Você está na página 1de 121

l~VOl_U CAO 1

l JR 1
\.
r ·''
\ r-- 11'
.)'-- '- • .. J '""
'.
1•

1 I
) \. ./ \. y..,·11TOfl Cocu11T Rru Fn.H,..

Coit.tribu"'lo ao Estudo do E colurQ Ur·


bano do 8n1~d i a uhra de estreia d;, fh.,1,10-
TJ:1';1t P 1u:-;111" " ne i\nTJ: A11 Q111'rtrc,;1t1t t tlH •
• ..... ~.O SM O. Urn dns p ri mclr<1t r,tudos j(lhri' :1
NESTOR GOULART REIS FILHO 1uhanb;ac;i o no Hr:a:jiJ. fn1to die ~1111s" 1nln11°
c:imarnentt' donurwnliub, ~tltna·se ._,. t'j~
rialistu de 10d11 a.s ir"ª' rthcloru1doh (C)n1 a
n1atéria e, ah1d;a, 110~ lc;tou•t 1p 1t 11p1ccll1n1 .,,
m11l1 gc::nu(n<n HJb:ilhns sl\hui u n r~'ll.
Abordando ó ;1 ,~l• nto 101! urn p. ism.1 nÓ\'"
~·a.roa (..ovl ""T Rru F'U.tt(I. arq1.1Jti:to ~
IOriólogo, pót nn <"1o"iclinc1.i M problrmJ>S da
Ori~rm do prOC"nSO de 111h.inli::icio e •~ dc·for-
ma~ÕE'S q (1t 11!ndi1 hoje c 111:1Ch• dza rn 11 r~de
1uhana bMsilclra, Rev1•J,1 <11 mt~a~h1not í)ue
1c1nprt a vlncubram e sul.ordin-1r:1m âs tt'la-
<,'ÓH coloni.alJ t o modo P'lo qual a f11nn11çlo
do Bruil. como urna rtl• J:U• rd~ rural P""
o mercado urhano europco, f,11 mnprc um
l'f!imnlo par• a pr<>ct::M•c:> 1lc u1banb.açl o na
l::urap1.
Na primeira parte do livro, idt>ntifka
JOcialmeote 11m a um todos 01 prot.IJtonlsla.s
de sua hist6rit. mostnndo 11~ slq. o que
faittn, como •~em no prO«Jto de urbtnlu-
çio: nos ctnetot urbanoJ menores. com vida
lntennllenle, <ld gro.odt>s 1>rOprh:t6rios nnt b ,
llJtidos à mltr6pole. de cuja clvtliu(IO •e
con1lduam 0t Ltghlmcn representante• not
u6picos; ti0a ttnttos makwn, ot gnDÔt.t eo-
merd aot ts OI mllitarci do canrira e os f"n-
clonArios d.1 Coroa, vtrdadclrot interventor~.
ajudaodo a drl!;nlar 0 1 rccurMJ ti• ColbnJa para
llt ctd.adeJ curoptl.11, quando 11. ampllt('lo da
cultuo C*Rav~lra dehou de lnterns.11, E,
denuo disto. o urbanismo <"Ohnial ~«U-h,
')UC de miptrin• e grosseiro te u ansform.a em
ldeaUsta· e rtflnado, q uando lhe conv~m. p•r•
" ' instrumento de lnOu~ncf• no campo da
a1ltuff.
Na te~odt putt, con.M",gue teun.tr teus
penona.gtm como .at&n.de .,am drama gue se
de1otnro1.a no cenirlo dat vilas e ddades do
1~culo XVII, m11.1 qu ~ poderl•. em boi parte,
14:t represt>olldo, pelos meJTl\OJ :&gentes so·
cillfJ. no cen•rto (]il.t estrutura s urbanu do
pctJCote.
llusttado eom ddathe-s de mapas e 11a-
V'l.lr11 da 'poc•.lslc lh·ro oont1 com o 1polo
da EolTÓ.J\A tM Ul"l \ ' O\Sl bAOC 01: S. PA\fl.o,
" que atesta O vafor e a otlf(fnalidiadc d11 1u:a
contribuiç-Jo.
Contribuição ao Es tu do da

EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL


( 1500/ !720)
BIBl.IOTECA PIONEIRA DE ARTE, ARQurrETUllA E URBANISMO

Conscllw Diretor:
Ob1a 11ulJlic:ada
Prof. Jos:é Ct..Áu(1tO Coa.cu co1n a colnboração do
Prot Na-ro.R Co'-"t.Al'IT Rt:Js 1'"u.no UNIVEHSWADE DE SÃO PAULO
Pror. St11eto F EUo POWl\A

Co11.,,U.o OrienJador:
REnOll: Prof. Dr. t.vls A)fT6:-r10 DA CAMA & Sn. \'A
Prof. ll&."l'EDm> LlJ.tA D& TOL.1!00 VJCE·RrurOR en1 f'.Acrclcio:
Pror. Dr. ~tÁ100 Cut&.lAJ\ÂE$ FRl\N
Prof. l;-LÁvw ,.IOTTA
Próf. fn.v;cuoo nr. fAU l.A. DIAs. DE Á.KDl\AOe
Pror. R•JVW\IW 01W>1'lllõ l,~J?~\'TU!: EDITÔRA DA UNIVl!l\SIDADE DC SÃO rAUl.C>

Co>.nsslo crroNAL:
Presidente - Proí. Dr. ~titio Cufnlaries f'mi
(Faculdode de Fllooofl•. Ci<!ncias e Ldm). Mcm·
bros: Prof. Dr. A. Brito da Omha ( Facu)dade de
F11osofia, C".&du " l~tras), Prof. Dr. Carlos dJ
SiJv.1 U.cai ( Facu1d11dt de ~fediein;i >.
ProL 01.
~ligud Re:ale (Faculd•dc de Dlieito) , e ProL J)r.
Pérsio do Souza S.1nto1 (Escalo PolitécniC'a ).
Nestor Goularl Reis filho

Contribuição ao Estudo da

EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL


(.1500/1720)

LIVHAillA PIONEIRA t::D IT ôHA


EDITÔRA OA UNJVEUSWADE DE s.~o f'A\,lU)
s .: \o PAUi.O
C'1JM 4~
M.huo T.A.o.uuu

19 68

Todm at dfreltos resnood-Os ,>or

ENJO MATHE:US CVAZZELLJ & CIA. LTOA.


H113 15 d e Now~ulbro, 228 - •f.0 untklr, sala •f l2
lele-(ono 3-'.3-5421 - São P:tl•lo

,\ memória de meu pai


hnp~ "º Dnu:U
/ti111(d ln 8111:il
O JJre.J(ltlf.ff trobnlli<> f1>i elal)r'1odo ''ª'ª ser (IJJU."se.ntatlQ rtuuo te.te 110
concurso de lir.;1e·doch1cla da Cadeira de }lfatúritt chi Arqu1Jet 11ra III. d4
Ft1ctd<lade de Arqttlletura e Vrbat1in1w fio Unioer.ndade de sao J>aizlo, cm 196·1.
Co1n élc r1rQC1tr()tJ·Re contrib1Ur fKlfa o conl1eciroe11to .tisletnático do vro·
te:ss<> de tuban(zaçõo no 8rt1sil colo11i<1l e, ntra1;ié.t diste, para o conhcci111e.'1ll1>
d-OJ t>rincipah dewrn~in1111tc.3 da A1quft.e,ura urbano oolon~•l.
Con1 nlgunw.t 111odificoçciC1, QJKlrCCe agora corno lioro. Co1n o& alternçVe-s
l11trodu.::.i<W.1. 111t:Wndeit1o.t or>rnt.'eitar a ooliosa a 1wriêre ciQ ol<:ançrtda (:(Hn at
crítlCD.$ dot Ilustres profcssdr(,)$ Po11lo F. S<111Jos, A1oldo de Azcl>t'<Ú>. Dirceu
Lino de Alotfos, S~r4i<> R1u11que rie Holanda e I::urír.HJ<le.s Si1111i(.'-t 1le p,,111<1,
co1n11011crtte.t da banca exnn1i11adora e, ein algtois ponJO$, tontnr nwls cla10
a ertioslção. Coni o metn10 obietioô, forn111 '1Cf4'!$Ct111tados algun1a,t ilu.straçôe$,
na fKJrte 4'e/ercnt.ff tl orga11t-:açác.) esfJtU;(al, e intr()duz.ida um ca-pÍ!ulo fitais
extenso <le co11ch1.WC$.
:Verta Ol'Crlunidacle, cle$e;n1110$ rc~ittrar nos.M tecd11hecinte11to ao.s intc·
gr(l11.tés <ÜI bo11cr1 e a nquP./e-$ que dfreta e iudJ.r(.1u111ente c<>11trib11ir<u11
t (lt/()fJ.

riara cSla f1e$11ttistl - realizada 110 qurulro e(6 111n vrog1u111a .s11b1~nt'·it11tndo,
ein 11wls de unia 011ort11nid<1de, velei Fu11da<:ifO tle AttlJJat() tl Pe&qttlta do
E~111do ,Jt s,10 Pnulr} - 111i11cl1)(1l111e11tc OO$ a~quitctos e cic11tistus soci(li.1 d"
VcpaftltnumU; ele l-li.s161ia d'-J Foc11Idadc 1/1; Arquitetura r. Urlw11(t111'l, l/J!.ad1)f
aa.t n d.SStJS 1>rogrunw&- é.e iralxd/i(I. J>clc1s c rítit'<l.'t e t)(.'lo coor1oPrr1ç1;0 n(I f"i;i\Tio
dtJS QriHfru1 ts, de )tt1111y ~1uffnw1111, }!faria R1ttl1 SamJmW, Mo<lr,go Lcfêt;l't'.
lJenedito Li11w de 'J'oledo e Jl.'Mé F1a11cisco Otiitioo ,Lo$ S<l11lQS, «<titi f•'t ,.Jtl
11Q.~.ws t11!radecinu:1ll()$. ~fti'11Ct1<1 f1$/)f'tCitJl
dmut ser feita aos 110111c.t de l.ounlcv
Clii<tradia, t\11a i'faria Q11it-i110 dos Saritos. i'-!11rju Jrc11e F. $;;1111(.'c.wi11y, e G(!(Jrt'·
tudo u Rehe«z Srlu:rer e 'fo.1c•'de Ptttaru'l, rJeM}tti.s1ul1l1as cncanee<1dt1s d<!sle s<:f111,
cujti cOl(;b-010(""Íó foi, $(!11'1 1ftíçirl1t, fundomeutal clt111·111te t otlc> (l d<".n'111~(•fi;lmrn111
M.s tuJb<1ll1<>s.
1ND1CE

I NTRODUÇÃO • . ••• .. • . ••• , • , • , •• , •• , , , • , . , , ••• , • •• , • , • . 15

PR I MEIRA PARTE

1 Capítulo I - O .!IUTDfA SOCíAT. DA CQr.ôN1,o,

1 - Organizaçr.o rwlftlco-adtt1ir1i.ttratloo
2 - Organlzaç6o econlJnaú:a e ettrati(icoçdQ
1 social 38
Capíhdo II - A l'OLÍ'J'ICA VRll-A~tlAOOL~A GG

. Capítulo Ili - A ntne tmBANA • •• • •• • • • • , ••••• • • • , • , , • 78

SECUNUA PAHTE

Ca1)itulo 1 - Os Nirct.F.OS tlRRANOS ••••• • • • • • • • •••• , • • 91


l - A d4·1>en(io • •••• •· • • •· • ····· · · · · !J2
Z - A ce-ntroli::.ação • , • . . • . . . . 102.
Ca1)ítulo J1 - A OBC ANJ7.AÇÁ(I USl'ACIAJ.. oos NÚCJ..OOS lin-
lL\SO$

l - O crcsc:imc11to das n1lclem . . . . . . . 1 12:


2 - Elenumto.t da (J1ga11i:-A(.'IÍtl <%f)dCir1l , • • . 122

Co~CLUSÔE!I ••• ,, ,, ,,• ,, ,, ,, •, • ,, • , 18~

APi:.-...so . . • . • , , • , • , , , , , , , , • , , • . • . 189
23L
Introdu çã o

~"'M ''OS DfU.tO~STRAB <1ue ª'


fonnatões urbanas hra.,ilNr.1~
devem ser objelo de interêsse científi(.<0; f1ut n:io ronslitue1n 1111)
conjunto de dados nleAt6rios mos s5o pnrtc de- t•ma estrutura dín(l-
rnica - á rêdc urbnna - <1ue deve :.t:r cnmprccndida, qunnJo se
a lmeja o conhechuenlo c.hup.1eJas. Que e!l~O e"lr11lt1 r~1 eslá s ujeita n
um pr<>c<.-sso de origem social - proc.'l'sso de urbanizaçlo - r111<'
determina o aparecimerlto dáqueltts formações, cuja explicação exige
o conhecimento do sistema social da Coltlnia. no qual se d">t'n»0lw.
e da polltica de coloni1;1\'10 português•. 110 '"" sentido mais arnplo.
Que as relações entre a poHtica de colonlz.a~ão l" o processo dr u1·
banização exprtssrtm~sc por u1na ordc-rn cventuaJrnent.; elabomdn
em tc::oria m:•s n(-'CCSSilrinrncnlt> elnborndn 1H1 prática, que é a pol i·
tica urhnnizadora. Procura-1no~. finnln1r·ntC', otrnvés de oro h:ubnlho
cio r<.'Construçâo hi'\tóri('A, detern1inar os n1C'Cn11ismos da.s 1n1ulan<·n'
ocorridas nc»c processo, ou seja. contribuir para o conht..'Cilncnto
dos meca11isrno:s da Evolução Urbana do Brasil
Xo desen\Ol,hn<-nlo dkse t>Sttuema, os fatos urlxanos em ,t•ut
a.tpcctos espacltti.s foram tratados e;om dois nh c·is distintos. O ní,·c.-1
ntais antplo. a n".clt-. l'Omo o conjunto orclc-nndo dos ele111<:-11tcx •~p:i ..
ciais e o nível ntni~ rf!Slrito, o n1'1clt'O. COll'10 pnrccl::i ordl·nada ,. fl
unidade doqut•h· conjunto. No estudo dus n(1C'lt·os, procurou·St' tdc.:11
tificar, ainda '!UC: de• forrna s-u1nária, o n1otlu p<·lo qunl as cnrnc·lt··
rísHca.ç do$ ptíut lpni'I tjpos de t•<liflcio' <e:l.o d<'tt'rnlinada...' pl·la n1:1
neira St"gundo a qual se inserem no <1uad10 .'ioci.-1 e espacial do<1
centros trrb..nos.

E1n 1957. a gt:•ntileza de Josc" ~1arin de ..\lbuquc~r<1ot ~lc11o


coloc-ou·nos na~ 1n:lol\ \llll trabalho d<' i\ll'trio Chicó sôbre a 11rh.1·
nização pvrtug\1~<1" na l11dia. A l(•itu ra clt"SSll olnn( J) lc·vOt•·rlOll ft
< 1) Cauc6, \lf11h• T - A "cid:id o" ;J,.,.,.. ,,,,
~c,.11wi1fW1Jlo r- 1U cld.ed.., Jlf"t11.11••:.'<1111
.," IJlld14. StP•U•l11 ~ OIUC'i.i. .i.r. (l..t... K....-bf;i •h J11.1u.i. fW ~luM:.1 CC"Op11 ...... " ...
ll!l'fntip(ilO d. \;'lbs.M..u , :-."-'º ~rial. ~ 1"8.
16 EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL INTl\ OOUÇÃO 17
perceber algumas diferença. fundamentais entre a orientação que e) o condicionamento do traçado impunha-!e através d e uma
amimia aqu~le p~. e a que, segundo alguns autores, os por· conjugação das duas ahcmntiva.s antcriore5, o que noj colo-
tuguêses ha\'lam unprnmdo A urbanização no Brasi~ dura.n te todo caria, finalmente, a ne«-ssidade de compreender até que
o ptr,OOo colooial.
ponto um plano 6 lr1fcrido pelas condjções da realidndc e
Estimulados por essa constaln\•:.lo, passamos a conccntTar nossa a té que ponto a co1nunídndc cor1seguiria Ctnnpl'ir sun tra·
ntcnr.1o no assunto. O rfl'sultndo c.le uma primeira campanhn d e
dição sem ter um phlno válido coletivarnentc con.scic11tc.
lrnbalho veio acentuai: as dúvidns que haviam sido Jevantndn~. Os
principais pontos de discus.sAo podcrian\ ser resun1idos da seguinte Pnreceu-nos, portanto, que o assunto <.-Omportav:1 · nutis nnlp1ns
forma: investigações e discussõe.s, e que o material obtido d everia 11cr sub-
l - ?sestudos exJ.5tentes nem sempre distinguem etapas no metido a um tratarncuto rnetodológico, capaz de escl::uecer e~sns
de!~lvol"1mento ~rasileiro, dJversldndes regionais ou uh•cis de com· questõt-s. Procedemos, pois, a u1n amplo le\"antamcnto de d11dos
plt~tdade nas várias fonnações urbanas, reunindo, na mesma cate- de cariter histórico, iconogrMtco e a um aprofundarnc1'to de as·
goria~ ~las, cidades ou símples onaiais, o que, a ser aceito, viria pectc>< teóricos.
conttituir um exces.o de unidade para séculos de história e em Do material que pudemos recolhor, a lconogralia ' 'elo • cons-
território tão \'a.do, com atividades econômicas tão djversa; como tituir um cadastro, no D epartamento de História do Faculdade de
o for~m a agro-lndúsll'la do açúcar, o bandeirismo, a p~'CU6ria Arquitetura e Urbanismo da Uni,·crsidade de São Paulo, do qunl
ertennva e a mineração. opena.s a menor parte forneceu l'nntéri:t para t.1m catálogo que e.'\SA
2 - Algu1na$ pJnnta.s e documerHos indicavam a cdstêncin do lnst.itulçllo publicou('). Oos resultados dessa pesquisa, pnrto fo i
rnudida.ç conC'rctas, tão onUgas quanto o plano de f..,uiz Drns pnra utllizadn na elaboração d o prcstnto trnbalho, ficllndo o restanto
Salvador e ~ão amplas e detnlhndns quanto a Cartr< Régi• de Cria· parti. !er de-scnvolvjdo em etapa ulterior. E preciso dizt~r r1uf', ulnda
çno.dn ~ap1tania d e São José do Rio Negro, cm favor de uma ur· <1ue 011 resultados n que chcgn1no" tenham conly;1riado ern parte o~
bann;nçao regular. conclusões de algurl~ autorC$ que nos prececlera1n, sevj trabalho!
3 - Os tipo< de explknÇ11o correntes pareciam uuulicfentes no.s foram de grande \'aliat tanto pela documentação CjUe incluem,
para ? e<clorecimento da dfrersldadc de comportamentos dos ,·6rlos como pela seriedade com que forom elaborados.
colon17.11'!°res europeus na Aroérica e cm suas páb-ias, ou em ou- Na coleta dos dados procuramos valer-nos fundament•lmente
ll'O$ conhnmtes. de fontes pritrulrfas bibliográficas e iconográficas. fasa não foi pc>·
4 - Os pou~s autores que se haviam ocupado dos problemas rém uma tarefa sin1ples, devido à s-ua raridade. .l\o 1oes1no tempo,
urbnnos do Hras1l, cn1 sua n1njor parte situavam a formnçJo 0 evo- a natureu do material obrigou-nos A verificar com maior cuidnc.1n
luçilo urh~\nas, nos primeiros séculos, con10 obras do r1cuso. Con- ns datas originais de cada lníornlfl(~río ou evento e procurar d<.•tcr·
tu~o; 11 rego.laridade con1 q1~c certos elernentos se rcpctt nJ cn'I nos- rninnr, com clareza, os núcleos orlJnnos aos quais se referlrun, pois
sn .. 'fins e cidades, em condições determinadas, exigia, pelo menos, o.s resultados poderitnn soírcr diferenciações. scguodo tis rcgJõc.1; e
qu~ se_nbnndonasse a idéin de uni fenôrneno aleatório e forçnvn a ª" l1>ocns consideradas. Utiliznn)()11 mais an1pla1nente ('rônlc~•~ e
ace1tnçao, t3mbétn p3ra us forn1nçõl'! brasileiras. de algu1nns formas documentos publjcados pelos nrquivos púbfjcos, t.'Omo as Cnrtns
ti~ cont1ici~1~amento. Coloe<ando.sc então o problema <ln nn,lise llégias. mas principalmente a.< Ata• dns Câmaras, que abrigam n•
dt.-ue condicionamento, pod<'finm ser adt'nitidas três soluçócJ: mnis \deis infonnaçõe.s; d essas. lnn1entà,·elmente, só esllo publica·
a) o condicionamento do traçoclo impunha-se, atra,·és de uma das as de São Paulo, S.l•11dor e Ouro Prêto. É pos.h'el <1ur a
tradição, que- estaria ou não prestnte na corudência de utili1aç-Jo mais constante das atas de algumas localidades tenha
toe.los os indh,íd\101; introdu::ddo dislorçóes nos resultado~ da in\·estiga~o. mas como o
b) o condicionamtnto do tra~do alcançavl\•se nlr3vét de u1n objetivo é a captaçJo dos nu."C:.nismos da evolução do prOCC'(SO,
plano, que um índi\'íduo ou conjunto de individuos tende· t~) R.:15 F'tt'IJO, Nestor Go11h111 tt l 111ul11 ) . \'. D1w:u., colnbllfll(lor - Cur+(lnio !'ld
ria a intpor à con1unidnde~ l l'Oftll&rn/ln d., \'i~c11 e C1dnd11 dQ ff111• íl Çufott/Gf (1500.H'f!OJ. Publiçn.,;ii(I Jq M•1tt•111n d •
f"lae;oldllde de Arq11 f1~1 1n11 e Uib•nluu.n d11 U11iw11sl(lBd• d e São l'\l..,J11.

1
18 EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL IN TR ODUÇÃO 19
nos sous aspectos gerais, a probabllJclaJ c de q ue l!So ocorra 6 p<> dra1ncnto cm csquCLnns elabora<los con1 vista~ n u1nn reafi<lttt1c·
q uena e, mesmo, a diversidade de informações enquadradas atua dive r~a.
mais como uma verí.l'lcação do esquema explitati\'O do que como
ameaça ao mesmo; o risco inverso, de haver influblcia das ca.ractc- Depols de euminar as perspectivas existentes, $.Clt'<.ionamos a
rlsti.cas homogêneas ~-nos extremamente remoto, dada a di- qúe nos paroceu a mais de acôrdo com tais objclh-os. esclal"'<.'endo-
versidade de condições de formação e evolução do cada um dêsses se as oondlçõe< de sua aplicação. Devemos portanto fixar, a seguir,
centro!. afgucnas posições metodológicas, de pouco int<:rê'\SO pnra o leitor
Como fon tes secundárias fo ram do grande utilldncle alguns trn- comu1n 1 q ue 1')(.)()crá, sem prejuJzo rr1nlor, deixar de lodo a leitura
balhos de car"cr histórico sôbre detenninados ocntros urbano>, desta parte.
como os de T aunay s6bre São Paulo, Tbales de Ax"'..00 sôbre Sal- Os fatos urbanos t~m sido eocorndos sob diferent<'< prismas
vador, Piurro e Vi eira Fazenda sõbre o Rio de Janeiro, etc. Mais cientlficos: - geogrifico, socio16gi<'O, econômico, urbrtn(stico, etc.
cscanas silo as foforrna\lÕCS de viajnntes estrangeiros, proibidos do A diver~i da d e no trata1ncnto da matériA ntío elin1ina, porém, a nc··
entrar no Brasíl, j:I em meados do sécu lo XVll. Encontramos aindA t."essiducle de urr1a c..'Onccituaç.ão bá.sicu da nalureia do ínto urbano.
alguru trabalhoi focaliza ndo, do ponto de vislll u rbanístico, centros isto é, um esquema tcóric.'O que possn e~clttrecer quando e por <1uc
, urbanos ou suas partOJ, como os de Vasconcellos( '). Smith('), uma aglomeração humann adquire :a condição de ctnlro urbano.
Balthar( ' ), ou Boltshauser(•), que constituem quase a totalidade Inúmeros têm sido os estudos em que(') assunto é rocali7.ado e \à·
dos estudos sõbre a matéria, aos quais não será demais acrescentar o rias são as orientações seguidas, fr<'qüente1nenh: condicionaudv
material relativo à urbanização portuguêsa em outras regiões, como o tipo de: trAtamento o q1.1c o material é submetido. Assin1, os SCJ'·
o• de Silveira( ' ) e Má rio Chicó (•) . viçoo11 de estatísticn flxn1n, e1n cadn pnís, um 111'1111r•ro rnínirno de
ContríJ>uiç-lo varlnda e de l.nterêsse foi ol">tidn ern ~tudos de habitantes pnra a e'<istêncln d<' un1a cidade, ;ldotando, portanto. u111
!«mas nfíns, como os de Buarque de Holanda(') e Azevedo ( ") critério demográfico e quantitati' o. Ot critérios, 1·.nré~ varia1n
focalizando sob tais prismas o planejamento urbano; outros, como de um pals para outro, criando diffculd.ictes aos pesqui ..arlor<'S e,
quase tôda, a bibliogralia de geografin urbana do Brasil, contendo por outro Indo, nem .snnpre indices <'ltvodos de i11clivíduos aglv-
mtlterinl que, nindn que não seja do uti1Jzaç5o bncdiata, não poclo merndos coir1c-idetn co1n a í!Xi!iti:ncin de <1ualqucr oulro t raço rc· 4

ser ignorado; flnaJrncntc, a nu1ioria1 reunindo malcrinl q ue ap ena$ Je\'anto <lc vida urhnnn. Outras i11t<:rprct{1ções proturt101 de.<;t(lcar
de u1n rnodo rernolo ou Hmitado poderia .ser ernprcgado. a jmportil11cín - Oll prce<?dt~nçia - de detcnninados (n.lt1r('S, COUIO
Procuramos war Hquetna..\ teóricos que. pela sua. amplitude, o gcogr&fico( 11 ), o c~conômico ou o pnlitico·adn1ini,tr.1tj\·o. Urn
pu~~ explicar os ratos urbanos em tôc.la a sua \'ariedade. ~ta· resurno qtisíat6rio da~ vo:\rias com.·nh·~. encontr.t-~r ('ll\ Coo~r
nipu1ando materja_I pouco analisado e constih.1fdo em condições Chabot( 1t). F-~te nlo chega a se satisíazí"T inteírnrnentc co1n
peculinres, a utiliinç!lo de uma conceituação estreito poderia tmclujr nenh111nll das soluçõc~ propostas. Pnra l·Je, essas d1·fin i~'Ões outi~
us-pcctos d e impott!tncln ou distorcer os resultados, pelo seu enqut1· restritivas t ê 1h um d1..•íeito: ..chal"llUC Jnet l'nct'Cnt sur 1111 aspcct
de la rén.lité et que notrc conception de.• ln. viJJe doit s'~ccorcl('r
.,,, \'M(l0"1('C:U.0... 5)l'tle ., - \"M R-· '~"'. d«Ui.Hlct..-o - a~:.... av«.-c les unes et lcs autrcS'(l 3 ). Aiudn as~im, esse autor não chciga
fUe ela ,J&lltiro. l-1.Wr.ti&ie Cla ~lO " c..r..
INI,.. 195&
•>
< SM:u--. RollNt C. - Nq...t~ C..0.W. S•Mid«. u.......,, '"°""'°· 19SS. a propor uma forma de irHer-rc.•lacionan1ento tios fatõres, o <roe nos
lS-'l ~~J B•Lnu..., Al'll°""° ktV'* - Ditffrt..i'• d# '""' l"t•- ll t'tololNll pa...,- • R ~ft', pan.:ce indispensávrJ.
(8) llc1:tlõlt...ps,i:11, Jano - l:n Jluçi!o U1lnmd •11J1 ..tmt'Tkcu. Rdl~Gtt EICflU. de Arq1.1l• A teorin de ' Ve}Jr r ~ô bre a origen1 ilfl: <.·idade proc11r;1 den1ons•
h•l ura, l'ti!•·•·1~id:idr. 111! ~tln•t Ctuii . P~~I • da Ar1t11ilttor;1.
t 1 ) ~ILY-SJ.&A, l.Mfi - .B11atfo ela lcth•Ollffl/'4 du Cidddel Pe1r1ucu1Mr do tiltram.tt. trar n origem socía) do rato ur-b::1no, con1n u1n todo organizado. 1..•111
LUbci1. \h11jt1Er'o ot.. \>ltnin1r, -4 ~·1lomo..
(1) <'wt<ô. Miri9 T - Oput rll.
têrmus de ee:ununidadc, incluindo neccssàriamentc- as1wctos ero1lÕ·
(t) tlOt.t.!<ci.t.. Sbp. kUQu9 de - R.4.wt • B1..a. 3.• eitiÇlo. . . _ pdo •-*·
lt.ilJ "' J-m:.. Jo5f a,-... 111sa. ( li ) T.01..otil. Cnlf1lh - l'rkoi Cr~•ophf1 T1~\1çAO t-Jpl'nhol& de 1~111.Sf'l Ant.ich.
( 10> Á',u:'·r:f)(>. Arokto de - V.:.'o• e CW.odrr di> Bm•i7 Colonl4J1 c:tCMio de ~,,ttJ(o r-:.uw··~ ()mrg1, 8~r4lrle>11*,
l!IS.i.
u•h11• 1rftt1fllllf i1;0.. S61> l'11ulo, Bolr.U;11 o."' SOS, F11r.ul(lld.., de Ylh1Wlh., Cienci.u r. t~11 1t (12) Qur.uT., Cco•i;t' - """ Villct. :J.• ~Jcnv, rarb-. Arm11nd Collll'l, l!ISS.
4-11 USP. 19S6.
(1:1) C11.1.oôT, Cnirgr - 0,1&1t cil., p's· 18.
20 EVOLUÇÃO UIUJANA 00 BRASIL
IN TR ODUÇÃO 21
micos, sociais, político-administrati\•os. milita~, drmogrâíicos. psi· para a concentração de indi\'fdu~ :is atividades religio,;a<, educa~
cológicos, etc., em configurações peculiares. Baseando.se larga·
cionais, mililAres, etc.• fa\·orecem o aparecimento de- urn m<·rcado
menle na Cidaclc-Estado, ele procura estabelecer como condições urbano e a instauração, portanto, de um processo de urbaniz.aç.lo. ou
báslra.s para a existência do cenlTo urbano: densidade demognlfica
a inclusão da ãrea num processo j6 edstentr.
especlllca: profissões urbanas como comércio e manufaturas, com
A lnttrpretaçã.o da urhani7AÇ'3o como um procfl$0 social per~
suíiclcnte divt'l"Sificaçiio; uma economia urbana permanente, com
relações <.!pedais com o meio rural; uma fôrçn mi UI ar (eventual.
mente a íortaleza ); uma relati"'ª independência politi<:o-:idminis-
trntiva e finalmente, a e:cistência de orna camada urbana corn pro-
i mile a superação de algumas difieuldades dr ordem motodológíea:
a) \Veber, em seu trabalho, ao caracterizar a cldnde como
íonna de comonidade, limita sua análise a condições que ••alem,

'
duçi.'io, consu1110 e direitos próp rios, ou seja, o eston1ento bt.1rguê3, cm prlnc(plo, apenns p ara a Cidade-l~stado. O mercado, n nutoce·
cnpnz de usar da independência para detcnninar n vida econõ- (nlfn politlca e a orgA.niuç5o militar, no pnssarc1n do nf\•cl locttl
rnlca e os destinos do conjunto. Todos êsscs elen1cntos estilo pre- pnm o nacional, adquire1n configurações J"nf'l is cornplt.·xns, que não
sente.-'! na Cld~de-Estado do Ocidente rennsccntl.sla europeu, q ue slio íocallzodns por aquêle autor. A análise dn urhnniznção ço1no
aquêlc notor toma co1no seu tipo rnais pcrfeito(1•) e (Ili), um processo p ressupõe a existência de toe.los os elementos indicados

l Entre as diversas interpretações, procc.-de1no5 à escolha dessa,


que nos pa r~-eu a mais eficaz pela sua a rnplltudc e prucwamos
conç( nrar o mfudmo de coerência com relnç-ão ao seu esquema
expUealh·o, lnlrOduziodo.fhe, contudo, algumu ulternç-ões, que nos
parecernm indispens1h-cis, dada a calegoria do problemas que dc.-e·
riamos enfrentai". Assim:
por \~ebcr, t1õo apenas em escala local, mas c1n qualquer r'IÍvel
organiz.atório, o que permite superar Aquela limilnçüo de seu es-
quema.
b) O pr.,..,sso de urbanização, em escala nacional, corresponde
nlto ao centro urbano, mas a um nfvel organiJatório mais romplexo,
que é a rêde urbana. DCsse modo, são e-nfrentadas t6das as fonn;i:s
1 - t-:m primeiro lugar. consideramos a urb."lniiação con'K> urn de aglomeração urb3na em um pats. corno um conjunto, ao nht'I
prOCC<So social. Seu desenvolvimento pro\-oca o aparccimenlo e a do processo. Nonnalmcnte a urb.'lnização. como na ~lesopotâmia
transforma~io de núcleos, corno conscr1~1~1}(.-in da.s Interações huma- e no vale do Jodus, adquire ràpidamente um Wntido reg;onaJ e
"ª"" t•m que implica. O<:orre um proce.sso de urhnni:t.ação quando nncional. No mundo nlOÕí~mn, no qual se in~rrr111 o desc;·obrímc.'11.to
e n colonlt.'lÇ"'lo do Brasil, as relações da et,'Onomin urb.1nn e o pro-
ern urna sociedade existe uma divisão social do trnb:llho, em caráter
pc.•rm~111(•ntc, de sorte q ue um~1 parccln ponderável da população cesso de urbanizaç~o ultrapassanim as fronl<'fra"i d a~ ua~·õc.:s para
dc[:<a de se de-tlíc:•r à produção de alimcuto~ e pnssn a depender, n5sumir 1111'1 t·nr:'1ter inlf'macional.
parn n sua subsistCncia, dos p rodutos do trítbn lho dn outrt\ parçc.:Ja, e) O proce'iSO de urbanização atingiuclo 11m oornph.•xo urhano.
aos quais h~1n nct."Sso por Jneio de troc!l ou por nproprh'\'âo direta. e JlÕO npeuns l)ln 111'1çJCO, permite C."Xplicnr COll"I() M' f' Ht'4Jnlrf1m.
A urboni;ioac;tio se dá (.•(1111 o aprtrccimento do un111 "econo1nin urbAn:,·' m\1it;1s vêzes. centros nt11nêrica1oc1H<' rtduzic.lo'i, corn lôdns ns <;arac-
con10 n clc:fhl1· \Vc.·bt-r, portanto, co1n o cstahclecirru~nto do n1ercado tcristicR!I sccu1uJfirios de cc.::ntros urb~1nos( 111 ) ou c~utro~ 1nn1111íntu·
urh:1no. C:ida siste1na tçOf1ômico, pelo volunle e nalurezo. de trocas rciros c:m lornlidades rurais, fatos qu<', tom:ul o'i i'iolndnn1eut<:, <:à·
urha11o·rurriís, que estabelece, corresponde :l u1n determinado tudice rCC<'tn de S:('nlido.
de' 11rlJani1nc;ão. O índice ou grau de urbaniz.açlo p<>tle ser enten- d) ..\ anâlisc da urbani~çrio, romo u1n proccs-'io, r:.,-or(·ce a
dido f't'01tÔ111icamc.nte co1no a relação entr(' n produção agrícola adoç:Ao de u1na perspecti\'a dinân1ica, focalizando·st, al~1n t1a'i ra-
tntnsíerid.:a para o me-io urbano e a total ~. e1n têrmos dernográJicos, ractcrisUcas t"Slruturais, os roecanisrno~ dr mud:1n(":t. o 'Ili<" é i1opor-
como • rrlação entre a população urbana e a lotai. Contribuindo lante, pois significa a captação dos n\t"C3.0isrnM e.la <'\'Oluçlo urbana.
2 - Como decorrência da mudança de trntame-nto in1plft-il.1 t•n1
l - , a urbanh•ação oo sentido físico - e nl~mo 50Ci:tl - pode ser

i
.EVOLUÇÃO URBANA 1>0 BRASU.
1 23
INTl\ ODUÇÂO

r~hecid~ coioo ~ objeto de dois diferentes niveis organl>a- ponentes nucleares ou como um todo. Por unidade do sístemi social
tórios: a rêde e o nucleo. Evcntottlmente poder-se-ia pensar cm um deve-se entender todo e •1ualquer elemento (ação, rela~ilo, posição,
t~rcei~o niv~~ oorrespondentc a certos •sp<ctos e<peclflcos de orga- personalidade, grupo, instituição, camada, ele. ), que posso fazer
naza.çao soeia! e espacial das formações urbanas, o quo exigiria,
porem, uma ampliaç-J.o de c1unpo de estudo, que não entraria nos
1 parte d e conjuntos iotcrclependeutcs de fenôme nos sociais e desem-
penhar dentTo dêles, independentemente de sua própria constituição
objeti"º' dêste trabalho. ou complexidade, uma influêncln característica"(").
Um outro esclarecimento nos parece relevante. O estudo das Essa perspectiva oferece algumas vn.ntagens de orde1n mctodo·
funções urbanas tem sido oonslderado como passo indlspcnsá\'el lógica, cuja significação cabo ressaltar.
no conhecimento dos centroJ urbanos e do processo de urbanizaçi'io 1 - Pode--se entender as formações urbanas como componentes
~m uma região .• Seu empr~go freq üente nas obras que abordam
nucleares do $Í.$tem> social global, com o qual estão relacionadas por
esses problemas, sobretudo sob o ponto de vista geográfico, é uma melo de conexões Upicas, que silo as funções urbanas.
evidência de que, para os pes<1uisadores, as fun~ tb'n estado na
primeira linha de p<eocupações("). A geografia urbana tende 2 - Fica explicitado que o processo de urbanização é relati\'()
~esmo a esplicor a origem da cidade - o que slgoilica explicar a ao sistema social global, no qual os centros urbanos silo apenos
e>d•de - por suas funções("). A dificuldade maior surge, porém, componentes nucleares.
quando se procura fixar esse conceito. Chabot usa d e uma compa- 3 - Fica evidenciado que o conhecimento das funções urbanas
ração: "Cette professlon propro i\ la \'ille, c\'St ce qu'on nppelle la 1 irnplica no conhcclrnento do contexto <.m que se inscrcrn, ou seja,
fonction urboino" ( 1•). O 1nesmo nutor detern1lnn t\ orfgem dessa do sistema social do qual Cozem parte as unidades às quais so roln-
expressilo, no sentido hist6rlco( t 0 ) e no sentido sernâotico: "Em· 1 cionl\m as fun~"Ões.
prunté n\1 langagc phy•lologi~ue, il compare la vllle à un organe, 4 - Como <lcoorrêncin de l , 2 e 3, o estudo. daj íun~VC"s dos
!ouant son :ôte dans la vie d un en.sen1ble''( z~ ). A noção de con- centros, tal co1no é realizndo, pode ser suhstitu~do, com proveito,
t•mto, ou se1a. do 6rg.1o capa• de explicar a significação das próprias pelo estudo do sistem• socinl em que se d...,ovol,·e o proct'S'O de
fu~ não é, porém, determinada. urbanlnção, incluindo M conclusões a que aquêle estudo pod•ria
Os iocon\·eníentcs da aplicação do conceito c.le runÇ'lo. con1 conduzir e muitas outras, sem considerar as distorçôt'$, que são
cooornçcXs biol6gic.as às lnteraç6es hnm.'luas. já foi objeto de um evitadas.
t•x!'l:me minocioso por parte de F'lorestan Fcroandes(tt). Quer nos Deixa1nos portanto de exn.minar funções esn capitulo à pnrt<-.
parectr que a funç-Jo urbnn<t tnl corno tem sido to1nnda, assu1ne em que sejam definidas a priori e tendo em vista fins ta1nbfm
l'lar~meote o ~.í~nifi<..:odo de fun{·fio soe-ia], 00010 é indlcnd!l por fixndos a 7>riorj, para inclu(.Jas 1lO esludo do siste1na sociol o seus
nr1uclc autor: e n co11cxl'lo que- se 1~Sl{1beJecc lflHJndo unidades do componentes nucleares, de onde nquelos e1ncrgcm .
.sistc1nn social concorn:1n, com .sun a tividade, para ioantrr ou alterar 5 - Ê possível. tantbérr1, n1é1n d isso, interprctur ns t l1nmndac:
ni; n<l~ptações, os ajustt1nH:ntos e º" c<,ntrôles sociais de que depcn· "funçê'ies" 'fUC os indivfduos exercem nos ceotros urbanos - ho.hitnr,
da1n a integraç-J o e a continuidade do sistema social, cm seus co1n· traOOJhar, circular e rt?crcor (que têm um sentido bastante divC'rsO
das '"funções urbanas" da g~gralia e outros setores), <111• <no con·
sideradas chaves na interpretação do urbanismo moderno, ainda
como funções sociais, conseguJndo-se, portanto, unilormid•de de
linguagem e de S<."Otido.
A adoção dessas preliminares permitio:
1 - Encarar o procc.-sc:o dB urbanização llO Brn.síl a pol'tit de
sua origem, ou seja, do processo de urbaniz..'tif.\O du Europa mt..
24 EVOLUÇÃO URBANA DO BRASU. INTROD UÇ ÃO 25
dieval~renRsccntista e as ligações entre ambot como coostitu(dnr uma permnntnte transformação. cujas alt<.'rnatlvas l<:var~m às co11·
pelo poHricn de coloníwçilo e, como parte de;tu, pela polltica do figurações c~pecí ficas assumidas pelos núcleos.
urbanízaçao de Portugal no Brasil. O último capitulo reune º"pectos da orgn11iznç\lo espacial tio"
2 - F0Ct1li2'1r as mudanças no proce5so de urbani..ação do núcleos wbonM e focaliza as suns mudanças, como respostas :\ l"\'O·
~ra~íl, nlo apenas em ~s aspectos quantitativos mas também qua· lução do processo de urbaní ..ç-lo. Além dos elementos do sist.nl3
Utath·os, captando, desse modo, a natW1lZO das transformações de parcelamento do território urbano {quadra!, ruas, lotes, etc.)
sofridas. julgamos conveniente focalizar Alguns eJenlentos gerAis, segundo
O trabalho foi organizado em duas parte.<, correspondentes "º' conceitos da geografia urbnnn (sftnação e sítio ) e 010 príocipais tipos
níveis segundo os quais é focalizado o pro<:es.so de urbanização. Na. de cdíflcios, em suas caractcrlsticas, determln•d"" polo quadro geral
pri~neirn parte, o~ {atos urbanos são examinados em sua organizaç.lo do processo de urbanização. Por uma questão de clareza de expo-
mau ampla, uto e, ao olvel da rêde. Es$a P"Tle foi subdhidida em sjçilo, foram incluldos alguns tkmentos ospocials, ouja ordenaç;io
tr~ capflulos, nos quaa silo •pr~tados o sistema social da C:O. sõmente ficaria inteiramente compreendida pelo exame de um ter-
lônia, • política urbanízadora de Portugal para o Brasil e a rcldo ceiro nh·-d de organização do sistema social, onde caheria a anMise
urbana, como prodotos da ordem social. de grupos como o familiar, o de trabalho, etc., 1na1 c ujo desenvoh1i-
Nn -s egunda pa rte, os fatos urbanos são exnminndos em sua mento, pcln sun amplitude, csc<tparia aos Jhnltos que se irnpunlinm
organizaçt'lo nuclear, jsto ~' no nível dos centros urbanos. Essa. num estudo do gênero dêste. J\sslrn. n incJusão daqueles e1e1nento5
parte fol subdividida cm doiJ capítulos, nos quau apresenta"e r ... foi um esfôrço poro esdareclmcnto de aspectos relevantes do pro·
CC$$0, mas não significa que cootidercmos sua c~licação corno
pectivamcnte a configuraçilo sochll dos núcleos e os mecanismos de
sua e\'oJutAo e, no outro, ai caracterlsticas especiais dos centros.
1, esgotada com os elementos romttidos.
De modo sumário, o conteúdo dos capítulos é o seguinte: .A.. esoo1ha do tema te\·e cm vista contrjbuir, ainda que rne>d1°'.Ç·
l - No primeiro capítulo são aoallsado• os aspectos bAslcos tamente, para o conhocimento de urna ~rea pouco trntod~1, no cno1po
das condl('Oes dadas de existência socJal dn Colônia. Inicia-se por de (j\le nos ocupa1nos, área c·ssn c11jo sentido pn.{ líco no~ dias ntunis
u1n quadro cln organizaç;lo poUtico.admJnistrnHvn, eom o q\lal se é iodiscut(\•cl. Na con\'icçüo de que o coohccírntnlo das raÍ:tL"S e
pretende nprcsentar as linhas mestras da politica de coloo1z:aç.1o dos mecani3mO.S <l!t e'"·olução urhnn11 do Brasil podrri:1 .sf1' de utili·
posta em prática no Brasil. Em seguida são nn•lwdos os elementos dadc para o desenvol\'imento dos estudos c:lc Arquitetura no 13ra~ll
fundamentais da vida econômica e da estratificaç-lo social. e do planc;a1nento urbano conternporànto, procedem~ à .seh.).iO
de uma é[>Oea suficientes'ne11l'' aínstada para iwnnitir a Jna.nipul:1ç-.i.o
.2 - O segundo capíh1lo procura apresc ntor n política urbani- de un\ 1nenor número de Vílriávci~ <: cn1 conscc1li~ncia, urna co1n·
2ador::i de Portugal para o Jlrosil, ern seus aspectos gcrAis e cm prova~"io n1nis segu1·a parti o r1rcabouço c:o11cl·H 11nl de fJuc: nos
refação ~ política de coloniznç~o posta em prltticn pela Metrópole. íamos valer. Fixamos, ao 1n<'s1no tc1npo. um pt·rlodo suficientemente
3 - Os iníormcs recolhldos sôbre a rêde urbnna brasileira são longo pnra que pudcssc conter mudaoçall rr·lc' nntes de car.ítcr
sistematizados no terreiro capitulo e por intermédio dê1es procurou- qualitati\'01 mas suficientemente reduzi<lo para n ·ltar os t':<C't.'SSM
se f"\idendar - ainda como dados - as mudança~ de ordem quanti- de dispersão, aos quais se ten~. quando se opta por un1 tema ('Qmo
talivn sofridas por a<p1ela. tanto sob a fonna de o.umc.-nto do número ~te. Alguns prohle1nas S(' apresl1 ntr1m, por+in, na fixn~~io das d:lt.ts·
dos núcleo10, como na ''ário.çilo de sua popula~·5o. li1nite: 1500 e 1720. E1n que p<'scm as ponderações c.->m contrário
No prJ1nclro capítulo du scgullda parte, o processo de ul'bB· de Alg\1ns dos ilustres O)ernbro~ cln banca exán1innclora, julgamos con·
nizaç-lo é submetido a unl trntnmento de nnálisc r de síntese, onde veniente con~c-rvó-las. Estudaodo n. urb:lnii:1~'30 co1no urn proc~~o
são reto1nndns as var~áveis evidenciadas nos capítulos da Parte A. e ressaltando os rcla~ões entie a coloni:t.ru;ão do Drasil e o proc~~o
tendo porém em \ista os alvo! dos agentes do processo de coloniza· de urbanl1a~lo t'\1ropt-u. vimos \'3ntagetn <'tTl discutir suas C':lncft·
ção e urbanlzaç-lo. Procurou-se, por essa forma, chegar à recoos· rísticas a partir dos primeiros contatos. A d:ita.lirnite supc:.'Sior foi
lrução da evolução urbana do Brasil nlio como um dado, mas como fixada por representar o íhn dD uma década ntl qual ocoireu n


r 26 EVOLUÇÃO URBANA DO 81\ASlL

Cuena dos Mascates, o prJmelro coufiito social 110 Oro.si!, no qual


uma camada social wbana tomou pa1tc ativa e por ser a época na
qual se QOUlpletou a impbntação de uma polft!ca de cenbalizaç-.lo
da Colônia, havendo a êsse respeito um razoável acôrdo entre
outores(" ). S<!ria talvez de maior slmplicidado uma divisão por
Séclllos, e, portanto, a inlcmipç.io do estudo em 1700. ·roda.via, n PRI:NlEIRA PARTE
nalure2a de certos fenómenos de maior importància, que já vinham-
'° configurando a partir de 1650 - como o SW"gimento de uma
camada social llpicamentc urbana - s6 iria-se dolinir com maior
clareza nas pri!"eiras décadas do século XVIll. Tratando-se, no
caso, dos séculos ein qoc se origina o urbanização uo Brasil, nos
quaís a.s e\'Í~ncla.s, tênues ainda, são de mais djfftil captação, pre-
ferimos opta\ por maior clareza eipllcativa, sacrificando um u-
pecto formal. A out.Ta •lt''"'ati\'ll, a de estender o trabalho, incluindo
totalmente o século XVUI, escapava aos objetivos que <tínhamos cm
vista.
t nec6Sária ainda uma pequena 1d\•e:rtência. Ao introduzir·
mos uma iluslnção mais variada~ ju1g::tn10S convenitnte não cans2r
o Jeitor co1n esclarecimentos maiores sôbro a lconogmfia, apesar da
irnpotU\hcio. cln matéria, rnns remeter os interessados Ao nosso Coth·
logo( 2•·A).• redu:l'Jndo os oorneutário.s no estritanlcnte indispensável.
Terrnin:amos l"Ste mudo con~-encidoJ do interês!re do muoto
qoe abordamos. Se melhores resultados não obti\'CmOS, deve-.so às
nossas límitnçõc:_~. par::i as rp1nis contamos com a benevolência do
leitor.
1'

(24) Cf. 1:>n..,ou, C11fo d • Sllv11 - 1:1:fll..(9o l'flllttt 11 do 8r11'íl 11 Or1lrl)f &tlldor, 3,•
n lkni>. .S.1(1 l-'11ulo, fl •'-tiJio1U', li - A Co'.êl1\h1 (ff'll.\11.d..1. pane), Va.tr taaobem: l' ,,l)M),
lt t1}'m1rnd•l - 01 tloutM dfl f't1<ltrr• for11Wfcl() d() 1'11trlffilltfl l'0Hdr11 H•N.t.U~m. tdlt~
(';lobo, J9S8. C..1)1111.lut V e \ ' L
(i-l·AJ Hllt Fn.no_ ~mi:. Cou&art #/ Bai,::c4, helo J. \f,. '*"boir>chir - O,.. "'·
CAPÍTULO I

O sisterna social da Colônia


l - Organizaç.!o po/írlco-atltulni.!,11afir.,'O
a) Capitanias e Cnvêrn() Geral; b) Orgt\uizaç-~o muoldpa1.
2 - Organfaaçào económica e estr1Jlifiet)&1Í() soeiol

1\) Allvl<l.-ides eeouô1nicM rurais e :u camadas sociats


oorres1)ondentcs:
a) Agricultura de e:tpOrtação; b) Produç?ío de Sl•bsiS·

l
tênci.1; e) Proprietários nuals,
fJ) Ativld:ides ecor1ôtokQs urbanas e as c:)mt1d..1s sociai.s
correspoode1lt~:
a} O romêrdo e os comerci:'lntes; b) Ofícios mccàni00$,
func:kinaUsino e profissl5e.s; e) A tniner<ição o os 1nlnc-
1íldorcs.

1 - Organização político-administrativa

Por ocas1ao do descobri1ocuto do Brasil, ns l'xpel'i<}nch1s de


coloni:1..aç;io que Portugal e os outros países europeus haviarn r<'ali-
zado, tinha1:n por ccnArio regiôes habitadas por povos co1n certo
grau de desenvolvin1ento econôn1ico e culturo.11, capazes de ofcrec<·r
gêneros de alto valor para os n1P.rcados da · g uropa e, ao nH!S100
tempo> de co1.1sw11ü· produtos originários de suas 1nanufat11ra.s. Nessa
categoria deve ser co1npreendida á t'Onquista das fndias, (JUC .se
ronstitufa bAsicamcute no estabeleci1ncnto de uma rêde de feitorias,
para garantir as linhas d e comércio( ::r.).
O 8rasi1, porém. surgiu corno tcrrit.Jrio colonial p eculiar 1·m
face dos esquentas d tl expansão europi-in. En<:Onlra1ldo na terra
que acabavarn d<: d<'St.."<Jbrir un1 ten·itôrio qoasc deserto> con1 popu·
Jaç.io de baixo nível cconôinico e técnico, sem possibilidades de
~xportar, sem capacidade pata absOr\•Cr as rnao11fr1t11nts i1nporladas
da E uropa e sen1 as rique1.as n•inerais das colónias espanl1ola.'.i,

( 25J "'A n5o $C1' ~''' 1ela1iliO A' ilh;I,$ d o AtlàntkOlo, <}l'.-'C(!l)trtns n(I $~Cu1(1 XV. ~m
':llli' MI tr;1<;ou orfo11.:aç/i•) d lf('u;nlt', P urtU$lll st>gufo. ')Ull!lll) ft (»Slll $Íll~ol3 ti (l-U iut1~• it.1
..sU..ii..v. a puliue11_ <1.11$ f('i1-uri11s com1etcia1s pelas (li>ll~ aSS'1:11• lh-~ (1 ' "" d orioi:lii<• t• w i:a·
tiiuva o icu CQol)Útçí~" (SotO.-.:n~. Jk ..~1l(I - Hi~Gria f:Wnd1'1iC1J do Brafil (JS00· 1820)
3.• ediçltc). Sãu hulo, C'.ompnnhl:1 t)Jil(W• ;.;1odonJI),

30 EVOLUÇÃO URBANA 00 81\ASn. O SISTEMA SOCl.~L DA COLÔSIA 31

viram·se os portuguêses na impossibilidade de apHcaç.ão daqueles doDatârios não conseguiu atrt1:ir grupos sigoific:tlivos, ainda intcret'·
esq\lernns, com a rnesmtt amp1itude, ao caso brasileiro(~'). sados no comércio com o Oricute. Os dorHltáríos e os primeiros
Durante as primeiros três décadas após o descobrimento. limi· colonos era1n quase sempre figuras de hnportllncia relativA. e os
taram-.se a uma explornç-lo grosseira dos recursos naturais. ts.se últimos, soUretudo, otiginârio! de ambientes 1nais modestos.
sistem3 deu origem às primeiras feitorias e alguns agrup~ntos &se sistema força"ª a administração Indireta e d<$CCOlrall·
de brancos, com rudimentos de agricultura, pc,,.oados, na sua maio- :zada, <rn nh·el regional e IOCll. Transferia aos donatários e colono<,
ria, l"" niufnigos("). em principio, as responsabUldades milita<cs e judlc!&ria.< e mesmo
A acirrada concorrêncin de países dvais que vinham estabe'.'lc. fazendlíriRS, ficando para a Coroa apenas os encargos de físcalizn·
cendo suns feito rias nas costas brasileiras, levou Portugal a tentar ção. Outorgando aos donntários direitos da Coron, o sis-tt"lnn 0$
uma forma mai~ estAvcl de ocupação. € c<rto <1ue a Metrópole obrigava no est;ibeJecimento de um esquema adminü;trativo pr6prlo,
conservou se1npre a esperan~a de que achados auríferos vlc..~sem limitando-se n ~fetrópole à n1anutenção de urn almoxarife ou feitor
oompensor subitamente os esforços da colon17.açlo, mas impunha-se do rei, mas mesmo essas funções eram, àl v~. atribuídas aos
,, o estabeledm~to de uma forma de economia capaz de garantir a
ocupaçlto efetiya e. ao mesmo tempo, de auxiUa.r o.o custeio dos
~pecih'OS capitães(tt).
Configurava-se então wn r-~qucma ad1ninislrativo elementar,
11 encargos de defesa. D~sc modo, no lnkio da quarta década de nas capil,1nlas, inodificado, apenas ligeirarocnl{', pela criação elo
coloniznçno seria tentado no Brasil, rom ns r..apitanias, wn ru)vo sls- Govêmo Geral cm 1549. Forrnns <Jc. adrnioislrnçno mnis oomplexns
jl ten-ln do ol'gttnização colonh'I.
1 surgiram apenas onde e quando a. ação Jo poder centra] Vl'lo a
se desenvolver.
a) Capitnnku ~ Covbno Cnal Entre os encargos tT•nsfcridos aos cuid•dos do.< donatários e
colonos. figura\-a.m com d~taqu r as tarefas co~ndentes à in,.
A poHtic-a iniciada corn a chegada de ~11.trtim Afonso trnnsfor· talaç-jo da rMe urbana. Li\1rava-st- a Coroa da maior pa.rtc do~
mou n orientaçfío que Portugnl vinha imprirllindo ;\ colonizaçi'io do ônus da t'Olonização do r)ôvo território, iocluslve no que se refere
JJrasil. No dizer de Celso J?urtndo, "de sin1ple~ l'1,npr~sa espulintivt1 à fundaçi'io de vilas e cidndt·s. A grande rnniorln dos n(1cleos urbO ·
e cxtrativn - idêntica à que lla mc!tnla époto estava sendo cmpr<... nos instrilados oos dots prhnciro~ séc1.ilo.s ele coloniJ:ação, o foi pt lo
enditl:t nn co~tn da Áfr-iça e nll..~ lndias Orh·ntalJ: - a América pa5$a esfôrço e lnl€'r{-sse dos colonO'i e donatários~ com o estímulo da
a constiluir parte integrante da economia repnxluli\'a européia. Metn\polc. mos sem a particip•\".io direta dcs<a.
cuja tknica e capitais oel:1 se aplicam prua criar de forma pe:rma- O programa de aJmínistraÇ'áo ex<'Ju.s-i\·amcntc atrav{:s das capi·
nento u1n fluxo de bens d~tinndos ao rn\-rcndo europeu·(:'). Des- tanias ni\o obteve um resultad<> muito arnplo. l~m alguns locnls n
Hnada' no mcrl'ado urbano <'urope1,1, dirfnrnoc: nós, do <]oíll o Hrosil co1oniznç;.1o frncassoo, revertendo as terras à Cnl'on. mas, no con·
virln n cono:lituir 11mt1 gigantesca retagoordn rural, estab<'lt·cendo junto, algu1n resultado positlvo foi alca11çado e às vésperas dn
enl escnl:l intcruaclonal flS trocas ~té então comuns uo mercado ur· i.nstalaç;io do Cov€-mo Geral, t'm lS.18, haviAn1 sido fundaJa5 no
bano regional e estabele«ndo, pela primeirn \'<'7:. pelo menos nessa litoral brnsilc[ro cerca de 16 vilas e povoados, que já exporla\'t'Un
escala, urn sisten\3 de economias cornplemcnta:r~. mercadorias para a Metrópolr('°).
A dhisão do Brasil em capitanias procura''ª um estf1nulo às A instala~Jo do Govêmo Gorai .,,, ls.19 teve como objetho,
jnvers(K"1' de capitais privados. sem rondiÇ'6es para maior sucesso segundo vem expresso no Regimrnto de Torn6 <lc Souzo " . .. con·
nas Jndlas. De fato, o conjunto de concessões fe-itas pela Coroa aos scrvar e nohreccr AS capitnnios e povoa<t"Ões dn5 tcrrns: do Brasil ... ".
O rneio <:ncontrado foi fazer ".,, hQa fortalczt, e povoação grandr•

{!9) A •""*"~de p;au.o'--«1 e alpll'U Olllta ª"'"'~ ~ q11e txa.,.w.


~- à C:C.-.. n-... - d l d " • ~" ~•• ~ e .sr, _.,.~,,••

°"""
w n.auc- ~is:c:tam"Ol daqwaa . .
(30) ~t\,f(Mii(_ot, Roberto -
Bndl.
d•.. i-i&- 56.
32 EVOLUÇÃO URBANA 00 lll\AS1L O SlSTElof1\ SOCIAL DA COLÔN(A 33
e forte em hum luguar conveniente para dahy se dar favor a ajuda ram~se restrições tlO <.."(}fllércío de exportação e in1portação, i1 na"cga-
as outras povoações e se menistrar justiça ..• ", Para êsse fi1n seria ção e reservara1n-se as ati\'idades de comércio roais i1nporta11tcs aos
1•li . utilizada a anliga capitania da Bahia, que revertera à Coroa, onde portuguê.sc...'S de 11asci1nento; grande parte desse contrôlc st>hre a vida
l 1;if seria fundada por Tomé de Sout.a a cidade do Salvador("). e<:onômic.a era feito at-ravés das co111panhias prh•ilcgi~1<l~ts d1: ço-
O govêrno central que assim se instalava, tinha sobretudo a O\ércio.
1' ~ função de coordenação militar e administrativa das capitanias e Em nivel polítjco-adtt1inistralivo a cenltaHzaç;.1o n~ali;o:a\'a-sc
1njl povoações. Sua competência incluiria principalmente atribuições pelo aume11to das atrjbuições do govêri10 geral, p<:la ampliaç5o ele
ate então pertlncntcs a órgãos adminlstrativos portuguêses e apenas
't~ a1gvmas retiradas das capitanias e, portanto, ein prejuízo da iode·
Sct1s quadros militares de linha e por u1n esfôrço de cootrôle rnais
direto sôbre os organis111os admin.istrativos das capironias e elo-;
1ql' pendência político-administrativa destas. O nôvo regjme consolidava mu1licipios. Um p;tS.so fonda1ne11taJ para a. realizaçflo do nÔ\'0 ec
a maioria das· tendências desenvolvidas depois de 1532 e expressas ambiciOso programa de. colonização era a a1npJiaç.i.o da t~opa de
1> de modo um tanto vago nos forais dos donatários. :'\.per1as em linl1a, profissional e regularJ que se destacava pela fidelidade ~ls
pequena pprte apresentava a lgumas restríções ao poder dêslies, autoridades metropolitallas(3G) . Seu aum(."tlto e melhor organizriçJ.o
contra o qtle não deixou de se manifestar Duarte Coelho("). será, a partir dessa época, preocupação co11stante elos governatlor<.'s.
O govêrno era constituído por um governador gcr(-1lJ wn ouvi- Já em 16421 no govê1·no de •.\ntônio Tc11cs da Silva, são c:riados dois
dor geral paro os n•gócíos do Justiça, um capi.tiío-mor da costa para terços de infantaria de linh• Oi\ ll:lhia('") . Em 1600 a popul•ç;ío do
,, os assuntos rnilita.res e um provedor-1nor da fazenda. S\lbordlnados
a essas autoridades dc-senvolveram-se tribunais, repartições arreca-
Rio de Janeiro rebela-se contra o gov~rno de S~tlvador Corrê:t d<· Sá
e Benevides, <.' rn virtude de u1n aun1ento ele hnp<>Sl-OS, cujo objetivo
dadoras e organizações defensivas, constituindo-se, dêsse modo, u1n é ampliar os efetivos n\ilitarcs de 359 para 500 horf'lens(!H) .
núcleo administrativo e nlililar. . \ incorporação de diversas cap ila11ias ao pat-ri1nônio da Coroa
Transfere1n-se para o Brasil alguns centros de d<.~cisão, num - que terinioaria no século XVllJ com a completa extillção do 1'C·
eshôço de centralização, c~ij<> desempenho é extremam<}nte enf.ra- gime de clo11nt::1ri~s - tr(t11.~e. desde o inicio, algu1nas caraclf:rísti·
qoecído ein virtude dás condições do incio. O qt1e co1npete a um ca.~ 1to\1as para a adn1inistta{,:5o colonial, urn::t v<:z <1u<: exigiu a
govC1·no central nessas condições é oompensar os excessos de dis- transformação da nd1nioistração das capihtnü\s e1n si1n ples órgãos
persão q \le se tinha introduz.ido cou1 o regin1e das capitanias(ª*}. ü\tt"nnediários entre o g<Jv~mo çieotral ç o pnpulnç<io. l::ssa l(·11den-
l!:sse ohjetivo - contróle mais d ireto dás capitanias - daria c:ia fAr-se.á set1tir ta1nbé1n con1 a rria{,:J.o d e :1 l ~o1na.; c:lpitania<;
orige1n, mais tarde, à tenlaliva de divisi:lo do Govênto (°;eral e1n reservadas à Coro;:i, corno as <lc ~·lioas e lHo Crnnde de São Pedro.
duas repartições, uma con1 sede na. Bnhia, ootra. con1 sede no Hio As trn11sforrnnçõcs ad1ninistrativas ocorridas :1 partir cl::i .'><>gunc!a
de Jao1~in.1 e, posteriormente, ao estabelecirnento do Covêrno do 1netade do século XVJJ, no que se refere à.-; capitanias l<~T)dc·ra111
Estado do i\·IAranhão, co1n sedo em S5o Luiz. sen\pre a f~1voreccr a ccntrnlizaÇÃo e dilniouir os podt·n.•s qut> ha~
vi;1m sjclo concedidos aos donatários. substituindo·os, qurin<lo pos-
Em meados- do século X\711, as 1ransforrnaçõcs ocorrida~ nas
relações cconôn1ica$ em que se baseava até eotRo o processo de sível, por fuocio11ários.
colonizaç:io do Drasil, detennhtarnm uma total refor1nulação dás rela- O sistema f~1~nd:~rio foi reforçado, especialmente após o des.
ções entre a ~'1etr6pole e a Colônia. Jnicia-sc. nessa época, umtt robrimcnto das rninas. A incorporaçi.lo de algunlas <.>.<•pitanias :·l
vjgorosa centralização econô1nica e adnJi11istrativa( ª"). Estabelece- (; oroa e a criação de outras, ü.c.1u(•k1 din' tflu1cotC! sulmrdinadns.
trou.~cram condições p!knl o ::iparcci1rrento de órgãos arrecadadorc-s
1.30 RcgimcDID tle. 'fll'lI1Ó de Suuxa ( 17 de (lezcmbr(> d e l.!i'.48) - (l>J,..t, C.UJos de nível r<"gionaJ. Até então, grande pttrte das árrec;1dações era
M~ll;il'l lO f!
(fll h'\)' - IH~l(ln(I d(l C~flni.wecfl) Pl)t!Uj?U.U.l •I(> /Jf~il. MCMXXlV. Nino, L.tl>-
SF•fla N11dt11ial, :l "olumcs. 3.<> n•L, l)Ag. 34.;.
.. .(.32) JIUJ.A!':IM-, SO:Q;iO Ou1U'q11t tU, e OOl;l.\I0•:1d(l•ll$ - Hbf6rí!S Ctr.tl d<1 Cirili;jlfli-0 (3S) rA(»ll). R:1ymon<l<o - Op11$ 1·it., p$.,i:.. ')li.
nf"íltim. Silo l'aulo, Oifuiilo Eut()1>4l:t du LfH(I, ll1'00, J>ÃI?. 130. 13&> V1p;.:f'I,.. Luiz W' S~uto' - Cn1l4', Nlltl-.:Caf sMcr.,polit11D:is e br•,ili~:1s. »ahi:.,
t JJ) Hou.:iitM, S~1i;.i11 R1111.1ql1~ (l.i-, l} <.'O!•OO•:ttl-01r.' - 01>ut dr., 1>'&· J:!'t h npl't'11.u Ofkfal du Esodo. 19!?.:?.. 2 ~--oh:rm~. }." vol., 1..;.g, ~:a.
tJ4) FA<lflO, Rurmu.nd(> - O,,..t Cif., )!4ig. 71. (37) Fll.7.ll!'ll•A. Dr. JllJ/. Vi1•b:1 - :b1ti9114!h11r t< J.frnttWi11A d<J fliQ do• /1u1°•ít•o. J•• ~
R\'•·i)t-.. dl) ll!CTI. w1t . 142, pilJ. 492.

,
1

34 EVOLt.iÇÃO URBANA 00 BRASii, O SISTEMA SOCIAL DA COl.ÓNIA 35


procedidn dlrc:tamenrc pelos don;:itfirlos, os quais. co1n a instnlnçilo p0Htico-ad1 oini~trativase judicl&rias{ •0 ). O poder 1nn11icipal co10·
li
do Co\'êrno Geral, fi caram apt:..onas sujeltos à fisca.Uzoção dos orga· punha·$C da Alc:iidaria <' do Conselho. t:rn 'irtude do <1ue di~pu·
n.lsmos c<'ntro.i"· Substituindo-se aos donatários, a Coroa proceder& nham os forais, as aJcaic.l::tri'1S e sua.~ rendas foram atríhuida~ co1no
à instalaçlio de organismos burocráticos arrt.-cad~dores
próprios, privilégio aos donatários. Surgiram. dé!ssc rnodo. os cnpilfles <hlli
cuja subordinação ao govêrno central se processará de modo mnis vilas, os quai5\ sobordinudos no capítfío·mor, conslituírarn no seu
direto e eficaz.
conjunto o esquema de t.:ontrôle e direçilo dos donatário~.
Ao mesmo ten1po providenciava-se n ampliação e o •perleiçoa· Papel de muito maior imJlOrlàncio foi desempenhado J>"lo1
mento dos quadros judiciários, retirando, na modlda do posslvcl, Conselhos no Brasil. E::stes M'Atn compostos por 'ereadort."'S~ cujo
t as atribuições da justiça local. A Relação da Bahia, que havia sido número variava conforme n importância da Pº''oaçflo. Sua elciçfio
)111 suprim ida em )626 " ... foi rcstat1rado por lei de 12 de setembro se fnzia de fonnn indireto, por meio de 1110 coJ~gio eleitoral, de sei~
de 1652. Do preâmbulo dessa lei consta que os olicinls da Cdmara membros escolhidos pelo povo. Eleitores o l1lndjdatõ"i deveri:un.
1 da Bahia e mais moradores do Bra.sü, juntamente rom o conde de crn princípio, str et.colhidos entre os "'homens.bons'". C':•l<"gOria tlt
Castelo Me,lhor, pediJam, êste último com encarttimento, que o qual estariam excluídos os oficiais 1nednicos, judeus, degredado"'
govêmo da metrópole consentisse na restauração"(3t). e es1rangeiros. "Aos vcrradorcs perte11l'C ter encargo cl<• todo o rc·
No inicio do século XVIII o p<>dcr central j& cstnrla suEicionte- gi1ncnto da terrn e elas obrns do Conl.'4.:lho, o de tu<lo quo pucler<"'n•
1nente consolidado para hnpor, ao firn de todos os conflitos, sua .saber, e entender, porque '' terra e o~ n1orndores dela tK>'i'iílm hern
orientaç.io política, seu sistema a.rr<"Cadador e judiciário, com o vi\'<'f, e nisto hlo ele trabalhar. E se souberem que se fazem na

apoio de ampla organí7..a~o administrativa e militar. teTl"ll malf1..itorlas, ou que nJo é guardada p<•la Justiça, romo de,l',
rt'quererão aos Juíz.t:."S~ que nlhf'rn por isso. I~ se o fa zer ntio <p1isere1n,
fnçnn1·110 sr1ber no Corrcg<.·dor di-1 Cornnr<.·n . ou a Nóf'(d • ). "lt"'"·
b ) A organi:wção n1unicipal pro\'erão as posturas, Verca('Õl'S e costuu1t'I) d:1 Cidade, oo \'ila; ,.
as que ,;rem <(li<' 'São boas, M"guodo o ltn1po. f;..çnm·na~ guar<l;ir.
~· "'luç6t's do polltico de colonl,.>çi1o aplicadas ao llrasil da\'1lm e as outras e1nendar-(•')...ltern, poriio taxa ao< Oficiais rnC'l·:i·
import:lnr-i.t especial :\ orgnni:atção n111nicipal Como cooscqüêncirt niCf')~. jomalciros, 1nanCf'-bos e moças <1<: ~olclada, )011\•n, e as 1n::ii~
da ~i'1bi1a tr;l.nsferênc:-1:1 Jc t1111a p11rct'ln dn c ivHizuçi'lo <-"uropl:in, essa cousas, q ue S<' co1n prar€'1n ,. venderem, 11:cgundo a disposi\~io da
s urge coo10 u1n dado inicial, a partl.r do qua] Stl ordeila a prÓl')rin lCrrn e <p1nlidncle do l't-rnpo" ( •1 }.
colonizaç-;1o, no contrúio da Europa. onde é amadurecida ao longo Q CorucJho <'f3 n._>present..ido por Ulll rroc-nrtldor, por intc-rm~dlo
de um 1<'11to d<sen,,,l,tmtnto(.. ). do qu•1 toma,·3 con1t<"Cimrnlo dos ac..-ontc"C'i1neoto.t; (1',.· hnporL.l11t i;l
•.\ll-1n dis:so, f('.'(X·bc <·orno herança, já de i11fc.•io. um tipo de l'm sun árc.:o de jurisdiçúu( 11 ). Era1n c·lf'ilOs aindn U'i ju(zes onli·
11(1rios aos <p•nlo: cornpclhl supcrinlender 1\ r101ícia e a qut•nl fíca,·a111
organi:r,;1çiio c..·orrespo11clc·ntc a 11111 esl ndo m{-tis cornplcxo, q ue SU·
pl·rou o~ linlitcs <.l:.1 Cidád~Estado t• ,, e orgauí:r<>u r rn nação. com subordinados o nlcni<lc( '") e llêUS :.uxillar<.'5.
u1nr\ organi7:1ç-lo socinl t:unbém mais comple:ia, cujos intl'rt~'W!S .fO) ...._t; -..lldt-l \iltt bo• ......-.. ( •• • ) th•r- - _ .........,. wlorduudro •
... .,....... (~ - I~ ( .• }. Túd.à• ,,.. "f.lliPn dc-ii.i\'I d• or;;;uii~).)
mais profundos C$t:io ligados a unla burguesia mrrC'3nti1 nacional e f1'111fltdp.J que' dCki<- o "'-1.1 db inid11l 1111 l""~i<A ~ nl(l\ i1t1rrdK 1• Jho, m11rc;i1111 (1 hor., ......
dl( J!dmundl) t.;;1111;, 1c1r.sccntnn~o: "iu111-i o munidplo> )Urt;-U U•k<LnH'"h' p11t diJp,.•ii;.1••
intcrnacionnl. n qual ne1n sempre sf· drixa percel>c-r pela prc.:scnçn do F<tn111> qta'. nn• (ll'luWhóS t i.,O:J, flQ '"'i•l d.iij; "~"'· 111 .1nd~\.\ hJ\lo 1•,ull o) d t<(«1l o """ •
de seus 111(·1nbros nos nl1clros urbano~ do Brasil. rfollt10l a po)M1)11~1'1(1 d 11 v ib , M 11111111,1!1 dnmês•icnt;, " ' 1u11d.~'1 d:u rsph;k~ t•11lfrdwd' \' u
\ltt:11J1b11"1a 11)1111jfl,...I tntlld('t11;1dJ 110 C...\"Yn 1 d~' ()r\!rnll(~- ( /1 .,,. \, F.d:Ol\1ti.I..
O ...1111k ípõo •10 IJMtll• OJ5f·l100J. ~io h<Glo. l?Ht.ollt-l" !"~•~"' t:1.btootl.1!,_ 1~ t"C'
Por nicio da.~ Ordcn:tçõts, transfc.·riu·se para o Brasil n organi· u. i :u.
zaç:io muniripal portoguêsa. coro suas rafzes romana.' e ~uas funções ( 4 1) 0---"'_..C,o.;, Fn.uct•t - S>a h.ko,. S.••,,. "'-· 1~. '! ...._... I :• "~'.
P';. 3t!.
º''"" c1t,
t!l&J CAM• '"'· Kodolio - f.1m110 .sdbflt ot Ui116rJo /'(llhiett • AdmlnhtraHçq du 8MAll
( .a2) Ottvuo•.-1,1\r\ f1urll(•J -
<•1> OMou-·.-..,r.1' F1ur1N•• - "r'"' cit., 1."1.• ,1.a., l•·•e '.J.5(1
" "'· 1•i1e l-5l
i 44 ) "Eta Q jl!Of\ltMlar d(l (:()f,.C"tm o orgntn oflifl;i l it1form1mleo 1111 C':,,1011ta ~ l m1 »
(ISOO J8t0). 111(1 d e JAnl'h(l, JoM Otw:r1pi<1, J95B, r~8· ss. cl\)llh l"'t "'" lnh1m1c:diit tQ111~•1l ~tl.1 to"lf1hl'c-'1t1l'rol11 d•+t arnnt.·~1"~"tv• t111Uht"i1 d~ n~p11 •
f3"9J \'1.uou, F. J, Oli~fhll - f-0p.-/JJç&J Mr1i4i1mafr do IN1ll. UittJfip, Ur('Jll,._ bit•" lTAtrl'<AY. Alfo1o.-AO d.e E . $4o 1'11..111 ''°' r1l11tr/1.., ÁtUll)~; ( J"t·l60JJ. '''"'" ' ;I..
*"f4o P.''ft-~ac1.-... 3.• ~d~i.. b•o r.a.ulA, c~p.-.11-ll!11 F.d.to1a N-6'1o......1. pi;.. :ua. ff'C'OIUtllM~ --""' T-... ..~ "'"""'t .., c:w.• IV-.!O. M. 18.
e .as) Ale:.,. .,.m tftlt • dplll('a(".S. ~ c:bd~ . . pl"llkb..
36 E\'OLUÇ.~O UllBAN A 00 Bl\ASIL O SISTE~lA SOCIAL DA COLÔNIA 37

Ainda c1ue os clt.mentos do siste1na social ern geral. e os ele- Ao St'f'Cm Atenuadas. porém, ;1.s condiçõl'S iniciais dr isolamc·nlo
mente>< político-administrativos cm pm1icular f6s>em no llrasil umo e quase abandono em que vi\•eram os ní1c-leo~ 1nnis a.ntigos e c111e
hcronça fonnal de elementos similarf"S d.. 1n1dlçõe< portuguêsas, as jusliíicaram e quase t"xigiram que os municipios ullrap;.1"~<scn1
conliguraçõe> que assumiram na Colônia foram pecuUores( ..}. M de muito as suas atribuições, preocupou-se a ~ltlrópole et1' co1n-
condições do processo de colonização no Brasil li•<ram com que b:.ter taf.s excessos e em transformá-los, na medida do possí,·el. eo1
na prática o esquema administrath'O proposto pew Ordenações ad· instrumentos d6ceis da administraç;ío centrtd. ..Com a rl'3çâo, as
qulri.Jse C.1lracterlsticas próprias o diversa! das portugu~. A insu- Clln1nra.J amesquioham-se. convertidos Mn Au:ciliarts do go,·emador.
flcl~ncla das Ordenações( "' ) e rnesmo o inconveniente do cum- Na rcpre.s.são aos potentados territoriais. que su~ten la\'IUll sua auto-
primento de parte delas seriam percebido< logo pelos primeiros po· nomia n5o raro insolente, elas se enfrnquece1u"(·H1). Em Salva ·
voadores, como re\•ela a sua corrcspondêncín. O isolamento das dor, o int('rft•rênc-i:J fui oficializada, passnnclo o~ vertndorl"s n ser
povooçúes exigia frl.-qticntemente de seu~ rnoradorc:i: ~' solução de Indico dos pelo governador(••).
prohlc1nas que, ein condiçõe~ r1ormai.s, s:criarn de co1npet~ocia do J\ ês.sc.: enfraq.u eciJnento do p<>der políli<'O loc.'nl iria <·orrcs.
Covêrno CentrAI. Se, por u1n lodo, ü!i'\ft contllçllu de vida re1)re- pondc.:r u 1un redução do.s ativh.lad1•s mililart·~. Por \1m lado. o
5C:ntava uma desvantagem e. a rxigêncin cio sncriílcios suplcnt(;'n- n111ncnto <las tropas rcguJares reduzia a iinpo1·t1)11('i:1 <los cnutli-
tar<"s que seriarn, cm parte, atenuados com a criaç;,lo do Covê:n-•o Jhos: por outro, estaheJecia-se um Cf>11tn\le n1ni~ 1.•strito dos org:a-
Ce~al, ~or outro, reprcsentav~ uma autono1nfa nõ.o prevhta na legis· nl~1no~ rnililarc;s locais. cuja oficialidade scrin no1ncn<ln peJo go-
1:tÇ'tio, Jfi que e ram transfendas para n.s c:1marR5 as responsabili- ' 'erna.dor ern lugar de ser iru.licad:t pela Câ1n1u1a(t:.1). Já f'lll 16fl>.
dndr~ c.Je inUmeras decisões de que se beneflcinriarn lar~:unente os durante a re\'olta contra SaJ,-ador Corr<'a. o povo. n·fl'rindo-se
grand•("S proprietários rurais de qut'm as câmara~ cran1 instn1nl<'nto. llO< capitiles de Ordrnan~ "pedia aos \'ereadorC"~ no1ní'assc.-rn LJC\·
A't alih1des de ü'dependêocia, ainda que t'Olllnlriando expressa- ~s benetneritas. segundo o antigo pri\.ilegio das Camar'1.s. o 'I'~'
mmtc os têrTllOS da Jti. chegaram a e.xtrtmos surprttutlcntes. os ha\iit sido OS\•rp:•do pelos go\•enladores, <111t• antig:tmc"nte só se
•(ll:U't ('rom acolhidos favoràvelme-nte pela Coroa, numa deulonstm- limlt3\·am à eonlirmaçiio do que fosse !cito prlo ~mdo"(").
çlo do <'Vitk-nte realismo político("). E'"' orlentaç:1o pcnistiu até Ao m("Smõ tempo fazia.se sentir, de rooc.Jo rn,1i~ con'ltantc.-. a nç-.io
n 1nr1ade do K-gundo século, en<JoBnto coincidirnn1 os iotcrê~e.s da dti justiçn proporc..-ionada pela Coroa, ninparnd,, ngor.a em instru.
cnrnada dos sellhores de terra e os da a<lrnini~lrnçUo portuguê'.SI•. mt•ntoo; mnls eficozes, tendo um quadro ad1niníoçtrnti\Q rn•ti11 d(•54•11-
A'< funções judiciári~..; da orgnnl1.nç~o m1111ic.:1pal ernn1 também volvldo. Cornhath1m-st\ assirn, os privilc~·gioot ( jtlC o uso hn"ia r""''r-
rf'forçndas prla 1nodéstia da vidf.I d«·so;a') povoaçlS-Os e pclias condições vudo oo.s potentados, inclusive o de asilo n <'ri1ní1h.>'IO'I e o de t) j..,.
tli· l'\ol:11nc·nto. Contudo. êsses rnesrr1os fnic;rc"S Justiíicnra1n a e~is­ lrlh11i~·no d i1 juo;ti~~t a ían1ifiares, s11bort1inatlos e cscrnvoot. 1\ t<,'- entflo
l(·ncia de.• tnn esquern~1 nd1n1nistrnti\'o pouc'() clé's1;11\'0lvido; o~ pro- c ro uso qunlcjuer clt\f<'s jolgar-se jnviolôveJ t•1u 111111 ti•rra, <·nstuur·
hl1:1n;1s lorni'\ sendo reduz.ido~ n nçiio ndrnlul4'lrntivt1 ocorrendo clv CftHil <ll'(.'Orr«ria o <lc r1hrigHrt•m ind iv,duos pcrll'l'g11idos p(•ln
c111a~1.· completanu~n1·e a tra,·és dos próprío11 colonos. disprusava·se n justiçn. Já Prn 17l9 - ;.1finna Diogo d1· V11scon1.•t•los - o l'( 111dc d'-·
('xistl'-11<.:itl de \UH grn11dc quadro de nd1nlnistrntlorcs profissionais e As11t11nnr, ern ~·liuas " .. - n rt.'Sp1.·ito tinhn 1nn11dndv p11hlicar 11111
r<.•for('ava-sc a in1portl}ocia polílica dos colonos e o papel das bnn<lo. rigorosamente proihi11do e amc:a~-nndo tnl dlrc-ito dt· u... n0 ··(;;:1J.
<.:a1nnras. Reduzidos os 1nonicipios em s.uas pri1nitivn< ntrlbuiçõeç, 11·g:u<>
<' conquistadas pelo uso. ç reduzidos os pote-otado~ <1n \t'\1s podt·r<·s
político1, militares e de dislribuição de jusliça, poJt-..sc ad1niti1

<•t) ....- . 11... .._... - o,,... ru... :ú~ 1\.


C'9l F,Ollo. tt.~-..ao - 0,., rit. pia. ID!.
150 "•b1<.lf.A.
Df. ~ ,.irira - o,... nt., ,.,. 1-t:. p.11 so1
4 'I!!:) '"ªª"'o...•
Dr. JW \ 'irit• - O,.,.. ril_ .cL 11!'!....... '°';:
(.\.l) Vafl«l(ol("•J.oi., OioKo ck- - Jlidirlllf A•t~ lliu .VU....1 Cot,IÜI ffot.112" ft;•
d• f•'W,,.. lmp""- ~~r. lO.C8. ~ "º"""""., t • ''O! • i»c. to!MI

1
38 EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL O SISTE~tA SOCIAL DA COLÔ~lA 39
1
qu•, de sede$ de pod<T local, as Cimams dC$<:eram à 01tcgoria de Aos poucos, Jomin..'ldos os indígenas. impík-m se a agri<'\1huí3 4

d"Jl"'hlmentos adminlslTilth'OS das capitanias e do govêrno central de cxport::ição e o trabalho c~navo. A vitória sõhrc a popul<'lção
e meras ei:ecutoras d e orden.s( 114 ). n11ti\'n representou. t\ po!"ibi1id:ide elo uso das terras e a gArAntin
Pode-se di1,Cr que no terminar a segunda décnda <lo século da mão~de-obra para os 1rabalhos braçais. Dispersa-se a pop111:1ç-flo
XVIII esta riain conc1ufd11s essa11 transfonnações, oon5olicl:ldas as peJas terras oonquistadtis "e a prhncira cousa <.11.u.: p•·rtcnde1n ª''<t11irir
novas formas poHlico-n<l1ninistrntiva..~ e definida n s-itunç:io dos sam escravos para nellas lhe fazerem suns fa zeo<las ... "(tit). Evi-
colonos. de tnJ rnodo quo estari~1n n1aduras as condições pnru apli- dcur in-sc, a p artir dai 1 a divlsiío do. sociedade que se fonnava, cm
caçõo de uma política altnrnentc <..-Cnti:aliz.ada. con10 n que caracte- senhores e escravo.s; a transíormnç!\o foi rápida pois na Dahia ••... no
rizou a ação da Metrópole da! por diante. tempo de Gabriel Soares e dos Pcs. Cardim e Anchieta, C.:rca de
15$3, exls-tiam nas lavouras de cnon e engt.Tihos de açúcar uns 3.000
africanos; com os que trab:1lhavam noutras c1.1lturns. calculn Lul2
Vlnna seriam uns sete mil'"(ti), Esta,·am estahelecíd0$ OS' rlcmen·
2 - Organização eco116mica e estratífícaçào 1ocíal los fundamentois da produç-lo colonial, que iriam compor as base$
(
tanto da economia rural como da urbana, até o século XVJlJ.
A =nomia colonlol cslê,·•. até meados do segundo skulo, ba-
seada q\1ase que cxclu.sh,nrncnlc na agricultura de exportação. Foi
essa a ativjdade econômica que deu melhores resu ltados sob a A) 1\Jividad.es ~conô1niC<11 rurai1 e a.t cantadtis
forrna de ngro-indlistria do nçlicar e em fooç5o delo orgnnizarAm- sociais correspondent.cs
se as dt~mais. . \ eh1 flc:orln ainda subordinada u econornin urbana,
cujas çondiÇÕC$ inich1i5 scriarn cxtren1a1nente n1ode!itlls. As atividades econô1n i ra~ r1 11·0i'i dividk1rn se entre :a agiicultunl
4

Nos pri1neiros :.111os. porérn. com a popuJaçfio reunida sob a de tipo 001ncn.:inl p:1ra exportação e a produção de subsi11têJtcia.
protl~fio de m11ro5 e paliçiulas, o quadro C<.'CJnômico crn dos rno.ís ~sse.! setores coexistiarn 1nu itA~ vt•7('1) nas mesmas propriedades, ou
ru<lünc1~tarcs, qunse todo voltn<lo par:.t a produç.i.o de suh<i\tênci:i. olternavam se. conforme M coodíções do rne rcado internacional tor
4 4

º' colonos portugudt$ p:lrlicipa,..-im diretamente dos trabalhos ele n:a.ncm mais \'a1ltajosa unia ou outra modalidade de pmtluç.1o. Cor
rt:spondi;tm, em principio, rcs-pecti,-ament(", à economia 1norlttária
4

cultivo da t("fra e d(' todos os trabalhos braçais. os qu:ai' ~ aos


J'JOUO:>S seriai:n tr.1osfcridos p.1"' os escravos. Ainda em 1575, em e à que tem sido chamada de erono1nia .. natural'". ('.'()m trocas em
Slô Paulo. Domingos Rolz. pl'l)indo licença à Cãmarn. pnra ton111r dpt!cie.
1 a ahrir 1una porta 11um balunrte ela vila, 3Jegava c11.1c ··era1n 'a terra A rêdc urhann tupii hl'~taladn por sua c.·strutura, sc·u íundo1ncnto
1 pobre e as neccssidoclc•' d(•lla 1nuitas'. Su~l mulher, in á roçn. <..'Om e seu desenvolvin1eoto foi, (•1n grf\ndc pnrle, un1a respostn ~~ Ci,rac-

I' ns (•scr.l\'as ... "(!1~). t\ S cn11diÇÕ(-s de vida ern1n durns e ns mulheres


dos colouos e os fidalgo" vt:11n-se nl't contingêncfn de 1;;•nírf'11tAr as
tarefas 1nais h~1mildes. l~S"llS dificuldades <los prin1eiro, anos seriain
tc·rí~tit'tts e vicissitudes dn <'C000111h1 rur1tl.

a) Agricultura (le cxportnção


<:01nuns a todos os t<'ntro' f(Ul' sé instalavn1n, pois ctn Sal•.'ador,
a pc'.'iQr c.Je sua 0011(,lí~5o de capital, diz Frei Vicente que ouvia •• ... O cultivo da c..-a11ra e ,_ produçtlo de açúcar foram a~ ativid;u)t"S
dizer n homens do seu tempo ( ... ) que êle (Tomé de Souzn) CTa
económicas de roaior i1111>0rl•\nc:ia nos dois primciros sêc:ulos de ~
o primeiro que lal>)ol'"' m.10 do pilão P""' os taiP-1iJ e ajuda'"' a lonizaç-lo. Foi sómente ao fhn do sl'Culo XVll, q1.1c o drscobrimcnlo
lcwr a seus ombros os caibros e modeiras pero as casas •.. "( 14 ). do onro deu origem a uma t1tlvfdade mais re1-.dosa e capaz de com·
pctir com vantagens corn a <'COnornia açocarcira .
•s.&• ···~ tt.,.......... - 0,..1 '"·· ,.,•. 10!..
~ 5S) T,u'N•Y, Aff(ln,•1t tJ. &, - Ô]ltlf l'lt., plJ:. lO.
(.')fJ) $.\1.''"PW'- F1rf \'it't'ntc do - HUrririo de> Jhcatir (1500·1621). •.• rdl.(-l1t, SJo i31) CA)'(U4n), J)u (o ~ .t.hi:11lkl•·1 - lllno\!ria d;a P'i'Cl\•fncia dei S11nt• e ........ Jn. A.UIS
f'11ulr1• MtU1(1o:tmçnt;1\, Jf)J-4, JhiR. 11$4.> " V1 u:11110. Sou111 - Dlcdondfto lt1'tdllr1, t< fJ<t- Cfotrn: 1'.'ruta P.rr•·11~rtt IUMrfll.. S5o Pt.u1u.. >.ft'lhotllftM'llt(lj, 192l. pig. 1a.
r11n1t·11u.! 4~ A•d11t~.:t111, t:11f,r"í1.rli,,_1 f Ca111'1n1t Mt'$ r Mtug1< tJU ç-11 11 Sr,.i((O 1t11 l'Drt41/tO(. f58) Ai;c.v>:oo, Thalu de - """"'"'u:nt11 dtJ Cld.id ii do S11.lcadur, 2,• f'Ctlçllo u1vl1t11,
l.hb1i.i, l111pr~ru11. Nar.ivn -AI. OQ4, f,1> ~oi ., pAx. 47. Silo J•,wlo, CvmpanbiA Rdllo111 N~\•l!Jfl~ I. 1'1155, pilg. 1·18.
1
1
1
40 EVOLUÇÃO URBA~>IA 00 JJRASIJ.
O SIST EMA SOClAL DA COLÕNIA 41
A •gricultura ele exportação estêve ~de o lnkio organi7.ada em urntt parcela muito fX-'qUena da renda iria para foro dos t>nge-
gr1ndcs unidades mooocultor::ts, com base no trabalho C$Cra\'o e na nhos(., ).
produção '"''ensiva. Ji em 29 de março de 1549 os lavradores da
BahiA rettberiam autorização régia •para que cada senhor de enge- Ot~ modo, t~1nto os rendimentos mon•·· tárim qoAnto os rcr1-
r. dimtnlos em serviços e a produção de subsUtê1\CfR ('1'C,'81ninha"11_m..se
nho pudeose receber da ilha de S. Tomé até 120 C!Crnos do Congo
pagando '6 o terço dos direitos"(N), diretamente para a camada dos grandes proprietúios ru1ais.
Essa forma de produção apresentava certas peculiaridades A r-xpansão dêsse sistema foi etsegorad..i. intemnmtnte pela sua
,..
l• apontodas por Celso Furtado(IO). cuja importAncl:i para o dt-.en·
volvimcnto dos centros urbanos deve &cr destncoda. Nos perlodos
de entres$afra, mil.$ sobretudo nas épocas de c1be, verificava-se uma
elevada rentabilidade e extmlamente pela idenlifio:içiio de Portugal
com os interêsses financeiros holandeses, quf' liC tn<:nrregav;im do
rcíino e comt'l'cializnção do p roduto na Europa( 8•). As11cg\1radas
!1>1 '' a.s condições externas de mercado e fornc·cirnento de mão-de-obra
disrronibiUdsClo de mão-de-obra que era utilltnda normalmente ua
11~ !' produçfio de subsistê ru;ia, na presta.ç-ão de serviços, na co11strução escrava, os resultados <:rarn suficientes parn gnrnnHr intcn1a1nente
de imóvel~ ele uso rural e urbano, enFim 1 em tõdns os fonnas de a <'xprH1$iíO do sisteJna. Crescimento, porén1, "signiliç:l\'ll, neste
lj1n produção que pudessem a presentar a1gun1n utilidade corno serviços ~so, ocupação de no\'ttS terras e BurJ'lentu do lm1>01'taçôcs. DL'ç:l-
ou fntor de troca~ uma ve-.1: que aquela 1nno-dc·obrn nli.o poderia dêncln vinh~ :.1 ser redução dús gestos cm bens iinportndo:,: e J1a
1
r
produ1..ir tendhncutos monetários e estnrin n se consumir oom o rcp<>sfçüo de fôrça de trabalho ( tainhê11'1 fr11portnda). co1n diini-
tr-n1po(•1 ). Dês.se modo, as contru~es ruroí" e• urbanas - cm espe- uuiç-Mo progrc:ssiva, mas leslta, no ati\'o da empr~so., q\lt' assim
ct:1I as urbanas - podiam ter origem nMsa forma de aprO\'cjta1nento n1inguava. sern se t ransformar estTuturalmt-nl«"( 11n ).
dos recursos ettraordínários de rnlo-<le-obra, <JUC "inha infloir dire- Asshn, a principal atividade económica cl&t C.OIUnia. a qu<-. por
larnwnte oa estrutura das po\·oa('Õe<J:.
ser capa7 de produzir- re1ldinlento.f monft:írios on \Olu1nr ~igniíi
Na• épocas de preços Í»'Onlvcis e pleno rmprêgo das poten- ~tt,-o. estaria ein coudiç6e$ de produzir tr~u\e;fonnA\'Õ4~ nu <'5lrut11r.t
dalidad~ de mão-de-obra na agria11t11ra comerei.ai, ocorria~ em da produ~io. por razões espccialli pro\O<.'U\'tt apenas alter.a<,'ÕM
1'1lhma inst:'\ncia, unta ocumul;iç.10 monetdrin, n <1ual, de modo geral, quAntitati\'as{ ..). Como dl"COrrf.ncia, f'll'tuRuto íntôrt-s externos n.io
tcrminaria por produzir no,·o-.; inve.stimcnto,- na forma dt• produção fnttrírri1a1n. a r~de urbana respond eu npcn.. .., ao mt.~mo tipo clt'
maiJ ''ak>ri1ada, isto é> na próprio. agrici.1lturn con1crclal1 prepa- estímulo dindmico e portanto sofreu tan1bétH npc~ua~ alterações
rnndo. cnti'io, tun ngr:i.vamento nas di~ponlbtlidadl''! dt' n1õo-dc.ohra quantitntivas.
nos suhstYjUentes períodos de bai.xtt c.lt• pr<·('Os. A11cnus n contínua F.ntiio, os 1n('canis1oos e.lo sistrm:t <·rnm taí-.;, íjlll' 11uu f.li11;_'l,1nh.:a
cxpnnsi10 do rncrcado europeu, que ocorrt:u oté tncndôs do sêcuJo sc:ria ínenpaz ele fornecer estímulo de trnu~íorn1n~:io qunHtntivn 110
XVII) fo i (.'{\p"z de irnpt~dir unu1 quebra dos pn.'ço.s e, t.'Onseqüenh~ prort·sso t.le urbanização. f:ss<." permnnr·rcu con1 011 n11-s1ntlS rnract<~­
n1t•11tc\ da rentabilidade da.e; uoidadts ru1·ni.~. J)ui por din11t1..·, porérn,
rbticns) iHé meados do século XVI1, Nessa époc:t. q111111do u siste111n
pt·1'<:lido o contrólc português do produç"o cssn crise desencnJcar-
h.'VC o seu pmet·ssarr11:nto alterado, co11trihui11 i11din:tnn1énlc· par~t ;1
~c··la quase sem intern.tp<t';lio até fin.c; do século XVlll( 11:i ).
trnn,forn1u~·fío de outros setores corno ri flgrit·ultura de """'i'ICntia e
Ainda u1n tntço relevant(', na orgnr'IÍí".A(':lo dn e1npr~n agrícola alguns setores n1anufaturci ros. co1no adiante- \'OI t•xplic11do, provo-
de t•xportnção: seu rendi1nento ficaria conc.'<'nlrndo qu11c;c exclusi- c.-ando C.'11lJo a transíor1nação do prOCC$So de urbnni:>-nção.
\'Rrnti1tc n11.c; rnãos dos respectivos empresários. Não tendo que c-fe-
tuar p:.gamentos de salários à mllior parte da mito-de-obra, e rt"sol- "r•
( 0:11 fct 1-0. Q.bo - O,V. dt.,. pio~ 3$.
' ººdo inl•rnamenle graode parte elos problemas ele produção, apenas (6.1) t"l.......1(1\. Ccüo - o,....
ftt.. ~· 19.

-- - -
l.StJ Au.noo. TIMJts Ck - o,i... nr.. pia. I.._
f8)) . \:.llYU)(). Çod,., - 0,.J dr .. ,..,. 67.
(MJ "" .. h.r.ia,
._.....- f*Wblbd• df. o~
"·"~ ~ - ,...,,.. .. ~~""'~º ~ ..top i h ' ·
port-*>. . . . . - . . ft"' • - ~
o (-
-

ftll) f'nY,o,(JO. Qbo - 0,- ri:.• p4&. ef • tf'(:to


(fl ) f"lõaY•DO. ~ - 0,- rit.• IJ4J. 88. . . . ~je ...
.... -
~..-
.•• ._. nr<'nllcJ .. •
a.....
« Vlft'l1n Mm. au
~-
-lic' tt..._
&rtlirt1""ic) dama n:w • _
&.
e:oo...........
o ~·k.o-
. ..,.._ d4!- ~ e d. ~
,..... - .
1\1-(k ,... ~,._._.
~. 'fW ·~ prr-
u•••Lt.n.
f8tJ Fi:a-r,o,oo. Qr.bo - ~ rir.• páa. 29. VVll•l.•M ~ une-to dc:-op!fito COllllO irk-nco dl'lll•ICO cio
~,. (F\l~TACJO. (;itf'O - 0,... ril.• pia. fl7/f8.)
•·•••otwlmnto -
'1
42
~' ;I l;VOLUÇÃO URBANA DO BRASIL
O SISTEMA SOCIAL DA COLÔNIA

~: I'
Na segunda metade do século XVII a produç5o de (•xpor-tação
$ofre sérias transformações. l nicia-se a produção açucareira na
Ar.nérica Central. Os preços sofren1 uma queda, que os situa> no
b ) Produção cl~ subsistência

1 '1 terceiro q uartel do séc-ulo, ·n a metade do valor anterior, assim Urn dos traços rnais característicos da economia brasileira foi,
permanecendo durante o século XVlll(").
, , jl desde o início, a preocupaç.ão de auto-suficiência d~ s unicl~dc:s
Os saldos das exportações tornnram·se insuficientes para ga- nJrais. Essa tendência, presente tanto nas grandes unidades d~~<l1 4
rantir a reposição dos fatôre.s de produçiio - principafo\Cnte cscra· cadas à n1onocultura de exportação co1no nas pe<jU(Hlas, rec1uz 1d~s
r JI vos - e insuficientes, por(anto, para garantir a expansã o cio sistema, muitas vêzes a um precário auto-abastecimento, estender se 1a 4 4

~ 1,,, .nos n1veis do cre.sci1neJ)to da popt1lação c...'Olonial. As 1-ransforn1açõcs, mesmo aos cenb'os urbanos. . .
poré1n, não cr:am catastróficas. As unidades reduziam a produção Ainda que a auto-suficiência não pudesse .ser a~ng1da tota l-
e perdiam a·pcnas muito lenta1ncnte a sua capacidade iniciAI. Pre- 1ne11te, a fonnn de org~1niza.ç.ão era tal1 que a proporçao alcançada
'J•' servava.se a estrutura do sistema, que iria sofrendo oscilaçõe.s no foi sempre significativa. A tnanutenção ocupava lugar _de drstaquc
vohLn1e de p rodução, de acôrdo com as variações da dernanda <lo nas grandes unidades agrícolos dedicados à. exp?rtaçuo. l'i. prC...'0-
',11 n1ercado internacional. Transferiarn se as disponibilidades <le mã-0 de--
4
cupação d e aproveitan1ento total do h:n~po d1spon1\'~l dos es~ravos,
b 4

!
obra para outros setores, espechalmente a produção de subsistência mcsrno nos períodos de preços favoráveis para o açucar, faz1.1 co1n
Q os senriços, o que conttibuia harga1nente para a preservação d:l que um esfôrço pooden\vel f~ss~ ~empre dispendido ~º'~ . ~~s~ setor.
estrutura inicial, que revertia à atividade na primeira ocasião( 11*) . Já. nos primeiros anos se delt11e1a a busca da auto-suf1clenc1a, por
1ncio da expJoraç5o dos escravos "e si ~unHl pesso~. c h<'ga na terra
:\s dificuldades da agricultura de exportaç.io não se lhnitararn
porém.à retraç5o do n1erc;ado internacional. A ccntralizaç:5o econõ .e alcançar dous pares, ou xneya duzia delles {ainda que outra
rnica, que COU(.<>edeu o monopólio do co1nércio externo às con1pa -
4

<..'()usa nam tenha de seo} logo tern rerncdio para poder honrada~
nhias privilE.:giadas, e aos co1nerçin11tes portuguêses, limitou o con n1ente sustentar sua fa1nili!l : porque hum lhe pesca e ouh·o l~1c caç:~,
4
os outros lhe coltivam e grangean1 suas rossos e dc~sta rn:~nc1ra n:un
trôJe dos grandes proprietárjos sôbre a r)roduç..<lo, reduzindo ainda
faz.e 1n os horneos dcspe?.a crn mantimentos co1n seos escrovos, nc111
rn:iis suas possibilidadc·s de lucro, ao que se somaran1 tis cr~scentes
exigências fiscais da Mcttópoh~. Daí por diante, os int<:rê.~ses do com suas pessoas" ( 611 }. • • • •

grande lavour<l de ex:portaçtio e os interêsses de Portugal estariam As pequenas e; rnédias pr~prii::da.<lcs. hnp?ss1?1ht:.:id.~1s ·d·e· p.art~~
e1n t-'Ontrodiçrio. cipar da produção ele exportoçao devido à nust·nc1a de c;ap1t~11s .HJc
quados, utHizavaf11 suas n1odestas cli.'>pOnihilidadcs <~e mão~de-ohr~
E1n fins <lo século X\lJJ, a descob(;"rta <las tni1H1s de ouro veio lla pl'()(luç-lo de ç:lna a .~cr lJL""l1cfici::id'1 nas g.ra_nd:'S ~1n1dade.~, r1uri'.1<lu
trazer on1a clificulclt1de de ordern interna para a agricu lt·ura . Os posslvcl, e. qu:\n<lo n5o, na produçüo de subs1stcnc111 busçanc.lo l.11n
altos rcndiinento~ da rnineraçílo prO\'Ot'Ararn 111na a<!Írr<tda concor
4

4 bém a auto.suficie·n cia((l~A ). .


rênchl no incrcado de escra\'oS, dificultando ainda mais o forneci 4
No período d(~ e ntressafra ou q t1cda de prt>ços d o açucor, o~
rncnto de braços para ttquela e- acentuando a su:) decadência. Con- roclutos de subsislência surgia1n con1 abundâ11ci>1. no n1f•rc~1do, 1n:1s
tudo, pode-so dizer que até fius do século XVII, a e1nprêsa mais
rendosa, a q ue n1ais vantagens trazia a seus propri<'tários no Brasil
icmprc qoe sobiam as ootações dos produtos de ~xportaçõ? º''. 'I'" :
AS pestes ou d ific\1ldad(.-s de outra ord~·n~ r~du~1~un. o 11uo1r1o ele
cofonfrtJ, era a produ~·ão do aç(1car. As dccnais atividitdes 1..:conômi· escravos. diiniil11Ít1 a prodoç~o de su bs1s-tencl~t, 111flu11!clo de 1n odo
cas fu ncionaram, qoase sernprc, corno un1 <..'Omplen1euto des~~a. desfavorável não apenas nos centros urba1lOS rnas tan1bem no mundo
rural.

( l;r) F!J~l°A(lO, Cr.tso - º""" cit.• pAg. ll!l.


(~$) Pl:n , .1.vu, Cl•lso - 0f)llf <"ít .. p5..g, 64 / tl(;'..
44 EVOLUÇÃO Vll9A.'\i' 00 BIWllL O SIS-l"l~MA SOCIAL DA COt.ÔNlA 45
Os proprietários rurais, eventuab moradorts dos núcleos ur.. A produçílo de sub.slstêncin foi, pois, n altcrn~Uvn .rota ~ ~1~ri­
banos, tffid('T"arn a transferir p11ra êstes c>s 5eus progrn1nas de auto- cultura de exportação, pratic."Od4L sempre. que º.ª~ .fot possa,·el a
suíiciência, transportando e aproveitando parcela.s de s-ua produçlo pnrticipação nessa. MD condições temporárias, d cfm1.hvas ou na pro·
rural, e mesmn instalando, em escala reduzida, oo próprio melo porÇ'"d.O nmbicionada. SulL~ po,~ibiJidades de cre~enn<:nto, tod~via,
urhano, a produção de nlimentos. .Esse comportamento. oc.iorrendo tamhé.n em cxtt.-nsão nt\is sua,- caraclcr{st1cas cstrutunns -
ernm . • r~ • • sên
em proporções ponderivt-"is, tomava o 1nercl'tdo urbano extremamente tcodêncht a produzir paro o autoconsu1uo, trocas em ~spec1c, an ...·
redu7..ido. Dt:ste dcpenderia1u, de 1nodo n1nis direto, openaJ alguns eia de cspecialit.açilo - identifica'\13m-na c.-omo erono1n1a natu~1 pre·
"'ii;
,i. grupos da população \1rbana. oon.~ituidcx de comerciantes, fuocio· cnpitalisrn, como n define lrn\cio l\angel(" ). Ne.ssas oondlçoes t~:lo
nários <'ivis e militnrt'S, profissionais e oficiois mec1inicos. mas mesmo poderia funcionar como ele1nento dinâmi~ da eco~m1a co1on,a1.
11111~ êsse:s procurariam imitar, ao menos em parte. o compertamtnto dos Nn melode do século XVII, co1n n crise dn agricu1turn conic~­
llC:
proprletílrios -rurai~, uti1i7.ondo, de 1nodo geral, o trabulho crscravo, clal, d.,envolve-~ a produção de subsistência, em especial a p<'C\••·
para fugir 'à Instabilidade do mercado local, em busca de alguma na. g de supor que a quebrn da capaçidRde de iinportaç~o d(:eor·
ru forma de aulo·ahastccimC.'Tlto. Os quintai~ das chácara" da pt riferln, rcntç da redução dos 1u<:rOS da agricultura J<• exporta.v.10~ tc11ha
o incsmo tis residências rnais centrnl.5, teriam seus pomar~ sua.s produz.ido, cm parte, un\ eleito positivo sô~r~ o. Ol<'~e.acJo lntr·n~o.
Jlil criações de animais do1nésticos e suas hol'tR.s. Crônicas e dôc\1n1en- Numa escala modesta, n produção de suhs1s1c·nc1:i lrta atender .to
to., n1e11ciona1n, con1 frec.1Uência, as \'antagc·n.s dos pornares urbanos, aumento da [K>pulação urbana, rrfon;adn p<"IOS excedenll'S <le1llO·
em especial os dos con,·entos, que se espa1havan1 C..."fll t~rno dos nú- grâfico.s na área da agricultura de e:<portoç-Jo e pelo au.1ncnto do
cleos principnis. Alguns scria1n registrados cont detalhes cm plantas comérclo e do fuodonaJiçmo. No inicio do sl-eu1o X\ '111, rou1 a cl1~'0~
e ··";$tas" mai' antigas. Notávti'S foram oo Rio de Janeiro bortA5 º' ht:rta das n1inas e o <:n'!ltimento da proc1..1ro naquelas l'Cgiõc·s. chei.tnra
d()s beneditinos e frt1nciscanos e na Bahia chegnri1tn1 u conf<•rir sc·u a constituir uma nlividnde rendosa. .
uomê a baírros da cldatle. A5Sinl, as atividade$ produtiva" no 1ncio 1·ural. lôss(;'nl de~ agn-
1\ s11bsistt-ncia das populações coloniaí~ con1pletava-se tamhérn cultura comercial, fôs.M.'fn de subsl"-ti-nc...-&a. tendM'a.Jn A m.1.nlcr M'11•·
c.-001 n cn:Çá. n\3.s principa.lm<!'llte com a can\e: do gado pro,enit'ntc pre 0 mcsino quadro d1• rth•ç-J.o coul o 1neio ur_bano e, púr'l<1uto, a
dos grnndes rebanhos c111e se crinvon1 no interior. Sêca e snlgadn, estimular dn m~ma for1na o prOC\'SSO de urh.'luizaçlo. Altera.odo--•u·
era ron"umid3 pela' cnn1ndas rnais humildes e pelos f'SCJn\'05. O np<"nBS qtiantitativnmeut<~ e nflo co11segui11tlo otnar Cofno c:l<·mc•ntos
t,'11sto ela carne era relativameute reduzido d~~vid o à nhunddncia d<> dinâmicos c·1n rcl,1çi'10 a outros \1-torc'1 da produç.1o - COnK>
p1'od11 to. rnn.s tan1bérn pOr<(uC' o ohjeti,~o 1>rimordial rm a obteo\\10 0 manufatureiro - foi ~ê>n1t·nle iudirct;unenh·, c'Q1nb1n:,intlo-sc- c·o1:1
du rouro. A~ grandt>s fn7.endu~ de criaç.1o do intc::ríor tinhnm crn fntôres exten1os, t•in 1nl·ados do slot·t.1lo X\:il, <1ue pu<leT~lll <.·ontn·
\'l~tn o ah:islecímerito Jus zonns canavieims com gado para corte\ huir para a alteração das Q11.racteTisticas ~tn1torais ~a rl-<le t' (1n~
"~'~ sobretudo parn a tração, nas inl1mcrn.~ tnref:ts do!; engenho~. 11 úcleos urhnnos. Ate c·ntão, sua atun~-.io :.c..ria no st.•ut1do de 111:u1tl•r
Coo~tit uln m 111n setor de econofnia, suhslcliário da ngrlcullura ele as dirctriv..~ estabelecidas nos primeiros ano~.
<''(pnrta\'50 e que «'fia, mais lnrde. responsávc·I pe1a ocupação de
vnstas t'irt:~s no interior do pnis. Sun produtividade, porém, era e) Proprietários nir.-is
rt'du1Jcl2( 'º).
A catnacla do~ grandes proprictá.-io, rural\ reunia os in<li~i'h"'"
Con1 uinn proe-ura pràlicamcntc• con$lOnte, a expan~o da pro- que tinhain o coutrôlt das fom1a1 1nais reJu.1osas de produÇtlO: a
dução de subsistl".ncia significoo qua.~ scrnpre u1na reduçtio de sua
rrntabilídadc e un'lil inh•nsiíicnçfio do seus traços uf•gntlvos., corrt•s,.
pondente$ às formas primárias de atividade econômica.

~11)) "1'11r.a te"'p~ttoek-r ltJc fato. • ~~irlo ln .,. ~~ qulf' • n ~&.


t.a..W- '1'& " " IV~ Mlldih ,,.,.. •t~ de wltf.i~ ~ • fot1tc •111•,c 11M1!11 &
* ,.,...
•t."""'h'- I' dlo ttOIN rtHl~ri1'-p11m11 (., C!CIUrO) qll4 " ~tih?.ll.•·11 p1A1!c.11.1ncnll) p11r& h ,M.l\I•.
(Pt-nT,uoo, QI~ - Op111 ci!., (lflJC. 'UJ/11),

' 46 EVOLUÇÃO URBANA DO Bl\ASlL 0 SIS'l"€\tA SOCLAt.. DA COLÔNIA 47
' agrl<!ultura de cxportnçiio, cm e.~pccial a produção nçocareirn. 1\ laçílo, eram de relativn fgualdacle paro o recebimento de sesn1nrio~.
' comttda ern ct1rnctcrizada não tonto pela posse dn terra, então dls- A pos'Jibilidade de obteu<,":io dês!C.S recursos seria otingida por tu11
trlbulda com largueza, como pel• posse dos meios de sua explora~. número relativamenlc pequeno. A posse de uu1 t'flgtnho r<:pres1·n·
bà.sfcarncnte os l'SCl'3\'0S, os engenhos e recursos de operação. taria também a possibilidade de induslrialixação da matéria-prima
', Estabeleciam os forais que ••. . . o oapitam dn dita capitania, e produzida pelos proprietários médios e poquenos da vltinliança, drdl·
seus sobcesores darnm e reprutyram todas as terras dclla de ses· cados A agricultura de exportação e, conscqücnter11cnll". de oontr61c
mnryu a qu•csquer pcsoas do qualquer c•lyd11de e condiçam que sóbre os mesmos.
seynn1 contanto que seyam chri.st&los lyvren1ente St.'111 foro nem dc-- A classe dos proprietários rurnb não ah.uiva el'onômicamt.•nte

•'
rctto algum som<nte o dizimo que seram obrigados de pagar a ape""s no âmbito da produção agrlcola. Por um l•do. a ogriculturn
hordem de meslrado de noso Senhor Jhesu Chrlsto de tudo o que de exportação possuía caracterisUcas de atividade mercantil e in·
""' dltAs terrâs ouwrem as qunes scsm11ryas daram na forma e 1na- dustrJal. e. por outro Indo, os senhorc·s de engenho pnrticipara1n do
} ncirn que se conthcm em rnính1ls ordena<:õcs ..• "( t2 ) . Os beneíl- trAfico negreiro e do m<'rc-ado de mocdn e crédito e nlc~ ~l metade
ciórlos obriga~·am-se, porém, à sua c~xpfornç-lo, sob pena de pcrdn do século X\111, tomnron1 parte, ativnmente, nos neg<Scios d e- cxpor-
~
da mes1ns.. A eÃtensJo do tertitório e a reduzidn população fariam taçüo e hnportaç-50. ~; de supor que durante o primeiro século r
d<t qua.\C todo! os brancos proprietários. •os mais dos moradores meio da colonizoção. a carnado dos rroprietários f~.., uma só, n·u·
' que por esta, Capitanias estam espalhados, ou quosi todos, tem
sun~ te-rrns: de ses,n:lrias dada.s e repartidas pelo~ Capitães e Co..
nindo, às \•êzes, numa ~ pessoa, como joão Ft"mnndes Vicira ou
AFfonso Sardinha a c.-ondição de proprietários rurais e figuras irnpor·
\'f"nlndorcs da terru.. ( 13 e ,,. ). Assegurava-se, p<>rtanto, a igualdade rantes <lo meio Hn;111ceiro.
1~ fundnnu..'tltal nn npropriação dn tt.•rrn, instrumento bâ.sico d:\ pro- Além dos podi:re.s det'Qrrentes tio contrôl<: sôbrc <'S')~1s ati,ídadl'S
duç~o. ô qul' cri:t\ll uma ig11:\ld3dc perante a )('i, que se tradu~la, rtH'rtontls, os senhores de terra reunltutl soma con.~idMá\'el de outrM
na prática, por uma identificação dos diferentes grupos brancos em
lacc• de lndios ~ ""fl'OS. cuja portidpação foi também, de.de o
podfrts, que fü:ernm com que a "ªª sjtuaÇtio \iC.'S~ a ser o ª''º
de todo colono e dt-lts dissesse Antonit: ..O ser ,_enhor cl<-' eng<"nho,
in(cio, configurndn de modo :'.\ ("Xcluí·los de totlos êsses dtrrflos. é Ululo n que muito~ 4<ipirrun. porque traz consigo, o sc:-r servido.
Pelo <'Ontrário, j:í o~ primeiros clocu1nelltos, cn1 vários- tóplro~. obedrcido, e rcspc..' it;1do de muito.~ . E so frlr, qual dt•ve ser, hon1C'11i
ndrnilinrn n escrnvi<lão do índio, oíici:1lizando asshn aquela íormn de cnbedal, e govC:rno; be1n se pode:: c-stimar no Bra5il o ser s1·nhor
1 de lrnh:alho. de eugf'nho, qoanto proporcjon.atbmentc se estimao-. os titule>i
1\ ~srgura\'a-«- ton1hlw ampln lilxTdade de comércio e navf'ga- ent"' os fidalgos do Reino"(").
çJo, feitas apt-nas ~trições à &('rio dos rstrnng(·iros e ao con1ércio A fonna pela <1ual se organizou n vida o.a colônia iria fa,ort"Ct'r,
('()1n o~ indígl'unc. ·~J!: de saUentnr'', diz Sirnou11tn, "o contraste de no llrnbito das cidnde5 e \'Has, a prf·<lo1ninância ela <'Arn:1da dos
Oril'ntnção <'nlre o Altipccto cornl'rclnl dà políllc·n çoloniza<lorn trn- grnndc·s proprfetádo~ rurais, cuja hcg<'monia scJmcutt~ con1cçari:1 n
~·uda pnra o Brnsil e o sistr-Lna de rnonopólio J c Estndo obscl".'Odo, mfrtl'}Uf'cer a partir dn segunda rnc.·tadc do século X\1 11, rorn o
na 111C'sma época, no comércio portuguC-s corn ns lndia.~ Orieu~ des("fl\"Ol\•imento do comércio; u êl~ caberia ta.mb.:1n 1>-'lpc;-l rclr--
tols"("). ,·antt n.1 organi7..açâo militar colonitd. Atr:1\·és da~ Clmara~ inllui·
O rnrátM' ugro·in<lustrial dot enge11hos, <:xigindo recursos f')e. riam na ndministraçiio e no judici.\rio, l'ht•gaodo a ilnpor pri'-·n.~gio<
,·ndn~ pnra instaln~'lo <: opernçJo. contrihuiriu, dt'.;dc o inicio, parn CO•no o direito de n~ilo n fo rngtdos tia justiça e o cio .Ji5l·riht1i\'lll)
n d iít·rcnciaç-Jo enlrc os colonos, cuja$ condiç.jcs. c1n face ela legis~ da ju:,li~a ( até vida é morte) aos subordinado'i, i11clu.~h·c fa1ni ·
Uar...
C1!) º-'"· C"..aA.,. M•llw11i) ~ wWM - O,.• ris.• 3.• ~ol, pie, l lt-
Os grandes beneficiários <lo shitf'rnn senil foram ttinda o~
(73) CA."QUTCJP, rn. .. \b,plbS.tt - o,.. rif., ,... -:-s.
(741 - ••• S • ....,.,. W 4w., de p~ - l • ittta do~ Lho-li tn ~ntl S fll,l.~I senhorM de terra. O deseovol\ im\."1"110 que a cscra' i<llo alcançou
º""..
~ _,.oo.., Jl"'di•""'· . " ( \h,v1111: ..: · F1N <::.-p11r d• li••'""'
loiro""""' 7>0>11 11
"" C11J1õf6'lfi11 d# S,,. Vkhtl11 llof• C,.nm-4• d• S. P111i1lo. S•o Paulo, }.fm.Jn1, 19$3,
plli. f!2).
fl','H Sbtl>:'(.u:w, ll~l·t<llo - 01111• d1., ptg·. 8 ~.
O SISTEMA SOCIAL DA OOLÔ:-<JA 49
J:VOLOÇÃO Ul\BA!<A DO DllASIL
48 cin( •1)1 principnhnente de 1nn1tclioc.-a e, no Sul, de trigo. ~lc:-.1nu
t - qual acima dos fins de nes.sas atividades chegarntn n existir nlguns grandt., proprlet3rio5
foi devido à agricultura do expor arodç;io, 0 :., .,. a objetivos de como Garcia Dávita e 05 grandes apres::adorcs de h'K.lios <"tn S.io
b . • . dos próprios grupas p utores, '" ' I'
su '"'ttt!tlCUl
-
d d
t 'l P-rnan in o-se e
d modo quase illmitado. A em Paulo. h·t as, cm geral, COJn menor núrnc-ro de cscraYos, nttl>ssidad1.·s
produçao mercan ' • - -r enho re rt.-sentava a posse de vn1n próprias de subsistÇncia e est.ando n1nis sujeitos aos inc.'(>nvenient<·s
disso. a posse .de ~1n ~ng\ ria~t' rnns c uja apUcaç~o cobrln dns oscilações de preços, eran\ conduzídos a cssns ntívidn.dt~s pr('.!I·
cõrte de servlçtus. CUJ~ numero. V(lde p;oduçüo de :iubslst ênci:.t até sionndos pelos acontecimento~, pois os esforços princip.1is seriarn c1n
ma ampla faixa que 'ª . ,_ ~•
"'m.!ue u .. d inbãs(n ) Ao que se •crescentava a1n<Y, gra,~ '""º' da produção mercantil. A produç-lo de subsistencia tcrio
ao cafuné as s . • • controle sôbre oficiais • trabalhadores sempre uma hnportância secondáriai sua prcponderllncia, qunndo
à sull foTllla de orga~1-zaç~o, sº ali reunidos. Pedreiros, marceneiros, ocorria. não e-rn o objetivo, n1ns fru to de litnitações, principahnenlc
assalariados, de \'~rlOS h [>O ' d -livros e capelães, vhun-se subme- financeiras.
•Clclros, tc<:elõet e rnesmo àgua~ ª.d do do .-nhor de terra( ' '). º' A queda dus preços do açúcar, na metade <lo sé<-t1lo XVII "
tidos de modo exclusivo nu or1 a ti h:un dê$se rnodo. asseg\1•
gra ndes benelif16riosd do• sl•tcma qu~ n • o =nde pro· as medidas de ttntnalização econômica e política que se segucn\,
d..,end&lcia Em resumo, .,. - reduziram significati\'amcnte o poder <..'COnôrnico e polHiro dos
rada larga m11rg~ e in. -r, ·contrô1e de qunse ttJdas a.s
tlrletário n.1rRl nao ape~~s i '(~~) ~omo tn.mb é1n pos~ihiUd:tdc do gn1ndes proprietá rios runais. 1\ ccntralizt•Çllo dimi nuiu n lnflu(·nciu
formas de poc.ler na .c.'Od ''a d' ·a qui:uc completa, em relação a dessn camada sôbre as CArn~'ras e sôbrc a organiznç!lo militar e
gnrnntir para si uma u1 epcn enc1 judiciária, de sorte que, em !ins do século XVII e inicio do )l.'Vfll.
~ses me.mo• c:ont161... ;da as camadas urb:lnas típicas, csn Jes.._.n,·oh·imento - comercianlt'S,
.. 1 a C3mndn n\ais infh1«nlt no 11'1eio n1rj.I e oo ' burocratas, mineradores - vi(..'farn <lh putar-lhe os postos de co·
Dc:sse n~ ~~ s sobretudo do$ in:.ii' rnodestos. st.•rla n dos. grttn· nlnnrlo. Ao cortnr seus ::ih11$0S (: imunidncl".s, a cc11lrnH1...1ç..io jt°l º"
<lo!i cenh'bs u1b. o.• . /\ , v, <lcltt l''i povoa~i\cs n1anhnht1m eníraqueccru, u1nn vez q ue n <lístribuiçào do poder não SC Í:azia 111nh:
des proprietários rurnls . lin des ' Aos proi:>rietários rurnl'
•t mun o T\1rn 1• · • Wmente cm seu fa,·or-. Unu1 vez definida. com clart""ta a separa\·.lo
vincu1º.s e~trt' os com 0 OO~cas da vida municipal - a ~Onu·
entro proprict.s\rios ?Ur3i$ e corncrciantts, por meio da l"t"St"l'\·a d:1\
subord1navnm·~r a.s (unÇt~ · fa\'Ortti<lo de um lado
. - • 1u~tiça. a política - o <pie era "1 atividades de co1nércio corno privilégio npc-nas de alguns gruros,
ntstraçao. ~ I' 7" ad1nlnil\trativ•• (' por outro, pt () os senhores d e terra pa:,s:arn1n o adotar rormas de co1nport:lnlt:ulo
p•·1n politi<·n dr dc.scentrn l/l·aç,10 ~ s atlvidnde~ cconôn1icas e ca·
f'C'<t ll<)llf) dl''\('ll"0)\11.ffil 'Olô (. ,tS Oll U, mais característi ca~. de tc:ud~ncin e.st:1mc.•11tnl, com O'lh:ntação du
inad<ts sociai<e, no 1neio urhniH>. -L ;.,..· a luio e magniflc(oncia, \itlcndo-sc principnlrnente dos c:<c-edentcs de
1 ' ·
i

· ho também como •K•r--'''D m»de-obra escrava decom.·nh.•s da crise dn econon1ia dt~ c·~portação.
Os p<11ur1"10S proprh•h1r.os hn m • 1~lo de cscra"~·
1 . 1 in!'rci~1 Sem rt..--tnrsos para a aquu ,,
ngncn tura ('() · ' l I . fº • Cl\IO e g•l!ilO~ de oiwr:1çlo1
. _ , . d t ·a· , e <e >ent' 1c1a1n ·· ~-
Hl~tn 1açoro; 1n us n is d h . t'icla -' lguns constru1a10 pc.•.. .ff) AS' ativid,ules urba11111 o as can1ad<1,, Nocfriis
. , . gr·culturl\ e su s 1~ l I · .:,
dcd1c;_ivO.lli ·~C ; i ·' 1 - nl"ldeodo beoe(i<:il•r correl'pondc11tea
1· arde1\te· outro5, t\<\ O t"''
qut•t.os t•ng<'n hos de a g\1• . , . . • · o( ac>) Outros ainda
su~s canas, inoianl-oas no engrn~ •»_:1's ~~o~;~o. o. qual, como a O desen\-olvimeoto do sh:terna de produção agrícol:.t de expflr·
utiJiµ,.arn st•u< escra'~ . 03 pr uç.t.o . Afri<:n onde crn tnçlo, (,,."()[n sua( caracteríslicns de ali.- produtividt\do e- especinli·
a~unrdc•nh:. l'rn t>1n grande prtrte (•xportru1o para 11 •
znç!io, devC'rin ter influído fa\'oráveJ111cntc ern outros setores <l:l
utilizado in) co1nércio de ('Scravos. . - 1 • cado enun cc..-.onomia, inç]usivc nas (1rea..4' 11rb.1ntts. Constituin<lo u1n merc;ado
Quando n\ co~di\'Í>f'S <e~ 1 runa, ou Q. s1tuaçao (o m.-r
• • 1 \'OU.Til de subsi!tên- de razoá,'f!l o.mplitude. a (.'COno1nia açue:treira deveria ter atuallo,
dts(a\"or.\,riS, dcc:ltcavam·s.t· a pc-cuúia e a a como elemento de dinamizaç-lo do deseo\'Ol\'imento de outras áreas,

í81 ) A luvnurn de 1ul11tht~nd11 1 ~n l('Oc.lida lllf"I u-.,.,11 a. prndu~it(• 1ht ~crc-.ii;lou.u <l(l>•
tJnad11t ao cOI1J01,1111<1 e m.lflvt(J11,;:J<1 d11 111üd11de prod.11l(llf1 <1u pM.t • ~fl•d• M m(ftildo
rqJo..l. em opet_íçlo 1 LhOW11 d<e JW'l)duto. de e•porll(Jo..

1
50 EVOLUÇÃO URMNA DO DllASIL
O SlSTE~IA SOCIAL DA COLÔNIA 51
c.<ôOlO as Antilhas o fizeram para as colónias de po\oamento dos
avaliar em que medid:i seus t.'Omponl-nlcs influfrnm na ,;<13 e na
1::.tJdos Unidos("'). C<.'Unomia urbana pelo oúmero «: pelos rttunos fhl.lnccíros corrcs-
.\s condi\'ÕCS do processo de colonnn..-lo tenderam a desviar pond<-ntos(" ).
1-...1r..i o cl.tC:T"iC)r ~e in1pulso, cn\ sua CjUaM: IOt:ilidadc(ª). Como
fOJl)t"((th:ncia, não sendo possiv<:I ac» centros urbanos desenvolve- a) O comércio e os comerciantes
n. 1n fonna.s de c.·cxu101nia coinp1e1nentarcs da rural. apenas uma . As prerrogativas em rela~lo ao comércio e à na"·egaç;;.0 000 •
p;1rcc1a 1nuito pequena dos rendiinento5 da oo1ônlíl permaneceu no cedida~ no~ priJneiros t'OJvniz.adort.'s pcrrnil farn uma vrrdadeir;, dt.-s-
ul(·io urbano, com un1 csbôço J c t..'O i-nérc.:io ou n1anufatura, pràti.. t'C..'n.crah?açao con1ercial ·rodos os proprictál'i'h parti,Jpararn, cin
cu1nente inexistc-nte 11os ceotros roenores e npt•nns prtsentc nos de 1nn~or nu menor bffau, das atividutles wn1t.:r<:i.1is e todos ÍCtr;_1n1, t:Jn
1naior in1portd.ncin. 1~a11)r ou 1ncnor grau, co1nerc-iautt·s. (Js p róprios donahirio.s or 'ª·
Pode-se d izer CJlH~ até oleados do 1l:éculo X\' ll ns atividades 111znva1n sun~ ~mprêsas("io ). Alé11l dêle5', poré1n, hon1c11s oo~o
<'(.'onúmic:as urbanas niio for;.un .suficic1Hc1ncnlc pro<lutivns para ad~ ,. ..\f~~11~0 ~nrdtnha, c.:n1 Sã~ Paulo, 1nes1110 vlvt'uc.lo 110 plnnalto, Cl'<l rn
q11irirc·1n 11n1n d i11{i1nica própdtl. 1\ t(: cutlu apenas o comércio in1· pus.s111do.•c:_s <I<.: en1harcaçoes, que 111<..'S garn11tia111 os rncios de r<;unir
portodo1· t: expo.rtador aprescnta\a algu1nn vitulidodc.-, rncsrno assin1 as <·ond1çocs de produtores i\s dt: •·xilortnclor<:s • segundo as llllílS
•J 1
1·uu<.'t.11lr:1do em alguns ponto:,, muh t•.spcci11lml•nte Salvador. Foi ncce~s•c ac es.• As. or<lcn~ re~igiosas H1mbén'I scrírun notahilízadas por
\ÚnH·ntc depois dessa época, e por influtlncin d e corlcliçõcs cxtcriorc:s, .sun 1nclep:ndenc111; os Jestn tas chcgarian1 a po~\ulr, ulén1 de várias
~JllC 0<:orrêra111 alterações esttuturais, pcr1nitintlo a con~oliclnçio da t1nh.1rcaçoc-s~ portos excJusi\OS e pi.anos int.•lin.idô$, p:ira u subida
"'·onomit1 urbana e pro,·ocando o apareclmcnto de c-:amacbs sociais de mercadorias, em Sah·ador e Rio tlc Ja11ciro.
urh.1nas, com características urbanas: o conlJreio de 1naior ,•ulto, . ~os Cftlt~os mei,orcs, o comércio cn quase nulo. Em Slo Paulo
«» ofícios mecânicos t.: o pc<1omo c:omérc.-io. !"xt,hilm oa \1Ja,. cm 16'~. apenas 25 com•-n::lantcs para uma popu-
:\inda que não hou,·~ nos núcleos brasileiros uma economia '3çã~ que 1'?'1•ser ostunada em 1.000 habit•ntes( .. e u). "A
urbana própria senão na segunda melJde do século XVII, existiam n1h~ca d~ !l\TOS~~erciais fazia-a a C.lmara·c•• ). co11ft~rindo um
ath idaclt".S r-conômk:as rcgularc." <lc can1ter urbano, qno corn:spon- sentido publico e oficaal à ati\lidadc. Realiiavam·SC, porém; grandes
dia1n :i parcela pennanente de sua população. E1n princípio. deve- operações em confiança. oomo o demon~tra1n 0) restos do livro bor-
mos considerar que todos aq ui:lcs q ue pcrmflncciam nos centros rador dos negócios do Padre Cuilhcr1nc du Almcida, hoinem rico
111ha11os, rncsmo nos menos desenvolvidos, custeavam, pe)o menos de seu tempo e arm•dor do bandcirns(ll). ~lesmo SJo Luiz e
c·11-. porte, AS sua.e; despesas, coul rendhncntos c11f11 orige111 deve ser llc:lém, que eram desde o início ccnlros reglonRis, s6 nluilo lcnta-
t.'sc·lnrccida. Por êsse motivo proc\11'arnos c•ominar, com cuida.do, 1nl"nle des<!nv0Jveran1 seu comércio("ll ),
tc)c111:> ns formas cxi$lCnte-s t1c rcndin1ento nn col6nia, capazes de
explicar a existência de pequenos grupos de po pula~~r10 nas povoa-
C\'Õts, mesmo nas mais l1umildes.
A earacte-rizaç.ão dos grupos económicos urbanos e suas ativi-
dades nfio constitui tarefa .simples. As íontes priru&rias e secundá-
rio\ referem-se sempre co10 rnenores detulhes n essas, q ue eram con-
sideradas como de menor importância, con• exceçdo do comércio
de •"P"rt•ç'o e importação, valorlz;ido pelos coloniudores. Ainda
a.ssim, procuramos reunir um mínimo ra7.0dv<:l de infonnaçóe$ sôbre
cada um dos grupos principais e suas atividades. mesmo nos centros
menores, e em suas formas mais si1nples1 tentando, ao mesmo tempo,
t 8!!:) Fu.."t4PO. Cebo - Qpu;t Cif.. pie. 71.
<ll> Ft."JIT41.0, ~ko - Ô)l1'1 (:li., jlÃJ:. 1J .
52 t:\'OLt:ç\o l nBANA DO BRASii.
O ~ISTE~tA SOCl.A.L D.-.\ COLÔNIA
:-.los centros malorc.-s, g.111hava t."in hnporl&nd:i. Em Salvador,
na rc-la~<io dos rontnhuintcs para o emprê,)timo de· novc1nbro de Faa: dos atn~p1<'s dos pirata..\ e inimigos. ficaram proibidas a5 crnbar-
IH..SS, cOlllota1n 77 ('()1nc rch111tc-s( 11 l ) , 1u'u11ero que de\'Cria incluir ape~ ('aÇ?''S .parh~ularc) de ua\'e~ar isol:ida1ne11tc, Sl'O<l<> ul1rig<1das a
n,1~ os mais nh,,,ludus. D iz. Thales de 1\;c.cv1.·do c111c nt·~sa épo<.:a ftlze-lo Junto as frotas cio co1nercio, para o c111e clC\'l·rion1 pagar u1na
"•.:xisthun algu1nas dt:z1.·na.s tl1.; L'!ilal1elccirnent<JS e1n qui: :.e vcndfrtnl t•lcvada taxa de protcçlo; oa p r6tic:i, isso r(_·pn:scolou u inonopólio
\i11lios" ( 11~). J):ulu~ r«lnli\OS ao co1uérrio ctn ]'(-r11,11nb11c:o, no tc111po dn expor1,1ç~o •. crn fn\•or d;1 c.•1npl·Csa qu~ s<: cl'iav11. Co1n tul npoio,
t1u:-. hol:ludescs, dlo u1nn no~~o aproxi1nacln de ~eu vohune nú <JUC a CoJ~1paoh1a nnpunho Os preços do a~:uc.ar, fJllC varinv:11n segundo
loi a 1nais próspc rn dai. capita!lias que penn:lnl'C<.·ra1n coin seus S<;\ls rnterêsses. ~lais tarde, 1·111 1679, St:ria ins-h1k1d.l 11 Cu1npaoliia
clon..llárius. F'11rt.1do e-sthua que o nlOnt.ulte <lf.I) hnpor1a~)es 11:10 terla do ~1aranhão.
\i<lo inÍC'rior a M>0.000 lihr.is t·n1 1639( 9$ e • 1). O mcsn10 autor E1n meados elo s<.i.cu&o X\111, com a centr.iliz~ção t"(.Vnômica.
tunsid1.r.i 'I"e os g:astos dos portuguÍ'$C$, nesta regilo, St-ria1n dt· Portugal. pa!ÇSa a aplicar mt.-didas de car.iter restrith·o, c1uc se at"l~·
600.000 libr.s.
E:S5C porérn era 111n comércio qw.1se dircto, entre a grande pro- ,
'
luam ate o fi1n do st.-cu1o. C;1io Prado. c1n um de ~t:tt\ ll\TOS c·nu-
mcra ~n~ lfa.ta que \•a le rt-veHr: ..Em 1661 é prothido o c-01;1ércio
pri<·dadc: rur:ll ê o ~h-·trúpok-, <.'Ompreer1de11do 11pt'T'las tin t-sca(a d:t wlon1a a todo'i o.s "ª' io.s cstr.:1ngciros. A proihlç1lo é rc·no,·ada
1011110 red11:1irln :is opt.'tQ\cjcs locais. Não contrihuiu portanto <lc Jogo n~ an~ seguinte (C:nr~1s Régias de 21 d1~ j11llto de 1601 e dl!-
Jonoa sigoific·nth•o parn o dc:scnvolvime11to dôs centros urbanos 2:1 de Janeiro do 1662). Ern 16S·l é vedado no'i navios .s.iídos do
<·oloniais, dus qui.ís <·ro grnodc parle pre.scinclia, Bn1sil torotern cnl portos c~)lrangeiros. Tu( n1ctlld:l i'llfcndia otío
A pri1neira granclc <'n1ptCsu co111ercial foi n Co1opanhia Cer~ll sOnle~ltc. rcpr~m~r o co11tr.1bnnclo, ruas. principnln1c1Hc;:, tnu 1síormar
de ComCrrio do Brasil, cujos cst;1tutos fo ra1n nprov,1dos t•m 10 de o llc1uo e1n 11111co entreposto pàra as 1nerc.u.1 orias brasik·irus. J!; a
1n;1r~':O de 1649. Seu copilal, que seria superior n 1100 1ni) cruzados prcocu1xtçi.10 do1ninan1c..: da ~ fet1'6polc: vt11no-1u i1nplíc.i1n ('01 todos
1lc1nuust.t a a su3 import1i111:;ja para a Coroa e o lntcrêsst• rom •1ue os regu1amc...11tos coinerciais c1ue expediu p;•ra a ll,lônia. E1n 1711
era encarada p.-lo co1né:rcio do Rcino. ( C. R. de 8 de fo\'crciro) clocg:o a proibir aos morudo,,,. 00 Br»il
A C-Ompanhí•, cuja aç.lo seria imporlllntc para o libertação de passarem-se diretamente ;1 países estrangeiros"("') .
Pernambuco, OCncficin\'a·sc com o monopólio de quatro principais A centraliação protnoveu o dcst"DV01\ imcnto do comércio nos
produtos de importaç-lo: forínha de trigo, \inho, b<lcalhau e azeite. principais centros da C03h:i. Eslahcleccndo a permn11ência da.s mcr·
<.>briga' a-se ainda n remeter ao Brasil. anualmente, uma frota Je <.-adorias r1os portos, à espera d:1s épocas de partida das frotas de
coroérc:io sob a protcçüo de. navios do guerra por ela fornecidos. Em c~1nér~io e ?brignndo . os c1npresários agríco1as n rL:nlic:un:1n opera·
seu rctôntO essns e1nbarcuções levavam os produtos cln terra. Em çocs f1nanc~1~a.o; nos nuclco~, confere a êsses uma novn itn1)ortíincia.
Era urna ahvtdado Cl'OllÔ1n1ca de vulto, à qual so 1ignvu cn1 cnrátcr
.\~ nti;oci<'oBcs Jr•trrmo 4'ftrll 111l\lt~dM à troca de ;eQt'ros, drtcnnln•d• 1>cl•1 nt«S,idadt'J
dv ,.,,...,.\l'r.t<1. Em HU8 tnl(lm1ar.d11 ~latia) dt' Alhm'l)IMIJUe 110 r~i 1õl1111 o (IUP. tendiam pcnnancute 111na parcela ponderável da população ur1,nnu. Era 0
:.t Ca1\it1U1l.u do Dn1dl, dJ.1IJ, ff'Íf'•lnde>-.sc •o t.111-r1u:1b:.O, Ceari • P•r't 'O. preJCntc 115o aparC:.'CÜDento de u rna crunada s<>cia) urbana definida.
1n1dc-m a S. \1 , t)l'lt~11 alcunwi. ll!'lh'I, S. ),(. lllc lnn (')o'o,1pMLo plll' 1u10 11 <•tl1o "ma. ddu
e. -"'gatntt': '-branhlit - fj TMl l>CO. C..·11ri - &.,073$92(), P~rA
''C>r-.. K ..... 1.-.ci1a O )b.tlfl"°' f Qlff llik ,_,da ""'i.a
7. 134100C>" ·
dft qlKI tt(:l(Hrsll Cf tmpos...
. .A camada c.:onsliluida p~J~s eoml-rcia.ntes nl~ conseguiu, no
"" t,a ('.oro.a. ,. .,.uMo. ... .-d"1oll ~r'('ÕO.. Pua -~'' ._.., 1n"e ~ma 94 ""'.,_. Jn,c10 da coloniuçi'io, adqwnr cotltomos muito nítidos. ~os
Qlt ~ - • -sntio. \'ftd ... &lo dan. ~ ~ ~11ra61 . . . ~ .......
t'-Çlltl.-.-.. M11a..to \A-'• l.annroi.. .. CIOftP'D . . , u.. ~ • ~ ..,. coao- de pr~eiros anos, os donatirios e a Coroa encarrega,1lm·se das expor·
~ pan ~"' 1 ceMtnac;\clo ft olod, ~ -
~ ~ t~'" ( \11nlJIOh ..,....._ de - Rw.6rlti h C-.lfdo do ~
RlboriJ• do 1t9p-r.. CM 'On•
ta~.~ as trocas ~m reali1.adas em espécie, Em seguida, uma
4161~-1.SSSJ. Slo L111b, A~~&o c.~w do Ma~ 1911. ,... l" " t7. t ,.cz iruetado o com~rao de exportação e o tráfico de esc:ra\'os, Qsas
(91) ..\zt.Vl OO,. TMkt d• - 0,., '"-U., pois,. 170.
(U'l) "A' ('•tu li. do''"" ,1,l'tlentídcs eni,1111 •t m:aiol rwm.-rOllAJ th cld.W~. ~OI ati\'idade.s eram corn fru<1Uência encaraJas como pnrcelt1.5 ou etapas
~"'' do~"'''' X\'11 ...rJ>Cl1m • lg1,1...,11j do14-1111s d<' ~.t11bll'ladmi:ntoe ffn <lu• H <rald.i1in de u1na t:.mprêsa mais arnpla e mnis complexa, no quol se incluia
w•hrA . . ... (A:u:~·•~<0. 'J'haln d• ... Op.u l.'it, pig. 44t e J\·141 ílA. C.utAllA, i)(l(:u.mc:nto'
ll1>t . r1c010 di> An11.11vo Munl<'lvut. a_,1~111. J'tc!d1ur;1 Jo M1u:iici11io d-O 511.hadur - i.0 '\li,, tt1mbkm a p~o~JuçHo de nçúcar. St'Dhores ele engenho, donntódos
1•~a. 101).
t91> Fur1r"'"º· C':11l_111 - o,,._, ~ôl., 1•.uu-111t.
e ordens rchg1osas ernn1 oo mes1no l<:1npo proprlctórlos rurais e
(94) !i...SITll, fi.()1111JFI C, f}(#l"ln!l~Mt &h1a •Klt fo· ll l"~i~tn d-O 11filriru6nl-O Jlu•
l·;rko ,. .'t.11i""'<I N~t<l•lll.{1 , Hll. 9,• JHo d.e J~"ct10, 1945, Jl4il:- 1 U:I
EVOLUÇÃO l 1'RANA f)() UH.ASlL O SISTEMA SOCIAi. DA COLÔNIA 55
<.'Otn(·rciantes, acumulaodo as di\'<:rsa.s fuuçõt.~ d;, cmprêsa agrícola tanda.s, padarias e ta•·ernas, vhia das opera~., locais, contribuindo
de e·•port.1\:oi.o, par.a o <1uc <..'l)nla\11m, •tind.t, corn a~ \'3nt.1gcns de 11ti\ amente para a formação de un1 mercado url>3no1 de rujo descn-
t·tnh.•rl-:.çõcs de sua propriedade. VOI\ hnenlo. ao mes1no tempo dependia.
..\tt~ rnea<los do sC:.·<.~ulo X\"J I, podt...)4" di:r..er <p1e os comerciantes Era nas feiras que ~e r<'3liza"a o comércio regular de produtos
.- a~ drmais caJnadas urbanas h:nden1 a. tlllH\ a.1npla idcnUfica~o 11gricolas. rnas sobretudo o tio pescado("). Situavam·se as antig~s
t•o1n o~ proprichirios rurais. Falta-lht·s 111no\ clara defioição. con- feiras de Sal\•ador oa cidade baixa, juulo â prnia e na cidade alta,
íundinclo·Sê corri aquCJes, especialroet1tt· pela nti1iza~·~o intensa da na praça princjpal. "Por facilitar o Jocrcado, consentiJ.·Se que a
n111o·dc.• obra escrava, seja para os trnhalhos do estiva, seja para fcir:1 se reillisassc à beira1nar, 11:.1 Pruin. dos Pescadores, \•isinha du
ui. tr.1b.tllios <lomé!>lk.-os. A pr-(1pria 0 1·gr111 i1~•\:ílo c.101niciliar das <'..a· <:nnid:t da Concc;içiio, onde ahica\'a1n as canôn11 vidas de toda parte"
tnn<las 111hanas seria se111c-Jha11tc· à cJo~ SC'11l1on·o: d<.: tt:rrrt, de tipo e "nn J>raça da Cidade, e111 face dn Camuta e dns cnsus do Covcr-
putria r<:~d c:on10 a d êde.s; os e1npregocloS" n'lornudo 11as Jojas coroo nndor, e ern torno do peloorinho, que de começo nhi se assentou,
o:. pati·õcs, aos ~1uais Sí~ ligav:-un 111uitas V(\:t.t"i por h1\:1'.ls ele par~n· Íflzin-~o ao mes1110 tt..·1npo out-ra fcit:l"( 1on). "'1',tais tarde rnudou-se
h'\lU(Uii), a feira p:-lrn o Terreiro dt.: jesus, onde n Co1no.ra: rnandou fazer uns
:\s novas condições Ja '.!f...v11on1ia orbnna, inaugurndas co1n a cobertos''( 101 e ti)::).
polítita de centraJiznção. irian1 lavorcccr ô desenvolvimento da
c.unada dos comc:rciantcs, t::ujos iotcrôsc.s t:stariílm e.streita1nente Outra forma importante de comércio local em as padarias. "Na
Hsta dos que amassavam pão, na Bahia. de 16-l·l, faguram n3da m(.'l'los
li~'1tlos aos da ~fetróp>le, st-ndo qu~1se todos pottugut!ses de nasci-
de de-zes.seis nomes, inclusi\'e os do trcs p."ldeira!, st.'11\ falar e1n
11h·11to. ª·"'' lt:is d.a ~letrópoh: eAcl11ín1n os l"Omcrd.mtt.-s de outras
Domingas Simões Pi.nhcira que, por se:r a 1nais antiga profissional
n.tçiK."S., que aqui não se podiam estabelecer. Altrn di.'110, t.-rnm os
da cidnde, foi designada no ano seguinte para juiu das P"deiras ..."
orgociantcs portueuêses da colônia direta ou indiretamente interes-
('°' e ,.. ). Em São Paulo uma questão surgida em 1659 deixa
1J.dos rlas cornpa~hias pri,iJegiadas, ou corno ac.:ion~tas - muitos
1.ranspareocr a import!ocia das padaria.s para a vila, na metade do
,J.-1<·~ o fomm - ou corno n11n;.M·nlanh:) delas no pais. Eram ainda
skulo :ll.'VJ!(• .. ).
\:lt-s, em geral, os arren\atadores dos contratos reais: estanoos. 1nono-
pólios, rmdimentos fiscais da cvlónin"("). .
Com tal poder eco1J61ni<.'O, seri11 natural <Jl•C os co1nerciaotes
COl'ncçnsse1n a reivindicar 1naior participa~·üo nos podêres políticos
da Colônia. En':I 1703, os de Recife \:01"lst:guc•1n autorização para
concorrer aos c.:argôs da Cl\1narn di! OU1\da. U10 1707 r..~)nS<~ttem
a 1;lcvnc.;ilo do Recife à categorit1 d u vilu in<l<:pcndcnh:( na ). dando
orlge1n a Guerra dôs ~·lasc.ates, que tcrinhH1ria ern 17 ll~ c.-om. a
cfctiva~:i\o da 1nedida. Impunham-s~, pois, co1no ca1nada, il'lCluslve
(H·lu clora defin.içáo de seus intcrC~:.cS e ~uo 3\'t10 se faria sentir nos
anos suhseqücntcs, t"OmO clclncoto fu11darnen11:1I <la economia e da
\·ida utbana.
O pequeno comércio, aquêle que não tinha condiçlles de parti-
cipar dos grandes negócios de importaç.io o exportação, dedicava.se
<11m::..; sempre 3 prcparaç;io e Jhlrihui~'"lO dos gêneros alimentícios.
Co1nprttt1dendo um ca.1npo \ariado, dl!Sdc feiras h11mil<les de índi~
l'""'ndo pelos ambulantes, ate o comércio estabelecido du qui-
~94> 11u;,,._, Cil!mto - $(.0(;..ll!llliw * """'._."''*' ,,.,,,..,,_.. d~ pcit~il...o
dr....,41f1i'nl-('Ol•o do 11rkll(>. 2.• td1ç~. J\io de JafM.'lhl, Jo•6 Olysrpio. 1951, 3
~
\'ol~
(1.17 J r. ..ua. (:3_;., .ta .llil"" - 0(111.& r•., 11J.1. ,7,
~9il P11....~ C.:~i(:I d11 Si),·a - Ori1 " ''·• l'''' 31.1
56 1:vo1.. UÇÃO lJUUANA DO UIV\SJL O SISTEMA SOCIAL llA COLÔNlA 57
Ncssa.s ntívidodes trabalhn\'a1n con1 freqüência ::is mulheres. ''O rcnciado dn ca1nada branca e ~cnhorial e, por isso, c.:sraria larg.a-
1u'111H·ro do Vl11c.h.•iras t·ra 11ind,t maior; cm geral cas--adas e, rnaior 1nent~ vi.n~ulndn, ~J113Sí' icl1·11tíficatl.t, como as outr.-s, corn os grandes
1u'11n• ro, 'itl\'ns". A pnrUcipa~·:10 Je1ninina no pequerlO comércio era propnrtar1os 1uro1s. Co1n o crc-sci1ncnto Jo• popula~o e do 1nen.·ado
dt·:..t::aL:>.d.a, ··~o C'Onl(·rcio Jt· gtnCtil~ n1vlhac.Jq~ 1 a retalho, as rnulbe-. nr~rlO <:in fins do k.~ulo X'Vlf, SHJ. co1nposição e seus ü1tcrC:sses
Jl.~ tinham u1n3 forte lnh.:rfcr..:nci;, lõtnto as siohás dolo wbr::ados. sofr(;ram olgu1?"as moc.1ífiC'aÇ<1t~. Sua ro1nposição foi .tlt('f3da pelo
'JUC u1:u\d~\1ln1 ª' C"M.ra\1lS llólr".& a n1.a ('OID caixiohas e t:iboleiros., .iun1cn10 do numero de pt")soas ro111 t.-s!kls ocupações. entre os quais
cheios de rornidas e doces, como as 1nulheres do po' o que o uego- n1Mtitof, índios, mCS1no lil><·rlos. Seus intcrêsscs ficav:1.m, porém.
ci3,:un t-01n meúdos. cante (.'O).icJa, frutas, e as que amassavam pão osci.l<lnt(-s entre a solid:1ricd.ulo ao~ proptict~rios rurais pelo seu
ou linh:un \i.-·ocl.l\"( t" ) . Un1 asptX-·to l~peçi.11 c..-ra o do coinércio caratcr scnhonal - ao <1u:al todos o> não cscra"vs queriam .se iden-
•1mbul.1nte de frutas, doces e salgados, no qual cra1n ernprcgaclos,. tiíi~r - ~ os intcrêsscs d.a) c:unadas urbanas. àc1uclas agora opastas
t·rn gtr:1I. c"rJ\O~. mt")mo ~ d.10, fnn1ilias mais ab.'l)iadas, ficando 101utus vt.-zcs.
º" ganho$ para. .uus senhora e sobretudo senhoras. AJé1n cio oomérck> de rx:portaçjo e hnportaçio e de varejo.
Dei>endcndo d• l"'PuloçJo dos crntros url~,nos, dos quaís cons- algu1nas formas l-":)p<'Cl.11.s dC\'tm ~r rnf."ncionadas, cumo o co1nt'..'fcio
tituí~ uma 1:..1rtc imporl;1nll', o p<i:1ueno comért.'io procura\'a adap- de cscra' os, o de mocd.& e crl'<.lito e o in101Jili.irio, uma ve-1; que
t:ir·se a u>dns ns circunsliin<:W e apro\tilar tôdas as oportuniJaJ~ poderia.1n ser fontes de rendin1l.'11to pcm1ançntc, capaz<.-s de justi-
111~.s. até i1. mct:idc do sl-c:ulo X\1ll, 1nc,n10 nus t.'Cnlrus maior<..'S, ess:is ficar econõ1nicamcnte a residência, ne» çcntros urbanos, de uma
girariam se1nprc ern tõrno d.3. subsistt:ncin da popuJação pem1auente parceln relativ:imentc grande de su.t popul.aç-.10 permanente.
t.· do') ncces.sidadl'S C\-Cntuais do<11 gr.nu.ll"!S propri('tolrio.s rurais, du-
t. cvic.h.-nte que Q orw1niiaç-.10 comercial do~ primeiros dois
rnntc suas pcnn::anênci:as 11as po\'oações. si'Culo~ de colonizoçiio deveria ser t"Xtrcma111eutc precária, uma vt.-z.
Sern o poder t.1011 gri.oule11 co1ncrcin11les, 1oe11os ninda elos grandes que rncsmo nn Europa, com exceçüo <l:ls principais pr:i.ç::as da
pmpril'ti'irios n1rois, o sem n importdnt-ia llos funcion•lrios, os peque- Jt(1lía, e dos Paísc'i 13nixos, ainda núo hnviarn se desenvolvido re-
11u:. cor'l1crcinntcs coostituirin1n, quase sempre, co1n os oílciajs mecâ- curso" básicos do co1nl·rcio conten1po1'ânco( 1º'). Contudv. a insta~
uk·os, a grnn<lo moiorln da popul.uliu \1rb:1ntl permancrlle. lação de la"our'l do cxportnç-lo, a) necessidades do comércio ele
Dos clnclos quo conscguln1os rccol11cr é lícito inferir que o cicportíl\·tio, do co1Hércio c.Ju escravos e as instalações de engenhos.
P''<111<·no t'Umércio t;ru ocopnç:lo procurada por pessoas corra alguma cxigia111 111n rninimo da organiznção fi na nceira, a qual seria atendida
co1ldiç.io - socinl ou íisica - para o trab:llho, como ns muJheres <·n) parlo por 1ncio dl' finnncín1ncnto direto dos co1nerciaotes euro-
q1u; linhorn que provc•r o stu :.11.slcnto, rons sern cnpil"nis para em- peus - portugu~.scs 1 fl:11nengos italianos - e e1n parte na própria
1

prc"ndi11lcntos 1nnls nn\hiciosos. C urioso é q ue rncs1no as sinl1ás dos colc\nio. E1n São .Paulo, "o pou<..'O clinh~iro arnoc<lado se concentrava 1
sobrndos, co1no indica ThalC$ do Azevedo, 1nandasse1n seus escravos nas mãos d o algl1ns urgent:idos e no c..'Ofro dos órfãos, cujo papeJ
vcndc·r pclns n1os qnllutt.:'S que preparavan1, conseguindo, por essa na vicla cconhrnlca do burgo pode ser co1nparado servutis scn'<lndis
for1na, <,-.011torr1ar obstúc·u1os de orde1n socittl 1 para parlicipar, ainda »O dos c,1,1bck>clmcntos bnnc!lrlos hodíernos"( 'º' ),
que 1n odt~s tnn1 cntc dns atividndes 1ncrcantis. Formas rudimentnres de cscríh1raçJ.o já ernni conhecidas. "De-
1
Nos prirnciros tt·1npos, ron1 o pt"<JUeno desenvolvimento das clara l..ourcnto Castanho 1'nques poi,.s11ir um livro rubricado pelos
'il:is, cidodc.'S, d e sun!i populações e do mercado urbano essa, como oficiais cJa Câmara de deve e hó. de haver em que estão as pessoas
as dern:ii.s c111n:ido.s urbann.s, ::.c.'I'ia apenas 'Hn grupo levemente dife- (lUO lhe sno n dever dinheiro dado a ganhos·. Em O\ll.ros processos
mencionam-se Jivros de razão, onde o devedor reconhecia nos pró-
( J07 ) "&r1 • C'Cl~t'IW"• t:la. t1• tl'I q11-ll'o\.l"f!On•. tlMlo qu•Jtto d e inti• nidimmOit h1,·l1
mesmo •li ~ "'OJ!''•111ot ~i«t d• m1io1 d•1liU(loo. Jl,1,t• k'mbnu q•c ff! ello••• • 'llllt
')l~I~ f''C11~, l\lo h1~i114o 1pp1~Jlww1tNllO -.i1[1tJll l>-l•W'Jt.., 0. finlncf'l19 qG11 O .,li;iUl;SfC.
••ho t1u prinirtp.AC'I fl"ll(#i• 111li.1.11h w Ou$,.,. , ... ( T.u.~ .n'. Affü•.o de E . S6o r-ro
,...,_. ,.,.._,_ "•°"'
1910, f".C-· 14$),
tllS4·16VHt t"t#il. ' " m<-o11t1twlfl• fOOIJJ. T(ftITT. E. An.a.ilt tt Cit<..

( 108 > T•L"'1'1'•T. An..,. •• 1 - """'"' .. cw...t, 44 s.. , • • S1o p..wo. )k·
.......__......°'· ·~·. pq. 1.S..
5S EVOLUÇÃO t;RBANA DO URASll. O SISTE"A SOCIAL DA C:OLÔSIA 59
prios li"ros do credor a \•enu;ídade Jos .seus débitos comprovan- 1'ambém o trifiro de fn<lios çooslltufa L"Ornértio rendoso. No
do-os com a assinatura..('") . ~l aranhão o tipo 1nais rendoso de co1nércio scri:l o de CSt:r3\0s índios
e <-«lo, p<>rtaoto, que uma ""'""'ª
da população urbona e eh
~m:Jda dos proprietários rurais t.-.nprc)ll\'8 dinheiro a juro, exer-
descidm de suas aldeias, segundo Ji-rónimo de Vi\."Cir~ .. E1n \Cf·
dade que prcar índios nas sel\'as, gastando cn1 1nOOia tr~ 1nil rC:is
ct:udo papel de importância na produção. 't de se admitir que essas por cabeça. e vendC-Jos no litoral, onde éri•m rotados a trinta 1nil
ÍUOÇÕe5 ÍÓSSf1Jl rcaJi~Jas pclus gruJ>OS mc:ncionados, ainda q ue de rtis, era o melhor negócio l JUC havia naqutlc.i. tcinpos" ( 0 •). Assiin,
1nodo incipiente, 11os núcleos 111baoos. No caso de São Paulo, sabe-. 11tili:1ando o tr:tba lho dos (11di<Js n.1s rtglões 11111is pobres e dos
so 'lue na n1etade do segundo século. Q padre Guilhcrrne Porr1peu negros 11aquelas <le maior prosp<~icJndtt C.'C01\61nlca, tr:tn)forn1ando
de Al1ncida fu ncionou como banqueiro e arrnndor tlt: bnn<leiras. Seu essa energia em produtos de s ubsb,tt":nc.in, rnas, princ ipalrncntc, en1
t-.;'il~11n<:nto ascendeu a cêrca do 20 c:onlos, sondo o de innior \'alor produtos d e cxporta~:ão, os primeiros colonos d <•rnnl origc1n a om
co11hccíd() t;ro São Paulo, onde os dt:tnois rurllm('ntc a lcançava 1n n1t:rcnclo cllj escravos tp.ie se ria, pelo que nos dc1no11strnn1 Jcrônin10
três ou cinco 0011tos( 11 0}. ·rcudo·.sc c-m vistn que crn Salvador e de Viveiros e Ce lso Furtad1>, a attvidttdc ccon1,n1ica rnais re11dosa.
Olinda e ram fre<Jüentes os hl \'Cntúrios de 50 contos e nlais, pode-st.: \l'm seguida à produç5o <lc açúcar para c:xportac;lo. ·
ad1nitirt co1n rnalor razão, ciuc alg\1ns dêsscs proprietários fizessen1 Apesar <lo baixo preço do.s ilnóvci5, vt·rlfica,3-Sç hln1hém, desde
nplíc.uçõt.'S ele c:1pita] à se1nelhança daquele l1aulht.l, Pode-se ta111.. o inicio, um reguht.r oornércio in1obili4rio. Ütt'i rendas clêle ptovt."-
liérn considerar q ue at.ivida1Jc.s fi111u:1<;ciras existirant <lescle que nit•ntes, assitn c.'Omo elos emprésthnos a juro:ot, \'i\'eriarn n€1uCI~ com
surgira1n 01 p rimeiros arrecadadores das reucb~ rt-ais e das Câmaras. capitais, mas sem condições de utiliz:\·los na ogricultura - até
A'i .itas slo fo1Hcs c.tc;elcnt(.') p;:ara dcx.u1ncntaç--lo d.:Sse tipo de meados do século XVI1 Cl.Tta.DWnte mais lut'Tah\'a - como os viÚ\"aS
negócio, descre\'elldo os contratos e 0> 'l'"'"õcs em tõmo dêles e os velhos. E m Salvador, "dcnlro d.i cidade, o wlorizaç:io dos ter-
surgi1bs. renos, nulla em começo, foi crescendo & medida '1uc o com1nercio
o,. maiores recursos financeiros eram aplicados no comércio e a população se dCS<-'Ovolviam. Cerca de oiknto annos depois da
dt· escravos. E1n S.âo Paulo e no IÃtaJo do ~Jar3nhão. êssc tipo de fundaçlo da cidade, nas ruas priocipaes 1n:iís ocntrac::s della, uma
comcrc:io 0<,.'11pava-.!lc de índios, nos ct.:ntros rnai~ ricos, importavarn- braça de frenle valia, confonne o fundo, 13$500 a lll$000"("') .
S<· negros, cujo valor girava em L úrno e,lç 10 \'êzes o dos fo dios(n 1 ) . Tarnbérn as co11struções erarn objeto do co1nércio: cm Sõo Paulo,
Aos negros er3. dada sempre a preferência e mesmo cm São Paulo, "cm 1594, Domingos Luís, o Carvoeiro Jcvtantava u1n rorre-r de casas
npcsar das dific-uldadcs dos primeiro$ tempos, cxis te 1n , desde cedo, d o dois pisos em frente à 1nalriz"( 1u e 1111). Os aluguéis era m
notícias de s ua utilização. modestos. Os jnventários regis tram alguns de vinténs, outros de
j;'1 no século X\' I A.ffonso Sardlnhn, proprietário de um barco tostões. "Os de patacas (320 réis) e crurJtdos (400 réis ) mostra-
q uo fa.dn comércio cotn ;\ngola, iinporlavn ialgu11s( 11 2). Calcula-se rarn·se raros. Quinhentos réis rcpres1:ntuvn 1nui}O elevado aqui~
que tla Bahia, durante todo o século XVI, t1vcssc1n sido importadas le r" ( 11' ) . Também o custo cios tctrcllos era baixo: ern São Pàulo
vinte m il peças( ' ") . No Rio de Jauclro, cm 1618, "O governador •em 1tt56, na rua Direila a mais nobre do tóclas seis braças ( 13,20m )
Hui Vnz Pinto concedeu a.o seu irnlÕO Duarte Va-z o privilegio de valem tlO mil réis"( 120 ) . Os motivos para vo1õre1 tfio reduzidos eram
•aprontar' negros afric--.inos, escra\'O.S, parn seretn ernpregados na vArios. De um lado os 1errenos eram distríbufdo, com largueza
carga e descarga dos na...·ios. E ra o ínicio dos serviços regulares de pel3 CAmara e espoço realmente nilo faltnV'J, não sendo portanto
t'Sh\'3 ..• " ( 1H). Arnplia,a-se a 1nass:a de escravos, ttão apenas~'"
t•.
C» .i.t·niços rurais, cc1no para os urbanos. ~~ ( li•> s...,,..,uo-. ~ - a,..., d,.."'
( 11.S) V1vut011. J~ de - 0,.. eti.• p61

( 111) Tant.-T, Ailoiuo de 11. - 0.-. .-.t, ""' I&.


ti•

CIOOJ T•CX•T. Af(_. 6" t;. - 0,."" ett:, pie. 1'. t l18) '"rU. .. in....,.irie de ~ ·"' ~'TI CISOI) rckr"-riM • ·~ c1.1 ma
1101 T•'-'••T. Aíl,.._ de t:. - o,...
l'fl. P.1- "T•. ~ ~ -... quilltais" • .,~ p0r JI ...ii tfh ).l•t t"-. vt~ p ,.. na ~
11l1rou...a .,..,.....,. sobtadc» hll Sio PlnJlo. Pft't'llttOltt • 0.-iap., 1...1J, o C.~itf).
~ •lt > ,.'"*'ll!.Olo·
JcrW- 11.- - O,...• ttt.. pie t.t C....~ Siwpih:a Mia:sit .a e.1;a d.- Paula F~~l, t111 161,, •O •il rf.ls. :\ de ).(u".a
11 1~ 1 T•l i-.u '. Aífc.MO der.. - O;.•t cot., '""' GL Jorp ,.. 1813, C'CllJI W..• trh J.uKU colwrtot 41• tt01a, •rh ou.a.-. de p~ e cort~r.
CJ J1J 4'.tFH.PO. Tbalcl Jk - º"""' <.11., ,,,. 148 .ak'offldnt a 30J()(l(r•, ( T•U:it•T, AífO.lO de t:, - Opti1 dl, Jl'J• 8J) ,
111 IJ Cou~.u:1', \'hA.I~., - Q IHet .ic }tr11c1ro ,.. •l«tlo 11, Jbu de jíll'ldto, ) C1$i ( 119) TAt."Jll•T, Affcmso d• &. - Op.1 "'' ·· ,..,,. 8$.
01) 1..1.in, 19ii, J)lg. 4.; ( 120) T•t."'N,U', AfíoM(> d" E. - o..-. clt.,JI.,, ,,,
(j() E\.OLt:Ç.:\O Ul\HA NA IX> DJ\ASll. O SISTE~ t A SOCIAL. DA OOLÔ~IA
61
possh-el grande "aloriuç-.Jo. "'~luito natural t>ois que em região de pa.rtts parn alugar por jornal. ne1n os materiais se acl1a1n de compra,
lanta lt•rTa e Uo pouca gc•ntc pouco 'ªlesse a propriedade imobi~ ll0$ é necessário termos muil.a cscru,11rioa e gente dil. Ct..-rra~ g<>vlT·
li.iriJ esn dcspraporç-Jo eoorrne oorn os prt.'Ç'Os das utilidades..{ 1: 1 )- nada e mantida de nosso mlo. ~l;anteinos a tun pedreiro, con1
Foi .só aos poucos, com o creschnento d.llo :aglomeraÇÕCJ, que os mulher e filhos, que é grande trilego p;tra o Colégio .. ,"('" e "").
pontos 111ais centrais fomnl S€.'11do v.1lorizados, Cnl dc.'«.vrr~ncia de S\13 J! natural <pie as rela~&"S do trabalho cscra'o tenJiarn influído
p0l'l1<,,::10. De outro lado, as construçõe~ t-·ril.m ~<:mpre realizadas com tarnbém sõbre a organizaçíio cios olici;1i.s 111ec.inicos no Brasil. Po-
o cr111lrÇgo de 1não-d e-obra cscr.l\"a. Seu tll.)fO era sempre baixo e dendo dispor com facilidade de índios e 1nesn1u <le africanos, apcs;.ir
1'111 \'Ctcs C[llil)C nulo, c1uando o pruprict6rio nprovcitava nlg111na
do custo mais e levado dêstcs, os oflcioi) 1nec:ii11icos tcria111 'flltlsc
.)Ohl':1 de te1npo d e seus índios o negro~. C-On\o dc'cnrrêncin, "os Sllmpre escravos para a r('alizaç-lo dos usp1·c.to~ nu1is pe nosos ou
próprios prédios urba1lOS pouco significavorn nu1ua Cpoca cm que n1ais grosscíros do tro balho) tra11sfigurnndo tt) 1·claçõcs de prod ução
1·ru 1n o írutu do lttbor escrn\'o o <11101ulo nlio se írnda conta do c1n- dês.se setor. ,.\s l onnas de rclne:ionn1ncnto :JOciul <le sco:; participant1,'S
pr1~go de.: tc1npo" ( >::2) . (~on1 tôdns c;s,nf\ d iíic;uldru.lcs, porén1, er~un .sào tao1bém a.tingidas p ela int1·od11~·J.o e.lo truhnlho el!cl'úvoi o cx(:r-
to1nuns ns casas de aluguel. e: lllC:l!offi•) os fll.suítnll ainda no sé(;ulo cíclo dos ofícios >n ccânicos. que c:u1 Pol'tugal correspondia a luna
X\ 11 iucluirino1 algum:•s n:ts relações eh) .suas J>ropric<ladt:.~, cm v~llorizaç-Jo social negativa, a po1Ho de el.(·l11ir dú>: atividades polí-
~:oha<lor('").
tícas 1nunicipais teJn êsses asp c!ctos trnn~form;i.dus, C01tt,.."l'JJtraruJo-se
011 lvns negati,·os nos escra\'os o sendo os oficiai) u1uila~ ,·ezes ac..'<·itos
b ) Ofícios incciinit'Os, funcioua.liso10 e profissões cm atividades reservadas aos grupos dominautcs( 12t).
;\s grandes emprêsas agricolas busca\'am a auro~suficiência,, Seu número, até a metade do iéculo >.'VII, não alcançava valor
ndo apenas oo que se refere à alime1u11ç-Jo, mJ.S também <11,i.ant_o aos muito e.ipressi"º· Em São Paulo, ern 1623, numa população de
uíicios e sen iças. Ht.·oniB:m, entre os seus (..'SCta\VS e assalanat.los. cerca de 1.000 pessoas, havfa apenai 13 oR.Ws medni<:os( "" ).
h.:tclüc..-s, cJ.rpinteiros, pedreiros, ct.'ramista$, etc., eufin1, todo.s os F'~se núrnc-ro taJ\."e·L não inclolsse oleiros, pedrt.'iros e ._-arpinteiros.
c.·k1ncntos c111c lhes pud(.-sscm assegurar urna rei.ativa indcpe11déocia. que seriam considerados como jornaleiros, m111s, aiu<la usilo, n..-··\'e)a
Apl·n,1~ aJgumas incrcadori:a~ - objetos de luxo para u.so du.s famf· u.ou1 proporçYo muito modesta. Em SalvAdnr, na rt.·1.tçâo <le contri-
líns dos proprietários - ernrn tta.1.idfl) J11 Europa, nu1.s sernpre sem buintes de 16-18, são anotados 70 oíicials n1ec4nicos para 77 c..'Omt.'l'-
11tiliznr, ninda as.sim, o meio urhano rnllis próximo. D~sse rnodo, ciuntes, 11uma popula.ç-jo total ele 10.000 brancos em todo o têrmo.
poucas er.un as oportunid~dcs elos o.flclnis n1ec.t11icos dos ~~t~os Nessa época. poré1n, com o Au1ncnto do popula\:ão pcl'ma·
urbnuo~ nesse tcn1po, de prcstnr serviços uos grandes proprietanos ncnte dos centros urbanos, constituída dos q uadros de fuucionários
rurais, o q ue contribuiu diretamente Pª'; ~·ct1)rdar o dcs1.:nvolvi1nent~ cí"is e rnllilnre...;, de cornerciantes o olgun~ grupos 1ncnores, vcrUi-
d.1$ ntividn<les 1na1H1faturciras da Colon10. Cu1n tão poucos esh- ca-se un1 non1ento 110 mercado d e mnnuía1un1S e s,rviços. Por outro
1n11loll t...'Conôn1icos, os oficiais mccf\nico:, íornm, desde o iolcio, insu· Indo, a q ueda dos lucros da agrlculturn de exportação, trouxe como
1ic.:icutcs pa ra o atendimento das r)ecessidodcs do n~c.io. brasil~i:o· decorrência uma diminuição da capacid:ide du í'!'porlaçôo de pro·
Ton1é de Sou ....a trouxe para a fun daç..ào do Salvador of1tia1s de var1os dutos ma1n1fa turados, abrindo novas po$Sibflidades para os objetos
tipos, inas .seria1n absorvidos ptla.s obras públicas e por outras a ti· mais gt0$seiros da Colônia, ~ p rov.Avel ainda que un1a parcela dos
, idade.'$, o que os ünpediria de eoloborar miais lntensa1nentc nas excedente$ da popula\'io rural fõsre encaminhada para os núcleos
dus p.1rtic:u1.1rt>s. Da rorre5pondência dos jcsuila) ficou-se sabendo urbanos, contribuindo. ainda que discre1ammte, para a ampliação
c.l.is diliculJ.ad<-s que t.."DCOntra,am: "'que tudo e.~ 1nais difirultoso do men:ado ou incorporando.se aos quadros da produ\'io. Essas
ele havcr·se nesta terra. E porque n:1o hj g'-'nte de trahalbo n~1a.s
C114) Lun. ~ - ~ ril,. 1.• wflL. " " Sl, ..u 4..
( li.SJ "'••• ~ ~ aub trrJ,. q9aodG ftl' . . . Mita ~-- e hclr• la.ido 4e ~
1121) r.-n.,y, de E. - ~ Clll', ...... fO.
,J.ffu.,o
- -.wm:. ir1llolu. iJ1W' - ~ drur ... w• tn·1 n, • ~ .. nwk'fNt i:noab
11!2) f.\\'N,Y, Aft.~ ck t:. - 0,.t t°if, P.I• 60.
4 1~.JJ L1.rnt. s.:.~Jim - 11..r.;.w d.11 c-r..'4'- rl11 1.-.... 111 Btaól. ~. t;.. ~.na (W1n, Sec-.i.flftt - ~ lft., 1.• "°'··
olia•h .,,. llllnll, i-qw lude> li.de «U' • - .. d'"IO. t-i.do .a..,tNtw de Portup l-.
pi1. SI, 110b 4),
( 12f) C...oO, ).li:rfo T. - 0,- C:it. pii. t2.
l'•r•u~.i.ll.i e- '"''•tu1o N:ioooal do Li\'rfJ, ~lo d· J•fl•hn, llt\RI. lO ~ohi:n:wt.. 1. 01..
l'·•I;.. 1.i l C1127) T .t.tnu.v, Affo.uo de E. - ÓJ*' c 11,. P•c. 83.
62 t:VOLUÇÃO Ull8ANA IX) llMSIL O SISiE~1A SOClAL l>A CX>LÔXIA 63

tn111sforinações d••rian1 oportunjdades novas a e1e1nentos cuja in .. seria a de garantir a ekisrêncln dêsscs baJuartes junto à Arnazônia .
clus~10 llO~ f'MJt1C:: 1oas rígidos eh: clivis1\o anterior, entre sc11hores e \1ê-sa que os ct~nLro s d e iioporttincia regional e;d ginrn funcion.lrios
t.-scrtn'OS, vinhn se fazendo co1n d lfJculdacle. Na segu11c.ln n1e:tndc do eo1 111'1111cro maior e com nudhort:s qu;alificações, oo 1ne;ç1no ten1po
século XVII os ofícios nHx:-A.11ico.s e o comércio n,ais 11tnnildc surgira1n que oorn rnaiore.s especi alí~.açõcs parn utender às ncct:ssldac1c.:s da
cCJ1110 ui h idades cconõmicas ae;h·qunclrts para ês.st.-s cle1ncntos. <:ontri. adtniuistraçi\o central. Era êSjç o caso de Belém, Hio de Jarleiro,
bujndo parn o aparecimento eh· uma l'1lmnda intrnnediâria. entre São Lui.r. e Sah·ador e o Recife holundês. Centros ClOmo Olinda e
outna~ duas primiti,·as e prepamndo o ahrandan1ento cL&.) Sf1>amçõcs &io Piulo, ainda que 'ªª'·por St:-a1 d1.'S<:n\1)J,·imefito tt01lÕ1nico e
rotrr cli.s. político, irian1 forçando a !onnaç-lo de um qu~dro admiuistrati"-o
A docu1ncntação da época rnenciona expressarnenlc ··... au«...'f mais cornplc:xo, n\as as t ranl>.ÍOnnac.'X>cs n1aior~ dar-sc-iom apenas
crt.~c:idu tnoito c:,-t:t cidade cm todos os ofícios ... "( i::11-) e deixa co111 a sua elevaç.lio à categoria de ci<lades.
pc:rc4.:b(•r urno participaçdo crcsccuh' dt: h rasilcii'os 11<~.SJoollS tarefas, Os cnrgoí> p(1blicos colu·rrnrn, dú inlcio, .:'I s figuras prit1cipAis
do <juc se: pode: c..'tln<:lnir qui; a 1naturid;:1dc de.ss:.1s ;:iti\1ldodes estaria e ntre os colonos, quase scn1pre c,•<uno tlhilo honodl'lco, sendo ern
d.111du lug.1r a fon11as de aprcnJizoclo proíissional. núrncru reduzido. Com a <:<:11lrnlizaç..1o política, "iera1n n constituir
A Jh1111dolncia de n1úo-Jl..ohr.a l ~~ra\'a <lisponivcl iníluía no um grupo numerica1n<:11tc significntivo~ tornando.se poré1n, cada
<k"'tl0\01\'ÍlllC·oto dos ofícios e um \ia.jante nos iníorm3 que "todos \'ez r1101.>. instrumento e.xc-lusi,·o da ação da Coroo.. A política de
~ uffi..._'i..1(") linham artificcs oc-gros. a 'luen\ t"llsioa' ãnl os officios. cx:ntrnlizaÇilo provocou o ar-1rcchnento de uma ca1nada de adminis-
de c;uju trabalho auferi;1m gn1ndcs lucros.. ( 129 ) . A organizaçjo tradores civis e militan.."'S, que vJnha substituir, com oariiter profis-
dos olitios, (.'()1n a e)c-içJo dos juízes respectivos, nos snoldes do sional, os che(es Joc;1is. Car,111tt11 ..se u1no d ilninuiç.io cio dt·1~nc.Hli1<.'ia
lltino, ~rn rcclnmada, (!fl'l di\'(!f~as oportunidades, 1n:•s (; só com o en1 quu viviam os cc11t ros1 nlCSn10 os mais iruportantos, do meio
,111111(•1110 das ulividadcs q ue chogno1 a existir e1n cnróter perrna- rural e dn closse dos senhora$ de terra. provocaudo indiretantenle
ncull..·, 1lt111c n porén1 c,:001 a n1t.>s1na significação que ns européias( 130 ). o a11n1cnlo cln populaç5o urhana íixa. cujos troct1s t:rnrr1 realizadas
t\1111"1<·rosus e cco11ôntica111c1Hc :i.ígnificativos para o meio urbano bàsican1cuto em n1oeda, influindo ('.M)rtanto na própria eoonomia
tram os funcionários civis e militan-:;. A':> pe<iucoa.~ vUa.s, porém, urbana. ..
no pl·riodo inici.tl. linhant "'º ruucionalismo reduzi~i.ssi~. limita~o Assim, quando na .egunda. metade do século ;>.VII, num pe-
a três ou quatro pessoas. Taunny d('M'ff:\ ç o íunaonnhs11l0 de São queno centro urbano co1no Santos. é estabelecida urn.J guarnição
Paulo c·m seus primeiros tempos corn apenas três ele1ncntos. ~o permanente de tropa de linha( "2) e quando a guarnição do cidade
cnttn1to, uo se ini(..."Íar o século X\TJI, com a vinda a C!tla cidade do de Salvador( 1" } é elevada pura dois regimentos de linha e urn de.
governador D. Francisco de Sou1a, amp1iarn-se os q uadros. sobre- a rti1hurfu, o mesmo ocorrendo com tôdas as povonç6cs dó alguma ,
tu<lo coni os cle1ncntos cnco.rrcgodos dns ativíd~1dcs rnnls co1nplexas, signiíicoção estratégica ao lo11go da cosla brasileiros podemos corn-
junlo ao próprio governador. O "Li\'ro Que D~ l1c,~o Do Estado preender <1uc. por um lado a popnlll\,'<io era sacrifícd.d:i ern sua eco-
lJo firo"i1.. refere os gastos da udministroção pública, co~n. os qua- nomia por fôrça da artf<.11d•Ç1io de impostos que deveriam prover o
dros dos funcionalismo ci,·il e' rnilitar e com os quadros rehg1osos nas sustento dessas tropas. por outro, a economia urbana seria reforçada
c-Jpitani.1s do Norte e Nordeste. Por aí vemos <1uc as despesas em do modo slgnílieath'O, pelo volume de moeda qüe seria dispendido
Sahador eram orçadas em 18:7-10$Z40 eontos de réis("'). Mesmo no su>tcnto dêsses grupos.
Belém e Silo Luiz, que dur1m1e •lgum tempo nlo tiveram lavra- Os profissionais - advogo.dos, médicos e engenheiros - eram
dores, nJ.o tendo, portanto, receita, apresc1Hava1n um ;u nplo raros, cm especial os {1IUmos. Diz Tnu11a}' que em São Paulo '"em
orça1nento de despesa con1 o fu nc;io11alis1no, cuja funç...\o principal 1597 insla.la\'íl·se o primeiro servic;o m édico sanitá rio co1n n nol'nea-
( 1~l!I) AT•t º" C.>>.CAllA eSalv11,lor) ... º"'' dr,. vo>t V, p4 114,
< 12!'.h T 4 uJC•Y AHOIUll dC': E. - ,\'11 lt411'4 Co!QJ1.lol. (J6l0·J'lf-4> J 11; 'Rc'o'ista
do lllCH, '°'· l.f,4, flio ~ )a.wko. hnpttMll Nadun::.l, P'I· :113.
0

( 1.)0) Airc~coo,. 1 b,W,S de O,... tif .• S'il· .f.-l1. • •


Cl)I) Lr>..o on: riJ. aaJ.o iio En.t.oo PO 8.-i&. - C)nsiMI ele l.,.b.. Hãdrioo
.. ~~- .. "'ª,a ..... J--.... ,.........
61 EVOLUÇÃO UflBANA DO 1)1\ASIL O SJST·E MA SOCtAI. DA COLÔNI,\ 65
\"lO do barbeiro Antônio lloiz para juiz do oficio dos flsicos'"("' ). ções que se instala':am junto às catas~ ficava na dependência dos for..
N.1. H;ahia erarn rnais comuns. "Rodolío Can~la a\·cnta a hipótese neeinu·uto; de produtos de suhsistCncla por pJrlc de outras rcgiõt.'j.
de que tcnh'1m sido judeus ( •.. ) nlgun> outros ~'Orno os primeiros que dei.a passariam a dependcr e constituía portanto uin merL-atlo
fi\ic."t» ou tclorgi<>es que vier.un prtr~ o ll::lhio - Jorge Fernan<k-s, urbano vigoroso. Sua rápida ntunç;to como agenic diuàmico do
1\íoo~ ~lcnJcs, 1alvez jorge \ 1alado\res..( 1-»). No lev.anta111cuto elos processo de urbanização detern1inari11, j;á na S\•guoJa déc-Jda do
lontribuintes de 1648, aparece1n nnquclo cldnde profissionais corno século X\'llJ, a ele\'ação de oiro po'onções à cntcgori~ de vilas.. A
fhíc:us. cirurgiões e bolfcários( 1315 ). rcgiJu $cria também um gr;1nde mercado consu1nidor de 1naouíatora,
?>. fais cornu1)S erain os advogados. A lnstaluç5.o do Tribunal da cujos principais beneficiários scrinn1 os produtor\') inglê)CS, após 0
lh·la~'.io nu Ik1hia em 1608 tr;tnsfcriu pnru Q l)r.asil uni conjunto de Trotlldo do Mctbuen.
<l<.')t'n1bargadorcs ( J3~) . Em tÔl'llO dn llclnçlo desen,ro)\ ern-sc as ati- Como o comércio, os ofícios mecânicos o o funcionalismo, os
vidnd~:!I <.los àdvogados e r:'ibulas. os q 11niii, nn opiniJo dos co11le10- nlincradores constituíam um~l cn1nntlu $Oci1ll 11rba1u1. A concessão
pol':'111cos, complica\·run, enl vez cio sifnpli Hcnr, n sit11a\:fio dos co· de c1alas elo miner:1ção recluzick1s ni\o fovorl·ceu a concentração de
lonos( i:1.s). A importância cconôrnica <lt!'JSc$ proffssiontlis pode ser dquez;1s mas, ainda assin1, a íonna peln 'JIHtl s~ orgauizuu tt expio·
U\'.1liada pe la sua contribuição ern 1648. "Crcgório de ~j;:rtos, ptti r.tçüo das nlesn1as pennitio i1 c.:an1nda dos proprict.írio.s u1na vida
do fa1110.so poeta s:ltíric..'O, pai;~1"a, por sua rt11dosa banca de ad,•o- du ócio no meio urbano, de sorte q ue, pelos seus h1lcrêssc-.s, iriam
go1do, nada 1nenos de 2-S()(X), enquanto o rit.'O 1it'<'nc.:iado Jl-rànimo de 1nuitas vêzes se comportar como a t·amadu dos proprietários r11r01is,
l\urgos, 4$000., ,"(la:ll), quantia t.•)evada n1C)1no para Ulll C()1ner- d:i qual provinham inesmo ' 'ários dCles.
C;1.u1tc. Ao se iniciar o século XVIII. as atividades económicas e as
Os engenheiros militares !iCOmpanliaram desde o início as obras camada.) sociais urball3.$ esta"llm conslituídas. A ,;<Ja urbana seria
de maior realce. Tomé de Souza tnuia, para o fundaÇ".iO de Sal,"3dor, dai por diante resultante da co1nbínaçlo du su:b ações e interações
o o.n111jteto l.ui~ Dias. Ê cos1hí-cida a ntunção de \·J.nos dêsscs eoge.. c.:om pr-cdominância dês:sé:s ou d~quelcs inl(...'TêsJes. Os l undametltos
nht u·os. entre os quais destnca·se Fnnc-isco Frias de ~lesquita. por~m já estavam estabeJecidos e ser& C01n ~SS<.'$ clen\t'"ntos que se
1Kut1eado cngcnhciro-n1or do Hrasil. A t~se' \Oll3rén1~ c..m st.-guida. dC$Cll\O),•erá a ,·ida urbana hra."ilcirJ atê o sécuk> XIX. •
q11.1ndo tratnnnos da política urbanizacloro.

e) A n1incrnção e os 111illctadores
A fniocraçiio surgiu 11os últi1nos nnns do s(:culo XVI 1. Sua
r(l11tabilidnde foi sufici~nte pan• arr.-1star pnrn o interior da Colônia
)
grauJcs levas de popu1açi1o e ntrair de Port ugal, crr1 meio sé<..-ulo.
quase um 1n ilhão de pessoas. .;\ fo nna pela qual se organizou a
t.·xpJora\'fio do ouro, com o emprêgo cin larga c..~la da mâo·de-obra
escrava \'cio agravar a situação eco1\Õrl'llca. do o.gricultura de exporta-
ção uo litoral, pela cooconiocia que t">t•bcl<'cia. Do ponto de vista
Ja urbaniz.ação era um fato »Ô\'O na Colóni3, Dedicando-se inteira-
mente à exploração mineira, a popula\".iO, reunido tõda ela nas povoo·

1 1 ~) T,u."Xo\Y, AffClldO ck E.. - 0,-• nl, N 10


f l .:>J ) Az~ Tldld- 4c - O,... c:k.. pJ.;. 13t 15.)
l l;)llJ •'-z.a..-s:oo,. 1~ dt' - O,.. nt, IMJ- 4'3/ "11
l lJi) C.uK.U, Rc..toJfo - OpuJ c:lt.. 'P'Í-l· U.
' IMJ c .. llc;tA, Rodclío -ºri' dt. ,.....,;..
e1n> .Ut.H;uo. Tluliet: m - 0,.1 (-11 ., PAc· """·
A POLÍTICA URl)ANIZAOORA

e ntenderá que M) poderá Ínzcr toc111s as vylJaS que q uyscrõ das


1\ política 11rbari:izadora povoaçút.•s <1uc e.styucrê uo longo da costa <la dita terra t.' cios rios
<1uc se n.&\'t.·gatC por <1ue por dcolro da terra Í) nnc pelo St:rtam ili
nam poderam ÍaLCr me1\0s cspaÇ{> de seys lf.!gooi. de huli a outr~1
pc;ra q 110 se posanl ficar a() menos trcs lc::goa:-. ti() tcl'ra dc tcnno u
A política urhauizadora d(lvc ser cntendidtl aqtJi co1no um cada l1u,l das ditai. villas e ao ten1pu <('ltC se fi1.ere1n a:. tuis villas
c-..sfõrço par!l controlar ou influir sôbrc a.s transformações c.1uc OCOr· ou e:tdu Imã ddl•s lhe lymyt•ram e asynaram logo lermo para cll •.,
rt•1n num p~ de urhotnização. e depois nan• poderam da terra que asy tivcrc.111 d~do pt·r tenno
O grau de oontrôlí: podo variar, assiin 001r10 o grau de tcori· fazer n1njs <1utro vilfn scnl rnynha lic..-. : nça"( •~• ).
Y.a~-ão tia política O'isun1ida. O objelí'' º é demon:itror que n poHtica Corno r~ultado dessa política~ <las trínla r sete po\'03ÇÕCS,
urh:1niio1dor~\ tem corno dt..'COrrCnci:a dirtta unu rl.>th.·. e que .ambas entre ,11.u e cidades. funtl.ldas t:nlre 1532 t: U.i.50, apena) c.:t.°'rra de
cl1:lcnoin:1m os papt1s que os centros urhauos ,·ão d<:scmpc:nh:1r no sc:te o seriam por conta da Coro,\, cobcndo as dcrnnis aos únualários
~j,tc fllU. e s<.:us <.'o1onos, o que representa lllli inegável suct.:sso cn1 rcl11~'ào
1\o coso brasileiro, e1n det..'O rrência do r(.>gime coloniaJ, Portugal aos p•1drões modt'stos do projeto de ~lc'\tre Di<Jgo de Conveia.
se cul()('a\''1 na origem das lrJnsfo:rma('Õ<'s do .sistema social, como Xas capitaniaJ pertenctntes à C'Aroa, cab1arn c·xclusiv~lfnt·nte a
agente dJ poHtica de colooii;a~·.iio e, corno parle hnportanle dessa. essa as tnrcfas de urbani:r.{1çúo 1 reservando-se ao n.:I os ato:-. rc.lnti\'OS à
da 1u>líllcn do urbnniznçiio. criaçiio 011 à eJc,·Hçllo do.s povoados U COl'ldição de ' 'ilás e cidades.
A política portuguls.1 pora o Brasil, em meados do sl"WIO XVI, Os n(acleos Je 1naior ilnportlncla, [undados corno cidades, eram
procwa\1t utili2ar ao máxin'K) os recuno.s de parti<.."Ubres - cc>lonos instalados sôn1enle nesses t<-rritóri()), ficando 011 seus hahilantes
~ tJonatários - sen1 prejudicar o~ progrn1nas das 1ndins, que ocupa- suhordh'lndos dir<:tAment<: no Covêrno Geral; cra1n as ch,1n1ada.'i
varn cnlJo o 1oclhor de seus esforços. Podo-se ofinn:•r que o esta- cidades rcais(H~).
ht-h:<:imcuto do rcgirnt.~ das Capitanias, estin1ul.lndo a fixação dt' As cidades eram criadaJ em pontos especiais,. .Pundonavam
c.uropeui nas nova~ tcrras, visava alcançar nlo apenas a sua ocupa- como centros regionais e por meio dcla.s re\'ela":un-se as 1cnc1ências
çdo nltt) c:irnhém n urbaoiV1çjo, co1no a solução 1n:ais eficaz de colo- ctnh·alittt<loras c1a polílica por1t1gu~..so 1 qtt<: se opunh:.'lrn, .iinda que
nização e donlÍrliO. Diz Siiuonscn que "a poHlica segtlida por D. discrctn111e1ltc, à dispersão dominante. Dessa orient;1ção ti11ha1n
João lll, de dip loou'lcia~ sul>Arno e violência, com respeito às conscil-ncia os conttmporànros. como se rC\•ela por sua oorrespon·
illcnnões rrancesas às costas brasileiras, pareceu perigosa a >.lestre dência. Em carta dirigido no Cardeal D. Henrique, a l.º de julho
Diogo de Couvcia que, e1n cartas a El-Rci, aconse1l1ava: •sete a do 1564, Nóbrega trata du queshio do criação do Jlt'tcleo ~10 llio de
oito povOA<;'Ões scl'iarn bastante para defender a terra que nüo ven- Janeiro, avaliando o papel que o mesrno devefia de$t.mpenhar:
dam o brGsll a ninguérn e nlo o vendendo as naw nlo hão de querer "Parece muito nec<SSário povoar-se o Rio de Janeiro e fazer-se nelle
ali ir p.&ra \'Oltarem vazia.s'"'( 1 ••). outra cidade como a da l\ahia, por que com ello- ficará tudo guar-
..\ Coroa procurava dcixnr aos donnt&rios as principais tarefas dado, assim esta capitania de:: S. \ Ticente como ~l do Espirito Sancto,
<le urbanização, outorgando.. lhes o poder de criaçüo de vUas, de <1ue agora esliio b<>m fracas, e os Franceus lançudos de iodo fora
ncõrdo com o que vinha declarando nas cartas de doação: ·0u1rosy e o lndlos se podcssem melhor sujeitar e para Isso é mandar mais
1ne prac <1ue o d1to capitam e go,•enlador e tuJ1,~ seus subçesorc.-s moradon..-s que soldados.. ( 1' ' ) . A propósito do mesrno assunto, por
posanl per sy fazer vHlas iodas e quacsquer povoações que nesa volta de 1552> escrovia Toin6 de Souza, np6s visitar o Rio de Janeiro:
dita terra Íizercn1 e lhe a cllcs parcçcr que o cleucm ser ns quaC$ "ParecL... me que \'ossa Altez3 deve rnandar faV!f olli uma povoação
se chamoram villas e leram tcnno e 1urdicam lybcrdades e jnsinjas honr•da e boo; porque já nesta costa nilo ba rio, em que enlrem
de \illa.S' 11-1-gundo roro e CO)tu1ne de ineus Reynos e isto porem se
( 141) DrA.$,. Culnt )blbt"lro • outrQf - (}ptir rit., J .• vol., (l•g. 309/316
( 142) Uat.ANDA. Sfrpo R11~rq1M ck, e col;,1knd0r~ - o,,., t"ÍI. Pl-ff'"'
fl ll) P~. Dr Josi V-Ofh - ~rir, VOI. CXUU, pie- 178.
E\'01.uç;Xo unBA~A 1>0 Htt~SLL A J)OLÍTlCA URAANIZA1)0R.·\. (i!)

Fnlth:czes sinií.o ru·~tc ( ... ) F. (:xcn.,nr-.o;c hi:t. (1ltn cstn povoa<_:íio,


4
Xos anos seguir1Les, é possível C(>rllprov&r a pl'esenç't de outl'OS <·n·
,trn1~uJ;i. nesta costa. E não ponha \Tossa Alte:.-.a i'-SV cn1 tl'as 4 genhciros, dos ciuais Sou:t.a \' itcrbo n1encio11a trCs( u1 }. Ate" 0 iuíc·iu
p:tsiio"( 111 }. do século XVII, provàveln\ente em 1603, c.-hega ~·o J3rasil Francisço
Es:ia política iniciada co111 a fu ndação da c;ida<k! de Salvador Frias ele ~·l esquita: (:01110 Engcnheiro-f\lor do 13l'asil, aqui ficou .até
<.1n 15~9. le1n contin11id;,1dc çon1 ~· c:c:n.slru~·J.o do Rid d1; J.tneiro <:, 1635. com 11n1a fôlha de Sf:r\·j\:os das fnais brHhantcs. onde se cles4
110 sC:«·ulo X\ 11, ele São Luís e Belérn. :\a crinç.1o dêi;ses c:~ntros,
1 hlcam os projetos do J\-Iosteiro de S. Bento do I\io de Janeiro e:
que.: serinn1 as cah<:<;HS cl:·1 rCdc tirhán~t e1n suas regiões e <:onstiloi::im do fo rte dos l~ejs Jvlago:;; e n\ Nata l e, n\uito l)l'Ov?ivc;Jn1cnte, o tro·
p:1r<.:<.'las <le tcrritól'io sob a respo11sahilicl:-1de direta ela Coroa, é ç:1do de São Luiz do t\ lanlnhilo( 1-+s) .
n,tlural ' JllC .se inanifes tasse, de \'ál'ia'> f1)nnas. o inh.:re.sse espec:i;,\] O n(u11ero de engenheiros ê un1 índice cxplitativo tio dcscnvol 4

1111i: C<:rca\1a a .soa fnnda~:Jo. vimefltO d(ls técnicas de construção ;1rquitetô11ii;n e urbanística (·nl
Jú uos p rin1ciro.s ;n1os, a ~{etrôpole forneci.~ ao govêrno central unta região. Por essa ntzHo; proccdernos ao exa1nf: d o material io-
n.r'luitetos e engc.-111.:iros rnilil<1n;s, para ::is obra.s de maior i1nportà11cia form~tl ivo contido no Diccioi!<Írio dos 1\1·cliiteclo~-, E11g,~11hciros e
1\ reali.1.<1~·:'io do.s progran1as n1ais a1nhic:iosos, rp1c a Coroa prete11Uia Constr11tores Portugue:;cs ou a Serviço ele Portugal de Sou:r.a \ lj4
<.:u1nprir na.:; povoa<,;ô<.:s q t1e Jt.:vnntava ern suas terras, incloia a prc· tcrbo. Intel'pret~1dos coo\ as devidas reservas do ponto de vista
sc·n\·a de <:ngenheiros 1n iJitarcs para a ::1ssi.sti:ncia aos gover1)adorc~li r es:t~4 í.sHco(un}. pod~m ê-sses dado:i t'Ontribuir para o wnhec.-inh:lll()
e.: dc:n1ais a otorid:ldcs, para o ctnnprio1ento 1nais perfeilo dos desíg- obJehvo das coudições de dc.·.scnv0Jvi1nc11to técnico 110 Brasil C<.llo·
uios rcnis. l ..uiz Dias, rn(~.1:>ln; de obras <.: a rquiteto de ~ro1né de nial. A la bcl::i eh~borada re vela que dí>S 1.203 títulos Ct)oh1:citfos, 119
Sou.1.a, c.:0111 a responsabilidade ele dirig:it <\ conslrn<;.:iío da cidade de niío conten1 indicaç:ões ulilizávci.s <.:om êsse fi1ri. ))os restantes, 8 17
S<llvadcr, recclu:: ordr:us dirl;ta1nt:ntc do rei e a eles presta c11ntas: re fc rrm-sc a PortugaJ. 170 referen1-sc;: ao Brasil e 9í à ,(frica e à
" l\·ln g:.1 h:a1n São JoilO vierão <:& huns aporitan\ento:; de \ 'osa i\.lleza Ásia (48 só na lndia), corn a d istribujç-ão no tenlpo i11di<;ad:1 no
p<.•ra o govt rOàllOr Torne de Souza, os quoraes n1andava r11.1c vi'-c Gráfico J.
«0111mingo, aos quoacs eu satisfiz e respondi a elle-.s confor1ne ao As informações referentes a Portugal, até o fim do sé<;ulo X.\11
que: \ 1. A. 1nant1ava" . .. ··pcJo que dch:nnin<..>y per hu1n navio qut: - nol(~riores, portanto; q uase tôdas, à organiz.ac;âo dos Õfíc::io.s e ~
dos Jlheos hia pera laa. per 0111dc o govenu1dor c todos os oficiaes fonnação sistemática dos quadros de eogenl1éiros 1ni1itorcs - deven1
de V. A. Jhc cscreven1, fazer eu ho mesn10 en1 lhe 1nandar de novo ser observadas corn reservas, pois inçlnc1n n1estres de obra e pe4
a1nostra . cidade coofor111c a corno per V. ..\. e per seus aponta. dreiros de nível técnico 1nail) shnples; otorritn<.:ia pouco frec1ueot<:
1ncntos .. . "(l 1"). nos anos posteriorc.·s. É esta certamente a cxplicaçfio para a des-
l .uiz Dias era pessoa de posição social elevada, co1no se de- proporçti.o entre os valôres dessa época 1~ os dos séculos rnais rccc:ntes. 1

preende do alvanl pass..<lo por D. }0110 J11. No livro 70 de Doações, Durante o sêculo XVI, o nú1nero de engenheiras cuja presença
fôlhas 106 v( "'), pode.se: ler: "Eu elRey faço sabe r a quamtos foi verifi(.-ada na índia e na Africa, que oscila, en1 gera1, para cada
ci;tc JTil'U a luara viren\ que e.u e)' por b e 1n e 1n e praz que Luis t1m1~ dessas áreas, entre 5 e 10, supera> pelo rneuo~ no dôhro, o
l)ia7., (.iaualc:iro de minha casa, que ora ênvio por mestre das obras 11úmero verificado no Brasil :\o te1npo do l)escobritnento elo Brasil,
d;\ fortaleza que rnãiJo fazer na Bahia de ·rôdolos Santôs. n:ts te1·ras Portugal 1nantinlt11, portanto. urn 11(1mcro de profissionais, na tndia,
do Brasil!, aja. em cada hurn ano, de ordt oado co1n o dito can..'!guo, capaz de revelar o i.nterêsse que dedicava àquela <..'Olônia. Ao
êqn;•nlto o .seruir, seten1ta e dous mill r~.• os quaes lhe serão p ttgl1os
110 tisourciro das rninhas rcmdas das d itas teras", A q uantia era • (1-17 > "Neste Se«ulo XVI tntK>s M ia. de mal• e~ furlificlld01't'..$ 011 tr(lbllf'CIOt
l'l'l~ illl~'S ecvindoc 11.n Dr;asll; um, 110 rl'in11do de D. Je:l<l Ili, l..opo Macliado, 'll'e- 1t1a!f t.ud11
respeitável, se cotnparnda <:Oro o orrlen~)do d o governador Toi-né de ío.• no-nM:11dn f)l'rn ~ çfl ttd!u de S. Jo~e (lll Mina; <outro, Fr.and'oo Cr.nc11l~-ts " ""'iad(I ,..,
Rio de Jii.r.e1-J10 ·""' 1.571: o terceiro l1 nWr:ni'llh <. no tttnpo d., pri m~il'O Pi'll1•pl'••~l\!xtol)d.tti
Souza r1ue era de quatrocentos n1il rêis, ou co1n o do Ouvidor G(:ral. lt.• IJ;rno, (tuv fo.n )?'dita a ba.hb di' 1·-0d~ os Su.nt~°"· rrn 1~$.11 •~li çl)m1llltibia. do gtwt>1niMIU1
º"""
f'lfl<ICÍ-SC(I Cirioldt'.$." l Vn'UlloO, S11uu., "º'·
clt ,, 1. l'àtÍ· 21:10) •
• ( 143) 1\1(: 11~ •. D on.1 C_lt·11w nte Mar!11 d1' Silva - t·r~nçi l'CQ Ft iu de ).(c1quttll, Jfo1tc--
11~ -1) t •1•u:11:J>.., Dr. J•nê V1c-i r.l - Opu" d!.. •'(li, CX.l.111. pág. 17(1, r•hl'Ut1--Metr dt> Bru:I. ! 11: Bf'\'bl• d11 Serviço d u }':01r:r11(mio Hht:11itn t Arti>tiioo N:.1 7i'11llll.
~ 1 J.') t Oi.o.~. C.:r.du~ M.ilhciru r. ou:l"\'J$ - Op111 O!,, 3," •XIL, piog. 36l. 11.• 9, Rio dt< Janclr~ H14S, pãg. 9 .
t 146> VnG111t1u. Sguzi• - o1iut c.t •• l ." 'º'·· pás. 551 . ( l49J eo.1,idera.ndo>$(1 q ue • amoura "~" ê • lt•Üri11.
70 t:\'(>l.UÇ:.ÂO VRB•.\.~A no 61\ASlL A POJ ÍTICA URUA!\LZAl)()RA 7l
1nc..'MYIO te11lf)ô, o oontrôle <lc c11111sc tôdn a co~tll da Áfr ica e sobre- por suas minúcias e cuidados o í11lcrêsse fundarneutal que terianl
tudo ns lula) decortcnh..-s d•l ocupaçJ.o llo norte afric:ano exigian1 de a11uelas colônias para o Reino espanhol e o eiupcoho t.-m que est.1\'a1n
Portu~al 111n esíõrço 1naior, <11u~ é indicaclo <l~se modo por Viterbo. aquêlcs colonizadores cm níírmar !IU:ts nH•h altas (1unlidadc:i <:ui·
:\ partir dt.• 15i9, a Coroa Cll\'ÍO purt• o Bra11il alguns ongcnhclros, turai.s pcro1lte povos ele nJvel de civilizaç-lo elevado, que l1aviam
L·oloc ando-os a servi\'º dos govCroos rcgionals e cl<.:.)tinaodo-os .so.. sido suh1netidos pelas arn\J;..
hn:tudo ao atendi.tnento Ja.) necessidades das cidades reais. Sua A poJític:a francc-sa no Cnnadtí. nsserotlhavn-se porém à do J')or-
pil''< nça nc.s~cs Jucais é bern incli<.·ativa da huportâncio dos mesrnos t ug~tl 110 U1·nsil. O plao-0 de Quchl.'(:( ll'i::), fundaJo em sftio t.•Je\'ado,
c·11g1·11l1ci ru~ e centros regionais nos H\é<..'anhn1os de· to~1trólc· t~ue
aproxima.se, em vários pontos, du de Sal\-ador, como o th..-moos.
a ~lt trópole t'11i<l.1 Jç es-talk'lc(.·t:r; nn), os centro.,,. no controle polhtC'() trom as pesquisas do Teodoro Sampnio (figuras 6 e 7) . f:sso para-
;;( r.,1 ê vulros. os L"11g1·nh<.·iros, no t..'Onlrôle da~ tron1)ÍOr111açõc•> da lelo c ufraqucco u1n pooco a cxplícnção desenvolvida por nlg1111s
c11·µ_.1ni1a~·üo «:.p~lcial. autores, st:gundo a qual "a ordein cm ignorada pc.101 portugu~.ses."
Duranlc o ~ulo X\'IJ , é possÍ\CI obst~r\'ar. alm\'és do OO$SO \
e r111c se COnlplcln com 11 afinn~tçl\o de c1uu ··nada i11vcntara1·n os
g1:1fit'<J, a 11nport~nt•ía crcsc1.:nlr· do Or.1siJ c11l f.1t.-c dns ou~rus cofô. port11guês(~s no pluncja1ncuto ele t:idades t.•1r1 países llovos" e fina l-
11i;" porlugut?sas. 1\ 0 sr jniciur o sét:ulo, j~í é 1naior o nunl.cro de mente que "a.o contrário d0$ espanhóis., que tram instruídos por 1t..-i
pr•·'t n~:a.s dt• \DUt'Jlhciros \crific:iclas oo Hrn)il, do qu1• na indja. a executar u1n grad~ado regul:Jr de ruas quo so en1recruzav111n e1n
Por vulla dt• 1n~dv, do sêculo. os (kulos rçfcttntes no Brasil igno· tt\n\o de 11.-na praçn ccntrol ( figuros 9 e 10 ), os po1·tugoêscs não
lan 1 e-. a ~cguir. supcrnn1 011 rc·fcn.•nlcs a lóda n África. Já nu íhn mantinham regras, exceto a nntiga. de defesa através <la altwa"( 1"3),
do .st':c:nlo, ahcrtai U) aulas 1nilita.rcs, o númt•ro de cng'-~hcir0$ Seguindo êsse raciocínio, seria difféil ex.plicar a potltica urbaniza·
j.í "nlJo pro' :lvcl:[Jl('nte 00111 rt·gistro mais exô\tO - oscU3 eotrc ·W e durn dos frnru.:c.ses ilO Conadá, trio d iversi• de &ua expcrlt~nc:ia
50 ~ do lotn l r<'gistnulo na própria ~tctr6pol1:, proporçJo que irln-sc. JnctropoHtana e, dn pa1te dos portuguêses, clíííc...il do explicar os
rn.Jnllr dnrnntc todo o s&:ulo X\'111 , aco1npanhando Ol.esnl-0 a.s ambicio5os programas de urbaniU\>'iO dos p<ríodos jOOnino <: pom·
\àflj~1;..-, t.-m Portog+1I. No inicio do k~uk> XIX, nos ano) que halino no l)rasil e os cuidados co1n o.s plano$ de Salva.,Jor ( figura
anh·ccdern.ul :l Jndc.·1-.cndêncin, <::o.sá proporção o.'\tari(I c1n tõrno de 1) e São Luiz ( figuro 8), ou mesmo algumas cidades portuguêsas
úO :.t, prc·nunclando u1n:1 .silt1:1çâo de igualdade. na lndia, no século XVI. Com menor refinamento que os csponhóis
Tambêsn os hulanc.leses t:raria1n os seus t.-ngenht.iros e me"res. na América, roas co1n o mes1no empenho, os portuguêses enfrenta-
Seu~ progr.11nas d e c'Onstruç;lo e suas nth,idad,ci. I?ililnres r~prcse~· riam a quustüo da criação ele novas cidades, na lndio, 1lO iu,clo do
taria1n un1n .sollcitaçtio rnulto grande, p;.ua CUJ;\ cl1n...~lo seraa1n uh· sé<."Ulo X'V 1, onde chegariam a comtruir algumas dentro dos esque-
lil~dos proÍi~sionais, dos <1uai.s alguns nomes chegar.1m até nós. mas de inspiração medicvo·renasc;;ntista, como DamAo (figura 2 )
c·o1no o de Bnlta1.ar .Affousec.11 judeu por111gutls de orlgcfn, t."C>nstrutor e Daçaim (figura 3) ( ' " ) . Nus palavras do Professo)' Mário Tavares
da p<n)tc c1uc ligavn Re~if<: a Santo Antônio( 150 ) . Outros nornc-s:, Chlcó, '"a wrdadc é que nas cidades construidas do um jacto é
c.om atrihui\"iK'S militares deíioidas, s.1o indicados por Varnb::agen. abandonada a tradição e aoeita abertamente a ci<}ado Ideal"(',.) .
t•utrc os c1uois Co1nmcrstcyn, 1nl"nclonado c..-omo o prhlcipal en· Os nl.odeJos adotados, por sua geomctrizaçito nio nl.uito pcrfeita1
gl•1Jh1·iro( 1"1). adoptados às condições de defesa e topografia, aproximavam-se dos
A política urbani>adora de Portugal para o Brasil, at~ meados
( JSi ) VIII fl'$Cl.v~ ..1quci:na do ._ltio 11 dl> ll• t •do d• Qucbt:c flCKl e ser t!ll~l\lllldo
do 11\!culo X:Vl 1, contrastou t'Om a que adotaram, 11essA epoca. os flil IJ()1.TS!llAVll"-"• fi>Ão - Op11.t ..u.
próprios p1>rtuguest·s na lndl11 e os outros grandes ~o1oni~dorC8. na •
.,... ·~
• 153) S.MtTn, R<Jkrt C. - At~ Coloitr4i. S.l'\'adcw. u .....,.. f'rogteuo, 19.SS•

A1ni·ríC3, c,special1neoh: os C)panbóis. De fato, a or1entaçao segui~ \'tt u....iJok. do ~ eutor ne Atu íll 5,.dl - Boroqtof', Atch.1tuhu1, 14
pct• E~panh•• na .;\1nérica, sohrc·tudo no ~lérioo e no Pero, rc..>f1eha, r.,.-t.,.j;ll'I cnd Hru;il. Ollford. .~t t'h• Cl&rrdon frr11, Ed. by H. V. LJvt'Mnint, J~5:1.

-
A d hcQl'dJnd1 em 1Ql111;l t1 A opfnl!io ..qrt#• por S111JOl tii o dun.lnul o 110.-0 ~
11Mci~to prlJ..t 1-u.u q-valld.:od.N <W- ~'· ;. ne..._ dl 9tl4t ,-1....,h pal'• ""'~
• ~11 .. 11 1ct:l'f, tr••'(:l$(:0 A. de - I11t1Jr14 Cc'Nf do Br.uil. "111.rt d ;i - #14; tw uira.a c:iormit• dplftn •pc:aa.i ~" .,. fUt'f• luf..b - .-iJ I~ e ~ q-.iie
,~, r n.ckr otd...:ndof ,.~ r.-.sww;-1. 3 1. N~ liM...,t.t. SJ.o ,_ao,, )ltO-._...,..., .,
,.·--~ ! .... \~ .• 1Qi;. 371/3!!. (1S4 ) C&ricó, Múlo T. - Opti• ~t ., plg.. 31• .
.. 151) \ .Ol'i lfA<lltN, 1t1a11dico A. d• - º'"" ('li ., :i.• Htl.. pAg. ~sa. ( lr>5) Cmró, ).(4.rlo T. - Opiit t41,. p:Ss. 3ec.
72 E\"OLUÇÂO llRBA'1A DO BllASll. A POLÍTICA Ul\6ANIZADOHA 73
tipos ;dt·ais renascentistas Jnais flexfveis. dos quais Sahbioncta ( fi- ultc.:rado, para n1clhor, os e11t1u..--·mas d os n{rch:os de h\da a ilneosa
gura 4) pode sc;r consillcrada cotno padrão ( 1~u ). Sôhl'C a inovação árt:n qu~· <lo1ninara1n 00 Br11sil 1 o CJH<: de fato uiiv (.l(..'(U'rcu. Coloca·
rcpruscnladn pela iotrod uçílo <lCs:ic~.s esquemas on fnd ia, "são os do11 e1n ÍllCe i\ 1ncs1na rea1idudo dos pOl'tuguêse11, co1nportarnn1~sc lle
próprio:i vhitantcs q ue abonnn1 i:stc faclo e süo os lC'litcn1unhos for1n1' cxtre1na1he11tç semel hnnt~ a ês.ses.
da é1>0ca c1ue nos falam, <1uer ela nO\.'a ter1dêncln italia ni~ânte I!: po~o:;ívt·l afirmar, portanto, <1uc a té n1e;iclos do século XVI I,
dos ('Ot1slrutores portuguC:.e'.\, <tut•r da exceléncia d.as OO\'ilS c.id:i- Portugal aplica no Brasil uma politica urb.-.niz.adorn 'luc consisHa
ck.."("' e ''"'). en1 e1:ti1nular. indirctamcnt~. a formação c;Jç \ilas nos territórios
A importância dada à fund:it.lo de algumas c•idades portuguesas perlcncent{s aos donatArios e a expensas désscs. rt·scr\·ando~se as
da 1ndi~, que se revela nos cuitl.uloi, com o planejamento. encon- 14lrtfns oorrf-1\pondentes à. fundaç.lio, cm .s<..'tl território, de <.'1 dades
trarin p::iral<'lo n.1 àlilude da Coroa er'l'I face da fundução das cid::tdt."S c:o111 fun('Ocs de centr os de c.:ontrôle regional. Dl·ixiu'ldo a org.1-
rt·.tb no Dr.lsil. Estas, pel11 111~tib h:ncia recebida do:, i:ngcnheiros c; nizuç!lO cspncial daqu<:las n crilCt io dos donah\ rros o sc:us repre·
pelo que :;e: conl11.:ce de seu traçndo n1ais antigo, ~1proxii11a rnm·.se no scntnutcs, orientados apenas 1>< las Ordcnaçõc.:s, proc.:urou poréru
1

to<lo ou e1n partes - como no nio d ê Jaoeito - dos cs<111e rnas de t:xcrc-c1· uma influência 1nal:. dfrcta e co1n contrólc ruflis l'Ílcaz sôbre
rcgulutic.lu<le c1ue orientava1n a fun<l:H~'õlo daqui:la.s cidadl.'S na 1ndia. as c'dades reais, para cuja Cund.l<,·ão e <lescnvo1\'hncnto procurou
Aos dois tipos b<lsieo> <k ci<lades portuguêsos na lndia - as forn«er. c1uase sempre, 1~1 e fectu'SO$.. Dotou-as. dêsse 01odo,
cria<bs de: urm: só vez. com plano estaheleci<Jo e as que crCK<ttam aos de um qu:tdro urha:rlO que, sob \Írios aspectos, [>O<H:t ser cornparado
1)1•11C'O\, :10 acaso - o proíoM>r <:hioó associou du:.i .. políliats urba·
con1 as tx{l("riências de 1naior importAnc;:ia, da 1nesma época. nas
111/adoras diferentes, cvidc•nt"frindo que a condiçf.ies divt1'sas d e de- loJ1as ou ro1n as obrns de urhaniz.1Ç'jo colonial d~ outras nações.
St'1n•olvirn1·nto o coloniz..çüo corresponderam c.Jiftrc ntcs ações orbA· Nn segunda m~-tade do século >..'VII. con1 u i1np1anta.ção na
ui~ndoras. 'fc:1)do ç 1n vi::.t:l t jllO os portuguê-.ses ncJ<Jh'l.run1 no Brasil, Colô11in do u1na poHth;a cc..: ntrali2ndor& t:.'Conôtníca u ad1ninistrativa,
110 11éc.:ulo XVl, un1a polític;l geral diferenlt; dti q uo .seguia1n ll tl toruou·se necess~ria a a1npliaçllo <la ação urbanizadoru dn ~1etró­
lodíu, 11cssa l-poca e da c1ue crfl empregnd:r. pelos espanhóis na Amê- pole e do Govêrno Ger.1l. Já en1 1656 o ronde de Atouguin rnO..S·
rieõl, ~ ()().)<ÇÍ\'CI cnh:n<ler que tambén a sua política urbanizadora trava o desvantagem que havia em não poderem os ·governadores
fO.w diferente no Brasil e apr~ntasse re.nh•dos diferentes, t'Omo fundar \•ilas, nas capitanias da Coroa, con'M) os donah\rios nas
ocorreu wm ;tS rêdcs urbanas das di\·ersas capitanias. Contudo. nos suas...A cxperiencia mostra evidentemente quanto o fah.1 desla ju·
pontos cm que a sua atuação aproximaYa·se das c.."Ondiçô~ dos riltdi~o é causa de não estar mais povoado c.~:tc Est:ido, pois na
outros t·xcmplos mencionados, os resultados fo ram diversos, 001no p~uto onde os Donatários a t'Oncedem a. seus capiH'ltli·móres, se
ocorreu C() fl) as cidades fundadas nas capilanias <ln Coroa. Um fato 1nultipUcnrnn1 e vão inultiplicnudo se1npre as vlllas, 001no s~ viu
é h1(.'011tcstávcl: os ho)andusos np1icara1n no Brasil p-01ítica urbani· na do l'crnambuco e se vli com inalar cxcc.-sso ~a de São Vicente,
zadoru scine1hante, co11centrando seus intcrCSSc.:$ 110 Hecife ( figura e pelo contrario nas donde o poder toca ao goven;o se não acres-
11 ) o C011servando a rê<lo do• pequenos centros tal qunl • rece!J<,ram centa. u1na só" ( t::.i.) ,
dos portuguêses. Se capacidade tée:nica íôsse suficiente para trJns· f:SSa manifestação representa uma solicilaf'lÓ para que a Coroa
fonnar tôda uma política urbanizadora. os holandeses deveria1n ter inicie u1na política urbaniza.dora mais agressiva. t\io é por acaso
que surge numa época na qual algumas capitanla.s vio sendo iocor-
e IHI ~raDdiad1 r.<-" Vnpul.111111 e..:.,,rc• 1560 1: tu("a41 a.c:padl> 01 M06dos id•
poradas à Coroa e criadas novas. co1n as mesmas condiçõt'S, o que
''ild111.ic •llt11I' dJ ~oca•. (0uc6. M6tlo T, - OJl'I-, c:.r., pli,;. 3l' •·
(131') CH.có. ~Urio T . - Op..1 '""pág. 3!.• /325. torna 1>o<sível a aplicnção do uma politica d~sso lipo t-m ampla
11.51$) O pr<of. M.irio Chit 6. cin1 1C" tu b11Tha lillb rc u ddodt• p11rmi11~1' d1 fft(Ha cscnln. A polltica urbanizndora da Metrópole procurnvo portanto,
l11fc;rmti (j \lC um"' ~'& ..Con.q11!011.d1 D11mll.o (,,, >. logo> a tid •d11 t•li) li\ foi tdifi<'4oC!a.,
.. i. fl'll.\llllridad1: cio 1o11ç11do, a 1ll•1
>01lcno da~ m\l talhaJ e a p h1.1111 d• d cl&dcll íiu.iam f:n'I fn<.-c de novas co11diçõi:.s, suh1neter ao contTôle n1'üs direto da
•1ue lóu• ido\•~l lrio ;1 -.· i1ri111 c-i.Jadn klear. d11. 11i li11". o <1uc • tOOJlotnAd(I l)"I' i«l"•11tu:1,i.\.
llt l1•n11d"""' 10- fl;>(&i.m, .t.fU'ma <1ue "rrll 'cm d1hld.J. ~dl o H(X'l:'tr.I l111 IH11)1 r ~ie,-!ur11., ll Coroa uão ap4.."llas as povoações de 1nerlor importàncln, mas tôdas
tn.41'J bc-111 •kUde pOnu~:i na (ddi.••, • q,... "0.J.o.Wo., A1.wia ''"' Po•ltll>Of, t tll!I a
"'"•'"' nti..luld.'4k>. { ... ) cmbc:c-• p <OfttlJ\oçr.c.. 'eju1·, rro.&lt ~ • 11' ~·• dOll tll;'fl'l'ttl· as aglomerações, em todos os nÍ\'ei.s e regiões. hnpunha.se u1na
ro. IMt•l~t• '""":' -..dnw.. lAmbn liiiut-11.1• q;- -~
U..W- 'nt& ttptarida&.. - a-&. <'......,.... ~
dttt••
• ..
,~ !Whu tiftà."""
S~ T.-6 ().lets....->...
d.. ~ ,.,._.'"- _ . ~ CllC••• ~). (Clin<A )làrlo T - O,.. "''-· P'I 32-&/3!'5..J
A l'OLÍT lCA \JllDANlZADôRA 75
74
d ndes clus capitania:, e das vilas fu ndndns prlos do11ot6rios. A partir
a1h raç5o de progni111u, principahncotc.: por<"JUI!', co1n a dec-adencia d c.)sa époc:a1 poré1n, dentro de seu prvgra1na de 1nais estreito ''On-
da ngri<:ultura tradi<:íoual, 1nultiplicavnm-se pelo interior. as pro- trôlo da vida c.-olonial, c:ha1na a i,I as io1'11neras rcsp01lsabilidadcs da
prtldaJ1-s ,·olt.ldas par:. a produç.;io de :.ubs-i~ICn cia, o <1uc pro"ooou uJbauiwção, pa.,.sando a ~•luar 1ncs1no ntis: árc.-a4' que alé então rcSl'T·
u1n1' grande dbp(•rs;.lo de pupulaçlo e1n Areas q ue escapavum, muitílS vara aos <lonat.\rios. Essa 110\'a política urbaniz.1dora \'iria 1nostr::ir-se
'~.tt!S. ao contrõle do Co, Crno Ccral. à. ullura t.1o estágio que a Colônia já a lcançara e instrumc1ltO u<le--
Ern 1695 o governador Castro Caldas, do Hio do J1tneiro. rE.."C\:bc qu11do ao seu maior desen"olvímento e, sohrrtudo, mais perfi:Ha
catl.:i r~gia dlt(nninando a congrt.·gaçlo en1 po\'03Ç'ÕC!i reg-.11.tres, cxplora~:;'\o colnnial. Tornll\ltlln-s.,; inais (:lar:LS, portu11to, as C:<\ractc-
tJv., hablla11tc) que $C dispcrsavn1u pe lo sc1·1í10. Pura dar cun1prlª r,\ticas do colo1ü.ulbmo. 11.i 1nedida t..m <1uc a ~letr6pole ptt,."'(..;s;tva
nu·nto "formou êste ano a po,·oaçlo du ~lacacu, ot'Mlc: criou o lugar chn1n~r a si o contrôlc dirtlO d as configuraçõcif ''sslunidns por todos
cl4.; t..1p1t.10-mur do cllstrito, :•o c1u11I 1icnrio.n1 s1tjeilos os cnpitàl:-$ de os fatôrt11 de desenvoh:ür1cnto da Colônia.
ordl·nau~.l das proxiinidaclcs. Alé1l\ d o) capitães de ordenao~ foi A nova escala da po1itica urbani.t::aclora exigiria ta1nbéin a m·
,)t·r..:n111u.tdo c1ne ern cada ('IO'onção l1ouv~:o,(' ta1nhé111 u1n 'juiz ele plinçJo dos quadros técnicos. A c·xL-çuç.ão cios programa~ ocupou
viol<'ua', As auloridudcs 1nililaJ'cs ficariam Jnve:1,:1idas da adu1inis- em ge.n1l, not anos seguintes, como ji foi obs:cn1ulo, um número
ltou~.ão t1\'il e municipal. ~ta organi~Ç"40 foi mantiJa pelo ruce5.sOr do engcoheiros C:t1olvnle11tc à (nCtacle do quudro que ~ervln à ndmi·
de c.:aslrv Caldns, qufl ~-t c:o111plt.:tou co111 outrns medidas, e s ubsistiu oL\tmç-J.o metropolih,na. Esse contingente não ser-i:a, é claro, trans-
por longo pt•r,odo"{ 100 ) . Em fins do il-cnlo, :\ otônio Luís da Cà· f 1.:rJdo L'fll prejuízo dn f\fctrópo)(:, A tabela do infonnn~:ões ele Souz.a
1u.1ra Coutinho tornou a 50Jicitar alltorizução para r1uc os gov~rna­ Vit••rbo, representada pelo Gráfico li, re>-el• <1uc a partir de 16.SO
dores pudc..\.Sc1n dctl l'O\in.1r a criação de vilas nas eapitauias da o nú1ncro de engenheiros $C·rv:indo no 13rasi1, que girava tm tõn10
(;oroa, ,.cndo i• mesn\,t c:onct,dida c1n tlmpos de seu sucessor, D. J<><1o de 5 elcvou·so constnlltetnt•nte nté registrar, tntre l700 e 1725, 25
do Lancn.. lre( 111 1) . 1\ s ali\'Jdach.."$ urh:uiizadora.s fura1n entllo inten- (vinte e cinco) elementos. Em fins do século ll.'VIT a demanda
Mlica<lws. ~os Documentos Hist6ricos( 1~) enco1\lra-se, com data crcscc11to de profission;:-ti.s e a hnpossibilida J c de trans ferir CJnl ros
de• 1721, u1na (·arta d\) Vai,co F(:rnandt."S Cesar de 1'. lcnczcs, Vice-Rei da ~tetrópole, lc,·ou a Coroa a determinar a abertura ·de aulas
t• Capit.10 General de ~lar e Terra do Estado do Dra.sil, iníonnnndo militares nos principais centros. Asshn, ao govemodor e capitiío-
.a Sua 1'Jajesl11de "tc·r mandado n Jat'Obina u coronel Pedro Barbosa gcral do Maranhão, determina que .. h•i por llém que nesse Esllldo,
1,,,.,1, pn.ra cft:íto de llC t•rigir naquele sítio. vila t'01n magistrado... em quo ha Engenheiro, haja aula, cm que eUc possa ensinar a
Em 171Z, ao Ouvidor G eral do fül11do do Maranhão detcnnin• a fortificação .. . "('" ).
t :oro:\ que "pnssejs uo Piauhy, -.: no lugar aonde e)IÔ. a Igreja crieis A carta régia do li de janeiro d e 1699 de1ermlnou o estabele-
1111ma Villa com Srnado da Camara, na qual ltaja dous juizes (que cimento, na J)ahia do "uu1a escola de ortilharia e ª'chitcctura ini-
j.i l1:l ) três Vcreadorus seus Ahnotaculs, e E.scrivUo da Camara e litar", primeiro coro três partidistas, sendo êste número depois
l1rocurador tudo na forma da Ordenaç-lo com obrigaçãm de mora- acrescentado de ou1ros tr'1s( 1"º) pe la carla régia 6 1narço de qe
tt·m na tal Vílla ..• "(tq). Preocupação senlelhautc con1 un\a vHa l 7l3. O cut10 de Pernambuco, segundo Roberto Smith, •cria ante-
110 llh:o de Morajó é dcx:1.1m<'lltada em 1675, no "Lino Grosso do rior-, talvez o 1nais antigo do Bra.sil( 1' 1 ).
~13ranblo"('" ). DuM cartas régias, ambas de 15 de janeiro de 1699, detenni-
Ntl etapa anterior, a Coroa limitaro-se a fundar povoeções com narian1 a criação de aulas militares no Estado do ~farouhâo, con10
a categoria de cidades, a partir das quais pudesse controlar as a th1i- jA foi dilo, e no llio de J aneiro('" ). Nelas eram estabelecidas as

( 160) Co.4.--~. \ 'h•lrdll - o,... t"ÍI .. pi.. t1!. ( 16$) v ....,.,U,(l1:N, F taDCIM.-G A. d e - Opco Cit .• 3.• wiL, pAg. 3.l.5, l'IOlll 122.
( JftJ J \'"'""'""'"i:::-:, t''"'K'j~<co A tk• - Opia ril , 3.• wia., p/lj(. 32fl. ( 166) VAn\1u.ct'.X, l'r1111C'ke() A. de - Op1u cil~ 3.• 1101.. p4&- l35,
11t;:,n Docc1>1~l'<.,o" 111$'1"Óf'1L.w •h _ 1'11tUO'fac:, 1'1õM:. • ~""·· 1u•• dit J•iwlro, 8 1111.:.ttt• (Hfi) ~. Rabftt C. - "'Jnuíl ~ia Brazil"' - A.n 8t1H~M - .. t~• lHS.
~-.1. 3a, "• 3 - Tr-..d-)Q;ldo ,.__... • 1 >unug:11#.s 011m a l fh1lo Ar1,1t1#'1w•n l l'tttlr(tll ""' Bnuo't, t"1rl.
N...c!o}sul. "'""'"" X:C\' 11, p.o;. !11 . &'11nte11 fl, fl1b~irc1 f'.vsti•. S~o f'1ulo, F'::.wJJ~do 4..i j\u{Uit~t.u ll ~ U1b~11iiruo d" USP, 11>6:i.
(Ih}) l.1\'•.0 Cam<õO 1.0 ).fA••NHÃO - hl; At<...O d# thb.foU1 li .\.#ciu~t - vo1111ftCi
P'&· 167.
08 ;: (,;, ·r r.rnv li. p.ijt. llH/IM. ( ..., eo.....c.... \·t~"tlldo - o,... df., pig. 12811?9.
(li.l i ) l .f\'nv CIM)<;'° rio ),1,.~ll'HÃO - .... A""llil'.ll .ti. ............... Nc,...__, - ,.ha-.
<A r t."7. T-.. 1. ~· 37
76 E\'Ol.UÇ.~O URBA~A 1)() 8H.ASl l.
A J){)LÍ'TJC.o\ UJ\DAN IZAO:>llA í7
cli1ctri«~ gCTais cLt organi1'-Açi•o cio e·n~ioo( 1 ~•) e recomendava-k
c111e ··•1uando hajarn pessôas, que \Olun1:ariJ1nen1c c1uciroun _..tprendl·r •.\o tet1ninar a se..-gunda de!ead:t do sé<:ulo XVllJ r-$la\'a1n '-"Oll·
J>l 111 parlido S('r-Jo admiltictas e l'X31ninndas. para qur árum possa clufd:is essas tra.nsfom1:.ic;ões e consoliclada) ·'' rrtn as fonnas poli ti·
Hl»ôl mesrua c.'01'M"Juista b:.,cr t-:ngc nheireh, e )C tvitenl as despesas CO•Adtnini)lr.ltivas, de ta) modo que t>t3ri3rn 1n.1dor"JS 31 t.-<>11di<,õc~
e0111 os que vão deste Reino. e ª' íahns c1ut.> Í JLt.·rn .l mt"lJ sen-iço. pilra a apli<:ação de uma politit"3 urhanil'adon1 .-lhunente c.:nlrali-
t·nquanto chegam os <1ue 31c rnanclljo tll't'K>h tlo'.i outros serem mor- ada, COIDO a que SC in~taurou no Br.t\11 f IH fins tJo rt.'ÍUad:> dt"
lo~ .. ,''(1•u). D êsse n1odo, as aulas 1nililarcs irian1 fornt..'CCr profis- D. Joõ.o \' e Jur:ante o períoclo pon1h~tlí110. ~ t·uj<h rc:.nlbdos potl1--1n
'íonnis não apenas p.ar.i os ' 1unclros nfic:lni~, n1ns tn1nhérn para as ser c.•x1,.i:npJificado$ de modo satisfrltltrio, (H·lo c.:xau1c do <."CJnteúdo da
111 l"-':.sidndt•-s gerajs da populaçolo.
Carta H~gia que detenninou a criu~·:ío da C~.1pitania J c São Jo:-.á
do Rio Negro(H<) e pelo pi.mo da cldod,· ele Vilu Uela antiga ta·
Kos LJuadros das :iulil.i. 1niliturc.s fig11rarlnn1 co1no profess.ôres
pílal da Capitania do ~lato CrOl!'>U ( figo rn 12).
Llc111<..11lo\ destacados entrC! os cogcn1H·h·o$ 111ilíta1·es na Colônia,
t.oruo o .sargc11to-11lOJ' JO!.l· F(·rn:lnc.11·$ Pinto Alpohn e José Antônio Ainda <JUC :'ic reconheça n. 1nodélltin elas lnic;ii1Hvus poi·tuguês~1s,
(:aldal!, o prhneiro ligado no gov,··ruo do Hio de Jt1n1..-iro, e o segu11do nns qunis se nota 1nuito de e1npirb1110 11d1ní11htrali\'o, p:trl'ce evi-
.lo da 1~1:)hi~1. Esli:ls aulas 1nilila res sc.•rion1 de gr-.1ode importàucia dcnlti que sua políticn urhanizadoro 1\0 nr.tllil, tlll ~ua forn1uJaçJo
un vida da Colôuia, eª·" du HirJ c.h· JiuH·iro d11da1n orjge1n i°} 1\cadcmia (~ p(lr ~ua ação, foi algo 1nAi.s qur t11nn si111plL's rttpetição incon.s·
~lil itar("') . ciente eh.: padrões cuhurais, se1n ci11alq11t·r propusla de ordl·1n
r11cíunal.
U1na curjosa ;ndjcaç-J o do nõvo interthse 11u1nifcstado pela
~lt'lrópolc a propó>ilo cb organizaç~o espadal das cidades do O objetivo dêste eçh1do é m esnlO evidenciar. <.JUe a e, oJuç:"'..o
Hr-J.)11, referindo-se a SaJ,-ador, é :1 doc'\lmcnlaçâo existente nos das fonnações urbanas no Brasil foi detenuin<&da ;1.1npla1neote, pela
"'Dcx._·uml'nlos Históricos'' publicados pelo Ar<1ui,·o Nacional,sóbre ~-olução do processo de colonização, e tentar explicar a política
a preparaç-•o dt• uma "pfanla desta <td•de ltila de bam>", a fim utbanizadora como um esfôrço para C'Ot1trol.1r a din;i1nica das rela-
~.s rorre.pondcntes.
de 1 nvi:i-Ja para Portugal. Sal.>c:·)c •1uL' l'm outubro de 1716> o
gov1:mador l>aixa unu portaria. par3 que ..o Oescrnbargador Pro-
'1-•d or-mor dn Fazenda Real di·S:te E)tllclo mande entregar ao Aju·
dante {\h1nuel de Almeida 1nais 20$ C'111 dinheiro para comprar tintas
e óleos para pin~tr a cidade que está lnicndo do barro ... "("') e,
a seguir, c111 agôsto de 1718, outrtl, l)llrn o 1nes1no 111a11dar '"meter
nós na vios dn frota, ou nnu do g11<-rrn 11 planta desta cidade que
fez de ha1·ro o Capitfio J\1nnucl de Al1ncido ~·1 ol', rc<."Ornendando aos
~IC'lllrc11 <lo.s navjos e1n que se CTnbnrcor u lcvt'Ln co1n todo o cuidado
para qu1: uHo chegue com o Jnenor dono" ( 11').
A RêJ)E UHDA:NA 79

CAPITULO Tll Atê 1650, quando se inicia a grande; centrolizaç5o político·aclrninis·


t1·ativtt, setiUOl fondadas 31 vilos e 6 cidades. no intcr ...alo de 120
anos. A esse con1unto pOOeria ser acrescc11tado o Recife holandês,
A r~de urbana <JUC durante nlgt1nl ternpo foi cidad..: e centro regional t' depois de
abandonado aos portugu,~es. st:ria rebaixado i\ condi\~o de povoado,
só sendo ch;\1ado n vila Jl() inicio elo século xv11r.
Ouas clapas de mais intensa urbanização podem 5C:r verifica·
Seodo 0 fato urbano uma deconência ditettt do p~occsso _de das: a primeira compreendida cntru 1530 t.: 1570, corrc;sponclcndo
11 rbanização, seu c•1audo deve tomai' como po~t~ t1':. pnrhd;i a rede à instolação das cnpih1nJas ela eost.a leste. e cujo ponto de 1naior
urb.-nu, que e 0 conjunto das respostas ã$ solic1taçoe.s do processo. inter1)idadu estariil oompreendido entre os anos do J.530 tt L5-JO
:\ signific:u~-Jo do> núcleos ou de suas par-tcs so pod~ scr~co1n('lr~­
1
(ver gráfico [[). Os dois dtcênios q ue 1nedciam entre l565 -
dida qu:lndô rcfc1·icl!1. ao contt:xto n1ois an'lplo, c.111c e a rede•.Au'ldO. data da fundação de &lo Sebastí.io do Rio de J•n•iro, cuja instalação
ciue: w• C."l:ponha a polílic:i urbaniY,ó\C.lora antes de caractm~r. a M:ria cft:hvndtl ent 1567 - e 1585, dota d11 íunda\~O do Filípéia de
rt-dc devido ~1 escolha de un1a detcnni11nda ordem do expos-1ÇJ10, N. Stu. da.$ NevC!I de .PuraH.>ã, marc-Jm um intervalo dunnte o qu<tl
o co~hecimcnto daquela só se con1pleta c0m o conhechnento desta, t<-..-á oc-onido apenas a in:;:taJaçiio de 1guape, 1nas mcs1nu êssc ovenlu
que 1.'· 1fninl a Cô1'1cretiz::ição <lil poHtica urbanizaàora. O nvanço é discutlvcl.
110 J\'~r~e. d1;rnntc 0 govérno dos Fclipcs, no prit~cípio do sêcule> O segundo período de urbanizn\-:ão pode ~cr co11siderado, err1
:\-VII 0 0 0 ª'""ço dos portuguêscs ao Sul: e111 dircç-;lo ao Prota, linhas gernis, con10 corrcspo11de1He uos unos con1prt--c11dídos entre
ripói. a Rcstauraçno, sômcnte fica1n esc]arcc1dos pelo conhecimento lSSO e 16.10. ou 5Cja> os anos da dominação cspnnhola, e govêrno
da amplí•\"lo da própríB rede. dos l'\ ·lipcs. R.ssa etapa , 'Jtie se irúclu conl u instalação de FHipéín
A análise dA fo rnlução e evolução da rede urbnna brasileira cm 1585, tem dois pontos de maior Intensidade: os anos entre 1610
aprC"M-nh• alguns proh1cmas de ordem es;trila"?enle h~~ri~. A_s e 1620. com a fundaÇão de u 1na vila " três c idodcs, e 0$ a nos entre
d::itns de íun<l::u~:íio das povoações nem S~tnpre, sn~ .de fác1l dctenn1~ l&lO ú 1!>10, corn a fundação de nove vilas ( ve r gr:lflco li ) . O
nuçdo e 0 tratamento das questões surgidas e dificultado pela .•u· ex.ame da dittrlbulção ~ paclol dos produtos dessa segunda etapa
.,êncla de trahalho!> shhmáticos sObre o assunto. Por êssc 1notivo, de urbanizn~"'.io uos leva a perceber a existência. de urn lc:nto e
pro<:uromos utilh:ar, alé111 de inforrnil\!ÓCS espa.l'sas, algumas fontes re-gular crescimenlo das ire-as já urbanizadas anteriormcnlo e a
primárias de ,·alor intli,cutívl·I. Reunimos os resultados ~ª. Tabela 1~ existCncia de tJmn urbani2ação sistcnlálicn r1a costa norte. em di~
que nt.•<nnpanha o texto. Dela ni'io c."Onsta1l''I as d 11v1dt'IS, 100.s reção à AlntaWnia.
apenas as indicações de Camb\'O (e. 1575 )( "') . Gabriel Soar~ de De foto, ocorreu durante o govêrno Jos Fcli~es a ocupação o
Soui.n (e. 1587)('"), Frei Vícento do Salvador (e. 1627)("•) e povoarnento da costa norte, consolidando a vitória sõbre os rivais
A •res de Ca.al ( e. 18 l6) ( "' ). Ao mesmo tempo, recorremos ao franceses, num p1ano no qual pode ser ioc.:Juída olnda a fundação do
t~balho do Prof•.\ rolJo do Azev<odo("'-'). o qual amda que, Cabo Frio, na costn leste. Sõbre êsse av•nç-0 pala o Norte diz-se
pi·lo sua nlctodologia e pelo seu euíoque cs-p(.'Cíflco. sejl u~n tr:~balho que serio mais dellheradomente uma política do per!odo dos Fclipes,
de geografia, como acentua o autor, constitui o melhor gu.1a enstente traçnda e t.txec-utodn e1n obediência a planos concretos( 11º ). Alé1n
pan1 infon1lll\'ÕCS históricas sõbre o assunto. do povoamento, da penetração, da fundação das cidades e da aber·
A fonn•ç:io da r<.Je urbana ~ Iniciada em 1_532, ~ o ::"11'be- lura de carninhos, fatos realizados todo$ durante o período dos
lcchnento elo regime elas copih1nio.s e n fundnçao de Sao \i 1c:c11tc. Felipcs. cumpre assinalar talvez o ma.is importante aspecto dêsse
perfotlo. E que, ao se iniciar o mesn'lo, os franceses eram, na ver·
- - f l;;;-;;""ª"n>, Pt'nf d• Map!hles - Op•r ('11. 1 M 1hu. J930 dade, inin1lgos 1nuito anais sérios e onipresentes do que ~ pode
(1761 S" uz", ('!nbri<'I 1t11flfo der - ;o.·cillcki dti 8rl!sil. S1c> P1rn ~. " • •
2 ''cihm~,;. • supor. A conquista do Nordeste e Norte foi uma conquista fcitR aos
e1T71 ~.u' "°'*• Frd \'ic.onite 4o - ~ d .
i 118) i . Alfe'5 dti ~ Cllf'tlf(rflfic; Jtrn1ilka
r:u .. ifac·rimll~ d 1. ui lt'r. d11 1817) - ( 179) HiOC.4.iu... ShJ101v.a1'"tk.e coh• 9dol. 1 -0,...dl.. l ,• ~pie. til.
Jlkl d11 ).11w lro, h J1p11iua X11<"IM1al, 19,,'ii.
C17S·A) A.'l't.<>'l-OG, A~ ff - 0pi.. ~
80 EVOLUÇÃO UHllAN'A 00 DRASlL A Ui~DI~ VflUASA 81
ír.uu,:c~l'S. "O período dos Fclipcs foi um período de penetração porqut.: f;!m cucln u1n dê.stcs c•ngfr11ho.s vivl'm vinte e ttill ta "izinhos,
e C(l1lqui.sta. Ei.s n sua grande c popl-ia, llt..~dc a conquista da fo rü us <.(llC \l\'c;m nns roças a fastados tl<'·lcs, que é n1uita ge11tt·;
Paroíba em ls&l nté n ocup•ç~o cio l'ará em 16 16, há tõda uma de mn1\eirà •1ttt:0 c111n11do fõr necessário ajuntar-se C$ta gente (.1)1n
hi"llÓl'i;a in111ortonte •• , "( ''º). Ap6s a íundaÇ"dO da Paraíba ern 15$5, arma~, pôr·se·ão cm 1..'411npo ruais de tr~s mil horucns de pe1t:jt1 conl
!icgucrn·sc o. de :-.:atai em 1599, 3 de S. Luis do ~laranhão ein 1612, Q'l n1or:.idorcs dn \ 1l11 de Cõsn10.,, t.•11tre os c1uais haverá ciu.atro(..-cntos
C.1bo Frio cm 1615, 13c1êm no ano :teguintl\ Caet~. atual Bragança, hosncns a ca,aJo". E'lttn dispcrsUo lóC31iza.ri4 n rnaioria ela população
t·n1 16'}4, Co.n1ctd crn 163..'>( ''' ), Alc~n tara~ 1lO ~ll.taoh:lo, cni 1637 no nllÍO rural, o.pro.xinlnclnmc.·nh:·, n juJg3r pelo e>:t.'lnplo cil:tdo por
e, UO\'a1nt"nte no Pará, Curupi em Jro9. Cabdd So•rcs. no pmporç:io de dois t•rços do total.
":\ popula~o das vilas v·.ari.iva l.1rg.t1nente, algt1mas rompreen~ O rihno de t-rt.·.s<.1mcnto rcflch--se na mêdia de criação de ,;las
d~ndo apeno&\ uma.\ pouca$ dezenas de pc:s.soo.s, ~eus primeiros e cidades entn· o~ ano~ de 1510 e lGSO, apro~i1n:ic.lan)t~tc igual a duas
coloniladores vi\'tndo sob n prottç.io dos muros; outras, como por l1(_'Cfnio. O rihno por \ .:J".cs cru qu<-brado, na regWo de Vitória
lgar.13-\H t.· Ollnd.,, rtc.'êhinm dn<le o i1'1ício 111na população ntais nu· e lllll'.."Us 110 1ni1n<·iro sc.~1lo, sob à nç:io tb :\i1norés( 1~). n'laS
111erma. As c.:1dadcs benefich1da$ com a att:nç-jo da Coroa. contavam sobnh.u.lo no sckulo )i.'\' 11 )Oh a açJo d.i'i lulas ro1n os holauc]c,_'$(_$.
st:n1pre co1n u1n contingente popuhic:k>oa1 nu1ner0)0 e de mais ele- "l'or <K:J.,.ijo dia rc-,loura('l.10 de Portugal, t.'1n 1640, :i populaç:ao da
\otda <tualifiC'Jç.io. princ11>almt"Jllo S::1lvadcr que, ao tempo de soa cidade do Sal\.ador c.'Oni.4:f\'1\\'il·~ a mr·sma do comt1çc:1 ,)o século,
fuuda\·.lo. l"l't.<tbe:ria, ao que pareee, duz<ntos e oitenta colooos, tre- O.M.:ilando c.-m tc}rno de 10 1nil o uúnu.•ro c.lc brantos em todo o
zcntoit e 'intu soldado~, qualroc*nlOl'o degredados e llOm número t~mlo"( 1"•).
Jt! funt·iouúrios púb1icos"( 1":) trazidos por To1né de Souza. Ainda ~o 001ljunto, port1n, o aurnento processa\<"3-se de form~ oons-
t.:111 1583. di.da Fcrni\o Cardim( 1•1 ) pcn;.'Orren<lo a costa brasileira: tante, em dc."Corrência do crescinlento \'egetati'o da populaç;to e
di: Jlh~us. que "tcri\ 50 \~:Linhos", do Põrto Seguro qoe .. te rá 40 d;i in1igraçlio J,ranc:o. e nt..-gra, revelados ta1nhé:1n na ocup:lção de
,;,iuho~"; a Jnt,ma coisn d1: Sta. Cruz; Jtaohathn 50; Santos e São novu) lerrns, no si:io do) tinais 11111itas vêzes M'an1 erigid1tl'o tlo\'as
\ 'icente, 80 cada uma; Vitória, 150 e Piratininga 120. ~itliorc.-s povoações. Entre J6JO o l 670 c 1n S5o P~ulo, UC>!o territórios das
$(·rion1 C)linda, •111(! "'te1n pnssn11te de dois nlil vizinhos enlre villa antigns copllo.uin~ de Sl\o Vicente e Santo -~rnaro, li.vanturam-sc
e tenno, con\ mufta c.scra\'aria J c C uiné, que serão perto de dois J<.:~ novas vilns. Assirn, 111es1110 uas área.s mais ~1fa.stadas dos progra·
mil C)c;nivos·· e Salvador, q ue "terá a cidade co1n seu tern10 passante lnas de econo1nlA do e>:port.,~·Uo, veriíicnvo-se uni cresc:in1(~n to natu-
de tr<·s 111il vi.dnhos pol'tuguczcs. oito 1nil índios christãos, e tres ou l't1I, dcnlon:,lrnndo <11101 à 1111\rgcn1 du.s progra1nas de urbani:tAÇUO
quatl'o 111il csen1vos ele Guinê", cstirnolaJ o.s e prévistos peln nlctr6pole 1 n nova terra já iria ef1co11-
Vcncic.ha a rcsistt!ncin dos inc.ligc.'nas, os colonos dispcisar~m-sc tranclo cruninhos próprios.
no 1n cio rural, do modo c-1uc, c1n fi ns do século XVI, dirá Gabriel Entra 1650 e L720 ío1·on1 íunc1ac1ns t rinta e cinco vilas, ele-
Soa1'c> do Souza( 1• 1 ) n respe ito ele Olinda, q ue " terá setecentos
•vando-su Uui.llf dc111s à
ca1cgoria ele cidades: Olif1 ' <la e São Paulo.
vi1.iohos pouco rnnis ou 1n c1lo.s 1 1n.-s tem n1uito mais no seu têrmo, Ao fhn do pcrtodo. ll r~clo u rbana cstuvn
constituída por \1m respei-
tâve1 conjunto: ses.senta e tl'ês vilas e oito cidades.
i 180) HO&.A.fllOA, Slra:iio D11•r-<11.1fJ d ", • t'bl11b!7fad0ft!J - Opiu cil-, l .• vi>!- pág. J81. A média do crlnç;lo cio vilas por cle<:ênio deva-se de duas pa ro
( 181) "'A «11~q uh1u do M11111111ll'• t'Cln1eo;Oll •rn 1600, w t•ja, 11m pléllO doM(lllO qu{LtC chH:o, refletindo o crc.•.scimento da populaç.1o global da Colônia.
n11111.htJI. •WI wilnldl) 1l1 l~tllp1 tll... Q.,.,,(porh1i:uiwsl, ' ltl'V1tm 11di;mt11 ~ cuotl•n•i'f(•,
0

;\ess.a êpocn, aJ condições de vldn cu1 Púrtugíll favor~x:cram o au-


~11ul'1wl-0 at rurncnf'-.4 qu• tttlft.. j.1 ap6t a ltttbun(IO, CC1b&l...tn•• dtnotadof, •pós um
tf:culú d• rhbl f 11<i r1. O n 1ff1M -0cnr111 da i • r111utl) em C11ho Frio, onde slo ,'eftddos pOr
Cuntllmllno de Mirn..11111 •• 110 ~hr1nhl11, l'lllllpl•·llfll IL 1l1•ti;) l:l r1a1lu·u. "" portu:gufftt e ~ 111t:oto da imlgrn~lo pnri' o Brasil; com a descoberta do ouro. no~
j.i 11.ll br:tuldfOll, f111o)n1mo dit ATbu.f(llC'r'lue f' Alt-llll1•dr.f }lli\lr.,1," ( H()1.A"-1"• Sérgln Blllf(jUe
d.4-, t- rol..,1,IM11>1o1l(ltl't - Op11_1 rlt., 1,• \nl.. pAa, •!i.3' 18l). últin1os nnos do ~éculo XVII, o fenômeno conleça a adquirir tais
"So P111i ~ h.1~1.l t1•illltltril'l'lrr:t 1s (r-.ut•1110 f!mb«• h -11vcll!H! ln.to d~I t:Ol'lllO os. proporções que, no século sc.-guinie, ocorre um dcspovoa1nento ern
n.at\1r.a.l1, • o A"11ux;11•1 , ....\~ tompl.M1tl'l,•nt1t doH0<uria"J.. ( llOt..,.eí&Jt, Sirg:'o 811atc1uc ck,
e tol.ll;o111Jo1tt - 0,..1 rir . l .• ,.;i , r-1it· IPl-lt. ct.'fhlS r~giõ1.'S dn ~fcttÓf>Ole e o govt':n10 portugue.s passa a adotar
(ISJ:J ~""•••">, 'fhtodllftt - O,..' ct... P'S'· l 78 e- 19'9. 1nedidas S('Vt'TU.S parn contê-lo.
f 14.)) (! .H U>IM, t"fftJo - 1'•1111'4<1 .,.. ,.,,.,. • "" Cei.rt da Btaiil. t.• edi<;IO, $Jo
''""'' " l:U...,.-11-11!:. t:41ror:11 NOIC'ioa.tl. lt>JIJ, JIU"""'•
{18~) ~••· V.t.fwl ~ J'... - 0,..... «r.. t.• vel.. pJ.a. lJO.
82. EVOLUÇÃO URBANA DO ORASlL A RÊDE VllB•.\.N A &'!

A1ém cio povonrnento do illterior, provocndo pelo imigração, o Apenns o Nol'tC, <:01n tuna econ<11nia 1ne111)'\ descuvfllviclu , rcvc·
l'S(p1cma geral da <listril111Í\:iío anterior foi 1nnntiJo, e 1'1enl1un1a nova l.aria \lm cre.'í.Ci1ncnto n~1~ mod...·.sto. Em 54:lcnt.a ano ....11;1 rt'.-clt· ur
<.Idade foi (riada; apenas OlindJ e S.lo Paukl. e\'Oluindo c..'Omo ca· haoa ganh:l sômt.-nte t:n~ \>"tias, '> t•ndo que u1na no Piauí, outra n~
lu-<.·as da.. rc specti\ as regiões. vit•l':un a ret.-cher f'S~íl diguidllde, o Ct:arâ e: 111na apc uni. ern tc~ cla a .>\1nn;-õni;t: lc.:ulu 110 ~htra 11l1 i\ 11, co111
c11u· foi IJô:-.'iÍvc') upó~ a. incorporaçíl.o das re~ pcctivns capitonh1.s ~ data dis<utívcl.
<..:oroa. A popu1aç-do dos núclc·os prinripais aumentariia de u1oclo sig-
Podc·rn ser a~llinaladas três etaptts de mais intcnsn urbanlzaç-lo. nificalivo. Snlvndor, çuja 1)0 flnh1~·,10 t·::;-tivtrll c·st<u.:it111ada cn1 tõrno
A pri10C'i1·11 , inais 1nod«i.>sta1 ern Stio Paufo, entre JMO e l660, cort1 th.• 10.000 hahih111tes, clur.ante todo o p<.-riudo d.u lutas tnln..· º"
n (unda\~3o de vil.li na ár<.oa do atuol Estado e du•l.\ mais ao Sul. holandest.:,, teria 110 início elo século X\'Jll n1ui~ de 20.CXJO al1n.ls(' .. ).
Cotrc.,;pondc ao t .. fôrço th· ocupaç:to portuguêsa crn clirc~·âo ao No t\lan1nhi\o) verificn-se c:1·e:.timcnto bashl!1te leolu da populaçlo.
11rata. 111>:. anos ~1·g 11inleS à Hc.:stuun1ç.ão. A essas vilas deve ser t'Onlo ah.~tn Jcrônhno \1 i v<"iro~( 1 ~· ). ()5 <:~Oiros 1m·1.or~ )()Írt.ra1n
:u.;rc'('.entada a Colóoia do Sacranu_·nto~ cu).l administra~-ão ficava tun lt"oto .u1mento dcmogr.1fico e-, c..'Om frecau,··ntia, diminui~·Jo, 1>e1·-
,ubordi11<1da diret,unente ao gov(·nlO do 010 d '- JaO<•iro. J1;ndo hah itaotc:o. pnra fl:. inions. Dcpt:ncl.,•udo de 111n nH lo l'u n1I
A seg111ul:-1 etapa con·c:sponde tl fundn~~fío de St·te vilas, entre <;001 prod utividade· 1nais 011 n1eno) lin1itacb. o aíluxo de pop11laç.lo
os CU)~ d(.• 1690 t' 1700,_ j11.)tamentc f11111ndo OCOrrt:m as autorizações prO\'Ol.'3ria l1n g<ral a oci.1pação dt' 110,-a.s terras, u1x1c Mria1n t.ri:i.-J:t,
rrgias pa.ra que oi. g<.>Yt>n1adurcs pro1no' am a íundaç;,,1.o dt' vilas. novas pa róquias l·, em st'gu1da, vi l"~· n1as 11r10 seri•l pnsshcl oc.:onl'r
Súuu::ut« trH u1n uno, 16~}.1, na á rea <la Uohin, fora1n fundadu1 a 11ào ser crn alguns ponto:. esp(:<·i.1Í\, 11nla ~onc;.<:nlraç:ío n1~1ior, l·Onv>
'ln;llro. )l ria o t.11.)() dc» portos prio<.1pai_) 1·, -a parlir des~1 "ptita. _.., 1.ona..
A d(•K'QlM:rt~ do ouro no interior pro, ocat ia \Hll aíloxo da po· de ininc-raç:'io.
p11 l<t(:iio d,1 próprio Colõuia e de Portugal, provo<·;.1ndo, na rcgii1o dt1s
n1iun.s a tcrceirà 1,,: l.lpa de urbanizn.çtio intensa., entre l6í0 e 1720,
lilm a fundação d.: oito vilas.
() (.>!nine tia distrib11 l~!'"JO geográfica dô <l1,~en,1ohrimento e.ln
rt,:cle, revtla uma toncentrnção e\IK'Cial ('1n de-terminadas regiões.
U1nu âr<-a intc..'lls;11nc:11tc lx.nefic::iaüa foi S1io Paulo, onde forom fun·
dadas seis vift1:1 cntl'e l(.>50 o 1720 <:~ se incluirmos ns fundljçõcs maii;
ao Sul• .soh su:i iníluência miais direta, chegn ti dc-L E:.s).l) multipli-
(."O\Ç~O de núcleos. e;oja hnportàncla econômica e demogriíica era
tp•asc sc1nprc dos 1nenorc.s, talvez fõ~se devida <..111 parte ;). nutoriza-
çlo dadn pelos dnn:ltários nos capitães-1non."S para que pudessem
fundar , ilas conforme a) necessidades, st.-gundo inJonnava o gover-
n.H.lor conde: ele Atouguia c1n 1656, e c1n r•ar1c :\ preC)et1pação d<.~ t."On-
)Olidar a) posições ocupad:a.s, e1n rcla<:lio aos cspauhóis. As ii.rcas em
lômo do Rio de Janeiro e llahia registraram um acréscimo de quatro
vilns l·aôa uina. rcni:tindo o crescirr1ento puputaeional nessas regiõe.~.
1nus a à1•t:a que .sofreu a trAnsfonnaÇ'i.lO rnai.s n.\pida foi mesmo a da...
roinas COtn suas oito vilas no intervalo de sete anos. Nêssc- último
cJ.i.o, ~orêrn, a causa <lo atrésci1no é um fator nôvo, que ve1n alt(."far
n11 c:oncli~-õcs gc1'1lÍS e a ..:vo1ução <la rc~<l<:. fo rçando fl sua dXtenslo I~
t HIT) tl.601 •lm•t e 4-19'8 fusa' "m 1106. 11•1) ttrulllfr. livro tt ftjA,1kcM., Mii•
n...·,, dit .·\u_-..-cDO - ()pllJ t r,. pig.. 159
1>ara o iult·rior e chegando. cm algumas regiÕC'J, a pro,·ocar o desa (1&:6l "'º JIO"O.--.tO do ,,..,..i.ao ...,. iaieio M tlruto XVII, d\lu,nt11. q111J ..
dC'W"11••\ll•·N 110 rnon;,..mo t•t" qq.r nJ(I a1ingi• a 1.-100 n\lflttdCll"' r1n 17~0. • " ( \tn •i:tn.fd,
l"rectmen10 de po\'oaç<>es, cuja, populações emigraram para lá. fN·õnimQ ilfl - O~r r.lr,, pàl(. 19>.
r:;\ºOLUÇÂO UHAANA DO BRASii. A ttÊDE URBANA 85

seCULO XVI
T.\BELA 1

l)ATAS DE FUN DAÇ.;;.Q DF. VILAS


H1n G11AHUU "º r-..·o c~Ti..:
r: C IDADES
N3.taL . IO, El 151.l!l
P.uufa_,
'Jt,~l•\ 1-ahrl.1 estJ.o iu<--lni<1as as vilas e cidades fun·
l'ilip(ill dCI 1'\(lft.a!l &•nhor1t d11• Nc,·r:s Cantai
<1.ula-. no BJa.sil atê J720, agrup a1Jao: por )f<:u)o. e :t.s d,1l;1s J1Jão l't•fillu,1) (cidtadt-}. . .. ...• .• (0, F.j 15SS
- <'1·rt11) ou provi'1v<·rs da ofit.:i:.1li:1u~·i\o clCss~ cvl!11l'<lS. r1atS,\U,1 tC'(J
O <·rit(•rln utili:ir.ado p.1rn o relacionumtnto e~tà i11dicudo lgllnU!l1u (atu•I lpr:atu) (.\. C, D. tJ 1;):$6
no c.1pitulo 111. onde u nullt..-rial é an.1lisado. ()lindo. (A, R, C, U, L) l.;37
Ai. dh ef"gi~UC1\IS i.c)hn:: Jat~ - rp1e são nuincrosa.s SJ:FICJPR
rntre º' tli\'c·rsos nut01't."' - n1:n1 ~c1nprc fora1n p1:squlsn- São G) i&tlo\•llío (0. M lf>OO
tl:1s t'll'l profundidad1..\ <111ando r<'Í<:rcnlvs a jnlcrvalos de
ll.'LffL\
tempo hift:rion.."S a 10 nnos <" (k·ix~un de ser i11dic~1d:is de
rncxk, ponncnoriz.ado ponJnl· exigui.un unl estudo à parte. Põrto M tturo tA. u, e~ n, t:.1 153S
Suta ()-ua (atual Sat1h1 Cru• <~•hr.Uia) .. (li, C. D, q l.;;J<;
Jncl11i1nos. port.1nto, apenas as infonnaçx"ies b1bllo- S. J orge do1 Jlhc'.us (atuftl llt.~u&) . (A, B, C, U, h') 1536
gn'1fit:.:1s pri11c~ipa is. qu.: sdo nuot.uln~ npós c-a1la tilulo, :k.1lvt1\l!>r \t1\ llnhil1 de 'rt11.lto8 u8 ~.1111..<Je (c idiul~.') (A, C, D, J.:) lô·ltl
cou1 a s(·guinte ordL~11 1: Cnudavo (J\ ), (~abl'icl Soõlrt') cl~
e.lff'ÍIUTO S.uri •ro
Sou>.1 ( 11), Frei \'iccote (C), A)T<'S do Casal (D) e
}'.4pirito Santo . (..\, u, e, n, F.) 153.;
Arohlo de Aze\'edo (t:). A letra (F) corresponde ao
?\QMa SC'.'11hora da \.it.6raa (a1u11l \ ºitórU) Cll. C. D, E) 1.;.i;1
'"l.i"ro Grosso do ~laranhão-.
ÚtlA!\.\JIAflA

Si-Oo Sclnu tlllo do Hio de .l i1t1dro (atut1l ltio 'J


de .Janeiro) (cidllde) .... . ... , (A, D, C, D, 1';) lMi5

Si.o PA Çt.O

S. Vi.cento .. .. . .... . , . • • .. . ...... . .. (A. 8, C, D, 1') 1532


Sio l'aulo do Piratioingia (ntuRI :>. P1tUlo) . • (A, B, C, O, li) IS5t
:-.fOf!~'-' Senh()rl\ dn Cone<i~;liu de l tiH1 l 111~1n
(atulll ltnnhtlln\). , . , . • ,,, Cll,D, E) 166 1
s..... (A, D. E) 1545
Kosaa St-nhnra du XtV"C• de 1"'1ape (atual
' ""'"") .. . .. . . . . .. , . . . .. • , (D, EJ 1577
Sio Joiiu Oüti411\ de Caauo~i11 {atual C'.'t11111· 1
néia) . . . . . . . .. . . • ... .... {A, D, E) 1587
A RtDE 1; RBAXA

S E:CU 1, 0 XVII
Riu oc .rAl(f;UV>
Anw.n1 <hlf &1 u~llf flcis da Hh;1 (;111111li: (uhu'I
Augrlà d\141 Hf'l~) •.
<º· El l liO~

Nf.11.~ Btnhora da A.$9unt;in 11•' C'alio Jo"riu


X·~~~ tit11t,.,,~ ,1, f~·knt (3hbl Ut·lf.111) (rNI!,. <:, >:1
... ( J), E ) 1616
(all1•I C'aho Frio) (irMbdel
Parati •.
11).
,n, h>
I>, Uil~

\.ili N•Ul~

\.il.J \'i~·"''*'
d·• C'art~ !ot1U.:tl H111"'1t"\'ll,
ili• S:1t11;1 C'rux rl•1 t.•1u1lf'I,; 1.,111,.I
(0. E1 Jli:i.a
Si., Joio do Ps.rafba (•lull1 ~" Juiio da '"""
~ '11n1,.11 U1ur") !D, !:J l f.77
(1), E ) 103;,
Sit.i ~.:1l \':11 l 11r d(1$ C1unp•1t1 lll' C11llf1r11Xt·~
( :~11 111 111 ( 1), l·'.J h i.:i!J (11tual C"1un 1 1{~) Ui;7
([>. "l
)J H t \N lf,\'I Santo Anlóni•• du ~ rui:~u:u {1,lu;1I C'ad1<•• in1
tk i\fl\('llC'U >. . . . . . .. . . (0, I';) J{j~Ji
:O:.i•• 1 ub •lu :\l 11r;111bão «·i1k11lt·J cc. 1>. J<:•
:0-:111\0 \ 11lt11i•11L· .\le-inl;:a.ra 1nlu.1l .\f1 :l11tat;1l ( I>. 1-:J S.io P AULO

f;Ju1i.- de ~logi das Trla (ºru1.t• (al••I


~11J1i d•• (~ub"S} •..• ( l), •:1 hill
'lhTl•la +ra.•\'~\i•1
\ 111 1:or1w~o1.1
1id.,1Jr.)
.t

lutu:1I :O:o·rii1l1nir11)
'º· E1
1J>. EJ
16i 6
lli:!i
S1u1U11111. (IC P!lrt1.11íba <U, 1-:) l •i:!.'l
Snn 8··hn81i4o. . • (O, 1;1 11;au
,\ J," ll0l •ll Ex~1 ltuc;1\<> 111• ~fonta Cruz 111• Fh11t11l n (11tu11t
l 'l1fd 11h1.). .• . '' ••.•... ' m, {,;) 1 1;;~7
U 1111 ~w·• 'ili"
0
1111 Pt rhl (';_1 ln1 (:1.t\11d Pllrtu 1
C'uh•11 I ~} OOu 1•runcillró das Cb11ga$ llt.' Tuulrnté (r1tu~1l
1(''· 'l'p,ul·11.1l-). (O, E) IG-15
,,,,, ..
l'o 111 1(11 ,(,, l ti11 d o· tô-:il• fo'rtiUl'llll:" h•IU.11 l"f··
m. LI Nt#tl# St11h«• ds Coo«i\i11 dn t ''' f nrniha
N;.i.Jitlll \lari11 )l..d.1~113 tk Ab.t;•.,,. 1ln !'ui
(atual J:iit'3rr0 ...
m, ·~ 10..·iJ

'*'"''' .\J.1nchal Lle"l'ld1ru) ~J> l.J 1636 NOSM Stnhora do Df.st!rro Ju C•ttil"'' .\k,i;re
dt- Juntli1f f111ua1 Jundia.O CD. El lf..\i
&nto An1J:.n'f) dt Gu1•n11.inguchC (at u11I <:1ia-
~111h1 ,\11t ô11l111h· J1nbai:u1a (nuu1l l l.d•11iu1111} ()) , )'.; IÜW
rt\llnii:uct.á) (O, Ili 105 1
K<:«~fl S.·n11urt1 th• C11nddrtria de ()uü1 <:11nt,u
:',11110 1\ 11111ru .1i.11 Br11W1:;. 1 D. J.;1
(l•tual ltu). ( U, f;) ) 1657
K~•n Soenhora da Ponte de Surt1c•11hl.1 (11\ u1ll
Sorot:t.b!i). (D, E) 1661
('r1iru, r(', I>, E) tW!!
('1on1•111u 11>. I.> loo:! PARA NA
~• ...,.. ~ nt ...1:. da r\jud• <k> J:tf,USfll" h1tu,.J X(lttl• Rtnhora do Rosãrio dt• l '1 r 11n1Jk'Cj
J~1tu:uJ1_.) , . .• •... 1>. L> 1003 (atual Paranagu') . tn. E)
!\,~~-·· ~-J,tu+ra 1111 llvliil'iu d 1• (';11 ho1 ir,, (l1tu11I 1'w11u St·nhoro da luz dC11 rinh11i• do Curi-
C:11 l1<111•ir11).. ( D, El tiha (11111111 Curitiba).. cn. E) J 6!~l
: -;a., Fru11N11t·11 1la U11rn1 du S(·rg1ptt dn ( '11nlfu
( :1111111 !-IJ!u l'r:1 11 ri ~f·o 110 ( '•Jll lk•) (El
SAN'l'A CA'l'AIUN A

C "- l'ÍHI IH )'i' ~li) Hio d~ 8•o f'r11nci~co do Sul C•tu~I t:4o
F'rancisro d1) :;ui) (1), E ) 1600
1 o. )-;1 10.'9
EVCJI l JÇ.:\O UH.BANA 1)() BRASIL

Sl!:C Ul.O XV III

~f,\M\,.llÂO
SEGUNDA PARTE
:0.11t1l1l ~ l :1ri:1 d(• l t1~tu (utu1.I ( 1·~1tu) (P)
P1 .\~1(

\ 'li.• d<• :HÕl:h:a (1.1tu11l C>t.ir:aio). ••. (1), E) 1117

(!), F.) 1700


P .1 1c:i: \\l l1I"( •()

:-.1111tu .\ntt..11i1• 1lu llc<l(c• (i1(ut1I f<ccifi·)


U .Ull .\

~.111lO Anll biu 1lu lt~ dia11 ('ar3\'ÜlU (aha•f


C'•ra,'tlu). (0, E) liOI
J-..to P-'LW

l-o1lo J1iu1lu (d eva<,•iln h riel111l<') . , , , , • , , , , ( D, E) 1711


,'\11111ln :Stmlu,rn 1lt• 1111111 Surt'liSI• 1Jt! 1 i udnmu ~
111!:1ot.:11h11,. (:llu:ll 1 i111l111111nh1,11ic;1 l.1:1l. (U, 1:-.) Ji05

l a1t11ns. (D, E) 171'4


1'11~"1 Cr,Jt~IS

\ ' il1l dl! :\lhuqu\•rqut (i1lt11ll t\l11d 111111) . {D, E) Ji' Jl


\ ' ili' Hcal de S11lmnt (11.ll11\I S.:1b;>rá). (O, EJ 17 11
1
\'U1. ltiea (:ttual Otiru l'rfto) . . • .. CD, F.) 1711
~J11 Jt.jo Dcl Hei (I>, F.) 1713
\ da do Prínt'l(e fal11al Rttn1) •• (E) 17J.t
\ ' iln X 1w• dfl ltainh• do C11.clé do )fat o
D1·11tro (atu:i.J <"Bt·l') (I>, E) 1714
\'lia ~<•VI\ do J 0111010 (1lH 111) Fil:u1giJO . (I>, E) 1715
~1\0 ,l f1:1é Dei Hl'i (al u fl l Ticadellh:11) . . • {D, E) 1718
CAPÍTI:LO 1

Os núcleos urbanos
l - A dtsr1e,s11().
!? - A t e11lrt1il':.11rõ<J.

:\o presente l-apítulo procurou-se <,;.trucltri.tar o<t: ct·111ros ur-


bancs corno compo1u.;11h') nutllaftl do sbtetnJ Wl'.ial e f'\(,.,'lli.11 da
C.olõni.a. Seu c.11·\( nvoh irucnto te,·e eru vi.i.ta (tllt: .- c.:uloniza~·âo da
Br:lsil criou unia aropla rt.tólguarcl..t n1ral para u~ O)('t<.·ado:. urbano~
curopeu.io. TranllÍtrindo A l-.,.llCS tun \'Ohnnl' )igniíitntho d1: prodnç.lo
1:1gríc.'O la, a cu~to 1·clt1tivn1ne11te baixo, a Coll~ui.1 pcrn1illn o a111n1·nto
d o índic:c <lc 11rbi.111itJÇi'in que aque le sbli:n1a ('<:01l()1u ic.:0 1 tn1nado
isúhuh1n1cntc, podc.::riu ('01n portnr e a intcnsiíi<:n~-.\o do pro<:ci..ioo <lt;
urbanizaçõo c. uropcu. A p1):-o.'iibilidade tra osíor 1nu\'U·S(~ c111 fõrc;a
atual. na 1nedidu tjlll' t't prcd uç-.io 11grit-ola de tipo l'Ulll l rc·ia l. 1'1.a:.
colônjas, çurre,ron<lio, c111 c;.-ontn1-partid~1. 111n.1 <lc1nunda tlc produ-
tos manufaturado.), 'l'"' 1·n1 canalit:ad..:a pana os 111crliU.los urban~
das metrópoles curo1Jrttl:1J e <111t" c.c1nilihra' a as lr0t.11.), ccupa' .... n1.il>-
de-obra das cidaJI!) e on'lplia\"a finalmente os lucf\b dos n111)n:~rios.
..\ssim, o pr'()(.'(;).)(J de coloni:1..açii:o transferia, t•rn prinripio. par.t os
mercados 1netropol1 1anos, os efeitos dinàn'licos dch:nninados no
rnercado urbanoJ pc1a 11roduçJo agricola c.l1s colõnlnii; a) colônias
siio 11interland o corno tnls dcve1n permanecer.
Contudo, t• uçâo e:olonizadora te1n un1 custo: ,sno os s~rviços.
como os centros urhanos, 11 11·ar1sft rC1u.:ia de populnfüo, as estradas,
tudo o que, en1 conjunto, pode ser entendido como custeío da pro-
dução. Fican1, portanto, alguns saldos positivo~. C.'1.1ja acumulação
imprime, lentarne-nte, uma dinâmica própria à vida \.'OIOnial. Claro
está que essa dínàmfca é. no início, insuficiente para ditar os cami-
nhos de .sua vida t'<.'Onõmica e social, 1nas atuK )t..'11'\pre no sentido
de transfonnar a própria ação colonizadora.
Esse> serviços correspondem a um determinado índice d e urba-
nização que varia confonne 11 situação. Nos pri1nciros dias da urha-
nização h rasileitn, q ua ndo as pop\llaçõc..-s vivioun protcgidMs pelos
muros, o índice d<" 11rb11nização era pràtican11:11lo lotai. Foran1 os
- raros - anos c1n qui,; o fl uxo d e capitais se Íc)'I. dos 1ncl'cado<>
l lrbauos ct1ropeus parn a retAguarda run.tl.
EVOLUÇÃO l,HDr\NA J)() l}HASIL os NGCLEOS U11BAN0S 93
C:cnn a dhp1·rsão, o f11clit-c de urha11i111ção desceu nos n1a\s :\ rêdo urbana hraitilein tinha, pois, unln ititnação ccont">1nicá
h<tiXc)S graus. 'J'odos os ho111cu' voílidos, ro1n seus c-apit;1is clisponi- 1>«culiar. E1n princlpio, todos os nl1cl00! tinh:11n como ohjch\'O a
' 1aç. ttntari,1m o suet$:W na empresa agrícob comercial~ cujos luel'()S criaç-.do de condições para hnplantação de unu1 ccooonlià d\.' c·xpor·
nli·d.ius .1lcauça,·;1rn cerca dt• 4 sr ao rnc..~. Dipoi~ de 1650. t"Orn a taç..ão 1nas, uo~ núcltVit 1nt.·11orc~, cuja populnçáo era l.'Oll'lituida
r111ccla dos pr<•(.'OS do :J\1'1car e a <."<'O~rotlizn~.lo, co1neça ;1 <.•tcS(.'(•r t1pcnas por C.'(1Jonos, essa lt: 1ul~nc:ia (:m c1u.1JH; c·xc:lusiva. Os nl1cl1:os
t10\·;n)1( nll', ati11gindo valô1•ct> (·levados n:a l'Cglilo 1n ineii·n. Scrhun rnnis i1npo1·tnntcs, c1)rn populn\'rio mais: vflri:ida, n:unia1n 11111 nú1ncro
,·.,M''> o.s c·lt·11)t'lltos q u<\
alto1 dôs íatôres d in.l1n icos cxh.:rnos, viriam 1nnior de ohj1·th·os. ·ro<l;1\•iu, hcr11:ficiando·:sc ele iovcstimcnt11:i. rca·
l1.ut.in1(•11tc prn\'ocar rr1uth1n~·a~ no 1r1crc;1do urbano d::1 C-Olônia. Hzados d1ret.:u11rnte pela \A>roa. seanpre nlak.>rt."5~ \ier.tm a ;'-· t-"OUS·
tiluir en1 ('t·ntros de grnndt:s Ír<.~s de agncuhurn co1nert-i.1I, <.'Orno
Bahia e Rio dt· jlineiro( 1&.•).
1 - A disr1er,tiio Org11niu1da (lflra o ahaslc·cilne11tu de 1ncrc:-ados loogf11rp1os, a
p1·odução agríc:-oli1 con<:cnl ravt1·$<.: en1 11 11ic.1adcs rurais de ~n1 nde
:\s: condiçô1~ especiais dn produção no Br:tJil até a metade do co1nplcxi(h1dt·, que incluía1n n priint:ira etlll(lJ de iodu,lrlnliaçiio
'{·'(:Ulo X\' 11. ('Ofn a c..-onct:nlra~lo dr inter~t:s (m tõtno da econo- do produto. A produç.io do oç-'1(..·ar, cont0 çrn feita oo Br.t.)11 Colo-
1nia agri<:ol,t tlt· cxportaç-lo, colocaratn .t. Coló11ia cmno d.:t){"fldcnte, nial, n~o cr01 apc~as u1na ativid:'lde agrícola, 1na~ tamhén1 lnJ11)1ti11.
cl1· n1odu qu:.t)C ahs.o1ulo, do iner<:ado (.. "Uropc u, pnra o aJ,a,h."Chncnto 1....oc:aJizada uuii grande.. unidad..:i. r\1rais, a iiuh'1stria do açl•L.tl' logrou
de: u1a1111íatur11s. O.s clevnclulf J'1:n<litnenlos das e1nprêims ugrí(...'Ohts alC'ançar 1un ~lcvuclo grau dt.: organi:tnçiio c<:ontuníca, par:1 os c:Ofl·
de: cxpurtaç:u11 <1ue, seg1111J o Celso Furlli<lo. l'líS.~c tempo clcviarn <lições d:t épocn, fl1.:unia Sc1npro Oi- c-Jcn1entuS indispenSÚVl'Í5 RO SC-11
girar e1n tôrno de 50$ ao nno. atraíam todos os possi....·-.:is en1pre. íuncionameuto industrial : 1nnttria·prima, t.'flcrgia, serviç0$, etc., e
~•\rios J.1 Colônia para o 111undo rural Ao 1nesn10 tLmpo, verific:t-se tmdia }lO.r.1 a e.iplor.1ção mJ.xima dos Í.1lôn:s ele produção. oonsti·
•J'1<-·, ro111 a ampliação coostanle <los mercado) europeus, a ~tet.ró-­ tuintlo u1n c<>njunto cornplç:irco - t·ujos detalhes fora1n cuidado~a·
polc ti11ln1 co1no ah.·o u1n cl't"SCi1ncnto cor1tiipondênte dn produção mente dc.,crilos por Antonil( •11'11 ) - 1nas tendia, ao n1es1110 tc111po,
.1~·uc-<u·eira Jo Brllsil. Use c1·escirncnto em c·nli.io fi n1H1<-·lndo, t:m para for1nas <~t>pt:ciais di; auto-suflciêncin, as c111rtis a apro~Íll)nvam,
1)artc, pelos próprios colonos, cuja capitolliuçi\o é'ra possibilitada por divcr:iv:i uspectos, da.s orgnníi.a~·ões urh::inas rnnis simples: d ivcl'·
pl·los altos lucros roo.seguidos. Explica-se.: portanto que os interêsses sidade de formas de trab.1lho, urna rclatha cspeciali:r.a\".lo, l.~rt-0
<la ~letr61,.,le e dos c::mpresirlos ooincidiss<tm tão completamente e grnu de concentração das habitações, etc.
•1111· os úlliruos fõsse1n, 111• época. tratados co1no portugueses e não Sua forma de organiz119Ao a presel\tava, ao inei:tTilo tc1npo, as
oon)O c.:olono:,, ac:un1uJando inclusive as a tividades de c:o1nércio. uma ci1racterísticos de e-1nprê:,a mcrcnntil: a busca do lucro, r1 cspccin-
v1·z que os c;1pitais: que nctunulassem irin1n investir JIOS objetivos lizaçHo do trabalho, o car6tcr industrio( e t6d1.\s a) dc1nai~, que
1nctrôpolíta11os, isto é, na a rnpli:ição do sbh!ma, que c r:t a attvidade íizcram corn tiue os autorc$ u denorninassc1n de 'lgricuJtur.1 comer-
t't1>11ôinic01 que produ~ia os mais altos rt-ndimentos. O sistema vigo· cial. €.sses troços são e.xplic,\'eis .sõmeotc como r~~-postas a um
mu enquanto hou,~e a1nplia~1o do n1ercodo, ou seja, até 1neados mercado urbano altamente d<.-seuvol\.;do, capaz de absor\·("'f pro-
do século XVII. dução tão vohunosa e) ao rnei.1no te1npo, de pro1nover, cin lnrga us-
:\ pt'nas os centros n1aiorcs cl1egam a ooncentr9r atividndcs eco- cala sua in~taln~·ão , ou scjt•, o 1nercado u.rbono europeu.
nôn1ic:alt csp('crflcas en1 esco la significaH,,u. :\ Colônia funcionava Co1n a possibilidade de industriali:ti-r a sua matéria-prima, os
..c1npre coo10 un1a retaguarda rural do 1nund-0 europeu e SC\I) núcleos engenhos retirO\•am dos <.-cntros urbauc» o ensejo de acrest.-cntar
url.:tnos conlO instrumentos de aç-Jo político--atlministrativa. Foi valor à produçolo do meio tur.al. O açúcar tta então apenas tn1bar-
muito lcnt.1.mentl·, por ação do comércio inle:rn:tcional, que se fazia
nos principais portos, que chegou a se d.:senvoh·er um co1nérc...'io
intl'rno pcrmuncr)I<! e chegnrn1)) a se instal..1· nlguns: gr\1pos do ofi. f l(ig) Vu 16clllf
..
cado par.t a Europa - às vêt.es pelos próprios produtorc:i - oode

at c11 pit•niu, ll&'llll'H li dt Pnm1.mbm:1> t~m un:i rc1111ll11(}1) C0o!np11rlwd


110 d~, ro:gi~ cQl1)t1l~11d..u
d irct1u11tt1tu (lfll C11~.
1:inb n1ecilnit·oo;. f UJO) A~rr""'"·• ADdtiE J<:iiio - ()ptn c11.
f.l4 E\101.\ JÇÃO o unANA 00 BRASIL OS NÚCt.~OS U'RBANOS 95
Slri.a rt finado( uH ). Reunja1n-sc du~' f~ da produção num mesmo mancnte instabilidade e iosuEicii~nt.ia do rnert-ado de abastecimento.
IOC"JI <: n.h 1n2031 dt:· um mesmo grupo. os S<..·uhorcs de e11gc.1ho, que Os habitantes da) povoações proenra\lot.ffi fugir a d.ses condiciona-
rc."t.·ul11iuri1 quase cxc:lusiva1n<·ntl• o~ beneHcios cl-t prOd\lçi.'io açuca- mentos, por n1eio dé recursos próprios de sub:.íst(·ncia. ;\fnll íl husc.1
rtira, ~HI cvillt:nlc enfracp1ecio1er110 do 1n1·rcndo urbano e dos de 11 1no condição do auto-.suficiCncia por pnrlc dos ntonulorcs dos
pl'1Sprlos centros uflifluos. núcll.:os urbanos, 11inda q ue níto (ôs.o;c suficít.•nte para U\'rà-los com-
t:''"' forma de orgaDização representa\,.. lambérn um;• limitaçiu plt't:imtntc dos ioc.'OnvenieolC$ da dt:pendCnc:_iu da produç3o rural,
a pruduç·j o 1n.anuf.1turc ira tocai. Os ofício" me-clnico> hg:u.los à basld\'A para acentuar o precaric"<1ade do mt•rc::u.lô, - rouhando uma
proJU\'!IO de Lccidhi. gro~M:irc>"I+ obj t'tQS dt! runrlcira~ couro. C<;râ- parcela substaociicl do 1nesme> - e· para estul>t:lccer vínt:ulos chuyue.
n1ic:n e 1u1-s1no rnctais, era1n exl:l'<:itl()s cm p.1rtc 1lns p1·ópdn.; 0001u- Jes nlOl'ndorc..-s conl o n1cio 1·11r11 I e oom o :iir.h"sna servil, lovaudo
11ithul1·o; rurais. t:uj.1. 1nagnitudc col'nportava a c:di.t~ncht <lCSSt~.s ofí- me..s111(), e>s 1naí) ubostatlos, a i.c trunsforrnart•n1 ern babitnntcs de
t i<»• ..:....... '> ativi<ladl'"s era1n 'l ..'*'l." $Cn1pre rder,a<la" a c.scravos cl1áCQ.r3.S da: periftriu. Essas d.Jcnras e:ra1n hJbitações m;1is <..'()nfor·
1n•n' prep.irac)~ '-' t om ~ lirn si1npliíiwJa3 e adaptadas. l>ês:s<- tâ\·ei.ç, con1 regime próximo da auto-suficifficla, como os t•ng:e11hos,
111otlo. t'Ons<'gui.1·M' 'xplora r o ll'1npo disponh·cl dessa n1:lo-de-ohra, e funcionavan1 ao mcsrno t<!n1po t:O•no prolonga1nento dns J1nhitA~:ões
;lfl·111 du:. ohjl'tivos dn p1'1)du~·Jo do exporta~·Ao. A prática dCsses 11rbl1nns prbpria111enlc ditas, p.u·n Rll <Jllai.s t•nvinvan·1 <J.s prodotos
ufít·ios tioha uni ~ ..1rú1<·r incipí1·1ltc, 1nas s1i.1. l'xistencia significava de !1t1hsistê11cia, quaodo neces)ório.
11ui.J th "·l-nlruhl':1\:0o, <1ue i1opcdi.1 o ~igor 1• amadur1·<.-i1n1•nto que fus.-.. fonna d.: org11nização 'is;ando ao auto.abas1eci1ot:nto assu-
lt:r1.un os ml'SnlO.> 110 1111.::in url,,.no - sohn-tudo as [KhS1b1hdades 1niu A))X'<."los cxtre1natlos ao ~ortc e (oi notada p(·lo pacL·c Vh.• fra. que
ti<: dl ,t:ll\O)vi1nt·11tu t('t:nic:o - e garantiao1 a )U:t permanência nos rccl::uno11 contra. "o estilo ou pouc:<> governo, co1n que su vive na.
1d\'cb 1noc!t:stos t.' g1·os-st:iros c111 q u1: < run1 t'Xl·rcidos. qucJllt'i pnrte.s, portJUê cxceplo u t idade d~ São Luis de> ~lnrnuhão
E:s)aS uoitladt·s rurais, tito <;01nplex;,t), t.:r1l1n nn1a dt.'COrrCt'u~iíi onJi; de poucos ternpos paru c.1 se (.'Clrta carnCJ algu1n.a.s vt'zes, cm
da.) 1H.·t·1·'i..°\ida.d·c~ do rnf:'rcadu curopcn, ao qu.ll se vh1t.'lal.J\'\lOl. Su3 lodo o Estado nlo há açongU<", nt-m ribeira, nem horta. n-.:rn tenda
prc;duçjo l:' sua 111lt.1 rt"fllabilidadc n;io cheg.1r.t1n a repr<-'SCntar no ondt· se \'endam as C0-11'i::lS usua~ para o comer ordin:trio, uc•1n ainda
lh •1,il 1·1t111cntos din.\1nico:. par11 .is :1t1vidddt·:. nulnufaturéir.ts e para um nr'rntc1 de as.sucnr, corn se faz.er na terra. I~ sendo •J''º no Pará
a 1..'cc11)01nia urban.l 1,.n1 geral. Suas 1lc(;CsSil)ndcs c ran1 atendidos pela todos os c-arninhos s:lo por água, nl\o ha c1n lodn n cidade un1 ln1rt.'<)
prodn\•Uo intcrua da-. cmprtisnlt e pela i1nportoçâo de 1nlrcadoi'i:1s ou cru1ôu de aJug\lcJ para ot'llhun1a pa.ssagcn1. de quo tudo se si.-gue,
dl· 111.\0, c1uc ba.sh\\llll1 ll;tn\ ~l demanda consHtuída pc:lt1s neccssi- e \'em a ser o eslilo de Vi\•tt ordinario que para um ho1ntm ter o
dadt; 11.:a n:dul1d..1 camada dos grandes p101>ritlários rumit. pão d11 te-r~ ha de ter roça; para oomer carne, ha de ter caçador~
·r.unbC:1n o aha~tt-c~i1ncnlo tios t-cntros urbanos fica''ª na depeo. para comer peixe, pl-scador; para vestir roupn l&\!ada, lavodcira; e 1
dt·nc:in d( 111n uu·rt:tdo limilndo e iostàvt-1. O meio urhnnu eru paJ'O ir n 1ni$.$a, ou qualquer pnrtc, cnnôn ê rc1ne;ros. E isso é o
aho:.h'<:it.lo pelos c·xtcdeotes d.1 produção ele subsistCncla das prc- que precisl'ln1cnte t~m e>s 01oradorcs rnai.s pobres, tendo ~ de mais
pritdadc$ n1ra1s. lXet.-dcntes i:sses c1ue nlo podiam ser erporta- cabcd.al rostu.n:íras, !landciras, rendcirns, teares. e outros instnamcntos
tlc.»('9'!), mas <1uc rcprese-ntav;1m, cm o..--rtm momentos, o resultado e ofíici0$ de mais fabrica, com que c:.ada familia- vem a ser uma
dt· u1n aprovcitn1nt·nto mais cornp1eto das <lilip<>níbilidacles de lC"rnpo republica; e os <1110 nilo poden1 alcançar a tanto número d e escra vos,
du n1ilo-cle.ohra t•strnva. ~lus, sempre que essa 1não-cle-()bra podia Ol• pnssorn miseraveln1cnte, 011 v41ndo·se no 1.·spclho dos den1nis lhes
)t'r 11liliz:1da con1 rnaiores rendin1entos na agricultura co1nerc.ial, parece q ue é n1iscn1vel a sua vida"( •11ª) .
111odiíica\'am se as condições e os engenhos passavam de fomece-
4
O mercado urbano não se comportava, portanto, como o das
dures a rotnpradort"S de produlos. Ocorriam nessas épocas trans· cidades européias. A produção agrícola d e exportação atravessava
ton1os gra,·es no 1-nercac.10 e 110 abastccirnt.."lllO das ag1ornera{'Ões os pt(.111cnos etutros e qua~ nunca neles pennanecia, eo<;1uninhan-
11rh .111ns. .A freqiiCncia des:.a~ 1n11dtt11çai, dcll'rminriva a C)U8SC per- do·se para os grandes portos, onde era embi-rcada para n l•:uropa.
Pvr uutro lado, ~' s tendencias de outo·suficiêncin das uoídades ruro~
• 101 ) Ce-!w:i o,.... tfl • .... lt.

ok
l 191J
no . . . . .
f'i..ll'Y ...111:)-,
~1-•~- ...,
r --••t~a.>
drattio 6t «"°' b~ -
4C' -.>Q .....,..,....
"°' r-.k- p.tll• N M:iri<l.dct
EVOLt:ÇÃO UHUANA DO .Ul\ASll..
os NVCLEOS UllUANOS 97
tine at'Olhiam a maioria da popul3Ç"lo. rl-<luziam grandt'lnente as
A importância do papel da camada dos grandes proprietários
lrot_-.1) nf, n ntcs a produtos de subsistência e 1nanuf0&lurndos, nos
n1rais( 1••). até a metade do século XVJl e a aukncia Je forrnas
nútlL'OS urbaoos n.enores. .-.\penas O\ princ:ipai.ç portt» aluavan1
mais daen,·olvida.s de economia urbana fariarn c.-01n que <» núcleos
t'C>n\O centros exportadores e reouiRu\ tn1nl>t1n Q 1naior parte das
urbanos. wbretudo os pequenos, !ica.sse1n direta e indirctamc..'tlte
i1nport;11r·o•~ da.'( manufaturas européins.
'inculados aos inlerésses elo mundo n1rill. "Corulitu[a-.se m<..'Soto sua
F:..~c <111adro faz.ia co111 que as ati\'iclndcs económic0ts fôssem populuçüo: ~o r_nais das \'~-'.CS. da própria gente do canapo <JUe nc.':lt,-s
cxlrltn.tnl~nlc reduzidas nos et:ntros urh.1nos nle11ort.~ - quase tõ<la.s flxn"a re:11denc1a, cm geral tc.mporári,1"(1º"').
A\ \ il.t~ lundadas pelos do1H1t1'1rio.. - (• fn1iil C01t1 f JlH: OS ct:nlros Os C--Cu~ro.s urhaoo.s apreiu·ntava1n então urna vida que pode
n.:1101\ •s - q un.so tõdas ::is cidnd<·i> íundridn~ [)L"lu Coro.t - teunis~e1n ser caractcnznda corno interinitcnte. Ccssndo <> 1noviinento cleoor-
ª' c·1u.u.:l<'r,~tit·{1S de 1nc::rcado J\u11lil t.'Scal;l inh.:rnac;ic;nal. 011de enun rcntc do afluxo de senhores de te rra, tinluun 111 n;.1 aparC:uciu d e
lnu·ado!) os p1·od11los: europeus e os escravos :1fdct111oii p1·las 1nei:ca· n~J~ndono e: dc.:s?lação que seria oLjeto do comentário por pilrte de
tlurins d:t ll'rra. ' :101n11tcs e ~z:o111stas, .desde o prirneiro século. ~lcsnlo n cidad~~ de
\'C'1 11os, p<.1is, que ~..~e si.1:tc111a, eo1ldic:lonnnc:lo a produçiio rura l Sn lvndot, diria A.r'lch1eta, não ern 11111ilo gru1lclo .. ;porque a inaior
l' o uu•rcaclo 11l'h:1110, pcrfnitiu u1n aprovt·ltnnlcnto qu.1sc coinplcto purte da g<.:nte vave fora ern S(:us- engenhos o. fnzcnd.ts'. ( ... ) .-\.
clu 1nt11.> ·dt·--0hra escrava existente, nlas tru cvidt·nh:1nl·nte pccuUár pop\1lnção variava segundo as estações. Na época da mOttgeJn saia
í \11,1 insl.tlaçt10 nüo f:-t\'Ort'Cl"U cl1· 11(·11h111u 1n0Jo o t'!i;lal1eleci1neoto un1 rõr d~ ~eotc para o campo, ( .. . ). Era ton1bé1n o h.m po das
do 111l-re.1.do urhaoo, dific:ultando a instal:lç..;io e o th:.scn\·0J ...i1nento ft.")hUi relJg1c>sas e das missas solenes n.is Cápcla.s dos eogrnhos.
d.1 .. fonn.t'i de (_'('()ll(Hnia urll;lna. A au~·ncia de~sas, por sua ..,ez. Só no inYl.'JDO, de abril a junho, real>riam..se as •1nomdas nobres· das
hnpt'<liu o dc,,cn.. olvi1nento. até 1neados do século :\\111, nas po\ro.t· n1:is nlais centrais. reanimava-se com o movhncuto de ctnbarques
ÇÔ\'.) brasileiras, de ca1nadas sodais <.-speclfic.&ml'1lh.• \1rb."lnas. Desse dos 'usuqueres' o comércio da Priia, no Terreiro <..'Orriam-sc touros
mudo, a população dos ccnt~ compunha·>e d e doi.) grupos princi· saiam as prociuõest tud~ ~ra aniinaçJo e nW>vimcnlo"{ a• e 19:). •
[lóli.): n c.-arnacla tios graudes proprietários rurais> <1uase .se1npre au- Dc$$e modo. a nwon.a do espaço urb.1no t$faria de,.liuada à
sente e os [K'qUenos grupos que constituinm a popul:a~lo permanente. construção <lc habitaç6t."S para a classe dos proprietáriOi rurai$.
.\ pupulnç;io urOOn~1 pcr1nnnento conlfH.anha-sc de grupos pouc.-o Ptlroolas p<>f1dcrávei.s, se.não prepondcrontes da vid'a urbana e dtl
11111n<·ro11os. AIÇrn do fu1lcionalis1no - senlpre redu..ddíssl1no - havia espaçu urbano eram organizadas de modo n ntund1.'t a ussa soü-
uni cshôço de co1nércio e alguns oficiais n1ec~nJcos, atendendo às citoçilo. Já virno~ como ~s condições estruturnl.s da cc.'OnOJtlia agrí-
uc.'t'cssi<lades do conjunto, Jnas contando sobrcludu conl as po~sibi~ col~, do cxportaça? o.fe:rcc1a1n aos grandes proprietários rurilis a pos·
lidfldt'S oferecidas p(;lo a fluxo de populnçfto rural r 111 deterrn inada.~ )lb1J1dadc de cap1taü2ar, por ineio do constt·uçõcs rurais e urbanas
oc.1~iões e co1n as [H!<Jllcnas nece.~siclnclcs dessa, que a orgtu1izaç~o oproveitando os disponibilidades de nü~o-do-obm escrava·, en1 deter~
<l<.1s .. engenhos não atendia. Os oficiui.s nüo chegavo.1n a ser organi· nlinn~as ép°":ls do ano. más sobre-tudo por ocasiilo 'Ue que<la dos
tudos cm corp<.1rnçõ1.:s, mesmo nos moldes prccArlos, cn1 qui; o seriam prc.-ç-os do. ~çucar. Ent~de.-so. por essa :rnt..àlO, que houvesse ufna
1t1ai!) tatdc. A ac.bninistraçi\o era quase- lf>dn ela exercida scn1 te1nu· grande Í BCi Ud:1de de :reahz~tr COr~SlTUÇÕt..'S• 1lles1no pata pouco uso, e
0

neraçjo e o fu11<:iooaJis1no quase inexish~nte. As 1nodcstas at.ribui- quo um in16vel urbano fôsse avaliado quase sempre 'en1 n{vel inferior
Ç'(k'S politioo-ad1ninist.rativas dos pequenos núcleos, mc:sn10 quando ao do ~imples manufaturas ilnportadas.
sedes: de capitania. não comporta,....-m 1nais do que ineia dúzia d e Com tais características, a populaç-lo, numencarnente limitada
funcionArios - u1n OU\"idor. um capitão e os c1uadros d..ts Càmaras. tendia a apresentar uma relativa homogeneidade. Os grupos urba'.
t'S<'Olhidos entre os próprios colonos. "" ... ~ pcdodo. os~ w " - lnMilriNit ...._ ~ &
'1'01nadas isolada1nente, por seus traços quo1litati,·os e quanti·
( UM)
~lt kwt~
'-"· J.
• 4• 4~lllcl- doil........,. °""'"
nn•k.'" ( HO&..tlf'O.\, Sb. . ..._q.. de -
-~ •f"l'btt prlo ....... lho , . J...W.. J<W
&i:.
1131, """ 117.
t.1tl\ os. c...-ssas ca1nadas não poderiam portanto ju)hHc:Jr ;l t xistêucia e•ts> ....oo. euo ,. Silva - 0pw. "'.. 14 ' '·
( IH) Ml"'auo. TMI"'- & - Op., nt, pia. IJl/ 151.
de ttntros urbanos e estabeleceram um uítido co11tra-,te com o pro-
• .!197) "(;- M$O n:ru.ico "1~-ti1. 1. vid• d• dd~. Jld• •iufnod• ._..ae:Me rka,
C.'t''' º c;h.• urb;,1nizaç-.J.o na ~lrtrópo1t'. flÁ.I• 17r;tc J.o ICUIO ~~ t.IU $u•• JavOW'11'", j S.M,,.,1(1, '111codOru - 0pu;r cff~
98 EVOLUÇÃO URBANA 00 BRASIL
OS :>-ÚCV:OS URBANOS 99
nos p~nnanen tes identiJic:avon\~SC com a carnada senhoria l rural,
11a <.·t1f1,:;•goria d1: ··brant'Os·senhor1.:s", 111na véz <JUe ta1nbé1n era111, em
fa;darn íunc:ic)nar. Por sua vez. a pnrt'í.'la rural da populaç-;.1o c-scmva,
prii1«ípio. constituído$ de proprietários de escravos. l)csc11volviarn- difen.:ntr111cntc de .scus sc11hurcs1 estaria se1npre nu~t·nlc do rncio
se n1c:s1no íorm!l.s de co1nporhunenlo estan1c11tttl, llll opo~i\•âo às cale- ti rbnno. No!> centros urho110:, c:oloninis falt:.tva po1•t11nto a cnmad.-
ttal1alh11clorn.
g•>rfns cJc íuclios e negros, ou .st·ja, cs.cravos( 111~). A doc111nentação
c·xi>tl·ntc M>bre n.\ C:â mara.s dernnns-tra que, sobretudo nos c.:entros A tomposíção da populnç-lo dos centros n1aiore.. difl'ria uni
1n(.oort';), ll c-Jtegoria de '"homens-bons.. tendia a cn\Ol\>t:T todos os pouco M"gundo se:u papel no co11j11nto da rCtlt·. O c.1>ntingente de
hc..nnt.:nl hran(,1h em rondiç:tc> de cxcrceT as funções correspondentes, pupulaç;lo 1><"rmant-'llte era M:mprc 1naior do qu(,• nos pcc111enos. pois
tlrsdc <iuc 110 momenlc> oJ.o l')tl\'t•sse-in praticanJo ufício) 1ncclni- nt1-lt:5 rstavam conceotn1(.lo) Olll priut-ipais fC«..'1•n-OS du (Ã:Jroa par.t
cos e, rnuil a~ vêz<.s, ainda a~~i1n. ··~ possi\•eJ... d iz Ednu1ndo Ü'llha, o contrõlc da vida colonial. Salvador. o Reciíe dos hula11di:11c..'S, Rio
"tpu..: c1n Por tugal estas l'<tll'gol'ins ~l•· pt.-ssoas fóssem ofaslacias si.stc· d e j unciro. S1\o Lu(s e B-.:lé1n 1 teriam um p:lpel de.: d~·,1,1q11c co1n v
1n àticnn1l'l'llc dos eargo~ muníclpi•ís; 110 Brasil. entonto. por inluneras C'C ntl'OS rcgíonnis, que ern l'l'V<·lndo pela co1n po.-,ic.·ílo dl.! suos popu ·
razões, nüo .se levantou 1u·11l1un1 cntpectlho a c.~oalquer dei.as, ne1n laçõc)( .:•)(J ). Cotn cJssc.s objt·tivos instnfa \•am-sc c~ntrô> n1:1is i1npor-
a.o.s n1f;!cd11ico~. nen1 aos degradado). ne1n aos judeu) nn pele da:; tt1ntt.>.s, c111c..· cran\ criados co111u cic..1.1cles reais e conl :.itullçõe.s e
e:ri.5tjo"°novos, nern aos c~trangeiros . E i:)to oontnbuiu para aluir sítios que lhe:: gurantisse111 u1n contrt'\ lc dos poutos nl.ah frnportantes
de u1na '\'f'/ a instituição Jc homt'Tls·bons.. ( 1• ). Qu\•bn&\'ll•se por· da costa ~. por 1ncio dêsses, dJ, respecti\"'.t.s n.-giões.
tanto \una Orit--tllaç:io fllH.: havia \ igoratlo cm Portug;1l, tco<l<.Tido--se a Asshn, ainda que sua orgooizaç-Jo ünerna fc}s$C st:nH·lhantc à
lran)ÍC:rir us f(>":trições etn «JUCitlilo às !"lasses e raças \'inc::uladas dos t..'<-r1tros maiores, sua popu1ação permanente, :,11,h·n tnd::t cm
à 1.....cnt\idiio. grande pnrtc p<'los cofrc.s da Coro:t, favorcc.·ia o dt__•)c11\·olvirne11to
A. cnn1nda escrava nlo terin nA )'HOdu{:tio urbano tuna impor~ de ulgu1na~ formas de C1.:0numln u1·hana e a <.:onsollduç·ào de u1n
ltinci.1 fundonH·11litl1 t'Omo teve r'líl. rur:1I. Vlilizu<la Cn'I pet1uc1la 1ncrcaJ o ul'haoo, de nlodo q ue.:, no St: inici,1r a )cgu11da nH~tn<le <lo
t.'!)c.·o.lu e dt~ forrna complementar nos oílcios mc<:úuícos ou crnpre- século X\1 1r. tuna cidadt: (.'(ltllO Sahtaclor j:t podi.1 1•prt·~c1lt:'lr um
gudu llO$ lrahallios de t-sliv\t - talvez a utiliz.açdo princ:ipnl - ou <1uadro de co1nércío e manuíntura.s capa'l. de apro.xhn(r-l;.1 das t'On-
ninJ.,, t'Omo recurso auxilíar no pcc1ucno comércio e par.a a prestação figu1açõcs que seriam conluns posteriormente.
de )Cl"\iÇOS. e-.n (l(:tlhu1na dc)Sa.S oportunidades sua utilização deu N0> pequenos centros, com a dispersão da pop11l>ção, as rela-
origL1n a um Ouxo de renda )ignificativo, que mesn)() de longe pu- ções de ordem polític..v--administraUva seriam de hnpor1.l.1\cia pri-
desst: c..'Omp<:i-ir com a agricultura de t·xportação. Enl co1npens-ação, o mordinl. AlrRvés dos <.'01onos - agc;nlt'S do pro-.:c.sso du urb:inização
funcionail1e1110 de qu~se todos os serviços u1·baoos, domiciliares e - a 1'1ctr6pole realizava o sco prograrna de c:olo11izaç:lo ,. siinultà.
p{1blicos, cncorl trou sua for111a flnil ncciramente mais eíicnz nn expio· n€a1ner1to, nessa etapa d e dcsc.'l:ntralizaçjo ad1nini.slrllti\~, o t'<>n·
ração da n1;io-de-obra escrava. As tan.:fas d omésticas, o ohnstcci- trôlCJ da colonizaÇão.
nlento, tódtl.S a.s ob r~1s pública.s e ns construções particulares - sobra-
dos. chaía rize-~, mt'1'cadus -.: palácios - em todos os seu, aspectos A e-xlstênC'ia de um núrncro muito grande de h11bhaçõe.s desti-
m.iis gr~ros de reali:zaçiio, ficariam na dopc:ndêncb do trabalho nadas apenas ao uso tempor,rio dos proprietários nJrais d e1nonstra
est::ravo t :assim permaneceriam atê épocas bem recentes. Os mem· o intcrêsse <111e Mvia para ~lcs na participaç-_jo em urn organismo
hros de camada t.'SCJ'3va, colocados 'lt:ase sempre a serviço de uma político do 'lual eram os maiores beneficiários. .i\s vila" eram sedes
unidade r(.·.siclcnc.'ial ou co1nerci11l, a ela c.-stariam incOrporados e poHtieos e as atas antig•s das CAmaras registram mult11s vêzes sim·
portanto u~o lhes corresponderia 1'lenh111na parecia ('spcc.·lfica da pies reuniões, se1n q oal4uur contc..~1do acln1ioistrallvo. ~tas a parti·
organiza(:11o l'spncial, mas eles ó r1ne oorres-ponderia1n, tlada sut• <.:ipaç5o scrin suficientenu::ntu hnportante para fJUC e1n tõrno <lcl:i
c.·ondiçüo Mlcial, a d(.·tcrnliu:uJns unidades, c1ue co111 i.cu trabalho se t'$htbclccesse em São Paulo a luta entre Pires e Camargos. A

( 1061 )luiar: N DE:..~ Fm C1~, •• -


o, ..
'lffl z.,,......, Ecl.....t. -
°"""'
ftf. ,.., t!
ril.. ,,,.,_ 6S
OS :r;ÓCLEOS lfH8ANOS 101
100 t \'OLUÇÃO URDANA 00 BRASIL
v:un da 1nnior parcela d1· pod•·r. 1nJs prinlnnlinl1nc:ntc pl·lu sc:utido
.._,,.;u~ rcu111ol·s. rt·alizadas nor1nnl1n cnte aos !lúhados(::Ot ), cr.L obri· usperializado, industrial e 1tlC'1'<.:antH dJs UtÍ\'idadC!:, 1..'C.:011Urnicus qur•
gut1l rio o c.'Ornparcchn-cnto. punindo·.se os faltosos CQ111 l>euns ~m (•).(•rc;:i~nn. íundamentalmenlc di' cr.s.u ch1quclas exer,itlots p<-·lo cam-
di11hciro. F~-..~1-s nll'<.-:n1ismos llc rontrôk: indicam claramente a t1g- po1\ês: hahitantl~ das aldeias da Europa ou d.i Ási.t. 0> proprit1.irio~
111licaçjo dêssl·\ l-cnlros C'OnlO ~lê$ das ali"idades po1íti('O·:td1ni· rurais era1n c·fn(lrc<sários. e:
inegá\.·e], port·111, que t.'On~I illtÍnu\ 111nil
11 "tr.1th·~:, dos 1nu11ie:ípios e, uo lnesmo lt>n1po1 re\·ela1n os vínculos c :'ln1i ld<l ni10 urhana, na on•tlid,, en1 que so dt•J ini:\111 sv<. iul1ncnlc:: r.
\.'Ofl'> i... tcJ1tcs cp11· se c~slal u;lee,.1·1'.un <·11tri: n. 1:an111da dos grandes pro· partir d<· 11111.l fo rn1a de produção r11n1I.
pri( t~rios runti'i e a \'ida nos p<.' íJUenos aglo1ncrados 1.11 hnno~. Esstts coosidcraçcic.; t<•loca1n urn.i 'l"c'tiío scmclho1nlc r n1ai-.
...\giam purlnuto a~ lVlll').Üt'' fune:ionai.. c1u d ois set1tido'I, um.a an1pla: t•r.un os núcleos hr.1\il•-iros alé a rnt:taclc elo )(.°-c,.olo X\' 11 e
'1 7 '1ue .a.lê1n dt• atenderem aos interêsses da Coroa, garantkun aos m1..'S11l0 dt1M>i\, com a vida url.ana int('nnttente, prú.1;,.,11111·11h.: se1u
1-<110110:. o poclt:r local, e, ao n1t-smo tumpo, u111 1n~nis1no du idl!ll· econo1nia pnSpria, ull)izac.los por prop1 il·t1'1rios runlis t' 1)rÍ1unrdi:tl·
t ili(:nç-:10 dl·~ill'S t1on\ :.1 ~ l eLrópoh:, c1n face cio :unbicnte colo11ial. 1ncnte com finnlidadcs pc)Hllcns, si1nples ulclc·i:1io ? ])entro dn n1csrna
l~'>:-.o últhno n~pcc::to 1ne recc u1110 ohserv;.1ção cspec·ial. Os et·11lros u rif~nla\·:'iu 1>0clcrnos d izi.:r que os nl1clt>0!! hr:1silciros nüo Cl'au\
11rh:i11o'i no 1Jr,1sll for~1n1, e1n lul'ga 1nedid~1, in3tru 1nc..'1ltos dos colo11os, aldeias n.i tnt•c.lilla 1.'111 que oúo re unh1n1 (•1n sua popul.1<,-.&o pcnna· 1~
•tu•· ti11ha111 0(')'4.':-, centros o 1ncio de :ifirrnaçlo <.·na ÍZtet: do ;1mbit11te nente ou inlt·mtilenlc a p.1rcela da pc>pnlJ(-jo ook>ui.11 •111..- p;lí · f
uli\O, ron..o t:.un:ada e coolO raça. O rolono, isto é, o branco. ,;a ticiJXl\'a dirt·IJO\enh~ da. produção rur.11. h.10 é, os t~1-;1,ns. Os 3
no t ' ntro urh.1110 o rontato con1 os "bc..•ns d.1 v1d:1 sigura e oonvtn:i· (·lrcncntos que as \'))as e eid,u.1cs abrigt1va11l, ti uh~nn, nt• p1·oduçru> t-'
\'l·I"'(:."":: ), ctun !Ili r.1ízcs t:11hurois européias, dns quais era n.:prcsên • rur.~1 . t11n,1 prir'lic:ipn~:rio acl1nlnistrativa 1..h.· r41r:itcr lll<·rca1Hil t.: pr;Hi· ;..!'
1i111to e c.'Ou1 o 1)1'0c·ess<1 tl\C)tllO de colonizaçolo. elo cp1al t~l'u ngcut. ..
()s centros urbunos rcprl·sc·11tava1n urna ju)li~l, uo1a ordt.1n , u1n
<1u1junto tk· i11,tit11i\'Õt:'S, oos (111.:a.is se Ug.i' ;un os colonos. 1>or sua~
1 uigt·in~ por ~u..1. situação SOC'IJI. E:;-sa idl"nllíicJ~lo rra fuocl,uncut:ll
p.1ra a sobrevivência do sht1·1nn t'Olonial, tanto ~o q~e se refere aos
éil.vám o que já foi charn!lclo de agriculh11·n seru r11ru lhn10. Os
núcleos brasileiro:. as)Cml-lh~11n-se, porl'nt, a aldeia>, cu<111;1nto ..
dt~1>rovicJos de mercado orbano próprio, fonnas de produç.io e
ca1nada.s soci11is 1..-specificas.
NUo )i.'l'Ó d c1nais diz1·r quu os núcleos hra.silçiros e n orgaoi·

11
J
inh:n: ...~cs d.l Coroa, t.•c:uno 110 <1ue se refere uos 1ntcr(:ssc-s do colono zação da i•~ricultura dt: c xportaç:ào cnun 0111itu çunlplcxos para
11c·S\c proc...·~~(). rJ'ôdas as SU,\S al«.:11\'ÔC.:S (':')IUo voltadas para o:; serein illt:11tiíic.·ados conl a agri<:uhura d\! subsistên('iu l' us a ldeias '
ce1\tros urbanos; 11élcs faz sutt ufírmnçjo individua), perante o gnlpO, européi.is. mas excessiv;amcnte slinplcs, para sere1n itlt111ific;1dos
co:no empres.írio e como bram'O. Tal t.-ra a irnportància <bs pro· com a organi1.ação urb:taa da ~letrópole. Como parecias do processqjp
,1ssõcs e ah,1dJdes comu11s, para a 1nanutt!nção do grupo, quo par.t de colonização e elen1er1lo~ complemcntatts dos mercados urbanos
(•),1:, vinham os 1Tior~dorcs dos loenis 1nais djst11ntes. da Europ~t, ntio cooseguiritun cnco11trar •·'111iHbrio e co1nple1nentação
Essas conclusões t.vk1ca1111 pori:1n, 0111n cptestão fundo1nclltnl: entre si, 1nns npel)a.o; <..vrn v restante da t:stru turp du tiurd fazia'm
•·111 <111e 1n1·didn os grandes proprietários rurais ~on~t!lukun \un.a parte(""'). '
camada rural ou urbana. Do que ficou exposto e valido conclu1r Com 111.is condições de organizaç.io, não !lnham os núcleos
c uc os proprietários rurais con~litoíam 1uoa l-J.mada utl.ao.l, nlo urbanos brasileiros condiçót..-s interna~ para uma evolução de orden'I
1
'6 11u1oa11to t·r;1m consi<lerados e se reconhccl3m como morad~~es estrutural. Por outro lado, as alternativn!i ' lºc a produção 11grioola
elas vilas e <.:idolk$~ oodc n1antinhn1n residêncjas e onde se ben<:ftC'la· do cxpo1·tnçlo e a de subslstênc:ia ofcrecin1n i\ cstn1tu.rn de produção
cra1n ns de utn crcscbnl•nto c1n extensão, nõo f11ncio11ondo co1no
elementos dinA1nicos cài>az~s de produzir transformaç{)c) l>:.lruturais
na ecoocunin urhana. Ocl.sc modo, até a metade do )á,110 X\' 11,
enquanto fatôres externos n;io vierJm introduzir t"tement~ "º"os

<t03) AJ p&.gínu flrt'(l("ll{'lllf"I tnln-..: w-j;1m eooJlnnJ>dat u.'l"ti m ro1uu COn(nl•u• m J'"'ª
OOl)fi.ur111r. t•11\ 1>all•'. .,, eont•lu1C..t tio: H:irn • ,,,,.h1e Ml1111t do Riu dro ~ ('"'11111• ( Tl.A.IUIHI,
Mun·m - 011w âl, p;ig. Z'!'.C .: .,.ll\111•1-ct).
J02 E\'OLUÇ.~O Ul\DANA 1)() l)ltASl l..
OS NÚCLEOS URl)A).OS 103
eh,• influttut:ia, a rédc url'3na <:res<.'t'u por t•xh-ns.lo, at'<nupanhandu
J ot·np.•\"ÜO de no\'as terras, )e1n r1ue os uúc-lt'O\ t.hl-gou.s1.111 '' passar
a oc...-.1paçlo de novas terras(~) o que \1,.•io "igoifit"'Jr lamhé111 a
por UfuJ lransfonnaç;1o qualitali\ .t. (' ad<111uir uny din.imica própria.
a1npliaç.io CJtW.ntitdli\•;t da rede urhanJ.
~ pn>gr.1mas de coJcniução <Jtll' Cn\·uh i:un um contróle 1nai'i
dlreto da Colônia, pro,1X-aram n lran..,f1·r(·ucl.l. p;alil o Br.1sil, df;"
2 - A ce111 rall;:,aç11o nlg1111) grupos até então integrados M 1ncr(.':ulu urJx1no 11lt.'tro1)0li·
to.1no, <111e se ~'Deficiavanl das trO<:O~ corn n toono1oi:i rurul brn.)ilt-·if:l.
A c111tda dos pr<:ço:; do açl1<-'ar 110 mt•rt·ut.ll i11ter11ncional, c.-rn En<1uanto foi possível, pela co11.,h1ntc cx-pansüo du agricull uta cu-
1tu«1du~ du )t'<:ulo X\111 , vc._·io 1nttrron1pt r n t.'."<r:111:...lo tl.1 ngricultura 111\•rt:i.11, a pc•rft.•ita identific..>açfío dos grand.:ll propri<:l<ino~ <..'t'nu os
1h· t..'xporta~·tio. O inicio Ua produ~·ão 11ç11L-nrc·Jra u.l Au1t\rit~1 Ct"ntral intt.•rt':..\c'S p(Jrt uguêses, os r1gt.·11lc.•.s cio prO<.'L'.S.\O <lc c.:ulonii".IÇii1J - e
t)«Orrido naquelt•\ anos, prO\'eic·o11 al h·ra~'i;c, . 'ºh'l.tn<:i.1is no <..'O n1ér- nc."<:cs:.àrian·1cntc de urbanizaç·iio - podcl'in111 sc·r os próprio, c.:olouo~.
t io 1111111clia) do produto e, indirc l:11n 1·nt1.•, nn c)truturn econc)1nica (:orn n cstnguuç.io do Jne1·<~ado U\:ll<:111·c(ro e 1i d iíerc:ntiaçiio do:;
do Bra~il. ()rgnnizndü <.:on10 rt-·tagufl 1·d11 ngrt<.·ol:1 do" 1nercado~ iutt.·rê.s~e.s, tornou-se ncccss~rio parn Porlugn l e~tnltclt.'t'CT v1n n.: laçiao
ut h,111os curopc·us. a Colc'>oia via dl'Snparccc·r1·t11 as ptl'll(ll'<.'tivas d~ no Brasil o tnl>snlo t ipo •lc política que l111vi11 " Plicado 110 Ork·ntc,
t.I'~ '''i•nl•nlo ut) st·nlido c1ue a tl· c.·nlílo conhct•(·ru: o d1.-•stnvuh·iinl·nt., iSIO C, Q ltau:,fcrfncia, paro cá, dos ngt.'111L'S cio HÔ\O prO<.:l'.SSO de
'l11,1ntil,1li\'O da agrit~nltura de t·x1lo1·hu;;io. coloni~ção. portugn~..ses de nasci1n('nto t.1 id1:11lifit:::tdos por :-.cus
inlt:l't<:.ssc~:. com a ~fetrópolc:. no plaoo c-01n(•rc,;i,;tl e no plauo político.
Nd.o ha\'i:J poréul um t"Ol~1pso. uruu tr1,L· t.'COl1Õ1nit1a. As u11ida-
dt,;~ t'X1'h. nlt'.\ c..'<•ntinua\-a.1n a optr:1r. apro\'c:iro111tlo tôtlas a_., oportu- E).)C' procct1i1nt:nto sigrlificou a transfcrCnc::ia dt• un1:1 part.'Cla elo
nicJ.1d1.:, dt• c<tportaç:.io, pois ..a re1Kla 1noncl.iria do1 uui<IJde expor- n1t•rc::1do urbano europt:.'1.1 para a Colc\nia, 1.tl\lando pott~nto <-omo
f;nlor.t, pr.ilit4lmentc a t•<U~iituiam os lnt"rQ) do emprcs.írio, sendo fator dind1nico na ecooornia urbana dtssa, ainda <1ue de efc..-itos
'4.'111prl' 'aotajoso para Csre continuar opt.:raudo <ptal<tntr <fue íõsse a modestos. Seu efeito porém. foi sufic-i<nte para que a ~Jef:rópole
rt·•l11<,":.io ocasio11•1I dos prt'Ç'h''(:o•• ). pn."CiU»e to1nar 1nediclas restrili\'3S <.'Onln1 a manufatur.1 local, en1
d'-:.l~a cios interesses do comércio portuguC> e das 111a11uf:.lturas
.Ai. disponibilidades de mdo-dc-obm e.scrt:a\ia crom utilizadas iugJésas, (1ue a ~ie abasteciam .
t.·10 uutm~ atividades de menor reodhnl'nlo n1ont'hÍrio, cou1u a pro..
A crntr.1Iização econômica procesJou.-.sc. cm larga escala, atra.
duç-.1o de ~ubsish!n<:ia e. frcql1cntc1ncnte, nas <.'(1n,1ru\'Õe.s.
vês do desenvolvimento do comércio. Trolava ..)c poré1n de um
Jmpossihilitada c.le colocar Jnaior volun1c du ;açúcar no rnen..-ado <:ornércio exercido exclusivamente pelos nuturai.s do lleino, sob o
n1u11di:tl. a ~letrópolc não tinha 1nais Íf)tcrtss-c c1n Favorecer a fo r- contrólu direto das éOmpanhias privileglndns. Aos bra~ili:iros ca~
nloção tlc C'lpiltds na ColÔ1)ia, per.t {I ~nnplinçi\o do Sii\lc111a. A nova beria apenas o pequeno, da.~ vcndns a vnrcjo. A sun instalaçii.o, em
polfth.:u suh1ot:lc11 portanto a prod11ç1lo ttgd coln de exportação a um huscs consistentes, representou u111 passo fundnn1en,tal para o esta-
r'g:iclo co111ró1e, através dos n1onopó lios, excfuindt> 11n1a parcela pou- bulecln1e11to de uma ecooornia urbanai e ra 1nna c1hnada urbana à
dC!n\vf·I t.los lucros dos proprif·tiírios rura is, cuja situação era agra- qual se transferia, Je fonna slste1r1át ic11, uma parcela do valor da
\'adn., ao 1nc~mo te1npo. pelo f-Stal>elccimcnto de novos ônus fiscais. produç..iio :.igricola exportável, pa ra as suas ÍinuJidades, q1.1er pelo
o) cxct:dentes de populá(:ão passaram a se deslinar a out.ros controle d•s exportações, quer pelo conlr<llc das m<Tcadorias im-
srton-s, c·)pt."(...i;:tlmente à agricultura dt· subsi~tê1lcla e. em escala portadas, ioelusivc o braço escravo. Ainda que para a econo1nja
mais reduz.ida, aos núcleos 1naiort:S, onde Cn<-ontravam pequenas global tenha sido um fator de opressão, para • economia urbana
ocupações ou cngrossa\-am a c.ategorll dos Mm trabalho. Assim, rtprescntou um avanço. desde que forçava a permanência nessa d..:
;; \"1°1-agnação da agricultura comercial nlo signiíit'Oo a paralisação parcela nc..'CeSSária ao custeio da sua existblcla.
tl.1 pnH.luçjo de subsi)lênci~•. mas st:u lne:n:1nento. 54.w cocootrar A camada rooslitulda pelos comerciantes, pelo papel que de-
oh.\t:.Ícuf()) l sua expansã-0. essa t-ontinuarfn h;n1;in1ente a promover sempenha\'a no pnx::csso de coloni-zação, l\>ndla a ideotlfic..11r os seus

1
101 t_.\'QLVÇ.\O URBANA 00 llllt\~lL OS NÚCL>~OS UllllA.'<OS lo.5
inter-êsses con1 os da ~1rtrópole, diante da oo'a situnção do Brasil e cultural das mcs:m;•). ~o que se refere à economia url..in:t, pode-se
l~nriquecid:i, t-ra uJ.lu.-al 11oc ,;esse pleitear a parlic:1pação 1)() podec afinnar qnc a 1nuda..ç..a corn.-spondeu à transferência d'· tuna: pareci.a
polítk~ <las Càmi,ras, para o tp1e 1t·m1inou por cont~r com o apoio do n'\ercado urha110 rnetropolit:tno para a Co1ôn10 . 1\inda que. rt-prc--
da Coro:l, provoc.:·:tndo conflitos cool os grandes propr'ietó.l'io'i rurais. sentaudo direta1nente n .\ fetr6polc, assumisi,t·m L'tn tódas as opor-
A centrali...:aç5o t.'01ncrci,1l veio trazer nÔ\'O d esh\(jU'' às ntivida- h.1nidadcs ~•s po:.i~Ves poHticas dessa. suü p•'Clll'll\'U cr.:' l11na cxigCJ1-
dc·s cc:o11c'lrnícas dos centros n1niorcs d<) litor:.11, quo pnssnl'nn1 n fun· cia do procc:..so du l'Olonização e representava 111na coucL·ssõo, ua
tionar coo10 gn111cl~·!<i t•11l r,·1>0stos de todo o co1t1~·rclo inttrnncionHJ. medida <JUC situavn 1111 Colônia unta parcela do ir1cr<.:ndo que, c1n
N'i·l<·S, :is frotns dri Con1pnt1hin cJc Co1nércio ngunrtlavum a época princípio, pela dh•is.ào inlt>rtHlcional do traln1lho, ch~v(•ri;i caber
propic:i;i às 11~1rtidus e ronccntrnva1n-se. <l11r:111tc nH:scs, as ruerc:)dorias i1 Metrópole.
:i Sl'rt·10 t-111IKltcl)d:.1,, Tornar;.11n-se irnportantes hunbénl o.~ rncrt~dl\', ~.\ politicn de et:ntrnli.1.nçào veio tronsfonnar OJ pnoc1p:-iis nÚ·
urhauos dêss("S crutro'-, onde, além dos negócio, t'f>rr<')1>0ndentes ao clt.w do Utoral em t..-t;nh1)$ de tõWs as ati,id:u.lt.>s d.t (;ok-..1ia. ~\
(<u1\l-rci<.> intt:-rnacional, rL-ali'..a' am-sc troc~s de produtos locais de O:nlplitudc d.t ac.~lo coloni1.adora exigiu J i~ta\.&c.·lo de 6rg:tus polí-
subsistência ou m•On1Í:1turndos. O rellh·o d.» lrocois rt'tlli,..adas em tico-ad1nioi.)lr.tlivos m;tis complexos, coro func·io11;11is1no de oívt~l
5.al,01<1or pode M·r nvo1li;1do pelas Jl0\01.S part-cl.ts de org1111i.r.ação mais alto. A Jgrt.'j:l in§talou 1l0vos bi)ix'ldo.s, os l'Onl ingcnh:~ militares
t·,.p:u.: i.1] a cl.1s dt ~ 111 1:'1da~: :1~ anti.gas ins.tala~'<1t•ç d:t Jlibeira das foran1 arnpli:1dus, t:ngcnheiros n1ilit.arcs prc·par1ulo) e os próprios
Naus Sf:riHm 0tn1pliadns trnnsfol'11lalldo-sc n:.1 t.:id,1dt: h:-itn. A ioono- goven1adores e.scolhido!! entre ilS pessoils de Jn.tiôr projc·tlo na Côrte.
grafi:.1 de n1eat1os dCI .~(·c..1110 X\'11, c:o1no o "l)cscuho das Fúrtifj. As transfonn1u,:úcs operadas 11Uo 1•rf.lm {1pçni..s <"llUUllitntiva.s) mas
t·a~õcs" ( fig11r;1 !$) 011 o "Perfil da C idade <lo Stdvndoo·" ( figura 14) t~unbém <1ualilntivns. A posiç.lo dêsses centros hnvia sido nté então
- t.\.sh..-s. clc.scohe1loll por Souza Leão e pri1noro:;:un1.•nto reproduzidos H de bases para ol'icnlnr fl c.-<1looiW;ç50; dtti por dlullte será du bast.--s
l·n1 "S;tlv.tdor J a lk1liioi de ·rodos os Sautos" - qu~1ndo <:ornpar.ida para o <:Ontrôlu de tõdos llS ativi<lac.lcs.
con1 o.s h.'vanta1nento~ do in(cio do século XVJll, c·omu o ele Fre-Li<:r &se contrõle político e comerciaJ irá influir sóbrc os centros
( íigura 15) 011 llo Urigudciro ~Ja.ssé ( figura. 16) mostrnrn que, ent menQr<.'S, tom•1ndo-os estreita1nente dependentes dos 1n.aiore.s~ seja.
lugar das tLrraccna> dt• t ..uiz Dias e dos jesuí.)tQ\ 1 t"dificou-sc um pela ação direta do Covbno Geral, seja indirelomcule, p<·la inrorpo-
bairro inteiro. com rua.s e vielas. onde se acomoda.1:.m os comcrcian· raçlo das capilanlas oo patrilnônio da Coroa. As otribuiçõe. polí-
tes e onde ~e n:.;.11i1.a,·.:1. o comércio inten\acion;i) e regional. Esses ticas dos municípios \"!i.o sendo progressivanlentc tr;i.n:.feridas ao
t't.11tros Jnaiores funcionarJ.m també1n co1no entrL1>0~tos para os pro- govênlo ccnt·ral, no mesmo tempo que se dcseu\/Olv~n1 a<lminist·ril·
dutos ele exportaç5o, que, ali se-riam negociados e 1tüo ~l'rá por acaso tiva1ne11te( 2º'). Com c.>ss:ts modificaçó(..'S, os velhos órgãos rnunici-
que, en) 1685>se discutia na CA1nara do Salvador a elciçilo de um pais tendc1n a se transformar en1 iostl'umentos do poder central,
corretor, cujas alrlbui~·Ol·s cn1n\ as de negocinr o~ produtos d os para o c:ontrôlu da população local, o que cxpliC(fl o intérêsse com
cugcnhos de proprict~rios í LllO estivessem fortt(-=06 ). que. cm fi11s do século XVLI, é iniciada a politicn Uc criaçl'lo tle vila~
Os centros n1nis 1nodestos ficava1n, ta1nbl:n1 no phu10 econô1nico, pelo Govêr110 Cerni. sob rl"C:omcndá\'<.lo direta da Coron.
rnais l.'Strcitamcntc vinculados aos 111aiores, pois as rcstriçÕ<..'S ao Surgindo cm Íín.5 do $é<:ulo XVll, a rnh~ernçilo oito chega a
cornérl.'io l."Oloniial viriam subordinar as exportações às Co1npanbias atingir a sua 1notwidade e a deterrniilat tõda.s aJ suas conscqüencias,
dt- Comércio que c.-sla\'tlm inst~•lo.das no.s nút.~eos principais. no período que pretendemos estudar. Aind.t 8.S$Írn, suâ produtivi-
O desenvolvimento da ceutralrmçüo politico-administntiw pro- dade económica foi suficiente para, em poucos anos, prO\'ocar o des-
cessou~se oorn base 1\a iarnpliaçiio e 1nelhoria Jos quadros do fun. povoamento de ·algtnnas Areas do litoral da Colônia e mesmo de
cionallsmo ci' il e rnililar. Os serviços exigidos p«los novos progranlas algumas regiões da Mc·trópole. Sc-t• aparecimento veio agravar ainda
cf(; l'Olonizaçõo trol1xera1n para o Brasil uroa parte importante da mais a situaç-J.o da agricultura de cxporlaçiio, pela concorrênci..i.
hurocra(;ia lui.itana, r1oc, pelos seus gastos, iiin iníluir na vid:i que estabeleceu no rnercado de escravos, rna.s, ao rnl'.SOlO tempo.
ec:onôrnicn das povuac;õt·s e pelas posições ocupadas, on vicia. política assegurou a ubsorçiio de excedentes d e populaç\lo das á rl~:•.s açu·
106 OS NÚCLEOS VllOANOS 107

~reil.a~~ ~· ampliou as pos.s.ihilitládt:$ wmcrciais dn pnxluç-J.o de As mais imporlanh~ poren1, seriarn ;11>h<.-ada.s ,,.)hre lt~jclu'.\ t· m<.:·
)11h!)1\h: nLia. Co1n tôda a )ll:l populaçjo t'OllC,,'t'nlroda 1lOS núcleos ta1urgia, c:uja an1plitudc :.(;da S€01p11· al·rc;sc-ida, no dcc:oncr «lct
urhu110\, as regiões 1niocir:.t~ <..'Qnstituín1n1 1un va!>lo 1ncrc:ado çon~u· século xvrr r.
n1idor. opt·r.1ndo t:xc.lusi\1il111ct11t· 1•1n tCnnos 111onttário... llêsse 1uoc.lo, O c rescin1erllo das ati\'idadê.s manut'atureir••) é rC.:\'t:lado, L·n1
juul.unc. nte C.'(Utl O com(>rc.ÍO e U fu11c:lu11alismo li\il C militar, :\ parte, pelo d1"$(.•U\'Ol\·in)e1110 das oorporn~1k--s respe;ttl\1\'.\, ainc.lj <Jtlf.·,
n1in(.r.1çdo, 1><:1o seu caráh·r c.lc uti,idade t._"t_'OflÔmic.a urbana, ta1nbéin com as condí~1c'\ da vida c.,_'()IOnial, não p11dtS!ot.'Jll alc:a11ç-ar .1 11')t'S11)a
\ iri.t •• tulltrihuir pnrn a ro1holi«l:a\iio do prot•e!i.~O clu urbanilaçlo i111porhi11cia dns c11ropéi,1s.
du Br.11)il. Os elementos lígado.s ôs ntlvidndt.·s ec:onÕn\i<.·11'! 111;ais li111nildc"
1\ 1)Qp11l.a~úo 'lue se ill\lah, n~1s minas te1n 1nn tipo nÕ\ o th~ - no nleio urh.iuo, os oÍÍ<.ios 111cc;;ini<."OS e o pc•1t1t•1w (.1>11lê1t·iu, e
disluhuic,-.io. ÍrJl.a·sc de uu\J. popul.t\"..ÍO de alli.)~llllO ind1<.'t' d ..· no nu.·io rural pd1lcipaJmcr1lc º' pt-qt.u,'tlOS siti:u1h."S, loc..-ali.z...ulu<> 1'1<1
urbani/,t~:io; pr~1th·a1nt·nte tôd:1 ela .._.~t:l conC't·nl radn nos núclor.s ped (c ria dos cl'nh·os n1aiol'CS - vic1·111n inlrodu1ir urn•l t.ti~a de
urb,u1os. () l1.l~tcio da pl'ocll•\·Jo ê teHo c·111 nlo1·d.l·ouro no n1cio ~1con1odação ni• l'ígida di\'i'iúO .soc:ial antêdor, constituld.t apc-rlns
1u·bn110. prO\'Ocando a insh1l.1~·Uo de in1'1111t·ros ser\·iÇO'\ ( \'ilas, estrJ· por ~c·nhores l.' c:icr3\'0S. Soh t"·).SA.! ~1.,prc-10, cliícrhun da." <..~unuda-.
das. ianig.r.•çào, tlc.:.) qt.H.·. dt.' qualquer forma. Í1<.-:11n ro1110 .5J)do de burocratas e coruert..;anlcs, cu~ inh·n ..'>sses~ t>nl f.u.:e do )htt·rna
)10\lli\'f.I, e a instalação de u1n .i1nplo 1ner,·ado 1111.ano abaslt-e;ido l.."<õcr:'I\ ist'-l, se iUcnti(icava1n f.-'O m os doli graotles p rttprit·tãriu!> r11r;1is.
p1)i :'111'.t'i longínc111n'i. :\. tc·11dl•11c.'.ia i.\ c~p1..cialií"<l\:.io nas n1i11us ~ :\ iudn rp1e fonnulrncolc: H11<iln1 tau\héto procccll S:.c1n os ml'1ohros
1

Í:l\·un 1,:id,1 pel;_i própria ~fctrópole, q ue proíbe u in\tnlaçào d i: cn· J c.s.)u nova ca1unda, na pr&tiC'il, ac.-ull1C'oclo eotrc O.) 'it!llS exct·<li.·nlt:s
g1 uhm 1ir1 rc.:gif10, para e\ it.1r •111e os escru\'OS sej.1111 dt.~\·iados d."\s do meio rural c1uu se co1upuuham de indios., mui.aios, negros liht•rtos
<ali\1,l.tc.lt•s de anhlt·n•~-i'io. e nu·smo foragidos, con,lilt11a1n ao 111(·11mo ten1po 111n esbO~'O de
A ('tn1juga~·Jo de cautos fatôres conll'ihuindo p::im o au1ne11to dn carnnda intcrrr1cdh\ria e 1111'1 gn1po econô1nica1ncnte dcsviuc:ulado
popu l.l~·:lo fixa nos c-entros 1n.1iorcs Y<'io f~1vor'.!cer a c.-011soli<l:1çílo dos objetivo:. u1ni.:; diretos d:i colo11izt1(•úo. Todavi.1., sua a<;üo 11à1l
do 1n~:rc.-ado urbano dêstes e :.. cl.i.'ôtC-ncia de uin.a econorniá urb~1n(1 alc.1U)~'OU grande reJt:,.o, t.M>IS não tioh..un a po.»1hilidade de inlluh·
no <.vnjnnto d.. t:olônia, ã <1ual procur-Jri.un SI?' vin(;ular a agricul· polftic.1 e «..-conô1nica1nentc, 001no grupo, na eYoh.1~·ào elo ·n1crcado
lua·n t11· subsistCnl·iu, o pt><]ueno oon1l-rt·h> e, aindt1 rp1c e1n cscnl.l urbano.
1n0Jc~ta , os ol iciois 1nct-ânicos. Para t';,~fls concli~·ões favorúv<:·is, A vida urhona lnais i11tcnsa, que exigiu m~ds nmplolo serviços
cootl'ih11iu ta1nb~nl á rcduç.io das possibilidade) de importação por dos oficiais meclnicos, em especial paro a arc1uitetur11, <1ue ia <.<Onsti·
po.rte d;i Colônia, derorrenle da queda nos preços do açúcar. Todos tuir o seu C(..-nário, criava as rondiçõcs para o d~cn,·ol\•hnento
oi. f.1tõrt:·s (a,·ort"t.-iom pois a fonnaçiio de- u1n mercado mais arnplo <lêsses 1nes1nos setores da p rodução. A a1nplitudc da traos(otmn~~Jo
parol a pr<1du~:f10 local, ioc:luloiv1: para tis 1nnnufa turns uulis grosseiras foi c:nprtz de justificar. uo c1uc se- rcfc rt aios postos; de dirc~'ólo, a
e os $('f\'iços qoc não po<lerinnl ser hnportados, como as constru· cria.ção dos cursos de arquitetura mililar.
çijt~( :." " ). lniciaram·)e, OC)S3 época. e1n t.1>0Se<Ji.aC1lCia. as medida'\ Com tais esUmuk>s, se maior amplitude não alt;Jnçou a econn·
rc;:Mritivas aos setores de produ~o que ame-.içasse1n o comércio de mia urhana do Brasil, íoi cm <ltx:orrêncJa das rCSlrições impOlilas
si111ilan·s europeu5, prod111.idos cm Portugal ou de lá iinportndos. pela ~·letrópoh.: - que busca\lfl assego1·or para o seu co1nércio os he-
u111a dns n1ais antiga.<; 6 a rroíhiçt'io de fubricar aguurdente, aplicndu neHcios maiores do procelso - e, através <leia, dos país~ europeus
duranh_· nlgum te1npo. 1\a regilo do ltiu de Jaueiro com o ohjeth o produtores de 1nanufatur'.IS. Dessa íonua, 05 rQultados da) ativi·
de ohstar a concorrencia aos ,iJ1lM)S do l\c-ino; a medida provocou o dados produtivas, da agricullura comercial e da mineraç~o no
levau1 .. de 1660 e a deposiçiio de Salvador Corrê• Jo Sá e Benwides. J:h·a:.il, contrihufrfl•ll para o. mnnutençiio e para u dcsenvolvi1ncnto
da t'<:onomia ul'hana dos palse.s europeus. ~1as, a oplicaçJ.o da<i
1nL-<lidas restritivas que .:Ssc processo de eo1onia.ç.1o vinha c:xiglodo.
iaoplica\'a t.'m nÕ\'O acrés<.-imo de ativ1d:i.des urbanas pelos agentes
da colonizaçtio - funcionalismo. comércio e, e111 certos scnlidos o~
108 EVOLUÇÃO t:RU.\NA DO l)JlA~IL
os NÚCLEOS unRANOS 109
gr.nKk.) proprittários rurais - ciue, rom o correr do lernpo, provo~
e01rot1n 111n r(·íôrço do m(.TCado nrbo1no local t: un' encareci1nento segregação em larga c..~laJ ficou caracle-ri1.nd.1 como loc.tl de resi-
do pr0«.,_."º tlc t-"<>loni7.a~o. l..t·nranw·ntc, a n~·:10 de colonização dêncb dos grandes proprietoírios curai~. t·n1 oposi\-.io ao Hecifc
pn·p.1r..1\ a o seu próprio desaparecintt;nlo. mt'f'C.Jntil; rescrvararn-se lõc.las as aparÇnciR\ do 1MXkr ã pri111cir.1, e
,.i,.) 1\0\ ª' n·l.1~'Õt'S l'COOÕmic.1:, e soc:in1s <1ue se estabel...-eeram na íoi-.sc à guerra p;1ra e\'itar a valori7aç-Jo do Rc"Cifc, m:1!> .!~te ton 1ou-
<..:olõ111a. por íórç.-. de: S:uJ;.S lrllô'>ÍOnna~<)t..s e c.l;.1 t'\'oln~·üo do pro- so c;id;i. vez 1nais irnporlante. En1 Snhador, ns árca.s da c.:itladc alta..
... ~'º llc tulo11i.1~~lo, i1nplicaroro H.l 1n11d.111~a lk>) p~•p~·is dcscmpe· cm tômo aos ediííc.:io::. p(1blioos, íornrn otup.uJas tun1J,C:·111 pelos
H11;1du) pelos gr;.111tlc:. proprict.ll'ios rurni~. A 111aiur pürtl;! dos ónu.s da Kr,1n<lcs proprietários que .,li <:011str11ira1n suu:t rcsi<lt'.-11<.:i.is. alg111nas
pulíli"n <lc.· centrali2açâ<) foi suport11d,l [lOr c•s..,a l :.ln1ada, c.lnt• s<.: v iu clt·las com n1aior apuro nrquilt:tõnic:n du qnt: o p.tl;.itio do prcJprio
\ x<-•l11f<la cio (--Vtnércjo) on1·r:ic.l1 pc-lo Íi'>CO I.! pl'l:is restrições dos gôvern:tdor. Certos exe1npl.1rc:. C'hcgnra111 a 1>11tt•11lar hJ;.1SÕL'S de
llh)ll(Jpàlio:-. e suh111clida poll tiC•\1f1e111t: pcl;1 h 111'ô(·r1H·ia da Coroa("-"tltt) , nn nrts, 1t1:1s, acontccin das i11sfgnias scrcni u<lqu iridas apó:. a co 1111 .
\ in,1:1h1~·.io de~sa politi<«1 não se: f~z $t•1n lulas t.· a hislória dos lru\:âu dos sobrados. DCssu cscp1e1r.n de sc:p:nuc;tio, co11i.tav11 a Joc:n-
~ 011l litc 1.-: Jn;.trc ·a todo o pi·ríodo •J•ll' 1n1·ch·i11 t·11lrt: o M.:u início e li liznçâo tio C..'Qn1ércio na c-idr1de·baixn. q1u: 11alll'it1.
111u11 n 11lo i·111 1111<; i11tcrrnr11pe1nos n<J1o:.1l1' ohst•r\rtÇÕe1', na segunda As fJÍinn:i~:ões de poclc.r dos grande~ JU'Opdclárivs r11rois con·
•1t'·t.,1da do séc:-ulo X\'l ll. ccnlrava1n-s.e sôhrc os setores 01tra\'és do~ 'JUOis tivi.·ssl'm t:Ofitalos
I~ Ht'))3 orc.J e1n d..: c:onflitos ( lllí' !lt' inM·r1..·n1 a revolta de Bar· <.'Cln1 <.> inundo exterior, <..'Onlo as Íat'hndns e salões dos 11ohn1dos, as:
h.l1ho c111 1660. no lho <11.: Ja11ei10( ::1.. ), a rC\'Olta di: Bcck111a11, 1Jo '"ª$ entradas e, no plano ptssoal, tii ' 'cstinl\:lllas, os Ci.J\'otlos ou seus
~J,1rJ.nhâo. c-01 16S-t, as rc,·ollas mint·iras d~ )t:gunda déc.ada do npctrecl1os; a aparência d e vida senhorial t·r.i dtt<la sobretudo pela
~~-.·uh.> X\'111, e a Gtt(."fl'a dos ~lot)('atl"S, t·rn 170'J. E)ta última oslt•nlaçâ.o do número de escra,·ot de sc·niço ix-ssoal. i\J realidade.
h .·111 }lõ•ra uós esptcial interêsst:, \'i)to (111c 1x.·Lt pruneira ,·ez uma crioaJ.i.gcm e n1ãl)-{)c~ra de cc:uu.trnc,."Ck-s oculla\J.tn 111n;a situação
c..1111.nl.1 11rh;1na, claram1..·nlc dcfi11id.1, to1n.l 1xirte c-111 u111 cooflito de criw, pois absor\ ia.1n o tempo útil eh• urn~• cscra\'nria, antes
)Oc:i.i.I t'On1 rt•i,;mli<..".'t\.'ÔC) ptópria.:i.( : 11) . crnpregac.IJ na la\"oura de exportJ\iio.
Tódt1~ essas Jutas foram hàbilm1·nh: domin:id•l~ pela ~letrópole Nw ceotr()$ menores, as relações <.'COndiníca~ lk·nnan~erarn c1n
e·, dt'''ª ép<>t-a cm <liant1..-. fixatn·S<' os Uô\OS t~nnos do <1uadro princípio as 1nesn1as, pois não se altcrarom os 1r1e<:a11i~n1os e J)ÜO
políti(:o. Não 11c d ii.cnte rt'lai~ a ap licaç~n do ccntr:.Lizáção e estão chegou a se organizar a c.."<:onomin urhana. Na dblrihniç.50 do
rn.tduras as condições para a instalaç.lo ele umt1 política urbanizador3 poder, ~ntrcta11to> operou-se un1t\ mudança hnporlunlc, pl)iS n ccn-
c..lt; lo11go ttlc;tn<·e. trnll~.a~·uo cresce11te colocou os podCres nas mãos da pe<.jucnn buro-
Li1nUad,, ern suas an1bições. conl rolllclu politicnmcntc, a camada craci:l ogora profissional 0 11 c..'8trc:itamcr)lê controlndn pelo poth:r
do~ grandes proprietários, buscou, nndt:1s vC1.cs1 ÍOl'lnns de afirma· <:cnlrn l, eo1 deldrncnto da prilnitiva posic_.~lo dos scnhor<'s de terra.
~·:io ~iinlx'>lica, dc..·scnvolvcndo con'lpOrl.'ln1tntoi. de sentido cstan1cntal, .C-onscrvaram·se como relevantes as ntivfdndcs 1Jolílico·ad1ninis-
de r11vlt1c :t ufirn1ar o caráter aristocn11lico de seus eomponcntcs, lTQhvns dos centros urbanos, 1n11s íoi alterada a fonna pcl:• qual se es-
<.>•:ulhludo a base mercantil de suas a tividadi.'S e J c seu passado tabelecem as conexões funcionais cr)ll'O os proptiétárJos rurais 0
rl'c..1•nh\ as:.im oomo as condi~-õcs plt·béias de ~ua origem. i\os anos núclt.'O e o sj.stema social global. ou 1nelhor diLendo, n1odificou·s~ o
M:guiutes, apan...-ccriam di\'CTsa::. obrJ.s sôbre genealogia. exaltando M..,1titlo, o significado dessas conexões. Elas persi)IC:nl ooino mecanis·
O) troncos f.u11iliarcs de cada n•gilo. ~o terreno da arquitetura, rnos de vinculaçi'io da camada senhori!ll, branca - incluindo agora ne-
port:m, as manifestações de graodM.a for01.m nlais claras. Ern Per- cessàrian1e11te o funcionalismo, os mineradores e, ern certos casos,
nounbuco. a cjdade de Olinda. sL-dt· do govCmo. csn um caso de o cotnércio - corn o uni""erso da ~lctrópole. Agora~ porl'ln, fundo~
nam também ao contrário: a Coroa procuro reunir a ..populaçjo
( JU'J J "••11«-..Q. afiÚ k1ll • • .wJtrido amplo.
• ..,.... ••li•• pou
o.- .....,.~ •
9'1fiotiiootnclo p!lll1U:·
' " p.uvs -*-'I lM,....tancn d.tt llli~ulMiH ü,;k " dwfcs -bl.-n.. ttllllw.Nlli·
di~pcr~a pclo.s campos'"' paro suluní-tc)·la a S<'tl contrôle polítiL'().
...,..s
' "'' • "~,....., e fcirt;J.,uondo f t ) -..t ..nk• nd1ni11i}trnti\ o e fiscal, vincul~nclo..:i., no incsnlO u.•nllX>• ;1os p.1drõc.s
1210, f.u.:... ,... Or. J~ - ap.,. ('". p.i.; 50:2
12l l 1 Ft1.o.l)f), l;a.il) da Si(;:a - Op1J.t ''', p.ic .18
cuhur111) mc;:tropolitanos. ls.so íoi rn.ds s«n)f\'l'I no dcl."Orrcr do
século x ·v111. <loando se chegou a detcnninar no1ne:t ;).s vila.s, idên·
J JO E\"OLUÇÃO lJHRANA DO lll\ASIL OS NÚCLEOS UllllANOS 111
lil'<JS .1os de Porlugal, <-' detfrmioar atf n1t•.1>1l10 os non\eS ele ruas~ 1noradas urban.'\S de grande luxo c>u <lc.· edificações pata renda; no
p.1r.1 'ubstituir ou impt'<.lir o uso de 1101nt·s intlíg<.Tias.. Os ..bt."tl'i cun1prir11culo dr st-'US programas nuh a1nhiciOSCh, o go' C:rno por-
dt· \ icl.t :.1gura ~ <-'Oll\'t:rSa\'t 1.. tornam-)e .súhitam<.."flle "'siguros.. e tugui-s provoc"Ou um surto de C(UtSlru~'Õl'S oht-Wi>. J:~rirnulidos p<"k•
fH.'<-'tS~i~ hunbém para a política da ~letrópole. A maior 1naturi- )urg1mento de novas camadas. ()): núch.'<J) Cfl"SCC111 r moclifica1n
d.1d1· dJ. Culc:inia e a cxistt"ucia dl" uma din'1mica própria de sm ~11.1 nparencia.
t't'C1non1i,1 foram suf1cit:ntes para incl111ir a Coroa o perceber no
A difereuça principal, porêm, tnlve-1. rt.~idi.s)e nas "º"'ª~ fonna-~
t:(1l1>1n) o principal ag<.:ntc.' dr cola11i.taç.io - cio$ $\.'US intcrc.'._~sé) por· d~ utiliznç~uo das po\'oações. O ót.io urh;.1110 nus centros do liton•1
tanto - t:n1 face do 1111nulo cnloniul e pro<'urar lsthnular ess.a idcn~ e n seguir nas minas, provocn\'a u cunvl•r.s", a trol-:• <lc idêia.s, o
1iíu;.1çi10 <:011dicionancl1) para is:.o o )t;tt c:ir1uc1111.1 d<.· colonizaçiio.
rc_•íinan)cnto arthti<.:o e pode-se afirrnnr conl scgurnuÇ•i, qtte d:itat'ü
A cs:-.a no\'a per$pc·t·tiv;.1 <·orresponclc11 a política urba11izodora aliva, c:h~llSc.·s h;1npos a.s pritncirtts n)anifestüÇ41C!I de orlginalidad1· 11as arte~
c:o1no l'orinn dC' routn\le nfio 1nais do" ind1os, c1uc deixnra1r1 de si:r do Brasil. Scnl..:~su o apal'ecirnt~nto de Hft'll\ c111t111'\t locul e L'0111prL'-
º' "hru.sb", 1nas dos color10.1; OH's1n1>, do!'I hl'nSill'iros, estahelecentlo· 1•nclt:-se a preoc:upaçl-'io de a fifl)laçào tcic11 k·o e <:ultul'al d,, ~Ietrópo)(',
'<' p;trt1 o Hl':l.!>il, Jt·nta1nenlc, a politi{'n dos pnfses ocup.idos [Xlr
que S<' n1unifesta pela nova dimensiio cios c<llfft'ios pt'ihlic.."OS e pela
l')lr.tugriros.
políHca J c urhanizaçüo, pois <rue ela lt,:ría •t1 11: enfrentar, durante
A lltluaçiio do grande proprietiirio rurn l, porém, era de ambiva- lb.fte sL-culo X\1111 u1n pc"l\'0 que n.tSt.•i,1, (ili«! se 01a1iifc.,laria nà
Jt•11ti.1. poill idtntific::ava-se {'Om a ~ lelr6pole. •·1U.JlH\nto htanco e 111l1)ic;1, na escultura, na arc1uitt.-tura e nus ICll'JS, l<--ria qut: enfrerllar
:.•·11l1ur e co1no ag1..-nte da econornia dl' tipo colonial, l'Dl face dos Aleijõ>.dinlio e ~festre Valenlim. A i'ssc )Orlo de c;:ulh1ra local cor·
t:~·r.l.\V) e .1gora inclnsi,·e em lare do~ 1n:.·\li('O) da ca1nada inter- "-~J>ondtu, <.uta1ntnte, nos centros urh."lnOS prinli(>aio;, a pn·ocu~­
111t•d1.Íri;11 mas 11ão tKXI~ dc·1.xar de '"° opor ;i rnt.)tna. trn fare da çlo de rontrôlc da lransforma\lO e,p.·u·i.d p·h~ órg.iiCh 1noni<:ipa.is.
c.·1:ncr.1lil'.a\·~: luta\"a '-"OOln as conse:.1111t-·t1<--1'.l!t, ma5 não conlra o ConlQ "'-"remos, à 1nedi<la que se inten)iíic.; a \ritb url>a11a, hu~cam-sc
)1\(t.'IUà. meios rnai~ adt-quados e L"ITl caráter pt.r1nanencc }X'ra oooferír ao
O dest't1\'0l\'imento do rncrcado urbano determinou, pois, 3. <.'OnJunto url>3no as condições de,,~ um <:t:n.irio COll\'c rn('nte para a
,ub.!tCit11i\:f10 do \'elho e elcm€ntnr e,c111tmn Jc._· ~stratifica~t.1o social t:i' ili:t3\"lio <1ue se pretende reprEseruar.
do~ <:tntros urbanos, por um nóvo e 1nilh C'01nplcxo, coo\ suíiciente No iuícjo d.a terccir;j década do século X\1111, a rCdc urbana
dh l.'r>iÍica"J:i<> de interês.ses paro. engendrnr os llCU~ próprios cooílitos hrnsilcina já :tdquirira, ern grnu consider&vc), 111t1u Jí11àn1ica própria:
t prCJvocnr o aparcci1nento dt: 1un nl1ir11.·ro 1urpreende1He de asso- :icrn pelo a111nc11to da produção export(1vel, scjn pela ãn1p)hiç50 das
<.it1\'iil'.1;, como ali <.:Orpor~1ções e as ordt:!l'i f(.•rcciras, c1uc sob as várias culturas de suhsistên<.:ia, a rêde urhn11n MJfrc tuna consta11te an1plia·
h1vo<.·OÇ<11:s religiosas, reuniam cm seus quadl'OS ns -J ifcr(!ntes cama- ç.lo q110.11Litativa. As novas condi~'Ões dos sislc:inas de produção
dus sociais. El!)ltS organizações rcf11!ll•1n a c:rt.SCt·olt.: cOn)plexidade fnvorccc1n, porém, uma tra11sfonnn~·~o qunlltntiva, de importâncht,
du vidn oessc:s centros e d e sua «·:ilrulificu\·3o :i.ocial, 1:1brigaodo no n1ercado urbano, estimulando-o de tnl funnn 1 que a Coroa terá
grupos e ca1nac.las, para reaJiz.arc1n suas fu11~Vcs, dentro dos li1nites c.1uu empregar o rnáximo de seus esforços p nra conseguir a traus-
(•,tabt·Jecidos l)el,ts Ordenações. fc·rência da n1ajOr parcela pos.sível dêsscs cfult.os· pára o n1erca<lu
Com tais condições é oatural <1ue a vida urbana dos centro.; n1c.tropolitano. A vjda nos pdncipais centros hrasiJeiros adquire
1n;dores ap.n..~ntasse_, a partir de» 1ntadoi. elo século X'V ll, uma uma nova escala e a urbani~.açlo, na Colônia, suficiente ";taJidade
1ro111)fcnnilçâo de profundidade, tiue 1l0dc str entendida (.'Orno uma para justificar o emprêgo que nessa época se iniciava de padrões
110\;1 <.'SC'Jla. Uma sbnples a1npliação de popul01\.lo, co1no a que
nrba.n,sticos mais cle\11dos.
""'"'" por exemplo, no Recónrarn da ll.lhia, d" 10 000 para 20.000
h;.1lnt.111h.~. é insuficitnh: para explicar uuua lransíonoa\t.10 de escala.
<1ue <lc\C !tt'r vista como COnM."ffUênci.1 de um3 transforrnaçâo estru-
cural. De rato, DeSS3 .época. c_...,tim11l.1dos JK>f r;i~ÕCS et.'(inÔmica\,
oo; 'lt·nliores de terra utilizaran\ seu.; cserfi\'O'i ua construção de
OllG,,NJZ~ÇÃO nos CEN'fllOS UllUANOS 113
C ,\PÍTULO II nova ;,Írc;.1 de rocio melhor Jocaliztlda. Dentro dela fazia con ccssõc~.
d onva prttzos Ofldc os 1noradorc·s p1u]c'.$.'\c1n faz<·r quintal e bcnfcilo~
ri as''( ~ 1 '; ) . Para facilitar e ton'lar 1nais prcciso.s o.s trnballu>s de
A organização espacial de1narca~:t10; soUcif~va o procurador do coucc lho Gonçalo ~1a<le i 1·n
dos centros urbanos à Câ1nal'a, crn 1590, fJU C f10n1<:alost: dois h•>ml·n.s que "particc1n ;,\S
terras e tenno porc1unnto havia 1nuitas d iffereuça.s e lh'1vidas 1~
<Jué•tõcs" ("lõ) .
1 - Cn.:sv;i111ento doír 11ticlcos.
T'a 1nhé1n c1n Sal\'ador, "dav:l n (~a1nar:l, deutro do Sl'll t(:rn10, as
2 - 1!:1.-nu;uttu tfrr (lrg1n1i:itçõo r.$1mcial.
terras crn fôro, ou concedia pequenas se-s1narias a q11t·11'1, id<111C('•
A) Sihwç-;io lh'as requeria. Dentro da cidade, con10 no <:a1npo, era de sua ()rt.1cr11
8) Sí1i<> e Reghnento não a.s conccdcr sen\ as botar enl praça a quc111 rnai'i
C ) 0 tr:e\;'ldO: d é!>So no forn1a de On.lcnaç5o. O rcqucrcntc, todavia. co1n ~tllcgar
a) Hcg11J.uid1lJcs de 1r:i(:ndo; b) Huus e praças; e) se•·viços ao ~:stado ~ o aprovc itarr1ento do c)15o de que ·n..'Sulh1ri,,
C)u;_ldn1s e lotes.
aug1nento e on1ato da cidade' obtinha :t preferência e se tornava
D ) l};tÍltl)S e 'l01leanu:nto foreiro ou ses1neiro do ~funicipio coufonne ns circ111nsta11cias. ( Ã;n.
E ) Con; truçõcs: eedia as.-si1u a Camará o l'l(io dc\'oluto, Of"d co111 o onus do fõro
«) Pa rtiç,1l:u·e~ du rcsidt\O(.'ia e tr.1h:i)hn: b) Ofi<:i:l iS;
perpetuo, o que então el'a con1rttu1n intra rnuros. 01.1, se o c:hão
e ) Ue!ligiosas. ficava e1n a lgu1n a rrab;1 lde n1ai.s distilntc, co1no <lata, sern fúro
1l<~n1 trihnto algurn, para scrnprc, ak:1u <lo <.lizin10 a Deus do que o
dito c·hão produzisse".
1 - Crescimento dos niícleos "Da do o terreno por Carta de Ses1naria dt; que.: se fazht regislro
crn livro c.spc.:cial, o Tabcllião da Cidade daV<\ a poli.se dcllc ao
As cidades e vil;:es eranl c riadas co111 h':nno e d otadas de rossio. concessiooario. c:orn as forn1alidac1c:.-s todas da lei, tonH1ndo a êstc-
As c;.1r tas <lc doaçf10 <laí> capitanias de<'.'.Jarav:un que os donatários pela 1n<io, andando a passeiar pelo sohredito terreno de ·-.11na pnrtc
podc1i nn1 cdar povoa~-Oes, ..fts quaes se cha111aran1 "\:ilias e teram para ot1lr;,1.• to1nando a terra e alguns ra1nos que nc lla haviíl e p<:r·
tcnno e jurisdiç.arn lyherdades e jnsillj;.1s de vi1l:1s segundo foro <.~ gunta ndo el'n a ltas vo~es1 on1á, <lu~1s1 três e 1nais vêzes se havia
oosturn~ de lneus Reynos"(!:l:!). O túl'rno era o território munici- a lgu1na pessoa ou pessôas que a hl l pos..~ c contradisst..-sse, e por não
paJ(:?l::}. O rossio era uma parcela do tCrcno demarc;;ida junto aos haver <.."i>lltradi~~o, d ava n1or 1nettido na posse do tcrreoo o t•oncc~­
1u'1clcos nrl>aoos. utilizada para atender ao crescin1ento das forn1a· sionario, e disso Javn\va 111n tt rmo que e.stc con1 as tesle1n11nhas
ções urbanas. para pastagens de animais de uso dos 1noradores e ~tssignavam junt<unente com o ir1esn\O ·rabellião Pli.blic.:o do Judicial
p<\ra o recolhirncnto de lenha por parte das pessoas de condição o Not<ls'' ("•).
r·nais h11 1ni ld~. E1n São Paulo "desde os primeiros al\OS empenhou.se Aos donatários e ra pennitida a criação de vilas ao longo da
a Ci\1nara c1n de1narcar o seu rocio. Já crn t571 realizo.l va tal aspi~ OOSh\ e dos rios que se navegava, com qualqi.ter dist~ncia ca~r.;
ração. Doou.lhe o donatá rio ao seu derredor tnn raio de posse eJa.s, porém "que por dentro da terra fyrn1e pelo scrtã1n as na1n
del\tro do alcanc.e d e cinco tiros de besta"(Z 14 ) , .. para dadas, para poderatn f~zer cncnos espa\:O de st.i·s lego~•s de huã a outra pe:ra que
casas e quintaes, o rocio do concelho, t para tudo aquiJlo de que se posan\ ficar ao rnenos t ro.s lc-goas de terra <le termo a cada huã
o povo tivesse necessidadu"( :!t:t). ··~ta) satisfeita, obt<:vc, em 1598, das ditas villas e ao te1npo qoc se fizerem as tais villus ou cada
huã dellas lhe lyrnytara1n e asyuararn logo tenno pera eJlas e

(2 16) To\VN'AY. AíforuQ dt E. - lll#ótiil d4 C1d11d;: de Sdo 1'<m1o, 1\6g. l7.


(!? 17 J T ,Hll'Co\Y, Affon~ <le J?. - Sdo f'c1tf(I nrn P1imi:<rot A•uu» .. . , 1l<ii;. JCH.
( 2 11:1) S,ou••lo, ThcOOt1ro - O,"'t i::t., piig. ~ 1 2.
IH &VOLCÇÃO URBANA 00 111\ASIL
ORCANIZAÇÃO DOS CF.NTROS VllDANOS J 15
. ,.
depois nam podemm ti• l«rra •1uc asy tiverem dndo ptt termo fazer
mais outra \Ílla S<'tn rnynna •.ceoça"{•") . - ·- ~ .
S:i.lvador tt•ria í\r<-a ele rna1ores dimensoes. como tcnno detcrm.1-
.
tos, contudo, tendiam a d~parecer, semprt• (IU'-· l1kse ~i,·el ao.:.
rr.oraclores tnoontr.tr unia forma de cvitó.lc)3( nt ): norinalmente
nado exprcssa1nentc p•...lo Rt-gimento <le_1'onH~ do Souu11, pois que eratu mínimos. E1n S.lo Paulo. "a J de O<.:tuhro ele 1598 obtinha
''nlinh~1 lco~:no hc cpu· a dila pouação se1a tal co.mo ;1~r.ts fica decra-
Diogo do Larn 25 l>ràça.s tle quadra mtclínnti.: n p~o1nes.sa de p ag.1-
rado c·y por ben1 que 1.:ln tenha de terr;io e le1n1t; ~c1.~ legu~as pe~a ou;nto do fóro nnnoul de vinte reis; }. figut•I Uc Ahnc ida, esse na
c:ada parte e sc1ndo cnso c1ue per ~lllguo parto nuo OJn ns ditas se:s 1nesn1a épot:n, por u){tior a1·en, fóra da villn, dou:. vi11tt:11s . JJavia
lcguoas por 11:i o íl\'cr t.11ntu . tern1 c!•<!g'.'ª"ª o d~to tcrino a tee º.'n~e porérn <-'<>llC'C"SSÕt'S '.sc1n fõro fu:m peo.s:lo a lg 111u11' pngaudo son11.-11t1:
<:h1;·guarem as terras da d1tu. l<ap1tanu1 o qual tcnno nlandare1s o <:01lc(·~sio11ário o di;-iJno ... "( :."T;; )_ Con1111u urn aiud,l a 1·xigCnci:l
t1t·mar11uar de maneira ((UC r u) todo tempo se posa ~·11,.:r por onde de se fazer ht•11(c-ftoria:. ( ;..':..
. ) nas rerras ' :Ollt'<-'t.11das. À ép<K-a da
pa11c"("")- . • fundação da tidJdc de.: Sahador reco1ncnda\.I o Hf.-giint·nto :i To1oé
Urna \'ez solit:itadas •U: doações. as terras ernm d15tnhufdas pela.ç c.lc Sou/.a_ que, ". . . h:rr.ts c.lareis lh·mntntc M.:111 foro allguul
Cànlar.IS, sob 3 Íorma de )Qh_•S U:l parte urbana prõprinroC:ll.le dita, soomeotc pagu:u;lo o di.1:i1no aa orclern de 110~> St·nhor llM."Su (;llristo
hto é. na l"'_1rtc eçntrnl, <• nas áreas extr.•·nuiro~ ou mai3 aía.stad~s, e com as c:oncli~'Ôí'> e o1Jrigaçõe5 do (foral ducJu a;15 djlas terras e
.soh a forml d4.: p(''l"eua41 ses1oarias, que irian1 dar ?rigi·1n à íor1oaçao de rninha ordtn.aç;1o no c1uo1rto Jl\rro titulo d;.1:. :.t·:.n1urius <.'OO\ (•(>r1..
de chúearas ,. t)t las r1uais teriam e:tpeciul íntercsse os con~e~tos. dição <[UC re,iclu na p<1voaçào da d ila 13ahi,l 011 cl:c, h:rr.ls c1ue llu,:
:'\a Bahia, oos fi ns do prhn1.:íro s4'.:c:ulo, "ja os rnonges bcncd1ctin1)s .1sr ffon·n1 d.1dns trcs auos dc·mtro do qunl 1t: n1po oi. 11Uo as po<lcraa
j,un edificando o ~•·11 1n<JSleiro, eol terras que lh e:~ C('t)(;u n Cnn1ara, vc:mder nen1 cr1lh('ur ••• "(:?:.:; t~ ::'!'...<i}. Era1Y1 frL·c,1ic.:11h.·s. por1!1n. O.)
110 sitio -c1n quo f·Stí1vt1 n cnnida de S. S1:l 1~.stli\~, nc<:rescidas d~s casú~ de a h;uldono eh; lcrrn e, C'o1110 C'OnSL"<tiiCncJa, n.s Ct'i11111ras 1nau-
•iiu: houvc~ra1n, tXtr c-ornpra do Condci:.t~hn'! F ~a1\Ca~~ Afíonso. arb~ davnnt proc.·etl(•r, 1nuilus vl~..:cs. a nn1 IC\':l11tn1ne1)lO dos títuJos 1:-
fh1.:ito"(~ 1 ) . O 1nosttiro do Jlio de Jaue-1ro s<:n:i cd1f1cado em ter~as posses(::::u). Em outro' co.1sos, as terras d:i C.in1.1ra cra111 po.!ola.s en1
ha\·id.i.s em 15S6, ou pouc.'O depois, por doaç-J.o dr ~lonucl Jc; Bnto 11..-ilão, par;1 n nblc.·n~'io d e íundos{:.-.SI>).
c.I•~ l.ac."M"Ja, :u quais con.st1tuiam SC!>"m3till d esde 2 de setembro Co1n o deoorrcr do limpo, aumentam a) ~olicitaçõcs. St."gundo
de 1573 e il'K'luíam todo o ~lorro de s:.o Bento l' J>:•rtc do )Jorro infonna Affonso de Taunay, ern S.:io Paulo, no fu&al \lo prfrnciro
do Concriç-:io{"'). . ~o. mulliplit.'am·se b concei$Õe$, marcando-)e, 1>0rl1n, 1110 prazo
E..,~as c hflcarai; constituíram ns prime-iraJ propriedades rura1s geralmente ele quatro a seis n1es~ para o con~)1onó.rio, sob 1x:na
crn tôruo <los ct·utros mais anHgos e .,;ram muitas ~·t?zc.s o~jelo de de caducidade cLl n1crct!, ínit·iar a cdifica\·üo dn ta.sa(:.-:i 1). ~las,
doação para a constn1çüo ele ermjdas e convent~si 1unclu :1ss,.im'. c-he- oo O)f':SOlO tcn1po 1 corn as dcfk:ifnc:ias do i.isterna c.l c d is tribuição,
gara1n até nós nlguns Joc.:u1nentos con)probat6nos Jn ex1stcncta de
outras propriedades do gCucro. alé1n dos que forn1n doadas para (i24 ) Sflh1e ~' p;ar.on••nlu dõ.1 fortn na RaM<1, ,.rr S"~ll',UO 1'114'<111111() - Opi.J cif.
rAg. 211. N(l Rio <111 111wltu lllt1rí1111i>Am-$t< t('n1---oos l11ro<iq ,, ) 1\(1 f(IU'lrut.. 11r1\di0 q~
fins religiosos(:i:i:1). • . .. o .P11s:imN1Ct> du~ í1w<1t dut p1un~lHll $<'li• lt1:rpenso •1X., ' d~t1111lçllo tJUJ 11rcp;h·c:s da
Cim11f11, qu.an.'6 li~ ln-',uit.n lr11111>«•111 •h> t<t1m~ do *6e.1lo X\' IH Vt•f tamhi1n - F..u.i::so...
Às d oaçúts correspondiam algumas formas d e obngaçao. A º'·
• 1 JOlé
1 {, \'fo1111 - ºP"'
d r., p(p;. J ..7 li l!l-3 ' Cc:Mll.4<;\', VIY11lcfo• - º""'
cél., rit.. t 7 i
màis l'Omum era o p:agiunento de foros às C.:A1nara.J. tsscs: pagamen- ( 21"...5 } T'" V!ll'AY, ""°"- tk e. - o,.. til., pi.ç..
( 2!6} T•u..Y. All.,.., d• lt - o,.._, cil•• pig. 105
104.

IU7) o... ._ Ca.$oi \tana-. • .uttu - O,., at-. 3.• Wlll.,, p6.J. Ut.
(U.SJ V" t-W... $4J.tPAIO, ~ - 0,.... t'it • N. !IJ1
'"Ain hdrft d&~"""- ih Jnui ..._llW'J
IMnlll.t .. p11ujl ~ ..._ Cífkp llW Cidao:ko ~ ttnU. i hi'r dr
o C-~ TO!lllf . . ~ F •
*"''• '"' ••
~ C(lff°
fi(:w..,. • lllnn. d• '"""•· • Ml"t'm d,,. ~ ald""' de IM•tM q. . fw~.. R 1 pcl•, •lttU11$
do l.tii.ut Call>'ilr!.o,. lloji0 do C11n11on. ,,.,.,u ~ tMnw.llil., 'I'~ '~"•"' 11.1 i'l'IÍA-, no pos:ito
t:in qu, tU;1. wfnnu (IJlfl o P11l11<io do An:drUpo. ~trt'nd.o 110 l""I" 1tl!llu ati t-m h lh'ICC'
A 511-fSil'.l'ltot d11 9;il~• ®' 11!1111Mtin:11, v, p.lf'll "cn1ri>, 11ma lt'Jii>ll "" d!l\'(~no dq n11.JC1'11W.
Em ~•t11 de .'I d .. Julho ile 135\,1, o Pt1o!•I' N<1brl'J(A, díriJPnd<1•1ç 11n 1·~·Ú<l•l!rn.1d1.r, lho:
f <:Ío·•O:' comei ~ Plll'il"t' •t 1111md\1'11 ~UU.i> nll'dír " d('nur~111",
l2:?9) A'rAll tu C.h,14114 llC S.to r"vi.I) - º•"""
Mt ., \ '(li , Jll, '''~· 42:.I.
<2.:10) T.r.t'H4V, Affoo,g d11 t). - Opoq Cit.• JllÍJ[, !03,
(231) TA\');.r.v, Allv1u1> (t, &. - 011111 d !., piig. 103,
116 EYOL\JÇÂ<) URDANi\ 1)() lHlA ';IL
ORCANIZAÇÃO 00~ CENTllOS IJltBANOS 117
ccunc.•c,-.1m ..a surgir as <p1estões de dj"i~) e o litígio de terras. A
d~:111nili.1~~'\o tl.1~ cona.>ssões íeit-as a trou~e mooxc, produl'irarn deule pelo-t acidenttt naturais. Alsim, n~ prhneiros anoç tle exish.~cia~ o
os prirntircs annos a maior bJlbnrtlia .. .''(:S:). Essas seriam as Hio de J.l.nciro estaria: ronticlo l:H.:los firt-ulcs txíguos do 1norro ern que
('Ondtc,,iK's de tn·.scimcnto cin todos os centros urb.1nos da Colônia; fõrJ. instalado. Em segoida~ ap6s ~• iua tr.1nsfrn.'flc~ p:u·a a bai.u<la,
'\(_ºu:it> t..'()111l1r.dnun a conflitos de maior gra' idade, trn\ sido pc..--lo flcarin mais ou menos wntornado por me>rroi, IJgos., brejos e-, mais
1x-.11h.. 1\0 , ·3)or que aJcanç:.'''a1n os inlÓ\t·i~ naqu1.:lcs ten1pos. tard~, .pela P3;rtc: Je trás, 1x·Ja 'ª'ª t~ue dn·n.&'a a 1."1goa dt: Santo
,\ ') C:;\maras <"n(~nlraVilTll fónnn)as dl\'l'f).US p.IT:l estimu)ar 35 Antonio 1\ cidade do Salviu.lor, ni.o.rntadn M)hre n t'Õlin;:i, c·11con·
c1>11\IJ 11Çtj.1·~ u rh:in:ls e proo10,·cr o t'fl.Scilnc.·nto d.as vilas e cidades. tr:lri.t dificuldade pnra ullr:.ipassnr 11' g.ro101 e rihant:•·iraío , ue êl
C'OllfUTl1a\ an1(::;i;. ) .
1
No llio c.IL" J:u1ciro "p~lra o de.slocan1t•nto urbn11u 1 lnna <ln.s ~lusas
pl'hH.:ipuis há de .se encontrar na dc~lcnniuu\·ílo tl1· Snl\'::uJor Con·Cn. Obstâculos nlais sérios, porê1n, «r:un n~ prc1uenas scs111nrias-
ct(' S1'1 Cjll(\ 110 propó:tito r.lí' Pº' º:u· 1·Upidn11)CHlO n cidade í JUC gove:r- co11<~l·tlidas na fase inici:•J. que funcio11avnn1 1 utó cc:1·to ponlo, coino
nnv:1, i·u11t·c·d1:11 '.st·1n 11enh1un outro 61'1us·. criando rtssi1n, conio lot«HS c1c prod11ç-Jo de abash'!t:in1t.:nlo paru os h:ibítar1tc·;;, Nelas, as
olist..·1·1,1nva Tlnddúck Lobo, e 1n tôda suu plcnitudu, o d ireito do priutó t'Onslruçõí's rnais iinportoutes t:rr11n os <·onvcnl<1,'\. os q unis pràtica·
t·,111il·11s"(:::1 ,~) . No niesnio sentido podc·n1 :tl'r i1ltf:rprc·tados 08 c·sfor- rllCnlc co1Hornavarn, COll) !\Uas proprh·dadc:t, n 11ln.i(1ria dos <:entro.;;
~'l)'I ela (;;im.1ru <lc São Prn1lo pa rsJ prornO\'cr constn11tcs revisões nas 11 r!lOt10'\. Polo volu1nt; ele sua.s <'Onstn1~V1.'S, p1·lo clcstA'lllC que pos-
doaÇ(k·~. de 1nodo a itnpl·dir que as tl'rl':1) Sl' t·on~l'r":''Sl'tn nas mãos i•11.11n nnquelt-s centros, l'Xtluiarn <JU.tlctth·r pos.sihílidadc de <le-ruo-
<lo' ht 11c·filhirios, st•m c,_'()ni.tnu;õt:~. liç.1o. constih 1indo porr:1nto vL·r<l;1deiras b.1rrcira.J .ao crt.'S('iffi<-nto.
\'e.se. portanto, que os moc•1ni~n1~ do creschnento dos c..-entros Em tôrno do Rio de Jauciro acornoda\'.l1n·.se os con,·eolos nos
urh;inos t.'fatn t1uasc clcmentart.~ fu11ciono1udo )Ohrclutlo COnlO cs.li· morros aos quais deixarum os noml'-S: S:.o Jknto, Santo Auhlnio e
n111lo aos t.'5Íorços urbaniz.adores J<b c..'Olooos e a.peno.s de forma dis- Sonla Tm=. No )Jorro do Casldo ficam o •dha Igreja de Sõo
<.n:to1, propici:ando JS con<liç{)CS par.i un1 contrôle dcSSe cresci1nento. Sc·b.milo e o Coll-gio dos Je>wtas. /\J plonície fk:iva o Conn"lllo
E1n lios do s&ulo Ã'\'11 os mec-.1.01smus Jc creschnento de vilas do C:1nno, com un\ amplo quinl;.1), e a ela chcgJ\'3111 també111 a.s
e cldo•des conserva\'3.m-sc, cm Sf..-"\lS fondamcnlO), l"ÕlllO havia1n ~iclo propnedades de conve11tost ron10 S!io Dento e Santo .-.11tõnio, que
hc.·rd.ldos da organiz;ação muait.1pal portugu~\~a. o) cc~ntros, poré1n. só aos pout'Os foram sendo cortadas pelas ruas.
<'01nt.·\·avan> a so(rer as prime-iras d ificu1dodcs c1n suo expansão. E1n J)h-posição scn1elhaotc, ocupando pontos de c::vidl:neia, 1norros
t10\'t·1nbro de 1672, a Cà1nara dt! Salv~tdor considerava que ··Esta e sa.ídas, teriarn as igrejas dos conventos de qun.sc tc)c1as as vilas e;
cidnde 11.10 tinha terras aguãs lunto atlla pcrn baldios, ElogrAdouros cidades, ruarcando ainda hoje aii posiçôt·s principais de c.,-cntros como
<loguado Ecriasonis, n cn1 onde o l\>110 innndnçc huscar hu feixe SJo 1\tulo. 01i1H.hl> BeléLn e Süo J .uís.
ele J .l'nho. Escp;1dcsia Jnuito detriinento nn fulta clcllas ... " razão De rnodo geral, o t..-spaço rlisponh•cl pnrn q desenvolvimento
pt.·l.1 <p•nl detcrrninava olgu1nns pro"idênclus du or<ll'lll financeira, dos centros urbanos 1nais untigos, uma vez distribuídas a.s tcrr;as
pal'a t)llC "sctirascn Econ pra.sem tcl'ras pera oconsclho ldasl que pelas CHmaras, era in.suficicnlti e inadl-quado e o crescin1ento fazi~•·
t::)ti\o 1n ;a.isl Junto nesta cidade, a.sim pen\ ~astos~ como_ per.1 logra- .se corn extrema dificuldade, buscando a,s soluç~es 1nais fáce is e.
douros d1· Lenha pera adito Pouo oque u1sto !!: con)1derado per írcqücnte1nt..'Tlte, acornpanhando !límplesmcnte os can1i11hos de saídas
todos tern autuLido.de do Pouo $C uC't15C.'O per 1n{'l.i.S uotos queasiln de vilas e cidades. E:sscs obstác'.l los a uni CfC'$Cimcr1to rnais orde-
>C lizcçc na forma do ll<~1uerinoento de lw dopouo ..."("' ). O nado funcionariam em parte cortlO fatõres di; di.stor\-"õio do traçado
c:icnnic das plantas mais antigas dos centros urbanos dcmomi.ra que> urbano.
por \Olta da mc~ade do segundo século j.\ enconlmvom dificuldades No.s centros menores. o crescimento seria menos signiflcati"o,
pam o seo dest'fl\Vl, irnento. O creschncnto nonnotl era dificultado de forma que, pard forçá-lo, "em 1679, o capilàO·mOr de Igu•pc
( ll~ ) T""""""'"• Affl'llllo• ~ 2. - Opw Cll., r'g. I~ .
( IJ3J eo.......cv. \ "h·•ld-o -Opw '°".. p.iis. 13.
(.:H) .\T.o.I º" Ci.,,t.o.A" (Sak:ador) - Of-i ('ot,0 t..t. V, l''I· 80/81,
118 E\'OLUÇ-:\0 Ll\UA ' " 00 13RA.S1L ORCANIZAç.;i_o l)()S CF.NTI\OS UllOA.'<~ 119

<1hrig.1 o~ moradores a t'Onstruirenl cadn urn urna ca:..a na c:idacJe, em dc cínco cn1zados de multa."(:~11 ). A mc...-sma Càn1aro, já crn 1570
\·bta •dr)S poucos Jnoradorcs tpu.: ho' irun nella', sob pc1~a de 10 cru· p rovidcnC"inria o contrato d1: 1un prático de agrin1rns11ra(:!3n).
í'.adrJs··c:::M). ~t11 nifcstnçôcs dêssc gênero ropc.:tcin -se; o liinuo do I» <lc julho
:\. políli<.·a urbani:zadora qu<! vigorou até rncado41 dQ séc:ulo d e J0.'36, c.lcclara que Pero 1\0il Cuí'rreiro ero. ""lio1nC'1n do 1nnr que
)l.\'11, con10 pnrt'(·la <lc uma política 1H.\h. An1pla de <lt~ccutrnlí.1.Jaç.lo. entendia do ru1no de agullu:t" e <111c prestou jununt'uto "pera que
f.t.1.<·ndo co1n 'luc n\ rcs:ponsabilidndcs da urhaniza.ç.io rela li' as ao~ fil't~)e nestJ ,·iJJa o oficio de ar·n1ma<lor de tõcl.1s lb h.·ras, por sec
hofi.~to ne«>ss:tóo ao bem 00011.1 dc.sle p0\1>-(!••).
<..-cr.tn,., nl\'llOf<.'S couhessc-rn. qnJ)C inteir.imente, aos Jonat.írios e a.os
próprios t1>lono,.1 deveria fa.Ler, igoalrnente, com que ooube,.>etn às A •l'lo reguladora das CJm,1ras 1ransparetia nJS Po!luras. :\a
t::tmaras, t·t'uno 6rgJo.s locais de· (ld1ninhlr:~ção, :1 tolalid::adl· ou :.l sessão de ·i de cJezembro de 1627, na C;imara de SJo Paulo. re-.ot-
1 1u;l~r lul alidndc dns larc~fas de contrôlc dos 1necaoi;:111os do cre~­
vcu·sc ..obcrluro de outra via"( 2º) e "e1n 1640, Ut!lcrtnln.1\ ,l •Se qu<~
<:in11. nto ul'hr1110. Con10 ronse<1iit': 11ciu 1 os recursos ;:1p licndos nesses ncul1u1nn p1·.ssoa Ctlificassc ca.su novn, nc1n :lbrissc 11ui11lnl, ::.c1n que
cc:ntro" r(:llctlrinrn á 1nodéstia d:1s p-O~liihili<lndc.s e elas ncc•·ss fdtHle~ pelos sr$. oíiciais se arrunss.:"{:.: 1: ) . J)eter1n i11fl\.'ÔC$ scn1clltante.s
do tltt'io, t'l)U)lsllndc>, q uase s':n1pr<.', t.·n'l 1nedidas d e alcance e a pli~ é11<..'0ntra1n.sc c1n diversas pa.s$ngcns das Atas <la Cà1nOrt.l clt: SuJva.
t·;.1ç;.1o uu1itu ~up<:rficiais. dor( 21ª) e terium sido comuns, oonforme n1ostn1 a tlociunentaç.io
existc1ltc.
Por u\1lro lado, coocentran<lo as ah:."llçôes nos n1íçk-os urbanos As poslu.ms detertnir\a\'àm n1rsmo. além dos arronmentns, obri·
n1aiores, •1t11• c.•s:la,--am sob .sua dif\•ta rrsponsabilidade, ._. 1\Jlurul que gações dt.• aljnharnento, desapropriações ..pera .1i fil·~ir a \'il.1 mais
a Coroa os lx·111·fi<:ÍJ.sse com uul (""JUC."fll:t :a<lministrat:.ho n1a.is 6\'0- enohrc.:-cido e a praça <leUJ. e (JUC ficasse por assc-nto c111t.: <1ualquc.-r
luítlo, rontaudn 11uas.c sempre conl u pre"ença de an.1tulctos e eugc. daquelas cas:ns da mesina <.'<lrr~iro q ue cahis.sc e se c.lt·rruha~se se
n hcirQ~ rnilllorcs, do padr:io de L uit Dias e de: u 111 Fr:inc:iliCO F d a.s nílo 1ovnntn::.se 1naís"(:t 14 ) . A" rncclida~ não era111 upl'nu:- de otdcm
de ~fl:S<J11il n. Enquanto jsso, os 1,.-..:nlros 1ncnores, sern uni 1ncrcado restritivn; sahc-se c1ue a C::\1nurn dl• Silo Paulo fizera ulg11 11.s taip11es
urbano sig1,iíi<'nlivo, sen1 u1na Ctt1nndn '\O<.~üt l c;1ractl!risticarnenh.: pura auxiliar os construton..-s, aos quai.s os aluga"ª 1>0r ccu1 réis, o
urh.1na i•l di.:!lcnvolvida, sem fonnas di· produção tirbana amadure- que, indiscutlveJmente funcionava co1no um estímulo au cfcscimt."'tlto
cidas, n:lo podcrin1n oornport'Jr a presença de n1ão-dt!'-obra e. prin· da pequena vil•("").
cipalrnenh-, de técnicos e'-olufdos. E:sscs limitar·se-ia.n1 a.os ct--ntros &forços semelhantes veri!ica\'am-se nos centros maiores(:••) .
regionais, onde )C cumpria programas n1ai~ complexos de constTuçio Não se suponha, porém, que resultassem num contrVle inuilo eficaz
- ainda que 1nocJcstos nesses primeiro~ 1e1npos - e onde existiA1n sôbre as transformações daqueles oc-ntros. A modé•tla do vicfa
os recursos índic;pcnsiiveis à ::.lnl mnnutcn~·ão. urbai1a oo1onlal e o sentido prugmtitrco da adminis'lraçi'io po1'tugu~a.
O contrõlo 1oci..tl exercido pcklS Ci\m:1ras 1nanifestav.t•SC por meio p rocurando apenas resolver as sltufl{:õcs à me<licljL q ue surgiam,
das posturas e npoiava.sc, q ua ndo po.s.:;ív1•l, nos cngcnhei.ros e fn~­ iriam reduzir o alcance da açilo do govêmo Céntral e as próprias
lr<'-S cxi~h.n tcs. O contrato de honlf•fls ..qnt~ parti<.-em tcrr.ls da villa'' Clltnaras. ". . . a postura ficnva nos papeis puhlic:'Os, e cada qual
e de arru:a<k>r<·~, representa,·a um esíórçn das munic1pa.1idac.les para construh1 a sua casa e corr-ía a sua cerca â feíção ·de suas cornodi·
controlar as mucbn~"aS que ocorressem em sua organizaç-lo cs1)Qciat dades e interesses. Não é raro ler.se, nas \-ereações daquellcs
~lesmo os ttntros menores. como Slo Paulo, procuraram estabelecer tempos, a d«lar.tção de indi"iduo que invade uma rua com o al·
suas po~turas e ter seus arruadores. ".-'.sshn, já ein 15i5, da lt'itu~a ( J.18} T•t."IU.Y, AffOMO M E. - 0,..1 ~li., rAg, l OS.
de uni tenno do 14 de Ago~to se t\('prel1<.·nt1c que a Camara nao (!l39) 'J',.~ÃT, Ã Í! OOJO de V.. - Qpi;r cit,, )16-,(t. 109.
pcnnittia n nhcrtin·a de ()()rias para o rua senl aut on.saçuo
· • s 11a"('")
• (UO) T.t.t.)U.Y, Aff.:mw de P.. - lllr11drin 4.11 C i,kide df SA() l"aulo, plg. 88.
(2 <11) 1'.t.U/lf" Y• Affauso <l t ~. - Optu cir,. pAg. 88.
e u 12 da rnnio de 15119 fonni•linc nto prohibia a Camora que (242) T.i.UttAY, AHooso dli e. - º'M;' "''·
rà&· 8'!1.
'ninguérn annnsse casa nern :;ilicl·rçuso sc.•m su.1 penni.ssiío', )ôl> penn. (24l) ". .. li •:i)torUi ~1udorlo f1:,, t Ili Hua 1W1uil dal•de:iu dil 8r~a prudma
dafjo11t• dcllo lruidsco,, ... (ATAI º" C.U.u.a" (S;,i_h·1dM) - ""'- Vl, J1<i1 t.1).
{2-4") T,.Ul>•Y, Alfo.uo ~ t!. - o,.., dr., p.ii;,_ 89.
fi:JO) , .,............. J. ()ti,t-11• - ()pJ.i "' • p;4a. 351. (:1~$ ) T•'-,,,""• Affoato de&. - $6. r.-. -tn.riNr No...... . . . ,, 110.
1t17) T.u.--•Y, AllO*Se 6s lt - 0,.. Cri. ,..Ir 98. (l•I) A'f•• D4 c.u.......... (s.h .... ), '"°' \
1. P"S- 19.
) 20 l~V OLUÇÃO UURA NA IM.) URASJ L. 01\CANIZAÇ ÃO DOS Cf:NTROS UllllANOS 121
J><.'litlrt· tlt• so.a casa ou co1n algurna d:b d t:pendc:-ncias della~ oom .1 pessoa <1ue leu.niotar ll:int"ho senl a dita lisençn seia (.'()ndcnado n,t
pn.>tn("S:o.J. de tudo d<"lJ.Tn:tnthar, quando nessa ruu hou,·er rnaior (Hli.tura dv C.'OllSl·lho e se lhe Jn:tndl; botar nbalxo a sun c:Ul>l a e 0
h:u1~ilo <.· lhe Jõr n dernoli\:.1o n 'Cl:'ln1ada"( :u; ). n'l<:Srno se cu1trndcJ'ú C.'011) os <ju t: os li 11er<:1n pr<·ncipiíu.los n1illt'l> <lo
()-. alinh:un~ntos era1n npcuas t:1u p;irte rcspcitndos. 1\ própl'ia cl.~ editol naó t.'stando Ri:al111te. at•ahaclo.s., e co1n tod~ õ!CjUc)ll'!. 'I"('
forma de c.'Ornunlcaç-;ão das posturas, por 1ncio de pregões e a deli· <JUIZt're1n t'Ornsc:·rt;tr ou r<.-diíicar algüa cai.a da.) c1ue ~1..lo íc·ilas p a
t·h:nc:iil dos n·gistros contribuian1 para o seu c-squeci1nento. Os que desta Sort<· .)e uaõ c1n<lircitanclo as Huu), . • "( ~;;i }. A[H~..ar cio
rt'M1ll.1dos e taui c·>.l r<.·ma1ncntc rnodestos e o pouco ntendirne11to dtts povoamento rcc<~ute já se; verifica t'I prcocnpas·tio co1n o ar1"11nn1cnto.
p<t!ilunti n:ve lnvR-!lii.: ua inl!'htênc:ia COfll que êr:lln repetidas (:.?•&). Exernplo dc·s:iu prcocup:i~·tio é o "'l'c·rn10 cl<: vcriuç;l1n c·n1 c1uc Rc-
O govÇr110 cit:ntral prt:-0,U(la\•a-se ainda, por \' t'.1-c-s, co1n prohle-- 701\ (;ram se Íiare vistori•l nas cazas emsendiadtts no baiHo do ouro
ulil~ de alguns t't·ntrcs urbanos (·, u.sauclo da confuslo <l<: :ttnbuições preito paro c1ue se t'ltuace1n dt~ l-Ortc que f1caet: praça ~uficicntc
J d1nini,1 r:ilit·as d.1 c~poça, rl'cla1na,·a uicdicla!' de suns Cà1nar.1s. A p<Jr .ser do fronlo da ygreJn pe ra fic.i1r l'nnis visl07..:I oquella H 11u'1 (~~::) ,
2'3 de julho de 16 12 a Ciln1art1 de Siio Pnulo discuto "a propósito do Os livros cio Po.sturns e as Atas da C{hnara da cidudc d~
no\'OS n.rruarut"nlO.S. Ü proc:urn.clor rcc1ut.'ri..:U que 0 (\Oder n1unicipaJ s~ll\ ador regi\trarn mcdi<l.ls se1nt•lbanh.'S, que fl'\'Cl3m prcocup3\"410
1
;1tt nt.1lli· llt·l;1, ruas alxrt.u pela O\nur.1 &,11a anlt..'CCSSC>ra d e acõrdo com o conrrõlc da organi>".ação e)paci.11 urhana por parlo dt: sua
c..•01n .1 orde-ul tio l'('(-ên1·faletído go,·ernador, 1). Fr;tn(isco de Sou1..a· '", popu1aÇ{io e de suas autori<lades (:l:i:t) , Essas, COl"llO :is 01111'. ts 1nc·
001111> r<ft're Taunny(ZH1). <lidas, são un111 inclicaçtío in,portanlc d11s lransforrnações que o~orrcn1
Ço1n o c1'l.St:in11·nlo do.s centros u1·hunos, aumt.·ntaria1n os res· nas princ-ip;1b: e5lruturas urbanas d•i Colónia e n~l forma de t.'llcará·
pons.1lnlid;1dt·s a.d1ninistrati\'ns das Clmaras e <los govên\05 das L1s. O mah.~rial contido nas Atás da Càlrutn• do Sal,•atlur, 11•.::sSt"S
Cap11.i.nia.s e M.1'ia intensilic.1do o contnlle Jocal sõhr(· o cn.""Schncnto auos, ~vela u1n interc"·:isc c rcscent1,: daç autoriclncl<·s u1uni,·ip:tis pelu
d1.\~~(·s 11ú<:lco~. f.m Sílo Paulo, "a (i111 c11, clar 111;1lor sole11iclodu nos nbn.sl1..'Cunento de água, pcln Abcrturn de: rous, por qut:slõus d e c-aJ.
nto:. d;1s de1nn.1·cnçõt:s. rt''.'!IOlvtu o Dr. 'Tofn~ de 1\hneida Oliveira, ~·un1ento, aHuhnmento, ('te. Assirn, o ' olum1; lll, rclati\:o aos anos
tnl ,11.-1 t"f)rn~i\'ÚO de 1687, <pie oeohu1n:1 i;e faria M!nl se consulh1r o do 1619 a 1659, não h\C'lui nenhuma referêtK•ia a t;ri.s assuntos.
()u,·idor da (.'3pitania, pc:x:k 11do êsle magi~1rado etu l~ n -:.\lizá.)a O seguinte, relntivu ao clccênio 1659~1669 inclui três c.locuu 1<:ntos
st· :l!1\Ín1 cntt•nJcss.e" ( ~:.n ). que se reft·re1n a fon tt'$ o a penas uni fJ11e Jn cncfona. a abc;1·turo d e
1':unhé1n ern ~l iuas, rues1no no infcio do p-0voa1nento, ocorriam un11\ rua, no qual hú indki1ção, a.indn, da existi!ncia de uni arruador.
hll.S preocupações culrê OS ofit:i~is Ja Ç~\m~'ra, poi! "Aos SillOO D.ias Nos vinle anos cobertos 11elo volume V ( JGIJ9.16S9), em cinco do-
do ~IM de ~larço de. toil e sete sen,to~ e do~.e Jllnos, nesta utlla cume-J1tos mencionam-se questões relativas ao cuidado com as fontes.
lliC'á de Albuquerque em as cazas q ue ao prezernte scn1cm c..la c:1m9ra Eutrctanto um trata ta tnbéJn de prohlen1as J e. H1npeza plibli<.:a e
<:i.taui.lo yuntos os o(ficinis dc:lla em u<:r<.•rtc.-i\o Ilt"ZOluurão que porqt.<> ell'1 dois há referência ao "Engenheiro medidor d~st(l c idade Fran-
olhas. pe:-.s.as qol' flkbricaõ llanchos 1u.:s ta. uilla o fuzt:m s<.111 lisença cisco Pinheiro". Em um sexto documento trata-se da conscn·aç:ão
dcMt· \crlatk> n:iõ obc»tante o ter ie posto edital t-m <1ue se das calçadas. Já no ''Olume VI, quo incluí documento> d os anos
lhe~ proibe o le11Antalos seul lise11ça d este senado. e af~ra1nt.0 del1e (..."Ompreendidos entre JOS<J e 1700 são ícHas 19 referências o nbertura,
0 quo he ein prcloiro das rendas do conselho ordcnarao que todo a
cnl\'Hmento u nlioha.1uento de r uas u duas rcfer~ncias n. fontes.
E.sta"·am maduros os tempos parn. um contrõle màis efica~ de
sorte que, rm meados do século XVm a C4mara d e Sah aclor
es;tnria legislando sôhre a apart?ncia das coostruçõcs.

xu,Lts,.Z. ~ a. C..U.U- . . Vll..I. lhe.... I•. ""'--. . • ~ x-...., _ ,,(li.


e!.S!) A, ... º"' ClJ<Ull,,& nc \ 'IL"' lhe.- V@I, XLtX. •>AI· 319.
(!53) S1'ctnt, H11bt<tt e. - "Doemt l(Jltl).I A'1hli1110$·. lfl.' ll «r h111 do 1'11t1(mclNI'() llil·
td,.,,•., " ~\rt i.j:lk<1 .\'1)cft>1111/, •·t>l, $, nu. de J .tnelf~ UMS - jMli; 9 L
122 E\tOLt:ÇÃO UfiBA!'JA J)() HHA:itU.
ORGANIZAÇÃO l>(_)S CENTUOS Ul\BANOS
123
<1uais fonnavam sistenu.s regiooais, de~n\"olviam.sc principalmt..'Dt~
2 - Elementos dn orga11i:u1ção csl'ocial c..'111 ní,·el adnüuistrativo. militar. rt·ligoso e jndici.irio. J>-ara o atl·u·
dintcnro dCs$-C) objeti'-os pmcum,-a·w 11hl1.t<.1r 11111 gr.indc.: ahrigv
A) Sit11uçãu nlarHimo, corno a baí.1 de Cuanabam, a de ·rodcn: os $;•nt~. os
portos clc S. Luiz. e Bel<'m ou Jll(;S-n10 Hcclfc para os holandese:•.
1\ )Ítu.t~·ão de urna aglt>ll)l"fa\~.10 d<!tcr1ninn as possib!lidade:s
F.~sc ahrigo per1hitiria sernpre a tU1<·orogc111 .)tgura dJ.s esc111:idra~
c1uu coc..·011lr;_~ de estabelecer relac.~tx"S e, port.1nto, nll funçoe~ que
e J,1; ernh:irca~·õcs <le C011'!Crcio e o npro ... citu111l.11to da.s terra:s cil'·
1

pud-.:r.í d~st·1ni1<:uhar no conj111ll<l dn r~dc e Jo processo d~ urba


cuul.lante.s paru a iustnla~·<io d 1.t n11n1l'rosa) unidades :1grícok1s, as
4

11i 111\·tio(:!·>-1). Dt.:pcudc :.11npla1ncntc do, t•lc1nc11tus naturaJS 1nas


podl• St•r 1nodificada, ig11ahn1:ntc. pela RÇ<lO dos honu,:ull (!.!:;_.) ', DCs~C <fU~ti'i, alén1 de explornrein os bcnclícios des.:ia .siluaç.1o, iri.i111, de
vJrios 1noclos, .lic;rvir de retaguarda rural pa rn o.s rc.•spt·ctivo~ centro~.
1nodo, dcvl'-S~ co1nprcendcr ip1c u significn~·i.lo d~: 11111a s1tuaçao
P:s~c.s, por !l\la vez. fica1·ian1 ins:t1-1laclos c-01 locais f;\cihncntt) dcfCJl·
~ofru nltcraç:Ocs coJn o ternpo. rl'ílc·tindo o d int\nnca do processo si'ivcis e 1nais prott-:g illós.
.lO quaJ se vi11culn.
Os nú<:leos urb:1nos estabelecidos uos prhn..:iros séculos da 00· Essrs prograJna.s são expostos C..'Qll'I c li•re-1.u 11os docu1n('11tos da
JoniLn\·:io brasile-ira sitnavam·sc, dt• 1nodo 1)1'c<lo1nin.Jnh:, no litoral, ép-Oca. 1)1·sc.:rcve11<lo a B:il1ia, diz Frt·i Viccutc do Salvador, que
tlUr ra1.üt:s l'<:onôrnicas. adnli11i.slr;.1Uvas e 1nllitnrc~. Ext•(:ç-0.10 fizt.•ran1 "torna esta capilania o noinc d1· Jlahln J)Or h:r 11111,1 tão g r:lndc c1u1•
apt't"las as 'ilas elo planalto paulii.la, O i.b:lt•1nu cconórnit.v ao qu"l por a11lono1násia e ext:.oelên<.i.t se lc\'anta <.vrn o no1nc COOlllnl e apro·
a Cok:u1i:t era 'int.ulada, baseado na di\•is~o i11l<'llhiH:io1101I do trabalho priando-.sc a si se chama a Bahla, e co1n nll'_.oio, pon1uc t~rn nlaior
Í:1t.1..1 00111 cp1c os núcleos depcnd<~t'ln cstJ\.•lta1ntnle das con1uni· recôncavo, mais ilha$ e rios dentro dt· si c-1uc· c1uant.is süo dt":SCO-
C.:l\Vcs com a ~let.rúpolc·. Ena natural. JlOÍ.), '11~ M: procurasse situá.· bertas cm o mundo, tanto que, h-ndo hoje cin,1uent:a eugmhos de
10> cu1 Jl0$íç-.:io de conexão com t"S<lu<•m;is eíica.tes _de c.-an1unic..11ção, QÇU<.'ar e pera cada engenho m-aís <lc de--, la,Tudon!$ de c:.anas d~
e· 1"1.l.1 t•r.- garonlíd;m, de pr(....fcrCneia, alrJ\6 <ll.$ \1;as flti\'"Íais... e rna · que ~e (;az o açúcar, todos tê111 sew e~t<.-iros e 1>0rtos particula~;
ríti1na~. fõs)e para o est."Oan1cnlo dos produtos de exportas.-'tlo que nem hi h:mi que tt..-oha tantos can1inho.s., por onde ~e n-:ivega·c~').
con.slituia1n a b;;1se econô1nica da vida coloni.-1. íõsse p;,ara a obten· Ern outra oportunidade afirma que "depoi.s que cl-rc.:i soufJc Ja inerte;
\'io de produtos m~lnufaturados. l\lesrno na.s áreas inh.Tiores, onde de Francisco Pereira Coutinho e da Íertilídadc.: du terra da Dahia.
:•.s coinunicac,.'Õt~ se tornavam n1ais diHccts, co1no no plaualto pAu· bons ares, boas água.11 e outras quali<l.a<lcs c1uo tinhll. [>&Ta ser po-
lbltl pode.se pe rceber fàcilmcnte que us vilus anais antigas, como voada, e juntamente est ar no meio das outras capitanias, dcterminon
Pan~:tíb,1, ~logi das Cruzes) flu e São Paulo, nli11hn~am-se no lon~o povo~-la e fazer nela tuna cit.1:1de, que íôsso <:01no r..-oração no ineio
do 1'1t,·li:. qoe seria, nos séculos coloniais, a grnndo via de pencLraç;.10 do corpo, donde tôdas se socorressem e fôsscrn g«vcnmdas" ( ,;; ) , o
pn1'a o hllc.:rior. A pa rtir de t-.·logi, as vilas lrl::un aco1npanhar o Vale c1ue afina] c..a o objetivo da Coroa, expresso 110 Jto&iincnlo de 'fomé
do Pn1'11íba, repetindo. com sl·nlido . dift.-"TCnh.:~ . o 1nes~10 proc~ss~. de Souza( 2W). As n1esmas vantngens de siluaçüo apoota aquêle
Outro fator de condi<.:ioua1nento era1n os cuirunhos. Estabcloodo.:i, autor no Rio de Janeiro: "o r-Ho de Janeiro U.:CltÁ. t..'111 vinte e tr~
c;.• in geral, con1 base nas velhas trilhas índfge1')&S1 g11ra.nti~n1 .as ~'On'll~· t,rraus deb:lixo do trópico de Capric.'6rnio, e hnpràpriaioente se c.hamu
ni<.:A\'ÔcS no interior, pouco conh ecido, _vc~cx-ndo os pnnc1pa~ a~ .. rio, porque a.ntcs é Utn braço d e inar, que ali c•nLra por uma bôca
tl1·nh·s geográficos e, por sua vez, rontnbu1~m para ~ derc~~açao estreita que se pode làcilmente defender de uma parte a outra com
tias t'Ondi~'Õ<"S de situação de parct·las de 11npo1tlncia oa rt...~c ur· artilharia; mas dentro faz uma baía ou enseada em c1ue cntra1n
h.1.na qnt.' nascia. rnuitos rios e tem perto de quarenta ilhas, das <1uais as 1naiores se

.
Sitna~o Sl'IDClhante. mas crn escala mals ampla. tinham Oi põ\'03m e as rnenores servern de ornar o sítio. ou c.le portos onde
(_'\°Htro~ 111a 1or(."S. SuJS relações co1n os núcleos mcoon'S. com os se abrigu(,_"Dl os na,•ios. Estas comodidades e outras rnuita) dêste rio
rt l5} C'.JC....cn. C'.('()otori
l'•kil"·~.
~ fb:.u.']CU- c .....n:a..
P1uli-. l.i.,.._l•iit Ama.1d Culht. 19'6-l, t>AI, ili,
·~ti ( 238} s.u.••ooa, ffri \'1«1'11, do - o,_ C'lr,. Pi\L 11 ...
(231) S.u..,Aoaa, f'rri \'~nt• do - O,,U-• til. , (JAI• 1-tt.
( 2$.5, l.•\ lí•.l.:>, Pi11m- Opr....- c1I., P4 83.
(238) O:t,u, C1u1os ~Iitllw-ín) e CJUttOll - ô11&1t C'lr., pq ~6 - J .• ''OI.
O llCANIZAÇÃO DOS r.EN'l'llOS UllRANOS 12-5
J 24 llVOLVÇÍ\0 UlU$~\NA 00 DRASIL
~oluçõo era .aplicada a núcloos 0€· hnporh\oc.iJ diversa. das pt... 1ueo•1S
e baí.1. juntas COnl a ft.·rhlitb.de da tt'n'3, a faLinrn cligna de ser aldeias, à> t1dades. Quando fundou lllu&u, Jorge de Fig1wircdo
1>1:nvatt1. <1na11do se po,o,1rarn as mtns "(.»)
• d o B ras1'I .... ~ . • Corrtia "'con1L'('Ou a po, oar ern cin'Hl do ~ Jorro de $. Paul(), <lo
J.í crn 111 c.ulo:-. tlo !ot':culu XVII, uo~ c<·nt-ros 1nu1ores, llrova.sc quol :iílio nüo 110 satisfcz"{::11:t) . 'fu1nbénl Pc1·0 de Ca1n pos Tourinho
provt.:ito de sua iiituação escolhida e1n 'istn do:-. ohjC'tivos anlcrior~s. dt.~c:rnbarcou sua gt;nte junto uo Rio de· Põrto s~·guro "e se íorhlitou
p;\ra o cumpr-imt. nlo de tlO\'OS progr.unns .. ~nce1~tran~lo o c.'?mer· no mes1110 lugar, onde agor:t ~1á a 'il11"(:A ), 1\ instalaçlo nu1na
tio dt· rl.pOrl.1(·~10 t' imporl,1\·lo de su;_1) rcg1oes, ll'1'lt1m L"SSeS uuclcos posição c~lt>vada não significava, n<..-tts-i.:lria1ncntc, a construçi\o cm
nt'Ct'll'idadc dt• portos .unplos pant ubrig:u· •'s írotns de: c.-on1~rcio h ·rr<.:no acidt·ulnc.lo. ·p<'lo <:01l h'::il'io, frcq iient<..'111<'n tc o sílio l'.;(•(1lhido
ri.u0 lictbSt1n, ao n1c!i:1110 h ·n1po. sob n prolcc;âo de un1 l'sq11t1na t•ra rt•lati\'3111(•nle plano, COlllO ern S.lo Paulo e s.1h ador. i:;......1. cli:i·
dtft•11~1, 0 cfi1."d1. NC).S.:1l t'01H.liÇ'Ões, a1 situn\'Õl'S c1uc ha,·iasn si<L1 po\i~~o quase S(..-mpre ah-ndi:a às rtee<.-ssidtttlt.'S de u1n grupo nl3:i-.
t"'S<..vlhidas por ra:r.,ôe$ roilitArts e ad1ninh.tr..1tivas, ,;nha1n atender OU 11lCDOS f1.-d11.ddo, t."01110 era1n O'\ Íundadon.'S d.}sse;,. pri1neitOS
~1os prognunas de t-enh·a1iz.1çào oonH:n.;in~ tla C(lroa. núcleos. _f; d t:ntro desll.a 01 ic11b.t~:ito 1111t·, no Hio de Janeiro "sossc..
():. c<·utros nu·nort~ <..'•>1)1)>\IUliarn pon.·111, nessa épocn, uniu rc.t]e g11~las as c.:oi~n.; ela gut rru, rsc.'Ollu!u o governa<lor s(tio :lt·o1nodado
nl~•b ampla <", t 1u c·c.rta ulcdida, tli\'~r... n. Por unl loldo, os intc:r1..'isses ao edifício de tuna OO\'n <ddade, a c111.tl 1n.111<lou fortal\.'(.1.'1' rom
ti.a rnincr.t\jo fOrÇ'<l\."am a inttrioriznçJ.o de urna p:u·t-'t·ln pond<-ráve! <1ualro cash·los, e a l>arrn ou enlroda do Hio com dois ..... (~•).
da popu1aço1o. t·~1.1lx:IC<..'<"11~lu ínc.:.lo~ive uma gn.111de c.-orrcoh: imi- t1 ... ítio E'nl que f\lcin d!! S& fundou n cidade th; Siio St hai.tiilo íoi o
grulórin de J>cn tug:i.I, populaçiio essa CJoe. ape!t;u• da dishlncla dn c un'lc de u1n 1nonte dondo fi'tciln1\!ntc se~ podirun dc:fendc.·r dos ini·
<:O.)ln, dc.1.<-:11\'0l\'i,1 uma 111t< n~a vicJn ut'hana. Por outro lado, a ntigos. As tran:;formaçõc.s d<•correoh·:> ele u1n J"-sen\'oh hncnto rápi~
nnallíplicaçJo d.a.s proprit:dn<lc-s rurni< <lt:dicad.a.!t l1 produçlo d~ do, nas po,·u.1çües l1t.tn sucedi~ t.""Xigiriam qua)e St.inpre a tX'11p:ação
sub)ic.;t(·nc..-ia, cornbin:tncki·~e ro1n a 110\1>: polítiLd 11~1nizaclon1 da du locais rnenos adecJuados, ou a l!Ua exten:iJ.o para Arca1i rnais 011
~lctróp<,fr:, ljtlU pn·h~dia n·11nir <..'m vilns "a popul:i.çHo «.1i~pcrsa Jncnos dcsvineul:l<las dns iniciais, <..'On10 ocorre u con1 o 1llo de
pelo:; c:tunpo~", dnrii:. cus<:jo ao n.par<'cí11H·11to de nUclcos orgnui~ndos, Janeiro, que se expandiu para alé1n do ~l orro do Castt·lo e "s~!'
a rl·g11lt1n:s di.sh\ncias da C())ta. <:~tendeupelo vai ao longo do rnar, de sorte <1ue a pra!;a lhe iL'T\'C
de rua principal ( . . . ) E a s canoas, <1ue \'êJn d Js roças ou granjas
d os moradores, ali fic-.arn, dcse1nbarcnndo ca<la um à sua porr11 ou
B ) Sítio
pc:1·to dela con1 o q 1.1 c 1t·nzen1. ScLn lhe c ustar tr11halho <le <:o.l'rc tos,
Entellde-so por sitio Jc uma aglon1t:rtlç50 urbana o local sôbrc corno eusta pela ladcirn aciina. Ncn1 êles próprios lá sublra1n em
o 'tniil está am:ntada(:.- .t). \ 'á.rios slo os aspectos n considerar. nn todo o ano, e menos as mulheres, se não fóra estar 11 a igreja
cara<.:tet"iza~io do sitio das l>O''OJ.~•·i.: natureza do solo, relevo. mncriz. e a dos padres da Cornpauhln, pela qual c-nnsa nH>ra ainda
fontes de águn para o coostuno. cursos ou rnns:;ns de águn, etc. lá a lguma gcnle"(Z") . )
O rclêvo, sobretudo, irá iníluir sôbl'C a aparl'ru.:in <lo wnJunto e As preocupações com a escolha de local adequado para as
ele» edifícios, e sõbre o troçndo. povoa~ do maior importincia compreendiam ta1nbcm as questões
A escolha dos sítios pelos primitivos po••oadores tinha em \<ista de clima e :.olo. A Tomé de Souui n.'COmendava D. ~hnuel "que
a rnnior parte dêsses fatôrcs, buscando, em princípio, a localizaçã" como teverclc.:s pncifica n t<.: rra vejais t."Onl pesoa.s que o hc-111 enten 4

que ofe recesse o máxhno de co1l1odiduclc para o pequeno agrupa- d~o o luguar <1uc será 1nais a parelhado para se fíau."f a dita rortalcza
rnt•nto, <m geral modesto. em sua origem ( 21n ). forte e que se posa bem delemdcr e que tenha desposição e cali-
No Brasil • 1e11Jcnd• geral do. núcleos mais anligos foi • d•d• pera a hy por o tempo em diante se hir fazendo Ma povoação
ocupnção de sltios elevado<. Facililnva·SC dc:s.c mo.d? a aplicação grande e tol qual r..'Omve1n q1.1c ~cja pera dol:• se provcrc-1n a.s
de u111 cS<J1tc1on deferlsi' o <~1c:u)cflhll', t : o c-ontrôle cf1c1e11te dos \'HtS
de corntul icaç:1o. fôsscm ca1ni11hos ou \'i~ maritimus e flu"iais, A {161) C#.Julnr, Femlo - O,... ' " ·• pi1. ta...
(263) Su.:,..., C..brid 5-IH de - 0,.. c:-111. , 1 .• ..... p4rrrg. IJI,.
(!5.f) S.u..-•llOA. Frei \'~I • do - o,..., Nr., p4g. 17t.
ct.Wl s ...,..,.,."· >'•""' '.._'fi.t~ doo -
( 260) J.A\1' 11 ...1't, r1""r1' -
O,:..• c::11.
l>J111r nl, 'i'-4! \fl,
rt•· 1at. (~GS) S•i.''40011, Flei'\'ICC'r.h1 du - OJ"*• ~lt , i•:íi;. 179/ 180,

(llOI) cu .. 1111 1", e;. "'l;t'' l'l l}h~'"-'JMJ c; ... 1.-.11 "· J.itqudh•e - OJ" ''' cil , 1)$g. 00/ l JO.
126 EVOLUÇÃO URB.A;o.;"A DO Hl\ASll. 0RGANJ7-AÇÃO DOS Cl;NTROS IJIHlANOS 127
oulra' l"3.pitaoins «orno c.-'Om ujn(l.a c:lr no.s~o st·nhor espero que esta tiluiç;io dn Bahia'" ( figuro JS) . desenhos d.a primeira metade do
,t•i:i e dt:\€6 ,Jt· .sc.•r csn sjtio sad.iú e tle IJOU\ :1rt·~ e 'llll' h.-nha abas· século XVII, aparecem ria cidade bai>a apena.s algumas <-Onstno~
l,1nlça dt.• auguoos ~ parlo eo1 <1ue be1n po:.lo an1arar O< ºª''ÍO!> e mnis. simplt-s, referidas <'Orno h:rraet•nns. Nos dbl-nhos de Fn-z:ier
'.1r.,rt1'll se qua1ndo comptir porCJue tod.1s t.'Sl3S talidades ou as 1nais ( figura 15). planta e vist.. dJtadus de 1714, .aparece uma rua ena tôdo
cll'l.1\ c1ue poderem ser compre <1ue tlnha o chia fortaleza e po\"OO.çã(1 a Cl.l('nsão da praia, enl .ilguns ponto~ dun.,, Ao k>ngo clL"sSôl nia.
1)()r 3'>)' ter ast"llfa<lo que cl1·t1 M' L1YQt('c,,-.10 t· provliâo toda.lias 8p<ltect.'fn sohrados t"Onl dois e lrl~ anditrt.'S.
krrns cio Rrasill ... "(.,..) .
~ dC' supor que as esooJhas sr- lizes~t.'11\ algu1na~ ,,.,ze~ de fonna
N:ts n1as ao longo d01 prai<t, no Hio üc• J11nc:iro, OL'Orre c:rcsci·
11111 po11<.'0 alc·atória, cn1 dl'corr~utin da !il1pt•rll<.in1icl:1dc dus conhe·
menl~ s~m.:.lhante. Em Penhtll1hnt·o. os ('0rlc1i~-c)es de sítio fora 1n
ÍA\•ornvc.·11i ~o Recife, <1ue ap(1s a Hti.taurfJ~·l\o p(·rnnn1l111ca 11a alcan-
Liuh ·t 1lo~ Mthr~: :i t<.:rra . Em c..·nnM,.'4 1\lt' •H;in. dh•t:rsas povoa\:ór:s d(;Sl·
pun·c.·c r<11n 011 forarn transfcdd:is de :iílio. O fenÕfJ\eno continuou çnu grande progresso, tcrmiuando por ~uplantar Olinclfl; as f:\ciJj.
n OCf>n'c·r 1\os sCc:uJos .st.:guiutc·1', porê1n t·Olll nH·nos fn•qüc.~ncia do
J:uJcs 'lllC' oferecia co1no pórto - e· (JlH) po<lc111 .si·r ohservad:l.s
fll('~n10 no.s d esenhos c·squc111,ílit'OS d e: Joflo 'l'cixeirn Alhcrn:.iz ( v.
f! Ul' nos pl'iruc·iros af\OS.
Aos pont os, donl irlado o nóvo tC'rrit6rio e e-scrnvizada a snn figu ro. 19 } ltvaran, o C(Hnért·io t• proc;urri-101 criando r ivalidadc:-s com
p(•pulu~ .io. <lispersarnnl·se os colonos pttlo~ cngt•nhos. Dcsapa!'eccn1
Olinda, _:ujo .síti~. dentro dos n1ell1nrcs padl'õc:. c.Jc ch·fc.sa (:tt.:l;.i
c·utiio ª" prc.·oc·1.1p~1~·õ<.:s com a adoc;l o J c: sltio.s (·(cv.ldos; as povoa·
ui.lura, n:io of;ri.'Cla as mes111:l.s vault•gcns. l!sse contrn..'lte t: os cou-
~õt·) quc.- se inici~\va1n lu1scavarn j.í <.vrr1 frt"q1 h~r1cin 0) terrenos planos)
f11 ros que dai rc:>ultaram, rhuraun c lnron1cnte n~ duns terl<lfnt·ias
da vida <lt..~ses ctntros.
j111110 i1s praia.s e aos rios, co1n maiores r.1cilid.tdc.~ de nce.o;so e ur-
l1ani.-aç-:io. Sítio plano h ..TÍ:'.lm j:'i a~ JJO\ :.l) árc-;15 ()(,.>tlpadas pelo ruo ?s centros menores tendiam a utili...ar sítios planos, sempre
dl· janeiro, ;\O dl-s('t:C d() )fono do Cu~telo C .l' \ ila.s Criadas no <1ue. 11'1Stolado$ após a primeira etapa de l'Olor11a\'i1o. Nas minas
\i·t.-olo X'rll, entre a Cuanabara e Sl.o \ 'iccnte. A11im. te11do em f>?rt.'Tll, a. ~li2.aç5o dos agloux.n~ 1u11to RCb locaís de 1nincração:
, ;,r.1 ,,._. n1udallÇ'.is dos papfi~ cauc wnl <'Xlrl-..·ndo os núcleos urbanos 11.10 p<.•tnuhna a escolha de sftios rnai$ COn\·cnlenll'S e Ouro Préto
ck·ntru e.la ct~dc, os ).f\ios ' 'irianl a aJ•Jl•irir 'igniíiel~"Óh Ji,crSas, como S. Luís de Potosi. teria um silio excc-pcionaln\Cllte acidentado:
1.1.nto na rs<.'Olha para novas po'"'Oaçôc,, t'01no p;1ra as antigas. nas A m~~tia dos recu~s e elos progra1na' das prim~iras povoa-
nn1pliaçc."'í('), p•:las quais passa,.an1. <'ôes hras1le1ras levaram a adoção <lu sitios que, muitas vê2cs. se
A~ tr,1nsíonnaçõ1..'S sofridas peJos ccnlJ'os Jnaiores a partir da nüo q111lse seJnpre,, eram inadequados para o seu dcsenvolvi1nento
s('guoda 11\ctade do século X\1fl provocariam algumas alterações uhcrior. '.\1csmo cm núcJeos de 1ntlio1· i1nportà ncfn co1no Salvador
de silios. 1\ssi1n, Salvador, cujo sítio pdruilivo, n:1 atual cidade alta, e corn sih1açiio extrem:unentc vnntajo~u, n escolha do sítio foi Hca·
lôra t!S(·olhido e1n raz~lo de ituas a li" icll\dcs rnilitarc-s o ad1llioistra- ~t~o~la, n~~ prcvc:ndo um cresc.:iJnento a lént <lc d uns vêzcs o plano
livns, co1n o n1aior dcscnv0Jvirr1ento du ~eu corn érc io expandiu o 1111c1a l. 1· ~1 sómente q~1ando as c.:oudições gei·ois f;tvo rcc:crnrn a ado-
s..·u sílio nfl cíd:lde baixa, out.le veio n conslituir 1unn verdadeira çilo d e s[hos p lanos e iunto às pralns e aos cursos de água, q ue êsse
cidade t."'<lm•~rcia1, em conll'aste co1n s un P~'rte 1nais antiga, ocupada partido Coo generalizado. •
p<·lo~ edifícios da adrnii1istraçõo e re.sid~nclns dos proprietários
rurais. Segu11do os visitantes da época, nessa parto já ciistia rua
ele grande comprimento, tõda ela ocupia.thl <.'O rn edií~cios p~a íin~ C) O traçado
c<>mrrdaís("' ) . A simples comparaçõo da iconogralaa do epoc:a e
cwlaroo:~lora. :-ia planta do livro "Reilo do Estado do Brasil" a) Regulorid•des de traçado
(figura 1), na •ista de Meolius ( figura 17 ) ou na .. Planta da Res-
?•
padTões de racionalidade e regul.1ridade, implícitos nas
~adas de rontrôle du tnuufonnaçõcs da organização urbana,
nphead•s no Brasil, de.-em ser rcforidos •o °'lado de mnhe.::imento
<: prática d~ arquitc;.-tura e ucbanisrnu europeus da mesma época.
128 t>VOLUÇÃO UI\llANA J)() BRASU.. OllCAN IZ~ÇÃO OOS CENTROS UllOANOS 129
Ao tempo do dcscobri1ncnto do Bntdl. as experí«'•lcias urbaní.s- pendendo diretamcnle da Metrópole, des>• rcrehiam cuidados
lic a.s 1n.1is 1mporlantes e os principais trabalhos õCritos tefer<"ntc..-s especiais, ht·ue(iciários que c ra1n dn maior p:u te:: dos r<"Cursos d.1
ao :.1:. .. 111110 li11h.11n por ba:-.c c-squcn1t1s idl'ais, de lendt1ncias g«-'01ue- política urba11h:o1dora. A docu1ncntnçílo existente revela clan11ner"c
tri.-uiitc.ç, cujas orig(~l\:-. 01ais 1·c:1nolr1:, c·licgava~1. <t~ê Vitrúvlo(:!1111 a preoc.•1J puçúo da Coroa co1n as condiÇões ti(: truça<lo du S.1lvador
, . .:•;•, J. Êsses c)q11e1nas li\agrun-s.e aind11 às cxperu:oc1a.s das cl<l:1des e u inteoç:ío de exercer contrôle .sôbre o dt.:línl-..lmento tlJ cidade
l\o\.i) tlot íin~ da Idade ~l(d1a, com suas mur;1lh.,.s e suas ploautas por ocasião de sua fuuda\".iO("'),
rcto.ulgul•trcs. O\ c~que11la.s rcnasreuti.;.ta~ eT:'\rn c•n\ pri~cípio, rádio- 1\ regul1•ridade e lll01or clareza do tra~·1u.11) podcn1 st·r obser·
c._·ou<.i'lilriros 11u1s as sua:, nplicaçõcs prencha1n·:," 1n11 1tas vczc~ :)s vadas oa p lnnl:\ iocluítla no códic~ '' Hc--Lão elo Estado do Brasil"
\ á11l1a~c·11s d~ plnno em xadrt"I.) com? 0<.'():-1'e cn1 Sal~bioncta, cidacl~ c.•xlstente na Bibliotec:a da Ajucln, en\ l .i.,!Joa, atribuído ;1 João
italiaot1 fund.ulJ. tm 1560(::1u). :\lcm th.~)t~ crilt:nos de norm.ab- Tdxcira Albt'rna2 l, por Tdxeira d• \lotta("'), com d•C. prováwl
cl,111,·, que se tra<luzia10 lormahnente pela geo1nc-tri,-~çlo, ,. q~c de 1616 {figura 1). N'c·ssc destnho é 1>0ssível ck·sta<'ar a ptll l C mais
~~·ri:11n 111Ais C,1rdc iuf(_•rpr(•l1Hlos t'OmO (.'Oííl'.SpOndtndo a COllt;CfJÇ•lO untiga da creio.de, coin su~ts fol'tificaçc>es, <'Olll O!i clen1cntos dc-s.
carlt'llÍ0.1\a <lc· ortlcuaçilo 11rh:i.nbtic:u('.:fl ), surgia1H. jú nc!isu époC"d, critos por Thcodoro Sampaio(•"') (figuras 6 e 7); a p.irlc mais
outro' c1ue pn·h •ndiani rt_'('()nheccr a .raei01lJli~ac.I~ nrio ap<.'n:U rec<"11te, comlruída cnlre 1550 e 1616("" ), ainda que coin tl'lçado
alrJ\ ê:. de c'f'ih:rios forn\J.i_) 1nas ta1nh...-.n J e cnh:nos fundonats, menos claro, oonservavtt a~ mes1nns diretri1.cs do plnno inicktl.
onclc se incluiri!l 1nes1110 n vnriedadc de perspe<-th fl!i, t'Onslituinc.1o 1\1nbas forn10.1n tun conjunto co1n rcfntiva regulnridade, de 11lodo c111(:
0 que" dçnlro dn. no1nenclutura atuo 1 poderia ser i11dicado <.:Orno nind:1 hoje ~e dcstacan1 n:i plantn d,, cidade. Quando ela c:xpulsão
sendú unia corr1·ntt: orgâuicu. dos franceses do ~faranh:lo, as tropas portugu.:sas fcr310 JC0111p:i·
À época do descobrimento do Brasil, as tendências goon1e- 11hadas (><•lo ofici:al·cngcnhctro Francisco FriJS de ~ll-squil;i, que
tri1...u1 lt1' l'~tavnm sc..11do adot~das (:tn 41n:lS"C tôdi&s as exprri~ncias orientou a fundação cio Slio Luís. No ''ltegi111ento do Cnpilõo u1or
urhn 11 i,t-ic-as c11111ru~ias(;.::~ ) 1· seri11 por 'c1~s [lJ'io"' Lllo.s que ~e orien· Alexandre de ).1oorn ao Cflpltão 1nor Jcrônhno de ,' \lbuqucrcptó para
tari:i o urbanis1no colonial põsto e1n pr-áh<'a co1n 11 expansao curo- hem do go\·êmo da Prov(ncJa do ~lnrnnl~o" encnntra1n 4~c nlgu111as
p1'-1a. \ política urbani1~c\or.i <.v.~ouiJI és-paol~I:~ ~ ~esmo indicações; no dí7er de Jerónimo d e \ 'ivciros, ··para a cidade que se
codificada., coru a1npla 1oinucla, oas Le)•es de 111d1a conshhuodo·se levantava, o regimeülo tem apenas duns lioh;1s n.o. rc.-co1nenda~·lio que
nu1na das C1,11tes u)c\is pc1'Ít:itns d e int'orn1açtlo 4.: oric.->ntaçf1.o sôhre fõsse ela hcrn nrruad(1 o 'direita confo rn1e a triiça que ficava c1u
0 \1rbani.s1no Jorrnal, apcsnr do pouco llesenvolvimento ntl ~lctró· poder do capitdo mor"' cm). o resullado pode ser verificado no
poll· no mes1no setor....rcl•1ti\'a_m~t.e ao~ º'~tros gra.1,<_les pa~ ~u· desenho publicado no li"o de Barlcus("'") (figura 8), pro\'h-el-
ropt u~. A ~•ph<."3ç-lo dt:sses prinop1os e1n ter~. práhcos foa po~ mente de 16·15, onde as poucas ruas existcatc..-s já rcvclavarn uma
t.'Onu111l, dêles so utilizando não apenas espanho1s, m<.lS 1.1olr1nde!ies, regularidade geométrica, A q.ual irin .se u1antcr, npr suas diretrizes,
francL"scs. inglêscs e portugoêscs. E:stcs, lh\ I?cli~1. adotar1a~ csque· ainda no traçado do século XIX. Por int ermédio/ da me<mu fonte,
m.J' 1nedie,·c.rrcn35<.'Cnlistas, sempre que surg1ss1: •t oportunidade de podemos ''Onhecer o plano do Recife holand<i. Ainda que houvesse
tvu~truir c..."Cnlros de 1naior importância, pois ..CS:- ~re<..--iso, ~ntinh~ nonnalmellte uma diferença entre os desenhos o- os traçados reais,
mai) de-pressa e <lar 1nonu1nentaHJ.&dc aos edafícaos pubhcos, as é de se ver que os holandeses pretenderam dolar sua cidnde do
igr<·jns e aos co11vc11tos" ( 21:.) · ~ , um cravado 'l"º a liasse as qualidades de um plano geométrico às
Política sc 1ne lhante ><"ria utili7..3dtt em rtlnçuo aos nuclcos vantagens de uma artículação org~nica, revelJndo ainda uma evi ..
maiores. 00 Br.a.sil. que íuncionavam como ct.."11lros regionais. De- (!74) C•rt• d• IAii• Ofü, """'#d• oltnt - JS .S. ocflto iU 1$Sl (Dt..... Culol
M•llidro e Qfultl:d - Oput clt., 1>i1. 361 - 3." Yol.).
( ~75) Co•n·~lo, .<\r n1t11Wo • Mcn..., 1'tb.• ln. d"' - 1'Mll1~/I# )lo;1111'"11"-1t1 Cciff~M-
phlca, l_.isb1;1a, vol, IV.
(t76) S.uc••ro. TModoro - 0,- cit.

(!71) , .....& . . . Jtt&w-. dot - °'*'


(!11) OD -••• 1549 • lt<M, ~ --.. •~• -..h t~~l.
dt. l ....... pi,. l t.
f279> 8u1uru, C•spnr - ,,1tt6ri11 d r" fl.'lt~ ~l'r1tt•ttmr.11r11 J~•iti«idot, . ., !!..• ediclo,
n"' de J;u~ini, ln1prftlsa N•ch>1i.1!, 1940, ílr11111 3 1.
130 E\'OLllÇÃO V'AUAS:A no Ul\ASIL O llCASIZAÇÃO DOS CENTROS lfll8ANOS 131
(lt.•utc sup<'riuddndc ern r<·lntlio <1os portugl•Ôsfs, pc.:la .scg11ro11ça Duranh.l n segundo século verifica.se, entre os centros 1n<i1ores,
c·1un 'lllC tr.ll.lru1n o problen1a. umn ti.:nd~n<:ia à adoç."io de formas d e truço1do rclativa1nc11tc n·gu·
•.\s tc1ul<.~n<.•ai; c1ue it:r-ir11n obsnvada.~ uo dt'Sen,·olvimmto do lnn..-s~ tendendo ao xadre-c, com aproveitJ.1nento das {)C)\.,lhllict1dcs-
Rio de Janeiro t· Iklé1n - sobretudo o prhneiro. ao ocupar a faixa oferecidas pc·ln t'..scolha de sirios planos, qul' "inhá·Se fazcudo cotno
pl.111,1 entre os ~ lõrros 110 Caltlc.:lo e d e s.·10 Bento - c..'O nsHtuenl 1un decorrêut ia da rcdu~:ão do!i pt:rigos d e atnq1tc:. inl<:rnos. J.\ ficou
tlutlo que 0~10 pode ser dt·!'lprt"tuc.lo e <JllC os distingue cleiido logo clifo que, uC$Sn época, os viln, fundad a:. ._:11trt'? Santos o 11io de
de Cl:u l ro.s conu) S;'ío Paulo e ()lincl.1, Janeiro fororn erigidas e1t1 .sítios 11aquclus t'<>udiç·ões e ue·las, ainda
o~ núclc...>) n'lt:rlores, rn.tÍ\ antigos. instolo.,·nm·se, cm sua mnior hoje, é po.s~Ív(·I roostatar a rxistência Je traçados mais ou menos
p.arh· cnl. sitio, .u.idc.11t.1dos, no topo das <-olinn~ (figura 20). Seus regulares, <'>(lt.'cialmente em P•rali (figum 22), fundad• j;í na
tra{ados ;1pr<"S<..11t.1\;1n1, t--nlJ.0 1 no t"OOjunlo, t.:arat·h:risticas tlc acen· segunda me-Lide do .sl"(..1-1]0 XVII, roin 11111 rigoroso plano t 111 x:1drcz,
tuuda irrcgu1,tridndl·, i\ S rt10&S ndnpta' tlm·M.: ls coot1i'i;'Ões topográ~ C(llú viria a ~c r descrito por :\yr(·s de Castil co1no sendo "<:on1 ru<ls
ficas n1ais ra,·01·:\\·c.:is, e tcodinru n se orgaoi:.-n1· ron10 ligaçól'S cnh·o dircítas eucruzndas recla1ncnlc •. , " ( ::l>lt) .
º' poulos de 11111 ior in1port.lnt•i;t ll:l \ida dt·.s~cs tH'1cleos, $etll inl(.•nçíio No ro11junto porém a regularidade du tn1çndo esta\a, até o
tl1.· ordc:n:iç.10 gt•Ornêtrica. inicio do S<.'c11lo }.'Vlll, qu:ue 011scnte do llmsil. Aio<la muitas 'I'""
Uma (:()n)lante oa íoona de organiY..aç.io dêsses centros era a vézes.. no a>nK'ço, as ruas fõssc·1u ali11J1-adas, ha\,il. pt.'<jUC:1u1 preo-
'nloril'.1ção, por rncio de pia\-•l.S, dos po11to) de rnaior intcrês!le cupação de ma11tcr as dirctriics iniciais, cuj~ hnportancia ia fica udo
p.tl':l t:sl;:-tli con11u1id::u.l<.>s. Co!ill( ele; C5.n1<1ra, igr(·jas ou 0011 \'C1
1tos, cnfraquecidn, coin o passar du tc1npo. çou1n <l(•o1·rcu e1n Sah·ador.
pro\'oCa\'aJn n prc:iet vaçiío d1.: un1 espaço livre destinado ;\ aglo1nc· Foi só depois de 1720 e co111t11nentc uns vil1l.S e cidad~ nova~.
r.1("•0 d e popul.1ç-Jo, decorrc11tc das própria~ fin~didadcs dêsses <1ue .se tornou nonnal no Bradl ;~ regul.lricladc do tn:lçaclo. Até
L-clííít if)). TJI solução ex1g1a urm atitude l~pcdal par.1 ocupaçlo do então.. a exist6nci;t de º"'ª
política orl);udadora. co1n n\Jior ou
'º'°· juoto a ~-sses locais, l. qual necesslriarncnte de\"eri.'l <.-orres- n1t'fl0r conteúdo teórico. Wn1tnlc em ca:ios tnuilo ebpcciais sig~
J'lCJHtll·r um esíclr\·o Jc contrólc, int.'l:is-tcntc i. : ln se tra tando de outros nificou regulnridnde llOS tra~·ndos. ..
:n~pc.•c::to.~ elo 1n1çnclo.
Assim, 111n p<1uco ao 1nodo <l.t Crécia Antign, as preocupações b) Ruas • praças
c'Ont.·cntra\11 1n~sc nos locais de reoni5o, rl"<luzindo-se as rullS, no u s C)
tu~ado. qu•sc cxclush"3mente, 1u for>Ç6c> de ligação e via• de
ri.et..~$0 a êsses pon1os. As ruas, nas po\-oações mais ar ~ do Brasil, eran1 entendi.
Era re)ali vamcnte co1nun1 o pla11ejan1cnto de praças e sua oçio das quaso exclusivamente oorno ffil..'h, l1guçilo, vias ou linhas de
tc.:111 si<lo rcc.'()nhccida nas aldclos jesufticas, como Carapicuíba , en1 percurso, ligando ·os docnjc(Jíos ao.s pontos de iryerêssc coletivo
Sioo Paulo("º) o E<plrito Sonto, na Bahia(,..) ( figura 23 ). Mais ou un1 ã outro dêsses pootos. Na maior parte dos casos não tinham
modestas do que os estabelt'timentos dos padre. espanhóis, pois significado como local de permanência. O mo•imento era sempre
c;:orrespoodiam a programas 1neoos ambiciOSOJ:, essas aldeias b12· reduzido, sobretudo nos centros menores, orHI~ à noite, muitas
~ih:iras tinha1n contudo, co1no n11clco, as pr11~·as ondo se ins1alavan1 vàzes, passeavnm sohos os animais pelas ruas(!&• ) . Nelas circula-
ns igrejas e quo eram objeto de tratarnento cs-pcciaJ. ~1c.>sn10 em varn principalrnente as pessoas - pedrcstcs. cavaJeiros, rêdes ou
Snh1ador, c<nn unl traçado 1nuls cotnplexo, a observação de l\obcrt cadeirinhas curregacLis por cscnl.vos - ou, eni cnenor pr-oporção,
Sn1Hh Cll<.X>ntrou, nns praças, um11 réplica minuciosn <la orgo.ni7.n- circulavarn m crcadorlas em CQtros ou transportadas por escravos.
çlo url"na de Li<ho•(""). O transporto sôbre rodas era comum, mesmo nas condições
mais difíceis. Antes do firn do primeiro século, já nos informa
(!~t S,u..... l.ul.il - 'Nok.lr .-6hr• • El'lllbf4.) 4't MONffe Pllllli.i.t•. Sh h1tll). Aoó- Gabriel Soares de Sousa <JUe, cm Sal\'ador ·· ... descem dois cami·
1~"1•>, 1' 137.
(::!>I J ) S~llTll, l\Qbf'n C. - Arr111(l#,'t1111t CQll)11i11l, $~ l ~•11dor . Li\'t1uh1. J>rnJ111l'O,
lf,..,, ( 283) C~1.. Aires de - U.- cCr . li.• vol., pj g. ll3,
(23:!) SMITU, JIMJ....,. e. - o,_, '''· 018.. ) T • \.1'f•Y. Afloiuo de E. - lli.WJrio da Cid....• J. $40 P.:ido, pt1. 11.
132 l~VOLU ÇÃO URIJAN'A 00 llHASlL 13.'l
uhos cnt voltas para a pr11ha~ um da banda do norte que é s<:r\'Clltia d~ucia que se verificnvu n1esou,1 para os <.'S tahc:lccin1ento p1'1 blicos.
d ii íonto que so diz <lo Pereira e do c.1 C.'Senlharcadouru da ge11tc dos Err1 1612, "n Câmara l'()n1prou uns chõ.os de terra' na actual roa
l1il\'io::., o caminho <JOC está da parte do sul é .scr,·entin polra N0-ssa da A»cmblt'ia para ali edilicar o a~ugue d• cidade ( ... ). Esta
S<:nhora e.la \..onceição, aonde e1rtt~ o desembarcadouro grral das tt.cquisição, que signifu;n a transfcrênc-h1 do açougue do l\lorro do
H"IC-l'c;adorias. ;10 qual descrnbarcadouro ,·td ter oulro ca1ni11ho de (;as tt·lo p ara r1 Varzea, p11rece indíc.:ir q ue j:l ná parte bniaa da
(·:irro, por onde se esta"! rnercadorilts e outrils co11.s.1s que aqui se cidade se adensa'"' a m•iorfa da popul.l~lo"( ,., ).
dcs.·1nbar<.'fim, lc\•;un em ~rrus 1)3:ro a cidaJe·'(:?toJ), :\ s ruas cr.1:1n uti1i1adas cnl coojurHo, pela populaç.io, dt:Sdc
Normahnc·ntc, o trúftgo era cJc pedestres e cavnlciros. O trans- O!> primejros anos paru nlgt111lflS fonna'\ de recre1t~~10 e principal-
porto clu c.;argas era rcalit.tt<lo pelo~ vias 1.111c liga\•Otn as entradas rncuto para a.s procissões. <JU<: se coostjh1i"m nun1n das ali\'idadc.s
da po\'Oflção aos lcx.-ais de fc-ira ou rnt rcacJo. Conl() na Cré-.i.1 An- urbanas mais caracterislicas. .-\s procis!i6cs ocottiam con1 certa
tiga, a) ruas dos aglomerados orb3nM brasileiros, estreitas e pouco freqiiCncia, h3\'tudo as ofil·ialn1e11tc estabelecidas pctl C:\n1.1ra, elas
rc.·gulan·s, tinhum tun.t c,:)Cí.lla e t.1m lrnta1nento de ncôrdô coJn quai.s pnrticipavn quase tôda a l'lopuhu,:üo, o ns eslaUe1c<:icla..s pc·Ja.s
111p.1êlcs fins, J'L>s<:rvandv~sc as ate11~-0cs p1·incipais aos locais de uso organizações religios.1s. "Obr1govam as ordenaçô<.'S reaC) <1ne as
t·on1u111, c.1ue eram as prJc.--as. Camaras promo\·esse1n tres grandes proch.sões annuaes 1lOS dias d e
A) praças <...'Onstituíarn os pontns de atru~!áo e de fot aliznção Corpus, da Visitação de Nossa Scnhoro, n 2 de j11lho e <lo Anjo
urbaní:iti<:a <.: a própria urq11itetur.l de m:lior apt.1ro con<:c11tn1va--se da Cunrda, ftsta movei que )e <:c1ebrava no lcrceíro domingo de
n(~las, cu1 sc.:us t.-c:lilícios prine:ip:.1i,, oficiai"' ou religiosos, flc.-ando julho'º(~). Essa tnanife\tação religiosa hnha ta1nbém pela sua
a ar<1uilcturJ partit1Jl;1r quase 5«.:mprc nu111 plano inft.-rior. Essa fonna ele orgonização, u1na t.-videf1tc fun çao de C)lilnular o conlato
nric.:ntaçilo é cvi<lcnciatlB pela doc: u1nentn~-.10 rnais 011tiga re lativa soeia l e 1nesn10 um sentido de ri..'Creação, reunindo às expn-ssões
à a1'c luitcturu e pelas d escrições e it."Onog1·aíiu. Não existem infor- religiosas um• série de manile.t.. ções lcig•s de origem medi•~•I("").
mes 1nuilo e:laros sührç os usos de n1a) e praças nos anos de Em SJ.o Paulo, ..as festividades de culto tx,emo Bs n1ais repelidas
fundac;l'io das pdmciras vilas e cidades; totlrtvia, o rnatcri:tl qu(: era1n ns proclssl>~.s oficJals" ( ::11<1).
subsiste.\ rcfeJ·enlo nos fili.s do século XVI e ao séc ulo X\' 11 , nos A..s praças ncolhiam, desde o início, muitas daJ principai:s a ti-
permite <upor que soluções semelluntes <K.-orreriam mesmo DOi pri- vidades dos núcleos urb."lnos; n.-.liza\lam-se nelas reuniões rc1igi01as,
n1eiro) aoos, conclusão <)UC é corroborada. pelos csque1nas de tra- cívicns e rccrcntivas e atividades de co111ércio, co1110 felras u 1ncr·
çndo :tplit ados dcs<le o início, aos quais diflcilrnt·n te podcrion1 cados. As povoações mnis humildes, como as aldeias de indlos ou
corresponder outras condições d e uso. paróquias reunidas em tõmo de modesus igrejas Isoladas, dese1wol-
.Xos centro,s maiore) desen"olvem-se ruas comerciais. Essas aos via1n grande parte de suas fuo çõcs nas praç.as. o.s quais, por isso
poucos \ ÃO adquirindo int<:rêsse co1no locais <le perrnanên,:iu, corr10 me.sino, eram. selnpre seus loco.Is ele Jnalor impo/tdncia e rnuitas
pontos ele reunião co1nercial, co1no ruás de uso constante, ~cmc:­ v~ze> a origem das próprias povoações. Em princípio, em frente
lhantes às praças. Assim, em Sal\i:tdor. oo primeiro *'•lo,
••na arte. às igrejas, onde a população "' reunia após os ofícios religiosos,
ria principal fica\'am as lojas dos mc.•rcadores, as tendas dos artistas abrial'n-se largos. capazes de acomodá-Jn o frcqü cnternente se de-
e os principais edifícios dn cidade, os puhlicos e os p:lrticulares:. senvolvia o co1nércio, que aproveitava essas reut1lõcs. ..\ aldeia do
Parallela á rne,ma oorrí:t • rua da Ajuda também po•oada d e mer- Espírito Santo, no sul da Bahia - mais tarde vila de Abr.antes -
c:1dores, bem assentada e enobrecido com a rua cgrcja que foi a ou as aldd:ls em tõrno de São Paulo, como Embu, Carapicuíba e
antiga sé de palhil e onde t:unhé1n fic-.i.va o palacio do bispo que São ~·figuelJ que guardam aindn hoje essa dL'iposiçt\o, limitnvarn--se
era ainda naqucllas 1nes1n:ls 'casos bôa.s·, cedidas ao roaUogrado à praça ou pouco mais que is.o. Diz J..úcio Costa que, sendo o
D. f<'ro F<-man<ks Sardinha'("'º). No Rio de Janciro o comércio objelÍ\'O dos jesuítas "'a doutrinll e catequese, a igreja devia ser
iria ~e esta\x>lect-r, logo que passivei. no plano, junto à praia, tcn-
( 2.87) CO.AACY, Vtv&ldu - 0,UJ cll., pig. 34..
(2.88) T40f.4T0 Aff- (!• Y.. - S-. P-'o *Ot f"riinoriro À....,, •• , pia,. S...
(W) So1.·M, (;;ahr~ So-.e ,,.., - Op1u til.. l.• ,,..,,. pig. 2.H..
(!MI S..U.•~ Tlwodolo - o,., dl.. pie.,. !.74.
( UI) AT.u a. C.UU.... CS.twadot> - °"""cV., ,oi, V, Piio lt•.
(290) T"~'Ju,'I', Affviuo 4e E.. - 1Hfl~i4 d111 CW.d.ir 4f: StW P• lilo, piJ. $8.
134 E\'01.\;Ç•\o URBANA DO BRASIL ORGA>'IZAÇ-~O DOS CENTROS 1..-nBA>'OS 135
an1pfn aíi111 <le a hrigur o nÍlnlero !lc;1nprc crc:scente de conver1tdos 1ncio ele Jurniuárins e incluiam, por vêzcs, tanl hé1n as fcstivlcladcs
e c·nriosos e locnliincln, de prefcrt:uc.:i.-, cn1 frente n orn espaço religiosas. Aincla cn1 Si.llvndor há nc·ssa época "... llfll lcrreiro
ab"·1 lo - UO) tcrn.:iro - onde o Pº"º se pudesse reunir e andar 1nui bem MSt:ul.\dO e gruude, aoud-0 :.e rt:prcscntam us festas a
li\ rt:1nente ••• "( :::,1 ). cavalo, por ser 1naior que a praça, o <11u1l t.~tá cercado t.'11\ quadro
E)sa parece ter ~ido desde o 1nício a preocup:i('lio; as cons- de nobres casas. E ocupa êstc tem.i ro e parte da rua d• banda
f~1ço<·s de épocas )>O\tC'riores, e ule-ç1no os icont.-s 1nais antigos. só do rnar um suntuoso colégio dos padrf-s da Comp:tuhi~ de Jesus,
h•n\ f1·ito coníirrnt'1-Ja. l~s.,.t é a di.sp<hi~·A<> adota da u)i•snlo no Rio co1n tuna forrnosa e n1egrc igreja, onde se serve o C"11lto dj vi no
111· Jn1u·iro, co10 St.!llll tonv1'11to s cstalu·l..• tidos oo .alto das colinas, co1n nlui ricos ornunicnlos, a qual os podres 1t; 111 ~cn1pru n1ui litnpo
<.'(uno Saufo AntOuio, n S1': (figura 2-1} e o 1'. fosteiro ele S. Bento " cheirosa"("') (figura ZI) .
( lig11ra :!.3), ou etu Su lvaclor, IH) T erreiro de Jesus - ou (~tra citar Ocorriarn ta1nhé1n, eu1 pontos cspeci~li.s, rcprcst:nl"ções de
"P'-"·'\ algu1ls exemplos - nos (.1)11\'C.'lltO:. ÍrJtlCiscanos de Olinda e autos, oomo a de 16.& 1, en ccu1lC1norn~·~o à aclamaÇ""jo de D. JcMo
lg.1roçu. joJo P1,.'$WJ. Sah-ador ou 5.io P.ntlo. 1\ ', rei de Portug.il, no Rio de Janeiro, e1n que a t~dad1:, por suas
linporl:tnte c-rJ l;101bt111 o uso das prr1C.!o1S para n..'"Uniõt.'S c ívicas. ruas e praç:as, tornou·ltc u ecuáno, p,1ra ris atividades dn L'Ofljunto
E.ru frLn h· ds C.l1nar.1') (ic:ava ·· . .. o .siuo do Con~elhu. o grar1dc dn população. Dela fêz Coarac:y u111 n·s.urno. basc:u]o ent docu1nento
:.pu1tndor. do povot 11f1~ oecasiões sohJn1n1;~ oo fcslivft), gravl:5 ou dn êpoc~t e q ue vulc: reproduzir: "lt interessante rt·gistror, Su<.:in-
i.h ~n·s. ! \ i; \'O% CS do r1·bate rnunitip.al t.1C<.:11dia1n pressurosos . .. "(io2}. IJ1ncnte. ernhvra, o prognuna que; foi <:xccutado. Nu noite de
N1.f.1, tarnbén1 instala1.11.,c o 1x:luurinho, ~ ímboJo du autonomia Páscoa foratn as rua3 dn cidade percorridas por urna l:.llCt11nisaclu,
n1unic.ip.il. '"O .)Ímbolo por excel(!ocin da dignidade municipal 1nnrcha de c..'a\ alcir<>l rcvtstid0$ do luxuosas c:lpas broncas e por·
cr.l a coluna de pc.'Clm ou. mesmo. um poste de madeira viril· tadores de tochas e archotes, que Ul"l:imavam o 1KJ,'U soberano.
O)(·nto Je,antttdo na praça prirlcipa1"("'1). A importância dêsse Neste préstito to1naran1 parte JlG c;i,aleíros, da nobnn:a da cidade,
ltÍ11l bofo é <le.">Lac-õlda por 111na Ata da C1l1nara de São Pnulo. onde tcudo ~\ frente o próprio governador, aoo1n panhndos por dois
M: i11ÍCJl'Jna crue .. . . . pedia o Procurador A ífonso Dias c1\.1e se cí<:c:ti· gra11dcs cai·ros d c-an1í'ntc ornamcntoJos e 'prenhados' d e músic.a,
\\ l:>M; n peuil de doí~ rnil reis, co1n111in.tda ao.s vereadores do anno confonne reza a relnçào co11teroponli1ca. No din scgwiilte h o\i\1e
tr.to"!ac.to, pelo ou,-idor dot capitauja 1\ntonio Bicudo, por nlo ha- alartlo, ou parada, <.-m que tonlaram parte 1200 hon1cnJ da guar-
\t..'rl"rn obedecido à intinlaçlo> que lbC> íi.1.ern do Je,·anta1nento do niç-lo, d .. fôrça> de mar e das nullcias, com uma companhia de
1x--kuarinho dentro de oltõ dias··. lndios frecheiros. No c:>mpo da Ajuda fizeram-se cn,.cicios de
A !'"'~"' do palAtio cm Salvador (figura 26) recebia trotamento manobras e co1nbnles simuJados, dirigidos pelo governador.
c~pcc-lnl. l)cscrc\'enclo-.A <.m seu tl"n1po. diz Gabriel Soares que Nos d ias subscqiiente.s, bouve corrldns de touros, jOgo de canas,
"«slá no tneio Uc.sta cidodc 1nn tl honc-stn proça, e m que so corrern t.>spéc:ie de torneio C()rl~S C1n que OS 7)(lrtitlos1 de J5 C3\1RlOirOS cttda
touros <iuando convém, c1n a qual t::.IQo da banda do s ul u1nas lHll, foram chc fhuJos por Salvador Benevides e O u,rte Corr~a e jôgo
nohré) e-asas, e1h t111c se agasalhau1 os governadores, e da banda de manilhas (argolinha), assistindo tclda a popufa)lO.
do nnrlí: lem as cajas do negócio da Fa1enda, da alfâudt:ga e ar· Num dos rua• de lestas de-ia efetuar-se a _representação duma
rnJicn), e da parte de leslc lt.'IJl a casa d;i câmara, cadl-ia e outras comédia num teatro que fõra armado na praça, ao ar lh•re. >.tas
c.l\aS de moradores, co1n que fica ~ta praça ern quadro e o pelou.. a chuva que caiu obrigou a transferência do cspelóculo, que se
ri11ho no 1neio dela, u qual da banda do poente está dcsAbafada rCülizou n a t.ilsa elo governador, con\ a nssístência de todos os no.
l'O lll grande v is ta SÕbrC 0 1nar . , ,'' (: 11 •), ~(iSluravnnl •SC portanto tóvcis da cidade. ·
1111 pr.•\·n as furl\'Õt:.s d vlcas o os prugt'J1nas n.."Crcati\•o.s. As corne- No dorniogo, houve mascarada burlesca. predecessor antigo
u1or.t\'Õ4:s oficiais cõn)la\·o.m, prin<:ipobncnte, de omamento~t'lo por do carna,·al. E na segunda -feira, 8 de ahril, foram t."D<:errados os
1 !911 (".op-.._, LUc'9 " -''••lftfNq: ú "--"''"- . . Sraril, /,.; R"°"l'U 441 f;aui•
fostcjos, com uma niidosa parada dos e<tudantes, organizados em
•-"too 111.i.l."'9 ~ AtUUW. \ ---1,. •.• 5. Rio~ Ja....._, MEC. piJ. 13. con1panhia militar...
1!"1~ ) T .u !"'..U, .\ll°"t0 dei l':. - llln.it-i• ~~r...,•.W 4t1i \'M?a d• 5. r'11~Jo. 3.• ,"41l.,
P"'I• !':'l.
t 2 i.l) Za:i.:n.. , Edmlm•to - º"'"' nt., pAa:• .;o.
(i!'J I) Sot 3A, C:.iboid S<>llr~ llu - OJWr c-il., J,• \'Cll, P'i · ~ti.
136 EV(>LUÇ.~0 URBA ~A DO DRASlL ORGANIZAÇÃO DOS CE'.'ITROS URBANOS 137

Cou111~~111os êsti• progran1a porque du sua cxc~ução, com minu 4 as praças. l louve 1nesmo tendt:ncia a identiOcar o ctntro urh:100
tios.a dc~1iç~o. mandou Salvador Uene\idc.""S fa-icr, por Jorge Ho· con1 o com é1·cio. En\ Ou ro Preto n Cà1nnrn, cul<lnndo de impedir a
llrig1u.·11, u1n<t "'Hcla~·i'ío da 1\cla1nnç:10 que se fe.t na Capitania do existêncin de estabelt'cimcntos comerei.ais íora da vila, rcsolvt..·u. em
Hyo J .. Janeiro Jo E>taclo do llmsil no Snihor Rey Don João o l\f abril de 1713 ..proibir a que ni\o ouuc~sc no destTHO Õl.-sla uilJa,
<1ue nt~')c· rnr,mo ;n10 foi imprt:1i~a c·rn Llsl>oa para ruc:lhor <llvul- c1n d lsta11cln de hún lcgoo logca de fazenda St..'<'a ou molbnd.l ou
gaçolo (' t onlu·thncnlo da 111anc·ira e11t11:.i.lstica pela <1uuJ. no seu <1ualqucr uendage de nt·huã sorte pelo preyuâ.1-0 que se seguia a
go\·«r-1101 fora rt-cebid1& a Rl'staur..\~lo.. (~). pouoaçlo desla uilln, e tlt:ininui~·íío do :iumt.0 tlclla con 10 t•unben
J )e clt'slnc:ada ÍHlf)Ortdu<:ia e Íl'l-'<Jüênt ia <"rnrn as reuniões d e aos oH' r<.-adores dt·llu, e ao.> ]uur.a.dorcs do ouro. pello ro-yui1.o q·se
f i1•S c-111ncrci.;1b 1 c1uc se f>1zbnl etn m•·rcaJos, fc1ras. ou nlíândegas.. lhe segue aos seus escrauos ..... ("").
\~ ft:ir.1, setia1n rcali;,adas, 1n11itas ,,-..lcs, e,..'()n10 no Reino, à so1nhra As prnç·ns contino1-1n1 n ser os locais clestiuodos às fltividndc-s e
th1s C,1so:. <lc c;,1n1a1»L E 1n SalvtuJor, c,;C'n lro de nlnior hnportàn<:hl., funções mais solene" A praça <lo Palácio, em Salvador, é remo-
r1·.1li2~1\'a·S(: de ínicio uma Ít:ira à beira-1nar. na praia dos Prsca- delada, com a COn)truçáo da no' a r~id1~oc...'1a dos go\'cr11adores, c
dor,-s, <: outn• na praç:.t da cic1nde1 l,m fJcc· da Canu1ra 1 «ssa rnais n n.'(!onstruçílo da Cas:• da (:àmura e (;;:1<lc.•ia. "Esta foi n reali:r"ção
f:1rde tn1nsfcrlda pa1·11 o terreiro de Jcs-us. mais ;\mbiciosa da pri1ne1rn parte do segundo pt.•riodo da con~trução
Nos ccnlrOIO urM.hOS mt·nores ª'
ruas th.•sen\'Ol\.iam·se em tõmo colonial dvil na H.ihia", di' Robert Smith('").
d.l.!\ pi.1~·:•s 01icJc se: t1(•on1odnvam o.s c.;asns de Cí\1nara o as igrejas Os ceolros urbano:; maiol'es eram valorizados pelo uso de suas
11aro1p1iais. Nn perjíi:ria ou cm pontos dc.)tacaJo,, onde se instai.•· n18l, como das praças, respondendo claramente à nov11 inteo~ldado
'.irn 0.) <.'Onvt1ltos, al)ri-arn-se os h:rreiros resp<."t'ti,'Os. Nos centros de vida urbnua. E ssn rn:lncira do enfrentar os problc1nas orl>anos
1naion.:s pore1n, cnnlo Sa1vaclor, as praças gonhnvnm cn1 e!lpcciali- refletiu-se no tratruncnto CJUC receberam, nos cuidado~ di.spenJadoS
"ª'-'ªº· Jiferiudo segundo suas funçõt.') ci\ icas ou rcligk>sn.s. Je,·an- pclJ.) Câ1naras e na prcocupaç-do qua~c apaixonada con1 que os
1 uulo-~c· a ptunt>ira na pra"-a do p alácio e a Sl'gunda no Te1·n:im propdct,írio.:i 1nais ubastados tratavnrn as superflcies de s uas rcsidêo-
<lt: Jc~us. O crcsçhneoto e ti 1nodificação dos centros forçava, por ciast voltad:.'s pa1a oquelas.
,,·.1:.es. a 1nud:1nça tla d(.'Slinação doe!sses logradouros, como ocorreu
c.:rnn o ·rcrreiro do Canno, no Rio ds Jaucfro, ITansfonnaclu progres·
0 CUlD.U>O Cô"'-1 AS l\UAS:
)l\t1n1cntc eln s11t1s fuO'.'Ões, a partir da con.struç.1o da nova Cadela.
Ul.tPlrZA, AUNllA).ID\'TO, NIVl!LA.?.IDM'O
(.' <pie stri:i nuis tartlc o Largo do Paço, quando afi se jns-talou o
J'.d:ído do Gov<:mador, atunl ediíício dos Correios e Telc!gmfos. As rua• e praças qua•e nunca eram calçadas. Apenas o au-
A partlr da segunda meta.de do s{"(."Ulo XVII, as ruas, nos centros mento de movimento iria, aos poucos, criando probltrnas de coo-
1na.ior~. passJrn a adquirir uma novo importància. Elas já não são servoçllo e exigindo cuidados en1 ta] sentido. .,
npl'nas o ca1uinho que se percorre para atlngir os locais de per- No primeiro skulo as ruas cb cidade de Salvâdor, no dizer de
lll.an~ne:in e atividadr-s ern cOmum, mas, sobretudo, em função do Teodoro Sampaio, " ... no geral, sem calçamento, excep\"10 feita do
ton1ércio e da produ~~i1o 1nanufatu rcirn - npesar da mod~stia da uma,, duas ladeiras que davam para a praia1 ttnham esse aspecto
\1hüna, serão tambénl locais de pcrmant:ncia, de contato e dis· das vieUas a <1ue a vegetação s6 não im'3de no ITilbo de pé posto,
tuo;,são. ..\d<Juirem portanto M\.'ll imporlància pl&stica: as ruas e que lhes corre tortuoso e á md:i lngurn"(""). No entanto, já em
O$ casas roo1c\~un1 a ser feitas pa rn scren1 vistas, pelos que nelas mar1<> de 1628, a CAmara mandava que o ..... Porteiro Manoel
pcrrnanccem nu circulam e passa.111 a ser objeto de cuidados. como Gonçalves Rapozo trousesse empregiío opedaço da Calçada que
;. es1a no ter1·ciro at1ue1n 1unis barato aquizesscfazer; elogo p\lresseo
C29ti) "O 1xw<1 do IU11 de J1rnc-lro uiu dei«ool)otcl• Q4 tjprtAculo' it:i.ttidt. Nlo
••Um bf'tjlh lllt,, t!l'llM 11:nmo rlltO.I:. 11'111• nJio fll' htt o ptimll'iro qt•• -.q'lli H .-.ali:.tcMI. Ji Domingos Fernandes Pedreiro, edisse, quelançava oadíta Calçada
•• lr:iS.:. (.!;Al(Jiin. n. fj.. d.J ~ ... - (Ü lllOllriA cb "f'"~ÜÇ. . qw. pu•
e -~- • I~ 4 ~· SdMo•liio, pai.lronio d• dd.adf', >f d'C"t•OU DO 11dtfl d• 111;1.-j.i d11
dois mil reis ... "(ª<IO). E1n abri1 do mesmo ano queixava-se a .ca.
M1..-rk6ul1a. H11 :nf-tk11U, 1·mlmr.a ...11c1u e i•ni•tt(1s.u, dt1 Q11h•s. ( ••• ) A Dot lc-1~ c~na
,'i' "' ~"':t·~•t•l'r!''°'\ ~ln primt.in.1 H'fl•~l'!'.1111(~ pruh•lll ttali:rDdll l)U Rio> 4e J1md10 i • tltt:U Cl97) A·ru 04 CJM.t.t.A. "' Vu.. 8Jc• - o,.. rit.. TOL xux. pli. !!a.
~-,,,.~fia 11110 lltvl ... fifi" lttl•l'l"r ~ fl•f'IM.'IOiuJo, '1- {cd i ~ ü n.•lt'° '\f 4 de .11t.ftl de t t96) s...ms. R-.n e. - ~ c:rt.. ~ 81.
UHI. - cau 11111" S.-IQ!b heniiiu'" (Co.u.4CY, \'1\'~ - O,..• ciC, pip. ff/100 (t99} S--.M•._o, T111.'0dcro - (}pU$ "''. ~1- 110.
' 101,. (:10<1) A1•• nA <.:.l.M..U•• ($1Jv11dor}, , ..1, l. p&j. $$,
138 EVOLllÇÃO llRllANA DO OllASIL • 01\CANJZAÇíiO llOS Cl\Nmos llRBANOS 139

1n,1ra por l1avcr dois 1nczcs, q ue anda t'n1pregão os pedassos ru;ougucs Ja cidade, ". . . para beneficio e consentaç3o do t-.lesrno
d:1<t C~tlçada.s <lt.:sta. Ci<ladt·, <:orn doo fé ol'orttiro ~lanoel C'.-Onc;31vcs •51'•ll1guej e Curral jcojmo jl•jmocm pern fontes e jcjalca<l.u de que
Rapo-LO, t.: llJO haver, <1ue ncll.1~ )Jnçasse mais, quePcdro Gonçalves jé Publico e notorio que n<<M5ila COI• cidade e republica ••• "(W.).
dc~Jatlos, '1ue lançou emcada hraça Je quartada, qoefizcr nf'.)ia Já em 1659, "'os officiaes da Carnera e-in 1ncsa ele ' rc-açJo Jnandarão
Ci1Jndc atr~z. pntricas •• , "(»01 ). No aoo ll•~guintc, a Cà11lam fa ria chamar l .ourt·n~~o affonço pt'.dreiro e contrfltnr-d.o t'Onl c:l1c que
;1rrc1uatar .. ''. a (~nlsad;t ((li(.: ~c1nnndava faicr detrAz da Séo ( ... r·, fisesse as calçAdns 1111<; falHío nc:>la c.:it.laUi.:, e conse rto~ <lns que
a <:ada braça por ··uovctustõcs, pondo o C.dháo ... "(.1112 ). l)o- estão quebrudas e que por hu111a e oulra, lhe pag••rião n dous
t:u1nt:11tos COll'IO ...~ss<.~ rcgi;trt•m, nos livros da Câmara de s~ll\'ndor. roil e s1~i>t.'t:ntus reis per braça, e peUlol
ditto loutenÇ"O uf(onço foi
a preocup.u\,-.io dos oficiais com a conser\"aç.1o chs \ias 1nai~ movi· ditto que elle a.s$eitaua o ditto preço e su ohrigaua a fajcr :is elitas
mentadas. l~ntre essas, dcstata\o;1m-se os tcrTeiros as ladti1n:. e; as- calçadas e conoertos a suas custas, e 001no Seus t.=scra\'OS e íabrica
cutradas cou11) n do Carn10 e a de Stío Jh·nto; assin1, n 21 de nt:cessarius ... "{stis) . Novnn1cnte e111 1092, "os officiacs dclln (da
de--Lcrnhro de 16'31, foi po~l~1 ".;1npregão aCalçuda que vcn1 de 110.ssfl Câ1nara) ( ... ) u11iforn1C1n1.•rite rezoluerão caSentari'ío c1ucSc llcpa·
Stnhora da Conceição, a Lh~ entc.stnr 0001 as cazas em tiue tnorn o raSSE aladcirn quecharoüo dapreprcgiSa proContar c:~tur cn C;.rpas
Cnpitjo da Cullr<l.1 e a Cals.adll que \'ai 1>cla rua do Üu\·idor Ct'fal. dcSopodn andar peUa pella Rui na que linha dd.alta de Seicho e-pedra
quo\€111 porn aporta da Cidade ..."('"') e, o 11 de dezembro de .:·para este cffc.ito mandaf":iO aonlestre pedreiro manocl Caresrna
1632, U1h ano depois "'acalçada que está a1>0rta da Cidade que "ªi que then tomado a.<ClaSatlos quo pcllo prcCo deSua :all<-mul11Cão
para o (.~anno . .. "( 3114 ) . fizeSSc c Rcparase dit;a Judeira deSorle 'J "º liCaSSI> Cupns deSe
Os progressos era1n JculO$, De te1npos cnn tempos, nos centros Carrear edetodo otrato puhliq uo e ootroSi CauSaSSe 0Hu11 nouá
maion.•s pro\ idcnc-iava.se o col~mento ele algurnas p ra~-«.5 011 ruas que cham.:io dcSanta Ter<.'2rt eReparaSe Con llemt.'ndos nladeira
- c·speciahnentc das ladeil'BS - eorn grandu: sacrifícios. t:m 1617, que chau1lo <lcbema.rdo uJcira eque feitos SemediSen onforina der
na cidac.lc do n;o de Janeiro, ··mediante coolríhuiç.1o dos rooradorcs estillo para Serpago nafor1na que StCustu1na deludo 1nandar.lo fazet
d:t e-idade, du~ iesuitas e llO (tcln1inislrador eclesiástico, foi í11iciado este trcn10 que aSinarão ... "'('") . l11tensificara1n ·se o.s lr:r.l1;ilhos
o <:nlçan1ento, u pedra, da Lní1tir:l da SC e do largo fro nteiro à 11i.}..~Sa (:pocu. No mcs1110 ano de 1692, segundo consta tl n.s Atns, os
~f:Hriz no a lto do ~Jorro do Costeio. Foi (:~te o pri1neiro cnl~·a1nento oficiais ••. . . llesohu::ríio e aSenta rão que Conuioha Cl>lSarSSe
11rli<u10 fcilo no Hío de Jancíro"(305) . t:m algumas oportuuidades, asl\uas quochoanão do g01·1ipapejilro ComcSSando daClaSada de-
er.un emprcgodns solu~ maiJ precárias. Ainda no Rio de Joneiro, pcrlo doCoronel Sebastian de ARaujo elíma allte prendo natadeira
l'frl 1625, "'onJcnou a Càrnara que os moradores calças.sem a testad3 daConseiCJo coutro Si ScClaSaSe a !\nua que choanão dcllaixo dc-
do suas casn.s, em toda a e.xtcnstto, numa Jargura de 5 palmos. Esta Sao Bento CoaneSSendo d a Rua noua deSan~1 thereza a tho atralvleS-
tncdi<la nt10 visnva. a fo rn10.çi10, propriarnenlc, de passeios, ( .. . ) Sj•i das Cn,.lis do Alferes gr:miel Jobr.10 equcSe(izeScn logo ditas
inas tinha por ohjet ivo 1ni11,0rar o ~feito, sobre o leito do.s ruas. ClaSadas p-011• neSSeSSidndcs publiqua eScren mdito utels cSeruen-
que o.do eram calçadas, das aguas pluviais que corriam d0$ beirais lia dopemo epara eSSe eHeilo SepaSSaSSe portaria para o CloSeteiro
dos te.lhados"(-). daCidade Conth!•lnuar logo Con ditas ClaSSa_d., lpjellaJ R..aens
O crescirnC.'1llo ocorrido a partir de 1650, em alguns centros, llc:feridas ... "(" ) . •
vc:io trazer u1nA nova d imensão ao p roblt.1no.. Na cidade do Sal· Dos anos seguintes exisle documcntnçfo variada('"). Tendo
vador as c1ucstõc-s Jc ca1~':ttmunto e oonservaç;lo passan1 a constituir_, crn ,+ista n hnportâncía do problerna o a freqüência dc.ssns rcsolu·
st·gnramentc, 111na das principais preocupações da Câmnru. Desde (307) AT•• º"' C'.hu.a... (S.:l•ador), Y<1L 111, si'I· 311.
1656, rt~olvl•m os seus ofi<:iai.), para ocorrer às despesa$ t.-Om és.ses (308) •'-r•• º"" C..UU... (Sal•.._» wL Ili, No *-
scniços. e,labelecer um in1põsto sôbre as matanças nos curn.is e (309) A'f•I w. CU..U... (SAI"'*)• WIL \r,....... 113.
(310) ÃY•• IU. c.uu.u._ Vfil, \ "J, pi&• }~.
(3CJl} ATA• IU Cl.MAJlA (SaJ, • .toi), \'OI. I, P't;• 9J (311) 1•v1 C"l:t<mpio. tnDo. o l'!'(l•W'Mmf'ftlo do Jlr'or Ili> Con.,tot<t ~ N, S. do C.ín.101
f:'I02} """' "" C!.wAa• Olnl,11~101). '>Ol. J, pâg. 134, " , , , do H~ri.:11111> padre prior doCfll'lwnto dr.11foSSa $mti11rt. do•l'IOOtto dC1C:A11l'll> e" Nom~
(i>l)á) Al'A-' 1u t";,h1.o.1'1,t. •~•l1<1Mlor) , vol. 1, p llji[. 21),, dt11 'RtUgi<•l:l.lt <•• !=lullis Rtoqucril o 41 \'~dll1> Scllw11\lut1hSS• C111\Sf'r1•!t •I ,Hua r1uu <:lu mliu
(30.J) Ál'•"' l'IA CÃ\1.ll'l.o. tS11lvad<11), \'o>I. 1, l't'#• !il!j, dop1S.So peU~ cl\CapaSld2díi (file fl\j ~ dll!Wood('r t1nd11r po.:.r t-lla. oq"!'~ SNh 1111d111d 1t1r.o1t?,
{:10.'l) Co'""""'· Vh·11ldr. - 011111 " '',pág. ~l. iµ•od.e d11 fu,q1wtaC.o l<Usl pruSLSo.01 q11e Sdaxilío emqu.• bla oSacunmu $11('rtm"'''º' • •
e~ J c"'...""cT. \'1..:iJdo - º~"' •.,, .
p.i&-- 63. { AT...s 04 ClM.ioM.t. ( Salvadoc) , YOI. VI. P'I· ~41)
l~O a-:VOLUÇÃ() U RBAN A 00 UHAS ll.
1 0RC/\N'12AÇÃô DOS CEN'rnOS URBANOS 141

ções, • Clmara de Salvador dtoeide a adoç'1o de mt-didat de caráter Da 1nesma forma que o calçan1erllo, a Jin1pe:t..a das rlUl( .sofreria
pennancnte. para gnrnntir a conservn\·ilo e o cnl\:amento da~ vins uma tt·ansforn1(1\'ÜO de escalfl, cn1 fins do século X\ 1 11, no~ cen tros
p U hl içra~( ~ • : ). dt mníor hnport:'\11cia. A atiludc assun1ida 1)Ch.1 Q\rnara ele Si:ilvador
I': lx·m característica d.u transformações pelas quais P""""ª reíletia o mesmo Brn:idurecitnento r'-' clado no trato dos prohlerna~
Sah..dor hsa di>(JO>ição de providenciar verbai fixas e com as de calç:irnento, nomeaoJo dois meiriohos especia11ncnte para cuidar
incsrnas gnraotir a continuidn<le dos )crviços púhlicos funda1ncn- da linl pC?..a : "'. • • (oi Ret1ui:riclo pelo 1ui.s do Pouo c1ue porc.1uanto
tuis. Com o c.rf·scinH~uto da c idn<le, novas ruas u ludein1s \'ão sendo Esta cidndc hc.:rn muito populosa Eosrrui~'O dell la se faz.ia todo
abt•rtas t..· a capital é forçad~• A províden<.iar ºº'os s:ervi\'OS, à altun: po< Escrauos, " sobre l•I UmJ"'ZO della st-nlo p11d<T• thegoro
de- sua irnportàucio e das atividades que desenvol\<-e. cooscguir 01neio peril sefazer, Edas 1nuitas E1nundicias •1tu.: se La11·
O prohJcma de conservaç.lo e lirr1pcza das vias públicas ator- çaua1n pclus Ruas EPpra.sas della scl•:ulcndi;.i que l\(..lult.iuüo 1nuilus
u1í:nta\n penuancnlC11)Cnte os oficiais <las C.11narns. 1\os OC'lllros do je nsns ngucl.a.s que ocll;.l auia, auencJo sido anlig:tmenlt: 1nuito
meoore$ é <1uase c.-erto que as ruas f0s$cm sempre sujas. "Em 1587 sadh1 s.ohre queooua menh: tinham pRouido l'On' posturas pera.se
declara, a o l'rucurador Afonso Dias r1ue a 'villa (de São Paulo) Ex:Ecu jtjorc.m, hera rnuilo ronuenieuti: qucse ti.Sl'~M'1n Dous ;.1L1no·
pos.suia rnnis 1nato1 r11u) outrn coisa'"(:JJ 11 ) . Pro<·edia-sc a JirnpcZéls taseis do l .im_pczu, o Exernplo das C~iclodcs Populosas do Jlcino Je
pc·riódic.n'i as <1uai.s incluíam tnrnh.:m o obrigação da caít1ção das Portugal, CO•n todn a Iurisdham quc.-a ordena.s.io do Ht·ino <ln nos
casa!t(iu ). And.avarn os aninuiis do1o(')ticos à solta pelas n1as el'n almotascis que osenado d• Camera da digo Elege pera cJdo Dous
S:to Paulo e terá )Ido por Í.))0 que: se procurou " ... pro1nover para n1eses, ... ". Os dois a1Jnotnccis " . .• se E1egcri'lo Reparticlu1ncnte,
longe a 1·cmoçáo do1> chiquc:iros, a principio arrímado.s aos muros h11 pase pera o Hnirro ldt?I Sa1n Ucnto, Eoulro pera odo Carnlo
ela vilf.1. Ohjectova Domingos Lni:t, na. sessão de 4 de fevereiro de Edo 1n<·smo modo na pra.ia desta cid.1<l<", hu do C-Orpo d:i guard.J
1575, qu<· por eles i>odiam"' indios irromper na povoação ..... ("'). della the Santa tlwreza, Eo11tro tbe oforte ele são francisco ..... ("').
A Càn1ara de Salvador era 1nais minut-iosa e in:,istente ein <JnC."Slão A pr6prlo Càinal1L se (..'llcarrcgaria do cobrar cios nlmotacl:i.s o cun1·
de li1npcza, (..'orno c:·onvinha n uma cidade capllul. E1n uni;) só pri1neoto de suas obrigações. .>\ssim, cm 16<J3, ". . . foi proposto
\'ereaç.101 no auo de 1626, esttbclecia ••. . . quetoda apesso.a. que eRequerido aos ditos officiaes mandaSSen chamar osAlmotaCeis da-
th"\.-sse C11as nesb1 Cidade donde S(.-fizessem esterqueiras as man- linpez.a eos obrigaScn logo afo>.e< alinpeza detodos as Ruas edes·
da.s.se a1i1npar, co111pcna des<'is mil reis adeselhc:topnrem asua custa. fazer omolnlturo q ue est.1 dctras do1·n uro deSlo íroncisco r na la·
cquc loda apcssoa q ue tivesse Caza, que; botasse cono arun publica doira daConSeiCão cnão Ía•cndo ditos Almot<iCcls nSua obrigaCiio
e tivessc-m se1npre línl po comnrncsma peoa) casshn mais barresse foSSem Castigados n:úonna <la Lej ...·("').
sua ruas e as ti\."CSSe linlpas ..... (,t•). O alinhamento das roas fazia.se por meio de ;nstrumentos rudi·
mentarc.< de navegação. Em São Paulo, "desde L590, aMs, pedia
a Camora lnsístcntemente que se contractassc )para a villa dois
'piloto>, 'praticos de ogulha', ou agrimensores, pon cau>a dos ques-
tões de terras, em que, a todo instante, surgiain. 'muitas diferenças
e duvídus e questões"'(• 1•) . Nessas épocas inals remoti•s, d ispu·
ilham os moradores corno lhes convinha elas "ila.s, e mesn,o barrava1n
a< passagens. "'Na sessão de 17 de junho de 1593, pedia l Camara
o procurador Frnncisco ~iartins, que ordenasse quanto antes a
Suz.anun D ias o entupimento 'de duas covas que e.stavu1n no. praça,
feitas por seu filho Francisco Dias'. Achavam,·Se nessa occasião
'alguos bequos e covas de>tapaclas cm pctjuizo chi ,.iJJa'; convinha
(31T) A:r1o• J>.to. CJ)l.uu. ($al va®'). ,.~. V, pA1. 18/ 79.
(3 18) AT•s DA. C!•u'IU. (Salvadll,), vol. VC. p.ig. 211.
{310) T.ur.c:•T, Affoeso dt t:. - Op... ck., ...... 109.
142 I!:VOl.UÇÃO UHRAN /\. 00 .BHASIL ORGANIZAÇÃO OOS Ct:STROS t:RBANOS 143

quonlo aott·s prvvidc11cia.r nest<: st:ntido. A mcsrna Su:l'.anna Dias mnls Capozi' s cmeuos aladciradas cloquo Sfo cque dl ito .""itulho
cnlc·uilcra nhrir tn1l bccco ntravés de terrenos seu.s, S(·m Jj(."Cnçn da ou dt"Zentulho SenHUllhtri:l tirnr por lclrnprclluda ~quc1n .!n!~:; barato
c:~unara. ~fuito m:1ior abUM> rouunettera .\ l\•aro ~unes. alguns clin·SSe cSepagassc ludo d.is R•ll(hs doConSc1lho ... ( -).
aunos ante.). St:m d11r a qu~in quer que foS)O a ou:nor satisf:tcção. Ohjeto de n1aiores cuidodos ç ru o ali11hn1ne11to, que- se reve1avn
interdissera o transito por dcteriniunda rua. Sua.s mcrcê.s, julgarl<lo t:imbénl pela preocupação corn n largura das rua!t. As ruas de
o c.a.so. o.rdcnaram-lhe. então, <1ue 'a mãoclasc destap:lr", auerillcodo Sal,11dor dcveria1n t.:r ses~enta e sei~ p:1lmos de largura, conforme
~ s<cnidão publica cstal..,kdda"(""). 0 csrabelc~'C;iclo pela Câ111ara(:i:!u) . Nn prátic.:u, porCn1, n~ c1in1('nsões
Apcsnr ela p ree;ariclado das ooudiçõe..s :1clrni11istrativas t1n São variava1n. 1·:1n 16S5, a c a111flra mandaria abrir uma ladeira, n qual
l'uulo, " . .. j~ cm 1575, da lt itura de um te""° <fo 14 de Agosto se .. . • • heria sahir ao quanto c.lts Cazns tetn na praja Do1niogos es·
<k·prt.hendc que a Carn;1ra olo pt."l'lHillia a nbc.•ttura de port1111 para t<'ul'ío gon1es claprotc do guindaste c<1ncse ahrcria de trinta plnmos
a rua sc111 autoris,t\·iio ~ua. l lor tt·I' prc:.ciudido de tal pennissão de ll\rgo e sefnria Com as uoltns ncccss.arias ... "(á2r). E1n l6-'36, na
t 'Oll) «·lia tt·vc.: serio conflito o espl:rtissimo labc-Uião escriv·do f·ruc· verttção que se rt.'\Olve a nhertura da rua 'luç dc\'cria sair do
toc»O tia Co')ta .....( 2 .: 1 ). Cuidados dessa ordem eram co1nuns nas ConveJltO Nôvo de SnntH Tcreza, é tlcttTn1í1lndo q uo a n1csn1a r-ua
po\ oaçi>c1i 1naiores e n1cnort:~. con·e,pondcudo, c.Jç 1nodo gcrnl, às lenha ta1nbérn trinta p..'thllOlo.
flºl'Ull:lcllch~\·Ucs <:Onl id:i.s na.s Ordcn3Çóes. A Càmara de Salvador Em alguns C"JSOS, ''ª"·''ª a largur~ Jc uma parle para outra.
na \"Creaç~o de viule e (1natro de janeiro de 16!?6, estipulava da 1n<.:sn1a rua, duns e n1ais vezes. Em lô93, ainc.lu t 1n Snlvador,
·• . .. quo nl:nhnma pc-ssoa nhrisso ali ~~rces c1nneh111n edificio sem tendo eo1 \•i:,ta a vistoria que fora1n rn~.~r na Rua Nova d:.1 Lodcira
li<:t:l1\'n da l:iunara ... " ( ::i:::i) e, inab a diaulc, "ciucnhehuma pessoa do Bragu. próxima do Forte de São fran~sco, <!uc_, ...Ji ~ir na ~~ssa
t'm Caz'lS que faça. faç-_. nenhum ~diço. ne1u varai,Ja, nem Senhora do Pilar •. .. Jedilal a Rt1aC:io dcClnrao ditos off1ciaes
saf'adas, que passe detres p~1l mos 1iob arua ... (3:2) , cluCnmarn nhnlxo oSinados nos trl.'".S e quotro c.luCorrente l·nclla
J~m 1025, dctcnninou ll Càmant do llio de Janeiro ··. . • qoe d etremin<1rilo que dita Rua foSSe dcuintc eSJiJn'I"º piamos de
uinguem fizesse ca.sa de pedra. ou t:iipa, 5em que previamente lhe largo que ComeSSilo na entrada daRua onde as C02as doAndre
fo,'tc dada itrruaç:ao pela 1ncsn)a Ç1hnara. t a primeira Jnedida uiCcnte onde Seniclco hu 111a1·Co d igo dous ~·farCos ln.1 <ln banda
ton1ndr• peln~ autoddndes C01n o inlulto de pôr parndcil:o à irte· dcSirna eoutro dabnnda domar eentre dilo dous MorCos •i ditos
gulnridadc do aünho1ncnto corn que se dc.5(:nvolvia111 as construções uínle eSinquo piamos eCorcndo dahia para dianlo olhe ofin dales-
n~• tidade e que dí.l'"ª às prhnilivas ruas o troçado tortuoso que até tad• doCnpitüo domingos nlonCo onde Se1neteo outro Ma1·Co d is-
l1ujo se pcrpc-tuou cm muitos logradouros pl1bJicos cuja origem tante dos primeiros dous aSima ditos treie batCas de Conpndo
n..·n1ota a cssil~ eras o.ntigas"(:U•). cncSSe lugar tera dita Rua delargo uiole piamos e<ledito ~·rCo
A intensificação da vida urbana.. aumentando a im1>0rtância athe ofin daRua junto do 1nar jrn C".-orrondo dO' ulnte o S1nquo
<las ruas no c-enfí.rio urhanu trouxe, romo côn'icqüCncia, no fins do p1nino dle nrgo... "( •'•)
- . 1 _
s~-cultt X'\' 11 , unl certo cuidado com Jet1 alinhamento e nivelamento. ~se mencionar ainda as c•peril'flcias de desapropr!açao
O niv(.•lamento do qual, até entl\o, não se tivera maiores no- necessárias à reorgnnizaçúo dos centros ou oo conrrõle de seu desen-
tfc,;las, foi urn:t deoorrênc.ia do uso n1ais intenso. Em 1694, a C!lmara volvimento. A prática seria conhecida tanto ein centros 1n~n~rcs
de Salvador resolveu, a pedido do Prior do Convento de Nossa c:omo São P,.ulo("°) como nos maiores como Salvador. Nessa ultima,
Senhora do ~lonle do Carmo, se cuidaSS<:m de algumas ruas, e cm 1693 rcsol"c-se que ••. . . para milhar Seruentio eutilidode pu-
·• ... tSé~kslentullrnScn enlulhaSen deSorlte que fôSSem d itas Ruasl bliqua ScConpraSen abenfeitoria de Ires moradias <le Ca2'1S que
fdtas por Conta debaixo doli!uelJ dcSorte que fiCascn dita> Ru!as auía no prenCipio daRua ..."(.,.).

(320) i·.. c,..•v, ArfOflM> de E. - Op"" dr.,t>Ag. 99,


(321) 1'•• ,.,.\', AfíCltUO dt E. - Ô~lf dl, 1"'' 98.
C12l) i\T•I ....... CJM~.AA. ( ~l·ylldof). vol. J. p4,g. 19..
C3?3) AT•t PA C',Jw4•4 ($sh-Nor). \'OI••• p•g.. 19.
(l~4 ) er....1U,(;l', V"•flldo - 011111 Clt., J''" e:t.
1-1~ t:.\'(.)Ll:Ç.~O l 1RBAXA 00 BRASIL ORCANIZAÇÃO DOS Cfu'\'TIIOS URllANOS 145
O probkma 1lu olinh•rn•nto foi trotado p<~a Clnura com a em tódas as cidades, mes1no nas européias. maiores 11np1itudes. A
1ncm1a aten\~o espt'<.ial que ha\iam mcn.'Cido l1n1pt~·,,. e calçamL·nto. Cãmara de Salv:idor estabelecia, através de postura, o largura de
AJ.;n dos pruíissionot1S' cn<:arr<.·gados pt~nnaoC"nll'n1c11te - c.le início 66 palinos para 11s iuos dJ cidade, o que era n1uito pnra :1 época
a rruadores( ~ 1 ) nu1is tarde e11gc-nheiro!. - pro\ idcne:i!l·se 11111 li\'J'O (cêrca de 14 1nctros), inos 111uilo pouco para unlo ruo n1ual, pois
<l<'. r<:gi~lJ'V de arru:unçntos e estip11h11n·se p1·nas pttr;t a constrn\~do A cli~t~ncia era contadn de pnredc. a parede. lncxi~tindo os passeios.
c·m tlt~srcspc1lo ~s dt·h·rn1i11açiíc-~ da Col1nan.1, ··,., t·1K•rn C~onstar Nos núcleos fl)ais 1110c1<'i>lOs, :ls ru;i.s seriam scnlpro rrii.ís <::itrcitoii e
d~ dilos ulloa1f11·11tos tScruir no ConheSio1c11fo cl1·quc f:.1. Ca?:fl conl rnt..'Smo em Salvado!' esico largu\'a rnrarncutu seria t.'t111scrvada. Co1110
nl(oaC<.10 ou St'.u cllns Tie1.olucrão q ue Sefi.1.e:S.Se hu l.1vro llub'HCru.lo o alinbamcuto e u nlvc.•lamcnto, as larguras ta1n1Ji:1n crn1n irregu-
pcHo juiz urdin.ariu oqunl t·~t.1un nc·~ta Ca,-..:.1 <lu<.:~1111nru t uclle .Selan· lares e, ?t.s vêics, nurnu só rua, variava1n de u1na •1uaJrn 1>-1ra outra.
C:.r.io totlo.s os oHu.uncrllo:. que S<.-r5.o aSinados 1x·lo nRuador e O nivelamento crn tan1bém e1n geral p.rec.lrio, urn~t vez que as
ofíic iaes daC.a1nar.1 <tuc fizerl•an dita aRuaC.io cparo1 este e(feito ruas erant pouco ulili'lOdJ.s para a passagem de ,.t.ofculo.s. Prcot.11JX1-
~t1~t<:HCa.ra '•o aR~.Jc.lor prezcutc juliu tlt·Souza par.a qoe n.jo !lHue vnm-se mais os moradores 001n as dificuldado J>3nl a tirculaç-Jo de
Sc.:nao oafonna d< Clarada e toda apeSSoa 'Jºl" f1.l.t'r Caza ou Caas pedestres, especiol1nc11tc durante as procissões; por êsse rnotivo, por
dcmadeira ou p<-dra aquol 5.,, Ser aHuada oufo~ d•>ll11,1Clo Selhe oca.siâo das ft.-stas rcligíos3s e que se deter111in11va ao.s inor.:idores
IK>tar.a aobra abaixo uSna Custa t'Sa:re po1·a aHua uSu.1 antíga afluac:io que capioas.ir;e1n e J i1npa.)~Cm as ruas e tap;;ts:>cn1 os bur.lCOS e os
<.~ pag::ira Seis eh.:rrt lrJntn dias dtCadca eSer.io notl·fiC.1dos todos os vulos a bertos pelas enxurradas. eu'I frente às :su11:; cosas, que. por
oífici:ies <l('p<:drtiro (·(,:nr:ipina utio foSSc·n pngos Algut\ sen Jhc- sua vez. duvia1n s1:r caiudas(a.a') .
Jn~Jshare1n estilo nnundns por este Sl'nado e f.tttndo pagará tres t\s praças era1n qunso sc1npre irregufl}res. J+:1n Olindn. as plantas
1111 1 Jleis etrí11ta d ios tlcCadea t'lleC01no nSi11 o nSt·11torâo 1 nandarúo e vista.ir; inais a11tigos cp1c se conhece revelam que a 1ncsn111 a usência
Í<lt:c·r este lrt•1no .,, ''(i :n) , de rigidez do traçado dns ru.a.s era encoutracl.l no nlinh.uncnto de
Na rn<-~n1a vêrcaç-lo em que se ton1a f.:~las resoluções. é enc-.J.- sons pras.'õls e tcrrciro.s, junto aos conventos de São Frn11ciS<.'O, São
rt-<:-ida a l1l"C..'(.!S5id.adc de conservarem os .ses~enla lMlrnos de laruura Rcoto e Carn10, ou n1t.'Sn10 na praça principal, onde fi<:.tva a Igrei<l
e do cuidado na manulCnÇ'lo dos alinhameolos: " . Sedt..ircmin: ("3· de São Seoosti.io (S6). Disposição S<.>tnclhantc mcontr.1v~·se fr<'llte
Senta 'JUC aRua lPnha SeSSenta palmos Cotnt'Sando do proUo etn- às igrejas de Slo Paulo o Rio de Janeiro. :\essa cidade, as edifica-
queSefaz ouquer fa,<·r C:lzas joão Pt'reira guimaracns que Se opro· ções pri11cipais do Morro do Castelo, como o Colégio dos padres e a
rlo dt-São pedro hira ~npre co111eando dita Hu.1 Con al.1rgura de· velha Sé, eram front•-adas por terreiros('") (figuras 21 e 24).
SeSSmla piamos athc ofio della que he ofo1·tc de Sõo pedl'o i• O traçado do Salvador, conservando em princípio as diretrizes
assi1nl Se Jlezolu<'o mnis qlle p ara Se e-uil::tr os dann~ e 1roturas das do plano inicial, incluía praças amplas e con1 u1n allnhn1nc..'flto n1ais
Huas enqucScf~1zen Cn ....n:> orclinar-iamc.:nte nos nlh:hi1ldes Stnão faS- reguJar. A praça da cidade, surgida na etapa inlcinl, ainda e111
Sào Scnseren aílundas nafonna daordc uaCUo ceslillo .,. "(~:'ª) . te1npos de Tomé de Souza o Luiz Dias, linha um sfnlldo de núcleo
oficial da cidade, reallzando-se 11ela as principais atividades- cívicas
AP.-\RÊ:-.'CL.\ DE JlUAS E PftAÇ•.\S e situando-se a.U os edJficios da Câmara, do Pah\~io dos Governa-
dores e ".,, as e•••• do negócio da Fazenda, 'llifilndega e arma-
A aparência da! ruas cm compost.a quase que com os mesmos zéns ... "(.,.). Ao lado, na extremidade voltada para o mar, junto
e-lementos das ruas atuais, mas a fonna pela qual cada um dêles à escaipa, estava localizado o terminal do •guindaste", o qu•I é
era olilizado produzi.a urn resultado rnuito di~rso. claramente indícado no "Desenho das Fortificações" e no "Perfil da
:\s ruas eram e5.lrcilas: para os padrões atuais ~iam conside- -Cidade do Salvador", publicados por Sõuza Leão (íiguras 28 e 29) .
radas mesino çon10 terrivelmente estreHas. A escala da época porê1n Voltava-se também para o mar a p<.'quena praça em frente à
<-ra outra e outros c-rnrn os usos. os <11.1 ais dispensav.i1n, filc-Hn1t·nte, c.atedral. cuja posição especial lhe garalltia um rclntivo isolamento
(33l) A'fAf p.., C.l.J.u""' (S11l ~·•dor), ~·oi. VI. pig. 2.27/228. {334) Ver oot• :110.
(33Z) ATA.f º"Ch.1All A ( S.-lw111(u ), vul. VI, lliig. ~ti-0. {33.5) A p:rfl~\na i.UJptU l(llO d• top-0gr•fi• tii;gla soluçi)ort dütfl upo.
(33$) AT.•S I>,\ Í:ÃMM•• (S,1l••du1), v.,I. \ 'l , l'ilg, 29.'S/21HJ. (336) Socu, C1b1l~I SorHtt d• - Óp•lt ~t., V'«· 2.!'.ltl.
146 f.VOL.Uç.~o Ull6ANA DO BJlASlL onCANlZAÇÃO DOS CE:STROS URBANOS 147

de circulação. ~lolor e mais regular, o Temiim do j csUJ era já uma como, por <"Xcmplo, na que corre por trás do Terreiro de Jesu$,
praça interior e por umn de suas extremidades lig:l\"a-se ao atual para os lados da Sé, chamado ·rua do Bi>-po", no desmho de Teo-
largo Anchicla, que so abria cm frente à Igreja do Convenlo de doro Sampaio, j;\ mencionado.
São Francisco e cuj:i. dis:J>osição irregular já lenlbravn a de muitos Algoma varicd"dc decorria tamhém d• diversld•dc de ap:lrên-
nút·lt:'Os orbnnos do Drasil. cia d e cada co11stru~lo. º"'"ª
vez que inexistia, ninda, A prc-<>copa-
.As ruas o prnçns rnr.-mente eram calçadas - quando isso ocorria ç5o de enquadra1nC1\IO dos edifícios: contíguos nos n\cs.-nos padrões
o cal~·an1ento ('ra grosseiro, do pc:.'(1ras fincatlns, uhrongeodo tôda arq uitetônicos. Ess{ls inovnçõc-s s11rgiria1r1 110 ink·io do .século X\lll;
ü largura dos ru.1s, pois não existiam ainda os passeio~, introduzi· 1nesn10 n.1 ~oropo• cru1n rclativa1nente rect..·oh•s. N.l An1érita Espa-
~los rnuilo rr1ais tarde, como forrna de seleção do tráfego. Apenas, nhola seria10 crinc1os, na.s praças priucipais dt· algun, ceutros, t'On-
ttS vez~ Se punham afgumns )ages sob OS beiroi.s, paro proteção junto.s de edifícios íre<1üenterncnte sôbre "logglns" uroadrts corn
contra as águas d.Jl chuvil! que caiain, con10 aquelas colocada.s- nas urcos e colunas - ma.s, no Brasil, mesu'ló us r..-diíicioJ pí1blicos, e1n
ruas e.lo Rio tle Janeiro, em 1625(»< ). locais semelhantl'S, seriarn rc2li7..adO:S, ílC)$.J ~. isolndotmrnte.
As ruas eram constituídas por filc-irJs de C3.)3S construídas A aparêucia gl'1'tll das ruas, compotldc.>-sc tios J)l:>.rU)l. corres-
sõbre o alinha1nento e sdbre <>s limites lateral). dos trrrenos. for· pondentes ao leito e ao~ planos v<~rticais d.•s con~tn1çõc-s, favorecia
1n:u1do superfície:s oontínuas. No~ cc"Otros 01enon.as e nos arrahal<les a co1oe<t\-d.o de t.-diítcios de irnportAncia ern frc·ult: .10 lénnino das
- por Vt~(.:S tarnbé1n nns casas de esquina - chegavrun o~ po1nares 1nes1nas, 110 poul o tl1J íugu da pl'rspe<:tiva, c:ri:t11dn nlgu111!l ' arii:-
j1111to às run), 01011 c-r~•m ocullos por n1uros, rci.tnhclccendo-sc, por dt1<le na pai.sagcnl urba1'la, e ao 1oes1110 tc111po, vnlori1.1ndo o <'cJi-
n1eio dl:::.lcs, n co11tln11idnclc <las superfícies construf<lnfl. Sôbre êsses ffr:io a li coh")cfld(J. A~shn, a Igreja de São l"nu1cbl.'<), c1n Silo Punlo,
1nnros cJ..:rrama,·a11l·S~· as árvores- dos por11;.1t1·.s, nltc'AV.lnl-se os CO· em frente à rua de Siio Rcnto, a igreja i.lo 1111·:.ino no1nc, oa Bahia,
qutiro), co11.stih.1índo 1un toque d e verde na pili'iagem urhana. ao fundo tlo 1·crrciro de Jesus ( figura 27), ussi1n ta1nbém o (:on-
lsto por'lui:, ni:"io existindo arborização u::i.s r-u.1s, ncrn i•1rdit1s p(1bli· vento do Carn10, erri s..·u t('rreiro,, no Rio ele Jt•nt:iro. A for.na pela
t.-<1.'){::::.-.). a aparCn<·i•l daquelas <'ra de <1ua.sc monotoni:t, 001npon-- qual .se dispuseram algumns igrejas e capela) 11.a p.ii ..agl·n1 urb,1na,
do·sc de <lua) íaixns t'<liíicadas, paraft.·l.as e qua.)c scn1 interrupção. lhes pennitir-ia aslociar a vantag('l]l de convcrgCncia dt.- pcisp<·ctiva
.\ docnmcntaç.io iconográJica é an1p)a e es1.:l;in'CC<loro. Sôbre das ruas à da posiç-lo topográfica en~iuent<:, ,1tuo1f"lõ <la qual se
S.1f,õ1dor, além da ·· pJJnta da ltcstituiç-;ão da &hia", de Teixeira h<."fl<:ficiavam em gron<lc parte as edificações n:ligim."'l~ do Hio ele
(figura 11'>), com d•t.1 1>ro":h·el de 1631, pode->c mcncionJr, enlre Janeiro.
outros, o desenho de Denf'dictus :\fealius (figura 17). tu n1a.s era 1n, A prcoc.upaçüo com a aparênqia das ruas e praças dos ccTil'ros
assiin, <lcíinidas pt.•los construções, e as con~troçõcs <lí·finidas cm n1aiores eJn fins do século XVLI é uma dC(:orrência dh'ctn da iin t)Or-
função das ruas. Conseguia.se nina apnrênc-if.i t.lc. grnndc concen. tància c rescente dêsst'S centros e de suas ruas coino locais ele per..
ll'ilÇUo urbana, mt.-.sn1n nos centros rnais 1nocle.stos. Essn unidade 1rn11ll':ncin eh; un1n parctl!l signific11tiva d:t populnçilo. E~sf1S trilnS·
era <Jnchracla ripcnas pelns vnriaçõc.s de alt ura <lus casas. ora térreas, formações estão presentes nos docu1n entos da Cãtnarn de Salvador
ora sohra<los) corn doi~, três ou qualro andares. ou p<:los rnuros de já em fins d o ;éculo XVIII. Robert Smith, cm um Jc seus trnba·
quintal~ e hortas. Ô> quintais dos t.'Onvcntos, <.'Obrindo áreas maio- lhos(',.) afirma <1uc "o Senado da Càm(U'J flsê;ilí,.4va rigorosa-
res, era1t1 ch;1mado~ do "cêrc-as" e oormalmt."lllC 1non1dos~ como o mente, no de<:orrtr do século XVlll ( .•. ) o próprio aspee10 d.a
rc'"elam os quadros de Fr:mz Post sôbre lgaraçu (figura 32). ou a cidade". E lembra u proibições, já em 1696, de reali>ar certas
iconografia d.l cidade do Sah':ldor. Desla, pod ...., obsavor, na modificações nas fachadas, que perturba•·am o alinhamento. "A
vista <le Benediclus ~lealius, que ilustra o livro do Padre Bartolo- recomendação repetiu-se cm 1716. Dez anos depois estabelecia·$C
meu Guerreiro (íigord 17). que murados e-rarn os conventos de São proibi~o grral d~ edificar sem conscnlimcolo oficial"("•).
Bento, o <lo Carmo, o Colégio dos j esuítas e o d o Sito Francisco. A valorizaçõo dns n1as tinha porérn duas faces. .~ outra é a
No mes1no desenho apnr0C.."l.'1n muros de quintais 1 c1n nlgumas ruas. preocupaç5o revelada pelos clh1ersos géneros de arquitetura de ofe-
(337 ) Cu..u1.A r.v, VJv,.ldo - OJMI• r;1., Pá.s• 63. (.;l.3!)) S1>1m1, Kubij1I C:. - l)("14mentr.1 &himw1. pi1. 9~.
(339) o P!l.'\~'<l 1\\bllco di> l'tlv d .. J1mdto ~ (1(: fil"lt du -'t'lllO XVUI, (3.40> Sh1'111. tto1~11 C. - O,i"' Ci1., ~ 9~.
118 EVOLUÇÃO l!HRANA DO lU\ASJL
ORCASTZAç.~o DOS ct:NTilOS URBANOS 149
..ts roas (' praças um aspe<.-to mais cuidado. 0$ exen1plos mais
íet."t'f
notj\<·iç, t01no não poderia deixar de ser. e:itavan1 c:1n Salvador. As Diint•nsl'>es e forfna d e iL11pJantnçi\o ficam esclarccid;is por mc·io
pn1\\tS - .u do 1:'d{1cio e o Tcrr~iro de Jesus - p~tssnriOn'I por gran. da it;ouografia 1nnis antiga. No que se l'C'fc•re a Sulvntlor, :i lên-1 do
dcs tn•n!i-IUrrnn\·oes. 1\ priuH~il'a hcru:ficiara·se con1 o nc)vo Pnláciu desenho de ~·f<-:ilius (íigura l7) e du "Planta da Hc·!'lttlulçüo'' ( figurá
i.los Covtrnaclc1rcs e C0111 tl cn~a da Câ1nara e o segundo co1n o 18) é dl.! gronde vnlia o cxnrne do " Perfil da Cl<la<lc l)u S:.lv.1dor"
grn11dt: c.011\l·nto dos jesuít~ e sua igreja, fe-ito.s dt: p(:drn lioz (figura 33), onde se pode notar a proporçiio entre o:t 'ºcheio)" das
traLid.1 C)pC(i:aJmeotc <lc Port11g.1I. ~le~mo as ruas for:un modifica~ CQnstruçõcs e os '"vazios" das run~ p<-rpen<licularcs :\ ('()Sta.
elas por ('tlifi<·ac.'Ões erti no\'a c.~1l:i e lralam(."Dlo, ,·;aJori/Jndo-se ·"' quadras era1n di,-iJida) en1 lol'"-$ mais ou n\t.-..'º' regu·
c:(un con1.tn1~ n..figiosas wmo ;\ ~fisericórJi.1. ou o Palácio do lares. cont írc-ntes que variavam crn tõrno de duas. trUs e <11.1:1tro
Bhpo, ou tonslruçt>l:s mera1n<-·ntc rt•,id<..1u.·iais, t"Onlo a 11érie ele br<.1\\'ls(ªº) e t,'(lnl fundos 01ais Qu 1nt·nos extenso:,., os tinais, n111ittts
grandc·s ~ol11·nclos1 constn1ídos nncrucles anos na cidac.lc olta. ''1.1.cs. atingia1n n~ nras elo outJ'O ln.elo, coino os qui11taio; das casas
. O ft·11Ónh ~10 ullo ocorn:u npCl)ilS c1n Salvador. :\inda quo ali da J'ua cio Dispo, e1n SaJvndor, no dcsc11l10 de /\ Ic-alius ( íigura S4),
c.~ll~1l'~Sl't 11 1•nh10 os cxcn1pl1Js 1n:tis siguificativos. c1n quase lôda a no qual su 110lll ainda disposição ~c1nulhante, que tc.; ri:1 n1 us <,:OSl\s do
Colou1:1 u.s cou.i:.I ruçõr:~ r l'figio5fb I.! oficiais passaria111 por Uffl:l fase ·rc.:rrl·iro de Jesus, na esc1uinn du rua que bu.s,-.1vn a.s portas do
de rt:fonnas e n·construç.Jo, capnzc~ de dotá.las de recursos para. Cnroio. Em OJinda, as ~.., Jo Pátio de São P<.'Clro e d.l nla do
o atc ·ndiru~nto de 1'10v;1s fuo~'lX~, mas tarnbêm capazt"S de lhes Amp.iro(.,') teriam a mesma dispo.<i\oio (figura 35). A ocupaç:io
<.1>nftrir um nléiOr :apuro forrnal e, muitas vêzes, monun,cntalidade. das c:1uatlnas tinha por objc.:lí,·o, crn principio, a acon)()tla:c;-:ao de
E111 h)ll·l' .1.s OOlida<lcs t'Rl rpu: ~e dt'Sen\ol,-ia o co1nércio proccs. t"<lifíclos dcstinatlos a habitação e trah:.lho. Sua t.'Onfigur.tçlt> :.ten·
s.a,.:u1~·~~ .n\ tr:.'ln".rormaçõ~. (jUO C1l\O)\'('ran1 também os grandes dia, siinullànca1ne11te, às C..'<Jnvenfênclas da forma de dii.tribuiçilO
propnctano5 rurais, e111p~nhados cn1 ofurec.-er, por intermédio de e <las técnicas construtivas que enHio vigoravan1.
!)Ua.o; tc.sit14.!ncins urbanas, r1 n1cd idA pi'1blica de sun i1nport1incia. Ao N:l periferia d islribuíam·so corno Jó. foi visto, pequenas sc.~marias
l> C iniC'i<ll' o sC:culo XVIII, a. ruo jtl se tra11sfonnara uo local para o que davu1n origcn1 a cháca1·0:., as quais, por :.n:1 VC.l sofrcriaro
'ju.d o:i colo11os se \Olttl\'a111 c:crfrnoniosarnentc, oícreccnclo.Jhc 0 parcelt11ncntos, na mc<lidu do cre.scirnc11to dos núcleos urbanos. Aos
mt'lhor de sua> casas, de suas roupas, e do qu:d cada um proeurava edificios ofici:li.s e religiosos reservavam-se., em g<'fal. posi~·õe$e

cx.11lc::1r sua\ fraque~ insuficii·uc:ius e intirnidadc. Estavam ma- especiais.


dura) a.s condiÇÕl'S para a impLtntaçlo de um urhanbmo de caráter (;Q1_n o crescimento dos centros de maior importdncla. foram
fonnal, do inspiraç:lo barrôca. sendo •ubdhididas algumas chãcaras da periferia do, mesmos.
Comumente, porém, perm:.u11:cia1n na.$ n1ãos de seus proprietários
e) Quadros e lotes partic\11ares ou conventos - oon~tituindo.. se em verdadeiros ohsli ·
culos para o crescimento ordenado daqueles centr, s. Forçava-se,
As qundras, qurindo cornplct:uncntc edificadas, co1np11nham.se em decon·êncin, o aprov~itamcn to dus terras ao loogo das estradas
de u1n.1 li11l1a rontínua de construções, dos lados das ruas, com um do aC\.'3)0 às po\roações, onde se cdifica\'a, criando~se uma forma
grande 'Q1io constituído pelos r111iutais, na parte interior. Os te- de loteamento d...,rdenada e tortuosa. Essa confígúração podo S<T
Jbaciu> das C3j;ls, de duas águos, que os lançavam par:a a rua e para obserYada no levantamenlo que f.!2 de Salvador o Brigadeiro Massé,
o interior dos lotes, coroa\.arn o conjunto e, algutnas vht"S. forma· tanto na direção da Piedade, quanto na direção de Santo Antônio-
vam unia St.1,'U1lda linha de continuidade. f1)tcrna1ncntc, porérn as além-do-Carmo.
dirnlnsões das: quadras sc-ndo grondes, cslendiam-so os quintais e1n Ern nenhum lugar encontramos docurnento q\IC dcixns:se per-
\'a2io!) ~uq:>rce11dl'n tt.'S, que oonlr.1slnvarn, <lc modo violento, com a ceber Jnc.-sn\n nas vilas 1nais n1odestas, aquêle tipo de inthnidade
;;ip;.trêncift do co1l(:e11tra:ção das vius públicas. 1\ s suas dhnc'Ilsõe:i e entre c.:os1.1 o ruu, que se enconlrt\ rins aldeias de Portugal, aquela
propor~·õcs 'nria\'an1 de àcôrdo <:0111 us condiç!Ões de topogn1f-in e oontinuidgdo do espaço exterior pt·la snla e da sa]a pelo t.'5pnço exlc·
posição da5 <lu1Hln1s no conjut1to. Qua11do havia nJgu1u.~ rcguJari· rior, aq\lel.l continuidade que dt:ixa viver os anímuis pelas vít:las,
d~1dc..· no lrn<;:lclo, comportava1n ~m Jnécha oito lotes.
( 3"41 > v .."'*'"c..a.ot..SyMD cJ.t - O,.• dl-. "'" J5&
(!MlJ '°"' -4<.aa• a par\e rtf"""" M t"Onlror6n ~
150 .t:VOLUÇ-\O UHBANA DO BllA<i:JL ORGANIZAÇÃO nos ÇE.''TROS t:RU.\!\OS 151
<:orn<l <:1n tttsa. En1 oenh111n,1 vista, e1n O<.'tthom <Juadro JL· Franz Posl janeiro de• 1626 a Câmara manda\•a • .. . que todu npessoa, que
t'1n ncnh11111 <los cronistas. l'IC pcrcehc a<1uola inli11ddadt·, aqut11~ tiv<·S:,(' ni. Cazas noquart1·I vicssc1n fazer tejup:ir 110 h.lirro '1L"S:'10
c:nk1r dtrorrent<: d<: um longo c:onlato social Íllt'\l a f:h!C, coJno é llcnto,,. "(ª 1:1). :Esses hairros, quu I0 1nuvn1n O Jlt)l\lO AOS COtl Vl'll tOS
<:cun1~1:1 '. 'ªs a ldeias, 11a~ ~l'f'<l"i ca1npooc:sas, onde a viclu tt·1n seu)prl~ próxhno~ às portas da cidn<lc, corrcspondiarn as ~·1rcus qnc se cstcn·
·~~n sc;ntu..I~ d~ con>~n~dadc e: 11do se libertou 0<>1npli:tarnente dos dia.111 cntSo, a partir elo c<·111ro e1n a1nbas as dirf'(•õcs. A principal
"1nc·ulo\ lri~1s e çl,.unoos. ~o Brasil, pelo co11tr,lrio, 0 portugues sepor:iç.'io, porérn, seria entre a cidade ali-a e a t.:idndc h.'lixn, quando
(1uc· .t.hcga e Sf.-"Dlpre uni proprithirio, tun S<'nhor, tnn hon>etn de t."Sta M'I desen\-oJ,·eu, a partir de nicadas do sOCulo X\111.
c·orn<.-rliO, uni <:mpres.J.rio. S113.l ambições ,.:lo ao 1nes 1no teinpo No Rio de Janeiro, n d0$Cida da cid:idc t>Jnl " \irzea iria,
'it·nhuriais e hurguês.1.s, rn-0rca11th e princjpes<~~1:,, A ruu 11.lo ê jarn.ais desde logo, provocar unln primeira divil>..'lu tc·rritorial, a seguir, já
a ~"" C.Llíl, m::1s o locnl tli: ct·1·i1n(>11ia pcr:1nle o q111d 'Sl' n;;ali;-..;a coino no plnno, surgiria uma scparuç-do cl.1ra eutn· n ).lhcrit-órdia (ou
l1r.l_ll<-'O e sc11hor. J)csprczn-o nos centros 1nt:no1·c5', ft'Ol<' ·O nos Slo j j)!i..;) e a Cnndt•J,\rio, l'u11cionando o TL·rn•tru llo t~nnno
in,u on·s, cp1nndo o oon1é·rcJo t1l>s11111c: o prcdornínío. Nuuca, poréo1, <.<01no scpar.1\:Úo. J)isp()siçl'ln sc1nelht1nte h: ria H1·lé1n ( figurfl 35) .
''~h.rt• t•ln :-.e d<.'rraina. O:. t''<111c1na.~ 11Jt>f] ií.!vo-rc11açc·t•11tíst.1s c.fc suh- ··Qua11c.10, 1·1u 162i, os frades cnpocl1os de Saneio Anlo11in, d eixando
<ll\ ,,,10. do l"!-paço urbano. íorç-.tndo o a.li11hame1110 crrhnonio.so das o )r·u hospicio de Una, lc\'anl.1r.\111 o seu pri111ciro í'<Jn\'tnlo e cgr<'ja
C"a~l- \ohre a rua e a contiguid.i<lc ttteral. Í<.Ji rerto::11nL'11le uina n<.. no ~ilio <jUe por isso se ch:i1nou largo <le Soneto A11toui1> tnlrou a 1

<~"\,1daJt·. <.'11<1uanto
. exislir.1m
_ 05 111uros prin1iti\-( l,, Oc[><>is, por: l
cn, <.'Xtcnder·sc a cidade para esse lado, chama<lo Ca11111iua~ por ser o
o non-na 1 str1a a CXJXIUSJO e o apro\·eitamcnto d3\ f,1(.--iUdad d carnpo ou suburbio do nucl«o prinlCiro povoado"'("") .
1•'I>:•,
' "· 1 ~I as Dolo e
- i' o1. .1:,,:,0 <jUC ocorrru. A con<:e11tr.t\::io cio:, tire-as••inais A chviWo das paróquias e fregut'Sias vinhn íonnaliL.tr a cons~
autig.1s su.f,,ii,tiu, enqu!l.nto ~lS c.unadns abttstadn, fugia nl (H~ra ~1s titui~·ílo do:. hairros. Unicln n Igreja (l.0 Estado, constllui:un aqu«las
c·hftc!1r a .. , 1nstalantlo-se nn pcrifcrin. tnntl divisão oficial dos bairro~, <;01npletando dêi."ic n1odo ~· ~oa dc-
. 1)-lsso tnodo, no Brasil, pcr:ii:,tira1n durante iodo o perfotlo colo- finíçllo. Corn.,-.spOl'l<lia111 gro:isciran1<-'nlc1 n:l Arc,1 u1l1ana, a tnnn
nial oç 1•o;qul'1nas <lc parcela11n·n10 do es1>aço urhano t seu reJacio- clil!ol:1ucin Hn1itada de percurso. cm relação a 11n1 pl'1nto Uc rcuoiüo
11nrr1~·11to w1n ~ arq11i(j·rura. Origioando·se de> nrl).;tnisino m<.'tlia·al religios:&, civil e militar. Erom divisões não apenas n.·ligiosas, 1nas
de. 1 or~ug•I, ""'º
encontrariam no Brasil oondiçõ~·' dl· nlOdificação tamhl'tn de sentido a<lrnini.Slr..tlivo, para casanlel'llOS, bntiiados, óbitos
ate o \4.'t1Jlo passaclo. 1\0 se ini<..-ioir o sêcu.Jo X\' 111. 1l..l" \ilas e cida~ e di\'lsôc.s rnilitares, pois nl•las esta\·am basc:ad.» a~ organiza·
des dtt CoJônja~ as casas co11Unua\a1n a se íStcuclc-r t,·1n fila~ cooti- ções de tropas de ordenaoça. E.ra portanto un1a dh·U.i o natural
fluJ\s, oícrec.:cndo ao obser\Odor u n1esn1a np.:irt·ncia <k· t·o11c:entraç:.lo. da populn,lo.
A população do meio rural ligava-se por vêzes n olgutna par6·
quia d() meio urbano, sohordinuntlo parcelas cio n11111Jo ruraJ a
D) Bairros e zoncanicntJ) d<:ttnni1"1adus parcelas ào inundo urbano e \'inculnudo essa popu-
lação, administrativamente, no núcleo rt.-spectivo. Isso n5o impedia
O Cf\.'M:imento da populoç.iio dos centros urbanos cood\t:cia à que houvesse paróquias corre~pondeudo. dentro de certos lhni-
f~rmaçlo ~· bairros. As separa{Ue> entre êsses <-ram com ftt<'tüên- t.., aos atuais distritos de paz dos baimlf ruroi>. Até J628, a
"ªª dcte~1n1.raadas por element~ naturais~ como gro1as, morros, Jagoas cidndc do Rio de Janeiro formava mna única froguesi•, a de São
ou dt•1nl\'C1.s accnt\lados) ou nH~$mo, pela intc.,.rupção dt\.'Orrt-ote da Scba~ttao, cuia sede era a igreja do m\!Slllo nome, n n>atriz, situada
aht:rturu de praças oon1 t"<-liÍÍ<.:ios públicos ou religiosos. no morro do Castelo. Em 1628 deddiu-sc a divlsao du cidade cm
J~1n Salvador~ surgem os prilneiros bairros e1n tô1·110 <la Sé e duas pnr6c1uias, o que (ol efetuado en1 1634( 9 u). "A :.cguoda fre·
<la Ajucl;t O.s agn1pan1<'1 1los c.-011slit uíclos ern l'ôrno d~.sses dois edi· (:HJ} A' íA$ n,. C1:.iuo. (S.i.1-•fldt>r), vol. 1. pig. 10.
íi~·ios l'ê!l~iosos c:orrespo11din1n :\ prfrneira fase da c.vlonização e t.:14.&> 8•11A-'fA. l,),.. M:t.11o(M·I clt Jril t"l lO Cli tdMa - FflJl()f ,,,.,,11r11•0, 111· l\url«~ do
JHCH, 'I r.mo 77, Rio de J :t.lldu~. 1mprC11•1t Nli<:iQ"oU-1, P~S· 119.
l·r.1m pr.111carnc:ntc separados por uola grota que se iniciav..1 atrâs C3•'1} "A dal11 pnwivd 1b l1~11)•çto íoi ttl' 111(1 d'°" 1631, c:tn1t0or1 António 0.S..rtl'
Xufo!.•• "'"ick.ot • de 16~. que ithl'• fàuc apeots a ocaltlo ~ q•• lol dt-dd.ida •
da l'r>\·•• da Cidade. No início do século XVII documentos da º' dh-;lk, H' uop~ DK11: al.liUr.tQ.. pcln(I. . aJ.o ~ aM1i$. 1..Mo '~ dl..,.,..fdu.
e''....rM t&a..ü do li\'To ckf ff'S4Ut0 6t bAIU- d. ~"' (C.0,..-~Y. \'MJl,So -
ª'
Clmara j.i mmciona\-am os 1>3irro.s c.lc São Bento e Cunno. Em e,,.,"'. ,.,. ...,

1.
J.52 EV(>LUÇÃO URBANA f>O BUASIL OnCANJ.z.AÇÃO oos Ct::N'rnos UllllANOs 153
~UC.'Zi.t do Hio de Janeiro foi erigida na c;apcl.J. da Candclaria que
.\olchtio \larlins de .P;1ln'o e su.1 mulher havlRrn coni.lruido"(1•11), E ) Co11nruçõn
A maior ~<111C<:·ntro~·í\o de pop11l11ç:ão cn1 t"Cntros urhnnos que Os padrões das construções urhflnas rcflçtln1n cJara 11i<'nte as
o<:<Hrl.'u a partir de rnt'ados do sugunilo século, íavoreccu o 2onett·
01l t1to e a )Ubdi\·isão dt·sst:s centros en1 bairros. condições de ...-."oluç.;.lo das aglomcrn~·6cs. Os edifícios dos prhneiros
tc:mpos. de modo gcnt1, att! os <la nu--tade do sl-culo X\'JI, t·'\'iden.
-....\ subdh isâo ele Vila (Rica) foi sc1nprc Íilcilitada ~las suas ~in"am, na .)'\IA sitnp1icid;1Jc, a n1odéstia da vid.1 urha1l(L e a se"·c-
1)0nt.c:s e tn1h.·ir?s ... " nos diz Sylvio ,)e Vil ...<.:U1l<:c·Hos(ª '1 ). Já na ridAdc dns condições da!: ê t)OCas <le instalaçiio d11 Colônia.
OC•ISH11) de .')ll:t lun<laçúu, oonstitui·sc p l'l:l reuui:1o de \'ários nrraiai.s As grandt'S transfornl~ÇÕC$ pt:las quais pnssou a arquitetura
d .... ~nincrad-Or{·s. do) quais os princ.:ipais cranl os de Autônio Dia$ do Brasil durnnre a segunda metade do seculo XVII e o inicio do
e· Pilar, <t•!c se no!'3hih1.aram por reunir. respechvamente, paulistas XVl1T, foran1, porém, do tal sig11ificaÇ'j01 que levaram •11guns au-
l' portugul"~C): e ~cz t<Jn1 <jue, atr~Hês dos te1np0$1 se COnlitJluísse1n tores a caroctcrizá.Jas co1110 Uln período espcci:1l, no qual dt·non1i·
t'H1 ro;o!) til~ rl\''1 l1dndc~, <JUC atingirt1111 seu ponto ffHÍXÍJno nn Cuerru naram "~ fouum<'nlal... A .:sse propósito vale n pena repelir as
doç l::.n1ho•tha;;. paln.-ras de Robert Smilh: "Nos me.idos do sl"Culo XVII, quando
. l~a. o(>O.\içüo enlru os habilantes dos bairros segundo razões a primeira gronde 011cla de construções religiosos ha\'ia passado em
'!1:11~ St·r1as do 'llle as mcran1entc· goográfiCit~ c~taria pre!lcnte e..Ln Coo e ern outi·n.s cidades elo Oriento Português e qun1Hlo. con10
SnJ\ador, oncli: a cidndt: baixa eni forn1a~-..10 tc-ndfr1 a receber 0 acentuou John f{ury, cslu pnrte: do i1npério portugoes cofncçou a
('OnH~rcio. <' :1 cidade a lta e<1ntinuavo a ser o kx:al onde se <:nc.astt.' desír1tt:grar·~c..·, no\1a ir'llportúncia íoi dada b igrcj~as e ao.s c.•difícios
la\':lffi os ?rantlt."5 p.ruprieti\rios n.1rais, con1 soas residCncias apalaça.- p\1blicos da Bahia. Esta transferênc,i a do inte:r~>e mclropo1itano
d.is, e se 1u\lalavan1 a.) princ~pais n·partiçóes pl1b1ic.as e o fune;iona- do hnpério oriental par.l o ocidental produziu nn Bahia u1n:1 sêrie
li!lrno do go\c":mo ctntrnl. do edificações, tôd;1.s c1npreendidas untrt.• 1655 o 1718, cujas propor-
Hh·alidadt.'S surgirbnn tnmbérh entre Recife e QJjndn, o prl· ções e gr-.ando desellvollurn sugere1n o uso da paln\'l';l monu1nen·
rnt.:.írl) carac..:h:~í~do corno rentro do co!11ércio, e a seguoda como tal"( 11.,). ·rambém Gennoin Bazin cm sua obra sôbre a arquitetura
k>c,;al de res1dt-nc1a dos grandes proprlctarios rurais de Pernambuco. religiosa no Brasil. ao examinar ês:.e 0011jt,1nto de oonstft1çVes. põe
Nl"S~a região os c.•onílitos conduz.iran1 à Guerr(l dos 1.·f asc::Hes. Isso cm destaqot: o período cn1 que furn1n re..ali1.adns; referindo-se às
11

ni'in impediu, porém, qutJ o próprio Ticcife tivesse seus bairros como construções cios Jesuítas, diz que il faut ttttendru la deuxíGme 1noillé
u ele Santo Antônio e o do Recife. du siecle pour voir reprcodre une polillque de construction, dcvc11oe
d'aut:ant plus urgt.•tite que les vieux bâtiment.s, plu$ ou moins bien
"sses b.tlrros, definidos por tipos especiais do habitaÇoe. ou cntr('tenus, n'étaient plus à la mesure des lx."'Soins '( 8~). 1

de usos,. <:n'l t'Ontrasto con1 outros bairros, ou com o conjunto de ti: com t:ssa perspectiva, tentando reJacionar a)C\ 0h1ç5o urbana 1

vilas e c1dadcs, <.:Onstitu,:u11 já as forrnRs incipientes de zonea1nento e a arquitetura, que procuraremos focnli'lar a.5 diferentes categorias
dos. n(ae:lcos urbi.lnos coloniais~ e seriam a part.ir dêles, que se coru-
de '-difícios.
htin~inm, ron1 .,!> te1npo1 as ruas com funções cspecializacbs. dos
Ounv<."S, do) Ferreiros, da Quitanda, dos Ferradores, etc.('''). a) Construçõe.s particulares de residência e trabalho
Essn~ denorninnçôcs estnrfnm ta1nbé1n n indjcar a crescente ut-iliza.
çiio do espaço urbano pelos oficiais mecânicos e pelo comércio, e, As constnições particulares, dcstina\'am-se, em principio, à
•o mesmo tempo, a progrcssi'"a esptci•li2ação da• atí"iW.des dos habitação dos membms das camadas sociais com vínculos perma·
rnoradores. o que deve srr tomado co1no índice de intensiíicação nc:ntes com o Jneio urbano: funcionários, proprietários n1roi.s, ofi·
da '1rbar1izaç~Q. cini.s mccitnicos e co1nerciantes. No caso dêsses uJtimos. os pro·
gramas incluíam também os IO<'ais de trabalho.
f J 14J CvUACT, \'i..-.aldó - o,.., rir.• P'g. 74.
eJ.t7> \•..~ cu.m. s,t.. 111. - o,i.. , ., • rif. 1&. (3'49) s~rnc. 1lobM C. - A"l'Ãfm- eo&o-W. pia;. 17/18.
(:1'410 !':-- da ll\111 d.l 41Undl"C•• ao Rio d11 J11:1ciro. "'"~ª 6$ 1718, (CQlJCl111, (.3..,fl) B,1..1'.Ui, Cco.,..in - L'A1d1ft«turc JtrhJfnit~ .8QrCCI ..• ""' B•lril. P.ul-. Libru~
Dr.a•i.1 - ll•d<>"4 cl..if ll11t1J d() H1u d11 }t111{·1ro, tl.iv de )R•ltiro, Sou,11, 195~, pAr;, 81. Jlh'lf1, 1956, I .• ~I., pi g. 70.
15-1 EVOLUÇ.ÃO URBANA DO BRASIL OnCANl'ZAÇ-.{O DOS CE"rio"THOS l.UlBAN'OS 155

Dois lraÇO) emrn e1ractt'fÍSticos da n1aior 1>arte das habita~ mais sério. Isso nc>$ obriga. porém, ao mesmo tc1npo. a urna
~s urha11as no Ura,il: a presença dos cil-"f'tl\'OS <" a ausCocia dos exploraç1io n111is cuidadosa do matL"Tial dlspo11i\.CI.
propricf:ir-ios. J)v íato, B Jnaioria, sc·n.10 quea.sc o totalidade das lodos os docum('ntos, rnes1no os 1nais anl igos, inclusive os que
resi<lênc:ias, pertf.:nciarn a proprietários rurais, os quais, 001no vimos, nos infornlatn sôbrc ns raízes portug\lêsas du (l1'i(uitcturn no Br~sil,
afluía1n para o:i c1.:ntros urbanos sOrncutc c1n d(•tcrrnil1ndu.s ocasiões. fomcccln 1101 confunto de iufonnaçôes coerentes sõhrc as c~1rac·
.i\ssin1'sendo, ns cn.sns p1..'1'1nan<.:cia1n fechadas n u11lior parte do a no, tcrísticas b ásicas da rncsnu1. Scgu11do <)les os prí1nclras c.'\stas fonu1•
<Ju, pc-lo 1nL·11os, uos dins da scn1ana. erguidas pelos próprios colo11os t'Orn auxilio dos indtgcnas. ~it.-s1no
A isso ucrescia~sc.; o oosturne das famílias 1n:\is abastadas de os padres eo1 seus conventos e o governador ger.il ·ro1nl: ele Souza
res.iJir e111 chácaras! na periferi.t1 aun1eutn11do1 cm conseqüê~cia~ participaria1n dcs.saJ tart:ÍJs hu.tnildL-s, o que t:nl <.'Oníirn1ndo 1x:las
o cxo<lo da populaç.ao 11rl.x1oa e, como dl-"COrrt-ncla, o t.·nráter ioter- informações dos ~c.lrt.): ..Tanto se1vidori <.-orno i.ignori J>Ortauo lc.:
m1tei~te _da 'ida urban~. Pode-se portanto dizer c.1uc, <111ose semp~ pielie su Jc >palie"(»•).
a •n:-1on~ do t:sp;iço ficava rescn•ado para o uso dos propriM'ários As construções de emergência eram as maii shnples. Após a
rurais. :\a sua ausêneh1. as vilas e n1esmo a) {-id•dc~ fica,-an1 semi- «)ificação de uma ci-rca provis6tia, os primeuos colonos da B.thia
paralisa<las. Anin'hi\am-se apc.11as pela aç-ilO d..1 parte pc-rmanentc lcvantar-..m "'casas cohcrtas de palma ao 1noc.lo <lc gcutio, e1n as
da populaçüo: fu1u.:ionários~ oonu'::rciautes l' oficfnh rn1"<·.lnicos .•-\s quais, por enlrutnnto se agasalharaJn Ol> 11ln11ccbos e soldados que
<.:asas dê~les nc:u111ulav:un-s<; nas áreas 1nuis roovi1n1.:nl1Hlns e ainda vieram nt-1 artt'1üdn"(.Sli2). Aos pou<..-os cuidou-se c.11,.: suh::.tituí~las por
qu<: reunissem ~lS hnbilu\'Ões dos qoe JH.•l.1s trnlinlhnva1n, foncio- cor1struções rnnis duráveis. mas a inda do extrc1nn ruslicidndc. ··As
nava111, enl priu(·ípfo con10 um fa tor <le dil'crc11clnçlio e n1otivarnn1 prilneiras n1oradas, que os Padres tivernm, crant ornus pol11·cs rno-
:~fgu1nas das priuu, ir.is n1n11ifcstações dl· zonenuu uto. radas de taipa cobertos de palha; o seu suor e, lr:tbalho lhe cu.sta·
A 1naior p.arte do solo urlJano era utilizndu, n"s vilas e cidades, raro acarretando a suns costas a madeira e água."(ª~:i), A 1nelhoria
~ra a ;1<..i>1noda~·.io de <.'(111.struções particulart.-,, co1n íins de resi· das ' condiÇÕ4..'S o.tcndcrín a uma cert;;i ordena("'"'). Suhstituiam-se,
dcncia ap<'nãs ou rtcoidência em conjunto oom local de trabalho. aos poucos, as corutn1ções ioiciais por outro) d~ matcri..11 -"~~s
Aplkondo-~c » 1.nfonn.1ções de Cabncl Soor0> tlc Souza a algumas durável e de melhor acabamento à medida que o nun\ert> de of1c1~u.s
plantas mais an11g.1s de Saf,-aJor, 001no por c1emplo, a planta que mecânicos e, sobretudo, o n\unero de escra,·os fndiOlo e negros
ª'"?mpanht~ o li'.'° .. lle-L.ão Do Eslado do Umsil .. (figura 1), do viessf!ln simplificar essas tarefas de construção. As casas mais riais
1n1C'10 do scculo XVII, (>odt......se concJujr que cêrcJ de setenta e cinco seriam de 1x..'t.lra o cal, ro1n as partes 1nais em cvidêntill :iparclha-
a oilt11ta por c;t·uto dn área urbana seria ocupada co1n edificações das(''") e, as mnb pobres, de palha como ris dos indlgenas e dos
e.lês.se g<'·nl'ro1 dns «'lunis o ro1nén.:io co1npreendcrln aproximndarnente p rimeiros povoo.dores. }\1ais oomuns scriato as nlislas. Pormavarn-
a quarta purte. Ern c!ssc o tipo 1nais co1n u1n du consh·11ção 1 e ainda ~e q uadros «..'O lll cssns paredes~ nos q~ais t rês h\/]0$ o~upa v;_~1n os
<jt1C inuitas vêzcs ni\o se <lcstncasse pela qunlida<lc de seus exem- Umites laterais e o fron tal dos lotes, vanando as subdivi.socs d;u para
plares, hnpunhn-sc pcln quanlidade. constituindo a maior parte do dentro e, talv•-z, nos fundos.
cenário urbano. Os pisos seriam geralmente de chão batido' ou lajes no andar
Também o lm1'11ho urbano organizado rcnlizava-se quase térreo e de madeira nos sobrados1 como decorrência das técnicas
!.Cmpre junto às n:-sidCncias dos &rtesàos e 001nerciantes. A própria de construçiio. Os telhados em duas águas (figura< 37), evitavam
forma de sua organização, ainda e.n moldes mediC\'ais, contribu.ia
para isso. Qu1>ç todos os <mprcgados habitavam nas lojas e vendas,
ligando·se u1es1no aos proprietários e suas f:unUias por meio de
co1r1padrio ou c-asa1ncnto.
:\ualisar n ar(1uilch1ra residencial dos dois prJrneiros séculos
c.le coloniz.1çtu> 6 lnrcfa das rnais d ifíceis. A pobrezn de docu1neu.
t;u;;:1o existente, sobretudo referente ao primeiro século, é o obstácu]o
156 t;vOLUÇÃO URBANA DO llllA~IL ORCANC/.AÇÃO DOS CE~-ntOS UllUANOS 157

as cornplicaçóes constnith·;as e o uso de rufos e calhas. :\o desenho inos aqui fixar apenas os aspectos gerais, indi11pcni4veis ao estudo
de Meolius ( ligura 3-1), u C.:idode do S:olvador aprc.cnta telhados que \imos empretndcndo.
mai.~ ou mcllo:. cc.intínuos nas quadras, raramente a parecendo uma As plantas d(IJ rcsfclên<.iM comprecn~iamJ bàsicume?t~'. dua.s
~ígua lati:r;.1] 1 ou rnL•s1110 ocorrendo co1n n "Plnnta da Hestiluição da salas, na frente e no; fuHdos, que nprovcllavnm as pos;11u hdJdc.s
llnloia" ( figura IS). de ihnninnç;lo de c:ndn tuna das fachadt1s. l~ntro cstns salus aco·
j~\ tivc1110:, oportunidade de examinar, <.•m o utro t11,bnlho. alguns rnodava1n·SC os cscnclns e as alcovas1 cujo arf·j11n1cnto era scinpn..~
asp<·e;los da itnpluuta~·üo da a rquitetura urbnnu no HrnsiJ( 3 r.n}. 1\o indireto. A c lrculnçõo realizava-se sobretudo c 111 LHU con·cdor lon·
caso pr<:sc."Otl•, calit'-nos verificar ri validade do nJg111na.s dessas gitudiual q ue, cnl. geral, c?nduzi~ .da pol'tn ~ln r11A aos !uJld:s. .A..
oonstataçól•s, para o p1:ríodo que nos pr1>puseino.s a esludar. organiza~·âo d e hpo po tr1arca) 1r>a aproveitar e continua1 ~~a
O ceo.iriu urbnno é <lcfinido princip;tlmenlc pela fonna de divisiio dos ~paço) int<"mos. rest.'rvan<lo os fundos co1no domJJuo
relac.-iona1nt·nto clllrt· o lote e a arquitetura. Ora, nacpu·l;1 época~ da família e ut.i1i:1.ando as salas de frente parn os contatos com o
rosas térre-.a) ou sobra.dos tTam edificado$ sempre ~bre o lirnite da mundo exl<.-rior. Nos wbracJos. êssc esqurma repclia·sc nos a11dares
via poíblica, e S<lbrt· as Unhas de divisa Inter.oi dos terrenos. Em superiores. ficando o térreo co1n lojas ou d<'f>&.ilos, C\Cntuahnt.-nte
conse<1ii-.~nC'ia seu.s teJhados1 como já fit'OU erpo.sto, compunham-se, com um ~1guão mais V3lorizndo em frente. I!: c.,;sc o esqueina das
Íunc1,amcntalnu·1lf<.', de duas iiguas, que lan~~avan\ o produto das <.-aSfis do Largo Anchieta, en1 Salvador, -Onch: so diz "ª"'çr nascido
<·hu\'as .,Qbre o leito das vias pública.~ e quintai). As pa red es for· Creu6rio de 1'.latto.s( aG•); eram êsses os esquemos dns casas de
Ul:lva1n retângulos si1nples, cujo quadro «rà npcnos 1\s vêzes rom- Olir~o (1110 se crê datarctn de tcrnpos anteriores nos l101andcses,
pido pela presenç·n do un1 puxado nos fundos, pnra scr\'iços. ..\s.siln con10 ta1nbé1n dos oxwnplos dessa época, Jcvanlaclos pelo Sindicato
nos aparer<·1n nlg111nns inodestíssfrna.s t-asas térreas e uo1 sobrado <los Arquitclos dlj Porlugn1, n10.stra~do clttran1t:nl~ ns origens do
roinpon<lo inal e inal urna pr..aça ern tôrno de u1na igreja nuir1 po· rn<.-smo e a conti11uidad1,: de s ua a pltcnção no Brasil.
\Oado perrliHnbucano, lixado por Franz Po~t (Ífgura 38). :\ssim Outra carncl"er,sUca. de importància na organltução das cons-
se apresentam aincJa boje as casas de OHndo. cuj:• origein é atri- truções particularL-s urba11~1s, fôs.sem de residênt.1a ••penas ou fôssem
buída aos l<mpos •nteriorcs à ÍD>'asão holandesa('") e aparecem tamb.'.'m de trabalho, era sua dependência do lmbalbo escra,·o. Os
mesmo sobrados do Recife em desenhos de Fmn• Post (figura 39) cronistas, desde Ganda.vo, referem-se à imporlWncia clus ~cravos
com data de 16-·tS. De too modo seinelhantc se dbporiam as casas para a vida doméotka, o que seria oonlinn•do pelos depoimentos
paulistanas do'> h.·mpos das bandeiras. cujas pliintas forarn recons- dos \'iajaotes(H'). Todos os trabalhos rn:anuai.s dcpendian1 da pr~
tituídas a partir do documentos históricos, pelo trabalho. paciente sença dos escravos. N5.o existiam os canos de nbn.steclmcnto d oml-
do arquitclo Corlos Leolo.s(ª~} ••;\ confirrnftr e.ssns característica.~ ciliar d e água. DC.sso n)()()o, aos escravos eahin o transporte d e água
do partido arquitetônico das casas de residência, vên1-nos agora das font<:s púhlicaf parn as residências e. dentro d ttlas, o pr~pa.ro
de Portugal a lguns CX<mplos na obra monumento! do seu Sindicato dos banhos a oo1cta dos esgotos e o se u tran1portc, atraves da
de Arquitetos: Ar(Jllltetura Popular cm Portug11l("' e ''°). cidade até' os looais destinados ao seu despejo. Todos os tra·
balhos reforeotes à alimentação e preparo dos. <<>~idas. caberia'."
Os esquemas d•s plantas, em geral, até onde podemos conhe-
às escra\'as; Gilberto froyre d estaca a conseqlknte mlluenc1a afri·
cê-los, confirmam, grosso 1nodo. as tcndências que j~ têm sido apon-
cana sôbrc os hábitos alinlenta.res brasileiros. Aos escravos, homens
tadas em relação às plantas das residências do século XVI U. ~este
caro, porém, impõe.se alguma prudenci•, de sorte que procurare-
e mullieres, cabia ainda o transporle de gêneros e do lixo; o pre·
paro e conservação du roupas, desde a fiação e tecelagem à costura;
(3.)6) Ri:n F11.1io. """°' Go.Lut - O Lou u,.... e • Ãlqil&m.,.. C'o&cinjol.
S•pkrn'l!11te LitMA.19 d .. "() t.l•do e&. S"-0 P11vlo"'. Sle Plnilo,, 1'4M
0 passar, o lavar, o engomar, e sohretudo ~· bordados e enfei.tes
(3.,,) \ ''' Q..1i1>1h11' • 1........._ • ó.in:stn)('Ões d'" Rn.ldl~U•· das vestimentas; a preparação de hortas, o cuidado com ~rutas, a\es,
(3 "~) ldMUll, C':11•IO. - A C•ra klld.f'1rbto1 ll(4 j,i«'11.tdrlo1 dtt ~-lllMí>
Acróp<ilt- n..• !'18. !1-i\.;i ('11ulo. 0111\1t1f'O \k J057,
•'e.lo. ltt: ovos, nos <1uintals, serviços ma~ am.plos do ab~s.tecu~ento ?as
(359) OS' t••phn~i. 'l'.b•~ lhu~a '" C u.im.irllts t11'1;4"111 pl.11111i1 • vhtiu d:ol ..-,., dt> chácaras e os uss-unlO$ refcn."tltCS as fruas. A parhc1paçuo, porem,
,ecutn XVII, cmjru Kl[Ut'l'llU IJPH'lt-lllil.fn li ~ mtcJn\11~ C'lUllCtl!rifll(1U 1)(lr ndis l!ÓtUf lt'fldllJI,
(300) \'o•t c1•ml14'1ri, jlB•ll ot t•\'mplus nu1& 11ntl.@'.0i, tild11 • lt:Ot•oaru.11• d11 P(M T. p;:,111
o K~ift', " tr.11b11!h<i dlt 1<;\'utv"r.1 P1:rro ,At,,~ & &ritu11cturn ttc Olmda, (l P"'* 1;, ra\'01plos
111:1·~ w~..·111~. \•rr; )1>111 11, l\d,.11 C. - ~onrn dl"tl'' li/ l'lllfl!N/t;f H11M11, 111, Oc111.t1 An1·h
L1,.1iv11. z.o. "'•it, ri.• l. 11M8
158 EVOLUÇÃO Ul\BA..'\A DO ORASLL 01\CANIUÇÃO l>OS CENTllOS Ul\UANOS 159
1ulo se Jin1itavu ope11llS a êss<:s pontos. Outros aspectos podem Olinda("'). à semelhança de olgi1mas construções que o parecem
a111dn St."T dcstatlõldos: a <:omunicaçüo atrnvê~ dos mol1..'<1ucs. a exis~ em desenhos da l:poca, em Braga("').
1<'nt1a de pajens para cuidado de crianças e oompruihia para essos Através da análise do "Periíl da Cidade Do Salvador.. (figura
e para os a<lullos; o acomponham<-·nto dos cavaleiros; em sumn, 14) podemos ob>crvar a dispo>lç~o das •:esidências lérrcas o sobra-
tôdas ns questões de trao:,po1·tc, c-argas, do cuidados ele a nimais e dos, con1 telhados d u <luas úguos uom cauncnto para as ruas o ~ara
tran~porte dos 1n oradores. As implicaçõe:i dêssc escravi.s1no, do qu;d os quintais e a se1nclha nça de suas fachadas com o~ outros tipos
vi\·inrn em estrcitn depcnden ~ia as fa 1nUias brasileiras, (oram de:s· de ed!ficios, como os oficiais, pelo mesmo proporcson.11ncnlo de
la<.~JcL1s e aproíuudada.~ por Cilherto Fn·')·re, e n.iu 00$ t-abe aqui aberluras nos planos exteriores. t de se notar porlw a ausência
t•utrar tm detalhes. de muxnrnb ís nas '"vistas", o que nos faz supor que êstes só oon1e~
Poden1os, poré 1n, de 1nodo sun1ário, f(l)u1'11ir o relc1vo <JUC apr1.:... ça1·nu1 a ser e111p1·rgados 11\11na fusc J>O!)tcrior, ou que h.:ria rn ficado
scnto.van1 para a vida. urbana, diz<:ndo qu<\ no seu co11junto, subs· 1nais concentrados, até essa épocn, c1n l'c n1ambuco.
litui;un tôda un1a 5érie d e )étvJçoç públicos, desde o abaste-cimento Ac<:it:mdo-se a inlerprctaçlo que dá a casa do Largo Auelaieta
de água, transporte de pessoa.ç e cargas, ilumina\'ào, al>-&>tecimento em Sal\lldor, como scodo aqueJ,, cm que nasc<"l1 Gregório de ~lattos,
t•1n g(.·r.tf, servi\'OS de ~gôtO, t·lc., e llÜO ~C'r;Í di:t<.T dt•mais qoc en1 1GS3 e. portanlo, como parle de u1n conjunto <1uc j.\ apnrecc
t<111111;u1t1) durou no Drasi] o sisteo1~ servil, pràtica1n4;nlc ntio se 110 dcst·nho de ]\•ítJfl líus, I)(lt1cdurT10s an1pliar noss.-s conclusões reco·
dl'S\.'lh nlvtr:uu ~ssus a.o;pe<;los, ' I"º conser\·ora1u por lo11go período nhecenclo, de modo 1nais preciso, a estreita ligação eotrc u nrqnitc·
seu c;Jrátc-r prin1ith.'O. tura dcs53 époc.-a e a dos anos pc.»tcriores. a lê mesmo na fonna de
A iníluincia do ese:ra' 'º na organiz.açâo do trabalho urbano do enquadromento dos vãos e na disposição mais geral da pbnla("').
art~io e do con\Cl'<:1nnte é t.a1nbé1n fnudarnental, à se1neJha11ça dos Oulrn residêncht cujtl origem tem sido atribuídn à primeirl\ rnctade
p.1dri'h s resich·uciais. 1·an1bê1n os co1ncrc;it1nles clependia1n dos do sl'C11lo X\' [[ ó o "Solnr dos Scto C~11H)C\:iros'", tnn1b~111 nn Bahia;
<·:icr:l\'OS p~lra trnnsportcJ.., :.uns 111crcacloritl'it quaoto 1uuis hnpor. ainda quô sua disposição internn seja u1n tanto ':'P~cial. o co11j1~nto
la11h• o oon1ércío - com maior vohunc de tra 1'lsações~ <.'Omo o ata. conlinnn o emprêgo, nessa época, d.ts mC'$m3S t~~cas construll\~a.s
lo;;adista - 1n;1ior a necessidade de mlo·tle-ohra escn1''ª para ulili'l'lad!l.S nos aoos posteriorcs(H1) e de t.nna àocnc J c tl<..mentos
o lranspcrte, eo1harque e d(.':)c1nhar<1oe dc~as mereadodas C! maior aqui 1ncncionado.s. •
pol'tanlo a influ Cnt·ia sõbre o c.>cliflcio, 011de f11oc.:ionuvn1n loja e Ao quo tudu indica. até 1nC'1lclos <lo século ~\~Ir. ns t.-onstn1-
rcsid('-nc.:ia. ções particuJares fli\0 chegaria10 n ocupar Ulllfl (lOSIÇ".10 de destaque
o~ princip;1i.:1 típos de habito.~io era1n o sobrado e a casn térrea~ no meto urbano. A pobreza dos ttntros, de um lado, e o interêsse
~ possível eorncteri:>.á-los pela diforença cnlre retas pisos: as· em aplicar recursos no meio n1ral, de outro, nào f~1vort.'C'lllm o apa·
soalho no sobrado e de "ehlo balido" nll casa térrea. Sob êsto recimento de con)lruções n1ai.s importantes. Na scguoda metade
aspct.:lo, nota·se a re1aç~1o entro os tipos de habitaçno e os estratos do século poré 1n 1 oom a intensíftcação da vida lf.bana, as co1\stru~
sochlís. A idéia de hahitar nunln casa de "ch~o batido" se ligava à çõe~ rt-sidenciais adqoi.rirarn nova .significnç-Jo. Al~m do num~to
de pobre-a e, nurn sobrado, ~ de riquer.a. Por essa razão os pavimen- numérico. oeorreri• ainda um• melhoria dos padroes oonstroli\'os
tos lérrcos dos sobrados, quando não fõsscm utilizados como lojas, em gcrol, especialmente nas maiores residêncills' construidas então,
de ixar-se-iam para ncomodação dos escravos e animais ou ficariam na cidade de Salvndor.
,·a:tio11; não serinm utilizados pelas fumílins dos propriotó.rios. Nuquela ciclndc ocorreram modificações hnp~rtant~s, que m e-
As vnriaçõe.s llêsst.:>s esqocmils eratn muito pequenas; dada a rCct.."ITl um exao1c especial. Ela crescera em vánas d1.re~cs. No
uniformid:idc dos terrenos e as técnicas construtivas empregadas, início do século XVlll, para os lados do Carmo o eoSAno ultra·
os partidos arquttetônioos não podiam diferir muito entre si. }>3.ssava de muito o velho conveoto, estendend°"'se na direção de
AS janelas eram fechad» com fólha. "cegas", sem vidros, que (.'lfl:J> pnon-o, Y.• lfl'i••n - J.fuKarnb'- o 811~1". - '": 1'e~1~111 J(l P1i.11lrn6nlo IJiJ16rko
St.S scria1n ut-iHzaclos1 com parchnõnia, nas igrcjfls. O arcjnmc11to dos e Artbckiu N •ci(lr)Ml "o 1 Alo d $ J11nriM, Mi.n11tl!no d11 td1wJ(l10. 1943., . p. 11 ai
(38•1) S1:«l>JC•:10' S~ct°"•.a. 005 A.OQIT1:TM - A11r11i11t11tr11 l'<1P'Jiu' •m ot 1 •
cô1n0Jos era facilitado pelo en1prt:go corrente de rótulas c1n janelas Utbo6. 196 1, 2. volumet. •
(Jft,,) T.o.l-'111AT1 Aff_.. .. _&.- $6t t..Jo.- J'riwM.._ Ai.llllt, ••
e bakões, como as da Rua do Amparo, e P.lleo de São Pedro, em (361) VAiCO!'CU.U.. S,m. de - 0,.t Cd.
160 E\'OLUÇ.ÃO URBANA 00 BRASll.
01\C&'(IZAÇÃO DOS OF.l>'TllOS URBAXOS 161
Snnto Autônio. Ta1nhém d o outro Indo d o dique velho acumuJa. l lAbitadas pelos famflias tnul iclonaís de propdL•t6dos ru rais,
va1n·,tiC as t.:on~tl'uÇôts, dando infcio no <111e viria a ser o bairro d·l evcntuahnentc por uma ou outra figunl de itnportilncin uo govêrno,
S.11ícle. Na dir<·~·no de São JJento t Sant:1 T erezu, Pict..ladc e Sã~ ~sus residências constituíram verdadeira afirmação de poder e
!~~tiro., \rell10, al~ngava-sc o cas.ario quase alcançando o~ fortes de grandeza de seus proprietários, numa cxibiç.'io que njo é estranha
S~o 1 aulo e S.io P<-dro. Construia-se também nas ladeiras. Na oo gõsto barroco. Alguns exemplos teriam n<•ior imporl~ncia que
mia de Frogt•r de 1696 (figura 40). aparecem npcnas algumas
o palácio do governador.
c:i,.1:i na <.:n~.\la, .'nas nos, d~.l..'Dhos de Frezier (figura 15) e- na
P!aul.1. ~o b ng:ich·1ro '.\[asse (figura J6) a Jadcira do Cnrmo e du 'tssc verdadeiro enlusiasmo construlivo, poréin, p:irndux<tJn1eote
(.oncc1ç~10, a da Sn11ta Tereza e o dn Prn<,.;.1 aparticern cooslruídas corresponde a unu1 épocn <1ue tem sido nponhu.1tt con10 de queda nos
t:1n _grande. parte;. Vnlorizavnrn-se portanto mcso'o os l(·rrenos ín .. prc~'Os do açúcar e dificuldades f i on111.:-C"iras pa ra os sc11l1orcs de c nge·
g~t·rucs (í1gura 4 1), ii1dicando clurtuncnte a oonc<:nlrt.11;.lo que nJ,o. Con.siderando-so porém a disponi1tilí<.lade de 1não.Jt.""obra que
'1nha:se pr~ondo. Na cidade b 'llu .. sobretudo, alinha\'êl·se 0 oc:orrin justamt.T1le ne.ssas oportunid:adc.s é de se crer que muitos
tt.asarM> ao l()ngo da p~ia da Ribcfrn até Agua de ~fcninos, aco- dos escravos não utilizados na lavoura íôs:sem aprovc:ibtlos nessas
nuxJando '?3da ,.~~ roa1s o oomércio, de n1odo que, ao se encerrar construções. Essa mesma abundància de mão-de-obf"J seria carac-
o scwlo XVIII, J" \lill1ena poderia diier que é ali "onde se · fa terística das fonnas ele u~o das casns.
o c<11nêrcio"(:1~;). z Ao 1nesmo te;unpo, essas 1·cs id~11ci:1s nprese11tava111 u.con1odações
~111 prfrH.:ípío, os esquerr1fl.s de hnplnntec;lio seri:\ m os n1esmos. nvnntnjadas para os cscra\'os. O ..Solar Fc:rr5o", q ue p~rti.:uceu aos
~s \'1St:1-'i ~l.l época o 1nost:ra10 ç)arounente. As resid~ncia..11 cJe maior jesuítas, ou a e.asa que fica em frente à Capela da Ordc:n1 Terceira
1mporhtnc.aa, porérn, recebiam um acabamento un1 pouco mais de São Francisco, rnt roa do mesmo nome, tiokl1n o andar têrreo,
•purado. Suas 1l0rtos de entmda ernm \'aL>rizadas com elementos nos fundos, em parte subdividido p;:ra êsrc fim; o pri1ntiro possuía
dcwr;ilivos e! 'n11it.1s vê-.1es, co1n bra$&-s coutendo as arn1as dos ainda amplas inlittalnções no sótão. Dounpier, que 'bitou S:tl\'ador
1noradores. l::ssas portadas fícanun íun1osas, pela ünporlància de c-1n 1690, diria que ''além dos negociant•·s e armadores, ucll;.1 resi·
nlg11 11s exemplos. As 1n11is a ntigas, datando aproxi1u.u.1n1ncnte do dio1n diversas pcs.soos: b em ricas u officines de tudos os officios,
~nco~los .do s(·culo XVII, pri:sas niud~a o e:lc:-mentos decorativos de que, pelo trabalho o n indústria, possnvam niuito t'ofkad:\lnente,
111,eiraçuo rena.s<.:cntisto e maru..iffitn, lirnitavam..sc quase sempre sobretudo desde que Hvesscm meios de comprar escr.av<b, um ou
a .s1~ples ornamentos nu moldurJ.s e a uma cornija n\.lis 04.1 menos dous 'l''e fOS>cm. Também não havia em S. Salvad<lr quem não
mo\ imeotada, cujo coroamento podtria ser o brasão r~miliar. :\.s possuisse escra\·os. só mesmo ºos mais miseráveis do 1>0pul::a-
mi:us recenles, construídas nos últi1no$ anos do século X\'11 e nas cho_ (.,.).
primeiras décadas do século >.'VIli , possufam deo'Oru~cs mais am- As residêncius oontinuarla.m a ter seus dep6sitos junto à rua,
bfc:1osAs. O ex4t1nplo Jn ais rico é o chan1ado ..Paço do Saldanha"; no andar térreo. q ue scrian1 utilizados corno lojas, pu duixndos para
tem sua pm·tuda composta cm pedra entalhada, ocupando tôda a aco1nodação de escravos1 mas. n.a Bahia, a.s mais icr1portantes pro·
nlhira do prédio, numa ornamentação semelhante à dw ret,bulos das curoria1n condícionar mesmo o and3t térreo de forma a garantir
i~reja~ da épo<'• e à fachada da capei• da Ordem Tcrc:t!lra de São um• diferenciaç;io: casas como o "Paço do Saldanha" ou • já citada
F':"nCISCO, ?" m<:sma cidade. O palicio Episcopal, de cê= de 1715, da rua de São Francisco, ostentavam cntrad3,s oom u1n 1ratamento
fo1 constnudo em pedra lioz portuguêsa aparelhada, constituindo-se c11idadoso e uma disposição tal que claramente se distinguiam dos
nurna das tnaioret construções xesidcnciais do perfodo colonial. locais de comér<.:io.
Dessas re.sidê1'lcias diz RoU<:rt S1nith sere1n "construidas á Uni· Ao se inici3r o século XVTJI, as residências haviam adquirido,
taçno dos palácios de T.. isbôa do sécu lo X\ 1rr e que s5o q uasi únicas cm relação às ruas. un1 trata1ne11to dccidi<lamc11te for1na l. que era
no B.rasil, constituindo utna das mni.s impressionantes cxpressCX.'S da fruto d!l. valorizaç--lo dwas e que irin se rnanifestar dai por diante
arquitetura doméstica primiti\·a da An1erica colonial"(ª"). não apenas nas cons~ de maior Importância, mas l'Dl cada
uma delas em particular, ou em tôdas como UJn coojunto.
(M7, \ ·iuu::s-1o. l.Mt• dos Sa.n1as - O,-• dr
CUS) SM:mt, Rl.llK-f1 C. - Opioa cit•• 1,,~, t"1.
(3(1!)) T.o.WAY, Affo1HO 44 E. - .\'a 8nJtf4 ColoM!L, •• p{!l• 311.
162 EVOJ.tit,:ÃO UR BANA DO BRASJ.L O!ICANIZAÇÃO DOS CENTI\OS URBANOS 163
b ) Construções oficiais cidade alta. a represcr1tação dos edifícios na praça é n1ais 111in11·
ciosa (figura 43) ...:\. direita, aparece n casa <los governadore-..s, que
Rcunin1os soh <Jssc título as c..'Onslruções dc.:stinadas a fins mi~ dava nome à p raça, sobrado shnplcs, n se julgar pela elcvaçüo
Htares G de ado1inistra~~i.o pública, por respondereni a demandas de lateral~ cnostrada 110 desenl10. A Cân1~1ra. ao fundo, e a llelaç.ão, à
n1e.s1na origcJn e porque seus prograrn:ts, e1n princípio, se c..:ontpletarn. esquerda, osteotavam as 1ocsrnas caracteríslic-as de simplicidildc,
telhado cofn q uatro águas, os "chc.:ios" predominando sôbre os
CONSTl<UÇÕES PAHA AD~U~1$11~AÇÃO PÚRWCA
"vazios", proporções 1nodcstas, ocupa11do cada unia a penas tun a
:. No. Bras~J •. as cons~·uçt>c.s oficiais lhnitara1n-se, quase sempre, pa rte das q-u ndras e1n q ue se postava1n. f '.111 1naiorcs d<:tnlhes, os
·•s. d~ fins nulitfJrCS. Ate Jncados do sé~ulo X\l Jr. à a<l111inistrução padrões das primitivas constn1ções para fi ns a dn)il\istrati\'os poclein
publica .esteve entregue, na n1aior pa rte, aos colonos 1t donatários, ser obser vados Ctn um desenho existente no l\rquivo f Jistórico Ultra.
conf1111<.lindo-sc f1 admi11istn'l~::lo - quase inexislênte - <,'Om il ca- marino de L isboa {figura 45 e 46), publicado por l\ohert C.
rn;Jda d()1ninantc-. J')~pois dc~ss~1 época, er.t realizada, crn grande S1nith(ª;::). O desenho, co1u data de 1618, conté1n o p rojeto para
pilrt(;, <:001 o aprove11'a 1ncnlo dos qu:idros ruiJirar<.>s, n5o havendo un1a "<:a2a dali fãdcga" cn1 Salvador. Neste :11x1r(.'<:cm as )ncs1)1as
JtlcMrtO un1a clara scparas;iio entre os tlois sctorc;s. Assirn. não cou· p roporções na distribuição das janelas do andar superior e o aspecto
t~tndo O pa lácio dos govenladores e as obras rnonicipais, ranls eram geral se\•cro, q uase pesado, das obras do "Perfil" (figura 14). Na
as constro\!Ões oficiais não rnilitarcs. .olf~n d cga, o andar térreo é con1posto por un1a série de arcos apoia·
As ohras do govên10 central sUo representativas d:J evolução dos e 1n largas piJastras, C(Ult::luindo no corpo da t:.Sc:1d:1, a direila.
do processo <l<: coloni2aç:?ío. Os cc·utros maiores fora1n, desde 0 Do que se pode observar no primeiro desenho, a "Caza dali fildc.ga"
princípio, beneficiados co1n construções p úblicas de re lativa im· não chegou a ser construída. Conludo, urn desenho de~ F'roger ( fi-
porl'â ncia. Luiz Dias infonnará, c 1n 15 de agôsto de 1551, a Sua gura '17) de 1695 mostra com alguus detalhes 11m edifício na cida<lo
1'.Iag,~sl~tde, <JUC ··:1sy fezcrnos cadeya n1uito boa e hem acnbada baixa, cm q ue se pode notar ja nelas corn b;1Jcões no andar superior;
(.'Oll\ C:l.S(l daudiet1cia e crunara cm sy1na e 11n rihey)'a de Coes casa uo térreo traz u1na série <le aberturas amplas e separações estrtitas.
<la f:1zC'nclu é alfandcg:1s e al1na~cns e ferarias, tudo de p edra e que podem .str torr1adas corno arcos. O cpt<: f1)ais o~ aproxüoa,
haro .rcvocadas de cal e telhados corn telha, <1ue servem jât de porém, é. a proporção geral, o nl1mero de janeh•s e o telhado longo~
mane1n1 que pelo p resente lllO pa rece que isto h~ ac::i.bado ato ho de quat ro águas. Aiuda que os deser1hos não se corrcspooda1n,
te1n1~0 inostrar de sy ln:lis consas . . . "(a;-0). Gabriel Soares informa deve-se cooch1ir. oorn Smith , que os detalhes do p rojeto de 1618
tainhêrn 4ue em seu tcrnpo "c.--stá oo tneio desta cidade u~na honesta são representativos dos padrões das cons truções oficiais eo1 Sal\'ador
pra~-:1, ( .. . ), cm a qual estão da handa d.o sul ti mas nob~es casas nessa época, q ue terdo exercido inUuêncías nos projetos d e tôda
{figura 44), cm que se agasalham os governadores, e da banda do a região.
norte te1n as casas <lo negócjo da Fazenda, alfândega e a.nnazéos; Na segunda meta de do século XVII as construções publicas de
e da pa tte de leste tem a casa da ciimarJ, cadêia e outras casas importârlcia seria1n quase tôdas substituíd3s por edificações mais
de moradores ..• " (:.171 }. a mbiciosas. Com umá nova ....:.sca1a de govêroo e planos mais agres·
Algun1a dessas construções scrhlm a.o; mesn1as representa das no s ivos de colonização, o govêrno português teria -necessàriarnente que
"Perfil <la Cidade do SaJv3dor" ( figura 43) da primeira metade prover seus quadros com constn1çõcs à altura de sua nova situaç.io.
do sécu!o seguinte. Nesse desenho. de nolável precisão, pode se.r O "paJácio" dos governadores foi s ubstituído por urna c.'Oustrução
~bservada. na c idnde baixa, un1a terracena, que s<;ria a .. casa. de ampla e pesada, ocupando tôda a face sul da praça e tendo ao
Jazcnda e a líandegas e aln1aicns e fe rarias" de L uiz Dias {figura centro uma portada de pedra. semelhante à q ue se faria depois, no
42). !!: um edifício Jongo. ba ixot con1 poucas aberturas, ocupando "Paço do Saldanha", na 1nes1n a cidade. O conjunto, cuja construção
o Jocal do pri1niti\·o, na Ribc-ira. Seu aspecto geral não o d iferencia foi iniciada e1n 1663, assen1elha-se ao projt·to q ue Francisco Frias
das construções utilitárias fnais simples das t'.:pocas seguiutes. Na de l\·fesquita havia reali2ado para um s cminá.rio, no in ício <lêsse
•,•.:,.•{l) l_>h11, C!Ull); M &l hei:ro I! O\ltt'Q\ - 0tJ•~t ç;t., 3.• V<ll ., l~iig, 363. ( 37Z) CC. S.w.tTlf, Robert C. - Dóc""'~"4<\f 811>1~'*· t,1ilo llvttlr •P•CJCOla um t-studo
Sui:~A . G:olnid Sl);ll'\':S de - o,... t Cfl., l.• ~'Ol.. 2:;;a. mi.:11.ucinso da rig11ifiQl.çio do (!()C:\1mcnw.
164 E\'OLt:ÇÃO URBANA DO lll\ASIL ORCA'-'IZAÇ-~O OOS C>;NTI\OS L"JIBAXOS

' 1"~u)o e c1ue cl-.:vt·ria ter sido C'Oll!tlruído na Hohiu, ou local onde século XVJI, st·1·io 1.tnl hê1n índice dno; 1nodificações r1u•' sc1 proccs·
hoic se en<.'(Jut~a a 'r..fiscric6rc.1ia( 111:.1). S1nilh considc1·u que o projeto l>ilV:llll na vida urf11u1n.
cf1~ _nôvo pal~cao tnlvc~ ·tenha .~ido tr.l~·ado "por un\ dos a rquitetos Nos C\'Olros menores -O abaste<:im('nto de água ra.1i:•·SC direta-
nul1t;trcs dcs1gnat.los a pn•\'3 du Bahia~ FeJip1.; Cuitau ou Citão 1nc-uh.: l)(:)o) inh.:rl"SSa<los(Y.e). As (ont~s mais autiga..~ ll.""lra abastc-
Íranc.'t\~...\in(J.o «tn 16-r;, ou J't·dro GQrinl, que o .sul»lituiu, em cêr<:~ thne1\to dr S;l\•Jdor for.am a d()) Padrt"\, <le Água de..: \1t·uiub), a do
d,· 1661 (""). Gabriel, a do Caminho Velho e a da l\Jixa do Sapatdro(""). A
o, ~esrnho dt• Frczi(·r (figuru JS), de 1714, indica, rltl praça, con~c.rYação e a li11lp(•z.a d essas fontes seriam n1otivus eh: t·onstantc
o P11l,tt·10, a Cl'l\A tia Alocda e 1,t '"1\udiênc ia" (o Trihuna) da p rt'<Jt;u pa~-..10 dos vcrf·n<forc·s, e)pcc.iulnltl\lc 001n o •uuncnto clr: ()Opt1·
Ht·h~çiio}, al(-J.11 dil f:asa da <.Xunoru. que é n1cn<.:i~nndn na legenda. l nç~o O<Orrido no século XV l'I (m). "Em iCi&l g»t:u'llnl'>C ·1$1i(~) rS
.\ forca, q ue J•\ oapart.'c·r n;.t vi~tu de• F'rogcr, é indit::u..l.1 n.t "Battcrie n111n ' C.1)nS(·rto d\!$)C 1nann.nclal ( t..•111 \1ila \ 1elha ); t•111 .'}S e .((}, lt(>\'C
du Chateau"', ou ><ja, no costeio da poria de Sfo Bento (!igura 49). reparos se (izenun. Por ocasião do \1ltin10, os oíit->iah do Senado
_As obra~ munic·ipais eram r'-1>rcsentati\-as elo gr3u de Jesen- forJ1n pcssoalmeutt• \íTiíicar que obm eram ncces>;iri.u. :\o pé
\Ohl.meulo de '1<l:i 10<.-al. :\'os n11111icípios, a edifieação principal d;1 2nont.lnl1,1 1 c.l.t banda da prai..i., h:1via a foutc <los P:•drcs, c1nc se
l'r•t :\ Casa d~ C:i1nl:tríl . .:\ elas d4..-die;n\•:1nt os Coni,clhos boa parte rc1nodeJon e111 162$ t·onl a rolocaç:to tlo dutts bicas novos de pedra
du s11:)s,. atcu~·oes u r(•c:urs<>s . .Erg.1in1n ·se t·1n frenli; a essns os pc:loui·i- mt'innore, trabnJho q u<: o pt.'tlrciro Pn1\tnlt!:lo Draz nn·on)nt1)11 pela
11hos. s1.1nbolo-. dn f111tori<ladc; municipal. ~'.lTI Sjo Pauln, ·•u1na vez qunuti:• de 13Sf)()0( 111 f•) . Para açubar corno cosh11ne quo tinha1n as
coust~1da a casn cio cou(.-c.>lho, t•r;1 ncccs.s:trio •·rigir41hc í'ln frente 0 lavadeiras dt lta.tt._•f li') SU;;\S roupa.-. 0 Ju\':tT ali, fol prcC:iW Í,IZCT•Se
pelourinho sy1nbolico..(~''°). A prirnihva Casa da Cl1nur11 de SaJ,-ador u1nn postur.1 municipal cxprc.-u<• ...
pode _ser vista oo -rerm• (figum •13) 11> cidade, íá citndo. Como as O grande c.:r<-scimento dos centros m:aiores colocaria rm pri-
dc-n1a1s construções e.la praça, era unt sobraclo pesaclo, co1n telhado de mc•iro plano das ohras públicas os ser\ iços de aba.-,lt'ei111tnlo de
q11a.tro ~guas, opt·n3s wm quatro janelas: no andar ~Ul>l'rjor e três óguo, No Rio de Jnneiro1 oudc u qu(.>stúo \liJ1)1(1 prL'OCupanclo a
1'1(1 1nfen or, onde npareco 111na por-t:&, c:u1 posiç.ão as:.i111él'rica. f:sse C1l1narn já 111> iuíclo do século XVII, os tr:'1hnlhos <h; cnpta~~lo e
c:dificio fol ~ubstit11í11o, e1n 1000, por L11na gr:ande construção, condução das feg1nt$ do Hio da Carlocn seriam inh.:1wtificn<los, c.lc
ocupando todo o fundo da praça, com un\a tõrre ao centro e seis 1nodo q ue, tm 1720, concluía-:-c o nqucduto, co1n u chcgnda das
1n11d:" de cada Indo, com oolciios de forro (figura 50). No andar águas ao campo <li Ajuda(,..). Sendo o local um pouco afastado
iníl"nor, abna·se em arcos apoiados ein colunas, em tudo lem- seria emprt.'ãldida o construção dos Ol'CO$ e segundo Noronha Silnlos
brando os pai;os municipais de cidades da ~fetrópole. E:sse edifício n:a :antiga [onle existiu es1a. inscriç-lo: "Sendo gover11;,dor Aires de
m:trcou o in'c:io do uma nova fuse de arquitetura em Sal\'ador e Saldanha/ Se foz sob sua direçno esta obra{principíou em 1719/
rl•ílcte, p~la sua imponêrlcia, as l1'1í11síorn)açõ<.:s que se procx.--ssavarn E foi c'<lncluida cm ]723" ( asi) .
no conju1\to da vldn urbaoa. (:176) ••Ptll'\•IJlhll (i a.1,.itlftÍllWnt<> d'igta.11! <kit p~ q llÍlltalcbo' • t.,111'1blm pat.t finJ
Ih brtiid11, dt O\llK#fltff t11"lt11Ho 110 l'l!d11l• d• ,.Ili. mll.:fW.edab 'qt1e •~lat> e1bc,r li.mpat•
1\s obras municipais incJWam ainda o cuidado com as fontes 111dlt!NV"<11t1 0$ "°""tldvr't• ~~•'"· (T,u."l!IAY• Affo1u•. , ck E. - ll&tlirit lf4
cslrndas, pontes, etc. Ainda que realizados em cscab modesta _ ~ (i"9ilk tle S6o , ..... ,..... lt). '
(3TT) S.a.Mf'.u>. TWoclor6 - O,.. eh-. " " IOl/tlO.
assim, seria enquanto durasse a escra,·idão no Brasil - os st."l'Viços ( 378) A"T.u "" Cl.J.U•• CS•l~ad<or) - "-li. Ili, p•g. 3\8 e .-oi, IV, ,AJ. 303.
revcl:ivam as r.\pidas lransíormaÇ'6cs pelas quais pas-savam os (379) " ' R d - • t~ túl '1_1(11:11 a ÍOlote ntrn, Ji.la na b1b;1d11 p11r11 o llldo
do Lf...str, Ump11ndo-•6 11 AJ11•. 1Yi,,..odo·se n 1ko ci oolncit.nda \llMll blr11 novo. fguo!mcnl•
tt11tros urban.o~. Ao examinar111os êsscs aspectos, seria oportuno dci rnf,,111<o•"- - 1udo J)Or ~ J()(l() . A fo,,tc dO" Pc-11•h 11, iao Tabolio, fo( t11Mh6m r;:(()J'o"aJ11,
lcn1br; r as at~v1dadas de abert111·11 e calça1ncnto das vJns públicas,
junll> oum a do.. p•dl'C'll, '"l't 169-0. ~m uu1b:u ln•tiLbnd""Jt dua' l>IC!it d t l)(l(h a íorr11du
do «•brc coon it:lt boCf.I• do mcfal, - Jl!n·l\o 1111t11,I& e caro>, <tuo u cmp1tlteltQ l'><lrnfnjot
quo sao descntas cn1 outro setor, 1tta.s que se enqua<Jrn1n nos p lanos fc-fAlll\dl'_,~ rn.ft'iro, P•'"""~ nrcotf<SWlr de dol.f "'''°" pua con.clutr, cvtin.11du • elt<vad>l
'11111ntia d~ - SSOOO " • A dOll S.pacem fll'<i C'01UU\1lda em 1028, de 11dfdo tom '111'14 tt'll(ll.
Ue obros muuicipai~ e cuja evolução, a partir da seguudn 1nt:-tade do 1r1and;ul.a d~llll.u jlrl11 C•.11u11, tiUcoa :KIWOO, ( • • ). t'iit tarildlt do*"$!) 11\ hlcrid:adtt
Ih"ª"' ~ •P ~--too Jlllr• ""*-111 ,.. - pGhKco • fonle e.to ll-4irio. nn Ã_~
.... ~I""--, Oolk • ü'°flt UU..... ~., ( A'J'.a::n:DO. Tillakt • - 0,.. t.>L. Pl-l-
418( 419 ) .
(:'r.'3) X~ O.. ~te M.Mia d.a S•h• - Op.:. ~
(:1••> sac....... 1>.... 0""""1te ).bn. ela S1h-11 - º'*" Cit.
f350) s~. SOf'Olllha - " A.~chdo da Ct.noe•'· z,.: Jkn,q ' • ~ do P'orre.
.,.6trio HWt6nco e A11hdro ~1odM111l, ,~lvJOI! 4, "lo d• J11nei10, Hl40, rAc. 17.
( ;,;.)) TAt.WAY1 AffQllllO d• E. - S4o> •'<111<1ló IU)J l'ri•~rirt11 A1t"" • " fl•.C· 35. (381) S ..1t>-roe, :-.'oronh• - Opw ("it. , p6.J. l7.
166 EYOl.UÇÃO UUBA~A IJÔ HUASIL ORGA..'<l2AÇÃO DOS CEXTllOS LRBASOS 167

Em 1056 a Càmarn do Solvedor estnheleceu um tributo sobre e O fato d:is tribos habitnutes do J3rasil apn.'scntal'C11\ urn tipo
carne, já Jnl'ncionado. cujos objetivos enun. entre outros, ..pera de organização WC"ial com c;aracteríslicas mais clernentarcs J o <JuC
f~ntes e- fc!.ilcad~s de ~ue lélPublico e notorio que nccc."SSita esta outros po\'OS da •.\mêrical não signifioou p:.tra os portugubci um
c1dad~ e rcpuhl1t-a ... (bl). As medidas rucedem-le, cvidcncian· estabelecimento esp..-cialroente p.a<..1fioo de 5ua ação colonizadora.
do ? 1ntcrôsse pela quc)tiío. ~los soluçlo satisfutória ni'í.o exi!'lliu no O simples nto de inst3laçlo do) prirneiros et.•nttos e a ocup.lçlo de
pcr10~1o w lonial, porcp1c: os s<'rviços pt'1hlicos continuavnn1 a ser terras provocorinm 11ecessà riurru!nte un\ cli1nA de' hostilidndc. Formas
sol11c1onntlo:. pelos parliculnrcs, quase i11tC'i ra1nentc à$ custas dos inade<1uncl11s dt trat<uncnto, rnns principnhnentc os c:sforços <lc es-
CSCr.l\O~. cravizaç.Jo de indígenas, contribuirám par11 criar na'Jth-IC's núcleos
.As ponte~, c.-ram rar~u; são mais conhecidas pela tradi~io as do tuna situnço1o de tensão cn1 rclaç_jo ao n"H·io, que se prolongam, t:m
Ht'<:lfl·, <:ontru1d.1s ao h·mpo de ~assau, quando ourna dl.•fns. cola- aJgumas regiões, por sl·culos. O c;i:so t."01nun1 das fonnaçõl-s lito-
1.>orou Ball.1zur <.la Forvu·c.·n(i':J.) . 'f a1nbén1 cn1 Detém COilslruiu-sc rfincas é n P'-rsisti:11cia cla.s rcn~"ÔC$ ror nlguns decênios, Cl'::iS:Jn<lo
1.11na ponte. Hgunc.Jo o barrro mais antigo à Ca1ripina(11l1). Cuida- níinal as ho~tilidadcs com a escravização ou clc~truiç-flo dos intlígl!ons.
\·a-se ta1nht_•1H dos c.:;uninhos pelos quais chvgavan1 as rntrcodorias An1eaça mais .séria rcprcscntava1n os ataques " irh1os d o exterior,
e '.' gado cios i.ei;oo("'). Pocle·se mesmo diz& que os núcleos por parte de outras naçõt.-s (.."Uropdas ooin idt'·uticas ambi\61·~ c..'O)o.
pnnctpa1s <.'Onstituaarn-~e de grandes entroocamentos de caminhos ni.zadoras. Os franceses, e n1:1is tarde os hol.indeses, f:.1iJ10 sentir
e C:->trac.l.1s. sua aç-lo, fósse pelos cor~rios, fõsse de modo indireto, por meio
l~ra~n C!lsas as principuis constru~~õcs p(1bficas. :\iudn que entre de c...'Stírt1ulos aos :itnques dns tribos hostis, con1 as quais n1:Hllinha1n
el~s es11~.'<'ll~c1n, qua.s_e . sernpre, o~ ccHHt iO$ tle maior 1n1portânc:ia comércio.
e i~poncnt1a, oonshtu1:.m um numero rcJati\·amenlc reduz.ido no As condições histórico-sociais, evidencirun a pobrc·1a dos re-
conp1nlo das vilas e <-ic1.uJc,, d csh1t-;ando-w por se colocarem em cursos aplicados na etapa inicial Ja oolonlzaçjo no JJra~i l, t."ln fuce
maior cvidt~nci.1. cm Jargos e praç;is. dos empreendimentos das Judias, e re\-clam n ímportlncia <b uliliza-
çilo dos esforços dos próprios çofonos como recurso:, dt.:fcnsi\'os,
P A HA FINS ~IJLITAfl.f;S
pdncipahnc1\te nas vilas.
A$ povoa~es mais ontigas eram quase tôdas de fcndiUas por
.\s atí\ idades mililares coostih1íram ponto básico da vida e da cêrcas ou muros, cujas fonnas e Jnateriais C"rnpregados vuriava1n de
orgamz:u;lo espacial do• ~ntros urbanos, especialmente nos primei- acôrdo com as possibilidades e nccessicbdes. Algumas er.im sim-
ros anos de colonizaç.1o, quando os porluguêses erarn obrigados a pksmente de madeira, à moei> dos indios. No Rio de Janeiro, Mcm
r~g.1.rardnr u posse <los territórios contra os ataques dn.s polências .d o Sá ao chegar, já o encontrou "fortificado dos franceses nn terra
r1va1s o dos i11dios. finTie. onde H11ha1n feito cQrcns mui grandes e fQrtes c.lc rnadeira.
<:om seus balua11es e artilharia •• . "( 38i). E os p~eiros povoadores
ali ~se fortificaram com baluarte e trincheiras de maclcira e
terra, o melhor que puderam, donde saíam ·fazer guerra aos .ª
bárbaros .. . "("').
Isolados em alguns pontos da costo, pressionados internamente
pela hostilldndc das tribos inimigas, e cxtt 1·namente pelos a loques
das fôrças de colonizaç~o rivais, os habUantes das primeiras vilas
estiveram pràUcamente abandonados à própria sorte. Sôbrc êles
P"""'""m totolmcnte as responsabilidades de defesa. 1': d e se supor
que tôdas ns pessoas participassem ativamente das luhts, sobrl"ludo
(386) ${MI•"· Cabrid $c'l11m d1 - 0,~1 cit., vol. 1, •1A3. l9S.
(.387) Su.v...aa, FJ-d Vlccrilt cio - 0,lrol* cU-, 1'-1· 11.3.
168 ~VOLUÇÃO U!WA.'IA 00 OltASll.. OllCAl'IIZ.~Ç.:i.O DOS CEl'(TROS UIWASOS 169
~ua~ s~ proces~ª':n'º junto às cêrc..-as~ urna Vf'Z que u1n insucesso tropas regulares. O <-mpr<'go dêsses esquemas rtMJ>liu·•• de natu-
s1gnilicar1a anton\.i\ltcaou~te a liquid:1ç-.io dcS)-a poi>ulação. Con- ralidade, porque de u1u l.l:do, as condi~-ões do rncio l'Ondnzir.1m à
ta\.'a~sc oonnal1n\·1~te rom o apoio de gn1pos indigmas aliados, cujas adoção dessa solução, corno liàvht ocorrido ntra\ C:s da f listória,
ealdeia~ eram
.. .local1z11d:ii.
. ern tôrno dos C-.!itabeltclnH!'n tos português
es desde a Antiguidade e porqu~ de ootro lado, os pur1uguêses tr.12ia11),
.'' por vuzcs, JUntn ns portas. 1\ ilnportô.ncia dns otívid:tdcs militarf'!s ao c::hegar, lnna c·xpcriêncin de vjda ern nh.h.:,as. \'ilus e cidades
e. r:.ssaHada p<·ln ntcn~1n co1n que en)n1 vi.slos os problenu1s e-spa.. erigidas c o1 co11diÇ4}Cs .scmclhantes. A. essa unt11rnlh.latlc se deveria
c~;.us con·c.spondcnte.~, nos cc.-•nh'os maiorus u rncnores, Enlnl as atribuir, p or certo, a C011:,h'1ncia ela so)uçJo Jl()S r1ri!11Ciro:, anos de
cx:rcas tis pri1neh·o!> u .c:crcin l<:vantadas t: .ils fod lfica\'Õt's objeto dos oolonizo~Uo, melhor serln dízcr, d<t gc ol'raJjda<lc Jo crnprl'go dCssc
n)(:Jhorc;~ I<.'(:ursos, enquanto p<•rsistjran1 as c..vndi~·õcs <le Lo;oknneoto. esquenta n:.1s forlnaçõcs que pude-rarn :,ob:,islir. A k•Hura de Gabriel
To1n~. d t.: Sou:ra no f!Scolhcr o Jocal de construç.lo da cidade de Soares de Souz.l c hcgt1 a nos con\•encer n1csr110 de c.p.1c n.;•s oportu-
S~1h. ad~r .. , ~e pós t·m Ordc:1n jXlf3 ê,ste ctJífíciO, fQZ(·ndo primeiro nidades em que os coloniladores se dcixar.110 influir (lOr \-:'t.nt'1gc..ns
uma a:rca muito forte de r~•u a pique, para o~ trabalhadores e de outrd ordem~ bem cedo foram obrig:u.los a dl·Stnair as iJ\stalaçües
solclado$ ~"""" C'>lar <«gul'O$ do gmtio"("') "·após a construção primitivas~ bUS<.1lndo loois de defesa 1nais cfica1... O ex1,,mplo mais
Je c:asas ... ordenou de cercar est1 cidade de nturos de tai significati\'O seria o do Sah-aclor, cojo arquilelo fundador ret:cbeu
grossa, o qnu fC1. t."<nn n1uita brevidade . . . ··ci••) .
pa as ill~l.n.r\:ót.'S dir<.'1:1s de D. João III. parn t:' ltur a nlilizaçilo dos
. . O u1~s1~10 verifit•a-se no caso da funda\.'t~t<> du Belén1, pois Fran-
terrenos da prhuil ivo povo1.1çf10 de Francisoo Pc.rcira (',.-0uti111to, pre-
ç1~co Cald1:1ra do C~i.lt•lo l~ranco saiudo du ~Jur:1uhiio l"lll fins de ferb1do u1na plataíorn1n i:levnda cm rela(.'l."io no 111or1 que oíerecessc
~615 <:h(·gavo, nos ultin1os dias de janeil'o do lOLCi, d efronte da vantHgt.'TIS dcfcnsívns. Tal era o caso «1c Sl'io Poulo, cujo centro
ponta de _'~rra rr1nis proe1nincnte da bahia ele Cunjllrá, que lhe pare· ainda h oje Sl~ dc:.c11volvc .sôbrc a pfimitiva coUna; tol era o caso do
ccu cn• .s11 10 Aé<'01l'lodndo para se fo1·tificar. Dcscmbarca.ndo no Rio de Janeiro, que apó'I a jnstalaçUo prirniUva, crn local rnenos
n1csn10 <h.1 d.1 <:hcgadu. logo entrou a lcvunrar urna ligeira fortifica- ahrigü<.k>, seria construido sôbre o inorro do \.a11t<·ltt, Tui era o
Ç'Jo <le Ia.china e. terra ou •cêrca de 1nadc-ira'. quanto bastava, na caso de Olinda, cujas cnractc·rísticas de impl:intaçlo 1naiJ fàcil1:oeote
c:urte-".a de tempo e de meios, para se prec;a.\·er contra 0 provávt.~ seriam reconlM..'Cidas: pelo contraste estabelecido no Hf..~Jfe.
ataque dos l11dios"(-). Em geral as prin>eir.u lortíficações eram pr<.-c3rias, •p<.'Das para
atender às necessidade< imediatas, sendo aos poucos melhoradas.
Foi ~se o núeloo inicial da cidade d e Belém: "A linha de Gabriel Soares nos inlonna que em Salvador, antes dos fins do século
for1 ificação abrangia, pelo lado de terra, parle da área que veio Ã.'VI já os "muros se \liera1n ao c.:hão por serc1n de taipa e so 1l80
•.ser a _praça da 11111trl: ( depois largo da Sé ) . , . ( .. , ) Em 1619, repararem nunca, em que se descuidnrau1 os goven\odores, ~elo que
~a _domu1ndos pelos nrn1ns os guerreiros Tu1,11u1mlJát, até as suas êles s.~~bcm, ou por se a cidade ir estendendo 1nuito por fora dos
nl~mas nldcia$ do rio Pará foi-se dilatando u cidndo para fóra do 1nuros; e, sejn pelo qoo fôr, agora não h6. rne,-iório oondo êles
recinto forlificaclo"("' ).
estiveram"("').
Os csque111ns defensivos dos primeiros anos basearam-se, so-- Às vezes era nos momentos de maior perigo, que se empenha-
hrctudo, no re<:uno da tk•fe<a pela altura. Dcpc1lde11clo fundamen- vam na mc1hol'i.a e conscrvaç9.o dos muro), wmo cm São Paulo,
talm~nte dus a~Vcs militares de seus 1noradores. a.s vilas e mesmo onde ··a 5 de novembro de 1562. requeria o procurador do concelho,
as csdades repelirfam aqui a soluçõo clássi<"1 das acrópoles. E..m Luiz Martins - casa roubada, trancas às portaJ - 'que se acabassem
tendência estaria tnmbém coerente com o tipo de armamento em- os muros e baluartes', sendo então as obras a executor comme.ttidas
pregado, oonnabnente o dos próprios colonos, raramente o anna- pela Camara a treze dos principaes paulistanos"('.,).
mento pesado, co1no a artilharia. (.'ujo uso em oon1um entre as l~edu~.idas as ameaças, desleixavam-se os moradores. Na vila
de São Paulo, em 1575 '"reclamava o procurador do concelho coutra
(388) So1r.tA, C11bril'I SC'111ru da - Or1 cir.• vol. I , p61. 1 41,
(359 ) soo.A, G.i.lulcl SQllru de - Óp1t$ dt.. \ '(li, J. pli'" 241.
(:}{IOJ lh tUT.l, l) r, M1lil11d de Md l(I C ;1tdolo - o,,.,.
Cil., 1illt:- 115. { 31)~) Sovf", C11brl~I SOllf411 d t - OJw.u
( :)93) T•uw"T• AUoro10 dt f; , - S,T.;i Paul<>
clt ., vol. 1, p6g, ~··
t#culit XVI - St.o P1111.,_ T'°uu t:.
1>Ag. Jl6/117.
til)
• 3!.1 1) 0 .01,1.1,.,, l)r. )hmw l de Mt Uu Ca.rd!1$0 - Qpur clt ,.
Amiult & Cia. 19ZI, P"il• 8$.
170 E\'01.UÇÂO URBASA 00 BRASIL 0HCA1' ruç.~o DOS Ct:NTllOS UllJlA.'<OS 171

rnl cslado de cousas: ·Júannc Annes, Donl ingos Hooiz e ~fan ucl ns fortificações abrlnm ..se ao sul e ao norte, nas portas tlc Suo Bento
Fernandes, ( . .. ) l1nvian1 'ah <:rto b urnquos nos 111uros e portas q.hc:ra e Canno, cujos dctnlhcs poden1 ser vistos, co1n c lílrczn, 110 " J)cs<:nho
grande prejuizo c·nir os dit.Js 11u1l'os'. F'11ssem, pois, fntimndo.s ·q.hos dos fortificações e trincheiras" e no "Perfil da cidade do Salvador".
tapa.~'iC'ln dentro e1n sc..-rto ten1p-0'. E a.uitn se dttidiu que nunl Junto às ladcíra$ príndpais - a dn Conceição e a d• Praça - exis-
1n<../.. 'tapacen ;as dit.ts taipas de taipa de pilio 00 pena de quinhentos cioo\ ta1nbén1 outJas portas 1neoores, c.111c podem )(.."T 'i\t.t~ na gra-
r(:i.S para o cõo~·lho"'"(IS') . vura de Benediclui. ~leaJius e oo '" P<."Tfíl"". :\firo\a Taun;ly que ern
No auo de 1576. ··,,<.-rificava1n 0$ vereadoreii Affnn'io Sardinha Silo Paulo "havia cntrio uma entrada principal ptira vHlri a 'Porta
tJ -1.opo O ja_;; c o procurador do l'lluct·lho Lon rcn~·o Vat, nas suas (;rnodc' que se refere a acta fie 21 eh.: fc"vcrtiro <lt; 157·1, sobre a
çonfabnh1çõe.s 'pl·rn bcn1 e proll do povo', que os 11111 ros de S. Paulo qual existiam guaritas conlo posição dtJ atalaia. A êslt! (lCll'tJ.o cha -
'cstavâc) dl·nificndoi; e estavão ~uinclo'. Cada u1n 'vi3Jnbo :lcudice 1nava1n em 156.3 porta nova; estava entiio a ca1nara á espera de sua
)UJ\ tcstade e rclpnr.lsse os ditos 111uros. até ''ir o c~1pitJ.o Jeronimo ferrugem~ 'quad<.1'.ldos' que a Jevi~rn rcfor<,:ar"{ 1110).
L.citjo, q. mauc.l.1ná reiparar e aUe,:.utar os 1nuro.s q. bh'l\dO caidos-', •.\ primiti\•• Íortificação de Bclérn tinha tamhérn ..llO lado do
Qut·m niio restal>çf<U"Sse e cobrhM? os ditos mt1ros, cada qual a rua Norte um port'Jo de saída para a praia próxirna. onde h;i.\·~a
H·)ri,tada 'dentro de oil o dias da aprcgooção do edital ÍQ))C <'Oodenado desmnbarcado Francisco CalcJcir.1'"( '" ). As porias da cldnde do Rio
n 11111(1 multa de ct•n1 réis para o concc·Jho' "(:I~:.). <lo Jnneiro ficavarl l j1111lo à l..acleira dn t\.fisi:ricór<lia, <l<.: 011do se sub~a
Con1 o cre:ici11l<·nto das vilos e cidades, os antigos 1nuros ian1 no ~forro do Castelo(.u':.i e 4.,3). O descuido corn os n111ros de Sao
~c·fJ<lo :1b~ndon.ic1o'i, e llOVâ.s linhas de íorlificaçõt-~ i:111l sendo coos- Paulo estcnJi:.t·)C tomhém à:> su:l.!i portus. quo por "'et.t..'S eram arran·
trui<las par:.1 o cJi:tcrior. No caso d<' S.io Paulo...O h:rtllO de J.0 de cgdns. "Chegam o ex vereador Antonio Fernai1des nJo só a ía.tel-o~
juubo deste anuo ( lSSl) cll a entt1tder que~ pto\'llvclrnentc cres· como a V(..'Uder uma dJ.s tacs porla) a t,.... ·rfo André de Jlurgos, e por
<.'l ndo a ";IJa, se íi11·ra u1na segunda cinta <lc muralhas, pois não ~ 250 réis 1 'o que se não podia f•zor por ser cous• do toncelho',
se' r<.>fere a di.!itancl"" c.·onladas para d(·utro co1no p.1ra fora <los inuros \'Crberava o procura dor Dom1ngos . . "("') .
1.tuz
velhos..{:i:ii; ). Os ba luartes crn1n objeto de tru tomi:nto espc....:i:l l o c11id;uJoso.
Os n1uros du cidade de Salvador, desap:.1recido.s co1no vimos, ao de modo a aco1nodar a artilharia e u constituir os pontbs 1nais benl
tempo de Gabriel Sonn-s{:is; ), serin1n n.feitos rn!ais tarde, com maior defendidos das povoa~&s. E ram dcÍinitlos pelo volun1c o hn[>Ortâu-
t:xtt'nsâo e <..-omplexlcladc. com os detalhes que \>'\.'m re(cridos por cia da artilharia <1uc neles se aconlodava. Luiz. Oi.as, n1cstre de
·111<'<Kloro Sampaio, na sua Uíst6ria da Cidade do Salvador(-). obra$ da cidade do Salvador, em carta de 15 de agôslo de 1551
Reoo,-ados e a1npliados e1n várias oporlunid:ides, oompletavam, diria ao Rei que º'hos baluartes t.')tlO muito f~rtes e ?'ui to . : • iados
enol as diversas forLRluzas e o d ique, o mais ooinplexo sislema de- com nladeira pt.·la taiparia de dentro que durao depois qu.c t.io be1n
fcnsi\'o do J3ra~il. Cnl seu tempo. Os detalhes podem ser observados forem revoc-ados ho que q iseren1, Isto 1ne parece 'J."e sobeja e abasta
1uis plantas de Frc-.tier e ~Jassé, e, t.>specinlml"Ote, no .. Desenho das p•nl Cl'la te rra. .
Fortiíicações". "E asy fizemos dous baluartes, hum na ribe)ra de Coes, muito
Os muros e1am interrompidos nos pontos mais convt.'nientes para pod<Toso, cm syma do rochedo, de que V. A.- verá 112 mo•tra, que
a abertun1 de portas ( figuras Sl, ~2, SI), cuja proteçlo ronslitula joga pera todo ho mar da ba)'<> e joga as duos esperas de marqa mayor
um dos po11tos mais importaotcs d..!sse sistema defc:n11ivo e em cuja que vierão e dous camelos e dous falcões e hUa dú~in de be~s:
guarda empregnvnrn·se as pessoas do oonfhu1ça('?"). Em Salvador este ainda que ho de rnedeira h e tõo forte q ue durará segundo dizem
vinte 01~os por ser de paos d e mango que se c.::rian• nngoa e sa1n
(j{H) T ,U1$AT, Affonto de E.. - (}pt,lt ti•. 1>'C· 81J.
COIYlO fero.
Ca9.5) TAt;:-"AT, Affo11'<! de E. - Opilf dr, 11'-C.- 88,
C.:\96) T.l."-t:t.AT, Aff..,11..0 die E.. - ~J cll, pàp. U / 89.
( 400) T•~A,., A.ffomo,. E. - O,.. rir.. P's- U.
C397) SO...u. ~l 5-Jre:s ele - O,,... cw, pie. t.sa - wl. L
( 398) SUiPAIO. ~ - . , . , nt.
(..01) 8.Aa.T-. O.. M......a . . M...U. c.doiee ... O,.. rit,. p6t- llt.
(39i) "A l:J d• fnf'illl"iro de 1583. rtqflltfk o ~ S•l"Nor ~ - ~ ( 401) Co.ucw. \fh·alide - 0,- $.., P'f' 4t.
eok-.a:u ~ tdilidadi? ir .. fteb.ulCJft • e11d~ du&1 &:a;.s poin•t t \l~ilOtt<•. ru10 i..,_-udor
<t~ f'l'•to PM1°' vt.. . (,.AOW.o.Y, Affooio n. 0fNI ril., pàg. 85).
(-4.03) Fnu-1>..., Dr. Joffi \fiei~ - Op~ l'lt, "oi. 143 - p•g. 11.98
( <tO•) T At:$AT, AJfonfoO dt. E. - 0,,-1 dl., l'.là~. 86,
li2 EVOLUÇÃO URBANA DO Bll.\SH. OllCANrlAÇÃO DOS CEXTllOS UIWANOS 173
. -o outro bo:iih1;•rtc de Santa Cruz he 1nai) pcqu<-no e joga nele e os senhorios dos emjenhos e fazemdas que pe< este reghnmto am de
hua c~pera ç dous falt<k.>s e rneya du..-.:ia de l><.-r\-OS <' is-to a.te saber ter torres ou casas fot1cs ltn'io ao mt'llOs quatro bt•rços e dez espitn-
M,· V. :\ . os <p1t·r h:r l'liy :tlc o diante e os f:1zer de pedra e cal ou gardas ronl a pol,rorn_ net.-e'\ari:i e tlez l>CCstas e 20 Cl'lp.1d.1s e dez
logo COJnO ele ord<·na'"(•v:l e .,º'). J::u1ças ou cbuç:Js o 20 oorpos darnlas dalgodão. I~ ioc.lo 111orndor d:ls
F orlificaçOl·.S do gl"nero podem ser ronsich·n1dílS' la1nhém as <lilns te rras do Hrai:i) 11uc 11<·l:1s tc vcr casas terras ou agoas ou navio
tórrc·s dl~ p('dra t..'<lO\ll'uitln, por dou::it,Í.rios i; 1110 1·ndor('S pan1 def<-.sa tera ao 1l1enos beesla es1,1ngardns espada la 1n\=•' ou cl111(11 e L'"te enpi-
d e s 1n1:; propricdaclt·s. F;onosn era fl tôn·e d(• Dunrru C.:o(~lho da tolo fureis notcfi car e apr<.'go.11· cin ca da hua d 3s d itos <'flpilnui,1s <:010
qu~il nos d,t nul Í(·i.l Frei \ 'it·<·ntc: ··c hc-gnuilo Duurto CoeJho a êste
1
decraração que o:i •JllO: ndo tcvcrt Ln a elita a rlvlhcrln polvora e
porto d~se1r1barco11 nt'lc e f1)rtificou-sr, onde agon\ cshí. n vila cm arn1as se proveFio dcllus da. noteficação a lnn11 011110. E 1>-•sudo o
t1~n nlto l1v~e d1· p:.idra,tos., da 11'têlhor 1oan1·1ra rp1t• foi possÍ\Cl, onde (Hto tempo e achan<lo )0 que as não tem pagarão t.,n duhro a v:ilia
f~z uma torre de (lf:<lrn e ~1), <1ue ainda agora t~t.i na praça da das armas que lhe fnlettrt-"1n dBs •111c s;lo obrigadus a ter tt metade
\1la, oudc 1nuitos RltO\ tC'\c grandes lr.tbalhos d<~ guerra com
0 pc.n os cati\"OS e a outrn 1netade pera quern os .& t.·u..ar..(• 1•).
g<'ntio e ÍrJUt."f..~'S .•. "( ..: e 4"').
Dentro d.1 oricntflçllo polilica de poupar os recurtas Ja Coroa
Os ("$(111<'111as dl.• forlific<-1\"Ões C(Jmpn..-cndia1n tarnhêm fortalezas e utilizar os tlu Jonati\rios e colonos, essas dctern1in:i~s f-a.1iarn.
exte-r~:•s (! por \(\11s guaril.ls, 00100 postos avon~·ados. Dn cidade portanto, c-01n que a:. rc·.spon.sabilidades inilitarC's da rnnior p:lrre d a
do Rio de J~111·iro dirá, .rn1 J.582, Gahri<·l Soares que ··uo p(: dcJa está costa hrasileira cstivessen1 n cargo d i}sses. O tipu eh· ann:unento
U1h;1 <:stà1u.:1,l <.>t')111 oreill1:'lna para tnna bunda v pnrfl oul·ra , um utilizado por cssus fór~·as - fornecido, e1u tê-nnos n1cdicvars. pe los
111odo <l<.; foi tah:ln cn1 111nn pclnt;:i, dc~fcudendv o pórto, nu1s não a próprios guerrch·os - ci·n 1)ccessàl'ia1ncnto l'\1t1í1ncuta r o leve, in·
harr:.1 por J,í não cht.:gnr ht:nl n 11rtilharia" ('• 011 ). O dc!lcnvolvirnento cluindo m cs1no, cm propvrções con.sidcrávcis 1 co1no rcfe1·c1n os cro-
d~'S~as fortifi<.·1~çô<.'S tilriocns é <.-sclare<:ido pelo exame <la í<'onogn1fia nistas, o ar-ina1nento indígena. Hara1ncntc po<li:lrn A.S fõr~~1s dc.:fen-
ela ep.oca, ondt• up~1n:ct•n1 c lnra1ne11tc definirias :i~ fortalcLus de Santa sivas oont:ar com o apoio de petas de artilharia.
Cn1z.,. Sfto joJo, Pruiu \rt:r1ncll1~' e \ 'ill<. gagnoo ( íigur.\ 57 ) . A 1nedida que conseguern uro domínio s6Lrc os á.rea.s circun-
-~s fortiíic:açõc> t.·x-tcmas de Sal\'3dor j)C)(lcm s~r conl1ecidai dantes.. êsses (X>\•oadores tran$ferem suas re:s:idi:-oci3-5 pam ()S locais
tambêtn pt'la ioooogrnfin - mais rica por se tnritor de capital _ de trabalho: as grandes propriedades agrlcolas desllnodas à pro-
'iObretudo • dO> .inos seguintes aos ata'l'"" bolondcst>S ( fieuras dução de mc....-caclorias de cxportaçiio. Em virtude Ju própria orien-
54 "55) . " taç-lo administrat iva q ue exigia dos senhores d e engenho a manu-
_Os tipos de annarnc·ntos já vlm de cerlo Jnodu especifica.dos no tenção de u1na fõrça militar incipiente, capaz de gam nt ir a popula ção
Ueg1n1enlo de Tom~ d~, Souza , on<le E l-"Jl ei detenninn: "Porque sob seu contrôle, a:..shl,c... se no aparecimento de um conjunto de
par::t defenstio d as fortalc2ns o povoações das dita5' lc 1·rns do Rrasill pontos forti ficados, rcuoidos c1n tôrno dil.s casas grn~ld CS c.:01n suas
he ncc:essariv aver nc-llus a rtilhariti e 1nooi\:Õt.'S e annns ofemsivil.(õ e tôrrcs( m), e pere<lbe.se uma definição mais nltida llc funções de
dcfe1nsiv,1s pera ~ua scguran~·a ey pOC' bem e mundo q ue os capitães modO' que aos senhores J c:; terra vai cabclldo o c.:ornando e a seus
<las capitanias da Jitn terra e senhQrios dos cu jcnhos e moradores subordinadós e agregndo$ n constituição dos c?rpos de defesa.
da terra tcnh:.1m .i o.rtclh:iria e armas seguintes. s.cada capitão em Surge. assim, um sistema q ue teria a mais ampla (lifuslo t'Tn tôdas
sua capitania S4.:rá obrigado n ter ao menos c.loos falcOOs e seis berços as regiões d o Brasil, e cuja importância se f"'?•
scnt.i r olé os dias
e seys m<'yos l>eT~'OS e !?O Or<11buzes ou espingardas e polvora pera i$o de hoje co1n repercussões na estrutura adm1nistrahva e mesmo
neccssana e 20 bc;.-stas e 20 lamças ou chuças e 4-0 espadas e -IO política. Transformava·sc, pois, o sistema defensi\-O, cujas hases,
corpo darmas dalgodlo das <111c n:t dita terr.t do Brasil se (.'11Stt1mão deixando de se oont.'ênlrar nos núcleos urbanos, seriam dispersas

(4ÍJ$) Du.l., Culo.t )11 hrhu " 1111 l r~ - Op11l nl., ~oi Ili. 1>A1. 341.
( 4<1(1) Snt>u., G•h•k l ) <mrn d1: - <>1•1o1t d r., \'l)I. l i.
(407) SOl'5.\ , Caluld ) <mrN du - Opui. cll., vol. 1. p61. JOO.
( <li)!;) S... t.YAJ.1'(111, ,,.,,, Vl<'f'lll* d o - OJ>t•f rrt.. pàg. 113.
( ·ll)IJ) Seu.'"· C11l11' cl ).(111tM d e - Opm ~•t., •·oJ, 1. pãs;, 187.
174 BVOLUÇ.~0 URBANA DO BRASlL 011CANl7.AÇÃO IJOS CBN1'110S UllBA..'<OS 175

pelo n1eio rural. Nas ocas iões do perigo. era1n reunidas As bases e Hlo de Janeiro, por cxe1nplo con1ô Uhntuha~ São Scbni:li:lo, l'ar~1li
d~ Jnodo scnu.:lhonto às fôrça~ ined icvais. <.'Orrendo ern socorro dos e Angra d os Réis, procurava1n se loc:11lizar e1n terrer10:. pla11os e
nut·lcos _cnfraqnc<.:idos ern decorrência dessa me)tna d ispeaão de uprcsenta\'am mc~n10, por \'ê-tc:.., um tr.1\:;.1do regular.
populaçao. .-\ política de oentrolizaçüo comcrc:i.ll e militar iniciada em mca·
• ~ eM1~1<'1n3 defensivo. assim disperso por Ião vastos teni- dos do século X\111 aC>rretou uma ampliaf:iO nos programas de
tónos. com d1.scr(·los pontos de coordenação nas vilas. seri:t contro- construções nlilitares, e conduziu ~ vaJoriza\-do dos cmtros regio·
lado por um núc..·lco de ad1nini.slmçílo <JtiC, ao n1c11n10 te1npo, fôss<: nais. t!:stes, até er1tiio investidos do rcsponi;ahilidatlcs do f..'()Orde-
íortafc:ta, co1n equ iparnento bélico rnllis (..'Otnplcxo, de tipo pesado, nnção, passam, doí por diante. 11 cxorccr u1n <:ootrôlu das nlividn.dcs
capaz d e lhe nsscgurar un' d11111ínio e fetivo <la regi.lo. 'R o caso de do con1ércio, po1Hic.-a e de fesa das 1·c5peclivas regiões. Co1no crn-
Salv.idor, cm seguida do Uío de Jttnl•iro, na costa sul. n1ais tarde de 1'6rios, passam a exigir a p roteção milit.1r das riquc;:a.3 llt·unLnlndas.
Sjo Luiz ao norte e Bclê1n ix•ra a Anuzôrüa. N~s núcleos maio. :.ssiln 00010 doJ' locais onde sç abrig.1m :as frotas e as t.~1uadras de
rc~. fuoc..ionaodo sob a respon~o1bllid11de poliliro-ad1ninistrati\'a da guerra. Dêsse modo, o contrõle d~s pn:tç:ls de com ..·rc:io r<..-prc-
~fctrópol~, e.x1s.tiam trop as regulares o 4ue signiíica\a para êles 0 scnta o contrôlc Ja re!(ião. Foi êssc o p~pel do Recife· 110 Nordeste
llltabc1ec1ou:nto de rcsponsab iHdadl'S n1ilitares do àmhilo regional e, pnra os l1ola11Je!lts. C randc in1p<nl.lnc.·ia era atribuidn agora ao
.io 11u~111no lt·n1po, <:oufc ria <·t..·rtll pet111iaridade à populnçflo. Ent ni'11ne1·0 e quaJjclodo dns tropas, t ô111 recurllo c.I.~ <..'CJulrólc intl~rno,
C..!iSf1 cerlaJncnlC H intcnç;1o d tl (:oroa, fundantlo·OS t;01no verda· dtt popuh•çflo culonial e à ;Jparencln dns constru~·õe:.., co1nn de1nons.
d<.:íroll ··cas1r'.•1n·• . cr !IÍht~Lndo--o:.. crn lôc.:nis capazes d<• lhes gurantir trnç:io do poder dn ~ !ctr6pole.
tf1eaz ~umpnmcnlo dessas tareias e ta1nbém a imptCSSi"io dos con· A 1nedida do alcance das novas lnlc-iati\'as é dada por algu.rnas
tt>1nporaneo) Ja fundação de S.tl\'3dor, que a ela se releriam 00010 obras de mJ.ior :..ignificação, como quarteis e arsenais. S'o Rio de
..fortale-.1,a e 1>0\·o.1ção g.rande e forte ern hum loguar conveniente Jnndro, ··sendo oblido dos fradc'll de S. Dento " c<:>sõo de terrenos
prr.:t dahi :..e d:ir fa\'or e ajudo os outras povoações ... '"(i12). un hnse do rnorro onde se ergue o 1nostciro da Ord cro, Casll'O Caldas
Sah 1ndor, Rio do Jnllciro, São 1.uiz, Jh~lént e o Jleeif<:: d os hola0 • oon"leçou a constr uir r11i urn arsenol do guerra e 1na rillhn. Esta foi
.!1•.;<.·s-, <'riados ron10 cidades, for111n desde o i 11,cfo considerados n origem do atual A~enal da ~·lurinhu <JllC, muito a1ny>lindo. ainda
ron10 praça) fortificadas, abrigando os p rimeiros contingentes n;gu- hoje está. situado no 1nesmo loeal"(º 3). ~1ais ou ml"J10.s na m1.~·rna
Jares. Uses l'ram, de irúcio, pouco nurncrosos., e )l'rá o ataque dos é~ foi iniciada o conslrução da Ubrica do póh'Ora na U.hia (figura
holandeses a S•h-ador, em 1624, que desencade,irá uma primeira 56). "Sabe-se que o Casa foi concluída em 170;; por D. Rodrigo
conct-nlr<.tç;.io de fôrças cm l'sc;ala :..ignificativa. do Costa, 30.0 Governador do Br3'il'
0

( '") .

À medicla que c;ran1 afastadns ns ameaças constituídas pelas D~ i1nportti nciR relevante era1n oi; quartéis para abrigo da tropa.
1-ribos h()st"is, vcrlÍicava.sc uma 1nodificaÇ<lo uos esq11c1nns defensivos. Após o ataque <lo$ holnndêscs. a ci<lndc <la Dahia passou n nco1nodar
Nos pec11H"uoii niu.:lf•<Js desaparl'ccrla a importi111cia dos mecanismos um número excepcional de soldado! q ue ehegafam a perturbar a
de defesa contru os ataques provindos do interior. Ao mesrno ttmpo , ida da população, e no dizer do. época, a ocupar metade de suns
\'trifica\ a-se un1n \'alorizaçâo cres~ntc dos núcleos nuiorcs, de cada casas. Na Cimara de 30 d e Outubro de 1~; "foi logo prop<>Sto
região, como centros militares, ou se~ uma centnalizaçlo dos es- anle todos, que o Coronel Governador Diogo Lufa do Oliveira lhes
qurmas def<'niií\'OS e1n Salvador, Rio de Janeiro, Slo Luiz. Belém. fazia grande instância sôbrc qoe, ou lhefücssem hum qoartcl para
e1c. O quad ro gt:ral d e defesa, A época dos :itaq11cs holandeses. agazalho dos Solclodos, ou lhe d essem outra o~dem, pa ra seagaza:
nos 111ostra, .. ,n cncln região, u111 11lteleo de irnpo1·t:1nci11. C'Apaz de !harém; por quanto hia em trez annos, que hnha ocupado quas1
coordenar a nçiio dos recursos béricos dispersos pcl0$ núcleos me-
nores e pelos engenhos. f: de w supor que essa mudança dos
<><1uemas militar., houvesse influhlo sôbre o tr.l\"1do tios centros
n1cnores, uma vez que, no si"CUlo X\fn. vilas fundadas entre Sototos

( 412) Olu. C.,1kt• l.ln?btiro. e ouh~ - 0P"' d t .• vol. UI, p.lis. 34$,
176 E\'OLUÇÃO URBANA 00 llRASIL ORCM<lZAÇ.ÃO OOS CENT!10S UllJJANOS 177

meia parle da Cidade no bairro de Nossa Senhora da Ajuda oom No Hio de Janeiro~ ~las.sé plancjt>u 11 <-'01~trução de u1n Jnuro.
gr.mdc opressão dos Senhore. dns Cazas; ... "("'). Do eslo~ feito cujas linhas gerais podem s.<.T ol»Cn iulu t·n\ 111na planta nianuscril3
por Lui•. ~fonteiro da Costa s6hrc a oonstruç.io dos quartéis na da cidade do Rio de Janeiro. existento na ~f.apolt."C."a do Arqui':o
rncsn1a CJdac.lc, pode-se concluir que •·quQtro foram as obras dos Hlstórico Colonial de Lisboa (figura 21).
quartéis sendo duas 'intranturos" e dua.s •c.xtmmuros' da cida- As pbnlas de Salrndor publicadas por Vilhena('") em 1801
de ••. "{•1~_). ~las lembra. o mesrno. ~utor: ··mesrno com os primei- ( íigura 16), mas elaboradas cerlam<'J1lo untes de 1718, roníinnam
rõS quarteis n;.10 conseguiram os dirigentes do Brasil alojar tôda 3 a.s trons!orrnações, que já vinhan1 C)boçndas n0$ dt:senhos de Frezicr.
M>kladesca d.a guarnição do presídin e crn trtinsíto, sendo constaflte Nelas csCüo incluidos vário:,. projetos de fortificação, realizados por
o. opn.:ssão ao.s moradores, <:Ompeliclos n ccd<·r. 1nesu10 n.:n1unerados. ). rassé, dos qu~'i) o mnis hn(lOl'h\lltC parec(· ter sido o ela cidndeltt
su~s ca:,as para os excedentc:s .•. ". E aínc.ln localiza <..vm graocle ( fib'1.1 ra ~) a qual já cm dezernhro de t712("::11 ) era n1en<:iouada
~111clado as. const~·uçõcs <los qua rtéis: ··os dois prhnciros quartéis, na co rrt~s pondêllcia 001n a Corte( ' 2 1 ), Essn cidadela, rcunirH.lo as
111lrun1uros ~ possiv~l1net)t·c socrificndo$ pc:lo plaoo <le fortificaç.ão t ropas ac1ual'teladas, fic11ria próxhnu <lú Pühna c ela (;aso da P6lvora.
~lu ~ Jontah~ao, do1n1~ava1n d o alto e.ln 1110 da llaixo por detrás da O que chnmu atenção siio suas proporçlics c.·n1 n.:l a~-.lo ao conjunlo
1~rc1a dt: N. S. da 1\Juda, a(i horlas e o hrejo, i:~le represado como dn chla<lc, pois a ál'ea seria con1pnrá\'Cl à do n\1clco prhnitivo <lo.;
o Jra de defesa dos holandeses. c1n 1621; ( ••. ) os quartéis conclui- tc rnpos de Torné de Souz.a.
dus cm 44 e 61. cxlTaJnuros <lu cidodc, cluvaran1·se •Jo outJ'O lado ~fassé encarrtgou-St! ele planejar diversas obras e seus levanta-
do DiqtJC \ 1clho·. no histórico lltiirro Ja Po.1ma"(tl•). mentos e relatórios são hoje de gronJc utilidade, por iru.:lui.re•n
E1n 1712, as an1t.:aças de ataques às priocipais localidades da plo.nl.1$ de aJgu1nas das principais c:idad<.-s u por pcnnitirem u1n
COllõl do B':'~il Je\-ariam D. João V a C'n,riar o Brigadeiro João ~fassé t..'Onheci1nento bastante minucioso das ooo<lições de lortlfic~ç:io.
p.irn plane1ar uma relorm.'l nas SU.3$ íorliíiC3çõcs. Na carta rê!tia Ao se iniciar o século :\"VIII. co1n amplos recursos materfuis
nfinna .<l'H:: ..faço $.1lx.T aos <p•<' esht minha CQrla ,·iren1 que por ~ e humanos, a 1'.letrópole procura\11 portanto dt.SCl1\'0h·cr pn>grarnas
t<u1,·cn1ente a meo SC'..n'Í\'O o fortifi<.1lr·St· o estaJo do Brasil em ambicí0$0S de construção <pie per1nitissern, ao 1ncsmo tempo, o
fo~1a ((\IC lique com toda a defcnS3 tll'CC."$)ari;1, e n3 pessoa de utcudünento de suas necessidades adn1inisltati\':l~ e rnilitares e evi-
Jo.10 ~lass..: ,con~rrern os r~quisilo:i que 5e requ<·ren1 para darern
1
dcncia$$Cm o SC:"l1 poder perante n população coloni~1I.
bo:i. conta d esta 1ncuml>et1<.:1a; 1-lcl por bem que cUe passe c:om 0
posto_ que lem de brigadcíro de infnntnria ao Rio de Janeiro para C) Constnições religiosa•
cxo11H11ar e reparar as fortifiCA<!Õcs doquelln cnpitanin e fa2er as
1n:1es que f~~e1n r1cccssarias p ara c..l úfcn.sn o conservação· dcUa; e As constn1çõcs re ligiosas surgirrtr11 co1n os povoações, desde os
Íl·1tu esta d1ligencin pa~sará a f;tzer a nll'S1nn nn &ahia e Pernám~ prlmcii:os instantes. Atendirtn1 ?, rcligiosidRdo Jo pqvo e hnponharn-
buoo ..• "("').
s<: la1nbé1n pelas fun çõe:s de :1d1ninistrnçüo púhUca atribuídas à
O sish.-nu1 d efensivo de Salvador é então a1npliado como se Jgreja, uma vez que esta era nnida ao 'Estado. As igrejas paroquiaJs
pode vcrifícar, por exemplo, no desenho du Fre-Lier ( Éigura 15) realizavam os trabalhos de registro de nascimento, casa111entos e óbi-
c1u:indo coo1parado com a "'Plantu da Rf'StHuiçUo da Bahia"' (figura tos, segundo os sacraJnentos correspondêntes, o (Jue estabelecia um
18) ou com a •pranta da Çidade• (figura 1), mostrando um grande vinculo pennanente e <lc grande hnportdncia entre as populações
aumento das muralhas na direção de Sio llrnto, de modo a incluir os do 1neio rur.11 e as sacristias. :\lém da freqiiênda periódica aos ofí-
"""º' bairros cm tô':'° do Convento do mesmo nome e na direção cios religiosos - o que era possível cumprir, dentro de certos limites,
<h Palma ou, o que e melhcr, por comparaçlo oom o levantamento
fdlo pelo próprio brigadeiro" (figura 16). (41t) \ "nJQ:;llt..._ La& &:. Sam:is - O,,.. $ ,
( 4.IO) t:. ~• M li de U__.,,tct do l'7lT, . . C...... ~ dO
. . . . . . ..., "n:.llÕft que ~· O brfpdrtr• JolO .\l•Wif. d. ltf Mlftkik) IM~
( .. 15) A"t-.u o. Clw·Ut.i. (s.atv.dcw), YOI. 1, ... 11,
f418) Con•, Luít Moe~Uo cb
a •11•1'-cw. . . . a b muii!ado por Y.aa 1'1.ijnt.Gt, Cf"' "ª ..._...,,, • fec'ldica(io do
Ô)Nt- rir,,.....,.. 89 ftMt de Jalldco, kw.. hro•:-...00 e ~··~. q~e ~N a. paa.,at.,. - (l>oA:llllftlt"'
C417) CO.TA, L•Õ MonlC'ltO dA - o,..... cif., Pi\s. 19/iO. IH•t6rlcol do Atquno ~aricicW. YOl. XC\'U, pia. 66).
í 4 UI) ' '"'º90. SQQ1a - O,w "':, ,.oi. nr. p.iJ. J!So&. (4tl) Docwlolx.'fTilll Htu6tuCOI oo :\.11.;;1.1~0 ~"'°''°"'"'"• ~ol XCVI. p~. 9l,
lí8 EVOLUÇÃO URBANA 00 llIIASIL ORCAXIZAÇÃO DOS CEXTllOS URBANOS 179
~o próprio meio rurnl - existia então onl cotnparechn<:nto às igrc· dos da escola elementar, q uase na 1nesnl4 proporção(•=1), pesando
Jas dos )lO\'O:tdos, para a reaHzaç-Jo de cerimônias referentes aos ainda que d iscretamente n:l composição dn população u1 baoa.
eventos mais irnportantes da \ida familiar. Essas duas causas de .-\ilida pelo estudo do •perfil da Cidude do Salvador ( figuras
COOC(.-ntnç.lo movim<;ntavarn os povo.idos em certRs d:ita.s e lrans- 59 e 60). podemos observar a homogmcidade das igrejas m;is an-
forn1av:un os pátios em frente às igrejas e 1n pontos de reunião pú- tigas, que invariàve1n'lentc nprcscntavan1 uma única porh1, ocnlo e
blica e tlc comércio( ~ 22 ), enquanto as s-acristias se transforn1a\'tun. frontão- tr inngular, carncter(slic.as d o tipo llO riSt..'O r(unnnico. A
<111nse sempre, elll pontos d e re união políLica local("'). Já Gabriel única a tipnrc."Cer com tôrre é n da Sé, tolvcz porque ua t~p-0ca só
Soart..'S no~ inforrna que ern sua épocn, "tetn a Ba lda com M:us re-- as matrii.~ pudessem te.la. Pelo -Desenho das fortificações" ( figu<a
CÓOCQ\'OS seSS('llla e duaJ igrejas. cm que entra a Sé. e trl'S fl"IO$teiros 61) pode-se k< uma ídéi• também da <1lmposiç3o do Mosteiro de
de religiosos, das quais são dezesscls frequezias curadas. . . "('"). São Bento, que correspondia aproximntl.uncnle à Jispoiçiç-;to de
No ten1po da funJaçtio da cidade a Sé estava instalad:• na pequenina todos os de1nais( 4 ~s) .
l grcj;1 dn ·~ jmla, erguíd(l por Mimue l d o Nóbrega e pelos jesuítas ('••) . A hort1ogcn<'ida<le dus cons truções re ligiosas se vcdíicnva lláo
1::°g~ porcn1 se proccdc.:ria à <:onslruçüo c.1~ .ªº"'ª igreja cuja impor· só pela identida de das plantas, gera lmcotu cornp-Oslas por unia navt:,
tancoa >Crln bem cedo comentada polos vo;opnte•("'). retangular com um retàngulo menor formando :i capclll·rnor -.: 0111
~l::iii.s impont.'lll<"S qut• as igreju paroquiais eram os coove11tos p<:qncno quarto lateral ><.-r.indo de sacrislía( ,,.),como pela> lacl~a­
com )UBS igrejas. Jesuh1'S, ca.nnc.:litas, bcnrditioos e frant.iscanos ins· das que era1n de grande si111plici<lade. A:t con1iln 1~Vl-s , a pnn-
t.tlaran1 suas casas nos principais n\1clcos urbtlnos do RrasU. Os cípio ha.sla nto n.idimc.. 1h.1rcs, t·mprcgando os siste1nn~ do. ~all·
couvc._·ntos contribuírarn pnra a n1 anute11~~ão de u111 quadro urb t1110 a -pique e ta ipa·de-pilão, forrnn pouco n pouco seodo s11bstih11dns
pe nun.111.•ntc.', reunindo scn1pre urn nú1ncro e levado de sacerdote), por ou tras, corn materiais mais duráveis, como a pedra e as telhas
inndos ltigos e l'$<.Tavos. E:ss.a atjvidadc íoi possível porque os con· do barro.
ventos organizaram.se como grandl-s proprietários de lerra e en- Com diversas funções na vida urbana, não é Je se estranhar
genhos, Mnl o que reuniram recursos fin:iint'ciros paro o cu1nprimento que o conjunt<> das construções religiosas oC'llp asse u1n3 parcela
de prngrnmas ambiciosos. As condições de cuJIura clêsses grupos ponderável da arquiteturn urbana, que podcrià ser avaliada em
do religiosos ein face dn pobreza do Jncio e, por outro lado, as 20% do volume construido. 1\ lém disso, nn re lativa auStcridade dos
carach.:ristic.as d e suas otlvidadcs farüun com que di.:scrnpeohassern núc1cos urbanos brasileiros, destacavarn·SO por sua imponência as
os IX11>êls principais nas atividades culturais e artistitas. construções religiosas, que eram capazes de concentrar os bcoclí-
Também o ~"sino estêve, quase sempre, entregue ao clero. cio5 dos donath1ls do conjunto da população. Sua pcrfoíção cons-
Ainda que fôssc comum o aprendizado das p rimeiras letras nos trutiva, sua obra decorativa, a riqueza dos d etalhes, sup<.-ravam de
engenhos, ministrado p<'los capelã~s, na n1aior parle e ra realizado longe mesmo as contruções oficiais, como os palácios dos gover-
nos centros urbanos e nns aldeia s. Destacavam-se os jesuítas por nadores mos t'Ontrnstavo1n, sobretudo, com a qiodést ia dns cons·
S(;U inlcrêsse pelo ensino revelado desdo os pritncíros a nos da colo- truçõcs ' residenciais e do trabalho. Ser6. por i:Sso. talvez, que se
ni7.aç-lo. Seu colégio reunia crianças ç adultos e seus cursos incluíam, situavam nos pontos de maior destaquo da ci?ade, contribuindo,
além do ensino elementar, os cursos de arte e Teologia. Em 1581 como boa parte das construções oficiais, para a. Yalori:r.açlo das pen·
já seria posslvel afinnar que na Bahia exírtiam 100 C>ludantes, além pectivas urb anas e dos pontos de m aior <."Vidência.
Na SC(llJnda m elt1de do século XVII, proccssarnm-se transfor-
{ 422) r .1n.10.s. C11rl~ - C.rl)IL1' Alr>t!lldre1d41 d.- Slo Pauto. Set<1r dt Publl~ do mações nos padróes da arquitetura religiosa, assim t."Om o modifica·
~rviço de D.x-u.mectaçllo da fM"llldllde de A1qultirt'\u ll • IJrbui.J,mo dA Vriiv@rsidadt d•
~ P111ukl. • ções no número de ooilicios de lin.s religiosos no meio urbano.
f W> 8,..tTIM. 11.oger - dc.cl& na Lbco.. C.1... - Opet <M.
( 4.14) '°'-''""·
Cahrid S - f t ck - 0,-. cà .. '<"Ol. 1, ~ ~ (4.i71 l..l'n'S, S.-úi91. - O,-• rir_"'°" I, p6c- tT. . .
(<tSS ) l..on, Set-Mim - 0pii. d1., "'°"·
t P'iC· t!t • -i:L (ti'H C•111d~t~1 ic..t ...nwlh•"'" l~m • pontad11 poir MlC'rt Smid1 p1r1 11 iµtj.at
d t J>em•m\>ut'll, bri.W1t1d(Mt , •l-OI d1..roh06 • Q\l•j)ro.• d• l)-ani Po't CSt.u'ftl, R abcort C, -
( .. !!6) "t.l>.1.10 bcMr. a tdif!ff,10 dl.' to:b. a cldtdP, 1ffimui Pyr• 1d, Optimat Jbt pue-
oeflUfl "' ftt1Urk11~s. ª' llJ•~·j" e mout;iu)I du C•mlfl, S. fkonto, Sa11to A1•tOl'lio 11nim Tht; Brnl-iffo'I l,odfNIPt f <)/ fr1111i l'uil).
{ 419) Alf'•?mS igrtjbJ 11ptt'Jil"ntav11.m a corpo dh•kl ldu ~111 llêJ n1~. OOMI> s.t: suP<!(l
()(11n(> " C<oll1•i:.io dnt j f".,,11.itus (,,,} Qu~ritu • N lhl'd r.11 t'ta m. uittt btlla ti pro..,.jd.i. do
tenha $idO C1 pia.no parR Q. stp1nda c111C'dul <la tl11bi1. i.rlk:l~do. nu. J5S9. l:f,.irrt'I , RiJbNt C.
j),,,
''<olutuu.o t•11b1da.., i'yrard d11 LAvli.I - 1610 - c lrndo por T AUX• T ~mi 1'' 11 Bahia Col~
Hli,i/. ,. 2!"10, ' - .~1q11 llft111i11 C.'Míl__,),
180 E\'OLUÇ.:\O UllBAXA 00 llRASJI.
ORGANTZAÇ.ÃO nos CF." TnOS l)J(l\A"Os 181
Essn (·poc.·a é ('()llhocida (>Cio ele"ado núrncro de <..-onstrnçik.'S con-
\'entuailo, q ue nttndt·n1 ao crc:,citnc11lo das ordL·ns r<:ligiosns. Cada portuguêsas, con10 Sílo Roque, a Cal«.'dr:-11 de ]>1) rto :\ leHn!, e a
onlcn1 pos:,\lin, nl~111 da igreju, <.:onvc.•uto, ofiein:1s. hortos, etc., e, do ( ;oi1nhra ( autígo' tolégios <lo.s jt:iuitns) iria10 inll uir, pndcndo·
(re<1l1ente1nc11tt· 30 Indo, a capela Jos seus terceiros. A es..,as so1na- se recoohecer scuiclhauc;as cm ext.·rnplos t.io afastado~ l'On10 nas
\'t1m-se ainda 011 igrejas das par&1uius que i~m sendo criadas por igrejas de São Bento do Rio de Ja11t·iro, dos Jt·suítas da Brahi,1 ( fignr:t
lodo lado~ oomo d1.-"C:orrência Jo cr"-;.cin1cnto constante ela popula~io. 61) e Santo :\ltxóllldrc de Belén'I <lo P.1r.íl do-s padres d:i ull·srna
U1na idéia d.1 CJU:lntid.tde das wnstruçõcs religioMls clês:,e tempo onkm ( "'' e "'').
pode sc·r a1ca1 1~·uda C.<Orn o exnuu..: dos invc-nlário:, rcali1>.ados por ~f ultiplicava1n·sc ta1nhé111 as or<li~ns lt:rccir.-s de tôdas as in·
(-;ennaiu J3nzi11, en1 sua "J.'.Al'cl1itf·çlnre Religicusc Baroqu<: au vocn~·õcs, reunindo <:1'11 seus quadros n~ difcn.:ntcs c~11nndns. Essas
Br(')il", l't'Í<..'l'l'lll1·c: à'i obras do~ je.)uiras l' fran<:i.st;.u1os( 1:•11 ). Tarnbé1n orgnniz.a~'Õcs rl·flctia1n a crescentu CC)ulplc·iddadc t111 vida nesses
a nh:.1.·rvaç.to <la i<:onografia é t.·~c:1.arccedorn. (;on)truçõe.s religios;1s t"t·ntros urban05 ç tl4.: sua estratiHcaçüo social, poi< :tbriga\'3m os
upoiret..>t.'tll cui •jUJntidadc nas pla11tus de S:tlvador, de Fre-.ti<:r e tlo grupos e ca1nadas distintas. <111c nt·l.ts extTciam ce:rtJ.s uti\•idades.
Brigadeiro ~l;usé. t't>nlrastanJo m<.'Srno com os dc._"SCf1hch da primeira dt1llro dos !itmtcs e>tabelecidos pcl•< Or.i..,.~;;cs. A> ordl·ns de
mc._·tadc do ~-n1lo X\'11: Santo Antôr1io1 Destt·rro, SnntA Tere-J"a, Sl'ío J•"ranciS(.'O e <lo Carmo rcuui;un S''rllln1eote c1n seus c1undros os
Pal1na, llosi\r;o, Pilar, Corpo S.u\to, etc. 1noraclor«.·s 1nais ricos; n de São josé os oficiais Jncc:'\nicos; ltosãrio
Arquitctônicnn·u:ntc, as h';_11111íunnaçõc:s fica111 rcprc.-scntadas th: o Santa 1figênia os prêlos. Outra~ (u·dc·11$ n'.."C(.~)Ílun grupos 1nais
íonna ndt:quaclu J>'•las du!l.s planto, da Igreja do ~IO.)lciro c]e São restritos, c.'C>f~10 Saotn Cr11:1, ;1os inilltares e Conceição nos 1101,•t:gaotl:s.
l~·nto do Hio de Jnndro ( figura 62 e 6'1). A primeira. projetada F'inulmente out1as Unham finalidade nssi"ten(.-iais. wmo "' lr.nan.
por Fmncisw frfat de ~ksquita, tm 1617 e a segunch por Frei dade:t da ~liscricórdi:a, qoe Jurante séculos mant.iver;un o sistema
IJemardo de 5.io Bento, em 1670( 0• 1 ). Essa tinh• romo objeti"o hospitalar.
n:íonnar à pri1nithi1 t>strutura, conft.,.indo·lhe u1n conjunto de ca. N'as ign·jas rnRiores multiplicovn1n·se os aJtares laterais, con1
pcffls laterais u un1 t·sbt;~'O de plaut.l "c1n cruz", de modo a dotá-la os sn11tos padroeiros dos diferentes grupos, cspeçio1ln1çnlo dris cor.
do cnraclcrísth..•a" de 1nonu1ncn1alidado, 1lo gôsto <la época ( •"~ ). porn\·ões <lc ofícios, 1·cpt-:tit'1<lo·se un) fc nô1ncno ocorritlv nas cfltc·
Êss:es (.'SCJUC1lH\S 11:io consttt11íran1 urna uovidade, n:' arquitetura dl'ais írnnccsas de íi1\:. da ldadc ~l é<liu, <.: nja ord..:11~u;r10 ésp.-tinl foi
do muudo lu'iilano. SoluÇÕ(.'S se1nelhantcs haviam sido cmpregada.s transformada PJí:.l .itc:ncl«.·r às exigências da nova J ivcni<l.\<lc da
nos lndias pelo> portuguêscs, etlrco de um século antes. No •1'iha \ida urb~oa. <1uc t'm tõmo delas <.'Omt:~v:' a surgir.
Coo, o catedral, romeçada em 1$2, é ..uma igrcj:i·sallo cuja
pJanta reproduz crn esca)a mais atnbiciosa a da Catl'Clral de Por~
tn lcgre .. . "(•'ª) . Ait)da que o conjunto não seja enquadrado por
11111 retângulo <.:Omo Silo Roqoe d e Lisboa, e as grandes Igrejas brJ4 7
sileíras do século XVII, a orgaoizoç·no do espaço interno apresenta
nina série de semelhanças e a própria escala é um pren\1ncio do
que seria fcito no Brasil maú tarde('"). Também as e<trutwas

( .t30) B.uur, C-n11\11in - ()pttf cit ,. 1.• 't'Cll,, p4p. 71 e 118.


••31) !\',.;1u., Vüi" Clr.m'l'lll~ Mi.ri• d11 Silva - C(lfQ'!"olorct • Ardtt111 do lftMU<lrO
dé! llcfo Jk11.10 <lo Hi{) d11 /Qt1tht1.
(4.3 2)A IJ•u1nh.lco. \ ,..., IÍ1Plbohn1 S.-.ic'l'(lll, P'• uki l~. - A A1<111(l(t.,,•• Rt:liJ:ióloo mi
o..,.. Pri!<J, 1951. 10& d• Jaociro. KM:ti•O' ~. dlt mrtn>O • uWr: O BatfOrO 11 o Jn1d1":1>
"" .A14)111.,rillra do J#r1t11l, lllQ (k )••Wiro, Kos:-, l9ll.
(.f3l) ÔUt'Ó. M.JM 1', - ~1J!:._,fu d,e, CN.., ~panb de C•ld• 41 Oru. ftnUt.t 411
}lfMll dN lllkit'1 Cft!C'fl'I"-"" e d~ l•rr.it~r do Ul~. ~--'O ~ U...
11.14. pie. 33l.
( 434) CK..-6. .\JJ.rle T - ~ . . , _ . _ . , -.Ho. 4- A.fc,.Hl«hl• de<:.-~
1fe lru.• &o l>totlto tito CM. ~~· d.t C:ard11 de. Oru.. ~1'11• da JtnM• d.a:s ?>fw.=.es
'"""P~lons ~ d\> Jn,c1.h~V..·• do ta1u.1nw. 1\>'i1114'rO Hpttt.it.I. Li~11. l\158. ( 4.35) SAN'J'-1$. J>.11Jn P, A Arr;111t'1111t1 H1 /l(ÍQtn dl1 Ó 1110 l'r8f(),
(4.)(i) SA:O.'TIU , J""i.lultl .,, - o Bllrll•o;\1 . " h'~11itk'() •iO AfffUÚlilllf(I irn Jlrow!f.
Conclusões

Espernn1os haver dc1norlstrí.'ldo que o t>SluJo da urbt111ização


como proc:.-csso .socittl pcrn1ile, no caso do Brasil c:oloni.tl, cnptar com
segurança os aspectos relevantes da sua e\-oluç-jo. ProcurounO) regis-
trar, cm cada etapa. os mCC'Jnisrnos dessa e\·ohu;;.io, deixando de mar·
gcrn n preocupação de cons tituição do tipos idc:ih, ou os cs l'ür~·os de
aplicação de tipos já constituídos, co1no resu ltndos d<.: nutllisc.s de
fen<imc:nos de urbanização em outros quadros l1ht6ricos. Turnou-
se r1cccssária nssím a identificação dos ;gt'Dtes SOt-i:lis dêssc processo
e clc seus nlvo) social1nentc definidos. Procur.unos caph1r a urha-
ni:1.nçiio nas coudições concretas de sua rca lizaçiio e cnu:rgt";ncia e1n
cadu etapa, por 111h:rc.nédio da atividade dos a.g{,ltes M>ciais o reter
as significaçõt:t que para ~es assumiu.
Assio1> concluf1nos que não exístiu urbanít.lçâo no llra<1il du-
l'ante os prhnciros anos~ enquanto Portugal prali<.:ut• <.>11) l'l:la ~·iío ao
nÔ\'O território uma politica de coloniz;;1çQ.o C()u1 base aptn:1s na
C«>nomfa predolóáa da extração do pou·brasil. O si>letna de feito·
rias, 4ue vinha sendo praticado corno recurso de contrô1~ elas linb:ts
do co1nércio e po1·tanto do t.-ontrôlc das colõnius d:l África e <la
Ásia 1 e que, nessas regiões, implic.ava quase scn1prc 110 surgin1enlo
de no••as aglomerações urbanas ou na transformação dos já existen-
tes, pro,·ou ser incapaz de promover os 1nesmo.s rcsultodos em face
das co1ldiçõcs sócio·econõmicas prc:scntes na colônia da A1nética.
Com a crit1ção das capitanias e o estahcloçimento de uma
agricultura regular, Portugal inicia no Brasil uma nova forma de
colonização, procwando encontrar um relacionn1nento mais fa"oni-
vel entre seus lnterêsse.s e ns condições locais. Como COJlscqilênc.-ia,
o Drusil passou a constitulr un1a rctagunràa rural para os 1n<:l'caàos
europeus, aos quais encomiahava produtos agrícolas de produção
especializada, a baixo preço, recebendo, em contrapartida, pro-
dutos ma11ufaturados. .t certo quo ..a América passa a constituir
parto i11tegrnnte da econo1nia reprodutiva europ6ia"(''31 ), m'1s o
processo ocorre com características bero d efinidas, de ambas as
partes: para os países europeus significa o aumen10 de demanda cm
seus mcrcadoJ, o aumento de seu índice de urb::tnizoção e ll propa~

í4:l'T) Fca·r.;.llO, Ctbo - Opt.1 cit., r•1. 18.


18.4 EVOLUÇÃO l JJUlA!':A 1)() BRASIL CO:<CLUSÕES 185
gnçiio dos t:fcilos cll~Ssc numeuto cio procura, Wbre o conjunto da efeitos clinâmit'US <ln produção e que, na sua organiz..:a~·;!.o, re.agi~l
t·corlOrHia; par., n Colônia~ signil'ic11 u ttar)sfc:rênciu para o exterior multo ll·nt:lrnentc nos e(citos das osc1luc.'()l'.S de prcçrnt, a orgn:niznçõo
dt· todos os cícllo\ tlinàrniCO'i qut: M\hrc a sua eco1101nia teria a pro- e<.-onômiro-social dJ colônia só l-onl.c<.'t'\I, n<.-sse período, tri.u urorma·
duçjo agríc..vla. E1n «1.:·rto seotitlo ê ~\Ívcl afirm.ir que se estabe- ç6es de ordem quantit.1th a.
f<'(<', crn t-scab 1nlt:rn:tc.ional. ac1u<'la dhisito de trabalho entre cidade Arompanhou-~ :.1 rede urbana. .i\ ~iode em comJ>0\1.1 do a1~uos
c t.1mpo, 'Jlle •:xhri.1, ein princ:ipio, e111 ni\·eJ rt!gional. c<'n• ro~ regionais, co1n a condiçãu J c cidades, ooostrufdo.s cm SJl~~­
J\'i bas(•., e.la expnnsdo fora1n t:xrn$hts: gn111des unidades agrí~ çõi:s privilegiu<las, t,:111 1(.'rritórios d .1 c:orna, e soh sua rcsponsal?th-
t:olns clc<licadao,; .:'1 n1onocul~ ura, 111ovidas com o en1p1·~go cl1; trabalho dnclc. Con1plchJ\'fi·~<: coo1 nUc:Jeos ele 1ncnor frnportânclo, a.s v1kt.s,
«':\tl\l\'O. Orga n1 ~nda<> de lorma e 111· a proxhrntr da auto..~uficiência, esp'41hn<ln.!> pelas capitnnias, en1 gcnd uo longo da co~t;1, íundn,las
c.heg.1\-.tm a pos)1hilí1:tr nos período.s rnrkis fnvorá\ci). lucros de cêtc-.1 )()b a res:po11sabiUdnde dos dou::1t.lrtos. com cxet."'Ç:io ••(M.."IU\..t de a}.
de .50!: ao :tuv. N'c-ssa.< condiçô«.-") todos os capitais Jispo1líveis erarn gum:is, erguidas por on.l..:1n régia n.b c:i:pitaoias d..t Coroa.
n"<:nca1ninhados pi•rn t!stc· setor e a> .iti,·idadC$ dos rolonos e o fluxo _.\ politica url.r.nizadora da ~fttrôp<~le consistia .•'m controla.r
cl.1 rcnd:i oricnla\·:un·sc de 3l'Ôrdo co1n os iHterC).ses d;t nl{:~rópole. mais dirc tamel"ltc n fundaçito e d<.')CJ\\Olv1mento ela!! cuJo<h:s e eslt·
A orga ni/.nçl10 rul';\I hr~tsileira, \'Oltndn para a gl'andu ernprê.sa agJ'' 4
1oulnt indireh1n1c ncc.:, n :•\:ão urhnnizndtu·a 11os sc-us d1J11atârios.
«ol:i 1lL• exportu~·i'10 - <.:úmo orgn11i,,1no agtu-intlustriul, c:oo1 nltos Asshn• nos ccntru~ t1n prin"ltira categoria, e<uno Salv;.1dor o São Luís.
nÍ\'<.:is <lt: 1·.spl'<:io•li.-n~"i"\o e cc·11tralitaçiio e de !lcntldo nitidame-ote crnpregava recurso> de nível especial. Fundados .. <lc um jato" c1n
t·1l1prc!ri.:irial - ....(, poderia se con!tliluir e se d t.'Scll\·ulver, como com4 alguu'S c.:bQS t.'010 n assistência de ,arquitetos, t!sh:s p~i~m ~pn..-seo -
plt·meoto cJc um rnt·rcado urba1MJ gr~ndernente desco\'Olvido e esp<.... to.r característic-.1s d1· rc·gularidadc de troiçado que os d1)hnguu1m dos
<:i.tlir.tdo. demais. Enírcutando situação pantltl:• ;, que havia c1H..-'OJ1t.rtldo na
:\s rt?Jaçõf's que ess-as áreas rurnis mantinham com os núcleos fndin, ll Coroa aplic:.va os n1c~n1os tipos ele recursos e as-.sumi~ o
ul'hnuos das rcsp1·c.;livas regiões cnun func1í11ncntalr11e1110 diversas dns 111 cs1no t ipo de atitude, q ue sua CXLlc1·iê11c:ia ha\'~a n1nndurcc.1do.
l'l'f.tçôcs nrlx1no·l'111·ni.s das nglo1n c::1·nçõcs européias con'l suns retaguar- Nt:sses casos, o.s n.:sultndos fora1n, po1·tnnto, sob <l1vcrs?.s uspectos,
das rurais nH1is hncdinttts:. Nesse quntlro, que pcl'durn aproxima· semelhantt:s aos dos outros colonludorcs na Aml:riço..
dttuu·nte até 111\.-a<los do sl-culu X\'I 1, o. r~·dc urbana que se instala A política de colonizaç-lo aplicada pelos portugul\5<$ no Brasil
tc·so t..10 \ista eAtlusivamentc o o1mparo às ati\·íJadcs da agricul- até meados do século XVII é a mesma utilizada 1.cl0> holaodêses
tura de expor1aç..1o. Constitui parte daqueles serviços que devem durante os 30 anos de sua coJonWção do Nordeste:: conceutrar a
)tr forn<x:idos 1 pnra pcrnlitir o funcionam1.."llto do )istcma. atenção e os recursos nos núcleos n1a.iores - para os ho1a~deses
Nos prin1L·iros n1los de sua in.stalnçúo, e1n íaco d:ts hostilidades npcnas o Recife - o controlar apenas llldireta~ente as ~1~:us pu-
do rnc;io ou <ln lgnonlncia d e suas carncterísticas, a p<>pulação das ,1onções. Ct)locados e1n íace dtls 1nc)mas coud1çYes, dois h(lOS de
\'ilas e cidad1..~ vlvín reunida, <le Jnodo pe rmanente, porta.s n dentro. colonízadores oompor1.tvam-se de fottna semelhantu( •:ati ).
O mercado urbano não se <.'Omporta, portanto, conlo o das cida- Os oúcleos maiores. com essas c;iractcristi~s, eram habítados
des européias~ O aum1..'t\to da den\Jnda e a acumulação não impli· por um qua<lrv relativamente mod<;<t?, c:ompos:to ~e ad~lnistnidores
c:am em qualquer transformação <p1alilativa, em qualquer mudança civis e militares, comerciantes. rehg1osos e artcsaos. Tinham. por-
de c:irâter estrutural. Ocupava1n·SC novas terras, importavam·se tanto, alguns elementos de vida permanente, roas suo,s fa.ses de
rnais escravos, tuunf·nhlclo o nú1ncro ele proprietários. Por outro maior alividade ocorrin1n sõmente co1n fl presença dos gralldes pro~
l.ldo, co1no bc1n o drrnonstra Cel.so Furtado. as situo~-õcs clesíavo- prlctários rurais, nns datas e estações de costu1nc. E!"u prc..-ponde-
rjveis do mercado nlo condu2ia1u à dcsorga11izaçüo dessa íonna râncla era quuse aUsoluta nos t"\..ntro~ 1nenon..-s, prà11cnnu:11te des·
de ecol\omia, n1as apcuas à sua relo.ti\ a estagnação, c..-om sinais muito providos de vida pennanente. Sem a preS<'DÇ\\ de trabalhadores, sem
1...11tos de declínio.
Assim, com as 3livid:ldCS econô1nicas roncentrad111 em um único
setor. tp..1e por ~ uu r<:nlahilidadc 1nonopolh·.ava o interesse dos co-
lonos e ((l•C tran)fc·rin pnra os nu·rçados urhanos do ext<:l'ior todos os
186 EVOLUÇÃO lJJlUAN'A DO IHlASlL
e o ,,. e 1. u s õ e s 187
<ju•d~o especifico de produção, os centro> urbanos (Tlim pontos de
As tra1t.~JorrnaÇ'ÕeS sofridas pelo prOC't'$SO de oolooizaç:io vJo
reunta.O da camada de brancos·scnhores. Com interÇsses idênticos
deslocar o i.ulerêsse dos cok>oos 1xtra n0\"3S Jti' 1tbc.IC$ t.'COoômicas.
aos da ~letrópolt; os colonos cmm conhecidos e .se n......-ooheciarn
Ocorre, de um lado, crescente tlispcrs.;lo de po1)11laç.:io pelo ioterior.
como os português:es no Dmsil. Viarn nos núcleo$ urbanos coloniais
com base t..'ID formas de C<.'Ono1nio. de subsht~ncia, 'indo a consti-
um v(nC\~lo com a esttutur.1 urbana curo1~ia. da lJual eram agentes
tuir um setor, c1n certa rnedida., desligado dos interêssl-.s de expor-
nos trópicos. Frequentavam-nos csportldic.:amt'Tltc e.· nêles mauti-
taçfio. Crescern, do outro lado, as impo.s:.ihilldndes do setor con1er·
ul~am residC~1<:ias~· com o olijeti\'O de 1nn11tcr a coesão <lo grupo e
cial e 1nanufatureiro, cont \'Íslas 1x1ra o n1~·rl.-.nJo local~ refor~-ado
:ihvar, atr~l\:cs <lesses cont~tos. o~ vínculos co1n a :vJetrópoh\ fo nte
nos centros urbanos pelo a111n~nto da popula~·.io p<'r111;.1nc:11te.
da cultura a <jual p<:rtenctan\. S1111ult:l11canle11h.:, os núcleos consti-
tuian1 pontos ele contato_ Jo.s colonos co1T1 o st~ternn ele colonizaç.1o, Hcpercussões dess.a envergadura dv\'t·rhun condn~ir, con10 di:
4.lo qunl l'r:'l~ e pretend1a111 ser unidad~;s ln~a:,icas, pois a ~lctrópole íato conduziran1, ao aparccilncnto elo 1ntdit.ltts th· rc.~triç..1o p(lr
llh~S transfer111 as n;sponsnhifjcJntlÍ",s 1nuiorc.·s do processo e, portanto, parte, da Coroa. J~ssa pa.o;snr~ pnl'h\111() à. cxccus·ão de Ulll phn10 de
luna p.1rcela enor11)c fie poclc.·r. inctusivc o<l1ninisttnti,·o, 0 q ue ex- <.vntrôlc d i1-elo das cnpitanias e vil:is e à (1111<.IU\'ÚO de novas vil:.1s:
plica v p rc.·.stígio social de ' JUe usuíruin111. para o enquadramento e.la popula\°aU ruru) c.lillp<'1'!!;1, proil1i11do ao
A .ªflJuitc:l nra dessa pri1nc·irn f.1st·, n:i 1nedi<l:t e1n que pode: ser inestno ten1po a insluf;u~:tio ele n1an11fati11'n\ l' rt·st-r\'andv o cou-ufrcio
co11hcç1d:.1. c:c>Jno essa~ l'~lrulur:ls urh~1n.1,, pelas 'Jlláis erain c1n Jc vulto :ls con,paohias prh ilegindas e o.os l'Olllt'l'tiantt.>s pvrluguês1·s.
gro~1de parte <l<.:lt·rmin:ida, rc' t:ti-sc d e lAtn.·rnJ .\in1plicida<lc e de Dcst'llv())vcu-sc, tan1bé1u, aos poucos, un1:i política de cootrôle
af'J.tc:r accntuadarneiltc uhlitjrio, Por oulro lado. com interesses sõbre as lr.u1.sfonnaçôe$ espaciais nos ccntn» urb..lnos e procurou-se
t.i~ claramcnt~ dc..finidos e t.lo nitidamt11h~ <..i>ineic.lcntes, os princi- COl\Íerir 1nonumentalidade aos t..'<.lifírios públit..'OS. Orga1li'.tararn-se
~lS agrntcs do procc"'.SSO de. coloniJ:J{';-10 nJo c-hegJ1n a ter neces- novos quadros técni<.'OS para o atendimento dessas cxigêocias oom
sidade J~ ~prega~ ª. arq.u1trtura COOlO ttt."UrSO de expressão do a fundação das ..Aulas de Arquitctum ~filil;1r'º. A arquitctum ci'il~
poder po1$ ~'Me era 1nd1scuh\ ~:I. Os documcntO) ç~lJ.o a indicar para con10 a religiosa, reflete propC."11SÕéS semelhantes, comuns em centf0$
as t'Onstrl1Ç-ot:s. or~~;1s dr-ssa ~l)()e.a, sejam oficiai$ ou se~1.m parti- urbanos maiores, assu1·nindo quando po)Sivel, <:ar-;1çt c:r-í,tiça)o de nlO-
cularco;, un1a sunpl1c1dade e urna au)t<•ridn<le que cm tudo corrcs- nu.mcutalid:ide. De parte dos grandes proprictirios rurais, o fenô..
podcrn ;t essas <:ondi~"Õci, da vida "iOCin 1. 1ncno é facilitado pela cxish1ncía de capacld.1dc ocios.l <le m~o-de­
As característica.s espaciais dn organiz;.'l~·ão dos n(1c]eos reflete obra, no setor escravo., q ue é transíerldt' d~1s lu"ouras pata as
tornbérn t>ssa.. situaçã?·. scjá na escolha dos sítios, seja no traçado e construçót:s.
nt• conservaç::.10 precann, i'csposras quo são n un1 crcsci1neoto lento, Essa nova complcxidado da vidn colonial in'lpliçou n:i t1iversi-
oo uso ape oas (•vcntuul e à ck~fesn com recursos shnples, ao a]- ficnçt10 dos grupos sociais urb:tnos e rcvclnvo·st: ntravés d a lnulti-
cnncc elos colonos. plica.ç.ão das irmandades religiosas, c1n lÕrno ~à~ quais êsses se
1
E1n nu.:ados do século XVII. co1n n quc.-dn nos preços do açúcar reuninn1, e ••través dos ediffcios correspondentes.
os intl"rêsses dos proprietários rurais o os ela ~lctr6polc passaram ~ A poHLica centraliiadora é aoo1nponhndn pela mrlhoria de nível
divergir, traus:for1nando-se as bases do pr~sso de coloniz.aç-lo e 0 dos quodros <lc administração portugue':;a no Brasil. No seu conjunto,
)oiste1na social da colônia. Daf por diante, ton1a-se nec(.."SSário, por garante um relali\'o contrôlc sôbrc as (ransfonnaçõos que se pro-
!"'ri• da Coroa, um contrôle mais direto da 'ida coloníal e, como OC"SSam no Brasil. mas implica, a longo prazo, na incorporação~ no
corueqüência. do processo de urhaniaç.lo corrapoodentc. quadro de 'ida urbana colonial, de uma parcela dos serviços e
lojcia-se a política de centraliução cornercial e adminístraliva. c:oracterlsticas que antes permaneciam ni Metrópole e CjUO aquela
Sua e:1ecuç-do, porl·rn,. exigia a trnnsíer~cia para o Brasil de grupos tenderia a atingir, pelos próprios meios~ se não houv~ o contrôle
de. ag~1tes nte~opolitaoo:o. _que viesst1n sul»tituir os grandes pro- metropolitano{,,.).
pnetir10s rur.us~ nas funçoes que lh<·s cl"'Jm retiradas, surgindo.
como decorrência. com caractt:rísticQ) deíinhJo.s, as cama<l!l.S dos C4::19) l.no é ~- tob•~udo ~ t\llle •• "''... à "'J·L":I d1s minou. ofllk o JlilldOQt
dt .-rb111h:1ç.io era pc-iticall:M'ntie- 100 S " OoH•l,. • wn~ i"ldb5Wl'I'-'""" 6" ahv1,lld'l's ~
comerciantes e <los a<lmini.stradores civis e ruilitarc:.. tiftiml~ 11 IU) \.'(ll"!hl)l"' ~us ca111u.ml.1m um.i. 11•n"tlll~n1o mu1W g,1o111d11 ~ tttu.uot
(OllJ,g'U-idia.
188 EVOLUÇÃO UIWANA T>0 l.lHAS IL

O in~·io u1·ht11)0 ndquire nova~ significações para os dife rellt(.'S


ag,·nt<:s soc:iais. Para a ~ 1r:Lrópol1:, é um recurso de contrôle da vida
Jocal, atr.t\·é-s do.,: 4undros de <.:•>nl(.:rciantes e ad1ninislradores; para
i·stcs é o loca l ond~ devem residir - às vCzes l:rn condições piores
do q ue as <la '.\ l1·t rópole(.i 11)) - e exercer atividades de g:.inho <.:
clon1inaçáo; para os grupos mcnorc-s, co1no artesiíos e pequenos
Apenso
c·orn<.·rciaul<.:S, llllla op()rlnniclncle d<": ~firrn:lção e Õ(.'Sénvolvi1nento;
p:.1r:1 os t':>tra\'os, 1.11n ensejo de coutato corn u1n Jnundo 1nc11os
rlgid~nncutc: tstratifi<:ado e, para os grandes proprietários, uo1a á rea
d1.-· t:oinpctiç:io t·on1 os llO\'O~ grupos doruinantes, assin1 co1no coo-
ti11ua a ser. ele co11t::1lo con1 a "civilizas..10".
:\ \'ida nrln1na · dos c;e11ll'os 1nalorC's: apresenta, a parHr de n1ea-
dos do séc:ulo X\ 1IJ 1 nova escala, Surge1l1 Jonnas diver:->as de utili·
zas-.10 dns povca~'Õ<'S, q ue se reíl(·tcnl, sobretltclo, na iinportd.ncia
crc~c.:cntc da~ n 1;,\S e dú" a~pcttos da àrquitetura, ' JU C para estas
sf•o \·01tatl;.1s.
Niio é possível descrever todos os aspe<.'tos dessas h«tosforma-
~·ões, seu) n·pctir o <1111: já foi exposto. Cah<;r;l poré10 lc..·n1brar que
a i11t<.'nsificaç:·10 da vicia urhan.- despertará tambén1 na população
loc.11 uovas preocuptt~-Õ('S cotn a organização espacial dos núch.'Os.
Deste 1oodo, a ad1ni11istraçf10 d<tS cA1naras acompanhará <ts tendêr)-
c:ins da Con)n, n<.'s.se aspeí.·Lo, h:gh:lando, en1 escala crescente, sôbre
<jucstõcs urhaníslicas. Pode-se afinn~1r, portanto, que a política
urbaniz.a<lora <Jue seria apficada ein ineados e fins do século XVfíl,
mais rehosc.1da e de cntát<;r barroco, seria, desse Jnodo, a conli-
uuação d e om processo, cujas b:\Ses ficam a.s!:irn esclarecid as.
Esper.uno.s, pois~ haver d(_·111onstra<lo que a organizaçtio da vida
urbana, dos núcdeos e dos princ-ipais aspectos dêstes, ~ o produto,
cm cada época, d:~s condições históricas precedentes e da atuaç;io
dos agtntes do pro<:csso de colonização e urbanização: que a política
urhani~adora de.sen\10Jvida peJa :\1etrópolo refletiu, ern cada ins~
tantc-, a defesa de seus objetivos co1no agente principal do processo
de coloni~\-'f10 do Brasil e. finaln1ente, que a urbanizat;:ão no Rrasil
assu1niu configurações c-spccíficas que não podem ser explicadas
coo1 o emprego de lnodeJos conslit uídos para análise da u rbaniza-
t;·ão cul·opéia.

(<t·IO I P.:irn wl#un• !u11duni1ios, se n l(I Jll•ll • m•kl•l.i" lo~ «J•,di(Õh d e ~·ld .a n""
nudoe<•' mhmio~ t>lt nrn, il fcpt~..n 11w• u•n &11eritir it1, . A únka w lu(3o ~li A c n;l\·ll(l de
Ct11'1fh\•"·~ n 1it1imas ott o;lluf(nl!o, j'llu;o a ~•ll Jl'l"fm11n,?.ric111. A k$r. p rop6uto, c:ibt l{'ml~'"t
fJlll', •p•.1ndo d ;i. crtll\·ii(o d<J ~,111Jo do ~h.rnn}oiia, • C<Jr-0:. I~'°'' 11l;uf'IS $ •}!)$ pa ra l'.ll\Xl11lnor
•1•wm se ch'1'11h ~I' ;i. 111.·.r iwvtrnsuJ.,,,
aP!l{':t - 'lJibfioteca
'1.útrwc: - - - -
;
'

\ 1
..._ /
'\_,,--


$
......-·
.....

,!#.
; ~· ;: . ,_;•
~
;;
--
r. ..•~
1•
• f. j;'
~
~
t ·~,.
;
1~
~
•...
.,ll' '
-~
3· ~

..i:"'..
• !.

;, f
> •

! ' .. ..".
..~
(1
1
i~ <-
~\e:1
• t"
~~ ~

..
,..~
~
~
1

!f .,'·
~r
ai
' ....
I!" ~
'
,a
••
'\ .'J:- •
; ," .i.;"~.
..•
t
: ir
~;
... ~
_._
l<r / C"
f• ir" 1
~
"
t• :-
~'
{~ Ei
-: j
1
.?
t ::::
5, 1
to
1~
r-1
••
ii..
li :
..
~- ~

;;
..•
~

·~

l~
,."'º
::; pi-
-· ~

~
.."o
;

it. l"
=
ã:
• ~
;:
~
s

1
1
l
eã:~
·-
:•
1
t.
e[
o.
~r
~ ..
d
; &'
=
r•'
i&
•••
g1



;.;

..
ti
a- e
1=-
cie
ii
"1
!:
••
....•f
~t

~
o •
- ~
ô•
H
~t
~!
"'%-i,"
;.-
r~

~t
. 1•• ' .
:r •
ir 1 '.

1'
,.,
p~ 1
L
,,
).
\
• 1
\
~

-..::" ...... ~i......... -r--1-i.....,'

..• ....
·· ~
J -:._·.·;:-.~ -~-
~
-...... ~.,.....-
~~
1'
\ Í/Í:-1 ,,/ (, ,);,-f/'/l/N';,; ' '
, L.. v,.,.,,.. ,, /,. . " ,,,_.,,t<-

FJi;. Mi - A Igreja de Slio S~b~tillo e 0 Oo:rnlhe


..b10 d U$ Jr fu 1tas
('.oi"-' .
da figurll 40'.
:no

I l;j7~9 .,

Z3 - ." Vilh1 d e Abrnn .,


.... -- •.. ...-..~-·~~-•-•·•·""$""',lkJ''o·:i.íi'~
À
Fia.
ma1i 14.rdr. \"U3 de t:~b,;,,?,ucOnbo
~·_,, ú"''~~ anti""
·-ollUt.1 t~•w.vntrll •Ml ~IO A rq1,1 o
a ldeill jC$uítJca d •vSptnlo
. Stn'•lO·.••LSul da Bahia
1vo UJtninuríoo, e l$b<l11. • dll {ipu 4.0.
Fia. iiS - O Moutiro d • s lo Blll'llO, no Rio d.e JanelJo, Det•lb•
r.~ il.lj - • e•·•·
• r l (ll vil. ·•· .....
. ............. - SJol\•1dor• fni Hl31t Dcwllut da fii:,u~ l 'l.
'

;=·
--x'•
- _
.. - -
ef-=-..lf-4'7
~·- ~- - _,._ .;. ..____
~ ~,,_- - T
~
- --11-
FJO• 3•., - o Co" • 11m qu.ulro de t•tuu: ro:1t.
11 en1• olci Santo Anl6nlo f:m lg:h11iu11. Dl:'t11Ih• uíl
ft

.. ...
"'""""''°
~

. ··~·
~--··

.r ..

~ f
., . '
i'-"1.·
:;': ;-
,
'
1

1
. ·' i
A d•t110Joç.\o d;it (;o,;;u, CV.. ttc.11.:iclvo dl' duiu ii;u;ot, t:M tl"'l.I po~--o;o~Jo deo p,,,...,_cnb11co.
D«l.&lh,. tlc '"" 11u,1dro 1t11 F'r1u1~ 1•,~1

. .• •
. .............. .. -

• *Ln
t .._. 39 - Sobr1d..s ft<l<'i(I'. Vt-tllllt' llC' um d•M'lllwi ct. ~"' PQ!il, a: 1 g:N.Y\1'11. J.t nv1111ro 35,
11o,1
•u.
llv lh10 ..... a .u11
-~ ..f: -ç
,,. •
~
t!I ( ••• 1 1
• • •

.4.. .r

ro(; . ·11 - H ..IJIW nlt1 .1.} ~·"'•l-110(,•·..., 0 1~ bd1>lta J' d <' S11h11.<lor flru l11.1 ,.;cula X\'11,
01 111!11.• d .t llJi1.mo "º· ' t i)

l
1

)'1(1. <12 - AI 1trr.acet1A$ cu1u truldu-'


1111 clda1l11 b;1in cto Sah·a,for, ''"
tcnlJ)(I• de Toon4 de Sr.uxa. Out•·
223 11~ d. "'r1an111 d1 Çid..kl.e do Sa'.·
,.d.w... .. t fil"f"IL 1)
........
:; ·--~
. .(..
r ....
.• ..
'. r.
'

""")!!@
(:') .
,
= •z

'

' ~
o o o :o . h] ,
\ ' ?
1".>,~1
)'
.... ·~ J

l
11
Tl o •
" ...

... .-

:...- - -
- -
1


.. ..,.,..,. -
r.o. SS - O ••on•
~ .-1 .-.ulor. CioMe
f ...nto no "'Dnr
a-.0 d.tl Fottt>fía·
(") ....
t rigur.i. rn.

. ,
~

•.

Fm. !S I llQlllft ~ Sto. AntA11lo " llo:riuio, cm Sal>-'adOI'. D1•Utbe do "~t>n.ho da. F11tldlcaçl!~'".,,
(fll(\olA IJ 1.
.\
,, ,
,,
~J~. n. O( / -
ftt.:, 5S Ch q,.aniit d.i t'•I- • 1t (lft.1~1.. ck t1•1U ddadl'ha, , 11!'1 S;al<tllÔill, (Clll~ o dl':ffC.e,i.
~lo• Rnpl.. " ' \h.MI. 0.-ll•lh( l i.. fig. l 8
= ===;]J 1 ~

c; o o o oa
o w
o o
J~ o o
. . . ."'?1 O D

D o oo oa

••
'~· ••
PRO JETO DE FR1AS. •6•1 8

...
r 1v. -00 - :\ Tgrc·j ~ tb <'...V•H<V~;.,, <la Pniü, "'" Sntw1d.or, p.,, w1h ~ tlo> 1(;28. Uc talbc do "P <"rfll
d:• Crd iMk" i tigun• l'i). - PAl\.TE. l! XECl.ITAOA ,._l f ''6 9

~,

ai .
~
1 .

e H m
"
Q
D o o o o <J
, D
D
o
"
D o
D o a o o li

- º 0 1 s.lo ......o
co.. 11 ....rio l'"'""·.. º' u "º" ,..,., . ...., ... .......
=- co.. &••uf .<:o oo n1.11.,o 111 ~n •• • .o• ,, ,,., f 101.""' ""°"' ""' •06-0
= • t,Jt'TU 00 t>ll011TO " ' •A• ,..• , ..,,,.,.., .,;,;o u,c.,u.0 •1 •• . .... ,
Fw. 61 - A lgrc1<1 do Mo.nlo:i.r<l lk SK.o Br.r.lll cm 1638 - Sahador . D\'talbe do "OacnM ·"'"'"' CO,lt.t •ur1>0. """- ,.., .,_.,,. ~-.0<1 ""' ~º'"º"'-'F•O •o;c>u<~~ ..... •....a.
d:u F ortdkAo:iits" (figvu1 13).
"ll8( 1
OC8t

..,. -1--t---t-+--+--l
Çttl

....+ +--+- i·
sm

t-l9t
om

........ ••~

....
0091
'
e

1~
....
SLÇt
I i

°'º -- - ' H
,,i
"[! l '-
1
.•1

....
.... · 1- -1----lHH

~

·= -- \
/ 'i
ºº" 1
\ i

FJ(;. 81 - .'\ igrl'j.i dl)i J~•uJt11s M 8.Jihlll: <01•Slru íd11 d11•lltil$ • ·•i:gnnda Mrl•d• do t6c1llo XVII; orlgllul Sl~VU1 1W $0lU3HNJON] ]Q Oaiil'°'ON
<lo VktM F r11ad, (c@tta de 1860).
OI

OOll

06
=- Bibliografia
08
AxNA1.t d1t Biblioteca ~acionJi l do Alo d e Jilociro - Hiv de J.1nd10 - Uibliotl'(:;I
OL Nacjon:.'11.
A,,,~roN u~. Andrô João - Ct1ll11rt1 e 0}1t1ii!ucia d() Rr11.y/(, S.1lv1ulor, Progrl.!$'()
09 Ell1t6r11, 1955.
ATAS d.i Ciluwra - Oocumenl o~ Jlh tóricos do A rquiv11 ~ f11111í lp..1).' U.1hia. Prc·
ll·lluria do ~luojcipio Jn S,1h1ulor.
ATAS d.l Cilniara de &io Paulo Prcfci1uria t!o ~hanil:-ipio de SJo P:1ub.
Ov ATA$ cb Cal1rs::i.1.1 de.: \'ila Rica.. /u; Anttcc'-1 d.: 8ibli .,,.,., 1\'..: i ..,.., - Volume
xux.
A7L"'U..0. Aro1do de - "'Vi1ttf e Ctdadrs do 81'3sil Colonia1. t'll,Ji<> de gcografi.a
urbana rccrospeclh"11", S.:io 1>.iulo. 8olctl111 n." 208. 1::Ll'11l11,11lv th· Filosofia,
02 -- = C l~ncln11 ê Lecr:is da U. S. l'., 11):)(1,
Azsv11)0, 'fhulcs de - Pot.'M111(J11tr1 (/a Cídnde <iO Solvud111, 2.• (..Ji~·âo revista,
OI S:io flnulo, Co1npa11l1i.1 EJitor,1 N:idoua l, 1955.
B..u.TH.Afl, Antônio Jkz.cna - Dln:trl :e~ de uni Plat10 Re1tN>.•wrl JlO'" a Recife.
Rttif"• 1951. ..
0091
BAIU..ll\f, c::n~ r - História do.a /~lfoi r«entement• praJltddorr... !.• edíç-lo
1 Rio d'l!I J•nciro, Imprensa Nacto~l. 1940.
06
UAMTA. l)r. )l:inud de ~teHo Ca1dnso - ..APontamcntos .,ar• as Epbc:meride1
Puatl"ef', ln: R~w do lnsrfl ut:'J Ccogrúfico Br<Uilciro, \•ciume 144. Aio
08 -- - ti)
do j Oinf'fro, hnprrn~a Nac1unril.
"'
~
w
o OAll.ATA, Dr. t>.·lanuf'I <le ~lello Qirdot1~ - · ras1011 Pari1cn1e1", ro1 RcuLtf.t' iW
OL -- -> --
-' ~
o 1. li, C. 8., To11'11) 77, l\io do JnnC'l1n, l111pren11a N.ifionril.

09 - -o - lll
<3

..
ONUN, Ct.mlaín - L' Archlttu:ture Ucl/g{1114e- Ba,,-oquc UH ürisJl. Pllri-"• Llbraric
Plon, 1956.
Bol.TJKAUiU., Joio - Eoolurõo Urbano ~ AMica "Ed1(6ü Escola de Af.
qulletutt. Unhu's:idado de ~ltnaJ Ctr.\is. Escola de A1qul1tturi.
c..nu.. F<miO - T""""° da r..... • e...... "" 8'"'11. 2.' cdlç$o. Silo Paulo,
o Conl1Mnhia Editora Nacional, 1939.
z
C.u.o., Al•t'i de - Corogr<1/ta 8ros'1Jc11 (fac. slmile da od.içio de 1817) - Rio
OtS 1 "'w
u do Junciro, lmprcn53 Naclontil, 1945.
Q CuA1\0'r, Cc..'Orgcs - Lru VlUa~', 3." tdiçf10, Pnris, Annand Collin, 1958.

~
'
::::
1

2
'
"'
' ., ' ""
' '
"' "' ...
'
,., ' '
N
' .. '
o
C11A1KYt, Ccorgc:s ct ll.EA1..'lt;U (;Al\Nll?I\, Jn«Juelinc - 'l'u.1114 rtc Gêographto
4

Urboiue. raris, LiJnairle Ar1n11nd CoUin, 1964.


Cwcó, ~15r'4> T . - ..A ºcklade idt:.fl' do ~ascimento • •t C"kbdes pQrtuguês~s
$3011010 3 SV1111 30 Oll3 .. ÔN (b tudi.\-. Separata de CarcU do Orta. Revista da JuNtO de ~.f~.r
C«1,nf/icas e de lncat~ do l'lrliHNcrr. :\Wn.:ro dpeti•I. Usboa. 1956.
EVOl~UÇÃO URBAN'A 00 BHASIL BlflLiOCl~<\ F tA 233
232
C1o('A), ~1ário T. - "Algun)." ob!fcrvnçõc,J t1tler c.:1 da AH).uitcctora .J.u Co1npanhia HOLA.NDA, Sérgio Buarque ~ - e col:ihotttJorcs - llist6rio C.cnd da Clcili:a.çclo
de Je~ll no Outrilo Je Coo... St-1ir;ir.1t11. d" Ca1,·iia W! Orta. ltetl&d# do Bnsrikira. Slõ Pitulo, Difusão F.ol'OJ~ia do lÃ\'ftl, 1900.
Junta dot \l4Jckr Ct'(;((rÓ'ficllt e do lnoc,tl.gaç6c1 do Ultraroor. Nlunero Hoi,AWA, Sé.rgfo Du.a.rt1ue d e Ttat;c~ tÜ> Brasil, 3..ª edição, revista ilCllo autor.
EHM'lCfal. LisboJ, 1956. Rio de J2nelro, JoR Ol)"mpio, 1956.
CJPQ) ti.lino T. - "lg:teps Je ('.oa'". Stp;1.rat:a de C.arei.a de Orta. Rcçkfo do LA\.l'ftl).."N, l'ietrc - Cios,a1J1ia dcs viu~. Pnrl$, Ca1li1n1ud. HJ!'i9.
11:,11a da1 ,\fi~·~'()trs c;n,>gni/ica1 e 11# lnvcrtlgn(.'IÍ'!t do Ulr1.1111or. ~úrncro Wo, Jooquim do Souu - S.l«J<lm do &hld <h TO<Ln O< SontOI - 1 - f l •
c-;[l(•eial. L.islio.l, 1956. sci.scc:ntlsta dcsc:onlu::C'ida. Jl~1 l.1, Kos1nol, ~ fC~ I LVll.
O>AMCT, ViYo.ldo O Rio d" Jt111cilo no a"'11/o J7. Rio de Janeiro, Jos6 Ler~.. Scrtlün - 11Ut6ritz da Con1,-No1hia d.e Je1111 no Brcuil. 1.isboa, l...h'Tari•
Oly1npio, J9f4, Portujtáli-a o lnstíluto ~acional do Livre>, Uio de Jancho, l9Jli, JO volunll'~.
Cotrns.lo, Amu.ndu e ~htrA, Tcil("rira di - l'ortugol.a ~fonumctita CartOj(rt'J· Lr.>.íO.S, Ca1los - Ca1Jclia "-'''"'lilruda.t do São Paulo. Sdor de P1.1blki.çôcs do
,,111r,o, Li~ho:i , Se!vl(o de l>ao.Jut(flt.)Ç-:.0 da ~.lWJda.cie de Arqullttura e Urbdnh:mo da
\ ••Cl6TA~ Lúcio ~A Arquilchna. cb Jcwíus no llnsil. ln: R~l-ilt6 do SerdçO do Unh crsidado ele Siio P.11110.
1

Patnmú11lr• l/fatiJ1lco 11 Artfariru l\'t~ t.iOnal, n.0 5. Jl10 d e Joociro. ~finb.iétio Ll;)C0:.5. Ca1lõs - "A asa bo.nc.kirillo. noJ fn\"ttltjrlus do ~ ~·ulo-. ln:
da t::duc11ç;.o. Acropole, n,• 2:28, Sdo P11ulo, (H1tul11u de H)37.
CosTA, Luiz )lootctl'O 00 "°'"
&hitJ Colonial. .-\ponttm1ento1 para n 111.Jr&ria 1»·t10 C11osso no ~ IAM.~·uÃ.ú - lu~ A.1tnac" da 1J1bliotec:o Natlortal - voli.una
,\l11itar dn Cidade dQ S<iloudot. S<il\'!ldor, l~ivrarill Progicsso Edltôra, 1958. 66 o 67.
Our.$ . C".átlos )1.lU.-ho e oult<W - l/iffdrMJ ela Colool:acdo Porlugu.ho .ao Brasil, Ltvno QU~ '"' 11l.7.Ão oo E YtAOO oo 8RA1111. - Orig-ln11I do l1btlt1.1to llist<Klco
r-.1 cr.. t ~\IV. Põrto, L11ograli1.1 Naclt>n,11, 3 vol111ncs. e Gt'Oaráfko do UrilSR. fUo de JaocirO.
f)OClJ\lt:STO'( 1hsTW-1r.os oo Al'Q'-l\'O NACto.'l:AL - iUO de Janelto - Biblioteca ~t AO•\& 01 J)i:i i..li, F re i Cas:par da - ,\l e111úrJns rw ra a l/1~16ria <la Cat1itanla llc
Nadon.ll São Vlcenl• /lo/e Chon1a<la de SJo Paulo. Slo Paulo, ~larlins, lns.1.
FAOl\O, l\ay1oondo - ().s du1uJs do J)()dcr: /onnac•áo do pc.lrorialo 1>0UU.co bra.ti· ~tAttm.mut, Don - lnlroduçlo a -nu: Ci1y.., de ~fax \V1.11x-r, l ri1Juçúo Aale-tl·
ltúo. Globo, IOSS. cana d o estudo Jc ~ltt~ \Vcbcr .i;ôbJe ;i_ cidade, rc:a)j:.u1da pc:lo mesmo
l" A?. •,11i1.>A, l)r, Jod Vieira - ..A11lh1unlh;:u: e ~lcnl61i:u do Rio de Junc-íto", l n: Martlnd.tc.
lk'Citta tio IllCB. \'olumn 140. l •IZ. 143. 147 e 14~. Rio de Janeiro, N1CftA, l>oru Clcme1llo l>.latl:I da Silva - Cor1$lnitores o Arl bt~.t do fllostvlto
hnpren11 Naeion:d. de S4a Bc:nlo do l~io d• }tJM.jto. 19:50, &hU. Ti()Ogr.ill.a Reocditina, 3
F'"RSAKOt.~. ~'lorcst.111 - 1'undar11enl.in En1pfr(cos da Explkaçüo Sodol/jgJca. \.Üu1nes.
Sio Paulo, Cam~nhia Edi:t.ora ~ack>mll, 1959. NtcRA., Oolu Cle1nentc ~·farín. dá SU\'11. - "l"rancl.fc.'O Frlai de ~lesq_uho., Eoco--
F1.P.1tJt1li, ti.~:1x - Jlíst6rkJ 1t.dn1i11ISIN:tiw1 do Bra~·il - 2.ª ccli('5o. São Paulo, uhdro-a.lor do Br;uil". l1t: Rec;.1114 do SenJro do l'ar~io Jlist6rico o
~ltlhor,unmtos. ArtíMlco :\1 t1Cl(t()d / , n.0 9, Rio do Jane.Iro, 10415.
Flt.Ax G'O, A(Qn~o Arlnos de l>.1elo - Dc.fcnoolvimvntn da Clvlli:açDo A!alerial 0-.()eNAÇÔQ Fu.u•t.""AS - Slo Paulo., Sar.ai\') e.d.. 1960, 2 voki1nes. ,
do B.fasll. ll.lo de Janeiro. ~li.niscf.rlo da E.d~ e S:.úck, Serviço do Pum>, Efi'.t~vain - "f\f uKar1thiJ e D-n.lcõef'. ln: Rqvi.fla .-lo Pa11l1n6nln 1-1Jst6rleo
Pt.t•im&nk» Hot6rico e A.rtbdco Nacional, 1944. e Arltflico 1'1aclotwrl, n.0 7. k lo de Jantiro, ).llni5C.érid da Educ:;i.çGo. 1943.
Fnt\'u~. Cilbcrtn - S<ib1udó1 e 1\loca11i/J~; dtc3dt.!ncl11. do põltri.3.ttldo runl e h.AOO, (".aio da Slh-a - Euolução PoliU.ca do 810dl e outro1 nt11dos. 3 ,• edlç~o.
dtsco\d\hncoto do urbano. 2..a cd~. Rio de )a.adro, JOl6 OHn1pio, S~o l'aulo, Brasillcose.
){)54 , 2 \'O}UO\C-S,
"''"'""°• O:I'° - F""""flo E<ondmia do B,.,;I. l\io de Jancifl>, Fundo de
""""° Colo da Sitv. - llilt6ria ""°""mica do B•.,.;i: '·' e<li~o. Slo P• ulo,
B;a-Olense.
Cuhor•, 1959.
l'Uoo, J. F. de Alm<ld.a - Primcl<Of P....dom do B'°dl - (ISOC>-1530).
CANDA"º• Pero de ~lag.1lh~cs - H i.n6rio da Proc{ncid d. s.mt4 Cnu. ln: 3.ll ..<lição revishl o a1u1H:ntad:i. São Pa,alo, Conlp~11hia Editôra Nacional,
Anis C"'..,..A - .\'ona />rimefra Hi'16tia. Slo PotuLo, ~tclhor~mcntos, 1921. l!lll4.
C ARCJA, 1lodolfo - Ert.toic> sdhr4' a lJUtdrlíl Política. e AdmlnhlrotiL'O do Bro.ril RA.Neo.., Jnácio - Dualidtid1 Bó.rica do Eeo-nomfa Bra.tíleira.
( 1300-1810). Rio de JonciJO, j ..; Olympio, 1950. RAJ:tu., lná<.•io - 111tród-uç4o uo ~s-t udo do DCjcnoolulrnento Econ6mko Bta-
( ;!lrt$0N, Brt11l1 - llb·161ia 1b1a llua,t do Il ia de j(lnEJitO, Rjo d e )ilnci.to, Souza, Uldr0. »lviidor, Unh·enidade da Bih;a, 19Sll.
IOS1. HElt F11.110, Nc:~tor Coulart e Po'lu1o J. V. Bnu!'(A, coluhoraJor - Cotálago d•
IJA1uu_j, ~lon 111 - 1'ou:1) 1111<l Ct>Ut1l1y 111 Br11:.1l, Now.1 t ork. Colwnhla U11lver- lconog••flo dtu VII.. • Ci<ladn do Bnull Colonial (1 500-11!!0). Pu~
slty Prct~. 1956. do t.h1Seutn da f'acu1d111le de Arquílciura e Urbt•nismo da Un Jver~idAde
de Sllo Puulo.
lltoAA~. FH•tlcritl: - Tou..n Bullding U1 flistorv. LondrC$, 1-1110.11>. 1956.
234 EVOl .UÇÃO URl.lANA DO BHASIL BIBLIOGRA J•' l A 235
Rt.a> r lLHO, ?\l'i4.0C" Coulvt - ..º l..ote Urh~•O ~ a A.n1ult((Ur:t Coloeu.ar. Suple--
nM'ntO Uh..-lrio de O EfkJdo de S. PovPn. SM> Paulo, 1961
TAUSAT, Afíonto de E. - ~ l'aulo not: Primeiros
d e rceon.14ih1ição wcial . Tours. e.
"'t"°"
(1554·1601): e1uok>
An ..iult Cl Glc: .• 1920.
Jl l"l,I i. A v , J 1. - Thc lde"I Clry. Londres, Jloutleíl>(t' ~ KC!gnn Paul, 1059. ''fAUNAY, Alíonso de E. - Siío l)aulQ li() Século XVI , Sr.o Pa ulo. ~t'ours ~.
s., 1,~ , l.l1iz - J'Je>tna s6bre a .r;c:oluçiJOdu 1.\ luffula Poul'1•fd. S:1o l>.1ulo, Aerópolc, Arl"',ll1lt c t Cie., 1921.
195í. ' l'.\.YWl'I, CtifUtb - Urbou Clvcr11-,N111. Traduçlo t":)p;.il'lhola de l..m;1tl Anti<:b.
~u.,·...DOR, Frei \'leenae do llist6ria do Sra.til (1$00·1627). .f..• ecUçlo. Slo EdjçVct Omep, &redoo>, 195~.
P<it1lo, ~ldhorJ_1nient0$. J954. VAR..~HAÇL'I(, tlrnod.$(0 A. do - llistVtl<1 Cí.'ral do Unull: 'ullcs do"'"ª ~V'"" •
Si1i).1PAIO, TJ1codnro - Jllst6rln cfu Fundnç/Jo da Clil~ulc do Salt.Yr<lar: obt:1 p1o v ln<lcJ>tJ11dJ11cl(i ele Pnrlttg(1l, 3.11 1 ·1li~·l10 incq,1a1, S~o 1'111110, ~felhoru.·
1Xlstum.11. Jlnlii:t - T lt>Vi.;r.1fia lkn<:dítlna Ltda•• 1~4ú. mcnto!I, 5 \'Olurru:s.
s.,X"r~ Noronha - "Aql~luto Ja CirkK)'", lri: R~i..Wa do Sen:l(o do Pazri- \ '.uoo:-;Ct.U.OS, OiOgo de - llittório J\nl~ tias -\l&MJ C.~1ai:J: (1703 1120). R.o
na6nio llillÓtl<'n t Arlillte'O ~woc5onof, ,<111111.c 4. IUo ele Jantno. 19-10. de Jam-iro, lmprens3 N;1cionaJ, 1918. 2 vo1unu·>.
SASTus, Paulo 1". - A Au1111lrt11111 RC"li,(;iMa ern C1u•u l,rêto - 19$1. l\lo de ' '1osoo.sc:L1.1.('ls, Sylvio do Ar<111itctt1u' no 8r~h • f: ~lvtt·nws cu1u tntliW>.v, 4,ª
J1111ciro. Koi;1uos, 1951. cdiÇ\lo. Oclo UorbJJ1tl('. Escol:. 110 ;\ rquitcto..: d ,1 Unh·c•:.iil,1d« de ~h11.1 ~
S,\:-O'T11i, Paulo F, - O Ba110C() e o Jc.suítl(O ri.a Arq11(fCt11ra do Brasil. lUo de Cerats.
Janci:ro. K"OC1M-.. 1951. V.-.,soC»:c:u..LOt. Sylrio de - Vila Rlro: fonnoçl/td ~ tk1mool1Mw'nlo - rtsí·
Stt.\ ruu., Luti - C.tw<iu '1c l"°'t0g1'1/io dot Cfdadu f(Jffvguêuu diJ Ubramar. dhlda1. Rio de j ;lnelro. '.\lh1l, 1êrlo da Eduu\JO !'.! C11lturJ, I NL, 1950.
1.hboa. ~llobi1(.ric> .Jo Ultramar, 4 ,·olumes. VASOO:-.ca:1.r.o11, S)'lvio do - ··Fonniu;ito u,han;i do ;111.11.11 du Tcjuco", 1111 llevl.1tu
!)1:.iosst:x, Rul;crto - Jlfatóda Ec<u11)1nlc" do lJrasil ( 1500· 1820). 3! edit.ão. do Scrolro do P11trl1nd11lo lllJh~r(c:o tl Arlí.vllro Nart'a1uJI, n}' l •I, Ri<> do
S:lo P,1ulv, Cb. l':dJtora N'llcfonal. J:mein,\ ~ IEC, 1959.
S1,u1C.\.TO K"c.O~L vos ~nnos - ArqiiiCtturo Popul.ar tm Potrugal. \ 'AVTlllD, t .ouis Légcr - ·c.sa.s de R('Sidiocia no 6nl>1-1 do sk11lo XIX·. l n:
Lisboa, 1961, ! ,·ciuma. Rcuida Bem E.dar. Ano I, n .0 2, Slio l)aulo, I~.
Stiu'"· r.,,1Jric1 Soares de - 1'1otlcto tlu ltnuil. Siio J'<.11110, itartJn1, 1939, 2 VtAN:..:A, F. J. Olivcir.a - P(),J(l/açéG3 1\larfrliorwiG do u..aJfl: I USlórla, org1111iuzç4n
,·11lm11('$, psycologk 11. 3.t. edlçtlo. São Paulo, Co1np3nhl,1 Editora !'-i:idonal.
v·~A. Luiz dos Santos - Corta:t. Notkbt sotcropolil.l1Us. e br.u&llCól.s. &.hia,
S.MlTlt, Roberto e. - :\tquirt11.ua Ct.HonUJl S:al\-ador, Ll\'faria l'topeuo. 1955.
l 1npn;m;a Oficial do Esudo. 192!. 2 ,ãuu1n.
:,>1mt, ~rt C. - Arq1utct1uo eo/nJtNtl btrhiana: olgu111 .u-prao, d• IW hU· VtTElUKl, Souza - Oicclonorio llir.for(oo e Docu111c111rll dol' A.tchltee101, Er•s•·
t 6ria. Uahi:t, Secr ~a tia da Educação e Cultelm. PubUcação do ~tuseu do nhcirot o Corirtruso.-01 Pot1ug11csr,1 01~ a Sarolço de Purtus"l. Ltsboa,
E~1ado, n.11 14, 195!. l 1n1)~ Naciona l, 1{)04.
SMITH, Robert. e. -
- o ocu1ntntos B<thj;;1n05", ln: Ret:l.t-la tio Putrimdn"' Hi$t.6- y.,......,., )C?6nimo de - f/1Jt6rio do c....érclo do &tomnh4o, (1812- 1~).
tito e t\rríMko No.caonDI, ,'OI. 9. Rio ele j:l.nt(ro, 19-•S. $a Luia:, Ass:ocbçlo Comereial do J\lannlu.o, 195-1.
S>.tn u, l\obeit C. - - )t$uit Builds in Urul1", Arl BuUn;n - sete1nbm. 1948. \\lt:ea, ~l ilJ: - "A cidado". Capitulo J o \Virts-choft tu1d Ce1Cll.$t:lwift Cru:ndj.(88
''ºL 30, 0.11 3 - 'fraduz;ido i»ra o 1:><>rtuguês oonl C'I 1hulo: t\rqutteturo der Votftt'hcnden So:lólugic. e sse cJtudo te111 tido, publicádO etn d i...ersas
JesuilfC<l 110 8raril; ttn.du~i'lo de Eunice n. l\ihclr" Cost~. SI.o Paulo, (onnas. A traduç4o cm espanhol do 1'"'ondo de Cultura Eoon6mlca o inclul
Facul<l.ade do Arqulh;t urã e Urb;i.ni.~mo d.a USP - l962. <Omó um c:ap{tulo do ..Econonti.a. y Sodedad'.. A I~ tm iuglê.s. do
S•tmc. llobc.tt C. - -Sonae \~"S o( l'Olonbl Bahia", '"~ Bclcu Atu1, Lisboa. Doo ~lartind2le, aprnent3-0 eu\ .eparado.
2..ª série, n.~ 1. 1948. Zl!NHA, Ed1nundo - O ,\funicipio no 8ra&il: (1532-tTOO). S!ío P1ulo, loslitvto
Pmgr~o Editorfal, J9~8.
SMrn 1, Rol1ctl e. -'"11lc Ana: ln DrnzJI - lk1roc1uc Açhhec::tnre... 111: Ponugal
1111d 8 1'a: il. Odord. At the <~hrtdo11 Pu:Sj. Ed. by J1. V. Liver1nort1, 1953.
S\trrn, Robert C. - lhe UraDlbn bnJ~1·i.::s of Fram Posf", ln: Ai1 QIWtfetlg~
\ ol. l, n.• ", lldrOit, 1938.
TAl'NA\" Affon~O de E. - II11t6ria da Cid4de d$ Selo Paulo. São Paulo. Metoo-.
rame11IO$, 1054.
·I
·1',..!JNAY, AJfun>O de E. - fl ilt6JJa SeiscentUto d.a Villa df S. Pa~. Sio Paulo,.
lcltiil. 19Zb, 3 \'olunl().
TAVNA\', Affou"° de E. - "Na Bslda Col()ni::il- ( 1610·1764). ln: flcolda do
11/CB. \'vi. 144, Hio de janf'Íl'O - l1111)rensa ~acfon31. !
1
*
Ob•ll 11nc.iMlln nru 0Jici11r.11 dtl
sio f'AVLO ~orroRA s. "·
R111 8a10o d• t...dáriu, 128
SJ.CJ hWo a. Sl' - 11.r.uil
~1&11daçio Nacional do Tropdrismo

'


rn11HlfFf .. '10•, r 1r ' Of" ARrE
r\rt t'lll P'r".\ r- 'PP \ HIS 1 t0

O trf'sclm~nl(I do númc-10 dei ew:o-


las dt. llqlllleturll, V('Jific11 do nO J):l{s
nos ôlUmos vinte an<>1 #!, slmultl nta·
m<"ntc. uma conMqüfnda e um fator de
e:oadmuto do tittrrf-ue pe-b 1 qunc6" de
urba..nimio, dt 1rqultdura e de erte mi
1tt'ral
Abr<'m•se novos C\lTSOt o forn'UU'A•
se proflult111Rlt r1oe \'l o sendo chama·
doJ 11. enf•cntnr p robkmas de um• faiiu•
t .:t rc-m1tnu:nte cfive n llieada, que lnch1i
n pb.nelamento urbano. a arquitetura
de fllifklo, pübJkot e partku1arn. a
'luffiio hahftacltmal, hf.ta comO o dnit-
nhn lndu\1ria1. C" probkm11 de como·
nlc-açln vhua1. a c-rnC1gt11fia e 11 organl·
t.rição dos "'l'Ul('CIS <'Klf'1IOr('\ . Ao met·
mo l<'mr <•, ('nmo proflulon ab do n{vd
u olvet~ll &rl o, voltadoJ r i1111 o f'tlodn Jri.
1trte e 1b t uhnra., M arquitC'IOS hfasi-
~l.ros slo C'lumados, C'Om ftMJWlilda. a
)»rtic:iiur au • "J'inar rm ou.uot e1im·
pcl'5 a11hlle('t . o d:u artn s:riftcas.
('(lm()
o 1la f,•1os:_1<11f111, do cinc-1nA f'IU o clii
tt
"''<.''* h11n1, ""'f"llA11rh> H'n r..111npo de r('~·
pmua l1llld .. 1lr ,. s1111~ l!~riçõrs com ou·
traii &reiu rl11 ..ahf.r. rp.1e vlo Incluir
1'\•·nntn• 1i11 divl"T\O' eorno •t an:â.Hses
dr pcolJ&tm11' r~lideos r °" ~dM P>-
ti<xcCN-"r111('C"\ ,,,\br(' a •ubsnlu(lo r
Jihrf' a f'Olnunl~ç:l-o no mundo contem·
pntàl'H"O.
>. nm 1111~~·4o rio campo de lrnt>a•
llu) c:nncJJ"flllllr 1n um a p1C1fund11mtnlo
1l1•" "'tud•u ,. 11m 1ltst'n"·11lvlrnento, «m
!HH't"tl~itr,, 111' r""'lnlsa •l,Ctm!tlta.
dando tM4'1'\ prlnd~Jttl('ftft no imbito
uni\t'tsil:h in, ....,, .11partt:inw-nto de- eca-
tuhuit'Õr'J 1111s:.ln11ls, rm j\ll m•lorlt
11ind:1. l nfcHrn~
An l11:111$:"11t!lrmos 11. 81nL10f'-"" PJC>-
t-rÍ-11\A ru:. AriT« ARQLTIT !:1l' RA e u.-e. . .
l"nMo pntl l'111fl" iassim rrsumtr n ftO.UO
t)hi'°(.h·1:1· ('I d.,. prc-sti~ ~ noum peso
fJUiµtlo. C"' C' rtofis~..k, 11prm:MN.t1·
dn-cn oo..
rsluchntt'' t' dot lt'ilnrn. e
pnbllt".at ta111l*"1n, t'n"I edltõC'I btn\ cul•
•l:iílris, 11n1!11(Ôri tlt: ob1n~ c.Ur.llngeir;as
r1ue H'ftr'4'lllf1n uma co111rlbufçAo po·
•ltiva blhlllljtl'Afia daqucl.o m;ittri115

Você também pode gostar