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Formação de Professores

pesquisas sobre processos e travessias

Grupo de Pesquisa
FORMATIO: Processos na Formação
e Profissionalidade Docente.
Universidade Federal de Alfenas - MG

FORMAÇÃO DE PROFESSORES 1
Copyright © dos autors
Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida,
transmitida ou arquivada, desde que levados em conta os direitos dos autores.

Capa
Lucas de França Nário

Projeto gráfico e diagramação


Déborah Letícia Ferreira de Sousa

Comitê Científico
Prof. Dr. Maged Talaat Mohamed Ahmed Elgebaly (Aswan University, Egito)
Prof. Dr. Manassés Morais Xavier (UFCG, Brasil)
Profa. Dra. María Isabel Pozzo (IRICE-Conicet-UNR, Argentina)
Profa. Dra. Marta Lúcia Cabrera Kfouri-Kaneoya (UNESP, Brasil)
Profa. Dra. Mona Mohamad Hawi (USP, Brasil)
Profa. Dra. Selma de Cássia Martinelli (UNICAMP, Brasil)

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)

F724 Formação de Professores : pesquisas sobre processos e travessias /


organizadora, Ana Cristina Gonçalves de Abreu Souza; Grupo de Pes-
quisa Formatio Universidade Federal de Alfenas - MG. - São Paulo:
Mentes Abertas, 2021.

292 p. : il. color.

ISBN 978-65-87069-67-8

l. Formação docente. 2. Educação infantil. 3. Educação inclusiva.


4. Trabalho docente. I. Título.

21. ed. CDD 371.12


Elaborada por Giulianne Monteiro Pereira CRB 15/714

A Mentes Abertas é associada ABEC.

2 FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Ana Cristina Gonçalves de Abreu Souza
Organizadora

Formação de Professores
pesquisas sobre processos e travessias

Grupo de Pesquisa
FORMATIO: Processos na Formação
e Profissionalidade Docente.
Universidade Federal de Alfenas - MG

FORMAÇÃO DE PROFESSORES 3
4 FORMAÇÃO DE PROFESSORES
SUMÁRIO

Apresentação 07
Ana Cristina Gonçalves de Abreu Souza –
Universidade Federal de Alfenas MG
Prefácio 11
Bettina Steren dos Santos –
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Reflexões sobre a docência na formação de professores da 15
Educação Infantil
Fabiana de Oliveira
Formação permanente de professora/es na e para a educação 35
infantil: articulações entre a pesquisa e a extensão
Alexandre Nishiwaki da Silva

Educação Quilombola: análise de um projeto de extensão 55


Mariana Graziela Feldmann
Andréia Regina Silva Cabral Libório
Formação inicial de professores de português: 75
uma experiência de sucesso
Robson Santos de Carvalho
Educação e patrimônio: uma conversa com professores 87
Marta Gouveia de Oliveira Rovai
A contribuição de matrizes da linguagem e pensamento: 115
sonoral, verbal, visual para o ensino das linguagens da arte
Ronaldo Auad Moreira
De grades ou de gramas: compreendendo a escola – 135
corredor e a escola jardim
Cintia Maria da Silva Moreira

FORMAÇÃO DE PROFESSORES 5
Formação de Professores e educação inclusiva 159
à luz da teoria crítica
Débora Felício Faria
Excluir e incluir: fronteiras que nos separam 179
Celia Weigert
Autoformação participada em processos de 203
autoria e a inclusão escolar
Carla Helena Fernandes
Trabalho e mal-estar docente em reportagens publicadas 225
no Estado de Minas Gerais
André Luiz Sena Mariano
Julia Brazil de Almeida
Saúde mental dos docentes e o trabalho: 251
um estudo bibliográfico
Ana Cristina Gonçalves de Abreu Souza
Myrthes Maria Matos Dantas
Sobre os autores 285

6 FORMAÇÃO DE PROFESSORES
APRESENTAÇÃO

Este livro, FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PESQUISAS SO-


BRE PROCESSOS E TRAVESSIAS que ora apresento, nasce do resul-
tado das investigações dos professores e pesquisadores da Universidade
Federal de Alfenas UNIFAL-MG e de Universidades convidadas que
compõem a equipe do Grupo de Pesquisa FORMATIO: Processos na
Formação e Profissionalidade Docente.
O Grupo de Pesquisa nasce no ano de 2017 e assume sua identida-
de numa perspectiva multidisciplinar e dialógica com foco a concentrar
aprofundamentos nas temáticas sobre formação e a profissionalidade
que contemplem o processo inicial e permanente da construção de co-
nhecimento dos docentes. Estabelecemos diálogos a partir de relações
em rede entre os pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas e
Universidades convidadas.
A obra mostra estudos, conteúdos, didáticas, fundamentos, me-
todologias e princípios da formação e do trabalho docente nas mais
diversas áreas, a fim de estabelecer reflexões a favor de avanços em
múltiplas dimensões dos processos educacionais brasileiros, aliando as
ações de pesquisa, ensino e extensão que possibilitem organizar, criar e
compreender as formações inicial e continuada numa construção peda-
gógica, histórica e social com aportes teóricos críticos. Somos, antes de
tudo, professores com um percurso profissional que se identifica pela
participação política e acadêmica na construção permanente de ações
formativas junto aos professores, ações estas que nos colocam numa
reflexão direta com os desafios educacionais contemporâneos.
O primeiro capítulo de autoria da Fabiana Oliveira no traz a im-
portante reflexão sobre a educação infantil e nos revela referenciais
teóricos no campo dos Estudos sociais na infância e sua contribuição
direta para olharmos para uma formação docente crítica.
Alexandre Nishiwaki da Silva, no segundo capítulo, nos aponta
para a importância da pesquisa se aliar a projetos de extensão em que a
formação de professores em rede pública esteja presente, colaborando

FORMAÇÃO DE PROFESSORES 7
com ações sobre a temática de brincadeiras e as interações na educação
infantil, fortalecendo assim a formação continuada, em serviço, contri-
buindo para práticas pedagógicas críticas e emancipatórias.
Marina Feldmann e Andréia Libório colocam a discussão sobre o
resgate da história e da memória de uma comunidade de quilombo e o
capítulo nos traz reflexões fortalecendo a importância de se estabele-
cer, nas formações docentes e nos currículos escolares, conhecimentos
no que tange à educação das relações étnicos raciais para o ensino
e aprendizagem, a fim de ampliar a compreensão para uma educa-
ção multicultural e intercultural que contribua para o reconhecimento,
acolhimento e valorização das diferentes culturas no cotidiano escolar
e na prática educativa docente.
O quarto capítulo, de autoria de Robson de Carvalho, nos aponta
a formação inicial por meio do Programa de Iniciação a docência e o
currículo do curso de Letras colocando reflexões importantes sobre a
formação que assume ações para a prática pedagógica de futuros pro-
fessores em contextos reais.
Marta Rovai, no quinto capítulo, nos convida a pensar sobre as
possibilidades de ampliar as práticas pedagógicas que promovam a
educação patrimonial no âmbito educativo numa perspectiva multidis-
ciplinar, colocando em pauta a mediação entre o conhecimento siste-
matizado e as experiências da comunidade, ampliando assim o currícu-
lo e a atuação docente.
No sexto capítulo, Ronaldo Auad, nos mostra as linguagens da arte
para ampliar a compreensão do processo de criação artística e sua im-
portância para o ensino da arte estabelecendo, de forma aprofundada,
as diversas poéticas num universo alheio as dicotomias e circunstancias
do pensamento.
Cintia Moreira em seu artigo, no sétimo capítulo, coloca em cena
a escola pública com concepções de espaços dicotômicos, e traz os con-
ceitos de escola corredor e escola jardim colocando evidencias ligadas
ao processo de ensino e seus desdobramentos estéticos, espaciais em
contextos antagônicos que promovam diferentes abordagens para os

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processos de ensinar e aprender.
No oitavo capítulo, Débora Faria, nos evidencia o processo de for-
mação docente em relação aos desafios da educação inclusiva, o artigo,
por meio da teoria crítica, nos mostra politicas e práticas educacionais
numa perspectiva articulada a formação e atuação docente.
Celia Weigert discute em seu artigo o desafio e a complexidade
que é trabalhar com formação de professores nos convidando a ampliar
olhares e as formas de relações que se estabelecem entre os sujeitos na
escola em processos de exclusão e inclusão no cotidiano das praticas
educativas.
Carla Helena Fernandes, no décimo capítulo, discute a formação
de professores a partir de projetos de extensão ocorridos em escolas
publicas nos colocando reflexões sobre os processos de autoformação
e autoria por meio de narrativas orais e escritas afirmando sobre a
necessidade de reconstruir concepções e práticas docentes por meio de
processos coletivos de trans-formação.
Os autores, André Luiz Sena Mariano e Julia Brazil, analisam em
seu artigo a análise, em fontes de reportagens/noticias, sobre o fenô-
meno do mal estar docente evidenciando, as relações entre o corpo
docente mineiro e o espanhol identificando possíveis fatores geradores
de mal estar que podem afetar os docentes e suas práticas profissionais.
No ultimo capítulo fechando a obra, Ana Abreu e Myrthes Dantas
abordam, por meio de um estudo bibliográfico, o tema sobre saúde
mental dos docentes e os impactos no trabalho, colocando em pauta
reflexões sobre os processos de profissionalização e o mal estar docen-
te num contexto de precarização do trabalho embalado pela lógica do
sistema neoliberal.
Nesta obra, o conjunto de artigos publicados, revela a ação cole-
tiva pela busca da reflexão, o que mostra a nossa inquietude e enorme
vontade de fortalecer e colaborar para os desdobramentos dos diálogos
nas diferentes instituições educacionais, formais ou não, diretamente
nos percursos dos profissionais que atuam na área da Educação, sujei-
tos permanentes de um processo tão rico e caro para a emancipação

FORMAÇÃO DE PROFESSORES 9
de nosso país.
A formação docente foi o eixo condutor da obra e nos trouxe
aproximações importantes com referenciais teóricos que nos ajudam a
pensar e contribuir para o campo da docência no Brasil, pesquisas qua-
litativas apontam para a complexidade de se pensar, sem determinar
verdades, a prática pedagógica a partir de demandas curriculares em
novas teorias e metodologias.
Agradecemos a leitura atenta e o prefácio tão gentilmente desen-
volvido pela Profa Dra Bettina Steren Santos da PUC RS, profissional
que fortalece a nossa obra pois é uma referência no campo da formação
dos professores. Agradecemos o privilégio de ter como capa a obra do
nosso querido Ronaldo Auad, professor e artista visual, que represen-
tou lindamente a proposta do livro.
Nos anos de 2020 e 2021 vivemos um cenário inédito na história,
período pandêmico, que escancara desigualdades e desvalorizações, no
Brasil a pauta da Educação e da formação docente têm sofrido retro-
cessos e ataques, as pesquisas aqui compartilhadas evidenciam uma
das maneiras de enfrentarmos este tempo, a publicação deste livro se
revela pela construção coletiva e se edifica pelas mãos de pesquisadores
de Universidades assumindo com CORAGEM e RESISTÊNCIA seu
papel de agir a favor de um mundo solidário, justo e humanizado em
sua diversidade.
Finalizo, agradecendo a todos os autores desta coletânea pelo tra-
balho, dedicação e presença. Aos leitores desejo que os diálogos e des-
dobramentos sejam feitos.

Ana Cristina Gonçalves de Abreu Souza

10 FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PREFÁCIO
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PESQUISAS SOBRE
PROCESSOS E TRAVESSIAS

Ser convidada para prefaciar uma obra tão significativa, produzida


pelo Grupo de Pesquisa FORMATIO: Processos na Formação e Pro-
fissionalidade Docente, é motivo de grande alegria e responsabilidade.
Poder aprender e dialogar com pesquisadores que, como eu, estu-
dam e pesquisam sobre a formação docente é gratificante, na medida
em que as contribuições apresentadas em cada capítulo ajudam a re-
pensar, através de perguntas que surgem durante a leitura da obra. Essa
caminhada enriqueceu a minha formação através de reflexões sobre
aspectos fundamentais para a qualificação da Educação no nosso país.
Os docentes vivenciam uma multiplicidade de papéis, fazem es-
colhas, assumem comportamentos distintos e experiências diversas ao
longo de suas vidas pessoais e profissionais. Essa realidade multifa-
cetada está diretamente relacionada à construção da identidade pro-
fissional, de modo que esse processo não deve ser objeto de uma re-
flexão instrumental, que busca definir estratégias de como tornar-se
um docente competente. Segundo Tardif; Moscoso (2018, p. 408) a
formação docente deve buscar “enriquecer a visão do profissional re-
flexivo através de sua conexão com a tradição da reflexão crítica”, uma
“reflexão como experiência social”.
Partindo da perspectiva do protagonismo e da autonomia do sujei-
to aprendente, forma-se uma possibilidade de autoaprendizagem, mas
também de aprendizagem colaborativa, tendo em vista as vivências
ocorridas no espaço-tempo da sala de aula e permeadas por trocas
de experiências e aprendizados mútuos, com a mediação do docente
formador. Assim, os espaços de socialização e discussões sobre a cons-
trução dos saberes docentes, desenvolvimento global do ser humano e
outras questões educacionais contemporâneas enfatizaram a importân-
cia do trabalho em redes colaborativas de conhecimento.
A proposta do livro “FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PESQUI-

FORMAÇÃO DE PROFESSORES 11
SAS SOBRE PROCESSOS E TRAVESSIAS” é colaborar com essa troca
de saberes e mostrar a possibilidade de trabalho em rede, onde cada
autor apresenta importantes reflexões sobre âmbitos distintos do con-
texto educacional. A leitura dessa obra deixa explicita a importância
desses espaços de trocas para discutir o tema desenvolvimento profis-
sional em diferentes contextos.
Portanto, nessa conjuntura, discutir, refletir e pensar em ações
diferenciadas para o desenvolvimento profissional docente consiste em
um potente meio de transformação na maneira de perceber a constru-
ção da profissionalidade. Isso exige um olhar mais amplo e expressivo
para a formação pessoal e profissional, quer em colaboração, quer em
movimentos de maior escuta, empatia ou ainda de problematização das
necessidades desses professores.
Para Veiga (2012, p. 15), a formação assume uma posição de
inacabamento, vinculada à história de vida dos sujeitos em contínuo
processo de formação, que proporciona a preparação profissional, “[...]
o processo de formação é multifacetado, plural, tem início e nunca tem
fim”.
Ao pensar sobre a formação continuada de professores para novas
perspectivas, é indispensável enfatizar os processos de colaboração, os
quais permitem às pessoas vivenciarem momentos distintos, em que a
comunicação flui descentralizada, permitindo vez e voz aos envolvidos,
e assim “a colaboração exige autonomia e não submissão; os sujeitos
são pares, coautores nos diferentes processos de criação e (re)cons-
trução dos sentidos” (ALVES, 2012, p. 60). A atividade colaborativa
perpassa a existência de interação e intercâmbio de informações entre
pessoas do grupo, na negociação e diálogo, na busca de consensos.
Pressupõe alcançar objetivos pessoais e coletivos e interdependência
não hierarquizada entre as pessoas (ESPINOSA, 2003). Exige, ainda,
engajamento dialógico divergente e convergente para chegar a objeti-
vos comuns
Por isso, a relevância dos grupos de pesquisa que dialogam entre
si nas universidades, nos encontros acadêmicos dos mais diversos e

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em outros contextos educativos. Nesse sentido, promover a reflexão a
partir de percepções interdisciplinares e integrais - o que os autores fa-
zem de forma clara e objetiva - pode contribuir significativamente para
promover uma educação de maior qualidade e equidade para o Brasil.

Bettina Steren dos Santos


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Referências

ALVES, Lynn. Aprendizagem em rede e formação docente: trilhando caminhos para a


autonomia, a colaboração e a cooperação. In: VEIGA, Ilma P. A.; D´ÀVILA, Cristina
(Orgs.). Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus,
2012. p. 151-162.
ESPINOSA, Maria P. P. Aprendemos. Cooperando o colaborando? Las claves del
método. In: SÁNCHEZ, Francisco M. (Org.). Redes de comunicación en la en-
señanza: las nuevas perspectivas del trabajo corporativo. Barcelona: Paidós, 2003. p.
95-127.
TARDIF, Maurice; MOSCOSO, Javier Nunez. A noção de “profissional reflexivo” na edu-
cação: atualidade, usos e limites. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v. 48, n. 168, pág.
388-411, junho de 2018. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=s-
ci_arttext&pid=S0100-15742018000200388&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 14
mai 2021. http://dx.doi.org/10.1590/198053145271.
VEIGA, Ilma P. A. Docência como atividade profissional. In: VEIGA, Ilma P. A.; D’ÁVI-
LA, Cristina (Org.). Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campi-
nas: Papirus, 2012.

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