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Farmácia Monte da Virgem

Pedro Nuno Ferreira de Fontes

2018-2019
Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto


Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Monte da Virgem


1 de julho de 2019 a 31 de outubro de 2019

Pedro Nuno Ferreira de Fontes

Orientador: Dr.(a) Cátia Seabra

Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Maria Irene de Oliveira Monteiro Jesus

Novembro de 2019

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso
ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,
ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se
devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito
académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 7 de novembro de 2019

Pedro Nuno Ferreira de Fontes

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Agradecimentos
A entrega deste relatório significa o final de uma etapa dura da minha vida, mas recompensadora.
Foram cinco anos de aprendizagem, sacrifício e alegrias e por isso quero agradecer a todos os
que contribuíram para que esta período fosse o melhor que poderia ser.
Em primeiro lugar, quero agradecer à Dra. Cátia Seabra por me ter dado a oportunidade de
integrar a excelente equipa, pelos conhecimentos que sempre me foi transmitindo, pela
disponibilidade e apoio incondicional nas minhas tarefas que contribuíram para o meu
crescimento pessoal e profissional.
Agradeço também à responsável Paula Oliveira por todos os ensinamentos que me transmitiu,
pela paciência par
Toda a equipa da Farmácia Monte da Virgem merece um enorme obrigado! Fizeram com que o
estágio fosse o melhor possível, mostraram sempre todos disponibilidade para as minhas
dúvidas e apoiaram-me incondicionalmente desde o primeiro dia.
Quero agradecer também ao meu amigo Bruno por ter sido um grande apoio durante esta etapa.
Estes anos não seriam a mesma coisa sem ele.
Um obrigado muito especial à minha namorada Inês! Agradeço-lhe por me apoiar em todas as
minhas decisões, altos e baixos durante toda esta etapa que podemos partilhar, por ser uma
constante na minha vida e por me motivar a fazer mais e melhor.
Por último, agradeço aos meus pais e irmão. Sem eles não poderia ter chegado onde cheguei.
Obrigado por me proporcionarem esta oportunidade e por me apoiarem de forma incondicional.
Obrigado a todos!

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Resumo
O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade
do Porto proporciona aos seus alunos no final do curso um estágio profissionalizante
correspondente à Unidade Curricular de Estágio. Esta unidade curricular tem como objetivo
preparar os alunos do MICF para o mundo profissional e o exercício da nossa futura profissão.
As várias opções de carreira profissional proporcionadas pelo grau superior do MICF englobam
a farmácia comunitária, sendo um dos principais papeis do farmacêutico no exercício da sua
profissão.
Para mim, esse estágio foi realizado na Farmácia Monte da Virgem durante quatro meses.
Este período permitiu-me aplicar o conhecimento que fui angariando ao longo de todo o curso
ao mesmo tempo que adquiri novos conhecimentos sobre a área em que estive inserido. Desde
as tarefas de back office até ao atendimento ao publico, o meu estágio foi bastante abrangente
e permitiu-me um crescimento como profissional e pessoal graças à excelente equipa disponível
para me apoiar.
Além das tarefas realizadas em farmácia comunitária, pude desenvolver dois projetos de
intervenção, um a nível interno e um segundo projeto interventivo na comunidade. O primeiro
projeto teve como tema a Homeopatia e o segundo foi uma ação de formação numa escola sobre
a Dermatite Atópica.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Índice
Agradecimentos .................................................................................................................... iv
Resumo ................................................................................................................................... v
Abreviaturas............................................................................................................................ x
Parte I – Atividades desenvolvidas no estágio .................................................................... 1
1. Introdução ....................................................................................................................... 1
2. Farmácia Monte da Virgem ........................................................................................... 2
2.1. Localização geográfica e horário de funcionamento ........................................... 2
2.2. Espaço físico ........................................................................................................... 2
2.2.1. Espaço exterior................................................................................................ 2
2.2.2. Espaço interior................................................................................................. 2
2.3. Fontes de informação ............................................................................................. 3
2.4. Perfil geral dos utentes ........................................................................................... 3
2.5. Recursos humanos ................................................................................................. 3
2.6. Ferramentas tecnológicas ...................................................................................... 4
3. Gestão da farmácia ........................................................................................................ 5
3.1. Gestão de stocks .................................................................................................... 5
3.2. Encomendas............................................................................................................ 5
3.2.1. Verificação e receção de encomendas ......................................................... 6
3.3. Armazenamento de produtos................................................................................. 7
3.3.1. Estupefacientes e psicotrópicos .................................................................... 7
3.3.2. Condições de armazenamento ...................................................................... 7
3.4. Controlo de prazos de validade ............................................................................. 7
3.5. Devoluções .............................................................................................................. 8
4. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde ...................................................... 8
4.1. Medicamentos ......................................................................................................... 9
4.1.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica .................................................... 9
4.1.2. Medicamentos Genéricos ............................................................................... 9
4.1.3. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica .......................................... 10
4.1.4. Medicamentos Homeopáticos ...................................................................... 10
4.1.5. Medicamentos de uso veterinário ................................................................ 10
4.2. Suplementos alimentares ..................................................................................... 11
4.3. Produtos dermocosméticos.................................................................................. 11
4.4. Produtos de puericultura ...................................................................................... 12
4.5. Dispositivos médicos ............................................................................................ 12
5. Receita médica ............................................................................................................. 12

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5.1. Receita manual ..................................................................................................... 13


5.2. Receita eletrónica materializada ......................................................................... 13
5.3. Receita eletrónica desmaterializada ................................................................... 13
5.4. Validação e dispensa da receita médica ............................................................ 14
5.5. Regimes de comparticipação............................................................................... 14
5.5.1. Regime geral de comparticipação de medicamentos .................................... 15
5.5.2. Regime especial de comparticipação de medicamentos .............................. 15
5.5.3. Outras comparticipações .................................................................................. 15
5.6. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ................................................. 16
5.7. Medicamentos à base de canábis ....................................................................... 16
5.8. Medicamentos manipulados ................................................................................ 17
5.9. Conferência do receituário ................................................................................... 17
6. Outros serviços prestados na farmácia ...................................................................... 18
6.1. Medição de parâmetros físicos ............................................................................ 18
6.2. Medição de parâmetros bioquímicos .................................................................. 18
6.3. Administração de injetáveis ................................................................................. 19
6.4. Consulta de nutrição ............................................................................................. 19
6.5. ValorMed ............................................................................................................... 19
6.6. “Seringas só no Agulhão” ..................................................................................... 19
7. Formações .................................................................................................................... 20
Parte II – Apresentação dos temas desenvolvidos ........................................................... 20
Tema 1 – Homeopatia ......................................................................................................... 20
1. Enquadramento ............................................................................................................ 20
2. História .......................................................................................................................... 21
3. Princípios....................................................................................................................... 21
4. Preparação de medicamentos homeopáticos ............................................................ 22
4.1. Obtenção das matérias-primas............................................................................ 22
4.2. Processo de potencialização ............................................................................... 22
4.3. Diluições ................................................................................................................ 23
5. Segurança e eficácia .................................................................................................... 23
6. Consulta e tratamento .................................................................................................. 24
7. Homeopatia em Portugal ............................................................................................. 25
8. Produtos disponíveis .................................................................................................... 25
9. Apresentação elaborada .............................................................................................. 26
10. Resultados ................................................................................................................ 26
11. Conclusão ................................................................................................................. 27

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Parte II – Apresentação dos temas desenvolvidos ........................................................... 27


Tema 2 – Dermatite atópica ................................................................................................ 27
1. Enquadramento ............................................................................................................ 27
2. Dermatite atópica ......................................................................................................... 28
2.1. Definição ................................................................................................................ 28
2.2. Sintomas ................................................................................................................ 29
2.3. Diagnóstico ............................................................................................................ 30
2.4. Tratamento ............................................................................................................ 30
2.5. Prevenção.............................................................................................................. 31
2.6. Medidas preventivas ............................................................................................. 31
3. Dermatite atópica em Portugal .................................................................................... 32
4. Impactos sociais ........................................................................................................... 32
5. Projeto “LIPIKAR VAI À ESCOLA 2019” .................................................................... 33
6. Conclusão ..................................................................................................................... 34
Referências........................................................................................................................... 36
Anexos .................................................................................................................................. 40

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Índice de figuras
Figura 1 - Alteração cutâneas devido a dermatite atópica ....................................................... 28
Figura 2 - Pele saudável e pele com eczema.......................................................................... 29
Figura 3 - Áreas da pele mais afetadas por eczema (crianças e adultos) ................................ 29

Índice de tabelas
Tabela 1 - Atividades realizadas na FMV .................................................................................. 1

Índice de anexos
Anexo 1 - Vista frontal exterior da farmácia ............................................................................ 40
Anexo 2 - Vista interior da área de atendimento...................................................................... 40
Anexo 3 - Vista da entrada do gabinete de atendimento personalizado ................................... 41
Anexo 4 - Vista dos balcões de atendimento .......................................................................... 41
Anexo 5 - Andar superior (armazém e copa)........................................................................... 42
Anexo 6 - Formações frequentadas durante o estágio ............................................................ 42
Anexo 7 - Apresentação do projeto sobre Homeopatia (elaboração própria) ........................... 43
Anexo 8 - Inquérito sobre a apresentação do Projeto I ............................................................ 49
Anexo 9 - Respostas ao inquérito sobre o Projeto I................................................................. 50
Anexo 10 - Apresentação do projeto sobre dermatite atópica (elaboração própria) ................. 53
Anexo 11 - Panfleto do Projeto II (elaboração própria) ............................................................ 62
Anexo 12 - Fotografias do projeto "LIPIKAR VAI ÀS ESCOLAS 2019" .................................... 63

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Abreviaturas

AIM - Autorização de Introdução no Mercado

AFP - Associação Portuguesa de Farmácias

CHVNG/E - Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho

CNP - Código Nacional de Produto

CNPEM - Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DCI – Denominação Comum Internacional

FMV – Farmácia Monte da Virgem

FEFO – First Expired, First Out

FIFO – First In, First Out

GH – Grupo homogéneo

IMC – Índice de massa corporal

MG – Medicamentos Genéricos

MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em


Farmácias

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

OCP – OCP Portugal

OMS – Organização Mundial de Saúde

PIC – Preço Inscrito na Cartonagem

PVF - Preço de Venda à Farmácia

PVP - Preço de Venda ao Público

RCM – Resumo das Características do Medicamento

SAMS - Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários

SNS - Serviço Nacional de Saúde

TEWL – Perda de água transepidérmica

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Parte I – Atividades desenvolvidas no estágio

1. Introdução
Este relatório tem por base o período de 4 meses de estágio profissionalizante que desempenhei
na Farmácia Monte da Virgem (FMV) no âmbito da cadeira de Estágio do Mestrado Integrado
em Ciências Farmacêuticas. Este estágio engloba o período desde o dia 1 de julho a 31 de
outubro de 2019.
Durante este período, realizei todas as tarefas necessárias ao normal funcionamento da
farmácia. Inicialmente, foi acordado com a Diretora Técnica que iniciaria o meu estágio
trabalhando mais tempo no back office de forma a conhecer melhor o funcionamento da farmácia
e a ter um contacto direto com os medicamentos e outros produtos vendidos na FMV. Isto incluiu
tarefas tais como a receção de encomendas diárias e diretas de laboratórios, a reposição de
medicamentos no robot (local primário de armazenamento), verificação de prazos de validade e
reposição de lineares de exposição. Desta forma, foi-me possível aprender mais sobre a farmácia
em si, o reconhecimento de vários medicamentos e as localizações de vários produtos para mais
tarde no atendimento fosse mais facilmente encontrar o produto necessário ou desejado pelos
utentes.
Após a realização destas tarefas, fui integrado na zona de atendimento para que estivesse apto
a ajudar caso fosse necessário. Inicialmente, fui observando alguns atendimentos para ter uma
melhor perceção do papel desempenhado no atendimento ao público, seguido de atendimentos
próprios, mas acompanhados até que por fim estivesse apto a desempenhar o atendimento de
forma autónoma. Este foi um processo gradual que me desenvolveu confiança e a
responsabilidade necessária a desempenhar esta função. Assim, com o atendimento ao público
surgiu também a necessidade da medição de parâmetros bioquímicos a requisito dos mesmo.
Estes parâmetros abrangeram medições de altura, peso, tensão arterial e glicémia.
Estas foram algumas das funções que fui desempenhando ao longo do meu estágio que me
permitiram crescer como profissional de saúde, percebendo melhor o papel de farmacêutico
numa farmácia comunitária.
Tabela 1 - Atividades realizadas na FMV

Julho Agosto Setembro Outubro


Receção de encomendas X X X X
Conferência de
X X X
receituário
Atendimento ao público X X X X
Medição de parâmetros
X X X X
bioquímicos
Formações X X X
Projeto I X
Projeto II X

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2. Farmácia Monte da Virgem


A FMV é uma das farmácias pertencentes ao Grupo SOFARMA. Este grupo farmacêutico
engloba sete farmácias e uma parafarmácia dispersas pelo norte do país entre Porto e Braga.
Para além da FMV, as outras farmácias do grupo são a Farmácia de Santo Ovídio, Farmácia da
Birra, Farmácia Braga, Farmácia Gomes, Farmácia Guifões e Farmácia Santos.

2.1. Localização geográfica e horário de funcionamento


A FMV pertence ao distrito do Porto e localiza-se na Rua Conceição Fernandes, nº1170 4430-
062 Vila Nova de Gaia. Esta é uma farmácia com um horário de funcionamento ininterrupto de
24 horas durante todos os dias do ano. A farmácia permanece de portas abertas desde as 8
horas até à 1 hora da manhã do dia seguinte, durante o restante período, o serviço é realizado
através de um postigo para atendimento noturno. A possibilidade da FMV estar em constante
funcionamento está consagrada no Decreto-Lei 7/2011, de 10 de janeiro1.
Além disso, esta farmácia, devido à sua localização e horário de funcionamento, oferece um bom
suporte à Unidade I do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNG/E) uma vez
que este tem um serviço de Urgência noturno e esta farmácia é a mais próxima do mesmo.

2.2. Espaço físico


2.2.1.Espaço exterior
Na zona exterior da FMV existem 3 lugares de estacionamento sinalizados para utilização por
parte dos utentes da farmácia. A farmácia é facilmente identificada pela designação “Farmácia”
escrita no edifício e pela sinalização com a cruz verde luminosa. A farmácia possui no exterior
um postigo que permite o atendimento noturno, uma rampa para facilitar o acesso a todos os
utentes e portas automáticas. No exterior da farmácia, é possível verificar um cartaz com
informações gerais sobre a farmácia, direção técnica e horário de funcionamento.
2.2.2.Espaço interior
O espaço interior da farmácia encontra-se dividido em 2 pisos. No piso inferior da farmácia existe
a zona de atendimento e gabinete. Neste espaço, existem 6 balcões para atendimento ao
público. Atrás dos balcões, estão expostos alguns dos medicamentos não sujeitos a receita
médica (MNSRM) mais vendidos, assim como medicamentos homeopáticos e uma zona com
produtos de veterinária. Do lado direito dos balcões, existe uma casa de banho para uso por
parte dos utentes, um contentor para o VALORMED e um agulhão, e em frente aos balcões
existem alguns expositores que dão destaque a determinados produtos.
Entre a entrada da farmácia e os balcões de atendimentos, existem vários expositores laterais
com diversos produtos de venda livre, organizados em lineares por marcas e gamas, tais como
produtos de higiene oral, dermocosmética e puericultura. Existem ainda 3 gôndolas com produtos
variados consoante a altura do ano ou promoções em vigor na farmácia.
O atendimento é realizado através de um serviço de senhas que podem ser retiradas numa
máquina à entrada da farmácia. Na entrada, existe um aparelho para medição automática da
altura, peso, índice de massa corporal (IMC) e pressão arterial, mediante a introdução de um
determinado valor monetário. Neste andar, existe ainda um gabinete para atendimento

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personalizado. Este gabinete oferece um espaço mais reservado para atendimentos que
requerem este tipo de privacidade. Este é o espaço onde são realizadas as medições de alguns
parâmetros bioquímicos, administração de injetáveis, consultas de nutrição mensais, rastreios e
onde são realizadas algumas formações internas para os colaboradores.
Ainda no espaço junto aos balcões de atendimento, existe um pequeno espaço que faz ligação
ao andar superior. Neste espaço de back office situam-se um computador e o frigorífico para
medicamentos que requerem refrigeração.
No piso superior, existem dois postos equipados com um computador cada um e impressoras
para a realização de tarefas tais como realização e receção de encomendas. É neste andar que
se localiza o armazém de excedentes e o robot. Existe um espaço designado onde são colocados
os produtos para armazenamento no robot, uma zona para conferência do receituário e uma
zona na qual fica arquivada toda a documentação da FMV tais como fontes bibliográficas,
circulares da Associação Portuguesa de Farmácias (AFP), faturação, entre outros. O armazém
de excedentes está organizado por ordem alfabético e consoante a categoria dos medicamentos
ou finalidade dos produtos. Os colaboradores podem ainda usufruir neste andar de instalações
sanitárias próprias, um espaço com cacifos pessoais e uma zona para alimentação com os
utensílios necessários.

2.3. Fontes de informação


A FMV dispõe de um local na farmácia onde estão guardadas edições da “Farmacopeia
Portuguesa”, “Prontuário Farmacêutico” e “Formulário Galénico Português” de acordo com o
Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto2.

2.4. Perfil geral dos utentes


É imensa a variedade de utentes que se deslocam à FMV. Devido à sua localização, vários são
os utentes que se deslocam desde o CHVNG/E até à farmácia para que rapidamente possam ter
aconselhamento farmacêutico ou acesso aos medicamentos prescritos. Além dos utentes vindos
do hospital, existem vários utentes que se deslocam a esta farmácia pela sua centralidade. A
farmácia encontra-se numa zona movimentada e residencial pelos que muitos utentes preferem
a proximidade da mesma. Outros utentes vêm de outras localidades a esta farmácia devido à
forma como são atendidos pelos colaboradores, quer por novos quer pelos mais antigos que
exerciam a sua profissão na localização antiga da farmácia. Além destes, existem alguns utentes
ocasionais de outras nacionalidades, muitas vezes turistas devido à cidade do Porto e Vila Nova
de Gaia terem variados pontos turísticos a visitar.

2.5. Recursos humanos


A FMV tem como responsável a Diretora-Técnica, a Dra. Cátia Seabra. A restante equipa da
FMV é constituída por mais duas farmacêuticas, nove Técnicos de Farmácia e uma auxiliar.
A cada elemento desta equipa são atribuídas mensalmente funções tais como a verificação de
prazos de validade, verificação e fecho de receituário, realização e receção de encomendas
diárias, receção de encomendas diretas, entre outras. Todas estas funções têm rotatividade

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mensal, no entanto esta atribuição não é restrita. Isto serve como modo divisão de tarefas
necessárias a realizar, mas apelando ao grande espírito de equipa e entreajuda que se verifica
entre todos na realização das tarefas, de forma de contribuírem para um melhor funcionamento
do seu local de trabalho.

2.6. Ferramentas tecnológicas


O sistema informático que está disponível em todos os postos da FMV (balcões e back office) é
o SPharm, cedido pela SoftReis - Informática, Unipessoal Lda. Este programa permite o acesso
a todos os funcionários da farmácia uma vez que cada um pode aceder mediante o seu código
de acesso pessoal e senha, incluindo também um código de acesso e senha para o estagiário.
Isto facilita a identificação do utilizador e permite também rastrear as ações desempenhadas com
o sistema de modo a simplificar os procedimentos na farmácia e o acompanhamento das tarefas
desempenhadas.
Este software apresenta uma mais-valia na farmácia devido às suas várias funcionalidades tais
como a gestão de stocks, geração de encomendas automáticas mediante os produtos em falta,
realização e receção de encomendas, controlo de prazos de validades, envio de dados para o
INFARMED e pedidos de devoluções, por exemplo. Aquando do ato de atendimento ao público,
o mesmo software é utilizado. Este apresenta ligações para acesso a informações sobre os
produtos a serem dispensados, informações gerais sobre os mesmos, acesso ao Resumo das
Características do Medicamento (RCM), extrato de movimentos, existência de reservas, stock
dentro e fora do robot. Além disso, este sistema apresenta uma mais-valia aquando do
atendimento pois possibilita o acesso ao registo de medicamentos dispensados aos utentes
através da sua ficha de cliente da farmácia ou através do seu número de contribuinte, ajudando
assim a um melhor aconselhamento farmacêutico e indicando quais os medicamentos já
dispensados ao mesmo podendo, por exemplo, fazer-se a dispensa de um determinado
medicamento do mesmo laboratório dispensado da(s) última(s) vez(es).
Em auxílio do SPharm, é utilizado um gadget da OCP Portugal. Este gadget permite realizar
encomendas, verificar a disponibilidade de determinados medicamentos, verificar o estado de
encomendas (rececionadas ou enviadas) e informa sobre o horário de receção e entrega de
encomendas na farmácia. Assim, durante o atendido e no caso da ausência de algum
medicamento, é possível realizar uma encomenda no momento do mesmo e informar o utente
de quando chegará à farmácia, possibilitando uma melhor perceção da disponibilidade de um
medicamento nestes casos.
No ato da dispensa, existe um robot que gere o armazenamento dos medicamentos e neste ato
os dispensa desde a área onde estão armazenados até a área de entrega situada atrás dos
balcões de atendimento.
No final do atendimento, no ato de pagamento, além de uma máquina de multibanco existe
também um CashGuard. Esta máquina permite o acesso aos funcionários através do código de
acesso e realiza a contagem automática do dinheiro introduzido e dispensa o troco
automaticamente. Desta forma, é eliminado o erro humano no pagamento, evitando situações
mais desagradáveis.

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Todas estas ferramentas disponíveis na FMV permitem uma maior agilização dos processos
desempenhados pelos colaboradores na mesma. Assim é possível, por exemplo, no atendimento
ao público passar mais tempo em contacto com o utente, diminuindo as perdas de tempo com a
procura de um determinado medicamento ou contagem do dinheiro, e possibilitam um
atendimento personalizado e individual mediante a ficha do cliente.

3. Gestão da farmácia
3.1. Gestão de stocks
Os stocks na farmácia são alvo de um cuidado extremo pois devem permitir a satisfação dos
utentes e ao mesmo tempo garantir a estabilidade e sustentabilidade financeira da farmácia. A
gestão dos stocks deve refletir a procura na farmácia e permitir que sempre que um cliente
necessite de algum produto, a farmácia o possa fornecer. Graças ao sistema informático
incorporado na farmácia, este faz uma gestão automática dos stocks e através da definição de
stocks máximos e mínimos, o sistema aconselha a quantidade de produtos a encomendar que
estejam em falta na farmácia. Isto permite uma melhor perceção do panorama em geral e alerta
o responsável pela encomenda para os produtos em falta.
Por vezes podem ocorrer erros entre o stock no sistema informático e o stock físico real. Este
erro pode ser devido a danos acidentais, erros na receção das encomendas ou por roubos. Desta
forma, existe uma lista na farmácia para anotações sobre estes erros para informar a diretora
técnica para que mais tarde estes erros possam ser corrigidos, voltando o stock informático voltar
a estar em conformidade com o stock físico.

3.2. Encomendas
A realização de encomendas é um passo de extrema relevância para que a farmácia possa
responder da melhor forma ao pedido dos utentes. Deste modo, na FMV são realizados dois
tipos de encomendas a uma empresa distribuidora grossista, a OCP: encomendas diárias e
instantâneas.
As encomendas diárias são realizadas tendo por base os stocks mínimos e máximos dos
produtos vendidos na farmácia. Nestas encomendas, o responsável deve analisar a saídas dos
produtos e verificar a existência ou ausência do mesmo na farmácia para que possa fazer uma
encomenda de forma a satisfazer os pedidos que possam surgir. Como auxílio nesta tarefa, o
SPharm é capaz de gerar de forma automática uma encomenda com sugestão dos
medicamentos e produtos tendo por base os limites dos stocks. No final, cabe à pessoa
responsável pela encomenda analisar e finalizar o pedido. Normalmente, este procedimento é
realizado duas vezes por dia na FMV.
Diariamente, também podem ser realizadas encomendas instantâneas por telefone ou através
do gadget da OCP instalado em todos os computadores. Isto permite verificar a disponibilidade
do produto pretendido de forma rápida e permite informar do utente de quando o produto estará
novamente disponível na farmácia, podendo o utente reservar o medicamento/produto tendo
uma noção da data e hora que este estará disponível para levantamento na farmácia.

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Além deste tipo de encomendas, a FMV também recebe encomendas diretas de produtos de
vários laboratórios. No entanto, a realização deste tipo de encomendas está a cargo da equipa
de gestão do Grupo SOFARMA e não são realizadas na própria farmácia. Estes tipos de
encomendas abrangem diferentes produtos tais como MNSRM, produtos com maior
sazonalidade, dispositivos médicos, entre outros. Estas encomendas são consoante a
necessidade de cada farmácia e permitem um melhor retorno financeiro pois muitas vezes os
laboratórios oferecem vantagens comerciais tais como descontos ou produtos de oferta.
3.2.1.Verificação e receção de encomendas
Quando as encomendas chegam à FMV, os distribuidores deslocam-se pelas traseiras da
farmácia e entregam as encomendas no piso superior, no local indicado para tal. Após a entrega,
é verificada a encomenda quanto à morada de entrega e número de caixas para que esteja em
conformidade com o pedido e declaração de entrega por parte da distribuidora ou empresa de
transporte.
No caso de encomendas entregues pela OCP, é verificado o número das banheiras e recolhidas
as respetivas faturas. Aquando da entrega de “produtos de frio” estes vêm em banheiras com
uma cor diferente das restantes, azul, e com uma inscrição a vermelho alertando para os
mesmos. Estes são imediatamente retirados, anotados quais os produtos e respetivas datas de
validade e são colocados no local próprio refrigerado. Quando são rececionadas encomendas
diárias, a encomenda é importada no início do processo de receção após a seleção do fornecedor
no sistema. Após esta importação, os produtos são verificados através da introdução do Código
Nacional de Produto (CNP) manualmente ou com auxílio de um scanner de código de barras. No
caso de encomendas instantâneas, não é necessário importar a encomenda realizada. Os
produtos são apenas introduzidos no sistema de receção de encomendas após a seleção do
fornecedor.
No processo de receção de encomendas diárias, é necessário que o operador verifique alguns
parâmetros tais como o Preço de Venda à Farmácia (PVF), descontos comerciais nos produtos,
produtos bónus, prazos de validade e Preço de Venda ao Público (PVP). No caso de
Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), o PVP deve coincidir com o Preço Inscrito na
Cartonagem (PIC). Já no caso dos MNSRM, produtos de venda livre, produtos de cosmética e
outros, o PVP é definido pela própria farmácia com base no PVF, no desconto realizado à
farmácia e na margem de lucro. Estes últimos devem estar devidamente etiquetados sem ocultar
o número de lote e prazo de validade do mesmo. Durante este processo podem ocorrer algumas
inconformidades tais como produtos danificados ou produtos faturados, mas não enviados. Neste
tipo de situações, o fornecedor deve ser contactado de forma a clarificar e solucionar estes
problemas, através, por exemplo, da devolução do produto ou a emissão de uma nota de crédito.
Para finalizar todo este processo de receção da encomenda, deve ser conferido o número de
embalagens rececionados e o valor final de forma a coincidir com o valor faturado à farmácia.
Feito isto, é impressa a confirmação da receção no verso da fatura e esta é guardada no local
indicado para o efeito.
No caso das encomendas diretas, uma vez que estas não são realizadas pela própria farmácia,
é necessário digitalizar a fatura ou guia de remessa que chegue com as respetivas encomendas

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e enviar as mesmas para os colaboradores responsáveis por este tipo de encomendas. Após a
conferência da documentação enviada, é dada autorização por parte do escritório para que a
encomenda seja rececionada na farmácia e no caso de apenas ter sido enviada a guia de
remessa, o escritório envia a fatura indicada para que a encomenda possa ser rececionada.
De forma a que todos os colaboradores da FMV tenham uma fonte de informação quanto ao
estado das encomendas diretas, todos os dados necessários são introduzidos num ficheiro
disponível online e devem atualizados em todos os momentos.

3.3. Armazenamento de produtos


O passo que se segue após a receção de encomendas é o armazenamento dos produtos
rececionados. A maioria dos produtos rececionados são armazenados no robot de forma a
otimizar tempo na altura do atendimento. Existem alguns produtos que, devido às suas
características, não devem ser armazenados no robot. Alguns exemplos desses produtos são
ampolas, devido à sua fragilidade, pílulas mensais tais como a YAZ® (Bayer), devido ao reduzido
tamanho da embalagem ou pelo motivo oposto no caso do PLENVU® (Norgine) cuja embalagem
é demasiado grande para ser armazenada no robot. Aquando do atendimento, quando é feito
um pedido para ser dispensado pelo robot, este segue a lógica FEFO (First Expired, First Out).
Os produtos que não são armazenados no robot, são armazenados no piso superior e agrupados
por ordem alfabética, por família terapêutica ou marca. Neste caso, os produtos são
armazenados seguindo a máxima FIFO (First In, First Out) de modo a evitar que os produtos
com prazo de validade mais alargado sejam vendidos em detrimento daqueles com prazo de
validade mais curto.
Alguns produtos com maior rotatividade ou devido à sazonalidade são armazenados em gavetas
juntos aos balcões de atendimento com o intuito de diminuir o tempo necessário a recolher os
medicamentos aquando do atendimento.
3.3.1.Estupefacientes e psicotrópicos
Conforme é exigido pela legislação em vigor, os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos
estão armazenados num local próprio e único, sendo alvo de um controlo bastante rigoroso.
3.3.2.Condições de armazenamento
As condições de temperatura e humidade são cruciais na manutenção da estabilidade dos
medicamentos. De forma a controlar estas variáveis, a FMV possui vários termohigrómetros que
registam estas condições de hora a hora e armazenam o registo informaticamente. Isto permite
à diretora técnica poder posteriormente analisar estes registos e garantir que estes estão em
conformidade com os requisitos estipulados pela legislação em vigor.
Em farmácias comunitárias, os valores de temperatura não devem exceder os 25 ºC enquanto
que o valor da humidade relativa deve permanecer inferior a 60%. No caso do frigorífico, este
deve permanecer a uma temperatura entre os 2 e os 8 ºC 2.

3.4. Controlo de prazos de validade


De modo a garantir a segurança e qualidade dos produtos vendidos na farmácia, o controlo de
prazos de validade é uma tarefa de extrema importância, realizada todos os meses na FMV.

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Para tal, é gerada automaticamente uma lista de produtos com prazo de validade próximo, até 4
meses em relação ao mês corrente, através do SPharm. Esta lista engloba todos os produtos
cujo prazo de validade esteja dentro do período indicado juntamente com a quantidade de cada
um. Este processo permite separar os produtos cujo prazo de validade esteja em vias de terminar
e ao mesmo tempo conferir os stocks reais, verificando se existem alguma alteração em relação
à quantidade indicada pelo sistema informático, e atualizar os prazos dos produtos indicados.
Aqueles que apresentem um prazo de validade curto são devolvidos ao fornecedor após a
emissão de uma nota de devolução gerada informaticamente.
É de salientar que existem alguns produtos que devem ser devolvidos com maior antecedência
como, por exemplo, os produtos pertencentes ao protocolo de Diabetes tais como as tiras de
glicémia. Este tipo de produtos deve ser devolvido 6 meses antes do prazo de validade indicado.
De forma a atualizar os prazos de validades, é impressa uma lista com os produtos com prazo
de validade entre 4 a 6 meses em relação ao mês atual.

3.5. Devoluções
Quando existem produtos danificados, encomendados por engano ou por aproximação do prazo
de validade, por exemplo, é emitida uma nota de devolução com 3 vias (original, duplicado e
triplicado). Para realizar a nota de devolução deve ser indicado o número da fatura respetiva do
ato de receção do produto, a validade e o motivo de devolução. Todo este processo é
desempenhado através do SPharm. Por fim, o distribuidor recolhe o produto juntamente com o
original e duplicado da nota de devolução devidamente assinados e carimbados. O triplicado
permanece na farmácia também assinado e carimbado devidamente.
Caso o pedido de devolução seja aceite, é emitida uma nota de crédito pelo fornecedor ou são
enviados produtos em substituição dos devolvidos. Caso o pedido de devolução seja recusado,
os produtos devolvidos entram para a lista de quebras da FMV.
Durante o meu estágio tive a possibilidade de realizar devoluções por variados motivos.
Procedi à devolução de produtos por serem enviados com as embalagens danificadas,
produtos encomendados, mas que o utente mudou de ideias quanto à aquisição desse
produto e, no caso da ranitidina, foi realizada a devolução por ordem de recolha por parte
do Infarmed3.

4. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde


Uma das tarefas mais importantes, se não a mais importante, de um farmacêutico em farmácia
comunitária é a dispensa de medicamentos e de outros produtos de saúde. O farmacêutico deve
estar apto e confiante das suas capacidades no atendimento por este representa uma das
profissões na qual os portugueses mais confiam. O ato de dispensa fecha o circuito do
medicamento, pelo que o utente deve sair da farmácia informado quanto à terapêutica, riscos de
interações ou advertências e cabe ao farmacêutico informar ou alertar da melhor forma possível
o utente. Desta forma, o farmacêutico é a última barreira entre o utente e o medicamento sendo
crucial na adesão à terapêutica ou aos cuidados adequados a ter em caso de automedicação. A

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farmácia comunitária serve não só como última etapa do circuito do medicamento como também
de porta de entrada do utente no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Muitos são os casos de
utentes que se deslocam à farmácia para que possam ser aconselhados da melhor forma quanto
a problemas de saúde ou dúvidas em relação à sua terapêutica. Mais uma vez, o farmacêutico
aqui desempenha um papel importantíssimo no aconselhamento terapêutico e impedindo que
serviços tais como Urgências ou Centros de Saúde sejam ocupados por situações menos graves
que possam ser resolvidas através de uma boa comunicação com o utente, dispensa
medicamentosa e aconselhamento terapêutico.
Devido a esta importância e responsabilidade no papel do farmacêutico, o atendimento ao
público foi uma das tarefas mais desafiantes do meu estágio. Apesar do apoio por parte de outros
colaboradores, o ato de dispensa foi uma das tarefas que me obrigou a relembrar os
conhecimentos adquiridos ao longo do curso de forma a desempenhar este ato da melhor forma
possível tendo como objetivo o melhor aconselhamento possível para o utente à minha frente.

4.1. Medicamentos
O medicamento é designado como «toda a substância ou associação de substâncias
apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres
humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com
vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica
ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas;4».
Os medicamentos de uso humano estão divididos em duas categorias de acordo com a dispensa
ao público: MSRM e MNSRM4.
4.1.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica
Os MSRM são aqueles que apenas podem ser dispensados aquando da apresentação de uma
receita médica válida por parte do utente devido aos possíveis riscos para a saúde do mesmo
devido à ausência de vigilância médica, posologia errada ou inadequação da terapêutica.
Um medicamento de uso humano é considerado um MSRM se possuir uma das seguintes
condições:
a) Possa constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo
quando são utilizados para a finalidade indicada na ausência de vigilância médica;
b) Possa constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, quando
utilizado com frequência em quantidades consideráveis para outro fim que não
aquele a que se destina;
c) Contenha substâncias ou preparação à base de certas substâncias cuja atividade ou
reações adversas necessitem de monitorização;
d) Destina-se a administração por via parentérica4.
4.1.2. Medicamentos Genéricos
Um medicamento genérico (MG) é o «medicamento com a mesma composição qualitativa e
quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o
medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade
apropriados;4»

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Este tipo de medicamentos é facilmente reconhecível por não possuírem um nome comercial,
estando identificados pela denominação comum internacional (DCI) e pela designação “MG”
indicada na embalagem exterior do medicamento5.
Assim, os MG apresentam a mesma qualidade, segurança e eficácia do medicamento original
com um preço, geralmente, inferior a este.
4.1.3.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
Os MNSRM são aqueles que não se enquadram em nenhuma das condições mencionadas para
os MSRM4. Estes são também designados por medicamentos de venda livre, podendo ser
dispensados não só em farmácias como em outros locais devidamente autorizados. A dispensa
de MNSRM pode ser realizada por prescrição médica ou por aconselhamento farmacêutico. No
entanto, existem ainda os medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva
em farmácias (MNSRM-EF) sendo estes locais os únicos autorizados à venda deste tipo de
medicamentos como é o caso do SPIDIFEN-EF® (Zambon).
Por não existir a necessidade de prescrição médica no que toca aos MNSRM, estes são uma
das grandes armas dos farmacêuticos na farmácia comunitária. Um bom conhecimento quanto
aos diferentes MNSRM é importante quando existe uma procura por aconselhamento terapêutico
por parte de um utente. Assim, o farmacêutico é capaz de traçar o melhor plano de forma a
melhorar o estado de saúde do utente, indicando de forma responsável o tratamento que o utente
deve seguir e explicando todas as precauções a tomar para que este tratamento seja eficaz.
4.1.4. Medicamentos Homeopáticos
Os medicamentos homeopáticos são considerados, na sua maioria, como MNSRM, desde que
não estejam abrangidos por nenhuma das condições que definam um MSRM4. Este tipo de
medicamentos é obtido através de substâncias designadas stocks ou matérias-primas naturais
e são produzidos de acordo com um processo de fabrico descrito na Farmacopeia Europeia ou,
no caso da sua ausência, na farmacopeia utilizada no Estado Membro de forma oficial e que
pode conter vários princípios4,6.
Os medicamentos homeopáticos são produtos com bastantes vendas na FMV. Existem vários
utentes que procuram aconselhamento juntamento dos colaboradores, muitas vezes procurando
este tipo de medicamentos por iniciativa própria. Cabe à pessoa responsável pelo atendimento
indicar de forma adequada um medicamento indicado ao utente em questão para o problema de
saúde do mesmo.
Durante o meu período de atendimento ao público tive a oportunidade de aconselhar este
tipo de medicamentos. Um dos casos mais memoráveis foi o de um utente de uma faixa
etária mais avançada, polimedicado, que se deslocou à farmácia à procura de um
medicamento para prevenção e tratamento de sintomas gripais que não tivesse qualquer
tipo de interação com a medicação que já estava a tomar. Aquando deste atendimento,
aconselhei ao utente em questão Oscillococcinum® (Boiron) uma vez que se tratava de um
utente polimedicado e pertencente a um grupo de risco.
4.1.5.Medicamentos de uso veterinário
Um medicamento veterinário é definido como todo o medicamento destinado ao uso em animais7,
segundo o Decreto-Lei n.º 148/2008 os medicamentos veterinários são definidos como «toda a

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substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas


ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou
administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo
uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções
fisiológicas;8»
Usualmente, existem alguns utentes que procuram a FMV para adquirirem medicamentos de uso
veterinários ou outros produtos de uso veterinário.
Inicialmente, deparei-me com alguma dificuldade no aconselhamento ao balcão quanto a
este tipo de medicamentos e produtos, no entanto, mais tarde já me sentia mais apto no
aconselhamento mediante os pedidos dos utentes.

4.2. Suplementos alimentares


Os suplementos alimentares são definidos pelo Decreto-Lei n.º 136/2003 como «géneros
alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal e que
constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito
nutricional ou fisiológico, estremes ou combinadas, comercializadas em forma doseada, tais
como cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas e outras formas semelhantes, saquetas de pó,
ampolas de líquido, frascos com conta-gotas e outras formas similares de líquidos ou pós que se
destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade reduzida;9»
O mercado dos suplementos alimentares é vasto e sempre em crescimento tornando difícil o
acompanhamento dos produtos que são introduzidos anualmente no mercado. De forma a estar
mais informado quanto a estes produtos, estive presente em algumas formações sobre
suplementação alimentar que me permitiram adquirir conhecimento quanto a alguns dos
produtos disponíveis no mercado e assim poder aconselhar da forma mais adequada
utentes que procuram conselhos ou indicações de suplementos para determinados
problemas de saúde indicados.

4.3. Produtos dermocosméticos


Os produtos de dermocosmética são substâncias ou misturas de substâncias destinadas a serem
colocadas em contacto com a superfície do corpo (epiderme, unhas, couro cabeludo ou órgãos
genitais externos) ou com os dentes e mucosas bucais com a finalidade de limpar, melhorar o
aspeto, corrigir odores corporais ou proteger estas superfícies10.
Esta categoria engloba diversos produtos tais como protetores solares, hidratantes, champôs,
geles de banho, desodorizantes, etc. Apesar de estes produtos não serem sujeitos a receita
médica, reparei que eram vários os utentes que se deslocavam à FMV com receitas médicas
indicando este tipo de produtos para o tratamento de vários problemas dermatológicos tais como
queimaduras, cicatrizes, acne ou pele atópica.
Devido à diversidade de produtos, marcas e gamas, é importante que o farmacêutico se
mantenha atualizado quanto à variedade de produtos disponíveis de forma a melhorar o
atendimento e aconselhamento em casos como os descritos anteriormente.

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Assim, para me informar quanto à alguns dos produtos disponíveis no mercado, tive a
oportunidade de assistir a algumas formações de produtos de dermocosmética que me
permitiram ter uma melhor perceção dos vários tipos de produtos existentes e quais os
produtos mais indicados para determinadas situações que possam surgir na farmácia.

4.4. Produtos de puericultura


Qualquer produto cujo finalidade seja a higiene, alimentação, sucção ou facilite o sono das
crianças é considerado um produto de puericultura11.
Na FMV tive a possibilidade de vender vários artigos de puericultura uma vez que existem
diversos e vários artigos disponíveis nesta farmácia. Desde brinquedos e chupetas a
biberões anticólicas e boiões de fruta. De um modo geral, este tipo de artigos é procurado
por pais à procura do melhor cuidado que possam dar ao seu filho.

4.5. Dispositivos médicos


Um dispositivo médico é qualquer «instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou
artigo utilizado isoladamente ou em combinação12» cujo principal efeito que se pretende atingir
«não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos12.»
Estes podem ser utilizados para fins de:
a) «Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;
b) Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de
uma deficiência;
c) Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;
d) Controlo da concepção12.»
Durante o estágio estive em contacto com vários dispositivos médicos. Aquando do
atendimento, fui capaz de aconselhar alguns destes dispositivos tais como pensos ou
compressas para determinados problemas que foram surgindo, testes de gravidez e
dispositivos para doentes ostomizados.

5. Receita médica
A prescrição de medicamentos para uso humano através de receita médica pode ser realizada
apenas por profissionais de saúde devidamente habilidade a prescrever este tipo de
medicamentos13,14.
Independentemente do tipo de receita médica, esta deve incluir de forma obrigatória a DCI da
substância ativa, a fórmula farmacêutica, a dosagem, tamanho da embalagem e posologia. Pode
em alguns casos, estar indicada a denominação comercial ou medicamento ou indicação do
titular da AIM14.
No caso de medicamentos manipulados, produtos dietéticos com finalidade terapêutica, câmaras
expansoras ou produtos para o controlo da diabetes Mellitus, todos estes devem ser prescritos
numa receita médica onde não constem outros produtos14.

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5.1. Receita manual


Atualmente, é obrigatória a prescrição de forma informática de forma a agilizar o processo de
dispensa e evitando erros subjetivos. Este tipo de receita deve ser utilizado de forma excecional
tal como previsto no artigo 8.º da Portaria nº 224/2015, de 27 de julho. Estão abrangidas quatro
exceções legais permitidas:
a) Falência informática;
b) Inadaptação do prescritor;
c) Prescrição ao domicílio;
d) Até 40 receitas por mês.
A validade para levantamento é de 30 dias a contar desde a data da prescrição e esta deve
conter um máximo de quatro medicamentos distintos, sendo que o máximo por receita são 4
embalagens e o máximo por medicamento são 2 embalagens (exceção feita aos medicamentos
de embalagens unitário cujo limite 4).
Este tipo de prescrições deve apresentar-se com o nome do utente, número de utente ou regime
de comparticipação, vinheta do médico e assinatura do mesmo e a identificação do local de
prescrição. Apenas uma caneta pode ser utilizada, não deve conter rasuras ou caligrafias
diferentes de modo a não evitar problemas na comparticipação. Em casos onde o médico não
especifique a dimensão da embalagem de determinado medicamento, é dispensada a de menor
quantidade14.

5.2. Receita eletrónica materializada


Estas prescrições podem ser não renováveis ou renováveis no caso de os medicamentos
prescritos terem como finalidade um tratamento de longa dura podendo ter até 3 vias. Cada uma
destas vias deve estar corretamente identificada e possuir um número de receita único. A
validade destas receitas é de 30 dias, exceto aquelas que são consideradas renováveis que
podem apresentar uma validade até 6 meses. A quantidade que é possível prescrever neste tipo
de receita tem o mesmo limite das receitas manuais14.

5.3. Receita eletrónica desmaterializada


Estas receitas permitem a prescrição de vários medicamentos sendo que cada linha
«corresponde a um Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM)
ou a um número de registo de um medicamento ou outro código identificador do produto
prescrito14.»
No caso de medicamentos para tratamento de curta ou média duração, podem ser prescritas até
2 embalagens desse medicamento tendo uma validade de 2 meses após a data da prescrição.
No caso de medicamentos utilizados para tratamento de longa duração, é possível prescrever
um máximo de 6 embalagens e esta apresenta uma validade de 6 meses.
As receitas eletrónicas desmaterializadas mudaram o ato da dispensa, permitindo aos utentes
levantarem a sua medicação conforme a sua necessidade, podendo levantar o número de
medicamentos que quisessem de cada vez que se deslocam à farmácia e não sendo necessário
adquirir todos os medicamentos de uma só vez, no mesmo dia, no mesmo local. Estas são de

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caráter obrigatório para todas as entidades do SNS desde o dia 1 de abril de 2016 e devem
apresentar um número de prescrição, um código de acesso e um código de direito de opção
únicos14.

5.4. Validação e dispensa da receita médica


Quando o farmacêutico se depara com uma receita médica, para esta ser validada pelo mesmo,
o medicamento deve estar corretamente identificado por DCI ou pelo nome da substância ativa,
fórmula farmacêutica, quantidade da embalagem, posologia e número de embalagens
medicamentosas. A farmácia deve ter disponível para venda, no mínimo, 3 dos 5 medicamentos
correspondentes aos preços mais baixos de cada grupo homogéneo (GH).
No ato da dispensa de medicamentos, o farmacêutico deve informar o utente das opções que
estão disponíveis na farmácia correspondentes ao medicamento prescrito e das opções mais
baratas existentes no mercado.
O utente tem sempre a opção de escolher qualquer medicamento que apresente o mesmo
CNPEM assumindo a diferença de preço e demonstrando que exerceu o seu direito de opção
por esse medicamento.
Podem ocorrer casos em que o médico prescritor opta por um determinado medicamento,
prescrevendo-o através do seu nome comercial ou do titular.
Existe também a possibilidade de o médico ter prescrito o medicamento pelo nome comercial ou
do titular Autorização de Introdução no Mercado (AIM). Este tipo de situações pode ocorrer
quando:
a) Se trata de um medicamento de marca, não existindo um medicamento genérico
comparticipado ou similar;
b) O medicamento deve apenas ser prescrito para determinadas situações terapêuticas;
c) O medicamento não pode ser substituído por alguma exceção;
• Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º → Margem ou índice terapêutico estreito
(Limitada a medicamentos que constem numa lista elaborada pelo Infarmed.)
• Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º → Reação adversa prévia.
(Aplicável em situações previamente reportadas ao Infarmed em que tenha ocorrido uma
reação adversa.)
• Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º → Tratamento superior a 28 dias.
Apenas na última exceção apresentada (Exceção c) é possível dispensar um medicamento
semelhante ao que foi prescrito desde que apresente um preço inferior, tendo o utente que
demonstrar que exerceu o seu direito de opção14.

5.5. Regimes de comparticipação


De acordo com a legislação atual, estão previstos dois regimes de comparticipação, geral e
especial, sendo que o último engloba situações específicas ligadas a determinadas patologias
ou grupos de doentes15.

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5.5.1.Regime geral de comparticipação de medicamentos


Neste regime, o Estado é responsável pelo pagamento de uma percentagem definida do PVP do
medicamento tendo em conta os escalões estabelecidos de acordo com a classificação
farmacoterapêutica16:
• Escalão A → 90%
• Escalão B → 69%
• Escalão C → 37%
• Escalão D → 15%
A comparticipação é aplicada sobre o preço de referência quando existe um GH ou sobre o PVP
na ausência de GH. O preço de referência é definido pela média dos 5 medicamentos com o
preço mais baixo do GH (não tendo em conta preços iguais). Este grupo enquadra todos os
medicamentos que apresentem a mesma substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e via
de administração. Os valores de referência devem ser atualizados de modo trimestral podendo
levar a alterações no valor de comparticipação pelo SNS, sendo que esta informação deve ser
transmitida ao utente16.
5.5.2.Regime especial de comparticipação de medicamentos
Este regime de comparticipação prevê dois tipos de comparticipação: em função dos
beneficiários e em função das patologias ou de grupos especiais de utentes.
Os pensionistas compreendidos por este regime beneficiam de um acréscimo de 5% na
comparticipação no preço de medicamentos do Escalão A e de 15% no preço de medicamentos
dos Escalões B, C e D.
Além disso, sempre que um medicamento, abrangido por qualquer escalão, apresente um PVP
correspondente a um dos cinco mais baratos do GH e esse mesmo PVP seja igual ou inferior ao
preço de referência no GH, o medicamento é dispensado de forma gratuita ao utente15,16.
Um dos pontos mais satisfatórios no atendimento ao público era nestas situações. Por
vezes alguns utentes até teriam alguma dificuldade para pagar a sua medicação, mas a
alegria era notória no rosto quando me era possível informar que a medicação que ia
levantar seria gratuita.
5.5.3.Outras comparticipações
Medicamentos destinados a certas patologias ou grupos de doentes são comparticipados de
acordo com as portarias definidas para cada um desses casos, podendo em alguns deles a
comparticipação ser de 100%. As patologias abrangidas por este regime são: doença de
Alzheimer, doentes ostomizados, lúpus, hemofilia, hemoglobinopatias, paramiloidose, psicose
maníaco-depressiva, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide, espondilite anquilosante,
dor oncológica (moderada a forte), dor crónica não oncológica (moderada a forte), procriação
medicamente assistida e psoríase, diabetes mellitus, ictiose. Para que exista comparticipação
neste tipo de patologias de acordo com os valores estabelecidos, é indispensável que o medico
prescritor mencione corretamente o diploma correspondente à mesma16.
Em algumas ocasiões, ocorreram erros na atribuição destes diplomas que levaram a
algum transtorno aos utentes uma vez que os impossibilitava de adquirem os produtos na
farmácia.

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Ainda como complemento da comparticipação do SNS, existem sistemas privados tais como o
SAMS® (Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários), EDP-Savida® e a
Multicare®. Através destes sistemas, os utentes recebem um complemento à comparticipação
desde que se façam acompanhar devidamente com os documentos de identificação e de
benificiário necessários na altura da dispensa de MSRM.

5.6. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes


Este tipo de medicamentos por possuírem substâncias que atuam a nível do Sistema Nervoso
Central, produzem ações estimulantes, depressoras ou desviantes. Por serem utilizados no
tratamento da dor moderada a forte e em patologias psicológicas, estão sujeitos a um controlo
mais rigoroso tal como previsto no Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de janeiro. Assim, estes
medicamentos devem ser prescritos em receitas materializadas, eletrónicas ou manuais, únicas
podendo apenas serem acompanhados de outro medicamento desta classificação 15.
Aquando da dispensa desta classe de medicamentos, o SPharm obriga ao preenchimento de
informações relativas ao doente e ao adquirente (podendo este ser outra pessoa que não o
doente). São necessários os dados de um documento de identificação (Cartão de Cidadão, Carta
de Condução, Bilhete de Identidade ou Passaporte) e a morada. Finalizando o atendimento e
respetiva dispensa, é impresso um talão referente a esta venda que é arquivado na farmácia
durante 3 anos.
No início de cada mês, é enviado ao INFARMED o registo de medicamentos psicotrópicos e
estupefacientes do mês anterior dispensados na FMV.

5.7. Medicamentos à base de canábis


Estes medicamentos constam numa listagem fornecida pelo Infarmed e quando prescritos devem
seguir as mesmas regras do medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, ou seja, a receita
médica não deve conter outros medicamentos. A prescrição destes medicamentos deve ser feita
indicando o nome comercial do mesmo e só é possível em casos onde outros tratamentos mais
convencionais são surtam os efeitos esperados ou tenham provocado efeitos adversos mais
graves. Desta forma, as prescrições destes medicamentos estão limitadas aos fins terapêuticos
listado na Deliberação n.º 11/CD/2019. Aquando da prescrição, o médico deve indicar qual a
finalidade do medicamento que podem ser:
a) «Espasticidade associada à esclerose múltipla ou lesões da espinal medula;
b) Náuseas, vómitos (resultante da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV
e medicação para hepatite C);
c) Estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos
oncológicos ou com SIDA;
d) Dor crónica (associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso, como por
exemplo na dor neuropática causada por lesão de um nervo, dor do membro fantasma,
nevralgia do trigémio ou após herpes zoster);
e) Síndrome de Gilles de la Tourette;

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

f) Epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância, tais como as


síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut;
g) Glaucoma resistente à terapêutica15.»
O médico prescritor deve indicar a posologia e duração do tratamento juntamente com as
indicações necessárias à utilização deste tipo de medicamentos15.
Durante o meu estágio, tive a oportunidade de estar em contacto com este tipo de medicamentos
como, por exemplo, o SATIVEX® (Almirall) e assistir à sua introdução no mercado apesar de
nunca ter ocorrido a necessidade de dispensar durante algum atendimento.

5.8. Medicamentos manipulados


A prescrição de medicamentos manipulados é possível quer através de receitas manuais quer
eletrónicas (materializadas ou desmaterializadas). No entanto, só pode ser dispensada uma
embalagem por medicamento manipulado prescrito. A prescrição é feita através de uma lista
predefinida e o médico prescritor deve indicar a dosagem e quantidade. No caso de receitas
manuais ou eletrónicas materializadas, o manipulado deve ser prescrito isoladamente, não
podendo existir outros produtos ou medicamentos na mesma.
Estes medicamentos podem ser comparticipados em 30% desde que conste no anexo do
Despacho nº 18694/2010 de 18 de novembro15.

5.9. Conferência do receituário


A conferência do receituário não é uma tarefa apenas a realizar no back office, esta começa
exatamente no momento do atendimento onde o farmacêutico deve conferir e avaliar se a receita
médica cumpre todos os requisitos para ser considerada válida. Os lotes estão organizados em
30 receitas cada um, por ordem crescente, e no final cada lote é triplamente verificado por três
colaboradores diferentes na FMV. Quando o lote está verificado, é impresso o respetivo verbete
desse lote.
Todos os meses, no final, é realizado o fecho dos lotes de receitas. Para isso, são emitidos os
resumos de lotes e faturas que devem ser devidamente assinados e carimbados pelo
responsável pela tarefa. Finalizado este passo, as receitas são enviadas às entidades
comparticipantes.
A entidade com maior número de receitas é o SNS. Para esta, a documentação deve ser
entregue até ao dia 10 do mês seguinte a que são referentes as receitas através do Centro de
Conferência de Faturas (CCF). Esta entidade fica responsável por verificar se as receitas
cumprem todos os requisitos e se foram cumpridas as intenções do médico prescritor no ato da
dispensa.
Caso seja detetada alguma inconformidade, a respetiva receita é devolvida à farmácia e, como
tal, o valor da comparticipação não é reembolsado significando um prejuízo financeiro para a
farmácia. Por esta razão, a conferência do receituário é um passo extremamente importante e
delicado que deve começar no atendimento, a fim de evitar este tipo de situações e garantir a
estabilidade da farmácia.

Pedro Nuno Ferreira de Fontes | up201406076


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Nos casos em que existe uma comparticipação adicional por parte de um sistema privado
(SAMS®, Medicare®, EDP-Savida®, etc.), quer as receitas quer os documentos que comprovam
a dispensa devem ser enviados à AFP que, por sua vez, comunica diretamente com estes
sistemas de forma a que haja um reembolso do valor das comparticipações.
Durante o meu estágio, inicialmente, fui observando a conferência do receituário no back
office onde fui instruído para os cuidados a ter tanto nesta tarefa como de início quando
tivesse acesso em primeira mão durante o atendimento. Depois de observar, fui capaz de
conferir parte do receituário com acompanhamento para mais tarde fosse capaz de o fazer
de forma autónoma.

6. Outros serviços prestados na farmácia


6.1. Medição de parâmetros físicos
Na FMV, existe um aparelho junto à porta de entrada que permite a medição automática de
parâmetros tais como a altura, peso e IMC.

6.2. Medição de parâmetros bioquímicos


• Medição da pressão arterial:
A medição deste parâmetro pode ser realizada com no aparelho junto à entrada da FMV ou no
gabinete com o auxílio de um tensiómetro de braço automático.
Surgiam utentes para medições das duas formas, sendo que, durante o meu estágio, notei
que alguns utentes preferiam a medição no gabinete devido à maior privacidade e
possibilidade de um aconselhamento mais pessoal. Assim, durante o estágio efetuei
medições recorrendo aos dois aparelhos por escolha dos utentes. Deparei-me com todo
o tipo de situações e, sempre que necessário, aconselhei o utente quanto a medidas não-
farmacológicas que poderia tomar de forma a melhorar ou controlar os valores de pressão
arterial. Informei também os utentes quanto à monitorização desses valores de forma mais
regular em situações que assim o requeriam.
• Medição da glicémia capilar
Na FMV, os utentes podem solicitar a medição do nível de glicémia. Esta é realizada recorrendo
a uma punção capilar com uma lanceta descartável e a leitura é efetuado com o aparelho para o
devido efeito.
Durante o meu estágio, não tive muitas oportunidades de observar este tipo de medições
uma vez que não era um serviço muito requisitado pelos utentes.
• Medição do colesterol total e triglicerídeos
Na FMV, também se efetuam medições do colesterol total e triglicerídeos, por punção capilar tal
como anteriormente mencionado. A leitura é por fim efetuado com um leitor desenhado para
esse efeito.
No meu estágio, infelizmente, não tive observei este tipo de medições uma vez que
nenhuma oportunidade se proporcionou para tal.

Pedro Nuno Ferreira de Fontes | up201406076


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6.3. Administração de injetáveis


Na FMV existem profissionais de saúde com aptidão e devidamente habilitados para a
administração de injetáveis. Este serviço é bastante requisitado pelos utentes e considerado
prático considerando que evitava a deslocação destes a outros serviços prestadores de cuidados
de saúde para que lhe fossem administradas as preparações injetáveis. Em ocasiões onde não
estivesse presente um profissional habitado, os utentes eram informados sobre o próximo horário
a que se poderiam deslocar à farmácia para a administração.
Durante o meu estágio, tive a oportunidade de observar algumas administrações de
injetáveis tais como VOLTAREN® (Novartis), Relmus® (Sanofi) e, mais tarde, vacinas da
gripe tais como a INFLUVAC TETRA® (Mylan) uma vez que o meu estágio se prolongou
até à altura da vacinação.

6.4. Consulta de nutrição


Mensalmente, a FMV disponibiliza um dia para a realização destas consultas. As consultas são
por marcação prévia e são da responsabilidade de uma nutricionista com quem a FMV tem uma
boa relação e que se desloca à farmácia no dia indicado. Estas consultas são realizadas no
gabinete de forma a que exista um ambiente mais privado para o desenrolar da consulta.
Estas consultas eram bastante requeridas pelos utentes da FMV, marcando a hora da
consulta com a antecedência necessária. Verifiquei ainda que alguns dos utentes faz a
marcação desta consulta de forma regular.

6.5. ValorMed
A ValorMed é uma sociedade sem fins lucrativos que foi criada em 1999 resultando de uma
colaboração entre farmácias, distribuidores e a indústria farmacêutica e que tem como
responsabilidade a gestão dos resíduos de embalagens vazias e de medicamentos fora de uso
Os contentores da ValorMed são entregues à farmácia pelos armazenistas e, quando estes se
encontram cheios, são selados e registados no sistema de forma a serem levantados pelo
distribuidor. Este registo é efetuado através do SPharm e deve estar indicado o nome da
farmácia, o número do contentor, o distribuidor responsável pela recolha, data da recolha e
assinaturas quer do responsável pelo fecho do contentor quer pelo responsável pela recolha17.
A FMV é aderente deste programa pelo que os utentes podem e têm-se dirigido a esta farmácia
de forma a entregarem os seus medicamentos fora de uso ou com prazo de validade terminado.

6.6. “Seringas só no Agulhão”


Este é um projeto-piloto inovador que foi implementado pela AFP em parceria com a empresa
Stericycle e tem como objetivo a recolha de seringas utilizadas por diabéticos assim como de
outros utentes que necessitam de administrar medicamentos injetáveis. Cada farmácia tem um
contentor próprio, o Agulhão. Desta forma, os utentes podem deslocar-se à farmácia para que
as seringas usadas possam ser descartadas. Isto permite, pela primeira vez, aos cidadãos terem
uma solução ecológica, segura e de forma gratuita para as seringas usadas18.
De momento, fazem parte deste projeto-piloto 10 farmácias sendo que a FMV é uma delas.

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7. Formações
Ao longo de todo o meu estágio, a FMV proporcionou-me a oportunidade de assistir a
várias formações quer internamente quer fora da farmácia. Essas formações abrangeram
diferentes marcas, produtos e gamas como, por exemplo, formações da Pharma Nord ®,
Bioderma®, Vichy® e LiveMed® (Anexo 1).
Estas formações têm como principal objetivo manter os profissionais de saúde
informados e atualizados quanto a novos produtos ou temas. Estas formações
contribuíram bastante para o meu conhecimento sobre novos produtos como também de
produtos já existentes na farmácia, fortalecendo assim a minha confiança para um melhor
aconselhamento aos utentes.

Parte II – Apresentação dos temas desenvolvidos

Tema 1 – Homeopatia

1. Enquadramento
A homeopatia é considerada como uma medicina complementar e alternativa que tem
demonstrado um grande crescimento ao longos dos últimos anos em Portugal19. Este
crescimento tem-se verificado pela progressiva preocupação da população em encontrarem
alternativas naturais para o dia-a-dia. Visto que a procura tem vindo a aumentar, a oferta de
produtos e serviços seguiu o mesmo rumo.
Este crescimento afeta também as farmácias, uma vez que estas são um sinónimo de produtos
de saúde e onde os utentes se deslocam na necessidade de obterem cuidados de saúde.
Ao longo do meu estágio, estive em contacto com diversos medicamentos homeopáticos,
nomeadamente da Boiron®, e apercebi-me de que são medicamentos procurados por alguns
utentes e são utilizados na prática do aconselhamento farmacêutico.
Pela minha experiência pessoal, muitos utentes ainda desconhecem este conceito terapêutico,
outros mostram-se bastante céticos, enquanto que outros aderem bem a esta terapêutica. De
notar que existiam situações de utentes que se dirigiam à farmácia em busca de um
medicamento homeopático que os pudesse ajudar com determinados problemas de saúde. Em
outros casos, após um aconselhamento prévio, alguns utentes voltavam à farmácia para informar
do funcionamento do tratamento e até mesmo para adquirirem um novo medicamento
homeopático.
Por todas estas razões e de forma a melhorar o meu conhecimento e o dos meus colegas,
desenvolvi um projeto sobre Homeopatia onde foi elaborada uma apresentação para os
colaboradores (Anexo 7). Esta apresentação tinha como objetivo fortalecer o conhecimento da
equipa da farmácia sobre a matéria em torno deste conceito, os obstáculos que possam
encontrar e as provas que podem na farmácia sobre os medicamentos homeopáticos.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

2. História
A homeopatia surgiu à mais de 200 anos no final do séc. XVIII pelas mãos de Dr. Samuel
Hahnemann, um médico alemão que além do interesse pela medicina e botânica, era ainda
fluente em oito línguas. Hahnemann nasceu em 1755 em Meissen e faleceu no ano 1843 em
Paris20. Dr. Samuel Hahnemann e iniciou a sua prática médica em 1779. Todavia, naquela época,
alguns dos procedimentos levados a cabo pelos médicos causavam mais danos nos seus
pacientes do que os encaminhavam para o caminho da cura, como era o caso dos laxantes ou
sangrias. Não concordando com estas práticas, Hahnemann dedicou-se à tradução graças aos
seus dotes com várias línguas. Enquanto se dedicou à tradução da Materia Medica, do médico
e químico escocês William Cullen, um facto chamou-o à atenção. Nesta publicação, era descrito
que a Cinchona officinalis, utilizada no tratamento do paludismo, fortalecia o estômago e produzia
uma substância que contrariava a febre23. Esta descrição despertou a curiosidade de
Hahnemann que decidiu tomar doses regulares de cinchona e reparou que esta toma
desencadeou os sintomas de febre intermitente, tal como acontece na malária, mas num estado
menos grave23.
Desta forma, o médico alemão acreditava que se um paciente apresentasse uma doença, esta
poderia ser curada administrando um produto que, se fosse dado a um paciente saudável este
iria reproduzir os mesmo sintomas da doença, porém numa escala menor21.
Hahnemann realizou várias experiências ao longo dos anos consigo mesmo, com a sua família
e com um grupo de seguidores. Durante este período, ele testou diversos produtos medicinais
de origem animal, vegetal e mineral em indivíduos saudáveis20. Estas experiências foram mais
tarde designadas como “provas homeopáticas”. Os resultados destes testes foram anotados
quanto às reações físicas, químicas e emocionais que exerciam nos voluntários. Hahnemann
conseguiu, desta forma, evidenciar uma premissa já referida por Hipócrates: “Similia Similibus
Curantur” que significa “Semelhante Cura Semelhante”. Esta premissa foi onde este se apoio
para a base da homeopatia, sendo ainda hoje em dia um dos princípios básicos desta
terapêutica20-22.
A palavra “homeopatia” surgiu pela primeira vez em 1807 e deriva das palavras gregas hómoios
(semelhantes) e páthos (doença). Através destas experiências, Hahnemann desenvolveu a
Homeopatia e que mais tarde culminou com a sua publicação do Essay on a New Principle for
Ascertaining the Curative Power of Drugs, em 1796 seguida do seu mais famoso trabalho The
Organon of The Healing Art, publicado em 1810. Este último, o Organon, é ainda nos dias de
hoje um guia para os homeopatas20-22.

3. Princípios
A homeopatia estabelece as suas bases em 3 princípios fundamentais:
• Princípio da Similitude
Este princípio tem por base a máxima “semelhante cura semelhante”. Isto significa que uma
substância capaz de causar determinados sintomas numa pessoa saudável pode estimular a
cura numa pessoa sofrendo esses sintomas.

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Um exemplo deste tipo de ação é o medicamento de Apis mellifica (abelha). Aquando de uma
picada de uma abelha, esta pode desencadear reações inflamatórias, edema, comichão e
reações respiratórias. De acordo com este princípio, o medicamento de Apis mellifica pode ser
utilizado para tratar estes sintomas22.
• Princípio da Infinitesimalidade
Sabendo que doses mais altas de determinadas substâncias provocariam efeitos indesejados,
Hahnemann pretendia que apenas fosse utilizada a dose mínima necessária para a cura de
certas doenças, evitando esses efeitos não desejados. De forma a minimizar os efeitos adversos
ou tóxicos das substâncias, Hahnemann desenvolveu um procedimento de sucessivas diluições
e agitações que permitiam uma maior segurança com uma dose mais baixa. No entanto,
contrariamente ao que estaria à espera, a potência destes remédios seguia o caminho crescente
das diluições significando uma maior potência dos efeitos curativos em diluições mais altas ao
mesmo tempo que diminuía a toxicidade destes.
Esta última observação afirma exatamente o contrário da “medicina convencional” onde quanto
maior a diluição de uma substância ativa, menores são os seus efeitos terapêuticos ou
tóxicos20,22.
• Princípio da Totalidade
O doente é observado como um todo e o seu tratamento é individual. Um doente não é apenas
definido por sinais clínicos ou pelos sintomas descritos pelo mesmo, mas sim um aglomerado de
todos eles. Assim, para o tratamento homeopático ser eficaz, deve-se ter em atenção o estado
físico, emocional e mental da pessoa.

4. Preparação de medicamentos homeopáticos


4.1. Obtenção das matérias-primas
Os medicamentos homeopáticos são obtidos através de produtos naturais de origem animal,
vegetal e mineral pelo que o nome dos medicamentos, de uma forma generalizada, assume o
nome em latim da sua origem (Ex: Apis mellifica, Arnica montana, Arsenicum album, etc.). Estes
produtos podem ser patológicos ou não-patológicos, também designados como nosodos e
sarcodos, respetivamente, por homeopatas24.
4.2. Processo de potencialização
Hahnemann sabia que as substâncias não diluídas provocavam reações adversas e/ou tóxicos
demasiado fortes. Por esse motivo, desenvolveu um procedimento de diluições sucessivas
conjuntamente com agitações vigorosas entre cada uma das diluições.
Este procedimento é denominado por “Potencialização” ou “Dinamização”. Para obter o
concentrado a partir do qual se desenvolve o processo, as substâncias são dissolvidas em água
destilada ou álcool. De seguida, realizam-se diluições sucessivas e séries de agitações vigorosas
entre cada diluição. Estas séries de agitações devem ser feitas contra superfícies duras de forma
a potencializarem a substância. A ideia deste processo é que as sucessivas diluições e
sucussões conduzem à ativação dos poderes curativos e intensifica o seu efeito21,22.

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4.3. Diluições
As sucessivas diluições seguem uma escala de potência baseada nos números romanos sendo
que a escala mais comum é a C, também designada como CH que significa “Centesimal
Hahnemanniana”. As razões das diferentes escalas de diluição são:
• X – 1:10
• C – 1:100
• M – 1:1000
Nestas diluições é retirada uma parte da solução e adicionada a 9, 99 ou 999 partes de água,
respetivamente.
As diluições e sucussões sucessivas são responsáveis pela potencialização do medicamento e
dos seus efeitos curativos. Assim sendo, diluições mais baixas são utilizadas em sinais ou
sintomas locais, de caráter menos grave, enquanto que diluições mais altas devem ser
aconselhadas em casos mais graves como alterações comportamentais22,29.
No caso, por exemplo, de uma diluição 6CH que facilmente se encontra disponível numa
farmácia, a razão é de 1 em 1 000 000 000 000. Por vezes, estes medicamentos podem estão
tão diluídos que se torna difícil a distinção para a solução de diluição. A maior diluição que se
possa obter que ainda contém alguma molécula da substância inicial será uma diluição de
12CH25. A razão para este tipo de medicamentos funcionarem é que através do processo de
potencialização, descrito anteriormente, a substância provoca um efeito de imprinting na água,
deixando uma “força espiritual desmaterializada”21.
Um exemplo prático das diluições extremas é o Oscillococcinum® (Boiron). Este medicamento
homeopático é produzido a partir de fígado de pato diluído a uma escala de 200CH26. Não existe
nenhuma evidência científica da atividade deste medicamento além do efeito placebo. Não
obstante, este encontra-se em produção à mais de 65 anos e ainda hoje está disponível para
venda em farmácias.
As altas diluições continuam a ser alvo de controvérsia e um dos pontos de maior discórdia por
parte da comunidade científica, uma vez que vai colidir com os conhecimentos empíricos
alcançados até hoje.

5. Segurança e eficácia
Os medicamentos homeopáticos estão disseminados globalmente, mas o seu enquadramento
nos sistemas de saúde varia entre os vários países. A Organização Mundial de Saúde (OMS)
elaborou um documento de forma a auxiliar os diversos Estados Membros quando aos produtos
homeopáticos e guiá-los no sentido seguro aquando da produção e utilização destes produtos.
Com o contínuo crescimento no uso de medicamentos homeopáticos, existe uma necessidade
ainda maior de certificar que este tipo de produtos é seguro, não causando transtornos maiores
aos seus consumidores. A segurança e a qualidade dos produtos homeopáticos não dependem
apenas do processo de fabrico, mas também da origem, uma vez que estes produtos advém de
origens naturais, podendo as matérias-primas variarem de país para país, exigindo um maior
controlo a este nível. Além disso, substâncias naturais utilizadas em produtos homeopáticos tais

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

como órgãos animais, fungos, vírus e parasitas podem constituir potenciais perigos para a saúde
quando não devidamente controlados27.
A segurança dos produtos homeopáticos é um assunto preocupante por estas razões. De acordo
com a OMS, a maioria dos produtos homeopáticos são considerados seguros pelo facto de
sofrerem várias diluições consecutivas, diminuindo assim a concentração inicial da substância,
reduzindo a sua toxicidade. Não obstante, existem alguns produtos homeopáticos onde tal não
se verifica podendo o produto conter doses concentradas21,27.
A Assembleia Mundial de Saúde (AMS), apelou a que cada Estado Membro implementasse
políticas e normas a adotar na utilização de produtos de medicina tradicional (incluindo
homeopatia) com o intuito de promover a segurança e efetividade aquando do uso destes
produtos. Com isto, espera-se uma harmonização nos termos associados à homeopatia e aos
graus de diluições que são considerados seguros ao mesmo tempo cooperando com os restantes
Estados Membros com trocas de informações relativas de interesse geral27.
A eficácia dos produtos homeopáticos em si é apenas comprovada por doente que recorreram a
estes produtos de forma a tratar ou melhorar um problema de saúde. Atualmente, não existe
nenhuma prova científica baseada em provas empíricas de que qualquer medicamento
homeopático tenha algum tipo de efeito terapêutico além do Efeito Placebo21,28. As
concentrações muito reduzias nas formulações homeopáticas finais são um dos principais
obstáculos da tentativa de obter uma prova clínica da eficácia destes produtos. Alguns destes
produtos chegam a ser tão diluídos que não seria possível encontrar um único átomo da
substância originária21,29.
Alguns homeopatas apoiam a ideia de que para testar a eficácia dos produtos homeopáticos, os
ensaios clínicos não são a melhor opção. Acreditam que a eficácia dos homeopáticos deve ser
baseada em estudos observacionais e na satisfação dos pacientes, não em estudos clínicos,
controlados e aleatórios uma vez que, de acordo com os princípios da homeopatia, cada
indivíduo é único e este deve ser tratado em toda a plenitude do ser não olhando apenas a uma
relação causa-efeito. Deste modo, os dados quanto à efetividade dos homeopáticas seria
ocultada pela falta de ligação com o paciente21,27.

6. Consulta e tratamento
A homeopatia segue uma abordagem holística pelo é encarada como uma das vantagens desta
medicina alternativa. Assim, numa consulta com um homeopata, este observa o seu paciente
numa perspetiva total e não geral; o paciente é considerado único e portanto o seu tratamento
também deve ser único; não são apenas consideradas situações clínicas ou sintomas, mas sim
o balanço global de todas as implicações na saúde do doente; um paciente saudável não é
definido pela ausência de doença, mas sim pelo equilíbrio físico, mental, psicológico e emocional.
A consulta com um homeopata é demorada uma vez que aborda todos os aspetos da vida do
seu paciente, originando um contacto mais pessoal que por si é considerado vantajoso na
recuperação perante alguma debilidade que inicialmente os encaminhou a procurarem auxílio
perante estes especialistas31.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

A doença, vista através de “lentes homeopáticas”, é o resultado não de um distúrbio local, mas
de um estado de desequilíbrio geral do individuo, mental e físico, da sua “força vital”18. Assim
sendo, a homeopatia pretende atuar não “localmente”, mas estimular os processos naturais de
regeneração e combate à doença de modo restabelecer o equilíbrio pretendido ao invés de
apenas mascarar o sintoma da causa.
Quanto melhorem são conhecidos os pacientes, melhor estes podem ser tratados. Os
homeopatas procuram perceber as nuances da vida dos seus pacientes de modo a adequarem
o tratamento.
Os medicamentos homeopáticos podem ser utilizados em várias ocasiões, desde doenças
agudas a doenças crónicas, e em complementaridade com a medicina convencional. É afirmado
por pacientes que estes medicamentos os curaram ou melhoram os sintomas de alguma
patologia em determinada altura. No entanto, a consulta médica deve ser ignorada em detrimento
de uma consulta homeopática uma vez que esta não substitui a avaliação clínica do profissional
de saúde nem devem ser abandonados os tratamentos convencionais para optar por um
medicamento homeopático.

7. Homeopatia em Portugal
Foi a 24 de julho de 2013 que o Parlamento adotou uma lei que englobava várias medicinas
alternativas complementares: acupuntura, fitoterapia, homeopatia, medicina tradicional chinesa,
naturopatia, osteopatia e quiropraxia. A lei entrou em vigor a partir do dia 2 de setembro desse
mesmo ano: Lei n.º 71/2013.
Esta lei veio regular a prática de terapêuticas não convencionais e está estipulado que apenas
profissionais com educação superior e licença profissional estão habilitados a exercer as várias
práticas32. Deste modo, o exercício profissional é possível mediante a posse de uma carteira
profissional, estando estes profissionais identificados. De acordo com a lei em vigor, estes
profissionais de saúde devem manter um registo clínico dos seus pacientes, mediante o seu
consentimento e pressupõe que não existam falsas afirmações sobre estas terapêuticas no que
diz respeito ao seu poder curativo33.
A Diretiva 2001/83/EC do Parlamento Europeu abordando produtos medicinais de uso humano,
incluindo os medicamentos homeopáticos foi incluída no Decreto-Lei n.º 176/2006 do “Estatuto
do Medicamento”4,33.

8. Produtos disponíveis
Um medicamento homeopático pode apresentar diversas formas farmacêuticas tais como
grânulos ou glóbulos, em solução oral, pomada, creme ou gel. A maior representante destes
medicamentos em Portugal é a Boiron. Apesar de todas estas formas, é possível dividir os
medicamentos homeopáticos em dois tipos:
• Unitários – contém apenas uma substância;
• Compostos - uma combinação de várias substâncias;
Um medicamento homeopático unitário, de maneira geral, não apresenta nenhuma indicação
terapêutica ou dosagem devido à sua possível utilização em variados problemas de saúde tais

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

como insónias, nevralgias ou picadas de insetos. A apresentação deste medicamento é em tubo


contendo grânulos no seu interior e são designados pelo seu nome em latim.
Já os medicamentos compostos, apresentam indicações médicas uma vez que a composição foi
escolhida de forma a tratar um determinado problema. Este tipo de medicamentos, ao contrário
do anterior, pode apresentar-se sob as diversas formas já mencionadas34.
A Boiron tem disponível no mercado português 11 medicamentos compostos: Arnigel®, Camilia®,
Cicaderma®, Cocculine®, Coryzalia®, Gastrocynesine®, Homeogen 9®, Homeovox®,
Oscillococcinum® e Sedatif PC®; e cerca de 450 medicamentos unitários. Toda esta oferta
permite um espetro alargado de opções às quais os profissionais de saúde se podem apoiar no
tratamento homeopático para problemas que possam surgir no dia-a-dia34.

9. Apresentação elaborada
A homeopatia é um tema de grande debate na comunidade científica. Apesar de ser uma
terapêutica alternativa já existente há muitos anos, hoje em dia continua a exercer alguma
desconfiança quer no público em geral quer nos profissionais de saúde. Existem os dois lados
da moeda, a favor e contra, no entanto, uma vez que estes produtos foram introduzidos no SNS
através das farmácias, cabe ao farmacêutico estar atualizado quanto às opções disponíveis. É
importante perceber o contexto em que surgiu esta terapêutica, as suas bases, princípios,
vantagens e desvantagens; pontos a favor e pontos contra. Um conhecimento geral sobre este
assunto permite uma melhor experiência durante o atendimento e permite ao profissional de
saúde estar mais seguro do seu conhecimento e assim transmitir essa mesma confiança no
tratamento ao utente, esclarecendo as suas dúvidas quando necessário.
De forma a alargar o meu conhecimento e o dos restantes colaboradores da FMV, decidi elaborar
uma apresentação sobre homeopatia na esperança de transmitir informação nova ou relembrar
algo que poderia ter sido esquecido sobre este tema. O objetivo primário foi dar as ferragens
necessárias a realizar o melhor atendimento possível e aconselhamento ao utente na
dispensação de produtos homeopáticos.

10. Resultados
De forma a ter uma melhor noção sobre o impacto deste projeto no conhecimento dos
colaboradores da FMV, desenvolvi um pequeno inquérito com algumas questões que abordam
o conhecimento pré e pós a formação.
Assim sendo, todos os colaboradores responderam de forma afirmativa e consideram que a
apresentação abordou um tema pertinente no contexto da farmácia comunitária. Quanto à
confiança inicial no aconselhamento de produtos homeopáticos, verificamos uma maioria com
uma confiança intermédia.
Quanto ao aconselhamento ou dispensa de produtos homeopáticos, verificamos que mais
metade dos inquiridos lida com um atendimento referente a produtos homeopáticos uma a cinco
vezes por dia. No entanto, a maioria dos inquiridos referiu que possuía “algum conhecimento”
sobre a temática homeopática.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

Quanto à informação transmitida, praticamente todos os colaboradores responderam com a


resposta máxima quanto à contribuição da formação para o seu conhecimento mais abrangente
sobre esta medicina alternativa e consideram que esta irá contribuir no futuro para melhores
atendimentos quando surgirem dúvidas por parte dos utentes da farmácia.
Por fim, todos ficaram satisfeitos com a qualidade da apresentação opinando que esta estava
completa e consideraram muito forte a minha capacidade de transmitir a informação pretendida
com esta ação de formação.

11. Conclusão
A homeopatia é um tema que está presente nas farmácias portuguesas e como profissionais de
saúde e figuras de confiança devemos estar bem informados quanto a todos os temas científicos
que possam ser abordados neste contexto social, a homeopatia incluída.
Assim sendo, penso que a formação se enquadrava neste contexto e foi muito bem aceite pelos
colaboradores. Mostraram-se interessados mesmo antes da realização desta e permitiram uma
boa experiência aquando da apresentação. Considero que o conhecimento dos colaboradores
sobre o tema foi alargado e isto irá contribuir para um melhor aconselhamento e atendimentos
no futuro.

Parte II – Apresentação dos temas desenvolvidos

Tema 2 – Dermatite atópica

1. Enquadramento
A dermatite atópica ou eczema é um problema crescente na sociedade atualmente e afeta
maioritariamente habitantes de países desenvolvidos. Este problema cutâneo afeta milhões de
pessoas em todo o mundo e estima-se que cerca de 1 em cada 10 crianças em Portugal sofre
de dermatite atópica. A dermatite atópica, devido à sua cronicidade, pode afetar toda a população
desde bebés e crianças a idosos35.
Alertar para este problema é essencial. As crianças devem perceber a caracterização deste
problema de forma a que não haja alienação dos seus colegas e amigos; e os pais dessas
mesmas crianças, estando bem informados podem fornecer as condições ideias a que esta
patologia não diminuía a qualidade de vida dos seus filhos. Com o intuito de espalhar informação
sobre este problema, surgiu este projeto.
O projeto obteve o título “LIPIKAR VAI À ESCOLA 2019” e foi desenvolvido numa parceria com
entre a La Roche Posay e a FMV. O público alvo deste projeto era uma faixa etária mais baixa
de forma a elucidar os mais novos sobre esta doença que poderia, inclusive, afetá-los
diretamente.
Deste forma, foram contactadas algumas escolas do concelho de Vila Nova de Gaia para
perceber se existiria interesse em colaborarem com este projeto. A resposta afirmativa chegou
da Escola Básica de Laborim de Cima e deste modo foi agendada uma ação de formação nessa
mesma escola.

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2. Dermatite atópica
2.1. Definição
A dermatite atópica ou eczema é uma doença cutânea inflamatória crónica sendo a mais comum
em crianças, nos países desenvolvidos. Esta doença afeta cerca de 20% das crianças e 1-3%
dos adultos nestes países35.
De uma maneira geral, esta doença desenvolve-se desde muito cedo podendo surgir antes do 1
ano de idade, no entanto pode sofrer uma atenuação com o passar dos anos até à fase adulta.
A dermatite atópica é muitas vezes hereditária e pode levar ao desenvolvimento de quadros de
asma e rinite alérgica. Pessoas cuja família apresente este tipo de doenças têm maior propensão
a desenvolver dermatite atópica. O conjunto destas três patologias é usualmente designado
como tríade atópica.
Por exemplo: No caso de um dos pais da criança sofrer de um destes 3 problemas, a
probabilidade do seu filho ou filha também sofrerem com um destes problemas é de 50%. No
caso de os dois pais terem um destes problemas, a percentagem é ainda superior36.
A causa da dermatite atópica é ainda desconhecida. Sabe-se que a genética desempenha um
papel importante e que existe hereditariedade da doença. Alguns estudos revelam que algumas
pessoas com dermatite atópica apresentam uma mutação genética no gene responsável pela
formação de filagrina37. Esta proteína é importante na manutenção de uma barreira cutânea
saudável: mantendo a pele coesa, evitando perdas de água e a entrada de agentes patogénicos
tais como bactérias e vírus. Havendo diminuição da filagrina, a barreira da pele perda a sua
estrutura resultando num aumento da TEWL (perda de água transepidérmica) – ficando a pele
mais seca – e entrada de micro-organismos – ativando mecanismos pró-inflamatórios35,36.

Figura 1 - Alteração cutâneas devido a dermatite atópica

(Adaptado de Bioderma: Dermatite atópica35)

A pele de uma pessoa com dermatite atópica está mais sensível às agressões constantes do
meio ambiente. Nestes doentes, devido à fragilidade da barreira cutânea, algum alérgeno que
entre em contacto com a pele irá provocar uma reação exacerbada que não seria verificada numa
pele sã.
Apesar de existir uma grande prevalência desta doença principalmente em zonas urbanas e em
países desenvolvidos, ela não é contagiosa.

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Figura 2 - Pele saudável e pele com eczema

(Adaptado de Eczema: Overview48)

2.2. Sintomas
Os sintomas mais comuns da dermatite atópica são a pele seca, prurido, vermelhidão, inchaço,
exsudação, comichão, descamação e crostas. Numa fase inicial, a pele apresenta-se com
vermelhidão, seca e exsudativa. Após algum tempo, a pele pode tornar-se mais gretada ou
endurecida.
Devido à comichão nestas áreas, as marcas da pele podem evoluir para descamação e
cicatrizes. Este ato apenas contribui para maiores lesões na pele e possível porta de entrada a
mais alergénios e agentes patogénicos35-37.
As lesões cutâneas apresentam um padrão característico consoante a faixa etária afetada:
• Crianças – lesões na cabeça e extensões dos membros (superiores e inferiores);
• Adultos – lesões em superfície de flexão (nos cotovelos, atrás dos joelhos), pescoço,
região peri-labial e pálpebras.

Figura 3 - Áreas da pele mais afetadas por eczema


(crianças e adultos)

(Adaptado de Eczema: Overview48)

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2.3. Diagnóstico
Para determinar o diagnóstico de dermatite atópica, o médico pode recorrer às observações da
pele lesada cruzando os dados obtidos com informações sobre o histórico familiar da pessoa.
Podem também ser realizados outros testes para obter esse diagnóstico tais como:
• Provas de contacto - Pequenas quantidades de alérgenos são colocadas em contacto
com a pele e removidas ao final de 48 a 72 horas. Um diagnóstico positivo é alcançado
quando existe o aparecimento de vermelhidão, inchaço e comichão no local da pele que
esteve em contacto com o alergénio;
• Teste RAST – Teste sanguíneo utilizado na deteção de anticorpos IgE específicos para
determinados alergénios35,38.

2.4. Tratamento
Visto tratar-se de uma doença crónica, a dermatite atópica não tem cura. No entanto, existe
tratamento para alívio dos sintomas desta doença. O tratamento pode ser administrado
oralmente ou de forma tópica diretamente nos locais mais afetados.
Dependendo da gravidade da crise, o tratamento pode variar entre anti-histamínicos orais,
cremes corticosteroides entre outros, devendo o tratamento ser recomendado por um
dermatologista. Em casos mais graves pode ser necessário uma intervenção com outros
medicamentos anti-inflamatórios, corticoides injetáveis ou agentes moduladores do sistema
imunitário.
A fototerapia também pode ser vantajosa, expondo a pele a raios ultravioleta B39.
Os corticoides por via oral apresentam boa eficácia na regulação dos sintomas da dermatite
atópica, todavia o tratamento por um período longo de tempo pode levar a efeitos secundários e
a córtico-dependência. Assim sendo, é privilegiado o tratamento local com estes medicamentos
me detrimento da sua ação sistémica.
Medicamentos imunossupressores tais como a ciclosporina podem ser utilizados me casos mais
graves da doença. Aquando do tratamento com ciclosporina, deve existir uma maior
monitorização da pressão arterial e da função renal40. No caso do tratamento por metotrexato,
durante esta etapa deve haver um maior controlo da função hepática. Outro imunossupressor
utilizado para a dermatite atópica é a azatioprina, porém prescrita com menor frequência41.
Além dos medicamentos mencionados, existem cremes e pomadas que podem acalmar as crises
da dermatite atópica reduzindo a resposta do sistema imune e consequente inflamação. O
crisaborole (EUCRISA®) e o tacrolimo (Protopic®) são exemplos deste modo de atuação42.
No caso do EUCRISA®, o crisaborole penetra na epiderme e derme. Na derme, liga-se às
enzimas PDE4, responsáveis pela degradação da cAMP. Em doentes com dermatite atópica,
estas enzimas estão hiperativas, degradando cAMP em AMP, aumentando a concentração
destas citoquinas inflamatórias. O crisaborole ligando-se a estas enzimas, reduz o nível de
citoquinas inflamatórias diminuindo assim a vermelhidão, comichão e outros sintomas da
dermatite atópica42.
Devido à falta de uma cura para esta doença e por alguns dos tratamentos não poderem ser
administrado durante longos períodos de tempo, têm-se realizados esforços no sentido de

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encontrar novos tratamentos que possam ajudar os milhões de pessoas afetadas. Deste modo,
têm surgido novos opções que poderão ser viáveis no tratamento desta doença.
Um novo medicamento indicado para o tratamento da dermatite atópica é o dupilumab, um
anticorpo monoclonal com o nome comercial DUPIXENT® (Sanofi). Este medicamento atua no
recetor alfa da interleucina 4 (IL-4) inibindo a sinalização IL-4/IL-13, reduzindo assim os níveis
de inflamação crónica que é a base da dermatite atópica43,44. O dupilumab é o primeiro
medicamento desenvolvido especificamente para o tratamento da dermatite atópica moderada a
grave. Pode ser administrado em doentes com idade superior a 12 anos e é visto como um
tratamento de longa duração, algo que até ao momento não existia, tendo estes doentes que
usar os tratamentos gerais mencionados anteriormente. Inicialmente, a dose administrada deve
ser de 600 mg do anticorpo, correspondente a duas injeções. Seguidamente, o tratamento passa
pela administração de uma injeção a cada duas semanas. Este tratamento pode também ser
auxiliado com corticosteroides tópicos44. O dupilumab foi autorizado pela Agência Europeia do
Medicamento em setembro de 2017 estando já disponível em vários países europeus. Este ano,
mais precisamente dia 1 de outubro de 2019, o Infarmed aprovou o financiamento do dupilumab
aumentando assim as esperanças de milhares de portugueses que sofrem com esta doença45.

2.5. Prevenção
A dermatite atópica apesar de ser uma doença crónica, as crises não são permanentes pelo que
é possível controlá-las. Apesar dos tratamentos já disponíveis para a dermatite atópica, existem
medidas que podem ajudar a atenuar os sintomas e crises da doença sem ser necessário
recorrer a estes medicamentos em primeira-mão. As exacerbações podem ocorrer por vários
estímulos ou substâncias alergénicas que entram em contacto com a superfície cutânea35.
O contacto com agentes químicos irritantes no quotidiano como sabonetes, champôs ou
desinfetantes podem causar crises agudas, inflamando a pele e tornando-a mais seca. A secura
da pele, quando não devidamente tratada, pode facilitar a entrada de micro-organismos tais como
Staphylococcus aureus causando infeções cutâneas. Outras causas que “ativam” uma resposta
imunológica e que podem induzir crises agudas de dermatite, são os alergénios ambientais como
pólen ou pós. Estas respostas também podem surgir de situações de maior stress ou flutuações
hormonais, sendo esta situação mais comum no sexo feminino36,38.
Uma forma fácil de evitar as crises agudas é conhecer os estímulos que desencadeiam as
exacerbações da doença e evitá-los ao máximo ou, pelo menos, reduzir o contacto com esse
alergénio.

2.6. Medidas preventivas


Existem diversas medidas que podem ser implementadas na rotina diária que previnem o
aparecimento e diminuem a frequência destas crises:
a) Lavar a roupa com detergente hipoalergénico;
b) Arejar a casa;
c) Utilizar roupas de algodão (evitar tecidos que causem irritação da pele);
d) Lavar o corpo com água morna (preferencialmente duche);

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e) Utilizar creme hidratante;


f) Beber água;
g) Unhas cortadas e limadas.
Estas são algumas das medidas de fácil implementação no quotidiano de pessoas que sofram
de dermatite atópica. A finalidade destas medidas é controlar o número de agressões sofridas
pela pele de maneira a evitar exacerbações e danos cutâneos.
A utilização de detergentes e produtos de higiene corporal hipoalergénicos diminui as agressões
químicas que atingem a pele. O cuidado da casa através de limpezas, arejar ou utilização de
filtros domésticos reduz a quantidade de alergénios tais como fungos, ácaros, mofo e pó. A
utilização de tecidos mais confortáveis e não-irritantes nas roupas, toalhas de banho e a
manutenção das unhas cortadas e limadas – diminuem os danos na pele durante o ato de coçar
- vão reduzir as agressões físicas. Recorrendo a estas formas de controlo, a barreira cutânea é
fortalecida e as implicações da doença são minimizadas36,38.

3. Dermatite atópica em Portugal


Segundo um estudo Nostradamus conduzido pela IQVIA com o apoio da Sanofi, é estimado que
em Portugal existam cerca de 34 mil doentes com dermatite atópica moderada a grave. Destes,
um quarto (cerca de 24%) não tem a doença controlada apesar do tratamento recebido e a
grande maioria que sofre de dermatite atópica tem idade inferior a 45 anos.
Este estudo revelou dados importantes quanto à dimensão deste problema e o impacto desta
doença na vida dos portugueses.
Este ano, dia 11 de setembro, foi criada a ADERMAP – Associação Dermatite Atópica Portugal.
Esta associação foi criada por um grupo de pessoas que sofrem com dermatite atópica e pelos
seus familiares pois sentiram que em Portugal existe uma necessidade de ligação entre e às
pessoas com dermatite atópica, de forma a trocarem as suas experiências e partilharem
informação que possa ser uma mais-valia no controlo da doença47.

4. Impactos sociais
A dermatite atópica é uma doença capaz de causar grande impacto na vida não só dos doentes,
mas também das suas famílias e daqueles que os rodeiam. Esta doença acarreta consigo não
só implicações físicas, mas também psicológicas e emocionais.
Um estudo europeu realizado pela EFA (European Federation of Allergy and Airways Diseases
Patient’s Associations) revelou dados muito importantes sobre o impacto da dermatite atópica na
vida das pessoas afetadas por esta doença sendo que quanto maior a gravidade dos sintomas,
maior é o impacto na qualidade de vida destes pacientes. O estudo contou com 1189
participantes com dermatite atópica severa a receberem algum tipo de tratamento, todos adultos
(com idade superior a 18) sendo que a média é de 42 anos. A avaliação do impacto da doença
na vida destes participantes realizou-se através de uma nova ferramenta desenvolvida pela EFA,
o AESEC (Atopic Eczema Score of Emotional Consequences) - Score de consequências
emocionais da dermatite atópica46.

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Além da dermatite atópica, foi questionado aos participantes se estes sofriam de mais alguma
condição de saúde além da mesma. Foi revelado que 79% destes participantes, sofrem de outros
co-morbilidades tais como alergias ao pólen, pó, animais; alergias alimentares e asma.
No entanto, não é apenas a questão visual da pele que afeta os pacientes sendo que metade
dos participantes se sente envergonhado no dia-a-dia devido a este aspeto. Além disto, os
participantes revelaram que a doença tem impacto nas suas relações, na sua vida sexual e nos
seus passatempos muitas vezes impedindo-os de concentrar nas atividades diárias. Isto
representa um grande impacto a nível social, pessoal e laboral uma vez que estes pacientes
terão a rentabilidade do seu trabalho reduzida devido a preocupações ou crises da doença46.
Causas para essa baixa rentabilidade podem ser a comichão, preocupação com o aspeto da
pele, cansaço e falta de sono.
Os picos da doença e severidade de alguns sintomas afetam drasticamente o forro psicológico
destes doentes e quanto maior for a gravidade dos sintomas, maior o impacto. No geral, 1 em
cada 10 dos participantes revelou um estado depressivo devido ao peso psicológico imposto pela
patologia. Apesar de existir tratamento, nem todos se demonstram eficazes e em alguns casos
os participantes sentiram-se incapazes de manter a patologia sob controlo, cerca de 30% dos
pacientes revelaram que se sentem nervosos, inseguros e com dificuldades de concentração.
Para além disso, 1 em cada 4 pessoas sente que não tem mesma capacidade de lidar com
determinadas situações na vida que as outras pessoas, sentindo-se inferiores aos demais e que
não usufruem das mesmas oportunidades46.
Não devemos esquecer que a dermatite atópica não afeta exclusivamente adultos. Quando os
sintomas mais severos da doença afetam crianças também causam impactos psicológicas e
socias graves. Por exemplo, uma noite de comichão leva a que as crianças não consigam dormir.
Com estes problemas, as crianças ficam mais cansadas, menos atentas muitas vezes resultando
em faltas escolares e de presenteísmo (as crianças estão nas aulas, mas o seu pensamento não
está no sítio correto) o que leva a um decréscimo do seu rendimento na escola resultando em
dificuldades de aprendizagem.
A dermatite atópica não é apenas um problema superficial e acarreta mais problemas, défices e
impactos sociais do que o público em geral, que não sofre com esta patologia, pode pensar. É
um problema que se adensa quando não é devidamente tratado e tem impacto no quotidiano
das pessoas, afetando todas as tarefas, relações pessoais e lazer.

5. Projeto “LIPIKAR VAI À ESCOLA 2019”


A ação de formação decorreu na Escola de Laborim de Cima, em Vila Nova de Gaia. Foi discutido
com a diretora o projeto que estávamos interessados em desenvolver e com a sua resposta
afirmativa ficou agendada essa formação. Assim foi e a ação de formação contou com cerca de
24 crianças do 1º ano e teve a duração de aproximadamente 1 hora.
A ação contou com vários auxiliares visuais tais como posters e panfletos sobre a Dermatite
Atópica fornecidos pela La Roche Posay; panfletos e uma apresentação em Powerpoint
(elaboração própria) que forneceu a base para este projeto. O intuito da utilização de todos estes
auxiliares visuais era captar a atenção dos alunos e tentar tornar a apresentação mais atrativa,

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de forma a que no final sentissem que aprenderam coisas novas. Sendo o público alvo crianças
do 1º ano, era importante a existência de uma maior componente visual uma vez que a grande
maioria, ainda não sabia ler. Assim sendo, a melhor maneira de transmitir uma mensagem seria
através de imagens e cores variadas adequadas às crianças.
Ainda antes de iniciar a apresentação, foram afixados os posters na sala de aula onde foi
realizada a formação, sendo que foram deixados alguns posters disponíveis de sobra para que
pudessem ser afixados em outras salas ou corredores caso assim a direção da escola o
desejasse. Antes do início da apresentação, foram também distribuídos pelas crianças os
panfletos (La Roche Posay e de elaboração própria) para que ficassem com eles guardados e
mais tarde os entregassem aos pais de modo a que estes tivessem um suporte informativo. Com
estes panfletos, a mensagem não se ficaria apenas pela turma na escola, mas chegaria também
a casa, informando os pais sobre esta patologia, fornecendo um suporte com informação útil e
também alguns produtos que poderiam utilizar para suavizar os sintomas da doença.
No começo da apresentação, foi feita uma pequena conversa com as crianças, começando por
me apresentar e pedindo que todos eles fizessem o mesmo. Deste modo, foi conseguida uma
maior ligação com as crianças e permitiu que estas conversassem e fossem expondo as suas
dúvidas, conhecimentos e curiosidades. A apresentação decorreu ao longo de uma hora e
permitiu-me abordar as crianças quanto ao tema em questão – Dermatite atópica – e perceber
até que ponto elas teriam já tido algum contacto com a doença. Depois de uma abordagem mais
geral sobre o tema, foi finalizada a apresentação com um jogo de “Verdadeiro ou Falso”. Com
este jogo foi possível cativar as crianças e fazê-las mostrar os conhecimentos que tinham
aprendido ao longo da formação. Desta forma, as crianças tiveram mais oportunidade para falar
e discutirem uns com os outros com o intuito de acertarem a todas as perguntas. No final da
apresentação, como recompensa pela atenção das crianças e pelas suas respostas corretas,
foram distribuídas por todos os alunos amostras de cremes hidratantes fornecidos pela FMV.

6. Conclusão
A dermatite atópica continua a ser um problema de saúde que afeta milhares de pessoas em
Portugal e que mesmo com tratamento pode causar vários transtornos ao longo do dia. Uma vez
que não é uma doença muito falada, conhecida e que pode até passar despercebida como um
“simples problema de pele”, a dermatite atópica é mais que isso, não é um problema superficial.
Deste modo, é importante que se partilhe informação sobre a doença e se ofereça um suporte
fiável sobre a doença, tratamento e medidas preventivas que possam ajudar as pessoas que
sofram deste problema.
Sendo a dermatite atópica uma doença que surge bastante cedo, as crianças também devem
ser informadas. Deste modo, podem olhar em primeira-mão pela sua saúde, nas medidas
possíveis claro, e combate-se o possível estigma entre os mais pequenos. Além disso, através
dos panfletos e das crianças, as informações sobre a doença viajaram da escola até casa
contribuindo para o enriquecimento dos pais quanto a este assunto.
Com este projeto, a palavra sobre a dermatite atópica não se restringiu às crianças presentes na
apresentação. Os professores foram também informados sobre o assunto, a escola ficou com

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mais informações e panfletos referentes à dermatite atópica, as crianças falaram com os amigos
de outras turmas e pais, tendo o projeto um maior impacto do que aquele que julgava
inicialmente.
Foi deveras interessante observar as crianças atentas a este tema, interessadas e partilhando
as suas histórias e curiosidades. A inocência nesta tenra idade e curiosidade à flor da pele foram
e são características que permitiram que esta experiência fosse enriquecedora para mim
também.

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Referências

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farmácias vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, em articulação com o
regime de turnos. Altera o Decreto-Lei n.º 53/2007, de 8 de Março.
2. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n. º 307/2007, de 31 de Agosto – Regime jurídico das
farmácias de oficina, define o papel do Diretor Técnico e constituição da equipa.
3. INFARMED: Recolha de lotes de medicamentos contendo Ranitidina. Acessível em:
https://www.infarmed.pt/documents/15786/2885793/Recolha+de+lotes+de+medicament
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outubro de 2019].
4. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto - Estatuto do
Medicamento. Diário da República.
5. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 249/2003, de 11 de outubro. Diário da República,
Série I, nº 236.
6. INFARMED: Medicamentos homeopáticos. Acessível em:
https://www.infarmed.pt/web/infarmed/entidades/medicamentos-uso-
humano/autorizacao-de-introducao-no-mercado/medicamentos-homeopaticos. [acedido
a 7 de outubro de 2019].
7. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 184/97, de 26 de Julho - Regime jurídico dos
medicamentos de uso veterinário farmacológicos.
8. Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Decreto-Lei nº
148/2008, de 29 de julho. Diário da República, Série I, nº 145.
9. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Decreto-Lei nº
136/2003, de 28 de junho. Diário da República, Série I-A, nº145.
10. Ministério da Saúde: Decreto-Lei nº 189/2008, de 24 de setembro. Diário da República,
Série I, nº 185.
11. Ministério da Economia e Inovação: Decreto-Lei nº 10/2007, de 18 de janeiro. Diário da
República, Série I, nº 13.
12. Ministério da Saúde: Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de junho. Diário da República, Série
I, nº 115.
13. Ministério da Saúde: Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto - Classificação de
medicamentos quanto à dispensa ao público. Revogado pelo Decreto-Lei n.º 176/2006,
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14. INFARMED: Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde.
Acessível em:
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15. INFARMED: Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde.
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Pedro Nuno Ferreira de Fontes | up201406076


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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

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19. Loudon I. (2006). A brief history of homeopathy. Journal of the Royal Society of
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21. Loudon I. (2006). A brief history of homeopathy. Journal of the Royal Society of Medicine,
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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

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39. Garritsen FM, Brouwer MW, Limpens J, Spuls PI. Photo(chemo)therapy in the
management of atopic dermatitis: an updated systematic review with implications for
practice and research. Br J Dermatol. 2014 Mar;170(3):501-13.
40. Schmitt J, Schmitt N, Meurer M. Evaluation Cyclosporin in the treatment of patients with
atopic eczema - a systematic review and meta-analysis. J Eur Acad Dermatol Venereol.
2007 May;21(5):606-19.
41. Deo M, Yung A, Hill S, Rademaker M. Methotrexate for treatment of atopic dermatitis
in children and adolescents. Int J Dermatol. 2014 Aug;53(8):1037-41.

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38
Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Monte da Virgem

42. EUCRISA: Learn how the first and only nonsteroidal topical PDE4 inhibitor works within
the skin. Acessível em: https://www.eucrisahcp.com/ [acedido a 10 de outubro de
2019].
43. WebMD: Dupixent Syringe. Acessível em: https://www.webmd.com/drugs/2/drug-
173461/dupixent-subcutaneous/details [acedido a 12 de outubro de 2019].
44. EMA: RCM Dupixent. Acessível em:
https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/dupixent-epar-
product-information_pt.pdf [acedido a 12 de outubro de 2019].
45. Netfarma: Infarmed aprova tratamento para a dermatite atópica moderada a grave.
Acessível em: https://www.netfarma.pt/infarmed-aprova-tratamento-para-a-
dermatite-atopica-moderada-a-grave/ [acedido a 18 de outubro de 2019].
46. EFA: European REPORT: Itching for life – Quality of Life and costs for people with severe
atopic eczema in Europe. Acessível em: http://www.efanet.org/resources/library/3373-
european-report-itching-for-life-quality-of-life-and-costs-for-people-with-severe-
atopic-eczema-in-europe [acedido a 19 de outubro de 2019].
47. ADERMAP: Quem somos. Acessível em: http://www.adermap.pt/quem-somos [acedido
a 20 de outubro de 2019].
48. NCBI: Eczema: Overview. Acessível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK279399/ [acedido a 22 de outubro de 2019].

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Anexos

Anexo 1 - Vista frontal exterior da farmácia

Anexo 2 - Vista interior da área de atendimento

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Anexo 3 - Vista da entrada do gabinete de atendimento personalizado

Anexo 4 - Vista dos balcões de atendimento

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Anexo 5 - Andar superior (armazém e copa)

Anexo 6 - Formações frequentadas durante o estágio

Empresas
Data Duração Local
responsáveis
Quilaban 16 de julho 30 minutos FMV
Edol 22 de agosto 30 minutos FMV
Pharm Nord 17 de setembro 9 horas Porto Palácio Hotel
Pharma Nord 23 de setembro 30 minutos FMV
Pharma Nord 24 de setembro 6 horas Bessa Hotel
Vichy 26 de setembro 2 horas Hotel Vincci Porto
Fundação Dr.
LiveMed 14 de outubro 5 horas António Cupertino
de Miranda
Vemedia 23 de outubro 30 minutos FMV
Atral 24 de outubro 15 minutos FMV
Zambon 25 de outubro 15 minutos FMV

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Anexo 7 - Apresentação do projeto sobre Homeopatia (elaboração própria)

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Anexo 8 - Inquérito sobre a apresentação do Projeto I

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Anexo 9 - Respostas ao inquérito sobre o Projeto I

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Anexo 10 - Apresentação do projeto sobre dermatite atópica (elaboração própria)

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Anexo 11 - Panfleto do Projeto II (elaboração própria)

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Anexo 12 - Fotografias do projeto "LIPIKAR VAI ÀS ESCOLAS 2019"

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Hospital Privado da Boa Nova

Pedro Nuno Ferreira de Fontes

2018-2019
Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto


Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Hospital Privado da Boa Nova


De 1 de maio de 2019 a 28 de junho de 2019

Pedro Nuno Ferreira de Fontes

Orientador: Dr.(a) Ana Isabel Esteves

Novembro de 2019

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ii
Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso
ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,
ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se
devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito
académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 7 de novembro de 2019

Pedro Nuno Ferreira de Fontes

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iii
Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Agradecimentos
A entrega deste relatório significa o final de uma etapa dura da minha vida, mas recompensadora.
Foram cinco anos de aprendizagem, sacrifício e alegrias e por isso quero agradecer a todos os
que contribuíram para que esta período fosse o melhor que poderia ser.
Em primeiro lugar, quero agradecer à Dra. Ana Isabel Esteves por me ter acompanhado desde
o primeiro momento até ao final do meu estágio, por me ter tentado sempre transmitir os
conhecimentos devidos para que a minha experiência durante este período fosse
recompensadora.
Agradeço também ao Dr. André Azevedo que me acompanhou durante grande parte do período
do meu estágio. Por me ter transmitido as suas experiências, conhecimentos e também pelo
companheirismo que sempre demonstrou comigo.
Quero agradecer também ao meu amigo Bruno por ter sido um grande apoio durante esta etapa.
Estes anos não seriam a mesma coisa sem ele.
Um obrigado muito especial à minha namorada Inês! Agradeço-lhe por me apoiar em todas as
minhas decisões, altos e baixos durante toda esta etapa que podemos partilhar, por ser uma
constante na minha vida e por me motivar a fazer mais e melhor.
Por último, agradeço aos meus pais e irmão. Sem eles não poderia ter chegado onde cheguei.
Obrigado por me proporcionarem esta oportunidade e por me apoiarem de forma incondicional.
Obrigado a todos!

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Resumo
O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade
do Porto proporciona aos seus alunos no final do curso um estágio profissionalizante
correspondente à Unidade Curricular de Estágio. Esta unidade curricular tem como objetivo
preparar os alunos do MICF para o mundo profissional e o exercício da nossa futura profissão.
As várias opções de carreira profissional proporcionadas pelo grau superior do MICF englobam
o contexto da farmácia hospitalar. Apesar de muitas vezes esquecido o papel do farmacêutico
no meio hospital, este é um elemento fulcral no bom funcionamento de qualquer unidade
hospitalar. É graças a este profissional que existe um maior controlo no circuito do medicamento
a nível interno, que é garantida a segurança do medicamento pelo controlo realizado, que são
monitorizados os ensaios clínicos, entre outras funções de elevada importância que contribuem
para a valorização do papel do farmacêutico.
Para mim, esse estágio foi realizado no Hospital Privado da Boa Nova do grupo Trofa Saúde
Hospital durante dois meses.
Desde as tarefas de receção de encomendas até à distribuição da dose individual unitária, o meu
estágio foi bastante abrangente. Permitiu-me aplicar o conhecimento que fui angariando ao longo
de todo o curso ao mesmo tempo que adquiri novos conhecimentos sobre a hospitalar,
contribuindo para o meu crescimento como futuro profissional de saúde.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Índice
Agradecimentos ........................................................................................................... iv
Resumo ........................................................................................................................ v
Abreviaturas................................................................................................................ viii
1. Introdução.............................................................................................................. 1
2. Farmacêutico Hospitalar ........................................................................................ 1
3. Grupo Trofa Saúde Hospital .................................................................................. 2
3.1. Hospital Privado da Boa Nova ........................................................................ 2
3.1.1. Serviços farmacêuticos do HPBN ............................................................ 2
4. Circuito do medicamento – Farmácia hospitalar .................................................... 5
4.1. Gestão de stocks e aquisição de medicamentos ............................................ 5
4.2. Receção de medicamentos............................................................................. 6
4.3. Armazenamento de medicamentos................................................................. 6
4.3.1. Condições especiais ................................................................................ 7
5. Farmacotecnia ....................................................................................................... 7
5.1. Reembalagem e fracionamento de medicamentos ......................................... 7
5.2. Manipulados não-estéreis ............................................................................... 8
5.3. Citotóxicos ...................................................................................................... 9
6. Autorização de Utilização Especial ........................................................................ 9
7. Sistemas de distribuição ...................................................................................... 10
7.1. Distribuição de medicamentos por reposição de stocks ................................ 10
7.2. Distribuição de medicamentos por Dose Individual Unitária .......................... 10
7.3. Distribuição em ambulatório.......................................................................... 12
7.4. Circuitos especiais ........................................................................................ 12
7.4.1. Estupefacientes e psicotrópicos............................................................. 12
7.4.2. Hemoderivados ..................................................................................... 13
7.4.3. Medicamentos de alerta máximo ........................................................... 13
7.4.4. Sugamadex ........................................................................................... 13
7.4.5. Mala cardíaca ........................................................................................ 14
7.5. Gases medicinais ......................................................................................... 15
8. Controlo de qualidade .......................................................................................... 15
8.1. Prazos de validade ....................................................................................... 15
8.2. Contagem de stocks ..................................................................................... 16
9. Medicamentos das “ofertas”................................................................................. 16
10. Conclusão ........................................................................................................ 17
Anexos........................................................................................................................ 18

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Índice de tabelas
Tabela 1 - Conteúdo da “mala cardíaca” ................................................................................. 14
Tabela 2 - Lista dos medicamentos de oferta dos SF do HPBN............................................... 16

Índice de anexos
Anexo 1 - Entrada do Hospital Privado da Boa Nova .............................................................. 18
Anexo 2 – Plano operacional semanal dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Privado da Boa
Nova ....................................................................................................................................... 19
Anexo 3 - Registo de levantamento de medicação depois das 18h e fim-de-semana .............. 20
Anexo 4 - Fluxograma do circuito do medicamento no HPBN ................................................. 20
Anexo 5 – Requisição medicamentos estupefacientes e psicotrópicos.................................... 21
Anexo 6 - Guia de transporte de uma encomenda .................................................................. 22
Anexo 7 - Mapa de registo do termohigrómetro ...................................................................... 23
Anexo 8 - Registo de fracionamento de medicamentos........................................................... 23
Anexo 9 - Medicamentos fracionados, reembalados e rotulados ............................................. 24
Anexo 10 - Mala com a Distribuição Individual Unitária ........................................................... 24
Anexo 11 – Registo da Distribuição de Ambulatório ................................................................ 25
Anexo 12 - Modelo nº 1509 (Requisição de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos) .. 25
Anexo 13 - Modelo nº 1804 (Requisição de medicamentos hemoderivados) ........................... 26
Anexo 14 - Justificação da utilização do sugamadex .............................................................. 27

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado

AUE – Autorização de Utilização Especial

BNM – Bloqueio Neuromuscular

BPF – Boas Práticas de Fabrico

CAUL – Certificado de Autorização de Utilização de Lote

DCI – Denominação Comum Internacional

DIU – Dose Individual Unitária

DMRS – Distribuição de Medicamentos por Reposição de Stocks

FEFO – First Expired, First Out

FHNM – Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

HDM – Hospital de Dia da Maia

HPAV – Hospital Privado de Alfena e Valongo

HPBN – Hospital Privado da Boa Nova

PV – Prazos de validade

SF – Serviços Farmacêuticos

TSH – Trofa Saúde Hospital

UCI – Unidade de Cuidados Intensivos

UH – Unidade Hospitalar

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

1. Introdução
Este relatório baseia-se nos dois meses de estágio profissionalizante no contexto de farmácia
hospitalar foram realizados no Hospital Privado da Boa Nova (HPBN), integrante no grupo Trofa
Saúde Hospital (TSH) e foi desempenhado no âmbito da unidade curricular de Estágio do
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas.
Este estágio teve como objetivo o contacto direto com as funções de um farmacêutico em meio
hospitalar, permitindo o desenvolvimento de competências nesta área e preparação pessoal e
profissional para entrada no mercado de trabalho, sendo uma das possibilidades o desempenho
de funções como farmacêutico hospitalar.
Serve o presente relatório como descrição de todo o trabalho realizado em contexto hospitalar
durante este período e dos conhecimentos adquiridos com esta experiência.

2. Farmacêutico Hospitalar
O farmacêutico hospitalar é responsável por diversas funções em contexto hospitalar de forma a
assegurar o normal funcionamento do hospital, dotando os diversos serviços destas unidades de
saúde com os meios necessários à manutenção da saúde e bem-estar dos doentes que as estas
UH recorrem e confiam1.
Cabe a este profissional de saúde funções tais como:
• Seleção e aquisição de medicamentos e produtos de saúde;
• Aprovisionamento, armazenamento e distribuição de medicamentos e produtos de
saúde;
• Gestão de stocks ideais;
• Controlo de prazos de validade;
• Execução de medicamentos manipulados;
• Avaliação e validação de prescrições médicas.
Esta última é uma das principais funções do farmacêutico hospitalar e deve ser realizada em
sincronia com médicos e enfermeiros, permitindo uma melhor avaliação da terapêutica do
doente, possibilitando que este tenha o tratamento mais seguro e eficaz possível. Para isto, o
farmacêutico deve recorrer às suas capacidades e avaliar a prescrição médica, dose, posologia
e indicação terapêutica.
Os Serviços Farmacêuticos (SF) de cada hospital devem estar obrigatoriamente a cargo de um
Diretor Técnico, farmacêutico especialista em Farmácia Hospitalar que tenha desenvolvido as
capacidades necessárias à supervisão destes serviços, tendo expandido as suas competências
a nível hospitalar pelo conhecimento das várias fases do circuito do medicamento neste contexto.
Esta especialidade é atribuída pelo Colégio da Especialidade da Ordem dos Farmacêuticos2.

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1
Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

3. Grupo Trofa Saúde Hospital


O grupo Trofa Saúde Hospital (TSH) assume-se como um projeto global de saúde que integra
uma vasta rede de unidades hospitalares (UH). Esta rede é composta por várias unidades
dispersas pelo país com um principal foco no Norte3. Neste grupo estão presentes:
• Hospital Privado da Boa Nova (HPBN);
• Hospital Privado da Trofa;
• Hospital Privado de Gaia;
• Hospital Privado de Vila Real;
• Hospital Privado de Braga Centro;
• Hospital Privado de Braga;
• Hospital Senhor do Bonfim;
• Hospital de Dia da Maia (HDM);
• Hospital de Dia de Famalicão;
• Hospital de Dia de São João da Madeira;
• Hospital Privado de Alfena e Valongo (HPAV) – onde se encontra a Farmácia Central e
armazém do grupo.
Cada unidade do TSH tem uma oferta de serviços baseada na sua localização, oferta e procura
por esses mesmos serviços, disponibilizando serviços de urgência adulta e pediátrica 24 horas,
blocos operatórios, medicina física e de reabilitação, consultas externas em mais de 45
especialidade e vários meios complementares de diagnóstico.
Além disto, o grupo Trofa Saúde Hospital tem todos os seus hospitais certificados pela APCER
(ISO 9001-2015), procurando ter um corpo clínico e de enfermagem único e exclusivo,
oferecendo a todos os seus colaboradores formação contínua de modo a prestarem o melhor
serviço possível aos seus utentes3.

3.1. Hospital Privado da Boa Nova


O Hospital Privado da Boa Nova (HPBN) abriu as suas portas em 2009 e localiza-se na Rua
Armando Vaz, nº 225 na localidade de Perafita, Matosinhos (Anexo 1). Este hospital assume-se
como a unidade hospitalar privada no Norte mais experiente. O maior enfoque está na
assistência materna e do recém-nascido e na cirurgia cardíaca, tendo ao seu dispor variados
equipamentos tecnológicos avançados que permitem uma grande oferta de serviços de
qualidade. Esta unidade hospitalar dispõe de um serviço de urgências aberto durante 24 horas
por dia ao longo de todo o ano aliado a nove especialidade, fornecendo também um serviço
permanente de Cuidados Intensivos Neonatais e Adultos sendo este um fator diferenciador de
todos as unidades do setor privado na região Norte de Portugal.
A equipa do HPBN é liderada pelo Dr. Bento Bonifácio, o Diretor Clínico desta UH, e o Dr. Ricardo
Rodrigues, o Administrador do mesmo4.
3.1.1.Serviços farmacêuticos do HPBN
Os Serviços Farmacêuticos deste hospital estão devidamente organizados, uniformizados e
enquadrados no panorama da rede hospitalar deste grupo devido à interdependia dentro da rede

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

de modo a que seja possível a satisfação de todos os serviços em todas as Unidades


Hospitalares (UH). Deste modo, os SF dispõem de um plano operacional (Anexo 2) onde estão
organizadas as tarefas diárias a serem realizadas.
3.1.1.1. Localização
Os Serviços Farmacêuticos estão localizados no Piso -1 desta unidade hospitalar. Situam-se
próximos dos serviços de Oftalmologia, Fisioterapia, Hemodinâmica, Bloco de Partos, Unidade
de Cuidados Intensivos e Bloco Operatório. Esta proximidade com o Bloco Operatório é uma
grande vantagem da sua localização uma vez que existe uma maior necessidade de reposição
de stocks, em maiores quantidades do que nos restantes serviços, diminuindo o tempo
necessário em deslocações para dotar este serviço dos produtos necessários. Além da
proximidade com estes serviços, os Serviços Farmacêuticos encontram-se próximos da zona de
cargas e descargas, facilitando o serviço das equipas de logísticas e transportadoras na entrega
dos produtos solicitados por este serviço.
3.1.1.2. Horário
O horário de funcionamento dos Serviços Farmacêuticos vigora das 9h até às 18h, intercalado
com uma hora para almoço entre as 13h e as 14h. Fora deste horário de serviço e em caso de
urgência em algum medicamento, os enfermeiros estão autorizados a fazer o levantamento
desse medicamento nos SF, fazendo-se acompanhar de um elemento da equipa de manutenção.
Este levantamento fora do horário de funcionamento deve ser registado num documento próprio,
o Registo de Levantamento de Medicação (Anexo 3), disponível no local. Na eventualidade de
questões referentes a este serviço, o responsável neste horário é a Diretora Técnica, a Dra. Ana
Isabel Esteves. Todavia, no horário em que os serviços não se encontram em funcionamento,
qualquer questão relativa a estes serviços fica ao encargo da Dra. Patrícia Moura, Farmacêutica
Coordenadora dos Serviços Farmacêuticos do grupo TSH.
3.1.1.3. Espaço físico
Os Serviços Farmacêuticos do HPBN apresentam três divisões distintas, definidas em planta que
está presente nas próprias instalações2. A primeira divisão, à entrada destes serviços, é
composta por uma secretária de trabalho para o farmacêutico responsável, uma área de carga e
descarga para colocação dos pedidos para outros serviços e receção de encomendas e o arquivo
da farmácia. Além disso, existe nesta divisão um lavatório e dois contentores de resíduos:
• Grupo I – equiparados a resíduos urbanos que não necessitam de tratamento específico;
• Grupo IV – resíduos hospitalares específicos de incineração obrigatória.
Na segunda zona é onde se encontra o armazém dos SF, a câmara frigorifica, um cofre para
armazenamento de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes e uma bancada de apoio para
a preparação da distribuição unitária e clássica. O armazém encontra-se organizado por zonas
dividas em função da forma farmacêutica, comprimidos (armazenados em gavetas num carrinho
próprio) e ampolas (armazenadas em gavetas, distribuídas por prateleiras) – todas as gavetas
estão identificadas com o nome da substância ativa e código do produto. Além destas fórmulas
farmacêuticas, outros produtos e/ou medicamentos estão organizados consoante a sua
finalidade (medicina dentária, bloco operatório, imagiologia, etc.). Todos os produtos
armazenados nesta zona estão organizados por ordem alfabética de forma a facilitar a

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3
Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

localização dos mesmos. Existe também uma zona onde são colocados os excedentes quando
não existe espaço suficiente na sua zona de armazenamento primária, denominada por
“Armazém avançado”. Neste local, ficam armazenados ainda na embalagem original os
medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos que não tenham espaço na zona
pré-definida.
A terceira zona dos Serviços Farmacêuticos é uma sala para armazenamento de soros tais como:
• Soro fisiológico;
• Soro glicosilado;
• Solução de Lactato de Ringer;
• Solução de manitol, etc.
Todos os dias, o espaço dos Serviços Farmacêuticos são alvo de limpezas a cargo das auxiliares
do HPBN e registam este serviço num documento presente no local. A organização destes
espaços teve por base as recomendações elaboradas pelo Infarmed, inscritas no Manual de
Farmácia Hospitalar5.
3.1.1.4. Recursos humanos
A Diretora Técnica destes serviços é a Dra. Ana Isabel Esteves, a única farmacêutica do HPBN.
A Dra. Ana Isabel Esteves é a responsável pela receção, aprovisionamento e dispensa de todos
os medicamentos ou produtos de saúde necessários à normalidade no funcionamento desta
unidade hospitalar.
Mensalmente, a Diretora Técnica destes serviços deve reunir-se com o Administrador do
hospital, o Dr. Ricardo Rodrigues, de modo a que sejam discutidas algumas questões relativas
a esse mês tais como gastos, investimentos, condições dos SF e melhorias que possam ser
implementadas a este serviço.
3.1.1.5. Sistema informático
A facilidade de acesso e intercomunição entre serviços da mesma UH e de outras do grupo TSH,
é uma vantagem alcançada através do mesmo sistema informático implementado em todos os
hospitais do grupo. Isto permite o acesso, em tempo real, a todos os profissionais de saúde,
facilitando a gestão dos diversos serviços e diminuindo os erros passíveis de ocorrem por falta
de comunicação.
O sistema informático disponível nos SF, tal como em todos os outros serviços, é o CPCHS da
Glintt - Healthcare Solutions, S.A. Este software foi desenvolvido tendo em vista a sua utilização
a nível hospitalar, sendo alguns exemplos das funções deste software a validação de prescrições
médicas, gestão e satisfação dos pedidos diários e semanais dos vários serviços do HPBN,
geração da encomenda semanal à Farmácia Central, consulta de débitos de consumos, gestão
dos stocks dos serviços e geração da lista para distribuição da dose unitária.
A emissão das guias de transporte necessários para o transporte dos medicamentos e outros
produtos, a realização de empréstimos para outros hospitais e a fornecimento do Hospital de Dia
da Maia (responsabilidade do HPBN) é possível através do software PHCenterprise 2014. Este
é o sistema utilizado para receção de encomendas na Farmácia Central e disponível em todas
as unidades hospitalares do grupo.

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4
Relatório de Estágio Profissionalizante | Hospital Privado da Boa Nova

4. Circuito do medicamento – Farmácia hospitalar


O medicamento deve ser utilizado de forma racional, pelo que a gestão dos stocks de
medicamentos e outros produtos de saúde está a cargo de um farmacêutico hospitalar. Este
deve garantir que os medicamentos/produtos farmacêuticos que chegam aos doentes estão
providos de qualidade e segurança terapêutica. A seleção dos medicamentos para uso hospitalar
deve seguir o Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM), publicado pela
Comissão de Ética do Infarmed5.

4.1. Gestão de stocks e aquisição de medicamentos


No caso do grupo TSH, os medicamentos a adquirir são da responsabilidade da Coordenadora
dos Serviços Farmacêuticos, a Dra. Patrícia Moura, que seleciona os medicamentos de acordo
com o FHNM, mencionado anteriormente.
O pedido de fornecimento de medicamentos é realizado pelos Serviços Farmacêuticos do HPBN
uma vez a cada duas semanas. Este pedido baseia-se nos stocks ideias pré-definidos e é feito
consoante a gerência automática de um pedido de reposição de stocks por parte do software
utilizado, CPCHS. O pedido engloba o stock de medicamentos, soros e embalagens vazias,
previamente definidos em conjunto com os enfermeiros responsáveis de cada serviço do HPBN
de modo a que a encomenda satisfaça as necessidades destes serviços.
Cada pedido das várias unidades hospitalares do grupo TSH é rececionado, avaliado e validado
pela Coordenadora dos Serviços Farmacêuticos sendo esta a responsável por um único pedido
englobando todos os pedidos individuais de cada UH do grupo TSH. Este último pedido é
rececionado pelo departamento de compras que o direciona aos laboratórios. Seguidamente, as
encomendas são rececionadas ao nível da Farmácia Central do grupo e posteriormente enviadas
a cada UH, tal como demonstrado no fluxograma em anexo (Anexo 4). Apenas a encomenda de
soros é entregue diretamente pela transportadora responsável aos SF de cada UH
quinzenalmente, sem necessidade de passagem pela Farmácia Central6.
Uma vez que a única farmacêutica do HPBN é também a Diretora Técnica, deve gerir o
orçamento de cada encomenda e deve ser capaz de avaliar e gerir o stock dos Serviços
Farmacêuticos desta UH de forma a estar sempre provido e pronto a satisfazer os pedidos dos
restantes serviços. Estas encomendas devem ter em conta as faltas no serviço, evitando a
acumulação de stock em excesso de modo a que não haja perdas de medicamentos e produtos
por exemplo, devido à expiração do prazo de validade6.
Para aquisição de medicamentos estupefaciente e psicotrópicos, os pedidos são gerados e
enviados para o laboratório, acompanhados pelo formulário próprio corretamente preenchido
(Anexo 5). Este pedido é realizado mensalmente pela Diretora Técnica à Coordenadora dos
Serviços Farmacêuticos que por sua vez é encarregue de direcionar o pedido aos respetivos
laboratórios que avaliam se o pedido está conforme e posteriormente o enviam à Farmácia
Central. Aquando da chegada, o pedido destes medicamentos é acompanhado por uma guia de
remessa (original e duplicado) e uma fatura (original e um duplicado). O original da guia de
remessa é arquivado na Farmácia Central enquanto que o duplicado é rejeitado. Quanto à fatura,

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a versão original fica na posse do Departamento Financeiro enquanto que o duplicado é


arquivado por um período de cinco anos na Farmácia Central6.

4.2. Receção de medicamentos


As encomendas são entregues em cada um dos hospitais do grupo TSH por uma equipa de
logística do mesmo grupo, fazendo-se acompanhar da respetiva guia de transporte (Anexo 6).
Aquando da receção da encomenda, esta é conferida qualitativa e quantitativamente, verificando
a guia de remessa acompanhando essa encomenda. Após a verificação da encomenda
(quantidade, integridade, número de lotes e prazos de validade), os medicamentos ou produtos
são armazenados nos respetivos locais designados. A receção da encomenda é depois registada
no software PHCenterprise 2014 e o stock dos SF é atualizado no CPCHS7.
No momento da receção da encomenda, deve ser tido em atenção os casos especiais tais como,
por exemplo, medicamentos que necessitem de refrigeração de modo a evitar alterações das
suas propriedades farmacológicas, matérias-primas e medicamentos hemoderivados. No caso
da receção de matérias-primas, a encomenda deve fazer-se acompanhar por um Boletim de
Análise de forma a comprovar a qualidade e conformidade do lote. Quanto aos medicamentos
hemoderivados estes devem estar acompanhados por um Certificado de Autorização de Lote
(CAUL) que é emitido pelo Infarmed7.
Se durante este processo for verificado alguma inconformidade, o farmacêutico pode recorrer
aos restantes Serviços Farmacêuticos do grupo TSH de forma a satisfazer esse pedido. Caso
esta solução não seja possível ou para de modo a obter medicamentos/produtos que não
constam no stock ideal e habitual, o HPBN pode recorrer à Farmácia Porto de modo a satisfazer
esse pedido7.

4.3. Armazenamento de medicamentos


A tarefa que se segue após a receção das encomendas nos SF é o armazenamento dos
mesmos. O armazenamento dos medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos
é realizado tendo em conta a organização do armazém já mencionada no presente relatório.
Os medicamentos devem ser organizados de acordo com as condições estabelecidas como
ideias para tal. Estas condições estabelecem parâmetros para luminosidade, humidade e
temperatura. Estas últimas são controladas de forma continua e através de um registo automático
por um termohigrómetro. Assim sendo, as condições ideias de armazenamento de
medicamentos são:
• Humidade < 60%;
• Temperatura < 25 ºC.
As medições efetuadas pelo termohigrómetro (Anexo 7) devem ser enviadas semanalmente para
a equipa de manutenção do HPBN8.
De forma a evitar perdas de medicamentos que causariam prejuízo financeiro, os medicamentos
estão organizados seguindo a máxima First Expired, First Out (FEFO), ou seja, os medicamentos
com menor prazo de validade são colocados na frente de modo a que, aquando da necessidade,
sejam os primeiros a serem dispensados.

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4.3.1.Condições especiais
Para medicamentos considerados termolábeis, as condições de temperatura devem situar-se
entre os 2 e os 8 ºC pelo que devem ser armazenados num local devidamente refrigerado. Estas
condições devem ser monitorizadas pelo farmacêutico diariamente.
No caso de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, este são armazenados num cofre
com fechadura cuja chave de abertura fica na posse e responsabilidade da Diretora Técnica dos
Serviços Farmacêuticos.

5. Farmacotecnia
A farmacotecnia é designada como a preparação de medicamentos que são necessários me
meio hospitalar, mas que não estão disponíveis comercialmente nas doses pretendidas.
Atualmente, poucos são os medicamentos que são necessários produzir em meio hospitalar
comparativamente a alguns anos atrás. Hoje em dia, essas preparações podem destinar-se a:
• Doentes individuais e específicos (por exemplo: formas pediátricas, fracionamento de
medicamentos);
• Reembalagem de doses unitárias sólidas;
• Preparações asséticas (soluções e diluições de desinfetantes);
• Preparações estéreis (manipulados);
• Preparações citotóxicas individualizadas5.
Assim, a farmacotecnia tarefa que deve ser desempenhado com o devido rigor de modo a
garantir a segurança, qualidade e eficácia dos medicamentos preparados.
No grupo TSH, a reembalagem de doses unitárias sólidas e as preparações estéreis e citotóxicas
são realizadas na Farmácia Central localizada no HPAV.

5.1. Reembalagem e fracionamento de medicamentos


O processo de reembalagem é realizado quando há necessidade de acondicionar os
medicamentos em doses unitárias quando estes não possuem informação(ões) relativa(s) ao
mesmo na embalagem primária tais como a sua Denominação Comum Internacional (DCI), prazo
de validade e lote; quando estes não possuam embalagem primária; ou quando estes são
fracionados. De maneira a que o medicamento possa ser distribuído, estas informações devem
constar no mesmo para fácil identificação. Após o processo quer de fracionamento quer de
reembalagem, estes devem ser registados e armazenados num documento indicado para esse
efeito (Anexo 8). No final destes processos, devemos obter medicamentos preparados em
unidoses como é possível ver no em anexo (Anexo 9).
O fracionamento de medicamentos é realizado quando as dosagens que são prescritas pelo
médico não existem no mercado, sendo necessário recorrer a este procedimento de modo a
satisfazer o pedido. Para tal, o medicamento é colocado numa ferramenta de fracionamento que
o divide em partes iguais, sendo necessário, de seguida, proceder à reembalagem e rotulagem
das frações obtidas. Para rotular as novas frações, estas devem conter um prazo de validade
inscrito de seis meses após a data de fracionamento, exceção feita quando o prazo de validade

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do medicamento é inferior a seis meses. Nestes casos, o prazo de validade do medicamento


fracionado assume o mesmo do medicamento que o originou.
Os SF devem estar equipados de modo a poderem satisfazer estes pedidos de forma segura,
evitando possíveis contaminações dos medicamentos, rápida e eficaz, tendo em vista a
manutenção da qualidade do medicamento.
Todos os medicamentos distribuídos pelos serviços de Urgência e Bloco Operatório (exceto os
de pequenas dimensões) são etiquetados antes da sua distribuição pelo farmacêutico de modo
a prover os medicamentos de toda a informação necessária, não ocultando informações como o
lote e prazo de validade.
Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar fracionamentos, reembalagem e
nova rotulagem de medicamentos devido, principalmente, à medicação prescrita para a
Dose unitária. O caso mais particular abrange os comprimidos orodispersíveis de
acetilcisteína. Estes, aquando da sua reembalagem, necessitam de um cuidado especial –
devem ser acondicionados inicialmente em papel de alumínio (devido à higroscopia do
medicamento) e só depois se procedia à sua reembalagem e nova rotulagem.

5.2. Manipulados não-estéreis


A preparação deste tipo de medicamentos é realizada nos SF do HPAV, seguindo as Boas
Práticas de Fabrico (BPF) e destinam-se a doentes individuais e com indicação médica. Estas
preparações são, na sua maioria, destinadas a uso externo e podem ser soluções ou diluições
desinfetantes tais como o ácido acético a 5%, salicilato a 2% e álcool etílico a 50%, entre outros.
O pedido dos manipulados não-estéreis deve ser feito a cada duas semanas pelos SF do HPBN.
Aquando da preparação destes medicamentos manipulados, deve ser preenchida uma ficha de
preparação onde devem constar informações como:
• Composição qualitativa e quantitativa;
• Forma farmacêutica;
• Dosagem;
• Técnica de preparação;
• Número de unidades preparadas;
• Número de lote;
• Data da preparação.
Os rótulos destes medicamentos devem indicar o número de lote, data de preparação,
composição, condições de conservação e o prazo de validade deste. No final deste processo, os
manipulados são enviados para a UH que realizou o pedido.
Depois da sua utilização, os frascos de acondicionamento dos medicamentos manipulados são
entregues ao serviço de esterilização para que possam de novo ser utilizados em outras
preparações.

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5.3. Citotóxicos
A preparação de medicamentos citotóxicos, tal como a preparação de medicamentos
manipulados não-estéreis é realizada no HPAV. Devidos às consequências graves que a
manipulação deste tipo de medicamentos pode ter para a saúde do responsável, este deve seguir
as medidas estabelecidas de modo a evitar o contacto com estes fármacos. Deste modo, o
responsável deve estar devidamente equipado com luvas, touca, máscara, óculos e vestuário
protetor. Não é permitida a preparação deste tipo de medicamentos por grávidas ou mães a
amamentar, devido ao risco teratogénico que possa ser inerente, nem a quem já tenha realizado
tratamento quimioterápico ou apresente alergias a fármacos5.
De forma garantir a segurança pessoal de quem manipulado estes medicamentos, este
procedimento deve ser realizado em câmara de fluxo laminar como indicam as BPF. A câmara
deve ser iniciada 30 minutos antes do procedimento, de modo a estabilizar o fluxo e deve ser
feita a desinfeção do local de trabalho. No final, deve ser novamente desinfetada a área com
álcool a 70% e a câmara de fluxo laminar deve permanecer ligada durante mais 20 minutos5.
No entanto, durante o meu período de estágio pude assistir à preparação de um citotóxico,
a mitomicina, apesar de a maioria destes medicamentos ser preparado no HPAV. Esta
preparação pôde ser realizada no serviço de Ambulatório, uma vez que não necessitava
de um ambiente assético. Isto foi possível devido ao medicamento estar selado num
sistema que permitia a sua preparação sem que nunca fosse preciso quebrar o selo do
mesmo, garantindo a assepsia deste. Na sua preparação, foi necessário tomar as
precauções devidas já mencionadas de modo a evitar qualquer tipo de contaminação. Para
isso, a bancada de preparação foi previamente esterilizada com álcool a 70% e o
farmacêutico encontrava-se devidamente protegido com uma bata descartável, luvas,
máscara, óculos de proteção e touca. Após a preparação, a área de trabalho voltou a ser
limpa e desinfetada. A preparação ficou armazenada no serviço de Ambulatório para
posterior administração por parte da equipa de enfermagem.

6. Autorização de Utilização Especial


Para que um medicamento possa ser comercialização e indicado para utilização terapêutica, é
necessário que este possua uma Autorização de Introdução no Mercado (AIM). A AIM é
concedida pelo organismo que tutela os medicamentos em Portugal, o Infarmed. No entanto, em
alguns casos, poderão ser necessários medicamentos no contexto hospitalar que não são
comercializados em território nacional. Nestes casos, é necessário proceder à importação do
medicamento uma vez que estes não possuem uma AIM válida em Portugal. Todavia, apesar de
não existir uma AIM em vigor, não significa que o medicamento não possa ser utilizado. Desde
que devidamente justificado e em ausência de alternativa terapêutica no mercado português,
pode ser realizado um pedido especial.
Assim, sempre que for necessário um destes medicamentos, a Coordenadora dos Serviços
Farmacêuticos deve requerer ao Infarmed uma Autorização de Utilização Especial (AUE). Esta
requisição deve ser feita ao abrigo do disposto no artigo 92º do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30

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de Agosto, na sua redação atual desde que observados os requisitos aprovados pela Deliberação
n.o 76/CA/2015, de 18 de junho9.
Os pedidos de AUE são realizados anualmente, pela farmacêutica coordenadora dos SF do
grupo TSH, onde deve descrever o produto, dados do fabricante, distribuidor e quantidade
requerida. Este pedido deve ter em consideração a utilização desse medicamento ao longo do
ano seguinte. Toda a documentação referente ao pedido de AUE deve ser arquivada na
Farmácia Central do grupo TSH durante pelos menos 5 anos9.

7. Sistemas de distribuição
Esta é a atividade dos SF com maior visibilidade no HPBN e permite um maior contacto com as
restantes equipas e serviços da unidade hospitalar. Esta tarefa abrange todos os medicamentos,
produtos farmacêuticos e dispositivos médicos ao dispor do SF para que possam colmatar as
necessidades dos vários serviços.

7.1. Distribuição de medicamentos por reposição de stocks


Este tipo de distribuição, também designado como Distribuição Clássica, é aquele que permite
que todos os serviços hospitalares estejam a todos os momentos providos dos medicamentos
necessários ao seu normal funcionamento. A DMRS tem por base o stock definido como ideal
para cada um dos serviços. Semanalmente, é da responsabilidade dos SF reestabelecer o stock
utilizado. O stock ideal é previamente definido pela intercomunicação entre farmacêutico,
enfermeiros e médicos6,10.
É da responsabilidade do farmacêutico gerar a listagem e satisfazer a reposição dos stocks ideais
das Urgências (medicamentos, embalagens vazias e soros), do Internamento (medicamentos,
embalagens vazias e soros), do Bloco Operatório (medicamentos e embalagens vazias), da
Endoscopia (medicamentos e soros), da Unidade de Cuidados Intensivos, da Hemodinâmica, do
Bloco de Partos e Neonatologia, da Esterilização, da Imagiologia, da Fisioterapia e da Medicina
Dentária6.
Na DMRS referente ao Bloco Operatório e às Urgências, os medicamentos são devidamente
etiquetados (exceto ampolas de menor dimensão), sem ocultar os dados de lote e prazo de
validade, facilitando o débito destes e evitando erros de stock. Antes da distribuição, deve ser
verificado se existe stock suficiente nos SF para satisfazer os pedidos6.
Esta distribuição está organizada num plano semanal (Anexo 1) otimizado para que todos os
serviços possuam os medicamentos ou produtos necessários para funcionarem em plenitude.
Em casos excecionais onde haja necessidade de um medicamento que ainda não foi reposto, é
realizado um pedido por via telefónica aos SF que se encarregam de colmatar essa ausência e
o entregam diretamente ao serviço ou a um auxiliar que se dirija aos SF6.

7.2. Distribuição de medicamentos por Dose Individual Unitária


Este método de distribuição (DIU) consiste na separação individual dos medicamentos
destinados a doentes em regime de internamento, por um período de pelo menos 24 horas, e

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tem por base a prescrição médica de cada um deles. Através deste sistema, é aumentada a
segurança no circuito do medicamento uma vez que permite conhecer melhor o perfil do doente,
diminuir possíveis riscos de interações, ajustar as fórmulas farmacêuticas às vias de
administração e reduzir a quantidade de resíduos farmacológicos pela sua racionalização
individual para cada doente5,10.
A preparação desta distribuição é realizada diariamente, sendo uma das últimas tarefas a
realizar, concedendo mais tempo aos médicos de avaliar e prescrever o melhor plano terapêutico
para os doentes internados. O farmacêutico, após receber a prescrição, é responsável por
interpretar, avaliar e validar as mesmas. A validação das prescrições médicas é realizada no
software disponível nos SF, o CPCHS. Antes da validação, deve ser avaliada a possível presença
de erros na prescrição tais como a duplicação da medicação, posologia inadequada ou fórmula
farmacêutica incompatível com a via de administração. Além das prescrições médicas, deve ser
analisado o mapa de cirurgias diário de modo a perceber o número de doentes e hora a que
poderão dar entrada no serviço de Internamento do HPBN. Além da medicação indicada pelo
médico, a prescrição médica deve conter a informação da medicação já tomada pelo doente (em
sua casa), os medicamentos estupefacientes e soros – em caso de necessidade, já estão
presentes no serviço de Internamento, não sendo por isso enviados com a DIU5.
Para que seja realizada a DIU, é impresso o mapa terapêutico de cada doente por piso de
Internamento. Este mapa inclui o nome, quarto, número da cama do doente, dieta, possíveis
observações e a prescrição médica para as próximas 24 horas. Após a emissão dos mapas, é
efetuado o débito da medicação a cada doente através do software disponível nos SF e procede-
se à separação da medicação5.
A DIU é distribuída em malas com gavetas identificadas com o nome, número de quarto e local
do internamento do doente. As gavetas encontram-se organizadas na mala por ordem crescente
do número de quarto dos doentes (Anexo 10). Durante a distribuição das malas com a dose
unitária pelos serviços de Internamento, são substituídas as malas do dia anterior por estas. No
caso de existir medicação que não foi necessária nas gavetas da mala do dia anterior, esta volta
para os SF onde é novamente armazenada5.
No final da semana, à sexta-feira, é necessário que a DIU seja preparada em triplicado por cada
doente internado, uma vez que os SF estão encerrados ao fim-de-semana. Tal como é
recomendado pelas BPF, a dose em triplicado permite dotar os serviços de Internamento da
medicação que possa ser necessária caso o doente permaneça internado durante este período.
Na segunda-feira seguinte, é necessário verificar os processos clínicos de cada doente de modo
a perceber se o seu internamento se prolongou durante o fim-de-semana, realizando o débito da
medicação apenas dos dias em que foi necessária5.
Este foi uma das tarefas mais importantes durante o meu estágio na farmácia hospitalar.
Com esta tarefa, tive a oportunidade de acompanhar o processo num todo, desde o
momento em que é recebida a prescrição médica nos SF até à distribuição da dose
unitária.

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7.3. Distribuição em ambulatório


A distribuição de medicamentos para doentes em regime de ambulatório é disponibilizada a
alguns doentes do HPBN (Anexo 11). Estes doentes são geralmente afetados por determinadas
patologias, principalmente oncológicas tais como o cancro do pulmão e o cancro da mamã6. Este
tipo de distribuição possui a vantagem não só de ser menos dispendioso para o hospital como
também permitir ao doente uma recuperação mais confortável na sua casa, fora do ambiente
hospitalar, reduzindo assim certos riscos atribuídos ao internamento hospitalar tais como o
desenvolvimento de infeções nosocomiais5,10.
Este serviço é registado em formato Excel onde estão presentes as informações dos doentes, a
medicação atribuída a cada um e as datas de levantamento da mesma no HPBN. Desta forma,
o farmacêutico está precavido para organizar a encomenda da medicação necessária com
antecedência para que esteja disponível na data de levantamento indicado ao utente para que
possa continuar o seu tratamento sem percalços.
Tal como na DIU, o médico é responsável pela prescrição do medicamento que seguidamente é
validade pelo farmacêutico.
Na altura da dispensa do medicamento, o utente dirige-se ao serviço de atendimento que
contacta com os SF. O farmacêutico desloca-se assim a este serviço de modo a dispensar o
medicamento ao utente para que este possa continuar o seu tratamento no conforto da sua casa.

7.4. Circuitos especiais


Os circuitos especiais englobam medicamentos que carecem de justificação médica. Isto ocorre
com medicamentos legislados de forma diferente dos restantes medicamentos, sendo por isso
alvo de um controlo mais rigoroso na dispensa dos mesmos.
7.4.1.Estupefacientes e psicotrópicos
Devido à sua ação a nível do Sistema Nervoso Central, estes medicamentos podem causar
dependência física e psicológica, estando sujeitos a uma legislação especial e a um controlo
mais rigoroso. Estes medicamentos devem estar armazenados num local seguro e protegido, tal
como já mencionado no presente relatório5.
Tal como os restantes medicamentos, os estupefacientes e psicotrópicos apresentam um stock
ideal pré-definido em cada serviço da UH. A cada administração de um destes medicamentos, é
preenchido um impresso próprio de uso nacional, o modelo nº 1509 (Anexo 12). Este impresso
é constituído por uma versão original e um duplicado onde está identificado o número da
requisição, o serviço onde ocorreu a administração, o nome do doente, qual o medicamento
descrito por DCI, a sua fórmula farmacêutica, dosagem e a quantidade administrada. Além
destes dados, o impresso deve conter a informação do enfermeiro responsável pela
administração: a sua assinatura e número mecanográfico6.
Seguidamente, o farmacêutico deve verificar a conformidade do impresso e numerar
sequencialmente as requisições, registando a quantidade de medicamentos a fornecer na forma
de número e por extenso. Este modelo deve ser assinado pelo farmacêutico, por quem o entrega
nos SF e por quem o receciona devendo colocar também a data e número mecanográfico6.

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De maneira a que haja um maior controlo no circuito destes medicamentos, são guardadas as
cópias das requisições no arquivo dos SF até entrega do impresso original e é mantido atualizado
um ficheiro em Excel a dispensa deste tipo de medicamentos. Quando o modelo original é
entregue aos SF, fica arquivado juntamente com a declaração de transferência para o serviço
que solicitou o medicamento enquanto que o duplicado é da responsabilidade do enfermeiro
responsável6.
7.4.2.Hemoderivados
A requisição de produtos derivados do plasma, ou hemoderivados, deve ser realizada através
do preenchimento do Modelo 1804 - “Medicamentos hemoderivados –
Requisição/Distribuição/Administração” (Anexo 13). O seu preenchimento é de responsabilidade
médica e deve constar a informação relativa ao serviço requisitante, nome, número
mecanográfico, identificação do doente e do medicamento hemoderivado, diagnóstico ou
justificação médica, dose e duração do tratamento10.
A versão original deste modelo é arquivada nos SF durante cinco anos, ordenados em função
da ordem de requisição, após receber a assinatura do enfermeiro encarregue pelo levantamento
destes medicamentos. Já o duplicado do modelo fica na posse do serviço requerente10.
Sempre que é necessário um novo medicamento hemoderivado, deve ser preenchida uma nova
requisição. Os Quadros A e B são da responsabilidade do médico, enquanto que o Quadro C
deve ser preenchido pelo farmacêutico. O farmacêutico deve numerar cada um dos requisitos de
forma sequencial, identificar o medicamento hemoderivado, dose e quantidade dispensada, o
número de lote, laboratório responsável pela sua produção e o CAUL que pode ser consultado
online10.
7.4.3.Medicamentos de alerta máximo
Os medicamentos com esta designação são aquelas capazes de causar danos graves a fatais
no utente quando são utilizados de forma inadequada uma vez que apresentam uma janela
terapêutica estreita, aumentando o risco de administração de doses tóxicas6.
Estes medicamentos encontram-se identificados, tanto nos SF como em outros serviços onde
sejam necessários, com um símbolo de perigo.
7.4.4.Sugamadex
O sugamadex, ou Bridion® (MSD) é um medicamento indicado para a reversão do bloqueio
neuromuscular (BNM) profundo induzido por fármacos tais como o vecurónio e o rocurónio,
utilizados em anestesia geral. Quando atinge a corrente sanguínea, este forma complexos com
os agentes responsáveis pelo bloqueio neuromuscular, reduzindo a quantidade disponível destes
para se ligarem aos recetores nicotínicos, revertendo assim o efeito anestésico11.
Este fármaco apresenta uma ação similar à atropina e à neostigmina, mais usualmente utilizada,
apresentando como vantagem o facto de ser mais eficaz no efeito terapêutico e atuar de forma
mais rápida às alternativas mencionadas. Por este motivo, este medicamento passou a ser mais
utilizado pelos médicos no HPBN em detrimento da neostigmina.
O sugamadex está indicado para situações tais como:
• Dificuldade de intubar e ventilar;
• Patologia cardiovascular ou respiratória que limita o uso de atropina ou neostigmina;

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• Obesidade mórbida;
• Episódio respiratório crítico pós-operatório com suspeita de BNM residual.
No entanto, o sugamadex apresenta um custo de aquisição superior ao restantes reversores de
bloqueio neuromuscular. Assim, de forma a evitar o uso de forma indiscriminada e os custos
elevados da sua utilização foi criada uma folha de justificação da utilização do sugamadex (Anexo
14). Esta justificação deve ser preenchida e assinada pelo médico anestesiologista, entregue
aos SF para ser assinada e arquivada pelo farmacêutico responsável.
7.4.5.Mala cardíaca
Quando consta uma cirurgia cardiotorácica na agenda do Bloco Operatório do HPBN, é
necessário preparar uma “mala cardíaca”. Nesta mala estão presentes todos os fármacos que
podem ser necessários caso ocorram complicações durante estas cirurgias. A preparação e
verificação desta mala deve ser realizada no dia anterior à cirurgia de forma a evitar lapsos na
medicação que possa vir a ser necessária. Após a preparação da mala cardíaca, o farmacêutico
deve entregá-la no Bloco Operatório. Seguidamente à cirurgia, a mala é encaminhada
juntamente com o doente para a Unidade de Cuidados Intensivos, onde permanece durante o
mesmo período que o doente. Assim que o doente abandona a UCI, a “mala cardíaca” retorna
aos SF e os medicamentos que não foram utilizados são novamente repostos no stock dos SF.

Tabela 1 - Conteúdo da “mala cardíaca”

Fármaco Nº de ampolas
Ácido aminocapróico 4
Ácido tranexâmico 6
Adenosina 2
Adrenalina 15
Aminofilina 2
Amiodarona 10
Cloreto de potássio 7,5% 20
Cloridrato de labetalol 4
Digoxina 4
Dinitrato de isossorbido 12
Dobutamina 2
Dopamina 2
Efedrina 5
Esmolol 4
Fenilefrina 3
Gluconato de cálcio 10% 5
Heparina 10
Lidocaína 1% 4
Metoprolol 3
Nitroprussiato de sódio 3
Noradrenalina 4
Papaverina 5
Propofol 2% 4
Protamina 20
Sulfato de magnésio 20% 4

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7.5. Gases medicinais


Os gases medicinais são definidos, segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto do
“Estatuto do Medicamento”, como gases ou a mistura de gases, liquefeitos ou não, destinados a
entrar em contacto direto com o organismo humano e que desenvolvam uma atividade
apropriada a um medicamento, designadamente pela sua utilização em terapias de inalação,
anestesia, diagnóstico in vivo ou para conservar ou transportar órgãos, tecidos ou células
destinados a transplantes, sempre que estejam em contacto com estes”12.
Alguns gases utilizados no HPBN tais como dióxido de carbono ou o azoto líquido, são
considerados dispositivos médicos, não sendo controlados por parte dos SF do HPBN. Estes
gases estão instalados nos serviços de Urgências, no Bloco Operatório, nos pisos de
Internamento e em todos os serviços que possuam um carro de emergência médica; e são
administrados por ligação direta com a garrafa sob pressão13.
A empresa responsável pelo fornecimento dos gases medicinais ao HPBN é a Air Liquide
Medicinal®, responsável pela instalação e manutenção dos equipamentos. A encomenda destes
gases é da responsabilidade da equipa de manutenção do HPBN, devendo efetuar a encomenda
por via eletrónica, e aquando da recolha de uma garrafa vazia, esta informação deve ser
transmitida aos SF13.

8. Controlo de qualidade
8.1. Prazos de validade
O controlo dos prazos de validade é uma tarefa importante na manutenção do bom
funcionamento de qualquer serviço hospitalar, assegurando a qualidade e segurança dos seus
medicamentos bem como dos utentes destes serviços. Além destas vantagens, este controlo
permite uma redução dos desperdícios financeiros devido a medicamentos com prazo de
validade expirado.
Este controlo é facilitado devido à criação de um documento Excel onde estão inseridos os
prazos de validade de todos os produtos, bem como a sua localização nos diversos serviços. A
verificação dos prazos de validade é realizada trimestralmente quer nos SF quer nos serviços
restantes do HPBN para atualização do documento mencionado.
Através deste documento, mensalmente é gerada uma lista com os medicamentos cujo prazo de
validade expira no presente mês e é efetuada a recolha dos mesmo pelo farmacêutico. Deste
modo, existe um maior controlo sobre os stocks e permite garantir a segurança dos
medicamentos disponíveis.
Os medicamentos retirados dos vários serviços por proximidade do prazo de validade retornam
aos SF podendo ser utilizados na DIU ou emprestados a outras UH do grupo TSH que
apresentem maior rotatividade do medicamento em questão ou que necessitem prontamente do
mesmo.

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8.2. Contagem de stocks


Para garantir a conformidade do stock informático com o stock real, é necessário proceder à sua
conferência. Este processo permite reduzir as perdas físicas de produtos bem como financeiras.
No HPBN, a contagem de stocks é realizada de forma quinzenal nos serviços de Urgências,
Bloco Operatório e Internamentos 1 e 2 – estes são os locais mais propícios a erros de stock
devido à urgência na dispensação de medicamentos.
Quanto aos serviços de Consultas Externas, UCI, Endoscopia, Hemodinâmica, Bloco de Partos
e Neonatologia, a contagem de stocks é apenas efetuada trimestralmente.
No final da contagem de stocks, todos as faltas (medicamentos e soros) são comunicadas ao
enfermeiro responsável por cada serviço de forma a que esses erros de stocks sejam corrigidos.

9. Medicamentos das “ofertas”


Durante o meu período de estágio, com o intuito de contribuir para a melhor organização dos SF
do HPBN, elaborei um documento em Excel para as “Ofertas” presentes nestes serviços. Neste
documento, os medicamentos disponíveis nas “Ofertas” estão organizados por ordem alfabética
tendo em conta a sua DCI. Além da DCI, constam no documento as informações quanto ao
número de lote, prazo de validade e quantidade disponível.
Este documento permite uma maior facilidade e rapidez de acesso aos medicamentos que estão
disponíveis, permitindo verificar a existência ou ausência de determinado medicamento sem a
necessidade de desorganizar o local onde estes estão armazenados na esperança de encontrar
um medicamento específico.
Com a elaboração deste documento espero ter contribuído ainda mais para a organização dos
Serviços Farmacêuticos.

Tabela 2 - Lista de medicamentos de oferta dos SF do HPBN

Nome Dosagem Lote Validade Quantidade


Ácido acetilsalicílico 100 mg 138918 abr/20 25
Ácido fólico 5 mg 180249 abr/21 33
Ácido fólico 5 mg 180077 fev/21 27
Ácido ursodesoxicólico 250 mg 17L05123A dez/22 33
Amissulprida 50 mg 6ZR1929A abr/21 26
Amlodipina + Valsartan 5 + 80 mg BAV36 jan/21 32
Anastrozol 1 mg W03100 fev/20 9
Becozyme® 1035049 fev/21 8
Bisoprolol 5 mg 18AQ220 set/22 22
Carbidopa + Levodopa 25 + 100 mg W180416 dez/19 14
Carbocisteína saquetas 1500 mg 17003 jun/20 28
Cetirizina 10 mg 8AN057A jan/21 12
Citalopram 20 mg 110717 dez/21 7
Colestiramina saquetas 640 out/20 29
Dabigatrano etexilato 110 mg 702142 dez/19 20

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10. Conclusão
O meu estágio nos Serviços Farmacêuticos do HPBN do grupo TSH conduziram-me à aquisição
de novas valências, em contexto hospitalar, contribuindo da melhor forma para o meu
crescimento como futuro profissional de saúde através do contacto permitido com várias
pessoas, utentes, profissionais de saúde, auxiliares e técnicos. Com esta experiência pude
observar de perto as responsabilidades e funções de um farmacêutico hospitalar, o
funcionamento de uma unidade hospitalar e a dinâmica interação em os diversos serviços
prestados nestas unidades, valorizando cada vez mais a interdependência entre os vários
profissionais para que seja atingido o objetivo principal das unidades de prestação de cuidados
de saúde que é o bem-estar do utente.

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Anexos

Anexo 1 - Entrada do Hospital Privado da Boa Nova

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Anexo 2 – Plano operacional semanal dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Privado da Boa Nova

Diário
Manhã Tarde
• Verificar se houve levantamento de • Validar prescrições médicas + Preparar
medicação na farmácia malas unidose para INT
• Validar prescrições médicas • Reverter medicação do dia anterior +
Debitar unidose
2ª feira
Manhã Tarde
• Debitar medicação unidose de Dom, • Gerar e satisfazer pedido de
segundo altas clínicas medicamentos/emb. vazias/soros INT1 e
• Gerar e satisfazer pedido 2
medicamentos/emb. vazias/soros • Satisfazer pedido de soros Bloco +
Urgência Endoscopia
3ª feira
Manhã Tarde
• Gerar e satisfazer pedido de • Satisfazer pedido HDM
medicamentos do Bloco • Gerar e satisfazer pedido do Bloco de
• Gerar e satisfazer pedido de Partos e Neonatologia
medicamentos da Endoscopia
4ª feira
Manhã Tarde
• Produzir kits (INT + Bloco) + Efetuar • Inventário Serviços + controlo de PV
consumos aos serviços • Satisfazer pedido Esterilização
• Gerar e satisfazer pedido de • Satisfazer pedido Imagiologia
medicamentos/emb. vazias/soros do INT • Satisfazer pedido Dentária
• Satisfazer pedido CEXT
5ª feira
Manhã Tarde
• Satisfazer pedido de • Inventário Serviços + controlo de PV
medicamentos/emb. vazias/ soros da • Fazer encomenda semanal à Farmácia
URG Central
• Gerar e satisfazer pedido medicamentos
HEMO
6ª feira
Manhã Tarde
• Gerar e satisfazer pedido de • Preparar malas unidose para 6ª feira,
medicamentos/emb. vazias/soros INT Sáb e Dom
• Gerar e satisfazer pedido de • Debitar medicação unidose apenas de 6ª
medicamentos Bloco feira
• Gerar e satisfazer pedido Endoscopia
• Repor estupefacientes Bloco

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Anexo 3 - Registo de levantamento de medicação depois das 18h e fim-de-semana

Anexo 4 - Fluxograma do circuito do medicamento no HPBN

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Anexo 5 – Requisição medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

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Anexo 6 - Guia de transporte de uma encomenda

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Anexo 7 - Mapa de registo do termohigrómetro

Anexo 8 - Registo de fracionamento de medicamentos

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Anexo 9 - Medicamentos fracionados, reembalados e rotulados

Anexo 10 - Mala com a Distribuição Individual Unitária

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Anexo 11 – Registo da Distribuição de Ambulatório

Anexo 12 - Modelo nº 1509 (Requisição de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos)

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Anexo 13 - Modelo nº 1804 (Requisição de medicamentos hemoderivados)

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Anexo 14 - Justificação da utilização do sugamadex

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Referências
1. Ordem dos Farmacêuticos: Farmácia Hospitalar. Acessível em:
https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/areasprofissionais/farmacia-hospitalar/
[acedido em 27 de julho de 2019].
2. Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar (2018). Manual de Boas
Práticas de Farmácia Hospitalar, Capítulo I: Processos de Suporte, Ordem dos
Farmacêuticos.
3. Trofa Saúde Hospital: Quem somos. Acessível em: https://www.trofasaude.pt/trofa-
saude/quem-somos/ [acedido a 2 de agosto de 2019].
4. Trofa Saúde Hospital Matosinhos: O Hospital. Acessível em:
https://www.trofasaude.pt/matosinhos/unidade/o-hospital/ [acedido a 5 de agosto de
2019].
5. Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar (2005), Manual da Farmácia Hospitalar,
Ministério da Saúde.
6. Serviços Farmacêuticos do Trofa Saúde Hospital (2013). Manual de Procedimentos –
Serviços Farmacêuticos do grupo TSH.
7. Serviços Farmacêuticos do Trofa Saúde Hospital (2013). Procedimento Operacional –
Receção de Medicamentos, Produtos Farmacêuticos e Dispositivos Médicos.
8. Serviços Farmacêuticos do Trofa Saúde Hospital (2013). Procedimento Operacional -
Armazenamento Geral de Medicamentos, Produtos Farmacêuticos e Dispositivos
Médicos.
9. INFARMED: Autorização de Comercialização (AUE, AUE de lote e SAR). Acessível em:
http://www.infarmed.pt/web/infarmed/entidades/medicamentos-uso-
humano/autorizacao-de-introducao-nomercado/autorizacao_de_utilizacao_especial
[acedido em 25 de setembro de 2019].
10. Serviços Farmacêuticos do Trofa Saúde Hospital (2013). Procedimento Operacional -
Distribuição de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos.
11. INFARMED: Relatório de Avaliação prévia de Medicamento para Uso Humano em Meio
Hospitalar – Sugamadex. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/documents/15786/1424140/ParecerNet_Bridion.pdf/d8007d
41-f3a7-4c01-8428-33ad04bc8520 [acedido em 29 de setembro de 2019].
12. Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto. Estatuto do medicamento. Diário da
República nº 167/2006, Série I (2006-08-30) p. 6297-6383.
13. Serviços Farmacêuticos do Trofa Saúde Hospital (2013). Procedimento Operacional -
Procedimento dos Gases Medicinais no HPBN.

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