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EDJTÔRA GLOBO
RIQD~JAMf!IRQ P ô R TO ALE ORE SÃQPAUl.0
HISTÓRIA DA CIÊNCIA
VOL 5
~4.Jt(_ f2,.fVltm_
,
HISTORIA DA
CIENCIA
/\
Trad11rão
de
LEONEL VALLANDRO
1t
EDITôRA GLOBO
Rio de Janeiro - Pôrto Alegre - São Paulo
Titulo do originai norte-americano:
A SHORT HISTORY OF SCIENCE
1952
DU BOJS-REYMOND
PAMPIER
íNDICE
PH E:f,tC !O . XIII
CAPÍTULO I
O ALYOIU-:c1rn D.l CIVILJl':AÇ.\.O a
,lntiguilladc e origem. do homrm. O hom.ent pré•ltist6rico. Pri·
111eiros passos tltt cidli2a.çtio. O "Cl'escente 1'értü". Cune·ito·,rmes em
tijufrta,'i. Swner,: A /..·ktul e Eltrm. o-
<(h1ortécr tl<t hiBtória. Egito
1,ré-Jti,;tórfr:o. II ierú(IUfm,: a. pe<lru- dti Ilosettn . .,t eitiiUza,çãn do Eoeu,
ou. iuinríica. J't'riodoii hitilúticos ·110 OJ'in1le ,intigo. A csr:rila e o
ttl/ribtto.
CAPÍTULO II
A Cl.f:XCI.\ XAtiCE XO OHIEXTB 13
CAPÍTULO III
OS J>IU)l6HJlJO,; ]1.\ Clf:XCLl GRECLl 31
J,iufitf'S f/fO!JrÚ_fico.v. Di1,icla. da. Oriâtt pura com lt llnbilôniti e
n J:.'11it.Q. O prmto tle ·«,i.,·ln grego. l'oute,;. O t:tdewfririo. Jleclid-tt do
,,~1,11w . .ll'ilmélir,1, gngct. Ue11111etri.tt ,,,.,.,11,. Os filâ.w,fos jônicos •
.1'cdts. ,-1 m,.T-imcrnd ro. .J.·1wxí1,11mr.s. Pitâ11orn,,· e :ma. escola. A r-itmé-
liea. pitnt/órka. (;w1,11•lritt µil1tyú1·icn. A n.vt.ronomfrt e a.s c-iên.citts
jísircc:1 J>ítugóri,·nH. .-l qui1;iim u,·eya. Jleclicilut gl"ega i>rimil-iva.
CAPÍTULO IV
A CH:X<'I.\ X.\ Jll.\DJ-; J>E OUJW lJ.l GKi':CI.\
l,ifrrntunt e. 11rfr. l'an,1.;,1irfrs. t::m7,.i1lod,ix. 1ltw,;cá11oraH. 1/,itâ-
dito. Ua alomi$tm:. lhm6,:rito de Ab,le-m. Ocournfitt e y1iologitt gre-
nr1H. A,'1 ciências whJ.ie(l.o; .a.ntes de llipúcrates. ln-ícios da me.rlicina
·rnrional - Hipúcntte& de Coa. Os aofüJttts. Os problemus cMasicoa -
llipins de Élide. .t crítfrn de Zr.·non. ~lfed·irl,i ela árett do círculo:
A utifon e llri-Yon; 11 í1,úcrate.'l tle Qufoa. lJuplica.ção tlo r.ttbo. Pltttã11
,i u Acucle,niii. O :mittJtlo ttJutl.it.ico. A coHmofogüt 1Jlatônfoft. A rquita.11
Jl e11umt1: se,;rjts din-i.t·ttH. l:Jud(J.1·0: 1u,1a, noutt cos-molog-i,1,. A rist6telf'H
P- o hiceu. A 1·11w:<i.nit•rt ,t~ Arí.vl6lrlt!s. Astrononi-itr. aristot,!l-ica. A
biologfo. de A rfa·t1ítele ..,, :.J'n,fraxfo. Epit·itro e o ep-ic.w·ismn. A(o1J1•
mcnto ,fo terrn: l'ilultw, llfrela.'1, lleráclides.
CAPÍTULO V
88
CAPÍTULO VI
11.)
CAPÍTULO Vll
ll .\11.'XDO IW.11.\0:0. ,\ !-:ILI l><l OB!-it'l;IUX'l'í!-i.\!O
CAPÍTULO VIII
t:mXClA l!IXl>t: E .ílUIIE. OS M0\ 0 HOS XA l•:SPAXlIA
A dh1du ,~ lr1111smititfo i, .J::111•01111 o,·itfrntal . .-1 ·111(,/t•i11úfin1 hi11d11,
.t u.vfi•u1wmi11 hi"'l,,. .\fot11J11'! r t1 ,mrfo do J.vlll . .l )11ut,,1111ítit·u I.Írul1r.
LI ,,;f r01w111iu 1ir11l11'. ()IJ,,;1•rr11t,ít'io.~· a.'li,11 il-11N. .-1 al1111i111ia ,írol>1'. .·1
Mt•d·it-ina m11r,tl111111111 ·i111 Orít•11li>. Os 11rn11rn-" 111t H.11111n1h11.
CAPÍTULO IX
l'HIH:TlESHO:-; JJ.\ Cll';X('J.\ ,\Ti'; O ,\XO 1,1:;ll
C..o.PÍTULO XI
A MA'l'E~l.i'l'IC.\ J,; .\ )11•:(".\XI!'.\ XO ,-;,:;('l"!.CJ X\"I J-: Xo 1•o~JIO;(_'O Jio X\"11 C:!1
CAPÍTULO XII
CAPhuw xrn
lXICIOS !>.\ )f.lTE:,L\Tl<'A ll!Ol>J•:JC,.\
C.'\PÍTLJI.O XJV
CAPÍTULO XVI
_iJ.(;1·:,,-~ l'RO<:JlE>;SOS Jl.\S C'lÊXCL\S Fí~IC.\S J-; Q[i:\[IC'.\S Dt:R.\X'l'E
u stcn,o xix 3H
.1 ,·1•frnu;üo do Jll'O[Jn'Nso ,](i,<t ,.,i,~u,•üu. fisfrmt . ..t /í.vic:1, mod, 1·,w. 1
CAPÍTULO XVII
_\J.Gl'XS l'J!OGJ:ESSO::i D.IS CltXCL\::i x.,•rnurn xo Sf:Ct;J,O XIX ;JGO
APÉNDICE A
AJ.Gl'X,; IX\"EXTO,-; ,,os ;<1\<:1 LOS xvnr e xrx. (']I':'.',;(.'[.\ .\PLIC'.11.l.\ E
EXGEXIL\HL\ 304
APÉNDICE B
[ G 1
ucsrnro
()A
ARABIA
3
4 SEDGWICK, TYLER & Il!GELOW
cias dessa transformação, porquanto ela deve ter sido muito gradual.
Tinha-se completado, contudo, antes do início do Pleistoceno, pe-
ríodo geológico que se seguiu ao Plioceno e precedeu o nosso Pe-
ríodo Recente, caracterizando-se por um extraordinário resfriamente
da terra. Por quatro vêzes sucessivas, grandes calotas de gêlo avan-
çaram para o sul, cobrindo as tÚras do hemisfério setentrional, e
quatro vêzes tornaram a recuar. Em cada uma dessas Épocas Gla-
ciárias surgiram mamíferos característicos, alguns de gigantescas
proporções, e seus esqueletos, sepultados por tempestades de pó
nos sedimentos depositados pelas caud_alosas torrentes das quentes
épocas interglaciárias, permitem aos geólogos reconhecer os depósi-
tos correspondentes a cada época. Baseados em outros indícios,
podem êles cakular o tempo aproximado que duraram as mesmas.
Segundo opinam os cientistas americanos, o período Pleistoccno du-
rou um milhão de anos e terminou por volta de 23 000 a_ C.
Nos alborcs <lo Pleistoccno, vivia o homem primitivo cm loca-
li<la<les distanciadíssimas entre si. Tratava-se, provàvelmentc, de
emigrantes q_ue haviam fugido à concorrência de raças mais adian-
tadas, em suas terras de origem. O mais primitivo de todos é o
homem (pitecantropo) de Trinil, em Java. Assemelhava-se muito
aos macacos, mas certos descobrimentos recentes revelam traços ana-
tômicos que são francamente humanos. Não há, contudo, indícios
de que essa criatura tivesse um procedimento humano na rigorosa
acepção do têrmo. O caso do homem de Pequim ( sinantropo) é
diverso. Habitava êste, maís ou menos pela mesma época, as ca-
vernas da China oriental. Possuía um cérebro maior, fazia uso de
instrumentos e do fogo - atividades tão caracteristicamente huma-
nas quanto a palavra articulada. Aprendendo a fazer fogo com as
faíscas produzidas pelo sílex de que fabricava os seus toscos instru-
mentos, o homem de Pequim efetuou a primeira aplicação de um
princípio físico às necessida<le·s humanas. Talvez mais cedo do que
êle, mas com características anatômicas mais modernas, o homem
de Piltdown ( eoantropo) estabelecera-se no suleste da Inglaterra, nos
fins do Plioceno ou no Pleistoceno inferior.
Outro tipo posterior, do Plcistoceno médio, o homem de Nc;1n-
derthal, percorria a Europa durante a segunda época intcrglaciária,
cm perseguição dos grandes animais. Acocorados em volta das fo-
gueiras de seus acampamenws, fabricaram êles o primeiro instru-
mento de sílex completamente lascado, o machado, arma caracte-
rística da Primitiva Idade da Pedra, ou Paleolítico. Por seu turno,
durante a última Época Gl;1ciá6a - há 150 000 anos, talvez -
cedeu lugar ao homem moderno, Homo sapiens, representado pelas
raças de Brünn e Cro-Magnoa. 11:ste último deixou em numerosas
cavernas por êle habitadas instrumentos de sílex e de osso, desenhos
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 5
O l!OMEJ\/ PR1~•-ffiSTóRlCO
O "CRESCENTE Fi:RTIL"
a 6
EGlTO PRR-IIISTóRICO
variar da natureza não deixa espaço para as grandes aglomera~ões ,le plan-
tas, animais ou homens. O Mediterrâneo é o triunfo da autonomia e do
i11dividua!i,m10; nêle florescem livremente os dotes naturais, sem outras
restrições que não as impostas pela necessida<le de uma organizaçfto har-
moniosa. -- G'. GJ.oT-., .legean Ci11Hi2·alio11, P. 12.
A ESCRITA E O ALFABETO
A invenção ela escrita e a do papel contri!Juiram mais para faze,· progre-
clir a raça humana do que qualquer outra conquista intelectual em tôda
a existência da humanídacle. - J. H. Bmt.\8TE11. ('onquest of C'ívilízatio11,
p. 5:L
sendo o som das vogais indicado apenas pelo contexto. J~ste mé-
todo simples de escrita - um dom precioso - foi le\·ado pelos na-
vegadores fenícios aos gregos da Jônia, mais ou menos em 900 a. C.
Os gregos ajuntaram as vogais, e foi do seu alfabeto de 27 letras
que derivou o latino e, portanto, o nosso.
DIBLIOGHAFL-\.
JNÍCIOS DA crnNCIA
13
14 SEDGWlCK, TYLER & BIGELOW
Não existe língua que não possua pelo menos alguns numerais, se
bem que em casos extremos êstes não vão além de 1tm, doii, muitos
( isto é, mais de dois); e para a maioria de nós a palavra milhão
equivale mais ou menos a uma multidão inumerável. A contagem
,1 8 e
D 60
~ l- gur
? o 10 gur @ 10 bur
3600?
o 100 gur Q 60 bur
é naturalmente facilitada pelo uso dos dedos das mãos e dos pés,
cujo número de 10 é a conhecida base anatômica do nosso sistema
numérico decimal. Assim, a palavra dígito provém do latim dígítus,
que significava dedo. Têm-se apontado muitas vêzes as vantagens
matemáticas do número 12, como base divisível por vários fatôres,
mas infortunadamente a escolha se fêz muito tempo antes que fôsse
possível estimar-lhe a verdadeira importância. São-nos familiares
certos vestígios do uso dos números 5 e 20 como bases de numeração:
do primeiro, nos números romanos IV, VI, etc., e do segundo nas
línguas inglêsa e francesa, onde ainda se usa, por vêzes, a vintena
(v.g. a palavra score, em inglês, e os numerais quatre-vingts, quatre-
vi1tgt-dix, em francês). tste último caso é um remanescente· do
sistema de contagem dos celtas.
HISTÓRIA J>A CIÊNCIA 15
Os mais antigos números que se conhecem são os encontrados
na Suméria, em Elam e no Egito. Entre os primeiros figuram contas
de receita do templo, em que se empregam tanto o sistema sexa-
gesimal como o decimal.
Foi a partir dêstes sistemas arcaicos que se desenvolveram os
numerais cuneiformes da Babilônia e da Assíria. Os mais primiti-
vos números egípcios, desde cêrca de 3400 a. C., são formados de
traços simples para os números pequenos, com um sinal especial
para o 10. Posteriormente criaram-se sinais especiais para 100,
~.< f 'f=IO+I0-1=19
~ Tm = 10 + 10 + 10 + 10 - 3 = 37
OS PLANÊTAS
Outro fenômeno celeste, embora menos evidente do que os anterio-
res, deve ter sido muito notado durante o período pré-histórico. As
estréias variam muito no seu agrupamento e no brilho de cada uma,
mas em geral suas posições relativas são senslvelmente constantes.
Verificam-se, entretanto, cinco exceções constituídas pelo movimen-
to errante dos planêtas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno,
que, como o· sol e a lua, se deslocam entre as estréias, mas descre-
vendo trajetórias que parecem irregulares. Em correspondência
com êsses sete corpos celestes, o homem pré-histórico estabeleceu
uma divisão arbitrária do tempo em semanas de sete dias, que é "o
mais ani:igo monumento da ciência astronômica". Tal correspon-
dência ainda é conservada nos nomes dos dias da semana em diver-
sas línguas modernas ( 1').
A MATEMÁTICA NA BABILôNIA
Nossos conhecimentos sôbre a ci&ncia matemática· na Babilônia fo-
ram consideràvelmente enriquecidos nos últimos anos, sobretudo gra-
ças aos trabalhos do sábio austríaco Otto Neugebauer, agora resi-
dente nos Estados-Unidos, o qual decifrou muitas inscrições origi-
nais conservadas nos museus dé Estambul e outras cidades. Cêrc:1
de 200 dêsses textos foram traduzidos. Na aritmética babilônica,
os números inteiros eram expressos, em geral, mediante o emprêgo
de dois sinais básicos, 1 = Y: 10 = ◄. Os números que se sabe
terem sido usados alcançam as centenas· de milhares, o que na-
turalmente requer um grande domínio das operações fundamen-
tais por meio das quais os grandes números derivam dos pequenos.
De 1 a 59, o~ números são expressos pela repetição dos sinais cor-
ASTRONOMIA EGJPCIA
Sob um céu sem nuvens, às margens do
Nilo ou do Eufrates, a astronomia nasceu
de um motivo religióso. No Egito, não foi
a astrologia mas a astrolatria, a adoração.
das estréias, que levou os sacerdotes a ob-
servar-lhes a hora do nascimento a fim de
lhes prestar culto.
Muito antes de 3000 a. C. foi o· ano
dividido em 36 décadas, agrupando-se em
constelações, de acôrdo com isso, as estrê- ·.
Fig, 5 - ANTIGO INSTRU, las situadas no equador celeste. É esta a
MENTO ASTRONOMICO primeira vez que aparece a divisão do cír-
EGiPCIO. Segundo Bor-
chardt, op. cit. culo em 360 graus. O mais antigo instru-
HISTÓRIA DA CIÊNCIA
mento astronômico que chegou até nós é formado por uma vara
com a ponta em forquilha e um fio de prumo munido de cabo ( Fig.
5 ). Empregava-o um astrônomo egípcio para determinar a posição
das estrêlas no céu setentrional. Conservam-se também umas tábuas
que datam de cêrca de 1100 a. C. e contêm as horas em que algumas
estFêlas passavam pelo meridiano. Possuímos, igualmente, registos
de mais de 350 eclipses solares e acima de 800 lunares, antes do pe-
ríodo alexandrino.
Exemrilo ria <li visão de iOO pães entre qua tr<> homeu,,, na vropori;iío
2 1 1 1
1los númerns --, - e --. Diic-me o quinhão <Jue rece\Je cada um.
3 2 3 4
2 1 1 1
Soma -, -, - e - ; terás o resulta<lo 1 + -- + -. Forma 1 O]lerando
3 2 3 4 2 4
1 1 1 1 11 2111
c,,m 1 +-+-; terás-+-. Toma - +-
de 700; é 400. - , - , - , e -
2 4 2 14 2 14 3 2 3 4
de 400 darão os quinhões dos quatro homens. - A. B. C1uc1,;. 'l'he R[iiild
Jíathematical l'apyrus, vol. I, p. 101. ·
AGRIMENSURA NO EGITO
as terras ch1 retângulos iguais entre to<los os egípcios, <le modo que
todos pagavam o mesmo tributo. Quem perdesse parte de sua ter-
ra em conseqüência da cheia devia comunicar ao rei, que mandava
então um inspetor calcular a perda e fazer um desconto proporcio-
nal no impôsto. , Foi assim que nasceu a geometria (literalmente:
medição de terras).
Os egípcios sabiam calcular a área do triângulo, do retângulo
e do trapézio, bem como o volume dos sólidos elementares, inclusive
o tronco ele pirâmide de altura h c base retangular, com os lados
h
a e b: V= 3 (a" + ab + b"). ("). Fazia-se uso de muitas fór-
mulas aproximadas. Tanto na matemática babilônica como na egíp-
ci;i, entretanto, jamais encontramos uma fórmula' abstrata: apenas
dados numéricos.
A ciência matemática dos eQ;Ípcios apresenta, pois, as seguintes
características: por volta de 2000 a. C., conhecimentos bastante de-
senvolvidos sobre as operações com números inteiros e frações, um
método para resolver equações cio primeiro grau com uma incógnjta,
diversas fórmulas, tanto exatas como aproximadas, para a área e vo-
lume de figuras e sólidos elementares, e um método aproximativo para
calcular a circunferência de um círculo de raio determinado.
BIBLIOGRAFIA
!I/IIITES GEOGRAF!COS
31
SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
Acima -de tudo, os deuses da velh; mitologia grega nos permitem com-
preender o gênio llêsse povo. :tl:Ie,, nós retratam uma raça jactanciosa, falsa
e quiçá libertina, mas possuidora ele um sensC> de belo, uma confiante ale-
gria de viver e uma impulsividade de afeições que são qualidades distin-
tivas de um povo valente, vigoroso, franco e triunfador; ... Com a passa-
gem do tempo, e quanclo o intelecto aprendeu a dominar as emoções ... o
homem voltou-se da fé em acontecimentc,, caprichosos e depenclentes ela
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 33
vontade fortuita de deuses irresponsáveis para a v1saü 1la uniformidade
da natureza sob a lei divina e universal. - Srn \V1u.1,u1 DA~l l'Ifüt, llistory
of Scienee, pp. 12, 14.
FONTES
O CALENDARlO
Por volta <le 400 a.C., o ateniense Méton observou que cada
período de 19 anos compreende quase exatamente 235 meses luna-
res, e de acôrdo com isso propôs um novo calendário com 125 me-
ses de 30 dias e 110 de 29 dias, o que dá para o ano a duração mé-
dia de 365 dias, 6 horas e 19 minutos - um excesso de apenas 30
minutos. Desta diferenca o "ciclo lunar" ou "de Méton" ainda con-
serva traços. Devido à grande confusão do calendário oficial, os
almanaques de então designavam as épócas apropriadas aos dife-
rentes trabalhos agrícolas por meio elas constelações visíveis na oca-
sião.
MEDIDA DO TEMPO
a,
ríodo que vai do nascer ,IO pôr d() sol, scndo essas partes, por con-
seguinte, proporcionais à maior ou menor duração do dia.
O uso da clepsidra ou relógio de água, na Grécia, data do V
século a. C. Consistia numa garrafa esférica munida de um mi-
36 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
ARITMÉTICA. GREGA
265
ó rt 265
M M,!1 ,ri 40 000, 12 000, 1000
12 000, 3 600, 300
1000, 300, 25
70 225
,..,
M O"Y.E
GEOMETRIA GREGA
OS FILóSOFOS JõNICOS
anunciou ac,i habitantes de :Vlile(n (JUe se faria noite em pleno dia, que
o sol iria ocultar-se e a lua se culocaria na sua frente, intereeJ)tanclo-lhe
a luz e o brilho.
Embora êle também vos admire por outros motivos, dá o max1mo valor
à medida das pirâmides, porque, sem o menor trabalhei e sem necessitar•
des de inr3trume11to, limitastes-vos a plantar o v~s() bastão na extremi-
dade da sombra lançada pela pirâmide e mostrastes, pela comparação dos
dois triângulos formados pelos raios do sol, que uma sombra guarrla para
com a outra a mesma relação que a altura C:o bastão para com a da pirâ-
mide. - PLt:HRCO, Banquete rlos Sete Sábios.
hem podem ter sido conhecidos pelos egípcios. Para êles, entretan-
to, êsses conhecimentos teriam permanecido isolados, ao passo (JUC
para os gregos foram o ponto de partida de um extraordinário de-
senvolvimento da geometria.
Para Tales, a terra é um disco circular a flutuar num oceano
de água. Esta água é o elemento fundamental do cosmos. O gêlo,
a neve e a geada convertem-se fàcilmente em água, e as próprias
rochas se desfazem e desaparecem no seio dela. Também o homem
parece ser capaz de converter-se em· água, enquanto que as águas
do mar e da terra se condensam em resíduos sólidos. Pela evapo-
ração da água forma-se o ar, e é a agitação do elemento universal
que causa os terremotos. Entre o seu ocaso e o seu nascimento, as
estrêlas passam por trás da terra.
foi n primeiro qne a11licou éste tênno ao r,rimeiro principio; diz também
que êsse principio não é a água nem qualquer das outras C{Jiiias chamadas
elementos, mas que o infinito é algo de natureza diferente, de que se ori-
ginara'n1 o céu e todos os mundos que êste contém; e que as coisas, quanrlo
são destruídas, vnltam necessàriamente à c3Ua origem... Evidentemente,
ao observar que ..is quatro elementos se transformam uns nos outros, Ana-
ximandro nã,, achou razoável fazer de um 1\êles a substância fundamen-
tal, preferindo escolher alguma outra coisa. - Ti,:orn.\s-ro (a1nul Fairbanks,
O)J. cit, p. 11).
AR!Tlvh'TJCA PITA.GóRICA
Na aritmética pura, ou teoria dos números como nós a chamamos,
os pitagóricos fizera111 afirmações como esta: "A unidade é a ori-
gem e o princípio de todos os números, mas não é um número em
si mesma." Faziam distinção entre os números primos e múltiplos
•
• •
• • •
• • • •
• • • • •
Fig. 8. - NúMEROS TRIANGULARES DE PITÁGORAS
li
r
Fig. 9. - OS QUADRADOS E SUAS DIFERENÇAS, FORMANDO A
SÉRIE DOS ·NúMEROS fMPARES CONSECUTIVOS.
GEOMETRIA PITAGóRJCA
Na geometria, os pitagóricos estabeleceram definições dos eiementos
fundamentais: linha, superfície, ângulo, etc. Atribuem-se-lhes nume-
rosos teoremas que implicam o conhecimento das propriedades das
A QUíMICA GREGA
BIBLfOG,RAFIA
53
54 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
LITERATURA E ARTE
O século V a. C. presenceou êsse extraordinário florescimento do
gênio grego na literatura e na glória militar, que o tornou eter-
namente famoso. Graças às batalhas de Maratona (490 a.C.) e
Salamina ( 480 a. C. ), tinham sido rechaçados os inimigos asiáticos
que ameaçavam invadir e escravizar a Europa, e o povo grego, antes
fracionado em numerosas cidades bairristas e rivais, convertera-se
numa grande nação democrática. Prosperou o comércio, multipli-
caram-se as riquezas, e durante cêrca de um século as letras, as
artes e as ciências floresceram como nunca haviam florescido antes,
nem, talvez, depois. Heródoto e Tucídides começaram a escrever a
história. O drama foi levado a alturas tais por Ésquilo, Sófocles e
Eurípides, que ainda hoje, 2 500 anos passados, assistimos com ávido
interêsse ao Édipo de Sófocles e à lfigênia de Eurípides, enquanto
que a poesia de Píndaro e a graça de Aristófanes jamais perderam o
seu encanto. Na arquitetura e nas artes plásticas, o Partenon e suas
estátuas testificam ainda a supremacia da Grécia.
Também na ciência, há grandes nomes associados a feitos me-
moráveis. Naturalmente, neste terreno não se alcançou uma perfei-
çã,~ comparável à da literatura e da escultura, mas fizeram-se gran-
des progressos na matemática, ultrapassando tôdas as conquistas an-
teriores, e lançaram-se os sólidos alicerces de uma interpretação ra-
cional do homem e da natureza. A literatura, a arquitetura, a es-
cultura e o drama não exigem nenhum aparelhamento especial. Tam-
bém a matemática não depende de elementos exteriores, e é por isso
que constatamos na geometria e na aritmética um avanço muito
mais rápido do que nas ciências físicas e naturais.
lfERÃCLITO
OS ATOMISTAS
LITERATURA E ARTE
O século V a. C. presenceou êsse extraordinário florescimento do
gênio grego na literatura e na glória militar, que o tornou eter-
namente famoso. Graças às batalhas de Maratona ( 490 a. C.) e
Salamina (480 a.C.), tinham sido rechaçados os inimigos asiáticos
que ameaçavam invadir e escravizar a Europa, e o povo grego, antes
fracionado em numerosas cidades bairristas e rivais, convertera-se
numa grande nação democrática. Prosperou o comércio, multipli-
caram-se as riquezas, e durante cêrca de um século as letras, as
artes e as ciências floresceram como nunca haviam florescido antes,
nem, talvez, depois. Heródoto e Tucídides começaram a escrever a
história. O drama foi levado a alturas tais por Ésquilo, Sófocles e
Eurípides, que ainda hoje, 2 500 anos passados, assistimos com ávido
interêsse ao Édipo de Sófocles e à Ifigénia de Eurípides, enquanto
que a poesia de Píndaro e a graça de Aristófanes jamais perderam o
seu encanto. Na arquitetura e nas artes plásticas, o Partenon e suas
estátuas testificam ainda a supremacia da Grécia.
Também na ciência, há grandes nomes associados a feitos me-
moráveis. Naturalmente, neste terreno não se alcançou uma perfei-
çfo comparável à da literatura e da escultura, mas fizeram-se gran-
des progressos na matemática, ultrapassando tôdas as conquistas an-
teriores, e lançaram-se os sólidos alicerces de uma interpretação ra-
cional do homem e da natureza. A literatura, a arquitetura, a es-
cultura e o drama não exigem nenhum aparelhamento especial. Tam-
bém a matemática não depende de elementos exteriores, e é por isso
que constatamos na geometria e na aritmética um avanço muito
mais rápido do que nas ciências físicas e naturais.
LITERATURA E ARTE
O século V a. C. presenceou êsse extraordinário florescimento do
gênio grego na literatura e na glória militar, que o tornou eter-
namente famoso. Graças às batalhas de Maratona (490 a.C.) e
Salamina (480 a.C.), tinham sido rechaçados os inimigos asiáticos
que ameaçavam invadir e escravizar a Europa, e o povo grego, antes
fracionado em numerosas cidades bairristas e rivais, convertera-se
numa grande nação democrática. Prosperou o comércio, multipli-
caram-se as riquezas, e durante cêrca de um século as letras, as
artes e as ciências floresceram como nunca haviam florescido antes,
nem, talvez, depois. Heródoto e Tucídides começaram a escrever a
história. O drama foi levado a alturas tais por Ésquilo, Sófocles e
Eurípides, que ainda hoje, 2 500 anos passados, assistimos com ávido
interêsse ao Édipo de Sófocles é à Jfigênia de Eurípides, enquanto
que a poesia de Píndaro e a graça de Aristófanes jamais perderam o
seu encanto. Na arquitetura e nas artes plásticas, o Partenon e suas
estátuas testificam ainda a supremacia da Grécia.
Também na ciência, há grandes nomes associados a feitos me-
moráveis. Naturalmente, neste terreno não se alcançou uma perfei-
çfo comparável à da literatura e da escultura, mas fizeram-se gran-
des progressos na matemática, ultrapassando tôdas as conquistas an-
teriores, e lançaram-se os sólidos alicerces de uma interpretação ra-
cional do homem e da natureza. A literatura, a arquitetura, a es-
cultura e o drama não exigem nenhum aparelhamento especial. Tam-
bém a matemática não depende de elementos exteriores, e é por isso
que constatamos na geometria e na aritmética um avanço muito
mais rápido do que nas ciências físicas e naturais.
OS SOFISTAS
e
Fig. 12. - A QUADRA.TRIZ DE HíPIAS.
A CRITICA DE ZENON
DUPLICAÇ/f.O DO CUBO
y z
y z a
conduz às equações
xz e ay;
donde, eliminando z,
y = a'fa X x'!•;
PLATÃO E A ACADEMIA
O J/6,TODO Al'·.fALITICO
''
'F
pria alma; e também porque essa será para ela a maneira mai,3 fácil de
passar do mutHk das coisas que se transformam para a verclade e o ser
verdadeiro ... A aritmética tem um grande efeito exalçadcr, forçando a
alma· a raciocinar sõbre o número abstrato e rebelando-se contra a intro-
dução de objetos visíveis e tangíveis na discussão. - P~.,r.'io, '.ReJ)1íb!ica.
A COSMOLOGIA PLATôNICA
A forma esférica da terra já se tornara geralmente aceita na Grécia e
as cosmologias mais antigas foram desaparecendo pouco a pouco.
Para Platão, que tinha pelas ciências físicas um interêsse apenas
secundárip, a terra era uma esfera situada no centro do universo e
não necessitava de apoio. Supôs êle que as distâncias dos corpos
celestes a êsse centro fôssem proporcionais aos números 1 (Lua), 2
(Sol), 3 (Vênus), 4 (Mercúrio), 8 (Marte), 9 (Júpiter), 27 (Satur-
no). Tais números eram obtidos pela combinação de duas progres-
sões geométricas, respectivamente 1, 2, 4, 8 e 1, 3, 9, 27.
Platão admite, em princípio, que os astros são dotados de um
movimento circular uniforme, e propõe aos matemáticos o seguinte
problema: "Quais são os movimentos circulares uniformes que po-
deremos admitir como hipótese para explicar os movimentos aparen-
tes dos planêtas?"
Todos os corpos celestes são considerados como sêres divinos
- as primeiras de tôdas as criaturas vivas, cuja perfeição espiri-
tual se reflete em seus bem ordenados movimentos.
Provàvelmente, Platão não tinha uma noção clara dessas irre-
gularidades dos planêtas que ao depois iriam absorver a atenção de
filósofos e astrônomos. Seu sistema é um geocentrismo coerente e
baseia-se na idéia da imobilidade da terra. A crer cm Plutarco,
"Teofrasto afirma que Platão se arrependeu, na velhice, de ter atri-
buído à terra uma posição central no universo, posição essa que não
lhe competia". Isto, presumivelmente, indica uma inclinação para
as teorias dos pitagóricos do último período.
Para Platão, o universo era formado de um corpo e uma alma,
ou inteligência. O seu conceito da matéria, exposto no ''Timeu",
não é muito compreensível, mas assemelha-se ao de Pitágoras. Ima-
gina-a como algo indefinido que não se distingue claramente do es-
paço. Quando certas porções da mesma se acham limitadas por
triângulos ou quadrados, formam-se elementos que diferem entre si
de acôrdo com a natureza das superfícies periféricas. Se estas forem
quadrados, teremos um cubo e o elemento formado será a terra. Se
as superfícies forem triângulos unidos lado a lado para formar um
tetraedro, teremos o fogo, cuja fôrça penetrante se caracteriza pela
agudeza dos ângulos. O ar é formado de octaedros e a água de ico-
saedros. Se bem que Platão aceite os quatro elementos de Empi:-
docles, admite a possibilidade de se transformarem uns nos outros
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 71
ARQUITAS
Arquitas de Tarento, na Itália Meridional, estadista que por diver-
sas vêzes exerceu o comando das fôrças militares da sua cidade,
foi um filósofo pitagórico e grande amigo de Platão. Aplicou a ma-
temática aos problemas mecânicos e é por alguns considerado o fun-
dador da mecânica teóric.a. Diz-se que êle inventou o parafuso e a
roldana. Deu uma notável solução ao problema da duplicação do
cubo. Seu método, interessante e um tanto complicado, envolye
uma combinação de três superfícies: a de um cone de revolução, a
de um cilindro que toca no vértice do cone por um ponto da circun-
ferência de sua base, e uma terceira, gerada pela revolução de um
semicb:ulo em tôtno de um eixo situado no seu plano e passando
por uma extremidade do diâmetro. :Êste processo révela um notá-
vel domínio da geometria elementar, tanto plana como tridimensio-
nal, e uma interessante tendência para empregar novos e variados
métodos, inclusive o movimento. Tal tendência, se não houvesse
outras a agir em direção contrária, poderia te1· tido conseqüências
importantes no campo da aplicação ela matemática à mecânica, etc.
A influência de Platão, orientada no sentido de evitar ta'is cone-
xões e associar a matemática' à lógica abstrata e à filosofo1, apre-
sentava indubitàvelmente vantagens compensadoras, promovendo a
elegância e a exatidão científicas e cristalizando-se num produto
mais refinado. Vitrúvio elogia Arquitas como um exímio constru-
tor de máquinas.
a X a y
e
X y X b
X y
y b
O descobrimt·nto das seções con1cas ... · abriu pela primeira vez à com-
preensão dos geômetras o -reino das formas mais elevarias. Não fôra essa
cieecoberta. que provàvelmente foi cunsiclerada como ... o vão divertimento
ele :um espírito especulativo, tôda a evolução .da filosofia prática dos nossós
dias, da balfstica, da arte da navegação, poderia ter tomado outro 1·umo;
e a maior descoberta .que já se fêz na história do mundo, a lei da gra-
vitação universal, com suas inumeráveis conseqüências diretas e indi-
retaa, com suas aplicações a tortos os campcs de pesquisa e atividade,
seria talvez ignorada ainda hoje, - J. J. Sn.n,s·mH, Coll. l',[(llh. Papers,
II, 7.
ARISTóTELES E O LICEU
Quauilo nos voltamos elas obras de Platão para as do seu aluno Aristó-
teles, sentimos uma completa mudança de ambiente; é como passar do
púlpito para o laboratório ... Ar:,3tóteles é o homem do mmulo, o homem
]lrático, interessado na pesquisa s'stemática dos fatos. - ,v. C. G1mt;x~;.
,tchieveinent of Greece, p_ 181.
A· MECA.NICA DE ARIST6TELES
ASTRONOMIA ARISTOTÉLICA
Mais ainda: viste- que as estrêlas são esféricas, conforme sustentam <is
nossoo adversários e nós podemos admitir sem incongruência; e visto
que nós as concebemos de aeôrdo com o sólido esférico e êste possui dois
movimentos própri,os, que são o girar e o rolar, segue-se que, se as es-
trêla,, possuíssem algum movimento próprio, teria de ser um dêsses dois.
Mas nenhum dêles é observado:
(1) ,Suponhamos que as e.strêlas oirassem. Neste caso, elas perma-
neceriam na posição em que se encontram e não mudariam de lugar como
fazem, de acôrd~, com a observação e o consenso geral. Ademais, seria
de cGperar que tôdas elas fôssem animadas do mesmo movimento; mas
a única estrêla que parece possui-lo é o sol quando nasce e quando se
põe, e essa aparência não se •deve ao sol em si, mas à distância a que
nós, os ob~ervadores, nos achamos. Prnlonga111lo-i;e excessivamente, 11
raio visual enfraquece e vacila'. A mesma razão, provàvelmente, exvll,·a
o aparente cintilar daB estrêlas fixas e a ausência de cintilação nos pla-
nêtas. Como êstes Ee acham !}róximos, o raio visual cs alcança em pleno
vigor, mas quando chega às estréias fixas está a tremer por causa ila
distância· e do s·eu excessivo alongamento; e ê~se tremor produz uma
aparência de movimento na estréia, poi;; o efeito é o mesmo, quer o mo-
vimento se produza no raio, quer no objeto de visão.
(2) Por outro lado, também é evidente que as estrêlas 11ão rolam.
Porque o rolar subentende rotação; mas a "face" da lua, como se diz,
80 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
A B!OT,OGIA DE ARISTóTELES
TEOFRASTO
Um dos principais discípulos de Aristóteles e seu sucessor na escola
peripatética foi Teofrasto (372 - 287 a. C. ), que se notabilizou na
história da ciência principalmente pelos seus estudos sôbre as plan-
tas e como o autor dos mais importantes tratados de botânica da
antiguidade. Deixou duas obras de vulto: Da História das Plan-
tas e Das Causas das Plantas. ":f:sses tratados. . . são a muitos
respeitos as mais completas e bem organizadas de tôdas as obras
antigas de biologia que chegaram até nós." No primeiro são des-
critas mais de 500 espécies de plantas, dedicando-se especial aten-
ção aos seus usos medicinais. Mais importantes, porém, são as
referências de observações originais sôbre a anatomia e a reprodu-
ção vegetais, inclusive uma descrição clara e precisa da germina-
ção da semente, cm que se faz distinção entre as plantas monoco-
tilcdôncas e dicotiledóneas. Nesse tratado registam-se, pela primei-
ra vez, dezessete idéias gerais sôbre a forma e a estrutura das plan-
tas. Embora não conhecesse os órgãos sexuais da flor, Teofrasto
compreendeu a diferenciação sexual da tamareira e descreveu o
antigo processo de fecundação artificial, comparando-o à fecunda-
ção do figo, já descrita por Aristóteles. O livro Das Causas das
Plantas trata da fisiologia, da distribuição segundo o clima e a na-
tureza do solo, e de algumas enfermidades das plantas.
Com a morlP. <le Teofrasto, mais ou menos em 287 a. C., a biologia pura
1lesaparece yirtualmente do mundo helênico, e verifica-;,e aí o mesmo
tipo de deeai!ência que mais tarde se fará notar em outrns rumos ila ciên-
cia. -- S1xG1,n ( l,r-{Ja<'JJ of Ureece, p. 183).
EPICURO E O EPICURISMO
Digamos algumas palavras sôbre outro filósofo <lo século IV, até
certo ponto seguidor de Demócrito e precursor e modêlo do roma-
no Lucrécio. Foi êle Epicuro (341 - 270 a. C. ), que, tendo nasci-
do em Samos e estudado em Atenas e na Ásia Menor, tornou-se
HISTÓRIA DA CIÊNCIA . 85
BIBLIOGRAFIA
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Astro11omy.
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TE0lºICAST0, Obras.
O PERíODO HELENJSTICO
88
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 89
eia. O resultado foi que em 305 a.C. quatro vice-reis se procla-
maram reis, e após a batalha decisiva de lpso (301 a. C.) o impé-
rio de Alexandre foi dividido em umas poucas monarquias que se
conservaram mais ou menos intatas durante todo o ·período hele-
nístico. Cassandro ficou com a Macedônia e a Grécia; Lisímaco,
com a Trácia e o ocidente da Asia Menor; Ptolomeu fundou a di-
nastia macedônica no Egito e a maior parte do império de Ale-
xandre, desde a Síria até o Indo, passou para as mãos de Seleuco.
Êste "reino dos Selêucidas", sem nome, distinguiu-se por ter sido o
único a adotar um sistema cronológico em que os anos eram nu-
merados consecutivamente. Começou essa era em 312 a.C., quan-
do Seleuco se tornou governador da Babilônia. Posteriormente
fundou-se um outro reino na Asia Menor, com capital em Pérgamo.
As conquistas de Alexandre e a fundação dêsses estados· torna-
ram aproveitáveis as riquezas da Pérsia. Novas terras e novos
mercados foram franqueados, abateram-se as barreiras comerciais e
os gregos perderam o seu aristocrático desprêzo pelo comércio. Cons-
truíram novas cidades na Asia e tornaram a edificar cidades anti-
gas, dando-lhes magníficas proporções. Da Itália meridional ao
Indo, o grego ático se tornou a língua universal, substituindo em
grande parte os dialetos regionais. As côrtes dos soberanos conver-
teram-se em centros de cultura grega. Protegeu-se a literatura como
nunca até então. Conhecem-se os nomes de 1 100 autores helenísti-
cos, entre os quais não são raros aquêles cuja bagagem alcança
uma centena de volumes. Fundaram-se bibliotecas nas côrtes. En-
tre 200 e 150 a. C., Pérgamo foi importante centro de estudos lite-
rários e ali se reuniram cêrca de 200 000 volumes. Do nome dessa
cidade deriva a palavra "pergaminho", com que se designam as
peles ali preparadas para substituir o papiro, pois êstc só podia ser
obtido no Egito.
O MUSEU DE AlEXANDRI.rI
Em 294 a. C. Ptolomeu I convidou Demétrio de Falero a ir para
o Egito. Êsse eminente cidadão e sábio de Atenas, discípulo de
Aristóteles, foi encarregado de fundar uma academia que viria a
ser mais tarde o maior centro de estudos da antiguidade. Acom-
panharam-no alguns membros da escola peripatética, interessados
sobretudo nas ciências, ao passo que Atenas continuava a ser a
pátria dos estudos humanísticos, notadamente da pesquisa· históri-
ca. Modelado pelas escolas atenienses, mas em escala muito maior,
e bem subsidiado pelo tesouro real, o Museu (Casa das Musas) foi
uma verdadeira universidade de ciências gregas. Possuía como ane-
xos uma grande biblioteca, um refeitório e salões de conferências
para os professôres. Foi ali que, durante 700 anos, a ciência gre-
ga teve a sua principal morada. Com tal rapidez aumentou a bi-
blioteca que, por volta de 250 a.C., continha mais de 400 000 rolos,
tanto mais valiosos pela razão de serem os textos clássicos fixados
por sábios idôneos, com o aditamento de notas lingüísticas e histó-
ricas. O poeta e erudito Calímaco (cêrca de 250 a.C.) organizou
um catálogo de autores em 120 volumes, com a relação completa
,Jas obras e uma breve biografia de cada autor. Dispondo dessas
facilidades e de papiro a preço módico, tornou-se Alexandria o
maior centro editorial e passou a exportar livros para tôdas as
partes do mundo helenístico.
Sua fama não tardou a superar a de Atenas, eclipsando-a fi-
rn1Jmente. Para ali se dirigiam os romanos - Roma nunca foi,
na antiguidade, um centro científico importante - a fim de estudar
a arte terapêutica, a anatomia, a matemática, a geografia e a as-
tronomia. Nem mesmo Atenas, Roma ou outra qualquer cidade
do mundo antigo se distinguiram tanto como pátrias da ciênci:i.
EUCLIDES
OS "Ef,EMENTOS" DE EUCUDES
Cientificamente, Euclides prende-se à escola platônica. Por êste
motivo, os seus Elementos têm por objetivo a construção dos cha-
mados "corpos platônicos", isto é, dos cinco poliedros regulares.
IIISTÓRIA DA CIÊNCIA 9t
Êste tratado, que durante 2 000 anos serviu de base a quase todc
ensino elementar, é naturalmente a mais conhecida de suas obras,
e parece ter sido considerado no mundo helênico como obra defi-
nitiva, realizada por fim após muitas tentativas. Compreendia
treze livros, dos quais apenas seis costumavam ser incluídos nas
edições escólares durante os séculos passados. Em essência, a obra
é uma introdução metódica à matemática grega, e consiste princi-
palmente num estudo comparativo das propriedades e relações da~
figuras e sólidos geométricos que se podem construir e representar
mediante o uso da régua e do compasso. A comparação de figuras
desiguais levou a considerações aritméticas, inclusive a dos núme-
ros irracionais correspondentes às linhas incomensuráveis. O Livro I
trata dos triângulos e da teoria das paralelas; o segundo, das aplica-
ções do teorema de Pitágoras, equivalendo muitas de suas proposi-
ções a identidades algébricas ou a soluções de equações do segundo
grau, que aos gregos não pareciam tão simples e evidentes quanto a
nós. O terceiro livro,trata do círculo e o quarto dos polígonos inscri-
tos e circunscritos. Êstes quatro primeiros livros contêm, pois, o
estudo geral das figuras geométricas mais simples, bem como uma
aritmética e uma álgebra elementares das grandezas geométricas.
No Livro V, visto não possuírem os gregos uma análise aritmética
independente, desenvolve-se a teoria das proporções ( gue até en-
tão fôra evitada) com as diversas formas possíveis da igualdade
a e
Os resultados são aplicados, no Livro VI, à compara-
b d
ção das figuras semelhantes. Êste livro contém o primeiro proble-
ma de máximas e mínimas de que temos notícia ( o quadrado é o
maior retângulo que se pode construir com um dado perímetro),
assim como os equivalentes geométricos das soluções de uma equa-
ção do segundo grau. Os três livros see;uintes são consagrados à
teoria dos números, incluindo o estudo dos números primos e múl-
tiplos, o dos números proporcionais, a determinação do máximo
cl'ivisor comum e outros assuntos. Ensina-se a maneira de encon-
trar a soma cios têrmos de uma progressão geométrica e prova-se
que a série dos números primos é infinita.
Se houvesse um número prinw JJ maior do que todc,, os outros, o pro-
duto 1 X 2 X 3 ... X P. aumentado de 1. deixaria sempre o resto 1 quando
fôsse dividiúo por /J ou quaiquer outro número menor. Êsse produto
seria. pois, um número primo. ou um produto de fatôres primos maiores
do que p - suposições estas que são amba,, contrárias à hipótese de ser
p o maior número primo pcssível. Por conseguínte, a hil)ótese é fals'l.
I,VF!,Ufl:NCIA DE EUCLIDES
MEDIDA DO CíRCULO
Neste livro, Arquimedes prova tres teoremas:
( l) Todo círculo é equivalente a um triângulo retângulo em
que os catetos são iguais, respectivamente, ao raio e à circunferência
do círculo.
(2) O círculo está para o quadrado do seu diâmetro aprox1-
m;idamente na razão de 11 : 14.
(3) A circunferência de qualquer círculo é três vêzes e uma
fração maior do que o seu diâmetro; esta fração é menor do que
10 . 10
- - e ma10r do que
70 71
Arquimedes prova o pnme1ro teorema demonstrando que a
suposição de ser o círculo maior ou menor do que o referido triân-
gulo conduz ao absurdo. O segundo baseia-se no terceiro, a que
êle chega calculando sucessivamente os perímetros dos polígonos
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 97
QUADRATURA DA PARA.BOLA
,i
monstrar, tendem para o limite Eis um mteressante exem-
3
pio de cálculo do limite de uma série infinita. Arquimedes conse-
guiu igualmente determinar a área da elipse.
Deve-se ter em mente, todavia, que êle não empregava· os
processos do moderno cálculo integral. O raciocínio - como to-
dos os raciocínios similares dos matemáticos gregos - era uma
reductio ad absurdiim. Provava que a suposição de ser a área do
segmento parabólico maior que quatro terços da área do triângulo
é falsa, e que o mesmo sucede com a suposição contrária, de que
os quatro terços da última sejam maiores do que a primeira. Por-
tanto, concluí Arquimedes, a área do segmento e os quatro terços
da área do triângulo devem ser equivalentes.
ESPIRAIS
A ESFERA E O CILINDRO
a-x
b
100 SEDG\YICK, TYLER & BIGELOW
A MECÂNICA DE ARQU!iv!ElJES
Arquimedes foi um pioneiro em mecânica, e deu as primeiras de-
monstrações matemáticas que se conhecem. Em seus dois livros
sôbre o "Equilíbrio dos Planos" propõe-se determinar o centro de
gravidade de diversas figuras planas, ·inclusive do segmento para-
bólico. Escreveu um tratado sôbre as alavancas e, provàvelmente,
sôbre as máquinas em geral, mas êsse livro perdeu-se, bem como
outra obra sôbre a construção de um globo celeste. Uma esfera
estelar e um planetário construídos por êle foram conservados du-
rante muito tempo em Roma. Descreve também um dispositivo
original para determinar o diâmetro angular do sol, discutindo o
grau de precisão do aparelho.
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 101
Vendo-se assaltadc6 pelos romanos, tanto por mar como por terra, os
siracusanm ficaram atarantadíssimos e não sabiam o que fazer, tão ame-
drontados estavam. Parecia-lhes impossível resistir a um exército tão
poderoso. Mas quando Arquimede6 começou a manobrar seus engenh<l3
e os pôs em ação. tôda sorte de projéteis fenderam o ar e pedra., espanto·
sarnente grandes, com ruído e fôrça incríveis. caíram de súbito sôbre os
infantes que tinham vindo assaltar a cidade por terra, prostrando e -des-
pedaçando todo6 aqnêles que lhes faziam frente, ou em qualquer sítio
que caí,3sem, pois nenhum ser terreno podia resistir a tamanho pêso; e
assim uma desordem indescritível se estabeleceu nas fileiras romanas.
Quanto às galeras que atacavam por mar, algumas foram pc6tas a pique
com longos barrotes ele madeira semelhantes a e~,:as vêrgas a que os ma-
rinheiros amarram as velas. Eram ta:s madeiros arremessado6 por cima
das muralhas, pela fôrça elos engenhcs, e, atingindo a., galeras, seu enor-
me pêso as fazia submergir.
Essas máquina.,, êle as tinha inventado e fabricado sem dar a isso
grande importância. como simples recreio de geômetra. Fê·lo atendendo
ao desejo e ao pedido de• rei Hierão, que algum tempo antes lhe solicitara
puserne em prática algumas ele suas admiráveis especulações científicas
e, acomodando a verdade teôrica ao sE:ntimento e u,3o comum, as tornasse
mais acessíveis à compreensão cio povo em geral.
rei, navio êsse que só com muito trabalho e grande número de homens
podia ser retirado da doca; lotou-o com muitos .passageiros e carga com-
pleta, foi sentar-se à distância e, sem grande esfôrço, limitando-se a con-
servar na mão uma das roidanas do cadernal e a puxar as cordas pouco
a pouco, arrastou o navio para a água, em linha reta; tão suave e fàcil-
mente como se êle estivesse no mar. - PL1·'L\HC0 ( in Menw. J1ath., p. 135) •
ARQUIMED},'S E EUCLIDES
E D
"O grande geômetra" foi o último dêste famoso grupo ele matemá-
ticos alexandrinos e deve sua reputação a uma importante obra
sôbre as seções cônicas. Em geral, seus antecessores só haviam
considerado as seções dos cones circulares retos, cortados por pia-
106 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
No Livro I define êle o cone como sendo gerado por uma linha
reta que passa por um ponto de u:na circunferência e tem outro pon-
to fixo, em plano diverso. Determina a maneira de obter as seções
e define os diâmetros e vértices das curvas, bem como o latus rec-
tmn ("), o centro, os diâmetros e eixos conjugados. Pela primeira
vez toma-se em consideração o segundo ramo da hipérbole. No Li-
vro II discutem-se as propriedades assimptóticas e certas proposições
relativas às hipérboles conjugadas. O Livro III contém numerosos
(5) Lat-us rectmn é a corda que passa por um foco, sendo perpen-
tlicular ao eixo que une os dois focns. Diâmetro é uma corda que passa
pelo centro da curva. O diâmetro que bisseciona tôdas as cordas ele um
sistema de cordas paralelas é conjugarlo ao diâmetro pertencente a êsse
si,,tema.
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 107
B' A
A' B
( 6) l'ma seção cônica pede ser definida com re1erencia a uma linha
fixa, a diretriz. e a um ponto fixo situado fora desta, o foco. dizendo-_se
que a distância do ponto gerador à <liretriz guarda uma razão constante
para com a distância do mesmo ponto ao foco. O têrmo "focc-" foi intro-
duzido por Kepler,
108 SEDGWICK, TYLER & BI<;ELOW
APOU)c\'10 E ARQUIMEDES
Com êstes dois, havia a matemática antiga realizado tudo que lhe
era possível realizar sem o auxílio da geometria analítica e do cálculo
infinitesimal - os quais, embora já tivessem sido prefigurados, só
vieram a concretizar-se no século XVII, isto é, quase 2 000 anos
depois.
Luil
:í<:le supõe que as estrêlas fixas e o sol sejam imóveis, enquanto que a
terra anda em redor do sol, descrevendo uma circunferência que se acha
no meio da trajetória; e a esfera das estréias fixas, dispostas com o sol
em redor ele um mesm0 centro, tem tais dimensões que o círculo descrito
pela terra, na suposição déle, guarda para com a distância das estréias
fixa,:; a mesma relação que o centro da esfera para com a superfície, :Vlas
isto é evidentemente impossível, pois cerno o centro da esfera não tem
extensão, segue-se que sua relação para c~m a ,mperfície é nula. Em
conseqüência, é de supor que Aristarco quisesse dizer o seguinte: come
nós consideramc,3 a terra como o centro do mundo, ela guarda para com
aquilo que chamam2s o mundo a mesma relação que existe entre a esfera
onde se ach,L na opinião déle, o circulo descrito pela terra, e a esfera
das estréias fixas.
<levia ser acusado de impiedade por ter deslocado o foco do mundo, pois,
a fim de salvar os fenômenm, ésse homem supôs que o céu é imóvel e
qne a terra se move num círculo oblíquo-, ao mesmo tempo que gira em
tôrno do seu eixo.
EPICICLOS
•T
BIBLIOGRAFIA
115
116 SEDGW!CK, TYLER & BIGELOW
A MATEMATICA E A ASTRONOMIA
INVENÇÃO DA TRIGONOMETRIA
~
A , B i lc
'
~
1
L:J
Fig. 21 - A DIOPTRA DE HEROX E CO:.VIPLK\1EXTOS AJUSTAVEIS .
.A.,a dioptra, coluna com um disco giratório, perfurado para receber B
ou G_; B, o teodolito, cuja alidade se move sôbre um di.,co de bronze di-
vidido em ângulos retos ou em 360 graus; C, o nível, cuja alidade, me-
dindo pelo mencs 1,85 metros de comprimento, possuía entalhes para se
encaixar um tubo de bronze, com outro de vidro- cimentado no interior,
e era munida de fendas de visada ajustáveis ao nível dágua. - Segunde
Drachmann, Pauly-W'-issoica-Kroll, Supl. VI.
\/21 X 6 X 7 X 8 = 84.
PAPPUS
xy + X + y 8;
:vz +y + z 15;
ZX + + Z X= 24.
Donde, por subtração,
x(z - y) + z - y 16,
X + 1
z - y'
z( X - y) + X - y 9,
o
z-\- 1 etc.
x-y
A ALQUIMIA ALEXANDRINA
( RPII.J
DOODDDJ
( AL O[IRA
A B
Fig. 23. - ANTIGO APARELHO DE ALQUIMIA ALEXANDRINO. A,
filtro, forma alongada; B, reconstruçi'ío hipotética de A, o material a. ser
tratado descansava sôbre p, a l)alhêta on kerotakis; C, alambique. A~
figuras A e C provêm de um manuscrito grego do século X ou XI, exis-
tente em Veneza. Segundo F. S. Taylor, Jour. Hellenic Sludies,
50, 132 e 136.
CONCLUS.4.0 E RETROSPECTO
40º' o
.,..../
_,r---
__
\J--.. ~'""~
C A R T A GI>
"G. ~
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TEBAS
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n_____ ~ t) #1 20'1
BIBLIOGRAFIA
O MUNDO R011ANO.
A ERA DO OBSCURANTISMO
Os romanos, co m seu horizonte estreito· e rústico, com a curteza de vis•
ta·s do seu espírito ·-prático e sóbrio, sepre alimentaram no fundo d e
peito essa mistura de desconfiança e desprêzo pela ciência, que caracte-
riza os semi-educados. - .r. L. HKrn EHG, lflath. anrl Phys. Sei., p. 80 .
A despeito ,fo estímulo que lhe deu o contato com ü pensamento ale-
xandrino, Roma não .p roduziu nenhum cientista inovador... Os princí•
11ios cient!fkos gerais elos gregos raramente foram compreen<litlos, mes-
mo pelos romanos cultos.
O período de ativi!latle da ciên cia ant iga vai até os fine; do segund o
séc ulo da era cristã... . .!~' lícito fixar, para. a ciência, o fim da Antigui-
dade e o comêço da Id ade Média no fim do século IV ou no início do
século V. - ,S1 NGE1t, (Science anel Civilízation, p. 114.)
136
IIIST<>RIA IJA ClliNCIA 137
(1) Era êsse o ano 709 da velha era romana da fundaçãG da cidade.
A nossa distiÍ1ção habitual entre a. C. e d. C. começou a ser usada no sé-
culo VI da era cristã.
HlSTÓRIA DA CIÊNCIA 141
ó tu, que pela vez primeira, dentre tão densas trevas, pmleste elevar
ao alto uma luz tão clara, iluminando os benefícim da vida, é a ti que
eu sigo, ó glória da raça helênica, e agora sôbre as túas pegadas assento
os pés com firmeza, não para rivalizar contigo mas por amor, poi6 an-
seio imitar-te; por que haveria uma andorinha de emular com cisnes.
ou que poclel·ia fazer um cabrito com seus membr,:s vacilante,,, preten-
dendo lançar-se à corrida com um vigoroso corcel'/ . ( III, 1-8).
Também para os eclipses do sol e ocultamentos ela lua eleves supor
várias causas possíveis. Por que seria ,t lua capaz de nrn; interceritar a
luz do so-1, e, saindo da orla do universo, interpor-lhe nas alturas a ca-
beça no caminho, tapando-lhe os raios ardentes com o seu <Jrbe escuro,
enquanto que algum outro corpo que deslizarne 110 vazio, eternamente
privado de luz, não poderia realizar a. mesma coisa.? E o sol, por que
não poderia êle também perder as suas chamas e désfalerer em ocasiões
determinadas, para depois recobrar a sua luz;· quanilo houves,e passado
pela,3 regiões do ar que são no-civas às suas labaredas, amortecendo-lhe
o fogo e fazendo-o extinguir-se durante algum tempo'/ E por que seria
a terra, por sua vez, capaz de roubar a luz à lua e, passando por cima de
sol, mantê-lo em sujeição, enquanto a lua em seu curso mensal desliza pele
nítido cone de sombra - e algum outro corpo não poderia passar por
baixo da lu·a ou por cima do orbe so.Jar, interceptando-lhe os raios e o
fluxo de luz? - Lrcicf.:!'ro. De Rern m Natura, V. 751-767.
Não houve, entre antigos ou mo,lerno·s, alguém que ,.;e e,1ui1iarasse
a Lucrécio em sua visão da continuidatle nas operações ela natureza ...
A narração da furiosa e discordante tempestade (Livro V) que resulton
no nascimento do mundo poderia ser encaixada, 11alavra por Jlalavra, en-
tre as descrições dos aparecimentos {le novos corpos celestes na Via-
Lâctea, feitas por Arrhenius e Poincaré ... O Livro II, um manual da
física atômica com a sua maravilhcsa concepção dos
Para oeste, fui até as partes da Etrúria que se defrontam com a Sar-
Clenha; para o sul, do Ponto Euxino até as fronteiras da Etiópia, e quiçá
nenhum daqueles que escreveram sóbre geografia visitaram mais loca-
lidades do que eu, dentro dêsses limites.
A geografia desdobra ante nossos olhos os fenômenos celestes, põe-
ncs em contato com os habitantes da ten·a e do oceano. a vegetação,
os frutos e as peculiaridades 'dos diferentes setores da terra, assuntos
cujo conhecimento revela naquele que os cultiva um homem seriamente
aplicado ao grande problema da vida e da feliciclade. Por um lado, êles
abrangem as artes, a,3 matemáticas e a ciência natural; 11or o-utro, a his-
tória e a fáhula. -- Eo;T11.,11.lo, Geografia, II, 5.
SRNEC!l
Lucius Annaeus Séneca (4 a.C. - 65 d.C.) nasceu na Espanha
mas desde jovem estabeleceu residência em Roma. Foi um estóico
e político brilhante. Em suas Questões Naturais os fenômenos físi-
cos são explicados de acôrdo com os princípios atornísticos, com uma
moralidade no final de cada livro. Em sua maior parte o material
é tomado de empréstimo, mas Séneca nos dá a primeira descrição
detalhada de um terremoto, ocorrido no ano 63 da nossa era, que
causou grandes estragos na Campânia. Atribuía tais fenômenos à
expansão dos gases acumulados no interior da terra ou, por vêzes,
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 1-13
A QUiMICA ROMANA
Encontramos informações sôbre as indústrias quumcas dos romanos
na Arquiteturn de Vitrúvio (p. 138), bem como na História Natural
de Plínio. Aquêle trata incidentalmente dos materiais de constru-
ção, das tintas (inclusive o nanquim), e até da higiene. Menciona
um interessante cimento natural que, quando misturado com cal e
cascalho, endurece debaixo dágua. Descreve o método de extrair
mercúrio do cinabre bem como o de amalgamar o ouro. Recomen-
da os canos de barro para a água, ao invés dos canos de chumbo,
para evitar o perigo de envenenamento saturnino, cujos sintomas
descreve.
Plínio também fornece detalhes sôbre algumas indústrias quími-
cas da época, com grande cópia de informações no tocante a un-
güentos, remédios e venenos; o azeite, o vinho e a cerveja, os coran-
tes, as tintas de pintar e de escrever; os metais e a metalurgia, o
Yidro, etc. Na medida em que tratam da teoria química, ambos os
autores são influenciados pela doutrina dos quatro elementos de
Empédocles (p. 54), que também constituiu a base filosófica da al-
quimia alexandrina (p. 132).
cta abstrata era quase nulo. Por outro lado, a aritmet1ca comercial,
persistentemente desdenhada pelos matemáticos gregos, passara a
ocupar ti lugar de honra. Por ineficientes que nos pareçam, os nú-
meros romanos eram supenores aos gregos. Fazia-se uso de um útil
148 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
CAPELA
Justino o Mártir, nascido cêrca de 100 d. C., dizia que o que h:'1
de verdadeiro na filosofia grega se pode aprender muito melhor nos
profetas. Clemente de Alexandria (nascido mais ou menos em 150)
chama os filósofos gregos de salteadores e ladrões que dão como
propriedade sua o <JUe foram tirar aos profetas hebreus. Tertuliano
( cêrca de 155 - cêrca de 220) insiste em afirmar que depois de Je-
sus Cristo e de seu Evangelho, a pesquisa científica se tornou supér-
flua. Santo Isidoro ( cêrca de 560 - 636), bispo de Sevilha e autor
de obras de caráter enciclopédico, cm que revela considerável inte-
rêssc pela verdadeira ciência, declara não obstante que um cristão
faz mal em se ocupar com livros pagãos, pois quanto mais uma pes-
soa se dedica à cultura secular mais raízes cria o orgulho na sua
a;ma. No comêço do século IV, Lactâncio inclui em suas "Institui-
ções Divinas" uma seção intitulada
o seu curso natural mercê dos poderes conferidos à matéria pelo Cria-
dor": temos aqui uma teoria de evolução sob o contrôle divino.
Tal era a atitude dos Padres da Igreja. Não se deve esquecer,
contudo, que, durante os dois primeiros séculos, os cristãos forma-
vam uma seita obscura e pouco numerosa. Por outro lado, o declí-
nio da ciência começara antes da era cristã e o espírito de observa-
ção morreu com Galeno em 200 d. C., para só ressuscitar mil anos
depois. Uma causa mais eficaz dessa decadência foram os hábitos
"práticos" do povo romano, que desprezava tôda ciência não pas-
sível de aplicação às suas necessidades imediatas, conforme vimos
no caso das matemáticas (p. 147). Durante a idade áurea de Ro-
ma, predominou a filosofia estóica.
Não pode haver dúvida de que foi graças à Igreja e aos mostei-
ros que se preservaram na Europa Ocidental os restos da nossa civi-
lização, durante a anarquia periódica e a corrução da Idade das
Trevas.
O que segue é um apanhado geral do período:
E' uma infelicidade para o mundo que Boécio não se tenha decidido a
preparar versões daquelas obras da escola peripatética que revelam po-
der de observação ... Boécio reparou até certo ponto essa omissão, dei-
xando à posteridade certos tratados matemáticos de Bua própria compila-
ção ... Graças a éles, podemos ao menos afirmar que, durante a longa
degradação do intelecto humano, a matemática - a última ciência a ir
a pique com o naufrágio da intelectualidade grega - não desceu tanto
quanto os demais ramos de conhecimento. - SmGEll, Science anel Oivili-
zation, p. 120.
O IMPÉRIO DO ORIENTE
Enquanto, na Europa Ocidental, reinavam a pobreza e a confusão
da era do obscurantismo, Constantinopla, a Nova Roma estabeleci-
da à margem do Bósforo, mantinha-se firme como capital do· pri-
meiro império cristão, proporcionando segurança ao govêrno, gran•
dcs riquezas e uma vida intelectual e religiosa que durou 900 anos.
Criada pela expansão de Bizâncio, antiga cidade grega, e consagrada
no ano 330 d. C., a cidade tornou-se bem depressa o centro de uma
nova civilização edificada sôbre a cultura grega, as leis romanas e a
fé cristã.
A era bizantina, assim inaugurada, caracterizou-se entre ou-
tras coisas por um grande respeito à cultura da antiguidade. AE
obras dos antigos eram conservadas por meio de cópias constantes.
Sob a influência de um desprêzo hereditário pelo trabalho manual,
a observação e a experimentação achavam-se inibidas, mesmo no
campo da alquimia. A literatura científica assumia a forma de co-
mentários e compilações. Enquanto Teon de Alexandria (p. 92)
publicava Euclides, Oribásio ( cêrca de 325 - cêrca de 400), médico
do imperador Juliano, o Apóstata, compilava em Alexandria uma
enciclopédia médica, obra de valor histórico pela exatidão de suas
citações, muitas delas extraídas de livros que hoje se encontram per-
didos. Oribásio também pôs Galeno ao alcance dos médicos comuns.
Aécio de Amida (502-575) fêz uma compilação, sobretudo das obras
de Rufus de Éfeso. Observações originais em física podem ser encon-
tradas nos comentários de Philoponos ( cêrca de 525), e cm patologia
nas obras de Alexandre de Trallcs (525-605), especialmente no seu
tratado sôbre os vermes parasitos, o primeiro livro escrito sôbre
êsse assunto. "Paulo de Egina (625-690) compôs uma Epítome da
medicina, livro de grande e duradoura influência." Durante os pri-
meiros séculos escreveram-se muitas obras semelhantes, em filosofia,
matemática, etc.; mas, depois do século VII, até êsse gênero de ati-
vidade cessou quase que por completo. Nestório, um sábio patriar-
ca, foi expulso em 431 e a academia de Atenas foi fechada por or-
dem de Justiniano em 529, o mesmo ano em que êle contribuía de
maneira tão insigne para a civilização com o seu Código das Leú
Romanas. Embora se verificasse um novo surto da ciência e da
filosofia no século IX e os estudos clássicos houvessem continuado
até que o exército da sogunda Cruzada veio saquear a cidade cm
1204, o centro intelectual do mundo deslocara-se ainda mais para
leste - para a M csopotâmia e a Pérsia, onde a cultura grega era
mantida pelos cristãos ncstorianos.
154 SEDGWICK, TYLER & JHGELOW
BIBLIOGRAFI.-1..
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CRlfT,\NDAD[ 6RC6A
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O~[F[lllJ[~Q:OA\ lt[!RUIDIE 1'ii® (D.(1;.
156
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 157
A conservação e transmissão parcial da c1encia grega durante
a Idade das Trevas, até o renascimento da ciência na Europa Oci-
dental, por volta do ano 1200, efetuou-se principalmente' por três
canais distintos, se bem que não <le todo independentes. · Primeiro,
uma herança direta (dentro de certos limites) da cultura antiga
na própria península itálica, apesar de tôdas as suas tormentas po-
líticas e militares. Segundo, um importante legado que foi rece-
bido indiretamente por meio dos mouros na Espanha e na Sicília;
terceiro, acréscimos de valor que vieram mais tarde de Constanti-
nopla, através da Itália. AntPJ de seguirmos a linha reta latino-
italiana, é necessário traçar ·11m ligeiro esbôço da ciência hindu e
árabe.
A MATEMÁTICA HINDU
As extensas conquistas de Alexandre Magno (330 ·a. C.) estimula-
ram imensamente o intercâmbio de idéias entre o mundo mediter-
para a ciência matemática, e isso no ponto em que os gregos eram
relativamente mais fracos, ou seja na aritmética e nos rudimentos
de álgebra e trigonometria. Alguns séculos antes da nossa era,
râneo e a Àsia. O Oriente pôde, assim, fazer certas contribuições
o teorema de Pitágoras e uma excelente aproximação ela raiz qua-
drada de 2, isto é, o comprimento da hipotenusa de um triângulo
retângulo de catetos iguais à unidade, eram cunhecidos na índia
em conexão com as regras para a construção de altares.
A mais importante contribuição da matemática hindu é, provà-
velme'nte, o nosso moderno sistema decimal de posição para os nú-
meros, o qual implica na introdução de um sinal para o zero. Já
séculos antes da era cristã, estavam os autores hindus acostumados a
fazer cálculos com grandes números na notação decimal. Para cada
potência de 10 usava-se um nome diferente, mas, uma vez conhecida
a série completa, o valor de cada unidade era dado pela sua posi-
ção na ordem. Um sinal especial para os lugares vagos foi oca-
sionalmente usado na Grécia e na Babilônia, mas foram os hindus
que deram pleno desenvolvimento lógico a essa idéia no seu siste-
ma de cálculo. As formas numéric:,s dos hindus tinham já então
grande semelhança com os nossos algarismos. São encontradas cm
inscrições, desde o século III antes de Cristo até o século II da nos-
ca era. A primeira menção positiva feita fora da índia aos números
hindus acha-se no livro de um bispo ela Síria ocidental, em 662.
No comêço do século IX os algarismos tornaram-se conhecidos pelos
intelectuais árabes ( p. 162). ·
NOTA: O mapa da página anterior Tepresenta a distribuição dos im-
périos latino, bizantino e muçulmano por volta de 750. (Segundo S!ÍJ1ger,
Legacy of Israel, p. 178.)
158 SEDGWICK, TYLER & BIGELO.W
1 +2 + + -n,
I"+V+ + n.",
l" + 2" + + n",
resolve equações do segundo grau, apresenta uma tábua de senos dos
múltiplos sucessivos de 3° 3/4 (isto é, dos vinte-e-quatro-avos do
177
ângulo reto), e até usa para ~ o valor de 3 = 3.1416,
1250
exato até a 4.ª casa decimal. Sua geometria é, em geral, inferior.
Por volta de 628, Brahmagupta escreveu um sistema de astro-
nomia em versos, com dois capítulos s&bre as matemáticas. Nêles,
trata da progressão aritmética, equações do segundo grau, áreas de
triângulos, quàdriláteros e· círculos, volumes e superfícies de pirâmi-
des e cones. O valor que atribui a :rc é vTo =
3,16 ....
Cinco séculos depois, Bhaskara ( cêrca de 1150) também escre-
veu uma astronomia com capítulos sôbre matemática, e o conteµçlo
d~ seu livro· logo se tornou conhecido na Europa ocidental, por inter-
médio dos árabes. Bhaskara reconhece a sua dívida para com a
obra mais prolixa de Brahmagupta. Os seguintes problemas são tí-
picos:
a ± O a,
A ASTRONOMIA HINDU
Na astronomia verificou-se um desenvolvimento paralelo. Parece
provável que a teoria planetária dos gregos tivesse sido introduzida
na índia entre a época de Hiparco e a de Ptolomeu. Entretanto, a
astronomia hindu caracteriza-se por "uma curiosa mistura de velhas
idéi,is fantásticas e s6brios métodos geométricos de cálculo". E'
verdade que Aryabhata diz: "A esfera das estrêlas é estacionária,
e a terra, realizando uma revolução, produz o nascimento e o
ocaso diário das estrêlas e planêtas."
MAOMÉ E O SURTO DO ISL.1I
Durante o século VI e os seguintes, grandes acontecimentos ocor-
riam na Arábia, largo tempo habitada por tribos nômades e, até en-
tão, um vazio na hist6ria da civilização e da ciência. Mais ou me-
nos em 569, nasceu, provàvelmente em Meca, êsse homem extraor-
dinário que foi Maomé, a quem milhões de criaturas ainda consi-
_deram como o Profeta do Todo-Poderoso (Alá). Era Meca o maior
emp6rio comercial nas proximidades da costa oriental do Mar Ver-
melho, sendo meta de peregrinações por causa do seu santuário que
continha muitos fetiches e ídolos, mormente a "Pedra Preta", simbo-
lizadora de Alá ("O Deus"). Com a idade de quarenta anos, Mao-
mé ouviu um "chamado", concitando-o a pregar "a crença em Alá
e no último Dia". Chamou à sua religião Islã, "submissão" a
Deus, dando ao fiel o nome de Jl,{usli?n, "aquêle que se submete".
Em 622, Maomé e alguns discípulos fugiram para Medina, cidade
agrfcola 400 quilômetros ao norte de Meca, onde continuou a lan-
çar as suas "revelações" de lei e doutrina, a que chamava Koran
("Leitura"). Apqs sua morte, êsses preceitos foram coligidos num
único livro. Morreu nessa cidade, no ano 632.
Em Meca, Maomé era "o desprezado pregador de uma peque-
na congregação", mas depois da fuga (lléjira) para Medina tornou-
se o chefe ele um poderoso partido, acabando como o soberano ab-
soluto da Arábia. Na batalha de Bedr (624) repeliu, com apenas
300 muçulmanos, cêrca de 1 000 homens de Meca. f:sse pequeno
recontro foi uma das batalhas decisivas da história mundial, reves-
tindo-se de tremendas conseqüências. Depois dela, milhares de ára-
bes converteram-se ao Islã, e o seu zêlo religioso jamais foi ultra-
passado, Maomé ensinava que os idólatras deviam ser converti-
dos ou mortos, mas o "Povo do Livro" {principalmente cristãos e
judeus) não devia ser incomodado desde que se submetesse e pa-
gàsse impostos adicionais. Esta concessão assumiu mais tarde
grande impordncia na hist6ria da ciência. Os primeiros dois cali7
fas, sucessores do Profeta, lançaram com grande habilidade uma
HISTÓRIA DA CIÊNCIA lúl
A MATEM,-1TICA ÁRABE
Podemos aceitar corno característica da primeira fase do Islã as
palavras atribuídas pela tradição ao califa Omar (634-644), segun-
do o qual "tudo aquilo que, na biblioteca ele Alexandria, concorda-
va com o Alcorão, era supérfluo, e o que dêle discordava era infe-
rior, e por conseguinte devia-se destruir tudo". Posteriormente, era
inevitável que muitos homens, entre êsses povos dotados de viva
inteligência, viessem a ficar fascinados pela matemática grega. Sua
religião era, com efeito, mais tolerante para com a ciência do que
o cristianismo contemporâneo.
'Afigura-se que, por volta do ano 900, alguns árabes estavam
familiarizados, por um lado, com a aritmética e a álgebra de Brah-
magupta, incluindo o sistema de posição decimal, com o zero - e,
por outro, com as principais obras dos grandes matemáticos gre-
gos, alguns dos quais só chegaram até nós por meio de traduções
árabes.
A monumental Algebra Al-Khowarizmi, escrita por volta de
825, baseava-se em fontes muito mais antigas, quiçá hindus, quiçá
babilônicas. Serviu, por sua vez, de base para muitos tratados pos-
teriores. Do seu título derivou-se a nossa palavra "álgebra", e do
nome do autor o vocábulo "algarismo". Eis aqui um trecho da
introdução:
Essa amizade à ciência com .que Deus di,tíug:uiu o imame AI. 1-lfamun ...
essa afabilidade e condescendência que êle manifestou para com os ius-
truldos, a prontidão com que os protege e defende.,. animou-me a com-
por uma pequena O·bra sôb1·e o Cálculo pelas regras de C-Ompletação e de
Redução, limitando-a ao que há de mais fácil e útil na aritmética, ques-
tões de ocorrência constantes em casos de herança, lega,lciJ, partilhas,
demandas legais e comércio, e em tôdas as relações !lus homens entre
si, bem como em casos que envolvem medições ele terras, abertura ele
canais, cômputo geométrico e outros a,,suntos de várias espécies e gêne-
ros ... - L. C. KARPI!l:'SKT, Robert of Chester's Latin 'l'ranslation of the
Alyebra of Al-Khowarizini, p. 46.
H.---------A---,0
K--------B-+---c
G F
ASTRONOMIA ARABE
"Quando a noite está tão .escura que os capitães de navio n,to avi:;tam
nenhuma estrêla pela qual orientar-se, enchem um vaso de água e o
colocam no interior do navio, ao abrigo dn vento; depois tomam uma agu-
lha e atravessam com ela uma palhinha, formando cruz. Jogam-na it
água do vaso mencionado e deixam-na a boiar à superfície. Depois to-
mam um ímã, aproximam-no da superflcio ela {ig-ua e dão-lhe voltas com
as mãos fazendo com que a agulha também gire Hôbre a água. Então
retiram ~ ímã com um movimento rápido, e. a agulha fica apontando em
duas direções, a saber o norte e o sul." 1232 d. C. - ·wrno1,MANN.
OBS.ERVATóRIOS ASIÃTICOS
Nenhuma grande idéia original poue ser atribuída a qualquer dos cien-
tistas ârabes... Possuíam, no entanto, a notâvel aptidão -de absorver
idéias estrangeiras e desenvolvê-!as um pouc-o mais. Eram observadores
pacientes e exatos, e hábeis calculadores. Devemo-lhes uma longa série
ele observações e a invenção ou a introdução de vários aperfeiçoamentos
importantes nos métodos matemáticos .... Mais digno de nota que a con-
tribuição original dos árabes foi o serviço que êles prestaram mantendo
vivo o interêsse científico e pre,~ervando as descobertas de seus anteces-
sores gregos. - BEnnY, J)p. 82, 83.
/1 ALQUIMIA ÁRABE
OS MOUROS NA ESPANHA
#'
11D IID{":::.:..,
O®ni~_
,,o,~' DO>IÍNIO
-'. MU{Ul"1AMO
ATÉ 1232
BIBLIOGRAFIA
173
1i4 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
AS CRUZADAS
A ESCOLÁSTICA
__., s palavras com que êsse autor formula, sem o resolver, o problema
central da filosofia escolástica, representaram talvez um papel mais mo-
mentoso, na história do pensamento, do que qualquer outra passagem de
Igual tamanho em tôdas as literaturas, exceção feita tlar; Escrituras canô-
nicas. Merecem ser citadas na íntegra:
"A seguir, 11-0 que toca aos gêneros e espécies, alJsteliho-me de resol-
ver a questão sõbre se êles possuem urna exi,3tência substancial ou se con-
sistem apenas em simples conceitos intelectuais; se, possuindo existência
substancial, são corpóreos ou incorpóreos; se são separáveis das proprie-
176 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS
O mundo jamais tomará a ver tão bl'ilhante multi<lão ile jovens inteligen-
tes como as que se reuniam nas cidades universitárias, 1H1(Juela é1>oca de
vicillo e a]laixouaclo amor às let.rai; que ~11g11iu o 1·enascimento <la cultura.
O encanto <le Oxfnrll, Heiilelherg 011 Harvard mula é em comparação com
essa vida elétrica de um mundo recém-nascido que trabalhava e florescia
em Pãdua, Paris e Alcalâ. -- Jou:'i 1-IAY, Ca8tilian Day.ç, p. 289.
No decurso rio sécnlo XII viera-se travando no seio do Islã uma luta entre
os Filósofos e os TeólogoG. Foi no momento preciso em que, graças â pro-
teção do califa Almansor, os Teólogos conseguiam desbaratar os Filósofos,
que o facho do pensamento aristotélico foi transmitido aos cristãos ... -
RASHllALL, I, 352.
Foi depois deasa épaca, e só depoia dela (graças â transformação pre-
parada no campo tia teologia pura por Pedro o Lombardo) que a filosofia
escolástica começou a se distinguir por essa servil deferência â autoridade
que, nos tempos modernos, se lhe tem assacado com tão pouca discrimina-
ção. Além disso, o descobrimento do novo Aristóteles tendia por si mesmo
a tolher a originalidade e a llbel'(lade especulativa que, em meio à escassez
de livros, caracterizara as ativas inteligências do século XII. A prnpensão
dos cépticos era transf€rir para Aristóteles ou Averróis a autoridade que
os ortodoxos tinham atribuído à Bíblia e aos Padres da Igreja. - RASIIDALL,
I, 264-366.
AURORA DO RENASCIMENTO
nos, mas, em geral, essas publicações incluíam pelo mcnús uma ex-
plicação dos novos algarismos árabes e do seu uso.
A aritmética de Boécio, baseada nos números romanos, man-
teve-se em voga no norte da Europa até o fim do século XVI. A
aritmética árabe, ou algoritmo, baseada no Liber Abaci de Fibonacci,
empregando a escala decimal e incluindo os elementos da álgebra,
entrou em uso generalizado entre os mercadores italianos dos séculos
XIII e XIV, embora encontrasse séria oposição. Fora ela Itália,
entretànto, a contabilidade continuou ainda por muito tempo a ser
feita em números romanos - aqui e além até o século XVI, e, nas
instituições religiosas e educacionais mais_ conservadoras, por mais
cem anos depois disso. Em tais casos o cálculo propriamente dito
era feito com o ábaco e o resultado expresso em números romanos.
Os números arábicos permitiam dispensar o ábaco. Ao mesmo tem-
po os florentinos simplificavam consideràvelmente a classificação das
operações aritméticas, de acôrdo com as nossas categorias moder-
nas: numeração, adição, subtração, multiplicação, divisão, formação
ele potências e extração de raízes.
A adição e a subtração eram começadas pela esquerda. A tá-
bua de multiplicação, a princípio pouco conhecida, terminava em
5 x 5. Para os produtos mais altos, até 10 x 10, era muito emprega-
do um sistema de cálculo digital, cuja regra dizia:
Represente-se o número cinco pela mão aberta, o número se:s pela mão
com um dedo dobrado, o número sete pela mão com <l-ais tledos dobrados,
o número oito pela mão com três dedos dobrados e o número nove pela
mão com quatro dedo,, dobrados. Para multiplicar um número por outro,
1·epresente-se o multiplicador por uma das mãos e o multiplicando pela
outra, de acôrdo com a convenção acima. A resposta procurada será o
produto do número de dedos (contando-se c-omo tal também o polegar)
abertos de uma das mãos pelo número de dedos abertos da outra, mais
clez vêzes o número total de dedos fechados. ('l). - B.\1.1., p. 189.
O RENASCIMENTO
O HUMANISMO
O desenvolvimento da educação, inicíado no século XIII, assi-
nalou-se no seguinte pela fundação de numerosas universidades, hoje·
famosas, assim como de colégios, e por essa revivescência da cultura
antiga que está especialmente ligada ao nome de Petrarca (1304-
74). Tal revivescência, embora a princípio f&sse de caráter sobre-
tudo literário e filosófico, fêz com que f&ssem traduzidas para o la-
186 SEDGWICK, TYLER & . BIGELOW
Petrarca foi menos eminente como poeta italiano do que como fundador
do Humanismo · e inaugurador do Renascimento na Itália... Encai-
xado na Idade Média, êle visionou o mundo do espírito moderno e, pela
sua incansável diligência no campo da erudição e do estu~o. provocou
aquilo que nós chamamos renc-vação da cultura. Pondo os homens da
sua geração em contato simpatizante com a antiguidade, deu um im-
pulso decieivo a. êsse movimento europeu que restituiu ao int~lecto hu-
mano a libcrdacle, a consciência de si mesmo e a faculdacle de progre•
dir ... F-0-I o primeiro que organizou bibliotecas, dedicou-se à numismá-
tica, bateu-se pela conservação dos monumentos antigos e CQlecionou ma-
nuscritos. Embora não soubesse grego, foi o primeiro a apreciar a imen-·
sa importânria de~,,a língua; e, por influência dêle, Boccaccio lançou os
primeiros fundamentos do estudo do grego ... Para êle os autores da
antiguidade grega e romana eram homens vivos - mais reais, mesmo,
do que aquêles com quem se CQrrespondia; e as epístolas retóricas que
dirigiu a Cirero, Sêneca e Varrão 1irovam que Petrarca convivia co-m
êlee em relações de intimidade e simpatia. - Sn10NuH.
E' um pensamento sugestivo e que não deixa de rntar relacionado
com a nossa situação at,.ai, o ele que tanto a herança medieval da ciência
grega como a herança da literatura grega, n:i- Renascimento, se mostra-
ram estéreis em si mesmas. Só depois de uma ter fertilizado a outra é
que se verificou um ver1lac!eiro e vital desenvolvimento. O -pensamento,
a ciência, a :irte e a.:i letras modernas são os frutos dessa união. - S1:-wEn,
Frorn Magic to Science, p. 90.
O DESPERTAR DA MEDICINA
ALBERTO MAGNO
três livros de Aristóteles feita por Michael Scot, com longos comen-
tários, inclusive informações sôbre as formas marinhas do Báltico
e notáveis observações sôbre a embriologia dos peixes. Teorista me-
díocre apesar de bom observador, Alberto repetiu muitos erros de
Aristóteles, acrescentando-lhes ainda -alguns de sua autoria. Em as-
tronomia, explicou a Via-Láctea como sendo uma acumulação de pe-
quenas estrêlas e ridicularizou o argumento popular contra os antípo-
das. Era um naturalista capaz, mas não realizou experimentos de
alquimia.
A BúSSOLA
A óPTICA
A GEOGRAFIA
OS RELóGIOS
O PAPEL
A INVENÇ,W DA IMPRENSA
Não se 1iolle clizet· que durante tlS primeiros vinte e cinco anos da stm
existência a imprensa tenha feito muito, se é que algo fêz, para libertar
a profissão dos grilhões do medievalismo. Antes da renovação dos es-
tude,:; gregos não se eclheu inspira~ão nos verdadeiros mestres da ciên-
cia, e pelo espaço de duas gerações, ao menos, andaram os eruditos tão
ocupados em buscar as fontes que não pensaram em explorar as virtudes
das águas em si próprias. - S111 '\\'u.1.1.Dl 0:;u:ii ( Cushing, Li/e of ().1·/er,
If, 395).
BIBLIOGRAl.<'IA
Com o fim do século X\/ e o início do XVI abre-se um dos mais ma-
ravilhosos capítulos de tôda a história humana, isto é, O Desco-
brimento do Novo 11Imido. Mais ou menos ao mesmo tempo, as
novas explorações do Velho Mundo alcançavam igual extensão e
194
llISTÓRIJ\ DA CIÊNCIA 195
A REFORMA
De ambas essas coisas a razão 6a afasta com horror, pois é iu,ligno sus-
tentar tal opiniãc• ;;õ!Jre corpcs constituídos na mab perfeita ordem. -
BEltllY, p. 10 l.
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 201
"É mais provável", diz êle, "que a terra gire em tôrno do seu eixo do
que os planêtas em suas diferentes distâncias, os cometas varrendo o
espaço e a multidão infinita das e,,trêlas fixas descrevam a mesma órbita
diária e regular em tôrno da terra."
E' ~erto que Saturno, Júpiter e Marte estão sempre mais próximos ,la
terra quando nascem ao anoitecer, isto é, quando se acham em opositão
a-0 sol, pois que a terra está situalla entre o sol e éles. Por outro Jaclo,
Marte e Júpiter estão mais longe 111, lena qunndo se püem i, tarile, e11-
contrarnlo-,;e o sol entre êleH e nós. IHln 11ruva Hnl'ielenlcmente que o Hol
se acha no centro de suas órbitas. como das órbitas de Vênus e ele Mer-
cur10. Visto como todos os planêtas se movem, assim, em redor ele 11111
centro único, é necessário que o espaço situado entre os cireulc,1 de Vê-
nus e de Marte contenha a terra com sua companheira, a lua. - F.
DAN:'ili~r.\:-.N, Die · Natunvissc11s<'lwfte11.
Não receia, pois, afirmar que a terra, com a lua a rodeá-la, per-
corre um grande círcnl6 em seu movimento anual entre os planêtas,
em tôrno do sol. O universo, contudo, é tão vasto que as ~listân-
202 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
Como a notfcia das novas hipóteses contidas nesta obra já teve ampla
<"irculação, muitos sábios ter-se-ão, por certo, escanclalizado grandemente
de que seja nela ensinada a mobilidade da terra, enquanto o sol perma-
nece estacionário no meio do mundo. . . Ma,, a tarefa própria do astrô-
nomo é coligir os dados relativos aos movimentos celestes mediante uma
observação arguta e cuidadosa. Deve êle depois verificar as causas dêsses
movimentos, .ou, se fôr incapaz de de,,cobrir as verdadeiras causas, ima-
ginar e elaborar hipóteses arbitrárias, mediante as quais êsses movimen-
tos 'possam ser computados com exatidão, segundo pr:ncípios geométriev5,
tanto para o futuro como para o paE,,ado. . . Não é necessário que tais
hipóteses sejam verdadeiras; nem sequer se exige que sejam prováveis ..•
- L. F. PROWE, N'icolcms CJovernicUR, I, P. 526.
INFLUÊNCIA DE COPÉRNICO
URANIBORG
"Já que a divina bondade nos deu em Tyclw Brnhe um observa,lor <los
mais meticulosos, graça,, a cujas observações se eviclencia neste cálculo
o êrro de S' ... é justo que reconheçamos com gratidão €Ssa dádiva cli-
vina e façamos uso dela ... Porque, se eu pudesse ter desprezado os S' de
longitude, já teria corrigido satisfatoriamente a hipótese... descoberta
no cap. XVI. Mas, como não era po,,síYel desprezá-los, êsses 8' por si
sós bastaram para provocar a reforma completa ela astro-nomia e consti-
tuem o tema ele grande parte desta obra." -- Bi,;1mY, p. 184.
"de que surgisse algum ilustre filósofo alemão para edificar uma nova
astronomia sôbre o-bservações cuidadosas, por meio da lógica e da mate-
mática, cle.:,fazendo-se ele tôdas as idéias dos antigos."
KEPLER
Nascido nos fins de 1571 em Wurtemberg, de pais protestantes
cuja situação econômica era aflitiva, tôda a existência de Johann
Kepler foi uma luta com a pobreza, a má saúde e a adversidade.
Em 1594, abandonando o estudo da teologia, embora com certa he-
sitação, pois sua aceitação da novel hipótese de Copérnico o des-
qualificava para isso, foi nomeado livre-docente de matemáticas em
Gratz. Os alunos eram pouco numerosos e entre seus deveres esta-
va incluída a confecç~o de um almanaque que devia conter, além
da matéria comum dos almanaques, previsões do tempo e informa-
ções astrológicas. "A mãe Astronomia", diz êle "passaria fome fa-
talmente se a filha Astrologia não ganhasse o sustento de ambas."
Tendo, dessa forma, tomado um novo .interêsse pela astronomia,
"houve"' (diz êle) "três coisas em particular, a saber o número, o
tamanho e o movimento dos corpos celestes, os quais submeti a di-
ligentes pesquisas, procurando as r.azões de serem elas como eram
e não <le outro motlo." O primeiro resultado que lhe pareceu im-
portante, embora um tanto fantástico do nosso ponto de vista, foi
uma espécie de tosca correspondência entre as órbitas planetárias e
os cinco sólidos regulares, dada a público em 1596 sob um título
complicado que podemos abreviar cm Mistério Cosmográfico.
A terra é o circulo, a medida de tudo. Em tôrno dela, ,!escreva-se um
dodecaedro; o circulo que incluir a êste será Marte. Em tôrno de Marte
,lescreva-se um tetraeclro; o circulo que o incluir cerá Júpiter. Descre-
va-se um cubo em tôrno de Júpiter, e o circulo que o incluir será Sa-
turno. Dep01s· inscreva-se na terra um icosaedro; o circulo inscrito neste
será Vênus. Inscreva-se um octaedro em Vênus, e o círculo inscrito nesse
octaedro será Mercúrio. -- BuEwsT1m, Murtyrs of Science, p. 195.
tecessores, Kepler nã-o se limitara a lançar um:l nova hipótese que servia
de ba,,e tão boa como qualquer outra para o calculador que desejasse
organizar tábuas dos movimentos !lo planêta: tinha encontrado a verda-
deira órbita em que o planêta viaja através do espaço ...
Na história da astronomia só exi-stem !luas outras obras de igual
importância: o livro De Revolntionibus, ,de Copérnico, e o Principia, de
Newtou. - Dt!EYEH, l'lcm. Syst., 392, 401.
GALILEU
face a face com os terrores da Inquisição, êle, como Pedro, negou o Gen
Mestre, nenhum homem honesto, conllecenclo tôdas as circunstâncias do
caso, se ap1'essaria a condená-lo. -- FAIIIE, PP. 313, 326.
BIBLIOGRAFIA
A MATEMÁTICA E A MECÂNICA NO
SÉCULO XVI E NO COMÊÇO DO XVII
Não foi somente o anseio de cultura universal que atraiu para as ciên-
cias matemáticas, com fôrça irresistível , grandes mestres do Renasci-
mento ta is como Brunelleschi, Leonardo da Vinci, Rafael, Miguel Ângelo
e em espechl Albrecht Dürer. Tinham êles consciência de que, com tôda
a liberdade da fantaBia individual, a arte está submetida a leis necessá-
rias, e inversamente, com todo o rigcH" da sua estrutura lógi ca, a mate-
máti ca segue leis estéticas. - F. Ruurn (Moritz, M einorabil'ia ilfath., J).
183).
Os poderes milagr-csos ·do cálculo moderno devem-se a três inven-
<;ões: a notação arábica, as frações decimais e os Joga ritme,, . - CA,JOnI,
History of Mathematícs, p. 161.
A invenção dos logaritmos e a organização das primeiras tábuas
constituem um episódio de extraordinário relêvo na hi stória das ciências
exatas e, excetuados ü 3 Prin ci1rios ele Newton, nenhuma obra matemática
publicada no país teve conseqüências tão importantes, nem se reveste
de tanto interêsse, quanto a Desul"iptio de Napier. - ÜLAlSirnR, "Loga-
rithms", Encycl. Brit., ~." Ed.
O RENASCIMENTO DA MATEMÃTJCA
E DA FJSICA
O período que medeia entre a invenção da imprensa, por volta
de 1450, e os meados do século XVII, foi de grande importância
para a matemática e a mecânica, assim como para a astronomia. No
228
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 229
seu comêço, embora os números arábicos já fôssem conhecidos, a pró-
pria matemática das universidades quase não ia além dos primei-
ros livros de Euclides e da solução de equações simples do segundo
grau sob a forma retórica. No fim do período, os fundamentos da
matemática e da mecânica modernas tinham sido solidamente lan-
çados.
';Três belas jovens são casaclas com três moços simpáticos e galantes,
mas ciumentos. Andam -Os ,,eis em viagem e vão ter à margem cle um
rio, J)ara atravessar o qual só dispõem de um botezinllo cem lugar vara
236 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
DESENVOLVIMENTO DA TRIGONOMETRIA
CARTOGRAFIA
"Se", diz êle, "das quatro relações que subsistem entre dois lugares
quaisquer com respeito à sua posição mútua, a saber a diferença de lati-
tude, a difer-rnça ,de longitude, a direção e a distância, consideramos
sómente duas, as outras também corresponderão exatamente e não se
poderá cometer êrro algum, como deve suceder muitas vêzes com as car•
tas marítimas comuns, e tanto mais quanto mais alta fôr a latitude."
O CALENDÃR/0 GREGORIANO
Até 1582 vigorou o calendário juliano (p. 139) com o ano de 365 1/-!
dias e um êrro que ia crescendo gradualmente e por essa época mon-
tava já a 10 dias. Sob os auspícios do Papa Gregório XIII foram
suprimidos os dias que medeavam entre 5 e 15 de outubro de 1582
e o número de anos bissextos em cada período de 4 séculos foi dimi-
nuído de 100 para 97. A rivalidade religiosa impediu durante um
século que essa reforma fôsse adotada na Alemanha protestante, en-
quanto que a Inglaterra adiou a adoção até o ano de 1752.
--é>
T p Q s
···----·
T, Q, s,
2..J-0 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
X
·log Nap. x 10• log -
....:... 101
•
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 2-+ l
Segundo a nossa moderna interpretação gráfica de y =
log" x,
Bürgi procura determinar as abscissas dos pontos em que a curva
(lue duas pes~oas tomem cada uma a sua lanterna ou outro dispositin>
lümincso, de modo que pela interposição da mão possam interceptar a
1·iaão da luz uma à outra ou permitir que ela seja vista livremente. Co-
lot]nem-se depois frente a frente, à distância de alguns côvados, e exercl-
tem-,,e até adquirirem tal hahili(lade em ocultar e descobrir as luzes que
<'ada um, no ver descobrir-se a luz do seu companheiro, descobrirá a sua
instantfmeamente. Depois de algumas ex11eriênclas a resposta será tão
Jll'OUta que, sem êrro sensível, o aparecimento de uma luz será imediata-
mente seguido do aparecimento ela outra, e sempre que um dêles expuaer
a sua luz enxergará instantâneamente a do outro. Depois de adquirirem
11erkia a essa pE/quena dfstfrncia, que os dois experimeutuclores, apare-
lhadrn-1 como antes, tomem posições com uma distância ele duas ou três
mllhaa entre si e façam a mesma experiência à noite, observando cufdn·
,Iosamente se as exposições e ocultações se realizam tio mesmo moclo oue
a pequena distância; se assim fõr, poderemos c:oncluir com segurança
que a propagação ela luz é instantânea; mas se é necessário algum tempo
it cll,itâncfa de três milhas - as quais, considerando-se a ida de uma luz
e a vinda da outra, montam na realidade a seis - então a 1lemora eleve
~er fàeflmente observável. Se se quiser fazer o experimento a uma dis-
tância ainda maior, suponhamoM oito ou úez milhas, poder-se-ão empre-
g-ar telescópk1s, cada observador ajustando um clêles para si no local onde
,leverá fazer o experimento à noite; então, se hem que as Juze,i não se-
·jam grarnles e se tornem portanto invislveis à vista 1lesarmada, a uma
distância tão grande, p(}dem ser rápidamente collerlas e descobertas, visto
,·nmo por meio dos telescópic1s, uma vez ajusta rios e fi ~e,;, elas fàcilmente
:;e tornanio visfvels... ll!Íll., p. 43.
BlllLIOGHAFIA
251
SEIH;WJCK, TYLER & ll!GELOW
. 1 .\'Ol'A FIUJSOFIA
O homem nãr, é mais que o servo e lnlél'prete da natureza: tudo qne êle
sabe e faz, observou-o na ordem natural, na realiclade ou em pensamento;
afora isso, nada sahe e nada pode fazel'. ·Sim, porque a cadeia de causas
não hú f,irça capaz de afrouxá-la on quebrá-la, nem se pode governar a
natureza a não ser obedecendo-lhe ... E tudo depende de n111u:a perder-
mos de vista os fato,, da natureza e dêsse modo recebermos as suas ima-
gens com tôda a simplicidade, tais como são. - (W'orks, I (2), P-. 58.)
,1 r:IRCU!.AÇ.W DO SANGUE
hº,IJIJRWUJGJA
,;írios órgãos do embrião, tal como os viu, desde essa fase até encon-
trar-se o pinto perfeitamente formado.
Harvey serviu de estímulo a uma longa série de pesquisas com
a sua asserção de que "todos os animais, sejam quais forem, até os
próprios vivíparos e mesmo o homem, são feitos de um ôvo; e a
primeira concepção de tôdas as criaturas vivas que dão à luz filho-
tes são certos ovos ... " Por "ôvo" entendia êle qualquer estrutura
ou substância dotada do "princípio generativo", e por isso não pôde
rejeitar inteiramente a idéia da geração espontânea. Aceitava a opi-
nião de Aristóteles, segundo o qual a função do macho é produzir
uma espécie de contágio, uma aura seminalis imaterial.
Outra grande generalização feita por J-larvey foi a sua hipótese
de que "os mais perfeitos animais de sangue vermelho se formam
por cpígênese, ou superadíção de partes."
Trabalhando com um microscópio mais aperfeiçoado, descobriu
1\1 alpighi ( 1672 e 73) que o corpo não é "a parte gerada cm pri-
meiro lugar", como afirmara Harvey, pois êle podia perceber os con-
tornos do embrião antes do aparecimento do puirctum sanguinemn.
:Êsse pequeno detalhe de observação levou Malpighi a rejeitar tôda
a teoria epigenética de Harvey, afirmando que, muito ao contrário,
o embrião inteiro se acha "prcdclineado" no ôvo não incubado. Nas-
ceu assim uma grande contenda que durou mais de um século.
A GERAÇÃO ESPONTÂNEA
o E'
o
=
Fig. 4l. -- PRIMEIRO DESENHO DE BACTÉRIAS, "anim,tl<cnJos" eu-
contrados entre os dentes humanos. A, uma forma muito móvel; B, ou-
tra, mais numerosa; D-C, sua trajetória; E, formas minúsculas, nume-
Toaisslmas, que "se moviam como mosquitos brincando no ar"; F, a mais
abundante de tôdas as formas, destituída de movimento. Segundo Le-
euwenhoek, l'hil. 'l'ra11s., lí, n." 197, Fig. 2.
Po1le-se 11izer de Malpighi, sem exagêro, que êle deixou o seu cunho em
todos os ramos de conhecimento em que tocou. Encontrou veredas tor-
tuosa~ e endireitou-as, encontrou trevas e cleixon luz ... Não há dúvida
que Malpighi colheu o que Jlarvey semeara: é certo, também, que ne-
nhum dos seu,; antecessores gozara a vautagem ,!e possuir o mi<:roscópio.
E' justamente êsse conjunto de circunstâncias que o separa ,los velhos
tempoH e faz com <JUe êle represente n inkio ela nova era. --- Fosn:n,
lo,•. l'i t., 11. 120.
. 1 !DR/A DE "ESPtC/E"
,·,,m rn novo~ paradoxos !lo gra11<le oliserva<lor dos c,'ns, (;aJilcu, <'Ujos
e11ge11hosos livros foram refutados por um decret" <le l{oma, talvez por-
que uão prHliam sê-lo de outro modo; ao que parece, sua alteza. o Papa.
co1:-;irlerava (e nisso tinha razão) que a infalihilillarle rla sua cátedra
abrangia <JS pontoH de filosofia uão menos que 08 de religiiio, e não podia
:ulmitir 1111e se (·<mtestasse a cslal.•lllrlarle desta !erra oll(IIJ i•le r11ndo11 "
fell reino. ll'orks, Vol. I (l'e111111 ('ydo111Ierlfr1, Vol, fi. p. ~!lR. 1
BIBLIOGRAFIA
f.
INÍCIOS DA MATEMÁTICA
MODERNA
... Tôclas as ciências que têm por fim realizar pesquisas de ordem e me-
ditla se reladonam com a matemáti ca, pouco importa11do que essa medida
se.la procurada em números, figura,, , astros, sons ou qualquer outro obje-
to; ... por r.onsegulnte, deve existir uma ciência geral que explique tudo
quanto se sabe a respeito de ordem e inedida, consideradas essas coisas
independentemente de qualquer aplicação a um assunto particular, e ...
na verdade, essa ciência tem a sua denominação pró11ria, que é mate1ná-
tica ... E uma prova de que a matemática .supera grandemente em simpli-
cldade e importância as ciências que dela dependem é o fato de abraçar
simultáneamente todos os objetos a que estas são consagradas, e muitos
uutrns ainda ... - DEscAnn;s, Regras vara a ]Jirer:<io (lo Espii'ito.
Enquanto a álgebra e a geometria seguiram caminhos se11nrndos, o
progre,, so de ambas foi lento e suas aplicac;ôes, limitadas. Mas <le1)ois que
formaram sociedade, essas ciêntias hauriram nova vitalidade uma da outra
e dai por 11ia.nte avançaram a 11assos largns para a perfeição. - J,Arnu:-;11F;
( J\loritz, J). 81).
267
268 SEUGWICK, TYLER & BIGELOW
1~· i111pos3ível não nos sentirmos arrebatados à idéia ,lc,s emoções que
devem ter experimentado certos homens em momentm hist6ricos de aven-
tura e descobrimento: Colnmbo, quando pela prlme:ra vez avistou as pla-
gas ocidentais... Franklin, quando a faisca elétrica desceu pelo fio rio
seu papaga!o, Galileu quando assestou para o eéu o seu telescópio. Tais
momentos são coucedldns arn estudiosos das regiões abstratas cio pensa-
mento, e entre êles tem lugar preeminente aquela manhã em qne Descar-
tes, a:nda deitado, descohrin a geometria analftica. - W111T1•:111-:A11, In-
troil11rtiou. !). 122.
Se fslo 11isC'urso pare<:cr longo demais para ser lido 1le uma só vez.
poder-se-á <livitli-lo em seis partes: na primeira ,,erão encontra1las vá-
rias consiclrra<;ões s6Jire as ciências; na segunda, as 11rinci11ais regras dn
método que o autor descobriu; na terceira, algumas regras <le moral que
delluzin llffü!e mélll(lo; na quarta, c,i racioclnlos com que prova a exis-
tência <le Deus e a 1!11 alma humana, que constituem a base ,Ia sua me-
la[[f;ica; na quinta, a ordem elas questões ele flsica por éle investigadas
e, em especial, a explicação do movimento do coração e 1le algumas ou-
t.l'as 1lificnlua<les atinentes à meclicina, bem C<Jmo a diferença entre ::
alma huma113 e a elos uruto.,; e, finalmente, o que o aulor julga neceS8:i-
rio para que sejam feitos, na investigação ela natureza, progressos ainda
maiores 110 que 11s n'alizados até hoje, com as razões que o levaram a
,..1Hc~re,·e1·.
Diz êle: "Confesso fraacau1ente qu,J nunca tive gõsto P<'l11 estudo ou
pe 1a 11csq11i.sa, tanto de flska como <le geometria, exceto 11a medida em
(Jne me ))O<liam pror,nrcionar algum r.o11hecime11to 1le causas imediatas ...
para o bem e a utilidade da existênc'a, na conserva~ão ,la saúde, na
pnllica de idg-nma arte... tendo ohsen·a.do que hom 111111w1·0 delas se
h:rnel:1 11a geometria. entre outras a esq11a1lri11 de pe1lrn8 vara a arquite-
tura, a l'ollctrm:ão de qmulrantes solares e especialmente a arte 1la per~-
pectiva."
Pouco mais moço cio que Descartes e Cav;ilieri era Pierre de Fer-
mat ( 1601-65 ), o qual ocupa uma posição excepcional na história
da matemática. Embora devotasse a esta ciência os lazeres que lhe
permitiam as suas funções de conselheiro em Toulouse, não publicou
quase nada e muitas das suas conclusões só nos são conhecidas sob
a forma de breves notas marginais, desacompanhadas de prova. Pu-
blicando as obras de Diofanto, enunciou num~rosos teoremas sôbre
os. números int~iros, muitas vêzes omitindo a demonstração. Por
exemplo:
Gastei mnilt> tempo JHJ eslt11l11 das ciências abstratas, nu~ o re:luzillo
número !lc pernoas com quem poclia trocar idéias sôhre esse as~unto ti-
rou-me o gêi;to delas. Quanrlo come,:ei a esturlar o holllelll vi que êsses
estudos a!Jstratos não lhe eram adequados e QtW ao me enfronhar nêles
eu me afastava ainrla mais elo Yerrlarleiro caminho do 1111e aqnêles que
o ignoravam completamente; por isso perrloei aos que não tenlalll apro-
fnntlar essas coisas. Mas pareceu-me que ao menos euconlruria multe,,
rnmpauheircs uo cstullo ria humanillarlc, que é <J estud<> verdadeiro e
mais a1iropriado ao homem. Também dessa vez me enganl'i. ///Í 111c110.~
,·,:/1ulrml('s 111/ lwmr111 1111c rl,1 ucvmetri11.
1 1 1 1 l 1
1 2 3 4 5
1 3 6 10
I 4 10
1 5
1
f:ste triângulo, que ainda tem o nome de Pascal, 11;10 era entre-
tanto nenhuma novidade. Encontramo-lo já em Stifcl ( I 543 ), e a
idéia remonta a Pitágoras.
Em 1615 Pascal deu publicidade ~ sua idéia de 11111a máquina
matemática, escrev1:11do ao chanceler:
!Ileu Senhor: Se alguma vantagem uelvier ao ptiblic<> rio invento c1ue
acabo ele fazer para realizar tôda sorte ele operações aritméticas ele urna
forma tão nova quanto vantajosa, ficará êle clevenclo ainda mais a Vossa
Alteza do que aca meu,; modestos esforços, pois eu r,6 po1ierei ufanar-me
1le <> ter concebido, ao passo que êle deve o seu nasc'men:o exclnsivamenle
à vossa honrosa eleterminação. A demora e a difkulrlalle rios me:os ge-
ralmC'nte em uso levaram-me a pensar num o.uxillar mui,; rápido J)ara
facllilar-me os grandes l'ákul-11s cnm que estive ocuparlo durante vários
a11oi;, em c:ertoa assuntcs que depemlrm dns enrargos com qne vos aprou-
,·e h,mrar meu pai, no serviço· ele Sua Maj,stacle na Normandia. Nessa
inve,;liga~ão empreguei todos os conhecimentos que m ·uha 111d:nação · e
meus laborinsos estu,!os iniciais tlc rnatemát.iea me permitiram adc111irh·,
e depois ele profunelas reflexões verifiquei que niio era imposslvel en-
1·1111lrar ôm;e meio auxiliar .
FIG.I. FlG.ll.
l'clo ehoqut! redprrn·o de (loi1> corJHJ~, a so1na ,los 1H·o1luto:-; clus I11assa~
11cl<>s qundrndos <las veloc-i1la1leH pernwuere a mesma aules e cle!JOÍS do
impa:-to.
!~' a éle qne devemos esla importante condição do equilfbrio dos 11-
quirlos: que a fôrça resultante em qualquer ponlo da superflcie livre deve
ser normal à ,1uperffcie nesse ponto; e isso promoveu indiretamenle o
, unheclmentn do nosso assunto. Huygens, porém, nunca aceitou o grande
prindplo ,11 alraçãu mt'llua das parlll'nlas de maléria. e assim forneceu
cxpllcitamente apenas a solução de um teorema teórico, a saber a pes-
quisa da forma da superflcle de um liquido• em rotação, sob a ação de
nma fôrça dirigida constantemente para um ponto fixo. - To1>I1Ul'\TEn,
1, ]). \'I.
li .nus R /JARROIV
;r 2 2 4 4 6 6 8
2 1 3 3 5 5 7 7
g• ()arn mim lndfscutível que ca antigos possulam qualquer cofsa ele na-
tureza semelhante à nossa álgebra; dai derivam muitas de suas pro-
lixas e complicadas demonstrações ... Mas essa Arte lle Invenção dos
antigos, parecem êles tê-la ocultado cnidaclosamente, contentando-se em
provar por demon,,trações apagógicas, (Isto ê, reduzin1lo ao absurdo a
negação). sem nos mostrarem o método com a ajuda do qual consegui-
ram formular essas ()roposiçõEs, que êles assim provam de outras ma-
neiras ...
V
1111 + 1/l~
Ora, no que lnca a êsses números sunlc,; (que, não lendo nenhum m!'.,-
rito próprio, como que por censura ou calúnia sflo 1.amhém tlenominaclos
irracionais, irregulares e inexplicáveis), muitos negam que sejam nú-
meros pri1priamente ditos e costumam bani-lcs tia aritmética J)ara (rntra
ciêuela (1111e ainda não é 11111a ciência), iHln é, a álgebra. - Mo111Tz, p. 2~1.
ISAAC NEWTON
Isaac Newton nasceu menos de um ano após a morte de Calilcu,
um século após a morte de Copérnico, a 25 de dezembro de 1642
( pelo calendário juliano) ( ~), numa aldeia do candado de Lincoln.
Destinado inicialmente à profissão agrícola, teve a ventura de ser
enviado com a idade de 17 anos para a Universidade de Cambridge,
onde rápida e sôfregamente assimilou as obras matemáticas de Eu-
comecei a rste111ler a lcléia de gravi1la<le à órhila 1la lua, e ... <la regra
ele Kepler sfibre a razão sesqu':ílter:1 tlos tempos ile revuln<;ão 11eriódka
dos planêtas para com as suas dis'âncias aos ceutros das rnspe!'.livas órbi-
tas, ded11zl que as fôrças que mantêm os planêtas em suas órhilas devem
~nanlar entre si a me~.ma razão que os c1uatlrad~,1 de suas 11istâ11clas acs
centros em tõrno dos .quais revolvem; como conseqiiência, comparei a fôrça
necessária para conservar a lua na sua órbita com a fôrça da gravidade
na superflcie da terra e achei que se correspo111liam l'Om hustante exa:i-
rlão. 'i'udo isso sucedeu nos 110·,, anos da peste, l61i5 e lliüli, pnis nessa
épocit estava en em pleno viço da minha mocidade quanto à fôrça inven-
tiva e intere~saTa-me pela matemática e pela filosofia como em nenhuma
ocasião tHist.erior me interessei." -· A /llul ,v. W. H. B.\1.1., .m,1111•11rnlil'lll
Guzclle, julho de l!l14.
<íl'T!CA
11osos co:no "a meu ver, a mais surprl'c11dc11tc, senão a mais impor-
t ;mtc dcsvcndação que até hoje se fêz das maneiras por que opera
a 11atureza." Embora não insista nesse ponto, parece sempre partir
da suposiçiío de que a luz consiste em minúsculas partículas, cujo grau
de 1wquencz correspontlc it ci,r. ( ;ra~·as :1 grande aut<>riclade que
s
···---P.
______.....,_,_..,1,,,____.~c-='~;..._:'·""1!~~ ~ 0 - : - ~
Tl<~OHIA IH) ,\HCO-IHIS, S!Wll:'s!Hl ;,.;,.:\\'TO'.':.
lla IÍ/Jlica ele Newton. l'i04.
se atira é tlesvia<la tl:1 liuha reta e cai de~erevendo uma curva em clireção
à terra. Quando é atiratla cem mais velocidade alcauça mais longe, e po-
1leria sucEder que ela ,descrevesse nma curva de 10, 100, 1 000 milhas e
as,,im por 1liante, ultrapassan1lo t'i11a!111eute os limite~ da terra e uuuea
n1ais torna1ulo a (_'air ...
1) no~r,;o oC'eano.
Newtlln fêz preceder estas aplicações da teoria de 111rntrn regras para
urientar o ,·ienlísta na formnlação de hÍpilteses. Na sua forma <l2i'initiva,
si'io elas as ~egnlntes: (1) Não elevemos supor maior uúnwro 1le causus
do 1111<~ o sufide11f.<? e 11e1'üFd.irio Jlílt'a. explicar oH fato~ ohsen'alluK. ( i) Por-
la11lo, at,i lllllle sei:t j)IISHivel, cl"ellllH semelhantes deven, ser atrihul,Ju; a
causas semelhantes; por exemplo, a queda ,Ias 1,e<lras na rnnropa e na
América. (3) As J>ropriellacles com1111s a todos os cor1>0s i11cl111llüS no âm-
hito da nnss,i experiência ,levem ser imaginadas com(} perte111·entes a to-
dos os corpos; por exemplo, a exlensf10. ( 4) As Pl"Ol}()SiçõeH a que se che-
ga, em sifn<'.ia; pnr meio de uma ampla iuclnçãn, devem ser l'onsi<lera<ln,;
com<> exatad ou aproximadamente venladeiras en,1ua11lo os fenômenos on
a experií'11cia não mostrarem que elas sãu 1mHslveiH 1le corre<;flo ou com-
r..:irtam exceções. A substância <lesrns regrus é hoje aceita como h:ise eh
investigação dentffíca. S1m enunrlaçiio formal serve aqui eomo um man•i,
<la história ,to penrnme11tn. -- W. H. H. B.11.1., Jfatl1e11111/i('(I/ Uuzellc. ju-
lho de 1914.
(:!) Certa vez êle auloriz"u a. pnhlícuç5o ,te uma 1le suas olJ1·a8, ··.,i',u-
tanto que não leve o meu nr.mc: pc;ls nHo perceho o que haja <le desejável
na estima pi"1hlil'a, ain1la <JUe eu fôsse 1:apaz de 1·0111111istú-la e 1·011,;ervá-la:
aumentari:i 1,rovàvelmente a minha retrnlação He renm1c·ias:-se ao ohjeto
principal dos meus estudes." E, em lll75, esl'reve: "!~ui lã:i perseguido
JJOI" discussões surgidas da minha teoria da luz que ern,,nrei a mim mesmo
a minha imprudência cm renunciar a um prlvilégí.> liin palp;i \'l'I, como é
o n1cu Hosst•go, para (·nrrer atnh; ,lü 11nm sonthra."
IIISTÚRIA DA CIJ;NCIA 289
Quem é capaz ele cligerir uma segunda ou terceira fluxãn, uma segun-
da ou terceira diferença, não tem, segundo me paret'e, o direito de s;
mostrar exigente sôbre qualquer ponto de teologia.
E que vêm a ser essa,3 fluxões? As velocidades de acréseimos eva-
nescentes. R que são êsses tais acréscimos ev1rnescentes? Não são nem
quantidades finitas, nem quantidades infinitamente )lequenas, e tam-
pouco Gão o nacla. Não poderíamos chamá-los os fantasmas de quantida-
des defuntas? - 'l'he Analyst, seções 7 e 35_:
IIISTÓRIA DA CIÊNCIA 291
Com referência à controvérsia entre os amigos de Newton e os
de Leibnitz, sôbre a prioridade na invenção do cálculo, diz o próprio
Newton num escólio famoso:
Ignoro o que en ])nssa aparentar para o m11111ln, mas aos meus próprios
olhos pareço te1· sido apenas um menino a hrincar na JJraia e a entreter-
se de tempos a tempos com o encontro de um seixo ma.Is li,;o ou uma
concha mais bonita do que os outros, enquanto o gran•le oceano da ver-
dnde jazia inexploradn diante de mim.
Se vi mais longe que Descartes, foi po1·que estava coloc;ulo sôhre
«111 hros de gigantes. - .Mo11nz, 11. 1,0.
SEl)i;WJCK, TYLEll & BI<;ELOW
/,/WJ/V/'l'Z
BIBLIOGHAFIA
/,
J<'i i;. 51. -- O MAIS ANTIGO DOS i\lANi).\'JETHOS. a, li, ,,, "in 1li<:a,lorr.1
de inen:úrio arlaptados aos ran10s ele urna videira; l, 2, 3 etc., graduaçõ es.
Segundo !-!ales, l'Cf!C/al,lc 1-!tatil'l,:s, fig. 1!1.
.Fi1;;. 52. ---- A ClJilA 1.'>iElDI iTI CA. aü, "recipiente 1111!mico" eheia 1le
úgua e virado ele hôr·a para baixD na vas,lha x:r, í.amhém l'l1e·a ele água.
s iihre n. exlrmnida1le aherla ele 11111 ·' sifão rle chnmb:i aj11stacl;, ao nariz"
du l' Cl'll'la de frrr/J 1'/', S e gundo lla1cs , l ' eyctali: e ,, (11/it '/:s , fig as.
nE !)!FERENTES ESl'i:CIES DR AR
No comêço do século XVIII o ar e a água eram considerados
como elementos e a teoria flogística dominou a química até quase
o fim do século. O primeiro a provar que o ar não é uma substân-
cia simples foi Joseph Black ( 1728-99), então estudante de medici-
na cm Glasgow, o qual pesquisava 11111 novo álcali ao mesmo tempo
que preparava a sua notável tese de 1755. Aqui se manifesta a in-
fluência de Hales, na primeira descrição pormenorizada de uma rea-
ção química dcfiuida e da sua reversão, com a explicação de tôdas
as mudanças de pêso. Black partiu da magnésia (Mg CO), um
"álcali suave", tratada pelo calor 011 por um ácido, e comparou-a ;1
pedra calcárea e ao giz que, como se sabia desde muito tempo, ao
ser aquecidos produziam cal viva, 11111 "álcali cáustico" (CaO), que
então se supunha ser uma mistura de pedra calcárea e flogisto. Ao
têrmo ele muitas experiências quantitativas sôhrc as relações entre
os álcalis cáusticos e os álcalis suaves, concluiu Black que as terras
calcárias ao serem aquecidas desprendem gran<lc quantidade de gás
e êste, ao passar através de 11111 recipiente contendo uma solução de
cal viva, forma um precipitado gredoso. A essa espécie de gás (hoje
conhecida como anidrido carbônico) deu êle o nome de "ar fixo"
l' por meio dêsse teste mostrou que (1) o "ar fixo" figura normal-
mcntl', cm pequena percentagem, na constituição do ar atmosférico,
do qual pode ser completamente retirado por êsse processo; que
êlc (2) é expelido pelos pulmões, sendo também um produto (3) da
fermentaçiio da cerveja e ( 4) lia combustão do carvão de madeira.
1dentificou-o com o "gás silvestre" de van Ilelmont ( p. 264), Pela
wa clara dcscri~·;io cio "ar fixo" como uma suhsdncia dotada de q11a-
30'.) SEIJ(;W ICK 1 TYLER & Bll;ELO\\'
da por tais processos era ácida. :Êste efeito foi explicado l'lll 1785
pela presença acidental ele "ar flogisticado" (nitrogênio) na câmara
de explosão. Cavendish não só havia sintetizado a água mas reali-
zara, sem o saber, a fixação do nítrogénio atmosférico. Suas con-
clusões, contudo, eram expressas na linguagem da teoria flogística,
de que sempre foi adepto.
Enquanto essas investigações eram levadas a caho 11:i Inglater-
ra, importantes trabalhos de química eram realizados na Suécia po1
Carl Wilhelm Schecle ( 1742-86 ), que "permaneceu durante tôda ;1
sua vida um pohre boticário, embora fôsse na realidade 11111 dm
maiores químicos ela Europa." Tem a seu crédito o ·dcsrolirimcntc
do cloro, tia glicerina e de numerosos ácidos orgânicos; e, pelas no-
tas publicadas após a sua morte, patenteia-se que êlc havia prepa•
rado o oxigênio antes de Priestley. Chamou-lhe "ar empíreo."
BIBLIOGH.H'IA
.. ftste heln teorema, descoberto por Legen-dre, ê muito usado nas opera-
çcies g-en!létic:as" (Nathanlel nowclllch, Jllr'<'aniquc Ct'leslc vro· 7e ,lfarqui.<
tlti t,,i l'/a,·r. Boston, 1s:rn. vnl. I, p. 743.)
Capítulo XV
a
e lJ
TENDÊNCIAS MODERNAS DA
MATEMÁTICA
JICJ
.l20 SEDGWICK, TYLER & JlH;ELOW
A MECJNICA CELESTE
Pierre Simon, marquês de Laplace ( 1749-1827), de procedência nor-
manda, desempenhou papel de grande destaque nas atividades cien-
tíficas do período napolP/\nico. Nos cinco volumes da sua Afécani~
Ji'ig. 55 -- -- Pierre ,Simon de Laplace (1749-1&27). Gravura lueluítla no
liyro de Quetelet, Théorie âcs Pruuabilités, 1855.
326 SEIJGWICK, TYLER & ll!GELOW
A fl!PóTESE NE!JULAR
11:ste método tle ol·servar o céu parece lançar sôbre êle uma luz de nova
espécie. Afigura-se-nos agora um jardim luxuriante, contendo a maior
var··· 1 ·,1 n ,1.-, ,,··ii
0 • m •1 ·•-.,n'es r·nnt.e'rc,, florillr}S; e uma das
vantagens, nn m·•nns, tfUe porlrm 0 ~nfrrir dê8se fato é a <le estarmos,
•
J}or nC'sim d,,.,..... n1 r•r· ,r,•re--- ' 1" ,,<lflr o a c·ance da nossa experiência
,..,.. .... 1
Decidi não aceitar nada em confiança, mas verlt'lcar com m; meus 111·ú-
1>rlos olho;; o que os outros tinham visto antes de mim... Depois de
aperfeiçoar cuidadosamente <> grande Instrumento em tôdas as suas par•
tes, fiz dêle uso s'.Btemático em minhas observações dos céus, não sem
primeiro tomar a re,,olnção de nunca deixar passar sem a devllla Investi-
gação a me11or parte rlêles. - J/Jirl., IJ. 3f5.
:'si,, seculo XVIII era a matemática consiclerada por muitos sábios como
" Ideal, 1:ujos métodos exatos e completos deviam ser iguala'.lcs por ou-
tros ramos ele conhedmento menos de;,envolvidos. Dêsse mod,,, a versão
1,opular tia n'erfrnlca celeste ele Laplare, por êle mesmo apresentada, foi
rece!Ji,la com avi,Iez, e o próprio Vollnirc se encarrpguu ,te defender 11
lilosol'ia newtoniana. A lógica e a própria moral foram ati·afdas para
o séquito tia matemática. Para Manpertuis, o hem é uma 11uantldacle po-
sitiva e o mal, uma quanliclacle negativa. As alegrias e os desgostes
compõem a vi1la humana ele acônlo com as le\; lia a,liçiio algébrica e
ci:mpete aos estadistas fazer com qne o saldo positivo seja tão graude
quanto p;,ssi\•el. O geuial Buffon ajunta à sua história natural um su-
11leme11to re!atini à arilmétir·a moral. A matemática aspiru no pa1iel <li-
rigenle, tanto 11:t ci~n<:fa. 11:.itural c·on10 nos nssnntm; ltumanoH.
GAUSS
e A
t,5 1,6 1,7 t,8
Cada século recebe como legado 1le seus predecessores certo número de
11rnhlema,, cuja solução as anteriores gerações de matemáticos pr-0cura-
ra111 com grande afi111·0, mas em vão. Uma i11111ortante co111111iHta do sé•
eulo XIX foi a de ler trlnnfaclo sõbre alg1111s de11tre os mais famos1>s
dênses problemas.
O mais antigo de todos é a qua1lratura do circulo, que jú avarece no
maiH velho documento matemátíC'o existente, <> Papiro de Hhind · ( 2000
a.C.). Sua impornlhill<lade foi finahneute rlemon,;lrarla ·por l.indemann,
NU 1882.
Mas, tle todoR os JJl'oblemas que nos vêm elo J)assa1lo, o mais célebre
e importante diz respeito ao axiolllu. 1la8 paralelas ele Eut'lides. Sua so-
lução exer<'eU profnncla lufluên<'la nas nr.~sas idéias eú!Jre o r~Jrnço e fêz
surgir questões ainda mais profundas e de mais vasto alcauce, as quais
abrangem todo o fnnllamenlo da geometria e a nossa concepção do espa-
ço. - Buli. A111er. ,<,ur::., 11, 155.
Sem dúvida alguma, é possível demonstrar rigorc,-;amente que a soma
dos ângulos internos de um triângulo retll!neo não po1le ultrapassar 180•.
O mesmo, porém, não se clã com a afirmação ele que a soma 1lêsses ân-
gulos não pod·e ser Inferior a 180"; ... Ocupei-me com êsse problema du-
rante mais de trinta ano,J e duvido que alguém lhe dedicasse mais aten-
ção, conquanto eu nada tenha ·publicado a êsse respeltt>. - G,\l:fü1 (1824).
Acrescentarei que recebi há pouco ela Hungria um pegueuo artigo
sôbre a geometria não euclidiana, 110 qual en<'ontrei tüdas as 111i11hus
IIISTÓRIA IJA CIÊNCIA
GRUPOS
Ao passo que o telescópio serve eomo meio (!e J)enet.rar o espaço, apro-
ximam!() rle nos as regiões mais remotas, a matemática, gra(;as ao ra-
ciocln!ú imlnUvo. transportem-nos at(> as regiões mais remotas do c(,u e
colocou uma pari.e ilêste ao all'anee da,; 11osHas 1,ossibilidailes. Aincla mais:
nos nossos tempos - tão propícios à amJ}lia,;ãn tl/1s canheeimentos - a
aplicação de todos os elementos fornecitlos peln estado atual da astro-
nomia !'hel!,oU a revelar aos olhos cio inlelef'.to um corpo celeste e a fie•
· termi11ar-Jhe a pnsição, a órbita e a mac;sa, antes mesmo que se tivesse
assesl.ad<> sôhrc (1 1e um telescópio. -- H1:~11101.rrr t:Vloritz, JJ. ~45). ·
EVOLUÇW C()Sl\llC.-l
DIBLIOUHAFIA
3-11
SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
. 1 FíSIC,I 11/0!)FRN.I
FLETRICID,1DE E MAGNETISMO:
FARADAY, AMP!i'RE, MAXWELL
,\ eletricidade e n 111ag11etismo tinham sido estudados independen-
temente durante os dois séculos decorridos apús a publicação do
De Magnete, de William Gilbert. Foi H. C. Oersted (1777-1851)
q11cm descobriu a relação entre os dois fenômenos sendo a sua gran-
de rnmunicação sôhre o assunto datada de julho de 1820.
Estimulado pelo descobrimento, feito por Oersted, do efeito da
corrente elétrica sôbre os ímãs, A. M. Ampere (1775-1836) publicou
no mesmo ano interessante estudo da eletrodinâmica e pouco depois
enunciava a sua famosa lei:
Duas correntes paralelas e 01 1ientadas no mesmo senticlo atraem-se mic-
tuamente, ao passo que <luas correntes paralelas orientadas em sentido
01,osto re1ielem uma. à outra.
Seis anos depois aparecia a sua Teoria da Eletrodinâmica, De-
duzida Exclusivamente da Experiência, obra que constitui uma pe-
dra fundamental da moderna ciência da eletricidade.
G. S. Ohm (1787-1854) determinou a relação quantitativa en-
tre a corrente elétrica e a fôrça eletromotriz no mesmo condutor
( 1827 ), introduziu a noção de resistência elétrica e descreveu as
suas variações cm diferentes condutores.
Michael Faraday (1791-1867) libertou a eletricidade da obscura
concepção de correntes a influírem umas sôbre as outras através do
espaço vazio, graças à idéia fecunda do campo magnético, a respeito
do qual James Clerk Maxwell (1831-79) elaborou pouco a pouco
uma nova e ampla teoria matemática. As descobertas de Faraday
tinham tão vasto alcance que chegaram a ser associadas à lei de
conservação da energia e à teoria da evolução de Darwin, como as
maiores idéias científicas da segunda metade do século.
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 3-17
RAIOS X, RADIOATIVIDADE
O descobrimento, em 1895, dos raios X por W. C. Riintgcn ( 1845-
1923) abriu amplas perspectivas para a física do século XX. Niio
tardaram a seguir-se as sensacionais descobertas das chamadas suhs-
tâncias radioativas por Henri Becqucrel ( 1852-1908) e por Pierre
e Marie Curie, bem assim como a do eletrônio por J. J. Thomson,
em 1897. la o átomo perder a sua suposta inclcstrutihilidade fun-
damental e estava prestes a realizar-se a transmutaç;in dos elemen-
tos, sonho imemorial dos al<tt1imistas.
J<'ig. iíS ·- CllltVAS IJJ,; l.JIST!Ullll!ÇÃO Jrn J!;NEHGIA ])!~ llM •·CORPO
NEGIW" BM DIFEHENTES TEMPmlATUHAS. (kdenâ<laH, intensidade
ile ratliuçào; ahsci1<sas, comprimentos ele oncla; k, temp<'raf nra absoluta:
=
!J. 11,1101 mm. Seg1111<10 11111!, FJ!t:11w11/11r11 s111T<'y of Mt><ll'n, l'h11si,·s, I•'i~. •1-n.
Essa lei geral <la energia radiante, que pela s11a importância foi
comparada à teoria atômica de Dalton, mostrou ter amplas aplica-
ções e exerceu grande influência no extraordinário desenvolvimento
da física teórica observado em anos rcccn tes.
_.\ teoria mnclerna clns ga,:;es m1sce11 ... quando Joule caknlou, em 1S5í,
a vel{Jcidacle com qne nma 11artfcnla ele hidrngênio ... <leve mover-se, su-
pondo-se l)lle essa 1>ressão atnwsférica seja equililJra,la 11elo movimento
retillneo e pelo choque elas su11ostas partlculas 1le gás entre si e contra
as parecles elo recipiente que a;; contém. Sicnificava isso que as idéias
atômicas sõbre a matéria estavam Hendn levadas verdadeiramente a sério,
,, não apenus admitidas simhi,li<:ameut.,, ,·c:mn faziam l'S qu[mkos. --
:l!Imz, J, H4.
O papel 1:ec!sil·o eoulie, c·nm eJ'eltll, it teoria cinétíea cios gases, qne ...
havia lntrocluzldo conceitos lnteira111entc novos, mc,;trandn como a pres-
são estática dos gases e vapores pocle ijer explicacla pela hi1>ótese tle um
movimento desordenado e rapidlssim,., de ,liminntas partícula~,· cm tôclas
as direções JH>Í''31veis. - l\It:llZ, I 1, 5G.
O CONCEITO DE RNHRC;/.,1
Creio ter provado acima que a meneio11a1la lei não contraria nenhum
cios fatos conhecidos da ciência natural, mas, pelo contrário, é confir-
mada ele forma notável por grande mímero clêles. Tentei enumerar ele
modo tão completo quanto possível as conseqíiênclas resultantes da com-
binação de outras leis ela natureza e os novo;; experlmeutrn que requerem
para ser confirmadas. O objetivo desta inve1:1tlgação, e ao mesmo tempo
escusa para o que ela tem ele hipotético, era explicar aos cientistas a. im-
portância teórica e prática ·ela lei, cuja verificação completa hem pocle
ser consiclerada um cios principais problemas da ff;;ica no futuro próximo.
3:í2 SEll(;WICK, TYLER & BWELOIV
J)JSS!l'.IÇ.W DA Fi\'HRGIA
A QVÍtlllCA MODERNA
ESTRUTURA QUJMICA
TERMODINA!ll/CA: GIBBS
CRISTAIS P!EZELÉTRICOS
BIBLIOCfL-\F'IA
3GO
IIISTÚl!IA Ili\ l"ll'Nl'L\
A UNIFICAÇ,W DA BIOLOGIA
BIOFíSIC:I E BIOQCÍ!l1ICA
A ENERGIA DA VIDA
CATAUSE
O MEIO INTERNO
Fig. 59. - -- SEÇ.1-0 JJI~ U!\1 A CAHTILAC:E M e:Vl CH!~S f'. Dll!:~TO, MOS -
TRANDO .AS CÉL ULAS COM OS Sl~US NúC:Ll~OS. r·"· r·urtilag.em .caki-
ficàtla; r·o', cal cificação em .início; 11. pericônurio, c111·01t úr io ,ele .tecidA
fihrn so . .-\ umeuto :l50 vêz i s. Seg und o V irch ow, CellularJ)a/lrolo!]ie, 18511,
I'- :no.
PROGRESSOS DA HOTANICA
Erigindo ;1 morfologia cm critério ela classificação, A. P. ele C:rn-
dolle ( 1778-18·11) lançou os fundamentos da botânica sistemátic;1.
Entrementes, Konrad Sprengel (1750-1816) realizava brilhantes
pesquisas, em 1812, sôbre a reprodução das plantas, mostrando ser
a polinização cruzada o processo mais geral; ao mesmo tempo, fa-
zia ver a importância do papel desempenhado pelos insetos nesse
processo. Simultâneamente, T. A. Knight (1759-1838) estudava
os movimentos das plantas, expondo em 1806 e 1810 a relação dês-
ses movimentos para com a gravidade ( fôrça centrífuga) e para
com a umidade.
Com o .aperfeiçoamento do microscópio, maior foi o nllmero
tle pesquisadores que se dedicaram a estudar a estrutura interna
<las plantas. Em 1831 Robert Brown acompanhou o desenvolvi-
mento do tubo polínico até o saco embrionário, e o matemático
italiano G. B. Amici complcto11 a descrição do processo cm 1842
e 1845, derrÍÕnstrando, no saco l'mhrionário, a existC-ncia dl' 11111
óvulo que era fecundado por um "fluido'' dcsprcndiclci ela extrl'mÍ-
dade do tubo polínico. Os órgãos sexuais dos fetos foram desco-
bertos por S111ni11ski em 1848. Dos numerosos pesquisadores da
anaton,ia e ela histologia vegetal l'lltre 1830 e 1850, von Mohl e
Nagcli sobressaem not;'1vel111cnte aos demais. Von Mohl estudou
o desenvolvimento dos elementos histológicos a partir das células
e sua A Célula, Vegetal, publicada em 1851, permaneceu por mui-
to tempo um manual clássico. Nageli não só estudou a histologia
das plantas superiores mas foi o primeiro a pesquisar a morfologi;1
t· a anatomia das algas, com o intuito de classificá-las.
O mais famoso botânico dêsse período foi Wilhelm llofmcistn
1.1824-77). Iniciou seus trabalhos em 1840, acompanhando o de-
senvolvimento do embrião das plantas fanerógamas, desde o óvulo
não fecundado, no saco embrionário, até o embrião em repouso, na
semente, e confirmou as observações de Rohert Brown e Amici.
Segue-se uma série de monografias ( 1849-57) sôbre várias espécies
de musgos, fetos, coníferas e suas semelhantes, mostrando Hofmeís-
ter em tôdas elas (I 851) o alternar-se da geração sexuada e da
assexuada, cada uma das quais parte de uma célula única. Esta-
372 S1-:l)(;WICK, TYLER & llH;ELOW
trava ali que os estratos podem ser identificados pelos fósseis que
contêm e que êsses fósseis não são encontrados cm outros estratos,
quer acima quer abaixo.
Surgiu então, na geologia, um dêsscs grandes generalizadores tão
necessários são ao progresso de qualquer ciência. Embora familia-
rizado com a obra dos seus predecessores, Charles Lyell ( 1797-1875)
.aceitava a idéia da uniformidade dos processos geológicos - isto é,
a de que os mesmos processos atualmente em atividade na terra, e
só êles, do mesmo modo e com a mesma fôrça, têm agido através
de tôda a história passada. Sua grande obra, Princípios de Geolo-
gia, apareceu em três volumes publicados sucessivamente em 1830,
1832 e 1833, distinguindo-se principalmente pela natureza das pro-
vas aduzidas em matéria de depósitos fossilíferos. As obras de
Lyell, lógicas, claras e interessantes, vibraram um golpe mortal na
doutrina catastrófica de que Cuvier foi o último grande expoente.
A erosão de altas montanhas até reduzi-las ao nível do mar, o depó-
sito de muitas centenas de metros de lama e areia formadoras de
rochas, exigiam períodos enormes de tempo. Esta concepção do tem-
po como fator essencial na história da terra preparou o caminho
para a teoria evolucionista de Darwin.
A sucessão dos estratos e seus fósseis estava já bastante bem
conhecida, desde os veios de carvão da (irã-Ilretanha até o "velho
arenito vermelho" do Paleozóico Médio, quando Rodcrick Murch-
ison (1792-1871) e Adam Sedgwick ( I 785-1873) começaram, cm 1831,
a estudar as rochas mais antigas de Gales e do Shropshire. Foi essa
agreste região, outrora chamada Câmhria, que muito apropriadamen-
te deu seu nome às camadas iniciais do Paleozóico. O estudo mi-
nucioso de outras rochas ainda mais antigas foi iniciado por William
Logan ( 1798-1875), o primeiro diretor do Serviço de Investigações
Geológicas do Canadá. Descobriu êle, debaixo das mais antigas ca-
madas paleozóicas, uma grande espessura de rochas cristalinas onde
encontrou indícios de formações originais e, convem:ido de que se
tratava de depósitos sedimentares muitíssimo alterados, concluiu
pela existência anterior de uma terra da qual êsscs sedimentos ti.!•
riam sido retirados por erosão. ·
Tinha-se suposto que os matacõcs superficiais esparsos e os se-
dimentos não consolidados que a êles se associam houvessem sido
transportados pelo dilúvio de Noé 011 por gelos flutuantes desde o
seu ponto de origem, evidentemente, distante. Foi Louis Agassiz
(1807-73 ), já famoso pelos seus brilhantes estudos sôbre a histó-
ria dos peixes fósseis, quem provou que os blocos eráticos não podiam
dever-se a uma inundação, sendo, pelo contrário, ohra de geleiras.
Em 1837 demonstrou êle, pela distribuição dos blocos erráticos pro-
venientes dos Alpes, por sôbre as planícies situadas a oeste e os
.17-l- SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
MO/JIF/CAÇõES INTRODUZIDAS
NA TEORIA DARWINIANA
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l'ITAMINAS E HORMôNIOS
Nos inícios do século XIX a ciência como tal não ex:st1a, quer
sob a forma de um ramo de conhecimentos, quer de uma disciplina
especial - e muito menos como uma preparação para a vida prá-
tica. A matemática, tida em grande estima por causa, mormente,
de sua antiga origem e associações históricas, assim como a filoso-
fia natural, tinham uma aceitação limitada, e o têrmo "ciência" signi-
ficava naquele tempo pouco mais que saber ou erudição. Entretan-
to, o século XVII f havia lançado as sementes da ciência e o século
XIX hem depressa começou a colhêr os frutos. Antes de 1850, es-
colas destinadas exclusivamente ao ensino das ciências tinham sido
fundadas, tanto dentro como fora dos velhos colégios e universida-
des. Novas sociedades e academias consagradas ao fomento e ao
progresso da ciência não tardaram a surgir; cursos ele ciência foram
instituídos cm algumas escolas públicas; reservaram-se fundos para
pesquisas científicas e milhares de estudantes entusiastas começa-
ram a preferir a ciência, e especialmente a ciência aplicada, à velha
crndiç;io "clássica." Nesse Ínterim, as maravilhosas conquistas da
invenção e da indústria haviam prendido o interêsse e a atenção pú-
blicos, de modo que ao iniciar-se o século XX nenhum ramo de
conhecimento gozava de mais estima do que a ciência, tanto em si
mesma como na qualidade de preparação para uma existência útil
na sociedade contemporânea.
Quando voltamos os olhos para o século XIX, notamos um
grande desenvolvimento da ciência em conjunto. A cada nova des-
coberta surgia uma legião de estudiosos para ensaiar-lhe as conse-
q uencias. À medida que novos métodos e instrumentos melhores se
tornavam disponíveis, um número cada vez maior de pesquisadores
enrrava na liça e a especialização ia aumentando. O progresso foi-
se convertendo num desenvolvimento gradual de idéias, alimentado
por pequenos acréscimos de conhecimentos, ;;té que, pelos fins do
século, eram raros os descobrimentos importantes que pudessem ser
atribuídos a um só homem. Quanto ao progresso teórico, passou
a depender com mais freqüência da penetração crítica e da capaci-
dade de generalizar com base nos trabalhos de outros investigadores.
As chaves mestras da ciência, hoje usadas cm tôda parte para
ganhar acesso aos problemas do cosmos, são: 1.0 , os princípios da
matemática, que iniciam a humanidade nos mistérios das relações
numéricas e espaciais - o esqueleto abstrato da ciência; e 2. 0 , os
princípios de evolução e de energia, que revelam pelo menos alguns
dentre os segredos da forma e da função, não somente da terra com
suas plantas e animais, senão também do próprio céu; um pouco
dessas fôrças prodigiosas que operam no universo e da sua atuação
orden:ida; um pouco dessa energia aparentemente infinita e eterna
que, embora em constante mutação, jamais se perde; um pouco
( muito pouco, por ora) da natureza e dos processos da Yida.
HIBL!Ot:HAFIA
ral dívida é grande. Para ilustrar &sse Íato basra mencionar alguns
,·xemplos, tais como os serviços prestados pela bússola às ciências
.fa geografia, da navegação e da agrimensura; pelo telescópio e pelo
cronômetro à astronomia; pelo microscópio à biologia; pela bomba
aspirante ;1 física, e pdo ábaco e pelos algarismos arábicos i1 arit-
mética.
Entre os inventos mais not;Íveis do sél:11!0 XIX co11la111-se a
l<Jcolllotiva, o navio a yapor, o fosforo de fricção, a máquina de cos-
rnra, a pena de aço, o telégrafo, o telefone e o fonógrafo; as máqui-
nas economizadoras de trabalho; os explosivos e o motor de comhus-
r;io interna com sua numerosa prole ( automóveis, aviões, lanchas a
gasolina etc.) .
c1ue ambos êsses explosivos eram fontes de energia muito mais abun-
dantes e poderosas do que a pólvora comum. Foi, entretanto, Al-
fred Nobel, um engenheiro sueco, que depois de misturar pólvora
com nitroglicerina deu à primeira o primeiro uso prático na ruptu-
ra de rochas. Foi também Nobel que, em 1867, tornou a nitro•
glicerina menos perigosa enfraquecendo-a com substâncias inertes
tais como a terra silicosa - misturas a que deu o nome ele dina-
mite () ).
A prod11ç;io e utilização de fôrça motriz procedente de fontes
gravitacionais, tal como a fôrça hidráulica e a fôrça eúlia, remonta
aos tempos mais primitivos, sendo antiquíssima a origem dos navios
a vela, azenhas e moinhos de vento. A fôrça motriz extraída de
matérias combustíveis inicia-se com Newcomen, Watt e a máquina
a vapor. A energia elétrica é nos nossos dias extraída, sobretudo
indiretamente, de fontes gravitacionais (hidráulica) e químicas
( combustíveis).
:I MAQUINA 1I VAPOR
O DESCAROÇADOR DE AT,GOD.W
'J'RAÇíO A VAl'Ok
()s k1rcos e navios movidos pela ÍÍ,r\·a h11mana 011 pelo vento tê111
&ido usados descll' tempos imemoriais, e o sistema de trilhos parale-
los para vdculos de rodas, movidos por tração animal ou pela gravi-
dade, era conhecido antes do aparecimento da locomotiva a vapor.
() harco e o veículo a vapor surgiram no comêt;o do sc'.:rnlo XI X -· . -
e mesmo antes, no caso do segundo mencionado.
O primeiro barco a vapor que deu resultados práticos era um
rebocador, o Charlotte Dundas, construído e usado na Escócia por
Symmington cm 1802, para o serviço de reboque nos canais. O pri-
meiro barco a vapor que teve êxito comercial foi o Clcr111011/. de l-\1l-
ton, usado no } ludson em 1807. A prin;icira máquina a vapor que
se moveu sôbrc rodas parece ter sido a de Cugnot, na França, cm
1769. A primeira que correu sôbre trilhos foi a de Trcvithick, em
1804, adaptada aos trilhos cm que corriam veículos puxados por
cavalos. Essa m,Í<p1ina também expelia o Yapor servido por uma
chaminé a fim de auxiliar a tiragem da fornalha - 11111 dispositi\·o
de fundamental importância no desenvolvimento ulterior da locomo-
tiva. A primeira locomotiva que teve êxito prático foi a Rockct
( foguete), de Stephenson ( 1829).
O desenvolvirncntü da locomotiva, tornando-a um veículo de
tração mais eficiente, permitiu uma velocidade maior e trens mais
longos e pesados, ele modo que acabou tornando-se difícil controlar-
lhes o movimento adquirido com os freios manuais então cm uso.
Essa dificuldade foi afastada por George Wcstinghouse Jónior com a
invenção ( 1869) de uma forma simples de freio de ar comprimido que
se acionava da locomotiva. A invenção, por êle feita cm 1872, do
freio automático de ar comprimido com a sua tripla válvula situa-
da em cada vagão mas também acionada da locomotiva, é um acon-
tecimento de alta importância na história da engenharia ferroviária.
1\tendendo às necessidades provocadas pela velocidade cada vez
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 39')
. 1 MA(}U!N.I DH C:OSTUR.I
A FOTOGRAFIA
A ANESTESIA E O OFTALMOSCóPIO
A ánestcsia nas operações dentárias foi introduzida, senão desco-
hcrta, por Vlclls, dentista de Hartford, estado de Connecticut, o
HISTÓRIA DA CIÊNCIA 401
A BORRACHA
O FONôGRAFO
:l UN0T/P0
OS CORAA'Tl\.':i DE ANILINA
A anilina começou a ser extraída do índigo, em 1826, por O. Un-
veerdorben, que a denominou "cristalina." Em 1834 F. Runge ob-
1cvc uma substância semelhante partindo do alcatrão de hulha; e
em 1840 C. J. Fritzsche extr:aiu do índigo, ou anil, um óleo a que
chamou "anilina." A. W. Hofmann, do Royal College of Chemis-
try, de Londres, provou que essas substâncias eram idênticas. (l
papel comercial da anilina na indústria dos corantes data do desco-
hrimento da púrpura de anilina, em 1856, por W. H. Perkin, então
assistente no laboratório de pesquisas de Hofmann. Foi ela o pri-
meiro membro da notável família dos corantes de anilina, hoje tão
conhecidos, e a precursora da vastíssima indústria de corantes dos
nossos clias.
HISTÓRIA DA Clf:NCIA 40í
ll lBLIO< :HAI<'I A
Calenclúrio d vil
dos eJ!;lpcios
I', :1500 ~Jscrita í<leográfi-
ca na Suméria (', :131;0 O ~~gilo é unifita-
<lo por Menes
I', :liJflÜ A escrita t'Hnei- I'. 2H511 Primeira dinastia
ftlrme atinge seu ele Ur
pleno clesenvol-
vimento
Os hieróglifos al-
<:auçarn a forma
u definitiva
Imhote1l,
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409
410 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
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Arquimedes :?94 Museu e hiblil>le-
ca de Alexan:lrli1
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e·. 285 Teócrilo
283 Farol de Alexan-
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fl. ,·. 280 Aristare·o ~80 Colosso de Hode~
269 Primeira eunha-
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412 SEDGWICK, TYLER & BIGELOW
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<le Pana111i1 it na-
vegaçfio
1
iNDICE ALFABÉTICO-REMISSIVO
Ahácidai;, dinastia cios, 161. Ãlgehra, 128, llW, líi2, 181, 230, 235.
,i.hacos, 24, 37, 148, 154, 184. - ·hahilõnlca, 21.
A heln relo, 175. -- simhólica, 237.
Ahulcassis, 168. Al-llazen, l 64.
Acndemia de Atenas, 67, 154. Alkayami, v. Omar Khayyam.
Academia de Berlim, 254. •4.lmagesto, 124, 164, 178, 185, 197.
Aeatlemia de Ciência~, 251. 232.
. \t:ademia dei Cimento, 25:l, 2lill. Allman. U . .J., 4!1 .
Acatle111ia dei Lincei, 253. .-'llquimia, 71. 76, J:l2, 166,181, 186.
.-\caro ria sarna, 1BS. Alternação e genu;fto, 371, 37!J~
At;o, 4117. Al11mí11io, 411-l.
Acirntica, 247, 305. Amenemhet, .18:
A(lams, .John Couch, 336. Amici, e:. H., 371.
Adtlison Thomas, :mi. Ampere, A. l\J., :l4G.
Aécio de Amida, 153. Amílise espectral, 345.
A[onsinas, Tábuas, 178, l!J7. A11alilico, método - , tl8.
Afonso X, 178. Anatomia, 28, 29, 51, 58, 68, 83,
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Agostinho, Santo, 149, 152. . - 1·1l!npararla, :l65.
•-\gr(cola, Gearg, 220. Anux,igoras, a5, 58, 140 .
Agrkultnra, maquinaria da, 401. ..A11axin1a1uJro, a5, 40, 41, 58.
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Alexa111lre de Trnlles, 15:1 }\ 1·, ~-1:L ~!IH, ::01 .
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Alfabeto, 11. Arngo, 277, 2!11. 411:J.
Algi1 rirn10, 163- At·co-fl'ii;;, 285.
,\lg-al'isn10K ariibit:oH, 15:1, 1:,7, 170, .'\rrl11i1111. tl., :!II.
171. 181. A renúrlo, 1011.
- cuneiformes, 15, .20. Armilar, circulo, 12·1.
--· egípcios, 15. An111imedes, n5, 100, 102, 10::, 108,
-- gregos. 36. 110. 152, 197. 21~ 24~ 271.
-- snmerianos arcaicos, 1 14. An111itnB, IH, íl.
-!26 JIISTÓRJA DA CIÊNCIA
- cti~mico, -16, 50, 2i0, 280, :l4S, Franklin. Benjamin, :tos, ;;7r,_
349. 1''raunhofer, .Joseph, 345.
Euclides, 46, 47, 90, 93, 9-1, 1u:J Frederico II. irnperadpr, l 88, l !l:!.
152, 185, 249. Fred1cdco II, 1·ei, 207.
J<;udemo de Alexandria, 11-1. Fresnel, ,\ .J , ::4-1.
Eudemo de Rodes, 33. Frontino. 13S.
Eudoxo, 73. Ji"ttclts: Leonnrcl, 2~5.
Euler, Leonhai·d, 276, :1(15, H22. l~ungos, 380.
Eustachius, Ba·rtolomeu, 223. J?unk, Caslmir, 390.
F.:vans, Arthur, 9. l•'iigr•hel, íl. C.. 311.
Evolu,;ão, 5!1, 150, 16!1, 33i, 34~. J,'m,t, vcj:,. Faust.
366, 375. íl:J.Jeno, 113, 145, Já(), 163, 187.
J,"abricius, Hieronymus, 222, 255 220, 221, 2fi4.
256. <:alilen, rns, 214, 226, 232, 242,
Hihie, J ..J., 216, 218, 248. 219, 25:1, 257, 261, 262, 278, 280.
Fahrenheit, D. G., 30G. Oalton, F·rancis, 386.
Falrbanks, ,Arthur, 41. Ualvani, I.ui:;i, :100.
Fallopius, Gabriel, 222. llama, V:,sC'o da, 196. 197.
J<'araday, Michael, 340, 34G, 3li, UatnP.f a, :!88.
349, 357, 403. Clarriaon, F. H., 221.
1''aust, Johann, 192. (l:is, 26·1. 2H9.
1''ehre amarela, 385. de ilnminaçiio, :117, :rn9.
Fermat, Pierre ele, 107, Hi4, l~o. •·-, lr,oria do, :151.
275, 277. C:auss. e. 1''., :132, :i:H, :i:rn.
Ferml:ntação, 381. n,~?wr. 1!HL
Ferrari, 235, 236. fleikie, Archihald, :1, :no.
Ferro, Sclpione dai, 235. <lêmino rle Hocles, 3-1, 86.
· J?ertll!zação do ôvo, 314, 371, :mi;_ C:-'?uét~ca, ;Js6, :rnn.
1''ibonacci, 17!!, 184, 188. Geoffroy, Étienne-François, ::02.
Filogenia, 378. (1.,offroy St. Hil'.li1·.;. Éticnne, 3r,~.
Filolau, 59, 85. :.1H7.
1"ilosofia, 67, 252, 267. c:,,ografi.,, !i8, 10-1, 127. 1-11, 1-1~
l•'i!osofia estóica, 116. 110, rn1.
J<'inalista, teoria, 169, 182, :lGi. c:eologia, 58, 141. J.12, 224. a10,
:wischer, l~mll, 356. 311, ,l72.
F!sica, 164, 263. Geometria analitica, 96, 97, JíJ,,
--- matemática, •18, 339. 2li7.
-- moderna, 342. - n rl.{}:f 1ca, ~~:; 1.
-- •·e11aH!lmento ela, 228. iJabiiônka, 21, ~~
Fisiologia, 29, 58, 83, lH, 1 l~. --- ele projeções, 273.
221, 260, 315, 362. •·-· êgíp<:Ja, 25. ·
- elas plantas, 298, :;14. - grega, :17, 4fi, H3.
1''izean, A. H. r~., 34-1. - •· hclenf:s!lca, 91, 9:l.
l<'lemming, Walther, 386. 111io-Pnclicll-:11m, 334.
Flogt·sto, 2G5, 303. c;eru,;ão espoutânea, 8:1, 257, :ll 1,
Fluxões, o método das, 284, 289. 37:f. 380, 351.
Fonó~rafo, 404. Geraldo de Cremnna, 187, 189.
Fonta na, Nicolõ, veja Tartaglia, (;i,rl,ert rlc Aurlllac, 164.
235. (;esuer, Cn:,ra,d, 224.
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\'apor, 306. Whileheacl. A. N., a2, :n, 268.
\'arlofa, 167, :!Ili. Whitney, Eli, 317, 3!18.
Velocidade, 34-1. Wledemann, K, 164, 165.
Vesalius, Anclreas, 147, 220, 254. Wien, W., 349, 350.
Vespúcio, l!l7. Williaurn, F. H., 384.
Vii•!<', !•'., 2!17. Wühler, l•'rieclrlch. :!r.ti. :lG0-61.
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\'irchow, Rudolí. :n 1.
Wnllaston. W. ll., 34fi, :l:ií.
\'isão, 21:;, 227.
Vitalismo, 83, 264. 265. Woodward, R. S., :!3!1.
\Voulley, C. !,., !l.
Vitaminas. 38!1, 3!lO.
Vitrúvio, 138, H4. \Vren, Christopher, ~Sl.
Vlac:q, A«lrlm•n. 212. Xentil'anes. 224.
\·111ta. All'~sa11<1ro, ::on. Yunng, Thomas, !I, 3H, 351.
Vollàirc, 88. Zenon ele Eléla. 6•1.
Vries, Hugo 1le, :177. 38S. Zero, 12:i. 157, lfi9.
V11lcanim110, :.8. 142. Zodf,Jco, 1!J.
Wagner, Moritz. :n,. Zoolngiu, fil, li:!. 82, 2:!4, :112.
Wafte. M. li .. ::s!í. Z<islmo, 13:L
Wul<IPyer, \\'., :!Sli. Z11hr. 1h11, J(lg_
FUNDO DE CULTURA GERAL
)[ O G H E N
MARAVILHAS DA MATEMATICA
Influência e ·Função tia l\:fatemá-
tica nos Conhecimentos Humanos
LANCELOT JIOGBEN
1 vl. in-4. 0 , com 715 págs., 199 gravuras e índice analítico
Tradução de PAULO MOREIRA DA SILVA
Esta cbra original mostra o quanto é fácil dominar a matemática.
Pela primeira vez, o assunto é tratado simplesmente como uma linguagem,
a linguagem das grandezas, isto é, de tudo aquilo que ocupa um lugar no
espaço. Aprendendo-se tão sômente a traduzir essa linguagell), tôdas as
fórmulas matemáticas correspondentes, por difíceis que pareçam, tornam-
se simples frases que exprimem fatos. Tida geralmente como um assunto
árido, a matemática se torna fascinante e viva nestas páginas, principal-
mente quando a Vl'mos ligada às coisas realizadas pelo homem. Assim, uma
vez compreendidas as regras essencialmente simples que governam os pro-
dutos de nossa Moderna Idade da Máquina, já não os consideraremos como
criações mágicas que infundem um certo mêdo. Ao contrário, serão apenas
idéias concretas na linguagem das grandezas. O livro mostra como a ma-
temática tem uma importância vital para o futuro de cada um de nós e
para o progresso de todos. Indica, finalmente, qual o uso que se poderá
fazer da matemática para resolver as grandes questões sociais dos nossos
dias. (Para melhor compreensão do texto, esta tradução brasileira, revi-
sada por um grupo d técnicos, foi acrescida de exemplos astronômicos re-
ferentes ao nosso hemisfério).
ÍNDICE RESUMIDO: /. Matemá1ica, Espelho da Civilização. li. -
Primeiros Passos na Arte de Medir ou a Matemática na Pré-história. III.
- A Gramática da Grandeza, da Ordem e do Número ou Como se Tra-
duz a Linguagem dos Números. IV. - Euclides sem Lágrimas ou O que
se Pode Fazer com a Geometria. V. -- Da Crise às Palavras Cruzadas ou
Os Princípios da Aritmética. VI. - As Dimensões do ·Mundo ou O que
se Pode Fazer com a Trigonometria. Vll. - A Aurora do Nada ou As
Origens da Algebra. Vil/. - O Mundo em Mapa ou Triângulos Esféricos.
IX. - A Geometria da Reforma ou O que São os Gráficos. X. - A
Coletivização da Aritmética ou Como se Descobriram os Logaritmos. XI.
- A Aritmética da Forma e do Crescimento ou De que Cogita,o Cálculo.
XI!. - Estatística ou Aritmética do Bem-estar Humano. - índices Esta-
r(stícoii. Epílogo na Ciência ou A Matemática e o Mundo Real. AP~NDICES:
1. - A Fó'ITlula dos Senos para a Resolução de Triângulos Esféricos. 2
- Equação da Elipse. 3. - Os que se Demonstra se n fôr Muito Grande.
4. - Demonstração Binômia da Propriedade Exponencial. - Tábuas.
Respostas a Alguns~- Exercícios.
MARAVILI-IAS DA BIOLOGIA
A Ciência dos Sêrcs Vivos
RALPH C. BENEDICT
Professor de Biologia 110 Brooklyn College
WARREN W. KNOX
Diretor do Ensino Secundário do l:'.~tado d~ New Yorh
GEORGE K. STONE
Ex-Professor ele Ciência na Edgem 111 Sd100I
o HOMEM E A crnNCIA
2 vfs .. com 1.200 págs. e 480 gravuras
LANCELOT HOGBEN
Esta obra. de concepção originalíssima, estuda o desenvolvimento da
.ciência em função do desenvolvimento social. desde a pré-história até os
nossos dias. Os princípios científicos são expostos na ordem histórica, à
medida que foram sendo estabelecidos. Os diversos ramos de conhecimento
não são encarados pelo Autor como compartimentos estanques, senão co•
mo soluções aos problemas de técnica criados pela evolução social. O leitor
fica portanto com um conhecimento sólido, vivo, de tudo quanto a ciência
realizou e, o que é mais, dos motivos por que precisou realizá-lo e quais '
os meios que empregou. Por exemplo: antes de enunciar as Leis Newto•
nianas da Gravitação, o Autor aponta-lhe~ a origem histórica em certos
problemas que a artilharia do século XVI teve de enfrentar. Dentro
dêsse critério são examinadas e expostas tôdas as conquistas humanas no
campo da ciência.
Primeiro Volume
Segundo V o lume
.... _
~
EDIÇÃO 1459: A -
.
l,urn ]l\·didus frkc;rúfi.-cn, lil'sln livro Jms1n intli1:111·
o número 145§·A-i. nuh,Jlondo n llHHI' nú111e1·0 n qnuutidntle. Exemplo:
pari\ pedir 5 cxcmi\,lu.p.'R do p1·csente livro lnu1ta indicar: "Dicionário" -
Pôrto Alegre - 51459 A - Qunndo a qnantidude n. pedir fôr 10 ou mnís
t'X('Hl1'1nrc.s nilo é necei1;úrio lrm1smitír a ktrn A.
\
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