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1.1.1.1. Ex.: Um chefe manda o seu empregado escolher dois dos seus
estagiários mais competentes para realizarem um auxílio ao
chefe durante um congresso acadêmico.1
1.1.3. O poder discricionário em sentido forte faz menção aos casos em que o
agente não está limitado pelos padrões da autoridade em questão.
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Esse exemplo não consta no livro, tendo sido criado por mim.
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Exemplo autoral como o anterior.
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Exemplo autoral como o anterior.
DWORKIN, R. “Modelo de Regras I”. In: DWORKIN; BOEIRA, 2010, p. 50–72.
Lucas Taborda dos Santos Barbosa
1.1.3.2.1. Se a diretora determinasse que a professora escolhesse,
dentre cinco alunos, três dos mais inteligentes, essa
discricionariedade seria a do segundo tipo fraco e não a
do tipo forte, uma vez que mesmo sendo a diretora a
autoridade superior, ela não possui a autoridade para
revogar a escolha da professora, pois ela não conhece os
alunos assim como a outra.
2.1. Alguns nominalistas utilizam o segundo sentido fraco para explicar que os
juízes sempre possuem um poder discricionário pois eles são os árbitros
definitivos da lei4.
2.2. Para os positivistas, não se tem um poder discricionário quando se tem uma
regra clara e estabelecida à disposição do juiz. Existem duas interpretações para
o uso do poder discricionário na doutrina positivista.
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Sendo que a autoridade superior não pode revogar a decisão tomada pelo juiz, então se tem esse segundo tipo
fraco do poder discricionário.
DWORKIN, R. “Modelo de Regras I”. In: DWORKIN; BOEIRA, 2010, p. 50–72.
Lucas Taborda dos Santos Barbosa
esgota as regras à sua disposição, ele possui o poder discricionário, no
sentido de que ele não está obrigado por quaisquer padrões derivados
da autoridade da lei.” (p. 55).
3. Dworkin analisa a doutrina do poder discricionário do juiz com base em seu sentido
forte. Para tal, ele apresenta três argumentos que um positivista poderia utilizar para
sustentar a sua tese do poder discricionário do juiz:
3.3. Terceiro argumento positivista: os princípios não podem valer como lei, pois
sua autoridade e seu peso são controversos.
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Se teria uma formulação do tipo “Se A então B”, o que é típico da formulação se regras claras.
DWORKIN, R. “Modelo de Regras I”. In: DWORKIN; BOEIRA, 2010, p. 50–72.
Lucas Taborda dos Santos Barbosa
3.3.1. Não existe um teste infalível para se averiguar o peso dos argumentos.
Assim, o questionamento acerca da autoridade dos princípios se dá em
função das partes arrazoadas no debate que precisam chegar a uma
compreensão, controversa ou não, a respeito do que suas ordens ou as
regras exigem e agir com base nesse entendimento.
3.3.2. “…se os princípios não podem ser submetidos a um teste, então ele deve
apresentar alguma outra razão por que eles não podem contar com
parte do direito.” (p. 58)
3.4.1. No sistema do common law, os tribunais podem revogar leis pelas suas
decisões judiciais. Se as cortes possuíssem de fato um poder
discricionário, as regras não seriam obrigatórias e não haveria um direito
positivo. Quais são os padrões que então devem existir para a
revogação ou alteração de uma regra estabelecida pelo legislador por
meio da decisão do juiz?
4.1. Há uma tendência natural de associação entre leis e regras, e assim, pensar o
direito como uma coleção ou sistema de regras. Duas conclusões são possíveis:
4.1.2. A segunda é: princípios não são regras. Quando se pensa que algo é
um padrão de direito, por ser o direito um sistema de regras, então esse
“algo” é uma regra. Essa é a teoria do “direito de nível superior”,
segundo a qual esses princípios são regras de uma lei acerca do direito.
5.1. “Se os princípios do tipo encontrado nos casos Riggs e Henningsen tiverem que
ser considerados como pertencentes à esfera do direito e, ainda assim,
quisermos preservar a noção de uma regra suprema para o direito, deveremos
ser capazes de formular algum teste que possa ser satisfeito por todos os
princípios que fazer parte do direito (e apenas por eles).” (p. 64) (grifo meu).
6. Para Hart, as regras de direito são válidas porque foram promulgadas pela autoridade
competente.
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Vide ponto 2.2.1.
DWORKIN, R. “Modelo de Regras I”. In: DWORKIN; BOEIRA, 2010, p. 50–72.
Lucas Taborda dos Santos Barbosa
6.1.1. Desse modo os princípios podem se modificar ao longo do tempo e
do contexto social no qual se encontram.
7.1. Não há um teste infalível para determinar essa transição. O que se faz é
argumentar com base em padrões que dizem respeito à responsabilidade
institucional, à interpretação das leis, à força persuasiva dos precedentes, à
relação entre as práticas morais vigentes e esses fatores.
7.1.1. Não é possível aglutinar todos esses fatores em uma única regra tal qual
a regra de reconhecimento de Hart. Se fosse, ela se referiria a “’alguma
característica ou características, cuja posse por parte de uma regra
sugerida é tomada como uma indicação afirmativa e conclusiva de que
se trata de uma regra…’” (p. 65).
7.3. “Desse modo, mesmo que os princípios encontrem apoio em atos oficiais de
instituições jurídicas, eles não têm uma conexão suficientemente simples ou
direta com esses atos que lhes permita enquadrar essa conexão em termos dos
critérios especificados por alguma regra suprema de reconhecimento.” (p. 66)
8. Quanto ao costume, Hart reconhece que eles podem estabelecer regras por meio da
regra de reconhecimento.
8.1. Hart não desenvolve critérios para o reconhecimento da vinculação legal dos
costumes pela regra de reconhecimento por três motivos:
8.1.1. O primeiro motivo é que esse critério não pode ser unicamente a
aceitação moral de obrigatoriedade da prática, pois não seria possível
distinguir regras jurídicas costumeiras de regras morais costumeiras.
9. Conclusão:
9.2. “Já decidimos que nesse caso devemos abandonar a segunda doutrina – a
doutrina do poder discricionário do judicial – ou esclarecê-la a ponto de torná-
la trivial.” (p. 70).
9.3. Quanto à teoria da obrigação jurídica, ela defende que uma obrigação jurídica
existe se e somente uma regra de direito estabelecida impõe tal obrigação.
Assim, não há obrigação jurídica enquanto o juiz não criar uma nova regra para
o caso.