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INSERÇÃO DO METODISMO NO BRASIL

Prof. José Carlos de Souza


 Novos tempos no Brasil
 Coroação de Dom Pedro II
 Pacificação das províncias
 Guerra do Paraguai (1865-1870)
 Crescimento da oposição liberal
 Mudanças na economia: ciclo do café
 Lei “Eusébio de Queiroz” (1850)
 “Modernização do país”
 Questão Religiosa: Igreja X Estado
 A hora e a vez dos imigrantes
 Nova lei de imigração (1860)
 Reivindicações protestantes quanto à liberdade de culto e aos casamentos são
atendidas (1863)
 Guerra de Secessão nos EUA (1861-1865)
 Onda imigratória  10 mil sulistas deixam os EUA em direção à AL; cerca de 2.700
vêm para o Brasil, 800 dos quais se fixam em São Paulo
 Antes, porém, missionários protestantes já haviam se estabelecido no Brasil
 Congregacionais (1855) e Presbiterianos (1859)
 Protestantismo no Brasil

Congregacionais
1855
1859 Presbiterianos
1835/67 Metodistas
1881 Batistas EUA
Brasil 1889 Episcopais
Luteranos (IELB)
Missionários
1900
1910 Congregação Cristã
1824 1911 Assembléia de Deus
Outros grupos
Séc. XX

Luteranos,
reformados, Alemanha
unidos
Suíça – Áustria
Povo – comunidade

 Novo pastor metodista


 Rev. Junius Eastham Newman (1819-1895), da Conferência do Alabama, decide
acompanhar os emigrantes sulistas que vêm para o Brasil.
 O Bispo W. M. Wightman o libera de seus deveres, mas, em função das dificuldades
financeiras, ele não é reconhecido como missionário.
 Ele parte, então, com recursos próprios.
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 As razões de sua decisão não são claras. Há quem sugira que Newman não podia
reconciliar a nova ordem social com sua leitura da Bíblia.
 Kennedy é mais pragmático. Newman perdera quase tudo na guerra civil e pretendia
reconquistar sua fortuna e espalhar o evangelho.
 Newman no Brasil
 Newman chega sozinho ao Brasil em agosto de 1867 com apenas US$ 100 no bolso,
procurando um local para se estabelecer com a família como também núcleos de
colonos estadunidenses onde a assistência pastoral fosse mais necessária
 Tendo se fixado em Niterói, a família se junta a ele em maio de 1868.
 Quase um ano depois, Newman se transfere para Saltinho, região entre Limeira e
Americana, no Oeste paulista, onde havia vários núcleos de colonos americanos, entre
os quais o fundado pelo ex-senador sulista, o Cel. William H. Norris.
 A esperança de Newman
 Mantém ativa correspondência com a igreja metodista americana insistindo na
necessidade
de enviar missionários para o Brasil.
 Destaca a liberdade religiosa vigente no país.
 Vê o Brasil como “terra de refúgio”:
 “Aqui também erguerão firmemente a bandeira do nosso cristianismo protestante e
cantarão os doces cânticos de Sião, como antes, na sua terra natal. (...) ... Os hinos de
Watts e Wesley serão cantados no Brasil, como em outras terras”.
 Espera ser reconhecido como missionário.
 Correspondência de 10/10/1869
 Informa que, até recentemente, não havia pregado ou ouvido qualquer pregação;
 Menciona a presença de dois pastores presbiterianos e um batista entre os colonos;
 Equipara o romanismo ao paganismo;
 Apela para o envio de missionários “desejosos de pregar a Cristo ao invés de
combaterem a Igreja Romana”;
 Registra que, agora, pregava duas vezes ao mês;
 Revela suas dificuldades com o português;
 Destaca os progressos na região.
 Recomeço metodista
 Em 17 de agosto de 1871, organiza a primeira Igreja Metodista no Brasil, com nove
membros.
 Aos poucos, o rol atinge a cifra de 51 membros.
 Newman organiza um circuito com 5 pontos que visita regularmente (prática da
itinerância).
 Não se cansa de apelar à IMES para que envie jovens missionários para pregar aos
brasileiros,
 Finalmente em 1875, a obra de Newman é oficialmente reconhecida.
 Decide-se também enviar John James Ransom para apoiar o avanço missionário.
 Família Newman em Piracicaba
 Convite dos irmãos Morais Barros (Prudente e Manoel, respectivamente futuros
presidente e senador da República) para estabelecer uma escola em Piracicaba, então
com 11 mil habitantes.
 Mudança para Piracicaba e inauguração do Colégio Newman em julho de 1879.
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 Sua filha Annie Newman, com o apoio da irmã, Mary, três assistentes regulares e uma
professora de artes temporária, assume a direção da escola.
 Seu casamento com Ransom, em dezembro, interrompe essa iniciativa.
 Newman retorna aos EUA
 Em 1889, Newman regressa para sua cidade natal, Point Pleasant, West Virgínia, onde
falece em 1896.
 Ransom escreveu sobre ele: “Conforme as informações que pudemos colher, foi o
nosso irmão J. E. Newman a pessoa que mais serviu de instrumento para que a nossa
querida igreja reencetasse a propaganda do bendito Evangelho no Brasil”.
 A missão Ransom (1876-1886)
 Atendendo à solicitação do Rev. Newman, Ransom (1854-1934) é enviado como
missionário pela IMES no ano de 1876, com o objetivo específico de evangelizar à
população brasileira.
 Não teve pressa em estabelecer seu campo de atuação. Desconsiderou Piracicaba;
viajou até o RS, mas optou pela capital do Império como centro estratégico para
difundir o metodismo.
 Procura dominar bem a língua portuguesa.
 Na capital do Império, estabeleceu uma escola dominical que, já em 1878, contava
com 50 alunos, e a primeira Igreja Metodista no Brasil.
 A Igreja Metodista do Catete
 Em março e, depois, em julho de 1879, recebe os primeiros convertidos brasileiros,
sem rebatizá-los.
 Entre ele o ex-padre Antonio Teixeira Albuquerque e esposa que, posteriormente,
aderem à missão batista.
 Em dezembro de 1879, se casa com Annie, filha de Newman, porém seis meses depois
fica viúvo e busca arregimentar novos missionários nos EUA.
 Em 1882, quando é inaugurado o primeiro templo metodista em alvenaria no Brasil,
no Largo do Catete (hoje Praça José Alencar), a igreja contava com 71 membros.
 A obra de Ransom
 Atuou como Superintendente da Missão no Brasil, procurando,
estimular a IMES a uma efetiva participação missionária.
 Dedicou-se à redação e publicação de material didático adequado à
Escola Dominical e foi o fundador, em 1886, do periódico o
Methodista Catholico, mais tarde, o Expositor Cristão.
 Seus dois últimos anos no Brasil foram vividos em Juiz de Fora,
MG, onde contribuiu para a instalação do metodismo.
Ransom permaneceu no
Brasil por mais de 10 anos
 Compendio da Igreja Methodista Episcopal
 “Esta coleção de orações... É quase uma simples revisão do Livro de Oração Comum
da Igreja Anglicana. Não queremos ensinar que os homens têm obrigação de usar
d’estas formas. No entanto, nos parece que no estado atual da causa evangélica, há um
vácuo que este livro vêm preencher (...) há muitos que desejam um culto simples,
racional, puro e agradável a Deus”.
 Parte I – O Culto Dominical
 Parte II – O Ritual
 Parte III – Regras Gerais e Artigos de Religião
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 Annie Ayres Newman Ransom


 Para J. M. Dawsey, foi Annie quem abriu as portas para a educação metodista no Brasil.
 Tendo nascido em 1856, tinha onze anos quando chegou ao Brasil e assimilou bem o português.
 Estudou no Colégio Internacional, em Campinas, fundado pelos presbiterianos.
 Primeira pessoa a traduzir a literatura metodista.
 Lecionou em várias escolas, entre elas, o Colégio Rangel Pestana (que atendia a elite
feminina de São Paulo).
 Casamento com Ransom e apoio nas iniciativas pastorais.
 Morte prematura em julho de 1880.
 Forte apelo de seu testemunho.
 Consolidação da presença metodista
 Em 1881, chegam novos missionários:
 James Lillbourn Kennedy
 James E. Koger
 Martha Hite Watts A educadora Martha Watts
fundou o Colégio Piracicabano
 1883: John William Tarboux
 1886: Hugh Clarence Tucker
 Em 1886, o bispo John C. Granbery organiza a primeira Conferência Anual do
metodismo no Brasil. São 214 metodistas com 6 pregadores locais.
 Nota biográfica: Hugh Clarence Tucker (1857-1956)
Tendo chegado ao Brasil em julho de 1886, integrou, juntamente com
Tarboux e Kennedy, o conhecido Trio de Ouro, a 1ª Conferência Anual
Brasileira, instalada pelo Bispo John C. Granbery, marco inicial da
organização do metodismo em nosso país. Serviu à Igreja Metodista por
58 anos – 52 dos quais no Brasil – destacando-se no trabalho de ação
social. Desempenhou o cargo de secretário da Junta Geral de Ação
Social por quatro períodos (quadriênios), fundou em 1906 o Instituto
Central do Povo, no Rio de Janeiro, do qual foi diretor por muitos anos.
Foi colaborador ativo do Dr. Oswaldo Cruz na campanha de saneamento e combate à febre
amarela na capital brasileira, Também se destacou por sua atividade em prol da unidade
cristã, sendo um dos signatários em 1942 da carta da Igreja Metodista do Brasil que solicita a
sua adesão ao Conselho Mundial de Igrejas, ainda em formação. Eleito presidente do I
Concílio da Igreja Metodista do Brasil, em 3 de setembro de 1930, dirigiu 10 das 11 sessões
conciliares. Como secretário da Sociedade Bíblica Americana (1887-1934), percorreu
praticamente todo o território nacional no afã de divulgar a causa das Escrituras no Brasil.
Quando, aos 99 anos, faleceu em sua terra natal, a notícia de sua morte, transmitida pelo
Repórter Esso, foi ouvida no Brasil.
 Bibliografia Básica
 BARBOSA, José Carlos. Salvar & Educar: O metodismo no Brasil do século XIX.
Piracicaba: Cepeme, 2005.
 DAWSEY, James Mashall. “Annie Ayres Newman Ransom (1856-1880) and the
Methodism in Brazil”. In Methodist History. Vol. XXXIII, April 1995, nº 3, p. 162-172.
 GOLDMAN, Frank P. Os Pioneiros Americanos no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1972.
 REILY, Duncan Alexander. Momentos Decisivos do Metodismo. São Bernardo do
Campo: Imprensa Metodista, 1991.
 REILY, D. A. História Documental do Protestantismo no Brasil. São Paulo: Aste, 2003.
 SALVADOR, José Gonçalves. História do Metodismo no Brasil, v. 1: Dos primórdios até
a Proclamação da República (1835 a 1890). São Paulo: Imprensa Metodista, 1982.

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