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Microeconomia I (IS 206)

Demanda de Mercado

Lucas Siqueira de Castro


lucascastro@ufrrj.br

Referências

 VARIAN, H. R. Microeconomia:
uma abordagem moderna. Rio de
Janeiro: Elsevier, 9a edição, 2015,
capítulo 15.

Introdução
 Nos capítulos anteriores, vimos como
modelar a escolha do consumidor
individual.
 Neste, será visto como agregar as escolhas
individuais para obter a demanda de
mercado agregada.

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Da demanda individual à demanda
de mercado
 Utilizaremos 𝑥 (𝑝 ; 𝑝 ; 𝑚) para representar a
função de demanda individual do
consumidor i para o bem 1.
 Suponhamos que haja n consumidores.
 Dessa forma, a demanda de mercado do
bem 1, também chamada de demanda
agregada do bem 1, será a soma das
demandas individuais de todos os n
consumidores.
 𝑥 (𝑝 ; 𝑝 ; 𝑚 ; … , ; 𝑚 ) = ∑ 𝑥 (𝑝 ; 𝑝 ; 𝑚)

Da demanda individual à demanda


de mercado
 Como a demanda de cada pessoa para cada
bem depende dos preços e de sua renda, a
demanda agregada dependerá em geral
dos preços e da distribuição de rendas.
 Também podemos pensar na demanda
agregada como a demanda de um
consumidor representativo, que tem renda
igual à soma de todas as rendas
individuais.

Da demanda individual à demanda


de mercado
 𝑋 (𝑝 ; 𝑝 ; 𝑀)
 em que M é a soma de todas as rendas dos
consumidores.
 Com essa hipótese, a demanda agregada
da economia é semelhante à demanda de
uma pessoa que se defronta com os preços
(𝑝 ; 𝑝 ) e tem renda M.
 Se fixarmos todas as rendas monetárias e o
preço do bem 2, por exemplo, podemos
ilustrar a relação entre a demanda
agregada do bem 1 e seu preço (curva de
damanda).

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Da demanda individual à demanda
de mercado

Da demanda individual à demanda


de mercado
 Se esses outros preços e rendas variarem,
a curva de demanda agregada se
deslocará.
 Por exemplo, se os bens 1 e 2 forem
substitutos, sabemos que o aumento do
preço do bem 2 tenderá a aumentar a
demanda do bem 1, qualquer que seja seu
preço.
 Portanto, a curva de demanda agregada do
bem 1 vai se deslocar para direita.

Da demanda individual à demanda


de mercado
 Em contrapartida, se os bens 1 e 2 forem
complementares, o aumento do preço do
bem 2 deslocará a curva de demanda
agregada para esquerda.
 Se adotarmos o modelo do consumidor
representativo e supusermos que o bem 1
é um bem normal, qualquer variação
econômica que aumente a renda agregada
fará com que cresça a demanda do bem 1,
deslocando a curva de demanda agregada
para direita.

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A função de demanda inversa
 Podemos extrair, a princípio, ao menos
duas relações/análises da curva de
demanda agregada:
 Primeira – ela é capaz informar a quantidade
como função do preço;
 Segunda – ela também relaciona o preço como
função da quantidade (sentido inverso).
 Esta última interpretação é chamada pela
literatura micrieconômica de demanda inversa,
P(X).

A função de demanda inversa


 A demanda inversa indica qual deveria ser
o preço de mercado do bem, para que se
demandem X unidades deste bem.
 Portanto, a função de demanda inversa
P(X), mede a taxa marginal de substituição,
ou seja, a propensão a pagar, de todos os
consumidores que estiverem comprando o
referido bem.

A função de demanda inversa


 Exemplo – Agregação de curvas de
demanda “lineares”:
 Dada as curvas de demanda do indivíduo 1
[𝐷 𝑝 = 20 − 𝑝] e a do indivíduo 2 [𝐷 𝑝 = 10 −
2𝑝] . Qual será a função de demanda do
mercado?

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A função de demanda inversa
 Resposta:
 Somando D1 + D2:
 20 − p + 10 − 2𝑝 = 𝑞
 30 − 3𝑝 = 𝑞
 Se 𝑞 = 0, 𝑝 = 10. Entretanto, isto não é possível, uma
vez que o consumidor 2 apresentaria demanda
negativa.
 Desta forma, tem-se uma quebra na função de
demanda agregada, no momento em que 𝑝 = 5.

A função de demanda inversa

Elasticidade
 Com frequência, é interessante ter uma
medida de quão sensível é a demanda em
relação às variações de preço ou de renda.
 Esta sensibilidade, na microeconomia, é
definida como elasticidade.

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Elasticidade
 Elasticidade-preço de demanda (ε):
 Pode ser definida como a variação percentual na
quantidade, dividida pela variação percentual no
preço.
∆ ∆
 𝜀 = ( )/( )
 ou:

 𝜀= ∗

 Desta maneira, temos uma medida adimensional.
 O que significa que o resultado correspondente não
apresenta unidade de medida.

Elasticidade
 Elasticidade-preço de demanda (no ponto):

 𝜀= ∗

 Neste caso, a elasticidade é expressa como a
razão entre o preço e a quantidade, multiplicada
pela inclinação de função de demanda.

Elasticidade
 Elasticidade-preço de demanda (no arco ou
média):
∆ ∆
 𝜀=( )/( )
 A determinação da elasticidade arco (ou média),
por sua vez, é feita quando se conhecem dois
pontos da curva.
 Ela pode ser obtida dividindo-se a variação
relativa da quantidade, pela variação relativa do
preço.

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Elasticidade
 Exemplo – Demanda Linear:
 Considere a curva de demanda linear 𝑞 = 𝑎 − 𝑏𝑝.
 Calcule a elasticidade no ponto para esta curva.

Elasticidade
 Resposta:
 A inclinação da curva de demanda é uma
constante, tida por –b.
 Introduzindo-a na fórmula da elasticidade,
teremos:

 𝑒= =
 Quando 𝑝 = 0, a elasticidade de demanda é zero.
 Quando 𝑞 = 0, a elasticidade de demanda tem um
valor (negativo) infinito.
 Em que preço a elasticidade de demanda = -1?

Elasticidade
 Basta inserir o valor desejado na equação de
elasticidade e resolvê-la para p:

 𝑒= = −1

 𝑝=
 Este é exatamente o ponto médio da curva de
demanda expressa na Figura que segue.

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Elasticidade

Elasticidade e demanda
 Quais relações podemos estabelecer, então,
entre a elasticidade e a demanda?
 Se um bem tiver uma elasticidade da demanda
maior do que 1, em valor absoluto (módulo),
dizemos que ele tem uma demanda elástica
( 𝜺 > 𝟏).
 Se a elasticidade for menor do que 1, em valor
absoluto (módulo), dizemos que o bem tem uma
demanda inelástica( 𝜺 < 𝟏).
 E se a demanda do bem tiver uma elasticidade
exatamente igual a –1, dizemos que se trata de
uma demanda de elasticidade unitária ( 𝜺 =
𝟏).

Elasticidade e demanda
 Interpretações:
 Se o preço de um bem qualquer aumentar em
1%, a quantidade demandada diminuirá
(proporcionalmente) em mais de 1%.
 Se o preço de um bem qualquer aumentar em
1%, a quantidade demandada diminuirá
(proporcionalmente) em menos de 1%.
 Se o preço de um bem qualquer aumentar em
1%, a quantidade demandada diminuirá
(proporcionalmente) em 1%.
 Se um bem tiver muitos substitutos
próximos, será de esperar que sua curva de
damanda seja muito sensível às variações
de preço. O caso contrário é válido.

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Elasticidade e demanda
 Casos especiais:

Elasticidade e demanda

Elasticidade de preço-cruzada
 É definida como a sensibilidade da
quantidade demandada de um bem, em
relação ao preço do outro bem.
∆ ∆
 𝜑 = ( )/( )
 Se:
 𝜑 > 0, os bens são considerados substitutos.

 𝜑 < 0, os bens são considerados


complementares.

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Elasticidade-renda
 A elasticidade-renda da demanda é
utilizada para descrever como a quantidade
demandada reage a uma variação na
renda.
∆ ∆
 𝜃 = ( )/( )
 Se:
 𝜃 < 0, o bem é classificado como inferior.

 Se o bem é classificado como normal, 𝜃 > 0.

Todavia, se 𝜃 >1, temos um bem de luxo.

Exercício
 Calcule a elasticidade-renda pelo ponto
médio para y. Como ela pode ser
classificada? Que tipo de classificação o
bem recebe?

 Renda X Y
 30 2 20
 40 5 10

Exercício (cont.)
 Resposta:

,
 𝜀= = =− ≅ −2,33 ∴ 2,33
,

 Classificação da elasticidade: elástica


 Classificação do bem: inferior.

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