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GUAGEM DA RESPONSABILIDADE CIVIL,
ALI N

JUDITH MART1Ns-Cos1A
···· ····· ······· ····· ·· ·· ··· ··························· ···· ·······
L·vre-Docente
I em Direito Civil pela Universidade de São Paulo. Foi
Doutora ed Direito Civil na Faculdade de Direito da Universidade Federal do
Rio ranede do Sul. É Presidente do Instituto de Estudos Culturalistas - IEC.
Profes~orGa

"Sei giuristi debbono capirsi tra <li loro, bisogna che usino
almeno certe parole fondamentali con uno stesso significato. "2
"Se os termos de uso jurídico comum são usados de modo exacto,
é bom sabê-lo; se são usados de modo inexacto, é bom sabê-lo e
verificar exactamente como são usados. "3

SuMÁR10: Introdução. Primeira Parte: Da ilicitude (antijuridicidade), da culpa


edo risco. (1) A ilicitude e a culpa. (2) O risco. Segunda Parte: Do dano e do
nexo causal. (1) O dano. (2) O nexo causal.

Introdução
, · der·mem cacoforna
Osdic"10 nanos . como o "encontro ou a repetição
. de sons
iue desagrada ao ouviºdo "4 , estan do em sua raiz o grego kakós, que, entre outros

. Este texto é d 5 . . .
Magist d ~ lmado a homenagear a ilustríssima Ministra Fátima Nancy Andngh1,
responr\;~uJa contribuição aos temas centrais do Direito Privado, de modo especialª
toraag:ªd' idade civil, está definitivamente inscrita na jurisprudência brasileira. A au-
. ª ece.enormemente a Pietro Webber e Catarina Paese pelo aux1ho
JUrisprud· - · a· pesqmsa· de
eLuca e· enc1a·'~ Fernanda Mynarski Martins Cos.ta, Manajuhana . • Poh,· GuS tªvo Haica · 1
e0Iaboraç·Iannott1 p 1 ·d ·
_. e ª cu1 adosa leitura do texto· e a Rafael Branco Xavier pe ª 1 1·ntensa
1. CARN ao cnt1ca. '
sosr ~LUTT[, Fra .. . bbl" · · In· Dírítto
J anz1a/e e ncesco. Dmtto e processo nella teona delle o igazwn1. ·
· ~VRAYER,Ja!roc;sso. Milano: Giuffre, 2006, p. 209. HFELD
8
c,e,sley Newcoes bradley. Preliminary Treatise on Evidence (189 ), apud HO - / ,,11-~
aT m o e . . d A gumentac;ao r.«
vo Dici - . garitla de Lima Rego. Lisboa: Calouste Gulbenkian,
011
anoAurél·1º· 3a ed. São Paulo: Positivo, p. 355.
' p. 'ºº
{ No· ract. de Mar · . 5 onceitos Jurídicos Fundamentais aplica ,~s na r 8 26 nota 28.
2
390 \URIS\ll~i\ll lc11110 11 " , ' "
,\ I.I NC; UA(; I-M fl,\ RFs p
- ONSl\11 11.101\ /Ji· 1

significados, apresenta o de mau , d_esa rmonioso ou deíei -UV11 39 ]


trina e jurisprudência, parece cacolônica a linguagem d tuoso', 1\ 1 as quai s juízes, advogados, dou trinad
· · 1 1 a res er . , co rn '
1 . _ ' ores trabaih
vil no Brasil porque esse 111st1tuto - ta qua se aprese, t Ponsab· _·se d PaJavr, - 1. ersas perspecllvas es tao conotadas pelo 1 . amo Di-
il1ct ºu- as e rv · egis ador a .
r dizer a um conjunto normativo estrut 1J ' um s1s-
- ·b . . lh 1 a atuai 1\S
111 b as su,
c na prática cios 1n unais - mais· espe °
- 1· a um coníus C/Ueb' nie e n0 ªde c1.. so I . que ' ura< oem .
,,ilO 1/ · Iriode os,
1 fin s e funçõ es. Não se trat a, pois de u~ vis1a de
um articulado e .coerente mo ·r deloJUrlCf rco. Enquanto u m mod ra-cc1b 1 . eçc1 . s sd liv ros • e
11111101 1'atos, va
Jores, ' "' agregado e · ·
·rnativas qu e possa m se r atomist ica ment e cons· J ao tico
de normas prov111das de. cl1 erentes d ontes,. mas anicul a d as eme o e urn ag o ,,ue
1
1 s ' - s 1101 . d •1ceradas •
ccr 05 içoe 1 .dade mat ena 1 e uma norma exige exam ina
1 . ' ª1e
valorativa", no preenchimento os conceitos centrais d Utiidad rega,, . 0 deva outras normas va. 11c. Ias do ordenam ento'º '
·d - a resp0 e 10- . "º Je diSPoJ·u1z 1
'r
Assc essa e logi-
mais parecem estar reum as peças que nao . _se encaixam perf · nsabiJ 1•dad &1ca e Porquete coere nte dcon .
vem portanto, se r manejadas segundo regras pr 1 .
· pa avras que
1en d' ern e , . . . , cv1amenic
arcabouço das regras resultantes da tradrçao acolhida e . eitan1 ent . e Civil
.1 . . b . reuer I e. Sob 0 ci~orfllas 1z ela Dogmá11caJund1ca , a qual nada tem de estática: é co nstruida
Civi , observa-se, na v1c a prauca, aso
l . reposi ção de out ras reg ac a Pelo e re ,1s Jecidas P ,anentemente. Mas essa construção para se r harino .
uma outra . _ aras,. .ªPanh ad Odig0 be pern ' ' n1 osa
. linguagem,
- em parteadv111dade uma . trans posrçao esta onstruída , _ e tendo em vista a tradição que a informa " . '
estrangeiras' (por exemplo , os mal . denom111ados "dan os pun ·cnt1cad . es0 1asellJ e rec d·rnentar s - J .. .
ese I lavor de reco nstruçao e og mat1ca e perpassado porém pela
criada ou transformada pela jurisprudência, que se vê co ni· llivos"'); emUções de" · essa nte ' ·d d d · b'/'d · ' ' '
pela necessidade em dar soluções a problemas efetiva menteinuarn 1;5se 1nc n lad o, a necess1 a e e esta 1 1 ade co11ce1tual que assegura
nov ente acoss . Par1e
0 entre, de d ur Ji·scurso jun·d·1co (e, no pano 1 e1a JUnspru
· · dência , minimiza
nS<' . ·d de o e
. . .
A caco'.onia dahngu_agem pela qual se designam as _ os. ada ie fiab1h a . e da surpresa) e, de outro,
1 con ' . -gurança J o nsco da cacofo111a.
. . Es1e é
11111
esse form1davel msututo JUrtd1co de distribuição norm _peças que co 111 _ da 1nse ue os e·onceitos ' ins trumentos _ e o trabalho. do·1unsta, .nada têm de
. 0
0 risc .
cenomma . do " responsa b·t·d 11 adec1v1
· ·t" e· preocupante fu dativa dos riscos Poe. rn
1 15co rcaJ, porq wra11.s ta ou esse ncial1sla.. Nao esquemauzam propriedades que
Direito é linguagem, e mais , é metalinguagem · O q'ue no )Ur' _a rnentalrnente Por
sociais r 10 lógico, nana etern a essê ncia das coisas represe ntadas,
15t 00 . . ant es sofrendo a ação
palavras e falar sobre 11111 discurso preexistente· A ti·ng uagem· n· ª. faz é Ji·d are%
0 d •riam de ur
i v1formadora eIo te,',
npo refl etida nos fatos e nas 1de1as sobre os fatos que os
expressão: é objetoº. ao e apenas llle1ode
. m 1r:1ns . 5 urnanzam .
conce1to s bora co nst ituam "objetos de pensa mento e mo111en1 0s da
No entanto , em l I pensados, vividos e modiíi cados continuamente por
5 _ CUN HA, Antonio Gerakl~- Dicioná~·io Etim ológico N_ova Fronteira da Lín 'Ua p . d~5sendo,
v1·da"'J como
gerações, cer /o ~que ' 'ainda que fl ex íveis e lransfo rmáveis, osconceilos
s,1. 2" ed. \ ó" impressão . R10 de Janeiro: Nova Fro nteira, 1986, p. 134. oriugkr- 111 e10
6. Em 1.: onhccida pas:age m , M_iguel Reale co nce itu a m o del os jurídicos co mo "estrui

:or
normativas din âm1Cas, que int egram fatos e :aiores c m n o rm as jurídicas", corres uras ~ i o. Mi ~ano : Edi zin ni d i C o mur_1it ~, !976, p ._300-305. Ainda , /RTI , Nata/ ino.
<lentc~_às :o~t~, _mas <le_l~ se desprend~ndo ~e ap resentarem _no devir e.la rnu: ,~j Note per uno s1ud10 s ul la no m e nc/a 1ura g1urrJ1ca. Rt vista Trimcstralcdi Diritlot: Proff-
cxpencncmJumhco-s~cial _(REALE, M1g~el. fonlt:s e m odelos do direito. Para um nnl'o tlura Civile, a no 2 1, n . 1, 1967,p.5- 15.
paradigma hcrrnenêullco . Sao Pa_ul o: ~arat~a, _1994, ~- ?3- 122, e ainda Vida e monc dos _ l30Bl31O, No rhe rio . S ul rag io nam e nr o d e i giuris ri. Ri vista di Diritto Civilc, n. 1, 1955,
modelos juridicos. ln: Estuclos elef ,losofia e c1encia do D1rc1to. São Paulo: Saraiva, 197S, p. l8. 10
p.6-7.
7. Corno le nho insistid ~ c m ~ubli~har, essa ~o lage m a~rítica nada m a is é que O mau uso _ rara essa proble1mí1i 0:t, pcrrnil o- m c refe rir ao me u: Au1oridadec U1i/idade da do uirina:
11
do método compara usta , e , a ngo r, o an ll co mpa ralls m o o u , co mo ironi ca mente Je. a constru ção d os m o de los d o utrin .:írios . Em: MA RT INS-COSTA, Judilh (org). 11,,loddos
no rnino u Légrand , mero "turismo d e conhec im e nto ", sendo in co ntroverso emrc 05 Jo Din:ito Pri vado . São Paulo: Marc ial Pons, 20 14, p . 9 e! scq.
compara1is1as não serem "1ra nspl a ntâve is" os m ode los jurídicos: podem ser recchi<los 12. Sem entra r nas co mplexas di sc ussões .ace rca da na1ureza dos concei tos, pode-se con -
por meio de formas dotad as de possível s imilitude funci ona l, destacan<l<Mc, todavia, siderar, muit o hasica 111c nt c, que um co nce ito é uma reprcscnwç,io gt:ra l e sin1 é1ic.1di:
as peculiaridades não passíve is d e aco lhimento n o s is tema (c.g.: LEG RAND , Picrrc.Sur urna classe de fc nllm c nos o u uma s um a d e ideias sobre os fcn(imcnos . Por meio de iais
\'analysc diffé rcntiell e el es jurisc uhurcs. Revue lnl enwlimwlc de Droit Comparé, n. -i, "esque mas linguís li cos torn a -se v i:ívd a aprcc ns:1o. a produ çiio, a co municm;,10 e o
1999. p. 1053- 1071). cont role do se ntido o u s ig niíicaçüo d a co isa o u ideia represc111ad,1". Parn lm1;1 sintcsc.
8. Em tra<lução litera l da expressão inglesa ·· puniti ve damages '', m e lh or indicada,scrnan• vidrv. Co ncei to c m ARNAUD , And rl'-Jcan t'l ali . Diciondrio t'11ciclopt'díco da Ti'oriai.·dc
t icament e , por " inde ni zação punitiva ", poi s não são os d a nos que " punem": a "puni~·ão· Soriolo,-:ia do Din'ilo , Trad. de Vice nt e de Pa ul o Barreio. Rio deJan ciro: /k nov:lf. /9LJ9.
ad vé m da impos ição de um deve r de ind e ni za r a vít ima do dano c m va lo res cxprcssiva- p. l 26ct seq.
mcnt c ahos. 13. PONTES OE MIR ANDA. Franciso1 C avalG1n1i. Tra tado de Dirdto Privad(,. Tom 11 / .
9. Para essa vas la prohlcmâtica, ree nvio à co ntribui ção funclamcntal de 13OBBJ 0, Norbc1- Arualizado porJudith Martin s-Cc1s 1a .Jc1rge Cesa Ferre ira da Silvar Gus1:1 vo Ha ical. 5:111
to. Scienza dei diri110 e a nalis i dei \inguaggio. 1n : SCA RP ELL I. Li berto. Diriftot Anafoi P.llllo: Rev ista dos Tr ihuna is.2012 , S 2, p. 67.
. ' ,rro PRIVADO A UNC.UA(;[M DA RFSPO .
392 JURbDl(N l E DIRL
.
.. NSA!lll IDADF .
. UV!L 393
1
1
- (devem sei
·) ,·dcntiricáveis ,e não rótulos vazios , a se Pre 17 , necessário, pois esses outros mecanism d .
1 . ,1tiO e , b - os e inde .
utiliza doss_ao A lavrascamaleônicasconstituen, un, . encher Jistlllt, rnas não so este- tam ém outros íund . . n1zação (a
. 'ido." s pa ' _ Peng to .1a, o lo segur0 ' d ,. d os publicas o .
qualquercontel . . ianto para uma expressao lúcida" ad 0 , tanto IJi ~•• arre arcirnento e vi umas e ce rtos riscos s .. ) _ · u pnva-
1 cnsta 1mo qt .. ' ' ven 1- Par JlleÇ d ao ress . 'd oc1a1s nao lê
o pcnsamen ° . ão ma as
f ta·vel entre estabilidade conceituai e
,
e lohr. ,, ª
cacof . , 1"'1
,o ·safl o ·d d civil a smgu 1ari acIe de estabelecer um I
05111 b'h
1 a e '
m, com_ o
aço de at 'b . _
Apesar da tcns~d,ido o postulado da validade material , o qual se on,a, há d. d poosa ent") entre o evento danoso, produzido po n u1çao
res
i . Je ra 11
ac11em la atividade exerci.d a 18. r pessoa ou e ·
01sa, e
ser sempre ate d certas premissas, ou pressupostos, dos quais d resolve Pele ("l1 Cli nsáve I pe - . . . .
- b lecimento e ' _ 15 - evelh o
e~ta e d . certas conclusoes . Por essa razao, é prec·1so "', nec, resPº ·r· ·ação da fun çao prmcipal do 1nsututo considerado ,1
. te envar ' corn ,s. u111 ec1 iC . I . b. . d re eva 1am
saname_n .d' d onceitos que traduzem esses pressupostos con, Preende AesP d ação categoria , via 111zan o a qualificaçãoJ·uríd' . .' . ·
or en . . 1ca, isto e, a in-
0 siomfica o osc 1 . 'd d o lllá . r ,,,,, para a fato ou conduta em uma categoria Jurídica preexistent - d
b_ _ ·I [imde evitarap unvoct a e,querdizer:aca f _x,illod bt1'' d certo . . • • •d· lh , . e a qual
prec1sao e c areza, a . . • . co on,a. e ão e xão logica, o regime JUrt tco que e e aplicável tend .d
_ .. s à plurivoc1dade cacofo111ca as palavras da res
11
serÇ• rcone . .·. d . , os, o reco-
Estao suJe a ,, . d . - ,, Ponsabl sulta, Pº terist1cas essenciais a categoria de conexão 1 . Sendo O d
9
. . ... . .· ,, "dano" "nexo causal , 111 e111zaçao - cabendo po . 1idade rc d ascarac . ,d d . . or ena-
CIVIi - 111cno , ' .. _ ' r isso, b heci as ciclo por uma mma e e ms11tutos também nessa maté . 6
. . . pºra a sua iclenttftcaçao. Uscar n . rídico te I d "d ' na ca e
um cnteno " 111entoJ~ brocardo segundo o qua _se eve .. .ªr a cada ~mo que é seu": quando,
. . . está em reportá-los ao instituto da responsabilidad . invocar_ d responsabilidade civil, se diz 1ndemzar , esta-se a referir a fenô-
O pnme11 0 ... . e civil·
. . •d·co é fundamentalmente, um discurso conotado Todo · todo noa'[Tlb1l0 ª · · " d "t 'b t " "
d. ersoao de "restttuir , ou e ri u ar , pagar , ou mesmo "sa ncionar"
"
discurso JUrl i , . · texto· . . ' •
. . preensível em vista de um contexto normattvo, sendo ness JUrid,. 111 eno ,v ceitual é relevante, uma vez que a possibilidade de comunicação
co so e a _ . _ . . . . ' e contex ·dado con d d . 'd' Ad .
rormu "ºdas as regras de formaçao das proposiçoes 1111ciais do institui lo, ocu 1 . . é pressuposto a or em JUri 1ca. ema1s, a confusão e a sobre-
... . . oªº q I . subjetiva. ai seriam • pe1o m1111mo · , ·s, deslltu1
, · 111ute1 · ·das de senudo · prático .
. 't 10 referido O segundo cnteno denva do pnmeiro· todo ·,nst· ua 1n1er
. ·ão func1on
esta o ex · . · !luto jurí-
d.ICO. ( qui considerado parte fundamental do contexto de um texto) e· f· .
a . - .. . ma1ISla e posiç . ainda consensual afirmar ser função primordial da disciplina dares-
tado a lograr determmadas funçoes praticas. A tarefa consiste na ident·f· _ . .d d civil _ aque1a que I'd enll·1··1ca a sua smgu
Parece · 1an'd ade como ms\1tuto
· ·
VOl . . . . ló I ICaçao sab1 11 a e . . .
da Junção pn11c1pal a que voltado o mslltuto em causa . pon .. _ade determmar, por meio de pressupostos de configuração e cri1é-
Identificar Oinstituto ao qual devem ser conotadas as palavras utilizadas J
und1co
. !mente apreens1ve1s, , •
quais · -
sao os eventos danosos que devem ser
rios racw na
é da maior relevância porque, muitas vezes, um mesmo resultado (por exern lo
0 pagamento de uma indenização) é obtido por meio de institutos juridica:di
versos. Uma mesma e única palavra- "indenização" - estará reportada acausas di stini;uo co_mo 1écnka, mi
como menciondem: _MARTINS-COSTA,Ju-
dith.A boa-fé no Direito Privado. Crnenos para a sua aphcaçao. Sao Paulo: Sarn,va, 20 18,
regras e institutos distintos entre si, considerando-se a sua localização dogrnáti
§ 23, p. 277
ca, estrutura, funções e finalidades. Pode-se lograr uma indenização por meio da \B. Adislinção é feit a justam enl c a propós ilo da responsabilidade civil, por Pa1riceJ011rda-
responsabilidade civil e de outros mecanismos de indenização, coletivos ou não. in (um dos maiores es!Udiosos desse tema) que refere, co mo diversas íormasdc indeni-
zação que mío derivam da responsabilidade civil, fundos destinados ao rcssarci mento
de vitimas de AIDS, ou dos lesados pelo amianlo. Vide:JOURDAIN, Patncc. D11 cnlerc
de la rcsponsabilité civi lc. ln : FAB RE-MAG NAN, Muriel; GHESTIN, Jacques: JOUR-
l4. HOHFELD, Wesley Newcomb. Os Conceiius)uridicos Fundamentais aplicados na Ar- DAIN, Palrice; BORGH ETT l,Jean-Séhaslien (Orgs.). Liber Amicorum. Ewdcs offencs
gumentação Judicial. Trad . de Margarida de Lima Rego. Lisboa: Calouste Gulbenkian, àGeneviéve Viney. Paris: LGDJ , 2008, p. 553-562). O alerta é nccessürio, pois. sem 11111
2008, p. 26. principio de identiíicação do instituto , fará recordar, como outra estudiosa france~a, 0
15. BOBB\O , Norbeno. Sul Ragionamento dei Giurisli. Ri vista di Dirilto Civile, n. \, 1955, mito de Hcrmaf rodi1a , que, se ndo , ao mesmo tempo, homem e mulher, mío era. afrnal.
p. 7. nem homem nem mulher (GRARE , Clothilde. Recl,rrches sur la cohérrnff de la respou-
16. Sendo o Direito ciência prálica, seus institutos têm, necessariamente, função, pois, se sabilité clélictuelle. Paris: Dalloz, 2005, p. 391).
não a tiverem, simplesmente não fazem sentido. Seriam meros ornamentos intelectuais, 19. CORNU, Gérard. V "Qualification". ln: Vocabulaire)uridique. Paris: PUF, 1_997 , P· H 7:
e não anefatos do pensamento para que os juristas e as instituiçôes jurídicas pudessem "opération intellectuelle d'analyse juridique, ou til essentiel de la pensfrJ 11 "J,que. con-
agir na realidade. Como está em conhecida locução de Perlingieri, todo inSlilUIO JU· sistant à prendre en considéraLion l'é lémcnl qu'il s'a 0 it de qualificr (. .. ) el à 1c fairccnircr
ridico é composto por estrutura e função, mas a fun çclo determina a estrutura, a_qual 1 une catégorie juridiquc précxistante (dou
lans , resu
? 1te, par r,awichement
· · /e regime
.
segue- e não precede- a [unção (PERLINGI ERI, Pietro. O Direito Civil"" lcgilhdack · ·d· 1 · 1 . , . 'ristiqucs cssc1111c/lcs
JUn 1que qui lui est applicable) en reconnaissant cn u1 es ca r"c 1t::
cor1slitucior1al. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 643). dela catégorie de rat tachement ".

1
394 1 JUR\SDKAO E DIREITO PRJV1\DO y A I.I NCUAc;1, M DA " .
,, l:Sl'üNS,\
BIUD,1 n1•- CIV11
3
a ilicitude (antijurídicidade) d - , 95
transferidos da vítima ao autor do dano2º, e que~ por eles dev parte: D , a culpa e d -
. r que O insututo possa ser matizado p e resp eirtl , h d " d. o risco
sim - e sem nega or outr . ºnct irt1 . (tarnbem c ama o con 1ção" ou " ..
. ou residual e que, ao longo dos tempos as lu er. A rr . posto . . requ1s1to") ,
carater pontua1 . _ , venha nçõe •is, ,-ess!l . têncta ha de estar comprovada para q . e o elernent
P •a e)(JS ue o 1nsti o cs-
. -o-es- cabe precisar, pela negativa, o que nao é Junção d sofrenct s, e,,_ 1i.1ral cllJ está voltado. São pressupostos do dever de inde Luto desempenhe
ormaç , . . d'd b . are o t .,,
. ·1 , so b pena. de verificar-se
fc1v1 a F a1u I aso reposição fun . spons b· rah. 1r!.lr·11s a qll~!- ·1ude da conduta do_agente (1)2' , o dano n1zar a antijuridi-
. . c1onal, a llict ..,,_
51 ,, 1 1CI l . A .. 'd e o nexo ca !
-o compete a esse instttuLO desempenhar Junção ass
a I d . b. ~U~t·
ªde od
. /1
ill º" oeac onduta i íc1ta. nllJUfl
. icidade ' dano enexodec usa1· a existir 1
N
elos contratos de seguro e pe as ema1s, o ,ngações f' de garant·aj· oria111(e~~ - 11
tre0 da 11 tre·s pressupostos gerais elementares , presentes tant ausa dade sào ,
0
P1v. ci (desempenhada , por exemp.1o,. por institutos .iscais)·, nem m, ne d·istr-bc1d, e11 a11 to, 0 5 atual quanto na extracontratual· na res b· . na respon-
nor1 d contr d . ' ponsa tlidad b·
1alocada primordialmente ao D1re1to Penal e ao D1reito Ad . . esrn 0 p _1 ~- r bilida e culpa como fator e imputação) e na respon b·J·d e su Jetiva
·1·d d minist · Unir 59 da pe Ia . sa i i ade ob· .
(nador muito embora, na responsab11 a e por dano moral . rativo S % ·a[orrilª ·sco como fator de imputação). Como regra jel!va (in-
' f - )21 , a JUr' anc- (1" rna da pe 1 on ,. . d' 1 , a presença cu l .
arte da doutrina advoguem essa unçao . Transformar _ a responisprudê
b· nc1_10, , \e,.,.,entos e tmprescm 1ve para atribuir-se f . mu at1-
p fordesses tres e '"
d . denização por perdas e danos.
o e eito cons·
istente no
vil_
0
. . 1dmente
instituto .voltado fun damenta . a reparação
- de danos sa i . ilict adeacie va to em
causados a a\guem - em. uma tecmca
'b . . e 1mputaçao
.. de garanr iacontllJUstaltJ ente- pagarnen ·ficaçãodo regimejurídicoaqueestásujeitood d . .
· aespec1 ·1·d d b' . ever emdenizar-
emprestar-lhe . feição d
. 11stn uuv1sta
. .ou punitiva,
d D' . "é algo q ue a desnra risco s,ou a
J une . da responsab1 1 a e su Jellva ou o da objetiva_ b d .
- • d' 0
e ece a deter-
deixaria rreconhec1ve como um . msututo o 1re!lo Civi\" 22 . aturarj ªea se ore g tores de imputaçao, assim enten_ idos os critérios que e t b 1
1 do5Ja -1·d d • s a e ecem a
Marcada a função, cabe ingressar em sua . 'd'linguagem . "'teoncos
.. f11ÍI1ª e a responsa 61 1 a e e um interesse juridicamente t 1 1 d .
e)(ãoentr .. d . . 2ó, l . ueao,gu1an-
sabem que, frequentemente, - os. pro bl.emas JUn 1cos são probl emas d e práti cos con espec1·r·1c·a disciplina . o instituto
. _ . . a cu. pa, reitora da responsab·i·d d
1 1 a e sub-
nação" 23, diz, com razao, Natalmo lrt1. .O exame da linguage mm1cia . . . e denonf1- do a ·sco fator de 1mputaçao pnmord1al da responsabilidade ob,i t· (2)27
. ·, ,o e O fl , Je 1va .
vendamento dos pressupostos, ~s _quais, _uma vez reunidos, deslanc corno des, JCll'"'
que é o pnnopal e mais caractensuco efeito da responsabilidad . . harn aquele
.mdemzar.
. para apanh.a- 1os, na p nmeira
. . p
arte, serão versados O e c1v1\·· o dever de ~Am ngor, o ."antijuridicidade"
. . contém uma .antinomia , pois o ilici·to tam bem
· per-

14 eaomundoJund1co(MOREIRAALVES,JoseCarlos.Aparlegeraldoproief 1 c·-
citude. e os fatores de imputação de responsabilidade nomead oscomoc pressuposto 1 da.ili- 1enc b •d' h' . . , o, e v
digo Civil brasileiro: su s1 10s 1stoncos para o novo Código Civil brasileiro. 2, ed. São
e defeito do produto.
. Na Segunda Parle, haverá uma abordage m o anoedO nsco
d d upa, Paulo: Saraiva, 2003, p. 89-90). Concordando com essa observação, adoto O termo para
causal, mencionado o complexo problema da chamada causalidade probabilística nexo evitar as ambiguidades _qu_e amda cercam o termo "ilicitude" quando não adjetivado
(ilicitude objetiva e subJellva). No presente trabalho, utilizarei, indiscriminadamen1e,
os iermos antijurídicidade e ilicitude. Porém, quando adjetivada como "ilicitude sub-
jetiva" , estarei referindo a concepção de ilicitude que a vincula à presença do elemen!O
20. ZWEIGERT, Konrad; KÓTZ, Hein. lntroduzione ai Diritto Comparato. Vol II. Milano- "culpa". Observo, ademais, que, no Direito Privado, o termo anlijuridicidade vemsen-
Giuffré, 2011, p. 31, como segue: "(. .. ) il compito principale della disciplina della res. do progressivamente utilizado justamente para discernir entre a concepção obje1ivada
ponsabilità per fatto illecito consiste nel definire, tra gli innumerevoli eventi dannosiche ilicitude (sinõnimo de antijurídicidade) e a concepção subjetiva, que ainda imroduz,
occorrono quotidianamente, quali <li essi debbano essere trasferiti dai danneggiatoa\l'au- no ilícito, o elemenlo culpa. Trabalhando o conceilü em vista da necessidade de identi-
tore dei danno, conformemente alie idee giuslizia ed equità dominanti nella società". ficação do fenõmeno que nomeia e concluindo pela sinonímia entre ilicitude obje1iva
21. Uma crítica a esse entendimento está em: MARTINS-COSTA.Judith. Dano moral àbra- e anlijuridicidade, vide: PETEFFI DA SILVA, Rafael. Antijuriclicidade na responsabili-
sileira. ln: PASCHOAL,Janaína; SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Livro Homenagema dade civil extracon1ratual: da amplitude conceituai aos mecanismos de iden1ificação.
Miguel Reale júnior. Rio de Janeiro: GZ, 2014, p. 289-322; MARTINS-COSTA,Judith; ln: BENETTI , Giovana et ai (Orgs). Direito, Cultura, Método. Leituras da obra dejudi1h
PARGENDLER, Mariana. Usos e Abusos da Função Punitiva. Punitive damages eo di• Martins-Costa. Rio de Janeiro: GZ, 2019, p. 448-478.
reito brasileiro. Revista CEJ, n. 28,jan.-mar./2005, p. 15-32. 25. Aexigência de que o dano provenha de um ato ou de uma omissão ilícita só excepcional-
22. Assim, RODRIGUES JR., Otávio Luiz. Nexo causal probabilístico: elementos para a mente é afastada em hipóteses predeterminadas pela lei, como pontuarei na sequência
crítica de um conceito. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 8, 2016, p. 115-127.0
do1ex10.
autor alude à pretendida (por alguns) função distributiva da responsabilidade civil, mas 26. Também ditos "nexos de impuiação", ou, ainda, "fatores de atribuição''. · Na sempre
a observação cabe também à imputação de outras funções, próprias a outros instilu!Os lembrada distinção de Serpa Lopes, atinem a um problema de impuialw ums, aot con-
jurídicos. trário do nexo causal, respeitante a uma ques1ão de imputalio facti. Em nosso siS ema,
23· IRT_I , Nat:lino. Note per uno studio sulla nomenclatura giuridica. Ri vista TrimeSfraledi os principais fatores de imputação são a culpa, reitora da responsabilidade subJe11va,
01n110 ef rocedura Civile, ano 21 , n. 1, 1967, p. 265.
A LI Nl,UAGE M ll,\ RI'~
.. PON',,\Bii li
JURISDl(AO E DIREITO PRIVADO r iv11 ,
. )i\Dt,
396 1 . · , 397
. teticamente, as farmas de ilicitud ,. (
10 51 n d. e. a) a vi 0 1 .
( 1) A ilicitude r a culpa fré5 5, ar'ro nta a lei (que,
_ treta
. . ou d refl examente, I ute1a .inter açao de direno .
. rc,gra , há dever de indenizar
amo apenas quando com
. • . ( .. prov d
. . (P
ie10,
) ·d de)
a , entao se uli
.
11zan o o termo ilegal'd
1 ale·I e( )O esses dr algue·rn
. e _ ciiire este e a conduta 111c1ta anttJurídica) d O I a os O d 0 i1 d cot11Il 111. de rnodo mamfestamente contrário à b f·' e exercício d .
vmcu 1o causa1 esante, o an e0 v a . no, . . , oa- e aos b0 e
o . proP , .coe social do direito. ' ns costumes
por ele rcspon de. __ . . . udeque 10
Jirc1. econornt • .
.. ·di·c ·dodc
nllJUr 1 1 . . e .a. contrariedade
" , ou tl1c1tude . .. a c/i· .
re1to. Se . llt , [1111
f' 0 d·15cer!1
,·rnento entre essas tres mamfestações do f. _
· enomeno d 1-1. .
pensar A em ato contrário ao direito (1hc1to, anLIJurídico) que f na Parad 0 Nº. prt·rneiramente, ultrapassar a mencionada co nexao . entreªl 1c1tudc,
11 •
nforme ao direito (lícito). Além do mais, 0 ilícito . asse, ao"' xa1 rect5°, . d se vê plasmada na letra do art. 186 do Cód. e· . rnude e
1cm ' Co . . . e anti' . '" CS foi P cat!1 a . . tgo tvil Os f
•Pori·di·co·. pertence ao mundo do D1re1to,
.e a_1u _ tanto
. assim que produ .IUrtdico e nãillo 1pa,qu d rnática resultaram na d1stmção entre uma e · es orços
cv ·1· e og d 1· outra, passa nd
"dicos Seguindo-se essa compreensao, sena desnecessá eana t5 a se parar, no plano I a mguagem , entre a "ilici tud e sub'jellva
. . " isto
. o-se,.
n · . . ,, . . · 2s) - no Utilizz efeit
.
O os Ju.
.o
d 10
I
•·antijuridtctdade
. (que contem uma
d d' . - apona ,
·1· . nao fosse a n . ar
ecess1d d terllto ,ara'ªº. d' arnarrada ao e emento cu pa, e "ilicitude obj.etiva" .1. •· ' e,
r I a1n a . d . .d ' ou t irnude em
compreensivelmente acerca a 1sttnçao . entre 1 1c1tude e culp a. a e de r 1 .qi1c
,1 .
a roprt
. .0 , identiftcan" o-a a,,contrarie ade a direito , ou "ant'"IJUn'd•1cidade"lº .
OanliJ·urídico não é necessariamente culposo. senudoPitaçao . doelernento. culpa . . . Percebeu-se,comefeito ' naling uagemdo texto'
. . .. d . A culpa ,emsentid se111cog ariarnente
siste JUIZO de. reprovab1hda
. e sobre .a conduta. humana , quando o lato. •eon. _ 0ecesS• . stntettca,
_ . como deve _ ser a linguagem da le·1- , a presença
110
imprudente ou 1mpen1a. (culpa 1ega1 is deu rn conceito. no art. 186, estao
. textualmente referidos a 1-11-c1tu
. de, 0
. em senudo . estnto)
1 . ou . quando tem a in1 _negltgente, . . ..
causar o dano (d olo.) Srnteucamenle, po1s,cu paev10laçãoded ençàode de 111a a indicauvos de tres conceitos analn1camen1e cindíveis
anoeacu Ip ' . . .
te que o agente devia e podia
. observar. Sendo o ilícito a cont rane . edver
adepreexisten
. . d . b ,,, verdade que, na doutnna anuga, consequente à prevalência absol 1
incorreta-embora nada rncomum -a confusão entre ilicitude e ª direito,é E e,..
·g"'ª da responsa b'l"d1 1 ade c1v1 . ·1 su b.~euva,
· tanto se confundia a ili· ·1udª
. . d' . culpa po·1 dopara d1 '" c1 u e
1ura ms concenos 1versos e toma, como se smônimos fossem ' s rnis.
d
(ilicitude ou antijurídicidade) e um fator de imputação deres O um pr_essuposto
·a, exemplificativamente,
--------.----::v PONTES DE MIRANDA , Francisco Cavalcami. Traiado
(culpa). Ademais, essa indevida conjugação conceitua\ temp nsabiltdadecivil •J9 · de1Direito
,.,
Privado. Tomo li . R.10 l 1e Jane1ro:
. Borso1., 1954, especialmente: § 164, 165 e
levar a.considerar que, .na responsabilidade
. objetiva (a qual ppor _consequência
resctnde d 1 , I, p. 201-213_ e 245- 247; ANTUNES VARELA.João de Matos. Das Obrigaçcie.1 em
175 \lo!. li. Co imbra: Almedma : 1996, P: 532. Na doutrina italiana, entre ou iros,
Gemi.
sendo mformada por diverso fator de imputação, isto é ' pelo r·isco ) sena. ª cu. pa,
nizáveis os danos decorrentes de uma conduta lícita ' O que na· oe. 1am ' b.emmtnde- VISINTINI , Giovanna. 1fatll dlec1t1 . 1granch onentamenti della giurisprudenza civile
ecommerciale. Padova: Cedam, 1987. Ainda: CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de
do nem guarda relação lógica e axiológica com O sistema. acena- Responsabilidade Civil. 1la ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 23, aludindo, na qualificação
da iliciIUde, in verbis: "à conduta humana, contrária ao Direito, sem qualquer referên-
cia ao elemento subjetivo ou psicológico". A propósilo, anota Noronha: "Em rigor, a
o risco, critério geral da responsabilidade objetiva, e a segurança, para alguns 1ipos de expressão 'ato ilícito' pode ser entendida em duas acepções, uma ampla e outra restrita,
responsabilidade profissional (SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil. ambas com muito uso na linguagem jurídica, ainda que sejam profundamenle dife-
Va i. \1. 2' ed. Rio dejaneiro: Freilas Bastos, 1962, p. 252). Pelo fator de imputação se dirá rentes. Infelizmente as duas acepções muitas vezes são usadas indiscriminadamenle,
se determinada conduta foi negligente ou arriscada, caso se esteja perante um caso de como se fossem uma s<"> e a mesma co isa. É importante saber distingui-las, para não
incorrerem erros que são muit o comuns(. .. ) De acordo com a acepção ampla, também
responsabilidade subjetiva ou objetiva, respectivamente.
designada de ilicitud e objetiva, ato ilícito significa qualquer ação humana que não seja
27. Não se tratará aqui do defeilo do produto, ora visto como espécie de ilicitude própria do conforme com o direito(. .. ) Conforme a acepção restrita, ou ilicitude subje1iva,a10s ili-
âmbit o das relações de consumo, ora como fator de imputação característico desse mes- citossão somente as ações de violação de direitos de outrem que sejam subje1ivamcn1e
mo âmbito. O defeito do produto é considerado forma de ilicitude própria do âmbilo reprováveis" (NO RO NHA, Fernando. Direito cfos Obrigaç<ies. 4' ed. São Paulo: Saraiva,
das relações reguladas pelo CDC, segundo Paulo Sanseverino, in verbis: "Na hipótese 2013, p. 383). PETEFFI DA SILVA, Rafael. Antijurídicidade na responsabilidade civil
especifica da responsabilidade por acidentes de consumo, a ilicitude da atividade do extracontratual: da amplitude conceituai aos mecanismos de iden1ificação._ ln: BEN_ET-
fo rnecedor está contida no conceito de defeito do produto ou do serviço, uma vezquea TI, Giovana el ai (Orgs). Direito, Cul1urn, Método. Leituras da obra dejudnh Mamns-
prioridade é a reparação do prejuízo sofrido pelo consumidor". Ainda,"( ... ) o conceito ·Costa. Rio<lejaneiro: GZ Editora, 2019 , p. 448-478. Na doutrina portuguesa. PESSOA
de il icit ude tem íntima relação com a noção de defeito" (SANSEVERINO, Paulo de JORGE, Fernando. Ensaio sobre os pressupostos da responsabilidade dviL c,'.'imbr.i:51111
Al-
Tarso Viei ra. Responsabilidade civil no Código do Consumidor e a defesa do forn ecedor. S,io medina, 1999 distinguindo entre "ilici1Ud e objetiva" e "iliciwde sub1e11va (esrn, •
·d ' • 63 70 de deix·1claro ser a
Paulo: Saraiva, 2002 , p. /07).
am a amarrada à culpa) (ver, em especial , p. 55-56 e p. - • on · '
ilicitude pressuposto ge ral da responsabilidade).
28. Videnota 24, supra .
A I.I NGUJ\C EM DA REsp
. . ' !TO PRIVADO ONSABIJ.1D,1n1:
398 1 JURISDl (All E DIRL - ,, CIVIL 3
1 99
u "elemento , quanto se amarr er de indenizar, ainda que haja dano
. como o se ava a o dev • , porque _
com a culpaiº, vista utro deslize conceituai, pois o dano - noçào d . entO d o indenizável. 'entao, llào se
dano em o . . d nao . . e·1 5cif11 , rn Jan .
citude com a de ' . o efeito mais cornque1ro e uma co d e 'ntri I i. 0 11a rMª u plificat1vamente,oatodeumempregad
,,1nto seJa 1' O d n Ut nse rgti
1 ,xem orquede • .
à ilicitude, conqt_' ·m não fosse, o r enamento - que - . a Viol to con . ure-se, e d -lhe todavia, todas as verbas resc isór' . m111sse um
· ,, Se ass 1 e sist fig gan o , ias, ou a aç· d
'
de direito a11ie10 .
.- •
.- do ilícito manepve1s quando aind - enia
ª nao h 'n·
ªdo
r. do, Pª . sse a atuar no mesmo mercado que outro . ªº e um
P
reveria formas
. de remoçao · -
levante para a compos1çao do cone . á da ªº rega
cn1P :ante q
ue v1e d. .
rnprego quanto a 1mmuição no faturam ento
, com esse co
. ncor-
o que é,se111anu. .camente _
re
-ao entre 0
"violar
. . - lh . "
dtre1to a
. .
e10 (art. 186)
eno de
eo"
antiJ•,,
no11
..
~r1ct·1
erc1
cof11 rantº º.
dese . d
dern traduztr-se em anos. Os atos que os ca
pe1a existen ·
_ eia
cidade e a conJugaç do contrário ao Dtretto (art. 187) ai· e)(ercic 1· - JO· • cta Pº . d · - -
ren corref1 dever de m emzar, porque nao sao atos ilícitos. O Ord
usaram nao en-
. . ,, de um mo ... - ' estanct ºd
direito propno
• para a ave
ri·guação dessa forma de 1hotude todos 1
' e es I
°
Situad e
o
Jecof'l 10 dav ia , o espécie d e "seguro umversa
•aJ11• la essa .
.
. ..
l" contra quaisque d enamento
r anos.
os para metros tas conceituais da culpa. e ara 111e s ,eJ 0 ntef1lP a regra é a da mdemzabil1dade apenas dos da .
inconfundíveis com as no nte ~o e _5e que . .. , . nos causados
- 1·t· co resultou em compreender, portanto, essa d D paí ter to ilícito (ant11und1co) mesmo na responsabilidad ..
O sforçoana I' - f • s Uas de um a _ e o6~et,va
e . s ilicitude e dano sao enomenos diversos televan virtude ue cem o risco, e~ªº. a culpa, como fator de imputação. Reitere-se:
_. ·es- nao apena d colllo -
tcs uso ·. ulpa e ilicitude, de mo o que a responsab1·1·d ta111bé.,, .15eJll1oe,. aqueladoq Noronha ' que ..o pnme1ro _ . ,, pressuposto . da obrigação de inde n1zar .
11a. d.is t'nçao
1 • entre cmas não da antijurid1c1 . 'd d
a e, quer dizer: do c
I ade Ob ,,,
ietiv fernan evento anl!Jund1co , sendo assim considerados "os fatos que
inde da cu 1pa, . 'd I ontrast a coJll ·do pe IO d d
prese d minado previsto ou permiti o pe o OrdenamentO . _e entre a . 051itUJ tradição com o or enamento, este modo afetando negativa-
conduta e o eter ' . - d JUrtdi ii eco 10 ca J1l ern _
con . 'd ' t t I d "34 d'
e eram 1un 1camen e tu e a as , quer tzer: pelos fatos que
- .ca consequência, na constataçao e que, se inex. co .1: ,e e01es1tu . açoes qu - d- •d 35
resultou, por 1og1 . . 'd' 'd d ) - - IStente 0 _ ue O Direito a guan a .
. d d d'reito (ilicitude, anttJUfl 1c1 a e 'nao ha, em linha d . a con. rtle situaçao a q . - . •
trane a e a I e Prtncipio,
afetarn salvo nas raras h1poteses em que a lei preve, expressamente, 0
portan~, dever de indenizar como consequência de um ato lícito (ato-fato
30 Na doutnna . brasileira mais antiga ' a confusão é corrente,
, quiçá pela inll uenc,a. . fra nascirnenW 3~ -e.g., na hipótese do art. 188 do Código Civil-, nos demais casos
· Exemp i·r·cativamente
11 ' a obra de AGUIAR DIAS,Jose .de. Da Responsabili'd
.. . adeCivilncesa., indenizauvo_d de é pressuposto da indenização, que é efeito, inclusivamente na
ed. Rw . deJanei·ro·· Renovar' 2006, p. 140
. ,,etseq., que sllua a 1hc11ude na de[·1n1çã
a apodando-a de "definição imprecisa ; e a de MONTENEGRO, Antonio L· dbecu[.
d ·1 - · (R ·
. 0 d · li
in ergh
t~ nd 1
aantiju _1 ªde objetiva , a qual prescinde da culpa, mas não da antijuriclicida-
p' responsabi do c~ntraste entre a conduta lesiva e o determinado, previsto ou
que l·nsere a culpa como elemento .o ato 11c1to essarc1mento de Danos Pessoa,s. eMa., de, quer dtzer. . ,d. 37
teria is. 7a ed. São Paulo: Lumenjuns, 2001, p. 30). .. 1 Ordenamento JUíl 1co .
errruudo pe o
31 - Pa ra O exame das consequências . jurídicas da .contrariedade. a. direito , ver, por todos· P . de fato , paradoxal responsabilizar, de forma geral , aquele que atua
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanu. !ratado de_Direito Privado. Tomo li. Ri~ Sena, . d h . d Q d
de Janeiro: Borsoi, J954, § 203. Para as d1stmçoes_ entre 1hc1tude e dano, em atenção modo conforme ao Direito, am a que ªJª ano. _ua_n ocorre essa res-
às mudanças estruturais realizadas pelo Cod1go CIVll de 2002 respectivamente ao de deponsa61.11zaç . ão (por exemplo, na responsab1hdade por 1m1ssao ou mtrom1ssão
1916, permito-me fazer remissão à MARTINS-COSTA ,Judith. A Contribuição do Có-
digo Civil português ao Código Civil brasileiro e o abuso do direito: um caso exemplar
de transversalidade cultural. Revista Themis (Revista da Faculdade de Direito da UNL), 34. NORONHA, Fernando. Direito elas Obrigaçües. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 493.
edição especial, 2008, especialmente p. 119-120. 35. PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. Tomo 11. Rio
32. MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória e tutela de remoção do ilícito. Revistada de Janeiro: Borsoi, 1954, especialmente§ l64, 165 e 175, I, p. 201-213 e 245-247. Ainda,
Academia Brasileira de Direito Processual Civil. Disponível em: <www.abdpc.org.br/ab- CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 1la ed. São Paulo: Ma-
dpc/artigos/Luiz%20G%20Marinoni%282 %29%20-%20formatado.pdf>. Acesso em lheiros, 2014, p. 22, aludindo, na qualificação da ilicitude, in verbis: "o fato-evenlo
08 de setembro de 2019 . ou conduta-contrário ao Direito, no sentido de que nega os valores e os fins da ordem
33. ANTUNES VARELA,João de Matos. Das Obrigações em Geral. Vol. II. Coimbra: Almedi• jurídica".
na, 1996;SANSEVERINO, Paulo de Tarso. Princípio da Reparação Integral. lndenização 36. PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. 4. ed. São
no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 152; AGUIARJR., Ruy Rosado de. Os Paulo: Revista dos Tribunais, 1984, t. II, § 218-219, p. 385-392. MELLO, Marcos Ber-
pressupostos da responsabilidade civil no Código de Defesa do Consumidoreasações nardes de. Teoria elo fato jurídico: plano da existência. São Paulo: Saraiva, 2019, § 34, 2,
de indenização por danos associados ao consumo de cigarros. Parecer. ln: LOPEZ, Te· p. 199-202.
resa_ Ancona (Coord.). Estudos e pareceres sobre livre-arbítrio, responsabilidade epraJuto 37· ANTUNES VARELA,João de Matos. Das Obrigaçciesem Geral. Vol.11. Coimbra: Al_me~i-
de risco inerente. O paradigma do tabaco - aspectos civis e processuais. Rio de Janeiro: na, 1996; SANSEVERINO, Paulo de Tarso. Princípio da Reparação Integral. lndemzaçao
Renovar, 2009, p. 470. no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 152.
JTO PRIVADO A LI NGUAGEM ll,\ il l'S p _
400 JURISDJCÂO E OJRE .. ONs,11111.m,lllFCJ 1
1
- - VII 401
. a lei se encarregue de prever a h· . rrna dos artigos 186 e 187, aos qu . -
. •d ) · preciso que . ipot . :1 fo .. . d ais rernet
perm1ll a , e to lícito é sempre excepc1onal e care ese esp . -cito;, 11 d de fins e 111c1tu e na forma do e . . e, lratando-s .
b1l 1dade por a cede eq-11 -111 . . -·tu e . . xerc1uo · . . -CJus1
A responsa d Logo praticar ato conforme ao Direi·t U111a p ta ,11oi e da I1ict. do "Dos Atos Ihc1tos"l9_O parágraf .. JUnd1co previst a-
corta a. ' o nã O tev·1 · nl mina o un1co <l as no
topicamente re d danos salvo quando a lei desse mod dá en . s~0 n1e def1° emCapítulodenominado "DaObrig _ d oart.927-ins .
ar per as e ' o se1 •ttJ 10 vez, h' . açao e lnd . en.
dever de pag . .
. s hipoteses
de indenização por danos derivado d Prever . ,_
s e at
O
º•o
. 'ª 0
f i pors1.ii1. d nizartambém nas ipoteses de respons b·1 ·d . en1zar"'º,alud
Jo, de tíl e a I I ade 1 . e
assim e queª _ ·s· no Código Civil, a do art. 188, J e 11 °s licit 10 dever _ da maior parte dos casos de responsabilidad 6_ _Pe o nsco, fator
·r· s e nao geral
espCCI ica ,
.
O· ainda as dos artigos 1.285, 1.286 1 28
, cornb· Os S'
Iflad •o
ao ..,,ptJl".çao ga a pa Iavra "exc 1usao - ,, , ou qualque t e o ~etiva · Note-se que
Jeil" empre r errno qu •111 d.
os artigos 929 e ~3 ., e, 1385' parágrafo 3º. ' . 9' l.292 c°lli . nJº se . , rnico à regra constante do caput. Trata- d e ique ser 0
1,311, parágrafo unico, . ,. . - . , -293, ali
ãgra O
r anuno - h b.
fator de irnputaçao a llual na responsab'l•d
se e uma acr -
d .. içao, expli-
1
a pois a 111 demzaçao (excepcwnal) deri d par ue o . 1 a e uvtl 'd
Não se con run d , , . . - ( - va a d ..,el porq . . a culpa não o nsco. A regra é, pois de inclu _ _ regi a pelo
lícita com a 111demzaçao nao excepcional) d e uni d ca• cvi 1 e ' ' sao, e nao d I
. do por con duta . . eri •no ódigo
de
I
mo
do algum se pode ler, no parágrafo único um
. d . . , a regra de
e exc usão.
afasta
causa d conduta ilícita, mas msenda no regime da vadade C
dano causa o por . d d . . . respons b· . UilJ .1,,iJll, mo se ah versa a matena que em nada ser 1 .· menta
. . M . d que paradoxal, sena ver a e1ramente Ilogico _ a 1hdad l' . wde co e acionasse ao conrd
obieuva. ais o . . e nao a e daihC 1 u'aelaseopusesse. 1o
• . . ora quem atua conformemente ao Direi to uma ob . Utorizad a/Juto·d· Civil não cogita, . pois, . de traçar identidade
.
pelo sistema 1mp ngação d . o oC entr _
. b etexto de assim comandarem as regras da respons 6.1. e1nde 0 Co 1go " b. . e a expressao "re
mzar, so o pr . r . . d . . a I 1dad · O ·d d obietiva e responsa didade por ato lícito" 0 qu . . s-
ira do art. 927, paragra,o umco, o Codigo Civil e objetj_ bih a e , . .. · d ' e importaria em
va como seret • n,a
P0 con usao
r . entre culpa . e 11tutu e. Nessa
_ coníusão , incontro versamente não
' N-ao se diga que a regra ali prevista . . autorizaria a imposição do dever d . cJara et.I o egislador' bastando, para tanto, averiguar' nos docume ntos re1alivos '.
. danos derivados por ato ltcito, por contemplar o dever d . d e1n, I . .
incorr _ do AnteproJeto e do ProJeto de Código Civil;1 que . . .
dw~ rrentes de uma auvidade .. .
geradora de nsco. Não há si·n . zaro5
em~ à irarnitaçao , a antmom1a e
d . •a de geradora de risco e nascimento do dever de tndenizar ass· on1rnia entre
anos deco . .
auv1 a . . .. . , 1rn corno ,
~ dci·vil - Parte Geral , Livro 111 , Título Ili.
ha-
. J·a· se observou-idenudade . conce1tual entre - culpa
. e il1c1tude ' preven do-se nao Có igo ' . . .
39· C·digo Civil, Parte Especial, Livro 1, Titulo IX, Capí!Ulo 1.
ar t. 927, parágrafo único, textualmente, a .ausenc1a . de culpa, mas nã o a ausen _,no·
4o. No busca do discurso falado pela linguagem da lei, é inafastável a interpretaça· ..
de ilicitude. Os pares conceituais em antmomia são lícito/ilícito e cu! . eia 4J a _ .. o gene11-
. .d d ·1· . / I pa/nsco· . ca. Aprimeira redaçao dos tex!Os qu_e vmam a se transforma mo art. 927 e seu parágrafo
não há relação de 1dentI a e entre 1 1ctlo cu pa. , único, de au10ria de Agoslmho Alvim, estava assim posta: "A rl. 653/0-Fica obrigado
Ésabido que o significado de um texto situado em um parágrafo re porta-se à reparação 10do _aque(e que , por culpa, ~ausar dano a outrem. Parágrafo único: _ 0
ao comando contido no caput, o qual complementa, como está em di·sp os1çao ._ disposJO neste arugo nao excl ui a aphcaçao de preceitos especiais, em casos como O de
acidente de trabalho, transporte , e outros, em que a responsabilidade se define inde-
de método definida pela lei 38. Os textos legais - e, notadamente, os que cuidam
pendentemente de culpa". Posteriormente , a Comissão Elaboradora do Anteprojeto,
da disciplina da responsabilidade civil - não são, nem poderiam ser, um caótico por proposição de Miguel Reale, assentiu no seguinte texto: "Art. 960-Aquele que, por
amontoado, uma superposição de regras sem vínculos lógicos: todo instituto ju- ato ilícito (arts. 187 e l88) causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo. Parágrafo
rídico guarda, entre suas normas internas e estruturantes de sua disciplina, certa único. Todavia, haverá obrigação de repa rar o dano, independentemente de cu lpa, nos
casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
conformidade lógica e axiológica.
do dano implica r, por sua nat ureza, grande risco para os direitos de outrem, salvo se
Mormente quando da análise de normas jurídicas provindas de um Código, comprovar o emprego de medidas de prevenção tecnicamente adequadas" (assim está
deve-se ter em mente que a estrutura fala. Se ela não for escutada, certamente se nos originais de: REALE, Miguel. Código Civil. Anteprojeto com mi revisões, correçcies.
incorre em mal-entendidos ao tentar compreender a linguagem normativa. Ora, substitutivos e acrésc imos. In éd ito) . Com peq uena alteração - "medidas preven tivas··,
na cabeça do art. 927 do Código Civil, está prevista a obrigação de indenizarpor em vez de "medidas de proteção-, o texto chegou à Cãmara dos Deputados (v. Código
Civil-Anteprojetos. Vol. V Tomo li. Brasília: Senado Federal, 1989). Lá, foi suprimida
a parte final do parágrafo único (Emenda n. 523 ao art. 963), restando com a redação
ora em vigor (v. Código Civil-Projeto de Lei da Câmara n.118, de 1984. Brasília: Senado
38. É o que determina a Lei Complementar n. 95/1998, art. 11, III , e: "A rt. l l. As disposi- Federal, 1997). Asupressão con10u com o assentimento do Professor Agostinho Alvim,
ções normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para que explicitou: "Q uando fomos recebidos pela ComissãodeJusliçada Cã marados _De-
esse propósito, as seguintes normas: 1... 1 lll - para a obtenção de ordem lógica: 1... 1e) putados, tivemos oportunidade de dizer que não concordávamos com O parágrafo un_'.-
expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no codoart. 963. O tex to , em nosso Projeto original, parava onde diz 'especi fi cados em lei·
capul do artigo e as exceções à regra por este estabelecida".
A LI NGUAG EM DI\ R _ , '\
- TO pRIVADO lcSI ONSl\l\iUDl\nE \
402 1 JURISDI ÇÃO E DIREI . - . CiVH_
4
. ão _ culpa e nsco-, e nao entre .1.. -r de indentzar exsurge "haja O q h 03
de imputaÇ .. . d i icuua deve . ue ouve " .
entre os fatores - ~o exclui a 1hc1tu e. A regra inov e e r· 1ei44, o d diluição do nexo causal, sendo este t r ,ate noscas
• putaçao, n.. ou ap tsc cJll LI e d ,,45 .• d ranslor I Os<le
como fator de tm _ to aos pressupostos: tratou de p enas º· .H, ciª o .. dade e o ano , entao escabend f I mac o em "
.·I . o nao quan Id . rever % •te ~,~•. té!1 auv1 , . b 'd o a ar ern mera
método leg1s auv r' meio
. de uma cláusula gera. e nsco ' e na~ o po a .test1t'On_%1\l a\l, eJ''' eittre a bilidade e atn UI a a quern cria o r' . causalidade
. . i~ iíº 0 nsa . . isco, aind . ne-
dade obJeuva po 1 tópica, como habitualmente adot d r V1a ci s<lbil· 0eJ'_ AresP _ tenha sido a causa direta e irnediat d a que a ativid d _
. -ão casua, ou b•J'd d a on o n-i · l, ,o_.,,a-ria•J(erct·daºªº --
_ nha sido a ocas1ao, mera causa indir l
a oevent ·b
º· astará que a e
da enunc1aç - h. óteses de responsa I L a e objetiv a tnet ei\lcl ,v ,ee ·scote .d . eaournedi a
. 1 . a referente as ip a_ %.)\ \l ore dedeíl eestetenhall o,porcausad1retaeirn d. atadoevento
leg1s auv, rtanto retirardoparágrafoúnicodoan 9 ()&ia
rti"ida (11esrtlº qu urn evento de força maior4ó_ e tata, fato irresistível
· incorreto, Pº. tente' no seguro d e d ano. Tratou-se - 27 Ulllaob
ena
S • orno a exts ªPen
de garantia, e d lo fator de imputação "risco" - Mas est - as da to &açrlo
ri º'º' , 1 cortlº
d~f'. evitave , hipótese, por romper com as bases éticas
. d . forma a pe a nao - -.sp 0 tfl , ltirtlª b·J·d em torno d
bilida e tn , palavra camaleônica, cabendo, pois f e ullla nsa, otl ccta t.l . titulo da responsa 1 1 ade civil fundad . as quais
dO o ins . , o no pnncíp· d
unívoca, é tambem uma ' ixar os seussen. Palav ta
ltq\l . ela
i.-'
b0 ra ·d de é de todo excepc1onal em nosso Dire·t
bih a , , f , .
_
, o, nao estand b

a au-
. s foi ponsa , prevista no paragra o umco do art. 927 d 0 C ' d• . o su -
,res _ h·potese d d . . o 1go Civil41 0
(2) O nsco · 10 te a 1 , de não ter a ota o a teona do nsco integral . ,
, . de responsabilidade pelo r_isco: como regra g • cefl atern . · , igua 1mente n·
Há espec1es " , .. ,, era! d J~ 1 para J.á referido antenormente-o pressuposto ilic"t d ( ao
. está O chamado nsco mingado , subdividido a respon qt13, u _ corno t u e como ant1-
!idade pe 1o nsco, . , ern r· sab·1 jjt11iflº )48_
. . d . orno espécie excepoona 1esta a responsabilid d isco Pro . - e ·d·cidade
e nsco ena o, e , b . - d a e peJ . ve,1
O
·ufl 1
. uta àquele que o ena a o ngaçao e ressarcir tod risco.1 \l J
gral que ,mp os os d nte
' f to do empreendimento ou do produto. As diferenças _ anos cau - ~ 2012 ; STJ. AgRg no AREsp 119.624/PR. Terceira Turma Rei Mi
os por a . b, estao n sa. /'revereir~ º~e. eva.J em 06 de dezembro 2012; STJ. REsp 1.374 284/MG. S n Ricardo
d
justificação e, quanto ao risco integra1, em no plano da eficácia. o Plano da Boas u . S - J d
\1111aS M. LuisFehpe a1omao .. em 27 eagostode20l4 osquais[
egunda Se-
r _
risco proveito (ubi emolumentum, Rei in. azem re1erenc1a
. 1 1b1 onus) .tem suporte n a t.d etad
. o - '
0 ç~o. : çãofederal,art.225,§ 3 ,eale1n. 6.938/81 ,art.l4§Jº (resp b'ld
nsutui "d" ( b. . onsa 11 ade
à eO
,
dever ser reparado_ por quem_ retira a gum proveito o~ vantagern do f e o dano I) earl 21,XXlll,mc. responsa I1idade nuclear)
bienta ,
ocasionou. Não ehde, todavia, os pressupostos (anttJuridicidad ato que o arn .- federal , art. 21, me. XXIII. Na doutrina, e.g.: PINHEIRO C .
115u1u1ça 0 . . . , nst1ano Cota.
causal) nem as excludentes
,. da responsabilidade (força maior , aso ortui nexo
c e,fdano, 43 e sponsa bilidade Civtl por
° ,
Danos Nuc 1eares e Radwat1vos: uma análise à luz d t . d
. .d a eona o
Re Belo Honzonte. D P1ac1 o, 2014 , p. 153.
de terceiro, fato da v1uma) • lo, fato
nsco. 1 · P 1· Nac10na I de Resíduos Sólidos
Pelo risco criado - na verdade, ampliação da ALei. n 12 305/2010,, re attva a , ob.1tica em espec1a 1
. . 1 ideia de risco proveno
.
7 Iº,esteulttmo , mvcr 1s.
"
§ 1 Acontrataçãodeserviçosdecol
,

eta, arma-
0
44
ponsabilidade é imputa da a quem ena o nsco , sa vo se demonstrar u -ares- aris. 20 e 2 , §
.
zenam ento , transporte, 1ransbordo,
. _tratamento ou destmação final de resíduosso ·I1dos,
.d ·d- · -· 1 q e adotou
me dI as I oneas a evtta- o. as ou de disposição fmal_ de reJettos, nao isenta as pessoas físicas ou jurídicas referidas no
Finalmente, pelo risco integral, previsto na Constituição Fed era 1emc . t. 20 da responsab1 hdade por danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento
pontualíssimo 42, restrito ao dano nuc\ear43 e a outras poucas hip o. teses predefi-
arater :~adequado dos respectivos resíduos ou rejdtos". Grifou-se. A esse dispositivo legal
faz referência STEIGLEDER, Annehse Monteiro. Responsabilidade Civil Ambiental. As
dimensões do dano ambiental no Direito Brasileiro. 3" ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2017 , p. l 77. Restringindo a aplicação da teoria do risco integral às hipóte-
o resto é dispensável. Além do mais, a expressão final , 'salvo se comprovado ...', admiie ses previamenle deíiniclas em lei (em entendimento com o qual concordo), vide: VON
escusa por ausência deculpa, o que incabível quando o texto cogita de risco" (v. Emendas
ADAMEK, Marcelo Vieira. Passivo ambiental. ln: FREITAS, Vladimir Passos de. (Org.)
ao Projeto de Código Civil. Pareceres da Comissão Elaboradora e Revisora. Brasília: Mi-
Direitoambienlal em evoluçüo. Vol. 11. Curitiba:Juruá. 2000, p.124.
nistério da Justiça, 1984, p. 103, anotando-se em rodapé: "A Comissão concordou com
a redação do parágrafo único proposta pelo Prof. Alvim") (destaques meus). 45. STEIGLEDER, Anndise Monteiro. Res ponsabilidadeCivilAmbiental. Asdimensõesdo dano
ambiental no Direito Brasileiro. 3" ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017, p. 179.
42. Destaca-se, em aresto do Superior Tribunal de Justiça: "Essa modalidade !teoria do
risco in1egrall é excepcional, sendo fondamento para hipóteses legais em que o risco 46. Assim, CAVALIERl FILHO, Sergio Programa de Responsabilidade Civil. liª ed. São
ensejado pela a1ividade econômica também é extremado, como ocorre com o dano Paulo:A!las,20 14,p.182-l84.
nuclear" (REsp 1.363.107/DF. Terceira Turma. Rei. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. 47. Não por ou Ira razão , aliás, proposição que assim entendia foi rejeitada por ocasião da
J. em 01 de dezembro de 2015). Vide , na jurisprudência, exemplificativamente: STJ. VJornada de Direit o Civil , realizada em Brasília pelo Conselho da Justiça Federal, em
REsp 1.180.888/GO. Segunda Turma. Rei. Min. Herman Benjamin. J. em 17 de iunho 2011.
de 2010; STJ. REsp 1.114.398/PR. Segunda Seção. Rei. Min. Sidnei Beneti.j. em OS de 48. Vide, supra , nota de rodapé nº 24.
A LI NGUAG EM DA RESl'O
NSABI UD,\OE CIVIL 1 405
_ . FJTO PRIVADO 1
404 JURISOI ÇAO E DIR ,
or exemplo, a capotar, gerando dano
1 anlia traduzida em urna indiscrim• ven ha, P d saosseuso.
d ··o de uma ga r tnad 1. ícLI 1o d O capotamento ecorrer de um vício O d f . cupantes,
A a oça .
.
be' in não se apoia no art. 931 do Cód'1 ª1 llden·1 eº ve . ótese e . u e eito do produto
· nscos 1am
de quaisquer · d os casos previstos em lei especial, os e
go C • Za .
v1(, seg ~•o qll nª hlP
li/O , i10
do risco, importam a nomenclatura e as di'st· . _
.
si AproPºs e discerne entre risco, dano e perigo; e a se und . pnme1ra
Inçoes A · •
·
o qual "[r]ressa1va os ondem independentemente de culpa pelmpresários i Undo ·ne iio qu •b'd g a, entre nsco
duais e as empresas resp . 1 ão"49 os danos e ndivi. 1as ali i·sco proi , o.
elos produtos postos em cJTCU aç , . . ausados Je,,,,iít'.'lo e r -
rernotos , equiparavam-se as noções de risco d . -,
P dera prescrição a1 contida, novamente é n 11•· rnpos h .d ... d , ano e pengo'·
Para compreen d. . ecessá( 1 1- C[ll te .
rus commune, , ten a s1
, o m1c1a o um estudo ge nenco
.. . e relauva-
. ·
. e a história do texto, quer izer. o seu contexto . , to ler-se
contaos1stema alavras" sen do seu d'1scurso "('1ga do por um ,Jaque" oju .eni tJaflto, 00. ado do nsco, certo e que o seu tratamento teórico . .
con q . 01 auz . d se cmg1a - até
eswda grupos de P ' . ,, , . nexo de tista esiste XX_ ao âmbllo o contrato de seguro que e· u .
·eto de sua pesquisa , como esta em Irt1, "não ex· contin . 111en l d sécU Io , ' m contrato de
da e com o obl. . iste um U1. ,dos o . -se algo ou alguem contra danos, e estes são "o risco" D ,
. d d tre os fatos e as palavras, mas o desenvolvimento d salto q 111e• .. arante . . - a1 a asso-
terce a en ,, e uma lin Ue ,0ua- g , e dano sendo o nsco considerado um perigo de um d .
gar,,_ ire nsco _ ' _ ano mcer-
em outra linguagem 50 .
111
guageni ·,çaoe!l . te·ncia ou na sua extensao, ou no momento de sua oc - .
cl• sua ex1s ' orrenc1a.
No art. 1, mais uma vez o texto legal faz expressa referência.
93 10 ,otJ na ·d t·ficação se justificava em uma sociedade de escassos riscos _
por Culpa , e não por antijurídicidade._Trata-se, portanto , de uma hia exclusa· , o e sa I en 1
r,5
., . d - 1 s3 , .
·b·t·dades tecnicas e preve- os . Porem, quando o nsco deixa de
e es
se
responsabilidade objetiva51_E_ª excl~s~o da culp_a como_ fator de im u~ºl:se de oss1 11 . . . . 'I I
cassas P . ai e a ciência s1stemauza os ca cu os de probabilidade Lorna-s
r
importa-já se viu-em exclusao da 1hc1tude (ant1Jund1cidade) . P açao não cepcion . _ . . , e
- · d d d - d · · como pres algo ex a disunçao entre nsco e dano, hoJe usual, mas antes inconcebí-
necessário à emergenc1a o ever em emzar, pois do fato de d supos. ·vel traçar d . . f , .
10 ·· d d d · · · esempenh poss1 ando novas formas e garanuas, mcon und1ve1s com o instituto da
normalmente auv1da e capaz . d .e pro uz1r nscos
d aos direitos d e outrem - ar-se ve,1 rornent . .1 . 1 b - . . .. ao dano
b·t·dade civ 1 . Por 1gua , perce e-se nao ser o nsco ass1milavel
corre, ipso facto, o dever de m emzar porto o e qualquer dano porve nao de. onsa 11 54. ,
· 'dade. Docon trano,
· · ter-se-1aquea
· d m1t1r,
· · por atenção à 1.nturade resp . do-se, com essa palavra, uma ameaça abstrata , isto é: uma polen-
rente aauv1 . cor. essugenn
ant. d uma eventualidade de vir a ocorrer um evento futuro danoso 5 dis- 5
d
geradoras desse dever a produção, a comercialização ' a distribu·1çao . ogica,serern
ea cialida eou ,
de au10móveis, talvez_o_~rodu_to de massas_q~e mais gera riscos, sendo u compra
mesmo- tal qual notioanos mternac10na1s mfelizmente report sadoate Manlio. Rischio (dir. rom.). Enciclopediadel Diritto. Yol. XL Milano: Giuf-
culo. para assassinatos
. movidos
_ . por terroristas.
_ . Porém , malgrad am_ - comovei-
o seJam not , . 52· fré g89, p. J 132. Para os dados de ordem histórica, vide: BIROCCHI , llalo. Rischio
I
os nscos associados ao transito, nao se impõem indenizações a· s empresas fanos b· (<li~. interm). Enciclopedia dei Diritto. Vol. XL_ Milano: Giuffré, 1989, p. l l34-l 135.
cantes de automóveis pelo simples fato de produzi-los e comerc1a · 1·1za- ª n-
. 1os, amda _ Conferirem: VOIDEY, Nadége. Le Risque en Droit Civil. Aix-Marseille: Presses Un iversi-
53 tairesd'Aix-Marseille, 2005, p. 12-13 e 43. Sobre a história do risco: BERNSTEIN, Peter.
Desafio aos deuses _A fascinante história do risco. São Paulo: Elsevier, 2005.
49. Des1aque meu. 54. Ae1imologia auxilia a compreender os significados, Veja-se, por exemplo, BUE NO,
Francisco da Silveira. Grande dicionário etimolôgico-prosódico da língua portuguesa. Yol.
50. IRTI, Na1alino. Nole perunostudio sulla nomenclatura giuridica. Ri vista Trimestraledi
Vil. São Paulo: Saraiva, l 967, p. 3548. "Risco-s.m. O primeiro significado des1a pala-
Diritto e Procedura Civile, ano 21 , n. 1, 1967, p. 267.
vra é o de borda, margem, extremidade, fímbria, orla, fio de rochedo e daqui imediala-
51. A generalidade do texto legal explica-se pela circunstância de o art. 931 ler sido pro- mente o significado de perigo iminente, donde a expressão correr o risco de: expor-se
poslo (no Projeto de Lei n. 634, de 1975), muito antes de ser pensada a edição de um ao perigo de; risco de vida: perigo de vida; por sua conla e risco, isto é, inteiramente
Código de Defesa do Consumidor. Como explicitado na Justificativa que amparou o sob sua responsabilidade. Passou depois a significar 1raço, linha, ruga, gelha, sulco.
Enunciado 562 da VI Jornada de Direito Civil, o texto visava, inicialmente, pro1egeros Existe em ital. risco, riesgo em esp., risque em fr. e risk em inglês, apresen1ando ainda
consumidores de produtos farmacêuticos. Ainda antes que entrasse em vigor o CDC, a forma rischio em ilaliano. Segundo opinião de Skeal, a palavra de origem marilima,
"sofreu alteração em sua redação para proteger os consumidores de produtos de modo da linguagem dos navegantes, marinheiros, para os quais as bordas dos penhascos, dos
geral". Ademais, o texto legal ressalva expressamente os casos já previstos na lei espe- recifes, representavam sempre grande perigo. j. Schmidl (Miscelãnea Ascoli) _aduz o
cial. Ponanto, "não se aplica à responsabilidade civil pelo fato do produto nas relaçües gr., rhízikon , deriv. de rhiza, raiz, pé de monlanha, escolho, recife, o grande pengo dos
de_consumo, uma vez que essa hipótese foi integralmente disciplinada pelo arl. 1~do navegantes e daqui a má sorte, 0 infortúnio, correspondendo ao gr. moira, destino, lado.
Codigo de Defesa do Consumidor, lei especial e de aplicação cogente, que preve os D_u Cange ci1a a série la1ina risicum , risicus, riscus, traduzindo por periculum, alea,
requisnos para responsabilização objetiva do fornecedor". Daí a razão pela qual- esla discrimen. Aparece em árabe rizq; em alabanês rizikó, risik".
no Enunciado aprovado- "!aios casos do art. 931 do Código Civil aplicam-se asexclu- 55. V,OIDEY, Nadége. Le Risque en Droit Civil. Aix-Marseille: Presses Universitaires
demes da responsabilidade objeliva". dAix-Marseille , 2005, p. 43.
408 1 JURISDIÇÃO E DIREITO PRIVADO
y A LI NGUAGE M DA RFSl'lJN .
-· ' S,\JliiJll,\ DF 1
. \..\Vil_ \ 4()')
-·ga,·ão de indenizar efeito do dano inde . _ b . tos do pensamento jurídico (tais t..om b '
Sen o a ob11 y n1zavel
. . d. ( os o d.1e 0 dano moral restar caracterizado ,. O ens e ·interesses
) • •
t1·do leigo da palavra que nao serao qua1·r· I - , Pod Ser
reJu1zos
. _ . ,, sim sendo considera os aqueles que não I icav eis
no sen . d • c0 .,_er a· h,1, rn sob pen a edo a sentimentos supostos. 0 mo mero " . .
.
Pndcn1zavc1s , as . . .d. . esarn · er ov Je"e dos) " reporta
conceno.
protegido. Na vida coll 1ana, causam-se pr . _2 intere da 11
••10 ,,
1. . . ,i0Ja arte , odo geral , que o dano extrapatrimonia\ d· .
und1camente . f • . . e1u1 sse os 'na' ' aP ite·se, de rn·rnoniais de lesoes . . iz respeno às
1excmp o, ao exe rcer um direito de pre erencia, impedind os a out ª'he a interesses e a bensJ·uri·a· . . re-
. _ o urn re 10 ·r ,drtl 0 atn 1cos integra
. 11d adquirir as ações de companhia que desepva. ao concor 0Ili (po (' 0·es oã P 1•ndividualmente considerado , se em causa d ntes
merc1a e d f , venc re t
ss 1 sado, d d . 0 ano mora\
. . . por uma bolsa de estu os; ao o erecer ao ve d er uni te co nercl.i5 a do6 e h'pótese do chama o ano moral coletivo ou transind· .d \
compcui,:ao n edor Cole · r fer Na 1 . 'd' . 1v1 ua
. dquirir valor maior que o do concorrente) sem po . dobe.,_ &ana da e ·d aJb . _ es a bens JUrt 1cos que interessam a todos me b ·
cseJa a . ' r isso 0 0·•• q d ·vi • às teso d' . . . 05 m ros ee
d ·doJ·urídico) e incorrer no dever de mdenizar , pr v Ue 'º 1. 1 _ eia e
0 LI
p rtanto o traço 1sllnllvo esta no atingimento . 1
(no sen t1 . . . · Carda"< fereO .dade. o ' . a interesse
dano pode ser patnmomal ou extrapatnmonial, caso ales~ _ no 'are co••· ,.,,,uni wte Iado que se situa na esfera . .da personalidade (na hipo· tese de
0
do patrimõnio do lesado, ou a esfera de seus . . mteresses (b ens ªºat1nJ·ad' . aes; 1·dica rnente
tJi11ª. . ·d u ai) ou na esfera da soc1altdade
. div1 . ) do ser humano (na hipo· tese
patrimoniais. Conquanto nem sempre seJa isento . de averi guar-se ' Irellos)
d'f extrera
jll' 0 ral 10 • dividual, ou coletivo .
daºº rn oral transm . . .
na ordem prática, os e1emen tos d o dano patnmonial (da t iculd a. d
cessante)eaespécie
· · d · · 1( · no erne
. . e • rgente. , Iu s,
ade de ano rn de maio . r substantlvaçao d (e menor b·t· cacofonia) parece endereçada re-
. demteressem . emzave mteressepo
. sn1vo À busca • ncia do STJ acerca a responsa I idade por dano moral coletivo
tivo)M , as ambigwdades, as. mcertezas f e os deslizamentos concen. tnteress . e negCro
vem o conceito de dano ma1sseapro undam quando se env Uatsquee a. ente J·urisprude
. etensao . indenizatória quando ·1 · violado
. interesse
d. jurídico (individual
. . l . d' 'd 1 1 . eredarnp I nvo1 e d fenr pr . l) ern razão de um ato t tcllo, quer 1zer: um ato contrário adi-
dodanoe.xtrapatnmonia ,m 1v1 ua ouco elivo. eacat · ao ea · div1dua d d I d ·
. . . • ~% 0 utr ns1n do nex O causal entre a• con . uta o esante e o ano. .. Muito embora
A confusão começa na adJetivaçao - moral" - e se a f . 0 07, haven decisões, a ausenc1a de consenso na definição dos elemen-
• · esta be1ec1'd a com senumentos
· re1t 1·festa nas 1( · · d' ·d 1 · l
cacofomca . . . humanos·· dorpro unda correi .
, vexam na h açao seJ•a rnan · adores ' do dano mora sep . o tn 1v1 ua , sep oco. etivo). ' delas se
menoscabo; desalentadora md1gnaçao; diminuição da estima· . ee,st. umilha Çao•
. 05 caratenz . is tas para conclutr que o dano moral configura vwlação de
correlação com sentimentos (categoria, por definição , 1-senta a. 'p stmilaresb5 t valiosas p . d. 'd . . d' .d .
. . .6. . A' re cortarn bens ou direitos - m 1v1 . . ua1s em um caso e transm . . tv1 ua1s em ou-
um controle
. racwnal
. .e mapta para suportar
. direitos sub·~et1vos)
. tos tlidadede interesses,. ente tutelados, ex1gmdo-se, para a responsabtltzação do agente,
excessivamente. adjetiva, sendo preciso substantivar 0 conceito . orna a quest·ao · ndICam d d .. ·d· ( d
.
ue esse dano ten ha sido causa o por uma con uta ant1Jun tca por vezes ita
tro-,JU
entidades racwnalmente apreensíveis e racionalment e controlaveis '_ conotando-o a q ")
, como são "injusta -

64 _ Esses temas foram tratados de modo profundo por, respectivamente, GUEDES, Gisela
Sampaio da Cruz. Lucros cessantes: do bom-senso ao postulado normativo da razoabi- ~ u a l i h c a ç ões e classificações do dano extrapatrimonial individual, permi-
lidade. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 145-148; STEINER, Renata Carioi to-me reenviar a MARTINS-COSTA,Jud1th. Dano moral à brasileira. ln: PASCHOAL,
Reparação de Danos: interesse positivo e interesse negativo. São Paulo: Quanier l.atin: Janaína; SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. Livro Homenagem a Miguel Rralejiinior. Rio
2018, especialmente p. 332-336. A eles refen, smtelicamente, em: MARTINS-COSTA, de Janeiro: GZ, 2014, p. 289-322; MARTINS-COSTA,Judith; PARGENDLER, Mariana.
Judith. O árbitro e o cálculo do montante da indenização. ln: CARMONA, Carlos Al- Usos e Abusos da Função Punitiva. Punitive damages e o direito brasileiro. Revista CEJ,
berto; LEMES, Selma Maria Ferreira; MARTINS, Pedro Batista. 20 anos da Lei deArbi- n. 28,jan.-mar./2005, p. 15-32.
lragem: homenagem a Petrônio R. Muniz. São Paulo: Atlas, 2017, p. 623-630. 67. Pesquisa pelo filtro "dano moral coletivo" no sítio eletrônico do Superior Tribunal de
65. Na jurisprudência e na doutrina, os adjetivos abundam: alude-se, por exemplo, ao "fe- Justiça realizada em O1.09.2019 indica a existência de 188acórdãos (a rigor, respondem
rimento a interesse moral" de uma coletividade; ou a "sensação de perda de estima, pelo "espelho cio acórdão" 195 julgados, havendo 6 mencionados em duplicidade e
indignação, repulsa, humilhação ou outro sentimento que ofenda a dignidade humana" um não abordando o tema). Desses casos, 109 tratam apenas de aspectos processuais,
(STJ. Aglnt no REsp 1.316.122/RS. Rei. Min. Og Fernandes. Segunda Turma.j. em 26 sem desenvolver a noção (por exemplo, por envolver a aplicação das Súmulas 5 e 7 do
de fevereiro de 2019; STJ. REsp 1.554.153/RS. Rei. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. Tribunal Superior como fundamentos principais) . É possível afirmar haver 79 decisões
Terceira Turma. J. em 20 de junho de 2017). Na doutrina, exemplificativamente: ME- que mencionam algum conteúdo normativo material ao dano moral coletivo. Feita a
DEIROS NETO, Xisto Tiago de. Dano moral coletivo: fundamentos e características. análise dos mencionados 195 julgados hoje indexados no sitio do Superior Tribunal de
Revista do Ministério Público do Trabalho, ano l, n. 1, 2002, p. 148; SANTANA, Héctor Justiça, é correto afirmar que só é reconhecido o dever de indenizar por dano moral cole-
Vai verde. Dano moral no direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 20! 4, tivo quando o prejuízo à coletividade é gerado por ato ilícito-o que em nada surpreende,
p. ]48.
poisa responsabilidade por ato lícito, como se viu supra,éde todoexcepcional no sistema.
_.
A LINC, UAGf:M111\ ~h l'O NSAl'li li) . 1
0 ' All1:civ11_ 411
.. PRiVAll uan d o for operante pordsi, sendo indcnizável "tOt o dano
. Ao'""'"º . • """' q ·,d,qoe «mota, des , q,ee1, lhesejacaosa 1 º""' ..
41 O \ '""''"' . ,neo>'< destornd,, "" ."ef'«oc;, ao Ulu ,,d{ '"'' """' •~ liq"' o mesmo d,oo:'". Sigo ;fio, di,ec, ponao,o: q:;";
f
'"'" '"'"'" o,gem do ,espoosab, hd,de ""1, qu,1 ,,'º a, f
,J~ Jili'.' ", 00,ro qot ' ;,cw , ;m,füto, h, d.'. lec cebo pcóp,; , º"""'º ,
Nessa darncas ntais da hng Ja. ~e:.;,,i ve'e e,xisll1 necessano,
Q 11110 ·d em seu percurso do ato d1lic1to.ao .dano, pela0 interven,·ão ,
termos un 1o( -~llsa' rotr1P' o,
1li~i11 ee,
nte
• ier de outrO ageº7 5 ' da natureza ou o propno lesado-que se,·a ' rer
causal. ,1Jo ,11
O
,,,,o. ovse., 1rodfato
( - . danos · . . .
2) O nex causal ! - é o rne smo que causa. Trata-se
. de relC1ç·Cio n r do efeitod nexo causal tem como pressupostos: (1) . ex1sur um nexo
O
d causa idade fnao • 0 Sua função é a de determinar
d'd
I . a que 1115e devecessri. Je gera rru pção primei
O . . ro fato e o dano, nexo. esse a ser interrompido pelo
Nexo ecaus ac urn e eit ·n·d o, t
a·nda ' como me a da mdenizaç·ªº""'º e•lti. 1::
si, f'A jnte ·da de entre O segun do fato relativamente . . independente
... do primeiro, no
riti entre unia danoso, servi danoso, deve ser estabelecida "u.,.. · ~nire t.1,ah . (ii) ser O quência necessana; e (111) ler o segundo fato pro-
ltado o evento I r· dO 1· ·••• re\ d ca f to, ua conse d . . .
buir
0 o resudarnen te ilícito e rno Tn•bunal Federa . . , ia. nas tções de A_ gosr1•Çà 0 egt.1 0dodª nao _ er a 5 d re at·LV amente independente o pnme1ro, . •
de tal maneira
5
ato alega·dade"ºQque oSupre·eto do Código C1v1l no Livro das Obrigaço·es dnh 0 se tt·do efeito . de mo Orec11.d o a eficácia causal daquele, isto e, que o dano. possa .
0
de necessi
;,, redator do AnteproJpçao _ do Nexo Causal, compreendendo
1 . " " co.,..
'"º '"caeno. seoca do oe~o te nha favonte a_ ef·ic ácia causal do segundo fato, 6
e não a do ·pnme1ro
- . d
Alvim ,
d '""'
. da Jnterru
1,q,ee
. sua "causa exc us1va , porque op Usa v,, este n·do a-o sorne "'P' . ,·ma afasta a mais remota , a supervenienc1a e
111inou ·na e ,, deu ni dano aque
'Op,, ·
ts1, Qerª1ribUgra e.
1 1.. a causam d 6xte constitui ,,
fator obstallvo
.7 . . .
d 11" . depen en . . da 1mputaçao,
..
pois
neccssa d s outras causas . ·r·1a12 o que é aceito,73de modo exp sf tO· pe . amente Iíl xo causal que absorve o pnme1ro 'Ja que, por sua
. ensa a . necessa , _ . res 80 0 a /atlV ovo ne . . • 1· 77 d d 1·
isp a adIeq uada e causa
. . doucnna . e J·urisprudenc1a ' enlendend o-se u ca•,,sare en ta-o ' umb n as con d'ço-es anlenores, as quais se 1ga e. mo ore ali-
l 1 ") absorve processo de causalidade no qua
.Caus
irnp ic1 _.to , pe as rnaJ·oritanas ser forrT1ª•
serePºº deran_ eia so_ re
ondiçao ("nova causa O
1
- - OSTA Mário Júlio. Direito das Obrigações. 10ª ed. Coimbra· AI p anova e
68. ALMEIDA C ' · llledina ,,o, f ;s
65 inter ere
200 6, P· º1
EIRA GONZÁLEZ Maria dei Carmen. La Responsabilidad . . ,
69 SANCHEZ-Fd~ • . dei medio ambiente. Barcelona: Bosch, l 994, p. 209. nv,I dei tl)J.
rcsano por crcrwro . - __ . ~Gustavo.Notas sobre o nexo de causalidade. Revista Trimeslral de Direito
P . h Da Inexecução das Obngaçoes e suas Consequencias. 5ª ed s·
<l;
70 _ ALVIM,Agostm o.
c;
· aoPaulo TE~ Ev. ó, P· 3.19 (enfatiwndo o as~ecto necessariedade da causa); ALMEIDA COS-
Saraiva, 1980, P· 347 . . . . · 1Mário Júlio. D1re1W das Obngaçoes. 1O _ed. Coimbra: Aimedma, 2006, p. 766; CAL-
R Rei Min. Moreira Alves. Primeira Turma. J. em 12 d .
71. STE RE 130 ·764/P · · e tna10 de T: DA SILVA João. Responsabtl,dade Civil do Produtor. Coimbra: Almedina 1990
VAO . PESSOA' JORGE, Fernan d o. Ensaw · so bre os Pressupostos da Responsabilidade
' '
1992. d. h C . .
. b • e,n· MARTINS-COSTA,Ju ll . omentanos ao Novo Código e· .1 P·. 71Coimbra: A!medina, 1999, p. 391 etseq.; MARTINS-COSTA,Judith. Comentários
2
72. Assim o serve1 • . 1v1 . Yol.
V. Tomo li. 2,ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 21 Oet seq. ;;v~;JVO Côdigo Civil. Vo!. V. Tomo li. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 202-208
73. Vide, exemplificalivamenle, na jurisprudência: STJ. AgRg no Ag 682.599/RS. Rei ALVIM , Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 5'ed. São Paulo
Min. Fernando Gonçalves. Quarta Turma. J. em 25 de outubro de 2005; TJRS. Recui 74· Saraiva, 1980, p. 356; FERREIRA DA SILVA,Jorge Cesa. Inadimplemcnto das Obriga-
50 lnom. 71.000.667.733. Rei. Des. Eugênio Facchini Neto. Terceira Turma Recursai ç<les. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 184.
Cível.J. em 28dejunho de 2005; TJMG. Ap. Cív. 438.563-1. Rei. Des. Dídimo Inocên-
FERREIRA DA SILVA,Jorge Cesa. lnadimplemento das Obrigaçôcs. São Paulo: Revisla
cio de Paula. Sexta Câmara Cível. J. em 14 de outubro de 2004; TJBA. ED 000128!- 15
51.2012.8.05.0229/50000. Rei. Des. Mareia Borges Faria. Quinta Câmara Cível.Jern dos Tribunais, 2006, p. 184.
03 de março de 2016; TJBA. Ap. Cív. 000004 3-11.2009 .8.05 .O l 29. Rei. Des. Pilar Célia _ Pressuposto nos domínios do Direito Privado, esse fenômeno vem expresso no Código
16
Tobiode Claro. Quinta Câmara CíveI.J. em 08 de maio de 2012. Na doutrina,entreou- Penal, art. 13, § 1º: "A superveniência de causa relativamente independente exclui a
tros: CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 11' ed. Sâo Paulo: imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, im-
Atlas, 2014, p. 66-67; NORONHA, FernandoDireitodas Obrigaçôes. 4'ed. Sâo Paulo: Sarai- putam-se a quem os praticou".
va, 2013, p. 627; FERREIRA DA SILVA.Jorge Cesa. lnadimplemenlo das Obrigações. São 71. REALEJR., Miguel. Teoria do Delito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998, p. 180.
Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 195; PETEFFI DA SILVA, Rafael, Responsabilida- 78. Porém, se a ação subsequente, mesmo que relativamente relacionada com as condições
de Civil pela Perda de Uma Chance. Sâo Paulo: Atlas, 2007, p. 42; SANSEVERlNO, Paulo. anteriores (que para ela são pontos de partida) , apresenta-se, por si só, como causadora
Principio da Reparação lnlegral. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 56-160; COUTO ESILVA, do evento, este apenas a ela é atribuído. O processo lógico destinado a averiguar qual a
Clóvis. Dever de indenizar. ln: FRADERA, Yéra (Org.). O Direito Privado brasileiro relevância do novo processo causal é o de eliminação de cada uma das várias "causas"
na visão de Clóvis do Coulo e Silva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p. 194; que se apresentam. Se, conquanto essa eliminação daquela causa, o resultado danoso
412 \ JURISDl(AO E DIRHrO PRI VADO

A causa pode apresentar-se singularizada ou advir da


y A I.I Nt,UAG t:M DA Ri:~PON~,\B
11.11),IIJI l iVI
.
1
1
\
--...

413
lo " princípio da dignidade da pessoa h ,,
que se verifica quando
d u111 111es1110 dano
·o · resulta
- da conJugaçã
. concorr-er,c•
:1 erf1 n
orne lidanedade
e . socra ll1nana ,.ora .e111
.· l"R1, ou rn esrn o da eq uidade
eventos, apresentan -o-se como, uma
, c n3ugaçao ou ums 0 mat . -o •de dOt. ªu 'ª HtO, ar, . cípto . da so
ld des" e m provar-se o nexo causa l. Sustenta., ora , . cni vist·,'
núcleo da concausaçao esta, porem, em . que uma causas o- nao - orto de es o,, llJs,1' cCJ'' ,, nn 5 "d. fjcu a . .1 . b . . . se que , cspc-
iil, dO Pd t d Dire,todoConsumtcor,ca eri a tn vocara "i .
ra produzir o dano, net11 duas ou _ mats
( causas, d ur·%sa
. _ )separadas , o pr serias t • sl,,•is . ui a - bito o
o 110 .. " . cona eacau-
vl', r/1 esfll te am, ica ,, e·o moescopode . . permn,r queo(ód 1goscto rnesuf·,1c1cntr .·,
deriva, necessariamente, da açao ou ~m1ssao convergente o Uzitia <:tente ·Cl (llen babihst d da matéria" ,Ja que, por vezes, "não há como demonstra
dano , de dois ou 111ats agentes,
-no• ro
;11e •• ua o . d _ .. ,r
. - . razao pela qual , ent re as dquanto aotti. t od a•. c\d~de Pen to adeq "o estabelecimento o nexo causal e diíICultoso""".
do have r um amálgama
deve . finahsuco:
d o dano é o result ª o de
d Uas ou ttiai esui lsdno 0 q"' peneoce ã política do d; "''"
irremed iavelmente m1swra as. ' ªtnbas ·~·
11
se% o
1
•~olp,,,~
"e,P or outras,
ctl i - d
-- 11 cta, to dav;,, d);swnfr eni,,
bO a eie Leg1s
-
. !ativo e o que e cons.
t •· d -·
ruçao -ogmat1 ca ' vera e propria
No tadamente
. em danos havidos
- em- relações
. de massa 1 Jun "e' B ebr11e tido ao na . an teriormente refenda, para alem de . carece r de ampa ro
. 8º, expressao
dade probabilísnca" - d que .nao
. traduz- com o pod'a .Ude-s e a. " er stl tia. A teo .1 iro_ mais aparentando atuar ern v1s1a de Íinalidades de
parecer - a cons1deraçao
.. a1probab1hdade
- d . do que n ormal ena à prirr,e·
. 1causs1..
1
I• ',1,,Jeno; rdto brast e p,m à auto.klade d, j"'üdktfo" - , de,;,a de , !g"mos
uod plerumque acCtdll) na se eçao as condições rele vantes mente acon ra Vi s1, '"'~ge•" d;«ito que esca ". entre "pmb,bi !idade" como figm, d, liag"'gem
q
causa de um evento danoso. na deternii Ieee (id noJítiCil do ntre cu lpa e cau anhado ' 1 1- · · 'd• d 1·
pe o ex1co JUn 1co e a 111guagem c1em11-
· ·r·
rº.ft1sõe5cor11 O
e fenõmeno
Diversamente, a expressão "causalidade probabil'st . , naçàod, cº" · rretaapeq uiparação entre "probabilidade"
· ·r·e "verossimilhan-
88
método de imputação de responsabilidade por presun ~ !~ª' diz res . co fllufll,
fllesrl1º • de 1ncotre causa l'dade
t geral 87 e causalidade espec, 1ca .
ca: e, ainda, en
desubstiwir a investigação ,,iió•Otl,
. da causa pelo recurso a certosçaodad, pelo qua!Peito
se a u...''' ça ,
geral , refere-se a estatísucas relativas a outros event os freque .Pre1en.
esJ"d[ko"', como , mensarnção do pmentual de pessoas os p,rn 'P"'""' "'"" E,
r a u111 0 ~., ------
, outros. MULHOLLAND, Caitlin Sampaio. A responsab'/•d
83. Entre i·dade. Rio deJaneiro: GZ, 2009, p. 69-80.
d ..
1 1 a e nv1/ po.1
presunçao
.
uma oença, desenvolveram tal ou qual enfermid d que, acorn . cas Jecausa 1 .
d específicas ("causalidade epidemiolo·g·
de mortes e para ·m BEZ ERRA DE MENEZES,Joyceane, COELHO ' José Ma rt·om. AI ves· BUGARIM
._. 1ca que , justificar
_ aetidas
ca Por0 84. A551 _ 'cara cavalcante. A ex pansão da responsabilidade civil nas • d d, d . '
probab1hst1ca). ' e especie de causalid
Usaçà Mana . /201 J 8 - . oc1e a e e nscos
. . tu ris , v. 15, n. 1, JUn. , p. 4 . Tambem cttado por RODRIGUE . .·
soenua
. Nexo causal pro ba b'l•
1 . elementos para a crítica de um
1st1co: . SJR. ' Otav1o
. de
Lu1z. , conceno. Rrnsta
·1·d Por
d essa construção teórica, portanto 'sena
. poss1vel
_ d . ade
Direito Civil Contemporaneo, v. 8, 2016, p. 115-127.
1bt I- a e - abstratamente considerada_ de a causaters·d ªd m1tir qu eap b . ·iar alerta é feito por Taruffo em relação ao Direito italiano tendo em . .
esao possa substituir o exame concreto ' sin gu 1anzado,
. o n etermina nte para
Ido ro a- 85- 5uni . . • • . . , vista a impor-
exo causal d· a ire10 e 1açao- acnuca
. de " conceitos_ norte-amencanos . . em tema
. de causalidade e pro bab'l•d 11 ade.
·m avisa ' Jdj ebe na estar claro tamb1en que existe una nela di·'eren · cua 1ttat1va
. .
Pore , 1' eia
no red ucible a cuestiones de grado. o de flexibilidade
. de los conceptos , ent re Iacon r·1gu-'
ainda assim permanece, então, qualquer delas é d~ ser tida como causa do resultado ración de um nexo causal en senttdo estncto y las hipótesis probabilísticas de la cone-
danoso, havendo efetiva concausahdade ou concorrencta causal. A contrario sensu, uma xión entre eventos". Veja-se: TARUFFO, Michele. La Prueba. Trad. espanhola de Laura
vez eliminada a causa superveniente, o resultado não leria ocorrido, essa é, então, a Manríquez ejordi Ferrer Beltrán. Madrid: Marcial Pons, 2008, p. 255.
causa do evento: houve a interrupção do nexo relativamente à primeira causa, easegunda _ Desfazendo a confusão terminológica, ver, por todos: TARUFFO, Michele. La Prueba.
86
se apresenta como a causa real do evento danoso. Trad. espanhola de Laura Manríquez eJordi Ferrer Beltrán. Madrid: Marcial Pons, 2008,
79. VON THUR, Andreas. Tratado de las Obligaciones. Tomo 1. Trad. espanhola de W. Ron- p. 30-31 e ainda em: TARUFFO, Michele. Uma simples verdade. OJuizeaconstruçãodos
ces. Madrid: Reus, 1999, p. 68; PONTES DE MIRANDA. Tralado de Direito Privado. fatos. Trad. de Yitor de Paula Ramos. São Paulo: Marcial Pons, 2012, p. 112-113.
Tomo XXll. 4ª ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1958, § 2. 718, p. 191-192. Verso o tema em: 87. Acausalidade geral estabelece uma relação entre dois tipos de eventos, segundo a qual,
MARTINS-COSTA,Judith. Comenlários ao Novo Côdigo Civil. Vol. V Tomo li. 2'ed. Rio em determinada população considerada, a verificação de um evento torna mais provável
de Janeiro: Forense, 2009, p. 503. a verificação de outro evento. A explicação não tem o timbre da certeza, mas se apoia em
80. SOUSA MENDES, Paulo de. Causalidade complexa e prova penal. São Paulo: Marcial um paradigma probabilístico de risco relativo, expressoseguidamenteem termos percen-
Pons, 2019, p. 290. tuais. É a noção versada na epidemiologia. (Vide: TARUFFO, Michele. La Prueba. Trad.
81. RODRIGUES JR., Otávio Luiz. Nexo causal probabilístico: elementos para a crítica de espanhola de Laura Manríquez eJordi Ferrer Beltrán. Madrid: Marcial Pons, 2008, p. 26).
um conceito. Revista de Direito Civil Conlemporâneo, v. 8, 2016, p. 124. 88. Acausalidade individual , ou específica, por sua vez, estabelece que, em uma sil.Uação
82. RODRIGUESJR., Otávio Luiz. Nexo causal probabilístico: elementos para a crítica de concreta, um evento foi certamente causado por outro evento. Nas palavras de Taruffo,
um conceito. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 8, 2016, p. 127. diz respeito a "um evento particular que afeta um sujeito específico, não a classes de
- 1·ll l'RI VADO
_. F DIRJ-1 A I.I NGUM ,LM DI\ RF, l'O .
NSAB1111
41 4 \ JURISlllVll · - )1\ l)J . CI\•
. 11 li
415
. to devido ao exame do nexo , a probabilidade quantitativa objetiva
ccdunen I causa( 92
ula da ' . d. . . ou estatístic
Considenido º. ~ro . análise da probabi idade inerente a se&llnd f0 r!11 as decisões JU 1c1a1s norte-ameri canas ,, a-que es-
-de11 0, a · · o tie o •te5e . (lrner • . . . - - rnedc O n (
d i Dirci!O 1JfCIS )(o e ºs
deu1os < . r ita-sc a atua r como um .
pnme1ro passo, com
o e)(a111 %sai iPº
1 bll-5
1 e de 1n
5 m te
rrnos estat1st1cos, isto e, de muthemui,· 1mero de
ca 1cu 1cult150,r
cpide111iológ1co im situar-se como causa. e da irj joa . ·,dade , e d evento venha a ocorrer" 93
. Segundo a c _ _ 1 cl1u11cc,
ento para . _ o. l
l' 51 •bt 1 1· a o once pçao . .
neidadcdo ev . ,·co-J·urídico para avenguaçao da causa(·ct rto, de1errri º de (in)certeza de um íenõmeno do qual _ ' constnui
. nto tecn 1 .d i act r oe o grau . ) nao se pode atest
0 proccdune . segundo o qua se cons1 era que d t e é e~ deq d1·daoU
1 R aleJun1or, 1· e errni Pli 1·nexistênc1a nem a sua verdade absoluta ( f 1. ar
., do 1ior Migue e . ) . apto a alcançar a qua idade de cau llad 0 r · Jlle d (ou . . " ou a s1dade)"9•1
ca essáno sera .1 . . sa do e ªto 'a f lsida e ·na de Pascal , tambe_m dila probabilidade pascalian "95 . .
(.,11itcccdente nec. · . idone1'dade para provoca- o. Essa 1doneidade e. d Vento se a doutn a adesão das cortes norte-america nas a esse m - da , sendo
, ~• · [11 da .
em abstrato, pos_su11 segundo o que costuma suceder (id q1.1 de ser afe/ ove or que .. . - , . d elo o esteja re-
., eia comum, - . o Ple pr 1·ve15UP . . ãodoJuneaausenc1a e umdeve rde motivaç~ d .
da da expenen . d mediante um retorno a situação em r«tnq
I-
1ao5 . 1•nstttulÇ . . ao o veredno,
. • 0 é rea 11za O . . b que O «e p . fladaª ides em que e conhecido. O recurso à estatísticas _
accidit ). O 1u1z . d ta examine o JUIZ se, em a strato, a ação correu 1cio 5 mo . . . erve, entao
arur es , . estav d a a efl05 no . " ritérios gerais (quant1tat1vos) de valoração da prova '
açãoparaque,a P evento danoso. Realiza-se, então u a Otarj orJ1 duztr e .
1 d . , aptos a
' . d provocar O , ma " a aar•• ifllro a 5 usce tibilidade emociona os Jurados enquanto suJ·eitos resp onsa- .
de idone1da e ª d rmina a "idoneidade da conduta (concret ) Prognose P ·zar f ,,gó
" orque se ete d a exp J11ioirJ1' •uízo de ato .
póstuma P f s causais tenham opera o, mas através d . 0st,au
. ue os atore e um J . veisPºrurt1J de vista do Direito, o significado e as íunções das ideias de pro-
seja, depois q "prognose póstuma" supõe, obviamente . Utzo ex ponto
,,gq No entanto, essa d . - . , um JUí - . N d. . . b . . .
ante · 0 eto pois corno a enommaçao mdica é u= zo de Do d tarn be' rn não sao umvocos . o 1reno . pro atono , atine-se à ex, i·st'en-
- caso concr , ' ' "' progn • . babilida ra sustentar-se que um enunciado é verdadeiro ou falso. Mas
adequaçao a f siderado portanto, em sua concreção. Só depois d Ostico a.zoes pa . . d o· .
f · pós o ato, con ' . e sop 0
eno a ·1·d d ·n abstracto e in concreto, e que se examina se a c esa. e . é ap 11ca do em vános setores o. 1reito e mesmo na responsabi lidade
ia der .
da a probab1 i a e, i d - d d ausa assi conceito (1d quod plerumque accidit) , para auxiliar
recortada f01 eve ° . nto necessário à pro uçao
- o ano, contrastando-
se lodo
tn . uan do .111 vocado oJ· uízo
. -
abstrato
. , ,
. b . - Deixa-se, dessa mane1ta, o terreno da probabilid d 0 civ1l,q _ tre as cond1çoes stne qua non de um evento danoso, aquela que
con1unto pro aton . 0 . a e Par leçao, en . - - .
iamente no da causalidade, sendo o conceito de "c na se. ·doneidade para provoca-lo. Nesse caso, sua funçao nao e a de substituira
se ingressar, propr ' _ 90
. orre Iaçãoa possui i
. .
pro bab111suca .· ,, antipódico em relaçao
. ao de causa
.. . Ademais,
. . também aí t
O errn 0
não tem s1gm 1 . ·r·cado unívoco· · ha a probab1hdade
. . _ quanntat1va e a probab·t·ct11 ade Taruffo, a probabilidade lógica existe enquanto "criterioal quale il giudice
qualitativa, espécies que admitem subd1v1soes.
-· Para anenersi nel determmare · · d.I falio ha o non ha ncevu1o
·
9?
se un enunc1ato sufficiente
Diferentemente da probabilidade qualitativa, relacionada "ao grau de con. de~~erma probatoria, e quindi se puà considerarsi vera ai fini della decisione". Para
firmação lógica que um enunciado recebe sobre a base das provas a que este se co 1 haveria uma cisão entre o componente da "rego la dei piú probabile che non" eda
refere"91, voltada, assim, a medir o suporte probatório existente em torno de cada ~:: ~\a della prevalenza relativa della probabilità" (TARUFFO, Michele. La prova dei
nes!o causale. Rivista cri tiva dei Diritto Privato, ano 24, n. 1, 2016, p. 129). No mesmo
sentido, CARPES, Artur Thompsen. A prova do nexo de causalidade na responsabilidade
civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 94.
eventos produzidos no âmbito de uma população ou amostra". Em consequência, a 93. CARPES, Artur Thompsen. A prova do nexo de causalidade na responsabilidade civil. São
certeza da causalidade particular deve ser demonstrada de modo autônomo e diverso Paulo: Revista dos Tribunais, 2016 , p. 92.
relativamente àquele que serve à demonstração da causalidade geral. (Ainda: TARUFFO, 94. CARPES, Artur Thompsen. A prova do nexo de causalidade na responsabilidade civil. São
Michele. LaPrueba. Trad.espanhola de Laura Manríquez eJordi Ferrer Beltrán. Madrid: Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 92.
Marcial Pons, 2008, p. 256).
95. SCHUM, David. Th e Ev idential Foundations of Prohabilistic Reasoning. New York:John
89. REALEJR., Miguel. Instituições de Direito Penal. Rio deJaneiro: Forense, 2002, p. 248-
Wiley & Sons, 2001, p. 40.
249; MARTINS-COSTA,Judith. Comentários ao Novo Código Civil. Vol. V. Tomo li. Rio
de Janeiro: Forense, 2009, p. 205. 96. Assim: CARPES, Artur Thompsen. A prova do nexo de causalidade na responsabilidade
9 civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 92. Não se traia do único método.
o. TARUFFO, Michele. La Prueba. Trad. espanhola de Laura Manríquez e Jordi Ferrer
Behrán. Madrid: Marcial Pons, 2008, p. 253. Tambéma probabilidade quantitativa subjetiva tem por finalidade "racionalizar o con-
91 vencimento sobre a probabilidade objetiva", sendo aferível por meio de um cálculo
· CARPES, Artur Thompsen. A prova do nexo de causalidade na responsabilidadecivil. São
Paulo: Revistados Tribunais, 201 6, p. 9 4 _ matemático fundamentado no Teorema de Baynes, razão pela qual é conhecida como
"probabilidade de Baynes", como ainda registra o Autor.
_ _ ~rro r 111 v11DO

418
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1::n1 texto Jª ªd-f~ ·u' Idades e aporias que cercam o trabalh nos ilu,,_.
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oLL ,n b "' •
r,,OO qoe qualquer genero deconheci meod Ju,;,
· "''"•o,,
berto1 Bo_~b10 o seomento em que suas proposições const_nto e recoª5',No e
.' "'no c,en' " no m perfeiW'°'°'"º'"""'"'v"s
d enunci•dos, ''"' m um •h ~ido
. • . inteo;ub· ,
coerente e d ,n,1.enteodido, e,pressando•seem uma r )etLVam, ~,,
º"raves
d pengos_ sero caso de reduzir. a C.. 1_ gern r·nte0,se"a
. a um puro fatmgua
1encia
E. a verte nao . l d o m 1g .,,
, de rec·onhecer
O que a forma mais
. .a tad e conheciment
., . o e de guístj co, rosa.
O
.
intersu b'eti·va
1 ,
propriamente
. .
consntutIVa
_ f
a Ciencia ' só pode cornu n1c lllas,
as repres<º"çõ" ; diVLduaLS (que sao atos. perceplivos)
d v.em ecorre, qUaaçào0
51111 0
. 1 OS p I Os
sig""'"'"'""º"''') ,ptosaserem comumca os e acolhd
0
xpress Od
,cgr,otes
. d, comunid>de
. com
·d· , menor
. quan1'dade
" d possível e1detomal-en
e os de,,/•
1Isin

E que as normas JUrl 1cas consistem num iscurs f .


O 1 tend· do ·
P'" os h"''"º"''os
., q"'is 1 do5'
. . são, h.,ma
. .
, reeonstrui•lo e a entpe os
umcabl
d hUtnan s.
o io;
ausente essa consc1encia, 1rnposs1ve sera a própria com . en ê-! ,, os
nd
riêod• joridiCO• EsL< ÍOL o pro pós"º desse e.sLUdoc compr
ellos· e »dade. dage ·>
responsabilidade; assentar o significado de seus cone . ee er a lingu ªexpe.
para 1. ' ' assim es 1eisill .da
. com .o trabalho
. . de. construção social , que , pela a"'. "' . , º"'b'eo
m.stec propno do J"º"'· ngorosa d, ri Uir

105. BOBBIO, Norberlo. Scienza dei diritto e analisi dei linguaggio. ln: SCARPELLI,
Uberto. Diritto eAnalisi dei Linguaggio. Milano: Edizioni di Comunità, 1976, p. 301-324
106. IRTI , Na1alino. Note per uno studio sul!a nomenclatura giuridica. Rivista Trimest ra·
ledi Diritto e Procedura Civile, ano 21 , n. l , 196 7, p. 266.

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