Você está na página 1de 15

VIDA E OBRA DE MONSENHOR LUÍZ GONZAGA ALVES CAVALHEIRO

São José dos Campos


2012

CAPÍTULO 01 - VIDA E A OBRA DE MONSENHOR LUIZ GONZAGA ALVES CAVALHEIRO

Ele foi sacerdote de Santana por quatro décadas. Tinha laços políticos estreitos
e era muito obstinado, suas obras são numerosas e entre elas estão o Hospital Pio XII, a
escola SENAI Santo Dumont, os Vicentinos e o asilo de Santana, sua história está
entrelaçada à história do bairro.
Foi camareiro secreto do Papa João XXIII, o que lhe consagrou o título de
Monsenhor. Tem um busto em sua homenagem na Praça de Santana, que leva seu nome
e foi enterrado no altar da igreja.
Chamado de xerife tinha fama de durão e rígido, em contrapartida era
considerado um mestre pelas crianças e era atencioso com os que precisavam de
sua ajuda, por esses e outros motivos se tornou um mito nos locais por onde passou.

1.0 - A INFÂNCIA
Filho de Maria Izabel de Oliveira Alves e Miguel Cavalheiro, os
ascendentes dos Alves eram poderosos e dominavam a economia e política da região.
O membro mais famoso foi Francisco Rodrigues Alves Filho, Conselheiro do Império,
Governador de São Paulo e Presidente da República.
Outro importante integrante da família foi Francisco de Assis Oliveira Borges, o
Visconde de Guaratinguetá.
Luís Gonzaga Alves Cavalheiro nasceu no dia 27 de dezembro de 1913, o
terceiro filho do casal. Os irmãos mais velhos eram os gêmeos Armando e Danilo que
nasceram em 1912; os irmãos mais novos foram Zilda nascida em 1914, Maria Aparecida
em 1917 e Zélia em 1927. Outros cinco irmãos morreram de maneira precoce.
Seu pai era comerciante de joias e logo adquiriu um palacete, sua loja ficava na rua
Doutor Morais Filho, número 20. No andar superior ficava a residência da família, a
empresa era referência na venda de joias no Vale do Paraíba.
O patriarca, Miguel, era um católico fervoroso, ao lado de seu quarto construiu uma
pequena capela e sonhava com um filho padre, a esposa tinha uma religiosidade mais
comedida.
Os filhos estudaram na melhor escola da região e tiveram papéis de destaque na
sociedade.
O pequeno Luiz, Lulu como era chamado por sua mãe, adorava caçar
pássaros e era o mais religioso dos filhos.
No dia 15 de fevereiro de 1926 foi enviado por seu pai para o Seminário
Diocesano Santo Antônio de Taubaté, com apenas 12 anos, motivo que arrancou muitas
lágrimas de sua mãe.
O pequeno Cavalheiro sentiu falta da família, mas o tempo despertou algo maior, a
vocação pelo sacerdócio.
No seminário era acordado de madrugada pelo seminarista Cônego Clair Pedro,
ninguém conversava durante o almoço, pois consideravam falta de respeito falar nessa
hora. No recreio, após o almoço, havia o futebol que Luiz tanto gostava, atuava como meio
de campo armando as jogadas, ali se divertia muito com os colegas e foi onde se
passaram grande parte das lembranças que ficaram para sempre na memória do
Monsenhor.

1.2 - DO SEMINÁRIO AO SACERDÓCIO

Em 21 de maio de 1936 foi ordenado subdiácono na igreja Nossa Senhora das Graças
em Guaratinguetá, com autorização especial do Vaticano, pois tinha idade inferior às
normas canônicas. Em 1º de novembro de 1936 ordenou-se padre pela catedral de
Taubaté, sua primeira missa cantada foi no dia 8 de novembro na igreja Matriz de
Santo Antonio em Guaratinguetá – SP.
Em 5 de junho de 1938 foi designado responsável pelas finanças da paróquia,
teve então uma curta passagem por Igaratá/Santa Isabel, auxiliando na construção da
escadaria da matriz e na pintura da igreja. Já em 1941 acabou transferido para sua
terra natal na Paróquia Puríssimo Coração de Maria, em Guaratinguetá.
Ficou pouco tempo e em dezembro de 1942 foi deslocado para Jacareí onde
ficou até 1943 como vigário auxiliar.

1.3 - A PARÓQUIA DE SANTANA


No dia 4 de abril de 1943, o desconhecido Padre Luiz Gonzaga toma posse na
Paróquia de Santana do Paraíba, em São José dos Campos e não perdeu tempo, logo
formou uma nova comissão paroquial com o objetivo de um novo construir um novo templo
para a igreja católica do bairro, a data era 12 de maio de 1943.
Entre os membros da nova comissão estavam o então prefeito municipal,
Pedro Mascarenhas, o proprietário da Tecelagem Paraíba, Olivo Gomes, e outros
políticos, comerciantes, industriários e membros da elite joseense da época.
A igreja foi criada no terreno atrás da antiga igreja. O projeto arquitetônico
sem colunas internas e em linhas retas era moderno demais para os padrões da época.
Para tal investimento, Cavalheiro arrecadou fundos com rifas, corridas de charrete,
festivais, postais e outros. Aliás, Luiz tinha um jeito especial para transformar
comemorações simples em festejos grandiosos.
Fazia visitas pastorais nas 25 comunidades rurais e em 12 capelas mais
próximas da região, grande parte era feita a cavalo.
No dia 18 de Julho de 1943 ocorreu a instalação do conselho particular dos
Vicentinos, com o tempo veio a construção da torre da igreja, em setembro de 1949
finalizou a matriz com o relógio e os vitrais que eram seu xodó e foram obtidos através de
oferta da esposa do amigo Olivo Gomes.

Um dia padre Luiz pegou a bola para que os garotos parassem de jogar do lado da igreja. Só depois
que o pai de um deles foi pedir é que padre Luís devolveu a bola. (PINTO, 2007, p. 52)

Essa citação demonstra traços da personalidade do Monsenhor, o seu amor pela


igreja que o transformava em um guardião da fé. Mostra também o lado autoritário do
religioso, tomando a bola das crianças e devolvendo apenas na mão dos pais.
Crianças e adultos o temiam e o respeitavam ele, que apesar de rígido, era
considerado um grande amigo das crianças.

1.4 O HOSPITAL PIO XII E OUTRAS OBRAS


Em 28 de outubro de 1949 começou o trajeto do padre Luiz Gonzaga
a Roma, ele anotou sua viagem em um diário. Abaixo um trecho que se refere ao pedido
que ele fez a vossa santidade, o Papa Pio XII.

Queria o terço de vossa santidade, o terço pessoal. E assim ganhei esta relíquia preciosíssima do
santo padre, o terço de Pio XII. (PINTO, 2007, p. 53)

Futuramente o padre Luiz faria uma homenagem ao Papa em 31 de outubro de 1951


quando inaugura o Hospital Obra Social Pio XII.
Em 17 de novembro inaugura a nova igreja de São Benedito no bairro Alto da
Ponte, ali Luiz dquiriu terreno para quatro capelas em um período de 8 anos.
Na década de 1950 iniciou a construção do Salão Paroquial São Luiz Gonzaga,
onde seriam as reuniões dos Marianos e Vicentinos.
Já para a construção do Hospital Pio XII, o Padre Luiz levantava fundos de
políticos, fiéis e teve grande apoio das empresas Rhodia e Tecelagem do Paraíba.
Antes mesmo de vir morar em São José eu visitava o meu tio José Morais.

Numa dessas visitas presenciei o Monsenhor trabalhando na obra do Hospital Pio XII
carregando areia, pedras e tijolos num carrinho. Tinha o pessoal trabalhando, mas ele é que
comandava tudo. (PINTO, 2007, p. 57)

Ele era um empreendedor e enxergava sempre á frente do seu tempo, era um


vanguardista. Em 1953, inaugurou a igreja do Bonsucesso. Em 1955 é inaugurado mais um
prédio da Obra Social Pio XII, o laboratório Henry Latreille, construído pela Rhodia a pedido
de Cavalheiro.
Em 5 de fevereiro de 1956 foi inaugurado a Creche Paroquial a qual foi batizada de
Maria de Izabel de Oliveira Alves Cavalheiro, em homenagem póstuma a mãe de padre
Luiz.

1.5 O CAMAREIRO SECRETO DO PAPA JOÃO XXIII


O Papa Pio XII morre em 12 de outubro de 1958 para seu lugar foi escolhido o
Cardeal Italiano Ângelo Giuseppe, o qual passou a ser chamado Papa João XXIII.
No dia 13 de Novembro de 1958 padre Luiz foi contemplado com o título de
Camareiro Secreto do Papa, a partir dessa data se tornou conhecido como Monsenhor Luiz
Gonzaga Alves Cavalheiro, embora a maioria ainda o conheça como o famoso padre Luiz
de Santana.

Peço a Deus que essas honrarias não sejam para mim motivos de
vaidade e, por conseguinte, de pecado, mas sim que seja um
estímulo para redobrar o meu trabalho e me manter firme na virtude
para que tudo seja feito. (PINTO, 2007, p. 65)

Ele escreveu essa citação, pedindo a Deus, que todos esses títulos e honrarias não
corrompessem sua humildade. A nomeação do padre foi motivo de comemoração para toda
a Paróquia.
Logo em seguida atuou como chanceler do bispado em 1959, nesse período tentou
organizar os bens da Cúria Diocesana. A década de 60 representou o auge do
Monsenhor Luiz Gonzaga, sua popularidade estava em alta, o que lhe rendeu
homenagens pelo aniversário da Paróquia e de seus 25 anos de sacerdócio, o jubileu de
prata.
Em 1960 foi transferido para o Seminário Diocesano em Taubaté. Em seguida o
Bispo o convocou para assessorá-lo no bispado.
Em seguida se tornou vigário substituto da Paróquia São Bom Jesus de Tremembé.
Ele lamentou sua saída de Santana.

Ofereço a nosso senhor esse sacrifício da minha vida paroquial e sacerdotal pela felicidade e
salvação do povo de Santana. (PINTO, 2007 p. 69)
Os católicos e fiéis fizeram embaixadas junto ao bispo pela volta do Monsenhor,
esse feito ocorreu em 24 de Abril de 1960. Que foi o ano oficial da primeira romaria para
Aparecida.

1.6 JUBILEU DE PRATA


Em 1961 toda cidade de São José dos Campos festejou o Jubileu de Prata de
Luiz como Monsenhor. A Câmara Municipal de São José e de Guaratinguetá fizeram
sessões solenes, a Assembleia Legislativa Paulista e a Câmara de Taubaté aprovaram
requerimento de felicitações. Monsenhor recebeu o título de cidadão joseense.
No ano seguinte foi inaugurado a Escola Paroquial Olivo Gomes, casa das irmãs e
cozinha dos pobres. Em 23 de fevereiro de 1964 a Paróquia de Santana foi desmembrada
com a instalação da Paróquia São Benedito. As normas do Concílio Vaticano II mudou
algumas normas da igreja. A missa deixou de ser celebrado em Latim, o Monsenhor passa
a ficar de frente para os fiéis e os leigos passam a participar mais do ritual.
Em 1967 foi inaugurado o Recanto São João de Deus. O novo prédio foi construído
em 1971. Com dinheiro do lucro de um parquinho. Em 13 de Novembro de 1972 foi
inaugurada a Escola SENAI Santo Dumont, onde outrora funcionava o campo de
futebol do Canarinho. Perguntaram ao Monsenhor, se ele queria um campo ou uma
escola, ele escolheu a segunda opção.
Em 1976 o Monsenhor completou Bodas de Rubí, os anos 80 foram marcados pela
criação da Diocese de São José Dos Campos. Nessa década surgiram varias pastorais,
para enriquecer ainda mais o trabalho da Paróquia de Santana. Em 1986 doze
pessoas foram ordenadas diáconos. O Monsenhor, apesar de autoritário, era
considerado um paizão e um mestre pelos seminaristas.

As bodas de ouro concederam a ele, a medalha Cassiano Ricardo,


por iniciativa do vereador e vicentino Clementino de Faria. Em meados da década de
90 surgem vários grupos de oração na região.

1.7 OS ÚLTIMOS DIAS DO MONSENHOR


Já com idade avançada, o Monsenhor sofreu as consequências de ter fumado por
muito tempo. Sua deficiência respiratória o obrigava a dar várias pausas durante a missa.
Em julho de 1991 ele torceu o pé ao descer do palanque e isso agravou a sua já
debilitada saúde.
Às 00h30 de 19 de outubro de 1991, faleceu Monsenhor Luiz Gonzaga Alves
Cavalheiro, tendo como causa da morte, enfisema.
Ele foi sepultado dentro da igreja, como era sua vontade, seu desejo era sempre uma
ordem.
1.8 FATOS CURIOSOS SOBRE O MITO MONSENHOR LUIZ GONZAGA
Gostava que as crianças frequentassem a missa da manhã, que era destinada a elas
e não a da noite. Anunciava sua chegada dando tapinhas na cabeça das crianças, era a
forma de anunciar a sua chegada.
Ele sempre andava de batina pelas ruas, visitava constantemente o comércio e
os paroquianos, participava efetivamente da comunidade e com alguns mantinha uma
relação familiar.
Era dono de uma personalidade forte, não pensava duas vezes em retrucar quando
não concordava com algo, não gostava que conversassem ou ficassem cochichando
quando falava em uma reunião.
Alguns causos populares contam que ele andava armado e realmente ele tinha uma
garruchinha, como era costume na época.
Cavalheiro cobrava uma vida correta de seus colaboradores e pessoas que ele
arrumou serviço nas empresas da região.
Era rigoroso com decotes dentro da igreja, os casos foram inúmeros em que a
pessoa tinha que cobrir-se ou se retirar do local por estar com trajes impróprios para a
ocasião.
O religioso era extremamente meticuloso em tudo o que fazia. Quando algo não estava
de seu agrado na procissão com um megafone e seu vozeirão, chamava a atenção
de quem precisasse. Enérgico, parecia em sargento comandando seu pelotão, mas o da
fé.
Sua religiosidade era exemplo para os fiéis, ele tinha grande devoção por Nossa
Senhora, era Nacionalista, ótimo pregador, sempre agregava fotos de sua vida nos
sermões. Diariamente ao meio dia rezava uma Ave Maria no alto falante ligado e por algum
tempo atuou em um programa na Radio Clube de São José Dos Campos.
Seu quarto era o menor da casa, tinha um oratório, uma cama de solteiro e
uma imagem. Havia também uma rede que ele gostava de descansar. Usava a
roupa até acabar. Só trocava por uma nova quando não dava mais. Tinha preferência por
uma batina creme. Em ocasiões solenes usava uma batina preta. Monsenhor doava sua
aposentadoria para famílias pobres da região, isso só foi descoberto após sua morte.
Tinha uma camioneta rural apelidada Jabiraca, um conservador convicto em
suas opiniões.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vida e obra de um marcante cidadão joseense, Luiz Gonzaga Alves Cavalheiro, que se
tornou Monsenhor depois de ser o camareiro secreto do Papa João XXIII, um cargo de
renome da hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana no Vaticano.
Com seu jeito singular de comandar a paróquia de Santana, sua
personalidade forte, desenvoltura, liderança, empatia com a população, engajamento
com as causas sociais, seu nome será lembrado por meio de um documentário em vídeo no
formato expositivo participativo, elaborado para servir como fonte de consulta para
os interessados na biografia de Cavalheiro, que esta por sua vez está ‘recheada’ de
histórias polêmicas, de solidariedade, de experiência valiosa que possibilitou a vanguarda
em seus projetos colocados em prática em Santana, até então nunca imaginados no Brasil,
muito menos em São José dos Campos.

Biografia de Monsenhor Luiz Gonzaga Alves Cavalheiro.


Ele foi o sacerdote de Santana por quatro décadas e tinha laços políticos estreitos. Suas
obras sociais são numerosas, entre elas o Hospital Pio XII, a escola SENAI Santo Dumont,
os Vicentinos e o asilo de Santana, sua história está entrelaçada à história de um dos
bairros mais antigos e tradicionais de São José dos Campos.

Foi camareiro secreto do Papa João XXIII, que o consagrou com o título de Monsenhor.
É tido como mito em Santana, bairro que findou raízes de sua vida religiosa e construiu
suas principais obras, o que lhe rendeu um busto e seu nome à Praça da Matriz de Santana
além de ter sido enterrado no altar da igreja, um privilégio para poucos.
Chamado de xerife por alguns, tinha fama de durão e rígido, mas em contrapartida,
era considerado um mestre para as crianças. Era atencioso com os que precisavam de
sua ajuda e por esses e outros motivos se tornou uma figura indispensável na formação
histórica e cultural de toda a região.

Filho de Maria Izabel de Oliveira Alves e Miguel Cavalheiro, os ascendentes


dos Alves eram poderosos e dominavam a economia e política da região. Seu membro mais
famoso foi Francisco Rodrigues Alves Filho, que desempenhou papel de Presidente da
República e Governador do Estado de São Paulo.

Outro integrante poderoso da família foi Francisco de Assis Oliveira Borges, o


Visconde de Guaratinguetá - SP.

Luís Gonzaga Alves Cavalheiro nasceu em 27 de dezembro de 1913, o terceiro filho


do casal paulista. Os irmãos mais velhos eram os gêmeos Armando e Danilo, que
nasceram em 1912. Os irmãos mais novos foram Zilda nascida em 1914, Maria Aparecida
em 1917 e Zélia em 1927. Outros cinco irmãos morreram de maneira precoce.

Em 21 de maio de 1936, Cavalheiro foi ordenado subdiácono na igreja Nossa Senhora


das Graças, em Guaratinguetá, com autorização especial do Vaticano, pois tinha idade
inferior às normas canônicas.
Em 1º de novembro de 1936 se tornou padre pela catedral de Taubaté. Sua primeira
missa foi celebrada no dia 8 de novembro na igreja Matriz de Santo Antônio em
Guaratinguetá.

Com projetos audaciosos e desejo de mudanças para a Paróquia de Santana do


Paraíba em São José dos Campos, em 4 de Abril de 1943, o então Padre Luiz Gonzaga
Alves Cavalheiro tomou posse e formou uma nova comissão para a igreja, entre os
componentes estavam o prefeito municipal, Pedro Mascarenhas; o proprietário da
Tecelagem Paraíba, Olivo Gomes e outros políticos, comerciantes, industriários e
membros em geral da elite joseense da época.

O objetivo da comissão era a construção de um novo templo religioso para o bairro,


projeto que foi concretizar-se em 12 de Maio de 1943.
Padre Luiz foi contemplado com o título de Camareiro Secreto do Papa, após passagem por
Roma na Itália e a partir de 13 de Novembro de 1958 ganhou o título de Monsenhor, através
de bons contatos que teve com João XXIII em sua passagem pela Europa.

Já com idade avançada, Monsenhor sofreu as consequências de ser fumante por


muito tempo. A deficiência respiratória o obrigava a dar várias pausas durante a missa e
atrapalhava sua desenvoltura profissional. Em julho de 1991, torceu o pé ao descer de
um palanque, o que agravou a sua já debilitada saúde.

Às 00h30 do dia 19 de outubro de 1991, faleceu Monsenhor Luiz Gonzaga


Alves Cavalheiro, tendo como causa da morte, enfisema pulmonar.

O religioso foi sepultado na própria igreja Matriz como era sua vontade e seu desejo
era uma ordem para as pessoas que com ele conviveram.
Sempre víamos o busto do religioso na Praça de Santana em São José dos Campos sem
saber o que de fato aquela figura representou para o povo. Investigamos e realmente
impressionados, decidimos unir nosso desejo inicial à recém-lançada curiosidade – fazer um
vídeodocumentário biográfico sobre a vida de Cavalheiro, um homem que levou uma
vida que poucos podem imaginar.
Da abastada infância em Guaratinguetá, a escolha pelo sacerdócio, à liderança nata
junto a uma cultura e conhecimentos sem iguais, passando pela íntima relação com o
Papa João XXIII até a importante influência na vida econômica e política de São José,
foram algumas das circunstâncias e evidências que nos ‘empurraram’ para o projeto de
elaboração deste material.
A proximidade do centro do município, o elevado número de migrantes e o fato do
bairro ser um dos primeiros a surgir em São José dos Campos fizeram com que a
Paróquia de Santana não fosse apenas mais uma na cidade, principalmente pelo
modo único como foi conduzida através das ‘mãos de ferro’ (como dizem os moradores
mais antigos) de Luiz.
De fato, Alves Cavalheiro não foi um homem comum, foi alguém que fez a diferença
pelos locais onde passou e até hoje leva fama e mérito pela sua representação para o
bairro.
Um visionário para o desenvolvimento da cidade e principalmente para Santana, o
qual era muito atuante no meio social e econômico tendo construído hospitais,
creches e escolas em benefício da população local.
Seu poder e influência faziam-no uma pessoa de confiança, mais que o suficiente
para indicar funcionários para prestar seus serviços à Tecelagem Parayba, na época uma
das mais importantes indústrias da região.
A cultura que possuía podia ser justificada pelo berço e também pelas muitas
viagens que fez ao exterior, principalmente ao Vaticano, onde foi Camareiro Secreto
do Papa João XXIII, cargo confidencial e com acesso aos grandes segredos da Igreja
Católica Apostólica Romana.
Vanguardista que só ele, foi parceiro de arquitetos na elaboração do design da nova
igreja de Santana. Por esse motivo levou fama de louco, principalmente pelos colegas
de profissão, mas não se preocupava, agia de acordo com suas ideologias e isso, levava a
fundo.
Tanto, que chega a ser contraditório um homem de tamanha visão para o
desenvolvimento, com atitudes arcaicas como escurraçar andarilhos ou viciados que
entrassem em sua igreja.
Atitudes como essas, o fizeram famoso em toda a região. Mesmo agindo dessa
forma, Cavalheiro conseguiu que os fiés frequentassem a igreja de maneira concreta e
maciça.
E mais uma vez agindo de maneira inaceitável, não permitiu que nenhuma
outra religião se estabelecesse no bairro, o que pode justificar o grande número de
católicos na região.
MINHA FAMÍLIA, MEU PAI, MINHA MÃE DE GUARATINGUETÁ, ONDE EU NASCI. ...

NÓS EM CASA ÉRAMOS 11 IRMÃOS. COMECEI MEUS ESTUDOS EM GUARATINGUETÁ, NA ESCOLA


NORMAL, COMO NO CURSO PRIMÁRIO. FIZ LÁ O CURSO PRIMÁRIO, PRESTEI O CURSO DE ADMISSÃO,
COMO ERA COSTUME, PARA PODER CURSAR O CURSO GINASIAL, JÁ FIZ ENTÃO BATER NO
SEMINÁRIO ONDE EU FUI MATRICULADO, PASSEI E LÁ FIZ O CURSO GINASIAL. NAQUELE TEMPO
ERAM QUATROS ANOS, SE NÃO ME ENGANO O CURSO GINASIAL. TERMINADO EU FIZ O
CURSO DE FILOSOFIA TAMBÉM EM TAUBATÉ. TERMINADO OS DOIS ANOS DE FILOSOFIA , EU FIZ
O CURSO DE TEOLOGIA, SÃO QUATRO ANOS ATUALMENTE DE TEOLOGIA. COMO EU ENTREI NO
SEMINÁRIO MUITO JOVEM EU TERMINEI OS ESTUDOS E NÃO PODERIA ME ORDENAR , POIS
A IDADE CANÔNICA PARA UM JOVEM SE ORDENAR SACERDOTE É 24 ANOS. ENTÃO COMO EU NÃO
TINHA ESSA IDADE FOI PEDIDO DISPENSA A SANTA SÉ E O BRASIL, BRASIL POR SER UM PAÍS
MISSIONÁRIO HAVIA UMA CONDESCENDÊNCIA, UMA EXCEÇÃO E A SANTA SÉ PODIA DISPENSAR
DOIS ANOS PARA PODER ORDENAR O SACERDOTE. FOI O QUE ACONTECEU COMIGO. E ASSIM
EU ME ORDENEI COM 22 ANOS DE IDADE. EU FUI ORDENADO SACERDOTE EM 1º DE NOVEMBRO DE
1936.

ORDENADO SACERDOTE QUE FUI, NATURALMENTE A CURIOSIDADE E O DESEJO DE TRABALHAR FOI


MUITO GRANDE, ENTÃO VAGOU-SE A PAROQUIA AQUI DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SANTANA, NO
BAIRRO DE SANTANA DO PARAÍBA.

ASSUMI A PAROQUIA AQUI, NUM DOMINGO DE MUITA FESTA, DE MUITA ALEGRIA. E FUI
RECEBIDO ESTAÇÃO, HAVIA O ANTIGO EXPRESSINHO, POR ALGUMAS FIGURAS DE
DESTAQUE AQUI DE SANTANA. DESTAQUE NESSE SENTIDO, COMO O PROFESSOR
ELISÁRIO GUIMARÃES CLARO, RAUL, SEU RAUL TAMBÉM MUITO, MUITO, RAUL RAMOS DE
ARAUJO, E OUTRAS PESSOA AQUI MAIS CHEGADO A IGREJA. E CELEBREI AQUI A PRIMEIRA
MISSA ÀS 10H,
JUSTAMENTE NESSE DIA QUE EU TOMEI POSSE DA PAROQUIA. ESTEVE AQUI PELA MANHÃ,
DURANTE TODA A NOITE AJUDANDO NAS CONFISSÕES, O PADRE RODOLFO, QUE MUITO ME AJUDOU
AQUI NA PAROQUIA, CONSTANTEMENTE ELE VINHA ME AJUDAR NAS CONFISSÕES,
PORQUE ERAM MUITAS AS CONFISSÕES, O POVO DAQUI É MUITO PIEDOSO E MUITA GENTE DA
ROÇA. NÃO É. ENTÃO O PE RODOLFO GERALMENTE, TODOS OS SÁBADOS ELE VINHA A NOITE, A
TARDE, JANTAVA COMIGO E A NOITE AJUDAVA AS CONFISSÕES. E NESSE MEIO DE TEMPO A
PAROQUIA COMEÇOU A CRESCER. A IGREJA ERA PEQUENA, NÃO COMPORTAVA QUASE
NINGUÉM. EU TENHO AQUI NAS MINHAS MÃOS, UMA FOTOGRAFIA DA IGREJA, E FOI UM AMIGO, UM
GRANDE AMIGO QUE TENHO EM VOLTA REDONDA, ELE PINTOR, EU DESCOBRI UM POSTAL, E
ELE ENTÃO PINTOU ESTA PEQUENINA CAPELA QUE ERA A MATRIZ DE SANTANA. LOGO QUE EU
TOMEI POSSE E VI QUE HAVIA A NECESSIDADE DE UMA IGREJA MAIOR, IMEDIATAMENTE
NO DIA 12 DE MAIO EU TIVE CORAGEM E LANCEI A PRIMEIRA PEDRA. PEDRA FUNDAMENTAL NA
NOVA MATRIZ DE SANTANA, QUE É ATUALMENTE A IGREJA QUE NÓS TEMOS AQUI NA PAROQUIA.

EU CHEGUEI AQUI EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, NATURALMENTE EU TINHA MUITO MEDO, PORQUE
COMO JOVEM E SÃO JOSÉ ERA TIDA COMO A CIDADE “TODO MUNDO ERA DOENTE”, DE
MODO QUE NO COMEÇO EU TIVE UM POUCO DE PRECAUÇÃO, UM POUCO DE RECEIO. MAS FOI
QUESTÃO DE SEMANAS, DEPOIS EU VI QUE NO MAIS ERA EXAGERO. E AQUI A PARÓQUIA
ERA MUITO FREQUENTADA PELO POVO DA ROÇA: GENTE BOA; GENTE PIEDOSA, QUE A GENTE
TINHA O MAIOR PRAZER DE SERVI-LOS.

O MEU ANTECESSOR FOI O PADRE VICENTE, NÉ, O ÚLTIMO. DEPOIS DE MIM, NÃO TEM NINGUÉM, SOU
EU ATÉ AGORA AQUI 48 ANOS DE PAROQUIA. ENCONTREI 25 CAPELAS NA ROÇA ONDE EU
DEI ASSISTÊNCIA DURANTE TODO O TEMPO E NAQUELE TEMPO NÃO HAVIA CARRO, OU
MELHOR, HAVIA CARRO MAS NÃO HAVIA ESTRADA
DE MODO QUE A GENTE ANDAVA SEMPRE A CAVALO OU ENTÃO DE CHARRETE E TODOS OS MESES A
GENTE FREQUENTAVA, DURANTE O ANO PROCURAVA FREQUENTAR TODAS AS CAPELAS.
ERA UM SERVIÇO DIFÍCIL, CANSATIVO MAS EU, GRAÇAS A DEUS, SEMPRE TIVE MUITA BOA
SAÚDE. SÓ NOS DIAS DE FESTA É QUE A GENTE CONSEGUIA PADRES PARA
AJUDAR NAS CONFISSÕES, NA CELEBRAÇÃO DAS MISSAS. FORA DISSO A GENTE TAVA
SOZINHO PARA CUIDAR DE TODA A PARÓQUIA, ORGANIZAR PRINCIPALMENTE A COMISSÃO PARA A
CONSTRUÇÃO DA NOVA MATRIZ QUE TEVE INICIO LOGO NOS PRIMEIROS DIAS DE JUNHO.
EU LANCEI A PEDRA FUNDAMENTAL, COMO DISSE A 12 DE MAIO DE 1943 E LOGO NO
COMEÇO DE MAIO DEMOS INICIO. EU CONSEGUI AQUI UM GRANDE CONSTRUTOR, ALIAS
BASTANTE CONHECIDO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, GERÔNIMO CARNEVALLI, MAIS
CONHECIDO COMO MIMO CARNEVALLI. ELE É VIVO E TODOS OS ANOS, DIA 24 DE JANEIRO EU
SEMPRE VOU COMER COM ELE UMA BELA MACARRONADA. ELE FAZ 93 ANOS AGORA.. FEZ 93 ANOS
ESSE ANO AGORA QUE PASSOU. ESTÁ LÁ, NATURALMENTE VELHINHO, MAS FOI MEU BRAÇO DIREITO
AQUI. FOI ELE O CONSTRUTOR DA IGREJA, QUE EU GANHEI A PLANTA E QUISEMOS FAZER
ENTÃO UMA IGREJA NO ESTILO DA DÉCADA DE 70 QUE ERA O ANO EM QUE NÓS ESTÁVAMOS, NÃO É.
E É JUSTAMENTE A IGREJA ATUAL DE SANTANA, SOMENTE COMPOSTA DE LINHAS RETAS
QUE É UMA LEMBRANÇA DA ENGENHARIA DA DÉCADA DE 60, SOMENTE LINHAS RETAS. ISSO FOI
NATURALMENTE UMA IDÉIA MUITO BOA DO MONSENHOR ASCÂNIO DA CUNHA BRANDÃO
QUE NO MOMENTO FOI CAPELÃO DO SANATÓRIO MARIA IMACULADA, E ASSIM DEMOS INICIO COM
A AJUDA DE TODOS. QUANDO CONSEGUI COBRIR A ATUAL MATRIZ EU DERRUBEI ENTÃO A
IGREJINHA VELHA QUE TANTOS ANOS SERVIU E PELO QUE CONSTA, FOI CONSTRUÍDA A
PRIMEIRA CAPELA POR UMA ÍNDIA QUE MORAVA NO BAIRRO DO BOM SUCESSO QUE ATÉ HOJE
EXISTE LÁ O BAIRRO, É PELO MENOS O QUE DIZEM OS ANTIGOS, TINHA ALGUNS ÍNDIOS,
PELO MENOS DESCENDENTE DE ÍNDIOS E FOI UMA DEVOTA DE SANTANA QUE
CONSTRUIU ESSA IGREJA DE TAIPA E CONSTRUÍRAM E FIZERAM TAMBÉM UMA IMAGEM DE
SANTA ANA QUE É UMA PRECIOSIDADE QUE ATÉ HOJE ESTÁ COMIGO DEBAIXO DE SETE CHAVES,
DE MEDO DOS CURIOSOS E DAQUELES QUE GOSTAM DE COISAS ANTIGAS. ALÉM DISSO
TIVEMOS DURANTE ESSE TEMPO TODO QUE EU ESTIVE AQUI, EU CONSEGUI, EU COMPREI UM
TERRENO PARA A VILA VICENTINA ONDE TEMOS LÁ PARECE QUE 15 VELHINHOS, QUE
MORAM, QUE SE ALIMENTAM NA VILA VICENTINA NA RUA MONTEIRO LOBATO QUE MAIS TARDE EU
DOEI PARA O CONSELHO PARTICULAR VICENTINO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. DEPOIS EU TINHA
MUITA DÓ DO POVO DAQUI, DAVA UM CORTE NO DEDO PRECISAVA IR NA SANTA CASA. SANTA
CASA LONGE. NAQUELE TEMPO AQUI O ÔNIBUS ERA MUITO DIFÍCIL. TINHA UM ÔNIBUS DE HORA
EM HORA PRA CIDADE. EU ENTÃO DE ACORDO COM ALGUNS AMIGOS, TOMEI PEITO E
LANCEMOS A PEDRA FUNDAMENTAL DO HOSPITAL PIO XII.

COMO TODOS SABEM SÃO JOSÉ ERA TIDA COMO A CIDADE DOS TUBERCULOSOS. ISSO ERA
MUITO INTERESSANTE QUANDO PASSAVA UNS TRENS DA CENTRAL DO BRASIL, MUITAS VEZES EU VI
PESSOAS QUE ABAIXAVAM OS VIDROS, FECHAVAM A JANELA DO TREM, PUNHAM O
LENÇO NA BOCA, UM EXAGERO AFINAL DE CONTAS. REALMENTE ERA UMA MISÉRIA, ISSO
PODE NOS CONTAR BEM O CÔNEGO JOÃO GUIMARÃES QUE NESSA OCASIÃO ERA VIGÁRIO DE
SÃO JOSÉ, ERA UMA MISÉRIA TREMENDA. EU MESMO PRESENCIEI A MORTE DE DOIS TUBERCULOSOS
NA RUA, UM AQUI EM SANTANA E UM NA VILAÇA, TEVE HEMOTIPISE E MORRERAM
AFOGADO NO SANGUE. NAQUELE TEMPO, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS TINHA QUATRO SOLDADOS,
ERA UMA VERGONHA. SANTANA TINHA UM SOLDADO, ATÉ O APELIDO DELE ERA PÓ DE ARROZ, ELE
GOSTAVA MUITO DE FAZER A BARBA, USAVA PÓ DE ARROZ, ENTÃO O APELIDO DELE ERA PÓ DE
ARROZ. ERA A POLICIA QUE NÓS TÍNHAMOS. É VERDADE QUE O POVO ERA MUITO BOM. NÃO
HAVIA OS CRIMES QUE HÁ HOJE, MAS A IMPRESSÃO DA CIDADE ERA PÉSSIMA, PORQUE UMA
CIDADE MUITA ATRASADA. ATRASADA MESMO! TANTO QUE NOS TIVEMOS O
PRIMEIRO BISPO DE TAUBATÉ, DOM EPAMINONDAS ELE FEZ A PRIMEIRA VISITA
PASTORAL DELE, SE NÃO ME ENGANO EM, NÃO LEMBRO BEM A DATA, MAS ELE DISSE QUE DAS
PORÓQUIAS QUE ELE TEVE UMA IMPRESSÃO MUITO DESAGRADÁVEL FOI SÃO JOSÉ, QUE ELE
ACHAVA UMA CIDADE MUITO ATRASADA. E ISSO ATRIBUI-SE AOS DOENTES, PORQUE AS
SALESIANAS MESMO RECEBERAM OFERTAS DE TERRENOS AQUI, CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS,
VÁRIAS DELAS RECEBERAM CONVITES PARA SE INSTALAR AQUI COLÉGIOS, GINÁSIOS,
MAS NINGUÉM QUERIA SABER DE SÃO JOSÉ. UM POUCO DE EXAGERO, MAS A FAMA CORRIA,
APESAR DOS GRANDES MÉDICOS QUE AQUI TIVEMOS, MAS A FAMA ERA MUITO
GRANDE E DESAGRADÁVEL. EU ACHO QUE TINHA MUITO MEDO, EU RARAMENTE IA AO CENTRO DA
CIDADE, A GENTE SEMPRE FICAVA POR AQUI, POR QUE NA CIDADE MESMO, EU SABIA QUE NOS
BARES ELES TINHAM DOIS TIPOS DE COPOS: UNS TINHAM O FUNDOZINHO ESVERDEADOS, ERAM
PARA OS DOENTES, E OS COPOS NORMAIS PARA OS DE SAÚDE. ENTÃO O GARÇOM, MAIS
OU MENOS PELA CARA DAVA O COPO, EU NUNCA TOMEI NADA FORA DE CASA, EU TINHA
MEDO, JOVEM COM SAÚDE, EU TINHA MEDO DE VER UM ESPETÁCULO DEGRADANTE
PELA RUA, VÓMITOS, SANGUE, ESCARROS SANGUÍNEOS NA CALÇADAS, AS VEZES NAS
PAREDES DE CASAS, ERA LAMENTÁVEL, POR QUE NÃO HAVIA HIGIENE, MESMO DA PARTE DO
GOVERNO, DA PREFEITURA. ENTÃO ERA UM POUQUINHO DESAGRADÁVEL, LÁ NA
CIDADE, AQUI EM SANTANA NÃO, AQUI A GENTE TINHA IMPRESSÃO QUE TAVA NO OUTRO
MUNDO, POR QUE MAIS PESSOAS DA ROÇA E AQUI NÃO FICAVAM OS DOENTES POR CAUSA
DA UMIDADE DO PARAIBA, GRAÇAS A DEUS” ENTÃO OS DOENTES IAM TODOS PARA A
CIDADE, TINHAM POUCOS SANATÓRIOS E MUITAS PENSÕES, PENSÕES QUE DORMIAM DOIS,
QUATRO, CINCO, SEIS, DEZ DOENTES NO MESMO QUARTO QUE MAL COMPORTAVAM CINCO
PESSOAS. TODOS DOENTES DE MODO QUE, A IMPRESSÃO ERA DESAGRADÁVEL, TANTO QUE, O
PREFEITO ERA O FILHO DAQUI. MUITOS ANOS O DR PEDRINHO MASCARENHAS, FAMÍLIA
TRADICIONAL AQUI, UM GRANDE PREFEITO DE SÃO JOSÉ. AGORA AGIR DE DIREITO ERA TUDO
TUBERCULOSO, O DELEGADO TINHA UM PULMÃO SÓ, DIRETORES DE ESCOLA FORAM HOMENS
QUE FORAM DOENTES, DE MODO QUE ISSO AÍ IMPRESSIONAVA A GENTE, CAUSAVA UM
IMPRESSÃO, DELEGADO DOENTE, FRACO DO PULMÃO, DE MODO QUE ISSO CAUSAVA UM MAL
ESTAR NA GENTE, MAS DEPOIS A GENTE ACOSTUMAVA. AÍ ERA O PERIGO DE A GENTE SE
CONTAMINAR.

MAS TODOS SABEM A MADRE TEREZA QUE FOI A FUNDADORA DA CONGREGAÇÃO DOS
PEQUENOS MISSIONÁRIOS, NÓS SEMPRE, OS SACERDOTES E EU, O CÔNEGO JOÃO
GUIMARÃES, O MONSENHOR OSVALDO BINDÃO E AS VEZES UM OUTRO PADRE QUE TAVA
AÍ, TODOS OS MESES O BISPO DIOCESANO VINHA AQUI A SÃO JOSÉ, DOM FRANCISCO
BORGES DO AMARAL, ENTÃO ELA CONVIDAVA TODOS OS PADRES PARA ALMOÇAR COM O SR.
BISPO E ELA SABIA DO MEDO QUE EU TINHA, EU E OS OUTROS PADRES, EU COM MAIS EXCESSO,
POR SER TALVEZ O MAIS MOÇO. DEPOIS COMEÇOU O PROGRESSO, POR QUE SÃO JOSÉ ERA
TODA SEM CALÇAMENTO. A RUA XV, EU ME LEMBRO QUE A GENTE PASSAVA DE AUTOMÓVEL
ENGATANTO A PRIMEIRA, SEGUNDA, PRIMEIRA, SEGUNDA, A RUA XV, OS BURACOS, AS
PEDRAS, QUANDO CHOVIA ENTÃO, ERA UM ATOLEIRO A RUA XV. AÍ ENTÃO
COMEÇOU O PROGRESSO, O CALÇAMENTO DAS RUAS EU CONSEGUI AS CUSTAS DA AMIZADE
COM O DR. PEDRINHO E TODOS OS PREFEITOS EU SEMPRE FUI MUITO AMIGO, FOI QUANDO EU
CONSEGUI O CALÇAMENTO DA AVENIDA RUI BARBOSA QUE FOI UM TRIUNFO PARA NÓS.
AQUI EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS NÓS, PODEMOS DIZER, TEMOS QUATRO FESTAS
IMPORTANTES AQUI. PRIMEIRO A SEMANA SANTA QUE TODA A VIDA FOI MUITO CONCORRIDO
AQUI EM SÃO JOSÉ E TAMBÉM AQUI EM SANTANA, FAZEMOS TODA A CERIMONIA DA
SEMANA SANTA COM MUITA CONCORRÊNCIA, DEPOIS TEMOS A FESTA DE SÃO
BENEDITO NA PAROQUIA DO CÔNEGO JOÃO GUIMARÃES QUE TAMBÉM É UM FESTA JÁ
TRADICIONAL E MUITO ANTIGO AQUI EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E TEMOS AQUI EM
SANTANA A FESTA DE SANT’ANA QUE TAMBÉM ANTES DE SER PAROQUIA JÁ ERA
CELEBRADA ESSA FESTA. GERALMENTE QUEM TOMAVA CONTA E ORGANIZAVA ERA O
MONSENHOR ASCANIO BRANDÃO, BASTANTE CONHECIDO AQUI. ERA A FESTA DO DIVINO
ESPÍRITO SANTO EM SANTANA. SEMPRE FOI FEITO UMA FESTA EM CONJUNTO E NÓS
CONTINUAMOS E SEMPRE ESSA FESTA ESTÁ CADA VEZ MAIS SE TORNANDO EMPOLGANTE. ESSE
ANO, COMO TODOS OS ANOS TEM SIDO UMA VERDADEIRA APOTEOSE, VEM GENTE DE FORA PARA
PARTICIPAR DA FESTA E TRAZEMOS ANTÃO AQUELE COSTUME ANTIGO, TEMOS A CORTE O REI E A
RAINHA QUE SÃO UM CASAL DE MENINOS, UMA MENINA E UM MENINO E TEM AS CORTEZINHAS, SÃO
AS PRINCESAS, GERALMENTE UMA MÉDIA DE 20 A 30 E DEPOIS SÃO OS FESTEIROS, DOIS FESTEIROS
DO DIVINO ESPIRITO SANTOS E DOIS FESTEIROS DE SANTANA. A FESTA EMPOLGA AQUI O BAIRRO,
TODOS OS ANOS FAZEMOS UMA QUERMESSE, TRAZEMOS AQUI UM PARQUE DE DIVERSÕES EMBORA
COM O JARDIM REFORMADO TEMOS ESPAÇO AQUI PARA ALGUNS APARELHOS QUE ATRAEM
MUITA GENTE DA CIDADE E DE OUTRAS CIDADES VIZINHAS DE MODO QUE A MISSA
CANTADA NO DIA, GERALMENTE O DIA DE SANTANA É DIA 26 DE JULHO, MAS COMO
GERALMENTE CAI DIA DE SEMANA, ENTÃO NÓS CELEBRAMOS NO DOMINGO SEGUINTE AO DIA
26 DE JULHO, COMO ESSE ANO TAMBÉM FOI REALIZADO. O SR. BISPO CELEBRA A MISSA DAS 10H, A
MISSA SOLENE E A TARDE TEM A PROCISSÃO ONDE SAEM TODOS OS FESTEIROS, A CORTE, OS
PRÍNCIPES E AS PRINCESAS E ISSO DÁ UMA GRAÇA MUITO GRANDE E TEM UMA FREQUÊNCIA
ENORME. A IGREJA É PEQUENINA PARA COMPORTAR O POVO. PRINCIPALMENTE ESSE
ANO NÓS FIZEMOS COM A IGREJA COMPLETAMENTE TERMINADA, POIS COMO
TODOS SABEM ESSA IGREJA CUSTOU BASTANTE, A PAROQUIA É RELATIVAMENTE POBRE MAS EU
TENHO QUE DAR ESTE TESTEMUNHO QUE OS POBRES SÃO OS QUE MAIS AJUDAM NA IGREJA DE
MODO QUE FOI FEITO UM TRABALHO E NUNCA ENCONTREI MÁ VONTADE EM
NINGUÉM,
ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, TODOS AJUDARAM E CONTINUAM AJUDANDO. TEMOS AQUI
O MOVIMENTO DO DÍZIMO QUE VAI INDO MUITO BEM GRAÇAS A COMPREENSÃO DE NOSSOS
PAROQUIANOS AQUI DE SANTANA E AQUELES QUE NOS AJUDAM NESSE TRABALHO DE MODO
QUE NESTE PONTO EU SÓ TENHO QUE LOUVAR E AGRADECER A DEUS PELA
BONDADE DESSE POVO AQUI DE SANTANA.
EU TENHO AQUI A FAMA DE SER O XERIFE AQUI DE SANTANA. EU SÓ TENHO É QUE ME ALEGRAR COM
ISSO. É QUE SANTANA NO TEMPO EM QUE EU VIM PARA CÁ NÃO TINHA SOLDADO AINDA E AS VEZES
A GENTE PRECISA TOMAR ALGUMAS MEDIDAS DRÁSTICAS E ATÉ HOJE A GENTE TEM QUE TOMAR
CERTAS ATITUDES QUE COMPETIA A POLICIA, MAS A GENTE ENTÃO COM ESSA FORÇA
MORAL QUE A GENTE TEM, A GENTE COSTUMA FAZER MUITA COISA BOA, E EVITAR MALES QUE
VENHAM A PREJUDICAR A POPULAÇÃO DO BAIRRO. ENTÃO NESSE TEMPO TIPO UM GÊNIO
MEIO POSITIVO, SEMPRE FALEI A VERDADE, NÃO TENHO MEDO DE FALAR A VERDADE A QUEM QUE
SEJA, DESDE QUE SEJA NECESSÁRIO, EU SEMPRE FALEI A VERDADE, A SUPERIORES COM TODO O
RESPEITO, NÃO SUPERIORES TAMBÉM HIERÁRQUICO, COMO SUPERIORES, JUIZ DE DIREITO,
DELEGADO E SEMPRE CONTINUO A FALAR O QUE PRECISA, EMBORA MUITAS VEZES VÁ
FERIR OS SENTIMENTOS DE AMOR PRÓPRIO E DE VAIDADE DE ALGUMAS AUTORIDADES, ENTÃO ME
DERAM O NOME DE XERIFE, SOMENTE NÃO ME DERAM UMA ESTRELA DE OUTRO PARA EU
COLOCAR NA BATINA.

NÓS ESTAMOS ENCERRANDO ESSA ENTREVISTA, EU QUERO DEIXAR AQUI MEUS AGRADECIMENTOS,
SEMPRE FUI MUITO BEM TRATADOS POR TODOS, SEMPRE HOUVE MUITO RESPEITO A MINHA
PESSOA, ENTÃO AGRADEÇO MUITO E PEÇO A NOSSO SENHOR TODOS OS DIAS E NÃO ESQUEÇO DE
REZAR PELO POVO DE SANTANA E PELO POVO TAMBÉM DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A QUEM EU FICO
MUITO GRATO E PEÇO A DEUS NOSSO SENHOR E A NOSSA PADROEIRA SANTANA
QUE ABENÇOE ESSA CIDADE TÃO BOA QUE TANTA SAÚDE RESTITUIU AOS DOENTES E QUE HOJE É
UMA BANDEIRA DE PROGRESSO E DE ALEGRIA PARA O BRASIL. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS ESTÁ
PROJETADA FORA DO BRASIL, É TIDA E HAVIDA COMO A REALIDADE É, COMO UMA CIDADE
INDUSTRIAL

Você também pode gostar