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A presença da Igreja Católica em terras amapaenses ao longo da História

A primeira presença da Igreja no que hoje é o Estado do Amapá deu-se


por meio de duas ordens missionárias ainda no século XVII, ou seja, no
período colonial. Inicialmente vieram os Capuchos de Santo Antônio que
missionaram principalmente os povos Tucuju e Aruã que por aqui viviam. Em
seguida, a partir de 1680 chegaram os padres jesuítas que instalaram duas
missões, mas que não obtiveram o sucesso esperado e tiveram que se retirar.
Ainda no início do século XVIII os Frades de Santo Antônio continuaram a
catequizar os povos indígenas.
Já na segunda metade do século XVIII, ou seja, a partir de 1751 foram
enviados para a povoação de Macapá pessoas das ilhas dos Açores que eram
católicas e passaram a conviver com os indígenas e mais tarde negros
escravizados. No ano de 1752 chegou ao povoado o primeiro sacerdote
diocesano (da diocese do Pará) para administrar os sacramentos e organizar a
primeira igreja que foi dedicada a São José. O nome dele era Ângelo de Morais
e sofreu com enfermidades nessas terras.
Com as obras de construção da fortaleza de São José no início dos anos
60 do século XVIII foi necessário ter um capelão para atender os militares,
indígenas e africanos escravizados que trabalhavam na fortificação. Destacam-
se nessa função os padres Inácio José Pestana e Felipe Jaime Antônio. E
claro, os padres que trabalhavam na paróquia de São José de Macapá que
teve a sua inauguração oficial em 6 de março de 1761.
Os padres tentavam de todas as formas pregar a Boa Nova do
Evangelho, mas enfrentavam muitas dificuldades. Por exemplo, a resistência
dos indígenas e dos africanos que fizeram a leitura do catolicismo ao seu modo
dando origem ao Marabaixo. Além de Macapá foram criadas outras vilas:
Vistosa Madre de Deus e Mazagão. Em cada uma delas havia a paróquia e
seus respectivos párocos que estavam submetidos ao bispado do Pará.
Ao longo do século XIX e, portanto, depois da independência do Brasil o
atual Amapá sofreu com a carência de sacerdotes para guiar o povo de Deus,
mas a população não perdeu a fé em Jesus. Criaram formas de exercer a
religiosidade, sobretudo, por meio dos cultos aos santos. Foi essa bela
experiência que sustentou a esperança da população.
No início do século XX Macapá, Mazagão e Amapá deixaram de ser
administradas pela diocese de Belém e passou para Prelazia de Santarém.
Como havia falta de sacerdotes, o bispo prelado pediu auxílio da Congregação
da Sagrada Família que enviou os padres alemães José Lauth que era o
pároco em Macapá e o padre Hermano em Mazagão. Eles chegaram em 1911
e fizeram o possível para orientar espiritualmente os católicos. Somente em
1916 chegou em Macapá o belga padre Júlio Maria Lombaerde.
Lombaerde fez um trabalho exemplar com criação de cinema, banda de
música, escola, associações religiosas e até uma congregação em 1916 cujo
nome é Filhas do Coração Imaculado de Maria (as cordimarianas que
atualmente encontra-se na capital do Amapá). No ano de 1923, padre Júlio
deixou a cidade e assumiu nova missão.
Inegavelmente a evangelização em “terras Tucujus” foi efetiva a partir da
chegada dos padres do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME)
que deram novo vigor a partir de 1948 quando substituíram os missionários da
Sagrada Família. Esses sacerdotes enfrentaram muitas dificuldades, mas
conseguiram estruturar o que veio a ser a Prelazia de Macapá. É importante
lembrarmos os nomes dos primeiros que aqui chegaram e colaboraram com a
missão: Aristides Piróvano, Arcângelo Cérqua, Vitório Galiani, Angelo Bubani,
Carlos Bassanini, Luis Vigano, Mário Limonta, Lino Simonelli, Jorge Basile, o
irmão Francisco Mazzoleni, Angelo Negri, Simão Corridori, Pedro Locati e
Antonio Cocco.
Em 1949 o papa Pio XII criou a Prelazia de Macapá por meio da Bula Unius
Apostolicae Sedis que foi instalada pelo bispo prelado de Santarém Dom Frei
Anselmo Pietrulla (o primeiro administrador apostólico). De 1950 até 1955
padre Aristides (PIME) ficou como administrador apostólico quando foi sagrado
bispo, mas em 1965 foi eleito superior do PIME e deixou a Prelazia de Macapá.
Em 1966, o padre José Maritano (PIME) foi sagrado bispo-prelado da Prelazia
de Macapá.
Esses dois bispos, ou seja, Dom Aristides Piróvano e depois Dom José
Maritano foram fundamentais na organização da evangelização, mas não
apenas eles. Ressalta-se, sobretudo, na administração do Dom José Maritano
a maior participação dos leigos como fruto do Concílio Vaticano II (1962-1965).
É nesse momento que as comunidades eclesiais de base e outros grupos
tornam-se ainda mais importantes.
Os mais “antigos” ainda recordam da Rádio Educadora São José (1968-
1978) coordenada pelos padres do PIME Gaetano Maiello e depois Jorge
Basile que comunicavam a Palavra de Deus pelas ondas do rádio. Ou ainda
liam as notícias e catequeses no jornal “A Voz Católica” (1959-1974) que
informava sobre os acontecimentos da Prelazia, do Brasil e do mundo a
população do Território Federal do Amapá.
Com o crescimento populacional foi necessário instituir a Diocese de
Macapá que foi criada pelo papa João Paulo II por meio da bula Conferentia
Episcopalis Brasiliensis em 14 de novembro de 1980 e instalada em 1981 por
Dom Vicente Zico, arcebispo de Belém. O antigo bispo prelado, Dom José
Maritano passou a ser o primeiro bispo diocesano e permaneceu até 1983
quando foi substituído por Dom Luíz Soares Vieira, depois Dom João Risatti e
desde 2005, Dom Pedro José Conti.

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