Pietro Melesi, nasceu em 13 de novembro de 1924 em Cortenova,
na região da Valsássina, norte da Itália. Filho de Efrem Melesi e Liduina Selva Melesi. Desde a infância, ajudou o pai na oficina de ferreiro e pastoreava o rebanho da família. Nesse período difícil, no interstício de duas guerras mundiais, a família Melesi foi aumentando: em 1926, nasce Angela; em 1929, Margherita; em 1936, nascem os gêmeos Tarcisia e Guiseppe (falecidos um ano após o nascimento, vítimas de pneumonia). Por fim, em 1942, nasce outra menina, à qual também chamaram Tarcísia. Em 1939, Pietro ingressou no Instituto Salesiano de Ivrea, a fim de cursar o Liceo (Ensino Médio). Tornou-se Noviço e mudou para Foglizzo, onde permaneceu de 1944 a 1947. Mudou-se para Turim, onde estudou teologia de 1948 a 1954, no Pontifício Ateneu Salesiano de Crocetta. Em Turim, foi ordenado Padre pelo Cardeal Maurílio Fossati, no dia 1º de julho de 1954. A Ordenação Sacerdotal aconteceu na Basílica de Maria Auxiliadora, obra-prima de São João Bosco. Concomitantemente, outros 39 diáconos se tornaram presbíteros, num evento importante. Tinha o desejo de vir ao Brasil desde muito novo, porque seu tio, o Bispo Dom José Selva, havia falado muito sobre uma terra muito diferente daquela onde vivia. Assim, para rever o tio que se encontrava gravemente enfermo e conhecer essa terra, partiu no dia 12 de janeiro de 1955, seis meses após ter se tornado Padre, do Porto de Gênova. Foram treze dias navegando num transatlântico até aportarem em Santos. Fica cinco dias em São Paulo e parte para Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde ficou por três dias, transferindo-se posteriormente para Araçatuba. Ali aprendeu rapidamente o português, celebrando missas e se esforçando em fazer as homilias no novo idioma. Por fim, vem a Guiratinga, onde encontra o tio. Era o dia 27 de junho de 1955. Permanece com Dom José Selva a fim de lhe propiciar os devidos cuidados pela saúde frágil. Em agosto de 1956, morre Dom José e Pietro, já conhecido de todos como Padre Pedro, dirige-se a Campo Grande, onde se tornaria Ecônomo do Colégio Salesiano e participaria da fundação da Universidade Católica Dom Bosco. Desempenha ali suas funções por sete anos. Mas não era a vida que pretendia para si: queria fazer-se missionário e pediu ao Inspetor para “ser enviado em missão onde nenhum padre queria ir”. E assim foi: havia um outro padre a ser enviado à região de Poxoréu. Como esse manifestou descontentamento, Padre Pedro ofereceu-se de imediato. E veio. Corria o ano de 1964. Ficou em Poxoréu por um ano, apaixonando-se por sua gente e compadecendo-se de suas dores. Após dez anos fora de seu país de origem, em 1965 retorna à Itália cheio de histórias de um povo diferente e carente. Uma gente que vivia do garimpo, abandonada à própria sorte no meio do nada, sem assistência em saúde, sem educação, em estado de pobreza, com elevados índices de mortalidade infantil, violência e exploração econômica. Dessa viagem, resultou a fundação da Operação Mato Grosso, com o padre Hugo de Censi. Em 1966, chegaram os primeiros voluntários. Iniciaram imediatamente o trabalho de construção de uma escola para duzentos alunos (a qual se tornaria o atual Centro Juvenil) e de um Posto de Saúde (o primeiro da cidade). Em 1968, constroem a Casa da Amizade. Nos próximos anos, muitos foram os empreendimentos. Com a cooperação da OMG, de outras entidades Italianas, de muitos amigos pessoais do Padre Pedro, tanto brasileiros quanto italianos, de seus familiares, foram construídos: Ambulatório e Igreja “São Vicente de Paula”, em Paraíso do Leste; Igrejas de São Francisco de Assis e Nossa Senhora da Assunção em Jarudore, além do Centro Técnico e, mais tarde, o Liceu São Francisco; Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Leste; restauração da Igreja do Bom Jesus, em Alto Coité; Igreja dos Santos Reis, reforma e ampliação da Igreja Matriz, casas para os voluntários italianos e para os médicos que decidissem trabalhar em Poxoréu e a obra-prima, o Hospital e Maternidade São João Batista, na sede do Município. Sob seu comando, o HMSJB foi verdadeiramente entidade filantrópica em todos os aspectos, curando as pessoas dos males do corpo e da alma. Mesmo sendo o diretor de uma instituição de porte, não deixou de ser professor em Paraíso do Leste e Jarudore. Tampouco de ser sacerdote que viajava de todos os meios possíveis para atender as comunidades rurais mais distantes. Como para todos os anos passam e o corpo já não reage da mesma forma às lides cotidianas, Padre Pedro também envelheceu, afastando-se aos poucos e a contra-vontade de suas atividades. Em 2014, os Salesianos deixaram Poxoréu e padre Pedro foi levado para Campo Grande, para a Obra Paulo VI, asilo dos padres idosos. Ali recebeu os cuidados necessários à saúde do corpo. Mas seu coração estava sempre em Poxoréu. Pedia incessantemente de poder vir visitar sua terra, seus amigos, suas igrejas e seu hospital. Em março de 2016, necessitou de internação hospitalar por alguns dias, retornando em seguida para o Paulo VI. Silenciosamente, deixou a vida na madrugada de 8 de abril de 2016, tendo sido sepultado no jazigo dos salesianos em Campo Grande, porque os superiores da Missão Salesiana de Mato Grosso não permitiram que seu funeral fosse realizado em Poxoréu. Espera-se que o prazo legal para o traslado de seus restos mortais seja cumprido e seu desejo de ser sepultado na cidade que adotou como sua nova casa seja realizado. Todas as gerações de Poxoréu serão sempre gratas a esse Padre Operário que por aqui passou fazendo o bem, construindo estruturas, edificando pessoas e salvando almas. Padre Pedro de Poxoréu, roga por nós!