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A relação entre responsabilidade social empresarial e ética está repleta de controvérsias. Um estudo
sobre essa relação identificou quatro posicionamentos diferentes:
O segundo posicionamento estabelece uma diferença entre responsabilidade social e ética, aquela
relacionada com as consequências das atividades da empresa e com as ações de seus empregados.
3. Não há conexão entre responsabilidade social e ética;
Esse posicionamento pode ser exemplificado pela proposta de Milton Friedman, para quem a
responsabilidade social da empresa é a maximização dos interesses dos acionistas, sendo assim para
ele a responsabilidade social da empresa é gerar lucros dentro da lei.
O quarto posicionamento nos diz que a responsabilidade social é constituída pelas expectativas
econômicas, legais, éticas e filantrópicas que são representada por uma pirâmide e pelos três
domínios que mostra que a responsabilidade social resulta da interação entre os domínios econômico,
legal e ético, representados por círculos
Além desses, há outro posicionamento que considera a responsabilidade social um conceito
fundamentalmente ético, pois responsabilidade é, essencialmente, um termo moral que implica
obrigação para com alguém ou com alguma coisa.
3.1 ÉTICA E MORAL
■ A metaética - estará preocupada, por exemplo, em examinar se os juízos morais são proposições
verdadeiras ou falsas, ou apenas prescrições que expressam atitudes particulares.
O sentido literal do adjetivo amoral é ausência de considerações de ordem moral. Trata-se de ação,
decisão ou julgamento que não envolve questões morais. Já o adjetivo imoral indica uma oposição às
normas morais, como votar em candidato a deputado sabidamente corrupto.
3.2 IMORAL E AMORAL
As palavras amoral e imoral precisam ser esclarecidas.
O sentido literal do adjetivo amoral é ausência Já o adjetivo imoral indica uma oposição às
de considerações de ordem moral. Trata-se de normas morais, como votar em candidato a
ação, decisão ou julgamento que não envolve deputado sabidamente corrupto.
questões morais.
A administração moral esforça-se para atender a elevados padrões de conduta moral, e seus
administradores procuram o lucro dentro da lei e dos preceitos morais.
3.3 MORAL E DIREITO
A moral e o direito tratam de normas de conduta
humana que regulam a vida social, e muita matéria
é regulada de modo exclusivo em cada um desses
domínios, como mostra o diagrama:
• No segmento (ii) estão as normas que atuam exclusivamente na esfera legal, sem
correspondência com as normas morais;
• Fazem parte do segmento (iii), normas que fazem parte da interseção entre essas duas esferas;
A principal semelhança entre a Moral e o Direito:
• Ambos são eficazes, pois sem isso não teriam como regular as relações sociais;
A vida social depende de ambas, é elas se complementam apesar de serem distintas. Como disse um
grande filósofo, a lei constitui o esqueleto da ordem social revestido pela carne e pelo sangue da
moralidade.
• Decorre do fato de que as normas legais são produzidas no âmbito do Estado, são
prerrogativas do Poder Público, enquanto as morais são produzidas informalmente no
âmbito da sociedade por meio das relações efetivas entre seus membros.
A obrigatoriedade da norma de Direito decorre da capacidade de coação exercida pelos aparelhos
estatais. As leis são obrigatórias gostando-se ou não,. Ao passo que a obrigatoriedade da norma
moral decorre da convicção de pessoas e grupos de que se trata da coisa certa a fazer, por isso se
diz que é interna, ou seja, para os indivíduos e grupos que a acatam ela passa a ser uma questão de
foro íntimo. Diferentemente do Direito, no qual os julgamentos ocorrem por meio do aparelho
especializado do Estado, os tribunais, no âmbito da moral, as decisões, ações e os seus resultados
são julgados por pessoas e grupos sociais segundo padrões ou normas morais aceitas por eles.
Estrutura básica do juízo moral e um exemplo:
A ética profissional codificada estabelece padrões de conduta desejáveis de modo prescritivo, o que
significa uma redução da liberdade dos profissionais ao adotar a prática que achar mais conveniente
segundo suas próprias normas morais. Redução, mas não eliminação, pois sempre haverá espaço
para a liberdade de ação que não colida com as disposições expressamente contempladas nos
códigos.
O Quadro 3.1 apresenta um conjunto de questões encontradas em
códigos de ética típicos.
3.4 RELATIVISMO MORAL
Diferentes povos criam diferentes normas de comportamento moral que se modificam ao longo do
tempo. Além disso, em dado momento, diferentes constituintes de uma sociedade elaboram normas e
padrões morais diferentes, pelo simples fato de que a sociedade não é homogênea.
O relativismo moral considera que as normas morais de todos os grupos sociais, por serem criadas
por esses grupos em dado momento e segundo as circunstâncias que lhes são específicas, são todas
válidas e corretas, não cabendo juízos de valor que as comparem, mesmo quando são contraditórias.
O relativismo ético não aceita a existência de normas ou padrões éticos universais que digam que
uma ação é boa ou má, certa ou errada. Uma coisa é reconhecer a existência de diferentes normas
morais criadas por diferentes grupos em decorrência de suas trajetórias históricas e outra é abster-se
de tomar uma posição em relação a elas. Uma coisa é respeitar os grupos sociais, outra é considerar
que todas as normas morais são igualmente corretas. Assim, contrariamente ao relativismo, normas
diferentes em conflito devem ser avaliadas criticamente e sempre que possível usando como bússola
os valores universalizáveis que representam conquistas da humanidade, como os direitos humanos.
3.5 ÉTICA EMPRESARIAL
A ética empresarial ou dos negócios é especificamente voltada para dar respostas aos
problemas de natureza moral no âmbito das empresas. Segundo Velasquez, a ética
empresarial é o estudo das normas morais e como estas se aplicam às empresas e aos que
trabalham para ela.
Como essa ética trata de assuntos muito variados, Velasquez classifica-os como
sistêmicos, empresariais e individuais.
• Os sistêmicos são relativos aos sistemas econômicos, políticos, jurídicos e outros
nos quais
• Os empresariais envolvem questões éticas a respeito de empresas específicas
• Os individuais são os relacionados às pessoas dentro da empresa, envolvendo
questões morais decorrentes de suas decisões e ações, bem como de seu caráter.
Os padrões morais aplicam-se a elas ou apenas aos indivíduos que nelas
atuam?
Velasquez mostra que há dois posicionamentos extremos.
• Um deles considera as empresas como moralmente responsáveis pelo que fazem e dizem,
podendo ser, portanto, consideradas morais ou imorais, a exemplo de pessoas físicas.
• Outro ponto de vista sustenta o contrário, ou seja, as empresas não são moralmente responsáveis
e não possuem obrigações morais.
Uma manifestação desse último ponto de vista encontra-se na assertiva de Milton Friedman,
para quem as empresas, sendo seres artificiais, apenas possuem responsabilidades legais.
Segundo Velasquez, descorda dos dois posicionamentos, para ele as empresas não são indivíduos
humanos e as categorias morais foram estabelecidas para tratar primordialmente com seres humanos
que sentem, raciocinam, deliberam e atuam com base em seus sentimentos e suas razões.
Como as atividades das empresas e suas consequências decorrem de decisões e ações de pessoas, são
estas os depositários primários das obrigações e responsabilidades morais. Porém, continua o autor,
também é perfeitamente válido afirmar que as empresas possuem obrigações morais e são
responsáveis moralmente pelos seus atos em sentido secundário. Isto é, as obrigações morais da
empresa com relação aos seus atos devem-se ao fato de que alguém em seu nome tem obrigações
morais com relação a esses atos
Velasquez chama a atenção para não deixar que a ficção da empresa obscureça o fato de que as
pessoas são os seus fundamentos e, por conseguinte, são as portadoras primárias de obrigações e
responsabilidades morais.
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS
MESTRADO EM CIÊNCIAS EMPRESARIAIS