Você está na página 1de 15

PACTUM DE NON PETENDO: A l'IHlMI ',';/\ Ili

NÃO PROCESSAR NO DIREITO BIV\\111 IIH 1

CovENANT NOT TO SUE: THE PROM!SE NOT TO FILE A IAW'i(JI! IN Uul\ li /'\N I \IV

ANIONIO 1)1) l',w,o ( AIIIVil


Livre-Docente pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado na Univers1dudr dr l',111, I (/',111l/1r'1111 1 ,1i//i111111C'),
lluulor em Direito Processual pela UERJ, em cooperação com a Universidade de Mw11q1ir, Alr111,1111 i ,1 [l11tlwir 1 Míl
1i111ilions-Universitiit]. Mestre em D ireito Público pela UERJ. Professor Visitante no� l/11Ivr1•,1d.idr, dr l',M,111 (IOl !,).
Ku-1 (2016 e 2017), Alemanha, e na Universidade Ritsumeikan, Quioto, Japão (2018), �rn im I rt'/1111•111 J l'c•kin g U11i­
vmity, China (2019). Professor Associado de Direito Processual Civil da Univcrsidurlr• do l •,l.rdo do 1110 rlc Jnnri1o
(UERJ). Procurador d.i lkpt'ihlÍl'ii (' ('X Jui1. rrclt'WI.
i1IIIOIIÍOl\llm1l([1)uc:rj,hr

Rcc •bicio cm: 25.01.2020


llprovmlo cm: 18.03.2020

A111 /\� 110 DIREITO: Processual; Civil; Constitucional

Ih ',l)MO: O artigo discute a promessa de não processar ABSTRACT: The article discusses lhe covenant nol to sue
, 11,111 pll,lular no direito brasileiro. Investigando suas in Brazilian Law. Examining its origins in the poctum de
, ,,,,_1,·11•, nu pactum de non petendo no direito romano, non petendo in Roman Law, the paper approaches lhe
, I,11,·11I.i·•';c o debate sobre seu objeto, natureza e debate on the object, nature and effecls of such liti­
,,.,,,. .., /\ltm disso, busca-se identificar a existência, gation agreement. The article also intends to idenlify
,,.. il111·1lo positivo e na prática , de promessas de não the existence in statutory provisions and in practice,
,.,,,, r·•.-,.ir no sistema jurídico nacional. of covenanls not to sue in the national legal system.

1'111 AVl111S-CHAVE: Promessa de não processar - Pro- KEYWORDS: Covenant not to sue - Pactum de non
11,• ·, 1 dr niio postular - Poctum de non petendo. petendo.

',11MA1110: 1. lntrodução. 2. Objeto do pactum de non petendo. Natureza processual ou material1 3. Pro-
1111•·,,,:.i de não processar como convenção od tempus. Inadmissibilidade do pactum in perpetuum ou
pur pr.riodo maior que o prazo de prescrição. 4. Efeitos. Limitação à cobrança judicial. Criação de um
1111pt 1 dirrn:nto processual temporário ou conclicionnclo. !:i. Forma, de implementação da promessa
d,• 11�0 processar. 6. O pactum de non pelendo no dirc:ito bra,ildrn. G. I. O acordo de não persecução
pt•11,1I, (i,?., IJrornesso de nDo proc�,•-,,lr n:I imp1nhid.1dc ;1rl111i11i•,11,1Iiv;1: ,1cordo de não persecução clvel.
1, 1 l'octum de 11011 t'XCl)u,•11,/0. 7. P1ornl",�il ti,· 1I,)r, 111 )•,I ul,H 1u1,·111111 r/,· 11011 p<'tcndo parcial. 7.1. Objeto:
"il111·i1.o <lt' alcqnr t•111 j1rlm. n.
�liiI.i•, (1,. d111•1I11 t",lI,1IIq1•11,, i I:,11•,1ilt 1·, 11<' q;1 1;1nti;1 autônorrn, 1• rlt · 11;10
, «111,'",I.IÇ;)U. A d;\11·,1rl,1 ·,(1/\.,· ,., ,,,,,,,,,,, ,,11111 W''i"' '" J'i"• ,. · l!,;I : ; l',,,11w•,•, ;1•, 11(- 11,\0 po•,l1rl,11 llpit ·;i•,
' ,. ' ' 1, "' ti " 1 .. .. 1 1 ... " -� t 1 ' � • 1 1' •
1U 1 J

1. INTRODUÇÃO DO DIREITO ROMANO À IMPORTÂNCIA E UTILID/\DI' MUAL DO )11 l.1l1l,il ll'l1dl11t'111tkd1ll'il',1H11l 1' 111,11111 111 l11111111 1 'I'" 1 1111 111 11 1 1 1111 li 1 11 111 //Ili
INSTITUTO l111111 i illd11dt·spron·ss11ttl•1JH'llllil1•q11, 11 111,11 111 , !111 11 111, , 1 1111 111 1, 11111 1 ,1, ,11
11 1 11111,1pmn·sso:scnntl11 1 · 11111·11111·111 , 1111 1il, 1 1, 1•,111 11 !' t i 111 'I"' 11 1i 11 /1 111, 11111 ,,,1111,1 11 ,,
A 1 promessa de não processar ou pactum de non petendo é um negócio jurídico pro­ 111 111,1•dl1rn·111orígidot•l1ll'lit11·1111 , 1,Hl ,1 11,1 11 1 ,111 1, 111 1 11 11 1 1l,1 111,1il, l111 111 1 1111111 1
cessual dos mais antigos ele que se tem conhecimento. Embora possa ser unilateral, é ,1 il11 l•,11·111a, podt·r:10 1h p,1111", 11q1111 1 ,1, 1 11, 1 q1 1, 11 1 1 iid 1 1 11111 111,, 1""1 ,111 11 11 111 ,ld,
comum que seja um acordo, portanto bilateral: os convenentes se comprometem, por um 1111 111,1hll•,x1vcl 1 ud,qi1a l1111•,•,11.1•1111 11 •,.1tl 11l1 1, 1 111 1111 1 111 ,11 1111, 1,1 11 1 !1 11"
prazo ou sob condição, a não ajuizar ações judiciais uns contra os outros. 2 �J,11• 1 ll'i/'il dl'SS'i1l()Villl('ill() 1 ()( 1Hl1g11 il1 111111 1 1111,tl,I, 'PI 1 11111 1 1111111tl1 1 li 1 ,
Existentes desde o direito romano,3 as promessas de não processar são conhecidas l 111 , 11,un que assumam ·sst· Jll'Oltl/'º111•,11111 11,1 1 11 111.1 ,1l' 11 1 11, 1 1 1 , ,111 il11, 111 ,111 I"'" 1 ili
no direito estrangeiro atual. Na Europa, são teorizadas e praticadas há muito tempo. 4 Na ,1 J1l11 i\km tl.c l'omenLar ·i auloc-01111Hi .... i 1, i 111· 111 •vt 1 111 11 1 111 111 1 111 1 11 111111 1, , 11 11 1 1, 111 ti,
França, são também chamadas ele "contratos ele não oposição".5 No common law, tam­ w 1'111 ln� prnct:ssuais típicos, o 'P · dis ·ipl i1Hlll 1ii 111l,1 d1t1l' 1 l.111•,1tl,1 /',' 1 ti tl1 111 1,11, 1,1
bém exister� previsões semelhantes. No direito norte-americano, há figura chamada de · 1,,, 1111, ,11'1 igos .190 e 200. A partir d s p ·1·111i:-.:-.iv111 11• , 1 lill l1 , 111l11 1 11 ,1 111 111,11', 1111 .,1• ,1 1 i
covenant notlo sue, também praticada na Inglaterra,6 que grosso modo corresponde à pro­ •JII• 1",f11 l'xprt:ssamente previsto em l 'i; l oclL'tl1, JH'l1t It:t 11 l.111v 1 d,u 1, , 1 11 1•,111 1 ,11 111ti 11 1
messa de não processar. 7 Na África do Sul, o pactum de non petendo também tem aceita­ , Iº, 111� do procedimento, antes u apó su1')il11H0 111n dol 111p1l11, p1 1 Vl,l 1111 1111 1il111 1 d
ção jurisprudencial. 8 w 1111' ,to processo judicial.
E esta modalidade de negócio jurídico tornou-se renovado objeto ele atenção de Ur·i•w çontexto, seria natural que, mais c 'UO ou 111al'i tnr d · 1 111111·11i,;1l1 1 d,1 111·11tlt·111iu
juristas brasileiros e estrangeiros em razão da ascensão dos acordos processuais em , 11 il111°,,,l. ao pactwn de non petendo tamb-m 11 l3rnsil. /\lgu111as das 1w·:1s vo7 'h 1H's•; ·
todo o mundo. , 111,1 11 111 s·iclo a ela professora Paula Costa e Silva, qu cs ·r ·vrn su\Jstanrlo so('JlSaio 11u
dr1.11wa que organizamos sobre negócios juridtc s proc uai·,'' '/\li t'Lc Trig , 1ue
1,dill11n1 um ensaio na Revista de Processo e posteriorm nLe sua cliss naçüo d 11.1. s­
10

li 1il11, d�•rcndicla com sucesso na Universidade elo Estado lo Rio deJan ir , Lalv za ú n i a
l.. Este artigo é resultado das atividades do Grupo de Pesquisa "Transformações nas Estruturas Funda­ 11Hn111gndb sobre o tema em língua portuguesa. 1L
mentais do Processo",liderado pelo autor e cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq
f l I t·111,1 tem enorme importância prática. A promessa ele não processar L ·m sido ' n -
([hup://clgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9OO9555729OO2O32]), um dos fundadores da ProcNet -
Rede lnlernacional de Pesquisa sobre justiça Civil e Processo contemporâneo" ([http://laprocon. 1,11 111•1111.:nlt: incluída em contratos porque significa um verdadeiro "armi L[ ·io" (com
ul'es.br/rede-de-pesquisa-O]). Durante a fase de elaboração do texto, disponibilizamos uma versão I• 1111\ ·ln informalmente se referido o professor Freclie Dicli.er Jr.), p rrniLin lo
manuscrita para debate na internet por meio do site: [www.academia.edu]. Todos os comentários l 111•,l, lrnnquilo ela execução elo contrato ou gerando tempo para r n g eia' �
l'orarn considerados na redação final, e agradecemos aos colegas que participaram das discussões. 11 , 11· 1, do negócio jurídico. Ressalte-se ainda que a promessa de nã pr e ·ssar m
2. BENlTO, Marco cle. J contratti processua!i. mimeografado, 2013, p. 4. Disponível em: [www.aca­ 1i1 il l l'dllliiliclade elo controle jurisdicional (art. 5 °, XXXV, ela ConsLiluiçr ) 1 < rq l igni-
demia.edu/3044681/l_contratti_processuali]. Acesso em: 22.01.2015. 11, ,11tn1,1autorrestrição voluntária, que os próprios titulares elo direit a a' s ·o, j lSLiça
3. CRIST OFARO, Giovanni ele. II pactum ele non petenelo nelle esperienze giuridiche tedesca e ita­ 1 l11q1l t:m, em nome de outros objetivos negociais.
liana. Rivfsta di Diritto Civile, n. Ill, 1996, p. 369 e ss.
1 verdade que, no mundo contemporâneo, as relações comerciais e ec l1 mi ·n · • i-
4. Por todos, WAGNER, Gerhard. Prozefivertrage: Privatautonomie im 'veifahrensrecht. Tübingen:
1 111 l'llnl'iança no cumprimento dos contratos e avenças, o que poderia, numa [ rim ·ira
Mohr Siebeck, 1998. p. 391 e ss.; MOUSSERON,Jean Marc MOUSSERON, Pierre; RAYNARD,
Jacques; SEUBE,Jean-Baptiste. Technique contractue!!e. 4. ed. Paris: Lefebvre, 2010. p. 654. q1111xl111ação, revelar certa resistência aos tipos convencionais que pud ss m J var,
5. PHILIPPON, Pascal. Le contrat ele non-opposition. Tese de doutorado, Universidade de Montpellier,
1996. passim. Nos contratos de seguro franceses, p. ex., são frequentes convenções pelas quais o
iJ SILVA, Paula Costa e. Pactwn ele 11011 petenelo: exclusão convencional do dir •ito d<' llÇI o,· ('x,·luH o
segurado (assureur) abdica de seu direito de agir contra o terceiro responsável. Cf. GRIGNON, Phi­
ronvencional ela pretensão material. ln: CABRAL, Antonio cio Passo; N :tJl(IH/\, 11l'd1011(•111 1
lippe. l'.obligation ele ne pas agir en justice. Mélanges Christian Mouly. Paris: Litec, 1998. t. 1, p. 119.
que Pedrosa (Coord.). Negócios processuais. 4. ecl. Salvaclor:JusPodivrn, 2.018,
6. EllennannLinesLtd. v. Reael (1928) 2 K.B., p. 144, 151 e ss. (C.A.).
111, TRlGO, Alberto Lucas Albuquerque da Costa. Pactum de non pelenclo parcl:tl. 1/1 v/1111 ri, / 1 111,, ,,,,,,
7. NEUMANN, Hans-Adolf. Vertraglicher Aussch!ufi der Klagbarheit eines pl'ivc1tl'echllichen Arispru­ 11110 43, v. 28O,jun. 2018,p. 19 ss.
chs im Deutschen und im Deutschen internationa/.en Recht. Ludwig-Maximilians-Universili\t,Tcse
11. TI\IGO, Alberto Lucas Albuquerque da Costa. Promess1.1s de 11élo /!li)( 1·w11 1' ti, 1111111"""1,/1 11 "
de doutorado, Munique, 1967. p. 59 ss.
/?llctum de 11011 petendo reinterpretado. Universidade do l:sLndo do 1\io de 111111·1111 , 111, ,1 11,11,1111 I,
8. Na doutrina,VANZYL,Gideon Brancl. TheLheo1yofLhcj11 li ic1/proêliceof 0111/1Aj1i c,.4. d.Cap Mestrado,2019 (há versão comercial intitulada Pro1ncssc1 rlc 11clo pmn·��,11 1 111/11 /'''',/ 1,/,11 , 1 /'' 1, 1""'
Town:Juta & Co.,2013. p. 15'f. dc11011 petendo reinterpretado. Salvador:JusPoclivm, I020).
111 VI' 1/1 Ili /'flílrJ 111l /( li'() • la f'IIC! Ür:

inexigibilidaue, total ou parcial, ele outras prestações. Não obstante, como nota Wagner, •·l,•il o 1n1nsl"or111ar a dívida em uma ohrlg:11,',\l 1 11 11 111,d.1· o..,11\v,11, 111 ',o111 1 , 111 1 11111101 1 1 1 ui,,
se a propositura ela ação é um ato de liberdade, a exclusão convencional elo exercício da ,dl1nwuqucopactumdenonpetencloscriau111:1·onvr 111,·1111•,1il11 1 11tl 111 11t• 11l1p11 111 11 1
pretensão em juízo deve ser admitida.12 E a utilidade do pacto de não processar, também v,1dt 1 . Nessalinha, ao verificar que as partes tinham e ·I ·brad1 1 1 1111 f 11111 i/1 111•11 I '' 1, 11, 1, • "1 111
ele fruto da autonomia privada e baseado na possibilidade de todo indivíduo ele dispor de ilt vni.i rejeitar a demanda no mérito, julgando-a im.1 nH't1 d\'1111· 1' l 11111 ,1 1 111,,1, , •1•11111
seus direitos, 13 reside também na "diminuição ela intensidade da coercibilidade do dever Nn111cr,cliziam queopactumde non petendorefletia umn n·11111111,1 1,1i\11 1 1111 11 11111 1 ti 1 ,1
de prestar", que pode contribuir para a criação de condições psicológicas, motivacionais,
1 111,,1nior111ente houvesse pagamento voluntário do antigo clvv1•il1 11, 1 li 1 1•11' 111 11 1111• 1 1 p 11
verdadeiros incentivos para o cumprimento da prestação pelo devedor. v,dnia ,1 uma cloação. 19 Ruscello defendia que o pactum imp1•1\i- 111 11 ti,1 1ti, , il111 1 11 ,11l1 11 1
Ademais, o pactum de non petendo pode atuar como forma ele gestão elo risco do ina­ p i 'llll'lll.O, e portanto seria uma promessa de não pedir a prt'Sl,u;:111, 11 11tl111 11111 , 1, 1 111o111 1 1 ,tl ,,,
dimplemento, pois, a depender elo conteúdo ela promessa, a ini "iativa o impulso ele agir l'ois bem, fossem essas teses corretas, o pactumde non pclc11clP 1 1 11,1 11, 11 1111 ,1 111,111 1 1 ,tl
na justiça - possíveis tanto para o credor como para o devedor - terão que ser estrategi­ Ili ' outro lado, se a promessa de não processar deixass 111101·:HIP 11i\1111 111 ,1 tlP,l 111 11 1v11,
camente avaliados em conjunto com outras formas nãojudi iais ele cobrança e exigência gi• r:111do impedimentos puramente processuais, estaríamos di.11111 d, 1111 1,11 111111 111 ,\1 1
do cumprimento clo·'contrato. 14 JII 1JCl'SSctal. Um ponto essencial do debate, por conseguinte, (' s:dH'I qt 1,tl 11 1 il111·11 1 tl.i1 1111
1u1·ssa ele não processar. 21
No seio dessa discussão sobre se o pactum ele non petenclo 11·111 111111 111 • ,1 1 11,11 1· 1 l,tl 11 11
2. ÜBJETO DO PACTUM DE NON PETENDO. NATUREZA PROCESSUAL OU MATERIAL? prnccssual, cabe indagar se o objeto ela promessa é o clir'ilo s11li11·1iv1 1, 111 111 ·11· 11•,.\11 1 \i­
dlrciro material, a pretensão de direito processual, o dir iLo d1: l\ ·110 0 11 :q w11 l'> 11 111 <"•\ li'
Uma indagação seminal é: a promessa de não processar é ou não uma convenção de ,·rlko instrumento (ou remédio) processual.
natureza processual? No direito romano, o instituto implicava efeitos no plano do direito /\ questão não é de simples resolução, e a confusão termin I gi ·a na do111 1 i1 n1 'lll'lll H'lil
material, adquirindo contornos de uma verdadeira causa de extinção da obrigação que se 111n auxilia a correta compreensão do fenõmeno. Tratar-se-ia d uni pc,c f U/11 ele 111,11 llllw 111do ,
operava por meio ele uma exceção processual (ope exceptionis) . 15 O pactumde non petendo dt urna renúncia ao direito de ação, renúncia à exigibilidade do cli r iLo ma1,·rial, 11111l l p ro ,
era um contrato, equivalente em seus efeitos à remissão da dívida. Porém, 11 1t·ssa de não exercício de um direito, afinal, qual o objeto dessa cli I sição ? 11 1: invl'SI igar
il n·sposta a respeito do objeto pode auxiliar a conclusão sobre sua natur zn do insLiLULO.
"do pacto não resul tav a o surgimento de uma obligatiopara o cred or nem uma extinção Veja-se que o tema se relaciona com conceitos básicos da te úa l pr 'SS ) (a G '. p re-
ela relação creclitória; o devedor não p odia fazer valer qualquer pretensão com fonte
i v nsão, acionabilidade) ,23 e ela teoria dos negócios jur�dicos (tangenda s br Lud 1 1Los
no pacto p or mei o de uma actio, mas p oderia op or, na acção prop osta pelo cred or, em 24
, \1ls negócios jurídicos que atingem a exigibilidade do direito) . A fim e ao nbo, d bate ·
incumprimen to d o ac ordado, a exceptio pacti". 16

Já no século XIX, Josef Kohler - um dosfoundingfathers do tema das convenções pro­ 17. KOHLER, Josef. Ueber pr ocessrechtliche Vertrage une! Creati onen. Gesamm.elle 13eilriig• z11.1n
cessuais - sustentou a natureza material da promessa de não processar, pois esta teria como Civilprozess. Berlin: Carl Heymanns, 1894. p. 151.
8
1 . SATTA, Salvat ore. Contributo alla dottrina del!'arbitrato. Milan o: Vita e Pensier o, 1931. p. 51-52.
l lJ. NEUNER, Robert. Privatrecht und Prozeflrecht. Mannheim: Bensheimer, 1925. p. 108-109.
2.0. RUSCELLO, Francesc o. 'Pactum de n on petendo' e vicenda modificativa del rapp orto obbligato­
12. WAGNER, Gerhard. Prozefivertriige ci t., p. 440.
ri o. Rivista di Diritto Civile, an o XXll, n. 2, 1976, p. 199-200.
13. SOEHRING, Kay. Die Nachfolge in Rechtslagen aus Prozessvertriigen. Berlin: Carl Heymanns,
21.. S obre o tema, WAGNER, Gerharcl. Prozefivertriige cit., p. 394 ss.
1968. p. 42-48.
22. O pr oblema da imprecisão terminológica já foi ap 111.aclo na li1 rnturn iwlianl\. ,t n(iru-s', por
14. SILVA, Paula C osta e. Pactum de non petendo: exclusão c onvenci onal d o direit o de ação e exclusão t od os, DE CRISTOFARO, Gi ovanni. 11 pactum d.e non pc1e11do ncll 'rsp rknz' gluridldw tl'd('RCl1
c onvenci onal da pretensão material cit., p. 467. e italiana cit., p. 368.
15. Já n o séc. XX, mas defendendo p osição similar, SCHIEDERMAIR, Gerhard. Vereinbanmgen im 23. Wagner c ol oca o tema no c ontext o mais amplo el os acor IClS p,·on·sstt,d•, :,11li1t' 1111�,\11, lJIII 11•111111 1
Zivilprozess. B onn: L. Róhrscheid, 1935. p. 94, 181-182.
c omo objet o a "aci onabilidade" (I<lagbarlzeit), e p ort.:into tcrinrn 11:1 11111•z11 p1 \H'l"•'••lltl W/11, N1 1 ,
16. SILVA, Paula C osta e. Pactum de non petendo: exclusão c onvenci onal d o direit o ele ação e exclu­ Gerhard. Prozefivertriige cit., p. 408-413, 437-438. N:1o ohstn11t1·, n11lli1111111p,11 111111 d,· 11, 1111 1111 11,ln
são c onvenci onal da pretensão material cit., p. 459. A c onclusão é praticamente a mesma ele DE uma natureza híbrida, c om efeit os materiais, o qu , C()llHI .,,, v1•1·11, 11,111 1 1111•, ot 1 111•.11.,111
C RISTO FARO, Gi ovanni. li pactum de non peten.do nelle esperienze gitlricliche tedesca e italiana 24. SILVA, Paula Costa e. Pactwn denon petenclo: exclus, o t'tH1v1·111·1 1111,d d11 d111•l111 ili ,lt ,11 1 , , 1 111 11 1
cit., p. 370. convencional da pretensão material cit., p. 458.
CABRAL, Antonio do Pnsso.
' ,,
1)-, ,:_ .._
l'octwn rir
.
non p�tt•nc/o: , 111 ornt'� o d, 11, o 11rnr1•.sor M �.,�,,� "···"·'-·
remete às eternas discussões sobre as relações entre direito material e direito processual, , 1, 111111 inw.1111 podendo exercer sl'LlS di n•il 11� ( L' t•xigi -los) l'orn do !)t'lll'('i,•,11, 11111 1 ,111
que sofrem um intenso rearranjo em razão ela evolução da negociação sobre o processo. 25 , 1 li· 0111ras l'ormas ele cobrança e prcssan pill".I o pagarncnLo_ll
Schlosser, p. ex., sustenta que não haveria diferença prática entre a mera exclusão da ação l 1 11ilm:111os que existem vários meios que o sistema jurídico at.ri.'I ui i\llt., 1i11tli111·, ili·
em juízo e uma obrigação natural, apenas uma escalada de atos de clisposição. 26 1 11, ,1111•110 para pretenderem impor sua implementação. Essas ma11 iras til' l111pl1 111111
No meu modo de enxergar o fenõmeno, deve-se afirmar a natureza processual elo pac­ 11111,1 biluação ele vantagem ganham forma, em concreto, pela aLuaç..\o tli,.., 11111·1 1·, ,1
tum de non petendo. 27 Trata-se de um acordo cujo objeto relaci na-se com a exigibi liclade 1 ll'i in Leressados podem fazê-lo judicial ou extrajudicialmente. Mas :t p1111·11 ,;\11
do direito, portanto com a pretensão. De fato, não se pocl 011 fundir a existência de uma , 111 1 I 1111:\0 muda, nem diminui sua abrangência, dependendo ela f rrna u1ili· 11d,1 p,1111
situação jurídica com seu exercício. Porém, há diversa f rma cl exercer uma situação 1111pl1 111 •n1nr o interesse.33 Por isso, o fato de o interessado se utilizar d 111l'io, j11tll1 1,11•,
jurídica de vantagem, e também de exigi-la. E, a a ion, biliclad ajuizamento de 1 ! 1 11· 11. i udiciais para fazer valer a pretensão é um dado que não toca d il'l'I lll 1111111•11.tl
pretensões perante órgão jurisclicional (Jucliciári u arbiLral), a pr messa de não pro- ,i 1 1 1 ll'l' 1 e nsão material.34
cessar se limita à pretensão processual. 28 Por meio l pa I um d, non pelendo, os acordan-
tes comprometem-se a não exigir em sede jurisdicional un,pri m nlo elo contrato (seja
no juízo estatal ou arbitral). 29 A promessa de não pr ar n, o interfere em nada no \, PROMESSA DE NÃO PROCESSAR COMO CONVENÇÃO AD TEMPUS.
direito material, não tem efeitos de remissão de clivicla, rn lrnpa L, a pretensão mate­
30
INADMISSIBILIDADE DO PACTUM IN PERPETUUM OU POR PERÍODO MAIOR QUE
rial (art. 189 do CC), portanto tampouco pode ser assem lhada à brigação naturaL31 As
PRAZO DE PRESCRIÇÃO

1 (n tendo ainda que, justamente por seu caráter processual, a pr messa l' nüo
25. CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. 2. ed. Salvador:JusPodivrn,2018. p. 242-243.
111,1n·ssar não pode escamotear uma renúncia ao direito material. Por is , pc1c­
26. SCHLOSSER, Peter. Einverstandliches Parteihancleln im Zivilprozefi. Tübingen: Mohr Siebeck,
l 11n1 r/c 11011 petendo tem que ser limitado temporalmente (é um acordo acl ten1 pus),,,,
1968. p. 67.
11,lo podendo ser convencionado por período que extrapole o prazo pr scri i. on al
27. No sentido de não ter efeitos no direito material, GRIGNON,Philippe.1'.obligation de ne pas agir
,,11 tlccaclencial, 36 o que equivaleria a produzir uma obrigação natural. Tampou ·o
enjuslice ciL,p. 124,128-129.
28. BAUMGARTEL, Gottfried. Die Unverwirkbarkeit der Klagebefugnis. Zeitschrift für Zivi!proze,
ano 75,11. 6,dez., 1962, p. 391,394.
sua vontade,judicial ou extrajudicialmente. Mas aqt,i,a impossibilidade de Íazer valer a p�·e•
29. Neste sentido, ANGIONI, Enrica. Negozio giuridico processuale e categoria generale dei contralto _
tensão é uma consequência de um problema que está no plano cio direito material. RElCJ. ll:L,
nell; scienza giuridica europea. Universidade de Cagliari,Tese de doutorado, 2015. p. 102-103. 1-lans. Unklagbare Ansprüche.Jheringsjahrbücherfür clie Dogmalih eles btirgerlic/1en Reclits, v.
30. A distinção entre remissão e o pactum de non petendo que havia acabado no direito romano, foi 59, 1911, p 425 ss.
retomada na pandectística alemã ao interpretar o Erlass ou Erlassvertrag, conhecido na Suíça \2. 1 nclusive formas de autotutela ou autoexecutoriedade elas pTestações. Gerharcl Wagner, [alando
como Entsagung. Alguns autores distinguiam efeitos materiais e processuais da remissão: haveria sobre os acordos processuais que dispõem sobre a ação,chama atenção para o ponto. Cf. WAGNER,
um efeito orientado à extinção da obrigação,e outros que preservariam o crédito,mas obrigariam Gerhard. Prozefiverlri.ige cit.,p. 398-399. Claro que tudo vai depender ela redação do acordo, a fim
o credor a não exercê-lo em juízo. Sobre o tema, negando a equivalência do pactum de 11011 petendo ele que se possa corretamente interpretar o objeto da disposição. As partes podem convencionar a
com a remissão, RUSCELLO, Francesco. 'Pactum ele 11011 petendo' e 'vicencla moclificativa dei
exclusão de qualquer meio de efetivação da pretensão,incluindo os meios extrajudiciais, e aí de fato
rapporto obbligatorio cit.,p. 203,208. À luz do direito brasileiro,a remissão,ele fato,pode ser dife­ o pactwn de 11011 petendo configuraria uma disposição sobre a pretensão material. Mas se a exclusão
renciada do pactum de non petendo em diversos aspectos. Como extingue a obrigação, a remissão abrange, como sói acontecer,apenas a via judicial,os efeitos são puramente processuais, mc1clentes
termina também as garantias acessórias (a promessa ele não processar não interfere nas garantias sobre a pretensão de direito processual. Correto,NEUMANN, Hans-Adolf Vertraglicher Ausschlufs
acessórias,tenham ou não sido prestadas por terceiro). Além disso, se houver pagamento espon­ ;
der Klagbarheit... cit., p. 47-49.
tâneo após a remissão, a hipótese é de repetição de indébito; se o devedor paga após celebrar um
pactum de non petendo, .ª obrigação era devida, e portanlo n; o hà "indébito" e nada deve ser res­ J3. NEUMANN, Hans-Aclolf. Vertrag!icher Ausschhtjs der 1<lagbc11'i1eit... cit., p. 2-3, 29. Sobre o tema,
tituído. Por fim, em havendo solidariedade, firmado pac:l.11111 i/c 11011 peler1clo com apenas um dos veja-se ainda REICHEL,Hans. Unklagbare Ansprüchc ciL., 1911, p. 409-'f l.6.
devedores solidários,o credor pode cobrar a dívida intcgr:d mcn L' dos demais (a promessa de não 34. NEUMANN, Hans-Adolf. Vertraglicher Ausscli/.1.1fi der l(/c1gbarheil.... cit., p. 3-4.
processar só o impedia de mover a cobrança judicial ·111 l'ac1·do convcncn Le). 35. BENITO, Marco de. l contratti processual[ cit., p. 4; SCI-ILOSSEl, PeL r . /..:i11versltl11dllchcs
31. Na Alemanha, Hans Reichel diferencia as "preLcns1k:; 1Hlo 1tl'lo111 v�is" elas obrigações naturais. Parteihandeln im Zivilprozefi cit., p. 68-69.
Estas,para ele, são incoercíveis,e portanto scrilllll "11,lo• pr,·1l'l1S\ cs" (N ichtansprüche). Falta­ 36. Assim já havíamos nos manifestado em CABRAi .,/\111n11in do l'asso. Co11vc11ç()c.1 /illH l'\\111111111 ,
-lhes algo no plano do direito material, não a l\l'io1111hilltl11d 1·. N11 dbrigação natural, o sistema p. 387. Não concordo que os efeitos cio pactu,n de 11n11 pt'lc11rlo a 1nrno s r· l:1111 id 1111111•, 111p11 li
atribui um contradireito ao devedor, de modo q111· .i 111·1•11·11s:lo mio pode ser exercida contra da dilação do termo adquem para o devedor pr1·slt1I' (;1.\11111.l,111,t: do dirci111 ;i\1·111 \11) 1 1>11! 11 ,1 1 ,1
aclmissfvel a promessa de nilo processar eterna (pactum in per/JCluu1n)_H Não nego .,1 pdg,1111ento domérito;"ie indel'erirn i1ii1 l.d p(liljlll' vl1il11d1 lli111.11111111 111 111 111p1, 1 1
a possibilidade ele que as partes perdoem a dívida (remissão, art. 385 do CC) ou ,1111 1 11·1·111 negocialmente um pressuposto pro<'L'Ssu1d 11,"glll lv11, 11
negociem sobre a prescrição ou sobre a decadência, podendo renunciar a elas, o que ',11111J ,1trn ângulo, dentre as classiFicaçücs das co11v1·11 'tH", p 1 111 1 11,11 , ,1 11111 1 111 , 1
é autorizado pelos artigos 191, 192, 202, VI, 211, todos do Código Civil. Porém, 1 llll[ll'occssar corresponde a urna convenção pr ·•ssut1ldv11i1111 11 ,11d11l)\•1111111il 1
devem fazê-lo na forma e com os requisitos e pressupostos para uma disposição a res­ • 11 il l 'I lhcram sobre suas prerrogativas de agir em jll fzo, 011 �1 1,11 11 ,li ,1 ,1 ili 11111 ,11 , 1 il11
peito do direito material, como p. ex., a disponibilidade elos direitos materiais sub­ J,11 11111ll situação jurídica. 42 Mais especificarnent , a JHOI\H'','•11 il 11,1,1 11 1 11, 1 ,,.,111•1 1 ,1
jacentes. Admitir que tais efeitos sejam produzidos por meio de um pactum de 11011 ,i11 1 il11 lguçüo de não agir, isto é, urna prestação ele 11clofc1zc1 <·1 11 1•.1• 11•1111 1 111 ,il1• tl ,1
pete11do perpétuo pode a meu juízo incentivar o uso abusivo ela promessa ele não pro­ 1 q11l.'tll' urna demanda judicial. Abrange também a pr ihi ·llo d1• 11 1 1111vl1 1 111111 11111l i11
cessar corno forma de esconder urna disposição sobr a pr tensão de direito material ,11<11 , 1· 1 lnt raposto ou exigir algum contradireito correlat ( • /lClt 111111 p1(IIIH 1, ili 111,1111 Lt
ou acerca elo próprio direito subjetivo. , 11 11o 1da também em defesa, portanto).
l'111d11z-sc, portanto, um impedimento processual 1 qu , 01110 vllno., '•l'II\ /1111/IPII/
.)
1 1 t l l l cmanto, a promessa ele não processar, a depender cl 'Ll J1ll'lldo1 prnk )\l'I ili'
4. EFEITOS. LIMITAÇÃO À COBRANÇA JUDICIAL. CRIAÇÃO DE UM IMPEDIMENTO 1 •11tl11 111 um impedimento processual condicionaclo (como na onv ·nt,'( l'S (jlll' oll 1 1
PROCESSUAL TEMPORÁRIO OU CONDICIONADO 1 1 1111 ut·ilização de meios alternativos/adequados de solução d ntrov�r·ia u111cs do
1111 1llllL'nto ela ação no Judiciário, corno nos casos das "cláusulas ele paz" u cláusulas
Da natureza processual do pactum de 11011. petendo, e ela conclusão que seu objeto se 1 1 dn11adas", ou ainda exigências de que se expeça notificação extrajudicial antes tio
limita à pretensão processual, somos levados a outro ponto importante: os efeitos da pro­ q1i! 11111cnto).'14 Nesses casos, o que se verifica é urna condição negocial ao exercício la
messa de não processar. Se não tem efeitos no plano do direito material ou sobre a preten­ 11 !11: 11.1s cláusulas mais cornurnente estabelecidas na prática, o convenente prom te
são de direito material, vê-se que o efeito precípuo do pactum de non petendo é gerar para 1tlJ111c1cr-se a um procedimento prévio de autocornposição (p. ex., mediação) antes le
o promitente uma obrigação ele não agir perante o Judiciário. Vale dizer, nada impede que iJ1d ar a ação em juízo.
os convenentes promovam cobranças extrajudiciais.38 As partes podem, p. ex., promover l l 111a observação digna de nota é que, por ser uma convenção processual elo grup
a inserção elo nome do devedor em cadastros de inadirnplentes (art. 782, § 3º , do CPC), 1I1 11111cIas denominadas "obrigacionais", não há conhecimento de ofício pelo juiz.'1 A vio-
-mesmo que exista promessa de não ajuizar a ação de cobrança; podem ainda protestar a
sentença (art. 517 do CPC) mesmo que tenham prometido não executar.39
Na óptica do juiz, ao controlar a admissibilidade da demanda ajuizada contraria­
mente à disposição do pactum de non petendo, deve o magistrado proferir urna decisão
•ltl. REICHEL, Hans. Unklagbare Ansprüche. Jherings]ahrbúcher fiir clie Dogmatih eles bii.rgerl.ic11e11
1/cchts, vol.60, 1912, p. 75 ss.
discussão em DE CRISTO FARO, Giovanni. li pactum de non petendo nelle esperienze giuridiche •I 1. Ressalte-se que a negociabilidade sobre o processo permite a criação convencional ele obstáculos ao
tedesca e italiana cit., p. 376; WAGNER, Gerhard. Prozeflvertrage cit., p. 396-397, 416-419. exercício ela ação. Para o direito português, em lição plenamente aplicável ao Brasil, Paula Costa e
Lembro que, pelo pactum de 11011 petendo, o convenente promete não cobrar a pretensão em Silva argumenta que a previsão legal de pressupostos processuais eleve ser compreendida apenas como
juízo, reservando-se meios extrajudiciais de cobrança. Assim, não co�responde a uma purga de enumeraliva, podendo ser ampliada por negócio jurídico. SILVA,Paula Costa e. Pactwn de 11011 petendo:
mora, novação ou extensão de prazo para prestar, que fariam com que se alterassem aspectos ex lusão convencional do direito de ação e exclusão convencional da pretensão material cit., p. 468.
materiais da obrigação. •1·2. Corr LO, '11 ponto, WAGNER, Gerhard. Prozefivertrage cit., p. 438-439. •
37. Neste ponto, discordo de TRIGO,Alberto Lucas Albuquerque da Costa. Promessas de 11ao proces­ •l· l. Rl N N, l"h llippe. l.'.obligation de ne pas agir en justice cit., p. 128-129.
sar e de naopostular: opactumde nonpetendo reinterpretado cit., p. 72-85. De fato,em certos países,
•H. S br as t·I Lfütlas ·s ai nadas, KERN, Christoph A. Multinational Rules anel Systerns ofDispULe
permite-se não apenas que se prometa não ajuizar durante certo tempo ou até a ocorrência de um
Res lullon ln nn l:rn r lobal Economy. Challenges for Civil justice as We Move Beyo11d Globcili­
determinado evento (condicionado), mas também a promessa de não ajuizar a ação jamais. É o
zot/011 c111cl '/n /1n/1 rtl ,/1w1ge-XVI IAPL Co11g1·ess on Procedural Law, Kobe,Japão, 2019. p. 81-82.
que acontece na África do Sul. Confira-se o precedente Roux v. Execut.ors of Roos, do ano de 1847,
Sobr ns çlllt1•1 \tl11•, 1k p:1z 1 xisle muita bibliografia no direito francês. Por todos, CAD'IET, l .01 ·.
que parece ser o leadíng case naquele país.
Les c nv •mio,1•1 11·h11lv •s mt l roces en droit [rançais sur la contractualisation du r gl 111 ·111 tll's
38. BAUMGÁRTEL, Gottfried. Die Unverwirkbarkeit der 1.<lflgchdugnis cit., p. 387. litig s. 1 cv/\/(1 d, / 111111 1· 101 vol. 160, 2008, versão clctrOnica, item 8. No Brasil, TRIC , /\llw1 1 u
39. A obrigação contratual de não cobrar judicialmente uni dlrcllo 11ctn <fhriga ao não exercício de fato Lu ns AI lrnq111·1q Ili' d11 ( 11, 1 11. l'10111esscis de não prnccssw· e de ncio post:ular: o pactu111 ele 11011p1·/111r/u
do direito. HENCKEL, Wolfram. Prozessrecht 1111d illCllt'l"/í'lll'S liulii.. Góttingen: Otto Schwartz, rei1n·rp11•1,11l11111 11 1()\ ..,,
1970. p. 61 ss. 'f5. Allll/\l ,/\1111111i11,l11i'1 ,11 1 //ll\ll'll('tlcsproccss1111isl'li.,p. N-82,275-28'1.
CABRAL, Antonio do Passo. Pactum de non oetendo: a DrOIIII",'"' d,· 11.1,1 '"' ,r,•«oc nn cli,oitn h,,,;,.;,n
2G li1 v1•,1A Ili P1u)rt 1,•,o :.>020 • N1 PncJ :.JO!J /

lação à veclaç, o rnnv •nr,;ional da aclonabili.clade gera uma excrçdP /l/11< 1·,.,11,tl, e só pode M,Ih pol '111 ica seria a possibilidade ele uLi I izt11· rn1I111 p1111·1••,•,1,1 11 ° ,1,1111 1il11 , I" , li1 1
ser conhecida por provornçilo do interessado (exceptio pacti convenli) .'1" , 11 111,• p,1rn i rnpor o cumprimento ela promessa ele rn\o pro1·1•...1,, 11. l•,•o11p111, 1111 11 ,i,I 1, 1,111,d
Seria, ademais, equivocado pensar que há interesses públicos subjacentes, que leva­ 111 1111• •a- pensava que o pactum de non petendo geruvu pur:1111·1111v1 111 1111 11111,1, ,111 11 ili, 1,,
riam à cognoscibiliclade ele ofício elo acordo . Se, por um lado, o Estado deve garantir 1, 11,\11 lazn,cacontraparteseria titularcle uma pr Lcns,\o pa1.11 . IF1, 111111,1 ,,1 1111111.1,11111
meios para satisfação elos direitos (e elas pretensões), esses meios não precisam ser neces­ 1 ,1 (IJ11/crlc1ssu11gsa11spruch), considerada insusc p1rvel clv I x1·1111 1, 11 1 •,111 , 1111 ,1 N.111
sariamente judiciais. A utilização ele meios judiciais ou extrajudiciais (ou ambos) para p,111, 11d11 cohraraprestação in natura, restaria ao ben fl -i,\rio :11 ('11n•, 11111.1 ,1 ,111111111 111 .1
efetivar sua pretensão é algo que se coloca no âmbito ele disposição elo indivíduo, que 1, 11 lii 1•111 caso ele descumprimento.
pode autolimitar suas prerrogativas ele implemenraçã .'17 t IJ:1, 1.11 concepção retirava qualquer utilidade prálica d J?GICllllll de 1/011 /11'/l'lld!I, 1· 1111t1
Muitos problemas da utilização das promessas ele não pr ce ar na prática poderiam , 1 11,1d1111a com o direito contemporâneo, que tem clara pref r n 'ia 1wla 111111111· ,111 dllrn,
ser levantados, e os efeitos que daí possam extrair tên:1 granel r lcvância no tráfego das I" 1, l,•11doo juiz determinar as providências que assegurem a obLençw tlaquell' n•�11i111d11 p, tí·
relações contratuais. Um deles é o cus,to do processo ini iado 0111 infringência ao pac­ 111 11 11;\('I uado (art. 497 do CPC). Por isso, não é elese excluir a possibi liclad • cll' q11l' oi111t·1\'S•
tuado entre os convenentes: parece óbvio que aquele qu ti.ver se comprometido a não 11 11, •,e valha ele ações de natureza inibitória (art. 497, parágrafo únic , d 1 ) parn evi tnr
discutir judicialmente eleva ser chamado a suportar os ônus financeiros da litigância ins­ 111, Vi' nl ivamente o ajuizamento elapretensão, algo similar às anti-su'Í.t inju.n.cli n ( nh ·idas
taurada com violação ao pactum de non petendo, inclusive os honorários ele advogado fixa­ 11 1 .11 l1l1ragem) para evitar a propositura da demanda perante o juízo estatal.
dos juclicialmente.48-49

l , Ü PACTUM DE NON PETENOO NO DIREITO BRASILEIRO


5. FORMAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROMESSA DE NÃO PROCESSAR
1, /, O acordo de não persecução penal
Outro ponto que merece reflexão são as formas ele implementação do pactum de non ( :omose sabe, o autori.zativo legal ela celebração ele acordos ele colaboração premiada,
pele11do. Tratei elas variadas maneiras para dar cumprimento aos negócios jurídicos pro­ 11 1 1 lnl'lnaela Lei 12.850/2013, instituiu uma nova era no sistema jurídico brasileiro, vol-
cessuais em trabalho mais amplo, não havendo espaço, em um estudo ele menores pro­ 1,1du para um processo penal consensual e negociado. A colaboração premiada é um
porç( 'S, p ara reLomar toda a discussão. 50 llt'/'o , rio jurídico - para alguns um verdadeiro contrato - que permite que os envol­
51 52

11usla registrar aqui que é possível que o juiz dê cumprimento ao pactum de non petendo \ 1, IP� negociem diversos aspectos do direito material penal e elo procedimento criminal
..,1111pksrn·n1c pronunciando a inadmissibilidade da demanda, i.e., rejeitando-a liminar- 11 1 tu I e ru turo.53
111(' 111 t' ( l.ern brnndo-se que, como não pode conhecer ele ofício, a rejeição liminar depende l'or isso, não é correto afirmar que a colaboração premiada tem natureza ele negócio
dl' ukgaç·,lo do adversário). 111.1 ld ico processual, como se tem constantemente referido na doutrina elo processo penal.

1 I. MENDONÇA, Andrey Borges de. Os benefícios possíveis na colaboração premiada: entre a lega­
46. Sobre o debate a respeito da cognoscibilidade de ofício da promessa d; não processar, confira-se lidade e a autonomia ela vontade. ln: MOURA, Maria Thcreza de Assis; BOTTINI, Pierpaolo Cruz
NEUMANN, Hans-Adolf. Vertraglicher Ausschlufi der Klagbarheit... cit., p. 17 ss, 44-46, 49. (Coord.) Colaboração premiada. São Paulo: Ecl. RI, 20 .18. p. 53-54.

4 7. Correto NEUMANN, Hans-Adolf. Vertraglicher Ausschlufi der Klagbarheit. cit., p. 29-31, 37. ';.!.. DlDlERJR., Freclie; BOMFIM, Daniela. Colaboração premiada (Lei 12.850/13): natureza jurídica
e controle ela validade por demanda autônoma - um di,ílogo com o pro�esso civil. ln: CABRAL,
48. WAGNER, Gerhard. Prozefivertrage cit., p. 428. As regras de causalidade, consagradas no art. 85
Antonio cio Passo; PACELLI, Eugenio; CRUZ, Rogério Schielli (Coorc\,). Repercussões do novo
do CPC brasileiro, podem resolver bem a questão.
CPC 110 processo penal. Salvador:JusPodivm, 2016. p. l.tJ2.
49. Na Rússia, discutiu-se recenternente se urna pessoa que não participou da litigância (terceiro) pode­ '1 l. Sobre a negociação qu<; tem por objeto o processo pl'n:il, wnlira-se o nosso CABRAL, Antonio
ria cobrar esses custos. Trata-se do caso T GK-9 contra o órgão regional permanente do Serviço Fede­ do Passo. Acordos processuais no processo penal. ln: CAI\RAI ., Antonio cio Passo; PACELLI,
ral Antitruste, n. 14592/11, apreciado pelo Presidiwn da Suprema Corte Cornercial,j. 07.06.2012, Eugenio; CRUZ, Rogério Schi.eui (Coorcl.). Reperrns.10,·1 riu 11ovn Cl'C 110 processo penal. Salvador:
anotado por Alexander Vereshchagin na Intemational]oumal ofProcedural Law, v. 3, n. 2, 2013. JusPoclivm, 2016. p. JA9 ss. Thiago Bouino cldrndv 1111111 pu�l,·üo hem restritiva a respeito ela
50. De fato, no meu livro a respeito, abordo as possibilidades ele dar cumprimento à convenção pro­ colaboração premiada (l'ocanclo, é verdade, mais em 11,pl'l'III', rl'i:1cio11ados ao direito elo qu ao
cessual no processo primário, onde destinada a produzir efeitos, �u mesmo se utilizar de um processo). Confira-se B TTIN , Thiago. Colabor:1i,:1\11 pn·1ni:1d,1 (' incentivos à cooperaçà n
segundo processo para forçar ao aclimplemento. Confira-se CABRAL, Antonio cio Passo. Conven­ processo p nal: umn ::m.1 is ríti ·a dos a rdos f'i r11111d1,., 1111 "\ )p,·, :ii.·tio Lava jato". RevisLa Brc1si­
ções processuais cit., p. 2 70 55, (cl rc1 d •.i iiCICIS ,rinli1llllS, V. 122, St'l.·OLIL.201 (1, p. l'J I ) ,. ,,
. 'I
28 H1VhlA Ili l1111H'l',',11 )Oí'(l • //1P11n:l0t> T1111 IA OI i(AI IH I l '1111( 1 •,•,1 1

Essa cldinição baseou-se em cicórdiio do ST'l: que assim caracterizou t> :1cmdu de colabo­ I'' 1 11 1 111,1· 10 pcmd c111 l.'avo1· do agressor nos crillll'S [ll ill i('1, d11s1H1 ,1111hi10 tiviol('1H'i;1
· dor li\'",
'
ração premiacla, 5'1 e foi positivada no art. 3"-A da Lei 12.850/20.13, na redação dada pela 11. t1111l:11niliar, ou prnlicaclos contraa nwlhn pm raz(ics e.la ·onll.i ·üodn,t, •111'1·111i11i1t1,1
Lei 13.964/2019. Que a colaboração premiada é um negócio jurídico, não há qualquer 1\ lt-1 d1·orguniz:ií,J10 crirn i nos:11 n11ilw111 cstah ·it 'c· nlgurnns rest rii,·01·., p:11 ·:1 1 •i.,11•11 1ortlo
dúvida; porém, no mesmo instrumento negocial, a colaboração pode ter clisposiç- s 1 111 I", !! ·1· "): (i) o <'nlal orndm 11:11> pod1• •,no lid 1•r da organizac,;llo 1·1 i11li111h1 t1;1 (li) 11
acerca elo direito material(p. ex. aquelas sobre as penas e regimes ele cumprimenL ) d d d1111 ,1 do1· 11·111 q11 1• 11·1 1 ,i(lo 11 p11111t·1111:1111111:11 ;1 i111c1111iv:1 tlt· e ·ll'lm11:111111vv111,:11l'1
processo penal. 55 De fato,muitos são os negócios pro essuais p s fv is e q u vên:i ndo 1
, !11111111 ('illll()'1111) 11111',dl'i1IV("1il) ,' tl(,,ill,
estabelecidos na prática: as partes deliberam br u hr iLo n r·cur ), ao ·il nt·io, \•, ,ili1'l'il(,'()('1, [lllllllilVid11', llil l 1·i1 ,H'1()/J()i l [H'l,1 i ('I I l,1() 1 / ()[I) ili l('',l'('iillll'lllll
1• l
comprometem-se a apresentar provas,a(nã ) r on'r u(n. )al·garcertust[Ll'Sl(ks. .
,111ili1111111·11 [Hl.',,,il 11lid,1dv dv p1·0111(•-,,:1 dl' 11t10111w·1•,•,111, q11 1•111111·111d11111111111 11 \o 11j1tl-
E um elos acordos processuais mais imt ortant s, n ·s · · · 'nL\rlo, um pc1clu111 ele non 11111•11111 d(' 111 •dIdas<'11 1111·l:11·1'!-> 11a prnd( 11vlu da!> 11t·g1Hi,1 11111 •· , ,\l't111Jt,I 11 ,1 •((11d(· rnlaho-
petendo. Aliás, curioso que foi na legislação elo proc ·o I ·nal qu 1 ' 1rim·i.r · 'previLl mm 1111111111·t·111indn, pr·cvisLo no al'L. 0-13, � J".
promessa de não processar típica: o acorde l rn p·rs 'UÇ'l p n • al, clisciplinacl ini­ ll,1 11111 i111. nsocl.ebate,nacl utrinadopr c s <Ji e11al,u't'1·rndo i11stilulo,s·u·lilni-
cialmente no art. 4° , § 4° , ela Lei 12.850/201 ,i, ulam ntad na R solução 181/2017 11 1·1111ssibilidades.Houve ain la ajuizament cl l elo 111 ·nos duus llÇ( ·s dir 'Las l •
do Conselho Nacional do Ministério Público. Alllalm nL , ac r lo ele não persecução 1111 1111s1 i LUcionalidacle contra a resolução do CNMP que rcgu lan:1c11toL\ a prorn ·ssn le
penal está previsto em termos genéricos no art. 28-Ado Código de Processo Penal,e tam­ 11,111 processar criminal,que ainda não foram julgadas p lo Suprem Tribunal P d ral. 58
bém no art. 1º, § 3°, da Lei 8.038/90(para os crimes praticados por autoridades com foro l 1111v:1vclmente,pela regulação ampla ela Lei 13.964/2019, é possível que algumas que -
por prerrogativa ele função da competência originária do STF e do STJ),ambos incluídos 1, 11''-1101.êmicassejam pacificadas, e outras muitas se apresentem na doutrina e juri.s1 ru­
pela Lei 13.964/2019. il1111cia. O tema, portanto, ainda está em construção e sua reflexão acadêmica ainda não
O acordo ele não persecução penal,chamado por alguns de "acordo ele imunidade" , 57 é 111 lc1 11i1·iu um ponto ele maturidade ideal. Aqui queremos apenas chamar a atenção para o
o negócio jurídico processual por meio elo qual o Ministério Público promete não ajuizar l:11 il de que existem no nosso sistema jurídico,hipóteses típicas de promessa ele não pr
a pretensão punitiva em juízo em desfavor do colaborador em troca de sua colaboração. 1T,,s:1r, e uma delas é o acordo ele não persecução penal.
CPl� cm seu art. 28-A, prevê corno cabível o acordo ele não persecução se a infração
pcnul l'oi cometida sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4(quatro) li.2. Promessa de não processar no improbidade administrativa.· acordo de nilo
ar 10s,Sl' o rnluhorador 1:eparar o dano ou restituir a coisa à vítima(exceto na impossibilidade persecução cível
de l'nz -lo), e se ele 1-cnunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério
11uhlicu rnrno ins run.t 1.entos, produto ou proveito do crime. Ainda se exige que o colabora­ Também elevemos registrar aqui a possibilidade ele negociação em improbidade
dor preste serviço à comunidade e pague prestação pecuniária. Não será cabível o acordo se 11d ministrativa.
o parn o crime for cabível transação penal de competência elos Juizados Especiais Criminais; O tema era polêmico diante ela vedação do art. 1 7, § l º, da Lei 8.429/92,em sua reda­
se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta t;:10 originária, que restringia as possibilidades ele transação ou acordos em matéria ele
criminal habitual, reiterada ou profissional; e se o agente tiver sido beneficiado nos 5(cinco) i111 probidade administrativa. A respeito, a dou trina sempre se dividiu. A partir dessa base
anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo ele não perseçução penal, transa­ 111H'l11ativa, muitos identificavam uma total impossibilidade de celebração de acordos em
ção penal ou suspensão condicional do processo. Também não será cabível acordo ele não :11,·ôes de improbidade aclministrativa. 59
Esse entendimento, data venia, passou a ser insustentável à luz das inúmeras rnodi­
licações que o ordenamento jurídico brasileiro sol·reu desde então. De fato,a contratua­
54. STF, HC 127.483, Rei. Min. Dias Toffoli,j. 27.08.2015. lização é um fenômeno que escapou da seara elo direito privado e ingressou também em
55. Correto MENDONÇA,Andrey Borges de. Os benefícios possíveis na colaboração premiada: entre campos publicistas, trazendo para estes foros rncrnnismos ele cooperação entre Estado
a legalidade e a autonomia da vontade cit., p. 54-55. e indivíduo na produção normativa. A admissão dus rnntrntos ele direito público advém
56. Os acordos ele não persecução já estavam previstos na Convenção elas Nações unidas sobre o
Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo,Decreto 5.015/2004,an. 26, n. 3) e na
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Convenção de Mérida, Decreto 5.687/2006, 58. Trata-se elas ADins 5.790, ajuizada pela Associ,iç:ít> do•, �,1:1gis1 r,1dos llrasileiros, e 5. 793,ajuizada
art. 37, n. 3),ambas incorporadas no ordenamento jurídico brasileiro: pelo Conselho Federal ela Ordem elos Advogado., do llrasil. 11111h:1sde relataria elo Min. Ricardo
57. A nomenclatura "acordos de imuni.clacle" é inspirada claramente nos ôrclenamentos jurídicos elo Lewanclowski.
comnwn law, foi ar e.lação lns onvenç s de Palermo e Mérida. 59. NEIVA,José Antonio Lisbôa. Improbiclacle aclmi11i�11111/w1. Nll\'1 ni: 111111c1 us, 2009, p. 173-J 74,
11

ela necessidade ele enxergar o "púh I lco" como passível de ser ob.J'l oI d l' uma convenção, 11, 111111'1 1 lado, n l •i de i1 nprn\1l1l.1il1 ,11\1111111 .11,1111•,1 \ui 1 •lidH1rnd11 11111111 1 ln d11 di n11\a
algo que já deixou de ser um tabu, p. ex., no campo elas relações admini strativas, espa­ 1•1111\, p1ti>llc:1d 11 l'l11 l 9t 2. l)i' lnpi11;1 1 ,1, l1111 1v1• 111 1111 l11 1t·11•,11 /',111111111.1 d11 n1d1•11:1111t·111(1
ços onde sempre se concebeu haver forte intervenção pública e restrições à auLon mia , , li, 1 1 11 1 dlrt· ·1\(1 d111·n11 ,i'11•,111tlld,111!- 1• 1·1111v 1 ·111·i 1 111:tl1 1!.1tl1• 1 1·1 111111 v11 11u•,, /\li' tlll'Sl1\ll :1
1

da vontade. 60 1 11 ,111 pi'lltd p11..,..,111111 ',i'I 1·111 )\l,111111· 11 11 i\1il,1 1il111111 d,· ;\1 u1tl11 , I· v1•1d111 \i- q111 · 11111 :\l l
Trata-se ela vitória ela concepção atualmente disseminada qu re nh Ltl11:1 cli-;po ,,., q111• l t ·v,· 1 • ..1111,,10 d1• l11q11ul11di1d1· 111 111 •,1•111p1 1· 1 1 IH 11111i1,1 11,1 1·•,l1•111 lli'lltti. Mas ·
1

nibilidade parcial dos interesses públi cos,desfaz nela a quiv ·ada 01111 ITl'll'it\O clv < li 11· 1 11,,, 1111111111 1p1 1· i•,•,n 111 1111((·1,·11: 11111111:tl111v1111•,. p1·l(I lt•11 t1H•11n 1· 1i11111 t1tl1> 11qui l' uli ti
o interesse, por ser público, seria inclisponív 1. Ao 11tr(1rio, ht graus d (in cll<,po11lhl 1, 1,\ 11 1cl i1 1 111 tl1ipl l l", u111t1111 1 ·1i11n1co11d11111 n1nlin1t1 l11 ('id 11 ·l:1 dt· 1101111t1� p 'illlis, ·ivis'
lidade e, em alguma medida,mesmo as r gras ·stab lcriclus 110 lnln\'ssc puiJII ·n pod1·11t 1 11 111 11<.11·111lvl\s, ·011 1 unia i111er 01nu1 1i ·nç, > dos r ·sp • ·1ivos 1'l'!J,l',1111,·111ospro · ·s urlis."l
ser flexibilizadas. 1•11.�os, r ·pi.1a-s ', l'r qu nt s n ·• mpo la ln1pr 1bi lad' a \111inisti-aLiva, s ·ria <.I
E,se no direito e no proc ss ad11 inis1m1ivoht 1 11lllio1 1 •1upoas·it11 · inpr'l' 1 1 lc, ,,, , 111'il1so que a Ir L nsão puni.tiva rirninal pudess· ser tran a i n da, nv n i -
no processo instaurado parar lv -los nt l tkv ·rins ·r cllh· ·nL . L mbr m · 1l1l>S , 111. 1, 11111s npretensão civil ela improbielade nã .
exemplos de flexibilização e disp içá d · inl'r ·ss ·s pl'.tbli ·o na arbitrabili lacle d n­ l'm este motivo, muitos autores, enxergando esta incongruência e inLerpretan l
flitos da Fazenda Pública (art. 1 , § J º, du L •i . · 07/9 ),61 na nciliação em causas do 1 1 1 111n l\ luz das alterações legislativas que, posteriormente à edição ela Lei 8.429/92,
Estado (art. 10, parágrafo único, da Lei. J .25 /20 l), na ausência de ajuizamento ele 111,tll.rnr am para uma convencionalidade cada vez mais crescente,passaram a admitir,
execução fiscal em alguns casos de pequen valor (arL. 20 ela Lei 10.522/2002; arts. 7° e 111 ,11µ,urn grau,a disponibilidade no campo ela improbidade aclministrativa.63 E esta
8º da Lei 12.514/2011), dentre outros,só para citar o ordenamento brasileiro. I''' ,•,lhilidacle parecia-nos ainda mais evidente depois ela edição ela Lei Anticorrupção
Sendo a ação de improbidade uma espécie ele ação coletiva, elevemos recordar que há \ 1 1 1 12..846/2013), que,em seus arts.16 e 1 7, prevê a celebração de acordos ele leniên­
muito tempo existem possibilidades legisladas ele disposição sobre os direitos coletivos,todas ' 1,1 r11111 os infratores que praticaram o ato ilícito.64 A toda evidência,o ãmbito de apli­
estabelecendo uma margem de negociação,sendo exemplo o termo ele ajustamento de con­ , ,1(,'no da Lei 12.846/2013 tem interseção com o da Lei 8.4 29/92. 65 Não fazia sentido que
duta (previsto no art. 5°, § 6°, da Lei 7.347/1985), o termo de compromisso (art. 11, § 5°, da 1 Jlt'•lsn::i jurídica beneficiária do ato de improbidade pudesse negociar a respeito,mas o
Lei 6.385/76; art. 14 da Lei 13.506/2017), o acordo de leniência (art. 86 ela Lei 12.529/2011; '')\l'IJIL' público ímprobo não possa, até porque se trata do mesmo fato. A corregulação
arts. 16 e 17 ela Lei 12.846/2013),o compromisso de cessação (art. 85 da Lei 12.529/2011),os rl1 >'i :11os ele improbidade decorrentes de corrupção por ambas as leis denotava, outra
acordos administrativos em processo de supervisão conduzidos pelo BACEN (art. 30 da Lei v 1•:, a clara opção do legislador brasileiro por permitir acordos em matéria d impr -
J3.506/2017) e o compromisso de certificação do art. 26 da Lei de Introdução às Narmas do llldlldc administrativa.66
Direito Brasileiro,inserido pela Lei 13.655/2018.
Ora, se todas essas normas abrem espaço para negociação sobre o próprio direito
i1,!. Sobre o tema, CABRAL, Antonio do Passo. O valor mínimo ela indenização cível fixado na sentença
material, por que não se poderia reconhecer que o processo judicial para debater tais
condenatória penal: notas sobre o novo art. 387, I V do CPP Revista Forense, v. 105,2009. p. 33 ss.
questões deveria ser também negociável?
(1 \, Corretos GOMES JR., Luiz Manoel; FAVRETO, Rogério. in GAJARDONI, Fernando ela Fonseca eL
alii (Org.). Come11tá1iosàLei.deimprobidadeAc!mi11istrativa. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2012. p. 317 ss .
60. WOLFF, Hans J .; BACHOF, Otto; STOBER, Rolf. Verwa!timgsrecht. 6:ed. München: C.H.Beck, ri+. FIDALGO, Carolina Barros; CANETTI,Rafaela Coutinho. Os acordos de leniência na Lei de Com­
2000. v. II,p. 200 e ss., 210 e ss.; GROMITSARIS, Athanasios. Kontratualisierung im õffentlichen bate à Corrupção. ln:SOUZA.Jorge Munhos; QUEIROZ,Ronaldo Pinheiro de. Lei anticormpção.
Recht.Jahrbuch des õffent!ichen Rechts, v. 57, 2009, p. 255-299; TRIMARCHI, Vicenzo Michele. Salvador:JusPodivm, 2015. p. 263 ss.
Accordo (teoria generale). Enciclopedia dei Diritto. Milano: Giuffré, 1958. v. I, p. 297-299; CAIL­ (l'l. Ambas as leis possuem esferas de aplicação autônomas, como afirma o art. 30 da Lei 12.846/2013,
LOSSE,Jacques. Interrogations méthodologiques sur le 'tournant·contractuel de 1·action publi­ mas suas sanções podem ser cumuladas. Nesse sentido, com razão, QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro
que: les contrats publiques entre théorie juridique et sciences de l'administration. ln: CLAMOUR, ele. Responsabilizaçãojudicial da pessoajurídica na Lei Anticorrupção. ln: SOUZA.Jorge Munhos;
Guylain; UBAUD-BERGERON, Marion (Org.). Contrats Publics. lvlé!anges en ! 'honneur du Profes­ QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro ele. Lei anticorrnpçêio. Salvaclor:JusPodivm, 2015. p. 291 e ss., 310
seur Michel Guibal. Montpellier: Presse de la Faculté de Droit,2006. v. II,p. 474,476. e ss. Além do mais, pelos arts. 3° e 6° da Lei 8.429/92, os beneficiários dos atos ele improbidade
61. Dispositivo alterado pela Lei 13.129/2015. Antes de sua previsão legal, essa já era a concepção podem ser atingidos; e estes podem ser pessoas jurídicas. NElVA,José Antonio Lisbôa. Improbi­
doutrinária mais difundida, desde que não se trate dos chamados "atos ele império", em que o dade administrativa cit., p. 36 e ss.
Estado atua soberanamente, que digam respeito ao "interesse público primário", ou ainda fir­ (16 Já defendemos essa evolução em CABRAL, AnLonio do Passo. A Resolução 118 do Conselho
mados por empresas públicas e sociedades de economia mista,em regime privado. Sobre o tema, Nacional do Ministério Público e as convenções prncc%unis. ln: CABRAL, Antonio elo Passo;
ROQUE, Andre Vasconcelos. A evolução da arbitrabiliclacle objetiv,Cno Brasil:tendências e pers­ NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa (Coord.). Nrg1)1 /"1 prncc.rn1ui.,. Salvador:JusPoclivm,
pectivas. Revista ele Ar bitragem e Mediação, n. 33,abr.-jun. 2012,p. 307-319. 2015. p. 546 e ss., 110 sentido ela revogação tácita d1J 4 1" do mi. 17 ela Lei 8.492/92 (Lei d

CABRAL, Antonio do Passo. Pactum de non oetendo: ;a nrnmPss:1 d,,.,.,,.'"'""''"'" M •"·º"º h,~-"-'·-
1 1 li 1/1 (111 1 11 l 11 li 1 •

[ essa tc11déncia c11co111rou eco 11;1_jurisprudência e 11,1 kgi,;l:1<.;t\<1. l 1;1ci-um de non exequendo
O STF passou a adnTit.ir aco 1·dos cm i rnprobiclacle aclmin is1 rali va, nüo :,;<i sobre o pro­
cesso, mas também sobre as sanções do art. 12 ela Lei 8.429/92, e essa possibilidade foi lí1•1'1'-st·ll'mbrnrLamb·mcla1 r rn s.adcn,10;1j111.,11,1p11l111.,111 1 1111111i1, 11 11111l11111
regulamentada no art. l º, § 2º, ela Resolução 179/2017 do Conselho Nacional do Ministé­ 1, 111111 n-1·c111rndo, uma da e p ct s mais ult'i'i cl1· /lfll 111111 il, 11 1 111111 /, 11il11,'· 1q11 1 1 , ,il111,1
rio Público, que permite a celebração de TAC em matéria de improbidade administrativa. , 1, q11i1drn d,1 ncgociaçt o pm · 'ssual sohrc o, 111i1p1 11111 11111 il1' ,1 1111 111.1 1 i1 1 1111,,111 11vtl,
E a Lei 13.964/2019 deu o último passo nessa trajetória, reescreveu o art. 17 da Lei 11 1
11111 1 vl•,lvl'I tcnd'n ·ia aqui e no cs1r:111gt·in1. '
8.429/92, prevendo expressamente o "acordo ele não persecução cível". Trata-se de um t l /HIC/11111 de 11011. e -cq1.1cnrlo, o 11t·gol'io 1·x1·c111lvn111111q11,d11111·d1,1 1!11 11111 lrp1
negócio jurídico que pode, em um mesmo instrumento, reunir disposições sobre o direito 11111.id11 rx1rao1·clinári 111[ rorn 'l '-St' a 11,10 1··q11v1·n 11 1·.,1·1·11 ; o cl 1· 11111 1111do 1 1'
material (as sanções do art. 12) ou sobre o processo judicial atual ou futuro. E uma con­ , tll!v1,.111 1:· urna hipótese cspc fl'-i ca d pc1 tum ele 11011 /l('/c11do,l1 q111· 11•111 IH>I' (11111111 n
venção processual em ações ele improbidade que tem siclo muito praticada já hoje, e tende f 111•11·11-;a1l cxecutiva.72 As partes podem prom t r n, o 'Xl' ·u1111· 111m, l l'l',' l'\'VIII' il p1·1·
a ser cada vez mais comum pela.previsão elo acordo ele não l ersecução cível, é justamente
o pactum de non petendo, possibilitando ao autor prometer não ajuizar a ação de improbi­
dade, ou não ajuizar pretensões ele específica natureza, como p. ex., excluir a pretensão à 1,·ssarcimento cio dano, reversão dos valores à pessoa jurídica lesada, pagam 'lllll 1 • 1 1Htl1n '11 1
condenação elo convenente nas sanções elo art. 12, reservando-se outros tipos ele preten­ v:dor ele até 20% do valor do dano ou vantagem ilícita auferida. Sem essa pr visto ( m razüo do
velo), abre-se maior cliscricionariedade para os convenentes. Pode-se, p. ex., destinar valore� n
são, como a declaratória ou inibitória.
, 1111ras pessoas jurídicas (entidades beneficentes) que não a lesada, estabelecer 111 ui Las cm paLarn;ir
O Presidente ela República sancionou a Lei 13.964/2019 com vetos. Um deles permi­ 111aior. Por outro lado, alguns fatores que deveriam ser levados em conside ração na celebraçüo do
tia expressamente a celebração de acordo ele não persecução cível incidental à tramitação :1n1rclo foram também vetados, e envolviam a personalidade e situação econômica do agente, as
d ação ele improbidade. O veto -e a interpretação histórica ela lei, que pode derivar da vantagens para o interesse público, a natureza, gravidade e repercussão do ato de improbidade.
1 'i l ira das uas razões - poderia levar ao questionamento acerca da viabilidade ele acor­ l'.1nbora não constem expressamente da lei, nada impede que sejam elementos para nortear e bali­
z,1r a negociação,ainda que não sejam os únicos fatores a serem considerados.
dos pro· suais na pendência ela ação judicial. Em meu entendimento, a ausência de pre­
visllo 'Xpr ssa não pode ser compreendida como vedação. Se estamos trabalhando no 1,11. 1)1 DlERJR., Freclie; CABRAL, Antonio cio Passo. Negócios jurídicos processuais atípicos e execu­
<;>io. Revista de Processo, ano 43, v. 275,jan. 2018, p. 204 e ss.
n1111po dos é1los le disposição, não faz sentido que a parte tenha a possibilidade de nego­
1i< 1. Sobre o tema, CABRAL, Antonio do Passo. Vollstreckungsverfahren im Widerstreit zwischen
<'Í (11' a11t 'S do ajuizamento ela ação, mas uma vez proposta a demanda, tenha uma capitis
EITizienz und Grundrechten: Einige Anmerkungen zu den jüngsten Reforrnen eles brasilianischen
d/111/1111/io '111 ua capacidade negocial. Zivilprozessrechts. Zeitschriftfiir Zivilproze lnternationa/, v. 21, 2016, p. 297; H.AU, Wolígang.
l)c outro lado, é equivocada a premissa de que, uma vez ajuizada a ação, o acordo l'arty autonomy in domestic ancl cross-border enforcement proceedings. ln: CABRAi_,An Lonio do
de não persecução jamais atenderia o interesse público. Parece claro que, se a negocia­ Passo; NOGUEIRA,Pedro Henrique Pedrosa. Negócios processuais. Salvador:JusPodivm, 2019. L.
ção não avançou antes do processo, a ação é proposta e só depois se chega a um acordo, ll, p. 479 e ss.
é totalmente viável que se alcance um resultado ótimo pela solução consensual e nego­ /ll. CHIZZINI, Augusto. Konventionalprozess e poteri clelle parti. Ri vista di Diritto Processtwlc, ano
ciada. O momento em que celebrado o negócio jurídico -se antes ou depois do ajuiza­ LXX, n. 1, 2015, p. 47.
mento-não é um fator determinante para se concluir que o interesse gúblico está ou não i 1. CHlO VENDA, Giuseppe. Principii di Diritto Processuale. Napoli:Jovene, 1965. p. 107.
sendo atendido. ·12. Não obstante, alguns autores, como Kohler, enxergavam que tal cláusula teria natureza material,
Por tudo isso, entendo plenamente possível a celebração de acordo de não persecu­ importando renúncia ao direito de crédito e transformação da obrigação em obrigação natural.
KOHLER,Josef. Ueber processrechtliche Vertrage und Creationen cit., p.165: "Letztere Vertrãge
ção cível no curso de ação de improbidade, em especial se estamos falando de conven­
über vollstãndigen Ausschluss der Execution geben über das prozessualische hjnaus: sie brauchen
ções processuais.67 den Anspruch civilistisch, sie machen hin reactionsunrahig, sie machen hin zu einen naturalen
Anspruch". Mais recentemente, SILVA, Paula Costa e. Pc1ct11m de 11011 petenclo: exclusão convencional
cio direito de ação e exclusão convencional ela pretensão material cit.,p. 473 e ss. Em meu entendi­
Improbidade Administrativa), uni dispositivo que não cabe mais no sistema brasileiro. Nossa mento, eleve-se liferenciar o pactum de 110n e.xr::q1.1rndo ela rcn(111cia ao crédito. É que a convenção ele
posição ganhou a adesão de BARREIROS, Lorena Miranda Santos. Convenções processuais e não executar l ele subsistir sem que signihque urna renúncia no plano do direito material: a pane
poder público. Salvador:JusPodivm, 2017. p. 85 e ss.; MELLO, Glaucia Rodrigues T. de Oliveira. pode abrir mão da via xccutiva rcsguardanclo-sc outras modalidades menos invasivas de cobrança
Consensualidade na improbidade administrativa: por que não 7 Revista do Ministério Público do d r d-iu, ·0111oat1�·(10111oniL ria, ,ainda,apossiliilid.id,·dl'usar ouéclito cornoum contradireito,
Estado do Rio de janeiro, n. 72, abr.-jun, 2019, p. 105 e ss. co1ncl no ·:iso dn c-01111wnsaçllo. P de ainda, corno dito, protesl:1r a scnLença (art. 517 elo CPC) LI
67. Outros vetos presidenciais diziam respeito a algu 111as condicionantes expressas que o Con­ l'az ·r l11snlr o 11011H· do d,·v<·dor ll' 11 a lastros de 1m11l'�·:111 "" n(·di10, pressionando-o ao adimplc­
gresso Nacional quis atribuir à negociação em imprnhid:idc ad1ninistra1iva, que exigiam integral llll'll\<l (t\l'l 7H , � I", do { P( ) 1��0 · pos�ív ·I pnrq1w o,·''"" d .. disposir;>io não devem represenL, r
r'AnnA • /\ .-, � ,... ... ; ,... ,.J ,,..,. Q,_ ,-,-,-. Q,._ ,..,.,,_ ..J- •--•- __ ._ ___/_. - •- •
34

tensão cognitiva, o que é pussívl'I pcl.1 independência l'llll'l' ;1,, 111\·lr11s,lL'� cognitiva 11111,1•, prnruga1ivt1'> dt· 11lt-)\:t1' ( 0 111 1111:11 N,\11 •,1 1' 1 111,1 ,tljttl tl11 11111,1 111 111 ,11 11111 11 1
e executiva. 1 11, 111,1•,d(· i11V()('lll'l'lll jtll:li) ,d)•,1111111 ,d1·1• ,,i\,lil 11111 111 Ili I I" 1 111, 1
O pacto de não execução deve ser temporário ou sob condição, _já tendo sido admi­ l 1i1111 ',(' dv i111 ·1·r,,½,llll(' 111111 111•,l.i tl,1 ,1111111, 1jll1 1,111 11111tl1 1 1,I, 111 \ 111111111 111 111
tidas no estrangeiro exclusões da execução por certo tempo73 ou até uma data certa.1·1 lllll1'tl'dlillll'('lllll;[('()l'<l11p1 (1tl'• 11,ilp1l11 1p1,tl,1 11,11 11 tl11, 111 111,l11il, 1 1 111 ,tl,1•11111 1
Aceita-se ainda a exclusão somente ela execução provisória (exigindo a coisa julgacla).75 , 11111·1, q11t· l"tss:111111 11:\(l 1,1•1p1111 111111v1 1•, 1111 1111·111,111 1 1111,,11111 ,1111 1111il11 ,1111 1 ,1rl,1 1
Outra discussão sobre o pactum ele non exequendo diz respeito à possibilidade de
renunciar-se integralmente à execução sem que se possa prever o prejuízo decorrente ( J/1jC'lo: o di, ilo cl<' uh'CJW ('Ili fu/10
desse ato de disposição. Sustentava-seque uma exclusão total da exequibilidade só seria
possível se o título já existisse, e rnão l udessem razoavelmente antecipar as conse­ 1\ 1·1111vl't1<;ão aleta, portanto, o direito clv ai ·g:u· (11111:1 cl:1•, p11·11111•,:111v11•, tl11 t1111 1111 d1
'
quências da renúncia. 76 Isso poderia levar à imJ o sibiliclade da promessa de não executar , p11 •,•,:\o, um braço ela garantia d nLrndit rio). Nllo oli:-.1:11111· ,(' 11111.11· d1· 1111111111,11111
prévia. Porém, havendo previsibilidade cr'et rminação, nada impede que se possa dispor , Ili1•1111 111mla111ental processual, penso s r !'ora d' dúvida qu • o ·x 1·ctl'io de <'0111 t',td 111111111 1
0

sobre situações jurídicas processuais futuras. 77 1111 l,11g:1 rncclicla, renunciável,80 tanto qu o r L1 pod nã nL 'S\ar, Lo111a11do,o,(' rrwl, 1 ,1•1
1 i1\I 11••, jl()dem decidir voluntariamente não apresentar e n-1s al gaçõcs 'ex ·e 'Ol'S (111,111•1 lt1l1 1

11i1p1m·l·ssuais). Aliás, a exceção processual, como se sabe, é uma ai ga áo qu ' rn11tli( 111111111
7. PROMESSA DE NÃO POSTULAR: PACTUM DE NON PETENDO PARCIAL 1 :1(1 l(·ll'ioela cognição judicial à atuação voluntária elo interessado: sem inicial iv:1 du 1111111',, 1
ji1J · 11:111 pode conhecerclaquela matélia. Se assim é, há evidentemente uma ma1·gc1111'(l11•1l111
Alberto Trigo propõs a ideia de que a negociabilidade sobre o processo autorizaria os l d\'1° 11 lc disponibilidade sobre as alegações, ele modo que as partes podem atingir 'SI t· 111('1,1111,
convenentes a dispor não apenas sobre o não ajuizamento de ações ou pretensões (que 1 11 il 11 pm um instrumento negocial bilateral como as convenções processuais.
portanto, sequer seriam propostas), mas também poderia autorizar uma "promessa de
não postular", algo como um pactum de non petendo "parcial", incidente apenas sobre I .' Notas de direito estrangeiro: cláusulas de garantia autônoma e de não
contestação. A cláusula solve et repete como negócio processual

V1· mos que também as promessas ele não alegar ou de nã p 'rn ho r:1 111 :11 1
,·i11111·11 te ignoradas até este momento na literatura brasileira, já r rnm a1 t', 1�·:\11 1111
necessariamente uma renúncia ampla a toda forma de acesso à justiça. Os titulares dos direitos
podem dispor someme de um ou alguns meios para obter o adimplemento. Cf. CABRAL, Antonio. ,ll1vi10 comparado.
Yollstreckungsverfahren im Widerstreit zwiscben Effizienz und Grundrechten: Einige Anmerkun­ Na França, são conhecidas ainda as "cláusulas ele não c nt staç, "; as pro1111",',,\',
gen zu clenjüngsten Refonnen eles brasilianischen Zivilprozessrechts cit., p. 301-302. Equivocado, 1 lt- 11c10 alegar em juízo são comuns também em contratos nv lv ntl o prnpri1 ·d:1tl1·
no ponto, SCHREIBER, Klaus. Proze�voraussetzungen bei der Aufrechnung. Zeitsc1uift für Zivil­ 11111·lcctual ou direito de imagem.81 Existem ainda disposições legai ohrl' rl'ln1·1111 ,
prozefi, ano 90, n. 4, 1977, p. 411.
11·, chamadas "cláusulas de garantia autõnoma", também conhecidas irno p:1l',111il i 1,
73. EMMERICH, Yolker. Zulãssigkeit und Wirkungsweise der Vollstrtckungsvertrãge. Zeitschrytftir ",1 premiere demande" . 82 Para assegurar uma obrigação que pesa sobre um L 'l'<TI 111, 11
Zivilprozefi, vol.82, n.6, out, 1969, p. 418.
)',,trnn te transfere uma quantia desde logo à comraparte, comprometenclo-Sl' :i 111\11
74. RAATZ, Johann Georg. Vollstreciwngsvertrage. Berlin: Carl Heymanns, 1935. p. 7; JAUERNIG,
Othmar; BERGER, Christian. Zwangsvo!lstreclwngs- und lnsolvenzrecht. 23. ed. München: Beck,
2010. p 5.
75. SCHERF, Dieter. Vollstreclmngsvertrage. Kõln: Carl Heymanns, 1971. p. 46 e 54; BRUNS, Rudolf; 7H. TRIGO, Alberto Lucas Albuquerque da Cosia. Pro111c,,m ele 11éio proce'ssar e ele não pos/11/111: 11 p,1,
PETERS, Egbert. Zwangsvollstrechungsrecht 3. ed. München: F Wahlen, 1987. p. 109; ROSEN­ tum de non petenclo reinterpretado cit., p. 86 e ss.; TRICO, Alberto Lucas Albuqu rqu · tl:i ( 11>,l,I
BERG, Leo; SCHWAB, Karl Heinz; GOTTWALD, Peter. Zivilprozessrecht. 16. ed. München: C. H. Pactwn de 11011 petenclo parcial cit., p. 27 ss.
Beck, 2004. p. 421. 70. BESSONE, Mario. Aspetti sostanziali ed aspclli pnH-cssu,1li clell'accorclo cli der gn ;tll,1 111111111
76. Assim, uma tal disposição ampla não seria possível antes da formação do título. Na jurisprudência tenza. Ri vista trimestrale di Di,·itto e P.-oceclun, Civik, :11111 XI X, 1965, p. 1065.
alemã: BGH NJW 1955, 1556; BGH JZ 1955, 613; BGH NJW 1991, 2296. Sobre o tema, SCHIE­ HO. WAGNER, Gerharcl. Prozefivertrtige cit., p. 95-%.
DERMAIR, Gerhard. Vereinban.mgen ún Zivilprozess cit, p. 93 ss; SCHERF, Dieter. Vollstrcclmngs­ H I GRIGNON, Philippe. lobligation ele ne pas agir c11 j11,, 1 Íl'l' cit ., p. J 18.
vertrage cit., p. 62-63, 112 e ss. '
82. CADIET, Lo\c. Les convcnli ns relatives :iu pn•1T, ,·11 dr11i1 !rançais sur la contrnc1111tl1•,.1111111 ,111
77. CABRAL, Antonio cio Passo. Convenções proccssuC1is cil., p. 83 ss. reglement eles Iitiges. Revistei ele Processo, v. 160, lllt IH, 1, 1 1 1 ·I ,. nota 21.
1 1) (1 1 111 I' r 1/

alegar qualquer exceção ou opor qualquer objeção ele qualq uc r nHI urc:zn a respeito. 1 1111. t•inpln, cnLende-s ainda 1u • o co11v1·111·1111 11111'1·1!,1 11•11111111,11 ,11il1 \ilt ,1,1 ti, tl111 1111
São consideradas válidas como um substitutivo ela caução, e atuam como um reforço 1 11·1t•11t,;Llo.íl9 T ·m, por1anLO, nn1un·z111irn1•1•· ,•,111il, 11·p11» ,1•111,111tl11 11111,1 ili 1111 11 ,111 1d111
convencional ela fiança, excluindo a possibilidade elo fiador ele alegar exceções em rela­ il, H 11,'0t's no cur d pro· sso'i judirlni•,.1111
ção à obrigação principal, salvo manifesto abuso por parte elo beneficiário (art. 2.321 1'1 11· 111L'IO d' 'Ol\V '11 '( (',' t'(ll ll() l 1,1, ,I', jl,11 \1 li 111ili1111 ,1 il111,i11d1 1 d,1 ili 1•,11 Ili
elo Código Civil francês). 83 Essa convenção parece a mim ter relevantes efeitos proces­ , 11 1)1",, ll111iLa11 lo n cog11l1,·do tl 1 1 1111 , A•, 11,1111 · 111111, 111 1,111d11 111 1/i/1, 11 ,1• 1 1111)1'1,
suais, ele vedar as alegações elo garante, restringindo o contraditório no processo; mas 111, 11•11d 1 H1s para ouu·os p1·ot'l'di1111•11111., l111111n•, ili l111g,11111,1 11111qil1 1111 11! 11(1111111•, 11
não afeta a existência do direito material, porque continua podendo haver ressarci­ 1,11 1, 1 l t 11· pnra r · ·sar 1111 'tllo, r 'IH'il1,·1lo dv l11tl1·hl111, p,1111•l,1•, 111111 11 l11111 111,111 , 1l.111,ttl t
mento àquele que pagou. 84 1,,111 11).'11 P·la v nwl · da·pnrt·s, ,r·sult11l0 1oll11,tl tlop11111",'•lt',11 1,1pi1111til11 111111
Na Itália, existe previsão legal expressa ele cláusula onvencionais limitativas da pro­ 11111, 1'1ll1dc11ação 0111 r serva ela x •çc es dilc·1i dn'i, <l qtt<' t' l ),h 1v1·I tl1· •,1•1 d1l111Hl11 1•111
ponibilidade de exceções no art. 1462 elo C dig ivil. 85 Entende-se por lá que muitas 11111 11 1 g · úciojurídico porque se enconLra na' ·l'·rn I • tlispo11iliilldncl1• d:1•,11111 11·, d1·ll1il1 o
alegações, como aquelas de nulidade, s pl nam nt c nvencionáveis porque podem 1,lqr111 do processo (princípio dispositivo).9 2
ser abandonadas em favor da pronúncia s br mérit . 86 1.1 trn alguns autores, a cláusula solve et repeles ria tna ln,i sível pt rqu' rompt · a rnr-
Outro exemplo conhecido no dir iL privad cur leu é a cláusula solve et repete, 11 l.11,no ·ntre ação e defesa, impedindo a parte ele alegar emjufzo, q t' ·ria in·t ·'iL, v •I
aquela que, encartada em um contrato d 1 r Laç s corres1 ectivas ou sinalagmá­ 1 1o I violar a ampla defesa, matéria ele ordem pública que seria, n a pli a, insus' Lí-
93
ticas, prevê que uma parte eleva aclimplir s m por xc ções que poderiam ser alega­ 1 1 1 k ncgociação. Haveria um problema el e isonomia envolvido também, pois pocl ria

das para não cumprir a sua parcela ela avença. 87 Essas convenções já foram retratadas l 1\'lll' •ccr sobremaneira um dos convenentes. 94
como uma renúncia à exceptio non a.chmplet·i contra.ctus,88 embora seu objeto seja mais N Iio posso concordar com essa visão porque a convenção não impede o exercício da
amplo, p clendo configurar uma promessa de não invocar quaisquer outras alegações. d, Jl,-.11. Primeiramente, deve-se lembrar que a cláusula solve et repete não elimina a possi-
1 nlldndc ele alegar; apenas adia o exercício do contraditório para um momento poster i. r
111 ,tcl i rnplemento. As matérias de defesa -como qualquer vício na prestação do serviço,

fl , i\N .1:1., rascai. CcncaclremcnL ele la juriscliction par le contrat. ln: ANCEL, Pascal; RIVIER,
p111 l'Xl.'.mplo-poderão ser suscitadas em outro momento ou em outro processo; s menLe
Mnrl ·-Clai rc. Lc co11ventio1111el et le jurisclictionnel dans le réglement eles différends. Paris: Econo- •! 1:unvenciona a alteração do momento para sua alegação.
1111 ·a, 200·1 .p. J.1-12.
fH. i\N ,EL, Pascal. L:encaclrement cle lajuriscliction par le contrat cit.,p.13.
il•l, Confira-se GRECO, Paolo. La clausola "solve et repete": ragioni e limili clella sua fi ácia il.,
85. Si\TT/\, Salvatore. Accorclo (cliritto processuale civile). Enciclopedia del Diritto. Milano: Giuffré,
p. 150. Note-se que se trata ele uma convenção ele natureza processual, que resulta numa briga-
1.958.v.1, p.300. Veja-se o dispositivo: "Art. 1462. Clausola limitativa clella proponibilità cli ecce­
1,·üo de não alegar que pode até ter por conteúdo uma exceção ele natureza material.
zioni. La clausola con cui si stabilisce che una clelle parti non puà opporre eccezioni ai fine cli evi­
Lare o ritardare la prestazione dovuta, non ha effetto per !e eccezioni di nullità (1418 e seguenti), t!\l. /\NGlONl, Enrica. Negozio giuridico processuale e categoria generale dei cont.rat.Lo ne/la sei nza
cli annullabilità (1425 e seguenti) e cli rescissione (1447 e seguenti) delcontratto. Nei casi in cui la .�iu ridica europea cit., p. 109-111.
clausola é efficace, il giudice, se riconosce che concorrono gravi motivi, puà tuttavia sospenclere 1) 1. Chizzini já identificava a possibilidade de as partes definirem a cognição por negócio jurf li o.
la condanna, imponendo, se nel caso, una cauzione". CHIZZlNI, Augusto. Konventionalprozess e poteri deite parti cit.., p 55, nota 45 e p. 56.
86. GIU SSANI, Andrea. Autonomia privata e presupposti processuali: note per un inventario.Rivista lll. Digo que o resultado seria "parecido" porque, ele fato, talvez não se deva falar em condenação
Trimestrale di Dilitto e Procedura Civile, ano LXIV, n. 1, mar.2010, p. 239. com reserva porque, em razão da convenção elas partes, o juiz simplesm�nte não pode conhecer
87. BET T I, Emílio. Diritto processuale civile italiano. Roma: II Foro Italiano, 1936.p.46 e ss.; GRECO, da alegação remetida para o procedimento ele litigância complementar. Veja-se a observação em
Paolo. La elausola "solve et repete": ragioni e limiti clella sua eficácia. Rivista dei diritto commercia!e e CARNELU TTI, Francesco. Clausola "solve et repete" cit., p. 86.
del diritto generale delle obbligazioni, ano 29, n. 3-4, 1931, p. 143; CARNELUTTI, Francesco. Clau­ r) ). BETTI, Emilio. Diritto pi-ocessuale civile italicmo cit., p. '1·6-47. LIEBMAN, Enrico Tullio. Contra
sola "solve et repete". Rivista di Düitto Processuale Civile, n.2, 1936, p. 82; SELETTI, S. II patto dei il patto "solve et repete" nei contratti. Rivista ili Dirillo l'roccssualc Civile, n. 2, 1931. p. 247-250,
"solve et repete" nei negozi privati. Rivista di Di1itto Commerciale, n. II, 1913, p. 977; PEZZANI, levanta o caso do réu condenado porque não podia •xçcpc:ionar, ainda que tivesse boas razões.
T itina Maria. Il regime convenziónale delle prove. Milano: Giuffre, 2009. p. 148: "Come e noto la Diante da condenação, a única solução seria post('l'ÍOl'll1L'lll t pedir a repetição de indébito, mas
clausola 'solve et repete', inserita in un contrato a prestazioni corrispettive, prevede che unaclelle clue isso poderia encontrar obstáculo na coisa julgada. YcJ:1,:i(' 11i11da, cio mesmo autor: UEBMAN,
parti si assuma ]'obbligo di adernpiere alla prestazione senza che eventuali eccezion i possano essere Enrico Tullio. Variazioni intorno alia clausola 'sol V!' 1·1 l'l'l1l'f1•' nt:i contratti. Ri vista cli Diritto e
da lei opposte per esimersi clall'adempimento, e che clette eventuali ecêezioni potranno essere fatte Procedurn Civile, II, 1931, p. 211-212.
valere successivamente soltanto per ripetere cià che abbia inclcbitalmerite prestato". •H. Destaca esse ponto GRECO, Paolo. La claus la "solvi 1·1 11·1ll'tl'": rngioni e limiti clella sua cfi ·, ·ia
88. PEZZANI, T itina Maria. II regime convenz io11ale cle/k pmve cit., p. 1 �·9, nota ó1. cit.,p.144.

r ADDIII {l. f"'l tl'\l"'lj ,.. rl l"\ Q,.,.,.,._ 0,..,..1,,._ ,J,.. --- __ ., __ .,.1_.
38 H1 Vl',1/\ Ili l'IHH'I '.',() ;J();>() • 11, / 1110 :JO:J 1 1 Ili I' 1 l'I

Mas vou além: 11cm mesmo naquele processo onde dcsti11 acl:1,, :1 i11L·idir sniu correto / 1 f!,mncs ·as de não µostulnr típirn, 110 (//l('//11 /1111•,,/1•1111
afirmar que as cláusulas "paga e repete" maculam a ampla d desa, j�1 que todas as demais
faculdades defensivas, ele alegação e produção ele prova, são preservadas. A convenção 111hor:1 �cj,t111 11qoligt·11 ri,td l 1•, 11,1 t\111111 111,1,, , 111111•,11 11111.11 q11r· ,t•,, l,111 1il,1, ,,11\·1 , t
disciplina apenas o "modo" ele exercício dessa defesa, algo sem dúvida disponível para as t,/l1'/1'11.lt l :-:to('',/ r:11111 ,h ,1 il-gi.,l,1 ,li l Ili ,1•,fl1 11,1
partes. De fato, se nosso ordenamento admite arranhões ao contraditório e à ampla ele[ a l lt· 111 10, l'l'llllllC'in•, '
( (IIIV'l llt 1 1 111,11•, ,1 ,lit )'.,l�IJ(' .,,,11 1111 1 t· 1,1 11111111 111 11 tl11"" 1 1 .11,1 li
(como as medidas inaudita altera parte, que são ele contraclilório poste ipacl ), aLribui ,111111••,•,,\1 1 ti ' l p. 1 n'l'lt1111 111ltl" 11 11ii11,t1io, 11,1 111111111 , ,11111 \ 1111 1111111, 1111 ,111 lll 1\,
exclusivamente às partes a iniciativa de pr v ar a cogniçã s br a. xc ç s [ r e'·­ 1",c\,t I ci l().') 22/2002 · 11ot111.•I", ll,d:1 l t•I lll (1tll/'lltll,q11, 1 lf'l l1t 11,11,1.id1 ,111
suais, por que não admitir a convenção prévia a r p iL , quandoS,lo a· pr J ria pan 'S 111 p,11'1 Tl t1111t·n10, nrn11il· ' s1uc,;tto ·xp1·t·sst1 il> · 1 111 11 i\11111111· 11·111111 1 1,111tl11 ,1q11,11 q1111 .tlt
que assim voluntariamente acordaram 7 N tc-s qu digo traz urna conv nção Llpica 111 ()(", dl ' d i1·ci10 bre as qLiais 'Í 1t1du111 rn, [)Ili\ 1•,•,11 ,1d1111111 ,l11l\lv 1•, 1 1 ,lt 1 )1• • 111d1
pela qual as partes acordam sobre o tempo de su L nLaçüo nasal'gnço finais orais de , 1,il•, 11 j Ili zadas para cliscuLir o crécliL Lribu tario . 01 U:11 oq ttt· 11 :\n ',t' potl 1· 1t'1111111 1:11 ,. 111
litisconsortes (art. 364, § 1 °, elo CPC). ,d 1 • i 1rn11 1 ao clüeiLo ele ação ou ao ac s l justiça para L()(lt\ l' qwliq1tt'I' vlol.1i::111 l11\ll•
Ademais, como dito, o direito ele ação (e a l f a), p r ·'t"rtl si Luaç · es jurídicas ele 111 ''" M :1s cm relação a uma dívida tribuLária csp' r· fi :1, en1cndcmos sn ' l SI:\ disposit,·,to
vantagem, compreendem a opção ele não as exer cr. E 111 'Sl110 q Llartcl as alegações são 1,11;tl111 rnte admissível, mesmo que diga rcsp iL a uma impL1gt1, çllo nindn n:\o lorrnu­
õnus, a conclusão é idêntica: por que não aceitar a validad la d i p sição negocial se a i,11 L 1 , ;\l'inal, todo indivíduo eleve poder dispor ele situações jur(dicas ÍulLiras, d'Sd'
iniciativa de alegar é um õnus da parte, que o cumpre como imperativo ele seu próprio t[lll' 11r(·visíveis.
99

interesse 7 Em poucas palavras, a escolha por não se defender processualmente parece­ l ) 1 11 ra previsão normativa expressa diz respeito ao benefício ele ordem na f'iança, que
-me uma faculdade legítima pela liberdade da parte ele agir ou não agir.95-96 , , ,1 l' l '�\loncle à possibilidade ele que o fiador, cobrado pelo pagamento da dívida, alegue
Sobre as desigualdades que possam se verificar, não se eleve esquecer que não se 11111• ;1 1Tsponsabiliclacle patrimonial incida primeiramente sobre os bens elo devedor. O
exige 111 um negócio jurídico (material ou processual) que o resultado seja absoluta­ 1 l 1 ·l 111 prático é fazer atingir a atividade executiva primariamente sobre o patrimônio l
menLc cquiLaLivo ern termos ele benefícios e prejuízos para ambos os negociantes. Ora, ill 'l'1d · 11 r e só subsicliariamente sobre os bens elo fiador (se não forem encontrados bens
cl imaginar que, quando ela negociação, a promessa ele não postular (de não alegar , 111 •,11:1 v�ncla não tenha conseguido obter valor suficiente para satisfazer o crédiLo).
e 'l'la 111até1·ia), foi negociada em contrapartida a outras trocas em pontos diversos do I ',, is bem, 0 Código Civil prevê que o fiador pode renunciar à alegação elo benefício ele
neg, ·iojuríclico. Ademais, eleve-se registrar também que, como são mais frequentes os ,,1, \\'lll (art. 828). Ora, a lei atribui à parte total disposição sobre esta exceção, e, se assim
negó ·ios .i u rídicos processuais prévias ao processo, neste caso as partes sequer sabem, l', 1,:i1'l ·ce-me que também eleva ser possível ao fiador, ao invés ele renunciar ao benefício
naquele momento, quem será autor e réu, quem irá inadimplir ou mesmo se haverá ti,·, 11·dcm, prometer não o alegar por certo período ele tempo.
inadimplemento. Portanto, em um momento muito posterior, quando o conflito e o \ k outro lado, também ternos vedações à promessa ele não postular. O art. 4º, § 7"-13,
processo já surgiram, avaliar que a promessa não pode ser exigida porque geraria uma ,1,1 \ ri \2.850/2013, na redação que lhe foi dada pela Lei 13.964/2019, prevê que são
si Luação ele inferioridade para um elos convenentes é desconsiderar que, à luz elo con-
1rato, ele pode ter se beneficiado de algo que foi dado pela contraparte em contrapartida
para aquela promessa. Não a fazer valer poderia - isso sim - representar uma situação >1/. U Superior Tribunal ele Justiça, em sede de recurso repetitivo (tema n. 257), fixou entcnc\i-
distorcida. 1ncnto no sentido de que a disposição dos direitos tem que ser expressa nos processos em que
se discute parcelamento tributário: "Na esfera judicial, a renúncia sobre os direitos em que se
luncla a ação que discute débitos incluídos em parcelamento especial clev; ser expressa, por­
quanto o preenchimento cios pressupostos para a inclusão da empresa no referido programa
matéria que eleve ser verificada pela autoridade adrn inistraLi va, fora cio âmbjtojudicial".
95. PEZZANI, Titina Maria. Il regime convenziona1e delle prove cit., p. 153-156. 1111. CABRAL, Antonio do Passo. Convenções process1.1r1is cil., p. l lJlJ-203, 335.
96. No processo penal,já se associaram as promessas de não reportar às autoridades o cometimento <ll/. i\lguns autores, em nosso sentir sem razão, entcmkrn scrc,n inconstitucionais estas renúncias
de um crime com as situações processuais cio promitente. Nessa abordagem, esta só seria uma porque fulminariam o direito ele acesso àjus(ic;a.l'cdrt11\d:111 1y, p. ex., parece seguir esta linha:
promessa válida para particulares, porque para eles existe uma faculdade ele reportar a prática ADAMY, Pedro Augustin. Renúncia a clii·ei.10/i111d,1111r111,d. S:io l'aulo: /Vlalheiros, 2011. p. 19'1 •
ele crime. Já em relação aos servidores públicos, estes têm o dever ele representar, e então não t.92. Na página 192, afirma que: "A abstcn,;;ãu dl' disn1ss:lt1 d:t dívida voluntariamente parce­
seria possível prometer não fazê-lo. O tema foi objeto ele interessante Rrtigo ele Allorio, com lada, quando em conformidade com o direito, L' :1hsid111:111 11·111,· c:ihivcl. A violação à garantia
referência a decisão da Corte de Milão no início cio séc. XX admilinclo um 1.al acordo. Confira-se está em vincular a participação cio parcela111c111t1 :1 L'Xp11·•,•,:1 t1t\ l:Kila renúncia de pro essns
ALLORIO, Enrico. Patto cli non denunciare e inclisponihi li1:\ cki dirilli processuali. in Problcmi administrativos oujudiciais futuros, é abuso dcs111l'didt1 q111· 11:lt1 pt1dcr.i prevalecer no ordena
di Diritto. Milão: Giuffre, 1957. v. li, p. 339 e ss. rnento jurídico pátrio".
40

nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito ele impugnar H decisão homo­ , /\llR/\1., /\nLonio do !'asso. A Rcsoluçto 1 1 H d,, ( , J11 ,1•ll1, > N.1ci1111,tl do Mi11ls1(·rio Pulillrn
1

logatória. Ou seja, as partes, na colaboração premiada, não podem ·inserir promessas ele ,, 11s convcnc;õcs processuais. ln: C/\lllV\ 1., 1\ntot1l\l tio !'asso; NOC U 1:1 R/\, i >cdr11111•11
não impugnar a homologação elo acordo em juízo. 1·lqul' I' •d rosa (Colml.). Negócios 1nocc:ss11als. Salvado1·:J usPoclivm, 2015.
,\IIIMI ., /\11101110 do l'nssn.i\cordos pm ·csswtis no I ro csso penal. ln: CAl31�AI., /\11to11io
d11 l'nsso; 1 1/\ J:1.1.1, 1:ugcl!lo; CRLJZ, l'og rio hi LLi ( orcl.).Repercu ·Des cio 11ovo
8. CONCLUSÃO ( / 1(.' 1111111<1n·s.,11 /Jl'IICII. Snlva lnr: Just > mllvn1, 2 1
1 \IIH/\l. /\11Ltrnlotl0Passo.Co1111r11ç c.1procrssu11s.2. tl.Salvaclor:Juslodivn1.,2 18.
1

Como se vê, o pactum de non petendo é um a 1nt aLtwl, imp nanL na prc Lica, om. 11\l\l!i\l.,i\111011io I l asso. valorm(nimo laind nização c-rvelfixacl na s nt nçac>n­
previsões normativas expressas n clir ü br·t U iro ' qu' L(i n.·1 r l m d dia ela dis- dL•11atóriapenal:n tas sobre o nov art. 87,IVd CPP.RevistaForense,v.lO ,2 09.
cussões jurídicas em diversos pais /\Ili</\1., AnLOnio elo Passo. Vollstreckungsver[aluen im Wielerstreit zwisch l1 Effizi 'llZ
No Brasil, é um tema em abert , qu p rpas a Lr:111 v r almcnte s estudos ele pro­ ltt1d Grunclrechten: Einige Anmerkungen zu clenjüngsten Reformen eles brasilianis­
cesso civil, processo penal e p:roces a lmini traLiv , cuja-qualificação e enquadramento rhcn Zivilprozessrechts. Zeitschriftfür Zivilproze International, v. 21, 2016.
ainda não encontraram um porto gur . Enten ler corretamente o conceito e os efeitos ( "/\1)IET, Lote. Les conventions relatives au procés en droit français sur la contractuali a­
ele um pactum de non petendo o primeir passo para qualquer profissional ligado ao con­ i ion clu réglement eles litiges. Revista de Processo, v. 160, 2008.
tencioso e ao planejamento contratual. E saber mais sobre seu objeto e suas relações com í 1\1 LLOSSE, Jacques . Jnterrogations méthodologiques sur le ·tournant·contractuel ele
o direito material é a porta para explorar todas as potencialidades das promessas de não 1 ·action publique: les contrats publiques entre théorie juriclique et sciences ele l'acl­
processar e não postular no sistema jurídico contemporâneo. tninistration. ln: CLAMOUR, Guylain; UBAUD-BERGERON, Marion (Org.). Contrats
l'ubl.ics. Mélanges en l 'honneur du Professeur Michel Guibal. Montpellier: Presse ele la
Faculté ele Droit, 2006. v. II.
9. REFERÊNCIAS ( '/\l<NELUTTI, Francesco. Clausola "solve et repete". Rivista cli Diritto Processua.1e Ci.vi/e,
11. 2, 1936.
Al AMY, Pedro Augustin. Renúncia a direito fundamental. São Paulo: Malheiros, 2011. ( :1 IIOVENDA, Giuseppe. Principii di Diritto Processuale .. Napoli:Jovene, 1965.
ALLORIO, Eurico. Patto cli non clenunciare e inclisponibilità dei cliritti processuali. in Pro­ e.IIIZZINI, Augusto. Konventionalprozess e poteri delle parti. Rivista cli Di.ritto Processua.­
/J/emi cliDiritto. Milão: Giuffre, 1957. v. II. lc, ano LXX, n. 1, 2015 .
ANCEL, Pascal. 1.'.encaclrement ele la juriscliction par le contrat. ln: ANCEL, Pascal; RI­ 1)1·: 13ENITO, Marco. I contratti processuali. mimeografado, 2013. Dis'[ n[vel em: fwww.
VIER, Marie-Claire. Le conventionnel et lejurisdictionnel dans le réglement des différends. acaclemia.edu/3044681/I_contratti_processuali]. Acesso em: 22.01.20) 5.
Paris: Economica, 2001. [li: CRISTOFARO, Giovanni. Il pactum de non petendo nelle esperienze g\urid ich ll' 1 •scn
ANGIONI, Enrica. Negozio giuridico processuale e categoria generale del contratto nçlla e italiana. Ri vista di Diritto Civile, n. m, 1996.
scienza giuridica europea. Universidade ele Cagliari, Tese de doutorado, 2015. 1)1 DIERJR., Fredie; BOMFIM, Daniela. Colaboração premiada (Lei 12.850/13): nallll'l'Zll
BARREIROS, Lorena Miranda Santos. Convenções processuais e poder público. Salvador: _jurídica e controle ela validade por demanda autônoma - um diálogo com o p1·0,·,•s­
JusPodivm, 2017. so civil. ln: CABRAL, Antonio do Passo; PACELLI, Eugenia; CRUZ, Rogério chi 'Ili
BAUMGÀRTEL, Gottfried. Die Unverwükbarkeit der Klagebefugnis. Zeitschrift für Zivil­ (Coorcl.). Repercussões do novo CPC no processo penal. Salvador: JusPoelivm, 20 l
proze , ano 75, n. 6, dez., 1962. 1)1 DIERJR., Freclie; CABRAL, Antonio elo Passo. Negócios jurídicos processuais at(I i os,·
BESSONE, Maria. Aspetti sostanziali ed aspetti processuali clell'accorclo di deroga alla execução. Revista de Processo, ano 43, v. 275,jan. 2018.
competenza. Rivista trimestrale di Diritto e Procedura Civile, ano XIX, 1965. l'.MMERICH, Volker. Zulãssigkeit uncl Wirkungsweise der Vollstreckungsvertrãge. Z'ilS•
BETTI, Emílio. Diritto processuale civile italiano. Roma: Il Foro Italiano, 1936. chrift für Zivilprozejs, v. 82, n.6, out. 1969.
BOTTINO, Thiago. Colaboração premiada e incentivos à cooperação no processo penal: l'I DALGO, Carolina Barros; CANETTI, Rafaela Coutinho. Os acordos ele leniência nn 1.vl
uma análise crítica dos acordos firmados na "Operação LavaJato".Revista Brasileira de ele Combate à Corrupção. ln: SOUZA,Jorge Munhns; QUl�IROZ, Ronaldo Pinh iro ci(•,
Ciências Criminais, v. 122, set.-out. 2016. Lei anticorrupção. Salvaclor:JusPoclivm, 2015.
BRUNS, Ruclolf; PETERS, Egbert. Zwangsvollstreclwngsrecht. 3.ecl. München: FWahlen,1987. e;1 USSANI, Anclrea._Autonomia privata e presupposli 1xuc·('ssual i: note per un \nv ·11ta1·i11
Rivista Trimestra/e cli Diritto e Proceclurn Civilc, anil 1 .XI V, n. 1, mar. 2010.
, I' 11

111
GOMESJR., Luiz Manoel; F!\Vl<I 'TO, Rngé1"io. i11 GAJA RDON 1, l 'ernando da hinscca et alii IM1\ l/.,J,il1:11 1 11(,1·11q•,V . nll.1/ll'fl11111,1:•,1111 1i1"1 ll,1l1 1 1 l 11lllt1111 111 11 1•
111 1• 111,111/, ,/1 l 11111•11
(Org.).Comentários à Lei ele lmprohiclaclc /\dminislrativa. 3. ecl. São Paulo: Ecl. RT, 2012. Ili!< 1 llól,111111•,, ll1dd:11•,h,11 1 ÂIP,p1 11, 111 //111 111 • /11/11l'111/111 /111 1/li l
GRECO, Paolo. La clausoia "solve et repete": ragioni e limiti della sua eficácia. Ri.vista dei li, 111'11 /11 1· /111, V, i l i, Ili1 1
1 11'//11/1 li· 1/1 111111'1 1
diritlo commerciale e del di.rilto generale dei le obbligazio11i, ano 29, n. 3-4, 1931. Ili I< 111 1 ,l l.111•, l l1ild,111li,111 \ 11•,p1111 111 //11 1111,1'1 / 11111 / 1111 /11 1 /li 1 ,/11 1 1
GRIGNON, Philippe. :Cobligation ele ne pas agir enjustice. Mél.angesChrist.ian /Vlouly. Pa­ //i/11'11/11•i/111,v 1111, \ li I 1

, , 1 11 1l\1,1 li 1, li i 11 1 1 1 ('
ris: Litec, 1998. t. 1. Ili li il I\,· 1\ 11d1 1· V,1•,1 111/11!11', 1\ 1111111, ,111 d.1,1i\1111,il,i11d 11l1 dq, Ili 1
111 l()I 1
1 �l1i/l1/1ilfl,II 11,,dll 1
GROMITSARlS, Athanasios. KonLratualisi rnng im õff ntli h n R,·cht. .Jo/11 I H1 ch dcs ô/ lll 'l'• l'l 'l'IIV,I', /\1'\l/1111i/11\,/ 11/111,1:1111
1
1·1111 1 /11 1 (> 1•d
fentliche11Rechts, v. 57,2009. 1 1 !1 ,1 •\\llllIH, · , 1 l'lll �(.I IWi\11, 1,,11 I 11 1•!11., l ,l l 1 1 W/\ 1 1 l, 1 111 1 /\'/l1'111
1

HAU, Wolfgang. Party aut n my i.n dom sti · an 1 'l' 1ss-bord ·1· •1ilor · •mt•11 1 pro,• dings. M 1111rlit·11: C. 11 .lkck, 2.001
lvu dvl 1:1pp11111 > 11!,
\.

ln: CABRAL, Antoni elo l ass ; N Ul.:11�/\,1 •tiro l lt·11 1·lqut· Ped ro a. Negócios pro- 1111'>( .1 ·:1 .1.0, l'ranccsco. 'I a tum d' mrn p •1t•11do' l' vl<'t'11d:1 111t1dll irnl
cessuais. Salvaclor:Jusl clivm, 2019. L. li. hl ig:tlmio. RivisJ.a cli DirilloCivilc, ano XXI 1, n. 2, 197b.
dei I liiUo. Mll:1110:
HENCKEL, Wolfram. Prozes recl-11 une/ mal l'lr/1,s f�ccht. ,( Lling ·n: ·hwartz, 1970. •,1\11/\, Salvat ore. Accordo (cliriLto processualc ivil ). Enci lopedic1
JAUERN!G, Othmar; BERGER, Christian . Zwc11 1gsvolls1r, lw11gs- 1rncl lnsolvenzrecht. 23. ( ,iullré, 1958. v. l.
J.9 l. .
ecl. München: Beck, 2010. '11\I Ti\, Salvato re. Contributo alla clottrina clell'arbit.ralo. Milan o : Vita e Pensiero,
KERN, Christoph A. Multinational Rttles anel Systems ofDispute I esolution in an Era of ,,e .111 'I(. 1� Dieter. VollstrecJrnngsvertréige. Kõln: Carl 1-leymanns, 1971.
Rõhrscheicl, l 935.
Global Economy. Challe11gesJorCiviljustice as We Move Beyoncl Globalizatio11 and Tech- ',( .1111:DERMAIR, Gerharcl. Vereinbanmgen im Zivilprozess. Bonn: L
Mohr Sie­
11icalCha11ge-XVI TAPLCongress 011 Procedural Law, K obe,Japão, 2019. •,e .111.OSSER, Peter. Ei11versta11dliches Parteihandeln im Zivilproze}S. Tühingen:
KOI-ILER, Josef. Ueber processrechtliche Vertrãge uncl Creationen. Gesammelte Beitrage hcck, 1968.
fü.r Zivilpro­
zum Civi/prozess. Berlin: Carl Heymanns, 1894. ',< .11l([IBER,Klaus. Prozelsvoraussetzungen bei der Aufrechnung. Zei.tschrift
UE13MAN, Enrico Tullio. Contra il patto "solve et repete" nei contratti. Rivista di Diritto -�<'/.1, ano 90, n. 4, 1977.
rcia/e, n. li,1 1..
ProcessualeCivile, n. 2, 1931. ',1.l· 1'TTI, S. 11 patto dei "solve et repete" nei negozi plivati. Rivista cli DirittoComme
conven cional elo lireiL d nçào ' 'X·
L!EBMAN, Enrico Tullio. Variazioni intomo alia clausola 'solve et repete' nei contratti. ',li .Vi\, Paula Costa e. Pactum de 11011 petendo: exclusão
do I ass ; N ;u1:m/\ ,
Rivi,st.a cli Diritto e Proceclurn Civile, li, 1931. clusão convencional ela pretensão_ material ln: CABRAL, Antoni
r:j usPotliv 111,2018.
MELLO, G laucia Rodrigues T. ele Oliv eira. Consensualidade na improbidade administrativa: Pedro Henrique Pedrosa ( Coorcl.). Negócios processuais. 4. ecl. Salvado
13 'rlin: :ar! 1 ll'y-
por que não? Revistacl0Mi11istéri0Público cl0Estadod0Rio de]a11eiro, n. 72, abr.-jun. 2019. •1t )l.' H RlNG, Kay. Die Nachfolge in Rechtslage11 aus Prozessvert.rélg '11.
MENDONÇA, Anclrey Borges ele. Os benefícios possíveis na colaboração premiada: entre a rnanns, 1968.
ial. lfrvlslcl e/e
legalidade e a autonomia ela vontade. ln: MOURA, Maria T hereza ele Assis; BOTTINI, I IUCO, Albeno Lucas Albuquerque da Costa. Pactum ele 11011 pelcnclo par
Pierpaolo Cruz (Coorcl.).Colabornçao premiada. São Paulo: Ecl. RT, 2018. l'mcesso, ano 43,v. 280,jun. 2018.
1 l<IC;o, Alberto Lucas Albuquerque da Costa.Promessas de não processa
MOUSSERON ,Jean Marc MOUSSERON, Pierre; RAYNARD,Jacques; SEUBE,Jean-Baptis­ r e de ncio post1ilu1:
te. Technique co11trnctuelle. 4. ecl. Paris: Lefebvre, 2010. o pactum cle non pete11clo reinterpretado. Univers idade elo Estado do Rio clejan ·iro, Dis­
intitulad a nêi.o pmcessar
NEIVA,José Antonio Lisbôa. Improbidade aclmi11islrativa. Niterói: Impetus, 2009. sertação ele Mestrado, 2019 (há versão comercial Promes sa ele
r: JusPôcl ivm, 2020) .
NEUMANN, Hans-Aclolf . Vertraglicher Ausschlufl der Klagbarheit ei11es privatrechtl-ichen e não postular: o pactum de 11011 petenclo reinterpretado Salvado
Mila-
A11spruchs im Deutschen u11d im Deutschen intenwtionalen Recht. Luclwig-Maximilians­ 1 RIMARCHI Vicenzo Michele . Accordo (teoria generale). Enciclopedia clel Di.ri.tto.
-Universitat,Tese ele doutorado, Munique, l. 967. Giuffré, 1958. v. l.
110:
4. ed. Cape Town:
NEUNER, Robert.Privatrecht u11dProzeflrecht. Man11heim: Bensheimer, 1925. Vi\N ZYL, Gicleon Brand. T he theory of thejudicial practiu: o/Soulh Africa.
PEZZANl,Titina Maria. Il regime co11venzionale dei/e prove. Milano: Giuffré, 2009. Juta & Co., 2013.
Tübingen: Mohr
PHILIPPON, Pascal . Le co11trat de 11011-opposition. Tese ele clouLoraclo, Universidade ele W/\GNER, Gerharcl. Prozeflvertréi.ge: Privatautonomic im \lc: 1/ulnensrecht.
Montpellier, 1996. Siebeck, 1998.
g ecl. München:
QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro ele. Responsabiliza,:ãujudkial da prssoaJúriclica na Lei An­ WOLFF, Hans J.; BACHOF; Otto; STOBER, Roll. \/1'nv,i/11111 .,1ccht.. 6.
ticorrupção. ln: SOUZA,Jorge Munhos; QUl�I RO7., ll.01rnldn l'in heiro ele. Lei a11ticor­ C.H.Beck, 2000. v. 11.
rupçao. Salvaclor: JusPoclivm, 2015.
ro
45•305•JULHO•2020

Você também pode gostar