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Ética das virtudes.

Jessé Israel Trindade Schmidt.

Introdução:
A ética das virtudes é uma das três principais abordagens da ética normativa, e como suas
outras duas teorias concorrentes (deontologismo e consequêncialismo) busca prescrever como
devemos agir e utiliza às virtudes como ponto de partida. Isso quer dizer que em meio a certos
dilemas que vivenciamos, as virtudes devem ser usadas como base para tomada de decisão, elas
devem ser a meta para o modo como pensamos, falamos e agimos.

O que diferencia as teorias éticas normativas é o princípio motivador adotado pelo agente, os
deontologistas utilizam regras morais para motivarem suas ações, os consequêncialistas agem
tendo como alvo as melhores consequências e os eticistas das virtudes utilizam a prática das
virtudes como justificativa para ação correta. No exemplo de praticar o bem ao próximo os
deontologistas buscam ter tal atitude porque isso pode ser encarado como uma regra moral, os
consequencialistas seguirão tal regra se isso gera as melhores consequências, o eticista da
virtude agirá deste modo porque a bondade é uma virtude e tal caráter moral deve ser adotado
se quisermos agir de maneira correta. Note que o que muda é aquilo que é adotado como
motivação principal, sendo possível encontrar os outros dois termos como complementares.

“Enquanto os consequencialistas definirão virtudes como traços que produzem boas consequências e


os deontologistas as definirão como traços possuídos por aqueles que cumprem seus deveres de
maneira confiável, os eticistas da virtude resistirão à tentativa de definir virtudes em termos de algum
outro conceito considerado mais fundamental. Em vez disso, virtudes e vícios serão fundamentais para
as teorias éticas da virtude e outras noções normativas serão fundamentadas nelas.” (SANTOS et al.,
2022, p.22)

O tema das virtudes é discutido desde a Grécia antiga, sendo centrais para entendermos o que é
uma vida boa. Sócrates, Platão, Aristoteles e outras grandes mentes deram sua contribuição ao
tema. Ao seguir a ética da virtude como base para se perseguir uma vida boa surgem algumas
questões:O que são virtudes? Qual a justificativa que a ética das virtudes estabelece para que
pratiquemos as mesmas? Existem níveis para a pratica virtuosa? E entre as virtudes tal nível
existe?

Conceitos gerais.
De uma forma introdutória, este presente trabalho tem como objetivo apresentar uma breve
introdução a ética das virtudes, uma passagem por auto de algumas de suas abordagens,
objeções e uma possível resolução a questão: se as virtudes podem ser consideradas suficientes
como princípios morais orientadores para ação ou se elas são melhor utilizadas como suporte
aos outros dois principais modelos da ética normativa.

Existem alguns conceitos gerais para compreendermos a ética da virtude em seus vários
aspectos, o primeiro é o conceito de areté (virtude), o que é possuir uma virtude e as
dificuldades para adotar tal disposição. O segundo conceito é o de phrónesis ou sabedoria
prática e seus aspectos e o terceiro é o conceito de eudaimonia em suas diversas traduções.

O que é uma virtude? Assim como outras noções da moralidade as virtudes não tem um
significado universal, existe uma margem de interpretação relacionado a cultura. Podemos dizer
que uma virtude é um traço de caráter excelente, como aponta Santos et al. (2022) é uma
disposição bem arraigada em seu possuidor para perceber, esperar, valorizar, sentir, desejar,
escolher, agir e reagir de certas maneiras características. A pratica de uma virtude demanda
uma mentalidade complexa por parte do agente, é necessário uma dedicação muito forte e
sincera perante algumas considerações que servem de razão para a ação.

Uma pessoa honesta não pode ser identificada simplesmente como alguém que, por
exemplo, pratica negociações honestas e não trapaceia. Se tais ações forem
realizadas apenas porque o agente pensa que a honestidade é a melhor política, ou
porque teme ser pego, em vez de reconhecer "Fazer o contrário seria desonesto"
como o motivo relevante, estas não são ações de uma pessoa honesta. (SANTOS et
al., 2022, p.23)

Santos et al (2022) aponta que para os eticistas da virtude a prática da virtude é uma questão de
grau, uma disposição que quando levada ao máximo gera um estado de virtude plena. No
entanto a maioria dos indivíduos são continentes e usam a força de vontade para lutar com seus
desejos e emoções e utilizar a razão para praticar a ação correta, e em boa parte lutam contra
desejos contrários.

Tal distinção faz parecer que o continente está em um nível qualitativo menor do que aquele
que possui virtude plena e isso vai contra a intuição de que é admirável aquele que pratica a
ação correta quando é muito difícil faze-lo. Ao admirar alguém que tem plena certeza de suas
motivações e não luta com desejos contrários, estamos admirando um ato correto que é feito
sem grandes dificuldades, de uma maneira quase que natural. E essa admiração parece ser
maior do que aquela dirigida a quem sofre de conflitos internos.

Dificuldades enfrentadas ao seguir o caminho virtuoso.

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Santos et al.(2022) apresentam duas formas de dificuldades que encontramos que nos afastam
da virtude plena. A primeira se refere as circunstâncias em que o agente se encontra e a segunda
se refere aos conflitos internos que o agente enfrenta. Para exemplificar imagine que uma
pessoa passa por dificuldades financeiras extremas, acha uma mala de dinheiro e opta por
devolver ao dono, tal ato é admirável? A tentação de ficar com algo que não é seu, enfrenta
(internamente) a vontade de praticar a virtude e ter a atitude correta. É admirável quando o
agente vence tal tentação e prática o que é correto?

O ato de devolver o dinheiro é um ato honesto, e a prática de tal virtude nesse contexto acaba
culminando em um certo nível de dano a integridade física do agente (risco de passar fome). O
agente busca uma integridade moral em vista da integridade física e é isso que torna tal ato
admirável.

O ato de vencer o conflito interno é mais admirável do que de se render a seus vícios, mas
apenas vencer seus vícios desse modo não basta, o agente deve enfrentar tais vicios de tal forma
que ele nem se apresente como desejo. Desse modo o agente se torna plenamente virtuoso, o
que é admirável por si só, nesse nível não existe conflito interno, o agente assimila as virtudes
ao compreender seu nível de relevância na ação correta e tal compreensão faz parte da
sabedoria prática.

Sendo um traço de caráter excelente a virtude”[…] refere-se a algo que torna seu possuidor
bom: uma pessoa virtuosa é uma pessoa moralmente boa, excelente ou admirável que age e
sente como deve.”(SANTOS et al., 2022, p.25) Mas existem diversos casos particulares em que
alguém desenvolve uma tendência viciosa ao praticar uma virtude, quando alguém é bondoso
até demais por exemplo.

Sabedoria prática:

O que ocorre é que as motivações de tais exemplos são fundamentadas em emoções e


inclinações e não em escolhas racionais. O fato é que para se praticar uma virtude de uma
maneira correta é necessária uma sabedoria prática, que é a capacidade de garantir que a boa
ação realizada seja conforme as boas intenções do agente e que assim se obtenha os resultados
esperados. Santos et al. (2022) caracteriza a sabedoria prática como a capacitação do seu
possuidor de não se enganar acerca daquilo que é benéfico em uma dada situação.

Não existe um consenso acerca de quais conhecimentos compõem a sabedoria prática, mas
alguns de seus aspectos se tornam recorrentes. O primeiro deles é que a sabedoria prática se
adquire com a experiência de vida. Tal sabedoria torna possível a alguém ser virtuoso, pois a
prática da virtude está intimamente relacionada com o correto discernimento das consequências
de possíveis ações e é isso que gera virtudes como a prudência por exemplo.

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“ Entre as características moralmente relevantes de uma situação podem estar as
prováveis consequências para as pessoas envolvidas, de uma determinada ação
[…]Faz parte da sabedoria prática ser sábio sobre os seres humanos e a vida
humana.” (SANTOS et al., 2022, p.27).

O segundo aspecto da sabedoria prática é a capacidade de reconhecer níveis de importância nas


características de alguma situação e se tais características são as únicas relevantes, esses
aspectos oferecem a possibilidade de ver aquilo que é realmente valioso e a partir disso chegar
a ação correta. A sabedoria prática se torna relevante nas outras duas abordagens normativas,
pelas suas características de conseguir a grosso modo projetar as possíveis consequências de
atos que o agente pode escolher realizar, e isso é indispensável ao decidir qual regra seguir e ao
escolher qual ação trará as melhores consequências.

Eudaimonia:

O conceito de eudaimonia pode ser interpretada como felicidade ou prosperidade Mas cada
interpretação tem seus problemas, a prosperidade tem grande capacidade classificatória
(podemos facilmente classificar se uma pessoa prospera ou não) mas animais e plantas também
prosperam e a eudaimonia é restrita apenas a seres racionais.A felicidade é muito mais
subjetiva e desse modo é mais fácil reconhecer o auto-engano ao crer que se é prospero do que
na crença falha de que se é feliz.

É muito fácil reconhecer que alguém se engana ao crer que têm uma vida próspera, assim como
é fácil se enganar que se tem uma vida eudaimōn e além disso existe a grande possibilidade de
se equivocar na definição da eudaimonia.

“Eudaimonia é, reconhecidamente, um conceito de felicidade moralizado ou


carregado de valores, algo como felicidade “verdadeira” ou “real” ou “o tipo de
felicidade que vale a pena buscar ou ter”.(SANTOS et al., 2022, p.28)

É um conceito que não existe um consenso definido, sua significação varia conforme a
perspectiva da vida humana adotada e tal desacordo não pode ser mediado por um padrão
externo. O conceito de eudaimonia esta presente na maioria das versões da ética das virtudes e
não é possível alcançar a eudaimonia sem a pratica de virtudes, pelo menos em um nível
parcial.

Além desse vínculo que é acordado por grande parte dos eticistas da virtude existem vínculos
adicionais que geram desacordo entre os eticistas. Santos et al. (2022) aponta que para
Aristóteles a virtude é necessária, mas não suficiente para a eudaimonia enquanto para outros
filósofos ela pode ser tanto necessária quanto suficiente.

Tipos de ética da virtude.

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Tais conceitos são amplamente aceitos nas mais variadas formas das éticas da virtude, mas a
maneira como esses e outros conceitos se relacionam faz com que existam variações nesse
modelo normativo, gerando assim abordagens diferentes. A título de curiosidade
contemporaneamente podem ser organizadas em: ética da virtude eudaimonista; ética da virtude
baseada em agentes e exemplarista; ética da virtude centrada no alvo; ética da virtude platônica.

Ética da virtude centrada no alvo:

A perspectiva centrada no alvo começa onde a maioria dos estudantes de ética se


encontram, ou seja, com a ideia de que generosidade, coragem, autodisciplina,
compaixão, e coisas do gênero recebem um sinal de aprovação. Em seguida,
examina o que essas características envolvem. (SANTOS et al., 2022, p.31-32)

Praticar uma virtude é algo com grande resposta de aprovação, sendo na maioria do tempo
considerada como uma disposição positiva. O que quer dizer que é preferível ter uma virtude do
que não ter, e se torna mais fácil atingir uma virtude ao entender os pormenores que
acompanham tal conceito.:

1) Campo: Aquilo para o que a virtude se refere, cada virtude tem seu campo único;
2) Base de reconhecimento moral: característica dentro do campo da virtude a qual ela
responde.
3) Modo de resposta: como cada virtude responde as bases de reconhecimento dentro do
seu campo;
4) Alvo: aquilo para o que se dirige a virtude.(p.32)

Utilizemos os exemplos de coragem e generosidade proposto por Santos et al. (2022). O campo
da coragem se refere aquilo que pode nos prejudicar, a base de reconhecimento moral de um
ato de coragem é aquele que responde de maneira ativa uma ameaça, o modo de sermos
corajosos é enfrentar a ameaça para defender um valor, tal resposta tem como alvo controlar o
medo e confrontar o perigo que a ameaça apresenta.

O campo da generosidade se refere a um ato de partilhar tempo, talento ou propriedade; em um


ato generoso o agente compreende o benefício que pode proporcionar a outros através de sua
agência (base); o eticista da virtude põe tal benefício em pratica e gerando um bem ao outro
(modo) com o objetivo de compartilhar o tempo, talento e propriedade de uma forma que
beneficie o outro.(p.32)

E no caso da justiça? Seria correto afirmar que a justiça é uma resposta a uma ação boa ou
ruim(campo); oferecer uma equivalência valorativa entre ação/resposta(base); estimar a
intensidade do resultado conforme a intensidade da ação (modo); retribuição correta de um ato
praticado(alvo).

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Seguindo a definição de Ulpiano para a justiça é a vontade constante e perpétua de dar a
cada um o que é seu. Tal definição aborda os pormenores como os exemplos anteriores.

Virtude: Campo: Modo de Base de Alvo:


resposta: reconhecimento
moral:
Coragem Aquilo que Defender um Responder a Controlar o
pode nos valor. ameaças (ao medo e responder
prejudicar. valor, status ou ao perigo que a
vínculos ameaça apresenta.
entre nós e outros
particulares) e ao
medo que tais
ameaças podem
causar.
Generosidade Partilha de Promover um Perceber o compartilhar o
tempo, talento e bem em beneficio que tempo, talento e
propriedade. beneficio ao podemos propriedade com o
outro. proporcionar aos
outro de forma
outros com nossas
ações. que o beneficie.
Justiça Retribuição de Perpetuar a Vontade de Dar a cada um o que
méritos. vontade de retribuir aquilo que
é seu
retribuição de cada um merece.
méritos
Uma virtude para a ética da virtude centrada no alvo “é uma disposição para responder a, ou
reconhecer, itens dentro de seu campo ou campos de uma forma excelente ou boa o suficiente”
(SANTOS et al.,, 2003, p. 19). Em uma situação particular dificilmente existe só uma virtude
ou possibilidade de agir de maneira excelente e por vezes podem haver “reivindicações
conflitantes”. Como no exemplo:

  “  A  determinação pode me levar a persistir na tentativa de completar uma tarefa


difícil, mesmo que isso requeira um propósito único. Mas o amor pela minha família
pode fazer um uso diferente do meu tempo e atenção.” (SANTOS et al., 2022, p. 32)

Isso se torna um problema devido a falta de recursos disponíveis, seguindo o exemplo: não
temos tempo ilimitado para completar a tarefa e dar atenção para a família. Como a ética das
virtudes centrada no alvo lida com tais conflitos?

Existem três maneiras diferentes de resolver tal dilema:

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Uma abordagem perfeccionista centrada no alvo estipularia: “Um ato é certo se e
somente se for globalmente virtuoso, e isso implica que é a, ou uma, melhor ação
possível nas circunstâncias” (p. 239240).(SANTOS et al, 2022, p.32)

A capacidade de estimar qual ato é mais globalmente virtuoso é adquirida com a sabedoria
prática, mas mesmo o agente possuindo tal capacidade não necessariamente o conflito de
limitação de recursos estaria resolvida. Nem sempre as possibilidades para ação estão em
níveis de qualidades diferentes, podendo haver casos em que duas ações sejam iguais e
isso significa que existe mais de uma possibilidade de ação correta. Em casos como esse,
como decidimos qual ação realizar? Existem níveis hierárquicos de preferência entre
virtudes?

Para o eticista da virtude centrada no alvo não existe preferencia entre praticar a atitude correta
A ou a atitude correta B, o agente estará agindo corretamente em ambas situações. Algumas
abordagens da ética da virtude consideram as demais virtudes como uma derivação da noção
geral de bem por exemplo, mas para o eticista da virtude centrada no alvo não existe nível de
preferência entre virtude, em vez de uma relação hierárquica o que parece existir é uma relação
coextensiva . Uma pessoa justa costuma ser alguém benevolente por exemplo.

Uma abordagem mais permissiva centrada no alvo não identificaria 'certo' com
'melhor', mas permitiria que uma ação contasse como certa, desde que “seja boa o
suficiente, mesmo que não seja a (ou uma) melhor ação” (p. 240). (SANTOS et al.,
2022, p. 32-33).

Qual o critério utilizado para estimar se uma ação é boa o suficiente? Um ato não precisa ser
globalmente virtuoso para se considerar correto, desde que grande parte de suas motivações
baseiem-se em virtudes. Tal perspectiva faz uma média e torna mais alcançável o requisito para
considerar uma ação correta, mas não define exatamente qual o requisito mínimo para isso.

Uma abordagem minimalista centrada no alvo nem mesmo exigiria que uma ação
fosse boa para ser correta. Em tal visão, “Um ato é certo se e somente se não for
totalmente vicioso” (p. 240).(SANTOS et al., 2022, p. 32-33).

À abordagem minimalista torna os requisitos para considerar a ação correta facilmente


alcançáveis, mas abre espaço para que se mantenha uma situação de vicios recorrentes sem que
o agente seja considerado virtuoso. Esse afrouxamento acaba por enfraquecer a teoria de forma
que existem tantas formas de agir corretamente que isso não demanda esforço. E é contra
intuitivo que uma vida virtuosa seja uma vida fácil de ser alcançada.

Objeções:

1. Aplicação.

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Argumenta-se que a e.v. não especifica claramente quais regras devemos seguir, mas isso não
se segue porque exista a regra específica de fazer aquilo que é virtuoso e não fazer aquilo que é
vicioso.

“embora nossa lista de termos de virtude geralmente reconhecidos seja


comparativamente curta, nossa lista de termos de vício é notável e,
convenientemente longa, excedendo em muito qualquer coisa que qualquer um que
pense em termos de regras deontológicas padrão já propôs. Muita orientação de
ação valiosa vem de evitar cursos de ação que seriam irresponsáveis, displicentes,
preguiçosos, irrefletidos, não cooperativos, severos, intolerantes, egoístas,
mercenários, indiscretos, sem tato, arrogantes, antipáticos, frios, descuidados, sem
iniciativa, rancoroso, brutal, perdulário, desleal e assim por diante.” (SANTOS et
al., 2022, p.36-37)

2. Adequação.

Santos et al. (2022, p.37) “a ética da virtude pode fornecer uma explicação adequada da ação
correta”?

A virtude é capaz de identificar a ação correta? Existindo casos em que tais conceitos se
apresentavam de maneira isolada: ações corretas de agentes não virtuosos e ações erradas de
agentes virtuosos, . Santos aponta que uma vida virtuosa é aquilo que desejamos ou devemos
desejar, sendo assim a virtude acaba não sendo nem necessária e nem suficiente para uma ação
virtuosa.

A ética da virtude não precisa explicar todos os conceitos normativos com a virtude, mas a
questão de agir corretamente está intimamente ligada a noção de teoria normativa que prescreve
como devemos agir moralmente. A ética da virtude centrada no alvo identifica a ação correta/
ato certo por três vieses:

O viés perfeccionista estipula que devemos praticar uma virtude em um nível global para que
uma ação seja considerada correta, mas isso demanda um nível de sabedoria prática quase
inalcançável e se considerarmos um respaldo devido a ignorância do agente a teoria se
enfraquece. Se adotarmos a visão permissiva não temos uma base firme para considerar o que é
correto e no caso da minimalista isso se torna tão facilmente praticável que a ação correta não
mantém seu peso original.

Conclusão:

A Ética da virtude centrada no alvo traz uma grande dificuldade prática, a vida virtuosa leva
muito tempo para ser construída e isso faz com que as virtudes se tornem parte do indivíduo de
uma maneira muito profunda. Isso é contrastante como o conceito de melhores consequências

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que intuitivamente parece ser mais impermanente, a carga moral envolvida ao utilizar as
melhores consequências parece menor, e isso faz com que a prática da virtude gere mais bem
estar.

A ética da virtude gera uma transformação extremamente grande no indivíduo, de modo que
gera um nível de estabilidade maior na vida do indivíduo e isso é positivo e deve ser um
princípio orientador para o agente.

Referência bibliográfica:

SANTOS, B. G. et al. Textos selecionados de filosofia das virtudes, Pelotas: UFPel, 2022.

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