Um dos pioneiros que mais se destacaram nos primórdios das
Assembleias de Deus no Brasil é o pastor Francisco Gonzaga da Silva, de saudosa memória, obreiro que trabalhou toda a sua vida na Obra do Senhor com zelo e dinamismo e obteve bom conceito na Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Ao que parece pouco se interessou para dar publicidade à sua atuação pastoral, como veremos a seguir. Evangelista, pastor e antigo líder das Assembleias de Deus no Rio Grande do Norte e em São Paulo. Converteu-se ao evangelho em abril de 1917, em Belém (PA). Das informações que conseguimos sobre a sua vida, consta que em 1922 já estava integrado ao ministério, tendo participado da primeira Escola Bíblica, realizada em Belém do Pará, no período de 04 de março a 04 de abril daquele ano. Dois anos depois, começou a trabalhar como evangelista, sendo ordenado pastor em 19 de abril de 1924, indo pastorear inicialmente a AD de Timboteua. Em seguida, transferiu-se para a capital, Belém, como pastor auxiliar do missionário Samuel Nyström.
Sentindo a chamada para o Nordeste, foi para João Pessoa, então
capital da Paraíba do Norte. Em seguida, dirigiu-se para Campina Grande, no mesmo Estado, onde deu assistência ao grupo de novos convertidos que dava início a Assembleia de Deus, de 1925 a 1926. Depois foi para Natal (RN), onde assumiu o pastorado no meado do ano de 1926, e passou em seguida a visitar os irmãos e dar assistência necessária, conquistando destarte a simpatia e o devido respeito da comunidade que o recebera. Como obreiro zeloso e dinâmico, fazia questão de cumprimentar os irmãos que lhe fosse possível alcançar, tanto antes quanto depois do culto, da Escola Dominical, e de qualquer outra reunião que fosse realizada, oportunidade em que os ouvia sobre os seus problemas, e indicava-lhes os meios como solucioná-los. Era uma bênção!
Com o crescimento da igreja já na sua gestão, logo tratou de transferi-la
do local onde se encontrava, a época considerada imprópria (Rua Amaro Barreto), para a Rua Manoel Miranda, onde está instalada, colocando-a em um templo novo, amplo, bem ventilado e com boa presença arquitetônica, o que contentou sobremaneira a todos. É oportuno salientar que o templo enfocado foi construído em regime de mutirão, com a participação pessoal de toda a igreja, inclusive do próprio pastor Francisco Gonzaga. Depois foi construída da mesma forma uma casa pastoral, ao lado, com excelente apresentação e comodidade para residência do pastor com a sua família, e inaugurada na mesma ocasião da dedicação do templo. Ao Senhor Jesus coube a honra, a glória e louvor por tudo o que foi realizado. Como parte da sua atuação pastoral no Rio Grande do Norte, marcou presença em algumas cidades do interior, principalmente em Mossoró, onde por necessidade precisou interferir na administração da nova igreja ainda em formação, realizando ali um batismo, quando desceram às águas 40 irmãos, no dia 30 de maio de 1929. Um ano depois, no dia 30 de maio de 1930, com a sua presença foi inaugurado naquela cidade o primeiro templo da Assembléia de Deus, cuja solenidade terminou a noite com a realização de um culto festivo onde se fizeram presentes inúmeras pessoas da sociedade loca, o que muito alegrou a Igreja.
Foi em sua gestão na AD de Natal que, em 17 a 18 de fevereiro de
1929, hospedou a reunião preliminar de pastores brasileiros que aprovou a realização da primeira Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, evento ocorrido na mesma igreja (Rua Amaro Barreto, 40), no ano seguinte, de 5 a 10 de setembro de 1930. Três anos depois, em 1933, na Convenção Geral no Rio de Janeiro, fez parte da comissão para solucionar os problemas de divisão nas Assembleias de Deus no Nordeste envolvendo o pastor Manoel Hygino de Souza. Depois de 10 anos e quatro meses em Natal, sentindo-se chamado para o Sul do país, Gonzaga transferiu-se para Santos (SP), onde exerceu, de 1937 a 1945 o pastorado do Ministério da AD santista, tendo construídoinaugurado o templo da Rua Dr. Manoel Tourinho, no terreno adquirido no pastorado de Clímaco Bueno Aza. Construiu também uma casa pastoral, bem como dois modernos templos menores, com capacidade para 250 pessoas, um em São Vicente e outro em Itapeva. Pastor Francisco Gonzaga incentivou a pregação do evangelho em Cubatão e por todo o litoral santista em cerca de 30 cidades. Por fim, iniciou a construção de um templo em Campo Grande, um dos mais populosos bairros de Santos.
Em julho de 1938, Gonzaga assumiu interinamente o pastorado da AD da
cidade de São Paulo, quando a igreja funcionava na Rua Cruz Branca. Acumulando dois pastorados (Santos e Belenzinho), Gonzaga permaneceu até setembro de 1939. Apesar do pequeno período, fez dois batismos, um em 14 de agosto de 1938 e outro em 27 de agosto de 1939, promovido num domingo, com a presença de 700 pessoas e 32 novos crentes e algumas conversões.
Pastor Francisco Gonzaga era casado com Francisca Carvalho da Silva,
com quem teve seis filhos.
No dia 4 de outubro de 1945, ele faleceu vítima de um atropelamento
automobilístico.
Com esta folha de serviço restado à comunidade brasileira, entrou para a
história das Assembleias de Deus no Brasil o pastor Francisco Gonzaga da Silva, tornando-se, portanto, merecedor do nosso reconhecimento e de nosso respeito à sua memória, o que justifica sobradamente esta homenagem.