está que pulsa a cada
batida.
Mas Regulus não estava lá, e ele não apareceu. Ele voltou para a suíte tarde
da noite, depois que Sirius desistiu e voltou para esperá-lo, e mais uma vez ele
não reconheceu a presença de Sirius antes de ir para a cama.
Sirius assume que Regulus foi para outro lugar para ficar sozinho, em
algum lugar onde ninguém poderia encontrá-lo, como ele ocasionalmente
fazia em casa. Ele entende que Regulus encontra conforto no isolamento às
vezes, especialmente quando ele está passando por um momento difícil, e as
coisas estão muito difíceis agora. Sirius só queria que Regulus ainda
encontrasse conforto nele.
As mãos de Regulus brevemente param nos bagels mais uma vez quando o
som da bengala de James batendo no chão anuncia sua aproximação. Todos
se concentram nele quando ele entra com um bocejo, juntando os dedos em
um olho por baixo dos óculos, parecendo exausto. Quando ele abaixa a mão e
abre os olhos, ele olha para os bagels, e seu rosto parece se transformar em
pedra.
466
ZEPPAZARIEL
se eles tivessem as respostas, mas eles parecem tão perdidos quanto ele.
Finalmente, Sirius olha para Regulus, que está com os olhos bem fechados
enquanto estrangula a beirada do balcão com as duas mãos, e ele está tão
visivelmente mal que Sirius dói, dói, dói para confortá-lo. Ele não pode mais.
~•~
Regulus não tem certeza de como isso acontece exatamente. Apenas uma
daquelas coincidências estranhas que ninguém vê chegando, uma que leva a
um momento muito estranho e tenso para todos os envolvidos.
Não houve preparação para as entrevistas desta vez, visto que não há
realmente nenhum ponto. Sirius e Regulus já fizeram isso antes. Eles sabem o
que esperar. Na verdade, todos eles apenas sentaram e discutiram o que Rita
provavelmente iria trazer, mas há um aspecto disso que é desconhecido. As
entrevistas são diferentes este ano, em que todos os tributos estarão no palco
juntos ao mesmo tempo, sentados no fundo e se revezando para subir nas
cadeiras. É uma coisa do Memorial Quaternário, aparentemente, mas esse não
é o território desconhecido. Não, é o fato de que todos os tributos já são
Vitoriosos, e nenhum deles está feliz por estar aqui. Pode levar a problemas.
Regulus espera que leve. Ele espera que cada entrevista seja usada para
torcer a faca mais fundo nas Relíquias. Ele espera que isso acenda suas chamas
e convide mais raiva. Ele espera que Riddle assista e sinta seu poder tremer
em suas mãos. Embora ele possa nunca perdê-lo, Regulus se delicia com o
pensamento de que, mesmo por um momento, ele pode sentir medo dessa
possibilidade.
Dorcas preparou ele e Sirius, e desta vez, ela fez os dois parecerem
igualmente perigosos. Como armas ambulantes novamente, lâminas duplas
prontas para cortar. Eles estão em algum tipo de armadura leve e brilhante
que brilha e cintila com estrelas. Eles são estrelas, no nome, e tão belos quanto
as estrelas, eles poderiam envolver o mundo e incendiá-lo.
Regulus gosta da aparência dele, ainda mais porque James cerra os punhos,
se inclina contra a parede como se desejasse ter trazido sua bengala para se
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CRIMSON RIVERS
apoiar, e inala bruscamente no momento em que ele o vê, embora não diga
uma palavra.
Por grande, Regulus quer dizer Frank, Alice, Augusta, Marlene e Eli. Mais
cinco em cima dos cinco que já estão lá dentro. Todos eles se arrastam para
dentro com murmúrios baixos de desculpas e risadinhas, mudando de lugar
para abrir espaço. De alguma forma, em todos os movimentos e arranjos
rápidos, Regulus acaba pressionado contra James no canto, contra sua
vontade.
Regulus realmente não quer. Isso meio que acontece, e então não há
espaço para fazer nada a respeito. Frank acaba esmagado perto de Alice, o que
faz Augusta olhar desconfiada para os dois. Dorcas e Marlene parecem ir a
extremos desesperados para evitar uma à outra, o que significa que Dorcas
praticamente se costura ao lado de Pandora, que fica visivelmente nervosa
quando acidentalmente fica com o rosto cheio no peito de Dorcas enquanto
tenta se esquivar. Isso faz com que Marlene a encare de onde ela está apenas
segurando Eli, porque ele está, como sempre, muito bêbado. Ele pode ou não
estar dormindo.
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ZEPPAZARIEL
A mão livre de James voa para baixo para agarrar o pulso de Regulus, e
seus olhos se encontram, e é isso. Ambos param de se mover. Eles não falam,
nem respiram, apenas se encaram. O elevador apita. As portas se abrem.
Todos andam para fora.
Regulus o encontra no meio do caminho, ou talvez ele o atraia, ele não tem
certeza. Tudo o que ele sabe é que ele tem James sob suas mãos novamente, e
ele não se importa com sua maquiagem ou suas roupas ou qualquer outra
coisa além disso, disso, disso.
James, apesar de sua raiva e do ódio que afirma sentir, toca e beija Regulus
desesperadamente, com reverência, gemendo em derrota, totalmente
lamentável. Regulus sentiria pena dele se ele não estivesse exatamente na
mesma situação. É difícil ficar longe de alguém que você quer tanto, e Regulus
pode sentir o desejo de James combinando com o seu, emaranhado com ele,
áspero e queimando com uma necessidade simples e indescritível.
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CRIMSON RIVERS
"Eu vou matar Dorcas. Porra, você está tão—" James se interrompe e
praticamente geme na garganta de Regulus, suas mãos agarrando Regulus por
toda parte. Um ruído impotente e engasgado sai de sua boca, e então ele
levanta a cabeça para beijá-lo novamente, profunda e apaixonadamente.
Regulus se agarra a ele, dando o melhor que pode, e então ele está
empurrando James para trás, seu peito arfando. James olha para ele, o olhar
encoberto enquanto estuda Regulus, a ponta de sua língua tocando seu lábio
inferior mordido e brilhante.
Esse olhar chia entre eles por um instante, e então Regulus está
freneticamente levando James de volta contra a parede oposta do elevador.
James o deixa, movendo-se como uma isca para atrair Regulus, e ele apoia as
mãos no corrimão depois de ter ido o mais longe que pode, esperando, suas
pálpebras penduradas pesadas, encapuzadas, um olhar sensual que acena para
Regulus, se engancha no seu umbigo, encurva um dedo e o faz ele querer se
ajoelhar.
Regulus começa a cair de joelhos. James geme com a visão, e então sua
cabeça bate na parede com um baque. Se alguém estiver esperando o elevador,
bem, eles terão que subir as escadas.
~•~
"O que você fez?" Dorcas deixa escapar em desespero, parecendo completa
e totalmente horrorizada de uma forma que Sirius honestamente nunca viu
antes. O choque—o drama de tudo—é uma coisa tão Relíquia que ele é
lembrado muitas vezes que Dorcas também é uma Relíquia. Apenas uma das
melhores.
Sirius vira a cabeça para ver o que ela está olhando e se depara com a visão
de James e Regulus se aproximando deles rapidamente. Regulus não parece
mais tão arrumado quanto antes, seu cabelo uma bagunça e um pouco de
maquiagem borrada. Ele não consegue encontrar os olhos de Dorcas, suas
bochechas vermelhas brilhantes.
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ZEPPAZARIEL
"Oh, oh, você tem tanta sorte que eu estou preparada em todos os
momentos," Dorcas sibila, estendendo a mão para agarrar o braço de Regulus
e levá-lo para o lado com uma carranca, remexendo em sua bolsa. Pandora,
como sempre, se move para controlar os danos, acalmando os nervos
desgastados de Dorcas enquanto Regulus fica parado como uma criança
repreendida e fica parado para Dorcas deixá-lo apresentável novamente.
"Então, você o odeia, mas você simplesmente não consegue manter suas
mãos longe dele, é isso?"
"Sirius, eu disse que não quero falar sobre isso," James retruca, sua voz
baixa e afiada. "Além disso, você deveria ficar fora disso, não é? Então, fique
fora disso."
"Ele não vai falar comigo, James," Sirius engasga, e James olha para ele,
engolindo em seco. "Ele não vai olhar para mim, ou ter nada a ver comigo, ou
me deixar estar lá para ele. Ele não vai me deixar confortá-lo. Você não
entende? Eu estou morto para ele."
"Ele disse isso, e ele quis dizer isso, e eu apenas—eu tenho que fazer as
pazes com isso," Sirius continua, sua voz grossa. "Mas é especialmente difícil
quando eu estou preso vendo vocês dois se machucarem, e eu não posso nem
consolar nenhum de vocês sobre isso. Ele está—isso está partindo o coração
dele, James. Você está partindo o coração dele. E eu sei, eu sei que ele quebrou
o seu de todas as maneiras possíveis, mas ele vai para a arena amanhã, nós dois
vamos, e isso—isso só vai piorar as coisas. Você tem tão pouco tempo de
sobra—"
471
CRIMSON RIVERS
"Ok, isso é—apenas não. Por favor, não," James diz, fechando os olhos.
Ele balança a cabeça, inspirando e expirando, suas feições torcidas. Sirius
pode vê-lo lutando ativamente contra o lembrete. A verdade.
"Por favor," James engasga, estremecendo tanto que Sirius quer estender a
mão e puxá-lo em seus braços.
Sirius está planejando fazer exatamente isso, mas eles são interrompidos
por Pandora, que corre para dizer, "Sirius, eles estão prestes a levar os
tributos. Você e Regulus têm que ir."
"Vocês vão estar assistindo daqui?" Sirius verifica, olhando entre ela e
James.
"Nós estaremos bem aqui," Pandora garante a ele. "Dorcas estará no meio
da plateia, no entanto, se você precisar de um rosto familiar."
Sirius está ao lado de Regulus, querendo dizer alguma coisa, querendo dar
conselhos ou palavras de conforto, mas sentindo tanto frio. Regulus o está
congelando, uma espessa parede de gelo que não derrete nem racha. Sirius não
consegue falar com ele, não mais, então ele sabe que tentar seria inútil.
Não demora muito para que alguém saia para colocá-los em movimento,
acenando para eles até o palco em ordem de distrito. Sirius e Regulus
aparecem atrás de Augusta e Alice, e os sons abafados da multidão surgem
assim que ele começa a subir as escadas.
472
ZEPPAZARIEL
Sirius ouve enquanto Rita fala com Narcissa sobre o fato de que ela é
originalmente do distrito seis e que ela está aqui com três parentes, uma que é
sua irmã mais velha. Elas também revisitam seus primeiros jogos, tocando no
fato de que ela era mortal com um arco e flecha e fez muita gente passar
como tolo, o que provavelmente não será possível novamente este ano, agora
que as pessoas estão preparadas para ela. Narcissa leva isso com calma,
afirmando sem rodeios que ela ainda é muito boa com um arco, mas ela não
pensaria nem por um segundo que esse grupo de pessoas são aquelas que ela
pode enganar da mesma maneira que ela fez da primeira vez.
Narcissa enquanto ela a olha tristemente. Ela estala a língua. Tsk, tsk, tsk. Oh,
ela é horrível, verdadeiramente. "Eu entendo estar chateada, especialmente
porque você está dentro da arena com três membros da família."
Rita empalidece tão rápido que é quase cômico. A sala inteira está cheia de
suspiros imediatos, e Rita tira a mão do braço de Narcissa como se ela tivesse
acabado de se queimar. Seus olhos estão muito arregalados. "Quatro? Você—
você está gr—você está—"
Oh, merda, isso é—é brilhante. Narcissa provavelmente nem está grávida—
Sirius está quase cem por cento certo de que ela não está, considerando a
última conversa deles—mas as Relíquias não sabem disso, e
estão chateadas. Elas estão absolutamente revoltadas em indignação em nome
dela, e é glorioso pra caralho testemunhar. Desamparado, por apenas um
momento, Sirius está tão orgulhoso de ser parente dela que ele quase
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ZEPPAZARIEL
"O-Ok! Ok, isso é—isso é tudo!" Rita chama alto, gaguejando em suas
palavras. Ela rapidamente leva Narcissa para cima e gesticula para que ela
volte para o assento.
Sirius está praticamente vibrando, porque por mais que ele não goste dela,
Bellatrix é a próxima, e ela é louca pra caralho. Não há como Rita estar
preparada para lidar com ela; ninguém está, na verdade.
"Seria uma honra, não seria, morrer pelas minhas mãos? Sangrenta e
brutalmente. Sua vida, tomada por mim. Eu a possuo. Eu possuo você,", diz
Bellatrix, e ela está falando diretamente para Rita, mas toda a multidão parece
sintonizada, atraída pelo fascínio mórbido de sua promessa de maldade e
violência.
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CRIMSON RIVERS
Nem Rita está imune, ao que parece. Bellatrix se inclina para frente em sua
cadeira, indo para Rita de uma forma que nenhum tributo jamais fez,
levantando a mão e dobrando o dedo. Rita balança como um verme em um
anzol, parecendo absolutamente aterrorizada, mas completamente incapaz de
se libertar de qualquer maneira. Uma cobra presa na armadilha de uma cobra
mortal que balança e tece, encantada por ela, espelhando-a impotente.
"Você não gostaria disso, Rita?" Bellatrix pergunta, sua voz suave e doce
enquanto ela enrola o dedo sob o queixo de Rita, acariciando sua bochecha
com o polegar. "Hm? Não seria muito bom sangrar nas minhas mãos? Há
algo eterno entre o morto e seu assassino. Você estaria sempre comigo. Você
não quer isso?"
"Sim," Rita engasga, a resposta arrancada dela como se ela nunca tivesse
tido tanto medo em sua vida.
Nesse contexto, Sirius pode respeitar isso. Ele até encontra uma sensação
doentia e distorcida de diversão vingativa nisso.
Depois de Yaxley está Lestrange, que se sai muito melhor. Ele foi amado
pelas Relíquias pela última vez, e ainda é. Muito charmoso, ele é. Ele se inclina
para o fato de que seu irmão mais velho é seu mentor, falando um pouco
sobre o fato de que ele sentiria muita falta dele se algo acontecesse, sem
vergonha de quão injusto é para ele e seu irmão serem colocados essa posição,
particularmente pela Relíquia, um lar para pessoas que ele afirma que também
considera família. Seja verdade ou apenas algo para agitar a multidão, isso
realmente faz com que muitas pessoas fiquem chateadas. Como se Rabastan
também fosse irmão deles.
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Sirius sente uma sensação aguda no centro do peito que ele não consegue
entender, na verdade. É um sentimento ardente que se espalha e o faz—bem,
ele nem sabe, mas o incomoda enquanto ele fica sentado lá e ouve Rabastan
Lestrange falar. Não é até Sirius dar uma olhada para Regulus, que está sem
expressão, que ele percebe que o sentimento é inveja.
Nunca, nem uma vez, houve um momento na vida de Sirius em que ele
estivesse com ciúmes ou inveja de outra pessoa em relação a Regulus. Ele
nunca foi colocado em uma posição em que teve que se sentir assim, porque
toda vez que ele e Regulus se distanciavam, era uma coisa mútua. Eles sempre
se perdiam, por escolha, um vínculo quebrado que ambos se afastavam.
Desta vez, é apenas Regulus, então Sirius ouve Rabastan falar sobre o
quanto ele ama seu irmão, e ele sente—inveja. A dura e frágil pressão da
inveja. Ele não se arrepende de ter tomado a decisão de fazer tudo para trazer
Regulus para casa, mas deseja que, até que esteja realmente morto, ele ainda
possa estar vivo para Regulus. Ainda aqui, ainda seu irmão mais velho, sempre
seu irmão mais velho. Ele quer isso. Ele quer que eles fiquem bem. Ele quer
que alguém lhe diga que, não importa o que aconteça, Regulus o ama.
Ele vai morrer nunca ouvindo Regulus dizer que o ama, porque mesmo
que ele tenha dito isso anos atrás, ou mesmo quando criança, Sirius não
consegue se lembrar. Sirius não sabe se ele fez isso, não mais. Talvez ele
nunca tenha dito.
Majesty é o próximo, que é elogiado por seus últimos jogos, e ele admite
que vai fazer o que faz de melhor e sobreviver da maneira que tiver que
sobreviver. Depois disso é Asher, que é muito bom com venenos e não tem
vergonha de admitir esse fato. Ela se esquiva da maioria das perguntas de Rita
e ri quando perguntada, ironicamente, se ela espera que os jogos terminem tão
cedo desta vez, como aconteceu da última vez para ela.
477
CRIMSON RIVERS
Alice é a primeira do cinco, e Sirius sente seu coração pular quando ele
olha para ela. Ele não pode deixar de pensar em quão próximo Frank é dela,
seu melhor amigo, e Sirius pode ter que...
Ela é boa na entrevista, na maior parte. Ela parece gaguejar sobre o assunto
de seus pais, o que intriga Sirius, reconhecidamente. Até onde ele sabe, Alice
deu a seus pais a casa que ela conseguiu como uma Vitoriosa e foi morar com
Frank, mas ela têm um bom relacionamento com sua família, ao contrário do
relacionamento tenso de Frank com sua mãe. Rita vê claramente as
dificuldades de Alice em falar sobre isso, pressionando isso como uma
contusão, mas Alice a cala, friamente.
Augusta... Oh, ela é—ela é um espetáculo para ser visto, honestamente. Ela
se senta no banco e imediatamente começa a despedaçar Rita uma palavra afiada
e irônica de cada vez. Ela olha para Rita e, sem dúvida, a faz se sentir pequena.
É o talento de uma mãe, essa habilidade de fazer você se sentir absolutamente
inútil, e Sirius saberia. Augusta usa isso como arma contra Rita, e se Rita não
tinha problemas relacionados à mãe antes, ela certamente tem agora.
Sirius está atrás de Augusta, e ele está tão entretido com tudo o que
aconteceu até agora que não é tão difícil dar um sorriso de derreter os joelhos
para a câmera enquanto ele se dirige para o assento na frente do palco. Ele
sabe que Remus está assistindo da suíte, e isso o faz se sentir aquecido.
"Aqui está ele, Sirius Black, em carne e osso," Rita o cumprimenta com
olhos brilhantes, parecendo absolutamente encantada por estar falando com
ele. "Devo admitir, eu estou muito animada por ter a chance de falar com você,
Sirius."
"Como você deveria, Rita," Sirius diz a ela, recostando-se na cadeira com
as mãos preguiçosamente descansando nos braços em um sinal de confiança
fácil. Ele abre as pernas um pouco, como se estivesse confortável, como se
estivesse se abrindo para que os olhos deles se banqueteassem com ele.
"Por que não começamos com a sua colheita então?" Rita pergunta.
478
ZEPPAZARIEL
Rita visivelmente não gosta do fato de ele ter mais controle do que ela em seu
próprio programa, mas há muito pouco que ela possa fazer sobre isso. Ela
pode ser uma idiota do caralho, no entanto, e é exatamente isso que ela faz.
"Bem, eu suponho que ambas são muito parecidas, não são? Em ambas as
colheitas, você se ofereceu pelo seu irmão, e nas duas vezes, ele acabou indo
de qualquer maneira."
O que Rita não sabe é que Sirius antecipou isso, e ele sabe exatamente
como usar isso a seu favor. Ela é uma idiota muito cega pelo poder que
ela acha que tem para perceber a magnitude do poder que ele sabe que tem.
"Sim, é—" Sirius engole em seco e varre seu olhar sobre a plateia,
suplicando. "É trágico. A pior coisa que eu poderia pensar. Sabe, eu—eu daria
qualquer coisa, faria qualquer coisa, se não fosse assim. Tem que ser assim,
realmente? Depois de todo o amor e calor que convidamos para suas vidas,
todos vocês, isso parece estar sendo jogado de volta em nossos rostos. Todos
nós aqui neste palco tivemos e ainda temos muito a oferecer, e vocês não
querem isso?"
479
CRIMSON RIVERS
"Ok! Ok, vamos—ei! Vamos ouvir o que mais Sirius tem a dizer!" Rita
grita, acenando com as mãos freneticamente até que pelo menos algumas
pessoas se acalmem para que ela possa falar por cima delas enquanto se vira
para falar com Sirius. "Você—sim, você falou de amor, não falou? Vamos
falar sobre o seu amor, Sirius. Você com certeza tem muito disso por aí, pelo
que eu ouvi."
"É mesmo?" Sirius pergunta, e no momento em que ele fala, a sala inteira
fica em silêncio para ouvir novamente. Ele ri e olha para a câmera, sentindo seu
rosto suavizar. "Engraçado você dizer isso, Rita, quando meu amor é
realmente por uma pessoa. Apenas uma."
"Oh?" Rita pergunta, agora soando alegre. "Sério? Então, existe alguém lá
fora que tem seu coração?"
"Bem, não nos deixe no suspense," diz Rita. "Conte-nos sobre ele. Quando
você o conheceu? Ele está esperando por você em casa, ou é alguém da
Relíquia?"
Sirius morde um sorriso, sentindo seu rosto ficar quente, sabendo que ele
está corando e não se importando nem um pouco. "Ele está aqui, na Relíquia.
Eu o encontrei brilhando como a lua no céu. Minha lua. Eu o amo mais do
que eu poderia explicar."
"Oh, ele sabe quem ele é," Sirius diz, sorrindo enquanto olha para a câmera
novamente, e quando ele desvia o olhar, olha para a plateia, ele deixa seu
sorriso sumir. "É uma pena. O que eu não daria para continuar sendo uma
estrela brilhante no céu com a minha lua, mas temo ser uma estrela prestes a
se apagar."
480
ZEPPAZARIEL
"Sabe," Sirius interrompe, sua voz gentil, "Eu nunca fui tão amado por
alguém como eu sou pela minha lua, e se eu tivesse escolha, eu não o deixaria.
Eu não deixaria nenhum de vocês, se estivesse nas minhas mãos decidir. Mas
não está. Está nas mãos do Mestre Riddle, e eu tenho que perguntar... Por que
deveríamos ter que pagar pelos crimes de outra pessoa que veio antes de nós?
Nossos laços com a Relíquia são verdadeiros. Eu não acredito que nenhum de
nós tenha, nem nunca tenha dado margem para duvidar disso, então por que
Mestre Riddle? Não é verdade que, já que estava em suas mãos fazer essa
regra, também está em suas mãos desfazê-la?"
"Ok! Entrevista encerrada! Volte para o seu lugar, Sirius, obrigado por se
juntar a nós!" Rita grita com mais uma manifestação de demandas e fúria da
plateia.
Sirius fica no meio de toda a raiva, todas as lágrimas, todos os pedidos por
sua vida, e ele abaixa a cabeça do mesmo jeito que viu Remus fazer, coloca as
mãos atrás das costas do mesmo jeito que Remus fez, e vai sentar em seu
assento.
~•~
É uma coisa tão horrível, porque apenas alguns dias atrás, tudo em Regulus
estava à vontade com Sirius. Confortável com ele, confortado por ele. Seguro.
Confiando. Até admirando.
481
CRIMSON RIVERS
A sala está praticamente tremendo com as pessoas que estão fazendo ataques
em seu nome, e Rita está lutando para que todos se acalmem novamente.
Demora um pouco, e não parece ajudar que Sirius permaneça curvado em seu
assento como uma sombra, discreto, inalcançável. Todos eles querem mantê-
lo, e eles não podem. Está causando bastante problema.
Se Rita acha que a maré vai mudar com a entrevista de Regulus, ela está
muito enganada. Ele pretende manter o ritmo, custe o que custar.
Desta vez, quando Regulus se senta no banco, ele não o faz sob um verniz
de inocência. Ele permanece estóico, vazio, muito afiado e muito frio. Ele
segura o olhar de Rita e pode praticamente ver sua esperança de que isso vai
morrer em seus olhos. Bom.
Rita faz uma leve careta, e a plateia já está tão chateada e sua resposta só
parece piorar as coisas. "Sim, bem, eu acho que há alguma honra nisso, no
entanto. Você escolheu isso. Certamente você não tem arrependimentos de
tomar o lugar do seu amor."
"Não," Regulus admite. "Eu não tenho nenhum. O que eu lamento é que
isso tivesse que acontecer. Você sabia, Rita, que apenas cinco minutos antes
do anúncio do Memorial Quarternário, James e eu estávamos juntos em uma
cozinha compartilhando chocolate quente? Ele me segurou. Nós rimos. Nós
estávamos felizes." Ele olha para a plateia, vendo várias expressões aflitas, e
ele apenas continua, fodidamente implacável sobre isso. "Acho que foi a última
vez que fomos verdadeiramente felizes juntos. Depois de tudo o que
passamos, tudo pelo que lutamos, e ainda acabamos não passando de uma
grande, grande tragédia."
482
ZEPPAZARIEL
Rita grita por cima da plateia novamente. Demora alguns minutos, e então
ela está chicoteando em direção a ele, o rosto tenso. "Sim, isso é só—oh, é
terrível, mas certamente você está planejando fazer tudo o que puder para
voltar para ele, certo?"
Rita abre e fecha a boca, olhando para ele em choque. Ela não diz nada.
Ninguém faz um som.
"Eu não deveria ter que lutar," Regulus retruca. "Eu já lutei, não é? Todos
nós lutamos. E aqui estamos nós, forçados a lutar de novo. O que é uma
história de amor sem conflito, certo? É isso. É tudo isso, eu espero que você
perceba. Todos vocês são o conflito, e a pior parte—a pior parte absoluta—é
que estávamos tão perto de nosso final feliz. Tão perto, mas nunca perto o
suficiente."
483
CRIMSON RIVERS
Isso não recebe a resposta pela qual ela parece tão desesperada. As
Relíquias estão absolutamente furiosas. Rita nunca pareceu tão impotente, tão
preocupada, como agora.
Regulus mais uma vez olha ao redor para todos, observando os rostos
encharcados de lágrimas e pura raiva, e ele se permite pensar no quanto dói
que James esteja perdido para ele, e só vai se afastar ainda mais quando ele
falar em seguida. Ele deixa transparecer em seu rosto enquanto diz, "Se não
fosse pelo casamento."
"O—" Rita engasga, olhando para ele com olhos esbugalhados, a sala
inteira ressoando com um silêncio atordoado e horrorizado. "O casamento?
Você e James iam—"
Ele se levanta e volta para o seu lugar, olhando para a câmera onde ele sabe
que James está assistindo. Ele espera que James entenda, mesmo sabendo que
James ficará chateado.
484
ZEPPAZARIEL
Regulus prometeu a si mesmo que iria fazê-los pagar, e ele quis dizer isso.
Essa é a promessa que ele escolheu manter.
~•~
No começo, tinha sido bom. Dorcas tinha gostado disso. Ela não pode
evitar, porque ela só pode imaginar como Riddle está se sentindo agora,
seguro dentro de seu castelo, vendo tudo sair do controle. As consequências
de suas ações, suas escolhas; mesmo ele não está a salvo delas.
Foi bom perceber isso, para começar. Mas agora, Dorcas está com medo.
Ela está com medo por Sirius e Regulus em particular, que causaram
problemas que ninguém jamais ousou. Problemas que, sem dúvida,
colocarão eles em apuros. Eles estão forçando, mostrando muito desafio,
revigorando a rebelião aqui mesmo na Relíquia—e Riddle certamente não vai
tolerar isso.
Se eles forçarem demais, ela não sabe o que pode acontecer. Há um aperto
de tempo em que todos estão, quer saibam ou não, e Dorcas ainda tem muito
o que fazer. Lily tem muito o que fazer. Isso não é algo que eles poderiam ter
feito tão cedo, e com Sirius e Regulus causando problemas, parece que o
relógio está apenas correndo mais rápido. O plano dela é muito delicado, e o
que Sirius e Regulus acabaram de fazer é—ousado.
485
CRIMSON RIVERS
Por Marlene.
O distrito nove é, primeiro, Dixon. Ele fala sobre ser um mentor. Ele fala
sobre como é restritivo, como existem regras a serem seguidas, como não se
apaixonar por colegas mentores, o que pode dividir lealdades, e ele também
fala sobre quanto dinheiro vai para os jogos que poderia ser usado para
distritos famintos. Ele fala sobre como a Relíquia é conhecida por rejeitar as
pessoas quando se cansam delas, como foi isso que aconteceu com ele,
forçado a sair de sua posição de mentor e agora forçado a voltar para a arena.
A insinuação de que a Relíquia está agora rejeitando todo e qualquer Vitorioso
anterior naquele palco, aqueles que todas essas Relíquias prezam, não é bem
tratada.
486
ZEPPAZARIEL
Depois deles, é Eli, o colega tributo de Marlene. Ele está... bêbado. Dorcas
fica tão incrivelmente triste quando ela o vê se levantar e cambalear até seu
assento, caindo sem graça e pendendo a boca quando ele a desliza um pouco
descuidadamente. O nariz de Rita se enruga em desgosto visível, então Dorcas
está assumindo que ele está usando grandes quantidades de álcool agora.
"Certo, Eli," Rita murmura. "Já faz alguns anos desde que você voltou para
a Relíquia, não é? Pelo menos cinco agora."
"Muito tempo," Eli insulta, balançando a cabeça. Ele soluça e olha para a
multidão. "Continuei procurando por Alphard, mas eu—eu não consegui
encontrá-lo. Estive procurando por muito, muito tempo."
"Esse mesmo."
"Você—por tudo, você quer dizer isso com... conotações românticas?" Rita
pergunta, visivelmente perplexa. Eli aperta os olhos para ela, parecendo lutar
para analisar essas palavras, e então ele apenas acena com a cabeça. "Ele era
seu amante?"
"Sim," Eli respira, seu rosto enrugado cedendo enquanto seus olhos se
fecham. "Sim, ele era. Não poderia—nós não poderíamos ficar juntos, sabe,
uma vez que a Relíquia descobrisse. Nos separou, fez com que ele deixasse de
ser um Mentor. Eles disseram que ele encontrou seu caminho em uma garrafa
487
CRIMSON RIVERS
"Oh," Rita diz suavemente, então ela limpa a garganta e lança seu olhar
para os outros tributos. "Eli, você—você está ciente de que os sobrinhos e
sobrinhas de Alphard estão aqui?"
"Eu sinto falta dele," Eli sussurra. "Ainda sinto falta dele."
Não importa o quanto Rita tente acordar Eli, ele continua desmaiado. No
final, Marlene tem que se levantar já que ela é a próxima e ajudá-lo a sair da
cadeira e voltar ao seu lugar original. Ele acorda confuso por estar em
movimento, mas adormece novamente assim que se acomoda. Marlene dá um
tapinha em seu ombro antes de girar e marchar para se sentar em frente a
Rita.
Dorcas sente sua respiração congelar em seus pulmões só de olhar para ela,
assim como aconteceu a noite toda. A estilista de Marlene não é Dorcas, mas
genuinamente não há nada em que Marlene não ficaria bem, Dorcas tem
certeza. Ela parece desconfortável, porém, em um vestido. Talvez se não fosse
tão curto como é, ela não estaria, mas Dorcas pode dizer que ela não é fã
disso, apenas pela forma como ela puxa e quão estranha ela reage a isso, como
se ela não pudesse ser ela mesma nele, com tanta pele aparecendo para todas
essas pessoas que ela não confia.
Está deixando-a tensa, e Dorcas odeia isso, porque por mais linda que ela
esteja, sempre, Dorcas nunca a colocaria em roupas que a fizessem se sentir
tão exposta. Sim, a moda pode ser sobre expressão, mas também pode ser
sobre proteção. Marlene se sente melhor com roupas que tem espaço para se
mexer, roupas que ela não tem que acomodar, mas sim aquelas que vão
acomodar ela. Ela gosta de roupas que ela pode usar como apenas mais um
escudo, e por que não deveria? O que há de errado com isso? Ela merece estar
confortável.
488
ZEPPAZARIEL
Dorcas vai fazer o que tem que fazer para que Marlene fique segura, ou ela
vai morrer tentando, porra. Tudo o que ela precisa é que Marlene passe por
isso sem se colocar em perigo ainda maior do que já está. É pedir demais?
Rita parece sentir isso e, como uma idiota, ela acha que abordar isso seria
uma boa ideia. "Você parece bastante agitada, Marlene. É a sua roupa? Você
está muito bonita, chocantemente. Eu não acho que você tinha um estilista
que realmente realçasse sua beleza na última vez que você foi um tributo."
"Bem, as roupas certamente não estão ajudando, mas não, Rita, se você
acreditar, essa não é minha principal fonte de frustração no momento."
"Você sabe o que é?" Marlene corta bruscamente, seus ombros uma linha
tensa enquanto seus olhos brilham com a mesma raiva, o mesmo
ressentimento, que Dorcas viu pela primeira vez nela no dia em que Vanity e
Hodge morreram. "Eu vou te dizer o que é, Rita."
"Na verdade," Rita começa, porque agora ela pode sentir o perigo, mas é
um pouco tarde para isso, neste momento.
"Não, cale a porra da boca," Marlene cospe, e a boca de Rita cai aberta
enquanto ela recua, absolutamente chocada. Marlene obviamente não dá a
mínima. Ela se vira para se dirigir à multidão, que parece inquieta, apenas
esperando por mais uma coisa para ficar chateada. "A colheita—você sabe o
que sempre é para ser, um simples jogo de sorte, sim? Que a sorte esteja sempre
ao seu favor, todos vocês dizem. Onde diabos estava minha sorte quando eu era
um dos dois únicos tributos no meu palco? Isso não é a porra de
um jogo. Chame do que é. É—"
489
CRIMSON RIVERS
"Tudo bem, isso é—sim, eu acho que terminamos aqui," Rita interrompe
bruscamente, porque a plateia está ficando agitada novamente.
"Oh, não, nós acabamos de começar," retruca Marlene. "O que realmente
é, o que sempre foi, é uma execução com passos extras que vocês são cegos
demais para ver direito porque eles nos vestem e nos desfilam na frente das
câmeras e dizem que nossas mortes não significam nada só porque não
podemos fazer nada sobre isso. Quantas crianças foram executadas para isso?
Quem pode dizer que as suas não são as próximas? Quem pode dizer
que você não é o próximo?"
Dorcas está um pouco envolvida com a coisa toda, já que todos ao seu
redor se levantaram, e era fazer o mesmo ou ser pisoteada. Não que ela não
490
ZEPPAZARIEL
queira participar, obviamente, mas ela realmente não pode ter sua posição para
o que vem a seguir comprometida de forma alguma.
Ela fica tempo suficiente para ver Relíquias lutando contra Aurores pela
primeira vez em suas vidas, totalmente enfurecidas; ela fica tempo suficiente
para ver os tributos no palco sendo escoltados rapidamente para longe,
andando altos e orgulhosos; ela fica tempo suficiente para ter certeza de que
Marlene está segura, pelo menos por enquanto, e então ela vai o mais longe
possível, o mais rápido possível.
~•~
Severus se atreve a acreditar que ela vai conseguir uma segunda vez. É
absolutamente vital que ela o faça, porque há vinte e quatro tributos em breve
(novamente) sendo levados a um local não revelado dentro do prédio,
literalmente uma ordem de execução.
É estranhamente satisfatório.
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CRIMSON RIVERS
"Eu quero que eles sofram," Riddle sussurra, os olhos brilhando enquanto
ele se inclina para frente para fixar um olhar afiado em Minerva. "Isso não
pode simplesmente ficar impune. Esse desafio descarado exige uma resposta
que provará a futilidade de tentar algo mais."
Minerva dá uma pausa, então calmamente diz, "Eu acredito que a arena
servirá como punição adequada. Senhor, a... revolta que acabou de acontecer
resultou na perda de vidas da Relíquia; nosso povo; seu povo. Uma resposta
apenas provocaria mais protestos. Seu silêncio sobre o assunto—a menos que
você esteja realmente disposto a mudar a regra completamente—falará muito.
Os jogos começarão como sempre, e isso provará a futilidade do desafio por
si só, apenas como sempre foi."
"Sim, senhor."
"E aquela garota McKinnon, eu quero vê-la sofrer antes que ela morra.
Faça com que ela saiba disso. Sabote todo e qualquer apoio de qualquer
patrocinador e não dê a ela um momento de paz."
"Sim, senhor."
"Severus."
492
ZEPPAZARIEL
Severus não hesita. "Pais, assim como a família extensa. Uma tia, um tio e
uma prima com marido e filho pequeno."
"Mate todos."
"Sim, senhor."
"Eu quero que os pais dela sejam trazidos aqui em seus momentos finais
antes deles serem levados para a arena; faça com que eles sejam executados na
frente dela," Riddle o informa. Não diferente dos Prewetts. Bem, Severus não
pode dizer que não é consistente. "O resto da família pode ser morta dentro
do distrito. Houve tumultos?"
"Quando?"
"Sim, senhor," Severus concorda, abaixando a cabeça. Ele não gosta muito
da lembrança de ter sido imunizado.
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CRIMSON RIVERS
dias depois que ele a recebeu—, mas uma vez que a erupção desapareceu do
local da injeção, ele se curou o suficiente.
Severus infelizmente sabe muito pouco sobre isso, então ele não tinha
muita informação para dar a Albus. Ele não tem certeza de como a fórmula
para a imunidade ao veneno do Besouro Horcrux veio a ser, ou quais
ingredientes foram necessários para fazer. Tudo o que ele sabe é que foram
necessários meses de tentativas e erros antes que alguém conseguisse
sobreviver e, mesmo assim, os efeitos do veneno da Horcrux ainda
persistiram. Demorou mais tempo e mais tentativas e erros antes que eles
fossem capazes de erradicar os efeitos o suficiente para que uma imunização
pudesse ser liberada, convenientemente em tempo suficiente para que o
distrito seis fosse completamente dizimado.
Severus trabalhou duro para chegar onde está hoje. Com ele sendo do
distrito dois, isso não é uma grande surpresa. É onde os Aurores são
treinados, e ser um Auror é saudado como uma grande honra e uma meta que
todos deveriam cumprir. Um distrito militarista na palma da mão da Relíquia.
Severus nunca quis ser um Auror; ele só queria cuidar de sua mãe. Muito
pouco bem isso lhe fez, no final.
"Sim, senhor."
"Liberte-os. Eles têm uma última noite, então os recolham de manhã, antes
mesmo de o sol nascer. Não permita que eles se despeçam. Não permita que
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ZEPPAZARIEL
eles tomem café da manhã ou banhos. Não permita que eles sejam escoltados
por seus mentores."
Severus abaixa a cabeça novamente e se vira para sair. Ele tem muitas
ordens a seguir e muitas ordens a dar. Há muitas pessoas para matar em um
curto período de tempo, ao mesmo tempo em que equilibra o aumento da
rebelião em todos os distritos e agora na Relíquia. Há pessoas para enviar para
informar as famílias das Relíquias falecidas uma história de capa adequada que
provavelmente não será totalmente acreditada, tributos a serem liberados
depois de terem sido deixados para esperar e mantidos no limite, e pessoas
para entrar em contato sobre a imunização de cada Auror abaixo dele, um
sinal seguro de que a guerra não está chegando; ela já está aqui.
Ele também tem que entrar em contato com a Ordem como informante
secreto de Albus para mantê-lo atualizado, e também na esperança de que
Albus pelo menos consiga salvar o resto da família de McKinnon antes que
Severus e seus Aurores possam alcançá-los.
495
CRIMSON RIVERS
46
APEGO
A primeira coisa que Sirius faz assim que volta para a suíte é se jogar em
um abraço apertado com Remus, exalando de alívio enquanto o segura, os
olhos se fechando. Ele enfia o rosto no ombro de Remus, respirando fundo, a
tensão se esvaindo lentamente, em pedaços.
Foi horrível, apenas esperar, sem saber se a última vez que ele viu Remus
seria a última vez que ele o veria. Sem saber se ele veria James novamente.
Sem saber se ele, junto com seu irmão e todos os tributos com os quais estava
esperando, estavam prestes a ser mortos por seu flagrante ato de rebelião.
496
ZEPPAZARIEL
Talvez não devesse ter surpreendido Sirius. Afinal, por que desperdiçar a
munição para matá-los agora, quando todos, menos um, estarão mortos em
breve? E de tal forma que seja lucrativo também. No
entanto, surpreendeu Sirius. Por um momento, ele realmente acreditou que era
isso.
O alívio de ainda ter mais tempo é esmagador, e tudo o que ele quer é estar
com Remus. Eles têm tão pouco tempo no geral, especialmente porque
Remus não terá escolha a não ser voltar para sua cela em breve. Sirius só quer
segurá-lo para sempre.
"Você estava certo," Remus murmura. "Ninguém ama você como eu amo.
Ninguém nunca vai, Sirius, eu posso te prometer isso."
"Eu acredito nisso, na verdade," Sirius admite com uma risada fraca,
lentamente se afastando, por mais que ele odeie. "James?"
497
CRIMSON RIVERS
murmurando para ele. "Você deveria—eu, ah, acho que você deveria ir ver
James."
"Tudo bem, mas—mas espere por mim no meu quarto?" Sirius pergunta
esperançoso, segurando seu olhar.
"Eu pensei—oh, porra, Sirius, eu estava tão—eles não nos diziam onde
eles estavam mantendo você, e eu não sabia se você estava bem, se eu veria
você de novo antes—" James engasga, seus punhos pressionando mais forte
contra as costas de Sirius, tentando de forma intermitente mantê-lo preso na
segurança implacável de seus braços.
"Está tudo bem, James, nós estamos bem," Sirius murmura, segurando-o
com a mesma força. "Eles só nos seguraram por um tempo, provavelmente só
queriam nos colocar no limite enquanto decidiam o que fazer conosco. Está
tudo bem, sim? Ei, respire, está tudo bem."
"Eu estava com tanto medo," James diz, sua voz grossa.
498
ZEPPAZARIEL
Mais uma vez, Sirius sente que a tragédia e a injustiça de toda essa situação
pesam sobre ele, um peso que ele se sente fraco demais para carregar. Ele vai
entrar em colapso. Talvez ele já esteja. Talvez todos estejam. Talvez todos
estejam desmoronando em câmera lenta desde o primeiro tremor que os fez
tombar. A base de todos eles está desmoronando desde que Sirius tinha
dezesseis anos, e não há mais onde se segurar.
"Ele mentiu," James engasga. "A porra de um casamento, Sirius? Ele sabia
que ia—ele sabia que ia doer, e ele fez mesmo assim. Ele não se importou."
"Você realmente precisa falar com ele, James," Sirius diz a ele, e então ele
balança a cabeça quando James abre a boca em protesto visível. "Não. Olha,
eu te amo, e eu entendo sua raiva—é mais do que justificada—mas isso não é
algo que você tem tempo para resolver. Você entende o que eu estou te
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CRIMSON RIVERS
dizendo? Não há tempo. Eu—eu vou fazer tudo o que puder para trazê-lo para
casa e morrer tentando, mas qualquer coisa pode acontecer. Eu poderia falhar
com ele. Eu já fiz isso antes."
"Não cometa o mesmo erro que eu. Não perca tempo, não se atrase
tanto," Sirius murmura. "Eu tive sorte por ter vocês dois de volta e ter mais
tempo. Você não vai ter. Seja eu ou ele ou nós dois, James, você não vai ter."
Mesmo agora, James está lutando contra isso. Ele balança a cabeça e passa
os dedos sobre os ombros de Sirius, apertando. Ele diz, "Não," e então, "Eu
não posso," e logo em seguida, "Eu—eu vou estar com você. Posso apenas
ficar aqui com você?"
"James, me escute," Sirius interrompe. "O que você precisa fazer é acertar as
coisas com ele de novo, porque quando eu não conseguir voltar, vocês vão
precisar um do outro para se ajudarem a sobreviver. Se vocês dois não
resolverem isso agora, eu estou preocupado que você nunca vai poder fazer
isso depois—depois que eu for, e saber que vocês dois têm um ao outro é
algo que eu preciso."
"Pare com isso. Pare, pare, pare," James canta, seus olhos se fechando
enquanto seu rosto se contorce. Ele está tremendo.
"James—"
"Por favor. Por favor, pare. Eu não posso—eu não—onde nós estamos?
Sirius, quando—o que está acontecendo? O que—"
500
ZEPPAZARIEL
das entrevistas. Você não é um tributo; você é um mentor, e você está seguro.
Você não está na arena. Você está aqui comigo, e eu estou com você."
"Onde está a minha bengala?" James ofega, seu peito arfando enquanto ele
agarra os ombros de Sirius, claramente tentando se equilibrar.
"Está apoiada na cama. Presumo que você não precisava dela antes de eu
entrar. Você precisa agora?"
"Eu sei. Porque você está com medo," Sirius murmura, e é isso mesmo.
Quando eles estão com medo, eles vão direto um para o outro. "Mas eu e
você? James, não há... nada para resolver entre nós. Não importa para onde
vamos, ou o que acontece conosco, sempre estaremos um com o outro, sim?"
Ele levanta a mão e bate em James no centro de seu peito, bem no meio de
seus pulmões. "Cada respiração, inspirando e expirando, sou eu e você."
"Não, nada disso," Sirius repreende gentilmente, apesar do fato de que ele
sentia o mesmo, quando era ele na posição de James. "Você vai continuar de
qualquer maneira, porque eu estou dizendo a você, e você pode ficar com
raiva de mim o quanto quiser, desde que faça isso. Porque Effie e Monty não
deveriam ter que perder nós dois. Regulus não deveria ter que perder nós dois.
Então, você vai respirar. Você vai. Eu vou ser a porra do ar nos seus pulmões,
mesmo quando eu for."
James apenas abaixa a cabeça para frente e meio que cai contra Sirius com
um pequeno som de dor, como um animal ferido. Eles voltam a se abraçar;
eles não têm tempo a perder não fazendo isso. O relógio continua a correr.
"Tem uma coisa que eu preciso que você me prometa," Sirius murmura,
ainda segurando James. "Eu preciso que você me prometa que vai cuidar de
Remus durante isso. Ele não é—ele não é alguém que realmente compartilha
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CRIMSON RIVERS
quando está lutando com ele, mas ele—ele vai precisar de apoio. Ele vai
precisar de alguém para cuidar dele, e não pode ser eu, então eu preciso que
você faça isso por mim. E eu preciso que você prometa que vai continuar
fazendo isso, ano após ano, toda vez que você voltar como mentor. Porque eu
sei que vai ser você. E eu sei que você vai estar aqui quando ele for designado
para cá novamente—Pandora vai ajudar. Então, por favor, me prometa que
você vai fazer isso, James."
Tic, tac, tic. O tempo está circulando pelo ralo. Eles não estão prontos.
Nenhum deles está pronto, especialmente James. Ainda há algo que ele tem
que fazer primeiro, e ele precisa do empurrão, então Sirius não hesita em dar a
ele.
"Não é comigo que você realmente precisa encontrar paz agora," Sirius diz
tristemente, mesmo que haja uma parte terrível e minúscula dele que
egoisticamente quer ter todo o tempo que puder com James, mesmo que ele
esteja roubando de alguém. De Regulus. Mas Sirius não vai; claro que ele não
vai. Ele está sempre se oferecendo para suportar o peso da dor por Regulus,
então por que isso deveria ser diferente? "Fale com Regulus, James."
"Enquanto isso," Sirius brinca, "Eu vou realinhar minha coluna, então
você não pode ficar comigo de qualquer maneira."
"Ok, para ser justo, eu—eu apoio muito isso para você," James murmura
com outra fungada. "Eu sou um bom melhor amigo. Eu tenho sido um bom
melhor amigo para você, não tenho?"
"Tudo bem. Bom. Eu—" a voz de James pega, e ele está claramente
tentando muito manter a calma. "Eu fico feliz que eu fui."
502
ZEPPAZARIEL
"Sirius—"
James não vai muito além disso, e Sirius suspira tristemente enquanto
observa o rosto de James desmoronar novamente. Ele estende a mão e puxa
James de volta em seus braços, segurando-o por mais um pouco enquanto
sussurra, "Eu sei, James. Eu sei."
~•~
Regulus não consegue explicar a paz que Remus lhe traz, apenas por estar
presente. Talvez seja apenas Remus. Talvez seja exatamente isso que
Remus é, algum tipo de magia que existe nele onde quer que ele vá, tão
facilmente reconfortante para todos aqueles próximos a ele e completamente
alheio a esse fato. Talvez seja apenas porque Remus o ajudou com um de seus
maiores medos quando ninguém mais podia, ou porque Remus ainda é seu
amigo, ou porque—apesar de tudo—Remus nunca olha para ele como se
Regulus fosse o responsável por sua dor.
"Nós não conversamos sobre isso," Remus murmura. "Seus planos para a
arena, quero dizer."
"Eu sei," diz Regulus, e ele não dá mais detalhes. Todos eles vão descobrir
em breve.
"Parecia que..." Remus hesita por um instante, então vira a cabeça, olhando
por cima da borda da sacada. "Bem, do jeito que você estava na sua entrevista,
parecia—como se você estivesse planejando lutar. Lutar de verdade."
Remus fica em silêncio por um instante, e então ele exala trêmulo, sua
cabeça abaixando enquanto ele resmunga, "Como eu tenho certeza que você
sabe, Sirius—ele vai—ele vai lutar por você. Para levar você para casa. E eu—
eu acho que ele—bem, eu nunca tive tanta certeza de que uma pessoa pode
fazer qualquer coisa que decida fazer, não importa as probabilidades, até ele.
Então, você—toda essa raiva que você sente por ele, você tem que—Regulus,
503
CRIMSON RIVERS
você precisa deixar tudo isso passar antes que seja tarde demais, antes que
ele—antes—"
"Hum?"
"Você acha que foi em vão?" Regulus repete, inclinando a cabeça para
olhar o céu. Ainda não está escuro, mas mesmo que estivesse, as estrelas não
são visíveis aqui na cidade. É só mais uma coisa que Regulus odeia nesse
lugar. "Ele se voluntariando por mim, quero dizer? Eu estou aqui, não estou?
O que ele conseguiu?"
"Ele é seu irmão," Remus sussurra. "Ele fez o que qualquer um faria por
alguém que ama. Ele fez o que eu fiz pela minha melhor amiga. Ele fez o que
você fez por James. Sacrifício é—é apenas um subproduto do amor; amor
genuíno e inabalável que nos agarra como a dor. É cruel. Nos leva a fazer o
impensável."
"Porque? Como?"
"Quando eu menti para James e fiz uma promessa que sabia que não iria
cumprir, eu fiz isso porque eu sei melhor do que ele o que vai machucar ele
mais. Eu passei a maior parte dos anos que nos conhecemos apenas
machucando ele, aprendendo a forma da sua dor, tentando moldá-la no
começo e então tentando erradicá-la no final. Eu conheço a dor de James por
dentro e por fora. Quando eu decidi fazer o que eu fiz, foi por ele. Isso fez
alguma coisa."
504
ZEPPAZARIEL
"Isso manteve a mãe dele segura, para começar. Mas Sirius? Ele não fez o
que fez por mim. Ele fez isso por ele."
"Ele não sabia que você seria voluntário," Remus diz baixinho. "Ele—
quando ele tomou o seu lugar, ele não tinha como saber que você iria...
Regulus, ele fez isso com a mente de que estava mantendo você longe da
arena."
"Não fez muito bem para ele, no final. Também não fez muito bem para
ele na primeira vez," Regulus murmura. "Esse não é o ponto de qualquer
maneira. Meu ponto é, ele fez isso por ele. Eu disse a ele, Remus, eu disse a
ele para me escolher, e eu disse a ele exatamente como. E ele não fez. Você
sabe o que ele escolheu?"
"Ele escolheu me deixar para trás. De novo." Regulus se vira para olhar
para Remus, que o observa com as sobrancelhas juntas, expressão de dor.
"Ele escolheu me abandonar. De novo. Ele escolheu quebrar algo pelo qual
trabalhamos tanto, a única coisa que eu precisava dele, a única coisa que
eu sempre precisei dele; tudo que eu sempre quis foi que ele escolhesse ficar
comigo, e ele não fez isso. De novo. E desta vez—desta vez, eu não apenas
fiquei para trás e assisti. Eu não apenas aceitei. Eu o fiz olhar para isso, e eu
vou fazer ele se arrepender. Ele vai se arrepender dessa vez, Remus. Ele vai."
Regulus faz uma pausa, então diz, "O plano sempre foi tomar o lugar de
James, mas eu estaria mentindo se dissesse que as palavras não deixaram meus
lábios um pouco mais fáceis sabendo que Sirius iria engasgar com elas."
505
CRIMSON RIVERS
Remus bufa uma risada fraca. "Sim, não posso discutir isso."
"Vá em frente, então. Qual foi a pior coisa que você já fez?" Regulus
pergunta, inclinando a cabeça para ele.
Regulus não sabia disso, até agora. Se Sirius sabe, ele não disse. Talvez ele
não saiba. Regulus não se importa de qualquer maneira; ele não vai dizer a ele,
obviamente. O segredo de Remus—se é um segredo que Sirius não sabe—
está seguro com ele. E, francamente, não é um segredo que Regulus se
importe muito, no sentido de que isso não o incomoda nem um pouco.
Remus o encara, algo mudando em seus olhos que se parece muito com
pena. A pior parte é que Regulus pode ver a pergunta vagando pela cabeça de
Remus, uma pergunta muito válida que se transforma em algo afiado, feito
para esculpir, um pensamento intrusivo. Essa pergunta muito simples. Qual
delas?
Essa é a pergunta, não é? Afinal, isso aconteceu duas vezes. Então, qual?
Regulus sabe que são as duas. Não deveria ser possível que isso ocorresse
duas vezes, para ele ver Sirius ficar frio e sem vida, fazê-lo escorregar por
entre os dedos, enfiar a adaga e torcer. Como você mata o que já está morto?
506
ZEPPAZARIEL
Sem dizer uma palavra, Regulus se levanta e entra em seu quarto, pegando
roupas e indo para o banheiro. Ele fecha a porta e começa a preparar o banho,
o olhar vago enquanto olha para a água. Já não o faz chorar com tanta
frequência. Ele achou que era um bom sinal, mas agora tem certeza de que é
porque ele não é diferente dos mortos que associa à água. Apenas mais um
par de mãos frias que a morte se agarra.
Seis.
Ele estava errado antes. Não cinco. Seis. Ele matou seis pessoas e está
olhando para a última no reflexo da água.
~•~
Dorcas anda furiosamente em sua suíte, olhando para seu celular. Até
mesmo o som da voz de Dumbledore a enfurece hoje em dia, embora ela
esteja satisfeita em saber que ele está totalmente distraído com toda a atividade
atual que está acontecendo para realmente perceber o que está acontecendo
bem debaixo do nariz dele.
507
CRIMSON RIVERS
Dorcas para no local quando seu celular começa a zumbir em sua mão, e
sua respiração fica presa quando ela atende, esperando em um silêncio pesado
enquanto seu coração dispara.
"Que missão?"
Lily faz uma pausa, então ela murmura, "Euphemia e Fleamont Potter
estão aqui. É por isso que todo o caos era quando você estava aqui no outro
dia."
"Sim, sim, sim," Lily murmura, e Dorcas apostaria muito na chance de Lily
estar revirando os olhos agora. "Para encurtar a história, nós entramos e
roubamos os pais de James—pessoas realmente adoráveis, a propósito—e
conseguimos salvar... um pouco dos moradores do distrito, mas a maioria?
Bem, não foi bom. Nada bom, se eu for honesta. Há toda essa merda de
neblina verde—"
508
ZEPPAZARIEL
"Sim, bastante," Lily diz. "De qualquer forma, Poppy vai dar uma olhada e
ver o que ela pode fazer com isso; teve que ir vestida com um terno de
borracha estranho, mas ela estava com uma equipe pequena. Uma outra
equipe inteira tem que entrar no distrito onze com novas ordens."
"Isso eu não sei. Não fui escolhida para essa missão, o que é bom, porque
eu tenho tempo para trabalhar nas outras coisas."
Lily bufa. "Oh, eu estou progredindo. Talvez consiga adiantar tudo no dia,
pelo menos. Ou pelo menos na noite anterior ao que planejamos
originalmente." Dorcas não consegue evitar fazer um som abafado de pura
esperança, e Lily ri. "Em breve, Dorcas, muito em breve. Faça a sua parte, e
não se preocupe, eu farei a minha."
Dorcas fecha os olhos, sentindo alguma tensão drenar de seus ombros, seu
coração palpitando. "Sério, Lily, obrigado."
"Mhm, sem pr—oh. Ah, merda. Só um minuto!" Lily chama, tossindo alto.
"Eu estou usando o grampeador, Molly! Me dê um segundo." Sua voz cai para
um assobio baixo. "Ok, eu tenho que ir. Se eu puder ligar de novo, eu ligo.
Ok, tchau."
"Tch—" Dorcas nem consegue terminar antes que a linha fique muda. Ela
bufa uma risada fraca e puxa o telefone para longe da orelha, soltando uma
respiração profunda.
509
CRIMSON RIVERS
Isso significa que é fácil para Dorcas andar da cozinha para o quarto, para
frente e para trás, enquanto ela cruza os braços e levanta uma mão para passar
um dedo preguiçosamente sobre os lábios de novo e de novo, sua mente
correndo a mil por hora. Oh, ela tem muito o que fazer.
Bem, ela sabe exatamente como recrutar James, pelo menos. Ela não
estava muito preocupada com isso de qualquer maneira, para ser honesta.
Talvez seja ingenuidade, mas ela realmente acredita que ele a considera uma
amiga o suficiente para confiar nela sobre isso. No entanto, o plano de backup
agora é seus pais; é claro que ele estará especialmente disposto se souber que
eles—e o que quer que reste de seu distrito—já estão todos na Fênix. Além
disso, ele provavelmente iria aonde quer que Sirius e Regulus fossem, e
Dorcas fará tudo o que puder para garantir que eles fiquem seguros com a
Ordem.
E Frank? Hum. Sua mãe é um grande fator, com certeza. Se Augusta for
salva, então Frank sem dúvida seguirá. Mas ele também é próximo de Alice e
Emmeline...
Ah, porra, Emmeline. Dorcas estala a língua e faz uma careta. Seria
indescritivelmente falta de tato e cruel da parte dela não tentar salvar
Emmeline simplesmente porque ela esteve com Marlene. Dorcas afasta o
mero pensamento com uma zombaria. Sim, ela não é uma boa pessoa, porque
não há pessoas boas na guerra, mas isso é um ponto baixo que até ela se
recusa a alcançar. Então, há outra pessoa adicionada à lista. Seis já—Marlene,
Sirius, Regulus, Augusta, Alice e Emmeline.
510
ZEPPAZARIEL
Escolhendo vidas.
Depois de uma longa pausa em que Dorcas teme que ela vá vomitar, ela
exala trêmula e endireita os ombros. Não. Não, ela não será vítima de um
poder como este e se perderá no processo. Marlene primeiro, claro, porque ela
não tem medo de ser egoísta nesse sentido, mas depois disso? Todos
eles. Qualquer um deles. Se eles seriam uma ajuda ou um obstáculo para a
guerra, independentemente do que eles podem oferecer a ela ou o que não
podem, fará com que ela salve tudo o que puder.
Ela teme não ser capaz de salvar tantos quanto gostaria. Vinte e quatro é o
objetivo, na verdade, por mais impossível que pareça, mas isso exigiria que
todos eles sobrevivessem o suficiente para serem salvos. Ela duvida que isso
aconteça.
Mas Marlene... Dorcas precisa que Marlene sobreviva por esse tempo.
Tudo isso está acontecendo porque é preciso, porque é o que é certo, mas o
coração de Dorcas está praticamente chorando com a verdade de tudo isso.
As prioridades de Dorcas mudaram, estão mudando há algum tempo, e
Marlene? Marlene é a prioridade.
Aconteça o que acontecer com ela naquela arena... Dorcas fecha os olhos,
inspirando e expirando. Ela sabe que Minerva não pode simplesmente
permitir que seja—fácil. Tem que ser brutal. Tem que ser a pior coisa que
alguém e todos vão ver, apenas para incitar mais raiva e desafio, encorajando
uma revolta. Tem que ser doentio, indutor de vômito, horrível de roer as unhas
a ponto de ser doloroso de assistir; um sinal de néon piscando para todos
olhando que eles deveriam odiar isso, que é errado.
Como ela vai se sentir, olhando para Minerva? Do mesmo jeito que ela se
sente olhando para Slughorn? O pensamento a aterroriza.
Dorcas não pode se preocupar com isso, porque ela precisa se concentrar
no que tem que ser feito. O plano dela. Também suas ordens. Sim, adorável,
ela ainda tem que fazer isso. Recrutar. Certo, então James será fácil, ela
provavelmente pode convencer Frank, e se ela tiver que pegar Pandora e
carregá-la sozinha, ela o fará. Huey... Bem, Dorcas não o conhece, na verdade,
mas Minerva disse que o melhor ângulo seria culpá-lo. Ele quer ajudar, sente
que é obrigado, e ela pode trabalhar com isso. Ela fez mais com menos,
honestamente.
"É minha última noite," murmura Marlene. "Eu não vou esperar você se
atrasar desta vez."
Dorcas está tão bem com isso, na verdade. Oh, ela realmente deveria estar
gastando seu tempo fazendo algo produtivo, mas nada parece importar tanto
quanto a boca de Marlene na dela, e as mãos de Marlene em sua pele, e
Marlene apenas estar aqui, viva, quente e sólida sob os dedos de Dorcas.
512
ZEPPAZARIEL
~•~
Bem, não, ele sabe que James está atraído por ele, isso não é algo que ele
duvide, na verdade, mas não é isso que está pesando em sua mente. Ele se
olha no espelho e se pergunta se James ainda o acha bonito por dentro. Uma
pessoa digna de bondade. Uma pessoa digna de amor.
James nunca foi tão cruel. Regulus não sabe o que fazer com isso.
Ele sabe que James tem todo o direito de ficar chateado, mas ele não sabe por
quanto tempo mais ele pode fazer isso. Talvez isso o torne fraco. Talvez ele
seja patético por ter sido levado ao limite e ainda tão disposto a tudo o que
James lhe der. Ele entende agora, o que James quis dizer quando disse que
Regulus poderia fazer qualquer coisa com ele e ele agradeceria por isso.
James respira, e Regulus quer agradecê-lo.
Engolindo em seco, Regulus puxa a toalha para longe de seu cabelo úmido
e a pendura, em seguida, arrasta os dedos sobre o peito, pressionando
levemente a cicatriz levantada sobre o coração. É uma coisa estranha ter uma
cicatriz favorita, mas esta é dele. Esta é um lembrete de que algo tentou tirar
seu coração e falhou. Ninguém ou nada pode tê-lo, porque pertence apenas a
James; de alguma forma, depois de todas as vezes que James a beijou, Regulus
sente que a cicatriz é apenas uma prova disso.
Soltando a mão, Regulus pega sua camisa e a veste, então se vira para sair
do banheiro. Quando ele volta para seu quarto e olha para cima, ele congela.
513
CRIMSON RIVERS
Regulus não acha justo que essas palavras o assustem. Não é como se as
coisas pudessem piorar. "Essas palavras temidas. Você está ciente de que não
pode terminar comigo de novo, não é?"
"Eu não terminei com você," James retruca. "Eu não tive exatamente a
chance, já que não estávamos juntos em primeiro lugar."
James aperta o maxilar, fazendo com que o parafuso abaixo de sua orelha
pulsasse visivelmente, o músculo se contraindo. Regulus acha isso
incrivelmente atraente. Ele gostaria de lambê-lo. "Não, nós realmente não
estávamos. Os dois dias que passamos—bem, esses não contam."
"Não, mas eles contam, no entanto," Regulus responde, lançando seu olhar
sobre James lentamente, tentando ler sobre ele. Ele não consegue, o que é
frustrante. Regulus não sabe dizer se James quer foder ou brigar, e
francamente, se não for o primeiro, ele preferiria que James simplesmente
fosse embora; ele não está com vontade de fazer o último.
"Olha, eu não vou discutir com você sobre isso. Você está errado."
"O que eu acabei de dizer?" James pergunta, olhando para ele incrédulo.
514
ZEPPAZARIEL
"Eu não posso te proteger," James rebate, e ele não diz isso baixinho. Cai
de sua boca com força, uma acusação, escapando dele com pontas afiadas que
cortam os dois.
Sim, Regulus não vai fazer isso. Quando James disse que eles precisavam
conversar, ele não achou que James realmente quis dizer que
eles conversariam. Tipo, corretamente. Sobre as coisas sobre as quais eles ainda
não se atreveram a falar. Regulus não quer fazer isso. Ele vai chorar, porra; ele
sabe que vai, e apenas—não. Foda-se isso.
"Não, vamos lá, nós temos que resolver isso," James insiste, se levantando
da cama, seus olhos brilhando. "Você não pode simplesmente fugir disso.
Você fez isso, agora, enfrente isso, porra."
"Oh, você quer dizer sobre o casamento?" Regulus diz, arqueando uma
sobrancelha para ele. "Acho que isso é você recusando meu pedido?"
"Então, é um não?"
"Você não deveria ter feito isso," James sussurra. "Como diabos você pôde
fazer isso? Você sabia—você sabia que ficaria—que eu ficaria chateado, e você
apenas—você—"
515
CRIMSON RIVERS
"Não minta para mim. Por que você está sempre mentindo?"
James olha para ele, seu corpo tenso enquanto ele olha diretamente em
seus olhos, e então ele faz um barulho furioso e frustrado e dá os três passos
que precisa para alcançar Regulus. É fácil encontrá-lo no meio do caminho
com um beijo de boca aberta e ranger de dentes que ambos gemem no
momento em que se conectam. James coloca uma mão atrás do pescoço e o
segura lá. Regulus não quer que ele o solte nunca.
Regulus fala contra sua boca para dizer, "Eu teria feito."
516
ZEPPAZARIEL
James não quer isso. Ele recua um pouco. "Cale a boca. Porra, só—só—"
"Cale a boca, cale a boca, cale a boca. Você é horrível, você é o homem
mais cruel e vingativo que eu já conheci, e se você não calar a boca—"
"Você ainda não disse não, sabe. Então, James, você aceita minha proposta
ou—"
Regulus não tem que ir muito além disso antes que James o esteja beijando
tão profundamente que ele não consegue nem recuperar o fôlego, movendo-o
firmemente para a cama. Eles caem em um emaranhado de membros
enquanto Regulus enrola os braços em torno de James e sente o amor sangrar
entre eles como a ferida aberta que é.
~•~
"Isso dói?"
517
CRIMSON RIVERS
"Não, está tudo bem," Remus o assegura, embora ele não vá insistir,
mesmo que esteja tentado. Pulsa um pouco. Ele está honestamente bastante
satisfeito com isso.
"Bem, nesse caso, aí está," Sirius brinca. "Algo para você se lembrar de
mim."
"Eu sei, mas..." Sirius para, então engole, virando a cabeça para olhar para
o teto. Ele fecha os olhos. "Eu sei."
Por apenas um momento, Remus realmente se deixa sentir, o que está por
vir, o que ele está prestes a perder. Ele não sentiu isso, na verdade, desde
aquela primeira noite quando ele não conseguiu construir algum tipo de defesa
interna contra isso. Ele colocou em outro lugar, só para poder se concentrar
em estar aqui com Sirius enquanto ainda tinha a chance, porque ele sabe o que
é não se despedir de alguém que ele ama, e ele sabe o que é desejar ter usado
melhor o tempo com alguém que ele ama que ele tinha.
Deixar-se sentir, como se vê, é uma ideia muito estúpida. Porque está lá,
por baixo de tudo; a raiva, a dor, a perda, o peso total e absoluto implacável
da desolação com tudo isso. Ainda mais profunda, a necessidade egoísta e
premente de pedir, implorar, para que Sirius volte para ele. Por favor, apenas
volte.
"Não é justo," Remus sussurra. Ele não se mexe, mas ouve o cabelo de
Sirius roçar no travesseiro, um sinal de que ele virou a cabeça para ouvir.
Remus pode sentir o olhar de Sirius preso ao lado de seu rosto, pesado e
intenso. "Não é—isso não é—"
518
ZEPPAZARIEL
519
CRIMSON RIVERS
Até mesmo Remus sabe que é inútil pedir, porque ele conhece Sirius, mas
Sirius merece que alguém peça de qualquer maneira. Não é que Remus esteja
bravo com ele por isso, porque ele entende. Porque se fosse ele, se fosse ele e
Lily indo para a arena, ele não faria diferente do que Sirius vai fazer por
Regulus, do que Sirius faria por James. Não se trata de não escolher voltar um
para o outro; é sobre quem eles são.
"Eu—" Sirius engole, lançando seu olhar para o lado, o lábio inferior preso
entre os dentes. Depois de um instante, ele fecha os olhos com força, a
expressão desabando em algo como vergonha, e quando ele começa a falar de
novo, ele fala tão suavemente, uma mera respiração, como se as palavras
fossem tão erradas, tão tabu, que até mesmo pronunciá-las é uma blasfêmia.
"Se—Remus, eu vou fazer o que for preciso por ele, ok? Eu vou fazer. Mas.
Mas se—apenas, se algo acontecer, se algo der errado e ele—se eu estragar
tudo, se eu falhar com ele, então eu—eu não vou parar de lutar. Eu vou
continuar lutando para voltar para você, ok? Isso—isso pode ser o suficiente?
Me diga que é o suficiente, porque é tudo que eu tenho."
"Sirius, não há uma versão de você que eu não amaria," Remus o informa
simplesmente. "Você não tem que ser outra pessoa além de quem você é. Eu
só... Bem, eu—talvez isso me surpreenda. Eu realmente não entendo o
porquê. Eu sei que você me ama, mas eu não posso te dar mais do que
algumas visitas por ano, e eu sou tão—há tantas restrições envolvidas no
520
ZEPPAZARIEL
"James—se ele perder Regulus, se nós perdermos Regulus, vai ser... Eu não
sei. Eu acho que, por algum tempo, nós não seremos—nós não nos
recuperaremos disso por muito tempo. Não voltar é tanto por James quanto
por Regulus, de certa forma Você não vê?" Sirius murmura. "Eu morreria por
eles, mas eu viveria por você."
Remus tem que piscar com força contra a ardência repentina em seus
olhos, porque ele sabe melhor do que a maioria que morrer é fácil, mas viver?
Às vezes, viver é a parte mais difícil de estar vivo.
O fato de que Sirius faria isso por ele, que ele o ama o suficiente para isso,
é algo muito especial para Remus para ele tentar colocar em palavras. Remus,
que não tem nada a oferecer a Sirius além de si mesmo, e mesmo isso está em
falta. Ele não pode dar tudo para Sirius viver, apenas alguma coisa, e para isso
ser o suficiente... Oh, Remus sente como se seu peito estivesse se abrindo e
inundando com calor ao mesmo tempo.
"Só—só para ficar claro," Sirius murmura cautelosamente, "Isso não sou
eu dizendo que não vou fazer tudo o que puder para salvá-lo, Remus. Eu vou
fazer. Eu vou. Eu não estou planejando voltar."
"Eu sei. Eu sei disso," Remus diz a ele, e ele ama Sirius por isso também.
Por quem ele é e como ele ama. Qualquer versão dele, mesmo esta, talvez
especialmente esta.
Sirius estende a mão e cruza o pequeno espaço entre eles para gentilmente
passar os dedos sobre a marca de mordida no ombro de Remus novamente.
"Sabe, nós falamos bastante sobre o nosso alguma coisa, mas como seria o
nosso tudo? Você já imaginou?"
521
CRIMSON RIVERS
Remus cantarola. "Bem, nossa casa também é um lar. Exceto pela escada;
ela não é muito exótica, porque é um pouco estranha. Tem que ser uma
daquelas escadas tortuosas e ridículas para que você possa fazer uma entrada
dramática toda vez que descer nela."
"Mhm. Oh, e James vai adorar, porque eu vou construir uma cadeira para
ele, e ele vai ficar girando e girando. Eu posso ouvir ele, na verdade.
Apenas: uhuuu."
Sirius bufa e estende a mão para, sem nenhum aviso, cutucar Remus no
canto da boca, puxando-o de brincadeira enquanto diz, "Eh, algumas pessoas
você apenas entende, não importa há quanto tempo você as conhece. De
qualquer forma, o que mais?"
"Nós temos uma varanda nos fundos com cadeiras de balanço onde nos
sentamos nas noites quentes e apenas—aproveitamos o ar fresco."
"Em nome dos clichês, sim," Remus diz ironicamente, enquanto o dedo de
Sirius se afasta de sua boca para acariciar sua mandíbula com uma devoção
silenciosa e irracional que faz o coração de Remus apertar.
522
ZEPPAZARIEL
"Nós não temos uma secadora. Penduramos as roupas para secar do lado
de fora, como minha mãe sempre fazia. Era—bem, eu sempre amei a rotina
disso, o tipo de... realismo de planejar em torno de tempestades, então
inevitavelmente a tempestade chega quando você menos espera. Todos nós
saíamos correndo pela chuva, rindo e escorregando na lama, e corríamos para
pegar as roupas de volta para que pudéssemos lavá-las novamente quando o
sol voltasse. Eu sinto falta disso. "
"Você ficaria surpreso com as coisas que você tomará como garantidas até
que elas desapareçam."
"Desculpe," Remus diz com uma careta. "Isso foi falta de sensibilidade da
minha parte."
"Não, está tudo bem. Eu entendi o que você quis dizer. Então, sem
secadora. Nós temos uma máquina de lavar? Podemos foder contra ela?"
Sirius responde. "Ou nela? Eu não sou exigente."
Remus pisca para ele, então arqueia uma sobrancelha até que o rosto de
Sirius começa a ficar vermelho, exatamente como ele sabia que ficaria. Uma
vez que o rubor está lá, Remus solta sua risada. "Você quer—"
"Não, não, eu quero ouvir sobre essa sua fantasia secreta de fazer sexo em
cima ou contra eletrodomésticos. Me conte mais, amor. Me dê todos os
detalhes sujos."
523
CRIMSON RIVERS
"Remus," Sirius geme, puxando suas mãos para trás como se estivesse
tentando cobrir seu rosto muito, muito vermelho.
Sirius pigarreia violentamente, e sua voz ainda falha um pouco quando ele
diz, "Isso seria—sim, isso—isso soa bem. Realmente, ah, legal. Você—você
gostaria de elaborar sobre isso, na verdade? Como uma refeição, você disse?"
"Bem, sabe, quando você tem uma refeição muito deliciosa na sua frente, a
melhor coisa a fazer é saborear cada mordida," Remus diz casualmente,
observando Sirius olhar para ele com os lábios entreabertos e uma gagueira
em sua respiração, peito engatado, corado por um motivo totalmente
diferente que não tem nada a ver com constrangimento.
"Nós vamos tomar banho juntos e vamos brigar sobre a cor que queremos
que as cortinas tenham em cada quarto e vamos lavar os pratos lado a lado
depois de cada refeição que compartilharmos."
"Sim."
"Você vai me dizer o que fazer o tempo todo, e eu vou ouvir porque eu
estou loucamente, profundamente, desesperadamente apaixonado por você e
524
ZEPPAZARIEL
eu só quero te fazer feliz, muito feliz, e eu—eu sinto—eu sinto muito por não
poder, Remus, eu sinto muito, eu—"
"Sirius—"
"Eu sinto muito," Sirius engasga, porque de repente ele está chorando
muito, pra caralho, seu corpo se curvando para frente enquanto ele se
aproxima de Remus, segurando-o com força. "Oh, oh, eu—eu não quero
fazer isso. Eu não quero deixar você. Eu—eu—"
Remus faz um barulho de dor e o puxa para mais perto, seus olhos
ardendo quando ele os fecha e abaixa o rosto para enterrá-lo no cabelo de
Sirius. Porque, a coisa é, alguma coisa é suficiente, mas é tão humano, tão
simplesmente natural, querer tudo. Eles não podem ter; eles nunca iriam
conseguir, mas isso não faz com que doa menos.
"Está tudo bem," Remus sussurra, sua voz rouca. "Tudo vai ficar bem."
"Eu quero que você me prometa que—que você—que mesmo que eu não
esteja aqui para lembrar você, você nunca vai esquecer o seu valor, o quão
valioso você é. Nunca se esqueça disso," Sirius murmura.
"Venha aqui," Sirius sussurra, deslizando sua mão até a nuca de Remus,
puxando-o para um beijo lento.
"Eu te amo," Remus pressiona em sua boca, e sua pele, e talvez sua maldita
alma, tentando derramar de si mesmo até que Sirius esteja cheio dela, até que
ele nunca mais fique sem ela.
525
CRIMSON RIVERS
~•~
"Você tem certeza que confia em mim para fazer isso?" Dorcas pergunta,
mais uma vez.
"Se eu não tivesse, nós não estaríamos aqui," Marlene responde secamente.
Ela estala os dedos e revira os olhos. "Apenas faça."
"Certo, mas—"
"Dorcas, você é literalmente uma estilista. Tipo, isso é literalmente algo que
você está qualificada para fazer."
Marlene sorri para ela através do espelho, muito doce, olhos semicerrados
com agressividade passiva latente. "Não, mas você é minha amiga, não é? Para
que servem as amigas?"
526
ZEPPAZARIEL
Marlene a estuda por um longo momento, então ela bufa uma risada fraca
e murmura, "Que inferno de hora para chegar a essa conclusão, Dorcas.
Sempre atrasada pra caralho."
"Sim," Dorcas diz a ela, firme, então se abaixa para beijá-la com a mesma
firmeza, não deixando margem para dúvidas.
Dorcas sente seu rosto suavizar. "Ela era linda. Você também. Me diga o
que você quer ver, e eu vou mostrar a você."
"Curto," diz Marlene, mantendo seu próprio olhar no espelho. "Nada que
vá ficar na minha cara. Nada que alguém possa facilmente agarrar. Você pode
fazer isso?"
É íntimo, de alguma forma, de uma forma que nunca é com mais ninguém,
de uma forma que nunca foi quando Dorcas fez isso com amigos, ou mesmo
por Regulus. Ambas estão quietas, olhando uma para a outra através do
espelho após cada corte da tesoura. O cabelo cai, é cortado, um desabafo.
Para Dorcas, Marlene é a pessoa mais linda que ela já viu, ou conheceu.
Ninguém mais tem que olhar. Dorcas está mais do que feliz em nunca voltar
os olhos para outro lugar.
528
ZEPPAZARIEL
antes para o depois. Seu antigo eu ela não está mais tentando encontrar, e
quem ela é agora é quem ela estava esperando para ver. Ela parece feliz
novamente. É lindo.
"Isso não importa, só para registrar. Só importa que você goste," diz
Dorcas. "Mas sim, eu gostei. Combina com você."
risco ainda maior, pois poderia influenciar como ela se comporta na arena,
como age, como luta e como sobrevive.
"Isso é tudo que eu faço de qualquer maneira," Marlene responde, sua voz
suave e trêmula, a cabeça inclinada na mão de Dorcas.
Dorcas mantém seu olhar. "Isso é tudo que você tem que fazer, e o resto
vai se resolver."
530
ZEPPAZARIEL
"Sim?"
Só um pouco mais.
~•~
Bem, não, tudo bem, ele sabe por quê; porque ele não pode evitar, porque
ele é patético, porque dói e ele gosta que doa de alguma forma doente e
distorcida, e porque ele está carente e desesperado e caindo aos pedaços e tão
fodidamente atraído por Regulus todas as vezes; por causa dos olhos de Regulus,
e por causa do fio de adaga de suas palavras, pressionando a garganta de
James, frio com ameaça, sempre pressionando mais forte do jeito que ele
gosta, e porque Regulus é tão irresistivelmente emocionante que não há nada que
pareça melhor e pior do que simplesmente tê-lo, quase.
531
CRIMSON RIVERS
E então acaba.
Essa é a tragédia disso. Que isso acabe. Que isso tenha que acabar.
James fez muito sexo em seu tempo, certo? Ele fez, e a maior parte não foi
realmente com Regulus, mas nada ou ninguém desmontou James e o montou
novamente do jeito que Regulus faz. Toda vez, algo dentro dele sobe pelos
degraus de suas costelas como uma escada para alcançar e bater em seu
coração, buscando entrada apenas para avisá-lo sobre a inevitabilidade de ser
dilacerado novamente, porque ele será. Porque ele sempre é, de novo e de
novo, sem falhar.
O pior é que ele deixa acontecer. Ele volta a isso a cada vez. Ele quer, não
se cansa disso, não sabe como ficar longe. James queria que ele pudesse ficar
com raiva de Regulus por isso, e ele está, mas ele também está ciente de que
Regulus não é o único culpado.
"Claramente, conversar com você não vai me levar a lugar nenhum a não
ser—bem aqui," James murmura, incapaz de manter o tom amargo de sua
voz, puramente porque não há nenhum outro lugar neste mundo que ele
gostaria de estar. "Então, sim, eu vou—"
"James—"
532
ZEPPAZARIEL
Regulus o faz, suas mãos caindo frouxas e escorregando, e então ele faz
possivelmente a última coisa que James poderia ter esperado que ele fizesse.
Ele cobre o rosto com as mãos e começa a chorar.
James não pode ver, mas pode ouvir, e é imediatamente a coisa mais
angustiante que ele já ouviu. Ele conhece o som de uma criança se engasgando
com o próprio sangue; ele conhece o som de um respingo quando corpos
atingem um rio reluzente e carmesim. E ainda sim. E, no entanto, é isso que
mais o horroriza—o som de Regulus chorando, porque James o machucou.
James acha que nunca em sua vida machucou Regulus antes, a ponto dele
cair em lágrimas, pelo menos não de propósito. Ele nem sabia que podia. Ele
não sabia que tinha esse poder, e absolutamente nenhuma parte dele o quer.
Meros momentos atrás, James teria zombado e ficado bravo com a ideia de
Regulus chorando, apenas outra forma de manipulação emocional para fazê-lo
desistir, para fazê-lo ceder, mas isso absolutamente não é isso. Este é Regulus
escondendo o rosto e virando de lado enquanto se enrola como se estivesse
tentando encolher e desaparecer, como se estivesse tentando salvar James da
visão disso, mas ele está longe demais para fazer a distância que levaria para
cobrir isso. Este é Regulus quebrando com força, de repente e de uma só vez,
como se ele estivesse sofrendo algum peso insuportável e inescapável
pressionando-o, e agora ele está finalmente, impotente, cedendo debaixo dele.
James não se sente bem com o fato de ser ele. Que ele é o motivo. Que ele
fez isso. Ele pensou—bem, não, ele nunca pensou que iria gostar de ver
Regulus assim, mas ele nunca parou para pensar que poderia ter uma mão
em fazer Regulus se sentir assim. Ele nunca assumiu que poderia levar Regulus
a esse ponto, certamente não tão rapidamente.
James durou dez anos lidando com Regulus o odiando, sendo cruel e
ignorando ele.
533
CRIMSON RIVERS
"Ok, ei, shh," James sussurra, um pouco irritado, sua voz tensa enquanto
ele volta para a cama e se pressiona cautelosamente atrás de Regulus,
enrolando-se em volta dele, embalando-o.
James não aguenta. Genuinamente, ele não é feito para merdas como essa.
Toda a sua raiva ficou inutilmente silenciosa, calando a boca como uma
criança castigada com medo de falar novamente. Tudo o que ele é agora
é aflição pura e não adulterada, tudo nele desejando confortar, consertar,
tentar, tentar, tentar.
534
ZEPPAZARIEL
"Tudo o que você está fazendo é me fazer chorar," Regulus retruca, uma
mordida em seu tom, o que não é inesperado, porque ele é ele. Ele não pode
ser empurrado ao ponto de quebrar e ressurgir entre as ruínas sem raiva pelo
que o levou até lá.
"Ei, agora—"
"Não, não, você é quem queria fazer isso. Então, vamos fazer isso. Por que
não começamos com o quão hipócrita você é?"
"Sim, você," Regulus morde. "Porque você é do tipo que fala comigo sobre
fugir das coisas, mas olhe para você! Como se você estivesse fazendo
diferente, James!"
535
CRIMSON RIVERS
"Eu não estou fugindo de nada," James diz bruscamente. "Você é quem
faz isso, sempre, e você não pode fazer isso."
Regulus solta uma risada aguda e sem humor. "Oh, e por que eu não posso
fugir disso, James? Isso é algo que apenas você pode fazer? O que, você acha
que isso é fácil para mim? Você acha que eu estou tendo o melhor momento
da porra da minha vida aqui?"
"Bem, talvez você devesse ter pensado nisso," James retruca, as narinas
dilatadas. "Talvez você devesse ter pensado todo esse tempo que
passou mentindo para mim—"
"Oh, vai se foder, James," Regulus sibila. "Nós estamos realmente fazendo
isso de novo? Ou me foda sobre isso, de novo, ou cale a boca sobre isso."
James recua incrédulo. "Você está brincando? Claro que eu não vejo,
porque não está lá! Eu sou o único que realmente conseguiu manter sua
maldita promessa!"
"Bom para você, você quer uma estrela dourada?" Regulus rosna,
movendo-se mais para longe da cama, e a cada passo que ele dá, James
combina e segue, um espelho. "Não é disso que eu estou falando. Você é um
hipócrita. Por que nós não falamos sobre os nossos jogos, hm? Por que nós não
fazemos isso, James?"
536
ZEPPAZARIEL
"Eu—isso não é—" James suga uma respiração áspera, seu rosto se
contorcendo enquanto ele fecha os olhos. Ele estende a mão e passa a mão
pelo cabelo, agarrando-o e puxando de forma irregular, e então ele solta um
som de frustração quando sua mão cai e seus olhos se abrem. "Há algumas
diferenças, não há?"
"Bem, para começar, eu não menti para você sobre isso," James resmunga,
fazendo uma careta para ele.
"Não, você apenas omitiu essa informação propositalmente até que você
não teve escolha a não ser revelá-la," Regulus corrige bruscamente, e James
engole. "Não há muita diferença entre o que você fez e o que eu fiz, na
verdade. Tente de novo."
Regulus cantarola. "Não, mas com certeza faz de você um hipócrita, James
Potter. Porque aqui está você, me odiando pela mesma coisa que você fez, ou
537
CRIMSON RIVERS
apenas muito parecida. Jogando contra mim, quando eu não joguei contra
você. E eu—eu entendo, eu entendo que você está com raiva, e você tem
todo o direito de estar, mas eu tenho tanto quanto o direito de estar furioso
com o duplo padrão. Por que está tudo bem para você, James, mas não para
mim? Não é diferente."
"É sim!" James protesta. "É diferente porque eu nunca fiz isso para te
machucar! Eu fiz isso para te salvar!"
"O que diabos você acha que eu estou fazendo?!" Regulus estende os
braços, olhos esbugalhados. "Você acha que eu escolhi fazer isso para te
machucar? É isso? Você está louco, porra? Você realmente acredita que eu
nos arruinei por qualquer outra razão que não porque isso garantiria que você
estaria seguro?!"
"Minhas razões não eram egoístas!" James berra. "Eu nunca fiz isso
pensando que iria te machucar, você não entende?! Porra, eu pensei que você
me odiava, mas você? Você sabia como eu me sentia por você quando você
fez isso! Você tomou uma decisão informada—"
"Oh, vai se foder," Regulus sibila. "Minhas razões não eram diferentes das
suas, e você não pode suportar isso, pode? Você não pode suportar que eu
estou fazendo você se sentir do jeito que você me fez sentir, assim como eu
não suporto você estar me fazendo sentir como eu fiz você se sentir. É assim
que é quando você faz merda com as pessoas, e para as pessoas, e para quê?
Nós nos virando um para o outro como se um de nós estivesse realmente
certo, quando não estamos? Nós dois temos nossas razões, James! O que torna
a sua mais nobre que a minha?"
"Eu também!" Regulus rosna, sua voz elevada, tremendo de fúria e esse
desespero horrível e inescapável que ecoa entre eles, contundente e áspero
como uma facada. James fecha a boca instantaneamente, seu coração
538
ZEPPAZARIEL
O silêncio é pesado.
Amor. Regulus nunca disse isso antes, que ele ama James. Não de forma
direta, não de forma descarada como essa. Ele falou sobre isso, claro, e ele
disse coisas para as Relíquias, mas não é a mesma coisa; isso não é real como
isso é.
Ele não disse as três palavras, mas disse duas palavras que podem ser a
mesma maldita coisa. James não estava ciente de que confissões de amor
poderiam vir de qualquer outra forma, mas eu também tomou a
responsabilidade de provar que ele estava errado.
"Eu também," Regulus repete, sua voz mais fraca, a garganta balançando
em um gole áspero. "Minhas razões são tão nobres quanto as suas."
"Você não pode simplesmente—você não pode dizer isso e—e esperar que
isso resolva alguma coisa," James engasga, seus olhos ardendo, algo nele
implorando e implorando para ele deixar ser o remédio para a ferida, algum
parte dele sabendo que é o suficiente.
James quer deixar isso de lado, deixar em paz e não levar adiante, apenas
existir neste momento que altera o mundo, onde o amor está sendo oferecido
a ele como uma oferta de paz. Ele quer tomar isso; ele quer agarrar issocomo
uma tábua de salvação e nunca mais soltar. Ele já pode sentir isso,
desgastando-o, enfraquecendo-o. É tão bom, pra caralho; é o que ele queria
por tanto, tanto tempo. No entanto, ele tem que lutar contra isso, porque
539
CRIMSON RIVERS
não pode ser tão fácil. "Eu não fiz uma promessa sabendo que iria quebrá-la.
Eu estava naquele palco e eu quase morri no momento em que eu ouvi o seu
nome pela terceira vez, assim como eu fiz nas vezes anteriores, e precisou
de tudo em mim, todo o amor e respeito que eu tenho por você e
para não machucar você ao me voluntariar por você. Isso me matou, e eu ainda
não fiz isso com você. É porque eu te amo que eu nunca teria feito isso com
você."
"É porque eu te amo que eu tive que fazer," Regulus sussurra. Ele balança
a cabeça. "Você não entende? Porque é verdade. Oh, oh, porra, você não
pode nem começar a imaginar o quão verdadeiro é. Eu te amo. Eu te amo
tanto, James. Eu te amei desde que que conheci você, e eu te amei esse tempo
todo. Eu ainda amo. Eu—"
"Pare com isso. Pare, Regulus, apenas—" James engasga, sentindo aquelas
palavras rastejarem dentro dele e invadir cada célula de seu corpo. É a
primeira vez que James fala seu nome desde que ele disse que o odiava. Isso
quebra em sua boca não diferente de como Regulus quebrou sua promessa,
tão condenatório, tão revelador.
"Eu te amo, e eu sinto muito. Eu sinto muito que eu ame, porque eu nunca
faço isso direito, mas eu ainda faço. Eu ainda amo você," Regulus continua, e
540
ZEPPAZARIEL
sai como um soluço. "Eu não sinto muito por fazer o que eu tinha que fazer
para que você tivesse tudo o que você precisa, mas eu sinto muito por ter que
mentir para fazer isso. Eu sinto muito por ter te machucado para fazer isso.
Eu sinto muito por nós estarmos aqui agora. Nós deveríamos estar dançando
perto de uma fogueira."
James faz um som abafado, sua visão turva a ponto de usar seus óculos
não o ajudar a ver de qualquer maneira, porque seus olhos estão cheios de
lágrimas para ver qualquer coisa. Ele não tem certeza de quem se move
primeiro de qualquer um deles, mas isso não importa quando parece um
piscar de olhos e uma década se passa antes que eles colidam um com o outro,
abraçando um ao outro. Seus apertos são apertados, grudados, e ambos são
uma confusão de lágrimas e a simples necessidade de estar nos braços um do
outro, tentando desmoronar ao mesmo tempo em que tentam manter um ao
outro.
Quase um ano atrás exatamente, Regulus disse algo para ele. Foi falado em
um contexto totalmente diferente, e ainda assim é aplicável a todos os
541
CRIMSON RIVERS
aspectos de seu relacionamento, desde o início até agora. Mãos vazias e fantasias
não realizadas; é tudo muito trágico, não é? ele disse.
Foi a primeira vez que ele os chamou de uma grande, grande tragédia. Ele
soube então, de uma forma que James não conseguia entender. Ele sempre
soube. E não é justo. Nunca foi justo. Eles foram uma tragédia em formação
no momento em que Regulus colocou os olhos nele pela primeira vez e corou
quando ele sorriu, quando Regulus jogou uma bola de neve nele em seu
aniversário de quinze anos, antes da última arena e depois dela, de pé em uma
cozinha e ousando tentar, e aqui, agora, quebrando os braços um do outro
com uma distância empurrada entre eles que nenhum dos dois queria.
Ele não queria isso, pensa James, tremendo como se a costura de si mesmo
estivesse se abrindo, estufada e transbordando. Ele não queria isso, não mais do
que eu.
Eles deveriam estar dançando perto de uma fogueira, e aqui estão eles de
qualquer maneira, tentando encontrar uma maneira de viver com o amor que
os trouxe até aqui, exceto que não é culpa do amor. Regulus respondeu. Não
diferente do que James fez na primeira vez quando eles entraram na arena
juntos, ele respondeu à ameaça com a mão orientadora do amor, um gancho o
arrastando, um gancho que perfura os dois. Juntos, eles sangram. Nenhum
deles quer.
Todo esse tempo que James poderia ter gasto tentando remendá-los e
estancar o fluxo sanguíneo, ele gastou encontrando novos lugares para abrir.
Ele poderia estar segurando ele. Ele poderia tê-lo confortado, porque não
importa o que eles façam, Regulus está voltando para aquela arena, e ele deve
estar com medo. James poderia ter passado esse tempo amando ele.
542
ZEPPAZARIEL
Ele fez isso, essa é a coisa. Ele fez isso. James descobre que seu ódio não é
e nunca foi realmente ódio. Mesmo isso, mesmo assim, é amor. Ele não sabia
que o amor podia cortar, mas pode, e corta, e ele também sente muito. É fácil
rotular o amor como ódio quando se quer que seu amor seja sempre gentil e
indolor, mas a horrível realidade é que James, como todo mundo, é humano.
Ele é humano, e seu amor pode causar dor da mesma forma que o de
Regulus.
Porque isso também é amor. Sempre foi, não foi? Regulus disse isso, mas
James está percebendo agora, entendendo aqui do outro lado. Regulus o
odiava e nunca o odiou de verdade. Regulus sempre o amou. Regulus ainda o
ama.
"Oh, oh, não. Não, não, não," James canta em um gemido quebrado e
desesperado sob o peso de seus arrependimentos, se afastando de Regulus e
continuamente se movendo para trás como se ele pudesse fisicamente viajar
de volta por todo o tempo que ele desperdiçou e obter uma segunda chance.
Tempo—ele luta muito com o tempo. Realmente não entende mais. Olhando
para Regulus agora, ele tem certeza de que este é o primeiro minuto que eles
se conhecem, e ao mesmo tempo convencido de que eles estão apaixonados
há sessenta anos. "Eu estou—oh, porra, me desculpe. Eu—merda, merda, eu
só—eu desperdicei todo esse tempo—"
"Eu não estou com raiva," Regulus murmura. "Eu nunca estive, realmente.
Você tem todo o direito de ficar chateado comigo por mentir para você. Isso
foi errado—e por isso, eu sinto muito."
"Obrigado," James resmunga. "Eu sinto muito que você tenha sido
colocado em uma posição em que se sentiu forçado a mentir para mim. Eu
sinto muito que qualquer um de nós seja forçado a isso."
"Isso não é culpa sua. É de Riddle," Regulus afirma sem rodeios, seus
olhos brilhando, brilhando com raiva verdadeira. Nada como a raiva entre
eles; isso é frio e calculista, algo que não vai passar, algo que não pode ser
543
CRIMSON RIVERS
mudado. "Você vê por que eu—eu fiz o que fiz na minha entrevista? Para ele?
Não para você, mas para arruinar ele ainda mais. Porque ele fez isso conosco."
"Eu não sei," James confessa. Não é tão simples assim. Ainda há essa coisa
rosnando bem no centro de seu peito toda vez que ele olha para Regulus, e ele
não sabe se é essa proteção profundamente enraizada exigindo que ele proteja
Regulus de mais dor, ou raiva que Regulus mentiu para ele—não importa suas
razões—e ajudou a colocá-lo nesta posição onde ele vai perder um, se não
dois, daqueles que ele mais ama neste mundo. Talvez seja os dois.
Provavelmente são os dois.
Regulus o estuda por um longo momento, e então ele solta uma respiração
profunda enquanto seus ombros caem como se toda a luta tivesse saído dele
de uma vez. Ele se move para frente e estende a mão para embalar o rosto de
James, puxando-o um pouco para baixo e se inclinando para pressionar sua
testa na têmpora de James, esbarrando em seus óculos e cutucando a
bochecha de James com o nariz. Os olhos de James se fecham quando o
rosnado em seu peito diminui, e ele desliza os braços ao redor de Regulus para
puxá-lo para mais perto.
544
ZEPPAZARIEL
"Eu tenho que deixar pra lá," James murmura. "Está atrapalhando."
"Eu não me sinto mais uma boa pessoa," James diz a ele, sua voz falhando.
"Eu não—eu não sou—"
"Você é," Regulus interrompe ferozmente, puxando para trás para segurar
seu olhar. "Você é uma boa pessoa. Você é a melhor pessoa que este mundo
já conheceu, e isso não significa que você não pode ficar com raiva, ou
cometer erros, ou fazer as coisas erradas. Você pode, e isso não significa que
tira o quão bom você é. Você é tão bom, amor."
James não está preparado para o quão forte essas palavras o atingiram,
quão profundo elas atingem dentro dele, quão boas elas podem ser quando
nada mais parece bom. Ele não tem certeza de qual é o som que sai de sua
boca, mas ele o abafa de qualquer maneira, avançando para beijar Regulus.
"Shh, você pode me perdoar amanhã, antes de eu ir," Regulus diz a ele,
puxando-o para a cama.
"Eu preciso do seu perdão primeiro por isso," James declara sem rodeios.
545
CRIMSON RIVERS
"Ok. Ok, tudo bem," James exala, rastejando na cama e chamando Regulus
para segui-lo, e Regulus o faz. James se sente melhor do que estava preparado,
porque não apenas se recusa a deixar Riddle vencer da maneira que importa,
mas também alivia tanto a raiva em James que ele pode respirar novamente.
Ele ainda está com raiva, apenas de todas as coisas que ele sente que deveria
estar com raiva. Ficar com raiva de Regulus dói. Dói em ambos, e ele não quer
mais fazer isso; ele não está mais fazendo isso.
"James," Regulus murmura, uma vez que eles estão deitados enrolados na
cama, de frente um para o outro com suas mãos entrelaçadas frouxamente
entre eles, "Há algo que eu preciso que você saiba."
"Tudo que eu fizer nessa arena," Regulus sussurra, segurando seu olhar, "É
por você."
"Eu não vou julgar você por como você sobrevive lá, amor," James o
assegura. Regulus engole e fecha os olhos. "Você—eu sei que você não quer
ouvir, mas você tem que fazer as pazes com Sirius. Você tem que—"
"Shh, não, não vamos falar sobre nada disso." Os olhos de Regulus se
abrem, e ele legitimamente coloca um dedo sobre os lábios de James para
calá-lo. James apenas resiste a lambê-lo. "Não agora, não esta noite, não aqui.
Nós podemos—eu vou explicar mais amanhã, certo? Mas, por enquanto, isso
pode ser apenas nós? Por favor?"
"James?"
"Hum?"
547
CRIMSON RIVERS
47
O LABIRINTO
Eles vêm nos primeiros cantos da manhã, antes que alguém acorde, antes
que os servos sejam liberados para retornar aos seus deveres, antes mesmo do
sol nascer.
~•~
Quando Remus entra na suíte, ele sabe imediatamente que algo está errado,
mesmo quando ele cautelosamente tira sua máscara. Pandora está sentada na
548
ZEPPAZARIEL
sala principal ao lado de James, seu rosto inchado de onde ela claramente
chorou. James está com a cabeça entre as mãos, mas ele a levanta e olha para
Remus, sua expressão fraturada. E, simples assim, Remus sabe.
Remus fica muito quieto até ter certeza de que será capaz de respirar sem
chorar, e então ele envolve seus braços ao redor de James—solidariedade,
talvez? Amizade? Conforto, dar e receber? Talvez tudo isso. "Os dois, eu
estou supondo."
"Eles não estão deixando nem você dizer adeus?" Remus sibila, totalmente
furioso. "Você é o mentor deles!"
James pisca com força, engolindo em seco. "Eu sei, mas—eles disseram
que não desta vez. Eu nem mesmo—Regulus e eu nem estávamos acordados
quando eles entraram. Não houve aviso. Eles apenas—"
"O que eles vão fazer?" Remus dispara. "Segurá-los o dia todo até os jogos
começarem? Sozinhos?"
"É por causa das entrevistas, nós achamos," James diz a ele, olhando
cansado para Pandora, seus ombros caindo. "Eu peguei o elevador para ver se
foi o mesmo com Frank, e foi. Todos os tributos se foram, Remus. É—um
castigo."
549
CRIMSON RIVERS
"Er, ele estava um pouco ocupado gritando sobre ser acordado. Ele cuspiu
em um dos Aurores," James admite timidamente, e Remus solta uma risada
fraca. "Mas hum... não, não havia realmente tempo para nada ser dito. Nem
de Sirius ou Regulus."
"Eu vou—" Remus para, inala, exala. Ele leva um segundo, olha para
James e Pandora, então força a tensão para fora de seu corpo. "Ok, isso é o
que vai acontecer. No primeiro dia dos jogos, todo mundo assiste sem ir a
lugar nenhum, então estaremos todos aqui juntos para isso. Amanhã, James,
você terá que lidar com os deveres de mentor e tal. Mas, por hoje, todos nós
vamos entrar naquela cozinha e colocar algo em nossos estômagos antes de
assistirmos."
"Chá é bom," Remus diz suavemente, e então, é isso que eles fazem.
~•~
Isso é irônico, pensa Regulus, porque não passou da última vez. Apenas no
ano passado, na preparação para a arena, tudo parecia um borrão após a
espera inicial. No momento em que eles saíram da suíte, tudo acelerou; e ele
estava lá, abraçando o seu irmão, não querendo soltá-lo; e ele estava lá,
arrastado pelo processo sem saber o que estava por vir; e ele estava lá, vendo
Gideon ser assassinado diante de seus olhos, o primeiro assassinato que
testemunharia pessoalmente, no mesmo dia em que terminaria a noite com o
550
ZEPPAZARIEL
seu primeiro assassinato; e então ele estava lá, subindo em uma plataforma
para a arena, apertando os olhos contra o sol, ouvindo a contagem regressiva
para o primeiro canhão que sinalizaria a mudança de tudo.
Desta vez, ele fica com um rastreador no braço e uma sala silenciosa e fria.
Sem um banho matinal para se preparar para a sujeira que certamente o
espera. Faminto pela falta de café da manhã, deveria ter sido concedido como
um gesto de uma última refeição. Apenas a presença constante de
desconforto, de espera, tempo se arrastando.
Não tem nada a ver com a roupa que ele teve que trocar. Bem, não, tem.
Não ter casaco, pelo menos, diz a ele que provavelmente não estará frio, mas
isso faz muito pouco para tranquilizá-lo. Ele está apenas com uma camisa
preta e calças pretas projetadas especificamente para atividades, fáceis de
mover, leves e duráveis. Seus braços ficam nus, revelando suas cicatrizes, o
que—bem, por um lado, o deixa desconfortável, porque ele está sempre em
mangas compridas, mas por outro lado, ele fica intrigado com a ideia de que
ver suas cicatrizes vai enfurecer ainda mais as Relíquias, pois o lembrete de
como ele as conseguiu e como é injusto que ele possa estar recebendo mais
não pode ser ignorado com elas em exibição.
Regulus percebe isso sentado ali, sem se mexer ou fazer nada, apenas
respirando; ele não está com medo desta vez.
Nem um pouco.
551
CRIMSON RIVERS
Levou.
~•~
Com o tempo, a raiva de ser arrastado cedo demais sob a mira de uma
arma e a frustração de não conseguir se despedir adequadamente de Remus
desapareceram. Ele ficou triste, ansioso e simplesmente derrotado. Ele tinha
planejado beijar a máscara de Remus uma última vez, e beijar Remus também.
Tudo o que ele queria era beijar Remus pelo menos mais uma vez. Isso é tudo
o que ele sempre quer fazer, na verdade.
Ele andou em círculos sobre o que está por vir e o que ele vai ter que fazer,
novamente, literalmente passando horas apenas andando inquieto pela sala.
Ele perdeu momentos, pensando tanto e tanto que se cansa, e então pisca e
se vê estacionado na cadeira, sem se lembrar de quando se sentou. Isso o
preocupa, francamente. Isso é algo que não acontece com muita frequência, a
menos em situações muito estressantes que sua mente simplesmente não
consegue lidar, e a arena certamente representará muitas delas, mas ele não
pode se dar ao luxo de desassociar. Ele tem que estar presente; ele tem que
ficar aqui, por Regulus, ele tem que ficar.
552
ZEPPAZARIEL
qualquer possibilidade de fuga. Ele fica aqui quando não há mais para onde ir,
e na arena, é apenas a arena. Não é nada além de adrenalina e instintos de
sobrevivência. Ele vai fazer o que tem que fazer. Ele vai. Não diferente do
que ele fez na colheita, reflexivamente.
O tédio é o que atinge Sirius, no final. Ele é deixado em uma sala sozinho
com literalmente nada além de si mesmo, um tubo fechado envolvendo uma
plataforma e uma cadeira de aço fria. Em um ponto, ele está apenas sentado
lá, girando os polegares e saltando uma perna inquieto, cheio de toda essa
antecipação acumulada que o deixa se sentindo fundamentalmente preso sem
nada ou ninguém para concentrar sua energia. Ele passa pelo menos uma hora
fazendo alguma manutenção de cutícula e refazendo seu cabelo repetidamente
até o ponto em que seu cabelo provavelmente está cansado dele.
É por isso que ele não pode ser culpado quando, finalmente, seu nome é
chamado e o tubo se abre, e a primeira coisa que ele faz é se levantar com um
suspiro profundo de alívio. Talvez isso pareça horrível, mas honestamente? O
suspense estava acabando com ele; não era um bom tipo de suspense que
Sirius associava com as carícias leves de Remus, mas sim esse medo pesado se
instalando em seus ossos. Ele só quer acabar com isso. Ele só quer que seja
feito.
553
CRIMSON RIVERS
circular ceder enquanto ele sobe, piscando lentamente quando não consegue
ver a luz do sol do outro lado. O único indicador, a princípio, de que ele está
se movendo para um ambiente totalmente diferente é a rápida mudança no ar,
passando de frio e quase metálico em baixo, para quente e um pouco rançoso
em cima. Quando ele é levantado, ele pode sentir o quão abafado e úmido
está, e ainda está bastante escuro, mesmo quando a plataforma para.
O céu é visível, mas parece algo de outro mundo, algo totalmente fora de
alcance. É um grande cobertor azul com um tom brilhante de sol nele,
grandes números exibidos em contagem regressiva junto com uma voz
ecoando no tempo com ele.
Na frente dele, Sirius pode ver uma longa e escura passagem bem à frente.
Se ele apertar os olhos, ele pode ver a abertura no final, como se o corredor
554
ZEPPAZARIEL
de vegetação o levasse a algum lugar. Ele apostaria muito no fato de que são
as armas e suprimentos, dependendo do layout. Se é o que ele pensa que é...
9, 8, 7...
3, 2, 1...
Merda.
555
CRIMSON RIVERS
uma bolsa. Por um longo e tenso momento, nenhum dos dois se move ou faz
nada, e então, devagar e com muito cuidado, eles se levantam, olhares fixos.
"Eu vou te dar uma chance de correr," Sirius diz a ela, ainda segurando o
olhar, "E levar o pequeno Draco com você."
Narcissa abre um sorriso, bufa uma risada, então não hesita em se virar
e correr. Sirius a observa ir por cerca de cinco segundos, então balança a cabeça
e pega sua bolsa para se virar e examinar os arredores.
"Andy, isso foi para você, à propósito," Sirius murmura baixinho, olhando
ao redor enquanto ele observa o caos se espalhando pela área.
Para onde quer que Sirius olhe, as pessoas estão correndo, algumas que ele
reconhece enquanto correm ao redor, e algumas que ele nem consegue
distinguir com a luz fraca. Todo mundo está tentando pegar as armas antes
que alguém possa pegar uma e atacar, aproveitando ao máximo os segundos
que leva para se preparar.
556
ZEPPAZARIEL
outro, e não se passaram nem dois minutos, então pensar que já houve um
assassinato é apenas... desanimador, honestamente.
Sirius havia puxado sua bolsa enquanto corria, que agora ele usa para
acertar a cabeça de Henri com tanta força que ele voa para o lado, arrancado
de onde estava estrangulando Regulus.
557
CRIMSON RIVERS
Sirius deixa cair sua bolsa, arrasta Henri de volta e começa a pressionar
impiedosamente sua bota no pescoço de Henri, agarrando seu braço com
força para puxá-lo e pisar em sua garganta ao mesmo tempo. Há
um barulho doentio e o ruído sufocado de Henri se transforma em silêncio
enquanto sua cabeça pende desajeitadamente em seu pescoço quebrado e
esmagado.
O canhão soa.
"Ei, ei, você está bem?" Sirius deixa escapar, soltando o braço de Henri
descuidadamente enquanto se move para o lado de Regulus. Ele se abaixa
para ajudar Regulus a se sentar enquanto ele tosse e toca levemente sua
garganta. "Reggie? Olhe para mim. Me deixe ver se—"
Regulus afasta a mão dele com um bufo e faz uma careta enquanto se
afasta ainda mais e fica de pé. Sirius o segue, contornando o corpo de Henri
para pegar sua bolsa, ainda observando Regulus, examinando-o em busca de
mais ferimentos. Ele parece bem, apenas meio irritado, o que é—justo.
"Eu acabei de salvar sua vida. De novo," Sirius diz incisivamente, arqueando
uma sobrancelha para ele, porque certamente agora Regulus pode ver que o
tratamento silencioso e a frieza são apenas imaturos e não fazem nenhum
favor a nenhum deles na porra da arena entre todos os lugares. "De nada por
isso, à propósito."
Regulus o encara por um instante, com o maxilar cerrado, então ele diz,
numa voz monótona, "Obrigado," e imediatamente dá um soco na cara de
Sirius logo em seguida.
Sirius cambaleia com a força disso, sem ver nada, e ele vai tropeçando para
trás com uma forte maldição de pura descrença, seu rosto já doendo com o
golpe. Ele mal tem a chance de se orientar antes de ver Regulus sacudir o
punho e avançar para bater seu ombro no peito de Sirius enquanto arranca a
bolsa de suas mãos. Sirius bufa, o ar sai dele quando ele atinge o chão,
encontrando os olhos de Regulus com a boca aberta em choque.
558
ZEPPAZARIEL
adaga pela qual ele estava lutando em primeiro lugar. E então, fácil assim, ele
se vira e sai correndo sem olhar para trás, mergulhando no labirinto e
apenas—deixando Sirius para trás.
Sirius olha para encontrar Marlene já segurando uma espada, então olha ao
redor para ver que o caos se acalmou. A maioria de todos já foi embora,
deixando apenas quatro; aquelas que já são aliadas. Augusta, como Marlene,
tem uma espada na mão. Emmeline tem uma besta e uma aljava de dardos já
colocados em suas costas. Alice aparentemente conseguiu pegar uma bolsa de
suprimentos, e ela segura um facão em uma mão com Augusta espiando por
cima do ombro dela, o que parece incomodá-la, mas ela não diz nada ou olha
para ela por fazer isso.
559
CRIMSON RIVERS
incrivelmente sortudo ele foi por encontrar a bolsa que ele encontrou antes
que seu irmão idiota o derrubasse e a pegasse.
"Bem, diz Augusta secamente, "Certamente poderia ter sido pior. Apenas
três mortos, e dois nem sequer foram realmente mortos."
Como um só, todas elas giram suas cabeças para encarar Sirius, que é
responsável pela primeira morte genuína na arena. Ele bufa e joga as mãos
para cima, porque honestamente, o que elas esperavam que ele fizesse naquela
situação? Henri estava estrangulando Regulus. Claro que Sirius quebrou a
porra do pescoço dele.
"Nós não podemos ficar aqui," Alice diz com firmeza enquanto ela fecha a
bolsa e fica de pé, os olhos correndo ao redor, visivelmente tensos.
"Eu não sei, por que não perguntamos a Regulus?" Marlene dispara.
A cabeça de Sirius imediatamente vira em direção a ela. "O que isso quer
dizer? Regulus não é um maldito Comensal da Morte."
"Odeio dizer isso a você, garoto," Augusta diz a ele, "Mas ele não é um
aliado seguro, pelo que posso dizer. Eu entendo que ele é seu irmão—"
560
ZEPPAZARIEL
"E se ele for?" Marlene desafia. "E então, Sirius? Porque se você espera
que eu me segure se ele estiver tentando me atacar só porque ele é seu
irmãozinho—"
"Por que?" Marlene rosna. "Huh? Por que eu deveria? Porque ele é sua
família? Bem, sabe de uma coisa? Famílias morrem. Elas morrem. É isso que
elas fazem. Elas—elas—é isso que elas—"
Algum dia, Riddle vai ferrar com a pessoa errada, e essa pessoa vai matá-lo,
e nesse dia, o mundo inteiro vai brilhar um pouco mais.
"Ok, Marlene, olhe para mim," Sirius ordena com firmeza, empurrando-a
para trás pelos ombros, então segurando seu rosto e gentilmente enxugando
suas lágrimas. "Eu sinto muito. Eles não mereciam isso, e nem você. Mas,
561
CRIMSON RIVERS
agora, você tem que se recompor. Eles querem que você desmorone, certo? É
exatamente isso que eles querem. Não dê a eles a satisfação."
Marlene engole, piscando forte e rápido, e ela é tão forte por como ela lida
com isso, como ela se ajusta ao peso disso e muda seus ombros, e fica mais
alta, e firma sua mandíbula. Atinge Sirius então, o lembrete de por que os
navios do mar são frequentemente chamados de ela, porque ninguém suporta
o peso de uma tempestade como uma mulher. A pior parte é que Marlene não
deveria. Ninguém deveria, e ainda assim ela faz. Ela inspira e expira, dá um
passo para trás e pega sua espada. Lá está ela, pronta para sobreviver.
"Eu sinto muito, eu realmente sinto, mas não podemos ficar aqui," Alice
repete.
"Bem, eu não sei vocês, mas eu vou nessa direção," Sirius afirma,
apontando para a direita. "Eu tenho que encontrar—"
"Oh, deixe pra lá, Sirius," Marlene retruca. "Você sabe que assim que todos
os Comensais da Morte se agruparem, eles virão direto para você. Ir por ali
é perigoso."
"Mais uma vez, como você sabe que ele não está com eles?"
"Ele não faria isso. Não importa o quão bravo ele esteja, ele nunca faria
isso comigo. Ele nunca—" Sirius para, o mero conceito fazendo seu peito
doer. Ele balança a cabeça para Marlene. "Ele nunca me machucaria, Marlene.
Certamente nunca tentaria me matar."
"Sim, bem, irmãos fazem isso às vezes. Eu vou dar o troco quando eu ver
aquela merdinha de novo," Sirius resmunga.
562
ZEPPAZARIEL
Não, Regulus nunca disse isso, mas... é Regulus. Ele não faria. Ele apenas—
ele não faria. Por nada.
"Bem, isso muda as coisas," diz Augusta com firmeza. "Se o garoto não
tem intenção de ser um aliado, então ele não será tratado como tal, e você
pode não gostar—"
"Olha, alguma de vocês tem irmãos?" Sirius interrompe, sua voz afiada. Ele
olha ao redor para todas elas. "Então, tem? Não? Exatamente, então vocês
não sabem o que é conhecer alguém por dentro e por fora do jeito que eu
conheço meu irmão. O que quer que vocês pensem que ele está fazendo, eu
garanto que vocês estão completamente erradas. Eu o conheço. Ele pode estar
enganando todas vocês, mas ele não pode me enganar."
"Eu acho que, porque ele é seu irmão, você é o mais fácil de enganar,"
argumenta Marlene, estreitando os olhos.
"Ok, você está muito cínica para qualquer coisa relacionada à família
devido ao luto, e você é válida para isso," Sirius murmura, "Então eu vou
deixar isso de lado e não considerar você uma fonte confiável. Só...
Olhe, eu sou seu aliado, certo? Vocês tem que confiar em mim nisso."
"Vou ficar ofendido se, em algum momento, você não ficar nem
um pouco tentada," Sirius diz a ela com um sorriso torto, e ela bufa fracamente
e desvia o olhar. "Certo, então de volta ao meu ponto original. Eu vou atrás
de Regulus. Quem está se juntando?"
"Ir nessa direção é apenas pedir problemas," diz Emmeline, arqueando uma
sobrancelha para ele.
"Bem, sabe, um por todos e todos por um?" Sirius tenta fracamente.
Ninguém parece achar graça. Ele suspira. "Ok, então me deixe com isso. Eu
não vou pedir a todas vocês que corram esse risco. Eu vou assumir sozinho, e
todas vocês podem fazer do jeito que quiserem. Ninguém disse que aliados
têm que permanecer juntos."
Alice estala a língua dela. "Oh, pelo amor de Deus. Isso importa mesmo?
Eu apostaria minha vida no fato de que todas essas passagens se conectam de
uma forma ou de outra, então duvido que não nos encontremos ao longo do
caminho de qualquer maneira. Vocês sabem que os criadores dos jogos
encontrarão uma maneira de nos levar exatamente onde eles querem. Eu voto
para ficarmos juntos. Segurança em números e tudo mais. Seria pior se
encontrássemos todos os Comensais da Morte sem todas as mãos disponíveis,
não é?"
564
ZEPPAZARIEL
lo agora, para que não tenham que lidar com a dor de cabeça que ele
certamente trará. Ele é tão ridiculamente apaixonado por cada uma delas, de
verdade.
"Sirius, vá tirar isso dele antes que ele caia e morra," Augusta ordena,
balançando a cabeça. "Vai servir em você melhor do nele. Meu Deus,
ele ainda está bêbado?"
"Ele vai ter um puta tempo de abstinência nos próximos dias," Marlene
murmura com uma careta.
Sirius avança com uma carranca, observando Eli cutucar a ponta afiada da
lança, o rosto relaxado. "Ei, Eli, você não se importaria muito se eu pegasse
isso, não é?"
565
CRIMSON RIVERS
"Nah." Eli estala os lábios e balança a lança tão longe que Sirius tem que
pular para trás, sibilando de susto enquanto seus olhos se arregalam. Eli olha
para ele. "Atrapalha muito. Bem? Você vai pegar ou não?"
"Você tirou um cochilo." Sirius se vira e olha para as outras, e agora elas
parecem divertidas. "Ele tirou um cochilo."
"Eli Zatish, você nunca deixa de me surpreender," diz Marlene com uma
risada carinhosa. "Vamos, velhote, precisamos nos mover, e você tem uma
noite muito ruim pela frente."
Marlene desvia o olhar, mas não antes que ele veja seus lábios se curvando
nos cantos. Ela não responde, mas Sirius não precisa que ela responda. Juntos
como um grupo, eles continuam.
566
ZEPPAZARIEL
Encontrar Regulus.
~•~
Ele realmente, realmente não gosta disso. O labirinto, no caso. Bem, ele não
gosta de nenhuma parte disso, obviamente, mas o labirinto está fodendo com
a cabeça dele, e só se passaram vinte minutos. Ele desce uma passagem e faz
uma curva para ir na direção oposta, apenas para sentir que está indo na
mesma direção, e quando tenta voltar atrás, descobre que não há nada para
voltar atrás. Para onde quer que ele se volte, é tudo a mesma coisa, uma cerca
viva alta atrás da outra, nada diferente em nenhuma delas.
É apenas esse instinto estúpido com o qual ele está lutando há dias, aquele
em que, quando ele está com medo, algo em Regulus simplesmente quer seu
irmão. Ele não pode evitar, não pode parar, não importa o quanto ele esteja
lutando contra isso, e continue lutando contra isso.
567
CRIMSON RIVERS
Mas, neste momento, se Sirius aparecesse na frente dele, Regulus sabe que
ele seria incapaz de se impedir de ir direto até ele, porque ele se sentiria mais
seguro, por mais ridículo que isso seja.
Oh.
Não é bom.
Se chover aqui, Regulus está fodido. Não há para onde ir. É apenas céu
aberto acima dele, nada para se esconder ou se por em baixo; até as cercas
vivas são densas demais para ele entrar, mas ele literalmente suportaria o peso
568
ZEPPAZARIEL
de folhas afiadas e trepadeiras e qualquer outra coisa de que a cerca seja feita
se isso significasse que ele poderia sair da chuva. Mas ele não pode.
A ironia desse desejo não passa despercebida para ele. Ele realmente não
quer que James esteja em perigo, apenas... aqui. Bem ao lado dele, para tocar,
conversar, se apoiar. James levantaria a camisa e deixaria Regulus rastejar por
baixo dela para bloquear ele da chuva. James abriria seu peito e abrigaria
Regulus lá dentro, se fosse preciso. Esse tipo de devoção, esse tipo de amor,
vive em seu sangue, na medula de seus ossos. Regulus pode sentir isso
ressoando daqui, sabendo que James o está observando, sabendo que James...
provavelmente está muito bravo com ele. Novamente.
Bem, pelo menos desta vez, Regulus não sabe disso. Não precisa ver isso.
Não precisa conviver com isso. Ele provavelmente nunca perdoará Regulus
por isso, mas talvez algum dia ele entenda que é tanto por ele quanto por
Regulus. É pelos dois.
Há uma garrafa de água cheia no fundo da bolsa, junto com duas barras de
granola e um pacote de carne seca e frutas. Em um compartimento separado,
há um pequeno kit de primeiros socorros, completo com curativos,
antisséptico, creme para queimaduras e uma agulha já enfiada com um
pequeno carretel de linha. Francamente, é surpreendentemente útil, a ponto
de as sobrancelhas de Regulus estarem tão levantadas em descrença que estão
praticamente costuradas em sua linha de cabelo.
Ele vai começar a roubar a sorte de Sirius com mais frequência. Puta
merda, como Sirius conseguiu encontrar uma bolsa com pelo menos um dia
de comida e água para sobreviver—o que é muito na arena—bem como
suprimentos incrivelmente úteis, mesmo de variedade médica, está além dele.
Há uma agitação no ar atrás dele, uma mudança, uma presença que envia um
calafrio na espinha de Regulus e o faz se mover por puro instinto. Ele gira nas
569
CRIMSON RIVERS
"Não."
Thorfinn olha para ele. "Olha, você não pode me culpar por tentar.
Ninguém sabe onde você está, não importa o que suas malditas primas
pensem. Então, quero dizer, se você é realmente um aliado, agora é a chance
de provar isso."
"O que é meu é meu," Regulus o informa bruscamente, embora ele retire
sua adaga enquanto diz isso. "Tente tirar isso de mim, e eu vou enfiar essa
adaga na sua cara. Isso inclui essa bolsa e tentar matar meu irmão."
"Veja, você diz merdas assim e depois se pergunta por que ninguém confia
em você," Thorfinn retruca. "Quem se importa com quem realmente mata
Sirius se ele está morto de qualquer jeito, certo?"
570
ZEPPAZARIEL
"Eu literalmente acabei de te dizer o que eu faria sobre isso. Se você não
acredita em mim, o erro é seu."
"É? Bem, se você quer me impedir, você pode me matar agora, porque—"
"Ok," Regulus diz, então estala sua mão e enfia a adaga através da parte
inferior do queixo de Thornfinn, atrás do maxilar, empurrando-a com força
suficiente para que ele possa ver a ponta se partir na língua de Thornfinn e
brilhar com o sangue de onde sua boca está aberta.
571
CRIMSON RIVERS
Regulus não tem certeza de quanto tempo ele permanece curvado sobre si
mesmo, apenas ressurgindo quando ele é empurrado para fora de seu colapso
pelo som de mais um canhão, o que significa que alguém acabou de morrer.
Porra. Ele levanta a cabeça com a súbita rajada de vento que passa e o balanço
pronunciado das cercas vivas de cada lado dele enquanto um heliportador
paira, vindo para pegar Thorfinn.
Merda.
Não há tempo para a porra de um colapso, não quando ele sabe que a
morte atrairá as pessoas, e a última coisa que ele precisa é ser colocado na cena
do crime pelo próprio grupo de pessoas que ele está tentando provar sua
confiabilidade. Ele sente que Bellatrix entenderia, se ele explicasse que
Thorfinn... o provocou, e Narcissa poderia deixar passar, mas todo o resto iria
apenas—oh, eles decidiriam que ele é mais um problema do que vale a pena
em um piscar de olhos.
Regulus não pode deixar isso acontecer. É vital que ele permaneça aliado
dos Comensais da Morte. Então, ele se levanta e sai correndo, pegando sua
adaga e bolsa enquanto caminha, sem nem mesmo olhar para elas. Ele só
precisa colocar a maior distância possível entre ele e—e isso.
Na próxima curva que ele faz, Regulus corre diretamente para Bellatrix,
literalmente tropeçando nela. Ela o pega enquanto ele tropeça, suas mãos se
lançando para agarrar seus ombros, firmando-o. Ele para, observando o olhar
dela vagar sobre ele lentamente, e então ele vira seu olhar para encontrar o
resto dos Comensais da Morte todos juntos. Cada. Um. Deles.
572
ZEPPAZARIEL
"Bem, parece que alguém estava se divertindo sem o resto de nós," diz
Bellatrix, estendendo a mão para pegar a adaga de sua mão. Ele a deixa,
sentindo-se fraco e perto de vomitar novamente. Ela a gira, examinando o
sangue com curiosidade, depois inclina a cabeça para ele. "Quem você acabou
de matar, fofura?"
Ok, pausa.
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CRIMSON RIVERS
Regulus estende a mão e pega sua adaga, reconhecidamente grato por ela
ter limpado o sangue para ele. Ele lança seu olhar sobre o resto do grupo.
Todos eles têm armas; Narcissa com um arco e uma aljava de flechas, Dixon e
Alecto apoiados em suas espadas, Yaxley segurando uma lança de cabo curto,
Rabastan preguiçosamente segurando um bastão de correntes, enquanto
Bellatrix e Regulus têm suas adagas, uma para cada. Rabastan e Narcissa têm
bolsas de suprimentos nas costas, como Regulus.
Quando o olhar de Regulus rasteja de volta para Bellatrix, ela está sorrindo
para ele, e ela estende a mão para agarrar seu ombro, os olhos brilhando
enquanto ela diz, "Agora, vamos completar seis."
574
ZEPPAZARIEL
48
CORDAS
James revira essas palavras em sua cabeça enquanto olha para a tela,
observando Regulus caminhar entre um grupo de seis outros Comensais da
Morte. Outros. Porque há sete.
A rapidez com que Sirius e Regulus mataram não surpreendeu James. Ele
realmente não pensou sobre isso, o que eles fariam na arena, porque ele estava
muito ocupado fazendo tudo o que podia para não pensar em nada disso,
focando em sua raiva antes de seu medo, porque ele sabia, mesmo então, que
apenas um deles poderia melhorar. No fundo, James sabia que, qualquer que
fosse a morte de Sirius e Regulus, ele não iria culpá-los ou julgá-los por isso.
Ele não o fez na primeira vez, afinal.
575
CRIMSON RIVERS
O que chocou James foi ver Regulus dar um soco em Sirius, roubar seus
suprimentos e depois deixá-lo para trás.
James não estava preparado para isso. Muito parecido com Sirius, ele
apenas olhou, de queixo caído, totalmente incrédulo. Pandora cobriu a boca
com a mão, e Remus—bem, ele apertou os lábios em uma linha fina e
estreitou os olhos.
Mesmo aqui, à parte, James está tão em sintonia com Sirius que seu
instinto inicial foi se revoltar contra a ideia de Regulus ser um Comensal da
Morte, assim como Sirius, quando Marlene sugeriu. Marlene, que está usando
um novo corte de cabelo que fica ótimo nela. Marlene, que desmoronou nos
braços de Sirius e explicou para o mundo inteiro ver que seus pais foram
mortos diante de seus olhos. A câmera não se afastou; demorou, deixando
todos verem.
Uma ameaça do que Riddle poderia fazer? Possivelmente. James acha que é
uma faca de dois gumes, no entanto. As pessoas que têm medo preferem
aprimorar sua raiva. Ele saberia disso.
Então, James não acreditava realmente, assim como Sirius, que Regulus era
um Comensal da Morte. Francamente, apenas assistir Regulus e Sirius de volta
à arena foi duro com seus nervos desgastados. Sirius, pelo menos, tinha um
grupo de pessoas com quem ficar.
Ou assim parecia.
576
ZEPPAZARIEL
Ele correu para o labirinto, e então ele estava sozinho. James queria gemer
e bater a cabeça contra a parede por causa da teimosia de Regulus. James o ama
pra caralho, mas ele é genuinamente um bastardo do contra. Na maioria das
vezes, isso é algo que James acha cativante. Quando Regulus está correndo em
um labirinto sozinho, longe do seu irmão?
Não muito.
Regulus não faz avisos de ânimo leve. Quando ele diz a alguém que vai
machucá-los se eles fizerem algo, ele fala sério. Ele disse que iria apunhalar
Thorfinn no rosto, e então ele fez exatamente isso.
Para James, Regulus matando Thorfinn parecia mais uma prova de que
Marlene estava errada, enquanto James e Sirius—que conhecem Regulus
melhor do que ninguém—estavam certos. Porque é claro que eles estavam.
Eles tinham que estar. É Regulus. Ele é deles, e eles o conhecem. Eles
o conhecem.
Por que matar um Comensal da Morte se você é um? Isso meio que anula
o propósito, não é? James pensou assim, e ele pensou, ali mesmo, que era isso.
Um negócio feito. Assinado, selado e carimbado. Sem mais perguntas.
Marlene e Augusta poderiam tirar sua dúvida e jogá-la de lado.
James estava orgulhoso de si mesmo, mesmo, por não ter dúvidas. Depois
de tudo nesses últimos dias, todos os seus problemas e brigas, James não
duvidava de Regulus. Nem por um segundo.
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CRIMSON RIVERS
Ele só queria ir lá e dizer isso a ele, para que ele soubesse, para que pudesse
ser confortado por isso, talvez. Ver Regulus em espiral após o assassinato
deixou James se sentindo perdido, preso e totalmente miserável pela
necessidade de simplesmente estar lá para ele. Mas ele não podia. Ele não
pode.
James provavelmente nunca mais se sentirá do jeito que sentiu quando viu
Regulus correr diretamente para os Comensais da Morte. Um som abafado de
puro pânico escapou dele, e alguém estava segurando sua mão—Pandora, ele
pensa—então ele tem certeza de que, naquele momento, ele quase esmagou
todos os ossos da mão dela. Ele não podia evitar. Regulus tinha acabado de
esbarrar em um grupo que James achava que o queria morto, e ele o fez em
um estado que não era muito promissor para suas chances de sobrevivência.
James tem certeza de que seu coração nunca caiu tão rápido em sua vida.
Ele apenas—ele podia sentir os dedos frios do medo percorrendo sua
espinha, deixando-o sem fôlego enquanto o sangue em suas veias se
transformava em gelo.
Exceto.
Nada.
578
ZEPPAZARIEL
Aconteceu.
Ele pensou que talvez, apenas talvez, fosse um tipo de coisa de lealdade
familiar, em que Bellatrix e Narcissa estavam deixando passar porque ele é
primo delas. Ele pensou que, talvez, Regulus seria capaz de se livrar da
situação e fugir.
Regulus não correu. Ele deixou Bellatrix pegar sua adaga, e então a pegou
quando ela a devolveu. Ela sorriu para ele, tocou seu ombro e insinuou que
ele se juntaria a todos eles para massacrar mais pessoas como um grupo—
Sirius sendo seu primeiro alvo. E Regulus foi.
579
CRIMSON RIVERS
Como, Reg? James pensa, olhando para a tela com um nó na garganta. Como
isso é para mim? Me diga como.
Regulus não pode fazer isso, no entanto. Ele não pode explicar. Talvez ele
tenha planejado, mas nunca teve a chance, e James não entende. Ele não sabe
como, em qualquer mundo, Regulus sendo um Comensal da Morte poderia
ser por ele. Porque não só os Comensais da Morte são aqueles que gostam de
assassinato—mesmo fora da sobrevivência—mas eles estão todos
empenhados em encontrar Sirius e matá-lo o mais rápido possível. Então,
como? Como isso poderia, de alguma forma, ser por James?
James não sabe, e Regulus não pode responder, e tudo o que resta é
confiança. Tudo o que pode haver é—confiança. Um sentimento e uma
escolha em um. Depois que Regulus mentiu para ele, depois que ele quebrou
sua promessa, James é mais uma vez deixado no limite da confiança,
inclinando-se precariamente de um lado para o outro.
Sem hesitação.
580
ZEPPAZARIEL
~•~
Toda vez que seu cérebro gira em torno do assunto, em torno do que
aconteceu, Sirius força sua mente a fazer uma curva abrupta e seguir em uma
direção diferente.
Ele não é estranho ao assassinato. Ele matou doze—não, treze, são treze
agora. Ele matou treze pessoas, então não é—não é esse conceito impossível
para ele entender. Na verdade, é mais fácil para ele lidar com isso na arena. Ele
não é diferente dentro dela agora do que era da primeira vez, porque depois
que ele fez sua primeira morte, depois de Gunther, Sirius nunca se conteve da
dor—infligindo-a ou suportando-a. Ele não deixou espaço para vergonha, ou
para fantasias infantis onde isso nunca tinha acontecido. Aconteceu. Está
acontecendo de novo.
E é isso.
Então, ele não sente isso, na verdade. Ele não precisa, e ele não vai
precisar, porque ele não vai voltar para casa, onde ele sentiria. Onde o atingiria.
Onde ele seria sugado para todas as coisas que tinha que fazer na arena para
sobreviver.
De certa forma, é quase um alívio ter outras coisas para focar. Como Eli,
por exemplo, que está suando lentamente o álcool que tinha no calor úmido
do labirinto. Como Marlene, que ficou em silêncio e tem sombras nos olhos,
essa dor horrível agarrando-se a ela onde quer que ela vá. Como Alice, que
parece muito agitada com Augusta o tempo todo e basicamente não quer nada
com ela. Como Augusta, que não parece se importar com o que Alice quer e
fica sempre perto dela. Como Emmeline, que... Bem, na verdade, Emmeline
está firme. Em tudo isso, Emmeline está calma, e Sirius genuinamente a
aprecia muito agora, mais do que ela jamais poderia saber.
Eles estão andando há algum tempo, mas o labirinto nunca parece levar a
lugar algum. É um corredor verde confuso logo após o outro, e os únicos
sons são as cercas vivas que farfalham o tempo todo, o que é sinistro. Eles
não conseguem ouvir uma fonte de água, nenhum som distante de
gotejamento ou qualquer coisa, e eles também não encontraram uma. Não há
581
CRIMSON RIVERS
sinais de vida selvagem como fonte de alimento, ou qualquer fruta das sebes,
ou quaisquer outros esconderijos que tenham encontrado.
É melhor todo mundo esperar que Regulus esteja bem, porque se ele não
estiver, se ele estiver morto, Sirius vai matar cada maldita pessoa neste
labirinto por ousar viver quando seu irmão não o fez.
O canhão paralisa todos. Até Eli, que balança sobre os pés e geme
baixinho, como se estivesse com dor. Todos se encaram, ninguém fala por um
longo momento.
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ZEPPAZARIEL
"Não seja tola," Augusta retruca. "As pessoas morrem durante a noite nos
jogos o tempo todo, Alice. Eles só vão jogar os destaques na manhã seguinte."
Alice faz uma careta e sibila, "Sim, obrigada, Augusta, pela sua opinião que
eu não precisava ou pedi."
"Eu sou uma adulto, não uma criança. Você não é minha maldita mãe,
então não me trate como se fosse. Porque o que Frank atura de você, eu não
vou."
"Você sabe o que isso quer dizer," Alice retruca. "Acho que já deixei bem
óbvio agora, mas permita-me deixar mais claro. Eu não gosto de você. Acho
que você é uma mãe de merda. Você usa a desculpa de ser mãe de Frank para
controlá-lo, não respeitando seus limites, ou entender o conceito básico de
que a vida dele é dele para fazer o que quiser com ela, não
importa suas expectativas ou demandas. E eu sei—oh quão bem eu sei que
você simplesmente o ama, e te ferrou ter que vê-lo entrar em seus jogos
enquanto era seu mentor, e você nunca mais foi a mesma desde então. Confie
em mim, eu entendo que você é do jeito que é por causa de algo horrível que
nenhuma mãe deveria ter experimentado, e Frank lhe dá muita margem de
583
CRIMSON RIVERS
manobra para isso, mas eu? Eu não. Você sufoca ele, Augusta. Você ajudou a
salvar a vida de seu filho apenas para dar a volta por cima e mal deixá-lo
viver."
Sirius resiste à vontade de tossir. Isso é... muito estranho. Ele está
absolutamente, resolutamente, não se envolvendo nisso, muito obrigado. Ele
tem problemas suficientes relacionados à mãe para enfrentar, então ele não vai
convidar mais para sua vida. Seu coração está com Frank, no entanto. Aquele
pobre homem.
"Ei, hum, ei... todos vocês vêem isso também?" Eli murmura
abruptamente, apertando os olhos enquanto levanta a mão para se apoiar na
linha do cabelo, olhando para a escuridão atrás deles.
Como um todo, todo o grupo se vira para ver do que ele está falando, e
Sirius também vê. No escuro, há formas se movendo na direção deles, e elas se
movem rapidamente.
Isso é tudo o que precisa ser dito, porque não se ouve corra dentro da arena
e simplesmente ignora. Em segundos, Sirius está se virando com todos os
outros e destruindo a passagem sem a menor ideia do que está fugindo.
O som de passos pesados atrás deles ressoa por Sirius, tão pesado que o
chão treme, então ele sabe que não é uma pessoa, ou mesmo um grupo de
pessoas. É outra coisa, algo feito pelas Relíquias, muito provavelmente.
584
ZEPPAZARIEL
Warwick solta um grito horrível de gelar o sangue que Sirius não consegue
evitar de olhar, quase tropeçando quando vê o porquê. Há uma estátua muito
grande em forma de homem, com pelo menos quatro metros e meio de altura,
se não mais, com mãos de pedra que envolvem a caixa torácica de Warwick
para esmagá-la. A estátua não tem rosto, nem feições, o que de alguma forma
a torna ainda mais ameaçadora quando desmorona Warwick antes de rasgar
impiedosamente o corpo em dois.
O canhão soa.
Sirius continua correndo, seu coração batendo forte em seu peito enquanto
ele corre em uma esquina com o resto do grupo, quase derrapando de quão
rápido ele está se movendo na necessidade desesperada de colocar alguma
distância entre ele e aquela estátua.
Sirius pode ouvir Eli chiando. Ele é mais velho e doente, passando por
uma desintoxicação sem água, comida ou remédios para ajudá-lo. Não é uma
surpresa quando ele tomba para trás, quando diminui a velocidade ou quando
cai completamente e atinge o chão.
"Merda!" Sirius explode, porque tudo o que ele consegue pensar é em seu
tio Alphard, e como Eli, aparentemente, era seu amante. Ele deveria deixar Eli
lá, mas ele não quer ser uma pessoa que faz isso. Isso pesaria mais sobre ele
do que matar Henri, e ele sabe disso.
585
CRIMSON RIVERS
"Sirius, Marlene, vamos lá!" Emmeline grita, balançando sua besta para cima
e desacelerando até parar. "Está bem al—"
Não.
Sirius finca os calcanhares no chão e ergue sua lança, lançando-a com tanta
força que ele tropeça com um grunhido, que ele permite que a impulsione a
correr. A lança atinge a estátua diretamente no rosto, mas ela apenas bate na
pedra e desliza para fora, caindo no chão. No entanto, a força com que a lança
atinge faz a cabeça sem rosto balançar para trás como se estivesse evitando
um mosquito. Como uma distração incômoda, no máximo, mas uma distração
incômoda impede que ela mate Marlene, então...
"Não tem rosto!" Emmeline grita de volta, mas ela solta um dardo bem na
cabeça mesmo assim.
A força de uma besta versus uma lança da força de Sirius é muito diferente.
É enorme, na verdade. Da besta, o dardo atinge velocidade e força que Sirius
não conseguiria apenas jogando sua lança. Então, quando ele aterrissa,
ele quebra a pedra, pequenas rachaduras se formando ao redor.
Merda.
586
ZEPPAZARIEL
Ok, ok, pense. Porra. Pense, Sirius, pense. O que ele pode fazer?
Nada.
"Marlene!" Sirius chama enquanto gagueja até parar embaixo dela. Ela paira
no ar bem acima dele, ainda lutando enquanto a estátua tenta inutilmente
pegar o dardo e arrancá-lo, exceto que as mãos da estátua são grandes demais
para lidar com isso. Os pés de Marlene estão bem acima da cabeça de
Sirius, fora de alcance. Ela estica a cabeça para olhar para ele, e ele pega sua
espada. "Aqui!"
Esse é o aviso que ele dá, e ela responde imediatamente, sua mão livre
caindo para alcançar a espada no momento em que ele a joga para ela. Ela
grita, provavelmente por causa da dor em seu braço enquanto ela se balança
para enfiar a espada nas rachaduras que se formaram na face da estátua ao
redor do dardo.
Marlene cai no chão quando a estátua começa a cair, e Sirius pega sua
lança, girando-a em suas mãos enquanto corre para a frente para bater sua
lança na cabeça da estátua. A pedra racha e desmorona, a cabeça fica em
pedaços desintegrados e empoeirados enquanto a estátua para e fica imóvel.
Sirius gira no local, sem fôlego, e corre até Marlene ao mesmo tempo que
Emmeline. Eli está de quatro, vomitando em uma cerca viva.
"Eu vou viver," Marlene resmunga, então começa a rir. É seco e áspero em
sua garganta quando ela inclina a cabeça para trás, sorrindo para o céu com os
587
CRIMSON RIVERS
dentes à mostra. "Vocês ouviram isso, seus filhos da puta? Eu vou viver. Eu
ainda estou viva. Eu ainda estou aqui, e ainda estou sobrevivendo! Como
vocês gostam disso? Vamos lá, o que mais vocês tem?!"
Marlene faz uma careta ao redor da mão de Emmeline até que ela a deixa
cair, então resmunga a contragosto, "Está quebrado."
"Sim, obviamente, mas onde?" Sirius exige. Marlene bufa e fecha os olhos
antes de estender o braço para ele. Ele e Emmeline imediatamente começam a
inspecioná-lo, e então eles trocam um olhar. Sirius limpa a garganta. "Ok,
hum. Não—não é bom. Você vai precisar de uma tala. Alice tem—" Ele para
e olha ao redor, piscando. "Onde estão Alice e Augusta?"
Emmeline faz uma careta. "Elas estavam correndo na frente e fizeram uma
curva com Asher antes que Marlene fosse pega. Elas não viram isso acontecer,
e eu—eu não sei se elas vão conseguir encontrar o caminho de volta para nós.
Elas podem conseguir, mas até que as encontremos novamente, não temos
suprimentos."
De alguma forma, Sirius sabe o que ele quer dizer. "Tire-os das cercas, se
for preciso. Eu não me importo. Apenas encontre alguns malditos gravetos que
eu possa usar como tala!"
588
ZEPPAZARIEL
"Eu ainda tenho um braço," diz Marlene enquanto seus olhos se abrem
para olhar para onde seu braço quebrado está inchando e ficando roxo em
alguns lugares já. "Eu vou ficar bem. Eu ainda posso lutar."
"Ninguém está dizendo que você não pode," Sirius a assegura. "Talvez
você até consiga algum remédio de um patrocinador."
"Seja o que for, foi assustador pra caralho," Sirius admite, franzindo o
nariz. "Pelo menos nós sabemos como matar, no entanto. Emmeline, você foi
brilhante. Você também, Marlene."
Sirius acha que Eli não tem a menor ideia de qual é o nome deles, o que é
objetivamente hilário, e ainda assim ele parece conhecer Marlene o suficiente
para se importar com ela. Ele era seu mentor, e um não muito bom, ainda um
bêbado. Ele mal falava com os patrocinadores em nome dela, e ficava bêbado
o suficiente para chorar toda vez que algo dava errado para ela em seus jogos.
Ele chorou quando ela ganhou, também. Não eram lágrimas de felicidade. Ele
só ficava dizendo que ela não tinha ganhado nada.
Sirius sabe disso, porque ele foi um dos últimos que ficaram para assistir,
porque seu tributo naquele ano foi até os dois últimos. Ele queria que Marlene
morresse, na época, e agora está tão agradecido por ela não ter morrido.
Marlene matou seu tributo, e então ela se tornou sua amiga, e agora aqui estão
eles, colocados em posições onde eles podem ter que matar um ao outro, mas
ainda lutando muito para manter um ao outro vivo.
589
CRIMSON RIVERS
"Eu agradeço," diz Marlene com uma risada cansada, "mesmo que isso vá
doer pra caramba. Apenas—acabe logo com isso."
"Quer ver se você pode quebrar meus dedos?" Emmeline brinca enquanto
estende a mão em oferenda.
590
ZEPPAZARIEL
"Bem, nós perdemos Alice e Augusta, mas não há canhões, então elas
estão bem. Asher também, ao que parece." Sirius olha ao redor lentamente. A
escuridão é tão densa agora que ele não consegue ver nenhuma das
extremidades da passagem, e só consegue distinguir as que estão próximas a
ele. Quando ele olha para o céu, ele instintivamente procura a lua, mas se
estiver lá em cima, se estiver lá, ele não consegue vê-la daqui. "Não adianta
continuar andando. Todos nós precisamos descansar, e será mais fácil para
Alice e Augusta nos encontrarem, se puderem."
"Eu estou muito cansado," Eli murmura, e mesmo enquanto diz isso, ele
está caindo para o lado para se enrolar no chão, os olhos se fechando. "Tem
sido um longo dia. Um dia muito, muito longo."
~•~
Regulus gostaria que ficasse registrado que ele não gosta dessas pessoas.
Não necessariamente porque são Comensais da Morte, que é um assunto
complexo por si só, neste contexto.
Dixon, por exemplo. Ele era um Comensal da Morte em seus jogos, mas
ele nunca parecia gostar de todo o aspecto do assassinato disso. Ele fez isso
591
CRIMSON RIVERS
para sobreviver e, na arena, isso faz dele uma pessoa ruim? Regulus não pensa
assim, não mais do que ele achava que isso fazia de Peter uma pessoa ruim. A
diferença é que Dixon não hesitou em matar no final de seus jogos, e Peter
sim. A diferença é que Dixon foi para casa e Peter não.
Até Thorfinn deixou claro que ele era sanguinário. Ele estava ansioso para
matar Sirius, como se fosse um prêmio. Eu vou conseguir matar, disse ele, como
se realmente fosse apenas um jogo em que ele poderia alcançar a pontuação
mais alta. Isso é uma maneira de lidar? Se for, Regulus encontra pouca ou
nenhuma simpatia por Thorfinn.
592
ZEPPAZARIEL
orgulhar, muito menos para ele, que não matava muito. É falso. Regulus não
gosta de coisas falsas, e ele realmente não gosta de Yaxley.
No entanto, aqui está ele, ficando com todos eles de qualquer maneira.
Está escuro agora, e o calor é... chato pra caralho, honestamente, mas eles
continuaram se movendo de qualquer maneira. Regulus e Rabastan têm bolsas
que vêm com lanternas, que eles usam para iluminar o caminho. Além do
alcance dos raios de luz que penetram na escuridão, está escuro como breu.
Os banners de Mavis e Velvet são exibidos juntos, o que significa que eles
morreram ao mesmo tempo, ou significa que os criadores de jogos queriam
destacar ainda mais a tragédia de suas mortes. É um lance para cima,
honestamente. Pode ser qualquer um de qualquer maneira e, por algum
motivo, suas mortes atingiram Regulus com força. Talvez porque, de certa
forma, eles o lembrem de seus primeiros jogos com James; apenas duas
pessoas profundamente apaixonadas, que não queriam viver uma sem a outra,
que não tinham interesse em ficar presas em uma jornada de sofrimento
juntas. Regulus pensa que, se ele e James tivessem voltado à arena desta vez,
seus destinos teriam sido semelhantes. Nenhum deles teria deixado a arena
sem o outro. Mavis e Velvet representam ainda mais o quão fodido tudo isso
é.
593
CRIMSON RIVERS
Depois deles, é Henri. Regulus aperta os lábios em uma linha fina quando
vê seu rosto. Ele odeia admitir isso, mas ele congelou por um momento,
quando Henri o atacou. Estupidamente, tudo em que ele conseguia pensar era
em Bernice, e depois em seu bebê e marido, e como ela queria tão
desesperadamente viver, e como foi Peter quem o salvou quando ela o estava
estrangulando, uma lembrança tão vívida que ele quase esperava que fosse ele
mais uma vez.
Mas não foi. Foi Sirius, que quebrou o pescoço de Henri em menos de
trinta segundos logo depois, matando para Regulus em menos de cinco
minutos após o início do canhão. Isso enfurece Regulus, porque lá está ele
novamente, Sirius matando em seu nome, nem mesmo piscando um olho
como se isso não importasse para ele. Mas será importante para ele.
Será, porque essas coisas importam. Porque eles são quem são, e Regulus
ainda tem pesadelos com Avery, Quinn e Irene. Agora, por causa de Regulus,
Henri é apenas mais uma pessoa que assombrará Sirius.
"Quero saber o que aconteceu com ele," murmura Alecto, e ela não
parece... satisfeita, exatamente. Afinal, eles vieram do mesmo distrito. Talvez
fossem amigos. Mas ela também não parece chateada, na verdade. Apenas
meio que—resignada. Talvez um pouco distante, como se ela já tivesse
chegado a um acordo com isso de antemão.
594
ZEPPAZARIEL
Regulus sente que merece um troféu, ou algo assim, por ser um mentiroso
tão bom. Ele recebe isso de sua mãe, ele sabe disso, mas neste cenário, ele
é muito grato por isso. Olhe para isso, sua mãe fez algo que valeu a pena para
ele, afinal.
Merda.
Regulus sabia que seria brutal, ele sabia, mas não consegue pensar em uma
arena em que mais de cinco morreram na primeira noite. Sim, duas das mortes
aqui foram suicídios, mas ainda assim. Ainda são sete pessoas. Restam
dezessete pessoas.
595
CRIMSON RIVERS
Regulus sente falta dos pesadelos em que Evan vinha visitá-lo. Ele quer
outro, egoisticamente. Ele quer se desculpar. Ele nunca chegou a se desculpar,
não corretamente.
"Você não é divertida, Cissy, nada divertida," Bellatrix reclama, mas ela
suspira e acena com a cabeça de qualquer maneira. "Tudo bem, vamos
acampar aqui então, e dormir em turnos. Um grupo de três, o resto em pares.
Reivindiquem seus parceiros agora. Eu quero Alecto."
Alecto parece bastante satisfeita por ter sido disputada, e ela levanta as
mãos, os lábios se contraindo. "Senhoras, senhoras, por favor, não há
necessidade de discutir. Há o suficiente de mim para as duas. Seremos apenas
uma equipe de três, sim?"
Regulus acha que Alecto é muito louca por se sujeitar a uma mudança de
lidar com duas das irmãs Black, que são tão dramáticas e ridículas quanto os
irmãos Black quando querem ser. Ele está silenciosamente grato que elas não
sentiram a necessidade de reivindicá-lo, o que certamente teria sido uma dor
de cabeça, embora elas provavelmente não o fizessem simplesmente porque
deixaria o resto do grupo inquieto. Uma demonstração clara de lealdade
familiar, ou um sinal de que eles são um trio que pode estar planejando matar
o resto enquanto dormem, e Regulus pode admitir internamente para si
mesmo que está pelo menos um pouco tentado pela ideia.
Regulus se contrai. Ele não se importa muito, desde que não seja Yaxley,
que ele realmente não tem certeza de que seria capaz de se abster de matar se
596
ZEPPAZARIEL
E não, não, Regulus não vai fazer isso de novo. Ele simplesmente não vai.
Ele sente como se pudesse acidentalmente se afeiçoar por Rabastan de alguma
forma, e isso simplesmente não vai acontecer. Ele não está aqui para fazer
amigos. Não foi bem para ele da última vez, literalmente só no ano passado,
até a porra do mesmo dia. Exatamente um ano atrás, Regulus passou o dia
com Evan Rosier, subindo em uma árvore para pegar as armas, aprendendo a
confiar, sem saber que estava em um relógio que estava acabando onde o
melhor amigo que ele nem sabia que teria ia deixá-lo, antes mesmo que
pudesse encontrá-lo e conhecê-lo.
"Siga isso, botão de ouro," Bellatrix diz a Rebastan, que não parece se
importar que Yaxley esteja olhando para ele. "As damas vão fazer o primeiro
turno enquanto todos vocês dormem, então vamos alternar para Dixon e
Regulus, então para você e Corban. Parece bom?"
Ele também não tem interesse em participar da conversa baixa que todos
começam entre a distribuição de água e comida das três sacolas de
597
CRIMSON RIVERS
"Oh, ele está bem por enquanto," Narcissa responde, seus olhos brilhando
com aquele brilho muito específico que existe em sua família; um sinal de
conspiração, um sinal de perigo, um sinal que Regulus percebe ali mesmo
porque ele viu o suficiente para saber o que é e o que significa. Assim como
ele, Bellatrix, Sirius, Andrômeda e toda a família deles—Narcissa também é
propensa ao drama. Ele sabe que ela não está grávida.
Ele a respeita muito por fingir estar. Ele acha que ela é bastante hilária por
isso, na verdade. Não há dúvida em sua mente de que ninguém além de sua
família realmente sabe que ela está apenas mentindo. Andrômeda certamente
também sabe. Regulus se pergunta o que ela pensa sobre tudo isso. Ela está
em casa com Ted, assistindo a tudo isso enquanto força Dora a brincar em
outra sala, para que ela não precise ver? Ela sente dor, vendo suas irmãs, seus
primos, sua família na arena novamente, tudo de uma vez?
598
ZEPPAZARIEL
"Eu posso ver você sentado aí, fofura," Bellatrix murmura, porque seus
olhos se ajustaram como os dele, apenas o suficiente para distinguir as formas
no escuro. "Vá dormir."
Regulus não responde, mas ele se deita rigidamente, com os olhos bem
abertos enquanto encara o nada. Ele não acha que vai conseguir dormir uma
piscadela, mas então Narcissa começa a cantarolar suavemente uma melodia
suave que ela cantava quando ele era jovem, antes de tudo isso, antes que
qualquer um deles conhecesse os horrores da arena e era apenas ele e seu
irmão sendo cuidados por suas primas mais velhas em uma casa vazia e uma
família vazia ainda tentando juntar suas partes quebradas, antes que os jogos
chegassem e os destruíssem, para sempre.
~•~
Remus pega o elevador até o porão, sua mente ainda agitada com a
memória do primeiro dia dos jogos, cheio de Sirius e tudo o que aconteceu
com ele.
Mas Remus sabe que isso importa para ele, no fundo, ou importará. Sirius
luta tanto com a sensação de que as Relíquias o moldaram em algo que ele
nunca quis ser, e isso certamente só aumentará isso. Agora, ele pode usar a
desculpa de que está fazendo isso por seu irmão, como um escudo.
599
CRIMSON RIVERS
A questão é que não é bonito ver Sirius assassinar. Ele é lindo, mesmo em
meio a um assassinato, mas não há beleza no fato de que ele é colocado em
uma posição em que precisa. Sirius não merece isso. Ele merece existir sob a
luz das estrelas, olhos brilhando, rosto corado de prazer porque Remus o está
tocando e sua família está por perto. Isso é tudo que Sirius quer, na verdade.
Estar com as pessoas que mais ama, seguro e tranquilo, presente com as
memórias que ele terá prazer em guardar. Remus descobriu tudo agora.
É simples. Sirius quer uma vida simples. Ele quer Remus, e quer James e
Regulus em algum lugar por perto, e quer os pais que ele tem orgulho de ter.
Ele quer construir, e amar, e deixar para trás o sangue, a dor e a morte.
Remus quer o mesmo. Talvez por isso eles funcionem tão bem. Porque
eles querem seu amante, sua família e seus melhores amigos. Porque eles
querem liberdade.
Agora, porém, o que Remus mais quer, talvez egoisticamente, é que Sirius
viva.
Apenas viva.
Tinha sido necessário, sua presença. Ele não estava preparado para o
quanto significava para James e Pandora que ele estivesse lá com eles, nem
estava preparado para o quão reconfortante era para eles estarem lá com ele.
Todos se sentaram juntos, observando e estendendo a mão para tocar,
murmurando tranquilizações e simplesmente tentando passar por isso como
um grupo.
600
ZEPPAZARIEL
Todos eles têm emoções misturadas sobre tudo o que aconteceu até agora,
principalmente com Regulus. James estava firme, Remus podia ver isso,
apenas murmurando que Regulus era um bom mentiroso e um homem
imprevisível, e isso não poderia ser apenas o que parece. Pandora—a pobre
Pandora estava tão inocentemente confusa, meio que arrasada com a coisa
toda, e ela continuou gaguejando que não fazia o menor sentido. Mas Remus?
Eu vou fazer ele se arrepender. Ele vai se arrepender dessa vez, Remus. Ele
vai, Regulus disse.
Remus pode ver agora que ele falava sério. Ele não pensou por
um segundo que Regulus quis dizer isso dessa maneira, e está genuinamente
irritado que isso é o que ele escolheu fazer. Ele entende que Regulus tem
problemas muito complexos em torno de Sirius, especialmente com Sirius se
voluntariando por ele, mas traí-lo assim?
E então, Remus está com raiva. Ele quer cair na arena com o único
propósito de acertar o rosto de Regulus, depois pegá-lo pelos ombros e sacudi-
lo. Ele deseja—oh, ele realmente deseja tentar fazer Regulus ver melhor,
entender mais claramente; que Sirius está fazendo tudo isso por ele; que Sirius
também está com medo; que Sirius quer viver como todo mundo, mas ele está
pronto para dar sua vida por alguém que escolheu, por maldade, raiva e dor,
machucá-lo.
Regulus é ingrato. Isso é tudo que Remus pode pensar. Talvez venha de
um lugar de raiva, ele não tem certeza. Talvez seja apenas ele se agarrando a
qualquer desculpa que possa usar para aliviar a pequena culpa nele por desejar
que Sirius voltasse para ele, mesmo que isso signifique que Regulus morrerá.
Talvez Remus ame tanto Sirius que ele automaticamente quer dar uma surra
em qualquer coisa ou alguém que o machuque, mesmo que seja seu irmão
teimoso e traumatizado, mesmo que seja alguém que Remus considera um
amigo, apesar de tudo.
E Remus sabe, racionalmente, que fazer o que for preciso para sobreviver
na arena não faz de alguém automaticamente uma pessoa ruim. Ele até sabe,
racionalmente, que na verdade não sabe o que Regulus vai fazer, ou qual é o
601
CRIMSON RIVERS
seu plano. Ele também sabe, racionalmente, que Regulus é uma merda em ser
um Comensal da Morte até agora, pelo que ele viu, já que ele já matou alguém
que ameaçou Sirius.
Ele sabe de tudo isso, racionalmente, mas acontece que Remus é mais do
que um pouco irracional quando se trata da segurança e bem-estar de Sirius.
Ele está apaixonado. Processe ele.
Quando Remus faz uma curva para o corredor com todas as celas
esperando, ele ouve o elevador tocar atrás dele novamente, originalmente
assumindo que é apenas outro servo descendo atrás dele, pelo menos até
ouvir vozes abafadas.
"Você tem acesso aos painéis de controle como alguns dos outros
criadores dos jogos. Certamente você pode... fazer algo acontecer, não pode?"
é a resposta suave e sedosa.
"A Sra. McGonagall dirige tudo," Verna insiste em um silvo baixo. "Nada
passa por ela, estou lhe dizendo."
"Ela diz que já tem planos para Sirius Black. Ela está de olho nele,
especialmente. Eu fui orientado a dar a Eli Zatish uma lança apenas para que
ela chegasse até ele. O que quer que ela tenha planejado, eu acho—bem, eu
acho que vai ser brutal. Honestamente, você deveria ver algumas das ordens
que temos tido. Eu não digo isso com frequência, mas é—é doentio."
602
ZEPPAZARIEL
"Ela observa todos eles," explica Verna. "Como a porra de um gato que
nunca pisca. É terrível. Mas... eu—quero dizer, eu provavelmente poderia ter
certeza de que pelo menos um dos planos dela será direcionado para Regulus.
Talvez. Ou eu posso tentar."
Por um instante, Remus fica parado ali, com o coração acelerado, tentando
recuperar o fôlego dentro da máscara. O medo aumenta dentro dele enquanto
ele afunda em sua cama fina, as mãos tremendo enquanto as lágrimas picam
em seus olhos, puro pânico varrendo-o até que ele tenha certeza de que seu
coração vai bater para fora do peito.
Porra.
Porra.
De repente, Remus não tem espaço para raiva dentro dele por Regulus,
apenas medo por seu amigo. Não, toda a sua raiva muda e aponta para uma
nova direção, para Lucius Malfoy, para os criadores dos jogos, para Riddle.
603
CRIMSON RIVERS
49
UMA LIÇÃO
James sorri para ele, gentilmente, e Regulus não consegue evitar sorrir de
volta. É reflexivo. Ele sente a mesma palpitação no coração que sempre sente
quando James olha para ele, especialmente quando James está olhando para
ele assim.
"Eu escreveria um poema para você," diz Regulus. "Você poderia ler, mas
não em voz alta. Só você saberia."
"Oh? Um poema de menino triste só para mim?" James pisca seus cílios,
seu sorriso crescendo. "Reg, eu estou honrado."
Regulus bufa uma risada suave. "Triste? No dia do nosso casamento? Não,
não seria triste. Nem um pouco."
"Fazendo o quê?"
"A culpa é sua," James diz a ele, mais lágrimas escorrendo, atingindo o
rosto de Regulus, seus braços expostos, sua pele. Está molhado e frio, fazendo-
o tremer e tentar se afastar dele. "É o que você faz. Isso é tudo que você sabe
fazer."
"James—"
605
CRIMSON RIVERS
Está caindo com força agora, aumentando o ritmo, não é visível no escuro.
Ainda é noite, ainda é a primeira noite, e talvez ele tenha dormido algumas
horas, no máximo. A chuva o acordou, e a primeira coisa que ele faz é se jogar
para trás como se pudesse fugir, mas não há para onde correr.
Distante, Regulus pode ouvir o som de Bellatrix rindo de prazer, sua forma
girando na chuva com os braços estendidos, Narcissa rindo de acordo quando
ela sussurra como a chuva é gostosa no calor.
Sorte delas.
Nenhuma parte disso é legal. Ele não gosta de água, principalmente a água
que ele pode sentir correndo sobre sua pele, especialmente no seu rosto. Estar
em um banho é ruim o suficiente, e ele tem isso como uma ciência neste
momento, confortável na rotina disso, conhecendo seus limites e ajustado em
como ele lida com seu trauma em torno da água. Ele sabe exatamente como
lavar o cabelo e o corpo sem enlouquecer; ele sabe exatamente como viver
uma vida plena e limpa sem se mobilizar para isso.
A chuva não faz parte de sua rotina, por motivos óbvios. É a forma como
seu cabelo cai na testa e nas laterais do rosto, um peso constante sob a pressão
de mais água corrente, não diferente de sair do rio carmesim com o cabelo
grudado na pele, pesado. É a água encharcando suas roupas, pesando-
as, puxando-o da mesma forma que no rio, quando ele lutou tanto para fugir,
para escapar das mãos e da correnteza do rio que o arrastava para baixo. É o
líquido em sua boca, confundindo sua mente enquanto ele luta para respirar,
desesperado para engolir para sobreviver, sentindo o gosto do sangue e
ofegante. É a completa falta de controle, e não há escapatória, e ele está
morrendo de novo.
606
ZEPPAZARIEL
Ele arrasta a bolsa para cima com a mão livre e a coloca em cima de si o
máximo que pode enquanto se curva para a frente e abaixa a cabeça entre o
abrigo da bolsa e os joelhos. Ele dobra os cotovelos e se encolhe o máximo
possível, pressionado em uma bola compacta e apertada. Ele ainda pode sentir
a chuva batendo nos ombros, na nuca, nas laterais dos braços, na frente das
pernas. A única coisa protegida é sua cabeça, peito e coxas, que estão
principalmente bloqueadas da bolsa e como ele se dobra sobre si mesmo. A
água escorre de seu cabelo e da ponta de seu nariz direto para seu colo,
lágrimas misturadas a ela.
~•~
"Eu—eu tenho que ir," Sirius deixa escapar, pegando sua lança e apertando
os olhos através da escuridão impotente.
607
CRIMSON RIVERS
Emmeline suspira. "Ok, eu sei, mas você não vai conseguir encontrá-lo
agora."
"Não, você não entende," Sirius sussurra, quase frenético neste momento,
sentindo a chuva escorrer de seu cabelo. Oh, está caindo com força. Porra.
"Eu tenho que encontrá-lo, Em, agora. Ele—ele precisa de mim. Ele precisa de
mim agora."
Sirius se vira e diz, "Isso não é a porra de uma piada. Você não entende.
Ele—ele não aguenta a chuva, certo? Ele—ele tem aquafobia, o que significa
que ele provavelmente está um desastre agora, então eu preciso encontrá-lo, eu
tenho que chegar até ele e—"
A pior parte é que Sirius sabe que ela está certa. Ele sabe disso, e ainda
assim, tudo o que ele quer fazer é vasculhar cada centímetro desse labirinto
para encontrar Regulus o mais rápido possível. Ele nem tem certeza do que
faria quando o fizesse. Não é como se ele pudesse parar a porra da chuva. Mas
ele poderia bloquear um pouco dela, certo? O que quer que ele tivesse que
fazer, ele faria. Se tudo o que ele pudesse fazer fosse sentar lá e conversar com
Regulus sobre isso, é o que ele faria. Pelo menos ele estaria fazendo alguma
coisa.
Algo em Sirius rosna abertamente com isso. Sim, eu posso, e eu vou, ele pensa,
instintivamente, furiosamente.
Sirius não pode parar a chuva, e ele não pode chegar a Regulus, e ele sente
vontade de destruir o mundo por causa disso. Ele sente vontade de
desenraizar todo este labirinto para abrir caminho para seu irmão. Ele está
desamparado, frustrado e preso.
Sirius faz o que ela diz, juntando as palmas das mãos para pegar punhados
de chuva e beber lentamente. Ele diz a si mesmo, enquanto o faz, que talvez
Regulus esteja dormindo com isso. Ou talvez ele tenha encontrado um lugar
no labirinto com algum abrigo, e Sirius está se preocupando à toa. Talvez,
talvez, talvez.
A chuva não para até de manhã, mas um canhão nunca soa, e o peito de
Sirius dói de tristeza e pulsa de orgulho por saber que, apesar de tudo, Regulus
sobreviveu.
~•~
Dorcas se senta na beirada de sua cadeira e olha para a tela com os olhos
arregalados, a respiração presa enquanto ela assiste Rita fazer a recapitulação
da noite anterior, tocando alguns momentos de destaque que não foram
transmitidos ao vivo. Ela precisa saber que Marlene sobreviveu à noite. Ela
não vai respirar novamente até que o faça.
609
CRIMSON RIVERS
Marlene, que quase morreu. Marlene, que agora está com o braço quebrado.
Marlene, que felizmente ainda tem o anel na outra mão. Marlene, cujos pais
foram mortos da mesma forma que Fabian e Gideon.
Dorcas expira.
O clipe muda para mostrar Regulus, que claramente teve uma noite muito
ruim. O coração de Dorcas aperta ao vê-lo assim, pequeno e com medo. Ela
se lembra de quando Sirius veio até ela depois dos jogos anteriores e
perguntou a ela, esperançosamente, se havia alguma maneira possível de ela
acomodar a aquafobia de Regulus, deixando-o tomar banho com pouca água,
o quanto fosse necessário para ajudá-lo a se limpar, e se ela ficaria e falaria
com ele através disso. Ela concordou. Claro que ela concordou.
Ela sentou-se ali mesmo na no banheiro com ele e ficou de costas para ele
enquanto falava, explicando seus tecidos favoritos para trabalhar, falando
sobre o efeito que o corte da roupa pode ter na percepção de uma roupa,
divagando sobre seu sentimento pessoal que os acessórios às vezes podem
unir uma roupa ou desconstruí-la completamente. Ela falava e falava e sabia
que ele mal entendia uma palavra enquanto tomava banho atrás dela,
chorando o mais baixinho que podia durante todo o processo.
Mas ele está vivo. Ele conseguiu passar a noite, assim como Marlene, assim
como Sirius. Estão todos vivos, um dia mais perto da liberdade se
610
ZEPPAZARIEL
E depois há Sirius, que Marlene cutucou de longe com um pau durante seu
pesadelo, o que acabou sendo uma coisa boa quando ele apareceu balançando
e fazendo ameaças vagas e beligerantes a alguém chamado Gunther. Quando
ele se acalmou, foi estranho, como se ele meio que—desligasse. Ele olhou
para o espaço por um tempo, realmente não fazendo muito ou reconhecendo
ninguém, e então ele finalmente piscou, olhou ao redor e soltou um suspiro
enquanto segurava a parte de trás do pescoço e abaixou a cabeça.
Rita com certeza tem muito a dizer, mas ela nunca reconhece os sinais claros
de trauma de cada tributo naquela arena. Faz Dorcas ranger os dentes.
O segundo dia é... Bem, está aqui, gostem ou não, e Dorcas está
absolutamente aterrorizada. Ela não se importa com o que essas pessoas fazem
na arena; ela não se importa que Regulus seja um Comensal da Morte
aparentemente planejando matar seu irmão; ela não se importa que Augusta e
Alice pareçam não ter sentimentos calorosos entre elas. Nada disso importa
para ela.
O que importa é tirar todo mundo que ela puder, no momento que ela puder,
independente do que aconteça lá dentro. A parte aterrorizante é que o
611
CRIMSON RIVERS
momento em que ela pode ainda não está aqui, e ela não pode fazer nada além
de assistir a mulher que ama e seus amigos sofrerem. Ela só precisa que eles
sobrevivam um pouco mais. Apenas continuem sobrevivendo. Por favor,
continuem sobrevivendo.
O som de seu telefone tocando faz com que sua cabeça se levante
enquanto ela se levanta e imediatamente mergulha para ele.
"Meadowes, você sabe tão bem quanto muitos outros o que minha boca
pode fazer. Literalmente."
"Não." Lily faz uma pausa, então bufa. "Bem, tudo bem, então é assim que
funciona, certo? Eu já estou fazendo sexo, e então eu fico tipo, digamos, olhe
para você toda arrumada e desesperada para me dar o que eu quero; você não
quer fazer essa coisa muito pequena e muito simples para mim? E então elas
geralmente sempre dizem sim, e conseguem o que elas querem, enquanto eu
estou me divertindo e também conseguindo o que eu quero. Viu? Os dois
lados ganham. Quer dizer, eu não poderia fazer isso com todo mundo, porque
eu não fiz sexo com todos com quem conversei, mas muitas pessoas me
devem de qualquer maneira. Seis anos de segredos e fofocas farão isso por
uma pessoa, sabe."
"Eu não posso acreditar que essa revolução está funcionando parcialmente
pela sua competência no sexo."
612
ZEPPAZARIEL
"Oh, se ao menos pudesse funcionar totalmente com isso. Tudo correria tão
bem. Merda, nós venceríamos a guerra em, tipo, uma semana."
Lily apenas bufa, cética, e então sua voz suaviza consideravelmente quando
ela murmura, "Como você está, então? Molly me manteve atualizada sobre os
jogos. Ouvi dizer que tem sido uma merda e Marlene... teve um começo
difícil?"
"Ela ainda está viva," Dorcas responde, sua voz ficando mais baixa, mais
suave, e ela tem que engolir o nó que se forma em sua garganta. "Ela está
sobrevivendo."
"Bem, eu pensei que você gostaria de saber, aquela missão no distrito onze
trouxe mais algumas pessoas—e, dessas pessoas, havia uma pequena família
intimamente relacionada aos McKinnons. Um casal e seu filho pequeno. A
esposa costumava ser uma McKinnon antes de adotar o sobrenome do
marido."
Dorcas aperta os lábios em uma linha fina. "Não, eu não acho que Riddle
vai levar isso tão longe. Ele ainda está mantendo o que aconteceu com o
distrito seis em segredo. Nenhum anúncio formal, nem mesmo como uma
ameaça velada. Apenas—nada. É inteligente da parte dele, no entanto, porque
está... ficando muito pior aqui. Os protestos estão ficando mais ousados. Eles
passaram a ficar do lado de fora de seu castelo agora, exigindo que ele pare os
jogos. Muitas pessoas estão se recusando a assistir, e outras estão tão
613
CRIMSON RIVERS
horrorizadas com o que elas estão vendo que isso está apenas irritando-as
ainda mais."
"Sim, eu posso imaginar que se eles descobrirem que ele tem o poder de
destruir quase um distrito inteiro tão facilmente quanto ele pode, eles não vão
lidar bem com isso," Lily murmura. "Os outros distritos também, se eu tivesse
que adivinhar. A propagação da rebelião está crescendo a uma taxa que até
mesmo a Ordem está lutando para acompanhar, então eu sei que Riddle não
pode. Você deveria ver Dumbledore. Ele não está muito por perto, mas
quando o vejo, seus olhos estão sempre brilhando. Mas, de novo, isso pode
ter algo a ver com o fato de que seu irmão está aqui."
"Oh, eles estão bem. Euphemia—desculpe, Effie, ela me disse para chamá-
la de Effie. De qualquer forma, ela está curada e andando por aí agora,
embora um pouco lenta e dolorida. Eu continuo dizendo a ela que eu
sei exatamente como fazê-la se sentir melhor, mas ela insiste que é uma mulher
casada, e também muito velha para mim. Decepcionante, na verdade."
614
ZEPPAZARIEL
"É guerra depois disso," Lily diz baixinho. "Você sabe disso, não é? Uma
vez feito, não há como voltar atrás."
~•~
James vai direto para Lucius no momento em que entra na vigília, seu
passo cheio de propósito, sem uma bengala hoje porque sua perna está bem
por enquanto.
Assim que Lucius o vê chegando, ele fica tenso, mesmo quando está ao
lado de Lestrange e Dolohov. Há um grupo de patrocinadores por perto,
sussurros cada vez mais altos no segundo em que veem James chegando,
atraídos por um possível drama.
"James, James, não—" Frank está de repente bem ali, agarrando o braço de
James para tentar puxá-lo para longe.
James o sacode. "Me ouça com muita atenção, Malfoy. Se eu descobrir que
você está tentando subornar os criadores dos jogos de novo, da próxima vez
que eu bater em você, eu não vou parar até que você esteja morto, porra, está
me ouvindo? "
"Eu não fiz tal coisa," Lucius retruca bruscamente. "Eu não aprecio a
implicação de que—"
"Não? Então, você não levou Verna—um criadora dos jogos—para o pub
ontem à noite para suborná-la? Para garantir que Regulus lidaria com o pior
na arena, ou morreria mais rápido? Sirius também?" James desafia, sua voz um
silvo baixo para que ninguém ouça além deles.
"Obviamente eu não fiz isso," Lucius retruca. "Você é novo como mentor,
mas permita-me deixar claro como isso funciona. Os criadores dos jogos não
podem ser subornados, Potter."
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CRIMSON RIVERS
"Oh, eu sei que eles não deveriam ser, mas todos nós sabemos que isso pode
acontecer, e aconteceu," argumenta James. "Engraçado, na verdade, porque há
uma testemunha colocando você no pub ontem à noite com Verna, onde
vocês dois discutiram um acordo." Isso é tecnicamente verdade, porque Remus
é a testemunha, e ele contou a James tudo o que ouviu esta manhã no café da
manhã. "Isso significa que você está propositalmente fazendo o que pode para
influenciar os jogos. Hoje, é Regulus. Quem pode dizer que amanhã não é
Rabastan? Ou Alecto? Ou Alice? Qualquer coisa para avançar, certo, Malfoy?
Qualquer coisa para você ganhar."
Frank solta as mãos de James, e agora ele está bem ao lado dele, encarando
Lucius.
Sirius, por exemplo. A única vez que ele influenciou os jogos foi com
Slughorn, e isso foi para tirar James e Regulus. Talvez, de certa forma, isso não
seja diferente do que Lucius fez para trazer tributos para casa; a motivação e
intenção por trás disso é diferente, no entanto. Sirius fez isso por amor e
desespero. Lucius fez isso pela glória.
E isso é pior, porque ele está trabalhando ativamente para garantir que
Regulus, no mínimo, sofra. Ele gostaria que Sirius sofresse também, pelo que
Remus disse, mas McGonagall está de olho nele, aparentemente.
Este não é um bom visual para Lucius, de jeito nenhum. Qualquer respeito
que os outros mentores pudessem ter por ele é imediatamente questionado.
616
ZEPPAZARIEL
Seus tributos também estão na arena. É muito, muito estúpido fazer esse tipo
de movimento, porque uma vez descoberto, há repercussões.
Com isso, James se vira e vai embora, deixando essa verdade se estabelecer
atrás dele enquanto ele vai, porque não era uma mentira. James não é um bom
mentiroso. Ele nunca foi.
Caso não seja óbvio, James não está de bom humor. Há muitas, muitas
razões para isso. Um, uma falta geral de sono porque ele passou a noite
anterior se preocupando com Sirius e Regulus. Dois, o empurra-empurra
sobre o que diabos Regulus está fazendo com os Comensais da Morte, e ainda
confiando nele, apesar de sua confusão. Três, acordar e ver que Regulus teve
que passar a noite na chuva, descaradamente atormentado por ela, e James
não conseguiu chegar até ele ou ajudá-lo. E então, finalmente, quando Remus
entrou para divagar sobre o que ele ouviu na noite anterior, foi apenas uma
cereja no topo desse sundae de merda.
Então, sim, James não está com vontade de fazer ameaças vazias. Ele disse
o que disse, e ele quis dizer isso. Ele veio para dizer o que precisava, e o fez. E
agora, ele tem trabalho a fazer.
"Sabe, se for preciso, eu ajudo," Frank anuncia enquanto caminha com ele.
"Com Malfoy, quero dizer."
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CRIMSON RIVERS
James acena e murmura, "Sim, eu... uh, eu preciso enviar uma mensagem
para Regulus."
"Certo, bem, tome cuidado para não desperdiçar doações muito cedo,
James," Frank avisa, mas mesmo assim ele aponta por cima do ombro de
James. "Se é tão importante, me siga..."
~•~
Bem, ele não duvida que inúmeras pessoas que assistiam sabiam. James
sabia. James provavelmente viu os destaques, mas Regulus espera que James
possa ver que ele está bem agora.
Bem é subjetivo, na verdade. Ele está bem comparativamente, que tal isso?
Acordado e em movimento, focado, visão clara sem lágrimas para bloquear.
Ainda aqui e ainda continuando.
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ZEPPAZARIEL
Ele se orgulha disso. Ele quer que aconteça de novo? Não, absolutamente
não. Ele tem certeza de que pode sobreviver, se isso acontecer? Sim, ele tem, e
o conforta saber disso.
O toque suave de uma caixa de patrocinador faz com que todos parem
lentamente, todas as cabeças se inclinando para cima enquanto observam a
caixa flutuar em um pára-quedas por cima da cerca viva. Ela desce
suavemente, balançando e tecendo no ar, afundando no lugar certo sobre
Regulus. Ele engole em seco e estende as mãos assim que a caixa se acomoda
suavemente em suas palmas.
"Oh?" Rabastan diz, parecendo divertido. "Bem, quero dizer, você disse
que vocês dois estavam planejando se casar, mas eu não achei que fosse nada
oficial. Bom para você, cara."
"Fofucho está crescido," Bellatrix engasga com uma fungada falsa. "Ouviu
isso, Cissy? Ele é um homem comprometido."
Regulus faz uma carranca, nem um pouco apreciando que ele tem uma
audiência olhando para ele como abutres. Ele especialmente não gosta que
Yaxley esteja aqui para isso, que já revirou os olhos pelo menos duas vezes.
Suspirando, Regulus abre a caixa e a inclina para ele para ver o que está
dentro.
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CRIMSON RIVERS
Imediatamente, contra sua vontade, seu rosto explode com calor, corando
com algum prazer interior ridículo ao ver um bagel ao lado de um pedaço de
cream cheese no menor recipiente que ele já viu em sua vida, contornado em
forma de flor. Ele não pode evitar a forma como seu rosto suaviza,
automaticamente, porque é claro que James lhe enviou um bagel, e é claro que
James encontrou uma maneira de lhe enviar uma flor, mesmo aqui. Depois da
noite passada, é uma fonte constante de conforto que coloca uma explosão
brilhante de calor bem no centro de seu peito. James sabia que isso o faria se
sentir melhor. Regulus poderia chorar.
O que ele faz, em vez disso, é sentir seus lábios se curvarem nos cantos,
seu rosto ainda quente e seu coração ainda palpitante. Mais uma vez, ele
gostaria que James estivesse aqui, não para ele estar em perigo, mas apenas
para que Regulus pudesse beijá-lo. Oh, ele sente muita falta dele.
"Puta que pariu, ele está sorrindo?" Rabastan pergunta. "Eu não sabia que
ele podia fazer isso. James Potter, você tem habilidades."
"Tudo bem, tudo bem, vão se foder," Regulus resmunga, seu sorriso
desaparecendo enquanto ele olha para todos eles, bufando quando todos
continuam parecendo divertidos, exceto Yaxley. Até Dixon parece levemente
entretido com toda a provação.
"Olha—"
"Eu não—cale a boca, cai fora", Regulus retruca quando Narcissa começa a
rir e Rabastan tem que se curvar e apoiar as mãos nos joelhos enquanto ele
explode em risadinhas. "Nenhum de vocês sabe o contexto, então apenas
cuide da porra da sua vida."
A risada continua.
620
ZEPPAZARIEL
Regulus a ignora, passando pela flor de bagel e cream cheese para pegar o
pequeno cartão branco. Quando ele o vira, não há palavras. O cartão apenas
diz: ???
Isso é, objetivamente, meio hilário. Apenas: ??? Apenas isso, que James
decidiu enviar ativamente, provavelmente porque resume adequadamente seu
estado emocional no momento, pelo menos em relação à companhia que
Regulus escolheu manter.
Fazendo uma leve careta, Regulus olha para cima cansado e não diz nada
antes de esfarelar o cartão em seu punho. Ele come o seu bagel, no entanto,
enquanto o grupo continua.
~•~
"Bem, melhor dizer isso do que dizer que está me dando nos nervos. Você
é irritante, McKinnon. Dê um tempo, sim?"
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CRIMSON RIVERS
"Sim, bem, claramente elas não vão. Elas teriam feito isso agora, se
pudessem," Marlene diz. "Nós vamos nos deparar com elas se apenas dermos
um passo em frente. Podemos ir?"
"Pare com isso," Emmeline repreende, "Eli teve uma noite muito ruim, e
ele ainda está descansando."
Isso é verdade. Sirius lança um olhar para Eli, que passou a maior parte da
noite gemendo de dor entre os vômitos, até que não havia mais nada para seu
corpo dar. Eles se revezaram para garantir que ele tivesse água da chuva para
beber, o que não ajudou muito, mas garantiram que ele estivesse hidratado em
toda aquela bagunça. O pobre homem está suando, alucinando e implorando
por uma bebida sempre que fica lúcido o suficiente para formar frases
completas.
A questão é que Sirius está tão ansioso para se levantar e ir embora quanto
Marlene, embora provavelmente por razões muito diferentes. Ele duvida que
ela se importe muito em encontrar Regulus, mas está claro que ela não gosta
de ficar em um lugar por muito tempo.
622
ZEPPAZARIEL
segura sua lança e fica de vigia ao redor deles enquanto Emmeline e Marlene
se certificam de que Eli pode andar. Ele está falando, mas é rouco e
gaguejante. Ele está se movendo, mas é lento e empolado.
Sirius acompanha Marlene, e ele olha para ela com o coração afundando
em seus pés. "Marlene?"
"Sim?"
Marlene apenas olha para ele, e Sirius sente seu estômago cair junto com
seu coração. Um nó se forma em sua garganta, e ele quer tanto parar e puxá-la
para um abraço, mas ele sabe que ela não vai suportar isso. Aqui não. Assim
não. Não depois de tudo que ela passou ultimamente.
Sirius também sabe. Ele pode não saber até que ponto Eli está passando
por isso, mas ele está desintoxicado e sofreu abstinência também. Muitas,
muitas vezes. Ele nunca quis que Marlene mergulhasse tão fundo nisso, e tudo
em que ele consegue pensar é nas vezes em que ele deixou Marlene beber
porque sabia o quão difícil era ser um mentor, ou todas as vezes em que
percebeu os sinais de que ela estava bebendo demais e dispensou-os, porque
todos eles bebem quando as coisas ficam difíceis, e todos eles lidam com isso,
e isso não significa que Marlene estava se tornando dependente disso.
Mas ela olha para ele, e ele sabe que ela se tornou. Ela olha para ele, e seu
peito dói, porque ele tentou—ele sempre tentou tão fodidamente—cuidar dela,
ajudá-la, e ele falhou. Ele fodeu tudo. Porra, ele nem percebeu.
"Oh, porra, Marlene," Sirius resmunga, "Eu sinto muito. Merda, eu—"
623
CRIMSON RIVERS
"Sirius," Marlene interrompe, "Não se preocupe com isso. Foi uma merda?
Sim. Mas eu superei isso? Sim. Eu superei, e ainda estou aqui. Você é parte da
razão para que eu esteja, quer você perceba ou não. Vamos deixar por isso
mesmo, ok?"
"Você era uma das pessoas que eu não queria que soubessem." Marlene
limpa a garganta e desvia o olhar. "Não queria te decepcionar, eu acho. Eu
não sei. Eu só... Você estava sempre tentando, por mim, e então eu—" Ela
balança a cabeça, engolindo em seco. "Eu consegui ajuda, no entanto. Alguém
realmente importante para mim me encorajou, e eu fui corajosa o suficiente
para realmente fazer isso. Eu estou bem agora, certo? Não—eu não quero que
você me trate de forma diferente. "
Sirius a encara, ferido. "Eu não faria isso. Nunca. Eu juro. Eu—bem,
poucas pessoas sabem disso, mas eu também sei. Eu também precisava de
ajuda, e não há vergonha nisso. Eu nunca ficaria desapontado com você, ok?
Eu estou orgulhoso de você."
"Eu não sabia que você..." Marlene para e olha para ele, seus lábios se
inclinando para baixo. Ele dá um pequeno encolher de ombros e um pequeno
e triste sorriso. Há muito que as pessoas não sabem sobre ele, coisas que ele
nunca poderia revelar ao interpretar o papel que ele faz na Relíquia. Seu olhar
é suave. "Sim, bem, eu estou orgulhosa de você também."
Isso é tudo o que é dito sobre isso. Isso é tudo o que precisa ser dito, entre
eles. Ele se inclina e gentilmente bate seu ombro no dela, o ileso, e eles
continuam.
~•~
Regulus infelizmente ouviu isso. E, com isso, ele quer dizer o crescente
farfalhar das cercas vivas à frente do grupo, tão alto que todos pararam
repentinamente. A parede verde de ambos os lados está tremendo.
624
ZEPPAZARIEL
"Obrigado, Capitão Óbvio, como se isso não estivesse ficando cada vez
mais claro," Alecto sibila, já recuando enquanto todos se juntam a ela para
fazer o mesmo.
Regulus não precisa que alguém diga a ele. Ele já se foi. Ele está correndo
mais rápido que nunca, possivelmente, não esperando por ninguém ou se
importando para onde eles vão. Não que eles possam ir a qualquer lugar, na
verdade, porque estão todos presos em uma longa passagem juntos. Houve,
em algum momento, uma passagem diferente para entrar, mas parece ter
desaparecido no caminho de volta.
Uma espada corta bem ao lado dele, enviando várias mãos ao chão,
jorrando sangue, o cheiro disso espesso em seu nariz. Ele se livra do aperto
duro de uma mão com garras em seu braço, as unhas cravadas, girando sua
adaga para bater no pulso enquanto ele se liberta com um rosnado.
~•~
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CRIMSON RIVERS
"Corram!" Sirius ordena bruscamente, então ele mesmo faz isso, girando no
local e decolando. Ele pode ouvir os outros seguindo, até mesmo Eli, que está
ofegando enquanto anda.
Você nunca realmente se sente tão vivo quanto quando a morte está
respirando em seu pescoço.
Sirius se vira e corre. Ele se vira, e corre, e se vira, e corre. Ele vai e
continua e sente que não está indo a lugar nenhum, convencido de que há
algo beliscando seus calcanhares, alcançando seus tornozelos, e uma vez que
seu passo terminará com ele no chão, depois embaixo dele, em seu túmulo.
O mundo desapareceu, e tudo o mais está perdido. Ele não sabe onde está,
onde estão seus aliados ou do que está realmente fugindo. Ele apenas sente,
intrinsecamente, que não pode ceder ao abraço da morte que espera, que tenta
puxá-lo de volta pelo colarinho, que sussurra como o vento contra a concha
de seu ouvido.
Ainda não. Ainda não. Ainda não, ainda não, ainda não.
E assim, Sirius corre, e ele não para de correr até que ele faz uma curva e
bate diretamente em outra pessoa, tropeçando com o impacto até quase
tombar. O acidente coloca o mundo em foco, e a primeira coisa que ele ouve
é um choro.
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ZEPPAZARIEL
Sirius inala bruscamente quando ele se orienta o suficiente para ver Camilla
bem na frente dele, um olho arranhado, sangue escorrendo por sua bochecha.
Há sulcos profundos por todo o rosto e pescoço dela, assim como nos braços
e pernas, e o estômago de Sirius dá uma guinada quando ele reconhece.
"Ok, ei, ok," Sirius deixa escapar enquanto ela se move como se fosse
passar por ele. "Não, você não pode ir por esse caminho. Confie em mim, não
é uma boa ideia. Há algum tipo de neblina verde, e eu apostaria minha vida
que é mortal, então não por esse caminho, ok?"
"Nós não podemos voltar por esse caminho," Camilla soluça, gesticulando
trêmula atrás dela. "As mãos. Há tantas malditas—"
Sirius se abaixa para pegar a mão dela, engolindo em seco enquanto olha
para ela. Um olho está bem, o outro está uma bagunça sangrenta. "Eu posso
ver um lugar por aqui. Vamos."
"As mãos—"
"Eu prometo, se houver mãos, nós não iremos por esse caminho."
Vendo que Camilla não está no melhor dos estados no momento, o que é
justo, Sirius apenas mantém um aperto firme na mão dela e a puxa para uma
corrida. Ele perdeu todos os outros, não tem ideia de onde estão, mas sabe
que ninguém morreu. Não há canhão. Parece que o labirinto é um maldito
campo minado de horrores neste momento em particular. Camilla está certa,
no entanto. Realmente não há para onde ir; eles são todos apenas ratos em um
labirinto sem saída, guiados de um pesadelo para o outro.
A corrida recomeça, agora com alguém com quem Sirius nunca esperou se
encontrar em primeiro lugar. Camilla ainda está chorando, mesmo tropeçando
atrás dele.
Eles correm por uma passagem, então pegam uma curva para subir a
próxima. Há uma abertura no meio do caminho que Sirius os puxa, apenas
627
CRIMSON RIVERS
Sirius pisca quando eles param e cambaleiam para trás, observando uma
névoa verde se espalhar de um canto à frente, e—
Sirius pisca—
Sirius pisca—
Sirius—
~•~
628
ZEPPAZARIEL
"Por que ele não está correndo?" Pandora pergunta desesperadamente, com
os olhos brilhando com lágrimas. Ela tem as mãos apertadas juntas, as pernas
saltando para cima e para baixo com pura ansiedade.
"Ele não está lá," resmunga Remus. Volte, ele pensa, olhando para Sirius
com os olhos arregalados. Volte. Você tem que voltar agora, agora mesmo, amor, ou
você vai—
Remus expira.
Sirius ainda não está lá, não realmente, mas ele começa a correr quando
está em movimento, aparentemente só porque Camilla o puxa. É estranho ver
Sirius passar pelos movimentos dele, correndo sem expressão. Ele não vai se
lembrar disso, não dessa parte, e Remus se pergunta se isso é uma gentileza.
"Oh, isso é tão ruim. Eu me sinto doente," Pandora ofega, seu braço
subindo para embalar seu estômago. "Isso é doentio, Remus. Sempre foi
doentio, mas isso—"
Ninguém dentro daquele labirinto não está passando por algo agora. Todos
eles estão correndo por suas vidas. Cada grupo está dividido ao ponto de
serem pessoas correndo em pares ou pessoas correndo sozinhas. A morte os
cerca por todos os lados, cada um deles. Todos eles só querem sobreviver.
Sobreviver.
passada, depois que Marlene o cutucou para acordá-lo com um bastão e ele
apareceu balançando. Não durou muito tempo, e ele não estava em
perigo imediato, então não era tão preocupante quanto isso.
Não demora muito para Sirius voltar desta vez também, felizmente. Remus
observa isso acontecer, vê ele dar uma piscada dura e tropeçar um pouco
surpreso ao encontrar-se correndo, vê ele essencialmente se livrar disso com
uma careta e apenas—continuar correndo. Claro que ele corre.
~•~
E está. Está uma bagunça do caralho nessa arena agora, para praticamente
todo mundo. Majesty está sozinha, fugindo das mãos. Lester está sozinho,
fugindo da neblina. Bellatrix e Narcissa se separaram fugindo dos dois.
Marlene está sozinha com um braço quebrado, correndo para salvar sua vida.
Augusta e Alice estão correndo juntas, enquanto Alecto está sozinha, assim
como Dixon. Eli e Emmeline estão juntos, um par improvável da mesma
forma que Sirius e Camilla, Rabastan e Asher, e Regulus e Yaxley são—
embora, Regulus nem pareça perceber que Yaxley está correndo atrás dele, e
já que é das mãos que eles está fugindo, James não está nem um pouco
surpreso com isso.
630
ZEPPAZARIEL
Eles estão tão presos no meio da fuga de ameaças externas que ninguém
parece se importar em se unir com o outro. Isso lembra James visceralmente
do momento em que ele e Regulus se uniram a Axus, Bernice e Peter para
derrubar a aranha feita pela Relíquia usando o rosto e o torso de Irene. A
sobrevivência é um forte motivador; pode separar as pessoas, e pode uni-las.
James sabe disso. Ele experimentou ambos.
Isso sem contar que as malditas paredes do labirinto se movem. Elas mudam
e mudam quando e onde quiserem. Elas se abrem em alguns lugares e fecham
em outros. Uma passagem se transformará em um loop sem saída. James
assistiu Majesty andar em um maldito círculo por uma hora seguida.
James lembra como sua mãe disse, uma vez, que os jogos costumavam ser
apenas pessoas jogadas em um campo e mandadas matar umas às outras, e
como ninguém poderia realmente glamourizar isso. Ele está descobrindo que
esta arena é da mesma maneira, exceto pior, porque as pessoas dentro são
jogadas para serem atormentadas e brincadas o tempo todo. É doentio assistir.
A pior parte é que James sabe que existem algumas pessoas por aí que
estão realmente gostando. Pessoas que acenam para os pesadelos dos tributos
com um revirar de olhos; pessoas que se empolgam com as brigas e
prosperam com a violência; pessoas que sempre viveram e ainda vivem por
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CRIMSON RIVERS
tudo o que os jogos vorazes representam, não importa a arena, e—para eles—
quanto pior for para os que estão dentro, melhor será para eles assistirem.
Eles vêem essas pessoas reais e não têm empatia, absolutamente nenhuma.
James podia entender se fosse falso, se esses fossem atores pagos e ninguém
estivesse realmente destinado a se machucar, porque isso não seria realidade. Isso
não seria real. Seriam apenas personagens que na verdade não existem, e
ninguém está realmente sendo prejudicado. Mas isso? É real. Estas são pessoas
reais morrendo; são pessoas reais sofrendo. Como alguém pode assistir isso e
se divertir?
Bem...
Então, agora, aos olhos de muitas Relíquias, eles estão realmente assistindo
pessoas reais, porque todos são Vitoriosos; eles já alcançaram a humanidade.
É mais difícil para eles verem e se divertirem, agora que aplicaram esse senso
de realidade a isso.
632
ZEPPAZARIEL
James se lembra de ter vindo no trem um ano atrás, acenando para rostos
radiantes, abrindo sorrisos para aqueles que gritaram e aplaudiram em puro
deleite.
"Eles não sabem," James respondeu, ainda sorrindo. "Assim como nós fomos
condicionados, eles também, Regulus. Não é realmente culpa deles, se você pensar bem. Eles
não fizeram os jogos."
"Sim, exatamente como eles foram ensinados. Assim como nós os assistimos. Assim
como fomos ensinados a temê-los."
James se lembra como se fosse ontem, e uma parte dele que luta tanto com
o tempo não tem certeza de que não foi. Suas sobrancelhas se juntam
enquanto ele observa a tela. Lentamente, ele inclina a cabeça.
Huh.
Ele sente o pensamento tomar forma em sua mente, tão forçado e fora dos
limites quanto parece, mas se encaixa. Minerva McGonagall é uma professora
rigorosa, e ela parece estar ensinando todos que foram condicionados a amar
os jogos a temê-los. Ninguém poderá assistir e continuar sem saber, não mais.
Agora, por que ela faria isso?
James revira isso em sua mente um pouco, então finalmente deixa para lá,
porque não importa que lição essas pessoas precisem aprender, ele não aprecia
seu melhor amigo e o homem que ele ama sendo usados na demonstração.
~•~
633
CRIMSON RIVERS
Porra.
Ok, essa é uma avaliação justa, na verdade, mas Regulus não gosta de
Yaxley o suficiente para se incomodar em concordar ou responder. Ele apenas
fica parado e sente seu coração acelerado lentamente começar a se acalmar.
É uma pessoa a menos para lidar, e todos eles vão ter que morrer de
qualquer maneira. Regulus não estaria se defendendo, no entanto. Ele estaria
matando apenas para matar, e ele nunca... Ele não fez isso antes. Nunca se
tratava de tirar a vida de alguém quando ele estava tirando vidas. O mais perto
que ele chegou disso foi Irene, mas isso foi misericórdia. Uma gentileza,
diriam alguns. Ainda assombra Regulus, apesar disso.
634
ZEPPAZARIEL
Assassinato é assassinato, e Regulus não se sente bem com isso, com nada
disso, mas seus sentimentos em matar Thorfinn são muito semelhantes aos
seus sentimentos em matar Quinn. Ele particularmente não queria matá-los;
ele apenas... fez, como resposta, sem realmente pensar nisso de antemão. Um
instinto, na verdade. Quinn jogou sua lança em Evan, então Regulus jogou sua
adaga nela. Thorfinn disse que ele teria que ser morto para ser impedido de ir
atrás de Sirius, mesmo que Regulus explicitamente disse a ele o que ele faria sobre
isso, e então Regulus o matou. Terceira lei de Newton: para cada ação na
natureza há uma reação igual e oposta.
Mas, matar Yaxley agora, seria matar por matar. Bem, as leis disso são
complexas aqui, na arena, quando o assassinato é imposto às pessoas. No
entanto, Regulus simplesmente não poderia matar Yaxley, neste momento,
porque Yaxley não fez nada para justificar isso, além de ser alguém que
Regulus não gosta. Ele não ameaçou Sirius explicitamente; ele não tentou
atacar Regulus; ele não fez nada, na verdade.
A segunda coisa que ele vê é o punho de Sirius, apenas o flash dele, apenas
alguns segundos antes de colidir com o lado de seu rosto.
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CRIMSON RIVERS
50
IRMÃO
Agora, não o entenda mal, ele tinha a intenção de dar um soco em Regulus
no momento em que chegasse ao alcance, apenas para dar o troco por socar
ele e roubar seus suprimentos. Ele está até agitado, um pouco, que isso
acontece quando nem é o que ele quer fazer.
Mas, na verdade, Sirius apenas reage por instinto. Ele bate em alguém, é
empurrado e, naturalmente, apenas ataca com o punho antes mesmo de
pensar nisso. Ele está se recuperando da pressa de correr para salvar sua vida,
então inesperadamente é derrubado, e então ele está socando seu irmão na cara
antes mesmo de perceber o que está acontecendo.
Regulus absorve. Ele recebe o golpe como se estivesse esperando por isso.
636
ZEPPAZARIEL
E então ele está se lançando do chão para socar Sirius com tanta força que
ele tropeça para trás com um grunhido. Antes que ele possa se equilibrar,
Regulus está agarrando-o pela frente de sua camisa e arrastando-o para
empurrá-lo para o chão. Regulus bate nele de novo, e Sirius bate nele de volta,
e oh, merda, eles estão tendo uma briga total.
É ruim. São unhas e puxões de cabelo e eles são brutais do jeito que apenas
irmãos podem ser. Em meros segundos, ambos fizeram um ao outro sangrar,
e eles não parecem inclinados a parar por aí.
Sirius bufa enquanto ele chuta e bate sua bota na perna de Regulus,
ganhando um silvo baixo de dor, e ele usa o espaço para se arrastar para trás
pelo chão. Mais uma vez, ele levanta a perna e chuta mais uma vez, sua bota
colidindo com o peito de Regulus com tanta força que ele chia ao voltar,
batendo no chão com um baque e um gemido baixo.
Sirius se levanta, ofegante, então cospe sangue em seus pés enquanto faz
uma careta para Regulus, que está lentamente se levantando para ficar de pé,
seus movimentos cheios de tensão.
"E então?" Yaxley exige, cutucando Regulus nas costas. "Vá em frente,
Regulus, mate ele."
Sirius pisca, então ele começa a rir. Ele quase deixa cair sua lança pela
forma como o riso flui através dele e parece pular livre de sua boca. "Matar—
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CRIMSON RIVERS
espere, matar? Quem, eu? Regulus? Regulus me matar? Quão estúpido você é,
Yaxley? Ele não vai me matar. Eu sou seu irmão, idiota."
"Sabe, Black, esse é o seu problema," Yaxley diz a ele com um sorriso de
escárnio. "Você é tão fodidamente arrogante."
"Isso não é arrogância. Isso é fato," argumenta Sirius. "Eu não sei por que
você quer tratá-lo como uma espécie de aliado—"
Desta vez, Yaxley é quem ri. Seus olhos se iluminam e ele balança a
cabeça. "Oh? Oh, isso é bom demais. Quer dizer que você não sabe? Você nem
sabe, não é? Meu Deus, Regulus, você não contou a ele?"
Por causa daquele olhar no rosto de Regulus. Por causa daquele olhar nos
olhos de Regulus. Porque, mesmo depois de todo esse tempo, Regulus ainda
está olhando para ele da mesma forma que ele fez no momento em que ele
parou na colheita. Mesmo aqui, na arena, Regulus está perdido para ele. Sirius
sente um nó se formando em sua garganta.
"Não," Sirius murmura, seu peito pulsando com essa dor horrível e forte
que torna a respiração difícil, e neste momento, ele deseja que James esteja
aqui para sincronizar sua respiração.
Regulus fica sem expressão quando diz, brandamente, "O quê? Não sou
um Comensal da Morte? É isso que você acha?"
"Claro que é o que eu acho, porque você não é," Sirius explode, coçando
por toda parte e desesperado, seu coração batendo forte e rápido em seu
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ZEPPAZARIEL
peito. "Você—você não seria, porque eles me querem morto, e você poderia
ter ficado comigo. Então, você não seria. Você não é. Você não faria isso
comigo."
"Oh, mas foi exatamente o que eu fiz," Regulus diz suavemente, e Sirius
inala bruscamente, congelando no lugar. Os olhos de Regulus piscam,
brilhando como lâminas. "Eu me juntei a eles no momento em que Bella
ofereceu. Eu agarrei a chance, mesmo. Então, quem é o idiota, Sirius? Porque,
se você me perguntar, é você."
"Por que ele não seria capaz?" Yaxley interrompe, os lábios se curvando
em um sorriso. "Você não seria sua primeira morte. Quero dizer, ele já matou
Coen, então ele é claramente capaz."
Camilla zomba, parecendo ofendida. "Oh, cai fora. Eu não gastei quase uma
década da minha vida tentando matar aquele bastardo para que algum pirralho
filho da puta tentasse levar o crédito. Foda-se isso e foda-se você. Eu matei
Coen. Isso foi eu."
"Eu entendo que deve ter sido difícil para você, não conseguir matá-lo,"
Regulus diz calmamente, "Mas criar uma narrativa falsa na sua cabeça para
lidar com isso não é realmente a realidade. Também não é saudável. Talvez
você devesse procurar ajuda."
"Camilla," Sirius diz em advertência, porque ele pode ver os ombros dela
tensos enquanto ela flexiona os dedos ao redor do taco.
"Sua cobra mentirosa," Camilla rosna, então começa a se lançar para frente
direto em Regulus.
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CRIMSON RIVERS
preso no modo proteger Regulus. Não é um modo do qual ele tenha certeza de
que pode sair, honestamente.
"Sim, isso não é bom, não é?!" Regulus rosna de volta, abaixando-se para o
lado no momento em que o taco de Camilla passa pelo braço de Sirius, onde a
cabeça de Regulus estava.
"Traição é traição!" Regulus grita, e ele se inclina contra Sirius com força
enquanto chuta com a perna. Sirius pode ouvir o suspiro de Camilla quando o
chute acerta.
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ZEPPAZARIEL
Sirius puxa a lança com força, a ferida aberta no peito de Yaxley jorrando
imediatamente. Yaxley raspa e arranha seu peito, atordoado enquanto a luz
escurece lentamente em seus olhos, sangrando. Ele tenta dizer algo, mas Sirius
não se importa com o que ele tem a dizer. Ele se vira para ver Regulus
empurrando Camilla para trás, que instantaneamente levanta seu taco para
acertá-lo na cabeça. Ele se abaixa ao mesmo tempo em que Sirius se joga para
frente e lança sua lança contra ela com precisão implacável.
Um momento.
Sirius range os dentes. "Regulus Arcturus Black, eu não sei o que deu em
você—"
"Oh, bem, você não soa exatamente como a mamãe?" Regulus sibila, e
Sirius recua no ataque. Regulus torce o lábio com desgosto e zomba, "Sirius
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CRIMSON RIVERS
Orion Black, o que deu em você? Nós não o criamos dessa maneira. Blá, blá, blá. É
assim que você parece, eu espero que saiba. Você parece estúpido."
"Você parece estúpido," Sirius corrige. "Você é estúpido. O que diabos você
estava pensando, sendo aliado dos Comensais da Morte? Reggie, você não
pode confiar neles."
Regulus só parece ficar mais irritado. "Não, mas eu confiei em você, Sirius!
Eu confiei em você, porra, e o que você fez? Você estragou tudo. Você
estragou tudo."
"Regulus," Sirius sibila, "Se você não começar a usar sua mente, eu vou
pensar que você a perdeu."
"Você é a pior pessoa desse mundo. Você é a pior merda de irmão que
alguém poderia ter," Regulus sibila, marchando para frente e estendendo a
mão para empurrar Sirius no peito. "Você prometeu. Você me prometeu—"
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ZEPPAZARIEL
Sirius não está preparado para o quanto essas palavras doem. Elas picam.
Muito. Oh, cara, elas picam. Ele—ele se esforçou muito para cuidar de
Regulus, ele realmente se esforçou, mas...
Engolindo em seco, Sirius sussurra com voz rouca, "Eu também era uma
criança."
"Sim, eu sei," Regulus diz, seu volume caindo e sua voz ficando fria. Seus
olhos estão mais frios. "Quem não cresceu foi você, Sirius, não eu. Você ainda
é aquele garoto que tenta me proteger a cada passo, mas eu envelheci e
aprendi a cuidar de mim mesmo, e eu não preciso mais de você."
"Cale a boca," Sirius diz reflexivamente, sua boca seca, o coração batendo
forte em seu peito. Você precisa, ele pensa desesperadamente. Você precisa de
mim. Você sempre vai precisar de mim.
"O que eu mais lamento não é que você quebrou sua promessa, Sirius,"
Regulus continua. "É que eu perdi tempo me preocupando o suficiente para
pedir uma promessa sua."
"E eu não faço isso mais," Regulus insiste. "Me importar. É libertador,
honestamente. Ver quem você é, de verdade, depois de ser enganado
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CRIMSON RIVERS
pensando que você poderia valer a pena meu esforço. Sabe, você
é sufocante. Você é egoísta. Você é cada coisa que mamãe e papai sempre
falaram sobre você. Eu não entendia na época, mas agora eu entendo o que
eles viram quando olharam para você e por que ficaram tão
fodidamente desapontados."
Não.
A mente de Sirius apenas—não aceita isso. Isso não. Não de seu irmão.
Seu irmãozinho. Sempre seu irmãozinho.
"Você quase me fez acreditar," admite Sirius com uma bufada, balançando
a cabeça enquanto preguiçosamente estende a mão para tirar a adaga da mão
de Regulus, observando-a cair no chão antes de ampliar sua postura. "Tudo
bem, Sr. Comensal da Morte. Faça uma tentativa."
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ZEPPAZARIEL
Sirius sacode as mãos, rola a cabeça no pescoço e salta no lugar. Ele sorri.
"Vamos, Reggie, você nunca se perguntou quem é melhor entre mim e você?"
Talvez isso seja um pouco confuso, mas Sirius não pode deixar de ser
ridiculamente aquecido por isso. Regulus—essa é a coisa com ele, na verdade.
Suas ações sempre falaram por ele, não importa quais palavras saíssem de sua
boca. Regulus pode dizer qualquer coisa que queira insinuar que ele despreza
Sirius, e ainda assim, aqui está ele, fazendo tudo ao seu alcance apenas para
tocá-lo. Para tê-lo novamente.
"Oh, você vai querer não se deixar exposto aqui," Sirius anuncia, dando
um tapa na lateral de Regulus gentilmente. Ele começa a rir e recua quando
Regulus tenta dar um soco na lateral do rosto de Sirius, errando por pouco.
"Sua forma está boa, na verdade, mas você está ficando desleixado."
"E?" Regulus estala, abruptamente parando no lugar para olhar para ele,
seu peito arfando.
"Eu não tenho que lutar com você," Sirius diz simplesmente. "Eu posso
vencer você sem nunca colocar a mão em você. Eu sou melhor, Reggie.
Simplesmente sou, e tudo bem. Eu tenho que ser, por você. Eu tenho que ser,
por isso. Então, eu sou, e você pode levar o seu tempo para chegar a um
acordo com isso; você realmente tem algumas coisas para resolver—"
"Pare com isso! Apenas—pare, porra," Regulus declara, batendo nas mãos
de Sirius e olhando para ele. Ele dá um passo para trás, olhar calculista e
afiado. "Você não vai lutar comigo."
"Oh, é isso que você pensa?" Regulus pisca para ele, e é como se toda a sua
raiva simplesmente desaparecesse. Antes, ele era uma janela quebrada que
deixava a tempestade de dentro para fora; agora, assim, ele fechou a janela
com tábuas, e tudo ainda está dentro. "Já passou pela sua cabeça pensar que
eu me juntei aos Comensais da Morte porque eu concordo com eles?"
Sirius estala os dentes. "Oh, por favor. Desista, Regulus. Eu já entendi tudo
e você não pode me enganar. Você simplesmente não pode."
"Você se enganou. Eu nem precisei fazer nada; isso é o quão idiota você é,"
diz Regulus. "Você acha que eu estou tentando proteger você, sério? Isso é mais
coisa sua do que minha, não é?"
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CRIMSON RIVERS
Regulus zomba. "Pelo amor de Deus, Sirius, você está se agarrando. Você
percebe isso? Você está tão desesperado para acreditar que eu nunca te
machucaria que está inventando mentiras para lidar com isso. Eu não me
juntei aos Comensais da Morte para proteger você, seu idiota do caralho."
"E quanto a James?" Sirius pergunta sem rodeios, e Regulus fica muito
quieto. Sirius cantarola. "Sim. Ele está assistindo agora, sabe. Assistindo nós
dois. Você está realmente bem com o quê, me matar bem na frente dele?
Você planejou isso?"
"Não, você subestima, geralmente. Eu sei o quanto ele te ama. E eu sei que
você nem percebe isso completamente, porque você não sabe como aceitar
isso, então eu sei que você não está usando isso como um desculpa para fazer
o que você está fingindo que está tentando fazer aqui."
"Eu—" Sirius faz uma pausa, vacilando, sua mente pulando como um
disco fora da pista. Ele não pode evitar, aquele pensamento insidioso de que,
em seu desespero para voltar para James, Regulus se agarraria à sua raiva de
Sirius apenas para lidar, deixaria se transformar em ódio para que ele pudesse
deixar Sirius morrer e não sentir o quão dói. Regulus faria isso. Ele é um
homem confuso e complexo jogado em situações impossíveis e lutando com
sentimentos que ele não sabe como. Sirius hesita por um longo tempo, então
se afasta. "Não, eu não compro isso também."
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ZEPPAZARIEL
Regulus não quebra. Ele não descongela. Ele permanece imóvel e frio.
Com um aceno brusco, ele gira nos calcanhares e mergulha para pegar a adaga
do chão. Ele a segura com força, então se levanta, gira e se move direto para
Sirius.
"Esse é o seu erro," Regulus anuncia, e então ele está se jogando para a
frente, e é diferente.
É mais difícil, então, bloquear e esquivar. Sirius faz, mas ele não está mais
rindo, porque ele tem que se concentrar. Ele não pode perder um movimento,
um deslocamento do corpo de Regulus, um lampejo da adaga. Se ele fizer
isso—bem, se ele fizer isso, Regulus vai cortá-lo.
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CRIMSON RIVERS
Nem dói tanto. Não é muito profundo, e Sirius teve piores, mas é
desorientador puramente porque foi Regulus quem fez isso. Ele olha para cima
com uma reprimenda na língua, apenas para inalar bruscamente quando vê
Regulus ainda vindo.
Sirius reage sem querer, mais uma vez. Ele pega a mão de Regulus com a
adaga, então balança a mão livre para socar Regulus bem no rosto. Regulus
resmunga, xinga e tenta corrigir onde Sirius o tirou do curso. Sirius não o
deixa, nem mesmo lhe dá tempo, apenas puxa seu pulso e coloca um braço
em volta da garganta de Regulus. Facilmente, rapidamente, Sirius puxa
Regulus e levanta os braços para prendê-lo em uma chave de braço.
"Porra, pare com isso, seu merdinha," Sirius sussurra em seu ouvido. "Isso
não vai funcionar. Você só está me irritando."
Regulus não responde fora um rosnado, e então ele joga seu cotovelo de
volta no peito de Sirius com força. Sirius—teimoso como ele é—não solta.
Regulus se mexe, jogando o cotovelo para trás novamente, então alcança
Sirius pelas costas de sua camisa enquanto ele se lança para frente, dobrando-
se ao meio e jogando Sirius totalmente sobre ele.
"Já acabou a birra?" Sirius ri quando Regulus revira a mandíbula, então fica
de pé.
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ZEPPAZARIEL
"Oh, é isso que você acha que é?" Regulus pergunta zombeteiro,
inclinando a cabeça. "Você realmente se convenceu, não é? Que eu não iria te
trair. Que eu não iria te matar."
Sirius suaviza, impotente, "Eu sei, e esse é você. É você, e eu sei que você
sabe disso. Eu sei que você sabe que eu vou garantir que você chegue em casa,
e isso dói, isso te assusta, mas ceder à raiva não vai ajudar. Só vai piorar
quando eu for."
"Eu não vou me machucar," afirma Regulus, e ele soa como se estivesse
falando sério. Ele parece estar falando sério. "Eu vou ficar totalmente em paz
quando tudo isso acabar."
"Pare com isso," Sirius sussurra. "Apenas pare. Você não entende? Você
não pode provar algo que eu já sei que não é real."
Regulus não se move, não desvia o olhar, não faz nada por um longo
momento—e então, calmamente, ele diz, "Você está disposto a apostar sua
vida nisso?"
"Sim," Sirius diz com firmeza, então estende os braços e se torna um alvo
aberto. Tudo o que Regulus tem que fazer é jogar sua adaga, e pronto. Ele não
joga.
"Eu conheço a sua lua, não é, Sirius?" Regulus diz, olhando para ele. "Oh,
isso iria doer, não iria? Isso faria você desistir completamente, se eu apenas
dissesse o nome dele."
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CRIMSON RIVERS
"A vida dele estaria arruinada no momento em que ele estivesse conectado
a você," Regulus murmura. "Porque é isso que você faz. Você estraga as
coisas. Por que eu não compartilho com o mundo a facilidade com que você
arruinou a lua? Um nome. Isso é tudo que vai demorar."
"Não se atreva, porra," Sirius sibila, dando um passo à frente e ouvindo seu
sangue correr em seus ouvidos, instintos descontrolados, tudo desequilibrado
pela ameaça. Se Regulus disser o nome de Remus, é isso. Remus está morto.
Ele—ele não faria isso, certo? Remus é seu amigo. Então, por que ele está
assim? Por que Sirius está tão assustado? "Cale a boca. Pare. Você não faria
isso."
Sirius não o deixa terminar. Nem lhe dá chance. Em segundos, ele tem
Regulus de costas no chão, acertando-o uma, duas, uma terceira vez.
"Cale a porra da sua boca!" Sirius ruge, tremendo todo enquanto se inclina
sobre Regulus e paira seu punho em ameaça.
De novo.
De novo.
E de novo.
As coisas entram e saem, sua mente em alvoroço, e ele está aqui, depois se
foi, aqui, depois não, e volta novamente. Sirius sente como se o mundo
estivesse girando ao seu redor, girando em uma nuvem nebulosa de aquarelas
opacas, o ar viciado e o fedor de morte e sangue grudado em seu nariz.
652
ZEPPAZARIEL
Ele realmente quer matar Sirius e voltar para casa, custe o que custar. Seu
próprio irmão. Sirius, que ia morrer por ele. Sirius, que ainda quer. Sirius, que
ainda o faria, se não fosse o fato de que o homem que ele ama está sob
ameaça.
E é aqui, com Regulus debaixo dele, sendo espancado até a morte pelas
mãos de Sirius, que Sirius percebe que também o odeia.
Depois de tudo isso, foi Regulus quem jogou fora, zangado, traído e
magoado. Seu irmãozinho. Sempre seu irmãozinho.
"Eu dei tudo por você!" Sirius grita, então bate em Regulus novamente. "E
isso é o que você me dá?!"
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CRIMSON RIVERS
Sirius bate nele de novo, soltando um suspiro áspero que escapa dele como
um soluço, lágrimas quentes escorrendo pelo nariz enquanto ele confessa,
"Eu odeio você. Eu odeio você, porra. Por que você faria isso? Como você
pode fazer isso comigo, depois que eu—depois de tudo isso? Tudo que eu fiz
foi amar você! Tudo que eu fiz, eu fiz por você! A culpa é sua, e eu odeio que
você tenha nascido, porra!"
"Eu vou! Não me provoque, porra, porque eu vou," Sirius rosna, vibrando
no lugar, suspenso neste momento de raiva horrível e doentia, mágoa, traição
e medo.
Sirius bate nele com uma mão para calá-lo, e Regulus se vira embaixo dele,
ofegante, apenas para ele parar no momento em que vê Sirius erguer a adaga.
Sirius não a derruba, mas ele quer. Ele quer tanto que está tremendo. Ele
quer enfiar a adaga no peito de Regulus e torcer. Tudo o que ele tem que fazer
é tentar falar o nome de Remus de novo, e Sirius o fará. Tudo o que ele tem
que dizer é—
"Está tudo bem," Regulus suspira, uma mão manchada de sangue subindo
para cobrir a adaga de Sirius trêmula. Seus dedos estão escorregadios
enquanto envolvem a mão de Sirius, e ele engole, engole seu próprio sangue
apenas para olhar diretamente para Sirius e engasgar, "Eu também te amo.
Queria dizer isso há um bom tempo. Eu sinto muito. Eu sinto muito por não
ter falado. Eu sinto muito por estar dizendo isso agora, mas eu amo. Está
tudo bem, certo? Está tudo bem. Eu também te amo."
654
ZEPPAZARIEL
Sirius sente uma sensação horrível e fria lentamente rastejar por seu corpo,
e ele não consegue—ele não consegue se mover, não consegue desviar o olhar
do rosto de Regulus. Suas mãos doem, os nós dos dedos estão quebrados, e
seu irmão mais novo está ensanguentado e espancado embaixo dele, sob a
ameaça de morte por uma adaga, e Sirius é quem o colocou lá.
Ele pode ver, de repente. Fica claro, então, tudo de uma vez. Regulus o
enganou. Ele o enganou. Só não do jeito que Sirius estava preparado. Ele
nunca imaginou isso.
Sirius solta um gemido e pressiona a parte de trás de seu pulso contra sua
boca enquanto olha para Regulus através das lágrimas em seus olhos. Oh. Oh,
está tudo se encaixando agora.
Regulus sabia que Sirius estava planejando levá-lo para casa, e sabia que
Sirius preferiria se matar a deixar Regulus fazer o mesmo, e Sirius é melhor
que Regulus. Mais rápido. Mais forte. Ainda mais eficiente, dependendo das
circunstâncias.
Não havia como Regulus garantir que Sirius chegasse em casa a menos que
Sirius fizesse isso. Apenas Sirius poderia se levar para casa, e ele não iria, e esse
foi o último obstáculo que Regulus teve que superar. Ele
sabia exatamente como.
Sirius não ia deixar ninguém matar seu irmão, e ainda assim aqui está ele, às
portas da morte, porque Sirius foi enganado. Porque Sirius vacilou. Porque
Sirius foi incitado a isso como um idiota. Regulus nunca diria o nome de
Remus, não é? Regulus encontrou o botão de Sirius e apertou-o
repetidamente, até empurrar Sirius bem acima da borda. De propósito.
Sirius não ia deixar Regulus morrer por ele, então, Regulus provocou Sirius
para matá-lo. Um plano simples e eficaz para distorcer a mente de Sirius,
apostando em seus instintos de sobrevivência e no quanto ele ama Remus.
Um ato simples e eficaz de se transformar no vilão, dizendo todas as coisas
erradas e ficando do lado de todas as pessoas erradas, tornando-se algo que
655
CRIMSON RIVERS
Sirius poderia odiar o suficiente para lutar, porque uma vez que ele começasse
a lutar, realmente lutar, era isso.
Eu também te amo.
Como se todas as vezes que Sirius tivesse dito isso, cada uma delas,
houvesse um eco de Regulus respondendo. Havia. Sirius sabia disso. Ele sabia
que Regulus o amava.
Eu também te amo.
Como ele esqueceu? Como ele se permitiu duvidar, mesmo que por um
momento, mesmo por medo?
Eu também te amo.
A pior parte é que Regulus teria conseguido. Ele chegou até o fim antes de
escorregar, antes de estragar tudo, porque ele é humano, e no que ele
considerou seus últimos momentos, ele só queria dizer uma última coisa.
Eu também te amo.
"Então—então me deixe fazer isso, ok? Me deixe fazer isso. Por favor, me
deixe fazer isso," Regulus canta, sua mão batendo freneticamente no chão
enquanto ele tenta localizar a adaga. Sirius se mexe para chutá-la com força, e
Regulus começa a chorar pra valer. "Não, por favor, não faça isso comigo.
Sirius, por favor, apenas—por favor, faça, ou me deixe fazer isso. Não me
faça viver sem você, por favor, não, Sirius—"
Sirius não pode fazer nada além de sentar e ouvir seu irmão implorar com
palavras arrastadas e engasgadas. Implorando para morrer. Implorando pela
vida de Sirius. Implorando com desespero que transborda como um cano
finalmente estourando, voando aos pedaços sob a pressão.
"Regulus, Regulus, pare," Sirius ordena com firmeza, recuando para agarrar
seus ombros e sacudi-lo um pouco. O peito de Regulus sobe e desce
rapidamente, olhos arregalados e selvagens como um animal preso em uma
armadilha. "Pare. Acabou. Está feito, ok? Você—você tentou, e não
funcionou, e é isso. Apenas pare."
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CRIMSON RIVERS
"R—R—" e é isso. Isso é o máximo que ele consegue. Sirius não faz nada,
e a boca de Regulus permanece aberta. Sirius espera, e então o lábio quebrado
de Regulus começa a tremer enquanto as lágrimas de construção em seus
olhos transbordam. Ele abaixa a cabeça para frente e soluça, "Porra. Porra."
"Sim, eu sei, seu pequeno fodido," Sirius murmura com uma risada fraca e
cheia de lágrimas. Ele segura a nuca de Regulus e o puxa de volta para um
abraço.
"Eu sei, Reggie. Está tudo bem. Vai ficar tudo bem." Sirius engole em
seco, porque ele sabe, realisticamente, que não vai. Não pode ficar. Todo esse
tempo, ele pensou muito no que sua perda faria com James e Remus, mas não
tanto para Regulus. Um grande descuido de sua parte, Sirius agora sabe. Ele
vai ter que deixar seu irmão também. Por alguma razão, ele nunca poderia
realmente olhar além sabendo que faria qualquer coisa que pudesse para
proteger Regulus, até mesmo morrer para salvá-lo, para ver que ele o deixaria
para trás. Novamente.
E essa deve ter sido a primeira coisa que Regulus percebeu no segundo que
ouviu Sirius se voluntariar por ele. É horrível, porque a arena trouxe Regulus
de volta para ele duas vezes, uma vez quando Regulus se tornou um Vitorioso
e neste exato segundo, mas para Regulus, tudo o que a arena faz é tirar Sirius
dele.
Regulus se inclina contra ele e soluça como se ele tivesse perdido tudo, e
talvez, de certa forma, ele tenha.
~•~
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ZEPPAZARIEL
Sirius senta ao lado dele em silêncio, limpando seu braço onde Regulus o
cortou com uma adaga.
Regulus está preocupado que se ele abrir a boca, ele vai vomitar.
A coisa é.
Bem, sabe, a coisa é, Regulus tinha um plano, certo? Era um bom plano, e
ele sabe disso porque quase funcionou. Teria funcionado se ele não tivesse
estragado tudo na reta final. Tudo o que ele tinha que fazer era ficar de boca
fechada, ou fingir que ia dizer o nome de Remus de novo, e então
simplesmente morrer.
Mas é claro que ele estragou tudo, porque ele é um fodido, e ele sempre
falha quando é mais importante não fazer isso. Ele estava com medo de
morrer? Sim, é verdade que ele estava, mas não tão aterrorizado quanto ele
estava de morrer sem dizer isso pelo menos uma vez, apenas uma vez,
precisando dizer isso, um desejo egoísta de provar que ele tem isso nele, e
tudo o que ele estava fazendo—tudo isso—era porque ele também ama Sirius.
Sirius e James.
Uma parte importante do plano era deixá-los zangados com ele. Fazendo-
os odiarem eles até. Ser alguém mais fácil para eles perderem e deixarem ir.
Regulus sabe através de seus pais que estar zangado com alguém que morre
não faz com que doa menos, mas ele só pode imaginar a dor que ele sentiria
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CRIMSON RIVERS
se não estivesse zangado com eles, se eles fossem pessoas boas que nunca o
machucaram ou a Sirius, se eles tivessem feito o certo por eles.
Ele estava tentando, à sua maneira, tornar as coisas mais fáceis para eles.
Regulus deveria ter pegado a porra da adaga nos primeiros cinco minutos e
acabado com isso, mas... bem, como diabos ele deveria fazer isso, sabendo
que Sirius poderia ter desmoronado depois disso? Isso o teria machucado,
enfraquecido, e então os Comensais da Morte poderiam realmente ter uma
chance de matá-lo. Regulus tinha que estar aqui; ele tinha que fazer isso, só
para ter certeza de que ninguém chegaria até Sirius.
Não era para ser assim. Regulus esperava ir mais longe nos jogos e
diminuir significativamente os números antes de incitar Sirius a matá-lo.
Porque tinha que ser Sirius quem o mataria. Sirius é melhor—Regulus sempre
soube disso, e ele estava contando com isso. Se Sirius o matasse, se ele
chegasse a esse ponto, ele sairia da arena. Ele continuaria. Ele não teria
nenhuma razão para parar e nada o segurando.
Tudo que Regulus fez foi segurar Sirius. Arrastar ele para baixo. Afundar
suas garras nele e desesperadamente não querer que ele fosse embora. Regulus
poderia libertá-lo, e não é menos do que ele merece, na verdade, depois de
toda a dor, trauma e tristeza que Regulus convidou para sua vida.
Regulus é seu irmão mais novo, e tudo o que ele fez por ele foi piorar sua
vida. Tudo—tudo isso—é culpa dele. Sirius até disse isso. Sim, Regulus
também gostaria de nunca ter nascido.
E, tudo bem, uma parte de Regulus esperava que talvez... Bem, talvez,
assim, Sirius se arrependesse de se voluntariar por ele, porque
ele deveria. Porque ele tem todo o direito, e por que ele não o faz? Regulus não
suporta isso, ser amado tanto, ser responsável pelo que o amor de Sirius lhe
custa.
660
ZEPPAZARIEL
Desta vez, vai lhe custar tudo. Ele nem vê, por que precisa ser ele a sair
daqui. Como ele pode não ver? Todas as vidas que ele tocou. Todas as
pessoas que precisam dele. Effie, Monty, Andy, Pandora, Remus, James.
Oh, James...
Regulus também. Regulus realmente precisa que seja Sirius quem vai para
casa. Porque como ele deveria viver com isso? O fato de ele ter matado seu
irmão; como ele aguenta esse peso? Como ele continua com isso sempre no
fundo de sua mente? Então, ele se matou também.
Foi uma escolha fácil. Não é diferente da decisão que Sirius tomou por ele.
Aqui estão eles, ambos cadáveres ambulantes, mortos pelas próprias mãos um
do outro. Só um pode continuar, no final de tudo isso. Apenas um deles pode
reviver.
Regulus ainda quer que seja Sirius. Tem que ser, porque Regulus é a espada
que Sirius pega, e a espada pela qual Sirius cai, e Sirius merece a chance de
soltar a espada.
Regulus aceita com gratidão, porque ele ainda pode sentir o gosto de
sangue na boca, e ele se sente perigosamente perto de vomitar por causa disso.
Ele engoliu sangue novamente. Faz seu estômago revirar.
A água ajuda. Ele chupa na boca, cospe, e então toma um gole. Seu rosto
inteiro está latejando, mas está tão limpo quanto pode ficar. Provavelmente é
um susto de ver, inchado e todo arrebentado. Um olho não abre
completamente, e seu lábio inferior arde toda vez que sua boca se move.
Um toque suave faz com que ambos inclinem a cabeça para cima para
observar como uma caixa de patrocinador flutua suavemente no espaço entre
eles. Nenhum dos dois se move. Ambos apenas olham para isso como se
pudesse mordê-los, igualmente cautelosos e envergonhados.
Pela primeira vez desde a luta, eles se olham. Sirius arqueia uma
sobrancelha. Seu rosto está inchado e machucado em certos lugares, mas não
tão ruim quanto o de Regulus no momento. Regulus não pode arquear uma
sobrancelha para cima, porque isso machucaria seu rosto, então ele apenas
661
CRIMSON RIVERS
inclina a cabeça para Sirius. Ele não é corajoso o suficiente para enfrentar uma
bronca de James primeiro.
"Não há nenhum bilhete," Sirius respira, inclinando a cabeça para trás para
olhar para o céu, ferido.
Regulus desvia o olhar, seus olhos se fechando, o peito pulsando com uma
dor áspera e horrível que ele quase não consegue respirar. O silêncio de James
fala muito. Ele deve estar tão chateado. Eu sinto muito, pensa Regulus. Eu
sinto muito, James.
Quando isso é feito, Sirius se levanta e acena para ele ficar de pé,
murmurando que eles deveriam usar o resto da luz do dia para fugirem daqui.
Apenas para se mover. Só para não ficarem muito tempo em um lugar. O
labirinto os deixou paranóicos, provavelmente todos, mas pelo menos as
mãos foram embora.
O labirinto está calmo agora enquanto eles caminham por ele, caminhando
em nenhuma direção, caminhando sem uma palavra entre eles. Sirius tem a
adaga de Regulus, porque ele não confia nele. Ele até disse isso, brusco e
áspero quando a pegou. Isso é justo.
Regulus não sabe o que dizer. Sirius não olha para ele, ou o reconhece, e
Regulus não consegue evitar dar uma espiada rápida, esperando por algo.
Nada.
Conforme o dia passa, a pomada faz seu trabalho na cura de Sirius, pelo
que Regulus pode ver. O inchaço desce em seu rosto e mãos, os hematomas
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ZEPPAZARIEL
Não há um som entre eles, além de seus passos calmos e cuidadosos, junto
com o farfalhar consistente das cercas pelas quais caminham. Regulus
continua esperando que mãos irrompam e o agarrem, mas elas nunca o fazem.
Nenhum deles realmente faz muita coisa até que eles pegam um canto e
ambos respiram fundo ao mesmo tempo. Na frente deles há um pequeno
abrigo aberto, semelhante a um galpão, com fundos, duas paredes de cada
lado e um telhado—tudo feito de metal. Sob ela estão duas caixas abertas que
mostram pacotes de carne seca e frutas. Regulus acha que vê uma lanterna
também.
Regulus quer sua adaga, principalmente. Apesar do que Sirius pode estar
preocupado, Regulus não vai fazer algum tipo de suicídio sacrificial—pelo
menos não ainda. Não até que ele tenha certeza de que Sirius é o último no
final, e então é um jogo justo.
663
CRIMSON RIVERS
Uma vez que os caixotes são limpos, ambos os jogam fora e usam o espaço
e a segurança que o abrigo lhes dá, encostando as costas na parede e espiando
pela frente aberta.
A primeira coisa que Sirius diz a ele, depois de horas de silêncio, é muito
dura, "Você foi imperdoável, sabe."
"Eu sei," Regulus admite. "Eu sei que eu sou um hipócrita, mas você
também é. Como você está bravo comigo por fazer a mesma coisa que você?"
"Você fez isso de uma maneira muito pior," Sirius retruca. "Ou você estava
planejando fazer. Como você acha que isso seria para mim, hein? Se eu—se eu
realmente—"
664
ZEPPAZARIEL
"Eu esperava," Regulus engasga, porque é verdade, e ele não sabe se isso o
torna tolo ou simplesmente desesperado, porque ele queria tanto só—só—
"Só dessa vez, tudo que eu queria fazer era tomar a dor e fazer as coisas
difíceis por você desta vez."
"Eu pensei que você me odiasse," Sirius sussurra. "Você disse que eu
estava morto para você. Isso era tudo mentira também?"
"Sim e não," admite Regulus, fazendo uma careta. "Eu odeio você. Eu
odeio você e não odeio, obviamente. E eu—eu matei você no momento em
que você se voluntariou por mim, nas duas vezes. Algo em você morreu, e eu
sei disso em primeira mão agora, e isso é minha culpa. Cada coisa que você
sofreu, tudo o que você perdeu, tudo é rastreado até mim. Eu não queria ser
culpado por isso de novo."
"Ei, não, isso não—não faça isso, Regulus," Sirius diz com firmeza. "Isso
não é com você, ok?"
"Você disse isso. Você disse que desejava que eu nunca tivesse nascido."
"Eu sei o que eu disse. Eu estava chateado e fora da minha cabeça, mas
isso não é—não é verdade. Você claramente não quis dizer isso quando disse
que não se importava mais comigo, e estou assumindo que a maioria do resto
foi só você tentando me fazer..."
665
CRIMSON RIVERS
"Eu sou muito bom em machucar pessoas que eu nunca realmente quero
machucar," Regulus diz suavemente, seu olhar vagando contra sua vontade, a
mente se voltando para James, que nunca está muito longe de sua mente de
qualquer maneira. "Eu não sou—bom, sabe? Não como você."
"Regulus, você acabou de tentar se sacrificar por mim, e de uma forma que
você se envolveu em tudo de ruim na tentativa de tornar as coisas mais fáceis
para todos," Sirius diz sem rodeios. "Não é convencional, sim, mas isso não é
algo que pessoas ruins gostariam de fazer. E o que é bom, na verdade? Neste
mundo? Aqui? Eu não acho que alguém seja simplesmente bom, sabe? Eu não
acho que ninguém pode ser; eu acho que há as pessoas que tentam e as que
não tentam, e você—você tenta. Você realmente tenta."
Regulus pisca duramente por causa do ardor em seus olhos. "E eu falho.
Toda vez, eu falho."
"Eu estou tão cansado," Regulus rosna, olhando para ele com
essa exaustão inabalável e profunda. "Você deveria continuar tentando. Deveria
ser você. Eu quero que seja você."
"Você não acha que eu quero a mesma coisa para você?" Sirius pergunta.
"Você não sabe o que você significa para nós," resmunga Sirius, sua
expressão se contorcendo de dor.
não nessa última vez. Eu não estava lá como deveria estar para qualquer um
de vocês dois, e vocês conseguiram, porque vocês precisam um do outro.
Você pode me querer também, mas nós não podemos mais ter o que
queremos," Regulus explica calmamente.
Sirius parece tenso quando murmura, "E você? O que você precisa,
Regulus?"
"Você acha, por um segundo, que qualquer um de nós seria capaz de se curar
neste mundo sem você nele, mesmo um com o outro?" Regulus sussurra. "Ele
precisa de você, Sirius. Você. Eu sei que ele me ama, ok? Eu sei. E eu—porra,
eu o amo tanto que mal posso suportar. Mas ele passou por esse ano anterior
sem mim, e ele não teria passado sem você." Ele pisca com força e dá um
sorriso triste para Sirius. "Eu também não teria."
"Bem, nós estamos numa puta situação então," Sirius diz a ele, sua voz
falhando, "Porque eu—eu me recuso a acreditar nisso. Eu não aceito isso.
Vocês dois vão—vocês vão conseguir sem mim. Você vai ter que fazer isso,
porque não há nada que você possa dizer que vai me impedir de levar você
para casa."
"Você pode parar com isso?" Regulus range os dentes. "Pare de ser
teimoso sobre isso. Pense nisso logicamente, certo? Você nunca precisou de
mim tanto quanto precisava dele."
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CRIMSON RIVERS
"Você não precisou. Você não precisa. Ele cuidou de você, e eu sempre
falhei. Você cuidou dele, e eu mal comecei a tentar. Não sou eu, Sirius. Você
não entende? Nós sabemos disso. Nós passamos dez anos sabendo disso. É
sempre você e ele, e não eu, e eu estou bem com isso agora."
"Vai se foder," Sirius diz, suas narinas dilatadas. "Não. Foda-se isso e foda-
se você e—e foda-se tudo isso. Eu vou te levar para casa."
"Pare com isso," Sirius corta duramente, tão duramente que a boca de
Regulus se fecha quando ele se afasta. Sirius o encara, e então seu rosto
suaviza quando ele solta um suspiro. "Você realmente me ama, hein?"
Regulus obviamente não vai dizer isso em voz alta novamente, a menos
que ele esteja à beira da morte. Ele dá a Sirius um olhar vazio por se atrever a
esperar. Por alguma razão, isso faz Sirius rir, seu rosto se iluminando.
"Sim, você ama," Sirius murmura. "Oh, eu nunca vou deixar isso passar.
Eu vou segurar isso sobre sua cabeça até meu último suspiro."
Está chovendo.
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ZEPPAZARIEL
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CRIMSON RIVERS
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ESCALADA
Remus empurra um waffle para James assim que James coloca uma xícara
de chá na frente dele, os dois fazendo os deveres de Sirius em seu lugar
enquanto ele está fora. Objetivamente, isso é hilário.
E, bem, Remus nunca vai admitir, pelo menos não para James, mas Sirius
faz seu chá melhor. Isso pode ser apenas porque Remus acha basicamente
todo mundo sem brilho em comparação com Sirius. Não é culpa de James; ele
está realmente fazendo o seu melhor.
Ele estava agitado ontem, mal-humorado e irritado com a coisa toda, mas
ele ficou progressivamente mais triste quando teve que sentar lá e assistir seu...
namorado? Noivo? Honestamente, não está claro, e neste ponto, Remus é
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ZEPPAZARIEL
"Você sabe que não é—não é que ele não queira voltar para você, certo?"
Remus pergunta gentilmente, porque ele entende Regulus o suficiente para
saber disso de fato. "Ele está apenas—realmente desesperado pra caralho,
James. Ele está com medo. Ele está... Bem, você o ouviu. Ele não quer perder
seu irmão."
James suspira e coloca a calda. "Eu sei. É só que... Olha, eu não quero
perder nenhum deles, e eu não posso—eu não posso nem pensar nisso, se eu
for honesto. Mas o que eu posso pensar é em como Regulus vê a si mesmo. E
eu—eu não posso deixar de pensar que de alguma forma eu contribuí para
isso. Não fazendo ele perceber o quanto eu—" Ele se interrompe, engolindo
em seco. "Eu o amo tanto. Me deixa em pedaços que eu não posso fazê-lo ver
o quão especial ele é."
"James, por mais que desejemos, não podemos fazer as pessoas se amarem
apenas amando-as o suficiente," Remus diz suavemente. "Não há nada que
você possa fazer para que isso seja possível. Você pode amar Regulus, ou
qualquer um, tanto que você quebra a porra do limite, mas... algumas pessoas
simplesmente não sabem como se amar, e elas têm que aprender a fazer isso.
Você acha que se pudesse ser feito por alguém, você e Sirius não teriam feito
isso por Regulus até agora?"
"Eu..." James fecha os olhos, parecendo aflito, e então ele solta uma
respiração profunda enquanto seus olhos se abrem novamente. "Sim, eu sei.
Eu sei o que você está dizendo. Ele estava—eu acho que ele estava
aprendendo, antes de tudo isso. Você deveria ter visto ele, Remus. Foi
incrível. Ele estava—ele estava tentando, sabe, e—e então isso aconteceu, e não
é justo. Não é justo com ele, ou com qualquer um de nós."
"Eu não posso nem ficar realmente chateado com ele sobre isso," James
diz, os lábios se inclinando para baixo. "Com o que ele fez, quero dizer. Ou o
que ele estava planejando fazer, e o fato de eu ser um fator nisso. É como
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CRIMSON RIVERS
com minha mãe, certo? Eu não poderia ficar chateado com ele por se
certificar de que ela ficasse segura, e eu não posso ficar chateado com ele por
querer trazer meu melhor amigo de volta para mim—e mais outras coisas."
"Eu estou com raiva, não me entenda mal. Com raiva dele por me assustar
pra caralho e levar isso tão longe, e com raiva da situação, e apenas—com
raiva. Mas ao mesmo tempo... É perturbador que ele esteja tão pronto para se
jogar fora por isso, mas é como—eu entendo agora, o jeito que ele ama. É—
oh, diabos, Remus, é uma bagunça o jeito que ele ama. Uma bagunça e—e
quase violento, sabe? Ele faz isso com tudo dele, tudo o que ele tem, e é apenas
essa força emaranhada e complicada nele que se derrama, mesmo quando ele
tenta manter tudo dentro. Como se fosse grande demais para ele, e grande
demais para o mundo, e ele acha que não faz isso direito, mas tudo na verdade
é..." O rosto de James suaviza, gentil e adorador. "Ele não sabe como parar.
Isso é tudo o que é. E eu não acho que ele deveria. Em um mundo melhor,
não seria como é aqui. Em um mundo melhor, nunca faria mal a ninguém."
Remus revira isso em sua mente e pensa em tudo o que sabe sobre
Regulus, e—bem, sim. Sim, isso faz sentido. É um padrão para ele, a maneira
como seu amor se revela em grandes gestos e circunstâncias terríveis. A
primeira vez que ele chamou James de amor ele estava em pânico. Quando
Evan morreu, Regulus soltou um grito tão cru de dor que foi arrepiante, algo
horrível e trêmulo subindo das profundezas dele. Um dos segredos que ele
guardava no peito era que sentia falta do irmão. Ele se jogou em um rio,
acreditando que não voltaria, e sabendo que nunca poderia retornar. Ele
tentou fazer com que seu próprio irmão o matasse para não ter que viver sem
ele, e só falhou nessa empreitada porque precisava que seu irmão soubesse
que, apesar de tudo e talvez por tudo, que ele o amava. Ainda o ama.
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ZEPPAZARIEL
"Eu não sei o que vai acontecer. Eu só sei que eu o amo. Eu amo os dois,"
James murmura, então suspira novamente e levanta o garfo para cutucar seu
waffle. Ele não parece muito interessado nele e levanta o olhar para Remus.
"E você? Como você está essa manhã?"
"Eu tenho?"
"Mhm. Apenas se abra um pouco, por favor, isso é tudo que eu peço. Me
deixe... Eu não sei. Me deixe ajudar."
"Eu não preciso que você cuide de mim, James," Remus diz a ele,
balançando a cabeça. "Apenas se preocupe com você mesmo."
A questão é que James é seu amigo. Remus sabe disso. Mas é aqui, neste
exato momento, que Remus se acomoda totalmente na dinâmica deles,
deixando-a tomar forma ao seu redor, sentindo o peso da importância mudar
até crescer um pouco mais. Às vezes, você pode realmente sentir um
momento com outra pessoa, como essa coisa tangível que você pode tocar, e
você simplesmente sabe, de alguma forma, que qualquer vínculo que existia
antes se fortaleceu. Remus sente que pode estender a mão e tocar este
momento, aqui, com James; ele tem certeza de que seria quente.
Infelizmente, Remus tem o hábito de não se abrir para outras pessoas, e ele
quase não tem certeza de como. Mesmo com Sirius, levou tempo, e foi
preciso um vínculo que eles trabalharam juntos para construir. Ele se abriu
para Regulus apenas um pouco, e isso é—bem, ele tem certeza que é
parcialmente só porque Regulus meio que não teve escolha a não ser expor
673
CRIMSON RIVERS
"Sim, tudo bem, mas você ainda tem todo o direito de ficar chateado com
ele sobre isso," James o informa. "Quero dizer, você está em perigo agora?
Ele—isso colocou você em perigo?"
"O que? Não." Remus bufa. "As Relíquias prefeririam acreditar que Sirius
se apaixonou pela lua real antes que de acreditar que ele se apaixonou por um
servo. Quero dizer, se Regulus tivesse dito meu nome completo, seria
diferente, mas ele não fez isso. Eu estou seguro, James, eu prometo. Mas...
bem, suponho que eu estou um pouco chateado por ele ter me usado como
vantagem sobre Sirius, só para incomodá-lo."
"Eu não... Eu não gosto que ele tenha feito isso, mas eu também sei por
que ele fez." Remus engole e tenta afastar o pensamento terrível e insidioso
que ele quase, quase, quase desejou que tivesse funcionado. Ele aperta os
olhos fechados. Oh, ele é tão egoísta. Tão fodido. Não é diferente de James,
ele não pode evitar.
Porque essa é a coisa. Regulus estava certo. Sirius nunca iria deixar seu
irmão morrer, mas se Sirius se sentisse traído por ele o suficiente para ficar
com raiva e matá-lo, essa raiva poderia levá-lo para fora da arena, mandá-lo
para a fúria e deixá-lo implacável no tentar chegar em casa. Mas, se Regulus
tivesse simplesmente morrido ou se matado enquanto Sirius tentava tanto
levá-lo para casa, não importaria que promessa Sirius tivesse feito a Remus
sobre tentar voltar para casa. Ele tentaria, Remus tem certeza, mas ele estaria
de luto. Ele seria uma bagunça do caralho. Remus sabe em primeira mão
como é impossível conseguir muita coisa depois da perda de uma das pessoas
mais importantes da sua vida; depois que sua mãe morreu, Remus mal
conseguiu muita coisa, nem mesmo tentando fazer com que Greyback fosse
preso e saísse do distrito, porque nem mesmo a vingança poderia dominar a
sua dor.
Então, Remus acha que Sirius teria tentado, mas ele não teria as mesmas
chances de realmente conseguir, como teria se o plano de Regulus realmente
funcionasse. E agora? Oh, agora Sirius não vai deixar nada acontecer com seu
irmão, se ele puder evitar. É isso. Sirius provavelmente não vai voltar, e
Remus não acha que pode lidar com isso.
James fica quieto por um longo momento, então sua garganta sobe e desce
enquanto ele engole convulsivamente. Ele inspira e expira, e Remus
pode ver ele colocando seus próprios sentimentos de lado para estar aqui para
Remus, para ouvir, para deixá-lo se abrir. "Você não é uma pessoa ruim por se
machucar com isso, Remus. Você é apenas humano, e você não precisa—
675
CRIMSON RIVERS
bem, você não deveria se envergonhar de querer que o homem que você ama
saia."
"Eu não estou pronto para perdê-lo," Remus sussurra. "Acho que eu
nunca estarei pronto para perdê-lo. Eu—eu não—eu não posso—"
Remus solta uma risada rouca e dolorida. "Sim, acho que você saberia, não
é? Porra, isso é—é horrível para você também."
"É horrível para todos, eu acho. Alguns mais do que outros. Mais para eles,
que estão dentro da arena," James murmura. "Eu continuo tentando encontrar
algum tipo de conforto em tudo isso, é como um hábito, mas a coisa é... Às
vezes, as coisas são uma merda."
"Confie em mim, eu estou bem ciente," Remus responde. "Se há uma coisa
que eu aprendi, no entanto, é que a impermanência só solidifica a importância.
Você pode aprender através da perda a valorizar melhor o que você tem e ser
grato pelo que você tem. É horrível, principalmente, mas você olha para trás e
há vislumbres que você não pode se arrepender. A inevitabilidade dos finais
não pode remover tudo o que veio antes dele. Isso ainda existe, e nós
conseguimos isso, e mantemos isso. E isso é—isso é especial. Isso é
precioso."
James olha para ele por um longo momento, então sorri e murmura
baixinho, "Isso foi muito bonito, Remus."
"Oh. Ha, certo," Remus murmura com uma tosse, esticando a mão para
esfregar a nuca desajeitadamente.
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ZEPPAZARIEL
"E você faz isso bem," diz James, e é sincero. Remus sabe disso. Ele pode
ver, e isso o aquece. "Viu? Se abrir um pouco não é tão ruim. Deveríamos
fazer isso de novo algum dia."
"Oh, cale a boca," Remus murmura com uma risada quando James sorri
para ele. Remus revira os olhos, então pega a colher para mexer o chá,
divagando em pensamentos. Depois de um longo momento, ele olha para
cima e olha para James por um instante, pensativo, e então ele fala. "Meu
aniversário é dia 10 de março."
James pisca para ele. "É? Ei, eu nasci dia 27 de março! Você é dezessete
dias mais velho que eu."
"Ah, isso explica por que eu sou mais sábio do que você."
"Eh, quem está contando? Feliz aniversário atrasado, então, para todos os
que eu perdi."
"Não que isso não seja uma boa informação sobre você, mas o que fez
você trazer isso à tona?" James pergunta curioso.
677
CRIMSON RIVERS
O rosto de James suaviza. "Ele estava—foi um bom dia para ele, sabe.
Mamãe fez um bolo. Ele passou uma boa parte do dia apenas incomodando
Reg, que fingiu não saber que era seu aniversário. Foi hilário. Ele não desejou
feliz aniversário para Sirius; ele esperou até quase meia-noite, até o último
segundo, então abriu a janela e gritou do outro lado da rua. Sirius estava no
telhado, falando com você, e todos nós o ouvimos xingar e quase cair, depois
rir."
"Sim. Falando com a lua, falando com você, a mesma coisa," James diz a
ele, acenando com o garfo preguiçosamente. "Você não perdeu, não
realmente. Você estava sempre lá para ele, lá com ele, acredite ou não. Eu sei
que é—eu sei que não é justo que nenhum de vocês tenha mais do que isso,
mas foi... foi ..."
"Sim," James murmura. "Significou muito para ele. Você significa muito
para ele, Remus. Ele te ama muito."
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ZEPPAZARIEL
Pandora se move para o lado do balcão entre os dois e estende a mão para
pegar uma de suas mãos em cada uma das suas. Sem uma palavra de
advertência, ela leva a mão de Remus à boca para dar um beijo rápido e gentil
nas costas de seus dedos, então faz a mesma coisa com James. Remus sente
seus ouvidos ficarem quentes, porque ele sabe o que isso significa, um gesto
de Relíquia para profunda admiração. Ninguém nunca fez isso com ele antes,
então ele está um pouco confuso com isso, ele admite.
"Bem, sabe, eu acordei e não queria sair da cama, então pensei em vocês
dois acordados e esperando por mim, e de repente eu magicamente encontrei
meu caminho para os meus pés," diz Pandora, e é entregue levemente, como
se fosse algo simples, mas a sinceridade em sua voz torna o impacto de suas
palavras mais pesado. Há algo encantador nela, e no que ela disse, e James
deve concordar, porque ele beija a mão dela de volta.
"Nós vamos tomar café da manhã antes de eu ir," James diz a ela. Ele
passa o braço em volta dos ombros dela e lhe dá um aperto que ela parece
feliz em se inclinar. "Com fome?"
"Pandora, sério, eu estou bem," insiste James. "Você fica aqui com Remus,
ok? Ajuda saber que vocês dois têm um ao outro, e que eu vou voltar para
vocês até o final do dia. Além disso, eu tenho Frank para me apoiar, e acho
que vi Dorcas por aí em algum momento ontem, mas eu não consegui falar
com ela, então talvez eu consiga hoje. Eu até falei um pouco com Lestrange.
Ele está bravo com Lucius, eu suponho, então ele fez questão de conversar
comigo e sacudir minha mão onde Lucius e, convenientemente,
patrocinadores pudessem ver. Provavelmente é apenas um monte de
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CRIMSON RIVERS
Remus não deve achar isso meio divertido, mas James parece tão
envergonhado que é meio hilário. James, apaixonado por um Comensal da
Morte. Quem teria pensado? Balançando a cabeça, Remus se inclina no balcão
com uma gargalhada.
~•~
Sirius sabe o momento em que Regulus acorda, porque ele fica tenso e
estremece levemente enquanto sua cabeça voa do ombro de Sirius. Ele pisca
turvamente, se orientando, então olha para o ombro de Sirius—que ele estava
usando como travesseiro momentos antes—e imediatamente faz uma
carranca.
"Oh, não fique assim. Você fez isso," Sirius diz a ele com uma bufada,
desamparadamente divertido. Regulus olha para ele desconfiado, como se não
acreditasse nem por um segundo, mas é verdade.
Sirius não dormiu. Ele não conseguiria. Ele não vai, apenas pela chance de
que Regulus possa fazer algo estúpido como se matar enquanto Sirius está
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ZEPPAZARIEL
tirando uma soneca. Ei, está tudo bem. Sirius vai dormir quando estiver
morto, e ei, isso provavelmente chegará para ele mais cedo ou mais tarde.
Lado positivo?
Piada ruim. Ele está feliz por não ter dito isso em voz alta. A única pessoa
com quem ele poderia contar para rir disso seria Marlene, muito
provavelmente. Sirius se pergunta como ela está esta manhã. Ela está viva. Ele
sabe disso. Os banners da noite passada provaram isso.
A coisa é, não é inédito. No ano passado, por exemplo; Sirius não poderia
esquecer nem se tentasse. No final do segundo dia, dezesseis pessoas
permaneceram e, no final do terceiro dia, onze. Foi considerado um ano
brutal, no que diz respeito aos jogos, e este ano está claramente se tornando
ainda pior. O fato de ser uma arena cheia de Vitoriosos endurecidos e
traumatizados só aumenta isso.
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CRIMSON RIVERS
Não é ótimo.
É alguma coisa, no entanto, e entrar no dia que com certeza será uma
merda com comida e água para obter energia é muito importante. Ele se
pergunta como os outros estão indo, se encontraram comida ou não, porque
mesmo que a chuva os mantenha hidratados, eles devem estar com fome
agora no terceiro dia sem comida deles.
É só que. Porra. Porra, porra, puta que pariu. Ele sabe—ok, ele
realmente sabe que Regulus é muito fodido. Ele também sabe que ele mesmo
está fodido também. Talvez seja a família de onde eles vêm, ou os rumos que
suas vidas tomaram, ou possivelmente como eles influenciam um ao outro,
como eles dão voltas e voltas em círculos, duas ondas batendo contra cada
lado de um navio, balançando-o para frente e para trás e esperando para que
afunde.
Não vai. Está aqui para ficar, e não há nada que nenhum deles possa fazer
sobre isso. Eles estão tentando de qualquer maneira. Tentando a mesma
merda, pelas mesmas razões, e arruinando um ao outro e a si mesmos no
processo. Eles são parasitas e simbióticos ao mesmo tempo, uma força
imparável e um objeto imóvel, planejando perder para não perder nada.
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ZEPPAZARIEL
"Olha, nós—" Regulus bufa e faz uma careta, estendendo a mão para
enfiar a garrafa de água de volta na bolsa de Sirius. Ele não está olhando Sirius
nos olhos. "Precisamos—conversar?"
"Eu não sei, Reggie, nós precisamos?" Sirius pergunta, arqueando uma
sobrancelha para ele. "O que você acha?"
"Eu disse que eu—eu pedi desculpas, não foi?" Regulus diz, tenso.
"O que é?" Sirius pergunta, cobrindo sua orelha e virando a cabeça para
Regulus. "O que você estava dizendo?"
"Oh, vai se foder," Regulus retruca, ficando de pé e olhando para ele. Sirius
permanece no lugar, indiferente e despreocupado, apenas levantando as
sobrancelhas para ele. "Onde está o meu pedido de desculpas?"
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CRIMSON RIVERS
"Exatamente, então—" Regulus para e olha para ele, então franze a testa
para ele. "Espere. Pelo quê?"
Sirius limpa a garganta. "Por me voluntariar por você quando prometi não
fazer isso. Eu—sabe, eu não queria. Era—é claro que eu queria toda vez que
pensava sobre isso, mas eu sabia o quanto significava para você que eu não
fizesse, então eu—eu planejava não fazer, mas eu só..." Ele sopra uma
respiração profunda, dando de ombros fracos. "Eu ouvi seu nome, e eu tinha
dezesseis anos de novo. Foi instinto, sabe? Um reflexo. Como respirar."
"E eu sinto muito que eu vá morrer," Sirius continua sem rodeios, seu
estômago se contraindo quando Regulus visivelmente se encolhe um pouco,
seus olhos se fechando. "Sinto muito ter que deixar você para trás de novo, e
se não fosse um requisito para você viver, eu não faria isso."
"Não faça," Regulus sussurra, os olhos se arregalando. "Não faça, ok? Por
mim? Não—eu não estou nem pedindo por James ou por qualquer outra
pessoa neste momento. Apenas por mim. Você não pode simplesmente me
deixar ir?"
"Sim," Sirius responde facilmente. "Ir para casa. Eu posso fazer isso."
"Eu e você," Regulus repete, olhando para ele por um longo momento,
então soltando um suspiro e balançando a cabeça. "Ok."
"Bom. Vamos."
"Sirius?"
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ZEPPAZARIEL
Sirius fica parado por um momento, então levanta a cabeça e olha para
Regulus, lábios franzidos. "Pelo quê?"
"Você quis?"
"Eu não quero que você se sinta responsável por nada do que eu passei, ou
por qualquer coisa que aconteça comigo," diz Sirius.
Regulus segura seu olhar e sussurra, "Eu não quero que você se sinta
responsável por mim."
"Eu—" Sirius abre e fecha a boca, porque ele se sente, e ele sempre se
sentiu, e talvez sempre se sentirá. Ele não pode mudar isso. Está em seu
maldito sangue, circulando de seu coração com cada teimoso aperto e
liberação. Ele pode ver como isso é prejudicial, como os deixa presos em um
loop que nenhum deles pode escapar, mas ele não pode fazer nada para
libertá-los a não ser deixar seu coração parar. Então, no final, ele apenas diz,
"Eu sinto muito."
~•~
Frank está segurando seu braço com força. "Estamos começando forte no
terceiro dia, aparentemente."
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CRIMSON RIVERS
James olha duas vezes quando percebe que Lestrange e Dolohov estão ao
lado dele e Frank para assistir as telas, deixando Malfoy sozinho com alguns
patrocinadores. Ok, então claramente eles estão muito chateados com ele.
Justo.
"Mãe, não se atreva," Frank engasga, e o olhar de James volta para a tela
para ver Augusta tropeçar pelo corredor do labirinto que se aproxima dela e
de Alice de ambos os lados. Alice mergulha, mas Augusta não consegue, além
de sua mão, e o labirinto se fecha ao redor dela.
A câmera corta para mostrar Marlene e Eli fazendo uma curva e batendo
diretamente um no outro, ambos fugindo de coisas diferentes. Marlene grita
quando ela cai em seu braço, e Eli gagueja desculpas impotentes enquanto ele
a agarra com as mãos trêmulas e a puxa de volta para seus pés. Sinto muito,
garota, sinto muito, mas temos que correr, ele continua dizendo, e Marlene cerra os
dentes de dor para segui-lo.
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ZEPPAZARIEL
É assustador. Como Emmeline é tão estóica quando uma massa inteira deles
vem correndo em direção a ela de uma só vez, James não sabe. Uma flecha na
cara parece detê-los, mas há mais deles do que ela tem flechas para atirar
neles. Ela sai correndo, e então ela é dominada, porque ela está no final da
passagem sem ter para onde correr.
James não está... satisfeito com nenhum deles, no momento. Ter que vê-
los literalmente batendo um no outro tinha sido muito angustiante. Nem uma
única vez James duvidou de Regulus, no entanto. Nem por um segundo. Ele
sabia que Regulus não mataria Sirius, e também sabia que Sirius não mataria
Regulus. Eles podem ter ficado com raiva o suficiente no momento para
querer, mas James não acreditou nem por um segundo que qualquer um deles
pudesse realmente ver através de qualquer tentativa do que eles estavam
fazendo naquele momento. Então, para ele, eles estavam essencialmente
machucando um ao outro sem nenhuma porra de motivo no meio de uma
arena assassina, onde todos os outros, de uma forma ou de outra, os
querem mortos. E sim, ele não está satisfeito que ambos estejam tão
desesperados para morrer um pelo outro que o usam como uma desculpa para
se misturar com a verdade, que é que, no fundo, ambos estão totalmente
aterrorizados em perder o outro.
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CRIMSON RIVERS
Foi proposital não enviar uma mensagem a eles após a briga, porque ele
estava com raiva e sabia que seu silêncio transmitiria isso. Com raiva de
ambos, com raiva de si mesmo, com raiva de cada pessoa naquela arena e
todas as suas famílias e as pessoas que terão que ir no ano seguinte e apenas—
apenas com raiva de tantas coisas. Ele se arrepende agora, de não aproveitar a
oportunidade para enviar algum tipo de mensagem para que eles saibam,
apesar de tudo, que ele ainda ama os dois. Mas ontem? A luta e a tentativa de
sacrifício? Ele não quer isso.
O que James quer é que ambos lutem para viver, não apenas por outras
pessoas, mas para si mesmos. E ele quer que os dois vivam. Os dois. Ele faria
literalmente qualquer coisa se houvesse alguma maneira que ambos pudessem
conseguir, porque a partir de agora, seu cérebro simplesmente não consegue
aceitar que apenas um pode. Ele ainda não se conformou com isso. Ele não
tem certeza se algum dia o fará.
Dolohov grunhe, e todos eles voltam sua atenção para Alecto na tela, que
por acaso está correndo pela abertura da passagem onde Emmeline está presa
e sob ataque. A visão das criaturas parece atordoar Alecto o suficiente para
que ela realmente pare e as encare no que parece ser pura descrença. É óbvio
que ela vê Emmeline no final, mas ela não ajuda. Ela apenas se vira e continua
correndo.
Frank aperta sua mandíbula, rangendo, "Eu não teria tanta certeza disso,
Dolohov. Apenas espere."
Eles esperam.
688
ZEPPAZARIEL
James bufa uma risada levemente histérica e balança a cabeça com espanto
enquanto observa cada uma dessas pessoas se esforçando para sobreviver,
algumas apenas se recusando teimosamente a morrer.
~•~
"Sabe," Sirius reflete, "Se James estivesse aqui, ele estaria fazendo beat-
boxing agora."
Regulus suspira. Olhando para trás, ele talvez tenha dado como certa a
leveza que James trouxe para a primeira arena, especialmente no começo. De
alguma forma, James encontrou maneiras de melhorar até mesmo
toda essa situação, e Regulus sabe disso, porque ele está nisso de novo e,
comparativamente, Sirius é uma merda nisso.
Regulus não faz nenhuma dessas coisas e, em vez disso, sente uma onda de
culpa e angústia emaranhados como nós em seu peito quando percebe que há
689
CRIMSON RIVERS
uma boa chance de que, em alguns dias, ele nunca mais ouvirá Sirius falar. De
repente, Regulus quer ouvir cada palavra que ele diz e implorar para que ele
nunca cale a boca.
"James," Sirius diz, dirigindo-se ao céu, "Eu quero que você saiba que,
diferente de algumas pessoas, eu apreciaria você fazer beatbox em situações
estressantes, e eu ficaria feliz em fazer backing vocals para juntar tudo."
Isso. Ele vai fazer isso. Sirius começa a rir dele, ofegante, "Normal? Você
acha que é normal?"
Regulus abre a boca, depois a fecha e então franze a testa. Ele se senta com
isso por um segundo, então diz, "James acha que eu sou engraçado."
"James está cego de amor, é o que ele está," Sirius diz a ele, claramente
exasperado. "Ele não é uma opinião imparcial."
690
ZEPPAZARIEL
"Eu aposto que você era uma merda nisso mesmo naquela época."
"Eu não era. James ria, e ele nem gostava de mim antes do meu aniversário
de quinze anos."
"Mm, não, eu não acredito em você," Sirius diz. "Eu simplesmente sempre
vou ver você como não-engraçado. Você nunca contou uma piada boa na sua
vida, eu só sei disso. James." Ele olha para o céu novamente, seus olhos
dançando com diversão. "Se acontecer de você nos enviar alguma coisa
novamente, deixe-me saber se eu estiver certo. Bem, você ficará do meu lado
mesmo se eu estiver errado, mas ainda assim."
"Por que ele ficaria do seu lado sobre mim?" Regulus pergunta incrédulo,
estreitando os olhos ligeiramente.
"Ele—" Sirius para. Ele para bruscamente, o que faz Regulus parar e se
virar para piscar para ele. "Espere. Espere, não, porque você não estava
mentindo naquele momento. Seu noivo?"
"Sim," Regulus diz, seus lábios se curvando nos cantos contra sua vontade,
e ele não pode evitar. Ele não consegue reprimir o calor do orgulho em sua
voz, ou como ele fica um pouco sem fôlego com alegria e excitação
vertiginosas. Provavelmente o envergonharia se tivesse algum espaço nele
para ser outra coisa que não encantado.
Sirius suspira. Suspiros legítimos. É muito dramático. "Oh, merda, você vai
se casar? Reggie!"
"O que?"
"Quando foi isso?! Quando ele pediu? Quero dizer, sabe, corretamente. Não
apenas, hum, falando sobre o casamento na Relíquia ou qualquer outra coisa.
Quero dizer, quando ele realmente pediu?"
691
CRIMSON RIVERS
Regulus pode ver que Sirius está andando em uma linha tênue aqui, falando
meias verdades para passar a mensagem. Ele entende bem o que Sirius está
dizendo. "Por que você está assumindo que ele pediu?"
Sirius fica boquiaberto para ele. "Oh, porra. Ele chorou, não foi? Aposto
que ele chorou. Por que você não me contou?! Por que ele não me contou?!"
"Não houve realmente tempo," explica Regulus. "Foi na última noite antes
de entrarmos na arena. Corretamente, quero dizer."
"Oh. Espere, você pediu então? Espere..." Sirius aperta os olhos para ele,
os lábios franzindo como se ele estivesse tentando lutar contra um sorriso.
"Você—você realmente pediu a ele corretamente?"
Sirius bufa de tanto rir, dobrando os lábios enquanto se apoia em sua lança
como se pudesse cair se não o fizesse. Quando ele se acalma, ele respira, "Não
é... a mesma coisa. A intenção realmente importa. Algum de vocês falou sobre
como o casamento iria acontecer? Começaram a fazer planos?"
"Você..." Sirius não está mais rindo. Suas sobrancelhas se juntam enquanto
ele observa Regulus em confusão. "Espere, por que você faria isso se
planejava morrer?"
"Eu queria que ele tivesse isso. Eu—eu não poderia dar a ele mais nada,
por causa de tudo isso." Regulus mais uma vez gesticula ao redor deles, desta
vez com desânimo. "Mas eu poderia dar isso a ele. E—bem, egoisticamente,
eu também queria. Isso me fez feliz. Ainda me faz feliz. Eu queria ter isso até
o fim. E ele me deu. ."
"Certo," Sirius diz baixinho, e então ele engole e dá um sorriso tenso para
Regulus. "Eu sei que eu disse que não falaríamos sobre isso, mas você percebe
que isso só me deixa mais determinado a levar você para casa, certo? Eu—
quero dizer, vamos lá, Reggie, você poderia se casar! Você—você poderia—"
Regulus balança a cabeça. "Nós não iríamos. Não sem você lá. Não
pareceria certo para nenhum de nós, eu não acho."
"Isso não vai acontecer, Sirius," Regulus morde, um aperto áspero em seu
peito. "Nós vamos ficar noivos para sempre, eu acho, porque não vamos nos
casar se você não puder estar fisicamente lá."
693
CRIMSON RIVERS
"Sim, eu sou rancoroso pra caralho, porque eu não quero que você morra!
Eu não quero que você esteja morto!" Regulus explode. "Eu quero que você
continue sendo um idiota até ficar velho e feio, e eu quero que você venha
para a porra do meu casamento!"
"James, como você aguenta ele?" Sirius geme atrás dele. "A ideia da cadeira é
uma boa ideia, não é? Você entendeu. Veja, agora você precisa fazer isso. É
engraçado! Seria—"
"Pare de falar com meu noivo!" Regulus estala enquanto continua, e Sirius
não para, mas ele baixa a voz enquanto segue, o que terá que servir.
~•~
Apesar de tudo, James abre um sorriso bobo. Ele sabia que estava noivo
antes de Regulus anunciar quando enviou o bagel? Não. Ele vai protestar?
Também não.
~•~
Regulus está andando à frente em uma birra clara, e Sirius o deixa sozinho,
resmungando para James baixinho. Ele não entende por que eles não podem
simplesmente se casar sem ele. Sim, a ideia de eles terem um casamento sem
ele lá quer fazê-lo se encolher e chorar, mas isso não significa que eles não
devam.
694
ZEPPAZARIEL
Ele quer que eles sejam felizes, mesmo quando ele se for. Ele precisa que
eles sejam. E Remus. Ele precisa que Remus esteja bem. Idealmente, ele
estaria livre, mas Sirius sabe que este não é um mundo ideal. Ele morreria de
bom grado se isso significasse que Remus poderia ser livre, no entanto.
Quando ele disse que viveria por Remus, ele estava falando sério, mas ele
também daria sua vida em um piscar de olhos se isso fosse tudo o que
precisaria para dar a Remus uma chance melhor.
Sirius está achando todo esse negócio de morrer uma tarefa árdua,
honestamente. Você pensaria que seria mais fácil; você está aqui um dia, então
se foi no dia seguinte. Bastante simples, certo? Como se vê, não, não é tão
simples, porque afeta mais do que apenas você.
Sim, bem, Sirius adoraria viver, na verdade. Todo mundo se esqueceu dessa
parte? Obviamente ele não quer morrer e nunca mais ver Remus, e nunca ir ao
casamento do seu irmão e do seu melhor amigo, e nunca continuar na vida e
ver o que vem a seguir. Ele faria qualquer coisa para continuar vivendo,
qualquer coisa exceto deixar seu irmão morrer para tornar isso possível.
Então, mal-humorado como ele está sobre toda a provação, Sirius olha
para Regulus e pensa coisas rudes para ele enquanto murmura para James que
ele seria seu padrinho, não de Regulus, porque Regulus está sendo um merda,
então James está muito à frente na corrida de quem iria pegá-lo. Sirius acha o
pensamento deles brigando por ele como padrinho levemente divertido e se
pergunta, preguiçosamente, quem venceria.
Antes que ele possa pensar em uma resposta adequada, o som das cercas
estremecendo fica mais alto, e o rosto de Sirius fica frouxo quando as paredes
do labirinto entre ele e Regulus começam a crescer juntas, fechando-se entre
eles.
695
CRIMSON RIVERS
Não há resposta.
~•~
Regulus está congelado, de costas para a cerca onde Sirius está preso do
outro lado, ainda gritando, embora Regulus não tenha ideia do que está sendo
dito além do zumbido alto em seus ouvidos.
Ele só pode ficar ali, cada músculo de seu corpo travado enquanto observa
o fluxo constante de sangue escorrer pelo comprimento da passagem. É um
rio carmesim, abrindo caminho para ele.
Regulus não se mexe, nem mesmo respira, porque ele não consegue, pelo
menos não até que o rio chegue ao piso de suas botas, o sangue lambendo as
solas. Ele instintivamente solta um suspiro áspero e cambaleia para trás o mais
longe que pode, até que ele está pressionado contra a parede de vegetação
atrás dele, empurrando-se para trás de forma constante, desesperada e
irregularmente tentando correr do sangue. Ele não chega a lugar nenhum.
696
ZEPPAZARIEL
"Por favor," Regulus engasga. "Não isso. Não assim. Qualquer outra
coisa. Qualquer coisa, por favor, apenas—apenas—"
O rio de sangue corre para ele mais rápido, corredeiras e espuma vermelha,
o som disso enviando uma onda de pânico através dele. Ele começa a subir,
espirrando contra as cercas vivas e balançando por cima de suas botas, quase
alcançando seus tornozelos com a mesma rapidez.
"Não, não, não," Regulus canta, sua respiração gaguejando enquanto ele se
vira e abaixa a cabeça, apertando os olhos bem apertados só para que ele não
tenha que ver. Ele treme e prende um gemido atrás de seus dentes cerrados,
lágrimas ardendo em seus olhos enquanto ele sente o rio envolver suas
panturrilhas. "Ok, ok, me desculpe, ok? Me desculpe. Eu—eu não vou—eu
não deveria ter dito nada. Eu não deveria ter—me—me desculpe. Por
favor. Você quer me matar? Tudo bem, tudo bem, mas não—por favor, não
desse jeito."
Atinge ele agora, assim, que ele não quer morrer, e mais do que isso, ele
não merece. Agora não. Assim não. Aqui não. Ele não, e Sirius não, e nenhum
deles.
Regulus não se importa com o destino. O que ele se importa é com Sirius,
e James, e tantos outros que o estão assistindo neste momento, tantas pessoas
que ele está percebendo que impacta apenas por viver e ser quem ele é.
Pessoas que ele não quer deixar ainda. Pessoas com quem ele quer mais
tempo. Pessoas para quem ele significa algo. Pessoas que o amam. Ele não
quer perder um segundo que poderia passar com seu irmão; ele não quer
perder um momento que poderia passar sabendo que James é dele, e que está
vivo, e que o ama a cada respiração que ele dá.
Regulus quer viver por tantas pessoas e, no fundo, quer viver por si
mesmo. Porque ele estava crescendo. Porque ele estava aprendendo a
transformar uma casa em um lar. Porque ele estava pronto para deixar o amor
entrar e deixar o amor sair. Porque ele estava tentando, e não importa que ele
esteja cansado, e não importa que tentar pareça inútil, porque ele
quer continuar tentando.
A última vez que Regulus se perdeu em um rio carmesim, ele se jogou nele
por James e por Sirius. Ele escolheu fazer isso por eles. Um sacrifício.
Desta vez, quando Regulus está perdido em mais um rio carmesim, ele
escolhe encontrar a saída por si mesmo. Um renascimento.
Lentamente, Regulus olha para a cerca à sua frente, e com cuidado, ele
inclina a cabeça para cima, porque o que passa por sua cabeça é ninguém pensa
em olhar para cima.
Regulus pensa.
698
ZEPPAZARIEL
"Eu preciso que você suba até o topo da cerca e solte a corda da sua
bolsa!" Regulus grita, então geme impotente quando o rio bate em suas
costelas.
"Oh, que porra é essa, Reggie?" Sirius sibila, suas mãos voando ao redor
enquanto ele corre para desenrolar a corda e soltá-la. Não chega onde Regulus
está, ainda muito alta. "Vamos. Você tem que se mover agora. Você tem que
escalar."
Essa é a coisa. Regulus não pode escalar. Toda vez que ele tentou desde
que deixou a arena, ele falhou. Toda vez, ele congela e não consegue se
mover. Toda vez, ele fica ali mesmo no chão, nunca chegando ao topo.
Se eu não posso escalar, eu vou crescer. E ele fez isso. Ele tem feito isso. Ele
ainda faz, mesmo agora. O crescimento não para. Mas, a coisa é, para viver
agora, ele vai ter que fazer as duas coisas.
699
CRIMSON RIVERS
Crescer é escalar, escalar é crescer. De qualquer forma, ele está subindo. Lenta
mas seguramente, ele está chegando ao topo.
O peito de Regulus arfa quando ele sente o rio ainda batendo em suas
pernas, ainda subindo enquanto ele faz o mesmo, mas ele não olha para baixo.
Ele não olha para nada. Ele continua, sentindo seus braços tremerem,
sentindo o mundo mudar ao seu redor e desmoronar e de alguma forma,
inexplicavelmente, se construir de novo.
Para alguns, isso seria simples. Para alguns, escalar para escapar de um rio
de sangue parece o curso de ação sensato. Para alguns, isso não seria uma
grande façanha.
E ele vence.
700
ZEPPAZARIEL
Regulus ouve quando Sirius grita para ele pegar a corda, finalmente ficando
alto o suficiente para alcançá-la, e então Regulus a segura e começa a se
levantar quase desesperadamente ao mesmo tempo em que Sirius começa a
puxar freneticamente, suas mãos voando ao longo da corda, palmas comendo
o comprimento dela enquanto ele coloca toda a sua força para ajudar Regulus
a chegar ao topo.
Regulus chega. Ele se dobra por cima da cerca viva e sente a mão de Sirius
na parte de trás de sua camisa apertada, apertando e puxando com tanta força
que os pontos fazem barulhos de rasgar. Regulus sobe até que ele está lá, até
que ele está ofegante e tremendo e imediatamente sendo puxado direto para
os braços de Sirius.
"Ok, ok, você está bem," Sirius engasga, agarrando-se a Regulus tão forte
quanto Regulus se agarra a ele, com sangue e tudo.
"Você está bem, certo? Você está bem," Sirius canta, as mãos voando para
agarrar os ombros de Regulus e empurrá-lo para trás, sacudindo os dedos
acariciando-o, verificando-o. "Sim, você está bem. Você está bem. Você
está—"
"Você está bem," Sirius insiste, ofegando mais do que Regulus, neste
momento.
701
CRIMSON RIVERS
"Eu não me importo. Eu não me importo com o que não deveríamos ser
capazes de fazer, Sirius. Fodam-se eles. Fodam-se todos eles. Nós podemos
fazer qualquer coisa. Nós podemos fazer o que decidirmos, então vamos
viver. Vamos tentar viver, ok? Custe o que custar. Eu e você."
Sirius segura seu olhar, e ele parece prender a respiração, e ele é melhor
que Regulus—ele sempre foi—então faz sentido que ele seja melhor em ter
esperança também. Uma faísca entra em seus olhos, e ele ri, engasgado e
despreocupado ao mesmo tempo, totalmente empolgado enquanto balança a
cabeça e expira, "Eu e você."
"Você ouviu isso?!" Sirius grita para a platéia. "Eu e ele! Nós dois! Vai se
foder! Foda-se todos vocês! Vamos viver!"
Regulus solta outra gargalhada e levanta a cabeça para ver Sirius sorrindo
como um louco enquanto ele aponta para o céu com as duas mãos. Regulus
deixa cair a cabeça para trás e levanta as mãos para se juntar preguiçosamente
a Sirius, apontando para o céu também.
702
ZEPPAZARIEL
cabeça para olhar para ela, observando o pequeno rio vermelho escorrer por
seu braço, sobre suas cicatrizes, e escorregar por entre os dedos.
O olhar de Regulus passa por ele para encarar o rio de sangue abaixo. Está
recuando, se acalmando, se esvaindo para lugar nenhum. O rio queria ele
novamente. O rio queria ficar com ele desta vez.
Você não pode me ter, eu não sou seu, pensa Regulus, e então vira o rosto para o
sol e sorri.
703
CRIMSON RIVERS
52
BICHOS-PAPÕES
"Meu irmão. Louie," diz Huey, parecendo nervoso. "Eu preciso saber se ele
vai ficar bem. Ele vai ficar bem?"
"Ele tem algum lugar para onde possa ir?" Dorcas murmura, mantendo a voz
baixa. "Alguém com quem ele possa se esconder?"
Huey hesita, então murmura, "Ele tem uma antiga paixão que o acolheria e o
manteria seguro em um piscar de olhos. É um pouco complicado, mas..."
"Ligue para ele, diga a ele para ir para lá, e ele deve ficar bem," diz Dorcas.
"É—eu quero que você esteja ciente do risco, no entanto. Para ele e para
você. Não vou mentir para você, Huey. Isso vai ser uma guerra. Ninguém vai
ficar bem."
Dorcas o encara. "Esteja você aqui ou em outro lugar, você não estará a salvo
da guerra, nem ninguém mais. E, deixe-me ser bem clara, se você pretende
de alguma forma comprometer o que eu estou fazendo, eu vou matar você
antes que você tenha a chance."
704
ZEPPAZARIEL
Huey engole em seco. "Certo. Sim, ok. Vou ligar para ele."
Huey acena com a cabeça e se afasta, sua mão deslizando para o bolso para
pegar o telefone. Dorcas suspira baixinho e sente o aperto de antecipação e
preocupação dentro de seu peito um pouco mais. Ela estava tão ansiosa para
chegar ao que estava por vir e, no entanto, quanto mais perto chegava, menos
preparada se sentia.
Ainda há mais tempo, mas Dorcas tem muito o que fazer, além de equilibrar
sua necessidade desesperada de ficar de olho em Marlene na arena. Ela está
tão distraída se preocupando com ela que é muito difícil administrar qualquer
outra coisa.
"Sra. Meadowes, estou curioso para saber por que você, de todas as pessoas,
estaria conversando com um patrocinador."
Com os lábios se afinando, Dorcas se vira para ver Lucius Malfoy parado na
frente dela, seu olhar seguindo Huey antes de voltar para ela. Ele arqueia uma
sobrancelha.
"Você está ciente, tenho certeza, que apenas mentores devem se relacionar em
nome de seus tributos," Lucius continua, e Dorcas acha sua voz muito, muito
irritante. "Não manipuladores. Não estilistas. Para interferir em nome de—"
"Malfoy, eu literalmente não tenho tempo para isso, ou para você," Dorcas
interrompe, e então nem se dá ao trabalho de ficar por perto e ouvi-lo
gaguejar ofendido. Dorcas não perde tempo com gente que não vale a pena.
Dorcas sai sem dizer uma palavra, examinando a sala para encontrar James ou
Frank. Ela localiza James primeiro, que está encostado na parede. Ele parece
estar se recuperando depois que Regulus quase morreu, pressionando uma das
mãos contra o peito enquanto inspira e expira. É seu primeiro ano como
mentor—ela espera que seja o último—e ele ainda não sabe com manter as
aparências. Outras pessoas estão tentando bajulá-lo e oferecer conforto,
exceto que James não está aceitando. Ele continua balançando sua bengala
para forçar as pessoas a se afastarem dele, sem tentar atingir ninguém, mas
tendo certeza de que não chegarão muito perto.
705
CRIMSON RIVERS
Tudo bem, Dorcas pode respeitar isso. Ela gira sobre os calcanhares e decide
voltar para ele mais tarde. Ele é praticamente uma coisa certa de qualquer
maneira. Frank, no entanto, não é.
"Dorcas," Frank cumprimenta com uma leve e distraída surpresa quando ela
para ao lado dele. Ele é amigo de Marlene, e Dorcas se pergunta se Marlene já
falou sobre ela com ele. Ele parece bastante envolvido em observar Alice e
Augusta para se concentrar totalmente nela no momento, o que é justo.
"Oh, eu estou—bem," Dorcas diz hesitante, e Frank vira a cabeça para erguer
as sobrancelhas para ela então, e sim, ok, ele sabe que ela está envolvida com
Marlene. Certo, bem, isso deve ser um pouco mais fácil, nesse caso. "Na
verdade, não tão bem assim."
"Sim, bem, quando alguém de quem você gosta está na arena, é sempre mais
difícil," Frank anuncia, segurando o olhar dela. Ele parece estar procurando
seus olhos. "Você a ama, não é?"
"Infelizmente, não há muito que você possa fazer na sua posição," Frank diz
suavemente.
Rita está em uma tela, inclinando-se para a frente com claro interesse
enquanto mostra a cena de Augusta e Alice fazendo uma curva e ambas
parando bruscamente ao ver Frank deitado no meio de uma passagem, com
um buraco na cabeça de um ferimento de bala, claramente morto. Dorcas
pisca e olha para Frank, depois de volta para seu cadáver na tela.
706
ZEPPAZARIEL
"Ah, sim, isso é emocionante," afirma Rita. "Uma nova criação da própria
criadora dos jogos Minerva McGonagall, algo chamado de bicho-papão. É uma
criatura que assume a forma do maior medo dos tributos e é interativa. Ela
pode e vai atacar e, como podemos ver aqui, parece que Augusta e Alice
compartilham o mesmo medo. Claro, elas não têm como saber que não é
real..."
Frank faz um som baixo, olhando para a tela com os olhos arregalados, e
Dorcas engole em seco, seu estômago revirando ao pensar que Minerva criou
isso. Claro que sim. Minerva é brilhante, até um ponto aterrorizante, e ela sabe
tão bem quanto todos dentro da Ordem que Riddle tem uma estranha
obsessão por medos e coisas assim. Ele acha isso fascinante, especialmente
porque ele é essencialmente imune, visto que há rumores de que ele não tem
medo de nada e não sente medo algum. É por isso que ele ama tanto
Besouros Horcrux, ou assim disse Slughorn.
Na tela, o cadáver de Frank vira a cabeça e encara Alice e Augusta com olhos
mortos. "Por que, mãe? Por que você tomou o meu lugar quando isso nem
importa?" O cadáver se arrasta sobre os membros que rangem. "Alice, como
você pôde me deixar morrer da mesma forma que seus pais morreram? Como
você pôde—"
Assim que Alice e Augusta dobram uma esquina, fora de vista, o bicho-papão
se dissolve na névoa e flutua como fios de fumaça, viajando pelo labirinto.
707
CRIMSON RIVERS
~•~
Quando o sangue seca no tecido, torna ele rígido. Regulus sente que está
usando pranchas, o que é muito desconfortável, mas literalmente não há lugar
para limpar suas roupas. Sirius o ajudou a torcer o que pôde, certificando-se
de manter as partes pingando da camisa de Regulus longe de sua pele para que
ele não sentisse, o que Regulus aprecia. Ficou úmido por um tempo, úmido e
pegajoso contra sua pele, o que ele odiou, mas agora está seco e áspero. Ainda
é uma melhoria, em sua opinião.
"Você não precisa andar tão perto, sabe," Regulus murmura, exasperado
porque Sirius está andando ao lado dele, bem ao lado dele em um passo
perfeito, seus cotovelos batendo sem parar.
"Sim, eu sei, mas eu não vou facilitar as coisas para eles," Sirius declara com
firmeza.
708
ZEPPAZARIEL
"Alguém está—"
Sirius nunca termina antes que uma forma irrompa pela abertura à frente,
tropeçando um pouco quando eles fazem a curva. Regulus percebe que é
Lester apenas alguns segundos antes de ele vir direto para eles, erguendo sua
lança.
Antes mesmo de Regulus pensar sobre isso, ele empurra Sirius para o lado
com força e tropeça para trás, observando a lança voar pelo ar onde Sirius
estava.
"Você está bem?" Sirius pergunta, tirando a ponta da lança e olhando Regulus
cuidadosamente.
709
CRIMSON RIVERS
carmesim, ele está tão enjoado que a morte está genuinamente apenas fazendo
com que ele se sinta em perigo de vomitar.
"Sim, tudo bem," Regulus consegue dizer, e então estraga tudo ao se encolher
levemente quando o canhão soa. Sirius levanta as sobrancelhas para ele, e
Regulus bufa. "Oh, cale a boca. É o sangue, certo? Isso fede pra caralho. Como
você está tão—tão—"
Sirius suspira e gira sua lança sobre o pulso. "Reggie, eu não estou
exatamente—quero dizer, eu... eu tive meus momentos, certo? Mas é a arena.
Aqui, isso não pode—eu não posso pensar nisso. Eu não posso me
concentrar no que eu estou fazendo ou no que eu tenho que fazer. Eu só
faço."
"Você não acha que estou eu tentando fazer o mesmo?" Regulus estala, dando
mais um passo para trás de Lester, respirando pela boca. As roupas sujas de
sangue que ele está vestindo estão fazendo sua pele coçar. "Porra, Sirius, você
matou quatro pessoas sem nem mesmo hesitar. Nem sequer piscou. E
Camilla—quero dizer, você parecia estar bem com ela, e então—"
"E então ela tentou te matar," Sirius interrompe sem rodeios. Ele sustenta o
olhar de Regulus. "Olha, eu sabia exatamente no que estava me metendo
voltando para cá. Eu já matei doze pessoas. O que são
dezesseis, especialmente para manter eu e você vivos? Se eu viver, eu vou viver
com isso. Se eu não, bem, acho que não vou precisar. De qualquer forma, eu
faço o que tenho que fazer, assim como você. Não é fácil, mas eu não tenho
os mesmos problemas com sangue que você, por um lado. E eu não estava
aqui no ano passado, por outro."
"E se eu estragar tudo? Ou chegar tarde demais para ajudar você? Ou não for
rápido o suficiente?" Regulus sussurra, e seu estômago revira ainda mais com
o mero pensamento.
"É com isso que você está se preocupando agora?" Sirius pergunta cansado,
suspirando. "Honestamente, você tem alguns grandes problemas de ansiedade
710
ZEPPAZARIEL
acontecendo, sabia disso? Me escute, ok? Eu e você, o que for preciso. Nós
concordamos com isso, não concordamos?"
"Então é isso," Sirius diz simplesmente. "Isso significa que nós dois estamos
tentando o nosso melhor, e isso é o suficiente, Reggie. Não importa o que
aconteça, é o suficiente. Estamos fazendo o suficiente."
~•~
"Ah," Regulus responde, soltando um soco para fora da respiração, sua cabeça
girando para olhar para a sebe ao lado deles. Sirius olha para ele para vê-lo
parecendo cauteloso, mas ele parece endireitar os ombros. "Certo. Certo, ok.
Escalar de novo. Eu posso—quero dizer, eu já fiz isso uma vez. Eu
provavelmente posso fazer isso de novo."
"Acho que não." Sirius flexiona seus dedos em torno de sua lança e aperta os
olhos para as criaturas à frente. "Então, parece que a única maneira de ir
é passar. Lutando, no caso."
"Pelo amor de Deus," Regulus resmunga, seu rosto caindo em uma carranca,
mas ele dá um pequeno giro rápido de sua adaga e coloca um pé para trás, de
pé pronto.
"Ei, Reggie?"
"Hum?"
"Aposto que posso derrubar mais do que você," Sirius brinca, ampliando sua
postura e deixando um sorriso crescer em seu rosto.
712
ZEPPAZARIEL
Ele acha que ouve a risada de Regulus, mas se ouviu, foi perdida no meio da
agitação que encheu a cabeça de Sirius quando ele saiu correndo também. No
momento em que eles chegam à metade da passagem, a multidão de criaturas
no final é uma explosão repentina de movimento, bastante rápidas em seus
braços de agulha enquanto correm para encontrá-los.
Se Sirius e Regulus são armas por direito próprio, então eles são lâminas
duplas, trabalhando facilmente em conjunto como extensões um do outro.
Perigosos sozinhos, ainda mais perigosos juntos. Eles nunca precisam falar,
nunca precisam nem olhar um para o outro; eles fluem como se estivessem no
meio de uma dança que conhecem os passos desde o nascimento.
Sirius espeta uma criatura no rosto e a acerta em outra, atacando com sua
lança para derrubar pelo menos quatro no chão de uma vez. Regulus pisa nas
cabeças enquanto passa, como se eles tivessem praticado isso. Da mesma
forma, quando Regulus enfia sua adaga na cabeça de um, Sirius a chuta na
espinha para tornar mais fácil para Regulus pegar sua adaga de volta, girá-la e
enfiá-la na cabeça do próximo.
713
CRIMSON RIVERS
A massa de criaturas diminui, e então a última cai quando Sirius enfia sua
lança através da caixa torácica aberta com tanta força que a ponta da lança
atravessa o topo da cabeça da criatura. Os tentáculos caem instantaneamente,
não tentando mais envolver seu rosto.
Ofegante, Sirius inclina sua lança para baixo e coloca sua bota contra as
costelas dela para chutar a criatura. Há um squelch, então um splat muito
nojento, e é isso.
"O quê? Não, você não ganhou. Você não pode provar isso," Regulus gagueja
instantaneamente, o que diz a Sirius que ele, de fato, ganhou.
Sirius continua a mexer na sua bolsa, procurando dentro dela para encontrar o
pano de que precisa. "Limpando minha lança. É nojento."
"Você tem um pouco de..." Regulus tosse e gesticula para seu próprio cabelo,
depois para o de Sirius.
"O que?!" Sirius engasga, instantaneamente deixando cair sua lança e pano,
mãos voando até seu cabelo em horror.
Sirius bufa para ele. "Por que você não limpa minha lança então?"
714
ZEPPAZARIEL
"Não," Regulus diz brandamente, então deixa cair o pano de volta no chão
assim que termina de usá-lo.
"Idiota," Sirius resmunga, mas cede e deixa seu cabelo em paz assim que tem
certeza de que está limpo. Ele pega sua lança e pano para voltar sua atenção
para isso. "Isso porque você diz que me ama."
Regulus franze a testa. "Eu amo—" Ele para, então semicerra os olhos
quando Sirius sorri triunfantemente para ele.
~•~
Dorcas vê Eli cair e sabe, de alguma forma, que ele não vai se levantar.
Eli está ofegante e, embora tente se levantar cambaleando, ele cai de joelhos e
imediatamente vomita no chão. Ele geme e balança a cabeça, ofegante, "Não
consigo. Não consigo."
Marlene lança um olhar desesperado para a névoa verde que se aproxima cada
vez mais deles. "Olha, dê uma festa de pena para alguém que se importa. Eu
não tenho tempo para isso. Levante-se!"
"Você precisa me deixar agora, garota. Eu sei o que posso aguentar, e eu não
aguento mais. Eu estou cansado. Tão cansado."
"Bem, que pena, porque eu não vou deixar você aqui," declara Marlene em
clara angústia. Ela tenta ajudá-lo, mas mal consegue com apenas um braço,
especialmente com o cansaço que ela está. Ela consegue colocá-lo de pé,
gritando enquanto se abaixa sob seu braço e suporta seu peso, apenas para
que as pernas dele cedam quase instantaneamente e esbarrem em seu ombro.
"Eli, por favor. Por favor, por favor, levante-se. Por favor—"
"Vá," Eli sussurra com a voz rouca, e então ele estende a mão para empurrá-la
com força suficiente para que ela tropeça alguns passos para trás. A névoa
quase os alcançou. "Eu disse vá!"
"Eli," Marlene resmunga, seus olhos brilhando na tela enquanto ela olha para
ele com horror.
"Eu sinto muito," Marlene diz com dificuldade, as lágrimas escorrendo de seus
olhos e escorrendo por suas bochechas. Dorcas sente o peito apertar, as
palmas das mãos coçando com o desejo de estender a mão e gentilmente
enxugar aquelas lágrimas.
"Pelo o que você sente muito, Marlene McKinnon? Eu vou ver meu Alphard
de novo." Eli dá a ela um sorriso cheio de dentes, que mostra um vislumbre
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ZEPPAZARIEL
de como seu sorriso deve ter sido encantador quando ele era mais jovem.
Ainda encantador agora, mesmo assim. "Eu faria qualquer coisa por Alphard.
Até mesmo viver. E eu fiz isso, da melhor maneira que pude. Espero que você
encontre isso algum dia."
Ela já encontrou, pensa Dorcas. Qualquer coisa, qualquer coisa, qualquer coisa.
Ela sabia que havia uma chance de que pudesse ser usado nos jogos, mas
nunca viu e não conectou tudo até aquele momento. Isso é o que a maioria do
distrito seis experimentou, e esta é uma arma que Riddle tem à sua disposição
para usar contra aqueles que o desafiam. Eli está gritando como se estivesse
sofrendo o pior tormento que qualquer ser humano poderia sentir. É o auge
da tortura, agarrado em agonia, simplesmente sofrendo.
A pele de Dorcas se arrepia. Tudo o que ela viu, tudo o que ela conhece, e
nada poderia tê-la preparado para isso.
Isso? ela pensa. Nós temos que vencer isso? Ninguém pode vencer isso.
Como se para provar seu ponto de vista, os gritos de Eli são interrompidos e,
segundos depois, o canhão soa.
717
CRIMSON RIVERS
"Vá," Dorcas suspira, o olhar fixo na tela. Seu corpo inteiro está tremendo.
"Vamos, Marlene. Vamos, vamos, vamos. Vá. Por favor, vá. Você tem que—"
Sufocando uma respiração áspera, Marlene começa a ir, como se talvez tivesse
ouvido Dorcas, ou apenas sentisse o desespero absoluto envolvendo os ossos
de Dorcas, seu próprio sangue, onde seu amor flui e se consolida nela;
certamente Marlene pode senti-lo, tão grande e implacável como é, mesmo
estando presa lá. Ela não pode?
Se ela sente ou não, Marlene pega sua espada e corre, e Dorcas pensa que ela
está chorando enquanto ela vai, mas ela ainda está indo. Ainda aqui. Ainda
sobrevivendo.
Na tela, Marlene corre por uma passagem e vira a esquina da próxima, nem
mesmo diminuindo a velocidade enquanto deixa a névoa para trás. Ela para de
avançar e Dorcas a princípio fica confusa por que, mas então seu coração para
quando a câmera faz uma panorâmica para a névoa branca no final da
passagem que Marlene está correndo. Ela não parece vê-la, mesmo quando ela
olha diretamente para ela, e no momento em que desvia o olhar, ela começa a
tomar forma.
Esta é uma Marlene que ninguém nunca viu antes. Ela nem parecia assim em
seus primeiros jogos. Para as Relíquias, mesmo então, Marlene era bastante
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ZEPPAZARIEL
simples e normal. Mas essa Marlene? Ela é o bater de asas de fada e pedaços
de algodão-doce, e Dorcas sabe—ela apenas sabe em seu coração—que se
fosse assim que Marlene fosse apresentada a Relíquia, eles teriam se
importado com ela muito mais.
A Marlene que Dorcas conhece, aquela que é real, aquela por quem ela está
profundamente, descaradamente, apaixonada, aquela que tem unhas rasgadas
e dentes sangrentos e cicatrizes que vão além da profundidade da pele—
aquela Marlene tropeça até parar e se aproxima.
"O que diabos é isso?" Marlene resmunga, seus dedos flexionando em torno
de sua espada. Ela só tem uma mão para segurar sua arma, mas seu olhar é
duro como se ela não tivesse medo de usá-la.
Marlene fica imóvel, então repete com os dentes cerrados, "Que diabos é isso?"
"Cale a boca. Cale a boca, cale a boca, cale a boca," canta Marlene, seu peito
gaguejando em uma forte inspiração. "Que porra é você? O que—"
"Deveria ter sido eu, não você, não o monstro que você é, que você se tornou,"
insiste o bicho-papão. Ele dá um passo à frente e Marlene imediatamente
balança sua espada para cima, sua respiração errática. "Olhe o que você se
tornou."
719
CRIMSON RIVERS
"Se você fosse ela," Hodge gorgoleja, um fio vermelho saindo de sua boca
enquanto ele fala, "Você poderia ter feito mais. Mas você não é. Você é
apenas você, e isso é tudo que você pode ser. Tudo o que você sempre será é
isso, um monstro que não pode salvar ninguém."
Dorcas suga uma respiração profunda e segura, seu coração martelando forte
em seu peito. Marlene balança a cabeça e recua, olhos arregalados e úmidos.
"Você acha que ela olha para você e vê algo além do monstro que você é?" o
bicho-papão exige, avançando continuamente, chegando muito perto. "Tudo
pelo que você está lutando, tentando tanto sobreviver, e para quê? Para voltar
para ela? Ela não quer você. Ela nunca quis você, e você sabia disso, e então ela
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ZEPPAZARIEL
sentiu pena de você. O que ela realmente quer sou eu, e você não pode dar isso
a ela, pode? Pode?!"
"Por que você não fez mais?" Vanity pergunta, porque ela ainda está lá. Ainda
é o bicho-papão, ainda avançando, ainda não derrotado. A cabeça de Marlene
se ergue. "Minha família precisava de mim. Eles precisavam que você fizesse
mais por mim, e você não conseguia."
"Minha mãe está sozinha agora," Hodge diz através de um bocado de rio
carmesim. "Eu não queria deixá-la sozinha. Você deveria me ajudar para que
eu não a deixasse sozinha."
"Eu—eu sinto muito. Por favor, eu sinto muito," Marlene chora, um gemido
saindo de sua boca enquanto eles caminham em direção a ela firmemente, de
mãos dadas.
Dorcas estende a mão para cobrir a boca, tentando abafar o som que sobe
pelas paredes de sua garganta contraída. Marlene não levanta a espada contra
eles, e não vai levantar. Dorcas sabe que não. Sabe que ela não pode.
Tudo o que Marlene faz é tropeçar para trás quando eles a alcançam com
mãos pequenas. Ela continua recuando, hiperventilando e parecendo incapaz
de desviar os olhos deles enquanto avançam.
721
CRIMSON RIVERS
"Vá," Dorcas implora por entre os dedos. "Por favor, Marlene, apenas—
apenas vá. Você tem que ir."
Desta vez, Marlene não parece sentir o amor clamando por cada célula do
corpo de Dorcas, e ela não se mexe.
~•~
Na verdade, não é culpa deles, porque parece que os criadores dos jogos estão
determinados a separá-los, e com toda a merda que eles têm à sua disposição
no labirinto, não era impossível para eles fazerem isso. Entre as mãos, a
névoa, até as malditas voltas e reviravoltas e as sebes que abrem e fecham, em
algum lugar ao longo do caminho, eles se separaram.
Sirius quer arrancar a porra do seu cabelo, ou talvez rasgar o maldito mundo
inteiro ao meio, mas tudo o que ele pode fazer é correr. Ele ainda está
correndo.
Então, como você pode imaginar, ele não está de bom humor no momento,
literalmente amaldiçoando uma tempestade enquanto derruba uma passagem
após a outra, e isso significa que ele rosna abertamente quando faz uma curva e
bate em alguém que não é Regulus, ou qualquer um de seus aliados, ou
qualquer um que ele gostaria de ver.
Sirius talvez empurre Dixon para longe rudemente, e entre isso e o rosnado,
não é surpresa que uma briga comece instantaneamente entre eles. Dixon,
previsivelmente, é muito forte. Ele também é mais velho e mais sábio, então
ele fica fora do alcance enquanto eles se chocam, espada com lança. Mesmo
assim, Sirius não está muito preocupado até que Dixon de alguma forma
consegue desarmá-lo, a lança rolando para longe.
722
ZEPPAZARIEL
Existem esses níveis para Sirius, quando se trata da ameaça que ele representa.
Na maioria das vezes, ele faz o mínimo, apenas o que precisa para vencer
rapidamente. Mas, de vez em quando, ele vai entrar em uma briga com alguém
que ele tem que cavar fundo em si mesmo para obter vantagem contra.
Como a pessoa com quem ele lutou em seus últimos jogos, onde literalmente
ele arrancou o dedo com uma mordida. Um dedo inteiro. Sangue, músculos e
ossos. Ele mordeu e cuspiu. Não engasgou, não tossiu, nem diminuiu a
velocidade.
Então, sim, ele não é estranho em ir até o fim para sobreviver, e oh, Sirius
está obcecado com a sobrevivência agora. Especialmente agora. Enquanto ele
puder. Custe o que custar.
De qualquer maneira, quando Dixon vem para ele rápido, Sirius revida sujo. Ele
crava as unhas no pulso de Dixon e torce, girando para trás e batendo a bota
na lateral do joelho dele com tanta força que ele grita e cai. A espada cai no
chão, mas Dixon ainda ataca forte o suficiente para que Sirius tenha que soltá-
lo e sair do caminho.
para pegar sua espada, e Sirius ainda está ao alcance, incapaz de se mover a
tempo, então ele literalmente vê sua vida passar diante de seus olhos no brilho
da lâmina.
E então, sem aviso, há um zing agudo no ar, e Sirius sente seu cabelo roçando
em seu rosto, assim como uma sensação de ardor em sua bochecha segundos
antes de observar uma flecha enterrar-se bem no olho de Dixon. Ela acerta
com tanta força que sua cabeça pende para trás quando acerta, e o canhão soa
antes que seu corpo atinja o chão.
Sua mira é mortal. Sirius sabe que ela nunca erra, o que significa que ela matou
Dixon de propósito, seu próprio aliado, e também significa que ela deu a ele
um pequeno corte pela diversão.
~•~
Regulus não está nem um pouco satisfeito com a forma como isso está indo,
mas, na verdade, ele nunca está. Se não é uma coisa, é outra. Toda essa arena é
uma merda, mesmo de maneiras que ele nunca poderia esperar.
Ele pensou que seria semelhante a todas as arenas anteriores, em que pelo
menos os aliados teriam a chance de ficar uns com os outros, mas claramente
não é o caso. Pelo que ele sabe, os Comensais da Morte estão todos
724
ZEPPAZARIEL
O som de um canhão quase o faz tropeçar, e ele xinga baixinho quando vira
uma esquina, olhando freneticamente por cima do ombro enquanto foge
daquelas malditas mãos. Ele jura que se ele nunca mais ver uma mão sem
corpo com garras e semelhante a um cadáver em sua vida, não será muito
cedo.
Porém, não há mãos na passagem que ele vira, o que ele considera uma grande
melhoria até ver o que há na passagem. Ele para com tanta força que derrapa,
os olhos esbugalhados ao ver—Vanity? Hodge?
Leva um segundo para o cérebro de Regulus entender o que ele está realmente
vendo. Vanity e Hodge, claramente mortos, envolvendo suas mãos ao redor da
garganta de Marlene e apertando. Ela está lutando, fracamente, mas
principalmente apenas ofegando e afundando no chão, lentamente ficando
mole.
O estômago de Regulus cai debaixo dele, e antes mesmo que ele pense sobre
isso, ele estala a mão e observa sua adaga voar pelo ar. Ela se encaixa na lateral
da cabeça de Hodge, o que surpreendentemente parece ajudar um pouco
Marlene. O menino já está morto, mas suas mãos ficam frouxas quando ele cai
no chão como uma pedra. Pequenos rios vermelhos escorrem dos cantos de
sua boca, seu olhar cego e vítreo.
"Merda," Regulus sussurra, e ele não está pensando em nada além do fato de
que Marlene é amiga de Sirius, e de acordo com James, amante de... Dorcas,
possivelmente?
Não apenas isso, mas apenas a própria Marlene. Regulus a respeita, e ele só
está percebendo isso agora. Ele pensou que não se importava com os aliados
de Sirius, planejava matá-los se pudesse, para que Sirius não precisasse, até,
mas a coisa é. Bem, o que Marlene fez em sua entrevista foi comovente. Ela é
apenas—ela é alguém a ser respeitada e ninguém merece morrer assim.
725
CRIMSON RIVERS
Não assim.
Oh, James. Não há dúvida na mente de Regulus de que ver isso, ver esses dois
novamente, o machucou. Regulus instintivamente quer impedir que James se
machuque ainda mais, e Marlene morrendo nas mãos dos cadáveres desses
dois seria pior.
A adaga foi deixada para trás, felizmente. Regulus a pega enquanto se move
para se agachar ao lado de Marlene. O braço em que ela está apoiada está
bom, mas o outro... Regulus faz uma careta só de olhar para ele, inchado e
visivelmente quebrado como está. Ele não a toca, mas estende a mão para
pressionar os dedos ao lado de sua garganta, verificando seu pulso.
Ela tem um. É fraco e um pouco lento, mas está lá. Marcas já estão se
formando em seu pescoço de onde ela foi estrangulada, em forma de quatro
mãos. Regulus puxa a mão para trás e olha para ela, considerando-a.
Por mais horrível que seja, uma parte de Regulus gostaria de tê-la deixado
morrer. Teria sido mais fácil, não? Porque ela vai ter que morrer em algum
momento de qualquer maneira, e adiar o inevitável não vai mudar muito no
final.
726
ZEPPAZARIEL
Regulus respira fundo, então estende a mão livre e começa a bater suavemente
na bochecha de Marlene com as costas da mão, tentando acordá-la. Ela está
viva, apenas parece ter desmaiado. Ele daria água a ela se tivesse, mas Sirius
tem todos os malditos suprimentos.
O rosto de Marlene se contrai, só um pouco, então ele puxa a mão para trás
com a intenção de bater nela com um pouco mais de força, mas fica imóvel
quando ouve passos atrás dele.
~•~
No momento em que James se vê na tela, ele sente seu coração afundar. Ele
avança o mais rápido que pode com sua bengala, sua respiração errática
quando ele para entre Dorcas e Frank, olhando para a versão bicho-papão de
si mesmo e Regulus congelado no lugar, olhos arregalados.
"Não," James engasga, e ele se sobressalta quando Dorcas estende a mão para
pegar sua mão, apertando-a gentilmente. Ela parece enjoada, todo o seu corpo
cheio de tensão, o rosto contorcido pela tensão. "Eu não. Porra. Ele não—ele
não vai me matar. Ele sempre hesita. Ele vai hesitar. Ele—"
"James," Frank diz com firmeza, "Respire. Apenas respire. Nós não—nós não
temos como saber o que vai acontecer, e ele só tem que aguentar mais um
pouco, ok?"
"O que?" James resmunga, olhando para ver Dorcas e Frank trocarem um
olhar rápido. "O que isso significa?"
"James?" Regulus sussurra na tela, então Dorcas e Frank não elaboram. James
não ouviria se eles o fizessem. Ele se concentra na cena à sua frente. "Você
está—como você está aqui? Por que você—"
"Tudo o que você fez para me manter fora, e aqui estou eu de qualquer
maneira," o bicho-papão diz levemente, fazendo parecer uma piada.
727
CRIMSON RIVERS
"Oh, pare com isso, Reg," o bicho-papão brinca, e James instantaneamente odeia
qualquer outra pessoa, qualquer outra coisa, chamando-o assim. Ele não se
importa se é sua boca moldando o apelido; não é ele falando, o que James
descobre rapidamente que não gosta, especialmente nessas circunstâncias.
"Não aja como se não estivesse satisfeito, mesmo secretamente. Eu sei que
você me quer aqui. É egoísta, mas você está feliz por eu estar aqui, não está?"
"O que?" Regulus resmunga, toda a cor desaparecendo de seu rosto de uma só
vez. "Não, James, eu—eu não quero—"
"Sim, você quer. Não minta. Você está sempre mentindo," murmura o bicho-
papão, franzindo a testa para ele. "Você é um mentiroso. Tudo o que você faz
é—"
"Não, isso não é—eu—quero dizer, eu quero você aqui, mas não—não em
perigo, James. Apenas—apenas—" Regulus engole asperamente, seus dedos
tremendo em torno de sua adaga. Ele parece se dar conta disso então, onde
ela está, ainda pressionada contra a garganta do bicho-papão. Ele
instantaneamente a tira de volta, parecendo horrorizado, e James
quase choraminga de pura angústia. "Desculpe. Porra, me desculpe. É—sim,
ok? Sim, eu quero você por perto, sempre, mas eu não quero que você se
machuque, e isso—você não pode estar aqui. Como—"
"Bem, você estragou tudo isso também," diz o bicho-papão, e Regulus recua,
visivelmente ferido. "Por que você acha que eu estou aqui, hm?
Por sua causa. Por quem mais?"
"Isso é o que você faz, sabe. Você arrasta todos que você ama para baixo.
Você falha, e falha, e falha. Por que você se preocupa em tentar? Se sacrificar
pelo seu irmão, o que era o melhor para todos—não, nem isso você poderia
fazer. Me manter seguro e fora da arena—bem, você estragou tudo também.
E o quê? Você quer viver agora? Você acha que você merece tanto quanto
qualquer outra pessoa? Depois de tudo o que você fez, toda a dor que você
causou, todas as maneiras que você arruinou a vida de todos?"
728
ZEPPAZARIEL
"O que?" Regulus diz, olhando para ele com os olhos arregalados, sua voz
oscilando precariamente. "Você—o quê? Você está... Isso não é—isso não é
você. Não é. Você nunca diria isso para mim."
"O quê? Você o quê?!" o bicho-papão ruge, e Regulus solta um suspiro áspero
que se transforma em um soluço. James aperta a mão de Dorcas, com os
olhos ardendo. "Você me ama? Não, você não ama! Você chama isso de
amor?! Você não saberia amar direito nem se tivesse um guia passo a passo. O
que você faz é podre. Você é o epítome da podridão, Regulus. Você pega tudo
de bom neste mundo e inventa maneiras de deteriorá-lo, porque você está
com tanto medo de ficar sozinho que vai se agarrar até que não haja mais
nada para se agarrar. Tudo que você toca egoisticamente sai com marcas de
garras. Você não é diferente dos cadáveres no rio carmesim em que você
deveria ter morrido!"
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CRIMSON RIVERS
"Eu sei que você pensou sobre isso, porque eu com certeza pensei," o bicho-
papão sussurra. "Eu pensei sobre o quanto eu estaria melhor sem você, o
quanto Sirius estaria melhor, o quanto a porra do mundo inteiro estaria
melhor. Então, quer saber? Me deixe fazer isso."
Tudo para.
Regulus engole em seco, visivelmente, e está tremendo. James pode ver ele
tremendo como se estivesse prestes a desmoronar. Lágrimas não estão caindo,
mas estão lá, brilhando.
"Nós dois sabemos que você não vai fazer nada comigo. Isso te assusta, Reg?
Hm? Saber que você está completamente indefeso para outra pessoa. Fraco
para outra pessoa." O bicho-papão estende a mão e envolve os dedos em
torno dos de Regulus, arrancando-os do cabo de sua adaga. Regulus observa
isso acontecer, os lábios tremendo, e então as lágrimas caem ao mesmo tempo
que sua mão. O bicho-papão sorri. "Viu? Lá vai você, falhando de novo. E a
parte patética é—uma parte de você está realmente grata por pelo menos eu
ser a última coisa que você verá. Mas eu quero que você saiba, você não está
olhando para alguém que ainda te acha bonito. Você não está morrendo nas
mãos de um homem que te ama, Regulus. Apenas um homem que não é seu."
730
ZEPPAZARIEL
"Não," James sussurra. "Não, não, não. Por favor, espere. Por favor—"
"James!" Dorcas explode, estrangulando sua mão enquanto ela aponta para o
mapa, e ele olha para ele desesperadamente, engasgando com uma respiração
áspera com a rápida aproximação de Marlene.
Regulus engasga, olhando para a espada com os olhos arregalados, e então seu
olhar volta para cima para olhar para o rosto do bicho-papão. Em um coaxar
terrível e aflito, ele sussurra, "James?"
James acha que nunca viu alguém parecer tão arrasado quanto Regulus neste
momento. Regulus não costuma se emocionar fortemente por meio de sua
expressão; geralmente, está tudo nos olhos dele. Mas isso? É como se as
comportas tivessem sido abertas. Não há como esconder a onda pura e
consumidora de dor e medo que cai sobre as feições de Regulus. James nunca o
viu assim antes.
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CRIMSON RIVERS
"Não, não, James, não," Regulus choraminga, parecendo tão jovem, tão
apavorado, tão fodidamente de coração partido que a visão de James fica
borrada com as lágrimas que queimam seus olhos. "Não—por favor, não faça
isso comigo, amor. Por favor, por favor, por favor. Vamos, não—"
James jura que, neste momento, ele engoliu o coração de Regulus. De alguma
forma, inexplicável, assombrosa e horrível, ele se joga contra as paredes de
seus dentes, e James o morde como o primeiro gosto do conhecimento,
engolindo o livre-arbítrio e engasgando com ele. Inutilmente, ele tenta se
soltar, mas James simplesmente não o deixa; ele não apenas o possui e o
segura em mãos quentes; não, ele o consumiu e o tornou parte de si mesmo,
um eco de tambor de peito a peito, sangue a sangue e respiração a respiração.
Não é apenas tocar Regulus, é enfiar as mãos dentro e colocar tudo o que
Regulus tem nas suas palmas que desejam apenas embalar e, no entanto, aqui
está James, esmagando. Ele não escolhe isso. Esta não é a escolha dele. Ele
queria manter o coração de Regulus, não comê-lo, mas foi enfiado em sua
garganta contra sua vontade.
732
ZEPPAZARIEL
Mesmo assim, uma guerra continua onde ele queima com Regulus,
engasgando com o coração que ele nunca quis em sua boca, nunca quis
arrancá-lo do peito em que deveria residir com segurança. É quase assustador
enfrentar isso. Ver isso. Testemunhar com que facilidade, com que falta de
esforço, ele poderia arruinar alguém que ama. Ser amado assim é sua maior
vergonha e seu maior prazer.
Não é.
E ainda, e ainda assim, James não iria, não poderia desistir por nada neste
mundo. Ele vai pegar, pegar e pegar. Ele deixará Regulus se segurar e se
agarrar com a mesma força, e ele usará todas as marcas que forem deixadas
com orgulho. E, quando não houver mais nada para se agarrar, ele buscará
mais.
Ele pode ser gentil. Eles podem ser. James quer, um dia, viver em um mundo
onde eles terão a chance.
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CRIMSON RIVERS
~•~
Regulus viu horrores inimagináveis e sentiu uma dor indescritível, mas nada se
compara a isso. Nada, jamais, poderia se comparar a isso.
É aqui, assim, que Regulus sente o desejo profundo e ardente de gritar para o
céu, para o mundo, para o universo e qualquer força que o ouça, porque isso
não pode estar acontecendo com ele. Porque está acontecendo
com ele, porque James é dele, dele, dele; meu, meu, meu, ele pensa
desesperadamente, meu James, meu amor, meu e não seu, ele não é seu para levá-lo,
devolva ele.
"Regulus."
Ele é meu.
"Regulus."
"Regulus."
Há uma pressão em seu ombro, uma mão, e Regulus percebe que está
balançando e falando alto, implorando e implorando para qualquer um que
queira ouvir, exceto que nada acontece.
Marlene está olhando para ele, e ele olha para ela, e seus olhos se encontram
apenas por um segundo antes de Regulus começar a se mexer. Ele sai do chão
rapidamente, e Marlene pula para trás como se estivesse antecipando isso,
como se fizesse todo o sentido que todo o mundo dele se reduzisse a cortar
sua garganta.
Ela o matou. Ela o matou e Regulus vai matá-la. Ele vai passar a adaga pelo
pescoço machucado dela e se deliciar com o sangue que escorre, até que cada
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ZEPPAZARIEL
gota se esgote, e ele não vacilará. Ele lavará as mãos no sangue dela e
carregará as manchas com ele como uma medalha de honra.
O único problema é que Marlene—bem, ela não é fácil de matar, mesmo com
uma mão. Ela tem uma espada e pode lutar, e luta. É confuso e feio entre eles.
Regulus acerta seu braço quebrado. Marlene acerta o joelho entre as pernas
dele. Eles chutam, socam e rosnam um para o outro com uma energia
selvagem suficiente para que nenhum deles pareça ter muita humanidade neles
no momento. É só violência. Eles são apenas violência.
Regulus não para, e então ele para quando Marlene para, quando ela bate o
cabo de sua espada em seu rosto e chuta com o pé para derrubá-lo de costas.
Sem hesitar, ela enfia a espada na parte de cima da camisa dele, por cima do
ombro, cortando o tecido e prendendo-o ali para que ele não consiga se
levantar. Ela poderia ter colocado no peito dele.
"Não... é... real," Marlene resmunga, pressionando a bota no pulso dele para
impedi-lo de erguer a adaga. "James... está... bem. Aquele... não era... ele. Ele
está vivo."
Regulus congela, olhando para ela, esperando. Ele espera, e espera, e espera
que isso seja verdade, precisando que seja verdade, querendo tanto que seja
verdade que não consegue respirar.
Marlene engole com esforço, fazendo uma careta, claramente de dor. Ela
aponta o queixo para onde Regulus deixou o corpo de James. "Olha. Uma...
ilusão. Não é... real."
Uma ilusão.
Não é real.
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CRIMSON RIVERS
Tipo—ok, então. Ok, então não é James. Aquele não era James. Não é James.
Ele está bem. Ele está vivo. Regulus é simplesmente louco.
Ok.
Sim, ok.
Regulus cai de costas no chão e faz algum tipo de barulho que pode ser
rotulado como a causa de um maldito colapso mental, porque ele está rindo e
chorando e desmoronando e consertando, tudo de uma vez.
E, o fato é que, no fundo, Regulus sabia que o que quer que fosse não poderia
ter sido James, não realmente, porque James—ele nunca diria essas coisas a
Regulus, por qualquer motivo, nem mesmo se ele realmente acreditasse nisso.
Mesmo quando ele achava que odiava Regulus, ele nunca foi tão longe.
James não é o tipo de homem que faz coisas assim. Que diz coisas assim. Que
destrói as pessoas, só porque pode, só porque tem poder para isso. Ele pode
destruir Regulus, fácil, sem problemas; acabou de ser provado, e nem era ele.
A bota de Marlene se afasta do pulso dele, e ela puxa a espada da camisa dele,
que agora tem um buraco e desliza um pouco sobre o ombro dele. Ele não se
importa. Ele não levanta a adaga, não para de chorar ou de rir, não faz nada
além de deitar no chão e tentar se agarrar a todo o progresso pessoal que fez
recentemente, que quase foi arrancado de debaixo dele mais uma vez.
"James," Regulus murmura uma vez que ele de alguma forma consegue se
acalmar. Seus olhos se fecham. "É melhor você ficar bem. É melhor você
estar perfeitamente fodidamente bem, porque se você tiver apenas uma
contusão por bater em uma parede, eu vou enlouquecer."
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ZEPPAZARIEL
James, é claro, não pode responder a ele. Não porque ele está morto, no
entanto. Ele não está. Ele não está. Ele não está, ele não está, ele não está.
Talvez James lhe envie algo. Isso seria bom, simplesmente saber que ele está
vivo, só isso. Mas, realmente, aqui do outro lado, Regulus tem certeza
absoluta de que ele está, e diz a si mesmo que não é uma negação. Aquela—
aquela coisa era apenas mais um pesadelo inventado pelo labirinto, e Regulus
se recusa a cair nisso novamente. James iria—se ele de alguma forma viesse
para a arena, então ele definitivamente beijaria Regulus primeiro, falaria
depois.
Regulus conhece James. Ele conhece seu noivo, e o que diabos era aquela
coisa não era ele. Então, tudo bem, parecia com ele, e entrou na cabeça de
Regulus, e brincou com as emoções de Regulus. Meio constrangedor agora, na
verdade.
Isso é outra coisa, quase não há tempo para descansar nesta arena. As pessoas
não devem ser levadas a limites como esses; sim, os humanos são criaturas de
resistência, mas eles só podem resistir por um certo tempo antes de desistir.
Pelo amor de Deus, Regulus está exausto. Pela aparência das coisas, Marlene
também, e ainda assim os dois trocam um breve olhar antes de se virarem e
saírem correndo. Marlene está à frente dele e vira uma esquina para uma
passagem aberta, mas quando ele a alcança, a passagem está fechada.
~•~
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CRIMSON RIVERS
Este não é um mundo ideal, e Bellatrix para. Ela não continua correndo. Ela
fica parada por um momento, respirando pesadamente, e então começa a
recuar.
É Alice. Isso é tudo que James consegue pensar. A adaga chicoteia pelo ar
rapidamente, mas Alice é claramente o alvo, aquela que Bellatrix escolheu
matar, então James tem apenas um segundo para se preparar para—
Augusta bloqueia.
Acontece tão rápido que James mal consegue entender a princípio, mas
Frank... Oh, Frank parece entender imediatamente. Um ruído baixo e agudo
escapa dele, ofegante, algo que se prende no peito de James e arranca dele
uma onda profunda de empatia. Essa é a mãe dele. É a mãe de Frank parada
ali, uma adaga saindo do peito onde ela tropeçou na frente dela, na frente de
Alice, de propósito.
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ZEPPAZARIEL
"Fatal," Frank resmunga. James olha para vê-lo olhando para sua mãe
inexpressivamente, seu rosto flácido com o choque. "É—é fatal. A ferida—ela
não—ela não pode sobreviver a isso. É—"
"Frank," James diz com muito cuidado, soltando sua mão da de Dorcas para
estender a mão e gentilmente colocá-la no braço de Frank. Ele pretende dizer
outra coisa, mas fica boquiaberto, porque não sabe o que dizer. Não sobre
isso.
"Frank," Alice declara, sua voz aumentando de tom. "Frank pode enviar—
alguma coisa. Ele pode—ele será capaz de—"
"Nada vai ajudar, e seria um desperdício para mim, especialmente tão cedo.
Ele sabe disso," Augusta diz a ela com firmeza, soltando um suspiro áspero e
flexionando os dedos ao redor do cabo da adaga. "A névoa—ainda está...?"
Alice olha rapidamente para trás delas, então faz uma careta. "Sim, ainda está
vindo. Augusta, nós temos que ir."
"Eu não sou uma criança, certamente eu não sou a sua!" Alice explode,
parecendo bastante histérica. "Mas você sabe quem é? Frank. E eu vou ser
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CRIMSON RIVERS
amaldiçoada se deixar você morrer aqui, porque isso vai partir a porra do
coração dele, então nós vamos embora. Agora."
"Não tem que ser," Augusta sussurra, seu olhar fixo em Alice. "Você acha que
amar alguém assim é a única coisa que importa? Não importa como meu filho
te ama; o que importa é que ele te ama."
"Eu sou a mãe dele. Ele é a única pessoa neste mundo que eu amo, mas eu
não sou a única pessoa neste mundo que ele ama," confessa Augusta com a
voz rouca. "Eu não sou a única pessoa que o ama. Você também, então você
tem que ir agora. Por ele."
"Eu não vou," Alice anuncia com uma fungada áspera, piscando rapidamente.
"Eu—eu não sua filha. Você não pode simplesmente me dizer o que diabos
fazer, e eu não vou deixar você assim."
"Eu sei que perder seus pais no tumulto te machucou, Alice, mas ficar comigo
agora não vai doer menos."
"Mm, não. Porque ele estava melhor com você. Eu não conseguia tratá-lo
direito. Eu tentei, mas não sabia como deixá-lo ir. Para fazer o certo por ele,
eu tinha que deixá-lo ir, e eu não conseguia descobrir como."
Alice fica em silêncio por um segundo, e então ela se abaixa com a mão livre
para agarrar a mão manchada de sangue de Augusta, e as duas seguram com
força enquanto Augusta solta outra tosse, com sangue nos dentes. "Eu—eu
sinto muito por ter dito que você era uma mãe ruim."
"Nem sempre eu fui," diz Augusta, "Mas foi isso que me tornei."
"Está tudo bem," Alice sussurra, e quando ela pisca, as lágrimas escorrem de
seus olhos. "Está tudo bem, Augusta. Ele te perdoa por isso, por tudo. Você
fez o seu melhor. Você pode—você pode deixar ir agora."
~•~
Sirius a ouve antes de vê-la. A risada maníaca é seu aviso, e então Bellatrix está
saindo de uma abertura na passagem à sua frente, dançando com pés leves
para escapar do alcance das mãos que se estendem das sebes.
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CRIMSON RIVERS
Quando ela sai, a cerca estremece fechada, e Bellatrix se vira com outra risada
ofegante, apenas para sua respiração falhar quando seus olhos pousam nele.
Ela está de mãos vazias, mas Sirius fica tenso ao vê-la de qualquer maneira,
porque ele sabe que ela—de todos—representa uma ameaça adequada, com
ou sem arma. Seus olhos brilham positivamente.
"Você não acreditaria nos problemas que eu tive que enfrentar na minha
jornada até você," reclama Bellatrix. "Primeiro, eu perdi Narcisa, que—você
pode acreditar nessa merda? Você não teria se encontrado com ela
ultimamente, teria?"
Bellatrix para brevemente, e então ela ri. "Bem, isso tornaria as coisas mais
simples, não é? Todos esses canhões hoje—ei, talvez Regulus esteja morto.
Pobre fofucho, sozinho, apenas um ano fora de sua arena e enfrentando a
manifestação física de todos os mais feios pequenos lembretes. Quero dizer,
as mãos? Não consigo imaginar que ele lidaria bem com isso. O
que você acha?"
"Eu acho melhor você calar a porra da sua boca antes que eu te alimente com
essa lança," Sirius estala.
"Bem, isso não é jeito de falar com a família, Sirius," Bellatrix repreende,
aproximando-se dele. "Mas, bem, nossa família nunca foi particularmente
adequada, não é? Por que quebrar a tradição?"
Agora, isso—oh, isso é brutal, e Sirius se delicia com isso. Ele está a todo vapor,
dando tudo de si, sem se preocupar em se conter ou manter alguma medida
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ZEPPAZARIEL
Bellatrix é rápida. Ela é tão rápida que é difícil acompanhá-la, mas Sirius
consegue. Ela o desarma em segundos, chutando sua lança para longe
enquanto ela crava as unhas no lado de sua garganta e cospe bem em seu
rosto. Ele a agarra pela parte de trás do cabelo e a puxa, batendo o joelho em
sua pélvis e fazendo-a tropeçar para trás com um suspiro.
Sirius não dá tempo para ela se recuperar. Ele a joga direto no chão, então
instantaneamente é empurrado de costas com um baque. Bellatrix dá um soco
nele, acertando-o no rosto com tanta força que sua cabeça cai para o lado.
Suas unhas cravam em seu couro cabeludo quando ela o agarra pelos cabelos e
bate sua cabeça no chão. Xingando bruscamente, Sirius dá um golpe com o
cotovelo para acertá-la na lateral da cabeça, empurrando-a para o lado. Ela usa
o impulso para avançar, tentando alcançar a lança descartada no chão.
Com a mão disparada, Sirius a agarra pelo tornozelo e a arrasta para trás,
sussurrando, "Oh, não, não."
Sirius bate o rosto dela no chão novamente, bastante presunçoso com a coisa
toda até que ela levanta o pé atrás dele e o chuta com o calcanhar de sua
bota com força, bem na espinha dele. Suas costas se curvam enquanto ele
avança com um gemido, e no momento em que Bellatrix está livre, ela está
rastejando freneticamente para a lança.
Bem, ótimo. Simplesmente ótimo. Lá vai ela e—sim, ela pega. Encantador.
Sirius resmunga baixinho enquanto se levanta ao mesmo tempo em que ela
pula e se vira para ele. Seu nariz está visivelmente quebrado, sangue jorrando,
manchando seus dentes enquanto ela sorri para ele, largo e malicioso.
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CRIMSON RIVERS
"Essa não é a primeira vez que tento matar você," Bellatrix o informa,
jogando a lança de mão em mão, olhos brilhantes.
"Não desta vez," Bellatrix sussurra, então começa a lançar a lança nele com
um grunhido.
O problema é que Sirius passou mais de uma década sendo preparado para
situações como essa e, quer ele se lembre de tudo ou não, a maior parte é
memória de movimento. Bellatrix é rápida e forte, mas Sirius vê isso
chegando. Ele antecipa isso, então ele já está se inclinando para o lado quando
a lança atravessa o ar em sua direção, e é insano até para ele quando ele faz
isso, o estalo rápido de sua mão quando ele estende a mão e a pega.
Sirius a pega.
Para provar isso, ele não a joga e a mantém perto de seu corpo enquanto ela
corre na direção dele. Ele está firme, esperando, observando-a chegar mais
perto, mais perto, muito perto—
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ZEPPAZARIEL
Sirius pisca—
Sirius—
~•~
Regulus sabe no instante em que ouve Bellatrix gritando que ele tem que
chegar até ela, porque só há uma pessoa nesta arena que pode fazê-la soar
assim. Totalmente furiosa, fervendo de raiva, empurrada completamente para
o limite. Apenas Sirius consegue levá-la a esse ponto.
Então, Regulus corre, porque ele—bem, honestamente, ele não acha que
Bellatrix poderia vencer Sirius, não realmente. Em sua mente, ninguém pode
vencer Sirius, porque Sirius é—ele é o melhor. Em tudo. Talvez ele pense
assim porque é o irmão mais novo, ou talvez porque isso o enche de uma
nostalgia segura e agridoce de quando ele era criança, seguindo Sirius com os
olhos arregalados cheios de admiração por absolutamente qualquer coisa que
ele fizesse, não importa o quão simples ou quão tolo fosse. Sirius deu uma
cambalhota quando tinha nove anos, e Regulus achou que ele era a pessoa
mais legal do mundo.
Talvez ele pense assim porque é verdade, porque Sirius sempre foi capaz de
fazer absolutamente qualquer coisa que ele colocasse em sua mente. A
admiração de Regulus por isso azedou quando eles se separaram, e então isso
o enfureceu, mas ele sempre acreditou nisso. Ele ainda acredita nisso depois
de todo esse tempo.
Então, você pode imaginar como é para ele dobrar uma esquina e parar sem
fôlego enquanto observa Bellatrix empurrar um Sirius imóvel no peito, e
então ele se move. Ele o faz. Ele tomba de volta para a sebe atrás dele, para as
mãos que se estendem, e Regulus as observa envolverem-no e arrastá-lo de
volta para elas. Sirius é puxado para dentro da sebe pelas mãos,
desaparecendo, e então o canhão soa.
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CRIMSON RIVERS
"Eu matei Sirius Black! Eu matei Sirius Black!" Bellatrix canta, canta, e então
ela gira para vê-lo. Seu rosto absolutamente se ilumina. "Fofucho! Você
viu? Eu matei Sirius Black!"
"Eu disse—" A boca de Regulus está seca e ele engole, sentindo frio. Ele se
sente tão—ele sente—ele não sente nada. Ele não consegue sentir nada. "Eu
disse que só eu poderia. Eu disse—"
"Oh, eu sei, mas você não estava por perto," Bellatrix diz a ele, estalando a
língua. "Oh, bem. Tudo está bem quando acaba bem, eu digo. Isso acabou
agora, sim? Ele mereceu."
"Eu disse," Regulus repete em voz rouca, e ele não pode—ele não tem certeza
do que vem a seguir. O que ele faz agora? Sua língua parece muito grande em
sua boca, e seu peito parece muito apertado para seus pulmões, e de repente,
inexplicavelmente, ele não sabe quem ele é.
"Ei, você viu Cissy? Eu a perdi ontem, então ainda estou procurando—"
Bellatrix para, sua boca aberta. Uma exalação estrangulada escapa dela, e ela
pisca violentamente antes de olhar lentamente para baixo. Regulus também,
olhando para onde ele enterrou sua adaga entre o ponto alto de suas costelas,
inclinada para cima para cravar em seu coração. Sua cabeça se levanta e seus
olhos se encontram. Confusa, ela sussurra, "Fofucho?"
A visão de Regulus fica embaçada e ele não tem certeza do porquê. Um ruído
abafado sai da boca de Bellatrix enquanto ele empurra sua adaga para frente
e gira, repetindo, "Eu disse," e então tirando a adaga de volta, apenas para
enfiá-la novamente enquanto cai no padrão de "Eu disse," enfia, "Eu disse,"
enfia, "Eu disse—"
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ZEPPAZARIEL
Lentamente, Regulus se senta. Bem, ele apenas encontra suas pernas dobradas
sob ele, e então ele está lá no chão, olhando impassivelmente para sua adaga
coberta de sangue em suas mãos manchadas de sangue. Ele não se sente mal.
Regulus olha para cima, pisca, provavelmente ele está morto. Tem que estar.
Certamente a inundação açucarada de alívio em seus ossos quebradiços é
apenas a segurança da vida após a morte tomando a forma de seu irmão
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CRIMSON RIVERS
olhando para ele quase com curiosidade. Regulus nem se lembra de ter
morrido. Nem doeu.
"Ei," Sirius diz, e não, o calor ainda está pegajoso e espesso, e o baixo-ventre
do labirinto está ficando mais escuro enquanto o eco do sol pede que eles
digam adeus; tem uma jornada a seguir e retornará amanhã. Ei, como
olá; Ei, como a saudação instintiva de um humano para outro; Ei, como a
vida, ainda vivo, ainda aqui e respirando e—
Sirius sempre foi mais afetuoso do que Regulus, mesmo quando eles eram
apenas crianças. Mas, quando eles eram apenas crianças, Regulus abraçava
Sirius, pendurava-se em seu braço e batia em suas costas até que ele caísse,
apenas para subir em cima dele e lutar no chão, então eles ficavam em silêncio
e ficavam quietos e seguravam suas respirações ao ouvirem o rangido de peso
na escada, sabendo e temendo a aproximação de seus pais; de qualquer um,
dos dois, a sombra que se abatia sobre eles e franzia a testa a qualquer sinal de
dois irmãos ousando se divertir.
Regulus acha que não abraçou Sirius primeiro desde os quatorze anos de
idade, talvez até antes disso, talvez tenham passado quatorze anos desde o
último, quatorze anos e quatorze segundos e incontáveis mortes. Não importa
quando ele encontrou o lugar para parar por qualquer motivo; importa que,
apesar disso e depois de todo esse tempo com cada coisa fodida no meio, ele
se encontre cruzando a distância para fazer isso de novo.
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ZEPPAZARIEL
"Oh, você realmente pensou que eu morri," Sirius observa com uma espécie de
risada cansada. Sua voz fica menor. "Desculpe por isso. Não queria assustar
você."
"Eu não tenho medo de nada," resmunga Regulus, porque ele tem medo de
muitas coisas para contar, porque tem medo de tudo e de tudo em si.
"Aí está ele," Sirius diz, a voz quente com diversão, e ele bate no ombro de
Regulus, apertando brevemente antes de se mover para o lado para inclinar a
cabeça para Bellatrix. Ela está caída de frente. "O que aconteceu com ela? Eu
fiz isso?"
"Eu—eu tive meio que um momento. Acho que gritos muito altos meio que...
Bem, de qualquer forma, eu estou percebendo um padrão." Sirius estala a
língua em desaprovação, então estende o pé com a bota para cutucar Bellatrix.
Ele fica imóvel, então olha para Regulus, o olhar descendo para onde ele
deixou cair a adaga ensanguentada enquanto se levantava freneticamente
antes. "Oh. Você, hum."
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CRIMSON RIVERS
"Certo."
"Não, não, está—tudo bem. Sério, Reggie, está—" Sirius para de falar,
olhando rapidamente para Bellatrix novamente.
O olhar de Sirius se volta para ele. "Eu sei. Você estava—quero dizer, você
pensou que eu estava morto. Acredite em mim, eu não estaria melhor.
Provavelmente eu estaria... muito pior. Eu só—eu acho que eu—"
"Não é sua culpa," Regulus oferece, porque Sirius parece estar lutando para
articular o que está sentindo no momento, mas o fato é que Regulus tem se
sentido assim desde os quinze anos. Ele sabe o fardo de ser o motivo da luta
de alguém. Matar. Ele sabe. E agora, do outro lado, ele sabe que não é tão
simples assim.
Regulus não suporta olhar para Bellatrix e não consegue se lembrar de quantas
vezes a esfaqueou. Tudo o que ele sabe é que, no momento, ele não sabia
como parar. Mas, aqui e agora, ele é repentinamente atingido por esse
profundo sentimento de—luto. Por Bella. Por sua prima, sua favorita, seu eu
passado onde ele nunca poderia imaginar que iria realmente, sinceramente,
matá-la. Ou qualquer um.
Talvez ela fosse louca. Talvez ela estivesse em um mundo fodido como o
resto deles. De qualquer maneira, independentemente de motivos ou
facilidades mentais, ela era da família.
"Oh, puta que pariu, Andy," Regulus engasga, dando um passo brusco para
trás e pressionando uma mão trêmula em seu estômago. Ele acabou de matar
sua própria prima, e isso o machuca, porque da mesma forma que ele sempre,
750
ZEPPAZARIEL
sempre carregará o duro fardo de amar seus pais, ele também tem amor por
ela. Mas ele não apenas matou sua prima favorita. Ele matou a irmã delas. De
Narcissa. De Andrômeda. Embora Narcissa possa não saber agora, talvez
nunca saiba, há uma boa chance de que Andrômeda tenha
simplesmente assistido isso acontecer.
"Não. Não faça isso, ok?" Sirius diz a ele, sua voz tensa. "Isso é—é a porra
dos jogos vorazes, Regulus. Eu ia matá-la. Eu ia. Eu teria. Você pode me
culpar?"
Sirius pensa nisso por um segundo, e então diz, "Bem, ok. Tudo bem. Elas
podem culpar você, e me culpar também, mas elas estão culpando as pessoas
erradas. Talvez tenha sido sua adaga e minha influência, mas quem colocou
ela aqui em primeiro lugar? Quem a colocou aqui, e nos colocou aqui, e
colocou a adaga na sua mão?"
"Ainda era a minha adaga, minha mão e isso—eu nunca vou poder mudar
isso," murmura Regulus. "Nós podemos culpar o bater de asas de uma
borboleta pelos problemas do mundo, mas isso não ajuda a tornar o mundo
um lugar melhor, Sirius. Talvez eu não seja o começo do que trouxe ela aqui,
mas eu fui o fim dela."
"Ela estava tentando me matar. Ela quase o fez. Ela teria tentado matar você
também, se soubesse que você não era aliado dela." Sirius suspira cansado.
"Olha, eu sei o que você está dizendo, ok? Eu sei, e é bom—é muito bom
fazer o tipo de auto-reflexão que busca seu próprio senso de moralidade, mas
aqui? Regulus, aqui? Coisas assim não existem aqui. Você não pode encontrar
isso, e tentar só vai te destruir, e não há tempo para isso. Você tem que
continuar, e então você pode desmoronar depois. Assim como eu. Assim
como todos nós. Nós nos preocupamos com tudo isso quando temos tempo
e espaço para isso, mas aqui e agora? Nós não fazemos isso."
751
CRIMSON RIVERS
Regulus engole em seco e abaixa a mão, olhando para Sirius com um buraco
crescente em seu estômago, o interior de si mesmo parecendo cavernoso.
Lentamente, seu olhar rasteja para Bellatrix, e a mera visão dela faz seus olhos
arderem imediatamente.
Ele se lembra de enterrar o rosto no cabelo dela quando era jovem e rir, rir, rir
enquanto ela sussurrava coisas rudes sobre Sirius em seu ouvido, fazendo
Sirius fazer beicinho e xingar e ir até Narcissa em busca de atenção. Ele se
lembra da maneira como ela revirava os olhos, da maneira fácil como ela
balançava a própria adaga entre os dedos, do pequeno grunhido no canto da
boca quando Andrômeda falava sobre Ted. Ele se lembra de como ela
dançava na chuva, os braços estendidos, o rosto voltado para o céu.
"Regulus," Sirius insiste. Quando Regulus olha para ele, ele parece triste.
Lentamente, ele balança a cabeça. "Agora não é a hora. Temos que ir. Temos
que continuar. Eu e você, lembra?"
Com isso, Sirius vai pegar sua lança e, juntos, eles se afastam, caminhando em
um passo perfeito enquanto andam, deixando o corpo de sua prima mais
velha para trás.
À medida que avançam, Regulus não consegue resistir a olhar para trás,
sentindo uma pulsação forte no peito.
~•~
"Eu sinto muito," James sussurra, apertando o ombro de Frank enquanto ele e
Dorcas o amontoam em um canto isolado, tendo o salvado de patrocinadores
simpáticos e condolências ocas.
Augusta morreu no mesmo momento em que Sirius foi agarrado na sebe. Não
houve nem um segundo de confusão para ninguém aqui, porque foi exibido
752
ZEPPAZARIEL
na tela e eles viram isso acontecer. Alice a arrastou continuamente para longe
da névoa enquanto ela sangrava, chorando e gritando com os dentes cerrados,
mas quando o canhão soou, ela desabou no chão ao lado de seu corpo e
chorou.
No final, Alice não teve escolha a não ser se levantar e correr, e é isso que ela
está fazendo agora. À medida que avança, ela apenas entoa repetidamente,
"Sinto muito, Frank, sinto muito."
É um momento assustador para todos, mas para Frank é algo além disso. É a
perda de sua mãe e, independentemente do relacionamento, isso nunca é fácil.
Sentir muito não resolve. Sentir muito não pode trazê-la de volta. Sentir muito
não pode fazer nada.
Mas, aparentemente não, porque Dorcas gira para pegar a bochecha de Frank
em sua mão e inclinar seu rosto para cima, fazendo-o olhá-la nos olhos
enquanto ela sussurra, "Alice. Ela ainda está nisso, Frank. Alice ainda está lá,
ok? Eu—eu sei que é injusto e eu sei que é fodido, mas você não pode fazer
isso agora. Não aqui."
"Não," Dorcas responde, e James pisca para ela. "Ainda não tive a chance de
falar com você, mas você vai estar ocupado esta noite, e Frank também.
Certo, Frank?"
753
CRIMSON RIVERS
Há uma pausa, e então Frank solta um suspiro áspero, fechando os olhos com
força. Seu rosto se contorce através de múltiplas expressões antes de ele
estender a mão para enxugar as lágrimas. Quando suas mãos caem, seus olhos
estão abertos, fixos em Dorcas, e seu maxilar está cerrado. "Sim," ele
murmura. "Sim, eu vou."
"Er," James diz, "O que exatamente vamos fazer esta noite?"
Dorcas olha em volta, então se inclina tão perto que seus narizes quase se
tocam antes de ela sussurrar, "Começar uma guerra."
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ZEPPAZARIEL
53
A FUGA: PARTE I
A pobre Asher está sofrendo alguns ferimentos horríveis das criaturas que ela
e Rabastan estavam lutando, e agora não parece que ela vai sobreviver à noite,
mas Rabastan tem comida e água para eles, então é isso. Alice teve um colapso
total ao contar a Emmeline o que aconteceu com Augusta, e ela se desculpou
com Frank repetidamente enquanto hiperventilava até que Emmeline segurou
seu rosto com firmeza e a fez parar, respirar e se acalmar; Alice está em
silêncio agora, sem falar ou fazer nada, mas as duas encontraram um
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CRIMSON RIVERS
A única pessoa que não conseguiu comida ou água depois de tudo o que
aconteceu ao longo do dia é Marlene. É a terceira noite, e ela só bebeu água da
chuva nas duas noites, mas não comeu nada. Ela é... Bem, Remus não a
conhece muito bem, mas ele assistiu aos destaques de seus jogos como todos
os outros, e ela está claramente sendo levada a esse ponto de sobrevivência
novamente, faminta, com sede e com dor. Seu braço está muito ruim, sua
garganta está inchada e machucada, e ela parece exausta pra caralho. De todos,
ela não teve um momento de paz hoje.
Regulus também não tem suprimentos e não foi levado a um esconderijo, mas
pelo menos tomou café da manhã com Sirius. Sirius, é claro, tem sua sacola de
suprimentos, então ele está bem a esse respeito.
Eles estão, no entanto, separados mais uma vez, e Remus não se conforta
com a distância que eles estão um do outro. Eles foram levados para lados
opostos do labirinto, e Sirius, preocupantemente, foi isolado para longe de
todos os outros. Ele está bem, no que diz respeito aos meios físicos. Ele tem
comida e água e não está em perigo.
Ele estava, no entanto. Por um segundo, por um momento, ele estava... ele...
Foi um longo dia cheio de golpe após golpe após golpe. Primeiro, houve o rio
carmesim que quase pegou Regulus pela segunda vez, e foi muito fodido de
assistir. O peito de Remus estava apertado, sua respiração presa enquanto
observava Regulus e Sirius chamando um pelo outro. Ele pensou naquele
momento que Regulus iria morrer e, honestamente, nenhuma parte dele
756
ZEPPAZARIEL
queria isso, mesmo como um pensamento culpado. Ele sentiu repulsa pelo que
viu, sentado ali agarrado à mão de Pandora enquanto ela chorava.
Mas Regulus—oh, foi incrível, como James disse. Porque era como assistir
algo mudar. Remus podia ver em seu rosto, não apenas a sobrevivência, mas o
desejo de viver. Tentar. Ter esperança. E Sirius também. Foi confuso e lindo,
vê-los decidirem tentar, juntos, os dois. Chega dessa bobagem de quem
merece viver mais, de quem é mais necessário, porque ambos merecem viver e
são necessários.
Agora, obviamente, Remus não tem ideia de como seria possível para os dois
conseguirem isso, e foi um desafio flagrante, então uma parte dele esperou
que os dois fossem derrubados imediatamente. Mas eles não foram. Eles ainda
estão aqui, ainda tentando, mesmo agora. Remus não sabe o que virá, mas ele
sabe que, se alguém pode fazer isso, serão eles.
Os golpes não pararam depois disso, no entanto. Eli. A névoa verde que não
apenas dói, mas mata, então como diabos Remus está aqui agora? Qual era o
objetivo do experimento? Ele não tem as respostas e não teve tempo de
descobrir, porque havia mais. Bichos-papões. Augusta. Bellatrix. Sirius...
Oh, Sirius lutando contra Bellatrix. Isso foi—Remus não gostou disso,
exatamente. Ele estava no limite o tempo todo, mas houve um momento.
Apenas aquele maldito momento em que Sirius pegou a lança. Ele pegou.
Remus quase se dobrou ao meio, então se odiou um pouco pela reação. Mas
então—mas então Sirius desassociou. Bellatrix gritou e Sirius desassociou.
Remus tinha certeza de que ele tinha morrido por um segundo. Parecia... Ele
nem sabe como descrever. O mundo parou. desassociou, foi puxado para a
parede do labirinto, houve um canhão e o mundo parou.
Logo em seguida, a câmera foi cortada e Rita apareceu na tela para revelar que
era Augusta quem havia morrido. Quando voltou para Bellatrix, foi para
mostrar Regulus matando ela.
757
CRIMSON RIVERS
E então Sirius estava lá. Remus não tem ideia de como. Ele suspeita que Sirius
nem saiba, devido a seus problemas de memória. Ele foi cuspido para o outro
lado do labirinto? Ele escalou? Ele foi mantido dentro da cerca e depois
empurrado para fora novamente? Não havia um arranhão nele, além de alguns
hematomas e pequenos cortes de lutas anteriores, mas não das mãos. É—
bem, obviamente Remus não quer que Sirius se machuque ou morra, mas não
fazia sentido.
Não havia tempo para pensar sobre isso, e na verdade, Remus nem se
importa. Ele genuinamente não se importa, porque Sirius ainda está aqui,
ainda vivo, ainda sobrevivendo. É isso que importa.
Pandora deve saber disso, porque ela está dando a ele o que ele precisa. Você
não tem que ficar, sabe. Ele não tem? Ele não deveria? Só para verificar James,
pelo menos.
"Remus, você não precisa fazer isso se for melhor para você ir. Eu posso
verificar James. Você pode ver como ele está pela manhã. Se você precisar
apenas—acabar por hoje à noite e descansar um pouco, se recuperar sozinho,
tudo bem. Eu também estou aqui."
"Sirius não iria querer que você se destruísse tentando cuidar de todo mundo,"
Pandora murmura com um sorriso cansado. Ela tem chorado muito e parece
cansada, soa cansada, claramente se sente tão cansada quanto todos eles.
"Você tem me ajudado muito, mesmo só esta noite, e está tudo bem precisar
ficar sozinho. Está tudo bem. Eu vou checar com James quando ele chegar,
então mandá-lo para a cama; você pode vê-lo pela manhã. É uma noite.
Honestamente, que diferença uma noite pode fazer?"
758
ZEPPAZARIEL
~•~
Dorcas dá a ele um olhar triste enquanto deixa cair uma caixa preta na mesa
de centro entre eles. "James..."
"Algumas pessoas saíram," murmura Dorcas. "Eu não sei todos os números,
mas Lily disse que seus pais estão seguros."
"Porra," James engasga, estendendo a mão para cobrir o rosto com as duas
mãos, os ombros curvados.
Distrito seis. Pessoas que ele conhece a vida toda. A porra de uma cidade
fantasma agora, por causa de Riddle. E quanto a Mary? Bingley? A família
deles. E a família de Sirius e Regulus também? Andromeda, Ted, a pequena
Dora. E quanto a Barty e sua família? E o prefeito Aberforth, e Dotty, do fim
da rua, e Quiverlee, que vendia muffins no mercado desde que James
consegue se lembrar? E quanto a—
"Uh, o que—por que—por que você tem isso?" Huey fala, sua voz tensa o
suficiente para que James levante a cabeça.
759
CRIMSON RIVERS
Oh.
Armas.
"Bem, o que você achou?" Dorcas estala, estendendo uma arma para Frank,
que a pega com o maxilar cerrado. "Você achou que simplesmente tiraríamos
as pessoas da arena sem nenhum problema? Não seja ingênuo, Huey. Isso não
ajuda."
"Aponte, atire, espere não errar," Dorcas o informa, com a voz cortada. Ela
estende a próxima arma para James, que a pega com o cenho franzido.
Parece... estranho. Ele nunca segurou uma arma antes. É fria. Pesada. "Agora,
obviamente faremos o possível para passar por isso o mais silenciosamente
possível, mas não posso prometer que não teremos que lutar em algum
momento. E, bem, as armas são necessárias para uma tática de intimidação,
também."
"Quando chegarmos à sala dos criadores dos jogos," diz Frank, e Dorcas
acena com a cabeça. "Só uma coisa. McGonagall."
"Eu conheço Minerva," Dorcas diz a ele, pegando sua própria arma e
segurando-a muito mais confortavelmente do que todos eles. James não pode
deixar de encará-la, não totalmente certo de que não está olhando para uma
estranha. Ela faz parte de uma organização secreta e clandestina para rebeldes
e uma revolução; ontem, ela era apenas sua estilista e amiga. "Ela também está
na Ordem, acredite ou não."
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ZEPPAZARIEL
Frank sibila entre os dentes e cospe, "O quê?! Então, o que diabos ela está
fazendo com a arena?! Ela—"
"Frank," interrompe Dorcas, "Eu sei que é difícil para você ver isso, mas o
que aconteceu na arena não é algo separado da guerra. Você nem percebe,
mas o estado do mundo agora é... muito precário, e Minerva está apenas—"
Ela engole, então suspira. "Olha, eu obviamente não gosto disso mais do que
você, mas é algo que—que—"
Dorcas hesita, então acena com a cabeça hesitantemente. "Sim. Não é ela. Ela
não é—ela está apenas seguindo ordens, fazendo o que precisa ser feito,
fazendo o que for preciso para chegar a um mundo melhor. Às vezes, temos
que passar pela guerra para chegar lá. E nós estamos prestes a fazer isso, então
agora é a hora de deixar de lado a moral e os sentimentos pessoais, porque—
porque não há pessoas boas na guerra."
"Na verdade, não é," Dorcas corrige, varrendo seu olhar sobre eles enquanto
enfia as balas no cabo da arma com um clique agudo. "Todas as pessoas boas
morrem. Se você viver o suficiente para ver o fim da guerra, acredite em mim,
você não vai voltar do outro lado com as mãos limpas."
James vira a arma na mão, seu estômago meio que caindo debaixo dele. A
questão é que ele fará qualquer coisa para tirar Sirius e Regulus da arena.
Qualquer coisa. Custe o que custar. Ele está tão—ele mal consegue parar de
tremer de tão ansioso que está para fazer isso, tudo isso. Ele não precisa de
mais motivação do que tirá-los de lá, mas especialmente agora que sabe que
seus pais não estão em casa, ele está mais do que disposto. A Fênix soa como
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CRIMSON RIVERS
um outro mundo. Um mundo mais seguro do que este. Eles precisam chegar
lá. Todos eles.
Abruptamente, a cabeça de James se ergue com uma forte inspiração que faz
com que todos olhem para ele. "Merda. Pandora. R—"
"Remus," James repete. "Ele é, ah, a lua de Sirius? Ele é meu amigo. Ele—ele
vem conosco."
"Um servo."
James franze a testa. "Sirius está apaixonado por Remus. Ele é uma pessoa.
Suas malditas Relíquias, vocês fazem isso, sabe. Vocês nunca—"
"Sim."
"Deve estar," James diz, olhando rapidamente para o relógio, seus lábios se
inclinando para baixo. "Bem, já está ficando tarde. Não temos muito tempo.
Dorcas, eu não estou brincando, eu não vou deixá-lo."
762
ZEPPAZARIEL
"Então eu vou cortar," James declara simplesmente, e Dorcas pisca para ele
novamente. "O quê? Você disse que é guerra, certo? Vida ou morte. Bem, não
há tempo para nada além do que é preciso, então me dê uma faca, e eu vou
cortar e carregá-lo nas minhas costas se for preciso, porque eu não vou deixá-
lo."
"Mas ele não deveria fazer essa escolha?" Huey insiste, com as sobrancelhas
franzidas. "Tipo, desculpe, mas isso vai doer. Eu nem quero dizer nada sobre
complicações futuras. Eu literalmente quero dizer a dor de ter o
rastreador arrancado de seu corpo."
"Você não foi feito para a guerra, ou para a arena, ou—basicamente para
qualquer dura realidade da vida," Frank diz a ele com um suspiro. Ele estende
a mão e dá um tapinha no ombro de Huey. "Você vai aprender."
James solta um suspiro profundo. Certo, porque isso é o que vem a seguir—e
então eles irão embora e começarão uma guerra.
~•~
Euphemia passa a mão sobre a carta em seu bolso, ainda em seu bolso até
agora, seu coração batendo forte em seu peito enquanto caminha ao lado de
Lily Evans, que é engraçada e gentil com ela fora de uma zona de guerra, mas
também sem medo de pedir ajuda daqueles que ela sabe que prontamente a
darão.
763
CRIMSON RIVERS
"Agora, lembre-se, a patrulha muda na hora, então vocês dois têm dez
minutos para abrirem essas portas manualmente e sair," explica Lily, sua voz
baixa enquanto ela balança a cabeça entre Fleamont e Euphemia. "Eu tirei os
olhos do céu, graças a Wren, que colocou um loop nas câmeras de vigilância.
Ember quebrou a saída traseira que não era usada há anos, então se vocês
estiverem procurando um lugar rápido para se esconder, vão até lá. Se vocês
forem pegos fora dos limites no caminho de volta para o seu quarto, digam
que se perderam, já que vocês são novos, ou apenas deixem que eles peguem
vocês se agarrando."
"Obrigada, Monty," Lily murmura, uma corrente de calor em seu tom e algo
meio triste por baixo ao mesmo tempo que Euphemia não acha que ela
percebe que está lá.
Isso a faz se perguntar o que aconteceu com a família de Lily. Ela está sozinha
e parece usar isso como uma armadura. Por mais jovem que seja, ela costuma
ser vista perseguindo mulheres e apenas mais um cigarro, mas há esse tipo de
sombra que fica em seus olhos o tempo todo, apenas perceptível quando ela
pensa que ninguém está olhando. Como um daqueles chocolates moldados
em algo, mas é apenas uma casca; parece estruturalmente sólido, e então
você pressiona, e o chocolate se abre para não revelar nada dentro.
"Lily, tem uma coisa..." Euphemia hesita, passando o polegar sobre o canto da
carta em seu bolso, um hábito nervoso agora. Ela nunca teve hábitos nervosos
antes de ver seu lar destruído, junto com a maioria das pessoas nele. Hoje em
dia, suas mãos tremem com mais frequência do que o normal. Isso a assusta,
estar tão assustada. "Bem, eu tenho um pedido a fazer."
outras pessoas feridas que ela ajudou ao longo do caminho. Ela ajudava as
pessoas em tudo o que precisavam sem que ninguém pedisse, uma das poucas
que realmente conseguiu que algumas das crianças salvas do distrito rissem e
sorrissem pela primeira vez.
Euphemia respira fundo. "Eu entendo que esse é uma tarefa muito
desafiadora, bem como bastante sensível ao tempo, mas eu não pediria se não
fosse importante."
"Effie," Lily interrompe com firmeza, "Sinto muito, realmente sinto muito,
mas esta não é minha missão. Não sou eu quem está comandando as coisas,
ok? É Dorcas, e eu tenho um alvo prioritário, Marlene McKinnon. Não Sirius,
não Regulus, mas ela. É ela primeiro, e então eu posso me preocupar em
salvar o resto dos que estão na arena. Além disso, eu nem vou estar desse lado
das coisas. Dorcas está preocupada em tirar as pessoas de lá, não eu."
765
CRIMSON RIVERS
Euphemia luta para não cerrar os dentes, e Fleamont estende a mão para
esfregar suas costas, fazendo-a inspirar e expirar profundamente. "Tudo bem.
Você pode passar a mensagem pormim, então, pelo menos?"
"Eu posso," Lily diz a ela. "O servo que Sirius ama. Entendi." Ela começa a
recuar, fazendo uma careta. "Só não espere nada, certo? É cruel, mas salvar
algum servo apenas porque acontece de Sirius amar ele não vai estar no topo
da lista de prioridades."
"James vai insistir nisso," diz Fleamont, e Euphemia também não duvida. Eles
conhecem o filho deles. Claro que ele vai.
"Então vamos esperar que James trabalhe para garantir que ninguém seja
deixado para trás," Lily responde simplesmente. "Infelizmente, tenho outro
trabalho a fazer, e vocês dois também. Tenham cuidado, sim?"
~•~
Lily vira uma esquina e dá de cara com Mary, que está com os braços cruzados
e as sobrancelhas erguidas. Oh, ótimo, exatamente o que Lily precisa.
Agora não é hora de se distrair, então Lily vai precisar que Mary saia de sua
cola imediatamente.
"Ah, Mary, o que você—" Hm, não. Não é importante. Lily precisa que ela vá
embora. "Não importa. É um prazer ver você, como sempre. A parte mais
766
ZEPPAZARIEL
"O que você está fazendo?" Mary interrompe, os olhos se estreitando já com
suspeita.
"Não, não brinque comigo. Eu não estou brincando. Eu vi você mais cedo,
sabe, conversando com Effie e Monty no Salão Principal—"
"Olha, Mary, eu adoraria ficar por aqui e ter essa adorável discussão verbal que
sempre fazemos," diz Lily, cansada, porque é verdade; seus quartos são
próximos um do outro, então elas se veem bastante, e Lily não acha que elas
tiveram uma conversa genuinamente civilizada na última semana. "Isso parte
meu coração, de verdade, mas eu estou um pouco ocupada no momento,
então, se você puder—"
"Nem tente," diz Mary categoricamente. "Sério, o que você está fazendo, e o
que isso tem a ver com Effie e Monty? Não consigo encontrá-los. Onde eles
estão?"
O fato de Mary estar aqui agora, em vez de em seu quarto com seu irmão mais
novo, permite que Lily saiba que ela não vai ceder, e se ela pensa que Lily está
767
CRIMSON RIVERS
envolvendo Effie e Monty em alguma coisa, ela absolutamente não vai deixar
isso passar.
Lily entende, respeita e até gosta. Só... não tanto quando está fodendo com os
planos dela. Lily honestamente não tem tempo para essa merda.
"Ok, eu realmente preciso que você se mexa," Lily diz brevemente, sem
vontade de continuar brincando. Ela passa por Mary, que imediatamente
segura seu braço, e Lily se vira para encará-la, com as narinas dilatadas. "Não
tenho tempo para isso, Macdonald."
"Bem, isso solidifica tudo," Mary declara decisivamente, seguindo atrás dela
quando ela se afasta. "Você definitivamente está fazendo alguma coisa, e de
alguma forma isso envolve Effie e Monty."
Lily a ignora. Ou, bem, ela finge. Ignorar Mary é praticamente impossível. Ela
é alta, com cachos pretos e saltitantes emoldurando seu rosto, e seus olhos são
possivelmente os mais penetrantes que Lily já viu em sua vida. Às vezes, Lily
fica quase genuinamente inquieta com o pensamento de que Mary pode ver
através dela. Além disso, ela é frustrantemente brilhante, o que não está
fazendo nenhum favor a Lily no momento.
Vendo que Lily não tem ideia de como fazer Mary ir embora, ela
simplesmente continua, porque ela genuinamente não tem tempo para parar.
Felizmente, Sybill já está esperando por ela no lugar que ela prometeu que
estaria, então as coisas estão se encaixando.
"Oh, aí está você," Sybill sussurra quando Lily se aproxima dela. Ela move seu
olhar de Lily para Mary. "Mais um?"
"Não, ela não está envolvida. Ignore ela, e talvez ela vá embora," Lily
resmunga.
"Certo, bem, você está pronta?" Sybill pergunta a Lily, torcendo os dedos.
"Porque eu quero apontar, mais uma vez, que eu não estou. Isso—não parece
uma boa ideia, Lily, e—e eu odeio mentir para Kingsley. Isso faz meu
estômago se contorcer."
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ZEPPAZARIEL
"Você não está mentindo para ele... exatamente," Lily acalma. "Você está
apenas, sabe, esperando para contar a ele até que já esteja feito."
"Espere," diz Mary, "Isso é—oh, pelo amor de Deus, isso é uma coisa de
sexo? Isso é uma coisa de sexo, não é?"
"Vocês duas. Vocês estão se esgueirando para fazer sexo," Mary deixa escapar,
olhando entre elas em descrença.
Sybill franze a testa. "Não, não estamos. Estamos nos esgueirando para
podermos sequestrar os tributos dos jogos vorazes."
Mary exala profundamente, seus olhos brilhando, e então ela avança para
anunciar, "Oh, com certeza. Sim. Isso é muito melhor do que uma coisa de sexo,
e foda-se, Lily, eu estou definitivamente envolvida. Eu vou com você."
"E quanto a Bingley, hm? Porque isso não vai ser seguro, Mary.
É perigoso. Você pode realmente morrer."
"Você sabe que eu sou uma pessoa, certo? Não apenas uma irmã. Eu posso
tomar minhas próprias decisões e Bingley está seguro," retruca Mary. "Eu não
vou ficar parada sem fazer nada se eu puder ajudar meus amigos. Então, você
não vai se livrar de mim tão facilmente. Olhe só, você tem um par extra de
mãos."
769
CRIMSON RIVERS
"Tudo bem. Tudo bem, mas se você está nisso, então você vai me ouvir. Nada
de pegar em armas e atirar nas pessoas e fugir para fazer suas próprias coisas.
Você não sai do porta-helicópteros por nada nem ninguém, tudo bem?" Lily
afirma, segurando seu olhar.
Mary não parece satisfeita, mas levanta as mãos e abaixa a cabeça. "É justo.
Me coloque dentro, treinadora. O que eu posso fazer?"
"Siga-nos. Ou, siga Sybill." Lily gira a cabeça para olhar para a mulher em
questão. "Você escolheu, certo?"
"Espere, deve ajudar o quê?" Mary pergunta com cautela, sua voz baixa
enquanto elas se movem silenciosamente pela sala.
"Eu sou," Sybill a informa. "Certificada e tudo. Eu apenas nunca, hum, tive a
oportunidade de colocar à prova."
Lily suspira. "Não dê ouvidos a ela, Sybill, você vai se sair perfeitamente bem.
É como andar de bicicleta, tenho certeza."
770
ZEPPAZARIEL
"Sim," Lily responde ao mesmo tempo que Sybill balança a cabeça. Elas
param, piscam e se encaram. "Sybill, você e Kingsley estão namorando há
meses. Você estava literalmente com ele mais cedo. Vocês dois terminaram
ou...?"
"Nós estamos namorando?" Sybill deixa escapar. "Por que ele não me contou?!"
Lily luta para não rir. "O quê? Como você pode não saber? Vocês
praticamente moram juntos, Sybill! Todo mundo sabe que você basicamente
se mudou para o quarto dele."
"Eu continuo caindo no sono lá depois que fazemos sexo, e ele gosta de
abraçar, o que é legal. Ele é muito legal, honestamente. Me deu uma escova de
dentes e me deixou levar algumas das minhas roupas. Oh, e ele me deixa
esconder o cobertor que estou tricotando debaixo do colchão porque eles
nunca checam o quarto dele." Sybill faz uma pausa, seus lábios se inclinam
para baixo. "Ele nunca me disse que estávamos namorando. Quero dizer, eu
estou bem com isso. Mais do que bem, mas ele não disse!"
"Oh, vocês dois combinam tão bem," Lily engasga, seus ombros tremendo
com o riso. "É—sim, vocês estão namorando. Você provavelmente deveria
falar com ele sobre isso, mas... bem, ele te chamou de namorada na semana
passada, então tenho certeza que ele tem a impressão de que vocês estão
juntos."
Sybill parece encantada. "Oh, adorável. Então sim, Mary, ele é meu namorado.
Mal posso esperar para contar a ele."
771
CRIMSON RIVERS
para que todas se choquem costas com costas como uma linha de dominós
que não cai.
"Oh, que porra é essa?" Lily deixa escapar incrédula, uma dor de cabeça se
formando tão rapidamente que ela tem o forte impulso de pegar o crânio
entre as mãos e apertar.
Amos e Barty estão se separando e tentando arrumar suas roupas, mas não
está adiantando nada para esconder o que eles estavam fazendo. Amos pelo
menos teve a decência de parecer envergonhado, mas Barty não. Na verdade,
Barty parece ligeiramente divertido por ter sido pego com os botões de sua
camisa abertos. Bem, ele parece divertido se você ignorar que seu sorriso não
chega aos olhos e seu olhar é bastante plano e vazio.
"Lily," Amos diz, procurando seus óculos para colocá-los e piscar para ela,
com o rosto vermelho. "Uh, oi. Oi. Eu—" Ele abre e fecha a boca, olhando
para Barty, depois de volta para elas. Ele tosse. "Eu não tenho uma boa
explicação."
"Pelo amor de Deus, Amos, o pobre homem está de luto," repreende Lily,
jogando as mãos para cima. Não que ela realmente tenha muito espaço para
falar sobre como alguém lida com a perda de pessoas. Ainda assim, não se
passou nem uma semana, e Amos talvez não devesse permitir o uso do sexo
para evitar problemas, o que Lily sabe que a torna um pouco hipócrita, mas só
porque ela faz algo não significa que ela pensa que outros deveriam, e Barty
parece um desastre. Parece que não dorme há dias. Amos deveria tê-lo levado
para a cama para descansar, não—
"Para ser justo, não é culpa dele. Eu sou muito persuasivo quando quero ser,"
diz Barty, "E acredite em mim, eu não estava reclamando ."
"Tudo bem não saber das coisas, Amos. Descobrir pode ser divertido," diz
Sybill. "Acabei de descobrir que Kinglsey é meu namorado. Você sabia disso?
Não é divertido?"
772
ZEPPAZARIEL
Amos pisca para ela. "Espere, você só está descobrindo isso agora? Sybill,
vocês dois estão namorando há meses."
"Viu? Você aprende algo novo todos os dias," reflete Sybill, sorrindo para ele.
"Parabéns pela sua pequena e divertida descoberta do dia e, embora eu apoie
você de todo o coração, receio ter que interromper. Nós meio que precisamos
disso."
"Estamos pegando ele para que possamos sequestrar os tributos dos jogos
vorazes," responde Sybill.
"Espere, desculpe, o quê? Você está fazendo o quê?" Amos sibila, com os
olhos arregalados. "Lily, você está maluca?! O que—quem—Dumbledore sabe
sobre isso?"
"Obviamente Dumbledore não sabe sobre isso," Lily estala, seus ombros
tensos. "É segredo por uma razão, Amos, e é melhor você escolher suas
próximas palavras com sabedoria, porque se você pensar em estragar tudo,
farei o que for preciso para garantir que você não o faça."
"Ok, deixe-me reformular. Você não pode me impedir de ir," Barty corrige, e
ele parece muito sério. "Regulus está lá."
773
CRIMSON RIVERS
"Por que não vamos todos?" Sybil pergunta. Todos param e olham para ela.
Ela dá de ombros. "O quê? Já estamos todos aqui, e não é como se mais ajuda
fosse uma coisa ruim, sério."
"Lily disse que não podemos contar a ele até que acabe," Sybill murmura,
torcendo a barra de sua camisa entre os dedos. "Ela acha que ele contaria a
Dumbledore e o impediria."
Com isso, Lily estremece. Kingsley é um homem muito bom, e ele é muito
bom em missões, mas ele está em uma posição elevada, e Lily não pode ter
certeza de que ele não teria arruinado o plano na tentativa de fazer o que ele
acha que é certo. Ele tem sido o favorito de Dumbledore para tudo que
envolve missões há anos, mesmo quando Lily veio para a Fênix, e ele pode
não estar disposto a ir contra isso. Lily não tem como saber se Kingsley
concordaria com isso, e ela não podia arriscar.
Amos pigarreia. "Lily, esta não é uma missão limpa. Eu não posso
simplesmente ficar parado e—"
"Mm, você não pode?" Barty pergunta, estendendo a mão para tocar o ombro
de Amos, leve, olhando para ele. Suas sobrancelhas se levantam lentamente e
ele inclina a cabeça. "Eu acho que você pode."
"Boa resposta," diz Lily. "Caso contrário, eu teria que nocautear amarrar você
para escondê-lo em algum lugar até que eu voltasse, se eu voltasse."
774
ZEPPAZARIEL
"Olhe para nós," declara Sybill calorosamente. Ela acena para todos os cinco.
"A equipe de resgate. Eu decreto que somos chamados de Ladrões do
Thunderbird."
Ladrões do Thunderbird.
~•~
Dorcas observa James abaixar a cabeça, então olha de volta para Pandora, que
está apenas—olhando para ela. Olhando como se ela nunca a tivesse visto
antes. Tem havido muito disso ultimamente.
Isso dá um nó em seu estômago, embora ela tenha previsto isso. Ela entende.
Ela conhece essas pessoas há um ano, é amiga delas, e mentiu na cara delas
mais de uma vez, de todas elas. Embora eles não tenham direito a todas as
facetas de sua vida, essa revelação é chocante por uma grande margem. Não
apenas uma simples estilista que é um pouco ousada demais, nem de longe.
Dorcas entende que é um ajuste. Ela também percebe que é muita informação
sendo lançada para eles de uma só vez. Não, não apenas que ela é mais do que
uma estilista, mas também que há um refúgio subterrâneo secreto que abriga
uma rebelião em formação da qual ela faz parte, e também que ela decidiu
assumir a responsabilidade de iniciar a revolução invadindo a arena dentro de
uma hora para salvar todos lá dentro, e oh, todos eles têm que deixar a
Relíquia esta noite.
775
CRIMSON RIVERS
Infelizmente para eles, eles estão com o tempo apertado aqui, e não há tempo
a perder.
Dorcas se levanta. "James, respire. Nós temos que ir até o nível do porão para
chegar à garagem de qualquer maneira para nossa grande fuga, então vamos
pegar Remus no caminho. Não vai ser uma transição suave para ele, mas é
tudo o que temos. Precisamos ir. Agora."
"Ele está morrendo," continua Pandora. Ela está olhando para Dorcas sem
expressão. "Ele vai morrer, e eu não vou estar aqui."
Há algo trágico na maneira como ela diz isso, já sabendo disso, nem mesmo
protestando. Ela sabe que está vindo. Ela sabe que tem que fazer isso, porque
se ela ficar, eles vão matá-la só porque ela é a treinadora deles, porque isso iria
machucá-los, porque ela se desculpou na colheita e chorou enquanto lia os
nomes. Ela não pode ficar, e seu pai está morrendo, e não importa se ele ainda
não morreu; ele pode muito bem estar morrendo neste momento, para ela,
porque ela nunca mais o verá.
Eles vão.
Quando o elevador apita, as portas se abrem para revelar que não está vazio.
Rodolphus Lestrange pisca para eles, parecendo adequadamente surpreso com
o grupo eclético diante dele.
776
ZEPPAZARIEL
Dorcas percebe tardiamente que todos estão lançando olhares para ela,
esperando que ela lidere. Aqui está ela, esperando que a pessoa responsável se
apresente e assuma o controle da situação, apenas para lembrar que é ela. Ela
está no comando. Ela está liderando.
Ele está pescando, Dorcas pode dizer. Ele parece curioso. Não está
exatamente suspeitando, mas ele sabe que algo está acontecendo.
Dorcas move seu olhar para vê-lo olhando para o quadril de Huey, para a
linha da arma sob sua camisa, revelada pela forma como ele mexe o braço.
Por um segundo, ninguém se mexe. Ninguém respira.
"Não, não, ele é—um irmão. Um irmão mais velho, que ama seu irmão mais
novo," James argumenta cuidadosamente. "Pense nisso, ok? Ele não escondeu
o quanto se preocupa com Rabastan. É o irmão dele, sim? Olhe para Sirius e
Regulus. Você vê como eles são, especialmente quando se trata dos jogos.
Você viu como Sirius estava ano passado; ele estava disposto a fazer qualquer
coisa por mim, e também por Regulus. Apenas—dê a ele uma chance, pelo
menos."
Dorcas solta o ar pelo nariz e puxa a arma, mas mantém a mão livre no
ombro de Rodolphus para segurá-lo ali, sustentando seu olhar. "Vamos
778
ZEPPAZARIEL
invandir a arena para retirar os tributos e levá-los para algum lugar seguro, e
isso inclui seu irmão, se pudermos."
"Como diabos você vai fazer isso?" Rodolphus deixa escapar, com os olhos
esbugalhados.
"Se você fizer qualquer movimento brusco, a única parte da arma que você
conseguirá é uma bala," Dorcas o informa, cortada. Ela desliza a arma para
longe, olhando-o com desconfiança. "Agora, cale a boca, eu tenho que fazer
uma ligação. Fiquem todos quietos."
Quando Lily atende o telefone, ela parece estar no vácuo e já está falando. "—
totalmente com isso, eu prometo. Você está indo muito bem."
"É—não, está tudo bem. Você conseguiu. Eu—eu não acho que esse era o
botão certo, mas—"
"Ah, isso—essas serão as armas, eu acho, Sybill," Lily grita, parecendo tensa.
Dorcas tosse e estremece quando alguém grita ao fundo, e então é puro caos
na linha. Todos no elevador estão olhando. Todos eles podem ouvir.
"Oi, Dorcas, um pouco ocupada aqui," Lily ofega. "Nós estamos, hum."
779
CRIMSON RIVERS
"Problema?"
"O quê? Não. Está tudo b-ei! Não, afaste-se da metralhadora! Barty, não me
faça sair desta cabine!"
"Nós temos isso sob controle," Lily responde, e então há um soluço sufocado
e o grito distante de todos nós vamos morrer!
"Só—oh, cale a boca, estamos bem! Barty! Pare de brincar com a porra da
arma!" Lily grita. Há uma pausa, então, mais calmo, "Obrigado. Ok, Sybill, fale
comigo. Bem, não, respire primeiro. Viu? Olhe para isso. Estamos todos
endireitados agora, voando fácil e suave. Você fez isso. Você foi ótima. Você
está indo muito bem."
O elevador apita, as portas se abrem e Dorcas acena para que todos saiam, de
olho em Rodolphus. Ele não faz nada. Como todo mundo, ele parece bastante
interessado no telefone dela no momento. Ela levanta um dedo para que
todos esperem, e eles esperam.
Lily solta um suspiro profundo. "Sim, uh, estamos a caminho. Sybill, temos
uma estimativa de tempo?"
O coração de Dorcas salta. "Ok, bem, estamos indo. Vou ter tudo pronto
para quando você chegar lá, e você—você tem o localizador, certo?"
"Sim. Ele vai pegar Marlene assim que estivermos ao alcance. Vamos direto
para ela primeiro, Dorcas, eu prometo."
780
ZEPPAZARIEL
"Ok, bom. Lembre-se, assim que você aparecer, você terá oposição chegando,
então você terá que ser rápida. Vou fazer o que eu puder para colocar todos
os tributos o mais perto possível um do outro, mas você não tem muito
tempo. Lily, se—se você tiver que ir, vá, está me ouvindo?"
"Tudo bem," Lily murmura. "Ei, um, Effie meio que—bem, ela pediu sobre
você talvez tirar alguém da Relíquia se for possível. Um servo. Uh, a lua de
Sirius?"
"Quem é—" Lily se interrompe com um gemido. "Barty, pelo amor de Deus,
isso não é um brinquedo! O que eu disse?!"
"Lily, eu tenho que ir," Dorcas diz a ela. "Tenha cuidado, ok?"
"Eu—James, eu não sei se era ele com certeza. Ela disse o nome Barty, então
talvez?" Dorcas oferece com cautela. "Eu nunca conheci outro Barty na
Fênix, então... é uma boa chance. Mas, quem quer que fosse, ele não deixava a
metralhadora em paz."
James bufa uma risada fraca. "Sim, esse é Barty." Ele parece aliviado,
balançando a cabeça enquanto exala. "Ok, bem, isso é bom. Isso é—sim, isso
é bom. Certo, o que vem depois?"
"Tudo bem, agora, os aurores em rotação não chegarão a este andar por mais
quinze minutos, então é todo o tempo que temos para entrar e dar o fora,"
explica Dorcas. "Haverá uma mudança de turno depois, o que significa que
quando sairmos, devemos ignorar a quantidade normal de Aurores."
781
CRIMSON RIVERS
"Claro que sim." Dorcas desliza seu telefone longe. "Ainda assim, os criadores
dos jogos do turno da noite já estão a postos, então é muito menos para lidar
quando entrarmos."
"Agora, quando entrarmos," explica Dorcas, "Eu vou direto para Minerva.
Preciso de todos para reunir o restante dos criadores de jogos. Usem suas
armas. Vocês não precisam atirar, a menos que seja necessário. Situações em
que é necessário incluem se você tem que se defender, se eles tentarem fugir,
ou se você precisa que ninguém atrapalhe a missão. Caso contrário, a escolha
é sua, você é quem terá que conviver com isso de qualquer maneira , mas
não deixe, em hipótese alguma, de atirar se for necessário."
"Você vai ficar parado na porta, certificando-se de que ninguém saia," Dorcas
diz a ele. "Se aquela porta abrir antes da hora, eu vou atirar em quem quer que
esteja nela. Lembre-se de que isso inclui você."
"Oh. Bom para você, triste para mim, mas a próxima louca virá, eu suponho,"
diz Rodolphus melancolicamente.
782
ZEPPAZARIEL
ao redor da arena para que os outros possam entrar, é necessária uma senha
definida pela criadora dos jogos."
"Nós vamos," Dorcas garante a ele. "Agora, todo mundo sabe o que vai fazer
e onde estará, certo?" Ela recebe acenos de cabeça e murmúrios baixos de
concordância. "Ok, então vamos."
Eles vão.
A sala dos criadores dos jogos não é tão fortemente vigiada à noite, e com os
Aurores em rotação, há apenas um esperando na porta, sem arma na mão. O
Auror parece entediado, e por que isso não seria entediante? Literalmente,
nada dá errado aqui. Dorcas examinou todo este edifício ontem, e é negligente
de uma forma arrogante, muito confortável nos anos e anos de luxo e falta de
resistência. Este será um rude despertar.
"James," Dorcas murmura, "Você pode nocauteá-lo com sua bengala e fazer
isso rápido e silenciosamente?"
"Você tem que ter um certo nível de autorização para ter uma arma neste
prédio," explica Dorcas. "Ou apenas esgueirar-se como eu, mas—bem, por
que alguém iria querer isso?"
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CRIMSON RIVERS
Dorcas se aproxima e saca sua arma, então levanta a outra mão. "Bem, seria
rude não bater primeiro."
Ela bate.
"Sim, na verdade, você pode." Dorcas pressiona a arma contra a cabeça dele
com mais força, empurrando-o para trás. "Ande. Eu disse ande."
Por um momento, nada mais importa fora disso. Apenas a colisão nítida de
seus olhares, os olhos astutos de Minerva e os frios de Dorcas. Uma parte dela
quer chorar. Nenhuma parte dela quer puxar o gatilho. Ela sabe que fará o
último se precisar, então cederá ao primeiro se for necessário.
784
ZEPPAZARIEL
Minerva só parece surpresa por um segundo, apenas um, e ela nunca desvia o
olhar do olhar de Dorcas, então Dorcas vê a maneira como ela reprime seus
próprios sentimentos e os fecha. Ela é boa nisso. Você fica bom nisso, na
guerra.
Mas há algumas coisas que você não pode esconder. Quando você está sendo
dilacerado por dentro, o exterior reflete isso. Isso cobra um preço do seu
corpo. Minerva sempre foi uma mulher muito organizada. Agora, ela está
diante de Dorcas e aparenta cada centímetro de sua idade e mais alguns anos.
Ela parece cansada.
No entanto, seu olhar é afiado e sua boca está tão severa como sempre. Ainda
a mesma Minerva. Dorcas a conhece. Dorcas insiste que a conhece, em sua
própria mente, porque seu coração está seguro e sua ansiedade está
discutindo. Quem é você? Dorcas pensa, impotente. Não, não, eu te conheço, o
coração de Dorcas bate forte. Uma guerra interior. Ela não tem ideia de qual
vencerá, ou qual vitória seria mais fácil de se alegrar, ou qual derrota seria mais
fácil de lidar.
Dorcas olha para ela, Minerva, e ela pensa. Ela imagina. Isso a mudou? Ela
gostou do poder? Ela teve um pensamento, qualquer um, sobre como isso
pode estar afetando Dorcas ou qualquer outra pessoa? Isso a afetou?
"O que foi, Pandora?" Dorcas pergunta, sem tirar os olhos de Minerva ou o
dedo do gatilho. Ela não consegue desviar o olhar. Uma fração de segundo de
atenção dividida e Minerva poderia partir a porra do seu crânio. Ela atacaria?
"Estou no painel de controle," diz Pandora, tensa. Frank pode ser ouvido
fazendo os criadores dos jogos deitarem no chão, com as mãos atrás da
cabeça; muitos deles estão chorando. Rodolphus permanece na porta. Dorcas
pode vê-lo em sua visão periférica. "Nós temos um problema."
785
CRIMSON RIVERS
"A—a senha é definida entre cinco a sete letras, e há apenas três tentativas
antes de bloquear e enviar um alerta," explica Pandora.
Por um instante, há apenas silêncio. Minerva não se mexe. Ela não faz nada.
Ela apenas encara Dorcas.
Um instante.
Ruídos do teclado.
Eu conheço você. Eu conheço você, pensa Dorcas, olhando para ela. Ela a conhece.
Ela a conhece há anos. Alguém que ela sempre, sempre, sempre olhou e
admirou. Ela ainda o faz? Ela não sabe disso. Ela não pode saber disso, agora.
Outro instante.
Eu conheço você. Eu sei disso, pensa Dorcas, segurando o seu olhar. Algo que
apenas Minerva saberia. Um segredo, mas não o maior. Não, não, algo
pessoal. Algo que ela tem que digitar todos os dias. Algo que nunca poderia
escapar de sua mente.
Um lembrete. Uma razão. Sua razão por trás de tudo, e Dorcas a conhece.
Sabe que ela quer derrotar Riddle.
786
ZEPPAZARIEL
"Tente—" Dorcas para, e ela olha para Minerva, e a guerra dentro dela faz
uma pausa. Porque ela não está olhando para Minerva e vendo nada além de
um espelho do que ela poderia ter se tornado. Eu, pensa Dorcas. Você sou eu, se
as coisas fossem um pouco diferentes, se eu tivesse permanecido no caminho que defini no
início.
E ali, bem ali, aquela mudança nos olhos de Minerva. Não derrota, mas
orgulho, mas bênção. Há elogios ali, não ditos, e um calor não filtrado. Eu,
você, nós. O aluno supera o professor; ensinando novos truques ao velho
gato; sabedoria transmitida, então empunhada como uma arma. Tudo o que
Minerva sempre escondeu dela, e ela nunca escondeu isso. O coração dela.
"O que você está fazendo?" Minerva pergunta mais uma vez. Há a leve
impressão de um sorriso no canto de sua boca enrugada, suave, quase
maternal. Ela conhece Dorcas, e com certeza sabe disso, e está apenas
esperando. Simplesmente esperando.
787
CRIMSON RIVERS
Dorcas engole. "Eu estou tirando ela. Eu estou tirando todos eles, Minerva.
Eu estou começando a guerra um pouco mais cedo, e você—você não vai me
impedir."
"Você não vai?" Dorcas engasga, e ela quase chora então. Ela parece pequena.
Jovem. Apavorada pra caralho. Ela está, na verdade.
"Parece que eu não poderia mesmo se quisesse, mas eu—não quero," Minerva
diz a ela de forma bastante simples.
E o fato é que Dorcas sabia disso, no fundo. Ela sabia que Minerva estava
apenas cumprindo ordens, e que era sobre a guerra, e que ela só não fez isso
porque não tinha ideia de que poderia. É só pelo amor que Dorcas soube
disso, e o amor de Minerva a espera em casa. O amor de Minerva está diante
dela com uma arma apontada para sua cabeça, e agora ela tem a ideia de que
pode.
Ela ama Dorcas, e Dorcas sabe disso. Ela não ama Albus. Ela segue suas
ordens e acredita que ele ajudará a trazer o mundo que Minerva deseja para as
pessoas que ama e para si mesma, e ele é o menor de dois males. Mas é o
amor, no centro de todos, que as pessoas procuram e seguem. Minerva a ama
como uma mãe, uma mentora e uma amiga. Ela a ama como um reflexo. Ela a
ama do jeito que alguém ama seu eu passado, apenas um que tem um longo
caminho a percorrer e vários erros a cometer.
Dorcas abaixa a arma. Minerva não atacará. Minerva, agora que conhece suas
opções, vai ajudar. Tudo o que Dorcas precisa fazer é pedir. Então ela faz.
"Me ajude."
788
ZEPPAZARIEL
Dorcas gira a cabeça para verificar os outros. Rodolphus fica à porta, atento, à
espera. James, Huey e Frank estão lidando com todos os criadores dos jogos,
mantendo-os quietos. Seus soluços suavizaram. Alguns deles estão olhando
para Minerva com descrença, ou fúria, ou traição.
Está chovendo, e eles estão todos presos na chuva. Cada tributo está
acordado. Marlene está cutucando o chão com sua espada, seu olhar vazio,
braço inchado dobrado perto de seu corpo. Sirius está—oh, ele está falando
com a lua. Não a lua real, mas Remus, exceto pelo nome. Eu sinto falta da
lua, diz ele, e sinto falta da minha lua. Eu sinto sua falta. Eu te amo. Enquanto isso,
Regulus está mais uma vez lutando contra sua aquafobia, desta vez sem bolsa
para se cobrir. Ele está sozinho, curvado sobre si mesmo, claramente fazendo
o possível para respirar, para sobreviver.
789
CRIMSON RIVERS
"Como eu posso ter certeza de que as mãos não vão machucá-los?" Pandora
pergunta, e então ela é instruída a apertar outro botão. Todos eles observam
enquanto Rabastan pega Asher em seus braços e a carrega o mais rápido que
pode, xingando baixinho durante todo o caminho.
"Eu sei," diz Dorcas, "Mas não temos muito tempo. Eles estão lá, você
entende? Lily está lá para tirá-los, e estamos com um cronograma apertado.
Ele tem que cair."
Quando a arena se abre, é por ordem de Dorcas, mas são as mãos de Minerva
que fazem isso acontecer. A criadora crava suas garras e rasga, e destrói, e não
se arrepende disso.
Poppy.
~•~
É uma descida lenta onde eles pairam sobre o topo do labirinto, e ela desce
em um ritmo que a deixa impaciente. Ela quer afundar rapidamente e atingir o
chão correndo.
Por alguma razão, isso não acalma Marlene como Lily esperava. Em vez disso,
isso a faz rosnar e correr direto para ela com sua espada. Lily grita e pula para
o lado, desajeitada e lenta com o cinto, e xinga baixinho quando a espada
corta seu braço.
"Me ouça, eu estou aqui para ajudar," Lily assobia, aproximando-se e apenas
arrastando Marlene para dentro. Elas colidem uma com a outra, e Marlene
grita, luntando para se afastar e não realmente gerenciando isso muito bem
com o estado de seu braço quebrado e o aperto implacável de Lily para
enfrentar. "Eu não tenho tempo para isso! Eu vou tirar você daqui. Espere aí!"
791
CRIMSON RIVERS
Não é até Marlene realmente registrar que há outras pessoas que ela se acalma
o suficiente para fazer uma pausa, a cabeça balançando ao redor, os olhos
brilhando. Ela está na defensiva, ofegante, sem saber que foi salva. Lily deixa
Mary oferecer água a ela, acalmando-a com a promessa de que ela está bem
agora, ela não está mais na arena e nunca mais terá que voltar.
"Barty, tire o rastreador do braço dela," ordena Lily, passando por ele para ir
para a cabine. Ela ignora a ardência em seu braço por causa da espada e a dor
de Marlene literalmente batendo nela para se abaixar na cabine e olhar para o
radar. "Ela já conseguiu?"
"Não, ainda esperando," diz Sybill nervosamente. "Deveria ser possível captar
os pings dos rastreadores nos braços dos tributos para sabermos para onde ir,
mas..."
Sybill olha para ela com os olhos arregalados. "O que nós fazemos?"
"Nós não fazemos nada," murmura Lily. "Eu tenho que entrar no labirinto."
"Lily—"
"Mas," Sybill começa, apenas para se interromper quando Lily deixa cair o
telefone no colo de Sybill, mostrando a posição de Marlene. Sybill pisca. "O
que é isso?"
"Esta serei eu, daqui a pouco," declara Lily, apontando para a tela. "Você
poderá me seguir pelo labirinto e enviar Barty ou Amos para pegar quem eu
encontrar. "
Lily acena com a cabeça e sai da cabine para encontrar Marlene absolutamente
soluçando enquanto Barty tira o rastreador de seu braço. Seu braço quebrado.
Oh, isso é—bem, isso é horrível, mas é necessário. Ela está permitindo, no
entanto, e Mary está bem ali, segurando sua outra mão e acalmando-a.
792
ZEPPAZARIEL
"Consegui!" Barty anuncia o momento em que ele, de fato, tira. Ele o segura
como um troféu, sangue em seus dedos.
"Jogue," ordena Lily, e Barty o faz, apenas jogando-o para fora da porta
aberta. Lily cai ao lado de Marlene e Mary, estendendo a mão para separar
suas mãos. Ela não hesita, apenas tira o anel do dedo e olha para cima para
encontrar Marlene olhando para ela. "Desculpe, eu preciso disso. Eu vou
devolver."
Lily apenas solta uma risada e se afasta, parando apenas o tempo suficiente
para explicar o que está fazendo e deixando bem claro que Mary não deve cair
no labirinto. Barty tem a tarefa de remover rastreadores, Sybill tem que voar, e
isso deixa Amos para descer para recuperação. Mary entende isso, e a última
coisa que Lily ouve quando ela sai do porta-helicópteros é Mary Macdonald
dizendo a ela para ir se foder.
~•~
"Por que o radar não capta o sinal dos rastreadores dos tributos?" Dorcas
sibila.
"Merda," Dorcas engasga, olhando para a tela enquanto observa Lily atingir o
chão no labirinto, se soltar do porta-helicópteros e sair correndo. Dorcas
engole. "Ok, bem, isso vai tornar isso um pouco mais difícil."
Dorcas morde o lábio. "Ajudar a guiá-la até que tenhamos que ir. De quem ela
está mais próxima de sua posição?"
793
CRIMSON RIVERS
"Tudo bem," Dorcas responde com firmeza, "Então leve ela até lá."
~•~
Lily poderia ficar sem as mãos que se soltaram das sebes atrás dela, obrigada.
Ela não as aprecia de forma alguma e não consegue se impedir de lançar um
olhar de pura descrença para o céu enquanto rasga a passagem, um anel no
dedo e um porta-helicópteros voando acima.
Lily tem certeza de que as mãos a estão apenas guiando, mas não é exatamente
um conforto sentir-se perseguida por elas. Elas são assustadores pra caralho, e é
genuinamente aterrorizante. Ela as ignora o máximo possível e serpenteia pelo
labirinto o mais rápido que pode, revezando-se quando as mãos se abrem à
sua frente e as sebes se abrem para ela mergulhar.
Não demora muito para ela encontrar alguém. Majesty, lembra Lily, e elas só
conseguem olhar uma para a outra por um momento antes que as cercas vivas
se fechem ao redor delas, sem ter para onde ir, e Lily olha para cima para ver
alguém afundando. Imediatamente, ela fica irritada, porque ela reconheceria
aquele cabelo em qualquer lugar.
"Na verdade, Amos tem um histórico de remendar feridas, então ele precisa
ajudar Marlene," retruca Mary.
"Ei," diz Mary gentilmente, dirigindo-se a Majesty. Como ela pode ser gentil
agora, aqui, Lily não sabe. "Majesty, certo? Meu nome é Mary. Eu entendo
que isso pode ser confuso para você, mas estamos aqui para tirar você daqui,
certo? Nós já resgatamos Marlene McKinnon, e temos que ajudar os outros
794
ZEPPAZARIEL
depois de você. Eu sei que é pedir muito, mas preciso que você confie em
mim, ok?"
Majesty olha para ela, e então ela engole e olha para o porta-helicópteros, e
então, hesitante, ela dá um passo à frente. Atraída pela promessa de liberdade.
Atraída pela chance de finalmente descansar. Atraída pelas palavras calmas e a
declaração desafiadora de Mary. Hallow is hollow.
E assim, Majesty sobe sem lutar, e Lily verifica pelo fone de ouvido, obtendo
as atualizações. O rastreador é retirado de seu braço. Amos está fazendo o que
pode para ajudar. Barty está de olho na posição de Lily, removendo
rastreadores e distribuindo água constantemente. Mary planeja continuar
aparecendo, e Lily cede, porque ela é melhor nisso do que Lily.
As próximas pessoas que Lily encontra são Narcissa e Alecto. Elas estão
correndo de mãos dadas e se chocando, e a cabeça de Lily quase é arrancada
pela espada de Alecto. Narcissa tem seu arco erguido e apontado para Mary
em segundos quando ela desce, e Lily se move rápido, atacando enquanto ela
está distraída e quase levando uma espada no estômago, se não fosse pelas
mãos que disparam para agarrar Alecto e segurá-la.
Narcissa e Lily lutam, e ainda estão lutando quando Mary aterrisa no chão. Ela
corre para puxar Narcissa de cima de Lily, as duas lutando contra o arco dela.
Alecto rosna e luta contra as mãos que não a machucam, apenas a seguram, e
então Mary está falando. Não suave, não calmante, mas firme. Me escute.
Agora. Isso é o que suas palavras significam, e é o que essas duas precisam,
aparentemente, porque elas escutam.
795
CRIMSON RIVERS
"Lily!" Sybill grita enquanto Lily corre, guiada por mais mãos e um labirinto
em constante mudança. "Lily, eles estão aqui! As Relíquias estão aqui! Nós
precisamos ir!"
"Ainda não!" Lily grita de volta, porque ainda não. Ainda não. Ainda não. Eles
podem fazer isso. Eles podem tirar todos eles. Ainda há Regulus, ainda há
Sirius, ainda há mais da missão.
~•~
O prédio inteiro geme. O alarme alto que soa pelo prédio faz Dorcas respirar
fundo, com os olhos arregalados e as mãos tremendo.
"Mas—" Dorcas prende um gemido atrás de seus dentes e olha para a tela
onde Lily ainda está correndo, ainda correndo, ainda correndo das mãos
guiando. Se eles partirem agora, eles não poderão ajudá-la. Eles não saberão se
ela e todos os outros conseguiram escapar, não até que acabe, não até que
Dorcas possa fazer a ligação.
"Temos que fazer isso. James, desculpe, temos que fazer isso," Dorcas diz a
ele, totalmente arrasada. "Não temos tempo. Se não formos agora, nós vamos
morrer. James, eu sei, ok? Eu sei, mas—mas Lily ainda está nisso, e assim que
estivermos na garagem, eu vou fazer a ligação. Ela vai fazer tudo o que puder
para tirá-los de lá. Ela vai."
"Ainda há uma chance, James," diz Frank. "Você só tem que esperar, ok? Mas
ela está certa. Temos que ir agora."
~•~
796
ZEPPAZARIEL
Regulus está molhado de chuva e correndo para salvar sua vida. Sempre as
mãos. Ele está tão cansado das mãos. O farfalhar das sebes é alto, depois mais
alto, depois muito alto. Há um forte ruído vindo de cima que o faz olhar para
cima quando ele vira uma esquina, conseguindo avistar uma sombra enorme
passando no céu por apenas um segundo antes de colidir com alguém forte o
suficiente para atingir o chão.
Ele rola, então volta com sua adaga pronta, apenas para vacilar de surpresa ao
ver uma mulher que definitivamente não deveria estar no labirinto. Não é um
tributo. Uma ilusão?
"Regulus," ela diz, com as mãos levantadas, sem se mexer—ela fala como se o
conhecesse, "Meu nome é Lily. Eu não estou aqui para—"
"Regulus!"
Mary para, pisca, então parece tão fodidamente triste. "Ei, Regulus, sou eu. Eu
prometo que sou eu, ok? Eu—eu sei que isso é confuso, mas nós realmente
não temos muito tempo agora. Nós estamos tirando você daqui. Eu preciso
que você venha comigo ."
"Fora. Em um lugar seguro," Mary diz a ele. "Eu—eu sei que você está com
medo e no limite, mas quanto mais cedo tirarmos você daqui, mais cedo
podemos encontrar Sirius e tirá-lo também."
"Assim que tirarmos você," promete Mary. Ela estende a mão para ele.
"Vamos. Barty está esperando no porta-helicópteros."
"Barty?" Regulus pergunta, e sua voz falha, lágrimas enchendo seus olhos
enquanto uma forte pressão aumenta em seu peito. Lá está Mary, não
exatamente uma amiga, mas amiga de Sirius e James. Alguém gentil. Alguém
797
CRIMSON RIVERS
que o lembra de casa. E lá está Barty, em algum lugar, esperando. Barty. Uma
constante. Ele está aqui? O lar está aqui, e o lar chegou para ele, e Regulus
quer tanto voltar para casa agora. James é sua casa. Onde ele está?
Não há muito tempo, e Regulus quer ir para casa, e fará de tudo para garantir
que Sirius também possa ir. Então, ele enfia o rosto no cabelo de Mary, fecha
os olhos e a segura enquanto eles se levantam.
"Puta que pariu, porra—" Barty se interrompe e empurra Regulus para trás,
guiando-o para um assento embutido no lado fechado do porta-helicópteros,
ao lado de uma arma muito grande. "Ok, olha, eu tenho que tirar o rastreador
do seu braço, Regulus. Eu tenho que cortar e desenterrá-lo. Isso vai doer. Ei,
você está ouvindo?"
798
ZEPPAZARIEL
Eu matei sua irmã, pensa Regulus. Ele não diz, mas sente, e não sente nada.
"Barty, não!" O homem de óculos avança para puxar Barty para fora do
caminho no momento em que ele joga o rastreador pela abertura, e todos
começam a gritar e se abaixar quando tiros se espalham pelo porta-
helicópteros.
"Temos que pegar Lily!" a pessoa da cabine grita. "Mary, pegue Lily! Traga
Lily para cima agora!"
"Porra!" Mary grita, e então ela está correndo direto para a porta aberta e
balançando para fora, a corda prendendo e girando no mecanismo enquanto
ela desce.
"Não! Não!" Lily grita, voltando para dentro com Mary e claramente não
satisfeita por estar aqui. "Ainda não! Ainda há—"
799
CRIMSON RIVERS
"Temos que ir, Lily! Fizemos tudo o que podíamos!" a pessoa da cabine grita
de volta. "Eles já estão aqui!"
Lily marcha para a cabine, e Regulus empurra Narcissa para o lado, tonto e
tremendo. Ele se levanta e observa Mary, com lágrimas no rosto, fechar a
porta lateral do porta-helicópteros e trancar o trinco.
"Porra! Porra!" Lily rosna, saindo da cabine, e todos olham para ela. Ela fica
parada, com o peito arfando, e fecha os olhos com força. "Tudo bem,
escutem! Todo mundo se segure em alguma coisa. Estamos saindo, e não vai
ser uma saída elegante!"
"Regulus," Barty sussurra, de repente, pegando ele pelo peito e parando ele.
Regulus ainda está tentando seguir em frente, e ele pode ver. Ele pode ver
pela janela da frente do porta-helicópteros, assim como Barty, e Barty se mexe
para bloqueá-lo, para bloquear sua visão. Os olhos de Regulus ardem.
"Eu sei, eu sei," diz Barty, e ele olha por cima do ombro, faz uma careta e
depois deixa os dois caírem no chão.
"Sirius," Regulus repete, chorando. "Sirius. Nós temos que pegar Sirius. Barty,
nós não podemos deixá-lo. Nós não podemos—"
"Pare. Regulus, pare." Barty o agarra mais perto e o segura, olhando em seus
olhos. "Só pare."
"Nós não podemos ir embora," Regulus choraminga. "Por favor. Por favor,
Barty, nós não podemos deixá-lo. Nós não podemos, temos que ir buscar ele,
deveria ser eu e ele. Onde ele está?"
"Eles pegaram ele, Regulus," Barty diz suavemente, sua voz carregada de
pena. "As Relíquias pegaram ele."
800
ZEPPAZARIEL
801
CRIMSON RIVERS
54
A FUGA: PARTE II
"Vamos, vamos, escada," Dorcas instrui, segurando a porta aberta para que
todos possam passar por ela. Melhor ficar fora de vista na saída, se puderem.
802
ZEPPAZARIEL
Outro passa voando, lançado para o lado de onde James bateu neles com sua
bengala, sua outra mão levantada enquanto ele atira nos Aurores ainda caindo
com a ajuda de Frank. Alguns caem. Alguns atiram de volta, e Pandora
engasga quando ela sai do caminho, seu ombro batendo de volta na parede.
Rodolphus a agarra pela nuca e a empurra para baixo, então apoia uma mão
contra a parede e a outra na grade enquanto se levanta e chuta um Auror que
passa por Frank e James. O Auror cai de costas, e Dorcas desvia o olhar antes
de Frank colocar o pé levantado contra a cabeça do Auror com força.
803
CRIMSON RIVERS
balas, olha para sua arma e simplesmente a joga no Auror à sua frente,
acertando-o no rosto com tanta força que ele tropeça para trás.
Minerva chega primeiro ao nível do porão com Huey e Pandora logo atrás. Há
alguns Aurores que caíram que estão vivos e bem o suficiente para se
levantarem, e Minerva os coloca de volta no chão com balas entre os olhos.
Um Auror ataca Huey, que grita e cambaleia para trás, e Rodolphus solta um
suspiro como se fosse uma babá quando começa a ajudar.
Dorcas consegue passar pela porta, mas espera por James e Frank, e então
Minerva bate a porta assim que todos saem. Mais Aurores ainda estão
perseguindo-os, mas Minerva dá um passo para trás e começa a atirar na
fechadura até que ela esvazie seu pente. Ela tenta a maçaneta e pressiona
contra a porta, aparentemente satisfeita quando ela não cede.
"Me diga que você tem uma maneira de sair daqui," Minerva resmunga,
virando-se para enfrentar Dorcas enquanto ela joga de lado sua arma com um
barulho surdo. Frank faz o mesmo e, quando Dorcas verifica, ela repete o
movimento. Ótimo, então eles estão todos fora.
804
ZEPPAZARIEL
"Quem está esperando para nos deixar entrar na estação?" pergunta Minerva.
Dorcas dá de ombros. "Eu não sei. Quem quer que seja que Lily enviou. Eles
vão nos deixar entrar no momento em que acionarmos os censores."
~•~
"Você ouviu isso? Malditos tiros! E o prédio está fechado agora. O elevador
não funciona. Potter e seu bando, sem dúvida."
Remus cruza os braços com mais força ao redor de sua caixa torácica,
sentindo as batidas frenéticas de seu coração enquanto anda de um lado para
o outro em sua cela. O som abafado de tiros desapareceu, mas o som fraco de
um alarme soando pelo prédio não.
Remus não sabe o que aconteceu, mas pelo pavor transformando o sangue em
suas veias em gelo, ele apenas sabe que de alguma forma envolve James, e
provavelmente Pandora. Oh, o que eles fizeram? Ele está pirando pra caralho
se perguntando se eles estão bem, se eles ainda estão vivos, e o
maldito Malfoy não está ajudando.
Mais uma vez, Lucius deve ter saído com alguém para beber ou algo assim,
porque ele ficou preso neste nível quando o prédio fechou inesperadamente.
Remus não sabe com quantas pessoas ele está, mas ele ouviu pelo menos uma
pessoa grunhir em resposta às coisas que ele disse.
805
CRIMSON RIVERS
Assim que os tiros começaram, Lucius ficou em silêncio. Ele agora está
derramando suas reclamações, e Remus pode ouvi-lo andando no final do
corredor, provavelmente esperando o elevador voltar para que ele e seu
companheiro possam sair.
Há o som distante de uma porta batendo e pés batendo contra o chão. Remus
congela, seus olhos se arregalam, e ele não consegue parar de se virar para
encarar as grades de sua cela, encarando o nada com os olhos arregalados e
aguçando os ouvidos. Lucius ficou em silêncio. Os passos pararam.
E então, Lucius diz categoricamente, "Potter, como eu sabia que era você? É
claro que era você e..."
O silêncio é denso.
"Sim, eu," vem a voz seca de Minerva McGonagall. "Termine sua frase, Sr.
Malfoy, por favor."
"Olhe," diz James, sua voz soando afiada, "Só vou fazer esta oferta uma vez.
Você e Dolohov podem vir conosco, ou podemos passar por vocês. A arena
caiu. Estamos tirando os tributos. Ou venha conosco, ou dê o fora do
caminho, se não—bem, eu disse a você o que aconteceria se você entrasse no
meu caminho de novo."
Remus tem certeza que seu coração parou. A arena caiu. Estamos tirando os
tributos. Sirius. Essa é a primeira coisa que Remus pensa. Apenas Sirius.
806
ZEPPAZARIEL
"Você—" Lucius faz um grunhido baixo de fúria. "O que eu disse, Dolohov?
Eu disse que Potter iria estragar tudo de alguma forma. Eu sabia que você
estava planejando algo. Eu sabia ."
"Oh, pare com isso, Lucius," diz outra pessoa, alguém que Remus não
conhece. "Foda-se a glória de vencer. Quem se importa com isso? Eles estão
tirando meu irmão. Sua esposa também. Vencer os jogos não é importante—"
"Para você," Lucius resmunga. "Não é importante para você, mas para
algumas pessoas, a integridade por trás desses jogos é importante. Se você acha
que vou ficar parado e deixar vocês estragarem isso—"
Remus puxa a cabeça dele com toda a força e ouve o estalo ao mesmo tempo
em que registra a sensação de sangue se acumulando em seus dedos no cabelo
de Lucius, onde sua cabeça foi aberta. Remus sabe como são os olhos de um
807
CRIMSON RIVERS
James passa por cima das pernas abertas de Lucius lentamente e aparece, seus
olhos arregalados, mas eles ainda se iluminam no momento em que ele vê
Remus. Apesar do homem morto a seus pés, James sorri.
Mas é apenas James aqui. Apenas James. O amigo dele. Se Remus pode
confiar em alguém, é nele. E, bem, Remus acabou de matar um homem, então
tirar a máscara não vai fazer muita diferença neste momento. De qualquer
maneira, ele seria executado por isso. Então, exalando de alívio ao fazer isso,
Remus remove a máscara.
"Eu fui mais rápido," é tudo que Remus consegue pensar em dizer, e James
solta uma risada estridente e histérica, olhando para ele em pura descrença.
Ele balança a cabeça como se estivesse surpreso.
"É uma longa história, mas vamos apenas dizer que não acabei me tornando
um servo na Relíquia por um crime pequeno," Remus diz secamente. "Eu
posso, uh, te contar tudo sobre isso mais tarde da próxima vez que eu sentir
vontade de me abrir um pouco mais, mas depois que você me explicar o que
diabos está acontecendo agora."
"Oh. Certo. Sim, então, eu estou aqui para te libertar," James o informa, e
então ele puxa uma faca.
808
ZEPPAZARIEL
Remus o encara. "James, esse não é o tipo de cela que você pode arrombar
com uma faca, e eu—eu não posso ir com você. Meu—"
"Me ouça, não há muito tempo," James interrompe. "A arena foi—bem,
algumas pessoas invadiram. Há toda essa revolução secreta da qual minha
estilista faz parte. É insano, e nós—nós esperamos que eles tenham
conseguido tirar Sirius e Regulus. Você ouviu o que eu estou dizendo, Remus?
Você pode ser livre. Você pode vir conosco e estar em um lugar seguro, e
Sirius estará lá, e—e—" Ele para, então engole. Sua voz cai para um sussurro.
"Por favor. Apenas, por favor, venha, porque—porque Sirius gostaria que
você viesse, e porque você é meu amigo, e porque você merece ser livre, e
porque eu não vou deixar você para trás."
"Eles vão matar meu pai, James," Remus sussurra, sua voz baixa.
Remus a encara, sua boca seca. Ele hesita, o coração batendo forte no
peito. Pai, ele pensa. Pai, por favor, não morra. Por favor, não esteja morto. Eu quero
ser livre. Eu posso ser livre?
"Remus," James resmunga, "Você acha que seu pai iria querer que você
desistisse da sua liberdade e chance de segurança só por ele? Você não acha
que ele daria a vida dele para você ter tudo isso?"
Remus pensa sobre isso, aquela carta, aquelas palavras que ele leu tantas vezes
que as memorizou, palavras nas quais ele pensava dia após dia. Dias pensando
em nossa última briga me ensinaram muitas coisas sobre arrependimento, e quero dizer
809
CRIMSON RIVERS
agora que o único arrependimento que realmente tenho é não ter assegurado a você, mesmo
com nossas diferenças, que sempre amaria você e o apoiaria em qualquer coisa. Se você
duvida de alguma coisa, não duvide disso, porque eu sempre vou te amar, aconteça o que
acontecer; Sempre terei orgulho de te chamar de meu filho.
"Ok," Remus resmungou. "Tudo bem, eu vou, mas—mas você realmente não
pode invadir a cela com uma faca."
James exala em alívio visível, então limpa a garganta. "Um, bem, na verdade a
faca é para cortar o rastreador da sua coxa."
"Er, se você está bem com isso, quero dizer," James murmura sem jeito,
parecendo um pouco inseguro.
"Eu—não, quero dizer sim, isso é—bem, é meio que necessário, não é?"
Remus pergunta, tossindo. "Certo, apenas—uh, você tem um plano para entrar
na cela? Porque ela tem um cronômetro. Ela não abrirá de novo até de
manhã, a menos que seja aberta manualmente."
"No final do corredor, você vira à esquerda e desce para o segundo escritório.
Essa é a sala de controle. As três chaves devem ser giradas ao mesmo tempo,
e todas estão em partes separadas da sala, mas uma vez giradas, você pode
abrir qualquer cela que quiser."
James acena com a cabeça e se vira para o lado para, presumivelmente, olhar
para todos os outros com quem ele está. "Ok, eu vou. Preciso de mais dois."
810
ZEPPAZARIEL
Pandora aparece e olha através das grades para Remus com um sorriso
trêmulo. "Acho que vou segurar a mão de Remus."
James passa a faca para Minerva, e então ele se foi, movendo-se rapidamente
para longe com sua bengala batendo contra o chão enquanto ele vai. Os
outros também partem, exceto Minerva, que se aproxima das grades. Remus
se pressiona contra elas e se vira, segurando sua coxa no espaço aberto entre
eles.
"Eu sou Minerva," ela responde, ajoelhando-se. "Eu vou cortar a costura das
suas calças para revelar o local da injeção. Você deve ter uma pequena cicatriz
aí. Vou fazer o possível para ser o mais rápido possível, mas temo que
também vá doer de qualquer jeito."
Remus respira fundo e fecha os olhos, deixando sua testa descansar contra as
barras frias e sentindo Pandora mais uma vez apertar sua mão. Exalando,
Remus dá um aceno brusco e diz, "Faça o que você precisa fazer."
~•~
"Nós pegamos todos eles," Lily sussurra pelo telefone. "Nós pegamos todos
eles, Dorcas, todos menos Sirius. As Relíquias pegaram ele."
811
CRIMSON RIVERS
"Ok," Dorcas murmura. Ela pisca, abre os olhos e se endireita. "Ok, mas—
mas vocês estão fora, sim? Marlene? Ela está segura? Vocês estão todos
voltando para o Fênix?"
"Lily—"
~•~
James vê o que Remus quis dizer sobre o escritório quando ele entra. Está
deserto e intocado, tão sem uso que o ar está rançoso e há teias de aranha
abandonadas nos cantos. Há também três painéis separados na sala, com
distância suficiente entre eles para que uma pessoa não consiga alcançá-los
todos de uma vez. James não tem certeza se alguém entra aqui.
Com uma troca de olhares entre todos eles, James se separa enquanto
Rodolphus e Frank fazem o mesmo. Frank vai para o canto mais distante,
Rodolphus vai para trás e James vai para o painel principal na frente.
"Tudo bem, vou fazer uma contagem regressiva e depois viramos," declara
Frank enquanto estende a mão para pegar sua chave. James e Rodolphus
fazem o mesmo. "Três... dois... um..."
James vira a chave e observa o painel acender à sua frente, uma pequena tela
piscando Manual Override Opcional e uma fileira de números entre um e doze
piscando. Apenas doze servos pernoitam, e os demais são levados para festas
ou a pedido, e depois escoltados para fora após o cumprimento de suas
obrigações. Mas estes são os que ficam, um servo por distrito, e James olha
para o número seis. Esse é o Remus.
812
ZEPPAZARIEL
Por alguma razão, a mão de James paira sobre o botão e seu olhar rasteja
lentamente para o número doze. Sim, Remus foi designado para o distrito seis,
mas ele é do distrito doze. Lentamente, os olhos de James percorrem cada
número brilhante, seu peito apertando quando ele pensa em como essas
pessoas, todas elas, são reduzidas a números e aos serviços que prestam, mas
todas têm casas de onde vêm e vidas que deveriam viver. Não é só Remus.
Ele não é o único.
"Volte para o seu painel," James ordena. "Temos que virar essas chaves mais
onze vezes."
Rodolphus suspira e se vira para voltar para seu painel, murmurando, "Oh,
pelo amor de Deus. Ótimo, estou preco com um coração mole."
Então, Frank faz. E de novo. E ele continua fazendo isso. Repetidas vezes,
eles repetem o processo, uma cela por vez. Eles quase certamente não têm
tempo para isso, e são onze outras pessoas que terão rastreadores cortados de
suas coxas, mas... Bem, James não pode deixar de fazer isso. O que ele vai
fazer? Não salvar a todos que ele puder? Você o conhece?
813
CRIMSON RIVERS
Todos eles apertam as teclas uma última vez, e James rapidamente pressiona o
número doze, estremecendo com a campainha alta. Fora isso, está quieto lá
fora, e todos se entreolham e esperam. Quando nada acontece, eles dão de
ombros.
"Não, estamos limpos, vamos lá," Frank murmura com um forte suspiro de
alívio, endireitando-se e saindo e levando um tiro na cabeça segundos depois.
Frank está lá em um segundo, vivo e de pé, e então ele está caindo no chão no
seguinte.
James realmente não entende isso. Ele vê, e não faz sentido para ele. Ele olha,
e ele não tem certeza do que diabos ele está olhando. Ele acha que talvez
Frank esteja apenas muito ferido.
James acha que Rodolphus está tremendo e então percebe que é ele, mas não
tem certeza do porquê. Ele não sente frio. Há algo quente e úmido em seu
rosto. Sangue.
814
ZEPPAZARIEL
"Shh, shh, por favor, você tem que ficar quieto, cara," Rodolphus sibila
baixinho. "Eu sei, ok? Eu sei, mas ele está morto. Ele está morto, James. Cale
a boca, eles estão vindo."
Sangue.
Sangue de Frank.
815
CRIMSON RIVERS
Piscando rapidamente, James gira e se apoia em sua bengala enquanto sai pela
porta. Seu primeiro instinto é ajudar Frank a se levantar, mas Rodolphus
parece estar em uma situação pior agora, então é nisso que James se
concentra.
James pega sua bengala e acerta o rosto do Auror mais próximo com ela,
grunhindo com a força e o seguindo enquanto ele se choca contra a parede.
Ele levanta a perna dolorida para dar uma joelhada no estômago dele e
arrancar a arma dele. Não é uma pistola, mas algo com um jato largo e tiro
rápido. Mirar, atirar e torcer para não errar é mais fácil assim.
"Hora de ir, Frank, vamos," James insiste, puxando sua manga e empurrando
um pouco, tentando fazê-lo se mover.
816
ZEPPAZARIEL
James está com medo de olhar para ele, por algum motivo.
Engolindo em seco, a mão de James fica frouxa no braço de Frank, e ele fecha
os olhos com força. Há o som da respiração. Duas pessoas. Apenas duas
pessoas. Há sangue no rosto de James, mas não em seus óculos, e ele pode
ver. Ele abre os olhos e olha.
Frank caiu desajeitadamente, então metade de seu rosto está em sua própria
poça de sangue cada vez maior. Seus olhos estão arregalados e vidrados, sua
boca ainda ligeiramente aberta em seu último suspiro de alívio.
James sente sua boca se contrair e tremer, seus olhos queimando, e ele nem
sabe por que, mas neste momento, tudo o que ele consegue pensar é em
como Alice chorou Eu vou estar com ele como uma última promessa para
Augusta, e era uma mentira.
817
CRIMSON RIVERS
"James," Pandora respira aliviada enquanto ele avança para ir ajudá-la. "Nós
ouvimos tiros. Você está—" Ela vacila quando olha para ele. "Tem sangue em
você."
"Ele foi baleado," James explica categoricamente, e então ele não quer mais
falar sobre isso. "Remus—Remus saiu? Esse é o último da cela?"
"Não, ele—quero dizer, ele está bem. O rastreador está fora, e ele está
ajudando a levar os últimos servos com Minerva. Ele, hum, teve que persuadir
alguns a concordarem em sair, mas nós levamos a maioria deles para a van
agora. Remus e Minerva devem estar seguindo com os dois últimos aqui em
breve," Pandora diz a ele.
"Bom." James acena com a cabeça e não diz mais nada durante todo o
caminho até a garagem com Rodolphus fechando a retaguarda, mantendo sua
arma apontada. Pandora começou a chorar. A mulher entre eles está
tremendo e sugando o ar como se fosse um milagre.
818
ZEPPAZARIEL
"Temos mais uma," grita Pandora, e Dorcas pula na parte de trás da van para
ajudar a mulher a entrar. Pandora rasteja atrás dela, ajudando Huey com o
resto.
James não está em choque. James se sente bem. James tem sangue no rosto e
sua perna dói, e ele precisa saber se Dorcas já ligou para Lily, então ele
pergunta novamente. "Você já ligou para Lily?"
"Oh, James," Dorcas resmunga, seu rosto parecendo simplesmente cair, seus
olhos ficando mais brilhantes e ombros caídos como se um novo peso tivesse
caído sobre eles. A líder. Ela é a líder e deu a ordem para enviar Frank junto, e
James foi quem salvou onze pessoas extras apenas para perder um amigo.
Dorcas engole. "Eles tiraram Regulus. Ele saiu, James. Ele saiu e está a
caminho da Fênix."
819
CRIMSON RIVERS
James sente como se seu peito se partisse ao meio. Um gemido baixo sai dele,
e sua mão voa até a boca enquanto seus olhos começam a arder, e aí está. O
transbordamento. Instante. Ele está aqui agora, desmoronando de puro alívio
e querendo tanto chegar até Regulus agora, abraçá-lo, cair em seus braços e
chorar até não ter mais lágrimas para derramar.
Em breve. Tão em breve. Muito em breve, James poderá ir até ele e enterrar o
rosto no cabelo de Regulus, e talvez nunca mais deixá-lo ir. Ele quer—oh,
porra, oh, ele quer as mãos de Regulus em seu cabelo e os olhos de Regulus
encontrando os dele e Regulus prometendo a ele que ele é bom, que ele ainda
é bom, e que não é ruim ser bom, mesmo quando fazer o bem leva a coisas
ruins acontecendo. Ele pode explicar isso a Regulus, dizer a ele que nunca
quis que Frank morresse, porque ele só queria salvar todos que pudesse, e
Regulus será capaz de explicar a ele que não é culpa dele, e que ele tentou o
seu melhor, e que está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem quando todos
eles estão juntos, seguros e protegidos.
E Sirius. Ele vai perdoá-lo, não vai? James sabe, no fundo, que Sirius nem vai
culpá-lo. Sirius vai abraçá-lo, e eles vão aguentar, e eles vão chorar por Frank
juntos. Eles vão respirar juntos. Eles finalmente, finalmente, finalmente
ficarão juntos.
"Ok," James engasga. "Ok, então—então Regulus e Sirius estão seguros? Eles
estarão lá quando chegarmos?"
Eles tiraram Regulus, disse ela. Regulus. Eles tiraram Regulus. Por que ela não
disse Sirius também? Por que ela simplesmente não disse que eles tiraram
todo mundo? Eles não tiraram todo mundo?
"Sinto muito," Dorcas sussurra de volta, olhando para cima com lágrimas nos
olhos, e James sente seus pulmões pararem. "Sinto muito, James. Eles—eles
não conseguiram pegar Sirius. Eu—"
820
ZEPPAZARIEL
"Não," James geme, balançando a cabeça e dando um passo para trás. "Não,
não, não diga—não me diga isso. Não—"
"Eu sinto muito," diz Dorcas, com a voz rouca. "James, eles fizeram tudo o
que podiam, mas eles simplesmente—eles não conseguiram pegá-lo. Eu sinto
muito, James. As Relíquias pegaram Sirius antes de nós."
James se afasta dela, deixando cair a cabeça para frente e estrangulando o cabo
de sua bengala enquanto tenta respirar e só consegue soluçar. Há uma mão
hesitante pressionada entre seus ombros, e ele choraminga impotente,
sentindo Dorcas envolver seus braços ao redor de sua frente enquanto ela se
inclina contra suas costas, abraçando-o por trás, segurando-o firme.
"James," Dorcas murmura, "James, Regulus estará lá. Ele estará lá, e ele—ele
precisa de você, ok? Eu sei. Eu sei que é difícil, e eu sinto muito, mas Regulus
estará lá."
Regulus. Oh, Regulus. Eles levaram seu irmão embora. Ele nunca vai ficar
bem de novo, não sem Sirius. James também não sabe se ele vai. E, por um
momento, James só pode ficar parado e odiar todos os outros, todos aqueles
outros tributos que foram escolhidos antes de Regulus e Sirius. Por que outra
pessoa não poderia ficar para trás? Por que Sirius e Regulus não conseguiram
sair?
James não pode fazer isso, nem com Sirius, nem com Regulus, nem com ele
mesmo. Como ele pode? Ele tem que tentar. Ele tem que fazer alguma coisa.
Ele tem que—
"James?"
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CRIMSON RIVERS
O som da voz de Remus faz James erguer os olhos, e oh, não. Oh, não, não,
não, por favor, não, isso não. Não Remus. Ele disse a Remus que Sirius estaria
esperando. Ele disse—ele prometeu que—
"O que há de errado?" Remus deixa escapar, mancando mais rápido com uma
mulher mancando ao lado dele. Sua perna já está enfaixada e Minerva segue
atrás com um homem que toca seu rosto como se tivesse esquecido como era
sem máscara.
"Oh, James, eu—eu sinto muito," Remus sussurra, arrastando os pés para a
frente, e então ele está lá, puxando James em seus braços.
James fica mole em seu aperto por alguns segundos, e então ele levanta os
braços e o abraça com força, agarrando-se a ele, não o deixando ir enquanto
Minerva e o outro homem passam. Há mais agitação na van, e James agarra
Remus o mais forte que pode, piscando para tirar as lágrimas dos olhos,
inspirando e expirando.
"Vai ficar tudo bem," James resmunga, engolindo em seco antes de se afastar
e não encontrar o olhar de Remus. "Você está bem? Como está a perna?"
"Eu vou viver," Remus diz, então estremece. "Merda. Ah, desculpe."
"Droga!" Dorcas sibila, e James se vira para vê-la acenando com a mão para
Minerva. "Você dirige. Vá! James, Remus, entrem. Hora de ir."
822
ZEPPAZARIEL
Remus e James se movem para a parte de trás da van, e James agarra Remus
pelo cotovelo para ajudá-lo a subir nela. Pandora se mexe no colo de
Rodolphus, ganhando um grunhido enquanto se inclina para frente para
ajudar a puxar Remus.
Silêncio.
James pega sua bengala e olha através da rede de aço na parte de trás da van,
então rapidamente passa a linha de sua bengala pelas duas maçanetas na parte
de trás da van. A mão de Remus voa contra a rede de aço, os dedos
espreitando. Seus olhos estão arregalados enquanto ele sacode as portas,
incapaz de abri-las por dentro.
"James?" Remus repete, mais frenético desta vez. "James, o que diabos você
está fazendo? O que você—"
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CRIMSON RIVERS
"Tentar o quê? Entre aqui. Abra a porra da porta, James, e entre," Remus cospe.
James dá um passo para trás e Remus bate a mão contra a barreira. "James,
onde diabos você está indo? O que você está fazendo? Não, James. James!"
"James, pare!" Dorcas grita. "Não faça isso! Entre na porra da van. Isso é
uma ordem!"
"James!" Remus bate as mãos contra a única coisa que os separa, com os
olhos arregalados. "James!"
Virando-se, James contorna a van e segue direto para o carro que bloqueia o
caminho, ouvindo todos gritando para ele voltar. A perna de James
está pegando fogo e ele sai correndo sem a bengala, mas cerra os dentes e sai
correndo. Sua perna passou por um inferno hoje, então ele tem certeza que é
a adrenalina que o leva até aquele carro, e pura força de vontade.
O Auror já está abrindo a porta e saindo com uma arma na mão quando
James o alcança. Ele levanta e puxa o gatilho, mas o tiro dispara quando James
empurra a mão dele para cima e os joga contra a lateral do carro. A arma cai
no chão e é chutada para longe, deslizando pelo concreto e desaparecendo
sob um carro diferente.
James respira com força antes de entrar no carro atrás do volante, estendendo
a mão para fechar a porta atrás dele. Ele agarra o volante e olha em volta, um
pouco perdido por um momento. Ele nunca dirigiu um carro antes.
824
ZEPPAZARIEL
Certo, bem, já está ligado, então isso ajuda. Ele olha para a alavanca com as
letras pequenas ao lado. R para ré, certo? Ele tenta puxar para baixo, mas está
preso. Ok, isso não. Merda.
James tenta pisar no pedal e dá um solavanco quando o motor ronca para ele,
embora o carro permaneça parado. Um ruído de frustração sai dos lábios de
James, seus olhos ardem, porque ele tem que fazer isso. Ele tem que salvar seu
melhor amigo, como não pôde salvar Frank, por si mesmo, por Regulus e por
Remus. Ele não pode simplesmente deixar Sirius aqui. As Relíquias o
pegaram, então James vai trazê-lo de volta, mas ele não pode fazer isso se não
consegue nem se mover.
"Vamos, vamos, vamos!" James grita, batendo a mão no volante enquanto pisa
no pedal e puxa a alavanca ao mesmo tempo. Ele engasga com uma respiração
áspera quando a alavanca desce, finalmente, encaixando no lugar.
Fungando, James exala trêmulo e coloca as duas mãos no volante, então tira o
pé de um dos pedais. R é de fato para ré, porque o carro começa lentamente a
recuar. Muito devagar. James precisa ir mais rápido.
O carro sacoleja e balança na inclinação enquanto vai para trás, e então James
ouve o barulho de metal contra metal antes de sentir a colisão da traseira de
seu carro entre os outros dois carros bloqueando a saída.
James ainda está pisando fundo no pedal, seu corpo estremecendo e batendo
os dentes com o barulho alto dos outros carros sendo empurrados para trás
pela força. Ele deixa uma grande abertura, e James freneticamente puxa o
825
CRIMSON RIVERS
James sente essa colisão percorrer todo o carro e todo o corpo, ouvindo o
estrondo de vidro estilhaçando ao seu redor, e então tudo para tão
repentinamente que toda a sua estrutura chacoalha. Sua cabeça se projeta para
a frente em seu pescoço, e a última coisa que ele vê é uma explosão de branco,
e então tudo começa a ficar preto.
~•~
"Minerva, vire essa porra de van agora mesmo!" Dorcas berra, balançando com
o movimento brusco do veículo enquanto Minerva faz uma curva fechada.
"Nós não podemos deixar James!" Remus se vira e olha para Dorcas. Ele não
a conhece muito bem, mas ela está no comando aqui, pelo que ele viu, e ela é
próxima de James. Ele olha para ela, e sua respiração fica fraca quando ele vê
o rosto dela se contorcer antes que sua expressão desmorone completamente.
Seus ombros levantam. "Não! Não, nós—nós não podemos deixá-lo. Nós—"
826
ZEPPAZARIEL
"Não temos escolha!" Dorcas explode, sua voz embargada, seu tom tão áspero
que muitos dos servos ao seu redor recuam. "Você não acha que eu quero
voltar?! Eu quero, ok? Eu queria que todos conseguissem, mas—mas—" Seus
ombros levantam de novo, e as lágrimas em seus olhos se derramam. "Mas
nem todo mundo poderia."
Remus quer rosnar para ela, e talvez ele tenha rosnado, mas gritos ressoam
quando há um tiro contra o metal. Todos imediatamente se abaixam,
cobrindo suas cabeças. A van vira mais uma curva, pneus cantando, e os tiros
param.
"Estou fazendo o meu melhor," Minerva retruca, e então ela gira o volante
novamente com tanta força que todos na parte de trás caem uns sobre os
outros, várias pessoas gemendo.
Remus se levanta para espiar por trás e ver dois carros fazendo a curva atrás
deles, e ele olha por um instante antes de se deitar. Ele acaba esparramado no
colo de Dorcas, e ela pisca para ele confusa. Ele a ignora e estende a mão para
agarrar a perna de Rodolphus como apoio, apoiando a outra mão na parede
da van. Então, bufando, ele levanta a perna ilesa e bate a bota na grade de aço
do batente da porta. Não cede, então ele chuta com mais força.
"Nos. Ajudando. A despistar. Eles," Remus resmunga, batendo sua bota para
frente em cada palavra, e na última, o metal aparece em um canto. Ele a chuta
mais uma vez e a observa voar.
Remus balança com o movimento da van enquanto Minerva os leva para fora
da estrada inesperadamente, mas mesmo assim, o carro continua seguindo.
827
CRIMSON RIVERS
Esta não é uma arma que ele já segurou antes, mas ele segurou pelo menos
uma arma, então ele tem uma ideia geral de como isso deve acontecer. Ele
aponta a arma para fora da abertura e começa a atirar.
A van está silenciosa. Pandora está chorando. Dorcas parece que está prestes a
desmoronar. Huey está segurando a alça na cintura como se sua vida
dependesse disso. Nenhum servo libertado fala, e Rodolphus segura Pandora
e sua arma, e Minerva dirige. James não está com eles. James foi deixado para
trás.
Remus quer destruir o mundo. Por mais que ele pense, ele não tem a menor
ideia de como vai conseguir explicar isso a Sirius quando o vir novamente.
~•~
Lily cambaleia para fora da cabine, o peito arfando enquanto ela varre seu
olhar sobre todos. Muitos dos tributos anteriores parecem estar em choque,
muito atordoados com o que aconteceu e o que ainda está acontecendo para
realmente estarem envolvidos. Lá está Mary ainda distribuindo água, Amos
ajudando com os ferimentos e depois Barty. Oh, isso é... A mera visão de
Barty segurando Regulus Black faz seu coração apertar.
Regulus está flácido como uma boneca de pano, olhando fixamente para o
nada. Ele não está mais chorando. Ele não está gritando o nome do seu irmão,
embora o som disso tenha rasgado Lily, especialmente sendo uma irmã mais
nova. A dor dele—ela sentiu isso.
Agora, ele está apenas deitado lá. Barty enfaixou seu braço e simplesmente
ficou sentado com ele, parecendo exausto pra caralho. Narcissa sentou ao
lado de Regulus, e ela está acariciando seus cabelos, murmurando para ele,
mas ele não parece ouvi-la. Ela parece entender. Ela entenderia, não é? Sua
irmã mais velha está morta. Eles os tiraram depois que os estandartes tocaram
no céu, então ela tem que saber. Lily só acha que ela não percebeu que está
segurando a mão do assassino de sua irmã mais velha.
"Eu preciso que você use a arma," Lily diz a ele, e então ela espera que ele siga
seu olhar em direção à metralhadora. Quando ele segue, ela olha para ele,
esperando.
Lentamente, Barty olha para ela e então sorri. "Achei que você nunca iria
pedir."
"Todo mundo, fique longe da porta!" Lily chama, apenas por precaução, e ela
se move para segurar a maçaneta, esperando que Barty se aproxime da
metralhadora. É muito grande com duas alças grandes. Barty resmunga
enquanto a gira em direção à porta. "Pronto?"
829
CRIMSON RIVERS
Lily não tem ideia de quanto tempo leva, mas qualquer que seja o arsenal que
o outro porta-helicópteros tenha, não se compara a esta arma aqui, porque
eventualmente há uma explosão que balança o próprio ar ao redor deles. Sybill
grita novamente, e o estômago de Lily revira quando o porta-helicópteros
começa a subir. O cheiro de ferro queimado e combustível vazando enche o
nariz de Lily, fumaça e calor tão pesados vindos do outro porta-helicópteros
que ela jura que está estrangulando ela.
A metralhadora zombe até parar e Barty tropeça para trás, literalmente caindo
no chão, apenas sentado lá, ofegante e parecendo atordoado. Lily agarra o
corrimão sobre a porta e gira para olhar para fora. Ela assiste, totalmente
hipnotizada, enquanto o helicóptero da Relíquia gira no céu, um pedaço de
metal em chamas que finalmente cai no chão e explode novamente.
Uma risada histérica sai da boca de Lily, e ela bate a porta, trancando o trinco.
Parece insuportavelmente quieto no rescaldo, e Lily apenas fica lá e treme até
encontrar sua voz e gritar, "Ei, Sybill, parece que os despistamos!"
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ZEPPAZARIEL
"Marlene. Marlene!"
"Socorro! Socorro, ela levou um tiro!" Emmeline chama, e Lily corre com o
coração na garganta. As mãos de Emmeline estão tremendo. "Eu—eu não sei
o que aconteceu. Ela estava—ela—"
"Saia. Saia, eu sou médica!" Lily ordena, e Emmeline vai lutando para trás até
que ela esbarra em Alice, que envolve seus braços em volta dela e a segura.
Lily estende a mão para Marlene, seu coração batendo forte enquanto observa
Marlene ofegar por ar, seus olhos arregalados e em pânico, sangue
derramando sobre os dedos que ela pressionou contra o peito. "Deixe-me ver,
deixe-me—"
Marlene está rígida, deitada de costas, e estremece de dor visível toda vez que
tenta mover o braço quebrado. Seu próprio corpo está lutando contra ela,
instintivamente tentando fazer tudo o que pode para colocar ar em seus
pulmões, mas algo deu errado.
"Dois minutos!"
"Leve-nos lá agora!"
"Lily," Amos diz, sua voz tensa enquanto acena para Marlene.
"Não," Lily sussurra. Em segundos, ela está passando a perna sobre os quadris
de Marlene e montando nela, procurando por um pulso e não encontrando, e
imediatamente iniciando as compressões torácicas com os dentes cerrados.
"Amos, encontre um equipamento de choque para mim."
Com o grito de Lily, Amos se levanta apressadamente e Lily fica com Marlene.
Ela entoa, desesperada, vamos, Marlene, vamos, vamos. Uma pressão constante
das mãos no peito dela, força suficiente para quebrar costelas, fazendo seu
coração continuar a bater, circulando o sangue que está tentando escapar de
seu ferimento à bala e enchendo seus pulmões com respiração boca a boca.
Cabeça inclinada para trás, vias aéreas desobstruídas, nariz tampado e respire,
vamos, porra, respire!
Lily se inclina para cobrir os lábios de Marlene com os dela, respirando um,
dois, e então voltando para as compressões no peito. Amos coloca os
eletrodos de desfibrilação no peito de Marlene, tendo que levantar o sutiã de
um lado para um deles, e então ele coloca, e Lily levanta as mãos.
832
ZEPPAZARIEL
"Eu disse para fazer de novo!" Lily grita, e ela não se importa que, a cada
choque, as chances de ressucitação de uma pessoa diminuam. Ela não
se importa com o que isso é, ou parece. Marlene não está morrendo aqui, não
assim, não agora, não tão perto, não—
"Vamos, Marlene!" Lily rosna, seus olhos quentes e afiados com algo que
queima, e ela está com raiva, com muita raiva. Ela apoia as mãos no peito de
Marlene e volta às compressões, falando com os dentes cerrados. "Vai se
foder, McKinnon. Você não pode fazer isso com ela, está me ouvindo? Eu
não posso—eu não posso amá-la como ela merece, então você tem que fazer
isso. Você tem que estar aqui! Vamos lá, por favor!"
"Ela está morta," Amos sussurra, estendendo a mão para colocar as mãos
sobre as dela. "Pare com isso, Lily, ela se foi."
"Não," Lily engasga, com a visão embaçada. "Choque de novo, Amos! Faça
isso! Não fique aí sentado, porra!"
833
CRIMSON RIVERS
Lily suspira fundo e soluça ao mesmo tempo, derretendo para frente como se
todos os seus fios tivessem sido cortados de uma vez, e ela encontra sua testa
encostada na de Marlene. Está úmida e Lily está pingando lágrimas sobre ela,
mas ela não se importa.
Lily se afasta com as mãos trêmulas e procura o anel em seu dedo. Está
manchado de sangue e desliza de volta para o dedo de Marlene com facilidade,
onde deve estar.
"Tudo bem, pessoal!" Sybill chama da cabine, sua voz quente com triunfo.
"Estou nos levando para casa!"
~•~
Severus estaciona o carro e abre a porta. Quando ele sai, o vidro e o cascalho
estalam sob seu sapato, e continua a fazer isso a cada passo enquanto ele fecha
a porta do carro.
"Senhor?"
A metade de trás parece uma lata amassada, metal deformado e cacos de vidro
por toda parte. A metade da frente está praticamente intocada, e Severus não
pode deixar de pensar que alguma divindade ou força superior que existe lá
fora—se é que existe—é muito parcial para James Potter. Algo certamente
está cuidando dele.
Bem, na maior parte. Severus dá a volta na frente do carro e espia pela janela.
Lá dentro, Potter está caído contra um airbag murcho, o corpo contra o
volante. Tem um pequeno corte na cabeça, acima da sobrancelha, e os óculos
estão quebrados no colo. Ele parece bem de outra forma.
834
ZEPPAZARIEL
Ele pode estar morto. Severus não consegue dizer se ele está respirando. Pelo
bem de Potter, Severus espera que ele esteja morto.
Suspirando, Severus estende a mão e agarra a maçaneta da porta. Ele tem que
puxar um pouco para abrir, e então ele abre. Potter não se mexe. Severus
estende a mão e sente o pulso.
Vivo.
Por um longo momento, Severus não responde. Ele encara Potter e o odeia.
Tudo começou a desmoronar por causa dele, na verdade. Porque ele ameaçou
beber um veneno por amor. Depois disso, foi um caos total. Severus
realmente não teve um momento de descanso desde então.
Severus não consegue resistir a zombar dele. A última coisa que esta guerra
precisa é de um tolo incompetente arruinando tudo sem ao menos tentar.
Potter simplesmente existe e causa problemas. Ele fala quando não deveria e
age sem pensar. Um tolo. O pior tipo de tolo. Aquele que tem influência.
Esta noite foi... Severus nem mesmo tem uma palavra para isso. Ele foi
notificado antecipadamente sobre o envio de Aurores para a arena na tentativa
de recuperar os tributos antes que a oposição pudesse. A Ordem, Severus
presume, mas Albus nunca o notificou disso. Albus não o avisa de tudo como
ele é um homem preso no meio de dois lados, porque ele não vai arriscar,
então é perfeitamente possível que isso tenha sido planejado.
Severus não pensa assim, no entanto. Ele olha para Potter assim e pensa que,
de alguma forma, ele estava por trás disso. Severus pode dar crédito onde é
devido. Se Potter estava por trás disso, ele se saiu muito bem. Todos os
tributos liberados, exceto um. Mm, aquele, no entanto. Sirius Black. Outra
chave nesta guerra, e Riddle o utilizará, é claro. Severus não duvida.
835
CRIMSON RIVERS
mais. Riddle pode não saber todos os detalhes ainda, mas certamente fará o
que for preciso para aprendê-los e, independentemente disso, saberá que a
Ordem está lá fora. Ele estará preparado para isso agora.
Seu tolo, Severus pensa enquanto olha para Potter com desdém.
O que Potter sabe? Ele sabe de alguma coisa? Esse não é um risco que Severus
está disposto a correr. Black certamente não sabe, mas Potter pode saber.
Riddle vai querer obter informações dele, ou ele vai descobrir como usar ele,
ou os dois. De qualquer maneira, Severus não planeja deixar isso acontecer, se
ele puder evitar.
Esta é uma responsabilidade que precisa ser tratada agora. Então, Severus saca
sua arma e a aponta para a cabeça de Potter. Ainda assim, Potter não se mexe.
Isso é uma gentileza, na verdade. Ele é um tolo, mas um tolo morto não pode
causar mais danos.
Assim que Severus vai puxar o gatilho, ouve-se o som de uma porta de carro
se abrindo, e Riddle diz, "Não atire nele."
Severus fecha os olhos, apenas por um segundo, e então ele puxa a arma para
baixo e se vira. Riddle não dirige. Ele tem seu próprio motorista pessoal, um
homem que mantém a porta aberta e a fecha quando ele sai e se aproxima.
Vidro e detritos se quebram sob seus sapatos brilhantes.
"Embora ele tenha causado muita confusão, James Potter é mais útil para
mim vivo do que morto," declara Riddle, e Severus descobre que ele pode
odiar mais Potter, afinal. "Tire-o e leve-o para o meu castelo."
"Não," Riddle murmura. "Não Azkaban. Sirius Black está sendo mantido lá
por enquanto. James Potter permanecerá perto de mim."
836
ZEPPAZARIEL
Riddle fica em silêncio por um momento, e então ele estende a mão e coloca a
mão em concha na testa de Potter, empurrando sua cabeça para trás para
olhá-lo. Potter se mexe, então. Só um pouco. Seu rosto se contorce, os lábios
se movem e ele sussurra, "Reg."
"Limpe isso," Riddle ordena, girando um dedo para apontar para a rua;
enquanto se afasta, acrescenta, "E se prepare para a guerra."
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