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Mike Cury Fogagnolo - 8547262

Para Dworkin, o nominalismo jurídico é uma corrente jurídica (ainda que ele não
utilize o termo, parece ser útil para a explicação) segundo a qual os problemas
relacionados aos conceitos de “direito” e “obrigação jurídica” devem ser deixados de
lado, pois não se pode encontrar seu verdadeiro conteúdo, uma vez que não passam de
mitos e ilusões, e, portanto, são eles que geram o seu próprio problema. Os operadores
do direito devem visar os fins políticos e sociais do direito sem perderem tempo com isso.
Além disso, os nominalistas, segundo Dworkin, dizem que os juristas costumam entender
por direito um “conjunto de regras atemporais, estocadas em algum depósito conceitual
à espera de que os juízes as descubram” e por obrigação jurídica “cadeias invisíveis que,
de algum modo, essas misteriosas regras tecem à nossa volta”. Os nominalistas
chamam a isso de teoria mecânica do direito.
Dworkin reconhece como tentadora a proposta dos nominalistas, mas argumenta
que não se pode seguir esse caminho, pois para saber se “direito” e “obrigações
jurídicas” são mesmo mitos e ilusões, é preciso primeiramente saber o que são, o que
exige, assim, uma teoria sobre eles. Não se pode, então, escapar de tentar apreender
seu significado, ainda que isso, no fim das contas, revele serem esses termos realmente
permeados de ilusões, o que demandaria a reformulação das justificativas jurídicas com
as quais os operadores do direito alteram jurídica e faticamente o mundo. Tampouco
concorda com a alegação de que os juristas aderem a teoria mecânica do direito, uma
vez que reconhecem a dinâmica do direito, com leis que mudam com o passar do tempo,
e de obrigações legais por vezes difíceis de serem localizadas claramente no direito
posto.
Ademais, o autor considera um blefe a proposta nominalista, pois alguns deles
reconhecem o enraizamento na prática jurídica do uso dos termos “direito” e “obrigação
jurídica”, chegando a afirmar que esses termos devem seguir sendo usados “como mitos
platônicos” para “induzir as massas a aceitar a ordem social”. Para Dworkin, a proposta
nominalista acaba sendo uma crítica à teoria mecânica do direito, ao passo em que ao
fazerem isso, os nominalistas acabam por dar sua própria análise de como devem ser
usados os termos “direito” e “obrigação jurídica”, apontando não para a norma jurídica
abstratamente considerada, mas para o “funcionamento real” das instituições jurídicas,
como, por exemplo, os tribunais.

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