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TíÍUlo: f'enô;µen()s de transporte.
FE
T
SEGUNDA EDIÇÃO
R. Byron Bird
Warren E. Stewart
Edwin N. Lightfoot
Chemical Engineering Department
University of Wisconsin-Madison
Equipe de Tradução
Affonso Silva Telles1 Ph.D.
Departamento de Engenharia Química Escola de Química/UFRJ
(Capítulos9, 10, 11, 12, 13, 14, 16e24)
LTC
EDITORA
COMPRA
/()
Editoração Eletrônica: {ja6i e .lucns Serviço; á< 1Jatilo9rajia '.E.~1. ijnificn. Ltáa.-ME
Capa: Norm Christiansen. Usada com pemússão de John Wiley & Sons, Inc.
Embora as transferências de momento, de calor e de massa Citações à literatura publicada são enfatizádas em todo
tenham sido desenvolvidas independentemente como ramos o livro, tanto para colocar os feriôinenos de trarisporte em
da física clássica há tempos, seu estudo unificado encontrou seu contexto histórico adequado, quanto para conduzir o
lugar como uma das ciências fundamentais de engenharia. leitor a extensões dos fundamentos e outras aplicações. Foi
Esse desenvolvimento, por sua vez, com menos de meio uma preocupação nossa, em particular, apresentar os pionei-
século de idade, continua a crescer e a encontrar aplicações ros aos quais devemos muito e dos quais podemos ainda
em novas áreas, tais como biotecnologia, microeletrônica, obter inspiração útil. Esses foram seres humanos não tão
nanotecnologia e ciência de polímeros. diferentes de nós, e talvez alguns de nossos leitores sejam
A evolução dos fenômenos de transporte tem sido tão inspirados a fazer contribuições semelhantes.
rápida e extensa que não é possível abordá-los em sua tota- Obviamente, as necessidades de nossos leitores e as fer-
lidade. Ao incluir muitos exemplos representativos, nossa ramentas disponíveis para eles têm mudado grandemente
principal ênfase, por uma questão de necessidade, diz res- desde que a primeira edição foi escrita, cerca de quarenta
peito a aspectos fundamentais dessa área. Além disso, cons- anos atrás. Fizemos um sério esforço para tomar nosso
tatamos, em discussões com colegas, que o tema fenôme- texto atualizado, dentro dos limites de espaço e de nos-
nos de transporte é ensinado de diversas maneiras e em ní- sas habilidades, e tentamos antecipar mais desenvolvimen-
veis diferentes. Foi incluído material suficiente para dois tos. As maiores mudanças em relação à primeira edição
cursos: um introdutório e um avançado. O curso elementar, incluem:
por sua vez, pode ser dividido em um de transferência de
• propriedades de transporte de sistemas bifásicos;
momento e um outro de transferência de calor e de massa,
• o uso de "fluxos combinados" para estabelecer balan-
fornecendo assim mais oportunidades para demonstrar a
ços e equações de variações em cascas;
utilidade desse material em aplicações práticas. Com o ob-
• conservação de momento angular e suas conseqüên-
jetivo de ajudar estudantes e professores, algumas seções têm cias;
os símbolos (O) significando opcionais, e (9) significando • dedução completa do balanço de energia mecânica;
avançadas. • tratamento expandido da teoria da camada limite;
Embora considerado há muito tempo como um tema ma- • dispersão de Taylor;
temático, os fenômenos de transporte são mais importantes • discussões melhoradas do transporte turbulento;
por seu significado físico. Sua essência é a formulação cui- • análise de Fourier do transporte turbulento a altos
dadosa e compacta dos princípios de conservação, juntamen- valores de Pr ou Se;
te com as expressões de fluxo com ênfase nas semelhanças • mais sobre os coeficientes de transferência de calor e
e diferenças entre os três processos de transporte considera- de massa;
dos. Freqüentemente, conhecer as condições de contorno e • discussões estendidas de análise dimensional e mudan-
as propriedades físicas em um problema específico pode ça de escala;
levar a conhecimentos úteis, com um esforço mínimo. Con- • métodos matriciais para transferência de massa
tudo, a linguagem dos fenômenos de transporte é matemáti- multicomponente;
ca e, neste livro, supusemos familiaridade com equações • sistemas iônicos, separações por membranas e meios
diferenciais ordinárias e análise vetorial elementar. Introdu- porosos;
ziremos o uso de equações diferenciais parciais com expli- • a relação entre a equação de Boltzmann e as equações
cações suficientes de modo que o estudante interessado possa do contínuo;
dominar o material apresentado. A fim de poder se concen- • o uso da convenção "Q + W" nas discussões de ener-
trar no entendimento fundamental, as técnicas numéricas não gia, em conformidade com os principais livros de fí-
são utilizadas, apesar de sua óbvia importância. sica e de físico-química.
vi PREFÁCIO
No entanto, é sempre a geração de profissionais mais jovens muito mais do que temos ensinado a eles. Além disso, os
que vê o futuro mais claramente e que deve edificá-lo sobre professores que revisaram o manuscrito merecem agradeci-
heranças imperfeitas. mentos especiais por suas numerosas correções e comentá-
Ainda há muito por ser feito, mas espera-se que a utili- rios perspicazes: Yu-Ling Cheng (Universidade de Toron-
dade dos fenômenos de transporte cresça em vez de dimi- to), Michael D. Graham (Universidade de Wisconsin), Susan
nuir. Cada uma das novas tecnologias entusiasmantes flo- J. Muller (Universidade da Califórnia-Berkeley), William B.
rescendo ao nosso redor é governada, no nível detalhado de Russel (Universidade de Princeton), Jay D. Schieber (Insti-
interesse, pelas leis de conservação e pelas expressões de tuto de Tecnologia de Illinois) e John F. Wendt (Instituto Von
fluxo, juntamente com informação sobre os coeficientes de Kárrnán de Fluidodinâmica). Entretanto, em um nível mais
transporte. A adaptação de equacionamentos de problemas profundo, beneficiamo-nos da estrutura e tradição departa-
e de técnicas de solução para essas novas áreas manterá, mentais, providas por nossos antecessores aqui em Madison.
indubitavelmente, engenheiros ocupados por um longo tem- O mais importante entre eles foi Olaf Andreas Hougen e é à
po e podemos apenas esperar ter fornecido uma base útil a sua memória que essa edição é dedicada.
partir da qual começar. R. B. B.
Madison, Wisconsin
Cada novo livro depende, para seu sucesso, de muito mais W.E.S.
pessoas do que aquelas cujos nomes aparecem na página do E.N.L.
título. A dívida mais óbvia é certamente com os estudantes
aplicados e talentosos que, coletivamente, ensinaram-nos
SUMÁRIO
' 3.7 Análise Dimensional das Equações de Balanço 91 5.4 Expressões Empíricas para o Fluxo Turbulento de
Exempló 3. 7-1 Escoamento Transversal a um Momento 158
Cilindro Circular 93 Exemplo 5.4-1 Desenvolvimento de uma
Exemplo 3.7-2 Escoamento Peímanente em um Expressão para a Tensão de Reynolds nas
Tanque Agitado 95 Vizinhanças de uma Parede 159
Exemplo 3.7-3 Queda de Pressão para 5.5 Escoamento Turbulento em Tubos 160
Escoamento Lento em um Tubo Recheado 97 Exemplo 5.5-1 Estimativa da Velocidade Mtdia
Questões para Discussão 98 em um Tubo Circular 160
Problemas 98 Exemplo 5.5-2 Aplicação da Fórmula de Prançltl
para o Compn'mento de Mistura no Escoamento
Capítulo 4 Distribuições de Velocidades com Mais de Turbulento em um Tubo Circular 161
Uma Variável Independente 113 Exemplo 5.5-3 Magnitude Relativa da Viscosidade
e da Viscosidade Turbulenta 163
4.1 Escoamento de Fluidos Newtonianos Dependentes
5.6° Escoamento Turbulento em Jatos 163
do Tempo 113
Exemplo 5.6-1 Médias Temporais da
Exemplo 4.1-1 Escoamento Próximo a uma Parede
Distribuição de Velocidades em um Jato
Abntptamente Posta em Movimento 114
Circular Proveniente de uma Parede 164
Exemplo 4.1-2 Escoamento Laminar Transiente
Questões para Discussão 167
entre Duas Placas Paralelas 116
Problemas 167
Exemplo 4.1-3 Escoamento Laminar Transiente
Próximo a uma Placa Oscilante 119
Capítulo 6 Transporte entre Fases em Sistemas
4.2° Resolvendo Problemas de Escoamento Usando a
Isotérmicos 172
Função de Corrente 120
Exemplo 4.2-1 Escoamento Lento em Tomo de 6.1 Definição de Fatores de Atrito 172
uma Esfera 122 6.2 Fatores de Atrito para Escoamento em Tubos 174
4.3° Escoamento de Fluidos Invíscidos e Potencial de Exemplo 6.2-1 Queda de Pressão Necessária
Velocidade 123 para uma Dada Vazão 177
Exemplo 4.3-1 Escoamento Potencial em Tomo Exemplo 6.2-2 Vazão para uma Dada Queda de
de um Cilindro 126 Pressão 177
Exemplo 4.3-2 Escoamento para Dentro de um 6.3 Fatores de Atrito para o Escoamento em Torno de
Canal Retangular 127 Esferas 179
Exemplo 4.3-3 Escoamento Próximo a Paredes Exemplo 6.3-1 Dete1minação do Diâmetro de
em Ângulo 128 uma Esfera em Queda 181
4.4° Escoamento Próximo a Superfícies Sólidas e Teoria 6.4° Fatores de Atrito para Colunas Recheadas 182
da Camada Limite 131 Questões para Discussão 186
Exemplo 4.4-1 Escoamento Laminar ao Longo de Problemas 186
uma Placa Plana (Solução Aproximada) 133
Exemplo 4.4-2 Escoamento Laminar ao Longo Capítulo 7 Balanços Macroscópicos para Sistemas
de uma Placa Plana (Solução Exata) 134 Isotérmicos em Escoamento 192
Exemplo 4.4-3 Escoamento Próximo a Paredes
em Ângulo 136 7.1 Balanço Macroscópico de Massa 193
Questões para Discussão 137 Exemplo 7.1-1 Drenagem de um Tanque
Problemas 138 Esférico 194
7.2 Balanço Macroscópico de Momento 195
Capítulo 5 Distribuições de Velocidades no
Exemplo 7.2-1 Força Exercida por um Jato
(Parte a) 196
Escoamento Turbulento 149
7.3 Balanço Macroscópico de Momento Angular 197
5.1 Comparações entre Escoamentos Laminar e Exemplo 7.3-1 Torque em um Tanque de
Turbulento 150 Mistura 197
5.2 Médias Temporais das Equações de Balanço para 7.4 Balanço Macroscópico de Energia Mecânica 198
Fluidos Incompressíveis 153 Exemplo 7.4-1 Força Exercida por um Jato
5.3 Média Temporal do Perfil de Velocidades Próximo (Parte b) 200
a uma Parede 155 ~ 7.5 Estimação da Perda Viscosa 205
SUMÁRJO ix
10.4 Condução de Calor com Fonte Viscosa de Exemplo 11.5-3 Temperatura de Superfície de
Calor 288 uma Serpentina Elétrica de Aquecimento 344
10.5 Condução de Calor com Fonte Química de Questões para Discussão 345
Calor 290 Problemas 345
10.6 Condução de Calor Através de Paredes
Compostas 293 Capítulo 12 Distribuições de Temperaturas com Mais
Exemplo 10.6-1 Paredes Cilíndricas de Uma Variável Independente 357
Compostas 294
12.l Condução Transiente de Calor em Sólidos 357
10.7 Condução de Calor em Aleta de Resfriamento 296
Exemplo 12.1-1 Aquecimento de uma Placa
Exemplo 10.7-1 Erro nas Medidas com
Semi-infinita 357
Termopares 298
Exemplo 12.1-2 Aquecimento de uma Placa
10.8 Convecção Forçada 299
Finita 358
10.9 Convecção Natural 304
Exemplo 12.1-3 Condução Permanente de
Questões para Discussão 306
Calor Próxima a uma Parede com Fluxo
Problemas 307
Térmico Senoidal 361
Exemplo 12.1-4 Resfriamento de uma Esfera em
Capítulo 11 As Equações de Balanço para Sistemas Contato com um Fluido bem Agitado 362
Não-isotérmicos 320 12.2° Condução Permanente de Calor em Escoamento
11.1 A Equação da Energia 320 Laminar e Incompressível 364
11.2 Formas Especiais da Equação da Energia 322 Exemplo 12.2-1 Escoamento Laminar em um
Tubo, com Fluxo Constante de Calor na
11.3 A Equação de Boussinesq do Movimento para
Parede 365
Convecção Forçada e Natural 324
Exemplo 12.2-2 Escoamento Laminar em um
11.4 O Uso das Equações de Balanço para Resolver
Tubo, com Fluxo Constante de Calor na
Problemas em Regime Permanente 325
Parede: Solução Assintótica para a Região
Exemplo 11.4-1 Transferência de Calor, em
de Entrada 366
Regime Permanente, por Convecção
12.3º Escoamento Potencial Permanente de Calor em
Forçada em Escoamento Laminar em um
Sólidos 367
Tubo Circular 327
Exemplo 12.3-1 Distribuição de Temperatura
Exemplo 11.4-2 Escoamento Tangencial em
em uma Parede 368
uma Região Anular com Geração de Calor
12.4° Teoria da Camada Limite para Escoamento
por Atrito 327
Não-isotérmico 369
Exemplo 11.4-3 Escoamento Permanente em
Exemplo 12.4-1 Transferência de Calor por
Filme Não-isotérmico 329
Convecção Forçada Laminar, ao Longo de
Exemplo 11.4-4 Resfriamento por
uma Placa Plana Aquecida (Método
Transpiração 330
Integral de von Kármán) 370
Exemplo 11.4-5 Transferência de Calor por
Exemplo 12.4-2 Transferência de Calor por
Convecção Natural a Partir de uma Placa
Convecção Forçada Laminar, ao Longo de
Vertical 332
uma Placa Plana Aquecida (Solução
Exemplo 11.4-6 Processos Adiabáticos, Livres
Assintótica para Números Grandes de
de Atrito, em um Gás Ideal 334
Prandtl) 373
Exemplo 11.4-7 Escoamento Compressível
Exemplo 12.4-3 Convecção Forçada no
Unidimensional: Perfis de Velocidades, de
Escoamento Permanente Tridimensional
Temperaturas e de Pressões em uma Onda
para Números Grandes de Prandtl 374
Estacionária de Choque 335
Questões para Discussão 376
11.5 Análise Dimensional das Equações de Balanco
Problemas 376
para Sistemas Não-isotérmicos 338 ,
Exemplo 11.5-1 Distribuição de Temperatura
Capítulo 13 Distribuições de Temperaturas em
em Tomo de um Cilindro Lonvo 341
Escoamentos Turbulentos 388
Exemplo 11.5-2 Convecção Natu;al em uma
Camada Horizontal de Fluido; Formação 13.1 Média Temporal das Equações de Balanço para
de Células de Bénard 342 Escoamento Incompressível Não-isotérmico 388
SUMÁRIO XÍ
13.2 Perfil de Tempera~ra Média Próximo a uma 15.3 Uso dos Balanços Macroscópicos para Resolver
Parede 390 Problemas em Regime Permanente com Perfis
13.3 Expressões Empíricas para o Fluxo Térmico Planos de Velocidades 436
Turbulento 391 Exemplo 15.3-1 O Resfriamento de um Gás
Exemplo 13.3-1 Uma Relação Aproximada Ideal 437
para o Fluxo Térmico na Parede para o Exemplo 15.3-2 Mistura de Duas Correntes de
Escoamento Turbulento em um Tubo 391 Gás Ideal 438
13.4º Distribuição de Temperaturas para o Escoamento 15.4 As Formas d dos Balanços Macroscópicos 439
Turbulento em Tubos 392 Exemplo 15.4-1 Trocadores de Calor com
13.5º Distribuição de Temperatura para Escoamento Escoamento Concorrente ou
Turbulento em Jatos 395 Contracorrente 440
13.6° Análise de Fourier do Transporte de Energia no Exemplo 15.4-2 Potência Requerida para
Escoamento em Tubos, para Altos Números de Bombear um Fluido Compressível Através
Prandtl 397 de um Tubo Longo 442
Questões para Discussão ~00 15.5º Uso dos Balanços Macroscópicos para Resolver
Problemas 401 Problemas em Regime Transiente e Problemas
com Perfis Não-planos de Velocidades 444
Capítulo 14 Transferências entre Fases em Sistemas Exemplo 15.5-1 Aquecimento de um Líquido
Não-isotérmicos 402 em um Tanque Agitado 444
14.l Definições de Coeficientes de Transferência de Exemplo 15.5-2 Operação de um Controlador
Calor 403 Simples de Temperatura 446
Exemplo 14.1-1 Cálculo de Coeficientes de Exemplo 15.5-3 Escoamento de Fluidos
Transferência de Calor a Partir de Dados Compressíveis Através de Medidores de
Experimentais 405 Carga 449
14.2 Cálculos Analíticos de Coeficientes de Exemplo 15.5-4 Expansão Livre em Batelada
Transferência de Calor para Convecção Forçada de um Fluido Compressível 450
em Tubos e Fendas 407 Questões para Discussão 452
14.3 Coeficientes de Transferência de Calor para Problemas 452
Convecção Forçada em Tubos 412
Exemplo 14.3-1 Projeto de um Aquecedor Capítulo 16 Transporte de Energia por Radiação 464
Tubular 415 16.1 O Espectro da Radiação Eletromagnética 465
14.4 Coeficientes de Transferência de Calor para 16.2 Absorção e Emissão em Superfícies Sólidas 466
Convecção em Torno de Objetos Submersos 416 16.3 Lei da Distribuição de Planck, Lei do Deslocamento
14.5 Coeficientes de Transferência de Calor para de Wien e Lei de Stefan-Boltzmann 469
Convecção Forçada Através de Meios Exemplo 16.3-1 Temperatura e Emissão de
Porosos 419 Energia Radiante do Sol 472
14.6º Coeficientes de Transferência de Calor para 16.4 Radiação Direta entre Corpos Negros no Vácuo a
Convecção Natural e Mista 420 Diferentes Temperaturas 472
Exemplo 14.6-1 Calor Perdido por Convecção Exemplo 16.4-1 Estimativa da Constante
Natural de Tubo Horizontal 422 Solar 476
14.7º Coeficientes de Transferência de Calor para Exemplo 16.4-2 Transferência de Calor
Condensação de Vapores Puros sobre Superfícies Radiante entre Discos 476
Sólidas 424 16.5º Radiação entre Corpos Não-negros, a
Exemplo 14.7-1 Condensação de Vapor sobre Temperaturas Diferentes 477
Superfície Vertical 425 Exemplo 16.5-1 Escudos de Radiação 478
Questões para Discussão 427 Exemplo 16.5-2 Perda de Calor de uma
Problemas 427 Tubulação Horizontal por Radiação e por
Convecção Natural 479
Capítulo 15 Balanços Macroscópicos para Sistemas
Exemplo 16.5-3 Radiação e Convecção
Não-isotérmicos 433
Combinadas 480
15.1 Balanço Macroscópico de Energia 434 16.6º Transporte de Energia Radiante em Meios
15.2 Balanço Macroscópico de Energia Mecânica 435 Absorventes 480
XÜ SUMÁRJO
Exemplo 16.6-1 Absorção de Feixe de 18.3 Difusão com Reação Química Heterogênea 525
Radiação Monocromática 482 Exemplo 18.3-1 Difusão com Reação
Questões para Discussão 482 Heterogênea Lenta 526
Problemas 483 18.4 Difusão com Reação Química Homogênea 527
Exemplo 18.4-1 Absorção de Gás com Reação
PARTE UI TRANSPORTE DE MASSA Química em um Tanque Agitado 529
18.5 Difusão em um Filme Líquido Descendente
Capítulo 17 Difusividade e os Mecanismos de (Absorção Gasosa) 531
Transporte de Massa 489 Exemplo 18.5-1 Absorção de Gás a Partir de
17 .1 Lei de Fick da Difusão Binária (Transporte Bolhas Ascendentes 534
Molecular de Massa) 489 18.6 Difusão em um Filme Líquido Descendente
Exemplo 17.1-1 Difusão de Hélio Através de (Dissolução de um Sólido) 535
Vidro Pirex 494 18.7 Difusão e Reação Química no Interior de um
Exemplo 17.1-2 A Equivalência de <JlJA 8 e <Jll8A 495 Catalisador Poroso 536
17 .2 Dependência da Difusividade em Relação à 18.8° Difusão em um Sistema Gasoso com Três
Temperatura e à Pressão 496 Componentes 540
Exemplo 17.2-1 Estimação de Difusividade a Questões para Discussão 541
Baixas Densidades 498 Problemas 541
Exemplo 17.2-2 Estimação de Autodifusividade
a Altas Densidades 498 Capítulo 19 Equações de Balanço para Sistemas
Exemplo 17.2-3 Estimação de Difusividade Multicomponentes 555
Binária a Altas Densidades 499 19.l As Equações da Continuidade para uma Mistura
17.3° Teoria da Difusão em Gases a Baixas Multicomponente 555
Densidades 500 Exemplo 19.1-1 Difusão, Convecção e Reação
Exemplo 17.3-1 Cálculo da Difusividade Química 558
Mássica para Gases Monoatômicos a 19.2 Sumário das Equações Multicomponentes de
Baixas Densidades 502 Balanço 559
17.4º Teoria da Difusão em'Líquidos Binários 503 19.3 Sumário dos Fluxos Multicomponentes 562
Exemplo 17.4-1 Estimação da Difusividade de Exemplo 19.3-1 A Entalpia Parcial lvfolar 563
Líquidos 505 19.4 Uso das Equações de Balanço para Misturas 564
17 .5°Teoria da Difusão em Suspensões Coloidais 505 Exemplo 19.4-1 Transporte Simultâneo de
17 .6°Teoria da Difusão de Polímeros 506 Calor e Massa 564
17.7 Transporte Mássico e Molar por Convecção 507 Exemplo 19.4-2 Perfil de Concentrações em um
17.8 Resumo dos Fluxos Mássico e Molar 510 Reator Tubular 567
17.9° As Equações de Maxwell-Stefan para Sistemas Exemplo 19.4-3 Oxidação Catalítica de
Multicomponentes de Gases a Baixas Monóxido de Carbono 568
Densidades 512 Exemplo 19.4-4 Condutividade Térmica de um
Questões para Discussão 512 Gás Poliatômico 570
Problemas 513 19.5 Análise Dimensional das Equações de Balanço
para Misturas Binárias sem Reação 571
Capítulo 18 Distribuições de Concentrações em Exemplo 19.5-1 Distribuição de Concentrações
Sólidos e em Escoamento Laminar 517 em Torno de um Cilindro Longo 572
Exemplo 19.5-2 Formação de Névoa Durante a
18.l Balanços de Massa em Cascas; Condições de
Desumidificação 574
Contorno 518
Exemplo 19.5-3 Mistura de Fluidos
18.2 Difusão Através de um Filme Estagnante de
Miscíveis 575
Gás 519
Questões para Discussão 577
Exemplo 18.2-1 Difusão com uma Interface
Problemas 577
Móvel 522
Exemplo 18.2-2 Determinação da
Capítulo 20 Distribuições de Concentrações com Mais
Difusividade 523
de Uma Variável Independente 583
Exemplo 18.2-3 Difusão Através de um Filme
Esférico Não-isotémzico 523 20. l Difusão Dependente do Tempo 583
SUMÁRIO xiü
SUMÁRIO XV
A.5 Teoremas Integrais Vetoriais e Tensoriais 782 C.2 Expansões de Funções em Série de Taylor 810
A.6 Álgebra Vetorial e Tensorial em Coordenadas C.3 Diferenciação de Integrais (Fórmula de
Curvilíneas 783 Leibniz) 811
A.7 Operações Diferenciais em Coordenadas C.4 Função Gama 811
Curvilíneas 786 C.5 Funções Hiperbólicas 812
Exemplo A.7-1 Operações Diferenciais em C.6 Função Erro 813
Coordenadas Cilíndricas 788
Exemplo A. 7-2 Operações Diferenciais em Apêndice D Teoria Cinética dos Gases 814
Coordenadas Esféricas 795
D.l Equação de Boltzmann 814
A.8 Operações Integrais em Coordenadas
D.2 Equações de Balanço 815
Curvilíneas 796
D.3 Expressões Moleculares para os Fluxos 815
A.9 Mais Comentários Adicionais sobre a Notação
D.4 Solução da Equação de Boltzmann 815
Vetor-tensor 798
D.5 Fluxos em Termos das Propriedades de
Transporte 816
Apêndice B Fluxos e Equações de Balanço 800
D.6 Propriedades de Transporte em Termos das Forças
B.1 Lei de Newton da Viscosidade 800 Intermoleculares 816
B.2 Lei de Fourier da Condução de Calor 802 D.7 Comentários Finais 817
B.3 (Primeira) Lei de Fick da Difusão Binária 803
B.4 Equação da Continuidade 803 Apêndice E Tabelas para Previsão de Propriedades
B.5 Equação do Movimento em Termos de T 804 de Transporte 818
B.6 Equação do Movimento para um Fluido
E. l Parâmetros Força Intermolecular e Propriedades
Newtoniano com p e µ, Constantes 805
Críticas 818
B.7 Função Dissipação,<!>,,, para Fluidos Newtonianos 806
E.2 Funções para a Previsão de Propriedades de
B.8 Equação da Energia em Termos de q 806
Transporte de Gases a Baixas Densidades 818
B.9 Equação da Energia para Fluidos Newtonianos
Puros com p e k Constantes 807
Apêndice F Constantes e Fatores de Conversão 822
B.10 Equação da Continuidade para a Espécie a em
Termos de j,, 807 F.l Constantes Matemáticas 822
B.11 Equação da Continuidade para a Espécie A em F.2 Constantes Físicas 822
Termos de wA para p'ZiJA8 Constante 808 F.3 Fatores de Conversão 823
A finalidade deste capítulo introdutório é descrever o escopo, objetivos e métodos do assunto fenômenos de transporte. É
importante ter alguma idéia sobre a estrutura do tema antes de entrar em detalhes; sem essa perspectiva não é possível
apreciar os princípios de unificação do assunto e a inter-relação dos vários tópicos individuais. O grande alcance dos fe-
nômenos de transporte é essencial para o entendimento de muitos processos em engenharia, agricultura, meteorologia,
fisiologia, biologia, química analítica, ciência de materiais, farmácia e outras áreas. Fenômenos de transporte é um ramo
bem desenvolvido da física e eminentemente útil que permeia muitas áreas da ciência aplicada.
O principal objetivo deste livro é dar uma visão balanceada da área de fenômenos de transporte, apresentar as equações
fundamentais do assunto e ilustrar como usá-las para resolver problemas.
Existem muitos tratados excelentes sobre dinâmica dos fluidos, transferência de calor e transferência de massa. Além
disso, há muitas pesquisas e revisões em periódicos especializados em cada um desses assuntos e mesmo em subáreas
especializadas. O leitor que dominar os conteúdos deste livro deve poder consultar os tratados e periódicos e se aprofundar
mais em outros aspectos da teoria, das técnicas experimentais, das correlações empíricas, dos métodos de planejamento e
das aplicações. Ou seja, este livro não deve ser considerado como a apresentação completa do assunto, mas sin1 como um
ponto de pa1tida para uma vasta gama de conhecin1entos existentes.
2 CAPÍTULO ZERO
Em nível macroscópico (Fig. 0.2-la), escrevemos uma série de equações chamadas de "balanços macroscópicos", que
descrevem como a massa, o momento, a energia e o momento angular no sistema variam por causa da introdução e retira-
da dessas grandezas através.das correntes de entrada e de saída e devido a várias outras entradas no sistema provenientes
do ambiente. Nenhuma tentativa é feita para entender todos os detalhes do sistema.No estudo de um sistema de engenha-
ria ou biológico, é uma boa idéia começar com tal descrição macroscópica para fazer uma análise global do problema; em
alguns exemplos somente essa visão global é necessária.
Em nível microscópico (Fig. 0.2-lb), examinamos o que está acontecendo com a mistura fluida em uma pequena re-
gião dentro do equipamento. Escrevemos um conjunto de equações chamadas "equações de balanço", que descrevem como
a massa, o momento, a energia e o momento angular variam dentro dessa pequena região. O objetivo aqui é conseguir
informação acerca dos perfis de velocidades, temperaturas, pressões e concentrações dentro do sistema. Essa informação
mais detalhada pode ser necessária para o entendimento de alguns processos.
Em nível molecular (Fig. 0.2-lc), procuramos por uma compreensão fundamental dos mecanismos de transporte de
massa, de momento, de energia e de momento angular, em termos da estrutura molecular e das forças intermoleculares.
Geralmente, esse é o domínio dos físicos teóricos ou dos físico-químicos, porém, ocasionalmente, engenheiros e cientistas
práticos têm de se envolver nesse rúvel. Isso é particularmente verdade se os processos em estudo envolverem moléculas
complexas, faixas extremas de temperatura e pressão ou sistemas que reagem quimicamente.
Deve ser evidente que esses três rúveis de descrição envolvem diferentes "escalas de comprimento": por exemplo, em
um problema industrial típico, em rúvel macroscópico, as dimensões dos sistemas de escoamento podem ser da ordem de
centímetros ou metros; o nível microscópico envolve o que está acontecendo na faixa do mícron ao centímetro e no rúvel
molecular os problemas envolvem faixas de cerca de 1 a 1.000 nanômetros.
Este livro está dividido em três partes que lidam com:
• Escoamento de fluidos puros a temperatura constante (com ênfase nos transportes viscoso e convectivo de momen-
to) - Caps. 1 a 8
• Escoamento de fluidos puros com temperatura variando (com ênfase nos transportes condutivo, convectivo e radi-
ante de energia)- Caps. 9 a 16
• Escoamento de misturas de fluidos com composição variando (com ênfase nos transportes difusivo e convectivo de
massa) - Caps. 17 a 24 ~
o Assumo FENÔMENOS DE TRANSPORTE 3
Ou seja, passamos dos problemas mais simples aos mais difíceis. Dentro de cada uma dessas partes, começamos com um
capítulo inicial que lida com alguns resultados da teoria molecular das propriedades de transporte (viscosidade, conduti-
vidade térmica e difusividade). Prosseguimos então para o nível microscópico e aprendemos como determinar os perfis de
velocidades, de temperaturas e de concentrações em vários tipos de sistemas. A discussão se conclui com o nível macros-
cópico e a descrição de sistemas grandes.
À medida que a discussão se desenrola, o leitor perceberá que há muitas conexões entre os níveis de descrição. As proprieda-
des de transporte que são descritas pela teoria molecular são usadas em nível microscópico. Além disso, as equações desenvol-
vidas neste nível são necessárias para fornecer informações que serão utilizadas para resolver problemas no nível macroscópico.
Existem também muitas conexões entre as três áreas de transporte de momento, de energia e de massa. Ao se aprender
como resolver problemas em uma área, aprende-se também as técnicas para resolver problemas em outra área. As simila-
ridades das equações nas três áreas significam que, em muitos casos, os problemas podem ser resolvidos "por analogia" -
isto é, adotando-se diretamente uma solução de uma área, mudando então os símbolos nas equações e escrevendo a solu-
ção para um problema em outra área.
O estudante verá que essas conexões - entre níveis e entre os vários fenômenos de transporte- reforçam o processo de apren-
dizado. À medida que se vai da primeira parte do livro (transporte de momento) para a segunda parte (transporte de energia) e
então para a terceira parte (transporte de massa), a metodologia será bem similar mas os "nomes dos atores" irão variar.
A Tabela 0.2-1 mostra o arranjo dos capítulos na forma de uma "matriz" 3 X 8. Uma olhada rápida na matriz tomará
bastante claro que tipos de interconexões podem ser esperadas durante o estudo do livro. Recomendamos que o livro seja
estudado por colunas, particularmente nos cursos de graduação. Para estudantes de pós-graduação, por outro lado, o estu-
do dos tópicos por linhas pode dar uma chance para reforçar as conexões entre as três áreas de fenômenos de transporte.
Transporte em uma dimensão 2 Balanços de momento em 10 Balanços de energia em 18 Balanços de massa erri
(métodos dôs balanços em cascas e distribuições de cascas e distribuições de cascas e distribuições de
cascas) velocidades temperaturas concentrações
Transporte em contínuos 3 Equações de balanço e seu 11 Equações de balanço e seu 19 Equações de bala.11ço e
arbitrários (uso de equações uso [isotérmico! uso [não-isotérmico] seu uso [misturas]
gerais de transporte)
Transporte por outros 8 Transporte de momento 16 Transporte de energia por 24 Transporte de massa em
mecanismos em líquidos polirnéricos i:adiação sistemas multicomponentes;
efeitos cruzados
4 CAPITULO ZERO
Em todos os três níveis de descrição -molecular, microscópico e macroscópico -as leis de conservação desempenham
um papel-chave. A dedução das leis de conservação para sistemas moleculares é direta e instrutiva. Com física elementar
e um mínimo de matemática, podemos ilustrar os principais conceitos e rever quantidades físicas chaves que serão encon-
tradas ao longo de todo este livro. Esse será o tópico da próxima seção.
I
1
{
/''
/
.--
--!
CD
Molécula B antes da colisão
I
/
/
/
.
I \
\
''
jJD
/
' .... ~:-:?.: ...~
\.!!"""'"' ...... -b Fig. 0.3-1 Uma colisão entre moléculas diatômicas
homonucleares, tais como N2 e 0 2• A molécula A é
ef Molécula B depois da colisão
composta por dois átomos A1 e A2. A molécula B é
Molécula A depois da colisão composta por dois átomos B1 e B2.
Antes e depois de uma colisão, várias relações devem ser verificadas entre as grandezas. Presume-se que tanto antes
quanto depois da colisão as moléculas estejam suficientemente afastadas de modo que duas moléculas não possam "sen-
tir" a força intermolecular; além de uma distância de cerca de 5 diâmetros moleculares, sabe-se que a força intermolecular
é negligenciável. Grandezas depois da colisão são indicadas com aspas simples.
(a) De acordo com a lei de conservação de massa, a massa total das moléculas antes e depois da colisão tem de ser
igual a:
mA + m8 = m~ + m~ (0.3-1)
Nessa equação, mA e m8 são as massas das moléculas A e B. Uma vez que não há reações químicas, as massas das espécies
individuais serão conservadas, de modo que
mA == m~ e m8 == m~ (0.3-2)
(b) De acordo com a lei de conservação de momento, a soma dos momentos de todos os átomos antes da colisão tem de
ser igual àquela depois da colisão, de modo que
(0.3-3)
em que rA 1 é o vetor posição para o átomo 1.~a molécula A e rA: é a sua velocidade. Escrevemos agora rA 1 = rA + R,H, de
modo que rA 1 é escrito como a soma do vetor posição para o centro de massa e o vetor posição do átomo em relação ao
0 ASSUNTO FENÔMENOS DE TRANSPORTE 5
ÁtomoA2
Centro de massa
da molécula A
o
Origem arbitrária Fig. 0.3-2 Vetores de posição para os
fixa no espaço átomos A1 e A2 na molécula A.
centro de massa, e reconhecemos que RA2 = - RA 1; escrevemos também as mesmas relações para os vetores das velocida-
des. Podemos então reescrever a Eq. 0.3-3 como
(0.3-4)
Ou seja, o princípio de conservação pode ser escrito em termos das massas moleculares e das velocidades em que foram
eliminadas as correspondentes grandezas atômicas. Ao obtermos a Eq. 0.3-4 usamos a Eq. 0.3-2 e o fato de que para mo-
léculas diatômicas homonucleares mA 1 = mA2 = ~ mA-
(e) De acordo com a lei de conservação de energia, a energia do par colidente de moléculas tem de ser a mesma antes
e depois da colisão. A energia de uma molécula isolada é a soma das energias cinéticas dos dois átomos e da energia po-
tencial interatômica, </>,i, que descreve a força da ligação química ligando os dois átomos 1 e 2 da molécula A, e é uma
função da distância interatômica IrAi - r AI 1. Por conseguinte, a conservação de energia conduz a
em que lA = [RA 1 X mA1RA,J + [RA2 X 11lt1zRt12l é a soma dos momentos angulares dos átomos em relação a urna origem
de coordenadas no centro de massa da molécula- ou seja, o "momento angular interno". O ponto importante é que há a
possibilidade para intercâmbio entre o momento angular das moléculas (em relação à origem das coordenadas) e seu
6 CAPÍTULO ZERO
·momento angular interno (em relação ao centro de massa da molécula). Mais adiante, isso será referido em conexão com
a equação de balanço para o momento angular.
As leis de conservação quando aplicadas a colisões de moléculas monoatômicas podem ser obtidas a partir dos resul-
tados anteriores como segue: as Eqs. 0.3-1, 0.3-2 e 0.3-4 são diretamente aplicáveis; a Eq. 0.3-6 será aplicável se as con-
tribuições da energia interna forem omitidas e a Eq. 0.3-8 poderá ser usada se os termos do momento angular interno fo-
rem descartados.
Muito deste livro dirá respeito ao estabelecimento das leis de conservação em níveis microscópico e macroscópico e à
aplicação delas em problemas de interesse na engenharia e na ciência. A discussão anterior deve fornecer uma boa base
para essa aventura. Para se ter uma idéia das leis de conservação de massa, de momento e de energia nos níveis microscó-
picos e macroscópicos veja as Tabelas 19.2-1 e 23.5-1.
Esperamos que o leitor partilhe do nosso entusiasmo em relação ao assunto fenômenos de transporte. Um certo esforço
para aprender o material será necessário, mas valerão a pena o tempo e a energia requeridos.
2. Quais são as dimensões de velocidade, velocidade angular, pressão, densidade, força, trabalho e torque? Quais são al-
gumas das unidades comuns usadas para essas grandezas?
3. Verifique que é possível ir da Eq. 0.3-3 à Eq. 0.3-4.
4. Entre em todos os detalhes necessários para obter a Eq. 0.3-6 a partir da Eq. 0.3-5.
5. Suponha que a origem das coordenadas seja deslocada para urna nova posição. Qual o efeito que isso teria na Eq. 0.3.7?
A equação mudou?
6. Compare e contraste velocidade angular e momento angular.
7. O que se entende por energia interna? E por energia potencial?
8. A lei de conservação de massa é sempre válida? Quais são as limitações?
1.1 LH DE NEWTON DA VISCOSIDADE (TRANSPORTE 1.4º TEORIA MOLECULAR DA VISCOSIDADE DE GASES A
MOLECULAR DE MOMENTO) BAIXAS DENSIDADES
1.2 GENERALIZAÇÃO DA LEI DE NEWTON DA 1.5º TEORIA MOLECULAR DA VISCOSIDADE DE LÍQ!}IDOS
VISCOSIDADE 1.6º VtSCOSIDADE DE SUSPENSÕES E EMULSÕES
1.3 ÜEPENDÊNClA DA VISCOSIDADE COM A PRESSÃO E 1.7 TRANSPORTE CONVECTlVO DE MOMENTO
A TEMPERATURA
A primeira parte deste livro trata do escoamento de fluidos viscosos. Para fluidos de baixo peso molecular, a propriedade
física que caracteriza a resistência ao escoamento é a viscosidade. Qualquer um que já tenha comprado óleo para motor
está a par do fato de que alguns óleos são mais "viscosos" que outros e que a viscosidade é uma função da temperatura.
Começamos na Seção 1.1 com o escoamento cisalhante simples entre placas planas paralelas e discutimos como o
momento 1 é transferido através do fluido pela ação viscosa. Este é um exemplo elementar de transporte molecular de
momento e serve para introduzir a "lei de Newton da viscosidade" juntamente com a definição de viscosidade, µ,. A se-
guir, na Seção 1.2 mostramos como as leis de Newton podem ser generalizadas para configurações arbitrárias de escoa-
mento. Os efeitos da temperatura e da pressão sobre a viscosidade de gases e líquidos são resumidos na Seção 1.3 por meio
de um gráfico com grandezas adimensionais. Então a Seção 1.4 mostra como as viscosidades de gases podem ser calcula-
das a partir da temia cinética dos gases, e na Seção 1.5 uma discussão semelhante é feita para líquidos. Na Seção 1.6 faze-
mos alguns comentários sobre a viscosidade de suspensões e emulsões.
Finalmente, mostramos na Seção 1.7 que o momento também pode ser transferido pelo movimento macroscópico do
fluido e que esse transporte convectivo de momento é proporcional à densidade do fluido, p.
(1.1-1)
1
Denominação relativamente recente na língua portuguesa para a grandeza física tradicionalmente conhecida como quantidade de movimento. (N.T.)
12 CAPÍTULO UM
i
y t<O Fluido inicialmente
em repouso
1
I
~ 1
V
1
Desenvolvimento de
vr(y, t) Pequeno t velocidade em
escoamento transiente
Isto é, a força deve ser proporcional à área e à velocidade e inversamente proporcional à distância entre as placas. A cons-
tante de proporcionalidade,µ, é uma propriedade do fluido, definida como sendo a viscosidade.
Agora passamos à notação que será usada em todo o livro. Primeiro, substituímos F /A pelo símbolo T,. ., que é a força na
direção x numa área unitária perpendicular à direção y. Fica entendido que essa é a força exercida pelo fÍuido com y menor
sobre o fluido com y maior. Além disso, substituímos V!Y por - dvJdy. Então, em termos desses símbolos, a Eq.1.1-1 se
torna
dvx
Tyx= -µ dy (1.1-2)2
Esta equação, que afirma que a força cisalhante por unidade de área é proporcional ao negativo do gradiente de velocida-
de, é freqüentemente chamada lei de Newton da viscosidade. 3 Na realidade não deveríamos nos referir à Eq.1.1-2 como
uma "lei", já que Newton a sugeriu como um empiricismo4 - a proposta mais simples que podia ser feita para relacionar
a tensão e o gradiente de velocidade. Todavia, mostrou-se que a resistência ao escoamento de todos os gases e líquidos
com peso molecular menor que cerca de 5000 é descrita pela Eq.1.1-2, e tais fluidos são classificados como fluidos
newtonianos. Líquidos polirnéricos, suspensões, pastas, lamas e outros fluidos complexos não são descritos pela Eq.1.1-2
e são chamados de fluidos náo-newtonianos. Líquidos poliméricos são discutidos no Cap. 8.
A Eq.1.1-2 pode ser interpretada de outra maneira. Nas vizinhanças da superfície sólida em movimento em y = O, o
fluido ganha uma certa quantidade de momento na direção x. Esse fluido, por sua vez, cede momento à camada de líquido
adjacente mantendo-a assim em movimento na direção x. Portanto, o momento de direção x está sendo transmitido através
(1.1-2a)
na qual •,J=]lb/ft', v,[=)ft/s, y[=]ft e µ[=]lb,,/ft.s; a grandeza g, é o "fator de conversão gravitacional" com o valor de 32,!74 poundalsflbt Neste livro sempre usa-
remos a Eq.1.1-2 e não a Eq. l.l-2a.
3
Sir Isaac Newton (1643-1727), um professor da universidade de Cambridge e posteriormente Master of the Mint, algo como diretor da Casa da Moeda, foi o fundador
da mecânica clá>sica e contribuiu também para outros campos da física. Na verdade a Eq. 1.1-2 não aparece nos Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, mas o
germe da idéia está lá. Para comentários esclarecedores, veja D.J.Acheson, Eleme11tary Fluid Dynamics, Oxford Universiry Press, 1960, §6.1.
' Uma relação com a mesma forma da Eq.1.1-2 aparece na teoria cinética dos gases simplificada (Eq.1.4-7). Todavia, uma teoria cinética dos gases rigorosa delineada no
Apêndice D dei.~a claro que a Eq.1.1-2 aparece como o primeiro termo em uma expansão, e que termos adicionais (de ordem superior) devem ser esperados. Além disso,
mesmo uma teoria cinética de líquidos elementar tambémprevê comportamento não-newtoniano (Eq.1.5-6).
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 13
do fluido na direção positiva de y. Então T,._, pode também ser interpretado como umflm:o de momento de direção x na
direção positiva de y, onde o termo "fluxo'; significa "escoamento por unidade de área". Essa interpretação é consistente
com o modelo de transporte molecular de momento bem como com as teorias cinéticas dos gases e líquidos. Ela também
está em harmonia com o tratamento análogo dado posteriormente aos transportes de calor e massa.
A idéia do último parágrafo pode ser parafraseada dizendo-se que o momento vai "morro abaixo" de uma região de alta
velocidade para uma região de baixa velocidade, da mesma maneira que um esquiador vai morro abaixo de uma região
mais elevada para outra menos elevada, ou da mesma maneira que o calor é transferido de uma região de alta temperatura
para outra de baixa temperatura. O gradiente de velocidade pode portanto ser pensado como a "força motriz" para o trans-
porte de momento.
No que se segue faremos algumas vezes referência à lei de Newton da Eq.1.1-2 em termos de forças (que enfatiza a
natureza mecânica da questão) e algumas vezes em termos de transporte de momento (que enfatiza as analogias com trans-
porte de calor e de massa). Estes dois pontos de vista vão se mostrar de grande ajuda em interpretações físicas.
Freqüentemente, estudiosos da dinâmica dos fluidos usam o símbolo li para representar a viscosidade dividida pela
densidade (massa por unidade de volume) do fluido, assim:
li= µ,/ p (l.l-3)
Essa grandeza é chamada de viscosidade cinemática.
Adiante são feitos comentários sobre as unidades das grandezas que foram definidas. Se o símbolo [ =] for usado para
dizer "tem unidades de", então no sistema SI r1..[ = ]N/m2 = Pa, vJ = ]m/s, e y[ = ]m, de modo que
µ, d;)-1 [=1
= -ryx ( dv (Pa)[(m/s)(rn- 1)t 1 = Pa · s (1.1-4)
já que as unidades em ambos os lados da Eq.1.1-2 têm que ser as mesmas. Um resumo disso e também as unidades para o
sistema c.g.s e para o sistema Britânico se encontra na Tabela 1.1-1. As tabelas de conversão no Apêndice F vão se mos-
trar muito úteis para resolver problemas numéricos envolvendo diferentes sistemas de unidades.
SI c.g.s Britânico
As viscosidades dos fluidos podem diferir por muitas ordens de grandeza, com a viscosidade do ar a 20ºC sendo 1,8 X
10-5 Pa · s e a do glicerol sendo aproximadamente 1 Pa·s, com alguns óleos de silicone sendo até mais viscosos. Nas Ta-
belas 1.1-2, 1.1-3 e 1.1-4 dados experin1entais5 são fornecidos para fluidos puros à pressão de 1 atm. Note que para gases
em baixa densidade, a viscosidade aumenta com o aumento da temperatura, enquanto para líquidos a viscosidade geral-
5 Uma abordagem mais completa de técnicas para medir propriedades de transporte pode ser encontrada em W.A.Wakeham, A.Nagashima, e J. V.Sengers, Measurement
af the Transpart Praperties of Fluids, CRC Press, Boca Raton, Fia. (1991). São fontes para dados experimentais: Landolt-Bõmstein, Zahle11werte wul Fw1ktio11e11, Vol.
II, 5, Springer(l968-1969); lnternatianal Critica/Tables, McGraw-Hill, New York (1926); Y.S.Touloukian, P.E. Liley, and S.C. Saxena, Tlzermoplzysical Praperties af
Matter, Plenum Press, New York (1970); e também vários manuais de química, física, dinàmica dos fluidos, e transferência de calor.
14 CAPÍTIJLO UM
mente diminui com o aumento da temperatura. Nos gases o momento é transportado pelas moléculas em vôo livre entre
colisões, mas nos líquidos o transporte se dá predominantemente devido às forças intermoleculares que os pares de molé-
culas experimentam conforme transitam entre seus vizinhos. Nas Seções 1.4 e 1.5 são apresentados alguns argumentos
elementares da teoria cinética para explicar a dependência da viscosidade com a temperatura.
Temperatura Viscosidade
Metal T(ºC) µ,(mPa·s)
·e( ·· . · ~'j.JJ-X
~ 01~ J~ L~ · -... ~
Li 183,4 0,5918 ,,pk.,t(l_:)
216,0 0,5406 -, •. 1 ' ·~''
285,5 0,4548 .. -, C"<-~K~)~
(_;V~·, ......
250 0,258
700 0,136
Hg -20 1,85
20 1,55
100 1,21
200 1,01
Pb 441 2,116
551 1,700
844 l,185.
Dados obtidos de TheReactorHandbook, Vol 2, Atornic EiiergyCo~sfon
AECD-3646, U.S. GovernmentPrinting Office, Washington, D.C. (May 1955),
pp. 258 et seq.
EXEMPLO 1.1-1
Cálculo do Fluxo de Momento
Calcule o fluxo permanente de momento, -ryx• em lb1/ft2, quando a velocidade V da placa inferior da Fig.l.1-1 é l ft/s na
direção positiva de x, a separação das placas, Y, é 0,001 ft, e a viscosidade do fluido,µ,, é 0,7 cp.
SOLUÇÃO
Corno r1,. é pedido em unidades britânicas, devemos converter a viscosidade para aquele sistema de unidades. Assim, fa-
zendo uso do Apêndice F, encontramos µ, = (0, 7 cp. )(2,0886 X 10-5) = 1,46 ~§Jre=º=Peru~~~es e.' linear
de modo que _ ~- - -~~"--.
dv. · ~ -k1s ___ -- "'·"··
-=- - Ó, ft = -10oos- 1
01
(1.1-5)
dinâmica dos fluidos. 1 Em vez disso explicamos resumidamente as principais idéias que levaram à descoberta da requeri-
da generalização da lei de Newton da viscosidade.
Para fazer isso consideramos um configuração de escoamento muito geral, na qual a velocidade do fluido pode ter di-
ferentes direções em locais distintos e pode depender do tempo t. As componentes da velocidade são então dadas por
Vx = Vx(x, y, z, t); Vy = v/x, y, z, t); V4 = V (X, y, Z, t)
4 (1.2-1)
Em tal situação existirão nove componentes de tensão rij (ondeie j podem ter as designações x, y e z), em vez do compo-
nente rv.r que aparece na Eq. 1.1-2. Portanto, devemos começar definindo essas componentes de tensão.
Na Fig. 1.2-1 é mostrado um pequeno elemento de volume com forma de cubo no interior do campo de escoamento,
cada face tendo uma área unitária O centro do elemento de volume está na posição x, y, z. Em qualquer instante do tempo
podemos seccionar o elemento de volume de maneira a remover metade do fluido nele contido. Como mostrado na figura,
podemos seccionar o volume perpendicularmente a cada uma das três direções coordenadas sucessivamente. Podemos
então perguntar que força deve ser aplicada na superfície livre (sombreada) de modo a repor a força que era exercida sobre
aquela superfície pelo fluido que foi removido. Existirão duas contribuições para a força: aquela associada com a pressão
e aquela associada com as forças viscosas.
A força de pressão será sempre perpendicular à face exposta. Então em (a) a força por unidade de área na superfície
sombreada será um vetor põx- isto é, a pressão (um escalar) multiplicada pelo vetor unitário õx da direção x. Similarmen-
te, a força na superfície sombreada em (b) serápõ., e em (e) a força serápõ,. As forças de pressão serão exercidas quando
o fluido estiver em repouso bem como quando estiver em movimento.
As forças viscosas entram em jogo somente quando existirem gradientes de velocidade no fluido. Em geral elas não são
nem perpendiculares nem paralelas à superfície do elemento, formando com a mesma algum ângulo (ver Fig. 1.2-1). Em
(a) vemos uma força por unidade de área Tx exercida na área sombreada, e em (b) e em (e) vemos forças por unidade de
área T,. e T:. Cada uma dessas forças (que são vetores) tem componentes (escalares); por exemplo, Tx tem componentes T.w
T.ry e T.~=· Então podemos resumir as forças que agem nas três áreas sombreadas da Fig. 1.2-1 na Tabela 1.2-1. Essa tabulação
y y
X X X
Fig. 1.2-1 Forças de pressão e viscosas agindo sobre planos no fluido perpendiculares aos três eixos coordenados. Os planos sombreados têm
área unitária.
'W. Prager, llltrod11ctio11 to Meclw11ics of Co11timw, Ginn, Boston (1961), pp. 89-91; R. Aris, Veccors, Tensors, and tlze Basic Equations of Fluid Meclzanics, Prentice-
Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1962), pp. 30-34, 99· 112; L. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Meclzanics, Pergamon,London, 2ndedition (1987), pp. 44-45. Lev Davydovich
Landau (1908-1968) recebeu o prêmio Nobel em 1962 por seu trabalho com hélio líquido e dinâmica de superfluidos.
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 17
é o resumo das forças por unidade de área (tensões) exercidas no interior do fluido, relacionadas tanto à pressão termodi-
nâmica quanto às tensões viscosas. Veremos que algumas vezes é conveniente ter um símbolo que inclua ambos os tipos
de tensões, e então definimos as tensões moleculares como segue:
onde i e j podem ser x, y, ou z (1.2-2)
Nessa equação o delta de Kronecker, oij, vale 1 se i = j e zero se i ::f:. j.
Exatamente como na seção anterior, T;j (e também 1íij) podem ser interpretados de duas maneiras:
riij = po;j + rij = força na direção j sobre uma área unitária perpendicular à direção i, onde está entendido que o fluido da
região de X; menor exerce a força sobre o fluido de X; maior.
ri;i = po;j + rij = fluxo de momento de direção j na direção i positiva - isto é, da região de X; menor para a de maior X;.
Ambas as interpretações são usadas neste livro; a primeira é particularmente útil na descrição de forças exercidas pelo
fluido sobre superfícies sólidas. As tensões ri:cr = p + r"" riYY = p + TYY e ri"= p + r"' são denominadas tensões normais
enquanto as demais grandezas rixy = -r:t)" riYt = Tr-, ... são denominadas tensões cisalhantes. Essas grandezas, que possuem
dois subscritos associados com direções coordenadas, são conhecidas como "tensores", da mesma maneira que grandezas
(tal como a velocidade) que possuem um subscrito associado com uma direção coordenada são chamadas "vetores". En-
tão vamos nos referir a,. como o tensor tensão viscosa (com componentes rij) e a 'lT como o tensor tensão molecular (com
componentes 'TT;)· Quando não existir chance para confusão, os termos "viscosa" e "molecular" podem ser omitidos. Uma
discussão de vetores e tensores pode ser encontrada no Apêndice A.
A questão agora é: Como essas tensões T;j estão relacionadas com os gradientes de velocidade no fluido? Ao generali-
zar a Eq.1.1-2 fizemos várias restrições sobre as tensões, como segue:
Nessa equação, as 81 grandezas /LijkI são "coeficientes de viscosidade". As grandezas x 1, x 2, x 3 nas derivadas deno-
tam as coordenadas cartesianas x, y, z e v1, v1 , v3 são o mesmo que v,, vY' v,.
• Afirmamos que derivadas ou integrais em relação ao tempo não devem aparecer na expressão. (Para fluidos visco-
elástiços, conforme discutido no Cap. 8, derivadas ou integrais em relação ao tempo são necessárias para descrever
as respostas elásticas.)
• Não esperamos a presença de quaisquer forças viscosas caso o fluido se encontre em estado de rotação pura. Essa
exigência leva à necessidade de que 7:ij seja uma combinação simétrica de gradientes de velocidade. Isto quer dizer
que se i e j forem permutados, a combinação de gradientes de velocidade não se modifica. Pode ser mostrado que as
únicas combinações lineares simétricas de gradientes de velocidade são
G~ + ~~;)
avx avy av_)
e (-+-+___'.:Ô··
ax ay az 'l (1.2-4)
'Esses são referidos como componentes do "tensor fliixo molecular de momento" porque estão associados a movimentos moleeulares, corúorme
discutido na Seção 1.4 e Apêndice D. Os componentes adicionais do "tensor fluxo convectivo de momento", associados ao movimento macros-
cópico do fluido, são discutidos na Seção 1.7.
18 CAPÍTULO UM
• Se o fluido é isotrópico - isto é, se ele não tem direções preferenciais - então os coeficientes que antecedem as
duas expressões na Eq. 1.2-4 devem ser escalares de modo que
T··=A avi+avi)
- +B (ªv" avy avz)
-+-+-Ô·
IJ (-
BX; axj ax ay az IJ (1.2-5)
Assim a requerida generalização para a lei de Newton da viscosidade, Eq. 1.1-2, é então o conjunto de nove relações
(sendo seis independentes):
o
onde é o tensor unitário com componentes ôij, 'Vv é o tensor gradiente de velocidade com componentes (d/dx)vj, ('Vv)t
é o "transposto" do tensor gradiente de velocidade com componentes (d/dx)v;, e ('V·v) é o divergente do vetor velocidade.
A conclusão importante é que temos uma generalização da Eq. 1.1-2, e ela envolve não um mas dois coeficientes 3 ca-
racterizando o fluido: a•viscosidade ,u e a viscosidade dilatacional K. Geralmente, ao resolver problemas de dinâmica dos
fluidos, não é necessário conhecer K. Se o fluido é um gás, freqüentemente admitimos que ele se comporta como um gás
ideal monoatômico, para o qual K é identicamente nulo. Se o fluido é um líquido, freqüentemente admitimos que ele é
incompressível, e no Cap. 3 mostramos isso para líquidos incompressíveis ('V·v)=O, e portanto o termo que contém K é
igualmente descartado. A viscosidade dilatacional é importante na descrição da absorção de som em gases poliatômicos 4
e na descrição da dinâmica de fluidos de líquidos que contêm bolhas de gás. 5
A Eq. 1.2-7 (ou 1.2-6) é uma importante equação que iremos usar freqüentemente. Portanto, ela se encontra represen-
tada de forma completa na Tabela B.l para coordenadas cartesianas (x, y, z), cilíndricas (r, e, z) e esféricas (r, e, </J). As
expressões presentes nessa tabela para coordenadas curvilíneas são obtidas por métodos delineados nas Seções A.6 e A.7.
Sugere-se que estudantes iniciantes não se preocupem com os detalhes dessas deduções mas sim em concentrarem-se no
uso dos resultados tabelados. Nos Caps. 2 e 3 tal prática será amplamente exercitada.
Em coordenadas curvilíneas as componentes da tensão têm o mesmo significado que em coordenadas cartesianas. Por
exemplo, rrzem coordenadas cilíndricas, que será encontrada no Cap. 2, pode ser interpretada como: (i) a força viscosa na
direção z sobre uma unidade de área perpendicular à direção r, ou (ii) o fluxo viscoso de momento de direção z na direção
positiva der. A Fig. 1.2-2 ilustra alguns elementos de superfície típicos e os componentes do tensor tensão que aparecem
em dinâmica dos fluidos.
'C.-L.-M.-H. Navier, A11n. Chimie, 19, 244-260 (1821); S.-D. Poisson, J. Écol< Polytech., 13, Cahier 20, 1-174 (1831); G. G. Stokes, Trans. Camb. Phil. Soe., 8, 287-
305 (1845). Claude-Louis-Marie-Henri Navier (1785-1836) era um engenheiro civil cuja especialidade era a construção de estradas e pautes; George Gabriel Stokes
(1819-1903) errsinava na Universidade de Cambridge e era presidente da Royal Society. Navier e Stokes são bem conhecidos devido às equações de Navier-Stokes (veja
Cap. 3). Veja também D. J. Acheson, Elementary Fluid 1Vfecha11ics, Oxford University Press (1990), pp. 209-212, 218.
3
Alguns autores referem-se aµ. como "viscosidade cisalhante", mas esta é uma nomenclatura irrapropriada já que µ.pode aparecer tarrto em escoamentos não-cisalhantes
quarrto em cisalhantes. O termo "viscosidade dinâmica" também é visto ocasionalmente, mas ele tem um significado muito específico rro campo da viscoelasticidade,
sendo um termo inapropriado paraµ..
4
L. Landau and E. M. Lifshitz, op.cit., Cap. VIII. ,
5
G. K. Batchelor, An lntroduction to Fluid Dynamics, Cambridge University Press (1967), pp. 253-255.
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 19
As tensões cisalhantes são geralmente fáceis de serem visualizadas, mas as tensões normais podem causar problemas
conceituais. Por exemplo, 'T" é uma força por unidade de área na direção z sobre um plano perpendicular à direção z. Para
o escoamento de um fluido incompressível no canal convergente da Fig. 1.2-3, sabemos intuitivamente que v, aumenta
quando z diminui; conseqüentemente, de acordo com a Eq. 1.2-6, existe uma tensão não-zero 7:: = - 2µ, (ov jo~) agindo no
fluido.
Nota sobre a Convenção de Sinais para o Tensor Tensão Temos enfatizado em conexão com a Eq. 1.1-2 (e na generali-
zação nesta seção) que 'Tyx é uma força na direção positiva de x sobre um plano perpendicular à direção y, e que esta é a
força exercida pelo fluido da região de menor y sobre o fluido de maior y. Na maioria dos livros de dinâmica dos fluidos
Esfera sólida
de raioR
zÀ Esiera ~ó~da
Cilindro sólido
A força exercida pelo fluido
A força exercida pelo na direção r sobre um
fluido na direção + z elemento de superfície
sobre um elemento de (dr)(r sen a d</>) é
superfície (dr)(dz) é -Torl&=arsena drd</>
+Tuzl 9 =(r./z)-a dr dz
I i
":la~
(a)
Fig. 1.2-2 (a) Alguns elementos de superfície e tensões cisalhantes típicos no sistema de coordenadas cilíndricas. (b) Alguns elementos de
superfície e tensões cisalhantes típicos no sístema de coordenadas esíéricas.
20 CAPÍTULO UM
e elasticidade, as palavras "menor"e "maior" são permutadas e aEq. 1.1-2 é escrita como rY, = + µ, (dvJdy). As vantagens
da convenção de sinais usada neste livro são: (a) a convenção de sinais usada na lei de Newton da viscosidade é corrente
com aquela usada na lei de Fourier da condução de calor e lei de Fick da difusão; (b) a convenção de sinais para rij é a
mesma que a do fluxo convectivo de momento pvv (ver Seção 1.7 e Tabela 19.2-2); (c) na Eq. 1.2-2, os termos poij e Tij
aparecem com o mesmo sinal e os termos p e r;1 são ambos positivos na compressão (concordando com o uso comum em
termodinâmica); (d) todos os termos da produção de entropia na Eq. 24.1-5 têm o mesmo sinal. Claramente a convenção
de sinais para as Eqs. 1.1-2 e 1.2-6 é arbitrária, e uma ou outra convenção pode ser usada, desde que o significado físico
da convenção de sinais seja claramente compreendido.
Escoamento
1
J. A. Schetz and A. E. Fuhs (eds.), Handbook ofFluid Dynamics and F/cdd Machinery, Wiley-Interscience, New York (1966), Vol. l, Chapter 2; W. M. Rohsenow, J.
P. Hartnett, and Y. I. Cho, Ha11dbook ofHeat Transfer, McGraw-Hill, New York, 3rd edition (1998), Chapter 2. Outras fontes são mencionadas na nota 5 da Seção 1.1.
'J. Millat, J. H. Dymond, and C. A. Nieto de Castro (etls.), Tra11sport Properties of Fluids, Cambridge University Press (1996), Chapter 11, by E. A. Mason and F. J.
Uribe, and Chapter 12, by M. L. Huber and H. M. M. Hanley.
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 21
20
\ \ \
~\\
1 ,
Líqu~dc
10 ~ \ \
9 \
8 ~\ \ \
7
~ ' \
~ '\ Gás denso
~ 1\ '\
:l
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li 3
~\ '\ f\. pr =_E_
Pc
~\ \ ~
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25"'
:l ~ ~ .....
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> 0:9 - - Ponto - ~...-/A
0,8 -- crítico "./
0,7
0,6
0,,9
0,5
' o,~
'v Limite de baixas densidades
1 ....... :;::
0,4 - Pr=0,2 / Fig. 1.3-1 Viscosidade reduzida µ, = µ/J.Lc como urna função
1 V da temperatura reduzida para diversos valores da pressão
0,3
0,2
j/ reduzida. [O. A. Uyehara and K. M. Watson, Nat. Petroleum
News, Tech. Section, 36, 764 (Oct. 4, 1944); revisada por K.
M. Watson (1960). Uma versão em larga escala desse gráfico
0,4 0,5 0,6 0,8 1,0 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,8 10 está disponível em O. A. Hougen, K. M. Watson, and R. A.
Temperatura reduzida Tr = T/T, Ragatz, C. P. P. Charts, Wiley, New York, 2nd edition (1960)1.
gás a baixas densidades aumenta com o aumento da temperatura, enquanto a viscosidade de um líquido diminui com o
aumento da temperatura.
Valores experimentais da viscosidade crítica, µ,e, raramente estão disponíveis. Todavia, P..c pode ser estimada
de uma das seguintes maneiras: (i) se um valor de viscosidade é conhecido a dadas pressão e temperatura reduzi-
das, preferivelmente em condições próximas daquela de interesse, então P..c pode ser calculada a partir de P..c = µ,/ µ,r;
ou (ii) se dados de p-V-T críticos estão disponíveis, então P..c pode ser estimada com as seguintes relações empíricas:
(1.3-la, b)
Nessas equações JLc está em micropoises, p, em atm, Te em K, e V,, em cm 3/g-mol. Uma tabela de viscosidades críticas3
calculadas pelo método (i) é dada no Apêndice E.
A Fig. 1.3-1 também pode ser usada para estimativas grosseiras da viscosidade de misturas. Para uma mistura de N
componentes, faz-se uso das propriedades "pseudocríticas" 4 definidas como
N N N
:L X,,Pca
p; a=l r; = :L xaTca
a=l
µ,; = :L
a=1
Xaµca (1.3-2a, b, c)
3 O.A. Hougen and K. M. Watson, Chemical Process Principies, Partlll, Wiley, New York(l947), p. 873. Olaf Andreas Hougen (l893-1986) foi um líder no desen-
volvimento da engenharia química durante quatro décadas; junto com K. M. Watson e R. A. Ragatz, ele escreveu livros que influenciaram a termodinâmica e a cinética.
'O. A. Hougen and K. M. Watson, Chemica/ Process Principies, Part II, Wiley, New York (l947), p. 604.
22 CAPITULO UM
Isto é, usa-se o diagrama exatamente como para líquidos puros, porém com as propriedades pseudocríticas em vez das
propriedades críticas. Esse procedimento empírico funciona razoavelmente bem a menos que existam na mistura substân-
cias quimicamente muito diferentes ou quando as propriedades críticas dos componentes diferirem muito.
Existem muitas variantes do método mencionado anteriormente, bem como diversas regras empíricas. Essas podem ser
encontradas na extensa compilação de Reid, Prausnitz, and Poling. 5
EXEMPLO 1.3-1
Estimação da Viscosidade a Partir de Propriedades Críticas
Estime a viscosidade do N2 a 50°C e 854 atm, dados M = 28,0 g/g-mol, Pc = 33,5 atm e Te= 126,2 K.
SOLUÇÃO
Usando aEq. 1.3-lb, obtemos
/J.c = 7,70(2,80) 112(33,5) 213 (126,2)-l/ 6
= 189 rnicropoises = 189 X 10- 6 poise (l.3-3)
A temperatura e pressão reduzidas são
T = 273,2 + 50 = 256 . 854 (1.3-4a, b)
r 126,2 ' ' p, = 33,5 = 25,5
Da Fig. 1.3-1, obtemosµ,,= µJ µ,e= 2,39. Então, o valor previsto para a viscosidade é
µ. = µ./µ./ /J.c) = (189 X 10- 6)(2,39) = 452 X 10-6 poise (1.3-5)
O valor medido é 455 X 1o- 6 poise. 6 Essa excelente concordância não é usual.
u = Is;([
y7im (l.4-1)
na qual K é a constante de Boltzmann (ver Apêndice F). A freqüência de bombardeio molecular por unidade de área em
uma das faces de qualquer superfície estacionária exposta ao gás é
z =~nu (1.4-2)
5
R. C. Reid, J. M. Prausnitz, and B. E. Poling, T/ie Praperties af Gases and Liquids, McGraw-Hill, New York, 4th edition (1987), Chapter 9.
6
A. M. J. F. Michels and R. E. Gibson, Prac. Roy. Soe. (London), A134, 288-307 (1931).
1
As primeiras quatro equações nesta seção são dadas sem demonstração. Justificativas detalhadas são dadas em livros sobre energia cinética - por exemplo, E. H.
Kennard, Kinetic Theary o/Gases, McGraw-Hill, New York (1938), Chapters II and III. Também E. A. Guggenheim, Elements af Kinetic Thcary a/Gases, Pergamon
Press, New York (1960), Chapter 7, apresenta uma versão resumida da teoria elementar da viscosidade. Para resumos de fácil leitura da teoria cinética dos gases, veja R.
J. Silbey and R. A. Alberty, Physica/ Chemistry, Wile]!. New York, 3rd edition (2001), Chapter 17, ou R. S. Berry, S. A. Rice, and J. Ross, Physica/ Chemistry, Oxford
University Press, 2nd edition (2000), Chapter 28.
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 23
A distância média percorrida por uma molécula entre duas colisões sucessivas é o livre percurso médio À, dado por
(1.4-3)
Na média, as moléculas sobre um dado plano terão sofrido sua última colisão a uma distância a do plano, e, numa aproxi-
mação grosseira, a é dada por
(1.4-4)
O conceito de livre percurso médio tem apelo intuitivo, mas só tem significado quando À é grande comparado ao alcance
das forças intennoleculares. O conceito é apropriado ao modelo molecular de esferas rígidas considerado aqui.
Para determinar a viscosidade de um gás em termos dos parâmetros do modelo molecular, consideramos o comporta-
mento do gás quando ele escoa paralelo ao plano xz com um gradiente de velocidade dv)dy (ver Fig. 1.4-1). Admitimos
que as Eqs. 1.4-1 a 4 permanecem válidas nessa situação de não-equilíbrio, uma vez que todas as velocidades moleculares
são calculadas relativamente à velocidade média v na região na qual a molécula considerada sofreu sua última colisão. O
fluxo de momento de direção x através de qualquer plano de y constante é calculado admitindo-se os momentos de direção
x das moléculas que o atravessam na direção positiva de y e dele subtraindo-se o momento de direção x daquelas que o
atravessam na direção oposta, como segue:
(1.4-5)
Ao escrever essa equação, supomos que todas as moléculas têm velocidades representativas da região em que elas por
último colidiram e que o perfil de velocidades v,(y) é essencialmente linear para uma distância de vários livres percursos
médios. Em vista dessa última hipótese podemos escrever adicionalmente
(l.4-6)
Combinando-se as Eqs. 1.4-2, 5 e 6 obtemos para o fluxo líquido de momento de direção x na direção positiva de y
1
_ dvr
Tyz = -yzmu,\ dy (1.4-7)
Essa equação tem a mesma forma que a lei de Newton da viscosidade dada na Eq. 1.1-2. Comparando as duas equações
obtemos uma expressão para a viscosidade
(1.4-9)
componente x de
velocidade v., 1,.-a
Fig. 1.4·1 Transporte molecular de momento de di·
X reção x a partir do plano em (y - a) para o pla'lo em y.
24 CAPÍTULO UM
Essa expressão para a viscosidade foi obtida por Maxwell 2 em 1860. A grandeza 1Td2 é chamada de seção transversal de
colisão (ver Fig. 1.4-2).
A dedução anterior, que dá uma imagem qualitativamente correta da transferência de momento em um gás a baixas
densidades, toma claro por que desejávamos introduzir o tenno "fluxo de momento" para designar T,.x na Seção 1.1.
A previsão da Eq. 1.4-9 de que µ,é independente da pressão concorda bem com dados experimentais até cerca de 10
atm para temperaturas acima da temperatura crítica (ver Fig. 1.3-1). A dependência prevista com a temperatura é bem
menos satisfatória; dados para vários gases indicam que µ, aumenta mais rapidamente do que Vr. Para descrever melhor
a dependência de µ, com a temperatura, é necessário substituir o modelo de esfera rígida por um que considere forças
atrativas e repulsivas mais acuradamente. É também necessário abandonar as teorias de livre percurso médio e utilizar a
equação de Boltzmann de modo a se obter mais precisamente a distribuição de velocidades moleculares em sistemas fora
do equilíbrio. Deixando os detalhes para o Apêndice D, apresentamos aqui os principais resultados. 3•4 •5
Uma rigorosa teoria cinética de gases monoatômicos a baixas densidades foi desenvolvida no início do século vinte por
Chapman na Inglaterra e independentemente por Enskog na Suécia. A teoria de Chapman-Enskog fornece expressões para
as propriedades de transporte em termos da energia potencial intermolecular cp(r), em quer é a distância entre duas mo-
léculas em processo de colisão. A força intermolecular é então dada por F(r) = - dcp/dr. A forma funcional exata de cp(r)
não é conhecida; todavia, para moléculas não-polares uma expressão empírica é o potencial de Lennard-Jones 6 (6-12)
dado por
(1.4-10)
na qual o-é um diâmetro característico das moléculas, freqüentemente denominado diâmetro de colisão, e eé uma energia
característica, na verdade a energia máxima de atração entre duas moléculas. Essa função, mostrada na Fig. 1.4-3, descre-
ve o comportamento característico das forças intermoleculares: atrações fracas para separações grandes e repulsões fortes
para separações pequenas. Para muitas substâncias os valores dos parâmetros <J' e e são conhecidos; uma listagem parcial
é dada na Tabela E.1 e uma mais extensa está disponível em outro local. 4 Quando <J' e e não são conhecidos, eles podem
/,,,,,..
___ / -.... .......
/
I
/
I
1 Fig. 1.4-2 Quando duas esferas rígidas de diâmetro d
1
James Clerk Maxwell (1831-1879) foi um dos maiores físicos de todos os tempos; ele é particulannente famoso pelo desenvolvimento que deu à área de eletromagnetismo
e por suas contribuições para a teoria cinética dos gases. Em relação a esta última, veja J. C. Maxwell, Phil. Mag., 19, Prop. XIII (1860); S. G. Brush, Am. J. Phys., 30,
269-281 ( 1962). Existe alguma controvérsia sobre as Eqs. 1.4-4 e 1.4-9 (veja S. Chapman and T. G. Cowling, The Mat/zematical Theory ofNo11-Uniform Gases, Cambridge
University Press, 3rd edition (1970), p. 98); R. E. Cunningham and R. J. J. Williams, Diffusio11 i11 Gases a11d Porous Media, Plenum Press, New York(l980), §6.4.
1
Sydney Chapman (1888-1970) ensinava no Imperial College em Londres, e, posteriormente, trabalhou no Observatório de Grande Altitude em Boulder, Colorado.
Além do seu trabalho seminal na teoria cinética dos gases, ele contribuiu para a teoria cinética dos plasmas e para a teoria das chamas e detonações. David Enskog
(1884-1947) é famoso por seu trabalho nas teorias cinéticas d~ gases a baixas e altas densidades. A referência padrão para a teoria cinética de gases diluídos de Chapman-
Enskog é S. Chapman and T. G. Cowling, The Mathematica/ Theo1y of No11-Uniform Gases, Cambridge University Press, 3rd edition (1970); um resumo histórico da
teoria cinética é dado nas pp. 407-409. Veja também a Dissertação 1na11g11ral, Uppsala ( 1917). Adicionalmente, J. H. Ferziger and H. G. Kaper, Mathematical Theory
ofTransport Processes in Gases, North-Holland, Amsterdam (1972), expõem a teoria molecular de um modo muito fácil de se ler.
'A extensão da teoria de Chapman-Enskog para misturas multicomponentes de gases feita por Curtiss-Hirschfelder5, bem como o desenvolvimento de tabelas úteis em
cálculos, pode ser encontrada em J. O. Hirschfelder, C. F. Curtiss, and R. B. Bird, Molecular Theo1y of Gases and Liquids, Wiley, New York, 2nd corrected printing
(1964). Veja também C. F. Curtiss, J. Chem. Phys., 49, 2917-2919 (1968), bem como referências dadas no Apêndice E. Joseph Oakland Hirshfelder (1911-1990),
diretor fundador do Instituto de Química Teórica da Universidade de Wisconsin, especializou-se em forças intermoleculares e aplicações da teoria cinética.
5
C. F. Curtiss and J. O. Hirschfelder, J. Chem. Phys., 17, 550-555 (1949).
6
J. E. (Lennard-) Jones, Proc. Roy. Soe., Al06, 441-i!62, 463-477 (1924). Veja também R. J. Silbey and R. A. Alberty, Physica/ Chemistry, Wiley, New York, 3rd
edition (2001), Chapter 17, ou R. S. Berry, S. A. Rice, and J. Ross, Physica/ Chemistry, Oxford University Press, 2nd edition (2000), Chapter 28.
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 25
ser estimados a partir das propriedades do fluido no ponto crítico (e), do líquido no ponto de ebulição normal (b) ou do
sólido no ponto de fusão (m), por meio das seguintes relações empúicas: 4
e/K = 0,77Tc cr = 0,841VY3 OU cr = 2,44(Tcfpc)113 (l.4-lla, b, e)
e/K = 1,15Tb cr = l,l66Vl(i~ (1.4-12a, b)
e/K = l,92Tm cr = 1,222v;{:01 (1.4-13a, b)
Nessas equações s/K e T estão em K, crestá em Ángstrõm (1 Â = 10- 10 m), V está em cm3/g-mol e Pcestá em atmosferas.
A viscosidade de um gás monoatômico puro de peso molecular M pode ser escrita em termos dos parâmetros de Lennard-
Jones como
jL
=.É...
16
v'mnKT ou
2A jL
= 2' 6693 X 10-5 VMT
2A
(1.4-14)
'fí(F Hµ. () Hµ.
Na segunda forma dessa equação, se T [=]K e cr [=]Á, então µ,[=]g/cm·s. A grandeza adimensional ÜJ.Lé uma função
suave da temperatura adimensional KT/s, e possui ordem de grandeza igual a 1, dada na Tabela E.2. Ela é denominada
"integral de colisão para a viscosidade" porque leva em conta detalhes das trajetórias que as moléculas descrevem durante
uma colisão binária. Se o gás fosse constituído de esferas rígidas de diâmetro cr (em vez de moléculas reais com forças
atrativas e repulsivas), então ÜJ.L seria exatamente igual a um. Portanto a função DJ.Lpode ser interpretada como uma medi-
da do desvio do comportamento de esfera rígida.
Embora a Eq. 1.4-14 seja um resultado da teoria cinética dos gases monoatômicos, sabe-se que ela também funciona
muito satisfatoriamente para gases poliatômicos. A razão para isso é que na equação de conservação do momento para
uma colisão entre moléculas poliatômicas, as coordenadas do centro de massa são mais importantes que as coordenadas
internas [ver Seção 0.3(b)]. A dependência com a temperatura prevista pela Eq. 1.4-14 concorda satisfatoriamente com
aquela encontrada por meio da linha de densidades baixas na correlação ernpúica da Fig. 1.3-1. A viscosidade de gases a
baixas densidades aumenta com a temperatura aproximadamente com uma potência da temperatura absoluta entre 0,6 a
1,0, e é independente da pressão.
Para calcular a viscosidade de uma mistura de gases, a extensão multi componente da teoria de Chapman-Enskog pode
ser usada. 4.5 Alternativamente podemos usar a seguinte fórmula semi-empúica muito satisfatória: 7
.f!., Xaf.La
(1.4-15)
J.Lmix = /;;1 2:,sX,s<Pa/3
na qual as grandezas adimensionais <1>"13 são.
= _J_ (
, ln 1 + M
Mª)-112[ 1 + (µ,")112(M,s)1;4]2 (1.4-16)
<P"13
v8 ,s µ, M
/3 "
cp(r)
As moléculas se As moléculas se
repelem mutuamente ~-'-!-++<-- atraem mutuamente
para separações r < rm para separações r > r,.
7 C.R. Wilke,J. Chem. Plzys., 18, 517-519 (1950); veja também}. W.Buddenberg and C. R. Wilke, lnd. Eng. Chem., 41, 1345-1347 (1949).
26 CAPÍTULO UM
Nessa equação o número de espécies químicas na mistura é N, x" é a fração molar das espécies a,µª é a viscosidade das
espécies puras ana temperatura e pressão do sistema e M" é o peso molecular das espécies a. Mostrou-se que aEq. 1.4-16
reproduz valores medidos das viscosidades de misturas com um desvio médio de cerca de 2%. A dependência da viscosi-
dade de misturas com a composição é extremamente não-linear para algumas misturas, particularmente para misturas de
gases leves e pesados (ver Problema lA.2).
Resumindo, as Eqs. 1.4-14, 15 e 16 são fórmulas úteis para o cálculo de viscosidades de gases não-polares e misturas
de gases a baixas densidades a partir de valores tabelados dos parâmetros de forças intermoleculares <Te e/K. Elas não
darão resultados confiáveis para gases constituídos de moléculas polares ou muito compridas devido à dependência angu-
lar dos campos de força que existem entre tais moléculas. Para vapores polares, tais como os de H20, NH3, CHOH e NOCl,
uma modificação da Eq. 1.4-10 dependente de ângulo tem dado bons resultados. 8 Para os gases leves H 2 e He abaixo de
100 K, efeitos quânticos devem ser levados em conta. 9
Dispõe-se de muitas outras relações empíricas para a estimativa das viscosidades de gases e de misturas de gases. Uma
referência padrão é a de Reid, Prausnitz and Poling. to
EXEMPLO 1.4-1
Cálculo da Viscosidade de um Gás Puro a Baixas Densidades
Calcule a viscosidade do C02 a 200, 300 e 800 K e 1 atm.
SOLUÇÃO
Use a Eq. 1.4-14. Na Tabela E.1 encontramos os parâmetros de Lennard-Jones para o C02 como sendo e/K = 190 K e
cr = 3,996 Á. O peso molecular do C02 é 44,01. Substituindo-se Me crna Eq. 1.4-14 temos
Viscosidade (g/cm·s)
Os dados experimentais são mostrados na última coluna para comparação. Uma boa concordância era esperada já que os
parâmetros de Lennard-Jones da Tabela E.l foram obtidos com dados de viscosidade.
EXEMPLO 1.4-2
Previsão da Viscosidade de uma Mistura Gasosa a Baixas Densidades
Estime a viscosidade da seguinte mistura de gases a 1 atm e 293 K a partir dos dados fornecidos para os componentes
puros nas mesmas pressão e temperatura.
'E. A. Mason and L. Monchick, J. Chem. Phys., 35, 1676-1697 (1961) and 36, 1622-1639, 2746-2757 (1962).
9
1. O. Hirschfelder, C. F. Curtiss, andR. B. Bird,op. cit. Chapter 10; H. T. Wood and C. F. Curtiss,J. Chem. Plzys.,41, 1167-1173 (1964); R. J. Munn, F. J. Smith, and
E. A. Mason,J. Chem. Phys., 42, 537-539 (1965); S. Imam-Rahajoe, C. F. Curtiss, and R. B. Bernstein, J. Chem. Phys., 42, 530-536 (1965).
10
R. C. Reid, J. M. Prausnitz, and B. E. Poling, Tlte Properties of Gases and Liquids, McGraw-Hill, New York, 4th edition (1987).
11
H. L. Johnston and K. E. McCloskey, J. Phys. Chem., 44, 1038-1058 (1940).
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 27
SOLUÇÃO
Use as Eqs. 1.4-16 e 15 (nessa. ordem). Os cálculos podem ser sistematizados na forma de tabela, como segue:
3
CI f3 M.,/Mp µafµp <Pafl L X,/Pa!l
/l=1
"F. Heming and L. Zipperer, Gas-und Wasseifac/1, 79, 49-54, 69-73 (1936).
1
J. H. Irving and 1. G. Kirkwood,J. Cl1em. Phys., 18, 817-823 (1950); R. J. Bearman and J. G. Kirkwood, J. Chem. Phys., 28, 136-146 (1958). Para publicações adici-
onais, veja John Gamble Kirkwood, Collecred Worr..s, Gordon and Breach, New York (1967). John Gamble Kirkwood (1907-1959) contribuiu muito para a teoria
cinética de líquidos, propriedades de soluções poliméricas, teoria dos eletrólitos e termodinâmica de processos irreversíveis.
'S. Glasstone, K. J. Laidler, and H. Eyring, Theory o/Rate Processes, McGraw-Hill, New York (1941), Chapter 9; H. Eyring, D. Henderson, B. J. Stover, and E. M.
Eyring, Statistical Meclra11ics, Wiley, New York (1964), Chaptcr 16. Veja também R. J. Silbey and R. A. Alberty, Physical Chemistry, Wiley, New York, 3rd edition
(2001), §20.1; e R. S. Beny, S. A. Rice, and J. Ross, Physical Chemistry, Oxford University Press, 2nd edition (2000), Chapter 29. Henry Eyring (1901-1981) desen-
volveu teorias para as propriedades de transporte baseadas em modelos físicos simples; ele também desenvolveu a teoria das velocidades absolutas de reação.
28 CAPÍTULO UM
Local vago da
f
rede ou "buraco"
Camada C -=-r8 8 8 8~
CamadaB
Camada A f 8
G)
8
. 8 ~
"'
l·§ __j__J
8
.g
~
- -
i1GJ/N Jl\1- No fluido em repouso
\. r - No fluido sob tensão r yx Fig. 1.5-1 Ilustração de um processo de escape no
>ti escoamento de um líquido. A molécula 1 deve pas-
X sar através de um "gargalo" para atingir o sítio vago.
por suas vizinhas mais próximas. Essa "gaiola" é representada por uma barreira de energia de altura ÃGÓ/N,, na qual 6.G6
é a energia livre molar de ativação para o escape da gaiola para o fluido estacionário (ver Fig. 1.5-1). De acordo com
Eyring, um líquido em repouso sofre contínuos rearranjos, nos quais uma molécula de cada vez escapa de sua "gaiola"
para um "buraco" vizinho, e que as moléculas movem-se assim em cada uma das direções coordenadas em saltos de com-
primento a a uma freqüência n por molécula. A freqüência é dada pela equação de taxa
KT -
v = hexp(-6.Gt/RD (1.5-1)
(l.5-2)
onde V é o volume de um molde líquido e ±(a/o)('TY·' V /2) é uma aproximação para o trabalho realizado sobre as molé-
culas conforme elas se deslocam para o topo da barreira de energia movendo-se com a tensão cisalhante aplicada (sinal de
mais) ou contra a tensão cisalhante aplicada (sinal de menos). Definimos agora V+ como sendo a freqüência de saltos para
a frente e v_ como a freqüência de saltos para trás. Então, das Eqs. 1.5-1e1.5-2 encontramos
~ - -
v;, = h exp( -ÃGÓ / RD exp(±aTY"V /20RD (1.5-3)
O excedente de velocidade com que as moléculas da camada A se movem em relação às da camada B (Fig. 1.5-1) é exa-
tamente a distância percorrida por salto (a) vezes o saldo de freqüência dos saltos para a frente (v+ - v_); isto dá
(1.5-4)
O perfil de velocidades pode ser considerado linear para distâncias muito pequenas, o, entre as camadas A e B, de modo que
- dv"
dy = (ª)8 (v+ - v_) (l.5-5)
Essa equação prevê uma relação não-linear entre a tensão cisalhante (fluxo de momento) e o gradiente de velocidade -
isto é, escoamento não-newtoniano. Tal comportamento não-linear é mais bem discutido no Cap. 8.
A situação usual, todavia, é que a'íyx V/28RT < < 1. Então podemos usar a série de Tayior (ver Seção C.2), senh x =
x + (1/3!)x3 +(1/5!).x5 + ... e reter somente um termo. A Eq. 1.5-6 fica então da forma da Eq. 1.1-2, com a viscosidade
dada por
O fator 8/a pode ser tomado como sendo unitário; note que esta simplificação não envolve perda de precisão pois 6.GÕ é
geralmente determinado empiricamente de modo que a equação concorde com os dados experimentais de viscosidade.
Estabeleceu-se que as energias livres de ativação, liGó, determinadas ajustando-se a Eq. 1.5-7 a dados experimentais
de viscosidade versus temperatura, são praticamente constantes para um dado fluido e que estão relacionadas de modo
simples à energia interna de vaporização no ponto de ebulição normal, como segue: 3
liGb = 0,408 liÜvap (1.5-8)
Usando esta relação empírica e fazendo 8/a = 1, a Eq. 1.5-7 fornece
- Nh
=-::- exp
0,408 Lillva/ RT)
µ, (1.5-9)
V
A energia de vaporização no ponto de ebulição normal pode ser estimada grosseiramente com a regra de Trouton
liÜvap = t..Hvap - RTb == 9,4RTb (1.5-10)
Com essa aproximação adicional, a Eq. 1.5-9 transforma-se em
As Eqs. 1.5-9 e 11 concordam com a relação empírica µ., =A exp(BIT), usada há muito tempo e aparentemente com suces-
so. A teoria, embora de natureza apenas aproximada, prevê a diminuição da viscosidade com a temperatura conforme ob-
servado, porém erros de até 30% são comuns quando as Eqs. 1.5-9 e 11 são usadas. Elas não deveriam ser usadas para
moléculas muito longas e finas, tais como n-C20H42 •
Além disso, existem muitas fórmulas empíricas disponíveis para a previsão da viscosidade de líquidos e misturas de
líquidos. Para obtê-las deve-se consultar livros-texto de físico-química e engenharia química. 4
EXEMPLO 1.5-1
Estimação da Viscosidade de um Líquido Puro
Estime a viscosidade do benzeno líquido, C6H6, a 20'C (293,2 K).
SOLUÇÃO
Use a Eq. 1.5-11 com as seguintes informações:
V= 89,0 cm3/g-mol
Tb = 80,lºC
Como essas informações estão dadas em unidades c.g.s., usamos os valores do número de Avogadro e a constante de Planck
nas mesmas unidades. Substituindo na Eq. 1.5-11 temos:
_ (6,023 X 1023)(6,624 X 10- 27) (3,8 X (273,2 + 80,1))
µ, - (89,0) exp 293,2
= 4,5 X 10- 3 g/cm · s ou 4,5 X 10-4 Pa · s ou 0,45 mPa · s
3J. F. Kincaid, H. Eyring, and A. E. Steam, Chem. Revs., 28, 301-365 (1941).
4
Veja, por exemplo, J. R. Partington, Treatise 011 Physical Chemistry, Longrnans, Greeo (1949); ou R. C. Reid, J. M. Prausoitz, and B. E. Poliog, The Properties o/Gases
and Liquids, McGraw-Hill, New York, 4th editioo (1987). Veja também P. A. Egelstaff, An lntroduction to the Liquid State, Oxford Universiry Press, 2od edition (1994),
Chapter 13; e J. P. Hansen and !. R. McDonald, Theory of Simple Liquids, Acadernic Press, Londoo (l 986), Chapter 8.
30 CAPÍTULO UM
1
1+§.cb+2-( ) (1.6-3)
2 . 4 u/(1
'
+ ~w)(l
-· + w)
'
2
em que if; = 2[1 - V</>/ </>maxl/V çb/ </>ma.xi, onde cf>ma.,é a fração em volume correspondente ao empacotamento de esferas
mais fechado, determinado experimentalmente. Essa expressão simplifica-se para a equação de Einstein quando <P --7 Oe
para a equação de Frankel-Acrivos 9 quando <P --7 <f>max-
1
Para suspensões diluídas de esferas rígidas, o comportamento viscoelástico linear foi estudado por H. Frohlich and R. Sack, Proc. Roy. Soe., A185, 415-430 (1946), e
para emulsões diluídas uma dedução análoga foi feita por J. G. Oldroyd, Proc. Roy. Soe., A218, 122-132 (1953). Nessas duas publicações o fluido é descrito pelo modelo
de Jeffreys (veja Eq.8.4-4), e os autores estabeleceram relações entre os três parâmetros do modelo de Jeffreys e as constantes que descrevem a estrutura do sistema
bifásico (a fração em volume do material em suspensão e as viscosidades das duas fases). Para mais comentários a respeito de suspensões e reologia, veja R. B. Bird and
J. M. Wiest, Chapter 3 in Handbook of Fluid Dynamics and F/uid Maehinery, J.A. Schetz and A. E. Fuhs (eds.), Wiley, New York (1996).
2
Albert Einstein (1879-1955) recebeu o prêmio Nobel por sua explicação do efeito fotoelétrico, e não pelo desenvolvimento da teoria especial da relatividade. Seu
trabalho seminal com suspensões apareceu em A. Einstein, An11. Plzys. (Leipzig), 19, 289-306 (1906); errata, ibid., 24, 591-592 (1911). Na publicação original, Einstein
cometeu um erro na dedução e obteve q, em vez de 5</>/2. Depois que experimentos mostraram que sua equação não concordava com dados experimentais, ele recalculou
o coeficiente. A dedução original de Einstein é ba>tante longa; para um àedução mais compacta, veja L. D. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Meehanies, Pergamon Press,
Oxford, 2nd edition (1987), pp. 73-75. A fortnulação matemática do comportamento de um fluido multifásico pode ser encontrada em D. A. Drew and S. L. Passman,
Theory o/Mu/ticomponent Fluids, Springer, Berlín (1999).
lH. L. Frisch and R. Simha, Chapter 14 ín Rheology, Vol. !, (F. R. Eirich, ed.), Academic Press, New York (1956), Sections II and IT!.
'E. W. Merríl, Chapter 4 in Modem Chemical Engineering, Vol. !, (A. Acrivos, ed.), Reinhold, New York ( 1963), p.165.
5
E. J. Hinch and L. G. Leal,]. Fluid Mech., 52, 683-712 (1972); 76, 187-208 (1976).
'W. R. Schowalter, Mechanics of Non·Newtonian F/uids, Pergarnon, Oxford (1978), Chapter 13.
7
M. Mooney,J. Coll. Sei., 6, 162-170 (1951).
8
A. L. Graham, Appl. Sei. Res., 37, 275-286 (198 t).
9
N. A. Frankel and A. Acrivos, Chem. Engr. Sei., 22, 847-853 (1967).
l
VISCOSIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 31
Para suspensões concentradas de partículas não-esféricas a equação de Krieger-Dougherty 10 pode ser usada:
µeff =
µO
(1 - _±_)-A<f>rna
</>max
(1.6-4)
Os parâmetros A e <Pmu a serem usados nessa última equação são mostrados na Tabela 1.6-1 para suspensões de diversos
materiais. li
Comportamento não-newtoniano é observado com suspensões concentradas, mesmo que as partículas em suspensão
sejam esferas. li Isso significa que a viscosidade depende do gradiente de velocidade e pode ser diferente em escoamentos
cisalhantes e elongacionais. Portanto, equações tais como a Eq. 1.6-2 devem ser usadas com algum cuidado.
'C. G. Kruif, E. M F. van levsel. A. Vrij, and W. B. Russel, ín Viscoelasticity andRlieology(A. S. Lodge,
M. Renardy, J. A. Nohel, eds.), Academic Press, New York (1985).
hH. Giesekus, ín PhysicalProperties ofFoods (J. Jowitt et al., eds.), Applied Science Publishers (1983),
Chapter13.
<R. M. Turian and T.-F. Yuan, PJChE Joumal, 23, 232-243 ('1977).
"B. Clarke, Trans. Inst. Chem. Eng., 45, 251-256 (1966).
Em emulsões ou suspensões de gotículas, em que o material suspenso pode sofrer circulação interna mantendo porém
sua forma esférica, a viscosidade efetiva pode ser consideravelmente menor que a de suspensões de esferas sólidas. A
viscosidade de emulsões diluídas é então descrita pela equação de Taylor: 12
f.leff = 1 + {i
µo 2·
d>(l + (DÇ/27TR)2)
µ,rfa,
(1.6-6)
químico, fez muitas contribuições para a solução de importantes problemas em difusão e transferência de massa.
1
' M. von Smoluchowsky, Kolloid Zeits., 18, 190-195 (!916).
32 CAPÍTULO UM
15
OJU
pv,y
(a)
,...
X
y
•
PVyV
(b)
X
(e)
Fig. 1.7-1 Fluxos convectivos
de momento através de planos
com área unitária perpendicu-
lares aos eixos coordenados.
W. B. Russel, The Dynamics o/Colloidal Sysre11}s, U. ofWisconsin Press, Madison (!987), Chapter4; W. B. Russel, D. A. Saville, and W. R. Schowalter, Colloida/
Díspersíons, Cambridge Universiry Press (1989); R. G. Larson, The Structure and Rheo/ogy o/Complex Fluids, Oxford University Press (1988).
VJSCOSrDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 33
na Tabela 1.7-1. A grandeza Pl.!,Vy é o fluxo convectivo de momento de direção y através de uma superfície perpendicular à
direção x. Esse termo deve ser comparado com a grandeza 1:,y, que representa o fluxo molecular de momento de direção y
através de uma superfície perpendicular à direção x . A convenção de sinais para ambos os modos de transporte é a mesma.
A coleção de nove componentes escalares dada na Tabela 1.7-1 pode ser representada como
pvv = (2.;S;pv;)v = C'Z;S;pv;)(2.iSivi)
= 2.;2.;S;SipV;V; (l.7-1)
Como cada componente de pvv tem dois subscritos, cada um associado com uma direção coordenada, pvv é um tensor (de se-
gunda ordem); ele é denominado tensor fluxo convectivo de momento. A Tabela 1.7-1 para os componentes do tensor fluxo
convectivo de momento deve ser comparada com a Tabela 1.2-1 para os componentes do tensor fluxo molecular de momento.
A seguir indagamos qual seria o fluxo convectivo de momento através de um elemento de superfície cuja orientação é
dada por um vetor unitário normal n, conforme mostrado na Fig. 1.7-2.
_J dS
y
Fig. 1.7-2 O fluxo convectivo de momento através de
X um plano de orientação arbitrárian é (n·v)pv [n·pvv]_=
Se um fluido está escoando através da superfície dS com uma velocidade v, então a vazão volumétrica através da superfí-
cie, vindo do lado menos para o lado mais, é (n·v)dS. Portanto, a taxa de transferência de momento através da supe1fície
é (n·v)pvdS, e o fluxo convectivo de momento é (n·v)pv. De acordo com as regras para notação de vetores e tensores dadas
no Apêndice A, essa expressão também pode ser escrita como [n·pvv] -isto é, o produto escalar do vetor unitário normal
n pelo tensor fluxo convectivo de momento pvv. Se identificarmos n sucessivamente com os vetores unitários das dire-
ções X, y e z (i.e., º"'
oy e o), obtemos as entradas para a segunda coluna da Tabela 1.7-1.
Similarmente, o fluxo molecular total de momento através de uma superfície de orientação n é dado por [n·'IT] =pn + [n·T].
Fica entendido que esse é o fluxo do lado menos para o lado mais da superfície. Essa grandeza também pode ser interpre-
tada como a força por unidade de área exercida pelo "material menos" sobre o "material mais". 1 Uma interpretação geo-
métrica de [n·TI] é dada no Problema lD.2.
1
Em se tratando de forças de interação - em oposição às forças de inércia ou fictícias - pela 3.' lei de Newton (Princípio da Ação e Reação), o "lado mais" também
exercerá sobre o "lado menos" uma força de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. É importante lembrar que essas forças agem em corpos ("lados" no caso)
distintos e portanto não se anulam. (N.T.)
34 CAPÍTULO UM
Neste capítulo definimos o transporte molecular de momento na Seção 1.2, e nesta seção descrevemos o transporte
convectivo de momento. Ao efetuarmos balanços de momento em "cascas" no Cap. 2 e balanços de momento em geral no
Cap. 3, será útil definir o fluxo combinado de momento, que é a soma do fluxo molecular de momento e do fluxo convectivo
de momento:
Lembre-se de que a contribuição põ não contém velocidade, mas somente a pressão; a combinação pvv contém a densida- .
de e produtos das componentes da velocidade; e a contribuição 'T contém a viscosidade e, para fluidos Newtonianos, é uma
função linear dos gradientes de velocidade. Todas essas grandezas são tensores de segunda ordem.
A maior parte do tempo estaremos lidando com componentes dessas grandezas. Por exemplo, os componentes de $ são
e assim por diante, conforme as entradas nas Tabelas 1.2-1e1.7-1. O importante é lembrar que
</ixy = fluxo combinado de momento de direção y através de uma superfície perpendicular à direção x, por mecanismos
molecular e convectivo.
ªPara fluidos viscoelásticos (ver Cap. 8), a denominação deveria ser tensor fluxo viscoelás-
tico de momento ou tensor tensão viscoelástica.
hEsse pode ser referido como tensor tensão molecular.
11. Que idéias principais são usadas quando se parte da lei de Newton da viscosidade, Eq. 1.1-2, generalizando-a confor-
me a Eq. 1.2-6?
12. Que referências podem ser consultadas para se obter maiores informações sobre a teoria cinética dos gases e líquidos
e também para a obtenção de relações empíricas úteis no cálculo de viscosidades?
PROBLEMAS
lA.1 Estimativa da viscosidade de um gás denso. EstÍine a viscosidade do nitrogênio a 68ºF e 1.000 psig por meio da
Fig. 1.3-1, usando a viscosidade crítica da Tabela E.l. Dê o resultado em unidades de lbm/ft·s. Para o significado de
"psig", ver Tabela F.3-2.
Resposta:l.300 X 10-1 lbm/ft·s
IA.2 Estimativa da viscosidade do fluoreto de metila. Use a Fig.1.3-1 para determinar a viscosidade do CH3F em
Pa·s, a 370ºC e 120 atm. Use os seguintes valores 1 para as constantes críticas: Te= 4,55ºC, Pc = 58,0 atm, Pc =
0,300 g/cm3•
lA.3 Cálculo da viscosidade de gases a baixas densidades. Prever as viscosidades do oxigênio, nitrogênio e metano,
moleculares, a 20ºC e pressão atmosférica, expressando o resultado em mPa·s. Compare o resultado com dados
experimentais fornecidos neste capítulo.
Respostas: 0,0203, 0,0175, 0,0109 mPa·s
lA.4 Viscosidade de misturas de gases a baixas densidades. Os seguintes dados 2 estão disponíveis para as viscosidades
de misturas de hidrogênio e freon-12 (dicloro-difluor-metano) a 25ºC e 1 atm:
Use as viscosidades dos componentes puros para calcular as viscosidades nas três composições intermediárias, por
meio das Eqs. 1.4-15 e 16.
Resposta (amostra): Para 0,5, µ, = 0,013515 cp
lA.S Viscosidades de misturas de cloro-ar a baixas densidades. Prever as viscosidades (em cp) de misturas de cloro-ar
a 75ºF e 1 atm para as seguintes frações molares de cloro: 0,00, 0,25, 0,50, 0,75, 1,0. Considere o ar corno um único
componente e use as Eqs. 1.4-14a16.
Respostas: 0,0183, 0,0164, 0,0150, 0,0139, 0,0131 cp
lA.6 Estimativa da viscosidade de líquido. Estime a viscosidade da água líquida saturada a OºC e a 1OOºC por meio de
(a) Eq. 1.5-9, com L.\.,P= 897,5 Btu/lb a lOOºC, e {b) Eq. 1.5-11. Compare os resultados com valores da Tabela l.1-1.
111
1 K. A. Kobe and R. E. Lynn, Jr., Citem. Revs. 52, 117-236 (1953), veja p. 202.
2 J. W. Buddenberg and C. R. Wilke, lnd. Eng. Chem. 41, 1345-1347 (1949).
36 CAPÍTULO UM
lB.3 Viscosidade de suspensões. Dados de Vand 3 para suspensões de pequenas esferas de vidto em solução aquosa de
glicerol e ZnI2 podem ser representados para valores de <P ~ 0,5 pela expressão semi-empírica
(b) Obtenha os valores médios das componentes u..,, ur eu,. O primeiro destes é obtido a partir de
(lC.1-4)
lC.2 Freqüência de colisão com parede. Deseja-se calCular a freqüência Z com que as moléculas de um gás ideal atin-
gem uma unidade de área de uma das faces de uma parede. O gás está em repouso e em equilíbrio a uma temperatura
3
V. Vand,J. Plzys. Colloid Chem., 52, 277-299, 300-314, 314-321 (1948).
V!SCOSlDADE E OS :!vlECANISMOS DE TRANSPORTE DE MOMENTO 37
Te a densidade em número de moléculas é n. Todas as moléculas têm massa m. Todas as moléculas na região x < O
com ux > O atingirão uma área S do ulano yz em um intervalo de tempo curto, se elas estiverem no volume Sux õ.t. O
número de colisões com a parede por unidade de área por unidade de tempo será
z= f f+«>
-oo
+oo
-oo
f
o
+«> (Su/1t)f(uv Uy u,)du,.àu,;IUz
SM
1
lC.3 Pressão de um gás ideal. 4 Deseja-se calcular a pressão exercida por um gás ideal sobre uma parede a partir da taxa
de transferência de momento das moléculas para a parede.
(a) Quando uma molécula transladando com velocidade v colide com uma parede, suas componentes de velocidade
de aproximação são u", uJ" u, e após uma reflexão especular na parede suas componentes são - uv uY, u,. Assim, o
momento "líquido" transmitido à parede é 2mux. As moléculas que têm uma componente x de velocidade igual a ux
e que colidirão com a parede durante um pequeno intervalo de tempo L1t devem estar no interior do volume Supt.
Quantas moléculas com componentes de velocidade na faixa de u", uY, u. a ux + õ.u,, uY + õ.uY, u, + b.u, atingirão a
área S da parede com uma velocidade ux no intervalo de tempo b.t? Serão f(u" uY' u,) du.fÍ.uydu, vezes Supt. Então a
pressão exercida pelo gás sobre a parede será
(lC.3-1)
Explique cuidadosamente como essa expressão foi obtida. Verifique que essa relação está dimensionalmente correta.
(b) Insira a Eq. lC.1-1 para a distribuição de equilíbrio de Maxwell-Boltzmann na Eq. lC.3-1 e efetue a integração.
Verifique que esse procedimento leva a p = nKT, a equação dos gases ideais.
lD.2 Força sobre uma superfície com orientação arbitrária. 5 (Fig. 10.2) Considere o material no interior de um ele-
mento de volume OABC em um estado de equilíbrio tal que a soma das forças que agem nas faces triangulares OBC,
OCA, OAB e ABC deve ser nula. Seja dS a área de ABC e n,. o vetor força por unidade de área que o material
do lado menos de dS faz sobre o material do lado mais. Mostre que n 11 = [n · n].
(a) Mostre que a área do OBC é igual à área projetada do ABC no plano yz; isto é (n · õx)dS. Escreva expressões
similares para as áreas do OCA e OAB.
(b) Mostre que de acordo com a Tabela 1.2-1 a força por unidade de área sobre o OBC é Õ/rrxx + Õynxy + Õz7r::·
Escreva expressões similares para as forças sobre OCA e OAB.
(e) Mostre que o balanço de forças para o elemento de volume OABC fornece
4
R. J. Silbey and R. A. Alberty, Plzysical Clzernistry, Wiley, New York, 3rd edition (2001), pp. 639-640.
'M. Abraham and R. Becker, The Classical Tlzeory of Electricity ond Magnetisrn, Blackie and Sons, London (1952), pp. 44-45.
38 CAPÍTULO UM
em que os índices i, j assumem os valores x, y, z. O somatório duplo na última expressão é o tensor tensão 'lT escrito
como a soma de produtos de díadas unitárias e componentes.
B
Fig. 1D.2 Elemento de volume OABC sobre o qual é aplicado o equilíbrio de forças. O vetor
y
'iT" = [n · r.] é a força por unidade de área exercida pelo material menos (material no in-
terior de OABC) sobre o material mais (material no exterior de OABC). O vetor n é o vetor
X unitário normal à face ABC, dirigido para fora do volume elementar.
2.1 BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E CONDIÇÕES 2.4 ESCOAMENTO ATRAVÉS DE UM ÂNULO
DE CONTORNO 2.5 ESCOAMENTO DE DOIS FLUIDOS IMISCÍVEIS E
2.2 ESCOAMENTO DE UM FILME DESCENDENTE ADJACENTES
2.3 ESCOAMENTO ATRAVÉS DE UM TUBO CIRCULAR 2.6 EscoAJvtENTO LENTO EM TORNO DE UMA ESFERA
Neste capítulo mostramos como obter os perfis de velocidades para escoamentos laminares de fluidos em sistemas simples
de escoamento. Tais deduções fazem uso da definição de viscosidade, das expressões para os fluxos molecular e convectivo
de momento e do conceito de balanço de momento. Uma vez conhecidos os perfis de velocidades, podemos obter outras
grandezas tais como a velocidade má'<:ima, a velocidade média ou a tensão cisalhante em uma superfície. Freqüentemente
são essas últimas grandezas que são de interesse nos problemas de engenharia.
Na primeira seção fazemos algumas observações genéricas acerca de como realizar balanços de momento. Nas seções
que se seguem trabalhamos em detalhe diversos exemplos clássicos de configurações de escoamentos viscosos. Esses
exemplos devem ser entendidos completamente, pois freqüentemente vamos nos referir a eles nos capítulos posteriores.
Embora tais problemas sejam relativamente simples e envolvam sistemas idealizados, eles são, apesar disso, freqüente-
mente usados na solução de problemas práticos.
Os sistemas estudados neste capítulo estão arranj;,.dos de modo que o leitor é gradualmente introduzido a uma variedade de
fatores que surgem na solução dos problemas de escoamento viscoso. Na Seção 2.2, o problema do filme descendente ilustra o
papel das forças de gravidade e o uso de coordenadas cartesianas; ele também mostra como resolver o problema quando a vis-
cosidade pode seruma função de posição. Na Seção 2.3 o escoamento em um tubo circular ilustra o papel das forças de pressão
e da gravidade e o uso de coordenadas cilíndricas; é feita uma extensão aproximada para o escoamento compressível. Na Seção
2.4, o escoamento em um ânulo cilíndrico enfatiza o papel desempenhado pelas condições de contorno. Então, na Seção 2.5, a
questão das condições de contorno é abordada novamente na discussão do escoamento de dois líquidos imiscíveis e adjacentes.
Finalmente, na Seção 2.6 o escoan1ento em torno de uma esfera é discutido resumidamente para ilustrar um problema em coor-
denadas esféricas e também para pôr em destaque a maneira corno as forças tangenciais e normais são tratadas.
Os métodos e problemas neste capítulo aplicam-se somente para o escoamento permanente. O termo "permanente"
significa que a pressão, a densidade e as componentes de velocidade em cada ponto da corrente fluida não variam com o
tempo. As equações gerais para os escoamentos transientes são dadas no Cap. 3.
t Fluido contendo
f: partículas finas
(a)
Este capítulo diz respeito apenas ao escoamento laminar. "Escoamento laminar" é o escoamento ordenado observado,
por exemplo, em tubos para velocidades do fluido suficientemente baixas de modo que partículas diminutas injetadas no
tubo movem-se ao longo de uma linha fina. Ele contrasta enormemente com o caótico "escoamento turbulento", de velo-
cidades suficientemente altas, em que as partículas se separam dispersando-se sobre toda a seção transversal do tubo. O
escoamento turbulento é estudado no Cap. 5. Os desenhos da Fig. 2.0- l ilustram as diferenças entre os dois regimes de
escoamento.
Essa é uma forma restrita da lei de conservação de momento. Neste capítulo aplicamos a mesma somente a uma
componente do momento - isto é, à componente na direção do escoamento. Para escrever o balanço de momento
necessitamos das expressões para os fluxos convectivos de momento dadas na Tabela 1.7-1 e fluxos moleculares de
momento dadas na Tabela 1.2-1; lembre-se de que o fluxo molecular de momento inclui tanto a contribuição da pressão
quanto a viscosa.
Neste capítulo o balanço de momento é aplicado somente a sistemas nos quais existe apenas uma componente de
velocidade, a qual depende de apenas uma vaiiável espacial; além disso, o escoamento deve ser retilíneo. No próximo
capítulo o conceito de balanco de momento será estendido a sistemas em estado transiente com movimentos curvilíneos e
mais de uma compo~ente d; velocidade.
Neste capítulo o procedimento para analisar e resolver problemas de escoamento viscoso é o seguinte:
o Identificar as componentes não-nulas da velocidade e as variáveis espaciais das quais elas dependem.
e Escrever um balanço de momento na forma da Eq. 2.1-1 para uma casca fina perpendicular à variável espacial
relevante.
• Fazer com que a espessura da casca se aproxime de zero e use a definição de primeira derivada para obter a equação
diferencial correspondente para o fluxo de momento.
" Integrar essa equação para obter a distribuição do fluxo de momento.
0 Inserir a lei de Newton da viscosidade e obter a equação diferencial para a velocidade.
• Integrar essa equação para obter a distribuição de velocidades.
" Usar a distribuição de velocidades para obter outras grandezas tais como a velocidade máxima, a velocidade média
ou a força sobre superfícies sólidas.
Nas integrações mencionadas anteriormente aparecem diversas constantes de integração que são detemünadas a partir de
"condições de contorno" - isto é, de valores de velocidade ou tensão nas fronteiras do sistema. As condições de contorno
mais comumente usadas são as seguintes:
a. Em interfaces sólido-fluido a velocidade do fluído iguala-se à velocidade com que a superfície sólida se move; isto
se aplica a ambas as componentes, tangencial e normal, do vetor velocidade. A igualdade das componentes tangenciais é
referida como "condição de não-deslizamento".
b. Em um plano interfacial líquido-líquido comx constante, as componentes tangenciais de velocidade vye vzsão contínuas
através da interface (a "condição de não-deslizamento") assim como também o são as componentes do tensor tensão
molecular p + 'íx..., 'í"' e 'í,=·
e. Em um plano interfacial líquido-gás com x constante, assume-se que as componentes do tensor tensão 7", e 'íxz valem
zero desde que o gradiente de velocidade no lado do gás não seja muito grande. Isto é razoável, uma vez que as ~iscosidades
de gases são muito menores que as de líquidos.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 41
Em todas essas condições de contorno presume-se que não há passagem de material através da interface, isto é, não há
adsorção, absorção, dissolução, evaporação, fusão ou reação química na superfície entre as duas fases. Condições de contorno
incorporando tais fenômenos aparecem nos Problemas 3C.5 e llC.6, e na Seção 18.1.
Nesta seção apresentamos algumas instruções para a resolução de problemas simples de escoamento viscoso. Para certos
problemas, ligeiras variações nessas instruções podem se mostrar apropriadas.
Perturbação de entrada ~
\
- Entrada de líquido
Urna descrição completa do escoamento do líquido é difícil devido às perturbações nas bordas do sistema (z = O, z =
L, y = O, y = W). Uma descrição adequada pode freqüentemente ser obtida desprezando-se essas perturbações,
particularmente se W e L são grandes se comparados à espessura, 8, do filme. Para vazões pequenas espera-se que as forças
viscosas impeçam a contínua aceleração do fluido para baixo, de modo que v, se torna independente dez a partir de urna
pequena distância ao longo da placa, medida desde sua parte mais alta. Portanto parecem razoáveis as hipóteses de que
v, = v,(x), vx = O, v)' = O e, além disso, que p = p(x). Da Tabela B.1 vê-se que as únicas componentes de 'T que não se
anulam são""'= T.,x = -µ,(dv/dx).
Agora selecionamos como "sistema" uma fina casca perpendicular à direção x (veja Fig. 2.2-2). Efetuamos então um
balanço de momento de direção z sobre essa casca, que é uma região de espessura ó..x, lÚnitada pelos planos z = Oe z = L,
se estendendo por uma distânc;ia W na direção y. As diversas contribuições para o balanço de momento são· então obtidas
com auxílio das grandezas que figuram nas colunas "componente z" das tabelas 1.2-1e1.7-1. Usando as componentes do
"tensor fluxo combinado de momento", <J>, definido pelas Eqs. 1. 7-1 a 3, podemos incluir prontamente todos os mecanismos
possíveis para o transporte de momento:
taxa de entrada de momento de
direção z através da superfície em z = O (WL'ix)q\,,l:=o (2.2-1)
Usando as grandezas <Pxze <Pzzlevamos em conta o transporte de momento de direção zpor todos os mecanismos, convectivo
e molecular. Note que tomamos os sentidos "entrada" e "saída" idênticos aos sentidos positivos dos eixos x e z (nesse
problema esses últimos coincidiram com os sentidos do transporte do momento de direção z). A notação 1x+a.r significa
"calculado em x + .ó.x", e g é a aceleração da gravidade.
Quando esses termos são substituídos no balanço de momento da Eq. 2.1-1, obtemos
LW(c/;;-zlx - c/>.rzlxHx) + Wth(c/;z:l:=O - c/;:zlz=L) + (LW ÓX)(pg COS {3) = O (2.2-6)
{3~
:',, z=O
fluxos de momento associados às superfícies da casca.
Como v, e vY são ambas zero, pvxvz e pvyv, são zero. Como
v, não depende de y e z, segue-se da Tabela B.1 que Tyi =
1 Oe r,, =O. Então, os fluxos sublinhados com linha tracejada
1
t não precisam ser considerados. Ambos p e pv,v, são iguais
Direção da em z = Oe z = L, e portanto não aparecem na equação
gravidade final para o balanço de momento de direção z, Eq. 2.2-10.
Quando essa equação é dividida por LW.ó.x, e toma-se o limite quando .ó.x se aproxima de zero, obtemos
(2.2-7)
O primeiro termo do lado esquerdo é exatamente a definição da derivada de t/Jxz em relação a x. Então a Eq. 2.2-7 fica
pgcos f3 (2.2-8)
Nesse ponto temos que explicitar as componentes t/J.Q e 'Í'u fazendo uso da definição de <J>, Eqs. 1.7-1 a 3, e das expressões
de i-xz e i-zz do Apêndice B. l. Isso assegura que não esqueceremos de considerar nenhuma das formas de transporte de
momento. Desse modo obtemos
(2.2-9a)
()v.
<P:.z = p + 'í:z + pV,V = p - 4 2µ, rJz- + pv=v= (2.2-9b)
Em conformidade com as postulações de que v, = v/x), vx =O, vY = Oe p = p(x), vemos que (i) como vx = O, o termo pvxvz =
O; (ii) como vz=v,(x), o termo-2µ,(av/az)naEq. 2.2-9b é zero; (iii) comovz = v,(x), o termo pv,v,éomesmo emz =O eem
z = L, e (iv) como p = p(x), a contribuição de pé a mesma em z = Oe em z = L. Assim i:rz depende apenas de x e a Eq.
2.2-8 simplifica-se para
dT.tz
d;= pgcosf3 (2.2-10)
Essa é a equação diferencial para o fluxo de momento i-xz. Ela pode ser integrada obtendo-se
T.'" = (pg cos {3)x + C1 (2.2-11)
A constante de integração pode ser calculada usando-se as condições de contorno na interface gás-líquido (veja a Seção 2.1):
C.C. l: emx= O, (2.2-12)
A substituição dessa condição de contorno na Eq. 2.2-11 mostra que C1 = O. Portanto a distribuição de fluxos de momento é
..:ií-._
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 43
(2.2-14)
dv, =
dx
-(pg cos
/1-
f3)x (2.2-15)
que é a equação diferencial para a distribuição de velocidades. Ela pode ser integrada obtendo-se
\
\
Distribuição
Direção da
gravidade
A substituição dessa condição de contorno na Eq. 2.2-16 mostra que C 2 = (pg cosf3/2µ,)êl. Conseqüentemente, a
distribuição de velocidades é
v,-~
2
_ _ p.t;;ô cos {3 [
1-
(x)2]
8 (2.2-18)
Essa distribuição parabólica de velocidades é mostrada na Fig. 2.2-3. Ela é coerente com as hipóteses adotadas inicialmente
e deve portanto ser uma solução possível. Outras soluções podem ser possíveis e experimentos são normalmente necessários
para informar se outras configurações de escoamento podem realmente ocorrer. Voltaremos a esse ponto depois da Eq.
2.2-23.
Uma vez que a distribuição de velocidades é conhecida, diversas grandezas podem ser calculadas:
(i) A velocidade máxima, v,,m;x, é claramente a velocidade em x = O; isto é,
pgtP cos {3
'11:,miix=~ (2.2-19)
44 CAPÍTULO DOIS
(ii) A velocidade média, <vz>, sobre a seção transversal do filme é obtida conforme segue:
f,owfo v.,dxdy
5
.
1 f,º
(v,) = ·.f. W f,ó = Ô o VzdX
dxdy
(1 {l
pgo2 cos f3 2
= ~ = :;v=,mitx (2.2-20)
A integral dupla no denominador da primeira linha é a área da seção transversal do filme. A integral dupla no numerador
corresponde à vazão volumétrica através de um elemento diferencial da área transversal, v,dx dy, integrada sobre
toda a seção transversal.
(iii) A vazão mássica w é obtida da velocidade média ou por integração da distribuição de velocidades
W = f,o
w f, ô
rm..dxdlf = pW!'J(71 7 ) =
p2g w(~3 cos f3
(2.2-21)
o , .. '· - .. 3µ,
(iv) A espessura do filme, o, pode ser obtida em termos da velocidade média ou da vazão mássica conforme segue:
0= / 3µ,(vz) = ,/ 3µ,w (2_2_22)
vpg cos f3 -y r 2gw cos /3
(v) A força por unidade de área na direção z sobre um elemento de superfície perpendicular à direção x é +-z:r. calculada em
x = 8. Essa é a força exercida pelo fluido (região de menor x) sobre a parede (região de maior x). A componente z da
força F do fluido sobre a supe1fície sólida é obtida integrando-se a tensão cisalhante sobre a interface fluido-sólido.
'Esse grupo adimensional foi denominado em homenagem a Osborne Reynolds ( 1842-1912), professor de engenharia na Universidade de Manchester. Ele estudou a
transição laminar-turbulenta, a transferência de calor turbulenta e a teoria da lubrificação. Veremos no próximo capítulo que o número de Reynolds é a razão entre as
forças inerciais e viscosas.
'G. D. Fulford, Adv. Chem. Engr., 5, 151-236 (1964); S. Whitaker, lnd. E11g. Clzem. Fund., 3, 132-142 (1964); V. G. Levich, Physicoclzemica/ Hydrodynamics, Prentice-
Hall, Englewood Cliffs, N. J. (19ó2), § 135. ..
3
H.·C. Chang. Awz. Pe1'. Fluid. Mech., 26, 103-136 (1994); S.-H. Hwang and H.-C. Chang, Phys. Fluids, 30, 1259-1268 (1987).
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 45
reconhecer os regimes de escoamento bem como a ocorrência de instabilidades (oscilações espontâneas) e quando o
escoamento se torna turbulento. Algumas informações a respeito do advento de instabilidades e da demarcação dos
regimes de escoamento podem ser obtidas mediante análise teórica, mas esse é um assunto extraordinariamente difícil.
Isso é um resultado da natureza inerentemente não-linear das equações da dinâmica dos fluidos que descrevem o
escoamento, como será explicado no Cap. 3. Nesse ponto é suficiente dizer que experimentos têm um papel muito
importante na área de dinâmica dos fluidos.
EXEMPLO 2.2-1
Cálculo da Velocidade de um Filme
Um óleo tem uma viscosidade cinemática de 2 x 10-4 m 2/s e uma densidade de 0,8 x 10 3 kg/m 3 • Se queremos obter
um filme descendente de espessura 2,5 mm em uma parede vertical, qual deve ser a vazão rnássica de escoamento do
líquido?
SOLUÇÃO
De acordo com a Eq. 2.2-21, a vazão mássica em kg/sé
Esse número de Reynolds é suficientemente baixo de modo que as ondulações não serão pronunciadas, e portanto a expressão
para a vazão mássica da Eq. 2.2-24 é razoável.
EXEMPLO 2.2-2
Filme Descendente com Viscosidade Variável
Refaça o problema do filme descendente para uma viscosidade dependente de posição dada porµ. = µ. 0e-ª'11i, que aparece
quando o filme é não-isotérmico, corno na condensação de vapor em uma parede. Nessa equação /Lo é a viscosidade na
superfície do filme e a é urna constante que descreve quão rapidamenteµ. diminui quando x aumenta. Tal variação poderia
surgir no escoamento descendente de um condensado sobre uma parede com um gradiente linear de temperaturas através
do filme.
SOLUÇÃO
O desenvolvimento se dá corno anterio1mente até aEq. 2.2-13. Então, substituindo a lei de Newton com viscosidade variável
na Eq. 2.2-13 temos
, .•
- µ,,e-cc.' 8 d;· = pgx cos {3
dv.
(2.2-26)
Essa equação pode ser integrada, e usando as condições de contorno da Eq. 2.2-17, podemos determinar a constante de
integração. O perfil de velocidades é então
Como verificação obtemos a distribuição de velocidades para o problema de viscosidade constante (isto é, quando a é
zero). Todavia, impondo a= Ofornece oo - oo nas duas expressões entre parênteses.
46 CAPÍTULO DOIS
Essa dificuldade pode ser superada se expandirmos as duas exponenciais em séries de Taylor (veja a Seção C.2), como
segue:
• ,,_
2
(v.)._ 0 =pgi5
- - -cos
µo- l[3i m[( 1 +
a~u
t1
1l (f~ · · · - - -
+-+-+
2! 3! a a2
)(1 1)
2 2 3
ax a x ah x 1 )]
º
- ( 1+-+-·-.+--.+···) (--;;--
2!ô< 2
3!ô" m) t1
(2.2-28)
O leitor pode verificar que esse resultado simplifica-se para a Eq. 2.2-20 quando a vai para zero.
As grandezas cp,, e <Pn: levam em conta o transporte de momento por todos os mecanismos possíveis, convectivo e molecular.
Na Eq. 2.3-4 (r + Ll.r) e (r) 1r+ar são duas maneiras de se escrever a me:oma coisa. Note que "entrada" e "saída" foram
tomadas nos sentidos positivos do~ eixos r e z.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 47
q,J,. 0 = fluxo de
entrada de momento de
direção z em z = O
Parede do tubo
L
Quando dividimos a Eq. 2.3-8 por 2r.LM e tomamos o limite quando !J.r -7 O, obtemos
(2.3-7)
A expressão do lado esquerdo é a definição da primeira derivada de rr:rz em relação ar. Então a Eq. 2.3-7 pode ser escrita
como
(2.J-8)
Agora temos que obter as componentes <Pn e </J,. daEq. 1.7-1 e do Apêndice B.l:
élv.
cPrz = 'Trz + PV/Dz = -µ, 0
;· + pV,Vz (2.3-9a)
rJv.
</>-.z = p + Tz;; + pVzVz "7 p 2µ, ii; + pVzZJz (2.3-9b)
A seguir levamos em conta as hipóteses feitas inicialmente; isto é, vz = v=(r), v, = O, v 8 = O e p == p(z). Então fazemos as
seguintes simplificações: (i) como v, = O cancelamos o termo pv,v= da Eq. 2.3-9a; (ii) como v, = v,(r), o termo pv,v, será
o mesmo em ambas as extremidades do tubo; e (iii) como v, = v,(r), o termo -2µ,(êJvjêJz) será o mesmo em ambas as
extremidades do tubo. Então a Eq. 2.3-8 simplifica-se para
!Í__ ( _ ) =
dr r, n
('(po - pgO) -L (Pi - pgL))
r
= (Vi'o -L '!PL)r (2.3-10)
48 CAPITULO DOIS
em que \1J' = p - pgz é uma abreviação conveniente para a soma dos termos de pressão e gravitacional. 1 A Eq. 2.3-10 pode
ser integrada resultando
?Po - ?l'1.)
T,"= ( -u- C1
r+r (2.3-11)
- (ifPo - <fPL)·
Tr:-~r (2.3-13)
Substituindo essa expressão na Eq. 2.3-13 conduz à seguinte equação diferencial para a velocidade:
Distribuição parabólica
de velocidades, v,(r)
Distribuição linear de
fluxos de momento, r,.,(r)
1
A grandeza designada por '!J> é chamada pressão qwdiftcada (ou pressão piezométrica). Em geral, ela é definida por '!J> = p + pgh onde h é a dis~ância "para cima" -
isto é, no sentido oposto ao da gravidade, a partir de algum plano de referência pré-selecionado. Então nesse problema /z = -z.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGCME LAMINAR 49
Vz
= 14µ.L
('2!\- ?J\)R2 [ 1 _ (!_)2]
R (2.3-18)
Vemos que a distribuição de velocidades para o escoamento laminar, incompressível de um fluido newtoniano em um
tubo longo é parabólica (veja Fig. 2.3-2).
Uma vez que o perfil de velocidades foi estabelecido, várias grandezas derivadas podem ser obtidas:
(i) A velocidade máxima, v:.m:íx' ocorre em r =O e é
(<7.P 0 - r:!l\)R 2
Vz,máx = 4µ..L (2.3-19)
(ii) A velocidade média <vz> é obtida dividindo-se a vazão volumétrica total pela área da seção transversal
f 2,,. JR v,rdrd8
('2J>o - '2f>L)R 2
('V.) = O2 OR - - - - - - :r<J.:,máx (2.3-20)
8µ.L
. J 0
" { rdrd8
(iii) A vazão mássica, w, é o produto da área da seção transversal, 1TR2 , da densidade, p, e da velocidade média, <v,>
Esse famoso resultado denomina-se equação de Hagen-Poiseuille. 2 Ele é usado juntamente com dados experimentais
de vazão e da queda de pressão modificada para determinar a viscosidade de fluidos (veja Exemplo 2.3-1) em um
"viscosímetro capilar".
(iv) A componente z da força, Fz, do fluido sobre a área molhada do tubo é dada pela tensão cisalhante -r,= integrada
sobre a superfície molhada
dv_)
F, = (2rrRL) ( -µ-d- 1 = 1TR·(Zfl
" cm
0 - ~L)
. r r-R
(2.3-22)
Esse resultado mostra que a força viscosa F= é contrabalançada pela força líquida de pressão e pela força gravitacional.
Isso é exatamente o que obteríamos realizando um balanço de forças sobre o fluido no tubo.
Os resultados desta seção são tão bons quanto as próprias hipóteses introduzidas no início - quais sejam, v, = v,(r), e p =
p(z). Experimentos mostraram que essas hipóteses estão de fato corretas para números de Reynolds até cerca de 2.100; acima
desse valor, o escoamento será turbulento caso existam no sistema perturbações consideráveis - isto é, rugosidade de parede
ou vibrações. 3 Para tubos circulares o número de Reynolds é definido por Re = D<v,> p/µ, onde D = 2R é o diâmetro do tubo.
A seguir resumimos todas as hipóteses que foram feitas para se obter a equação de Hagen-Poiseuille.
(a) O escoamento é laminar; isto é, Redeve ser menor que cerca de 2.100.
(b) A densidade é constante ("escoamento incompressível").
(e) O escoamento é "permanente" (i.e., ele não varia com o tempo).
(d) O fluido é newtoniano (a Eq. 2.3-14 é válida).
1G. Hagen,r1nn. Phys. Chem .• 46, 423-442 (1839); J. L. Poiseuille, Comptes Re11d11s, 11, 961e104 l (1.841). Jean Louis Poiseuille (1799-1869) era um médico interessado
no escoamento de sangue. Embora Hagen e Poiseuille tenham estabelecido a dependência da vazão com a quarta potência do rJio do tubo, a Eq. 2.3-21 foi desenvolvida
primeiro por Hagenbach, Pogg. A11nale11 der Physik 11. Chemie, 108, 385-426 (1860).
3A. A. Draad [Dissertação de Doutorado, Universidade Técnica de Delft ( 1996)] em um experimento cuidadosamente controlado, obteve escoamento laminar para valores
de Re até 6,0 x 10". Ele também estudou o perfil não-parabólico de velocidades induzido pela rotação da terra (através do efeito Coriolis). Veja também A. A. Draad and
F. T. M. Nieuwstadt, J. Fluid Mec/1., 361. 207-308 (1998). .
50 CAPÍTULO DOIS
(e) Efeitos de extremidade são desprezados. Na verdade um "comprimento de entrada", após a entrada do tubo, da ordem
de L, = 0,035D Re, é necessário para o desenvolvimento do perfil pa;abólico. Se o trecho do tubo que interessa inclui a
região de entrada, uma correção deve ser aplicada. 4 A correção fracionária na diferença de pressão ou na vazão mássica
nunca excede L.fL se L>L.-
(f) O fluido se comporta como um contínuo - essa hipótese é válida, exceto para gases muito diluídos ou tubos
capilares muito finos, nos quais o livre percurso médio das moléculas é comparável ao diâmetro do tubo ("região de
escoamento com deslizamento") ou é muito maior que o diâmetro do tubo ("escoamento de Knudsen" ou "escoamento
molecular livre"). 5
(g) Não há deslizamento na parede, de modo que a C.C.2 é válida; essa é uma excelente hipótese para fluidos puros sob
as condições assumidas em (f). Veja Problema 2B.9 para uma discussão do deslizamento em paredes.
ExEMPLO 2.3-1
Determinação da Viscosidade a Partir de Dados de Escoamento Capilar
Glicerina (CH20H-CHOH-CH20H) a 26,SºC escoa através de um tubo horizontal com 1 ft de comprimento e 0,1 in de
diâmetro interno. Para uma queda de pressão de 40 psi, a vazão volumétrica, w/p, é 0,00398 ft3/min. A densidade da
glicerina a 26,5ºC é 1,261 g/cm3• A partir dos dados de escoamento, determine a viscosidade da glicerina em centipoises
e emPa·s.
SOLUÇÃO
A partir da equação de Hagen-Poiseuille (Eq. 2.3-21) encontramos
7T(po - pJR4
8(w/p)L
8( 0,00398 ~~ x fo-n:i; 11
)(1 ft)
= 4,92 g/ cm · s = 492 cp = 0,492 Pa · s (2.3-23)
Para checar se o escoamento é laminar, calculamos o número de Reynolds
Re = D(v)p = 4(w/p)p
µ, 11Dµ,
~m X 12 in)
3
4(0,00398-4=--)(2,54
rrun m ft
(1._
60 5
mm)(l,261 g ,)
cm
'J. H. Perry, Chemical Engineers' Handbook, McGraw-Hill, New York, 3rd edition (l950), pp. 388-389; W. M. Kays and A. L. London, Compact Heat Exchangers,
McGraw-Hill, New York (1958), p. 49.
'Martin Hans Christian Knudsen (1871-1949), professor de física na Universidade de Copenhagen, realizou experimentos-chave sobre o comportamento de gases
muito diluídos. As aulas que ele deu na Universidade de Glasgow foram publicadas como M. Knudsen, The Kinetic Theory of Gases, Methuen, London (1934); G. N.
Patterson, Molecular Flow of Gases, Wilej; New York (1956). Veja também J. H. Feriiger and H. G. Kaper, Mathematical Theory ofTransport Processes in Gases,
North-Holland, Amsterdam (1972), Chapter 15.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAl>lINAR 51
EXEMPLO 2.3-2
6
Escoamento Compressível em um Tubo Circular Horizontal
Obtenha uma expressão para a vazão mássica, w, de um gás ideal em escoamento laminar em um tubo longo de seção
transversal circular. Suponha que o escoamento é isotérmico. Admita que a variação de pressão ao longo do tubo não é
muito grande, de modo que a viscosidade possa ser suposta constante em toda sua extensão.
SOLUÇÃO
Esse problema pode ser resolvido aproximadamente admitindo-se que a equação de Hagen-Poiseuille (Eq. 2.3-21) pode
ser aplicada para um pequeno comprimento dz de tubo como segue:
w=
4
1iR p
sµp;; dp)
-pdz
0 (
(2.3-27)
A vazão mássica é a mesma para todos os valores dez. Desse modo a Eq. 2.3-27 pode ser integrada dez = Oaté z =L
fornecendo
4
1íR Po ( , ') (2.3-28)
w = 16µ.L p;; Põ - Pl.
7í(po - p,)R4Pmédia
r..v=------ (2.3-29)
8µ.L
em que Pmédia = ~(p0 + Pi) é a densidade média calculada na pressão média Pmédia = ~ (p 0 + Pi).
Essa equação difere daEq. 2.3-10 apenas porque aqui CZP = p + pgz,jáque a coordenada z tem sentido oposto à gravidade
(i.e., zé o mesmo que h no primeiro rodape da Seção 2.3). A integração da Eq. 2.4-1 fornece
-
'n
= (<!P0 2L './PL)··r + sr (2.4-2)
6L. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, 2nd edition, Pergamon, London (1987), § 17, Problem 6. Uma solução desse problema pelo método das perturbações foi
obtida por R. K. Prud'homme, T. W. Chapman, and J. R. Bowen, Appl. Sei. Res., 43, 67-74 (1986).
52 CAPÍTULO DOIS
Distribuição
de velocidades
Tensão cisalhante
ou distribuição de
fluxos de momento
A constante C1 não pode ser determinada imediatamente, já que não temos informações sobre o fluxo de momento nas
superfícies fixas r = KR. e r = R. Tudo o que sabemos é que existirá um máximo no perfil de velocidades em alguma
superrície (por enquanto desconhecida) r = AR, na qual o fluxo de momento será zero. Isto é,
O -- (IJ'º - g.L)
- - - À ' \R. + - C1 (2.4-3)
2L AR
Tirando o valor de.C 1 nessa equação e substituindo-o em seguida na Eq. 2.4-2 temos
(2.4-4)
A única diferença entre essa equação e a Eq. 2.4-2 é que a constante de integração C 1 foi eliminada em favor de uma outra
constante, À. A vantagem disso é que sabemos o significado geométrico de À.
Agora substituímos a lei de Newton da viscosidade, 7,., = - µ,( dv j dr), na Eq. 2.4-4, para obtermos uma equação diferencial
para vz.
(2.4-5)
(2.4-6)
Agora avaliamos as duas constantes de int~gfáÇão, íl e C2 , usando_ a condição de não-deslizamento em cada contorno sólido:
e.e. 1: emr = KR, v,'= O (2.4-7)
e.e. 2: em r = R, V:= O (2.4-8)
A substituição dessas condições de contorno na Eq. 2.4-6 fornece então duas equações simultâneas:
(2.4-9, 10)
A partir dessas equações as duas constantes de integração, À e C2, são determinadas como
2
2À2 = 1- K
(2.4-11, 12)
ln (1/K)
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 53
Essas expressões podem ser inseridas nas Eqs. 2.4-4 e 2.4-6 para dar a distribuição dos fluxos de momento e a distribuição
de velocidades,1 conforme segue:
~
'rz
= Wf'o - \if'L)R
2L
[(!_)- ~ (B_)J
R 2 ln (1 / K) r
(2.4-13)
Vz
= ('Y' 0 - 1PL)R
4µ,L
1
[
l
_ (.r.)R 2
_ -1-=L (B_)]
ln(l/K) ln r (2.4-14)
Note que quando o ânulo se toma muito fino (i.e., K é apenas ligeiramente menor que a unidade), esses resultados se
simplificam para aqueles da fenda plana (veja Problema 2B.5). É sempre uma boa idéia checar "casos limites" tais como
esses sempre que a oportunidade se apresentar.
O limite inferior quando K ~ Onão é tão simples, pois a razão ln(R/r)/ln(l/ K) sempre será importante em uma região
próxima do contorno interno. Assim, a Eq. 2.4-14 não se simplifica para a distribuição parabólica. Todavia, a Eq. 2.4-17
para a vazão mássica de escoamento simplifica-se para a equação de Hagen-Poiseuille.
Uma vez de posse das distribuições de fluxos de momento e velocidade, é bastante simples obter outros resultados de interesse:
(i) A velocidade máxima é
WP 0 - Çif\)R 2 2
,
'Vz,máx = v,lr=AR = 4µ,L [1 - À (1 - ln A-)] (2.4-15)
Jz-.r.J v,rdrd8 R
J J rdrde
0 KR
( )
2
(2.4-16)
v, = " R
ll KR
~' =
tl
7T('!f>u - '!i', )R•p
8µ,L
[c1 - K
4) - (1 -
h1(l/K)
K1)1] (2.4-17)
(iv) A força exercida pelo fluído nas supe1fícies sólidas é obtida somando-se as forças que agem nos cilindros interno e
externo, conforme segue:
Fz = (27TKRL)(-rr-lr=i<R) + (27TRL)(+r,.,J=R)
= 1íR2(1 - Kz)('íf'o - f!J\) (2.4-18)
O leitor deve explicar a escolha dos sinais que antecedem as tensões cisalhantes e também dar uma interpretação ao resultado
final.
As equações obtidas anteriormente valem somente para o escoamento laminar. A transição laminar-turbulenta ocorre
nas vizinhanças de Re = 2.000, com o número de Reynolds definido por Re = 2R(l-K)<v,>p/µ,.
'H. Lamb, Hydrodynamics, Cambridge University Press, 2nd edition (1895), p. 522.
10 escoamento adjacente de gases e líquidos em tubulações foi revisto por A. E. Dukler and M. Wicks, III, in Chapter 8 of Modem Chemica/ E11gineering, Vai. 1, "Physical
Dois líquidos imiscíveis e incompressí veis estão escoando na direção z em uma fenda horizontal estreita de comprimento
L e largura W sob a influência de um gradiente de pressão horizontal (p 0 - PL)/L. As vazões dos fluidos são ajustadas de
modo que a metade da fenda é preenchida com o fluido I (a fase mais densa) e a outra metade com o fluido II (a fase menos
densa). Os fluidos escoam lentamente de modo que não ocorrem instabilidades- isto é, a interface se mantém perfeitamente
plana. Deseja-se determinar as distribuições dos fluxos de momento e velocidade.
Um balanço diferencial de momento leva à seguinte equação diferencial para o fluxo de momento:
drr.. Po - PL (2.5-1)
dX -L-
Essa equação é obtida para ambas as fases I e II. A integração da Eq. 2.5-1 para as duas regiões fornece
r~ = (Po ~ PL )x + C\ (2.5-2)
,,.lI =
'.rz
(pº -L PL) X
+ crr1 (2.5-3)
X~--t-----i>+--In_te_rra_c_e___,,,-+----_-_-_-_-_-_-_-_-_---;:-~-----++----
z
Podemos de imediato fazer uso de uma das condições de contorno - isto é, a de que o fluxo de momento -rxz é contínuo
através da interface fluido-fluido:
e.e. 1: em x =O, (2.5-4)
Isso significa que Ci Ci
= 1; então eliminamos o sobrescrito e representamos ambas as constantes de integração por C 1•
Quando a lei de Newton da viscosidade é substituída nas Eqs. 2.5-2 e 2.5-3, obtemos
-µ 1 dx
dv; = (Po- Ll'-L) x + C1 (2.5-5)
- Il
µ. dx
dd; = (Po -L PL) x. +e 1 (2.5-6)
J =
=
-(pº - PL) s
2µ.IL X
2 -
µ.I X
+ cr
2
(2.5-7)
,n
z.,
= -(Po2µPL
- PL}\ X-
, _ C1
µIl X
+ cu
2
(2.5-8)
As três constantes de integração podem ser determinadas com as seguintes condições de contorno de não-deslizamento:
e.e. 2: emx= O, V~=()~ (2.5-9)
e.e. 3: em x = -b, v;= O (2.5-10)
e.e. 4: emx= +b, V~I = Ü (2.5-11)
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 55
Quando essas três condições de contorno são usadas, obtemos três equações simultâneas para as constantes de integração:
de C.C. 2: (2.5-12)
de C.C. 3: (2.5-13)
de C.C. 4: (2.5-14)
Ci = + (po - PL)b2
2µ.IL
(_y__) :;:
µ. 1 + µ.II
c"f.l
~
(2.5-16)
1
Txz = (po - Pt)b [(~)- l (f.L - f.LII)] (2.5-17)
L b 2 µ.,!+µ,II
(2.5-18)
~=
=
(
Pn - Pi.)b2 [(__
2µYL µ}
I ) ( l-+ µrrIl)(b)_ ( )2]
2µ_ + !!:......_!!:_
+ µII ~t 1
~ !_
/7
(2.5-19)
Essas distribuições são mostradas na Fig. 2.5-1. Se as viscosidades forem iguais, então a distribuição de velocidades é
parabólica, tal como esperaríamos para um fluido puro escoando entre placas paralelas (veja Eq. 2B.3-2).
A velocidade média em cada camada pode ser obtida e os resultados são
A partir das distribuições de velocidades e fluxos de momento dados anteriormente, podemos calcular a velocidade máxima,
a velocidade na interface, o plano onde a tensão cisalhante é zero, e o arraste sobre as paredes da fenda.
'G. G. Stokes, Trans. Cambridge Phil. Soc.,9, 8-106 (1851).Para o escoamento lento em tomo de um objeto com formato arbitrário, veja H. Brenner, Chem. Engr.Sci.,
19, 703-727 (1964).
'L. D. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, 2nd edition, Pergamon, London (1987), §20.
3G. K. Batchelor, An lntroduction to Fluid Dynamics, Cambridge University Press (1967), §4.9.
'S. Kim and S. J. Karrila, Microhydrodynamics: Principies and Se/ected Applications, Butterworth-Heinemann, Boston (1991),4.2.3; este livro contém uma discussão
detalhada de problemas de "escoamento lento".
56 CAPÍTULO DOIS
explicadas no início deste capítulo. Todavia, uma discussão abreviada do escoamento em tomo de uma esfera é realizada
aqui, tendo em vista a importância do escoamento em tomo de objetos submersos. No Cap. 4 mostramos como obter as
distribuições de velocidade e pressão. Aqui, apenas citamos os resultados e mostramos como eles podem ser usados
para obter relações importantes, as quais necessitaremos em discussões posteriores. O problema tratado aqui, e também
no Cap. 4, diz respeito ao escoamento lento - isto é, muito lento. Esse tipo de escoamento é também chamado de
"escoamento de Stokes".
Consideramos aqui o escoamento de um fluido incompressível em torno de uma esfera sólida de raio R e diâmetro D
conforme mostrado na Fig. 2.6-1. O fluido, com densidade p e viscosidade µ,, se aproxima de uma esfera fixa, com uma
velocidade uniforme, v"'' vertical de baixo para cima no sentido dez. Nesse problema "escoamento lento" significa que o
número de Reynolds, Re = Dv,p/µ,, é menor que cerca de 0,1. Esse regime de escoamento é caracterizado pela ausência
de vórtices a jusante da esfera.
Raio da esfera = R
Ponto no espaço
,..,...! (x, y, z) ou (r, fJ, </J)
/ 1
1
1
IY
1
--,!, Projeção do ponto
X
no planoxy
As distribuições de velocidades e pressões para tal escoamento lento, deduzidas no Cap. 4, são:
(2.6-3)
Na última equação a grandezap0 é a pressão no plano z =O, muito distante da esfera. O termo - pgz é a pressão hidrostática
resultante do peso do fluido e o termo contendo vx é a contribuição do movimento do fluido. As Eqs. 2.6-1, 2 e 3 mostram
que a velocidade do fluido é zero na superfície da esfera. Além disso, no limite quando r -7 ao a velocidade do fluido tem
o mesmo sentido dez e magnitude ~niforme v~; isto se deve ao fato de que sendo v, = v, cose - v8 sen e, o que pode ser
obtido usando a Eq. A.6-33, e v,. = vY =O, conforme mostram as Eqs. A.6-31e32.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 57
As componentes do tensor tensão, T, em coordenadas esféricas podem ser obtidas da distribuição de velocidades dada
usando-se a Tabela B. l. Eles são
T,, 3µ:u -
= -2T88 = -2Tq,<f> = -R-
00
[ (R)
r + (R)
2
r
4
] (2.6-5)
3 JLVa:(R)
4
Tr~ =Ter= 2-r- r sen 8 (2.6-6)
e todas as outras componentes são zero. Note que as tensões normais para esse escoamento são não-zero, exceto parar = R.
Vamos agora determinar a força exercida pelo fluido em escoamento sobre a esfera. Devido à simetria em tomo do eixo
z, a força resultante será no sentido dez. Então a força pode ser obtida integrando-se a componente z das forças normal e
tangencial sobre a superfície da esfera.
p<u) = f f"
o
lr.
o
(-(p + Trr)I r=~ cos B)R2 sen ede d<f> (2.6-7)
Quando esse resultado é substituído na Eq. 2.6-7 e a integração realizada, o termo contendo p 0 é igual a zero, o termo
contendo a aceleração gravitacional, g, dá a força de empuxo, e o termo contendo a velocidade de aproximação, v~·fornece
o "arraste de forma" conforme mostrado a seguir:
F"i = 51TR3pg + 27TµRv.,, (2.6-9)
A força de empuxo é.a massa de fluído deslocado (47TR 3p/3) vezes a aceleração da gravidade (g).
(2.6-10)
'No Exemplo 3. l-1 mostramos que para fluidos newtmúanos incompressíveis todas as três tensões nonnais são zero sobre superfícies sólidas fixas, em rodos os escoamentos.
58 CAPÍTULO DOIS
Então a força total F do fluido sobre a esfera é dada pela soma das Eqs. 2.6-9 e 2.6-12:
F = ~1TR3pg + 21TµRv.,, + 41TµRv."' (2.6-13)
força de arraste arraste
empuxo de forma de atrito
ou
F Fu + Fk = ~rrR3pg + 61TµRvoo (2.6-14)
força de força
empuxo cin.Stica
O primeiro termo é a força de empuxo, o que estaria presente em um fluido em repouso; ela é a massa de fluido deslocada
multiplicada pela aceleração gravitacional. O segundo termo, a força cinética, resulta do movimento do fluido. A relação
(2.6-15)
É conhecida como lei de Stokes. 1 Ela é usada para descrever o movimento de partículas coloidais sob um campo elétrico, na
teoria da sedimentação, e no estudo do movimento de partículas aerossóis. A lei de Stokes é útil somente para números de
Reynolds, Re = Dv,,,p/µ,,menores ou iguais a O, 1 aproximadamente. Em Re = 1, a lei de Stokes prevê uma força em tomo de
10% menor que o valor correto. O comportamento do escoamento para números de Reynolds maiores é discutido no Cap. 6.
Esse problema, que não poderia ser resolvido pelo método do balanço em cascas, enfatiza a necessidade de um método
mais geral para abordar problemas de escoamento nos quais as linhas de corrente não são retilíneas. Esse é o assunto do
próximo capítulo.
EXEMPLO 2.6-1
Determinação da Viscosidade, a Partir da Velocidade Terminal de uma Esfera em Queda
Obtenha uma equação que permita calcular a viscosidade de um fluido, medindo-se a velocidade terminal, v,, de uma pequena
esfera de raio R no fluido.
SOLUÇÃO
Se uma pequena esfera é deixada cair a partir do repouso em um fluido viscoso, ela irá se acelerar até atingir uma velocidade
constante - a velocidade terminal. Quando essa condição permanente for atingida, a soma de todas as forças que agem
sobre a esfera deve ser zero. A força da gravidade sobre o sólido age no sentido da queda, e o empuxo e as forças cinéticas
agem no sentido oposto:
(2.6-16)
Nessa equação p,e p são as densidades da esfera sólida e do fluido. Resolvendo essa equação para a viscosidade do fluido
obtemos
(2.6-17)
Esse resultado só pode ser usado caso o número de Reynolds seja menor que cerca de O, 1.
Esse experimento constitui um método aparentemente simples para a determinação da viscosidade. Todavia, é difícil
prevenir a rotação de uma esfera homogênea durante sua queda, e se ela girar, a Eq. 2.6-17 não pode ser usada. Algumas
vezes esferas lastreadas são usadas a fim de prevenir a rotação; nesse caso o lado esquerdo da Eq. 2.6-16 deve ser substituído
por m, a massa da esfera, vezes a aceleração gravitacional.
3. Como são definidos os números de Reynolds para filmes, tubos e esferas? Quais são as dimensões de Re?
4. Como podemos modificar a fórmula para espessura de filme na Seção 2.2 para descrever um filme delgado que desce
sobre as paredes internas de um cilindro? Que restrições devem ser colocadas nessa fórmula modificada?
5. Como podem os resultados da Seção 2.3 ser usados para estimar o tempo necessário para drenar completamente um
líquido contido em um tubo vertical, aberto em ambas as extremidades?
6. Compare a dependência da tensão cisalhante com o raio para o escoamento laminar de um líquido newtoniano em um
tubo e em um ânulo. Por que, neste último, a função muda de sinal?
7. Mostre que a fórmula de Hagen-Poiseuille é consistente àimensionalmente.
8. Que diferenças existem entre o escoamento em um tubo circular de raio R e o escoamento no mesmo tubo com um
arame fino colocado ao longo do eixo?
9. Sob que condições você esperaria que a análise na Seção 2.5 não seja válida?
10. A lei de Stokes é válida para gotículas de óleo caindo em água? E para bolhas de ar ascendendo em benzeno? E para
partículas finas caindo no ar, se os diâmetros das partículas são da mesma ordem de grandeza que o livre percurso
médio das moléculas no ar?
11. Dois líquidos imiscíveis, A e B, escoam em regime laminar entre duas placas paralelas. Seriam possíveis perfis de
velocidades com as formas mostradas na figura a seguir? Explique.
Líquido A
Líquido E
12. Qual é a velocidade terminal de uma partícula coloidal esférica que possui uma carga elétrica e em um campo elétrico
de intensidade '"g? Como isso é usado no experimento de Millikan da gota de óleo?
PROBLEMAS
2A.1 Espessura de um filme descendente. Água a 20ºC escoa para baixo sobre uma parede vertical com Re = 10. Cal-
cule (a) a vazão em galões por hora por pé de comprimento de parede, e (b) a espessura do filme em polegadas.
Respostas: (a) 0,727 gal/h·ft; (b) 0,00361 in
2A.2 Determinação de raio capilar por medida de escoamento. Um método para a determinação do raio de um tubo
capilar baseia-se na medida da vazão de um líquido newtoniano que escoa através do tubo. Calcule o raio de um
capilar a partir dos dados de escoamento que se seguem:
Comprimento do tubo capilar 50,02cm
Viscosidade cinemática do líquido 4,03 X 10- 5 m 2/s
Densidade do líquido 0,9552 X 103 kg/m3
Queda de pressão no tubo horizontal 4,829 X 105 Pa
Vazão mássica no tubo 2,997 X 10- 3 kg/s
Que dificuldades podem ser encontradas nesse método? Sugira outros métodos para a determinação do raio de tu-
bos capilares.
2A.3 Vazão volumétrica através de um ânulo. Um ânulo horizontal com 27 ft de comprimento tem um raio interno de
0,495 in e um raio externo de 1,1 in. Urna solução aquosa de sacarose (C 12H 22Ü 11 ) a 60% deve ser bombeada através
do ânulo a 20ºC. Nessa temperatura a densidade da solução é 80,3 lbm/ft3 e a viscosidade é 136,8 lbn/ft · h. Qual é a
vazão volumétrica quando a diferença de pressão imposta for 5,39 psi?
Resposta: 0,108 ft3/s
60 CAPÍTULO DOIS
2A.4 Perda de partículas de catalisador em gás de chaminé. (a) Estime o diâmetro máximo de partículas microesféricas de um
catalisador que podem ser perdidas no gás de chaminé de uma unidade de craqueamento fluido, sob as seguintes condições:
Velocidade do gás no eixo da chaminé = 1,0 ft/s (vertical e para cima)
Viscosidade do gás = 0,026 cp
Densidade do gás = 0,045 lbjft3
Densidade da partícula de catalisador = 1,2 g/cm3
Expresse o resultado em mícrons (1 mícron = 10- 6 m = 1 µ,m).
(b) É permitido usar a lei de Stokes em (a)?
Respostas: (a) 110 µ,m; Re = 0,93
2B.1 Escolha de coordenadas diferentes para o problema do filme descendente. Obtenha novamente o perfil de velocida-
des e a velocidade média da Seção 2.2, substituindo x pela coordenada x medida a partir da parede; isto é, x = Oé
a superfície da parede e x = 8 é a interface líquido-gás. Mostre que a distribuição de velocidades é então dada por
(2B.1-1)
e então use esse resultado para obter a velocidade média. Mostre como a Eq. 2B. l-l pode ser obtida da Eq. 2.2-18
fazendo-se uma mudança de variável.
2B.2 Procedimento alternativo para resolver problemas de escoamento. Neste capítulo usamos o seguinte procedi-
mento: (i) obter uma equação para o fluxo de momento, (ii) integrar essa equação, (iii) inserir a lei de Newton da
viscosidade para obter uma equação diferencial de primeira ordem para a velocidade, (iv) integrar esta última para
obter a distribuição de velocidades. Um outro método é: (i) obter urna equação para o fluxo de momento, (ii) inserir
a lei de Newton para obter uma equação diferencial de segunda ordem para o perfil de velocidades, (iii) integrar
essa última para obter a distribuição de velocidades. Aplique esse segundo método para o problema do filme des-
cendente, substituindo a Eq. 2.2-14 na Eq. 2.2-10, prosseguindo conforme sugerido até que a distribuição de velo-
cidades tenha sido obtida e as constantes de integração determinadas.
2B.3 Escoamento laminar em uma fenda estreita (veja a Fig. 2B.3).
1L
ZB
(a) Um fluido newtoniano escoa em regime laminar em uma fenda estreita formada por duas paredes paralelas separadas
por uma distância 2B. Fica entendido que B << W, de modo que "efeitos de borda" não são importantes. Faça um balanço
diferencial de momento e obtenha as seguintes expressões para as distribuições dos fluxos de momento e velocidades:
2B.4 Escoamento laminar em fenda com parede móvel ("escoamento Couette plano"). Estenda o Problema 2B.3
permitindo que a parede em x = B se mova no sentido positivo di;: z a uma velocidade v0 constante. Obtenha (a) a
distribuição de tensões cisalhantes e (b) a distribuição de velocidades. Desenhe esboços dessas funções indicando
cuidadosamente as grandezas plotadas.
71'0 - <!l'L)
Respostas: -r.12 = ( - - L - x -
µVo
2iP v, = 2µL
2
(71'0 - 7J'L)B [
1-
(x)B Jl + 2Vo (
2
1+B
x)
2B.S Inter-relação das fórmulas para fenda e ânulo. Quando um ânulo é muito fino, ele pode, com grande aproxima-
ção, ser considerado como uma fenda estreita. Então os resultados do Problema 2B.3 podem ser usados com modi-
ficações adequadas. Por exemplo a vazão mássica em um ânulo com raio externo R e paredes internas de raio (1- s )R,
em que sé pequeno, pode ser obtida do Problema 2B.3 substituindo-se 2B por sR, e W por 2'11'(1 - !s)R. Desse
modo obtemos para vazão mássica:
r.f.!Po - tg>L)R4e3p ( 1
w= l -;;e) (2B.5-1)
6µ,L -
Mostre que esse mesmo resultado pode ser obtido da Eq. 2.4-17 fa-
zendo-se K igual a 1 - s em todas as posições na fórmula e então
expandindo a expressão de w em potências de s. Isso requer o uso da
série de Taylor (veja a Seção C.2)
Distribuição de
ln (1 - e)= -e - ~e2 - ~e3 - ;l-e4 - • • • (2B.5-2) velocidades
dentro do tubo f-'-'--'-'-'-'-"'1-+-~-r-1 Distribuição de
e então de se efetuar uma longa divisão. O primeiro termo da série velocidades
fora do tubo
resultante será a Eq. 2B.5- l. Cuidado: No desenvolvimento da expres- 1
são é necessário usar os primeiros quatro termos da série de Taylor da
1
Eq. 2B.5-2.
2B.6 Escoamento de um filme no lado externo de um tubo circular
i
y-1--
(veja a Fig. 2B.6). Em um experimento de absorção de gás, um flui-
Ent;adade Saída de
do viscoso escoa para cima através de um pequeno tubo circular e 1 momento de momento de
então para baixo, em escoamento laminar, pelo lado externo do L direção z na casca direção z da casca
de espessura !::.r
tubo. Efetue um balanço de momento sobre uma casca de espessu- 1 de esTsura !::.r
2B.7 Escoamento anular com cilindro interno movendo-se axialmente (veja a Fig. 2B.7). Uma barra cilíndrica de
diâmetro KR. move-se axialmente com velocidade v0 ao longo do eixo de uma cavidade cilíndrica de raio R confor-
me mostra a figura. A pressão em ambas as extremidades da cavidade é a mesma, de modo que o fluido se move
através da região anular devido somente ao movimento da barra.
Cilindro de raio
Fluido à pressão interno R Fluido à pressão
modificada <810 '-_J ,__....modificada <810
Barra de raio KR se ~
movendo com velocidade v0 - - - - - L Fig. 2B.7 Escoamento anular com o
cilindro interno se movendo axialmente.
Respostas: (a) 2 = ln (r / R)
Vo ln K
2
(b) = 1TR2voP [ (1 - K _ ? 2]
W 2 ln(l/K) -I<
2B.8 Análise de um medidor de escoamento capilar (veja a Fig. 2B.8). Determine a vazão (em lb/h) através do medi-
dor de escoamento capilar mostrado na figura. O fluido em escoamento no tubo inclinado é água a 20ºC, e o fluido
manométrico é tetracloreto de carbono (CC14) com densidade 1,594 g/cm3 • O diâmetro do capilar é 0,010 in. Note:
Medições de H e L são suficientes para calcular a vazão; não precisa ser medido. Por quê? e
2B.9 Fenômenos de baixa densidade no escoamento compressível em tubos 2·3 (Fig. 2B.9). Conforme a pressão é di-
minuída no sistema estudado no Exemplo 2.3-2, desvios das Eqs. 2.3-28 e 2.3-29 aparecem. O gás se comporta
'J. B. Paton, P. H. Squires, W. H. Damell, F. M. Cash, and J. F. Carley, Processing o/Thermoplastic Materiais, E. C. Bernhardt (ed.), Reinhold, New York (1959), Chapter 4.
2E. H. Kermard, Kinetic Thcory o/Gases, McGraw-Hill, New York (!938), pp. 292-295, 300-306.
'M. Knudsen, The Kinetic Theory o/Gases, Methuen, London, 3rd edition (1950). Veja também R. J. Silbey and R. A. Alberty, Physical Chemistry, Wiley, New York,
3 rd edition (2001), 17.6.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMI.NAR 63
como se deslizasse nas paredes do tubo. Convencionou-se2 substituir a costumeira condição de contorno de "não-
deslizamento" de que v= = Ona parede do tubo, por
dv_
Vz = -Ç d;' emr=R (2B.9-1)
na qual' é o coeficiente de deslizamento. Repita a dedução do Exemplo 2.3-2 usando a Eq. 2B.9-1 como condição
de contorno. Faça uso também do fato experimental de que o coeficiente de deslizamento varia inversamente com
'º
a pressão ' = 'rJp, em que é uma constante. Mostre que a vazão mássica é
4
'iT(Po - PL)R pmédi•( 4Co )
w= 1 +-- (2B.9-2)
8µ,L Rpmédia
na qual Pmédia = !(po + PL).
Quando a pressão é diminuída ainda mais, um regime de escoamento é atingido no qual o livre percurso médio
das moléculas do gás é grande em comparação com o raio do tubo (escoamento de Knudsen). Em tal regime 3
em quem é a massa molecular e K é a constante de Boltzmann. Na dedução desse resultado admite-se que todas as
colisões de moléculas com superfícies sólidas são difusas e não-especulares. Os resultados das Eqs. 2.3-29, 2B.9-
2 e 2B.9-3 estão resumidos na Fig. 2B.9.
\Escoamento
dePoiseuille
2B.10 Escoamento incompressível em um tubo circular de paredes ligeiramente convergentes. Um fluido incom-
pressível escoa em um tubo de seção transversal circular, para o qual o raio varia linearmente de R0 na entrada do
tubo para um valor RL ligeiramente maior na saída do tubo. Suponha que a equação de Hagen-Poiseuille é aproxi-
madamente válida para um comprimento diferencial, dz, de tubo de modo que a vazão mássica é
4
w = 1T[R(z)] p (-d1lJ>) (2B.10-1)
8µ, dz
Essa é uma equação diferencial para r;Ji em função dez, mas, quando a expressão explícita paraR(z) é inserida nela,
a equação resultante não é resolvida facilmente.
(a) Escreva a expressão para R em função dez.
(b) Mude para R a variável independente na equação anterior, de modo que a equação se transforma em
(c) Integre a equação, e então mostre que a solução pode ser rearranjada fornecendo
Interprete o resultado. A aproximação usada aqui, de que o escoamento entre superfícies não-paralelas pode ser
tomado localmente como o escoamento entre superfícies paralelas, é algumas vezes referido por aproximação lu-
brificante, sendo largamente usada na teoria da lubrificação. Efetuando-se urna cuidadosa análise de ordem de gran-
deza, pode ser mostrado, para esse problema, que a aproximação lubrificante é válida desde que4
~(1-(~~)2) « 1 (2B.10-4)
2B.11 O viscosímetro de cone-e-placa (veja a Fig. 2B.l 1). Um viscosímetro de cone-e-placa consiste em uma placa pla-
na estacionária e um cone invertido, cujo vértice apenas toca a placa. O líquido cuja viscosidade deve ser medida é
colocado na folga entre o cone e a placa. O cone é girado a uma velocidade angular conhecida, !1, e o torque, Tz,
necessário para girar o cone é medido. Desenvolva urna expressão para a viscosidade do fluido em termos de !1, T,
e do ângulo lf!o entre o cone e a placa. Para instrumentos comerciais lf!o é de cerca de 1 grau.
(a)
(b)
~(yl
instrumento; (b) vista superior do sistema de cone-e-placa,
(e) mostrando um elemento diferencialr dr d<fi; (e) uma distribui-
yi ção de velocidades aproximada no interior da região diferen-
cial. Para relacionar os sistemas em (a) e (e), identificamos as
X seguintes equivalências: V= S1r e b = r sen i/10 "'rifl0 .
(a) Admita que localmente a distribuição de velocidades na folga possa ser representada com boa aproximação tal
qual o escoamento entre placas planas paralelas, onde a placa superior se move com velocidade constante. Verifi-
que que isso leva à distribuição de velocidades aproximada (em coordenadas esféricas)
~r = n(<7r/2)
• i/Jo
- ª) (2B.11-1)
Essa aproximação deve ser bastante boa, pois lf!o é muito pequeno.
(b) A partir da distribuição de velocidades dada pela Eq. 2B.ll-1 e do Apêndice B.1, mostre que uma expressão
razoável para a tensão cisalhante é
(2B.ll-2)
'R. B. Birei, R. C. Annstrong, and O. Hassager: Dynarnics of Polymeric Liquids, Vol. 1, Wiley-lnterscíence, New York, 2nd edition (1987), pp. 16-18.
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGrME LAMrNAR 65
Esse resultado mostra que a tensão cisalhante é uniforme em toda a folga. É esse fato que toma o viscosímetro de
cone-e-placa tão popular. O instrumento é muito utilizado, particularmente na indústria de polúneros.
(c) Mostre que o torque necessário para girar o cone é dado por
(2B.11-3)
Essa é a fórmula padrão para o cálculo da viscosidade a partir de medidas de torque e velocidade angular para a
montagem cone-e-placa com R e o/0 conhecidos.
(d) Para um instrumento cone-e-placa com 10 cm de raio e ângulo% igual a 0,5 grau, qual o torque (em dyn·cm)
necessário para girar o cone a uma velocidade angular de 10 radianos por minuto se a viscosidade do fluido é
100 cp?
Resposta: (d) 40.000 dyn·cm
2B.12 Escoamento de um fluido em uma rede de tubos (Fig. 2B.12). Um fluido escoa em regime laminar de A para B
através de uma rede de tubos como mostrado na figura. Obtenha uma expressão para a vazão mássica, w, de fluido
entrando em A (ou saindo de B) em função da queda de pressão modificada, c;Jiª - c;Ji8 • Despreze as perturbações nas
várias junções de tubos.
37r(2l' A - 21'a)R4p
Resposta: w = 20 µ,L
-
Entrada de fluido
5
A resposta dada na primeira edição deste livro estava incorreta, conforme nos foi ressaltado em 1970 por Nau Gab Lee da Universidade Nacional de Seul.
66 CAPÍTULO DOIS
coletor em termos da carga na partícula e, da intensidade do campo elétrico'&, da diferença de pressão (p 0 - PL),da
massa da partícula, m, e da viscosidade do gás, µ,. Isto é, para qual comprimento La menor partícula presente (mas-
sa m) atingirá a placa de baixo exatamente antes que ela possa ser arrastada para fora da fenda? Admita que o esco-
amento entre as placas é laminar de modo que a distribuição de velocidades é descrita pela Eq. 2B.3-2. Admita
também que a velocidade da partícula na direção zé a mesma que a do fluido na direção z. Além disso suponha que
o arraste de Stokes sobre a esfera bem como a força gravitacional que age na esfera conforme ela é acelerada no
sentido negativo de x podem ser desprezados.
(b) Refaça o problema desprezando a aceleração na direção x, mas incluindo o arraste de Stokes.
(e) Compare a utilidade das soluções (a) e (b), considerando que as partículas de um aerossol estável têm diâmetro
efetivo de cerca de 1-10 rnícrons e densidades em torno de 1 g/cm3•
Resposta: (a) Lmín = [12(p0 - PL)2B 5m/25µ,2e'&]1 14
2C.2 Distribuição de tempos de residência no escoamento em tubo. Defina aftmção tempo de residência, F(t), como
sendo aquela fração do fluido escoando em um tubo que em um intervalo de tempo t percorre toda a extensão do
tubo. Defina também o tempo de residência médio tm pela relação
(a) Um líquido newtoniano incompressível escoa em um tubo circular de comprimento L e raio R, com velocidade
média <v,>. Mostre que
ry
Cy/µ,)dy
(2C.3-1)
(v:)
f ('[j3Jµ,)dy
em que y = r/R. Os autores não apresentam o desenvolvimento da expressão nem fornecem uma referência para a
mesma na literatura. Sendo avaliador, você se sente obrigado a deduzir a equação e a listar quaisquer restrições
implicadas.
2C.4 Viscosímetro de queda-de-cilindro (veja a Fig. 2C.4). 6 Um viscosímetro de queda-de-cilindro consiste em um
longo vaso cilíndrico vertical (raio R), fechado em ambas as extremidades, equipado com um pistão cilíndrico maciço
(raio KR). O pistão é provido de aletas de modo que seu eixo coincide com o do vaso.
Podemos observar a velocidade de descida do pistão no vaso cilíndrico quando esse é preenchido com fluido.
Desenvolva uma equação que forneça a viscosidade do fluido em função da velocidade terminal v0 do pistão e das
várias grandezas geométricas mostradas na figura.
(a) Mostre que a distribuição de velocidades na fenda anular é dada por
2 = (1 - Ç2) - (1 + K 2) Jn (1 j Ç)
(2C.4-1)
Vo (1 - 2
K ) (1 + K 2) ln (1/ K)
em que Ç = r/R é uma coordenada radial adimensi.onal.
'J. Lohrenz, G. W. Swift, and F. Kurata,AJC/zEJouma/, 6, 547-550 (1960) and 7, 6S (1961); E. Ashare, R. B. Bird, andJ. A. Lescarboura,AJC/zEJournal, 11, 910-916 (1965).
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 67
desce com
velocidade v0
Vaso cilíndrico
preenchido com
fluido
µ = (po - p)g(KR)
2v0
2
[(1n l)- (11 -+ K:)]
K K-
(2C.4-2)
= distância ao longo do
1 amento sobre a superfície do
::·;.:, e, medida a partir de seu
; ; vértice
'R. B. Bird, in Selected Topics in Transport Phenomena, CEP Symposium Series #58, 61, 1-15 (1965).
68 CAPITULO DO!S
(a) Admita que os resultados da Seção 2.2 se aplicam aproximadamente sobre qualquer região pequena da superfí-
cie do cone. Mostre que um balanço de massa para um anel de líquido contido entres e s + D.s fornece:
=o ou !!._ (so 3) =o
!!._ (so(v)) (2C.5-1)
ds ds
(b) Integre essa equação e calcule a constante de integração igualando a vazão mássica, w, ascendente no tubo cen-
tral àquela que escoa para baixo sobre a superfície cônica em s = L. Obtenha a seguinte expressão para a espessura
do filme:
o= 7Tp2:;::n2~ ( ~) (2C.5-2)
2C.6 Bomba de cone rotativo (veja Fig. 2C.6). Determine a vazão mássica através dessa bomba em função da acelera-
ção da gravidade, da diferença de pressão aplicada, da velocidade angular do cone, da viscosidade e densidade do
fluido, do ângulo do cone e de outras grandezas geométricas indicadas na figura.
(a) Comece analisando o sistema sem a rotação do cone. Assuma que é possível aplicar os resultados do Problema
2B.3 localmente. Isto é, adapte a solução para a vazão mássica daquele problema fazendo as seguintes substituições:
troque (9J>0 - <!J\)/L por -d9J>/dz
troque W por 2Trr = 2nz sen 13
obtendo portanto
(2C.6-2)
(b) A seguir modifique o resultado anterior de modo a levar em conta o fato de que o cone gira com velocidade
angular n. A força centrífuga média por unidade de volume que age no fluido na fenda terá uma componente z dada
aproximadamente por
(fcentrif)z = Kp.O:!zsen 2 ~ (2C.6-3)
BALANÇOS DE MOMENTO EM CASCAS E DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADES EM REGIME LAMINAR 69
Qual é o valor da constante K? Incorpore a força centrífuga como uma força adicional tendMPo a dirigir o fluido
através do canal. Mostre que isso conduz à seguinte expressão para a vazão mássica:
Velocidade de subida
(a) Desenvolva uma expressão para a variação da pressão do ar com a altitude, desprezando as variações de tempe-
ratura e considerando o ar como um gás ideal de composição constante. (Sugestão: Faça um balanço para uma cas-
ca na qual o peso do gás é balanceado pela pressão estática.)
(b) Por meio de um balanço de massa sobre o medidor, desenvolva uma relação aproximada entre a pressão
manométrica, Pi - p0 , e a velocidade de subida, v,, para uma longa subida com velocidade constante. Despreze a
variação da viscosidade do ar, e suponha que as variações em sua densidade sejam pequenas.
(e) Desenvolva uma expressão aproximada para o "tempo de relaxamento", t,.1, do medidor- isto é, o tempo reque-
rido para o valor da pressão diminuir de I/e a partir do valor original, q_:.ando a pressão externa é subitamente modifi-
cada de zero (relativo ao interior do medidor) para algum valor constante e mantida indefinidamente nesse novo valor.
(d) Discuta a utilidade desse tipo de medidor para aviões pequenos.
(e) Justifique os sinais mais e menos na figura.
Respostas: (a) dpldz = -pg = -(pM/RT)g
(b) Pi - p0 == v.(8µL/riR 4 )(MgV/RgT), onde R8 é a constante dos gases e M é o peso molecular.
(e) to= (128/11")(µ VL/1iD PJ, onde p=~(pi+ Pu)
4
2D.1 Viscosímetro de b-0la rolante. Uma análise aproximada do experimento da bola rolante foi feita, na qual os resul-
tados do Problema 2B.3 foram usados. 8 Leia o trabalho original e verifique os resultados.
2D.2 Drenagem de líquidos9 (veja a Fig. 2D.2). Que quantidade de líquido adere à superfície interna de um vaso grande
quando ele é drenado? Conforme mostrado na figura, um filme fino de líquido permanece sobre a parede conforme
o nível de líquido no vaso cai. A espessura local do filme é função tanto dez (distância medida de cima para baixo
a partir do nível inicial do líquido) quanto de t (tempo transcorrido).
'H. W. Lewis, Anal. Chem., 25, 507 (1953); R. B. Bird and R. M. Turian, f11d. Eng. Chem. Fundamentais, 3, 87 (1964); J. Sestak and F. Arnbros, Rheol.Acta, 12, 70-76
(1973).
'J. J. van Rossum,Appl. Sei. Researc/1, A7, 121-144 (1958); veja também V. G. Levich, P!zysicochemical Hydrodynamics, Prentíce-Hall, Englewood Cliffs, N. J. (1962),
Chapter 12.
70 CAPÍTULO DOIS
Nível do líquido se
movendo para baixo
com velocidade s
Fig. 2D.2 Aderência de um fluido viscoso às
paredes de um vaso durante sua drenagem.
(a) Faça um balanço de massa transiente em uma porção do filme entre z e z + /J.z obtendo
(b) Use a I;q. 2.2-18 e a hipótese de regime quase-permanente para obter a seguinte equação diferencial parcial para
Õ(z, t):
(2D.2-2)
{;-;
ô(z, t) = ·{iifi (20.2-3)
No Cap. 2 as distribuições de velocidades foram determinadas para diversos sistemas simples de escoamento pelo método
do balanço de momento em cascas. As distribuições de velocidades resultantes foram então usadas para obter outras
grandezas, tais como velocidade média e força de arrasto. O enfoque do balanço em cascas foi usado para familiarizar o
novato com a noção de balanço de momento. Apesar de não termos mencionado no Cap. 2, em diversas ocasiões, tacitamente,
fizemos uso da idéia de balanço de massa.
É tedioso efetuar um balanço em casca para cada novo problema com que nos defrontamos. O que precisamos é de um
balanço de massa genérico e de um balanço de momento genérico que possam ser aplicados a qualquer problema, inclu-
indo problemas de movimento não-retilíneo. Esta é a principal razão de ser deste capítulo. As duas equações que vamos
deduzir denominam-se equação da continuidade (para o balanço de massa) e equação do movimento (para o balanço de
momento). Essas equações podem ser usadas como ponto de partida para estudar todos os problemas envolvendo o esco-
amento isotérmico de um fluido puro.
No Cap. 11 aumentamos a nossa capacidade de resolver problemas, desenvolvendo as equações necessárias para flui-
dos puros não-isotérmicos, por meio de uma equação adicional para a temperatura. No Cap. 19 vamos ainda mais além,
incorporando equações da continuidade para a concentração de espécies individuais. Assim, do Cap. 3 ao Cap. 11 e deste
ao Cap. 19 sucessivamente, nos tornamos capazes de analisar sistemas de complexidade crescente, usando o conjunto
completo de equações de balanço. Ficará evidente que o Cap. 3 é um capítulo muito importante__: talvez o capítulo mais
importante do livro - sendo necessário o seu completo domínio.
Na Seção 3.1 a equação ela continuidade é desenvolvida fazendo-se um balanço de massa sobre um pequeno elemento
de volume, através do qual o fluido está escoando. Então, quando o tamanho desse elemento tende a zero (o que equivale
a tratar o fluido como um contínuo), geramos a equação diferencial parcial desejada.
Na Seção 3.2 a equação do movimento é desenvolvida fazendo-se um balanço de momento sobre um pequeno elemen-
to de volume e permitindo que esse elemento de volume se tome infinitesimalmente pequeno. Aqui, novamente, uma equação
diferencial parcial é gerada. Essa equação do movimento pode ser usada, juntamente com alguma ajuda da equação da
continuidade, para equacionar e resolver todos os problemas dados no Cap. 2 e muitos outros mais complicados. Ela é
então uma equação-chave em fenômenos de transporte.
Nas Seções 3.3 e. 3.4 fazemos uma digressão rápida para introduzir as equações de balanço para energia mecânica e
momento angular. Essas equações são obtidas da equação do movimento e assim não contêm nenhum dado físico novo.
Todavia elas constituem um ponto de partida conveniente para várias aplicações neste livro - particularmente para os
balanços macroscópicos do Cap. 7.
Na Seção 3.5 introduzimos a "derivada substantiva". Esta é a derivada temporal acompanhando o movimento da subs-
tância (isto é, o fluido). Devido ao seu largo uso em livros de dinâmica dos fluidos e de fenômenos de transporte, mostra-
mos então como as várias equações de balanço podem ser reescritas em termos de derivadas substantivas.
Na Seção 3.6 discutimos a solução de problemas de escoamento com o uso das equações da continuidade e do movi-
mento. Embora essas sejam equações diferenciais parciais, podemos resolver muitos problemas postulando a forma da
72 CAPÍTULO TREs
solução e então descartar muitos termos nessas equações. Desta maneira terminamos com um conjunto mais simples de
equações para resolver. Neste capítulo resolvemos apenas problemas nos quais as equações gerais reduzem-se a uma ou
mais equações diferenciais ordinárias. No Cap. 4 examinamos problemas de maior complexidade que requerem alguma
habilidade para resolver equações diferenciais parciais. Então, no Cap. 5, as equações da continuidade e do movimento
são usadas como ponto de partida para a discussão do escoamento turbulento. Depois, no Cap. 8, essas mesmas equações
são aplicadas a escoamentos de líquidos poliméricos que são fluidos não-newtonianos.
Finalmente, a Seção 3.7 é voltada para a expressão das equações da continuidade e do movimento na forma adimensi-
onal. Isto toma clara a origem do número de Reynolds, Re, freqüentemente mencionado no Cap. 2, e porque ele tem um
papel-chave em dinâmica dos fluidos. Essa discussão prepara o caminho para estudos de aumento de escala e modelos.
No Cap. 6 números adimensionais aparecem novamente em conexão com correlações experimentais para a força de arras-
te em sistemas complexos.
No final da Seção 2.2 enfatizamos a importância dos experimentos na dinâmica de fluidos. Repetimos aquelas palavras
de cautela aqui, ressaltando que fotografias e outros tipos de visualização de escoamento nos deram uma compreensão
muito mais profunda dos problemas de escoamento do que seria possível com base apenas na teoria. 1 Ter em mente que
quando se obtém um campo de escoamento a partir de equações de balanço, ele não é necessariamente a única solução
fisicamente admissível.
As notações vetorial e tensorial são usadas ocasionalmente neste capítulo, com o objetivo principal de encurtar expres-
sões que de outra maneira ficariam muito longas. O estudante iniciante irá verificar que apenas um conhecimento elemen-
tar das notações vetorial e tensorial é necessário para ler este capítulo e para resolver problemas de escoamento. O estu-
dante avançado vai notar que o Apêndice A é útil para uma melhor compreensão das manipulações de vetores e tensores.
No que diz respeito à notação deve ser lembrado que usamos símbolos itálicos comuns para escalares, símbolos Romanos
em negrito para vetores e símbolos Gregos em negrito para tensores. Além disso, nas operações de produto indicadas
por "ponto simples" (-), escalares são representados entre ( ) e vetores entre [ ].
y
Fig. 3.1-1 Elemento de volume fixo, tu õ.y &, através do qual escoa fluido. As
setas indicam o fluxo de massa para dentro e para fora do volume nas duas faces
X sombreadas, localizadas em x e em x + tu.
'Recomendamos particulannente M. Van Dyk~ A11 A/bum ofF/uid Motio11, Parabolic Press, Stanford (1982); H. Werlé, Ann. Ver. Fluid Mech, 5, 361-382 (1973); D. V.
Boger and K. Walters, Rheo/ogical Phenomena in Focus, Elseviér, Amsterdam (1993).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 73
Agora temos que traduzir essa afirmação física simples em linguagem matemática.
Começamos por considerar as duas faces sombreadas, as quais são perpendiculares ao eixo x. A taxa de entrada de
massa no elemento de volume através da área sombreada em x é (pvx) 1xtiy t:.z, e a taxa de saída de massa através da área
sombreada em x + ó. x é (pv) 1x + ax Lly t:.z. Expressões similares podem ser escritas para os outros dois pares de faces. A
taxa de aumento de massa no interior do elemento de volume é dada por Lix t:.y tiz( apl at). O balanço de massa fica então
ap
!:.x D..y Llz at = D..y Liz[(pvx)I x - (pvr)lr+A.rl
Dividindo a equação anterior por Ax t:.y Llz e tomando o limite quando Ax, t:.y e tiz tendem a zero, e então usando as
definições de derivadas parciais obtemos
ap =
at -
(aax pVX
a PVy + az
+ ay a PVz) (3.1-3)
Esta é a equação da continuidade, a qual descreve a taxa de variação temporal da densidade do fluido em urna posição fixa
no espaço. Essa equação pode ser escrita de forma mais concisa em notação vetorial como segue:
Nessa equação (í/ · pv) é chamado "divergente de pv", algumas vezes escrito corno "div pv". O vetor pv é o fluxo de
massa, e seu divergente tem um significado simples: é a taxa líquida de saída de massa por unidade de volume. A dedução
a que se refere o Problema 3D. l usa um elemento de volume de formato arbitrário; não é necessário usar um elemento de
volume retangular corno fizemos aqui.
U rn caso especial e muito importante da equação da continuidade é aquele de um fluido de densidade constante, em que
a Eq. 3.1-4 assume a forma particularmente simples
(fluido incompressível) (í/·v)=O (3.1-5)
É claro que nenhum fluido é verdadeiramente incompressível, mas freqüentemente em aplicações de engenharia e bioló-
gicas, a hipótese de densidade constante resulta em considerável simplificação e erro muito pequeno. 1•1
EXEMPLO 3.1-1
Tensões Normais em Superfícies Sólidas para Fluidos Newtonianos Incompressíveis
Mostre que para qualquer tipo de configuração de escoamento, as tensões normais são nulas nas fronteiras sólido-fluido,
para fluidos newtonianos com densidade constante. Este é um resultado importante que usaremos freqüentemente.
SOLUÇÃO
Visualizamos o escoamento de um fluido próximo a uma superfície sólida, a qual pode ou não ser plana. O escoamento
pode ser de um tipo bastante genérico, com as três componentes da velocidade sendo funções das três coordenadas e do
Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, Pergamon Press, Oxford (1987), p. 21, ressaltam que, para escoamentos permanentes e isentrópicos, comumente
encontrados em aerodinâmica, a hipótese de incompressibilidade é válida quando a velocidade do fluido é pequena comparada com a velocidade do som (isto é, número
de Mach pequeno).
2
A Eq. 3. l-5 é a base para o Cap. 2 de G. K. Batchelor, An lntroduction to Fluid Dynamics, Cambridge University Press (1967), que apresenta uma longa discussão sobre
as conseqüências cinemáticas da equação da continuidade.
74 CAPÍTULO TRÊS
tempo. Em algum ponto P da superfície fixamos um sistema de coordenadas cartesiano com origem em P. Agora indagamos
qual é a tensão normal 'Tzz em P.
De acordo com a Tabela B.l ou Eq. 1.2-6, T,= = -21t(av)az), porque (V· v) =O para fluidos incompressíveis. Então
no ponto P da superfície do sólido
avz
'Ízzlz=O = -2µ,-.:: 1 (ªvx +avy)
= +2µ, - - 1 =O (3.1-6)
ª"' z=O 8X iJy z=O
Primeiramente substituímos a derivada av,;az usando a Eq. 3.1-3 com p constante. Todavia, na superfície sólida em z =
O, a velocidade v= é zero pela condição de não-deslizamento (veja a Seção 2.1), e portanto a derivada ov.Jax na superfície
deve ser zero.O mesmo é verdade para avylay na superfície. Portanto T,, é zero. Também é verdade que 'f.o: e 'TYY são zero na
superfície pois em z = Oas derivadas se anulam. (Nota: A inexistência de tensões normais em superfícies sólidas não se
aplica a fluidos poliméricos do tipo viscoelásticos. Para fluidos compressíveis, as tensões normais em superfícies sólidas
são nulas se a densidade não variar com o tempo, conforme mostrado no Problema 3C.2.)
taxa de
aumento de
[ momento
l[ l l
=
taxa de
entrada de
momento
taxa de
saída de
[ momento
+
raxa externa]
sobre o
fluido
(3.2-1)
y
Fig. 3.2-1 Elemento de volume fixo, D.x ti.y ti.z, com seis setas indicando o
fluxo de momento de direção x através das superfícies por todos os
x mecanismos. As faces sombreadas estão localizadas em x e em x + D.x.
Note que a Eq. 3.2-1 é uma extensão da Eq. 2.1-1 para problemas em regime não-permanente. Portanto prosseguimos de
maneira semelhante àquela do Cap. 2. Todavia, além de incluir um termo para o regime não-permanente, devemos levar
em conta que o fluido se move através de todas as seis faces do elemento de volume. Lembrar que a Eq. 3.2-1 é uma
equação vetorial com componentes em cada uma das três direções coordenadas x, y e z. Deduziremos a componente x de
cada termo da Eq. 3.2-1; as componentes y e z podem ser tratadas analogamente. 1
Primeiro consideramos as ta,xas de momento de direção x para dentro e para fora do elemento de volume mostrado na
Fig. 3.2-1. Momento entra e sai de !Íx 6.y 6.z por dois mecanismos: transporte convectivo (veja a Seção 1.7), e transporte
molecular (veja a Seção 1.2).
1
Neste livro codas as equações de balanço são deduzidas aplicando-se leis de conservação a uma região 1h ily ilz füa no espaço. As mesmas equações podem ser obtidas
usando-se uma região arbitrária no espaço ou umt movendo-se com o fluido. Essas deduções são descritas no Problema 3D. l. Estudantes avançados devem se familiarizar
com essas deduções.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 75
A taxa com que a componente de momento de direção x entra através da face sombreada em x por todos os mecarúsmos -
convectivo e molecular-é ( </>:cr) 1x /J..y t1z e a taxa com que ela sai pela face sombreada em x + /J..x é ( </>.0 ) 1x+<l.T Ày &. As taxas
com que momento de direção x entra e sai nas faces em y e y + Ày são, respectivamente, ( </>y) 1Y & 6.x e ( <{>,,) 1>'i-t.Y t1z &. Similarmente,
as taxas com que momento de direção x entra e sai através das faces em z e em z + Àz são, respectivamente, ( <f>~r) 1=Ó.X Ày e
I,
( </J:x) +ru 6.x /J..y. Quando essas contribuições são somadas obtemos a taxa líquida de adição de momento de direção x
(3.2-2)
Aqui, fizemos uso das definições de derivadas parciais. Equações similares podem ser desenvolvidas para as componentes
y e z do balanço de momento:
a PVy =
at - (ªJX </>ry + a </>yy + az
ay a </>zy) + pgy (3.2-5)
j_
at pVz = -(-1_ax ' d;
.tz
+.E_ ,k + .Ê_ -k ) +
ay 'l'yz az 'l'zz pg, (3.2-6)
Usando a notação vetorial - tensorial, essas três equações podem ser escritas como segue:
at
j_pV·, = . , pg·,
-[V «D]·+ i= x,y,z (3.2-7)
Isto é, fazendo i, sucessivamente igual a x, y e z, as Eqs. 3.2-4, 5 e 6 podem ser reproduzidas. As grandezas pv; são as
componentes Cartesianas do vetor pv, que é o momento por unidade de volume em um ponto no fluido. Similarmente as
grandezas pg;são as componentes do vetor pg que é a força externa por unidade de volume. O termo -[\7 · <f>l é oi-ésimo
componente do vetor -(\7 · <f>].
Quando o i-ésimo componente da Eq. 3.2-7 é multiplicado pelo vetor unitário da direção i e os três componentes são
somados vetorialmente, obtemos
ft pv = - [v · <!> l + pg (3.2-8)
que é a forma diferencial da lei de conservação de momento. Ela é a versão da Eq. 3.2-1 usando símbolos matemáticos.
NaEq. 1.7-1 mostrou-se que o tensor fluxo combinado de momento, <f>, é a soma do tensor fluxo convectivo de momento,
pvv, e do tensor fluxo molecular de momento, 'iT, sendo que esse último pode ser escrito como a soma depõe 'T. Quando
inserimos <f> = pvv + põ + 'T na Eq. 3.2-8, obtemos a seguinte equação do movimento: 2
a
ãf PV -[v · pvv] vp - [V . .,] +pg (3.2-9)
taxa de taxa de adição taxa de adição de momento via força externa
aumento do de momento transporte molecular por sobre o fluido
momento por por convecção wúdade de volume por unidade
unidade de por unidade de de volume
volume volume
'Esta equação é atribuída a A.-L. Cauchy, Ex. de math., 2, 108-111 (l 827). (Baron) Augustin-Louis Cauchy (1789-1857), originalmente fonnado em engenharia, fez
grandes contribuições para a física teórica e matemática, incluindo o cálculo envolvendo variáveis complexas.
76 CAPITULO TRÊS
Nesta equação vp é um vetor chamado "gradiente de p (pé escalar)", algumas vezes escrito como "grad p". O símbolo
(v · -r] é um vetor chamado "divergência de -r (que é um tensor)" e (V· pvv] é um vetor chamado "divergente de pvv (que
é um produto diádico)."
Nas duas próximas seções apresentamos alguns resultados formais que são baseados na equação do movimento. As
equações de balanço para a energia mecânica e momento angular não são usadas para resolver problemas neste capítulo,
mas serão referidas no Cap. 7. Iniciantes são aconselhados a omitir essas seções numa primeira leitura, retornando às mes-
mas mais tarde conforme a necessidade apareça.
Neste ponto não está muito claro por que atribuímos o significado físico indicado aos termos p(V · v) e (T: Vv). O significado
dos mesmos não pode ser devidamente explicado até que tenhamos estudado o balanço de energia no Cap. 11. Lá veremos
como esses mesmos dois termos aparecem com sinais opostos na e,quação de balanço par~ a energia interna.
Introduzimos agora a energia potencial2 (por unidade de massa) cP, definida por g = -V<P. Então, o último termo da Eq.
3.3-1 pode ser reescrito,como -p(v ·'15P) = -(V·pvcP) + cP(V·pv). A equação da conti!midade, Eq. 3.1-4, pode agora ser
usada para substituir + cJ>(V·pv) por -cfi( ap/ at). Essa última pode ser escrita como - a(p<P)/at, se a energia potencial é inde-
pendente do ,tempo. Isto é verdade para o campo gravitacional no caso de sistemas que estão localizados na superfície da
terra; então cP = gh, onde g é a aceleração da gravidade (constante) eh é a coordenada de altura no campo gravitacional.
Com a introdução da energia potencial, a Eq. 3.3-1 assume a seguinte forma:
a (12PV2+ P'±';,)
7fi -(V· Gpv2 + pcP)v)
'A interprelação dada ao termo ('i:'ii'Y) é correta somente para fluidos newtonianos; para fluidos viscoelásticos, tais como polúneros, este termo pode incluir conversão
reversível em energia elástica.
'Se g : -ó,g é um vetor de magnilude g na d~eção negativa dez, então a energia potencial por unidade de massa é({> : gz, onde zé a altura no campo gravitacional.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS !SOTÊR1\1!COS 77
o termo(-'!": Vv) é sempre positivo para fluidos newtonianos, 3 porque ele pode ser escrito como uma soma de termos
ao quadrado:
,
(-7:\iv) = ~J.L :Z, :ZJ [( -a
av. avi)
'.+-a
xi
.
x,
ry
]-
3(v · v)o;i + K(V · v)-
,
(3.3-3)
que serve para definir as duas grandezas <P .e "Ir.,. Quando o índice i assume os valores 1, 2 e 3, as componentes da velocidade
v; se tomam vx, L'." e v, e as coordenadas cartesianas x;se tornamx, y e z. O símbolo o;i é o delta de Kronecker, que vale Ose
i = j e 1 se i =/= j.
A grandeza ( -,-: Vv) descreve a degradação de energia mecânica em energia térmica que ocorre em todos os sistemas
de escoamento (às vezes chamada de aquecimento por dissipação viscosa). 4 Esse aquecimento pode produzir elevações
consideráveis de temperatura em sistemas com viscosidades e gradientes de velocidade elevados, tais como os que ocorrem
em lubrificação, extrusão rápida e vôos de alta velocidade. (Um outro exemplo de conversão de energia mecânica em
calor resulta da fricção de dois bastões de madeira para iniciar um fogo, o qual escoteiros, presumivelmente, são capazes
de fazer.)
Quando falamos de "sistemas isotérmicos" nos referimos a sistemas nos quais não existe nenhum gradiente de tempe-
ratura imposto externamente e nenhuma variação apreciável de temperatura resulta de expansão, contração ou dissipação
viscosa.
O uso mais importante da Eq. 3 .3-2 é no desenvolvimento de balanços macroscópicos de energia (ou equação de Bernoulli
de engenharia) na Seção 7.8.
ft p[r X v] = -[v · pv[r X v]] - [V· [r X plWl -[V· [r X ,.tjt] + [r X pg] - [ê:'T] (3.4-1)
Na equação anterior E é um tensor de terceira ordem com componentes eiik (o símbolo de permutação está definido na
Seção A.2). Se o tensor tensão ,. é simétrico, como no caso de fluidos newtonianos, o último termo é zero. De acordo com
as teorias cinéticas de gases diluídos, líquidos monoatômicos e polímeros, o tensor tensão ,. é simétrico em ausência de
campos elétricos e torques magnéticos. 1 Se, por outro lado,,. é assimétrico, então o último termo descreve a taxa de conversão
de momento angular macroscópico em momento angular interno.
A hipótese de um tensor tensão simétrico, então, é equivalente à afirmação de não existir interconversão entre momen-
to angular macroscópico e momento angular interno e as duas formas de momento angular se conservam separadamente.
Isto corresponde, na Eq. 0.3-8, a igualar os termos de produto vetorial e os tennos de momento angular interno separada-
mente.
A Eq. 3.4-1 será referida somente no Cap. 7, onde indicamos que o balanço macroscópico de momento angular pode
ser obtido através dela.
3
Uma conseqüência interessante da dissipação viscosa para o ar é vista no estudo de H. K. Moffatt [Nature, 404, 833-834 (2000)] sobre como uma moeda girante sobre
uma mesa atinge o repouso.
'G. G. Stokes, Trans. Camb. Phil. Soe., 9, 8-106 (185 l), veja pp. 57-59.
'J. S. Dahler and L. E. Scriven, Nature, 192, 36-37 (l9ó l); S. de Groot and Mazur, No11eq11ilibri11m T/zermodynamics, Norrh Holland, Amsterdam (l 962), Capítulo XII.
Uma revisão da literatura pode ser encontrada em G. D. C. Kuiken, Ind. Eng. Chem. Res., 34, 3568-3572 (1995).
78 CAPÍTULO TRÊS
De
Dt
= §.<::_
at
+ ax + ay + az
v !}_E_
X
v !}_E_
y
v_ §.<::_ ou
L
De
Dt
= §.!:..
at
+(v . í/ e) (3.5-2)
O operador especial D/Dt = a/at + v·í/ é denominado derivada substantiva (significando que a taxa de variação temporal
é calculada conforme o observador se move com a "substância"). Os termos derivada material, derivada hidrodinâmica
e derivada acompanhando o movimento são também usados:
Agora precisamos saber como converter equações expressas em termos de a/at em equações escritas com D!Dt. Para
qualquer função escalarfi:x, y, z, t) podemos fazer as seguintes manipulações:
(3.5-3)
'Em dinâmica dos fluidos o operador "derivada substantiva" é aplicado ao próprio campo de velocidades do fluido, fornecendo sua aceleração. Nesse caso é oportuno
lembrar que caso o barco a motor ou a canoa possuam aceleração em relação às margens do rio, e se a Terra for um referencial suficientemente inercial para analisar as
forças atuantes no fluido, barco e canoa constitu@m um referencial não-inercial. Conseqüentemente, além das forças de interação (sujeitas a 3' lei de Newton), o observador
i no barco ou na canoa deverá considerar também as chamadas forças inerciais ou fictícias (por exemplo, força centrífuga, força de Coriolis etc.) sobre o fluido. (N.T.)
: !
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 79
A grandeza do segundo parêntese na segunda linha é zero, de acordo com a equação da continuidade. Conseqüentemente,
a Eq. 3.5-3 pode ser escrita na forma vetorial como
a Df
ai (pf) + (V . pvf) = P Dt (3.5-4)
ªAs equações de (A) a (C) são obtidas das Eqs. 3.1-4, 3.2-9 e 3.3-1 sem o uso de lúpóteses. A equação (D)
foi escrita apenas para o caso de,. simétrico.
A Eq. A da Tabela 5.3-1 informa como a densidade diminui ou aumenta conforme nos movemos com o fluido, em
conseqüência dos efeitos de compressão [(V· v) <O] ou expansão [(V· v) >O] do fluido. A Eq. B pode ser interpretada
como (massa) X (aceleração) = soma das forças de pressão, forças viscosas e força externa para uma unidade de volume
de fluido. Em outras palavras, a Eq. 3.2-9 é equivalente à segunda lei de Newton do movimento aplicada a uma pequena
porção de fluido que se move localmente com a velocidade v do fluido (veja o Problema 3D.l).
A seguir discutimos brevemente as três simplificações mais comuns da equação do movimento. 1
(i) Para p eµ, constantes, a inserção da expressão newtoniana de T, Eq. 1.2-7, na equação do movimento leva à
muito famosa equação de Navier-Stokes, desenvolvida originalmente por Navier com base em argumentos moleculares e
por Stokes a partir do conceito de contínuo: 2
Na segunda fonna utilizamos a "pressão modificada", ~ = p + pgh introduzida no Cap. 2, onde h é a elevação no campo
gravitacional e gh é a energia potencial gravitacional por unidade de massa. A Eq. 3.5-6 é um ponto de partida padrão para
a descrição do escoamento isotérmico de gases e líquidos.
Devemos nos lembrar de que, quando se assume densidade constante, a equação de estado (a T constante) é uma linha
vertical no gráfico de p versus p (veja Fig. 3.5-1). Assim a pressão absoluta não é mais determinável a partir de p e T,
embora gradientes de temperatura e diferenças instantâneas continuem determináveis pelas Eqs. 3.5-6 ou 3.5-7. Pressões
absolutas também podem ser obtidas se p é conhecida em algum ponto do sistema.
1
Para discussões sobre a história destas e de outras relações famosas da dinâmica dos fluidos, veja H. Rouse and S. Ince, History ofHydraulics, Iowa Institute of Hydraulics,
Iowa City (1959).
'L. M. H. Navier, Mémoires de /'Académie Royale des Sciences, 6, 389-440 (1827); G. G. Stokes, Proc. Cambridge Phil. Soe., 8, 287-319 (1845).
80 CAPÍTULO TI<Es
/ / Fluido ligeiramente
l compressível com
1 p-po=K(p-po),
onde K = constante
Po
1
, Fluido incompressível
comp = Po
1
1
Fig. 3.5-1 A equação de estado para um fluido ligeiramente compressível
Po e para um fluido incompressível quando T é constante.
(ii) Quando os termos de aceleração na equação de Navier-Stokes são desprezados -isto é, quando p (Dv!Dt) = 0 -
obtemos
0=-ílp+µíl2v+pg (3.5-8)
que é chamada equação do escoamento de Stokes. Às vezes ela é chamada equação do escoamento lento, porque o termo
p[v · Vv], que é quadrático na velocidade, pode ser desprezado quando o escoamento é extremamente lento. Para alguns
escoamentos, tais como o de Hagen-Poiseuille em tubos, o termo p[v · Vv] desaparece embora a restrição de escoamento
lento não esteja implicada. A equação do escoamento de Stokes é importante na teoria da lubrificação, em estudos do
movimento de partículas em suspensão, do escoamento através de meios porosos e da locomoção de micróbios. Existe
uma vasta literatura sobre esse assunto. 3
(iii) Quando as forças viscosas são desprezadas - isto é, [V · T] = O- a equação do movimento torna-se
(3.5-9)
4
que é conhecida como equação de Euler para fluidos "invíscidos". De fato não existem fluidos verdadeiramente invíscidos,
mas existem mui.tos escoamentos nos quais as forças viscosas têm relativamente pouca importância. Exemplos são o es-
coamento em tomo das asas de aviões (exceto nas proximidades da interface sólida), escoamento em tomo da superfície
a montante em pilares de pontes sobre rios, alguns problemas de dinâmica de gases cornpressíveis e escoamento de cor-
rentes oceânicas.5
EXEMPLO 3.5-1
A Equação de Bernoulli para o Escoamento Permanente de Fluidos Invíscidos
A equação de Bernoulli para o escoamento permanente de fluidos invíscidos é uma das equações mais famosas na dinâmi-
ca dos fluidos clássica. 6 Mostre corno ela é obtida a partir da equação de Euler do movimento.
SOLUÇÃO
Omita o termo de derivada temporal da Eq. 3.5-9, e então use a identidade [v · Vv] = [V(v · v)]/2 - [v X [V X v]] (Eq.
A.4-23) para reescrever aquela equação como
p'\/~v2 - p[v X [V X v]J = -Vp - pgVh (3.5-10)
Happel e H. Brenner, Low Reynolds Number Hydrodynamics, Martinus Nijhoff, The Hague (1983); S. Kim e S. J. Karrila, Microhydrodynamics; Principies and
Se/ected Applications, Butterworth-Heinemann, Boston (1991).
'L. Euler, Mém. Acad. Sei. Berlin, 11, 217-273, 274-315, 316-361 (1755). O matemático suíço Leonhard Euler (l 707-1783) ensinava em St. Petersburg, Base!, e Berlim
tendo publicado extensamente em muitos campos da matemática e da física.
5
Veja, por exemplo, D. J. Acheson, Elementary F/uid Mechanics, Clarendon Press, Oxford (1990), Caps. 3-5; e G. K. Batchelor, An lntroduction to Fluid Dynamics,
Cambridge University Press (1967), Cap. 6.
'Daniel Bernoulli (1700-1782) foi um dos primefros pesquisadores da dinâmica dos fluidos e também da teoria cinética dos gases. Suas idéias foram resumidas em D.
Bernoulli, Hydrodynamica sive de viribus et metibus fluido rum commentarii, Argentorati (1738), todavia ele de fato não forneceu a Eq. 3.5-12. O crédito pela dedução
da Eq. 3.5-12 é de L. Euler, Histoires de /'Académie de Berlin (1755).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 81
Ao escrever o último termo expressamos g como -Vcf> = -gVh, onde h é a elevação no campo gravitacional.
A seguir dividimos a Eq. 3.5-10 por p e então formamos o produto "ponto simples"* com o vetor unitários = v/lvl na
direção do escoamento. Quando isso é feito, pode-se mostrar que o termo envolvendo o rotacional do campo de velocidades
se anula (um belo exercício de análise vetorial), e (s ·V) pode ser substituído por d/ds, onde sé distância medida ao longo
de uma linha de corrente. Assim, obtemos
que é conhecida como Equação de Bernoulli. Ela relaciona a velocidade, a pressão e a elevação em dois pontos ao longo
de uma linha de corrente, para escoamento em regime permanente. Ela é usada em situações onde se pode assumir que os
efeitos da viscosidade são menores.
Essas equações, juntamente com as condições de contorno e iniciais necessárias, determinam completamente as distribui-
ções de pressões, densidades e velocidades no fluido. Raramente elas são usadas em suas formas completas para resolver
problemas de dinâmica de fluidos. Usualmente formas restritas são utilizadas de maneira adequada, como neste capítulo.
Se for apropriado assumir densidade e viscosidade constantes, então utilizamos
juntamente com as condições iniciais e de contorno. A partir dessas equações determinamos as distribuições de pressões
e velocidades.
No Cap. 1 vimos as componentes do tensor tensão em coordenadas cartesianas, e neste capítulo deduzimos as equações
da continuidade e do movimento em coordenadas cartesianas. Nas Tabelas B.l, 4, 5 e 6 resumimos essas equações-chave
nos três sistemas de coordenadas mais utilizados: Cartesiano (x, y, z), cilíndrico (r, 8, z) e esférico (r, 8, </J). Estudantes
iniciantes não devem se preocupar com a dedução dessas equações, mas eles devem se familiarizar com as tabelas do
Apêndice B de modo a estarem aptos a utilizá-las no equacionamento de problemas de dinâmica dos fluidos. Estudantes
mais avançados devem se aprofundar nos detalhes do Apêndice A e aprender como desenvolver as expressões para as
diversas operações envolvendo V, tal como feito nas Seções A.6 e A.7.
Nesta seção ilustramos como equacionar e resolver problemas envolvendo escoamento permanente e isotérmico de
fluidos newtonianos. As soluções analíticas relativamente simples dadas aqui, não devem ser vistas como un: fim em si
*Entre dois vetores esse produto corresponde ao clássico produto escalar. (N.T.)
82 CAPÍTULO TRÊS
mesmo, mas sim como uma preparação para a obtenção de soluções analíticas ou numéricas de problemas mais avança-
dos, o uso de vários métodos aproximados ou o emprego de análise dimensional.
A solução completa de problemas de escoamento viscoso, incluindo provas de unicidade e estabilidade, constitui-se
em tarefa complexa. De fato a atenção de alguns dos melhores matemáticos aplicados do mundo tem sido devotada ao
desafio de resolver equações da continuidade e do movimento. Então, é bem possível que o iniciante se sinta pouco à
vontade ao encontrar essas equações pela primeira vez. Tudo o que pretendemos com os exemplos ilustrativos nesta
seção é resolver alguns problemas para escoamentos estáveis bem conhecidos. Em cada caso iniciamos postulando a
forma das distribuições de pressões e velocidades: isto é, assumimos como p e v dependem da posição no problema
estudado. Então, descartamos, nas equações da continuidade e do movimento, os termos que são desnecessários de acordo
com os postulados feitos. Por exemplo, se postulamos que v" é uma função de y apenas, termos tais como avJ ax e cJZv.J
az 2 podem ser descartados. Quando todos os termos desnecessários tiverem sido eliminados, freqüentemente resta um
pequeno número de equações relativamente simples; e se o problema é suficientemente simples, uma solução analítica
pode ser obtida.
Deve ser enfatizado que nas postulações acima referidas faz-se no uso da intuição. Esta última baseia-se na nossa ex-
periência diária com os fenômenos de escoamento. Nossa intuição freqüentemente nos diz que um escoamento será simé-
trico em torno de um eixo, ou que algum componente da velocidade é zero. Tendo usado nossa intuição ao fazer tais pos-
tulados, devemos nos lembrar de que a solução final é também correspondentemente restrita. Todavia, tendo iniciado com
as equações de balanço, ao terminarmos o "processo de descarte" de termos, dispomos pelo menos da lista completa de
hipóteses usadas na solução. Em algumas ocasiões será possível voltar atrás e remover algumas das hipóteses usadas e
assim obter uma melhor solução.
Em muitos exemplos que iremos discutir, encontraremos uma solução para as equações da dinâmica dos fluidos. Toda-
via, devido ao fato de que as equações completas são não-lineares, poderão existir outras soluções para o problema. As-
sim, uma solução completa para um problema de dinâmica dos fluidos, requer a especificação dos limites dos regimes
estáveis de escoamento, bem como a de qualquer faixa de comportamento instável. Isto é, temos que desenvolver um "mapa"
mostrando os vários regimes de escoamento que são possíveis. Usualmente soluções analíticas podem ser obtidas somente
para os regimes de escoamento mais simples; o restante da informação é geralmente obtido por experimentação ou por
soluções numéri~as muito detalhadas. Em outras palavras, embora conheçamos as equações diferenciais que governam o
movimento do fluido, ainda se desconhece muito sobre como resolvê-las. Esta é uma área desafiante de matemática apli-
cada, bem acima do nível de um livro-texto introdutório.
Quando problemas difíceis forem encontrados, uma busca deverá ser feita em tratados avançados de dinâmica dos flui-
dos.1
Agora apresentamos alguns exemplos ilustrativos. Os dois primeiros são problemas que foram discutidos no capítulo
anterior; refaremos os mesmos exatamente para ilustrar o uso das equações de balanço. Então consideramos alguns outros
problemas que seriam difíceis de analisar através do método do balanço em cascas do Cap. 2.
fxEMPLO 3.6-1
Escoamento Permanente em um Tubo Circular e Longo
Refaça o problema de escoamento em tubo do Exemplo 2.3-1 usando as equações da continuidade e do movimento. Isto
ilustra o uso das equações tabeladas para o caso de viscosidade e densidade constantes em coordenadas cilíndricas.
SOLUÇÃO
Postulamos que V= o,v,(r, z). Este postulado implica que não existem escoamentos radial (vr =O) e tangencial (ve =O),
e que V: não depende de e. Conseqüentemente podemos descartar muitos termos das equações de balanço tabeladas no
Apêndice B, resultando.
'R. Berker,Handbuclz der Plzysik, Volume VITI-2, Springer, Berlin (1963), pp. 1-384; G. K. Batchelor,A11 lntroductio11 to F/uid Dy11amics, Cambridge University Press
(1967); L. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Mecha11ics, Pergamon Press, Oxford, 2.' ed. (1987); A. Schetz e A. E. Fuchs (eds.),Handbook ofFluid Dy11amics and Fluid
Maclzi11ery, Wiley-Interscience, New York (1996); R. W. Johnson (ed.), The Ha11dbook ofFluid Dynamics, CRC Press, Boca Raton, Fia. (1998); C. Y. Wang, A.mz. Revs.
FluidMeclz.,23, 159-177 (1991). ~ ~
1
1:
i
lr
'LÍ
------------------~·--~ -~~ ·-
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 83
av_
equação da continuidade __:=o
az (3.6-1)
A primeira equação indica que vzdepende somente der; então as derivadas parciais no segundo termo do lado direito da
Eq. 3.6-4 podem ser substituídas por derivadas ordinárias. Usando a pressão modificada <!P = p + pgh (onde h é a altura
acima de algum plano de referência arbitrário), evitamos a necessidade de calcular os componentes de g em coordenadas
cilíndricas, e obtemos uma solução válida para qualquer orientação do eixo do tubo.
As Eqs. 3.6-2 e 3.6-3 mostram que <!P é uma função de z apenas, e a derivada parcial no primeiro termo da Eq. 3.6-4
pode ser substituída por uma derivada ordinária. A única maneira de termos uma função de r mais uma função de z igual
a zero é cada um dos termos, individualmente, ser uma constante - digamos C0 - de modo que a Eq. 3.6-4 se reduz a
1 d ( dvz) - e - drzf'
P.r;fi: ra-; - o-a; (3.6-5)
A equação em<!}' pode ser integrada diretamente. A equação em v, pode ser integrada, "descascando-se" a equação, isto é,
efetuando integrações sucessivas de fora para dentro, no lado esquerdo (não efetue a derivada composta indicada). Isto
fornece
(3.6-6)
Vz
Co '
= µ, r + C2 ln r + C3 (3.6-7)
4
As quatro constantes de integração podem ser determinadas a partir das condições de contorno:
A Eq. 3.6-13 é a mesma que a Eq. 2.3-18. O perfil de pressões da Eq. 3.6-12 não foi obtido no Exemplo 2.3-1, mas foi
tacitamente postulado; poderíamos ter feito isso aqui também, mas preferiu-se trabalhar com um número mínimo de pos-
tulados.
Tal como enfatizado no Exemplo 2.2-2, a Eq. 3.6-13 é válida somente no regime laminar de escoamento e em regiões
não muito próximas de entradas e saídas do tubo. Para números de Reynolds acima de cerca de 2100, um regime turbulen-
to de escoamento existe a jusante das regiões de entrada e saída, e a Eq. 3.6-13 não é mais válida.
EXEMPLO 3.6-2
Película Descendente com Viscosidade Variável
Equacione o problema do Exemplo 2.2-2 usando as equações do Apêndice B. Isto ilustra o uso da equação do movimento
em termos de T.
84 CAPÍTULO TRÊS
SOLUÇÃO
Tal como no Exemplo 2.2-2 postulamos escoamento permanente com densidade constante, mas com a viscosidade
dependendo de x. Postulamos, tal como antes, que as componentes x e y da velocidade são zero e que v= = v=(x). Com esses
postulados a equação da continuidade é satisfeita assumindo a forma de uma identidade. De acordo com a Tabela B. l, as
componentes de T diferentes de zero são Tn = T:x = - µ,(dv,fdx). As componentes da equação do movimento em termos de
T são, da Tabela B.5,
ap
o= -ax + pgsenf3 (3.6-14)
O=-~ (3.6-15)
ay
ap a
Ü= -Jz - d;_ T xz + pg COS {3 (3.6-16)
ondefty, z) é uma função arbitrária. A Eq. 3.6-15 mostra que/não pode ser uma função de y. A seguir reconhecemos que
a pressão na fase gás é, com grande aproximação, constante e igual a pressão atmosférica local, Pa1n.- Assim, na interface
gás-líquido, x =O, a pressão também é constante e igual a Pacrn· Conseqüentemente, podemos tomar f como sendo igual a
Pacm e obter finalmente
EXEMPLO 3.6-3
Operação de um Viscosímetro Couette
Mencionamos anteriormente que a medida da diferença de pressão vs. vazão mássica de escoamento através de um tubo
cilíndrico é a base para a determinação da viscosidade com viscosímetros capilares comerciais. A viscosidade também
pode ser determinada medindo-se o torque necessário para girar um objeto sólido em contato com um fluido. O mais an-
tigo de todos os viscosímetros rotacionais é o do tipo Couette, esquematizado na Fig. 3.6-1.
O fluido é colocado em um copo o qual é girado com uma velocidade angular constante !1 0 (o subscrito "o" indica
"de fora", QLtter em inglês). O líquido viscoso em rotação faz com que um corpo de prova nele submerso e suspenso
por um fio, gire até que o torque nele produzido pela transferência de momento no fluido se iguale ao produto da
constante de torção, k,, do fio pelo deslocamento angular eh (o subscrito "b" indica o corpo de prova, bob em inglês)
do corpo. O deslocamento angular pode ser medido observando-se a deflexão de um feixe de luz refletido por um
espelho acoplado ao corpo de prova. As condições de medida são controladas de tal modo que exista um escoamento
laminar tangencial e permanente na região anular entre os dois cilindros coaxiais mostrados na figura. Devido ao
tipo de arranjo usado, os efeitos de extremidades sobre a região de escoamento, o que inclui altura L do corpo de
prova, são desprezíveis.
Para analisar tal medição, aplicamos as equações da continuidade e do movimento para p e µ,constantes ao escoamento
tangencial na região anular em tomo do corpo de prova. Queremos obter uma expressão para a viscosidade do fluido em
termos da componente z do torque, L sobre o cilindro interno, da velocidade angular, Ü 0 , do copo girante, da altura do
corpo de prova, L, e dos raios KR ~ R -do corpo de prova e do copo, respectivamente.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 85
v0 é uma função de r
Nessas
regiões o Superfícies
fluido se cilíndricas
move com fixas
v 9 = vo(r)
(a) (b)
Fig. 3.6-1 (a) Escoamento laminar tangencial de um fluido incompressível no espaço entre dois cilindros; o cilindro de fora move-se com uma
velocidade angular .ao. (b) Diagrama de um viscosímetro Couette. Mede-se a velocidade angular n" do copo e a deflexão eB do corpo de prova
para operação em regime permanente. A Eq. 3.6-31 dá a viscosidade, µ,, em termos de D0 e do torque T, = k,88 .
SOLUÇÃO
Na porção do ânulo sob consideração, o fluido se move em trajetória circular. Postulados razoáveis para a velocidade e pressão
são: v8 = v 8 (r), v, =O, v, =O, ep = p(r,z). Espera-sequepdependadez,porcausadagravidade,eder, devido à força centrífuga.
Em vista desses postulados todos os termos na equação da continuidade são zero e as componentes da equação do
movimento simplificam-se resultando
V~ ap
component_e r -pr =-a;: (3.6-20)
componente e d --(rv
O=- d (1
dr r dr 8
)) (3.6-21)
. ap
componente z o= -az.- pg (3.6-22)
A segunda equação fornece a distribuição de velocidades. A terceira equação representa o efeito da gravidade sobre a
pressão (o efeito hidrostático), e a primeira equação informa como a força centrífuga afeta a pressão. Para o presente problema
necessitamos apenas da componente eda equação do movimento. 2
É possível que um iniciante seja compelido a efetuar as diferenciações indicadas na Eq. 3.6-21, antes de resolver a equa-
ção diferencial; todavia isso não deve ser feito. Tudo o que devemos fazer é "descascar" a equação, isto é, efetuar integrações
sucessivas de fora para dentro, uma operação de cada vez - tal como você tira suas roupas - conforme segue:
l_'i_(rv)
r dr e
=e1 (3.6-23)
1 C2
Ve =1C1r +r (3.6-26)
B. Bírd, C. F. Cuniss, e W. E. Stewan, Chem. Eng. Sei., 11, 114-117 (1959) sobre um método de obtencão de p(r, z) para esse sistema. A evolução de perfil
dependente do tempo para o de estado permanente é dada por R. B. Bird e C. F. Curtiss, Chem. Eng. Sei., 11, !08'.103 (1959).
86 CAPÍTULO TRÊS
As condições de contorno são as de que o fluido não desliza sobre as duas superfícies cilíndricas:
C.C. 1 em r KR, v8 = O (3.6-27)
C.C. 2 em r = R, v8 = DaR (3.6-28)
Essas condições de contorno podem ser usadas para obter as constantes de integração, as quais são inseridas na Eq. 3.6-26.
Isto fornece
(3.6-29)
Escrevendo o resultado dessa forma, com termos semelhantes no numerador e denominador, fica claro que ambas as
condições de contorno são satisfeitas e que a equação é dimensionalmente consistente.
A partir da distribuição de velocidades podemos achar o fluxo de momento usando a Tabela B.2;
-2µDº(~)2( 1 ~ )
2
7 ra = -µrfr(i) = (3.6-30)
O torque que age no cilindro interno é então dado pelo produto do fluxo de momento "para dentro" (-r, 8), a área da superfície
do cilindro, e o "braço de alavanca", conforme segue:
Ü torque também é dado por T, =k,eb. Portanto, medindo-se a velocidade angular do copo e a deflexão angular do corpo de prova,
é possível determinar a viscosidade do fluido. O mesmo tipo de análise está disponível para outros tipos de viscosúnetros rotacionais.3
Seja lá qual for o tipo de viscosímetro, é essencial saber quando a turbulência irá ocorrer. O número de Reynolds crítico
(Dr}?.2p/µ,)cri" acima do qual o sistema se torna turbulento, é mostrado na Fig. 3.6-2 como uma função da razão de raios, K.
30
20 .,,
/
~
X
10
\ I
~/
/
~" V
7
1\
~1~
a \ /
Fig. 3.6-2 Número de Reynolds crítico para o escoamento ta..'1gencial em
10 20 50 um ânulo, com o cilindro de fora girando e o de dentro estacionário [H.
(1-K) X 10 2 Schlichting, Boundary LayerTheory, McGraw-Hill, New York (1955), p. 357].
Poderíamos perguntar o que aconteceria se mantivéssemos o cilindro externo fixo e girássemos o cilindro interno com
uma velocidade angular D; (o subscrito "i" indica "de dentro", do inglês inner). Nesse caso a distribuição de velocidades é
(3.6-32)
31.
R. VanWazer, J. W. Lyons, K. Y. Kim, e R. E. Colwell, Viscasity a11d Flaw Meas11reme11t, Wiley, New York (1963); K. Walters, Rheometry, Chapman and Hall,
London (1975). ~
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 87
Esse resultado é obtido adotando-se os mesmos postulados (veja antes da Eq. 3.6-20) e resolvendo a mesma equação
diferencial (Eq. 3.6-21), porém com um conjunto diferente de condições de contorno.
A Eq. 3.6-32 descreve bem o escoamento para valores pequenos D.;. Todavia quando D.; um valor crítico (D.i,crit = 41,3(µ,/
Rz(l -K) 3r..p) para K = 1) o fluido desenvolve um escoamento secundário, que se superpõe ao escoamento primário
(tangencial) e que é periódico na direção axial. Um sistema muito bem definido de vórtices toroidais, denominados vórtices
de Taylor forma-se conforme mostrado nas Figs. 3.6-3 e 3.6-4(b). O lugar geométrico dos centros desses vórtices são
circunferências cujos centros estão localizados sobre o eixo comum dos cilindros. Este escoamento ainda é laminar -
mas certamente é inconsistente com os postulados adotados no início do problema. Quando a velocidade angular D.; é
aumentada ainda mais, o lugar geométrico dos centros dos vórtices toma a forma de uma onda; isto é, o escoamento se
toma, adicionalmente, periódico na direção tangencial [veja a Fig. 3.6-4(c)]. Além disso a velocidade angular da onda é
aproximadamente D./3. Quando a velocidade angular é aumentada ainda mais, o escoamento torna-se turbulento. A Fig.
3.6-5 mostra os vários regimes para a rotação dos cilindros de dentro e de fora, conforme determinados em um equipamento
específico com um dado fluido. Este diagrama demonstra quão complicado é esse sistema aparentemente simples. Mais
detalhes podem ser encontrados na literatura. 4.5
A discussão precedente deve servir como uma precaução séria sobre como postulados intuitivos podem ser enganosos.
A maioria de nós não pensaria em postular as soluções periódicas simples e dupla descritas acima. No entanto essa infor-
mação está contida nas equações de Navier-Stokes. Todavia, como problemas envolvendo instabilidade e transições entre
vários regimes de escoamento são extremamente complexos, somos forçados a usar uma combinação de teoria e experi-
Cilindro de
dentro girando
1
!
1
i
j
---:.:...._ Cilindro de fora fixo (a) (b) {e)
Fig. 3.6-3 Vórtices toroidais de sentidos de rotação Fig. 3.6-4 EsboçosmostraTJdo os fenômenos
opostos, chamados vórtices de Taylor, observados observados no espaço anular entre dois ci-
no espaço anular entre dois cilindros. As liD.has de lindros: (a) escoamento puramente tangen-
corrente têm a forma de hélices, cujos eixos são cial; (b) escoamento periódico simples (vór-
circunferências de centro no eixo comum dos tices de Taylor); e (e) escoamento periódico
cilindros. isto corresponde à Fig. 3.5-4(b). duplo onde um movimento ondulatório é
superposto aos vórtices de Taylor.
'O trabalho inicial nesse assunto foi feito por John William Strutt (Lord Rayleigh) (1842-1919), que estabeleceu o campo da acústica com sua Teoria do Som, escrita
em uma casa-barco no rio Nilo. Algumas referências originais sobre a instabilidade de Taylor são: 1. W. Strutt (Lord Rayleigh), Proe. Roy. Soe., A93, 148-154 (1916);
. G. l. Taylor, Phil. Trans., A223, 289-343 (1923) e Proc. Roy. Soe., Al57, 546-564 (1936); P. Schultz-Grunow e H. Hein, Zeits. Flugwiss., 4, 28-30 ([956); D. Coles, J.
FluidMech. 21, 385-425 (1965). Veja também R.P. Feynman, R. B. Leighton, and M. Sands, The Feynman Lectures in Physics, Addison-Weslcy, reading, MA (1964),
Seção41-6.
'Outras referências sobre a instabilidade de Taylor bem como instabilidade em outros sistemas, são: L. D. Landau and E.M. Lifshitz, Fluid Mechanics, Pagamon Press,
Oxford, 2nd edition (1987), pp. 99-106; Chandrasekhar, Hydrody11amic and Hydromagnetic Stability, Oxford University Press (1961), 272-342; H. Schlichting e K.
Gersten, Boundary-LayerTheory, 8.' ed. (2000), Cap. 15; P.G. Drazin e W. H. Reid, Hydrodynamic Stability, Cambridge University Press (1981); M. Van Dyke, An
A/bum of Fluid Motion, Parabolic Press, Stanford (1982).
88 CAPÍTULO TR.Es
/
/
12,000 /
/
/
Escoamento turbulento / /
10,000 / /
/
/
I
I
8,000 /
/
dl
'À
3
:l..
6,000
___ ,,./
/
I
/
4,000
2,000
mentos para descrevê-los. A teoria sozinha não é capaz, por enquanto, de nos fornecer todas as respostas, e experimentos
cuidadosamente controlados serão necessários ainda por muitos anos.
EXEMPLO 3.6-4
Forma da Superfície de um Líquido em Rotação
Um líquido de densidade e viscosidade constantes está em um vaso cilíndrico de raio R conforme mostra a Fig. 3.6-6. O
vaso é posto em rotação em torno de seu próprio eixo com uma velocidade angular il. O eixo do cilindro é vertical de
modo que gr = O, g0 = Oe g= = - g, sendo g a magnitude da aceleração gravitacional. Determinar a forma da superfície
livre do líquido quando o estado permanente for atingido.
cj)n
p =p,...
\ 1 na
\ ,. superfí--;;;;
\ I
\ /
\.. i //
,---t----'-'-·-r--'
I_..__'~
p = p(r,z)
no fluido
Fig. 3.6-6 Liquido sob rotação com uma superfície livre, cuja
1--R--J forma é a de um parabolóide de revolução.
SOLUÇÃO
Coordenadas cilíndricas são apropriadas para esse problema, e as equações de balanço são dadas nas Tabelas B.2 e B.6.
Em estado permanente postulam?s que vr e v, são ambos zero e que v0 depende somente der. Também postulamos que p
depende dez devido à força gravitacional e de ,. devido à força centrífuga, mas não de e.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA S!STEMAS IS))TÉRMICOS 89
Esses postulados implicam O = O para a equação da continuidade, enquanto a equação do movimento fornece:
v~ ap
componente r -pr- =-a; (3.6-33)
ap
componente z o= -az.-
pg (3.6-35)
onde C 1 e C2 são constantes de integração. Como v 0 não pode ser infinito em r = O, a constante C2 deve ser zero. Em r =
R a velocidade Vo é Rü. Então cl = 2ü e
(3.6-37)
Isto quer dizer que cada elemento do líquido em rotação move-se como um elemento de um corpo rígido (na verdade
poderíamos ter postulado que o líquido estaria em rotação como um corpo sólido e escrever a Eq. 3.6-37 diretamen-
te). Quando a Eq. 3.6-37 é substituída na Eq. 3.6-33, temos então as duas equações seguintes para os gradientes de
pressão:
ap
ar=
ap º
pD-r e ai= -pg (3.6-38, 39)
D,2)
z-z0 = (2g r2 (3.6-44)
Esta é a equação de uma parábola. O leitor pode verificar que a superfície livre de um líquido em um vaso em forma de
ânulo e sob rotação obedece a uma relação semelhante.
EXEMPLO 3.6-5
Escoamento Próximo a uma Esfera Girando Vagarosamente ~
Uma esfera sólida de raio R gira vagarosamente com velocidade angular constante, ü, submersa em uma grande massa
fluida em repouso como um todo (veja Fig. 3.6-7). Desenvolva expressões para as distribuições de pressões e velocidades
no fluido e para o torque T, requerido para manter o movimento. É assumido que a esfera gira suficientemente devagar de
modo que é apropriado usar a versão da equação do movimento para escoamento lento, Eq. 3.5-8. Esse problema ilustra o
equacionamento e a solução de um problema em coordenadas esféricas.
90 CAPITULO TRÊS
SOLUÇÃO
As equações da continuidade e do movimento em coordenadas esféricas são dadas nas Tabelas B.4 e B.6, respectivamente.
Postulamos que para escoamento permanente e lento, a distribuição de velocidades tem a forma geral v = Õq,1J,p(r, 8), e que
a pressão modificada será da forma C/P = C/P(r, 8). Como se espera que a solução seja simétrica em relação ao eixo z, ela não
deve depender do ângulo cp.
Com esses postulados, a equação da continuidade é satisfeita com exatidão e as componentes da equação do movimen-
to para o escoamento lento são
onde C/P = p + p g z, sendo p 0 a pressão no fluido longe da esfera cujo centro está em z = O.
A Eq. 3.6-47 é uma equação diferencial parcial para vq,(r, 8). Para resolvê-la buscamos uma solução da forma vq, = j{r) sen 8.
Isto é apenas uma tentativa, porém ela é consistente com a condição de contorno dada pela Eq. 3.6-48. Quando essa forma ten-
tativa para a distribuição de velocidades é inserida na Eq. 3.6-47, obtemos a seguinte equação diferencial ordinária paraj{r):
d(? df)
- r - -2f=O (3.6-51)
dr dr
Um torque T, é
necessário para fazer
.Q a esfera girar
Esta é uma "equação eqüidimeRsional" que pode ser resolvida assumindo-se uma solução-tentativa do tipo f = ,,, (veja
Eq. C.1-14). A substituição desta solução-tentativa na Eq. 3.6-51 fornece n = 1, -2. A solução da Eq. 3.6-51 é então
(3.6-52)
de modo que
A aplicação das condições de contorno mostra que C1 = O e C2 = D.R 3• Portanto a expressão final para distribuição de
velocidades é:
A secruir avaliamos o torque necessário para manter a rotação da esfera. Este é dado pela integral, sobre a superfície da
esfer~, da força tangencial (Tnl> 1r = R)R 2sen ed&d<f> exercida sobre o fluido por uma superfície sólida, multiplicada pelo
braço de alavanca R sen epara aquele elemento de área:
T, = f f"
Zrr
() o
(Trç,)I r=R (R sen (})R 2 sen ededcf;
= J J"
2
il
"
o
(3µ.f! sen 8)(R sen e)R2 sen 8d8dcf;
= 87iµ,D.R3 (3.6-55)
Na passagem da primeira para a segunda linha acima, fizemos uso da Tabela B. l, e da segunda para a terceira efetuamos
a integração sobre a faixa de valores da variável <f>. A integral da terceira linha é 4/3.
Conforme a velocidade angular aumenta, desvios do "escoamento primário" dado pela Eq. 3.6-54 ocorrem. Devido aos
efeitos da força centrífuga, o fluido é "puxado" em direção aos pólos da esfera e "arremessado" para fora de seu equador
conforme mostrado na Fig. 3.6-8. Para descrever esse "escoamento" secundário temos que incluir o termo [v · V'v] na
equação do movimento. Isso pode ser feito usando-se o método da função de corrente.6
/---)1-
t''_,//,-_:
,,.,,,,.,,. ..,,./ I r~
{ ,,.. _,,,,/ I
J 1 r _ _,
1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 Fig. 3.6-8 Esboço simplificado mostrando o escoan1ento secundário que aparece
Vista lateral em tomo de uma esfera girante, conforme o número de Reynolds é aumentado.
'Veja, por exemplo, o desenvolvimento dado por O. Hassager em R. B. Bird, R. C. Armstrong, e O. Hassager, Dynamics ofPolymeric Liquids, Vol. 1., Wiley-Interscience,
New York, 2.'ed. (1897), pp. 31-33. Veja também L. D. Landau e E. M. Lifshitz, FluidMechanics,Pergamon Press, Oxford, 2.' ed. (1987), p. 65; e L. G. Leal, Laminar
Flow and Convectivc Transpor/ Processes, Butterworth-Heinemann, Boston (1962), pp. 180-181.
'G. Birkhoff, Hydrodynamics, Dover, New York (1955), Cap. IV. Nosso procedimento de análise dimensional corresponde à "análise inspecionai completa" de Birkhoff.
'R. W. Powell, An Elemelllary Text in Hydraulics and Fluid Mechanics, Macmillan, New York (195 l), Cap. VITI; e H. Rouse e S. Ince, History ofHydrau!ics, Dover,
New York (1963), que tem um material histórico interessante a respeito de grupos adimensionais e das pessoas homenageadas com a denominação dos mesmos.
92 CAPITULO TRÉS
Por uma questão de simplicidade vamos nos restringir aqui a fluidos de densidade e viscosidade constantes, para os
quais as equações de balanço são as Eqs. 3.1-5 e 3.5-7
(V ·v) =0 (3.7-1)
-
x=la X
y=laY
- -
z=fo Z "
t=z; Vot
(3.7-3)
(V ·v) =O (3.7-8)
0
_v- = -v~ + [~~v2V (3.7-9a)
Dt lovoP~
ou v_ -v -[~Tiv~ + [~Tiviv (3.7-9b)
Dt loVoP] loVoP n
Nessas equações adimensionais os quatro fatores de escala l 0 ,v0 , p eµ, aparecem em um grupo adimensional. O inverso
desse grupo recebeu o nome de um famoso cientista da área de dinâmica de fluidos 3
lavoPTI .(3.7-10)
Re = [/:l] = número de Reynolds
A magnitude desse grupo adimensional dá uma indicação da importância relativa das forças de inércia e viscosas no sistema.
A partir das duas versões da equação do movimento dadas na Eq. 3.7-9, podemos ganhar alguma perspectiva sobre
formas especiais da equação de Navier-Stokes vista na Seção 3.5. A Eq. 3.7-9a transforma-se na equação de Euler, Eq.
3.5-9, quando Re ~e.o e a Eq. 3.7-9b na equação do escoamento lento, Eq. 3.5-8, quando Re << 1. A aplicabilidade
destas e de outras formas assintóticas da equação do movimento são analisadas nas Seções 4.3 e 4.4.
Outros grupos adimensionais podem surgir nas condições iniciais e de contorno; dois que aparecem em problemas
envolvendo interfaces fluido-fluido são
3
Veja nota 1 na Seção 2.2.
'William Fraude ( 1810-1879) estudou em Oxford e trabalhou como engenheiro civil ligado a ferrovias e a navios a vapor. O número de Froude é às vezes definido como
a raiz quadrada do grupo dado pelà Eq. 3.7-11.
5
Moritz Weber (1871-195 l) foi professor de ar_quitetura naval em Berlim; outro grupo adimensional envolvendo a tensão superficial é o 11tÍmero capilar, definido como
Ca = [µ.Lb/O'D.
~s EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SrSTEMAS ISOTÉRMICOS 93
O primeiro deles contém a aceleração gravitacional, g, e o segundo a tensão interfacial, cr, as quais podem participar das
condições de contorno, conforme descrito no Problema 3C.5. Outros grupos podem aparecer, tais como razões de
comprin1entos no sistema de escoamento (por exemplo, a razão entre o diâmetro do tubo e o diâmetro do orifício em uma
"placa de orifício").
EXEMPLO 3.7-1
Escoamento Transversal a um Cilindro Circular 6
O escoamento de um fluido newtoniano incompressível sobre um cilindro circular deve ser estudado experimentalmente.
Queremos saber como a configuração de escoamento e a distribuição de pressões dependem do diâmetro e do comprimento
do cilindro, da velocidade de aproximação, e da densidade e viscosidade do fluido. Mostre como organizar o trabalho de
modo que o número de experimentos necessários seja minimizado.
SOLUÇÃO
Para efeitos de análise consideramos um sistema de escoamento idealizado: um cilindro de diâmetro D e comprimento L
submerso em um fluido sem outras fronteiras (ou infinito) com densidade e viscosidade constantes. Inicialmente tanto
fluido quanto cilindro estão em repouso. No tempo t = O, o cilindro é abruptamente posto em movimento com velocidade
v,, na direção negativa do eixo x. O movimento subseqüente do fluido é analisado usando-se coordenadas fixas no eixo do
cilindro conforme mostrado na Fig. 3.7-1.
As equações diferenciais que descrevem o escoamento são a equação da continuidade (Eq. 3.7-1) e a equação do mo-
vimento (Eq. 3.7-2). A condição inicial para t =O é:
__,... Fluido se
-- ~:~x~m~:p~:1'm
=__,...
velocidade
uniforme vx
. · · .. :
.• i· r· .••. •.
,·:. y.····.····.•,.•.•.· •... · ..· ..•.•.:···:.·..•... ,
~ L-D-J ,
Fig. 3.7-1 Escoamento transversal em torno de um cilindro.
Agora reescrevemos o problema em termos de variáveis tornadas adimensionais por meio do comprimerito característico
D. da velocidade v,,, e da pressão modificada C/P ,,. As equações adimensionais de balanço resultantes são
'Esse exemplo foi adaptado de R. P. Feynman, R. B. Leighton, e M. Sands, The Feynman Lectures 011 Physics, Vol. ll, Addison-Wesley, Reading, Mass. (1964), Seção
41.4.
94 CAPÍTULO TRÊS
;Soluções analíticas desse problema para valores de Re muito pequenos eL/D infinito foram revistas em L. Rosenhead (ed.), Laminar 801111dary Layers, Oxford University
Press (!963), Cap. IV. Uma característica importante desse problema bidimensional é a ausência de solução do tipo escoamento lento (creepingflow). Assim, o termo
[v · Vv] na equação do movimento deve ser incluído mesmo no limite quando Re _, O(veja o Problema 3B.9). Isto está em flagrdate contraste com a situação de escoamento
lento em torno de uma esfera (veja as Seções 2.6 e 2.4) e em tomo de objetos tridimensionais finitos.
'Para estudos computacionais sobre o escoamento em torno de um cilindro, veja F. H. Harlow e J. E. From, Scientific American, 212, 104-110 (1965), e S. J. Sherwin e
G. E. Karniadakis, Comput. Math., 123, 189-229 (1995).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS IsoTiiRMICOS 95
~
(a)
Re"' 10-2
.,(~!Oro~
Ponto de separação
(e)
Re,,,10 2
Ponto de separação
(d)
Re"' 10 4
(e)
Re=10 6
Poo<od~}ru~~:" Fig. 3.7-2 Tipos de comportamento no escoamento em tor-
no de um cilindro, ilustrando os vários regimes de escoa-
mento que são observados coriiorme o número de Reynolds
aumenta. As regiões de escoamento turbulento estão som-
Ponto de separação breadas em cinza.
EXEMPLO 3.7-2
Escoamento Permanente em um Tanque Agitado
Deseja-se prever o comportamento de escoamento em um grande tanque de óleo, sem chicanas, mostrado na Fig. 3.7-3,
em função da velocidade de rotação do impelidor. Nos propomos a fazer isso por meio de experimentos com um modelo,
usando um sistema reduzido e geometricamente similar. Determine as condições necessárias para o estudo com o modelo
de modo que ele seja um meio direto de previsão.
SOLUÇÃO
Consideramos um tanque de raio R, com um impelidor centrado de diâmetro global D. No instante t = O, o sistema está em
repouso e contém líquido com uma altura H acima do fundo do tanque. Imediatamente após o instante t = O, o impeli dor
começa a girar com velocidade constante de N rotações por minuto. O arraste da atmosfera sobre a superfície do líquido
é desprezível. O formato do impelidor e sua posição inicial são descritos pela função Sirnp(r, e, z) = O.
O escoamento é governado pelas Eqs. 3.7-1e2, juntamente com a condição inicial
em t = O, para O:=; r < R e O< z < H, v O (3.7-25)
e as seguintes condições de contorno para a região de líquido:
fundo do tanque em z = Oe O:=; r < R, v=O (3.7-26)
paredes do tanque em r R, v =O (3.7-27)
superfície do impelidor em sim/r, e - 2?TNt, z) = O, V = 2?TNrõa (3.7-28)
interface gás-líquido em Sint(r, e,z, t) =O, (n · v) =O (3.7-29)
e np + [n · 7) TIPatm (3.7-30)
96 CAPÍTULO TRÊS
Alturas
iniciais do
líquido
~
1
Hu
As Eqs. 3.7-26 a28 são as condições de não-deslizamento e impermeabilidade; asuperfícieSirn/r, 8-2nNt, z) =O descreve
a localização do impelidor após Nt rotações. A Eq. 3. 7-29 representa a condição de inexistência de transferência de massa
e,
através da interface gás-líquido, descrita por sin,(r, Z, t) = O, e caracterizada localmente por um vetor unitário normal n.
A Eq. 3.7-30 é um balanço de forças sobre um elemento dessa interface (ou a declaração da continuidade da componente
normal do tensor fluxo de momento 'i'T) no qual as contribuições viscosas do lado do gás são desprezadas. Essa interface
está inicialmente em repouso no plano z = H e seu movimento daí por diante é mais facilmente obtido com medições,
embora em princípio ele possa ser previsto resolvendo-se numericamente o sistema de equações que descreve as condições
iniciais e as subseqüentes acelerações, Dv/Dt, de cada elemento de fluido.
A seguir tomamos adimensionais as equações usando as grandezas características Lb = ND, 10 =D e f?P0 = Pacmjuntamente
com coordenadas polares adimensionais r = r!D, 8 e z = zlD. Então, as equações da continuidade e do movimento ficam
como as Eqs. 3.7-8 e 9, com Re = D2Np/µ,. A condição inicial toma a forma
t
em =O, parar= [~~e O< z< [~~, v=O (3.7-31)
n\Y> - n[_L~z
DN2~
-[_.t:_~[n
D2Np~
· .Yl =O (3.7-36)
Ao passarmos daEq. 3.7-30paraaEq. 3.7-36 usamos alei de Newton da viscosidadenaformadaEq. 1.2-7 (porémomitindo-
se o último termo, o que é apropriado para líquidos incompressíveis). Também usamos a abreviação .Y = Vv + (Vv)t para
o tensor taxa de deformação, cujos componentes cartesianos são .y = (riú)a.'i) + (aDJW:). _
As grandezas entre colchetes duplos são conhecidas como grande~as adimensionais. A função S;mp(r, 8 - 2m, z) é co-
z,
nhecida para um dado projeto de impelidor. A função desconhecida Sirnp(r, 8, t) é mensurável fotograficamente, ou em
princípio pode ser computada a partir do enunciado do problema.
Por inspeção das equações adimensionais, concluímos que os perfis de velocidade e pressão devem ter a forma
para dados formato de impelidor e posicionamento no vaso. A correspondente localização da superfície livre é dada por
sint = sint r,
" " (" v R H Re, Fr)
e, z, t;D'D'
"
=o (3.7-39)
onde Re = D2Np/µ,e Fr = Re = DN2/g. Para regimes fracamente dependentes do tempo, que ocorrem em valores grandes de
t, a dependência de t desaparece, o mesmo acontecendo com a dependência de e, devido a geometria axissimétrica do tanque.
Esses resultados correspondem às condições necessárias para o experimento proposto com o modelo: os dois sistemas
devem ser (i) geometricamente similares (mesmos valores de RID e HID, mesma geometria de impelidor e posicionamen-
to), e (ii) operados com os mesmos valores dos números de Reynolds e Froude. A condição (ii) requer
DlN1 DiiNu
-vr=vrr (3.7-40)
DrNí _ DuNír
g;--grr (3.7-41)
onde se usou a viscosidade cinemática, v = µ.,/p. Normalmente ambos os tanques operam no mesmo campo gravitacional,
& == grr, de modo que aEq. 3.7-41 requer
!'.!! =
"1
(Dn)3/2
D
(3.7-43)
1
Este é um resultado importante - nominalmente, o de que um tanque menor (II) requer um fluido de viscosidade cinemática
menor para que seja mantida a similaridade dinâmica. Por exemplo, se usamos um modelo em escala com Du = Drf2,
então precisamos usar um fluido com viscosidade cinemática Vn = v/VB no experimento em escala reduzida. Evidentemente
as exigências de similaridade dinâmica nesse problema são mais rigorosas do que no exemplo prévio, e isto se deve ao
grupo adimensional Fr, adicional.
Em muitos casos práticos, a Eq. 3.7-43 requer valores muito baixos de Vrr, inatingíveis. Nesses casos não são possíveis
aumentos exatos de escala a partir de um único experimento com o modelo. Todavia, sob certas circunstâncias, os efeitos
de um ou mais grupos adimensionais podem ser já conhecidos e pequenos ou previsíveis a partir da experiência com sistemas
similares; Em tais situações, aumentos de escala aproximados a partir de um único experimento, são ainda viáveis. 9
Esse exemplo mostra a importância de incluir condições de contorno na análise dimensional. Nesse caso o número de
Froude apareceu somente na condição de contorno de superfície livre, Eq. 3. 7-36. A não utilização dessa condição resultaria
na omissão da restrição d(J.da pela Eq. 3.7-42, o que poderia nos levar a escolher impropriamente vu = v1• Se fizéssemos
isso, como Reu = Re1, o número de Froude no tanque menor seria muito grande, e o vórtice seria muito profundo, conforme
mostrado pela linha tracejada na Fig. 3.7-3.
EXEMPLO 3.7-3
Queda de Pressão para Escoamento Lento em um Tubo Recheado
Mostre que o gradiente axial médio de pressão modificada, CZJ>, para o escoamento lento de um fluido com p e µ.,constantes através
de um tubo de raio R e comprimento L > > DP unifonnemente recheado com partículas de tamanho ca.racteástico DP < < R, é
ll(<!f>) µ.(vz) K( )
-L-=~ geom (3.7-44)
p
Nessa equação < .. ·> representa um valor médio sobre a seção transversal recheada cujo comprimento é L, e a função
K(geom) é uma constante para uma dada geometria do leito (isto é, para um dado formato e airanjo das partículas).
'Para urna introdução aos métodos de ampliação de escala com similaridade dinâmica incompleta, veja R. W. Powell, An Eleme11tai)' Text in Hydra11/ics a11d Fluid
Mechanics, Macrnillan, New York (1951).
98 CAPITULO TRÊS
SOLUÇÃO
Escolhemos DP como um comprimento característico e <v,> corno uma velocida~e característica. Então o movimento
v
intersticial do fluido é determinado pelas Eqs. 3.7-8 e 3.7-9b, com = v/<v,> e@>=(<!!' - <!!' 0 )DJµ, <v:>, juntamente
com as condições de não-desl~zamento nas superfícies sólidas e a diferença de pressão modificada 6.<<!f'> = <<!!' 0 > -
v
<111\>. As soluções para e@> no escoamento lento (DP <v,>p/µ,--7 O) por sua vez, dependem somente der, e zpara e
um dado arranjo e formato de partículas. Então o gradiente axial médio
depende somente da geometria do leito, desde que R e L sejam grandes quando comparados a Dp· Inserindo nessa equação
a expressão de@> vista anteriormente, obtemos diretamente a Eq. 3.7-44.
PROBLElviAS
3A.1 Torque necessário para girar um eixo em um mancai (Fig. 3A.l). Calcule o torque em lb1 · ft e o consumo de
potência em hp, necessários para girar o eixo no mancai de atrito mostrado na figura. O comprimento do mancai é 2
in e o eixo está girando a 200 rpm. A viscosidade do lubrificante é de 200 cp, e sua densidade é 50 lbJft3•
Respostas: 0,32 lbr ft; 0,012 hp = 0,009 kW
3A.2 Perda por atrito em mancais.1 Cada uma das duas hélices de um barco a motor de grande porte é acionada por um
motor de 400 hp. O eixo que conecta o motor às hélices tem 16 in de diâmetro e se apóia em uma série de mancais
com 0,005 in de folga. O eixo gira a 50 rpm, o lubrificante tem uma viscosidade de 5000 cp, e existem 20 mancais,
cada um com 1 ft de comprimento. Estime a fração da potência do motor consumida para girar os eixos em seus
mancais. Despreze o efeito da excentricidade.
Resposta: 0,115
3A.3 Efeito da altitude sobre a pressão do ar. Na desembocadura do rio Ontonagon na costa sul do Lago Superior (602
ft acima do nível do mar) seu barômetro portátil indica uma pressão de 750 mm Hg. Use a equação do movimento
para estimar a pressão barométrica no topo do Pico do Governo (2023 ft acima do nível do mar) nas proximidades
das montanhas Porcupine. Assuma que a temperatura no nível do lago é de 70ºF e que a temperatura diminui com o
aumento da altitude a uma taxa constante de 3ºF para cada 1000 ft. A aceleração da gravidade na costa sul do Lago
Superior é cerca de 32,19 ft/s, e sua variação com a altitude pode ser desprezada neste problema.
Resposta: 712 mm Hg = 9,49 X 104 N/m2
3A.4 Determinação da viscosidade com um viscosímetro de cilindro rotativo. Deseja-se medir as viscosidades de
soluções de sacarose de concentrações de cerca de 60% em peso a aproximadamente 20ºC com um viscosírnetro de
cilindro rotativo tal como mostrado na Fig. 3.5-1. Este instrumento possui um cilindro interno de 4,000 cm de diâmetro
envolvido por cilindro concêntrico girante de 4,500 cm de diâmetro. O comprimento L é 4,00 cm. A viscosidade de
uma solução de sacarose a 60% e a 20ºC é de cerca de 57 cp e sua densidade é em tomo de 1,29 g/cm3 •
Com base em experiências anteriores é possível que efeitos de extremidades sejam importantes e assim é decidido
calibrar o viscosímetro através de medidas com soluções conhecidas com aproximadamente a mesma viscosidade
que aquelas das soluções de sacarose desconhecidas.
Determine um valor razoável para o torque aplicado a ser usado na calibração se as medidas de torque têm precisão
de 100 dyn/cm e a velocidade angular pode ser medida com a precisão de 0,5%. Qual ser.á a velocidade angular
resultante?
3A.5 Fabricação de um espelho parabólico. Propõe-se construir um suporte para um espelho parabólico girando-se um
prato de uma resina plástica de endurecimento lento, a velocidade constante, até que ela se solidifique. Calcule a
velocidade de rotação necessária para produzir um espelho com distância focalf igual a 100 cm. A distância focal é
a metade do raio de curvatura sobre o eixo, o qual é dado por
(3A.5-1)
Propõe-se prever o nível mínimo de líquido para o qual essa entrada de ar pode ser evitada, para uma vazão de
esgotamento de 800 gal/min, por meio de um estudo em modelo usando um tanque menor. Por conveniência, água
a 68ºF será usada como fluido no estudo do modelo.
Determine as dimensões apropriadas do tanque e as condições de operação para o modelo se a densidade do melaço
é 1,286 g/cm3 e sua viscosidade é 56,7 cp. Pode ser assumido que tanto no tanque de tamanho real quanto no modelo
a forma do vórtice depende somente da quantidade de líquido no tanque e da vazão de esgotamento; isto é, o vórtice
se estabelece muito rapidamente.
3B.1 Escoamento entre cilindros coaxiais e esferas concêntricas.
(a) O espaço entre dois cilindros coaxiais é preenchido com um fluido incompressível a uma temperatura constante.
Os raios das superfícies molhadas, interna e externa, são x:R e R, respectivamente. As velocidades angulares de rotação
dos cilindros de dentro e de fora são D;e Q 0 • Determine a distribuição de velocidades no fluido e os torques sobre os
dois cilindros, necessários para manter o movimento.
(b) Repita a parte (a) para duas esferas concêntricas.
Respostas: •
(3B.2-1)
(b) a partir da Eq. 3B.2-1 determine? velocidade média, a velocidade má.'í:ima e a vazão mássica.
(<JPo - <JPL)I-f 9
Respostas: (b) (vz) = GOµ,L = 2c)Vz,máx;
YJ(q/>o - <JPL)H1p
w = l80µL
'Urna fonnulação alternativa para o perfil de velocidades é dada por L. D. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, Pergarnon Press, Oxford, 2.' ed. (1987), p. 54.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 101
(a)
y
y=H
(38.3-1)
Como esse colega já lhe deu conselhos equivocados em uma ocasião no passado, você se sente obrigado a checar
o resultado. Ele satisfaz as condições de contorno e a equação diferencial relevantes?
(b) De acordo com o artigo de revisão de Berker,3 a vazão mássica em um duto quadrado é dada por
0,563(Q7>0 - Ql>i)B'1p
w (38.3-2)
µL
Compare o coeficiente nesta expressão com o coeficiente que se obtém a partir da Eq. 3B.3- l.
3B.4 Escoamento lento entre duas esferas concêntricas (Fig. 3B.4). Um líquido newtoniano muito viscoso escoa no
espaço entre duas esferas concêntricas conforme mostrado na figura. Deseja-se calcular a vazão nesse sistema em
função da diferença de pressão imposta. Despreze os efeitos de extremidades e suponha que v9 dependa somente
de r e () com as outras componentes da velocidade nulas.
(a) Usando a equação da continuidade mostre que v8 sen () = u(r), onde u(r) é uma função der a ser determinada.
(b) Escreva a componente() da equação do movimento para esse sistema, assumindo que o escoamento é lento o
suficiente para que [v · \7v] seja desprezível. Mostre que isso fornece
o= _laCZP +
r ae [-l_l..'.L(r-~)J
µ sen ()r2 dr dr (38.4-1)
~en () dCZP
~ d()
= B·
, !!:_..'.!_
r dr
(r- ~)
dr
= B (38.4-2, 3)
'R. Berker, Handbuch der P/Iysik, Vol. Vill/2, Springer, Berlin (1963); veja pp. 67-77 para escoamento laminar em dutos de seção transversal não-circular. Veja também
W. E. Stewart, /J.!ChE Joumal, 8, 425-428 (1962).
102 CAPÍTULO TRÊS
Fig. 3B.4 Escoamento lento na região entre duas esforas concêntricas estacionárias.
3B.5 Viscosímetro de discos paralelos (Fig. 3B.5). Um fluido, cuja viscosidade deve ser medida, é colocado em uma
folga de espessura B entre dois discos de raio R. Mede-se o torque T, necessário para girar o disco de cima com
uma velocidade angular ü. Desenvolva uma fórmula para o cálculo da viscosidade a partir dessas medições.
(a) Suponha que para valores pequenos de Ü os perfis de velocidades tenham a forma vr = O, Vz = O e v9 = 1f(z);
Por que essa forma da velocidade tangencial parece razoável? Suponha também que </P = </P(r, z). Escreva as equações
da continuidade e do movimento simplificadas para o caso.
e
(b) A partir da componente da equação do movimento, obtenha uma equação diferencial para fiz). Resolva a
equação paraf(z) e calcule as constantes de integração. Isso conduz ao resultado final, v 9 = Ür(z/B). Poderia você
ter antecipado esse resultado?
(c) Mostre que a desejada equação de trabalho para cálculo da viscosidade éµ, = 2BTJrrÜR4 •
(d) Discuta as vantagens e desvantagens desse instrumento.
3B.6 Escoamento axial circulante em um ânulo (Fig. 3B.6). Um eixo cilíndrico de raio KR move-se para cima com
velocidade constante v0 através de um vaso cilíndrico de raio interno R contendo um líquido newtoniano. O líquido
circula no cilindro, movendo-se para cima juntamente com o eixo cilíndrico central e para baixo sobre a parede
interna fixa do vaso. Determine a distribuição de velocidades na região anular, longe das perturbações de extremidade.
Escoamentos similares a esse ocorrem em selos de algumas máquinas alternativas -por exemplo no espaço anular
entre os anéis de um pistão.~
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SrSTEMAS ISOTERMICOS 103
r: 1
:0
1
1 1
1 1
1 1
f t! it t
1 1
1 1 Cilindro de comprimento
1 1 L e raio interno R
1 1
1 1 (comL>> R)
J\ \lJ
-:-++.,.
, :F-=~
(a) Primeiro considere o problema onde a região anular tem pequena espessura - isto é, onde K é ligeiramente
menor que a unidade. Em tal caso o ânulo pode ser aproximado por uma fenda plana estreita e a curvatura pode ser
desprezada. Mostre que nesse caso limite, a distribuição de velocidades é dada por
Vz
-=3 -- (Ç - K)2 -4(Ç---K) +1 (38.6-1)
Vo 1 K 1- K
onde~= r/R.
(b) A seguir resolva o problema sem a hipótese de fenda estreita. Mostre que a distribuição de velocidades é dada
por
(38.6-2)
3B.7 Fluxos de momento para o escoamento lento em direção a uma fenda (Fig. 3B.7). Um líquido newtoniano
incompressível escoa lentamente em direção a uma fenda estreita de espessura 2B (na direção y) e largura W (na
direção z). A vazão mássica na fenda é w. A partir dos resultados do Problema 2B.3 pode ser mostrado que a
distribuição de velocidades na fenda é
3w [ (38.7-1)
vx = 4BWp 1
em locais não muito próximos da entrada da fenda. Na região externa à fenda as componentes de velocidade para
o escoamento lento são
2w x3 (3B.7-2)
vx = - 7íWp (x2 + y2)2
2w x2y (3B.7-3)
Vy = - 7íWp (r + y2)2
Vz = Ü (3B.7-4)
Na região próxima da fenda as Eqs. 3B.7-1a3B.7-4 são apenas aproximadas, para ambos x :?'.O ex::; O.
(a) Determine os componentes do fluxo convectivo de momento pvv dentro e fora da fenda.
(b) Obtenha a componentexx de pvv emx = -a, y =O.
(e) Obtenha a componente xy de pvv em x = -a, y = +a.
(d) A energia cinética total que atravessa o plano x = -a é igual à energia cinética total através da fenda?
(e) Verifique que as distribuições de velocidades dadas nas Eqs. 3B.7-l a 4 satisfazem a relação (V· v) =O.
(f) Determine a tensão normal Txx no plano y = Oe também na superfície sólida em x = O.
(g) Determine a tensão cisalhante Tyxnasuperfície sólida em x = O. É esse resultado surpreendente? Será que um
esboço do perfil de velocidades 1'>· versus x sobre um plano y =a ajudaria a entender o resultado?
3B.8 Distribuição de velocidades para o escoamento lento em direção a uma fenda (Fig. 3B.7).4 Deseja-se obter a
distribuição de velocidades associada à região de montante no problema anterior. Supomos que v 8 = O, v, = O,
vr = v/r, 8), e que<!/' = <!f'(r, 8).
(a) Mostre que a equação da continuidade em coordenadas cilíndricas fornece vr = f(8)/r, ondef(8) é uma função
e
de para a qual df!d8 =O em e=
O, ef =O em r./2. e=
e
(b) Escreva as componentes r e da equação do movimento para o escoamento lento e insira a expressão def(8)
de (a).
(e) Diferencie a componente r da equação do movimento em relação a 8 e a componente 8 em relação ar. Mostre
que isso leva. a
d3f + 41 =o (3B.8-1)
dl)3 dlJ
(d) Resolva essa equação diferencial e obtenha uma expressão paraf(8) contendo três constantes de integração.
(e) Calcule as constantes de integração usando as duas condições de contorno de (a) e o fato de que a vazão mássica
total através de qualquer superfície cilíndrica deve ser igual a w . Isto fornece
(f) A seguir, a partir das equações do movimento em (b), obtenha <!f'(r, 8) como
2µ.w
'!P(r, IJ) = qp"' - - - , cos 21J (38.8-3)
7íWpr-
2µ.w
(p + rae) le=rr/2 = Poo + - W, (3B.8-4)
rr pr
(h) A seguir calcule Ter na mesma supetfície sólida.
(i) Mostre que o perfil de velocidades obtido na Eq. 3B.8-2 é equivalente às Eqs. 3B.7-2 e 3.
3B.9 Escoamento lento e transversal em torno de um cilindro (veja a Fig. 3.7-1). Fluido newtoniano incompressível
se aproxima de um cilindro estacioná.tio com uma velocidade uniforme e permanente v"' na direção x positiva. Quando
'Adaptado de R. B. Birei, R. C. Armstrong e O. Has~ager, Dynamics of Polymeric Liquids, Vol. !, Wiley-Interscience, New York, 2.' ed. (1987), pp. 42-43.
__As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 105
as equações de balanço são resolvidas para o escoamento lento, as seguintes expressões 5 são encontradas para a
pressão e a velocidade nas vizinhanças imediatas do cilindro (elas não são válidas para distâncias grandes):
Von COS 0
p(r, 8) = p"' - Cµ - - r - - pgr sen e (3B.9-1)
v = Cv
r
[!ln(!..)R -l4 + l4 (B.)r
"'2
2
] cos e (3B.9-2)
C= 2 (3B.9-4)
ln(7,4/Re)
com o número de Reynolds definido por Re = 2Rv.,,p/µ,.
(a) Use esses resultados para obter a pressão p, a tensão cisalhante r, 8 e a tensão normal r" na superfície do cilindro.
(b) Mostre que a componente x da força por unidade de área exercida pelo líquido sob o cilindro é
-plr=R COS 0 + Trelr=R sen 0 (3B.9-5)
(e) Obtenha a força Fx = 2C 1TLµ,v.,, exercida na direção x sob um comprimento L de cilindro.
i Entrada de fluido
- - - - - - - - Z=+b
~ --::::::_ _____ Z=-b
(b) Mostre como a equação da continuidade permite simplificar a equação do movimento fornecendo
onde <P = rv, só é função dez. Por que <P é independente der?
(e) Pode-se mostrar que não existe solução para a Eq. 3B.10-l a menos que o termo não-linear contendo</> seja
omitido. A omissão deste termo corresponde à "hipótese de escoamento lento". Mostre que para o escoamento lento
a Eq. 3B.10-1 pode ser integrada em relação a r fornecendo
(3B.10-2)
'Veja G. K. Batchelor,An lntroduction to Fluid Dynamics, Cambridge University Press (1967), pp. 244-246, 261.
106 CAPÍTULO TRÊS
(3B.10-3)
(38.10-4)
3B.12 Distribuições de pressões em fluidos incompressíveis. Penelope está olhando para um bécher contendo um
líquido que para todos os propósitos práticos pode ser considerado como incompressível; seja a sua densidade
p0 • Ela lm: conta que está tentando entender como a pressão no líquido varia com a profundidade. Ela escolheu
como origem das coordenadas a interface líquido-ar, com o eixo z positivo apontando para longe do líquido. Ela
lhe diz:
"Se eu simplificar a equação do movimento para um fluido incompressível em repouso, eu obtenho O = -dp/dz
- p0g. Eu posso resolver essa equação e obter p = Patm - p0gz. Isso parece razoável - a pressão aumenta com o
aumento da profundidade."
"Mas por outro lado a equação de estado para qualquer fluido é p = p(p, T), e se o sistema está a temperatura
constante ela simplifica para p = p(p). E como o fluido é incompressível, p = p(p0 ), e p deve ser uma constante para
todo o fluido! Como pode ser isso?"
Claramente Penelope precisa de ajuda. Dê uma explicação.
3B.14 Equação de Torricelli para esvaziamento de um tanque (Fig. 3B.14). Um grande tanque aberto para atmosfera
está cheio com um líquido até uma altura h. Próximo ao fundo do tanque existe um orifício que permite que o fluido
saia para a atmosfera. Aplique a equação de Bernoulli a uma linha de corrente que se estenda da superfície do líquido
no topo até um ponto na corrente de saída do lado de fora do vaso. Mostre que isso leva a uma velocidade de saída
igual a v,ai = (2gh) 1(1.. Essa é conhecida como a equação de Torricelli.
Para obter esse resultado tem-se que supor fluido incompressível (o que é usualmente razoável para a maioria
dos líquidos), e que a altui:_a da superfície está variando tão vagarosamente com o tempo que a equação de Bernoulli
pode ser aplicada a qualquer instante do tempo (hipótese de regime quasi-pern1anente).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 107
Superfície do líquido na
qual u1 = Oe p = p,,m
(3B.15-1)
ZR - Z = -1 (K2RD.º)2 ,
- - , ((ç-- - 1) + 4K--, ln g - K-"(g-
, , -1) J (3B.15-2)
2g 1- K-
(c) Desenhe um esboço comparando a forma das duas superfícies líquidas.
3B.16 Escoamento em urna fenda de seção transversal uniforme (Fig. 3B.16). Um fluido escoa na direção positiva de x
através de uma longa fenda de paredes planas de comprimento L, largura W e espessura B, onde L > > W > > B. A fenda
possui paredes porosas em y = Oe em y = B, de tal modo que um escoamento transversal à fenda pode ser mantido com
vv = v0 , uma constante, em todos os lugares. Escoamentos desse tipo são importantes em processos de separação usando
~efeito de sweep-diffiéon (difusão limpante). Controlando-se cuidadosamente o escoamento transversal pode-se concentrar
os constituintes de maior tamanho (moléculas, partículas de poeira etc.) próximos à parede de cima.
V
r
= (l!f'o - QJ>L)B
µL
1
2 (1!_ _ e-4Y18 -
A B e"-1
1) (38.16-1)
onde A = B1.Jop/J.L.
(b) Mostre que a vazão mássica na direção x é dada por
(3B.16-2)
108 CAPÍTULO TRÊS
(c) Verifique que o resultado acima simplifica~se para aquele do Problema 2B.3 para o caso limite onde não existe
qualquer escoamento transversal, isto é, quando A tende a zero.
(d) Um colega também resolveu esse problema porém usando um sistema de coordenadas com y = O no plano
médio da fenda, com as paredes porosas localizadas em y = ± b. Sua resposta para o item (a) acima foi
_!!_.:___ = eª~ 71 senh a - cosh a
(3B.16-3)
(v,) (1/ a) senha - cosh a
onde a= b1Jop/µ, e 1/ = y/b. Esse resultado é equivalente ao da Eq. 3B.16-1?
3C.1 'Viscosímetro de compressão com discos paralelos6 (Fig. 3C.l).
Um fluido enche completamente a região entre dois discos circulares de raio R. O disco do fundo é fixo e o de cima é
aproximado do de baixo muito vagarosamente com uma velocidade constante v0, a partir de uma altura H 0 (com
H0 < < R). A altura instantânea do disco de cima éH(t). Deseja-se determinar a força necessária para manter a velocidade v0•
'F(t)
Disco superior se
move para baixo 1
g*) 1 1
vagarosamente 1 1 1
com velocidade i • i
constante Vo -...,.1 1 1 l
1 j--1.
Disco de
/!
1
zt,
i~t)
1
Fig. 3C.1 Escoamento por extrusão em um viscosimetro do
baixo é fixo 1 jR->1
tipo compressão de discos paralelos.
(3C.1-1)
Agora argumentamos que vrCi-, z) terá ordem de grandeza de <vr> 1 r=R e que v=(r, z) é da ordem de magnitude de v0
de modo que
(3C.1-2, 3)
e então 1v, 1 < < vr Podemos agora estimar a ordem de grandeza das várias derivadas conforme segue: conforme
r vai de Opara R a velocidade radial vr vai de zero a aproximadamente (RIH}1Jo. Com esse tipo de raciocfuio obtemos
av, (RI H)vo - o - Vo (3C.1-4)
a,= R-0 -Ti
avz ( -vo) - Ü Vo
Tz = H=-o = -H, etc. (3C.1-5)
'J. R. Van Wazer, J. W. Lyons, K. Y. Kim e R. E.Colwell, Viscosiry and Flow Measuremem, Wiley-Intcrscience, New York (1963), pp. 292-295.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 109
(a) Por meio da análise de ordem de grandeza acima delineada, mostre que a equação da continuidade e que a
componente r da equação do movimento torna-se (desprezando-se g4)
continuidade: li_
r ar
(rv) + avz =O
r az (3C.1-6)
dp av
2
movimento: O= -dr+µ, az; (3C.1-7)
v = J_
' 2µ, dr
(~)z(z - H) (3C.1-11)
(e) Integre a Eq. 3C.l-6 em relação a z e substitua o resultado da Eq. 3C.1-11 para obter
H3 1 d ( dp) (3C.1-12)
Vo = -12µ, rd, rdr
p =P••m + µ,;t2
3 [1 -(í)2] (3C.1-13)
(e) Integre [(p + r,,) - Paun1 sobre a superfície do disco móvel para determinar a força total necessária para manter
o disco em movimento:
F 3r.µ,voR4
(t) = 2(H(t)]3 (3C.1-14)
Esse resultado pode ser usado para obter a viscosidade a partir de medidas da força e da velocidade.
(f) Repita a análise para um viscosímetro que é operado com uma amostra circular de líquido, centrada, mas que
não enche completamente o espaço entre as duas placas. Considere que o volume da amostra seja V e obtenha
1 1 4Fot
--=-+-- (3C.1-16)
[H(t)]2 Hõ 3r.µ,R'l
3C.2 Tensão normal em superfícies sólidas para fluidos compressíveis. Estenda o Exemplo 3.3-1 para fluidos
compressíveis. Mostre qµe
Curva de fluido
Linha de fluido
emt=O
girando com
fora fixo velocidade angular D; Fig. 3C.3 Deformação de uma linha de fluido no escoamento Couette.
Resposta: ft f= 1+ 16-n2N2
((1/ K)2 - 1]2ç4
dÇ
3C.4 Métodos alternativos para resolver o problema do viscosímetro "Couette" usando conceitos de momento
angular (Fig. 3.6-1).
(a) Fazendo um balanço de momento angular em uma casca numa casca fina de espessura ór, mostre que
d(·r2-r, ) --
dr O (3C.4-1)
8
A seguir insira a expressão apropriada para ri, 8 em termos do gradiente da componente tangencial da velocidade.
Então resolva a equação diferencial resultante com as condições de contorno para obter a Eq. 3.6-29.
(b) Mostre como obter a Eq. 3C.4- l a partir da equação de balanço para o momento angular dada pela Eq. 3 .4-1.
3C.5 Condições de contorno interfaciais com duas fases.Na Seção 2.1, foram dadas condições de contorno para resolver
problemas de escoamento viscoso. Naquele ponto nenhuma menção foi feita sobre o papel da tensão interfacial. Na
interface en.tre dois fluidos imiscíveis I e II, a seguinte condição de contorno deve ser usada: 7
A equação anterior é essencialmente um balanço de momento escrito para um elemento interfacial dS que não é
atravessado por massa, e é desprovido de massa interfacial e viscosidade. Nessa equação n1 é o vetor unitário normal
a dS e aponta para dentro da fase I. As grandezas R 1 e R2 são os raios principais de curvatura de dS, e cada um desses
é positivo se o seu centro está na fase I. A soma (l/R 1) + (l/R 2) também pode ser expressa como (V· n1). A grandeza
cr é a tensão interfacial, suposta constante.
(a) Mostre que para uma gota esférica de I em repouso em um segundo meio II, a equação de Laplace
relaciona as pressões dentro e fora da gota. A pressão na fase I é maior que na fase 2 ou é o contrário? Qual a relação
entre as pressões em uma interface plana?
(b) Mostre que a Eq. 3C.5-1 leva à seguinte condição de contorno adimensional
(3C.5-3)
7
L. Landau e E. M. Lifshitz, Fluid Mecha11ics, Pergamon Press, Oxford, 2.' ed. (1987), Eq. 61.13. Fórmulas mais gerais incluindo funções de excesso para densidade e
viscosidade foram desenvolvidas por L. E. Scrive'ii, Chem. Eng. Sei., 12, 98-108 (1960).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS 111
onde l~(h - h0)/l0 é a elevação adimensional de dS, :Y1e .yu são os tensores taxas de deformação adimensionais e R1=
R /10 e R.2 = Rifl0 são os raios de curvatura adimensionais. Além disso,
efí,r = P1 - 1
Po + p g(h - ho).
1
p vÕ '
~n = Pn - Po + png(h - ho)
(3C.5-4, 5)
p1vÕ
Nesse item, as grandezas com subscrito zero são fatores de escala válidos em ambas as fases. Identifique os grupos
adimensionais que aparecem na Eq. 3C.5-3.
(e) Mostre como o resultado de (b) simplifica-se para a Eq. 3.7-36, sob as hipóteses feitas no Exemplo 3.7-2.
3D.1 Dedução das equações de balanço através de teoremas integrais (Fig. 3D.l).
(a) Um fluido escoa através de uma região do espaço de 3 dimensões. Selecione uma porção arbitrária e finita desse
fluido -isto é, uma região limitada por uma superfície S(t) sub tendendo um volume V(t), cujos elementos se movem
com a velocidade local do fluido. Aplique a segunda lei de Newton do movimento a esse sistema obtendo
4-J-
at V(!)
pvdV = -J 5(!)
[n · n)dS + JV(I)
pgdV (3D.l-l)
na qual os termos do lado direito levam em conta as forças de superfície e as forças de volume* agindo no sistema. Aplique
a fórmula de Leibniz para diferenciar uma integral (veja a Seção A.5), reconhecendo que em todos os pontos da superfície
da porção fluida, a velocidade da superfície é igual à velocidade do fluido. A seguir aplique o teorema de Gauss para um
tensor (veja a Seção A.5) de modo que cada termo da equação seja uma integral de volume. Como a escolha da porção
fluida é arbitrária, todos os sinais da integral podem ser omitidos, e a equação do movimento, Eq. 3.2-9, é obtida.
(b) Deduza a equação do movimento efetuando um balanço de momento sobre uma região arbitrária de volume V e superfície
S, fixa no espaço, através da qual escoa um fluido. Ao fazer isso proceda de modo análogo à dedução feita na Seção 3.2
para um elemento de fluido retangular. Para completar a dedução é necessário usar o teorema de Gauss para um tensor.
Fig. 3D.1 Porção móvel de fluido à qual a segunda lei de Newton é aplicada.
Todos os elementos da superfície do fluido, dS(t), pertencentes ao volume V(t)
móvel e sob deformação, têm a velocidade local instantânea do fluido, v(t).
Esse problema mostra que a aplicação da segunda lei de Newton do movimento a uma porção arbitrária, móvel,
de fluido é equivalente a efetuar um balanço de momento sobre uma região do espaço arbitrária e fixa, através da
qual o fluido se move. Tanto (a) como (b) fornecem o mesmo resultado que o obtido na Seção 3.2.
(e) Deduza a equação da continuidade usando um elemento de volume com forma arbitrária, tanto móvel quanto
fixo, pelos métodos descritos em (a) e (b).
3D.2 A equação de balanço para a vorticidade.
(a) Tomando o rotacional da equação do movimento (na forma D/Dt ou na forma a/at), obtenha uma equação para
a vorticidade, w = [V' X v], do fluido; essa equação pode ser escrita de duas maneiras:
12w
Dt
= ví/2w + [w · Vv] (30.2-1)
Também referidas como forças de corpo (do inglês body forces). Na língua portuguesa, todavia, a denominação "foiças de campo" é a mais usada tradicionalmente. (N.T.)
112 CAPÍTULO TRÊS
onde E é um tensor de terceira ordem cujos componentes correspondem ao símbolo de permutação, Eijk (veja a Seção
A.2), e v =µ,/pé a viscosidâde cinemática.
(b) Como as equações de (a) simplificam-se para o caso de escoamentos em duas dimensões?
3D.3 Forma alternativa para a equação do movimento. 8 Mostre que para um fluido newtoniano incompressível com
viscosidade constante, a equação do movimento pode ser posta da seguinte forma
(3D.3-2)
onde
.Y = Vv + (Vv)t e w = Vv - (Vv)t (3D.3-3)
8
P. G. Saffman, \iortex Dynamics, Cambridge University Press, corrected edition (l995).
4.1 EscoAJvtENTO OE FLVlDOS NEWTONlANOS 4.3º ESCOAMENTO DE FLVlDOS INVÍSClDOS E
DEPENDENTES DO TEMPO POTENClAL DE VELOClDADE
4.2º RESOLVENDO PROBLEMAS DE ESCOAMENTO USANDO 4.4º ESCOAMENTO PRÓXlMO A SUPERFÍClES SÓLIDAS E
A FUNÇÃO DE CORRENTE TEORlA DA CAMADA-UMITE
No Cap. 2 vimos que problemas de escoamento viscoso com linhas de corrente retas podem serresolvidos por balanços de
momento em cascas. No Cap. 3 introduzimos as equações da continuidade e do movimento que constituem uma maneira
melhor de equacionar problemas. O método foi ilustrado na Seção 3.6, mas lá estávamos restritos a problemas de escoa-
mento dos quais somente equações diferenciais ordinárias tinham que ser resolvidas.
Neste capítulo discutimos várias classes de problemas que envolvem soluções de equações diferenciais parciais: esco-
amento transiente (Seção 4.1), escoamento viscoso em mais de uma direção (Seção 4.2), o escoamento de fluidos invíscidos
(Seção 4.3) e o escoamento viscoso em camadas-limites (Seção 4.4). Como todos esses tópicos são estudados extensiva-
mente em tratados de dinâmica de fluidos, damos aqui apenas uma introdução a eles e ilustramos alguns métodos larga-
mente usados para resolução de problemas.
Além dos métodos analíticos cobertos nesse capítulo, existe também uma literatura em rápida expansão sobre métodos
numéricos. 1 A área de dinâmica de fluidos computacional tem hoje um importante papel no campo dos fenômenos de
transporte. Os métodos numéricos e analíticos têm papéis complementares um ao outro, sendo os métodos numéricos
indispensáveis para problemas práticos complicados.
' R. W. Johnson (ed.), The Ha11dbook of Fluids Dy11amics, CRC Press, Boca Raton Fia. (1998); C. Pozrikidis, l111rod11ction to Theoretical a11d Camp11tatia11al F/uid
Dy11amics, Oxford University Press (1997).
1
Veja, por exemplo, M. D. Greenberg, F01111datia11s of Applied Mathematics, Prentice-Hall, Eng!ewood Cliffs, N. J. (1978), Seção 20.3.
114 CAPÍTULO QUATRO
O terceiro exemplo demonstra o método da resposta senoidal, que é útil para descrever de que maneira um sistema
responde a perturbações periódicas externas.
Os exemplos ilustrativos são escolhidos por sua simplicidade física de modo a que o foco maior pode ser nos métodos
matemáticos. Como todos os problemas discutidos aqui são lineares na velocidade, transformadas de Laplace podem ser
usadas, e leitores familiarizados com esse assunto são convidados a resolver os três exemplos nessa seção por meio daque-
la técnica.
EXEMPLO 4.1-1
Escoamento Próximo a uma Parede Abruptamente Posta em Movimento
Uma massa de líquido semi-infinita com densidade e viscosidade constantes é limitada a baixo por uma superfície hori-
zontal (o plano xz). Inicialmente o fluido e o sólido estão em repouso. Então no instante t =O a superfície sólida é posta
em movimento no sentido positivo de x com velocidade v0 conforme mostrado na Fig. 4.1-1. Determine a velocidade vx
como uma função de y e t. Não existe gradiente de pressão ou força gravitacional na direção x e o escoamento é suposto
laminar.
SOLUÇÃO
Para esse sistema vx = vx (y,t) , vv = Oe vz = O. Então da Tabela B.4 concluímos que a equação da continuidade é satisfeita
diretamente, e da Tabela B.5 -
(4.1-1)
t <O fluido
-----------~ em repouso
yl
_ t = Oparede posta
- - - - - ' - - - - ! > - - - - em movimento
t> O fluido em
escoamento
----,------'------.>"----- transiente Fig. 4.1-1. Escoamento viscoso de um fluido próximo a urna parede
repentinamente posta em movimento.
a seguir introduzimos a velocidade adimensional </; = vx /o0 de forma que a Eq. 4.4-1 se toma
a<{> a2<1>
Jt =V ay2 (4.1-5)
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM M".IS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 115
com cfJ(y, O)= O, c/J(O, t) = 1 e </J(00 , t) =O. Como as condições iniciais e de contorno contêm somente números puros, a
solucão da Eq. 4.1-5 tem que ser da forma <jJ(y, t, v). Todavia como <jJ é uma função adimensional, as grandezas y, te v
dev;m aparecer sempre em uma combinação adimensional. As únicas combinações adimensionais dessas três grandezas
são y/W ou potências ou múltiplos dela. Assim, concluímos que
y
ondeT/ = - - (4.1-6)
v4;t
Este é o "método de combinação de variáveis (independentes)". O "4" é incluído de tal modo que o resultado final, Eq.
4.1-14, fique melhor arrumado; só sabemos que devemos introduzir o "4" depois de resolver o problema sem ele. A forma
da solução na Eq. 4.1-6 é possível, essencialmente porque não existem comprimento ou tempo característicos no sistema
físico.
Agora convertemos as derivadas na Eq. 4.1-5 em derivadas em relação à "variável combinada", 7J, conforme segue:
d2<ji d</J
-+271-=0 (4.1-9)
2
d11 d11
Esta é uma equação diferencial ordinária do tipo dado na Eq. C.1-8 e as correspondentes condições de contorno são
A primeira dessas condições de contorno é a mesma da Eq. 4.1-3 e a segunda inclui as Eqs. 4.1-2 e 4. Se agora fizermos
= l{I, obtemos uma equação de primeira ordem separável para l{I e ela pode ser resolvida fornecendo
dc/Jld71
(4.1-12)
(4.1-13)
A escolha do Opara o limite inferior da integral é arbitrária; uma outra escolha levaria a um diferente valor para C2, o qual
ainda é indeterminado. Note que fornos cuidadosos ao usar urna barra sobre a variável de integração (7j) para distingui-la
do 1J do limite superior.
A aplicação das duas condições de contorno toma possível calcular as duas constantes de integração, e obtemos fi-
nalmente
(4.1-14)
A razão de integrais que aparece na equação anterior é charnadaftmção erro, abreviada erf 1J (veja a Seção C.6). Trata-se
de uma função bem conhecida, disponível em manuais de matemática e em "pacotes" de programas de computador. Quando
a Eq. 4.1-14 é reescrita com as variáveis originais obtemos
1,0
0,9
'\
0,8
0,7
v,, 0,6
' r'\.
'\..
Vo 0,5
-
0,2
.................
0,1
:-- ,__
0 Fig. 4.1-2. Distribuição de velocidades, em forma adimensional, para o
O 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 escoamento nas vizinhanças de uma parede repentinamente posta em
y /../4Vt movimento.
Note que plotando-se o resultado em termos de grandezas adimensionais, somente uma curva é necessária.
A função erro complementar, erfc 77, é monótona e decrescente, variando de 1aOevalendo0,01 quando 77 é cerca de
2,0. Podemos usar esse fato para definir uma espessura de camada-limite, ô, como sendo a distânciay para a qual v:c "cai"
a um valor igual a 0,01 v0 • Isso fornece 8 = 4-yÇi, uma escala natural de comprimentos para a difusão de momento. Essa
distância é uma medida da extensão com que momento "penetrou" no interior do corpo fluido. Note que a espessura de
camada-limite é proporcional à raiz quadrada do tempo transcorrido.
EXEMPLO 4.1-2
Escoamento Lamfnar Transiente entre Duas Placas Paralelas
Deseja-se resolver novamente o exemplo ilustrativo anterior, porém com uma parede fixa a uma distância b da parede
móvel que se situa em y = O. Esse sistema de escoamento tende a um regime permanente no limite quando t ~ co, enquan-
to que o problema do Exemplo 4.1-1 não.
SOLUÇÃO
Tal como no Exemplo 4.1-1, a equação para a componente x da velocidade é
(4.1-16)
As escolhas de velocidade e posição adimensionais garante que essas variáveis assumem valores de O a 1. A escolha do
tempo adimensional é feita de modo que não ocorram parâmetros na equação diferencial parcial transformada:
a<f; a2<f;
(4.1-21)
BT= à111
Sabemos que em um tempo infinito o sistema atinge um perfil de velocidades permanente, </>"" ( 71), de modo que em
'í == oo a Eq. 4.1-21 transforma-se em
(4.1-22)
com <fJ == 1 em 1J
00
= O, e <P"" = Oem Tf = 1. Obtemos então
</>,,, = 1-7) (4.1-23)
para o perfil limite de estado permanente.
Podemos então escrever
(4.1-24)
onde </J, é a parte transiente da solução, que desaparece conforme o tempo vai para infinito. Substituindo essa expressão na
equação diferencial original e nas condições de contorno, resulta para </J,
2
B</>1 _ B </>1
(4.1-25)
ar - B1)2
1 dg 1 d]
(4.1-27)
gd; =f d1) 2
O lado esquerdo é função somente de 'í, e o lado direito é função somente de 71. Isso significa que ambos os lados devem
ser iguais a uma constante. Escolhemos designar essa constante por -c2 (poderíamos usar igualmente e ou +c2 porém a
experiência mostra que tais escolhas tomam o desenvolvimento matemático subseqüente algo mais complicado). A Eq.
4.1-27 pode então ser separada em duas equações
dg ?
dr= -c-g (4.1-28)
d2f
-+c2f=O (4.1-29)
d1)2
g = Ae-c'7 (4.1-30)
f = B sen C7J + e cos C1) (4.1-31)
onde A, B e C são constantes de integração.
Agora aplicamos as condições de contorno e inicial do seguinte modo:
e.e. 1: Sendo </J, = Oem T/ = O, a função f deve ser zero em T/ = O. Portanto C deve ser zero.
e.e. 2: Sendo </J, = Oem 71 = 1, a função f deve ser zero em T/ = 1. Isso será verdade se B = Oou se sen e é zero. A
primeira escolha levaria a f = Opara todo Tf, o que seria inaceitável fisícan1ente. Desse modo fazemos a segunda escolha,
que leva à exigência de que e = O, ± 1T, ± 21T, ± 37T,-··. Designamos esses vários valores admissíveis de e (chamados
autovalores, do inglês, eigenvalues ')por cn e escrevemos
com n = O, ±1, ±2, ±3, · · · (4.1-32)
·Na língua portuguesa são também comuns as denominações "valores característicos" ou "valores próprios", aos quais correspondem as "funções características" ou
"funções próprias". O prefixo eigen é de origem alemã. (N.T.)
118 CAPITULO QUATRO
Assim, existem muitas funções admissíveis,/,,, (chamadas autofunções, do inglês eigenfunctions) que satisfazem a Eq.
4.1-29 e as condições de contorno; nominalmente,
/ 11 =B
11 sen nr.711 com n =O, ±1, ±2, ±3, · · · (4.1-33)
As funções correspondentes que satisfazem a Eq. 4.1-28 são chamadas g11 e são dadas por
com n = O, ±1, ±2, ±3, · · · (4.1-34)
C.I.: As combinaçõesf,,g11 satisfazem a equação diferencial parcial para ef>, ,Eq. 4.1-25, e portanto qualquer superposição
de tais produtos também a satisfarão. Então escrevemos para solução da Eq. 4.1-25.
onde os coeficientes de expansão D11 = A,,B11 devem ser determinados. Na soma, o termo n = O não contribui; além disso,
como sen(-n)r.11 = -sen( +n)r.11, podemos omitir todos os termos com valores negativos de n. Portanto, Eq. 4.1-35 tor-
na-se
<fi1 = f
tt=1
D11 exp(-n2r. 2r) sen nr.71 (4.1-36)
71 = iD
n=l
11 sen nr.71 (4.1-37)
Agora ternos que determinar todos os valores de D 11 desta última equação! Isso é feito multiplicando-se ambos os lados da
equação por sen m1i1], onde m é um inteiro, e então integrando sobre a faixa de valores fisicamente pertinentes de 1/ = O
a 1/ = 1, isto é:
flo
(1 - 71) sen mr.7Jd71 =
, , fl
2: D
11=!
11
o
sen nr.71 sen mr.7Jd1J (4.1-38)
O lado esquerdo fQmece l/m7r, as integrais do lado direito são O quando n =/= m e 1/2 quando n = m. Então a condição
inicial leva a
D =_1_ (4.1-39)
m mr.
A expressão final para o perfil de velocidades adimensional é obtida das Eqs. 4.1-24, 36 e 39, na seguinte forma
</>(71, T) = (1 71)
1~ (i;..) exp(-112r. 2r) sen nr.71 (4.1-40)
Assim, a solução consiste de um termo limite para o estado permanente menos um termo transiente, o qual desaparece
com o aumento do tempo.
Aqueles leitores que estão se defrontando com o método de separação de variáveis pela primeira vez terão achado a se-
qüência de etapas anterior algo longa e complicada. Todavia nenhuma das passagens individuais naquele desenvolvimento é
particularmente difícil. A solução final, Eq. 4.1-40, aparenta ser um pouco elaborada devido à soma infinita. Na verdade,
exceto para valores muito pequenos do tempo, somente os primeiros tem1os das séries contribuem apreciavelmente.
Embora não tenhamos provado isso aqui, a solução deste problema bem como a do problema precedente estão estrei-
tamente relacionadas.2 No limite de tempos muito pequenos, a Eq. 4.1-40 toma-se equivalente a Eq. 4. l-15. Isto é razoá-
vel, pois, para tempos muito pequenos, neste problema, o fluido está em movimento somente muito próximo da parede em
y =O, e o fluido não pode "sentir" a presença da parede emy = b. Já que a solução e o resultado do Exemplo 4.1-1 são
bem mais simples do que as do presente problema, essas últimas são freqüentemente usadas para representar o sistema
somente quando tempos pequenos estiverem envolvidos. Naturalmente, trata-se de uma aproximação, mas ela é muito
útil. Ela também é freqüentemente usada em problemas de transporte de calor e massa.
2
Veja H. S. Carslaw e J.C. Jaeger, Conduction ofHeat in Solids, Oxford University Press, 2.' ed. (1959), pp. 308-3 IO, para uma solução em série que é particularmente
boa para tempos pequenos. ~
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 119
EXEtvlPLO 4.1-3
Escoamento Laminar Transiente Próximo a uma Placa Oscilante
Uma massa de líquido semi-infinita é limitada em um lado por uma superfície plana (o plano xz). Inicialmente o fluido e
0 sólido estão em repouso. No tempo t = O faz-se a superfície sólida oscilar senoidalmente na direção x com amplitude X0
e freqüência (circular) w. Isto é, o deslocamento X do plano de sua posição de repouso é
X(t) = X0 sen wt (4.1-41)
e a velocidade do fluido em y = Oé, então,
dX
vx(O, t) = dt = X0 w cos wt (4.1-42)
SOLUÇÃO
Mais uma vez a equação do movimento é dada por
(4.1-44)
A condição inicial não será necessária, já que estamos interessados somente na resposta do fluido após a placa estar osci-
lando por um longo tempo.
Adotamos uma solução oscilatória da forma
(4.1-48)
Nessa última equação vº é escolhida ser uma função complexa de y, de modo que v/y, t) difere de v_iO, t) tanto em ampli-
tude quanto em ângulo de fase. Substituímos essa solução-tentativa na Eq. 4.1-44 e obtemos
(4.1-49)
A seguir fazemos uso d0 fato de que, se ~(z 1 w) = ~(z2 w}, onde z1 ez2 são duas grandezas complexas e wé uma grandeza
complexa arbitrária, então z1 = z2 • Assim a Eq. 4.1-49 transforma-se em
-
2
d. -
dy2
vº (iw)-
V
V
0
=Ü (4.1-50)
A Eq. 4.1-50 possui a mesma forma que a Eq. C.1-4 e tem a solução
(4.1-55)
Desse último resultado e da Eq. 4.1-48 obtemos
vx(y, t) = m[voe-v;;;n;;(l+i)yi'' 1l
= voe-v;;;n;;yiR[e-i(Vw/2vy-wl)l (4.1-56)
ou finalmente
(4.1-57)
Nessa expressão a exponencial descreve a atenuação do movimento oscilatório - isto é, a diminuição da amplitude das
oscilações do fluido com o aumento da distância a partir da placa. No argumento do cosseno, a grandeza ---v;;;f2z,y é chamada
deslocamento de fase; isto é, ela descreve quanto as oscilações do fluido a uma distância y da parede estão "fora do passo"
com as oscilações da própria parede.
Ter em mente que a Eq. 4.1-57 não é a solução completa do problema representado pelas Eqs. 4.1-44 a 4.1-47, mas
apenas a solução do "estado permanente periódico". A solução completa é dada no Problema 4D.l.
Esta é a equação de balanço para a vorticidade [V X v]; duas outras maneiras de escrevê-la são dadas no Problema 3D.2.
Para problemas de escoamento viscoso podemos então resolver a equação da vorticidade (uma equaçãu vetorial de terceira
ordem) juntamente com a equação da continuidade e as condições iniciais e de contorno relevantes, para obter a distribui-
ção de velocidades. Uma vez que esta é conhecida, pode-se obter a distribuição de pressões a partir da equação de Navier-
Stokes, Eq. 3.5-6. Esse método de resolver problemas de escoamento é conveniente às vezes, mesmo para os escoamentos
unidimensionais discutidos anteriormente (veja, por exemplo, o Problema 4B.4).
Para escoamentos planos ou axissimétricos a equação da vorticidade pode ser reformulada introduzindo-se a função de
corrente, lf!. Para fazer isso expressamos as duas componentes não-nulas da velocidade como derivadas de !{I, de tal modo
que a equação da continuidade é automaticamente satisfeita (veja Tabela 4.2-1). A componente da equação da vorticidade
correspondente a direção ·onde não 'há escoamento, torna-se então uma equação escalar de quarta ordem em lf!. Os dois
DISTRIBUTÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 121
componentes não-nulos da velocidade podem então ser obtidos depois que a equação para o escalar if! for estabelecida. Os
problemas mais importantes que podem ser tratados dessa maneira são dados na Tabela 4.1-1. 1
A função de corrente propriamente dita não é desprovida de interesse. Superfícies de if! constante contêm as linhas de
corrente, 2 que no escoamento em estado permanente são as trajetórias das partículas do fluido. A vazão volumétrica entre
as superfícies if! = 1/!1 e 1/! = 1/!2 é proporcional a 1/!2 - 1/!1•
Nesta seção consideramos, a título de exemplo, o escoamento lento e permanente em tomo de uma esfera estacionária, que é
descrito pela equação de Stokes, Eq. 3.5-8, válida para Re < < 1 (veja discussão logo após a Eq. 3.7-9). Para o escoamento lento
0 segundo termo no lado esquerdo da Eq. 4.2-1 pode ser suposto igual a zero. A equação torna-se então linear, e portanto exis-
tem muitos métodos disponíveis para resolver o problema. 3 Usamos o método da função de corrente baseado na Eq. 4.2-1.
ai{;
V::= - ay
com v, = Oe ai{;
independente vy = +ax
dez
Cilíndrico I arj;
comv0 =0e Vz = -rar
1 ai{;
independente
de.e v, = +,. az
Esférico com V = -2-1- - ·ªr/J
v.J>= Oe
r
- l_ (E2rf;) + _1- a(rj;, E1r/J)
r sene ae at
1 ªr/J
r2 senO a(r, O) Ez = a2 + sene
ar 1
j_(_l_j_)
r 2 ao sen e ae
independente
de<fi
Va =
2
2
rserr O
·(ª"'r
+ rs'en0 ar ~..- ,2E- -rf;.- -a cos O- r1 aif1
ae sene ) = vE 41/l(D)
'., 'Relações similares para coordenadas ortogonais generalizadas podem ser encontradas em S. Goldstein, Modem Developments in Fluid Dynamics, Dover, N. Y.
; ~(1:965), pp. 114-115; nessa referência, fórmulas também são fornecidas para escoamentos axissimétricos com uma componente não-nula de velocidade em torno
i·.:do eixo.
~ ,b.Aqui os Jacobianos são designados por
'Para uma técnica aplicável a escoamentos mais gerais veja J. M. Robertson, Hydrodynamics in Theory and Applicatio11, Frentice-Hall, Englewood Cliffs, N. J. (1965),
p. 77; Para exemplos de escoamentos tridimensionais usando duas funções de corrente, veja o Problema 4D.5 e também J. P. S!ilrensen e W. E. Stewart, Chem. Eng. Sei.,
29, 819-825 (1974). A. Lahbabi e H.-C. Chang, Chem. Eng. Sei., 40, 434-447 (1985) tratam de escoamentos com altos Re através de arranjos cúbicos de esferas, incluindo
soluções para estado permanente e transição para turbulência. W. E. Stewart e M. A. McClelland, A/ChE Journal, 29, 947-956 (1983) deram soluções assintóticas
concordantes para a convecção forçada em escoamentos tridimensionais com aquecimento viscoso.
' Veja, por exemplo, G. K. Batchelor, An lntroduction to Fluid Dy11amics, Cambridge University Press (1967), Seção 2.2. O Cap. 2 deste livro é uma discussão extensa
sobre a cinemática do escoamento de fluidos.
3
A solução dada aqui segue a de L. M. Milne-Thomson, Theoretical Hydrodynamics, Macmillan, New York, 3.' ed. (1955), pp. 555-557. Para outros enfoques, veja H.
Lamb, Hydrody11amics, Dever, New York (1945), Seções 337, 338. Para uma discussão do escoamento transiente em tomo de uma esfera, veja R. Berker, em Handbuch
der Physik, Volume VIII-2, Springer, Berlin (1963), Seção 69; ou H. Villat e J. Kravtchenko, Leçons sur les Fluides Visqueux, Gauthier-Villars, Paris (1943), Cap. VII.
O problema de determinar as forças e os torques sobre objetos de formato arbitrário é discutido de modo abrangente por S. Kim and S. J. Karrila, Microhydrodynamics:
Principies and Selected Applications, Butterworth-Heinemann, Boston (1991), Cap. II.
122 CAPÍTULO QUATRO
EXEMPLO 4.2-1
Escoamento Lento em Torno de uma Esfera
Use a Tabela 4.2-1 para obter a equação diferencial em termos de função de corrente, para o escoamento de um fluido
newtoniano em tomo de uma esfera estacionária de raio R sendo Re < < 1. Obtenha as distribuições de velocidades e
pressões quando o fluido se aproxima da esfera no sentido z positivo, como na Fig. 2.6-1.
SOLUÇÃO
Para o escoamento permanente e lento, todo o lado esquerdo da Eq. D da Tabela 4.2-1 pode ser suposto igual a zero, e a
equação de ljJ para o escoamento axissimétrico fica
(4.2-2)
ou, em coordenadas esféricas,
2
a + senél ]_
[ ar 2 r2 ae senél ae
(-1 j_)J w. -_ 0 2
(4.2-3)
(
-
dr2 2
2)(ª 2)
d2 - - - - - J=O
2
r 2
dr
2
r
(4.2-8)
O fato de a variável enão aparecer nessa equação, sugere que a suposição da Eq. 4.2-7 é satisfatória. A Eq. 4.2-8 é de
quarta ordem e "eqüidimensional" (veja Eq. C.1-14). Quando uma tentativa de solução da formaf(r) = Cr" é substituída
nesta equação, resulta que n pode ter os valores -1, 1, 2 e 4. Portanto,f(r) tem a forma
(4.2-9)
Para satisfazer à terceira condição de contorno, C4 deve ser zero, e C3 tem que ser -tu.,. Então a função de corrente é
lf!(r, él) = (C 1r- 1 + C2r - !v.,,r 2) sen2 {) (4.2-10)
As componentes da velocidade são então obtidas usando-se a Tabela 4.2-1 conforme segue:
v, = - - 0- 1- a!{l = (v,,, - 2
r·senél ae r
S - 2 .S)
r
cos e
3
(4.2-11)
v0 =+-1-?J!.
r sen 8 ar
=(-v"' +S_.S)senél
r r 3
(4.2-12)
As duas primeiras condições de contorno agora fornecem C1 = -t v,,R e C2 = ! v"'R, de modo que
2
Essas são as componentes da velocidade, dadas sem demonstração nas Eqs. 2.6-1 e 2.
DISTR!BlHÇÕES DE VELOCIDADES COM MArs DE UMA V AR[ÁVEL INDEPENDENTE 123
Para obter a distribuição de pressões, substituímos essas componentes de velocidade nas componentes r e eda equação
de Navier-Stokes (dada na Tabela B.7). Após algumas manipulações tediosas obtemos
arzl>
-=3
ar
- (µv"')(R)
Rz r
-
3
cose (4.2-15)
Essas equações podem ser integradas (conforme as Eqs. 3.6.38 a 41), e, quando se faz uso da condição de contorno de que
quando r ~ oo a pressão modificada C/J' tende a p 0 (a pressão no plano z == Olonge da esfera), obtemos
Fkv -
"'
_J1,. J. . J"' [ (' av,)1
o o R
? -
-ar
+2 (1-av
-8
r ae
v,r )2 +2 (v,-r +v-8 -r -e)2
+- cot
Então os perfis de velocidades das Eqs. 4.2-13e14 são substituídos naEq. 4.2-19. Quando as diferenciações e integrações
indicadas (trabalhoso!) são realizadas, obtemos finalmente
(4.2-20)
que é a lei de Stokes.
Conforme ressaltado na Seção 2.6, a lei de Stokes é restrita a Re < 0,1. A expressão para força de arraste pode ser
melhorada voltando atrás e incluindo o termo [v·Vv]. Então o uso do método das expansões assintóticas concordantes
leva ao seguinte resultado 4
Fk = 67TfLV00 R(l + ft Re + 4- Re2(ln ~ Re + 'Y +~ln 2 - ~)+ tiõ Re3 ln~ Re +O (Re3)] (4.2-21)
onde 1' == 0,5772 é a constante de Euler. Esta expressão é satisfatória até Recerca de 1.
'I. Proudrnan eJ. R. A. Pearson,J. F/uid Mech 2, 237-262 (1957); W. Chestere D. R. Breach,J. Fluid. Mech. 37, 751-760 (1969).
1
R. H. Kirchhoff, Cap. 7 do Ha11dbook o/ Fluid Dy11amics (R. W. Johnson, ed.), CRC Press, Boca Raton, Fia. (1998).
124 CAPÍTULO QUATRO
Então a equação da vorticidade, Eq. 3D.2-l, pode ser simplificada omitindo-se o termo que contém a viscosidade
cinemática. Se, adicionalmente, o escoamento é permanente e bidimensional, então os termosa/ate [w· Vv] desaparecem.
Isso significa que a vorticidade w = [V X v] é constante ao longo de uma linha de corrente. Se o fluido que se aprox.ima
de um objeto submerso não tem vorticidade longe do objeto então o escoamento será tal que w = [V x v] será zero através
de todo campo de escoamento, isto é, o escoamento será irrotacional.
Resumindo, se assumirmos que p = constante e [V X v] = O, então podemos esperar obter urna descrição razoavel-
mente boa do escoamento de fluidos de baixa viscosidade em tomo de objetos submersos em escoamentos bidimensio-
nais. Esse tipo de escoamento é referido como escoamento potencial.
Naturalmente, sabemos que essa descrição de escoamento será inadequada nas vizinhanças de superfícies sólidas. Próximo
a essas superfícies fazemos uso de um conjunto diferente de hipóteses, e essas levam à teoria da camada-limite, que é discu-
tida na Seção 4.4. Resolvendo as equações do escoamento potencial para "regiões muito afastadas" e as equações da camada-
limite para as "regiões muito próximas" e então fazendo com que as soluções concordem assintoticamente para Re grande, é
possível desenvolver uma descrição de todo o campo de escoamento em torno de um objeto com perfil aerodinâmico.2
Para descrever o escoamento potencial começamos com a equação da continuidade para um fluido incompressível e a
equação de Euler para um fluido invíscido (Eq. 3.5-9):
(continuidade) (í/ · v) =O (4.3-1)
2
(movimento) { ; + í14v - [v X (í/ X v]]) = -íl'!P (4.3-2)
Na equação do movimento ternos usado a identidade vetorial [v · vv] = v4v2 - [v X [V X v Il (veja Eq. A4-23).
Para o escoamento bidimensional e irrotacional a afirmação que [V X v] =O é
(irrotacional)
avI avy o (4.3-3)
ay - ax
e a equação da continuidade é
(função de corrente) V= - -
x ª'ay" V=-
y ª"'ax (4.3-6, 7)
aq; aq;
(potencial de velocidade) V= - -
ax V=-- (4.3-8, 9)
x y ay
Agora as Eqs. 4.3-3 e 4.3-4 serão satisfeitas automaticamente. Igualando as expressões para as componentes da velocida-
de obtemos
aq; =
ax ª'ay" e (4.3-10, 11)
2
M. Van Dyke, Pert11rbacio11 Meclwds in F/1dds Dy11amics, The Parabolic Press, Stanford, Cal. (1975).
DISTRIBUIÇÕES OE VELOCIDADES COM MAIS OE UMA V ARIÁYEL INDEPENDENTE 125
Essas são as equações de Cauchy-Riemann, que são relações que devem ser satisfeitas pelas partes reais e imaginárias de
qualquer função analítica3 w(z) = cp(x, y) + i!fÁ.x, y), onde z = x + iy. A grandeza w(z) é denominada potencial comple-
xo. Diferenciando-se a Eq. 4.3-10 em relação a x e a Eq. 4.3-11 em relação a y e então somando-se os resultados obtém-
se 'í/2</> = O. Diferenciando-as em relação àquelas variáveis na ordem inversa e subtraindo os resultados vem Í/ 2!/J = O. Isto
é, ambas cp(x, y) e 1/!(x, y) satisfazem a equação de Laplace bidimensional. 4
Em conseqüência do desenvolvimento precedente, fica aparente que qualquer função analítica w(z) fornece um par de
funcões cp(x, y) e !fÁ.X, y) que são o potencial de velocidade e a função de corrente para algum problema de escoamento.
Alé~ disso, as curvas cp(x, y) =constante e !fÁ.X, y) =constante são então, respectivamente, linhas equipotenciais e linhas
de corrente para o problema. As componentes da velocidade são então obtidas das Eqs. 4.3-6 e 7, ou Eqs. 4.3-8 e 9 ou de
dz _ v,, + ivy
(4.3-15)
-dw- v;+v~
Assim, a partir de qualquer função analítica w(z), ou de sua inversa z(w), podemos construir uma malha de escoamento
com linhas de corrente i/J = constante e linhas equipotenciais </> = constante. A tarefa de obter w(z) ou z( w) que satisfaça
a um dado problema de escoamento é, todavia, consideravelmente mais difícil. Alguns métodos especiais estão disponí-
veis4.5 porém é freqüentemente mais rápido consultar uma tabela de transformações conformes. 6
Nos próximos dois exemplos ilustrativos mostramos como usar o potencial complexo w(z) para descrever o escoamen-
to potencial em torno de um cilindro, e a função inversa z(w) para resolver o problema do escoamento potencial em um
canal. No terceiro exemplo resolvemos o escoamento nas vizinhanças de uma parede em ângulo, que é tratada mais adian-
te na Seção 4.4 pelo método da camada-limite. Alguns comentários gerais devem ser lembrados:
(a) Em qualquer local as linhas de corrente são perpendiculares às linhas equipotenciais. Esta propriedade, evidente
das Eqs. 4.3-1 O e 11, é útil para a construção aproximada das malhas de escoamento.
(b) Linhas de corrente e equipotenciais podem ser permutadas para obter a solução de um outro problema de escoa-
mento. Isto é uma conseqüência do item (a) e do fato de que tanto </>quanto i/J são soluções da equação de Laplace
bidimensional.
(e) Qualquer linha de corrente pode ser substituída por uma superfície sólida. Isto decorre da condição de contorno de
que a componente normal da velocidade do fluido é zero na superfície sólida. Não há restrições à componente
tangencial, já que no escoamento potencial o fluido é presumivelmente capaz de deslizar livremente ao longo da
superfície (vale a hipótese de deslizamento completo).
; Algum conhecimento prévio sobre funções analíticas é presumido aqui. Introduções úteis a esse assunto podem ser encontradas em V. L. Streeter, E. B. Wylie e K. W.
Bedford, Fluid Mechanics, McGraw-Hill, New York, 9.' Ed. (1998), Cap. 8, e em M. D. Greenberg, Fou11da1io11s of 11pplied Mothema1ics, Prentice-Hall, Englewood
Cliffs, N.J. (1978), Caps. 11 e 12.
'Mesmo para escoamentos tridimensionais a hipótese de escoamento irrotacional ainda permite a definição de um potencial de velocidade. Quando v = -V q, é substituído
em (V· v) = O, obtemos a equação de Laplace tridimensional '12</1 =O. A solução dessa equação é assunto da "teoria do potencial", para a qual existe uma vasta
literatura. Veja, por exemplo, P. M. Morse e H. Feshbach, Methods ofTheoretico/ Physics, McGraw-Hill, New York (1953), Cap. 11; e J. M. Robertson, Hydrody11amics
in Theory a11d Application, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1965), que enfatiza aplicações de engenharia. Existem muitos problemas em escoamento através de
meios porosos, condução de calor, difusão e condução elétrica que são descritos pela equação de Laplace.
'J. Fuka, Cap. 21 em K. Rektorys, Survey of Applicable Mathematics, lv!lT Press, Cambridge, Mass. (1969).
6
H. Kober, Dictionary of Conformai Represe11tatio11s, Do ver, New York, 2.' ed. (1957).
126 CAPITULO QUATRO
SOLUÇÃO
(a) Para determinar a função de corrente e o potencial de velocidades, escrevemos o potencial complexo na forma w(z) =
</;(x, y) + it/!(x, y):
w(z) = 00
Rz-)
-v x( 1 + - 0- - iv y( 1 - - 0-
00
R2-)
.r + y1 X-+ y2
Então a função de corrente é
ifi(x,y) -v00y(1-~)
X-+ y-
(4.3-18)
Para fazer um gráfico das linhas de corrente é conveniente escrever a Eq. 4.3-18 na forma adimensional
dw
dz
vy =
R2
-u 00 ( -;zsen2e ) (4.3-22)
duas últimas equações, obtemos a distribuição de pressões modificadas sobre a superfície do cilindro
Note que a distribuição de pressões modificadas é simétrica em relação ao eixo x; isto é, para o escoamento potencial não
existe arraste de forma sobre o cilindro (paradoxo de d'Alembert). 7 Naturalmente sabemos hoje que esse resultado não é
realmente um paradoxo, mas apenas uma conseqüência do fato de que o fluido invíscido não permite aplicar a condição de
contorno de não-deslizamento na interface.
EXEMPLO 4.3-2
Escoamento para Dentro de um Canal Retangular
Mostre que a função inversa
w b
z(w) =V:+ 1T exp(mu/bv~) (4.3-26)
representa o escoamento potencial para dentro de um canal retangular de meia-largura b. Na equação anterior vQ é a mag-
nitude da velocidade a jusante e longe da entrada do canal.
SOLUÇÃO
~mprimeiro lugar introduzimos as variáveis distâncias adimensionais
X r.y
'iTX
Y=- Z=X+iY=~ (4.3-27)
b b
e as grandezas adimensionais
(4.3-28)
A função inversa representada pela Eq. 4.3-26 pode agora ser expressa em termos de grandezas adimensionais e separada
em partes real e imaginária
7
Paradoxos hidrodinâmicos são discutidos em G. Birkhoff, Hydrodynanzics, Dover, New York (1955).
128 CAPÍTULO QUATRO.
:-:.
Agora podemos fazer'\[! igual a uma constante, e a linha de corrente Y = Y(X) é expressa parametricamente em termos de
<P. Por exemplo, a linha de corrente'\[!= O é dada por
X= <I> +e't> Y=O (4.3-32, 33)
à medida que <P varia de -ao a +ao, X também varia de -ao a +ao; por conseguinte, o eixo X é uma linha de corrente. A
seguir, a linha de corrente'\[! = O é dada por
-~ = _J_ dZ = _ _1_ (1 + ew) = _ _1_ (1 + ec;; cos 'l' + ie.r. sen'l') (4.3-36)
dw V,,, dW V,,, V,,,
Comparando essa última expressão com a Eq. 4.3-15 obtemos as componentes da velocidade
Essas equações devem ser usadas juntamente com as Eqs. 4.3-30e 31 para eliminar <P e'\[! de modo a obter as componen-
tes da velocidade como funções de posição.
y;.
------- ---
---
_ _lfl_;:__=_+....cr.'-------,+--
EXEMPLO 4.3-3
Escoamento Próximo a Paredes em Ângulo 8
A Fig. 4.3-3 mostra escoamentos potenciais ocorrendo próximos a duas paredes que formam um ângulo em O. O escoa-
mento nas vizinhanças destas paredes pode ser descrito pelo potencial complexo
w(z) = -d' (4.3-38)
onde e é uma constante. Podemos agora considerar duas situações: (i) um "escoamento interior", com a> 1; e (ii) um
"escoamento exterior" com a < 1.
(a) Determine as componentes da velocidade.
(b) Determine a velocidade tangencial nos dois trechos da parede.
(e) Descreva como obter as linhas de corrente.
(d) Como esse resultado pode ser aplicado ao escoamento em torno de uma cunha?
SOLUÇÃO
(a) As componentes da velocidade são obtidas da velocidade complexa
(i)
(ii)
x Fig. 4.3-3. Escoamento potencial próximo a paredes em ângulo. Na porção esquerda
da parede, v, = - ct'-1, e na direita v, =+e t"-1• (i) escoamento no lado interior das
paredes em ângulo, com a> 1; e (ti) escoamento no lado exterior das paredes em
ângulo, com a< 1.
Então, no caso (i), junto à parede o fluido "que chega" desacelera-se conforme se aproxima da junção e o "que parte" se
acelera quando dela se afasta. No caso (ii) as componentes da velocidade tornam-se infinitas na junção das paredes já que
a - 1 é então negativo.
(e) O potencial complexo pode ser decomposto em suas partes real e imaginária
w = rf> + ilf! = -crª(cos a.e + i sena.e) (4.3-44)
Então a função de corrente é
1f! = -crª sena.e (4.3-45)
Para obter as linhas de corrente selecionamos vários valores da função de corrente - digamos, t/11, t/12 , ifr3 ••• - e então para
cada valor plotamos r como uma função de 8.
(d) Como para o escoamento ideal qualquer linha de corrente pode ser substituída por uma parede, e vice-versa, os resul-
tados encontrados anteriormente para a> Odescrevem o escoamento invíscido em torno da cunha (veja Fig. 4.3-4). Fa-
remos uso disso no Exemplo 4.4-3.
Umas poucas palavras de advertência são cabíveis no que diz respeito a aplicabilidade da teoria do escoamento poten-
cial a sistemas reais:
130 CAPÍTULO QUATRO
----------r--===----- ....._
Linhas de corrente
/ --
---
'"'.>.. Fig. 4.3-4. Escoamento potencial sobre uma cunha. Na superfície superior da cunha,
vx = cx"- 1 = cxf!.'12 -m As grandezas a e f3 estão relacionadas por f3 = (2/a)(a - 1) .
a. Para o escoamento em tomo de um cilindro, as linhas de corrente mostradas na Fig. 4.3-1 não concordam com ne-
nhum dos regimes de escoamento esboçados na Fig. 3.7-2.
b. Para o escoamento em um canal, a configuração mostrada na Fig. 4.3-2 não é realista tanto no interior do canal
bem como na região de montante próxima de sua entrada. Uma aproximação bem melhor do comportamento real é
mostrada na Fig. 4.3-5.
Essas duas falhas da teoria do potencial elementar resultam do fenômeno de separação: deslocamento das linhas de cor-
rente de uma superfície de contorno.
A separação tende a ocorrer em contornos angulosos de fronteiras sólidas, como no escoamento em canais e no lado de
jusante de objetos arredondados, tal como no escoamento em tomo de um cilindro. Geralmente a separação tem mais chance
de ocorrer em regiões onde a pressão aumenta na direção do escoamento. Análises de escoamento potencial não são úteis
em regiões de separação. Elas podem todavia ser usadas a montante dessa região se a localização da linha de corrente de
separação é conhecida. Métodos de efetuar tais cálculos têm sido muito desenvolvidos. Algumas vezes a posição da linha
de corrente de separação pode ser estimada com sucesso a partir da teoria do escoamento potencial. Isso é verdade para o
escoamento no interior de um canal, e, de fato, a Fig. 4.3-5 foi obtida desta maneira. 9 Para outros sistemas tais como o do
Fig. 4.3-5. Escoamento potencial na entrada de um canal retangular com separação, conforme
calculado por H. von Helrnholtz, Phil. Mag., 36, 337-345 (1868). As linhas de corrente para '1' =
±Ti separam-se da superfície interna do canal. A velocidade ao longo dessa linha de corrente
separada é constante. Entre a linha de corrente separada e a parede há uma região vazia.
escoamento em tomo de um cilindro, o ponto de separação e a linha de corrente de separação devem ser localizados por
experimento. Mesmo que a posição da linha de corrente de separação não seja conhecida, soluções de escoamento poten-
cial podem ser úteis. Por exemplo, o campo de escoamento do Exemplo 4.3-1 mostrou-se útil para estimar o coeficiente de
impacto de aerossóis sobre cilindros. 10 Esse sucesso é resultado do fato de que a maioria dos impactos de partícula ocor-
rem próximo do ponto de estagnação frontal, onde o escoamento não é muito afetado pela posição da linha de corrente de
separação. Conclusões semiquantitati vas valiosas a respeito de comportamento de transferência de calor e massa também
podem ser tiradas com base em cálculos de escoamento potencial, ignorando o fenômeno de separação.
Todas as técnicas descritas nessa seção supõem que o vetor velocidade pode ser escrito como o gradiente de uma fun-
ção escalar que satisfaz a equação de Laplace. A equação do movimento tem um papel muito menos importante do que
9
H. von Helmholtz, Phil Mag. (4), 36, 337-345 (1868). Herman Ludwig Ferdinand von Helmholtz (1821-1894) estudou medicina e tomou-se um médico do exército;
ele então serviu como professor de medicina e posteriormente como professor de física em BerLim.
'º W. E. Ranz, Principies oflnertial lmpactio11, Bulletin n.º66, Departrnem ofEngineering Research, Pennsylvania State University, University Park, Pa. (1956).
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UtvlA VARIÁVEL INDEPENDENTE 131
para os escoamentos viscosos discutidos anteriormente, e seu uso primário é na determinação da distribuição de pressões
desde que os perfis de velocidades sejam conhecidos.
dV.r + dVy = Q
(4.4-1)
ax ay
2
avx
(v-+v- avx) =---+v-+--
1 a'!? (ª2vx a v.t) (4.4-2)
.r ax y ay p ax ax2 a:l
V dVy + V dVy) = _l (j'!J> + v(rl<.'y + d2Vy) (4.4-3)
(
x ax 'I ay P ay a:t.2 a:l
Alguns dos termos dessas equações podem ser descartados por argumentos de ordem de grandeza. Usamos três grandezas
como "vara-de-medida": a velocidade de aproximação v,,, alguma dimensão linear /0 do corpo submerso e uma espessura
o o
média 0 da camada limite. A hipótese de que 0 < < 10 nos permite fazer alguns cálculos aproximados de ordem de gran-
deza.
Como vx varia de Ona superfície sólida a"" no limite exterior da camada limite, podemos dizer que
(4.4-4)
onde O significa "ordem de grandeza de". Similarmente, a variação máxima de vx ao longo do comprimento 10 será v,,, de
modo que
(4.4-5)
No desenvolvimento acima fez-se uso da equação da continuidade para obter uma derivada adicional (estamos preocupa-
dos aqui somente com a ordem de grandeza e não como os sinais das grandezas). A integração da segunda relação sugere
que v,. = O((oofl0 )vx)<< "x·
Os vários termos da Eq. 4.4-2 podem agora ser estimados como
Ü
(lo2)
Vo:i . V Cht X
I 1/ ay
= Ü ~ (vz)
lo o(~) (4.4-6)
132 CAPITULO QUATRO
Isto sugere que a2v)ax2 < < a2v)ay2,de modo que o primeiro pode ser desprezado com segurança. Na camada limite é espe-
rado que os termos do lado esquerdo da Eq. 4.4-2 tenham a mesma ordem de grandeza que os do lado direito e portanto,
~=
lo
o(vv"'oÕ ) ou ~lo = o( V!v)
:;:z;; = 0(-1
VRe
) (4.4-7)
A segunda dessas relações mostra que a espessura da camada limite é pequena comparada às dimensões do objeto submerso
para escoamentos com altos números de Reynolds.
Similarmente pode ser mostrado, com a ajuda da Eq. 4.4-7, que três derivadas na Eq. 4.4-3 têm a mesma ordem de
grandeza:
v- v-
avy avy a vy
.r ax ' Y ay '
2
a2vy
v--=0 - - >>v--
ay2 lÕ ai2
(v;ºº) (4.4-8)
A comparação d(ô.>te resultado com a Eq. 4.4-6 mostra que a1!J/ay < < a1!J/ax. Isso significa que a componente y da equa-
ção do movimento não é necessária e que a pressão modificada pode ser tratada como uma função apenas de x.
Como resultado desses argumentos de ordem de grandeza somos levados às equações de Prandtl da camada limite: 1
1
Ludwig Prandtl (1875-1953), que lecionou em Hannover e Gõttingen e depois serviu corno diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Dinâmica de Fluidos, foi uma das
pessoas que moldou o futuro do seu campo de pesquisa no começo do século XX; ele fez contribuições nas áreas de escoamento turbulento e transferência de calor, mas
o desenvolvimento das equações da camada-limite foi o coroamento de suas realizações. L. Prandtl, Verha11d/1111gen des !ll lruernatio11a/e11 Matlzematiker-Ko11gresses
(Heidelberg, 1904), Leipzig, pp. 484-491; L. Prandtl, Gesammelre Abhandlungen, 2, Springer-Verlag, Berlin (1961), pp. 575-584. Para urna discussão introdutória de
expressões assintóticas concordantes, veja D. J. Acheson, Elementary Fluid Mechal!ics, Oxford University Press (1990), pp. 268-271. Urna discussão detalhada do assunto
M. Van Dyke, Pertubation Met/zods in Fluid Dynamics, The Parabolic Press, Stanford, Cal. (1975).
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MArs DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 133
A equação da continuidade pode ser resolvida para vY usando-se a condição de contorno de que vY = O em y = O (isto é,
sem transferência de massa), e então essa expressão para<';· pode ser substituída na Eq. 4.43-11 resultando
av:r-
v - (Jy -av:r dy) -avr= v -dve+ va2v:r
-- (4.4-12)
:r ax o ax iJlj e dx ay2
Esta é uma equação diferencial parcial com uma única variável dependente, vx.
Essa equação pode agora ser multiplicada por p e integrada desde y = Oaté y = ao, dando o balanço de momento de von Kármán2
EXEMPLO 4.4-1
Escoamento Laminar ao Longo de uma Placa Plana (Solução Aproximada)
Use o balanço de momento de von Kárrnán para estimar os perfis de velocidades permanentes próximo a uma placa semi-
infinita em urna corrente tangencial com velocidade de aproximação v,,, (veja Fig. 4.4-2). Para esse sistema a solução do
escoamento potencial é ve = v,,.
'Th. Von Kánnán, Zeits.für angew. Matli. u. Mecli .. 1, 233-252 (1921). Nascido na Hungria, Theodor von Kármán lecionou em Gõttingen, Aachen e no Califomia
Institute of Technology; ele contribuiu muito para a teoria da turbulência e aerodinâmica.
3 H. Schlichting e K. Gersten, Bo1111dary-Layer Theory, Springer Verlag, Berlin, g•h edition (2000).
4
L. Rosenhead, Laminar Boundary Layers, Oxford University Press, London (1963).
5 K. Stewarston, The Theory of Laminar Boundary layers in Compressible Fluids, Oxford University Press (1964).
6
W. H. Dorrance, Viscous Hypersonic Flow, McGraw-HiU, New York (1962).
134 CAPÍTULO QUATRO
SOLUÇÃO
Sabemos intuitivamente o tipo de perfil de velocidades vx(y). Então podemos tentar urna forma para vx(y) e substituir no
balanço de momento de von Kármán. Uma escolha razoável é fazer vx(y) urna função de y/o, onde o(x) é a "espessura" da
camada limite. A função é escolhida de modo que vx = O em y = O e vx = v, em y = o. Isto é equivalente a assumir
similaridade geométrica dos perfis de velocidade para os vários valores de x. Quando esse perfil considerado é substituído
no balanço de momento de von Kárrnán é obtida uma equação diferencial ordinária para a espessura da camada limite
o(x). Quando essa equação tiver sido resolvida, o o(x) resultante pode então ser usado para obter o perfil de velocidades e
outras grandezas de interesse.
Para o presente problema urna tentativa plausível para a distribuição de velocidades, com um formato razoável é
= ~ !!. _ l (!!..)
3
-2
V,,, 2 2
o o para o$ y$ o(x) (região de camada limite) (4.4-14)
3 f-lVoo d ( 39 , ) (4.4-16)
28 =d; 230 pü(,,o
Esta equação diferencial separável de primeira ordem pode ser integrada para fornecer a espessura da camada limite
o(x) =
fi8Q:;
-/l3V:: = 4,64-yv;:;
r;; (4.4-17)
Então a espessura da camada limite aumenta com a raiz quadrada da distância medida a partir da extremidade da placa a
montante. A solução resultante aproximada para a distribuição de velocidades é então
A partir desse resultado podemos estimar a força de arrasto sobre uma placa de tamanho finito "molhada" em ambas as
faces. Para uma placa de largura W e comprimento L, a integração do fluxo de momento sobre as duas superfícies sólidas
fornece
Fr = 2 fWJL
O O
(+µ, aavr)
Y
1
y=O
dxdz = l,293Ypµ,LW1z1~ (4.4-19)
A solução exata, dada no próximo exemplo, fornece o mesmo resultado porém com um coeficiente numérico igual a 1,328.
Ambas as soluções prevêrn a força de arraste dentro dos limites de erro dos dados experimentais. Todavia a solução exata
apresenta urna melhor concordância com os valores medidos dos perfis de velocidades. 3 Essa precisão adicional é essen-
cial para cálculos de estabilidade.
EXEMPLO 4.4-2
Escoamento Laminar ao Longo de uma Placa Plana (Solução Exata) 1
Obtenha a solução exata para o problema proposto no exemplo anterior.
SOLUÇÃO
Esse problema pode ser resolvido usando a definição de função de corrente conforme Tabela 4.2-1. Inserindo as expres-
sões para as componentes da velocidade conforn1e a primeira linha da tabela, obtemos
1Esse problema foi tratado originalmente por H. m:sius, Zeits. Matiz. Phys., 56, l-37 (1908).
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 135
aw
e.e. 2: emy=O, ay = -vI =o parax 2: O (4.4-22)
Apesar de não existir um comprimento característico figurando nas relações acima, o método de combinação das variáveis
independentes parece apropriado. Por argumentos dimensionais similares àqueles usados no Exemplo 4.1-1, escrevemos
vx
v:;-=I1(71),
.
aqu171=y"-/2.Vi
fl;;:, (4.4-25)
O fator 2 é incluído para evitar a ocorrência de fatores numéricos na equação diferencial, Eq. 4.4-27. A função de corrente
que dá a distribuição de velocidades presente na Eq. 4.4-25 é
(4.4-26)
Essa expressão para a função de corrente é consistente com a Eq. 4.4-25, como pode ser visto usando-se a relação v., = -
aifl/ay (dada na Tabela 4.2-1). Substituindo-se a Eq. 4.4-26 na Eq. 4.4-2 vem
-!f" = f"' (4.4-27)
Substituindo-se nas condições de contorno vem
1,0
__,,,..;- 1
1 ,,/ 1
/
_)
0,8
Y'v
yv
1
1
1
0,6 1
I 1 1
1
1
1
1
0,4
/ 1
R XV=
ex=v
+ 1,08X10 5
1
1
I 1
1
J "1,82X10 5
0,2
I o 3,64X10 5
º 5,46X10 5
1:
1
Fig. 4.4-3. Perfis de velocidade pre-
vistos e observados para o escoa-
mento lanlinar tangencia! ao longo
I 1
67,28X10 5
1 1
1
1 de urna placa plana. A linha contí·
V 17=11~
1 nua representa a solução das Eqs.
1
1
J vx 4.4-20 a 24, obtida por Blasius [veja
1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 5,64 6,0 7,0 H. Schilichting, Boundary-Layer
y ry;_ Theo1y, McGraw-Hill, New York,
../-vx 7th edition (1979), p. 137] .
136 CAPITULO QUATR;? ·-,
Essa equação, juntamente com as condições de contorno dadas, pode ser resolvida por integração numérica, e tabelas
muito acuradas de soluções estão disponíveis. 3.4 O problema foi resolvido originalmente por Blasius7 usando aproxima-
ções analíticas que se revelaram bastante exatas. Um gráfico de tal solução é mostrado na Fig. 4.4-3 juntamente com da-
dos experimentais obtidos posteriormente. A concordância entre teoria e experimentos é extraordinariamente boa.
A força de arrasto sobre uma placa com largura W e comprimento L pode ser calculada a partir do gradiente adirnensi-
onal de velocidade na parede,f"(O) = 0,4696 ... conforme segue:
fx= 2 rf ( ~) + µ. ly=O dx dz
=2JWJL(+µ.v,,, ddf'
O O 1)
~a17)\
Y y=O
dxdz
WfL f1;;:,
= 2 f0 0 µ.v"'f"(O) ,{i v'i dx dz
= 1,328\i pµ.L W 2v! (4.4-30)
Esse resultado também foi confirmado experimentalmente.3·4
Devido às aproximações feitas na Eq. 4.4-10, a solução é mais correta para números de Reynolds locais altos; isto é,
Rex = xuJv > > 1. A região excluída, onde o número de Reynolds é baixo, é suficientemente pequena podendo ser igno-
rada na maioria dos cálculos de arrasto. Análises mais completas8 indicam que a Eq. 4.4-30 resulta em desvios inferiores
a 3% para LvJv ~ 104 e 0,3% para LvJv ~ 106 •
O crescimento da camada-limite com o aumento de x leva a uma situação instável, com advento de escoamento turbu-
lento. Foi determinado que a transição se inicia na faixa de número de Reynolds local, Rex = xuJv ~ 3 X 105 a 3 X 106 ,
dependendo da uniformidade da corrente de aproximação. 8 A montante da região de transição o escoamento permanece
laminar e a jusante ele é turbulento.
EXEMPLO 4. 4-3
Escoamento Próximo a Paredes em Ângulo
Queremos agora tratar o problema da camada limite, análogo ao Exemplo 4.3-3, nominalmente o do escoamento próximo
a paredes angulosas (veja Fig. 4.3-4). Se a> 1, o problema também pode ser interpretado como o escoamento ao longo de
uma cunha de ângulo interno {31T, com a = 2/(2 - {3). Para esse sistema o escoamento externo v, é conhecido a partir das
Eqs. 4.3-42 e 43, onde determinamos que
v,(x) = cxfl 1<2-/3l (4.4-31)
Essa foi a expressão que mostramos ser válida justamente sobre a parede (isto é, em y = 0). Então, supomos aqui que a
camada-limite é tão fina que o uso da expressão para a parede com escoamento ideal, é adequado para a fronteira externa
da solução da camada limite, pelo menos para valores pequenos de x.
SOLUÇÃO
Agora temos que resolver a Eq. 4.4-11, usando a Eq. 4.4-31 para v,(x). Quando introduzimos a função de corrente da pri-
meira linha da Tabela 4.2-1, obtemos a seguinte equação diferencial para !/J:
que corresponde à Eq.4.4-20 com o termo v.(dv.fdx) incluído. Foi descoberto 9 que essa equação pode serreduzida a uma
única equação diferencial ordinária introduzindo-se a função de corrente adirnensional/( 71) tal que
i/J(x, y) = V ci-(2 - f3)x11<2-ll>[( 77 ) (4.4-33)
8
Y. H. Kuo, J. Math. Phys., 32, 83-101 (1953); I. fuiai, J. Aero. Sei., 24, 155-156 (1957).
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DB UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 137
T/ = ~ f1-{J~(2-{J) (4.4-34)
Pode-se ver que para valores positivos de /3, que correspondem aos sistemas mostrados na Fig. 4.3-4(a) e Fig. 4.3-5, o
fluido está se acelerando e os perfis de velocidades são estáveis. Para valores negativos de f3, até f3 = -0,199, os escoa-
mentos são desacelerados porém estáveis, não ocorrendo separação. Todavia, se f3 > -0,199, o gradiente de velocidade
na parede torna-se zero, e a separação do escoamento ocorre. Portanto, para escoamentos interiores em paredes angulosas
e para escoamentos sobre cunhas, não existe separação, mas para escoamento exterior em paredes angulosas a separação
pode ocorrer.
9
V. M. Falkner e S. W. Skan, Phil. Mag., 12, 865-896 (1931); D. R. Hartree, Proc. Camb. Phil. Soe., 33, Part II, 223-239 (1937); H. Rouse (ed.), Advanced Mechanics
of Fluids, Wiley, New York ( 1959), Cap. VII, Seção D; H. Schiichting e K. Gersten, Boundary-Layer Theory, Springer-Verlag, Berlin (2000), pp. 169-173 (isotérmico),
220-221 (não-isoténnico); W. E. Stewart e R. Prober, Int. J. Heat Mass Transfer, 5, 1149-1163 (1962); 6, 221-229, 872 (1963), incluem o escoamento sobre cunhas com
transferência de calor e ma~a.
138 CAPITULO QUATRO
PROBLEMAS
4A.4 Comparação de perfis exatos e aproximados para o escoamento ao longo de placa plana. Compare os valores
de v.Jv~obtidos daEq. 4.4-18 com aqueles da Fig. 4.4-3, para os seguintes valores de yVv,j vx: (a) 1,5, (b) 3,0, (c)
4,0. Expresse os resultados em termos de razão entre os valores aproximados e exatos.
.
Respostas: (a) 0,96; (b) 0,99; (c) 1,01
4A.5 Demonstração numérica do balanço de momento de von Kármán.
(a) Calcule numericamente as integrais da Eq. 4.4-13 para o perfil de velocidades de Blasius dado na Fig. 4.4-3.
(b) Use os resultados de (a) para determinar a magnitude da tensão cisalhante na parede, ~".rlr=o·
(c) Calcule a força total de arraste, Fx, para uma placa de largura W e comprimento L, molhada em ambos os lados.
Compare seu resultado com aquele obtido na Eq. 4.4-30.
j~
00
4A.6 Uso das fórmulas da camada limite. Ar a l atm e 20'C escoa tangencialrnente a ambos os lados de uma placa plana
fina e lisa, com largura W = 1Oft e comprimento L = 3 ft, posicionada na direção do escoamento. A velocidade fora
da camada limite é constante e igual a 20 ft/s.
(a) Calcule o número de Reynolds local, Re.r = xuJv, no bordo de trás da placa.
(b) Supondo escoamento laminar, calcule a espessura aproximada da camada limite, em polegadas, no bordo de trás
da placa. Use os resultados do Exemplo 4.4-1.
(c) Supondo escoamento laminar, calcule o arrasto total sobre a placa em lbf" Use os resultados dos Exemplos 4.4-1e2.
4A.7 Escoamento de entrada em tubos.
(a) Estime o comprimento de entrada para o escoamento laminar em tubo de seção circular. Assuma que a espessura
da camada limite ô, é dada adequadamente pela Eq. 4.4-17, com v,., do problema da placa plana correspondendo a
vmáx no problema de escoamento em tubo. Suponha também que o comprimento de entrada l, pode ser tomado como
sendo o valor de x para o qual ô= R. Compare seu resultado com a expressão para l, citado na Seção 2.3 - nomi-
nalmente, l. igual a 0,035 D Re.
a
(b) Reescreva o número de Reynolds de transição, xvJv = 3,5 X 105 (para placa plana), substituindo X por da Eq.
4.4-17, como comprimento característico. Compare a grandeza ôvJv assim obtida com o correspondente número
Reynolds mínimo de transição para o escoamento através de tubos longos e lisos.
DISTRIBU!ÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 139
(c) Use o método de (a) para estimar o comprimento de entrada no duto de paredes planas mostradas na Fig. 4CJ.
Compare o resultado com aquele do Problema 4C. l (d).
4B.1 Escoamento de um fluido para tensão aplicada na parede repentinamente. No sistema estudado Exemplo 4.1-1
suponha que o fluido esteja em repouso antes de t = O. No tempo t = Ouma força constante é aplicada ao fluido na
parede no sentido positivo dex de modo que a tensão cisalhante, Ty:t, assume um novo valor constante, T0, para t >O.
(a) Diferencie a Eq. 4.1-1 em relação ay e multiplique por-µ, obtendo uma equação diferencial parcial para Ty,(y, t).
(b) Escreva as condições de contorno e inicial para essa equação.
(c) Resolva-a usando o método do Exemplo 4.1-1 obtendo
~= 1 - erf_J!_ (4B.1-1)
To V4vf
1
(d) Use o resultado de (c) para obter o perfil de velocidades. A seguinte relação será útil.
"' erf u)du =, 1 e-x-' - x(l - erf x)
J (1 -
X
1
V 7r
(48.1-2)
4B.2 Escoamento próximo a uma parede repentinamente colocada em movimento (solução aproximada) (Fig.
4B.2).Aplique um procedimento semelhante ao do Exemplo 4.4-1 para obter uma solução aproximada para Exem-
plo 4.1-1.
(a) Integre a Eq. 4.4-1 sobre y para obter
f"' av"at
o
av"I"'
-dy=v-
ay º (48.2-1)
Faça uso das condições de contorno e da regra de Leibniz para diferenciação de urna integral (Eq. C.3-2) para rees-
crever a Eq. 4B.2-1 na forma
(48.2-2)
(b) Sabemos aproximadamente como os perfis de velocidade se apresentam. Podemos adotar os seguintes postula-
dos razoáveis para os perfis:
1
Um resumo útil das funções erro e suas propriedades pode ser encontrado em H. S. Carslaw e J. C. Jaeger, Conduction of Heat in Solids, Oxford University Press, 2.'
ed. ( 1959), Apêndice TI.
140
Nessas equações o(t) é uma espessura de camada limite dependente do tempo. Insira essa expressão aproximada na
Eq. 4.B.2-2 para obter
8~=4v (4B.2-S)
dt
(e) Integre a Eq. 4B.2-5 com um valor inicial adequado de o(t), e insira o resultado na Eq. 4B.2-3 para obter perfis
de velocidades aproximados.
(d) Compare os valores de v.fv"' obtidos em (c) com aqueles da Eq. 4.1-15 para y/~ = 0,2, 0,5 e 1,0. Expresse
os resultados pela razão entre os valores aproximados e exatos.
Resposta: (d) 1,015, 1,026, 0,738
4B.3 Escoamento lento em torno de uma bolha esférica. Quando um líquido escoa em torno de uma bolha de gás, cir-
culação ocorre dentro da bolha. Essa circulação diminui a tensão cisalhante interfacial, e em uma primeira aproxi-
mação, podemos assumir que ela é inteiramente eliminada. Repita o desenvolvimento do Exemplo 4.2-1 para tal
bolha de gás, assumindo que ela é esférica.
(a) Mostre que a C.C.2 do Ex. 4.2-1 é substituída por
v, =v 00 [ 1- ( ~)Jcos e (4B.3-2)
11
p = Po - pgh - ( ;
00
)( ~)2 cos e (4B.3-4)
2
L. Landau e E. M. Lifshitz, F/uid Mechanics, Pergarnon Press, Oxford, 2.' ed. (1987), pp. 21-26, apresenta uma boa coleção de problemas de escoamento potencial.
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 141
(4B.5-1)
y
1111111 1
/ J/ ll \\ \ Linhas de
I / I 1 1 \ \ Jcorrente
I I li 1 1 1
. / / 11 \ 1 1 ' ,
+ - - ..._ ....... / / \ \ , __'--+
1 d ( d<f>)
rar r dr=o (4B.8-1)
(b) A partir dessa equação mostre que o potencial de velocidades, a velocidade e a pressão, em função da posição, são:
4C.1 Escoamento laminar na entrada de uma fenda. 3 (Fig. 4C. l). Estime a distribuição de velocidades na região de
entrada da fenda mostrada na figura. O fluido entra em x = Ocom v,. = Oe vx = <vx> onde <vx> é a velocidade
média na fenda. Suponha que a distribuição de velocidades na regiã~ de entrada O< x < L, é
y=B
(a) Use as duas equações anteriores para obter a vazão mássica w através de uma seção transversal arbritária na
região O < x < L.. Então calcule w a partir das condições de entrada obtendo
v,(x) = __B
__
(4C.1-3)
(vx) B âo(x)
(b) A seguir use as Eqs. 4.1-13, 4C. l-l e 4C.l-2 substituindo oo por B (por quê?) para obter uma equação diferencial
para grandeza ti= o/B:
2 lÜ(-L'-)
6/::,. + 7iJ. dê:,.= (4C.1-4)
(3 - 11)2 dx (vx)B 2
(e) Integre essa equação com condição inicial adequada para obter a seguinte relação entre a espessura da camada
limite e distância ao longo do duto:
~~
(vx)B
= l [711 + 48 ln (1 -
2
10
!11)
3 + 2711
3 - /1
J (4C.1-5)
(d) Calcule o comprimento de entrada L, a partir da Eq. 4C.l-5, onde L, é o valor de x para o qual ô(x) = B.
(e) Usando a teoria do escoamento potencial, calcular !fP - Qll 0 na região de entrada, onde qf> 0 é o valor da pressão
modificada em x = O.
3
Uma solução numérica para esse problema usanao a equação de Navier-Stokes foi dada por Y. L. Wang e P. A. Longwell,AIC/iE Joumal, 10, 323-329 (1964).
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 143
4C.2 Viscosímetro oscilatório torsional (Fig. 4C.2). No viscosírnetro oscilatório torsional, o fluido é colocado entre um
"copo" e um "corpo de prova" conforme mostrado na figura. O copo é submetido a pequenas oscilações senoidais
na direção tangencial. Esse movimento faz com que o corpo de prova, suspenso por um fio de torção, oscile com a
mesma freqüência mas com uma arnpliiude e ângulo de fase diferentes. A razão de amplitudes (razão entre as am-
plitudes da função estímulo e da função resposta) e a diferença de ângulo de fase dependem da viscosidade do fluido
e portanto podem ser usadas para determinar a viscosidade. Supõe-se que as oscilações são de pequena amplitude.
Então o problema é do tipo linear e pode ser resolvido por transformada de Laplace ou pelo método delineado nesse
problema.
rL
l "Corpo de prova"
"Copo"
lnscilações forçadas
1 do cilindro externo Fig. 4C.2. Esboço de um viscosímetro oscilatório torsional.
(a) Primeiramente, aplique a segunda lei de Newton do movimento ao corpo de prova cilíndrico para o caso especial
em que o espaço anular está sob vácuo total. Mostre que a freqüência natural do sistema é Wn = vm,
onde I é o
momento de inércia do corpo de prova e k é a constante da mola para o fio de torção
(b) A seguir, aplique a segunda lei de Newton quando existe um fluido de viscosidadeµ, no espaço anular. Seja ()R
o deslocamento angular do corpo de prova no tempo t, e v0 a velocidade tangencial do fluido em função der e t.
Mostre que a equação do movimento do corpo de prova é
ara (ve))
2
(Corpo de prova) I ddt2
eR = -keR + (2r,RL)(R) ( µ.r r 1r=R (4C.2-1)
(Fluido) ave
p-=µ-
at
(la )
a --(rv-)
ar r ar d
(4C.2-3)
A função e.R(t) é uma função senoidal conhecida(" o estímulo"). Faça um esboço mostrando eaR e eR como funções
do tempo, e defina a razão de amplitudes e a diferença de ângulo de fase.
144 CAPITULO QUATRO
(d) Simplifique as equaçõés iniciais, Eqs. 4C.2-1 a 6, fazendo a hipótese de que a é apenas ligeiramente maior que
a unidade, de modo que a curvatura possa ser desprezada (o problema pode ser resolvido sem que se faça essa hipó-
tese4). Isto sugere que uma variável distância adimensional adequada é x = (r - R)/[(a - l)R]. Reestruture todo o.
problema usando grandezas adimensionais de tal modo que l/ü.10 = vTlk seja um tempo característico e que a vis-
cosidade apareça apenas em um grupo adimensional. A única escolha fica sendo:
2r.R3Lp(a - 1)
velocidade: 1> = kI Ve
(4C.2-8)
4
inverso do momento de inércia: A= 2'1TR Lp(aI - 1)
(4C.2-10)
l
emr =O, <P O
a<P = M a2<P
(fluido) em x = O, <P = A(d8R/dt) (4C.2-12)
a-r ax2 em x = 1, <P = A(d8aRI dt)
A partir dessas duas equações queremos obter eR e cf> como funções de x e r, com Me A como parâmetros.
(e) Obtenha a solução "seiioidal permanente" tomando a função estímulo OaR (o deslocamento do copo) como sendo
da forma
a partir da qual a razão de amplitudes, 1e;11e;:R, e a diferença de ângulos de fase, a, podem ser calculadas.
4
H. Markovitz, I. App/. Phys., 23, 1070-l077 (l952) resolveu o problema sem fazer a hipótese de espaçamemo pequeno entre o copo e o corpo de prova. O instrumento
copo-e-corpo de prova foi usado por L. J. Wittenberg, D. Ofte, e C. F. Curtiss, J. Chem. Phys., 48, 3253-3260 (1968), para medir a viscosidade de ligas líquidas de
plutônio. ~
DlSTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA V ARlÁ VEL INDEPENDENTE 145
(i) Para fluidos de viscosidade alta podemos procurar uma série de potências, expandindo a função hiperbólica da
Eq. 4C.2- l 7, obtendo uma série de potências de l/M. Mostre que isso leva a
4C.3 Equação de Darcy para o escoamento através de meios porosos. Para o escoamento de um fluido através de um
meio poroso, as equações da continuidade e do movimento podem ser substituídas pela
onde e, a porosidade, é a razão entre o volume de poros e o volume total, e K é a permeabilidade do meio poroso. A
velocidade v0 nessas equações é a velocidade superficial, que é definida como o valor médio da vazão volumétrica
através de uma unidade de área transversal de sólido mais fluido, tomado sobre uma pequena região do espaço -
pequena em comparação com as dimensões macroscópicas do sistema de escoamento, mas grande em comparação
com as dimensões dos poros. Os valores médios da densidade e da pressão são tomados sobre uma região disponível
para o escoamento, que seja grande em comparação com o tamanho dos poros. A Eq. 4C.3-2 foi proposta
empiricamente para descrever o escoamento lento através de meios porosos granulares.
Quando as Eqs. 4C.3-1 e 2 são combinadas obtemos
(eµ) arap
1( = (V . p(\ip - pg)) (4C.3-3)
para viscosidade e permeabilidade constantes. Essa equação e uma equação de estado descrevem o movimento do
fluido em um meio poroso. Para a maioria dos casos podemos escrever a equação de estado como
p = Pop"'ef3P (4C.3-4)
onde p0 é a densidade do fluido na pressão unitária, sendo conhecidos os seguintes parâmetros: 6
Mostre que as Eqs. 4C.3-3 e 4 podem ser combinadas e simplificadas para essas quatro categorias resultando (para
gases é costume desprezar os termos gravitacionais já que eles são pequenos comparados aos termos de pressão):
Caso2.
(eµ/3)
I < ar = V-p - (V · p-{3g)
ap , , (4C.3-6)
Caso3. (2e~pº) ft = v p
2 2
(4C.3-7)
5
Henry Philibert Gaspard Darcy (1803-1858) estudou em Paris e tomou-se famoso pelo projeto do sistema de abastecimento municipal de água de Dijon, a cidade
onde nasceu. H. Darcy, Les Fo11tai11es Publiques de la Vil/e de Dijon, Victor Dalmont, Paris (1856). Para discussões adicionais da "lei de Darcy", veja J. Happel e H.
Brenner, Low Reynolds Number Hydrodynamics, Martinus-Nihjoff, Dordrecht (1983); e H. Brennere D. A. Edwards,Macrotransport Processes, Butterworth-Heinemann,
Boston (1993).
6
M. Muskat, Flow of Homogeneous Fluids Through Porous Media, McGraw-HiU (1937).
146 CAPÍTULO QUATRO
Note que o Caso 1 leva à equação de Laplace, o Caso 2 sem o termo de gravidade leva à equação da condução, ou
difusão, de calor e os Casos 3 e 4 levam a equações não lineares. 7
4C.4 Escoamento radial através de um meio poroso (Fig. 4C.4). Um fluído escoa através de uma casca cilíndrica po-
rosa com raios interno e externo R1 e R2 , respectivamente. Nessas superfícies as pressões são conhecidas e valem p 1
e p 2 respectivamente. O comprimento da casca cilíndrica é h.
1 /
----t,:::-~----174 _.,_ w =vazão
~-J>- ~-i>- 1I J -+ mássica
-~------------1------~~
\
Pressão p 1 Pressão p, Fig. 4C.4. Escoamento radial através de um meio poroso.
(a) Determine a distribuição de pressões, a velocidade radial de escoamento e a vazão mássica para um fluido in-
cornpressível.
(b) Refaça (a) para um líquido e para um gás ideal.
9]'-CJ>1 ln(r/R1) K CJ>2-CJ>1
Respostas: (a) <!P2 - 9]'1 =ln (R2/ Ri) vo, = -µ:;:ln (<!P2/CJ>1)
4D.1 Escoamento próximo a uma parede oscilante.8 Mostre, usando transformadas de Laplace, que a solução completa
do problema correspondente às Eqs. 4.1-44 a 47 é
~=
Vo
e-....rc;;n:;.y cos (wt - -v;;;[f0;) _ lJ"' e-w (sen~;)
7r O
1
+
dw (40.1-1)
4D.2 Início de escoamento laminar em tubo de seção circular (Fig. 4D.2). Um fluido de densidade e viscosidade constantes
está contido em um tubo longo de comprimento L e raio R. Inicialmente o fluido está em repouso. No tempo t = O um
gradiente de pressão (Vl' 0 - l!P J/L é imposto ao sistema. Determine como os perfis de velocidades mudam com o tempo.
1,0
0,8
v, 0,6
vmáx
0,4
0,2
Fig. 4D.2. Distribuição de velocidades para o escoamento tran-
siente resultante da aplicação repentina de um gradiente de
0,8 0,6 0,4 0,2 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 pressão em um tubo de seção circular. [P. Szyrnanski, J. Math.
r/R--+ PureAppl., Series 9, 11, 67-107 (1932)].
(a) Mostre que a equação do movimento relevante para o caso, pode ser colocada em uma forma adimensional como segue:
(40.2-1)
1
Para a condição de contorno em uma superfície porosa que está ligada a um fluido em movimento, veja G. S. Beavers e D. D. Joseph,J. Fluid Mech., 30, 197-207 (1967)
e G. S. Beavers, E. M. Sparrow e B. A. Masha, AIChE Journal, 20, 596-597 (1974).
8
H. S. Carslaw e J. C. Jaeger, Conduction of Heat/11 Solids, Oxford University Press, 2.' ed. (1959), p. 319, Eq. (8), com s = Í'iTe w =Ku'.
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES COM MAIS DE UMA VAR!fi.VEL INDEPENDENTE 147
onde J,,(Ç) é a função de Bessel de ordem n de Ç, e a,, são as raízes da equação J0(a,,) = O. O resultado está plotado
na Fig. 4D.2.
'' W. Hort, Z. teci!. Phys .. 10, 213 (1920); C. T. Hill, J. D. Huppler e R. B. Bird, Clzem. Engr. Sei., 21, 8l5-8 l7 (l 966).
'º W. Müller, Zeits.ftir a11gew. Math. 11. Mech, 16, 227-228 (1936).
11
R. B. Bird e C. F. Curtiss, Chem. Engr. Sei., 11, I08-ll3 (1959).
148 . CAPÍTULO QUATRO
Nos capítulos anteriores discutimos somente problemas de escoamento laminar. Vimos que as equações diferenciais que
descrevem o escoamento laminar são bem entendidas e que, para alguns sistemas simples, a distribuição de velocidades e
várias grandezas derivadas podem ser obtidas de maneira direta. O fator limitante na aplicação das equações de balanço é
a complexidade matemática que encontramos em problemas onde existem várias componentes de velocidade que são funções
de diversas outras variáveis. Nesses casos, devido ao rápido desenvolvimento da dinâmica dos fluidos computacional,
soluções numéricas de tais problemas vêm sendo obtidas gradualmente.
Neste capítulo voltamos nossa atenção para o escoamento turbulento. Enquanto o escoamento laminar é ordenado, o
escoamento turbulento é caótico. É essa natureza caótica do escoamento turbulento que traz todos os tipos de dificuldades.
De fato, podemos questionar se as equações de balanço dadas no Cap. 3 são capazes de descrever os movimentos violen-
tamente flutuantes do escoamento turbulento. Como os tamanhos dos vórtices turbulentos são várias ordens de grandeza
maiores que o livre percurso médio das moléculas do fluido, as equações de balanço são aplicáveis. Soluções numéricas
dessas equações podem ser obtidas e podem ser usadas para estudar os detalhes da estrutura da turbulência. Todavia, para
diversos propósitos, não estamos interessados em tais informações detalhadas, em vista do esforço computacional que
seria requerido. Então, neste capítulo vamos nos preocupar primariamente com métodos que nos permitam descrever médias
temporais dos perfis de velocidades e pressões.
Na Seção 5.1 começamos comparando os resultados experimentais para escoamentos laminar e turbulento em vários
sistemas de escoamento. Desta maneira, podemos obter algumas idéias qualitativas acerca das principais diferenças entre
movimentos laminar e turbulento. Esses experimentos ajudam a definir alguns dos desafios com os quais o pesquisador de
fluidodinâmica se defronta.
Na Seção 5.2 definimos várias médias temporais de grandezas e mostramos como essas definições podem ser usadas para
estabelecer médias temporais das equações de balanço para pequenos intervalos de tempo. Essas equações descrevem o
comportamento das médias temporais da velocidade e da pressão. A equação da média temporal do movimento, todavia,
contém o fl.ux:o turbulento de momento. Esse fluxo não pode ser relacionado de maneira simples a gradientes de velocidade
tais como o fluxo de momento dado pela lei de Newton da viscosidade do Cap. 1. Hoje em dia, o fluxo turbulento de
momento é usualmente estimado por via experimental ou então modelado por algum tipo de empirismo baseado em dados
experimentais.
Felizmente, para escoamentos turbulentos próximos a urna parede sólida, existem vários resultados bastante gerais que
são muito úteis em dinâmica dos fluidos e fenômenos de transporte: o desenvolvimento em série de Taylor para a velocidade
próxima da parede; e os perfis de velocidades logarítmico e lei da potência para regiões afastadas da parede, tendo sido
este último obtido por raciocínio dimensional. Essas expressões para a distribuição da média temporal de velocidades são
dadas na Seção 5.3.
Na seção seguinte, Seção 5.4, apresentamos alguns dos empirismos que foram propostos para o fluxo turbulento de
momento. Esses empirismos têm interesse histórico e também são muito usados em cálculos de engenharia. Quando usadas
com critérios apropriados, essas expressões empíricas podem ser úteis.
150 CAPÍTULO CINCO
O restante do capítulo é voltado para a discussão de dois tipos de escoamentos turbulentos: escoamentos em condutos
fechados (Seção 5.5) e escoamentos em jatos (Seção 5.6). Esses tipos ilustram os escoamentos que são comumente discutidos
sob os títulos turbulência na parede e turbulência livre.
Nesta breve introdução à turbulência, tratamos primariamente da descrição do escoamento turbulento totalmente
desenvolvido para um fluido incompressível. Não consideramos os métodos teóricos para a previsão do surgimento da
turbulência nem as técnicas experimentais desenvolvidas para caracterizar a estrutura do escoamento turbulento. Também
não discutimos as teorias estatísticas da turbulência nem a maneira pela qual a energia turbulenta é distribuída sobre os
vários modos de movimento. Para esses e outros tópicos interessantes, o leitor deve consultar alguns dos livros clássicos
sobre turbulência. 1· 6 Existe uma literatura crescente sobre evidências experimentais e computacionais da existência de
"estruturas coerentes" (vórtices) em escoamentos turbulentos. 7
Turbulência é um assunto importante. De fato, a maioria dos escoamentos encontrados em engenharia é turbulento e
não laminar! Embora a nossa compreensão de turbulência esteja ainda longe de satisfatória, ela é um assunto que deve ser
estudado e entendido. Para a solução de problemas industriais não podemos obter resultados analíticos simples e, para a
maioria dos casos, tais problemas são abordados usando-se uma combinação de análise dimensional e dados experimentais.
Esse método é discutido no Cap. 6.
TUBOS CIRCULARES
Para o escoamento laminar, permanente e totalmente desenvolvido em um tubo circular de raio R, sabemos que a distribuição
de velocidades e a velocidade média são dadas por
~=
Vz,rnáx
1-(l:.)2
R
e (Re < 2100) (5.1-1, 2)
<!PL = (8µL)w
r.pR4
(Re < 2100) (5.1-3)
Para o escoamento turbulento, por outro lado, a velocidade flutua caoticamente com o tempo em cada ponto do tubo. Podemos
medir uma "velocidade média temporal" em cada ponto com, digamos, tubo de Pitot. Esse tipo de instrumento não é sensível
a flutuações rápidas da velocidade, mas fornece a velocidade média para períodos de vários segundos. A média temporal
'S. Corrsin, "Turbulence: Experimental Methods", em Handbuch der Physik, Springer, Berlin (1963), Vol. VTII/2. Stanley Corrsin ( 1920-1986), um professor da The
Johns Hopkins University, era um excelente experimentalista e instrutor; estudou a interação entre reações químicas e turbulência, e a propagação de correlações de dupla
temperatura.
'A. A. Townsend, The S1ruct11re ofT11rbulen1 Shear Flow, Cambridge University Press, 2' ed. (1976); veja também A. A. Townsend em Handbook ofFluid Dynamics (V.
L. Streeter, ed.), McGraw-Hill (1961) para uma revisão de fácil leitura.
3
J. O. Hinze, T11rb11/ence, McGraw-Hill, Nova York, 2' ed. (1975).
'H. Tennekes e J. L. Lumley, A First Course i11Turb11/e11ce,1"1IT Press, Cambridge, Mass. (l 972); os Caps. l e 2 desse livro apresentam uma introdução a interpretações
físicas dos fenômenos do escoamento turbulento.
5
M. Lesieur, La Turb11/e11ce, Presses Universitaires de Grenoble (1994); esse livro contém belas fotografias coloridas de sistemas com escoamento turbulento.
'Vários livros que cobrem o material além do escopo desse texto são: W. D. McComb, The Plzysics of Fluid Turb11/e11ce, Oxford University Press (1990); T. E. Faber,
Fluid Dynamicsfor Physicisls, Cambridge University Press (1995); U. Frisch, Turbulence, Cambridge University Press (1995).
7
P. Holmes, J. L. Lumley, e G. Berkooz, Turbule!!ce, Cohererll Strucwres, Dynamical Systems, and Symmetry, Cambridge University Press (1996); F. Waleffe, Phys.
Rev. Lett., 81, 4140-4148 (1998).
DISTRIBU!ÇÕ!lS DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 151
da velocidade (que é definida na próxima seção) terá uma componente z representada por v, e sua forma e valor médio
serão dados muito aproximadamente por1
v, (1--
---""' r)1n e (5.1-4, 5)
Vz,máx R
A expressão de potência t para a distribuição de velocidades é muito simplista para dar realisticamente a derivada da
velocidade na parede. Os perfis de velocidades laminar e turbulento são comparados na Fig. 5 .1-1.
Parede do tubo
0,8
0,6 k-+-l+--+--+-+---ji----!----l.\--+--1...J
v,
Ü;;,máx
Sobre a mesma faixa de números de Reynolds, a vazão mássica e a queda de pressão não são mais proporcionais, mas
relacionadas aproximadamente por
·'!J'0 - '!PL""'
' (?)'14(_µ,__
O198 =--
11
1;4L)w
,pR19!4
714
(104 < Re < 105) (5.1-6)
A dependência mais forte da queda de pressão com a vazão mássica para o escoamento turbulento resulta do fato de que
mais energia tem de ser suprida para manter o violento movimento de vórtices no fluido.
A transição laminar-turbulento em tubos de seção circular normalmente ocorre em um número de Reynolds crítico de
aproximadamente 2100, embora esse número possa ser maior se cuidado extremo é tomado para eliminar vibrações no
sistema. 2 A transição de escoamento laminar para turbulento pode ser demonstrada com um experimento muito simples
originalmente realizado por Reynolds. Coloca-se um tubo longo e transparente equipado com um dispositivo para injetar
uma pequena quantidade de corante na corrente ao longo do eixo do tubo. Quando o escoamento é laminar, o corante se
move para jusante como um filete reto e bem definido. Para o escoamento turbulento, por outro lado, o corante se espalha
rapidamente sobre toda a seção transversal, similarmente ao movimento de partículas na Fig. 2.0-1, devido ao movimento
de vórtices (difusão turbulenta).
TuBos NÃo-crRCULARES
Para o escoamento laminar desenvolvido no duto triangular mostrado na Fig. 3B.2(b), as partículas fluidas se movem
retilíneamente na direção z, paralela às paredes do duto. Em contraste, no escoamento turbulento existe, superposto à média
temporal do escoamento na direção z (o escoamento primário), um movimento médio temporal no plano xy (o escoamento
1
H. Schlichting, Bowzáary-Layer T/zeory, McGraw-Hill, Nova York, 7' ed. ( 1979), Cap. XX: (escoamento em tubos), Caps. Vll e XXI (escoamento sobre placa plana),
Caps. IX e XXIV (escoamento em jatos).
2 O. Reynolds,Plzil. Tra11S.Roy. Soe., 174, Part ill, 935-982 (1883). Veja também A. A. Draad e F. M. T. Nieuwstadt,J. F/uid 1Wech., 361, 297-308 (1998).
152 CAPÍTULO CINCO
Fig. 5.1-2 Esboço mostrando configurações de escoamento secundário para regime turbulento em
um tubo de seção transversal triangular [H. Schlichting, Boundary-Layer Theory, McGraw-Hill, Nova
York, 7.ª ed. (1979), p. 613].
secundário). O escoamento secundário é muito menos intenso que o escoamento primário e manifesta-se como um conjunto
de seis vórtices simetricamente arranjados em torno do eixo do duto (veja a Fig. 5.1-2). Outros tubos de seções não-circulares
também exibem escoamento secundário.
PLACA PLANA
Na Seção 4.4 mostramos que para o escoamento laminar em torno de urna placa plana, molhada em ambas as faces, a
solução das equações da camada-limite forneceram para expressão da força de arraste
F""' 0,74"'1o/ p4µ,L 4 W5v~ (turbulento) (5 x 105 < ReL < 107) (5.1-8)
Assim, a força é proporcional à potência~ da velocidade de aproximação para o escoamento laminar, e à potência~ para o
escoamento turbulento. A dependência mais pronunciada da força em relação à velocidade de aproximação reflete a energia
extra necessária para manter os movimentos irregulares dos vórtices no fluido.
--- - ---
TABELA5.1-1
laminar turbulento
Os exemplos anteriores mostram claramente que as características macroscópicas dos escoamentos laminar e turbulento
são, em geral, bastante diferentes. Um dos muitos desafios na teoria de turbulência é tentar explicar essas diferenças.
_ l Jl+~l0
Vz = t ' Vz(S) ds (5.2-2)
o t-,t,
v~(t) =Vz(t) - Dz
Tempot Tempo!
(a) (b)
Fig. 5.2-1 Esboço mostrando a componente de velocidade v, bem como a média temporal do seu valor, v,, e sua flutuação, v', no escoamento
turbulento (a) para "escoamento turbulento permanente" no qual ff, não depende do tempo, e (b) para uma situação na qual fJ, depende do
tempo.
sendo o intervalo de tempo t 0 suficientemente longo para fornecer uma função média suave. Para o sistema de escoamento
sob análise, a grandeza v=, que denominaremos média temporal da velocidade*, naturalmente, depende da posição. Quando
a média temporal da velocidade não variar na escala de intervalos de tempo em que se medem vazões (por exemplo),
falamos de escoamento turbulento induzido permanentemente. Os mesmos comentários que fizemos para a velocidade
podem também ser feitos para a pressão.
A seguir, vamos considerar o escoamento turbulento em um tubo com um gradiente de pressão dependente do tempo.
Para tal escoamento podemos definir médias temporais das grandezas, como anteriormente, mas temos de entender que o
período t 0 deve ser pequeno em relação às variações do gradiente de pressão, porém grande em comparação aos períodos
das flutuações. Para tal situação, a média temporal da velocidade e a velocidade real são ilustradas na Fig. 5.2-l(b). 1
'Adaptação livre do tenno técnico time-smoothed velocity, da língua inglesa. Trata-se de uma velocidade cuja dependência do tempo é eliminada através de um processo
de média temporal. O conceito de time-smoothed velocity se aplica a intervalos de tempo grandes em comparação aos das próprias flutuações de velocidade do fluido.
Outras grandezas "time smoothed" que surjam no texto serão traduzidas de fonna análoga. (N.T.)
1
Também podemos definir grandezas com "barra superior" em termos de uma "amostra média". Para a maioria dos objetivos, os resultados são equivalentes ou são
assumidos como tal. Veja, por exemplo, A. A. Townsend, The Structure o/Turbulent Shear F/ow, Cambridge University Press, 2•ed. (1976). Veja também P. K. Kundu,
Fluid Mechanics, Academic Press, Nova York (1990), p. 421, no que se refere à última fórmula dada naEq. 5.2-3.
154 CAPíTuLo CrNco
De acordo com a definição da Eq. 5.5-2, é fácil verificar que as seguintes relações são verdadeiras:
v; =o =O _j_v_ =
ax L
L-v_
ax L
(5.2-3)
A grandeza v?, todavia, não é igual a zero e, de fato, a relação~/ (v,) pode ser tomada como uma medida da magnitude
das flutuações turbulentas. Essa grandeza, conhecida como intensidade de turbulência, pode ter valores de 1 a 10% na
maior parte da corrente turbulenta e valores de 25% ou mais nas vizinhanças de uma parede sólida. Portanto, deve ser
enfatizado que não estamos necessariamente lidando com pequenas perturbações; algumas vezes, as flutuações são realmente
bastante violentas e de grandes magnitudes.
Grandezas tais como v.~v; também são não-nulas. A razão para isto é que movimentos locais do fluido nas direções x e
y estão correlacionados. Em outras palavras, as flutuações na direção x não são independentes das flutuações na direção
y. Veremos ainda na presente seção, que os valores dos produtos das médias temporais das propriedades têm um importante
papel na transferência turbulenta de momento. Posteriormente, encontraremos correlações similares que irão surgir no
estudo do transporte turbulento de calor e massa.
Tendo definido as médias temporais das grandezas e discutido algumas das propriedades das grandezas flutuantes,
podemos agora prosseguir com as equações de balanço em termos de médias temporais. De modo a manter o
desenvolvimento tão simples quanto possível, consideraremos aqui somente as equações para um fluido de densidade e
viscosidade constantes. Começamos escrevendo as equações da continuidade e do movimento, substituindo v por seu
v
equivalente v + e p por seu equivalente p + p'. A equação da continuidade é então (V· v = O), e escrevemos a componente
1
a (-Vx
7jX a <-Vy + Vy') +
+ V,') + ay aza (- +
Vz
') '= 0
Vz (5.2-4)
As componentes y e z da equação do movimento podem ser escritas de modo similar. A seguir tomamos essas equações
médias temporais fazendo uso das relações dadas na Eq. 5.2-3. Isto fornece
(5.2-6)
com relações similares para as componentes y e z da equação do movimento. Essas são as equações da continuidade e das
médias temporais do movimento para um fluido com densidade e viscosidade constantes. Comparando-as com as equações
correspondentes, Eq. 3.1-5 e Eq. 3.5-6 (essa última escrita em termos de a/at), concluímos que
a. A equação da continuidade é a mesma que tínhamos anteriormente, exceto que, agora, v é substituído por v.
b. A equação do movimento tem agora v e p onde anteriormente tínhamos v e p. Além disso, aparecem os termos
sublinhados por uma linha tracejada, que descrevem o transporte de momento associado às flutuações turbulentas.
Podemos escrever a Eq. 5.2-7 introduzindo o tensor fluxo turbulento de momento 7(1) com componentes
:r;~ = pv~v~ :rg} pv~v~ :r;; = pv~v~ e assim por diante (5.2-8)
Essas grandezas são usualmente referidas como as tensões de Reynolds. Podemos também introduzir o símbolo ;;:M para
o fluxo viscoso de momento. As componentes desse tensor têm a mesma aparência que as expressões dadas nos Apêndices
B.l a B.3, exceto que as componentes da média temporal da velocidade aparecem nelas:
-<v>
T ry - f-l (avy ªº·)
ax + a; e assim por diante (5.2-9)
DISTR!BU!ÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 155
A Eq. 5.2-11 é uma equação extra, obtida subtraindo-se a Eq. 5.2-10 da equação da continuidade original.
O principal resultado dessa seção é que a equação do movimento em termos do tensor tensão, resumida na Tabela B.5
do Apêndice, pode ser adaptada para a média temporal do escoamento turbulento, trocando-se todos os v;por v; e p por
p, bem como T;;por T;i = 7)J'l + 7/P em quaisquer dos sistemas de coordenadas dados.
Chegamos agora à principal dificuldade na teoria da turbulência. As tensões de Reynolds, não estão relacionadas 7W,
aos gradientes de velocidade de uma maneira simples tal como ocorre com as médias temporais das tensões viscosas, 7)J'l,
naEq. 5.2-9. Muito pelo contrário, elas são funções complicadas da posição e da intensidade de turbulência. Para resolver
problemas de escoamento devemos ter informações experimentais sobre as tensões de Reynolds ou então recorrer a alguma
expressão empírica. Na Seção 5.4 discutimos alguns empirismos existentes.
Na verdade, também podemos obter equações de balanço para as tensões de Reynolds (veja o Problema 5D.l). Todavia,
essas equações contêm grandezas do tipo vf vf v~ . Similarmente, as equações de balanço para as vf vf v; contêm a correlação
v;vjv~v;, uma ordem mais elevada que a anterior, e assim por diante. Isto é, existe uma hierarquia sem fim de equações que
devem ser resolvidas. Para resolver problemas de escoamento temos de "truncar" essa hierarquia mediante a introdução de
empirismos. Se usarmos empirismos para as tensões de Reynolds, temos uma "teoria de primeira ordem". Se introduzirmos
empirismos para v; vj v~ , então temos uma "teoria de segunda ordem", e assim por diante. O problema de introduzir empirismos
para obter um conjunto fechado de equações que possa ser resolvido levando às distribuições de velocidades e pressões, é
referido como "problema de fechamento". A discussão da Seção 5.4 trata do fechamento de primeira ordem. Para segunda
ordem, o "empirismo k-e" tem sido muito estudado, sendo largamente usado em mecânica dos fluidos computacional. 1
2 J. L. Lumley, Adi•. Appl. Mech., 18, 123-176 (1978); C. G. Speziale,Amz. Revs. Fluid 1Vfech., 23, 107-157 (1991); H. Schlichting e K. Gcrsten, Bou11dary·LayerTheo1)'.
O escoamento próximo a uma supeifície plana é mostrado na Fig. 5.3-1. É conveniente distinguir qQatro regiões de
escoamento:
• a subcamada viscosa muito próxima da parede, onde a viscosidade tem papel-chave
• a camada tampão onde ocorre transição entre as subcamadas viscosa e inercial
• a subcamada inercial no início da corrente turbulenta principal, onde a viscosidade tem, no máximo, um papel menor
• a corrente turbulenta principal onde a média temporal da distribuição de velocidades é quase plana e a viscosidade
não é importante
Deve ser enfatizado que esta classificação em regimes é algo arbitrária.
~; = ~ f;~ (5.3-1)
onde K é uma constante adimensional e arbitrária que deve ser determinada experimentalmente. A grandeza -v;;TP tem
dimensões de velocidade; ela é chamada de velocidade de atrito• e é simbolizada por v•. Quando a Eq. 5.3-1 é integrada obtemos
-Vx =K
v*I n y +À , (5.3-2)
onde A' é uma coiistante de integração. Usando agrupamentos adimensionais reescrevemos a Eq. 5.3-2 como
(5.3-3)
onde À é uma constante relacionada a A' de maneira simples; a viscosidade cinemática v foi incluída de modo a tornar
adimensional o argumento do logaritmo. Mostrou-se experimentalmente que valores razoáveis para as constantes são2
K = 0,4 e À = 5,5, resultando
Vx = 2,5 ln l i
V,;' (yv*) + 5,5 (5.3-4)
A equação anterior é conhecida como distribuição logarítmica universal de velocidades de Kármán-Prandtl; 3 ela pode ser
aplicada apenas à subcamada inercial. Veremos mais tarde (na Fig. 5.5-3) que esta função descreve moderadamente bem
os dados experimentais um pouco além da subcamada inercial.
Se a Eq. 5.3-1 fosse correta, as constantes K e À seriam então "constantes universais", aplicáveis para qualquer número
de Reynolds. Todavia, valores de K na faixa 0,40 a 0,44 e valores de À na faixa 5,0 a 6,3 podem ser achados na literatura,
dependendo da faixa de números de Reynolds. Isso sugere que o lado direito da Eq. 5. 3-1 deve ser multiplicado por alguma
função do número de Reynolds e que y poderia ser elevado a algum expoente envolvendo o número de Reynolds. Argumentos
teóricos têm sido apresentados indicando que a Eq. 5.3-1 deveria ser substituída por
dvx =
dy
~
Y
(B + ~)(yv*)Jl,/ln
0 ln Re v
Re
5 .3-5)
<
1
L. Landau e E. M. Üfshitz, Fluid Mechanics, Pergamon Press, Oxford, 2•ed. (1987), pp. 172-178.
2
H. Schlichting e K. Gersten, Boundary·Layer Theory, Springer-Verlag, Berlin, 8• ed. (2000), Seção 17.2.3.
3
T. von Kárrnán, Nachr. Ges. Wiss. Gõttingen, Math-Plrys. K/asse (1930), pp. 58-76; L. Prandtl, Ergeb. Aerodyn. Versuch., Series 4, Gõttingen (1932).
·Também chamada de velocidade de cisalhamento. (N.T.)
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 157
ondeB 0 = i \13, B 1 = f e /3 1 = i. Quando a Eq. 5.3-5 é integrada em relação ay, a distribuição universal de velocidades
de Barenblatt-Chorin é obtida:
VI - ( 1
v;; - \13 ln Re + 2 v
5)(yv*)3/(2 ln Re)
(5.3-6)
AEq. 5.3-6 descreve as regiõesQ)e@daFig. 5.3-1 melhor do que aEq. 5.3-4.4 A região(Démelhordescrita pelaEq. 5.3-13.
Para calcular os termos dessa série, necessitamos de uma expressão para a média temporal da tensão cisalhante nas
vizinhanças da parede. Para o caso especial do escoamento permanente em uma fenda de espessura 2B, a tensão cisalhante
será da forma Tyx = 7-~~ + 7-~] = - 70(1 - (y/B)]. Então, das Eqs. 5.2-8 e 9, temos
avx
+µ. ay - pVIVy =
-,, (
To 1 -
y)
B (5.3-8)
5
Examinemos agora, um por um, os termos que aparecem na Eq. 5 .3-7:
(i) O primeiro termo é zero pela condição de não-deslizamento.
(ii) O coeficiente do segundo termo pode ser obtido da Eq. 5.3-8, reconhecendo que ambos v/ e v/ são zero na parede,
de modo que
avxj To
(5.3-9)
rJy y=O = /I
(iii) O coeficiente do terceiro termo envolve a segunda derivada, que pode ser obtida diferenciando-se a Eq. 5.3-8 em
relação a y e então fazendo y = O, conforme segue
( , -ã2V~+ 2 av~
a3vr 1 = -pV
- - -av~
+ v, -a2v~) /
ay3 y=o µ. I ay2 ay ay Y ay2 y=o
= _!:!_
µ.
(+ (av;ax + av~)
2
az ay
av~) j
y=O
=0 (5.3-11)
(5.3-12)
'G. f. Barenblatt ~A. J. Chorin, Proc. Nat. Acad. Sei. US.4, 93, 6749-6752 (1996) eS!AM Rev., 40, 265-291 ( 1981); G. l. Barenblatt, A. J. Chorin t: V. M. Proslokishin, Proc. Nat.
Acad. Sei. USA, 94, 773-776 (1997). Veja também G. I. Barenblatt, Scaling, Self-Similarity, and lntemzediate Asymptotics, Cambridge University Press (1992), Seção 10.2.
'G. I. B arenblane A. J. Cborin,Proc.Nat. Acad. Sei. USA, 93, 6749-6752 (1996) eSfAlYl Rev., 40, 265-291 (1981); G. I. Barenblan, A. J. Chorin e V. M. Prostokishin, Proc.
Nat. Acad. Sei. USA, 94, 773-776 (1997). Veja também G. I. Barenblatt, Scali11g,Self-Similarity, arui lntermediate Asymptotics, Cambridge University Press (1992), Seção 10.2.
5
A. A. Townsend, The Strncture ofTurbulent Shear F/ow, Cambridge University Press, 2• ed. (1976), p. 163.
158 CAPÍTULO CINCO
ver na Tabela 5.1; 1, pelo menos para um dos escoamentos ali mencionados, o jato circular, podemos esperar que a Eq.
5.4-1 seja útil. Usualmente, todavia, µ,<tl é uma função forte de posição e da intensidade de turbulência. De fato, para alguns
sistemas 2 µ,< 1> pode inclusive ser negativo em algumas regiões. Deve ser enfatizado que a viscosidade,µ,, é uma propriedade
do fluido enquanto a viscosidade turbulenta, µ,(tl, é primariamente uma propriedade do escoamento.
Para dois tipos de escoamentos turbulentos (isto é, escoamentos ao longo de superfícies e escoamentos em jatos e esteiras),
expressões especiais para µ,< 1> estão disponíveis:
Essa expressão, que pode ser obtida da Eq. 5.3-13, é válida somente muito próximo da parede. Ela tem considerável
importância na teoria de transferência de calor e massa em interfaces sólido-í1uido.3
(ii) Turbulência livre: µ<I) = p1<0 b(Vz,máx - Vz,mín) (5.4-3)
onde Koé um coeficiente adimensional a ser determinado experimentalmente, b é a largura da zona de mistura a uma distância
z a jusante e a grandeza entre parênteses representa a diferença máxima entre as componentes z das médias temporais
das velocidades para aquela distância z. Prandtl4 mostrou que a Eq. 5 .4-3 é um empirismo útil para jatos e esteiras.
6
C. S. Lin,R W. Moulton e G. L. Putnam, Ind. Eng. Chem., 45, 636---040, (1953); o coeficiente numérico foi determinado a partir de experimentos de transferência de massa em
tubos circulares. A importância do termo y' na transferência de calor e massa havia sido reconhecida anteriormente por E. V. Murphree, lnd. Eng. Chcm., 24, 726--736 (1932).
Eger Vaughn Murphree (1898-1962) era capitão do time de futebol da Universidade do Kentucky em 1920 e tomou-se presidente da Standard Oi! Development Company.
·Uma tradução mais "ao pé da letra" para o termo original eddy viscosity, da língua inglesa, seria viscosidade de vórtice. Todavia, esse termo é raramente usado na língua
portuguesa. (N.T.)
'1. Boussinesq, Mém. pres. par div. savants à/' acad. sei. de Paris, 23, #l, 1-680 (1877), 24, #2, 1-64 (1877). Joseph Valentin Boussinesq (l842-1929), professor
universitário em Lille, escreveu um tratado sobre calor, em dois volumes, e é famoso pela ''apro;<irnação de Boussinesq" e pela idéia de "viscosidade turbulenta".
'J. O. Hinze,Appl. Sei. Res., 22, 163-175 (1970); V. Kruka e S. Eskinazi,J. Fluid Mech., 20, 555-579 (1964).
3
C. S. Lin, R. W. Moulton e G. L. Putnam, Ind. Eng. Chem., 45, 636---040 (l953).
'L. Prandtl, Zeits.f angew. Math. u. Mech., 22)41-243 (1942).
DISTRIBU1ÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO 'fuRBULENTO 159
ExEMPLO 5.4-1
Desenvolvimento de uma Expressão para a Tensão de Reynolds nas Vizinhanças de uma Parede
Obter uma expressão para~:.~ = pv~v-~ corno urna função de y na vizinhança de urna parede.
SOLUÇÃO
(a) Iniciamos fazendo um desenvolvimento em Série de Taylor para as três componentes de v':
1 a-v~ \ 1r" + · · ·
2
, = vx(O)
vx(y) , av: 1 y + -
+ ___::. (5.4-8)
··-···· ay y=o 2! ay· y=o·0
av,~ y + ?T---Z
1 a v~ \
2
v~(y) = v~(O) +a 1
. . . . . . . . ...X. . x~-~-- -· ay y=o
y2 + ... (5.4-9)
' . = v.(O)
Vz(y) ' av~ 1 y + ---;-
+ --=- 1 a2v~ 1 y·" + · · · (5.4-10)
............... ay y=o 2! ay- y=o
O primeiro termo das Eqs. 5.4-8 e 10 deve ser igual a zero devido à condição de não-deslizamento; o primeiro termo da
Eq. 5.4-9 é igual a zero na ausência de transferência de massa. A seguir, podemos escrever a Eq. 5.2-11 em y = O,
avx
BX
ªBy'\y=O + av,Bz'Ily=O = o
'j y=O + -3!. (5.4-11)
O primeiro e o terceiro te!Tilos desta equação são iguais a zero devido à condição de não-deslizamento. Portanto, somos
levados a concluir que o segundo termo deve ser igual a zero também. Então, todos os termos sublinhados por uma linha
tracejada nas Eqs. 5.4-8 a 10 são iguais a zero, então .
-<n _ --,-, _ _ ( _
ryx - pvxvy - r0 1
y) + µ,dy
B dv,
onde A = 4C(v./v) 4
• Isto está de acordo com a Eq. 5.4-12.
EXEMPLO 5.5-1
Estimativa da Velocidade Média em um Tubo Circular
Aplicar os resultados da Seção 5.3 para obter a velocidade média para escoamento turbulento em um tubo circular.
SOLUÇÃO
Podemos usar a distribuição de velocidades mostrada na legenda da Fig. 5.5-3. Para obter a velocidade média no tubo,
devemos integrar sobre quatro regiões: a subcamada viscosa (y+ < 5), a camada tampão (5 < y+ < 30), a subcamada
inercial e a corrente turbulenta principal que possui um perfil de velocidades com forma aproximadamente parabólica.
8
H. Reichardt, Zeits.f angew. Math. u. Mech .. 31, 208-219 (1951). Veja também J. O. Hinze, Turbulence, McGraw-Hill, Nova York, 2• ed. (1975), pp. 620-621.
9
R. H. NottereC. A. Sleicher, Clrem.Eng.Sci .. :Z.6, 161-171 (1971); O. C. SandalleO. T. Haruia,A!ChEJourna/, 25, 190-192(1979);D. W. HubbardeE.N. Lightfoot,
Ind. Eng. Chem. Fundamentais, 5, 370-379 (!966).
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES NO ESCOAMENTO TURBULENTO 161
t 16'f:
H---v-;-v--1~C - - - - - ' ; l r l - - - - t - - - + - - - 1
z 1211-----1-----1--......-t---+---l
·oo-o-~0.-2--0~,4--0~,6--o~,s-~1,o
x-- x-- ~
Fig. 5.5-1 Medições de H. Reichardt [Na- Fig. 5.5-2 Medições de H. Reichardt (veja a
turwissenschaften, 404 (1938), Zeits. F angew. Fig. 5.5-1) para a grandeza v;v~ em um duto
Math. u. Mech., 13, 177-180 (1933), 18, 358-361 retangular. Note que essa grandeza difere de
(1938)1 para o escoa.uento turbulento de ar em um 7-rzl p apenas nas proximidades da parede do
duto retangular com Vzmóx = 100 cm/s. São mos- duto.
tradas as grandezas ffe e ffe.
Certamente podemos fazer isso, porém já foi mostrado que ao integrar o perfil logarítmico da Eq. 5.3-4 (ou o perfil da lei
da potência, Eq. 5.3-6) sobre toda a seção transversal, obtemos resultados com a forma aproximadamente correta. Para o
peifil logarítmico resulta
;'''.~ (. l'··
(vJ =
v,;- (Rv*)
2,5 ln --;;:- . + 1,7::i
_ (5.5-1)
. r;
Se esse resultado é comparado com dados experimentais de vazão versus queda de pressão, temos que uma boa concordância
pode ser obtida trocando-se 2,5 por 2,45 e 1,75 por 2,0. Essa "maquiagem" das constantes provavelmente não seria necessária
se a integração sobre a seção transversal fosse feita usando as expressões locais da velocidade para as diversas camadas.
Por outro lado, é interessante dispor de uma relação logarítmica simples tal como a Eq. 5.5-1 para descrever a queda de
pressão versus vazão.
De maneira similar, o perfil lei da potência pode ser integrado sobre toda a seção transversal resultando (veja referência
4 da Seção 5.3)
onde a= 3/(2 ln Re). Essa relação é útil sobre a fai,'<a 3,07 X 103 < Re < 3,23 X 106•
EXEMPLO 5.5-2
Aplicação da Fórmula de Prandtl para o Comprimento de Mistura 1zo Escoamento Turbulento em um Tubo
Circular
Mostre como as Eqs. 5.4-4 e 5 podem ser usadas para descrever o escoamento turbulento em um tubo circular.
162 CAPÍTULO CINCO
_,,..
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10
X
~
• "'i'•
I./ 1
1 v.
V• -
o Nikuradse (água)
V o Reichardt-Motzfeld (ar) -
/,'-
__...,,. 1
" Reichardt-Schuh (ar)
• Rothfus-Monrad-Senecal (ar)
-
-
o 1 1 1 1
1 20 50 100 200 soo 1000
Fig. 5.5-3 Distribuição de velocidades adirnensionais para o escoamento turbulento em tubos circulares, apresentadas como v+ = v,lv.
versus y+ = yv.p!µ,,onde v,. = y;;/p e r0 é a tensão cisalhante na parede. As curvas contLrrnas são as sugeridas por Lin, Moulton e Putnarn
[Ind. Eng. Chem., 45, 636-640 (1953)]:
o< y+ <5: v+ = y+[l - t(y+ /14,5)3]
5 < y+ < 30: v+ = 5 ln(y+ + 0,205) - 3,27
30 < y+: 2,5 ln y+ + 5,5
Os dados experimentais são os de J. Nikuradse para água(O)[VDI Forschungsheft, H356 (1932)]; Reichardt e Motzfeld para ar(@); Reichardt
e Schuh (L) para ar [H. Reichardt, NACA Tech. Mern. 1047 (1943)]; e R. R. Rothlus, C. C. Monrad e V. E. Senecal para ar {li) [Ind. Eng. Chem.,
42, 2511-2520 (1950)].
SOLUÇÃO
A Eq. 5.2-12 fornece, para o escoamento permanente em um tubo circular,
T(I)
rz
= (QJ>o
2L
QJ>L)r = 'T
o
(1 - r)R (5.5-4)
(5.5-5)
D!STRIBlllÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAl\-lENTO TURBULENTO 163
Substituindo esse resultado na Eq. 5.5-4 obtemos uma equação diferencial para a média temporal da velocidade. Se seguirmos
Prandtl e extrapolarmos a subcamada inercial para a parede, então é apropriado substituir r~ por 'í0 na Eq. 5.5-5. Quando
isso é feito, a Eq. 5.5-5 pode ser integrada dando
- V*
Vz = Ki ln y + constante (5.5-6)
Assim, um perfil logarítmico é obtido e, portanto, os resultados do Exemplo 5.5-1 podem ser usados; isto é, podemos
empregar a Eq. 5.5-6 como uma aproximação muito grosseira para toda a seção transversal do tubo.
EXEMPLO 5.5-3
Magnitude Relativa da Viscosidade e da Viscosidade Turbulenta
Determine a razão µ,C 1>/µ, em y = R/2 para o escoamento de água a vazão constante em um longo tubo liso e com seção
transversal circular, sob as seguintes condições:
R =raio do tubo= 3 in = 7,62 cm
'ío = tensão cisalhante na parede = 2,36 X 10- 5 lbJin2 = O, 163 Pa
p = densidade = 62,4 lb,,/ft3 = 1000 kg/m 3
v =viscosidade cinemática= 1,1 X 10- 5 ft2/s = 1,02 X 10-1 m2/s
SOLUÇÃO
A expressão para a média temporal do fluxo de momento é
Essa equação pode ser resolvida para µ,<I)/µ,e o resultado pode ser expresso em termos de variáveis adimensionais:
µ<l) = l_ Trz -1
µ µ dvzf dy
1 T 0[1 - (y/R)J
µ dv2 /dy
[1 - (y/R)]
(5.5-8)
dv+ /dy+
onde y+ = yv,p/µ,e v+ = vJv.. Quando y = R/2, o valor de y+ é
485 (5.5-9)
Para esse valor de y+, a distribuição logarítmica da legenda da Fig. 5 .5-3 fornece
(5.5-11)
Esse resultado enfatiza que, longe da parede do tubo, o transporte molecular de momento é desprezível em comparação
com o transporte turbulento.
incluem, por exemplo, jatos e esteiras. A média temporal da velocidade nesses tipos de escoamentos pode ser descrita
adequadamente usando a expressão de Prandtl para a viscosidade turbulenta, conforme Eq. 5.4-3, ou usando a teoria do
comprimento de mistura de Prandtl juntamente com o empirismo dado na Eq. 5.4-6. O primeiro método é mais simples e,
portanto, será usado no exemplo ilustrativo que se segue.
EXEMPLO 5.6-1
Médias Temporais da Distribuição de Velocidades em um Jato Circular Proveniente de uma Parede 14
Um jato de fluido emerge de um orifício circular para o interior de um reservatório que contém o mesmo fluido, conforme
mostrado na Fig. 5.6-1. Na mesma figura aparece um esboço do perfil esperado para a componente z da velocidade. Para
diferentes valores de z esperaríamos que os perfis tivessem formatos similares, diferindo apenas por um fator de escala
para a distância e a velocidade. Também podemos imaginar que conforme o jato se afasta da parede, ele irá criar um
escoamento radial em sua própria direção, de tal modo que o fluido das vizinhanças será arrastado com ele. Queremos
determinar a distribuição de velocidades independentes do tempo no jato e também a quantidade de fluido atravessando
cada plano de z constante. Antes de trabalhar na solução, pode ser útil revisar as informações sobre jatos na Tabela 5.1-1.
SOLUÇÃO
Para usarmos a Eq. 5.4-3 é necessário saber como b e v"mãx - v,,m 111 variam com z no jato circular. Sabemos que a taxa total
de momento de direção z, J, será a mesma para todos os valores dez. Presumimos que o fluxo convectivo de momento é
muito maior que o viscoso. Isso nos permite postular que a largura, b, do jato depende de J, da densidade, p, e da viscosidade
cinemática, v, do fluido e da distância, z, a jusante da parede. A ünica combinação dessas variáveis que tem a dimensão de
comprimento é b o-:. lz! p v2 de modo que a largura do jato é proporcional a z.
A seguir postulamos que os perfis de velocidades são "similares", isto é,
•:;-Vz =j{g) r
onde Ç = b(z) (5.6-1)
Vz,máx
o que parece uma proposta plausível; nessa equação, vz.má.r é a velocidade ao longo da linha de centro. Quando esse resultado
é substituído na expressão da taxa de transferência de momento no jato (desprezando-se a contribuição de rxx)
J=
f. 2"f"'
0 0
pv~rdrde (5.6-2)
encontramos que
(5.6-3)
1
H. Schlichting, Boundary-Layer Theary, McGraw-Hill, Nova York, 7' ed. (1979), pp. 747-750.
'A. A. Townsend, The Structure ofTurbulent S/zear Flow, Cambridge University Press, 2• ed. (1976), Cap. 6.
1
J. O. Hinze, Turbulence, McGraw-Hill, Nova '(ork, 2• ed. (1975), Cap. 6.
4
S. Goldstein, Modem Dcvelopments in.Fluid Dynamics, Oxford University Press (1938), e Dover reprint (1965), pp. 592-597.
DISTRIBUTÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 165
Como J não depende dez e como b é proporcional a z, então vz,máx tem de ser proporcional a z.
O v,,,,,,n naEq. 5.4-3 ocorre na periferia do jato e é zero. Então, tendo em vistab cc ze v,.máx"" z- 1, determinamos, a partir
da Eq. 5.4-3 que µ,1'1é urna constante. Assim, podemos usar as equações do movimento para o escoamento laminar e substituir
a viscosidade,µ,, pela viscosidade turbulenta µ,(11, ou vpor if'J.
No jato, o movimento principal é na direção z; isto é, lv,I << lvzl- Então, podemos usar uma aproximação de camada
limite (veja a Seção 4.4) para as médias temporais das equações de balanço e escrever
- = -1-ªlf!
V - 1 ªlf! (5.6-9, 10)
z r ar r az
Essa definição garante que a equação da continuidade, Eq. 5.6-4, seja satisfeita. Como sabemos que v, é z- X alguma 1
função de Ç, deduzimos daEq. 5.6-9 que ifldeve ser proporcional az. Além disso, i/Jdeve ter dimensões de (velocidade) X
(comprimento)2 e, portanto, a função de corrente deve ter a forma
lf!(r, z) = vC!lzF(Ç) (5.6-11)
onde Fé uma função adimensional de Ç= r/z. Das Eqs. 5.6-9 e 10, obtemos
-
V=---
z
·1il F'
z ç vr = !!!l_z (E-F')
Ç (5.6-12, 13)
(5.6-17)
(5.6-18)
onde a constante de integração deve ser zero; isso pode ser visto usando-se a série de Taylor, Eq. 5.6-16, juntamente com
o fato de a, b e d serem iguais a zero.
166 CAPÍTULO CINCO
A Eq. 5.6-18 foi resolvida primeiro por Schlichting.õ Inicialmente mudamos a variável independente fazendo-se
Ç = ln/3. A equação diferencial de segunda ordem resultante contém apenas a variável dependente e suas duas primeiras
derivadas. Equações desse tipo podem ser resolvidas por métodos elementares. A primeira integração fornece
(5.6-19)
Mais uma vez, conhecendo o comportamento de F próximo a Ç= O, concluímos que a segunda constante de integração é
zero. A Eq. 5.6-19 é então uma equação de primeira ordem, separável, e pode ser resolvida fornecendo
(5.6-22)
Quando a expressão anterior para v, é substituída na Eq. 5.6-2 paraJ, obtemos uma expressão para a terceira constante de
integração em termos de J:
(5.6-23)
As três últimas equações fornecem então as médias temporais dos perfis de velocidades em termos de J, p e v 1'1•
Uma grandeza mensurável no escoamento de jatos é a posição radial correspondendo a uma velocidade axial igual à
metade daquela da linha de centro; denominamos a mesma por meia-largura, b 1f1.. Da Eq. 5.6-21 obtemos então
1.0
ox = 20 cm
o =26cm
o =45 cm
-2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Fig. 5.6-2 Distribuição de velocidades em um jato circular em escoamento turbulento [H. Schlichting, Boundary-Layer Theory, McGraw-Hill,
Nova York, 7• ed. (1979), Fig. 24.9]. Os cálculos baseados na viscosidade turbulenta (curva 1) e no comprimento de mistura de Prandtl (curva
2) são comparados com medições de H. Reichardt [VDJ Forschungsheft, 414 (1942), 2•ed. (1951)]. Medições adicionais feitas por outros são
citadas por S. Corrsin ["Turbulence: Experimental Methods", em Hand.buch der Physik, VoL VIII/2, Springer, Berlin (1963)].
5
H. Schlichting, Zeits.f angew. Matiz. 11. Mech.,J3, 260-263 (1933).
6
H. Reichardt, VDI Forclumg;héft, 414 (1942).
------------------------------------
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 167
A Fig. 5.6-2 compara o perfil axial de velocidades visto anteriormente com dados experimentais. A curva obtida a partir
da teoria do comprimento de mistura de Prandtl também é mostrada. 7 Ambos os métodos parecem fornecer ajustes
razoavelmente bons dos perfis experimentais. O método da viscosidade turbulenta parece ser algo melhor nas vizinhanças
da velocidade máxima, enquanto os resultados do comprimento de mistura são melhores na parte de fora do jato.
Uma vez conhecidos os perfis de velocidades, as linhas de corrente podem ser obtidas. A partir das linhas de corrente,
mostradas na Fig. 5.6-3, pode ser visto como o jato incorpora fluido da massa fluida em suas vizinhanças. Assim, a massa
de fluido transportada pelo jato aumenta com a distância a partir da fonte. Essa vazão mássica de escoamento é
w= J
2
0
" {"' pv,r dr d() = 87rp1/l>z (5.6-25)
]_1~
nnrrrrm" Fig. 5.6-3 Configuração das linhas de corrente para um jato circular em escoamento
turbulento [H. Schlichth1g, Boundary-Layer Theory, McGraw-Hill, Nova York, 7.ª ed. (1979),
Fig. 24.101.
O jato bidimensional emergindo de uma fenda estreita na parede pode agora ser analisado de modo similar. Nesse
problema, todavia, a viscosidade turbulenta é função de posição.
PROBLEMAS
SA.1 Queda de pressão necessária para a transição laminar-turbulento. Um fluido com viscosidade de 18,3 cp e
densidade de 1,32 g/cm3 escoa em um tubo horizontal longo com raio de 1,05 in (2,67 cm). Para que gradiente de
pressão o escoamento se toma turbulento?
Resposta: 42 psi/mi (1,8 X 105 Pa/km)
7
W. Tollrrúen, Zeits. f angew. Math. u. Mech., 6, 468-478 (1926).
168 CAPITULO C!N~Çl.
SA.2 Distribuição de velocidades no escoamento turbulento em tubos. Água escoa através de um tubo longo, reto e
horizontal com diâmetro interno de 6,00 in, na temperatura de 68ºF. O gradiente de pressão ao longo do comprimento
do tubo é de 1,0 psi/milha.
(a) Determine a tensão cisalhante na parede, 'T°' em psi (lb/in 2) e em Pa.
(b) Suponha que o escoamento seja turbulento e determine a distância radial a partir da parede do tubo onde se tem
v,lv~máx = 0,0, 0,1, 0,2, 0,4, 0,7, 0,85, 1,0.
(c) Plote o perfil completo de velocidades vJvw•áx versus y = R - r.
(d) A hipótese de escoamento turbulento é justificada?
(e) Qual a vazão mássica?
5B.1 Velocidade média no escoamento turbulento em tubos.
(a) Para o escoamento turbulento em tubos circulares lisos, a função 1
v ( )t/11
Vz.~áx = l - fr (SB.1-1)
é algumas vezes útil para o propósito de ajustes: próximo a Re = 4 X 103, n = 6; próximo a Re = 1,1 X 1()5, n = 7;
e próximo a Re = 3,2 X 10\ n = 10. Mostre que a razão entre as velocidades médias e máxima é
~vz) = 2n
2
(SB.1-2)
Vz,máx (n + 1)(2n + 1)
e verifique o resultado da Eq. 5.1-5.
(b) Esboce o perfil logarítmico da Eq. 5.3-4 como uma função der quando aplicado a um tubo circular de raio R.
Mostre então como essa função pode ser integrada sobre a seção transversal do tubo para obter a Eq. 5.5-1. Liste
todas as hipóteses feitas para obter esse resultado.
SB.2 Vazão mássica em um jato circular turbulento.
(a) Verifique que as distribuições d.e velocidades das Eqs. 5.6-21 e 22 realmente satisfazem às equações diferenciais
e condições de contorno.
(b) Verifique que a Eq. 5.6-25 é obtida da Eq. 5.6-21.
SB.3 A expressão da viscosidade turbulenta na subcamada viscosa. Verifique que a Eq. 5.4-2 para a viscosidade
turbulenta vem diretamente da expressão da série de Taylor, Eq. 5.3-13.
SC.1 Jato bidimensional turbulento.Um jato de fluido perpendicular ao plano xy emerge de uma fenda e escoa na direção
z para o interior de um meio semi-infinito do mesmo fluido. A largura da fenda na direção y é W. Siga a metodologia
do Exemplo 5.6-1 para encontrar a média temporal dos perfis de velocidades nesse sistema.
(a) Adote os perfis similares
ondeÇ = x/z (SC.1-1)
Mostre que o princípio da conservação do momento leva ao fato de que a velocidade na linha central deve ser
proporcional a z-ll2_
(b) Introduza uma função de corrente lfltal que v, = -alf!/axev" = +alfl/az. Mostre que o resultado de (a) juntamente
com considerações dimensionais leva à seguinte forma para !fr.
(SC.1-2)
Nessa equação, F(Ç) é a função de corrente adimensional que será determinada a partir da equação do movimento
para o fluido.
(e) Mostre que a Eq. 5.4-2 e considerações dimensionais leva à seguinte forma para a viscosidade cinemática
turbulenta:
1
H. Schlichting, Boundary-Layer Tizeory, McGraw-Hill, Nova York, 7.' ed. (1979), pp. 596-600.
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 169 -
(d) Reescreva a equação do movimento para o jato usando a expressão da viscosidade cinemática turbulenta de (c)
e a função de corrente de (b). Mostre que isso leva à seguinte equação diferencial: .
~F' 2 + ~FF" - ÀF'" =O (SC.1-4)
Por uma questão de conveniência, introduza urna nova variável
7/ = Ç/4A = x/4,\z (SC.1-5)
e reescreva aEq. 5C.l-4.
(e) A seguir, verifique que as condições de contorno para a Eq. SC.1-4 são F(O) =O, F"(O) =O e F'(oo) =O.
(t) Mostre que a Eq. 5C. l-4 pode ser integrada para dar
2FF' - F" = constante (SC.1-6)
e que as condições de contorno requerem que a constante seja zero.
(g) Mostre que uma integração adicional leva a
F2 -F' = c2 (SC.1-7)
e
onde é uma constante de integração.
(h) Mostre que uma outra integração leva a
F = -Ctgh C71 (SC.1-8)
e que a velocidade axial pode ser achada a partir desse último resultado como sendo
-v =----sech-C71
vrr;;wcz , (SC.1-9)
z 4ÀVz
(i) A seguir, mostre que substituindo a velocidade axial na expressão do momento total do jato leva ao valor C = V3A
para a constante de integração. Reescreva a Eq. 5C. l -9 em termos de Aem lugar de C. O valor A = 0,0102 fornece
boa concordância para os dados experimentais. 2 Acredita-se que a concordância é ligeiramente melhor que a do
empirismo do comprimento de mistura de Prandtl.
O) Mostre que a vazão mássica através de qualquer plano z = constante é dada por
w= 2V3Ã rr;;;
3À.Yw (SC.1-10)
SC.2 Escoamento turbulento em um ânulo. Um ânulo é limitado por paredes cilíndricas em r = aR e r = R (onde
a< 1). Obtenha expressões para os perfis turbulentos e de velocidade e para vazão mássica. Use o perfil logarítmico
da Eq. 5.3-3 para o escoamento nas vizinhanças de cada parede. Suponha que a localização da velocidade máxima
ocorra na mesma superfície cilíndrica r = bR encontrada para o escoamento laminar anular:
b= (SC.2-1)
Perfis de velocidades medidos sugerem que essa hipótese de b é razoável, pelo menos para números de Reynolds
altos. 3 Suponha, além disso, que K na Eq. 5.3-3 é o mesmo para as paredes de dentro e de fora.
(a) Mostre que a aplicação direta da Eq. 5.3-3 leva imediatamente aos seguintes perfis de velocidades 4 na região
r < b (designado por<) e r > b (designado por>):
v;
~
1l
/ên
(<r - aR)vi)· +À <
--11-- onde -< - Jb1 -
az
v,. - v** - a - (SC.2-2)
K=lin((r-aR)vi)
v; K
+À>
1l
(SC.2-3)
2
H. Schlichting, Bowzdary-Layer Theory, McGraw-Hill, Nova York, 4' ed. (1960), p. 607 e Fig. 23.7.
3
J. G. Knudsen e D. L. Katz, Fluid Dynamics and Heat Tranifer, McGraw-Hill, Nova York (1958); R. R. Rothfus (1948), J. E. Walker (1957) e G. A. Whan (1956),
Teses de Doutorado, Carnegie Institute ofTechnology (atualmente Carnegie-Mellon University), Pittsburgh, Pa.
4
W. Tiedt, Berec/11111ng des /aminare11 u. turbulenten Reibungswiderstandes konzentrischer 11. exzentrisclzer Ringspalten, Technischer Bericht Nr. 4, lnst. f. Hydraulik u.
Hydraulogie, Technische Hochschule, Darmstadt (1968); D. M. Metere R. B. Bird,AlC/zEJourna/, 7, 41-45 (1961) fizeram a mesma análise usando teoria do comprimento
de mistura de Prandcl.
170 CAPITULO CINCO
(SC.2-4)
ondeB é
B = (b2 a2)312
KVa
(-ª-+ + l) +
a b 2
(1 - bz)3;2
K
(-1-
1 + b
+ l)
2
(SC.2-5)
cose=_§__ (SC.3-1)
fPL
O que acontece quando D tende a zero?
Massa da
esfera= m
(b) Mostre que, se D for menor que um certo valor limite, Dlim' o ângulo 8 é zero. Mostre que acima desse valor
limite existem dois valores possíveis para 8. Recorra a um esboço cuidadoso de 8 versus D. Para valores maiores
que Dlim' indique as curvas estável e instável.
(c) Em (a) e (b) consideramos somente a operação do sistema em estado perrnanente. A seguir, mostre que a equação
do movimento para a esfera de massa m é
de 2
mL --:;
dt-
= mD 2L sen e cos e - mg sen e (SC.3-2)
Mostre que, para operação em regime permanente, essa última equação leva à Eq. SC.3-1. Agora, queremos usar
essa equação para fazer uma análise de estabilidade para amplitudes pequenas. Seja 8 = 80 + 81 onde 80 é uma solução
permanente (independente do tempo) e 81 é uma perturbação muito pequena (dependente do tempo).
(d) Considere primeiro o ramo inferior em (b) que é 80 =O. Então, sen 8 = sen 81 = 81 ecos 8 = cos 81 = 1, de
forma que a Eq. 5B.2-2 transforma-se em
(SC.3-3)
Ao impor uma oscilação de pequena amplitude da forma 81 = A9\ { e·iwr}, encontre que
.. r;;g
w= = ::.:.1.yu· - (SC.3-4)
1
DISTRIBUIÇÕES DE VELOCIDADES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 171
Agora, considere dois casos: (i) Se fF < g/L, ambos W+ e w_ reais, e então 81 oscila; isto indica que, para {),2 <
g/L, o sistema é estável. (ii) Se fF > g/L, a raiz W+ é positiva imaginária e e-iwr aumentará indefinidamente como
tempo; isto indica que, para .112 > g/L o sistema é instável em relação a perturbações infinitesimais.
(e) Considere a seguir o ramo superior em (b). Faça uma análise similar àquela de (d). Obtenha a equação para 81 e
despreze os termos quadráticos em 81 (isto é, linearize a equação). Mais uma vez. tente uma solução da forma 81 =
A9\ {e-iwr}. Mostre que, válida para o ramo superior, o sistema é estável em relação a perturbações infinitesimais.
(f) Relacione a análise anterior, válida para um sistema com um grau de liberdade, ao problema da transição laminar-
turbulenta para o escoamento de um fluido newtoniano entre dois cilindros girando em sentidos opostos. Leia a
discussão de Landau e Lifshitz5 a esse respeito.
5D.l Obtenha a equação de balanço para as tensões de Reynolds. No final da Seção 5.2 ressaltou-se que existe uma
equação de balanço para as tensões de Reynolds. Esta pode ser obtida (a) multiplicando-se ai-ésima componente da
forma vetorial dada pela Eq. 5.2-5 por vj e depois tomando a média temporal, (b) multiplicando-se aj-ésima
componente da forma vetorial da Eq. 5.2-5 por v'; e depois tomando a média temporal, (c) adicionando os resultados
de (a) e (b). Mostre que obtém-se, finalmente
pDt
Qv'v' = -p[V'V' · Vv]- p[V'V' · VvY- p[V · v'v'v']
Interprete a equação. 6
5
L. Landau e E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, Pergamon Press, Oxford, 2.' ed. (1987), Seções 26-27.
6
H. Tennekes e J. L. Lumley, A First Course in Turbulence, MIT Press, Cambridge, Mass. (1972), Seção 3.2.
6.1 DEFINIÇÃO DE FATORES DE ATRITO 6.3 FATORES DE ATRITO PARA O ESCOAMENTO EM
6.2 FATORES DE ATRITO ·;PARA O ESCOAMENTO EM TORNO DE ESFERAS
TUBOS 6.4º FATORES DE ATRITO PARA COLUNAS RECHEADAS
Nos Caps. 2 a 4 mostramos como problemas de escoamento laminar podem ser equacionados e resolvidos. No Cap. 5
apresentamos alguns métodos para resolver problemas de escoamentos turbulentos através de argumentos dimensionais
ou de relações semi-empíricas entre o fluxo de momento e o gradiente de velocidade média temporal. Neste capítulo,
mostramos como problemas de escoamento podem ser resolvidos por uma combinação de análise dimensional e dados
experimentais. A técnica apresentada aqui tem sido largamente usada em engenharia química, mecânica, aeronáutica e
civil, e é útil para resolver muitos problemas práticos. É um tópico que vale a pena ser bem aprendido.
Muitos problemas de engenharia de escoamento recaem em uma de duas grandes categorias: escoamento em canais e
escoamento em tomo de objetos submersos. Exemplos de escoamentos em canais são o bombeamento de óleo através de
tubulações, o escoamento de água em canais abertos e a extrusão de plásticos através de moldes. Exemplos de escoamento
em tomo de objetos submersos são o movimento do ar em torno da asa de um avião, o movimento de um fluido em tomo
de partículas sob ~edimentação e o escoamento sobre feixes tubulares em trocadores de calor.
No escoamento em canais, o principal objetivo é usualmente obter uma relação entre a vazão volumétrica e a queda de
pressão e/ou variações na elevação. Em problemas envolvendo escoamento em tomo de objetos submersos, a informação
desejada é geralmente a relação entre a velocidade de aproximação do fluido e a força de arrasto sobre o objeto. Vimos nos
capítulos anteriores que se conhecermos as distribuições de velocidades e pressões no sistema, então as relações desejadas
nesses dois casos podem ser obtidas. A dedução da equação de Hagen-Poiseuille na Seção 2.3 e a dedução da equação de
Stokes nas Seções 2.6 e 4.2 ilustram as duas categorias que estamos discutindo aqui.
Para muitos sistemas, os perfis de velocidades e pressões não podem ser calêulados facilmente, particularmente se o
escoamento é turbulento ou se a geometria é complicada. Um exemplo de tal sistema é o do escoamento através de uma
coluna recheada; um outro é o escoamento em uma tubulação na forma de uma serpentina helicoidal. Para tais sistemas,
podemos usar dados experimentais cuidadosamente escolhidos e então construir "correlações" de variáveis adimensionais
que podem ser usadas para estimar o comportamento de escoamento em sistemas geometricamente similares. Esse método
é baseado na Seção 3.7.
Iniciamos a Seção 6.1 definindo "fator de atrito", e então mostramos, nas Seções 6.2 e 6.3, como construir diagramas
para o fator de atrito para o escoamento em tubos circulares e para o escoamento em torno de esferas. Esses são sistemas
que já estudamos e, de fato, vários resultados de capítulos anteriores são incluídos nesses diagramas. Finalmente, na Seção
6.4 examinamos o escoamento em colunas recheadas para ilustrar o tratamento de um sistema geometricamente complicado.
O sistema mais complexo de leitos fluidizados não está incluído neste capítulo. 1
1
R. Jacksou, The Dynamics o/ Fluidized Beds, Cainbridge University Press (2000).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS ISOTÉRMICOS 173
de simetria (ou dois planos de simetria) paralelos à direção de aproximação do fluido. Existirá uma força F1~, exercida
pelo fluido sobre as superlícies sólidas. É conveniente dividir essa força em duas partes: F,, a força que seria exercida pelo
fluido ainda que o mesmo estivesse em repouso; e Fh a força adicional associada ao movimento do fluido (veja a Seção
2.6 para a discussão de F, e Fk para o escoamento em torno de esferas). Em sistemas do tipo (a), Fk tem a mesma direção
que a velocidade média, <v>, no tubo e em sistemas do tipo (b) Fk tem a mesma direção que a velocidade de aproximação
v,,.2
Para ambos os sistemas, afirmamos que a magnitude da força Fk é proporcional a urna área característica A e a uma
energia cinética característica K por unidade de volume; assim,
(6.1-1)1
onde a constante de proporcionalidade! é denominada/ator de atrito. Note que a Eq. 6.1-1 não é uma lei de dinâmica de
fluidos, mas apenas urna definição paraf Esta é uma definição útil porque a grandeza adimensional/ pode ser dada como
uma função relativamente simples do número de Reynolds e da forma do sistema.
Claramente, para qualquer sistema de escoamento dado, f não é definido até que A e K sejam especificados. Vejamos
agora quais são as definições costumeiras:
(a) Para o escoamento em tubos, A é usualmente tomado como sendo a superfície molhada, e K é tomado como sendo
tpr_v)2. Especificamente, para tubos circulares de raio R e comprimento L, definimos f por
Fk = (2TiRL)(~p(v) 2 )f (6.1-2)
Geralmente, a grandeza medida não é Fh mas sim a diferença de pressão p0 - PL e a diferença de elevação h0 - hL. Um
balanço de força sobre o fluido entre Oe L na direção do escoamento fornece, para o escoamento plenamente desenvolvido,
f= H~)Cp~~~;:I-) (6.1-4)
na qual D = 2R é o diâmetro do tubo. A Eq. 6.1-4 mostra como calcular f a partir de dados experimentais. A grandeza f
é algumas vezes chamada de fator de atrito de Fanning. 3
(b) Para o escoamento em tomo de objetos submersos, a área característica A é usualmente aquela obtida projetando-
se o sólido sobre um plano perpendicular a velocidade de aproximação do fluido; a grandeza K é definida como tfJV~, onde
v~ é a velocidade de aproximação do fluido a uma grande distância do objeto. Por exemplo, para escoamento em torno de
uma esfera de raio R, definimos f através da equação
(6.1-5)3
Se não é possível medir Fk, então podemos medir a velocidade terminal da esfera quando ela cai no fluido (em tal
caso, v~ deve ser interpretado como a velocidade terminal da esfera). Na queda de uma esfera em um fluido em regime
'Para sistemas sem simetria, o fluido exerce tanto uma força quanto um torque sobre o sólido. Para discussões de tais sistemas, veja J. Happel e H. Brenner, Low Reynolds
Number Hydrodynamics, Martinus Nijhoff, The Hague (1983), Cap. 5; H. Brenner, em Adv. Chem. Engr., 6, 287-438; S. Kim e S. J. Karrila, Microhydrodynamics:
Principies and Seleaed App/icalions, Butrerworth-Heinemann, Boston (1991), Cap. 5.
3
Esta definição de fator de atrito é devida a J. T. Fanning, A Practical Treatise 011 Hydrau/ic and Water Supply E11ginneri11g, Van Nostrand, Nova York, I' ed. (1877),
16•ed. (1906); o nome "Fanning" é usado para evitar confusão com "fator de atrito de Moody", o qual é maior que o/usado aqui por um fator de 4 [L. F. Moody, Trans.
ASME, 66, 67H84 (1944)].
Se usarmos a "velocidade de atrito" v, = Vr;JP = V(?/' 0 - ?)' L)R/2Lp. introduzida na Seção 5.3, então a Eq. 6.1.4 assume a forma
f= 2(v,/(ri))2 (ô.1-4a)
John Thomas Fanning (1837-1911) esrudou engenharia arquitetônica e civil, serviu como oficial na guerra civil e, após a guerra, tomou-se um proeminente engenheiro
hidráulico. A 14.' edição do seu livro, A Practical Treatise 011 Hydraulic and Water Supply Enginnering, apareceu em 1899.
' Para o movimento de translação de uma esfera em três dimensões. podemos escrever aproximadamente
(6.1-Sa)
onde n é um vetor unitário na direção de 1J.,,.Veja o Problema 6C.1.
174 CAPÍTULO SEIS
permanente, a força Fk é contrabalançada pela força gravitacional sobre a esfera menos a força de empuxo (veja a
Eq. 2.6-14):
Agora combinamos a definição def, Eq. 6.1-2, com a análise dimensional da Seção 3.7 para mostrar de quemf depende
nesse tipo de sistema. Consideramos uma "seção de teste" de raio interno R e comprimento L, mostrada na Fig. 6.2-1,
transportando um fluido de densidade e viscosidade constantes a uma vazão mássica também constante. As pressões !!J' 0
e !!J' i nas extremidades da seção de testes são conhecidas.
O sistema está em regime laminar permanente ou em escoamento turbulento permanente (isto é, escoamento turbulento
com vazão total constante). Em ambos os casos a força na direção z que o fluido faz sobre a parede interna da seção de
testes é
No escoamento turbulento, a força pode ser urna função do tempo, não somente devido às flutuações turbulentas, mas
também por causa do ocasional descolamento da camada limite sobre a parede, resultando em alguns percursos com escalas
maiores de tempo. No escoamento laminar é entendido que a força será independente do tempo.
Igualando as Eqs. 6.2-1e6.1-2 obtemos a seguinte expressão para o coeficiente de atrito:
f(t)
f J (-µ, rlv~)
O
1.
O
2,,
rl1
1 R de
r=R
dz
(6.2-2)
(2r.RL)(~p(vz)2)
A seguir introduzimos as grandezas adimensionais da Seção 3.7: r = r/D, z= z/D, v= = vJ(v:), t = (v:)t/D, ifp = (C!f' -
(>{.v,)2 e Re = D(v,)p/µ,. Então, a Eq. 6.2-2 pode ser reescrita como
" 1D 1
f(t)=Ti--
L Re o
fLlºJ o
2
2
rlv
"( -~ ) 1
r71 i·=itz
d&dzº
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEtvlAS ISOTÉRMICOS 175
Essa relação é válida para o escoamento laminar ou turbulento em tubos circulares. Vemos que para sistemas de escoamento
nos quais o arrasto depende apenas de forças viscosas (isto é, não há "arrasto de forma") o produtojRe é, essencialmente,
um gradiente adimensional médio de velocidade sobre a superfície.
Lembre-se agora que, em princípio, av,lar pode ser calculado a partir das Eqs. 3.7-8 e 9 juntamente com as condições
decontomo1
1
Aqui, adotou-se a prática costumeira de desprezar os tern10s (a'faz 'Jv da Eq. 3.7-9, baseado em argumentos de ordem de grandeza tais como aqueles dados na Seção
4.4. Com a supressão desses termos, não necessitamos da condição de contorno na saída para v.
176 CAPITULO SEIS
1,0
1
1 1 1 1
0,5 li 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1
0,2
1
0,1
.,_,
o
·~
0,05
""' f=~,~~~<i'I'
_µ, < 1 11 1
.,
'O
>----
,__ Re !'.
i3 0,02 ~ 1 1
&: 1
~ llL.. ~
Turbuleno
--- =
1 1
0,01
k/D 0,004
'
·-
0,005 Q· ...... -~ /,,,~ - -- -·-
.::::....~-=
11
J.I +º·º~; .....
FTfüf"
J'Q<i'/, "' -1 l?eI/4 -,_ 0,0004 ....
~~Q'ê. ~
r - - :r1-r --
' IdrauJicacn . 1
erti
0,002 "-:> "H
"'~1,
0,001 l 1 ~1 ', 11
102 10 4 10 5 10 6
Número de Reynolds Re = D<v> p/µ.
Fig. 6.2-2 Fator de atdto para o escoamento em tubos (veja a definição defnas Eqs. 6.1-2 e 6.1-3. [Curvas de L. F. Moody, Trans. ASME, 66,
671-684 (1944), conforme apresentadas em W. L. McCabe e J. C. Smith, Unit Operations of Chemical Engineering, McGraw-Hill, Nova York
(1954) l
Curvas turbulentas análogas foram traçadas usando-se dados experimentais. Também estão disponíveis algumas
expressões analíti~as de cu~as ajustadas. Por exemplo, a Eq. 5.1-6 pode ser colocada na forma
que é conhecida como fórmula de Prandtl. 3 Finalmente, correspondendo à Eq. 5.5-2, temos
? e
312
CV3 + 5a)
f = ,y217a+1J onde 1Ir = 2"a(a + l)(a + 2) (6.2-14)
sendo a= 3/(2 ln Re). Essá expressão representa bem os dados experimentais para 3,07 X 103 < Re < 3,23 X 106 • A Eq.
6.2-14 é chamadafórmula de Barenblatt. 4
Uma relação empúica que inclui as linhas tracejadas para tubos rugosos da Fig. 6.2-2, é a Equação de Haaland.5
Afirma-se 5 que a incerteza dessa equação é de 1,5%. Como podemos ver na Fig. 6.2-2 a resistência por atrito ao escoamento
aumenta com a altura, k, das protuberâncias. Naturalmente, k deve entrar na correlação sob uma forma adimensional e,
portanto, vai aparecer como a razão k/D.
2
H. Blasius, Forschungsarbeiten des Ver. Deursch. lng .. no. 131 (1931).
3
L. Prandr.l, Essentia/s of F/uid DynamÍcs, Hafner, Nova York (1952), p. 165.
'G. I. Barenblatt, Scaling, Se/fSimi/arity and Ir:.termediate Asymptotics, Cambridge University Press (1966), Seção 10.2
; S. E. Haaland, Trans. ASME, JFE, 105, 89-90 (1983). Para outros empirismos veja D. J. Zigrang e N. D. Sylvester, A!ChE Journal, 28, 514-515 (1982).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTElv!AS ISOTÉRMICOS 177
Para o escoamento turbulento em tubos não-circulares, é comum o uso do seguinte empirismo: primeiro definimos um
"raio hidráulico médio", R,,, conforme segue:
(6.2-16)
ondeS é a área da seção transversal do duto eZ é o perímetro molhado. Então, podemos usar aEq. 6.l-4e a Fig. 6.2-2, com
o diâmetro D do tubo circular substituído por 4R1r Isto é, calculamos diferenças de pressões substituindo a Eq. 6.1-4 por
f= (!?)(QP~(~z~L) (6.2-17)
EXEMPLO 6.2-1
Queda de Pressão Necessária para uma Dada Vazão
Qual o gradiente de pressão necessário para o escoamento de dietilanilina, C6H 5N(C 2H5) 2, em um tubo horizontal, liso,
circular, de diâmetro interno D = 3 cm, com uma vazão mássica de 1028 g/s a 20ºC? Nessa temperatura, a densidade da
dietilanilina é p = 0,935 g/cm3 e sua viscosidade é µ = 1,95 cp.
SOLUÇÃO
O número de Reynolds para o escoamento é
Re = D(v,)p = --12:!!_ = ~
µ. (7iD2 /4)µ. 7iDµ.
4(1028 g/s)
2,24 X 104 (6.2-19)
7i(3 crn)(1,95 X 10- 2 g/ cm · s)
Da Fig. 6.2-2, determinamos que para esse número de Reynolds o fator de atrito/ tem um valor de 0,0063 para tubos lisos.
Então, o gradiente de pressão necessário para manter o escoamento é (de acordo com a Eq. 6.1-4)
Po ~ PL = (~)Üp<vY)t= ~pc~~Jt
= 32ulf = (32)(1028)2(0,0063))
1 5
,, D p ,, 2(3,0)5(0,935)
= 95(dina/cm2)/cm = 0,071(mm Hg)/cm (6.2-20)
EXEMPLO 6.2-2
Vazão para uma Dada Queda de Pressão
Determine a vazão, em libras por hora, de água a 68ºF através de um comprimento de 1000 ft de tubulação horizontal de
8 in, n. 0 de catálogo' 40, de aço (diâmetro interno 7,981 in), sob uma diferença de pressão de 3,00 psi. Para tal tubulação,
use a Fig. 6.2-2 e suponha que k!D = 2,3 X 10-4 •
·Da língua inglesa, "schedule number", literalmente "número de lista". Esse número está diretamente relacionado à pressão máxima de trabalho da tubulação e depende
tanto do material de sua construção como de características geométricas da mesma. Essas especificações têm grande importância para a segurança de instalações industriais
e podem ser encontradas em manuais técnicos tais como o de R. H. Perry e D. W. Green (editores), Perry' s Chemica/ Engineers' Handbook, 7.'ed., McGraw-Hill, Nova
York (1997), pp. 10-72 a 10-74. (N. T.)
178 CAPÍTULO SEIS
SOLUÇÃO
Queremos usar aEq. 6.1-4 e a Fig. 6.2-2 para calcular(v,) quando p 0 - PL é conhecido. No entanto, a grandeza (v,) aparece
explicitamente no lado esquerdo da equação e implicitamente no lado direito emf, que depende de Re == D(v,)p/µ,.
Claramente, uma solução por tentativa e erro pode ser encontrada. Contudo, se temos de fazer mais do que um pequeno
número de cálculos de (v,), é vantajoso desenvolver uma metodologia sistemática; sugerimos dois métodos aqui. Devido
ao fato que dados experimentais são freqüentemente apresentados na forma de gráficos, é importante para estudantes de
engenharia usar de originalidade na escolha de métodos especiais tais como os descritos aqui.
Método A. A Fig. 6.2-2 pode ser usada para construir um gráfico 6 de Re versus o grupo ReVf, que não contém (v,):
A grandeza ReVf pode ser calculada para este problema, e um valor do número de Reynolds pode ser obtido a partir do
gráfico de Re versus ReVj. A partir de Re, a velocidade média e a vazão podem então serem calculadas.
Método B. A Fig. 6.2-2 também pode serusada diretamente sem que se plote um novo gráfico, selecionando um esquema
que é equivalente à solução gráfica de duas equações simultaneamente. As duas equações são
O procedimento é, então, calcular ReVj de acordo com a Eq. 6.2-21 e plotar o gráfico da Eq. 6.2-23 sobre o gráfico log-
log de f versus Rena Fig. 6.2-2. O ponto de interseção dá o número de Reynolds do escoamento, a partir do qual (v,) pode
então ser calculada.
Para o presente problema, temos
Re = D(v,)p = ~ = 2 4 X 105
µ. rrOµ. ' (6.2-25)
Explicitando w temos então
w = (r./ 4)0µ. Re
= (0,7854)(0,665)(6,93 X 10-4)(3600)(2,4 X 101)
= 3,12 X 105 lbm/h 39 kg/s (6.2-26)
6
Um gráfico correlato foi proposto porT. vo;·Kármán, Nachr. Ges. Wiss. Gottingen, Fachgruppen, I, 5, 58-76 (1930).
-----~
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS ISOTÉRMICOS 179
Frarma(t) = f"" f' (-\íPI r=R cos B)R 2 sen e de d<f> (6.3-2)
Fatrito(t) = Johfrr(
o -µ, [rar-
a (Vº) 1r7v,.]1 r=I< sen
r + rae ),
e R- sen e de d<f> (6.3-3)
bf f"
2
frorrn/t) "" (-<!P !;.= 1 cos B) sen B de d<f> (6.3-5)
- ,, 4 o 1
famta(t) = -;:;:; -R
fo ri (v")]
2..-f" ['f ~ -:::- 1 '
sen- e dB d<f> (6.3-6)
' e o o iJr 1 r=l
O fator de atrito é expresso aqui em termos de variáveis adimensionais
- V 00 t
fp = !!!_ - r
r=- t=- (6.3-7)
pv2,,_ R R
e de um número de Reynolds definido como
Re = Dv p = 2Rv,,,p
00
(6.3-8)
µ, µ,
Para calcular f(t) teríamos de conhecer rfp e ZI e em função de cp e t. r, e,
Sabemos que para o escoamento incompressível essas distribuições podem, em princípio, ser obtidas da solução das
Eqs. 3.7-8 e 9 juntamente com as condições de contorno
Quando essas expressões são substituídas nas Eqs. 6.3-5 e 6, fica evidente que o fator de atrito da Eq. 6.3-4 deve ter a
forma/(t) = /(Re, t), cuja média temporal para flutuações turbulentas, simplifica para
f = f(Re) (6.3-13)
usando-se argumentos similares àqueles da Seção 6.2. Então, da definição de fator de atrito e da forma adimensional das
equações de balanço juntamente com as condições de contorno, resulta que f deve ser uma função de Re apenas.
Muitas medidas experimentais da força de arrasto sobre esferas estão disponíveis, e quando essas são plotadas na fonna
adimensional, resulta a Fig. 6.3-1. Para esse sistema não existe nenhuma transição abrupta de uma curva de escoamento
laminar instável para urna de escoamento turbulento estável para tubos longos em número de Reynolds em tomo de 2100
(veja a Fig. 6.2-2). Ao contrário, quando a velocidade de aproximação aumenta,fvaria suave e moderadamente até números
de Reynolds da ordem de 105• O degrau na curva em tomo de Re = 2 X 105 está associado com o deslocamento da zona
de separação da camada limite da região frontal do equador para a parte de trás do equador da esfera. 1
Associamos as discussões· do escoamento em tubo e do escoamento em tomo de uma esfera para enfatizar o fato de que vários
sistemas de escoamento comportam-se de maneiras bastante distintas. Vários pontos de diferença entre os dois sistemas são:
Escoamento em Tubos Escoamento em torno de Esferas
• Transição laminar-turbulento bem definida em Re = 2100 • Transição laminar-turbulento não definida
• A única contribuição para/ é a força de atrito • Contribuições para/ de ambos os arrastos, por atrito e
deforma
• Não ocorre separação da camada limite • Existe um degrau na curva/ versus Reassociado ao
deslocamento da zona de separação
A forma geral das curvas das Figs. 6.1-2 e 6.3-1 devem ser cuidadosamente relembradas.
Para a região de escoamento lento, já sabemos que a força de arrasto é dada pela lei de Stokes que é uma conseqüência
de resolver-se a equação da continuidade e a equação de Navier-Stokes do movimento sem o termo pDv/Dt. A lei de
Stokes pode ser rearranjada para a mesma forma que a Eq. 6.1-5, obtendo-se
Fk = (r.R2)(~pv~)(oV"'p
24/ )
µ.
(6.3-14)
'\ 1
'\.
'\
103 1
'\
'\
~ 100
'\
·~ '\.
-o " !'\ f =(~+ 0,5407)2
"~t-...
até cerca de Re = 6 X 101 Fig. 6.3-1 Fator de atrito (ou coefici-
'~~ /
ente de arrasto) para esferas moven-
1 ',,!'...,_ do-se em relação a um fluido com ve-
- Assrntota
' da let. de Stokes 74
f =R ........
1,0 ............... locidade Vx. A definição de fé dada na
- / / / 1 1 1 / 1 1e
Eq. 6.1-5. [Curva originária de C. E.
0,1
1
- Lapple, "Dust and Nlist Coilection",
em Chemical Engineers' Handbook,
10-32 o 10 _22 s 10_12 5 l 2 5 lO 2 o 10 2 2 5 103 2 5 l04 2 5 lOS 2 S l06 (J. H. Perry, ed.), McGraw-Hill, Nova
·:_ Número de Reynolds Re =Dv~ p/µ. York, 3ª ed. (1950), p. 1018.]
1
R. K. Adair, The Physics afBaseball, Harper ~d Row, Nova York (1990).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS ISOTÉRMICOS 181
Para valores mais altos do número de Reynolds, a Eq. 4.2-21 descreve f acuradamente até cerca de Re = l. Todavia,
a expressão empírica2
EXEMPLO 6.3-1
Determinação do Diâmetro de uma Esfera em Queda
Esferas de vidro com densidade Pesr = 2,62 g/cm3 caem através de CC1 4 líquido a 20ºC em um experimento para estudar o
tempo de reações humanas ao fazer observações temporais com cronômetros e instrumentos mais elaborados. Nessa
temperatura, as propriedades relevantes do CC14 são p = 1,59 g/cm3 eµ,= 9,58 milipoises. Que diâmetro devem ter as
esferas para que as velocidades terminais sejam de cerca de 65 cm/s?
SOLUÇÃO
Para determinar o diâmetro da esfera, temos de resolver aEq. 6.1-7 para D. Todavia, nessa equação devemos conhecer D
de modo a obterf, efé dado pela curva contínua da Fig. 6.3-1. Um procedimento de tentativa-e-erro pode serusado, tomando
f = 0,44 como primeira tentativa.
Alternativamente, podemos resolver a Eq. 6.1-7 paraf e então notar quef/Re é uma grandeza independente de D:
2
F. F. Abraham, Physics of Fluids, 13, 2194 (1970); M. Van Dyke, Physics of Fluids, 14, 1038-!039 (1971).
3
J. R. Strom e R. C. Kintner, AIChE Journal, 4, 153-156 (!958).
'L. Landau e E. M. Lifshítz, Fluid Mechanics, Pergamon Press, Oxford, 2.' ed. (1987), pp. 65-66; S. Hu e R. C. Kintner, AIChE Journal, 1, 42-48 (1955).
5 C. E. Lapple, F!uid and Particle Mechanics, University of Delaware Press, Newark, Dei. (1951), Cap. 13; R. F. Probstein, Physicochemical Hydrodynamics, Wiley,
2,0 1,86
/
1 1 1 1 V
Reta de c~eficiente angular 1,0 V/
f =1,86x10-5 R~
1,0 /
0,8 /
0,6 /
t .------17(-·
0,5
/V
1
/
1
1
1
1
0,2
1
1
1
2 1 3 5 6 B 105
2,4X10 4
Re-;.. Fig. 6.3-2 Procedimento gráfico usado no Exemplo 6.3-1.
Então, paraRe = 10, de acordo com a Eq. 6.3-19, f = 1,86. A reta de coeficiente angular 1 passando porf = 1,86 e Re =
105 é mostrada na Fig. 6.3-2. Essa reta intercepta a curva daEq. 6.3-20 (isto é, a curva da Fig. 6.3-1) em Re = Dv,,,p/µ, =
2,4 X 104•
O diâmetro da•esfera é então calculado
1
P. C. Carrnan, Flow ofGases rhrough Porous Media, Butterworths, London (1956); J. G. Richardson, Seção l6 em Ha11dbook of Fluid Dy11amics (V. L. Streeter, ed.),
McGraw-Hill, Nova York (1961); M. Kaviany, Cap. 21 em Tlte Ha11dbook of Fluid Dynamics (R. W. Johnson, ed.), CRC Press, Boca Raton, Fia. (1998).
2
W. E. Ranz, Citem. Eng. Prog., 48, 274-253 (1952); H. C. Brinkman,App/. Sei. Rcsearch, AI, 27-34, 81-86, 333-346 (1949). Henri Coenraad Brinkman (1908--
196l) realizou pesquisas sobre aquecimento por gissipação viscosa, escoamento em meios porosos e física de plasmas; ele lecionou na Universidade de Bandung, Indonésia,
de 1949 a 1954, onde escreveu a obra The App!icarion of Spinor Jnvarianrs 10 Aromic Physics.
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS fSOTERMICOS 183
Fig. 6.4·1 (a) Um tubo cilíndrico recheado com esíeras; (b) um modelo de "feixe tubular" para a coluna
(a) (b) recheada de (a).
Diversos materiais podem ser usados como recheio de colunas: esferas, cilindros, selas de Berl, e assim por diante. Na
discussão que se segue supõe-se que o recheio é uniforme, de modo que não ocorrem "caminhos preferenciais" (na prática,
"caminhos preferenciais" ocorrem comumente e, nesse caso, o desenvolvimento dado aqui não se aplica). Além disso,
supomos que o diâmetro das partículas de recheio é pequeno em comparação com o diâmetro da coluna onde o recheio
está contido, e que o diâmetro da coluna é uniforme.
Definimos o fator de atrito para colunas recheadas analogamente a Eq. 6.1-4:
f= i({)(Qf~;;L) (6.4-1)
onde L é o comprimento da coluna recheada, DP é o tamanho efetivo de partícula (definido adiante) e v 0 é a velocidade
supe1ficial; isto é, a vazão volumétrica dividida pela seção transversal da coluna vazia, v0 = wl pS.
A queda de pressão através de um tubo representativo do modelo de feixe tubular é dada pela Eq. 6.2-17
ú1> _ .!. (-
lfL - 2P V
)2(R;,L),
Jtubo (6.4-2)
onde o fator de atrito para um dado tubo.ftuoo• é uma função do número de Reynolds, Re1i = 4R1i(v)plJL Quando essa diferença
de pressão é substituída na Eq. 6.4-1, obtemos
(6.4-3)
Na segunda expressão introduzimos a fração de vazios; e, que é a fração do volume da coluna não ocupada pelo recheio.
Então v0 =(v)e, que resulta da definição de velocidade superficial. Agora, precisamos de uma expressão paraRh.
O raio hidráulico pode ser expresso em termos da fração de vazios, e, e da superfície molhada por unidade de volume
de leito, a, conforme segue:
volume de vazios)
( volume de leito
(6.4-4)
superfície molhada total) ' ª
( volume de leito
l
184 CAPITuLO SEIS ·.... " --:-
A grandeza a relaciona-se à superfície específica,ª" (área total da superfície das p~culas por volume de partículas), por
a (6.4-5)
au=l-8
A grandeza a,., por outro lado, é usada para definir o tamanho médio de partícula, DP, conforme segue:
(6.4-6)
Essa definição foi escolhida porque, para uma população de esferas idênticas, DPé exatamente o diâmetro de uma esfera.
Das três últimas expressões, resulta que o raio hidráulico éR11 = DPs/6(1 - e). Quando essa expressão é substituídanaEq.
6.4-3, obtemos
Agora, adaptamos esse resultado para escoamentos laminar e turbulento, inserindo nele expressões apropriadas para/tubo·
(a) Para o escoamento laminar em tubos,f.ubo =16/Re11 • Esse resultado é exato somente para tubos circulares. Para levar
em conta o fato de que o fluido escoa através de tubos não-circulares e que sua trajetória é razoavelmente tortuosa, mostrou-
se que a substituição de 16 por 100/3 permite que o modelo de feixe tubular descreva os dados de coluna recheada. Quando
essa expressão modificada do fator de atrito em tubos é usada, a Eq. 6.4-7 transforma-se em
2
f= (1- 8) _7_5_ (6.4-8)
83 (DpGo/ µ,)
onde G0 = {JV0 é o fluxo de massa através do sistema. Quando essa expressão para/ é substituída na Eq. 6.4-1 obtemos
que é a equação àe Blake-Kozeny. 3 As Eqs. 6.4-8 e 9 são geralmente boas para (Dp 0 ; µ(1 - e)) < 10 e para frações de
vazio menores que e = 0,5.
(b) Para escoamentos altamente turbulentos, um tratamento similar ao anterior pode ser feito. Iniciamos novamente
com a expressão que define o fator de atrito para o escoamento em um tubo circular. Dessa vez, todavia, notamos que para
o escoamento altamente turbulento em tubos com rugosidade apreciável, o fator de atrito é função somente da rugosidade,
independendo do número de Reynolds. Se supusermos que os tubos em todas as colunas recheadas têm características
similares de rugosidade, então o valor de f.ubo pode ser tomado como sendo urna constante para todos os sistemas. O valor
Í.ubo = 7/12 provou ser uma escolha aceitável. Quando ele é inserido na Eq. 6.4-7, obtemos
t=Z(~)
8 83
(6.4-10)
(6.4-12)
1
F. C. Blake, Trans. Amer. lnsr. Chem. Engrs., !_4, 415-421 (1922); J. Kozeny, Sitzwzgsber. Akad. Wiss. Wien, Abt. Ila, 136, 271-306 (1927).
'S. P. Burke e W. B. Plummer, lnd. Eng. Clzem., 20, 1196-1200 (1928).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS !SQ..TÉRMICOS 185
Para v0 muito pequeno ela simplifica-se para a equação de Blake-Kozeny e, para v0 muito grande, para a equação de Burke-
Plummer. Tal superposição empírica de assíntotas freqüentemente fornece resultados satisfatórios. A Eq. 6.4-12 pode ser
rearranjada para formar grupos adimensionais:
GÕ L 1- e (
(qpo - qpL)P)(ºP)(L)
DpGo/ µ, 4
= 1 so(~) + Z:. (6.4-13)
Essa é a equação de Ergun, 5 mostrada na Fig. 6.4-2 juntamente com as equações de Blake-Kozeny e de Burke-Plummer
e dados experimentais. Ela tem sido utilizada com sucesso no escoamento de gases através de colunas recheadas usando-
se a densidade do gás, p, para a média aritmética das pressões de entrada e saída. Note que, ao longo da coluna, G0 é
constante, enquanto v 0 , para um fluido compressível, varia. Para quedas de pressão grandes, todavia, parece mais apropriado
aplicar a Eq. 6.4-12 localmente, expressando o gradiente de pressão na forma diferencial.
A equação de Ergun é apenas uma de muitas 6 que têm sido propostas para descrever colunas recheadas. Por exemplo,
a equação de Tallmadge7
tem sido citada por fornecer boa concordância com dados experimentais na faixa 0,1 < (DPG0 /µ,(I e))< 105 •
A discussão anterior sobre leitos de recheio ilustra como podemos combinar soluções de problemas elementares para
criar modelos úteis para sistemas complexos. As constantes que aparecem nos modelos são então determinadas a partir de
dados experimentais. Conforme dados experimentais mais precisos tornem-se disponíveis, a modelagem pode ser melhorada.
11111 1
'
x Burke e Plurnmer
o Ergun
100 "Marcam --
"' ll:l o Ornan e Watson -
'b,
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Equação de Ergun
C.''1;' ~ l'Ji ~
,,;,, ~~~~6.
o
A
º""C.';
'· ' a~ """,,
~~ ~ Xxx
r:....t!:º
nn'"' - O ~
'
Equação de Burke-Plumrner ' ~l X sn:t"' uX :po
1 1 1 1 1
1
1 4 5 6 8 10 4 5 6 8 1a2 4 S 6 B }(}l
(D:Gº)(i ~€)
Fig. 6.4-2 A equação de Ergun para o escoamento em leitos de recheio e duas assíI1totas relacionadas, a equação de Blake-Kozeny e a equação
de Burke-Plummer [S. Ergun, Chem. Eng. Prog., 48, 89-94 (1952)].
5
S. Ergun, Chem. Eng. Prog., 48, 89-94 (1952).
6
L F. .Macdonald, M. S. El-Sayed, K. Mow e F. A. Dullien,lnd. Eng. Chem. Fundam.,18, 199-208 (1979).
7
J. A. Tallmadge,A/ChE Journa/, 16, 1092-1093 (1970).
186 CAPÍTULO SEIS
PROBLEMAS
6A.1 Queda de pressão necessária para um tubo com conexões. Qual a queda de pressão necessária para bombear
água a 20ºC através de um tubo de 25 cm de diâmetro e 1234 m de comprimento a uma velocidade de 1,97 m/s? A
tubulação está numa mesma elevação e possui quatro joelhos de 90º e dois de 45º, de raios padrões. A resistência
de um joelho de 90º de raio padrão é aproximadamente equivalente àquela oferecida por um tubo com o comprimento
de 82 diâmetros; para um joelho de 45º são 15 diâmetros. (Um método alternativo para o cálculo de perdas em
conexões€ dado na Seção 7.5.)
Resposta: 4630 psi= 21,5 MPa
6A.2 Diferença de pressão necessária para o escoamento em uma tubulação com mudança de elevação (Fig. 6A.2). Água
a 68°F deve ser bombeada através de 95 ft de tubo padrão de 3 in (diâmetro interno 3,068 in) para um reservatório elevado.
(a) Qual a pressão necessária na descarga da bomba para suprir água ao reservatório elevado na vazão de 18 gal/
rnin? A 68°F a viscosidade da água é de 1,002 cp e a densidade é de 0,9982 g/ml.
Joelho de 45°
(b) Que percentagem da queda de pressão é necessária para vencer o atrito de escoamento?
Resposta: (a) 15,2 psig
6A.3 Vazão para uma dada queda de pressão. Quantos gal/h de água a 68ºF podem ser transportados através de um
comprimento de 1320 ft de tubulação com DI de 6,00 in sob uma diferença de pressão 0,25 psi. Suponha que o
tubo é "hidraulicamente liso".
(a) Resolva pelo Método A do Exemplo 6.2-2.
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS lSOTÉRMfCOS 187
K G H K
0,00 4,000 0,400 1,000
0,05 3,747 0,293 0,7419
0,10 3,736 0,239 0,7161
0,15 3,738 0,208 0,7021
0,20 3,746 0,186 0,6930
0,30 3,771 0,154 0,6820
0,40 3,801 0,131 0,6759
0,50 3,833 0,111 0,6719
0,60 3,866 0,093 0,6695
0,70 3,900 0,076 0,6681
0,80 3,933 0,060 0,6672
0,90 3,967 0,046 0,6668
1,00 4,000 0,031 0,6667
1
D. M. MetereR. B. Bird, A/ChE Joumal, 7, 41-45 (1961).
188 CAPÍTULO SEIS
A Eq. 6A.7-2 é baseada no Problema 5C.2 e reproduz os dados experimentais com incerteza de 3% até números de
Reynolds de 20.000.
(a) Verifique que as Eqs. 6A.7-l e 2 são equivalentes aos resultados dados na Seção 2.4.
(b) Um duto anular é formado a partir de superfícies cilíndricas de diâmetros de 6 in e 15 in. Deseja-se bombear
água a 60°F na vazão de 1500 ft3/s. Que queda de pressão por unidade de comprimento do tubo é necessária, se o
ânulo é horizontal? Use a Eq. 6A.7-2.
(c) Repita (b) usando o empirismo "raio hidráulico médio".
6A.8 Força sobre uma torre de água em um vendaval. Uma torre de água tem um tanque reservatório esférico de 40
ft de diâmetro. Em um vendaval de 100 mph qual a força que o vento faz sobre o reservatório a OºC? Suponha que
a densidade do ar seja de 1,29 g/litro ou 0,08 lb/ft3 e que a viscosidade seja de 0,017 cp.
Resposta: 17.000 lb1
6A.9 Escoamento de gás através de uma coluna recheada. Um tubo horizontal com diâmetro de 4 in e comprímento
de 5,5 ft é recheado com esferas de vidro de 1/16 in sendo a fração de vazios 0,41. Dióxido de carbono deve ser
bombeado através do tubo a 300 K, temperatura na qual sua viscosidade é de 1,495 X 10-4 g/cm·s. Qual será a
vazão mássica através da coluna quando as pressões de entrada e saída forem, respectivamente, 25 atm e 3 atm?
Resposta: 480 g/s
6A.10 Determinação do diâmetro de um tubo. Qual o diâmetro de tubo circular que é necessário para produzir uma
vazão de 250 firkins por quinzena, quando existe uma queda de pressão de 3 X 105 scruples por barleycom quadrado?
O tubo é horizontal. (Os autores agradecem ao professor R. S. Kirk da Universidade de Massachusetts que os
apresentou a essas unidades.)
6B.1 Efeito de erros nos cálculos de fator de atrito. Em um cálculo usando a fórmula de Blasius para o escoamento
turbulento em tubos, o número de Reynolds utilizado estava errado 4% para menos. Calcule o erro resultante no
fator de atrito.
Resposta: Erro de 1%, para mais
6B.2 Fator de atrito para o escoamento ao longo de uma placa plana.2
(a) Uma expressão para força de arrasto sobre uma placa plana molhada em ambas as faces é dada na Eq. 4.4-30.
Essa equação foi obtida usando-se a teoria da camada-limite laminar que se sabe ter boa concordância com dados
experimentais. Defina um fator de atrito e número de Reynolds, e obtenha a relação de f versus Re.
(b) Para o escoamento turbulento, um tratamento aproximado de camada-limite baseado na lei de distribuição de
velocidades com potência 1/7 fornece
Quando 0,072 é substituído por 0,074, essa relação descreve a força de arrasto dentro dos limites do erro experimental
para 5 X 105 < Lv,,p/µ, < 2 X 107 • Expresse o fator de atrito correspondente como uma função do número Reynolds.
6B.3 Fator de atrito pará o escoamento laminar em uma fenda. Use os resultados do Problema 2B.3 para mostrar
que, para o regime laminar de escoamento em uma fenda estreita de espessura 2B, o fator de atrito éf = 12/Re, se
o número de Reynolds é definido como Re = 2B(v,)p/µ,.Compare esse resultado parafcom aquele que seria obtido
do empirismo raio hidráulico médio.
6B.4 Fator de atrito para um disco rotativo.3 Um disco fino circular de diâmetro R é imerso em uma grande massa
fluida com densidade p e viscosidade µ,. Se um torque Tz é necessário para fazer o disco girar com uma velocidade
angular D, então um fator de atrito f pode ser definido analogamente a Eq. 6.1-1 conforme segue,
Ix/R=AKJ (6B.4-1)
onde definições razoáveis para K e A são K = tp(f!R) 2 e A = 2('ITR 2 ). Uma escolha apropriada para o número de
Reynolds desse sistema é Re = R2ilp! µ,.
2
H. Schlichting, Boundary·layer Theory, McGrayt-Hill, Nova York, 7.' ed. (1979), Cap. XXI.
3
T. von Kánnán, Zeits.für angew. Matiz. u. Mech., 1, 233-252 (1921).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS ISOTÉRMICOS 189
(6B.4-2)
Para o escoamento turbulento ~m-tratainento de camada-limite aproximado baseado na lei de distribuição de
velocidades de potência leva a 1n
(6B.4-3)
Expresse esses resultados como relações entre f e Re.
6B.5 Escoamento turbulento em tubos horizontais. Um fluido escoa com uma vazão mássica w em um tubo horizontal
e liso de comprimento L e diâmetro D, como resultado de uma diferença de pressão p 0 - Pl· Sabe-se que o
escoamento é turbulento.
O tubo deve ser substituído por um outro de diâmetro D/2, mas de mesmo comprimento. O mesmo fluido deverá
ser bombeado com a mesma vazão mássica w. Qual diferença de pressão será necessária?
(a) Use a Eq. 6.2-12 como uma equação adequada para o fator de atrito.
(b) Como esse problema pode ser resolvido usando a Fig. 6.2-2 caso a Eq. 6.2-12 não seja apropriada?
Resposta: (a) Uma diferença de pressão 27 vezes maior será necessária.
6B.6 Inadequação do raio hidráulico médio para escoamento laminar.
(a) Para o escoamento laminar em um ânulo com raios KR. e R, use as Eqs. 6.2-17 e 18 para obter uma expressão
para a velocidade média em termos da diferença de pressão, análoga à expressão exata dada na Eq. 2.4-16.
(b) Qual o erro percentual no resultado de (a) para K = t?
Resposta: 47%
6B.7 Queda de esfera na região da lei de Newton do arrasto. Uma esfera inicialmente em repouso em z = O cai sob
a ação da gravidade. As condições são tais que, após um intervalo de tempo desprezível, a esfera cai sob a ação de
uma força resistiva proporcional ao quadrado de sua velocidade.
(a) Determine a distância z percorrida pela esfera em queda como uma função de t.
(b) Qual a velocidade terminal da esfera? Suponha que a densidade do fluido seja muito menor que a densidade da
esfera.
Resposta: (a) A distância é z = (1/c2g) ln cosh cgt, onde c2 = (0,44)(p/p0 ,e); (b) 1/c
6B.8 Projeto de um experimento para verificar o diagrama f versus Re para esferas. Deseja-se projetar um
experimento para testar o diagrama de fator de atrito da Fig. 6.3-1 para o escoamento em tomo de uma esfera.
Especificamente, queremos testar o valor plotado f = 1 para Re = 100. Isso deve ser feito deixando-se esferas de
bronze (Pese= 8 g/cm3) cair em água (p = 1 g/cm 3, µ., = 10-2 g/cm·s). Qual diâmetro de esfera deve ser usado?
(a) Obtenha uma fórmula que dê o diâmetro procurado em função de f, Re, g, µ.,, p e Pese para as condições de
velocidade terminal.
(b) Insira valores numéricos e determine o valor do diâmetro da esfera.
3f Re2 µ.z
Respostas: (a) D = J ( ) ; (b) D = 0,048 cm
4 Pese P pg
6B.9 Fator de atrito para escoamento sobre um cilindro infinito. 4
O escoamento sobre um cilindro longo é muito diferente daquele sobre uma esfera, e o método introduzido na
seção 4.2 não pode ser usado para descrever o sistema. Determinou-se que, quando o fluido se aproxima com uma
velocidade v"'' a força cinética agindo sobre o comprimento L do cilindro é
4riµ.v,,,L
(68.9-1)
Fk =ln (7,4/Re)
O número de Reynolds é definido aqui como Re = Dv,,p/µ,. A Eq. 6B.9-1 é válida até aproximadamente Re = 1.
Nessa faixa de Re, qual a fórmula para o fator de atrito em função do número de Re?
'G. K. Batchelor, An l11troduction to Fluid Dy11amics, Cambridge University Press (1967), págs. 244-246, 257-261. Para escoamento sobre cilindros finitos, veja J.
Happel e H. Brenner, Low Reynolds Number Hydrody11amics, Martinus Nijhoff, The Hague (1983), págs. 227-230.
190 CAPÍTULO SEIS
6C.1 Trajetórias de partículas em duas dimensões. Uma esfera de raio R é atirada horizontalmente (na direção x) a
uma velocidade alta em ar parado acima do nível do chão. Conforme ela deixa o dispositivo de arremesso, uma
esfera idêntica cai a partir da mesma altura acima do nível do chão (na direção y).
(a) Desenvolva equações diferenciais a partir das quais as trajetórias das partículas possam ser calculadas, e que
permitam uma comparação do comportamento das duas esferas. Inclua os efeitos do atrito do fluido e adote a hipótese
de que fatores de atrito de regime permanente possam ser usados (isto é, a hipótese de regime quasi permanente).
(b) Qual esfera atingirá o chão em primeiro lugar?
(c) A resposta de (b) seria a mesma se o número de Reynolds fosse na região da lei de Stokes?
2RVv; + V~Par
Re=-----
f.Lar
24
J= Re
(1+2.1L)
Reir
(6C.2-2)
6
Efeitos de parede para gotas em queda também foram estudados.
(b) Projete um experimento para checar o diagrama da Fig. 6.3-1 para esferas. Selecione tamanhos de esferas,
dimensões do cilindro e materiais apropriados para os experimentos.
6C.3 Potência cedida a um tanque agitado (Fig. 6C.3). Mostre, por análise dimensional, que a potência, P, cedida por
um impelidor rotativo a um fluido incompressível em um tanque agitado pode ser correlacionada para qualquer
formato específico de tanque e impelidor pela expressão
2
p (D Np DN2 ) (6C.3-1)
pN3Ds = <P -µ- g' Nt
1
onde N é velocidade de rotação do impelidor, D é o diâmetro do impelidor, t é o tempo desde o início da operação
e <P é uma função cuja forma deve ser determinada experimentalmente.
Chicana
Impelidor
5
R. Ladenburg, An11. Physik (4), 23, 447 (1907); H. Faxén, dissertação, Uppsala (1921). Para maiores discussões sobre o efeito de parede para esferas caindo, veja J.
Happel e H. Brenner, Low Reynolds Number Hydrodynamics, Martinus Nijhoff, The Hague (1983).
6
J. R. Strom e R. C. Kintner, AICHE Journa/, 4, 153-156 (!958).
7
L. Landau e E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, Pirgamon Press, Oxford (1987), pp. 182-183.
TRANSPORTE ENTRE FASES EM SISTEMAS Iscm~RMICOS 191
Para a geometria comumente usada mostrada na Fig. 6C.3, a potência é dada pela soma de duas integrais
representando as contribuições do arrasto por atrito do corpo e do fundo do tanque cilíndrico e do arrasto de forma
das chicanas radiais respectivamente:
onde T= é o torque necessário para girar o irnpelidor, Sé a área superficial total do tanque, A é a área superficial das
chicanas (considerada positiva no lado de "montante" e negativa no lado de "jusante"), Ré a distância radiai a
qualquer elemento de superfície dS ou dA a partir do eixo de rotação do impeli dor e n é a distância normal medida
a partir de qualquer elemento dS da superfície do tanque para o seio da massa fluida.
A solução desejada pode ser obtida então por análise dimensional das equações do movimento e continuidade,
reescrevendo-se as integrais anteriores em uma forma adimensional. Aqui é conveniente usar D, DN e ptf1D 2 para
comprimento característico, velocidade e pressão, respectivamente.
6D.1 Fator de atrito para uma bolha em um líquido limpo. 7• 8 Quando uma bolha de gás se move através de um líquido,
o mesmo se comporta como se existisse um escoamento potencial; isto é, o campo de escoamento na fase líquida
é, com boa aproximação, dado pelas Eqs. 4B.5-2 e 3.
A força de arrasto está diretamente relacionada à dissipação da energia na fase líquida (veja a Eq. 4.2-18)
(60.1-1)
Mostre que, para um escoamento irrotacional, a expressão geral para a dissipação de energia pode ser transformada
na seguinte integral de superfície:
Eu == µ.f(n · Vv2) dS (60.1-2)
Em seguida, mostre que a inserção do pe.rfü de velocidades do escoamento potencial na Eq. 60.1-2, e o uso da Eq.
6D.l-l levam a
f == 48 (60.1-3)
Re
Um cálculo ligeiramente melhorado, que leva em conta a dissipação na camada limite e na esteira turbulenta, conduz
ao seguinte resultado: 9
f == 48
Re
(i -VRe
2,2 ) (60.1-4)
Este resultado parece valer razoavelmente bem até um número de Reynolds de cerca de 200.
8
G. K. Batchdor, An lntroductio11 to Fluid Dy11amics, Cambridge University Press, (1967), pp. 367-370.
9
D. W. Moore,]. Fluid Medz., 16, 161-176 (1963).
7.Í BALANÇO MACROSCÓPICO DE MASSA 7.6 Uso DOS BALANÇOS MACROSCÓPlCOS PARA
7.2 BALANÇO MACROSCÓP!CO DE MOMENTO PROBLEMAS PERMANENTES
7.3 BALANÇO MACROSCÓP!CO DE MOMENTO ANGULAR 7.7° Uso DOS BALANÇOS MACROSCÓPlCOS PARA
7.4 BALANÇO MACROSCÓPICO DE ENERGIA 1'vtECÃN!CA PROBLE/VtAS TRANS!ENTES
7.5 ESTIMAÇÃO DA PERDA V!SCOSA 7.81a DEDUÇÃO DO BALANÇO MACROSCÓP!CO DE
ENERGIA MECÃN!CA
Nas quatro primeiras seções do Cap. 3, as equações de balanço para sistemas isotérmicos foram apresentadas.
Essas equações foram obtidas escrevendo-se as leis de conservação para um "sistema microscópico" - isto é, um
pequeno elemento de volume através do qual o fluido estava escoando. Dessa forma, equações diferenciais parci-
ais foram obtidas para os balanços de massa, de momento, de momento angular e de energia mecânica no sistema.
O sistema microscópico não tem superfícies sólidas de contorno e as interações do fluido com as superfícies só-
lidas em sistemas específicos de escoamento são consideradas através das condições de contorno nas equações
diferenciais.
Neste capítulo11 escreveremos leis similares de conservação para os "sistemas macroscópicos" - ou seja, grandes equi-
pamentos ou suas peças. Uma amostra de um sistema macroscópico é apresentada na Fig. 7 .0-1. As equações de balanço
para tal sistema são chamadas de balanços macroscópicos; para sistemas transientes, eles são equações diferenciais ordi-
nárias e para sistemas estacionários, eles são equações algébricas. Os balanços macroscópicos contêm termos que consi-
deram as interações do fluido com as superfícies sólidas. O fluido pode exercer forças e torques nas superfícies do sistema
e as fronteiras podem realizar trabalho wm no fluido por meio das superfícies móveis.
Q = calor adicionado
Iz
Os balanços macroscópícos podem ser obtidos a partir das equações de balanço, integrando-as ao longo de todo o vo-
lume do sistema em escoamento:12
f V(t)
(eq. da continuidade) dV =balanco macroscópico de massa
,
f V(t)
(eq. do movimento) dV =balanco macroscópico de momento
•
f V(t)
(eq. do momento angular) dV =balanco macroscópico de momento angular
,
f V(t)
(eq. da energia mecânica) dV =balanco macroscópico da energia mecânica
•
Os três primeiros desses balanços macroscópicos podem ser obtidos tanto escrevendo as leis de conservação direta-
mente para sistemas macroscópicos, como fazendo as integrações indicadas. Entretanto, de modo a obter o balanço
macroscópico de energia mecânica, a equação correspondente de balanço tem de ser integrada ao longo do sistema
macroscópico.
Nas Seções 7.1 a 7.3, estabeleceremos os balanços macroscópicos de massa, de momento, de momento angular e
de energia mecânica, escrevendo as leis de conservação. Na Seção 7.4, apresentaremos o balanço macroscópico de
energia mecânica adiando a dedução detalhada até a Seção 7.8. No balanço macroscópico de energia mecânica, há
um termo chamado "perda por atrito" e devotaremos a Seção7.5 aos métodos de estimação dessa quantidade. Então,
nas Seções 7 .6 e 7 .7, mostraremos como o conjunto de balanços macroscópicos pode ser usado para resolver proble-
mas de escoamento.
Os balanços macroscópicos têm sido largamente utilizados em muitos ramos de engenharia. Eles fornecem descrições
glóbais de grandes sistemas sem considerar muitos detalhes da dinâmica dos fluidos dentro dos sistemas. Freqüentemente,
eles são úteis para fazer uma avaliação inicial de um problema de engenharia e para fazer estimativas de ordem de gran-
deza de várias entidades. Algumas vezes eles são usados para deduzir relações aproximadas, que podem então ser modi-
ficadas com a ajuda de dados experimentais para compensar os termos que tenham sido omitidos ou sobre as quais haja
informação insuficiente.
No uso dos balanços macroscópicos, tem-se de decidir constantemente que termos podem ser omitidos ou tem-se de
estimar alguns dos termos. Isso requer (i) intuição, baseada na experiência com sistemas similares, (ii) alguns dados expe-
rimentais no sistema, (iii) estudos de visualização de escoamento ou (iv) estimativas de ordem de grandeza. Isso ficará
claro quando chegarmos aos exemplos específicos.
Os balanços macroscópicos fazem uso de aproximadamente todos os tópicos cobertos até aqui; logo, o Cap. 7 fornece-
rá uma boa oportunidade para rever os capítulos precedentes.
(7.1-1)
taxa de taxa de taxa de
aumento massa que massa que
de massa entra no sai no
plano l plano 2
'R. B. Bird, Chem. Eng. Sei., 6, 123-131 (1957); Chem. Eng. Educ., 27(2), 102-109 (Spring 1993).
2
J. C. Slattery and R. A. Gaggioli, Chem. Eng. Sei., 17, 893-895 (1962).
194 CAPÍTULO SETE
Aqui, mw, = J pdV é a massa total de fluido contido no sistema entre os planos l e 2. Introduziremos agora o símbolo w ==
p(,v)S para a taxa mássica de escoamento e a notação ó.w = w2 - w 1 (valor na saída menos valor na entrada). Então, o
balanço macroscópico transiente de massa se torna
(7.1-2)
Se a massa total de fluido não variar com o tempo, então obteremos o balanço macroscópico permanente de massa
b.w=O (7.1-3)
que é apenas a afirmação de que a taxa de massa que entra é igual à taxa de massa que sai.
Para o balanço macroscópico de massa, usamos o termo "permanente" para significar que a derivada em relação ao
tempo no lado esquerdo da Eq. 7 .1-2 é zero. Dentro do sistema, por causa da possibilidade de partes móveis, instabilidades
de escoamento e turbulência pode muito bem haver regiões de escoamento transiente.
EXEMPLO 7.1-1
Drenagem de um Tanque Esférico
Um tanque esférico, de raio R, e seu tubo de drenagem, de comprimento L e diâmetro D, estão completamente cheios com
um óleo pesado. No tempo t =O, a válvula do fundo do tubo de drenagem é aberta. Quanto tempo levará para o tanque ser
drenado? Existe uma saída de ar bem no topo do tanque esférico. Ignore a quantidade de óleo que adere na superfície
interna do tanque e considere que o escoamento no tubo de drenagem seja laminar.
SOLUÇÃO
t h(t)
_____ l_ Plano 2
Marcamos três planos como na Fig. 7 .1-1 e denotamos o nível instantâneo do líquido acima do plano 2 como sendo h(t).
Então, em qualquer tempo t, a massa total de líquido na esfera é
que pode ser obtida usando cálculo integral. Uma vez que nenhum fluido atravessa o plano 1, sabemos que w 1 =O. A taxa
de massa na saída, w 2 , como determinado pela fórmula ele Hagen-Poiseuille, é
7TW1'2 - rzl'3)D4p 7T(pgh + pgL)D.ip
Wz = 128,uL 128µ.L
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOAMENTO 195
A fórmula de Hagen-Poiseuille foi deduzida para escoamento permanente, porém a usamos aqui uma vez que o volume de
líquido no tanque está mudando lentamente com o tempo; esse é um exemplo de uma aproximação "quasi-estacionária".
Quando essas expressões param'°' e w2 são substituídas na Eq. 7.1-2, obtemos, depois de rearranjos,
4
(2R - h)h dh pgD
(7.1-6)
-----,;+f dt = 128µ.L
Abreviamos agora a constante do lado direito da equação como A. A equação será mais fácil de integrar se fizermos a
mudança de variável H = h + L, de modo que
(7.1-8)
em que A é dado pelo lado direito da Eq. 7.1-6. Note que obtivemos esse resultado sem qualquer análise detalhada do
movimento do fluido dentro da esfera.
(7.2-1)
taxa de taxa de raxade força de força de força da força da
aumento de momento momento pressão no pressão no superfície gravidade
momento que entra que sai fluido no fluido no sólida no fluido
no plano 1 no plano 2 plano l plano 2 no fluido
Aqui P,01 = f pvdV é o momento total no sistema. A equação estabelece que o momento total dentro do sistema varia por
causa da convecção de momento para dentro e para fora do sistema e por causa das várias forças que atuam no sistema: as
forças de pressão nas extremidades do sistema, a força das superlícies sólidas que atua no fluido no sistema e a força de
gravidade que atua no fluido contido entre as paredes do sistema. O subscrito "s -7 f' serve como um lembrete da direção
da força.
Introduzindo os símbolos para a vazão mássica e o símbolo 11, finalmente obtemos o balanço macroscópico transiente
de momento
(7.2-2)
Se a quantidade total de momento no sistema não variar com o tempo, então obteremos o balanço macroscópico perma-
nente de inomento
(v2) )
Fr~s = -ó. ( (v) w + pS u + mtotg (7.2-3)
Novamente, enfatizamos que essa é uma equação vetorial. Ela é útil para calcular a força do fluido nas superfícies sólidas,
F1_,,, tal como a força na curva de um tubo ou na pá de uma turbina. Na verdade, já usamos uma versão simplificada da
equação anteriornaEq. 6.1-3.
.196 CAPITULO SETE •
Natas relativas a escoamento turbulento: (i) Para escoamento turbulento, é comum trocar (v) por (v) e (v2} por (v 2 );
nesse último caso, estamos negligenciando o termo (v' 2 ), que é geralmente pequeno com relação a (v 2 ). (ii) Trocamos
ainda (v 2 ) / (v) por (v). O erro ao fazer isso é bem pequeno; para o perfil empírico de velocidades da lei de potência 1n,
dado na Eq. 5.1-4, (v 2 ) / (v) == (V), de modo que o erro é cerca de 2%. (iii) Quando fazemos essa suposição, normalmente
não usamos os colchetes e as barras, com o objetivo de simplificar a notação. Ou seja, fazemos (v1) v 1 e vf, com sim- =
plificações similares para as grandezas do plano 2.
ExEMPlO 7.2-1
Força Exercida por um Jato (Parte a)
Um jato turbulento de água sai de um tubo de raio R 1 =2,5 cm, com uma velocidade v1 =6 m/s, conforme mostrado na Fig.
7 .2-1. O jato colide em um arranjo de disco-bastão de massa m = 5,5 kg, que está livre para se mover verticalmente. O
atrito entre o bastão e a manga será desprezado. Encontre a altura h na qual o disco "flutuará" como um resultado do jato. 1
Considere que a água seja incompressível.
Jt~~~.i
-
Arranjo disco-bastão,
r
1
~~~~ Plano 2 1 ,-,:::,-... ...-:;::::--.. - - - Plano 3
/? """ í? - ----Plano 2
h Jato ascendente
de água
Ir TubocomraioR, -rubo
Fig. 7.2-1 Esquemas correspondentes às duas soluções
para o problema do jato e disco. Em (a), considera-se que
o jato de água tenha um raio uniforme R1 . Em (b), per-
(a) mite-se que haja um espalhamento do jato liquido.
SOLUÇÃO
Para resolver esse problema; tem-se de imaginar como o jato se comporta. Na Fig. 7.2-l(a), fazemos a suposição de que o
jato tem um raio constante, R1, entre a saída do tubo e o disco, enquanto na Fig. 7.2-l(b), consideramos que o jato se espa-
lha levemente. Nesse exemplo, fazemos a primeira suposição e no Exemplo 7.4-1, consideraremos o espalhamento do
jato.
Aplicamos a componente z do balanço permanente de momento entre os planos 1 e 2. Os tennos de pressão podem ser
omitidos, já que a pressão é atmosférica em ambos os planos. A componente z da velocidade do fluido no plano 2 é zero.
O balanço de momento toma-se então
(7.2-4)
Resolvendo para h, obtemos (nas unidades SI)
1
1
K. Federhofer, Aufgaben aus der Hydromechanik, Springer-Verlag, Vienna (l954), pp. 36 e 172.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS !SOTÉ~UCOS EM EsCOAMENTO 197
Aqui, L,0 , = fp[r X v]dV é o momento angular total dentro do sistema e Tex, = f[r X pg]dV é o torque no fluido no sistema,
resultante da força gravitacional. Essa equação pode também ser escrita como
(7.3-2)
EXEMPLO 7.3-1
Torque em um Tanque de Mistura
Um tanque de mistura, mostrado na Fig. 7 .3-1, está sendo operado em regime permanente. O fluido entra tangencialmente
no plano 1, em escoamento turbulento, com uma velocidade v1, e sai através do tubo vertical, com uma velocidade v2• Uma
vez que o tanque tem defletores, não há movimento helicoidal do fluido no tubo vertical de saída. Encontre o torque exer-
cido no tanque de mistura.
SOLUÇÃO
A origem do sistema de coordenadas está no eixo do tanque, em um plano que passa através do eixo do tubo de entrada e
paralelo ao topo do tanque. Então o vetor [r 1 X ui] é um vetor que aponta na direção z, com magnitude R. Além disso, [r2
X u2] =O, visto que os dois vetores são colineares. Para esse problema, a Eq. 7.3-3 fornece
(7.3-4)
Assim, o torque é apenas "força X braço de alavanca", como seria esperado. Se o torque for suficientemente grande, o
equipamento terá de ser adequadamente fixado para suportar o torque produzido pelo movimento do fluido e pela pressão
interna.
198 CAPÍTULO SETE
Vista lateral
A área da seção
transversal é S2
Vista superior
taxa de aumento de taxa com que as energias taxa com que as energias
energia cinética e cinética e potencial entram cinética e potencial entram
de energia potencial no sistema no plano 1 no sistema no plano 2
no sistema
1
Essa interpretação do termo é válida somente para fluidos newtonianos; líquidos poliméricos têm elasticidade e a interpretação dada acima não mais se mantém.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTERMICOS EM EsCOAMENTO 199
Aqui, K,01 ={!pv 2dVe cf> 101 = fpc.PdV são as energias cinética e potencial dentro do sistema. De acordo com a Eq. 7.4-1, a
energia mecânica total (isto é, cinética mais potencial) varia por causa de uma diferença nas taxas de adição e remoção da
energia mecânica, por causa do trabalho feito no fluido pelo ambiente e devido aos efeitos de compressibilidade e de dis-
sipação viscosa. Note que, na entrada do sistema (plano 1), a força p 1S 1 multiplicada pela velocidade (v 1) fornece a taxa
segundo a qual o ambiente realiza trabalho no fluido. Além disso, W111 é o trabalho feito no fluido pelo ambiente através das
superfícies móveis.
O balanço macroscópico de energia mecânica pode agora ser escrito mais compactamente como
(7.4-2)
O termo de compressão E, é positivo na compressão e negativo na expansão; ele será zero quando o fluido for considerado
incompressível. O termo Ev é o termo de dissipação viscosa (ou perda por atrito), que é sempre positivo para fluidos
newtonianos, como pode ser visto da Eq. 3.3-3. (Para fluidos poliméricos, que são viscoelásticos, Ev não é necessariamen-
te positivo; esses fluidos serão discutidos no próximo capítulo.)
Se a energia total, cinética mais a potencial, no sistema não estiver variando com o tempo, obteremos
1 (v3 )
tJ,. ( 2 <;;)
p)
+ gh + P w = W,,, - Ec - E, (7.4-5)
que é o balanço macroscópico permanente de energia mecânica. Aqui, lz é a altura acima de algum plano de referência,
arbitrariamente escolhido.
A seguir, se considerarmos que seja possível retirar uma linha de corrente representativa através do sistema, podemos
combinar os termos f!..(p/ p) e Ec para conseguir a seguinte relação aproximada (ver Seção 7.8)
(7.4-7)
Aqui, W,,, = W,,JW e Êv = EJW. A Eq. 7 .4-7 é a versão do balanço permanente de energia mecânica que é usada mais
freqüentemente. Para sistemas isotérmicos, o termo da integral pode ser calculado desde que se disponha de uma expres-
são para densidade como uma função da pressão.
A Eq. 7.4-7 deve agora ser comparada com a Eq. 3.5-12, que é a equaçã<2 "clássica" de Bernoulli para um fluido invíscido.
Se, para o lado direito da Eq. 3.5-12, adicionarmos apenas o trabalho W"' feito pelo ambiente e subtrairmos o termo de
dissipação viscosa Ê,. e reinterpretarmos as velocidades como médias apropriadas ao longo das seções transversais, então
conseguiremos a Eq. 7.4-7. Isso fornece um "argumento plausível" para a Eq. 7.4-7 e ainda preserva a idéia fundamental
de o balanço macroscópico de energia mecânica ser deduzido a partir da equação do movimento (isto é, a partir da lei de
conservação de momento). A dedução completa do balanço macroscópico de energia mecânica será dada na Seção 7.8
para aqueles que estiverem interessados.
Notas para escoamento turbulento: (i) Para escoamentos turbulentos, trocamos (v3) por (V3) e ignoramos a contribui-
ção das flutuações turbulentas. (ii) É prática comum trocar o quociente (v3) / (v) por (v)2 • Para o perfil de velocidades da
lei empírica de potência 1/7 dado na Eq. 5.1-4, pode ser mostrado que Çi})/(v) = !~:~~~(v)2, de modo que o erro está em
tomo de 6%. (iii) Além disso, omitimos os colchetes e as barras superiores para simplificar a notação no escoamento
turbulento.
200 CAPITULO SETE
EXEMPLO 7.4-1
Força Exercida por um Jato (Parte b)
Continue o problema no Exemplo 7.2-1, considerando o espalhamento do jato quando ele se move para cima.
SOLUÇÃO
Permitimos agora o diâmetro do jato aumentar à medida que z aumenta, conforme mostrado na Fig. 7.2-1 (b). É conveniente
trabalhar com três planos e fazer balanços entre pares de planos. A separação entre os planos 2 e 3 é considerada bem pequena.
Um balanço de massa entre os planos 1 e 2 fornece
(7.4-8)
A seguir, aplicamos o balanço de energia mecânica da Eq. 7 .4-5 ou 7.4-7 entre os mesmos dois planos. As pressões nos
planos 1 e 2 são ambas atmosféricas e não há trabalho feito pelas partes móveis W"'. Consideramos que o termo de dissipação
viscosa E,. pode ser negligenciado. Se z for medida para cima a partir da saída do tubo, então gtih = g(h 2 - h1) = g(h - O),
uma vez que os planos 2 e 3 estão muito próximos. Assim, o balanço de energia mecânica fornece
(7.4-9)
Aplicamos agora a componente z do balanço de momento entre os planos 2 e 3. Urna vez que a região é muito pequena,
desprezamos o último termo na Eq. 7 .2- 3. Ambos os planos estão sob pressão atmosférica; logo, os termos de pressão não
contribuem. A velocidade do fluido é zero no plano 3; desse modo, sobram somente dois termos no balanço de momento
mg = V2W2 (7.4-10)
da Eq. 7.4-9
da Eq. 7.4-10
em que mg e v 1w 1 = 7TR~pv~ são conhecidos. Quando os valores numéricos são substituídos na Eq. 7.4-10, obtemos h =
0,77 m. Esse é provavelmente um resultado melhor do que o valor de 0,87 rn obtido no Exemplo 7 .2-1, visto que ele con-
sidera o espalhamento do jato. Não consideramos no entanto a adesão da água ao disco, que fornece ao arranjo disco-
bastão uma massa efetiva um pouco maior. Ademais, a resistência por atrito do bastão na manga foi negligenciada. É
necessário realizar um experimento para verificar a validade da Eq. 7.4-10.
de balanço e de vários fatores geométricos que entram nas condições de contorno. Por conseguinte, se_ o único grupo adi-
mensional significativo for o número de Reynolds, Re = l0v0 p/µ,, então a Eq. 7.5-2 terá de ter a forma geral
R
No escoamento em regime permanente, preferimos trabalhar com a grandeza = EjW, em que w = pr_v)S é a taxa mássica
de escoamento que passa através de qualquer seção transversal do sistema em escoamento. Se selecionarmos a velocidade
de referência v0 como (v) e o comprimento de referência 10 como {§, então
(7.5-4)
em que ev, o fator de perda por atrito, é uma função do número de Reynolds e de razões geométricas adimensionais rele-
vantes. O fator 1/2 foi introduzido para manter a forma de várias equações relacionadas. Queremos agora resumir o que é
sabido sobre o fator de perda por atrito para as várias partes de um sistema de tubulação.
Para um tubo reto, o fator de perda por atrito está intimamente relacionado ao fator de atrito. Consideramos somente o
escoamento em regime permanente de um fluido de densidade constante em um tubo reto de seção S e comprimento L
arbitrários, porém constantes. Se o fluido estiver escoando na direção z, sob a influência de um gradiente de pressão e da
gravidade, então as Eqs. 7.2-2 e 7.4-7 se tornarão
A Ff->s
Ev=ps (7.5-7)
Se, além disso, o escoamento for turbulento, então a expressão para Ff->s em termos do raio hidráulico médio R,, pode ser
usada (ver Eqs. 6.2-16 a 18) de modo que
(7.5-8)
em que fé o fator de atrito discutido no Cap. 6. Uma vez que essa equação está na forma da Eq. 7.5-4, obtemos uma rela-
ção simples entre o fator de perda por atrito e o fator de atrito
L
ev = R,; f (7.5-9)
para escoamento turbulento nas seções de tubo reto com seção transversal uniforme. Para um tratamento similar no caso
de dutos de seção transversal variável, ver Problema 7B.2.
A maioria dos sistemas em escoamento contém vários "obstáculos", tais como acessórios, mudanças bruscas no diâme-
tro, válvulas ou instrumentos de medição de escoamento. Eles também contribuem para a perda por atrito Êv. Tais resis-
tências adicionais podem ser escritas na forma da Eq. 7.5-4, com ev determinado por um dos dois métodos: (a) solução
simultânea dos balanços macroscópicos ou (b) medida experimental. Alguns valores aproximados de e,. são mostrados na
Tabela 7.5-1 para a convenção de que (v} é a velocidade média a jusante do distúrbio. Esses valores de ev são para escoa-
mento turbulento para o qual a dependência do número de Reynolds não é muito importante.
Estamos agora na posição de rescrever a Eq. 7.4-7 na forma aproximada usada freqüentemente para os cálculos de
escoamento turbulento em um sistema c::imposto de vários tipos de tubulações e de resistências adicionais:
Perturbações
ªRetirado de H. Kramers, Physische Transportverschijnselen, Technische Hogeschool Delft, Holanda (1958), pp. 53-54.
bAqui, f3 = (área da menor seção transversal)/(área da maior seção transversal).
cver dedução dos balanços macroscópicos no Exemplo 7.6-1. Se f3 =O, então Ê., = (v//2, em que (t? é a velocidade a montante da expansão.
primeiro somatório é a velocidade média no i-ésimo segmento de tubo e v no segundo somatório é a velocidade média a
jusante do i-ésimo acessório, válvula ou outro obstáculo.
EXEMPLO 7.5-1
Potência Requerida para Escoamento em uma Tubulação
Qual é a potência requerida na saída de uma bomba para o sistema em regime permanente mostrado na Fig. 7 .5-1? A água
a 68º F (p = 62,4 lbm/ft3 ; µ, = 1,0 cp) deve ser bombeada para um tanque superior, a uma taxa de 12 ft3/min. Toda a tubu-
lação é formada por um tubo circular liso, com um diâmetro interno de 4 polegadas.
~120'-----J
~l Jl--P!Mo2
Bomba r--l===3=00='==QJ100'
1
SOLUÇÃO
A velocidade média no tubo é
e o número de Reynolds é
=
2<2•30)2(0,00 49) (5 + 300 + 100 + 120 + 20)
(1/3)
= (0.156)(545) = 85 ft2 /s2 (7.5-13)
A contribuição para Ê, da contração repentina, dos três joelhos de 90º e da expansão repentina (ver Tabela 7.5-1) será
(7.5-14)
(A)
Momento: (B)
Notas:
(a) Todas as fónnulas aqui consideram perfis planos de velocidades.
(b) :4w1 = w1, + w1b + w1c + .. ., em que w" + p1,Vi,S1,, etc.
(c) h1 e h2 são elevações acima de um plano arbitrário de referência.
(d) Todas as equações são escritas para escoarnentc compressível; para escoamento incompressível, Ec = O.
204 CAPITULO SE'FE
- ..
Para cada problema, começamos com os quatro balanços macroscópicos. Mantendo o conhecimento dos termos
desprezados ou aproximados, temos automaticamente, no resultado final, uma listagem completa das suposições ine-
rentes. Todos os exemplos dados aqui são para escoamento incompressível e isotérmico. A suposição de
incompressibilidade significa que a velocidade do fluido tem de ser menor do que a velocidade do som no fluido e
que variações na pressão têm de ser pequenas o suficiente de modo que as mudanças resultantes na densidade pos-
sam ser negligenciadas.
Os balanços macroscópicos permanentes podem ser facilmente generalizados para sistemas com múltiplas cor-
rentes de entrada (chamadas de la, lb, lc, ... )e múltiplas correntes de saída (chamadas de 2a, 2b, 2c, ... ).Esses ba-
lanços estão resumidos na Tabela 7 .6-1 para escoamento turbulento (em que os perfis de velocidades são considera-
dos planos).
EXEMPLO 7.6-1
Aumento de Pressão e Perda por Atrito em uma Expansão Repentina
Um fluido incompressível escoa, em escoamento turbulento, de um pequeno tubo circular para um grande tubo, conforme
mostrado na Fig. 7.6-1. As áreas da seção transversal dos tubos são S1 e S2 • Obtenha uma expressão para a variação de
pressão entre os planos 1 e 2 e para a perda por atrito associada à expansão repentina na seção transversal. Considere {3 =
S/S2, que é menor do que 1.
Plano 1
de área de seção
transversal S 1 Tubo cilíndrico
arruela, com de área de seção Fig. 7.6-1 Escoamento através
área S1 - S, transversal S1 de uma expansão repentina.
SOLUÇÃO:
(a) Balanço de massa. Para escoamento permanente, o balanço de massa fornece
W1 = Wz ou P1V1S1 = pzV2S2 (7.6-1)
Para um fluido com densidade constante, temos
Vi 1
(7.6-2)
v;_=73
(b) Balanço de momento. A componente a jusante do balanço de momento é
Fj--•s = (v 1w1 - v2w2 ) + (p 151 - p252) (7.6-3)
A força F1_,. é composta por duas partes: a força viscosa nas superfícies cilíndricas, paralela à direção de escoamento, e a
força de pressão na superfície em forma de uma aquela, bem à direita do plano 1 e perpendicular ao eixo do escoamento.
Negligenciamos (por intuição) a primeira contribuição e consideramos p 1 (S2 - S1) a segunda, supondo que a pressão na
superfície em formato de arruela seja a mesma que aquela no plano 1. Obtemos então, usando a Eq. 7.6-1,
-p1(S2 - 51) = PV2Sz(V1 - Vz) + (p1S1 - P2S2) (7.6-4)
Resolvendo para a diferença de pressão
(7.6-5)
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOAMENTO 205
P2 - P1 = pv~ü- 1) (7.6-6)
1(
EV = 21(VJ? - V2' ) + p
A
Pi P2) (7.6-7)
Inserindo a Eq. 7.6-6 para o aumento de pressão temos, depois de alguns rearranjos,
Ev = 2v2
A 1'(173-1 )2 (7.6-8)
EXEMPLO 7.6-2
Desempenho de um Ejetor Líquido-Líquido
Um diagrama de um ejetor liquido-líquido é mostrado na Fig. 7.6-2. Deseja-se analisar a mistura das duas correntes, am-
bas do mesmo fluido, por meio de balanços macroscópicos. No plano 1, as duas correntes fluidas emergem. A corrente la
tem uma velocidade v0 e uma área de seção transversal S i/3 e a corrente 1b tem uma velocidade vof2 e uma área de seção
transversal 2S/3. O plano 2 é escolhido suficientemente longe da jusante de tal modo que as duas correntes estão mistu-
radas e a velocidade, v2 , é quase uniforme. O escoamento é turbulento e os perfis de velocidade nos planos 1 e 2 são con-
siderados planos. Na análise seguinte, Fi->s é desprezada, urna vez que ela é menos importante do que os outros termos no
balanço de momento.
Corrente la Plano2
Corrente lb
Fig. 7.6-2 Escoamento em uma
bomba ejetara líquido-líquido.
SOLUÇÃO
(a) Balanço de massa. No regime permanente, a Eq. (A) da Tabela 7.6-1 fornece
(7.6-9)
ou
(7.6-10)
206 CAPÍTULO SErE
P2 - P1=1'âPvÕ (7.6-14)
Essa é uma expressão para o aumento de pressão resultante da mistura das duas correntes.
(e) Balanço de momento angular. Esse balanço não é necessário.
(d) Balanço de energia mecânica. A Eq. (D) da Tabela 7.6-1 fornece
1 , , 1 ,
( ;tvfaW1a 0 zVJbW1b
)
-
(i , +
zVz
P2 - P1)
- p - Wz =
Ev (7.6-15)
(7.6-17)
é a dissipação de energia por unidade de massa. A análise precedente fornece resultados razoavelmente bons para bombas
ejetaras liquido-líquido. Em ejetares gás-gás, entretanto, a densidade varia significativamente, sendo necessário incluir oba-
lanço macroscópico de energia total, assim como uma equação de estado na análise. Isso será discutido no Exemplo 15.3-2.
EXEMPLO 7.6-3
Força sobre um Tubo Curvo
Água, a 95ºC, está escoando a uma taxa de 2,0 ft 3/s através de uma curva de 60°, em que há uma contração de 4 para 3
polegadas no diâmetro interno (ver Fig. 7.6-3). Calcule a força exercida na curva, se a pressão a jusante for 1,1 atm. A
densidade e a viscosidade da água nas condições do sistema são 0,962 g/crn3 e 0,299 cp, respectivamente.
Fluido sai
Plano2,,
Diâmetro_
interno de 3"
SOLUÇÃO
O número de Reynolds para o escoamento no tubo de 3 polegadas é
Re= D(v)p =~
µ r.Dµ
4(2,0 X (12 X 2,54) 3)(0,962)
3X106 (7.6-18)
r.(3 X 2.54)(0,00299)
A esse número de Reynolds, o escoamento é altamente turbulento e a suposição de perfis planos de velocidade é razoável.
(a) Balanço de massa. Para escoamento permanente, w 1 == w2• Se a densidade for constante em todo o escoamento,
~ = ~ = {3 (7.6-19)
V2 51
em que f3 é a razão entre a menor e a maior seções transversais.
(b) Balanço de energia mecânica. Para escoamento permanente e incompressível, a Eq. (D) da Tabela 7.6-1 se torna, para
esse problema,
(7.6-20)
De acordo com a Tabela 7.5-1 e com a Eq. 7.5-4, podemos considerar a perda por atrito como sendo aproximadamente
~(~v~) = ~ifi. Inserindo essa equação na Eq. 7.6-20 e usando o balanço de massa, conseguimos
(7.6-21)
Essa é a queda de pressão através da curva, em termos da velocidade conhecida v2 e do fator geométrico conhecido (3.
(e) Balanço de momento. Ternos de considerar agora as componentes x e y do balanço de momento. Os vetores unitários
de entrada e de saída terão componentes X e y, dadas por ul., == 1, ll1y ==O, l'2.,. ==cose e Uzy == sen e.
A componente x do balanço de momento fornece então
em que F.. é a componente x de Fr--w Introduzindo as expressões específicas para w 1 e w2, conseguimos
Fx = V1(PV151) - Vz(pvz52) cos 8 + P151 - P252 cos 8
= pifi52 ({3 - cos 8) + (p 1 - p2)5 1 + p2(5 1 - 52 cos 8) (7.6-23)
Substituindo a expressão para p 1 - p 2 da Eq. 7 .6-21 nessa equação temos
F_, = p~5 2 ({3 - cos 8) + pvi52{3 .... 1(Íõ - ~ 2 )
+ pg(h2 - lz 1)52{3 . . 1 + p2 52 ({3 .... 1 - cos 8)
= w 2(p5z)-- 1(fõf3-- 1 - cos 8 + ~)
+ pg(h1 - h1)51{3 .... 1 + p2 52 (/F 1 - cos 8) (7.6-24)
(7.6-25)
ou
(7.6-26)
+ (16,2)(0.049)(144)(o.i62 - ~) lbt
= (152)(1,24 - 0,50 + 0,28) + 2,6 + (144)(1.78 - 0,50)
= 155 + 2,6 + 146 = 304lbt=1352N (7.6-27)
Fy = ( , (120)2
2 0 049 32 2
2 3 - (16,2)(0,049)(144) (1V3)
)( , ) (1V3) 2 3 - '1T(3)-(5)(60)
l o 5 lbr
EXEMPLO 7.6-4
O Jato Colidente
Um jato retangular, de espessura bl, de um fluido incompressível emerge de uma fenda de largura e, bate em uma placa
plana e se divide em duas correntes de espessuras b20 e b2b, como mostrado na Fig. 7.6-4. A corrente turbulenta do jato
emergente tem uma velocidade v 1 e uma vazão mássica w1• Encontre as velocidades e as taxas mássicas das duas correntes
sobre a placa. 1 ~
SOLUÇÃO
Desprezamos a dissipação viscosa e a gravidade e consideramos que os perfis de velocidade de todas as três correntes
sejam planos e que suas pressões sejam essencialmente iguais. Os balanços macroscópicos fornecem então
1
Para soluções alternativas desse problema, ver G. K. Batchelor, An lntroduction to Fluid Dynamics, Cambridge University Press (1967), pp. 392-394, e S. Whitaker,
lntroduction to Fluid Dynamics, Prentíce-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1968), p. 260. Uma aplicação do problema do jato impactante compressível foi dada por J. V.
Foa, Patente americana 3.361.336 (Jan. 2, 1968). Lá, usa-se o fato de que se o bocal em forma de fenda se mover para a esquerda na Fig. 7.6-4 (ou seja, esquerda em
relação à placa), então, para um fluido compressível, a corrente da direita será mais fria que o jato e a corrente da esquerda será mais quente.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOAMENTO 209
Balanço de massa
(7.6-31)
(7.6-33)
Balanço de momento angular (coloque a origem das coordenadas na linha central do jato e na altitude de b/2; isso é feito
de modo a não existir momento angular do jato que chega)
(7.6-34)
Essa última equação pode ser reescrita para eliminar os b's em favor dos w's. Uma vez que w1 = pv 1b 1c e w 2ª = pv20 b2ªc,
podemos trocar b 1 - b 2ªpor(w/pv 1c)- (wi)pv20c) e trocar b 1 - b2b de forma similar. Então o balanço de momento angular
se torna
(7.6-35)
ou
(7.6-36)
Agora, as Eqs. 7.6-31, 32, 33 e 36 são quatro equações com quatro incógnitas. Quando elas são resolvidas, encontra-
mos que
V2a = V1 W2a = ~W1 (1 + COS 8) (7.6-37, 38)
V21 1 = V1 W2b = 4w1(1 - COS 8) (7.6-39, 40)
Logo, as velocidades de todas as três correntes são iguais. O mesmo resultado é obtido, aplicando-se a equação clássica de
Bernoulli para o escoamento de um fluido invíscido (ver Exemplo 3.5-1).
EXEMPLO 7.6-5
Escoamento Isotérmico de um Líquido Através de um Orifício
Um método comum para determinar a taxa mássica de escoamento através de um tubo é medir a queda de pressão em
algum "obstáculo" no tubo. Um exemplo disso é a placa de orifício, que é uma placa fina com um orifício no meio. Há
tornadas de pressão nos planos 1e2, a montante e a jusante da placa de orifício. A Fig. 7.6-5(a) mostra a placa de orifício,
as tomadas de pressão e o comportamento geral dos perfis de velocidades conforme observados experimentalmente. O
perfil de velocidades no plano 1 será considerado plano. Na Fig. 7.6-5(b), mostramos um perfil aproximado de velocida-
des no plano 2, que usamos na aplicação dos balanços macroscópicos. A equação padrão da placa de orifício é obtida
aplicando-se os balanços macroscópicos de massa e de energia mecânica.
SOLUÇÃO
(a) Balanço de massa. Para um fluido de densidade constante, com um sistema para o qual S1 = S2 = S, o balanço de massa
naEq. 7.1-1 fornece
(v1) =(vi) (7.6-41)
Com os perfis considerados de velocidades isso se torna
(7.6-42)
(a)
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1 Fig. 7. 6-5 (a) Um oriffcio com borda pronunciada, mos-
1 1 trando os perfis aproximados de velocidades em vários
1 1
Plano 1 Manômetro Plano2 planos perto da placa de oriffcio. O jato de fluido emer-
1 1
1 1
gente do orifício é um pouco menor do que o oriffcio em
1 si. Em escoamento altamente turbulento, esse jato é es-
u ~'•----"li
trangulado a jusante para uma seção transversal míni-
ma na vena contracta. A extensão desse estrangula-
mento pode ser dada pelo coeficiente de contração, C0
(b)------ - -
- (Svenaconr.racta/S0). De acordo com a teoria de escoamen-
~-- to invíscido, C0 = 'Tfl('Tf + 2) = 0,611, se SofS1 =O [H.
Lamb, Hydrodynamics, Dover, New York (1945), p. 99].
=======:--~c..::.
==iu Note que existe algum retomo de escoamento perto da
1 1 parede. (b) Perfil aproximado de velocidades no plano
1 1
Plano O Plano 2 2, usado para estimar (i?i)!(v0.
(b) Balanço de energia mecânica. Para um fluido de densidade constante em um sistema em escoamento, com nenhuma
mudança na elevaÇão e nenhuma parte móvel, a Eq. 7.4-5 fornece
(7.6-43)
A perda viscosa Ê,. é desprezada, muito embora ela certamente não seja igual a zero. Com os perfis considerados de velo-
cidade, a Eq. 7.6-43 se torna então
Quando as Eqs. 7 .6-42 e 44 são combinadas com a finalidade de eliminar v0 , podemos resolver para v1 de modo a conse-
guir
2(p1 - P2) 1
(7.6-45)
P (S/S0) 2 - 1
Podemos agora multiplicar por pS para conseguir a taxa mássica de escoamento. Então, de modo a considerar os erros
introduzidos pelo fato de negligenciar Ê., e pelas suposições relativas aos perfis de velocidades, incluímos um coeficiente
de descarga, Cd, e obtemos
2p(p1 - P1)
(7.6-46)
1 - (S0 /S)2
Coeficientes de descarga experimentais foram corr~lacionados como uma função de SofS e do número de Reynolds. 2 Para
números de Reynolds maiores do que 104, Cd se aproxima de cerca de 0,61, para todos os valores práticos de SofS.
'G. L. Tuve e R. E. Sprenkle, Instruments, 6, 202-205, 232-234 (1935); ver também R. H. Perry e C. H. Chilton, Chemica/ Engineer' s Handbook, McGraw-Hill, Nova
York, 5'" edition (1973), Fig. 5-18; Fluid Meters: Their Theory and Applications, 6'" edition, American Sociery ofMechanical Engineers, New York (1971), pp. 58-65;
Measurement of Fluid Flow Using Sma/l Bore Precision Orifice Meters, American Society of Mecha11ica/ E11gi11eers, MFC-14-M, New York (1995).
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM ESCOAMENTO 211
Esse exemplo ilustrou o uso de balanços macroscópicos para conseguir a forma geral do resultado, que foi então modi-
ficada introduzindo-se uma função multiplicativa de grupos adimensionais, de modo a corrigir os erros introduzidos pelas
suposições não asseguradas. Essa combinação de balanços macroscópicos e considerações dimensionais é freqüentemen-
te usada e pode ser bem útil.
EXEMPLO 7.7-1
Efeitos de Aceleração no Escoamento Transiente em um Tanque Cilíndrico
Um cilindro aberto, de altura H e raio R, está inicialmente cheio por completo com um líquido. No tempo t =O, drena-se
o líquido através do pequeno orifício de raio R0 no fundo do tanque (ver Fig. 7.7-1).
(a) Encontre o tempo de descarga do tanque, usando o balanço transiente de massa e considerando a equação de Torricelli
(ver Problema 3B .14) para descrever a relação entre a velocidade de saída e a altura instantânea do líquido.
(b) Encontre o tempo de descarga do tanque, usando os balanços transientes de massa e de energia mecânica.
SOLUÇÃO
(a) Aplicamos a Eq. 7.1-2 ao sistema na Fig. 7.7-1, tomando o plano 1 no topo do tanque (logo, w1 =0). Se a altura instan-
tânea do líquido for h(t), então
(7.7-1)
Aqui, consideramos um perfil plano de velocidades no plano 2. De acordo com a equação de Torricelli, v2 = Jiih e a Eq.
7.7-1 se torna
diz = - (R
2
0 r;:;-;-
dt 1f) ,
v2g1z (7.7-2)
= O a t = td<Scarga> conseguimos
=n
Quando ela é integrada de t
tdescarg ..
(7.7-3)
em que N = (R/R 0) 4 >> 1. Isso é efetivamente uma solução de um estado quasi-estacionário, uma vez que usamos o balanço
transiente de massa juntamente com a equação de Torricelli, que foi deduzida para um escoamento permanente.
212 CAPtruLO SETE.
(b) Usamos agora a Eq. 7 .7-1 e o balanço de energia mecânica na Eq. 7.4-2. Nessa última, os termos W.. e Ec são identicamente
iguais a zero e consideramos que Ev seja negligenciavelmente pequeno, já que os gradientes de velocidade no sistema
serão pequenos. Tomamos o plano de referência para a energia potencial como o fundo do tanque, de modo que <fi2 = gz2
=O; no plano 1, nenhum líquido está entrando e conseqüentemente o termo de energia potencial não é necessário lá. Já
que o topo do tanque é aberto para a atmosfera e o tanque está descarregando na atmosfera, as contribuições de pressão são
canceladas. .
Com o objetivo de conseguir a energia cinética total no sistema em qualquer tempo t, temos de conhecer a velocidade
de cada elemento fluido no tanque. Em cada ponto no tanque, consideramos que o fluido esteja se movimentando para
baixo com a mesma velocidade, ou seja, viRJR) 2, de modo que a energia cinética por unidade de volume seja ~pv~(R0 / R)4
em todo o lugar.
Para obter a energia potencial total no sistema em qualquer tempo t, temos de integrar a energia potencial por unidade
de volume, pgz, ao longo do volume de fluido, a partir de O até h. Isso fornece rrR2pg(~h2).
Conseqüentemente, o balanço de energia mecânica na Eq. 7.4-2 se torna
Do balanço transiente de massa, v2 = -(RI Ro)2 (dh/ dt). Quando essa expressão for substituída na Eq. 7 .7-4, conseguimos
(depois de dividir por dhldt)
dh
2
2h- - (N -1) - (dh) 1
+ 2gh =O (7.7-5)
dt2 dt
Isso deve ser resolvido com as duas condições iniciais:
e
A segunda delas a equação de Torricelli no instante inicial de tempo.
A equação diferencial de segunda ordem para h. pode ser convertida a uma equação de primeira ordem para a função
u(h), fazendo a mudança de variável (dhldt) 2 = u. Isso fornece
du
h dh - (N - 1)u + 2gh = O (7.7-8)
A segunda condição inicial fornece então C = -4g/[N(N - para a constante de integração; uma vez que N > > 1,
2)HN- 2]
não necessitamos nos preocupar com o caso especialN = 2. Podemos a seguir extrair a raiz quadrada daEq. 7.7-9 e intro-
duzir uma altura adimensional do líquido, 77 = h/H; isso resulta
(7.7-10)
em que o sinal menos tem de ser escolhido com base física. Essa equação de primeira ordem é do tipo separável e pode ser
integrada de t = O a t = tdescarga para dar
1
Ver E. Kamke, Differentialgleichungen: Üisungsmethoden 1md Lõs1111gen, Chelsea Publishing Company, New York (1948), p. 311, #1.94; G. M. Murphy, Ordinary
Differential Equations and Their Solutions, Van Nostrand, Princeton, N.J. (1960), p. 236, #157.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM Es!::OAMENTO 213
A função <f>(N) dá o desvio da solução quase-estacionária, obtida na Eq. 7. 7-3. Essa função pode ser avaliada como segue:
<fJ(N) = 1 m-2 r 1
d71
2 -y-;;.r lo V71 - (2/N)71N-1
-_ -1
2
JN N- fov:;j
--2
1
- 1 ( 1 - -2
N
7j N-1)- 112
d71
As integrações podem ser feitas agora. Quando o resultado é expandido em potências do inverso de N, encontramos que
<fJ(N) = 1_ + 0(1-)
_l
N N3
(7.7-13)
Já que N = (RIR 0 )4 é um número muito grande, é evidente que o fator <fi(N) difere somente levemente da unidade.
É instrutivo agora retomar à Eq. 7.7-4 e omitir o termo descrevendo a mudança na energia cinética total com o tempo. Se isso
for feito, obtemos exatamente a expressão para o tempo de descarga na Eq. 7. 7-3 (ou Eq. 7.7-11, com </>(N) = 1). Podemos dessa
forma concluir que, nesse tipo de problema, a mudança na energia cinética com o tempo pode seguramente ser desprezada.
EXEMPLO 7.7-2
2
Oscilações em Manômetros
O líquido em um manômetro de tubo em U, inicialmente em repouso, é colocado em movimento, quando uma diferença de
pressão p Pb é repentinamente imposta. Determine a equação diferencial para o movimento do fluido manométrico, con-
0
-
siderando escoamento compressível e temperatura constante. Obtenha uma expressão para o raio do tubo no qual ocorre
amortecimento crítico. Negligencie o movimento do gás acima do líquido manométrico. A notação é resumida na Fig. 7. 7-2.
Gás
Nível de líquido
emt=O --T-
H Área da seção
Nível de líquido __
em/= oo
1_
f
transversal S = r.R'
K
__ i_~-~1--~~~~-1~--~
SOLUÇÃO
Designamos o líquido manométrico como o sistema para o qual aplicamos os balanços macroscópicos. Nesse caso, não há
planos 1 e 2 através dos quais líquido entra ou sai. As superfícies livres do líquido são capazes de realizar trabalho no
2
Para um resumo de trabalhos experimental e teórico sobre oscilações em manômetros, ver J. C. Biery, AIC!zE Joumal, 9, 606-614 (1963); 10, 551-557 (1964); 15, 631-
634 (1969). Os dados experimentais de Biery mostram que a suposição feita na Eq. 7.7-14 não é muito boa.
214 CAPITULO SErE
ambiente, Wm, e conseqüentemente desempenhar o papel das partes mecânicas móveis na Seção 7.4. Aplicamos o balanço
de energia mecânica da Eq. 7.4-2, com Ec estabelecido igual a zero (uma vez que o líquido manométrico é considerado
como incompressível). Por causa da escolha do sistema, tanto w 1 como w 2 são iguais a zero, de modo que os únicos termos
no lado direito são -W"' e -Ev.
Com a finalidade de avaliar dKt 0 Jdt e Ev, é necessário fazer algum tipo de suposição acerca do perfil de velocidades.
Aqui, adotamos o perfil de velocidades como sendo parabólico:
em que (v) = dh/dt é urna função do tempo, definida como positiva quando o escoamento for da esquerda para a direita.
O termo da energia cinética pode então ser avaliado como segue:
déJ? = -d
~
dt
JL2r.
dt o o o
f JR
(pgz)r dr dfJ dl
= 2pgSh~ (7.7-16)
dt
O termo de perda viscosa pode também ser avaliado como segue:
E0 = - f f" f
L R ('r:V'v)r dr dfJ dl
0
= 21TLµ r 0
(~ )2r dr
= 87TLµ(v)2 f (-2Ç) 2ÇdÇ
= 8LSµ(v)2/R 2 (7.7-17)
Além disso, o trabalho líquido feito pelo ambiente no sistema é
W," = (p. - pb)S(v) (7.7-18)
A substituição dos termos anteriores no balanço de energia mecânica e fazendo (v) = dhldt, resulta na equação diferencial
para h(t) como
d2!z
dt 2
+( 6µ) ~ + (~)1z
pR2 dt 2L
= ~ (~)
4 pL
(7.7-19)
que deve ser resolvida com as condições iniciais de h = Oe dhldt = Oem t = O. Essa equação de segunda ordem, linear e
não homogênea pode ser tomada homogênea, introduzindo-se uma nova variável k, definida por
k = 2h _ Pa - Pb (7.7-20)
pL
BALANÇOS :tvlACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOAMEmo 215
d2k2 +
dt
(~)~ (~)k =o
pR2 dt
+
2L
(7.7-21)
Essa equação aparece também na descrição do movimento de uma massa conectada a uma mola e amortecedor (spring
and dashpot) assim como a corrente em um circuito RLC (ver Eq. C.1-7).
Tentamos agora uma solução da forma k = e1"'. A substituição dessa função tentativa na Eq. 7.7-21 mostra que há dois
valores admissíveis para m:
e a solução é
= (6µ.2L)114 (7.7-25)
Rcr ?
p-g
Se o raio do tubo R for maior do que R,,, ocorrerá um movimento oscilatório.
J~
V(t)
(lpv2 + pci>) dV = - J(V· Gpv + pci>)v) dV - J(V· pv) dV - J(V· [T · v]) dV
V{t)
2
V{I) V(I)
+ f
V(I)
p(V · v) dV + f
V(t)
(T:V'v) dV (7.8-1)
A seguir, aplicamos a fórmula tridimensional de Leibniz (Eq. A.5-5) ao lado esquerdo e o teorema ela divergência de Gauss
(Eq. A.5-2) aos termos 1, 2 e 3 do lado direito.
~ J Clpv 2
+ pcP) dV = - J(n · Clpv + pci>)(v - v
2
5)) dS - J(n · pv) dS
V(I) 5(1) 5(1)
1
R. B. Bird, Korean ]. Chem. Eng., 15, 105-123 (1998), §3.
216 CAP1TULO SETE
O termo contendo Ys, a velocidade da superfície do sistema, aparece da aplicação da fórmula de Leibniz. A superfície S(t)
é constituída de quatro partes:
No momento, cada uma das integrais de superfície será dividida em quatro partes correspondendo a essas quatro superfí-
cies.
Interpretamos agora os termos na Eq. 7 .8-2 e, no processo, introduzimos várias suposições; essas suposições já foram
mencionadas nás Seções 7.1 & 7.4, porém agora as razões para elas se tomarão claras.
O termo no lado esquerdo pode ser interpretado como a taxa temporal de variação das energias cinética total e potencial
total (K, 01 + <P,01) dentro do "volume de controle", cuja forma e volume estão variando com o tempo.
Examinamos a seguir um por um dos cinco termos do lado direito:
O termo 1 (incluindo o sinal menos) contribui somente nas seções de entrada e de saída e fornece as taxas de entrada e
saída das energias cinética e potencial:
Os colchetes angulares indicam uma média ao longo da seção transversal. Para conseguir esse resultado, temos de consi-
derar que a densidade do fluido e a energia potencial por unidade de massa sejam constantes ao longo da seção transver-
sal, e que o fluido esteja escoando paralelamente às paredes do tubo nas seções de entrada e de saída. O primeiro termo na
Eq. 7.8-3 é positivo, uma vez que no plano 1 (-n · v) = (u 1 • (u 1v1)) = v1, e o segundo termo é negativo, já que no plano
2 (-n · v) = (-u 2 · (u 2v2)) = -v2 •
O termo 2 (incluindo o sinal menos) não fornece contribuição sobre S1, uma vez que lá v é zero. Em cada elemento de
superfície dS de S"' há uma força -npdS que atua na superfície se movendo com uma velocidade v, e o produto escalar
dessas grandezas fornece a taxa com que o ambiente realiza trabalho no fluido através do elemento da superfície móvel,
dS. Usamos o símq,olo W,.?'l para indicar a soma de todos esses termos da superfície. Além disso, as integrais ao longo das
superfícies estacionárias S1 e S2 fornecem o trabalho requerido para empurrar o fluido para o sistema no plano 1 menos o
trabalho requerido para empurrar o fluido para fora do sistema no plano 2. Por conseguinte, o termo 2 finalmente fornece
(7.8-4)
Aqui, temos de considerar que a pressão não varia ao longo da seção transversal nas seções de entrada e de saída.
O termo 3 (incluindo o sinal menos) não fornece contribuição para S1, uma vez que lá v é zero. A integral em S111 pode
ser interpretada como a taxa com que o ambiente realiza trabalho no fluido por meio das forças viscosas, sendo essa inte-
gral designada como W~'l. Nas seções de entrada e de saída, é convenção desprezar os termos do trabalho associados às
contribuições de pressão, já que eles são geralmente bem pequenos se comparados às contribuições de pressão. Logo,
obtemos
Termo 4 = + f
V(t)
p(V · v) dV = - E, (7.8-6)
Termo 5 = + f
V(I)
(7:Vv) dV =-E,, (7.8-7)
Para fluidos newtonianos, a perda viscosa Ev é a taxa com que a energia mecânica é irreversivelmente degradada em ener-
gia térmica devido à yiscosidade elo fluido, sendo sempre uma grandeza positiva (ver Eq. 3.3-3). Já discutimos os métodos
para estimar E,. na Seção 7 .5. (Para fluidos viscoelásticos, que discutiremos no Cap. 8, Ev tem de ser interpretada diferen-
temente e pode mesmo ser negativa.) O termo de compressão E, é a taxa na qual a energia mecânica é reversivelmente
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOAMENTO 217
transfonnada em energia térmica, por causa da fompressibilidade do fluido; ela pode ser tanto negativa como positiva. Se
0 fluido estiver sendo considerado como incompressível, então Ec será zero.
Quando todas as contribuições forem inseridas na Eq. 7.8-2, finalmente obtemos o balanço macroscópico de energia
mecânica:
Se agora introduzirmos os símbolos w1 = p1(v 1)S1 e w2 = p2(v2)S2 para as taxas mássicas de entrada e de saída, então a Eq.
7 .8.8 pode ser reescrita na forma da Eq. 7.4-2. V árias suposições foram feitas nesse desenvolvimento, mas nonnalmente
elas não são sérias. Se a situação justificar, pode-se voltar e incluir os efeitos desprezados.
Deve ser notado que a dedução anterior do balanço de energia mecânica não requer que o sistema seja isotérmico. Desse
modo, os resultados nas Eqs. 7.4-2 e 7.8-8 são válidos para sistemas não-isotérmicos.
Com o objetivo de obter o balanço de energia mecânica na forma da Eq. 7.4-7, temos de desenvolver uma expressão
aproximada para Ec- Imaginemos que exista uma linha de corrente representativa correndo através do sistema e introduzi-
mos uma coordenada s ao longo da linha de corrente. Consideramos que pressão, densidade e velocidade não variem ao
longo da seção transversal. Além disso, imaginemos que em cada posição ao longo da linha de corrente exista uma seção
transversal S(s) perpendicular à coordenadas, de modo que possamos escrever dV = S(s)ds. Se houver partes móveis no
sistema e se a geometria do sistema for complexa, pode não ser possível fazer isso.
Começamos usando o fato de que (Vi"pv) = Ono regime permanente; assim,
E, = - J V
p(V · v) dV = + J~
V
(v · Vp) dV (7.8-9)
Então, usamos a suposição de que a pressão e a densidade são constantes ao longo da seção transversal para escrever
aproximadamente
E,=
Jp (
2
1 P
dp) S(s)ds
- v-
ds
(7.8-10)
Muito embora p, v e S sejam funções da coordenada da linha de correntes, seu produto, w = pvS, é uma constante para a
operação em regime permanente e portanto pode ser colocado para fora da integral. Isso resulta em
ip-ds
2
1 ds P
ds (7.8-11)
E,= -w[!!_P
2
J
1
- fl~2
1 Pds
ds] = -w1:i.(E)
P
+wf
1
2 lP dp (7.8-12)
Quando esse resultado for colocado na Eq. 7.4-5, a relação aproximada na Eq. 7.4-7 será obtida. Por causa da natureza
questionável das suposições feitas (a existência de uma linha de corrente representativa e a constância de p e p ao longo da
seção transversal), parece preferível usar a Eq. 7.4-5 em vez da Eq. 7.4-7. Além disso, a Eq. 7.4-5 é facilmente generali-
zada para sistemas com seções múltiplas de entrada e saída, enquanto a Eq. 7.4-7 não o é; a generalização é dada na Eq.
(D) da Tabela 7.6-1.
4. Discuta a perda viscosa, Ev, e o termo de compressão, Ec, com relação a uma interpretação física, ao sinal e a métodos
de estimação.
5. Como o balanço macroscópico de energia mecânica está relacionado à equação de Bernoulli para fluidos invíscidos?
Como ele é deduzido?
6. O que acontece no Exemplo 7 .3-1 se alguém fizer uma escolha diferente para a origem do sistema de coordena-
das?
7. No Exemplo 7 .5-1, qual seria o erro no resultado final, se a estimação da perda viscosa Ev estivesse desviada por um
fator de 2? Sob quais circunstâncias esse erro seria mais sério?
8. No Exemplo 7.5-1, o que aconteceria se o valor de 5 ft fosse trocado por 50 ft?
9. No Exemplo 7.6-3, como os resultados seriam afetados, se a pressão de saída fosse 11 atm em vez de 1,1 atm?
10. Liste todas as suposições que são inerentes nas equações dadas na Tabela 7.6-1.
PROBLEMAS
7A.1 Aumento de pressão em uma expansão repentina (Fig. 7.6-1). Uma solução aquosa de sal está escoando através
de uma expansão repentina, a uma taxa de 450 galões americanos/min = 0,0384 m3/s. O diâmetro interno do tubo
menor é 5 in e aquele do tubo maior é 9 in. Qual será o aumento de pressão em libras por polegada quadrada se a
densidade da solução for 63 Ib,Jft3? O escoamento é laminar ou turbulento no tubo menor?
Resposta: 0,157 psi= 1,08 X 103 N/m2
7A.2 Bombeando uma solução de ácido clorídrico (Fig. 7A.2). Uma solução diluída de HCl, de densidade e viscosida-
de constantes (p = 62,4 lb"/ft3 eµ.,= 1 cp), deve ser bombeada para o tanque 1 ao tanque 2, sem variação global na
elevação. As pressões nos espaços contendo gás dos dois tanques são p 1 = 1 atm e p 2 = 4 atrn. O raio do tubo é 2
in e o número de Reynolds é 7, 11 X 104 • A velocidade média no tubo deve ser 2,30 ft/s. Qual a potência que tem de
ser dada pela bomba?
Tanque 1 Tanque2
300ft
P1 P2
7 A.3 Escoamento compressível de um gás em um tubo cilíndrico. Nitrogênio gasoso está em escoamento turbulento
e isotérmico, a 25ºC, através de um comprimento reto do tubo horizontal, com 3 in de diâmetro interno e a uma taxa
de 0,28 lb,,,/s. As pressões absolutas na entrada e na saída são 2 atm e 1 atm, respectivamente. Avalie a perda visco-
sa Êv , considerando o comportamento de gás ideal e distribuição radialmente uniforme de velocidades.
Resposta: 26,3 Btu/lbm = 6,12 X 104 J/kg
7 A.4 Escoamento incompressível em um espaço anular. Água, a 60°F, está sendo bombeada através do espaço anular
formado por dutos coaxiais, com 20,3 ft de comprimento e a uma taxa de 241 galões ame1icanos/min. Os raios
interno e externo do espaço anular são 3 in e 7 in. A entrada está 5 ft abaixo da saída. Determine a potência reque-
rida de saída da bomba. Use o empiricismo do raio hidráulico médio para resolver o problema. Considere que as
pressões na entrada da bomba e na saída do espaço anular sejam as mesmas.
Resposta: 0,31 hp = 0,23 kW
7A.5 Força em uma curva em forma de U (Fig. 7 A.5). Água, a 68ºF (p = 62,4 lbm/ft3 e µ., = 1 cp ), está escoando em
escoamento turbulento em um tubo em forma de U, a 3 ft3/s. Qual é a força horizontal exercida pela água na curva
em forma de U?
BALANÇOS ivfACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS !SOTÉRM!COS EM EsCOAMENTO 219
Plano 2
1 p2 =19psia
1
--1
1
~I
Fig. 7A.5 Escoamento em uma curva em forma de U;
Plano l PI = 21 psia ambos os braços da curva estão na mesma elevação.
O diâmetro interno
de todo o tubo é 5"
7 A.7 Avaliação de várias médias de velocidades a partir de dados do tubo de Pitot. A seguir, são apresentados al-
guns dados experimentais 1 para um tubo de Pitot transversal ao escoamento de água em um tubo de raio interno de
3,06 ín:
Distância, Distância,
em polegadas, a partir Velocidade local em polegadas, a partir Velocidade local
Posição do centro do tubo (ft/s) Posição do centro do tubo (ft/s)
Plote esses dados e verifique se o escoamento é laminar ou turbulento. Use então a regra de Simpson para integração
numérica de modo a calcular (v)/v"'"'' ('i-;J.)/v2rnru e (v3)/v3 rnãx· Esses resultados são consistentes com os valores de 50/49
(apresentados exatamente antes do Exemplo 7 .2-1) e 43 .200/40 .817 (apresentados exatamente antes do Exemplo 7.4-1 )?
7.B.1 Médias de velocidade provenientes da lei de potência de 117. Avalie as razões de velocidades no Problema 7 A.7,
de acordo com a distribuição de velocidades na Eq. 5.1-4.
1
B. Bird, C.E. thesis, University ofWisconsin (1915).
220 CAPÍTULO SETE
7.B.2 Relação entre força e perda viscosa para escoamento em dutos de seção transversal variável. A Eq. 7.5-6 for-
nece a relação Fr_., = pS Êv entre a força de arraste e a perda viscosa para dutos retos horizontais de seção arbitrária
porém constante. Consideramos aqui um canal reto, cuja seção transversal varie gradualmente com a distância a
jusante. Restringimo-nos a canais simétricos, de modo que a força de arraste seja direcionada axialmente.
Se a seção transversal e a pressão na entrada forem S 1 e p 1 e na saída forem S2 e p 2 , prove então que a relação
análoga à Eq. 7.5-7 é
(7B.2-1)
em que
(78.2-2)
(78.2-3)
Interprete os resultados.
7B.3 Escoamento através de uma expansão repentina (Fig. 7 .6-1). Um fluido está escoando através de uma expansão
repentina, em que os diâmetros inicial e final são D1 e D 2 , respectivamente. Em que razão DJD 1 o aumento de pres-
são, p 2 - p 1, será máximo para um dado valor de v1?
Resposta: D1 /D 1 = .fi
7B.4 Escoamento entre dois tanques (Fig. 7B.4). Caso I: Um fluido está escoando entre dois tanques A e B, pelo fato
de PA > p 8. Os tanques estão no mesmo nível e não há bomba na linha. A linha de conexão tem uma área de seção
transversal S 1 e a taxa mássica é w para uma queda de pressão de (pA - p8)1.
Caso II: Deseja-se trocar a linha de conexão por duas linhas, cada uma com seção transversal Su = Sr/2. Qual é a
diferença de pressão (pA - p 8)u. necessária para fornecer a mesma taxa mássica total igual à do Caso I? Considere esco-
amento turbulento e use a fórmula de Blasius (Eq. 6.2-12) para o fator de atrito. Despreze as perdas na entrada e na saída.
Resposta: {pA - Ps)u/(pA - Ps)1= 2s1s
7B.5 Projeto revisto de um duto de ar (Fig. 7B.5). Um duto horizontal e reto foi instalado em uma fábrica. Supôs-se
que o duto tivesse 4 ft X 4 ft de seção transversal. Por causa de uma obstrução, o duto pôde ter somente 2 ft de
altura, mas podendo ter qualqúer largura. Qual deve ser a largura do duto, de modo a se ter as mesmas pressões
terminais e a mesma vazão volumétrica? Considere escoamento turbulento e que a fórmula de Blasius (Eq. 6.2-12)
seja satisfatória para esse cálculo. O ar pode ser considerado como incompressível nessa situação.
9:;117-----
1 1 1
-----1
--º~" u-------- ---1[71;.d"
:__.;: Wn-· ft
= 2 ft
1
P11 P21
1 1 Fig. 7B.5 Instalação
Plano l Plano 2 de um duto de ar.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOAMENTO 221
(a) Escreva as versões simplificadas do balanço de energia mecânica para os dutos I e II.
{b) Iguale as quedas de pressão para os dois dutos e obtenha uma equação relacionando as larguras e as alturas dos
dois dutos.
(c) Resolva numericamente a equação em (b), com a finalidade de encontrar a largura que deve ser usada para o
duto II.
Resposta: (e) 9,2 ft
7B.6 Descarga múltipla em um duto comum2 (Fig. 7B .6). Estenda o Exemplo 7 .6-1, considerando agora uma descarga
de um fluido incompressível a partir de vários tubos para um tubo maior, com um aumento líquido na seção trans-
versal. Tais sistemas são importantes em certos tipos de trocadores de calor, para os quais as perdas por expansão
e contração representam uma fração apreciável da queda global de pressão. Os escoamentos nos tubos pequenos e
no tubo grande podem ser laminares ou turbulentos. Analise esse sistema por meio dos balanços macroscópicos de
massa, de momento e de energia mecânica.
~-----,,~---, --
-
~'-;-~~.....;.1;-~-1
'------11·..,,..,-r--
---- Fig. 7B.6 Descarga múltipla em um duto comum.
A área total da seção transversal no plano 1 dispo-
nível para escoamento é S1 e a no plano 2 é S2.
7B.7 Variações do inventário de gás em reservatórios. Um reservatório de gás natural deve ser suprido, a partir de
uma tubulação, a uma taxa estacionária de w 1 lbm/h. Durante um período de 24 h, a demanda de combustível do
reservatório, w2 , varia aproximadamente como segue,
w2 = A + B cos wt (7B.7-1)
em que OJt é um tempo adimensional, medido a partir do tempo de pico da demanda (aproximadamente 6 horas da
manhã).
(a) Determine os valores máximo, mínimo e médio de w 2 para um período de 24 horas, em termos de A e B.
(b) Determine o valor requerido de w1 em termos de A e B.
(c) Faça m,01 = m?01 em t = Oe integre o balanço transiente de massa com essa condição inicial, de modo a obter m, 01
como uma função do tempo.
(d) Se A= 5.000 lbmfh,B = 2.000 lbm/h e p = 0,044 !bm/ft3 no reservatório, determine a capacidade (em pé cúbico)
absoluta illínima do reservatório, de modo a encontrar a demanda sem interrupção. A que hora do dia o reservatório
tem de estar cheio para permitir tal operação?
(e) Determine a capacidade (em pé cúbico) mínima do reservatório, necessária para manter pelo menos uma reser-
va de três dias em todos os tempos.
Resposta: 3,47 X 105 ft3; 8,53 X 106 ft3
7B.8 Variação na altura de líquido com o temp'o (Fig. 7.1-1).
(a) Deduza a Eq. 7 .l-4, usando cálculo integral.
(b) No Exemplo 7.1-1, obtenha a expressão para a altura h de líquido, como uma função do tempo t.
(c) Faça um gráfico da Eq. 7.1-8, usando as grandezas adimensionais. Isso é útil?
.
Superfície líquida
no tempo t
(a) Use primeiro um balanço macroscópico transiente de massa para mostrar que a velocidade de saída é
(7B.10-1)
(b) Escreva o balanço transiente de energia mecânica para o sistema. Descarte o termo de perda viscosa e o termo
contendo a derivada da energia cinética em relação ao tempo e forneça as razões para fazer isso. Mostre que isso
conduz a
(c) Combine os resultados de (a) e (b). Resolva a equação diferencial resultante com uma condição inicial apropri-
ada, de modo a obter o nível do líquido z como uma função de t. A partir disso, obtenha o tempo de descarga
tdescarga = S(z0
1 Zz)
2
.yPo
g (7B.10-3)
Liste todas as suposições que têm de ser feitas e discuta o quão sérias elas são. Como essas suposições poderiam ser
evitadas?
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS ISOTÉRMICOS EM EsCOfü"lENTO 223
(d) Refaça o item (b), escolhendo o plano 1 como estacionário e levemente abaixo da superfície líquida no tempo
t. Entende-se que a superfície líquida não vá abaixo do plano 1 durante o intervalo diferencial de tempo, dt, sobre
o qual o balanço transiente de energia mecânica é feito. Com essa escolha de plano 1, a derivada d<P'°,fdt é zero e
não há termo de trabalho W Além disso, as condições no plano 1 estão muito próximas daquelas da superfície
111
•
líquida. Então, com a aproximação pseudo-estacionária de que a derivada dK,0 /dt seja aproximadamente zero e de
que o termo de perda viscosa possa ser negligenciado, o balanço de energia mecânica, com w 1 = Wz, toma a forma
o= Hui - <Tz) + gClz1 - lz2) C7B.10-4)
7B.ll Desintegração de lascas de madeira (Fig. 7B.1 l). Na fabricação de polpa de papel, as fibras de celulose de lascas
de madeira ficam livres do aglutinante lignina pelo aquecimento, sob pressão, em soluções alcalinas em tanques
cilíndricos chamados digestores. No final do período de "cozimento", uma pequena janela é aberta em uma extre-
midade do digestor, permitindo assim que a lama de lascas de madeira polida seja soprada sobre um prato de im-
pacto de modo a completar a quebra das lascas e a separação das fibras. Estime a velocidade da corrente de descar-
ga e a força adicional no prato de impacto, imediatamente depois da descarga começar. Efeitos de atrito dentro do
digestor e a baixa energia cinética do fluido dentro do tanque podem ser negligenciados. (Nota: Ver Problema 7B. l O
para dois métodos diferentes de seleção dos planos de entrada e de saída.)
Resposta: 2.810 Ibjs (ou 1.275 kg/s); 10.900 lb1 (ou 48.500 N)
\
Nível da
suspensão
Densidade= 20'
65 lb.,/ft3
8'
Diâmetro~jl!I\\~
abertura = 8" ~ ,
~~//~\~~ __l 2
1 1 Fig. 7B .11 Digestor de polpa.
7B.12 Critério para escoamento livre de vapor em um sistema de tubulação. Para assegurar que urna tubulação esteja
completamente cheia de líquido, é necessário que p > Pvap em cada ponto. Aplique esse critério ao sistema na Fig.
7.5.1, usando os balanços de energia mecânica nas porções apropriadas do sistema.
7C.1 Correções dos efeitos de extremidades nos viscosímetros de tubos (Fig. 7C.1). 3 Analisando os dados
viscosimétricos de escoamento em tubos de modo a detemünar a viscosidade, comparam-se os dados de queda de
pressão contra os da vazão em relação à expressão teórica (a equação de Hagen-Poiseuille da Eq. 2.3-21). Essa
última considera que o escoan1ento seja completamente desenvolvido na região entre os dois planos nos quais a
pressão é medida. Em um aparelho como aquele mostrado na figura, a pressão é conhecida na saída do tubo (2) e
'A. G. Fredrickson, PhD Thesis, University of Wisconsin (1959); Principies and Applications of R!zwlogy, Prentice-Hall, Englewood Ciiffa, N.J. (19ó4), §9.2.
224 CAPfruLO SETE
;... ·
também acima do fluido no reservatório (1). Entretanto, na região de entrada do tubo, os perfis de velocidades não
estão ainda completamente desenvolvidos. Conseqüentemente, a expressão teórica relacionando a queda de pres-
são à vazão não é válida.
Há, no entanto, um método em que a equação de Hagen-Poiseuille pode ser usada, fazendo as medidas de esco-
amento em dois tubos de comprimentos diferentes, LA e L8 ; o mais curto dos dois tubos deve ser longo o suficiente
de modo que os perfis de velocidades sejam cornpletan1ente desenvolvidos na saída. Então, a seção final do tubo
longo, de comprimento L8 - LA> será uma região de escoamento completamente desenvolvido. Se soubéssemos o
valor de <:l' 0 - <:l' 4 para essa região, então poderíamos aplicar a equação de Hagen-Poiseuille.
Mostre que a combinação apropriada dos balanços de energia mecânica, escritos para os sistemas 1-2, 3-4 e 0-
4, fornecerão a seguinte expressão para <:f' 0 <:f'4 , quando cada viscosúnetro tiver a mesma vazão.
~o-- -~4
- = -Ps
-+- PA
p g( l + la - IA)
-- (7C.1-1)
La - LA La - LA _ La - LA
em que <:f' 0 = p0 + pgz0 • Explique cuidadosamente como você usaria a Eq. 7C. l- l para analisar medidas experi-
mentais. A Eq. 7C. l-l é válida para dutos não-circulares, de seção transversal uniforme?
Corrida A CorridaB
PA
-T Plano 1 PB
-----i Plano3
l~
~-'.., .~~-----1
-tLA
.
.---------r--.
1
--
Plano2 .
Pl:u100
7D.1 Dedução dos balanços macroscópicos a partir das equações de balanço. Deduza os balanços macroscópicos de
massa e de momento, integrando as equações da continuidade e do movimento, ao longo do sistema em escoamen-
to da Fig. 7.0-1. Siga o p.rocedimento dado na Seção 7 .8 para o balanço macroscópico de energia mecânica, usando
o teorema da divergência de Gauss e a fórmula de Leibniz.
8.1 EXEMPLOS DE COMPORTAMENTO DE LÍQylDOS 8.5• DERIVADAS co-ROTAClONAIS E ivlODELOS
POLIMÊRICOS VISCOELÃSTICOS NÃo-uNEARES
8.2 REOMETRIA E FUNÇÕES MATERIAIS 8.6° TEORIAS MOLECULARES PARA LÍQy!DOS
8.3 VISCOSIDADE NÃO-NEWTONlANA E MODELOS POUMÉRlCOS
NEWTONIANOS GENERAUZADOS
8.4º ELASTlCIDADE E MODELOS VlSCOELÃSTICOS
LINEARES
Nos primeiros sete capítulos consideramos somente fluidos newtonianos. As relações entre as tensões e os gradientes de
velocidade são descritas pela Eq. 1.1-2 para escoamento cisalhante simples e pela Eq. 1.2-6 (ou Eq. 1.2-7) para escoamen-
tos arbitrários dependentes do tempo. Para o fluido newtoniano, dois parâmetros são necessários - os dois coeficientes de
viscosidade µ,e K-que dependem da temperatura, pressão e composição, mas não dos gradientes de velocidade. Todos
os gases e todos os líquidos compostos de moléculas "pequenas" (até pesos moleculares da ordem de 5000) são muito bem
descritos pelo modelo de fluido newtoniano.
Existem muitos fluidos que não são descritos pela Eq. 1.2-6, e eles são denominados fluidos não-newtonianos. Esses
fluidos estruturalmente complexos incluem soluções poliméricas, polímeros fundidos, soluções de sabões, suspensões,
emulsões, pastas e alguns fluidos biológicos. Neste capítulo, enfocamos os líquidos poliméricos.
Devido ao fato de conterem moléculas de elevado peso molecular com muitos graus internos de liberdade, soluções de
polímeros e polímeros fundidos têm comportamento qualitativamente diferente daquele dos fluidos newtonianos. Suas
viscosidades dependem fortemente dos gradientes de velocidade e, adicionalmente, eles podem apresentar "efeitos elásti-
cos" pronunciados. No escoamento cisalhante simples entre duas placas planas paralelas, também existem tensões nor-
mais não-nulas e desiguais (7,,, 'TYY e 7") que não aparecem em fluidos newtonianos. Na Seção 8.1 descrevemos alguns
experimentos que enfatizam as diferenças entre fluidos newtonianos e poliméricos.
Quando se trabalha com fluidos newtonianos, a ciência da medida da viscosidade é chamada viscosimetria, e nos capí-
tulos anteriores vimos exemplos de sistemas simples de escoamento que podem ser usados como viscosímetros (tubo cir-
cular, sistema cone-placa e cilindros coaxiais). Para caracterizar fluidos não-newtonianos temos de medir não só a visco-
sidade como também as tensões normais e as respostas viscoelásticas. A ciência da medida dessas propriedades denomi-
na-se reometria, enquanto os instrumentos são chamados reômetros. Trataremos desse assunto sucintamente na Seção
8.2. A ciência da reologia inclui todos os aspectos do estudo da deformação e escoamento de sólidos não-hookeanos e
líquidos não-newtonianos.
Após as duas primeiras seções, que tratam de fatos experimentais, apresentamos vários "modelos" não-newtonianos
(isto é, expressões empíricas para o tensor tensão) que são comumente usadas para descrever líquidos poliméricos. Na
Seção 8.3 iniciamos com modelos newtonianos generalizados, que são relativamente simples, mas que podem descrever
apenas a viscosidade não-newtoniana (e não os efeitos viscoelásticos). Então, na Seção 8.4 damos exemplos de modelos
viscoelásticos lineares, que podem descrever as respostas viscoelásticas, mas somente em escoamentos com gradientes de
deslocamento muito pequenos. A seguir, na Seção 8.5, apresentamos vários modelos viscoelásticos não-lineares, adequa-
dos para aplicação em todas as situações de escoamento. Conforme passamos de modelos elementares para modelos mais
complicados, aumentamos o conjunto de fenômenos observados que podem ser descritos (mas também as dificuldades
matemáticas). Finalmente, na Seção 8.6 é feita uma breve discussão sobre a abordagem da teoria cinética na fluidodinâmica
de polímeros.
226 CAPÍTULO OITO
Líquidos poliméricos são encontrados na fabricação de objetos plásticos e como aditivos para lubrificantes, alimentos
e tintas. Eles representam uma vasta e importante classe de líquidos, e muitos cientistas e engenheiros trabalham com eles.
A fluidodinâmica de polímeros, a transferência de calor e a difusão são áreas de rápido crescimento em fenômenos de
transporte, e existem muitos livros-texto, 1 tratados 2 e periódicos sobre o assunto. O assunto tem sido enfocado também do
ponto de vista da teoria cinética e teorias moleculares sobre ele têm contribuído muito para a compreensão dos comporta-
mentos mecânico, térmico e difusional desses fluidos. 3 Finalmente, os leitores interessados na história do assunto devem
consultar o livro de Tanner e Walters. 4
1
A. S. Lodge, Elastic Liquids, Academic Press, Nova York (1964); R. B. Bird, R. C. Armstrong e O. Hassager, Dynamics o/ Polymeric Liquids, Vol. l, Fluid Mechanics.
Wiley-lnterscience, Nova York, 2.' ed. (1987); R. I. Tanner, Engi11eeri11g Rheology, Clarendon Press, Oxford (1985).
'H. A. Barnes, J. F. Hutton e K. Walters, An Jntroduction to Rlzeology, Elsevier, Amsterdam (1989); H. Giesekus, Phii11ome110/ogisclze Rlzeologie: Eine Einfiihrung,
Springer Verlag, Berlin (1994). Livros enfatizando os aspectos de engenharia do assunto incluem Z. Tadmor e C. G. Gagos, Principies o/ Polymer Processing, Wiley,
Nova York (1979), D. G. Baird e D. I. Collias,Polymer Processing: Principies and Design, Butterworth-Heinemann, Bostorr (1995), J. Dealy e K. Wissbrurr, Melt Rheo/ogy
and its Role i11 P/astics Processi11g, Van Nostrand Reinhold, Nova York (1990).
i R. B. Bird, C. F. Cuniss, R. C. Armstrong e O. Hassager, Dynamics o/ Polymeric Liquids, Vai. 2, Kinetic Theory, Wiley-Interscience, Nova York, 2.' ed. (1987); C. F.
Curtisse R. B. Bird, Adv. PolymerSci., 125, l-101 (1996) e]. Clzem. Phys., 111, 10362-10370 (1999).
'R. !. Tanner e K. Walters, Rheology: An Historical Perspective, Elsevier, Arnsterdam ( 1998).
1
Mais detalhes a respeito desses e de outros experimentos podem ser encontrados em R. B. Bird, R. C. Armstrong e O. Hassager, Dynamics o/ Polymeric Liquids, Vol.
1, Fluid Mechanics, Wiley-Interscierrce, Nova York, 2.' ed. (1987), Cap. 2. Veja também A. S. Lodge, Elastic Liquids, Academic Press, Nova York (1964), Cap. 10.
'B. Gervang e P. S. Larsen, J. No11-Newto11ia11 Fluid Mech., 39, 217-237 (1991).
LÍQUIDOS POLIMÉRICOS 227
1
1) 1)
)
Bombeamento ::::;===~:;::::
:::1
interrompido ~:
aqui 5
Fig. 8-1.2. Recuo parcial após a interrupção do escoamento em um tubo circu-
® ® lar, observado em líquidos polirnéricos, mas não em líquidos newtonianos.
Para um líquido polimérico, a linha de corante se deforma como uma curva mais achatada que uma parábola (veja a Eq.
8.1-1). Se o bombeamento é interrompido e se não houver restrição à movimentação axial do fluido, ele começará a "re-
cuar", afastando-se do formato correspondente ao estiramento máximo; isto é, o fluido volta para trás de modo semelhante
a uma tira de borracha. Todavia, enquanto uma tira de borracha volta à sua forma inicial, o fluido retoma somente em parte
à sua configuração original.
Se nos permitirmos um antropomorfismo, podemos dizer que uma tira de borracha tem uma "memória perfeita", já que
ela retorna a seu estado não-tensionado inicial. O fluido polimérico, por outro lado, tem uma "memória evanescente", já
que ele gradualmente "esquece" seu estado original. Isto é, conforme ele recua, sua memória torna-se mais e mais fraca.
O recuo de fluidos é uma manifestação de elasticidade, e qualquer descrição completa de fluidos poliméricos deve ser
capaz de incorporar a idéia de elasticidade na expressão do tensor tensão. A teoria deve incluir também a noção de memó-
ria evanescente.
11
EFEITOS DE "TENSÃO NORMAL
Outras diferenças marcantes entre os comportamentos de fluidos newtonianos e líquidos poliméricos referem-se aos efei-
tos de "tensão normal". A razão para essa denominação será dada na próxima seção.
3 Para detalhes sobre esse experimento veja N. N. Kapoor, tese de M.S., Universidade de Minnesota, Minneapolis (l 964), bem como A. G. Fredrickso1t, Principies a11d
A rotação de um bastão em um bécher contendo um fluido newtoniano faz com que o fluido adquira um movimento
tangencial. Em regime permanente, a superfície do fluido é mais baixa próximo ao bastão girante. Intuitivamente, sabe-
mos que isso ocorre devido à força centrífuga que é responsável pelo movimento radial do fluido em direção
bécher: Para um líquido polimérico, por outro lado, o fluido move-se em direção ao bastão e, no regime permanente, 9.
superfície do fluido é mostrada na Fig. 8.1-3. Esse fenômeno é chamado efeito de subida em bastão de we•zs5:en/Je1·J!
Evidentemente, alguns tipos de forças são induzidas e fazem com que o líquido polimérico se comporte de uma maneira
qualitativamente diferente daquela de um fluido newtoniano.
Em um outro experimento análogo, um disco girante é posto em contato com a superfície de um fluido em um vaso
cilíndrico, conforme mostrado na Fig. 8.1-4. Se o fluido é newtoniano, o disco girante faz com que o fluido se mova na
direção tangencial (escoamento primário) mas, adicionalmente, o fluido se move vagarosamente para fora em direção às
paredes do cilindro devido à força centrífuga, e então se move para baixo e depois para cima ao longo do eixo do cilindro.
Os escoamentos radial e axial superpostos são menos intensos que o escoamento primário sendo denominado "escoamen-
to secundário".
® ® ® ®
Fig. 8.1-3. A superfície livre de um líquido próximo dobas- Fig. 8.1-4. Os escoamentos secundários em um vaso cilín-
tão rotativo. O líq~ido polimérico exibe o efeito de drico com um disco rotativo na superfície do líquido têm
Weissenberg de subida-em-bastão. direções opostas para fluidos newtonianos e poliméricos.
Para um líquido polimérico também se desenvolve um escoamento primário tangencial bem como escoamentos radial e
axial de baixas intensidades, porém esse último tem sentido oposto àquele visto para o fluido newtoniano. 5
o Fig. 8.1-5. Escoamento para baixo em uma calha semicilíndrica inclinada. A conve-
® ® xidade da superfície de um liquido poliméricc está algo exagerada aqui.
'Um observador junto à bancada onde se realiza o experimento descrito (bécher, bastão e fluido newtoniano) está em um referencial (a Terra!) suficientemente inercial
para analisar o movimento do fluido no bécher. Assim, para esse observador, o fluido em rotação não está sujeito a forças centrífugas, de Coriolis, etc., que só são percebidas
por observadores não-inerciais. Portanto, a frase "intuitivamente sabemos, etc.", no mínimo, guarda uma certa ambigüidade, posto que o observador não foi explicitamente
caracterizado pelos autores. (N.T.)
'Esse fenômeno foi descrito pela prime.ira vez por F. H. Garner e A. H. Nissan, Nature, 158, 634-635 (1946) e por R. J. Russel, tese de Ph.D., Imperial Weissenberg,
Nature, 159, 310-311 (1947). ·
s C.T. Hill, J.D. Hupplere R.B. Bird, C!zem. Eng. Sei., 21, 815-817 (1966); C. T. Hill, Trans. Soe. Rheol .. 16, 213-245 (1972). Análises teóricas foram feitas por J.M.
Krarner e M.W. Johnson, Jr., Trans. Soe. Rheol., 16, 197-212 (1972) e por J.P. Nirschl e W.E. Stewart, J. Non-Newtonian Fluid Meclz., 16, 233-250 (1984).
LfQUIDOS POLIMÉRICOS 229
Em um outro experimento deixa-se um líquido escoar ao longo de uma calha semicilíndrica e inclinada, conforme
mostrado na Fig. 8.1-5. Se o fluido é newtoniano, a superfície do líquido é plana, exceto pelos efeitos dos meniscos nas
bordas externas. Para a maioria dos líquidos poliméricos, todavia, mostrou-se que a superfície do líquido é ligeiramente
convexa. Esse efeito é pequeno, mas reprodutível. 6
. ---'-
/ '
Fig. 8.1-6. A sifonação continua a ocorrer mesmo após a extremidade do tubo
elevar-se acima da superfície de um líquido polímérico, mas não para um líqui-
® "Inchamento
do extrudado"
do newtoniano. Note o inchamento do líquido polímérico conforme ele sai do
suão.
Em um outro experimento, um bastão cilíndrico longo com o seu eixo na direção z oscila para frente e para trás na
direção x mantendo o seu eixo paralelo a z (veja a Fig. 8.1-7).
Em um fluido newtoniano, um escoamento secundário é induzido de forma que o fluido se move em direção ao cilindro
tanto das regiões de cima quanto das regiões de baixo (isto é, a partir das direções +y e -y), afastando-se para a esquerda
6
Esse experimento foi realizado primeiro por R. I. Tanner, Trans. Soe. Rheol., 14, 483-507 (1970), por sugestão de A. S. Wineman e A. C. Pipkin, Acta Mech., 2, 104-
115 (1966). Veja também R. L Tanner, Engineering Rheology, Oxford University Press (1985), 102-105.
7
D. F. James, Nature, 212, 754-756 (1966).
230 CAPÍTULO Orro
e para a direita (ou seja, nas direções -xe +x). Para um líquido polimérico, todavia, o movimento secundário induzido é
na direção oposta: o fluido se move para dentro a partir da esquerda e da direita ao longo do eixo x e para fora nas direções
para cima e para baixo ao longo do eixo y. 8
Os exemplos precedentes são somente uns poucos de muitos experimentos interessantes que têm sido realizados. 9 O
comportamento polimérico pode ser ilustrado facilmente e com baixo custo usando uma solução aquosa de óxido de po-
lietileno a 0,5%.
Existem também efeitos fascinantes que ocorrem mesmo quando pequenas quantidades de polímeros estão presentes.
O mais espetacular é o fenômeno da redução de arrasto. 10 Com concentrações de apenas partes por milhão de alguns
polímeros ("agentes de redução de arrasto"), a perda por atrito no escoamento turbulento em tubos pode ser diminuída
dramaticamente - de 30-50%. Tais agentes polirnéricos de redução de arrasto são usados pelos bombeiros para aumentar
o escoamento de água, e por empresas para diminuir o custo de bombeamento de petróleo através de grandes distâncias.
Para discussões sobre outros fenômenos que ocorrem com fluidos poliméricos, o leitor deve consultar os trabalhos re-
sumidos do Annual Review of Fluid Mechanics. 11
Fig. 8.2· 1. Escoamento cisalhante simples entre placas paralelas, com taxa de ci-
salharnento i'. Para fluidos newtonianos nesse escoamento, txx5 tyy5 t,, 5 O, mas,
para fluidos poliméricos, as tensões normais são, em geral, diferentes de zero e
desiguais.
Para o escoamento incompressível de fluidos não-newtonianos, as tensões normais são diferentes de zero e desiguais.
Para esses fluidos, é convencional definir três funções materiais como segue:
dvr
Tyr = -77 dy (8.2-1)
onde T/ é a viscosidade não-newtoniana, 'l't é o primeiro coeficiente de tensão normal e '1'2 é o segundo coeficiente de
tensão normal. Essas três grandezas -1), '1' 1 e '1' 2 - são todas funções da taxa de cisalhamento, i'. Para muitos líqui-
dos poliméricos 1) pode diminuir por um fator tão grande quanto 104 conforme a taxa de cisalhamento aumenta. Simi-
larmente, os coeficientes de tensão normal podem diminuir por um fator tão grande quanto 107 para a faixa usual de
taxas de cisalhamento. Para fluidos poliméricos constituídos de macromoléculas flexíveis, determinou-se experimen-
talmente que as funções 11(i') e 'l't(i') são positivas enquanto 'l'i{i') é quase sempre negativa. Pode ser mostrado que,
para '1' 1(i') positiva, o fluido se comporta como se estivesse sob tensão na direção do escoamento (ou x), e que um
valor negativo para '\{r2 (i') significa que o fluido está sob tensão na direção transversal ao escoamento (ou z). Para o
fluido newtoniano 1) = µ,, '\{1' 1 = O e '\{1'2 = O.
A viscosidade não-newtoniana fortemente dependente da taxa de cisalhamento está relacionada ao comportamento dado
pelas Eqs. 8.1-1a3, conforme mostrado na próxima seção. O valor positivo de '\{1' 1 é primariamente responsável pelo efei-
to de subida em bastão de Weissenberg. Devido ao escoamento tangencial existe uma tensão na direção tangencial, e essa
tensão puxa o fluido em direção ao bastão rotativo, sobrepujando a força centrífuga. O escoamento secundário no experi-
mento do disco-e-cilindro (Fig. 8.1-4) também pode ser explicado qualitativamente em termos de '\{rt positivo. Também
pode ser mostrado que o valor negativo de'\{!'2 explica a forma convexa da superfície no experimento com a calha inclinada
(Fig. 8.1-5).
Muitos aparelhos engenhosos foram desenvolvidos para medir as três funções materiais para o escoamento cisalhante
permanente, e as teorias necessárias ao uso de instrumentos são explicadas em detalhe em outras fontes. 2 Veja o Problema
8C.1 sobre o uso do insuumento cone-e-placa para a medida de funções materiais.
Fig. 8.2-2. Movimento oscilatório de pequena amplitude. Para um pequeno espaça..rnento entre as placas e fluidos altamente viscosos, o perfil
de velocidades pode ser suposto linear.
232 CAPÍTULO ÜITO
A tensão cisalhante necessária para manter o movimento oscilatório também será periódica no tempo e, em geral, da
forma
(8.2-5)
define a viscosidade elongacional, Tj, que depende de é. Quando é é negativa, o escoamento é referido como estiramento
biaxial. Para fluidos newtonianos pode-se mostrar que Tj = 3µ,, e essa grandeza é às vezes chamada de "viscosidade de
Trouton".
A viscosidade elongacional, Tj, não pode ser medida para todos os fluidos, já que o escoamento elongacional perma-
nente nem sempre pode ser obtido. 4
Os três experimentos descritos anteriormente são somente alguns dos testes que podem ser realizados. Outros testes
incluem a relaxação de tensão pós-interrupção do escoamento, aumento de tensão pré-escoamento, recuo e escoa-
mento muito lento - cada um dos quais pode ser realizado sob escoamentos cisalhantes, elongacionais e todos os
outros tipos de escoamentos. Cada experimento resulta na definição de uma ou mais funções materiais. Essas podem
ser usadas para a caracterização do fluido e também para determinar constantes empíricas dos modelos descritos nas
Seções 8.3 a 8.5.
Alguns exemplos de funções materiais são mostrados nas Figs. 8.2-4 a 8.2-6. Como existe uma ampla variedade de
fluidos complexos no que tange a estrutura química e constituição, existem também muitos tipos de respostas mecânicas
nesses vários experimentos. Discussões mais completas dos dados obtidos em experimentos de rcometria constam de outra
referência. 5
3
J. D. Ferry, Viscoelastic Propertíes of Polymers, Wiley, Nova York, 3.'ed. (1980).
'C. J. S. Pctrie, Elongationa/ Flows, Pitman, London (1979); J. Meissner, Chem. Engr. Comrmm., 33, 159-180 (1985).
s R. B. Bird, R. C. Arrnstrong e O. Hassager, Dynamics of Polymeric Liquids, Vol. l, F/uid Mechonics, Wiley-Interscience, Nova Yofk, 2.' ed. (1987).
LfQUIDOS POLlMERICOS 233
-3 -2 -l o 2 3
º°""' ºco ~ 1
• ~ roo log17
0 0
o og
• ,.o ti..
log17;/ •• ~'à:
. -.fbo
• ºC\ti..
4
...__J
(o-
.
1
.
' ·r
ºo
l o
u
o a
.tiaJ
.-
o
o
n
2
.. , o
'• o o
o o
• o log lf1 Fig. 8.2-4. As funções materiais 77(Y). 'lf1(i'), 77'(w), e 17"(w) para uma solução de
2 .. __:.º"' :\, 1,5% poliacrilarnida em uma mistura 50/50 de água e glicerina. As grandezas 77,
Iog o; º à'o 77' e 77" são dadas em Pa · s, e 'lf1 em Pa · s2• Tanto Yquanto w estão em s- 1• Os
1 ºº
-1 -
o
0
Escoamento cisalhante
permanente
Movimento senoidal de
.. F-g\
•• Ocgo_ dados são de J. D. Huppler, E. Ashare e L. Holmes, Trans. Soe. Rheol., 11, 159-
179 (1967), conforme replotados por J. M. Wiest. As tensões normais oscilatórias
também foram estudadas experimentalmente e teoricamente (veja M. C. Williams
pequena amplitude
o
-2 1 1 1 º~ e R. B. Bird, Jnd. Eng. Chem. Fundam., 3, 42-48 (1964); M. C. Williams, J Chem.
-3 -2 -1 o 2 3 Phys., 42, 2988-2989 (1965); E. B. Christiansen e W. R. Leppard, Trans. Soe. Rheol.,
log'}-oulogw 18, 65-86 (1974), onde a ordenada da Fig. 15 deve ser multiplicada por 39,27).
o
4
º<11
8:i
'O
u
u8.r:
\,~
Fig. 8.2-5. Dependência do segundo coeficiente da tensão normal com a
~
-2 taxa de cisalhamento, para uma solução de poliacrila.rnida a 2,5% em uma mis-
tura 50/50 de água e glicerina. A grandeza 'lf2 é dada em Pa · s2 e w em s- 1.
-4 -2 o 4 Os dados de E. B. Christiansen e W. R. Leppard, Trans. Soe. Rheol., 18, 65-
logy 86 (1974), foram replotados por J. M. Wiest.
Ç'-<NC
_<P o
o
00
1
) o ~
--- . . 'b
'""
bJ)
..9
- º :LDPE
4 >-- • :HDPE
1 1 1
-6 -4 -2 o -3 -2 -1 o
log€ log(-€)
(a) (b)
Fig. 8.2-6. (a) Viscosidade elongacional para estiramento uniaxial de polietileno de baixa e alta densidade. [De H. Münstedt e H. M. Laun,
Rheol. Acta, 20, 211-221 (1981).] (b) Viscosidade elongacional para estiramento biaxial de polietileno de baixa densidade, deduzida de dados
de birrefringência de escoamento. [De J. A van Aken e H. Janeschitz-Kriegl, Rheol. Aeta, 20, 419-432 (1981).] Em ambos os gráficos a gran-
deza 7; é dada em Pa ·se ê ems· 1 .
234 CAPÍTULO Orro
Seção 8.3 Os modelos newtonianos generalizados são usados basicamente para descrever escoamentos cisalhantes per-
manentes e têm sido muito utilizados por engenheiros no projeto de sistemas de escoamento.
Seção 8.4 Os modelos viscoelásticos lineares são usados basicamente para descrever escoamentos transientes em siste-
mas com gradientes de deslocamento muito pequenos, e têm sido usados principalmente por químicos interes-
sados em entender a estrutura de polímeros.
Seção 8.5 Os modelos viscoelásticos não-lineares representam uma tentativa de descrever todos os tipos de escoamento
(inclusive os dois listados anteriormente) e foram desenvolvidos principalmente por físicos e matemáticos
aplicados interessados em estabelecer uma teoria que incluísse todos os fluidos.
Na verdade, as três classes de modelos estão inter-relacionadas, e cada uma é importante para a compreensão do escoa-
mento não-newtoniano. Na discussão que se segue sobre modelos não-newtonianos, vamos supor que os fluidos são sem-
pre incompressíveis.
Os modelos newtonianos generalizados 1 discutidos aqui são os mais simples dos três tipos a serem analisados. Eles
descrevem a viscosidade não-newtoniana, mas não os efeitos de tensão normal, efeitos dependentes do tempo ou efeitos
elásticos. Todavia, em muitos processos da indústria de polímeros tais como no escoamento em tubulações com transfe-
rência de calor, projeto de distribuidores, extrusão e na injeção em moldes, a viscosidade não-newtoniana e sua enorme
variação com a taxa de cisalhamento são centrais na descrição dos escoamentos de interesse.
Para fluidos newtonianos incompressíveis a expressão do tensor tensão é dada pela Eq. 1.2-7 omitindo-se o último ter-
mo:
(8.3-1)
onde introduziu-§e o símbolo 'Y = Vv + (Vv)t, o tensor taxa de deformação. O modelo de fluido newtoniano generalizado
é obtido simplesmente substituindo-se a viscosidade constante, µ,, pela viscosidade não-newtoniana, 77, uma função da
taxa de cisalhamento que em geral pode ser escrita como a "magnitude do tensor taxa de deformação", y = ~; fica
entendido que quando a raiz quadrada for calculada, o sinal deve ser escolhido de tal modo que y seja uma grandeza po-
sitiva. Então, o modelo newtoniano generalizado é
Os componentes do tensor taxa de deformação, 'Í', podem ser obtidos em coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas
a partir dos lados direitos das equações da Tabela B. l, omitindo os termos (V · v) bem como o fator (- µ,) nos demais
termos.
Agora, temos de fornecer um empirismo para a função viscosidade não-newtoniana, 77(.Y). Dúzias de tais expressões
têm sido propostas, mas mencionaremos somente duas aqui:
(a) O empirismo mais simples para 77(1') é a expressão conhecida como lei da potência que depende de dois parâme-
tros:2
77 = my"-1 (8.3-3)
onde me n são constantes que caracterizam o fluido. Essa relação simples descreve a curva de viscosidade não-newtoniana
na porção linear do diagrama log-log de viscosidade versus taxa de cisalhamento para muitos materiais (veja, por exem-
plo, os dados de viscosidade na Fig. 8.2-4). O parâmetro m tem unidades de Pa · s" sendo n - 1 o coeficiente angular da
reta no gráfico de log 77 versus log i'. Exemplos de valores dos parâmetros da lei da potência são dados na Tabela 8.3-1.
1
K. Hohenemser e W. Prager, Zeits.f Matiz. 11. Mech., 12. 216-226 (1932); J. G. Oldroyd, Proc. Camb. Phil. Soe., 45, 595-611(1949)e47, 410-418 (1950). James
Gardner Oldroyd (1921-1982), professor da Universidade de Liverpool, fez muitas contribuições para a teoria dos fluidos não-newtonianos, particularmente com suas
idéias sobre a construção de equações constitutivas e princípios da mecânica do contínuo.
2
W. Ostwald, Kolloid-Zeitschrift, 36, 99-117 (1925); A. de Wae!e, Oi/ Color Clzem. Assoe. J., 6, 33-88 (1923).
LiQu1oos PouMÉR1cos 235
Embora o modelo lei da potência tenha sido proposto como uma expressão empírica, veremos na Eq. 8.6-11 que uma
teoria molecular simples leva à expressão da lei da potência para altas taxas de cisalhamento, com n = !.
(b) Um melhor ajuste para a maioria dos dados pode ser obtido usando-se a equação de Carreau,3 a quatro parâmetros,
que é
(8.3-4)
onde 1Jo é a viscosidade para a taxa de cisalhamento zero, 1J,,. é a viscosidade para a ta,'i:a de cisalhamento infinita, À é um
parâmetro com unidades de tempo e n é um parâmetro adimensional. Alguns exemplos dos parâmetros do modelo de Carreau
são dados na Tabela 8.3-2.
Mw 7Jo ,\ 1t
(g/mol) (g/ml) (Pa ·s) (s) (- --)
Veremos agora alguns exemplos de como usar o modelo lei da potência. Estes são extensões de problemas discutidos
nos Caps. 2 e 3 para fluidos newtonianos. 4
3P. J. Carreau, tese de Ph. D., Universidade de Wisconsin, Madison (1968). Veja também K. Yasuda, R. C. Amlstrong eR. E. Cohen, Rheol. Acta,20, 163-178 (1981).
Para exemplos adicionais, incluindo escoamentos não-isotérmicos, veja R. B. Bird, R. C. Armstrong e O. Hassager, Dynamics o/Polymeric Liquids, Vol. J, Fluid Mechanics,
4
EXEMPLO 8.3-1
Escoamento Laminar de um Fluido Lei da Potência,* Incompressível, em um Tubo Circular4• 5
A Eq. 2.3-13 dá a distribuição de tensões cisalhantes para qualquer fluido que escoe em regime permanente em um tubo
circular. Temos de inserir nessa expressão a tensão cisalhante para um fluido lei da potência (em vez de usar aEq. 2.3-14).
Essa expressão pode ser obtida das Eqs. 8.3-2 e 3 anteriores.
'rrz
•
= -myn-
1 dvz
dr (8 .3-5)
Como v, é postulado ser uma função der apenas, daEq. B.1-13 encontramos que i' = ~ = Y(dvzf dr)2. Temos de
escolher o sinal para a raiz quadrada de modo que i' seja positivo. Como dv,I dr é negativo no escoamento em tubos, temos
de escolher o sinal menos, de modo que
7"
rz
= -m(-dvz)"-
dr
dvz m(- dvz)"
dr
1
dr
= (8.3-6)
Combinando então as Eqs. 8.376 e 2.3-13, obtemos a seguinte equação diferencial para a velocidade:
- -_ (qpº
m ( -dvz)" -- - qpL)
- r (8.3-7)
dr 2L
Após tornar a raiz n, essa equação pode ser integrada e, quando a condição de contorno de não-deslizamento em r = R é
usada, obtemos
V-
•
= (('lPo - q}L)R)l/11 __
2mL
R_ [1 -(!...)(1/11)+1]
(1/n) +1 R
(8.3-8)
para a distribuição de velocidades (veja a Eq. 8.1-1). Quando essa última equação é integrada sobre a seção transversal do
tubo circular, obtemos
EXEMPLO 8.3-2
Escoamento de um Fluido Lei da Potência em uma Fenda Estreiür
O escoamento de um fluido newtoniano em uma fenda estreita é abordado no Problema 2B.3. Determine a distribuição de
velocidades e a vazão mássica para um fluido lei da potência escoando na fenda.
SOLUÇÃO
A expressão para a tensão cisalhante, Tw em função da posição,x, naEq. 2B.3-1 pode ser usada aqui, já que ela não depen-
de do tipo de fluido. Da lei da potência, Eq. 8.3-3, a expressão para T" é
7" =m ( -dvz)"
- para O::;; x::;; B (8.3-10)
""' dx
7"
dz1_)"
= -m(---=. para - B ::;; x :S O (8.3-11)
.rz dx
'Para simplificar o texto vamos usar o termo "lei da potência" como um adjetivo, análogo a newtoniano. Assim, vamos nos referir a "fluido lei da potência", quando o
mais correto seria algo como "fluido com comportamento reológico descrito pela lei da potência", um termo excessivamente longo. (N.T.)
5
M. Reiner, Deformation, Strain and F/ow, Interscience, Nova York, 2.' ed. (1960), pp. 243-245.
LfQUIDOS POLIMÉRICOS 237
Para obter a distribuição de velocidades na faixa O~ x ~ B, substituímos 7..,,da Eq. 8.3-10 na Eq. 2B.3-1 obtendo
w= fO
w JB pvflx dy = 2 w
-B
f fBpVzdX dy
O O
=
2
((1JP0- 'l/'L)B)1/n
mL
WB2p
(1 ! n) + 1 o
f1[ 1
_ (~)(1/11J+1]d(!_)
B B
2 1
= 2WB p ((IJPo - IJPL)B) l 11
(8.3-14)
(l/n) + 2 mL
Quando n = 1 e m = µ,, o resultado do Problema 2B.3 para fluido newtoniano é reproduzido. Dados experimentais de
queda de pressão e vazão mássica no escoamento em fendas estreitas podem ser usados com a Eq. 8 .3-14 para determinar
os parâmetros da lei da potência.
EXEMPLO 8.3-3
Escoamento Anular Tangencial de um Fluido Lei da Potência4•5
Refaça o Exemplo 3.6-3 para um fluido lei da potência.
SOLUÇÃO
As Eqs. 3.6-20 e 3.6-22não se modificam para um fluido não-newtoniano, mas em vistadaEq. 3.6-21 escrevemos a com-
ponente 8 da equação do movimento em termos da tensão cisalhante usando a Tabela B.5:
r 8 =-71r!!..(~)
r dr r
=
d (vª))n-I r dr
-m ( r d; r d (Ve)
r
d (Ve))"
= -111 ( rdr r (8.3-16)
(8.3-17)
(8.3-18)
Dividindo por 12 e tomando a raiz n, resulta uma equação diferencial de primeira ordem para a velocidade angular
Essa pode ser integrada com as condições de contorno dadas nas Eqs. 3.6-27 e 28 fornecendo
Ve 1 - (KR/ r) 2'"
(8.3-20)
D0r 1 _ K2/11
O torque (componente z) necessário sobre o cilindro externo para manter o movimento é então
Tz = (-r,a)lr=R. 2'il"RL. R
2
Tz =?_71nz Do(K R)2L( 1<- /n) )"
K2/11
(8.3-22)
O resultado para fluido newtoniano pode ser recuperado fazendo n = 1 em=µ,. A Eq. 8.3-22 pode ser usada junto com
os dados de torque versus velocidade angular para determinar os parâmetros m e n da lei da potência.
Na segunda dessas expressões G é o módulo de elasticidade eu é o "vetor deslocamento", que fornece a distância e a
direção que um ponto do sólido se moveu a partir de sua posição inicial, como resultado das tensões aplicadas. A grandeza
'Y é denominada "tensor deformação infinitesimal". O tensor taxa de deformação e o tensor deformação infinitesimal es-
tão relacionados por 'Y = ay/at. O sólido hookeano tem uma memória perfeita; quando as tensões impostas são removidas,
o sólido retoma à sua configuração inicial. A lei de Hooke é válida somente para gradientes de deslocamento, Vu, muito
pequenos. Agora queremos combinar as idéias implícitas nas Eqs. 8.4-1 e 2 para descrever fluidos viscoelásticos.
Ü MODELO DE MAxWELL
A mais simples das equações para descrever um fluido que é tanto viscoso quanto elástico é o modelo de Maxwell a se-
guir:2
(8.4-3)
Nesta equação À1 é urna constante temporal (o tempo de relaxação) e 770 é a viscosidade para taxa de cisalhamento zero.
Quando o tensor tensão varia imperceptivelmente com o tempo, a Eq. 8.4-3 tem a forma da Eq. 8.4-1 para um líquido
newtoniano. Quando ocorrem variações muito rápidas do tensor tensão com o tempo, o primeiro termo do lado esquerdo
1
R. Hooke, Lectures de Potemia Restitutiva (1678).
2
Essa relação foi proposta por J. C. Maxwell, Phil. Trans. Roy. Soe., Al57, 49-88 (l867), para estudar a possibilidade de que gases pudessem ser viscoelásticos.
LÍQUIDOS POLIMÉRICOS 239
da Eq. 8.4-3 pode ser omitido, e se a equação resultante é integrada em relação ao tempo, obtemos uma equação com a
fonna da Eq. 8.4-2 para um sólido hookeano. Nesse sentido, a Eq. 8.4-3 incorpora tanto viscosidade quanto elasticidade.
Um experimento simples que ilustra o comportamento de um líquido viscoelástico envolve o material conhecido como
"silly putty". * Esse material escoa facilmente quando espremido vagarosamente entre as palmas das mãos, e isso indica
que ele é um fluido viscoso. Todavia, quando ele é moldado no formato de uma bola e esta é deixada cair sobre uma su-
perfície sólida, a mesma irá quicar. Durante o impacto as tensões variam rapidamente, e o material se comporta como um
sólido elástico.
o MODELO DE ]EFFREYS
O modelo de Maxwell, Eq. 8.4-3, é uma relação linear entre as tensões e os gradientes de velocidade, envolvendo deriva-
das temporais das tensões. Poderíamos também incluir uma derivada temporal dos gradientes de velocidade e ainda ter
uma relação linear:
(8.4-4)
O modelo de Jejfreys 3 tem três constantes: a viscosidade para taxa de cisalhamento zero e duas constantes temporais (a
constante À2 é chamada tempo de retardação).
Claramente poderíamos adicionar termos contendo derivadas de segunda, terceira e derivadas de maior ordem dos tensores
tensão e taxa de deformação, juntamente com constantes multiplicativas apropriadas, obtendo assim relações lineares mais
gerais entre aqueles tensores. Teríamos então maior flexibilidade no ajuste de dados experimentais.
(8.4-5, 6)
onde existem muitos tempos de relaxação Àk( com À 1 ;:;o À 2 ;:;o À 3 ... ) e muitas constantes TJ1:COm dimensões de viscosidade.
Muito do que se sabe acerca das constantes desse modelo vem de teorias moleculares de polímeros e de inúmeros experi-
mentos que têm sido realizados com líquidos poliméricos.4
O número total de parâmetros pode ser reduzido a três usando-se as seguintes expressões empíricas:5
e (8.4-7, 8)
onde T/o é a viscosidade para taxa de cisalhamento zero, À é uma constante ele tempo e a é uma constante adimensional
(usualmente entre 1,5 e 4).
·Adaptação livre: "massa boba". Trata-se de uma massa plástica muito maleável, que há alguns anos era bastante popular como um brinquedo de criança. (N.T.)
3Este modelo foi sugerido por H. Jeffreys, The Earth, Cambridge University Press, L' ed. ( l 924 ), e 2.' ed. ( 1929), p. 265, para descrever a propagação de ondas no manto
terrestre. Os parâmetros deste modelo foram relacionados com a estrutura de suspensões e emulsões por H. Frohlich e R. Sack, Proc. Roy. Soe., A185, 415-430 ( 1946)
e por J. G. Oldroyd, Proc. Roy. Soe., Al28, 122-132 (1953), respectivamente. Uma outra interpretação da Eq. 8.4-4 é considerá-Ia como a sorna de uma contribuição de
um solvente newtoniano (s) e uma contribuição de um polímero (p), esse último sendo descrito pelo modelo de Maxwell:
(8.4-4a, b)
=
de modo que" 'T, + "r· Então se as Eqs. 8.4-4a e 8.4-4b, e o produto de À1 pela derivada temporal da Eq. 8.4-4a são somados, obtemos o modelo de Jeffreys, Eq. 8.4-
4, com 1Jn = 71, + 7/p e A, = (71j( 71, + 11,))À,.
'J. D. Ferry, Viscoelastic Properties ofPolymers, Wiley, Nova York, 3.' ed. (1980). Veja também N. W. Tschoegl, The Plze11ome110/ogica/Theory o/Linear Viscoelastic
Behavior, Springer-Verlag, Berlin (1989); e R. B. Bird, R. C. Armstrong, e O. Hassager, Dy11amics ofPolymeric Liquids, Vol. I, Fluid Mecha11ics, Wiley-Interscience,
Nova York, 2.'ed. (1987), Cap. 5.
5
T. W. Spriggs, Chem. Eng. Sei., 20, 931-940 (1965).
240 CAPÍTULO OITO .
Como a Eq. 8.4-6 é uma equação diferencial linear, ela pode ser integrada analiticamente usando a condição de que 0
fluido está em repouso em t = -oo. Então, quando os vários Tk são somados de acordo com a Eq. 8.4-5, obtemos a forma
integrnl do modelo de Maxwell generalizado:
'i(t) = -
I I
_"' ~ ~exp[-(t -
{"'
t')/Ak] } y(t')dt' = -j-1_"' G(t - t').y(t')dt' (8.4-9)
Nessa expressão, a idéia de "memória evanescente" está claramente presente: a tensão no tempo t depende dos gradientes
de velocidade em todos os tempos passados, t', mas, devido às exponenciais no integrando, maior peso é dado aos tempos
t' que estão próximos a t; isto é, a "memória" do fluido é melhor p~a tempos recentes do que para tempos mais remotos
no passado. A grandeza entre chaves é denominada módulo de relaxação do fluido e é simbolizada por G(t - t}. A Eq.
8.4-9, envolvendo uma integral, é algumas vezes mais conveniente para resolver problemas viscoelásticos lineares do que
as equações diferenciais representadas pelas Eqs. 8.4-5 e 6.
Os modelos de Maxwell, Jeffreys e Maxwell generalizado são exemplos de modelos viscoelásticos lineares, e seu uso
é restrito a movimentos com gradientes de deslocamento muito pequenos. Líquidos poliméricos têm muitos graus internos
de liberdade e, conseqüentemente, muitos tempos de relaxação são necessários para descrever a resposta linear deles. Por
essa razão, o modelo de Maxwell generalizado tem sido muito usado para interpretações de dados experimentais de visco-
elasticidade linear. Ajustando a Eq. 8.4-9 a dados experimentais, podemos detenninar a função de relaxação G(t - t').
Podemos então relacionar a forma das funções de relaxação à estrutura molecular do polúnero. Dessa maneira, um tipo de
"espectroscopia mecânica" é desenvolvido, podendo ser usado para estudar a estrutura através de medidas viscoelásticas
lineares (tal como a viscosidade complexa).
Modelos descrevendo escoamentos com gradientes de deslocamento muito pequenos podem aparentemente ter inte-
resse limitado para engenheiros. Todavia, uma razão importante para estudá-los é que alguma base em viscoelasticidade
linear nos ajuda no estudo da viscoelasticidade não-linear onde escoamentos com grandes gradientes de deslocamento são
discutidos.
EXEMPLO 8.4-1
Movimento Oscilatório de Pequena Amplitude
Obtenha uma expressão para os componentes da viscosidade complexa usando o modelo de Maxwell generalizado. O
sistema está descrito na Fig. 8.2-2.
SOLUÇÃO
Usamos a componente Yxda Eq. 8.4-9 e, para este problema, a componente Yx do tensor taxa de defonnação é
. _avx_ ·o
Yyx(t) - ay - y cos üJt (8.4-10)
onde w é a freqüência angular. Quando essa expressão é substituída na Eq. 8.4-9, com o módulo de relaxação (entre cha-
ves) expresso como G(t - t'), obtemos
= -·}'° J0
"' G(s) cos w(t - s)ds
== -.Y°[f 0
"' G(s) cos ws ds] cos wt - r{fo"' G(s) senws els] senwt (8.4-11)
onde s = t - t'. Quando essa equação é comparada com a Eq. 8.2-4, obtemos
para as componentes da viscosidade complexa r( = YJ' - iYJ". Quando a expressão do módulo de relaxação de Maxwell
generalizado é introduzida e as integrais efetuadas, obtemos
71'(w)=Í~ (8.4-14)
k=1 1 + (Àl_{IJ)-
71"(w) = i:~ (8.4-15)
k=1 1 + (Al_{IJ)2
Se os empirismos das Eqs. 8.4-7 e 8 são usados, pode ser mostrado que tanto T/' quanto T/" diminuem com l/w1-<l!a.J para
freqüências muito altas (veja a Fig. 8.2-4).
EXEMPLO 8.4-2
Escoamento Viscoelástico Transiente Próximo a uma Placa Oscilante
Estenda o Exemplo 4.1-3 para fluidos viscoelásticos usando o modelo de Maxwell e obtenha a atenuação e o deslocamen-
to de fase no "estado permanente periódico".
SOLUÇÃO
Supondo-se escoamento cisalhante, a equação do movimento, escrita em termos da componente do tensor tensão é
avx a
PTt = -ay'fyx (8.4-16)
O modelo de Maxwell na forma integral é semelhante à Eq. 8.4-9, mas com uma única exponencial:
(8.4-17)
p
avx
Tt =
II _,,
{T/o
-À exp[-(t -
1
} a2v,(y, t')
t')/Ail - -2-dt'
ay
(8.4-18)
dy2 e o À, e e
f"'
T/0 -5/J,.1 -iwsds}
(8.4-22)
Multiplicando a equação anterior por éwr e tomando a parte real, obtemos
z1x(y, t) = voe-ªY cos(wt - {3y) (8.4-23)
242 CAPÍTULO Orro
Este resultado tem a mesma forma que a Eq. 4 .1-57, mas as grandezas a e f3 dependem da freqüência:
Isto é, aumentando-se a freqüência, a diminui e f3 aumenta devido à elasticidade do fluido. Este resultado mostra como a
elasticidade afeta a transmissão de ondas de cisalhamento perto de uma superfície oscilante.
Nota-se que existe uma importante diferença entre os problemas dos dois últimos exemplos. No Exemplo 8.4-1, o per-
fil de velocidades é dado, e derivamos uma expressão para a tensão cisalhante necessária para manter o movimento; a
equação de movimento não foi usada. No Exemplo 8.4-2 nenhuma hipótese foi feita a respeito da distribuição de veloci-
dades, e obtivemos a distribuição de velocidades usando a equação do movimento.
A~-
15
õ 15y=
- -
15
15 X ÕX = 15,r
--- - - -\- - Partícula fluida
/ Partícula fluida no no instante t
y instante t' Traj:tória d~
part1cula flmda
Q X
Fig. 8.5-1. Sistema de coordenadas fixo com origem em O e sistema co-rotativo com vetores unitários 81 , 82 , 83 que se move com a partícula
fluida e gira com a velocidade angular instantânea local, ![V X v], do fluido.
1
G. Jaumann, Grundlagen der Bewegw1gslelzre, Leipzig (1905); Sitzungsberichte Akad. Wiss. Wien, IIa, 120, 385-530 (1911); S. Zaremba, Bull. lnt. Acad. Sei., Cracovie,
594-614, 614-621 (1903). Gustaf Andreas Johannes Jaumann (1863-1924) que lecionou na universidade alemã em Brünn (atual Brno), em homenag<!m a quem a
"derivada de Jaumann" é denominada, foi um imponante pesquisador na área de mecânica do contínuo no início do século XX; ele foi o primeiro a fornecer a equação
de variação de entropia incluindo o "fluxo de entropia" e a "taxa de produção de entropia" (veja Seção 24.1).
1
I. G. Oldroyd, Proc. Roy. Soe., A245, 278-297 (1958). Para uma extensão da idéia de co-rotacional veja L. E. Wedgewood, Rlwol. Acta, 38, 91-99 (1999).
LÍQUIDOS POL!MÉRICOS 243
taxa de deformação no sistema co-rotativo; por exemplo, podemos escrever o modelo de Jeffreys e então, como uma boa
medida, adicionar alguns termos não-lineares:
(8.5-1)
nos quais os acentos circunflexos sobre os tensores indicam que seus componentes são aqueles em relação ao referencial
co-rotativo. Na Eq. 8.5-1, as constantes À1, À2 , µ 0 , µ 1 e 11'2 têm dimensões de tempo.
Como as equações da continuidade e do movimento são escritas para o sistema usual de coordenadas xyz, fixo no
espaço, parece razoável transformar a Eq. 8.5-1 do sistema i[!z para o sistema xyz. Este é um problema puramente ma-
temático já resolvido há muito tempo 1 e a solução é bem conhecida. Pode-se mostrar que as derivadas parciais temporais
a!at, a2/at2, ••• ,são trocadas por derivadas temporais co-rotacionais (ou de Jaumann 14) f!!J/Cf!Jt, Cf!J 2/Cf!Jt2, •... A derivada
temporal co-rotacional de um tensor de segunda ordem é definido como
'i + ® 'i
À 1 Cf!Jt 1 (·
+ zµo etr 'i ).'Y - 2f.l1 r'i • 'Y· + 'Y· . 'i = -770 'Y +
1 1
À 2 Cf!Jt
CfrJ 'Y· ·1)
- f.lz r·'Y • 'Y (8.5-3)
que é o modelo de Oldroyd com 6 constantes. Esse modelo, então, não depende da orientação instantânea local das partí-
culas fluidas no espaço. Deve ser enfatizado que a Eq. 8.5-3 é um modelo empírico; o uso de um referencial co-rotacional
garante apenas que a rotação local instantânea do fluido é "subtraída".
Com a escolha adequada desses parâmetros, a maior parte dos fenômenos observados em dinâmica de fluidos poliméricos
pode ser descrita qualitativamente. Um resultado disso é que esse modelo tem sido muito usado em cálculos exploratórios
de dinâmica dos fluidos. Uma simplificação da Eq. 8.5-3 com 3 constantes, µ 1 = À1, 11'2 = À 2 e µ 0 = O, é chamada de
modelo B de Oldroyd. No Exemplo 8.5-1 mostramos o que a Eq. 8.5-3 fornece para as funções materiais definidas na
Seção 8.2.
Um outro modelo viscoelástico não-linear com três constantes é o modelo de Giesekus, 5 que contém um termo quadrático
para as componentes da tensão:
7+A -® (8.5-4)
( ®t7
Nessa equação, À é uma constante de tempo, 770 é a viscosidade para taxa de cisalhamento zero e a é um parâmetro adi-
mensional. Esse modelo dá formas razoáveis para a maioria das funções materiais, e as expressões analíticas para elas
estão resumidas na Tabela 8.5-1. Devido ao termo ('T·'i}, elas não são particularmente simples. Superposições dos mode-
los de Giesekus podem ser feitas para descrever as formas das funções materiais medidas, quase quantitativamente. 6 O
modelo tem sido muito usado em cálculos de dinâmica de fluidos.
EXEMPLO 8.5-1
Funções 1Uateriais para o Modelo de Oldroyd com 6 Constantes 2' 4
Obtenha as funções materiais para o escoamento cisalhante permanente no movimento oscilatório de pequenas amplitu-
des e no escoamento uniaxial elongacional permanente. Faça uso do fato de que, em escoamentos cisalhantes, as cornpo-
5 H. Giesekus, J. Non-Newtonian f1uid Meclz., 11, 69-109(1982);12, 367-374; Rheol. Acta, 21, 366-375 (1982). Veja também R. B. Bird e J. M. Wiest, J. Rheol., 29,
519-532 (1985) e R. B. Bird, R. C. Annstrong e O. Hassager, Dynamics of Po/ymeric Liquids, Vol. J, Flttid 1Vlecha11ics, Wiley-Interscience, Nova York, 2.' ed. (1987),
Seção 7.3(c).
6 W. R. Burghardt, J.-M. Li, B. Khomami e B. Yang, J. R!teol., 147, 149-165 (1999).
244 CAPITULO-Q~
_!]_ (1-/)2
(A)
. T/O 1 -+: (1 - 2a)j
'11'1 f(l - af)· 1
(B)
= a(l .,.. f)
2TJoÀ (X·Y)2
% = -f _l_ ' (C)
T/o"- (Ay)2
onde
T/" - ÀCtJ
e (F,G)
7iõ- 1 + (À(IJ) 2
Escoamento elongacional permanente:
nentes do tensor tensão rxz e ry;: são zero, e que, no escoamento elongacional, as componentes do tensor tensão que não
pertencem à dia$onal principal são zero (esses resultados são obtidos por argumentos de simetria 7).
SOLUÇÃO
(a) Primeiro, simplificamos aEq. 8.5-3 para o escoamento cisalhante transiente com distribuição de velocidades v,. (y, t) =
Y(t)y. Escrevendo, então, as componentes da equação, ternos
( 1 + À1 ft )Tzz = O (8.5-7)
(i + A1 ft)Tyx +t<"-1 - fL1 + fLo)Tu.Y-t<A1 + fL1 - f.Lohyyi' +tµoTzzY = -T/0(1 +A2ft)r (8.5-8)
(b) Para o escoamento cisalhante permanente, a Eq. 8.5-7 fornece r" =O, e as outras três equações correspondem a um
conjunto de equações algébricas que pode ser resolvido para obter os demais componentes do tensor tensão. Então, com
as definições das funções materiais da Seção 8.2, podemos obter
_!]_ = 1 + [A1A2 + (fLo - !LJ)fL2h 2 1+ crá 2 (8.5-9)
110 1 + [Ai + (µo - fL1)fL1l.Y 2 1+ crá 2
(8.5-10)
(8.5-11)
7
R. B. Bird, R. C. Armstrong e O. Hassager, Dyrwmics of Polymeric Liquids, Vai. I, F/uid Mechanics, Wiley-Interscience, Nova York, 2.' ed. (1987), Seção 3.2.
L!QUIDOS POL!MÉRICOS 245
o modelo, portanto, fornece uma viscosidade dependente da taxa de cisalhamento bem como coeficientes de tensão nor-
mal dependentes da taxa de cisalhamento. (Para o modelo B de Oldroyd, os coeficientes da viscosidade e das tensões normais
são independentes da taxa de cisalhamento.) Para a maioria dos polímeros, a viscosidade não-newtoniana diminui com a
taxa de cisalhamento e, para tais fluidos concluímos que O< cr2 < cr1• Além disso, como os valores medidos de jTyxl sempre
aumentam monotonicamente com a taxa de cisalhamento, impomos também que cr2 >ler,. Embora o modelo forneça uma
viscosidade e tensões normais dependentes da taxa de cisalhamento, as formas das curvas não concordam satisfatoriamen-
te com dados experimentais para uma faixa ampla de taxas de cisalhamento.
Se µ,1 < À1 e JLz < À2 , o segundo coeficiente da tensão normal tem o sinal oposto ao do primeiro coeficiente da tensão
normal, concordando com dados para a maioria dos líquidos poliméricos. Como o segundo coeficiente da tensão normal
é muito menor que o primeiro para muitos fluidos e, em alguns escoamentos, tem um papel negligenciável, fazer µ,1 = À 1
e JLz = A2, pode ser considerado razoável, reduzindo de 6 para 4 o número de parâmetros.
Essa discussão mostra como avaliar um modelo empírico prop9sto comparando previsões do modelo com dados obti-
dos em experimentos de reometria. Também vimos que dados experimentais podem imporrestrições sobre os parâmetros.
Claramente, esta é uma tarefa gigantesca, mas não é muito diferente do problema enfrentado por termodinamicistas ao
desenvolver equações de estado empíricas para misturas, por exemplo. O reologista, todavia, trabalha com equações
tensoriais, enquanto o termodinamicista usa somente equações escalares.
(e) Para movimento oscilatório de pequena amplitude, os termos não-lineares das Eqs. 8.5-5 a 8 podem ser omitidos, e as
funções materiais são as mesmas que as obtidas a partir do modelo de Jeffreys de viscoelasticidade linear:
71"
e (8.5-12, 13)
710
1 11
Para que 71 seja uma função monótona decrescente da freqüência e para que 71 seja positiva (como visto em todos os
experimentos), devemos impor que À 2 < À 1 • Aqui, novamente, o modelo fornece resultados qualitativamente corretos,
mas as formas das curvas não são corretas.
(d) Para o escoamento elongacional permanente definido na Seção 8.2, o modelo de Oldroyd com 6 constantes fornece
Como para a maioria dos polímeros o coeficiente angular da curva de viscosidade elongacional versus taxa de elongação
é positivo em ê = O, devemos impor que µ, 1 > JLz. A Eq. 8.5-14 prevê que a viscosidade elongacional pode se tomar infi-
nita para algum valor finito da taxa de elongação; isto possivelmente pode representar um problema nos cálculos de esti-
ramento de fibras.
Note que as constantes de tempo À 1 e À 2 não aparecem na expressão da viscosidade elongacional enquanto as constan-
tes µ 0 , µ 1 e f.Lz, não entram nas componentes da viscosidade complexa nas Eqs. 8.5-14 e 15. Isso enfatiza o fato de ser
necessária uma gama variada de experimentos de reometria para a determinação dos parâmetros de uma expressão empírica
para o tensor tensão. Colocando de outra maneira, vários experimentos enfatizam diferentes partes do modelo.
1
R. B. Bird, C. F. Curtiss, R. C. Annstrong e O. Hassager, Dy11amics of Polymeric Liquids. Vol. 2, Ki11e1ic Theory, Wiley-Interscience, Nova York, 2.' ed. (1987).
'M. Doi e S. F. Edwards, The Theory of P.olymer Dynamics, Clarendon Press, Oxford (1986); J. D. Schieber, "Polymer Dynamics" na Encyclopedia ofApplied Physics,
Vol. 14, VCH Publishers, Inc. (1996), pp. 415-443. R. B. Bird e H. C. Õttinger,Ann. Rev. Phys. Chem., 43, 371-406 (1992).
3
A. S. Lodge, Elastic Liquids, Academic Press, Nova York (1964); Body Tensor Fie/ds in Continuum Mechanics, Academic Press, Nova York (1974); Understanding
Elastomer Molecular Network Theory, Bannatek Press, Madison, Wis. (1999).
246 CAPÍTULO Orro
cinética de polímeros seja consideravelmente mais complicada que a teoria cinética dos gases, ela, no mínimo,
ao sugerir formas possíveis para o tensor tensão. Todavia, as constantes que aparecem nas expressões moleculares -~'''-llL··:.<c:.. :.:
ainda ser determinadas a partir de medidas reométricas.
As teorias cinéticas de polímeros podem ser divididas basicamente em duas classes: teorias de rede e teorias de molé"
cuia individual:
a. As teorias de rede3 foram originalmente desenvolvidas para descrever as propriedades mecânicas da borracha. •m•'- ... __., ...::"
ginamos que as moléculas de polímero na borracha sejam unidas quimicamente durante a vulcanização. As teorias
sido estendidas para descrever polímeros fundidos e soluções co1rrctmtirad:as, postu.lar1<10
qual os pontos de junção são temporários, formados por segmentos adjacentes que se movem junto por um aeternmnado
tempo e então gradualmente se afastam (veja a Fig. 8.6-1). É necessário adotar na teoria algumas premissas
sobre as taxas de formação e ruptura das junções.
Fig. 8. 6-1. Porção de uma rede polimérica formada por "junções tem-
porárias", indicadas aqui por circulas.
b. As teorias de molécula individual1 foram originalmente desenvolvidas para descrever as moléculas de polímero em
uma solução muito diluída, onde interações polímero-polímero são pouco freqüentes. A molécula é usualmente represen-
tada por meio d~ um modelo do tipo "esfera-e-mola", uma série de pequenas esferas conectadas por molas lineares e não-
lineares de modo a representar a arquitetura molecular; permite-se então que o modelo esfera-e-mola se mova em um sol-
vente, com as esferas sob a ação de urna força de arrasto exercida pelo solvente conforme a lei de Stokes, bem como estan-
do sujeitas ao movimento browniano (veja a Fig. 8.6-2a). Então, da teoria cinética obtemos a "função de distribuição"
para as orientações das moléculas (modeladas corno estruturas esfera-e-mola); uma vez que essa função seja conhecida,
várias propriedades macroscópicas podem ser calculadas. O mesmo tipo de teoria pode ser aplicado a soluções concentra-
das e polímeros fundidos, examinando-se o movimento de urna molécula modelo esfera-e-mola no "campo médio de for-
ça" exerCÍdo pelas moléculas vizinhas. Isto é, devido a proximidade das moléculas vizinhas, é mais fácil para as "esferas"
do modelo se moverem na direção da "coluna vertebral" da cadeia polimérica do que perpendicularmente a ela. Em outras
palavras, o polímero encontra-se executando um movimento semelhante ao de uma cobra, denominado "reptiliano" (veja
a Fig. 8.6-2b).
Fig. 8.6-2. Modelos de moléculas individuais esfera·e-rnola para (a) solução polirnérica di-
luída e (b) um polimero não-diluído (um polimero "fundido" sem solvente). Na solução dilu-
ída, a molécula do polimero pode se mover em todas as direções através dô solvente. No
polirnero não-diluído, urna molécula típica de polímero (esferas pretas) interage com as
moléculas vizinhas e tende a executar um movimento sinuoso ("reptiliano") deslizando para
frente e para trás ao longo da direção da "coluna vertebral" da cadeia polimérica.
LiQUCDOS POUMERICOS 247
Como uma ilustração do enfoque da teoria cinética, vamos discutir os resultados para um sistema simples: uma solução
diluída de um polímero, modelada como um haltere elástico consistindo em duas esferas conectadas por uma mola. Supo-
mos que a mola seja não-linear e finitamente extensível, com a força na mola conectora sendo dada por
p<cJ= HQ (8.6-1)
1 - (Q/Qo>2
onde H é a constante da mola, Q é o vetor extremidade-a-extremidade do haltere, representando o estiramento e a orien-
tação do haltere, e Q 0 é a elongação máxima da mola. O coeficiente de atrito para o movimento das esferas através do
solvente é dado pela lei de Stokes como ( = 6ri1J,a, onde a é o raio da esfera e TJ, é a viscosidade do solvente. Embora esse
modelo seja enormemente simplificado, ele incorpora as idéias físicas chaves da orientação molecular, do estiramento
molecular e de sua extensibilidade finita.
Quando os detalhes da teoria cinética são levados em conta, obtém-se a seguinte expressão para o tensor tensão, escrita
como urna sorna das contribuições de um solvente newtoniano e um polímero (veja a nota 3 na Seção 8.4):5
(8.6-2)
Aqui
7s = -71/t (8.6-3)
onde n é a densidade em número das moléculas do polímero (isto é, halteres), ÀH = 1;14H é urna constante de tempo (tipicamente
entre 0,01e10 segundos), Z = 1 + (3/b)[l - (tr-rj3nK7)] e b = H Q02IKTé o parâmetro da extensibilidade finita, usualmente
entre 1Oe 100. A teoria molecular resultou assim em um modelo com quatro constantes ajustáveis: 71,, ÀH, n e b, as quais podem
ser determinadas por experimentos de reometria. Assim, a teoria molecular sugere a forma da expressão do tensor tensão e os
dados de reometria são usados para determinar os valores dos parâmetros. O modelo ~escrito pelas Eqs. 8.6-2, 3 e 4 é chama-
do modelo FENE-P (do inglês: flnitely ~xtensible nonlinear ~lastic model, in the feterlin approxirnation -modelo elástico
não-linear de extensibilidade finita na aproximação de Peterlin), onde (QIQ 0 )2, da Eq. 8.6-1, é substituído por (Q2)/Q20 •
É mais difícil trabalhar com esse modelo do que com o modelo de Oldroyd com 6 constantes, pois ele é não-linear em
relação às tensões. Todavia, ele fornece formas melhores para algumas das funções materiais. Além disso, como esta-
mos lidando aqui com um modelo molecular, podemos obter informações sobre a distensão e a orientação moleculares
após o problema ter sido resolvido. Por exemplo, pode ser mostrado que o estiramento molecular médio é dado por
(Q2)/QÕ = 1 - 1
z-
onde os parênteses angulares indicam média estatística.
Os exemplos que se seguem ilustram corno obtemos as funções materiais para esse modelo e compara os resultados com
dados experimentais. Se o modelo é aceitável, então ele deve ser combinado com as eqúações da continuidade e do movi-
mento para resolver problemas interessantes de escoamento. Isso irá demandar esforço computacional em larga escala.
ExEMPLO 8.6-1
Funções Materiais para o Modelo FENE-P
Obtenha as funções materiais para o escoamento cisalhante permanente e para o escoamento elongacional permanente de
um polímero descrito pelo modelo FENE-P.
SOLUÇÃO
(a) Para o escoamento cisalhante permanente, o modelo fornece as seguintes equações para as componentes não-nulas da
contribuição do polímero para o tensor tensão:
Zrp,zx = 2rp.yxÀHY (8.6-5)
4
H. R. Warner, Jr., Ind. Eiig. Clzem. Fundamentais, 11, 379-387 (1972); R. L. Christiansen e R. B. Bird, J. Non-Newtonian F/uid Mech., 3, 161-177 (197711978).
5 R.I. Tanner, Trans. Soe. Rheol,.19, 37-65 (1965); R. B. Bird, P. J. Dot1on e N. L. Johnson, J. Non-Newtonian Flcâd klech., 7, 213-235 (1980)-nesta última publicação,
as Eqs. 58-85 estão erradas.
.248 .C;\PITULO OITO
T~x + 3pT~"' + 2q = O
onde p = (b/54) + (1/18) e q = (b/108) AH1'. Essa equação cúbica pode ser resolvida fornecendo 6
Tyr = -2p112 senh(~ arcsenh qp-312)
A viscosidade não-newtoniana baseada nessa função é mostrada na Fig. 8.6-3, juntamente com alguns dados experimen~
tais para soluções de metacrilato de polimetila. Da Eq. 8.6-9 determinamos os valores limites da viscosidade
Então, para altas taxas de cisalharnento obtemos o comportamento lei da potência (Eq. 8.3-3) com n = t. Esse resultado
pode ser considerado como a justificativa molecular para o uso do modelo lei da potência.
10 10.000
64,5%
a 5,03
o 5,53 1~i::"'
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• 7,0%
1
º·1i 10 100 1000 1 10 100 1000
Taxa de cisalhamento y (s- 1) Taxa de cisalhamento Y (s- 1)
(a) (b)
Fig. 8.6-3. Dados de viscosidade e primeira diíerença de tensão normal para soluções de polirnetilmetacri!ato obtidos por D. D. Joseph, G. S.
Beavers, A. Cers, C. Dewald, A. Hoger e P. T. Than, J Rheol., 28, 325-345 (1984), juntamente com as curvas do modelo FENE-P para as se-
guirltes constantes, determirladas por L. E. Wedgewood:
Concentração de
polímero 710 AH b
[%] [Pa · s] [s] [Pa] [- - -]
6
K Rektorys, Survey ofApplicable Mathematics, MIT Press, Cambridge, MA (1969), pp. 78-79.
LíQurnos PoUMÉRICos 249
DaEq. 8.6-5 encontramos que °1' 1 é dado por'1' 1 = 2(77 - 11YlnKT; uma comparação desse resultado com dados expe-
rimentais é mostrada na Fig. 8.6-3. O segundo coeficiente da tensão normal para esse modelo, °1'2, é igual a zero. Como
ressaltado anteriormente, uma vez que tenhamos resolvido o problema de escoamento, podemos obter também o estira-
mento molecular a partir da grandeza Z. Na Fig. 8.6-4 mostramos como as moléculas são estiradas, em média, em função
da taxa de cisalhamento.
\~) 0,1
Fig. 8.6-4. Estiramento molecular em função da taxa de cisa-
lhamente y no escoamento cisalhante permanente de acor-
do com o modelo de haltere FENE-P. A constante de tempo
acessível experimentalmente, A. = [7]0] 7]. M/RT, onde [7)0] é a
viscosidade intrínseca para a taxa de cisalhamento zero, está
0,01 relacionadaaÀHpor A.= ÀHbl(b +3). [DeR B.Bird,P.J.Dotson
0,1 10 100 1000 e N. L. Johnson, J. Non-Newtonian Fluid Mech., 7, 213-235
A.r (1980).]
1000
b =1000
100
Ti-3715 b=100
3(710-7/sJ
10
b=lO Fig. 8.6-5. Viscosidade elongacionalpermanente, 7j, como umafun-
ção da taxa de elongação, i:, de acordo com o modelo de haltere FENE-
1
P. A constante de tempo é dada por Àe = ÀHbl(b +3). [De R. B. Bird,
0,01 0,1 10 100 P. J. Dotson e N. L. Johnson, J. Non-Newtonian Fluid Mech., 7, 213-
A.€ 235 (1980).]
Esse conjunto de equações leva a uma equação cúbica para Tp,.cr - TP·'" a partir da qual a viscosidade elongacional pode ser
obtida (veja a Fig. 8.6-5). Dados experimentais sobre soluções poliméricas, apesar de limitados, indicam que as formas
das curvas estão, provavelmente, aproximadamente corretas.
As expressões limite para a viscosidade elongacional são
(~)
b=lO
0,1
Fig.
escoamento elongacional permanente, conforme previsto pelo modelo de
0,01 haltere FENE-P. A constante de tempo é dada por À.= Ài}:Jl(b + 3). [De R.
O,ül 0,1 10 100 B. Bird, P. J. Dotson e N. L. Johnson, J. Non-Newtonian Fluid Mech., 7,
213-235 (1980).]
Vale a pena notar que para um valor típico de b - digamos, 50 - conforme a taxa de elongação aumenta, a viscosida-
de elongacional pode aumentar por um fator de cerca de 30, tendo, assim, um efeito marcante nos escoamentos onde exis-
tir uma componente elongacional forte. 7
PROBLEMAS
8A.1 Escoamento de uma solução de poliisopreno em um tubo. Uma solução de poliisopreno em isopentano a 13,5%
(em peso) tem os seguintes parâmetros da lei da potência a 323 K: n = 0,2 em= 5 X 103 Pa · s". A solução está
sendo bombeada (em regime laminar) através de um tubo horizontal que tem um comprimento de 10,2 me um
7
Os modelos FENE-P e o de Giesekus foram usados com grande sucesso para descrever os detalhes da redução de arrasto turbulento, que estão intimamente relacionados
à viscosidade e!ongacional, por R. Sureshkumar, A. N. Reris e R. A. Handler, Phys. Fluids, 9, 743-755 (1997), e C. D. Dimitropoulos, R. Sureshkumare A. N. Reris,
J. No11-Newtonia11 Fluid Mechanics, 79, 433-4{)8 (1998).
LIQUIDOS POLIMERlCOS 251
diâmetro interno de 1,3 cm. Deseja-se usar um outro tubo com um comprimento de 30,6 rn com a mesma vazão
mássica e a mesma queda de pressão. Qual deve ser o raio do tubo?
SA.2 Bombeamento de uma solução de óxido de polietileno. Urna solução aquosa de óxido de polietileno a 1% e a
333 K tem os parâmetros da lei da potência, n = 0,6 em = 0,50 Pa · s". A solução está sendo bombeada entre dois
tanques, com o primeiro tanque na pressão p 1 e o segundo na pressão p 2 • O tubo onde é transportada a solução tem
um comprimento de 14,7 me um diâmetro interno de 0,27 rn.
Decidiu-se substituir o tubo por um par de tubos de mesmo comprimento, mas com diâmetros menores. Que
diâmetros devem ter esses tubos de modo que a vazão mássica seja a mesma que a do tubo original?
SB.1 Escoamento de um filme polimérico. Refaça o problema da Seção 2.2 para um fluido lei da potência. Mostre que
o resultado adequadamente simplificado reproduz o resultado newtoniano.
SB.2 Escoamento de um fluido lei da potência em uma fenda estreita. No Exemplo 8.3-2 mostre como obter adis-
tribuição de velocidades na região -B ::;; x::;; O. É possível combinar esse resultado com o da Eq. 8.3-13 em uma
única equação?
8B.3 Escoamento de um fluido não-newtoniano em um ânulo. Refaça o Problema 2B. 7 para o escoamento anular de
um fluido lei da potência sendo o escoamento causado pelo movimento axial do cilindro interno.
(a) Mostre que a distribuição de velocidades para o fluido é
~ = (r/R)1-<1t11l -1
(8B.3-1)
Vo Kl-(l/11) _ 1
(b) Verifique que o resultado de (a) simplifica-se para o resultado newtoniano quando n tende à unidade.
(c) Mostre que a vazão mássica na região anular é dada por
2r.R2VoP (1 K3-(1/n)
1 ~K )
2
(paran =/= ~) (8B.3-2)
W Kl-(l/11) - 1 3 - (1/n)
8B.4 Escoamento de um líquido polimérico em um tubo do tipo tronco de cone. Refaça o Problema 2B.10 para um
fluido lei de potência, usando a aproximação de lubrificação.
8B.5 Escoamento de um fluido de Bingham em uma fenda. 1 Para suspensões concentradas e pastas determinou-se
que nenhum escoamento ocorre até que uma certa tensão característica, a tensão crítica, seja atingida e então o
fluido escoa de tal modo que parte da corrente está em "escoamento empistonado". O modelo mais simples para
um fluido com tensão crítica, é o modelo de Bingham:
7) = 00 quandoT :S To
(SB.5-1)
{ To quando t 2: To
7) =µo+--:--
'Y
onde 7 0 é a tensão crítica, a tensão abaixo da qual nenhum escoamento ocorre, e ~ é um parâmetro com unidades
de viscosidade. A grandeza T = ,/~(.. :..) é a magnitude do tensor tensão.
Determine a vazão mássica em uma fenda para um fluido de Bingham (veja o Problema 2B.3 e Exemplo 8.3-2).
A expressão para a tensão cisalhante r"'em função da posiçãoxna Eq. 2B.3-1 pode ser assumida nesse caso, já que
ela não depende do tipo de fluido. Vemos que '7.,,,1 corresponde à tensão crítica r0 em x = ±x0 , onde x0 é definido
por
<!f'o - <J'L
To == --L-- Xo (88.5-2)
1
E. C. Bingharn, Fluidity and Plasticity, McGraw-HiU, Nova York (1922), pp. 215-2!8. Veja R. B. Bird, G. C. Dai e B. J. Yarusso, Reviews ;,, Chemical Engi,,eering,
1, 1-70 (1982) para urna revisão dos modelos com tensão crítica.
. 752 CAPÍTULO OITO,
(a) Mostre que a primeira expressão da Eq. 8B.5-l requer dv,fdx =O para 1x1
~ x0, já que 7:" = -71 dvJdx. e T,~ é
finito; esta é, então, a região de escoamento empistonado. Mostre então que, parax positivo, Í' = -dvJdx, e, para
x negativo, y = dvJdx, a segunda expressão da Eq. 8B.5- l exige que
v
z
= (q/Jo - qpL)B
2µ. 0L
2
[l _(~) ]
B
2
_ ToB
JLo
(l _~) B
para +x0 ::s x =::; +B (88.5-4)
A integração por partes conduz mais facilmente à solução. Mostre que o resultado final é
w= 3
2((j}Jo - µoL
(j}JL)WB
3
p[
1
-
3((!1f'
2
ToL
~l\)B + 2
) 1(((j}Jo -roL(jpi)B ) 1J
3
(88.5-6)
0 -
Verifique que, quando a tensão crítica vai a zero, esse resultado simplifica-se para o fluido newtoniano do Proble-
ma 2B.3.
8B.6 Obtenção da equação de Buckingham-Reiner.2 Refaça o Exemplo 8.3-1 para o modelo de Bingham. Primeiro,
determine a distribuição de velocidades. Mostre então que a vazão mássica de escoamento é dada por
w = r.Wf'o - ÇJJ>L)R4p
8µ.oL
[1 -i3 (~) + 3_! (~)4]
TR 'íR
(88.6-1)
onde TR = (g]>0 - g]>JR/2L é a tensão cisalhante na parede do tubo. Essa expressão é válida somente quando TR ;;: 7 0•
SB.7 As componentes da viscosidade complexa para o fluido de Jeffreys.
(a) Refaça o Exemplo 8.4-1 para o modelo de Jeffreys, Eq. 8.4-4, e mostre que os resultados são as Eqs. 8.5-12 e
13. Como esses resultados estão relacionados às Eqs. (G) e (H) da Tabela 8.5-1?
(b) Obtenha as componentes da viscosidade complexa para o modelo de Jeffreys, usando a superposição sugerida
em nota da Seção 8.4.
SB.8 Relaxação de tensão após interrupção de escoamento cisalhante. Um fluido viscoelástico escoa em regime per-
manente entre um par de placas paralelas, com vx = .Yy. Se o esacoamento é interrompido repentinamente (isto é,
se Í' se toma zero), as tensões não vão para zero como seria o caso de fluido newtoniano. Explore esse fenômeno
de relaxação de tensão usando o modelo de Oldroyd com três constantes (Eq. 8.5-3 com À2 = µ,_ = µ, 1 = J.Lo).
(a) Mostre que, no escoamento em regime permanente,
. 1
'íyx = -wy 1 + (Àá)2 (88.8-1)
Em que extensão essa expressão concorda com os dados experimentais da Fig. 8.2-4?
(b) Usando o Exemplo 8.5-1 (parte a) mostre que, se o escoamento é interr-:impido em t =O, a tensão cisalhante
para t ;;: Oserá
T _ _ 1) -v 1 e-1/A, (88.8-2)
yx - O' 1 + (Ãá)2
Isto mostra porque À1 é chamado de "tempo de relaxação". Essa relaxação de tensões após o movimento do fluido
ter cessado é característica de materiais viscoelásticos.
2
E. Buckingham, Proc. ASTM, 21, 1154-1161 (1921); M. Reiner, Deformation and Flow, Lewis, Londres (1949).
LíQUIDOS POLIMÉRICOS 253
(c) Qual a tensão normal rx.r para o escoamento cisalhante permanente após cessado o movimento?
SB.9 Drenagem de um tanque provido de um tubo de saída (Fig. 7B.9). Refaça o Problema 7B.9(a) para um fluido
lei da potência.
SB.10 O modelo de Giesekus.
(a) Use os resultados da Tabela 8.5-1 para obter os valores limites para a viscosiodade não-newtoniana e para as
diferenças de tensão normal conforme a taxa de cisalharnento tende a zero.
(b) Determine as expressões limites para a viscosidade não-newtoniana e os dois coeficientes da tensão normal no
limite quando a taxa de cisalharnernto se torna infinitamente grande.
(c) Qual a viscosidade elongacional no regime permanente, quando a taxa de elongação tende a zero? Mostre que
a viscosidade elongacional tem um limite finito quando a taxa de elongação tende ao infinito.
8C.1 O viscosímetro de cone-e-placa (Fig. 2B.ll).3 Revise a análise newtoniana do instrumento de cone-e-placa no
Problema 2B .11 e então faça o seguinte:
(a) Mostre que a taxa de cisalhamento, ir, é uniforme em todo o espaçamento cone-placa e igual a ir = -ir 8q, =D./
lf!0• Devido à uniformidade de ir, os componentes do tensor tensão também são constantes no espaçamento.
(b) Mostre que a viscosidade não-newtoniana é então obtida a partir de medidas do torque T, e da velocidade de
rotação D usando-se
(8C.l-1)
(c) Mostre que, para o sistema cone-e-placa, a componente radial da equação do movimento é
Então introduza os coeficientes da tensão normal e use o resultado de (a) para substituir a7T" Ia ln r por a7T08 Ia ln
r, para obter
a7Teel a ln r = -('Jr1 + 2'Jr2)y 2 (8C.1-4)
Integre essa equação de r para Reuse a condição de contorno 7T,,(R) = pª, obtendo
A partir desta equação podemos obter o primeiro coeficiente da tensão normal, medindo a força que o fluido exer-
ce.
(e) Sugira um método para medir o segundo coeficiente de tensão normal usando os resultados de (c) se pequenos
transdutores de pressão são acoplados à placa em diferentes posições radiais.
8C.2 Escoamento do tipo extrusão entre dois discos paralelos (Fig. 3C.l). 4 Refaça o Problema 3C.l(g) para um
fluido lei da potência. Esse dispositivo pode ser útil para determinar os parâmetros da lei da potência para ma-
J R. B. Bird, R. C. Arrnstrong e O. Hassager, Dy11amics o/ Polymeric Liquids, Vol. 1, Fluid Meclumics, Wiley-Interscience, Nova York, 2.' ed. (1987), pp. 521-524.
• P. J. Leider, Ind. Eng. Clzem. Fundam., 13, 342-346 (1974); R. J. Grimrn,A!ChE Jouma/, 24, 427-439 (1978).
254 CAPÍTULO OITO
teriais que são altamente viscosos. Mostre que a equação análoga à Eq. 3C.1-16, da lei da potência, é
N = 2N2(1 - aN2)
1 (SC.3-5)
a(l - N 2)
tz = N1(1 - aN2)[1 + (1 - 2a)N2]2
(SC.3-6)
a(l - Nz) 4
(d) Reso.Jva a última equação para N 2 como uma função de t obtendo
onde
(SC.3-8)
8C.4 Escoamento em Tubos para Modelo de Oldroyd para 6 Constantes. Determine a vazão mássica para o escoa-
mento permanente em um tubo circular longo6 usando a Eq. 8.5-3.
8C.5 Modelos de Cadeia com Conectores do Tipo Bastão Rígido. Leia e discuta as seguintes publicações: M. Gottlieb,
Computers in ChemistJy, 1, 155-160 (1977); O. Hassager,J. Chem. Phys., 60, 2111-2124 (1974); X. J. Fane T. W.
Liu, J. Non-Newtonian Fluid Mech., 19, 303-321 (1986); T. W. Liu, J. Chem. Phys., 90, 5826-5842 (1989); H. H.
Saab, R. B. Bird e C. F. Curtiss, J. Chem. Phys., 77, 4758-4766 (1982); J. D. Schieber, J. Chem. Phys., 87, 4917-
4927, 4928-4936 (1987). Por que os conectores do tipo bastão são mais difíceis de trabalhar do que os do tipo
mola? Que tipos de problemas podem ser resolvidos com simulações por computador?
5
H. Giesekus,J. No11-Newtonian Fluid Mech., 11, 69-109 (1982).
6
M. C. Williams e R. B. Bird, A/ChE Jouma/, 8, 378-382 (1962).
9.1 LEI DE foURJER DA CONDUÇÃO DE CALOR 9.5° CONDUTIV!DADE TÉRMICA DE SÓLIDOS
(TRANSPORTE MOLECULAR DE ENERGIA) 9.6º CONDUTIVIDADE TÉRMICA EFETIVA DE SÓLIDOS
9.2 DEPENDÊNCIA DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA COM COMPÓSITOS
A TEMPERATURA E A PRESSÃO 9.7 TRANSPORTE CONVECTIVO DE ENERGIA
9.3º TEORJA DA CONDUTIV!DADE TÉRMICA DE GASES A 9.8 TRABALHO ASSOCIADO AOS MOVIMENTOS
BAIXAS DENSIDADES MOLECULARES
9.4º TEORIA DA CONDUTIVIDADE TÉRJAICA DE
LÍQ!J!DOS
É de conhecimento geral que alguns materiais como os metais conduzem calor com facilidade, enquanto outros, como a
madeira, são isolantes térmicos. A propriedade física que determina a taxa com que o calor é conduzido é a condutividade
térmica k.
A condução de calor em fluidos pode ser considerada como transporte molecular de energia já que o mecanismo básico
é o movimento das moléculas constituintes da substância. A energia também pode ser transportada pelo movimento
macroscópico de um fluido, sendo esse designado transporte convectivo de energia; essa forma de transporte depende da
densidade p do fluido. Outro mecanismo é o transporte difusivo de energia, que ocorre em misturas que estejam se
interdifundindo. Além disso, a energia pode ser transmitida por meio do transporte radiativo de energia, que é bem distinto
uma vez que essa forma de transporte não requer a participação de um meio material como a condução e a convecção. Este
capítulo introduz os dois primeiros mecanismos, condução e convecção. A radiação será tratada separadamente no Cap.
16 e o transporte difusivo de energia aparecerá na Seção 19.3 e novamente na Seção 24.2.
Começamos na Seção 9.1 com a definição da condutividade térmica k pela lei de Fourier para o vetor fluxo térmico q.
Na Seção 9 .2 resumimos a dependência de k com temperatura e pressão por intermédio do princípio dos estados corres·~- ··
pondentes. Então, nas quatro seções seguintes apresentaremos informações sobre a condutividade ténniéa de gases, líqui-
dos, sólidos e sólidos compósitos, apresentando os resultados teóricos quando disponíveis.
Uma vez que nos Caps. 10 e 11 resolveremos problemas usando a lei de conservação de energia, precisaremos
saber não apenas como o calor se move para dentro ou para fora de um sistema, mas também como o trabalho é feito
sobre ou pelo sistema por meio de mecanismos moleculares. A natureza dos termos de trabalho molecular será dis-
cutida na Seção 9.8. Finalmente, por combinação do fluxo condutivo de calor, do fluxo convectivo de energia e do
fluxo de trabalho podemos criar um vetor fluxo de energia combinado e, de utilidade no estabelecimento dos balan-
ços de energia.
y Sólido inicialmente
t<O
a temperatura T0
l
O plano inferior tem sua
t=O temperatura subitamente
elevada para T,
Perfil para
pequenos valores
do tempo
Perfil para
grandes valores
y do tempo
Fig. 9.1-1 Desenvolvimento do perfil de temperatura em regime permanente para uma placa de sólido entre dois planos paralelos. Veja a Fig.
1.1-1 para situação análoga para o transporte de momento.
Q, através da barra, é necessária para manter a diferença de temperatura !J..T = T 1-T0 • Verifica-se que para valores
suficientementeopequenos de !J..T, a seguinte relação é valida.
(9.1-1)
Isto é, a taxa de transferência de calor por unidade de área é proporcional ao decréscimo de temperatura ao longo da distância
Y. A constante de proporcionalidade k é a condutividade térmica da barra. A Eq. 9. l-1 será válida também se líquidos ou
gases preencherem o espaço entre as placas, desde que precauções tenham sido tomadas para eliminar a convecção e a
radiação.
Em capítulos subseqüentes é melhor trabalhar com a equação anterior na forma diferencial. Ou seja, usamos a forma
limite da Eq. 9.1-1 quando a espessura da barra tende a zero. A taxa local de transferência de calor por unidade de área
(fluxo térmico) na direção positiva de y é designada por qr Nessa notação, a Eq. 9. l -1 se toma
dT (9.1-2)
qy= -lc-d
y
Essa equação, que serve para definir k, é a forma unidimensional da lei de Fourier da condução de calor. 1•2 Ela determina
que o fluxo térmico devido à condução é proporcional ao gradiente de temperatura ou, pictoriamente, "o calor desliza
morro. abaixo no gráfico da temperatura versus distância". Na verdade, a Eq. 9.1-2 não é verdadeiramente uma "lei" da
'J.B. Fourier, Théorie ana/ytique de la chaleur, CEuvres de Fourier, Gauthier-Villars et Fils, Paris (1822). (Baron) Jean-Baptiste-Joseph Fourier (1768-1830) foi não
apenas um matemático brilhante que deu origem às series de Fourier e à transformada de Fourier, mas também um egiptólogo famoso e uma figura política (foi governador
da província de Isêre).
'Alguns autores preferem escrever a Eq. 9.1-2 na forma
(9.1-2a)
em que J, é o "equivalente mecânico do calor", que explicita a conversão de unidades tém1icas em unidades mecânicas. Por exemplo, no sistema c.g.s. usaríamos as
seguintes unidades: q_,(=]erg/cm' · s, k[=]cal/cm · s · C, T[=]C, y[=]cm ef,[=]erg/cal. Não usaremos a Eq. 9.I-2a neste livro.
J
CONDUTCVIDADE TÉRMICA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 259
natureza mas uma sugestão, que se demonstrou um empiricismo muito útil. Entretanto, ela não tem uma base teórica, como
será discutido no Apêndice D.
Se a temperatura variar em todas as três direções, então escrevemos uma equação como a Eq. 9.1-2 para cada uma das
direções coordenadas:
q•- = -eii
iJz
(9.1-3, 4, 5)
Se cada uma dessas equações for multiplicada pelo vetor unitário apropriado e as equações resultantes forem somadas obtemos
1 q = -kVT l (9.1-6)
q.11e é a forma tridimensional da lei de Fourier. Essa equação descreve o transporte molecular de calor em meios isotrópicos.
Por "isotrópico" queremos dizer que o material não possui direções preferenciais e portanto a condução se dá com ames-
ma condutividade térmica k em todas as direções.
Alguns sólidos, como um cristal não-cúbico, materiais fibrosos e laminados são anisotrópicos. 3 Para esses materiais,
temos que modificar a Eq. 9.1-6 para
q = -[1c VT] (9.1-7)
onde K é um tensor de segunda ordem simétrico denominado tensor condutividade térmica. Assim, o vetor fluxo térmico
não aponta na mesma direção que o gradiente da temperatura. Para líquidos poliméricos em escoamento viscométrico v.iJ, t),
a condutividade térmica, na direção de x, pode ser 20% superior em relação ao valor de equilíbrio e 10% inferior para a
direção z. A condução de calor anisotrópica em meios porosos será discutida brevemente na Seção 9.6.
Outra possível generalização da Eq. 9.1-6 depende da introdução de um termo contendo a derivada temporal de q
multiplicada por uma constante de tempo, por analogia ao modelo de Maxwell da viscoelasticidade linear apresentado na
Eq. 8.4-3. Parece existir pouca evidência experimental que justifique essa generalização.4
O leitor terá notado que a Eq. 9.1-2 para a condução de calor e a Eq. 1.1-2 para o escoamento viscoso são bastante
similares. Em ambas, o fluxo é proporcional ao gradiente negativo de uma variável macroscópica, e o coeficiente de
proporcionalidade é uma propriedade física característica do material e dependente da temperatura e pressão. Para as
situações em que existe o transporte tridimensional, verifica-se que aEq. 9.1-6 para a condução de calor e aEq. 1.2-7 para
o escoamento viscoso diferem em aparência. Essa diferença se deve ao fato de a energia ser um escalar, enquanto o momento
é um vetor, e de o fluxo térmico q ser um vetor com três componentes, enquanto o fluxo de momento ré um tensor de
segunda ordem com nove componentes. Podemos antecipar que os transportes de energia e de momento não serão em
geral matematicamente análogos, exceto em certas situações geometricamente simples.
Além da condutividade térmica k, definida pelaEq. 9.1-2, uma quantidade conhecida como difusividade térmica a é
usada freqüentemente. Ela é definida como
a=-
k (9.1-8)
pêP
Nessa equação, êP é o calor específico a pressão constante; o acento circu~exo (")sobre um símbolo indica uma grandeza
"por unidade de massa". Ocasionalmente será necessário usar o símbolo CP no qual o til(-) indica uma quantidade "molar".
A difusividade a tem as mesmas dimensões que a viscosidade cinemática v- isto é, (comprimento)2/tempo. Quando
a suposição de propriedades físicas constantes é feita, as quantidades v e a ocorrem de forma similar nas equações de
3
Embora os líquidos poliméricos em repouso sejam isotrópicos, a teoria cinética prevê que em escoamento a condução ténnica é anisotrópica [veja B.H.A.A. van den
Brule, Rheol. Acta, 28, 257-266 (1989); e C.F. Curtiss and R.B. Bird, Advances in Polymer Science, 25, 1-101 (1996). Medidas experimentais para escoamentos em
cisalhamento e elongação foram apresentados por D.C. Venerus, J.D. Schieber, H. Iddir, J.D. Guzrnan, and A.W. Broerman, Phys. Rev. Letters, 82, 366-369 (1999);
A.W. Broerrnan, D.C. Venerus, and J.D. Schieber,J. Clzem. Phys.,111, 6965-6969 (1999); H. Iddir, D.C. Venerus, and J.D. Schieber, AJC/zE Journal, 46, 610-615 (2000).
A condutividade térmica aumentada de sólidos poliméricos orientados na direção de orientação foi medida por B. Poulaert, J.-C. Chielens. C. Van<lenhaende, J.-P. Issi,
and R. Legras, Polymer Comm., 31, 148-151 (1989). Com relação aos modelos do tipo contas e molas para a condutividade térmica de polímeros, foi demonstrado por
R. Bird, C.F. Curtiss, and K.J.Beers [Rlreol. Acta, 36, 269-276 (1997)] que a condutividade térmica prevista é extremamente sensível à forma da energia potencial empregada
para a descrição das molas.
'A teoria linear da termoviscqelasticidade prevê efeitos de rela.~amento na condução de calor, corno foi discutido por R.M. Christensen, TlreOI)' ofl'iscoelasticity, Academic
Press, 2nd. edition ( !982). O efeito também se apresenta no tratamento da equação da energia pela teoria cinética dada por R.B. Bird e C.F. Curtiss, J. Non-Newtonian
Fluid Meclzanics, 79, 255-259 (1998).
1
260 CAPITuLO NOVE
balanço para transportes de momento e de energia. A relação entre elas, vi a, indica a facilidade relativa entre os transportes
de momento e de energia em sistemas de escoamento. Essa razão adimensional ·
V êp/L
Pr=ª=k (9.1-9)
5
é chamada de número de Prandtl. Outro grupo adimensional encontrado nos capítulos subseqüentes é o número de Péclet, 6
Pé= RePr.
As unidades comumente usadas para a condutividade térmica e outras quantidades relacionadas são apresentadas na
Tabela 9 .1-1. Outras unidades, assim como as inter-relações entre os vários sistemas, encontram-se no Apêndice F.
A condutividade térmica pode variar desde 0,01 W/m · K, para gases, até 1.000 W/m · K, para os metais puros. Alguns
valores experimentais da condutividade térmica de gases, líquidos, metais líquidos e sólidos são apresentados nas Tabelas
9.1-2 a 9.1-5. Em cálculos, cisvalores experimentais devem ser usados sempre que possível. Na ausência de dados
SI c.g.s Inglês
qy W/m2 cal/cm2 • s Btu/h · ft2
T K e F
y m cm ft
k W/m·K cal/cm. s. e Btu/h · ft · F
êp JÍK. kg cal/C 'g Btu/F · lb.;
a m2/s cm2/s ft2/s
µ, Pa·s g/cm · s lbm/ft · h
Pr
Nota: O watt (W) é o mesmo que J/s, o joule (J) é o mesmo que i'r:m, o newton {N) é kg·mls2, e oPascal
(Pa) é N/m2• Para mais informações sobre interconversão de unidades, veja o Apêndice F.
ªTirado de J.O. Hirschfelder, C.F. Curtiss, aÍldR.B. Bird, Molecular Theory of Gases and Liquids, Wiley, NewYork, 2.ª edição corrigida (1964), Tabela 8.4-
10. Os valores de k são medidos, os de G'" são calculados de dados espectroscópicos, e de /L calculados da Eq.1.4-18. Os valores de ê;, para H2 representam
a mistura de 3:1 orto-para.
5
Esse grupo adimensional, nomeado assim
6
em
homenagem a Ludwig Prandtl, contém apenas propriedades físicas do fluido.
Jean-Claude-Eugêne Péclet (1793-1857) foi autor de diversos livros incluindo um sobre condução de calor.
CONDUTfVIDADE TÊRMTCA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 261
Líquido
'Os valores desta tabela foram preparados a partir dé funções forneciàas por T.E. Daubert, RP. Danner, H.M. Sibul, e.e. Stebbins, JL. Oscarson, R.L. Rowley,
W.V. Wilciing, M.E. Adams, TL. Marshall, ànd N.A. Zundel. DIPPR"'Data Cómpilation ofPure Compound Properties, Design Institute for Physical Property
Data®, AIChE, NewYork,NY(ZOOO).
Temperatura
Metal T(K)
'Dados retirados de Liquid Metais Handbook, 2nd edition. U.S. Government Printing Oífice. Washington, D.C. (1952), e de ERG. Eckert e RM. Drake, Jr.,
Heat and Mass Transfer, McGraw-Hill, New York,Znd edition (1959), Appendix A.
h Baseado em extrapolação,
~ 56% Na, 44%K erri massa.
262 CAPÍTULO NOVE
ªDados retirados de Reactor Handbook, Vol. 2, Atomic Energy Commission AECD-3646, U.S. Govemment Printing
Office, Washington, D.C. (May 1955), p. 1766 et seq.
experimentais, pode-se fazer estimativas empregando os métodos descritos nas próximas seções ou consultando manuais
de engenharia. 7
EXEMPLO 9.1-1
Medida da Condutividade Térmica
Uma placa, com área A = 1 ft2 e espessura Y = 0,252 polegada, conduz calor à taxa de 3,0 W com as temperaturas T0 =
24,00ºC e T 1 = 26,00ºC impostas em suas duas principais faces. Qual é a condutividade térmica do plástico, dada em cal/
cm·s·K a 25ºC?
SOLUÇÃO
Primeiro, converta as unidades com auxílio do Apêndice F.
A = 144 in2 X (2,54)2 = 929 cm2
Y = 0,252 in X 2,54 = 0,640 cm
Q = 3,0 W X 0,23901 = 0,717 cal/s
6.T = 26,00 - 24,00 = 2,00 K
A substituição na Eq. 9 .1-1 fornece
k = _g!_
A6. T
= 0,717 X 0,640 = 2 47 X 10 _4 l/
929 X 2 '
. .K
ca cm s (9.1-20)
'Por exemplo, W.M. Rohsenow, J.P. Hartnett, and Y.I. Cho, eds., Handbook of Heat Transfer, McGraw-Hill, New York (1998); Landolt-Bõmstein, Zahlenwerte zmd
Fwzktionen, Vol. II, 5, Springer(l968-1969).
CONDUTIVIDADE TÉRMICA E OS MECANISMOS DE 'TRANSPORTE DE ENERGIA 263
Para fiT tão pequeno como 2ºC, é razoável supor que o valor de k calculado seja aquele correspondente à temperatura
média, que nesse caso é de 25°C. Veja os Problemas lOB.12 e lOC. l para os métodos que levam em consideração a variação
de k com a temperatura.
10
9
8
7
6
5
i 2
"""'
""-~"'
"O
~
1
"
-~ 0,9
~
0,8
., 0,7
""'"'
"O 0,6
:~
0,5
]
u 0,4
0,3
0,2
Fig. 9.2-1 Condutividade térmica reduzida para substâncias monoatômicas como função da temperntura e pressão reduzidas [E.J. Owens e
G. Thodos, AIC'nE Journal, 3, 454-461 (1957)1. Uma versão de larga escala dess<:! gráfico pode ser encontrada em O.A. Hougen, K.M. Watson
and R.A. Ragatz, Chemical Process Principies Charts, 2nd edição, Wiley, New York (1960).
264 CAPÍTULO NOVE
monoatômicas, mas pode ser usada para estimativa grosseira de materiais poliatômicos. Ela não deve ser usada nas
proximidades do ponto crítico: 1
Note que a condutividade térmica de um gás tende a um valor limite, função de T, a baixas pressões; para a maioria dos
gases, esse limite é atingido aproximadamente a 1 atm. A condutividade térmica de gases de baixa densidade aumenta
com o aumento de temperatura, enquanto a condutividade térmica da maioria dos líquidos diminui com o aumento de
temperatura. A correíação é menos confiável na região do líquido; líquidos polares ou associados, como a água, podem
exibir um máximo na curva de k versus T. A maior virtude do gráfico dos estados correspondentes é dar uma visão global
do comportamento da condutividade térmica de gases e líquidos.
O valor de kc pode ser estimado de duas formas: (i) dado k a uma temperatura e pressão conhecidas, preferencialmente
em condições próximas às que k deve ser estimado, pode-se ler kr no gráfico e calcular kc=klkr; ou (ii) podemos estimar
um valor de k na região de baixa densidade pelos métodos apresentados na Seção 9.3 e repetir o procedimento anterior
como em (i). Valores de kc obti~os pelo primeiro método estão tabelados no Apêndice E.
Pode-se estimar a condutividade térmica para misturas por métodos análogos aos descritos na Seção 1.3. Conhece-se
muito pouco sobre a precisão do método de propriedades pseudocríticas aplicado à condutividade térmica, principalmente
em razão da escassez de dados de misturas à pressão elevada.
EXEMPLO 9.2-1
Efeito da Pressão sobre a Condutividade Térmica
Estimar a condutividade térmica do etano a 153ºF e 191,9 atm a partir do valor experimental2 k = 0,0159 Btu/h · ft · F a
l atm e 153ºF.
SOLUÇÃO
Como conhecemos um valor experimental para k podemos empregar o método (i). Primeiramente calcula-se Pr e Tr na
condição experimental:
153 + 460 1
(9.2-1)
Tr = (1.8)(305,4) = 1.115 p, = = 0,021
482
Da Fig. 9.2-1 lemos k, = 0,36. Portanto kc é
A 153ºF (T, = 1,115) e 191,9 atm (p, = 3,98), retira-se do gráfico kr=2,07. A previsão da condutividade térmica é então
k = k.Jc = (2,07)(0,0422) = 0,0914 Btu/h · ft · F (9.2-3)
O valor observado de 0,0453-Btu/h·ft·F foi apresentado.2 A discordância mostra que não devemos confiar nessa correlação
nem para substâncias poliatômj~as nem para condições próximas ao ponto crítico.
'Na proximidade do ponto crítico, onde a condutividade téIIDica diverge, costuma-se escrever k = k" + l:lk, em que if' é uma contribuição de "base" e ó.ké a "contribuição
crítica". O valor de k" usado nos estados correspondentes é a contribuição de base. Para o comportamento das propriedades de transporte na vizinhança do ponto crítico,
veja J.V. Sengers e J. Luettmer Strathmann em Tramport Propcrties OÍ F/uids (JJI. Dymond, J. Millat, and C.A. Nieto de Castro, eds.), Cambridge University Press
(1995); E.P. Sakonidou, H.R. van den Berg, C.A. ten Seldam, and J. V. Sengers,J.Clzem.Plzys., 105, 10535-10555 (1966), and 109, 717-736 (!998).
'J.M. Lenoir, W.A. Junk, and E.W. Comings, Chem. Eng. Progr., 49, 539-542 (1949).
'C.S. Wang Chang, G.E. Uhlenbeck, and J. de Boer, Smdies itt Statistical Mechanics, Wiley-Interscience, New York, Vol. II (1964), pp. 241-265; E.A. Mason and L.
Monchick, J. Chem. Phys., 35, 1676-1697 (1961) and 36, 1622-1639, 2746-2757 (1962); L. Monchick, A.N.G. Pereira, and E.A. Mason,J. Chem.Phys., 42, 3241-3256
(1965). Para uma introdução à teoria cinética das propriedades de transporte, veja R.S. Berry, S.A. Rice, and J. Ross, Physical Chemist1y, 2nd edirion (2000), Chapter 28.
CONDlIT!VIDADE TÉRMICA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 265
costuma-se usar algumas teorias aproximadas mais simples. Aqui, como na Seção 1.5, apresentamos uma dedução simpli-
ficada de livre percurso médio para gases monoatômicos, e então resumimos os resultados da teoria cinética de gases de
Chapman-Enskog.
Usamos o modelo de esferas rígidas, sem atração, de massa me diâmetro d. O gás como um todo está em repouso (v =
O), mas o movimento molecular deve ser considerado.
Como na Seção 1.5, usamos os seguintes resultados para um gás de esferas rígidas:
As moléculas que alcançam qualquer plano no gás tiveram, em média, sua última colisão a uma distância a do plano, onde
(9.3-4)
Nessas equações K é a constante de Boltzmann, n é o numero de moléculas por unidade de volume, em é a massa de uma
molécula.
A única forma de energia que pode ser trocada numa colisão entre duas esferas lisas e rígidas é a energia de translação.
A energia de translação média por molécula sob condições de equilíbrio é
em que Ré a constante dos gases. A Eq. 9.3-6 é satisfatória para gases monoatômicos até temperaturas de muitos milhares
de graus.
Para determinar a condutividade térmica, examinamos o comportamento do gás sob o gradiente de temperatura dT/dy
(veja a Fig. 9.3-1). Supomos que as Eqs. 9.3-1a6 permanecem válidas nessa situação não-equilibrada, exceto que~ mUZ
na Eq. 9.3-5 é tida como a energia cinética média para moléculas que tiveram sua última colisão na região de temperatura
T. O fluxo térmico qY através de qualquer plano de y constante é determinado somando-se as energias cinéticas das molé-
culas que atravessam o plano por unidade de tempo na direção positiva de y e subtraindo-se as energias cinéticas domes-
mo número que atravessam y na direção oposta:
y
/Perfil de temperatura T(y)
Fig. 9.3-1 Transporte molecular de energia (cinética) do plano (y -a) para o plano y.
266 CAPÍTULO NOVE
A Eq. 9.3-7 baseia-se na suposição de que todas as moléculas possuem velocidades representativas da região de sua última
colisão e que o perfil de temperatura T(y) é linear para uma distância de vários percursos livres médios. Em face desta
suposição podemos escrever
, dT
T 1y-a = T 1y - 3A dy (9.3-8)
? dT
T 1y+a = T 1y + 3A -d (9.3-9)
y
Combinando as três ultimas equações chegamos a
1 - dT (9.3-10)
qy = - 2nKu ,\ dy
Isso corresponde à lei da condução de calor de Fourier (Eq. 9.1-2) com a condutividade térmica dada por
que é a condutividade térmica de um gás diluído composto por esferas rígidas de diâmetro d. Essa equação prevê que k
seja independente da pressão. A Fig. 9 .2-1 indica que essa previsão está conforme a evidência experimental de até apro-
ximadamente 1Oatm para a maioria dos gases. A dependência prevista da temperatura é demasiadamente fraca, da mesma
forma que para a viscosidade.
Para um tratamento mais preciso do gás monoatômico voltamos novamente para o rigoroso tratamento discutido na
Seção 1.5. A fórmula de Chapman-Enskog2 para a condutividade térmica de um gás monoatômico a baixa densidade e
temperatura T é
k =e VmnKT êv
32 mr 2D.k
ou k = 1,9891X10- 4 Vf}M
u-D.k
(gás monoatômico) (9.3-13)
Na segunda forma dessa equação, k[ = ]cal/cm·s·K, T[ = ]K, u[ =]Á e a "integral de colisão" para a condutividade térmi-
ca, D.k> é idêntica à correspondente à viscosidade, Dµ. apresentada na Seção 1.4. Valores para D.k=D.µ. são apresentados
para o potencial intermolecular de Lennard-Jones na Tabela E.2 como a função da temperatura adimensional KT/ s. Foi
determinado que a Eq. 9.3-13 e a Tabela E.2 são de grande precisão na determinação da condutividade térmica de gases
monoatômicos quando os parâmetros u e s deduzidos a partir de medidas da viscosidade são empregados (isto é, os valo-
res dados na TabelaE.l).
A Eq. 9 .3-13 é muito similar à formula da viscosidade correspondente, Eq. 1.4-14. Dessas duas equações podemos escrever
'J.O. Hirschfelder, C.F. Curtiss, e R.B. Bird, 11tlolecular Theo1y OÍGases and Liquids, Wiley, New York, 2• impressão (1964), p. 534.
'A. Eucken, Plzysik. Z., 14, 324-333 (1913).
CONDUTIVIDADE TÉR!Vl!CA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 267
Essa fórmula de Eucken exclui a fórmula monoatômica (Eq. 9.3-14) como um caso especial, pois = ~ (RliVf) para êP
gases monoatômicos. Hirschfelder4 obteve uma fórmula semelhante à de Eucken usando a teoria de misturas multi-
componentes (veja o Exemplo 19.4-4). Outras teorias, coITelações e fórmulas empíricas estão também disponíveis. 5 •6
A Eq. 9.3-15 fornece um método simples para a estimativa do número de Prandtl, definido na Eq.9.1-8:
êpµ., CP
Pr=-=---- (gás poliatômico) (9.3-16)
k CP+ ~R
Essa equação é bastante satisfatória para gases poliatômicos não-polares a baixas densidades, como pode se verificado na
Tabela 9 .3-1; ela é menos precisa para moléculas polares.
A condutividade térmica de misturas de gases a baixas densidades pode ser estimada por um método7 análogo ao
previamente apresentado para a viscosidade (veja as Eqs. 1.4-15 e 16):
(9.3-17)
•Calculados de valores dados por M. Jakob, Heat Transfer, Wiley, NewYork (1949) pp. 75-76.
bJ.O. Hirschfelder, C.F. Curtiss, and RB. Bi.rd, Molecular Theoryof Gases and Liquids, Wiley, New York. impressão corrigida
(1964), p. 16.
'E.A. Mason and S.C. Saxena, Physícs of Fluids, I, 361-369 (1958). Esse método é uma aproximação a um método mais preciso dado por J.O. Hirschfclder, J. Chem.
Phys., 26, 274-281, 282-285 (1957). Com a aprovação do Professor Mason omitimos aqui o fator empírico 1,065 na sua expressão para <l>if parai#- j para estabelecer a
autoconsistência para misturas de espécies idênticas.
268· CAPÍTULO NOVE
As x" são as frações molares; e_ as kª são as condutividades térmicas das substâncias puras. Os coeficientes <I> af3 são idên-
ticos àqueles que aparecem ná equação para a viscosidade (veja a Eq. 1.4-16). Todos os valores de kª na Eq. 9.3-17 eµ,;,
na Eq. 1.4-16 são valores a baixa densidade e à temperatura dada. Se dados da viscosidade não são disponíveis, eles po-
dem ser estimados a parti~ de k e êP via Eq. 9.3-15. Comparações com dados experimentais indicam um desvio médio de
aproximadamente 4% para misturas que contêm gases poliatômicos não-polares, incluindo 0 2 , N 2 , CO, C2H 2 e CH4 •
EXEMPLO 9.3-1
Cálculo da Condutividade Térmica de Gás Mo11oatômico a Baixa Densidade
Calcule a condutivida~e té~ica: do Ne a 1 atm e 373,2K.
SOLUÇÃO
Da Tabela E.1 as constantes de Lennard-Jones para o neônio são fJ' = 2,789 Á e s/K' = 35,7K, e sua massa molecular é
20,183. Então, a 373,2K, temos K'Tle = 373,2/35,7 = 10,45. A Tabela E.2 fornece Ük = ÜJL = 0,821. A substituição na
Eq. 9.3-13 dá
EXEMPLO 9.3-2
Estimativa da Condutividade Térmica de um Gás Poliatômico a Baixa Densidade
Estime a condutividade térmica do oxigênio molecular a 300K e a baixa pressão.
SOLUÇÃO
O peso molecular do 0 2 é 32,0000; sua capacidade calorífica molar êP a 30ü°K e baixa pressão é 7 ,019 cal/g-mol · K.
Da TabelaE.l obtemos os.parâmetros de Lennard-Jones para o oxigênio molecular sendo fJ' = 3,433 Á e e/K' = 113K.
A 300K então KT/ e = 300/113 = 2,655. Da Tabela E.2 encontramos ÜIL = 1,074. A viscosidade calculada pela Eq.
1.4-18, é
k =(CP+ ~R)(µ/M)
= (7,019 + 2,484)((2,065 X 10-4)/(32,000))
= 6,14 X 10-5 cal/cm· s · K (9.3-20)
Esse valor compara-se favoravelmente ao valor experimental de 6,35 X 10- 5cal/cm · s · K na Tabela 9.1-1.
'W.G. Kannuluike E.H. Carman, Proc. Phys. Soe. (London) 65B, 701-704 (1952).
CONDUTIVIDADE TÉ.RMICA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 269
EXEMPLO 9.3-3
Previsão da Condutividade Térmica de uma Mistura de Gases a Baixas Densidades
Faça uma previsão da condutividade térmica da seguinte mistura de gases a 1 atm e 293K a partir de dados dos componen-
tes puros à mesma pressão e temperatura.
SOLUÇÃO
Use as Eqs. 9 .3-17 e 18. Note que as <P af3 para essa mistura de gases nas condições dadas já foram obtidas no cálculo de
viscosidade no Exemplo 1.5-2. Lá avaliamos os seguintes somatórios, que aparecem também na Eq. 9.3-17:
a~ 2 3
3
L X13cfia/3 0,763 1,057 1,049
/3=1
(9.4-1)
A capacidade calorífica a volume constante de um líquido monoatômico é aproximadamente a mesma de um sólido a altas
temperaturas, dada pela fórmula de Dulong-Petir' êv=3,(K'/m). A velocidade molecular média na direção y, lu), é substi-
'J.H. Irving and J.G. Kirkwood, J. ChenL Plzys., 18, 8l7-829 (1950). Essa teoria foi estendida a líquidos poliméricos por C.F. Curtisse R.B. Bird, J. Chem. Phys., 107,
5254-5267 (1997).
'R.C. Reid, J.M. Prausnitz, and B.E. Poling, The Properties of Gases and Liquids, McGraw-Hill, New York (l987); L. Riedel, Chemie-lng.-Teclm., 27, 209-213 (1955).
3
P.W. Bridgman, Proc. Am. Acad. Arts and Sei., 59, 141-169 (1923). A equação de Bridgman freqüentemente é mal-referenciada em razão de ter usado uma constante
dos gases pouco conhecida igual a 312K.
'Essa equação empúica foi justificada e estendida por A. Einstein [Ann. Phys.[4], 22, 180-190 (1907)] and P. Debye [Ann. Phys. [4]39,789-839 (1912)].
270 CAPÍTULO NOVE
tuída pela velocidade do som vs. A distância a que a energia atravessa entre duas colisões consecutivas é considerada igual
à distância entre os planos (VliÍ) 1f3. Fazendo as substituições na Eq. 9.4-1 obtemos
(9.4-4)
A quantidade (ap/ap)r pode ser determinada a partir de medidas da compressibilidade isotérmica ou de uma equação de
estado, e ( C/Cv) é muito próximo a uma unidade para líquidos, exceto próximo ao ponto crítico.
EXEMPLO 9.4-1
Previsão da Condutividade Térmica de um Líquido
A densidade do CCI 4 líquido a 20ºC e 1atmé1,595 g/cm3 e sua compressibilidade isotérmica (llp)(ap/ap)r é 90,7 X 10- 6
atm- 1• Qual é a sua condutividade térmica?
SOLUÇÃO
Primeiro calcule.
(t)T p(l/p)(~p/ap)r
= (1,595)(90,7 X
=6,91 Xl03 atm·cm3 /g
5
A Eq. 9.4-3 concorda aproximadamente com a fórmula deduzida por R.E. Powell, W.E. Roseveare, and H. Eyring. !nd. Eng. Chem., 33, 430435 (1941).
'A. Go!dsrnith, T.E. Waterman, and H.J.Hirschhom, eds., Handbook ofThemwplzysical Properties of Solids, Macrnillan, New York (1961).
CONDUTNIDADE TÉRMICA E OS MECM1SMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 271
amorfos o grau de orientação molecular tem um efeito considerável. Em sólidos porosos, a condutividade térmica é forte-
mente dependente da porosidade, do tamanho do poro e do fluido retido nos poros. Uma discussão detalhada da conduti-
vidade térmica dos sólidos foi feita por Jakob. 2
Em geral, metais são mefüores condutores de calor que não-metais, e materiais cristalinos conduzem o calor mais rapi-
damente que materiais amorfos. Sólidos porosos secos são condutores muito pobres de calor e são portanto excelentes
para o isolamento térmico. A condutividade da maior parte dos metais puros decresce com o aumento da temperatura,
enquanto a condutividade de não-metais cresce; ligas metálicas apresentam comportamento intermediário. Talvez a regra
útil mais prática seja a de que a condutividade térmica e a elétrica andem juntas.
Para metais puros, como opostos a ligas, as condutividades térmica k e elétrica k. são relacionadas 3 aproximadamente
como a seguir:
(9.6-1)
'M. Jakob, Heat Transfer, Vol. 1, Wiley, New York (1949), Chapter 6. Veja também W.H. Rohsenow, J.P. Hannett, and Y.I. Cho, eds., Handbook of Heat Tra11:jer,
McGraw-Hill, New York (1998).
3
G. Wiedemann and R. Franz, Ann.Phys. u. Chemie, 89, 497-531 (1853); L. Lorenz, Paggendorff's A1111alen, 147, 429-452 (1872).
1
Adedução de Maxwell foi para a condutividade elétrica, mas o mesmo argumento é aplicável à CC'ndutividade térmica. VejaJ.C. Maxwell,A Trealise 011Electricity and
Magnetism, Oxford University Press, 3rd. edition (1891, reimpresso em 1998), Vol. 1, §314; H.S. Carslaw and J.C. Jaegcr, Conductian of Heat in Solids, Clarendon
Press, Oxford, 2nd edition (1959), p. 428.
272 CAPITULO NOVE
Para/rações volumétricas altas, Rayleigh2 mostrou que, se as esferas encontram-se localizadas nas interseções de uma
matriz cúbica, a condutividade térmica do compósito é dada por
kef 3</J
1 (9.6-2)
k; = + (k 1 + 2k-o)___<P_+_l_,S__ _(_k_1__ ko-)<P_1_01_3_+_·-..
69
k1 - k0 3k1 - 4k0
A comparação desse resultado com a Eq. 9.6-1 mostra que a interação entre esferas é pequena, mesmo para <P =1T/6, o
valor máximo possível de <P para o arranjo cúbico. Portanto o resultado mais simples de Maxwell é usado com mais fre-
qüência, e os efeitos da distribuição não-uniforme das esferas são usualmente desprezados.
Para inclusões não-esféricas, entretanto, a Eq. 9.6-1 deve ser modificada. Assim, para um arranjo quadrático de cilin-
dros longos paralelos ao .eixo z, Rayleigh2 mostrou que o componente zz do tensor condutividade térmica K é
~n ~D ~
(9.6-4)
T = T = 1+ (k + k ) (k - k ) 4 8
k: - k: - <P + k: + k: (0,30584</1 + 0.013363</1 + .. ·)
Isto é, o sólido compósito contendo cilindros alinhados é anisotrópico. O tensor condutividade térmica efetiva foi calcu-
lado até termos da ordem de O(efl) para um meio contendo inclusões esferoidais. 3
Para inclusões não-esféricas complexas, encontradas com freqüência na prática, um tratamento exato não é possível,
mas algumas correlações aproximadas estão disponíveis. 4•5•6 Para leitos granulares não-consolidados a seguinte expressão
demonstrou-se bem-sucedida:
na qual
3[ J-1
a = -1 _L 1 + (k1
- - 1) gk (9.6-6)
3 k=l ko
Os gk são "fatores de forma" para os grânulos do meio,7 e satisfazem g 1 + g 2 + g3= 1. Para esferas g 1 = g 2 = g 3 = %, e
a Eq. 9.6-5 reduz-se à Eq. 9.6-L Para solos não-consolidados5 g 1 = g 2 = 1/s e g 3 = %. A estrutura dos leitos porosos con-
solidados-p. ex., arenitos - é consideravelmente mais complexa. Algum sucesso na previsão da condutividade térmica
efetiva dessas substâncias foi alcançado, 4•6•8 mas o grau de generalidade do método é ainda desconhecido.
Para sólidos contendo bolsões de gás, 9 a radiação térmica (veja o Cap. 16) pode ser importante. O caso especial de
fissuras planas paralelas perpendiculares à direção da condução térmica é particularmente importante para o isolamento
térmico de alta temperatura. Para esses sistemas é possível demonstrar que
(9.6-7)
(9.7-1)
V
V V
Fig. 9.7-1 Três elementos de superficie de área dS mutuamente perpendiculares através dos quais energia é transportada por convecção
pelo fluido que se move com velocidade v. A taxa volumétrica de escoamento através da face perpendicular ao eixo x é v,dS, e a taxa de
escoamento de energia através de dS é portanto (112pv2+pÚ)v,dS. Expressões semelhantes podem ser escritas para os elementos de superfície
perpendiculares aos eixos de y e de z.
'ºVeja a Eq. 9.1-7 para a modificação da lei de Fourier para materiais anisotrópicos. O subscrito rr enfatiza que essas quantidades são componentes de um tensor de
segunda ordem.
11
\V.B. Argo and J.M. Smith, Clzcm. Engr. Progress, 49, 443-451 (1953).
12J. Beek,Adv.Clzem.E11gr., 3,203-271(1962); H. Kramers and K.R. Westerterp, Elements ofChemical Reactor Design and Operation, Academic Press, New York (1963),
na qual ipv2 = i p(v2x +v2Y+v2,) é a energia cinética por unidade de volume, e pÜ é a energia interna por unidade de volume.
A definição da energia interna numa situação de não-equilíbrio requer algum cuidado. Do ponto de vista do contínuo,
a energia interna na posição reinstante t é supostamente a mesma furição ,da densidade e da temperatura locais e instan-
tâneas que teríamos no equilíbrio. Do ponto de vista molecular, a energia interna consiste na soma das energias cinéticas
de todos os átomos constituintes (relativa à velocidade do escoamento v), as energias potenciais intramoleculares e as
energias intermoleculares, de uma pequena região em torno do ponto r no instante t.
Lembre-se de que, na discussão das colisões moleculares na Seção 0.3, achamos conveniente olhar a energia do par de
moléculas em colisão como a soma das energias cinéticas que se referem ao centro de massa da molécula mais a energia
potencial intramolecular da molécula. Aqui também dividimos a energia do fluido (sob o ponto de vista contínuo) em
energia cinética associada ao movimento macroscópico do fluido e a energia interna associada à energia cinética das
moléculas com relação à velocidade de escoamento e ainda as energias potenciais intra e intermolecular.
Podemos escrever expressões semelhantes à Eq. 9.7-1 para a taxa com que a energia está sendo varrida através dos
elementos de superfície perpendiculares aos eixos y e z. Se agora multiplicarmos cada uma dessas três expressões pelo
correspondente vetor unitário e as somarmos, obtemos então, depois da divisão por dS,
(9.7-2)
e essa quantidade é chamada de vetor fluxo convectivo de energia. Para determinar o fluxo convectivo através de uma
superfície unitária cuja normal unitária é n, fazemos o produto escalar (n · (l/2pv2 + pÚ)v). Deve-se entender que esse é o
fluxo desde o lado negativo da superfície para o lado positivo. Compare esse fluxo com o fluxo convectivo de momento na
Fig. 1.7-2.
V
V
dS
dS
Fig. 9.8-1 Três elementos de superficie com área dS mutuamente perpendiculares no ponto P, acompanhados dos vetores tensão 'lix, 'ITr,
atuando nessas superfícies. Na primeira figura, a taxa com que trabalho é eíetuado pelo fluido do lado negativo de dS sobre o fluido do
'IT,
lado positivo de dS é portanto (r.,v)dS (r.·v)xdS. Expressões semelhantes aplicam-se aos elementos de superfície perpendiculares aos
outros dois eixos coordenados.
CONDUTIVIDADE TÉRi'V!ICA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERG!A 275
Primeiro consideramos o elemento de superfície perpendicular ao eixo x. O fluido do lado negativo da superfície
exerce uma força TI-'dS sobre o fluido que está do lado positivo (ver a Tabela 1.2-1). Uma vez que o fluido está se mo-
vendo com a velocidade v, a taxa com que trabalho é realizado pelo fluido do lado negativo sobre o fluido do lado
positivo é ("IT_.. • v)dS. Expressões similares podem ser escritas para o trabalho realizado através dos outros dois elemen-
tos de superfície. Quando são escritas sob a forma de componentes, as expressões para as taxas de realização de traba-
lho, por unidade de área, são
Quando os componentes escalares são multiplicados pelos vetores unitários e adicionados, obtemos "a taxa de realização
de trabalho por unidade de área", que chamaremos defluxo de trabalho:
(9.8-4)
Além disso, a taxa de realização de trabalho através de uma unidade de área de superfície cuja orientação é dada pela
normal unitária n é (n ·[TI· v]).
As Eqs. 9.8-1 a 9.8-4 podem ser escritas facilmente para coordenadas cilíndricas transformando x, y, z em r, e, z e para
coordenadas esféricas transformando X, y, Z em r, 8, </J.
Agora vamos definir, para uso posterior, o vetor fluxo combinado de energia e como segue:
Na Tabela 9.8-1 resumimos a notação para os vários vetores fluxo de energia apresentados nesta seção. Todos eles
possuem a mesma convenção de sinais.
Para calcular a entalpia na Eq. 9.8-6, empregamos as fórmulas tradicionais da termodinâmica do equilíbrio
dH (ªtt) (ªtt)
= aT p dT + ap r dP = êPdT + [ v
•
- r(ªii) ]d
aT I' P
(9.8-7)
276 CAPÍTULO NOVE
Quando esta é integrada desde um estado de referência pº, Tº até o estado p, T, obtemos 1
(9.8-8)
na qual Hº é a entalpia por unidade de massa no estado de referência. A integral em p é nula para gases ideais e 1/p(p - pº)
para fluidos de densidade constante na faixa de temperatura relevante. Supõe-se que a Eq. 9.8-7 seja válida em sistemas
não em equilíbrio, onde p e T são os valores locais da pressão e temperatura.
1. Defina e dê as dimensões da condutividade térmica k, difusividade térmica a, calor específico CP, fluxo térmico q e
fluxo combinado de energia e. Use para as dimensões m = massa, 1 = comprimento, T = temperatura e t = tempo.
2. Compare as ordens de grandeza da condutividade térmica de gases, líquidos e sólidos.
3. De que modo são as leis da viscosidade de Newton e de Fourier da condução de calor similares? E dissimilares?
4. A viscosidade dos gases e suas condutividades térmicas são relacionadas? No caso positivo, como?
5. Compare a dependência com a temperatura da condutividade térmica de gases, líquidos e sólidos.
6. Compare as ordens de grandeza dos números de Prandtl para gases e líquidos.
7. São idênticas as condutividades térmicas dos gases Ne20 e Ne22?
8. A relação CP - Cv = R é verdadeira apenas para gases ideais, ou é válida também para líquidos? Se não se aplica a
líquidos, que fórmula deve então ser usada?
9. Qual é o fluxo de energia cinética na direção axial para o escoamento laminar de Poiseuille de um fluido newtoniano
em um tubo circular?
10. Qual a expressão para [Tr · v] = pv + ['T · v] para o escoamento de Poiseuille?
PROBLEMAS
9A.1 Previsão da condutividade térmica de gases a baixas densidades.
(a) Calcule a condutividade térmica do argônio a IOOºC e à pressão atmosférica, usando a teoria de Chapman-Enskog
e as constantes de Lennard-Jones deduzidas de dados de viscosidade. Compare seus resultados com dados experi-
mentais1 de 506 X 10-1ca1/cm · s · K.
(b) Calcule as condutividades térmicas de NO e CH4 a 300K e pressão atmosférica a partir dos seguintes dados para
essas condições:
'Veja, por exemplo, R.J. Silbey and R.A. Alberty, Physical Chemisrry, Wiley, New York, 3rd. edition (2001), §2.11.
'W.G. Kannuluik e E.H. Carman, Proc. Phys. Soe. (London), 658, 701-704 (1952).
CONDUTfVIDADE TÉRMICA E OS NlECAfHSMOS DE TRANSPORTE DE ENERGIA 277
L=f(~)2 (9A.6-1)
em que k é a constante de Boltzmann e e é a carga do elétron. Calcule L nas unidades dadas abaixo da Eq. 9.5-1.
(b) A resistividade elétrica, I/k,, do cobre a 20ºC é 1,72 X 10-6 ohm ·cm. Calcule sua condutividade térmica em W/
m · K usando a Eq. 9.6-1, e compare seu resultado com o valor experimental dado na Tabela 9.1-4.
Respostas: (a) 2,44 X 10-8 volt2/K2; (b) 416 W/m · K
9A.7 Corroboração da lei de Wiedemann-Franz-Lorenz. Dados os seguinte valores experimentais a 20ºC para me-
tais puros, calcule os valores correspondentes do número de Lorenz, L, definido pela Eq. 9.5-1.
Na 4,6 0,317
Ni 6,9 0,140
Cu 1,69 0,92
AI 2,62 0,50
'J.M. Lenoir,W.A. Junk, and E.W. Comings, Chem. Engr. Prog., 49, 539-542 (1953).
3J.E. Mayer and M.G. Mayer, Statistical Mechanics, Wiley, New York (1946), p. 412; P. Drude, Ann. Phys.,l, 566-613 (1900).
278 CAPÍTULO NOVE
198 50 1,31±0,03
275 220 1,90 ± 0,02
276 120 1,93 ± 0,01
220 1,92 ± 0,01
363 100 2,62 ± 0,02
200 2,61±0,02
395 210 3,04 ± 0,02
453 150 3,53 ± 0,03
250 3,42 ± 0,02
495 250 3,72 ± 0,07
553 100 4,14 ± 0,04
583 170 4,43 ± 0,04
210 4,45 ± 0,08
676 150 5,07 ± 0,10
250 4,90 ± 0,03
9A.10 Condutividade térmica de misturas cloro-ar. Usando a Eq. 9.3-17, faça uma previsão da condutividade térmica
de misturas cloro-ar a 297K e 1 atm para as seguintes frações molares de cloro: 0,25, 0,50, 0,75. O ar pode ser
considerado uma substância simples, e os seguintes dados podem ser empregados:
'Os valores dessa tabela foram preparados a partir de funções fornecidas por T.E.
Daubert, R.P. Danner, H.M. Sibul, e.e. Stebbins, J.L. Oscarson, R.L. Rowley, W.V.
Wilding, M.E. Adams, TL. Marshall, and N.A. Zundel. DIPPR ®Data Compilation of
Fure Compound Properties, Design Institute for Physical Property Data®, AIChE, New
York (2000).
9A.11 Condutividade térmica da areia de quartzo. Uma amostra típica de areia de quartzo tem as seguintes proprieda-
des a20ºC:
'O.A. Hougen, K.M. Watson, and R.A. Ragatz, Chemical Process Principies, Vol.l, Wiley, New York (1954), p.253.
5
Dados interpolados de E.U. Frank, Z. Elektrochem., 55, 636 (1951), como relatados em Nouveau Trai ré de Chimie Minera/e, P. Pascal, ed., Masson et C'', Paris (1960),
pp.158-159.
-----------------------------
CONDUTIVIDADE TÉRMICA E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE ENERG!A 279
Estime a condutividade térmica efetiva da areia (i) quando saturada de água, e (ii) quando está completamente seca.
(a) Use a seguinte generalização das Eqs. 9.6-5 e 6:
N
L; a;</>;(k;/ko)
k.r __i=_o_ _ __
k;;- (9A.11-1)
a;= 1.
31=1
±[1 + (!:!.-
ko
1)g;J-l (9A.11-2)
Aqui N é o número de fases sólidas. Compare as previsões para esferas (g 1 = g2 = g 3 = 1/3) com a recomendação de
de Vries (g 1 = g 2 = Vs; g 3 =%).
(b) Use a Eq. 9.6-1 com k 1 = 18,9 X 10-3 cal/cm · s · K que é a média volumétrica das condutividades térmicas dos
dois sólidos. Valores observados, com precisão de 3%, são 6,2 e 0,58 X io- 3 cal/cm· s · K para a areia molhada e
seca, respectivarnente.6 As partículas foram consideradas corno esferóides oblatas corno melhor aproximação para
suas formas, com relação entre eixos igual a 4, para as quais g 1 = g 2 = 0,144; g3 = 0,712.
Resposta: (a) Da Eq. 9.6-4, 4,93 X io- 3 cal/cm· s · K (esféricas) e 6,22 X 10-3 cal/cm· s · K. Da Eq. 9.6-1, 5,0 X
10- 3 cal/cm · s · K
1-t- L+ 1?
kº b Y
_,_ 0755
·- ' ' y
-
(9C.1-2)
0
Aquiµ,º e kº são as propriedades a baixa pressão (calculadas, p. ex., das Eqs. 1.4-14 e 9.3-13), Vé o volume molar,
e b0 = 2/37TNa30 , em que Né o número de Avogadro. A quantidade y é relacionada à equação de estado de um gás
de esferas rígidas:
pfr - 1 =
y = RT (bº)
V + 0,6250 (bº)2
V + 0,2869 (bº)3
V + ... (9Cl-3)
Essas três equações dão a correção de densidade para a viscosidade e condutividade térmica de um gás hipotético
feito de esferas rígidas.
60 comportamento de solos parcialmente molhados foi abordado por D.A. de Vries, Chapter 7 in Physics and Pfatll Environment, W.R. van Wijk, ed., Wiley, New York ( 1963).
;D.Enskog, Kzmgliga Sve11ska Vetenskapsakademiens Handfigar, 62, No.4 (1922), em alemão. Veja também J.O. Hirschfelder, C.F. Curtiss,and R.B. Bird, Molecular
Theory o/Gases and Liquids, 2.' impressão com correções (1964), pp.647-652.
280 CAPÍTULO NOVE
Enskog sugeriu que p~ra gases reais, (i) y pode ser dado empiricamente por
y= v [r(ºP)
RT éJT v
-1] (9C.I-4)
em que dados de p-V-T são usados, e (ii) b0 pode ser determinado por ajuste do mínimo na curva de (µ/µº)V versus
y.
(a) Uma forma útil de resumir a equação de estado é a de usar a apresentação dos estados correspondentes8 de Z ::::
Z(p,,T), em que Z=p VIRT, p, =p/p,, e T, =TIT,. Mostre que a quantidade y definida pela Eq. 9C.l-4 pode ser calcu-
lada como função da pressão e temperatura reduzidas de
y-
-z 11 +- (aln Z/ aln T,)P
(aln Z/ aln p,)y,
' (9C.1-5)
(b) Mostre como as Eqs. 9C.l-l, 2 e 5, juntamente com o gráfico Z de Hougen-Watson e o gráfico de Uyehara-
Watson µ/ µ, na Fig. 1.3-1, pode ser usada para desenvolver um gráfico de k/ k, em função de p, e T,. Quais seriam
as limitações do gráfico resultante? Esse procedimento (empregando dados específicos de p-V-T em vez do gráfico
Z de Hougen-Watson) foi usado por Comings e Nathan. 9
(e) Como poderíamos usar a equação de estado de Redlich-Kwong 10
(P + vr ª- )cv - b) = Rr
TV(V + b)
(9C.1-6)
'O.A. Hougen and K.M. Watson, Chemlcal Process Principies, Vol.U, Wiley, New York (!947), p. 489.
9
E.W. Comings and M.F. Nathan, /nd. Eng.Chem., 39, 964-970 (1947).
wo. Redlich and J.N.S. Kwong, Chcm. Rev., 44, 233-244 (1949).
10.1 BALANÇOS DE ENERGlA EM CASCAS; CONDIÇÕES 10.5 CONDUÇÃO DE CALOR COM FONTE QlliMlCA
DE CONTORNO DE CALOR
10.2 CONDUÇÃO DE CALOR COM U1'vtA FONTE 10.6 CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÊS DE PAREDES
ELÊTR!CA DE CALOR COMPOSTAS
10.3 CONDUÇÃO DE CALOR COM FONTE NUCLEAR 10.7 CONDUÇÃO DE CALOR EM ALETA DE
DE CALOR RESFRIAMENTO
10.4 CONDUÇÃO DE CALOR COM FONTE VISCOSA 10.8 CONVECÇÃO FORÇADA
DE CALOR 10.9 CONVECÇÃO NATURAL
No Cap. 2, vimos corno certos problemas de escoamentos viscosos simples são resolvidos por um procedimento de dois
passos: (i) um balanço de momento é feito numa placa fina ou casca perpendicular à direção do transporte de momento,
levando a uma equação diferencial de primeira ordem que dá a distribuição do fluxo de momento; (ii) então na expressão
para o fluxo de momento introduzimos a lei de Newton da viscosidade, o que conduz a uma equação diferencial de primei-
ra ordem para a velocidade do fluido em função da posição. As constantes de integração que aparecem são avaliadas usan-
do-se condições de contorno, que especificam a velocidade ou o fluxo de momento nas superfícies limítrofes.
Neste capítulo mostramos como um número de problemas de condução de calor são resolvidos por um procedimento
análogo: (i) um balanço de energia é feito numa placa fina ou casca perpendicular à direção do fluxo térmico, e isso con-
duz a uma equação diferencial de primeira ordem da qual o fluxo térmico é obtido; (ii) então.nessa expressão para o fluxo
térmico substituímos a lei de Fourier da condução de calor, a qual dá uma equação diferencial de primeira ordem para a
temperatura como função da posição. As constantes de integração são então determinadas com o emprego das condições
de contorno para a temperatura ou fluxo térmico nas superfícies limítrofes.
Deve ficar claro pelo fraseado similar dos dois parágrafos precedentes que os métodos matemáticos usados neste capí-
tulo são os mesmos dos apresentados no Cap. 2- apenas a notação e a terminologia são diferentes. Entretanto, encontra-
remos aqui vários fenômenos físicos sem contraparte no Cap. 2.
Depois de uma breve introdução ao balanço de energia em cascas na Seção 10.1, apresentamos uma análise da condução de
calor numa série de exemplos simples. Embora esses exemplos sejam um tanto idealizados, os resultados encontram aplicações
em numerosos cálculos de engenharia. Os problemas foram escolhidos para apresentar ao iniciante vários conceitos físicos im-
portantes àssociados ao campo da transferência de calor. Adicionalmente eles servem para mostrar como usar uma variedade de
condições de contorno e para ilustrar a solução de problemas em coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas. Nas Seções
10.2-10.5 consideramos quatro tipos de fontes de calor: elétrica, nuclear, viscosa e química. Nas Seções 10.6 e 10.7 cobrimos
dois tópicos com larga faixa de aplicações - são eles: fluxo de calor através de paredes compostas e a perda de calor em aletas.
Finalmente, nas Seções 10.8 e 10.9 analisan1os dois casos limites de transferência de calor em fluidos em movimento: convec-
ção forçada e convecção natural. O estudo desses tópicos pavimenta o canúnho para as equações gerais do Cap. 1 L
sistema uma declaração da lei da conservação de energia. Para o regime permanente (i.e., independente do tempo),
escrevemos:
taxa de
entrada de
taxa de
saída de
l entrada
taxa de de l l saídade
taxa de l+
! ! energia pelo -
transporte
convectivo
taxa de
energia pelo
transporte
convectivo
taxa de
+ energia pelo -
transporte
molecular
taxa de
energia pelo
transporte
molecular
trabalho
realizado sobre
o sistema pelo
transporte
trabalho
realizado pelo
sistema pelo
transporte
+
trabalho
realizado sobre
o sistema
pelas forças
+ rm~
produçã~
de energia
)
= O (10.1-1)
se =Eke c10.2-1)
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM EsCOAMENTO LAMINAR 283
A quantidade S, é a fonte de calor resultante da dissipação elétrica. Supomos aqui que o aumento da temperatura no fio não
seja tão grande a ponto de a dependência com a temperatura das condutividades térmica ou elétrica ter que ser considera-
das. A superfície do fio é mantida à temperatura T0 • Agora mostraremos como determinar a distribuição radial de tempe-
ratura no fio.
Para o balanço de energia tomamos o sistema como uma casca cilíndrica de espessura 6.,- e comprimento L (ver Fig.
10.2-1). Como v =O nesse sistema, as únicas contribuições para o balanço de energia são
Taxa de entrada de calor
através da superfície (10.2-2)
cilíndrica em r
Taxa de saída de calor
através da superfície (10.2-3)
cilíndrica em r + 6.r
Taxa de energia térmica
produzida pela (10.2-4)
dissipação elétrica
A notação q, significa o "fluxo térmico na direção der", e (... )l,+iir significa "avaliada em r+ 6.r". Note que tomamos "en-
trada" e "saída" em relação à direção positiva de r.
Agora substituímos essas quantidades na equação de balanço de energia Eq. 9.1-1. A divisão por 2'ITL!:i..r e a passagem
ao limite quando 6.r tende a zero dá
(10.2-5)
A expressão ao lado esquerdo é a derivada primeira de rq, em relação ar, então a Eq. 10.2-5 transforma-se em
d
d; (rq,) =Ser (10.2-6)
Essa é urna equação diferencial ordinária de primeira ordem para o fluxo térmico, e ela pode ser integrada para dar
(10.2-7)
a
A constante de integração C 1 deve ser nula para satisfazer condição de contorno
C. C. 1: em r = O, q, não é infinito (10.2-8)
Portanto a expressão final para a distribuição de fluxo térmico é
1 q, = s;' 1 (!0.2-9J
-k dT = Ser (10.2-10)
2 dr
Quando supõe-se que k seja constante, essa equação diferencial de primeira ordem pode ser integrada para dar
Sr 2
T =- ~k + C2 (10.2-11)
A constante de integração é determinada por
C.C. 2: em r = R, T = T0 (10.2-12)
Com isso obtém-se C2 = (S)?.2/4k) + T0 e a Eq. 10.2-11 fica
(10.2-13)
A Eq. 10.2-13 dá o crescimento da temperatura como uma função parabólica da distância r do eixo do fio.
Uma vez que a distribuição de temperatura e do fluxo térmico é conhecida, várias informações sobre o sistema podem
ser obtidas:
(i) Aumento máximo da temperatura (em r = 0)
(10.2-14)
(ii) Aumento médio da temperatura
o o
Assim o aumentá médio da temperatura sobre a seção transversal é a metade do aumento máximo.
(iii) Taxa de transferêncit:íde calor (para um comprimento L de fio)
S)\
Qlr=R = hRL · q,Jr=R = 2riRL · T = 1TR2L ·Se (10.2-16)
Esse resultado não é surpreendente, uma vez que no regime permanente todo calor produzido pela dissipação elétrica no
volume r.R 2L deve deixar o sistema através da superfície em r = R.
O leitor, enquanto acompanha este desenvolvimento, pode muito bem ter tido o sentimento de déja vu. Existe uma pronun-
ciada semelliança entre o problema do fio aquecido e o escoamento viscoso no tubo circular. Apenas a notação é diferente:
Isto é, quando as quantidades são escolhidas adequadamente, as equações diferenciais e as condições de contorno para os
dois problemas são idênticas, e os processos físicos são chamados de "análogos". Nem todos os problemas de transferên-
cia de momento são análogos a problemas de transporte de energia ou de massa. Entretanto, quando essas analogias po-
dem ser encontradas, elas podem ser úteis na transposição de resultados conhecidos de uma área para outra. Por exemplo,
o leitor não deve ter dificuldades em achar um sistema de condução de calor análogo ao escoamento viscoso de um filme
líquido sobre uma placa inclinada.
Existem muitos exemplos de condução de calor na indústria elétrica. 1 A minimização da elevação de temperatura no
interior de uma máquina elétrica prolonga a vida do isolante. Um exemplo é o emprego de estatores internamente resfri-
ados a líquido em geradores AC muito grandes (500.000 kw).
Para ilustrar melhor os problemas de aquecimento elétrico, damos dois exemplos de aumento da temperatura em fios:
o primeiro indica a ordem de grandeza do efeito térmico, e o segundo mostra como empregar condições de contorno dife-
rentes. Além disso, no Problema lOC.2 mostramos como levar em consideração a dependência da temperatura das
condutividades elétrica e térmica.
EXEMPLO 10.2-1
Voltagem Necessária para um Aumento Especifiéado de Temperatura em um Fio Aquecido por uma Corrente Elétrica
Um fio de cobre tem 2 mm de raio e 5 m de comprimento. Para que queda de voltagem o aumento de temperatura no eixo
do fio seria de lOºC, se a temperatura da superfície do fio é de 20ºC?
SOLUÇÃO
Combinando as Eqs. 10.2-14 e 10.2-1 obtém-se
I2R2
Trnáx - To = 4kke (10.2-17)
(10.2-18)
Portanto
(10.2-19)
de onde
(10.2-20)
Para o cobre o número de Lorenz da Seção 9.5 é klk,T0 = 2,23X 10-s volt2/K2 • Portanto a queda de voltagem necessária
para causar o aumento em lOºC na temperatura é
5
E = 2( ~º~)v2,23 X 10 v~lt Y(293)(10)K
8
EXEMPLO 10 .2-2
Fio Aquecido com Coeficiente de Transferência de Calor e Temperatura do Ar Ambiente Especificados
Repita a análise da Seção 10.2, supondo que T0 é desconhecido, mas que, ao contrário, o fluxo térmico na parede é dado
pela "lei do resfriamento" de Newton (Eq. 10.1-2). Suponha que o coeficiente de transferência de calor h e a temperatura
do ambiente T,, sejam conhecidos.
1
M.Jakob,HeacTransfer, Vol. !, Wiley,NewYork(l949),Chapter.10,p.167-199.
286 CAPÍTULO DEZ
SOLUÇÃO!
A solução emprega como anteriormente a Eq. 10.2-11, mas a segunda constante de integração é determinada pela Eq.
10.1.2:
2
Substituindo a Eq. 10.2-11 na Eq. 10.2-22 dá C2 = (S,R/2h)+(S,R /4k)+Tu, e o perfil da temperatura é, portanto,
2
S,,R [ 1- ( R
T-Tar=4i( r )1] + S,,R
2h (10.2-23)
SOLUÇÃO II
Outro método de solução faz uso do resultado obtido previamente na Eq. 10.2-13. Embora T0 não seja conhecido no pre-
sente problema, ainda assim podemos usar o resultado. Das Eqs. 10.1-2 e 10.2-16 encontramos a diferença de temperaturas
2
T = 1TR LSe = S,R (10.2-24)
ar h(hRL) 2h
A subtração da Eq. 10.2-24 da Eq. 10.2-13 nos permite a eliminação de T0 e dá o resultado da Eq. 10.2-23.
(10.3-1)
Nessa, S110 é a taxa volumétrica de geração de calor no centro da esfera, e b é uma constante positiva adimensional.
Selecionamos como sistema a casca esférica de espessura D.r no interior da esfera físsil. Corno o sistema não está em
movimento, o balanço de energia consiste em apenas termos de condução de calor e em um termo de geração. As diversas
contribuições ao balanço de energia são:
Refrigerante
Esfera de
material
físsil
Taxa de entrada
de calor por condução (10.3-2)
em r
Taxa de saída
de calor por (10.3-3)
condução em r+ D.r
Taxa de geração de
energia produzida (10.3-4)
por fissão nuclear
A substituição desses termos no balanço de energia da Eq. 10.1-1 dá, depois da divisão por 41TÃr e passagem ao limite
quando D.r -.:r O,
(10.3-5)
d(
d;- r 2q,(F)) -- 5 [1 b(R(Flr )2]r
110
.L
,
2 (10.3-6)
A equação diferencial para o fluxo térmico q;CJ no revestimento é idêntica à forma da Eq. 10.3-6, exceto pela inexistência
do termo de fonte:
(10.3-7)
(10.3-8)
(10.3-9)
nas quais CfFl e qci são constantes de integração. Estas são avaliadas com o auxílio das condições de contorno:
C.C. l: em r = O, q~Fl não é infinito (10.3-10)
C.C.2: em r = Rm, q<f> = qf> (10.3-11)
A avaliação das constantes conduz a
q,m. -_ Sno
(r3 + R(F)2
b
S
3
1 )
(10.3-12)
(10.3-13)
Essas são as distribuições dos fluxos térmicos na esfera fissionável e na casca esférica de revestimento.
Nessas distribuições substituímos agora a lei de Fourier da condução de calor (Eq. B.2-7):
f. (F) dTF) _
- ( dr - 5110
(r3 + b 5r3)
R(FJ2 (10.3-14)
arei
-k<º--=5 11 0
(1-+-)--
b\ R(FJ3
(10.3-15)
dr 3 5 r2
288 . ·CAPITULO DEZ
Essas equações podem ser integradas quando J...-<FI e J...-<CJ são constantes para dar
y<FJ = _ 5110
kcFJ 6
(~ + _b_ t_) +
R<FJ2 20
ccFJ
2 (10.3-16)
y<e> = + 5110
k(CJ
(1 + Q)
3 5
R<FJ
r
3
+ c<c>
2
(10.3-17)
As constantes de integração podem ser determinadas com amu1io das condições de contorno
C.C.3: emr = R<Fl, (10.3-18)
C.C.4: emr = RccJ, (10.3-19)
em que T0 é a temperatura:~onhecida da superfície externa do revestimento. As expressões finais para os perfis de tempe-
ratura são
(10.3-20)
(10.3-21)
Para determinar a temperatura máxima na esfera de material físsil, tudo que temos que fazer é igualar r a zero na Eq. 10.3-20.
Essa é uma grandeza na qual estaríamos interessados para estimar a deterioração térmica.
Esse problema ilustrou dois pontos: (i) como tratar de fontes dependentes da posição, e (ii) a aplicação da continuidade
do campo de temperatura e do componente normal do fluxo térmico na interface entre dois materiais sólidos.
X
Fig. 10.4-2 Modificação da porção do sistema em escoamento
/
da Fig. 10.4-1, na qual a curvatura das superfícies limites é
Superfície estacionária desprezada.
Se a espessura do filme de líquido b é pequena em relação ao raio R do Gilindro externo, então o problema pode ser
resolvido aproximadamente pelo emprego de um sistema simplificado apresentado na Fig. 10.4-2. Nesse sistema
ignoramos os efeitos da curvatura e resolvemos o problema em coordenadas cartesianas. A distribuição de velocidade
é v, = vixlb), onde vb =DR.
Agora fazemos um balanço de energia sobre a casca de espessura 6.x, largura W e comprimento L. Como o fluido está
em movimento, usamos o vetor combinado de energia e conforme apresentado na Eq. 9.8-6. O balanço então é
dex =O (10.4-2)
dx
Essa equação pode ser integrada para dar
ex = C1 (10.4-3)
O::imo não se conhece qualquer condição de contorno para ex, não podemos avaliar, nesse momento, a constante de inte-
gração.
Agora introduzimos a expressão para ex da Eq. 9.8-6. Como o componente da velocidade na direção x é zero, o termo
(l/2pv2+pÚ)v pode ser descartado. O componente x de q está de acordo com a lei de Fourier -k(dT!dx). O componente x
de ['r·V] é, como demonstrado na Eq. 9.8-1, 'l"_,,Yx + 1".'J'vY +'!""'V,. Como o único componente não-nulo da velocidade é v, e
como 'l"_rz = -µ,(dv/dx) em conseqüência da lei da viscosidade de Newton, o componentexde ['!"·V] é -µ,v,(dv/dx). Con-
cluímos, então, que a Eq. 10.4-3 fica
dT dv,
-k dx - µVz dx = C1 (10.4-4)
em que µ,(vJb )1 pode ser identificado como a taxa de geração de calor por efeito viscoso S,.
Quando a Eq. 10.4-5 é integrada obtemos
2x C1 + C2
(µ)(vb)
2
T = - - - - - - X (10.4-6)
k b 2 k '
As duas constantes de integração são determinadas pelas condições de contorno
(10.4-9)
290 CAPÍTULO DEZ
Nessa equação Br = µ,v//k(Tb -T0) é o número de Brinkman 1 adimensional, que mede a importância do termo de dissipa-
ção viscosa. Se Tb =T0 , então a Eq. 10.4-9 pode ser escrita como
T
T0
T0 = 1. µ.~
2 kT0 b
! ( !)
1_
b
(10.4-10)
Parede
Partículas Partículas de Partículas
'H.C. Brinkman, Appl. Sei. Researclz, A2, 120-124 ( 1951), resolveu problemas de aquecimento por dissipação viscosa para o escoamento de Poiseuille num tubo circular.
Outros grupos adimensionais que podem ser usados para caracterizar o aquecimento viscoso foram resumidos por R.B. Bird, R.C. Armstrong, and O. Hassager, Dynamics
of Polymeric Liquids, Vol. 1 2nd. Edition, Wiley, New York (l987), pp. 207-208.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 291
Quando uma reação química ocorre, energia térmica é produzida ou consumida à medida que as moléculas dos reagentes se
rearranjam para formar os produtos. A taxa volumétrica da produção de energia térmica pela reação química, Se, é em gentl uma
função complicada da pressão, da temperatura, da composição e da atividade catalítica Por simplicidade representamos Se aqui
como função apenas da temperatura Se= SeF( 0) onde 0 = (T - T0)/(T1 - T0 ). Aqui T é a temperatura local no leito catalítico
(admitida a mesma para fluido e catalisador), Sc1 e T0 são constantes empíricas para dadas condições de entrada no reator.
Selecionamos para o balanço da casca um disco de raio R e espessura Âz na zona do catalisador (ver a Fig. 10.5-1), e
escolhemos Àz bem maior que a dimensão das partículas do catalisador. Para estabelecer o balanço de energia usamos o
vetor de fluxo combinado de energia e já que estamos tratando de um sistema em escoamento. Então, no regime perma-
nente, o balanço de energia é
(10.5-1)
A seguir dividimos por TTR 2 tlz e tomamos o limite quando Âz tende a zero. A rigor essa operação é "ilegal", uma vez que
não estamos tratando de um contúmo mas de uma estrutura granular. Assim mesmo fazemos esse procedimento com a
compreensão de que a equação resultante descreve, não valores pontuais, mas valores médios de e= e de Se para seções
transversais com z constante. Isso dá
dez= S (10.5-2)
dz e
Usamos alei de Fourier para q=, aEq. 1.2-6 parar== e a expressão da entalpia na Eq. 9.8-8 (com a suposição de calor espe-
cífico constante) para obter
na qual a condutividade térmica efetiva na direção z Ker•u foi usada (ver a Eq. 9.6-9). O primeiro, o quarto e o quinto
termos do lado esquerdo podem ser descartados, já que a velocidade não varia com z. O terceiro termo pode ser despreza-
do se a pressão não se altera significativamente na direção axial. Então no segundo termo substituímos v= pela velocidade
superficial v0 por ser esta a velocidade efetiva do fluido no reator. Então a Eq. 10.5-4 transforma-se em
A dT d 2T
pCpvo dz == Kef,zz dz2 + Se (10.5-5)
Essa é a equação diferencial para a temperatura na zona II. A mesma equação aplica-se nas zonas I e III anulando-se o
termo de fonte. As equações diferenciais para a temperatura conseqüentemente são:
·' dT1 d2T1
Zona I (z < 0) pCpvo dz == Kef,zz dz2 (10.5-6)
A dJlf d2Tll
Zona II (0 < z < L) pCpvo dz == Kef,zz dz 2 + Se1F(0) (10.5-7)
A dTm dzym
Zona III (z > L) pCpvo dz == Kef.zz dz 2 (10.5-8)
Aqui supusemos que podemos empregar o mesmo valor da condutividade térmica efetiva nas três zonas. Essas três equa-
ções diferenciais de segunda ordem estão sujeitas às seguintes seis condições de contorno:
e.e. 1: emz == -oo, yi ==Ti (10.5-9)
e.e. 2: ·emz =O, yI == yll (10.5-10)
dTr dTII
e.e. 3: em z =O, Kef,zz dz == Kef,zz dz (10.5-11)
As Eqs. 10.5-10 a 13 expressam a continuidade da temperatura e do fluxo térmico nos limites entre as zonas. As Eqs. 10.5-
9 e 14 especificam requisitos nas duas extremidades do sistema.
A solução das Eqs. 10.5-6 a 14 é considerada .a"!ui para F( 6>) arbitrário. Em muitos casos de interesse prático, o trans-
porte convectivo de calor é bem mais importante que o transporte condutivo axial. Portanto podemos eliminar completa-
mente os termos condutivos (aqueles que contêm Ker,zz). Esse tratamento do problema ainda contém características rele-
vantes da solução no limite para altos valores de Pé= RePr (ver no Problema lOB-18 uma abordagem mais :ompleta).
Se introduzimos a coordenada axial adimensional Z = z!L e a fonte química de calor adimensional N = S, 1LIpCPvo(T1-T0),
então as Eqs. 10.5.6 a 8 ficam
de1
Zonal (Z<O) dZ =O (10.5-15)
aen
Zona II (O<Z<L) dZ=NF(e) (10.5-16)
dem
Zona III (Z>L) dZ=O (10.5-17)
Zona II
r61
f(~) de = NZ (10.5-22)
Esses resultados são apresentados na Fig. 10.5-2 para uma forma simples para a função de fonte- isto é, F(@) = @-
que é razoável para pequenas variações de temperatura, se a taxa de reação é insensível à concentração.
Nesta seção terminamos por descartar os termos de condução axial. No Problema lOB.18, esses termos não são descar-
tados e a solução mostra erit~o a existência de preaquecimento (ou pré-resfriamento) na região I.
-;;;
e;
·~ 1
É3'
§
h
.§ :::::: e1= 1
"g
É3'
~ti h
~
1
o.. li 0,1
E <D
~
Fig. 10.5-2 Perfis de temperatura em reator de fluxo axial
0,01 de leito fixo calculados para a condição em que a geração
-0,4 -0,2 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 de calor varia linearmente com a temperatura e a difusão
Coordenada axial adirnensional Z = z!L axial é desprezível.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 293
dT
Região 01: -ko1 dx = qo (10.6-5)
dT
Região 12: -k12 dx = % (10.6-6)
dT
Região 23: -kn dx = qo (10.6-7)
Subs-
Substância tância Substância
01 12 23
~.
---- .....
Fluido
1
;l floido
____ Ib
Fig. 10.6-1 Condução de calor através de parede
X1 Xz composta, localizada entre duas correntes de t1uido
Distância, x --... a temperaturas T. e Tb.
294 CAPITULO DEZ
Agora supomos que k01 , k12 e k23 sejam constantes. Assim integramos cada equação por toda espessura de cada uma das
três camadas para obter
Região23: T2-T3=qo ~
(X3 - X2) (10.6-10)
Temos adicionalmente as duas hipóteses sobre o calor transferido nas superfícies de acordo com a lei do resfriamento de
Newton:
Na superfície O: (10.6-11)
Na superfície 3: (10.6-12)
(10.6-13)
ou
(10.6-14)
Algumas vezes @sse resultado é reescrito sob uma forma semelhante à lei de resfriamento de Newton, tanto para o fluxo
térmico q0(Jlm 2·s) como para a taxa de transferência de calor Q 0(J/s):
(10.6-15)
U, o chamado "coeficiente global de transferência de calor", é dado pela seguinte fórmula famosa para a "soma das resis-
tências":
1 1_ + f Xj - Xj-I + 1_ (10.6-16)
U h0 ti kj-l,j h,.
Aqui generaliza..rnos a fórmula para um sistema de n camadas de sólidos. As Eqs. 10.6-15 e 16 são úteis para o cálculo da
taxa de transferência de calor através de uma parede composta separando duas correntes de fluidos quando os coeficientes
de transferência de calor e as condutividades térmicas são conhecidos. A estimativa dos coeficientes de transferência de
calor é discutida no Cap. 14.
No desenvolvimento anterior foi suposto tacitamente que as camadas sólidas são contíguas, "sem espaços de ar" intermedi-
ários. Se as superfícies sólidas se tocam apenas em diversos pontos, a resistência térmica será consideravelmente aumentada.
EXEMPLO 10.6-1
Paredes cilíndricas compostas
Deduza uma fórmula para o coeficiente global de transferência de calor para a tubulação cilíndrica de parede composta
mostrada na Fig. 10.6-2.
SOLUÇÃO
Um balanço de energia em uma casca de volume 2rirLt::..r para a região 01 dá
Região01: q,j, · 27iiL - qrlr+ilr · 2n(r + t::..r)L = O (10.6-17)
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRfBUJÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÕLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMlNAR 295
k1Z
(10.6-20)
na qual r0 é raio interno da região 01, e% é o fluxo térmico nesse local. Nas regiões 12 e 23, rq, é igual a essa mesma
constante. A aplicação da lei de Fourier às três regiões dá
Região 10: dT
-ko1r dr = roqo (10.6-21)
Região 12: dT
-k12r dr = roqo (10.6-22)
Região23: dT
- k23r dr = roqo (10.6-23)
Se supusermos que as condutividades térmicas das três regiões anulares são constantes, então cada uma das três equações
pode ser integrada através de suas regiões para dar
RegiãolO: (10.6-24)
Região23: (10.6-26)
296 CAPÍTULO DEZ
211L(Tª -Tb)
Q0 = 211Lr0q0 = - - - - - - - - - - - - - - - - - - (10.6-29)
.
(_J_
roho
+ln (r /r
ko1
1 0) +ln (r2 /r1) +ln (r3 /r2) +
kr2 k13
_J_)
r3h3
Agora definimos o "coericié1te global de transferência de calor baseado na superfície interna" U0 pela equação
A combinação das duas últimas equações dá, quando generalizadas para um sistema com n camadas anulares,
(10.6-31)
O subscrito "O" em U0 indica que o coeficiente global de transferência de calor está referido ao raio r0 .
\
\
\ ;
\1
\
\
\
Calor que sai
entra por por condução
condução
Temperatura da parede
T•., conhecida
'Para infonnações adicionais sobre alctas vér M. Jakob, Heat Transfer, Vol. I, Wiley, New York (1949), Chapter. 11; and H.D. Baehr and K. Stefan, Heat and Mass
Transfer, Springer, Berlin (1998) Seção 2.2.3.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM EscOAMENTO LAMINAR 297
Uma descrição razoavelmente boa do sistema pode ser obtida aproximando-se a situação real a um modelo simplificado
O balanço de energia é feito s.obre um segmento D.z da barra. Como a barra é estacionária, os termos contendo v no vetor
do fluxo combinado de energia e podem ser descartados, e a única contribuição ao fluxo de energia é q. Portanto o balanço
de energia é
2BWq,j, - 2BWq,lz+M - h(2Wó.z)(T - T0 ) =O (10.7-1)
A divisão por 2BWD.z e passagem ao limite quando D.z tende a zero dá
dq, h
- dz = B(T - T.) (10.7-2)
Agora inserimos a lei de Fourier (q, = -káI'!dz), na qual k é a condutividade térmica do metal. Supondo queké constante
chegamos a:
d2T h
dz2 = kB (T - T0 ) (10.7-3)
Essa equação deve ser resolvida com auxílio das condições de contorno
e.e. 1: emz =O, T= Tw (10.7-4)
e.e. 2: emz = L, dT =O
dz
(10.7-5)
As seguintes quantidades adimensionais são introduzidas
ru. T- Ta d. . al (10.7-6)
o = T _ T = temperatura a imens10n
w a
e= coshN(l - Ç)
(10.7-13)
coshN
2A quantidade N' pode ser reescrita corno N'=(hUk)(UB)=Bi(UB), onde Bié denominado número de Biot, em honra a Jean Baptiste Biot (1774-1862). Professor de
física do College de France, ele recebeu a medalha Rurnford pelo desenvol virnento de um teste simples, não-destrutivo para a determinação da concentração de açúcar.
298 CAPITULO DEZ
Esse resultado é razoável apenas quando a perda de calor pela extremidade e pelos lados é desprezível.
A "eficiência" da aleta é definida por3
taxa real de perda de calor pela aleta
(10.7-14)
'TJ = taxa de perda de calor por aleta isotérmica a Tw
f0
w t h(T - Ta)dzdy _ f ®d~
7] = fow f h(Tw - Ta)dzdy - foi d~
(10.7-15)
ou
1
7) -1- ( --senhN(l-f,)
1 •) 1 =tanh
-- N (10.7-16)
coshN N 0 N
EXEMPLO 10.7-1
Erro nas Medidas com Termopares
Na Fig. 10.7-2 vê-se um termopar em um poço cilíndrico inserido em uma corrente de gás. Estime a temperatura correta
do gás se
T 1 = 500ºF = temperatura indicada pelo termopar
Tw = 350ºF =temperatura da parede
h = 120 Btu/h·ft2·F =coeficiente de transferência de calor
k = 60 Btu/h·ft3 ·F =condutividade térmica da parede do poço
B = 0,08 in = espessura da parede do poço
L = 0,2 ft = comprimento do poço
SOLUÇÃO
A espessura E da parede do poço do termopar está em contato com a corrente de gás por um dos lados apenas, e a espes-
sura é pequena quando comparada ao diâmetro. Portanto a distribuição de temperatura ao longo dessa parede será aproxi-
Fios do termopar
+ -
Parede do tubo a T,.. para o potenciômetro
1 Corrente de
L
Junção do terrnopar
à temperatura T 1
gás a Tª
Parede do poço
de espessura B
3
M. Jakob, Heat Tra11sfer, Vol.I, Wiley, New York (1949), p. 235.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM EsCOAMENTO LAMINAR 299
madamente a mesma que aquela au longo de uma barra de espessura 28, em contato com a corrente gasosa dos dois lados.
De acordo com a Eq. 10.7-13, a temperatura ao final do poço (registrada pelo termopar) satisfaz
T1 -T. coshO
Tw -T. = coshN = cosh'lhL2/kB
1
coshV(U0)(0,2)2/(60)(-ff · 0,08)
1 1
(10.7-17)
cosh(2\/3) 16,0
Portanto a temperatura real do ambiente é obtida da solução dessa equação para T0 :
500 - T0 1
(10.7-18)
350 - Ta = 16,0
e o resultado é
T. = 510ºF (10.7-19)
Assim a leitura é inferior em lOºF à temperatura correta.
Esse exemplo está focado sobre um tipo de erro que pode ocorrer na terrnometria. Freqüentemente análises simples
podem ser utilizadas para a estimativa de erros de medidas. 4
/~Jll\~\Tub~
aquecido
(sem
ventilador)
Calor varrido para a direita pela Calor transportado para cima pelo ar
corrente de ar forçada aquecido que sobe
4Para discussões adicionais ver M. Jakob, Heat Transfer, Vol. II, Wiley, New York (1949), Chapter 33, pp. 147-201.
300 CAPITULO DEZ
As principais diferenças entre esses dois modos de convecção estão indicadas na Fig. 10.8-1. A maioria dos problemas
industriais de transferência de calor é posta usualmente em uma dessas duas categorias limites. Em alguns problemas,
entretanto, os dois efeitos devem ser levados em consideração, e então falamos de convecção mista (ver Seção 14.6 que
apresenta formas empíricas de abordagem dessa situação).
Nesta seção consideramos a convecção forçada em um tubo circular, onde um caso limite é suficientemente simples para
serresolvido analiticamente. 1•2 Um fluido viscoso com propriedades(µ, k, p, êP) que se supõe constantes está em escoamen-
to laminarem um tubo circularderaioR. Paraz <O a temperatura do fluido é uniforme à temperatura de admissão T 1• Para
z >O existe um fluxo térmico constante qr = -% na parede. Tal situação existe, por exemplo, quando o tubo está envol-
vido por uma espiral de aquecimento elétrico, caso em que q0 é positivo. Se o tubo estiver sendo resfriado, q0 é negativo.
Como indicado na Fig. 10.8-1, o primeiro passo para a solução de um problema de convecção forçada é o cálculo do
perfil da velocidade no sistema. Vimos na Seção 2.3 como isso pode ser feito para o escoamento em tubos usando o mé-
todo do balanço em cascas. Sabemos que a distribuição de velocidades assim obtida é vr = 0,v 8 = O, e
Vz = (q}o ~µ~L)R
2
'A. Eagle and R.M. Ferguson, Proc. Roy. Soe. (Londort), A127, 540-566 (1930).
'S. Goldstein, Modem Developments in Fiuid Dynamics, Oxford University Press (1938), Dover Edition (1965), Vol. II, p. 622.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 301
O subscrito z em g, foi omitido, uma vez que o vetor gravidade está atuando na direção de +z.
A seguir usamos as Eqs. 9 .8-6 e 9 .8-8 para escrever a expressão para os componentes r e z do vetor do fluxo combinado
de energia, usando o fato de que o único componente v que difere de zero é o componente axial v ,.
(10.8-9)
(10.8-10)
Substituindo essas expressões para o fluxo na Eq. 10.8-8, e usando o fato de que v, depende apenas der, obtemos após
alguma rearrumação,
2 2
pêpVz aT
az = k[lj_ ar + aaz2TJ + µ,(ªVz)
r ar (r aT) ar + v.[-~ ar (r avz)
- az + µ,lr j_ ar + pg] (10.8-11)
O segundo termo entre colchetes é exatamente zero, como pode ser visto observando-se a Eq. 3.6-4, que representa o com-
ponente z da equação do movimento para o escoamento de Poiseuille em tubo circular (aqui i:!l' = p-pgz). O termo con-
tendo a viscosidade é a dissipação viscosa, que será desprezada nessa discussão. O último termo no primeiro colchete que
corresponde à condução na direção axial será omitido, pois sabemos por experiência que ele é geralmente pequeno em
comparação com a convecção de calor na direção axial. Portanto, a equação que queremos resolver aqui é
Essa equação a derivadas parciais, quando resolvida, descreve a temperatura do fluido em função der e z. As condições de
contorno são
Geralmente tentamos selecionar as grandezas adimensionais de modo a minimizar o número de parâmetros na formulação
final do problema. Nesse problema a escolha de Ç = r/R é uma escolha natural devido à aparência de r/R na equação dife-
302 CAPÍTULO DEZ
rencial. A escolha da temperatura adimensional é sugerida pelas segunda e terceira condições de contorno. Tendo especi-
ficado essas duas variáveis adimensionais, a escolha da coordenada axial adimensional decorre naturalmente da equação.
Resulta o seguinte problema em sua forma adimensional
(10.8-19)
A equação diferencial parcial da Eq. 10.8-19 foi resolvida para essas condições de contorno,3 mas nesta seção não dare-
mos a solução completa.
É instrutivo, entretanto, obter a solução assintótica da Eq. 10.8-19 para altos valores de C. Depois que o fluido está
suficientemente distante a jusante do início da seção de aquecimento, podemos esperar que o fluxo constante de calor
através da parede resulte no aumento linear em Cda temperatura do fluido. Esperamos ainda que a forma do perfil da
temperatura como função de t;não sofra alterações adicionais à medida que Ccresce (ver a Fig. 10.8-3). Portanto, uma
solução da seguinte forma parece ser razoável para altos C:
(10.8-23)
em que C0 é uma constante a ser determinada a seguir.
z=O
Região de
----
T1
LI Parede do tubo
zpequeno
3
R. Siegel, E.M. Sparrow, and T.M. Hallman, Appl. Sei. Research, A7, 38ó-392 (1958). Vero Exemplo 12.2-1 para a solução completa e o Exemplo 12.2-2 para a solução
assintótica para pequenos ~-
BALANÇOS DE ENERGIA Ei'vl CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM EscoAMENTO LAt'v!INAR 303
A função na Eq. 10.8-23 não é, claramente, a solução completa do problema; ela permite que a equação diferencial
parcial e as condições de contorno 1 e 2 sejam satisfeitas, mas não satisfaz a condição 3. Portanto a trocamos por uma
condição integral (ver Fig. 10.8-4),
Condição 4: (10.8-24)
(10.8-25)
Essa condição declara que a energia que entra através da parede por uma distância ( é a mesma que a diferença entre a
energia que sai através da seção transversal em (e a que entra em (=O.
A substituição da função propostadaEq. 10.8-23 naEq. 10.8-19 conduz à seguinte equação para '1' (ver a Eq. C.1-11):
L:f_
ç dÇ
(t d'Y)
dÇ
= eo(1 - ç2) (10.8-26)
Essa equação pode ser integrada duas vezes em relação age o resultado é substituído na Eq. 10.8-23 para dar
(10.8-27)
e.e. 1: C1 O (10.8-28)
e.e. 2: C0 = 4 (10.8-29)
Condição 4: C2 = -;4 (10.8-30)
A substituição desses valores na Eq. 10.8-27 dá
j e(ç, () = 4ç + e- ~e - ~ 1 (10.8-31)
Esse resultado fornece a temperatura adimensional como função das coordenadas adimensionais radial e axial. É exato no
limite quando ( ~ co; para ( > 0,1, prevê-se a temperatura local® dentro de 2% de erro.
Uma vez que a distribuição de temperatura é conhecida podemos obter várias grandezas relacionadas. Existem dois
tipos de temperaturas médias cornamente usadas em associação com o escoamento de fluidos com p e êP constantes:
o o
(10.8-33)
304 CAPlTuLO DEZ
Ambas as médias são funções dez. A quantidade <T> é média aritmética das temperaturas sobre uma seção trans,ren:,,r
z. A temperatura de mistura (bulk) Tb é a temperatura que seria obtida se o tubo fosse cortado na posição z e o fluido fosse
coletado em um recipiente e misturado completamente. Essa temperatura média é às vezes denominada ··rem11er:~tura <ie
mistura em copo" ou "temperatura média de escoamento".
Agora vamos avaliar a "força motriz" da transferência de calor local, T0 -T1µ que é a diferença entre a temperatura da
parede e a temperatura de mistura a uma distância z no tubo:
Aqui D é o diâmetro do tubo, Re é o número de Reynolds usado na Parte I, e Pr e Pé são os números de Prandtl e de Péclet
introduzidos no Cap. 9. No Cap. 11 verificaremos que os números de Reynolds e de Prandtl podem ser esperados quando
são analisados problemas de convecção. Esse ponto será reforçado no Cap. 14 em relação às correlações para coeficientes
de transferência de calor.
Distribuição de
velocidade v,(y)
Fig. 10.9-1 Convecção natural laminar entre duas placas verticais a duas
temperaturas diferentes. A velocidade é uma função cúbica da coordenada y.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DrsTRJBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LMUNAR 305
Um balanço de energia pode ser feito em uma fina camada com espessura 6.y, usando o componente y do fluxo de
energia e dado pela Eq. 9.8-6. O termo contendo a energia cinética e a entalpia pode ser desconsiderado pois o componen-
te y do vetor v é zero. O componente y do termo ['r·V] é r1,v, = -µ,(dv/dy)v,, que leva à contribuição do aquecimento
viscoso discutido na Seção 10.4. Entretanto, nos escoamentos muito lentos encontrados na convecção natural, esse termo
é extremamente pequeno e pode ser desprezado. O balanço de energia então conduz à equação
- dqy
dy
=o ou (10.9-1)
1 T= T-~&T~ 1
(10.9-4)
em que 6.T = T2 - T1 é a diferença entre as temperaturas das paredes, e f = t (T1 + T2) é a temperatura média aritmética.
Fazendo o balanço de momento sobre a mesma camada de espessura 6.y, chega-se à equação diferencial para a distri-
buição de velocidade
d2vz dp
µ,-=-+P.º
2 0
(10.9-5)
dy dz
Aqui a viscosidade foi suposta constante (ver o Problema 10.B 11 para uma solução de problema com viscosidade depen-
dente da temperatura).
O fenômeno da convecção natural resulta do fato de que, quando o fluido é aquecido, sua densidade (usualmente) de-
cresce e o fluido sobe. A descrição matemática do sistema deve levar em consideração essa caracteristica essencial do
fenômeno. Como a diferença de temperatura 6.T = T2 - T1 é considerada pequena nesse problema, podemos esperar que
a variação da densidade no sistema também seja pequena. Isso sugere que devêssemos expandir p em uma série de Taylor
em tomo da temperatura média f = 112 (T1+Ti), assim:
p = PI T=T + dp 1 - (T - D + ...
dT T=T
~ ~ (~i)p
= = (l)p) (ª(~:))p = -t u~1 (10.9-7)
Agora introduzimos a equação de estado base "Taylor" na equação do movimento na Eq. 10.9-5 para obter
d 211z dp _ _ - -
µ , - = - + w-pg~(T-T)
0
(10.9-8)
dy2 dz
Essa equação descreve o balanço entre as forças viscosas, a força de pressão, a força gravitacional e a força de empuxo
-pgfi (T - T) (todas elas por unidade de volume). Agora substituúnos a distribuição de temperatura dada pela Eq. 10.9-
4 para obter a equação diferencial
d2v,
µ, dj = (dp - ) y
dZ + pg + 'i.Pg~b.T B
i- -
(10.9-9)
A solução é
Agora impomos a restrição de que a vazão mássica total na direção z seja nula, isto é,
A substituição de v= dada pela Eq. 10.9-12 e de p das Eqs. 10.9-6 e 4 nessa integral conduz à conclusão de que
dp -
dz = -pg (10.9-14)
quando os termos contendo o quadrado da quantidade pequena flT são desprezados. A Eq. 10.9-14 declara que o gradiente
da pressão no sistema deve-se exclusivamente ao peso do fluido, e a distribuição usual de pressão hidrostática prevalece.
Portanto o segundo termo do lado direito da Eq. 10.9-12 anula-se e a expressão final para a distribuição de velocidade é
= GJg°iJ!lDB
2[(y_)3 _(y_)]
Vz 12µ B B (10.9-15)
\pg-;36.DB2
(vz) = 48µ (10.9-16)
O movimento do fluido é, portanto, conseqüência do termo de força de empuxo presente na Eq. 10.9-8, associado ao gra-
diente de temperatura no sistema. A distribuição de velocidade dada pela Eq. 10.9-15 está representada na Fig. 10.9-1.
Esse tipo de distribuição de velocidade ocorre no espaço de ar entre as placas de vidro de janelas de vidro duplo ou em
paredes duplas d~ edifícios. Esse tipo de escoamento ocorre também na operação de colunas de Clusius-Dickel usadas
para a separação de isótopos ou de soluções líquidas de substâncias orgânicas pelo efeito combinado da difusão térmica e
da convecção natural. 1
A distribuição de velocidade na Eq. 10.9-15 pode ser reescrita usando uma velocidade adimensional vz = Bvzpfµe
uma coordenada adirnensional y = y/B na forma:
Vz =f2Grcy3 -y) (10.9-17)
Aqui Gr é o número de Grashof2, adirnensional, definido por
em que llp = p 1 - p 2• A segunda forma do número de Grashof é obtida da primeira pelo emprego da Eq. 10.9-6. O número
de Grashof é o grupo característico que ocorre nas análises da convecção natural, como é demonstrado pela análise
dimensional no Cap. 11. Ele aparece nas correlações do coeficiente de transferência de calor do Cap. 14.
'Difusão ténnica é a difusão resultante de um gradiente de temperatura. Uma discussão lúcida da coluna de Clusius-Dickel é apresentada em K.E. Grew and T.L. fobs,
Thermal Diffusion in Gases, Cambridge University Press (1952), pp. 94-106.
2
Em homenagem a Franz Grashof (1826-1893). Ele foi professor de mecânica aplicada em Karlsruhe e um dos fundadores do Verein Deutscher Ingenieure em 1856.
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE 'TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 307
4. Quais podem ser algumas conseqüências de grandes gradientes de temperatura gerados pelo aquecimento viscoso na
viscometria, na lubrificação e na extrusão de plásticos?
5. Haveria alguma vantagem em escolher a temperatura adimensional ® = (T - T 1)/T1 e a coordenada adimensional
axial?= z/R na Seção 10.8?
6. O que aconteceria na Seção 9 .9 se o fluido fosse a água e T fosse 4ºC?
7. Há alguma vantagem na solução da Eq. 9.7-9 em termos das funções hiperbólicas em vez das exponenciais?
8. Na passagem daEq. 10.8-11paraaEq.10.8-12 o termo de condução axial foi desprezado face ao termo de convecção
axial. Para justificar isso use alguns valores numéricos para estimar os tamanhos relativos dos termos.
9. Quão grave é desprezar a dependência da viscosidade da temperatura na solução de problemas de convecção forçada?
E em problemas de dissipação viscosa?
10. No regime permanente o perfil de temperatura em um sistema laminado apresenta-se como a seguir. Que material
possui a maior condutividade térmica?
Material I Material II
Distância __,..
11. Mostre que a Eq. 10.6-4 pode ser obtida diretamente reescrevendo-se a Eq. 10.6-1 com x+ .1.x no lugar de x0 • Similar-
mente, obtém-se a Eq. 10.6-20 da Eq. 10.6-17 pela troca de r+ .1r por r0 •
PROBLEMAS
lOA.1 Perda de calor de um tubo isolado. Um tubo de aço padrão, catálogo 40, de 2 in (diâmetro interno 2,067 in e espessura
de parede 0,154 in) transportando vapor está isolado com 2 in de magnésia 85%, coberta por 2 in de cortiça. Estime a
perda de calor por hora, por pé de tubo, se a superfície interna do tubo está a 250ºF e a superfície externa da cortiça está
a 90ºF. As condutividades térmicas (em Btu/h·ft·F) dos materiais são: aço, 26,1; magnésia 85%, 0,04; cortiça, 0,03.
Resposta: 24 Btu/h·ft
lOA.2 Perda de calor de aleta retangular. Calcule a perda de calor de urna aleta retangular (ver a Fig. 10.7-1) para as
seguintes condições:
Temperatura do ar 350ºF
Temperatura da parede 500ºF
Condutividade térmica da aleta 60 Btu/h·ft·F
Condutividade térmica do ar 0,0022 Btu/h·ft·F
Coeficiente de transferência de calor 120 Btu/h·ft2·F
Comprimento da aleta 0,2ft
Largura da aleta 1,0 ft
Espessura da aleta 0,16 in
Resposta: 2.074 Btu/h
lOA.3 Temperatura máxima de lubrificante. Um óleo atua corno lubrificante para um par de superfícies cilíndricas
como se vê na Fig. 10.4-1. A velocidade angular do cilindro externo é 7908 rpm. O cilindro externo tem um raio de
5 ,06 cm e a distância entre os cilindros é de 0,027 cm. Qual é a temperatura máxima no óleo se as temperaturas das
duas superfícies é 158ºF? As propriedades físicas do óleo são admitidas constantes com os valores:
Viscosidade 92,3 cp
Densidade 1,22 g/cm3
Condutividade térmica 0,0055 cal/s·cm·C
Resposta: 174ºF
308 CAPÍTULO DEZ
lOA.4 Capacidade de transporte de corrente de um fio. Um fio de cobre de 0,040 in de diâmetro está isolado unifor-
memente com plástico a um diâmetro externo de 0,12 in e está exposto a um ambiente a lOOºF. O coeficiente de
transferência de calor da superfície externa do plásüco é 1,5 Btu/h·ft2·F. Qual a corrente permanente, em amperes,
que o fio pode transportar sem aquecer qualquer porção do plástico acima de sua temperatura limite de operação
de 200ºF. As condutividades térmica e elétrica podem ser supostas como constantes com os seguintes valores:
O painel de plástico
tem condutividade
térmica k = 0,075
Bru/h·ft·ºF (valor
médio entre T, e T2 )
lOA.7 Aquecimento viscoso em caneta esferográfica. Você deve decidir se o decréscimo da viscosidade nas tintas de canetas
esferográficas durante a escrita se deve ao efeito de "afinamento ao cisalharnento" (redução da viscosidade devida a
efeitos não-newtonianos)ou ao "afinamento à temperatura" (decréscimo da viscosidade devido ao aumento da tempe-
ratura causado pelo aquecimento viscoso). Se o aumento da temperatura for inferior a lK, então o afinamento à tem-
peratura não seria in1portante. Estime o aumento da temperatura usando a Eq. 10.4-9 e os seguintes dados estin1ados:
Espaço entre a esfera e a cavidade sx10- 5 in
Diâmetro da bola lmm
Viscosidade da tinta 104 cp
Velocidade da escrita 100 in/min
Condutividade térmica da tinta (estimada) 5X 10-4 cal/s·cm·C
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM EsCOAi'v!ENTO LAMINAR 309
(c) Do perfil de temperatura obtenha uma expressão para o fluxo térmico na superfície. Iguale esse resultado ao
fluxo térmico expresso pela "lei do resfriamento de Newton" e mostre que um coeficiente adimensional de trans-
ferência de calor (conhecido como número de Nusselt) é dado por
Nu=hD =2 (lOB.1-1)
k
em que D é o diâmetro da esfera. Esse resultado bem conhecido provê o valor limite do Nu para a transferência de
calor de esferas a baixos números de Reynolds e Grashof (ver Seção 14.4).
(d) Sob que sentido os números de Biot e de Nusselt diferem?
lOB.2 Aquecimento viscoso em escoamento em uma fenda. Determine o perfil da temperatura para o problema do aquecimen-
to viscoso da Fig. 10.4-2, quando são dadas as seguintes condições de contorno: emx =O, T = T0; emx = b, qx =O.
Resposta::~/~= W-H~Y
IOB.3 Condução de calor em um tarugo de combustível nuclear (Fig. lOB.3). Considere um tarugo de combustível
nuclear na forma de um cilindro longo, circundado por uma camada anular de alumínio. Dentro do tarugo calor é
produzido por fissão; esse calor depende da posição aproximadamente como
(lOB.3-1)
Aqui Sno e b são constantes conhecidas, e ré a coordenada radial medida desde o eixo do cilindro. Calcule a tem-
peratura máxima no tarugo de combustível se a temperatura da superfície externa do alumínio está em contato com
um líquido refrigerante à temperatura Ti. O coeficiente de transferência de calor na superfície de contato alumínio-
refrigerante é hr,, e as condutividades térmicas do combustível e alumínio são kF e k,.
Resposta: TF,máx - TL =
Sn(}R} (
4k; b) SnoR} (
1 + 4 + 2kc 1 + 2
b)( Rd<t
kc Rc)
+ ln R;;
310 CAPÍTULO DEZ
lOB.5 Geração térmica viscosa em polímero fundido. Reformule o problema discutido na Seção 10.4 para um
polímero fundido, cuja viscosidade pode ser adequadamente descrita por um modelo de lei da potência (ver o
Cap. 8). Mostre que a distribuição de temperatura é a mesma que na Eq. 10.4-9 mas com o número de Brinkman
dado por
Br -[ mvg+1 TI (lOB.5-1)
11
- b"- 1k(Tb-T0 )ll
lOB.6 Espessura de isolante para parede de fornalha (Fig. lOB.6). Uma parede de fornalha consiste em três camadas:
(i) uma camada de tijolo refratário ou resistente ao calor, (ii) uma camada de tijolo isolante, e (iii) uma placa de aço
com espessura de 0,25 in, para proteção mecânica. Calcule a espessura de cada camada de tijolo para a espessura
total mínima se a perda de calor através da parede deve ser 5.000 Btu/ft2·h, supondo que as camadas têm contato
térmico excelente. A seguinte informação está disponível:
100ºF
lOB.7 Convecção forçada no escoamento entre placas paralelas (Fig. lOB.7). Um fluido viscoso com propriedades
físicas independentes da temperatura está em escoamento laminar plenamente desenvolvido entre duas superfícies
planas separadas pela distância 28. Para z <O, a temperatura do fluido é uniforme a T = T1• Para z >O, calor é
adicionado a um fluxo constante q0 em ambas as paredes. Determine a distribuição de temperatura T(x, z) para
altos valores dez.
(a) Faça um balanço de energia para obter a equação diferencial para T(x, z). Então descarte o termo de dissipação
viscosa e o termo de condução axial.
(b) Reformule o problema em termos das quantidades adimensionais
X
u=- (lOB.7-1, 2, 3)
B
"O
~
fi
ül ---z=O
Escoamento
plenamente
desenvolvido entre
placas em z = O;
temperatura de
t Direção do
escoamento
Fig. 10B.7 Escoamento laminar, incompressível entre placas
entradaéT1 paralelas, ambas aquecidas por um fluxo térmico uniforme iniciando
X=-B x=+B emz =O.
lOB.8 Aquecimento elétrico de um tubo (Fig. lOB.8). Na manufatura de tubos de aços revestidos com vidro, é uma
prática comum primeiro aquecer o tubo até a faixa de fusão do vidro e então proporcionar o contato da superfície
do tubo quente com os grãos de vidro. Esses grãos se fundem e molham a superfície do tubo para formar uma
camada não-porosa e fortemente aderente ao tubo. Em um dos métodos de preaquecimento do tubo uma corrente
elétrica passa ao longo do tubo resultando no seu aquecimento (corno na Seção 10.2). Para solução desse problema
faça as seguintes suposições:
(i) A condutividade elétrica do tubo k, é constante na faixa de temperatura de interesse. A taxa local de geração
de calor pela energia elétrica S, é uniforme por todo o tubo.
(ii) O topo e o fundo do tubo estão fechados de modo que a perda de calor por eles é desprezível.
(iii) A perda de calor através da superfície externa é dada pela lei do resfriamento de Newton: q, = h(T1 - T.).
Aqui h é o coeficiente de transferência de calor.
Qual a potência elétrica necessária para manter a superfície interna do tubo a uma temperatura desejada Tk para
k,T., h e dimensões do tubo conhecidas?
'iTR2 (1 - K
2
)L(Tk - Ta)
Resposta: P = -------------
(1 - K2)R - (KR)2
2/i 4k
[(1 -1,)- K-
2 ln KJ
lOB.9 Transferência de calor por convecção forçada no escoamento empistonado. Pastas e suspensões muito gros-
sas algumas vezes movem-se em canais quase como se fossem um pistão sólido. Podemos então aproximar a ve-
-locidade pelo valor constante v 0 em toda a seção do escoamento.
(a) Reformule o problema da Seção 10.8 para o escoamento empistonado em um tubo circular de raio R. Mostre
que a distribuição de temperatura análoga à Eq. 10.8-31 é
®(Ç, Ç) = 2Ç +W- i (lOB.9-1)
em que(, = kz/pêPvoR 2 e® e Çsão definidos como na Seção 10.8.
(h) Mostre que para o escoamento empistonado entre placas com abertura 2B, a distribuição de temperatura aná-
loga à Eq. lOB.7-4 é
®(Ç, Ç) = Ç + 4u 2 - ~ (lOB.9-2)
em que (,=kz/pêpvr/3 2 e® e a estão definidos como no Problema lOB.7.
10.BlO Convecção natural em região anular de altura finita (Fig. lOB.10). Um fluido está contido numa região anular
vertical fechada no topo e no fundo. A parte interna de raio KR é mantida à temperatura TK, e a parede externa de
raio Ré mantida a T 1• Usando as suposições e procedimento da Seção 10.9, obtenha a distribuição de velocidades
produzida pela convecção natural.
(a) Primeiramente deduza a distribuição de temperatura
T1 -T =~ (lOB.10-1)
ln K
em que Ç= r/R.
(b) Então mostre que a equação do movimento é
I~(ç~?)=A+BlnÇ (lOB.10-2)
(c) Integre a equação do movimento (ver Eq. C.1-11) e aplique as condições de contorno para avaliar as constantes
de integração. Mostre então que A pode ser avaliado pela condição de vazão total nula a qualquer plano z constan-
te, com o resultado final
(lOB.10-3)
T=T,em r=KR
lOB.11 Convecção natural com viscosidade dependente da temperatura. Reelabore o problema da Seção 10.9, consi-
derando a variação da viscosidade com a temperatura. Suponha que a "fluidez" (inverso da viscosidade) é dada
pela seguinte função da temperatura
1 1 - -
µ = ~ (1 + {:l1.(T - Dl (108.11-1)
Use as quantidades adimensionais y, vz e Gr definidos na Seção 10.9 (mas com p,no lugar deµ,) e adicionalmente
p= pB3 (~ + pg) (108.11-2, 3)
µ} dz
e mostre que a equação diferencial para a distribuição de velocidade é
d (l-bµf;dy
dff
1 dvz) =P+2Gry 1 ,
(108.11-4)
Siga o procedimento na Seção 10.9, descarte os termos contendo a segunda e potências mais altas de b,.. Mostre
que isso conduz a P = JÕ- Gr br + :fs Gr b,. e finalmente:
Vz = ~ Gr[(i{ - y) - fõb,.(y2- l)(5f12- 1)] (108.11-5)
Esboce o resultado para mostrar como o perfil da velocidade fica assimétrico devido à dependência da viscosidade
na temperatura.
10B.12Condução de calor com condutividade térmica dependente da temperatura (Fig. lOB.12). As superfícies cur-
vas e as superfícies ao final (ambas sombreadas na figura) do sólido da forma de uma casca semicilíndrica estão
isoladas. A superfície e= O, de área (r1 -r1)/L, é mantida à temperatura T0 e a superfície em e=
'TT, também de
mesma área, é mantida à temperatura T.,,..
A condutividade térmica do sólido varia linearmente com a temperatura de k0 a T = T0 até k,,. a T = T,r
(a) Determine a distribuição permanente de temperatura. ·
(b) Determine a taxa de transferência de calor através da superfície em O. e=
-z=O
10B.13Reator com fonte térmica função exponencial da temperatura. Formule a função F( 19) da Eq. 10.5-7 para uma
reação de ordem zero com dependência da temperatura dada por
S, = Ke-EIRT (lOB.13-1)
em que K e E são constantes, e R é a constante dos gases. Introduza F( 19) nas Eqs. 10.5-15 até 20 e resolva para o
perfil adimensional de temperatura com a condução axial k•. ,1 desprezada.
10B.14Perdas por evaporação e n tanque de oxigênio.
(a) Gases liquefeitos são às vezes armazenados em recipientes esféricos, bem isolados, com alívio para a atmosfera.
Desenvolva uma expressão para a caxa de transferência de calor em regime permanente através das paredes desses
recipientes, com raios das superfícies interna e externa iguais a r0 e r 1 respectivamente, e as temperaturas correspon-
dentes são T 0 e T 1• A condutividade térmica do isolante varia linearmente com a temperatura de k0 a T 0 até k 1 a T 1•
(b) Estime a taxa de evaporação do oxigênio líquido de um recipiente esférico com diâmetro interno de 6 ft recoberto
com uma jaqueta de 1 ft de espessura com partículas isolantes, sob vácuo. As informações seguintes estão disponíveis:
314 CAPÍTULO DEZ
lOB.15 Gradiente radial de temperatura em reator químico anular. Uma reação catalítica está se processando, à pres-
são constante, em um reator recheado entre cilindros coaxiais com paredes de raio interno r0 e raio externo r t· Essa
configuração ocorre quando as temperaturas são medidas com um poço termométrico central, e adicionalmente é
útil para o controle do gradiente de temperatura se o ânulo usado é estreito. Toda a parede interna está à tempera-
tura T0 , e é admissível supor que não haja transferência de calor através dessa parede. A reação libera calor à taxa
volumétrica Se uniforme por todo o reator. A condutividade térmica efetiva do conteúdo do reator deve ser consi-
derada constante.
(a) Por um balanço de energia deduza uma equação diferencial de segunda ordem para o perfil de temperatura, supondo
que os gradientes de temperatura axiais podem ser desprezados. Que condições de contorno devem ser usadas?
(b) Reescreva a equação diferencial e as condições de contorno em termos da coordenada radial adimensional e
temperatura adimensional definidas como
(lOB.15-1)
10B.17Escoamento não-newtoniano com transferência de calor por convecção forçada.1 Para estimar o efeito da vis·
cosidade não-newtoniana na transferência de calor em dutos, o modelo da potência do Cap. 8 descreve muito bem
os desvios da forma parabólica dos perfis de velocidade.
(a) Refaça o problema da Seção 10.8 (transferência de calor em tubo circular) para o modelo de lei da potência
dado pelas Eqs.8.3-2, 3. Mostre que o perfil da temperatura final é
E> - 2(s + 3) + (s + 3) 1;2 - 2 s+3 - (s + 3)3 - 8 (lOB.17-1)
- (s + 1) Ç 2(s + 1) ~ (s + l)(s + 3) Ç 4(s + l)(s + 3)(s + 5)
na qual s = l/n.
(b) Refaça o Problema IOB.7 (transferência de calor entre placas paralelas) para o modelo de lei da potência. Obtenha
o perfil adimensional de temperatura:
10
o;;
e ~
·~ 1
h
El ::::::
~ ~
~ t:,1 1,0
t
p. li
E ©
~
(b) Mostre que, no limite quando B tende a infinito, a solução anterior concorda com a das Eqs. 10.5-21, 22 e 23.
(e) Façacomparaç.ões numéricas dos resultados nas Eqs. 10.5-22 e na Fig. lOB.18 paraN = 2 emZ = 0,0; 0,5; 0,9; e
1,0.
(d) Supondo a aplicabilidade da Eq. 9.6-9, mostre que os resultados na Fig. lOB.18 correspondem a um leito ca-
talítico de comprimento L de 4 diâmetros de partículas. Como a razão LIDP dificilmente é inferior a 100 em reato-
res industriais, segue que desprezar K.r.zz é uma suposição razoável para cálculos de regime permanente.
lOC.l Aquecimento de .fio elétrico com condutividades térmica e elétrica em função da temperatura.3 Determine a
distribuição de temperatura em um fio eletricamente aquecido quando as condutividades térmica e elétrica variam
com a temperatura como segue:
k,
k:i = 1 - 2
/310 - /320 + ... (lOC.1-2)
em que k0 e ke0 são os valores das condutividades à temperatura T0 e ® = (T - T0 )/T0 é o aumento adimensional da
temperatura. Os coeficientes a; e {3; são constantes. Essas expansões em série são úteis sobre faixas moderadas de
temperaturas.
(a) Devido ao gradiente de temperatura no fio, a condutividade elétrica é função da posição, k.(r). Portanto a den-
sidade de corrente é também função der: l(r) = k.(r)·(E/L), e a geração elétrica de calor é também função da po-
sição: S.(r) = k.(r)-(E/L) 2 • Essa equação para a distribuição de temperatura é
Introduza agora as quantidades adimensionais g= r/R e B = k.oR E2/koLT0 e mostre que a Eq. lOC.1-3 transforma-
2
se em
1 (k d0)
d
-g"dg kogdf =
k,
B k,o (lOC.1-4)
Quando as expressões das séries de potências para as condutividades são substituídas nessa equação obtemos
(lOC.1-5)
(lOC.1-6)
(lOC.1-7)
Essa é a Eq. 10.2-13 em notação adimensional.
Note que a Eq. lOC.1-5 tem a solução da Eq. lOC.1-7 para pequenos valores de B - isto é, para a fonte térmica
fraca. Para fontes mais fortes, admite-se que a distribuição de temperatura possa ser expressa por uma série de
potências na força da fonte térmica adimensional B:
(lOC.1-8)
Nesta®" são funções de Çmas não deB. Substitua aEq.lOC.l-8 naEq. lOC.1-5, e iguale os coeficientes de mesma
potência de B para obter um conjunto de equações diferenciais ordinárias para®" com n =1, 2, 3, .... Estas podem
ser resolvidas com as condições de contorno®"= finito em Ç =O e®"= O em Ç = 1. Com isso obtemos
(lOC.1-9)
3
A solução apresentada aqui foi sugerida por LJ.F. Broer (comunicação pessoal, 20 August/1958).
BALANÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM Só LIDOS E EM EsCOAMENTO LAJv!INAR 317
l=~ (lOC.1-10)
k,T
Combine esta com as Eqs. lOC.1-1 e 2 para obter
(lOC.2-1)
(lOC.2-2)
em que a; e {3; são constantes, cp = 11 µ, é a fluidez, e o subscrito "O" significa "avaliado a T = T0". A temperatura
adimensional é definida por 0 = (T - T0)/T0 •
(a) Mostre que as equações diferenciais que descrevem o escoamento e a condução de calor podem ser escritas sob
as formas
~(~~:)=o (lOC.2-3)
2 2 2
dÇ (<1 + a 1 0 + a 2 0 + · · ·) d<9)
li__ dÇ + BrC1 (1 + (3 1 0 + (3 2 0 + · · ·) = O (lOC.2-5)
(lOC.2-8)
(c) Repi~a o problema alterando a condição de contorno em y = b para q" = O(em vez da especificação da tempe-
ratura.4
Resposta: (b) ef> = Ç - i:?Br(31(Ç - 3( + 2Ç3) + · · ·
0 = iBr(Ç - () - ãBr2a1(f2 - 2ç3 + f) - -d:iBr2(3i(Ç - 2( + 2Ç3 - f) + · · ·
(e) ef> = Ç - tBrf3 1 (2Ç - 3ç2 + ç3) + · · ·
0 = Br(Ç - if2) - ~Br2a1(4( - 4ç3 + f) + -d:iBr2/31 (-8Ç + 8Ç2 - 4Ç3 + f) + · · ·
'R.M. Turían and R.B. Bird, Chem. Eng. Sei, 18, 689-696 (1963).
318 CAPÍTULO DEZ
lOC.3 Aquecimento viscoso em viscosímetro de cone e placa.5 NaEq. 2B.ll-3 há uma expressão para o torque '!! ne-
cessário para manter a velocidade angular D em um viscosímetro de cone e placa, com ângulo 1Jt0 (ver a Fig. 2B-
ll). Deseja-se obter um fator de correção para compensar a alteração do torque causado pela mudança da viscosi-
dade resultante do aquecimento viscoso. Esse efeito pode ser um distúrbio nas medidas de viscosidade, responsá-
vel por erros de até 20%.
(a) Adapte o resultado do Problema lOC.2 para o sistema de cone e placa como foi feito no Problema 2B.ll(a). A
condição de contorno de fluxo térmico nulo na superfície do cone parece ser mais realista que a suposição de que
as temperaturas do cone e da placa sejam as mesmas, já que a placa é termostatada, enquanto o cone não.
(b) Mostre que isso conduz à seguinte modificação da Eq. 2B.11-3:
(lOC.3-1)
onde Br = /.LQÜ 1R1/k0T0 é o número de Brinkinan. O símbolo µ, 0 representa a viscosidade à temperatura T0•
IOD.1 Perda de calor de uma aleta circular (Fig. lOD.l).
(a) Obtenha o perfil de temperatura T(r) para a aleta circular de espessura 2B em um tubo com temperatura da
superfície externa T0 • Faça as suposições que foram feitas no estudo da aleta retangular na Seção 10.7.
(b) Deduza urna expressão para a perda total de calor.
lOD.2 Escoamento em dutos com fluxo térmico na parede constante e distribuição arbitrária de velocidade.
(a) Refaça o problema da Seção 10.8 para um escoamento plenamente desenvolvido, axissimétrico, com distribui-
ção de velocidade v/v,.mru = cp(?;), onde~= r/R. Verifique que a distribuição de temperatura é dada por
t; I(g) -
8 = C0 C+ C0
Jo -=-ç dÇ + C ln Ç + C
1 2 (lOD.2-1)
na qual
1
Mostre que C 1= O e C0 = [l(l)r • Mostre então que a outra constante é
(10D.2-3)
Verifique que as equações anteriores conduzem às Eqs. 10.8-27 a 30 quando o perfil de velocidade é parabólico.
Esses resultados podem ser usados para o cálculo do perfil de temperatura para o escoamento plenamente de-
senvolvido em tubos para qualquer tipo de material, desde que uma estimativa razoável possa ser feita para adis-
tribuição de velocidade. Como casos especiais, podemos obter resultados para escoamentos newtonianos,
empistonados, não-newtonianos e com algumas modificações, até para escoamentos turbulentos (ver Seção 13.4). 6
'R.M. Turian, Clzem. Eng. Sei., 20, 771-781 (1965); a correção do aquecimento viscoso para fluidos não-newtonianos é discutida nesta publicação (ver também R.B.
Bird, R.C. Arrnstrong, and O. Hassager, Dynamics ofPolymeric Liquids, Vol. l, 2nd ed., Wiley-Interscience, New York (1987), pp. 223-227.
6
R.N. Lyon, Chem. Engr. Prog., 47, 75-79 (1951); note que a definição de </i(Ç) usada aqui é diferente daquela das Tabelas 14.2-1e2.
BALl\NÇOS DE ENERGIA EM CASCAS E DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM SÓLIDOS E EM EscoAMENTO LAMfNAR 319
qJJ 2
(lOD.2-5)
k(To - T0) = 00 - 0;,
e que, para escoamento laminar de fluido newtoniano, essa quantidade é de H.
{d) Qual a interpretação física de J(l)?
11.l A EQVAÇÃO DA ENERGlA 11.4 Uso DAS EQVAÇÕES DE BALANÇO PARA RESOLVER
11.2 foRMAS ESPECIArS DA ~~ÇÃ9 DA ENERGIA PROBLEMAS EM REGlME PERMANENTE
11.3 A EQVAÇÃO DE BOUSSINESQDO MOVIMENTO 11.5 ANÃUSE DIMENSIONAL DAS EQVAÇÕES DE
PARA CONVECÇÃO FORÇADA E NATURAL BALANÇO PARA SISTHAAS NÃO-ISOTÉRMlCOS
No Cap. 10, introduzimos o balanço de energia em cascas para a solução de problemas relativamente simples de transferência
de calor em regime permanente. Obtivemos perfis de temperaturas, assim com algumas propriedades derivadas com a
temperatura média e fluxos de energia. Neste capítulo, generalizamos os balanços de energia em cascas para obter a equação
da energia, uma equação diferencial parcial que descreve o transporte de energia em fluidos ou sólidos homogêneos.
Este capítulo é também relacionado, de perto, ao Cap. 3, onde introduzimos a equação da continuidade (conservação da
massa) e a equação do movimento (conservação de momento). A adição da equação da energia (conservação de energia)
nos permite estender nossa capacidade de solução de problemas a sistemas não-isotérmicos.
Começamos na Seção 11. l deduzindo a equâção de balanço da energia total. Como no Cap. 10, usamos o vetor combinado
de fluxo de energia e na aplicação da lei de conservação de energia. Na Seção 11.2 subtraímos a equação da energia mecânica
(dada na Seção 3.3) ~a equação da energia total para obter uma equação de balanço para a energia interna. Desta última
podemos obter uma equação de balanço para a temperatura, e é essa equação da energia que é a mais comumente empregada.
Embora nosso interesse principal neste capítulo seja com as várias equações de energia mencionadas, achamos útil
discutir na Seção 11.3 uma equação aproximada do movimento por ser conveniente para a solução de problemas envolvendo
a convecção natural.
Na Seção 11.4 resumimos as equações de balanço encontradas até este ponto. Então prosseguimos para ilustrar o uso
dessas equações em urna sérje de .exemplos, nos quais começamos com as equações gerais e descartamos os termos
desnecessários. Dessa manéira temos um procedimento padronizado para formular e resolver problemas.
Finalmente, na Seção 11.5 estendemos a discussão da análise dimensional da Seção 3.7 e mostramos como grupos
adimensionais adicionais aparecem em problemas de transferência de calor.
'R. 1. Silbey and R. A. Alberty, Physical Chemistry, Wiley, New York, 3 edition (2001), §2.3.
As EQUAÇÕES DE ~ALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 321
-l
Podemos resumir o parágrafo precedente escrevendo a conservação da energia em palavras como segue:
~~~::rº.
da energia
interna e
cinética
} {~~~~~q~!%~;gi~}
= cmet1ca e mterna
por transporte
convectivo
+
{~~~i~q~!dcªaf:r} +
por transporte
molecular
(condução)
·
No desenvolvimento da equação da energia usaremos o vetor e da Eq. 9.8-5 ou 6, que inclui as três primeiras chaves do
lado direito da Eq. 11.1-1. Diversos comentários merecem ser feitos antes de prosseguir:
(i) =
Por energia cinética entendemos a energia associada ao movimento observável do fluido, que é !pv2 !p(v·v), por
unidade de volume. Aqui v é o vetor velocidade do fluido.
(ii) Por energia interna entendemos a energia cinética das moléculas constituintes do fluido calculadas em um referencial
que se move com a velocidade v, mais as energias associadas ao movimento de vibração e de rotação das moléculas
e também as energias de interação entre todas as moléculas. Supõe-se que a energia interna U para um fluido em
escoamento seja a mesma função da temperatura e da densidade que a de um fluido em equilíbrio. Lembre-se de que
uma suposição análoga é feita para a pressão termodinâmica p(p,T) para um fluido em escoamento.
(iii) A energia potencial não aparece na Eq. 11.1-1, uma vez que preferimos considerar o trabalho feito sobre o sistema pela
gravidade. Ao final desta seção, entretanto, mostramos como expressar esse trabalho em termos de energia potencial.
(iv) NaEq. 10.1-1, vários termos de fonte foram incluídos no balanço de energia. Na Seção 10.4 a fonte viscosa de calor
Sv apareceu automaticamente, porque os termos de energia mecânica em e foram apropriadamente considerados; a
mesma situação prevalece aqui, e o termo de aquecimento viscoso -(7 : V'v) aparecerá automaticamente na Eq.
11.2-1. Os termos de fonte química, elétrica e nuclear (Se, S, e S") não aparecem automaticamente uma vez que reações
químicas, efeitos elétricos e desintegrações nucleares não foram incluídas no balanço de energia. No Cap. 19, em
que a equação da energia para misturas com reações químicas é considerada a fonte de energia, Se aparece naturalmente,
assim como o termo "fonte difusiva" :Zª(j" · g").
Agora traduzimos a Eq. 11.1-1 para termos matemáticos. A taxa de crescimento das energias cinética e interna em um
elemento de volume 6.x 6.y 6.z é
(11.1-2)
Aqui Ú é a energia interna por unidade de massa (às vezes chamada de "energia interna específica"). O produto pÚ é a
energia interna por unidade de volume e ~pv2 = ~(v; + v~ + v;> é a energia cinética por unidade de volume.
A seguir temos que saber quanta energia entra e sai através das faces do elemento de volume 6.x 6.y 6.z.
b.y D.z(e.rl.r - e,lx+lu) + D.x D.z(eyly - eyly+Ay) + D.x D.y(ezJz - e,lz+Az) (11.1-3)
Lembre-se de que o vetor e inclui o transporte convectivo de energia cinética e interna, a condução de calor e o trabalho
associado aos processos moleculares.
A taxa com que o trabalho é feito sobre o fluido pelas forças externas é o produto escalar da velocidade do fluido v e a
força que atua no fluido (p 6.x 6.y .Ó.z)g, ou
(11.1-4)
Agora inserimos essas diversas contribuições na Eq. 11.1-1 e dividimos por 6.x .ó.y 6.z. Quando Ó.X, .ó.y e .ó.z tendem a
zero obtém-se
ata(7J.pV
1 2 ' - (ªe.r aey ae,.)
+ pU) - - ax + (fy + az + p(v.rg.r + Vygy + Vzgz) (11.1-5)
Essa equação pode ser escrita mais compactamente em notação vetorial como
a
ai (~pv + pll) =
2
A
A seguir introduzimos a expressão para o vetor e da Eq. 9.8-5 para chegar à equação da energia:
Jt (~pv 2
+ pW = -(v: (~v2 + plnv) (v · q)
laxa de aumento da 1axa de adição de energia taxa de adição de energia
energia por unidade por unidade de volume por unidade de volume
de volume por transporte convectivo por condução de calor
Essa equação não inclui as formas de energia nuclear, radiativa, eletromagnética ou química. Para fluidos viscoelásticos,
o penúltimo termo tem que ser reinterpretado trocando-se "viscoso" por "viscoelástico".
A Eq. 11.1-7 é o principal resultado desta seção e dá a base para o restante do capítulo. Ela pode ser escrita sob outra
forma para incluir a energia potencial por unidade de massa, cD, que foi definida anteriormente por g = - V~> (veja Seção
3.3). Para elevações moderadas de elevação, escreve-se cÍ> = gh em que h é uma coordenada na direção oposta ao campo
gravitacional. Para problemas terrestres, onde o campo gravitacional é independente do tempo, podemos escrever
a A
(11.2-1)
- p(\i · v) ('r:Vv)
taxa de crescimento taxa de crescimento
reversível da irreversível da energia
energia interna por interna pela dissipação
compressão. por viscosa, por unidaàe
unidade de volume de volume
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÊR.1\<IICOS 323
Agora é interessante comparar a equação da energia mecânica da Eq. 3.3-1 e a equação da energia interna da Eq. ] 1.2-1.
Note que os termos p('i/ · v) e ('T · V'v) aparecem em ambas as equações, mas com sinais opostos. Portanto, esses termos
descrevem a interconversão de energia mecânica e térmica. O termo p(V' . v) pode ser positivo ou negativo, dependendo de
o fluido estar em expansão ou em compressão; portanto ele representa um modo reversível de interação. Por outro lado,
para fluidos newtonianos, a quantidade - ('T · 'i/v) é sempre positiva (veja aEq. 3.3-3) e portanto representa uma degradação
irreversível de energia mecânica para energia interna. Para fluidos viscoelásticos, discutidos no Cap. 8, a quantidade - (,. ·
vv) não tem que ser positiva, uma vez que parte da energia pode ser armazenada como energia elástica.
Chamamos a atenção na Seção 3.5 que as equações de balanço podem ser escritas mais compactamente com o uso da
derivada substantiva (veja a Tabela 3.5-1). A Eq. 11.2-1 pode ser posta na forma da derivada substantiva usando-se a Eq.
3.5-4. Obtêm-se sem suposições adicionais
DU
PDt = -(v · q) - p(\i · v) - (-.-:vv) (11.2-2)
~ conyenien.te pa~sar da energia interna para a entalpia como foi feito ao final da Seção 9.8. Isto é, na Eq. 11.2-2 faz-se
U = H - pV = H - (pi p), empregando-se a suposição padrão de que as fórmulas da termodinâmica do equilíbrio podem
ser aplicadas localmente a sistemas não-equilibrados. Quando substituímos essa fórmula naEq. 11.2-2 e usamos a equação
da continuidade (Eq. A da Tabela 3.5-1), obtemos
DR Dp
PDt =-(V. q) - (-.-:vv) + Dt (11.2-3)
A seguir podemos usar a Eq. 9.8-7, que supõe que a entalpia seja uma função de p e T (isso restringe o desenvolvimento
subseqüente a fluidos newtonianos). Então podemos ter uma expressão para a variação da entalpia em um elemento de
fluido que se move com a velocidade do fluido, que é
pDR
Dt
= pê
P
DT +
Dt
p[v r(ªv) J Dp
aT P Dt
=
P
ê
P
DT +
Dt P P
[L r(a(l/ p)) J
aT P
Dp
Dt
) • -
pC = -(v · q)- ('T:'i/v)- -ln- -Dp
DT
P Dt aln T P Dt
(ª p) (11.2-5)
Essa é a equação de balanço para a temperatura, em termos do fluxo térmico q e do tensor fluxo de momento viscoso ,... .
Para usar essa equação necessitamos de expressões para esses fluxos:
(i) Quando a lei de Fourier da Eq. 9.1-4 é usada, então o termo -(V· q) transforma-se em +(V'· k\71), ou, se a
condutividade térmica é constante, +k\72T.
(ii) Quando a lei de Newton da Eq. 1.2-7 é usada, o termo -('T : Vv) transforma-se em µ,1\ + K"I' v• a quantidade dada
explicitamente na Eq. 3.3-3.
Não faremos essas substituições ac;ai devido ao fato de a equação de balanço para a temperatura raramente ser usada em
sua generalidade completa.
Agora discutiremos diversas versões especiais restritas da equação de balanço para a temperatura. Em todas elas
empregamos a lei de Fourier com k constante, e omitimos o termo da dissipação viscosa, já que ele é importante apenas em
escoamentos com enormes gradientes de velocidade:
(i) Para um gás ideal, (a ln pi aIn T)p = -1, e
(11.2-6)
324 CAPÍTULO ÜNZE
Ou, se fizermos uso darelaÇão CP - Cv = R, da equação de estado na forma pM = pRT, e da equação da continuidade
como na Tabela 3.5-1, d1egamos a
DT
pCv Dt = kíl2T - p('l · v)
A
(11.2-7)
pê DT = k'l2T (11.2-8)
p Dt
ê DT = k'l2T
p P Dt (11.2-9)
Essas últimas cinco equações são as mais freqüentemente encontradas nos livros-texto e nas publicações de pesquisas.
Claro está que podemos sempre voltar à Eq. 11.2-5 e desenvolver equações menos restritivas, sempre que necessário. Termos
de fonte de energia química, elétrica, nuclear podem ser adicionados de forma ad hoc como foi feito no Cap. 10.
A Eq. 11.2-1 Oé a equação de condução de calor em sólidos, e muito tem sido escrito a respeito dessa equação famosa
desenvolvida por Fourier. 2 A obra de referência famosa de Carslaw e Jaegermerece menção especial. Ela contém centenas
de soluções dessa equação para uma grande variedade de condições iniciais e de contorno. 3
1
A suposição de densidade constante é feita aqui, em vez da suposição menos convincenté de que (a ln pia ln 1)" = Ouma vez que a Eq. 11.2-9 é costumeiramente usada
com a Eq. 3.1-5 (equação da continuidade para densidade constante) e a Eq. 3.5-6 (equação do movimento para densidade e viscosidade constante). Note que a equação
de estado hipotética p = constante tem que ser suplementada pela declaração de que (a ln pia ln 7)P = finito, de forma a permitir a avaliação de certas derivadas
termodinâmicas. Por exemplo, a relação
ê -ê
P v
= _1,
P
(ªln P) (!.!:)
a T ar "
ln P
(11.2-9a)
conduz ao resultado ê , =
1
êv para o fluido incompressível assim definido.
'J.B. Fourier, Théorie analytique de la chaleur, 'ffiuvres de Fourier, Gauthier-Villars et Fils, Paris (1822).
3
H.S. Carslaw e J.C. Jaeger, Conduction of Heat in Solids, Oxford University Press, 2', edition (1959).
'J. Boussinesq, Théorie Analytique de Cha!eur, Vol. 2, Gauthier-ViUars, Paris (1903).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 325
Essa forma da equação do movimento é muito útil para análises de transferência de calor. Ela descreve os casos limites de
convecção forçada e natural (veja a Fig. 10.8-1), assim como a região entre os extremos. Na convecção Íorçada o termo de
empuxo -pgfj(T - T) é desprezado. Na convecção natural o termo (-Vp + pg) é pequeno, e é apropriado omiti-lo,
quase sempre, particularmente para escoamentos retilíneos, verticais e para o escoamento próximo a corpos submersos
em grandes corpos de fluido. Fazer (-Vp + pg) igual a zero é equivalente à suposição de que a distribuição de pressão é
idêntica à do fluido em repouso.
Também é costume trocar-se p no lado esquerdo da Eq. 11.3-2 por p. Essa substituição tem tido sucesso para a convecção
natural para diferenças moderadas de temperaturas. Nessas condições, o movimento do fluido é devagar, e seu termo de
aceleração Dv/Dt é pequeno quando comparado a g.
Entretanto, em sistemas em que o termo de aceleração é grande em relação a g, devemos usar a Eq. 11.3-1 para a densidade
no lado esquerdo da equação do movimento. Isso é particularmente verdadeiro, por exemplo, em turbinas a gás e próximo
a mísseis hipersônicos, em que o termo (p - p)Dv/Dt pode ser tão importante quanto pg.
• a equação da continuidade
• a equação do movimento (contendoµ, e K)
0
a equação da energia (contendoµ,, K e k)
• a equação témuca de estado (p = p(p, T))
• a equação calórica de estado (êP = êp(p, 1))
bem como expressões para a dependência da viscosidade, com respeito à densidade e à temperatura, viscosidade
dilacional e condutividade térmica. Além disso precisamos das condições iniciais e de contorno. O conjunto das
equações pode, em princípio, ser resolvido para pressão, densidade, velocidade e temperatura como funções da posição
"--e do tempo. Se quisermos resolver um problema tão detalhado assim, de um modo geral serão necessários métodos
numéricos.
Freqüentemente podemos ficar satisfeitos com uma solução restrita para uma estimativa da ordem de grandeza das
variáveis de um problema, ou para investigar casos limites antes de uma análise com solução numérica completa. Isso é
feito com auxílio de algumas suposições freqüentes:
(i) Suposição de propriedades físicas constantes. Se pudermos admitir que todas as propriedades físicas são constantes,
então as equações tornam-se consideravelmente mais simples, e em alguns casos soluções analíticas podem ser
encontradas.
(ü) Suposição de fluxos nulos. Fazendo 7 e q iguais a zero pode ser útil para (a) processos com escoamentos adiabáticos
em sistemas projetados para minimizar os efeitos do atrito (como em medidores Venturi e turbinas), e (b) escoamentos
em altas velocidades em torno de objetos de formas aerodinâmicas. As soluções obtidas seriam inúteis para a descrição
da situação na proximidade de limites fluidos-sólidos, mas podem ser adequadas para análise de fenômenos longe de
limites sólidos.
Para ilustrar a solução de problemas nos quais a equação da energia desempenha um papel significativo, resolvemos
uma série de problemas idealizados. Nos restringiremos aqui a problemas de escoamentos em regime permanente e
consideraremos problemas não-permanentes no Cap. 12. Em cada problema começaremos listando as suposições que
conduzem a versões simplificadas das equações.
326 CAPÍTULO ÜNZE
ock+ u+<i?)
Energia Em termos de p -(V · q) - (V· pv) - (V· [-r · v]) Exata apena'l para <I>
Dt
K.+u+ci> (D) independente do tempo
Em termos de
D(K+ fu
p - - t - = -(V· q) - ('í/ · pv) - (V· [-r · v]) + p(v · g)
0
K.+u (E)
Em termos de pDK = -(v· Vp) - (v· [V ·7]) + p(v· g) Tabela 3.5-1 Da equação do movimento
Dt
k=~v2 (F)
Em termas de p DU
Dt
= -(V· q) - p(V · v) - (-r·Vv)
. 11.2-2 O termo.contendo (V· v) é
u (G) zero se p for constante
Em termos de DT -(v·q)- (a
pC -=
A
- ln-
p) --(-·Vv)
Dp 11.2-5 Para um gás ideal
PDt alnTpDt •·
êPeT (J) (alnplalnT)p = -1
Energia Em termas de
ªAAA AAA
Em termas de atp(K + <I>) =-:CV· p(K + <P)v) - (v· Vp) - (v· [V· -r]) 3.3-2 Exata apenas para <'P
k + cP (O) independente do tempo
Da equação do movimenta
a A A A A
K. =~v 2 (Q)
a
ai pU =
A • A
a A A Dp iI= ú + (p!p)
Em termos de ãi pH = -(v · pHv) - (í/ · q) - (•:Vv) + Dt
iI (S)
EXEMPLO 11.4-1
Transferência de Calor, em Regime Permanente, por Convecção Forçada em Escoamento Laminar em um Tubo
Circular
Mostre como estabelecer as equações para o problema considerado na Seção 10.8 - isto é, o de achar os perfis de
temperaturas para o escoamento laminar plenamente desenvolvido em um tubo.
SOLUÇÃO
Supomos propriedades físicas constantes e que a solução é do tipo: v = õy/r), 0' = iff'(z), e T = T(r, z). Então as equações
de balanço, como apresentado no Apêndice B, podem ser simplificadas para
Continuidade: 0=0 (11.4-1)
Energia: ar
pCv_-=k
A a (rar)
--
p "
-
az
[1r ar arJ (dv,)
2
ar +az-2 + µ, -dr
2
(11.4-3)
A equação da continuidade é automaticamente satisfeita em conseqüência das suposições. A equação do movimento, quando
resolvida segundo o Exemplo 3.6-1, dá a distiibuição de velocidades (perfil de velocidade parabólico). Essa expressão
deve então ser substituída no termo de transporte convectivo de calor ao lado esquerdo da Eq. 11.4-3 e no termo de
aquecimento por dissipação viscosa ao lado direito.
A seguir, como na Seção 10.8, fazemos duas suposições: (i) a condução de calor na direção z é muito menor que a
convecção de calor, de forma que o termo iPTI az2 pode ser desprezado, e (ii) o escoamento não é suficientemente veloz
para que a dissipação viscosa seja significativa, e, conseqüentemente, o termo µ,(Bv/ar)2 pode ser omitido. Quando essas
suposições são feitas, aEq. 11.4-3 transforma-se na mesma que a Eq. 10.8-12. Desse ponto em diante, a solução assintótica,
válida somente para z grande, prossegue como na Seção 10.8. Note que percorremos três tipos de processos de restrição:
(i) as suposições, na qual uma tentativa é feita como para a forma da solução; (ii) aproximações, em que eliminamos alguns
fenômenos físicos ou efeitos descartando termos ou supondo que as propriedades físicas são constantes; e (iii) uma solução
assintótica, na qual obtemos apenas uma parte da solução matemática completa. É importante distinguir entre esses tipos
diferentes de restrições.
EXEMPLO 11.4-2
Escoamento Tangencial em Região Anular com Geração de Calor por .1.trito
Determine a distribuição de temperaturas no líquido incompressível confinado entre dois cilindros coaxiais, cujo cilindro
externo gira com velocidade angular Ü 0 constante (veja Seção 10.4 e Exemplo 3.6-6). Empregue a nomenclalura do Exemplo
328 CAPÍTULO ONZE
3.6-6 e considere que a relação entre os raios K é bastante pequena de forma que a curvatura das linhas de fluxo do fluido
devem ser desconsideradas.
As temperatliras das superfícies interna e externa da região anular são mantidas·a7~ é Ti, respectivamente, com TK-:/=
T 1• Suponha que o escoamento é permanente e laminar, e despreze a dependência na temperatura das propriedades físicas.
Esse é um exemplo de problema de convecção forçada: as equações da continuidade e do movimento são resolvidas
para a distribuição de velocidades e a seguir resolve-se a equação da energia, com geração de calor, para a distribuição de
temperaturas. Esse problema é de interesse junto com os efeitos térmicos em viscosímetros 1 de cilindros coaxiais e em
sistemas de lubrificação.
SOLUÇÃO
=.
Começamos supondo que v ~ 8v 8(r), que CJ}l = C!}l(r, z) e que T = T(r). A simplificação das equações de balanço conduzem
às Eqs. 3.6-20, 21 e 22 (os componentes r, 8 e z da equação do movimento) e à equação da energia
o= kl~(rdT) + µ,[r~(~)J
2
(11.4-4)
r dr dr dr r
Quando a solução do componente 8 da equação do movimento, dada pela Eq. 3.6-29, é substituída na equação da energia,
obtemos
(11.4-6, 7, 8)
O parâmetro N é intimamente relacionado ao número de Brinkman da Seção 10.4. A Eq. 11.4-5 transforma-se em
1 d ( d@)
g"dg ç dÇ = -4N?-
1 (11.4-9)
e= -N l 2 +
ç c1 ln ç + e?- (11.4-10)
Quando N =O, obtemos a distribuição de temperaturas para a casca cilíndrica estacionária com espessura R(l - K) com
temperaturas das duas superfícies iguais a TK e Ti. Se N é suficientemente grande haverá um máximo na distribuição de
temperaturas localizado em
2 ln (1/K)
Ç= (11.4-14)
1
1.R. Van Wazer, J.W. Lyons, K.Y. Kim e R.E. Colwell Viscosity and Flow 11tfeasureme11t, Wiley, New York (1963), pp. 82-85.
As EQUAÇÕES DE BAL<\NÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 329
Embora o exemplo dê uma ilustração do uso das equações de balanço tabuladas para coordenadas cilíndricas, na maioria
das aplicações à viscometria e à lubrificação o espaço entre os cilindros é tão estreito que os resultados numéricos calculados
pela Eq.11.4-13 não diferem substancialmente dos obtidos da Eq. 10.4-9.
EXEMPLO 11.4-3
Escoamento Permanente em Filme Não-isotérmico
Um líquido escoa para baixo em regime laminar e permanente ao longo de uma superfície plana inclinada, como
mostram as Figs. 2.2-1a3. A superfície livre do líquido é mantida à temperatura T0 e a superfície do sólido, emx =
ô é mantida a Ta. A essas temperaturas a viscosidade do líquido tem os valores µ,0 e µ, 8, respectivamente, e a densidade
e a condutividade térmica do líquido podem ser admitidas como constantes. Determine a distribuição de velocidades
nesse escoamento não-isotérmico, desprezando efeitos de entrada, e reconhecendo que o aquecimento viscoso não é
importante nesse tipo de escoamento. Suponha que a dependência da viscosidade na temperatura pode ser expressa por
uma equação da forma µ, = Ae8 rr, com A e B sendo constantes empíricas; essa forma é sugerida pela teoria de Eyring
dada na Seção 1.5.
Primeiramente resolvemos a equação da energia para determinar o perfil da temperatura, após o que o empregamos
para determinar a dependência da viscosidade com a posição. Então a equação do movimento pode ser resolvida para se
chegar ao perfil da velocidade. --
SOLUÇÃO
Supomos que T = T(x) e que v = õ,vz(x). Então a equação de energia simplifica para
(11.4-15)
Esta pode ser integrada entre as temperaturas terminais conhecidas para dar
(11.4-16)
µ.(T) =
Jl.o
exp[B(-L
T T
.l)J
0
(11.4-17)
em que B é uma constante a ser determinada a partir de dados da viscosidade versus temperatura. Para chegar à dependência
da viscosidade com a posição, combinamos as duas últimas equações para obter
-=exp
µ.(x) T0 -
[B T (x)]
- - - =exp [BToT--T-T (x)]
- (11.4-18)
Jl.o TT ô 0 ô 0 8
A segunda expressão é uma boa aproximação se a temperatura não varia grandemente através do filme. Quando essa equação
é combinada com a Eq. 11.4-17, escrita para T = T 8, obtém-se
(11.4-19)
Essa é a mesma que a expressão usada no Exemplo 2.2-2, se fazemos a igual a - ln(µ,J µ, 0). Assim tomamos os resultados
do Exemplo 2.2-2 e escrevemos o perfil da velocidade como
Isso completa a análise do problema começado no Exemplo 2.2-2 fornecendo o valor apropriado para a constante a.
330 CAPITULO ONZE
EXEMPLO 11.4-4
2
Resfn·amento por Transpiração
Um sistema de duas cascas esféricas concêntricas e porosas de raios KR e R é apresentado na Fig. 11.4-1. A superfície
interna da casca externa está à temperatura T1, e a superfície externa da casca interna está a uma temperatura inferior T"" Ar
seco a TK é soprado para fora radialmente da casca interna para o espaço intermediário e então através da casca externa.
Desenvolva uma expressão para a taxa de remoção de calor necessária para a refrigeração da esfera interna como uma
função da vazão mássica do gás. Suponha um escoamento laminar, permanente e a baixa velocidade do gás.
Nesse exemplo as equações da continuidade e da energia são resolvidas para obtermos a distribuição de temperaturas.
A equação do movimento dá informação a respeito da distribuição de pressão no sistema.
SOLUÇÃO
Supomos para esse sistema que v = o,v,(r), T = T(r), e Ç!/' = Ç!/'(r). A equação da continuidade em coordenadas esféricas fica
1-2 !!.._ (r2pv,) = O (11.4-21)
r dr
Esta pode ser integrada para dar
dv,
pv,dr= d'1!'
-dr+ [ d ( 1 d ,
fL dr ;:I"dr(r-v,)
)J (11.4-23)
O termo da viscosidade desaparece em conseqüência da Eq. 11.4-21. A integração da Eq. 11.4-23 tem como resultado
4
g>(r) - qp(R) = --3!!.!__ [1 -
327T2pR4
(B.)r ] (11.4-24)
Portanto a pressão Ç!/' cresce com r, mas apenas ligeiramente já que a velocidade do gás é baixa em conformidade com a
suposição empregada.
2
M. Jakob, Heat Transfer, Vol. 2, Wiley, New York (1957), pp. 394-415.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-JSOTÉRM!COS 331
A equação da energia, em termos da temperatura, em coordenadas esféricas, é, de acordo com a Eq. B.9-3,
pê.v,~
P dr
= k~!!-(r 2 dT)
r· dr dr
(11.4-25)
Aqui empregamos a Eq. 11.2-8, para a qual foi feita a suposição de pressão e condutividade térmica constantes, e de não
haver dissipação viscosa - todas suposições razoáveis para esse problema.
Quando a Eq. 11.4-22 para a distribuição de velocidades é usada para v" na Eq. 11.4-25, obtemos a seguinte equação
diferencial para a distribuição de temperaturas T(r) no gás entre as duas cascas:
dT = 4rik .!!._
dr w,êP dr
(r dT)
2
dr
(11.4-26)
Fazemos a transformação de variável u = r2 (dT/dr) e obtemos uma equação diferencial separável, de primeira ordem para
u(r). Esta pode ser integrada, e quando as condições de contorno são empregadas obtém-se
T - T1 e-R,/r _ e-Ro!R
TK -T1 = e-R,t,R _ e-R,!R (11.4-27)
(11.4-28)
e esta é a taxa de remoção de calor pelo refrigerante. Inserindo a lei de Fourier para o componente r do fluxo térmico
obtemos
(11.4-29)
A seguir avaliamos o gradiente de temperatura na superfície com auxílio daEq. 11.4-27 para obter a expressão para a taxa
de remoção de calor.
41TR 0 k(T1 TJ
(11.4-30)
Q = exp[(Ro/KR)(l-K)]
No limite quando a vazão mássica do gás é zero, quando então R0 = O, a taxa de remoção de calor é
Q _ 4·rrxRk(T1 T,)
.o- 1-K (11.4-31)
(11.4-32)
onde <P = R0(1 - K)/KR = w,êP(I - K)/4riKRk é a "taxa adimensional de transpiração". A Eq. 11.4-32 é mostrada
graficamente na Fig. 11.4-2. Para pequenos valores de </J, a quantidade (Q 0 - Q)/Q0 tende ao valor assintótico !</J.
1,0
1
1 'iY_\'1., ,/
1 ~'LI''!
1.\0.."'/I J....-
/
---- -- -
--
- - =:rSJ/.A'I
'9-"' .'."' 1 1
;,t- 1
l/í 1
/ 1 1
V 1
2 4
Taxa de transpiração a'dimensional, <P Fig. 11.4-2 O efeito da refrigeração por transpiração.
332 CAPITULO ONZE
EXEMPLO 11.4-5
Transferência de Calor por Convecção Natural a Partir de uma Placa Vertical
Uma placa de altura H e largura W (com W > > H) aquecida a uma temperatura T0 está suspensa em um fluido extenso,
que está à temperatura ambiente t l: Na vizinhança da placa aquecida o fluido sobe sob a ação da força de empuxo (veja a
Fig. 11.4-3). Das equações de balànço, deduza a dependência da perda de calor nas variáveis do sistema. As propriedades
físicas do fluido são consideradas· constantes, exceto que a variação da densidade com a temperatura será considerada pela
aproximação de Boussinesq.
SOLUÇÃO
Supomos que v = Syvy(y, z) + Szv,(y, z) e que T = T(y, z). Supomos ainda que o fluido aquecido se move quase que
diretamente para cima, de forma que vY < < v,. Então os componentes x e z da Eq. 11.3-2 dão p = p(z), e assim a pressão
é dada, com muito boa aproximação, por -dp/dz - pg =O, que é a distribuição hidrostática de pressão. As demais equações
de balanço são --
na qual p e /3 são avaliadas à temperatura T1. Os termos com sublinhados tracejados serão omitidos sob a consideração de
que os transportes moleculares de momento e de energia na direção z são pequenos face aos correspondentes convectivos
presentes no lado esquerdo das equações. A omissão desses termos deve resultar em uma descrição satisfatória do sistema,
exceto em uma pequena região e~ tomo da parte inferior da placa. Com essa simplificação, as seguintes condições de
contorno são suficientes para a análise do sistema até z = H.
e.e. 1: emy =O, Vy = Vz =Ü e T=T0 (11.4-36)
e.e. 2: quando y -7 ± co, Vz-7 Ü e T-7T1 (11.4-37)
e.e. 3: emz =O, Vz =Ü (11.4-38)
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 333
Note que a diferença de temperatura aparece na equação do movimento e que a distribuição de velocidades aparece na
equação da energia. Assim essas equações estão acopladas. Soluções analíticas para sistemas acoplados de equações
diferenciais não-lineares são muito difíceis, e nos contentamos aqui com a aplicação da análise dimensional.
Para tanto introduzimos as seguintes variáveis adimensionais:
T-T
0 = To _ ;. = temperatura adirnensional (11.4-39)
1
B
71 = ( µ.aH
)i/4y = coordenada horizontal adimensional (11.4-41)
1/2
<f>z = ( a;H) Vz =velocidade vertical adimensional (11.4-42)
µ,H)l/4
</>y = ( a 3B Vy = velocidade horizontal adimensional (11.4-43)
Continuidade: (11.4-44)
Movimento: (11.4-45)
Energia: (11.4-46)
(11.4-50)
k
= e .H <To - T1)(GrPr) 114 (11.4-51)
onde o grupamento Ra = GrPr é denominado número de Rayleigh. Como® é função de 77, ( e Pr, a derivada a®JaT/ é
também uma função de 77, (e Pr. Então a®J a71, avaliada em 7J = O, depende apenas de (e Pr. A integral em (é portanto
334 CAPITULO ÜNZE
função de Pr. Dos comentários apresentados anteriormente depreende-se que essa função, designada C, será urna função
fraca do número de Prandtl, isto é, quase urna constante.
A.análise. precedente.Jl1QS..tra.que, rri~smo sem resolver as eguaçõ~s diferenciais parciais, podemos prever que o fluxo
térmico médio seja proporcional à potência 5/4 da diferença de temperatura (T0 - T 1) e inversamente proporcional à potência
1,4 de H. Ambas as previsões foram experimentalmente confirmadas. A única coisa que não pudemos fazer foi determinar
C em função de Pr.
Para determinar essa função temos que realizar medidas experimentais ou resolver as Eqs. 11.4-44 a 46. Em 1881, Lorenz3
obteve urna solução aproximada dessas equações e achou C = 0,548. Mais tarde, cálculos mais refinados4 mostraram a
seguinte dependência de C com Pr:
Pr 0,73(ar) 10 100 1000 00
EXEMPLO 11.4-6
Processos Adiabáticos, Livres de Atrito, em um Gás Ideal
Desenvolva equações para a relação da pressão local com densidade ou temperatura em uma corrente de gás ideal na qual
o fluxo de momento .,. e o fluxo térmico q são desprezíveis.
SOLUÇÃO
Com 'Te q desprezados, a equação da energia [Eq. (J) da Tabela 11.4-1] pode ser reescrita como
" DT
pCP Dt = aln
(aln V)
T p
Dp
Dt
(11.4-52)
Para um gás ideal, ;v = RT/M, em que M é a massa molecular do gás, e a Eq. 11.4-52 fica
(11.4-53)
Dividindo-a por p e supondo que o calor específico molar CP = MêP seja constante, podemos usar novamente a lei dos
gases ideais para chegar a
(CP
-D -ln T-ln p =O ) (11.4-54)
Dt R
Portanto a quantidade entre parênteses é constante ao longo do percurso de um elemento de fluido, assim como seu
antilogaritmo, e assim temos:
(11.4-55)
Essa relação aplica-se a todos estados termodinâmicos p, T que o elemento de fluido encontra enquanto se move em conjunto
com o fluido.
3
L. Lorenz, Wiedemann's Anil. der Physik u. Chemie,13,422-447,582-606(l88l). Veja também U.Grigull,Die Grundgesetze der Wiirme1!bertragw1g, Springer-
Verlag,Berlin,3"' edition(l955),pp.263-269.
•veja S. Whitaker, Fundamelllal Principies ofHeatTransfer,K.rieger, Malabar Fla.(l977),§5. l l. O caso limite de Pr~ foi trabalhado numericamente por EJ.LeFevre
[Heat Div. Paper 113, Dept. Sei. and Ind.Res.,Mech.Engr.Lab.(lnglaterra), Aug. 1956] e foi determinado que
A Eq.11.4-51 a corresponde ao valor C = 0,670. Esse resultado foi verificado experimentalmente por C.R. Wilke, C.W. Tobias.e M. Eisenberg, J.Eletrochem. Soc.,100,5 l 3-
523\19531 para o problema análogo de transferência de massa.
5
Para a análise da convecção natural em escoamento lento tridimensional, veja W.E.Stewart.,[nt.JHeat and Mass Transfer,14,IOl3-I03!(l97l).
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 335
Introduzindo a definição'}' = ê/ êv e a relação própria do gás ideal e/, - Cv = R e p = pRTIM, obtêm-se as expressões
inter-relacionadas
p<r-1)1-ty-i = constante (11.4-56)
e
pp- 7 = constante (11.4-57)
Essas três últimas equações têm uso freqüente no estudo de processos adiabáticos sem atrito na dinâmica de gases ideais.
A Eq. 11.4-57 é uma relação famosa que bem vale memorizar.
Quando o fluxo de momentum Te o fluxo ténnico q são nulos não há variação da entropia quando se segue um elemento
de fluido. Portanto a derivada d ln pid ln T = 11( y - 1) acompanhando o movimento do fluido deve ser entendida com o
significado (a ln pia ln 1)s = yl(y- 1). Essa equação é uma fórmula padrão da termodinâmica do equilíbrio.
EXEMPLO 11.4-7
Escoamento Compressível Unidimensional: Perfis de Velocidades, de Temperaturas e de Pressões em uma Onda
Estacionária de Choque
Consideramos a expansão adiabática6- 10 de um gás ideal através de bocal convergente-divergente sob condições tais que
forma-se uma onda de choque estacionária. O gás provém de um reservatório onde a pressão é p 0 , e depois do bocal é
descarregado para a atmosfera, onde a pressão é Pa· Na ausência da onda de choque, o escoamento através de um bocal
bem desenhado é praticamente sem atrito (portanto ísentrópíco para a condição adiabática que está sendo considerada).
Entrada
de gás
Po
Pa
Pressão P2
Percurso isentrópico
Percurso isentrópico
Número
deMach 1,0
Ma 2
6H.W. Liepmann e A. Roshko, Elements of Gas Dy11amics, Wiley,New York(l 957),§§5.4 e 13.13.
7J.O. Hirschfelder, C.F. Curtisse R.B. Bird, Molecular Theory of Gases aud Liquids, Wiley, New York, 2º' edição corrigida (1964),pp.791-797.
8M.Morduchow e P.A. Libby, l.Aerouautical Sci.,16,674-684(1948).
9R.von Mises,1.Aeronautical Sci.,17,551-554(1950).
10G.S.S.Ludford,J.Aero11autical Sci.,18,830-834( 1951).
336 CAPITULO ONZE.
Se, além disso, p.fp0 é suficientell!-ente pequeno, sabe-se que o escoamento é essencialmente sônico na garganta (a região
de seção transversal mµtima) {l.é._supersônico na porção divergente do bocal. .N~ssas condições a pressão diminui
continuamente, e a velocidade aumenta na direção do escoamento, como indicado na Fig. l 1.4-4.
Entretanto, para qualquer desenho de bocal existe uma faixa de PalPo para a qual esse escoamento isentrópico produz
uma pressão inferior a p ªna saída. Então o escoamento isentrópico toma-se instável. A mais simples das muitas situações
possíveis é uma onda de choque estacionária normal, como representada na Fig. 11.4-4 por um par de linhas paralelas
próximas. Nesse ponto a velocidade cai muito rapidamente a um valor subsônico, enquanto a pressão e densidade crescem.
Essas mudanças ocorrem em uma região extremamente fina, que pode ser considerada unidimensional e laminar. Ocorre
aí uma dissipação intensa de energia mecânica. A dissipação viscosa e a condução de calor acham-se concentrados nessa
pequena região do bocal, e o propósito desse exemplo é explorar o comportamento do fluido. Por simplicidade a onda
de choque será consider:ada noritial-4slinhas de fluxo; na prática, formas muito mais complexas são, com freqüência,
observadas. A velocidade, a pressãÕ e a temperatura a montante do choque podem ser calculadas e serão consideradas
como conhecidas. E
Use as três equações de balanços para determinar as condições sob as quais uma onda de choque é possível, e para f
determinar a velocidade, a temperatura e a pressão nessa onda de choque. Suponha regime permanente, unidimensional de ·,·1'·
gás ideal, despreze a viscosidade dilacional Ke ignore a variação de µ,, k, e êP com a temperatura e a pressão.
SOLUÇÃO
As equações de balanço na vizinhança da onda de choque estacionária podem ser simplificadas para
Continuidade: (11.4-58)
Movimento: (11.4-59)
Energia: (11.4-60)
A equação da energia está sob a forma da Eq. J da Tabela 11.4-1, escrita para o gás ideal em regime permanente.
A equação da continuidade pode ser integrada para dar
(11.4-61)
em que p1 e v1 são avaliadas a uma pequena distância a montante do choque.
Na equação da energia elimi~ámos pvx pelo emprego da Eq. 11.4-61, e dp/dx com auxílio da equação do movimento
para obtermos (depois de ~lgum ~êarrarijo)
.~ ···"'~r-
. [MCpv1 ~""(-kdxdT) - p
dx dx = 1V1 dx
d (1 ?) + 34µ.dxd (
2Vr Vx dx
dvx) (11.4-62)
A seguir movemos o segundo termo ao lado direito para o lado esquerdo e dividimos a equação por p 1v1• A integração em
relação a x dá . .
em que C 1 é a constante de integração e Pr = êPµ,/k. Para a maioria dos gases Pr situa-se entre 0,65 e 0,85, com média
perto de 0,7 5. Para simplificar o problema fazemos Pr =l A Eq. 11.4-63 torna-se então uma equação diferencial ordinária,
linear, de primeira ordem, para a qual a solução é
(11.4-64)
x
Uma vez que ê,,T + ~v; não pode crescer indefinidamente na direção positiva, a segunda constante de integração Crr deve
ser nula. A primeira constante é avaliada pelas condições a montante, de forma que
Se não tivéssemos feito Pr =i teria sido necessário fazer uma integração numérica da Eq. 11.4-63.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 337
(11.4-66)
A avaliação da constante Cm satisfazendo as condições a montante, onde dvxfdx = O, dá Cm = p1vi + p 1 = p1[vf + (RT1/
M)]. Agora multiplicamos ambos os lados por v_,.edividimos por p1v1• Então, com auxílio da lei dos gases ideais,p = pRT/
M, e as Eqs. 11.4-61 e 65, podemos eliminar p da Eq. 11.4-60 para chegar a uma relação contendo apenas vr ex como variáveis:
4 µ dv,, y + 1 , y - 1 C Cm
3P1V1 v,, dx = 2y v;,+-'Y- 1 - P1V1 Vr (11.4-67)
Essa equação, após um rearranjo considerável, pode ser reescrita em termos de variáveis adimensionais:
d<P
<P dÇ = {3Mai(<P - 1)(</J - a) (11.4-68)
Essa equação descreve a distribuição adimensional de velocidade </J(Ç) com uma constante de integração Ç0 = xofÀ, que
especifica a posição da onda de choque no bocal; nesta Ç0 é considerado como conhecido. No gráfico da Eq. 11.4-85 na
Fig. 11.4-5 vê-se que as ondas de choque são, de fato, muito finas. As distribuições de temperatura e pressão podem ser
determinadas da Eq. 1 lA-75 e das Eqs. 11.4-65 e 66. Uma vez que <P deve tender a unidade quando g_,. -co, a constante
a é inferior a 1. Isso é possível apenas quando Ma 1 > 1 - isto é se o escoamento a montante é supersônico. Podemos ver,
também, que para Çpositivo e muito grande, a velocidade adimensional <P tende a a. O número de Mach Ma 1 é definido
como a relação de v1 para a velocidade do som a T 1 (veja o Problema llC.l).
1,0
0,9 f-
0,8
- r----.. r---.......
.........._
1
J--A14
-
>-
0,7 f- -
Vr
v1
0,~
0,4
0,3
~
-
Ma1 =2
O,:> - T =530R
1
f- -
"" " ~
-
-
T a
0,2
-
0,1
o -1,5 -1,0 -0,5 +0,5 +
-
1,0
1 Fig. 11.4-5 Distribuição de velocidade em urna onda de choque
(x-x0), cm x 10 5 estacionária.
338 CAPÍTULO ONZE
1,0
0,8 ~
0,6 ~ o fio de 0,00025 in
fio de 0,002 in
\, "
:: 0,4 - Teoria, equações de balanço com
~
o
"'f = 5/3, Pr = 2/3. µ.-T'·"'
e" 0,2
~
:g o Direção do escoamento - -
2 ---->-
-0,2
iE \ 1
~ -0,4
-0,6
\ Fig. 11.4-6 Gráfico serni-log do perfil de temperatura
através de urna onda de choque, para o hélio com Ma 1 =
'li- 1,82. Os valores experünentais foram medidos com um
-0,8
~ .. termômetro de resistência. [Adaptado de H. W. Lieprnann
-3 -2 -1 o 4 ·.~1\."I:\Õshko.J;lementsofGasDyn~cs, Wiley, NewYork
Posição adimensional na direção do escoamento (1957), p. 333.] .
No desenvolvimento anterior escolhemos o número de Prandtl Pr = i, mas a solução foi estendida para incluir outros
valores de Pr assim como a variação da viscosidade com a temperatura.
A tendência de um gás em escoamento supersônico para reverter espontaneamente para o subsônico é importante em
túneis de vento e no projeto de sistemas com altas velocidades - por exemplo, em motores de turbinas e foguetes. Note
que as mudanças ocorridas nas ondas de choque são irreversíveis e que, uma vez que os gradientes de velocidade são
muito grandes, uma quantidade considerável de energia é dissipada.
Em razão da pouca espessura da onda de choque prevista, podemos questionar a aplicabilidade da análise apresentada
aqui, baseada em equações de balanço para um contínuo. Assim é desejável que se faça a comparação da teoria com
experimentos. Na Fig. 11.4-6 medidas experimentais da temperatura para uma onda de choque no hélio são comparadas
com a teoria para y = i, Pr = i e µ, = 7°· 647 • Podemos observar uma concordância excelente. Outrossim devemos reconhecer
que esse é um sistema simples, já que o hélio é um gás monoatômico, e que portanto não participam graus de liberdade
internos. A análise correspondente para gases diatômicos ou poliatômicos necessitaria que se considerasse o intercâmbio
de energia entre graus de liberdade translacionais e internos, o que requer centenas de colisões, alargando consideravelmente
a onda de choque. Uma discussão desse assunto pode ser achada no Cap. 11 da Ref.7.
Energia: (11.5-3)
Agora introduzimos quantidades feitas adimensionais com quanti~ades caracte~ticas (sub~crito 9~u 1) como segue:
(11.5-4)
(11.5-5)
(11.5-6)
Aqui /0, v 0 e CZ/' 0 são as quantidades de referência apresentadas na Seção 3.7, e T0 e T 1 são temperaturas que aparecerão nas
condições de contorno. Na Eq. 11.5-2 o valor de T é a temperatura em torno da qual a densidade pé expandida.
Em termos dessas variáveis adimensionais, as equações de balanço dadas nas Eqs. 11.5-1a3 assumem as formas
Energia: D!
Dt
[-k-~ Tiv2t + [ ~
l0v0pCPn
µvo
l0pCP(T1 - T0 )
]cp" (11.5-9)
A velocidade característica pode ser escolhida de diversas formas, e as conseqüências das escolhas estão resumidas na
Tabela 11.5-1. Os grupos adimensionais que aparecem nas Eqs. 11.5-8 e 9, junto com algumas combinações desses grnpos,
[zo~P~
1 1
Pr
Re Re
Lº~êJ
·1 1 J_
RePr RePr Pr
[ µvo ~ Br
RePr
Br
RePr
Desprezado Desprezado
z07JêpCT1 - To)
Notas:
ªPara a convecção forçada e a forçada-mais-natural ("intermediária) v0 é geralmente tomada
como a velocidade de aproximação (para escoamentos em tomo de objetos submersos) ou
uma velocidade média no sistema {para escoamentos em condutos).
b Para a convecção natural existem duas escolhas comuns para v0 , rotuladas como A e B. Na
estão resumidos na Tabela 11.5-2; Adiante, outros grupos adimensionais podem aparecer nas condições de contorno ou
na equação de estado. Os núme~os de Froude e Weber já foram introduzidos na Seção 3.7, e o número de Mach no
Exemplo 11.4-7: ·· ~.,- :---·'.' · -, - ·
Já vimos no Cap. 10 como div~rsos grupos adimensionais aparecem na solução de problemas não-isotérmicos. Aqui
vimos que esses mesmos grupos aparecem naturalmente quando as equações de balanço são adimensionalizadas. Esses
grupos adimensionais são muito usados nas correlações para os coeficientes de transferência de calor.
Algumas vezes é útil pensar nos grupos adimensionais como relações entre duas forças ou efeitos presentes no sistema,
como mostrado na Tabela 11.5-3. Por exemplo, o termo inercial na equação do movimento é p[v · Vv] e o termo viscoso
é µ,'íl2v. Para obter valores "típicos" desses termos troque as variáveis pelas quantidades características empregadas na
construção das variáveis adimensionais. Assim troque p[v · Vv] por pvõf/0 , e troque µ,V 2v por µv 0 /fõ para ter a ordem de
grandeza desses ~ITJlQS. A.re.laçã~_e .!JS~oi~ termos dá o número de Reynolds, como mostra a tabela. Os outros grupos
adimensionais são obtid~áloga. -
.~i~l~~i~tri'~f::c~~~ifii~I~:~j
R~ = [~0v0 p/ µ.Il = [I0v0 / vil = número de Reynolds
Pr = [Cpµ./kil =Jv/ail =número dePrandtl
Gr .= [g.B(T1 -:- T0 )lÕI v1H =·número de Grashof
Br .,,;· [µvÕ/k(T1 - T0)Il = número de Brinktizan
Pé RePr = ~ número de Péclet
Ra = GrPr = m1mero de Rayleigh
Ec = Br/Pr = número de Eckert
~·força inercial
- força viscosa
2
Br _ . ·µ(v0 /l0) produção de calor por dissipação viscosa
k(T1 - T0) / fÕ transporte de calor por condução
Um valor baixo para o número de Reynolds significa que as forças viscosas são grandes em comparação com as forças
inerciais. Um baixo valor para o rnimero de Brinkrnan indica que o calor gerado pela dissipação viscosa pode ser rapidamente
transportado pela condução de calór. Quando Gr/Re1 é alto, a força de empuxo é importante para a determinação do padrão
do escoamento.
Como a análise dimensional é 1,1ma arte que requer ponderação e experiência, damos a seguir três exemplos ilustra ti vos.
Nos dois priineiros ânalisáino~ à~ tbnvecÇões natural e forçada em geometrias simples. No terceiro discutimos problemas
de mudança de escala em um equipamento relativamente complexo.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 341
EXEMPLO 11.5-1
Distribuição de Temperatura em Torno de um Cilindro Longo
Deseja-se prever a distribuição de temperaturas em um gás escoando em torno de um longo cilindro refrigerado internamente
(sistema I) por determinações experimentais em um modelo em escala de um quarto (sistema II). Se possível o mesmo
fluido deve ser usado no modelo como no sistema de escala completa. O sistema, mostrado na Fig. 11.5-1, é o mesmo
daquele do Exemplo 3.7-1, exceto que agora ele é não-isotérmico. O fluido que se aproxima do cilindro tem velocidade v,,
e temperatura T,,,, e o cilindro é mantido a T0 , por exemplo, pela ebulição de um refrigerante em seú interior.
Mostre por intermédio da análise dimensional corno condições experimentais apropriadas podem ser escolhidas para o
estudo no modelo. Faça a análise dimensional para o "caso intermediário" da Tabela 11.5-1.
SOLUÇÃO
Os dois sistemas, I e II, são geometricamente similares. Para garantir a similaridade dinâmica, como visto na Seção 3.7, as
equações diferenciais adimensionais e as condições de contorno devem ser iguais, e os grupos adimensionais que aparecem
nas duas devem ter os mesmos valores numéricos.
Aqui, escolhemos o diâmetro D do cilindro como a dimensão característica, a velocidade de aproximação v= como a
velocidade característica e como pressão característica a pressão em x = -oo e y = O, e corno temperaturas características a
temperatura de aproximação do fluido T,,, e a temperatura da parede do cilindro T0 • Essas grandezas características serão
indexadas por I ou II em correspondência ao sistema que está sendo descrito.
Os dois sistemas são descritos pelas equações diferenciais adimensionais apresentadas nas Eqs. 11.5-7 a 9, e pelas
condições de contorno
·l
(b) Sistema pequeno (Sistema II):
(v~)n
Para obter a igualdade necessária para os quatro grupos adimensionais podemos usar valores diferentes para os quatro
parâmetros disponíveis nos dois sistemas: a velocidade de aproximação v"', a temperatura do fluido T"', a pressão de
aproximação <!P"''"e-irtemperatttra do·ctlffi.dm...:f0 , - - , - -
As condições necessárias para a similaridade, quando D 1 = 4Dn, são
Igualdade de Pr --1i=2
llu
(11.5-13)
ªn
Igualdade de Re _li= 4 V 1 00
(11.5-14)
!ln Voon
Igualdade de Gr
( V1
- )2 = 6Toon4(Too
-- - To)1
-- (11.5-15)
L'u T"'I <Too - To)u
..... ( Pr1 )( c:1001 )2 = êp1 (Too - To)1
Igualdade de Br (11.5-16)
Prn Voou êpll (Too - To)n
EXEMPLO 11.5-2
.. Convecção Natural em uma Camada Horizontal de Fluido; Formação de Células de Bénard
Queremos investigar o movimento da convecção natural no sistema representado na Fig. 15.5-2. Ele consiste em uma fina
n:.-::-•;-. . ~camada. de fluido entre duas placas horizontais _paralelas, a inferior à temperatura T0 e a superior a T1 ~m T 1 < T0•. .Na
ausência de movimento do fluido, o fluxo térmico condutivo será o mesmo qualquer que seja z, e um gradiente de temperatura
praticamente uniforme se estabelece no regime permanente. Esse gradiente causa um gradiente de densidade. Se a densidade
decresce com z crescente, o sistema será estável, mas se ela cresce ocorre uma situação potencialmente instável. Parece
possível que qualquer perturbação que venha a causar o fluido mais denso mova-se para baixo deslocando o fluido menos
denso. Se as temperaturas das duas superfícies são mantidas constantes, o resultado pode ser um movimento permanente
de convecção natural. As forças viscosas tendem a oporem-se ao movimento, que existirá apenas se a diferença de
temperatura superar um valor crítico mínimo.
Determine por meio da análise dimensional a dependência funcional desse movimento de fluido e as condições sob as
quais ele acontecerá.
SOLUÇÃO
O sistema é descrito pelas Eqs. 11.5-1 a 3 com as seguintes condições de contorno:
Vista do topo
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
~nlr---10~ºI_,,_-1,__
.~ :_t----1=~~~
Fig. 11.5-2 Células de Bénard formadas na região entre duas
placas paralelas horizontais, com a placa inferior a uma
vuo 1"'™ r, temperatura mais elevada que a superior. Se o número de Rayleigh
exceder um certo valor crítico, o sistema toma-se instável e células
,..___ _ _ _ ZR------º~•
T-T 1 " Isolamento hexagonais de Bénard são produzidas.
Agora reapresentamos o problema sob a forma adimensional, usando 10 = h. Usamos as variáveis adimensionais listadas
sob o Caso B na Tabela 11.5-1, e selecionamos a temperatura de referência T = ! (T0 + T1), e portanto
1
0 número de Rayleigh é uma homenagem a Lord Ray!eigh (J.W. Strutt), Plzil.Mag.,32(6),529-546(1916).
'P.L.Silverston,Forsch./11ge11ieur-Wesen, 24,29-32,59-69(1958).
'S.Chandrasekhar,Hydrodynamicand Hydromagnetic lnstabiliry, Oxford University Press (1961);T.E. Faber,Fluid Dynamicsfor Physicists, Cambridge Universíty Press
(1995)§8.7.
344 CAPfTULO ÜNZE .
A suposição de escoamento lento é razoável para esse sistema, e é assintoticamente correta quando Pr-'> co. É também
wui.tg_ co,g".~~~!:!!11ª yg,,.qu~P.~P.ite a o_!_Jtenção de soluções analíticas das equações de balanço relevantes:4 Urna solução
desse tipo, que concorda bem com as observações, está esboçada na Fig. 11.5-2. O escoamento apresenta cão.las hexagonais
com movimento para cima no centro, e para baixo na periferia. As unidades dessa estrutura fascinante são chamadas de
células de Bénard.j A solução analítica também confinna a existência de um número de Rayleigh. Para as condições de
contorno desse problema e para R!h muito grandes o valor calculado,4 foi de 1708, em excelente concordância com os
resultados experimentais mencionados anteriormente.
Um comportamento semelhante é observado para outras condições de contorno. Se a placa superior da Fig. 11.5-2 é
trocada por uma interface líquido-gás, de forma que a tensão de cisalhamento no líquido é desprezível, o aparecimento da
convecção celular é previsto teoricamente para números de Rayleigh acima de 1101. Um exemplo espetacular desse tipo
de instabilidade ocorre na água de font~s de lagos do norte. Se a água dos lagos é. resfriada q!!ase até o congelamento
1'.turante o ínverno, um gra~ente adverso de densidade pode aparecer quando a água se aquece até aproximadamente 4ºC,
a temperatura de densidade máxima da água.
Em camadas de líquido com superfície livre, instabilidades podem também acontecer por gradientes de tensão superficial.
As tensões superficiais produzem convecção celular superficialmente similares às resultantes de gradientes de temperatura,
e os dois efeitos podem ser confundidos. De fato o escoamento permanente observado inicialmente por Bénard e creditado
a efeitos de empuxo parece ter sido devido a gradientes de tensão superficial.6
EXEMPLO 11.5-3
Temperatura de Superfície de uma Serpentina Elétrica de Aquecimento
Uma serpentina de aquecimento elétrico de diâmetro D está sendo projetada para manter um grande tanque de líquido
acima de seu ponto de fusão. Deseja-se prever a temperatura alcançada pela superfície da serpentina em função da taxa de
aquecimento Q e a temperatura da superfície do tanque T 0 • Essa previsão deve ser baseada em experiências em um tanque
menor, geometricamente semelhante cheio com o mesmo líquido.
Esboce um procedimento experimental que permita a predição desejada. A dependência na temperatura das propriedades
físicas, que não a densidade, pode ser desprezada. É possível supor que toda a superfície da serpentina esteja à temperatura
uniforme T 1•
SOLUÇÃO
Esse é um problema de convecção natural, e usamos os grupos adimensionais da coluna A da Tabela 11.5-1. As equações
de balanço e condições de contorno permitem concluir que a temperatura adimensional T = (T - T 0)/(T1 - T 0 ) deve ser
função das coordenadas adimensionais e depender dos grupos Pr e Gr. -.:-
A taxa de transmissão de energia através da superfíci~ da serpentina é ,.,_.
Q = -kJ5 ar'
ar s dS
(11.5-26)
Aqui r é a coordenada medida em direção ao exterior e normal à superfície da serpentina, e o gradiente de temperatura é
o do fluido imediatamente adjacente à superfície da serpentina. A forma adimensional desta relação é
Q
-
fsatjar s "
-::- dS = ifi(Pr, Gr) (11.5-27)
em que t/J é uma função de Pr = êPµ,/k e Gr = r}gf3(T 1 - T0)D 3/ µ?. Uma vez que os dois sistemas, grande e pequeno, são
geometricamente similares, a função adimensional Sque descreve a superfície de integração será a mesma para os dois
sistemas e portanto não precisa ser incluída na função t/J. Analogamente, se escrevêssemos as condições de contorno para
a temperatura, velocidade e pressão nas superfícies da serpentina e do tanque, obteríamos relações de tamanho que seriam
idênticas nos dois sistemas.
Agora notamos que a quantidade desejada (T1 - T0) aparece nos dois lados da Eq. 11.5-27. Se multiplicarmos os dois
la~~s pelo número de Grashof, então (T1 - T0 ) aparecerá apenas no lado direito:
Qp2of3D2
--º-,- = Gr · if!(,Pr, Gr) (11.5-28)
kµ,-
Em princípio podemos resolver a Eq. 11.5-28 para Gr e obter urna expressão para (T 1 - T0). Como estamos
desconsiderando a dependência das propriedades físicas na temperatura, podemos considerar o número de Prandtl como
constante e escrever
_ µ2 (Qp2g{3D1)
T1 -To-~·</>--,- (11.5-29)
p-g{31.r kµ-
Nesta</> é uma função experimentalmente determinável do grupo Q{l-g{3D 2/kµ}. Podemos então construir um gráfico da
Eq. 11.5-29 de medidas experimentais de T 1, T0 e D para o modelo em escala menor e as propriedades conhecidas do fluido.
Esse gráfico pode ser usado para a previsão do comportamento do sistema em larga escala.
Como desprezamos a dependência na temperatura das propriedades do fluido podemos ir mais adiante. Se mantivermos
a relação dos valores de Q nos dois sistemas iguais ao inverso do quadrado da relação de diâmetros, então a relação entre
os valores de (T1 - T0) será igual ao inverso do cubo da relação dos diâmetros.
----·
---- ..O·'__;; ....J:_:;__,
•• .::.··:.o-:...-. ----- -·-·-·-·-·-----.-~- ~- --··--
PROBLEMAS
11.Al Temperatura em um mancai. Calcule a temperatura máxima no mancai do Problema 3A.l, supondo que a
condutividade térmica do lubrificante seja 4,0 X 10-4 cal/s·cm·C, a temperatura do metal 200ºC e a velocidade de
rotação 4.000 rpm.
llA.2 Variação da viscosidade e gradientes da velocidade em um filme não-isotérmico. Água escoa e cai em contato
com uma parede vertical em filme de 0,1 mm de espessura. A temperatura da água é lOOºC na superfície livre e
SOºC na superfície da parede.
(a) Mostre que o desvio relativo máximo entre as viscosidades previstas pelas Eqs. 11.4-17 e 18 ocorre quando
T = vr;;T;.
(b) Calcule o desvio relativo máximo para as condições dadas.
Resposca: (b) 0,5%
346 CAPÍTULO ONZE
llA.4 Perda de calor por convecção natural em superfície vertical. Um pequeno painel de aquecimento consiste
essencialmente em uma superfície plana, retangular, vertical de 30 cm de altura e 50 cm de largura. Estime a taxa
total de perda de calor de um lado desse painel por convecção natural, se o painel está a 150ºF, e o ar em volta está
a 70°C e 1 atm. Use o valor C = 0,548 de Lorenz na Eq. 11.4-51 e o valor de C recomendado por Whitaker, e
compare os resultados dos dois cálculos.
Resposta: 8,1 cal/s pela expressão de Lorenz
llA.S Velocidade, temperatura e pressão em onda de choque. Ar a 1 atm e 70ºF escoa com número de Mach 2, a
montante através de onda de choque estacionária. Calcule as seguintes expressões, supondo que -y é constante igual
a 1,4 e que êP = 0,24 Btu/lbm·F:
(a) A velocidade inicial do ar.
(b) A velocidade, a temperatura e a pressão a jusante da onda de choque.
(c) A variação das energias interna e cinética através da onda de choque.
Resposta: (a) 2.250 ft/s
(b) 844 ft/s; 888 R; 4,48 atm
(c) 6.Ú = +61,4 Btu/lb,,,; 6.K = -86,9 Btu/lb,,,
llA.6 Compressão~adiabática, sem atrito de um gás ideal. Calcule a temperatura atingida pelo ar comprimido,
inicialmente a lOOºF e 1 atm, a O, l de seu volume inicial. Supor que -y = 1,40 e que a compressão é sem atrito e
adiabática. Discuta o resultado em relação à operação de um motor de combustão interna.
Resposta: 950°F
llA.7 Efeito da convecção natural no valor isolante de um espaço de ar horizontal. Duas grandes placas metálicas
paralelas e horizontais estão separadas por 2,5 cm de ar a uma temperatura média de lOOºC. Quão mais quente que
a placa superior pode a placa inferior ficar sem que cause o aparecimento de convecção natural celular discutida no
Exemplo 11.5-2? Quanto mais essa temperatura pode ser aumentada se uma placa metálica muito fina for inserida
no plano médio entre as duas placas?
Resposta: Aproximadamente 3 e 48ºC, respectivamente.
êP = a + bT + cT2 (llB.l-1)
(b) Determine a pressão final, p 2, necessária se metano (CH4) é aquecido de 300K e 1 atrn até 800K por compressão
adiabática sem atrito. As constantes empíricas recomendadas 1 para o metano são: a = 2,322 cal/g-mol·K, b = 38,04
X 10- 3 cal/g-mol·K2 e e = -10,97 X 10- 6 cal/g-mol·K3 .
Resposta: (a) pT-afRexp[-(b/R)T-(c/2R)r-] =constante
(b} 270 atm
l
'O.A.Hougen, K.M.Watsone R.A.Ragatz, Chemical Process Principies, Part I, 2°• edition, Wiley, New York(l958),p. 255. Veja também Parte II, pp.646-653, para uma
discussão de cálculos de processos isentrópicos.
1
j
.1
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 347
se os termos da dissipação viscosa não são desprezados. Aqui v~má> é a velocidade máxima no tubo. Que restrições
devem ser impostas em qualquer solução da Eq. 1 lB.2-1?
(b) Para o problema da parede isotérmica (T = T0 em r = R para z > O, e em z = O para todo r), determine a
solução assintótica para T(r) e z grande, reconhecendo que T / z será zero quando zé grande. Resolva a Eq. l IB.2-
1 para obter
T- I
0
= JLV;,mãx
4k
[1 -(!__)4]R
(c) Para o problema da parede adiabática (q, = Oem r = R para todo z) urna expressão assintótica para z grande
pode ser encontrada corno segue: omita o termo de condução de calor na Eq. l lB.2-1, e faça a média dos outros
termos na seção transversal do tubo multiplicando por rdr e integrando der= Oaté r = R. Então integre a equação
resultante em z para obter
(118.2-3)
em que T1 é a temperatura na entrada em z = O. Agora suponha que o perfil assintótico da temperatura para z grande
tem a forma
T - T1 = ;ê;:'
411v .
z
11v
+ r- ~m._,
2
. [(
*
i.)2 - 21 (··)4] (11B.2-S)
Não se esqueça de que as soluções dadas nas Eqs. 1lB.2-2e5 são válidas apenas para z grande. A solução completa
para z pequeno é discutida no problema 1 ID.2.
llB.3 Distribuição de velocidades em um filme não-isotérmico. Mostre que aEq. 11.4-20 satisfaz os seguintes requisitos:
(a) Em x = v, = O.o,
(b) Emx =O, élu=lax =O.
(c) lim Vz(x) = (pgô 2 cos f3/2JL 0 )[1 - (x/8) 2 ]
µ,,_..,~)
llB.4 Condução de calor em casca esférica (Fig. l lB.4). Uma casca esférica tem raios interno e externo R1 e R2 • Um
orifício é feito na casca no pólo norte cortando-se o segmento cônico na região O~ e~ 81 • Um orifício similar é
feito no pólo sul por remoção da porção (7T - 81) ~ e~ 7T. A superfície 8 = 8 1 é mantida à temperatura T = Tu e
e e
a superfície = 7T - 1 é mantida à temperatura T = T2 • Determine a distribuição de temperaturas no regime
pennanente, usando a ~Q,\lªx~º da condução de calor.
llB.5 Condução axial de calor em um fio 2 (Fig. llB.5). Um fio de densidade constante p move-se para baixo com
velocidade uniforme v para um banho metálico à temperatura T0• Deseja-se determinar o perfil de temperatura no
fio T(z). Suponha que T = T., em z = oo, e que a resistência à condução radial é desprezível. Suponha também que
a temperatura do fio seja T = T0 em z = O.
(11B.5-1)
(b) A seguir resolv·a o probieina quando êP e k são funções conhecidas da temperatura adirnensional 0: k = k,,,K(®)
e êP = êP.,L(0). Obtenha o perfil de temperatura
-(pê;:vz) = r f;<®~0L(0)d0
= (11B.5-2)
(e) Verifique que a solução em (b) satisfaz a equação diferencial da qual se deriva.
A temperatura do fio
longe da superfície do
metal líquido é T~
l
O fio se move para
baixo com velocidade
;· constante v
Superfície do metal
líquido à temperatura T0
llB.6 Resfriamento por transpiração em sistema plano. Duas grandes placas horizontais, planas e porosas estão
separadas pela distância relativamente pequena L. O plano superior em y = L está à temperatura TL> e o inferior em
y = Oé mantido à temperatura T0 • Para reduzir a quantidade de calor que deve ser removida da placa inferior, um
gás ideal à temperatura T0 é soprado para cima através das duas placas a urna vazão fixa. Deduza uma expressão
para a distribuição de temperaturas e para a quantidade de calor que deve ser removida da placa fria por unidade de
área com uma função das propriedades do fluido e vazão de gás. Use a abreviação <P = pêPvYL/k.
R T - T1 e<Py!L - e<f> k(TL - To) ( <P )
esposta: To - T;_ = ~; qo = - - L - - e<P - 1
llB.7 Redução de perdas com evaporação por transpiração (Fig. l lB.7). Propõe-se reduzir a taxa de evaporação do
oxigênio liquefeito em recipientes pequenos tirando vantagem da transpiração. Para tanto o líquido é armazenado
em um recipiente esférico envolto por urna casca esférica de material isolante poroso, como mostra a figura. Um
fino espaço deve ser deixado entre o recipiente e o isolante, e a abertura no isolante deve ser arrolhada. Em
'Sugerido pelo Prof. G.L. Bonnan, Mechanical Engineering Departmen~ University of Wisconsin.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 349
funcionamento, o oxigênio que se evapora deixa o recipiente, passa pelo espaço de gás e então escoa uniformemente
através do isolante poroso.
Calcule a taxa de ganho de calor e a perda por evaporação de um tanque de 1 ft de diâmetro recoberto por uma
casca isolante de 6 in de espessura, sob as seguintes condições com e sem transpiração.
Temperatura do oxigênio líquido -297ºF
Temperatura da superfície externa do isolante 30°F
Condutividade térmica efetiva do isolante 0,02 Btu/h·ft·F
Calor de evaporação do oxigênio 91,7 Btu/lb
êP médio do 0 2 escoando através do isolante 0,22 Btu/lb·F
Despreze a resistência térmica do oxigênio líquido, da parede do recipiente e do espaço de gás, e despreze
a perda de calor através da rolha. Suponha que as partículas do isolante estejam em equilíbrio térmico com
o gás.
Resposta: 82 Btu/h sem transpiração; 61 Btu/h com transpiração
llB.8 Distribuição de temperaturas em esfera envolta. Uma esfera de raio R e condutividade térmica k1 está envolta
por um sólido infinito de condutividade térmica k0 • O centro da esfera está localizado na origem das coordenadas,
e longe da esfera existe um gradiente constante de temperatura, A, na direção positiva dez. A temperatura no centro
da esfera é T°.
A distribuição permanente da temperatura na esfera T 1 e no meio que a envolve foi demonstrado ser: 3
T1(r,e) - Tº = [ ki 3ko J
+ 2ko Arcos e rsR (llB.8-1)
(a) Quais as equações diferenciais que devem ser satisfeitas pelas Eqs. l IB.8-1 e 2?
(b) Escreva as condições de contorno aplicáveis em r = R.
(e) Mostre que T1 e T0 satisfazem suas respectivas equações diferenciais parciais em (a).
(d) Mostre que as Eqs. llB.8-1e2 satisfazem as condições de contorno em (b).
llB.9 Fluxo térmico em sólido limitado por duas superfícies cônicas (Fig. l lB.9). Um objeto sólido possui a forma
mostrada na figura. As superfícies cônica 81 = constante e 82 = constailte são mantidas às temperaturas T 1 e T2 ,
respectivamente. A superfície esférica e r = R está isolada. Para a condução em regime permanente, ache
3L. D. Landau e E. M. Lifshitz, F/uid Mechanics, 2nd edition, Pergamon Press, Oxford (1987), p. 199.
350 CAPITULO ONZE
Superfícies
cônicas
Superfície
esférica
(isolada)
Fig. 11B.9. Corpo formado pela interseção de dois cones e urna esfera.
Resposta: (a) Q
h . 4r.R
2
<To - Te,)
- - - - - - - - · (b)t = - - - -+--
[1 - (hR/k)] + (hR 2 /kR/ f h(T0 - T"') 3 6 k
pAfI1R [i J hRJ
Temperatura, T
·~.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NAO-ISOTÉRMICOS 351
llB.11 Elevação da temperatura em pelota de catalisador esférica (Fig. l lB.11). Urna pelota de catalisador tem raio
R e condutividade térmica k (que pode ser considerada constante). Devido à reação química que ocorre no interior
da pelota, calor é gerado à tax.a de Se cal/cm3·s. Calor é perdido através da superfície da pelota para a corrente de
gás à temperatura Te por convecção com coeficiente de transferência de calor h. Determine o perfil de temperatura
se
no regime permanente, supondo que é constante em toda a pelota.
(a) Estabeleça a equação diferencial fazendo um balanço em urna casca.
(b) Estabeleça a equação diferencial simplificando a forma apropriada da equação da energia.
(c) Integre a equação diferencial para determinar o perfil de temperatura. Esboce a função T(r).
(d) Qual a forma limite de T(r) quando h-'> oo?
(e) Qual a temperatura máxima no sistema?
(f) Onde deveríamos modificar o procedimento para considerar os efeitos de k e Se variáveis?
Temperatura
do gás T, Fig. 1 lB.11. Esfera com geração interna de calor.
llB.12 Estabilidade de um sistema de reações exotérmicas. 3 Considere urna ripa de espessura 2B, largura W, e
comprimento L, com B < < W e B < < L. No interior da ripa ocorre uma reação exotérmica, com taxa de geração
térmica dependente da temperatura ScCT) = Sco expA(T - T0 ).
(a) Use a equação da energia para obter uma equação diferencial para a temperatura da ripa. Suponha que as
propriedades físicas são constantes, e postule uma solução para o regime permanente T(x).
(b) Escreva a equação diferencial e condições de contorno em termos das variáveis adimensionais: Ç= x/B, = e
A(T - To) e A = ScoAB 2/k.
(c) Integre a equação diferencial (dica: multiplique primeiro por 2d01df) para obter
(118.12-2)
(e) Calcule À para 0 0 = 0,5, 1,0, 1,2, 1,4 e 2,0; faça um gráfico desses resultados para determinar o valor máximo
de À para as condições permanentes. Se o valor máximo de À for excedido o sistema explodirá.
llB.13 Escoamento anular laminar com fluxo térmico na parede constante. Repita o desenvolvimento da Seção 10.8
para o escoamento na região anular com raios interno e externo KR e R, respectivamente, iniciando com as equações
de balanço. Calor é adicionado ao fluido através da parede do cilindro interno à ta,'(a q0 (calor porunidade de tempo),
e a parede externa está termicamente isolada.
11B.14Aquecimento transiente de uma esfera. Uma esfera de raio R e difusividade térmica q está inicialmente à
temperatura uniforme T 0 • Para t > Oa esfera é imersa em um banho de água perfeitamente misturado e mantido à
temperatura T1 > T0 • A temperatura dentro da esfera é uma função da coordenada radial r e do tempo t. A solução
da equação da condução de calor é dada por: 4
T - To _
Ti
. ? -.Ç, r_
To - 1 -r - ~ , 1
1
)n(_B_) (nm·) (-
nm· sen R exp m,
.1
7T
1
t
/Rz) (118.14-1)
4H.S. Carslaw e J.C. Jaeger, Co11d11ctio11 of Heat i11 So/ids, 2'' edition, Oxford University Press(l959), p. 233,Eq.(4).
352 CAPITULO ONZE
Deseja-se verificar se essa equação satisfaz a equação diferencial, as condições de contorno e a condição inicial.
(a) Escreva a equação diferencial que descreve o problema.
(b) Mostre que a Eq. llB.14-1 para T(r, t) satisfaz a equação diferencial de (a).
(c) Mostre que a condição de contorno em r =Ré satisfeita.
(d) Mostre que Tem r =O é finito.
(e) Para mostrar que a Eq. 1 lB.14-1 satisfaz a condição inicial faça t =O e T = T0 e obtenha o seguinte:
Para mostrar que isso é verdadeiro multiplique os dois lados por sen(m'lír/R), onde m é um inteiro de 1 a co, e integre
desde r = Oaté r = R. Na integração todos os termos com m =f:: n são nulos no lado direito. O termo com m = n,
quando integrado, é igual à integral do termo da esquerda da equação.
llB.ISVariáveis adimensionais para a convecção natural. 5 As variáveis adirnensionais na Eqs. 11.4-39 a 43 podem
ser obtidas por argumentos simples. A forma de ® é ditada pelas condições de contorno e a de ~é sugerida pela
geometria. As variáveis adirnensionais remanescentes podem ser determinadas como segue:
(a) Faça T/ = y/y 0 , <P: = vJv:0 e </>1 = v,lvy0 , as variáveis com subscrito zero sendo constantes. Então a equação
diferencial transforma-se em
VyoVzo
T1)Je (llB.15-2)
2
(llB.15-3)
5
0 procedimento usado aqui é semelhante ao sugerido por J.D. Hellums e S.W.Churchill,AIChE Joumal,10, 110-114(1964).
'Veja L.Landau e E. M.Lifshitz,F/uid 1\t!ec/zanics, 2"" edition,Pergamon, Oxford (1987), Chapter VIII; R.J.Si!hey e R.A.Alberty, Physical Chemistry,3"' edition, Wi!ey,New
York(2001), §17.4.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 353
av o
p0 at = -v;Vp (llCl-4)
v;
em que = -y(àp/ oph.
(d) Mostre como as Eqs. llC.1-2 e 4 podem ser combinadas para dar
(llC.1-5)
p= p{l +A sen( ; (z - v5
2
t))] (llC.1-6)
Essa solução representa uma onda harmônica de comprimento de onda À e amplitude pof\. que se propaga na direção
de z com velocidade vs. Soluções mais gerais podem ser construídas por superposição de ondas de diferentes
comprimentos e direções.
llC.2 Convecção natural em fenda. Um fluido de viscosidade constante, com densidade dada pela Eq. 11.3-1, está
confinado em uma fenda retangular. A fenda tem paredes verticais em x = ±B, y = ± W, e topo e fundo em z =
±H, com H > > W > > B. As paredes são não-isotérmicas, com distribuição de temperaturas Tw = T + Ay, de
forma que o fluido circula por convecção natural. O perfil de velocidade deve ser previsto para as condições de
regime permanente, laminar e com desvios pequenos da densidade média p.
(a) Simplifique as equações de continuidade, de movimento e de energia de acordo com os postulados: v = 8,v,(x,
y), éfvJ8y2 << élv,féJx2 e T = T(y). Esses postulados são razoáveis para escoamento lento exceto próximo aos
cantosy = ±Wez = '±:.H.
(b) Apresente as condições de contorno a serem usadas no problema simplificado em (a).
(c) Resolva para os perfis de temperatura, pressão e velocidade.
(d) Ao se fazer medidas da difusão em câmaras fechadas, a convecção natural pode ser uma fonte de erros, e
gradientes de temperatura devem ser evitados. Por ilustração calcule o gradiente de temperatura, A, máximo tolerável,
para um experimento com água a 20ºC em uma câmara de B = 0,1 mm, W = 2,0 mm e H = 2 cm, se o movimento
convectivo máximo permissível é 0,1 % de H por hora.
pgf,A _
Respostas: (e) v,(x, y) = ~ (r - B2)y; (d) 2,7
1 3
X 10 K/crn
llC.3 Escoamento tangencial anular de fluido de alta viscosidade. Mostre que a Eq. 11.4-13 para o escoamento em
região anular reduz-se à Eq. 10.4-9 para escoamento plano no limite quando K tende a um. Comparações desse tipo
são, freqüentemente, úteis para verificação de consistência de resultados.
O lado direito da Eq. 11.4-13 é indeterminado em K = 1, mas seu limite quando K ___,. 1 pode ser obtido por
expansão em potências de e= 1 - K. Para tanto faça K = 1 - e e Ç= 1 - s[l -(xlb)]; então o intervalo K .s; g.s;
1 no Problema 11.4-2 corresponde ao intervalo O .s; x .s; b na Seção 10.4. Após a substituição, expanda o lado
direito da Eq. 11.4-13 em potências de s (desprezando termos acima de s2) e mostre que a Eq. 10.4-9 é obtida.
(a) Para o sistema "real" sabemos que a uma grande distânciaL do sistema o campo de temperatura será dado por
uma ligeira modificação da Eq. l lB.8-2, desde que as pequenas esferas ocluídas sejam muito diluídas:
T0 (r, e) - r = [ 1 < 1
; ;; (
0
~ )}r cos e (llC.5-1)
[1- keff+2ko
keff - ko (R')3]Ar cose
r -
(llC.5-2)
(e) A seguir deduza a relação nR 3 = <f>R' 3 , na qual </> é a fração volumétrica das oclusões no sistema real.
(d) Iguale os lados direitos das Eqs. l lC.5-1 e 2 para chegar à equação de MaxwelF na Eq. 9.6-1.
llC.6 Condições de contorno interfaciais. Considere uma superfície interfacial não-isotérmica S(t) entre duas fases I e
II em um sistema não-isotérmico. As fases podem consistir em dois fluidos irniscíveis (de forma que não ocorra a
passagem de material através da superfície), ou em duas fases puras de uma mesma substância pura (entre as quais
pode ocorrer intercâmbio de massa com a condensação, evaporação, congelamento ou fusão). Seja n1 a normal
unitária à superfície S(t) dirigida para a fase I. Um sobrescrito I ou II será usado para os valores junto com Sem
cada fase, e um sobrescrito s para valores na própria superfície. A condição de contorno usual para a velocidade
tangencial v, e temperatura T sobre S são
n{ (pr _ pn) + (p1vr2 _ pIIvn2) + u(k + ~)J + [nI . [,r _ •ª)l = _ vsu (llC.6-4)
(n1. pl(vl _ v5})[(Hr _ Hll) + ~(d2 11n2)] + (nI. {ql qn}) = u(Vs ·v') (llC.6-5)
'J.C.Maxwell,A Treatise on Electricity and Magnetism, Vol.l,Oxford University Press(l891, reimpresso em 1998),§314.
'J.C.Slattery,Advanced Transpor! Phenomena, Cambridge Uuiversity Press(l 999), pp. 58,435; condições mais completas são dadas na Ref.8.
As EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 355
O balanço de momento da Eq. 3C.5-1 foi estendido para incluir o gradiente na superfície da tensão superficial yrs(T;
as forças tangenciais resultantes dão origem a uma variedade de fenômenos interfaciais conhecidos como efeitos
Marangoni. 9•10 A Eq. 11 C.6-5 é obtida como exposto na Seção 11.2, a partir do balanço de energia mecânica em S,
desprezando a energia de excesso interfacial ús, o fluxo térmico qs, e dissipação viscosa (7 5 : V-'v'); resultados mais
completos são apresentados por Slattery.8
(a) Verifique a consistência dimensional de cada uma das equações de balanço interfacial.
(b) Sob que condições tem-se v1 = vª?
(e) Mostre como as equações de balanço se simplificam quando as fases I e II são dois líquidos puros imiscíveis.
(d) Mostre como as equações de balanço se simplificam quando uma das fases é um sólido.
llD.1 Equação de balanço da entropia. Esse problema é uma introdução à termodinâmica dos processos irreversíveis.
Um tratamento de misturas multicomponentes é dado nas Seções 24.1e2.
(a) Escreva um balanço de entropia para um elemento fixo de volume ó...i:.6.y.6.z. Sejas o vetor fluxo de entropia,
medido com relação ao vetor de velocidade do fluido v. Seja g, a taxa de produção de entropia, por unidade de
volume. Mostre que, quando o elemento de volume ó...i:Liy.6.z tende a zero obtém-se uma equação de balanço para
a entropia em ambas as seguintes formas: II
rJ
at pS =
A A
DS
p Dt = -(\7 . s) + gs (110.1-2)
(110.1-3)
(e) O fluxo local de entropia é igual ao fluxo local de energia dividido pela temperatura 12- 15 ;
isto é, s = q/T. Quando
essa relação entres e q é reconhecida podemos comparar as Eqs. 1lD.1-2e3 para chegar à seguinte expressão para
a taxa de produção de entropia por unidade de volume:
1
gs = -l(q. \71) T( ..:Vv) (110.1-4)
r-
'C.G.M. Marangoní, Anrz. Plzys. (Pogge11do1fJ, 3, 337-354 (187l);C.V. Sremling e E. Scriven, AIC/zE Joumal, 5, 514-523 (1959).
'°D.A. Edwards, H. Brenner e D.T. Wasan, Interfacial Transpor! Processes and Rheology, Butterworth-Heinemann, Stoneham, Mass. (1991).
11 G.A.J. Jaumann, Sitzungsber. der Mat/z.-Narwwiss. K/asse der Kaiserlichen Akad. der Wisscnsclzafre11 (Wienj, 102, Abt.Ila, 385-530 (1911).
"Carl Henry Eckart (1902-1973), vice-reitor da Universidade da Califórnia em San Diego (1965-1969), fez contribuições fundamentais à mecânica quântica, à
hidrodinâmica geofísica e à termodinâmica dos processos irreversíveis; sua contribuição chave aos fenômenos de transpork encontram-se em C.H. Eckart, Phys. Rei•.,
58,267-268,269-275 (1940).
11
C.F. Curtiss eJ.O. Hirschfelder,J. Chem. Phys., 18, 171-173 (1950).
"J.G. Kirkwood e B.L. Crawford, Jr., J. Phys. Clzem., 56, 1048-1051 (1952).
15 S.R. de Groot e P.Mazur, Non-Equilibrium T/zermodynamics, North-Holland, Amsterdam (1962).
356 CAPITULO ONZE
O primeiro termo da direita é a taxa de produção de entropia associada ao transporte de energia, e o segundo é a
produção de entropi~ resultante do transporte de momento. A Eq. llD.1-4 é o ponto de partida para o estudo
termodinâmico dos processos irreversíveis em um fluido puro.
(d) Que conclusões podem ser tiradas quando a lei da viscosidade de Newton e a lei de Fourier da condução de
calor são inseridas na Eq. 11 D. l -4?
llD.2 Aquecimento viscoso no escoamento laminar em tubulação.
(a) Continue a análise iniciada no Problema 1 lB.2 - i.e., a de determinar o perfil da temperatura em um fluido
newtoniano que escoa em um tubo circular a uma velocidade suficientemente alta para que os efeitos do aquecimento
viscoso sejam importantes. Suponha que o perfil da velocidade na entrada (z = O) é plenamente desenvolvido, e
que a temperatura da entrada seja uniforme ao longo da seção transversal. Suponha que todas as propriedades físicas
sejam constantes.
(b) Repita a análise para um modelo de fluido não-newtoniano da lei da potência. t5
llD.3 Dedução da equação da energia usando os teoremas integrais. Na Seção 11.1 a equação da energia foi deduzida
contabilizando-se as mudanças de energia que ocorrem em um volume elementar, retangular, /J.xD.yt::..z.
(a) Repita a dedução empregando um volume arbitrário V com limites fixos S seguindo o procedimento sugerido
no Problema 3D.1. húcie escrevendo a lei de conservação de energia como
E_ (
ili~
(pU + ~pv2) dV = -f
5
(n · e) dS + (
Jv
(v · g) dV (llD.3-1)
Use então o teorema da divergência de Gauss para converter as integrais de superfície em integrais de volume e
obtenha a Eq. 11.1-6.
(b) Faça a dedução análoga para uma parte móvel de fluido.
16
R.B. Bird, Soe. Plastics Engrs. Joumal, 11, 35-40 (1955).
12.l CONDUÇÃO TRANSIENTE DE CALOR EM SÓLIDOS 12.3º ESCOAMENTO POTENCIAL PERMANENTE DE CALOR
12.2º CONDUÇÃO PERMANENTE DE CALOR EM EM SÓLIDOS
ESCOAMENTO LAMINAR E INCOMPRESSÍVEL 12.4º TEORIA DA CAMADA LIMITE PARA ESCOAMENTO
NÃO-ISOTÉRMICO
No Cap. 1O, vimos como problemas simples de transferência de calor podem ser resolvidos por intermédio de balanços de
energia em cascas. No Cap. 11, desenvolvemos a equação da energia para sistemas em escoamento, que descreve o transporte
de calor em situações mais complexas. Para ilustrar a utilidade da equação da energia demos na Seção 11.4 uma série de
exemplos, muitos dos quais não requerem qualquer conhecimento sobre a solução de equações diferenciais parciais.
Neste capítulo voltamos a atenção para diversas classes de problemas de transporte de calor envolvendo mais de uma
variável independente, ou duas variáveis espaciais, ou uma espacial e a variável tempo. Os tipos de problemas e os méto-
dos matemáticos seguem em paralelo àqueles apresentados no Cap. 4.
(12.1-1)
Se a condutividade térrrúca pode ser suposta como independente da temperatura e da posição, então essa equação transforma-se em
aT = aí1 2T (12.1-2)
A
at 1
na qual a = k/pCP é a difusividade térmica do sólido. Muitas soluções dessa equação foram obtidas. O tratado de Carslaw
e Jaeger 1 contém uma discussão profunda dos métodos de solução assim como uma tabulação abrangente de soluções para
uma larga variedade de condições iniciais e de contorno. Muitos dos problemas de condução de calor freqüentemente
encontrados podem ser resolvidos apenas pela busca da solução nesse trabalho de referência impressionante.
Nesta seção ilustraremos quatro importantes métodos de solução de problemas não-permanentes: o método da combi-
nação de variáveis, o método da separação de variáveis, o método da resposta senoidal e o método da transformada de
Laplace. Os três primeiros destes também foram usados na Seção 4.1.
EXEMPLO 12.1-1
Aquecimento de uma Placa Semi-Infinita
Um material sólido ocupando o espaço de y = Oaté y = cc está inicialmente à temperatura T0 • No instante t =O, a superfície
y = Oé subitamente elevada para a temperatura T1 e mantida nessa temperatura para todo t > O. Ache o perfil dependente
do tempo T(y, t).
1 H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Conducrion af Heat in Solids, 2..i edition, Oxford University Press (1959).
358 CAPÍTULO DOZE
SOLVÇÃO
Para esse problema a Eq. 12.1-2 fica
ae =a aze (12.1-3)
at ay2
Aqui a diferença de temperatura adimensional ® = (T - T 0)1(T1 - T0) foi introduzida. As condições iniciais e de contorno
são
Esse problema é matematicamente análogo àquele formulado pelas Eqs. 4.1-1 até 4. Portanto a solução dada na Eq. 4.1-15
pode ser tomada diretamente apenas com as alterações de notação apropriadas:
e= 1- -
2 fy/v:íãi exp( -7)2) d1) (12.1-7)
y; o
ou
T-T0 y
--=1 erf-- (12.1-8)
Ti -To \/4crl
A solução mostrada na Fig. 4.1-2 descreve o perfil da temperatura quando a ordenada é rotulada (T - T0 )/(T1 - T0 ) e a
abscissa y/'\,/ík;].
Uma vez que a função erro atinge o valor 0,99 quando o argumento é aproximadamente 2, a espessura de penetração
ténnica oré
oy 4\/'cl (12.1-9)
Isto é, para distânciai; y > dr a temperatura alterou-se que 1% da diferença T 1 - T0 • Havendo a necessidade do cálculo da
temperatura de placa de espessura finita, a solução dada pela Eq. 12.1-8 será uma boa aproximação quando orfor pequeno
com relação à espessura da placa. Entretanto, quando ºré da ordem de grandeza da espessura da placa, ou maior, então a
solução em série do Exemplo 12.1-2 deve ser usada.
O fluxo térmico na parede pode ser calculado da Eq. 12.1-8 como a seguir:
qyly=o = - k -aTI
8Y y=o
k <T1 - To)
=, 1---: (12.1-10)
vr.at
1 1
Portanto o fluxo térmico varia como i- n, enquanto a espessura de penetração varia como t n.
EXEMPLO 12.1-2
Aquecimento de uma Placa Finita
Uma placa sólida ocupando o espaço entre y = -b e y = +b está inicialmente à temperatura T0 • No instante t = O as
superfícies em y = ± b são subitamente elevadas para T1 e mantidas nessa temperatura. Determine T(y, t).
SOLUÇÃO
Para esse problema definimos as seguintes variáveis adimensionais:
ae a2e (12.1-14)
ª" ªT/1
C.I.: em"= O, e= 1 (12.1-15)
C.C.1e2: em T/ = ±1, E)= Ü para T> Ü (12.1-16)
Note que não aparecem quaisquer parâmetros quando o problema é assim reformulado.
Podemos resolver esse problema pelo método da separação de variáveis. Iniciamos supondo que uma solução na forma
do seguinte produto pode ser obtida:
1 dg 1 d2f
(12.1-18)
gd-; = 7dT/ 2
O lado esquerdo é uma função só de 'T, e o lado direito é urna função de 7J apenas. Isso só pode ser verdade se ambos os
lados forem iguais a uma constante, a qual chamamos -c2 • Se a constante fosse chamada +c2, +e ou -e, o mesmo resul-
tado seria obtido, mas a solução seria um pouco mais confusa. A Eq. 12.1-18 pode então ser separada em duas equações
diferenciais ordinárias
dg ?
h= -c-g (12.1-19)
d2r
_}_ = -c2f (12.1-20)
d1,2
Estas são da forma da Eq. C.1-1 e 3 e podem ser integradas para dar
ecos e o (12.1-23)
Claramente C não pode ser nula, pois essa escolha conduz a uma solução fisicamente inadmissível. Entretanto, a igualda-
de pode ser satisfeita por diferentes escolhas de e, que chamamos e.:
C;i = (11 + ~)7T n =O, ±1, ±2, ±3 ... , ±oo (12.1-24)
Portanto a Eq. 12.1-14 pode ser satisfeita por
E>n = AnC11 exp[-(n + ~)27T 2 T] cos (n + ~)'1TT/ (12.1-25)
Os subscritos n nos lembram que A e C podem ser diferentes para cada valor de n. Devido à linearidade da equação dife-
rencial, podemos superpor todas as soluções da forma da Eq. 12.1-25. Ao fazermos isso notamos que as exponenciais e
cossenos para n possuem os mesmos valores que para -(n + 1), de maneira que os termos com índices negativos se com-
binam com os positivos. A superposição dá então
I +I
cos (m + ~)7T7) d77 =
"'
2; 0 11
f +1
cos (m + ~)7T7) cos (n + ~)7T7) d77 (12.1-28)
-1 11=0 -1
Quando as integrações são efetuadas, verifica-se que todas as integrais do lado direito são identicamente nulas exceto pelo
termo em que n = m. Assim obtemos
= 2c-1r (12.1-30)
0
m (m +~)ri
A substituição dessa expressão na Eq. 12.1-26 dá o perfil da temperatura, o qual reescrevemos em termos das variáveis
originais2
T1 - T ~ ( -1)" 1 º ? 1 7T1J
-T T = 2 L.J - - 1
-exp[-(n + 2h1c.d/b]
2
cos (n + 2) -b (12.1-31)
1 - o 11=0 (n + 2)7T
As soluções de muitos problemas de condução de calor em regime variável são obtidas em séries infinitas como a obtida
aqui. Essas séries convergem rapidamente para valores altos2 do tempo adimensional at/b 2 • Para tempos muito curtos a
convergência é muito lenta, e no limite quando cxt/b2 tende a zero é possível demonstrar que a solução dadanaEq. 12.1-31
se aproxima daquela apresentada na Eq. 12-1-8 (veja o Problema 12D.l). Embora a Eq. 12.1-31 seja inconveniente para
alguns cálculos práticos, a representação gráfica, como a da Fig. 12.1-1, é facilmente usada (veja o Problema 12A.3). Na
figura observa-se que quando o tempo adimensional 'T = at/b2 é 0,1, o calor atingiu, mensuravelmente, o plano central da
placa, e para 'T = 1,0 o aquecimento ·é 90% completo no plano central.
Resultados análogos à Fig. 12.1-1 são apresentados para cilindros infinitos e esferas nas Figs. 12-1-2 e 3. Esses gráficos
podem também ser usados para a construção de soluções de problemas análogos de condução de calor em paralelepípedos
retangulares e em cilindros de comprimento finito (veja o Problema. 12C.l).
t
T-T0
0,6 0,4 Ti -T
Ti-To
Ti -To
0,4 0,6
i
0,2 0,8 Fig. 12.1-1 Perfis de temperatura para a condução de calor em regime
transiente em uma placa de espessura finita 2b. A temperatura inicial
1,0 da placa é T0 e T1 é a temperatura imposta à superfície da placa para t >
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 O. [H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Gonduction ofHeatin Solids, 2"dedition,
y/b Oxford University Press (1959), p. 101.]
'H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Conduction ofHeat in Solids, 200 edition, Oxford University Press (1959), p. 97, Eq. (8); a solução alternativa da Eq. (9) converge rapidamente
para curtos tempos.
DlSTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA V AR!ÁVEL INDEPENDENTE 361
0,8
t
T-T0 0,6 0,4
T1 -T
Tl-To
Ti-To
0,4 0,6
i
0,2 0,8 Fig. 12.1-3 Perfis de temperatura para a condução de calor transiente
em urna esíera de raio R. A temperatura inicial do cilindro é T0 , e T1 é a
temperatura imposta à superficie do cilindro para t > O. [H.S. Carslaw
0,2 0,4 0,6 0,8 and J.C. Jaeger, Conduction of Heat in So/ids, 2nd edition, Oxford
r/R University Press (1959), p. 234.]
EXEMPLO 12.1-3
Condução Transiente de Calor Próximo a uma Parede com Fluxo Térmico Senoidal
Um corpo sólido ocupando o espaço desde y = O até y = co está inicialmente a T0 • A partir de t = O, um fluxo térmico
periódico dado por
(12.1-32)
é imposto em y =O. Aqui% é a amplitude da oscilação do fluxo térmico, e <ué a freqüência (circular). Deseja-se determi-
nar a temperatura nesse sistema, T(y, t), no estado periódico estacionário (veja o Problema 4.1-3).
SOLUÇÃO
Para a condução térmica unidimensional a Eq. 12.1-2 é
ar
-=a--
a2r (12.1-33)
at ay2
362 CAPÍTULO DOZE
(12.2-34)
aqy a1qy
Tt=a ay2 (12.1-35)
Formalmente esse problema é exatamente o mesmo que o dado nas Eqs. 4.1-44, 46 e 47. Portanto a solução dada pela Eq.
4.1-57 pode ser tomada apenas com as mudanças de notação:
I
-k r, dT = J"' qy(y, t) dy (12.1-39)
T y
A substituição da distribuição do fluxo térmico no lado direito dessa equação dá após a integração
T-T0 =~k ~~
~e-~ cos(wt- ~~
r;:; y-'!!.)
4
(12.1-40)
Assim, na superfície y = O, a temperatura oscila com um atraso de 7r/4 em relação à oscilação do fluxo térmico.
Esse problema ilustra um procedimento padrão para a obtenção do regime periódico estacionário da condução de calor.
Ele também mostra como podemos usar a equação da condução de calor em termos do fluxo térmico, quando são conhe-
cidas as condições de contorno para o fluxo térmico.
EXEMPLO 12.1-4
Resfriamento de uma Esfera em Contato com um Fluido Bem Agitado
Uma esfera sólida homogênea de raio R, inicialmente à temperatura T1, é subitamente imersa em t = Oem um volume
V1 de um fluido bem agitado à temperatura T0 em um tanque isolado. Deseja-se determinar a difusividade térmica a,=
k/p,êP, do sólido por observação da temperatura do fluido T1com o tempo. Usamos as seguintes variáveis adimen-
sionais:
T1 Tr
01('í) = y To= temperatura adimensional do fluido (12.1-42)
1
'í = ast
R2 tempo a dimensiona1 (12.1-44)
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM lv!AIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 363
SOLUÇÃO
O leitor pode verificar que o problema expresso em variáveis adimensionais é
Sólido Fluido
Sólido Fluido
- 1 a( 2 ae.) -f -1 = -B3ae5/
pe
pe. =g:z;zg g d[ (12.1-51) --
dÇ .;=1
(12.1-54)
- -
EmÇ= 1,05 er (12.1-52)
EmÇ = 0, 0 5 =finito (12.1-53)
-0. = g-senh
c1 .vpÇ
' + -gcosh
e, ·vpÇ' (12.1-55)
Devido à condição de contorno em Ç=O, fazemos C 2 igual a zero. A substituição desse resultado naEq. 12.1-54 dá então
- 1 Cl , / •! , I
®r = p + 3 Bp (senhvp - vpcosh vp) (12.1-56)
A seguir, inserimos esses dois últimos resultados na condição de contorno em g= 1, para a determinação de C 1• Obtém-
se para e/
- 1 ( 1 - (1/Vp) tanhvp )
61 3 (12.1-57)
= P+ (3 - Bp)Vp tanhVp - 3p
Agora dividimos o numerador e denominador no interior dos parênteses por p, e tomamos a transformada inversa de Laplace
para obter
=1 + 3;.e- {N(p)}
312
{ (1/p) - (l/p ) tanhvp }
0r = 1 + 3;e- 1 -- 1
(12.1-58)
(3 - Bp)(l/vp) tanhvp - 3 D(p)
Pode-se demonstrar que D(p) possui apenas uma raiz em p = O, e raízes em V/}; = ihk(com k = 1,2,3 ... , oo), onde bk são as
raízes não-nulas de bk = 3bj(3 + Bb2k). O teorema de Heaviside da expansão em frações parciais4 pode agora ser usado com
Para se obter
B "' exp(-bfr)
ef = 1 + B+ B
6
~ 9(1 + B) + B 2 b~ (12.1-61)
A Eq. 12.1-61 está representada na Fig. 12.1-4. Nesse resultado o único local onde a difusividade do sólido a, aparece é no
tempo adimensional T = a,t/R 2, de modo que o aumento da temperatura do fluido pode ser usado para determinar experi-
mentalmente a difusividade térmica do sólido. Note que a técnica da transformada de Laplace permite-nos chegar à historia
da temperatura do fluido sem passar pelos perfis de temperaturas do sólido.
.....--.._
1,0
0,8
>-----
1
B =..
1
V/ ?< ~ ~'\
__.
~~
\,,
-
º;., ~v ::::::. --=- -- --
~
!:::;::::::;;
4 10
~1~
1 1 0,6
/V/ ~ ~ '2
{fi~
/
E-<..._,~
..___...
8 ~V
0,4
+
e r;
0,2
Fig. 12.1-4 Variação com o tempo da temperatura de um fluido depois que
uma esfera de raio R à temperatura T1 é posta em um fluido bem misturado
o inicialmente à temperatura T0• O parâmetro adimensional B está definido no
o 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20. texto após a Eq. 12.1-50. [H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Conduction of Heat in
a5 t/R2 Solids, zru1edition, Oxford University Press (1959), p. 241.]
1
M. Jakob, HeatTransfer, Vol. I, Wiley, New York (1949), pp. 451-464.
2
H. Grõber, S. Erk, and U. Grigull, Die Grundgesetze der Wãrmeübertragung, Springer, Berlin (1961), Part II.
3
R.K. Shah and A.L. London, Laminar Flow Forced Convection in Ducts, Academic Press, New York (1978).
4
L.C. Burmeister, C0tivectil•e Heat Transfer, Wiley-Interscience, New York (1983).
; L.D. Landau and E.M. Lifshitz, Fluid Mechanics, Pergarnon, Oxford ( 1987) Chapter 5.
6
L.G. Leal, Laminar Flow and Convective Trallsport Processes, Butterworth-Heinemann (l992), Chapters 8 e 9.
7
W.M. Deen, Allalysis of Transport Phenome!la, Oxford University Press (1998), Chapters 9 e 10.
8
L. Graet".l, Ann. Phys. (N.F.), 18, 79-94 (1883), 25, 337-357 (1885); W. Nusselt, Zeits.Ver. deutch. lng., 54, l 154-1158 (1910). Para o "problema estendido de Graetz",
que inclui a condução axial, ver E. Papoutsakis, D. Ramkrishna, e H.C. Lim, Appl. Sei. Res., 36, l3-34 (1980).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 365
escoamentos em tubos onde a temperatura da parede sofre um aumento súbito em um ponto do tubo (veja os Problemas
12D.2, 3 e 4). Soluções análogas foram obtidas para variações arbitrárias da temperatura e do fluxo térmico na parede. 9 O
problema de Graetz-Nusselt foi também estendido para fluidos não-newtonianos. 10 Soluções foram, também, desenvolvi-
das para uma larga classe de problemas sobre trocadores de calor em regime laminar, 11 no qual a condição de contorno da
parede é dada pela continuidade do fluxo térmico através das superfícies que separam as duas correntes. Um problema
adicional de interesse é o do escoamento em duto acompanhado de efeitos do aquecimento viscoso significativo (o proble-
ma de Brinkman 12).
Nesta seção estendemos a discussão do problema tratado na Seção 10.8 -i.e., o da determinação dos perfis de tempe-
ratura para o escoamento laminar de um fluido incompressível em um tubo circular. Naquela seção apresentamos o pro-
blema e determinamos a solução assintótica para grandes distâncias do início da zona de aquecimento. Aqui damos a so-
lução completa da equação diferencial parcial, assim como a solução assintótica para curtas distâncias. Isto é, o sistema
apresentado na Fig. 10.8-2 é discutido, neste livro, a partir de três pontos de vista:
a. Solução completa da equação diferencial parcial pelo método da separação de variáveis (Exemplo 12.2-1 ).
b. Solução assintótica para curtas distâncias, tubo abaixo, pelo método da combinação de variáveis (Exemplo 12.2-2).
e. Solução assintótica para grandes distâncias tubo abaixo (Seção 10.8).
EXEMPLO 12.2-1
Escoamento Laminar em um Tubo, com Fluxo Constante de Calor na Parede
Resolva a Eq. 10.8-19 com as condições de contorno dadas pelas Eqs. 10.8-20, 21e22.
SOLUÇÃO
A solução completa para a temperatura é suposta ser da seguinte forma:
(12.2-4)
na qual ®,,(Ç,0 é a solução assintótica dada pela Eq. 10.3-31, e ®iÇ,0 é uma função que será amortecida exponencial-
mente com o tempo. Com a substituição da expressão para ®(Ç,0 da Eq. 12.2-4 na Eq. 10.8-19, é possível demonstrar que
a função ®iÇ,0 deve satisfazer à Eq. 10.8-19 e também às seguintes condições de contorno:
(12.2-8)
Então a Eq. 10.8-19 pode ser separada em duas equações diferenciais ordinárias
dZ
-c2Z (12.2-9)
dt;
l _!
gdg
(g dX)
dg
+ c2(l ç2)X = O (12.2-10)
9 E.N. Lightfoot, C. Massot, and F. Irani, Chem. Eng. Progress Symp. Series. Vol. 61. No. 58 (1965), pp. 28-60.
IO R.B. Bird, R. e. Annstrong, ando. Hassager, Dynamics of Polymeric liquids, Wiley-Interscience (1987) 2ml edition,Vol. l, §4.4.
11
R.J. Nunge and W.N. Gill, AIChE Journa/, 12, 279-289 (1966). .
12
H.C. Brinkman,Appl. Sei. Research, A2, 120-124 (1951); R.B. Bird,SPEJoumal, 11, 35-40 (1955); H.L. Toor,/11d. Eng. Chem., 48, 922-926 (1956).
366 CAPÍTULO DOZE
nas quais -c2 é a constante de separação. Como as condições de contorno para X são d:r/dÇ =O em Ç =O, 1, temos um
problema de Sturm-Liouville. 13 Portanto sabemos que teremos um número infinito de autovalores ck e autofunções Xk, e a
solução final é da forma:
em que
O problema é portanto reduzido ao da determinação das autofunções Xif> por solução da Eq.12.2-10, e determinação dos
autovalores ck por aplicação da condição de contorno em Ç = 1. Para esse problema isso foi feito para k até as 7 primeiras
funções. 14
EXEMPLO 12.2-2
Escoamento Laminar em um Tubo com Fluxo Constante de Calor na Parede: Solução Assintótica para a Região de
Entrada
Note que a soma na Eq. 12.2-11 converge rapidamente para z grande mas vagarosamente para zpequeno. Desenvolva uma
expressão para T(r, z) que seja útil para pequenos valores.
SOLUÇÃO
Para z pequeno a adição de calor afeta apenas uma estreita região próxima à parede, de modo que as três seguintes apro-
ximações conduzerri'a resultados precisos no limite quando z --7 O:
a. Efeitos da curvatura podem ser desprezados e o problema tratado como se a parede fosse plana; chame a distância à
parede y = R - r.
b. O fluido pode ser olhado como se estendesse desde a superfície (plana) de transferência de calor (y = O) até y = co.
e. O perfil da velocidade pode ser tratado como se fosse linear, com a inclinação dada pelo perfil parabólico de veloci-
dade na parede: v,(y) = vQY/R, em que v0 = (<!!' 0 -1!i\)R 2/2µL
É dessa forma que o sistema se apresentaria para um minúsculo "observador" localizado no interior da fina casca de fluido
aquecida. Para esse observador, a parede pareceria plana, o fluido, infinito, e o perfil da velocidade, linear.
A equação da energia então fica, para a região apenas um pouco além dez = O,
Y ar a2r (12.2-13)
VoR az =a ay2
É mais fácil trabalhar com a equação para o fluxo térmico na direção de y (qy = -k T / y ). Essa equação é obtida dividin-
do-se a Eq. 12.2-13 por y e diferenciando em relação a y:
1aqy
Vo Raz =a aya (1y aq11)
ay (12.2-14)
13
M.D. Greenberg, Advanced Engineering Matlzematics, Prentice-Hall, Upper Saddle River, N.J., 2º" edition (1998), §17.7.
"R. Siegel, E.M. Sparrow, and T.M. Hallman, Appl. Sei. Researclz, A7, 386-392 (1958).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 367
(12.2-16)
Esse problema pode ser resolvido pelo método da combinação de variáveis (veja os Exemplos 4.1-1 e 12.1-1) usando a
nova variável independente x = 11/V9Ã. Então a Eq. 12.2-16 fica
d 2w dlf!
X.........:..+ (3x 3 -1)- =O (12.2-20)
dx 2 dx
As condições de contorno são: ernx =O, ijJ = 1, e quando x~ oo, ifJ~ 1. A solução daEq.12.2-20 é encontrada primeiro
fazendo d1f!/dx = p, e obtendo urna equação de primeira ordem parap. A equação parap pode serresolvidae a seguir ijJé
obtido com a seguinte forma:
f' xexp(-x 3)
i/J(x) = _._Y"' _ _ _ __
dx
(12.2-21)
hx exp( - x dx
3
)
O perfil da temperatura pode ser agora encontrado por integração do fluxo térmico:
(12:2-22)
(12.2-23)
A expressão para i/Jé introduzida na integral e a ordem de integração da integral dupla pode ser invertida (veja o Problema
12D.7). O resultado é
0(
7J,
A) = V9A[exp(-x3) -
f(~) X
(1 - f(~,r@x 3
))]
-
(12.2-24)
Aqui f(i) é a função gama (completa), e f(i, X3) é a função gama incompleta. 15 Para comparar esse resultado com o
do Exemplo 12.2-1, notamos que 1/ = 1 - Çe A= tç. A temperatura adimensional é definida de forma idêntica na
Seção 10.8, no Exemplo 12.2-1, e aqui.
15 M. Abramowitz and LA. Steguu, eds., HandbookoÍMathematical Fu11ctio11s, Dover, New York, 9'" Printing (1973), pp. 255 et seq.
368 CAPITULO DOZE
Essas equações são exatamente análogas à expressão para a velocidade em termos do potencial velocidade (v = -V </J), e
à equação de Laplace para o potencial velocidade ('1 2 </J = O), que encontramos na Seção 4.3. Problemas de condução de
calor em regime permanente podem; portanto, ser resolvidos por aplicação da teoria do potencial.
Para a condução térmica bidimensional em sólidos com condutividade térmica constante, a temperatura satisfaz a equação
de Laplace bidimensional:
.kdw . (12.3-4)
z dz = qr. - zqy
Dada qualquer função analítica, é fácil determinar problemas de escoamento de calor que sejam descritos por ela. Mas o
processo inverso da determinação de uma função analítica adequada a um determinado problema é em geral muito difícil.
Alguns métodos para tanto estão disponíveis, mas estão fora do escopo deste livro.1-2
Para cada função complexa w(z), duas redes de fluxo térmico são obtidas pela troca das linhas def e de g constantes.
Além disso, duas redes adicionais são obtidas trabalhando-se com a função inversa z(w) como ilustrado no Cap. 4 para o
escoamento de fluido ideal.
Note que o escoamento potencial de fluidos e o fluxo potencial de calor são matematicamente similares, com as redes
bidimensionais, em ambos os casos, sendo descritas por funções analíticas. Fisicamente, entretanto, existem certas dife-
renças importantes. As redes correspondentes ao escoamento de fluidos descritas na Seção 4.3 são para um fluido sem
viscosidade (um fluido fictício!) e, portanto não podemos usá-las para calcular a força de arraste sobre superfícies. Por
outro lado as redes c~rrespondentes ao fluxos térmicos descritas aqui são para sólidos que possuem uma condutividade
térmica finita, e conseqüentemente os resultados podem ser usados para o cálculo do fluxo térmico em todas as superfíci-
es. Além disso, na Seção 4.3 os perfis de velocidade não satisfazem a equação de Laplace, enquanto nesta seção os perfis
de temperatura a satisfazem. Informações adicionais acerca de processos físicos análogos descritos pela equação de Laplace
estão disponíveis em livros sobre equações diferenciais parciais. 3
Aqui damos apenas um exemplo para providenciar um vislumbre do uso de funções analíticas; exemplos adicionais
podem ser encontrados nas referências citadas.
EXEMPLO 12.3-1
Distribuição de Temperatura em uma Parede
Considere uma parede de espessura b estendendo-se de Oa na direção de y, e de -oo a +oo na direção perpendicular às
direções x e y (veja a Fig. 12.3-1). As superfícies x = :±:tb são mantidas à temperatura T0 , enquanto o fundo da parede na
superfície y =O é mantido à temperatura T1• Mostre que a parte imaginária da função4
w(z) = l
ri
1n (~~n r.z/b) -
( sen r.z/b) + 1
1) (12.3-5)
1
H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Conduction of Heat in Solids, 2"" edition, Oxford University Press (1959), Chapter XVI.
2
M.D. Greenberg, Advanced Engineering Mathematics, Prentice-Hall, Upper Saddle Ríver, N.J., 2"" edítion (1998), Chapter 22.
3
LN. Sneddon, Eleme/lls of Partia/ Differential lfi[ualions, Dover, New York (1996), Chapter 4.
4
R.V. Churchill, lntroduction to Complex Variables a11dApplicatio11s, McGraw-Hill, New York, (1948), Chapter LX. Veja também C.R. Wylie and L.C. Barretl, Advance
Engineering Mathematics, McGraw-Híll, New York, 6'" edition ( 1995), Chapler 20.
DrSTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 369
SOLUÇÃO
A parte imaginária de w(z) na Eq. 12.3-5 é
na qual o arcotangente está na faixa de O a Í· Quando x = ±ib, a Eq.12.3-6 dá® = O, e quando y =O, ela dá® = Íarctan
co= 1.
Da Eq. 12.3-6 o fluxo térmico na base da parede pode ser obtido:
Continuidade (12.4-1)
Movimento (12.4-2)
Energia (12.4-3)
1
H. Schlichting, Boundary-Layer Tlreory, 7'". edition, McGraw-Hill, New-York (1979), Chapter 12.
2 K. Stewartson, The Theory o/ Laminar Bow1dary Layers in Compressible Fluids, Oxford University Press (1964).
3 E.R.G. Eckert and R.M. Drake, Jr., Analysis o/ Heat and Mass Transfer, McGraw-Hill, New-York (1972), Chapter 6 and 7.
370 CAPÍTULO DOZE
Nelas p, µ,, k e êP são considerados constantes e µ,(éJuJéJy) 2é o efeito de aquecimento viscoso, que daqui para frente é
desprezado. Soluções dessas equações são assintoticamente precisas para valores pequenos da difusividade de momento
v = µJp naEq. 12.4-2, e para pequenos valores da difusividade térmica na Eq. 12.4-3.
A Eq. 12.4-1 é a mesma que a Eq. 4.4-1. A Eq. 12.4-2 difere da Eq. 4.4-2 por causa da inclusão da força de empuxo
(veja a Seção 11.3), a qual pode ser significativa mesmo quando a variação relativa da densidade é pequena. A Eq. 12.4-3
é obtida da Eq. 11.2-9 desprezando-se a condução de calor na direção de x. Formas mais completas das equações da cama-
da limite podem ser encontradas em outros lugares. 2•3
As condições de contorno usuais para as Eqs. 12.4-1 e 2 são v-' = vY = Ona superfície do sólido, e que a velocidade tende
ao escoamento potencial na margem externa da camada limite da velocidade, de modo que vx-7 v.(x). Para a Eq. 12.4-3
a temperatura T é especificada em T0 na superfície do sólido e Tx na borda externa da camada limite térmica. Isto é, a
velocidade e a temperatura diferem de v,(x) e de T,, apenas nas finas camadas próximas à superfície do sólido. Entretanto
as camadas limites de velocidade e temperatura serão de espessuras diferentes correspondendo à facilidade relativa da
difusão de momento e de calor. Como Pr = via, para Pr > 1 a camada limite térmica usualmente é menor que a camada
limite da velocidade, enquanto para Pr < 1 a relação de espessuras é justamente a inversa. Lembre-se de que para gases Pr
é próximo a!, enquanto para líquidos comuns Pr > 1, e para os metais líquidos Pr < < 1.
Na Seção 4.4 demonstramos que a equação do movimento da camada limite podia ser integrada formalmente de y =Oaté 1
y=, se fizermos uso da equação da continuidade. De forma análoga podemos efetuar a integração das Eqs. 12.4-1 a 3 e j
obtemos:
Nlomento V.r)dy + -d
dve
X
J"' p(ve -
O
v::)dy
(12.4-4)
Energia (12.4-5)
As Eqs. 12.4-4 e 5~são os balanços de momento e de energia de von Kármán, válidos para sistemas de convecção for-
çada e de convecção natural. A condição velocidade nula v, = Oem y = Ofoi usada aqui, assim como na Eq. 4.4-4; velo-
cidades não-nulas em y =O ocorrem em sistemas de transf~rência de massa e serão consideradas no Cap. 20.
Como mencionado na Seção 4.4, existem dois métodos para a solução das equações da camada limite: as soluções
analíticas ou numéricas das Eqs. 12.4-1 a 3 são chamadas "soluções exatas da camada limite", enquanto as soluções obti-
das das Eqs. 12.4-4 e 5, com perfis aproximados para a velocidade e a temperatura, são chamadas "soluções aproximadas
da camada limite". Freqüentemente uma visão crítica pode ser obtida pelo segundo método, e com um esforço relativa-
mente pequeno. O Exemplo 12.4-1 ilustra esse método.
Um uso extensivo tem sido feito das equações da camada limite para o estabelecimento de correlações de taxas de
transferência de momento e de calor, como será visto no Cap. 14. Embora nesta seção não venhamos a tratar da con-
vecção natural, no Cap. 15 muitos resultados úteis são apresentados acompanhados das citações bibliográficas apro-
priadas.
EXEMPLO 12.4-1
Transferência de Calor por Convecção Forçada La.minar, ao Longo de uma Placa Plana Aquecida (Método bziegral
de von Kármán)
Obtenha o perfil de temperatura próximo a uma placa plana, ao longo da qual escoa um fluido newtoniano, como mostra
a Fig. 12.4-1. A superfície molhada é mantida à temperatura T0 e a temperatura de aproximação do fluido é T 00 •
SOLUÇÃO
Para usar os balanços de von Kármán, devemos primeiramente postular formas para os perfis de velocidade e de tem-
peratura. Os seguintes polinômios dão Ona parede e 1 na borda externa da camada limite com inclinação nula na borda
externa:
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE U~LA. VARIÁVEL INDEPENDENTE 371
y To-T
Fluido se aproxima
com velocidade V: ---+-
O uso das Eqs. 12.4-4 e 5 é simples e direto mas tedioso. A substituição das Eqs .12.4-6 até 9 nas integrais dá (com v,
feita igual a v"' aqui)
J
00
pvx(z>,,, - v)dy = pv;,a(x) { (271 - 2713 + 71 4)(1 - 271 + 2713 714)d71 = fupv;,o(x) (12.4-10)
0
= (~L\ - Jtoll. 3
+ 1fmL\'1)pêpvoo(Too - T0)oy(x) (12.4-11)
Nessas integrais T/ = y/ô(x) e T/r =y/8r(x) = y/IJ.ô(x). A seguir, a substituição dessas integrais nas Eqs. 12.4-4 e 5 dá equa-
ções diferenciais para as espessuras das camadas limites. Essas equações diferenciais separáveis de primeira ordem são
facilmente integradas, e obtemos
(12.4-12)
(12.4-13)
As espessuras das camadas limites estão agora determinadas, exceto pela avaliação de !J. na Eq. 12.4-13. A relação daEq.
12.4-12 para a Eq. 12.4-13 dá uma equação para !J. em função do número de Prandtl:
(12.4-14)
372 CAPÍTULO DOZE
Quando essa equação de sexta ordem é resolvida para ti em função de Pr, verifica-se que a solução pode ser ajustada pela
relação simples4
ll < 1 (12.4-15)
acerca de 5%.
li=I__ =
To - T"'
2(J_)- (J_)3 + (J_)4
Ao
2
M /lo
(12.4-16)
em que ti= Pr-1 e o(x) = v'0.260/37)(vx/v,). A suposição de que o escoamento seja laminar é valida parax < xcrit onde
xcrítv,,,p/µ, é usualmente maior que 105.
Finalmente, a taxa de perda de calor de ambos os_lados da placa aquecida, de largura W e comprimento L, pode ser
obtida das Eqs. 12.4-5,11,12,15 e 16:
= 2 fr
0
w pêpv,(T-T,,,)lx=Ldydz
na qual ReL = Lv,,,p/µ,,Assim a técnica da camada limite permite que seja obtida a dependência da taxa de transferência de
calor Q nas dimensões da placa, condições do escoamento e propriedades térmicas do fluido.
A Eq. 12.4-17 concorda bastante com soluções mais detalhadas baseadas nas Eqs. 12.4-1a3. A solução assintótica
para Q válida para números de Pr<!Ildtl altos, dada no próximo exemplo, 5 tem a mesma forma, exceto que o coeficiente
numérico Vl 48/315 é modificado para 0,677. A solução exata para Q a números de Prandtl finitos, obtida numericamen-
te, 6 tem a mesma forma exceto que o coeficiente é substituído por uma função de pequena variação C(Pr), apresentada na
Tabela 12.4-1. O coeficiente C = 0,664 é exato para Pr = 1 e válido dentro de ±2% para Pr > 0,6.
A proporcionalidade de Q a Pr, aqui encontrada, é assintoticamente correta no limite quando Pr-? oo, não apenas para
a placa plana mas também para todas as geometrias que permitem uma camada limite laminar, não separada, como ilustra-
do no próximo exemplo. Desvios de Q - Pt ocorrem para números de Prandtl finitos para escoamentos sobre placas pla-
nas, e mais ainda para escoamentos na proximidade de corpos com formas diversas, e próximo a superfícies em rotação.
Esses desvios são devidos à não-linearidade do perfil da velocidade dentro da camada limite térmica. Expansões assintóticas
para a dependência de Pr em Q foram apresentadas por Merk e outros. 7
• H. Schlichting, Boundary layer Theory, 7'" edition, McGraw-Hill, New York ( 1979), pp. 292-308.
'M.J. Lighthill, Proc. Roy. Soe., A202, 359-377'(1950).
6
E. Pohlhausen, Zeits.f. angew. Math. u. Mech., 1, 115-121 (1921).
7
H.J. Merk, J. Fluid Mech., 5, 460-480 (1959).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 373
EXEMPLO 12.4-2
Transferência de Calor por Convecção Forçada Laminar, ao Longo de uma Placa Plana Aquecida (Solução
Assintótica para Números Grandes de Prandtl) 5
No exemplo precedente usamos as expressões integrais de von Kánnán para a camada limite. Agora repetimos o mesmo
problema para obter uma solução exata das equações da camada limite no limite quando o número de Prandtl é grande (ver
Seção 9.1). Nesse limite, a borda externa da camada limite térmica fica bem dentro da camada limite da velocidade. Por-
tanto podemos supor, com segurança, que vx varia linearmente ao longo de toda a camada limite térmica.
SOLUÇÃO
Combinando a equação da camada limite, da continuidade e da energia (Eqs. 12.4-1 e 3) obtemos
V ll_ +
r ax
(-f avrax y aTay
o
y d1 ) = a aT
2
ay2 (12.4-18)
na qual a = k/pêr O primeiro termo da expansão em série de Taylor para a distribuição de velocidades próximo à parede é
Vr y
-=c--- (12.4-19)
v"' Vvx/v.,
onde a constante e= 0,4696/ 2 = 0,332 pode ser inferida da Eq. 4.4-30.
A substituição dessa expressão da velocidade na Eq. 12.4-18 dá
yv., ) aT y2v"'Jx ) aT
( CVvx/voo ax+ 4vvx/voo ay=ªay2
(e
a2T (12.4-20)
e
cv3J2 )1/3 y
(12.4-21, 22)
T/ = ( 12av112 x112
toma possível reescrever a Eq. 12.4-20 (ver Eq. C.1-9) como
2
d IT + 3T/ 2 dIT = O (12.4-23)
dT/ 2 dT/
A integração dessa equação com a condição de contorno que I1 = Oem 77 = O e I1 ~ 1 quando 77 ~ oo, dá
r exp(-7)3) dTj
IT(TJ) =_o_"'_ _ __
r exp(-7)3 ) d1)
(12.4-24)
J exp( - r;3) dTj
0
f(})
para a distribuição de temperatura adimensional. Veja a Seção C.4 para uma discussão da função gama f(n).
A taxa de transferência de calor por ambos os lados da placa aquecida com dimensões W de largura e L de comprimento
nos dá
=2WJL(-kªT)/
Ody
dx y=O
(12.4-25)
374 CAPITULO DOZE
que é o mesmo resultado que o da Eq. 12.4-17 a não ser pela constante numérica. O termo entre colchetes é igual a 0,677,
o valor assintótico que aparece na Tabela 12.4-1.
EXEMPLO 12.4-3
Convecção Forçada no Escoamento Tridimensional para Números Grandes de Prandtl8•9
HtHHHHtHHH
Ponto de estagnação
/,
~\ __ ",.._
Lirníte aproximado da ,,( "'
camada lirníte térmica---•./"'" \
I
I
1
1
I
I Fig. 12.4-2 Transíerência de calor de uma superfície tridimensional.
I A análise assintótica se aplica a montante das regiões de escoamento
/
/ separado e turbulento. Essa regiões estão ilustradas para cilindros
/
Região de escoamento separado na Fig. 3.7-2.
A técnica introduzida no exemplo precedente foi estendida a escoamentos em tomo de objetos de forma arbitrária. Consi-
dere o escoamento permanente de um fluido sobre um objeto estacionário representado na Fig. 12.4-2. O fluido se apro-
xima com temperatll}."a uniforme T~, e a superfície do sólido é mantida à temperatura uniforme T0 • A distribuição de tem-
peratura e a transferência de calor devem ser determinadas para a região de escoamento laminar, que se estende a jusante
do ponto de estagnação até o local onde a turbulência se inicia ou onde há a separação da camada limite. Os perfis de
velocidade são considerados conhecidos. ·
A camada limite térmica é considerada muito fina, o que implica que as isotermas quase coincidam com a superfície
sólida, de modo que o fluxo térmico q seja quase normal à superfície. Isso também implica que os perfis completos da
velocidade sejam desnecessários. Precisamos saber o estado do movimento apenas próximo à superfície do sólido.
Para tirar proveito dessas simplificações escolhemos as coordenadas de forma especial (veja a Fig. 12.4-2). Definimos
y como a distância de um ponto no fluido à superfície justamente como na Fig. 12.4-1. Definimos x e z como as coordena-
das do ponto mais próximo sobre a superfície, medidas paralela e perpendicularmente ao movimento tangencial próximo
à superfície. Expressamos os elementos de arco nas direções x e z como h./lx e h,dz, em que hx e h, são os "fatores de
escala" dependentes da posição discutidos na Seção A.7. Como estamos interessados apenas na região onde y é pequeno,
os fatores de escala são considerados funções apenas de x e de z.
Com essa escolha os componentes da velocidade para pequenos valores de y ficam
Vx = {3(x,z)y (12.4-26)
Vz Ü (12.4-28)
Aqui f3(x, z) é o valor local de iJv/ éJy na superfície; é positivo na região sem separação, mas pode anular-se nos pontos de
estagnação ou de separação. Essas equações são obtidas escrevendo-se as séries de Taylor para v,. e v,, retendo termos até
o primeiro grau em y, e então integrando a equação da continuidade com a ajuda da condição de contorno vY = Ona super-
8
W.E. Stewart, AlChE Jouma/, 9, 528-535 (1963).
9
Para análises bidimensionais análogas, veja M.J. Lighthill, Proc. Roy. Soe., A202, 359-377 (1950); V.G. Levich, Physico-Chemica/ Hydrodynamics, Chapter2, Prentice-
Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1962); A. Acrivos, Physics o/Fluids, 3, 657-658 (1960).
j
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL !NDEPENDEl'<TE 375
fície e assim obter a expressão para vr Esses resultados são válidos para escoamentos newtonianos ou não-newtonianos
com viscosidade independente da temperatura. 10
Por um procedimento análogo ao utilizado no Exemplo 12.4-2 obtemos um resultado semelhante ao dado na Eq. 12.4-
24. A única diferença é que T/ é definido com maior generalidade como T/ = yf ôr, onde Oi· é a espessura da camada limite
térmica definida por
~ (9a Jx 113
8r = , vh;fih)1,flx) (12.4-29)
V hJ3 x 1(z)
e xi(z) é o limite a montante para a região de transferência de calor. Das Eqs. 12.4-24 e 25 o fluxo térmico local na super-
fície% e a taxa total de transferência de calor para a região aquecida da forma x 1(z) < x < xz(z), z1 < z < z2 são
k(T0 - T"')
(12.4-30)
qo = f(~)or
Q-
- 31/3k(To - T,,,)
l/J
f" (fx,(z) \!h]3r1)1zdA
' ;:)2/3d_ 7
(12.4-31)
4
2a f(3) z1 x 1(z)
Esse último resultado mostra como Q depende das propriedades do fluido, perfis de velocidade, e da geometria do siste-
ma. Vemos que Q é proporcional à diferença de temperatura, a k/a 113 5 k2'3 r 1 !3ê~ 13 , e à potência t do gradiente médio da
velocidade sobre a superfície.
Mostre como esses resultados podem ser usados para obter a taxa de transferência de calor de uma esfera aquecida, de
raio R, com um fluido viscoso em escoamento lento (regime de Stokes) 11 (veja o Exemplo 4.2-1 e a Fig. 2.6-1).
SOLUÇÃO
As coordenadas da camada limite x, y e z podem ser identificadas aqui com 1T - e, r - R e <P da Fig. 2.6-1. Então a estag-
nação ocorre em e = 1T, e a separação ocorre em e = O. Os fatores de escala são hx = R e h, = R sen e. O gradiente da
velocidade f3 é
Q=
1 3
3 1 k(I - T )
o "'
1·2,, (- fo v~v,,, sen 2
eR2 sen ede) 213 d<i>
2a 1/3f(~) o ,, 2
= (7iD2)(I -
o
T
"' D
)(!.)[ (~ ) 71 213
2113f@)
J(Re Pr)113 (12.4-34)
Resultados com a mesma forma da Eq. 12.4-34 são obtidos para escoamentos lentos em outras geometrias, incluindo
meios porosos. 8•13 ·
Ponto de separação
(O= 0)
y=r-R
Ponto de estagnação
(11=7T)
ttttttttt
Fluido que se aproxima com
Fig. 12.4-3 Transíerência de calor em convecção forçada de uma esíera em escoamento lento.
A região sombreada mostra a camada limite térmica (definida por Ilr.;;; 0,99 ou y.;;; 1,58r)
velocidade v. e temperatura L para Pé = RePr = 200.
Deve ser enfatizado que as soluções assintóticas são particularmente importantes; elas são relativamente fáceis de se-
rem obtidas, e para muitas aplicações são suficientemente precisas. Veremos no Cap. 14 que algumas das correlações
importantes e de uso corrente são baseadas em soluçoes do tipo das discutidas aqui.
PROBLEMAS
12A.1 Condução de calor transiente em uma esfera de ferro. Uma esfera de ferro com 1 in de diâmetro tem as seguin-
tes propriedades físicas: k = 30 Btu/h·ft·F, ê = 0,12 Btu/lbm·F e p = 436 lbm/ft3• Inicialmente a esfera está a 70ºF.
13
J.P. Serensen and W.E. Stewart, Gizem. Eng. Sei., 29, 833-337 (1974).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 377
Adesivo termocurável
f
2b F='==========::;=j
_l,____~~-----'4
Lâmina inferior (aquecida)
Fig. 12A.3 Duas lâminas de material sólido com uma camada fina de adesivo entre elas.
12A.4 Resfriamento de um tarugo de aço. Um tarugo de aço com lft de diâmetro e 3ft de comprimento, inicialmente a
l.OOOºF é resfriado em um óleo. Suponha que a superfície do tarugo está a 200ºF durante todo o resfriamento. O
aço tem as seguintes propriedades, que podem ser consideradas independentes da temperatura: k 25Btu/h·ft·F, =
p = 7,7g/cm3 e êP = 0,12cal/g·C. -
Estime a temperatura do ponto mais quente do tarugo depois de 5 minutos de resfriamento. Despreze os efeitos
das superfícies terminais; isto é, faça os cálculos para um cilindro com o diâmetro dado mas de comprimento infi-
nito. Veja o Problema 12C.l com o método para considerar os efeitos terminais.
Resposta: 750°F
12A.5 Medida da difusividade térmica pela amplitude da oscilação da temperatura.
(a) Deseja-se usar os resultados do Exemplo 12.1-3 para medir a difusividade térmica a= k/pêP de um material
sólido. Isso pode ser feito medindo-se as amplitudes A 1 e A1 em dois pontos às distâncias y 1 e Yi de uma superfície
aquecida perindicamente. Mostre que a difusividade térmica pode ser estimada pela fórmula
ª = 3: (i:C~~1~J (12A.4-1)
(b) Calcule a difusividade térmica a quando o fluxo térmico senoidal na superfície tem uma freqüência de 0,0030
ciclos/s, se y 2 -y 1 = 6,19 cm e a relação de amplitudes éA/A 2 é 6,05.
Resposta: a = 0,111 crn2/s
1 Esse problema é baseado no Exemplo 10 de J.M. McKelvey, Chapter 2 de Processing ofThermop/astic Materiais (E.C. Bemhardt, ed.), Reinhold, New York (1959), p. 93.
378 CAPÍTULO DOZE
12A.6 Convecção forçada de uma esfera para um escoamento lento. Uma esfera de diâmetro D, cuja superfície é mantida
à temperatura T0 , está em um fluido que se aproxima com velocidade v"' e temperatura T O escoamento em tomo00 •
da esfera é no regime de Stokes - isto é, o número de Reynolds é inferior a aproximadamente O, 1. O fluxo térmico
desde a esfera é descrito pela Eq. 12.4-34.
(a) Verifique se a equação é dimensionalmente correta.
(b) Estime a taxa de transferência de calor, Q, para o escoamento em tomo de uma esfera de 1 mm de diâmetro. O
fluido é um óleo a T.,, = 50ºC movendo-se à velocidade de 1,0 cm/sem relação à esfera, cuja superfície é mantida
a lOOºC. O óleo tem as seguintes propriedades: p = 0,9 g/cm 3 , CAP= 0,45 cal/g·K, k = 3,0 X 10-4 cal/s·cm·K, e
µ, = 150 cp.
12B.1 Medida da difusividade térmica em um experimento transiente. Uma placa sólida, com 1,90 cm de espessura,
é levada ao equilíbrio térmico em um banho de temperatura constante a 20,0°C. Em dado instante (t = O) a placa
é presa entre dois pratos de cobre termostatados, cujas superfícies são cuidadosamente mantidas a 40,0ºC. A tem-
peratura do plano médio da placa é registrada em função do tempo por um termopar. Os dados experimentais são:
Determine a difusividade e a condutividade térmica da placa, sabendo-se que p = 1,50 g/cm3, êP = 0,365 cal/g·C.
Resposta: a= l,50X 10-3 cm2/s; k = 8,2X 10-4 cal/s·cm·C ou 0,20 Btu/h·ft·F
12B.2 Convecção forçada bidimensional com fonte térmica em linha. Um fluido à temperatura T"' escoa na direção de
x ao longo de um fio infinitamente fino, o qual é aquecido eletricamente à taxa Q!L (energia por unidade de tempo
por unidade de comprimento). O fio funciona como uma fonte térmica em linha. Supõe-se que o fio não altera o
escoamento apreciavelmente. As propriedades do fluido (densidade, condutividade térmica e calor específico) são,
por hipótese, constantes e o escoamento é uniforme. Além disso, supõe-se que a transferência de calor do fio por
radiação seja desprezível.
(a) Simplifique a equação da energia da forma apropriada desprezando a condução de calor na direção x em rela-
ção ao transi;,orte convectivo. Verifique que as seguintes condições para a temperatura são razoáveis:
(c) Faça a quantidade em colchetes igual a 2 (por quê?), e então a resolva para determinar 8(x).
(d) A seguir resolva a equação para g( T/).
(e) Finalmente avalie a constante Ct e assim complete a dedução da distribuição da temperatura.
12B.3 Aquecimento de uma parede (fluxo na parede constante). Uma parede de grande espessura está inicialmente à
temperatura T0 • No instante t = O um fluxo térmico constante% é aplicado a uma de suas superfícies (em y =O) e
esse fluxo é mantido. Determine os perfis de temperatura em função do tempo T(y, t) para tempos curtos. Como a
parede é muito espessa, é seguro admitir que as duas superficies da parede estão a uma distância infinita na obtensão
dos perfis de temperatura.
(a) Siga o procedimento usado na passagem daEq. 12.1-33 paraEq. 12.1-35, e então escreva as condições de con-
torno e iniciais apropriadas. Mostre que a solução analítica do problema é
qo
T(y, t) - T 0 = -:- (~"o:t
·'íT exp (-y-/
o 4o:t) - , 2y
/
f"' exp( -1r)
o du ) (12B.3-l)
k V'Tf y/~
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL !NDEPENDEl'l!E 379
(b) Verifique que a solução está correta por sua substituição na equação da condução térmica unidimensional para
a temperatura (veja a Eq. 12.1-33). Mostre igualmente que as condições de contorno e inicial são satisfeitas.
12B.4 Transferência de calor de uma parede para um filme descendente (Hmite para tempos curtos) 2 (Fig. 128.4).
Um líquido frio escoa para baixo em contato com uma parede sólida, como se mostra na figura, tem um efeito de
resfriamento apreciável sobre a superfície sólida. Estime a taxa de transferência de calor para o fluido para tempos
tão curtos que a temperatura do fluido se altera apreciavelmente apenas na vizinhança imediata da parede.
(a) Mostre que a distribuição de velocidade no filme descendente, dada na Seção 2.2, pode ser escrita como v, =
vz.mâx[2(y/o) - (y/8)2], em que v,,rnâx = pg82/2µ.,. Então demonstre que na vizinhança da parede a velocidade é uma
função linear de y dada por
(128.4-1)
Fluido descendente
Limite exterior
do filme ay =o
vz(y)
Superfície sólida
T- To Note que a temperatura do
à temperatura ---._
fluido é diferente de T0
constante T1
apenas na vizinhança da
parede, onde u, é
aproximadamente linear. Fig. 12B.4 Transferência de calor para um filme descendente sobre
parede vertical.
(128.4-3)
'R.L. Pigford, Chemical Engineering Progress Symposium Series, 51, No. 17, 79-92 (1955). Robert Lamar Pigford (1917-1988), que lecionou na Universidade de
Delaware e na Universidade da Califórnia em Berkeley, pesquisou muitos aspectos da difusão e da transferência dt: massa; ele foi o editor fundador dos flld11s1rial and
Engi11eeri11g Chemistry Fimdamentals.
380 CAPÍTULO DOZE
Note que a condição de contorno correta em y = o é trocada por uma condição de contorno fictícia em y = ao. Isso
é permitido porque o calor penetra no fluido em uma distância muito curta.
(d) Use variáveis adimensionai.s 8(77) = (T - T0)/(T1 - T0 ) e 77 = y/Yl9{3z para reescrever a equação diferencial
como (veja aEq.C.1-9):
2
d 0 + 3712d0 =o (128.4-7)
d712 d71
Mostre que as condições de contorno são 8 = Opara 77 = ao e 8 = 1 em 77 = O.
(e) NaEq.12B.4-7, faça d8/d71 = p e obtenha uma equação parap(77). Resolva essa equação para achar d8/d71 =
p(71) = C 1 exp(-773). Mostre que uma segunda integração e aplicação das condições de contorno dá
0 =
r
7)"'
exp( -7) )d7j
3
= -\-
"'
J exp(-7j )dTj3
(128.4-8)
fo exp(-1j3)dTj fG) 7)
3 (9{3L)-t/3
qméctly=o = 2 ~ k(T1 - To) (128.4-9)
12B.5 Temperatura em uma placa com geração de calor. A placa de condutividade térmica k do Exemplo 12.1-2 está
inicialmente à temperatura T0 • Para t > O existe uma geração de calor uniforme no interior da placa.
(a) Obtenha uma expressão para a temperatura adimensional k(T - T0)/S0b2 em função da coordenada adimensio-
nal 77 = y/b e o tempo adimensional olhando a solução do livro da Carslaw e Jaeger.
(b) Qual é a temperatura máxima alcançada no centro da placa?
(c) Quanto tempo decorre antes que a temperatura alcance 90% do máximo?
Resposta: (~ t = b1/c;
12B.6 Convecção forçada no escoamento lento em torno de um cilindro (Fig. 12B.6). Um longo cilindro de raio R
está suspenso em um fluido de propriedades p, µ,, êP e k. O fluido se aproxima com temperatura T"' e velocidade v,,.
A superfície cilfudrica é mantida à temperatura T0 • Para esse sistema a distribuição de velocidade foi determinada
por Lamb3 no limite de Re < < 1. Seu resultado para a região próxima ao cilindro é
Superfície do cilindro à
temperatura T0 uniforme
3
H. Larnb, Phil. Mag., {6)21, ll2-120 (1911). Para uma pesquisa de análise mais detalhadas veja L. Rosenhead (ed.), Laminar Boundary Layers. Oxford University
Press, London (1963), Chapter 4.
DISTRJBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 381
na qual lf! é a primeira função fluxo em coordenadas polares da Tabela 4.2-1. A quantidade adimensional Sé dada
por S = i - y + ln(S/Re), onde y = 0,5772 ... é a "constante de Euler" e Re = Dv,p/µ,.
(a) Para esse sistema, determine o gradiente da velocidade interfacial b definido no Exemplo 12.4-3.
(b) Determine a taxa de perda de calor Q por um comprimento L do cilindro usando o método do Exemplo 12.4-
3. Note que
6-10 20-25
10-16 18-20
18-25 15-18
Compare esses tempos determinados empiricamente com os resultados da parte (a), para perus geometricamente
semelhantes, à temperatura inicial T0 , e cozidos a uma temperatura superficial fixa T1 até a mesma distribuição
adimensional de temperaturas® = ®(Ç, 1], ().
12B.8 Uso da solução assintótica da camada limite. Use os resultados do Ex. 12.4-2 para obter e% para o sistema do ºr
Problema 12D.4. Por comparação de Oi-com D, estime a faixa de aplicabilidade da solução obtida no Problema 12D.4.
12B.9 Transferência de calor para fluido não-newtoniano com fluxo constante na parede (solução assintótica para
pequenas distâncias axiais). Reformule o Exemplo 12.2-2 para um fluido cujo comportamento não-newtoniano
é descrito adequadamente pelo modelo da lei da potência. Mostre que a solução dada na Eq. 12.2-2 pode ser adap-
tada para o modelo da lei da potência simplesmente por uma modificação apropriada-na definição de v0 •
12C.1 Soluções de produto para condução técnica transiente em sólidos.
(a) No Exemplo 12.1-2 a condução de calor transiente é resolvida para a placa de espessura 2b. Mostre que aso-
lução da Eq. 12.1-2 para o problema análogo para um bloco retangular de dimensões finitas 2a, 2b e 2c pode ser
escrita como o produto das soluções para as três placas de dimensões correspondentes:
T1 - T(x, y, z, t) =
T1 - To
e(! ~)e(~ ~)e(~ ~)r?
a , a1 b ' b1 e,
(12C.1-1)
4
Woman 's Home Companion Cook Book, Garden Cicy Publisrung Co., (1946), cortesia de Jean Stewart.
l
J.
382 CAPITULO DOZE
12C.2 Aquecimento de placa semi-infinita com condutividade térmica variável. Reformule o Exemplo 12.1-1 para
um sólido cuja condutividade térmica varia com a temperatura na forma:
!
k0
= 1+ /3( TT - T0 )
T0
(12C.2-1)
1 -
(12C.2-4, 5)
12C.3 Condução de calor com mudança de fase (o problema de Neumann-Stefan) (Fig. 12C.3). 5 Um líquido contido
em um longo cilindro está inicialmente à temperatura T;. Para o tempo t ~ O, a temperatura do fundo é mantida à
temperatura T0 , abaixo do ponto de fusão Tm. Queremos estimar o movimento da interface sólido-líquido, Z(t),
durante o processo de congelamento.
Por simplicidade supomos que as propriedades p, k e êP são constantes e as mesmas para as duas fases. Seja W1
o calor de fusão por grama, e usamos a abreviação A = Wr!êp(T1 - T0 ).
(a) Escreva a equação para a condução de calor para as regiões do líquido (L) e do sólido (S); apresente as condi-
ções de contorno e inicial.
(b) Suponha que as soluções são da forma:
Ts -To z
6s=-T ..,.. = C1 + C2 erf, r::-: (12C.3-1)
1 10 v4at
C3 + C4 erf, ~ (12C.3-2)
v4at
(c) Use a condição de contorno em z = Opara mostrar que C 1 =O e a condição em z =ao para mostrar que C 3 =
1 - C4 • Use o fato de que Ts = Tl = T,,, em z = Z(t) para concluir que Z(t) = À \iíkd, em que A é uma constante
(ainda não determinada). Determine C3 e C4 em termos de À. Use a condição de contorno restante para determinar
À em termos A e®,,,= (Tm - T0 )/(T1 T0):
(12C.3-3)
5
Para referências bibliográficas e problemas relacionados, veja H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Conduction ofHeat inSolids, 2"'edition, Oxford University Press (1959),
Chapter XI; nas pp. 283-286 o problema considerado aqui é trabalhado parn a situação em que as propriedades das fases líquida e sólida são diferentes. Veja também S.G.
Bankoff,Advances in Chemical Engineering, VoL 5, Academic Press, New York (1964), pp. 75-150: J. Crank,Free and Moving Bounda17 Problems, Oxford University
Press (1984); J.M. Hill, One-Dimensional Stefan Problems, Longmans (1987).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 383
Qual a expressão final para Z(t)? (Nota: Nesse problema supusemos que a transição de fase ocorre instantanea-
mente e que não há sub-resfriamento na fase líquida. No congelamento de muitos líquidos esta suposição é insus-
tentável. Isto é, para descrever o processo de solidificação corretamente, temos que levar em consideração a ciné-
tica do processo de cristalização. 6)
12C.4 Aquecimento viscoso em escoamento oscilatório.7 Um aquecimento viscoso pode ser um fator nocivo para a
medida da viscosidade. Aqui vemos como ele pode afetar a medida da viscosidade em um sistema com prato os-
cilante.
Um fluido newtoniano está localizado na região entre dois pratos paralelos separados pela distância b. Ambos
os pratos são mantidos à temperatura T0 • O prato inferior (em z = 0) é forçado a oscilar senoidalmente na direção
de z com uma amplitude de velocidade v0 e freqüência angular w. Estime a elevação de temperatura resultante do
l
aquecimento viscoso. Considere apenas o limite para alta freqüência.
(a) Mostre que a distribuição de velocidade é dada por
(b) A seguir calcule a função de dissipação cI>,., fazendo a média em um ciclo. Use as fónnulas
(e) Calcule o valor médio temporal da equação da condução de calor para obter
d2T -
O = k dx2 + µ.<P,, (12C.H)
6H. Janeschitz-Kriegl, Plastics anà Rubber Processing and Applications, 4, 145-158 (1984); H. Janeschitz-Kriegl, em One-Hundred Years ofChemical Engineeri11g
(N.A. Peppas, ed.), Kluwer Academic Publishers, Dordrecht (Netherlands) (1989), pp. 111-124; H. Janeschitz-Kriegl, E. Ratajski, and G. Eder, !11d. Eng. Chem. Res.,
34, 3481-3487 (1995); G. Astarita and J.M. Kenny, Chem. Eng. Comm., 53, 69-84 (1987).
7 R.B. Bird, Chem. Eng. Prog. Symposium Series, Vol. 61, No. 58 (1965), pp.13-14; veja tambémF. Ding, A.J. Giacomin, R.B. Bird, and C-B Kweon, J. Non-Newto11ian
T- To = (/LVÕ)[(l
4k
- e-""<) - (1 - e-""w (12C.4-5)
Esse resultado mostra como a temperatura no espaço entra as placas varia com a posição. A partir desta função é
possível calcular a elevação de temperatura. Para freqüências razoavelmente altas, V pwb2 /2fL.
12C.5 Penetração do calor solar. Muitos animais do deserto se protegem das altas temperaturas diurnas enterrando-se
suficientemente de modo a manterem-se a uma temperatura razoavelmente constante. Seja T(y, t) a temperatura do
solo, onde a profundidade é y abaixo da superfície da terra e t é o tempo medido a partir do instante de temperatura
máxima T0 • Seja T"'a temperatura longe da superfície e seja a temperatura da superfície dada por
T(y,t)-T"'
To T"'
Essa equação é a correspondente análoga para a condução de calor da Eq. 4D .1-1, que descreve a resposta do perfil
da velocidade próximo a uma placa oscilatória. O primeiro termo descreve o regime "periódico estacionário" e o
segundo, o comportamento "transiente". Suponha as seguintes propriedades para o solo:8 p = 1515 kg/m3 , k =
0,027 W/m·K e êP = 800 J/kg-K.
(a) Suponha que o aquecimento da superfície da terra é exatamente senoidal, e ache a amplitude da variação de
temperatura a !}ma distância y abaixo da superfície. Para isso use apenas o termo periódico de regime estacionário
da Eq. 12C.5-2. Mostre que à profundidade de 10 cm essa amplitude tem o valor de 0,0172.
(b) Discuta a importância do termo transiente na Eq. 12C.5-2. Estime o tamanho dessa contribuição.
(e) Considere, a seguir, uma expressão formal arbitrária para a temperatura diária da superfície dada por uma série
de Fourier da forma
T(O, t) - T"' ~ ( )
T'. T - .Li a11 cos nwt + 01 11 sennwt (12C.5-3)
O "' n=O
Quantos termos dessa série são usados para resolver a parte (a)?
12C.6 Transferência de calor para filme descendente de fluido não-newtoniano. Repita o Problema 12B.4 para um
fluido polimérico que seja razoavelmente bem descrito peio modelo da potência da Eq. 8.3-3.
12D.l Aquecimento transiente de uma placa (método da transformada de Laplace).
(a) Resolva novamente o problema do Exemplo 12.1-31 usando a transformada de Laplace e obtenha o resultado
daEq. 12.1-31.
(b) Note que a série na Eq. 12.1-31 não converge rapidamente para tempos curtos. Invertendo-se a transformada
de Laplace de um modo deferente que o de (a), obtenha uma série diferente que seja rapidamente convergente para
tempos curtos. 9
(e) Mostre que o primeiro termo da série em (b) está relacionado à solução para tempos curtos do Exemplo 12.1-1.
12D.2 O problema de Graetz-Nusselt (Tabela 12D.2).
(a) Um fluido (newtoniano ou newtoniano generalizado) escoa em regime laminar em um tubo circular de raio R.
Na região de entrada z <O, a temperatura do fluido é uniforme em T 1• Na região z >O a temperatura da parede é
. 'W.M. Rohsenhow, J.P. Hartnett, and Y.I. Cho, eds., Handbaok af Heat Transfer, 3"' edition, McGraw-Hill (1998), p. 268.
9
H.S. Carslaw and J. C. Jaeger,Co11ductía11 af Heat i11 Solids, 2°• edition, Oxford University Press (1959), pp. 308-310.
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS COM rvws DE UMA VARIÁVEL L"IDEPENDENTE 385
mantida em T0 • Suponha que todas as propriedades físicas sejam constantes e a dissipação viscosa e a condução
axial de calor sejam desprezíveis. Use as seguintes variáveis adimensionais:
A;=--1---
f X;</JÇdÇ
(120.2-4)
fo XfÇdÇ
(b) Resolva aEq.12D.2-3 para o fluido newtoniano obtendo uma solução em série de potências para X,. Calcule o
menor autovalor pela solução de uma equação algébrica. Verifique seu resultado com o dado na Tabela 12D.2.
(e) Com o trabalho requerido em (b) para o cálculo de {3f é possível inferir que o cômputo dos autovalores superi-
ores seja tedioso. Para autovalores mais altos que o segundo ou o terceiro, o método de Wenzel-Kramers-Brillouin
º
(WKB) 1 pode ser usado; quanto mais altos os autovalores, mais preciso é o método de WKB. Leia sobre esse
método e verifique que para fluido newtoniano
f3z = kC4i - ~) 2 (120.2-5)
Uma fórmula semelhante foi deduzida para o modelo da potência. 11
Pelo cálculo diretd' Pelo método WKBc Pelo método de Stodola e Vianellod
ªOs ,B[ correspondem a tA7em W.M Rohsenow, J. P. Hartnett, e Y. L Cho. HandbookofHeatTransfer, McGraw-Hill(New York). Tabela5.3, p. 510.
•Valores tomados de K. Yamagata, Memoiis of the Facultyof Engineering, Kyüsht1 .lJniversity, Volume VIII, N.º 6, Fukuoka, Japan (1940).
e Calculado pelá Eq. 12D.5-1. .
d Para a função de teste particular na parte (d) do problema.
(d) Obtenha o menor autovalor pelo método de Stodola e Vianello. Use as Eqs.7la e 72b da p.203 do livro do
Hildebrand 12 , com <f; = 2(1 - §2) para fluido newtoniano e X 1 = 1 - Ç2 como uma função tentativa simples mas
admissível. Mostre que se chega, rapidamente, ao valor (31 = 3,661.
12D.3 O problema de Graetz-Nusselt (solução assintótica para z grande). Note que, no limite para z muito grande,
apenas um termo (i = 1) é necessário na Eq.12D.2-2. Deseja-se usar esse resultado para calcular o fluxo térmico
na parede, q0 , para z grande e para expressar o resultado como
q0 =(uma função do sistema e propriedades do fluido) X (Tb - T0) (12D.3- l)
'º J. Heading, An Introduction to Phase-Integral Methods, Wiley, New York (1962); J.R. Sellars, M. Tribus, and J.S. Klein, Trans. ASME, 78, 441-448 (1956).
11 I.R. Whiteman and W.B. Drake, Trans. ASME, 80, 728-732 (1958).
12
F.B. Hildebrand, Advanced Calculus for Applications, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1963), §.5.
386 CAPÍTULO DOZE
k ae;açlç=1
qo = -R----e;:- <Tv To) (120.3-2)
Portanto para z grande, tudo que precisamos saber é o primeiro autovalor; as autofunções não precisam ser calcu-
ladas. Isso mostra como o método de Stodola e Vianello 12 é útil para o cálculo do valor limite do fluxo térmico.
N= 4(v,)R
(120.4-1)
R a
(120.4-2)
na qual 7/ = (Ncr/9()1!3.
(b) Mostre que o fluxo na parede é
12D.S O problema de Graetz para escoamento entre placas paralelas. Refaça os Problemas 12D.2, 3 e 4 para o esco-
amento entre placas paralelas (ou escoamento em um duto retangular de pequena altura).
12D.6 O problema de fluxo constante na parede entre placas paralelas. Aplique os métodos usados na Seção 10.8,
Exemplo 12.2-1eExemplo12.2-2 para o escoamento entre placas paralelas.
12D.7 Solução assintótica paraz pequeno para o escoamento laminar em um tubo com fluxo térmico constante. Pre-
encha os passos que faltam entre Eq. 12.2-23 e Eq. 12.2-24. A introdução da expressão para i{lna Eq. 12.2-23 dá
Por que introduzimos os símbolos X ex? A seguir inverta a ordem da integração para obter
12D.8 Condução de calor forçada de uma placa plana (a camada limite térmica se estende além da camada limite
de momento). Mostre que o resultado análogo à Eq. 12.4-14 para L'i. > 1 é 13
l_L\2_1._L\+1---1._l_+_l_= 37 l_ (120.8-1)
10 10 15 140 L\2 1806.3 315 Pr
13
H. Schlichting,Boundary-Layer Theo1y, 7"' edition, McGraw-Hill, New York (1979), p. 306.
13.1 MÉDIA TEMPORAL DAS EQ!JAÇÕES DE BALANÇO 13.4° DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA PARA O
PARA O ESCOAMENTO INCOMPRESSÍVEL NÃO- ESCOAMENTO TURBULENTO EM TUBOS
ISOTÉRMICO 13.5º DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA PARA
13.2 Ü PERFIL DE TEMPERATURA MÉDIA PRÓXIMO A ESCOAMENTO TURBULENTO EM JATOS
UMA PAREDE 13.6° ANÁLISE DE FOURIER. DO TRANSPOR.TE DE
13.3 EXPRESSÕES EMPÍRICAS PARA O FLUXO TÉRMICO ENERGIA NO ESCOAlvlENTO EM TUBOS PARA ALTOS
TURBULENTO NÚMEROS DE PRANDTL
Nos Caps. 10 e 12 mostramos como obter as distribuições de temperaturas em sólidos e em fluidos em escoamento laminar.
O procedimento envolveu a solução de equações de balanço com condições iniciais e de contorno apropriadas.
Agora voltamos a atenção para o problema da determinação de perfis de temperaturas no escoamento turbulento.
Essa discussão é bem semelhante àquela do Cap. 5. Começamos por determinar a média temporal das equações de balanço.
Na média temporal da equação da energia aparece o fluxo térmico turbulento q<1l, expresso pela correlação entre as
flutuações da velocidade e da temperatura. Existem diversas expressões empíricas muito úteis para q<1J, que permitem
a previsão da tempe~atura média próxima a paredes e na turbulência livre. Usamos a transferência de calor em tubos
para ilustrar o método.
O efeito mais aparente da turbulência sobre o transporte de energia é o acréscimo do transporte na direção perpendicular
ao escoamento principal. Se calor é transferido a um fluido em escoamento laminar na direção z, então o transporte de
calor nas direções x e y deve-se, exclusivamente, à condução, e passa-se muito vagarosamente. Por outro lado, se o
escoamento é turbulento, o calor se difunde nas direções x e y muito rapidamente. Essa rápida dispersão do calor é um
aspecto característico do escoamento turbulento. Esse processo de mistura é apresentado aqui em detalhe para o escoamento
em tubos e em jatos circulares.
Embora seja convencional estudar o transporte turbulento de calor por intermédio das equações da energia em média
temporal, também é possível analisar o fluxo térmico em uma parede pelo uso da técnica da transfonnada de Fourier, sem
passar pela média temporal. Isto é apresentado na última seção deste capítulo.
T= T+ T' (13.1-1)
Claramente, o valor médio de T' é zero, T' =O, mas as grandezas como v~T', v~T'. e v;T' serão diferentes de zero em
razão da correlação existente entre as flutuações de velocidade e da temperatura em qualquer ponto.
Para um fluido puro, necessitamos de três equações de balanço e queremos discutir aqui as suas formas médias
temporais. As médias das equações de continuidade e do movimento para um fluido com densidade e viscosidade
constantes foram apresentadas nas Eqs. 5.2-10 e 12, e não há necessidade de serem repetidas aqui. Para um fluido com
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM ESCOAMENTOS TURBULENTOS 389
µ,, p, ~e k constantes, a Eq. 11.2-5, quando posta na forma a/atpeio emprego da Eq. 3.5-4, e usando as leis de Fourier
e de Newton, fica
(13.1-2)
na qual apenas alguns termos representativos da dissipação viscosa -(T: \7v) = µ<I>u foram incluídos (veja a Eq. B7-1 para
a expressão completa).
Na Eq. 13.1-2, substituímos T por T + T', vx v;
por Vx + etc. Então, a média temporal da equação é calculada para
obter-se
l
l
-Jt pêPT = -(-Jx pê/üxT + -Jy pêpv/f + fz p~v/f)
-(-!x_~~~~~~~-~--ty_~-~~~~-~:-~-~-~~~-~~-~)
2
+k(a + a + ar r r)
a:i?- ay2 ai2
2 2
+µ, 2 -
ax + (av.)2
[ (avx)2 ay -ax + ...J
--=. + 2(ªvx)(ªvy)
ay -
fiJg> = ±±((av[)(av!)
axj axj + (ªv!)(avj))
i=l j=l ax; axi (13.1-5)
Movimento P DV
Dt = -Vp [V. (;;:<vl + 7<tl)] + pg (13.1-7)
_dT=~ (13.2-1)
dy KpCPv*y
na qual K é a constante adimensional da Eq. 5.3-1, e {3 é uma constante adicional (que vem a ser o número de Prandtl
turbulento Pr<1> = v<1>/ a<1>).
Quando integramos a Eq. 13.2-1 obtemos
f3qo
-A--lny+ e (13.2-2)
KpCPv*
onde T 0 é a temperatura da parede e C é uma constante de integração. A constante deve ser avaliada fazendo a concordância
da expressão logaritrnica com a expressão para T(y) que faz a junção com a subcarnada viscosa. Nessa última estão presentes
µ,e k e, portanto, incluirá o grupo Pr = êPµ,/k. Se, adicionalmente, introduzimos a coordenada adimensional yv./v, então
a Eq. 13.2-2 pode ser'êscrita corno
yv*
paraµ>l (13.2-3)
y=O
r=R ~-------ó, TR
Fig. 13.2-1 Perfil da temperatura em um tubo no escoamento turbulento. As regiões
Jy=R são (1) subcamada laminar, (2) subcamada tampão, (3) subcarnada inercial e (4)
y r r=O núcleo turbulento.
1
L. Landau e E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics, 2' edição, Pergamon Press, New York (1987), Seção 54.
DISTRIBlílÇÕES DE TEMPERATURAS EM ESCOAMENTOS TURBULENTOS 391
na qualf(Pr) é uma função que representa a resistência térmica entre a parede e a subcamada inercial. Landau e Lifshitz
(veja a referência 1 desta seção) estimam a partir de um argumento baseado no comprimento de mistura (veja a Eq. 13.3-
3), que, para altos valores do número de Prandtl,f(Pr) = constante·Pri\ entretanto, o Exemplo 13.3-1 implica que a função
f(Pr) =constante· Pr;.:, seja melhor. Tenha em mente que a Eq. 13.2-3 deve ser válida apenas na subcamada inercial e que
não deve ser usada na vizinhança imediata da parede.
<f l e o gradiente da temperatura média. Resumimos aqui duas das expressões empíricas mais populares; outras expressões
1
q<ti
y
= -1c(t> ardy (13.3-1)
na qual o coeficiente Jé. > é denominado condutividade térmica turbulenta. Essa não é uma propriedade física do fluido,
1
A viscosidade cinemática turbulenta v<1> = µY>J p e a difusividade térmica turbulenta a<'> = Jé.'l/pCP possuem as mesmas
dimensões. A razão entre elas é um grupo adimensional
(13.3-2)
denominado número de Prandtl turbulento. Essa grandeza adimensional é da ordem da unidade, os valores utilizados na
literatura variam entre 0,5 a 1,0. Para escoamentos de gases em tubos, Prl) situa-se na faixa de 0,7 a 0,9 (para tubos circulares,
é recomendado o valor 0,85 1), enquanto para escoamentos em jatos e nas esteiras seu valor é mais próximo de 0,5. A suposição
de que Pr'> = 1 é chamada de analogia de Reynolds.
onde l é o comprimento de mistura apresentado na Eq. 5.4-4. Note que essa expressão prevê que PttJ = 1. A teoria do
transporte de vorticidade de Taylor2 fornece Prl) = 1/2.
EXEMPLO 13.3-1
Uma Relação Aproximada para o Fluxo Térmico na Parede para o Escoamento Turbulento em um Tubo
Use a analogia de Reynolds ( iJ. > = a< 1>), em conjunto com a Eq. 5.4-2 para a viscosidade turbulenta, para estimar o fluxo
1
térmico na parede para o escoamento turbulento em tubo de diâmetro D = 2R. Expresse esse resultado em termos da
1 W. M. Kays and M. E. Crawford, Convective Heat and Mass Transfer, 3.' edição, McGraw-Híll, New York (1993), pp. 259-2ó6.
2 G. l. Taylor, Proc. Roy. Soe. (London), A135, 685-702 (1932); Phil. Trons., A215, 1-26 (1915).
392 CAPITULO TREZE
diferença de temperatura motriz Ta - TR, onde T0 é a temperatura da parede (y = 0) e TR é temperatura média no eixo
do tubo (y = R).
SOLUÇÃO
O fluxo térmico médio radial em um tubo é dado pela soma de Lt-1», e q~1l:
(13.3-5)
(13.3-6)
Para números de Prandtl muito altos, o limite superior R pode ser substituído por oo, uma vez que o integrando decresce
rapidamente quando y cresce. Então, a integral do lado esquerdo é feita e o resultado é posto sob a forma adimensional
para obter-se
~
k(T
=
3V3 ( v* )Re Pr l
TR) 2r.(14.5) (v,)
-
1 3 = - 1-
17.5
fJ_ Re Pr113
...j2
(13.3-7)
0
na qual a Eq. 6.l-4a for usada para eliminar v. em termos do fator de atrito.
O desenvolvimento visto anteriormente é apenas aproximado. Não levamos em consideração a mudança da temperatura
média quando o fluido se move axialmente ao longo do tubo, nem levamos em conta a variação do fluxo térmico através
do tubo. Além disso, os resultados são restritos a números de Prandtl muito altos, devido a extensão da integração a y = 00 •
Uma outra dedução é apresentada na próxima seção, livre dessas suposições. Entretanto, veremos que, para números de
Prandtl altos, o resultado na Eq. 13.4-20 reduz-se ao da Eq. 13.3-7, mas com uma constante numérica diferente.
faoocoooooooooooooooo
"-,.=~
_ _ _ _ L_ __ _
r=O
p CpVz
A - aT -
az -
_1_1__ ( r;;{v)
r ar r\qr + q,
::;(!))) (13.4-1)
A inserção da expressão para o fluxo térmico radial dado pela Eq. 13.3-4 conduz a
(13.4-6)
onde e!> (g) = vJvmãx é o perfil adimensional da velocidade turbulenta. Essa equação deve ser resolvida com as condições
de contorno adimensionais
e.e. 1: emÇ= O, e= finita (13.4-7)
l -4_ ( (
Ç dÇ Ç 1 + a
ª(!)) d'I!)
dÇ (13.4-11)
A dupla integração dessa equação e a construção da função ®usando a Eq. 13.4-10 nos dá
s I(~) - 1~ 1 -
0 = C0Ç + C0
Jo Ç[l + (a(ll/a)] dÇ + C 1
o Ç[l + (a<tJ/a)]
dÇ + C2 (13.4-12)
na qual entende-se que d'lé uma função de ge que IW é dada pela integral
(13.4-13)
A constante de integração C 1 é feita igual a zero para satisfazer a C.C.1. A constante C0 é determinada pela aplicação da
C.C.2 que dá
(13.4-14)
1 A terceira constante, C2, pode, se necessário, ser obtida da condição 4, mas aqui ela é desnecessária (veja o Problema
13D.l).
1
R. H. Notter e C. A. Sleicher, Chem. Eng. Sei., 27, 2073-2093 (1972).
1
l.
!:
394 CAPtrur.o TREZE
A seguir, obtemos uma expressão para a diferença de temperatura adimensional ®0 - ®b, a "força motriz" para a
transferência de calor na parede do tubo:
e
"o-
e - e0 J1
"b-
I(Ç)
o Ç[l+(a(tl/a)]
dÇ Co i rh [J~ J @
-I(l) o ,Ç oÇ[l+(a<l)/a)]
d~Jaç
C
0
f 1
o Ç[l
I(Ç)
+ (a<n;a)l ç -
d"
I(l)
Co f i
o Ç[l
I(g)
+ (a<tl/a)]
[f~ rp"dÇ]ig
i
ç
(13.4-15)
Na segunda linha, a ordem da integração da integral dupla foi invertida. A integral interna no segundo termo à direita é
apenas J(l) - J(Ç), e a parcela contendo J(l) cancela exatamente o primeiro termo da Eq. 13.4-15. Portanto, quando aEq.
13-4-14 é empregada obtemos
00 - eb = fW o
i [I(Ç)/I(l)]2 dÇ
+ (a<1l/a)]
(13.4-16)
Mas a quantidade J(l) que aparece na Eq. 13.4-16 tem uma interpretação simples:
I(l) =
f 1 •
<P Çdç =
(J, R_
Vzr dr
) 1
=----z 1 (vz)
= 2 =---: (13.4-17)
O O Vz,máxR Vz,max:
(13.4-18)
O inverso do qual é2
k(To - Tb) =
2(vz,rnáx)
2
J 1
[J(Ç) ]
2
dÇ (13.4-19)
qoD (vz) o Ç[l + (1iº/v)(Pr/Pr<tl)]
Para usar esse resultado é necessário termos uma expressão para o perfil da velocidade média temporal v (que apareç_e
em!(/;)), a viscosidade cinemática turbulenta, v<tJ em função da posição, e de um postulado para o número de Prandtl
turbulento Pr'l.
Cálculos extensos baseados na Eq. 13.4-19 foram feitos por Sandall, Hanna e Mazet. 3 Esses autores tomaram o
valor do número de Prandtl turbulento igual a 1. Dividiram a região de integração em duas partes, uma próxima à
parede e a outra o núcleo turbulento. Na região da parede, usaram a equação modificada de van Driest, Eq. 5.4-7,
para o comprimento de mistura e, na região do núcleo, usaram a distribuição logarítmica da velocidade. O resultado
finaP é dado por
RePrVJTi
(13.4-20)
12,48 Pr 213 - 7,853 Pr 113 + 3,613 ln Pr + 5,8 + 2,78 ln (fs ReVJ78)
A Eq. 6.l-4a foi usada na obtenção deste resultado.
A Eq. 13.4-20 concorda bem com dados disponíveis de transferência de calor (e de massa) com erro entre 3,6 e 8,1 %
na faixa 0,73 < Pr < 590, dependendo dos conjuntos de dados estudados. A expressão análoga para a transferência de
massa, contendo Se = µ.,/ p® ABem lugar de Pr, foi declarado com concordância com dados de transferência de massa dentro
de 8% na faixa 452 <Se < 97.600. A concordância da teoria com dados de transferência de calor e de massa apresentados
na Fig. 13.4-2 é bem convincente.
'A Eq. 13.4-19 foi primeiramente deduzida por R. N. Lyon, Chem Eng. Prog. 47, 75-79 (19jQ) em um artigo sobre a transferência de calor em metais líquidos. O lado
esquerdo da Eq. 13.4-19 é o inverso do número de Nusselr, Nu = hDik, que é um coeficiente de transferência de calor adimension:,!. Essa nomenclatura é discutida no
próximo capítulo.
'O. C. Sandall, O. T. Hanna e P. R. Mazet, Canad. J. Chem. Eng., 58, 443-447 (1980). Veja também O. T. Hanna e O. C. Sandall, AIChE Joumal, 18, 527-533 (1972).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM ESCOAMENTOS TURBULENTOS 395
10-2
·e
~
~ " Deissler & Eian (1952) Pr =0,73
~I
~ b'
o Allen & Eckert (1964) Pr =8,0
a Matina & Sparrow (1964) 3SPrS75
'õ ~ 10-3
""',u"- .. Friend & Metzner (1958) 55 SPr $ 590
....__..Cl. o Harriott & Hanúlton (1965) 452:::; Se:::; 97.600
10-4
3x10~><-~-'--'--'--W'-'-'-'-"--l.--'--'-'-'-.U.'-'----'--C...."-'-'...uu
3X10-S 10- 4 10-3 10-2 10-1
Fig. 13.4-2 Comparação da expressão da Eq. 13.4-20 para o fluxo térrrüco na parede no escoamento turbulento plenamente desenvolvido
com dados experimentais de R G. Deissler e C. S. Eian, NACA Tech. Note nº2629 (1952); R W. Allen e E. R G. Eckert, J. Heat Transfer, Trans.
ASME, Ser. C., 86, 301-310 (1964); J. A. Matina e E. M. Sparrow, Chem. Eng. Sei, 19, 953-962 (1964); W. L. Friend e A. B. Metzner, AIChE
Journal, 4, 393-402 (1958); P. Harriot e R M. Harnilton, Chem. Eng. Sei., 20, 1073-1078 (1965). Os dados de Harriot e Hamilton são para o
experimento análogo de transferência de massa, para o qual a Eq. 13.4-20 também se aplica.
p Cp
A
v, aT
(-
ar + -v, aT)-
az - 1 a (.-<1>)
--,a,: iq, (13.5-1)
Agora, expressamos o fluxo térmico turbulento em termos da condutividade térmica apresentada na Eq. l 3.3-1:
1 ar = -pC a<I)_
7f' l = -fc<t)_ aT =
A · A
pC - -
v(I) ar (13.5-2)
ar P ar P Pr<n ar
(v ae
ar + vz ae)
T r ar (r ª®)
az = .t'.'._.!1-
Pr(I) ar (13.5-4)
1
J. O. Hinze, T11rb11lence, 2.ª edição, McGraw-Hill, New York (1975), pp. 531-54ó.
396 CAPÍTUL!J TREzE
Aqui foi feita a suposição de que tendo o número de Prandtl turbulento quanto a viscosidade cinemática turbulenta sejam
const:mtes (veja a discussão após a Eq. 5.6-3). Essa equação deve ser resolvida com as condições de contorno:
e.e. 1: emz =O, 0=1 (13:5-5}
e.e. 2: emr =O, 0é finito (13.5-6)
e.e. 3: emr = oo, 0 =0 (13.5-7)
A seguir, introduzimos a expressão para os componentes da velocidade média temporal, e em termos da função fluxo vr v,,
F(fj, dada pelas Eqs. 5.6-12 e 13, e urna expressão de tentativa para á temperatura média temporal, adimensional:
(13.5-8)
Aqui Ç= r/z e~ = (p1J.t>/w)z, onde w é a vazão mássica total do jato. A proposição na Eq.13.5-8 é motivada pela expressão
para v,encontrada na Eq. 5.6-21.
Quando essas expressões para os componentes da velocidade e temperatura adimensional são substituídos naEq. 13.5-
1, alguns termos se cancelam, outros podem ser combinados e, como resultado, obtém-se a seguinte equação bem simples:
ln f(Ç) = Pr(I)
f(O)
fgEdç = -Pr(I) Jg
oÇ
c~ç dÇ
o 1 + t(C3Ç)2
= - Pr(t) ln (1 + t(C3 Ç)2)2 (13.5-11)
ou
f(Ç)
(13.5-12)
f(O)
Finalmente, a comparação das Eqs. 13.5-12 e 13.5-8 com a Eq. 5.6-21 mostra que a forma dos perfis da temperatura média
temporal e da velocidade são relacionados intimamente,
0 ( Vz )Pr"' (13.5-13)
®máx = vz,mix
uma equação atribuída a Reichardt. 2 Ela provê uma explicação moderadamente satisfatória para a forma dos perfis de
temperaturas. 1 O número de Prandtl turbulento (ou de Schmidt) deduzido de determinações da temperatura (ou
concentrações) em jatos circulares é de aproximadamente 0,7.
A quantidade C3 que aparece na Eq. 13.5-12 foi dada explicitamente na Eq. 5.6-23 como C3 = Y3/l67rvJTP(l/ v(11),
onde J é a taxa de transferência de momento no jato, definida na Eq. 5.6-2. Similarmente, uma expressão para a quantidade
f(O) da Eq. 13.5-12 pode ser determinada igualando-se a energia do jato na admissão à energia do jato que atravessa um
plano qualquer a jusante:
_l_ = 41T'c2J"'
3
c1 + I(c
4 3
ç)2)-<2+2rt">çdç = -ª-. __1_ _ (13.5-15)
f(O) o C3 1 + 2 Pr<tJ
~ombinando as Eqs. 13.5-3, 13.5-8, 5.6-23, 13.5-12 e 13.5-15 chegamos à expressão completa para o perfil da temperatura
T(r, z) no jato circular turbulento, em termos do momento total do jato, a viscosidade turbulenta, do número de Prandtl
turbulento e da densidade do fluido
V = - 1
(- - - + -af3z) -y2 + Ü( y3)
Bf3e (13.6-3)
r R ae az 2
Aqui, os coeficientes {3 8 e /3z são tratados como funções conhecidas de 8, z e t. Essas expressões para a velocidade satisfazem
a condição de deslizamento nulo e de impermeabilidade na parede em y = Oe a equação da continuidade para y pequeno, e
são ainda consistentes com a equação do movimento até as ordens de y indicadas. A equação da energia pode ser escrita corno
1
R. N. Bracewell, The Fourier Transform and its App/icatio11s, 2! edição, McGraw-Hill, New York (1978).
2
Esse método está bem apresentado em C. M. Bender e S. A. Orzag, Advanced Mathematical Methodsfor Scientists and Engineers, McGraw-Hill, New York (1978),
pp. 435-437.
3 W. E. Stewart,A/ChE Joumal, 33, 2008-2016 (1987); errata, ibid, 34, 1030 (1988); W. E. Stewart e D. G. O'Sullivan,A/ClzE Journal (a ser avaliado).
398 CAPÍTULO TREZE
at R ae z az R ae az 2 ay ~ aY2
(l
ae + (~ ae + f3 ae)K Y _ Bf3e + Bf3z) KY1 ae = ~ a1® 03 _6_7)
com condições de contorno:
Condição de entrada: em z =O, ®(Y, e, O, t) =O para Y >O (13.6-8)
Condição na parede: em Y = O, 0(0, e, z, t) = 1 para O :s z :s L (13.6-9)
AEq. 13.6-7 contém urna derivada ilimitada a®/at com coeficiente 1, independente de a. Assim, urna mudança de variáveis
é necessária para a análise da influência do parâmetro a nesse problema. Com esse propósito, voltamos para a transformada
de Fourier, um instrumento padrão para a análise de processos com ruído.
Escolhemos a seguinte definição 1 para a transformada de Fourier de urna função g(t) no domínio da freqüência v para
uma determinada posição Y, z: e,
~[g(t)j L: e-21rfrtg(t)dt = g(v) (13.6-10)
f_"'
00
e-lrrívtg(t)h(t)dt = J_: g(v)h(v v1)dv1 = g *h (13.6-12)
R ae aY R ae aY R ae aY R ae aY 2
apz a® apz aê' a~~ a® a~~ *a®') KY1 j
- (ô(v) az aY + az aY + az aY + az aY T
= (a(v) a1e2 + a2®')
aY 1
~2
aY K
para a transformada de Fourier da temperatura Ê>(Y, e, z, v). As condições de contorno transformadas são
(13.6-15)
l
j
Condição de entrada: em z =O, Êl(Y,e, z, v) = O para Y >O (13.6-16)
Condição na parede: em Y =O, ê(Y, e, z, i ô(v) 1) para O:s z :s L (13.6-17)
j
1
J
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM ESCOAMENTOS TURBULENTOS 399
Aqui novamente, o impulso unitário o( v) aparece como a transformada de Fourier da função g(t) = 1 no limite de longa
duração.
Dois tipos de contribuições aparecem na Eq. 13.6-15: impulsos o(v) reais, de freqüência zero, originários de funções
e produtos independentes de t, e funções complexas de v originárias de produtos de funções do tempo. Consideramos esses
dois tipos de contribuições separadamente dividindo a Eq. 13 .6-15 em duas equações.
Começamos com os termos de impulso de freqüência zero. Em adição aos termos explícitos em O(v) da Eq. 13.6-15,
impulsos implícitos surgem dos termos de convoluçã_9 das oscilações síncronas da velocidade e da temperatura, dando
origem ao termo do fluxo térmico turbulento q<fl = pCPv'T' discutido na Seção 13.2. Os coeficientes de todos os termos
de impulso devem ser funções proporcionais de a, de forma que os termos dominantes em cada ponto permaneçam
balanceados (isto é, de tamanhos comparáveis) quando a~ O. Por conseqüência, o coeficiente K dos termos de impulso
convectivo, incluindo os de flutuações síncronas, devem ser proporcionais ao coeficiente a/ K1- do termo de impulso condutivo,
dando K ex a'h, ou
(13.6-18)
para a dependência da espessura média da camada limite térmica no número de Prandtl.
Os termos restantes da Eq. 13.6-15 descrevem as flutuações turbulentas de temperatura. Eles incluem o tem10 de
acumulação 2Tiivé e os termos remanescentes de convecção e condução. Os coeficientes desses termos (incluindo 2Tiiv
no primeiro termo) devem ser funções proporcionais de a de modo que permaneçam igualmente balanceados quando a~ O.
Esse raciocínio confirma a Eq. 13.6-18 e dá a relação v ex K, ou
(13.6-19)
para a faixa de freqüências 6. v das flutuações de temperatura. Por conseqüência, a freqüência esticada e o tempoPr113 v
esticado Pr 113 t são variáveis naturais para apresentar a análise de Fourier da convecção forçada turbulenta. Shaw e Hanratty4
apresentaram espectros de turbulência para suas experiências de transferência de massa de modo análogo, em termos de
uma freqüência esticada proporcional a Sc 113 v (onde Se = µ,/p®AB é o número de Schmidt, o análogo do número de Prandtl
para a transferência de massa, que contém a difusividade binária 0JAB a ser apresentada no Cap. 16).
Até aqui consideramos apenas o primeiro termo da expansão de Taylor em K, para cada termo da equação da energia.
Resultados mais precisos podem ser obtidos por continuação da expansão de Taylor a potências superiores de K e,
conseqüentemente, de Pr- 113D. A solução formal resultante é uma expansão em série de perturbação
(13.6-20)
para a distribuição de flutuações de temperatura com a posição e a freqüência em um campo de velocidade.
A expansão para T(a média temporal de tempo longo) correspondente à Eq. 13 .6-20 é obtida da parcela de 0 de freqüência zero,
0 = 0o(Y, e, z) + K01(Y, e, z) + ... (13.6-21)
Dessa equação podemos calcular o fluxo térmico local, médio, na parede:
qo =
aT
-k ay
1
y=O = -
k(To T1)
Pr- 113 0 aY
ae' Y=O
(13.6-22)
Pr113(_a0)
BY
1
Y=O
(13.6-23)
Então, o número de Nusselt médio ao longo de toda a superfície da parede, e a quantidade análoga para a transferência de
massa, são
Nu
m
= Pr113/(_ae)
\BY
/ ) =a Pr Y=O
1
113
+a 2 Prº + · · · (13.6-24)
'D. A. Shaw e T. J. Hanratty,AJC/zE Joumal, 23, 160-169 (1977); D. A. Shaw eT. J. Hanratty, AIChE Joumal, 23, 28-37 (1977).
400 CAPÍTIJLO TREZE
e
Nessa última equação, Shm, A e Se são as quantidades análogas a Num, e
e Pr, válidas para a transferência de massa.
Apresentamos essas aqui (em vez de esperar pela Parte III), pois experimentos eletroquímicos de transferência de massa
são mais precisos que os de transferência de calor, e a faixa de números de Schmidt disponíveis é muito mais ampla que
a de números de Prandtl.
Se as expansões das Eqs. 13.6-24 e 25 são truncadas após o primeiro termo, ficamos com Num cc Pr 113 e Shm cc Sc 113 •
Essas expressões são o ingrediente essencial das famosas relações de Chilton-Coulbum5 (veja as Eqs. 14.3-18 e 19, e as
Eqs. 22.3-22 a 24). O primeiro termo da Eq. 13.6-24 ou 25 também corresponde à assíntota da Eq. 13.4-20 para altos
números de Prandtl (ou de Schmidt).6
Com o desenvolvimento dos métodos eletroquímicos de medição da transferência de massa em superfícies, tornou-se
possível investigar o segundo termo na Eq. 13.6-25. Na Fig. 13.6-1 mostra-se dados obtidos por Shaw e Hanratty, que
mediu a difusão limitada pela corrente para um eletrodo na parede, para valores do número de Schmidt, Se= µ/p0JAB,
variando de 693 até 37 .200. Esses dados ajustam-se bem3 à expressão
J= 0,0889 Sc-o.037
o
li o
- 0,06 Fig. 13.6-1 Dados de transferência de massa turbulentos de D. A
Shaw e T. J. Hanratty [AIChE Joumal, 28, 23-37, 160-169 (1977)]
comparados com uma curva baseada na Eq. 13.6-25 (curva
10 3 contínua) Também se mostra uma curva simples de potência
Se obtida por Shaw e Hanratty.
na qual f(Re) é o fator de atrito definido no Cap. 6. A Eq. 13 .6-26 combina a dependência observada no número de Reynolds
de número de Sherwood com os dois primeiros termos da Eq. 13.6-25 (isto é, o coeficiente a 1, a 2, ••• são proporcionais a
ReVf/2). A Eq. 13.6-26 admite uma clara interpretação física: o primeiro termo corresponde a uma camada limite de
difusão tão fina que a velocidade tangencial é linear em y e a curvatura da parede pode ser ignorada, enquanto o segundo
termo considera a curvatura e termos em y2 na expansão da velocidade tangencial das Eqs. 13.6-1 e 2. Nas aproximações
de ordem superior, termos novos são esperados levando em consideração efeitos de borda como os considerados por
Newman7 e por Stewart3•
1. Compare a condutividade térmic~ !Urbulenta e a viscosidade turbulenta no que diz respeito à definição, ordem de grandeza
e dependência em propriedades físicas e natureza do escoamento.
2. O que é a "analogia de Reynolds" e qual o seu significado?
3. Existe alguma conexão entre as Eqs. 13.2-3 e 13.4-12 depois que as constantes de integração dessa última são avaliadas?
5
T. H. Chilton e A. P. Colbum, flld. Eng. Chem., 26, 1183-1187 (1934). Thomas Hamilton Chílton (1899-1972) teve sua carreira profissional na E. I. du Pont de Nemours
Company, Inc .. em Wilrnington, Delaware; ele foi presidente do AIChE em 1951. Após sua aposentadoria, foi professor convidado em mais de uma dúzia de universidades.
6
Veja também O. C. Sandall e O. T. Hanna, A/ChE Journal, 25, 290-292 (1979).
7
J. S. Newman, Eletroana/ytica/ Chemistry, 6, 187-352 (1973).
DISTRIBUIÇÕES DE TEMPERATURAS EM ESCOAMENTOS TURBULENTOS 401
PROBLEMAS
13B.1 Fluxo térmico turbulento na parede em tubos (aproximado). Elabore o Exemplo 13.3-1, incluindo os passos
omitidos. Em especial, verifique a integração da passagem da Eq. 13.3-6 para Eq. 13-3-7.
13B.2 Fluxo térmico turbulento na parede de tubos.
(a) Resuma as suposições do Seção 13.4
(b) .Elabore os detalhes matemáticos desta seção tomando cuidado especial com os passos que vão da Eq. 13.4-12
àEq.13.4-16.
(c) Quando é desnecessário determinar a constante C2 da Eq. 13.4-12?
13C.1 Fluxo térmico turbulento na parede de duas placas paralelas.
(a) Elabore o desenvolvimento no Seção 13.4 e faça uma dedução semelhante para o escoamento turbulento em
uma fenda fina mostrada na Fig. 2B .3. Mostre que a análoga da Eq. 13 .4-19 é
k(To - Tá) _
~-
(Vz,máx) 2
\vz)
fo
1
[fü')]2
[1 + (1/1l/ v)(Pr /Pr<1l)J
dÇ (l3C.l-l)
No Cap. 10 vimos como as equações de balanço de energia podem ser estabelecidas para diversos problemas simples e
como estas conduzem a equações diferenciais das quais os perlis de temperatura podem ser calculados. Vimos também,
no Cap. 11, que o balanço de energia em um elemento diferencial de fluido conduz a uma equação diferencial parcial -
a equação da energia-;;- a qual pode ser empregada para estabelecer as equações para a descrição de problemas mais com-
plexos. Então no Cap. 13 vimos que a média temporal da equação da energia, em conjunto com expressões empúicas para
o fluxo turbulento de calor provê uma base útil para o resumo e a extrapolação das medidas dos perfis de temperatura em
sistemas turbulentos. Assim, neste ponto o leitor deve ter uma boa apreciação para o significado das equações de balanço
para escoamentos não-isotérmicos e suas respectivas faixas de aplicação.
Deve ficar aparente que todos os problemas discutidos foram relativos a sistemas com geometrias simples, e que para a
maior parte destes problemas foram feitas suposições, como as de viscosidade independente da temperatura e de densida-
de constante. Para certos propósitos estas soluções podem ser adequadas, especialmente para estimativas da ordem de gran-
deza. Adicionalmente, o estudo de sistemas simples provê os alicerces para a discussão de problemas mais complexos.
Neste capítulo estudaremos alguns problemas para os quais é conveniente ou necessário empregar uma análise menos
detalhada. Nestes problemas é conveniente ou necessário usar análises menos detalhadas. Em tais problemas a metodolo-
gia usual baseia-se na fo1mulação de balanços de energia sobre equipamentos, ou sobre suas partes, como descrito no Cap.
15. No balanço macroscópico de energia assim obtido aparecem tem1os que requerem estimativas para o calor transferido
através das superfícies limítrofes do sistema. Isto requer o conhecimento do coeficiente de transferência de calor para a
descrição do transporte entre fases. Usualmente este coeficiente é dado, para o sistema de interesse, como uma correlação
empírica do número de Nusselt 1 (uma expressão adimensional para o fluxo témúco na parede ou para o coeficiente de
transferência de calor) em função das grandezas adimensionais relevantes, como os números de Reynolds e de Prandtl.
Esta situação é semelhante à encontrada no Cap. 6, onde aprendemos como usar correlações adimensionais do fator de
atrito para resolver problemas de transferência de momento. Entretanto para problemas não-isotérmicos o número de gru-
pos adimensionais é maior, os tipos de condições de contorno são mais numerosos e a dependência das propriedades físi-
cas na temperatura é freqüentemente importante. Ocorrem nos sistemas não-isotérmicos os fenômenos de convecção na-
tural, condensação e ebulição.
l
1
Este grupamento adimensional recebe o nome de Ernst Kraft Wilhelm Nusselt (1882-1957), o engenheiro alemão que foi a primeira figura com importantes contri-
buições ao estudo da transferência de calor e massa. Veja, por exemplo, W. Nusselr, Zeir. d. Ver deursc/z. !11g., 53, 1750-1755 (1909), Forsc/11111gsarb. a. d. Geb. d.
lngenicmwes., N.º 80, 1-38, Berlin (1910), e Gesu11dheiro-Jng., 38, 477-482, 490-496 (1915).
1
1
l
~
TRANSFERENCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 403
Nos limitamos voluntariamente, a um número pequeno de fórmulas e correlações para a transferência de calor - jus-
tamente o suficiente para apresentar o assunto ao leitor sem tentar ser enciclopédico. Diversos tratados de transferência de
calor tratam do assunto em muito maior profundidade. 2•3.4·5•6
Q = hAtlT (14.1-1)
na qual Q é a taxa de transferência de calor para o fluido (J/h, ou kcal/h, ou BTU/h), A é uma área característica, e tlT é
uma diferença de temperatura característica. A Eq. 14.1-1 pode também ser usada quando o fluido é resfriado. A Eq. 14.1-1,
sob uma forma ligeiramente diferente, já foi encontrada na Eq. 10.1-2. Note que h não está definido até que a área A e a
diferença de temperatura tlT sejam especificadas. Agora consideraremos as definições usuais para h para dois tipos de
geometria do escoamento.
Como um exemplo de escoamentos em condutos, consideramos um fluido escoando através de um tubo circular de
diâmetro D (veja a Fig. 14.4-1), onde existe urna seção de parede aquecida com comprimento Lede temperatura variável
T0(z) desde Tot até T02 • Suponha que a temperatura média do fluido (definida na Eq. 10.8-33 para fluidos com p e êPcons-
tantes) cresça desde Tbt até Th 2 ao longo da seção aquecida. Então existem três definições convencionais do coeficiente de
transferência de calor para o fluido na seção aquecida:
Isto é, h 1 é baseado na diferença de temperatura /J.T1 da admissão, hª é baseado na temperatura média aritmética t:..Tª das
diferenças de temperaturas terminais, e h1n é baseado na diferença de temperatura média logarítmica tlT10 • Para a maioria
dos cálculos h1" é preferível, pois menos dependente de LID que os outros dois, embora não seja usado sempre. t Ao se usar
correlações de transferência de calor apresentadas nos tratados e manuais devemos tomar o cuidado de verificar qual das
definições foi empregada.
Se a distribuição de temperatura da parede é a priori desconhecida, ou se as propriedades do fluido alteram-se apreci-
avelmente ao longo do tubo, toma-se difícil prever os coeficientes de transferência de calor definidos anteriormente. Nes-
tas condições é costume reapresentar a Eq. 14.1-2 na forma diferencial:
(14.1-5)
2
M. Jakob, Heat Transfer, Vol. l (1949) e Vol. 2 (1957), Wiley, New York.
'W. M. Kays e M. E. Crawford,Convective Heatand MassTransfer, 3.'ed., McGraw-Hil!, New York (1993).
'H. D. Baehr e K. Stephan, Heat and Mass Transfer, Springer, Berlin (1998).
5 W. M. Rosenhow, J. P. Hartnett, e Y. !. Cho (eds.), Handbook of Heat Transfer, McGraw-Hill, New York (1998).
6
H. Grõber, S. Erk, e U. GriguU, Die Gnmdgesetze der Wãrmeiibertragung, Springer, 3.' ed., Berlin (196!).
1 Se ó.Tz!D.T situa-se entre 0,5 e 2,0, então !:i.Th pode ser substituído por ó.T,,, eh, por '1 ,,, com erro máximo de 4%. Este grau dé precisão é aceitável na maioria dos cáculos
1 1
de transferência de calor.
404 CAPÍTULO QUATORZE
Superfície interna 1 1
t - - - L-----i
aT01 1 Seção aquecida 1
1 com tempe1<1tura 1
da superfície
interna T0 (z) Fig. 14.1-1 Transferência de calor em tubo circular.
Aqui dQ é o calor cedido ao fluido ao longo da distância dz da tubulação, !1T1oc é a diferença local de temperatura (na
posição z), e h100 é o coeficiente local de transferência de calor. Esta equação é muito usada em projetos de engenharia. Na
verdade, as definições de não estão completas antes do estabelecimento da forma do elemento de área. Na Eq. 14.1.5 fize-
mos dA = riD dz, o que significa que h10c e b..T10c são valores médios para a área sombreada dA da Fig. 14.1.1.
Como um exemplo de escoamento em torno de um objeto submerso, considere um fluido escoando em volta de uma
esfera de raio R, cuja superfície é mantida no valor uniforme T0 • Suponha que o fluido se aproxima da esfera com tempe-
ratura uniforme T,,. Então, podemos definir o coeficiente médio de transferência de calor, hm, para a superfície toda da
esfera pela relação
(14.1-6)
A área característica é tomada aqureomo sendo a superfície de troca térmica (como nas Eqs. 14.1-2 a 5), enquanto que na
Eq. 6.1-5 usamos a secção transversal da esfera.
Um coeficiente lo~al também pode ser definido para objetos submersos por analogia com a Eq. 14.1-5:
(14.1-7)
Este coeficiente é mais informativo que h"' pois ele prevê como o fluxo térmico se distribui sobre a superfície. Entretanto,
a maior parte dos trabalhos experimentais reporta apenas hm, que é mais fácil de medir.
Sistema (Btu/ft2 • h · F)
Convecção natural
Gases 3-20 1-4
Líquidos 100-600 20-120
Água em ebulição 1000-20.000 200-4000
Convecção forçada
Gases. 10-100 2-20
Líquidos 50-500 10-100
Água 500-10.000 100-2000
Condensação de vaporés 1000-100.000 200-20.000
ªTiradóde H. Griiber, S.<E~k e U. G!iguU, Warméübertiagung, Springer Verlag, Berlin, 3:• ed., (1955), p. 158. Quando
h for dado em kcal/m2·h·C multiplicarpor 0,204para obter hem Btu/ft2·h·F, e porl,162 para obter hem W/m2-K.
Fatores de conversão adicionais estão no Apêndice F.
1:
"·· TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 405
Enfatizemos que as definições de A e D..T devem ser apresentadas antes da definição de h. Lembre-se tãmbém de que h
não é uma constante característica do fluido. Ao contrário, o coeficiente de transferência de calor depende de uma forma
complicada de diversas variáveis, incluindo propriedades do fluído (k, µ,, p, êp), da geometria do sistema, e da velocidade
do escoamento. O resto deste capítulo é devotado à previsão da dependência de h nestas grandezas. Usualmente isto é feito
usando-se dados experimentais e análise dimensional para o desenvolvimento de correlações. É também possível, para
alguns sistemas simples, calcular o coeficiente de transferência de calor diretamente das equações de balanço. Algumas
faixas típicas para h são dadas na Tabela 14.1-1.
Vimos na Seção 10.6 que, no cálculo de taxas de transferência de calor entre duas correntes de fluidos separadas por
uma ou mais camadas sólidas, é conveniente usar o coeficiente global de transferência de calor, U0 , que expressa os efei-
tos combinados da série de resistências através das quais o calor trafega. Damos aqui a definição de U0 e mostramos como
calculá-lo no caso especial de troca térmica entre duas correntes coaxiais com temperaturas médias Th ("hot") e Te ("cold"),
separadas por um tubo cilíndrico de diâmetro interno D0 e diâmetro externo Dl:
dQ = Uo(1íDodz)(Th - Te) (14.1-8)
1 ( 1 ln(D1/Do) 1 )
(14.1-9)
Dollo = Dalzo + 2k01 + D1h1 !ex:
Note que U0 é definido como um coeficiente local. Esta é a definição empregada na maioria dos procedimentos de projeto
(veja o Exemplo 15.4-1).
As Eqs. 14.1-8 e 9 são, é claro, restritas a resistências em série. Em algumas situações pode existir fluxos térmicos em
paralelo, apreciáveis devido à radiação em uma ou mais superfícies, e as Eqs. 14.1-8 e 9 necessitarão de alterações espe-
ciais (veja o Exemplo 16.5-2).
Para ilustrar o significado físico dos coeficientes de transferência de calor e ilustrar um método para sua medição, con-
cluímos esta seção com a análise de um conjunto de dados de transferência de calor.
Seção Seção
isotérmica aquecida
1
z<O 1 z>O
(~~::2
Tubo com seção
aquecida de
comprimento L,.
1 1
1 1
EXEMPLO 14.1-1
Cálculo de Coeficientes de Transferência de Calor a Partir de Dados Experimentais
Uma série simulada de experiências em regime permanente do aquecimento de ar em tubos é mostrada na Fig. 14.1-2. Na
primeira experiência, ar a Tb 1 = 200,0ºF escoa em um tubo de diâmetro interno igual a 0,5 incomum perfil de velocidade
406 CAPÍTULO QUATORZE
laminar plenamente desenvolvido na seção isotérmica da tubulação z < O. Em z = Oa temperatura da parede é subitamen-
te elevada para T0 = 212,0ºF e mantida nesse valor em todo resto do tubo de comprimento LA. Em z =LA o fluido escoa
para uma câmara de mistura onde sua temperatura de mistura Tb 2 é medida. Experiências semelhantes são realizadas com
tubos de diferentes comprimentos, L8 ,Lc, ... com os seguintes resultados:
Experiência A B e D E F G
Em todas as experiências a vazão de ar w é 3,0 lbn/h. Calcule h1, hª, h1n e o valor de saída de h10c em função de L/D.
SOLUÇÃO
Primeiramente fazemos um balanço de energia no regime permanente sobre um comprimento L do tubo, declarando que
o calor que atravessa a parede do tubo mais a energia que entra em z = Opor convecção é igual à energia que deixa o tubo
em z = L. Os fluxos axiais de energia na entrada e saída podem ser calculados pela Eq. 9.8-6. Para o escoamento plena-
mente desenvolvido, variações do fluxo de energia cinética hriiv e o termo de trabalho [TV] são desprezíveis em face das
variações do fluxo de entalpia. Assumimos também que q= < < pfiv=, de modo que o termo de condução de calor axial
pode ser desprezado. Portanto, a única contribuição ao fluxo de energia que entra e que sai com o escoamento do fluido
será o termo que contém a entalpia, e que pode ser calculado com o auxílio da Eq. 9.8-8 e as suposições de que a capaci-
dade calorífica e densidade do fluido são constantes em todos os pontos. Portanto o balanço de energia térmica no regime
permanente é simplesmente "taxa de entrada de energia = taxa de saída de energia", ou
de onde
(14.1-12)
Isto nos dá a fórmula necessária para o cálculo de h 1 a partir dos dados apresentados.
Analogamente, o uso das Eqs. 14.1-3 e 14.1-4 dá
(14.1-13)
(14.1-14)
A diferenciação desta expressão com relação a z e combinação do resultado com a Eq. 14.1-5 dá
(14.1-16) 1
j
~
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 407
ou
(14.1-17)
(14.1-18)
A derivada nesta equação é convenientemente determinada do gráfico de ln(T0 - Tb) versus z/L. Devido ao passo de dife-
renciação torna-se difícil a determinação precisa de h10c-
Os valores calculados são apresentados na Fig. 14.1-3. Note que todos os coeficientes decrescem com o aumento deli
D, mas h 10c e h1n variam menos que os demais. Eles tendem a urna assíntota comum aos dois (veja o Problema 14B.5 e a
Fig. 14.1-3). Um comportamento semelhante é observado em escoamentos turbulentos com temperatura da parede cons-
tante, exceto que h10c tende ao valor assintótico muito mais rapidamente (veja a Fig. 14.3-2).
6r---.----.,-----,---.----.-~~,----,
s~=--;:::--+-~~-+-~~1--~-+----+~-~+---l
4~~-""~~~-+~--l------1-----+-~~+---I
1,0>---~-+----t-----l----+---_,,-.-~-~..._...
0,81-----l-----l---~----+----+--""-l---l
To - Tb -_( + -24n)(qºR)
4~ -
k
- 4b~(qoR')
-
k
onde R e D são o raio e o diâmetro do tubo. Resolvendo para o fluxo na parede obtemos
(142-2)
Fazendo uso da definição do coeficiente local de transferência de calor h10c - em que% = h10c(T0 - Th) - determinamos
48 (k) hD 48
hloc =TI D ou Nuice = T = TI (14.2-3)
Este resultado é o correspondente à Eq. (L) da Tabela 14.2-1-para o escoamento laminar de um fluido com propriedades
constantes e com fluxo constante na parede, e para altos valores dez. As demais entradas da tabela são obtidas de forma
similar. 1 Números de Nusselt para alguns casos de fluidos newtonianos com propriedades constantes são apresentados na
Fig. 14.2-1.2
3,657
Fig. 14.2-1 Número de Nusselt para escoamento laminar plenamente desenvolvido de fluido newtoniano com propriedades físicas constan-
tes: Nu10c = h10cDlk para tubos circulares de diâmetro D, e Nu 1,0 = 4h1oJ3!k para placas com semidistância B. As expressões li..rrütes são dadas
nas Tabelas 14.2-1e14.2-2.
Para escoamentos turbulentos em tubo circular com fluxo térmico constante, o número de Nusselt pode ser obtido da
Eq. 13.4-20 (que por sua vez vem da Eq. (K) da Tabela 14.2-1): 3
RePr\/f72
Nuloc = • lrffi (14.2-4)
12.48Pr213 - 7,853Pr 113 + 3,613 ln Pr + 5.8 + 2.78 ln(;fgRe v f /8)
1
Estas tabelas foram tomadas de R. B. Bird, R. C. Annstrong e O. Hassager, Dynamics of Polimeric Liquids, Vol.1F/uid1Vfecha11ics,Ped., Wiley, New York, (1987),
PP· 212-213. Eles são baseados, por sua vez, em W. J. Beek e R. Eggink, De Ingeriieur, 74, (35) Caps.81-89 (1962) e J. M. Valstar e W. J. Beek, De lngenieur, 75, (l),
Caps.1-7 (1963).
'A correspondência entre as entradas das Tabelas 14.2.1e2 e problemas neste livro é como segue (0 =tubo circular, li= fenda plana):
Eq. (C) Problema 120.40;!20.5 li Laminar newtoniano
Eq. (F) Problema 12D.30;12D.5 li Laminar newtoniano
Eq.(G) Problema 10B.9(a)0;!0B9(b) li Escoamento empistonado
Eq.(l) Problema !20.70;120.611 Laminar newtoniano
Eq.(K) Problema 100.20 Laminar não-newtoniano
Eq.(L) Problema 120.6 li Laminar newtoniano
Equações análogas para as Eqs. (K) nas Tabelas 14.3-2 e 2, são dadas para escoamento nas Eqs. 13.4-19 e 13C.1-l.
'O. C. Sandall, O. T. Hanna e P. R. Mazet, Canad. J. Chem. Eng., 58, 443-447 (1980).
Temperaturà da parede constante Fluxo térmico na parede cónstante
Todos os valores
são para mímeros
de Nusselt locais
~-+
->-{) T 1
f f f +~?)
(i-- . ····•·· -
qo
2
Região de entrada Escoamento em Nu =; _1_· (<v.z)z52)1/2 (A) Escoamento em Nu= ~ (<vz)D .·)1/2 (G)
térmica< pistão
· v;. az
pistão
- . . az .
(v,)D2 >> 1.
Cl'.Z
Escoamento
laminar não
Nu=_.2_[(vz)D
91/3r(~) az
2
(_ldcf>., .. )]1/3
. 4 dÇ f=l
(B) Escoan1ento
laminar não Nu -
_ 2r(~) [<vz)D
g1/3 . az
2
(-l. dg
4
de{> 1
ç=1
)]
113
(H)
newtoniano newtoniano
Escoainento
· Escoamento
empistonado Nu= 5,772
(D) E!Ícoilrieritri
empistonado Nu.=8. . O) f
=[2 f Hf fcp(f)dg] agJ-
termicamente iil
2 1 f:l,
completamente Escoainento Nu.= /3f, onde {3 1 é o menor Escoamento Nu (K) i'5
desenvolvido laminar não autovalor de laillinar não ~
~
2 newtoniano newtoniano
(vz)D <<1 l!f.
g dg (.g dXn)·
ag + f3n</>(g)X~ =
2
az O;
;:i
X~(O) = O, X,,(1) = o (E)
rn
tT1
;:::
Escoamento Nu= 3,657 (F) Eséoamento 48
Nu~ ff~4,364 (L)
laminar
newtoniano
laminar
newtoniano
ªNota: l/J(t'J = v,l{V,), onde Ç= r/R eR = D/2; para.fluidos neWtonianos (V,)D2fa,:= RePr(D/z) ccim Re = D(v,)p/µ.. Aqui, a= k!pêP.
1
z
>-•
"W. J. Beek e R. Eggink, De Jngenieur, 74, Íl. 0 35, Càps. 81-89 (1962); errata, 75, n.º 1, Cap; 7 (1963). . .. · . . . . ~
ºO grupamento {V,)D2/a; é algumas vezes esctito Pº!Ilº Qz,(L/z), onde. Gz = {V,)D 2/aL é denominado número de Graetz; aqui, L é.o. comprimento do tuboalém dez= O. Assim, a região de
entrada térmica corresponde a altos volumes do número de Graetz .. ~-
§
.i:..
o
~
....""'<::>
('l
>
~·
5
Todos os valores são
para números
_/r
Temperatura da parede constante
1 1
z[twjf~-y=B
y=-B
~
Fluxo térmico na parede constante
qo 1~
de Nusselt locais z= O To . 2B
Região de entrada Escoamento em Nu= ( (v::2}1/2 (A) Escoamento em Nu = 2-v; (<v::2)1'2 (G)
térmica• pistão pistão
newtoniano newtoniano
Escoamento Nu= __
4_ ((vz)B )1/3
2 (C) Escoamento Nu= 4 f<~) (<vz)B )1/3
2
(I)
laminar 31/3f(~) --az- laminar 31/3 ---az-
newtoniano newtoniano
Escoamento (D) Escoamento
empistonado Nu = 71'2 = 9,870 empistonado Nu= 12 (J)
Escoamento
tcrmicamente
Escoamento
laminar não
newtoniano
Nu = 4/3T, onde {3 1 é o menor
autovalor de
Escoamento
laminar não
newtoniano
Nu= [ ~f [r <p(1J'')d1J'T dlJ' r (K)
completamente 2
desenvolvido
a x" +{3;,c/>cr
--, , ( )X11 0; X,,(±1) =O (E)
dtr
(v,)B2<<1
az Escoan1ento (F) Escoamento 140
lmninar Nu= 7,541 lanünar Nu l7 = 8,235 (L)
newtoniano newtoniano
ºNota: <fi(cr) = V,l(v,), onde cr = y/B; para fluidos newtonianos (V,'/J'laz = 4RePr(B/z), com Re = 4B(V,)plµ.. Aqui a= k/pC"P.
"J. M. Valstar e W. J. Beek, Delngenieur, 75, n.º.1, Caps. 1-7 (1963).
•o grupamento (V,)B 2/ccz é escrito algumas vezes como Gz·(Uz) onde Gz = (V,)B 2/etL é denominado número de Graetz; aqui, L é o comprimento da placa além dez= O. Assim, a região de
entrada ténnica conesponde a altos valores do número de Graetz.
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 411
Esta é válida apenas para az/(v2)D 2 > > 1, para fluidos com propriedades físicas constantes, e para tubos não-rugosos. Tem
sido aplicada com sucesso para a faixa de números de Prandtl 0,7< Pr < 590. Note que, para números de Prandtl muito
altos a Eq. 14.2-4 dá
Estas equações são limitadas a L/D > 60 e propriedades físicas constantes. A Eq. 14.2-7 é apresentada na Fig. 14.2-2.
Pr
0,06
0,02
0,01
0,004
Nu
10
Laminar
Já foi enfatizado que todos os resultados desta seção são limitados a fluidos com propriedades físicas constantes. Quan-
do existem grandes diferenças de temperatura no sistema é necessário levar em consideração a dependência com a tempe-
ratura da viscosidade, densidade, capacidade calorífica, e condutividade térmica. Usualmente isto é feito por intennédio
de um empiricismo, qual seja o de avaliar as propriedades físicas a uma temperatura média apropriada. Neste capítulo, a
não ser quando se especifica o contrário, entende-se que todas as propriedades são calculadas à temperatura do filme T1
definida como segue: 5
a. Para tubos, fendas e outros dutos,
(14.2-8)
onde T0ª é a temperatura média aritmética das temperaturas da superfície nos dois finais do duto, T00 = ~(T01 + T02 ) e .Tba
é a média aritmética das temperatúras médias do fluido na entrada e saída, Tba 5 ~Tb 1 + Tb2 ).
É também recomendado que o número de Reynolds seja escrito como Re = D(pv)/ µ, = Dw/S µ,, de modo a considerar
as variações de viscosidade, velocidade e densidade ao longo da área da seção transversal S.
b. Para objetos submersos com temperatura de superfície uniforme T0 em uma corrente de líquido que se aproxima com
temperatura uniforme T.,,,
(14.2-9)
Para sistemas em escoamento em contato com geometrias mais complicadas é preferível usar correlações experimentais
para coeficientes de transferência de calor. Na seção seguinte mostramos como estas correlações podem ser estabelecidas
por uma combinação de análise dimensional e dados experimentais.
f f (+eZI)
2
Q(t) L 1T 1 R d8 dz (14.3-1)
O ar O r=R
a qual é válida para escoamento laminar ou turbulento (no escoan1ento laminar, Q seria, é claro, independente do tempo).
O sinal + aparece uma vez que o calor é adicionado ao sistema na direção negativa de r.
Equacionando as expressões para Q dadas pelas Eqs. 14.1-2 e 14.3-1 e resolvendo para h 1, obtemos
Nu 1(t) = 1
L/D
27T
f,L!D
o
f o
2
" (
-~ dT)
ai
1
r=l/2
d8 dz" (14.3-3)
Portanto o número de Nusselt (instantâneo) é basicamente um gradiente de temperatura adimensional na média sobre
toda supe1fície de troca térmica.
O gradiente de temperatura adimensional que aparece na Eq. 14.3-3 poderia, por princípio, ser avaliado pela diferenci-
ação da expressão para T obtida pela resolução das Eqs. 11.5-7, 8 e 9 com as condições de contorno
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-fSOTÉRMICOS 413
1 Bocal Condensador
.........
~~~~-L~~~~~-?I
1 1
1
Seção aquecida com
1
'T' temperatura uniforme "2" Fig. 14.3-1 Transferência de calor na região de entra-
de superfície T0 da de um tubo.
1
l emz =o, v=Õz para O sr<k (14.3-4)
j emr = ~, v=O paraz 2 O (14.3-5)
em r = Oe z =O, QJ> =O (14.3-6)
emz =O, T= 1 para Os rs ~ (14.3-7)
1 em r =! T =o para O$ z $ LID (14.3-8)
v
onde = vl(v,) 1 e QJ> = (<lP - 1lP 1)1 p(vz)i. Como na Seção 6.2, desprezamos os termos em a2/az2 das equações de balanço com
1
base em um raciocínio de ordem de grandeza análogo ao da Seção 4.4. Com a supressão desses termos o transporte de mo-
mento e de calor na direção do escoamento são excluídos, de modo que a solução para além do plano 2 é independente de l/D.
Das Eqs. 11.5-7, 8 e 9 e destas condições de contorno, concluímos que a distribuição adimensional instantânea de tem-
j peratura é necessariamente da seguinte forma:
(14.3-11)
Portanto, a análise dimensional nos diz que, para a convecção forçada em tubos circulares com temperatura da parede
constante, os valores experimentais do coeficiente de transferência de calor h1 podem ser correlacionados dando Nu 1 em
função do número de Reynolds, o número de Prandtl e da razão geométrica UD. Este resultado deve ser comparado com
o resultado semelhante, mas mais simples, relativo ao fator de atrito (Eqs. 6.2-9 e 10).
O mesmo raciocínio conduz a expressões similares para os outros coeficientes de transferência de calor que já defini-
mos.Pode-se demonstrar (veja o Problema 14.B-4) que
sionar distorções do perfil de velocidades tão acentuadas que torna-se necessária a introdução de um grupo adimensional
adicional, µ,b, µ,0, onde µ,h é a viscosidade à temperatura média aritmética das temperaturas médias nas seções de entrada
e saída, e µ, 0 é a viscosidade à média aritmética da temperatura da parede. t Assim podemos escrever
Nu= Nu(Re, Pr, L/D, µ, 0/ P.,o) (14.3-15)
Este tipo de correlação parece ter sido vista primeiramente por Sieder e Tate. 2 Se, adicionalmente, a densidade varia sig-
nificativamente, então a convecção natural pode ocorrer. Este efeito pode ser considerado incluindo-se o número de Grashof
junto com os outros grupos adimensionais. Este ponto é examinado na Seção 14.6.
Façamos agora uma pausa para refletir sobre o significado da discussão antecedente para a construção de correlações de trans-
ferência de calor. O coeficiente de transferência de calor h depende de oito grandezas físicas (D, (v), p, JJ-o, µ,b, êr, k, L ). Entretanto
a Eq. 14.3-15 nos diz que esta dependência pode ser expressa mais concisamente dando Nu como função de apenas quatro
grupos adimensionais. Assim em vez de obter dados de h para cinco valores das oito quantidades físicas individuais (5 8 tes-
tes}, podemos medir h para 5 valores dos grupos adirnensionais (5 4 testes)- uma redução considerável de tempo e esforço.
Uma boa visão global da transferência de calor em tubos circulares com temperatura da parede praticamente constante
pode ser obtida da correlação de Sieder e Tate2 apresentada na Fig. 14.3-2. Esta é da forma daEq. 14.3-15. Foi determina-
da empiricamente2•3 que a transição para turbulência usualmente inicia-se para Re = 2100, mesmo quando a viscosidade
varia apreciavelmente na direção radial.
Para escoamentos altamente turbulentos, as curvas paraL/D > 10 convergem para uma curva única. ParaReb > 20.000
esta curva é descrita pela equação
(14.3-16)
Esta equação reproduz dados experimentais disponíveis com precisão de ±20% nas faixas 10 4
< Reh < 10 5
e 0,6 < Pr < 100.
Para escoamento laminar, as linhas descendentes à esquerda são dadas pela equação
l,86(RePrf)11 (~t
3 4
Nu 1n = (14.3-17)
que é baseada na Eq. (C) da Tabela 14.2-1 e Problema 12D.4. O coeficiente numérico foi multiplicado por um fator! para
converter de htoc para h~, e modificada ainda empiricamente para levar em consideração os desvios devidos às variações
das propriedades físicas. Isto ilustra como uma correlação empírica satisfatória pode ser obtida modificando-se o resulta-
do de uma dedução analítica. A Eq. 14.3-17 é boa dentro de 20% para RePr DIL > 1O, mas para valores inferiores de RePr
DIL ele subestima consideravelmente hioc· A ocorrência de Pr 113 nas Eqs.14.3-16 e 17 é consistente com a assíntota para
altos números de Prandtl encontrada nas Seções 13.6 e 12.4.
A região de transição, aproximadamente 2100 < Re < 8000 na Fig. 14.3-2, não é bem compreendida e é usualmente
evitada, em projetos, sempre que possível. As curvas nesta região têm suporte em dados experimentais2 mas são menos
confiáveis que o restante da figura.
1
Podemos chegar à relação de viscosidades introduzindo nas equações de balanço a viscosidade função da temperatura descrita, por exemplo, por uma expansão em série
de Taylor em tomo da temperarura da parede:
Quando a série é truncada e o coeficiente diferencial é aproximado por um coeficiente de diferenças finitas, obtém-se
(14.3-ISb)
T-To) (14.3-lSc)
1 )( Tó-To
Assim, a relação de viscosidades aparece na equação do movimento, e por conseqüência na correlação adimensional.
2
E. N. Siedere G. E. Tate, lnd. Eng. Chem., 28, 1429-1435 (1936).
3
A. P. Colburn, Trans. AIChE, 29, 174-210 (1933). Alan Philip Colburn (1904-1955), reitor acadêmico da Universidade de Delaware (1950-1955), fez importantes
contribuições às áreas de transferência de calor e massa, incluindo as "correlações de Chilto-Colburn".
'A Eq. (C) é uma solução assintótica do problema de Graetz, um dos problemas clássicos de convecção de calor: L. Graetz, A1111. d. Physík, 13, 79-94 (1883); veja J.
Lévêque,Amz. Mines (Série 12), 13, 291-299, 305-362, 381-415 (1928) para a assíntota na Eq. (C). Um resumo extenso pode ser encontrado em M. A. Ebadian e Z. F.
Dong, Cap. 5 deHa11dbookofHeatTra11sfer, 3.'ed., (W. M. Rosenhow, J. P. Hartnette Y. I. Cho, eds.), McGraw-Hill, New York (1998).
'TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 415
0,010 1 1 1 1 1 1
.,,. 0,009 1 1 1 1 1 1 1 1
o 0,008 1 1 1 1 1 1
..!----._ 0.007
.,. ~ versus Repara tubos longos e lís6s
õ ~ 0,006 -L/0=60
'..é
o.aos ~/20
-----. -----
;:.: ;:; -
~,º
:l.. :l.. 180 1
----+~-
....__,
"'1
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~ 0,004 ~240
V/ ':#
'?' ~~~ .... __
;:;--- :::=:::: 0,003 1
-,....-
,]: ~~
-~
é? ;:; - i::o1:;;
~1~ 0,002
1
~
....__, 1 E-<
~"Iº
,u"-S'"' ê,
1
0,001
103 104 10
DG
D(vzP)
Re=-=--
J-L J-L
Fig. 14.3-2 Coeficientes de transferência de calor para escoamentos plenamente desenvolvidos em tubos lisos. As linhas para escoamento
laminar não devem ser usadas na faixa RePrD/L < 10, que corresponde a (T0 - Tb) 2 1(T0 - Tb) 1 < 0,2. Estas curvas estão baseadas em dados
para RePrD/L > > 10 temperatura de parede praticamente constante; nestas condições hª é h1n são indistinguíveis. Recomendamos usar h,n
em oposição ahª sugerido por Sieder e Tate, porque esta escolha é mais segura para os cálculos usuais de projeto de cambiadores de calor [E.
N. Sieder e G. E. Tate, Ind. Eng. Chem., 28, 1429-1435 (1936)!.
As características gerais das curvas da Fig. 14.3-2 merecem um estudo cuidadoso. Note que para uma seção aquecida
com dados L e D e um fluido com propriedades conhecidas a ordenada é proporcional ao aumento adimensional da tem-
peratura do fluido que a atravessa- isto é (Tb2 - Tb 1)/(T0 - Tb)In. Nestas circunstâncias, quando a vazão (ou o número de
Reynolds) cresce, a temperatura de saída primeiro decrescerá até que Reatinja 2100, depois aumentará até que Reatinja
aproximadamente 8000, e finalmente decrescerá novamente. A influência de LID sobre h1n é acentuada no regime laminar
mas toma-se insignificante para Re > 8000 com LID > 60.
Note também que a Fig. 14.3-2 assemelha-se ao gráfico do fator de atrito da Fig. 6.2-2, embora a situação física seja
bem diferente. Na região de alta turbulência (Re > 10.000) a ordenada de transferência de calor concorda, aproximada-
mente, comj72 para os tubos longos em consideração. Isto foi apontado por Colburn, 3 que propôs a seguinte analogia empírica
para tubos cilíndricos longos:
EXEMPLO 14.3-1
Projeto de um Aquecedor Tubular
Ar a 70ºF e 1 atm deve ser bombeado através de um tubo reto de 2 in DI à vazão de 70 lbm/h. Uma seção do tubo deve ser
aquecida a uma temperatura de parede interna de 250ºF para aumentar a temperatura do ar até 230ºF. Que comprimento de
tubo aquecido é necessário?
416 CAPÍTULO QUATORZE.
·.=:
SOLUÇÃO
A temperatura média é T"ª = 15~ºF, a temperatura do filme é T1 = !(150 + 250) = 200~F. Nesta temperatura as propriedades
do ar sãoµ,= 0,052 lb"Jft·h, CP= 0,242 Btu/lbm·F, k = 0,0180 Btu/h·ft·F e Pr = C Pµ,/k = 0,70. As viscosidades do ar a
150ºF e 250ºF são 0,049 e 0,055 lb"/ft·h, respectivamente, e assim a relação de viscosidades µ,b/J.Lo = 0,049/0,055 = 0,89.
O número de Reynolds avaliado na temperatura do filme, 200ºF, é portanto
R _ Dw _ 4w _ 4(70) _ X 04
e - Sµ - 7rDµ - 7r(2/12)(0,052) - l, 02 l (14.3-20)
1 160 (14.3-22)
= 4(0,0039) 72,8 (0,788)(1,02) = 113
Assim o comprimento necessário é
! i:
21toc
att)I
= + µMvxlpv~. ,- u-0 j;fp
- = O33? R -iti
= f"(O) -xv,,,p
2 , - ex (14.4-1)
(14.4-2)
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 417
0,010 1
1 1
=
-
jH!oc e fioc/2 versus Rez:
Laminar Turbulento
1
----
1 1 1 1 1
.... ...., 1-L-_
....
i-. - ........
~J ~- f -i-
1
0,0001
1os 108
Fig. 14.4-1 Coeficientes de transferência para uma placa plana lisa com escoamento tangencial. Adaptada de H. Schlichting, Boundary Layer
Theory, McGraw-Hill, New York (1955), pp. 438-439.
Corno é apresentado na Tabela 12.4-1, um valor mais preciso do coeficiente numérico na Eq. 14.4-2 é o de Pohlhausen
qual seja 0,332. Usando este valor, então a Eq. 14.4-2 dá
.
]H,Ioc
= Nuloc =
R p 1/3
~
~
(êpµ,)2/3
k
= O332 R
I ex
-1/2
(14.4-3)
e r pCPv"'
Como o coeficiente numérico da Eq. 14.4-3 é o mesmo que o da Eq. 14.4-1, então, obtém-se
1 O resultado
da Eq. 14.4-1 foi obtido primeiramente por H. Blasius, Z. Afoth.Phys., 56, 1-37 (1908), e o da Eq. 14.4.3 por E. Pohlhausen, Z. angew. Matiz. Mec/1., I, 115-
121 (1921).
2
E. R. G. Eckert, Trans. ASME, 56, 1273-1283 (1956). Este artigo inclui também escoamentos a altas velocidades, para os quais a compressibilidade e a dissipação
viscosa tomam-se importantes.
418 CAPÍTULO QUATORZE
1/d
Nu11! = 2 + (0 4 Re1/ 2 +O 06Re213 )Pr0A ( µ""
I I f.LQ ) - (14.4-6)
na qual as propriedades físicas que se apresentam no número de Num, Re e Pr são avaliadas na temperatura de aproxima-
ção do fluido. Esta correlação é recomendada para 3,5 < Re < 7,6 X 104 , 0,71 < Pr < 380, e 1,0 < µ)µ 0 < 3,2. Em
contraste com a Eq. 14.4-5, ela não é válida no limite em que Pr-? oo.
1/4
N 11 = (0 4 Re112 +O 06 Re213)Prº·4( f.Lro ) (14.4-7)
- I I f.Lo
Na faixa 1,0 < Re < 1,0 X 105 , 0,67 < Pr < 300 e 0,25 < µJµ 0 < 5,2. Aqui, assim como na Eq. 14.4-6, os valores da
viscosidade e da condutividade térmica no Re e Pr são os correspondentes à temperatura da corrente de aproximação. Re-
sultados semelhantes estão disponíveis para feixes de cilindros, que são utilizados em certos tipos de cambiadores de ca-
lor.4
Outra correlação,5 baseada em ajuste de curva da compilação de McAdams de coeficientes de transferência de calor,6
e na assíntota para baixos Re do Problema 12B.6, é:
Esta correlação tem o comportamento adequado no limite quando Pr-? oo, e também se comporta adequadamente para
baixos valores do número de Reynolds. Este resultado pode ser usado para analisar a performance de anemômetros de fio
quente no regime permanente, que tipicamente operam a baixos números de Reynolds.
J W. E. Ranz e W. R. Marshall, Jr., Chem. Eng. Progr., 48, 141-146.173-180 (1952). N. Frõssling, Gerlands Beitr. Geophys., 52, 170-216 (1938), em primeiro apresen-
taram uma correlação desta forma, com um coeficiente de 0,552 no lugar de 0,60 no último termo.
'S. Whitaker, Fundamefllal Principies of Heat Transfer, Krieger Publishing Co., Malabar, Fla. (1977), pp. 340-342; AJChE Journal, 18, 361-37 l (1972).
' W. E. Stewart (a ser publicada).
6
W. H. McAdarns, Heat Tra11smission, 3.' ed., McGraw-Hill, New York (1954), p. 259.
'TRAi'ISFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 419
2,0--~-~--..,.--~---~-~
. - htoc (êpµ,)2/3
(14.5-3)
JH- êc
p o
T
DpGo 6Go
Re=---- (14.5-4)
(1 - e)µ,lfl nµ,ifl
Nesta equação as propriedades físicas são todas elas avaliadas à temperatura do filme T1 = !(T0 - T1i), e G0 w / S é o
fluxo de massa superficial apresentado na Seção 6.4. A quantidade t/l é um fator de fonna das partículas, com o valor 1
para esferas e um valor de ajuste4 de 0,92 para partículas cilíndricas. Um fator semelhante foi empregado por Gamson5 no
Re e em j H; o fator i.fl presente só é usado para o a Re.
- h1ocDp - 1/3
Nu10 c - -k(--)- - 2,19(RePr) (14.5-6)
'1- 8 t/!
consistente com a teoria da camada limite6 para escoamentos lentos com RePr > > 1. A última restrição dá Nu > > 1
correspondente a uma camada limite térmica fina em relação aDp/(l - e)tfí. Esta assíntota representa muito bem os dados
de transferência de massa no escoamento lento para líquidos. 3
O expoente i na Eq. 14.5-3 corresponde a uma assíntota para altos Pr dada pela teoria da camada limite em regime
laminar e permanente e para esco<iruentos permanentes turbulentos. 7 Esta dependência é consistente com os dados citados
em toda faixa de Pr > 0,6 e a faixa correspondente do grupo adimensional Se para a transferência de massa.
6
W. E. Stewart, AIChE Journal, 9, 528-535 (1963); R. Pfeffer, Ind. Eng. Chem. Fund., 3, 380-383 (1964); J. P. Sorensen e W. E. Stewart, Chem. Eng. Sei., 29, 833-837
(1974). Veja também o Exemplo 12.4.3. · .
7
W. E. Stewart, AIChE Journal, 33, 2008-2016 (19ii7); corrigenda, 34, 1030 (1988).
1
G. D. Raithby e K. G. T. Hollands, Cap. 4 no W. M: Rosenhow, J. P. Hartnett e Y. I. Cho, eds. Handbook ofHeat Transfer, 3.' ed., McGraw-Hill, New York (1998).
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 421
NA AUSÊNCIA DE EMPUXO
O número de Nusselt limite para o caso de convecção natural e forçada desprezíveis é obtido por solução da equação da
condução de calor (a equação de Laplace 'i/2T = O) para uma temperatura uniforme da superfície do sólido, e uma tempe-
ratura constante e diferente no infinito. O número de Nusselt médio tem a seguinte forma
Nu;;:ind = K(forma) (14.6-2)
Onde K é zero para todos os objetos com pelo menos uma de suas dimensões infinita (por exemplo cilindros infinitamente
longos, ou placas infinitamente largas). Para corpos finitos K é não nulo, e um caso importante é o da esfera para o qual,
de acordo com o Problema lOB.l,
(14.6-3)
com o comprimento característico igual ao diâmetro da esfera. Elipsóides de revolução oblatas são discutidos no Proble-
ma 14D.l.
Esfera
C1 0,835 0~772 0,878
"D" em Nú AlturaH LarguraW Diâmetro D Diâmetro D
ªPara a supeificie aquecida voltada para cima e.isolada abaixo, ou o inverso para super-
fície fria.
Para a placa vertical com condição de contorno de fluxo térmico constante, a potência recomendada para o grupo GrPr é,
também, 1/5.
Para a convecção natural laminar o fluxo térmico tende a ser pequeno, e uma correção para a condução é freqüentemen-
te necessária para uma previsão precisa. O limite de condução é determinado pela solução da equação í/2T = O para a
geometria considerada, e isto leva ao cálculo de um "número de Nusselt da condução", Nu;~nct. Então o número de Nusselt
combinado, Nu~?mb, é estimado pela combinação das duas contribuições por uma equação da forma 1
(14.6-8)
Valores ótimos de n dependem da geometria, mas 1,07 é sugerido corno estimativa preliminar na ausência de informações
específicas.
(14.6-10)
1 + (1,4 X 109 /Gr)
com
0,13Pr0•22 e3 _ (14.6-11)
(1 + 0,61Pr081 ) 0A2 -
EXEMPLO 14.6-1
Calor Perdido por Convecção Natural de Tubo Horizontal
Estime a taxa de perda de calor por convecção natural de uma unidade de comprimento de um tubo longo horizontal com
6 in de diâmetro externo, se a temperatura de sua superfície externa é lOOºF e o ar ambiente está a 1 atrn e 80ºF.
6
E. Ruckenstein, Adv. Clzem. Eng., 13, 11-112 (1987) E. Ruckenstein e R. Rajagopalan, Chem. Eng. Co111n11111icatio11s, 4, 15-29 (1980).
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 423
SOLUÇÃO
As propriedades do ar a 1 atm e à temperatura do filme T1 = 90°F = 550°R são
µ, = 0,0190 cp = 0,0460 lbm/ft·h
P = 0,0723 Jbm/ft3
êp = 0,241 Btu/lbm·R
k = 0,0152 Btu/h·ft·R
[3 = I/T1 = (l/550)R- 1
Outros valores relevantes são D = 0,5 ft, l:lT = 20ºR, e g = 4,17 X 108 ft/h2 • Destes dados obtemos
671
Nu =O 772( 0, )(4 68 X 106) 114
m ' [1 + (0,492/0,729) 9/lóJ 419 '
I
,
671
=o 772(01,30
\
)(46 51) = 18 6
J I
(14.6-14)
9_ = lzmAéi.T = h riDéi.T
L L m
Esta é a perda de calor devida à convecção apenas. A perda por radiação para o mesmo problema foi determinada no
Exemplo 16.5-2
Movimento
do vapor
---+-
Fig. 14. 7-1 Condensação em filme sobre uma superfície vertical (descom:Ln.ui-
dade da temperatura na Ln.terface foi exagerada).
424 CAPÍTULO QÚÁTORZE
- l, •. Y"".·· - ~
~,. <i:~
(14.7-1)
na qual Q é a taxa de transferência de calor para a superfície do sólido, e Td é a temperatura do ponto de orvalho do vapor
que se aproxima da superfície da parede- isto é, a temperatura na qual o vapor se condensaria se fosse resfriado à pressão
do ambiente. Esta temperatura é muito próxima da temperatura do líquido na intefface gás-líquido. Portanto h"' pode ser
considerado como o coeficíênte de transferência de calor para o filme de líquido.
Expressões para h111 foram deduzidas para escoamento laminar de condensado sem ondas superficiais por soluções apro-
ximadas da eg.uação da energia e o movimento de um filme de líquido (veja o Problema 14C.l). Para a condensação em
filme ocorrendo em tubo horizontal de diâmetro D, comprimento L, e temperatura constante da superfície T0 , o resultado
de Nusselt3 pode ser escrito como
h111
_0,954 (k3p2gL)1/3
- --µ:w- (14.7-2)
Onde w!L a taxa ponderal de condensação por unidade de comprimento do tubo, entende-se.que todas as propriedades
físicas sejam calculadas à temperatura dq.~qme T1 = !(Td - T0).
Para diferenças moderadas de temperaturas, a Eq. 14. 7-2 pode ser reescrita com auxílio de um balanço de energia no
condensado que dá ·
(14.7-3)
As Eqs. 14.7-2 e 3 foram confirmadas experimentalmente na faixa de 10% para tubo horizontal único. Elas parecem dar,
também, resultados satisfatórios para feixes de tubos horizontais,4 apesar das complicações introduzidas pelo gotejamento
de um tubo para outros.
1
Note que ocorrem variações de pressão e temperatura pequenas mas abruptas na imerface. Estas descontinuidades são essenciais ao processo de condensação , mas são,
em geral, desprezíveis nos cálculos de engenharia para fluidos puros. Para misturas, eles podem ser importantes. Veja R. W. Schraage, lnrerphase Mass Transfer, Columbia
University Press (l 953).
2
Condensação em gotas e a ebulição são extensamente discutidas por G. Collier e J. R. Thomé, Convective Boiling Condensacion, 3'ed., Oxford University Press (1996).
W. Nusselt, Z. Ver. deucsch. Tng., 60, 541-546, 575-596 (1916).
3
W. Nusselt, Z. Ver. deutsch. lng., 60, 541-546, 575-596 (1916).
4
B. E. Short e H. E. Brown, Proc. General Disc. Heat Transfer, London (1951), pp. 27-31. Veja também D. Butterworth, em Handbook of Heat Excha11ger Desig11 (G.
F. Hewitt, ed.), Oxford Univerity Press, London (1977), pp. 426-462.
l
r
1
j.
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-!SoTERM!COS
Para condensação em filme em tubos e paredes verticais de comprimento L, os resultados teóricos correspondentes às
Eqs. 14.7-2 e 3 são
425
L
= 1 (k3p2g)l/3 (14.7-4)
1 h,,, 3 3µ,f
i
l e
(14.7-5)
respectivamente. A quantidade r na Eq. 14.7-4 é a taxa total de escoamento de condensado no fim da superfície de con-
1 densação porunidade de largura da superfície. Para um tubo vertical, f = w hrD, onde w é a vazão mássica de condensado
1 no tubo. Para tubos verticais curtos (L < 0,5 ft), os valores experimentais de hm confirmam bem a teoria, mas os valores
medidos para tubos longos1(L > 8 ft) podem exceder a teoria, para um dado Td - T0 por até 70%. Esta discrepância é
atribuída às ondulações que atingem seus maiores valores em tubos longos. 5
1
Agora consideramos expressões empíricas para o escoamento de condensados em escoamento turbulento. Escoamen-
tos turbulentos iniciam-se, para tubos e paredes verticais, a um número de Reynolds Re = f /µ,de aproximadamente 350.
1 Para números de Reynolds mais elevados, a seguinte fórmula empírica foi proposta: 6
_ (k3p2g(Td - T0)L)112
hm - 0,003 h (14.7-6)
µ,36,Hvap
EXEMPLO 14.T-1
Condensação de Vapor sobre Superfície Vertical
Um líquido em ebulição escoa em um tubo vertical está sendo aquecido pela condensação de vapor na superfície externa
do tubo. A seção aquecida do tubo é de 10 ft de altura e 2 in de diâmetro externo. Se estiver sendo usado vapor saturado,
que temperatura de vapor é necessária para suprir 92.000 Btu/h de calor ao tubo à temperatura da superfície do tubo de
200"F? Suponha condensação em filme.
SOLUÇÃO
As propriedades do fluido dependem da temperatura Td desconhecida. Fazemos a estimativa Td = T0 = 200ºF. Então as
propriedades físicas à temperatura do filme (também a 200ºF) são
104
9
8
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11.
5
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<tl
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·~ '°"Laminar
'O
8 2
<tl
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'::l
z
Lendo a Fig. 14.7-2 neste valor da ordenada, encontramos que o escoamento é laminar. A Eq. 14.7-2 é aplicável, mas é
mais conveniente usar a linha baseada nesta equação da Fig. 14.7-2, que dá
kp2f3g1f3(Td - To)L
1700 (14.7-10)
da qual
TRANSFERÊNCIAS ENTRE FASES EM SISTEMAS NÃO-ISOTÉRMICOS 427
µ,5/36.Hvap
Td -T0 = 1700-,--
kp- 13g1 13L
1700 (0,738) 513(978)
(0,393)(60,1)213(4,17 X 108) 113(10)
= 22ºF (14.7-11)
Portanto, a primeira aproximação para a temperatura do vapor é Td = 222ºF. Este resultado é suficientemente próximo; a
avaliação das propriedades físicas em acordo com este resultado dá Td = 220ºF como segunda aproximação. Conclui-se
da Fig. 14. 7-2 que este resultado representa um limite superior. Devido às ondas superficiais a queda de temperatura atra-
vés do filme de condensado pode vir a ser a metade desta previsão.
6. Além do número de Nusselt, encontramos o número de Reynolds, Re, o número de Prandtl, Pr, o número de Grashof,
Gr, o número de Péclet, Pé, e o número de Rayleigh, Ra. Defina cada um destes e explique seus significados e usos.
7. Discuta o conceito temperatura congelamento ao vento.
PROBLEMAS
14A.1 Coeficientes de transferência de calor (Fig. 14A. l). Dez mil libras por hora de um óleo com calor específico de
0,6 Btu/lbm·F são aquecidos desde lOOºF a 200ºF em um trocador de calor simples representado na figura. O óleo
escoa através dos tubos, feitos de cobre de 1 in de diâmetro externo e 0,065 in de espessura. A sorna dos compri-
mentos dos tubos é de 300 ft. O calor necessário é suprido pela condensação de vapor saturado a 15,0 psia na su-
perfície externa dos tubos. Calcule h 1, h0 e h1n para o óleo, supondo que as superfícies internas dos tubos estejam à
temperatura de saturação do vapor, 213ºF.
Respostas: 78, 139, 190 Btu/h·ft2·F
14A.2 Transferência de calor em regime laminar. Cem libras por hora de óleo a lOOºF escoam através de um tubo de
cobre de 1 in d.i., com 20 ft de comprimento. A superfície interna do tubo é mantida a 215ºF pela condensação de
vapor na superfície externa. Pode-se supor que o escoamento seja plenamente desenvolvido em todo comprimento
do tubo, e as propriedades físicas do óleo podem ser consideradas constantes com os seguintes valores: p = 55 lbJ
ft3, êP = 0,49 Btu/lb.Jh·ft, k = 0,085 Btu/h·ft·F.
{a) Calcule Pr.
(b) Calcule Re.
{c) Calcule a temperatura de saída do óleo.
Respostas: (a) 8,44; (b) 1075; (c) 155ºF
14A.3 Efeito da vazão na temperatura de saída de um trocador de calor.
(a) Repita os itens (b) e (c) do Problema 14A.2 para escoamento de óleo às vazões de 200, 400, 800, 1600 e 3200 lbJh.
(b) Calcule a taxa total de transferência de calor através da parede do tubo para cada uma das vazões de óleo em (a).
14A.4 Coeficiente local de transferência de calor para convecção forçada turbulenta em um tubo. Água escoa em
tubo de 2 in d.i. a uma vazão mássica w = 15.000 lbm/h. A temperatura da parede interna em um ponto do tubo é
160ºF e a temperatura média do fluido neste ponto é 60°F. Qual o fluxo térmico local qr na parede do tubo? Supo-
nha que h10c atingiu seu valor assintótico constante.
Resposta: -6,25 X 104 Btu/h·ft2
14A.S Transferência de calor na condensação de vapores.
(a) A superfície externa de um tubo vertical de 1 in de diâmetro externo e 1 ft de comprimento é mantida a 190ºF.
Se este tubo está circundado por vapor saturado a 1 atm, qual será a transferência total de calor através da parede
do tubo?
{b) Qual seria a taxa de transferência de calor se o tubo estivesse na horizontal?
Respostas: (a) 8400 Btu/h; (b) 12.000 Btu/h
14A.6 Transferência de c~lor por convecção forçada de uma esfera isolada.
(a) Uma esfera sólida de 1 in de diâmetro é colocada em uma corrente de ar sem outras perturbações, a qual se
aproxima à velocidade de 100 ft/s, pressão de 1 atm, e temperatura de lOOºF. A superfície da esfera é mantida a
200ºF por meio de uma espiral de aquecimento elétrico em seu interior. Qual deve ser a taxa de aquecimento elé-
trico em cal/s para manter as condições estabelecidas? Despreze a radiação e use a Eq. 14.4-5.
(b) Repita o problema (a), mas use a Eq. 14.4-6.
Resposta: (a) 3,35 cal/s
14A.7 Transferência de calor por convecção natural de uma esfera isolada. Se a esfera do Problema 14A.6 é suspen-
sa em ar estacionário a 1 at~ de pre!Ísão e 1OOºF de temperatura do ar ambiente, e se a esfera é novamente mantida
a 200ºF, qual seria a taxa de aquecimento elétrico necessária? Despreze a radiação.
Resposta: 0,332 cal/s
14A.8 Perda de calor por convecção natural de tubo horizontal imerso em um líquido. Estime a taxa de perda de
calor por convecção natural de um tubo horizontal de 6 in de diâmetro externo e comprimento unitário, se a tem-
peratura de sua superfície externa é lOOºF e a água circundante está a 80ºF. Compare os resultados com os obtidos
no Exemplo 14.6-1, no qual ar é o r;neio circundante. As propriedades da água à temperatura do filme de 90ºF (ou
32ºC) são µ, = 0,7632 cp, C~P = 0,9986 cal/g·C e k = 0,636 Btu/h·ft·F. A densidade da água na vizinhança de
90ºFé
14B.1 Número de Nusselt local limite para escoamento empistonado com fluxo térmico constante.
(a) A Eq. lOB.9-1 dá a temperatura assintótica para o resfriamento de um fluido de propriedades físicas constantes
no escoamento empistonado em um tubo longo com fluxo térmico na parede constante. Use este perfil de tempe-
ratura para mostrar que o número de Nusselt limite nestas condições é Nu= 8.
(b) A distribuição de temperatura para o problema análogo de escoamento empistonado entre placas é dada na Eq.
lOB.9-2. Use esta equação para mostrar que o número limite de Nusselt é Nu= 12.
14B.2 Coeficiente de transferência de calor local médio. No Problema 14A.1 as resistências térmicas do filme de
condensado e da parede foram desprezadas. Justifique este procedimento calculando a temperatura da parede in-
terna dos tubos na seção transversal do trocador de calor para a qual a temperatura do óleo é 150ºF. Você pode
supor que para o óleo h10c = 190 Btu/h·ft·sF, é constante ao longo do trocador. Os tubos são horizontais.
14B.3 O anemômetro de fio quente. 1 Um anemômetro de fio quente é essencialmente um fio fino, usualmente feito de
platina, o qual é aquecido eletricamente e posicionado em uma corrente de fluido. A temperatura do fio, que é
função da temperatura do fluido, da velocidade do fluido e da taxa de aquecimento, pode ser determinada pela
medida da resistência elétrica.
(a) Um fio reto cilíndrico de 0,5 in de comprimento e 0,001 in de diâmetro é exposto a uma corrente de ar a 70ºF
que escoa a uma velocidade de 100 ft/s. Qual deve ser o fornecimento de energia, em watts, para manter a super-
fície do fio a 600ºF? Despreze a radiação e a condução de calor ao longo do fio.
(b) Foi verificado 2 que para um dado fluido e fio e dadas as temperaturas do fio e do fluido (portanto, dada a resis-
tência do fio)
P = BVV:, + C (14B.3-1)
onde l é a corrente necessária para manter a temperatura desejada, v,, é a velocidade de aproximação do fluido, e C
é uma constante. Como esta equação se compara às previsões daEq. 14.4-7 ou Eq. 14.4-8 para o fluido e fio de (a)
pela faixa de velocidade do fluido de 100 a 300 ft/s? Qual o significado da constante C naEq. 14B.3-l?
14B.4 Análise dimensional. Considere o sistema de escoamento descrito no primeiro parágrafo da Seção 14.3, para o
qual a análise dimensional já forneceu os perfis de velocidade adimensional (Eq. 6.2-7) e perfil de temperatura
(Eq. 14.3-9).
(a) Use as Eqs. 6.2-7 e 14.3-9 e a definição de temperatura média de mistura para chegar à expressão para a média
temporal.
(b) Use o resultado obtido e as definições dos coeficientes de transferência de calor para demonstrar as Eqs. 14.3-12 e 14.
14B.5 Relação entre h 1oc e h10• Em muitos trocadores de calor industriais (veja o Exemplo 15.4-2) a temperatura da su-
perfície do tubo T0 varia linearmente com a temperatura média do fluido Tb. Para esta situação comum h10c e h1n
podem ser relacionadas de forma simples.
(a) Partindo da Eq. 14.1-5, mostre que
(14B.5-1)
e portanto,
e~ D<-,> Tb(L) -
f L
o h1oc1iz
1
4p P e .
Tb(O)
(To - Tb)!n (14B.5-2)
(b) Combine o resultado (a) com a Eq. 14.1-4 para mostrar que
(14B.5-3)
1 Veja, por exemplo, G. Comte-Bel!ot, Cap. 34 em the Handbook ofF/uid Dynomics (R. W. Johnson, ed.) CRC Press, Boca Raton, Fia. (1999).
2
L. V. King, Phil. Trons. Roy. Soc.(Londres), A214, 373-432 (1941).
430 CAPÍTULO QUATORZE
onde L é o comprimento total do tubo, e portanto, (se (ãh, 0 J aL) 2 = O, que é o mesmo que desconsiderar a condução
axial de calor)
dh1n
hioc 1z=L = h1 0 + L dL (14B.S-4)
14B.6 Perda de calor por convecção natural em um tubo. No Exemplo 14.6-1, a perda de calor seria aumentada ou
reduzida se a temperatura da superfície do tubo fosse 200ºF e a temperatura do ar fosse 180ºF?
14C.1 A expressão de Nusselt para o coeficiente de transferência de calor para condensação em filme (Fig. 14. 7-1 ).
Considere um filme laminar de condensado escoando sobre uma parede vertical, e suponha que este filme de líqui-
do seja a única resistência à transferência de calor no lado da parede em contato com o vapor. Suponha ainda que
(i) a tensão de cisalhamento entre o líquido e o vapor pode ser desprezada; (ii) as propriedades físicas podem ser
avaliadas à média aritmética entre as temperaturas do vapor e da superfície de resfriamento e que a temperatura da
superfície de resfriamento pode ser considerada constante; (iii) a aceleração ele elementos de fluido no filme pode
ser desprezada, quando comparada às forças de gravidade e viscosas; (iv) a variação do calor sensível, êPáI', no
filme de condensado é de pouca importância quando comparado com o calor latente transferido através do filme;
e (v) o fluxo térmico é muito aproximadamente perpendicular à superfície da parede.
(a) Lembre-se, da Seção 2.2 que a velocidade média de um filme de espessura constante 8 é (v:) = pg82/3 µ,. Supo-
nha que esta relação seja válida para todo z.
(b) Escreva a equação da energia para o filme, desprezando a curvatura do filme e a convecção. Mostre que o fluxo
térmico através do filme na direção da parede fria é
-qy=k( --º-
Td - To) (14C.1-1)
(c) À medida que o filme segue parede abaixo, ele adquire massa pela condensação. Neste processo o calor é libe-
rado à razão de ÀEÍvappor unidade de massa de material que sofre mudança de fase. Mostre que equacionando o
calor liberado na condensação com o calor que atravessa o filme em um segmento dz do filme obtemos
(d) Insira a expressão para a velocidade média obtida em (a) na Eq. 14C. l -2 e integre desde z = O até z = L para
obter
14C.2 Correlações de transferência de calor para tanques agitados (Fig. 14C.2). Um líquido com propriedades físi-
cas essencialmente constantes está sendo continuamente aquecido pela passagem através de um tanque agitado,
como mostrado na figura. O calor é suprido pela condensação de vapor na superfície externa da parede do tanque.
A resistência térmica do filme condensado pode ser considerada pequena quando comparada à do fluido no tan-
-saída de líquido
Entrada de vapor __...
que, e a parte da superfície do tanque sem jaqueta pode ser considerada bem isolada. A vazão de líquido através do
tanque tem efeitos desprezíveis na configuração do escoamento em seu interior.
Desenvolva uma forma geral da correlação do coeficiente de transferência de calor para o tanque corresponden-
te à correlação para o escoamento em tubos da Seção 14.3. Escolha as seguintes quantidades de referência: com-
primento de referencia, D, o diâmetro do agitador; velocidade de referência, ND, onde N é a velocidade de rotação
do eixo em rotações por unidade de tempo; pressão de referência, pN2D 2 , onde pé a densidade do fluido.
14D.1 Transferência de calor de elipsóide oblato de revolução. Sistemas deste tipo são melhor descritos em coordena-
das elipsoidais oblatas (Ç, 1], 1/1)1 para as quais
As Eqs. A.7-13 e 14 podem então ser usadas para qualquer das operações V necessárias.
(b) A seguir obtenha o perfil de temperatura fora de um elipsóide oblato com temperatura da superfície T0 , inse-
rido em um meio infinito com temperatura T,, longe do elipsóide. Faça 0 = (T - T0 )/(T"' - T0 ) a temperatura
adimensional, e mostre que a equação de Laplace que descreve a condução de calor fora do elipsóide é
1
a2(cosh2 ç - sen2 11)
[j_ar; (cosh ç ªaç8 ) + .. ·] =o (14D.1-6)
Os termos nas derivadas em relação a 1/ e lf1 foram omitidos por não serem necessários. Mostre que esta equação
pode ser resolvida satisfazendo as condições de contorno 0(Ç0) = Oe 0(00) = 1 dando o resultado
= _ ~7T - arctan(senh Ç)
8 1 (14D.1-7)
~7T - arctan(senh Ç0)
(e) A seguir reduza este resultado para o disco de duas faces (que é o caso limite para Ç0 = O), e mostre que o
gradiente de temperatura normal à superfície é
(n·V8)j
sur
f=(n-·n
'
lª 8
g hg aÇ
)j ç~o
=l_l_
71 R cos 1J
(140.1-8)
onde a foi expresso como R, o raio do disco. Mostre ainda que a perda de calor total pelos dois lados do
disco é
1
Para uma discussão das coordenadas elipsoidais oblatas veja P. Moon e D. E. Spencer, Fie/d Theo1y Handbook, Springer, Berlin (1961), pp. 31-34. Veja também J.
Happel e H. Brenner, Low Reynolds Number Hydrodynamics, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N. J. (1965), pp. 512-516: note que o fator de escala empr~gado é o
inverso daqueles definidos neste livro.
432 CAPITuLO QUATORiÊ
Q = -2kf(n · VD dS
= +21.(T0 - T~)f<n ·V®) dS
No Cap. 7, discutimos os balanços macroscópicos de massa, de momento, de momento angular e de energia. Lá, o tratamento
foi restrito a sistemas com temperatura constante. Na verdade, essa restrição é um pouco artificial, uma vez que para sistemas
reais em escoamento, a energia mecânica está sempre sendo convertida em energia térmica pela dissipação viscosa. O que
realmente consideramos no Cap. 7 é que qualquer calor assim produzido é ou muito pequeno para mudar as propriedades do
fluido ou imediatamente eliminado através das paredes do sistema contendo o fluido. Neste capítulo, estendemos os resultados
prévios com o objetivo de descrever o comportamento global de sistemas macroscópicos não isotérmicos em escoamento.
Para um sistema não isotérmico, há cinco balanços macroscópicos que descrevem as relações entre as condições de
entrada e de saída da corrente. Eles podem ser deduzidos a partir da integração das equações de balanço no sistema
macroscópico:
J V(t)
(eq. da energia (total)) dV =balanço macroscópico de energia (total)
Os quatro primeiros desses balanços foram discutidos no Cap. 7 e suas deduções sugerem que eles podem ser aplicados a
sistemas não isotérmicos tão bem quanto para sistemas isotérmicos. Neste capítulo, adicionamos o quinto balanço, ou seja,
aquele para a energia total. Isso será deduzido na Seção 15.1, não fazendo a integração anterior, mas aplicando a lei de
conservação da energia total diretamente ao sistema mostrado na Fig. 7 .0-1. Então, na Seção 15 .2, revisaremos o balanço
de energia mecânica e o examinaremos à luz da discussão do balanço de energia (total). A seguir, na Seção 15.3, daremos
versões simplificadas dos balanços macroscópicos para sistemas em regime permanente e ilustraremos seu uso.
Na Seção 15.4, daremos as formas diferenciais (formas d) dos balanços em regime permanente. Nessas formas, os planos
de entrada e de saída, 1 e 2, são tornados como sendo somente uma distância diferencial de separação. As "formas d'.' são
freqüentemente úteis para resolver problemas envolvendo escoamento em dutos em que a velocidade, a temperatura e a
pressão estejam variando continuamente na direção de escoamento.
Finalmente, na Seção 15.5, apresentaremos várias ilustrações de problemas em regime transiente que podem ser resolvidos
através dos balanços.macroscópicos.
Este capítulo fará uso de aproximadamente todos os tópicos estudados até agora e oferecerá uma excelente oportunidade
para rever os capítulos precedentes. Uma vez mais lembramos ao leitor que no uso dos balanços macroscópicos pode ser
434 CAPITULO QUINZE
necessário omitir alguns termos e estimar os valores de outros. Isso requer boa intuição ou alguns dados- expenmentais
extras.
Aqui, U,0 , = f pUdV, Ktot = f ~pv2dV e cI>tot ~ f pcDdV são as energias interna total, cinética total e potencial total no sistema,
sendo as integrações feitas ao longo do volume inteiro do sistema.
Essa equação pode ser escrita em uma forma mais compacta, introduzindo as vazões mássicas w1 = p 1(v 1)S 1 e w1 =
p2(v2)S2 e a energia total E, 0 , = U, 0 , + K, 0 , + c:I>,01 • Conseguimos assim para o balanço macroscópico transiente de energia
(15.1-2)
É claro, das deduções da Eq. 15.1-1, que o "trabalho feito no sistema pelo ambiente" consiste em duas partes: (1) o trabalho
feito pelas superfícies móveis W e (2) o trabalho feito nas extremidades do sistema (planos 1 e 2), que aparece como
111
- .6.(p Vw) na Eq. 15 .1-2. Embora tenhamos combinado os termos p V com os termos das energias interna, cinética e potencial
na Eq. 15.1-2, não é apropriado dizer que "a energia pV entra e sai do sistema" na entrada e na saída. Os termos pV se
originam como termos de trabalho e devem ser pensados como tal.
Consideramos agora a situação em que o sistema esteja operando em regime permanente, de modo que a energia total
E,01 seja constante; e que as vazões mássicas que entram e saem sejam iguais (w 1 = w2 = w). Então, é conveniente introduzir
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRi'v!ICOS 435
os símbolos Q= Q!w (a adição de calor por unidade de massa de fluido escoando) e~. = WJw (o trabalho feito em uma
unidade de massa de fluido escoando). Então, o balanço macroscópico de energia em regime permanente é
A1 (v3) ) A A
L\ H + 2 (v)
(
+ gh = Q + W"' (15.1-3)
Aqui, escrevemos <1> 1 = gh1 e <i>2 = gh2 , em que h1 e h2 são alturas acima de um plano de referência arbitrariamente escolhido
(ver discussão imediamente antes da Eq. 3.3-2). Similarmente, fi1 = Ú1 + p 1Vefi2 = Ú2 + p 2V2 são entalpias por unidade
de massa, medidas com relação a um estado de referência arbitrariamente especificado. A fórmula explícita para a entalpia
é dada na Eq. 9.8-8.
Para muitos problemas na indústria química, a energia cinética, a energia potencial e os termos de trabalho são
negligenciados comparados aos termos térmicos naEq. 15.1-3, simplificando o balanço de energia paraH2 - H1 = Q; esse
termo é freqüentemente chamado de "balanço de entalpia". Entretanto, essa relação não deve ser construída como uma
equação de conservação para entalpia.
<'f>
p)
+ p W + Wm - Ec - Ev (15.2-1)
sendo Ec e Ev definidos nas Eqs. 7.4-3 e 4. Uma forma aproximada do balanço macroscópico de energia mecânica em
regime permanente, como dado na Eq. 7.4-7, é
Os detalhes da aproximação introduzida aqui estão explicados nas Eqs. 7.8-9 a 12.
A integral na Eq. 15.2-2 tem de ser avaliada ao longo de uma "linha de corrente representativa" no sistema. Para fazer isso,
tem-se de conhecer a equação de estado p = p(p ,1) e também como T varia com p ao longo da linha de corrente. Na Fig. 15 .2-
1, é mostrada a superfície V= V(p ,1) para um gás ideal. No plano pT, é mostrada uma curva começando em p 1, T 1 (as condições
da corrente de entrada) e terminando emp 2, T2 (as condições da corrente de saída). A curva no plano pTindica a sucessão de
estados através dos quais o gás passa do estado inicial ao estado final. A integral fi (1/ p) dp é então a projeção da área
sombreada na Fig. 15.2-1 no plano pV. É evidente que o valor dessa integral varia quando o "caminho termodinâmico" do
processo do plano 1 a 2 é alterado. Se o caminho e a equação de estado forem conhecidos, então pode-se calcular fi (1 / p) dp.
V(p, Tl
-1 dp = -RTJP21- dp = -RT ln -~
2
J i P M p1 P M Pi
(gases ideais) (15.2-3)
e. Para escoamento sem atrito e adiabático de gases ideais, com capacidade calorífica constante, p e p estão relacionados
pela expressão pp-r= constante, em que y = êP;ê"' conforme mostrado no Exemplo 11.4-6. Então a integral se torna
='[2_1' [(f!.I_)-y-1
P1 y- l P1
-1] (15.2-5)
Conseqüentemente, para esse caso especial de escoamento não isotérmico, a integração pode ser feita analiticamente.
Concluímos agora com vários comentários envolvendo tanto o balanço de energia mecânica como o balanço de energia
total. Enfatizamos na Seção 7.8 que aEq. 7.4-2 (a mesma que aEq. 15.2-1) é deduzida fazendo o produto escalar de v com
a equação do movimento e então integrando o resultado ao longo do volume do sistema em escoamento. Uma vez que
começamos com a equação do movimento - que é a expressão da lei de conservação do momento linear - o balanço de
energia mecânica contém informação diferente daquela do balanço de energia (total), que é a expressão da lei de conservação
de energia. Por conseguinfe, em geral, ambos os balanços são necessários para resolver problemas. O balanço de energia
mecânica não é "uma forma alternativa" do balanço de energia.
De fato, se subtrairmos o balanço de energia mecânica na Eq. 15 .2-1 do balanço de energia total na Eq. 15.1-2, obteremos
o balanço macroscópico para a energia interna
dU1a1 •
dt = - Mlw + Q + E, + Ev (15.2-6)
· ;'i';so estal5elece que a energia interna total no sistema varia por causa da diferença na quantidade de energia interna que
~a ei1t<\i do sistema pelo escoamento de fluido, por causa do calor que entra (ou sai) no sistema através das paredes do
sistema, por causa do calor produzido (ou consumido) dentro do fluido por compressão (ou expansão) e por causa do calor
iUoduzido no sistema devido ao aquecimento por dissipação viscosa. A Eq. 15.2-6 não pode ser escrita a priori, uma vez
que não há lei de conservação para energia interna. No entanto, ela pode ser obtida integrando-se a Eq. 11.2-1 ao longo do
sistema inteiro de escoamento.
Momento:
Momento angular:
Notas:
'Todas as fórmulas aqui envolvem perfis planos de velocidades.
b Iw, = w1• + w1b + Wic + ... , sendo w,. = p1,v1,,S1•• e assini por diante.
'Todas as eqúações são escritas para escoamento compressível; para escoamento incompressível, Ec =O. P..s grandezas Ec e E, são definidas nas Eqs.
7.3-3 e 4. ·
U 1 e Uz são Vetores unitários ~a direção de escoamento.
1
EXEMPLO 15.3-1
O Resfriamento de um Gás Ideal
Duzentas libras por hora de ar seco entram no tubo interno do trocadorde calor mostrado na Fig. 15.3-1, a 300ºF e 30 psia,
com uma velocidade de 100 ft/s. O ar sai do trocador a OºF e 15 psia, e 10 ft acima da entrada do trocador. Calcule a taxa
de remoção de energia através da parede do tubo. Considere o escoamento turbulento e o comportamento de gás ideal. Use
a seguinte expressão para a capacidade calorífica do ar:
T---------- - Plano 2
Entrada do
líquidofrio-
T_________ Saída do
--9-líquido
-Plano 1 quente
SOLUÇÃO
Para esse sistema, o balanço macroscópico de energia, Eq. 15.1-3, se toma
(15.3-3)
A expressão explícita para éP na Eq. 15.3-1 pode então ser inserida na Eq. 15.3-3 e a integração realizada. Em seguida, a
substituição dos valores numéricos fornece a remoção de calor por libra de fluido que passa através do trocador de calor:
EXEMPLO 15.3-2
Mistura de Duas Correntes de Gás Ideal
Duas correntes turbulentas e em regime permanente do mesmo gás ideal, escoando a diferentes velocidades, temperaturas
e pressões, são misturadas, conforme mostrado na Fig. 15 .3-2. Calcule a velocidade, a temperatura e a pressão da corrente
resultante.
SOLUÇÃO
O comportamento do fluido nesse exemplo é mais complexo comparado com a situação incompressível e isotérmica discutida
no Exemplo 7 .6-2, porque aqui variações na densidade e na temperatura podem ser importantes. Precisamos usar o balanço
macroscópico de energia em regime permanente, Eq. 15.2-3, e a equação de estado para o gás ideal, além dos balanços de
massa e de momento. Com essas exceções, procedemos como no Exemplo 7.6-2.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS Nt\o ISOTÉRMICOS 439
Escolhemos os planos de entrada (la e lb) como as seções transversais nas quais os fluidos começam a se misturar. O
plano de saída (2) é tomado longe o suficiente a jusante de modo que mistura completa tenha ocorrido. Corno no Exemplo
7 .6-2, consideramos perfis planos de velocidades, tensões cisalhantes desprezíveis na parede do tubo e nenhuma variação
de energia potencial. Além disso, desprezamos as variações na capacidade calorífica do fluido e admitimos operação
adiabática. Escrevemos agora as seguintes equações para esse sistema com duas entradas e urna saída:
(15.3-10)
O lado direito das Eqs. 15.3-6, 7e10 contém grandezas conhecidas, sendo designadas porw, P e E, respectivamente. Note
que w, P e E não são independentes, porque a pressão, a temperatura e a densidade de cada corrente de entrada têm de estar
relacionadas pela equação de estado.
Resolvemos agora a Eq. 15.3-7 para v2 e eliminamos p 2 usando a lei de gás ideal. Além disso, escrevemos w2 como
p2v2S2 • Isso resulta em
(15.3-11)
Essa equação pode ser resolvida para T2 , que é inserida na Eq. 15.3-10 para fornecer
,
v:;-
-
PJ
'}'+l w -
(/' -1)
E
[ 2( -'Y-) - v,+2 - - -=O
y+l w
(15.3-12)
em quer= C/Cv, uma grandeza que varia de cerca de 1,1 a 1,667 para gases. Aqui, usamos o fato de que ê/ R =
yl(y - 1) para um gás ideal. Quando a Eq. 15.3-12 é resolvida para v2, conseguimos
(15.3-13)
Com base em física, o radicando não pode ser negativo. Pode ser mostrado (ver Problema 15B.4) que quando o radicando
for zero, a velocidade da corrente final será sônica. Desse modo, em geral uma das soluções para v 2 é supersônica e a outra
é subsônica. Somente a solução inferior (subsônica) pode ser obtida no processo de mistura turbulenta sob consideração,
uma vez que escoamento supersônico no tubo é instável. A transição de escoamento supersônico para subsônico no tubo
é ilustrada no Exemplo 11.4-7.
Uma vez conhecida a velocidade v2, a pressão e a temperatura podem ser calculadas das Eqs. 15.3-7 e 11. O balanço de
energia mecânica pode ser usado para obter (Ec + Ev).
a. Para líquidos, a velocidade média de escoamento em um tubo de seção transversal constante é aproximadamente
constante. Entretanto, a viscosidade pode variar marcadamente na direção do escoamento por causa elas variações de
temperatura, de modo que/ trn Eq. 7.5-9 varia com a distância. Conseqüentemente, a Eq. 7.5-9 não pode ser aplicada ao
duto inteiro.
440 CAPÍTULO QUINZE
b. Para gases, a viscosidade não varia muito com a pressão; logo, o número de Reynolds local e o fator de atrito local
são aproximadamente constantes para.dut;0s de seção transversal constante. No entanto, a velocidade média pode variar
consideravelmente ao longo do duto, como um resultado da variação da densidade com a temperatura. Desse modo, a Eq.
7.5-9 não pode ser aplicada ao duto inteiro.
Similarmente ao escoamento no tubo coin temperatura da parede variando com a distância, pode ser necessário usar
coeficientes locais de transferência de calor. Para tal situação, podemos escrever a Eq. 15 .1-3 em uma base de incrementos
e gerar uma equação diferencial. Ou a área da seção transversal do duto pode estar variando com a distância a jusante e
essa situação também resulta em uma necessidade de trabalhar o problema em uma base de incrementos.
É portanto útil reescrever o balanço macroscópico de energia mecânica em regime permanente e o balanço de energia
total, considerando os planos 1 e 2 afastados por uma distância diferencial dl. Obtemos então o que chamamos das "formas
<f' dos balanços:
d(2v-) (15.4-1)
efl2 quef é o fator de atrito local eR1i é o valor local do raio hidráulico médio. Namaimia das aplicações, ~mitimos o termo
dVV, já que o trabalho é feito geralmente em pontos isolados ao longo do caminho de escoamento. O termo dW seria necessário
em tubos com paredes extensíveis, com escoamentos direcionados magneticamente ou com sistemas com transporte por
parafusos sem fim. ~
em que U10c é o coeficiente global local de transferência de calor, Zé o perímetro local correspondente· do duto e 6.T é a
diferença local de temperatura entre os fluidos dentro e fora do duto.
Os exemplos que seguem ilustram aplicações das Eqs. 15.4-2 e 15.4-4.
EXEMPlO 15.4-1
Trocadores de Calor com Escoamento Concorrente ou Contracorrente
Deseja-se descrever o desempenho do trocador de calor bitubular simples, mostrado na Fig. 15.4-1, em termos dos
coeficientes de transferência de calor das· duas correntes e da resistência térmica da parede do tubo. O trocador consiste
essencialmente de dois tubos coaxiais, com uma corrente fluida escoando através do tubo interno e uma outra escoando no
espaço anular; calor é transferido atrave~·-da parede do tubo interno. Ambas as correntes podem escoar na mesma direção,
conforme indicado na figura, porém normalmente é mais eficiente usar escoamento em contracorrente - ou seja, inverter
a direção de uma corrente de modo a W1i ou wc ser negativa. Escoamento turbulento em regime permanente pode ser
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 441
t
1 11
Plano2
1
1
Entrada da
;l'~r-------1~': --~'~
corrente quente__;:::
Entrada da
:~corrente quente
1
T = Th1 ,1 , 1 1 1;::i 1 T = T1i 2
i 11
;.:---/~ 1-dl
J1L
t
Plano 1 Entrada da corrente fria
T=T, 2 Fig. 15.4-1 Trocador de calor bitubular.
considerado e as perdas de calor para o ambiente podem ser negligenciadas. Considere além disso que o coeficiente global
local de transferência de calor seja constante ao longo do trocador.
SOLUÇÃO
(a) Balanço macroscópico de energia para cada corrente como um todo. Designamos com um subscrito h as grandezas
referentes à corrente quente, e com um subscrito e as grandezas referentes à corrente fria. Para variações negligenciáveis
nas energias cinética e potencial, o balanço de energia em regime permanente na Eq. 15.1-3 se torna
(15.4-9)
sendo r0 o raio externo do tubo interno e U0 o coeficiente global de transferência de calor baseado no raio r0 (ver Eq. 14.1-
8).
O rearranjo da Eq. 15.4-9 fornece
(15.4-10)
(15.4-11)
Adicionando as Eqs. 15 .4-1 Oe 11 temos uma equação diferencial para a diferença de temperatura dos dois fluidos corno
uma função ele /:
(15.4-12)
(15.4-13)
442 CAPÍTULO QUINZE
Essa expressão relaciona as temperaturas terminais com as vazões mássicas e com as dimensões do trocador, podendo
assim ser usada para descrever o desempenho do trocador. Entretanto, é convenção rearrumar a Eq. 15 .4-13 aproveitando
os balanços de energia em regime permanente nas Eqs. 15.4-7 e 8. Resolvemos cada uma dessas equações para wêP e
substituímos os resultados na Eq. 15.4-13 para obter
EXEMPLO 15.4-2
Potência Requerida para Bombear um Fluido Compressível, Através de um Tubo Longo
Um gás natural, que pode ser considerado metano puro, deve ser bombeado através de uma tubulação longa e lisa, com um
diâmetro interno de 2 ft. O gás entra na linha a 100 psia, com uma velocidade de 40 ft/s e a uma temperatura ambiente de
70ºF. Estações de bombeamento existem a cada 10 milhas ao longo da linha, e em cada uma dessas estações o gás é
comprimido novamente e resfriado até sua temperatura e pressão originais (ver Fig. 15.4-2). Estime a potência que tem de
ser consumida no gás em cada estação de bombeamento, supondo comportamento de gás ideal, perfis planos de velocidades
e variações negligenciáveis na elevação.
Resfriador J : Resfriador J
Gás ~~ :~~Gás
natural~'-----CJ
1 -.i------..1..i'C!.J 1 natural
Compressor ~ Co;npressor :
1 1 1
1 1 1
Plano 1 Plano2 Plano3 Fig. 15.4-2 Bornbea.rnento de um fluido com-
l =O 1=10 milhas pressível através de uma tubulação.
SOLUÇÃO
É conveniente considerar o tubo e o compressor separadamente". Primeiro, aplicamos a Eq. 15.4-2 a um comprimento dl
do tubo. Integramos então essa equação entre os planos 1 e 2 de modo a obter a pressão desconhecida p 2• Uma vez conhecidas
podemos aplicar a Eq. 15.2-2 ao sistema entre os planos 1 e 2 para obter o trabalho feito pela bomba.
(a) Escoamento através do tubo. Para essa porção do sistema, a Eq. 15.4-2 simplifica para
1 2v2f
vdv+pdp+ dl=O (15.4-16)
0
em que D é o diâmetro do tubo. Sendo o tubo bem longo, consideramos o fluido isotérmico a 70ºF. Podemos então eliminar
v e p da Eq. 15.4-16 pelo uso da equação de estado considerada, p = pRTIM, e pelo balanço macroscópico de massa, que
pode ser escrito pv = p 1v 1• Com p e v escritos em termos da pressão, a Eq. 15.4-16 se toma
1 RT1 2f
--dp + - - , pdp + -dl =o (15.4-17)
p M(p1v1)- D
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 443
Mostramos na Seção 1.3 que a viscosidade de gases ideais é independente da pressão. Disso, segue que 0 número de Reynolds
do gás, Re = Dw!Sµ,, e conseqüentemente o fator de atritof, têm de ser constantes. Podemos então integrar a Eq. 15.4-17
para obter ·
2
-ln~+ .l [(~)
P1 2 P1 (15.4-18)
Essa equação fornece p 2 em termos de grandezas já conhecidas, exceto paraf, que é facilmente calculado: a viscosidade
cinemática do metano a 100 psi e 70ºF é cerca de 2,61 X 10- 5 ft2/s e por conseguinte, Re = Dvl v = (200 ft)( 40 ft/s )/(2,61
ft2/s) = 3,07 X 106• O fator de atrito pode então ser estimado como 0,0025 (ver Fig. 6.2-2).
Substituindo os valores numéricos na Eq. 15.4-18, temos
- ln ~ + .l [(~) 2 _
1] (1545)(530)(32,2) + (2)(0,0025)(52.800) == 0 (15.4-19)
P1 2 P1 (16,04)(40)2 (2,00)
ou
p;
- ln p? + 513 [(pPi 2
)
2
- 1] + 132 == O (15.4-20)
: ;!
Resolvendo essa equação com p 1 = 100 psia, obtemos p 2 = 86 psia.
(b) Escoamento através do compressor. Estamos agora prontos para aplicar o balanço de energia mecânica ao
compressor. Começamos colocando a Eq. 15.2-2 na forma
TNm
l ?
= 2(v3 - Vz)
?
+
fp' Pdp
1
+ Ev
A
(15.4-21)
p,
De modo a avaliar a integral nessa equação, consideramos que a compressão seja adiabática e que Ê,. entre os planos 2 e 3
possa ser negligenciado. Podemos usar a Eq. 15.2-5 para reescrever a Eq. 15.2-21 como
_ vi [ _ (P1)"J
- - 1 - + - -y- [(P1)cr-il!r
RT2 - -1J (15.4-22)
2 Pz M y -1 P2
em que Y~, é a energia requerida do compressor. Substituindo os valores numéricos na Eq. 15.4-22, obtemos
== 7T(100)(16,04)(40) (78?5) ft lb /-
(10,73)(530) . - f b
== 277.000 ft lb/ s = 504 hp (15.4-24)
A potência requerida seria praticamente a mesma se o escoamento na tubulação fosse adiabático (ver Problema
15A.2).
As suposições usadas aqui - considerando a compressão adiabática e desprezando a dissipação viscosa - são
convencionais no projeto de combinações de compressores-resfriadores. Note que a energia requerida para o funcionamento
do compressor é maior do que o trabalho calculado, H~,, devido a (i) Êv entre os planos 2 e 3, (ii) perdas mecânicas no
próprio compressor e (iii) erros no caminho p-p suposto. Normalmente, a energia requerida no eixo da bomba é no mínimo
15 a 20% maior do que wm.
444 CAPÍTULO QUINZE
Massa:
Momento: (B)
Notas:
• 2:w1 = cili,, + {JJtb + {JJ10 +' :.. , sendo {JJ1, = p1,Vj,S1,, e assim por diante,
bh1 e hz são as elevações acima de um plano arbitrário de referência. •
º H,_ é E; ·são 'entalpias por unidade 'àe massa, relativas a algum estado de referência, escolhido arbitráriamente; a fórmula para H é dada na Eq. 9,8-8.
"rodas as equações são escritas para escoamento compressível; para escoamento incómpressível, E = O. AS grandezas E e E, são definidas nas Eqs .
0 0
. 7.3-3 e 4.
•ú1 e'u2 são veror.es unitários na direção de escoamento.
EXEMPLO 15.5-1
1
Aquecimento de um Líquido em um Tanque Agitado
Um tanque cilíndrico, capaz de reter 1.000 ft3 de líquido, está equipado com um agitador com potência suficiente para
manter o conteúdo do líquido a uma temperatura unifom1e (ver Fig. 15.5-1). O calor é transferido para o conteúdo por
meio de uma serpentina colocada de forma que a área disponível para transferência de calor seja proporcional à quantidade
de líquido no tanque. Essa serpentina de aquecimento consiste em 10 voltas, 4 ft de diâmetro, com tubos tendo 1 in de
diâmetro externo. Água a 20°C é alimentada nesse tanque, a uma taxa de 20 lbJmin, começando sem água no tanque no
tempo t = O. Vapor, a 105ºC, escoa através da serpentina de aquecimento e o coeficiente global de transferência de calor
é 100 Btu/h · ft2 · ºF. Qual será a temperatura da água quando o tanque estiver cheio?
SOLUÇÃO
Devemos fazer as seguintes suposições:
1
Esse problema é retirado na forma modificada de W. R. Marshall, Jr. and R. L. Pigford, Applications of Dijferential Equations to Clzemical Er1gineering Problems,
University of Delaware Press, Newark, Del. (!947), pp. 16-18.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 445
Nível instantâneo
do líquido
r4·
Saída de condensado
Fig. 15.5-1 Aquecimento de um liquido em um tanque com um riJvel variável de
liquido.
(15.5-1)
Isso estabelece que a energia interna do sistema aumenta por causa da entalpia adicionada pelo fluido que entra e por causa
da adicão de calor através da serpentina com vapor.
U ~a vez que os valores de U10, e Hi não podem ser dados, selecionamos agora a temperatura de entrada Ti como o plano
ténnico de referência. Então Hi = Oe U,01 = pêy(T - Ti) = pê,.V(T - Ti), sendo Te V a temperatura e o volume instantâneos
do líquido. Além disso, a taxa de adição de calor ao líquido, Q, é dada por Q = Uof1(Ts - T), em que Tsé a temperatura do
vapor e A é a área instantânea de transferência de calor. Por conseguinte, a Eq. 15.5-1 se toma
(15.5-2)
d ( T - T1 ) ( T - Ti ) UoAot ( Ts - T) (15.5-5)
t dt Ts - T1 + Ts - T1 = pêpVo Ts T1
446 CAPÍTULO QUINZE
1,0
0,9
0,8 ~ -
0,7 1 /
/ ----
0,6 V
/'
e o,s I
0,4 I
/
0,3 I
0,2 / 1
UoAot
r=-- (15.5-6, 7)
pêpVo
Então, a Eq. 15.5-5, depois de alguns rearranjos, toma-se
ae
dr
+ (i + l)e
T
= 1 (15.5-8)
0=1- (15.5-9)
Multiplicando-se primeiro a Eq. 15 .5-9 por r, obtemos a constante de integração, C. Encontramos assim que C = 1, sendo
a solução final dada por
0 =1- (15.5-10)
Assim, pode ser visto que a temperatura final do líquido é determinada inteiramente pelo grupo adimensional U0A0!w/P
que, para esse problema, tem o valor de 2,74. Sabendo disso, podemos encontrar, a partir da Eq. 15.5-11, que (T0 - T 1)/
(T, - T1) = 0,659, de onde. T0 = 76ºC.
EXEMPLO 15.5-2
Operação de um Controlador Simples de Temperatura
Um tanque bem isolado é mostrado na Fig. 15.5-3. O líquido entra a uma temperatura T 1(t), que pode variar com o tempo.
Deseja-se controlar a temperatura, Ti(t), do fluido que sai do tanque. Presume-se que a agitação seja suficiente para que a
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 447
temperatura no tanque possa ser considerada uniforme e igual à temperatura de saída. O volume do líquido no tanque, V,
e a vazão mássica de líquido, w, são constantes.
Com a finalidade de executar o controle desejado, um fio elétrico metálico de aquecimento, de área superficial A, é
colocado no tanque, e um elemento sensor de temperatura é colocado na corrente de saída, para medir Ti(t). Esses dispositivos
são conectados a um controlador de temperatura que fornece energia ao fio de aquecimento, a uma taxa Q, = b(Tmr.x - T2),
em que T má.t é a temperatura máxima para qual o controlador é projetado para operar e b é um parâmetro conhecido. Pode
ser considerado que a temperatura do líquido Tz(t) seja sempre menor do que Tmr.x em operação normal. O fio de aquecimento
fornece energia para o líquido no tanque, a uma taxa de Q = UA(Tc - T2 ), sendo U o coeficiente global de transferência
de calor entre o fio e o líquido e Te a temperatura instantânea do fio, considerada uniforme.
Até o tempo t = O, o sistema tem operado em regime permanente, com a temperatura de entrada do líquido T 1 = T 10 e
a temperatura de saída T2 = T20 • No tempo t = O, a temperatura de entrada da corrente é repentinamente aumentada para
T 1 = T 1,, e mantida assim. Como uma conseqüência desse distúrbio, a temperatura do tanque começará a aumentar e o
indicador de temperatura de saída da corrente alertará o controlador para diminuir a potência fornecida ao fio de aquecimento.
Finalmente, a temperatura do líquido no tanque atingirá um novo valor permanente T2,.. Deseja-se descrever o comportamento
da temperatura do líquido Tz(t). Um esquema qualitativo, mostrando as várias temperaturas, é dado na Fig. 15.5-4.
Suprimento 'V
de potência
Entrada de
líquido __._
T1 = T10 (para t < 0) Fig. 15.5-3 Tanque agitado, com u.rn controlador de
r, = rl= (para t > 0) temperatura.
Subamortecida
1
L_
1
1
1
1
'--s uperamortec1da
.
T20 >------+-'~\~~
Temperatura
de saída
T2 (t)
Temperatura de entrada
T1 (t)
SOLUÇÃO
Escrevemos primeiro os balanços macroscópicos transientes de energia [Eq. (E) da Tabela 15.5-1] para o líquido no tanque
e para o fio de aquecimento:
A dT? A
A dT
(fio) PcC11cVc d/= b(Tmáx - T2) - UA(Tc - T2) (15.5-13)
448 CAPÍTULO QUINZE
Note que aplicando o balanço macroscópico de energia ao líquido, temos desprezado as variações de energia cinética e
potencial, assim como a alimentação de potência ao agitador.
(a) Comportamento em regime permanente para t <O. Quando as derivadas temporais nas Eqs. 15.5-12 e 13 são
estabelecidas iguais a zero e as equações adicionadas, obtemos para t < O, em que T1 = T10 :
wêPT10 + bTmáx
T20 = A
(15.5-14)
wCP + b
Então, da Eq. 15.5-13 podemos obter a temperatura inicial do fio
(15.5-15)
(b) Comportamento em regime permanente para t ~ e.o. Quando operações similares são feitas com Ti Ti~• obtemos:
wêPT1"' + bTmáx
T2"' = , (15.5-16)
wCP + b
e
(15.5-17)
0 2 = TT
2
--=_ ~"' = temperatura adimensional do líquido
1
(15.5-18)
20 2co
0"e Te _ Te"'
Tco Te,,, = temperatura ad"imens10na
. 1do fio
. (15.5-19)
d02
dr = -(1 + f)0 2 + (1 - B)0c (15.5-24)
d0e
(15.5-25)
dr
A eliminação de 0 e entre esse par de equações fornece uma única equação diferencial '.Jrdinária linear de segunda ordem
para a temperatura de saída do líquido como uma função do tempo:
d20, d0
-,::- + (1 + R + F) -d2 + R(B + f)0 2 =O (15.5-26)
dr- r
Essa equação tem a mesma forma que aquela obtida para o manômetro amortecidonaEq. 7.7-21 (ver tambémEq. C.1-7).
A solução geral é então da forma da Eq. 7.7-23 ou 24:
0 2 = C+ exp (m+r) + e_ exp (m_r) (m+ * m_) (15.5-27)
02 =e] exp mr + Czrexp 111T (m+ = m_ = m) (15.5-28)
BALANÇOS J\llACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 449
em que
ExEMPLO 15.5-3
Escoamento de Fluidos Compressíveis Através de Medidores de Carga
Estenda o desenvolvimento do Exemplo 7.6-5 ao escoamento em regime permanente de fluidos compressíveis através de
placas de orifício e tubos Venturi.
SOLUÇÃO
Começamos, como no Exemplo 7.6-5, escrevendo os balanços de massa e de energia mecânica, em regime permanente,
entre os planos 1 e 2 dos dois medidores de escoamento mostrados na Fig. 15 .5-5. Para fluidos compressíveis, esses balanços
podem ser expressos como
(15.5-30)
(15.5-31)
em que as grandezas a;= (v;)3/(vf) são incluídas de modo a permitir a troca da média do cubo pelo cubo da média.
2
1
Fronteira
aproximada do
jato de fluido
Manômetro
(a)
Oe2
---,.--º-ar-ganta~Li----------r-----
,r:;:.;,~i~ ~.5.-30.
º 1 7º no i'náximo
M'"ôaretro u (b)
Fig. 15.5-5 Medida da vazão mássica, usando (a) uma
placa de orüício e (b) um tubo Venturi.
450 CAPÍTULO QUINZE
Eliminamos em seguida (v 1) e (v2) das duas equações anteriores com o objetivo de obter uma expressão para a vazão
mássica:
Repetimos agora as suposições do Exemplo 7.6-5: (i) ev =O, (ii) a 1 = 1 e (iii) a 2 = (Sr)S1)2. Então, aEq. 15.5-32 se toma
-2 f (l/p)dp
(15.5-33)
1 - (p2So/ P15 1) 2
O "coeficiente de descarga" empírico, Cd, é incluído nessa equação para permitir a correção dessa expressão com relação
a erros introduzidos pelas três suposições. Esse coeficiente tem de ser determinado experimentalmente.
Para medidores Venturi, é conveniente colocar o plano 2 no ponto de mínima seção transversal do medidor, de modo
que S2 = S0 • Então, a 2 é muito próximo da unidade, e foi constatado experimentalmente que Cd é quase o mesmo para
fluidos compressíveis e incompressíveis - ou seja, cerca de 0,98 para medidores Venturi bem projetados. Para placas de
orifício, o grau de contração de uma corrente de um fluido compressível no plano 2 é um pouco menor do que para fluidos
incompressíveis, especialmente a altas vazões, necessitando-se de um coeficiente de descarga 2 diferente.
Com o objetivo de usar a Eq. 15.5-33, a densidade do fluido tem de ser conhecida como uma função da pressão. Isto é,
tem-se de conhecer tanto o caminho da expansão quanto a equação de estado do fluido. Na maioria dos casos, a suposição
de comportamento adiabático sem atrito parece ser aceitável. Para gases ideais, pode-se escrever p p- Y = constante, sendo
1' = CPICv (ver Eq. 15.2-5). Então, a Eq. 15.5-33 se toma
EXEMPLO 15 .5-4
Expansão Livre em Batelada de um Fluido Compressível
Um gás compressível, inicialmente a T = T0 , p = p 0 e p = p0 , é descarregado de um grande tanque estacionário e isolado,
através de um pequeno bocal convergente, conforme mostrado na Fig. 15.5-6. Mostre corno a fração da massa restante de
fluido no tanque, p/p0 , pode ser determinada como uma função do tempo. Desenvolva equações de trabalho, considerando
que o gás seja ideal.
Isolante
Bocal
convergente
Volume do tanque = V
'R. H. Perry, D. W. Green, and J. O. Maloney, Chemical Engineers" Ha11dboook, 7'' edition, McGraw-Hill, New York (1997); ver também Cap. 15 de Handbook of
Fluid Dynamics and Fluid Machinery (J. A. Chertz and A. E. Fuhs, eds.), Wiley, New York (1996).
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 451
SOLUÇÃO
Por conveniência, dividimos o tanque em duas partes separadas pela superfície 1, como mostrado na figura. Supomos que
a superfície 1 esteja próxima o suficiente da saída do tanque, de modo que toda a massa do fluido esteja essencialmente à
sua esquerda, porém longe o suficiente da saída, de modo que a velocidade do fluido através da superfície 1 seja
negligenciável. Consideramos ainda que as propriedades médias do fluido à esquerda de 1 sejam idênticas àquelas na
superfície 1. Consideramos agora, separadamente, o comportamento dessas duas partes do sistema.
(a) O fluido no tanque (como um todo). Para a região à esquerda da superfície 1, o balanço transiente de massa na Eq. (A)
da Tabela 15.5-1 é
d
dt (p1 V) = -w1 (15.5-35)
Para a mesma região, o balanço de energia da Eq. (E) da Tabela 15.5-1 se torna
(15.5-36)
sendo V o volume total no sistema considerado e w 1 a vazão mássica de gás saindo do sistema. Ao escrevermos essa equação,
desprezamos a energia cinética do fluido.
Substituindo o balanço de massa em ambos os lados da equação da energia, temos
(du1 + dcP1)
Pi dt dt
= f.]. dp1
Pi dt
c155 _37l
Para um sistema estacionário sob a influ&lcia de nenhuma força externa além da gravidade, dli!/dt = O, de modo que a Eq.
15.5-37 se torna
(15.5-40)
Já que estamos lidando com um gás ideal, podemos usar o resultado na Eq. 15.5-34 para conseguir a taxa instantânea de
descarga. Uma vez que nesse problema a razão S2 /S 1 é muito pequena e seu quadrado é ainda menor, podemos trocar o
denominador sob o sinal da raiz quadrada na Eq. 15.5-34 pela unidade. Então, o p2 que está fora do sinal de raiz é movido
para dentro e a Eq. 15.5-39 é usada. Isso fornece
r
para p 1, que pode ser integrada para resultar
Dessa equação, podemos obter o tempo requerido para descartar qualquer fração dada do gás original.
A baixas vazões, a pressão p2 na abertura do bocal é igual à pressão ambiente. Entretanto, um exame da Eq. 15.5-41
mostra que, à medida que a pressão ambiente é reduzida, a vazão mássica calculada alcança um máximo em uma razão
crítica de pressões.
r= (Pi)
Pi crít
= (-2
y + 1
)·ll<r-ll (15.5-43)
Para ar (r = 1,4), essa razão crítica de pressões é 0,53. Se a pressão ambiente for reduzida mais ainda, a pressão bem
dentro do bocal continuará no valor de p1 , calculada da Eq. 15.5-43, e a vazão mássica se tornará independente da pressão
ambiente Pa· Sob essas condições, a taxa de descarga é
2 )<r+l)/(r-1) (15.5-44)
Wmáx = S2 P1P1'Y ( 'Y + l
Então, parap.lp 1 < r, podemos escrever a Eq. 15.5-42 de forma mais simples:
V/5 2
t = Y(p0 / p0)y(2/(y + 1))(r+1J/\r l)
f 1
P1IPn
dx
Jr+tl/ 2
(15.5-45)
ou
Se p)p 1 for inicialmente menor do quer, as Eqs. 15.5-46 e 42 serão úteis para calcular o tempo total de descarga.
PROBLEMAS
15A.l Transferência de calor em trocadores bitubulares.
(a) Óleo quente, entrando no. trocador de calor do Exemplo 15.4-1 pela superfície 2, deve ser resfriado pela água
que entra pela superfície 1. Ou seja, o trocador está sendo operado em contracorrente. Calcule a área requerida do
trocador, A, se o coeficiente de transferência de calor, U, for 200 Btu/h · ft2 · ºF e as correntes dos fluidos tiverem
as seguintes propriedades:
(b) Repita o cálculo do item (a), se U1 = 50 e U2 = 350 Btu/h · ft2 • ºF. Considere que U varia linearmente com a
temperatura da água e use os resultados do Problema 15B. l.
(e) Qual é a quantidade mínima de água que pode ser usada em (a) e (b), de modo a obter a variação desejada de
temperatura para o óleo? Qual é a quantidade múrima de água que pode ser usada no escoamento paralelo?
(d) Calcule a área requerida do trocador de calor para a operação em paralelo, se a vazão mássica de água for 15.500
lbm/h e U for constante e igual a 200 Btu/h · ft2 · ºF.
Respostas: (a) 104 ft2; (b) 122 ft2; (c) 4.290 lbm/h; 15.000 lbm/h; (d) cerca de 101 ft2
15A.2 Escoamento adiabático de gás natural em uma tubulação. Recalcule a potência requerida wWno Exemplo 15.4-
2, para o caso de escoamento adiabático em vez de isotérmico na tubulação.
(a) Use o resultado do Problema 15B.3(d) para determinar a densidade do gás no plano 2.
(b) Use sua resposta do item (a), juntamente com o resultado do Problema 15B.3(e), para obter h
(c) Calcule a potência requerida, como no Exemplo 15.4-2.
Respostas: (a) 0,243 lbm/ft3; (b) 86 psia; (c) 504 hp
15A.3 Mistura de duas correntes de gás ideal.
(a) Calcule a velocidade resultante, a temperatura e a pressão, quando as duas correntes de ar, dadas a seguir, forem
misturadas em um equipamento, tal como o descrito no Exemplo 15.3-2. O calor específico, êP' do ar pode ser
considerado .constante e igual a 6,9 Btu/lbmol · F. As propriedades das duas correntes são:
T(ºF) p(atm)
Resposta: (a) 11.000 lb"jh; cerca de 110 ft/s; 86,5°F; 1,00 atm
(b) Qual seria a velocidade calculada, se a densidade do fluido fosse tratada como constante?
(c) Estime Ê. para essa operação, baseando seus cálculos nos resultados do item (b).
Respostas: (b) 109 ft/s; (c) 1,4 X 103 ft · lb1/lb"'
lSA.4 Escoamento através de um tubo Venturi. Um tubo Venturi, com uma garganta de 3 in de diâmetro, é colocado em
um tubo circular de 1 ft de diâmetro que transporta ar seco. O coeficiente de descarga, Cd, do medidor é 0,98. Calcule
a vazão mássica do ar no tubo, se o ar entra no Venturi a 70ºC e a 1 atm, sendo a pressão na garganta igual a 0,75 atm.
(a) Considere escoamento adiabático, sem atrito e 1' = 1,4.
(b) Considere escoamento isotérmico.
(e) Considere escoamento incompressível na condição da densidade de entrada.
Respostas: (a) 2,07 lbm/s; (b) 1,96 lb"/s; (c) 2,43 lbm/s
lSA.5 Expansão livre em batelada de um fluido compressível. Um tanque com volume V= 10 ft3 (ver Fig. 15.5-6) está
cheio com ar(y = 1,4) aT0 = 300K ep0 = 100 atm. No tempo t =O, a válvula é aberta, permitindo o ar se expandir
até a pressão ambiente de 1 atm através do bocal convergente, que tem uma seção transversal na garganta de S2 =
0,1 ft2.
(a) Calcule a pressão e a temperatura na garganta do bocal, imediatamente depois do início da descarga.
(b) Calcule a pressão e a temperatura dentro do tanque, quando p 2 atingir seu valor final de 1 atm.
(e) Quanto tempo levará para o sistema atingir o estado descrito em (b)?
lSA.6 Aquecimento do ar em um tubo. Um tubo horizontal de 20 ft de comprimento é aquecido por meio de um aquecedor
elétrico, uniformemente enrolado ao redor do tubo. O ar seco entra a 5ºF e 40 psia, a uma velocidade de 75 ft/s e
185 lbm/h. O aquecedor fornece calor a uma taxa de 800 Btu/h por pé de tubo. A que temperatura o ar deixará o
tubo, se a pressão de saída for 15 psia? Considere escoamento turbulento e comportamento de gás ideal. Para ar na
faixa de interesse, a capacidade calorífica, em Btu/lb-mol · ºF, a pressão constante é
êp = 6,39 + (9,8 X 10-4)T - (8,18 X 10-8)1'2 (lSA.6-1)
em que T é expressa em graus Rankine.
Resposta: T2 = 354ºF
454 CAPÍTULO QUINZE
15A.7 Operação de um trocador de calor bitubular simples. Uma corrente de água fria, 5.400 lb.,/h a 70ºF, deve ser
aquecida por 8.100 lb"'/h de água quente a 200ºF em um trocador de calor bitubular simples. A água fria escoa
através do tubo interno e a água quente escoa através do espaço anular entre os tubos. Dois trocadores de 20 ft de
comprimento são disponíveis, assim como todos os acessórios necessários.
(a) Por meio de um esquema, mostre a maneira pela qual os dois trocadores bitubulares devem ser conectados de
modo a conseguir a transferência de calor mais eficaz.
(b) Calcule a temperatura de saída da corrente fria para o arranjo decidido no item (a), para a seguinte situação:
(i) O coeficiente de transferência de calor para o anel, baseado na área de troca ténnica da superfície interna do
tubo interno é 2.000 Btu/h · ft2 · ºF.
(íí) O tubo interno tem as seguintes propriedades: comprimento total, 40 ft; diâmetro interno 0,0875 ft; superfície
de troca térmica por pé, 0,2745 ff; capacidade na velocidade média de 1 ft/s é 1.345 lb,,,/h.
(iii) As propriedades médias da água no tubo interno são:
µ, = 0,45 cp = 1,09 lb.,/h · ft
êP = 1,00 Btu/lbm · ºF
k = 0,376 Btu/h·ft · ºF
p = 61,5 lb,)ft3
(iv) A resistência combinada da parede do tubo e das incrustações é 0,001 h · ft2 · ºF/Btu, baseada na área superficial
do tubo interno.
(c) Esquematize o perfil de temperaturas no trocador.
Resposta: (b) 136ºF
15B.1 Desempenho de um trocador de calor bitubular, com coeficiente globa:I de transferência de calor variável.
Desenvolva uma expressão para a quantidade transferida de calor em um trocador do tipo discutido no Exemplo
15.4-1, se o coeficiente global de transferência de calor, U, variar linearmente com a temperatura de cada corrente.
(a) Uma vez que T" - Te é uma função linear de T1i e Te, mostre que
U- U1 tiT-tiT1
(lSB.1-1)
U2 - U1 = tiT2 - tiT
1
sendo t:.T = T" - Te- Os subscritos 1 e 2 se referem às condições nas superfícies de controle 1 e 2.
(b) Substitua o resultado em (a) para T" - Te na Eq. 15.4-12 e integre a equação, assim obtida, ao longo do
comprimento do trocador. Use esse resultado para mostrar que 1
(lSB.1-2)
15B.2 Queda de pressão em escoamento turbulento em um tubo levemente convergente (Fig. 15B.2). Considere o
escoamento turbulento de um fluido incompressível em um tubo circular, tendo um diâmetro que varia linearmente
com a distância de acordo com a relação
(lSB.2-1)
Em z =O, a velocidade é v1 e pode ser considerada constante ao longo da seção transversal. O número de Reynolds
para o escoamento é tal que fé dado aproximadamente pela fórmula de Blasius da Eq. 6.2-13,
f= 0,0791 (lSB.2-2)
Re1/4
Diâmetro D1 Diâmetro D2
t +
o
1 -+-
z=O Direção de escoamento z=L Fig. 15B.2 Escoamento turbulento em um tubo horizontal,
(direção z) levemente afunilado (D 1 é levemente maior do que D2).
(15B.2-3)
f iff
L
- d z = -L- - f,º' -dD
iff (15B.2-5)
o D D2 - D1 D, D
(d) Combine os resulta~os de (b) e (c) para finalmente obter
(ISB.2-6)
Mostre ainda que, quando se usa a forma d do balanço de massa, a Eq. 15B.3-2 se toma, para o escoamento isotérmico
de um gás ideal
(e) Integre a Eq. 15B.3-3 entre quaisquer duas seções transversais 1e2 envolvendo um comprimento total de tubo,
L. Use a equação de estado do gás ideal e o balanço macroscópico de massa para mostrar que vz/v 1 = pifp2 = pif
p 2 , de modo que a "velocidade mássica", G, possa ser colocada na forma
em quer = (p 2 /p 1)2. Mostre que, para qualquer valor de ev e condições na seção 1, a grandeza G alcança seu valor
máximo em um valor crítico der, definido por lnrc + (1 - r)frc =e,.. Ver Problema 15B.4.
456 CAPÍTULO QUINZE
(d) Mostre que, para o escoamento adiabático de um gás ideal, com êP constante, em um duto horizontal de seção
transversal constante, a forma d do balanço de energia total (Eq. 15.4-4) simplifica para
pV + ('-y-
o -1')
Y ~v2 =constante (lSB.3-5)
sendo y == CP!Cv. Combine esse resultado com a Eq. 15B.3-2 para obter
(lSB.3-6)
Integre essa equação entre as seções 1 e 2 envolvendo a resistência ev, considerando y constante. Rearranje o resultado
com a ajuda do balanço macroscópico, com o objetivo de obter a seguinte relação para o fluxo mássico G.
~ =~
Pi Pi
[1 + [1 - (pi/ pz)2]G2
P1P1
('Y - 1),1
2y J (lSB.3-8)
Essa equação pode ser combinada com a Eq. 15B.3-7 para mostrar que, como no caso de escoamento isotérmico,
existe uma razão crítica de pressões p2 /p 1, correspondente à máxima vazão mássica possível.
15B.4 O número de Mach na mistura de duas correntes fluidas.
(a) Mostre que, quando o radicando na Eq. 15.3-13 for zero, o número de Mach da corrente final será igual a um.
Note que o número de Mach, Ma, que é a razão entre a velocidade local do fluido e a velocidade do som nas condições
locais, pode ser escrito para um gás ideal como v/v, = u/VyRT / M (ver Problema 11 C. l).
(b) Mostre como os resultados do Exemplo 15.3-2 podem ser usados para prever o comportamento de um gás
passando através de uma expansão repentina da seção transversal do duto.
lSB.5 Taxas limitantes de descarga para medidores Venturi.
(a) Começando com a Eq. 15.5-34 (para escoamento adiabático), mostre que quando a pressão na garganta em um
medidor Venturi é reduzida, a vazão mássica alcança um máximo quando a razão r == pifp 1 entre a pressão na garganta
e a pressão na entrada é definida pela expressão
y+1 _ _ 2 __ i=._2_=0
(lSB.5-1)
r2fy fr+1)/y (Si/ 50)2
(b) Mostre que para S1 > > S0 , a vazão mássica sob essas condições limitantes é
-
w - Cap1So
l'M( 2 )<r+1>1<r-1>
RT1 y + 1 (lSB.5-2)
(c) Obtenha resultados análogos às Eqs. 15B. "í-1 e 2 para escoamento isotérmico.
lSB.6 Escoamento de um fluido compressível através de um bocal convergente-divergente (Fig. 15B.6). Em muitas
aplicações, tal como turbinas a vapor e foguetes, gases quentes comprimidos são expandidos através de bocais do
tipo mostrado na figura, de modo a converter a entalpia do gás em energia cinética. Essa operação é, em muitas
maneiras, similar ao escoamento de gases através de orifícios. Aqui, no entanto, a finalidade da expansão é produzir
potência - por exemplo, pela colisão de um fluido se movendo rapidamente pelas lâminas de uma turbina ou pelo
empuxo direto, como em um motor de foguete.
Com a finalidade de explicar o comportamento de tal sistema e justificar a forma geral do bocal descrito, siga o
caminho da expansão de um gás ideal. Considere que o gás esteja inicialmente em um reservatório muito grande,
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 457
a urna velocidade essencialmente zero, e que ele se expanda, através de um bocal adiabático sem atrito, até uma
pressão igual a zero. Considere ainda perfis planos de velocidades e despreze variações na elevação.
1·
! L d · ..•
1 . '
.·· r1
1
(a) Mostre, escrevendo o balanço macroscópico de energia mecânica ou o balanço de energia total entre os planos
1e2, que
(b) Pelo uso da lei de gás ideal, do balanço macroscópico de massa em regime permanente e da Eq. 15B.6-l, mostre
que a seção transversal S da corrente se expandindo passa por um mínimo na pressão crítica
2 )y/(7-1)
P2,crit = Pi ( y +1 (15B.6-2)
(c) Mostre que o número de Mach, Ma= v2/v,(T2 ), do fluido nessa seção transversal mínima é unitário (v, para
ondas sonoras de baixa freqüência é deduzido no Problema 11 C.l). Corno o resultado do item (a) se compara àquele
do Problema 15B.5?
(d) Calcule a velocidade do fluido, v, a temperatura do fluido, T, e a seção transversal, S, da corrente como urna
função da pressão local, p, para a descarga de 1Olbmoles de ar por segundo de 560R e 1Oatm para a pressão zero.
Discuta o significado de seus resultados.
Resposta:
p,atrn 10 9 8 7 6 5,28* 5 4 3 2 o
v,ft/s o 442 638 795 1.020 1050 1.092 1.242 1390 1.560 1.790 2.575
T,R 562 546 525 506 485 468 461 433 399 354 292 o
s, ft2 0,99 0,745 0,656 0,620 0,612 0,620 0,635 0,693 0,860 1,182
'Pressão na seção transversal mínima.
15B.7 Comportamento térmico transiente de um dispositivo cromatográfico (Fig. 15B.7). Você é um consultor para
um problema industrial referente à experimentação, entre outras coisas, com fenômenos térmicos. transientes em um
cromatógrafo a gás. Um dos empregados mostra primeiro a você alguns trabalhos de um pesquisador bem conhecido
e diz que ele está tentando aplicar as novas abordagens do pesquisador, mas que está atualmente com dificuldades em
resolver um problema de transferência de calor. Embora o problema esteja somente subordinado ao estudo principal,
ele deve contudo ser entendido em conexão com sua interpretação dos dados e da aplicação das novas teorias.
458 CAPÍTULO QUINZE
(a)
t=O t=t1
Tempo t Fig. 15B.7 (a) Dispositivo cromatográfico; (b) resposta da temperatura do
(b) sistema cromatográfico.
Uma coluna cromatográfica muito fina está contida dentro de uma serpentina, que por sua vez está inserida em
um tubo através do qual um gás é soprado para controlar a temperatura (ver Fig. 15B.7a). A temperatura do gás
será chamada de Tg(t). A temperatura nas extremidades da serpentina (fora do tubo) é T0 , que não é muito diferente
do valor inicial de T8 .,A temperatura real dentro da coluna cromatográfica (isto é, dentro da serpentina) será chamada
de T(t). Inicialmente, o gás e a serpentina estão à temperatura Tgo· Então, começando no tempo t =O, a temperatura
do gás é aumentada linearmente de acordo com a equação
(lSB.7-1)
15B.8 Aquecimento contínuo de uma lama em um tanque agitado (Fig. 15B.8). Uma lama está sendo aquecida pelo
seu bombeamento através de um tanque bem agitado de aquecimento. A temperatura de entrada da lama é Ti e a
temperatura da superfície externa da serpentina de vapor é T,. Use os seguintes símbolos:
Entrada de lama
à temperatura --+-
T;
A temperatura
no tanque é T(t)
A temperatura
i
Saída de condensado,
de saída
éT(t)
(a) Por meio de um balanço de energia, mostre que a temperatura da lama T(t) é descrita pela equação diferencial
em que
(15B.8-4)
ISC.l Trocadores de calor casco-tubo (Fig. 15C.l). No trocador mostrado na figura a seguir, o fluido que passa pelo
tubo (fluido A) entra e sai na mesma extremidade do trocador de calor, enquanto o fluido que passa pelo casco
(fluido B) sempre se move na mesma direção. Assim, existem os escoamentos concorrente e contracorrente no
mesmo equipamento. Esse arranjo de escoamentos é um dos exemplos mais simples de "escoamento misturado",
freqüentemente usado na prática para reduzir o comprimento do trocador. 2
2 Ver D. Q. Kem, Process Heat Transfer, McGraw-Hill, New York (1950), pp. 127-189; J. H. Perry, Cilemica/ Engineers' Handbook, 3n1 edition, McGraw-Hill, N~w
York (1950), pp. 464-465; W. M. Rohsenow, J. P. Hartnett and Y. I. Cho, Handbook of Heat Transfer, 3"' edition, McGraw-Hill, New York (1998), Chapter 17; S.
Whitaker, Fundamentais of Heat Transfer, edição corrigida, Krieger Publishing Company, Malabar, Fia., (1983), Chapter 11.
460 CAPITULO QUINZE
Entrada do fluido
que escoa pelo
tubo
t
que escoa pelo
TA1 de troca térmica
TB2 casco Fig.15C.1 Trocadordecalorcasco-tubo.
O comportamento desse tipo de equipamento pode ser simplesmente analisado, fazendo-se as seguintes suposições:
(i) Existem as condições de regime permanente.
(ii) O coeficiente global de transferência de calor, U, e as capacidades caloríficas dos dois fluidos são constantes.
(iii) A temperatura do fluido que escoa no casco, T8 , é constante ao longo de qualquer seção transversal perpendicular
à direção de escoamento.
(iv) Há uma mesma área de aquecimento em cada passagem do fluido pelo tubo - isto é, para as correntes I e II na
figura.
(a) Através de um balanço de energia na porção do sistema entre os planos a e b, mostre que
(15C.1-1)
(b) Para uma seção diferencial do trocador, dA, incluindo uma superfície total de troca térmica, mostre que
dT~ 1
aa- = 2 (TB - TA) (15C.1-2)
l dTa
R da
= -[ra -l(r~
2
+ T~)J (15C.1-4)
dze + R d8 - l0 =O (lSC.1-5)
da 2 da 4
sendo ®(a) = (T8 - T82 )/(T81 - T8 z). Resolva essa equação (ver Eq. C.1-7) com as condições de contorno
e.e. 1: ema =O, e =1 (lSC.1-6)
e.e. 2: ema= (UArlwip.•), 8 =0 (lSC.1-7)
1 _ n[2 - '1'(R + 1 -
ªr = UAr = _ _ 1 :VR2+1)] (lSC.1-8)
wAêpA YR2 + 1 2 - 'V(R + 1 + YR2 + 1)
(e) Use esse resultado para obter a seguinte expressão para a taxa de transferência de calor no trocador:
Q = UA(~D1n · Y (lSC.1-9)
em que
15C.2 Descarga de ar proveniente de um tanque grande. Deseja-se retirar 5 lbm/s de ar, proveniente de um grande
tanque de armazenagem, através de um comprimento equivalente de 55 ft de um tubo novo de aço com 2,067 in de
diâmetro. O ar é submetido a uma contração repentina na entrada do tubo e a perda que acompanha a contração não
é incluída no comprimento equivalente do tubo. A vazão mássica desejada poderá ser obtida se o ar no tanque
estiver a 150 psig e 70°F e a pressão no final do tubo for 50 psig?
O efeito da contração repentina pode ser estimado com razoável exatidão, considerando a entrada como um
bocal ideal convergindo para uma seção transversal igual àquela do tubo, seguida por uma seção de tubo com eu =
0,5 (ver Tabela 7 .5-1). O comportamento do bocal pode ser determinado da Eq. 15.5-34, considerando infinita a
área da seção transversal, S1 , e Cd igual à unidade.
Resposta: Sim. A vazão mássica calculada é de cerca de 6 lb,Js, se escoamento isotérmico for suposto (ver Problema
15B.3) e cerca de 6,3 lb,,/s, para escoamento adiabático. A vazão mássica real deve estar entre esses limites, para
uma temperatura ambiente de 70ºF.
15C.3 Temperatura de estagnação (Fig. 15C.3). Um "sensor de temperatura", conforme mostrado na figura, é inserido
em uma corrente estacionária de um gás ideal a uma temperatura T1 que escoa com uma velocidade v 1• Parte do gás
que escoa entra na extremidade aberta da sonda, sendo desacelerado até uma velocidade próxima de zero antes de
escapar lentamente para fora dos orifícios de extravasamento. Essa desaceleração resulta em um aumento da
temperatura, que é medida pelo termopar. Uma vez que a desaceleração é rápida, ela é aproximadamente adiabática.
Esfera 0,025" do
Aço te1mopar n.º 30 I-C
(a) Desenvolva uma expressão para a temperatura registrada pelo termopar, em termos de T1 e v 1, usando o balanço
macroscópico de energia em regime permanente, Eq. 15.1-3. Use como seu sistema uma corrente representativa
do fluido entrando na sonda. Desenhe o plano de referência 1 amontante e longe o bastante, de forma que as condições
possam ser consideradas inalteradas pela sonda. O plano de referência 2 coloque na própria sonda. Considere
velocidade zero no plano 2, despreze radiação e despreze a condução térmica do fluido quando ele passa entre os
planos de referência.
462 CAPÍTULO QUINZE
d
dt Stot =
(~
-tl S + pvT
q ) W + gs.tot + Qs (15D.l-1)
em que
stot = f
V
pSdV (150.1-2)
(b) Forneça uma interpretação de cada termo das equações no item (a).
(c) O termo g,"º' envolvendo o tensor tensão é o mesmo que a dissipação de energia pelo aquecimento viscoso?
15D.2 Dedução do balanço macroscópico de energia. Mostre como integrar a Eq. (N) da Tabela 11.4-1 ao longo do
volume inteiro V de um sistema em escoamento, que, por causa das partes móveis, pode ser uma função do tempo.
Com a ajuda do teorema da divergência de Gauss e da fórmula de Leibniz para diferenciar uma integral, mostre
que isso fornece o balanço macroscópico de energia total, Eq. 15.1-2. Quais são as suposições feitas na dedução?
Como se pode interpretar Wm? (Sugestão: Algumas sugestões para a resolução desse problema podem ser obtidas
estudando a dedução do balanço macroscópico de energia mecânica na Seção 7.8.)
lSD.3 Operação de um trocador de calor (Fig. 15D.3). Um fluido quente entra no tubo circular de raio Ri, na posição
z = O, e se move na direção positiva de z para z = L, onde ele deixa o tubo e escoa de volta pelo espaço anular
formado entre esse tubo e um outro. Calor é trocado entre o fluido no tubo e o que está escoando no espaço anular.
Além disso, calor é perdido do espaço anular para o ar externo, o qual está na temperatura do ar ambiente, Tª
(constante). Considere que a densidade e a capacidade calorífica sejam constantes. Use a seguinte notação:
Ui = coeficiente global de transferência de calor entre o fluido no tubo e o fluido no espaço an.ular
U2 = coeficiente global de transferência de calor entre o fluido no espaço anular e o ar na temperatura de Tª
Ti(z) = temperatura do fluido no tubo
Tz(z) = temperatura do fluido no espaço anular
w =vazão mássica através do sistema (constante)
Se o fluido entrar na temperatura de entrada T1, qual será a temperatura de saída T0? É sugerido que as seguintes
grandezas adimensionais sejam usadas: ®i = (T1 - T0 )!(T1 - T0 ), N 1 = 2'7TR 1UiL/w êP e ( = z!L.
I
/
I
I
R R7 Temperatura do fluido T,(z) 1 1
_! _ 1 ,-
_!_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ \ _
----i>- 1 1
-+-C- -
l
Coeficiente de \ \
\
transferência de calor, U, y \
\
Coeficiente de : Temperatura do fluido T,(z) \
transferência de calor, U, y
1 1
1 1
1 1
~ Temperatura do ar, T, 1
1 ~ 1
z=O z=L Fig. 15D.3 Dispositivo de troca térmica.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS NÃO ISOTÉRMICOS 463
lSD.4 Descarga <je um gás proveniente de um tanque móvel (Fig. 15.5-6). A Eq. 15.5-38 no Exemplo 15.5-4 foi obtida
fazendo d<P /dt igual a zero, um procedimento justificado somente porque o tanque estava parado. Entretanto, -é
verdade que a Eq. 15.5-38 seja correta para tanques móveis também. Essa afirmação pode ser provada conforme
segue:
(a) Considere um tanque tal como aquele desenhado na Fig. 15.5-6, porém movendo-se a uma velocidade v, que é
muito maior do que a velocidade relativa entre o fluido e o tanque na região à esquerda da superfície 1. Mostre que
para essa região do tanque, o balanço macroscópico de momento se toma
(lSD.4-1)
sendo a velocidade do fluido considerada uniforme e igual a v. Então, faça o produto escalar de ambos os lados da
Eq. 15D.4-l com v para obter
wm = mtot
dK + dt
(dt dcii) (lSD.4-2)
3 R. B. Bird eM. D. Graham, em Handbook ofF/uidDynamics (R. W. Johnson, ed.), CRC Press, BocaRaton, Fia. (1998),p. 3-13.
16.l Ü ESPECTRO DA RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTlCA 16.4 RADIAÇÃO DIRETA ENTRE CORPOS NEGROS NO
16.2 ABSORÇÃO E EMISSÃO EM SUPERF[ClES SÓLIDAS VÁCUO A DIFERENTES TEMPERATURAS
16.3 LEI DA DISTRIBUIÇÃO DE PLANCK, LEl DO 16.5° RADIAÇÃO ENTRE CORPOS NÃO-NEGROS A
DESLOCAMENTO DE WIEN, E LEl DE STEFAN- TEMPERATURAS DIFERENTES
BOLTZMANN 16.6º TRANSPORTE DE ENERGIA RADIANTE EM MEIOS
ABSORVENTES
Concluímos a Parte I deste livro com um capítulo sobre fluidos que não podem ser descritos pela lei da viscosidade de
Newton, mas requerem diversos tipos de expressões não-lineares e dependentes do tempo. Agora concluímos a Parte II
com uma breve discussão do transporte de energia radiante, que não pode ser descrita pela lei de Fourier.
Nos Caps. de 9 a 15, foi discutido o transporte de energia por condução e por convecção. Os dois modos de transporte
dependem da presença de um meio material. Para que a condução ocorra, é necessária a existência de diferença de tempe-
ratura entre pontos vizinhos. Para que a convecção ocorra, deve existir um fluido livre para se movimentar e, assim, trans-
portar energia. Neste capítulo, voltamos a atenção para um terceiro mecanismo de transporte de energia, a radiação. Ra-
diação é, basicamente, um mecanismo eletromagnético que permite que a energia seja transportada com a velocidade da
luz através de regiões do espaço desprovidas de matéria-. A taxa de transporte de energia entre dois corpos "negros" no
vácuo é proporcional à diferença da quarta potência de suas temperaturas absolutas. Esse mecanismo é qualitativamente
muito diferente dos mecanismos de transporte considerados em outras partes deste livro: transporte de momento em flui-
dos newtonianos, que é proporcional ao gradiente da velocidade; transporte de energia por condução de calor, que é pro-
porcional ao gradiente de temperatura; e o transporte de massa por difusão, que é proporcional ao gradiente de concentra-
ção. Devido à unicidade da radiação como meio de transporte e devido à importância da transferência de calor radiante em
processos industriais, devotamos um capítulo separado a este assunto.
Uma compreensão profunda da física do transporte radiativo requer o uso de diversas disciplinas diferentes:l-2 a teoria
eletromagnética é necessária para a descrição da natureza essencialmente oscilatória da radiação, em particular, a energia
e pressão associadas às ondas eletromagnéticas; a termodinâmica é necessária para a determinação de algumas relações
entre as propriedades globais de um recipiente contendo radiação; a mecânica quântica é necessária para a descrição em
detalhes dos processos atômicos e moleculares que ocorrem quando a radiação é produzida dentro da matéria e quando é
absorvida por pela matéria; e a mecânica estatística é necessária para a descrição do modo de distribuição da radiação pelo
espectro de comprimentos de onda. Tudo que podemos fazer nesta discussão elementar é definir as grandezas principais
e apresentar os resultados da teoria e de experimentos. A seguir, mostramos como alguns destes resultados podem ser
usados para o cálculo da taxa de transferência de calor por processos de radiação em sistemas simples.
Nas Seções 16.~ e 16.2 introduzimos os conceitos básicos e definições. Então na Seção 16.3 alguns dos principais re-
sultados da radiação por corpo negro são apresentados. Na seção seguinte, Seção 16.4, a taxa de transferência entre dois
corpos negros é discutida. Esta seção não introduz qualquer princípio novo, e o problema básico é geométrico. A seguir,
1
M. Planck, Theo1y of Heat, Macmillan, Londres (1932), Partes III e IV. Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947) recebeu o prêmio Nobel por ter sido o primeiro
a formular a hipótese da quantificação da energia e, assim, introduzir a nova constante fundamental h (constante de Planck); seu nome é também associado à equação de
"Fokker-Plank" da dinâmica estocástica.
'W. Heitler, Quantum Theol}' of Radiation, 2.' edição, Oxford University Press (1944).
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 465
a Seçãol6.5 é devotada a urna extensão da seção precedente para corpos não-negros. Finalmente, na última seção há uma
breve discussão de processos de radiação em meios absorventes. 3
logio"-
17
16
15
14
lkm- 13
12 Condutor elétrico
11 Ondas de rádio---------'--- transportando
corrente alternada
l
l m - 10
9
lcm- 8
1mm-+ 7
6 --1.
Infravermelho distante- - - - - - - - - Rotações moleculares
~ 1
::> Infravermelho próximo- - - - - - - - - Vibrações moleculares
1µ.- 4 ' t v·,
mvel } Deslocamento de elétrons da
_______ camada externa de um átomo
Ultravioleta
---r t
lmµ.- j
raio-X - - - - - - - - - - -
Deslocamento de elétrons de
--. J camadas internas de um átomo
1A-
~1-t--1 .
ra10--y - - - - - - - - - - - - - - -
Deslocamento de núcleons
Fig. 16.1-1. O espectro de radiação eletromagnéti-
ca mostrando, aproximadamente, os mecanismos
pelos quais os diversos comprimentos de onda são
-2 1 no núcleo atômico
gerados (lÁ = unidade Angstrõm = 10-a cm = 0,1
_3-1 nm; 1µ. = 1 mícron = 10-6m).
3 Para informações adicionais sobre a transferência de calor radiativa e suas aplicações em engenharia veja o livro cexlo abrangente de R. Siegel e 1. R. Howell, Thermal
Radiation Heat Transfer, 3' edição, Hemisphere Publishing Co., Nova York (1992). Veja também 1. R. Howell e M. P. Mengõç, Handbook of Heat Tra11sfer, 3.' edição
(W. M. Rohsenhow, J. P. Hartnett e Y. I. Choi, eds.), McGraw-Hill, New York (1998), Cap 7.
466 CAPÍTULO DEZESSEIS
de energia radiante se propagam com a velocidade da luz, e. O comprimento de onda A, que caracteriza a onda eletromag-
nética, é relacionado a sua freqüência v pela equação ·
À=~ (16.1-1)
V
s = hv (16.1-2)
Aqui, h = 6,626 X 10-34 J·s é a constante de Planck. Destas duas equações e com as informações da Fig. 16.1-1, vemos
que diminuir o comprimento de onda da radiação eletromagnética corresponde a decrementar a energia dos fótons corres-
pondentes. Este fato ajusta-se aos diversos mecanismos que produzem radiação. Por exemplo, energias relativamente baixas
são liberadas quando uma molécula tem sua velocidade de rotação diminuída, e a radiação emitida situa-se no infraverme-
lho. Por outro lado, energias relativamente altas são liberadas quando um núcleo atômico passa de um estado de alta ener-
gia para um de energia mais baixa, e a radiação associada é radiação gama ou radiação X. As declarações seguintes tam-
bém parecem tomar claro que a energia radiante emitida por um objeto aquecido tende a comprimentos de onda mais curtos
(fótons de mais altas energias) na medida em que sua temperatura é elevada.
Até agora, esboçamos o fenômeno de emissão de energia radiante ou de fótons quando um sistema molecular ou atômi-
co passa de um estado alta energia para um estado de baixa energia. O processo inverso, conhecido como absorção, ocorre
quando a adição de energia radiante a um sistema molecular ou atômico causa a passagem do sistema de um estado de
baixa energia para um estado de alta energia. Isso é o que ocorre quando energia radiante atinge uma superfície sólida e
provoca o aumento de sua temperatura.
Tendo introduzido os conceitos de absorção e emissão em termos da visão atômica, prosseguimos agora com a discussão
dos mesmos processos a partir de um ponto de vista macroscópico. Aqui, restringimos a discussão a sólidos opacos.
A radiação que atinge a superfície de um sólido opaco é absorvida ou refletida. A fração da energia incidente que é
absorvida é denominada absortividade e é dada pelo símbolo a. A fração da energia radiante com freqüência v que é ab-
sorvida é designada a •. Assim, a e a. são definidas como
(16.2-1, 2)
na qual q.<•ldve q.<'1dv são as energias incidente e absorvida por unidade de área e de tempo na faixa de freqüência ve v +
dv. Para todo corpo, a.é menor que 1, e varia consideravelmente com a freqüência. Um corpo hipotético para o qual a.é
uma constante menor do que 1 sobre toda a faixa de freqüência e toda temperatura é chamado de cOJpo cinza. Assim, um
corpo cinza sempre absorve a mesma fração da radiação incidente de qualquer freqüência. Um caso limite de corpo cinza
é o que a.= 1 para todas as freqüências e todas as temperaturas. Este comportamento limite define um corpo negro.
Todas as superfícies sólidas emitem energia radiante. A energia radiante total emitida por unidade de área e de tempo
é designada por qM, e a emitida na faixa de freqüência v e v + dv é chamada q J•!dv. Em termos destas quantidades, define-
se as emissividades total e a associada a urna dada freqüência como
(16.2-3, 4)
A emissividade é também uma quantidade menor que a unidade para superfícies reais, e não-fluorescentes, e é igual a um
para corpos negros. A uma temperatura qualquer, a energia radiante emitida por um corpo negro representa um limite
superior para a energia radiante emitida por superfícies reais não-fluorescentes.
Agora, vamos considerar a radiação no interior de uma cavidade evacuada com paredes isotérmicas. Imaginemos que
o sistema esteja em equilíbrio. Nesta condição, não existe saldo no fluxo de energia através das interfaces entre o sólido e
a cavidade. Vamos demonstrar que a radiação nesta cavidade é independente da natureza do sólido, dependendo exclusi-
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 467
vamente da temperatura das paredes da cavidade. Conectamos as duas cavidades, cujas paredes estão à mesma tempera-
tura, mas são feitas de materiais diferentes, como mostra a Fig. 16.2-1. Se as intensidades de radiação nas duas cavidades
fossem diferentes, haveria um transporte líquido de energia radiante de uma cavidade para a outra. Como este fluxo vio-
laria a segunda lei da termodinâmica, as intensidades de radiação nas duas cavidades devem ser iguais, a despeito da dife-
rença de composição de suas superfícies. Além disso, pode ser demonstrado que a radiação é uniforme e não-polarizada
em toda a cavidade. Esta radiação de cavidade tem um importante papel no desenvolvimento da lei de Planck. Designa-
mos a intensidade de radiação como q(ca•J. Esta é a energia radiante que atingiria uma superfície sólida com área unitária
localizada em qualquer lugar da cavidade.
Material 1 Material2
Faremos agora duas experiências imaginárias. Na primeira delas, colocamos na cavidade um pequeno corpo negro à
mesma temperatura que as paredes da cavidade. Não haverá um intercâmbio líquido de energia entre o corpo negro e as
paredes da cavidade. Portanto, a energia que atinge a superfície do corpo negro deve ser igual à energia emitida por ele:
q(cav) = qbe) (16.2-5)
Deste resultado, chegamos à importante conclusão de que a radiação emitida por um corpo negro é a mesma que a inten-
sidade de radiação de equilíbrio no interior de uma cavidade à mesma temperatura.
Na segunda experiência imaginária, colocamos um pequeno corpo não-negro dentro da cavidade, novamente especifi-
cando sua temperatura como igual às das paredes da cavidade. Conseqüentemente, podemos afirmar que a energia absor-
vida pelo corpo não-negro será a mesma que a que dele se irradia:
aq<cav) = q(e) (16.2-6)
A comparação entre as Eqs. 16.2-5 e 6 conduz ao resultado
q(e)
a=- (16.2-7)
qr>
A definição de emissividade e pela Eq. 16.2-3 permite concluir que
(16.2-8)
Esta é a Lei de Kirchhojf, 1 que declara que, a uma dada temperatura, a emissividade e absortividade de qualquer superfície
são iguais, desde que a radiação esteja em equilíbrio com a superfície do sólido. Pode ser demonstrado que a Eq. 16.2-8
aplica-se igualmente para cada comprimento de onda:
(16.2-9)
Os valores da emissividade total e para alguns sólidos estão dados na Tabela 16.2-1. Na verdade, e depende também da
freqüência e do ângulo da emissão, mas os valores médios dados na tabela são muito usados. Os valores tabelados sãô,
com poucas exceções, para a emissão normal à superfície, mas podem ser usados para a emissividade hemisférica, parti-
cularmente em superfícies rugosas. Superfícies metálicas limpas e não-oxidadas possuem emissividades muito baixas,
enquanto a maioria dos não-metais e óxidos metálicos possuem emissividades acima de 0,8 à temperatura ambiente ou
acima. Note que a emissividade cresce com a temperatura para quase todos os materiais.
1 G. Kirchhoff, Monatsber. d. preuss. Acad. d. Wissenschaften, p. 783 (1859); Pogge11dorffs An11ale11, 109, 275-301 (1860). Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887)
publicou suas famosas leis para circuitos elétricos enquanto aluno de pós-graduaçaõ; ele lecionou em Breslau, Heidelberg e em Berlim.
468 CAPITULO DEZESSEIS
Mencionamos que a energia radiante emitida por um corpo negro é o limite superior para a energia radiante emitida por
superfícies reais, e que esta energia é urna função de temperatura. Foi demonstrado experimentalmente que o fluxo de
energia total emitida por uma superfície negra é
2
onde Té a temperatura absoluta. Esta é conhecida como a Lei de Stefan-Boltzmann • A constante de Stephan-Boltzrnann
T tem o valor de 0,1712 X 10-s Btu/h·ft2·R ou 1,355 X 10- 12 cal/s·cm2 ·K. Na próxima seção indicaremos os caminhos
teóricos pelos quais esta importante fórmula foi obtida. Para superfícies não-negras à temperatura T, o fluxo emitido é
onde e deve ser avaliado à temperatura T. O uso das Eqs. 16.2-1 Oe 11 para o cálculo das taxas de transferência de calor
entre superfícies aquecidas será discutido nas Seções 16.4 e 16.5.
T(ºR) T(ºR) e
Alumínio
Altamente polido, 98,3% puro 900 0,039 1530 0,057
Oxidado a 1110ºF 850 0,11 1570 0,19
Teto recobertó com Al 560 0,216
Cobre
Altamente polido, eletrolítico 636 0,018
Oxidado a 1110ºF 850 0,57 1570 0,57
Ferro
Altamente .polido, eletrolítico , 810 0,052 900 0,064
Completamente enferrujado 527 0,685
Ferro fundido, polido 852 0,21
Ferro fundido, oxidado a 1110ºF 850 0,64 1570 0,78
Papel de asbesto 560 0,93 1160 0,945
Tijolo
Vermelho, áspero 530 0,93
Sílica não vitrificada, áspera 2292 0,80
Sílica vitrificada, áspera 2472 0,85
Negro de fumo 0,003 in ou mais, de espessura 560 0,945 1160 0,945
Tintas
Laca preta brilhante sobre ferro 536 0,875
Laca branca 560 0,80 660 0,95
Tintas a óleo, 16 cores 672 0,92-0,96
TLr1tas aluminizadas, idade 672 0,27-0,67
e conteúdo de laca variáveis
Refratários, 40 diferentes tipos
Radiadores fracos 1570 0,65-0,70 2290 0,75
· Radiadores bons 1570 0,80-0,85 2290 0,85-0,90
Água, líquidos, camada espessab 492 0,95 672 0,963
'Valores selecionados da tabela compilada por H. C. Hottel para W. H. McAdarns, Heat Transmission, 3! edição, McGraw-Hill, Nova York (1954), pp. 472-479.
b Calculados apartir de dados espectrométricos.
2
J. Stephan, Sitzber. Akad. Wiss. Wien, 79, 391-428 (1879); L. Boltzmann, :11111. Phys. (Wied.A1111) Ser. 2, 22, 291-294 (1884). Nascido na Slovenia, Josef Stefan (1835-
1893), Reitor da Universidade de Viena (1876-1877), além de ser conhecido pela lei da radiação que leva o seu nome, contribuiu também para a teoria da difusão
multicomponente e para o problema da condução de calor com mudança de fase. Ludwig Eduard Boltzmann (1844-1906), que foi professor em Viena, GrdZ, Munique
e Leipzig, desenvolveu a equação diferencial básica da teoria cinética dos gases (veja o Apêndice D) e a relação fundamental entre entropia e probabilidade, S = Kln W,
que está gravada em sua lápide em Viena; K é denominada "constante de Boltzmann".
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 469
Mencionamos que a constante de Stefan-Boltzmann foi determinada experimentalmente. Isto quer dizer que temos a nossa
disposição um corpo realmente negro. Sólidos com superfícies perfeitamente negras não existem. Entretanto, podemos obter
uma excelente aproximação para uma superfície negra fazendo um furo muito pequeno na parede de uma cavidade isoténnica.
O próprio furo comporta-se como uma superfície, muito aproximadamente, negra. A medida de quanto o furo é uma boa apro-
ximação pode ser avaliada com auxílio da seguinte relação, que dá a emissividade do furo, efuro• em uma cavidade com paredes
rugosas em termos da emissividade e das paredes da cavidade e da fração f da área total interna da cavidade cortada pelo furo:
e = e (16.2-12)
furo - e + f(l - e)
Se e= 0,8 ef = 0,001, então eft,,0 = 0,99975. Portanto, 99,975% da radiação que incide no furo será absorvida. A radiação
que emerge do furo será muito aproximadamente a radiação de um corpo negro.
(16.3-3)
ao gás de fótons ou radiação na cavidade. Empregando u<rl = Vulrl e p<rJ = !u<rJ nesta relação, obtém-se a seguinte equação
diferencial para u(r)(T):
(16.3-4)
(16.3-6)
Esta é a lei de Stefan-Boltzmann. Note que a dedução termodinâmica não prevê o valor numérico deu.
A segunda via para a dedução da lei de Stefan-Boltzmann é por integração da lei da distribuição de Planck. Estafamo-
sa equação dá o fluxo de energia radiante q~l de um corpo negro na faixa de comprimento de onda entre À e À + dA:
(16.3-7)
1
J. de Bôer, Capítulo Vil em Leerboek der Naturkzmde, 3.' edição, (R. Kronig, ed.), Scheltema e Holkema, Amsterdam (1951).
2
H. B. Callen, Thermodynamics and an lntroductio11 Thermostatics, 2.' edição, Wiley, Nova York, pp. 78-79.
3
M. Planck, Vorles1mgen über die Tlzeorie des Wiin11estrah/ung, 5.'edição Barth, Leipzig (1923); An11. Phys., 4, 553-563, 564-566 (1901).
470 CAPÍTULO DEZESSEIS
Aqui, h é a constante de Planck. O resultado pode ser deduzido por aplicação da estatística quântica a um gás de fótons em
uma cavidade, os fótons obedecendo à estatística de Bose-Einstein.4•5 A distribuição de Planck, mostrada na Fig. 16.3-1 prevê
corretamente a curva completa de energia versus comprimento de onda e o desvio de seu máximo na direção de comprimen-
tos mais curtos a temperaturas mais alras. Quando a integração é efetuada para todos os comprimentos de onda, obtém-se
21T:r<4T4
c2Jz3
(6 ,{;;;1~ l)
n4
(16.3-9)
que tem o valor 1,355 X 10- 12 cal/s·cm2•K, que é confirmado dentro da incerteza experimental por médias diretas da radi-
ação. A Eq.16.3-9 é uma fórmula surpreendente, que relaciona o- da radiação, o K da mecânica estatística, a velocidade da
luz e do eletromagnetismo, e o h da mecânica quântica.
80 \
'.~ 70
\
~
'" 60
"O
"'
>
:;; 50 \
~ 2800ºF\
<U
"O 40
]"'
B
e:: 30 / ~
\\
1
,.:;
20
~ "-...
2200º F
~
10
o
p ........... -=::...; ~
ºU 1
Espectro visível
4 7
Comprimento de onda, A microns
10 Fig. 16.3-1. O espectro da radiação de equilíbrio dado pela lei de Planck.
[M. Planck, Verh. der deutschen physik. Gesell., 2, 202-237 (1900); Ann.
0,3-0,7 mícron der Physik, 4, 553-563, 564-566 (1901).
'J. E. Mayer e M. G. Mayer, Sratistical Mechanics, Wiley, Nova York (1940), pp. 363-374.
5
L. D. Landau e E. M. Lifshitz, Statistical Physics, 3.' edição, Parte 1, Pergamon, Oxford (1980), §63.
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 471
Além de obter a lei de Stefan-Boltzmann a partir da distribuição de Planck, podemos obter uma importante relação
pertencente ao máximo da distribuição de Planck. Antes, escrevemos a Eq. 16.3-7 em termos dexe fazemos dq~lldx =O.
Obtém-se a seguinte equação para xmá« o valor para o qual a distribuição de Planck passa pelo máximo:
Xmáx = 5(1 - e-x,,,,) (16.3-10)
A solução desta equação determinada numericamente é Xm.1x = 4,9651.. .. Portanto, a uma dada temperatura T,
eh
Àmáx.T = K."Cmáx· (16.3-11)
Inserindo as constantes universais e o valor de xmi,, obtemos
Amáx.r = 0,2884 cm K (16.3-12)
Este resultado, originalmente determinado experimentalmente, 6 é conhecido como a Lei do deslocamento de Wien. Ele é
útil primariamente para a estimativa da temperatura de objetos remotos. A lei prevê, em concordância com a experiência,
que a cor aparente da radiação desloca-se do vermelho (comprimento de onda longo) na direção do azul (comprimento de
onda curto) quando a temperatura cresce.
Finalmente, podemos reinterpretar alguns de nossos comentários prévios em termos da lei de distribuição de Planck.
Na Fig. 16.3-2 esboçamos três curvas: a lei da distribuição de Planck para um corpo negro hipotético, a distribuição para
um corpo cinza hipotético e uma curva de distribuição para um corpo real. Fica claro que quando usamos valores para a
emissividade total, como aqueles da Tabela 16.2-1, estamos apenas considerando empiricamente os desvios para a distri-
buição de Planck por todo o espectro.
(e)
q,\
Não deveríamos deixar o tema da distribuição de Planck sem dizer que a Eq. 16.3-7 foi apresentada na reunião de ou-
tubro de 1900 da Sociedade Alemã de Física como um empiricismo que se ajustava aos dados disponíveis.7 Entretanto,
antes do final do ano, 8 Planck conseguiu demonstrar a equação, sob a hipótese radical da quantização da energia, uma
idéia que foi recebida com pouco entusiasmo. O próprio Planck tinha restrições a esse respeito, como está claramente
declarado no seu livro-texto. 9 Em uma carta de 1931 ele escreveu:" ... o que eu fiz pode ser descrito como um ato de
desespero ... eu estive brigando sem sucesso por seis anos ... com o problema de equilíbrio entre radiação e a matéria, e
sabia que o problema era de importância fundamental..." Então, Planck segue dizendo que estava "pronto para sacrificar
todas as minhas convicções prévias sobre as leis da física" exceto pela primeira e segunda leis da lermodinâmica. 10 A pro-
posição radical de Planck conduziu a física a uma nova e excitante era, e a mecânica quântica penetrou a química e outros
campos científicos do século XX.
10
A. Hennann, The Génesis o/Quantum The01y, MIT Press (1971), pp. 23-24.
472 CAPÍTULO DEZESSEIS
EXEMPLO 16.3-1
Temperatura e Emissão de Energia Radiante do Sol
Para cálculos aproximados, o sol pode ser considerado um corpo negro, emitindo radiação com intensidade máxima a À =
0,5 mícron (5000 Á). Com esta informação, estime (a) a temperatura da superfície do sol e (b) o fluxo térmico emitido
pela superfície solar.
SOLUÇÃO
(a) Da lei do deslocamento de Wien, Eq. 16.3-12,
(e) qÍel aT 4
qb8 = 11
cos e = 1T cos e (16.4-1)
onde q~b é a energia emitida por unidade de área, de tempo e de ângulo sólido na direção e(veja a Fig. 16.4-1). A energia
emitida através do ângulo sólido sombreado é q~~ sen edcp por unidade de área de superfície do corpo negro. A integração
da expressão para q~J sobre o hemisfério inteiro dá a energia total emitida, já conhecida:
f, kf,~ qÍ~ sen ede def; = u'TTrf,kf,~ cos e sen ede d</>
0 0 0 0
= uT 4 = q~l (16.4-2)
n.4.
Superfície negra
Fig. 16.4·1. Radiação a um ângulo Oda normal
e
à superfície para um ângulo sólido sen d Bd efi.
1
H. Lambert, Photometria, Augsburg (1760).
TRANSPOR1E DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 473
Corpo 1
Ângulo sólido
sen 81 d81 d<P 1
Da energia que deixa dA 1 sob o ângulo 81, apenas a fração dada pela seguinte expressão interceptará dA 2 :
Esta é a energia radiante emitida por dA 1 e interceptada por dA 2 por unidade de tempo. De modo similar, podemos escrever
que é a energia radiante emitida por dA 2 que é interceptada por dAi por unidade de tempo. A taxa líquida de transporte de
energia de dAi para dA 2 é, por conseguinte,
dQ12 = dQ_,. - dQ_.
12 21
Portanto, a taxa líquida de transferência de energia de um corpo negro isotérmico 1 para outro corpo negro isotérmico 2 é
(]'
Q12 = r, (T 1
4
-
4
T 2)
JJ cos 81f cos 82 dA dA 1 2 (16.4-8)
1 2
Deve ser entendido que a integração é restrita àqueles pares de áreas dA 1 e dA 2 que estão em plena linha de visada. Este
resultado é convencionalmente escrito sob a forma
(16.4-9)
onde A 1 e A 2 são usualmente escolhidos para serem as áreas totais dos corpos 1 e 2. As quantidades adimensionais F 12 e
F 21 , denominadas fatores de forma, são dadas por
(16.4-10)
(16.4-11)
e os dois fatores de forma são relacionados por A 1 F 12 = A 2F 21 • O fator de forma F 12 representa a fração de radiação que
deixa o corpo 1 e que é diretamente interceptada pelo corpo 2.
O cálculo dos fatores de forma é um problema difícil, exceto para algumas situações muito simples. Na Fig. 16.4-3 e na
Fig. 16.4-4, alguns destes fatores para radiação direta são apresentados. 2·3.4 Quando estas cartas estão disponíveis os cálcu-
los de intercâmbio de energia pela Eq. 16.4-9 são fáceis.
~=0,1
0,2
0,3
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
y
1,6
2,0
3,0
4,0
6,0
8,0
Fig. 16.4-3. Fatores de forma para radiação direta entre retângulos adjacentes em planos perpendiculares. [H. C. Hottel, Cap. 3 em W. H.
McAdams, Heat Transmission, McGraw-Hill, Nova York (1954), p. 68.]
1,0
0,9
0,8
I~ 0,7
::i
o
0,6
~
d
§ 0,5 Curvas
.8 Fo1TI1a para'F
'"'
"O 0,4 Discos
o
a: 0,3 Quadrados
L
0,2 Retângulos, W =2 7
L
0,1 4 Retângulos, W = co
ºo Relacão, Diâmetro ou lado menor
7
Fig. 16.4-4. Fatores de forma para radiação direta entre formas idênticas opostas em planos paralelos. [H. C. Hottel, Cap. 3 em W. H. McAdams,
Heat Transmission, McGraw-Hill, Nova York (1954), 3." edição, p. 69.J
Neste desenvolvimento, supusemos que as leis de Lambert e de Stefan-Boltzmann podem ser usadas para descrever o
processo de transporte fora do equilíbrio, a despeito do fato de que elas são, a rigor, válidas apenas para a radiação de
equilíbrio. Os erros introduzidos não parecem ter sido profundamente estudados, mas aparentemente as fórmulas resultan-
tes dão uma boa descrição quantitativa.
Até agora nos preocupamos em interações por radiação entre dois corpos negros. Agora queremos considerar um con-
junto de superfícies negras 1,2,. .., n, que formam as paredes de um espaço fechado. As superfícies estão mantidas às tem-
peraturas T1, T2 ,. .. , T,,, respectivamente. O fluxo térmico líquido de qualquer das superfícies para as demais superfícies do
espaço é
Q;e aA; ±
j=l
F;/Tf - Tj) 1, 2, ... 'i1 (16.4-12)
ou
i = 1, 2, ... ,n (16.4-13)
As somas nas Eqs. 16.4-13 e 14 incluem o termo F;;, que é zero para qualquer objeto que não intercepte qualquer de seus
raios. O conjunto de n equações pode ser resolvido para a determinação das temperaturas ou das taxas de transferência de
calor, dependendo das condições disponíveis para o problema particular.
A solução simultânea das Eqs. 16.4-13 e 14 de interesse especial é aquela para a qual Q3 = Q4 = ... = Q,, =O. As super-
fícies 3, 4, ... , n são chamadas aqui de "adiabáticas". Nesta situação, podemos eliminar do cálculo da taxa de transferência
de calor as temperaturas de todas as superfícies exceto as de 1 e 2, e obter a solução exata para a taxa líquida de transferên-
cia de calor da superfície 1 para a 2:
(16.4-15)
Valores de F 12 para uso nesta equação são apresentados na Fig. 16.4-4. Estes valores se aplicam apenas quando as paredes
adiabáticas são formadas por elementos de linha perpendiculares às superfícies 1 e 2.
476 CAPÍTULO DEZESSEIS
Terra
92,9 milhões
de milhas Fig. 16.4-5. Estimativa da constante solar.
O emprego destes fatores de formaF e F- simplifica grandemente os cálculos para radiação de corpos negros, quando as
temperaturas das superlícies 1 e 2 são uniformes. O leitor que queira informações adicionais sobre a transferência de calor
radiante em cavidades deve buscar a literatura. 4
EXEMPLO 16.4-1
Estimativa da Constante Solar
O fluxo térmico radiante que atinge a atmosfera terrestre oriundo do sol foi denominado por "constante solar" e é impor-
tante para a utilização de energia solar assim como em meteorologia. Denomine o sol como corpo 1 e a terra como corpo
2, e use os seguintes dados para calcular a constante solar: D1 = 8,60 X 105milhas; r 12 = 9,29 X 107milhas; q~J = 2,0 X
107 Btu/h·ft2 (do Exemplo 16.3-1).
SOLUÇÃO
Na terminologia da Eq. 16.4-5 e Fig. 16.4-5,
dQi? aT{f
constante solar = - d-A = - 7- cos e1dA 1
cos 02 2 1i1']2
2
CT~i (1TDi)
1TTJ2 4
= ~ (-rº1)
4 12
10 (8,60 X 1~)
7 2
= 2,0 X
4 9,29X10'
= 430 Btu/ h · ft2 (16.4-16)
Este resultado concorda satisfatoriamente com outras estimativas que têm sido feitas. A suposição de r 12 constante no in-
tegrando é admissível já que a distância r12 varia menos que 0,5% sobre a superfície do sol. A integral restante J cos fJ 1dA 1
é a área projetada do sol como vista da terra, ou muito aproximadamente nDf/4.
EXEMPLO 16.4-2
Transferência de Calor Radiante entre Discos
Dois discos negros com diâmetros de 2 ft estão colocados diretamente em oposição à distância de 4 ft. O disco 1 é
mantido a 2000º R, e o disco 2 a 1OOOºR. Calcule a ta,""<a de transferência de calor entre os dois discos (a) quando não estão
presentes outras superfícies, e (b) quando os dois discos são conectados por uma superfície negra de cilindro reto adiabá-
tica
(a) Da Eq. 16.4-9 e da curva 1 da Fig. 16.4-4
(16.5-8)
1 A. K. Oppenheim, Trans. ASME, 78, 725-735 (1956); para traballlos anteriores, veja G. Poljak, Tech. Phys. USSR, I, 555-590 (1935).
478 CAPÍTULO DEZESSEIS
Superfície 2 à
temperatura T1 com
emissividade e1
Superfície 1 à
temperatura T, com
emissividade e,
Fig. 16.5-1. Radiação entre duas superfícies cinzas infirütas, paralelas.
·1+w,-:-WV:~"'M+
1 1
Potencial da radiação: crTf J1 '2 crT1
1
1
1
'---,----',__-~---1'-~-~
1-e1
Resistência à radiação:
e;Ai
Fig. 16.5-2. Circuito equivalente para o
sistema apresentado na Fig. 16.5-1.
Aqui, Q; é a taxa de adição de calor para a superfície Q; por meios não radiativos.
Equações semelhantes à Eq. 16.5-4, 7 e 8 aparecem na análise de circuitos de corrente contínua, empregando a lei de
Ohm da condução e a lei de Kirchhoff da conservação da carga. Assim, temos as seguintes analogias
Elétrica Radiativa
Corrente
Voltagem
Resistência
º
J ou uT4
(1 - e;)/e;1; ou l/(A;Fij)
Esta analogia permite uma diagramação simples de cirrnitos equivalentes para a visualização de sistemas simples de radi-
ação em cavidades. Por exemplo, o sistema da Fig. 16.5-1 dá o circuito equivalente apresentado na Fig. 16.5-2 e, portanto,
a taxa de transferência líquida de calor radiante é
a-{Ti - Ti)
(16.5-9)
Q 12 = 1 - e1 1 1-
--+--+
e1A1 Aif12
A solução de curto circuito resumida pela Eq. 16.4-15 foi generalizada para cavidades de superfícies não-negras, dando
(16.5-10)
no lugar da Eq. 16.5-8, obtida para uma cavidade com Q; =O parai= 2,3, ... , n. O resultado é análogo ao da Eq. 16.5-9,
exceto pelo fato de que F12 deve ser empregado no lugar de F 12 de modo a incluir caminhos indiretos de A1 paraA 2 , resul-
tando assim em uma taxa de tr::nsferência de calor mais elevada.
EXEMPLO 16.5-1
Escudos de Radiação
Deduza uma expressão para a redução da transferência de energia radiante entre dois planos paralelos, infinitos, cinzas,
com a mesma área, A, quando uma fina camada cinza de condutividade térmica muito alta é interposta entre elas como
mostra Fig. 16.5-3.
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RAD!AÇÃO 479
SOLUÇÃO
A taxa de radiação entre os planos l e 2 é dada por
Aa(Ti- Ti) Au{Ti- Ji)
Q12 = 1 - e1 1- (16.5-11)
--+1+ l+l-1
ei e1 e2
uma vez que os dois planos possuem a mesma área A e o fator de forma é a unidade. De forma semelhante, a transferência
de calor entre os planos 2 e 3 é
Aa(Ti- Tj) Au(T~ - Tj)
Q23 = 1 - e, 1 (16.5-12)
---+1+
ez
Estas duas últimas equações podem ser combinadas para a eliminação da temperatura do escudo de radiação, Ti. dando
(Q13)com (k + k l)
(Qn}.,m =(1 1 ) (1 1 )
\e;-+e;:-1 + e;:+r;-1
(16.5-15)
EXEMPLO 16.5-2
Perda de Calor de uma Tubulação Horizontal por Radiação e por Convecção Natural
Faça uma previsão da taxa de perda de calor por radiação e por convecção natural, da unidade de comprimento de uma
tubulação horizontal recoberta com asbesto. O diâmetro externo do isolante é de 6 in. A superfície externa do isolante está
a 560ºR, e o ar ambiente está a 540ºR.
SOLUÇÃO
Designemos por l a superfície do isolante e por 2 as paredes da sala. Então, a Eq. 16.5-3 dá
Q12 = uA1F12<e1Ti - a1Ti) (16.5-111)
Como a superfície da tubulação é convexa e localizada no interior da superfície 2, então F 12 = 1. Da Tabela 16.2-1, obtêm-se que
e 1 = 0,93 a 560ºR e a 1 = 0,93 a 540ºR. A substituição dos valores numéricos na Eq. 16.5-12 nos dá para 1 ft de tubulação:
480 CAPÍTULO DEZESSEIS
EXEMPLO 16.5-3
Radiação e Convecção Combinadas
Um corpo diretamente exposto ao céu noturno claro se resfriará a uma temperatura inferior à ambiente por radiação ao
espaço. Este efeito pode ser usado para congelar a água em bandejas rasas e bem isoladas do chão. Estime a temperatura
máxima do ar para a qual o congelamento é possível, desprezando a evaporação.
SOLUÇÃO
Como primeira aproximação, as seguintes suposições podem ser feitas:
a. Todo calor recebido pela água é através de convecção natural do ar ambiente, que, por suposição, está estacionário.
b. O calor de evaporação ou condensação da água não é significativo.
e. O regime permanente foi atingido.
d. A bandeja de água é de secção quadrada.
e. O retorno de radiação da atmosfera é desprezível.
A temperatura máxima permitida para o ar na superfície da água é T1 = 492ºR. A taxa de perda de calor por radiação é
Q(rad) = crA1e1T{ = (0,1712X10- 8)(L2)(0,95)(402) 4
= 95L 2 Btu/h · ft 2 (16.5-19)
onde L é o comprimento de um beiral da bandeja.
Para determinar o ganho de calor por convecção natural usamos a relação
Q(conv) = /zL2 (Tar - Tágu) (16.5-20)
onde h é o coeficiente de transferência de calor por convecção natural. Para o resfriamento do ar por um quadrado horizon-
tal voltado para cima, o coeficiente de transferência de calor é dado por2
(16.5-21)
onde h é expresso em Btu/h·ft2·F e a temperatura é dada em Rankine.
Quando as expressões para a perda de calor por radiação e ganho de calor por convecção natural são igualadas, obtêm-se
95L2 = 0,2L2(T., - 492) 514 (16.5-22)
A partir disso encontramos que a temperatura máxima elo ar é 630°R ou 170ºF. Exceto nas condições desérticas, o retomo
de radiação e a condensação de umidade reduzem, consideravelmente, a temperatura necessária para o ar.
2
W. H. McAdams, em Chemical Engineers Handboàk (J. H. Pcrry, Ed.), McGraw-Hill, Nova York (1950), 3.' edição, p. 474.
1
G. C. Pomraning, Radiation Hydrodynamics, Pergamon Press, Nova York (1973); R. Siegel e J. R. Howell, Thermal Radiation Heat Transfer, 3.' edição, Hemispherc
Publishing Co., Nova York (1992).
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 481
diferenciais para a taxa local de variação da energia dos pontos de vista tanto do material quanto da radiação. Isto é, consi-
deramos um meio material atravessado por radiação eletromagnética corno duas "fases" coexistentes: uma "fase materi-
al", consistindo de toda a massa do sistema, e uma "fase de fótons", consistindo de radiação eletromagnética.
No Cap. 11 apresentamos um balanço de energia para um sistema que não contém radiação. Estendemos aqui a Eq.
11.2-1 para a fase material considerando agora que há um intercâmbio com a fase de fótons por processos de emissão e
absorção:
a A A
Aqui introduzimos~ e Sl, que são, respectivamente, as taxas locais de emissão e absorção de fótons por unidade de volu-
me. Isto é,~ representa a energia perdida pela fase material resultante da emissão de fótons pelas moléculas, e .5il represen-
ta o ganho local de energia pela fase material resultante da absorção de fótons pelas moléculas (veja a Fig. 16.6-1). O q na
Eq. 16.6-1 é o fluxo térmico condutivo dado pela lei de Fourier.
Para a "fase de fótons", podemos escrever uma equação que descreve a taxa local de variação da densidade de energia
radiante u''>:
(16.6-2)
~----------------------1
1 Fóton 1
1 ~I
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
i Fóton i
1
1
1
i
f Emissão :
1
1
1
1 de fóton 1
o:
1 1
1 1
i
1
1
1
1 Fig. 16.6-1. Elemento de volume sobre o qual os balan-
1 1
~----------------------~ ços de energia são feitos; os círculos representam molé-
culas.
na qual qCrJ é o fluxo de energia radiante. Esta equação pode ser obtida escrevendo-se um balanço de energia em um ele-
mento de volume fixo no espaço. Note não haver um teffilo convectivo na Eq. 16.6-2, já que os fótons se movem indepen-
dentemente da velocidade material local. Note ainda que o termo(~ -Sl) aparece com sinais opostos nas Eqs. 16.6-1 e 2,
indicando que o ganho líquido de energia radiante ocorre às expensas de energia molecular. A Eq. 16.6-2 pode também ser
escrita para energia radiante restrita a faixa de freqüência de v a v + dv:
at élV
l_ = -(í/ . q(r))
V
+ ('8 _ :f1 )
V I•
(16.6-3)
o= _!!_q
dz z
+ :f1 (16.6-4)
482 CAPÍTULO DEZESSEIS
(16.6-6)
na qual mªé conhecida como coeficiente de extinção. Basicamente, esta equação nos diz que a taxa de absorção é propor-
cional à concentração de fótons.
EXEMPLO 16.6-1
Absorção de Feixe de Radiação Monocromática
Um feixe de radiação monocromática com freqüência v, focado paralelamente à direção do eixo z, passa através de um
fluido absorvente. A taxa local de absorção é dada por mª"q(p, onde mª" é o coeficiente de extinção para radiação de fre-
qüência v. Determine a distribuição do fluxo radiante q<~~z) no sistema.
SOLUÇÃO
Desprezamos a refração e o espalhamento do raio incidente. Também assumimos que o líquido é resfriado e que, portanto,
are-irradiação pode ser desprezada. Assim, a Eq. 16.6-5, para o regime permanente, toma-se
(16.6-7)
(16.6-8)
Esta é a lei da absorção de Lambert,2 de uso em fotometria. Para cada material puro, mav depende de V de uma forma
característica. A forma do espectro de absorção é, por conseguinte, uma ferramenta útil para a análise qualitativa.
PROBLEMAS
16A.1. Aproximação de um corpo negro por um furo numa esfera. Uma esfera fina àe cobre, com superfície interna
altamente oxidada, tem um àiâmetro de 6 in. Determine que diâmetro de furo deve ser feito na esfera para fazer
uma abertura com absortividade. de 0,99?
Resposta: Raio = 0,70 in.
16A.2. Eficiência de uma máquina solar. Um dispositivo para utilização de energia solar, desenvolvido por Abbot, 1
consiste de um espelho parabólico que foca a luz solar incidente sobre um tubo Pirex contendo um fluido de alta
temperatura de ebulição e quase negro. Este líquido circula para um cambiador de calor onde calor é transferido
para água superaquecida a 25 atm de pressão. Vapor pode ser retirado do sistema e usado para rodar uma máquina.
O projeto mais eficiente requer um espelho de 10 ft de diâmetro para gerar 2 hp, quando o eixo do espelho aponta
diretamente para o sol. Qual a eficiência global deste dispositivo?
Resposta: 15%.
16A.3. Necessidade de aquecimento radiante.
Um barracão é retangular com piso de 15 ft por 30 ft e teto a 7,5 ft acima do piso. O piso é aquecido por água
quente correndo em serpentinas. No inverno, as paredes externas e o teto ficam a - lOºF, aproximadamente. A que
taxa deve-se fornecer calor, através do piso de modo a manter a superfície do piso a 75ºF? (Suponha: serem negras
todas as superfícies do sistema.)
16A.4. Temperatura do teto no regime permanente. Estime a temperatura máxima de um teto horizontal a 45° latitude
norte no dia 21 de junho em tempo claro. A radiação de outras fontes além do sol podem ser desprezadas, e o coe-
ficiente de transferência de calor por convecção é estimado em 2,0 Btu/h · ft2 · F. A constante solar do Exemplo
16.4-1 pode ser usada, e a absorção e o espalhamento dos raios solares pela atmosfera pode ser desprezado.
(a) Resolva para um teto perfeitamente negro.
(b) Resolva para um teto revestido de alumínio, com absortividade de 0,3 para uma emissividade de 0,07 à tempe-
ratura do teto.
16A.5. Erros de radiação nas medidas de temperatura. A temperatura de uma coffente de ar em um duto está sendo
medida por um termopar. Os fios do termopar e a junção são cilíndricos, com 0,05 in de diâmetro, e se estende
através do duto perpendicular ao escoamento, com a junção em seu centro. Supondo que a emissividade da junção
é e= 0,8, estime a temperatura do gás a partir dos seguintes dados obtidos em condições pe1manentes:
A temperatura da parede é constante no valor dado por 20 diâmetros de duto a jusante e a montante da instalação
do termopar. Os fios do termopar são tais que a condução de calor ao longo deles pode ser desprezada.
1 C .G. Abbot, em Solar Energy Research (F. Daniels e l A. Duffie, eds.), University of Wisconsin Press, Madison (1955), pp. 91-95; veja também U.S. Patent No.
Tj'-Tt
0
(168.1-2)
T =Ti Ti
16B.2. Radiação através de região anular. Deduza uma expressão para a transferência de calor radiante entre dois cilin-
dros coaxiais longos 1 e 2. Mostre que
(168.2-1)
para os pares de planos sucessivos. Efeitos de cantos e de condução entre os espaços de ar devem ser desprezados.
(b) Determine a relação entre a taxa de transferência entre n placas idênticas e a taxa para duas placas idênticas.
(c) Compare seus resultados para três placas com o obtido no Exemplo 16.5-1.
A importante redução na taxa de transferência de calor produzido por um número de escudos de radiação em
série conduziu ao uso de camadas múltiplas de folhas metálicas para o isolamento de altas temperaturas.
16B.4. Radiação e condução através de meios absorventes. Uma placa de vidro, limitada pelos planos z = Oe z = o,
estende-se ao infinito nas direções x e y. A temperatura das superfícies z = Oe z = osão mantidas a T0 e Tõ, respec-
tivamente. Um feixqadiante uniforme e monocromático de intensidade q<'>o na direção z incide sobre a face em
z = O. A emissão no interior da placa, a reflexão e a radiação incidente na direção negativa dez podem ser despre-
zadas.
(a) Determine a distribuição· de temperatura na placa supondo m. e k constantes.
(b) Como a distribuição do fluxo térmico condutivo q, depende de m.?
16B.S. Resfriamento de um corpo negro no vácuo. Um corpo negro fino e de condutividade térmica muito alta possui
um volume V, área da superfície A, densidade p e calor específico êP. Em t = O, este corpo à temperatura T1é
colocado no interior de uma cavidade cujas paredes são mantidas permanentemente à temperatura T2 (T2 < T1 ).
Deduza uma expressão para a temperatura T do corpo negro em função do tempo.
16B.6. Perda de calor de um corpo isÕlado. Uma tubulação de 2 in padrão catálogo 40 (diâmetro interno 2,067 in, es-
pessura de parede O, 154 in) transportando vapor, é isolada com 2 pol de magnésia a 85% e envolta por uma ca-
mada externa de folha de alumínio (e= 0,05). A superfície interna da tubulação é de 250ºF e a tubulação horizon-
tal está circundada por ar a 1 atm e 80ºF.
(a) Calcule o fluxo condutivo de calor por unidade de comprimento (Q«and>/L) da tubulação e isolante para as tem-
peraturas supostas de T0 de lOOºF e 250ºF na superfície externa da folha de alumínio.
(h) Calcule a perda de calor por radiação e convecção natural, Q<rad>/L e Q<canv>;L, para as mesmas temperaturas
supostas.
(c) Obtenha uma solução gráfica ou numérica por interpolação para os valores em regime permanente de T0 e Q«ondl/
L = Q(radl/L + Q(conv)/[.
16C.I. Cálculo da integral do fator de forma para um par de discos (Fig. 16C.1). Dois discos paralelos perfeitamente
negros de raio R estão dispostos à distância H. Avalie o fator de forma para este caso e mostre que
(16.1-1) 2
~ C. Christiansen, Wiedeman!l's Anil. d. Physik,19, 267-283 (1883); veja também M. Jakob, HeatTransfer, vol. II, Wiley, Nova York (1957), p. 14.
TRANSPORTE DE ENERGIA POR RADIAÇÃO 485
onde B ==R/H.
~-T
: 1
!
~-
1 1
I
l+--R--.i Fig. 16.C.1. Dois discos perfeitamente negros.
16D.L Perda de calor por um fio transportando uma corrente elétrica. 3 Um fio eletricamente aquecido de compri-
mento L perde calor para o ambiente por radiação. Se as extremidades do fio são mantidas à temperatura T0 obte-
nha uma expressão para a variação axial da temperatura do fio. Pode-se considerar que o fio esteja irradiando para
um ambiente negro à temperatura T0 •
3 H. S. Carslaw e J. C. Jaeger, Conduction of Hear i11 Solids, 2.' edição, Oxford University Press (1959), pp. 154-156.
17.1 LEI DE f ICK DA DIFUSÃO BINÁRIA 17.5º TEORIA DA DIFUSÃO EM SUSPENSÕES COLOIDAIS
(TRANSPORTE MOLECULAR DE MAssA) 17.6º TEORIA DA DIFUSÃO DE POLlMEROS
17.2 ÜEPENDÊNCIA DA DIFUSIVIDADE EM RELAÇÃO À 17.7 TRANSPORTE MÁSSICO ÊMOLAR roR CONVECÇÃO
TEMPERATURA E À PRESSÃO 17.8 RESUMO DOS FLUXOS MÁSSICO E MOLAR
17.3º TEORIA DA DIFUSÃO EM GASES A BAIXAS 17.9º fü EQ!JAÇÕES DE MAxWELL-5TEFAN PARA
DENSrDADES SISTEt\MS MULTICOMPONENTES DE GASES A BAIXAS
17.4° TEORlA DA DIFUSÃO EM lÍQ!JIDOS BINÁRIOS DENSIDADES
No Cap. 1, apresentamos a lei de Newton da viscosidade, e iniciamos o Cap. 9 com a lei de Fourier da condução de calor.
No presente capítulo, apresentamos a lei de Fick da difusão, que descreve o movimento de uma espécie químicaA em uma
mistura binária de A e B, que decorre de um gradiente de concentração de A.
O movimento de uma espécie química de uma região de alta concentração para uma região de baixa concentração pode
ser observado lançando-se um pequeno cristal de permanganato de potássio em um bécher com água. O KMn04 começa
a se dissolver na água e na região em torno do cristal aparece uma coloração púrpura escura, indicativa de uma solução
concentrada de KJvln04 • Devido ao gradiente de concentração que se estabelece, o KMn0 4 se difunde para fora da região,
podendo-se acompanhar o progresso da difusão pelo crescimento da região de coloração púrpura.
Na Seção 17.1 apresentamos a lei de Fick da difusão para misturas binárias e definimos a difusividade '211,1 8 para o par A-
B. A seguir, apresentamos uma breve discussão sobre a influência da pressão e da temperatura sobre a difusividade, bem
como um resumo das teorias disponíveis para a previsão da difusi vidade para gases, líquidos, sistemas coloidais e polímeros.
No final do capítulo, discutiremos o transporte de massa de uma espécie química pelo mecanismo de convecção, fazendo
assim um paralelo aos tratamentos apresentados nos Caps. 1 e 9 para o transporte de momento e de calor. Também introduzimos
as unidades de concentração, expressas em moles, e a notação pertinente para descrever a difusão em termos dessa unidade.
Finalmente, apresentamos as equações de Maxwell-Stefan para sistemas multicornponentes em fase gasosa a baixas densidades.
Antes de iniciarmos a discussão, vamos adotar a seguinte notação. No caso de difusão em sistemas multicomponentes,
designaremos as espécies químicas com letras gregas a.,~. 'Y· .. na forma de subscrito. No caso da difusão binária, usamos
a forma maiúscula dos caracteres latinos A e B. Para a autodifusão (difusão de espécies químicas com propriedades químicas
semelhantes), identificamos essas espécies como A e A*. A espécie designada por A* pode diferir da espécie A em relação
a outras propriedades como radioatividade ou uma outra propriedade correlata como massa, momento magnético ou spin. 1
O uso dessa notação nos permite, de imediato, constatar o tipo de sistema a que uma dada fórmula é aplicável.
'E. O. Stejskal and J. E. Tanner,]. Chem. Phys.. 42, 288-292 (!965); P. Stilbs, Prog. NMR Spectros, 19, 1-45 (1987); P. T. Callaghan and J. Stepisnik, Adv. Magn. Opt.
Reson., 19, 325-388 (1996).
490 CAPITuLO DEZESSETE
t == O, o ar, em contato com a face inferior da placa, é subitamente substituído por hélio puro, que é solúvel em sílica. Em
decorrência do movimento de suas moléculas, o hélio lentamente penetra na placa e finalmente aparece na fase gasosa localizada
na região acima da face superior da placa. O transporte molecular de urna substância relativo a urna outra substância é conhecido
como difusão (também conhecido como difusão mássica, difusão por gradiente de concentração ou ainda como difusão
ordinária). O ar acima da placa está sendo rapidamente substituído, de modo que há uma expressiva acumulação de hélio
nessa região. Temos assim uma situação que pode ser representada pela Fig. 17 .1-1; esse processo é análogo ao descrito nas
Figs. 1.1-1 e 9.1-1, nas quais foram respectivamente definidas a viscosidade e a condutividade térmica.
No sistema aqui considerado, designaremos o hélio corno a "espécie A" e a sílica como a "espécie B". As concentrações
serão definidas em termos das "frações mássicas" wA e w8. A fração mássica wA é a massa de hélio dividida pela soma das
massas de hélio e de sílica em um dado elemento de volume microscópico. A fração mássica w8 é definida de forma análoga.
Espessura da placa! 1
de sílica fundida = Y t<O
(substância B)
~~~~~~~~~~~~~~~
t=O
Para t < O, a fração mássica de hélio, wA, é nula em todos os pontos. Para t >O, na face inferior da placa, y == O, a fração
mássica de hélio é igual a W.40, sendo esta última expressa em termos da fração mássica e correspondente à solubilidade do
hélio na sílica. À medida que o tempo cresce se desenvolve um perfil de fração mássica, com wA == w.40 na face inferior da
placa e wA == Oria face superior da placa. Conforme o tempo cresce, o perfil tende a se estabelecer na forma de uma linha
reta, como indicado na Fig. 17.1-1.
No regime permanente, verifica-se que o fluxo de massa de hélio wAy que ocorre na direção positiva do eixo dos y pode
ser descrito com uma boa aproximação pela relação
WAy U. úJAO - Ü
A=p'5JAB--y- (17.1-1)
Isso significa que a taxa de transferência de massa de hélio por unidade de área (ou fluxo mássico) é proporcional à diferença
da fração mássica dividida pela espessura da placa. Aqui p representa a densidade do sistema sílica-hélio, sendo 0JA 8 o
fator de proporcionalidade, conhecido como a difusividade do sistema sílica-hélio. Agora, reescrevemos a Eq. 17 .1-1 para
um elemento diferencial d~ volume dentro da placa:
. _ U. dúJA
}Ay - -p'!J)AB dy (17.1-2)
Aqui wA/A foi substituído por }Ay• que representa o fluxo molar de massa de hélio na direção positiva do eixo dos y. Note
que o primeiro índice, A, designa a espécie química (neste caso, o hélio) e o segundo índice indica a direção na qual o
transporte difusivo da espécie A está ocorrendo (no caso, a direção y).
DfFUS!VlDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE iVlASSA 491
A Eq. 17 .1-2 é a forma unidimensional da primeira lei da difusão de Fick. 1 Ela é válida para qualquer mistura binária
sólida, líquida ou gasosa, desde quejAv seja definido corno o fluxo de massa relativo à velocidade da mistura, v". Para o
sistema ilustrado na Fig. 17.1-1, o héli.o está se movendo bastante devagar e sua concentração é muito pequena, de modo
que, durante o processo de difusão, v,. pode ser considerado não-nulo.
Em geral, para uma mistura binária
(17.1-3)
Assim v é uma média na qual as velocidades das espécies químicas, vA e v8 , são ponderadas i;;m relação às suas respectivas
frações rnássicas. Essa velocidade é definida como velocidade mássica média. A velocidade vA não é propriamente a
velocidade instantânea de uma molécula de A, mas sim a média aritmética das velocidades de todas as moléculas de A
contidas em um elemento de volume de pequenas dimensões.
De uma forma geral, o fluxo de massajA.v é definido por
ÍAy = púJA(VAy - Vy) (17.1-4)
O fluxo de massaj8.v é definido de forma análoga. Na medida em que ocorre uma intradifusão entre as espécies químicas,
ocorre também, e localmente, um deslocamento do centro de massa na direção y no caso em que as massas moleculares de
A e B forem diferentes. Os fluxos de massajA.v ej8.v são definidos de tal forma quejA.v + j 8.v =O. Em outras palavras, os
fluxos j,1.v e j 8.v são medidos em termos do movimento do centro de massa. Esse ponto será discutido em detalhe nas Seções
17.7 e 8.
Se escrevermos equações similares à Eq. 17.1-2 para as direções x e z e combiná-las, obteremos a forma vetorial da lei
deFick:
jA = -p0JAB':/ú;A (17.1-5)
Uma relação semelhante pode ser escrita para a espécie B:
fa = -p<!IJBAVúJa (17.1-6)
No Exemplo 17.1-2, admitimos ®8A= ®Aa· Assim, para o par A-B necessitamos definir um único valor de difusividade; de
um modo geral, a difusividade é função da pressão, da tempera!ura e da composição da mistura.
A difusividade mássica Qi)A 8 , a difusividade térmica a= k/pCPe a difusividade de momento (viscosidade cinemática)
v = µJp têm dimensão de (comprimento)2/tempo. As relações entre essas três grandezas são, portanto, por relações ou
grupos adimensionais:
Esses grupos adimensionais, definidos em termos das propriedades físicas dos fluidos, exercem um papel importante na
forma adimensional das equações que descrevem os processos de transporte que ocorrem simultaneamente. (Nota: Em
alguns casos, o_número de Lewis é definido de forma inversa à que foi antes definido).
Nas Tabelas 17.1-1, 2, 3 e 4 são apresentados alguns valores de ®As em cm2/s para alguns gases, líquidos, sólidos e
sistemas poliméricos, os quais podem ser convertidos em m2/s bastando, para isso, multiplicá-los por 10-4 • A baixas
densidades, a difusividade de gases é praticamente independente de wA, aumenta com a temperatura e varia inversamente
com a pressão. A difusividade de sólidos e de líquidos é fortemente dependente da concentração e geralmente aumenta
1
A. Fick, Ann. der Physik, 94, 59-86 (1855). A segunda lei de Fick, análoga à equação de condução de calor dada pela Eq. 11.2-10, é dada pela Eq. 19. 1-18. AdolfEugen
}'ick (!829-1901) foi um médico e docente nas universidades de Zurique e Marburg, tomando-se mais tarde Reitor da Universidade de Würzburg. Postulou as leis da
difusão por analogia à condução de calor e não por experimentos.
'Esses grupos foram assim denominados em homenagem a: Ernst Heinrich Wilhelm Schmidt (1892-1975), docente da> universidades de Gdansk, Braunschweig e
Munique (onde foi o sucessor de Nusselt); Warren Keadall Lewis (1882-1975) docente no MIT eco-autor de um livro-texto pioneiro, W. H. Walker, W. K. Lewis and
W. H. McAdams, P1i11ciples o/Clzemical Engineeling, McGraw-Hill, New York (1923).
492 CAPÍTULO DEZESSETE
com a temperatura. Há numerosos métodos experimentais para a medida da difusividade, sendo alguns deles descritos nos
capítulos subseqüentes. 3
Para misturas gasosas, o número de Schmidt pode variar na faixa de 0,2 a 3, como pode ser visto na Tabela 17 .1-1. Para
misturas líquidas, foram medidos valores de até 40.000. 4
XA_,.,,1 X8 _,.,,1
3 Parauma discussão mais abrangente, ver W. E. Wakeham, A. Nagashima and J. V. Sengers, Measuremem of the Tra11sport Properties of Fluids: Experimental
Thennody11amics, Vol. ffi, CRC Press, Boca Raton, Florida (199l).
'D. A. Shaw and T.J. Hanratty, A!ChE Joumal, 23,28-37, 160-169 (1977); P. Harriott and R. M. Hamilton, Chem. fog. Sei., 20, 1073-1078 (1965).
DIFl:fS!VIDADE E OS .MECANISMOS DE TRAi'ISPORTE DE :tvlASSA 493
A B T(ºC) XA
' Os dados para os dois primeiros pares foram tirados de artigo de revisão de P. A Johnson and A L. Babb, Chem.
Revs.. 56, 387-453 (1956). Outros resumos de dados experimentais podem ser encontrados em: P. W. M. Rutten, Diífusian
in Liquids, DelftUniversity Press, Delft, The Nether lands (1992); L. J. Gosting,Adv. in Protein Chem., Vai. XI, Acadernic
Press, New York (1956); AVignes, L E. C. Fundamental, 5, 189-199 (1966). .
0
Os dados para etanol-água foram tirados de M. T. Tyn and W. F. Calus, J Chem. Eng. Data, 20, 310-316 (1975).
(jj}t\B
A B T(ºC) (cm2/s)
tAfiiLAi'i.1 ~4 VaJ~iês~êrifuerit~d.8.Difusi~dact~ i
de Gékes em .Polímetos.8 Ósva1()rE3s d(3 ~AÊ sã~ 4ados erJ..•
uriid8.~?S de 10~ 6 (crr1.2/s).
Osvalores para N2 e 0 2 são para ..
. -298 Keos valorespaêã CQ2 .eH2 sãàpara198K
Nz Üz C02 H2
Pólibutadieno 1,1 1,5 1,05 9,6
Borracha de Silicone 15 25 15 75
Tra:ns-1, 4-poliisopropeno 0,50 0,70 0,47 5,0
Poliestireno 0,06 0,11 0,06 4,4
•Transcrito de D. W. van Krevelen, Properties of Polymers, 3'" edition,
Chapter VI, Elsevier, Amsterdam (1990), p. 544-545. Uma outra referência
importante é S. Pau!y, in Polymer Handbook, 4'" edition (editada por J.
Brand.rup and E. H. frnrriergut, eds.), Wiley-lnterscience, New York (1999).
Até o momento, discutimos o caso de fluidos isotrópicos, nos quais a velocidade de difusão não depende da orientação
da mistura fluida. No caso de alguns sólidos e de fluidos estruturados, a difusividade terá que ser representada por uma
grandeza tensorial, e não mais por uma grandeza escalar, de modo que a lei de Fick tem que ser modificada na forma:
iA = -[pàAB. Vú)A] (17.1-10)
na qual âA 8 é o tensor difusividade (simétrico). 5.õ Como pode ser visto na equação anterior, o fluxo mássico não é
necessariamente colinear com o gradiente da fração mássica. Não trataremos desse assunto doravante.
Nesta seção, discutimos a difusão em sistemas que ocorre como um resultado do gradiente de concentração. Refelimo-
nos a esse tipo de difusão como difusão de concentração ou difusão ordinária. Há, no entanto, outros tipos de difusão:
difusão decorrente de gradiente de temperatura; difusão por pressão, decorrente de gradiente de pressão; e difusão forçada,
que é aquela causada por forças externas que atuam sobre as espécies químicas. Por ora, vamos considerar apenas a primeira
e reservar o Cap. 24 para a discussão das demais. No Cap. 24 vamos também definir e utilizar o conceito de atividade, em
vez de o conceito de concentração, como a força motriz da difusão ordinária.
EXEMPLO 17.1-1
Difusão de Hélio através de Vidro Pirex
Calcule o fluxo de massajAy que ocorre na difusão de hélio através de vidro pirex em regime permanente para o sistema
ilustrado na Fig. 17.1-1, considerando a temperatura a 500 K. A pressão parcial do hélio é de 1 atm em y = Oe nula na
superfície superior da placa, y = Y. A espessura Y da placa de pirex é de 10-2 mm, e sua densidade, pcm, é de 2,6 g/cm 3 • A
'solubilidade e a difusividade do hélio7 são respectivamente iguais a 0,0084 volume de hélio gasoso por unidade de volume
de vidro e QDA8 = 0,2 X 10-1 cm 2/s. Mostre que a suposição de desprezarmos a velocidade mássica média é razoável.
SOLUÇÃO
A concentração mássica do hélio na superfície inferior da placa é obtida a partir de dados de solubilidade e da lei dos gases ideais:
PAoMA
PAO = (0,0084)lff
; Para o caso de polímeros em escoamento, expressões teóricas foram desenvolvida~ para o tensor difusividade usando a teoria cinética; ver H. C. Õninger, A!ChE Joumal,
35, 279-286 (1989), and C.F. Curtiss and R. B. Bird, Adv. Polym. Sei., 1-lOl (1996), §§6 and 15.
6
M. E. Glicksman, Diffusio11 in Solids: Fie/d Tlzeory, So/id State Principies, and Applicatinm, Wi!ey, New York (2000).
7
C. C. Van Voorhis, Phys. Rev., 23, 557 (1924) como publicado por R. M. Barrer, Di!f11sio11 inand through Solids, edição corrigida, Cambridge University Press (1951).
DIRJSIVIDADE E OS !VlECAN!SMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 495
5,3 X 10-7
2,04 X 10- 7 (17.1-12)
5,3 X 10-7 + 2,6
Podemos agora calcular o fluxo de hélio da Eq. 17.1-1 como
10 ºcm
= 1,05 X 10-11 g/ cm2s (17.1-13)
(17.1-14)
_ _ 1,05X10-11 g/cm2 s _ _ _
vAyl - _ _ + v,,, - 1,98 X 10 5 cm/s + ci,., (17.1-15)
,., 5,3 X 10-' g/ cmº 'V 'V
O valor deu>{)' que corresponde à velocidade mássica média do sistema hélio-vidro em y = O, pode ser obtido da Eq. 17 .1-3.
vyD = (2,04 X 10-7)(1,98 X 10-5 cm/ s + vyD) + (1 2,04 X 10-7) (O) (17.1-16)
(2,04 X 10- 7)(1,98 X 10-5 cm/ s)
VyD = 1 - (2,04 X 10-7)
= 4,04 X 10- 12 cm/ s
Assim, a suposição de que o valor vY pode ser desprezado na Eq. 17.1-14 e de que o experimento ilustrado na Fig. 17.1-1
ocorre em regime permanente, é suficientemente precisa.
EXEMPLO 17.1-2
A Equivalência de 0JAB e ®s,l
Mostre que apenas um valor de difusividade, 0JA 8 ou 0J 8A, é necessário para descrever o comportamento difusional de uma
mistura binária.
SOLUÇÃO
Começamos escrevendo a Eq. 17.1-6 na forma:
jB = -p0JaAÍ/úJB = +p0JaAYúJ,1 (17.1-17)
A segunda fom1a dessa equação resulta do fato de que wA + w8 = 1. A seguir usamos a forma vetorial equivalente das Eqs.
17.1-3 e 4 para escrever
jA = pwA(vA - úJAVA - úJaVB)
= pú>A((l - úJA)vA - úJaVa)
= pwAwa(vA - Va) (17.1-18)
Nessa expressão, substituindo A por B podemos mostrar que jA = -j 8 , e combinando esse resultado com a segunda forma
daEq.17.1-17, obtemos
jA = -p0JB,·1YúJA (17.1-19)
Comparando esse resultado com aEq. 17.1-5 resulta que ®A 8 = 0:1 8 A. Assim, encontramos que a ordem dos subscritos não
é relevante para um sistema binário, e que somente um valor de difusividade é necessário para descrever o comportamento
difusional da mistura. ·
Todavia, pode até mesmo ser o caso em que a difusividade para urna solução diluída de A em B e para urna solução
diluída de B em A sejam numericamente distintas. A razão para tal decorre do fato de que a difusividade depende da
496 CAPÍTULO DEZESSETE
concentração, de modo que os dois valores lirrútes antes mencionados correspondem aos valores da difusividade DA 8 =
DaA em dois valores distintos de concentração.
p0JAB ( T )h (17.2-1)
(pcAPca) 113<TcATca)5112 (1/MA + l/Ma) 111 - a YTcATca
em que 0JA 8 [=] cm2/s, p [=] atm e T[=] K. Excetuando-se o caso do hélio e do hidrogênio, a análise dos resultados
experimentais relativos a gases apolares fornece os seguintes valores numéricos das constantes adimensionais, a =
2,745X 10-4 e b = 1,823, e a = 3,640X 10- 4 e b = 2,334, quando o par consiste em água e em um gás apolar. A Eq. 17 .2-1
ajusta os dados experimentais obtidos à pressão atmosférica dentro de um desvio médio na faixa de 6 a 8%. Se os gases A
e B forem apolares e conhecidos os seus parâmetros de Lennard-Jones, o método da teoria cinética descrito na próxima
seção, geralmente fornece valores ainda mais precisos.
Para o caso de líquidos a altas pressões, o comportamento de ®Aa é bem mais complicado. A situação mais simples
de ser entendida é a que se refere à autodifusão (interdifusão de moléculas marcadas de uma mesma espécie química).
Em primeiro lugar, discutirribs esse caso e estendemos os resultados para estimar valores aproximados para misturas
binárias.
O gráfico da autodifusividade 0JAA. obtido pela teoria dos estados correspondentes para substâncias apoiares é apresentado
na Fig. 17.2-1.4 Esse gráfico é baseado em medidas experimentais de autodifusividade, complementadas por simulações
da dinârrúca molecular e pela teoria cinética na faixa de pressões baixas. A ordenada é dada por c®AA" à pressão p e à
temperatura T dividida por cD.'vl. no ponto crítico. O valor desta grandeza é lançado em um gráfico em função da pressão
reduzida Pr = p/pc e da temperatura reduzida Tr = T/Tc- Devido à sirrúlaridade entre as espécies A e A*, as propriedades
críticas de ambas podem ser consideradas iguais.
Da Fig. 17 .2-1 constatamos que, em especial no caso de líquidos, c2ll,1A. é fortemente dependente da temperatura. Cada
temperatura c0JA.4• dirrúnui em direção a zero quando a pressão aumenta. Com a dirrúnuição da temperatura, c®AA• cresce
à medida que a pressão tende a zero, como previsto pela teoria cinética (ver Seção 17.3). O leitor deve levar em conta de
que esse é um gráfico preliminar, e que as linhas, exceto aquelas referentes às regiões de baixas densidades, são traçadas
a partir de dados obtidos para umas poucas espécies químicas: Ar, Kr, Xe e CH4 •
A grandeza (c§M.) pode ser estimada por um dos três métodos a seguir:
(i) Dado o valor de c0J,111 , à temperatura e pressão conhecidas, pode-se ler o valor de (cQliM.)rdo gráfico e obter (c®M.) =
c@fü1J(c0JM.)r.
1
R. C. Reid, J.M.Prausnitz, and B. E. Poling, The Properties of Gases and Liquids, 4'" ed., McGraw-Hill, New York (1987), Chapter 11.
2
E. N. Fuller, P.D. Shettler, and J.C. Giddings, Ind. Eng. Citem., 58, N.º 5,[9-27(1966); Errata: ibid, 58, N.º 8, 81 (1966). Esse artigo apresenta um método bastante
eficiente para a previsão da difusívidade binária de gases a partir das fómmlas moleculares das duas espécies.
3 J. C. Slattery and R.B. Bird, AIChE Jouma/, 4, 137-142 (1958).
'Outras correlações para autodifusividade foram publicadas na Ref. 3 e em L.S. Tee, G.F. Kuether, R.C. Robinson and W. E. Stewart, API Proceedi11gs. Division of
Refi11ing, 235-243 (1966); R. C. Robinson, and W. E. Stewart, IEC Fundamentais, 7, 90-95 (1968); J. L. Bueno.J. Dizy, R. Alvarez andJ. Coca, Trans. lnst. Clzem. Eng.,
68, Part A, 392-397 (1990).
D!FUSIVIDADE E OS MECANISMOS DE 'TRANSPORTE DE MASSA 497
/
V
/
ÁLimite de baixas
~
;; pressões
-.;
~ 1,5
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d?'p,"10
'f/. p,=5
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~apor /1 ' / '
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] /I._ /~/
Regiao
~º~ 0,4
de duas
fases
/ r;
~
I' Fig. 17.2-1 Gráfico de estados correspondentes para a autodifusividade
/Líquido saturado reduzida. Aqui (c®M·), = (p®flA'), para o caso de Ar, Kr, Xe e CH4 é
l mostrada em função da temperatura reduzida para diversos valores da
0,2 pressão reduzida. Esse gráfico é baseado em dados de d:h'usividade de
J. J. van Loef and E. G. D. Cohen, Physica A, 156, 522-533 (1989), na
função de compressibilidade de B. I. Lee and M. G. Kesler, AJChE
0,6 0,8 1,0 1,5 2 Joumal, 21, 510-527 (1975), e na Eq. 17.3·11 para baixos valores da
Temperatura reduzida, T, = T!Ic pressão.
(ii) Pode-se prever o valor de c®AA• na região de baixas densidades pelos métodos discutidos na Seção 17 .3 e proceder
como indicado no método (i).
(iii) Pode-se usar a fórmula empírica (ver Problema 17.9):
·( 1 1 )1/2 p2/3
(c®AA')c = 2,96 X 10-o -M + -M- ~~ 6 (17.2-2)
1 A A' T,A
Como no caso da Eq. 17 .2-1, essa equação não deve ser usada para o caso de isótopos de hélio ou de hidrogênio. Aqui,
e[=] g-mol/cm3 , 2ll,w [=] cm2/s; T, [=] K e Pc [=] atm.
Até o momento, a discussão sobre o comportamento em condições de altas densidades envolveu o mecanismo de
autodifusão. Vamos agora voltar a considerar o caso de difusão binária de espécies químicas distintas. Na falta de outra
informação, admitimos que a Fig. 17.2-1 pode' ser usada para uma primeira estimativa dos valores de cÇ!))A8 compcA e TcA
respectivamente substituídos por (pcAPc8 )112 e (TcATc8 ) 1n (ver Problema 17 A.9 para consubstanciar essa suposição). A ordenada
do gráfico pode então ser interpretada como (c0JA 8)r = c0JABl(crzt;AB)c e a Eq. 17.2-2 é substituída por
1/2 ( )1/3
(c0J ) = 2 96 X 10 _6 ( _!_ + _l_) PcAPcB (17.2-3)
AB e • MA MB (T,ATcB)l/12
Com essas substituições, valores mais precisos são obtidos no limite de baixas pressões. A pressões mais elevadas, poucos
dados estão disponíveis para comparação, e assim o método deve ser considerado como estimativa preliminar.
Os resultados na Fig. 17.2-1, e suas extrapolações para sistemas binários, são expressos em termos de c0.lAA. e c0.lAB em
vez de 21JAA. e 2EAa· Isso decorre do fato de que valores da difusividade, multiplicados por e, são, com maior freqüência,
utilizados em cálculos de transferência de massa, oferecendo relações de dependência com a temperatura e a pressão mais
simples.
498 CAPÍTULO DEZESSETE
EXEMPLO 17.2-1
Estimação de Difusividade a Baixas Densidades
Estime o valor de 0JAB para o sistema CO-C0 2 a 296,1Ke1 atm de pressão total.
SOLUÇÃO
Os valores das propriedades necessárias para a solução da Eq. 17 .2-1 são (veja a Tabela E.l):
Designação
da espécie Espécie M Tc(K) Pc(atm)
A co 28,01 133 34,5
B C0 2 44,01 304,2 72,9
Assim,
1 823
a(--T-)b = 2,745 X 10- 4( 296 •1 ) • = 5,56 X 10- 4
YTcATca V133 X 304,2
A substituição desses valores na Eq.17 .2-1 fornece
EXEMPLO 17 .2-2
Estimação de Autodifusividade a Altas Densidades
Estime o valor de c@AA. para o sistema C 140 2-C02 a 171,7 atm e 373 K. Sabe-se que 6 0JM. = 0,113 cm2/s a 1,00 atm e
298K, em cujas condições o valor de e= p/RT = 4,12 X 10-5 g-mol/cm3•
SOLUÇÃO
Uma vez que o valor medido de Q))A.4 • é conhecido, podemos usar o método (í). As condições reduzidas são T, = 298/304,2 =
0,980 e p, = 1,00/72,9 = 0,014. Assim, da Fig. 17.2-1 podemos obter o valor de (c2bAA.)r = 0,98. Daí resulta que:
(4,12 10-5)(0,113)
X
0,98
= 4,75 X 10- 6 g-mol/cm · s (17.2-5)
5
B. A. Ivakin, P. E. Suetin, Sav. Phys. Tech. Phys. (versão inglesa). 8, 748-751 (1964).
6
E. B. Wynn, Phys. Ver., 80, 1024-1027 (l950).
DIFUSIV!DADE E OS IvfECANISMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 499
Nas condições de previsão, (Tr = 373/304,2 = 1,23 ep, = 171,7/72,9 = 2,36),podemosobtero valorde(c®.w), = l,2l.
O valor previsto é dado pela equação
Nessas condições, o valor obtido por O'Hem e Martin 7 é de c®AA· = 5,89 X 10- 6 g-mol/cm·s. Essa boa concordância
entre o valor estimado e o valor medido não deve surpreender, já que, para a estimativa de (c%AA.),, foram usados dados
obtidos a baixas pressões.
Esse problema também pode ser resolvido pelo método (iii) sem um valor experimental de cQD_.\i\" A Eq. 17.4-2 fornece
diretamente
(cQ))AA.)c = 2,96X10
-6( 4401+46
1 1 )1/Z (72,9)2/3
--1-/6
' (304,2)
= 4,20X10- 6 g-mol/cm ·s (17.2-7)
O valor estimado de c0JAA. é de 5,lX 10-6 g-mol/cm-s.
EXEMPLO 17.2-3
Estimação de Difusividade Binária a Altas Densidades
Estime o valor de c0JA 8 para uma mistura de 80 moles% de CH4 e 20 moles% de CzH6 a 136 atm e 313 K. Sabe-se que, a
1atme293 K, a densidade molar é e= 4,17 X 10-5 g-mol/cm3·s e ®.48 = 0,163 cm2/s.
SOLUÇÃO
Usamos a Fig. 17 .2-1 com o método (i). As condições reduzidas para as condições dadas são
Para essas condições, da Fig. 17.2-1 tiramos o valor de (c®As)r = 1,21, sendo que o valor crítico (c®,18), é dado por
(c2b ) = c2bAB = (4,17 X 10-5)(0,163)
AB e (é;&\AB)r 1,21
5,62 X 10-6 g-mol/cm · s (17.2-10)
A seguir calculamos as condições reduzidas para as condições de previsão (T, = 1,30, p, = 2,90) e obtemos o valor de
c®A8 = ),31 da Fig. 17.2-1. O valor previsto de c2l!A 8 é portanto igual a:
é2ii_;\B = (cQ))Aa)/é2ii,.1B)c = (1,31)(5,62 X 10- 6)
= 7,4 X 10- 6 g-mol/ cm ·s (17.2-11)
Valores experimentais dão c®Aa = 6,0 X 10-6, de modo que o valor previsto é 23% superior. Todavia, na estimativa de
8
(&i ) =
f'.B e
2
'
96 X _(_1
10 6
_+ _l_)l/Z (190,7
16,04 30,07
(45,8 X 48,2)
113
X 305,4) 1112
= 4,78 X 10- 6 g-mol/crn ·s (17.2-12)
7
H. A. O'Hem and J. J. Martin, bzd. Eng. Citem., 47, 208l-2086 (1955).
'V. J. Berry, Jr., and R. C. Koeller, AIChEJounzal, 6, 274-280 (1960).
500 CAPÍTULO DEZESSETE
u= !8;J
.y-mn = velocidade média relativa a v (17.3-1)
À = ±--
v2rid2rz
= livre percurso médio (17.3-3)
Em média, as moléculas que alcançam qualquer plano no gás têm sua última colisão a uma distância a do plano, onde
(17.3-4)
Nessas equações n corresponde à densidade, definida como o número total de moléculas por unidade de volume.
Para a estimativa da autodifusividade 0iM., vamos considerar o movimento da espécie A na direção y sob um gradiente de
fração mássicadwA/dy (ver Fig. 17.3-1), em que a mistura fluida se move na direção y a uma velocidade mássica média vr A
temperatura Te a concentração mássica molar total p são consideradas constantes. Supomos adicionalmente que, nessa situação
de não-equilíbrio, as Eqs. 17.3-1 a 4 são aplicáveis. O fluxo mássico da espécie A que atravessa a unidade de área de qualquer
plano y constante é determinado escrevendo-se um balanço de massa relativo à espécie A considerando a massa que atravessa
o plano no sentido positivo de ysubtraída da massa de A que atravessa o mesmo plano, porém em sentido oposto:
(pwAvy)ly + [Qpú1Aü)ly-a - QpwAu)ly+al (17.3-5)
/
/
// Molécula que chega em y
~___,___w_AI_,._-ª - - - - ' r { . ' ! I ! - / - após a colisão emy - a. A
fração de tais moléculas
que são da espécie A é
expressa por wAI r- ª
Nessa equação, o primeiro tenno representa a massa transportada na direção y, transporte esse que resulta do movimento
macroscópico do fluido - isto é, o transporte convectivo - e os dois últimos termos representam o transporte difusivo
relativo a v,.
Admitindo-se que o perfil de concentração wA (y) é praticamente linear ao longo de uma distância equivalente a vários
valores do livre percurso médio, podemos escrever:
dwA
úJA 1y:!:a = úJA 1y
2
± 3À dY (17.3-6)
Da combinação dessas duas últimas equações, resulta o fluxo mássico combinado no plano y:
1 - dwA
nAy = pwAvy - 3puÀ -d
y
düJA
=pú!AVy - p0JAA'dy (17.3-7)
Essa grandeza é definida como a soma do fluxo mássico convectivo e do fluxo mássico molecular, sendo o último dado
pela Eq. 17.1-1. Assim, podemos obter as seguintes expressões para a autodifusividade:
2~1 2 v'mnAKTl
(17.3-9)
(j}JAA'
31íd~ n=3'TT ~P
a qual pode ser comparada com a Eq. 1.4-9 para a viscosidade e com a Eq. 9.3-12 para a condutividade térmica.
O desenvolvimento da fórmula de 0JA 8 para esferas rígidas de massas e diâmetros desiguais é consideravelmente mais
difícil. Limitamo-nos a transcrever o resultado 1 na Eq. 17.3-10:
(17.3-10)
Isto é, llmA é substituído pela média aritmética de 1/mA e llm8 e dA pela média de dA e d8 .
A discussão precedente mostrou como a difusividade pode ser obtida por considerações baseadas no livre percurso
médio. Para resultados mais precisos, a teoria cinética de Chapman-Enskog deve ser usada. Os resultados obtidos com
essa teoria para a viscosidade e para a condutividade ténnica foram anterionnente apresentados nas Seções 1.4 e 9.3,
respectivamente. A fórmula correspondente para c0JA 8 é:2.3
3
c(j}JAB = 16
Ou ainda, se aproximarmos o valor de c pela lei dos gases ideais p = cRT, obtemos para 0JA8
0J AB = 1._
16
2(~D3 (~ + ~
. A
)-=-1--
B Np~Bf>~,AB
= 0,0018583Jr3(..1_ + _L)-- 1
- (17.3-12)
MA MB PaiB~,AB
1 Um resultado semelhante é dado por R. D. Present, Küretic Theory of Gases, Me Graw-Hill, New York (1958), p. 55.
zS.Chapman and T.G. Cowling, The Mathematical Tlrcory ofNon-Unifonn Gases,3rd ed., Cambridge University Press (1970), ChapherslO and 14.
3 J. O. Hirscbfelder, C. F. Curtiss, and R. B. Bird, Molecular Tlteory of Gases and Liquids, 2.' impressão corrigida, Wiley, New York (1964), p. 539.
502 CAPÍTULO DEZESSETE
Na segunda linha das Eqs. 17.3-11e12, QOA 8 [=] cm2/s, aA 8 [=] Á, T[=] K e p [=] atm.
A grandeza n9.AB é adimensional e denominada "integral de colisão" para a difusão, q1Je depende da temperatura
adimensional KTI sAB· Os parâmetros uA8 e sA 8 aparecem no potencial de Lennard-Jones entre uma molécula de A e uma de
B (cf. Eq. 1.4-10):
(17.3-13)
A função n'.!t.AB é dada na Tabela E.2 e na Eq. E.2-2. Desses resultados verifica-se que, na faixa de baixas temperaturas,
®As cresce com T-, enquanto na faixa de temperaturas elevadas com 1'1.65; na Fig. 17.2-1 atente para a curvapr~ O. Para
esferas rígidas, ü 01.A 8 teria um valor unitário em todas as temperaturas e um resultado análogo à Eq. 17 .3-1 Oseria obtido.
Os parâmetros uA 8 e sA 8 poderiam, em princípio, ser diretamente determinados a partir de medidas mais precisas de ®A 8
dentro de urna ampla faixa de temperatura. Dados adequados não estão, todavia, ainda disponíveis para muitos pares de
gases, e ter-se-á que recorrer ao uso de outras propriedades mensuráveis, tais como viscosidade 4 de uma mistura binária
de A e B. No caso em que esses dados não estejam disponíveis, podemos então estimar uA 8 e sA 8 das seguintes regras de
combinação: 5
O'AB ~(a-A+ O'B); BAB = VeA (17.3-14, 15)
para pares de gases não-polares. A utilização dessas regras de combinação permite prever os valores de ®A8 dentro de uma
faixa de erro de 6% usando-se os dados de viscosidade das espécies puras A e B, ou dentro de uma faixa de erro de 10%
usando-se os parâmetros de Lennard-Jones para A e B estimados a partir de dados de ponto de ebulição usando a Eq. 1.4-12. 6
Para pares de isótopos u,w = uA = uA. e ºAA* = ºA= e_4,; isso significa que os campos de força intermoleculares para
os vários paresA-A*,A*-A* e A-A são praticamente idênticos, sendo que os parâmetros uA e sApodem serobtidos a partir
de dados de viscosidade da espécie A pura. Se, adicionalmente, o valor de MA for muito grande, a Eq. 17 .3-11 se reduz a
A expressão que corresponde'ªº modelo da esfera rígida é dada pela Eq. 17.3-9.
A comparação da Eq. 17 .3-16 com a Eq. 17.4-14 mostra que a autodifusividade ®AA· e a viscosidadeµ, (ou a viscosidade
cinemática v) estão relacionadas na forma a seguir indicada para o caso de pares de gases de isótopos pesados a baixos
valores de densidade:
(17.3-17)
na qual nµ. = 1,1 néí>,AA' em urna ampla faixa de valores de KTl.s:,, como pode ser visto na TabelaE.2. Assim, ®AA· = 1,32v
para a autodifusividade. A relação entre v e a difusão binária Q))A 8 não é tão simples, pois v pode variar consideravelmente
com a composição. O número de Schmidt Se= µ,lp®A 8 se situa na faixa de 0,2 a 5,0 para a maioria dos pares de gases.
As Eqs. 17.3-11, 12, 16 e 17 foram derivadas para gases apolares monoatôrnicos mas têm sido bastante úteis também para
gases apolares poliatôrnicos. Além disso, essas equações podem ser usadas para estimar valores de r;J;AB para a interdifusão de
um gás polar e um gás apolar combinando relações distintas 7 das que foram apresentadas nas Eqs. 17 .3-14 e 15.
EXEMPLO 17.3-1
Cálculo da Difusividade Mássica para Gases Monoatômicos a Baixas Densidades
Determine o valor de 0'JA 8 para o sistema CO-C0 2 a 296,1Ke1,0 atm de pressão total.
4
S. Weissman and E. A. Mason, J. Chem. Phys., 37, 1289-1300 (1962); S. Weissman, J. Chem. Phys., 40, 3397-3406 (1964).
5
J. 0.Hirschfelder,R. B. Bird, andE. L. Spotz, Chem. Revs., 44, 205-231 (l949);S. Gotoh,M.Manner,J. P. S~rensen, and W. E. Stewart,]. Chem. Eng. Data, 19, 169-
171 (1974).
6
R. C. Reid, J. M. Prausnitz, and B. E. Poling, The Properties of Gases a11d Liquids, 4th edition, McGraw-Hill, New York (1987).
7
J.O Hirschfelder, C. F. Curtiss, and R. B. Bird, Molecular Theory ofGases aiul Liq11ids, 2.' ed. corrigida, Wiley, New York (1964), §8.6b e p. 1201. Gases polares e
misturas de gases são discutidos por E. A. Mason and L. Monchick, J. Chem. Phys., 36, 2746-2757 (1962).
DrFUSMDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 503
SOLUÇÃO
Da Tabela E. l obtemos os valores dos seguintes parâmetros:
1 1 1
Q/)AB o'0018583 (296 1) 3( -- + - -)
' 28,01 44,01 (1,0)(3,793)2(1,067)
= 0,149 cm2/ s (17.3-20)
1
R. J. Bearman and J. G. Kirkwood, 1. Chem. Phys., 28, 136-145 (1958).
2 R. J. Bearman, 1. Phys. Citem., 65, 1961-1968 (1961).
3 C. F. Curtiss and R. B. Bird,l. Chem. Phys., 111, !036?.-10370 (1999).
4
Ver§ 17.7 e E. A. Moelwyn-Hughes, Physical Chemistry, 2nd. edition, corrected printing, MacMillan, New York (1964), pp. 62-74. Ver também R. J. Silbey and R. A.
Alberty, Physical Clzemistry, 3 rd. edition, Wiley, New York (2001), §20.2. Aparentemente a equação deNernst-Einstein não pode ser generalizada para fluidos poliméricos
com apreciáveis gradientes de velocidade, e foi vista por H. C. Õttinger, AlChE loumal, 35, 279-286 (1986).
'S. Kím and S. J. Karrila, Microhydrodynamics: Principies and Se/ected Applicatio11S, Buttetworth-Heinemann, Boston (1991 ).
6 H. Lamb, Hydrodynamics, 6th ~dition, Cambridge University ·Press (1932), reprinted (1997), § 337.
504 C_APÍTULO DEZESSETE
a qual é conhecida como a equação.de Stokes-Einstein. Essa equação se aplica à difusão de moléculas esféricas de grande
diâmetro em solventes de baixo peso molecular7 e para partículas em suspensão. Expressões análogas àquelas desenvolvidas
para partículas não-esféricas, foram usadas para prever a forma de moléculas de proteínas. 8·9
b. f3As =O (condição de deslizamento total)
Nesse caso, a Eq. 17.4-1 reduz-se a (ver Eq. 4B.3-4)
(17.4-4)
Se as moléculas A e B são idênticas (isto é, para o caso de autodifusão) e se podemos supor que elas formem um látice
cúbico com as moléculas adjacentes em contato direto, então 2RA = (V,/NA) 113 e
qj;ABf-1-B
VA- 1 )](ªln
[ l+xA ( -
VB
---
aln XA
ªA) T,p
(17.4-7)
7
A. Polson, 1. Phys. Colloid Clzem., 54, 649-652 (1950).
'H. J. V. Tyrrell, Diffusion and Heat Flow in Liquids, Butterworths, London (1961), Chapter 6.
' O escoamento lento no entorno de corpos finitos imersos em meios fluidos de extensão infinita foi revisto por J. Happel and H. Brenner, Low Reynolds Number
Hydrodynamics, Prentice-Hall, Englewood Cliffs,N. J. (1965); ver também S.Kim and S. J. Karrila, Microhydrodynamics: Principies and Selected Applications, Butterworth-
Heinemann, Boston (1991). G. K. Youngrenand A. Acrivos,J. Che11L Phys., 63, 3846-3848 (1975) calcularam o coeficiente de atrito rotacional para obenzeno corroborando
a validade de não-deslizamento em dimensões moleculares.
IO J. e. M. Li and P. Chang, J. Chem. Phys., 23, 518-520 (1955).
11
C. W. Pyrin and M. Fixman,, 1. Chem. Plzys., 41, 937-944 (1964).
12
S. Glasstone, K. J. Laidler, and H. Eyring, Theory of Rate Processes, McGraw-Hill, New York (1941), Chapter IX.
13
H. Eyring, D. Henderson, B. J. Stover, and E. M. Eyring, Statistica/ Meclumics and Dynamics, Wiley, New York (1964), §16.8.
DIFUS!VIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 505
na qual 0JA 8 e µ, 8 são a difusividade e a viscosidade da mistura de composição xA, e aA é a atividade termodinâmica para a
espécie A. Para soluções regulares, os volumes parciais molares VA e V8 são iguais aos respectivos volumes molares dos
componentes puros. Baseado em sua análise, Bearman sugere que a Eq. 17.4-7 deve ser aplicada somente para o caso de
soluções regulares, e foi estabelecido que ela também se aplica ao caso de soluções quase ideais.
Devido à natureza limitada da teoria da difusão em líquidos, torna-se necessário recorrer a expressões empíricas. Por
exemplo, a equação de Wilke-Chang 14 fornece a difusividade para baixos valores das concentrações de A em B na forma de
Aqui ~ é o volume molar do soluto A em cm3/g-mol no estado líquido, µ,é a viscosidade da solução em centipoise, lf!8 é
um "parâmetro de associação" para o solvente e Ta temperatura absoluta em K. Valores recomendados para lf!8 são: 2,6
para a água; 1,9 para o metanol; 1,0 para o benzeno, éter, heptano e outros solventes não dissociados. A Eq. 17.4-8 só se
aplica para o caso de soluções diluídas de solutos não-dissociados. Para esses casos, a equação citada estima valores em
uma faixa de± 10%.
Outras relações empíricas, bem como os seus méritos relativos, foram sumarizados por Reid, Prausnitz e Poling.15
EXEMPLO 17.4-1
Estimação da Difusividade de Líquidos
Estime o valor de 0)AB de uma solução diluída de TNT (2,4,6-trinitrotolueno) em benzeno a ISºC.
SOLUÇÃO
Use a equação de Wilke e Chang, considerando o TNT como o componente A e o benzeno corno o componente B. Os
dados necessários são
µ, = 0,705 cP (viscosidade do benzeno puro)
VA = 140 cm3 / g-mol (TNT)
i/18 = 1,0 (benzeno)
M8 = 78,11 (benzeno) ..
A substituição na Eq. 17.4-8 resulta
2D = X _8 Y(l,0)(78,11)(273 + 15)
74 10
AB ' (Q,705)(1,40)Q,6
= 1,40 X 10-5 cm2 / s (17.4-9)
Esse resultado apresenta uma boa concordância com o valor experimental 140 X 10-5 cm 2/s.
1' C. R. Wilke, Chem. Eng. Prog., 45, 218-224 (1949); C. R. Wilke and P. Chang, A!ChE Journal, l, 264-270 (1955).
15 R. C. Reid, J. M. Prausnitz, and B. E. Poling, T71e Properties ofGases andLiquids, 4th ed., McGraw-Hill, New York(l987), Chapter 1!.
1 A. Einstein, Ann. d. Phys., 17, 549-560 (1905), 19, 371-38 (1906); Investigations on the Theory of the Brownian Movemenc, Dover, New York (1956).
2 S. Chandrasekhar, Rev. lvlod. Phys., 15, 1-89 (1943).
3 W. B. Russel, D. A. Saville, and W. R. Schowalter, Colloidal Dispersions, Cambridge University Press (1989); H.C. Õttinger, Stochastic Processes in Polymeric Fluids,
fase contínua), das colisões entre as partículas de A com as moléculas de B resulta um movimento aleatório das primeiras.
Esse movimento aliatório é denominado movimento browniano. 4
O movimento de cada esfera pode ser descrito por uma equação denominada equação de Langevin:
duA
mdt = -ÇuA + F(t) (17.5-1)
na qual uA é a velocidade instantânea da esfera de massa m. O termo -~uA representa a força de arraste da lei de Stokes5
e~ = 6'rrµ 8 RA, o "coeficiente de arraste". Finalmente F(t) representa a força motriz do movimento browniano. No sentido
usual, a Eq. 17.5-1 não pode serresolvida, uma vez que ela contém uma força aleatoriamente flutuante. Equações semelhantes
à Eq. 17 .5-1 são denominadas "equações diferenciais estocásticas".
Admitindo-se que (i) F(t) não dependem de uA e que (ii) as variações em F(t) são muito mais rápidas do que as que
ocorrem com u.., podemos então determinar, da Eq. 17.5-1, a probabilidade W(u..,t;uA 0 )duA que a partícula terá uma
velocidade na faixa compreendida entre uA e uA + duA-À medida que t--7 co, considerações de ordem física impõem que a
densidade de probabilidade W(u;1,t;uA 0 ) se aproxime da distribuição de equilíbrio de Maxwell:
(17.5-2)
ç )3/2
W(r,t;r0,uA0)dr = ( 4'1TKTt exp(-Ç(r - r0)2/ 4KTt)dr (17.5-3)
Todavia, acontece que essa expressão tem a mesma forma da solução que resulta da aplicação da segunda lei de Fick da
difusão (verEq. 19.1-18 e Problema 20B.5) para a difusão a partir de uma fonte pontual. Para tal, tem-se que relacionar W
com a concentração cA e KT/ /;.com 0JAB· Dessa forma, Einstein (ver Ref.l) chegou à seguinte expressão para a difusividade
de uma suspensão diluída de partículas coloidais esféricas:
'Nome dado em homenagem ao botânico R. Brown, Phil. i'rfag., 4, p. 161 (1828); A111z. d. Phys. u. Chem., 14, 294-313 (1828). Na realidade, esse fenômeno havia sido
descoberto e divulgado nos Países Baixos em 1789 por Jan Ingenhousz (1730-1799).
5
Como pode ser visto do Exemplo 4.2-1, a lei de Stokes é válida somente para o caso de regime de escoamento permanente unidimensional de uma esfera em um fluido.
Considerando arbitrário o movimento da esfera, há, adicionalmente à contribuição de Stokes, uma componeme da força de inércia e de um termo que corresponde à
memória integral (força de Basset). Ver A. B. Basset, Phil. Trans., 179, 43-63 (1887); H. Lamb, Hydrody11amics, 6th ed.,Cambridge Universit'/ Press (1932), reeditado (1997),
p. 644; H. Villat and J. Kravtchenko, Leçom sur les Fluides VisqueLLr, Gauthier-Villars, Paris (1943), p. 213, Eq. (62); L. Landau and E. M. Lifshitz, Fluid Mechanics,
2rn1 ed., Pergamon, New York (1987), p.94. Na aplicação da equação de Langevin na teoria cinética de polímeros, a força de Basset foi considerada por J. D. Schieber, J.
Clrem. Phys., 94, 7526-7533 (1991).
1
J. G. Kirkwood, iYlacromolecules, Gordon and Breach, New York, ( 1967), pp.13, 41, 76-77, 95, 101-102. A teoria original de Kirkwo.od foi reexaminada e ligeiramente
melhorada por H. C. Õttinger,J. Clrem. Phys., 87, 3156-3165 (1987).
D!FUSMDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 507
localizado nas vizinhanças das demais esferas; isto é denominado interação hidrodinâmica. Finalmente, a teoria também
prevê que, para valores de N elevados, a difusividade é proporcional a N- 112 • Sendo o número de esferas proporcional ao
peso molecular M do polímero, o seguinte resultado é obtido:
q}jAA*- ~2 (17.6-2)
Dados experimentais concordam razoavelmente com esse resultado, 5 mas, para alguns polímeros, o expoente do peso
molecular pode alcançar um valor igual a 3 ou mesmo acima.
Embora uma teoria geral para polímeros já tenha sido desenvolvida, 6 sua aplicação tem sido bastante restrita. Até o
momento ela foi usada para mostrar que, no movimento de soluções poliméricas diluídas, o tensor difusividade (ver Eq.
17.1-10) é um tensor anisotrópico e dependente de gradientes de velocidade. Foi também mostrado como se pode generalizar
as equações de Maxwell-Stefan (ver Seções 17.9 e 24.1) para soluções poliméricas multicomponentes. Avanços subseqüentes
nesse assunto podem ser esperados a partir de simulações moleculares. 7
'R. B. Bird, C. F. Curtiss, R. C. Armstrong, and O. Hassager, Dynamics of Polymeric Liquids, Vol.2, Kinetic Theory, 2nd ed., Wiley, New York (1987), pp. 174-175.
l P.-G. de Gennes and L. Léger, Amz. Rev. P/zys. Clzem., 49-61 (1982); P.-G. de Gennes, Plzysics Today, 36,33-39 (1983). De Gennes foi quem introduziu o conceito de
reptação segundo o qual as moléculas poliméricas se movem alternadamente de trás para a frente ao longo de suas espinhas de forma semelhante ao movimento browniano.
'R. B. Bird, C. F. Curtiss, R. C. Armstrong, and O. Hassager, Dynamics of Poly111eric Liquids, Vol.2, Kinetic Theo1y, 2nd ed., Wiley, New York (1987), pp. 326-327; C.
F. Curtiss and R. B. Bird, Proc. Nat. Acad. Sei., 93, 7440-7445 (1996).
5 P. F. Greea, in Diffusion in Poly111ers (P.Neogi, editors), Dekker, New York (1996), Chapter6.
6 C. F. Curtiss and R. B. Bird, Adv. Polym. Sci., 125, 1-101 (1996) and J. Chem. Phys .• 111. 10362-10370 (1999).
1 D. N. Theodorou, em Diffusion in Poly111ers, (P. Neogi, editors), Dekker. New York. ( 1996). Chapter 2.
508 . CAPÍTULO DEZESSETE
É necessário enfatizar que p,, é a concentração mássica da espécie a na mistura. Quando necessário, usamos a notação
p{a) para designar a densidade da espécie a pura.
(17.7-1)
Pa
N
p= L p,, = densidade mássica da solução
üJ,, =
a=l
Pai p =fração mássica da espécie a (C)
Relações algébricas:
c" = PalM,, (H) Pa=.c"M" (I)
N N
L Xa =1
a=1
(J) 2: w,, = 1
a=l
(K)
N N
L xJ.Aa=M
a=l
(L) k
a=l
wª/M,, =1/M (M)
w,,/M;; i,,M~
x"- N .. (N) w,, ;= .-N-..-.-..- - . (O)
2:(w13 /Mf1) 2<x{JM{J)·
/l=l fl=l
Relações diferenciais:
(P)ª
(Q)ª
. .· ,
Note que pv corresponde à taxa local com que a massa atravessa a unidade de área perpendicular à direção do vetor velocidade
v. Essa velocidadélocal, que poderia ser a velocidade medida por um tubo de Pitot, ou mesmo por técnicas de laser-Doppler,
corresponde ao valor de v geralmente utilizado nas equações do movimento e da energia mencionadas em capítulos
precedentes para fluidos puros.
De modo semelhante, podemos definir a velocidade mássica média local v* por
(17.7-2)
Note ainda que cv· corresponde à taxa local com que os moles atravessam a unidade de área perpendicular à direção do
. vetor velocidade molar v*. Tanto a velocidade mássica média quanto a velocidade molar média serão extensivamente
utilizadas ao longo dos capítulos subseqüentes. Outras expressões são também eventualmente usadas, tais como
velocidade média volumétrica (ver Problema 17C.l). Na Tabela 17.7-2 é apresentado um resumo das relações entre
essas velocidades.
Definições bâsicas:
N
v=..:~; WaVà velócidade mássica m€dia (B)
a=l
N
v* =·2: x"vª
a=l
: velocidade molar média· (C)
Relações adicionais:
N N
V - V* = 2: ltJa(Va -.v*)
a=1
(F) V* - V= 2: Xa(Vª :-- V)
a:=l
(G)
Para sistemas binários, as relações anteriores podem ser simplificadas e combinadas com as Eqs. 17.7-3 e 4, para obter as
Eqs. (C) e (D) da Tabela 17.8-2, cujas formas são equivalentes à forma da primeira lei deFick. As formas dadas pelas Eqs.
(E) e (F) da Tabela 17 .8-2, expressas em termos das velocidades relativas das espécies, são interessantes, posto que nelas
nem v nem v* estão incluídas.
No Cap. 18 escreveremos a lei de Fick apenas na fonna da Eq. (D) da Tabela 17.8-2, a qual tem sido extensivamente
utilizada na área de engenharia química. Em muitos problemas, pode-se conhecer a relação entre N.4 e N8 , com base na
estequiometria ou nas condições de contorno. Em um dado problema, podemos eliminar N8 da Eq. (D) através de urna
relação direta entre NA e VxA"
Na Seção 1.7 enfatizamos que o fluxo total de momento molecular através de uma superfície cuja normal é n corresponde
ao vetor [n·'ITJ. Na Seção 9.7 tratamos de grandeza análoga para definir o fluxo témuco molecular na fonna do escalar
(n-q). Em termos de transferência de massa, as grandezas análogas são as grandezas escalares (n-j") e (n·J~), que expressam
os fluxos mássico e molar total através de uma superfície cuja normal é n. Analogamente, para o caso de fluxos combinados
através da superfície de normal n, teremos para momento [n·<f>], para energia (n-e) e (n-n") e (n-N,,) para as espécies.
DIFUSIVIDADE E OS MECANISMOS DE 'TRANSPORTE DE MASSA 511
N N
Somas dos fluxos molares 2; N,, = cv* (M) 2; J. =c(v* - v) (N) (0)
a=l a=1
N Mil
Inter-relações entre fluxos (V) la = N,, - úl" 2; .M• Na
Jl=l
(W) (X)
molares
*As entradas nas regiões destacadas, que envolvem os "fluxos híbridos" i: e J•. são raramente utilizadas. Elas são incluídas apenas por razões de generalização.
p<!IJAB
p(vA -va) Vú>A p(vA - vB) = -«J,4úJa Vú>,1 (E)
a = 1, 2, 3, ... , N (17.9-1)
em que 1l!Jª13 corresponde à difusividade binária calculada pelas Eqs. 17.3-11ou17.3-12. No caso de sistemas multicom-
ponentes, (112)N(N - 1) valores de difusividade são requeridos.
As Eqs. 17.9-1 são conhecidas como as equações de Maxwell-Stefan, pois Maxwell, 3 baseando-se na teoria cinética,
sugeriu aplicá-las para o caso de misturas binárias, e Stefan4 generalizou-as para o caso de difusão em uma mistura gasosa
com N espécies. Posteriormente, Curtisse Hirschfelder obtiveram as Eqs. 17 .9-1 estendendo a teoria de Chapman-Enskog
para multicomponentes.
Para gases de alta densidade, líquidos e polímeros foi mostrado que as equações de Maxwell-Stefan podem também ser
aplicadas, porém as difusividades que nelas aparecem não são as difusividades binárias, de vez que as mesmas são fortemente
dependentes da concentração. 5
Há uma diferença muito importante entre a difusão em sistemas binários e a difusão em sistemas multicomponentes.6
Na difusão binária o movimento da espécie A é sempre proporcional ao gradiente de concentração e sempre ocorre em
sentido contrário a esse gradiente. Todavia, na difusão multicomponente, outras situações peculiares podem aparecer: (i)
difusão reversa, na qual a espécie se desloca no sentido oposto ao do seu gradiente de concentração; (ii) difusão osmótica,
no qual, mesmo em condições de gradiente de concentração nulo, a espécie se difunde; (iii) barreira de difusão, que é o
caso em que, mesmo ocorrendo um gradiente de concentração, a espécie não se difunde. Além disso, o fluxo de uma espécie
não é necessariamente colinear com o correspondente gradiente de concentração. Há, portanto, flagrantes diferenças entre
a difusão em misturas binárias e a difusão em misturas multicomponentes.
1
C. F. Curtiss and J. O. Hirsch.felder, 1. Chem. Phys., 17, 550-555 (1949).
2
Para aplicações em engenharia, ver E. L. Cussler, Diffusion: Mass Transfer in Fluid Systems, 2'd ed., Cambridge University Press ( 1997); R. Taylor and R. Krishna,
Multicomponent Mass Transfer, Wiley, New York (1993).
1
J. C. Maxwell, Phil. Mag., XIX, 19-32 (1860); XX, 21-32,33-36 (1868).
'J. Stefan, Sitzungsber. Kais. Akad. Wiss. Wien, LXIII(2), 63-124 (1871); LXY (2), 323-363 (1872).
5
C. F. Curtiss and R. B .Bird, lnd. Eng. Chem. Res., 38, 2515-2522(1999);1. Chem. Phys., 111, 10362-10370 (1999); 40, 1791 (2001).
6
H. L. Toor, AIChE louma/, 3, 98-207 (1959).
D!FUSIVIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 513
PROBLEMA5
17A.1 Determinação da difusividade binária a baixas densidades. Determine o valor de 0JA8 para o sistema metano-
etano a 193 K e 1 atm pelos seguintes métodos:
(a) Eq. 17.2-1.
(b) O gráfico dos estados correspondentes na Fig. 17.2-1 e na Eq. 17.2-3.
(e) A relação de Chapman-Enskog (Eq. 17.3-12) com os parâmetros de Lennard-Jones que aparecem no Apêndice E.
(d) A relação de Chapman-Enskog (Eq. 17 .3-2) com os parâmetros de Lennard-Jones estimados a partir de valores
das propriedades críticas.
Respostas: (em cm2/s): (a) = 0,152; (b) = 0,138; (e) = 0,146; (d) = 0,138
17A.2 Extrapolação de valores de difusividades binárias para temperaturas elevadas. Um valor de ®As= 0,151
cm2/s foi publicado 1 para o sistema C02-ar a 293 K e 1 atm. Obtenha o valor de 0JAB a 1.500 K pelos seguintes métodos:
(a) Eq. 17.2-1.
(b) Eq. 17.3-10.
(c) Eqs. 17.3-12 e 15, com a Tabela E.2.
O que você pode concluir comparando esses resultados com o valor experimentaP de 2,45 cm2/s?
Respostas (em cm2/s): (a)= 2,96; (b) = 1,75; (c) = 2,51
17A.3 Autodifusão de mercúrio líquido. A difusividade do Hg2º3 líquido foi medida, 2 bem como sua viscosidade e seu
volume específico. Compare os valores experimentais com os valores calculados pela Eq. 17.4-5.
17A.4 O número de Schmidt para misturas binárias de gases a baixas densidades. Use a Eq. 17.3-11 e os dados do
Problema l.A-4 para calcular Se= µ,lp0JA 8 para misturas de hidrogênio e Freon 12, sendo xA = 0,00; 0,25; 0,50;
0,75 e 1,00 a 25°C e 1 atm.
Algumas respostas: Emx,; = 0,00, Se= 3,43; emxA =1,00, Se= 0,407
17A.5 Estimação da difusividade de misturas binárias a altas densidades. Determine o valor de c®AB para uma mistura
eqüimolar de N2 e C2H6 a 288,2 K e 40 atm.
(a) Use o valor de ®AB a 1 atm da Tabela 17.1-1eaFig.17.2-1.
(b)UseaEq.17.2-3eaFig.17.2-l.
Respostas: (a) = 5,8 X 10-6 g-mol/cm·s; (b) = 5,3 X 10-6 g-mol/cm·s
17A.6 Difusividade e número de Schmidt para misturas cloro-ar.
(a) Estime o valor de ®AB para misturas cloro-ar a 75ºF e 1 atm. Considere o ar como uma substância simples com os
parâmetros de Lennard-Jones dados no Apêndice E. Use os resultados da teoria de Chapman-Enskog da Seção 17 .3.
(b) Repita o item (a) usando a Eq. 17.2-1.
(c) Use os resultados do item (a) e os do Problema lA.5 para estimar os valores do número de Schmidt para misturas
cloro-ar a 297 K e 1 atm para os seguintes valores de fração molar do cloro: O; 0,25; 0,50; 0,75 e 1,00.
Respostas: (a)= 0,121 cm2/s; (b) = 0,124 cm2/s; (e) Se= 1,27; 0,832; 0,602; 0,463; 0,372
17A.7 O número de Schmidt para autodifusão.
(a) Use as Eqs. 1.3-b e 17 .2-2 para estimar os valores do número de Schmidt, Se = µ,! p®AA· para a autodifusão no
ponto crítico para um sistema com M,; = M,i ..
1
Ts. M. Klibanova, V. V. Pomerantsev, and D. A. Frank-Kamenetskii, l. Tech. Pfzys. (USSR), 12, 14-30 (1942), cf. citado por C. R. Wilke and C. Y. Lee, fod. Eng.
Citem., 47, 1253 (1955).
2 R.E. Hoffman,J. Cliem. Phys., 20, 1567-1570 (1952).
514 CAPÍTULO DEZESSETE
(b) Use o resultado do item (a), juntamente com a Fig. 1.3-1 e a Fig. 17 .2-1 para estimar número de Sctuni.dt = µJ p<!íJAA.
nas seguintes condições:
17A.8 Correção para altas temperaturas dos valores da difusividade a altas densidades. O valor medido3 de c0JA8
para uma mistura de 80% moles de CH4 e 20% moles de C2H6 a 313 K e 136 atm é 6,0 X 10-6 g-mol/cm·s (ver
Exemplo 17.2-3). Usando a Fig. 17.2-1, estime o valor de c0JAB para a mesma mistura a 136 atm e 351 K.
Resposta: 6,3 X 10-6 g-mol/cm·s
Valor observado: 3 6,33 X 10-6 g-mol/cm·s
o valor medido4 do argumento KTci &AA• de n®.AA' é 1,225 para Ar, Kr e Xe. Usamos o valor de 1/0,77 da Eq. 1.4-
11 a como uma média representativa válida para muitos fluidos.
(a) Combine a Eq. 17A.9-1 com as relações
113 (17A.9-2, 3)
O"AA' = 2,44(TcAf PcA) eAA./K = 0,77TcA
e a Tabela E.2 para obter a Eq. 17.2-2 para (c0JAA.)c
(b) Mostre que das aproximações
3
V. J. Berry and R. C. Koeller, AIClzE Joumal, 6, 274-280 (1960).
4
J. J. van Loef and E. G. D. Cohen, Plzysica A, 156, 522-533 (l 989).
DIFUSIVIDADE E OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MASSA 515
_L=_IL (17B.3-1)
PWAúJB CXAXB
(17B.4-3)
17C.1 Fluxo mássico relativo à velocidade volumétrica média. Seja a velocidade média volumétrica de uma mistura
com N componentes definida por
(17C.1-1)
(17C.1-2)
como o fluxo mássico relativo à velocidade volumétrica média.
(a) Mostre que para um sistema binário de il e B,
j~ = p(VB/MB)ÍA (17C.1-3)
Para essa etapa você tem que usar a identidade cAV A + c 8V 8 = 1. De onde essa identidade se origina?
(b) Mostre que, nesse caso, a primeira lei de Fick se reduz à forma
Para verificar esse resultado, você precisa da relação VA VcA +Vs Vc8 =O. Qual a origem desse resultado?
17C.2 Fluxo mássico relativo à velocidade do solvente.
(a) Em um sistema com N espécies químicas, selecione o componente N para ser o solvente. Então, defina
(17C.2-1)
(17C.2-3)
Como esse resultado pode ser simplificado para o caso de soluções diluídas de A no solvente B?
516 CAPITULO DEZESSETE
17C.3 Determinação dos parâmetros do potencial de Lennard-Jones a partir de dados de difusividade de uma
mistura binária gasosa.
(a) Use os dados 5 obtidos para o sistema H20-02 a 1 atm para determinar O:Vl e eAafK:
Para essa determinação utilize folhas de papel de gráfico muito finas e proceda da seguinte forma: (i) Lance os
dados em gráfico tendo log (T3 12/®A 8 ) como ordenada e log T como abscissa. (ii) Em folha separada, faça, na mesma
escala, um gráfico de n!!l. AB contra KT/eAB· (iii) Sobreponha o primeiro gráfico ao segundo, e, das escalas dos dois
gráficos, determine as relações numéricas (Tl(KTleAB)) e (('!'312/®AB)lil!!l..AB). (iv) Use essas duas relações e a Eq. 17 .3-11
para obter o valor dos parâmetros <rA8 e eAB/K .
.j,
'R. E. Walker and A. A. Westenberg, J. Chem. Phys., 32, 436-442 (1960); R. M.Fristron and A. A. Westcnberg, Flame Structure, McGraw-Hill, New York (1965), p.
265.
18.1 BALANÇOS DE MASSA EM CASCAS; CONDIÇÕES 18.6 ÜlFUSÃO EM UM FILME LÍQlllDO DESCENDENTE
DE CONTORNO (DISSOLUÇÃO DE UM SÓUDO)
18.2 DIFUSÃO ATRAVÉS DE UM FILME ESTAGNANTE 18.7 ÜlFUSÃO E REAÇÃO QlllMlCA NO lNTERlOR DE UM
DE GÁS CATALlSADOR POROSO
18.3 ÜlFUSÃO COM REAÇÃO Qll[MlCA HETEROGÊNEA 18.8º ÜlFUSÃO EM UM SlSTEMA GASOSO COM TRÊS
18.4 ÜlFUSÃO COM REAÇÃO QllÍMlCA HOMOGÊNEA C01'v\PONENTES
18.5 ÜlFUSÃO EM UM FlLME LíQlllDO DESCENDENTE
(ABSORÇÃO GASOSA)
No Cap. 2, apresentamos alguns exemplos relacionados ao escoamento de fluidos viscosos envolvendo a solução das
equações resultantes de um balanço de momento em cascas. No Cap. 9, vimos corno problemas de condução estacionária
de calor podem serresolvidos por meio de um balanço de energia em cascas. No presente capítulo, veremos corno problemas
de difusão estacionária de massa podem ser formulados através de um balanço de massa em cascas. O procedimento usado
aqui será praticamente idêntico aos já utilizados nos capítulos antes mencionados.
a. Um balanço de massa é feito em urna casca muito fina perpendicular à direção do transporte de massa; desse balanço
de massa resulta urna equação diferencial de primeira ordem, de cuja solução resulta a distribuição do fluxo má:;sico.
b. Na distribuição do fluxo mássico, inserimos a relação entre o fluxo mássico e o gradiente de concentração, resultando
em uma equação diferencial de segunda ordem para o perfil de concentração. As constantes de integração que aparecem
nas expressões resultantes são determinadas pelas condições de contorno sobre a concentração e/ou o fluxo mássico nas
fronteiras do sistema.
No Cap. 17 indicamos vários tipos de fluxo mássic<? usualmente utilizados. Por simplicidade, usaremos no presente
capítulo o denominado fluxo combinado, N,1, o qual é definido como o número de moles de A que atravessam a unidade de
área fixa no espaço na unidade de tempo. Devemos também relacionar o fluxo molar com o gradiente de concentração
pela Eq. (D) da Tabela 17.8-2, cujo componente na direção zé expresso por
(18.0-1)
fluxo fluxo fluxo
combinado molecular convectivo
Antes de usarmos a Eq.18.0-1, temos de eliminar o componenteN8 =. Isso pode ser feito se arelaçãoN 8 ,/NA:forconhecida.
Nos problemas relacionados à difusão binária em fluidos, discutidos neste capítulo, começamos por especificar essa relação
utilizando argumentos de ordem física ou de ordem química.
No presente capítulo estudaremos a difusão em sistemas reacionais e não-reacionais. No caso em que ocorram reações
químicas, podemos distinguir dois tipos de reação: homogênea, assim definida quando a reação ocorre em todo o volume
do sistema, e heterogênea, no caso em que a reação ocorre apenas em uma região restrita, tal como a superfície de um
catalisador. Atente que a diferença entre as homogêneas e heterogêneas não se dá, apenas, no ponto de vista físico, mas
também no modo pelo qual os dois tipos de reação são matematicamente descritos. Em uma reação homogênea, a taxa de
produção de uma dada espécie química aparece como um termo de fonte na equação diferencial proveniente de um balanço
de massa em cascas, tal como apareceu o termo de fonte térmica na equação diferencial resultante do balanço de energia
518 CAPITULO DEZOITO
em cascas. Por outro lado, em uma reação heterogênea a taxa de produção não aparece na equação diferencial, mas sim na
condição de contorno definida na região onde a reação ocorre.
Para estabelecer problemas envolvendo reações químicas, temos de dispor de alguma informação acerca da taxa de
aparecimento ou desaparecimento das várias espécies químicas decorrentes da reação. Isso nos faz entrar no vasto campo
do conhecimento relacionado à cinética química, que é o ramo da físico-química que trata dos mecanismos das reações
quúnicas e das taxas com que tais reações ocorrem. 1 Neste capítulo, vamos considerar que as taxas de reação sejam descritas
por meio de funções simples das concentrações dos reagentes envolvidos.
Nesse ponto, precisamos enfatizar a importância da notação que será usada para as constantes da taxa de reação. Para
reações homogêneas, a taxa molar de produção da espécie A pode ser dada por uma expressão da forma
Reação homogênea: RA = !é;.'c'A (18.0-2)
sendo RA [=] moles/cm3 ·s e cA=] moles/cm3• O índice n indica a "ordem" dareação; 2 para uma reação de l.ª ordem, ki'"
[=] l/s. Para reações heterogêneas, a taxa molar de produção na superfície onde a reação ocorre pode ser especificada por
uma relação da forma
Reação heterogênea: (18.0-3)
sendo NAz [=] moles/cm2·s e cA[=} moles/cm3. Nesse caso, ki"[=] cm/s. Note que o sobrescrito (111) na constante da taxa
indica que a fonte de massa ocorre em todo o volume, e o sobrescrito (") indica que a reação ocorre na superfície.
Começamos a Seção 18.l estabelecendo um balanço de massa em cascas e definindo os vários tipos de condição de
contorno que podem ocorrer na resolução de problemas de difusão. Na Seção 18.2, discutimos o problema relacionado à
difusão de massa através de um filme líquido estagnante, posto que esse tópico é necessário para o entendimento de modelos
de filmes, que freqüentemente aparecem em problemas de difusão na área de engenharia química. Assim é que nas Seções
18.3 e 4 daremos alguns exemplos elementares de difusão com reação química- tanto heterogênea quanto homogênea.
Esses exemplos ilustram o papel exercido pela difusão na cinética química e o fato muito importante que a difusão pode
afetar significativamente a taxa de reação química. Nas Seções 18.5 e 6 voltaremos a nossa atenção para a transferência de
massa em sistemas com convecção forçada; isto é, a difusão sobreposta ao campo de escoamento. Embora não tenhamos
incluído um exemplo de transferência de massa por convecção natural, seria possível fazer um paralelo com o problema
de transferência de calor po~ convecção natural dado na Seção 10.9. Na Seção 18.7 discutiremos a difusão em catalisadores
porosos. Finalmente, na última seção estendemos o problema de evaporação abordado na Seção 18.2 para sistemas com
três componentes.
!
conservação da massa da espécie A em um sistema binário é escrita para o volume da casca na forma
! !taxa de
massa de
A que entra
} taxa de ) taxa de massa de }
massa d~ + A pr~duzida p_:Ja
A que sai reaçao hornogenea
=O (18.1-1)
Essa relação, é claro, pode também ser escrita em termos da unidade de massa expressa em mo!. A espécie química A pode
entrar ou sair do sistema por difusão (i.e., pelo movimento molecular), bem como em decorrência do movimento global do
1
R.J. Silbey and R.A. Alberty, Physical Chemistry, 3rd. ed., Wíley, New York (2001), Chapterl8.
'Note que nem todas as taxas podem ser expressas de uma forma simples como a apresentada na Eq. 18.0-2. A taxa de reação pode depender de uma relação de dependência
bastante complexa, a qual pode envolver todas as espécies presentes. Restrições semelhantes também cabem para o caso da Eq. 18.0-3. Para informações detalhadas sobre
o assunto verTab/e ofC!zemica/ Kinetics, Homogeneous Reactions, National Bureau of Standards, Circular 5!0(1951), Supplement No.! para Circular 510 (1956). Essa
referência está sendo complementada por uma base de dados mantida pela NIST em http://kinetics.nist.gov. Para reações heterogêneas, ver R.Mezaki and H.lnoue, Rate
Equations of Solid-Catalyzed Reactions, U.ofTokyo Press, Tokyo(199l). Ver também C.G.Hill, Chemica/ Engineering Kinetics and Reactor Design:An /ntraduction,
Wiley, New York (1977).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 519
fluido (i.e., por convecção), ambos incluídos no termo NA. Além disso, considera-se que a espécie química possa estar
sendo consumida ou produzida por reações químicas homogêneas.
Depois de o balanço ser feito em uma casca de espessura finita usando a Eq. 18.1-1, tomamos o limite quando essa
espessura tende a zero. Como resultado desse processo, obtém-se uma equação diferencial para descrever o fluxo mássico
(ou molar). Se, nessa última, substituirmos a expressão para o fluxo mássico (ou molar) em termos do gradiente de
concentração, obteremos uma equação diferencial para a concentração.
Quando essa equação é integrada, aparecem constantes de integração que são determinadas através das condições
de contorno. As condições de contorno empregadas são análogas àquelas utilizadas em condução de calor (ver Se-
ção 10.1):
(18.1-2)
na qual NAo corresponde ao fluxo molar na superfície do sólido, c,w é a concentração da superfície, eAh corresponde à
concentração de A na corrente de fluido, sendo a constante de proporcionalidade, k,, denominada "coeficiente global de
transferência de massa". Métodos para correlacionar coeficientes de transferência de massa são discutidos no Cap. 22. A
Eq. 18.1-2 é análoga à "lei de Newton do resfriamento", representada pela Eq. 10.1-2.
d. A taxa de reação química na superfície pode ser especificada. Por exemplo, se a substância A desaparece na superfície
por uma reação química de primeira ordem, então NAo = k/"cAo· Em outras palavras, a taxa de desaparecimento em uma
superfície é proporcional à concentração na superfície, sendo k/" a taxa da reação.
Corrente gasosa
da mistura A e B o
---+
~~~-·~~~~~~--,,..-~~
concentração deA na fase gasosa correspondente à concentração de equilíbrio 1 com o líquido na interface. Em outras palavras,
xAt é a pressão de vapor dividida pela pressão total, p/ªP/p, desde que A e B formem uma mistura gasosa ideal e que a
solubilidade do gás B no líquido A possa ser desprezada.
Uma corrente da mistura gasosa A e B de concentração xA2 escoa lentamente sobre o topo do cilindro, de forma a manter
a fração molar de A, expressa por xA2 , constante no plano z = z2 • Admite-se que o sistema é mantido à temperatura e pressão
constantes. Os gases A e B são considerados ideais.
Sabemos que, a partir da interface gás-líquido, haverá um movimento de gás na direção ascendente (z > O) e que a
velocidade do gás nas vizinhanças da parede do cilindro será menor que a velocidade no entorno do eixo axial do cilindro.
Para simplificar o problema, vamos desprezar esse efeito, supondo que não há dependência do componente v, com a
coordenada na direção radial.
Uma vez atingido o equilíbrio, haverá um movimento de A para fora da interface, sendo que a espécie B ficará em
repouso. Considerando N8= = O, o fluxo molar deA é dado pela Eq. 17.0-1. Resolvendo a equação paraN,1,, obtemos
_dNAz = Q (18.2-3)
dz
Substituição da Eq. 18.2-1 na Eq. 18.2-3 resulta
d ( 1 dxA)- Q (18.2-5)
dz 1- XA dz -
Essa é uma equação diferencial de segunda ordem para o perfil de concentração, expressa em termos da fração molar de
A, cuja integração em relação a z fornece
1 dxA
---=C1 (18.2-6)
1 - XA dz
De uma segunda integração resulta
1- XA = ~K2 (18.2-8)
As duas constantes de integração K 1 e K2 podem então ser determinadas das seguintes condições de contorno
e.e. 1: emz = z 1, XA = XA1 (18.2-9)
e.e. 2: emz = Zz, XA = XA2 (18.2-10)
1
L.J. Delaney and L.C. Eagleton [AfChE Journal, 8, 418-420(1962) concluíram que, para sistemas onde ocorre evaporação, a suposição de equihbrio na interface é
razoável, com erros prováveis variando na faixa de 1,3 a 7,Q%.
DISTRIBU!ÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 521
(18.2-11)
Os perfis para a fração molar do gás B são obtidos fazendo-se x8 = 1 - X,i- Os perfis de concentração são mostrados na
Fig. 18.2-1. Pode ser verificado que, embora NA, seja constante, a tangente dxA/dz não é constante; esse resultado poderia
ser diretamente verificado da inspeção da Eq. 18.2-1.
Uma vez conhecidos os perfis de concentração, podemos:obter os valores médios de algumas grandezas, bem como os
fluxos mássicos na superfície. Por exemplo, a concentração média de B na região entre z1 e z2 é obtida da seguinte forma:
XB,méd rz,
(xB/XBi)dz { (xa2fxa1)S' dÇ
(XB2fxa1)S' l
r
(18.2-12)
Xa1 ln(XB2/ XB1) O
dz {dt
z,
na qual ' = (z - z1)/(z2 - z1) é uma variável adimensional referente ao comprimento. Essa média pode ser reescrita na
forma de
XB2 - Xa1
(18.2-13)
xB,méd = ln(XB2/Xa1)
Isto é, o valor médio de x8 corresponde à média logarítmica (x8) 1n dos valores das concentrações nos pontos extremos.
r~',r~~:::::~
r!?~"""'i .
Fig. 18.2-2 Modelo do filme para transferência de massa. O componente A está se difundindo
da superficie para a corrente gasosa através de um filme líquido hipotético.
A partir da Eq. 18.2-1, a taxa de transferência de massa na interface gás-líquido - isto é, a taxa de evaporação - pode
ser obtida como se segue
N _ -
-
-c®AB
- -dxA-1 -- +c®AB
- -dxB
-1 c®AB (Xaz)
----ln~ (18.2-14)
Az 1z-z,1 - XA1 dz z=z, XBJ dz z=z, Zz - Z1 XB1
(18.2-15)
Essa última expressão fornece a taxa de evaporação, expressa em termos da força-motriz característica do processo difu-
sivo, XAI - XA2·
522 CAPITULO DEZOITO
Desenvolvendo a solução dada pela Eq. 18.2-15 em termos de uma série de Taylor, podemos obter (ver Seção C.2 e
Problema 18B.18)
Fig. 18.2-3 Evaporação com difusão quase-permanente. O riJvel do líquido decresce lenta-
mente à medida que evapora. Uma mistura gasosa de composição XAz escoa através do topo
do tubo_
EXEMPLO 18.2-1
Difusão com uma Interface Móvel
Neste exemplo, vamos examinar um problema ligeiramente diferente do problema antecedente. Em vez de considerarmos
a interface líquido-gás com altura constante, vamos admitir que o nível de líquido decresce à medida que a evaporação
prossegue, como mostrado na Fig. 18.2-3. Se o nível de líquido decresce muito lentamente, podemos obter uma solução
através de um método quase-permanente com confiança.
SOLUÇÃO
Inicialmente, igualamos a taxa de evaporação de A, expressa em termos de moles, da fase líquida com a taxa molar de A
que entra na fase gasosa:
(18.2-17)
2
C-Y.Lee and C.R.Wilke, Ind.Eng.Chem., 46, 2381-2387(1954).
DlSTRfBU!ÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM EsCOAMENTO LAMINAR 523
Em que p<A> é a densidade do líquido A puro e MA, o seu peso molecular. No segundo membro daEq. 18.2-17 usamos a taxa
de evaporação de equilíbrio calculada em função da altura de líquido na coluna {o que corresponde à aproximação do
método quase-permanente). Da integração dessa equação resulta
/I
f0
(H + h)dh (18.2-18)
na qual h(t) = z1(0) - z1(t) corresponde à distância que a interface decresceu no tempo t, e H = z2 - z1(0) é a altura inicial
da coluna de gás. Representando o segundo membro da Eq. 18.2-18 pela expressão (Vz)Ct, podemos obter a altura h a
partir da integração da Eq. 18.2-19.
EXEMPLO 18.2-2
Determinação da Difusividade
A difusividade do par gasoso 0 2-CC14 está sendo determinada pela observação da evaporação de tetracloreto de carbono
em um tubo contendo oxigênio, como mostrado na Fig. 18.2-1. A distância entre o nível de CC14 líquido e o topo do tubo
é z2 - z1 = 17,1 cm. A pressão total do sistema é de 775 mm Hg, e a temperatura é de OºC. À mesma temperatura, a pressão
do CC14 é de 33,0 mm Hg. A área da seção reta do tubo é de 0,82 cm2 • Após um intervalo de tempo de 10 h, determinou-
se que o volume de CC1 4 evaporado foi de 0,0208 cm3• Qual é a difusividade do par gasoso 0 2-CC14 ?
SOLUÇÃO
V amos designar o CC14 como a espécie A e o 0 2 como a espécie B. O flux~ar de A é dado por
(0,0208 cm )(1,59 g/cm3)
3
NA= 1 '
(154 g/ g-mol)(0,82 cm·)(3,6 X 10' s)
= 7,26X10- 9
g-mol/cm 2
• s (18.2-20)
Utilizando aEq. 18.2-14, obtemos
Esse método para a determinação da difusividade de gases apresenta várias limitações como, por exemplo, o resfriamento
decorrente da evaporação do líquido, da concentração de componentes não-voláteis na interface, da ascensão do líquido
pelas paredes do tubo e da cunratura do menisco.
ExEMPLO 18.2-3
Difusão através de um Filme Esférico Não-isotérmico
(a) Deduza expressões, análogas à Eq. 18.2-11 (perfil de concentração) e à Eq. 18.2-14 (fluxo molar), para a difusão
através de uma casca de geometria esférica. O sistema sob consideração está mostrado na Fig. 18.2-4.
524 CAPÍTULO DEZOITO
(b) Use esses resultados para descrever a difusão em um filme não-isotérmico, no qual a temperatura deve variar de
acordo com a equação a seguir
em que T1 é a temperatura no ponto r = r1. Como primeira aproximação, suponha que 21JAB varia com a temperatura na
potência 2/3 da temperatura:
SOLUÇÃO
(a) Considerando regime permanente de um balanço material em uma casca esférica temos
f,(r2N,,) =O (18.2-24)
.----:--_--:~Temperatura T2 =Ti ( f,
T )"
/
/-".,
· .
.. ·,,.« • .. ·..'-, Temperatura Ti
f
1
1
\.
,,.
\<> 1
Filme gasoso >(i__ij.
Fig. 18.2-4 Difusão através de um filme hipotético esférico estagnado envolvendo
urna gota de pequeno diâmetro do liquido A.
Substituímos na equação anterior a expressão para o fluxo molar N,i,, considerando N8 , nulo, uma vez que B é insolúvel no
líquido A. Daí resulta
(18.2-27)
a qual fornece o fluxo molar de A através de qualquer superfície esférica de raio r entre r 1 e r 2•
(b) Para o problema não-isotérmico, a combinação das Eqs. 18.2-22 e 23 fornece a variação da difusividade com a posição
WA
2
= 4-rrr1NArlr=r, =
47T(p0lAB,1/RT1)[l + (n/2)}
[(l/r1)1+(n/2) - (l/r2)1+(11/2)h1/2
(1 - x
ln 1 -
112 )
XA1
(18.2-30)
z=Ü<>-
1
1
+
z
Fig. 18.3-1 (a) Diagrama esquemático de um reator catalíti-
co no qual A está sendo convertido em B. (b) Modelo ideali-
zado do problema de difusão próxima da superfície da partí-
(b) cula do catalisador.
526 CAPITULO DEZOITO
Faremos agora um balanço de massa relativo à. espécie A em uma lâmina de gás muito fina de espessura 6.z. Desse
procedimento, que é igual ao já adotado em relação à obtenção das Eqs. 18.2-2 e 3, resulta
dNAz = 0 (18.3-3)
dz
Inserindo nessa equação a expressão de N,1, anterionnente obtida, resulta (para 2.DAs constante)
É_ (-l_dxA)
dz 1 - ~xA dz
= Ü (18.3-4)
(18.3-8)
para o perfil de concentração no filme gasoso. A Eq. 18.3-2 pode ser agora utilizada para obtennos o fluxo molar do reagente
através do filme gasoso:
2
NAz = c:1AB ln(--\-_-) (18.3-9)
u 1 - zXAo
A grandeza NA, pode também ser interpretada como a taxa local de reação por unidade de área superficial da partícula de
catalisador. Essa informaÇão pode ser combinada com uma outra relacionada ao reator catalítico ilustrado na Fig. 18.3-
l(a) para obtennos a taxa global de conversão do reator.
Um ponto deve agora ser ressaltado. Embora a reação química ocorra instantaneamente na superfície do catalisador, a
conversão de A em B se dá a uma taxa finita devida ao processo difusivo, o qual ocorre "em série" com a reação. Desse
modo consideramos que a conversão de A em B é uma reação controlada pela difusão.
Nesse exemplo, admitimos que a reação ocorre instantaneamente na superfície do catalisador. No próximo exem-
plo mostraremos como levar em conta as reações que são caracterizadas por uma cinética finita na superfície do
catalisador.
EXEMPLO 18.3-1
Difusão com Ree.ção Heterogênea Lenta
o
Refaça o problema anterior no caso em que a reação 2A ~ B que ocorre na superfície do catalisador z = não é instantânea.
Neste caso, admita que a taxa de desaparecimento de A na superfície do catalisador é proporcional à concentração de A no
fluido da interface,
SOLUÇÃO
Neste caso, vamos adotar um procedimento idêntico ao anterior com a diferença de que a C.C.2 da Eq. 18.3-7 deve ser
substituída por
em que NA=, claro, pode ser considerado constante em regime permanente. A determinação das constantes de integração, a
partir das condições C.C.l e C.C.2' resulta em
(18.3-12)
A partir dessa expressão determinamos (dxA/dz)l:=o e o substituímos na Eq. 18.3-2, para obter
N
Az
= 2~AB 1
o n
(1 -~(NAzf
1 ~XAo
k;c))
(18.3-13)
Essa é uma equação transcendental cuja solução fornece o valor de N,4, em função de xA 0, k/', c<]))AB e 15. Quando o valor de
ki" é muito grande, o logaritmo de 1 - V2 (NAJki"c)pode ser desenvolvido em termos de uma série de Taylor, da qual se
retém apenas o primeiro termo. Assim, obtemos
N
Az
= 2c<]))AB/o l (-1-)
1 + qj)AB/l<;o n 1 - ~XAo
(k1 grande) (18.3-14)
Note mais uma vez que obtivemos a ta.,'<:a combinada referente aos processos de reação e de difusão. Note também que o
grupo adimensional, e<]))AB /ki" 15 descreve a relação entre o efeito da cinética da reação que ocorre na superfície do catalisador
e o processo difusivo e de reação global. A recíproca desse número é conhecida corno o segundo número de Damkohler 1
Dau = ki"15/<]))AB. Evidentemente, no limite quando Darr ~ CXJ, obtemos o resultado previsto pela Eq. 18.3-9.
Gás A
(18.4-2)
Considerando a concentração de A muito pequena, podemos, com uma boa aproximação, escrever a Eq. 18.0-1 na forma
deA
NAz = -~AB dz (18.4-3)
já que a concentração molar total na fase líquida, e, pode ser considerada praticamente unifom1e. Da combinação dessas
duas últimas equações resulta
em que f = eA/eAo é uma concentração adimensional, { = z!L um comprimento adimensional e <P = (ki"'L2f<!J;AB) 1fl é também
um grupo adimensional denominado módulo de Thiele .1 Esse grupo representa a influência relativa da reação química ki"'
eAo e da difusão e"'º 0'J,is/L2. A Eq. 18 .4-7 deve ser resolvida com as condições de contorno, também na forma adimensional,
dadas, respectivamente, por {=O, f = 1 e em { = 1, df/d{ =O. A solução geral da equação é dada por
r = C1 cosh </JÇ + C2 senh </JÇ (18.4-8)
Determinando os valores das condições de contorno, vem
r = cosh <P cosh </JÇ - senh ijJ senh ijJÇ = cosh[ </J(l - Ç)]
(18.4-9)
cosh <P cosh ijJ
Expressando esse resultado, em termos das variáveis dimensionais, vem
cA _ cosh[~(l - (z/L))]
(18.4-10)
cAo - coshY k;'L2/~AB
O perfil de concentração assim obtido é ilustrado na Fig. 18.4-1. Uma vez obtido o perfil de concentração, podemos
determinar outras grandezas, tais corno a concentração média na fase líquida
Esse resultado mostra a relação entre a reação química e a taxa de absorção do gás A pelo líquido B.
Provavelmente a essa altura, o leitor estará se questionando sobre como a solubilidade eAo e a difusividade ®AB podem ser
determinadas experimentalmente se, em paralelo ao efeito difusivo, está ocorrendo uma reação quúnica. Em primeiro lugar, ki"'
pode ser medida em um experimento em separado conduzido em um reator tanque agitado. Assim, em princípio, c,to e ®AB podem
ser obtidas através de medidas experimentais das taxas de absorção para diversos valores de profundidade do líquido.
1
E.W. Thiele, Ind. Eng. Chem., 31, 916-920 (1939). Ernest William Thiele (1895-1993) é conhecido por seu trabalho em fatores de eficiência de catalisadores e por sua
participação na elaboração do diagrama "McCabe-Thiele". Após 35 anos trabalhando para a Standard Oi! of Indiana, ensinou por uma década na Universidade de Notre
Dame.
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAM!NAR 529
EXEMPLO 18.4-1
Absorção de Glís com Reação Química em um Tanque Agitado 2
Estime o efeito da taxa de reação química sobre a taxa de absorção do gás em um tanque agitado (ver Fig. 18.4-2). Considere
um sistema no qual o gás dissolvido A experimenta uma reação irreversível de primeira ordem com o líquido B; isso significa
que A desaparece na fase líquida a uma taxa considerada proporcional à sua concentração local. Um exemplo desse sistema
seria o da absorção de S02 ou H2S em uma solução aquosa de NaOH.
O volume da fase
líquida é V
o
A área da
o superfície de
oº o o todas as bolhas é S
SOLUÇÃO
Uma análise exata dessa situação não é factível devido à complexidade do processo de absorção do gás. Todavia, uma
solução semiquantitativa pode ser obtida pela aplicação de um modelo relativamente simples.
a. Cada bolha de gás é envolvida por um filme líquido estagnado de espessura 8, considerada muito pequena quando
comparada ao diâmetro da bolha.
b. Um perfil de concentração quase-permanente é instantaneamente estabelecido no filme líquido logo após a formação
da bolha.
e. O gás A é ligeiramente solúvel no líquido, de modo que podemos desprezar os efeitos convectivos que aparecem na Eq.
18.0-1.
d. A concentração do líquido na região externa ao filme estagnado é dada por cA0, a qual todavia varia muito pouco com o
tempo, de forma que ela pode ser considerada constante.
A equação diferencial que descreve o processo de difusão com reação química é a própria Eq. 18)'4-4, a qual, porém,
está sujeita às seguintes condições de contamo:
na qual~= z/8, B = cAãfcAo e</>= (kt"'82/<7J;AB) 112• A Fig. 18.4-3 corresponde ao gráfico dessa equação.
Corrente de
líquido externa
ao filme
Interface
líquido-gás
Z=Ü z=o Fig. 18.4-3 Perfil de concentração previsto na fase liquida adjacente a uma bolha.
2,0 ~--,...--.,-----,-----,----,-----,
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
I
I
V/55 =0
I
I
/
oi..:::..--"'~-........,'------"""'---'-"~/--L_---1
10-5 10- 4 10-3 10-2 10-1 10 Fig. 18.4-4 Absorção de gás seguida de reação de primeira ordem
</; irreversível.
A seguir, e usando a suposição (d), igualamos a quantidade de A que entra no seio do líquido em z = oatravés da superfície
S da bolha no tanque com a quantidade de A consumida no líquido pela reação química
-5'2bAB dz
dcA! z=li = m
Vk1 CA/i (18.4-16)
Substituindo o valor de cA0 , obtido da Eq. 18.4-15 na Eq. 18.4-16 obtemos uma expressão para B:
B= 1 (18.4-17)
cosh <P + (V/ 58)</J senh <P
Quando esse resultado é inserido na Eq. 18.4-15, obtemos uma expressão para cA/cAo em função de <P e VIS o.
Dessa expressão para o perfil de concentração podemos obter agora a taxa global de absorção com reação química a
partir de NA: = -Q))AB (dcA/dz), determinado em z = O. Assim:
Nessa região, a reação química é suficientemente rápida de forma a manter a região correspondente ao seio do líquido
isenta do soluto, m.as lenta o bastante para exercer qualquer influência no transporte do soluto através do filme. Tal situação
ocorrerá quando a relação VIS ô correspondente ao volume do líquido externo ao filme for suficientemente grande de modo
que a taxa de reação por unidade de volume do filme não seja afetada. Nesse caso, a taxa de absorção é igual à taxa de
absorção física (isto é, a taxa para o valor de k/" = 0) para o líquido puro. Esse comportamento é freqüentemente observado
na prática, e a operação sob tais condições provou ser uma maneira adequada para caracterizar o processo de transferência
de massa de uma gama variada de unidades de absorção de gases. 2
(18.5-1)
1
S. Lynn, J. R. Straatemeier, and H. Kramers, Chem. Eng. Sei., 4, 49-67 (1955).
532 CAPITULO DEZOITO
lâminas de fluido com espessura t::.z e t::.x. Então o balanço de massa nesse segmento de filme líquido com largura W se
torna
(18.5-4)
Podemos descartar o termo sublinhado, pois consideramos que o transporte de A na direção z será predominantemente por
ação convectiva. Aqui fizemos uso da Eq. (M) da Tabela 17 .8-1 e também do fato de que no caso de soluções diluídas, v
é praticamente igual a v*. AnalÓgamente, na direção x o fluxo molar de A é dado por
(18.5-5)
Nessa expressão descartamos também o termo sublinhado, pois agora consideramos que, em virtude da pequena solubilidade
de A em B, o transporte de massa por ação convectiva na direção x é praticamente nulo e que, portanto, na direção x o
transporte de massa será predominantemente por difusão. Considerando ®AD constante, a combinação das três últimas
equações resulta em
(18.5-7)
perceberia a diferença". Esse argumento de caráter físico sugere (corretamente) que podemos obter um resultado bastante
aproximado se substituirmos a Eq. 18.5-7 e suas condições de contorno pelas seguintes expressões
2
qj}
Vmáx az =
acA a cA
AB ax?- (18.5-11)
No Exemplo 4.1-1 já apresentamos a solução de um problema análogo relacionado ao transporte de momento, o qual foi
resolvido pelo método da combinação de variáveis. É portanto possível aplicarmos a mesma solução para o caso presente,
tendo-se, antes, o cuidado de fazermos uma troca de variáveis. A solução da Eq. 18.5-11, com as condições de contorno
correspondentes, é da forma 3
C
~= 1 - -
2 f r/Y4'!!!;sz/VmJ,
exp(-ç2)d~ (18.5-15)
CAO y; O
ou ainda
(18.5-16)
Nessas expressões os termos "erf x" e "erfc x" são, respectivamente, denominados "função erro" e "função erro
complementar" do argumento x, que são discutidos na Seção C.6 e tabelados em textos de referências. 4
Uma vez conhecidos os perfis de concentração, podemos determinar o fluxo mássico local
(18.5-17)
O fluxo total de moles de A que atravessa a superfície em x = O(isto é, o fluxo molar que está sendo absorvido pelo filme
líquido de comprimento L e largura vV) é dado por
(18.5-18)
Um resultado análogo pode ser obtido pela integração do produto vmáxcA ao longo da seção reta em z = L (ver Problema
18C.3).
A Eq. 18.5-18 mostra a taxa de transferência de massa como sendo diretamenteproporcional à raiz quadrada da
difusividade e inversamente proporcional à raiz quadrada do "tempo de contato", texp = L/vmáx· Esse enfoque para o estudo
da absorção de um gás por um líquido foi aparentemente proposto primeiro por Higbie. 5 -
O problema discutido nesta seção serviu para ilustrar o "modelo da penetração" da transferência de massa. Esse modelo
será novamente aplicado nos Caps. 20 e 22.
EXEMPLO 18.5-1
Absorção de Gás a Partir de Bolhas A.scendentes
Estime a taxa na qual bolhas ascendentes de um gás A são absorvidas por um líquido B. Considere também que a velocidade
das bolhas corresponde à velocidade terminal v, e que o líquido é estagnado.
---r D
1
___ .!._
SOLUÇÃO
Uma bolha de gás de tamanho médio, que ascende em um líquido isento de agentes tensoativos, experimenta uma circulação
toroidal (circulação de Rybczynski-Hadamard), como mostrado na Fig. 18.5-2. O líquido se move na direção oposta à
direção do movimento da bolha, sendo crescente a concentração de A próxima da interface de maneira análoga à já descrita
no caso do filme líquido e ilustrada na Fig. 18.5-1. A distância de penetração do gás dissolvido no líquido é ligeiramente
superior àquela que se V'erifica na maior parte da bolha, devido ao movimento do líquido relativo à bolha e ao pequeno
valor da difusividade <ilJAB· Assim, como primeira aproximação, podemos usar a Eq. 18.5-18 para estimar a ta,"'\a de absorção
do gás, bastando para isso substituir o tempo de contato do filme líquido, t.,P = L/vnW., por D/v, relativo à bolha, onde D
corresponde ao valor instantâneo do diâmetro da bolha. Essa expressão fornece uma estimativa 5 da taxa de absorção molar,
tomada como um valor médio ao longo da superfície da bolha, na forma de
(18.5-19)
sendo eAo a solubilidade do gás no líquido B, medida na temperatura da interface e pressão parcial do gás. É de se notar que
o resultado obtido pela Eq. 18.5-19 fornece boas estimativas para o caso de escoamento potencial em tomo da bolha (ver
Problema 4B.5). Os resultados previstos pela Eq. 18.5-19 foram razoavelmente confirmados6 para o caso de bolhas de gás
de diâmetro entre 0,3 e 0,5 cm ascendendo em água ultrapura.
Esse sistema foi também aplicado para o caso de escoamentos lentos 7 e o resultado é (ver Exemplo 20.3-1)
4<ilJABVl
3r.D cAa (18.5-20)
'R. Higbie, Trans. AIChEJournal,31, 365-389 (1935). Ralph Wilmarth Higbie (1908-1941 ), graduado pela Universidade de Michigan, estabeleceu as bases do "modelo
da penetração.
6
D. Hammerton and F. H. Gamer, Trans. Jnst. Chem. Engrs. (London), 32, Sl8 (1954).
7
V. G. Levich, Physicochemical Hydrodynomics, Frentice-Hall, Englewood Cliffs, N. J. (1962), p. 408, Eq. 72.9. Essa referência fornece muitos outros resultados, incluindo
aqueles relacionados com a transferência de massa em sistemas líquido-líquido e efeitos de agentes tensoativos.
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM EsCOAMENTO LAMINAR 535
Um enfoque similar foi também usado com bastante sucesso para a previsão das taxas de transferência de massa durante
a formação de gotas na ponta de tubos capilares. 8
Próximo
da parede Perfil de
velocidade
Vz"' (p!B) Y parabólico do
fluidoB
~"'-----; cA =O Fig. 18.6-1 Dissolução de um sólido A por um liquido Bem movimento descendente
com perfil de velocidade parabólico plenamente desenvolvido.
(18.6-1)
Na região adjacente à parede sólida (y/ 8)2 < < (y! o), de forma que para o presente problema a velocidade do fluido pode,
=
com urna boa aproximação, ser expressa por v, = (pgo/µ,)y ay. Isso significa que a Eq. 18.5-6, que é aplicável aqui, se
torna para curtas distâncias a jusante
(18.6-2)
em que a= pgo/µ. Essa equação deve ser resolvida com as seguintes condições de contorno
Na segunda condição de contorno, o termo c,10 representa a solubilidade de A em B, enquanto a terceira condição é usada
em vez da condição correta (acA/ay =O em y =O), uma vez que para curtos tempos de contato podemos, de forma intuitiva,
admitir que o uso de qualquer das duas condições de contorno é indiferente. Considerando que a espécie A não penetra
muito dentro do filme líquido, ela não poderá "ver" a fronteira externa do filme líquido e, portanto, ela não poderá distinguir
entre a condição de contorno verdadeira e a condição de contorno aproximada que estamos usando. As mesmas considerações
foram feitas ao desenvolvem10s o Exemplo 12.2-2 e o Problema 12B.4.
A forma das condições de contorno expressas pelas Eqs. 18.6-3 a 5 sugere que a solução pode ser obtida por meio do
método da combinação de variáveis. Para tal, podemos definir eA/eAo = /( 11), em que 11 = y(a/9<!!JA8z) 113 . Esta última é uma
forma adimensional das variáveis independentes combinadas, sendo que o valor numérico "9" é incluído apenas para tornar
o resultado mais simplificado.
Quando essa mudança de variáveis é implementada, a equação diferencial parcial na forma da Eq. 18.6-2 se reduz a
d2f 2 df
-+311
2
-=O (18.6-6)
d71 d71
com as seguintes condições de contomo.flO) = 1 e/(oo) =O.
Essa equação ordinária de segunda ordem, que é da forma da Eq. C.1-9, tem corno solução
1
f = C1 { exp(-7j3 ) d7j + C2 (18.6-7)
As constantes de integração podem então ser determinadas usando as condições de contorno, obtendo-se finalmente
r
'l
exp(-7() d7)
(18.6-8)
rG)
para os perfis de concentração, nos quais a função f( 4/3) = 0,8930 ... é denominada função gama de 4/3. A seguir, podemos
obter o fluxo mássico local da seguinte maneira
uma partícula porosa de catalisador. Não tentaremos, todavia, descrever o processo difusivo que ocorre dentro das
tortuosidades internas da partícula. Descreveremos, apenas, a difusão "média" do reagente em termos de um parâmetro
denominado "difusividade efetiva". 1• 2• 3
Concentração na
superfície é eAR
A-7B
concentrações
CAR ecBR
Especificamente, consideramos uma partícula esférica e porosa de catalisador de raio R, como ilustrado na Fig. 18.7-1.
Essa partícula está contida em um reator catalítico e submersa em uma corrente gasosa contendo o reagente A e o produto
da reação B. Nas vizinhanças da superfície da partícula em questão, podemos supor que a concentração é dada por eAR
moles porunidade de volume e que a espécie A se difunde através das passagens tortuosas dentro da partícula de catalisador
e, na superfície, é convertida em B, como ilustrado na Fig. 18.7-2.
Iniciamos fazendo um balanço de massa em relação à espécie A em uma casca esférica de esp,~sura 6..r dentro de uma
única partícula de catalisador: J
(18.7-1)
Aqui NA, Ir corresponde ao número de moles de A que se desloca na direção r através de uma superfície imaginária localizada
a uma distância r do centro da esfera. O termo referente à fonte RA · 41Tr2Ó..r corresponde à taxa molar de produção de A
pela reação química que ocorre na casca esférica considerada de espessura !:ir. Dividindo a expressão anterior por 47T !:ir
e tomando o limite quando 6..r ~ O, resulta
(18.7-2)
d (-2NA)r-- -"RA
d;' 1 (18.7-3)
Esse processo ctb tomada ao limite claramente se choca com o fato de que o meio poroso é granular e descontínuo.
Conseqüentemente, na Eq. 18.7-3 as grandezas NA, eRA não podem ser interpretadas como sendo grandezas definidas em
um ponto, mas sim como grandezas consideradas como valores médios medidos em uma região pequena no entorno do
ponto em questão - uma região pequena em relação ao raio R da partícula, mas grande o suficiente em relaçãó às dimensões
dos poros da partícula de catalisador.
Definimos agora a "difusividade efetiva" para o meio poroso por
na qual cA é a concentração do gásA contido dentro dos poros. A difusividade efetiva ®A deve ser medida experimentalmente.
Em geral, a difusividade efetiva é função da pressão e da temperatura, bem como da configuração da estrutura dos poros
do catalisador. O mecanismo atual de difusão em poros é bastante complexo, urna vez que as dimensões dos poros podem
ser menores do que o comprimento do livre percurso médio das moléculas que estão se difundindo. Não nos aprofundaremos
na questão desse mecanismo mas, apenas, vamos supor que a Eq. 18.7-4 pode servir para representar esse mecanismo de
difusão (ver Seção 24.6).
Quando a expressão precedente é inserida na Eq. 18.7-3, obtemos o seguinte valor para a difusividade constante
0J J__E_
A-? dr
(-? dcA)
dr
= -R
A
(18.7-5)
Agora consideraremos o caso em que a espécie A desaparece de acordo com uma reação química de primeira ordem que
ocorre na superfície do catalisador, a qual forma a totalidade ou parte das paredes das tortuosidades. Seja a a superfície
disponível do catalisador por unidade de volume (de sólidos +poros). Assim, RA = - ki"'acA, e, nesse caso, a Eq. 18.7-5
se toma (ver Eq. C.1-6)
(18.7-6)
Essa equação deve ser resaivida com as condições de contorno que cA = eAR em r = R e cA = finito em r = O.
As equações contendo o operador (1/r2)(dldr)[r2(d/dr)] podem ser freqüentemente resolvidas usando um "truque clássico"
- isto é, fazendo-se uma mudança da variável eA/eAR = (l/r)fir). Expressa em termos de fir), a equação anterior fica
(18.7-8)
No estudo de cinética química e de catálise está-se freqüentemente interessado na determinação do valor do fluxo molar
NAR ou da taxa molar WAR na superfície r = R:
(18.7-10)
(.
Inserindo a Eq. 18.7-9 na equação anterior, obtemos
WAR
fiZ{i; fiZ{i; )
4TiR0JAcAR ( 1 - .y?/t R coth.y?/t R (18.7-11)
Resultado esse que fornece o valor da taxa de conversão (expressa em moles/s) deA em B que ocorre em uma única partícula
de catalisador de raio R em termos dos parâmetros que descrevem os processos de reação e de difusão.
Se a superfície ativa do catalisador fosse completamente exposta à corrente gasosa de concentração eAR, então a espécie
química A não teria que difundir através dos poros para um lugar ativo. Desse modo, a taxa molar de conversão teria que
ser dada pelo produto da superfície disponível e a taxa de reação superficial:
(18.7-12)
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 539
WAR
'TIA =- - = -3 (© coth </> - 1) (18.7-13)
WAR,O 4>2 .
na qual </> = (k/"a/CJJJABR) 1{l é denominado módulo de Thiele, 1 definido na Seção 18.4. A grandeza 1JA é denominada fator
de eficiência. 14 Ela corresponde à grandeza pela qual WAR.o deve ser multiplicada para se levar em conta a relação entre a
resistência intrapartícula à difusão e o processo de conversão global.
Para partículas de catalisador não-esféricas, redefinindo a variável R, os resultados antecedentes podem ser aplicados
de forma aproximada. Notamos que para uma esfera de raio R a relação entre o volume e a área superficial é dada por RI
3. Para partículas não-esféricas, redefinimos a grandeza R que aparece na Eq. 18.7-13 da forma
(18.7-14)
na qual Vp e Sp são, respectivamente, o volume e a área superficial de uma única partícula de catalisador. O valor absoluto
da conversão é dado pela expressão aproximada
(18.7-15)
onde
1
7/A = A (3A coth 3A - 1) (18.7-16)
3 2
~- 1 1 1 1 1 1
0,8 ~f:::: / Partículas planas
1 l:::i-.. 1
~
1 1 1 ' 1 1 1 1
......... V
Partículas cilindricas longas_
0,6
~~ 1 1 1 1 li
Partículas esféricas - t-t--
~ 1 K 1 1
0,4
7/.4
l~l'...
0,3 ~''.;:~ 1
0,2
1
~
~~
I',
0,6 0,8 1,0
1
A
3 s '10
Fig. 18.7-3 Fatores de eficiência relativos a várias formas de par-
tícu!as porosas de catalisador [R. Aris, Chem. Eng. Sei., ô, 262-
268(1957)1.
apresentam assíntotas comuns tanto para altos quanto baixos valores de A e seus valores não diferem muito para valores
intem1ediários de A. Assim, a Fig. 18.7-3 fornece uma boa justificativa para o uso da Eq. 18.7-16 para estimativa de valores
de 'TIA para o caso de partículas não-esféricas.
'O. A. Hougen and K.M. Watson, Chemica/ Process Principies, Wiley, New York ( l947), Part ID, Chapter XlX. Veja também CPP Clzarts, por O. A. Hougen, K.M. Watson,
and R.A. Ragatz, Wiley, New York ( 1960), Fig. E.
540 CAPITULO DEZOITO
dNaz =O a= 1, 2, 3 (18.8-1)
dz
Dessa expressão podemos concluir que, no regime permanente, o fluxo molar das 3 espécies é constante. Como as espé-
cies 2 e 3 não estão se movendo, podemos concluir que tanto N2: quanto N 3, são nulos.
A seguir precisamos determinar as expressões para os respectivos fluxos molares a partir da Eq. 17.9-1. Sendo x 1 + x 2
+ x3 = 1, precisamos determinar apenas duas das três variáveis e, para tal, selecionamos as equações para as espécies 2 e
3. Como Niz =O e N 3, =O, essas equações experimentais podem ser muito simplificadas:
(18.8-4, 5)
Niz(L -
=exp ( - - - - ·
z)) (18.8-6, 7)
c0.l12 /
e o perfil de concentração da fração molar do vapor na coluna de difusão será dado por
x1 = 1 - Xzr.
Niz(L -
exp ( ---a;-.- -
z)) - x3L exp
( Niz(L z))
---m-- (18.8-8)
c;:iJ12 C::i.'13
0449=1-090ex
1 1
p
(-~~)
(3,462 X 10-5)(0,36)
(18.8-10)
1
R.C. Reid, J.M. Prausnitz, and B.E. Poling, The Properties o/Gases and Liquids, 4th edition, McGraw-Hill, New York (1987), p. 591.
1
A solução de problemas de difusão para sistemas ternários nos quais adifusividade de dois componentes é igual foi discutida por H.L. Toor,AIChE Journal, 3, 198-207
(1957).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM EsCOAMENTO LAMINAR 541
da qual encontramos o valor de Nt, = 5,523 X 10- 7 gmol/cm2 ·s. Se necessário, esse valor pode ser usado como pri-
meira aproximação para uma solução exata da Eq. 18.8-9 e, a partir das Eqs. 18.8-6 a 8, os perfis completos podem
ser obtidos.
PROBLEMAS
18A.1 Taxa de evaporação. Para o sistema ilustrado na Fig. 18.2-1, determine a taxa de evaporação em g/h do composto
CC13N02 (cloropicrina) no ar a 25ºC. Faça a suposição usual de que o ar é uma "substância pura".
18A.3 Estimação do erro no cálculo da taxa de absorção. Qual é o erro máximo possível no cálculo da taxa de absor-
ção a partir daEq. 18.5-18, se, dentro de uma margem de erro na faixa de .±5%, a solubilidade deA emB é conhe-
cida e a difusividade de A em B é conhecida dentro de uma margem de erro na faixa de.± 15%? Suponha que tanto
as grandezas geométricas quanto a velocidade são detenninadas com bastante precisão.
18A.4 Absorção de cloro em um filme líquido descendente (Fig. 18A.4). Cloro gasoso está sendo absorvido de um gás
na pequena torre de absorção ilustrada na figura. O líquido que escorre ao longo da placa plana vertical é água com
uma velocidade média de 17 ,7 crn/s. Qual é a ta.u de absorção, expressa em gmol/h, se a difusividade da fase
líquida do sistema cloro-água é de 1,26 X 10-5 cm2/s, e se a concentração de saturação do cloro na água é de 0,823
g de cloro em 100 g de água (esses são valores experimentais medidos a l 6ºC). As dimensões da coluna são dadas
na figura. (Sugestão: Ignore a reação química que ocorre entre o cloro e a água.)
Resposta: 0,273 gmol/h
R=1,4cm
Película de água escoando
ao longo da parede
Espessura do filme li
Concentração da superfície
provavelmente igual à
concentração de saturação
18A.5 Medida da difusividade pelo método da fonte pontual (Fig. 18C.1). 1 Para a medida de ®,18 , desejamos projetar
um sistema de escoamento para utilizar os resultados obtidos no Problema 18C. l. A corrente gasosa de B puro será
dirigida para cima, e a composição do gás será medida em vários pontos ao longo da direção z.
(a) Calcule a taxa de injeção de gás WA em gmol/h necessária para produzir uma fração molar xA = 0,01 em um
ponto localizado a 1 cm abaixo do ponto em que ele é injetado, em um sistema gasoso ideal a 1 atm e 800°C, se
v0 = 50 cm/s e q{)AB = 5 cm 2/s.
(b) Qual é o erro máximo possível cometido na localização do dispositivo de amostragem na posição radial, se a
composição medida experimentalmente de xA deverá se situar dentro de uma faixa de 1% em relação ao valor pre-
visto na linha central?
18A.6 Determinação da difusividade do sistema éter-água. Os dados a seguir tabelados por Jost2 se relacionam à eva-
poração do éter etílico (C2H50C2H5). Üi. dados são para um tubo de 6,16 mm de diâmetrn, pressão total de 747 mm
Hg e temperatura de 22ºC. Nas condições do experimento, a densidade do éter líquido é de 0,712 g/cm3•
1
Esse é o método de maior precisão já desenvolvido para medidas de difusividade a temperaturas elevadas. Para uma descrição detalhada do método, ver R.E. Wa!ker
and A. A. Westenberg,J. Chem. Phys., 29, 1139-1!46, 1147-1153 (1958). Para um resumo dos valores medidos e comparações com os valores previstos pela teoria de
Chapman-Enskog, ver R.M. Fristrorn and A. A. Westenberg, Flame Strncture, McGraw-Hill, New York (1965), Chapter XIII.
2
W. Jost, Diffusio11, Academic Press, New York (1952), pp. 411-413.
....
DISTRJBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 543
O peso molecular do éter etr1ico é 74,12, e sua pressão de vapor a 22ºC é de 480 mm de Hg. Pode-se admitir que
a concentração de éter na extremidade aberta do tubo seja nula. Jost forneceu um vapor de Q))AB para o sistema éter-
ar de 0,0786 cm2/s a OºC e 760 mm Hg.
(a) Use os dados de evaporação para determinar o vapor de ®,w a 747 mm Hg e 22ºC supondo que a média aritmé-
tica dos valores dos comprimentos da coluna de gás pode ser usada paraZ2 - Z 1 na Fig. 18.2-1. Suponha também
que a mistura éter-ar seja ideal e que a difusão possa ser considerada como binária.
(b) Converta o resultado para QiJAB a 760 mm Hg e OºC usando os resultados da Eq. 17.2-1.
(lSB.2-1)
Essa equação fornece resultados bastante aproximados somente no caso em que a espécie A está presente em bai-
xas concentrações.
(b) Fazendo as simplificações necessárias, obtenha o mesmo resultado do item anterior tendo a Eq. 18.2-14 como
ponto de partida.
(c) Qual o erro cometido na determinação de 0JA8 no Exemplo 18.2-2 se o resultado obtido em (a) for usado?
Resposta: 0,78%
18B.3 Efeito da taxa de transferência de massa sobre o perfil de concentração.
(a) Combine o resultado dado pela Eq. 18.2-11 com o da Eq. 18.2-14 para obter
(188.3-1)
3
G. Tammann and V. Jessen, Z. anorg. allgem. Chem., 179, 125-144 (1929); F. H. Garner and D. Hammerton, Chem. Eng.Sei., 3, 1-11 (1954).
4
D. Hammerton and F.H. Garner, Trans. lnst. Clrem. Engrs. (London), 32, 518 (1954).
544 CAPÍTULO DEZOITO - : ._: .
(b) Considerando NA, constante, obtenha o mesmo resultado pela integração da Eq. 18.2-1.
(e) Atente para o resultado obtido quando o valor da taxa de transferência de massa é muito pequeno. Desenvolva
a Eq. l 8B.3-1 em série de Taylor e considere apenas os dois primeiros termos, como é apropriado para o caso de
pequenos valores de N,i,· O que acontece com as linhas levemente curvas que aparecem na Fig. 18.2-1 para o caso ·
de NA, ser muito pequeno?
18B.5 Absorção de cloro pelo ciclo-hexeno. O cloro pode ser absorvido de misturas Cl 2-ar por olefinas dissolvidas em
CC14• Foi observado 5 que a reação do Cl2 com o ciclo-hexeno (C6H 10) é uma reação de segunda ordem em relação
ao Cl2 e de ordem zero em relação ao C6H 10 • Em conseqüência, a taxa de desaparecimento do Cl2 por unidade de
volume é dada por kz"'c/ (onde Adesigna o C12).
Refaça o problema da Seção 18.4 onde B consiste em uma mistura de C6Hrn-CC14 , supondo que a difusão pode
ser considerada como uma difusão pseudobinária. Suponha além disso que o ar pode ser considerado praticamente
insolúvel na mistura C6H 10-CC14 • Considere também que a profundidade da fase líquida é suficientemente grande
de modo que se pode considerar L = co.
(a) Mostre que o perfil de concentração é dado por
(18B.5-1)
(b) Obtenha uma expressão para a taxa de absorção do Cl2 pelo líquido.
(e) Suponha um'!, substância A se dissolvendo e reagindo com a substância B de tal forma que a taxa de desapare-
cimento de A por unidade de volume é uma função arbitrária da concentração /(eA). Mostre então que a taxa de
absorção de A é dada por
18B.6 Experimento dos d-ois bulbos para medidas da difusividade de gases - análise do estado quase-permanen-
te6 (Fig. 18B.6). Um procedimento experimental para a medida da difusividade de gases é chamado de "experi-
mento dos dois bulbos". O bulbo da esquerda e o tubo dez= -La z =O estão cheios do gás A. O bulbo da direita
e o tubo dez= O a z = +L estão cheios do gás B. No· tempo t =O, abre-se o registro e a difusão tem início; então
Fração molar de A Toda a fase gasosa Fração molar de A Fig. 18B.6 Desenho esquemático do dispositivo de dois bul-
no b_ulb~ da esq~erda é mantida a p e T no bulbo da direita bos para medidas de difusividade de gases. Os agitadores
exA=1-xA constantes éx,:\(t) nos bulbos mantêm uma concentração uniforme.
lQ. H. Roper,
Chem. Eng. Sei., 2, 18-31, 247-253 (1953).
6
S.P.S. Andrew, Citem. Eng. Sei., 4, 269-272 (1955).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 545
a concentração de A em cada bulbo, mantidos em agitação constante, varia. Mede-se xA + em função do tempo, e,
dessa medida, determina-se o valor de q;Aa· Desejamos obter a expressão matemática que descreve o processo
difusivo.
Corno os bulbos são muito maiores que os tubos, tanto x;i quanto xA- variam muito lentamente com o tempo.
Desse modo, o processo difusivo pode ser tratado como um processo que ocorre em estado quase-permanente,
cujas condições de contorno pertinentes são dadas por xA = xA - em z = - L e xA = x,1+em z = +l.
(a) Faça um balanço de massa em termos de moles de A em um segmento de tubo igual a Âz (sendo S a área da
seção reta do tubo e mostre que NA: = C 1 = constante.
(b) Mostre que, para esse problema, a forma simplificada da Eq. 18.0-1 é dada por
dxA
NAz = -c®ABTz
(e) Integre essa equação, usando o resultado obtido em (a). Designe como C2 a constante de integração resultante.
(d) Determine a constante C2 para o caso em que xA = xA+ em z = +l.
(e) A seguir, faça xA = xA - (ou 1 - xA +) em z = -L e resolva para o valor de NA= para obter
1 +) c®AB (188.6-2)
NA:= (2 XA -L-
(f) Faça um balanço de massa para a espécie A contida no bulbo da direita e obtenha
ln (~ -l x.~)-- _ S®Aat
2
LV (188.6-4)
18B.7 Difusão de uma gota de pequeno diâmetro suspensa (Fig.18.2-3). Uma gota de pequeno diâmetro do líquido A,
de raio r1, está imersa em uma corrente gasosa de B. Podemos supor que a gota está envolta por um filme gasoso,
também esférico, de raio r 2 • A concentração de A na fase gasosa é xA 1 em r = r 1e xA2 em r = r 2, posição esta que
corresponde à fronteira.do filme gasoso.
(a) Por intermédio de um balanço macroscópico de massa, mostre que, em regime permanente, o termo rWAr é cons-
tante no interior do filme gasoso, e considere a constante igual r/NArt• correspondendo ao valor na superfície da gota.
(b) Mostre que aEq.18.0-t e o resultado obtido em (a) fornecem a seguinte expressão paraxA:
? c®AB ? dxA
ri:NAr1 = -~rd;:- (188.7-1)
(188.7-2)
/
Qual o valor da expressão anterior no caso em que r 2 --+ ro?
18B.8 Método de separação de hélio do gás natural (Fig.18B.8). Com exceção do hélio, o vidro pirex é quase imper-
meável aos gases. Por exemplo, a difusividade de He através do pirex é cerca de 25 vezes maior que a do H2 , sendo
Gás natural
contendo hélio Tubo de pirex
Fig. 13B.8 Difusão do hélio através de um tubo de vidro pirex. O comprimento elo
tubo é igual a L.
546 CAPÍTULO DEZOITO
este último o gás de melhor desempenho. Esse fato sugere que um método para separar o hélio do gás natural po-
deria ser baseado nas taxas relativas de difusão desses gases através do pirex. 7
Suponha uma mistura de gás natural contida em um tubo de pirex com as dimensões indicadas na figura. Obte-
nha uma expressão para a taxa com que o hé_lio irá "vazar" do tubo, expressando-a em tem10s da difusividade do
hélio no pirex, da concentração do hélio na interface sólido-gás e da geometria do sistema.
®He-pirex(CHe,1 - CHe)
Resposta: WHe = 211L ln (Ri/Ri)
18B.9 Taxa de Iixiviação (Fig. 18B.9). No estudo da taxa de lixiviação de um sólido A constituído de partículas pela
ação de um solvente B, podemos postular que a etapa controladora do processo corresponde à etapa de difusão de
A da superfície da partícula através do filme líquido estagnado de espessura i5 até à corrente fluida externa ao filme
estagnado. Considere a solubilidade molar de A em B como c,10 e a concentração de A na corrente externa ao filme
como eAli·
(a) Obtenha uma equação diferencial para cA em função dez fazendo um balanço de massa em relação ao compo-
nente A em uma lâmina delgada de líquido de espessura D.z. Suponha que ®AB é constante e que A é ligeiramente
solúvel em B. Despreze os efeitos de curvatura da partícula.
(b) Mostre que, na ausência de reação química na fase líquida, o perfil de concentração é linear.
(e) Mostre que a taxa de lixiviação poder ser expressa por
Partícula
sólida
_{~~-
Corrente
contendo líquida
A de
AeB
z=O z=o Fig. 18B.9 Ltüviação de A por difusão em um filme liquido estagnado de B.
18B.10Constantes da taxa de evaporação de mistura. Uma mistura líquida binária e constituída de tolueno (1) e etanol
(2), de composição constante x 1, está se evaporando através de nitrogênio gasoso (3) contido dentro de um tubo
vertical de altura considerada a partir de um plano z = O. As diferenças entre os valores de difusividade dos dois
líquidos deslocam os valores das taxas de evaporação a favor do etanol. Para sistemas isotérmicos, operados a 60º F
e 760 mm Hg, faça uma análise desse efeito verificando se os valores previstos das difusividades 8 a 60ºF são da-
dos por c® 12 = 1,53 X 10-6; c0J 13 = 2,98 X 10-6 ; c0i 23 = 4,68 X 10-6•
(a) Considerando regime pem1anente, use as equações de Maxwell-Stefan para obter os perfis de fração molar da
fase vapor Ya(z) em termos do fluxo molar N Jz) nesse sistema temário. Levando em conta a equação da continui-
dade para os três componentes, podemos considerar que os fluxos molares são constantes. Nas condições dadas,
podemos desprezar a solubilidade do nitrogênio na fase líquida, temos que N3, = O. Como condições de contorno
7
Sciemific Americal!, 199, 52 (1958) descreve sumariamente o método proposto por K. B. McAfee da Bel! Telephone Laboratories.
'L. Monchick and E.A. Mason,J. Chem. Phys., 35, ló76-1697 (1961), com o parâmetro olido comoº'"''' corrforrne aparece indicado na Tabela IV; E.A. Mason and L.
Monchick, J. Cl1em. Phys., 36, 2746-2757 (1962); L.S. Tee, S. Gotoh, and W.E. Stewart, lnd. Eng. Clzem.F1111dam., 5, 356-362 (1966).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SÓLIDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 547
considere que Y1 = Y1 =O em z = l, e y 1 = Yw e Yz = y10 em z = O, sendo que os últimos valores devem ser deter-
minados. Mostre que
y1(z) = _D_e-A<L-zl
A-B
-(f +-º-)
B A-B
e-B(L-z) +f
B
(lSB.10-1)
(b) Uma mistura de líquidos em processo de evaporação à taxa constante é definida como aquela para a qual a
composição da fase vapor é igual à da fase líquida, isto é, é aquela para a qual N 1J(N1, + N2J Juntamente com os
dados de equilíbrio ilustrados na tabela a seguir, use os resultados obtidos no item (a) para calcular a composição
da fase líquida à pressão de 760 mm Hg. Na tabela, a linha I fornece as composições da fase líquida, enquanto a
linha II, a composição da fase vapor obtidas em experimentos utilizando apenas dois dos componentes; esses va-
lores são expressos em tennos de y/(y 1 + y2) para sistemas ternários e neles, portanto, pode ser descartada a influ-
ência do nitrogênio. A linha III dá a soma das pressões parciais do tolueno e do etanol.
As seguintes etapas são sugeridas para o procedimento de cálculo: (i) arbitre um valor irúcial da composição do
líquido,x1; (ii) calcule os valores de y 10 ,Yz0 e y30 das linhas 2 e 3 da Tabela; (iii) calcule A daEq. 18B.10-1, no ponto
z =O; (iv) use o resultado da etapa (iii) para calcular os valores deN2,, B, C e D, e finalmente o valor de y 1(0) para
os valores de N1, arbitrados; (v) interpole os resultados obtidos na etapa (iv) para o caso de y 1 (O) = y 10 para obter
os valores corrigidos de N 1, eN2,, para o valor inicial dex 1• Repita as etapas i-v com valores corrigidos dex1 até o
ponto em que o valor de 1N1J(L!.V1, + 1N2,) converge para melhor o valor de x1• Este último será o valor da com-
posição da fase líquida.
I8B.11Difusão com reação rápida de segunda ordem (Figs. 18.2-2 e 18B. ll). Um sólido A está se dissolvendo, em
condições isotérmicas, em uma corrente de um solvente Sem regime pennanente. De acordo com a teoria do fil-
me, suponha que a superfície de A está coberta com um filme líquido estagnado de espessura ô e que a região ex-
terna ao filme líquido está bem homogeneizada (ver Fig. 18.8-2).
(a) Considerando que na região externa ao filme a concentração de A é desprezível, obtenha uma expressão para a
taxa de dissolução de A no líquido.
(b) Obtenha uma expressão para a taxa de dissolução no caso em que o líquido contém uma substância B, que, no
plano z = KÔ, reage instantânea e irreversivelmente com A: A + B ~ P. (Um exemplo desse sistema corresponde
Corrente
homogénea
1
x Difusão de A Difusão de B 1 de B e S
· r\ 0 através de S através de S 1
1
1
1
1
Xa~~'~--
A~
z=O z = KO z=o
(plano de (limite externo
reação) do filme líquido Fig. 18B.11 Perfis de concentração para reação química de segunda or-
estagnado) dem rápida. A concentração do produto P não é considerada.
548 CAPÍTuLO DEZOITO
à dissolução do ácido benzóico em uma solução aquosa de NaOH.) A corrente líquida principal consiste essenci-
almente em B e, S, na qual a fração molar de B é dada por x8 "'" (Sugestão: Deve-se atentar que tanto A quanto B se
difundem na direção de uma delgada zona de reação, como mostrado na Fig. 18B.l 1.)
é2llAsXAo)
Resposta: (a) NA:\,,,o = (- -- ; (b) Nt1zlz=0 = -
(é2llAsx"'
- º)( 1 + Xaoo2has)
XAo2hAs
8 8
18B.12Um experimento9 da célula compartimentada para medida da difusividade de gases (Fig.18B.12). O líquido
A está se evaporando através de um gás B estagnado mantido nas condições de 741 mm Hg de pressão total e 25ºC.
Nessa temperatura a pressão de vapor de A é de 600 mm Hg. Após ter atingido o regime permanente, a coluna
cilíndrica de gás é dividida em seções, como mostrado. Para um dispositivo de altura total de 4,22 cm, dividido em
4 seções, a análise das amostras de gás assim obtidas dão o seguinte resultado:
(z - z1) em cm
Base da Topo da Fração
Seção seção seção molar de A
I 0,10 1,10 0,757
II 1,10 2,10 0,641
m 2,10 3,10 0,469
N 3,10 4,10 0,215
Válvula de controle
Quatro seções
rotativas
Três secões
fixas
~
Altura da superfície do líquido
Ponto de adicão ~-----Z1----
do líquido .Íi
para manter o
nível constante
(a) (b)
Fig. 18B.12 Experimento em célula segmentada para a medida da difusividade de gases. (a) Configuração da célula, no caso de
regime permanente. (b) Configuração da célula para amostragem do gás no término do experimento.
9
E.J. Crosby, Experiments in Transp.?rt.Phenomena, Wiley, New York (l96l), Experimento lO.a.
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES EM SóUDOS E EM ESCOAMENTO LAMINAR 549
A tax.a de evaporação medida da espécie A em regime permanente é de 0,027 4 gmol/h. Foi suposto comportamen-
to ideal.
(a) Considerando regime permanente, obtenha a seguinte expressão para o perfil de concentração:
(b) Em um gráfico em escala semi-logarítmica Ia.i;ce os valores da fração molar x8 para cada seção versus o valor
dez considerada na altura média de cada célula. E obtida uma linha reta? Quais são as interseções dessa reta nas
alturas z1 e z2? Interprete esses resultados.
(e) Use o perfil de concentração dado pela Eq. 18B.12-1 para obter uma expressão analítica para a concentração
média em cada seção da coluna.
(d) Desses experimentos, determine o valor mais provável de ®AB·
Resposta: 0,155 cm2/s
18B.13Recobrimento de superfícies metálicas. Na oxidação da maioria dos metais (excluídos os metais alcalinos e os
alcalino-terrosos) o volume do óxido metálico produzido é maior que o volume do metal consumido. Em conse-
qüência, o óxido tende a formar uma camada compacta e, efetivamente, a isolar o oxigênio do metal. Para o desen-
volvimento que se segue, podemos supor que
(a) Para fins de proceder a oxidação, o oxigênio deve difundir através da camada oxidada, sendo aplicável nesse proces-
so a lei de Fick.
(b) A superfície livre da camada oxidada está saturada de oxigênio do ar.
(e) A partir do ponto em que a camada oxidada se toma moderadamente espessa, a difusão passa a ser a etapa
controladora do processo; isto é, a concentração do oxigênio na superfície metal-óxido é praticamente nula.
(d) A taxa de variação da concentração de oxigênio dissolvido no filme é pequena quando comparada com a taxa
de reação. Em outras palavras, pode-se supor a ocorrência de condições quase-permanentes.
(e) A reação envolvida no processo é (l/2)x0 2 + M ~MO".
Desejamos desenvolver uma expressão para a taxa de recobrimento, expressa em termos da difusividade do oxigênio
através do filme de óxido, das densidades do metal e de seu óxido, e da estequiometria da reação. Seja c0 a solubilidade
do oxigênio no filme, c1 a densidade molar do filme, e z1 a espessura do filme. Mostre que essa espessura é dada por
22ilo,-Mo} co
21= --x--Cj (18B.13-1)
Esse resultado, conhecido como a "lei quadrática", fornece uma correlação empírica bastante satisfatória para vá-
rias reações de oxidação e de recobrimento de superfícies metálicas. to Todavia, o mecanismo envolvido na maioria
dessas reações é muito mais complexo do que o descrito. 11
18B.14Fatores de eficiência para discos delgados. Considere uma partícula porosa de catalisador na forma de um disco
delgado, de tal forma que a área superficial transversal à direção radial seja muito pequena quando comparada às
áreas da seção circular. Aplique o método descrito na Seção 18.7 para mostrar que, em regime permanente, o perfil
de concentração é dado por
cA cosh~z
(188.14-1)
cAs coshv'k~n/2iJA b
Superfície em z = + b
no qual z e b são mostrados na figura. Mostre que a taxa total de transferência de massa nas superfícies z = ± b é
(188.14-2)
em que,\ = (ki"a/0JA) 1{2. Mostre que, se o disco for seccionado em um plano paralelo ao plano xy em n lâminas, a
taxa total de transferência de massa é expressa por
18B.15Difusão e reação química em um tubo de pequeno diâmetro fechado uma das pontas (Fig.18B.15). Um poro
circular de comprimento L, área da seção reta Se perímetro P, está em contato com um meio fluido homogêneo de
grandes dimensões, meio esse que consiste em uma mistura das espécies A e B. A espécie A, o constituinte de
menor proporção, entra pelo poro e se difunde na direção z, reagindo com as paredes do poro. A taxa dessa reação
pode ser expressa como (n·n),ilsuperfície = f(wA 0 ); isso significa que o fluxo mássico normal à superfície transversal
do poro pode ser suposto como uma função da fração mássica wA 0 de A no fluido adjacente à superfície sólida. A
fração mássica wAo depende dez, a distância tomada a partir da entrada do poro. Sendo a concentração de A consi-
derada muito pequena, a temperatura final e a densidade podem ser consideradas constantes, e o fluxo difusional
pode ser adequadamente descrito pela relação jA = - p0J,\B 'V wA, em que a difusividade pode ser considerada cons-
tante. Como o comprimento do poro é grande em relação ao seu diâmetro, o gradiente de concentração na super-
fície lateral do poro pode ser desprezado. Note a semelhança desse problema com o problema discutido na Seção
10.7.
1
1
1
-1+-H4,
1 Fig. 18B.15 (a) Difusão e reação heterogênea em um
1 cilindro longo de forma arbitrária. (b) Região de es-
I·
::+6:: pessura ó.z na qual é Íeito um balanço de massa.
(a) Mostre através de um balanço material feito em uma casca cilíndrica, que, no regime permanente, a equação
resultante é da forma
dn,4z p
-dz = 5f(úJAo) (18B.15-1)
(e) Compare os resultados obtidos em (c) e (d) com os resultados já obtidos na Seção 10.7, tanto do ponto de vista
do desenvolvimento matemático quanto das suposições feitas._
(t}A coshN[l - (lZ/L)] PL1k';...,..
Resposta: (e) -w. = hN , onde N = - - - ; (d) w. = (Sp<I!J ,8 <tJ, /L)N tanh N
Ai COS 5p0J AB " '' -~'
18B.18Taxa de evaporação para pequenos valores da fração molar de líquidos voláteis. A partir da Eq. 18.2-15, de-
senvolva a expressão
em termos da série de Taylor apropriada para pequenos valores da fração mássica de A. Inicialmente, reescreva a
forma logarítmica do quociente em termos da diferença de logaritmos, e desenvolva ln (1 - xA 1) e ln (1 - xA 2) na
série de Taylor em tomo do valor dexA 1 = 1 e dex,1 2 = 1, respectivamente. Verifique se a Eq. 18.2-16 está correta.
18B.19Consumo de oxigênio por floco de bactérias. Sob certas condições, a taxa de consumo de oxigênio por células
bacterianas, quando comparada com a concentração de oxigênio, é próxima de zero. Vamos examinar esse caso
focalizando a nossa atenção em um floco esférico de células, com raio R. Desejamos determinar a taxa total de
consumo de oxigênio pelo floco, em função do tamanho do floco, da concentração rnássica de oxigênio p0 na su-
perfície do floco, da atividade metabólica das células e do comportamento difusional do oxigênio. Para simplifi-
car, vamos considerar que o floco é homogêneo. Podemos então considerar que a taxa metabólica pode ser repre-
sentada por uma taxa de reação volumétrica efetiva r 02 = -k0"'e o processo difusivo descrito pela lei de Fíck,
considerando uma difusividade pseudo binária efetiva, representada por 2Do2n:· Corno nesse sistema a solubilida-
de do oxigênio é muito baixa, podemos desprezar tanto o transporte convectivo de oxigênio quanto os efeitos
transientes. 12
(a) Utilizando um balanço de massa em uma casca esférica, mostre que o perfil de concentração do oxigênio, em
regime quase-permanente, é dado pela equação
l!!..(e~)
g2 dÇ dÇ
= N (18B.19-l)
(b) Poderá haver um núcleo carente de oxigênio, no caso em que N seja suficientemente grande de tal forma que,
para valores de Ç< Ç0 , X= O. Nesse caso, escreva as condições de contorno apropriadas para integrar a Eq. 18B.19-
l. Para isso, deve ser reconhecido que tanto X quanto dx/dÇ são nulos em Ç= Ç0 • Qual é o significado físico sub-
jacente à essa última frase?
(c) Integre a Eq. 18B.19-l e mostre como Ç0 pode ser determinado.
(d) Ilustre a taxa total de consumo de oxigênio e de Ç0 em função de N, e discuta a possibilidade do núcleo carente
de oxigênio existir.
"J.A. Mueller, W. C. Boyle, and E.N. Lightfoot, Bioreclmol. and Bioengr., 10, 331-358 (19ó8).
552 CAPITULO DEZOITO
Resposta: (e) x= 1 ~ (1 - /;2) + ~ gõ(~ 1) para Ç> Ç0 > O, em que Ç0 é detenninado como uma função de N
a partir de
18C.1 Difusão a partir de uma fonte pontual em uma corrente de fluido (Fig. 18C. l). Uma corrente de um fluido B
em escoamento laminar tem uma velocidade v0• Em algum ponto dessa corrente (tomado como o ponto de origem
dos eixos coordenados) a espécie A é injetada a uma taxa WA gmol/h muito baixa. Essa taxa provavelmente é bas-
tante baixa, de fonna a que a velocidade mássica média da corrente fluida não seja afetada. À medida que a espécie
A é arrastada no sentido de cima para baixo (na direção z), ela se difunde tanto na direção axial quanto na direção
radial,
(a) Considerando regime permanente e ®AB constante, mostre que do balanço de massa relativo à espécie A no ele-
mento de volume de fluido indicado na figura resulta na seguinte equação diferencial
_ acA _
Voaz - u,;;J)AB YaY[i
a ( acA) a cAJ
raf + ai
2
(18C.1-1)
(b) Mostre que a Eq. 18C.l-1 pode também ser escrita na forma
(18C.1-2)
em que s2 = r2 + z2•
(e) Faça uma verificação (longa duração!) de que a solução
WA
cA = - u, exp[-(v0 /2®A 8 )(s - z)] (18C.1-3)
4Tt~ABS
satisfaz à equação diferencial anterior.
(d) Mostre que as seguintes condições de contorno são também satisfeitas pela Eq. 18C.1-3:
aeA
e.e. 2: cornos -7 O,
o
-4Tts"0J AB as -7 WA (18C.1-5)
Corrente de
velocidade
uniforme y .1.
Vo
18C.2 Difusão e reação em partícula de catalisador parcialmente impregnada. Considere uma partícula esférica de
catalisador como a ilustrada na Seção 18.7, exceto que o ingrediente ativo do catalisador está presente apenas nã-
região interior do anel, compreendida entre r = KR e r = R.
Na região I (O < r < KR), k;'a =O (18C.2-l)
Na região II (KR < r < R), k;'a =constante> O (18C.2-2)
Tal situação pode ocorrer quando o componente ativo do catalisador é colocado após a peletização, como é o caso
freqüente para catalisadores comerciais.
(a) Integre a Eq. 18.7-6 separadamente para as regiões ativa e inativa. Aplique então as condições de contorno
pertinentes para determinar as constantes de integração e determine o perfil de concentração em cada região. Ilus-
tre a forma aproximada desses perfis.
(b) Determine WAR, a taxa molar total de conversão deA em uma única partícula.
18C.3 Taxa de absorção em um filme líquido cadente.O resultado expresso pela Eq. 18.5-18 pode ser obtido por um
método alternativo.
(a) De acordo com um balanço material global no filme líquido, o número total de moles de A que é transferido na
unidade de tempo através da interface gás-líquido deve ser igual à taxa molar total de A que atravessa o plano em
z = L. Esta última é calculada pela equação:
= ~
Wvmá:ho _ 2/ J40J
V 7f
L
máx
f"'O (f"' exp(-g2) dÇ)du
u
(18C.3-2)
18C.4 Estimativa do comprimento mínimo de um reator isotérmico (Fig. 18.3-1). Seja a a área de uma superfície
catalítica por unidade de volume de um leito catalítico recheado e S a área da seção reta do reator. Suponha, por
exemplo, que a vazão rnássica no reator seja w (expressa em lb111/h).
(a) Considerando regime permanente, mostre que de um balanço material relativo à espécie A em um elemento de
comprimento dl de reator resulta
(18C.4-1)
_./
o
(b) Use esse resultado e a Eq. 18.3-9, supondo e 9°.iJA8 constantes, para obter urna expressão para o comprimento do
reator l necessária para a conversão de urna corrente de entrada de composição xA (0) para uma composição de saídaxA(l).
(Sugestão: A Eq. (P) da Tabela 17.8-1 pode ser útil.)
R esposta: (b) L == ( - - -
wôMB ) f x,(L) dxi\o
2Sac® AB xA(O) [MAXAo + Ma(l - Xi\o)J2 In(l - ~XAo)
18C.5 Evaporação em regime permanente. No estudo da evaporação, em regime permanente, de uma mistura de metanol
(1) e acetona (2) no ar (3), os perfis de concentração de cada uma das espécies no tubo foram medidos.13 Nessas
condições a espécie 3 não está se movendo, e as espécies 1 e 2 se movem de baixo para cima, com fluxos molares
medidos e iguais aN, 1 e N,2 • A concentração interfacial dessas duas espécies, x 10 e x20 foram também medidas e os
três coeficientes de difusão binária conhecidos. A interface foi localizada no plano z = Oe o topo do tubo de difu-
são, no plano z = L.
(a) Mostre que a equação de Maxwell-Stefan para a espécie 3 pode ser resolvida na forma de
X3 = X3ot'At (18C.5-1)
t
na qual A = v113 + v223 , sendo v0131 = N j.,/c<JJJ 01 e = z/L.
(b) Resolva a equação para a espécie 2 para obter
No Cap. 18, foram formulados alguns problemas de difusão de massa a partir de balanços de massa em uma casca considerando
a difusão de uma ou mais espécies químicas. Iniciamos o presente capítulo com um balanço de massa em um elemento de
volume arbitrário do fluido com finalidade de obter a equação da continuidade para cada espécie química de t::na nústura
multicomponente. A inserção da expressão do fluxo mássico na equação diferencial, que resulta do balanço de massa, nos
permite, então, obter as equações de difusão nas mais variadas formas. Essas equações podem ser usadas na solução de qualquer
problema discutido no Cap. 18, bem como na solução de outros problemas de natureza ainda mais complexa.
Apresentamos então um resumo de todas as equações de balanço relativas a misturas: as equações da continuidade, a equação
do movimento e a equação da energia. Nestas duas últimas, são também incluídas as equações apresentadas nos Caps. 3 e 11.
Apresentamos também um resumo das expressões do fluxo de massa para misturas. Todas essas equações são apresentadas
na forma geral, embora, para a solução de um problema específico, termos de usar a forma simplificada e adequada ao problema.
O restante do capítulo é dedicado a soluções analíticas e à análise dimensional de sistemas de transferência de massa.
a qual representa a equação da continuidade para espécies a em uma mistura reacional multicomponente. Ela descreve a
taxa de variação de massa para espécies a com o tempo em um ponto fixo no espaço e leva em conta os mecanismos de
transferência de massa por processo difusivo e convectivo, bem como a reação química pela qual a espécie a está sendo
produzida ou consumida. As grandezas nw:,nccy, e naz são os componentes escalares do vetor fluxo de massa nª = p"v ªdado
pela Eq. (D) da T<!bela 17.8-1.
Em notação vetorial a forma da Eq. 19.1-5 é a seguinte
Somando membro a membro cada termo das N equações que aparecem nas Eqs. 19.1-6 ou 19.1-7, temos
ap
at= -('V· pv) (19.1-8)
que é a equação da continuidade para a mistura. Essa equação é idêntica à equação da continuidade para um fluido puro,
dada pela Eq. 3.1-4. Para obtermos a Eq. 19.1-8 usamos a Eq. (J) da Tabela 17.8-1, bem como o fato de que da lei da
conservação total da massa resulta que :Zªrª = O. Finalmente, podemos constatar que, para uma mistura fluida de massa
específica constante p, a Eq. 19.1-8 se reduz a
(v·v) =O (19.1-9)
Na discussão precedente expressamos as grandezas em unidades de massa A equação da continuidade, expressa agora em
termos de unidades molares, é da forma
onde Rª é a taxa de produção de a, expressa em moles por unidade de volume. Essa equação pode ser reescrita levando em
conta a Eq. (V) da Tabela 17 .8-1 na forma de
a= 1, 2, 3, ... , N (19.1-11)
taxa de taxa "líquida" taxa "líquida" taxa de
aumento de adição de de adição de produção de
de moles moles de A moles de A moles de A
deA por por unidade por unidade por unidade
unidade de volume de volume de volume por
de volume por convecção por difusão reação química
Quando as N equações nas Eqs. 19.1-10 ou 11 são somadas membro a membro, resulta
a
.at
_E = - (V · cv*) + 2:N R"
a;J
(19.1-12)
que é a forma da equação da continuidade para a mistura. Para obter essa última equação usamos a Eq. (M) da Tabela
17 .8-1. Nessa expressão, podemos notar que o termo de reação química não desaparece devido ao fato de que em uma
reação química o número de moles não é necessariamente conservado. Finalmente, podemos concluir que
N
(V · v*) = } 2: Rª
a;J
(19.1-13)
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTlCOMPONENTES 557
a = l, 2, 3, ... / N (19.1-14)
a = 1, 2, 3, ... / N (19.1-15)
Essas duas equações têm exatamente o mesmo significado físico, mas são escritas em duas formas distintas - a primeira
em termos de grandezas mássicas, e a segunda em termos de grandezas molares. Para usar essas equações ternos que inserir
expressões apropriadas que relacionam os fluxos e os termos de reação química. Neste capítulo apresentamos somente os
resultados para sistemas binários com p0>A 8 e c0JA8 constantes ou para velocidade nula.
(19.1-16)
com a equação correspondente à espécie B. Essa equação é adequada para descrever o processo difusivo em soluções líquidas
diluídas a temperatura e pressão constantes. O primeiro membro pode ser escrito na forma de pDwª!Dt. A Eq. 9.1-16, sem
o termo rA, é da mesma forma que as Eqs. 11.2-8 ou 9. Essa similaridade é muito importante, pois ela é a base para as
analogias freqüentemente utilizadas na solução de problemas de transferência de calor e de massa e no escoamento de
líquidos com propriedades físicas constantes.
axA
C( at + (v* · VXA) ) 2
= é!!JABV XA + (xBRA ~-xARB) (19.1-17)
com a equação correspondente à espécie B. Essa equação é utilizada para o caso de gases a baixa densidade a temperatura
e pressão constantes. O primeiro membro dessa equação não pode, agora, ser escrito na forma de cDx,,!Dt p7lo fato de que
ela é descrita em termos de v* e não de v. . ;
éJCA _ u, 2
at- '!i.JAaY CA (19.1-18)
a qual é denominada segunda lei da difusão de Fick, ou, simplesmente, equação da difusão. Essa equação é geralmente utilizada
para o caso de difusão em sólidos ou em líquidos estacionários (isto é, v = Ona Eq. 19. l -16) e para o caso de contradifusão
eqiiimolarem gases (isto é, v* =O na Eq. 19.1-17). Definimos contradifusão eqüimolar como aquela que ocorre no caso em
que o fluxo molar relativo aos eixos coordenados estacionários é nulo; em outras palavras, isto significa que para cadamol de
A que se move, digamos, no sentido positivo da direção z, corresponde a um molde B que se move no sentido oposto.
558 CAPÍTULO DEZENOVE
Note que a Eq. 19.1-18 tem a mesma forma da equação de condução de calor expressa na Eq. 11.2-10. Essa similaridade
se constitui na base para as analogias freqüentemente utilizadas na solução de problemas de condução de calor e de difusão
em sistemas sólidos. Atente que centenas de problemas relacionados à segunda lei de Fickjá foram resolvidos. Essas soluções
são apresentadas nas publicações de Crank 1 e de Carslaw e Jaeger. 2
Nas Tabelas B-1 Oe 11 apresentamos a Eq. 19.1-14 (equação da continuidade para sistema multicomponente, expressa
em termos de j.,) e a Eq. 19.1-16 (difusão binária para p e ®,w constantes) nos três sistemas de coordenadas-padrão. A
partir dessas, outras formas da equação podem ser obtidas.
EXEMPLO 19.1-1
Difusão, Convecção e Reação Química 3
A Fig. 19.1-1 ilustra um sistema no qual o líquido, B, se desloca lentamente em direção a um tampão poroso constituído
da espécie A. Considere que, após se dissolver no líquido, A é consumida através de uma reação química de primeira ordem.
Determine o perfil de concentração em regime permanente, cA(z), onde zé a coordenada no sentido ascendente do tampão.
Suponha que a velocidade do fluido é uniforme ao longo da direção radial do tubo. Suponha também que CAo corresponde
à solubilidade de A (não reagido) em B. Despreze os efeitos de variação de temperatura associados ao calor de reação.
SOLUÇÃO
A Eq. 19.1-16 pode ser aplicada para o caso de soluções líquidas diluídas. Dividindo essa equação pelo peso molecular MA
e considerando o problema como unidimensional e em regime permanente, obtemos, para o caso de p constante:
dcA dzcA k"'
tio dz = 0JAB dz2 '1 CA
(19.1-1'9)
Líquido
Bcom
pequenas
quantidades
deA
eC
---A-7C
J -+-------;
/ porreação
de primeira
ordem
...--Tampão poroso
1--~--'----1 deA
(ligeiramente
solúvel em B)
t
Líquido
B Fig. 19.1-1 Difusão, convecção e reação química simultâneas.
Essa equação deve ser resolvida considerando-se as seguintes condições de contorno, cA = c,rn em z = Oe cA = Oem z =co.
A Eq. 19.1-19 é a forma padrão de uma equação diferencial linear de segunda ordem (Eq. C.7), cujo método de solução é conhecido.
Uma função possível para a solução é da forma cA = eª=, para a qual são obtidos dois valores de a, um dos quais, todavia,
não satisfaz a condição de contorno em z = co. A solução final, portanto, é da forma
Este exemplo serve para ilustrar o uso da equação da continuidade de A para a solução de problemas de difusão que envolvem
efeitos da convecção e da reação química.
'J. Crank, The Matliematics of Diffusio11, 2nd ed., Oxford University Press (1975).
2
H.S. Carslaw e J. C. Jaeger, Co11duction of Heat in Solids, 2nd ed., Oxford University Press (1959).
3
W. Jost, Diffusion, Academic Press, New York, (1952), pp. 58-59.
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 559
Energia: j_p(U +
~
~v2)
-
= -(V· e)+ (pv· a)
o
(C)b
(Eq. 11.1-6)
' Quando todas as N equações da continuidade são somadas, a equação da continuidade para a mistura fluida
substituído por í:.(n 0 g na Eq. (C). Essas substituições são exigidas, por exemplo, se algumas espécies são espécies iônicas com cargas diferentes, ::obre
0
)
as quais atua um campo elétrico. Problemas desse tipo são discutidos no Cap. 24.
1Na realidade, as leis da conservação de energia, de momento e de momento angular são derivadas a partir da equação do movimento de Lagrange, associada à homogeneidade
do tempo, do espaço e de isotropia do espaço (teorema de Noether). Dessa fonna, há alguma coisa de fundamental acercadas leis da conservação, mais do que à primeira
vista aparenta haver. Sobre esse assunto, ver L. Landau e E.M. Lifshirz, Mechanics, Addison-Wesley, Reading, Mass. (1960), Cap. 2, e Emmy Noether, Nac/l/'. Kg/. Ges.
IViss. Gottinge11 (Matiz. Phys. KI. (1918), pp. 235-257. Amalie Emmy Noether (1882-1935), após concluir seu doutorado na Universidade de Erlangen, foi discípula de
Hilbert em Gõttingen até a ascensão de Hitler em 1933, quando então foi obrigada a ir para os Estados Unidos, onde exerceu a docência em Matemática no Bryn Mawr
College; uma cratera da Lua leva o seu nome.
560 CAPÍTULO DEZENOVE
Os três "fluxos combinados", que aparecem nas Eqs. (A) a (C) da Tabela 19.2-1, podem ser escritos em termos da soma
dos fluxos conveccivos e moleculares (ou dijitsivos). A expressão desses fluxos é encontrada na Tabela 19.2-2, onde são
dados os números que identificam o ponro em que as equações apareceram pela primeira vez.
Quando as expressões para os fluxos da Tabela 19.2-2 são substituídas nas equações da conservação da Tabela 19.2-1,
podemos expressar estas últimas em termos de D/Dt, tendo em vista as Eqs. 3.5-4 e 5, e obtemos as equações de balanço
de massa para sistemas multicomponentes na forma usual. Estas últimas são apresentadas na Tabela 19.2-3.
Além dessas equações, precisamos também ter as expressões para os fluxos em termos dos gradientes e das propriedades
de transporte (sendo essas últimas funções da temperatura, da densidade e da composição). Finalmente, prd"isamos também
conhecer uma equação de estado térmico, p = p(p,T,xª)' e a equação de estado calórico, Ú = Ú(p,T,..1.ª)' bem como de
outras informações pertinentes às taxas de reações químicas homogêneas envolvidas. 2
e O flux<(, de energia molecular é constitui do pelo vetor fluxo térmico q e pelo vetor fluxo de trabalho ['IT·Vl
= pv + ['l'·vl. sendo que o último ocorre apenas em sistemas com escoamento de fluidos.
Dp
Massa total: Dt = -p(V·v) (A)
(Eq. (A) da Tabela 3.5-1)
• Somente N - 1 dessas equações são independentes, uma vez que da soma das N equações resulta O = O.
h Veja nota (b) da Tabela 19.2-1 para as modificações necessárias para o caso em que várias espécies estão
2
Pode-se argumentar porque são necessárias as equações do movimento e da energia separadas para a espécie a. Essas equações podem ser obtidas a partir do conceito
de fluido como meio contínuo, porém os fluxos de momento e de energia para a espécie não são grandezas mensuráveis e, desta forma, tem-se de lançar mão da teoria
molecular para que o assunto seja melhor esclarecido. Essas equações separadas para cada espécie não são necessárias para a solução de problemas de transporte. Todavia,
as equações de momento para cada espécie foram utilizadas para obter expressões cinéticas para os fluxos de massa em sistemas multicomponente [ver C.F. Curtisse
R.B. Bird, Proc. Nat. Acad. Sei. USA, 93, 7440-7445 (1996) eJ. Chem. Phys., 111, 10362-10370 (1999)].
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 561
Dessa discussão podemos tecer algumas considerações acerca das formas particulares das equações do movimento e da
energia.Na Seção 11.3 foi enfatizado que a equação do movimento, na forma como foi apresentada no Cap. 3, é a adequada
para resolver problemas relacionados com a convecção forçada, mas que uma forma alternativa (Eq. 11.3-2) para explicitar
0 termo relacionado com a força de empuxo resultante das diferenças de temperatura dentro do sistema fluido. Em sistemas
binários, em que ocorrem diferenças de concentração e de temperatura dentro do sistema fluido, podemos escrever a equação
do movimento na forrnadaEq. (B) da Tabela 3.5-1 e usar uma equação de estado aproximada resultante de uma expansão
dupla em série de Taylor de p(T,wA) em tomo da condição f,õJA:
p(T, ü)A) == -p + aT
apj __ (T - -T) ap __
+ a;;- 1
(wA - -wA) + ···
T,wA A T,wA
D A A 1 ,
p Dt (U + <I> + 2u) =-(V· q) - (V· [Tr··v]) (A)"
D 1
+1v1)
A
DÜ
p Dt- ~ -(V· q) - (Tr:Vv) (D)
DH .
p Dt == -(V. q) - (..:Vv) + Dt
Dp (E)
A DT.
PC,, Dt =
· ·(ªa V) + ~1
·
-(V. q) -(..:'í/v) +
ln
ln T p,x,
Dp
Dt
N -
H,J(V ·Ja).-R"J
+ (i -(ª p)
1
pêv DT
Dt
== -(V· q) -:- (TI:Vv) _n
a~T~
)p(V · v)
H
a
. .·
Para misturas multicomponent~s q ,,;, -kVT +
. -
I1
N
M: i. + qM; onde qM éum termo associado aos
efeitos de difusão desprezível e, em geral, pode ser desprezado (veja a Eq. 24.2-6).
b As equações nesta tabela são válidas somente no caso em que a mesma força externa atua sobre todas
as espécies química. Em caso contrário, então Z: ..ü.·g0 ) deve ser adicionado à Eq. (A) e às Eqs. (D-H), o
últLrno termo da Eq. (B). tem que ser substituído_ por Z:0 (n 0 g.), e o último termo da Eq. (C) tem que ser
substituído por Z: 0 (v·p 0 g~).
e Exata somente no caso em que a<P!at= O.
d L. B. Rothfeld, PhD Thesis, University of Wísconsín (1961). Ver também Problema 19D.1.
Aqui, o coeficiente [ = -(1/p)(ap/aw..) determinado nas condições f e iiJA, relaciona a densidade com a composição.
Este coeficiente é análogo ao coeficiente 'fi definido na Eq. 11.3-1. Quando esta equação de estado aproximada é substituída
no termo pg (porém não no termo pDv!Dt) da equação do movimento, obtemos a denominada equação do movimento de
Boussinesq para uma mistura binária, sendo a gravidade a única força de campo considerada:
Dv - - -
P Dt = (-'Vp + pg) - [V· T] - pgf3(T- D - pg((wA - w.4) (19.2-3)
562 CAPÍTULO DEZENOVE
Os dois últimos tennos dessa equação descrevem as forças de empuxo que resultam das diferenças de concentração e de
temperatura que ocorrem dentro do sistema fluido.
A seguir, vamos considerar a equação da energia. Vamos considerar a Tabela 11.4-1, a qual lista várias formas da
equação da energia para fluidos puros. O mesmo pode ser feito para o caso de misturas e uma seleção representativa das
possíveis formas dessa equação é dada pela Tabela 19 .2-4. Note que, no caso, não é necessário adicionar o termo Se (como
foi feito no caso do Cap.10) para descrever a energia térmica gerada através de uma reação química homogênea. Essa
informação é implicitamente incluída nas funções fie Ú, e, de fonna explícita, aparece na forma - 2,ji fia e - 2.ªÚªRª nas
Eqs. (F) e (G). Devemos considerar que no cálculo de fie Ú, as energias de formação e de mistura das várias espécies
químicas devem ser incluídas (ver Exemplo 23.5-1).
H
1 M: ia+ pv +
N
p(U + ~v2)v kíiT + ~ [7 • v]
N - A A
Em certas situações, especialmente naquelas relacionadas ao caso de filmes e camadas limites de baixas velocidades, as
contribuições dos termos 1/2 pv2v e [T·v] podem ser desprezadas. Dessa forma os termos que aparecem sublinhados por
pontilhados podem ser descartados. Essa simplificação resulta em
N A
Finalmente, para o caso de misturas gasosas ideais, a expressão anterior pode ser ainda mais simplificada substituindo-se
as entalpias parciais molares Hªpela entalpia molar ft. A Eq. 19 .3-6 fornece um ponto de partida para a solução de problemas
unidimensionais relacionados ao transporte simultâneo de calor e massa. 1
EXEMPLO 19.3-1
A Entalpia Parcial Mo lar
Para um sistema multicomponente, a entalpia parcial molar Hª, que aparece nas Eqs. 19.3-3 e 19.3-6, é definida como
Ha = (ªH)
ana T,p,11p
(19.3-7)
na qual nªé o número de moles da espécie a na mistura, e o subscrito n13 indica que a derivada em relação a uma espécie
deve ser tomada mantendo-se constante o número de moles das demais espécies. A entalpia H(n 1, n2 , n3, ••• ) é uma
"propriedade extensiva", urna vez que, se o número de moles de cada componente for multiplicado pelo valor k, a própria
entalpia será também multiplicada pelo mesmo valor k:
(19.3-8)
Matemáticos referem-se a esse tipo de função como funções "homogêneas de primeiro grau". Para tais funções, o teorema
de Euler nos permite concluir que
(19.3-9)
(a) Mostre que para uma mistura binária, as entalpias parciais molares, para um dado valor da fração molar, podem ser
determinadas em um gráfico de entalpia por mol em função da fração molar, determinando-se então a interseção da tangente
que passa pelo ponto correspondente à fração molar em questão (ver Fig. 19.3-1). Isso mostra uma maneira de se obter a
entalpia parcial molar a partir de dados relativos à entalpia da mistura.
'T.K. Sherwood, R.L. Pigford e C.R. Wilke, Mass Transfer, McGraw-Hill, New York (1975), Chapter 7. Thomas Kilgore Sherwood (1903-1976} lecionou no MIT por
cerca de 40 anos, e posteriormente na Universidade da Califórnia em Berkeley. Devido às suas inúmeras contribuições na área de transferência de massa, o número de
Sherwood (Sh) é dado em sua homenagem.
2
M.D. Greenberg, Foundarions of Applied Matlzematics, Prentice-Hall, Eng!ewood C!iffs, N.J. (1978), p.128; R.J. Silbey e R.A. Alberty, Pfzysical Chemistry, 3rd ed.,
Wiley, New York (2001), §§1.10, 4.9 e 6.lO.
564 CAPÍTULO DEZENOVE
SOLUÇÃO
(a) Por razões de simplificação de notação, omitiremos nesse exemplo os subscritos de p e T, indicando que essas grandezas
são mantidas constantes. Inicialmente, escrevemos as expressões relativas às interseções da forma:
-HA =H-x
- (ªH.)
axB 8 -
11
; -Ha = H- + (ªH.)
axB
XA n (19 .3-10, 11)
na qual iI = H/(nA + n 8) = H!n. Para verificar a exatidão da Eq. 19.3-10, reescrevemos a expressão em tennos de H:
(19.3-12)
Agora a expressão HA = (aHJanA)n 8 implica que H é uma função de nA e n8 , enquanto (aH/axA),, implica que H é uma
função de xA e n. A relação entre esses dois tipos de derivadas é dada pela regra da cadeia de derivada parcial. Para aplicar
essa regra, precisamos de uma relação entre as variáveis independentes, que, nesse problema, são
aH) =(ªH)
(axB anA
n axB + (ªH)
(anA)
n, ana (ªnª)
11 axB n 11,
EXEMPLO 19.4-1
Transporte Simultâneo de Calor e Massa 1
(a) Obtenha uma expressão para o perfil de fração molar xA(y) e para o perfil de temperatura T(y) para o sistema ilustrado
na Fig. 19.4-1, sendo dadas as frações molares e as temperaturas nas duas fronteiras do filme (Y = Oe y = {)). Aqui um
vapor aquecido e condensável, A, está se difundindo em regime pennanente através de um filme estagnado de um gás não-
'A.P. Colbum e T.B. Drew, Trans. Am. Inst. Chem. Engrs., 38, l97-212 (l937).
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 565
condensável, B, em uma superfície fria em y = O, onde A se condensa. Suponha comportamento ideal do gás e pressão
uniforme. Além disso, suponha que as propriedades físicas são constantes, com valores determinados a uma dada temperatura
e composição. Despreze os efeitos da radiação térmica.
z=O
Pro nteira do
filme de gás
estagnado
Direção do
·-, ·:'..""'_.,__ movimento
do vapor
condensável A
Superficie
fria
Fig. 19.4-1 Condensação de vapor aquecido A sobre urna superfície ma na presença
de um gás não-condensável B.
(b) Generalize os resultados obtidos para o caso em que tanto A quanto B estão condensando na parede, assumindo diferentes
valores da espessura do filme para o caso de transferência simultânea de calor e de massa.
SOLUÇÃO
(a) Para determinar as grandezas pedidas, precisamos resolver as equações da continuidade e da energia para esse sistema.
Simplificação da Eq. 19 .1-10 e da Eq. C da Tabela 19.2-1, para o caso de regime unidimensional permanente, e na ausência
de reação química e de forças externas, resulta em
dNAy =O
Continuidade de A: (19.4-1)
dy
dey =
Energia: 0 (19.4-2)
dy
Daí conclui-se queNAy e eY são constantes através do filme.
Para determinar o perfil de fração molar, precisamos do fluxo molar por difusão de A através do filme estagnado de B:
NA = _ C2/JAB dxA (19.4-3)
y 1 - XA dy
Inserindo a Eq. 19.4-3 na Eq. 19.4-1 e integrando, obtemos o perfil de fração molar (ver Seção 18.2)
U~::a) G=::t =
(19.4-4)
Aqui consideramos cqj;AB constante, e determinada à temperatura média do filme. Podemos então determinar o fluxo NAy
constante das Eqs. 19.4-3 e 4:
Note que o valor de N 01 é negativo devido ao fato de a espécie A estar se condensando. As duas últimas expressões podem
ser combinadas para expressar os perfis de concentração em uma forma alternativa:
XA - XAo 1 - exp[(N11y/C21lAa)y]
(19.4-6)
X115 - XAo =1 - exp[(NAy!C21JAB)o]
566 CAPÍTULO DEZENOVE
Para obter o pe1fil de temperatura, usamos a equação do fluxo de energia da Eq. 19.3-6 para um gás ideal juntamente
com a Eq.9.8-8:
(19.4-7)
Aqui escolhemos T0 como a temperatura de referência para a determinação da entalpia. Inserindo essa expressão para eY na
Eq. 19.4-2 e integrando entre os limites T = T0 em y = O e T = T,, em y = o, resulta
T - T0 1 - exp[(NAyêpA/k)y]
(19.4-8)
T;; - To 1 - exp[(NAipAI k)B]
Pode ser observado que, para esse sistema, o perfil de temperatura não é linear exceto no limite em queNAyêpA/k ~O. Note
a similaridade entre as Eqs. 19.4-6 e 8.
O fluxo de calor por condução na parede é maior neste caso do que no caso em que há transferência de massa. Assim,
usando o sobrescrito zero para indicar as condições referentes à ausência de transferência de massa, podemos escrever
-k(dT/dy)ly=o
(19.4-9)
-k(dT/dy)ºly=O
Vemos então que a taxa de transferência de calor é diretamente afetada pela transferência de massa simultânea, enquanto
o fluxo mássico não é diretamente afetado pela transferência de calor simultânea. Nas condições em que a temperatura
está abaixo da temperatura de ebulição da espécie A, o valor de NA/;pA/k é muito pequeno, e o segundo membro da Eq.
19.4-9 é muito próximo da unidade (ver Problema 19A.l). A interação entre a transferência de calor e de massa é também
discutida no Cap. 22. 0
(b) Se tanto A quanto B estão condensando na parede, então as Eqs.19 .4-1 e 2, quando integradas, resultam em NAy = NAo
e eY = e 0, onde as grandezas com o subscrito "O" são determinadas em y = O. Vamos integrar a equação análoga à Eq.
19.4-1 para a espécie B para obter N81 = N80 e
dx
+ xA(NAo + NBo) == NAo
-cÇ!i)AB ___i (19.4-10)
dy
dT - -
-k-d + (NAoHA + NBoHa) == eo (19.4-11)
y
Na segunda equação, substituímos HA por êp,1(T - T0 ) e H8 por éPs(T - T0 ) e, como a temperatura de referência é T0 ,
podemos substituir e0 por%, este sendo o fluxo de calor por condução na parede. Na primeira equação, subtraímos o valor
de xA0(NAo + N80 ) de ambos os membros para transformá-la em uma forma similar à equação da temperatura já obtida.
Assim
dxA
-c21JAB dy + (NAo + Nao)(xA - X.40) == NAo - XAo(NAo + NBo) (19.4-12)
dT - -
-kdy + (NAoCpA + NaoCpa)(T- To)== qo (19.4-13)
(19.4-14)
(19.4-15)
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 567
Esses são os perfis de concentração e de temperatura expressos em termos dos respectivos fluxos mássico e térmico.
Aplicação das condições de contorno nas fronteiras externas do filme - isto é, y = i5x e y = Dr, respectivamente -
resulta
(19.4-16)
(19.4-17)
Essas equações relacionam os fluxos às espessuras dos filmes e às propriedades de transporte. Quando a Eq. 19.4-14 é
dividida pela Eq. 19.4-16 e a Eq. 19.4-15 é dividida pela Eq. 19.4-17, obtemos os perfis de concentração em termos dos
coeficientes de transporte (analogamente às Eqs. 19.4-6 e 8). As Eqs. 19.4-16 e 17 serão novamente utilizadas na Seção
22.8.
EXEMPLO 19.4-2
Perfil de Concentrações em um Reator Tubular
Um reator catalítico tubular é mostrado na Fig. 19.4-2. Uma solução diluída do soluto A em um solvente S está escoando
em regime laminar estabelecido na região em que z < O. Quando entra em contato com a parede catalítica do tubo na
região O :;:; z :;:; L, o soluto A é instantânea e irreversivelmente convertido em um isômero B. Escreva a equação da difusão
correspondente a esse problema e obtenha a solução válida para pequenos valores da distância axial dentro do reator. Suponha
ainda que o escoamento é isotérmico e não considere a presença:de B.
SOLUÇÃO
Para as condições anteriores, o líquido em escoamento será constituído do solvente S puro. O produto c2DAs pode ser
considerado constante, e a difusão deA emS pode ser descrita pela Eq. 19.1-14 considerando o regime corno permanente
(não levando em conta a presença de pequenas quantidades do produto da reação B). As equações de balanço relevantes ao
sistema são então
Fazemos a suposição usual de que a difusão axial pode ser desprezada em relação à convecção axial, e assim podemos
descartar o termo sublinhado (compare com as Eqs. 10.8-11e12). A Eq. 19.4-19 pode ser resolvida para fornecer o perfil
parabólico de velocidade v,(r) = v,;náx[l -(r/R)2]. Quando esse resultado é substituído na Eq. 19.4-18, obtemos
2
P
z,m.ix
-r) ] -=®
[1- (,R_
acA
az
1-
- a (racA)'
AS r ar
-
ar (19.4-20)
l T
Perfil de velocidade A~ B por reação
laminar estabelecido catalítica irreversível
antes de z = O ser e instantânea
alcançado Fig. 19.4-2 Condições de contorno para um reator tubular.
568 CAPÍTULO DEZENOVE
Esse problema é matematicamente análogo ao problema de Graetz, discutido no Problema 12D.4, sendo que a variável@
daquele problema é análoga à variável 1 - (c,,/cA0) no presente caso.
Experimentos do tipo aqui descritos serviram para comprovar a utilidade de se obter dados de transferência para elevados
valores de Schmidt.2 Uma reação particularmente interessante é a da redução de íons de ferricianeto sobre superfícies
metálicas de acordo com a seguinte reação
(19.4-29)
na qual o ferricianeto e o ferrocianeto substituem as espécies A e B no desenvolvimento anteriormente descrito. Sob condições
apropriadas, essa reação eletroquímica é bastante rápida. Além do mais, uma vez que ela envolve apenas transferência de
elétrons, as propriedades físicas da solução são praticamente constantes. Os efeitos de difusão forçada desprezados aqui
podem ser suprimidos pela adição em excesso de um eletrólito indiferente.3• 4
EXEMPLO 19.4-3
Oxidação Catalítica de Monóxido de Carbono
A Fig. 19.4-3 ilustra a reação catalítica sobre uma superfície de paládio entre o monóxido de carbono e o oxigênio para
produzir o dióxido de carbono, de acordo com a reação a seguir, que é muito importante do ponto de vista tecnológico 5
0 2 + 2CO.....,. 2C02 (19.4-30)
'D.W. Hubbard e E.N. Lightfoot, lnd. Eng. Chem. Fund., 5, 370-379 (19ó6).
3
1.S. Newman, Electrochemical Systems, 2nd ed., Frentice-Hall, Englewood Cliffs, NJ. (199 l), §1.10.
'J.R. Selman e C.W. Tobias, Advances in Chemical Engineering, 10, Academic Press, New York (1978), p. 212-318.
5
B.C. Gates, Catalytic Chemistry, Wiley, New York (1992), pp. 356-362; C.N. Satterfield, Heterogeneous Catalysis in Industrial Practice, McGraw-Hill, New York,
2nd ed. (1991), Chapter 8.
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULT!COMPONENTES 569
1º
Yt O
.
/ _ 0 2,coeco,
z=O------------------ -------------
Camada externa do filme
de g~ e~tagnado
cons1strndo em
Para essa análise, vamos supor que, na superfície do catalisador, a reação ocorra instantânea e irreversivelmente. A
composição do gás na fronteira externa do filme (em z = 0) é supostamente conhecida, sendo que superfície do catalisador
é localizada em z = o. A temperatura e a pressão são presumivelmente independentes da posição ao longo da espessura do
filme. Vamos rotular as espécies químicas por: 0 2 = 1; CO = 2, C02 = 3.
SOLUÇÃO
Para a difusão unidimensional em regime permanente sem reação química homogênea, a Eq. 19 .1-1 Ose reduz a
N3, 1
= - cgil13 (1 + 2 .1'.3) (19.4-33)
dxi 1 1
dz = - cÇ!l12 (x2N1: - x,Niz) - c9.113 (x3N1z - x,N3z)
N3: N3,
= 2c<2.il12 (1 - 3x1 - X3) + 2c9ln (2x1 + X3) (19.4-34)
Essas equações foram simplificadas usando-se a Eq. 19.4-32 e o fato de que 92123 = 92113 ao longo de uma extensa faixa de
temperatura. Essa última consideração pode ser comprovada usando-se o Apêndice E para mostrar que a-23 = 3,793Á, a-13
= 3,714Á e que 8 2,/K = 145K e 8 13 /K = 146K. Como a fração molar x 3 aparece na Eq. 19.4-33, ela pode ser integrada6
uma vez para fornecer
(19.4-35)
Dessa equação e de uma equação análoga para x2 , podemos obter o valor de x3 em z = o. Assim, a partir da Eq. 19.4-35 obtemos
N3- = - c9.113ln (X35 + 2) (19.4-37)
" 8 X30 + 2
'Problemas envolvendo crês componentes com duas difusividades iguais foram discutidos por H. L. Toar, AIChE Joumal, 3, 198-207 (1957).
570 CAPÍTULO DEZENOVE
que nos fornece a taxa de fonnação do C02 na superfície do catalisador. Esse resultado pode então ser substituído na Eq.
19.4-35 e as frações molares de cada um dos três componentes podem ser calculadas em função dez.
EXEMPLO 19 .4-4
Condutividade Térmica de um Gás Poliatômico
Na Seção 9.3 ressaltamos que os valores da condutividade ténnica de gases poliatômicos desviam significativamente da
fónnula dos gases monoatômicos, devido aos efeitos dos graus de liberdade internos nas moléculas complexas. Quando a
fórmula de Eucken para gases poliatômicos (Eq. 9.3-15) é dividida pela fónnula para gases monoatômicos (Eq. 9.3-14) e
se usa a lei dos gases ideais, pode-se escrever a relação entre a condutividade térmica de gases poliatômicos e a condutividade
ténnica de gases monoatômicos na forma
kpnli 3 4 êv
(19.4-38)
kmnn = S + JSR
Derive uma expressão para essa relação considerando o gás poliatômico como mistura gasosa, na qual as várias "espécies"
que interagem entre si são as moléculas poliatômicas do gás em vários estados de rotação e vibração.
SOLUÇÃO
O fluxo térmico para uma mistura gasosa é dado pela Eq. 19.3-3. Todas as "espécies" terão a mesma condutividade térmica
devido a elas só diferirem entre si pelos seus respectivos estados quânticos internos. Assim, podemos esperar que o valor
de cada kª seja igual a kmon· Similarmente, o fluxo mássico para cada "espécie" deveria ser dado pela lei de Fick para um
gás puro jª = - p 0J ªªV wª, com todos os 2))ªª tendo um valor comum igual a 0Jmon· Assim, obtemos
(19.4-39)
e escrever
-k 1· - 1 + (-".i> (dH- cr ))
- -)(- i LN HaXa -
pu L _ C..Ulmon L "' - "Ç'
N
,L.. Xn -
kmnn kmnn dT a=1 a=I dT
CÚ..llmon) -
= 1 + ( -k-- cc,,,poli
num
= l + ~A[(êp,pul)êl',mou) - l] (19.4-41)
Aqui, a grandeza dependente da temperatura
(19.4-42)
pode ser calculada pela teoria cinética dos gases a baixas densidades. Ela varia muito pouco com a temperatura, sendo o
valor usual igual a 1,106. A quantidade é p,poli = dH/aT é a capacidade ténnica p_ara um gás em que o equilíbrio entre os
vários estados quânticos é mantido durante a variação de temperatura, enquanto C:p.mon é a capacidade térmica para um gás
nó qual as transições entre os estados quânticos não se verificam, de tal forma que Cp,mon = (5/2)R. Quando o valor numérico
de A = 1,106 é inserido na Eq. 19 .4-41, obtemos finalmente
que é a fórmula recomendada por Hirschfelder.7 Embora os valores previstos pela Eq. 19.4-43 não divirjam muito dos
valores previstos pelas velhas fórmulas de Eucken, o desenvolvimento anterior nos dá, pelo menos, um alerta para o papel
dos graus de liberdade internos na condução de calor.8• 9
Movimento: (19.5-2)
A equação da energia, na ausência de reações químicas, dissipação viscosa e forças externas que não a gravidade, é obtida
da Eq. (F) da Tabela 19.2-4, com a Eq. 19.3-3. Com o uso dessa última equação desprezamos o transporte difusivo de
energia relativo à velocidade mássica média. Para o caso de condutividade térmica constante obtemos
DwA a· 2
Continuidade de A: Dt= ':;J)AB\1 WA (19.5-4)
y , z v0t
4iX
V v
4i (19.5-5)
V
X= y= z=- t=-
lo lo
V
V=
V
ti;; V= l0V ~= (~) gt (19.5-6)
(19.5-7)
Aqui entende-se que v é a velocidade mássica média da mistura. Deve ser ressaltado que, para alguns problemas específicos,
outras formas das variáveis são preferíveis.
; J.O. Hirschfelder.J. Chem. Plzys., 2ó, 274-281 (1957). Veja também D. Secrest eJ.O. Hirschfelder, Physics ofFluids, 4, 61-73 (1961) para desenvolvimemo adicional
da teoria, na qual o equilforio entre os vários estados quânticos não é considerado.
8 Para uma comparação entre as duas fónnulas com dados experimentais, ver Reid, Prausnitz e Poling, op. cit., p. 497. Tanto a fónnula de Hirschfelder na Eq. 19.4-42,
quanto a fónnula de Eucken da Eq. 9.3-15 tendem a incluir os valores medidos da condutividade.
9
J.H. Ferziger e H.G. Kaper, Matlzematical Theory ofTransporl Processes i11 Gases, North Holland, Amsterdam (1977), §§ 1l.2e3.
· 572 CAPÍTULO DEZENOVE
Em termos das variáveis adimensionais listadas anteriormente, as equações de balanço podem ser expressas por
1 ~ "
Movimento:
Dv
-:;- = - \72V - \7'"1"J' - -Gr -g (T" - ~D - -Grw2 >g (wA
" -"-
- WA) (19.5-9)
Dt Re Re2 g Re 8
Energia: ot =-1-v2t (19.5-10)
Dt RePr
Continuidade de A:
DcüA = _1_v w 1
(19.5-11)
Dt ReSc A
Os números de Reynolds, Prandtl e Grashof térmico foram dados na Tabela 11.5-1. Os outros dois números são novos:
Se= [-#-L
[p.!J)J\8~
[.:JJAB~~=número de Schmidt
0
11
(19~5-12)
gÇ(w41 - WAo)IÕ~
Grw = [ · ~ = número de Grashof para a difusão (19.5-13)
112
O número de Schrnidt expressa a relação entre a difusividade de momento molecular e a difusividade mássica e representa
a relação entre o transporte de momento molecular e o transporte de massa. Ele é análogo ao número de Prandtl, que
representa a relação entre o transporte de momento molecular e a difusividade térmica. O número de Grashof de difusão
aparece em decorrência das forças de empuxo geradas pelas heterogeneidades da concentração. Os produtos RePr e ReSc
nas Eqs. 19.5-10 e 11 são conhecidos como o número de Péclet, Pé e PéA8 , respectivamente.
A análise dimensional de problemas de transferência de massa é análoga a de problemas de transferência de calor. Vamos
ilustrar esse procedimento através de três exemplos: (i) A grande similaridade entre as Eqs. 19 .5-10 e 11 permite a solução
de muitos problemas de transferência de massa considerando a analogia entre esses problemas com os problemas de
transferência de calor já resolvidos; tal analogia é usada no Exemplo 19 .5-1. (ii) Freqüentemente, a transferência de massa
demanda ou libera energia, de modo que a transferência de calor e de massa devem ser considerados simultaneamente,
como ilustrado no Exemplo 19 .5-2. (iii} Algumas vezes, como é o caso de muitas operações industriais envolvendo a mistura,
a difusão exerce um papel secundário na transferência de massa e, por esse motivo, ela não deve ser levada em conta; essa
é a situação ilustrada no Exemplo 19.5-3.
Veremos então que, como é o caso de transferência de calor, o uso de análise dimensional para a solução de problemas
práticos de transferência de massa é uma arte. Essa técnica é, em geral, bastante útil quando os efeitos de pelo menos urna
.. ~relações adimensionais podem ser desprezados. Em geral, a estimativa da importância relativa dos grupos adimensionais
relevantes requer experiência prática.
EXEMPLO 19.5-1
Distribuição de Concentração em Torno de um Cilindro Longo
Desejamos determinar a distribuição de concentrações em tomo de um cilindro longo, constituído por um sólido volátil A,
imerso em uma corrente gasosa da espécie B, que é insolúvel no sólido A. O sistema é semelhante àquele ilustrado na Fig.
11.5-1, exceto que aqui consideramos a transferência de massa em vez da transferência de calor. A pressão de vapor do
sólido é pequena quando comparada com a pressão total do gás, de modo que o processo de transferência de massa é
praticamente isotérmico.
Poderão os resultados do Exemplo 11.5-1 ser usados para fazer as estimativas desejadas?
SOLUÇÃO
Os resultados do Exemplo 11.5-1 serão aplicáveis somente se pudermos mostrar que os perfis de concentração adimensionais
definidos para o sistema de transferência de massa são idênticos aos perfis de temperatura adimensionais definidos para o
sistema de transferência de calor:
(19.5-14)
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 573
Essa igualdade será comprovada se as equações diferenciais e as condições de contorno para os dois sistemas puderem ser
expressas numa forma idêntica.
Começamos então escolhendo os mesmos comprimentos, velocidades e pressões de referência, definidos no Exemplo
11.5-1, e uma função da composição análoga: wA = (wA - wA0)/(w.4 x - w,10). Aqui wA0 é a fração mássica de A.na fase
gasosa adjacente à interface, e w11 ,, é o valor longe do cilindro. Especificamos também que wA = wAo, de modo que tiA =
O. As equações de balanço necessárias nesse caso são as Eqs. 19.5-8, 9 e 11. Assim, a equação diferencial aqui e no Problema
11.5-1 são análogas, com exceção do termo de dissipação viscosa que aparece naEq. 11.5-3.
Como condições de contorno, temos aqui:
e.e. 3: emx2 + f/
=ex: e y =O, &>=o (19.5-17)
A condição de contorno em v, obtida com o uso da primeira lei de Fick, estabelece que há uma velocidade radial interfacial
resultante da sublimação de A.
Se compararmos a descrição dada anteriormente com a que foi dada no caso de transferência de calor no Exemplo
11.5-1, veremos que na transferência de massa não há o termo equivalente à dissipação viscosa da equação da energia e
que na transferência de calor não há o termo equivalente ao componente radial da velocidade interfacial nas condições de
contorno daEq. 19.5-16. Os demais termos são análogos, considerando-se, todavia, wA, Se e Grw substituindo os valores
deT,PreGr.
Quando o número de Brinkman é suficientemente pequeno, a dissipação viscosa pode ser desprezada e o termo
correspondente na equação da energia pode ser descartado. Essa situação, todavia, não se aplica no caso de escoamento de
fluidos muito viscosos ou em casos de gradientes de velocidade muito grandes, ou ainda no caso de camadas limites
hipersônicas (Seção 10.4). Analogamente, no caso em que o termo (l/ReSc)[(wAo - wA,,)/(1 - wA0)] for muito pequeno,
ele pode ser considerado igual a zero sem que seja introduzido erro apreciável. Se essas condições limites são satisfeitas,
será obtido um comportamento análogo para a transferência de calor e de massa. Mais precisamente, a concentração
adimensional, wA> terá a mesma relação de dependência de x, y, z, t, Re, Se, e Grwque a temperaturaadimensional, T, tem
de x, y, z, t, Re, Pr e Gr. A um mesmo valor de Re, os perfis de concentração e de temperatura serão idênticos, sempre que
Se = Pr e Grw = Gr.
O número de Grashof témüco pode, pelo menos em princípio, ser variado à vontade trocando os valores de T0 - T"'.
Dessa forma, pode-se esperar que o valor desejado de Grashof pode ser obtido. Todavia, como pode ser visto das Tabelas
9.1-1e17.1-1, o número de Schmidt para gases pode variar em uma faixa de valores muito extensa, enquanto a variação
do número de Prandtl é mais restrita. Dessa forma, pode ser difícil a obtenção de um modelo térmico satisfatório a partir
da transferência de massa, exceto em uma faixa restrita de valores do número de Schmidt.
Um outro possivelmente sério obstáculo para obter os comportamentos de transferência de calor e de massa relaciona-
se à não-uniformidade da temperatura da superfície. O calor de sublimação deve ser obtido do gás que envolve a superfície,
o que, em conseqüência, faz com que a temperatura do sólido fique abaixo da temperatura do gás. Desse modo, é necessário
considerar que tanto a transferência de calor quanto a de massa ocorram simultaneamente. Uma análise muito simples da
transferência simultânea de calor e de massa é vista no exemplo a seguir.
Vapor refrigerante à
T=T? -- _._C_~.,.,,,.=~===-=~~====-~-'--~'
temperatura ra T, e umidade ww1 (fração mássica do vapor
>Filme de água a T=T,
. _ 1_
-----temperatura
T=T 1
d' água). e sai à temperatura T2 e umidade % 2 .
ww = '"~2 U '"w = w~'\fl Como a transferência de calor para o refrige-
é rante é muito eficaz, a temperatura da inter-
é Líquido refrigerante à 7 face ar-condensado pode ser considerada
temperatura T = T, igual à temperatura do refrigerante Tr
574 CAPÍTULO DEZENOVE
EXEMPLO 19 .5-2
F armação de Névoa durante a Desumidificação
Ar úmido está sendo simultaneamente resfriado e desumidificado através da sua passagem por um tubo metálico resfriado
pela ebulição de um líquido refrigerante. A superfície do tubo está abaixo do ponto de orvalho do ar que entra e, portanto,
a sua superfície fica recoberta por uma película de água. A transferência de calor do líquido refrigerante para essa camada
de condensado é suficientemente efetiva de modo que a superfície livre da película de água pode ser considerada isoténnica
e com temperatura igual à temperatura de ebulição do líquido refrigerante. Esse sistema é ilustrado na Fig. 19.5-1.
Queremos detenninar a faixa de temperatura do líquido refrigerante que pode ser usada sem que haja fonnação de névoa.
A névoa é indesejável, devido ao fato de as gotículas de água que constituem a névoa serem arrastadas para fora do tubo
juntamente com o ar, a não ser que coletores especiais de névoa sejam utilizados. A névoa pode ser formada em qualquer
ponto do sistema, desde que o ar se torne supersaturado.
SOLUÇÃO
Seja o ar designado como a espécie A e a água como a espécie W. É conveniente aqui escolher as seguintes variáveis
adimensionais
- T- _ Ww - Wwr
T= Ww = Ww1 - Wwr (19.5-18)
wwCé, y, z, Re, Gr,,,, Gr, Se, Pr) = T<X, y, z, Re, Gr, Gr,,, Pr, Se) (19.5-19)
Nesse caso, assim como T, ww é função de seus argumentos na mesma ordem em que os mesmos são apresentados. Já
que, em geral, Gr"' não é igual a Gr e Se não é igual a Pr, os dois perfis não são similares. O resultado geral é por demais
complexo para ser de alguma utilidade. \
Todavia, para o sistema ar-água, a temperaturas moderadas e pressões próximas da pressão atmosférica, Se = 0,6 e Pr = 0,71.
o,m r--+-~i--t--+--l-+-1-+--ll-+--+-ll-1/--1
1 1 \/
1 1 11
1 V1 1
Se admitirmos, por ora, que Se e Pr são iguais, a análise dimensional se toma muito mais simples. Para esse caso particular,
as equa<;:_ões da energia e da continuidade para cada espécie serão idênticas. Uma vez que as condições de contorno relativas
a ww e T são também as mesmas, os perfis de concentração e temperatura adimensionais serão também idênticos. Deve
ser enfatizado que a igualdade entre Grwe Gr não é mandatória. Isso se deve ao fato de que os valores do número de Grashof
afetam os perfis de concentração e de temperatura somente no que se refere à velocidade v, que aparece tanto na equação
da continuidade quanto na equação da energia da mesma maneira.
Assim, a suposição de que Se = Pr nos leva a
ww = T (19.5-20)
em cada ponto do sistema. Por outro lado, isto significa que cada par concentração-temperatura no tubo é representado
por uma linha reta entre os pontos (úJw 1, Ti) e (úJw,, Tr) em um gráfico psicrométrico. Isso é ilustrado no gráfico da Fig.
19.5-2 para um conjunto de condições representativas. Note que (wwri Tr) deve estar localizado sobre a curva de saturação,
uma vez que o equiUbrio é bastante aproximado.
Pode-se concluir que não haverá formação de névoa no caso em que uma reta passando entre os pontos (ww 1, Ti) e (Wwr•
T,) não intercepte a curva de saturação. Assim, a fim de prevenir a formação de névoa, a temperatura mínima do líquido
refrigerante será representada pelo ponto de tangência de uma reta que passa pelo ponto (Wiv 1, Ti) com a curva de saturação.
Deve-se notar que todas as condições ao longo da linha, desde o ponto de entrada (Wwi, T1) até o ponto (ww,, T,), ocorrerão
no gás mesmo no caso em que as condições médias variem somente de (Wivi, T1) a (úJwi, T2 ). Assim, alguma névoa pode ser
formada mesmo no caso em que as condições para que isso ocorra não sejam atingidas no seio do gás em escoamento. Para
o caso de ar entrando a 90°F e 50% de umidade relativa, a temperatura mínima segura do líquido refrigerante é de 45ºF.
Também pode ser visto da Fig. 19.5-2 que não é necessário trazer todo o ar úmido às condições de ponto de orvalho para
que o mesmo seja desumidificado. Basta que o ar esteja saturado na superfície de resfriamento. As condições médias na
saída ( úJwi, T2) podem se localizar ao longo da trajetória de desumidificação entre os pontos (Ww 1, T1) e (Ww,. Tr), dependendo
da eficiência do equipamento utilizado. Cálculos baseados na suposta igualdade entre Se e Pr comprovaram ser de grande
utilidade para o caso de sistemas ar-água.
Considerando o significado físico dos números de Schmidt e de Prandtl, pode ser constatado que do procedimento de
cálculo adotado anteriormente resultam valores conservadores. Uma vez que o número de Schrnidt é ligeiramente menor
que o número de Prandtl, a desumidificação vai ocorrer proporcionalmente mais rápida que o resfriamento, e os pares de
concentração-temperatura estarão ligeiramente abaixo da trajetória de desumidificação representada na Fig. 19.5-2. Na
condensação de vapores orgânicos em ar, todavia, a situação reversa ocorre com freqüência. Nesses casos, o número de
Schmidt tende a ser maior que o número de Prandtl, sendo que o resfriamento ocorre mais rapidamente que a condensação.
As condições então se situam acima da linha reta da Fig. 19.5-2, e o risco de formação de névoa é aumentado.
c_pN
z = H . - - - - - - + - - - - - , -...,--
~A=Ü
Fig. 19.5-3 Mistura de líquidos miscíveis. No tempo t =O, a parte média superior desse taTJque
está isenta de soluto, enquanto a parte inferior contém soluto estacionário e com uma distribuição
de concentração uniforme unitária. Para t >O. faz-se o impulsor girar com uma velocidade de rotação
constante e igual a N. As posições no tanque são dadas pelas coordenadas r, e, z, sendo r medida
a partir do eixo axial do impulsor, e z medida a partir do fundo do tanque.
EXEMPLO 19.5-3
Mistura de Fluidos MiscÍJ!eis
Por análise dimensional, desenvolva a forma geral de uma correlação para determinar o tempo necessário para a mistura
completa de dois fluidos miscíveis em um tanque agitado. Considere o tanque como sendo do tipo ilustrado na Fig. 19.5-
3, e admita que os dois fluidos, assim como a mistura deles, têm as mesmas propriedades físicas.
576 CAPÍTULO DEZENOVE
SOLUÇÃO
Será admitido que a obtenção da condição de "mesmo grau de mistura" em duas operações de misturação distintas ocorrerá
quando os perfis adimensionais de concentração resultantes em cada uma delas forem iguais. Em outras palavras, a
concentração adimensional do soluto wA é a mesma função das coordenadas adimensionais dos dois sistemas (r, 8,z) quando
os graus de mistura forem iguais. Esses perfis de concentração serão função de grupos adimensionais que aparecem na
forma adimensional das equações de balanço, das condições de contorno e do tempo adimensional.
No presente problema vamos adotar as seguintes variáveis adimensionais:
Aqui D é o diâmetro impelidor, N é a taxa de rotação do impelidor, expressa em rotações por unidade de tempo, e p0 é a pressão
atmosférica prevalente. A pressão adimensional pé usada em vez da quantidade '8> definida na Seção 3.7; a forma com pé mais
simples e fornece resultados equivalentes. Note que t é igual ao número total de rotações do impelidor desde o irúcio da rotação.
As equações de conservação que descrevem esse sistema são as Eqs. 19.5-8, 9 e 11, delas excluído o termo correspondente
ao número de Grashof. Os grupos adimensionais que resultam dessas equações são os números de Re, Fr e Se. As condições
de contorno incluem os valores do vetor v = Onas paredes do tanque e de p na superfície livre do tanque. Além disso,
temos que especificar as condições iniciais
e. 1: wi\ =O lH " H
emt:::; O, para2D<z< D (19.5-22)
l H
C.2: emt:::; O, WA = 1 para O< z" <2:o (19.5-23)
'Um sistema de aletas bastante comum e eficaz se constitui de um tanque cilíndrico vertical com impelidores montados no sentido axial, sendo as aletas igualmente
espaçadas e colocadas ao longo da parede do tanque, de modo que as suas superfícies planas estejam perpendiculares ao eixo do tanque e largura com pelo menos 1/5 do
raio do tanque.
1
A não-dependência do tempo de mistura requerido ao número de Reynolds pode ser intuitivamente vista do fato de que o termo (l/Re)V 2v na Eq. 19.5-9 é muito
pequeno quando comparado ao termo de aceleração Dv/Dt para valores elevados de Re. Tais argumentos baseados na intuição, todavia, são muito perigosos, uma vez
que o efeito do número de Reynolds é sempre importante nas vizinhanças da parede sólida. Aqui a quantidade de mistura que ocorre nas vizinhanças da parede sólida é
pequena e pode, portanto, ser desprezada.
A não-dependência do tempo de mistura requerido ao número de Schmidt pode ser vista da média temporal da equação da continuidade no Cap. 21. A valores elevados
de Re, o fluxo mássico turbulento é maior que o fluxo mássico decorrente da difusão molecular, exceto nas vizinhanças da parede sólida.
'E.A. Fox e V.E. Gex, AlChEJournal, 2, 539-544 (1956); H. Kramers, G.M. Baars e W.H. Knoll, Citem. Eng. Sei., 2, 35-42(1955); J.F. van de Vusse, Chem. Eng. Sei.,
4, 178-200, 209-220 (1955).
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 577
Finalmente, após extensiva experimentação, chegamos a um resultado surpreendentemente simples. Quando todas as
suposições anteriormente feitas são válidas, os perfis de concentração dependeIT'. apenas do tempo adimensional, t. Assim,
0 tempo adimensional requerido para produzir qualquer grau de mistura é uma constante para uma dada geometria do
sistema. Em outras palavras, o número total de rotações do impelidor durante o processo de mistura determina o grau de
mistura independentemente de Re, Fr, Se e do tamanho do tanque, desde que, claro, os tanques e os impelidores sejam
aeometricarnente similares.
" Pelas mesmas razões, em um tanque adequadamente aletado, a distribuição da velocidade adimensional e a eficiência
de bombeamento volumétrico do impelidor são praticamente independentes do número de Froude (Fr) e do número de
Reynolds (Re) para os casos em que Re > 104 •
PROBLEMAS
19A.1 Desumidificação do ar (Fig. 19.4-1). Para o sistema do Exemplo 19.4-1, seja a H 20 a fase vapor e o ar a fase
estagnada. Suponha as seguintes condições (que são representativas em sistemas de ar condicionado): (i) em z =
8, T = 80ºF e x8 , 0 = 0,018; (ii) em z =O, T = 50ºF.
(a) Parap =1 atrn, calcule o segundo membro da Eq. 19.4-9.
(b) Compare o fluxo de calor por condução com o fluxo difusivo no ponto z = O. Qual o significado físico da sua
resposta?
Resposta: (a) 1,004
19B.1 Evaporação em regime permanente (Fig. 18.2-1). Refaça o problema resolvido na Seção 18.2, lidando com a
evaporação do líquido A em um gás B, começando da Eq. 19.1-17.
(a) Em primeiro lugar, obtenha uma expressão para v*, usando a Eq. (M) da Tabela 17.8-1, assim como a primeira
lei de Fick na forma da Eq. (D) da Tabela 17 .8-2.
(b) Mostre que a Eq. 19.1-17 se reduz à seguinte equação diferencial não-linear de segunda ordem:
(e) Resolva esta equação para obter o perfil de fração molar dado pela Eq. 18.2-11.
19B.2 Absorção de gás com reação química (Fig. 18.4-1). Refaça o problema resolvido na Seção 18.4 a partir da Eq.
19. l-16. Quais as suposições que você teve que fazer para chegar à Eq. 18.4-4?
578 CAPITULO DEZENOVE
19B.3 Difusividade dependente da concentração. Uma camada estacionária de um líquido B é limitada pelos planos
z = O(parede sólida) e z = b (interface gás-líquido). Nesses pianos a concentração de A é eAO e eAh• respectivamente.
A difusividade ®,w é função da concentração de A.
{a) Considerando o regime permanente e começando com a Eq. 19.1-5, derive uma equação diferencial para obter
a distribuição de concentração.
{b) Mostre que a distribuição de concentração é dada por
r·"
C,;
<]};ABdCA
- (19B.3-1)
NA,\z=ll = b
1 J'"
e,,. ®An(cA)dcA (19B.3-2)
(d) Admita agora que a difusividade pode ser expressa em termos de uma série de Taylor na concentração
(e) Como esse resultado pode ser simplificado admitindo-se que a difusividade varia linearmente com a
concentração? ---.__
19B.4 Oxidação do silício (Fig. 19B.4). 1 Uma placa de silício está exposta ao oxigênio gasoso (espécie A) à pressão,p,
produzindo uma camada de dióxido de silício (espécie B). Essa camada se estende da superfície z = O, onde o
oxigênio se dissolve com concentração eAo = Kp, para a superfície em z = o(t), onde o oxigênio e o silício reagem
com reação química de primeira ordem cuja taxa é dada por fé' 1• A espessura o(t) da camada de óxido deve ser
determinada. Um método quase-permanente é útil nesse caso, em virtude de o avanço da frente de reação ser muito
lento.
(a) Inicialmente resolva a equação da difusão na forma da Eq. 19.1-18, desprezando o termo acA/at, e aplique as
condições de contorno para obter
(198.4-1)
(19B.4-2)
1
R. Ghez, A Primer ofDiff11sio11 Problems, Wiley-Interscience, New York (l988), pp. 46-55; este livro discute um grande número de problemas relacionados à área de
microeletrônica.
-- - - - - - -- - - - - - - - - - - - · - - - - -
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 579
(e) Escreva um balanço transiente molar de Si02 na mesma região para obter
-'-k"
Vs dt
_ 1 do
' ' 1C,4i; - (198.4-3)
(d) NaEq.19B.4-2, determine a expressão dô/dtdaEq.19B.4-3 edcA/dzdaEq.19B.4-l. Daí resultará uma equação
09B.4-4)
Inserindo valores numéricos na Eq. 19B.4-4 mostre que o termo quadrático pode ser seguramente desprezado. 1
(e) Combine as Eqs. 19B.4-3 com a Eq. l 9B.4-4 (sem o termo quadrático) para obter uma equação diferencial para
ô(t). Mostre que essa equação é da forma
81 ô -
~ +li= VscAot (198.4-5)
_ _nAB kl
que correlaciona bem os dados experimentais. L Interprete os resultados.
19B.5 As equações de Maxwell-Stefan para misturas gasosas multicomponentes. Na Eq. 17.9-1 são dadas as equações
de Maxwell-Stefan para os fluxos rnássicos em um sistema gasoso multicomponente. Mostre que, para um sistema
binário, essas equações podem ser simplificadas para a lei de Fick, como dado pela Eq. 17.1-5.
c,,"j R e-br/R
(198.6-1)
cAo r e-1•
em que R é o raio da esfera, eAo é a solubilidade molar de A em B e b2 = k;'R 2/®.JJJ·
(b) Utilizando argumentos relativos a regimes quase-permanentes, mostre como se pode calcular o decréscimo
gradual do diâmetro da esfera à medida que A se dissolve e reage. Mostre que o raio da esfera é dado por
19C.1 Forma alternativa da equação da difusão para sistemas binários. Na ausência de reações químicas, a Eq. 19.1-
17 pode ser escrita em termos de v em vez de v* pelo uso de diferentes medidas de concentração - isto é, do
logaritmo do peso molecular médio:2
(19C.l-1)
'R. Ghez, A Primer ofDiffusion Problems, Wiley-Interscience, New York (1988), pp. 46-55; este livro discute um grande número de problemas relacionados à área de
microeletrônica.
'C.H. Bedingfield, Jr., e T.B. Drew, Jnd. Eng. Chem., 42, 1164-1173 (1950).
580 CAPITuLO DEZENOVE
19D.1 Obtenção da equação da continuidade. Na Seção 19.l, a equação da continuidade para as espécies químicas foi
obtida a partir de um equilfbrio de massa em um pequeno volume retangular ó.x~yõ.z fixo no espaço.
(a) Repita a derivação para o caso de um elemento de volume de forma arbitrária, V, envolvido por uma superfície
fixa e suficientemente lisa S. Mostri! que o equilíbrio para cada espécie pode ser expresso por
ft JV
PAdV = - J5
(n · nA)dS + JrAdV
V
(19D.1-1)
Use o teorema da divergência de Gauss para converter a integral de superfície em integral de volume, e obtenha a
Eq. 19.1-6.
(b) Repita a derivação usando a região do fluido limitada por uma superfície, cada ponto da qual está se movendo
à velocidade mássica média.
19D.2 Obtenção da equação de balanço de energia para um sistema multicomponente. Obtenha a Eq. (F) da Tabela
19.2-4 a partir da Eq. (E). Sugerimos a seguinte seqüência de etapas:
(a) Sendo a entalpia uma propriedade extensiva, podemos escrever
(19D.2-1)
em que as mª representam as massas das várias espécies, m é a soma das m" e wª = m)m são as frações mássicas
correspondentes. Entende-se que tanto H quanto Hsão funções de Te p, bem como da composição da mistura. Use
a regra da cadeia para derivadas parciais para mostrar que
(a= N) (19D.2-3)
a.H)
(cJrtta m:- -
(c7H) (ªH)
JmN m.., = c1Wcr w!'
(190.2-4)
p ap(c7H) T,1,,, =
1
-
(ª ln V)
r7 ln T ,.,,,,,
(19D.2-6)
P (r1iI)
ar p,llJ"!
= pC"
· (19D.2-7)
3
G. Hertz, Zeirs.f Phys., 91, 810-815 (1934).
'G.G. Maier, Meclianical Concemratio11 of Gases, U. S. Bureau of Mines Bulletin 431 (1940).
5
~1. Benedict e A. Boas, Chem. Eng. Prog., 47, 51-62, lll-122 (1951).
EQUAÇÕES DE BALANÇO PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 581
A+B+C t A+B+C
Extremidade 2
Alimentação da mistura de A + B e
Adição e
Separador e de e --i-"'"'--o----1 Separador
Fig. 19D.3 O experimento de Keyes-Pigford para
Rafinado A+B Produtos A + B o estudo da separação de gases por meio de um
gás carreador.
estudaram a economia do processo particularmente aplicado à separação de isótopos. Keyes e Pigford6 contribuíram
tanto nos aspectos teóricos quanto experimentais. No aparato experimental desses autores, C foi um vapor
condensável, que poderia ser separado de A e de B por resfriamento, de forma tal que C condensava.
Queremos estudar os detalhes do processo de difusão de três componentes que ocorre no tubo de comprimento
L, com o sistema operando em regime permanente. Obtenha uma expressão relacionando as concentrações x,11 e x81
na entrada da alimentação no tubo com as concentrações xA2 e x 82 na saída do tubo. Essa expressão deverá conter os
fluxos molares das três espécies, que são controlados pelas respectivas taxas de adição dos materiais nas duas
correntes de entrada.
Use a seguinte notação para as grandezas adimensionais: ~ = z!L para a distância a partir da entrada da
alimentação; rA = 0JAB/<l!J8c para a relação entre as difusividades; e 11ª = N,,J_,fc<!JJAB para os fluxos molares (com
a =A,B, C).
(a) Mostre que, em termos dessas grandezas adimensionais, as equações de Maxwell-Stefan para a difusão são
dxA
df = y A1\X1t + Y,u;Xy + YA (190.3-1)
dx
df8 = YnAxA + YnnXn + Yn (190.3-2)
em que YAA = 11B + rA(vA + vc), YAB = 11A(rA - 1) e YA = -rA11A, sendo as demais grandezas obtidas trocando-se A
eB.
(b) Usando a transformada de Laplace, resolva as Eqs. 19D.3-l e 2 para obter os perfis de concentração de A e de
B no tubo.
(e) Mostre que as concentrações nas extremidades do tubo são relacionadas da seguinte forma
XA(xA 1, x81 ; O) XA(xA 1, x81 ; P+) exp P+ XA(xA 1, x 81 ; p_) exp P-
(190.3-3)
XA2 = P+P- + P+(P+ - p_) + p_(p_ - P+)
na qual
2
P+ = H<Y,111 + YBH) ± Y(YAA + Yasl + 4Y,wYs,1l (190.3-4)
XA(XA1,Xn11 p) =
2
P XA1 + p(YA - XA1Ynn + XmYAn) + (YAnYn - YnnYA) (190.3-5)
Uma expressão análoga pode ser obtida para x 82 . Keyes e Pigford 6 dão resultados adicionais para outros casos
especiais.
19D.4 Difusão em regime permanente em um disco rotatório. 7 Um disco de grande diâmetro está girando com urna
velocidade angular D, em um meio infinito de um líquido B. A superfície é recoberta com um material A que é
J.J. Keyes, Ir., e R.L. Pigford, Chem. Eng. Sei., 6, 215-226 (1957).
6
ligeiramente solúvel em B. Determine a taxa de dissolução de A em B. (A solução desse problema pode ser aplicada
a um rfisco de raio finito R com erro desprezível.)
Neste problema a dinâmica do fluido foi desenvolvida por Kármán8 e posteriormente corrigida por Cochran.9
Foi determinado que, com exceção da região próxima da borda do disco, os componentes da velocidade podem ser
expressos por
v, = D.rF(Ç); v8 =D.rG(O; (190.4-1)
na qual ~ = z(ü/v) 1n.. As funções F, G e H têm as seguintes formas expandidas,8
nas quais a= 0,510 e b = -0,616. Sabe-se ainda que, no limite quando~--? e.o, H-7 -0,886 e F, G e G' todos
tendem a zero. Sabe-se também que a espessura da camada limite é proporcional a (v/Ü) 1n., exceto na região da
borda do disco.
A equação da difusão da Eq. 19.1-16, com os componentes da velocidade já conhecidos, deve ser resolvida com
as seguintes condições de contorno: PA = PAo em z = O; PA = Oem z = e.o; e apj ar= Oem r = O, e.o. Como tem que
haver apenas uma solução para esse problema linear, pode ser constatado que uma solução da forma PA (z) pode ser
encontrada de tal forma que satisfaça a equação diferencial e as condições de contorno. Assim, na região considerada,
a solução para PA não depende da coordenada radial.
(a) Mostre que, em regime permanente, a Eq. 19.1-16 é da forma
2
H(() dpA = .l. d pA (190.4-5)
d( Se dÇ2
(b) Resolva a Eq. 19D.4-5 para obter, para valores elevados do número de Schmidt
p
_!2_ = 1-
(.'.aSc)
_J___
113
J{exp( _!.aSc(- )d(-
3
(190.4-6)
f(~)
3
PAll o
(e) Mostre que, na superfície do disco, o fluxo de massa é dado por7
(190.4-7)
para valores elevados do número de Schmidt. Claramente, se desejado, poder-se-ia usar termos de maior ordem na
expansão em série para H e ampliar a faixa de valores do número de Schmidt. 10 Esse sistema foi usado para estudar
a remoção de ácido beênico sólido de superfícies de aço inoxidável. 11
'T. von Kánnán, Zeits.f angew. Marh. 11. Mech., 1, 244-247 (1921).
'W.G. Cochran, Proc. Camb. Phil. Soe., 30, 365-375 (1934).
"'D.Schuhrnann, Physicochemical Hydrodynamics, (V. G. Leviclz Fextschrift), Vol. 1 (D.B. Spalding ed.), Advance Publications Ltd., London (1977), pp. 445-459; ver
também K.-T. Liu e W.E. Stewart, /1111. Jnl. Heatand Mass Tif., 15, 187-189 (1972).
"C.S. Grant, A.T. Perka, W.D. Thomas e R. Caton,A/CltE Jounuil, 42, 1465-1476 (1996).
20.1 DIFUSÃO DEPENDENTE DO TEMPO 20.4° TRANSPORTE DE MASSA NA CA!vlADA LIMITE COM
20.2º TRANSPORTE EM REGlME PERMANENTE EM MOVlMENTO lNTERFAClAL COMPLEXO
CAMADAS WvHTES BINÃRIAS 20.5° DISPERSÃO DE TAYLOR NO ESCOAMENTO
20.3 6 TEORIA DA CAMADA LIMITE E1'vl REGIME LAMINAR EM TUBOS
PERMANENTE PARA ESCOAMENTO EM TORNO DE
OBJETOS
A maioria dos problemas de difusão discutidos nos dois capítulos precedentes resultaram em equações diferenciais ordi-
nárias para os perfis de concentração. Neste capítulo usamos as equações gerais do Cap. 19 para estabelecer e resolver
alguns problemas de difusão que resultem em equações diferenciais parciais.
Um grande número de problemas de difusão pode ser resolvido, comparando a solução dos mesmos com a solução de
problemas análogos de transferência de calor por condução. Quando as equações diferenciais, e as condições iniciais e de
contorno para o processo de difusão são exatamente da mesma forma das formas correspondentes aos problemas de con-
dução de calor, então a solução dos primeiros pode, após pequenas mudanças de notação pertinentes, ser diretamente obtida.
Na Tabela 20.0-1 as três principais equações de transferência de calor usadas no Cap. 12 são mostradas juntamente cem as
equações análogas relacionadas à transferência de massa. A solução de um grande número de problemas relativos a meios
estacionários pode ser encontrada nos trabalhos de Carslaw e Jaeger 1 e Crank. 2
Como os problemas de difusão descritos pelas equações da Tabela 20.0-1 são análogos às equações relacionadas aos
problemas do Cap. 12, não os discutiremos extensivamente aqui. Ao contrário, focalizaremos a nossa atenção inicial aos
problemas que envolvem a difusão com reação química, difusão com interface não estacionária e difusão com elevadas
taxas de transferência de massa.
Na Seção 20.l discutimos um grande número de problemas de difusão transiente. Na Seção 20.2 apresentamos alguns
problemas de camada limite em regime permanente envolvendo misturas binárias. Essa discussão é seguida da apresenta-
ção de dois problemas de camada limite para sistemas mais complexos: a difusão em regime permanente de um escoa-
mento em tomo de um objeto de forma arbitrária na Seção 20.3 e a difusão em escoamentos com interface móvel na Seção
20.4. Finalmente, na Seção 20.5 exploramos uma solução assintótica para o problema da "dispersão de Taylor".
1
H.S. Carslaw e J. C. Jaeger, Conduction o/ Heat in Solids, 2"' ed., Oxford University Press (1959).
2 J. Crank, The Mathematics o/Diffusion, 2"' ed., Clarendon Press, Oxford (1975).
584 CAPÍTULO VrNTE
Seção 12.1 - Soluções exatas Seção 12.2 - Soluções exatas Seção 12.3 - Soluções exatas
Seção 12.4-Soluções da para duas dimensões por
camada limite funções analíticas '
(v · VTJ = a'\/2T
EXEMPLO 20.1-1
SOLUÇÃO
Para esse sistema, a forma geral da equação da continuidade para a mistura, dada na Eq. 19 .1-12, se reduz a
av; _ (20.1-1)
ai- 0
na qual v, * é o componente z da velocidade molar média. Integrando em relação a z, resulta
v; = v; (t)
0 (20.1-2)
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 585
Aqui e em qualquer outro ponto desse problema, o subscrito "O" indica que a grandeza é determinada em z = O. De
acordo com a Eq. (M) da Tabela 17.8-1, essa velocidade pode ser escrita em termos dos fluxos molares de A e de B na
forma
Todavia, NBzo é nulo devido à insolubilidade da espécie B no líquido A. Assim, usando a Eq. (D) da Tabela 17.8-2 ob-
temos
* 0JAB axA
Vz = -1 - XAo az 1
z=O
(20.1-4)
na qual XAo é a concentração da fase gasosa na interface, determinada com a suposição de equilíbrio na interface. Para uma
mistura gasosa ideal, isso corresponde ao valor da pressão de vapor de A puro dividida pela pressão total.
A equação geral da continuidade, dada pela Eq. 19.1-17, se torna então
(20.1-5)
J
Essa equação deve ser resolvida com as seguintes condições inicial e de contorno.
é a velocidade molar média adimensional, cp = v:V t/0JAB• como pode ser constatado pela comparação da Eq. 20.1-10 com
a Eq. 20.1-4. As condições inicial e de contorno correspondentes às Eqs. 20.1-6 a 8 são
X(Z)=l-
r "'
expl -<z cp)2Jaz
=1------
exp(-W2)dW
(20.1-15)
f0 exp[ -(Z - cp)2]dZ exp(-W2)dW
586 CAPÍTULO VINTE
A seguir usamos a definição da função erro e algumas de suas propriedades, em particular, -erf(- 1.p) = erf1.p e erfoo = 1
(ver Seção C.6). Daí resulta a expressão final para a distribuição da fração molar: 1
X(Z) = 1 _ erf(Z - cp) + erfcp = 1 - erf(Z - cp)
(20.1-16)
erf oo + erf cp 1 + erf cp
Para obter o valor da função cp(xA0), essa distribuição da fração molar tem que ser substituída na Eq. 20.1-10. Daí, resulta
1 XAo exp(-cp2)
(20.1-17)
cp = y:;:;: 1 - XAo 1 + erf cp
Em vez de resolver essa equação para obter cp em função de xA0, é mais fácil determinar xAo em função de 1.p:
cp
0,00 0,0000 1,000
0,25 0,1562 1,108
0,50 0,3578 1,268
0,75 0,6618 1,564
1,00 00
1,0
s:
1 s.
0,8
'" ::-.....
~ ~!'..
1
~ ['.. ['...
N ..._.
~ ! 0,6
~~ "1'.
1,..... ~ I"-. ~!'-.
,.....
X= 1-erf z,... K- 1'. " i"-.1/z"'
3/4
.....
li 0,4 ~
1
J. H. Arnold, Trans. AIChE, 40, 361-378 (1944). Jerome Howard Arnold (1907-1974) ensinou no MIT e nas universidades de Minnesota, North Dakota e Iowa;
trabalhou para a Standard Oil of Califomia (1944-1948) e foi direwr do Contra Costa Transit District ( 1956-1960).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIA VEL lNDEPENDE!'rrE 587
Fick _ 5
VA r:w;;;t
- XAo.y-::çr- (20.í-21)
(20.1-22)
O fator if; = rpy;/xA0, dado na Tabela 20.1-1, se constitui numa correção dos desvios em relação à segunda lei de Fick,
desvios esses causados pela velocidade molar média não nula. Constatamos que esses desvios são ainda mais significati-
vos para valores elevados de XAo - isto é, para o caso de líquidos altamente voláteis.
Na análise precedente o sistema foi admitido como isotérmico. Na realidade, a interface vai ser resfriada pela evapora-
ção, principalmente em valores elevados de X Ao· Esse efeito pode ser minimizado usando-se um tubo de pequeno diâmetro
constituído de um material com elevada condutividade térmica. Para aplicações a outros sistemas de transferência de massa,
todavia, a análise aqui apresentada deverá incluir a solução da equação da energia, de modo que a temperatura da interface
e as composições possam ser também determinadas (ver Problema 20.2-2).
Essa análise pode ser estendida 2 para incluir o transporte entre fases de ambas as espécies, com valores arbitrários da
relaçãoNA,0 /N80 não dependentes do tempo, bem como com valores arbitrários da composição inicial do gásx,1.,,. Um exemplo
simples desse sistema refere-se ao caso de reação química controlada pela difusão 2A -7 B sobre a superfície de um cata-
lisador em z = O, sendo o calor de reação removido através da superfície do sólido. O perfil de concentração corresponde
à generalização da Eq. 20.1-16:
EXEMPLO 20.1-2
3 4
Absorção de Gás com Reação Rápida '
O gás A é absorvido por um solvente líquido estagnado que contém o soluto B. A espécie A reage com a espécie B numa
reação instantânea e irreversível de acordo com a equação aA + bB -7 Produtos. Podemos admitir que a segunda lei de
'W. E. Stewart, J. B.•'uigelo, and E. N. Lightfoot, AIChE lourna/, 16, 771-786 (1970), generalizaram esse exemplo e o exemplo a seguir relacionado à convecção
forçada em escoamentos tridimensionais, incluindo escoamentos em regimes turbulentos.
3
T.K. Sherwood, R.L. Pigford, and C.R. Wilke, Aósorptio11 a11d Extractio11, 3"' ed., McGraw-Hill, New York (1975), Chap. 8; Ver também G. Astarita, Mass Transfer
witlz Clzemical Reaction, Elsevier, Amsterdam (l 967), Chap. 5.
'Para problemas relacionados a fronteiras móveis com mudança de fase, ver H.S. Carslaw e J.C. Jaeger, Conduction o/Heat in Solids, 2"" ed., Oxford University Pre>s
(1959). Ver também S.G. Bankoff,Adva11ces in Chemical Engi11eeri11g, Academic Press, New York (l9ó4), Vai. 5, pp. 76-150; J. Crnnk, Free and Moving Boundar}'
Prob/ems, Oxford University Press (1984).
588 CAPÍTULO VINTE
Fick descreve adequadamente o processo de difusão, urna vez que A, B e os produtos da reação estão presentes em Sem
concentração muito baixa. Obtenha as expressões para os perfis de concentração.
SOLUÇÃO
Devido à reação instantânea entre A e B, ocorrerá um plano que passa paralelo à interface vapor-líquido localizado a uma
distância zR dessa interface, a qual separa a região isenta de A da região isenta de B. A distânciazR é função de t, de vez que
a fronteira entre A e B decresce à medida que B é consumido na reação química.
As equações diferenciais, expressas em termos de e" e de c8 , são dadas por
Essas equações devem ser resolvidas com as seguintes condições inicial e de contorno:
Onde eAO é a concentração de A na interface, e e8 .,, é a concentração inicial de B. A quarta condição de contorno é determi-
nada pela estequiometria da reação pela qual a moles de A consomem b moles de B (ver Problema 20B .2).
A inexistência de um comprimento característico nesse problema, e o fato de que c8 == c8 .,, tanto em t =O quanto em
z = oo, apontam para! utilização do método da combinação de variáveis para a solução da equação. A comparação com o
exemplo antecedente (sem o termo v/) sugere as seguintes soluções:
(20.1-33)
Essas funções satisfazem as equações diferenciais, e no caso em que as constantes de integração C 1 a C4 possam ser esco-
lhidas de forma que as condições inicial e de contorno sejam satisfeitas, podemos obter a solução completa do problema.
A aplicação da condição inicial e das três primeiras condições de contorno possibilita a determinação das constantes de
integração em termos de zR(t), daí resultando
~= erf(z/~)
1 (20.1-35)
eAo erf(zR/v' 4® Ast)
c 1 - erf(z/~)
-8 = 1 - ------- para zR(t) ::;; z < oo (20.1-36)
Ca.,, 1 - erf(zR/~)
Assim, a C.C. 5 é automaticamente satisfeita. Finalmente, inserindo essas soluções na C.C. 4 re:;ulta a equação implícita
da qual zR(t) pode ser obtida:
1-erf =acB,,,
-
bcAo
~BS
-erf
®.1s
!t ( -exp - 'Y - -
'Y )
0JAs , 0JAs 0Jas
(20.1-37)
Aqui 'Y é uma constante igual a z~ /4t. Assim, zR cresce na razão de Vt.
Para determinar os perfis de concentração, deve-se primeiro resolver a Eq. 20.1-37 em termos de Vy, e então inserir
esse resultado parazR/V4t nas Eqs. 20.1-35 e 36. Alguns perfis de concentração são ilustrados na Fig. 20.1-2 (para a== b),
que mostra a taxa de crescimento da zona de reação.
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM M<\lS DE UMA VARlÁVEL INDEPENDENTE 589
EXEMPLO 20.1-3
Difusão Transiente com Reação Homogênea de Primeira Ordem 5-a
Quando a espécie A se difunde num meio líquido B e reage irreversivelmente com esse líquido (A + B ~ C) de acordo
com uma pseudo-reação de primeira ordem, então o processo que engloba a difusão e a reação pode ser descrito por
JwA
at + (v · Yo1A) =2DA 8V-wA
? /11
- k101A (20.1-40)
desde que a concentração deA seja muito pequena e que a produção de C não seja muito grande. Aqui k1 '''corresponde à
constante da taxa da reação homogênea. A Eq. 20.1-40 é freqüentemente associada às seguintes condições inicial e de
contorno
5
P.V. Danckwerts, Trans. Faraday Soe., 47, 1014-1023 (1951). Peter Victor Danckwerts (1916-1984) foi oficial encarregado da desativação de bombas no porto de
Londres durante a "Blitz" e foi ferido num campo minado da Itália durante a Segunda Guerra Mundial; como docente do Imperial College em Londres e da Universidade
de Cambridge dedicou-se a pesquisas relacionadas à determinação da distribuição do tempo de residência, difusão e reações químicas, bem como o papel da difusão na
absorção de gases.
6 A. GiulianieF.P. Foraboschi,AttiAcad.Sci.l11st.Bologna, 9, 1-16 (1962); F.P. Foraboschi, ibid., 11, 1-14 (1964); F.P. Foraboschi,A/ClzEJoumal, 11, 752-768 (1965).
1
E.N. Lightfoot, AIClzE Journal, 10, 278-284 (1964).
8 \V.E. Stewart, Clzem. Eng. Sei., 23, 483-487 (1968); corrigenda, ibid.,24, 1189-1190 (1969). Nesta última, o enfoque anterior foi generalizado para o caso de escoamen-
Aqui/ é a solução das Eqs. 20.1-40 a 42 com ki°' = Oe wAI = O, enquanto g é a solução com k/ li = Oe wA0 = O.
SOLUÇÃO
Esse problema é linear em termos de wA. Ele pode, portanto, ser resolvido pela superposição de dois problemas mais sim-
ples:
(20.1-44)
sendo wAOl descrita pelas equações
aw 0>
E.D.P.: Tt + (v · Vw~l) = 0JA 8 V 2 w~l
,,,, (!)
Ki úJA (20.1-45)
Vamos agora resolver essas duas equações auxiliares por meio da transformada de Laplace.
Tomando a transformada de Laplace das equações para w} 1lresulta
A transformada de Laplace Jsatisfaz às mesmas equações com k1 substituído por zero. Isto é, usando agora s como ava-
riável da transformada em vez de p, obtemos
-(2) - - p + k'{' l
wA (p,x,y,z) - - p - 1 (p + "1.1111 ,x,y,,,)
• -
(20.1-60)
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARlÁ VEL INDEPENDENTE 591
como a segunda parte da solução. Da soma de ambas as partes da solução, wAO> e w/2l, resulta diretamente a Eq. 20.1-43.
A Eq. 20.1-43 possibilita a determinação dos perfis de concentração em sistemas com reação a partir de cálculos e de
experimentos em sistemas sem reação operando nas mesmas condições de escoamento. Vários exemplos desse tipo de
tratamento são conhecidos, inclusive para sistemas multicomponente, 9 escoamento turbulento, 8•9 e condições de contorno
mais gerais. 1-9
Fig. 20.1-3 DLfusão tra.TJsiente de urna placa solúvel de A numa coluna semi-wJinita do li-
quido E.
EXEMPLO 20.1-4
Influência da Variação da Área Interfacial na Transferência de 1Y!assa em uma Interface zo. 11
A Fig. 20.1-3 ilustra os perfis de concentração para a difusão deA de uma parede ligeiramente solúvel num meio líquido
semi-infinito acima dela. Se a difusividade e a densidade são constantes, então esse problema corresponde a um problema
de transferência de massa análogo aos problemas já discutidos nas Seções 4.1 e 12.1. A difusão é descrita pela versão
unidimensional da segunda lei de Fick, Eq. 19.1-18,
2
acA a; a cA
Jt = :!J)AB az2 (20.1-62)
juntamente com a condição inicial pela qual cA = O na fase líquida, e com a condição de contorno dada por cA = c.40 na
interface sólido-líquido e cA =O à distância infinita da interface. A solução dessa equação é dada por
2
cA = 1 - erf-- - (20.1-63)
cAo V' 40JABf
da qual podemos obter o fluxo interfacial
(20.1-64)
• Y.-H. Pao,AIAA Journal, 2, 1550-1559 (19ó4); Chem. Eng. Sci., 19, ó94-696 (!964); ibid., 20, 665-669 (1965).
'°D. Ilkovic, Co/lec. Czeclzos/ov.Clzem.Comm., 6. 498-513 (1934). O resultado final dessa seção foi obtido por Ilkovic em um 1rabalho relacionado a eletrodo de mercúrio.
11 V.G. Levich, P!tysicocizemica/ Hydrodynamics, 2'~ ed. (versão em inglês), Frentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J., (1962), §!0.8. Este livro contém um massivo traba-
lho teórico e de dados experimentais sobre difusão e fenômenos relacionados ao escoamento de líquidos e de sistemas bifásicos.
592 CAPÍTULO VINTE
t=O t>O
z
Meio semi-infinito na
região z ~ O. A transferência
de massa na superfície S(t)
varia uniformemente
como tempo.
SOLUÇÃO
A distribuição de velocidade para esse problema de área interfacial variável é dada por v, = +1/2 ax, vv = +1/2 ay,
vz = -az, onde a = d ln S/dt. A equação da difusão para esse sistema é dada por . .
Como a Eq. 20.1-62 pôde ser resolvida pelo método da combinação das variáveis, podemos aqui também usar o mesmo
método. Assim, definimos
(20.1-67)
Fazendo a expressão dentro da chave igual à unidade, conseguimos duas coisas: (i) obtemos uma equação para g que tem
a mesma forma da Eq. 4.1-9, para a qual conhecemos a solução; (ii) obtemos uma equação para ocomo função de t:
2
!l.1n (So) = ®AB (20.1-68).
dt a1
Da integração dessa equação resulta
S(l).l(I) f 1 __
J 0
d(So) 2 = 40JAB
0
5 2(t)dt (20.1-69)
O limite inferior do primeiro membro é escolhido de forma a garantir que c..i = Oinicialmente por todo o meio fluido. Essa
escolha leva então à
~ = 1 - erf--;:=-=-===z==== (20.1-71)
CAO f.I
40JAB [Sct)/S(t)]2dt
0
fi:a
N.4.;;fJ.= CAoy--;;;t (1t JI - [S(t)/S(t)]2dt
-)-1/2 (20.1-72)
0
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 593
o número total de moles de A que cruzam a intetface no tempo, t, através da supetfície S(t) pode ser obtido por integração
da Eq. 20.1-71 da seguinte forma:
= S(t)cAo. 2
1 ô
f"' exp (-() ÇdÇ
V'lT O
= CAo
40JAB
-r,-
fl (S(t)]- dt 1 -
(20.1-73)
0
Uma expressão equivalente pode ser obtida por integração da Eq. 20.1-72:
~fi [S(t)]2
(20.1-74)
= CAOy--::;f
I:
O --;;::::::=====df
[S(t)/ S(t)]2dt
Tanto a Eq. 20.1-73 quanto a Eq. 20.1-74 podem ser verificadas levando-se em conta que dtVIA/dt = N,io,(t)S(t).
Se S(t) = at", em que a é uma constante, os resultados anteriores recaem em
(2n + l)®AB
NA;: 0(t) = cAo (20.1-75)
'lTt
4@ABt21t+l
M,4(t) = CAoll (20.1-76)
(2n + l)rr
Para a difusão no líquido na região em torno de uma bolha de gás de volume crescente com o tempo, n = 2/3 e 2n + 1 =
7/3. Esse, claro, é um resultado aproximado no qual os efeitos de curvatura foram desprezados, e é válido somente para
curtos tempos de contato. Resultados semelhantes foram obtidos para interfaces de configuração arbitrária,2 • 12 e confirma-
dos experimentalmente para diversos sistemas em escoamento laminar e turbulento. 2 • 13
"J.B. Angelo, E.N. Lightfoot, and D.W. Howard, AJChE Journal, 12, 75l-760 (1966).
13 W.E. Stewart, in Physicoclzemica/ Hydrodynamics (D.B. Spalding, ed.), Advance Publicarions Ltd., London, Vol. 1 (1977), pp. 22-63.
594 CAPÍTULO VINTE
através do seguinte procedimento, desde que p,µ,,k,êP e 0J,\B são essencialmente constantes (exceto no que se refere ao
terrno pg) e que a dissipação viscosa pode ser desprezada:
Continuidade:
avr + avy =o (20.2-1)
ax ay
avx avx) dve a2vx
Movimento: p( Vx-a + VY-a = PVe-d + µ-2
X y X ay
+ pgxf3(r - r"') + pg;'t(wA - WA,,,) (20.2-2)
Energia: , ( vx-a
pCP ar +vy-a a r M--M
ar) =k2- HB) rA
2
(HA (20.2-3)
X Y ay A B
2
aú)A aú)A) r;; a wA
Continuidade de A: P( "'x-a + vy-=- = P~AB--? + rA (20.2-4)
X dy ay-
A equação da continuidade é a própria Eq. 12.4-1. A equação do movimento, obtida da Eq. 19.2-3, difere da Eq. 12.4-2
pelo terrno referente à força de empuxo binária pgr~(wA - wk,). A equação da energia, obtida daEq. (F) da Tabela 19.2-
4), difere da Eq. 12.4-3 pelo terrno da geração de calor pela reação -[ (Fi,4 / MA) - (H8 / M 8 )JrA. A Eq. 20.2-4 é obtida a
partir daEq. 19.1-6 considerando que wA = wA(x,y) e desprezando a difusão que ocorre na direção x. Soluções mais completas,
válidas para altas velocidades, propriedades das camadas limites variáveis, foram já publicadas. t
As condições de contorno usualmente empregadas para a variável vx são v,. = O na placa, e vx = v,(x) na região externa
à camada limite hidrodinâmica. As condições de contorno empregadas para a variável T, relacionadas à Eq. 20.2-3 são
T = T0(x) na placa e T = Lnaregião externa à camada limite térmica. As condições correspondentes à wApara aEq. 20.2-
4 são w.4= wA0(x) na placa e wA = wA"' na região externa à camada limite mássica. Assim, ternos que considerar três cama-
das limites, cada uma com a sua própria espessura. Em fluidos com propriedades físicas constantes e a valores elevados
dos números de Prandtl e de Schrnidt, as camadas limites térmica e rnássica estão, em geral, submersas dentro da camada
limite hidrodinâmica, enquanto para o caso de Pr < 1eSe<1, elas podem se estender para fora dela.
Para sistemas com transferência de massa, a velocidade vY na superfície não é nula, mas sim função de x. Assim, con-
sideramos vY = v0(x)"emy =O. Essa condição de contorno é apropriada sempre que há um fluxo "líquido" de massa entre
a superfície da placa e a corrente externa à camada limite, como é o caso de processos de fusão, secagem, sublimação,
combustão da parede ou transpiração do fluido através de uma parede porosa. Claramente, alguns desses processos podem
ser possíveis para o caso de fluidos puros, mas por simplificação adiamos a sua discussão para o presente capítulo (ver
também Seções 18.3 e 22.8 para discussões pertinentes).
Com a ajuda da equação da continuidade, as Eqs. 20.2-1 a 4 podem ser formalmente integradas, com as condições de
contorno antes apresentadas, e obter o seguinte conjunto de balanços relativos à cada camada limite:
Continuidade + movimento:
av x 1
µ-a
Y y=O
= d
d-:-
X
J"' p"l\(Ve - Vz)dy + -d
O
dv e J"' p(ve - Vr)dy
X O
Continuidade + energia:
k ªar 1
Y y=O
= _dd
X
J pviP<T"' -
O
'° r) dy - J" (MH.4 - MHB)rAdy - pviP(T"'
O A B
(20.2-6)
Continuidade + Continuidade de A:
pf!lJAB ª;YA 1
y=O
= d_É__x f"'O PVx(WA"' (20.2-7)
Essas equações se constituem numa extensão dos denominados balanços de von Kármán das Seções 4.4 e 12.4, os quais
podem também ser aqui aplicados, como é mostrado no Exemplo 20.2-1.
1
Ver, por exemplo, W.H. Dorrance, Viscous Hypersonic Flow, McGraw-Hílt, New York (1962), e K. Stewartson, TheTheory OÍlaminar Boundory Loyers in Compressible
Fluids, Oxford University Press (1964).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM ~IAIS DE UMA VARIÁVEL L'IDEPEi'lDENTE 595
Os métodos de solução de problemas de camada limite têm sido de valor considerável no desenvolvimento da teoria de
vôos a altas velocidades, processos de separação, reatores químicos e sistemas biológicos de transferência de massa. Al-
guns problemas bastante interessantes que já foram estudados se referem a reações químicas em camada limite hipersônica 1,
transferência de massa em gotas2 , polarização de eletrodos em convecção forçada2 e em convecção natural3, dessalinisação
da água por osmose reversa4 e transferência de massa em reatores recheados e em colunas de destilação. 5
EXEMPLO 20.2-1
Difusão e Reação Química em Escoamento Laminar Isotérmico ao Longo de uma Placa Plana Solzível
Um problema de transferência de massa análogo ao problema discutido no Exemplo 12.4-1 se refere ao escoamento ao
longo de uma placa plana que contém uma espécie A ligeiramente solúvel no fluido B. A concentração na superfície da
placa seria cA 0, que corresponde à solubilidade deA em B, e a concentração de A, a urna longa distância da placa, seria dada
por cA,,. No presente exemplo vamos considerar cA~ =O, mas não vamos levar em conta a analogia com o Exemplo 12.4-
1 supondo que A reage com B numa reação homogênea de ordem n, de modo que R.~ = -kn '"e/. A concentração de A
dissolvido é suposta muito pequena, de modo que as propriedades físicas µ,, p e 2LJAB são virtualmente constantes por todo
o fluido. Desejamos analisar o sistema, ilustrado na Fig. 20.2-1, pelo método de von Kárrnán.
SOLUÇÃO
Iniciamos admitindo formas para o perfil de velocidade e de concentração. Para minimizar o trabalho algébrico e ainda
rd
assim ilustrar o método, selecionamos funções simples (claramente podem .ser sugeridas outras funções mais realistas):
V"' /5 y :5o(x)
(20.2-8)
y;::: o(x)
~=1
V"'
r~l
y
y::;; 8/t)
CAo
ºe y;::: oc<x)
(20.2-9)
~=O
CAo
v velocidade de
00 ,
aproximação
do fluido
ºe•
Note que indicamos diferentes valores de espessuras, oe para a camada limite hidrodinâmica e mássica. A fim de re-
lacionar esse problema com o problema do Exemplo 12.4-1, introduzimos a grandeza ó.= oJó, que, no caso, é função de
x devido à reação química que está ocorrendo. Restringimos a discussão para ó.<:::; 1, para o qual a camada limite mássica
se encontra inteiramente submersa dentro da camada limite hidrodinâmica. Podemos também desprezar a velocidade in-
1 V.G. Levich, Physicoc/1emica/ Hydrodynamics, 2nd ed. (versão em inglês), Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1962).
3 C.R. Wilke, C.W. Tobias, and M. Eisenberg, Chcm. Eng. Prog., 49, 663-674 (1953).
'W.N. Gil!, D. Zeh, and C. Tien, lnd. Eng. Chem. Fund., 4, 433-439 (1965); ibid., 5, 367-370 (1966). Ver também P.L.T. Brian, ibid., 4, 439-445 (l9ó5).
5 J.P. Sprensen and W.E. Stewart, Clrem. Eng. Sei., 29, 833-837 (1974); W.E. Stewart and D.L. Weídman, ibid., 45, 2155-2160 (1990); T.C. Young and W.E. Stewart,
terfacial, v0 = vyb·=O• que é considerada suficientemente pequena devido à baixa solubilidade de A. A inserção dessas ex-
pressões nas Eqs. 20.2-5 e 7 resulta nas seguintes equaçõ'!s diferenciais
µ.v,,, d (1 º )
-8- = dx r;pv;,8 (20.2-10)
k:7c~oM
----u:- - dxd (
®ABcAO - 1
-6CAoV,,,8.!\
2)
- n+1 (20.2-11)
ô= .yr;;;_
V:
lL
(20.2-12)
que é a equação diferencial para 6.. Assim, ó. é função do número de Schmidt, Se= µ,/ p<!iJAB, e da coordenada espacial na
forma adirnensional mostrada dentro do colchete. A grandeza dentro do colchete corresponde a l/(n + 1) vezes o primeiro
número de Damkohler 6 calculado em termos da distânciax.
Quando não há reação química, k 111 é nula, e a Eq. 20.2-13 se reduz a uma equação linear de primeira ordem em ter-
11
(20.2-14)
na qual C é urna constante de integração. Como /1 não tende para infinito quando x ~ O, obtemos na ausência de reação
química (cf. Eq. 12.4-15):
il< 1 (20.2-15)
Isto é, para o caso de não haver reação química e para Se > 1, as espessuras das camadas limites mássica e hidrodinâmica
mantêm entre si uma relação constante, a qual só depende do número de Schmidt.
No caso de uma reação lenta (ou para pequenos valores de x), uma solução em série da Eq. 20.2-13 pode ser obtida:
(20.2-16)
na qual
g= 1{:::2~;:J (20.2-17)
6
G. Damkõhler, Zeits.f Eleccrochemie, 42, 846-862 (1936); W.E. Stewart, Chem. Eng. Prog. Symp. Series, #58, 61, 16-27 (1965).
1
P.L. Chambré and J.D. Young, Physics ofF/uids, 1, 48-54 (1958). Reações em superfícies catalíticas dentro da camada limite foram estudadas por P.L. Chambré e A.
Acrivos,1. Appl. Phys., 27, 1322-1328 (l956).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 597
EXEMPLO 20.2-2
Convecção Forçada a Partir de uma Placa Plana a Altas Taxas de Transferência de Massa
A espessura da camada limite laminar ao longo de uma placa plana (ver Fig. 20.2-2) tem sido um sistema extensivamente
utilizado para estudos de transferência de calor e de massa. Nesse exemplo, apresentamos uma análise referente à convec-
ção em um escoamento subsônico nessa geometria para altas taxas de transferência de massa, e discutimos as analogias
que consubstanciam essa situação. Esse exemplo corresponde a uma extensão do Exemplo 4.4-2.
SOLUÇÃO
Considere o escoamento bidimensional permanente e não-isotérmico de uma mistura binária no sistema ilustrado na Fig.
20.2-2. As propriedades do fluido p,µ,,êP,k e 0JAB são consideradas constantes, a dissipação viscosa é desprezada e não há
ocorrência de reações químicas homogêneas. As equações da camada limite de Prandtl para a região laminar são
X
Fig. 20.2-2 Escoamento tangencial ao longo de uma placa plana semi-in-
Início da placa
finita com transferência de massa na corrente de fluido. Em geral, a transi-
"' A camada limite abaixo da placa é omitida aqui ção laminar-turbulenta ocorre a valores de Re (xvJvlcnt na faixa de 105 a HJ6.
em x :s Oou y = oo,
T=T 00
(20.2-24)
ern y =O, v, =o
T= T0
úJA = úJAO (20.2-25)
emy =O, Vy = Vo(X) (20.2-26)
Aqui, a função v0(x) representa o valor de v/x,y) determinado em y = Oe descreve a distribuição da taxa de transferência
de massa ao longo da superfície. Essa função será posteriormente definida.
598 CAPÍTULO VINTE
A Eq. 20.2-20 pode ser integrada com as condições de contorno da Eq. 20.2-26 para fornecer
Vy = Vo(x) a foYV,fiy
ãX (20.2-27)
TI = úJA - wAo
(20.2-28)
c:i WAoo - úJ.-:m
(20.2-29)
Com essas definições, e com a equação anterior para vY, as Eqs. 20.2-21a23 são representadas por
emx:'.SOouy=oo, TI =1 (20.2-31)
emy =O, TI =O (20.2-32)
Assim, os perfis adimensionais da velocidade, da temperatura e da composição satisfazem à mesma equação, porém cada
um deles com valores específicos de A.
A fonna das condições de contorno em relação a II sugere que a solução pelo método da combinação de variáveis pode
ser utilizada. Por analogia com a Eq. 4.4-20 selecionamos a combinação:
(20.2-33)
Em seguida, admitindo que II e IIv como função de 77 (ver Problema 20B.3), obtemos a seguinte equação diferencial
(20.2-34)
v0 (x)
v,,, -y/?_c:1,,,x
v
= K
constante (20.2-37)
Qualquer outra relação funcional para v0(x) faria com que o primeiro membro da Eq. 20.2-34 passasse a depender tanto de 77
quanto de x, de modo que uma combinação de variáveis não seria possível. Dessa forma, a integração das equações da camada
limite teria que ser feita por meio de uma integral em duas dimensões, tomando os cálculos mais difíceis. A Eq. 20.2-37 espe-
cifica que v0 (x) varia na razão de 1/ Vx, e assim, inversamente com a espessura da camada limite hidrodinâmica, 8, da Eq. 4.4-
17. Essa equação tem a mesma faixa de validade que aEq. 20.2-34, isto é, 1 << (v,,,x/v) < (v,,,x/v)cri, (ver Fig. 20.2-2).
Felizmente, a condição dada pela Eq. 20.3-37 pode ser utilizada. Ela corresponde a uma proporcionalidade direta de
pvo aos fluxos interfaciais r0, q0 e jM. Condições desse tipo aparecem naturalmente em reações controladas pela difusão,
bem como em certos problemas de secagem e de resfriamento por evaporação. A determinação de K para essas situações
é considerada no final desse exemplo. Até lá consideraremos K como foi feito até agora.
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VAR!Á VEL INDEPENDENTE 599
Com a especificação de v0 (x) dada pela Eq. 20.2-37, o enunciado do problema fica completo, estando nós agora prontos
para determinar os perfis. Essa determinação é feita por integração numérica, com valores especificados dos parâme-
tros A e K.
A primeira etapa da solução refere-se à determinação do perfil de velocidade II,.. Para esse objetivo podemos definir a
função
a qual corresponde à generalização da função corrente adimensional,f, usada no Exemplo 4.4-2. A seguir, fazendo A = 1
na Eq. 20.2-34 e as substituições!' = dfldri = II,.,f" = d2f/drf = dIIJdri etc., dá a equação do movimento na forma
-Jt" =!"' (20.2-39)
e as Eqs. 20.2-35, 36 e 38 têm associadas as seguintes condições de contorno
em 11 = oo, f' = 1 (20.2-40)
em T/ =O, f' =O (20.2-41)
em T/ =O, f = -K (20.2-42)
A Eq. 20.2-39 pode ser resolvida numericamente com essas condições de contorno para obter o valor def em função de ri
para diferentes valores de K.
Uma vez conhecida a funçãof(71, K), podemos integrar a Eq. 20.2-34 com as condições de contorno dadas pelas Eqs.
20.2-35 e 36 para obter
(20.2-43)
Alguns perfis calculados por essa equação integrada numericamente são ilustrados na Fig. 20.2-3. Os perfis de velocidade
são dados pelas curvas correspondentes a A = 1. Os perfis de temperatura e da composição são dados para vários valores
dos números de Prandtl e de Schrnidt e para valores correspondentes de A. Note que as espessuras das camadas limite
hidrodinâmica, térmica e mássica aumentam para valores positivos de K (como é o caso da evaporação) e diminuem quan-
do K é negativo (como é o caso da condensação).
K~----
~ _....--
K..fi.=-5
Transferência de
1, A
1
A-2 v~ ~
n~~Vo,72
- 1
massa para fora
,1
/
V/'ô,72 A=,2/ JY~>,
da con-ente
O,o / fl /
V
~V 1 ~ V0,7~ 1
~
~ ) VI
/
0,6
I / I K=O
1 1
K..fi.=1
I V // ""'- Sem
transferência i,,,1 ........... --Transferência
0,4
rJ /# de massa .. ~'/ de massa para
dentro da
v~v 7_/ corrente
~ / 1
V
0,2
J) ~1 / ~ /
V
;/ .........:: ~
,,,,V
o
1/ _..-<~-
0,8 1,6
... 2,4
./1
1 1
3,2 4,0
1
4,8 5,6 6 ...
,~ 7,2 8,0
ri..fi.=y/fi;
Fig. 20.2-3 Perfis de velocidade, temperatura e composição no escoâIIlento dentro da camada limite laminar em uma placa plana com trans-
ferência de massa na parede [H.S. Mickley, R.C. Ross, A.L. Squyers, and W.E. Stewart, NACA Technica/ Note 3208 (1954)].
600 CAPÍTULO VINTE:
Os gradientes de velocidade; de temperatura e de composição na parede são obtidos a partir das derivadas da Eq. 20.2-43:
.D'(O,A,K)=dI1(71,A,K)l = 1 (20.2-44)
:
d71 11=0 f"' exp(-A Jof f(7i, K)dTj d71
11 )
Alguns valores calculados dessa expressão obtida por integração numérica são apresentados na Tabela 20.2-1.
K A= 0,1 A=0,2 A=0,4 A ='0,6 A=.0,7 A=0,8 A= 1,0 A.= 1,4 A='2,0 A=5,0
-3,0 0,4491 0,7681 1,3722 1,9648 2,2600 2,5550 3,1451 4,3273 6,1064 15,0567
-2,0 0,3664 0,5956 1,0114 1,4100 1,6070 1,8032 2,1945 2,9764 4,1524 10,0863
-1,0 0,2846 0,4282 0,6658 0,8799 0,9829 1,0842 1,2836 1,6754 2,2568 5,1747
-0,5 0,2427 0,3452 0,4999 0,6291 0,6890 0,7468 0,8579 1,0688 1,3707 2,8194
-0,2 0,2165 0,2948 0,4024 0,4849 0,5213 0,5555 0,6190 0,7333 0,8861 1,5346
0,0 0,1980 0,2604 0,3380 0,3917 0,4139 0,4340 0,4696 0,5281 0,5972 0,8156
0,2 0,1783 0,2246 0,2736 0,3011 0,3108 0,3187 0,3305 0,3439 0,3496 0,3015
0,5 0,1441 0,1657 0,1751 0,1701 0,1656 0,1603 0,1485 0,1240 0,09096 0,01467
0,75 0,1032 0,1023 0,0840 0,0638 0,0549 0,0471 0,0340 0,0172 0,00571 0,0000152
0,87574b o o o o o o o o
'Dados obtidos das seguintes fontes: E. Elzy and R.M. Sisson, Engineering Experiment Station Bulletin No. 40, Oregon State University, Corvallis, Or.(1967};
H.L. Evans, Int.J.Heat and Mass Transfer, 3, 321-339 (1961); W.E. Stewart e R. Prober, Int.J. Heat and Mass Transfer, 5, 1149-1163 (1962) and 6, 872 (1963).
Resultados mais completos e revisões de trabalhos anteriores são apresentados nessas referências.
b O valor de K = 0,87574 á o número positivo de maior valor obtido nessa geometria para escoamento laminar. Ver H. W. Emmons aTJd D.C. Leigh, Interim
Os fluxos moleculares de momento, de energia e de massa na parede são dados pelas seguintes expressões adimensionais
To
pv,,,(v,,, - 0)
Il'(O, 1, K) t:.
y2V.:,X (20.2-45)
(20.2-48)
'Para calcular a transferência de méniento e de energia ténnica em gases, com K = O, ver E.R.G. Eckert, TrallS. A.S.M.E., 78, 1273-1283 (1956).
"Para calcular a transferência de momento e de massa em misturas binárias e multicomponentes em gases, ver W.E. Stewart e R. Prober,Ind. Eng. Chem. Fundamentais,
3, 224-235 (1964); outras condições.são apresentadas porT.C. Young and W.E. Stewart, ibid., 25, 276-482 (!986), como ressaltado na §22.9.
'ºPara outros métodos de aplicação ~a Eq. 20.2-47 a sistemas com propriedades físicas variáveis, ver O. T. Hanna, AIChE Journal, 8, 278-279 (!962); 11, 706-712 (1965).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 601
e que p,µ,,êP, k e <[/)AB são determinados nas "condições de referência" T1 = (1/2)(T0 + L) e wAf = 1/2 (WAo + w,1=).
Em muitos casos, uma dentre as seguintes variáveis adimensionais
R = (nAo + 1lao)(voo - O)
v To
(20.2-49)
de acordo com as Eqs. 20.2-45 a 51. Da Eq. 20.2-52 constatamos que o fluxo de massa na interface, K, pode ser tabelado
em função de R e de A, usando os dados da Tabela 20.2-1. Assim, K pode ser determinado por interpolação se os valores
numéricos deR e A para um dos três perfis (isto é, se pudennos especificar R,.ouRre Pr, ouR.,,e Se). Gráficos apropriados
dessas relações são apresentados nas Figs. 22.8-5 e 7.
Para uma ilustração simples, suponha que a placa plana seja porosa e saturada com o líquido A, que vaporiza para uma
corrente gasosa da misturaA eB. Suponha também que o gás B não é condensável e insolúvel no líquido A, e que wAo e wA,,,
são conhecidas. Assim, R.,, pode ser calculado da Eq. 20.2-51 com n80 = O, e K pode ser determinado por interpolação da
função K(R,A), para os valores de R = R., e A= µ,/p2llAB.
~
a(A) ()11' -J\.116 0,4266 0,4452 0,4620 0,4662 0,4696 0.4740 0,4769 0,4780 0,4789 0,4790
b(A) 1,308 0,948 0,874 0,783 0,752 0,723 0,676 0,632 0,610 0,577 0,566
"Obtido de H.J. Merk, Appl.SciRes.AS, 237-277 (19j9), and R. Prober and W.E. Stewart, lntJHeat and lvlass Transfer, 6, 221-229, 872(1963).
Para valores intermediários de K, os cálculos podem ser simplificados representando a função II' (0,A,K)na forma de
uma série de Taylor do parâmetm K da forma:
EXEMPLO 20.2-3
Analogias Aproximadas para a Placa Plana a Baixas Taxas de Transferência de Massa
Pohlhausen ll resolveu a equação da energia térmica para o sistema do Exemplo 12.1-2 e ajustou os resultados para deter-
minar a taxa de transferência de calor, Q (ver a terceira linha da Tabela 12.4-1). Compare os resultados desse autor com os
resultados previstos pela Eq. 20.2-46, e derive os resultados correspondentes aos fluxos de momento e de massa.
SOLUÇÃO
Inserindo o coeficiente 0,664 em lugar de \/148/315 na Eq. 12.4-17, e fazendo 2Wq0(x) = (dQ/dL)\L=x• obtemos
0,332 Pr2 13 fv
-yv::x (20.2-56)
Esse resultado é associado à condição de contorno v0(x) =O, a qual corresponde ao valor de K = Ono sistema descrito no
Exemplo 20.2-2.
Para o caso deK =O, aEq. 20.2-56 pode ser obtida da Eq. 20.2-46 fazendo-se Il'(O,Pr,O) = 0,4696Pr 1!3; esse resultado
está de acordo com os resultados da Tabela 20.2-2 para A= 1. Substituição conveniente nas Eqs. 20.2-45 e 46, obtemos
a seguinte analogia
~ qo Pr2/3 = j AO Sc213
pv 00 (v 00 - 0) pCPv00 (T0 - T00 ) pvo,(WAo - úJAoo)
=0,332Jtx (20.2-57)
a qual foi recomendada por Chilton e Colbum 12 para essa condição de escoamento (cf. Seções 14.3 e 22.3). A expressão
para 'fo concorda com a solução exata para o valor de K = O, e os resultados para q0 e ho têm um erro da ordem de ±2%
para o valor de K ="'O e para A> 0,5.
11
E. Pohlhausen, Zeitsf angew. Math. Mec/z., l, l 15-121 (192! ).
12
T.H. Chilton and A.P. Colbum,lnd. Eng. Chem., 26, 1183-1187 (1934).
1
A. Acrivos, Chem. Eng. Sci., 17, 457-465 (1962).
'W.E. Stewart, AIChE Journal, 9, 528-535 (19ó3).
3
D.W. Howard and E.N. Lightfoo~ AIChE follmol, 1.4, 458-467 (1968).
4
W.E. Stewart, J.B. Angelo, and E.N. Lightfoot, AICHE follrna/, 16, 771-786 (1970).
5
E.N. Lightfoot, in Lectures i11 Transpor/ Pftenomcna, American Institute of Chemical Engineers, New York (1969).
'E. Ruckenstein, Citem. Eng. Sei., 23, 363-371 (1968).
1
W.E. Stewart, in Physicochemicol Hydrodynamics, Vol. 1 (D.B. Spalding, ed.), Advance Publications, Ltd., London (1977), pp. 21-ó3.
D!STR!BUlÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 603
de corrente. A coordenada y é tomada na direção perpendicular à superfície, e a coordenada z medida ao longo da superfície
cuja direção é perpendicular à direção das linhas de corrente. Essas são as denominadas "coordenadas ortogonais gerais",
como descritas pelas Eqs. A.7-10a18, porém com hY == 1, h, == hx(x,z) e hz == hJ-r,z). Urna vez que o escoamento próximo da
interface não tem o componente da velocidade na direção z, a equação da continuidade nessa.rl;'gião é da forma
a a
JX (hzv) + h)zz JJj Vy = 0 (20..3-1)
a qual está de acordo com a Eq. A.7-16. A equação da difusão para a camada limite mássica é da forma
2
1 OCA acA G/i a cA
Vz ~ ax + Vy ay = ;;VAB ay2 (20.3-2)
onde as Eqs. A.7-15 e 17 foram usadas. Ao escrever essas equações foi admitido que: (i) os componentes x e z do fluxo
difusivo podem ser desprezados, (ii) a espessura da camada limite é muito pequena quando comparada aos raios de curva-
tura da interface, e (iii) a densidade e a difusividade são constantes. Queremos agora obter uma expressão para os perfis de
concentração e de fluxo mássico para os dois casos que correspondem à generalização dos problemas resolvidos na Seção
18.5 e Seção 18.6. Quando obtemos as expressões para o fluxo molar local na interface, podemos concluir que a depen-
dênciadadifusividade (à potência Y2 na Seção 18.5 e à potência 2hnaSeção 18.6) corresponde aos casos (a) e (b) que serão
discutidos a seguir. Esse resultado é de grande importância na obtenção de correlações adimensionais de coeficientes de
transferência de massa, como veremos no Cap. 22.
Vx = V 5 (X 1 z) (20.3-3)
onde 'Y depende de x e z. Quando essas equações são usadas na Eq. 20.3-2, obtemos a equação da difusão para a fase líquida
(20.3-5)
(20.3-9)
com as condições de contomo:/(0) = l e/( 00 ) = O. Se, agora, o coeficiente do termo 71(d//d71) fosse constante, então a Eq.
20.3-9 teria a mesma forma da Eq. 4.1-9, cuja solução já conhecemos. Por conveniência, especificamos a constante como
a-,.
1 (Vs-, ºA -a
aoA , 2)
'YºA = 2
T (20.3-10)
""AB lx X
604 CAPITuLO VINTE
A seguir inserimos a expressão para y da Eq. 20.3-4 e rearranjamos a equação da seguinte forma:
a 2+ (a;In(!Z;;V
JXºA
J 2)OA2-_-v-
40JAB/lr
5) - (20.3-11)
5
A qual é uma equação linear de primeira ordem para a variável ol, que deve ser resolvida com a condição de contorno
oA = Oem x = O. A integração da Eq. 20.3-11, fornece
(20.3-12)
que fornece a espessura em função da camada limite mássica. Como a Eq. 20.3-9 e as condições de contorno têm uma
única variável independente T/. o postulado da combinação de variáveis é válido, e os perfis de concentração são dados
pela solução da Eq. 20.3-9:
'1T r h,hi:o,dx
(20.3-14)
Esse resultado mostra a mesma dependência do fluxo mássico com a potência 1/2 da difusividade, que apareceu na Eq.
18.5-17, para um problema de absorção de gás, muito mais simples do que o presente problema. De fato, se adotarmos
valores unitários para os fatores de escala h, eh, e substituirmos v, por vmi,, recaúnos integralmente na Eq. 18.5-17.
na qual"/ depende de x e dez. Substituindo essas expressões na Eq. 20.3-2 resulta a equação da difusão para a fase líquida
Mais uma vez usamos o método da combinação das variáveis fazendo cA/cAo = f(TJ), em que 71 = y/oix, z).
Quando a mudança de variáveis é feita, obtemos a equação da difusão na forma de
2
df + _l_ (!!_ 02 ao A + 03) 2 df = 0 (20.3-21)
d712 q))AB hr A ax 1' A 7/ d71
com as seguintes condições de contorno: f(O) = 1 e f(oo) = O. Uma solução em termos de uma função f( 71) é possível so-
mente no caso em que o fator que aparece entre parênteses for constante. Fazendo essa constante igual a 3 fazemos com
que a Eq. 20.3-21 recaia na Eq. 18.6-6, cuja solução é conhecida. Assim, obtemos a seguinte expressão para a espessura da
camada limite mássica
(20.3-22)
ou
(20.3-25)
cuja forma se reduz à forma da Eq. 18.6-10 para o problema aqui considerado.
Finalmente, obtemos a expressão para o fluxo molar na interface, que é dada por
EXEMPLO 20.3-1
Transferência de Massa para Escoamento Lento em Tomo de uma Bolha de Gás
Um líquido B está escoando lentamente em tomo de uma bolha esférica de raio R de um gás A. Detemúne a taxa de trans-
ferência de massa de A para o líquido que envolve a bolha, se a solubilidade do gás A no líquido B é eAo·
(a) Mostre como usar a Eq. 20.3-14 para obter o fluxo de massa na interface gás-líquido para esse sistema.
(b) Obtenha então o fluxo mássico médio ao longo de toda a superfície esférica.
SOLUÇÃO
(a) Selecione o ponto de estagnação a jusante como o ponto de origem dos eixos coordenados, e defina as coordenadas x
e z da seguinte forma: x = Re e z = R(sen 8)</J, nas quais e e <P são as coordenadas esféricas usuais. A direção y, portanto,
coincide com a direção r das coordenadas esféricas. A velocidade interfacial é obtida da Eq. 4B.3-3, uma vez que v, = 1/2
V~ sen 8, onde VroCOITesponde à velocidade de aproximação.
606 CAPITULO VINTE
30JABV,,
(20.3-27)
2r.R -V-;:::c=os::;;3=e=-=3=co=s=e=+=2
(b) Para obter o fluxo mássico médio de área, integramos as expressões anteriores em relação a ee a cf> e dividimos pela
superfície da esfera:
1
NA0,méd=-!,J "Jr. NAyl y=ORsen 8d8d</>
4r.R- o o
Ao passarmos da segunda para a terceira linha, fizemos a troca da variável cos e = U, e para obtermos a quarta linha,
explicitamos o termó' (1 - u) do numerador e do denominador. A Eq. 20.3-28 foi citada na Eq.18.5-20 em conexão com
o problema de absorção de bolhas de gás. 8 Essa equação é novamente mencionada no Cap. 22 em conexão com os coefi-
cientes de transferência de massa.
8 V.G. Levich, Physicochemica/ Hydrodynamics, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1962), p. 408.
1 J.B. Angelo, E.N. Lightfoot, and D.W. Howard, AIChE Journal, 12, 751-760 (1966).
i W.E. Stewart, J.B. Angelo, and E.N. Lightfoot, AIChEJoumal, 16, 771-786 (1970).
3 W.E. Stewart, A!ChEJouma/, 33, 2008-2016 (1987); 34, 1030 (1988).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL lNDEPENDEl'<'TE 607
Agora queremos aplicar essa equação para a camada limite considerando baixos valores de Cj[yAB• e apresentar a solução
para vários problemas relacionados à convecção forçada em que a etapa controladora está em uma das fases.
Usamos as seguintes aproximações para a camada limite:
{i) que o fluxo de massa difusivo é colinear com o vetor unitário n normal ao elemento de área interfacial mais próxi-
mo. (Neste livro, essa aproximação é usada em todas as seções relacionadas à camada limite. Aproximações de or-
dem superior, 4 não consideradas aqui, são utilizadas para descrever a camada limite mássica na fegião próxima das
extremidades, ondas e pontos de separação.)
(ii) que, na região da camada limite mássica, a velocidade tangencial do fluido, relativa à interface, é desprezível. (Essa
aproximação é satisfatória para sistemas fluido-fluido isentos de agentes tensoativos, quando o arraste interfacial
não é muito grande.)
(ili) que a camada limite mássica, bem como cada interface, é muito pequena, quando comparada com os raios de curva-
tura locais da interface.
{iv) que a camada limite mássica nos elementos de interfaces não-adjacentes não se sobrepõem.
Cada uma dessas aproximações é assintoticamente válida para valores de Cj[y118 muito pequenos em escoamentos sem circu-
lação com interfaces não-rígidas e 2DwA !Dt não nula - isto é, para o caso da concentração variando com o tempo, o qual
é medido por um observador movendo-se com o fluido. Os sistemas considerados na parte (a) da Seção 20.3 são, pois,
incluídos devido aos mesmos serem igualmente transientes para o mesmo observador (embora pareçam permanentes para
um observador estacionário).
Nessa discussão são usadas coordenadas próprias localizadas na interface, com uma malha interfacial contínua em pequenos
intervalos (piecewise smooth interfacial grid) como ilustrado na Fig. 20.4-1. Cada elemento de área da interface é permanente-
mente identificado por coordenadas superticiais (u, w) e o vetor posição correspondente à cada interface por r,(u, w,t). Cada ponto
dentro da camada limite é identificado por sua distância y do ponto de localização da interface mais próxima, juntamente com as
coordenadas superticiais (u,w) daquele ponto. O vetor posição de cada ponto (u,w,y) no tempo, t, será dado por
r(u, w, y, t) = r5(u, w, t) + yn(u, w, t) (20.4-2)
relativo à origem estacionária, como ilustrado na Fig. 20.4-2. A função r,(u, w,t) dá a trajetória de cada ponto interfacial
(u,w,O), sendo que a função associada n (u,w,t) = (a/ay)rfornece o vetor normal instantâneo a cada superfície no sentido
positivo. Essas funções são calculadas a partir das equações da camada limite para escoamentos simples e fornecem uma
base confiável para a quantificação de experimentos em escoamentos mais complexos.
Gota 1
Gota
composta
w =1
3 4i ll=6
li= w=11
Gota2 t---1-~t--~t--~r---t---112
Tempo t'
Camada limite
adjacente à
interface
o
Fig.20.4-2 O elemento dS (hachurado) de uma áreainterfacial deformável mostrado em dois instantes de tempo distintos, t' e t, com a cama-
da limite adjacente. No tempo t, os vetores são
õP = r (u,w,t)
5 =vetor posição de um ponto sobre a interface
PQ = yn(u, w, t) = vetor de comprimento y normal à interface localizando um ponto dentro da camada limite.
6Q = r(u,w,y,t) =vetor posição para um ponto dentro da camada limite.
O elemento de área interfacial é constituído pelas mi;:mas pa~~cillasl à medida que ele se move através do espaço. A magnitu-
5 5
de da área varia com o tempo e é dada por dS = -a du X -a dw . De forma análoga, o volume daauela região da camada
u w -
ar, du X aw
limite, localizada entre y e y + dy é dado por dV = [ ali Br5 dw · n dy 1. J
., 1
,vg-
r -1 [ªrsau aw
-X-ars] ·n l -1- [ªIs-auxawars]
- 1 (20.4-4)
que nessa discussão é considerado como positivo. A segunda igualdade decorre do fato de que n é colinear com o produto
vetorial dos vetores bases locais de cada interface, que se localizam no plano da interface. Correspondentemente, a área
instantânea do elemento interfacial du dw na Fig. 20.4-2 é dada por
dS = s(u, w, t)du dw _ (20.4-5)
na qual s(u,w,t) é o produto dos vetores bases da interface
Nesse sistema de coordenadas, a velocidade mássica média V, relativa aos eixos coordenados estacionários é dada por
V(u, w, y, t) =
a r(u, w, y, t)
v(u, w, y, t) + at (20.4-7)
Nessa seção, v é a velocidade mássica média relativa a um observador localizado em (u,w,y), sendo (a/at)r(u, w,y,t) ave-
locidade do observador relativa à origem estacionária. Tomando a divergência dessa equação temos o seguinte corolário2
(ver Problema 20D.5)
a ln vg(u,w,y, t)
(V· V(r, t)) =(V· v(u, w, y, t)) + at (20.4-8)
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 609
Essa equação estabelece que a divergência de V difere da divergência de v pelo valor da taxa local de expansão ou de
contração do sistema de eixos coordenados.
O último termo da Eq. 20.4-8 aparece quando ocorre a deformação da interface. Da omissão desse termo em tais pro-
blemas decorrem estimativas imprecisas, as quais foram corrigidas por Higbie 5 e Danckwerts 6•7 introduzindo a hipótese
do tempo de residência da superfície5•6 ou de renovação da superfície.7 Na presente análise, as hipóteses desses autores não
são necessárias.
A aplicação da Eq. 20.4-8 em y = Oe considerando a densidade constante, vem
('v" V)= O (20.4-9)
juntamente com a condição de não-deslizamento em relação ao componente tangencial de v, resulta a derivada
descreve o componente normal de v num fluido incompressível próximo a uma interface deformável.
A correspondente expansão para a componente tangencial de v é
v 1 = yB i (u, w, t) + O(y2) (20.4-12)
na qualB 11 (u,w,t) é a derivada em relação ay de v11. Com esses resultados [desprezando os termos de O(y2)] e consideran-
do a aproximação (i), podemos escrever a Eq. 20.4-1 para wA(u,w,y,t) na forma
awA
Tt + (yB íl • V'wA) +
(
Vyo - Y"(ft
J ln s) Ty
aúJA
= l!!JA 8(V' · nV'úJA) +
1 prA
2
J wA aw!i ] 1
= l!D AB [ - - + (V' o · n) --=- + · · · + - rA (20.4-13)
ay2 ay P
Aqui (V' 0 • n) é definida como a divergência na superfície de n no ponto interfacial mais próximo e corresponde à soma das
principais curvaturas da superfície. A notação + ··· corresponde aos termos de ordem superior não considerados.
Para selecionar os termos predominantes da Eq. 20.4-13, introduzimos a coordenada adimensional
(20.4-14)
na qual K corresponde à espessura média da camada limite mássica. Em termos dessa nova variável, a Eq. 20.4-14 se reduz a
aúJA
Tt + K(YB il • V'úJA)
(VyO
+ K - y
aln s)
"7it aY
awA
l!!JAB [ª WA .
2
1
=-;z JwA
aY2 +K(V'o·n);;y+ ...
]
+prA (20.4-15)
para wA em termos deu, w, Ye t. Por considerações físicas, podemos admitir que o valor de K diminuirá com o decréscimo
de ®AB• sendo que os tennos predominantes para pequenos valores de ®AB serão aqueles de ordem inferior de K- isto é,
todos com exceção das contribuições de B 11 e (V0 · n). A subdominância dos últimos termos confirma a validade assintótica
das aproximações (ii) e (iii) em escoamentos sem circulação.
Agora, os coeficientes de todos os termos dominantes devem ser proporcionais ao longo de toda a faixa de valores de
®,\B, a fim de que esses termos tenham ordens de grandeza equivalentes nos limites de pequenos valores de ®AB· Tal "prin-
cípio do balanço de dominantes" foi aplicado anteriormente na Seção 13.6. Aqui, ele fornece as seguintes ordens de grandeza
l!t!Aal K 2 = 0(1) Vyol K = 0(1) (20.4-16, 17)
para os termos de ordem inferior em relação a K. A Eq. 20.4-16 é coerente com os exemplos anteriores, nos quais, para
escoamentos com superfície livre, foi mostrado que a espessura da camada limite mássica era proporcional a ®AB· Ela
também confirma a validade da suposição (iv) para pequenos valores de ®AB· A Eq. 20.4-17 é coerente com a proporcio-
nalidade entre v,* e ®A 8 112 , indicada pela Eq. 20.1-10 para o problema de Arnold. Assim, a equação da camada limite em
termos de wA em qualquer fase e próxima a uma interface deformável é
BwA
Tt +
(
vyo -
B ln
Y -;Jt ay
s) BwA
= qzi AB
2
B WA
ay2 + PrA
1
(20.4-18)
para a ordem mais inferior dos valores de K. Na ordem de aproximação seguinte apareceriam termos proporcionais a K, e
tais termos estão relacionados à velocidade tangencial yB 11 e à curvatura da interface (V 0 · n). Esse último termo aparece
nos Problemas 20C.1 e 20C.2.
A multiplicação da Eq. 20.4-18 por p/MA (uma constante para as suposições feitas aqui), e o uso dez como a coordena-
da normal à interface como no Exemplo 20.1-1, fornece a equação correspondente para a concentração molar cA(u,w,z,t)
BCA
at + zzO
( 1
_
7
-
B ln
at
s) BCA _
2
B CA
Gi
az - ~AB az2 + RA
(20.4-19)
que possibilita uma extensão conveniente de vários problemas anteriores. Um outro corolário bastante útil refere-se à equação
da camada limite para misturas binárias expressa em termos de xA e v*
iJXA
Bt
+( * _
Vzo -
7 é)
iJt
ln s) BXA
Bz (20.4-20)
EXEMPLO 20.4-1
Transferência de Massa com Deformação Interfacial Não-uniforme
A Eq. 20.4-19 fornece uma forma generalizada da Eq. 20.1-65, pois não leva em conta o termo de reação RA e despreza o
termo relativo à velocidade normal v;:0 (assim, admitindo que o fluxo de massa interfacial é muito pequeno). A equação
resultante tem a forma da Eq. 20.1-65, exceto pela substituição do termo referente à taxa total de crescimento da interface,
dada por d ln Sldt pelo termo referente à taxa local de crescimento, dada por a ln s(u, w,t)!at. A equação diferencial parcial
resultante tem duas variáveis espaciais adicionais (u e w), porém ela pode ser resolvida da mesma maneira, pois nenhuma
derivada relativa a essas variáveis aparece.
SOLUÇÃO
Reescreve a Eq. 20.1-66 com a espessura da camada limite expressa por urna função o(u, w,t) nos leva por procedimento
análogo à relação
1 - erf z (20.4-22)
V 401,rn fb [s(u, w, t) / s(u, w, t)]2 dt
NAzo =
~(1t
cAo.y--:;;t JI [s(u, w, t)/s(u, w, t)f dt)-1/2 (20.4-23)
0
Essas soluções, ao contrário das Eqs. 20.1-71 e Eq. 20.1-72, incluem as variações espaciais da espessura da camada limite
e do fluxo molar interfacial NA,0 , que ocorrem em escoamentos não-unifom1es. Estiramento local da interface (como ocor-
re nos pontos de estagnação) diminui o valor de NA,o• mas também expulsa o fluido para fora da camada limite, fazendo
com que ele se misture na mesma fase. As observações sobre o acréscimo da transferência de massa por tal fonna de mistura
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM lV[AlS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 611
foram interpretadas por alguns autores como "renovação da superfície", mesmo considerando que o aparecimento de novos
elementos de área em uma superfície existente seja proibido no contexto da mecânica dos fluidos em meios contínuos.
Esses resultados, e outros para v,0 desprezível, podem ser obtidos introduzindo-se as seguintes variáveis na Eq. 20.4-19
Na ausência de reação química, a equação diferencial resultante para a concentração cA(u,w,Z, r)se toma
2
acA _ 0J a cA
(20.4-26)
ªT - AB az2
Essa é a forma generalizada da segunda lei de Fick para urna relação assintótica para escoamentos com convecção forçada
com superfícies livres.
EXEMPLO 20.4-2
Absorção de Gás com Reação Rápida e com Defarmação na Inter/ace
Mostre corno generalizar o Exemplo 20.1-2 para escoamentos usando a Eq. 20.4-26 para as duas zonas sem reação.
SOLUÇÃO
Usando a Eq. 20.4-26, obtemos as seguintes substituições para as Eqs. 20.1-26 e 27:
Agora o plano em que a reação ocorre z = zR do exemplo original corresponde a uma superlície cuja área é função do
tempo, Z = ZR, ou zR(u,w,t) = ZR/s(u,w,t). As condições inicial e de contorno são as mesmas, sujeitas a essa generalização
para a localização da frente de reação.
As soluções para cA e c8tomam então as formas das Eqs. 20.1-35 e 36, com z/Vt substituído por Z/'/-:;. e zR/Vt subs-
tituído por yY. Esta última constante é mais uma vez dada pela Eq. 20.1-37. O aumento da taxa de absorção decorrente da
reação química pode ser constatado pelas expressões que serão dadas na Eq. 22.5-1 Oe simplificadas nas Eqs. 22.5-11 a 13.
Perfil de velocidade 1
1 parabólico 1
a:ui ~1--i----~'-""'------li
·~L 1 1
H~ t=O
8~ Fig. 20.5-1 Ilustração do espalhamento axial de um pulso de
concentração na dispersão de Taylor deí,tro de um tubo de se-
ção circular.
é introduzido na seção de entrada, z = O, e a sua propagação através do fluido deve ser analisada em função do tempo.
Problemas desse tipo são usualmente encontrados em controle de processos (ver Problema 20C.4), e em procedimentos
relacionados a diagnósticos médicos, 1 e em várias aplicações relacionadas ao meio ambiente. 2
. A curtas distâncias a jusante do ponto de entrada, a dependência 8 da fração mássica com o tempo decrescerá. Nesse
caso, a equação da difusão para wir,z,t) no escoamento de Poiseuille com µ,,p e Çil)AB constantes toma a forma de
0 0
a qual pode ser resolvida para descrever o comportamento do pulso para tempos longos.
Taylor iniciou desprezando o termo de difusão molecular axial (que é o termo que aparece pontilhado na Eq. 20.5-1) e
a seguir mostrou4 que essa suposição se aplica para os casos em que o número de Péclet PéAB = R<v,>/®A 8 é da ordem de
70 ou maior, e se o comprimento do pulso LP(t) da região ocupada pelo pulso, medida experimentalmente por Taylor, 3 é da
ordem de 170R ou maior. Aqui, <v,> = Vi v,,max é a velocidade média de área do fluido.
Taylor buscou uma solução válida para tempos longos. Ele estimou que as condições de validade desse resultado são
LP Rz
-->>--- (20.5-4)
Vz,máx (3,8)20JAB
Quando o comprimento do pulso, LP atinge essa faixa, o tempo decorrido foi suficiente para tomar irrelevante a forma
inicial do pulso.
Para seguir o desenvolvimento do perfil de concentração à medida que o fluido se desloca na direção axial, é conveni-
ente introduzir uma nova coordenada axial da forma
z= z - (vz)t (20.5-5)
Quando essa nova coordenada é introduzida na Eq. 20.5-1 (sem o termo sublinhado), obtemos a seguinte equação da di-
fusão para wA(r,z,t), ·
(20.5-6)
na qual g = r/R é a coordenada radial adimensional. Nesse caso, a derivada temporal deve ser tomada a um valor de z
constante, e, nas condições estabelecidas para a Eq. 20.5-4, essa derivada deve ser desprezada face ao termo de difusão
radial. Como resultado temos uma equação de estado quase-permanente.
i 1
2
J.B. Bassingthwaighte and C.A. Goresky, na Seção 2, Vol. 3 do Handbook of Physiology, 2"d cd., American Physiological Society, Bethesda, Md. (1984).
H.B. Fisher, Ann. Rev. F/uid Mec/1., 5, 59-78, (1973); B.E. Logan, Environmenta/ Transport Processes, Wiley-Interscience, New York (1999), Caps. 10 e 11; JJL
Seinfeld, Advances in Clzemical Engineering .. Academic Press, New York (1983), pp. 209-299.
'G.I. Taylor, Proc. Roy. Soe., A2l9, 186-203 (1953).
'G.I. Taylor, Proc. Roy. Soe., A225, 473-477 (1954).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 613
Para a condição da Eq. 20.5-4, a fração mássica pode ser expressa como
(20.5-8)
em que wA é uma função dez e t. Substituindo essã expressão na Eq. 20.5-7, e desprezando o termo w' A' obtemos
1. l_
çaç
(ç awA)
aç
=R
1
0iAB
vz,máx (! - ç2) a(wA)
2
az
(20.5-9)
da qual, sob as condições da Eq. 20.5-4, a dependência radial da fração mássica pode ser obtida.
A integração da Eq. 20.5-9 com as condições de contorno correspondentes à Eq. 20.5-2, resulta em
(20.5-11)
Subtraindo essa equação da equação anterior, e substituindo v,,mãx por 2 <v,>, vem fmalmente
(20.5-12)
(20.5-14)
relativo aos eixos coordenados estacionários. Aqui K é o coeficiente de dispersão axial, que, pela análise de Taylor, é
expresso da forma
Essa fórmula indica que a dispersão axia~ (para valores de Pé > > 1 considerados até agora) é aumentada pela variação
radial de v, e diminuída pela difusão molecular na mesma direção.
Embora a Eq. 20.5-14 tenha a mesma forma da lei de Fick na Eq. (C) da Tabela 17.8-2, ela não inclui qualquer efeito
da difusão molecular na direção axial. Deve ser também enfatizado que K não é uma propriedade da mistura fluida, mas
depende de Rede <v,>, bem como de ®AB·
A seguir escrevemos a equação da continuidade de Eq. 19 .1-6, na forma de uma média tomada ao longo da seção trans-
versal do tubo, como
(20.5-16)
614 CAPÍTULO VINTE
Quando a expressão para o fluxo mássico de A, dado pela Eq. 20.5-14, é inserida na expressão anterior, obtemos a seguinte
equação para a dispersão axial:
a a a2
ai (pA) + (vz) az (pA) K az2 (pA) (20.5-17)
Essa equação pode ser resolvida para se obter a forma do pulso em movimento que se originou da adição da injeção de um
pulso ô, de massa mA do soluto A na corrente até então pura de B:
2
mA ( (z - (vz)t) )
2r.R2-v:;J(i exp 4Kt (20.5-18)
Essa expressão pode ser usada juntamente com a Eq. 20.5-15 para se obter o valor de Qi)AB a partir de valores medidos da
concentração de A no pulso em movimento. De fato, esse é provavelmente o melhor método para medidas experimentais
de difusividade de líquidos.
O desenvolvimento de Taylor originou uma vasta literatura sobre a dispersão convectiva. Todavia, restam ainda fazer
estudos sobre as aproximações feitas e determinar os seus limites de aplicação. Aris 5 apresentou um tratamento detalhado
da dispersão em tubos e dutos, cobrindo uma ampla faixa de te incluindo a difusão nas direções z e Seu.valor assintótico e.
(20.5-19)
100.000 ..,.-------..--
Convecção pura
10
válido para longos tempos corresponde a uma importante extensão da Eq. 20.5-15. Desse resultado podemos concluir que
a difusão molecular aumenta a dispersão axial para valores do número de Péclet, Pé= R<v,>/®AB menores que v'48 e
inibe a dispersão axial a maiores valores, faixa essa na qual o mecanismo de transporte de Taylor predomina.
5
R. Aris, Proc. Roy. Soe., A235, 67-77 (1956).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 615
As faixas de validade das fórmulas de dispersão de Taylor e de Aris foram estudadas através de cálculos feitos pelo
- método de diferenças finitas 6 e pelo método da colocação ortogonal. 7 A Fig. 20.5-2 mostra as faixas úteis das Eqs. 20.5-15
e 19. A última fórmula tem sido extensivamente utilizada para medidas de difusividades binárias, e uma extensão da mesma 8
foi usada para medidas de difusividades em misturas líquidas com três componentes.
Vários trabalhos sobre dispersão convectiva serão a seguir mencionados. Tubos em espiral apresentam valores peque-
nos de dispersão axial, como mostrados pelos experimentos de Koutsky e Adler,9 que foram analisados por Nunge, Lin e
Gill. 10 Esse efeito é importante no projeto de reatores químicos e em medidas de difusividade, nos quais o tubo em espiral
é freqüentemente utilizado para fins de se obter um comprimento de tubo desejado dentro de um equipamento compacto.
Dispersão extracoluna, causada pela bomba e pela tubulação que conecta sistemas de cromatografia, foi estudada por
Shankar e Lenhoff 11 com previsões bastante detalhadas e dados experimentais com alta precisão. Seus resultados mos-
tram que a média radial é importante em tempos mais curtos do que os resultados mostrados na Fig. 20.5-2 para a fórmula
de Taylor-Aris. Dependendo do tipo de analisador utilizado, os dados podem ser mais bem descritos pela densidade média
de mistura, PAh, ou ainda pela densidade média de área antes definida.
Hoagland e Prud 'homme 12 analisaram a dispersão longitudinal em escoamentos laminares em tubos com variação
senoidal do raio, R(z) = R0(1 + s sen (2m/A)), para modelar a dispersão em processos em leitos recheados. Seus resulta-
dos são semelhantes aos obtidos pela Eq. 20.5-19, quando as variações têm amplitudes, e, relativamente pequenas e com-
primentos de onda, A/R0 , relativamente grandes. Pode-se pensar que, numa coluna recheada, a dispersão axial seria ames-
ma que ocorreria em tubos com variação senoidal do raio, mas esse não é o caso. Em vez do valor previsto pela Eq. 20.3-
19, obtém-se K = 2,5 2/JABPé118 na qual o número de Péclet aparece com a primeira potência, e não com a segunda potência
e com K independente de ®,w· 13 Brenner e Edwards 14 apresentam análises da dispersão convectiva e reação em várias
geometrias, incluindo tubos e leitos espacial e periodicamente recheados.
A dispersão foi também analisada em escoamentos ainda mais complexos. Para escoamento turbulento em tubos retos,
Taylor 15 desenvolveu, e confirmou por resultados experimentais, a fórmula para a dispersão axial K!Rv* = 10,1, onde
v* é a velocidade de atrito definida na Eq. 5.3-2. Bassingthwaighte e Goreski 1 utilizaram modelos de troca de soluto e de
água em um sistema cardiovascular, e H.B. Fisher2 apresentam modelos matemáticos da dispersão turbulenta em rios e
estuários.
As Eqs. 20.5-1e19 são limitadas às condições impostas à Eq. 20.5-2 e 4. Assim, elas não são apropriadas para descre-
ver a região de entrada de reatores operando em regime permanente ou sistemas com reações heterogêneas. Para escoa-
mentos laminares, a Eq. 20.5-1 se constitui num melhor ponto de partida.
ó V. Ananthakrishnan, W.N. Gil[ and A.J. Barduhn, MChE Journal, 11, 1063-1072 (1965).
7
J.C. Wang and W.E. Stewart, ;\!ChE Journo/, 29, 493-497 (1983).
'Ph. W.M. Rutten, Dijfusion in Liquids, Delft University Press, Delft, The Netherlands (1992).
9
J. A. Koutsky and R.J. Adler, Can. J. Chem. Eng., 42, 239-246 (1964).
'ºR. J. Nunge, T. S. Lin and W.N. Gill,J. Fluid Mech., 51, 363-382 (1972).
11
A. Sh:mkar and A.M. Lenhoff, J. Chromatography, 556, 235-248 (1991).
12 D.A. Hoagland and R.K. Prud'homme,MChE Joumal, 31, 236-244 (1985).
PROBLEMAS
20A.l. Medida da difusividade por evaporação em regime transiente. Use os dados da tabela a seguir para determinar
a difusividade do propionato de etila (espécie A) numa mistura de 20 mol% de ar e 80 mol% de hidrogênio (essa
mistura sendo considerada um gás puro B). 1
Esses dados.foram obtidos 1 usando um tubo de vidro de 200 cm de comprimento e diâmetro interno de 1,043 cm;
a temperatura foi de 27 ,9ºC e a pressão de 7 61,2 mm Hg. A pressão de vapor do propionato de etila a essa tempe-
ratura é de 41,5 mm Hg. Note que t corresponde ao tempo contado a partir do início da evaporação, sendo que o
acréscimo no volume é medido a partir de t = 240 s.
20A.2. Absorção de oxigênio por uma bolha em expansão (Fig. 20A.2). Oxigênio está sendo injetado em água pura por
meio de um tubo capilar. O sistema é praticamente isotérmico e isobárico a 25°C e l atm. A solubilidade do oxigê-
nio na fase líquida é wAo = 7,78 X io-* ,e a difusividade do par oxigênio-água na fase líquida é 2llA8 = 2,60 X io-s
1
D.F. Fairbanks and C.R. Wilke, !11d.E11g.Chem., 42, 471-475 (1950).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 617
cm2/s. Calcule a ta,xa instantânea de absorção do gás em g/s, para uma bolha de 1 mm de diâmetro e idade t = 2 s,
supondo
(a) Taxa de crescimento volumétrico constante
(b) Taxa de crescimento do raio da bolha, dr,fdt constante
Respostas: (a) 7,6 X 10-s g/s; (b) 1,11 X 10- 1 g/s
ZOA.3. Taxa de evaporação do n-octano. A 20"C, quantos gramas de n-octano líquido irão evaporar no N2 em 24,5 h no
sistema tal como o estudado no Exemplo 20.1-1 a pressões de (a) l atm, e {b) 2 atm? A área superficial do líquido
é de 1,29 cm2 , e a pressão de vapor do n-octano a 20°C é de 10,45 mm Hg.
Resposta: (a) 6,71 mg
20A.4. Efeito do tamanho da bolha na composição da interface (Fig. 20A.2). Aqui examinamos a suposição de com-
posição da interface, roA0 , independente do tempo para o sistema ilustrado na Fig. 20A.2. Notamos que devido à
tensão interfacial, a pressão do gás, p A' depende do valor instantâneo do raio da bolha, rs. A expressão de equilíbrio
2u
PA =p.,, +r; (20A.4-1)
é adequada a não ser no caso em que dr,/dt seja elevada. Aqui p é a pressão ambiente do líquido à meia altura da
00
20B.2. Extensão do problema de Arnold para a difusão não-isotérmica. Nas condições descritas no Problema 2B.l,
determine o resultado análogo para a distribuição de temperatura T(z,t).
(a) Mostre que a equação da energia térmica [Eq. (H) da Tabela 19.2-4] se reduz a
(20B.2-1)
com
Zr=_z_ (20B.2-3)
~
(c) Mostre que os fluxos mássico e de energia na interface são relacionados a T0 e a T~por
de tal forma que a relação NArjqo eN8 rjq0 são constantes para t > O. Esse elegante resultado aparece em decorrência
de não ter sido definido um comprimento ou um tempo característico do modelo matemático do sistema.
20B.3. Condições de contorno relativas à estequiometria de uma reação instantânea e irreversível. Os fluxos dos
reagentes do Exemplo 20.1-2 devem satisfazer à seguinte relação estequiométrica
(20B.3-1)
na qual vR = dzR/dt. Usando a primeira lei da difusão de Fick e considerando e constante e uma reação instantânea
e irreversível, mostre que essa relação recai na Eq. 20.1-31.
20B.4. Dispersão de Taylor para o escoamento em uma fenda (Fig. 2B.3). Mostre que, para o escoamento laminar
numa fenda de largura 28 e comprimento L, o coeficiente de dispersão de Taylor é
(20B.4-1)
20B.5. Difusão de uma fonte pontual instantânea. No tempo t = O, a massa mA da espécie A é injetada num grande
volume de fluido B. Considere que a origem dos eixos coordenados coincide com o ponto de injeção. O material A
se difunde na direção radial. A solução pode ser encontrada no Carslaw e Jaeger: 2
111A o
PA = exp (-r/4®A 8 t) (20B.5-1)
(4.,,Qi)ABt) 310•
'H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Co11ductío11 of Heac in Solids, 2'' ed., Oxford University Press (1959), p.257.
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 619
20B.6. Difusão transiente com reação química de primeira ordem. Use a Eq. 20.1-43 para obter o perfil de concentra-
ção nas seguintes situações:
(a) A partícula de catalisador do Problema 18B.14, em regime transiente com as mesmas condições de contorno,
mas com condição inicial em que cA = Oem t = O. A equação diferencial para cA é dada por
BcA . B2CA ,,
eat = QDA az2 - ki!!CA (20B.6-1)
em que sé a porosidade da partícula. A solução para o caso de kf' 'a = Opode ser obtida do resultado do Exemplo
12.1-2.
(b) Difusão e reação de um soluto, A, injetado no tempo t = Oe no ponto r =O (em coordenadas esféricas) num
meio infinito estacionário. Aqui a função g da Eq. 20.1-43 é dada por
(20B.6-2)
e a função f se anula.
20B.7. Transferência simultânea de momento, calor e massa: condições de contorno alternativas (Fig. 20B.7). Os
perfis adimensionais Il(7),A,K)da Eq. 20.2-43 podem ser aplicados a várias situações. Use as Eqs. 20.2-49 a 52
para obter as equações implícitas para a determinação do fluxo mássico "líquido" adimensional K, nas seguintes
operações em regime permanente:
(a) Evaporação de um líquido puro, A, de uma placa porosa saturada numa corrente gasosa de A e B. A substância
B é insolúvel no líquido A.
(b) Reação instantânea e irreversível do gás A com urna placa do sólido C tendo o gás B como produto, de acordo
com a reação A + C _,. 2B. Os pesos moleculares de A e B são iguais.
(c) Resfriamento por transpiração de uma placa oca de paredes poros1ts, como ilustrado na figura. O fluido A puro
envolve a placa, e o fluido injetado é distribuído de forma a manter toda a superfície externa da placa à temperatura
uniforme, T0 •
Corrente de aproximação
do gás A à temperatura
T e velocidade v
00 00
y Temperatura da superfície
Parede porosa }
1
Respostas: (a) K = -S
e
(ú11Aº: wA"')II'(O, Se, K); (b) K =-S1e wAro Il'(O, Se, K)
&1_,,0
20B.8. Absorção em bolha pulsante. Use os resultados do Exemplo 20.1-4 para calcular o(t) e NA 0 (t) para uma bolha
cujo raio experimenta uma pulsação do tipo onda-quadrada:
r5 = R1 para 2n < 1ut < 211 + 1
r5 = R2 para 2n + 1 < oJt < 2n + 2 (208.10-1)
Aqui w é a freqüência característica, e n = 0,1,2, ...
20B.9. Verificação da solução da equação da dispersão de Taylor. Mostre que a solução daEq. 20.5-17, dada pelaEq.
20.5-18, satisfaz a equação diferencial, a condição inicial e as condições de contorno. 3 Estas últimas são conside-
radas em z = ±oo,
(p~ =0 (20B.9-1)
A condição inicial é que, em t = O, o soluto pulsante, de massa mA> se concentra em z = O, com nenhum soluto em
qualquer outra região do tubo, de modo que, para todos os tempos,
(20B.9-2)
(a) Mostre que, através de uma mudança de coordenadas, a Eq. 20.5-17 pode ser reduzida à forma unidimensional
da segunda lei da difusão de Fick
z= z (vz)t (20B.9-3)
(b) Mostre que a Eq. 20.5-18 satisfaz a equação obtida em (a).
(e) Mostre que as Eqs. 20B.9-1e2 são também satisfeitas.
20C.1. Análise da ordem de grandeza da taxa de absorção do gás de urna bolha em expansão (Fig. 20A.2).
(a) Considerando a expansão da bolha esférica do Problema 20A.2(a) em um líquido de densidade constante, mos-
tre que, de acordo com a equação da continuidade para a fase líquida, a velocidade radial é dada por v, = C0 /r2• Use
a condição àe contorno expressa por v, = dr,fdt, sendo r = r,(t) para obter
?, dr
v=--5 (20C.1-1)
r r2 dt
(b) A seguir use a equação da continuidade para a espécie química em coordenadas esféricas considerando que a
difusão só ocorre na direção radial, para obter
2 2
awA + (-~ + 3y + .. ·) dr5 awA
2
0l [-a wA
- +2-(1 -y- +
y --··
) awA]
·- (20C.1-3)
at r. r; dt ay AB ay2 Ys rs r; ay
(d) Do Exemplo 20.1-4 podemos constatar que a contribuição dos termos (1), (2) e (4) são da mesma ordem de
grandeza dentro da camada limite mássica, isto é, y = O( o,J = 0(v0i°~~/). Considerando esses termos como tendo
0(1), estime as ordens de grandeza dos demais termos mostrados na Eq. 20C.1-3.
(e) Mostre que dos termos relativos às duas ordens de grandeza de maior valor na Eq. 20C.l-3 resulta
dt ar
[ª WA + 1_rs awA]
2
r.B ay2 ay
(20C.1-4)
----- ----------
3
Ver, por exemplo, H.S. Carslaw e J.C. Jaeger, Hear Co11d11ction in Solids, 2nd ed., Oxford University Press (1959), §10.3. Para sistemas d.: tubo com comprimento
finito, ver H. Brenn~r. Cliem.Eng.Sci., 17, 229-243 (1961).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA VARIÁVEL INDEPENDENTE 621
2oc.2 Efeito da curvatura da superfície na absorção de uma bolha em expansão (Fig. 20A.2). Um gás puro A
escoa de um tubo capilar num reservatório de grande volume de um líquido B, inicialmente puro a vazão molar
constante WA. O fluxo molar interfacial de A para o líquido pode ser determinado pela equação de Levich-Kouteckj-
N ewman
(20C.2-1)
na qual
y = r(t) = (3WA)i/ 3
(20C.2-2)
tl/3 4ric
para o caso de escoamento radial e de uma bolha esférica. A Eq. 20C.2-1 é uma conseqüência da Eq. 20C.l-4.
(a) Obtenha uma expressão para o número de moles absorvidos de A, ao longo do tempo de duração da bolha
igual a t 0 •
(b) Use a Eq. 20C.2-l a fim de obter, para as taxas de absorção, resultados mais precisos do que os resultados
calculados no Problema 20A.2.
20C.3 Absorção com reação química num meio semi-infinito. Um meio semi-infinito constituído de um material B se
estende de um plano que passa por x =O parax = oo. No tempo t =O, a substância A é posta em contato com esse
meio no plano x = O, cuja concentração na superfície é dada por eAo (para a absorção do gás A pelo líquido B, por
exemplo, eAo seria a concentração de saturação). As substâncias A e B reagem entre si produzindo C através de uma
reação irreversível de primeira ordem A + B ~ C. Admite-se que A esteja presente em pequenas concentrações e
que a equação que descreve o processo de difusão e reação química é dada por
1
BcA _ (]( B cA _ "f<!" (20C.3-l)
at - ~AB a;.2 1CA
na qual kf 1 é a taxa de reação de primeira ordem. Essa equação foi resolvida para a condição inicial eAO= Oem
1
t =O e para as condições de contorno cA = cAo emx =O, e cA =O emx = oo. A solução é dada por 5
~ = l2 exp(- -V~)
C,40 q;;;; erfc(-x-·
V 42/J
- ABt
-Vi?;'i)
+ ~ exp( /il;) erfc( ~ + v7Z;'i) (20C3-2)
(20C.3-3)
(e) Mostre também que o número total de moles absorvidos através da área A até o tempo t é
4
J. KouteckJ, CzechJ.Phys., 2, 50-55 (1953). Ver também V. Levich, Physicochemical Hydrodynamics, 2"'ed., Prentice-Hall, EnglewoodCliffs, N.J. (1962). O segun-
do membro das equações de Levich !08.17e108.18 devem ser multiplicados por i'n. Vertambém J.S. Newman, Elecrrochemical Systems, 2"'ed., Prentice-Hall, Englewood
Cliffs, N.J. (1950).
5
P.V. Danckwerts, Trans.Faraday Soe., 46, 300-304 (1950).
622 CAPÍTULO VINTE
(d) Mostre que, para altos valores de kf"t, a expressão em (c) se reduz assintoticamente a
Para valores de kf '' t maior do que 4, esse resultado 6 apresenta valores com desvios da ordem de 2%.
20C.4 Projeto de circuitos de controle de fluidos. Deseja-se controlar um reator por meio do monitoramento contínuo
de uma corrente em paralelo. Calcule a freqüência máxima de variação da concentração que pode ser detectada em
função da vazão volumétrica retirada, se essa vazão for retirada através de um tubo de 1Ocm de comprimento, com
0,5 mm de diâmetro interno. Sugestão: Como critério, considere que o desvio padrão da duração do pulso não seja
superior a 5% do tempo de duração de cada ciclo, t0 = 2ri/w, onde w é o valor da freqüência a ser determinado.
20C.5 Dissociação de um gás decorrente de um gradiente de temperatura. Um gás que se dissocia (N3.z ~ 2Na) está
contido num tubo fechado nas extremidades, ambas mantidas a diferentes temperaturas. Devido a esse gradiente
de temperatura, haverá um fluxo contínuo das moléculas de Na2 da extremidade fria para a extremidade quente,
onde elas se dissociam em átomos de Na, que, por sua vez, fluem da extremidade quente para a fria. Desenvolva as
equações necessárias para se determinar os perfis de concentração. Compare os seus resultados com os resultados
obtidos por Dirac. 7
20D.1 Experimento dos dois bulbos para medidas da difusividade de gases - solução analítica (Fig.18B.6). Esse ex-
perimento, descrito no Problema 18B.6, foi analisado considerando um regime quase-permanente. O método da
separação das variáveis fornece uma solução exata 8 para as composições nos dois bulbos na forma de
nas quais c1e Cu são as concentrações de A nas fases I e II, e ® 1e ®u, as difusividades correspondentes. As condi-
ções inicial e de contorno são dadas por:
e. I.1: emt =O, C1 =e{ (200.2-3)
e. I.2: emt =0, Cu= cr1 (200.2-4)
e.e. 1: emz =O, cu= mcr (200.2-5)
6
R.A. T. O. Nijsing, Absorptie vai! gassell i11 vloeistoffen, wnder en mel chemische reactie, Academisch Procfschrift, Technische Universiteit Delft (1957).
7
P.A.M. Dirac, Proc. Camb. Phil. Soe., 22, Part II, 132-137 (1924). Essa foi a primeira publicação de Dirac, escrita durante o seu curso de graduação.
8
R.B. Bird, Adm11ces in Clzemica/ Engineering, Vol.l, Academic Press, New York (1956), pp. 156-239; errata, Vol. 2 (1958), p. 325. O resultado que aparece no rodapé
da p. 207 está incorreto, uma vez que o fator (-!)"•'está faltando. Ver também H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Co11duction of Heat in So/ids, 2rn1 ed., Oxford University
Press (1959), p. 129.
9
S.P.S. Andrew, Clzem.Eng.Sci., 4, 269-272 (1955).
DISTRIBUIÇÕES DE CONCENTRAÇÕES COM MAIS DE UMA V ARL.\. VEL INDEPENDENTE 623
~I - c1 = ~ + erf(z/~)
(20D.2-9)
0
cu - mcI m + Y®rf 2ilu
cu - cfr 1 - erf(z/~)
(200.2-10)
cf - (1/m)c11 (1/m) + V2il 11 /0JI
(b) Obtenha uma expressão para a taxa de transferência de massa na interface.
20D.3 Tamanho crítico de um sistema catalítico. Deseja-se usar o resultado do Exemplo 20.1-3 para discutir o tama-
nho critico de um sistema no qual ocorre uma reação autocatalisada. Nesse sistema a presença dos produtos faz
com que a taxa de reação aumente. Se a relação entre a área e o volume do sistema é grande, então os produtos da
reação tendem a sair dos limites do sistema. Se, por outro lado, essa relação for muito pequena, a taxa de saída
poderá ser maior que a taxa de formação dos produtos, e assim a taxa de reação tenderá a crescer rapidamente. Para
um sistema de geometria definida, haverá um tamanho critico em que a taxa de saída é igual à taxa de produção.
Um exemplo desse sistema é relacionado à fissão nuclear. Numa pilha nuclear a taxa de fissão depende da con-
centração local de nêutrons. Se os nêutrons são produzidos a uma taxa maior do que a taxa de saída por difusão, a
reação se configura como auto-sustentável e a explosão nuclear ocorre.
Comportamento análogo é o que se verifica em muitos sistemas químicos, embora, nesses casos, o comporta-
mento é bem mais complexo. Um exemplo é o que refere à decomposição térmica do acetileno gasoso, que é ter-
modinamicamente instável de acordo com a reação global.
H e= e- H --;. H2 + 2C (200.3-1)
Aparentemente essa reação se processa por meio de uma cadeia ramificada, mecanismo de radical livre, no qual os
radicais exibem um comportamento semelhante ao dos nêutrons descrito no parágrafo anterior, de modo que a
decomposição é também autocatalisada.
Todavia, em contato com uma superfície ferrosa, os radicais livres são efetivamente neutralizados, de modo
que, na superfície, a concentração de radicais livres é mantida próxima de zero. No estado gasoso, o acetileno pode
ser mantido num tubo de ferro como diâmetro abaixo de um valor "crítico", valor esse que decresce à medida que
a pressão e a temperatura do gás aumentam. Se o tubo for de diâmetro muito grande, a fonnação mesmo de um
único radical livre acelerará a taxa de decomposição e daí poderá resultar uma séria explosão.
(a) Considere um sistema constituído por um tubo cilíndrico longo, no qual os processos de difusão e de reação são
descritos por
acA
- . =';!['A"--
17 1 a (racA) '"
- +k1CA (200.3-2)
dt 0
· r élr élr
com cA =O em r = R e cA = f(r) em t =O, naqualf(r) é uma função der. Use o resultado obtido no Exemplo 20.1-
3 para obter uma solução para cA(r,t).
(b) Mostre que o raio critico do sistema é dado por
(200.3-3)
'° R.L. Murray, Nuclear Reactor Physics, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1957), pp. 23, 30, 53.
624 CAPÍTULO VINTE
20D.4 Dispersão de um pulso de grande amplitude no escoamento laminar permanente em um tubo. No proble-
ma da dispersão de Taylor, considere um pulso distribuído de um soluto A introduzido num tubo de comprimen-
to L, no qual escoa um fluido em regime laminar permanente. No início do tubo, a condição inicial de contorno
é dada por
com as mesmas restriÇões de que a difusão através das seções de entrada e de saída seja desprezível, como indica-
do no Problema 20B.9. Note que agora cada elemento do soluto se comporta de maneira diferente dos demais.
(a) Usando o resultado do Problema 20B.9, mostre que a concentração de saída é dada por
_ 1
(pA)z=L-.;:;-;:;:;;:;;-
1
f
1
f(t)
, exp[-(L - (vz)(t - t'))/Y 40JAB(t - t')]
.! dt
,
(200.4-2)
V 4r.R40J AB _., V t'
(b) Adapte esse resultado para um pulso quadrado:
f = fo para O< t < t0; f = O para t > t0 (200.4-3)
Ilustre os resultados para diversos valores de <v,>tofL.
20D.5 Divergência da velocidade nas coordenadas próprias. Considere um domínio fechado D(u,w,y) nas coordena-
das próprias interfaciais da Fig. 20.4-2.
(a) Integre a Eq. 20.4-7 ao longo da superfície de D e obtenha
f(
ar(u, w, y, t) )
f
So
(V · dS 0 ) =
f So
(v · dS 0 ) +
So
at · dSo (20D.5-1)
na qual dS 0 é o vetor unitário do elemento de área, com magnitude dS 0 e dirigido para fora da fronteira do domínio D.
(b) O integrando do último termo é a velocidade do elemento de área dS 0 . Assim, a última integral é a taxa de
variação do volume de D. Reescreva essa integral com a ajuda da Eq. 20.4-3, para obter
.(ar(u, w, y, t) • ) 1t J-vlg(u, w, y, 1) du dw dy
JSo at dSo
D
aV,.....g(.,....u-,~-u,-y-,..,..t)
fD
at dudwdy (20D.5-2)
A segunda igualdade é obtida pela regra de Leibniz, observando que u, w e y são independentes de tem cada ele-
mento de superfície dS 0 .
(c) Use o resultado obtido em (b) e o teorema da divergência de Gauss-Ostrogradskii da Seção A.5 para expressar
a Eq. 20D.5- l como o termo que se anula de uma soma de três integrais de volume ao longo de D(u,w,y). Mostre
que desse resultado e da forma arbitrária com que D foi escolhido, resulta a Eq. 20.4-8.
21.1 FLUTUAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO E MÉDlA 21.4º AUMENTO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR. UMA
TEMPORAL DA CONCENTRAÇÃO REAÇÃO DE PRHvlEIRA ORDEi'vl EM UM ESCOAJvlENTO
21.2 MÉDIA TEMPORAL DA EQllAÇÃO DA TURBULENTO
CONTINUIDADE DE A 21.5 8 MISTURA TURBULENTA E ESCOAMENTO
21.3 EXPRESSÕES SEMI-EMPÍRICAS PARA O FLUXO TURBULENTO COM REAÇÃO DE SEGUNDA ORDEM
MÁSSICO TURBULENTO
Nos capítulos precedentes, derivamos as equações da difusão em um sistema fluido ou sólido, e mostramos como se pode
obter expressões para a distribuição de concentração, para o caso em que fenômenos de turbulência não estejam envolvidos.
No presente capítulo seguimos uma linha paralela àquela discutida no Cap.13, e, levando em conta a analogia entre os
processos de transferência de calor e de massa, muito do material nele exposto pode ser aqui utilizado. Mais especificamente,
as Seções 13.4, 13.5e13.6 podem ser diretamente aplicadas por simples substituição das grandezas relativas à transferência
de calor por grandezas relativas à transferência de massa. De fato, os problemas discutidos naquelas seções foram verificados
para o caso de transferência de massa, pois a faixa de valores do número de Schmidt atingida é consideravelmente maior
que a faixa correspondente para o número de Prandtl.
V amos nos ater aqui ao caso de sistemas binários e isotérmicos, e admitir que a densidade mássica e a difusividade são
constantes. Nesse caso, as equações diferenciais parciais que descrevem o processo difusivo em um fluido escoando (Eq.
19.1-16) são da mesma forma que a Eq. 11.2-9), que representa o caso de condução de calor em um fluido escoando,
exceto para o caso em que é considerado um termo adicional que se refere à reação química.
-at (a
acA -- - -é) V,(.A +-a
X
a VfA +-é)
a VzCA ) + Ui:;i)AB - , + -
Y Z
a2cA (ª2cA
a2cA) k"' "
2 +---:; - nCA
éJX- ay éJZ:-
(21.2-1)
·
Aqui k,;11 é o coeficiente da taxa da reação química de ordem n, supostamente independente da posição. Nas equações
subseqüentes, vamos considerar os casos para n = 1 e n = 2 apenas para enfatizar as diferenças entre as reações de ordem
1 e as reações de ordem.superior.
Quando cA é substituída por êA + e~ e vi por vi + v;, e, após efetuarmos a média temporal da equação resultante,
obtemos
Comparando a equação anterior com a Eq. 21.2-1 constatamos que a equação resultante da média temporal difere apenas
em alguns termos adicionais que aparecem sublinhados. Os termos contendo v;c~ descrevem o transporte turbulento de
massa, os quais são designados por j;3, ou seja, o i-ésimo componente do vetor fluxo molar turbulento. Agora trataremos
do terceiro tipo de fluxo turbulento, cujos componentes são os seguintes
fluxo malar turbulenta (vetar) (21.2-3)
fluxo de momento turbulenta (tensor) :i:;p = pv[vj (21.2-4)
fluxo térmico turbul~nta (vetor) qi1l = pCPv;T' (21.2-5)
Todos esses fluxos são definidos em termos da velocidade mássica média.
É interessante notar uma diferença essencial entre os comportamentos de reações químicas de diferentes ordens. O termo
referente à reação química de primeira ordem tem a mesma forma, tanto na forma original, quanto na forma da média temporal.
Por outro lado, o termo referente à reação química de segunda ordem na forma da média temporal incorpora um termo extra
-k~'?}, termo esse que representa a interação entre a cinética da reação e as flutuações geradas pelo turbilhonamento do fluido.
Vamos agora resumir os três componentes da média temporal das equações de balanço para o caso de escoamento
turbulento e isotérmico de uma mistura líquida considerando p, Ç!})AB e µ.constantes:
continuidade (V·V)=O (21.2-6)
1
S. Corrsin, Physics of Fluids, 1, 42-47 (1958).
DISTRIBUIÇÃO DE CONCENTRAÇÕES NO ESCOAMENTO TURBULENTO 627
turbulento, pode ser muito útil propor urna relação entre J~l e a média temporal do gradiente de concentração. Um número
de expressões empíricas pode ser encontrado na literatura, porém, aqui, apresentamos as duas mais extensivamente utilizadas.
Drrns1vrnADE TURBILHONAR
Por analogia com a primeira lei da difusão de Fick, podemos escrever
como a equação de definição da difusividade turbulenta, 2õ~8 , também denominada de difusividade turbilhonar. Como é
o caso da viscosidade turbilhonar e da condutividade turbilhonar, a difusividade turbilhonar não é uma propriedade física
característica do fluido, posto que ela é função da posição, da direção e da natureza do campo de velocidade.
A difusividade turbilhonar9ll~8 e a viscosidade turbilhonar, v<rJ = µY>/p têm as mesmas dimensões - ou seja, comprimento2/
tempo. A relação entre ambas
Aqui fazemos também a suposição usual de que a transferência, tanto por mecanismo difusivo quanto por mecanismo
turbulento, pode ser desprezada. Nessas condições, desejamos determinar a taxa de transferência de massa na parede.
G
+:2JAB
ac.41
ar- r=R = f<c(CAo -
-CA,eixo) (21.4-2)
' O.T. Hanna, O.C. Sandall, and C.L. Wilson, lnd. Eng. Chem. Researc/1, 26, 2286-2290(1987). Um trntamento de problema semelhante ao de filmes em queda é dado
por O.C. SandaU, O.T. Haruia, and F.J. Valeri, Chcm. Eng. Com11umicario11s, 16, 135-147(1982).
628 CAPITULO VINTE E UM
onde cA0 e cA.eL,oaxiat são respectivamente as concentrações de A na parede e no eixo axial. Como indicado no parágrafo
anterior, a difusividade turbilhonar é nula na parede, e, em conseqüência, ela não aparece na Eq. 21.4.2. A grandeza kc é -
denominada coeficiente global de transferência de massa, que é análogo ao coeficiente global de transferência de calor, h.
Este último foi discutido no Cap.14 e mencionado no Cap. 9 no contexto da "lei de Newton do resfriamento". Como primeira
aproximação 1 vamos considerar cA. eixo a.uai como nula, bem como que a reação é suficientemente rápida de modo que a espécie
que está se difundindo não chega a alcançar o eixo axial; nesse caso, ac AIar será também nula no eixo axial. Após analisarmos
o sistema nestas condições, relaxaremos essa suposição e apresentaremos uma série de resultados para vários valores da
taxa da reação.
Vamos definir a concentração adimensional do reagente C = cicAo· Fazendo a seguir uma nova consideraçãol que,
para valores elevados dez, a concentração não depende dessa variável, e assim a Eq. 21.4-1 se reduz a
L~ AB ac)
r ar ( r(2nAB + 2l)<1>) ar = klflc 1
(21.4-3)
Após ter sido multiplicada porre integrada de um valor arbitrário r até a parede do tubo r = R, resulta
Nesse caso, foi usada a condição de contorno em r = O, bem corno a definição do coeficiente de transferência de massa.
De uma segunda integração no mesmo intervalo, resulta
kcR f R
o r(2bAB + 2b~~)
dr - 1 = k"'1
o r(2bAB + 2n%)
f R l [f r
R rC(r)dr] dr (21.4-5)
kR
e
f R
o (R - y)(2bAB
d
+ 2b~~) y -
1 - k"'1
-
f
R
O
1
(R - y)(2f)AB
-
+ 2f)~h)
[f y
o
(R -)CC)d-J d
- y y y y
(214 6)
.-
na qual C(y) não càrresponde à mesma função de y da fmma com que C (F) é função de f. Para valores elevados de Se
os integrandos são importantes somente na região onde y << R, de modo que R - y pode ser aproximado por R. Além
disso, podemos usar o fato de que, nas vizinhanças da parede, a difusividade turbilhonar é proporcional à distância da
parede elevada à potência 1/3. Escrevendo essas integrais em termos de a-= y/R, obtemos a seguinte equação adimensional
Essa equação contém vários grupos adimensionais: o número de Se = v/ÇJ;A 8, a taxa de reação adimensional, Rx =
k?'R2/v, e um coeficiente de transferência de massa adimensional, Sh = kJJ/ÇJ;AB• conhecido como o número de Sherwood,
no qual D é o diâmetro do tubo.
No limite em que Rx ~ oo, a solução da Eq. 21.4-3 com as condições de contorno mostradas anteriormente é da forma
C = exp(- Sha-/2). Substituindo essa expressão na Eq. 21.4-7 e integrando diretamente, resulta
I 1 - 2 Rx L0 ? Rx I1
21 Sh
Se 0 - - Sh - - Sh
(? 4 8)
_1. -
na qual
exp(-Sher/2)
1 = f,
1
1 der (21.4-10)
o Sc- + Ka3 1
2
W.R.Victh, J.H. Porter, and T.K. Sherwood, Ind. Eng. Clzem. Fundam., 2, 1-3 (1963).
DISTRIBUIÇÃO DE CONCENTRAÇÕES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 629
0 aumento do valor de C em função da distância axial, aumento esse decorrente da transferência da espécie A dentro da
fase fluida. Assim, o aumento da taxa de transferência de massa devido à reação química não pode ser efetivamente
quantificado a partir dos resultados obtidos pelos autores das referências 1 e 2.
Para uma análise mais detalhada do problema, usamos a Eq. 21.4-1 para obter uma forma mais completa da equação
diferencial que descreve a variável C:
v_ ac
4
= 1.1.. (r(Ç!i) + Ç!l)<tl) ac)- k"'c
az r ar AB AB ar 1
(21.4-11)
A suposição de que C = Oem r = Oé agora substituída pela condição de fluxo mássico nulo, aC/ar = Oem r = O. Nessa
geometria representamos DX1 na forma de l2jdvJdrl para o caso de escoamento plenamente desenvolvido, inserindo o
comprimento de mistura numa relação de dependência com a posição radial, como indicado na Eq. 21.3-3. Introduzindo
as seguintes variáveis adimensionais v+ = v)v*, z+ = zv./v, r+ = rv./v e/+= lv./v, sendo v. = V:;;;JP denominada
velocidade de atrito podemos expressar a Eq. 21.4-11 na forma adimensional
= J__L
r+ ar+
(r+(J_Se + W)21dv:1·)
dr·
ac)- Da e
ar+
na qual o número de Darnkohler, Da= k7'v/ v.2 , foi introduzido.
Um modelo bastante realista para o comprimento de mistura l é representado pela Eq. 5.4-7, desenvolvido por Hanna,
Sanda!! e Mazet, 3 que se constitui numa modificação do modelo proposto por van Driest. 4 Esse modelo fornece perfis de
concentração bem comportados, desde que usemos urna relação funcional para a velocidade que admita uma derivada
radial e não uma função discreta, dada pela Fig. 5.5-3. Tal função pode ser obtida pela integração da seguinte equação
diferencial
(dv+)
(1 +)2 -
2
,, -dv+ = 1 - ........,..
y+ + +
dy+ dy+ w para O ~ y ~ R (21.4-13)
na qual v+ = vz/v* e y+ = yv*/v da Fig. 5.5-3 com as seguintes condições de contorno v+ =O em y+ =O (parede do
tubo) e dv+/dy+ = Oem y+ = R+ (eixo axial do tubo). A Eq. 21.4-13 é obtida (ver Problema 21B.5) pela combinação das
Eqs. 5.5-3 e 5.4-4, expressas em termos de coordenadas cilíndricas, com a forma adirnensional
+
l = vlv* = ... 1 - exp(-y+/26)
0,4y·
.
. para O~ yT ~ R
+
(21.4-14)
Vl - exp(-0,26yT)
do modelo do comprimento de mistura representado pela Eq. 5.4-7. A Eq. 21.4-13 pode serresolvida pela fórmula quadrática
para fornecer
-1+v1+4W)2 [1 -y+;R+l
dv+ = + · se y+ >O;
dt + { 2(1 )2 (21.4-15)
Y 1 se y+ =O
sendo que v+ pode ser obtido pelo método da quadratura usando, por exemplo, as subrotinas trapzd e qtrap de Press e
colaboradores. 5 A expressão para v+ que resulta desse procedimento se aproxima bastante da reta que aparece na Fig. 5.5-
3, com pequenos desvios na região entorno de y+ = 30, onde a reta tem uma descontinuidade e na região entorno do eixo
axial, onde o valor calculado de v+ atinge um valor máximo. Esse depende do valor do raio do tubo na forma adimensional,
R+, condição esta que não é indicada pela reta que aparece na Fig. 5.5-3.
As Eqs. 21.4-12 a 15 foram resolvidas numericamente 6 para o caso de escoamento turbulento plenamente desenvolvi-
do para o caso de um fluido de viscosidade cinemática v = 0,6581 cm2/s num tubo hidraulicamente liso com 3 cm de
3
O.T. Hanna, O.C. Sandall, and P.R. Mazet, AIChE Journal, 27, 693-697 (1981).
'E.R. van Driest, J. Aero. Sei., 23, 1007-101 !, 1036 (1956).
; W.H. Press, S.A. Teukolsky, W.T. Vettering, and B.P. Flannery, Numerical Recipes i11 FORTRAN, Cambridge University Press, 2nd ed. (1992).
6
M. Caracotsios, comunicação pessoal.
. 630 CAPÍTULO VINTE E UM
diâmetro interno, para Re == 10.000, Se == 200 e vários valores do número de Damkohler, Da. Esses cálculos foram
feitos através da utilização do pacote de software denominado Athena Visual Workbench. 7 Valores calculados do número
de Sherwood, Sh = kcD/0JAB• baseado no valor de kc definido pela Eq. 21.4-2, são lançados no gráfico que aparece na
Fig. 21.4-1 em função dez+ para vários valores do número de Damkõhler.Desses resultados podemos tirar as seguintes
conclusões:
1. Na ausência de reação química (isto é, para o caso em que Da == O) o número de Sherwood decresce rapidamente à
medida que aumenta a distância para o interior da região de transferência de massa. Esse comportamento é coerente com
os resultados obtidos por Sleicher e Tribus 8 para um problema análogo de transferência de calor, bem como confirma o
fato de que o termo relacionado à convecção da Eq. 21.4-11 é essencial para esse sistema. Esse termo foi desprezado nas
Referências 2 e 3 ao considerarem o perfil de concentração como "plenamente desenvolvido".
2. Na presença de uma reação química de pseudoprimeira ordem do soluto (isto é, no caso em que Da > O), o número
de Sherwood decresce mais lentamente com a distância axial, convergindo assintoticamente para um valor constante, valor
esse que é função do número de Damkõhler. Assim, um fator de incremento, definido como Sh (com reação)/Sh (sem
reação) pode aumentar consideravelmente à medida que cresce a distância dentro da região de transferência de massa.
10.000
1
1
.i::
CIJ
-ô
o
~
.i::
~ ;;;;;;;i-_
CIJ 1.000
<!J
-o ,
ta 1
Da o----*/
1 1 1 0,001.../ / -,...
z 0,01 _./ Fig. 21.4-1 Número de Sherwood, Sh = kc;Dl®AB• calculado para a
transferência de massa da parede do tubo em escoamento turbulento,
100
100
I> Ili1.000 10.000
com e sem reação química homogênea de primeira ordem. Os
resultados são obtidos para Re = 10.000 e Se= 200, em função da
Distância axial, z+ direção axíalz+ = zv./D e do número de Damkohler, Da= k';'v/v;..
DcA a; 2
J5t = "!JJAsY cA + RA (21.5-1, 2)
7
Infonnações sobre esse pacote podem ser diretamente obtidas nos endereços www.athenavisual.com e stewart_associates.msa.com.
'C.A. Sleicher aad M. Tribus, TrallS.ASME, 79, 789-797 (1957).
DISTPJBU!ÇÃO DE CONCE~ÇÕES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 631
Para esses sistemas, podemos considerar que em z =O [na condição (a)] ou t =O (na condição (b)]
CA = CAo e Cs =o (21.5-3, 4)
no ponto de entrada do soluto A [na condição (a)] ou na região inicial (na condição (b)], e
(21.5-5, 6)
no ponto de entrada do soluto B (na condição (a)] ou na região inicial [na condição (b)]. Além disso, devemos considerar
todas as demais superfícies do sistema como inertes e impermeáveis. 1
f =CAD - CA = ~
(21.5-7)
CAD CBo
or
Dt = ®·,s v2r (21.5-8)
r= CAo - CA =
eAo
CB
Cso
(21.5-11)
Todavia, as flutuações f' são também de interesse, pois elas representam uma medida do grau de "mistura incompleta".
Essas flutuações podem ser iguais apenas no contexto estatístico. Para comprovar isto, subtraímos a Eq. 21.5-11 da Eq.
21.5-7, e tomamos a média temporal do resultado elevado à potência 2, chegando a
( c~)
2
= d2 (21.5-12)
CBo
Aqui, d(x,y,z,t) é a forma adimensional dafunção decaimento, cujo valor diminui à medida que z cresce (para o caso de
não haver agitação na condição ilustrada na Fig. 21.5-l(a)] ou para valores elevados de t (para o caso do tanque agitado
ilustrado na Fig. 21.5-l(b)]. A Fig. 21.5-2 apresenta os valores médios obtidos a partir de medidas tomadas ao longo da
seção reta do tanque de agitação.
Resta ainda determinar a dependência funcional da função decaimento, e para isso introduzimos as seguintes variáveis
adimensionais:
or =-1-v2r (21.5-14)
Dt ReSc
na qual Re = l0v0 p/µ,.
1
Na condição (a), as condições de contorno são consideradas aproximações. Os valores indicados de e, e c8 são considerados valores assintóticos para valores dez« O.
632 CAPÍTULO VINTE E UM
Para se chegar a conclusões mais pertinentes, vamos voltar a nossa atenção para tanques de mistura [ver Fig. 21.5(b)],
e considerar líquidos de baixa viscosidade e solutos de baixo peso molecular. Para esses sistemas [0 é, em geral, escolhido
como o diâmetro do impelidor, e v0 representado por LJI, sendo Na taxa de rotação do impelidor, expressa em termos de
revoluções por unidade de tempo.
A
1L
1 B
b
r;::;\-__-__-__-__-__~ c_c;-:-~-:: =E
\:::!_)~~~~~~ =-
. ~. 1;------.,--*~-
z=O
1
1
1,0 ~--------~
Através da experiência acumulada no estudo do processo global envolvendo a mistura de fluidos, podemos destacar os
seguintes pontos: 2
(i) macromistura, na qual as perturbações de grande intensidade dispersam as correntes fluidas ricas na espécie A ou
na espécie B, por todo o volume do tanque, a sub-regiões localizadas a distâncias muito maiores do que a distância
que a espécie química é capaz de alcançar por processo difusivo.
(ii) nzicromistura, na qual o mecanismo difusivo provê a mistura final em regiões de dimensões moleculares.
Foi deterrninado 1 que, em geral, a macromistura é a etapa mais lenta do processo, e que essa observação pode ser explicada
em termos da análise dimensional. Essa constatação é coerente com resultados obtidos em experimentos conduzidos em
tanques de mistura de grandes dimensões.
Para o caso de sistemas industriais, os valores do número de Reynolds geralmente ultrapassam o valor de 1()4 e os números
de Schmidt se situam na faixa de 105• Nesse caso o termo de difusão tende a ser pouco significativo dentro do sistema.
2
M.L. Hanks and H.L. Toor, ltzd. Eng. Citem. Res., 34, 3252-3256 (1995).
DISTRIBUIÇÃO DE CONCENTRAÇÕES NO EsCOAMENTO TURBULENTO 633
Esse teimo pode ser desprezado durante o período de macromistura, no qual a difusão, e, portanto, o número de Schillidt,
não tem efeito significativo. Assim, para efeitos práticos podemos escrever
Df ,,. 0 (ReSc >> 1) (21.5-15)
Dt
Para o caso de valores diferentes de difusividade, podemos agora analisar um outro sistema com base nos resultados já
obtidos. Sabemos que tanto o número de Reynolds quanto o número de Schmidt têm pouca importância no processo de
macromistura, e que o grau efetivo de não-mistura, cF, é função somente do tempo adimensional.
Para tanques de mistura de grande volume, essa previsão está suficientemente confirrnada. 3 A operação desses tanques
é geralmente conduzida a valores elevados do número de Reynolds (em geral, acima de 104), onde os movimentos
macroscópicos, expressos em termos de v(.X, y, z, t), não são função de Reynolds nem do tamanho do sistema. Nesse
contexto, um grande número de pesquisadores constatou que, para misturadores com diferentes geometrias, o produto do
tempo de mistura, tmix, requerido e a taxa de rotação N independem tanto de Reynolds quanto do tamanho do misturador.
Ntmis = K(geometria) ou tmis = K/N (21.5-16)
Isso significa que, para uma dada geometria, o tempo de mistura requerido, tmix> corresponde essencialmente ao número de
rotações do impelidor. Esse resultado é confirmado experimentalmente.
Essa conclusão é corroborada pelos resultados já disponíveis2 que tanto a vazão volumétrica adimensional, QIND ,3 quanto
o fator de atrito do tanque, P/pN3D5 , são constantes e dependem apenas da geometria do tanque e da do impelidor (ver
Problema 6C.3). Aqui, Q é a vazão volumétrica do jato produzido pelo impelidor e P a potência requerida para a operação.
Considerações semelhantes geralmente se aplicam ao caso de misturadores fixos, nos quais o aumento da velocidade de ro-
tação tem pouco efeito sobre o grau de mistura. Todavia, esse tipo de aproximação tem que ser testado nos estágios preliminares
de uma programação experimental. Do ponto de vista prático, essas aproximações são bastante pertinentes para o procedimento
de aumento de escala (scale-up), uma vez que o número de Reynolds é diretamente proporcional ao tamanho do equipamento.
(21.5-17)
Quando subtraímos a Eq. 21.5-2 daEq. 21.5-1 encontramos que a descrição da função f, 0 ,ção é idêntica à que se obtém para
o caso de não haver reação. Assim
(21.5-18)
Subtraindo dessa expressão a média temporal de uma expressão análoga, obtida para o caso de sistemas sem reação,
encontramos que a equação, análoga à Eq. 21.5-18, deve ser igualmente válida para expressar as flutuações
( e~ + e~)
CAO CBo reativo =
(e~)
CAo não-reativo
(21.5-19)
A média temporal dos quadrados das grandezas descritas no segundo membro dessa equação é igual a cF, que é medida
através do experimento ilustrado na Fig. 21.5-2, possibilitando assim uma maneira para a previsão da grandeza
correspondente ao caso de sistemas com reação.
A Eq. 21.5-19 sugere que as flutuações dos valores de cA e de c8 em sistemas com reação ocorrem simultaneamente e
as escalas de distância são da mesma ordem de grandeza das que se verificam em sistemas com reação. Note que essa
1
J.Y. Oldshue, Fluid Mixi11g Technology, McGraw-Hill, New York (1983); H. Benkreira, Fluid Mixing, lnstitution of Chemical Engineers, Rugby, UK, Vol. 4 (1990)
Vol. 6 (1999); I. Bouwmans e H.E.A van den Akker, Vol. 4 de Fluid Mixi11g, Institution of Chemical Engineers, Rugby, UK (1990), pp. 1-12.
634 CAPÍTULO VINTE E UM
consideração é também válida para qualquer geometria, condições de escoamento e cinética da reação. Estamos agora
prontos para considerar alguns casos especiais.
Iniciamos com o caso de uma reação rápida, para a qual os dois solutos não podem coexistir, e a taxa de reação é
controlada pela difusão de uma espécie em relação à outra. Assim, para a primeira etapa (rnacromistura) da operação de
mistura, em que a difusão é muito lenta quando comparada com os processos convectivos que ocorrem em larga escala,
não há reação que seja significativa. Nessa, tipicamente dominante, etapa de mistura
(21.5-20)
u:OLtivo = u:OL.reativo
Foi sugerido 4 que a Eq. 21.5-20 é também válida para a etapa de micromistura. Nos casos em que essa consideração é válida
(por exemplo, no caso em que a etapa de macromistura é a etapa controladora da operação de mistura), podemos concluir que
tanto para sistemas com reação quanto para sistemas sem reação obtemos descrições idênticas para as flutuações do soluto.
Na prática, reações rápidas (por exemplo, neutralização de correntes ácidas com correntes alcalinas) são utilizadas para
determinar a eficiência de misturadores, de vez que, para esses sistemas, a realização de testes experimentais são bem
mais fáceis de executar do que para sistemas sem reação). Com freqüência, pode-se utilizar medidas de parâmetros
macroscópicos, tais como elevação da temperatura ou mudança da coloração de um agente indicador. Todavia, as medidas
das flutuações da concentração podem fornecer informações mais seguras sobre a natureza e sobre o processo de mistura.
Reações lentas são também importantes, de modo que consideramos o caso especial de uma reação irreversível de segunda
ordem, cuja cinética é definida por
RA = -k~'cAcB (21.5-21)
Em termos de média temporal, essa expressão tem a forma de
RA = -k"'(cAcB + c~c~) (21.5-22)
Podemos, portanto, concluir que as flutuações que ocorrem na concentração do soluto aumentam o valor da média temporal
da ta,xa de reação, quando comparado ao caso quando um único produto envolvido na média temporal é considerado. Do
ponto de vista prático, todavia, é muito difícil a comprovação desse efeito.
Vamos ilustrar es~e ponto por uma simples análise da ordem de grandeza, considerando inicialmente a definição de um
tempo de reação constante, tA, para um dos reagentes, no caso, o soluto A:
(21.5-23)
Como primeira aproximação, podemos escrever
tA ~ l/k~'cBo (21.5-24)
Reações rápidas e lentas podem, então, ser definidas como aquelas para as quais
tmis >> tA reação rápida (21.5-25)
tmis < < tA reação lenta (21.5-26)
O caso de reações rápidas já foi anteriormente discutido. Para o caso de reações lentas, os efeitos de turbulências podem ser desprezados
devido ao fato de que as flutuações são de pequena amplitude antes de qualquer reação que eventualffiente possa ocorrer.
Se as constantes de tempo para a mistura e para a reação são da mesma ordem de grandeza, uma análise mais aprofundada
da que foi discutida anteriomente deve ser feita. Nessa análise deve ser incluído um modelo para o movimento turbulento,
que parece não estar ainda disponível.
"K.-T. Li eH.L. Toor, lnd. Eng. Chem. Fundam., 25, 719-723 (l986).
DlSTRIBUIÇÃO DE CONCEi'rI'RAÇÕES NO ESCOAMEITTO TURBULENTO 635
s. De quais parâmetros a difusividade turbilhonar depende? Como ela pode ser medida?
6. Considerando Rx = Ona Eq. 21.4-8, você esperaria, dessa forma, obter resultados confiáveis de transferência de massa
sem reação química para o escoamento turbulento em tubos?
PROBLEMAS
21A.l Determinação da difusividade turbilhonar (Figs. 18C. l e 21A. l). No Problema ISC.1, apresentamos a expressão
para o perfil de concentração para a difusão a partir de uma fonte pontual numa corrente fluida. Em escoamento
altamente turbulento e isotrópico, a Eq. 18C.l-2 pode ser modificada substituindo-se QAn pela difusividade
turbilhonar 0J~k- Essa equação mostrou-se bastante útil para a determinação da difusividade turbilhonar.
{a) Mostre que a inclinação da curva do gráfico de sc,1 versus s-z é dada por -v0 /20.J~~-
(b) Use os dados da difusão de C0 2 de uma fonte pontual numa corrente turbulenta de ar mostrada na Fig. 21A. l
para obter o valor de 0J~ para as seguintes condições: diâmetro do tubo, 15,24 cm; v0 = 1.512 cm/s.
(e) Compare o valor de 0J~~ com o valor da difusividade molecular S;An para o sistema C02-ar.
(d) Liste todas as suposições feitas para os cálculos.
Resposta: (b) 0Jfi, = 19 cm2/s
21A.2 Analogia entre transferência de calor e de massa. Escreva a expressão análoga para a transferência de massa da
Eq. 13.4-19. Quais são as limitações da expressão resultante?
21B.1 Fluxo mássico na parede para escoamento turbulento sem reação química. Use a expressão análoga eia Eq.13.3.7
para a difusão considerando escoamento turbulento em tubos de seção circular, e a expressão de Blasius para o
fator de atrito, para obter a seguinte expressão do número de Sherwood,
Sh = 0,0160 Re718 Sc113 (21B.1-1)
válida para valores elevados do número de Schrnidt. 1
21B.2 Expressões alternativas para o fluxo mássico turbulento. Desenvolva uma expressão assintótica para o fluxo
mássico turbulento para tubos longos considerando fluxo mássico constante na parede do tubo. Suponha que o
fluxo mássico através da parede é pequeno.
(a) Através de procedimento análogo ao caso de transferência de calor em regime de escoamento laminar apresentado
na Seção 10.8, obtenha:
(21B.2-1)
na qual Ç = r/D, ~ (z/D)/ReSc, wA1 é a fração mássicadeA na entrada, ej,10 o fluxo de massa interfacial deA que
entra no fluido.
1,2 .---.,.----...,-----r---.---,----,
1,0
8 0,8
d.)
++
"'
s?. 0,6 +
<lJ +
2
;:l º+
õ 0,4
> o
+ +o
+ Fig. 21A.1 Distribuição radial da concentração de C02 injetada a numa
0,2 corrente de fluido em escoa.'1lento turbulento com Re = 119.000 num tubo
com 15,24 cm de diâmetro. Os círculos correspondem a medidas tomadas a
uma distância axial z = 112,5 cm a partir do ponto de h1jeção e as cruzes a
o
-0,6 -0,4 -0,2 0,2 0,4 0,6 medidas tomadas em z = 152,7 cm. [Dados experimentais tirados de W.L.
r/R-+- Towle e T.K. Sherwood, Ind. Eng. Chem., 31, 457-462 (1939).!
1
O T. Hanna, O C. Sandall, and C.L. Wilson, lnd. Eng. Citem. Res., 28, 2286-2290 (1987)
636 CAPÍTULO VINTE E UM
900 1\ 1
\
800
+ _ Movimentos dos elétrons ~
I\
Ag~Ag++e-1
700
Anodo 1 . . 600
\
\
Y~---JF~-·
de+ SOO
as+
400
\
Catodo
Ag+ +e-~Ag 300
\
200
\
\ ~-
(a)
100
~o 5~=952
2 4
(b)
Fig. 21B.3 (a) Eletrodeposição do Ag+ em uma corrente turbulenta escoando no sentido positivo do eixo axial, z, entre duas placas
I' planas e paralelas. (b) Gradientes de concentração na eletrodeposição da Agem um eletrodo.
í i
'C.S. Lin, R.W. Moulton, and G.L Putnam, Ind. Eng. Cliem., 45, 636 (1953).
DISTRIBUIÇÃO DE CONCENTRAÇÕES NO ESCOAMENTO TURBULENTO 637
produzir uma deposição de Ag sobre o catodo (placa inferior) e para polarizar completamente o circuito (isto é,
para manter a concentração de Ag+ no catodo praticamente nula). Os efeitos da difusão forçada podem ser
desprezados, e o Ag+ considerado como se movendo na direção do catodo por difusão ordinária (isto é, difusão
regida pela lei de Fick) e por difusão turbilhonar. Considere adicionalmente que essa solução é suficientemente
diluída de modo que os efeitos das demais espécies ionizadas não interferem na difusão de Ag+.
(a) Calcule o perfil de concentração de Ag+, supondo que (i) a difusividade binária efetiva do Ag+ na água é de
1,06 X 10-5 cm2/s; (ii) a expressão truncada obtida por Lin, Moulton e Putnam na formadaEq. 5.4-2 para o perfil
de velocidade do escoamento turbulento em tubos é válida somente para o caso de "escoamento através de fenda",
se o diâmetro do tubo for substituído pelo quádruplo do raio hidráulico; (iii) a distância entre as placas é de 1,27
cm e v:;;!P é igual a 11,4 crn/s.
(b) Determine a taxa de deposição daAg sobre o catodo, desprezando as demais reações que ocorrem no eletrodo.
(e) O procedimento de cálculo da parte (a) prevê uma descontinuidade do gradiente do perfil de concentração no
plano médio do sistema? Explique.
Respostas: (a) Ver Fig. 21B.3(b); (b) 6,7 X 10- 12 equiv/cm2 • s;
21B.5 Expressão do comprimento de mistura para o perfil de velocidade.
(a) A partir da Eq. 5.5-3 mostre que para o caso de escoamento turbulento plenamente desenvolvido num tubo a
seguinte expressão é válida
~=-1:.=1-r (21B.5-1)
ro R R
(b) Faça 7,, = 7-~l + :r<~ , onde ~l é dada, em coordenadas cilíndricas, pela expressão análoga à Eq. 5 .2-9 e :r<:;_ pela
Eq. 5.5-5. Mostre que a Eq. 21B.5-1, se reduz a
'(áv-)2 + µ (dV·)
pi- a; dy. = (1 - R
y) O:::; y :::; R
r0 (21B.5-2)
(e) Obtenha a Eq. 21.4-13 a partir da Eq. 21B.5-2 introduzindo as grandezas adimensionais usadas na primeira
equação.
22.l DEFINlÇÃO DOS COEFlClENTES DE 22.6º TRANSFERÊNClA SIMULTÂNEA DE CALOR E MASSA
TRANSFERÊNClA EM UMA FASE POR CONVECÇÃO NATURAL
22.2 ExPRESSÕES ANALÍTICAS PARA OS COEFlCIENTES 22.7º Emrns DAS FORÇAS INTERFACIAIS NA
DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA TRANSFERÊNCIA DE CALOR E DE MASSA
22.3 CORRELAÇÃO DE COEFICIENTES DE 22.8º ComctENTES DE TRANSFERÊNClA A ELEVADOS
TRANSFERENCIA BlNÁRIA EM UMA FASE VALORES DE TAXAS LÍQJ)IDAS DE TRANSFERÊNClA
22.4 DEFlNIÇÃO DOS COEF!ClENTES DE DE lvlASSA
TRANSFERÊNCIA EM DUAS FASES 22.9 6 APROXIMAÇÕES MATRICIAIS PARA O TRANSPORTE
22.5º TRANSFERÊNCIA DE MASSA E REAÇÕES QJ)[MlCAS DE MASSA MULTlCOMPONENTE
Aqui nos apoiamos nas discussões anteriores sobre difusão binária para prover os meios de previsão do comportamento
das operações envolvendo transferência de massa, como destilação, absorção, adsorção, extração, secagem, separação com
membranas e reações químicas heterogêneas. Este capítulo tem muitas características em comum com os Caps. 6 e 14. Ele
é particularmente relacionado ao Cap.14, devido à ocorrência de várias situações nas quais as analogias entre os processos
de transferência de c;alor e massa podem ser consideradas exatas.
Todavia, há importantes diferenças entre transferência de calor e massa, e muito deste capítulo será dedicado a explorar
essas diferenças. Considerando que muitas operações de transferência de massa envolvem interfaces fluido-fluido, temos
que considerar as distorções da forma da interface por ação do arraste viscoso e por gradientes de tensão superficial que
resultam de heterogeneidades da temperatura e da composição. Além disso, ocorrem muitas interações entre transferência
de calor e de massa e sistemas com reação química. Além do mais, a valores elevados de taxas de transferência de massa,
os perfis de temperatura e de concentração podem ser distorcidos. Esses efeitos complicam e algumas vezes invalidam a
analogia entre transferência de calor e de massa que, do contrário, seria esperada.
No Cap. 14, a transferência de calor entre fases envolveu o transporte de calor para e de uma superfície sólida, ou o
calor transferido entre dois fluidos separados por uma superfície sólida. Aqui encontramos transferência de calor e de massa
entre duas fases contíguas: fluido-fluido ou fluido-sólido. Isso levanta a questão de como levar em conta a resistência à
difusão resultante do fluido em cada lado da interface.
Começamos o capítulo definindo, na Seção 22.1, os coeficientes de transferência de massa para misturas binárias em
uma fase (líquido ou gás). Então, na Seção 22.2 mostramos como as soluções analíticas para os problemas de difusão dão
origem a expressões explícitas para os coeficientes de transferência de massa. Nessa seção apresentamos algumas expres-
sões analíticas de coeficientes de transferência de massa para altos valores do número de Schmidt para vários sistemas
relativamente simples. Damos ênfase ao comportamento distinto de sistemas com interfaces fluido-fluido e fluido-sólido.
Na Seção 22.3 mostramos corno a análise dimensional nos leva á previsões envolvendo o número de Sherwood (Sh) e
o número de Schmidt (Se), os quais são análogos ao número de Nusselt (Nu) e ao de Prandtl (Pr) definidos no Cap. 14.
Aqui a ênfase é dada nas analogias entre transferência de calor em fluidos puros e transferência de massa em misturas
binárias. Na Seção 22.4 apresentamos a definição dos coeficientes de transferência de massa com difusão entre duas fases
adjacentes. Mostramos como aplicar a informação sobre transferência de massa em uma única fase para a compreensão da
transferência de massa em sistemas com duas fases.
Finalmente, nas cinco últimas seções do capítulo, consideramos alguns efeitos que são peculiares para sistemas de trans-
ferência de massa: a transferência de massa com reações químicas (Seção 22.5), a interação entre calor e massa em proces-
sos envolvendo a convecção natural (Seção 22.6), os fatores complicadores do processo relacionados às forças interfaciais
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-IsOTÉRMICAS 639
e aos efeitos Marangoni (Seção 22.7), as distorções dos perfis de temperatura e de concentração que aparecem em siste-
mas com valores elevados das taxas "líquidas" de transferência de massa através da interface (Seção 22.8); e finalmente a
análise matricial da transferência de massa em sistemas multicomponentes. Neste capítulo a ênfase é dada no comporta-
mento diferenciado de sistemas de transferência de calor e de massa.
Neste capítulo restringimos a discussão a alguns tópicos mais importantes relacionados à transferência de massa e a
correlações de transferência de massa. Sobre esse assunto o leitor poderá obter informações adicionais em textos já publi-
cados.14
Corrente do gás B
Interface
----l>-1-'~~~~~~~~~~~-<
Fig. 22.1-1 Exemplo de transferência de massa através de u..rr,a
fronteira plana: secagem de uma placa úmida.
Pe'<< 1: Pé>> 1:
Diálise l'vlicrofi.ltração
Oxigenação do sangue Ultrafiltração
Nanofiltração
Osmose reversa
Fig. 22.1-2 Dois exemplos comuns de separadores por membra.TJ.as, aqui classificados em função do número de Péclet, Pé = ov/qj) 017 para o
escoa.rnento através da membrana. Aqui oé a espessura da membrana, v é a velocidade com a qual o solvente escoa através da membra.TJ.a
e 0J,;1é a difusividade efetiva do soluto através da membra.TJ.a. A linha reticulada representa a membrana, e as setas representam o esccamen ·
to ao longo ou através da membrana.
1
T.K. Sherwood, R.L. Pigford, and C.R. Wilke, Mass Transfer, McGraw-HiU, New York (1975).
2
R.E. Treybal, 1Vfass Tra11sfer Operations, 3rd ed., McGraw-Hill, New York (1980).
3
E.L. Cussler, Diffusion: Moss Transfer in Fluid Systems, 2nd ed., Cambridge University Press (1997).
4
D.E. Rosner, Transport Processes i11 Chemically Reacting Flow Systems, (versão completa), Do ver, New York (2000).
640 CAPITULO VINTE E DOIS
Parede do tubo
I
Corrente
ascendente
de gás
Na interface
r=R
y=O
e
NAy=NAo
NBy= NBO
Fig. 22.1-4 Exemplo de um dispositivo de contato gás-liquido: a coluna molhada.
Duas espécies químicas A e B estão se movendo do liquido em movímento des-
cendente para o gás em movímento em sentido ascendente em um tubo cilíndrico.
Em cada um dos sistemas antes mencionados, haverá transferência tanto de calor quanto de massa na interface, e cada
fluxo correspondente terá um termo molecular (difusivo) e um termo convectivo (aqui colocamos o termo convectivo no
primeiro membro da equação):
claramente o tipo de força motriz que está sendo considerada. Usaremos, todavia, os coeficientes locais de transferência e
eventualmente os coeficientes médios de transferência. Neste capítulo também usaremos os fluxos molares das espécies,
pois que esse procedimento é o tradicionalmente utilizado na engenharia química. As relações entre as expressões para
transferência de massa, expressas em unidades de massa ou de moles, estão apresentadas na Tabela 22.2-1.
Os coeficientes locais de transferência são definidos escrevendo-se as Eqs. 22.1-3 e 4 em termos de uma área diferen-
cial. Como dWA 0 /dA = NAo e dE0 /dA = e0 , obtemos as seguintes definições
lim {:kº:]
x.,(1 +r)-+0 P~g.Ioc = kx,loc
(22.1-13)
pkp,loc
O sobrescrito Oindica que essas quantidades são aplicáveis apenas nos casos de pequenas taxas de transferência de massa
e pequenos valores da fração molar da espécie A.
Em muitos contactares industriais, o valor real da área interfacial não é conhecido. Um exemplo desse sistema seria o
de urna coluna recheada com partículas sólidas aleatoriamente distribuídas. Nessa situação, pode-se definir um coeficien-
te de transferência de massa volumétrico, k..a, que incorpora a área interfacial para uma região diferencial da coluna. A
taxa molar com que A é transferida através dos interstícios de fluido de volume Sdz da coluna é dado por
dWAo = (k,a)(xAO - XAb)Sdz + X.1o(dWAO + dWao)
= (k~a)(xt\O - XAb)Sdz (22.1-14)
642 CAPÍTULO V!NTE E DO!S
Aqui, a corresponde à área interfacial por unidade de volume, a qual é combinada com o coeficiente de transferência de
massa, Sé a seção reta da coluna e zé medida no sentido do escoamento principal. Correlações para a previsão dos valores
desses coeficientes estão disponíveis, mas elas devem ser usadas com cautela. Raramente elas incluem todos os parâme-
tros relevantes, e, em conseqüência, elas não podem ser extrapoladas para outros sistemas. 1•5 Além do mais, embora sejam
usualmente descritas como "locais'', representam na realidade um valor médio definido deficientemente sobre uma ampla
faixa de condições de interface. 1· 5
Concluímos esta seção definindo um grupo adimensional amplamente utilizado na literatura de transferência de massa
e no restante deste livro:
Sh=~
é!)JAB
(22.1-15)
o qual é denominado número de Sherwood baseado em um comprimento característico !0 • Essa grandeza pode ser "deco-
rada" com os subscritos 1, a, m, ln e loc da mesma maneira com que h foi decorada.
(22.2-1)
Assim, quando a área característica é escolhida como a área da interface, WL, verificamos que
= 1.128(ReSc)112 (22.2-2)
Essa equação expressa o número de Sherwood (o coeficiente de transferência de massa adirnensional) em termos do nú-
mero de Reynolds e elo número de Schmidt, com Re definido em termos da velocidade má'<ima v,,,áx do filme e do compri-
mento do filme, L. O número de Reynolds poderia também ser definido em termos da velocidade média do filme com um
coeficiente numérico diferente.
1
J. Stichlrnair and J.F. Fair, Distil/a1io11 Principies and Practice, Wiley, New York (1998).
'H.Z. Kister, Distillation Design, McGraw-Hill, New York (1992).
3
J.C. Godfrey and M.M. Slater, liquid-Liquid Extraction Equipmelll, Wiley, New York (1994).
4
R.H. Perry and D.W. Green, Chemical Engineers' Handbook, 8th ed., McGraw-Hill, New York (1997).
l J.E. Vivian and C.J King, in Modem Chemica/ E11gi11eeri11g (A. Acrivos, ed.), Reinhold, New York (1963).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-lSOTÊR."IICAS 643
~i~@~r,Â:Z~.2~1 •. ; :~~9~~_éii~err~erê~ci~.4e.q8!or.~·MAAs*_Pat~~~~~~'[~§f~~~1f:~ª~·TI~~t~~q~-.~~~sà
Gràndezas de transférêdcia de Grandezas de trànsferêricia de
Gnmdezasde massa em sistema5 binári.os massà.em sistemas binários
transferência de (fluidos isotérmicos, uriidades (fiuidos isotérmicos, uriidades
calor (fluidos puros) molares) de massa)_
Perfis
Difusividade .2iJAB
Fluxo q
Taxa de transforência Q
Q WAo - XAo(WAo + WBo) k = WAo - (t)Ao(WAo + Wao)
Coeficiente de transforência h =A l:iT AtixA " . Al:iw_4
Notas: {a) O subscrito Oeml, e v0 indica, respectivamente, o comprimento e a velocidade característicos, enquanto o subscrito Ona fração molar {ou mássica)
e o fluxo molar {ou mássico) significam "determinado na interface". {b) Todos os três números de Grashof podem ser escritos como Gr = /03pgÕ.plµ.2, desde
que a variação da densidade seja decorrente apenas por uma diferença de temperatura ou de composição.
Analogamente, na dissolução de um soluto A ligeiramente solúvel, da parede até a camada externa do filme líquido B
puro, podemos expressar a Eq. 18.6-10 na forma da Eq. 22.1-3 como se segue:
WAo _
- (221JAB
- 7-
f(3)
f;f;a
9
,,, )
::nAB
L (WL)(cAo - 0) = kc,mA _
o !lcA (22.2-3)
Então, usando a definição a= pgo/µ, dada logo após a Eq. 18.6-1 e a expressão para a velocidade máxima do filme na Eq.
2.2-19, determinamos o número de Sherwood na forma de:
Nesse caso temos não só os números de Reynolds e de Schrnidt aparecendo, mas também a relação entre a espessura e o
comprimento do filme.
Esses dois problemas - absorção de um gás por um filme líquido cadente e a dissolução de uma placa sólida por um
filme líquido cadente - ilustram duas situações importantes. No primeiro problema, não ocorrem gradientes de velocidade
.......
644 CAPÍ11JLO VINTE E DOIS
na interface gás-líquido, e a quantidade ReSc aparece elevada à potência (l /2) na expressão do número de Sherwood. No
segundo problema, ocorre um gradiente de velocidade na interface sólido-líquido, e a quantidade ReSc aparece elevada à
potência (1/3) na expressão do número de Sherwood.
(22.2-5)
kº D
Sh =~=
m 2/JAB
4 Dv_- _
3'JT 2/JAB -
4 (Dv "'
3'JT --µ:-
p)( ,.,.,
11.
p2/JAB
)
= 0,6415(ReSc)112 (22.2-6)
Aqui o número de Reynolds é definido usando-se a velocidade de aproximação v~do fluido (ou, alternativamente, a velo-
cidade terminal da bolha ascendente).
Para o escoamento lento em torno de uma esfera sólida recoberta de um material A ligeiramente solúvel no líquido que
escoa em torno dela, podemos modificar o resultado na Eq. 12.4-34 para obter
. = (3'1T)
213
3~ e -
27/3[(~) -Y-ri2 ( A
N O = kº ó.e (22.2-7)
AO,med ) - c,m A
(22.2-9)
(22.2-11)
12
Sh = kºc,!oclO = __1_ (ReSc)l/3 3
(l {3")3/2
lz ~ (22.2-12)
Ioc 0JAB 91/3fG) Jx Yh;}3h)t.,dx Do
o
em que o coeficiente numérico tem o valor de 0,5348. Nessas equações 10 e v0 representam o comprimento característico
e a velocidade característica que podem ser escolhidos após a forma do objeto ter sido definida. Novamente aqui vemos
que, independentemente da forma do objeto, a quantidade ReSc aparece elevada à potência(!) no sistema fluido-fluido e
à (t) no sistema sólido-fluido. Os radicandos que aparecem nas expressões do número de Sherwood são adimensionais_
-
NAo - 0,620
(0l2}iül/2)
--;;t/6 (cAo - - o
O)= kc,11l:i.cA (22.2-13)
Bocal
taxa de calor adicionado por condução entre as seções 1 e 2 da Fig. 14.3-1 e a taxa molar adicionada de espécie A por
difusão entre as seções 1 e 2 na Fig. 22.3-1 são dadas pelas seguintes expressões, ambas válidas tanto para escoamento
laminar quanto turbulento.
Agora inserimos as variáveis adimensionais r= r/D, z= z/D, t = (T - To)f(Ti - To) e XA = (xA - XAo)f(xAl - XAo) e
rearranjamos para obter
/Jde dz
Aqui, Nu é o número de Nusselt para transferência de calor sem transferência de massa, e Sh é o número de Sherwood
(22.3-6)
para transferência de massa em sistemas isotérmicos e baixos valores da taxa de transferência de massa. O número
de Nusselt e o de Sherwood são gradientes de temperatura e de concentração adimensionais integrados ao longo da
superfície.
Em princípio, esses gradientes podem ser determinados pelas Eqs. 11.5-7, 8 e 9 (para transferência de calor) e pelas
Eqs. 19.5-8, 9 e 11 (para transferência de massa), sujeitas às seguintes condições de contorno (com v e@> definidos na
Seção 14.3 e com a média temporal das soluções no caso de escoamento turbulento):
velocidade e pressão:
emz =O, v = ô2 para o:5 r< ! (22.3-7)
em r = !, v =O para z;:::: O (22.3-8)
em r Oe z =O, c}Ji =O (22.3-9)
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 647
temperatura:
emz =O, T = 1 para0:5r<~ (22.3-10)
em r = ~' t =O paraO:s;z:s;L/D (22.3-11)
concentração:
emz = O,xA = 1 para o:s; r < ~ (22.3-12)
em r = ~,xA = 0 para O:s; z :s; L/D (22.3-13)
A condição de contorno na Eq. 22.3-8, relacionada à velocidade na parede, é precisa para o caso de transferência de calor
e também para transferência de massa, desde que o termo xA0(WAo + W80 ) seja pequeno; esse último critério é discutido nas
Seções 22. l e 8. Nenhuma condição de contorno é necessária na seção de saída, z = UD, quando desprezamos os termos
relacionados a2/az2 nas equações da conservação de modo análogo ao que foi feito nas Seções 4.4 e 14.3.
Se pudermos desprezar o calor gerado por dissipação viscosa na Eq. 11.5-9 e se não houver prndução de A por reação
química como indicado na Eq. 19.5-11, então as equações diferenciais para a transferência de calor e de massa são análo-
gas juntamente com as condições de contorno. Daí segue-se que os perfis adimensionais de temperatura e de concentração
(médio temporal, quando necessário) são similares,
T = F('f, e, z, Re, Pr); iA = F(r, e, z, Re, Se) (22.3-14, 15)
que correspondem à mesma forma d~ F em ambos os sistemas. Assim, para se obter os perfis de concentração a partir dos
perfis de temperatura, substituímos T por xA e Pr por Se.
Finalmente, inserindo os perfis nas Eqs. 22.3-5 e 6 e fazendo as integrações e tomando a média temporal obtemos para
a convecção forçada
Nu 1 = G(Re,Pr,L/D); Sh 1 = G(Re, Se, L/D) (22.3-16, 17)
Aqui G corresponde à mesma função em ambas equações. A mesma expressão formal é obtida para Nuª' Nu1", Nu 10c bem
como para os números de Sherwood correspondentes. Essa importante analogia permite que se escreva uma correlação de
transferência de massa a partir da correlação de transferência de calor através de uma simples substituição de Nu por Sh,
e Pr por Se. O mesmo procedimento pode ser adotado para uma outra geometria e para escoamento laminar ou turbulento.
Note, todavia, que para obter essa analogia temos que supor (i) propriedades físicas constantes, (ii) pequenos valores da
taxa líquida de massa, (iii) ausência de reação química, (iv) ausência de calor gerado de dissipação viscosa, (v) nenhuma
absorção ou emissão de energia radiante e (vi) nenhuma difusão por pressão, difusão térmica ou difusão forçada. Alguns
desses efeitos serão discutidos nas seções subseqüentes deste capítulo; outras serão tratadas no Cap. 24.
Para a convecção natural em torno de objetos de forma arbitrária, uma análise similar mostra que
Num = H(Gr, Pr); Sh"' = H(Gr.rt Se) (22.3-18, 19)
Aqui H corresponde à mesma função em ambos os casos, e o número de Grashof para ambos processos é definido de
forma análoga (ver na Tabela 22.2-1 um resumo das quantidades análogas para a transferência de calor e de massa).
Para levar em conta a variação das propriedades físicas em sistemas com transferência de massa, estendemos os proce-
dimentos introduzidos no Cap. 14 para sistemas com transferência de calor. Isto é, geralmente determinamos as proprie-
dades físicas relacionadas às condições da composição e da temperatura do filme, exceto para o caso da relação da visco-
sidade, µJ /Lo·
Apresentamos agora três procedimentos de como "traduzir" as correlações de transferência de calor em correlações ele
transferência de massa:
A analogia tríplice que aparece na Eq. 22.3-22 é correta para o caso em que os valores de Pr e Se são próximos da unidade
(ver Tabela 12.4-1) com as restrições mencionadas após a Eq. 22.3-17. Para o escoamento em tomo de outros objetos, a
parte relativa ao fator de atrito não é válida devido ao arraste de forma, e mesmo no caso de escoamento em tubos de seção
circular a analogia com (l/2)fi0 c é apenas aproximada (ver Seção 14.4).
A ANALOGIA DE CHILTON-COLBURN
A analogia empírica mais extensamente utilizada
jH = j0 =função de Re, geometria e condições de contorno (22.3-25)
demonstrou ser bastante útil para o escoamento transversal em torno de cilindros, leitos recheados e escoamento em tubos
a altos valores do número de Reynolds. Para o escoamento em dutos e em leitos recheados, a "velocidade de aproxima-
ção" v,, tem que ser su.pstituída pela velocidade intersticial ou pela velocidade superficial. A Eq. 22.3-25 é a forma usual
da analogia de Chilton-Colburn. Todavia, das Eqs. 22.3-20 e 21, resulta que a analogia é válida para o escoamento em
torno de esferas somente no caso em que Nu e Sh são substituídos por (Nu - 2) e (Sh - 2).
Não seria adequado deixar a .impressão de que todos os coeficientes de transferência de massa podem ser obtidos a
partir das formas correspondentes dos coeficientes de transferência de calor. No caso de transferência de massa encontra-
mos urna variedade muito maior de condições de contorno e de diferentes faixas de valores das variáveis relevantes. O
comportamento que não pode ser resolvido com esse procedimento é discutido nas Seções 22.5-8.
EXEMPLO 22.3-1
Evaporação de uma Gota em Queda Livre
Uma gota esférica de água, 0,05 cm de diâmetro, está caindo com uma velocidade de 215 cm/s através de ar seco e estag-
nado a 1 atm sem circulação interna. Determine a taxa instantânea de evaporação da gota, quando a sua superfície está a
T0 = 70ºF e a temperatura do ar (longe da gota) é de T = 140°F. A pressão de vapor da água a 70ºF é de 0,0247 atm.
00
SOLUÇÃO
Designamos a água como a espécie A e o ar como a espécie B. A solubilidade do ar na água pode ser desprezada, de modo
que W80 =O. Admitindo então que a taxa de evaporação é pequena, podemos escrever aEq. 22.1-3 para a superfície esfé-
rica total na forma de
(22.3-26)
1
T.H. Chilton and A.P. Colbum, fnd.Eng.Chem., 26, 1183-1187 (1934).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 649
Considerando que não há circulação interna, o coeficiente de transferência de massa médio, k""' pode ser determinado pela
Eq. 22.3-21.
As condições do filme necessárias para a determinação das propriedades físicas são obtidas da seguinte forma:
Para o cálculo de xAJ admitimos o comportamento de gás ideal, equilíbrio na interface e completa insolubilidade do ar na
água. A fração molar média, xAJ, do vapor d' água é considerada suficientemente pequena de modo que ela pode ser despre-
zada na determinação das propriedades físicas do filme.
Esse resultado corresponde a um decréscimo de 1,23 X io- 3 cm/s no diâmetro da gota e indica que uma gota desse tama-
nho cairá por uma distância considerável antes que ela se evapore completamente.
Nesse exemplo, para simplificar, foram dadas a velocidade e a temperatura da superfície da gota. Geralmente, essas
condições devem ser calculadas a partir das equações de balanço de momento e de energia, como discutido no Problema
22B.l.
EXEMPLO 22.3-2
Psícrômetro de Bulbos Seco e Úmido
A seguir voltamos a nossa atenção para um problema para o qual a analogia entre transferência ele calor e de massa conduz
a um resultado que, embora aproximado, é surpreendentemente simples e útil. O sistema, ilustrado na Fig. 22.3-2, se cons-
titui de um par de termômetros, um dos quais é coberto por uma mecha cilíndrica mantida saturada com água. A mecha é
resfriada pela evaporação da água na corrente de ar e, em regime permanente, a temperatura medida vai se aproximar
assintoticamente de uma condição denominada temperatura do bulbo zímido. Por outro lado, a leitura do outro termôme-
tro tenderá à temperatura do ar, condição essa denominada temperatura do bulbo seco. Obtenha uma expressão para a
determinação da umidade do ar a partir das leituras dos termômetros de bulbo seco e úmido desprezando os efeitos de
radiação e admitindo que a substituição da água que se evapora não afeta significativamente a leitura do bulbo úmido. No
Problema 22B.2 veremos como a radiação pode ser levada em conta.
650 CAPÍTULO VINTE E DOIS
Termômetro de Superfície 2
bulbo seco
Superfície
cilíndrica de
transferência
de massa de
diâmetro D e Ampliação
Corre~ás
comprimento L do detalhe
em um tubo
Plano de
referência,
Reservatório de ~ _ L
_superfície
líquido A mantido l Líquido que entra a
à temperatura T0 Ti =To
e vazão mássica
WA1 = WAo
Fig.22.3-2 Ilustração de um psicrômetro de bulbo seco e de bulbo úmido. Admite-se que através do plano 2 não há transferência de calor ou
de massa.
SOLUÇÃO
Para simplificar, vamos admitir que a velocidade da água é suficientemente elevada de modo que leitura do termômetro
não é afetada por efeitos de radiação e por condução de calor ao longo da haste do termômetro, mas não tão elevada de
modo que os efeitos de geração de calor por dissipação possam ser desprezados. Essas suposições são usualmente satisfa-
tórias para termômetros de vidro e para velocidades do ar na faixa de 30 a 100 ft/s. A leitura do termômetro de bulbo seco
será então a mesma temperatura T,,, do gás, e a leitura do bulbo úmido será a mesma temperatura do exterior da mecha, T 0 •
Seja a água denominada como a espécie A e o ar como a espécie B. Um balanço de energia é feito no sistema de com-
primento L da mecha (a distância entre os planos 1 e 2 da figura). A taxa de calor adicionada ao sistema pela corrente de
gás é h,,.(7TDL)(T.,, - T0). A entalpia também entra através do plano 1 a uma taxa WA 1H,11 na fase líquida e sai através da
superfície de transfetência de massa a uma taxa W,1jlA0 , ambas ocorrendo a urna temperatura T0 . Assim, do balanço de
energia resulta
(22.3-32)
uma vez que a água entra no sistema no plano 1 à mesma taxa que ela sai na forma de vapor na interface de transferência
de massa O. Como uma boa aproximação, podemos substituir HA 1 - H110 por 6.fimp• que é o calor de vaporização da água.
Da definição do coeficiente de transferência de massa
(22.3-35)
Devido à analogia entre transfetência de calor e de massa, podemo~ esperar que os números de Nu e de Sherwood médios
sejam da mesma forma
Num = F(Re)Pr"; Sh111 = F(Re)Sc" (22.3-36, 37)
em que Fé a mesma função de Reynolds em ambas as expressões. Assim, conhecendo-se as temperaturas do bulbo úmido
e do bulbo seco e a fração molar do vapor d' água adjacente à mecha (xA 0), podemos calcular a concentração do ar a jusante
x11 ,., por meio da equação
(22.3-38)
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 651
Até certo ponto, o valor elo expoente n depende ligeiramente da geometria, porém não se afasta muito do valor (1/3), e G
valor ela quantidade (Sc/Pr) 1-n não se afasta muito da unidade. 2 Além disso, a temperatura elo bulbo úmido pode ser con-
siderada independente do número ele Reynolds nas condições de validade das Eqs. 22.3-36 e 37. Esse resultado seria tam-
bém obtido usando as relações de Chilton-Colburn, das quais resultaria o valor ele n = !.
A composição do gás na interface XAo pode ser calculada com grande precisão, para o caso de baixos valores da taxa de
transferência de massa, e desprezando a resistência na própria interface ao transporte de calor e de massa (ver na Seção
22.4 a discussão sobre o assunto). Pode-se representar xA0 pela relação de equilíbrio líquido-vapor:
XAo = XAo<To, p) (22.3-39)
Uma relação desse tipo é válida para as dadas espécies A e B se o líquido A é puro, como admitimos anteriormente. Uma
relação aproximada comumente utilizada é
PA,vap
XAo=-p- (22.3-40)
na qual PA ...ap é a pressão de vapor de A puro à temperatura T0 • Essa relação admite tacitamente qué a presença de B não
altera a pressão parcial de A na interface, e que A e B fo1mam uma mistura gasosa ideal.
Se, em uma mistura ar-água a 1 atm resulta uma temperatura do bulbo úmido de 70ºF e uma temperatura do bulbo seco
de 140ºF, então
EXEMPLO 22.3-3
Transferência de l'r!assa em Escoamento Lento Através de Leitos com Recheio
Muitas operações de adsorção, desde a purificação de proteínas na moderna biotecnologia até a recuperação de vapor de
solvente em empresas de lavagem a seco, ocorrem em leitos recheados com partículas e são conduzidas em regimes de
2 Uma equação ligeiramente diferente, com 1 - n = 0,56, foi recomendada a partir de medidas no ar por C.H. Bedingfield and T.B. Drew, lnd. Eng. Clzem., 42, 1164-
1173 (1950).
3 O.A. Hougen, K.M. Watson, and R.A. Ragatz, Chemical Process Principies, Part I, 2nd. ed., Wiley, New York, (1954), p. 120.
652 CAPÍTULO VINTE E DOIS .
escoamento lento - isto é, em valores de Re = 'll!Pv0p/µ, < 20. Aqui r;!DP é o diâmetro efetivo da partícula e v0 é a velocidade
superficial, definida como a vazão volumétrica dividida pela área da seção reta do leito (ver Seção 6.4). Segue-se que a
velocidade adimensional v/v0 terá uma distribuição espacial independente do número de Reynolds. Informação detalhada
só está disponível para o recheio- constituído de partículas esféricas.
Considerando regime permanente e escoamento lento, use a análise dimensional discutida no início dessa seção para
determinar a expressão da corr~iação para o coeficiente de transferência de massa.
SOLUÇÃO
O desenvolvimento da análise dimensional apresentado na Seção 19.5 pode ser usado, comDP considerado o comprimen-
to característico e v0 a velocidade característica. Assim, da Eq. 19.5-11, constatamos que a concentração adimensional
dependerá somente do produto ReSc, bem como da posição adimensional e da geometria do leito.
A maior quantidade de dados para escoamento lento foi obtida para valores elevados de Péclet. Dados experimentais
sobre a dissolução de esferas de ácido benzóico em água 4 forneceram a seguinte expressão
1
Shm = ~ 9 (ReSc)113 ReSc >> 1 (22.3-43)
em que t: é a fração volumétrica do leito ocupada pelo fluido. A Eq. 22.3-43 é razoavelmente coerente com a relação
kc,sDp
Shm = QllAs ""'10 (22.3-45)
onde kc.s é o coeficiente efetivo de transferência de massa dentro da fase sólida e Ql)Ar a difusividade de A dentro da fase
sólida. A equação não se aplica ao caso de variações "lentas" da concentração do soluto que envolve a partícula. Essa é
uma solução assintótica para uma variação linear da onda de concentração na superfície com o tempo, 8 que foi confirmada
analiticamente 9• Para uma onda de concentração com distribuição gaussiana, o termo "lentas" implica que a passagem do
tempo (desvio médio temporal) da onda é longo relativo ao tempo de resposta do efeito difusivo na partícula, que é da
ordem de D"};/6Ql)A,. A segunda lei de Fick deve ser resolvida com a história prévia detalhada da concentração da superfície
quando essa desigualdade não for satisfeita.
Em leitos recheados, como no escoamento em tubos, deve-se levar em conta o fato de que ocorrerão não-uniformida-
des na concentração em função da coordenada radial. Esse assunto foi discutido na Seções 14.5 e 20.3.
'E.J. Wilson and C.J. Geankopolis, lnd. Eng. Chem. Fundamentais, 5, 9-14 (1966). Ver também J.R. Selman and C.W. Tobias, Advances in Chemical Engineering, 10,
212-318 (1978), para um resumo abrangente de correlações de coeficentes de transferência de massa obtidas por experimentos eletroquímicos.
; V.G Levich, Physicochemical Hydrodynamics, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1962), §14.
6
J.P. S1<1rensen and W.E. Stewart, Chem. Eng. Sei., 29, 811-837 (1974).
7
A.M. Athalye, J. Gibbs, and E.N. LightfooÍ, J.Chromatography, 589, 71-85 (1992).
'H.S. Carslaw and J.C. Jaeger, Condui:tion'of Heat in Solids, 2'd ed., Oxford University Press (1959), §9.3, Eqs. IO and 11.
9
1.F. Reis, E.N. Lighfoot, P.T. Noble, and A.S. Chiang, Sep. Sei. Tec/1., 14, 367-394 (1979).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 653
EXEMPLO 22.3-4
Transferência de Massa em Gotas e Bolhas
Tanto nos contactores gás-líquido 10 quanto nos contactores líquido-líquido,ll aprays de gotas de líquido ou névoas de bo-
lhas são freqüentemente encontrados. Compare o comportamento relativo à transferência de massa desses equipamentos
com o comportamento que se verifica no caso de esferas sólidas.
SOLUÇÃO
Muitos comportamentos distintos são encontrados, e forças de superfícies podem desempenhar um papel muito importan-
te. Na Seção 22.7 discutimos as forças de superfície com algum detalhe. Aqui consideramos somente os casos limite e
sugerimos ao leitor consultar as referências antes citadas.
Gotas e bolhas de pequeno diâmetro se comportam da mesma forma que esferas sólidas e podem ser tratadas pelas
correlações obtidas no Exemplo 22.3-3 e no Cap.14. Todavia, se ambas as fases adjacentes não contêm agentes surfactantes
ou partículas de contaminantes de pequeno diâmetro, ocorre uma circulação no interior da fase arrastando as regiões ad-
jacentes do exterior da fase. Essa "circulação de Hadamard-Rybczinski" 12 aumenta sensivelmente as taxas de transferên-
cia de massa, freqüentemente de urna ordem de grandeza, as quais podem ser estimadas por extensões 13•16 do "modelo da
penetração" discutido na Seção 18.5. Assim, para urna bolha esférica do gás A, com diâmetro D, que ascende através de
um líquido B puro, o número de Sherwood relativo ao líquido se situa na faixa de 16
4 Dv1
-3 r.;;- < Shm <
~Dv 1
1T r.;;- (22.3-46)
7i ;;:vAB ;:vAB
Sh111 = (22.3-47)
192cr
w (22.3-48)
D3(3p 0 + 2pc)
em que <J é a tensão interfacial, e p0 e Pc são respectivamente as densidades da gota e da fase contínua.
O sucesso desse modelo implica que a condição de contorno é freqüentemente renovada a cada oscilação, porém há
ainda um pequeno efeito decorrente do estiramento da superfície.
'º J. Stichlmair and J.F. Fair, Discillatio11 Principies a11d Practice, Wiley, New York, (1998).
11 J.C. Godirey and M.M. Slater, Liquid-Liquid Extractio11 Equipment, Wiley, New York (1994).
"J. Happel and H. Brenner, Low Reynolds Nwnber Hydrody11amics, Martinus Nijhoff, The Hague (1983).
' J.B. Angelo, and E.N. Lightfoot, and D.W. Howard, AJChE Journal, 12, 751-760 (1966).
3
'"J.B. Angelo and E.N. Lightfoot, AIChE Joumal. 12, 531-540 (1968).
"W.E. Stewart, J.B ...\ngelo, and E.N. Lightfoot, AJC/rE Joumal, 16, 771-786 (1970).
16
R. Higbie, Trans. AJChE, 31, 365-389 (1935).
17 R.R. Schroeder and R.C. Kintner, AJChE Jouma/, 11, 5-8 (l965).
654 CAPÍTULO VINTE E DOIS
Fase gasosa
:Mistura de A e B
Tratamos de uma situação análoga para a transferência de massa, só que agora estamos tratando de dois fluidos em
contato direto entre si, de modo que a resistência da parede ou da interface é eliminada. Essa é a situação mais freqüente-
mente encontrada na prática. Uma vez que a própria interface contém quantidades significativas de massa, iniciamos ad-
mitindo a continuidade do fluxo mássico total na interface para qualquer espécie que está sendo transportada. Assim, para
o sistema ilustrado na Fig. 22.4-1, escrevemos
NAolgás = NAol1rquida= NAo (22.4-1)
para o fluxo interfacial de A em direção à fase líquida. Usando a definição dada na Eq. 22.1-9, obtemos
NAo = k~,loc(YAb - YAo) = k~,loc(XAo - XAb) (22.4-2)
na qual estamos mantendo a notação x para representar as frações molares na fase líquida e y para as frações molares na
fase gasosa. Temos agora que inter-relacionar as composições interfaciais das duas fases.
Na maioria dos casos isso pode ser feito admitindo um equilíbrio através da interface, de modo que as composições das
fases gasosa e líquida adjacentes estão sobre uma curva de equilíbrio (ver Fig.22.4-2), que é obtida a partir de dados de
solubilidade:
(22.4-3)
Exceções para isso são: (i) taxas de transferência de massa elevadas, que ocorrem em fases gasosas sob alto vácuo, onde
NAo tende a PAo!Y27rMART, a taxa de equilfürio na qual as moléculas gasosas atingem a interface; e (ü) interfaces contami-
nadas com concentrações elevadas de partículas adsorvidas ou moléculas de surfactantes. A situação (i) é muito rara e a situ-
ação (ií) tem normalmente um efeito indireto mudando o comportamento do escoamento em vez de causar desvios no equi-
lfbrio. Nos casos extremos a contaminação da superfície pode gerar resistências adicionais ao transporte de massa.
1 /. 1
1
1
Composição /. / '1 YAb-YAO
1 na interface / 1
1 XAO-YAO ;, 1
1 ' 1
Linhade 1 -------Ó
inclinaçãomy1'. xAc-xAo
l~·
XAl•YAe 1
Para descrever as taxas de transporte entre fases, pode-se usar a Eq. 22.4-2 e 3 e calcular as concentrações na interface
e então usar os coeficientes para uma única fase, ou então usar os coeficientes globais de transferência de massa
(22.4-4)
Aqui YAe é a composição da fase gasosa em equilíbrio com a fase líquida de composição xAb' e xAe é a composição da fase
líquida em equilíbrio com a fase gasosa de composição YAh· A quantidade fí!Jvloc é o coeficiente global de transferência de
massa "baseado na fase gasosa" e~. lac é o coeficiente global de transferência d~ massa "baseado na fase líquida". Novamen-
te aqui o fluxo molar N,10 é considerado positivo para a transferência de massa no sentido da fase gasosa para a fase líquida.
Igualando as duas quantidades nas Eqs. 22.4-2 e 4, resultam as seguintes relações
(22.4-7, 8)
Como podemos verificar da Fig. 22.4-2, m., é a inclinação da reta que liga os pontos (xA 0, YAo) e (xA,, YAh) sobre a curva de
equilíbrio, e my é a inclinação da reta que liga os pontos (xAb, YA,) e (xA 0, Y,w).
Das relações anteriores podemos eliminar as concentrações e obter as relações entre os coeficientes de transferência de
massa de uma única fase com os coeficientes de duas fases.
~"' =H º 1 º ds
s (1 f Jcz,Ioc) + (1 f m}cy,loc)
(22.4-12)
Freqüentemente, os valores dos coeficientes de transferência de massa médios de área são calculados a partir dos valores
dos coeficientes médios de área de duas fases adjacentes:
k/Í) - 1 (22.4-13)
x,aprox - ( /Jcº
1 xm) + (1 / m}c!fl0 11 )
656 CAPÍTULO VINTE E DOIS:· •
Os dois valores médios representados pelas Eqs. 22.4-12 e 13 podem diferir significativamente entre si (ver Exemplo
22.4-3).
EXEMPLO 22.4-1
Determinação da Resistência Controladora
Oxigênio deve ser removido da água usando nitrogênio à pressão atmosférica e a 20ºC na forma de bolhas com circulação
interna, corno ilustrado na Fig. 22.4-3. Estime a importância relativa dos dois coeficientes de transferência de massa félx,loc
e fél1.1ac· Seja A designando 0 2 , B, H20 e C, N2 •
SOLUÇÃO
Podemos resolver esse problema admitindo que o modelo da penetração (ver Seção 18.5) se aplica para cada fase, de
modo que
kºx,loc -k
- x,loc
-cj€AB.
- -:;r-'
1
exp
.O _ _
ky,loc - ky,loc - Cg
1€~AC
-:;r-
exp
(22.4-14)
em que c1 e cc representam, respectivamente, as concentrações molares na fase líquida e na fase gasosa. O tempo de con-
tato efetivo, t~'P' é o mesmo para cada urna das fases.
A solubilidade do 0 2 na água a 20ºC é de 1,38 X 10-3 mol/L a uma pressão parcial de oxigênio de 760 mm Hg, a pres-
são de vapor da água é de 17 ,535 mm Hg, e a pressão total nas medidas de solubilidade é de 777 ,5 mm Hg. A 20°C, a
difusividade do 0 2 na água é 2llAB = 2,1 X 10- 5 cm 2/s, e na fase gasosa a difusividade do par 0 2 -N2 é ®Ac = 0,2 cm2/s.
Podemos então escrever
k~,loc e, [qi;; 1
(22.4-15)
mz.D
''1f,]OC
=c;.y~·m
C1 Ct 1.000/18
t:; = (p/RD = (777.5/760)/(0,08206)(293,5) = 13 8 º (22.4-16)
'•
1
Água
contendo
oxigênico
,L
.1.
1
Nitrogênio Fig.22.4-3 Diagrama esquemático de uma coluna de esgotamento de oxigênio, na qual o oxigêrüo
gasoso dissolvido na água se difunde para as bolhas de nitrogênio:
'TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 657
~ = 2.1 0,2
,;q;;;;._ J X lO-s = 0,01 (22.4-17)
kº
r,~oc = (1308)(0,01)(2,54 X 10-5) = 3,32 X 10- 4 (22.4-19)
mky,Joc
Portanto, a única resistência significativa é a correspondente à fase líquida, e a suposição do comportamento de pene-
tração na fase gasosa não é crítica para concluir que a fase líquida é a fase controladora. Poderá ser também constatado
que o fator dominante é a baixa solubilidade do oxigênio na água. Pode-se generalizar e estabelecer que a absorção e
a dessorção de gases pouco solúveis são quase sempre controladas pela fase líquida. A correção dos coeficientes da
fase gasosa para a taxa líquida de transferência de massa é claramente irrelevante, e a correção para a fase líquida é
desprezível.
EXEMPLO 22.4-2
Interação das Resistências das Fases
Há muitas situações para as quais os coeficientes de transferência de massa de uma única fase não são disponíveis para as
condições de contorno de problemas de transferência de massa para duas fases, e constitui uma prática corrente usar os
modelos de uma fase nos quais as condições de contorno são utilizadas, sem que a interação dos processos difusivos que
ocorrem em duas fases seja levada em conta. Tal simplificação pode introduzir erros significativos. Avalie esse procedi-
mento para a lixiviação de um soluto A de uma esfera sólida de B de raio R imersa em um fluido parcialmente agitado C,
cujo volume é tão grande que a concentração média global de A pode ser desprezada.
SOLUÇÃO
A descrição completa do processo de lixiviação é dada pela solução da segunda lei da difusão de Fick escrita em tennos da
concentração de A no sólido contido na região O< r < R:
na qual cs é finita no centro da esfera, e, = C1 na superfície da esfera e cs = 1 por toda a esfera no tempo t = o.
658 CAPITULO VINTE E DOIS
(22.4-27, 28)
com E, finita no centro da esfera, e E,= E, na superfície da esfera. A solução das Eqs. 22.4-27 (que é uma equação não-
homogênea análoga à Eq. C.1-6a) e 28 é dada por
N senhVpÇ 1
C=
5 +- (22.4-29)
p[Vp coshVp (1 - N)senhVp] Ç P
A transformada de Laplace de MA, a massa total de A dentro da esfera no tempo t, é
(22.4-30)
A transformada inversa, usando o desenvolvimento em frações parciais de Heaviside para raízes múltiplas, 1 dá
MA(t) -- 6 ~
..z., B11 exp ( -A 2(i) / 2)
- -
4 3
- 11 ~ABt R (22.4-31)
31iR CAo 11=1
2
1)
Bn = ( n1i (22.4-34, 35)
Note que obtivemos a massa total de A transferida através da interface, MA(t), sem conhecer a expressão para o perfil da
concentração no sists:ma. Essa é uma das vantagens em se utilizar a transformada de Laplace.
Podemos agora definir dois coeficientes globais de transferência de massa: (i) a expressão usual do coeficiente global
de transferência de massa para esse sistema baseado na fase sólida
_1_=-1-~+~ (22.4-37)
J<.,aprox R dM~/ dt kc
onde o sobrescrito O indica "resistência externa nula" e kc é o coeficiente de transferência na fase líquida.
1 1
1
"' 1 li
1
1\
LI 'I 1
I/ 1
" 'r-. li
'--- 1 H Fig. 22.4-4 Relação entre os valores exatos e aproximados dos coeficientes
0,1 10 100 de transferência de massa na lixiviação de um soluto de uma esfera, para va-
lores elevados de ®.,.at1R2 versus a relação adimensional m r.22li AB/3RKc-
1
A. Erdélyi, W. Magnus, F. Obe~hettinger, and F.G. Tricomi, Tab/es of In1egra/Transforms, McGraw-Hill (1954), p. 232, Formula 21.
TRANSPORTE Et-.'TRE FASES EM MISTURAS N.à.o-IsoTÉRMICAs 659
Podemos agora fazer uma comparação entre K, e Ks,aprox- Fazemos isso somente para 0 caso de valores elevados de 0J. vifR2,
para o qual o termo dominante da soma indicada na Eq. 22.4-31 sobressai. Para essa situação, obtemos
(22.4-38)
_IS_ = ~
l<s,aprox ef-
(l + r.2m0J AB)
3Rkc
(22.4-39)
em que À1 deve ser calculado no valor específico de kc; atente para o fato de que À1 é obtido da Eq. 22.4-32, na qual N =
kfl/m0JAB. Um gráfico da Eq. 22.4-39 é mostrado na Fig. 22.4-4. Nessa figura podemos constatar que o erro máximo no
modelo dos dois filmes ocorre próximo a 'ii2/3N = 1, e que o afastamento da teoria dos dois filmes é apreciável, porém não
muito grande.
EXEMPLO 22.4-3
2
Cálculo de Médias em Áreas
Considere uma seção qualquer de uma torre recheada para a qual medidas individuais dos coeficientes de transferência de
massa de cada fase fornecem a seguinte relação
14:,n = 10 (22.4-40)
m~m
mas na qual a fase líquida apenas molha a metade da superfície do recheio. Aqui o subscrito m refere-se ao valor médio
relativo a uma área típica S da superfície do recheio. O coeficiente de transferência <la fase gasosa, por outro lado, é uni-
forme ao longo de toda a superfície. Esse exemplo hipotético corresponde a um caso particular de molhamento não-uni-
forme. Calcule os valores exatos e os aproximados de Jél,11/K°xm de acordo com as Eqs. 12.4-12 e 13.
SOLUÇÃO
Iniciamos com a Eq. 22.4-12 e notamos que para a metade da área félx,loc = O, e que para a outra metade
k~,loc = ~m (22.4-41)
enquanto para a fase gasosa
~.loc = k~m (22.4-42)
Assim, da Eq. 22.4-12, resulta
Dessa e das Eqs. 22.4-40 e 22.4-9 encontramos que o valor correto de Jél"',,!K°·"'' é
k~ = 1+2 ~ = 21 (22.4-44)
~'711 mkim
enquanto o valor aproximado da Eq: 22.4-13 é
k~ = 1+ k°= = 11 (22.4-45)
.K1],n mk~m
Assim, a má distribuição do coeficiente de transferência de massa na fase líquida reduz a taxa de transferência de massa à
metade, embora, "na média", a resistência da fase líquida seja muito baürn. A indisponibilidade geral de informações de-
talhadas é mais uma razão para justificar as incertezas na previsão do comportamento de contactores complexos.
2
C.J. King, AIChE Journal, 10, 67 J-677 (1964).
660 CAP[TULO VlNTE E DOIS
EXEMPLO 22.5-1
Estimativa da Árealnterfacial em uma Coluna com Recheio
Medidas de transferência de massa em sistemas com reações irreversíveis de primeira ordem têm sido freqüentemente
utilizadas para estimar a área interfacial de equipamentos complexos de transferência de massa. Mostre como esse método
'i pode ser justificado.
~
iJ
SOLUÇÃO
O sistema aqui considerado é o da absorção de dióxido de carbono em uma solução cáustica, que é limitada por uma hidra-
tação do C02 dissolvido de acordo com a reação
(22.5-2)
O ácido carbônico então reage com o NaOH a uma taxa que é proporcional à concentração do dióxido de carbono. A ci-
nética dessa reação já foi bem estabelecida. 1
A solução desse problema de difusão foi apresentada no Problema 20C.3. Da Eq. 20.3-3, determinamos que para tem-
pos longos 2• 3
WAo = AcAoY0JAB1ré;' (22.5-3)
que pode serresolvida em termos da área total da superfície. Segue-se que a área total da superfície A sob consideração é dada por
A= 1 dMA,tot
(22.5-4)
CAoY0JAB/é;' dt
aqui M,1,,01 é o número de moles de dióxido de carbono absorvido no tempo t.
Esse desenvolvimento é imediatamente aplicado para um filme de líquido cadente de comprimento L e velocidade
superficial v,, desde que k/.)v, > > 1. A reação química de primeira ordem em camada limite com transferência de massa
é discutida no Exemplo 18.4-1 para um modelo simples de filme e no Exemplo 20.1-3. Esse procedimento pode ser tam-
bém estendido para estimar a área interfacial em colunas recheadas, nas quais a fase líquida é suportada como um filme
líquido sobre uma superfície sólida, uma configuração bastante comum.
1
T.K. Sherwood, R.L. Pigford, and C.R. Wilke, Mass Transfer, McGraw-Hill, New York (1975), Chapter 8.
2
P.V. Danckwerts, Trans. Faraday Soe., 46, 300-304 (1950).
3
R.A.T.O. Nijsing, Absortie }'Qfl gassen in vloeistoffen, sondercn mel chemische reactie, Academisch Proefsthrift, Delft (!957).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MfSTURAS NÃO-{SOTERMICAS 661
EXEMPLO 22.5-2
Estimativa dos Coeficientes Volumétricos de Transferência-àe Massa
A seguir, consideraremos a absorção de um gás seguida dé uma reação química de primeira ordem em um tanque agitado,
tendo como ponto de partida a reação
02 + 2Na2S03 ~ 2NazS04 (21.5-5)
já discutida no Exemplo 18.4-1, usando um filme líquido delgado como modelo de transferência de massa.
SOLUÇÃO
Esse não é um modelo realista, porém o desenvolvimento. ilustrado no Exemplo 18.4-1 pode ser refeito em uma forma de
modelo insensível escrevendo-se
(22.5-6)
de modo que
(22.5-7)
O subscrito AB deve ser trocado para 0 2S, em que S representa a solução de snlfito.
Pode-se testar a sensibilidade do modelo do sistema comparando-se o modelo do filme com o modelo da penetração.
Isso é feito na Fig. 22.5-1, onde se pode constatar que não há diferença significativa entre os dois. 4 Ademais, há uma subs-
tancial região do espaço do parâmetro onde a taxa prevista para a absorção do oxigênio é idêntica à da absorção física no
tanque livre de oxigênio. Esse sistema químico comprovou-se um meio bastante utilizado para a estimativa de coeficien-
tes volumétricos de transferência de massa. Ele tem sido extensamente utilizado para caracterizar a eficiência de oxigena-
ção de biorreatores aeróbios.õ
Ha= N.~o
us
lNAO
EXEMPLO 22.5-3
Correlações Independentes do Modelo para Absorção com Reação Rápida
A seguir, considere a absorção com reação rápida e irreversível, e busque a simplificação e a generalização da discussão
apresentada no Exemplo 20.1-2. Faremos isso em termos do número de Hatta, 6 definido por
Ha = NAo (22.5-8)
N,~o
aqui o sobrescrito fís denota a absorção do soluto A no mesmo sistema mas sem reação química. Esse grupo adimensional
fornece uma medida conveniente da influência da taxa de reação química sobre a taxa de absorção.
SOLUÇÃO
Na ausência do soluto B, a espécie A experimentaria apenas uma absorção física (isto é, absorção sem reação química) a
uma taxa
(22.5-9)
de vez que o valor de erf\!y/~!b 115 tende para a unidade com c8"'/cAo· Dividimos agora o resultado na Eq. 20.1-39 pela Eq.
22.5-9 para obter
1 (22.5-10)
Ha =
erfVy/®As
que pode ser ainda mais simplificado nos seguintes casos: 7• 8
(i) Para pequenos valores de c8 .,,/cAo• ou para difusividades iguais,
Ha = 1 + acBoo (22.5-11)
bcAo
(ii) Para valores elevados de c8 "'/cA0 ,
Ha = (i + acB.,,<Ji!Bs)
bcAo<Ji!As
(®;,
Y®;; (22.5-12)
(22.5-13)
A Eq. 22.5-11 é particularmente útil, já que ela é exata para a situação correntemente encontrada de valores de difusividades
aproximadas, bem como para pequenos valores de c8 )cAo· A Eq. 22.5-13 é também útil devido à sua aplicação tanto a
elevados quanto pequenos valores de ac8 .,,<JiJ8sfbcA 00JAs· Ademais, a solução exata sempre se situa no espaço entre a curva
da Eq. 22.5-13 e as porções da curva das Eqs. 22.5-11 e 12 que estão mais próximas a ela. Isso é mostrado na Fig. 22.5-2,
onde essas soluções limites são comparadas com a solução exata.
A seguir constatamos que podemos substituir a relação de difusividades pela relação correspondente aos números de
Sherwood sem reação,
(22.5-14)
6
S. Hatta, Teclznologica/ Reparis ofTôhoku Universiry, 10, 613-662 (1932). Shirôji Hatta (1895-1973) ensinou na Universidade de Tôhoku de 1925 a 1958 e em 1954
foi indicado como Dean de Engenharia; após a sua "aposentadoria" assumiu uma posição na Chiyoda Chemical Engineering and Construction Co. Foi editor-chefe da
Kagaku Kôgaku e presidente da Kagaku Kôgakkai.
7
E.N. Lightfoot, Chem. Eng. Scí., 17, 1007-1011 (1962).
8
D.H. Cho and W.E. Ranz, Chem. Eng. Prog. SymposiumSeries #72, 63, 37-45 e 46-58 (1967).
TRANSPORTE EN"TRE FASES EM MrSTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 663
em que o sobrescrito Odenota o número de Sherwood determinado na ausência de reação química. Podemos então obter
um conjunto de soluções limites do modelo insensível
Ha = 1 + aca"'
bcAO
= [i (ªcª"')(:as)J Sh~
+
bcAo ~As ShA
Essas equações demonstraram ser7 soluções limites convenientes para camadas limites laminar e turbulenta, bem como
para o modelo da penetração do Exemplo 20.1-2. Assim, elas expressam uma correlação do modelo insensível e são ex-
tensamente utilizadas.
100
1 1 1
1 1 1 I
1 Vi.
::r:"' V:ll
1 1
~
:r: 10 ''
Eq.22.5-12 ,
0"
"
"O
Solução
1
8 1
exata
8
';::;
1
1 (Eq. 22.5-10) h~
I 1
z "
~Eq.22.5-11, 1 1 1111
,,~~I 1
1 Ili'''"'~
íllll
Eq.22.5-13
l i 11111 1 Fig. 22.5-2 Correlações do modelo não-sensível para a absor-
0,01 0,1 10 100 ção com reação química rápida derivada a partir do modelo da
Relação estecjuiométrica, ac8 jbcAo penetração, para o caso em que 2ilAs = 22il85.
EXEMPLO 22.6-1
Aditividade dos Números de Grashof
Obtenha uma expressão para a transferência simultânea de calor e massa no caso particular em que o número de Prandtl é
igual ao número de Schmidt. Admita que a transferência se dá entre uma superfície a temperatura e composição constantes
e um volume de fluido de grande extensão.
SOLUÇÃO
Essa é uma extensão direta das condições de contorno do Exemplo 11.4-5. Então, se a temperatura e composição adimen-
sionais são definidas de forma análoga, segue-se que t = xA em todo o sistema em questão.
Segue-se que a solução desse problema de convecção misto é idêntica àquela para calor ou massa isoladamente, mas
com Grou Gr"'substituídos pela soma (Gr + Grj. Essa simplificação é geralmente usada para o sistema ar-água, em que
pequenas diferenças nos valores dos números de Se e Pr não têm efeitos significativos.
Assim, para a evaporação da água de uma placa plana vertical (com Se= 0,61 e Pr = 0,73) pode-se usar a Eq. 11.4-11
com e= 0,518 para obter
Num= 0,518[0,73(Gr + Gr01)]11 4 (22.6-1)
Sh"' = 0,518[0,6l(Gr + Gr.,)]11 4 (22.6-2)
Note que as potências (1/4) que aparecem nos números de Pr e Se são respectivamente iguais a 0,92 e 0,88. Essa diferença
é pouco significativa em virtude das incertezas de qualquer situação real e do modelo da camada limite do qual esses re-
sultados foram obtidos. Note também que o número de Grashof térmico é, em geral, bem maior, de modo que desprezar
essa interação faria com que as taxas de evaporação calculadas fossem subestimadas.
EXEMPLO 22.6-2
Transferência de Calor por Convecção Natural como Fonte de Transferência de Massa por Convecção Forçada
Há muitas situações - por exemplo, a evaporação de solventes de baixa volatilidade - em que os números de Grashof
térmicos são muito maiores que os seus correspondentes de transferência de massa (Gr > Grª) e os números de Schmidt
são maiores que os números de Prandtl (Se > Pr). Sob essas condições, as forças de empuxo térmico fornecem uma fonte
de momento, a qual, por sua vez, gera um fluxo convectivo para a transferência de massa. Foi demonstrado2 que o gradi-
ente de velocidade ascendente termicamente induzido na superfície da placa plana vertical de comprimento L é dado por
av= 1
ay y=O
= 1
'
os(! ~)114(Gr)11·1.y-r;-
3L Pr
{ii3Si (22.6-3)
Aqui z é a distância medida no sentido ascendente, y é medida na direção para fora da placa e l:iT é a diferença entre a
temperatura da placa e a temperatura do meio externo do fluido. Essa é uma solução assintótica para elevados valores do
número de Prandtl, mas é também útil para gases. Desenvolva as expressões para os números de Sherwood local e médio.
SOLUÇÃO
Na convecção natural de calor um campo de velocidades é gerado, dentro do qual se desenvolve uma camada limite mássica.
Conhecido esse campo de velocidades, podemos usar a equação análoga de transferência de massa a partir das Eqs. 12.4-
30 e 29 juntamente com a definição Nu1oc = D{f(!)é)y para obter a descrição da taxa de transferência de massa em escoa-
mento bidimensional:
Sh = (ReSc)
113
vTo (22.6-4)
il
loc 91/3fG) (Jz/L \/fo(U)du)1/3
o
fo =~ av,, (22.6-5)
Va ay y=O
é o gradiente adimensional da velocidade na parede (/0 e v0 são quantidades arbitráiias de referência usadas na definição
do número de Reynolds). Para a convecção natural é conveniente usar a altura da placa L para /0 e v/L para v0 • Assim,
2
A. Acrivos, Phys. Fluids, 3, 657-658 ( 1960).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 665
o número de Reynolds tem valor unitário, e a quantidade f 0 é definida por f 0 = (L21v)(avzlay)!y;o· Então;a Êq. 22.6~4
se toma
Note que essas duas últimas equações mostram características tanto de convecção natural quanto de convecção forçada na
camada limite laminar: a potência (1/4) do número de Grashof para a convecção natural e a potência (113) para o número
de Schmidt para a convecção forçada.
Além do mais, podemos testar o efeito de Sc/Pr, pois, do exemplo anterior e da Tabela 14.6-1, sabemos que
Pr =Se,
Shm = 0,67(GrSc) 114 (22.6-8)
na qual o coeficiente é de valor mais baixo do que aquele que aparece na Eq. 22.6-7 na razão 0,85. O valor do número de
Sherwood, Sh'", variará entre os valores previstos nas Eqs. 22.6-7 e 8 para Se ~ Pr e Pr > > l.
Argumentos semelhantes aos utilizados na Eq. 14.6-6 agora sugerem a seguinte extensão das Eqs. 22.67 e 68,
1
V. Ludviksson and E.N. Lightfoot,A!ClzEJoumal, 14, 674·677 (1968); P.A. Thompson and S.M. Troian, Phys. Rev. Letters, 63, 766-769 (1997);A. Marmur, inModem
Approach ta Wettabiliry: Theory andApplications (M.E. Schrader and G. Loeb, eds.), Plenum Press (1992); D. Schaeffer and P.-Z. Wong, Phys. Rev. Letters, 80, 3069-
3072 (1998).
'Na Eq. 3.2-6 de D.A. Edwards, H. Brenner, and D.T. Wasan, lnte1facial TrallSport Processes a11d Rheology, Butterworth-Heinemann, Boston (1949), o operador (li - nn)
é denominado "idemfator diádico de superfície"; a mesma quantidade é denominada "tensor de projeção'', por 1.C. Slattery, Interfacial Transport Phe11ome11a, Springer
Verlag, New York (1990), p. 1086. Ambos os textos contêm um grande número de informações relacionadas a tensão superficial, viscosidade superficial, viscoelastici-
dade superficial e outras propriedades das interfaces e métodos para as suas medidas.
666 CAPÍTULO VINTE E DOIS
em que ué a tensão superficial, "i/ 5 é o operador gradiente em duas dimensões na interface e (o - nn) é um "operador de
projeção" que seleciona quais componentes de [n · T] se situam tangentes ao plano da interface. Por exemplo, se n é toma-
do como o vetor unitário na direção z, a Eq. 22.7-1 fica
ou ou (22.7-2, 3)
Tzr =- iJX Tzy = - oy
que são as forças de tensão superficial nas direções x e y que atuam sobre o plano xy.
As tensões geradas pela tensão superficial são tipicamente da mesma ordem de grandeza que as tensões hidrodinâmicas
correspondentes, e os fenômenos de escoamentos que delas resultam são globalmente conhecidos como efeitos Marangoni. 3
Foi demonstrado4 que as taxas de transferência de massa podem ser quase triplicadas em função dos efeitos Marangoni,
mas em outras circunstâncias elas podem até diminuir.
A natureza e a extensão dos efeitos Marangoni dependem fortemente da geometria do sistema e das propriedades de
transporte, e aqui será conveniente considerar quatro exemplos específicos:
(i) gotas e bolhas imersas em um meio líquido contínuo
(ii) jato de gotas em um meio gasoso contínuo
(iii) filmes líquidos sobre um suporte em um meio gasoso ou líquido contínuo
(iv) espumas de bolhas de gás em um meio líquido contínuo
Esses sistemas, cada um com a sua importância prática, exibem comportamentos distintos entre si.
Para gotas e bolhas em movimento através de um meio líquido contínuo, os principais problemas referem-se à presença
de agentes surfactantes ou de partículas microscópicas que podem reduzir ou mesmo eliminar a "circulação de Hadamard-
Rybczinski", bem como impedir a mistura periódica gerada pela oscilação de gotas e bolhas de grandes diâmetros. 5 Elas
são discutidas brevemente no Exemplo 22.3-4. Essas situações são importantes nos equipamentos de absorção de gases e
na extração de líquidos. Para sprays de gotas em um gás, importantes em colunas de destilação de grande porte, as forças
de Marangoni não são importantes. 6
Leitos de espuma, importantes em colunas de destilação de pequeno porte, e filmes sobre um suporte, importantes
em uma vasta gama ,pe colunas recheadas, são particularmente interessantes. Ambos são fortemente afetados pelos
gradientes de tensão superficial que resultam das variações da tensão superficial com a composição das correntes adja-
centes.
Leitos de espuma são estabilizados quando o líquido tem uma tensão superficial mais baixa do que aquela em equilí-
brio com a fase gasosa, denominado "sistema positivo". Em tal situação, a tensão interfacial tende a ser maior nas regiões
onde as bolhas estão mais próximas entre si do que nas regiões onde as bolhas estão mais afastadas, e o encolhimento das
regiões de alta tensão superficial tende a separar as bolhas, daí resultando a estabilização da espuma. Nas regiões onde
ocorrem pequenas diferenças de tensão superficial, ou onde a direção é invertida, um "sistema negativo", o efeito de esta-
bilização não ocorre e a formação de espuma é muito pequena. A concentração de etanol em solução aquosa é interessan-
te, pois ela apresenta fortes gradientes de tensão superficial positivos onde a volatilidade relativa é elevada, mas se torna
quase neutra à medida que atinge as condições do azeótropo. Assim, para uma coluna contendo pratos com campânulas,
as eficiências dos estágios são elevadas onde é menos necessário e pequenas nos estágios em que a composição se apro-
xima da composição do azeótropo.
Nas colunas recheadas, onde o líquido descendente é suportado sobre uma superfície sólida na forma de um filme de
pequena espessura, a situação é completamente diferente. Nesse caso, a tensão superficial do líquido que desce decresce
e se aproxima de um sistema positivo, e está sujeita a instabilidades hidrodinâmicas para formar pequenos filetes. Estes
fazem com que a área interfacial e as eficiências de transferência de massa diminuam. Por outro lado, nos sistemas nega-
3
C.G.M. Marangoni, Tipagraplzia deifratelli Fusi, Pavia (1865); Arm. Phys. (Poggendorf), 143, 337-354 (!871). Artigos clássicos sobre os efeitos Marangoni são L.E.
Scriven e C.V. Stemling, Nature, 187, 186-188 (1960), and S. Ross and P. Bechcr, ]. Call. lnterfac. Sei, 149, 575-579 (l992).
' Uma boa revisão dos efeitos Marangoni e fenômenos afins, com ênfase em sistemas líquido-líquido, foi publicada por J.C. Godfrey and M.J. Slater, Liquid-Liquid
Equipmerzt, Wiley, New York (1994), pp. 68-75. Uma teoria oferecida por C.V. Stemling and L.E Scriven, AIClzE Jaumal, 5, 514-523 (1959), fornece um enfoque
bastante útil, potém é considerada simples demais para fornecer previsões confiáveis sobre o início das instabilidades.
5
J.B. Angdo and E.N. Lightfoot, AIC/zE Jaurna/, 12, 751-760 (1966).
6
F.J. Zuiderweg and A. Harmens, Chem. Eng. Sei., 9, 89-103 ( l958).
J
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-!SOTÉRivfiCAS 667
tivos os filmes estão estabilizados, e a transferência de massa tem eficiência maior que para os sistemas neutros. Nenhuma
análise quantitativa sobre essa situação parece estar disponível, mas foi demonstrado que as instabilidades encontradas
por Zuiderweg e Harmens para colunas molhadas podem ser previstas por análise de estabilidade linearizada.7 A análise
de estabilidade sugere também que a presença de um gradiente de tensão superficial positivo deve aumentar a eficiência
de condensadores. Um outro trabalho sobre estabilidade para filmes muito pequenos abre novas possibilidades para os
processadores microfluídicos. 8
EXEMPLO 22.7-1
Eliminação da Circulação em uma Bolha Gasosa Ascendente
A presença de surfactantes pode eliminar a circulação de Hadamard-Rybczinski em uma bolha de gás ascendente. Expli-
que esse fenômeno (ver Fig. 22.7-1).
SOLUÇÃO
A circulação resulta na expansão da superfície no topo de uma bolha em movimento ascendente e na contração da super-
fície no fundo da bolha. Em conseqüência, o surfactante se acumula no fundo, gerando localmente uma concentração maior
que a concentração média, enquanto no topo da bolha a concentração local é menor que a concentração média. Uma vez
que o surfactante reduz a tensão superficial, daí resulta uma tensão induzida pela tensão superficial que (em coordenadas
esféricas) é da forma
1 arr
Tre,s 1r=R = RJij (22.7-4)
que tende a se opor à deformação da interface (ver Eq. 22.7-1). Se o valor da tensão alcançar o valor que ocorreria em uma
esfera sólida em movimento ascendente (ver Eq. 2.6-6)
(22.7-5)
Liberação do
surfactante
7 K.H. Wang, V. Ludviksson, and E.N. Lightfoot, A/ChE Journal, 17, 1402-1408 (1971).
8 D.E. Kataoka and M.S. Troian, Nature, 402, 794-797 (16December1999).
668 CAPÍTULO VINTE E DOIS
EXEMPLO 22.7-2
Instabilidade de Marangoni em um Filme Líquido Descendente
Entre os mais simples processos de transferência de massa induzidos pelos efeitos Marangoni está a instabilidade em um
filme líquido cadente que resulta da adsorção contracorrente de vapores com altos valores de calor de dissolução. Um
importante e representativo exemplo é a absorção contracorrente de vapor de HCl pela água, que, por ser tão ineficiente,
utiliza-se do escoamento concorrente. Explique esse efeito.
SOLUÇÃO
Essa situação pode ser simulada admitindo-se que o filme líquido de água escoa ao longo de uma placa, cuja temperatura do
topo é menor que a do fundo. Se o experimento for conduzido com o devido cuidado, pode-se obter uma espessura do filme
com variação senoidal, como mostrado 9 por medidas interferométricas na Fig. 22.7-2(a). Aqui cada linha escura representa
uma linha de espessura constante, que difere de suas vizinhas por meio comprimento de onda da luz incidente na água.
Essa situação corresponde a uma série de células de rolamento paralelas, do tipo ilustrado na Fig. 22.7-2(b), geradas
por gradientes de tensão superficiais laterais. Por sua vez, esses gradientes resultam de pequenas variações da espessura
do filme causadas por pequenas variações espaciais inevitáveis da velocidade superficial: as regiões de maior espessura
movem-se a maior velocidade e, por isso, tendem a se esfriar mais rapidamente que as regiões de menor espessura. Uma
simples análise de perturbaçãol mostra que as perturbações de algumas larguras crescem mais rápido que outras, e as que
crescem mais rápido tendem a ser as predominantes. Os períodos das linhas senoidais ilustradas na Fig. 22.7-2(a) corres-
pondem a estas perturbações de crescimento mais rápido.
Tal regularidade é, todavia, raramente observada na prática. Mais comumente, são constatados espessos filetes de líquido
envoltos por regiões finas de grande extensão. Essas regiões finas, que ocupam a maior extensão da área disponível, têm
velocidade baixa, se tomam rapidamente saturadas e, por isso, têm baixa eficiência para a transferência de massa. Somente os
filetes mais espessos são eficientes, porém a sua área total é muito pequena. Comportamento semelhante é observado no caso
de gradiente de tensão superficial gerado por variações da composição ao longo da placa. Entretanto, nesse caso, o compor-
tamento é bem mais complicado e requer uma análise relacionada à transferência de massa entre fases. 7
Isso mostra o procedimento de tomada ao limite que relaciona esses dois tipos de coeficientes.
(22.8-4)
1
W.K. Lewis and K.C. Chang, Trans. AJChE, 21, 127-136 (1928).
2
G. Ackennan, Forsch11ngslzeft, 382, 1-16 (1937).
3A.P. Colbum and T.B. Drew, Trans. AJChE, 33, 197-212 (1937).
'H.S. Mickley, R.C. Ross, A.L. Squyers, and W.E. Stewart, NACATeclz. Note 3208 (1954).
670 CAPÍTULO VINTE E DOIS
Seguindo os procedimentos indicados nas Eqs. 22.8-2a e 2b, obtemos as expressões para os coeficientes de transferência
no limite de baixos valores da taxa líquida de transferência de massa:
1 - o, (22.8-5)
kr,loc - c0J AB
_L=~ (22.8-6)
hioc k
Esses valores limites são obtidos expandindo o segundo membro das Eqs. 22.8-3 e 4 em uma série de Taylor e retendo os dois
primeiros termos. A substituição das Eqs. 22.7-5 e 6 nas Eqs. 19.4-16 e 17 nos possibilita a eliminação da espessura do filme
(que está maldefinida~ em favor dos coeficientes de transferência para baixos valores da taxa (que são grandezas mensuráveis):
(22.8-8)
Essas equações correspondem ao principal resultado obtido com o modelo do filme. Elas mostram como o fluxo de ener-
gia por condução e o fluxo mássico por difusão na parede dependem de NAo e NBo· Nesse modelo, os efeitos da taxa líquida
de transferência de massa sobre os fluxos por condução e por difusão na interface são claramente análogos. Embora essas
relações tenham sido obtidas para o escoamento laminar e propriedades físicas constantes, elas são igualmente úteis para
escoamento turbulento e para propriedades físicas variáveis (ver Problema 22B.3).
Os resultados para transferência de calor e de massa podem ser resumidos nas duas equações a seguir:
TI = e1'11 - 1 = (1 + R)11 (
77 :5 1
) (22.8-10)
e.P 1 R
A Eq. 22.8-9 dá os fatores de correção ti, e 8r pelos quais os coeficientes kx.Ioc e h10c devem ser multiplicados para se obter
os coeficientes a altos valores das taxas de transferência de massa. A Eq. 22.8-1 O dá os perfis de temperatura e de concen-
tração. Os significados dos símbolos estão resumidos na Tabela 22.8-1.
A Eq. 22.8-9 é ilustrada na forma do gráfico da Fig. 22.8-2. Ele mostra que, para a transferência líquida de A e B para
a corrente ( cp positivo), os coeficientes de transferência decrescem, enquanto a transferência líquida de A e B para fora da
corrente ( cp negativo) faz com que os coeficientes de transferência aumentem.
Alguns perfis ilustrativos da Eq. 22.8-10 são mostrados na Fig. 22.8-3. No limite para pequenos valores da taxa de
transferência (i.e., para cp ~ Oou R ~ O, a Eq. 22.8-10 se reduz a II = 77. O modelo do filme leva em conta a região fora
do filme como perfeitamente misturada, gerando, assim, um perfil plano além de 1J = 1.
'TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-lSO'fÉRMICAS 671
e = k":r,loc
:r: kx,loc
+ Nao NAo
<f>x=--,,--
1\.x,loc
<P
-1,2 -0,8 -0,4
2,0
1 1,8
di
' ['._
1,6 17= e<P·_
1,4
1
. . . . !'--.. Transferência de massa
1,2 que entra~uma dada fase
'-....
.......... 1,0
-+- ..........
Transferência de 0,8 !'--...
..........
--
massa que sai de 1"'-....,..__
uma dada fase 0,6
e
0,4
0,2
o
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Fig. 22.8-2 Variação dos coeficientes de transferência em função da taxa de
<P transferência de massa, como calculada pelo modelo do filme (ver Eq. 22.8-9).
MODELO DA PENETRAÇÃO
A seguir voltamos a nossa atenção para o coeficiente de transferência para altos valores da taxa líquida de transferência
em sistemas para os quais, na interface, o arraste é muito pequeno. Já estudamos vários sistemas desse tipo: absorção de
gás em um filme líquido cadente e de uma bolha em movimento ascendente (Seção 18.5), e na evaporação em regime
transiente (Seção 20.1). Esses sistemas são geralmente agrupados sob o rótulo de teoria da penetração.
Um sistema de filme líquido cadente é ilustrado na Fig. 22.8-4. O tempo decorrido para que o filme se desloque do
ponto de entrada até o ponto de saída (o "tempo de contato") é suficientemente pequeno para que a espécie que se difunde
não penetre muito para o interior do líquido. Nessa situação, podemos (de um ponto de vista matemático) considerar o
filme líquido como de espessura infinita. Podemos então usar os resultados obtidos no Exemplo 20.1-1.
672 CAPITULO VINTE E DOIS
oce:=--~~~~~~~~~~~-'
A Eq. 20.1-23 dá os perfis de concentração para um sistema transiente correspondente com alta taxa de transferência de
massa, e uma equação análoga pode ser escrita para os perfis de temperatura:
(22.8-13)
Desses resultados e das definições dos coeficientes de transferência nas Eqs. 22.8-1 e 2, podemos então obter os fatores de
taxa, </>, as relações entre os fluxos, R, e os fatores de correção e, definidos na subseção anterior:
2
exp(-cp /-rr)
e=----- (22.8-16)
1 + erf(</>/y:;;.)
Das definições que aparecem nas Eqs. 22.8-1 e 2 e dos perfis nas Eqs. 22.8-11 e 12, podemos também obter expressões
para os coeficientes de transferência para baixos valores da taxa líquida de transferência de massa:
(22.8-17, 18)
Os coeficientes correspondentes a altos valores da taxa líquida de transferência de massa podem ser obtidos multiplican-
do-se pelo fator de correção que aparece na Eq. 22.8-16.
Dessas duas últimas relações obtemos a seguinte relação:
(22.8-19)
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 673
""
~
g
"'
~
XAO
'<="
1il
õ
e
I~
~
z = distância dentro do líquido Fig. 22.8-4 Difusão em um filme líquido em movimento descen-
dente. Aqui t.,P é o tempo total de exposição de um típico ele-
mento de volume próximo da superfície.
Uma relação semelhante, com o expoentd (em vez do expoentd), é obtida a partir das relações de Chilton-Colburn dadas
pelas Eqs. 22.3-23 a 25. Essa última é válida para escoamentos adjacentes a fronteiras rígidas, enquanto a Eq. 22.8-19 se
aplica a sistemas fluido-fluido com gradiente de velocidade nulo na interface.
A proporcionalidade de kx.Ioc à raiz quadrada da difusividade, dada pela Eq. 22.8-17, foi confirmada experimentalmente
para a fase líquida em vários sistemas de transferência de massa gás-líquido, incluindo colunas de parede molhada de pequeno
comprimento, colunas recheadas, e, sob certas condições, líquidos escoando em torno de bolhas. O modelo da penetração
foi também aplicado para a absorção com reações químicas (ver Exemplo 20.1-2).
l<t>I
o~oã §~~E§ifl§
OJ06 >--i-+--+-!-.....,,..,....--+-
0,04 l--r-+--+l/__,,.+-Hf+Hl--i-;--;--t--t-t-t-H+--1--1--+-if-HH+H--+-il--ir-+++++H
0,021--t-.rl/l/-+-t-i-++H+-- ParaR positivo, leia valores positivos de ef> das curvas inferiores .
ParaR negativo, leia valores negativos de cp das curvas superiores
0,01 ~l/_,__,__,_,_,_,_,_,_.u__,1_~1~11~1_,_1_,_11~111~"-I_,_1__,_l_,lc_,__,11~1-'-11~1__,_l~l~I'-~
li~ li I~
0,01 0,02 0,05 0,1 0,2 0,5 1,0 5 10 20 50 100
!RI
Fig. 22.8-5 Fluxos mássicos e térmicos entre uma placa p!a.TJ.a e uma camada limite laminar. [W.E. Stewart, ScD thesis, Massachusetts Institute
of Technology (1951)].
1,3
1,2
1,1
e
0,8 Legenda
- - Placa plana, modelo da camaàa
limite laminar
0,7
- - Moddo do filme (o mesmo para
todos os valores de A)
0,6
- - - Modelo da pent:tração (o mesmo
para todos os valores de A); não~
0,5 aplicável para transfc:rênciade
º·~1.0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 o 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
</;
Fig. 22.8-6 Variação dos coeficientes de transferência com a taxa de transferência calculada para vários modelos. A curva para A -7 oo é
válida para o escoamento permanente dentro da câIIlada limite, sem separação, sobre superfícies rígidas e de geometria arbitrária.
~·---·----
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MlSTullAS NÃO-ISOTÉRMICAS 675
10~---.,-~-.--.-,-,--,--,--,-.---~-r-,--.,-.-~~
8f----+--+--+--t--t--t~,-++---+--+--+--+-t-+-+-H
6 ~~=0,6 , ,
/ 1,0 -r-,'--+-1--+--hlH----+-+-+-l-+++-H
4 / / 2,0 -+--t-+-t~-t---+--+-1-+-+-++-H
- / /= 1 11
-~~I
-
? l----'t"--2-..f"~,,-f--H-H+
-2~'
R <O, transfe:ênci:~~~
R >O, transferência - - -
de massa para dentro
de uma dada fase
!7 1 _ de massa para fora de -1-++~'l"l.~,-:-:::-...::-=i~=c+-+-++-!-!-H
O,B: uma dada fase ~"~
o6 - 1 1 1 1 1 -~""":::,....,.._.,..__,.__,._+-+-+-H
-
' _ --Placa plana, modelo da --rlii::~:~~~-t-t-T+-H
peratura e composição dentro do estágio ou na seção reta do escoamento são bastante pequenas. A relação do fluxo de
energia R7 é um importante critério para determinar as correções do fluxo líquido, como ilustrado nos Exemplos 22.8-2 e 3.
EXEMPLO 22.8-1
Evaporação Rápida de um Líquido de uma Superfície Plana
O solvente A está evaporando de um revestimento de laca sobre uma superfície plana exposta a uma corrente tangencial de
um gás não-condensável B. Em um dado ponto sobre a superfície, o coeficiente local de transferência de massa da fase
gasosa, k.«1oc, determinado nos valores médios das propriedades do fluido, é de 0,1 lb-mol/h · ft2; o número de Schmidt é
Se = 2,0. A composição do gás na interface é XAo = 0,8. Determine a taxa de evaporação local, usando (a) o modelo do filme
estagnado, (b) o modelo da camada limite ao longo da placa plana e (e) o coeficiente de transferência não-corrigido, kxJo«
SOLUÇÃO
(a) Como E não é condensável,N80 =O. A aplicação daEq. 22.8-7 (que é igual a 1 + Rx = exp </J,) para a fase gasosa form:ce
l + (NAo + 0)(0,80 - 0)
NAo 0,80(NAo + 0)
exp~
(
NAo + º) (22.8-23)
de onde se tira NAo = 0,400. Esse resultado é bastante elevado e mostra que, nessas condições, o uso do fator de correção
para 0 fluxo líquido de moles é muito importante. A solução da camada limite na parte (b) deve ser precisa se o escoamen-
to for laminar e as variações das propriedades físicas não forem muito grandes.
EXEMPLO 22.8-2
Fatores de Correção na Evaporação de Gotículas
Ajuste os resultados do Exemplo 22.3-1 para o fluxo líquido de moles aplicando os fatores de correção e, e eT do modelo
do filme e do modelo da camada limite ao longo de uma placa plana.
SOLUÇÃO
No Exemplo 22.3-3 a relação do fluxo molar Rx em um ponto qualquer da superfície da gota é dada por
Da Eq. 22.8-9 (modelo do filme) ou da Fig. 22.8-7 (modelo da camada limite ao longo da placa plana), o fator de correção
ex é de cerca de 0,99 em todos os pontos sobre a gota. Assim, a taxa de transferência de massa corrigida é (por ajuste da Eq.
22.3-31)
2 XAO - XAro -7
W,10 = Bxkrm1íD l _ XAo = (0,987)(2,70 X 10 )
ExEMPlO 22.8-3
Desempenho do Bulbo Úmido Corrigido para Taxa de Transferência de 1Wassa
Usando o modelo do filme estagnado, aplique a análise desenvolvida no Exemplo 22.3-2 para incluir os fatores de corre-
ção para a taxa líquida de transferência de massa.
SOLUÇÃO
Reescrevendo o balanço de energia, Eq. 22.3-32, para um ponto qualquer da mecha, obtemos um valor finito da taxa de
transferência de massa
(22.8-30)
A seguir, escreveremos a expressão 1> = ln(l + R) tanto para a transferência de calor quanto para a transferência de
massa, levando em consideração que N80 = O:
(22.8-31, 32)
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 677
, XAo
1n ( 1 -r- - XA"')- h1oc I ( êpiT.,, - To))
- - - - - - - - n 1 +------ (22.8-34)
1 - XAo kx,IocCpA i:..HA,vap
Essa equação ~ostra que XAo e T0 são constantes ao longo da superfície da mecha, se h10J(kx.iaipA) é constante e portanto
igual a hm/CkxmCpA). Essa constância é admitida aqui para fins de simplificação. Tal suposição é particularmente satisfatória
para o sistema ar-água para o qual Pr e Se são aproximadamente iguais. Com essa substituição, a Eq. 22.8-34 se toma
r-
-...- XAo hm l (
r lnl+-
( ---XA"')
- =--_-nl+ êp,4(T,,,
_ - To)) (22.8-35)
t
1 - XAo kxmCpA iJ.HA,vap
Embora simplificada, essa solução dá o valor exato previsto pela Eq. 22.8-35 para baixos valores da taxa de transferência
[ de massa.
Para o problema numérico do Exemplo 22.3-2, os seguintes valores são aplicáveis:
XAO = 0,0247
êpA = 8,03 Btu/lb-mol · F para o vapor d' água a 105ºF
hm/k:r:m = 5,93 Btu/lb-mol · F da analogia de Chilton-Colburn (Eq. 22.3-25)
êpA(T,,, - To) (8,03)(140 - 70)
18.900 0,0297
b.ÊA,vap
0,0247 - XA,,,) 5 93
ln ( 1 + 1 - 0,0247 = 8:03 ln(l,0297) = 0,0216 (22.8-36)
EXEMPLO 22.8-4
Comparação entre os 1Uodelos de Filme e da Penetração para a Evaporação Transiente em um Tubo Longo
Compare os efeitos da taxa líquida de transferência sobre o sistema de evaporação transiente descrito no Exemplo 20.1-
1 com os resultados previstos pelo (a) modelo da penetração generalizado e pelo (b) modelo do filme estagnado ante-
riormente introduzido. O último cálculo requer um tratamento de estado quase-permanente desse sistema dependente
do tempo.
SOLUÇÃO
Para esse sistema, podemos considerar xA~ eN80 =O. Da Eq. 22.8-la e Tabela 22.8-1 segue-se que
Assim, o fator de correção ex é a relação entre o fluxo corrigido para a taxa líquida de transferência de massa e o fluxo não-
corrigido.
(a) O modelo da penetração. Notamos que o gradiente de concentração na superfície do líquido pode ser obtido derivando
a Eq. 20.1-16 e reescrevendo o resultado em termos de xA e z. O resultado é
que está de acordo com as Eqs. 22.8-14 a 16. Para obter os valores de e, em função de XAo podemos usar a Fig. 22.8-7 ou
usar a Eq. 20.1-17 para escrever
(}x = (1 - XAo)i/;(XAo) (modelo da penetração) (22.8-41)
em que !/J(.xA0) é a quantidade definida logo após a Eq. 20.1-22 e dada na Tabela 20.1-1.
(b) O modelo do filme estagnado. O resultado do modelo do filme pode ser obtido da Eq. 22.8-9 na forma de e= (l/R)
ln(l + R) na forma
1 - X.-10 ( 1 )
Ox=-x-·-ln -1-- (modelo da filme) (22.8-42)
AO -xAo
Valores numéricos para ambos os modelos são dados na Tabela 22.8-2 e na Fig. 22.8-7.
Constata-se que o modelo da penetração prevê uma maior correção para ex para a taxa líquida de transferência de massa
do que a correção prevista pelo modelo do filme. Em parte, isso se deve ao fato de que o escoamento aumenta a espessura
da camada limite, efeito esse que não é levado em conta no modelo do filme. Deve ser também observado que o presente
exemplo se constitui em uma utilização realista do modelo da penetração, uma vez que, nesse sistema isotérmico, os efei-
tos da concentração do soluto nas propriedades físicas não são importantes. Uma situação radicalmente oposta é vista no
exemplo a seguir.
EXEMPLO 22.8-5
Polarização de Concentração em Ultrafiltração
A ultrafiltração de proteínas é um processo de concentração, no qual a água de uma solução aquosa de proteína é forçada
a escoar através de uma membrana impermeável à proteína mas permeável à água e a solutos de pequenas dimensões, tais
como sais inorgânicos. A proteína se acumula em uma denominada camada de polarização, ou uma região de alta concen-
tração de proteína adjacente à superfície da membrana, como ilustrado na Fig. 22.8-8. Determine a relação entre a velo-
cidade de permeação da água e a diferença de pressão através da membrana. Descreva o efeito da taxa líquida de trans-
ferência sobre o coeficiente de transferência de massa para o transporte de proteína. Admita que a membrana é comple-
tamente impermeável para a proteína de forma que a transferência líquida de proteína através da superfície da membra-
na é nula.
'TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 679
PP-
Po
'----~~--~-'---'"'--"'-~........- Ps Fig. 22.8-8 IBtrafiltração em disco rotatório.
SOLUÇÃO
Por simplicidade vamos escolher a geometria de um disco rotatório, como mostrado na Fig. 22.8-8, para a qual a concen-
tração de proteína será função apenas da distância y tomada a partir da superfície do disco e independente da posição ra-
dial5 (ver Problema 19D.4). Todavia, teremos que considerar a variação da densidade, da viscosidade e da difusividade do
par proteína-água na concentração de proteína, bem como conceituar o termo pressão osmótica. 6
A nossa solução se baseia no conceito de permeabilidade hidráulica da membrana filtrante:
(22.8-43)
Aqui v0 é a velocidade, ou fluxo volumétrico, do solvente que sai a jusante da superfície da membrana. A Eq. 22.8-43 é a
equação de definição de Ky, a permeabilidade hidráulica da membrana. As grandezas p 0 e p 0 são as pressões hidrodinâmicas
que atuam contra as superfícies da membrana, como indicado na Fig. 22.8-8, e 7i é a pressão osmótica a jusante da super-
fície da membrana. A inclusão de 7i estabelece que, de fato, é o potencial total da termodinâmica a força motriz do trans-
porte através da membrana (esse ponto será discutido com mais detalhes no Cap. 24).
Para essa situação, a velocidade da proteína na interface é zero, de modo que o balanço de massa em relação ao solvente
através da camada limite da proteína é expresso por
p(S)V0 = -(p5V5y)ly=O (22.8-44)
na qual y é a distância tomada a montante da superfície da membrana para dentro da camada limite da proteína. A quan-
tidade p<SJ é a densidade do solvente puro, e Pso = Psly=O e v 50 = v5,j1 =o são, respectivamente, a concentração mássica e a
velocidade do solvente a montante da superfície da membrana.
A pressão osmótica 7i é uma função da concentração de proteína pp, e daremos um exemplo disso no Problema 22C. l.
Determinamos então que a vazão mássica através da membrana depende da concentração de proteína na superfície da mem-
brana, bem como da diferença de pressão hidrodinâmica através da membrana. Por outro lado, essa concentração pode ser
relacionada a v8 através da condição de impermeabilidade da membrana para a proteína e da definição do coeficiente de
transferência de massa. Então em y = O, descrevemos a impermeabilidade da membrana em relação à proteína por
np,1 = O = k~(ppo - pp,,,) + wPO(O + PsoV50 ) (22.8-45)
onde k"P foi definido por analogia com k'c· A combinação com a Eq. 22.8-44 resulta em
-/Slvs = ~(ppo - pp,,,)/ úJPO (22.8-46)
Essa equação pode ser resolvida em termos da velocidade de permeação:
Aqui p0 = PPo + Pso e () = k"P/kp é um fator de correção para a transferência de massa, análogo a 6,, que deve agora ser
inserido para levar em conta os efeitos das variações das propriedades, bem como para corrigir a velocidade introduzida
na Tabela 22.8-1. Voltaremos à discussão dessa quantidade a seguir (ver Eq. 22.8-48). O termo p0 representa a densidade
da solucão a montante da superfície da membrana.
Pod;mos calcular as quantidades desejadas, v8 e a diferença de pressão através da membrana, se tivermos informação
suficiente acerca das propriedades de transporte e de equilíbrio. Aqui consideramos conhecida a concentração de proteína
na corrente livre, PP= e, por conveniência, iniciamos selecionando os valores da concentração da proteína PPo na superfície
da membrana acima da faixa de concentrações entre pp,,, e o limite de solubilidade da proteína:
(i) Para qualquer valor selecionado para Pro, podemos calcular o valor correspondente de vii da Eq. 22.8-47 com os valores apro-
priados para kP e 8. Esses valores permitem também calcular a pressão osmótica "íf' das relações de equilibrio apropriadas.
(ii) Podemos então calcular a diferença de pressão através da membrana requerida para esse escoamento através da Eq.
22.8-43 e um valor apropriado de KH.
A elevada dependência da concentração de proteína sobre as propriedades do sistema significa que a solução deve ser
obtida através de um procedimento numérico.
Vamos nos restringir aqui a resumir os resultados de Kozinski e Lightfoot7 para a albumina de soro bovino; esses au-
tores foram os primeiros a fazer tais cálculos e, até agora, apresentaram o melhor trabalho sobre o assunto. Em seus traba-
lhos, mostram que o coeficiente de transferência de massa pode ser expresso como o produto de dois fatores, sendo que
um deles leva em conta os efeitos da concentração e o outro leva em conta a variação das propriedades físicas.
(22.8-48)
na qual, em relação à faixa de valores estudada,
ec =
pp0 ) 113
1,6( PP"' ; ep -- 2i\e1
1)1/3
2/3(li (22.8-49, 50)
rel
na qual L é o diâmetro do disco e D é a taxa de rotação em radianos por unidade de tempo. A independência da taxa de
transferência em relação ao tamanho do disco explica a popularidade dessa geometria para estudos completos de transfe-
rência de massa. Outras geometrias são ligeiramente abordadas por Kozinski e Lightfoot. 7
Em uma comparação entre as previsões a priori do modelo anterior com os dados experimentais mostrado na Fig. 22.8-
9 podemos constatar que eles apresentam um ajuste muito bom. Esse ajuste pode, em parte, decorrer do fato de que as
moléculas de proteína se comportam como partículas incompressíveis a altos valores da força iônica nos quais os dados
foram obtidos. Pode-se também constatar que os efeitos da pressão osmótica são desprezíveis para as diferenças de pressão
de cerca de 5 psi; aqui, o valor previsto não pode ser distinguido dos valores obtidos para o caso do solvente puro, no caso, a
água. É somente nessa região obscura que a Eq. 22.8-48 não é confiável. Detalhes dos cálculos são dados no Problema 22C. l.
O efeito do aumento da diferença de pressão através da camada limite de proteína é bastante diferente daquele que ocorre no
caso membrana não-seletiva. Em primeiro lugar, a camada limite rnássica é bem mais delgada, como seria de se esperar, e o
coeficiente de transferência de massa, k.P' aumenta. Todavia, com o aumento da diferença de pressão, os valores da espessura da
camada limite, de k·Pe de 8c se aproximam de valores limites. Na prática, esses valores assintóticos são alcançados antes mesmo
que os efeitos de polarização se tomem significativos em relação à resistência da membrana ao escoamento, e esses valores
assintóticos são suficientes para determinar uma relação entre a diferença de pressão e o escoamento através da membrana.
7
A.A. Kozinski, PhD rhesis, University ofWisconsin (1971). A.A. Kozinski andE.N. Lightfoo~ AIChE Journal, 18, !030-1040 (1972).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM M!STURAS NÃO-!SOTÊRM!CAS 681
Esse comportamento pode ser mais bem explicitado inserindo-se as Eqs. 22.8-48 e 49 e a fórmula aproximada
1'6( pp.,,
PPo )1/3(1 - PP"') = 1 39 ln PPO
Pro ' PPoo (22.8-54)
na Eq. 22.8-47. Então, se configurando como uma surpreendente boa aproximação, a Eq. 22.8-47 se reduz a
A quantidade dentro dos primeiros parênteses tem a forma simplificada do modelo do filme, porém com kP multiplicado
por 1,39. Foi, provavelmente, a Eq. 22.8-55 que tomou atraente a forma simplificada do modelo do filme para correlaci-
onar dados experimentais de ultrafiltração e de osmose reversa. Todavia, desprezar o coeficiente 1,39 corresponde a su-
bestimar o valor de v 5, mesmo antes de se levar em conta os efeitos da variação das propriedades.
O, 1 .---r----.----....--..,.--.---.---.---,
e: 0,08 f--f-hf--lr---l-=..-l""""'::::.,\r---t-"--1
:€E
~ 0,06
"t:l
;
~ 0,04
"t:l
0
Albumina de soro
~ 0,0'2 f - - l - f - - - - ' f - - - - l ' - - - - 1 - bovino, 2,2 gil 00 m1
ºo 10 20 30 40
Perda de pressão através da membrana, psi Fig. 22.8-9 Ultrafiltração de proteína com disco rotatório a 273 rpm.
1 R. Taylor and R. Krishna, M11/ticompone11t Mass Tra11sfer, Wiley, New York (1993).
2 L. Onsager, Am1. N.Y. Acad. Sei., 46, 241-265 (1948); PJ. Dunlop and L.J. Gosting,J. Phys. Citem., 63, 86-93 (1959); J.S. Kirkaldy, Can. J. Plzys., 31, 30-34 (1959);
S.R. de Groot and P. Mazur, Non-Equilibrium Tlzermodynamics, North-Holland, Amsterdam (1961); J.S. Kirkaldy, D. Weichert, and Zia-Ul-Haq, Can. J. Phys., 41,
2166-2173 (1963); E.L. Cussler, Jr., and E.N. Lightfoot, AIC/zE Journa/, 10, 702-703, 783-785 (1963); H.T. Cullinan, J11d. Eng. C!rem. Fwrd., 4, 133-139 (1965).
'R. Prober, PhD thesis, Univ. of Wisconsin (1961).
'H. L. Toor,AlChEJoumal, lll,460-465 (1964).
5 W.E. Stewart and R. Prober, lnd. Eng. Clzem. Fund., 3, 224-235 (1964).
6 V. Tambour and B. Gal-Or, Physics of F/uids, 19, 219-225 (1976).
682 CAPÍTULO VINTE E DOIS
x1, ••• , xN-i e fluxos difusivos independentes J* 1, ••• , J*N_ 1; então, aproximando o valor da densidade molar e naEq. 19.1-15
por um valor de referência, c,ef• resulta o seguinte sistema de equações linearizadas
Aaf3 = ~;,"ª
qj'jaN
c;Jja/3
- para f3 =F ª} (22.9-4)
A=~+f~
aa qj'jaN /3~1 qj'jaf3
f3?a
na qual os quocientes ®"13 representam as difusividades binárias de pares de espécies correspondentes. Na primeira apro-
ximação da teoria cinética dos gases de Chaprnan-Enskog, o coeficiente para um dado par a e {3 depende somente de e e
de T, como indicado na Eq. 17 .3-11. Essas expressões simples nos levam a utilizar a Eq. 22.9-3 em vez da Eq. 22.9-2, a
não ser no caso em que medidas de [D] estejam disponíveis nas condições desejadas. Equações formalmente similares
podem ser escritas em termos de composições e fluxos por unidade de massa ou por unidade de volume, após a transfor-
mação apropriada dçs coeficientes da matriz [A] ou [D]. As unidades de massa são as mais convenientes de se usar no
caso em que a equação do movimento é incluída na formulação do problema, já que, como indicado na Seção 19.2, a
velocidade mássica média é essencial.
Para sistemas multicomponentes (N ~ 3), cada uma dessas expressões do fluxo normalmente tem um coeficiente não-diagonal
da matriz, dando um sistema de equações da difusão simultâneas. A Eq. 22.9-3 pode ser desacoplada pelo uso da transformação
(22.9-5)
na qual [P] é a matriz coluna dos autovetores de [A], e Ã. 1, ••• , AN-l são os autovalores correspondentes. Esses autovalores,
raízes da equação det[A - ,\J] = O, são positivos para qualquer estado da mistura localmente estável; eles são também invariantes
para transformações similares de [A] em relação a outras unidades de composição. Aqui, I é a matriz uni~a de orgemN - 1.
A matriz [D], quando usada, é redutível de modo semelhante com a mesma matriz [P], e seus autovalores D 1, ••• , DN _ 1 são os
valores recíprocos de A1, .•• , AN-l· Para um menor esforço, a matriz [A] (ou [D]) e os arranjos dela derivados serão doravante
determinados nos valores das propriedades de referência, de modo que o subscrito rer será omitido; todavia, o subscrito w
será adicionado em [A], [D], (P] e [P]- 1 no caso em que esses arranjos forem descritos em termos de unidades de massa.
l ll
XN-1
x1
: ;
X1
:
XN-1
= [PJ[x] (22.9-6, 7)
*:J~
l JN-1
= [P)[J*l (22.9-8, 9)
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 683
Doravante, av nota5ão (v) será usada nas variáveis transformadas e nos elementos correspondentes da matriz, incluindo os
autovalores Aª e D a· A pré-multiplicação da Eq. 22.9-3 por IPJ- 1 e o uso das Eqs. 22.9-5 a 9 dão as equações de fluxo não-
acopladas
CrerYXa = -Áj~ (a = 11 • ••
/
N - 1) (22.9-10)
que é formalmente equivalente à primeira lei da difusão de Fick para N - 1 sistemas binários. A equação da continuidade
para sistemas multicomponentes se transforma correspondentemente em
(a = 1
1
••• / N - 1) (22.9-11)
xª i:
Assim, as composições transformadas e os fluxos para cada a satisfazem à equação da continuidade e às equações de
fluxo para o problema binário com a mesma funcão v· (laminar ou turbulento) que o sistema multicomponente satisfaz,
sendo a difusividade 2DAB igual ao autovalor Óª :: l/Aª.
As condições inicial e de contorno relativas a [x] e a d"J
são obtidas a partir de [x] e [J'] aplicando as Eqs. 22.9-6 e 8.
Os problemas quase-binários resultantes podem então ser resolvidos através da aplicação da teoria ou da correlação de
dados experimentais, e os resultados combinados5 através das Eqs. 22.9-7 e 9 para obter a solução dos sistemas multicom-
ponentes em termos de [x] e [J*].
As taxas locais de transferência de massa em sistemas binários são expressas na forma
(22.9-12)
como indicado na Eq. 22.1-7 e na Seção 22.8. A notação ... , que aparece após o termo 2/JAB, representa qualquer variável
adicional (tal como <f>x da Seção 22.8) da qual o coeficiente de transferência de massa para sistemas binários k", pode de-
pender. O conjunto de equações correspondentes na notação da Eq. 22.9-10 e 11 é dado por
(a = 1, ... , N - 1) (22.9-13)
ou, na forma matricial,
(22.9-14)
l~~l,0 =l k~(DN-11 · · .) lXn-1,0 ~ XN-1,b
A transformação desse resultado em termos das variáveis originais fornece os fluxos difusivos na interface, expressos por,
I'1.o1 ... , I',v- 1.o que entra na fase gasosa como
(22.9-17)
para permitir a inserção direta das relações entre as taxas de transferências das espécies. O resultado correspondente para
a matriz [n 0] dos fluxos mássicos na interface n1•0, .•• , nN _ i.o relativos à interface é expresso por:
(22.9-19)
na qual a matriz diagonal [kxl não necessita da correção para o fluxo líquido. Esse resultado pode ser esten~ido. ao caso de
valores flzcw molar líquido moderados através da aproximação de cada coeficiente de transferência k~(D", ef>x) na Eq.
22.9-14 como uma função linear do fluxo molar líquido na interface, usando a tangente no ponto <P = Oda curva de eque
aparece na Fig. 22.8-2 para o modelo de transferência de massa selecionado. Daí resulta o sistema de equações lineares8
(22.9-20)
para o modelo do filme estagnado dado na Seção 22.8. Da mesma forma, obtém-se
no limite quando A'lr""7 co na camada limite laminar, mostrada na Fig. 22.8-5 e 6 e válida para camadas limites sem sepa-
ração em escoamento permanente e em três dimensões. 9
Em sistemas comflu.xo mássico líquido nulo na inte1face, como o que ocorre nas reações catalíticas, a Eq. 22.9-18 se
reduz a
(22.9-23)
Os elementos da matriz kw podem ser determinados através de expressões do número de Sherwood para misturas binárias
ou pelo fator j 0 definidos em termos de unidades de massa da Tabela 22.2-1, com os autovalores D" substituindo os valo-
res das difusividades binárias 0JAB.
Para um dado campo de velocidade, o produto [P]lkxl[P]- 1 nas Eqs. 22.9-19 a 22 é função da matriz [A]. O.produto
dessas três matrizes, aqui designado por [kx], é uma matriz não-diagonal paraN;;;:,:: 3, enquanto como visto antes, [k.Jé uma
matriz diagonal. Um método simples e eficiente para a aproximação dessas funções foi desenvolvido por Alopaeus e
Nordén. w Seja/ uma função escalar real definida pelos autovalores de uma matriz [A], na qual os elementos da diagonal
são dominantes, como mostrado na Eq. 22.9-4. As aproximações propostas para os elementos da matriz [B] = j[A]
são então dadas por
'W.E. Stewart, AIChE Ioumal, 19, 398-400 (1973); Errata, 25, 208 (1979).
9
W.E. Stewart, AIChE Journal, 9, 528-535 (1963).
10
V. Alopaeus and H.V. Nordén, Computers & Chemical E11gineeri11g, 23, 1177-1182 (!999).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 685
Alopaeus e Nordén 10 testaram essas aproximações para as matrizes dos coeficientes de transferência de massa [k,J da for-
ma b[D] 1-p ou da forma b[AJP-1, e os fluxos correspondentes No.0 , em sistemas com 3 a 25 espécies gasosas. Valores do
expoente p usados variaram na faixa de 0,25 a 0,66; valores de Oa 0,5 para expressões de transferência de massa aparecem
neste capítulo. Comparações foram feitas com expressões exatas dos elementos k.,./3 e Na!l através da Eq. 22.9-19, e em
comparação com o modelo do filme dado por Krishna e Standart, 11 no qual cada elemento kxaf3 é calculado independente-
mente da difusividade binária correspondente 0Jaf3· Os cálculos a partir das Eqs. 22.9-24 e 25 foram efetuados de três a
cinco vezes mais rápidos do que aqueles feitos com aEq. 22.9-19 e se demonstraram mais precisos (erros relativos típicos
foram de ordem inferior a 1 % e raramente maiores que 10%), especialmente quando feitos diretamente a partir da matriz
diagonal dominante de Stefan-Maxwell [A] em vez de através de sua inversa, [D]. Cálculos com o modelo do filme de
Krishna-Standart demandaram mais tempo do que os cálculos feitos através das Eqs. 22.9-24 e 25, e os erros a ele associ-
ados foram muito maiores. Assim, o uso das Eqs. 22.9-24 e 25 é recomendado corno aproximações práticas aos elementos
da matriz produto [BJ = [P][k.J[p]-1 nas Eqs. 22.9-19 a 22, sempre que a Eq. 22.9-4 é usada. Essa aproximação pode
também ser usada na Eq. 22.9-23, com [B], no final, definida em termos de unidades de massa; todavia, as Eqs. 22.9-20 ou
22 serão de uso mais conveniente e comparativamente mais precisas na faixa de vafores moderados do fluxo molar "líqui-
do" usualmente encontrados em catálise heterogênea.
A precisão das soluções linearizadas depende da escolha dos valores de referência para o cálculo das propriedades,
especialmente no caso em que a variação desses valores é muito grande. Na discussão a seguir, todas as propriedades são
detenninadas em um estado comum de referência, cujas composições são expressas em termos da fração molar
(22.9-26)
ou da fração mássica
(22.9-27)
Note que [xrerJ permanece aberta à escolha seja das Eqs. 22.9-20, 21 ou 22, uma vez que as composições médias nelas
indicadas fornecem correções para o fluxo líquido e não para os valores das propriedades físicas.
As Eqs. 22.9-17 e 18 e várias outras para a transferência de massa em sistemas multicomponentes foram testadas 12 em
comparação com integrações de modelos com propriedades físicas variáveis para sistemas isotérmicos. As conclusões
desses estudos foram as seguintes:
1. Para vinte problemas de difusão transiente de gases, abrangendo uma ampla faixa de valores da taxa líquida de trans-
ferência de massa, a linearização em termos de unidades molares demonstrou uma excelente concordância com a solu-
ção exata. Taxas de evaporação e de condensação de isobutano, para o sistema i-C4H 10-N2-H2 na geometria do Exemplo
20.1-1, foram aproximadas com um desvio médio de 1,6% pela Eq. 22.9-17 usando valores de frações molares de re-
ferência dados pela Eq. 22.9-26, com a,= 0,5. Tomando por base a unidade de massa, a linearização através da Eq.
22.9-18, demonstrou-se inferior devido às variações de pede [Awl· Usando o valor de aw = 0,8, esse método apresen-
tou um desvio padrão de 3,8% para os fluxos na interface N oíJ da única espécie transferível (isobutano). Aproximações
baseadas no mosfelo do filme em regime quase-permanente demonstraram-se bastante imprecisas; o uso de fatores de
correção e,ª= <Pxj(exp<faxa - 1) (como dado por Stewart e Prober5 para o modelo do filme da Seção 22.8) apresentou
um desvio padrão de 7,88% com o valor otimizado de a,= 1,0. O modelo do filme de Krishna e Standart, 11 que não
utiliza a linearização, deu um desvio padrão de 14,3%, valor esse independente dos valores de ax e ªw·
Esses resultados
favorecem o uso da Eq. 22.9-17 (ou para valores moderados das taxas da Eq. 22.9-21) com ax = 0,5 para a fase gasosa
nas operações de transferência descritas pelo modelo da penetração.
2. Para vinte problemas de transferência de momento e de massa na camada limite no escoamento laminar gasoso de H2 ,
N 2 e C0 2 ao longo de uma placa porosa, resolvido analiticamente por Prober,3 a linearização, baseada em unidades de
massa, foi a que melhor se aproximou das soluções exatas. Para o caso de propriedades variáveis, as soluções comple-
tas para naa par::. as três espécies foram aproximadas 12 com um desvio padrão de 0,55% pela Eq. 22.9-18, usando os
coeficientes de transferência de massas k~ previstos pelas Eqs. 20.2-47 e 22.9-27 com o valor otimizado de a.,= 0,4.
Os modelos do filme de Stewart e Prober5 e o de Standart e Krishna 11 deram desvios padrões de 4,78% (com a,= 1,0)
e de 8,25%, respectivamente, para as taxas de transferências das espécies.
Os métodos aqui apresentados estão sendo extensamente utilizados na engenharia de processos de separação
multicomponente. Avanços na tecnologia computacional têm facilitado o uso desses métodos e estimulado pesquisas na
busca de outros ainda mais eficientes para a solução de problemas relacionados a fenômenos não-lineares e reações quí-
micas complexas.
1. Sob quais condições as analogias da Tabela 22.2-1 podem ser aplicadas? Elas podem ser aplicadas em sistemas com
reação química?
2. Qual é o coeficiente de transferência de calor na Eq. 22.1-6 que é definido de forma distinta daquele definido na Eq.
14.1-1-ou é o mesmo?
3. Alguns coeficientes de transferência de massa do presente capítulo têm o sobrescrito O, enquanto outros têm o sobres-
crito ·. Explique detalhadamente o significado desses sobrescritos.
4. Quais conclusões você pode tirar dos cálculos analíticos dos coeficientes de transferência de massa na Seção 22.2?
5. Qual é o significado do dígito 2 que aparece nas Eqs. 22.3-20 e 21?
6. Qual é o significado dos subscritos O, e e b na Seção 22.4?
7. Qual é o significado do termo "modelo pouco sensível"?
8. De que maneira a tensão superficial exerce influência na transferência de massa na interface? Como a tensão super-
ficial pode ser definida? Como a tensão superficial depende da temperatura?
9. Discuta os fundamentos físicos relacionados ao modelo do filme, ao modelo da penetração e ao modelo da camada
limite para a transferência de calor e massa.
10. Como os coeficientes de transferência de calor e massa são afetados em condições de elevadas taxas de transferência
de massa através da interface?
PROBLEMAS
22A.1 Previsão dos coeficientes de transferência de massa em canais fechados. Estime os coeficientes de transferên-
cia de massa para o vapor d'água evaporando em ar a 2 atm e 25ºC, e uma vazão mássica de 1.570 lbm/h, no sis-
tema a seguir. Considere 05,.,_a = 0,130 cm2/s.
(a) Um tubo vertical de 6 in de diâmetro interno com um filme de água escoando ao longo da parede interna do
tubo. Faça uso das seguintes correlações 1 para gases em uma coluna molhada:
22A.2 Cálculo da composição do gás a partir de dados psicrométricos. Uma corrente de ar úmido tem uma tempera-
tura de bulbo úmido de 80ºF e de bulbo seco de 130ºF, medidas a uma pressão total de 800 mm Hg e alta veloci-
dade do ar. Determine a fração molar do vapor d'água na corrente de ar. Para simplificar, considere que a água é
um componente traço para a determinação das propriedades do filme.
Resposta: XAoo = 0,017 6
22A.3 Cálculo da temperatura de entrada do ar para secagem em um leito fixo. Um leito raso de sólidos granulados satura-
dos com água deve ser secado através de uma corrente de ar a 1, 1 atm de pressão e velocidade superficial de 15 ft/s. Qual
é a temperatura do ar inicialmente requerida para que a temperatura da superfície dos sólidos seja mantida a 60ºF? Des-
preze os efeitos de radiação: Ver Seção 14.5 para valores de coeficientes de transferência de calor para leitos recheados.
22A.4 Taxa de secagem de sólidos granulares em leito fixo. Calcule a taxa de remoção da água na operação de seca-
gem descrita no Problema 22A.3, se as partículas têm geometria cilíndrica com a = 180 fr- 1•
22B.1 Evaporação de uma gota em queda livre. Uma gota de água, 1,00 mm de diâmetro, está em queda livre através
de ar seco, estagnado à pressão de 1 atm e temperatura de lOO"F sem circulação interna. Suponha um comporta-
1
E.R. Gilliland and T.K. Sherwood, lnd. Eng. Chem., 26, 516-523 (1934).
TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 687
mento de regime quase-permanente e uma pequena taxa de transferência de massa para determinar (a) a velocida-
de da gota em queda livre, (b) a temperatura da superfície da gota e (e) a taxa de decréscimo do diâmetro da gota
em cm/s. Suponha que as propriedades do filme são iguais às do ar seco a SOºF.
Respostas: (a) 390 cm/s; (b) 54ºF; (e) 5,6 X 10-4 cm/s
22B.2 Efeitos da radiação em medidas psicrométricas. Suponha que um termômetro de bulbo úrnido e um de bulbo
seco estejam instalados em um duto longo cuja temperatura na superfície interna é constante e igual a T, e que a
velocidade do gás é pequena. Então a temperatura do bulbo seco Tdh e a do bulbo úmido Twb devem ser corrigidas
para levar em conta os efeitos da radiação. Como no Exemplo 22.3-2, vamos supor que os termômetros estão ins-
talados de tal forma que a condução de calor ao longo da haste do termômetro pode ser desprezada.
(a) Faça um balanço de energia por unidade de área do termômetro de bulbo seco para obter uma equação para a
temperatura do gás Tm em termos de Tdh, T,, hdb, edb e adb (sendo esses dois últimos, respectivamente, a emissividade
e a absortividade do termômetro de bulbo seco).
(b) Faça um balanço de energia por unidade de área e obtenha uma expressão para a taxa de evaporação.
(e) Detennine X,1~ para as leituras de pressão e temperatura do Exemplo 22.3-2, considerando ainda que V m = 15 ft/
s, T, = 130ºF, edb = adb = ewb = awb = 0,93, diâmetro do tennômetro de bulbo seco = 0,1 in, e o diâmetro do
termômetro de bulbo úmido = 0,15 in, incluindo a mecha.
Resposta: xAQ = 0,0021
22B.3 Teoria do filme com propriedades de transporte variáveis
(a) Mostre que para sistemas nos quais as propriedades de transporte são funções de y, as Eqs. 19.4-12 e 13 podem
ser integradas para dar para y ~ ô_< ou y ~ Or, respectivamente,
(b) Faças as mudanças correspondentes nas Eqs. 19.4-16 e 17, bem como nas Eqs. 22.8-5 e 6. Verifique então que
as Eqs. 22.8-7 e 8 continuam válidas. Nesse caso não é necessário trabalhar com integrais no cálculo das taxas de
transferência se h1oc e kx.Ioc podem ser determinados.
(e) Mostre que h10 c e kx.loc têm que ser determinados em termos das propriedades físicas e do regime de escoamento
predominante (laminar ou turbulento) nas condições para as quais h"10 c e k·x.loc devem ser determinados.
22B.4 Produção de gelo por evaporação. Considere uma vasilha rasa com 0,5 m de diâmetro e cheia até a borda, que se
apóia sobre uma camada de material isolante, tal como palha solta, em uma área sem vento. A qual temperatura do
ar pode a água ser resfriada até o ponto de congelamento, se a umidade relativa do ar é de 30%? Faça as seguintes
suposições: (i) despreze os efeitos de radiação, (ii) considere a radiação para um céu escuro (corpo negro) de tem-
peratura efetiva de 150K, e (iii) suponha que a vasilha tem uma elevação de 2 mm de altura ao longo da borda.
22B.5 Arraste de oxigênio. Calcule a taxa pela qual o oxigênio é transferido da água estagnada saturada com oxigênio a
20°C para uma bolha de nitrogênio puro de 1 mm de diâmetro, se a bolha se comporta como uma esfera rígida.
Note que, inicialmente, será necessário determinar a velocidade de ascensão da bolha através da água.
22B.6 Controle da resistência difusional. Gotas de água de 2 mm de diâmetro estão sendo oxigenadas à medida que
estão em queda livre em um meio constituído de oxigênio puro a 20°C e pressão de 1 atm. Você precisa saber da
difusividade da fase gasosa para calcular a taxa de transferência de oxigênio? Por quê? Sob essas condições, a
solubilidade do oxigênio é de 1,39 mmol/litro, e sua difusividade na fase líquida é de cerca de 2,1 X 10-5 cm2/s.
22B.7 Determinação da difusividade (Fig. 22B.7). A difusividade do vapor d'água no nitrogênio deve ser determinada
à pressão de 1 atm no intervalo de temperatura entre OºC e lOOºC por meio do "experimento de Arnold" descrito
no Exemplo 20.1-1. Será, portanto, necessário usar o fator de correção O,w para o modelo da penetração. Calcule
esse fator em função da temperatura. Nessa faixa de temperatura, a pressão de vapor da água pode ser obtida da
Fig. 22B.7 ou calculada da
log10PH,o = 0,6715 + 0,ü30T 0,00008T 2 (228.7-1)
em que PH,o é a pressão de vapor em mm Hg, e T, a temperatura de graus Celsius.
688 CAPéruLO VINTE E DOIS
1a3
..,,
1
....o"'!:·,... Pontos
experimentais~
~
<1) "
"O
AV' 1\ 1
o
1~
101 1/ Ajuste da curva:
a: log PH2o = 0,6715 + 0,()30 T '
p.
</.,
+ o,ooowgs r 2
o: 1 1 1 1
Fig. 22B.7 Pressão de vapor da água sob o seu próprio va-
1
10°
o 20 40 60 80 100 por - dados de Lange's Hanclbook of Chemistry (J. Dean,
Temperatura, C ed.), 15th edition, McGraw-Hill, New York (1999).
22B.8 Efeitos Marangoni na condensação de vapores. Em muitas situações o coeficiente de transferência para a con-
densação de vapores é dado por h = k/ o, onde k é a condutividade térmica do filme de condensado e oé a espessura
do filme. Correlações disponíveis na literatura são usualmente baseadas na suposição de tensões cisalhantes nulas
na superfície livre do filme, mas, se a temperatura da superfície decresce, haverá uma tensão cisalhante Ts = CT/ z,
onde CT é a tensão superficial e z é a coordenada no sentido do escoamento. Quanto desse efeito fará variar um
coeficiente de transferência de calor de 5.000 kcal/h·m2·C para um filme de água? Para esse problema, a viscosi-
dade cinemática da água pode ser considerada igual a 0,0029 cm2/s, a densidade igual a 0,96 g/cm3 , a condutivida-
de térmica igual a 0,713 kcal/h-m·C e dCT/dT = -0,2 dina/cm·C.
Resposta Parcial:
O termo em que r, aparece representa os efeitos dos gradientes de tensão superficial, e, quando esse termo é peque-
no, o valor do denominador será próximo do valor para o caso de gradiente nulo. Para as condições desse problema
pgo = 14,3'tlina/cm2• Os efeitos da tensão superficial aumentam no sentido de cima para baixo. No caso oposto,
mesmo pequenos gradientes podem causar instabilidades hidrodinâmicas e assim os efeitos serão maiores.
22B.9 Modelo do filme para esferas. Obtenha os resultados correspondentes às Eqs. 22.8-3 e 4 para a transferência si-
multânea de calor e massa em um sistema com simetria esférica. Isto é, suponha urna superfície esférica de trans-
ferência de massa e que Te xA dependem somente da coordenada radial r. Mostre que as Eqs. 22.8-7 e 8 não pre-
cisam ser modificadas. Quais conclusões poderiam ser obtidas se fosse tentado usar a teoria do filme para o cálculo
do arraste na esfera?
22B.10.Modelo do filme para cilindros. Obtenha os resultados correspondentes às Eqs. 22.8-3 e 4 para um sistema com
simetria cilíndrica. Isto é, suponha que urna superfície cilíndrica de transferência de massa e que Te xA dependem
somente da coordenada radial r. Mostre que as Eqs. 22. 8-7 e 8 não precisam ser modificadas.
22C.1 Cálculo das taxas de ultrafiltração. Verifique a precisão dos resultados previstos que são mostrados na Fig. 22.8-
9 para os seguintes dados e propriedades físicas:
Sistema físico:
Taxa de rotação do disco filtrante = 273 rpm
Albumina de soro bovino em pP = 2,2 g/l 00 ml
Difusividade da solução-tampão de fosfato (pH 6,7) = 7,1 X 10-7 cm 2/s
Viscosidade cinemática da solução-tampão = 0,01 cm2/s
Volumes parciais específicos de proteína e tampão iguais a 0,75 e 1,00 ml/g, respectivamente
Permeabilidade hidráulica, KH = 0,0098 cm/rnin·psi
Efeito concentração de proteína:
Densidade da solução p = 0,997 + 0,224pP em g/ml
Relaçãodedifusividadesproteína-tampão®ps(0)/21ip5(pp) = 21,3 <f>p/tanh(21,3<f>p), onde cpp = w/lr/(wrVr + w5V5)
é a fração molar volumétrica de proteína, sendo VP e V5 os volumes parciais específicos de proteína e sol-
vente
'TRANSPORTE ENTRE FASES EM MISTURAS NÃO-ISOTÉRMICAS 689
Relação de viscosidades proteína-tampão µ,(0)/µ,(pp) = 1,11 - 0,054pp + 0,00067 p/, com PP expresso em
g/100 ml
Pressão osmótica 1T = 0,013p/ em psi (100 ml/g)2
Os dados de operação são os seguintes:
4,0 0,032
7,1 0,049
8,4 0,049
13,6 .·.0,061
14,7 0,066
23,9 0,074
29,7 0,078
30,0 0,079
36,4 0,081
47,0 0,082
23.1 BALANÇOS MACROSCÓPICOS DE MASSA 23.5 Uso DOS BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA
RESOLVER PROBLEMAS EM REGlME PERMANENTE
23.2º BALANÇOS MACROSCÓPICOS DE MOMENTO E DE
MOMENTO ANGULAR 23.6 Uso DOS BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA
RESOLVER. PROBLEMAS EM REGIME TRANSIENTE
23.3 BALANÇO MACROSCÓPICO DE ENERGlA
As aplicações das leis de conservação de massa, de momento e de energia a sistemas de engenharia em escoamento foram
discutidas no Cap. 7 (sistemas isotérmicos) e no Cap. 15 (sistemas não-isotérmicos). Neste capítulo, continuaremos adis-
cussão introduzindo três fatores adicionais não encontrados nos capítulos anteriores: (a) o fluido no sistema é composto de
mais de uma espécie química; (b) reações químicas podem estar ocorrendo, juntamente com variações de composição e
produção ou consumo de calor e (c) massa pode estar entrando no sistema através das superfícies de contorno (isto é,
através das superfícies diferentes dos planos 1e2). Vários mecanismos pelos quais a massa pode entrar ou sair através das
superfícies de contorno do sistema são mostradas na Fig. 23.0-1.
Neste capítulo, rnsumimos os balanços macroscópicos para a situação mais geral descrita anteriormente. Cada um des-
ses balanços conterá agora um termo extra, de modo a considerar o transporte de massa, de momento ou de energia através
das superfícies de contorno. Os balanços assim obtidos são capazes de descrever processos industriais de transferência de
CH4 aquecido, 0 2 e
Ar + NH + H 0 /Entrada de água
produtos de combustão
3 2
O, quente
Superfície 1 Superfície 2
1 1 \
~~·''··""'<"·'''·''·'-·"'·''·~··••"••'•"·-···· . / Ácido !
Água -7 Revestimento de ácido benzóico -7 benzóico -~-- 1--Superficie 1 ~---;-·-=- Superfície 1
1•• ;;•"-'""'''""'.c"""''"'~'~"'·"'·"""'·"""''·•'•'·>·:,,,,,,c-," .. ··1 aquoso Ar+ f11\ CH,frio
1 1
NH3 Saída da amônia
aquosa
(n) (b) (e)
Fig. 23.0-1. Maneiras nas quais a massa pode entrar ou saír através das superficies de contorno: (a) ácido benzóico entra no sistema por
dissolução da parede; (b) vapor de água entra no sistema, definido como a fase gasosa, por evaporação, e vapor de amônia sai por absorção;
(e) oxigênio entra no sistema por tran.spíração através de uma parede porosa.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTEs 691
massa, tais como absorção, extração, troca iônica e adsorção seletiva. Visto que existem tratados inteiros devotados a es-
ses tópicos, tudo que tentaremos fazer aqui é mostrar como o material discutido nos capítulos precedentes alicerçam o
caminho para o estudo de operações com transferência de massa. O leitor interessado em pesquisar mais sobre esses tópi-
cos, deve consultar livros-texto e tratados disponíveis. 1•8
A principal ênfase neste capítulo está nos balanços de massa para misturas. Por essa razão, a Seção 23. l é acompanha-
da de cinco exemplos, que ilustram problemas que surgem na ciência ambiental, em separação de isótopos, na avaliação
econômica e na ciência biomédica. Nas Seções 23.2 a 23.4, os outros balanços macroscópicos serão dados. Na Tabela
23.5-1, eles estão resumidos para sistemas com múltiplas entradas e saídas. As duas últimas seções do capítulo ilustrarão
aplicações dos balanços macroscópicos a sistemas mais complexos.
a= 1, 2, 3, ... , N (23.1-1)
Essa é uma generalização da Eq. 7.1-2. Aqui, mª·'º' é a massa instantânea total de a no sistema e -ilwª = w,, 1 - w,,2 =
Pa 1(v 1}S1 - Pa2(v2)S2 é a diferença entre as vazões mássicas da espécie a através dos planos 1 e 2. A grandeza wa.o é a vazão
mássica de adição da espécie a ao sistema, devido à transferência de massa através da superfície de contorno. Note que
w"·ºé positiva quando massa for adicionada ao sistema, da mesma forma que Q e W111 são considerados positivos no balan-
ço de energia total, quando calor é adicionado ao sistema e trabalho é feito no sistema pelas partes móveis. Finalmente, o
símbolo r ª·'º'representa a taxa líquida de produção da espécie a por reações homogêneas e heterogêneas dentro do siste-
ma.1
Lembre-se de que na Tabela 15.5-1, os transportes molecular e turbulento de momento e de energia, através das super-
fícies 1 e 2 na direção de escoamento, foram negligenciados em relação ao transporte convectivo. O mesmo é feito em
toda parte neste capítulo - na Eq. 23.1-1 e nos outros balanços macroscópicos apresentados aqui.
Se todas as N equações na Eq. 23.1-1 forem somadas, conseguimos
dmtot
dt= -6.w + Wo (23.1-2)
a= l, 2, 3, ... , N (23.1-3)
1
W. L. McCabe, J. C. Smith, and P. Harriot, Unit Operations of Chemical Engineering, McGraw-HiH, New York, 6~ edition (2000).
'T. K. Sherwood, R. L. Pígford, and C. R. Wilke, MassTransfer, McGraw-Hill, New York (1975).
3
R. E. Treybal, Mass Transfer Operations, 3"' edition, McGraw-Hill, New York (1980).
4
C. J. King, Separation Processes, McGraw-Hill, New York ( 197 l ).
'C. D. Holland,Multicomponent Distillotion, McGraw-HiU, New York (1963).
6
T. C. Lo, M. H. l. Baird, and C. Hanson, eds., Handbook of Solvent Extraction, Wiley-Interscience, New York (1983).
7
R. T. Yang, Gas Separations by Adsorption Processes, Butterworth, Boston (1987).
8
J. D. Seader and E. J. Henley, Separation Process Principies, Wiley, New York (1998).
' As grandezas ma."" wa.o e ra.<" podem ser expressas como integrnis:
111,,tot = f
V
PadV; ra,tot = Jr d\!+ j- ,.cs>ds
V
a
S,
a: (23.1-la, b, e)
em que n é o vetor unitário normal, dirigido para fora, e S0 é aquela porção da superfície de contorno onde a transferência de massa ocorre. Os integrandos em rª""' são as
taxas líquidas de produção da espécie a por reações homogênea e heterogênea, respectivamente.
692 CAPITULO VINTE E TRÊS
Aqui, as letras maiúsculas representam os correspondentes molares dos símbolos em letras minúsculas na Eq. 23.1-1. Quando
a Eq. 23.1-3 for somada para todas as espécies, o resultado será
dMtot _ ~
-;u-- - - 6. W + Wo + f=i Ra,tot (23.1-4)
Observe que o último termo, em geral, não é zero, porque moles são produzidos ou consumidos em muitos sistemas de
reações.
Em algumas aplicações, tais como operações de transferência de massa contínua no espaço, é de costume reescrever a
Eq. 23.1-1ou3 para um elemento diferencial do sistema (ou seja, na "forma d", discutida na Seção 15.4). Então, os dife-
renciais dwª·º ou dWª·º podem ser expressos em termos de coeficientes locais de transferência de massa.
EXEMPLO 23.1-1
Eliminação de um Produto Residual Instável
Uma corrente fluida emerge de uma planta química, com vazão mássica constante, w, e é descarregada em um rio (Fig.
23.1-la). Ela contém um resíduo A, com uma fração mássica wi1 0 , que é instável e se decompõe a uma taxa proporcional
à sua concentração, de acordo com a expressão rA = -k;"p11 -isto é, por uma reação de primeira ordem.
Para reduzir a poluição, permite-se que a corrente de efluente passe através de um tanque de retenção de volume V,
antes de descarregar no rio (Fig. 23.1-lb). O tanque está equipado com um agitador eficiente que mantém o fluido no
tanque com composição aproximadamente uniforme. No tempo t = O, o fluido começa a escoar para dentro do tanque
vazio. Nenhum líquido escoa para fora até que o tanque tenha enchido até o volume V.
Desenvolva uma expressão para a concentração do fluido no tanque, como uma função do tempo, durante o processo
de enchimento do tanque e depois de o tanque ter sido completamente cheio.
SOLUÇÃO
(a) Começamos considerando o periodo durante o qual o tanque está sendo cheio - ou seja, o período t :::;; pV/w, sendo p
a densidade da mis~ra do fluido. Aplicamos o balanço macroscópico de massa da Eq. 23.1-1 para o tanque de retenção.
A grandeza mA•tm no lado esquerdo é wtwA no tempo t. A vazão mássica entrando no tanque é wwAo• não havendo escoa-
Vazão
volumétrica
Q= w/p
Co;o~:~'°~,~. r~
Vazão volumétrica Q = w/p
~~-"-~---""--'--'-'---'-'-'-'---~~
Concentração de A no '
efluente PAo • \ /
~
·><: . .}.•. :· \:::c:§i:::::;:/
(a) Tanque bem agitado
com volume V
(b)
PA
PAO
PAo
--------------------- PA==~
/t=V/Q
(e)
Fig. 23.1-1. (a) Corrente de resíduo com poluente instável desembocai"ldo diretamente no rio. (b) Corrente de resíduo com tanque de reten-
ção que permite o poluente instável cair antes de ir para o rio. (e) Esquema mostrando a concentração de poluente sendo descarregado no rio
depois de o tanqÚe de rétenção estar cheio (a grandeza adirnensional K é JC.'V/Q).
BALANÇOS MACROSCÓPlCOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 693
mento para fora durante o estágio de enchimento do tanque. Nenhum A está entrando ou saindo através de uma interface
de transferência de massa A vazão mássica de produção da espécie A é rA,tot = (wt/ p)(-k~'µA) = -k;'mA,wt· Por conseguin-
te, o balanço macroscópico de massa para a espéc~ A durante o período de enchimento é
(23.1-5)
Essa primeira equação diferencial de primeira ordem pode ser resolvida com a condição inicial de que mA, 101 = O em t = O
para fornecer
Wú!AO m
m11,tat = y ( l - exp(-k1 t)) (23.1-6)
l
Isso pode ser escrito em termos da fração mássica instantânea de A no tanque, usando a relação mA•tot = wtwA:
w11 1 - exp(-k';'t)
(23.1-7)
ú!Ao k';'t
A fração mássica de A no instante quando o tanque está cheio, wAF, é então dada por
ú!Af _ 1- e-K
WAo --K-- (23.1-8)
(23.1-10)
Essa equação diferencial de primeira ordem pode ser resolvida com a condição inicial de que wA = wAF em T = 1 para
fornecer
F,z,Z T
Alimentação ~I Produto
P,y,Y
Resíduo Fig. 23.1-2. Separador binário, em que uma corrente de alimentação é dividi·
W,x,X da em u..rna corrente de produto e em uma corrente de resíduo.
EXEMPLO 23.1-2
Separadores Binários
Descreva a operação de um separador binário, um dos mais comuns e simples dispositivos de separação (ver Fig. 23.1-2).
Aqui, uma mistura binária de A e B entra no aparelho em uma corrente de alimentação, a uma vazão molar F, e por algum
694 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
mecanismo de separação ela é dividida em uma corrente de produto com uma vazão molar P e uma corrente de resíduo
com uma vazão molar W. A fração molar deA (o componente desejado) na corrente de alimentação é z e as frações mola-
res nas correntes do produto e do resíduo são y ex, respectivamente.
SOLUÇÃO
Começamos escrevendo os balanços macroscópicos de massa, em regime permanente, para o componente A e para o flui-
do inteiro como
zF =yP + xW (23.1-13)
F=P+ W (23.1-14)
Costuma-se chamar de corte a razão e=P/F das vazões molares das correntes do produto e da alimentação. A Eq. 23.1-13
toma-se então, depois de eliminar W pelo uso da Eq. 23.1-14,
z = ()y + (1 - ())x (23.1-15)
e
Normalmente, o corte e a composição de alimentação z são considerados conhecidos.
Necessitamos agora de uma relação entre as composições de alimentação e do resíduo, sendo convencional escrever
uma equação relacionando as composições das duas correntes de saída:
Y=aX (23.1-16)
Aqui, a é conhecido como o fator de separação, geralmente considerado também conhecido, e caracteriza a capacidade
de separação do separador. Aqui, Y e X são as razões molares definidas por
X X= (23.1-17, 18)
y X
Em termos das frações molares, a Eq. 23.1-16 pode ser escrita como
ax y
y = 1 +(a l)x ou x = -a---(a---1)-y (23.1-19, 20)
a= Ea* (23.1-21)
sendo a· o fator de separação para o modelo ideal e E um fator de correção que considera a falha do sistema real em se
comportar de modo ideal.
Assim, encontramos que, para uma dada composição de alimentação, o enriquecimento (y - z)/z produzido pelo separador
e
é uma função do corte e do fator de separação a. O enriquecimento pode ser calculado a partir da seguinte equação, que
é obtida combinando-se as Eqs. 23.1-15 e 23.1-20:
y
2 = ()y + (l - ()) a - (a l)y (23.1-22)
Essa é uma equação quadrática para y que pode ser resolvida quando zé dado, obtendo-se então o enriquecimento (y - z)/
z. Um exemplo é dado na Fig. 23.1-3, em que tanto (y - z)/z como 5R(y - z)/z são plotados como funções de 8para z =
1/2 e a= 1,25 (um valor razoável para muitos processos). Pode ser visto que, enquanto o enriquecimento máximo (y - z)/
zé obtido para cortes extremamente pequenos, o produto do enriquecimento e da vazão do produto é maior em um valor
intermediário de e. Encontrar um valor ótimo de eé um problema que tem de ser visto com base econômica.
Separadores simples, do tipo genérico mostrado na Fig. 23.1-2, são bastante usados como unidades básicas de monta-
gem para processos de separação em multiestágios. Esses incluem evaporadores e cristalizadores, que têm tipicamente um
fator de separação muito alto, a, por estágio, e sistemas para destilação, absorção gasosa e extração líquida, em que a pode
variar muito. Todas essas aplicações estão bem cobertas em livros-texto padrões de operações unitárias.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 695
......
'' \
I ........ \
0,02 I ........... \
1 "1
ºo 0,2 0,4 0,6 0,8
8 =corte Fig. 23.1-3. Comportamento de um separador binário.
Processos com membranas estão crescendo rapidamente em importância e muitos princípios de projeto foram desen-
volvidos para a indústria de fracionamento de isótopos. 2 Discussões sobre aplicações mais modernas são também disponí-
veis.3
EXEMPLO 23.1-3
Balanços 1V!acroscópicos e "Capacidade de Separação" e "Função Valor" de Dirac
Durante o Projeto Manhattan da II Guerra Mundial, o físico britânico Dirac2• 4• 5 usou balanços macroscópicos de massa
para um separador binário, com o objetivo de desenvolver um critério para comparar a efetividade de diferentes processos
de separação - por exemplo, difusão térmica e centrifugação. O mesmo critério tem sido útil também na avaliação de
biosseparações.
Imaginemos o sistema simples de separação mostrado na Fig. 23.1-2, em queF é a vazão molar da corrente de alimen-
tação que contém uma mistura binária de A e B, sendo P e W as vazões molares das correntes do produto e do resíduo. As
frações molares da espécie A nas três correntes são z, y ex, respectivamente.
No sistema, existe algum mecanismo (por exemplo, uma membrana) para aumentar a concentração de A na corrente do
produto e diminuí-la na corrente do resíduo. Podemos então definirumfator de separação a como nas Eqs. 23.1-16 a 18.
a = y/(1 - y) =1 + y - X
(23.1-23)
x/(l - x) x(l - y)
Escrevemos isso em uma segunda forma, porque consideraremos apenas sistemas em que haja somente um leve enrique-
cimento da espécie A, de modo que a - 1 seja uma grandeza muito pequena. Quando a Eq. 23.1-23 é resolvida para y
como uma função de x, obtemos então
x +(a - l)x
x + (a - 1)x(1 - x) (23.1-24)
y = 1 +(a l)x
A seguir, definimos a capacidade de separação de Dirac, li, do sistema como o aumento líquido no "valor" (este po-
deria ser, por exemplo, o valor monetário) das correntes que estão participando no sistema:
ti = Pv(y) + Wv(x) - Fv(z) (23.1-25)
2
E. Von Halle and J. Schacler, Diffusion Separation Methods, in Volume 8 of Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Tecluwlogy (M. Howe-Grant, ed.), 4'h edition,
Wiley, New York (1993), pp.149-203.
3
W. S. W. Ho and K. K. Sirkar, Membrane Handbook, Van Nostrand Reinhold, New York (1992), p. 954; R. D. Noble and S. A. Slem, Membrane Separaria/IS Techno/ogy,
Elsevier, Amsterdam (1995), p. 718.
4
P. A. M. Dirac, British Ministry ofSupply (1941); isso eslá reimpresso em The Collected Works ofP. A.1W. Dirac (1924-1948), (R. H. Dalitz, ed.) Cambridge Universily
Press (1995). Prêmio Nobel, Paul Adrien Maurice Dirac (1902-1984), foi um dos líderes no desenvolvimento de mecâruca quânlica, desenvolveu a equação relativística
da onda e previu a exislência do pósitron.
5 K. Cohen, Theory of lsotope Separation, McGraw-Hill, New York (1951).
696 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
sendo v(x) a função valor de Dirac. (Na literatura da ciência da separação, a capacidade de separação é freqüentemente
dada pelo símbolo ôU.)
Mostre como a capacidade de separação e a função valor podem ser obtidas pelo uso da definição na Eq. 23.1-25, jun-
tamente com os balanços de massa para o sistema.
SOLUÇÃO
O balanço de massa total e o balanço de massa para a espécie A são:
F= P + W; Fz = Py + Wx (23.1-26, 27)
e==
Dividimos agora a Eq. 23.1-27 por F e então usamos a Eq. 23.1-26 para eliminar W. Introduzimos então a grandeza
P/F (chamada de "corte"), ficando com t
Z = 8y + (1 - 8)X OU Z - X = 8(y - X) (23.1-28)
·r
A seguir, dividimos a Eq. 23.1-25 por F e introduzimos 8, resultando
Consideramos agora que a capacidade de separação do sistema seja praticamente independente da concentração. Portantó,
estabelecemos o fator dependente da concentração na Eq. 23.1-33 igual à unidade; assim,
é a expressão final para a capacidade de separação. De acordo com essa expressão, a capacidade de separação tem um
máximo quando o sistema é operado a (} = 1/2.
Necessitamos ainda obter a função valor de Dirac, que tem de satisfazer a equação diferencial
(23.1-35)
As duas constantes de integração podem ser atribuídas arbitrariamente e várias escolhas diferentes foram usadas. Entre-
tanto, a escolha mais comum é v(l/2) = Oe v' (1/2) == O. Isso conduz a
v = (2z -1) ln (
1
~ 2
) (23.1-37)
que é a solução simétrica, pelo fato de v(l - z) = v(z) e v' (1 - z) = -v' (z).
A função valor v(z) e a capacidade de separação!::.. são úteis quando comparando separações feitas em tipos diferentes
de equipamentos, assim como diferentes faixas de concentração. De um ponto de vista econômico, v(z), como dado pela
Eq. 23.1-37, é útil para determinar diferenças de preço para misturas de isótopos de diferentes purezas.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 697
EXEMPLO 23.1-4
. Análise Compartimentada
Uma das aplicações mais simples e mais úteis do balanço macroscópico de massa da espécie é chamada de análise
compartimentada, em que um sistema complexo é tratado como uma rede de misturadores perfeitos, cada um com volume
constante, conectados por dutos de volume desprezível, com nenhuma dispersão ocorrendo nos dutos de conexão. Imagi-
ne unidades de misturas, marcadas como 1, 2, 3, ... , n, .. ., N, contendo várias espécies (marcadas com índices a, {3, y, ... ).
Então, a concentração mássica, Pan• da espécie a na unidade n varia com o tempo, de acordo com a equação
dpan N
Vndt = ~] Qmn(Pam - Pan) + Vnran - ~ (23.1-38)
Aqui, V. é o volume da unidade n, Qmn é a vazão volumétrica do solvente da unidade m para a unidade n e ran é a taxa de
formação da espécie a por unidade de volume na unidade n.
Mostre como tal modelo pode ser especializado para descrever a remoção de produtos metabólicos tóxicos (ou seja, os
materiais tóxicos resultando do metabolismo humano) de um paciente por hemodiálise. Hemodiálise é a remoção periódi-
ca de metabólitos tóxicos encontrados por meio do contato entre o sangue e um fluido de diálise em escoamento
contracorrente, separados por uma membrana de celofane que é permeável ao metabólito.
SOLUÇÃO
O modelo simples de dois compartimentos da Fig. 23 .1-4 foi adequado para representar o sistema de hemodiálise. Aqui,
o bloco grande, ou compartimento 1 (denominado "corpo"), representa os fluidos corpóreos combinados, exceto para aqueles
no sangue, que são representados pelo compartimento 2. O sangue circula por um sistema ramificado de vasos através do
compartimento 1, a uma vazão volumétrica Q, extraindo, no processo, soluto pelas paredes dos vasos. Esse processo é
altamente eficiente e um único soluto sai do compartimento 1, a uma concentração p 1, igual à concentração em todo o
compartimento. Ao mesmo tempo, o soluto está sendo formado dentro dos fluidos corpóreos, a uma taxa constante G,
sendo extraído do sangue durante a diálise por um dialisador a uma taxa D p2 • A constante de proporcionalidade, D, é co-
nhecida como "folga do dialisador" e é fixada pelo projeto do dialisador e pelas condições operacionais.
Pi Corpo (2) P1
O processo muito complexo que realmente ocorre é modelado pelas duas equações
dpl
V1 dt = -Q(p1 - pz) + G (23.1-39)
dp2
V2 dt = Q(p1 - Pz) - Dpz (23.1-40)
com D O entre os períodos de diálise. Pelo fato de estarmos considerando um único soluto, as concentrações têm
somente um subscrito, que indica o compartimento. Medimos o tempo t do início de um procedimento de diálise, quan-
do o sangue e os fluidos corpóreos estão muito perto do equilíbrio entre si, de modo que podemos escrever as condições
iniciais como
onde Po é uma constante. Queremos agora obter uma expressão explícita para a concentração do metabólito tóxico no san-
gue em função do tempo.
Começamos adicionando as Eqs. 23.1-39 e 40 e resolvendo para dpifdt. Esta é então substituída na derivada da Eq.
23.1-40 em relação ao tempo para obter a equação diferencial referente à concentração de metabólito no sangue:
(23.1-42)
com
A segunda condição inicial é obtida pelo uso das Eqs. 23.1-40 e 41.
Essa equação é agora resolvida com os seguintes valores específicos de parâmetros, que são típicos para a remoção de
creatinina de uma pessoa adulta com 70 kg:
V1 V2 Q D G Po
Grandeza (litros) (litros) (litros por min) (litros por min) (g por minuto) (g por litro)
(23.1-51)
, Gt'
P2.pi = y +v (23.1-52)
1 2
em que t' é o tempo medido a partir do início do período de recuperação. Substituindo os valores numéricos, obtemos
então a concentração durante o período de recuperação e sua derivada temporal
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 699
As constantes de integração devem ser determinadas para t' = O, a partir das condições de igualdade,
em t' =O, (23.1-55, 56)
Necessitamos de uma segunda condição inicial para determinar as constantes de integração na Eq. 23.1-53. Isso pode ser
obtido daEq. 23.1-40 e da equação correspondente parap~ (isto é, com D= 0), combinada com as duas relações nas Eqs.
23.1-55 e 56. Essa relação é
dp~ dp 2 Dp2
em t' =O, dt = dt + v2 (23.1-57)
Para finalidades ilustrativas, devemos encerrar a diálise em 50 mín, para os quais
P2(t = 50) = 0,099239 = p~ (23.1-58)
Temos agora informação suficiente para determinar as constantes de integração e portanto conseguimos para a concentra-
ção no sangue durante o período de recuperação
p~ = 0,0972 - 0,00422 exp(-1,325t') + (5,05 X 10-s)t' (23.1-59)
As Eqs. 23.1-48 e 59 são plotadas na Fig. 23.1-5.
o 0,14
b
~
oi" 0,13
·ê \
·~ 0,12
~ \
"
"O ' 1
l~ 0,11
\ 1
e \ J- n
~
1
0,10 i--..-
§
u
0,09 o
50 100 150 200
Tempo, minutos Fig. 23.1-5. Farmacocinética da diálise: previsão do modelo.
A Fig. 23.1-6 é talvez mais interessante por mostrar a aplicação das Eqs. 23.1-39 e 40 para um paciente real. Aqui, os
pontos representam os dados e as linhas são as previsões do modelo. Somente a folga do dialisador e as conéentrações de
creatinina são conhecidas e os dados do primeiro ciclo são usados para estimar os parâmetros restantes. O modelo resul-
tante é usado então para prever os próximos três ciclos. Vemos que essa abordagem correlaciona de forma excelente os dados,
tendo valor preditivo. Observe que o aumento repentino na concentração de creatinina em 50 min resulta do fato de que o dialisador
não mais a remove do sangue. Como resultado, o desequílibrio entre o sangue e o resto do corpo toma-se então menor.
Modelos compartimentados similares têm larga aplicação em medicina, onde são chamados de modelos
farmacocinéticos. 6 Uma modelagem fannacocinética apriorística, em que os parâmetros do modelo são determinados se-
paradamente do processo sob análise, foi primeiro desenvolvida por Bischoff e Dedrick.7
EXEMPLO 23.1-5
Constantes de Tempo e Insensibilidade do Modelo
No exemplo anterior é claro, mesmo por uma inspeção superficial, que nem os fluidos corpóreos nem o sangue circulante
têm muito em comum com tanques de mistura ideal, sendo conseqüentemente de algum interesse examinar criticamente
o sucesso do modelo compartimentado simples. Para começar nessa direção, compare a resposta (ou seja, a concentração
na saída) de dois sistemas bem diferentes na Fig. 23.1-7, em relação a uma alimentação de soluto que cai exponencialmen-
te: um em que o fluido que entra se move em escoamento empistonado (plug flow ou PFR) e um outro que atua como um
misturador perfeito (ou reator contínuo de tanques agitados, CSTR). Conforme mostrado na Fig. 23.1-7, as respostas a
uma entrada em forma de um pulso são bem diferentes para o PFR e o CSTR. Considere escoamento em regime perma-
nente, a uma vazão volumétrica Q, através de cada sistema e considere ainda que o traçador sendo seguido está muito
diluído para afetar o comportamento do escoamento do solvente transportador. Suponha que não ocorra reação.
2,0 1 1
1 1
1,8 1 1
Q
i 1,6
1
'
1
'
_, 1,4
~ 1,2
- ~PFR
·~ 1,0 \
'\
~ 0,8 '\
§ 0,6
PFR () 0,4 "' !'..
Q-f) V 0,2
..... CSTR
1
SOLUÇÃO
Para ambos os sistemas, consideramos que a concentração seja inicialmente zero em todo o sistema e que a concentração
da espécie a na corrente de entrada seja
Pa = Po exp(-t/to) (23.1-60)
sendo p0 e t 0 constantes, específicas para o problema.
Para o PFR, a concentração da corrente de saída mostra somente um atraso e um decaimento no tempo, podendo-se
escrever de imediato para X = pª IPo
X= O para t < t,.. 5 (23.1-61)
sendo t,es = V/Q o tempo médio de residência do soluto, uma segunda constante de tempo imposta ao sistema. O resultado
para um tempo mais longo é
X= exp(-(t - t,.,,)/t0] parat > tres (23.1-62)
6
P. G. Welling, Pharmacokinetics, Arnerican Chemical Society (1997).
7
K. B. Bischoff and R. L. Dedrick, J..Pharm. Sei., 87, 1347-1357 (1968); AIChE Symposium Series, 64, 32-44 (1968).
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 701
com a condição inicial que X = O em t = O. Essa equação diferencial de primeira ordem tem a solução
X= (-ª-)(e-' -
a-l
e-'") (a =F l) (23.1-64)
(a =l) (23.1-65)
em que a = toftres e r = tlt0 • As concentrações de saída são plotadas na Fig. 23 .1-8 como funções do tempo adimensional,
r = tlt0 , para cada reator e para lia = trejt0 igual a 0,1 e 1,0.
PFR
j
..... -,PFR
CSTR .......
..---" ~
'-
/ 1--.. ~ ~ tres = to_,__
X=!!:!.
Po 0,1 Ltres-fito '- " ~~ .....
......
.....
CSTR
......
.......
....... '
""'-
"
0,010
""' """ 4 Fig. 23:·1-8. Resposta do PFR e do CSTR a uma alimentação com de-
r=t/t0 caimento exponencial.
Pode ser visto que para lia= tr..ft0 = 1,0, os dois reatores produzem concentrações de efluente muito diferentes, como
seria esperado. No entanto, para t > > tres e para intervalo de tempo de observação, tobs• significativamente maior que trc,,
as curvas do efluente para os dois reatores são praticamente indistingüíveis. Essa é a região de validade para a análise
compartimentada e vemos que além das constantes de tempo impostas pelo próprio sistema, há também uma outra cons-
tante de tempo imposta pela duração de uma observação, tobs· Podemos então definir a faixa de validade da análise
compartimentada pelas desigualdades
(23.1-66)
Desse modo, a análise compartimentada é mais útil como uma descrição aproximada, para tempos longos, de um sistema
que responde lentamente em relação aos tempos de residência do soluto em suas urúdades componentes. Pode ser visto
imediatamente que essas condições são encontradas no Exemplo 23.1-4, em que as concentrações dos rnetabólitos para
tempos longos são de principal interesse.
A Eq. 23.1-66 resume os requisitos para farmacocinéticos que são encontrados em uma larga variedade de problemas
de transporte biológico com reação. Eles são também satisfeitos em uma grande quantidade de situações ambientais. 8
8
F. H. Shair and K. L. Heitner, Envir. Sei. and Tech., 8, 444-451 (1974).
702 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
(23.2-1)
(23.2-2)
Essas equações (raramente usadas) são as mesmas que as Eqs. 7.2-2 e 7.3-2, exceto pelos termos adicionais F 0 e T0 que
são, respectivamente, os fluxos 1 líquidos de entrada de momento e de momento angular para o sistema devido à transfe-
rência de massa. Para a maioria dos processos de transferência de massa, esses termos são tão pequenos que podem ser
seguramente desprezados.
d
dtCUtat 1(v~ + <P•) wJ + Qo + Q + Wm
+ Ktat + <Ptat) = -tl [(·U + pV- + 2(0"" (23.3-1)
Essa equação é a mesma que a Eq. 15.1-2, exceto pela adição do termo Q0• 1 Esse termo considera a adição de energia ao
sistema como um resultado da transferência de massa. Ele pode ser de considerável importância, particularmente se o material
estiver entrando através da superfície de contorno a uma temperatura muito maior ou muito menor do que aquela do fluido
dentro do sistema em escoamento, ou se ele reagir quimicamente no sistema.
Quando reações químicas estão ocorrendo, considerável calor pode ser liberado ou absorvido. Esse calor de reação é au-
tomaticamente levado em consideração no cálculo das entalpias das correntes de entrada e de saída (ver Exemplo 23.5-1).
Em algumas aplicações, em que as taxas de transferência de energia através da superfície são funções da posição, é
mais conveniente reescrever a Eq. 23.3-1 na forma d - ou seja, ao longo de uma porção diferencial do sistema em escoa-
mento, conforme descrito na Seção 15.4. Então, o incremento do calor adicionado, dQ, é expresso em termos de um coe-
ficiente local de transferência de calor.
(23.4-1)
Essa é a mesma que aEq. 7.4-2, exceto pelo termo adicionalB 0 que considera o transporte de energia mecânica através da
1
Esses tennos podem ser escritos como integrais,
Qo = -J (
s,
n· {~pv 2 v + pcPv + ~1 c}Iªvª}) dS (23.3-la)
em que n é o vetor unitário da nonnal, dirigido para fora. A origem desse tenno pode ser vista referindo-se à Eq. 19.3-5 e à Eq. (H) da Tabela 17.8-1.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA S!STElYL'\S MULTICOMPONEi'ITES 703
Massa:
(A)
Massa da espécie a:
a= 1,2,3, .. . N (B)
Momento:
Momento angular:
(D)
(E)
Energia· (total):
(1 ~ )W1 -
<vi>) + gh1 + H1
dtd (f<iot + <I>tcit .+ Utot).· = L 2 {v I
(12 <i1> +
(v ) gh2
~ )W2 + 1-V,. + Qo + Q
+ H2 (F)
1 2
Notas:
(a) 2:w.t = w. 1• + w. 1b + w.10 + ... ,em que w. 1• =p_1.vu.Si. e assim por diante; as Eqs. (A) e (B) podem ser escritas
em urúdades molares, trocando os símbolos em letras minúsculas por letras maiúsculas e adicionando o termo 2.,,R,.i.o,
à Eq. (A), a fim de considerar o fato de que moles não necessitam ser conservados em urna reação química. .
(b) h, eh, são elevações acima de um plano arbitrário de referência.
(c) Í:4 e Íi, são as entalpias por unidade de massa (para a mistura), relativas a algum estado de referência escolhido
arbitrariamente; ver Exemplo 19.3-1.
(d) Todas as equações são escritas para escoamento compressível; para escoamento incompressível, E0 = O. As gran-
dezas Ec e Ev são definidas nas Eqs. 7.3-3 e 4.
(e) u 1 e 1.1.z são vetores unitários na direção de escoamento.
1
Em termos de uma integral de superfície, esse termo é dado por
os lados esquerdos das equações podem ser omitidos. Como vimos nos Caps. 7 e 15, necessita-se de considerável intuição no
uso dos balanços macroscópicos e, algumas vezes, é necessário suplementar as equações com observações experimentais.
EXEMPLO 23.5-1
Balanços de Energia para um Conversor de Dióxido de Enxofre
Gases quentes, provenientes de um queimador de enxofre, entram em um conversor, em que o dióxido de enxofre presente
deve ser oxidado catalíticamente a trióxido de enxofre, de acordo com a reação S02 + 1/2 0 2 :;;;::::: S03• Quanto calor tem de
ser removido do conversor por hora, de modo a permitir uma conversão de 95% de S02 para as condições mostradas na Fig.
23.5-1? Considere que o conversor seja grande o suficiente para que os componentes do gás de saída estejam em equilfbrio
termodinâmico entre si. Isto é, as pressões parciais dos gases de saída estão relacionadas pela restrição de equihbrio
K=~ (23.5-1)
P Pso,PiJ.2
Os valores aproximados de KP para essa reação são
2
: T2=?
p = 1,00 atm
1 2
1
Üo, 10,80 lbmol/h
N1; 81,40 lbmol/h : Conversor
1
1
T1 =440ºC
p1 =1,05 atm Fig. 23.5-1. Oxidação catalítica do dióxido de enxofre.
SOLUÇÃO
É conveniente di vídir esse problema em duas partes: (a) primeiro, usamos o balanço de massa e a expressão de equilíbrio
para encontrar a temperatura desejada de saída, e então (b) usamos o balanço de energia para determinar a remoção reque-
rida de calor.
(a) Determinação 1 de T2 . Começamos escrevendo o balanço macroscópico de massa em regime permanente, Eq. 23.1-3,
para os vários constituintes nas duas correntes na fonna:
W.,2 = Wa1 + Ra,tot (23.5-2)
Além disso, tiramos vantagem das duas relações estequiométricas
Rso,,tot = - Rso,,tot (23.5-3)
Ro,,tot = ~Rso,,tot (23.5-4)
Podemos obter agora as vazões molares desejadas através da superfície 2:
1
Ver O. A. Hougen, K. M. Watson, and R. A. Ragatz, Chemical Process Principies, Part ll, 2'd edition, Wiley, New York (1959), pp. 1017-1018.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 705
K _ (7,42/96,29) =
72 0 atm- 112 (23.5-10)
p (0,38/96,29)(7,09 /96,29)112 '
Esse valor de KP corresponde a uma temperatura de saída, T2, igual a cerca de 51 OºC, de acordo com os dados de equilíbrio
vistos anteriormente.
(b) Cálculo da remoção requerida de calor. Conforme indicado pelos resultados do Exemplo 15.3-1, variacões nas
energias cinética e potencial podem ser negligenciadas aqui em comparação com variações na entalpia. Além di~so, para
as condições desse exemplo, podemos considerar o comportamento de gás ideal. Então, para cada constituinte, H" =fÍa(1).
Podemos então escrever o balanço macroscópico de energia, Eq. 23.3-1, como
N _ N _
-Q = 2.: (WaHa}i - L (WaHa)2
a=l a=l
(23.5-11)
(êua)m!dio
[cal/ gmol · ºC]
H~ de 25ºC
cal/gmol (WaHa)l (WaHa)z
Espécie a25ºC 440ºC 510ºC Btu/h Btu/h
502 ~70.960 11,05 11,24 -931.900 -44.800
503 .:..94,450 15,87 o -1.158.700
02 o 7,45 7,53 60.100 46.600
N1 o 7,12 7,17 433.000 509.500
Totais -438.800 -647.400
A substituição dos valores precedentes na Eq. 23.5-11 fornece a taxa requerida de calor removido:
-Q = (-438.800) - (-647.400)= 208.600 Btu/h (23.5-13)
EXEMPLO 23.5-2
Altura de uma Torre de Absorção com Recheio 3
Deseja-se remover um gás solúvel A de uma mistura contendo A e um gás insolúvel B, colocando em contato a mistura com
um solvente líquido não-volátil, L, no aparelho mostrado na Fig. 23.5-2. O aparelho consiste essencialmente em um tubo
vertical preenchido com um recheio, arrumado aleatoriamente, de pequenos anéis feitos de um material quimicamente
1
Ver, por exemplo, O. A. Hougen, K. M. Watson, and R. A. Ragatz, Chemical Process Principies, Part I, 2"" edition, Wiley, New York (1959), pp. 257, 296.
3 J. D. Seader and E. J. Henley, Separation Process Principies, Wiley, New York (1998).
706 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
inerte. O líquido L é aspergido uniformemente sobre o topo do recheio, pingando sobre as superfícies desses pequenos
anéis. Ao fazer isso, ele está intimamente em contato com a mistura gasosa que passa para cima da torre. Esse contato
direto entre as duas correntes permite a transferência de A do gás para o líquido.
As correntes gasosa e líquida entram no aparelho a vazões molares de -We e WL, respectivamente, em uma base livre
de A. Note que a vazão de gás é negativa, porque a corrente de gás está escoando do plano 2 ao plano 1 nesse problema. A
razão molar entre A e G na corrente de entrada do gás é YA2 = YA2/(1 - yA 2), e a razão molar entre A eL na corrente líquida
de entrada é XA 1 = xA/(1 - xA 1). Desenvolva uma expressão para a altura requerida, z, da torre, de modo a reduzir a razão
molar YA na corrente gasosa de YA1 para YA 1, em termos dos coeficientes de transferência de massa nas duas correntes e em
termos das vazões e composições das correntes.
Considere que a concentração de A seja sempre pequena em ambas as correntes, de modo que a operação seja conside-
rada isotérmica e de modo que as correções de alta taxa de transferência de massa para os coeficientes de transferência de
massa não sejam necessárias e os coeficientes de transferência de massa, k~ e ki, definidos na segunda linha da Eq. 22.2-
14, possam ser usados.
dz
z
__J
~ oaere::n
Entrada da corrente gasosa.
Taxa de gás livre de soluto = WG
Razão molar de soluto = Y,12
_._
~ ~
• • •· .1
s
y1 a1'd a da corrente líqmda.
.
Taxa de líquido livre de soluto = WL
Razão molar de soluto = X,12
Fig. 23.5-2. Coluna de recheio para transferência de massa em que a fase descendente está dispersa. Note que nesse desenho W0 é negati-
va; isto é, o gás está escoa.11do de 2 em direção a 1.
SOLUÇÃO
Uma vez que o comportamento de uma torre recheada é bem complexo, trocamos o sistema verdadeiro por um modelo
hipotético. Consideramos o sistema corno equivalente a duas correntes escoando lado a lado, com nenhuma retrornistura,
conforme mostrada.,na Fig. 23.5-3, e em contato com uma outra corrente, através de uma área interfacial a por unidade de
volume de coluna de recheio (ver Eq. 22.1-14). 1
J
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 707
1
---I~~--1
dz
zl r "'""'"
_ ------'-"-+'---'---r-'---lí~u~do-gás
Saída da corrente líquida: Entrada da corrente gasosa: Fig. 23.5-3. Representação esquemática de urna torre de ab-
Taxa de líquido livre de soluto = WL Taxa de gás livre de soluto = Wc sorção com recheio, mostrando um elemento cllierencial em
Razão molar de soluto = XA, Razão molar de soluto = Y,12 que um balanço de massa é feito.
Consideramos ainda que a velocidade do fluido e a composição de cada corrente sejam uniformes ao longo da seção
transversal da torre e negligenciamos tanto o transporte turbulento como o molecular na direção de escoamento. Conside-
ramos também os perfis de concentrações na direção de escoamento como sendo curvas contínuas, não afetadas aprecia-
velmente pela colocação das partículas individuais do recheio.
O modelo resultante dessas suposições simplificadoras não é provavelmente uma descrição muito satisfatória de uma
torre com recheio. O descarte da retrornistura e não-uniformidade da velocidade do fluido são, talvez particularmente sé-
rias. No entanto, as correlações atualmente disponíveis para coeficientes de transferência de massa foram calculadas com
base nesse modelo, que deve ser conseqüentemente empregado quando essas correlações são usadas.
Estamos agora em uma posição de desenvolver uma expressão para a altura da coluna, e fazemos isso em dois estágios:
(a) Primeiro, usamos o balanço macroscópico global de massa, com o objetivo de determinar a composição de saída da
fase líquida e a relação entre as composições macroscópicas das duas fases em cada ponto na torre. (b) Então, usamos os
resultados juntamente com a forma diferencial do balanço macroscópico de massa, de modo a determinar as condições
interfaciais e a altura requerida da torre.
(a) Balanços macroscópicos globais de massa. Para o soluto A, escrevemos o balanço macroscópico de massa da Eq.
23.1-3 para cada corrente do sistema entre os planos 1 e 2 como
corrente líquida WAl2 - WAll = WAl,O (23.5-14)
corrente gasosa WAg2 - WAgl = WAg,O (23.5-15)
Aqui, os subscritos AI e Ag se referem ao soluto A nas correntes líquida e gasosa, respectivamente. Como o número de
moles saindo da corrente fluida tem de entrar na corrente gasosa através da interface, WAt.o = -WAg.O• e as Eqs. 23.5-14 e
15 podem ser combinadas para fornecer
WAl2 - WAll = -(WAg2 W:4gl) (23.5-16)
Isso pode ser agora reescrito em termos das composições das correntes de entrada e de saída, fazendo WA 12 = WlX,12 e
assim por diante, obtendo-se então o rearranjo
• WG
XA2 = X.41 - WL (Y.42 - YA1) (23.5-17)
A Eq. 23.5-18 (a "linha de operação") é mostrada na Fig. 23.5-4, juntamente com a distribuição de equilíbrio para as con-
dições do Problema 23A.2.
708 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
0,011 ~---r----.----,----,-----,----,----,
0,009
0,008
0,007
~ 0,006
><~ 0,005
0,004
0,003
0,002
0,001
o><-'"---"-----'-----=-'----'----'----'-----' Fig. 23.5-4. Cálculo das condições interfaciais na ab-
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 sorção de ciclo-hexano do ar em uma coluna de recheio
XA, XAo (ver Problema 23A.2).
(b) Aplicação dos balanços macroscópicos na forma d. Aplicamos agora a Eq. 23.1-3 a um incremento diferencial, dz,
da torre, primeiro para estimar as condições interfaciais e então para detenninar a altura requerida da torre para uma dada
separação.
(i) Determinação das condições inteifaciais. Como somente A é transferido através da interface, podemos escrever,
de acordo com a segunda linha da Eq. 22.1-14 (que supõe baixas concentrações deA e pequenas taxas de transfe-
rência de massa):
dW,<\l,O = (k~a)(X,10 - X,4)Sdz (23.5-19)
dWAg,o = (~a)(yAo - yA)Sdz (23.5-20)
Aqui, a é a área interfacial por unidade de volume da torre com recheio, S é a área da seção transversal da torre, xAo
e YAo são as frações molares interfaciais de A nas fases líquida e gasosa, respectivamente, e xA e YA são as correspon-
dentes concentrações macroscópicas (o índice m está sendo omitido aqui, de modo que xA, YA,XA e YA são as com-
posições macroscópicas).
Logo, uma vez que (para as soluções diluídas consideradas aqui) xA = XA!(X;. + 1) = XA e YA = YA!(YA + 1) =
YA, as Eqs. 23.5-19 e 20 podem ser combinadas, resultando em
YA - YAa (k~a)
(23.5-21)
XA - XAo = - (k~a)
Essa equação nos capacita a determinar Y;.0 como uma função de YA" Para qualquer YA, pode-se localizar XA na
linha de operação (balanço de massa). Pode-se então desenhar uma linha reta de inclinação -(k~a)/( k~a) através do
ponto ( YA ,XA), confonne mostrado na Fig. 23 .5-4. A interseção dessa linha com a curva de equilíbrio .fornece então
as composições interfaciais locais ( YAo.XA0).
(ii) Determinação da altura requerida da coluna. A aplicação da Eq. 23.1-l à corrente gasosa em um volume S dz da
torre fornece
(23.5-22)
Essa expressão pode ser combinada com a Eq. 23.5-20 para as soluções diluídas que estão sendo consideradas, ob-
tendo-se
-WcdYA = (kia)(YA - YA0)5 dz (23.5-23)
Essa equação pode agora ser rearranjada e integrada de z = O a z = Z:
A Eq. 23.5-24 é a expressão desejada para a altura requerida da coluna, com a finalidade de efetuar a separação especificada.
Ao escrever a Eq. 23.5-24, desprezamos a variação do coeficiente de transferência de massa, ki, com composição. Isso
geralmente é permitido somente para soluções diluídas.
Em geral, a Eq. 23.5-24 tem de ser integrada por procedimentos numéricos ou gráficos. No entanto, para soluções di-
luídas, freqüentemente considera-se que as linhas de operação e de equilíbrio da Fig. 23.5-4 são retas. Se, além disso, a
razão k~ / ki for constante, então YA - YAo variará linearmente com YA. Podemos então integrar a Eq. 23.5-24 para obter
(ver Problema 23B.l)
z= WG YA2 - YA1
(23.5-25)
S(l~a) (YAo - YA)1n
sendo
(YAO - YA)2 - (YAO - YA)l
(23.5-26)
(YAo - YA)In =ln [(YAo - YA)2/(YA0 - YA)1l
EXEMPLO 23.5-3
Cascatas Lineares
Vimos no Exemplo 23.1-2 que o grau de separação possível em um separador binário simples pode ser bem limitado,
sendo por conseguinte freqüentemente desejável combinar separadores individuais em uma cascata em contracorrente, tal
como aquela mostrada na Fig. 23.5-5. Aqui, a alimentação para qualquer estágio do separador é a soma da corrente do resí-
duo, proveniente do separador imediatamente acima dele, e o produto proveniente do separador imediatamente abaixo.
Mostre como tal arranjo pode aumentar o grau de separação relativo àquele obtido em um separador único.
r-
Fpr
·CYs
T
Fig. 23.5-5. Cascata linear. Escoamentos ascendentes são mostrados pelas linhas sólidas
1
·~w e escoamentos descendentes, pelas linhas tracejadas.
SOLUÇÃO
Para o sistema como um todo, podemos escrever um balanço de massa para o produto desejado e para a solução como um
todo. Ou seja, tratamos o sistema inteiro como um separador e escrevemos
F=P+ W (23.5-28, 29)
710 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Será considerado aqui que todas as grandezas nessas equações são dadas, de modo que o problema seja especificado desde
que ')S balanços macroscópicos sejam levados em consideração. Ainda temos de determinar o número requerido de está-
gios para atender a essas condições.
Começamos escrevendo um conjunto de balanços de massa para a porção superior da coluna; os dois estágios superi-
ores para finalidades ilustrativas (ver Fig. 23.5-5) são:
(23.5-30, 31)
Aqui, U,. eD são as correntes para cima e para baixo, provenientes do estágio n, e y ex são as frações molares correspon-
11 11 11
dentes do soluto desejado. Quando P é eliminado entre as Eqs. 23.5-3 e 31, obtemos
Y1 -yp _ D2
Xz -yp -u; (23.5-32)
Essa equação fornece a relação, em termos das vazões correspondentes, entre as composições das correntes para cima e
para baixo, passando urna pela outra em qualquer seção transversal da coluna acima do estágio de alimentação. Essa rela-
ção, quando mostrada no gráfico de x-y (que é chamado de diagrama de McCabe-Thiele 3• 4), é conhecida corno linha de
operação para o sistema. No momento, concentramo-nos nas composições e retomaremos mais adiante ao problema de
determinação das razões das vazões das correntes.
Considera-se que as composições das fases em cada estágio satisfazem uma relação de equilíbrio, tal corno (ver Eq.
23.1-19)
ax,,
(23.5-33)
Yn = 1 + (a - l)x"
ou, mais genericamente, y11 = f(x 11 ), sendof(x) urna função conhecida.
As Eqs. 23.5-32 e 33 (ou sua generalização) permitem agora a determinação de todas as composições na porção da
coluna acima do ponto de alimentação, geralmente conhecida corno a seç'ão de retificação; cálculos similares podem ser
feitos para a seção de esgotamento (stripping section ), a porção abaixo do ponto de alimentação. Podemos então determi-
nar o número requerido de estágios para a separação sob análise e a localização apropriada do estágio de alimentação.
Primeiro, entretanto, necessitamos determinar as razões das vazões das correntes, requeridas naEq. 23.5-32, e conside-
raremos aqui três casos especiais:
(a) Refluxo total. Esse modo especial de operação, em que P e W são iguais a zero, é importante, visto que ele provê o
menor número possível de estágios que pode resultar nas composições desejadas de saída. Aqui
(23.5-34)
para todo n, sendo a linha de operação dada por
Y11 = Xn-1 (23.5-35)
Essa relação simples se mantém para todos os sistemas fisicos. As composições dos estágios são plotadas na Fig. 23.5-6
(para urna fração molar do produto igual a 0,9 e uma fração molar do resíduo igual a 0,1), juntamente com urna curva de
equilíbrio da forma da Eq. 23.5-33, com a= 2,5.
Nessa figura, as linhas em degraus entre as linhas de equilíbrio e de operação sugerem um método gráfico de determi-
nar as composições dos estágios: cada "degrau" entre as linhas de equilíbrio e de operação representa um estágio ou uma
unidade de separação. O diagrama sugere que seis estágios são requeridos para essa separação bem simples. No entanto,
para a situação de refluxo total e volatilidade relativa constante, a, é mais simples reconhecer que
(23.5-36a)
_de maneira que
(23.5-36b)
Para a situação mostrada na Fig. 23.5-6, ternos então
log (º· 9
/0,1)
0,1/0,9,
(N - 1) log 2,5 (23.5-37)
4
W. L. McCabe and E. W. Thiele, Ind. Chem. Eng., 17, ó05-6ll (1925).
BALANÇOS MACROSCÓPlCOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 711
,..,
i°,8
~
~ 0,6 1---t---<--t-~=o.;==--t---t---+-i
~
d
~ 0,4 t----t--;if.;;;;~=)l.''---t--
õ
e
·~ 0,2
~ 1-+-----l-+--+-+--+-- a = 2,5
0,1<X<0,9
0,2 0,4 0,6 0,8 Fig. 23.5-6. Diagra..rna de McCabe-Thiele para refluxo total,
Fração molar da fase descendente, ;e com a= 2,5 e 0,1 < x < 0,9.
ou
81
N = 1 + log = 5 796 (23.5-38)
log 2,5 '
que é mais exata, porém praticamente igual à estimativa gráfica.
Se produtos devem ser retirados, é necessário calcular as razões das vazões das correntes, e o meio para fazer isso varia
com a operação específica considerada.
(b) Restrições termodinâmicas: cascatas adiabáticas e refluxo mínimo. Para a maioria das operações comuns pores-
tágios, razões das correntes são determinadas por restrições termodinâmicas, e essas são discutidas profundamente em
uma ampla variedade de textos sobre operações unitárias. Não necessitamos repetir aqui essa informação prontamente
acessível, mas, por meio de um exemplo, consideraremos brevemente destilação, a mais largamente usada de todas. Em
princípio, as razões das correntes em destilação são determinadas considerando colunas adiabáticas e um conjunto de
"balanços de entalpia" (ver último parágrafo da Seção 15.1), correspondente aos balanços de massa recém-introduzidos.
Entretanto, é muito freqüente supor calores molares de vaporização iguais para as várias espécies e desprezar "calores
sensíveis" (ou seja, as contribuições de C/1T para W). Com essas simplificações, as vazões das correntes U11 e D,, são
constantes. Podemos então escrever para qualquer posição acima do prato de alimentação
Aqui, os índices nem dos estágios se referem, respectivamente, à seção superior ou retificadora (acima do ponto de ali-
mentação) e à seção inferior ou de esgotamento da coluna (abaixo do ponto de alimentação).
Por meio de um exemplo, consideramos o sistema no item (a) para uma alimentação de líquido saturado, eqüimolar nas
duas espécies envolvidas e operadas no refluxo mínimo: a menor quantidade de líquido retomando do prato do topo que
pode produzir a separação desejada. Essa situação irá ocorrer quando a linha de operação tocar a curva de equilíbrio, e, no
sistema que está sendo considerado, essa zona de composição constante ("pinch") ocorrerá primeiro no prato de alimen-
tação. A composição do vapor no prato de alimentação é dada então por
V
lf
YF = 2,SXF = 2,5 ou YF = 1 + Y;: 0,7143 (23.5-43, 44)
A linha de operação tem então dois ramos: um acima e outro abaixo do prato de alimentação, conforme mostrado na Fig.
23.5-7.
Qualquer coluna real tem de operar entre os limites de refluxo total e de refluxo mínimo, mas uma operação normal
opera apenas uns poucos pontos percentuais acima do mínimo. Isso ocorre pelo fato de o custo de pratos individuais
tender a ser muito menor que os custos associados ao aumento do refluxo (o líquido que retomou para a coluna pela
condensação do vapor proveniente do prato do topo): o aumento da carga térmica requerida para retomar vapor prove-
niente do líquido deixando o prato de fundo, a carga do condensador para retomar vapor do topo e os custos de capital
712 CAPÍTULO V!NTE E TRÊS
"
~ 0,8
] 1----1---+-t--+--,tt--t--=f'--+-t-~
~ 0,6 l---t--t---t-"71ílr-r-7.'-r--t--r--J
~
~" 0,41----l---l.'~'--,!'--+--+-
]
/~ 0,2 l--7r-'.1'7---t-+--t-
tl::
0,2 0,4 0,6 0,8 Fig. 23.5-7. Diagrama de McCabe-Thiele para refluxo mínimo,
Fração molar da fase descendente, x com a= 2,5 e 0,1<x<0,9.
de maior diâmetro da coluna, maior refervedor, para retornar vapor no fundo, e condensador, para retornar líquido no
topo.
(e) Restrições de transporte e cascatas ideais. Para separação via membranas seletivamente permeáveis, a razão entre
as correntes do produto e do resíduo é governada pela pressão exercida através da membrana, e a energia requerida para
produzir essa pressão tem de ser renovada para cada estágio da cascata. Isso fornece ao projetista um grau extra de liber-
dade e tem conduzido a uma ampla variedade de configurações de cascatas. Primeiro desenvolvidas para isótopos,5 casca-
tas com membranas foram agora desenvolvidas para operações industriais com gases 6 e parecem ser promissoras para
muitas outras aplicações.
Consideramos aqui, por exemplo, cascatas ideais, que são aquelas em que somente correntes de mesma composição
são misturadas. Em termos desse exemplo, isso significa
(23.5-45)
e, por extensão,
y" (23.5-46)
Yn+1 = Va
Assim, somente dois estágios são necessários no refluxo total, e a linha de operação está na metade da distância entre a
curva de "equilíbrio" e a linha de 45°. Conforme mostrado na Fig. 23.5-8, a linha de operação tem uma derivada contínua
através do estágio de alimentação.
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0,2 0,4 0,6 0,8 Fig. 23.5-8. Diagrama de McCabe-Thiele para uma cascata ideal,
Fração molar da fase descendente, x com·a = 2,5 e 0,1<x<0,9.
5
E. voo Halle and J. Schacter, DiffusionSeparation Methods, inKirk·Othmer Encyclopedia ofChemical Technology, Volume 8, Wiley, New York (1993), pp. 149-203.
6
R. Agrawal, lnd. Eng. Chem. Researclz, 35, 3607-3617 (1996); R. Agrawal and J. Xu, AJChEJouma/, 42, 2141-2154 (1996).
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULT!COMPONENTES 713
Cascatas ideais fornecem as menores vazões possíveis das correntes de estágio total, porém as vazões agora variam
com a posição: elas são maiores no estágio de alimentação e diminuem em dir~_s:ão às extremidades da cascata. Por essa
razão, esses sistemas são conhecidos como cascatas afuniladas (tapered cascades) (ver Problema 23B.6).
EXEMPLO 23.5-4
Expansão de uma Mistura Gasosa Reativa Através de um Bocal Adiabático e sem Atrito
Uma mistura eqüimolar de C02 e H2 está confinada, a 1000 K e 1,50 atm, em um tanque grande, isolado e sob pressão,
como mostrado na Fig. 15.5-9. Sob essas condições, a reação
(23.5-47)
pode ocorrer. Depois de ser armazenado no tanque durante um tempo suficiente para a reação atingir o equilíbrio, permite-
se que o gás escape para o ambiente de 1 atm, através do pequeno bocal convergente mostrado.
Estime a temperatura e a velocidade do gás que escapa pela garganta do bocal, (a) considerando que nenhuma reação
apreciável ocorra durante a passagem do gás através do bocal. e (b) considerando equilíbrio termodinâmico instantâneo em
todos os pontos no bocal. Em cada caso, suponha que a expansão seja adiabática e sem atrito.
SOLUÇÃO
Começamos considerando operação em regime quase-estacionário, perfis planos de velocidades e variações desprezíveis
na energia potencial. Consideramos também capacidades caloríficas constantes e comportamento de gás ideal, e despreza-
mos a difusão na direção do escoamento. Podemos então escrever o balanço macroscópico de energia, Eq. 23.3-1, na forma
(23.5-48)
Aqui, os subscritos 1 e 2 se referem às condições no tanque e na garganta do bocal, respectivamente, e, como no Exemplo
15.5-4, a velocidade do fluído no tanque é considerada igual a zero.
Para determinar a variação de entalpia, igualamos d(!v 2), proveniente da forma d do balanço de energia em regime
permanente (Eq. 23.3-1), a d(!v 2 ), proveniente da forma d do balanço de energia mecânica em regime permanente (Eq.
23.4-1), a fim de conseguir
(23.5-49)
Esse resultado é obtido também a partir da Eq. E da Tabela 19.2-4. Adicionalmente à Eq. 23.5-49, usamos a lei de gás ideal
e uma expressão para H(T), obtida com a ajuda da Tabela 17 .1-1, Eq. 19.3-16, e da relação pH = cH, de forma a obter
(23.5-50)
(23.5-51)
Aqui, x" é a fração molar da espécie a na temperatura T, e ii~ é a entalpia molar da espécie a na temperatura de referência
T°. A avaliação de fi é discutida separadamente para as duas aproximações.
Aproximação (a): Suposição de reação química muito lenta. Aqui, as x" são constantes nos valores de equilíbrio para
1000 K, podendo-se escrever a Eq. 23.5-51 como
(23.5-52)
LaXaêpa)
dln p = ( -R-- dln T (23.5-53)
714 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Uma vez que Xa e cpa são considerados constantes, essa equação pode ser integrada de (pl,Tl) a (pz,T;J para obter
T2 ;;;;; T1(p;
Pz)R/J..x/'.,. (23.5-54)
Podemos agora combinar essa expressão com as Eqs. 23.5-48 e 51 para obter a expressão desejada para a velocidade do
gás no plano 2:
(23.5-56)
A grandeza K,(T) na Eq. 23.5-56 é a constante de equilíbrio conhecida para a reação. Pode ser considerada uma função
somente da temperatura, por causa do comportamento de gás ideal e porque o número de moles presentes não é afetado
pela reação química. fi.s Eqs. 23.5-57 e 58 seguem da estequiometria da reação e da composição do gás original colocado
no tanque.
A expressão para a temperatura final é agora consideravelmente mais complicada. Para essa reação, em que 2,0jvfª é
constante, as Eqs. 23.5-49 e 50 podem ser combinadas para resultar
P1
Rln-=
Pi
Ir, (ªH)
T,
-dlnT
dT
(23.5-60)
Em geral, a integral na Eq. 23.5-60 tem de ser avaliada numericamente, uma vez que xª e dx)dt são todas funções com-
plicadas da temperatura governada pelas Eqs. 23.5-56 a 59. Visto no entanto que T2 foi determinada a partir da Eq. 23.5-61,
v2 pode ser obtida pelo uso das Eqs. 23.5-48 e 51. Substituindo os valores numéricos nessas expressões, obtemos (ver
Problema 23B.2) T2 = 937 K e v2 = 1752 ft/s.
Encontramos, então, que tanto a temperatura de saída como a velocidade a partir do bocal são maiores do que quando
o equilíbrio químico é mantido em toda a expansão. A razão para isso é que o equilíbrio se desloca com uma diminuição
de temperatura, de maneira· a liberar calor de reação para o sistema. Tal liberação de energia ocorrerá com uma diminuição
de temperatura em qualquer sistema em equilíbrio químico, independentemente das reações envolvidas. Essa é uma das
conseqüências da famosa regra de Le Châtelier. Nesse caso, a reação é endotérrnica como escrita e a constante de equilí-
brio diminui com a diminuição da temperatura. Como um resultado, o CO e a H20 são reconvertidos parcialmente a H2 e
C02 na expansão, com uma liberação correspondente de energia.
É interessante que, nos motores de foguetes, a velocidade de exaustão, e por conseguinte o empuxo do motor, seja tam-
bém aumentada se um equilíbrio rápido puder ser obtido, apesar de as reações de combustão serem fortemente exotérmi-
cas. A razão para isso é que as constantes de equilíbrio para essas reações aumentam com uma diminuição da temperatura,
de modo que o calor de reação seja novamente liberado na expansão. Esse princípio foi sugerido como um método para
melhorar o empuxo de motores de foguetes. O aumento no empuxo obtido potencialmente dessa maneira é bem grande.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 715
Esse exemplo foi escolhido por sua simplicidade. Note em particular que, se houver uma mudança no número de moles
durante a reação química, então a constante de equilíbrio e, conseqüentemente, a entalpia serão funções da pressão. Nesse
caso, que é bem comum, as variáveis p e T, implícitas na Eq. 23.5-60, não podem ser separadas, necessitando-se de urna
integração por partes dessa equação. Tais integrações foram feitas, por exemplo, para a previsão do comportamento de
túneis de vento supersônicos e motores de foguetes, porém os cálculos envolvidos são muito trabalhosos para apresenta-
ção aqui.
EXEMPLO 23.6-1
Partida de um Reator Químico
Deseja-se produzir uma substância E, a partir de uma matéria-prima A, em um reator químico de volume V, equipado com
um agitador que é capaz de manter razoavelmente homogêneo todo o conteúdo do reator. A formação de B é reversível e
as reações direta e inversa podem ser consideradas de primeira ordem, com constantes de taxa de reação k';~ e k';~, respec-
tivamente. Além disso, B é submetido a uma decomposição irreversível de primeira ordem, com uma constante de taxa de
reação k'{~ resultando em um terceiro componente C. As reações químicas de interesse podem ser representadas como
(23.6-1)
No tempo zero, uma solução de A, a uma concentração cA 0 , é introduzida no reator inicialmente vazio, a uma vazão mássica
constante w.
Desenvolva uma expressão para a quantidade de B no reator, assim que o reator esteja cheio até sua capacidade V,
considerando que não haja B na solução de alimentação, e despreze variações das propriedades dos fluidos.
SOLUÇÃO
Começamos escrevendo os balanços macroscópicos de massa em regime transiente para as espécies A e B. Em unidades
molares, eles podem ser expressos como
(23.6-2)
dt p
--;u-
dMB,tot
= -
(k"' '" )MB,tol + k"'IB M A,tot
'1A + k1c (23.6-3)
A seguir, eliminamos MA.<ot da Eq 23.6-3. Primeiro, diferenciamos essa equação com relação a t de modo a obter
2
d i\1a,tot = -(k"' + k"') dMB,tot + k"' dlvlA,tot
(23.6-4)
dt2 1A IC dt IB dt
Nessa equação, trocamos dMA., 0 /dt pelo lado direito da Eq. 23.6-2 e usamos então a Eq. 23.6-3 para eliminar MA"º" Dessa
maneira, obtemos uma equação diferencial linear de segunda ordem para M 8 .10 , como uma função do tempo:
' W. R. Marshall, Jr., and R. L. Pigford, The Applicatio11 of Di[ferential Equations to Chemical Engineering Problems, University of Delaware Press, Newark, Dei.
(l947); B. A. Ogunnaike and W. H. Ray, Process Dynamics, Modeling and Comrol, Oxford University Press (1994).
716 CAPITULO VINTE E TRÊS
s_
WCAo (
Ma.tot = -"-'
pk1c
s=-s
+ -
exp(s+t) - s=-s exp(s_t) + 1
+
S+
-
)
(23.6-8)
em que
(23.6-9)
As Eqs. 23.6-8 e 9 fornecem a massa total de B no reator como uma função do tempo, até o tempo no qual o reator esteja
completamente cheio. Essas expressões são muito similares às equações obtidas para o manômetro amortecido no Exem-
plo 7.7-2 e para o controlador de temperatura no Exemplo 15.5-2. Pode ser mostrado, no entanto, que s+ e s_ são ambas
reais e negativas; logo, MB.mt não pode oscilar (ver Problema 23B.3).
ExEMPLO 23.6-2
Operação Transiente de uma Coluna de Recheio
Existem muitos procªssos industrialmente importantes em que ocorre transferência de massa entre um fluido e um sólido
granular poroso: por exemplo, a recuperação de vapores orgânicos por adsorção em carvão, a extração de cafeína de grãos
de café e a separação de hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos por adsorção seletiva em sílica gel. Usualmente, o sólido
é mantido fixo, como indicado na Fig. 23.6-1, e o fluido percola através do sólido. A operação é assim inerentemente
nT
z
fixa
transiente e o sólido tem de ser trocado periodicamente ou "regenerado", ou seja, retomado à sua condição inicial através
de aquecimento ou de outro tratamento. A fim de ilustrar o comportamento de tais operações de transferência de massa em
leito fixo, consideramos, como um caso fisicamente simples, a remoção de um soluto proveniente de uma solução passan-
do através de um leito adsorvente.
Nessa operação, uma solução contendo um único soluto A com uma fração molar xA 1 em um solvente B é passada atra-
vés de uma torre com recheio, com uma vazão volumétrica constante igual a w/p. O recheio da torre consiste em um sólido
granulado, capaz de adsorver A da solução. No início da percolação, os interstícios do leito são cheios com líquido puro B,
estando o sólido livre de A. O fluido percolante desloca uniformemente esse solvente, de modo que a concentração da
solução de A é sempre uniforme em qualquer seção transversal. Por simplicidade, considera-se que a concentração de
equilíbrio de A adsorvido no sólido seja proporcional à concentração local de A na solução. Supõe-se também que a con-
centração de A adsorvido na solução percolante seja sempre pequena e que a resistência do sólido poroso ao transporte de ·
massa intrapartícula seja desprezível.
Desenvolva urna expressão para a concentração de A na coluna como uma função do tempo e da distância apontando
para baixo da coluna.
SOLUÇÃO
Analogamente ao tratamento do absorvedor de gás no Exemplo 23.5-2, pensamos as duas fases como sendo contínuas e
existindo lado a lado, conforme mostrado na Fig. 23.6-2. Definimos novamente a como a área de contato por unidade de
volume de recheio da coluna. Agora, entretanto, uma das fases é estacionária e as condições transientes prevalecem. Por
causa desse comportamento localmente transiente, os balanços macroscópicos de massa são aplicados localmente sobre
um pequeno incremento de coluna de altura D..z. Podemos usar a Eq. 23.1-3 e a suposição de soluções diluídas a fim de
estabelecer que a vazão molar do solvente, W8 , seja essencialmente constante ao longo do comprimento da coluna e do
tempo de operação. Usaremos agora a Eq. 23.1-3 para escrever as relações de conservação de massa para a espécie A em
cada fase, para um incremento de altura D..z.
movendo
fixa
z
t
dz
Para a fase sólida nesse incremento de coluna, podemos aplicar a Eq. 22.3-3 localmente, mantendo em mente que ago-
ra MA.ior depende tanto de z como de t:
(23.6-10)
ou
(23.6-11)
718 CAPÍTULO VINTE E TREs
Aqui, foi feito uso da Eq. 22.1-14 e os símbolos têm o seguinte significado:
s = fração volumétrica da coluna ocupada pelo líquido
S = área da seção transversal da coluna (vazia)
cAs =moles de A adsorvidos por unidade de volume da fase sólida
xA = fração molar macroscópica de A na fase líquida
xAo = fração molar interfacial de A na fase fluida, considerada como estando em equilíbrio com eAs
.Z~ =coeficiente de transferência de massa na fase fluida, definido na Eq. 22.1-14, para pequenas taxas de transferência
de massa.
Note que, ao escrever a Eq. 23.6-11, desprezamos a transferência convectiva de massa através da interface sólido-fluido.
Isso é razoável se XAo for muito menor do que a unidade. Consideramos também que as partículas sejam pequenas o sufi-
ciente de modo que a concentração da solução ao redor de qualquer partícula seja essencialmente constante sobre a super-
fície da partícula.
Para afasefluida, no incremento da coluna sob consideração, a Eq. 23.1-3 se toma
dMA,tot
-;u- = -éí WA + WAo (23.6-12)
ou
(23.6-13)
Aqui, e é a concentração molar total do líquido. A Eq. 23.6-13 pode ser reescrita pela introdução de uma variável modifi-
cada do tempo, definida por
Pode ser visto que, para qualquer posição na coluna, t' é o tempo medido a partir do instante em que a "frente de escoa-
mento" do solvente percolante atingiu a posição em questão. Reescrevendo as Eqs. 23.6-13 e 11 em termos de t', temos
(axA)
az
__ (J(J,a)S
Wa XA
I' -
( _
XAo
) (23.6-15)
acAs) (k~a)
(af z = (1 - e) (XA - XAo) (23.6-16)
As Eqs. 23.6-15 e 16 combinam as equações de conservação de massa para cada fase com a expressão considerada da taxa
de transferência de massa. Essas duas equações devem ser resolvidas ao mesmo tempo, juntamente com a distribuição de
equilíbrio entre as fases, x.40 =meAs• em quem é uma constante. As condições de contorno são
C.C. 1: em t' =O, eAs = O para todo z > O (23.6-17)
C.C. 2: em z =O, xA =xA 1 para todo t' > O (23.6-18)
Antes de resolver essas equações, é conveniente reescrevê-las em termos das seguintes variáveis adimensionais:
(JéJ,a)S (k~a)m
7=--t' Ç=--z (23.6-19, 20, 21, 22)
Wa (1- e)
Em termos dessas variáveis, as equações diferenciais e as condições de contorno adquirem a forma
ax
aç =-(X- Y); aY =+(X -Y) (23.6-23, 24)
ªT
com as condições de contorno Y(~,0) = Oe X(O;r) = 1.
A solução 2 para as Eqs. 23.6-23 e 24 para essas condições de contorno é
X 1- f e-<T+0J0(i~)d~ (23.6-25)
2
Esse resultado foi primeiro obtido por A. Anzelius, Z. angew. Matiz. u. Meclz., 6, 291-294 (1926), para o problema análogo em transferência de calor. Um método de obter
esse resultado é mostrado no Problema 23D.l. Ver também H. Bateman, Partia/ Dijferemial Equations of Mathematical Physics, Dover, New York (1944), pp. 123-125.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 719
Aqui, f 0(ix) é a função de Bessel de ordem zero de primeiro tipo. Essa solução é apresentada graficamente em várias n;fe-
rências disponíveis. 3
EXEMPLO 23.6-3
A Utilidade dos Momentos de Ordem Baixa
Para muitos sistemas complexos, as descrições completas são impraticáveis ou desnecessárias, sendo suficiente obter so-
mente umas poucas características básicas. Especificamente, podemos perguntar como se pode determinar o volume do
sistema V e a vazão volumétrica Q através dele, a partir de observações de pequenos pulsos de traçador de massa m intro-
duzidos na entrada e então medidos na saída. Para essa finalidade, considere o escoamento, macroscopicamente perma-
nente, através de um sistema fechado de geometria arbitrária, porém com uma única entrada e saída, tal como aquela su-
gerida na Fig. 7.0-1, exceto que não há superfícies móveis. O escoamento e o comportamento difusional são arbitrários,
exceto que a distribuição do traçador tem de ser descrita pela equação de difusão (Eq. 19.1-7 com Eq. 17.7-3 inserida para
o fluxo mássico)
arr =
Tt -(V · pyv) + (V · ®y5Vpy) (23.6-26)
em que PT é a concentração local do traçador e ®rs é a difusividade pseudobinária para o traçador se movimentando atra-
vés da solução que enche o sistema. Sistemas turbulentos podem ser incluídos usando-se as grandezas médias temporais
e uma difusividade turbulenta efetiva.
No desenvolvimento dos balanços macroscópicos, necessitamos usar a condição de que não há escoamento ou difusão
através das paredes do envoltório
(n · v) = O e (n ·V py) = O (23.6-27, 28)
e de que o fluxo difusivo do traçador é pequeno comparado ao fluxo convectivo na entrada e na saída do sistema
®y5(n · Vpy) < < Pr (n · v) (23.6-29)
Aqui, n é o vetor unitário normal apontando para fora. Consideramos a concentração de entrada do traçador como sendo
zero até t = Oe também depois de algum tempo finito t = t0• Na prática, a duração do pulso de concentração deve ser bem
curta.
SOLUÇÃO
A análise 4 está baseada nos momentos /<11l da concentração do traçador em relação ao tempo, definidos por:
(23.6-30)
Multiplicamos agora a Eq. 23.6-26 por t e integramos em relação ao tempo, ao longo da faixa de concentração não nula
11
do traçador de saída
para todos os sistemas que fornecem momentos finitos. Temos agora uma hierarquia de equações para os J(I», em termos
dos momentos de ordens inferiores, sendo a estrutura dessas equações muito conveniente.
3 Ver, por exemplo, O. A. Hougen and K. M. Watson, Chemíca/ Process Prí11cíples, Part ill, Wiley, New York (!947), p. 1086. Suas variáveis y/y0, bre aZ correspondem
às nossas variáveis X, re Ç.
'E. N. Lightfoot, A. M. Lenhoff and R. I. Rodrigues, Chem. Eng. Sei., 36, 954-956 (1982).
720 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Em termos físicos, foi primeiro notado por Spalding 5 que a Eq. 23.6-32 tem a mesma forma da equação da difusão com
reação química, Eq. 19 .1-16, porém com a concentração trocada por f"J e o termo de reação trocado por n/(" - IJ. Portanto,
podemos integrar essas equações ao longo de todo o volume do sistema em escoamento e desse modo desenvolver um
novo conjunto de balanços macroscópicos.
Começamos pela integração daEq. 23.6-32, para n = O, ao longo do volume inteiro do sistema em escoamento entre os
planos 1e2:
O= - f V
(V· vJ<0l)dV + fV
(V· 0lr5VJ<0l)dV (23.6-34)
As integrais de volume podem ser convertidas em integrais de superfície usando o teorema da divergência de Gauss a fim
de obter
f
o= vz<0>as - vz<0>as
s,
f
s,
(23.6-36)
Usamos aqui a Eq. 23.6-29 para eliminar os termos difusivos nos planos 1e2. Se considerarmos que J<0J é constante ao
longo da seção transversal, podemos removê-lo da integral e então obter
O= (v1 /S1fi0>- (v2 )S 2Jiº> (23.6-37)
Para um fluido incompressível, a vazão volumétrica, Q, é constante, de modo que (v 1)S 1 = (v 2)S2 e
Iiº) = J}_ºl (23.6-38)
Ou seja, J<0 >calculad~ no plano 1 é o mesmo que /<0>no plano 2 e em cada ponto no sistema. É notação padrão abreviar essa
grandeza como M0 , o momento zero (absoluto). A Eq. 23.6-38 é análoga à Eq. 23.1-2 para um sistema emregime perma-
nente sem transporte de massa através das paredes. A seguir, calculamos J\ºl para a introdução de uma massa m de traçador
ao longo de um intervalo de tempo que seja pequeno com respeito ao tempo médio de residência do traçador, t,es V/Q:
nOJ -_
li
f0
00
py(r, t) 15,dt -_ (QV f
0
Q/V
py(r, t) I5,dt) Q
}'.'. _
- (m)
V QV __
--Qm (23.6-39)
A troca, na segunda etapa, do limite superior por QIV é permitida pela duração finita do pulso traçador. A partir das duas
últimas equações, conseguimos então
Q=!!!.=~ (23.6-40)
f?.0> Mo
Isso fornece a possibilidade de medir a vazão do sangue a partir da massa de um traçador injetado e do valor deliº>= M0•
Este último pode ser obtido por meio de um cateter inserido no vaso sangüíneo ou por técnicas de RMN.
Essa fórmula simples6 foi primeiro introduzida em 1829 e tem sido usada intensamente desde 1897 para medir vazões
sangüíneas,7 incluindo o débito cardíaco. 8 Ela é também largamente usada para muitos sistemas ambientais, tais como
rios, e também para sistemas nas indústrias de processos.
A seguir, retornamos à Eq. 23.6-32, integrando-a ao longo do volume do sistema em escoamento, fazendo uso uma vez
mais do fato de que o termo difusivo ao longo da entrada e da saída é muito menor do que o termo convectivo. Isso fornece
5
D. B. Spalding, Clzem. Eng. Sei., 9, 74-77 (l958).
6
E. Hering, Zeits.f Plzysik, 3, 85.126 (1829).
7
G. N. Stewart, 1. Pliysiol. (London), 22, 159-183 (1897).
3
K. Zierler, Ann. Biomed. Eng., 28, 836-848 (2000).
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTICOMPONENTES 721
Então, definindo a grandeza entre parênteses no lado esquerdo como a média volumétrica, obtemos finalmente 3
Q (/,")
_ IZ [J<n-llj média volumétrica -- V 1 -
p,n>)
2 (23.6-43)
(23.6-44)
Se o traçador for injetado como uma alimentação tipo função delta, de modo que J\1l = O, podemos usar a notação JJll =
M 1 (o primeiro momento), em que a última equação se torna
(23.6-45)
Os cardiologistas foram os pioneiros na aplicação desse resultado, como no caso da Eq. 23.6-40, para determinar o volu-
me de sangue. Desde então, foram encontrados muitos outros cálculos ambientais e nà indústria de processos.
Momentos de ordens mais altas também se mostraram úteis, em particular os momentos centrais
(23.6-46)
Esses são comumente empregados para o caso especial de uma alimentação de um traçador em forma de impulso. Assim,
o segundo momento central normalizado, ou variância, é
? 11'2
rr= Mõ (23.6-47)
Isso é o quadrado do desvio-padrão, quando o perfil de saída do traçador é uma distribuição de Gauss. O terceiro momento
central é uma medida da assimetria em tomo de tres e o quarto momento central é uma medida do achatamento da curva
(kurtosis). Na prática, o quarto momento é praticamente impossível de determinar exatamente a partir de dados experi-
mentais, e mesmo a obtenção do terceiro momento tem se mostrado bem difícil.
O uso do segundo momento tem encontrado algumas aplicações muito importantes no estudo da dinâmica de traçadores
em tecido biológico,9 e novamente a vasta literatura no campo médico foi estendida para muitas outras aplicações. É tam-
bém interessante notar as relações de aditividade em sistemas conectados em série. Logo, M 0 é invariante ao número de
subsistemas incluídos, e M 1, 11'2 e J1'3 são aditivos, porém momentos de ordens mais altas não o são.
6. Reveja a dedução do balanço de energia mecânica na Seção 7.8. O que teria de ser mudado naquela dedução se dese-
jarmos aplicá-la a uma mistura reacional não-isotérmica em um sistema em escoamento sem transferência de massa
através de superfícies?
7. Até que ponto este capítulo fornece suporte para estudar operações unitárias, tais como absorção, extração, destilação
e cristalização?
8. Que mudanças teriam de ser feitas neste capítulo a fim de descrever processos em uma nave espacial ou na superfície
da Lua?
PROBLEMAS
23A.1 Expansão de uma mistura gasosa: taxa de reação muito lenta. Estime a temperatura e a velocidade da mistura
água-gás na extremidade de descarga do bocal no Exemplo 23.5-4, se a taxa de reação for muito lenta. Use os
seguintes dados: loglO Kx = -0,15, cp.H, = 7,217, cp.CO, = 12,995, cp.H,O = 9,861, cp.CO = 7,932 (todos esses ca-
lores específicos estão em Btu/lbmol·ºF. A pressão na saída do bocal é igual à pressão ambiente?
Respostas: 920K, 1726 ft/s; sim, o bocal é subsônico.
23A.2 Altura de uma torre de absorção com recheio. Uma torre com recheio, do tipo descrita no Exemplo 23.5-2, deve
ser usada para remover 90% do ciclo-hexano de uma mistura de ciclo-hexano-ar pela absorção em um óleo leve
não-volátil. A corrente gasosa entra no fundo da torre a uma vazão volumétrica de 363 ft3/min, a 30ºC e a 1,05 atm
de pressão. Ela contém 1% de ciclo-hexano por volume. O óleo entra no topo da torre a uma vazão de 20 lbrnoles/
h, também a 30ºC, e contém 0,3% de ciclo-hexano em urna base molar. A pressão de vapor de ciclo-hexano a 30ºC
é 121 mm Hg e soluções dele no óleo podem ser consideradas seguir a lei de Raoult.
(a) Construa a linha de operação para a coluna.
(b) Construa a curva de equilíbrio para a faixa de operação encontrada aqui. Considere a operação isotérmica e
isobárica.
(c) Determine as condições interfaciais em cada extremidade da coluna.
(d) Determme a altura requerida da torre, usando a Eq. 23.5-24, se /...~a= 0,32 rnol/h·ft3 , l<.~a = 14,2 rnoles/h·ft3 e
a seção transversal, S, da toITe for 2,00 ff.
(e) Repita o item (d) usando a Eq. 23.5-25.
Resposta: (d) altura da coluna= 62 ft; (e) 60 ft
23B.l Forças-motrizes médias efetivas em um absorvedor de gás. Considere urna toITe de absorção gasosa com re-
cheio do tipo descrito no Exemplo 23.5-2. Suponha que a concentração de soluto seja sempre pequena e que as
linhas de equilíbrio e de operação sejam ambas praticamente retas. Sob essas condições, tanto /...~a como k°,p. podem
ser considerados constantes na superfície de transferência de massa.
(a) Mostre que ( YA - YA,) varia Iineramente com YA- Note que YA é a razão molar macroscópica de A na fase
gasosa e YA, é a razão molar na fase gasosa em equilíbrio com um líquido de composição macroscópicaXA (ver
Fig. 22.4-2).
(b) Repita o item (a) para (Y,1 YA0 ).
(c) Use os resultados dos itens (a) e (b) para mostrar que
O coeficiente global de transferência de massa, K.f;., é definido pela Eq. 22.4-4. Note que essa parte do problema
pode ser resolvida pela analogia com o desenvolvimento no Exemplo 15.4-1.
23B.2 Expansão de uma mistura gasosa: taxa muito rápida de reação. Estime a temperatura e a velocidade da mistu-
ra água-gás na extremidade de descarga do bocal no Exemplo 23.5-4, se a taxa de reação for considerada infinita-
mente rápida. Use os dados fornecidos no Problema 23A.l, assim como o seguinte: a 900K, logw K, = -0,34;
fiH, = +6340; fiH, 0 (g) = -49.378; Hco = -16.636; fico, -83.242 (todas as entalpias são dadas em cal/gmol).
Por simplicidade, -negligencie o efeito da temperatura sobre a capacidade calorífica e considere que logw Kx varia
linearmente com a temperatura entre 900 e 1.000K. O seguinte procedimento simplificado é recomendado.
BALANÇOS MACROSCÓPICOS PARA SISTEMAS MULTJCOMPONENTES 723
(a) Pode ser visto antecipadamente que T2 será maior para taxas lentas de reação e, por conseguinte, maior do que
920K (ver Problema 23A. l ). Mostre que, sobre a faixa de temi;:eratura a ser encontrada, H varia praticamente de
forma linear com a temperatura de acordo com a expressão (dH/áI) 111 édia = 12,40 cal/grnol·K.
(b) Substitua o resultado de (a) na Eq. 23.5-41, a fim de mostrar que T2 = 937K.
(e) Calcule H1 e H2 e mostre, pelo uso da Eq. 23.5-29, que v2 = 1750 ft/s.
(238.3-1)
{e) Obtenha expressões para MA.•o• e Mc, 10 , como uma função do tempo.
23B.4 Reação irreversível de primeira ordem em um reator contínuo. Um reator bem agitado, de volume V, está no
início completamente cheio com uma solução de soluto A em um solvente S a urna concentração eAo· No tempo t =
O, uma solução idêntica de A em Sé introduzida a uma taxa mássica constante, w. Uma pequena corrente constante
de catalisador dissolvido é introduzida ao mesmo tempo, fazendo com que A desapareça segundo urna reação
irreversível de primeira ordem, com constante de taxa k;" s- 1• A constante de taxa pode ser considerada indepen-
dente da composição e do tempo. Mostre que a concentração de A no reator (considerado isotérmico) em qualquer
tempo é
CA= ( l - wto)
- - e -t/I 0 +Wto
- (238.4-1)
cAo pV pV
sendo tõ 1 = [(wlpv) + k;"].
23B.5 Balanços de massa e de entalpia em um separador adiabático. Cem libras de 40% em massa de amônia aquosa
superaquecida, tendo urna entalpia específica de 420 Btu/lb"', devem ser evaporadas instantaneamente (jlashed) de
modo adiabático para uma pressão de 10 atrn. Calcule as composições e as massas do líquido e do vapor produzi-
dos. Para as finalidades desse problema, você pode supor que no equilíbrio termodinâmico
(238.5-1)
sendo YNH, e X,vH, as razões mássicas entre a amônia e a água. As entalpias do vapor e do líquido saturados, a 1O
atrn, podem ser consideradas
23B.7 Separação com isótopo e a função de valor. Você deseja comparar um fracionador de isótopo já existente, que
processa 50 rnoles/h de uma alimentação contendo 1,0% molar do isótopo desejado para um produto de 90% de
pureza e um resíduo de 10% com um outro que processa 50 moles/h de 10% molar de um material para um produto
724 CAPITULO VINTE E TRÊS
e resíduo de 95% e 2%, respectivamente. Que fracionamento é mais eficaz? Considere a capacidade de separação
de Dirac como uma medida exata de efetividade.
23C.1 Reação irreversível de segunda ordem em um tanque agitado. Considere um sistema similar àquele discutido
no Problema 23B.4, exceto que agora o soluto desaparece de acordo com uma reação de segunda ordem; isto é,
RA.ioi = -ktVc~. Desenvolva uma expressão para c,1 como uma função do tempo, pelo seguinte método:
(a) Use um balanço macroscópico de massa para o tanque com o objetivo de obter uma equação diferencial descre-
vendo a evolução de cA com o tempo.
(b) Reescreva a equação diferencial e a condição inicial correspondente em termos da variável
w ( 1+
u=cA+-- 1 + 4pVwk~'cAO) (23C.1-1)
2pVk~'
A equação diferencial não-linear obtida dessa maneira é a equação diferencial de Bernoulli.
(c) Agora, coloque v =l/u e faça a integração. Reescreva então o resultado em termos da variável original cA.
23C.2 Purificação de proteína (Fig. 23C.2). Deseja-se purificar uma mistura binária de proteína usando uma cascata
ideal de estágios individuais de ultrafiltração, do tipo mostrado na figura. A maior das duas unidades de membra-
nas é a fonte de separação e cada fluxo de proteína através da membrana é expresso por
(23C.2-1)
em que Ni é o fluxo de proteína da espécie i através da membrana, C; é a sua concentração na solução ascendente
(supostamente bem misturada), v é a velocidade superficial através da membrana e Si é um fator de separação
(sieving factor) da proteína específica. A menor unidade de membrana é usada somente para manter um balanço
de solvente e pode ser ignorada para as finalidades desse problema.
(23C.2-2)
sendo Y1 e X1 avazões molares entre a proteína 1eaproteína2 nas correntes do produto e do resíduo, respectiva-
mente, e a 12 = Si/S2•
(b) Determine o número requerido de estágios em uma cascata ideal, de modo a produzir 99% de proteína 1 pura a
partir de uma alimentação com 90% e tendo um rendimento de 95% em função de a 12 • Sugere-se variar a 12 de 2 a 200.
(c) Calcule as concentrações de saída, rendimento e vazões das correntes para uma cascata de três estágios, com
a 12 = 40 e com uma alimentação com 90% de pureza feita no estágio intermediário.
(d) Compare a capacidade de separação de Dirac dessa cascata de três estágios com aquela de uma única unidade,
tendo a mesma razão molar entre o produto e a alimentação.
23C.3 Significado físico dos momentos de ordens zero e um. Considere alguns sistemas simples de escoamento, tais
como escoamento empistonado e vasos bem agitados, arranjados individualmente e em série ou paralelo. Mostre
que as vazões e os volumes podem ser obtidos a partir de momentos definidos no Exemplo 23.6-3.
Retomo d~F
solvente
:--
F=P+ W
W zF=yP+xW
23C.4 Analogia entre a operação transiente de uma coluna de adsorção e um trocador de calor em escoamento
cruzado 1 (Fig. 23C.4 ). No trocador de calor mostrado na figura, as duas correntes de fluido escoam em ângulo reto
Tc1
/lt/1
f-(/ 1
1 )-/'-.
1 /fl / ',
/
ltt / 1
', ',
/ / 1 '
/ / 1 '
/~/~~~,---'~-'-~-'-e-X
/l'/-'~-,--~-+-~...,....,•. 1
//";1,1'-'-,---,~-r-"-'-'-,f
// h: ..
/í?I-/.f-"--·-· ~~~~~+..!
T1z1~}:::::;_
!_/1/ --
"--.!(
\
\
\
\
\
\
\
\
entre si, sendo desprezado o fluxo de calor paralelo à parede, Aqui, a troca de calor é claramente menor do que para
um trocador em contracorrente, com mesma superfície e mesmo coeficiente global de transferência de calor sob
condições idênticas. A taxa de calor nesses trocadores pode ser expressa para U10c constante como
(22C.4-1)
Aqui, Q é a taxa total de transferência de calor, A é a área superficial de troca térmica e D.T1n é a média logarítmica
de (Thl - Tc 1) e (T1i 2 - Tc.J, como definido na figura. Note que T1i2 e Tez são as temperaturas médias das duas corren-
tes na saída. Podemos então considerar Y como a razão entre o calor transferido em escoamento cruzado e aquele
que seria transferido em contracorrente.
Use a Eq. 23.6-27 para escrever uma expressão para Y como uma função das taxas das correntes, das proprie-
dades físicas, da área de troca térmica e do coeficiente global de transferência de calor. Expresse o resultado em
termos de integrais definidas e considere êph• êpc e uloc constantes.
23D.1 Operação transiente de uma coluna de recheio. Mostre que a Eq. 23.6-25 é uma solução válida das Eqs. 23.6-
23 e 24. A seguinte abordagem é recomendada:
(a) Faça a transformada de Laplace das Eqs. 23.6-23 e 24 com relação a -r. Elimine a transfonnada de Ya partir das
expressões resultantes. Mostre que a transformada de X pode ser escrita para as condições de contorno dadas como
(23D.l-1)
X= L
s
f'
o
e-?(_l_)efJ/(s+llldÇ
s+ 1
(230.1-2)
726 CAPÍTULO VINTE E TRÊS
sendo h uma resposta do sistema a alimentação em pulso. Uma maneira simples de proceder é reconhecer que a
transformada de Laplace de c(t) pode ser escrita como
e similarmente para derivadas de ordens mais altas. Agora, pode também ser mostrado que
F'(O)
Mo = F(O); M 1 = - F(O) (230.2-4, 5)
F"(O) [F'(0)] 2
(230.2-6)
µz = F(O) - [F(0)]2
P"(O) F'(O)F"(O) [F'(0)]3
(23D.2-7)
µ3 = -F(õ) + 3 [F(0)]2 - 2 [F(0)]3
pM(Q) F'(O)F"'(O) F'(O)[F'(0)]2 [F'(0)]4
µ• = F(O) - 4 [F(0)]2 +6 [F(0)]3
3-- (23D.2-8)
[F(0)]4
23D.3 Partida de um reator químico. Refaça o Exemplo 23.6-1 usando as transformadas de Laplace das Eqs. 23.6-2 e 3.
23D.4 Comportamento transiente de N reatores em série. 2 Existem N reatores químicos idênticos, de volume V,
conectados em série, cada um equipado com um agitador perfeito. Inicialmente, cada tanque é preenchido com
solvente puroS. No tempo zero, uma solução deA emS é introduzida no primeiro tanque a uma vazão volumétrica
constante Q e a uma concentração constante ciO). Essa solução contém também uma pequena quantidade de um
catalisador dissolvido, introduzida logo antes da descarga no primeiro tanque, provocando as seguintes reações de
primeira ordem:
A~B~C (230.4-1)
ki~-t kjca
As constantes de taxa nessas reações são consideradas constantes em todo o sistema. Seja h = QIV o inverso do
"tempo de residência efetivo" em cada tanque. Obtenha uma expressão para c0 (n), a concentração da espécie quí-
mica a no n-ésimo tanque, em qualquer tempo t.
1
A. Acrivos and N. R. Amundson, /nd. Eng. Chem., 47, 1533-1541 (1955).
24.1 9 A EQ!JAÇÃO DE TRANSFORJvlAÇÃO PARA A 24.4º APUCAÇÕES DAS EQ!JAÇÕES GENERAUZADAS DE
ENTROPIA ivlAxwELL-STEFAN
24.2 9 As EXPRESSÕES PARA o Fluxo DE CALOR E DE 24.5° TRANSFERÊNCIA DE 1\!lASSA ATRAVÉS DE
lvtASSA MEMBRANAS SELET!VAi'vlENTE PERMEÁVEIS
24.3º DIFUSÃO SOB CONCENTRAÇÃO E FORÇAS 24.6º DIFUSÃO EM MEIOS POROSOS
MOTRIZES
No Cap. 1 dissemos que o transporte molecular de momento é relacionado ao gradiente da velocidade pela lei da viscosi-
dade de Newton. No Cap. 8 apresentamos a lei de Fourier, que diz que o transporte molecular de calor ocorre devido ao
gradiente de temperatura. Entretanto, quando discutimos misturas no Cap. 19, mostramos uma contribuição adicional ao
transporte molecular de calor associado à quantidade de entalpia transportada pela interdifusão das diversas espécies. No
Cap. 17 demos a (primeira) lei de Fick da difusão, que diz que o transporte molecular de massa ocorre como conseqüência
de um gradiente de concentração. Mencionamos que outras forças motrizes podem contribuir para o fluxo de massa. Os
propósitos deste capítulo são os de descrever as mais importantes dentre estas forças motrizes adicionais e o de ilustrar
algumas de suas aplicações.
Dentre estas forças, destacam-se o gradiente de potencial elétrico e a pressão, que governam o comportamento de sis-
temas iônicos, das membranas permseletivas, bem como a ultracentrífuga. Os fenômenos eletrocinéticos em particular
ganham importância rapidamente. Dipolos induzidos podem produzir separações, como a dieletroforese e a magnetoforese,
úteis em aplicações especializadas. Adicionalmente, veremos que o gradiente de temperatura pode causar fluxos de mas-
sas por um processo conhecido como difusão térmica 1 ou como efeito Soret, e que gradientes de concentração podem
produzir um fluxo térmico pelo efeito de termodifusão,2 ou efeito Dufour. Finalmente, é importante assinalar que em sis-
temas contendo três ou mais componentes, o comportamento de cada uma das espécies é influenciado pelos gradientes de
concentração de todas as demais espécies presentes.
Afortunadamente, o largo espectro de comportamentos resultantes destas diversas forças motrizes pode ser descrito
compactamente pela estrutura da termodinâmica dos processos irreversíveis; 3 este tópico é resumido nas Seções 24.1 e 2.
Esta discussão se conclui com as equações generalizadas de Maxwell-Stefan. Nas seções remanescentes, mostramos como
diversas especializações destas equações podem ser usadas para fornecer descrições convenientes de processos especiais
de difusão selecionados.
Aqueles que não desejarem ler as duas primeiras seções podem passar diretamente para as seções posteriores, onde os
resultados essenciais da termodinâmica de processos irreversíveis são resumidos.
1
O efeito foi observado primeiramente em líquidos porC. Ludwig,Sitzber Akad. Wiss. Wien 20, 539 (1856), mas é nomeado em honra a Ch. Soret,Arch. Sei. Phys. Nat.,
Geneve, 2, 48-61 (1879); 4, 209-213 (1880); Compres Rendus Acad. Sei., Paris, 91, 289-291 (1880). As primeiras observações em gases foram feitas por S. Chapman e
F. W. Dootson, Phil. Mag., 33, 490-492 (1917).
'L. Dufour,Arch. Sei. Phys. Nat. Ge11eve, 45, 9-12 (1872); A11n. Phys. (5) 28, 490-492 (1873).
3 A discussão aqui é para sistemas multicomponentes. A discussão para sistemas binários pode ser encontrada em L. Landau e E. M. Lifshitz, F/uid Mechanics, 2.' edição,
Pergamon Press (1987}, Cap. VI. Veja também R. B. Bird, Knrean ]. Chem. E11g., IS, 105-123 (1998).
728 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
(24.1-1)
onde S é a entropia específica (por unidade de massa) de um fluido multicomponente, s é o fluxo vetorial de entropia e g5
é a taxa de produção de entropia por unidade de volume. Neste ponto, não conhecemos s nem&, e, portanto, nosso primei-
ro objetivo é determinar expressões para estas grandezas em termos dos fluxos e gradientes presentes no sistema. Para
tanto, ternos de usar a suposição de que as equações da termodinâmica do equilíbrio sejam válidas localmente (o "postu-
lado de quase-equilíbrio"), que diz que equações.como
N G
dU NI: dwª
A A
podem ser aplicadas a um sistema que não esteja muito longe do equilíbrio. Nesta equação, Gª é a energia livre de Gibbs
parcial molar e M 0 é a massa molecular da espécie a. Agora, aplicamos esta relação para um elemento do fluido que se
move com a velocidade do centro de massa v. Então, podemos trocar os operadores diferenciais pelos operadores da de-
rivada substantiva. Desta forma, a Eq. 24.1-2 permite expressar DS/Dt em termos de DÚ/Dt, D(l/p)/Dt e Dw)Dt. Então,
a equação de transfonnação da energia interna, [Eq. (D) da Tabela 19.2-4], a equação da continuidade total [Eq. (A) ela
Tabela 19.2-3], e a equação da continuidade para a espécie a [Eq. (B) da Tabela 19.2-3] podem ser usadas p~a as três
derivadas substantivas que foram introduzidas. Assim, após considerável rearranjo, encontramos
S = -1 (q - N Gª.)
2:-Ja (24.1-3)
T a=lMa
1
gs=- ( q·-zíiT) -2: (1 -Gª)
N (·Ja· [ V 1 ]) -
- --gª ( 'r:-íiv
1 ) N 1 Gª
-2:--r" (24.1-4)
T a=I T Ma T T a=l T Ma
1
S. R. de Groot e P. Mazur,No11·Eq11ilibri11m Thermodynamics. North-Holland, Arnsterdarn (1962). Veja também H. B. Callen, Thermodynamicsand an lntroduction to
Thennostatistics, Wiley, Nova York (1985), Cap. 14.
2
P. Curie, Oeuvres, Paris (1903), p. 129.
'O laureado Nobel Lars Onsager (1903-1976) estudou engenharia química na Universidade Técnica de Trondheim; após trabalhar com Peter Debye em Zurique por
dois anos, ele teve posições de ensino em diversas universidades antes de ir para a Universidade de Yale. Suas contribuições à tem1odinâmica de processos irreversíveis
podem ser encontradas em L. Onsager, Phys. Rev., 37, 405-426 (1931); 38, 2265-2279 (1931). Um resumo das verificações experimentais das relações de reciprocidade
de Onsager foi feito por D. G. Miller em Tra11sportPhenomena i11Fluids (H. J. M. Hanley, ed.), Marcel Deckker, Nova York(l969). Cap. 11.
'Para descrever fluidos viscoelásticos não-lineares, temos de generalizar a teoria tennodinàmica, como descrito por A. N. Bens e B. J. Edwards, Thcrmodynamics of
Flowing Systems with fnternal Microstructure, Oxford University Press (1994); M. Gmtda e H. C. Õttinger, Phys. Rev., E56, 6620-6632 (1997); H. C. Õttinger e M.
G1mela, Phys. Rev .. E56, 6633-6655 (1997); B. J. Edwards, H. C. Õttinger, e R. J. J. Jongschaap.]. Non-Equi/ibrium Thermodynamics, 27, 356-373 (1997); H. C. Õttinger,
Phys. Rev., E57, 1416-1420 (1998); H. C. Õttinger, Applied Rheology, 9, 17-26 (1999).
ÜUTROS MECANlSMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 729
A produção de entropia foi escrita como a soma de produtos de fluxos e forças. Entretanto, apenas N - 1 fluxos de ma.ssa
jª são independentes, e devido à equação de Gibbs-Duhem, existem apenas N - 1 forças independentes. Quando conside-
ramos esta falta de independência,5 escrevemos o fluxo e a produção de entropia sob a seguinte forma:
(24.1-5)
(24.1-7)
= c"rv(~ª) + c)t V ln
cRTda T - w,, Vp - Paga + Wa
1~3 1 P13g13
N
= cªRTV ln ªª + (<f>a - wª)Vp - Paga + cuª 2: P13g13
/3=1
(24.1-8)
A segunda formada Eq. 24.1-8 é obtida5 usando-se a relação dGª = RTdin ªªondeªª é a atividade. Na operação V ln a,,,
cJ
a derivada deve ser tomada a Te p constantes, e a quantidade cfaa = 7ªé a fração volumétrica da espécie a. Os dª intro-
duzidos aqui são chamados de forças motrizes de difusão, e são responsáveis pela difusão sob concentração (termo con-
tendo o Vln aª)' difusão sob pressão (termo em Vp ), e a difusão forçada (termo em gª). Os dª são definidos de forma a se
ter 2'.ªdª = O.
A produção de entropia na Eq. 24.1-6, dada pela soma.de produtos de fluxos e forças é o ponto de partida para o desen-
volvimento da termodinâmica de processos irreversíveis. De acordo com o "postulado da linearidade" cada um dos fluxos
presentes naEq. 24.1-6 (q<"l, jª' re GjMª) pode ser escrito como função linear de todas as forças (VT, dª, Vv e rª). Entre-
tanto, devido ao "postulado de Curie", cada um dos L deve depender linearmente de todos os dª bem como de VT; e qC"l
deve depender linearmente de VT bem como de todos os dª' mas nem jª nem q<lil podem depender de Vv ou de rª. Seme-
lhantemente, o tensor tensão rdependerá do tensor Vv, e também de forças motrizes escalares rª multiplicadas pelo tensor
unitário. Como o "acoplamento" entre r e as reações químicas não tem sido estudado, vamos omitir quaisquer considera-
ções adicionais a este respeito. Na próxima seção, discutimos o acoplamento entre todas as forças vetoriais e fluxos veto-
riais e as conseqüências da aplicação das "relações de reciprocidade de Onsager".
N cRTa
013
qlhl = -a0o'I ln T- 2: -p-d/3 (24.2-1)
/3=1 13
• cRTaa/3N
la= -11.aoY' ln T- Pa 2: - p p dJl a= 1,2, .. . ,N (24.2-2)
Jl=l a /3
Nestas equações, as quantidades lloo, ao13 ,aa0 e ªªll são os "coeficientes fenomenológicos" (isto é, as propriedades de trans-
porte). Uma vez que os jª e dª não são independentes, é necessário que ªªll + lflar = O, onde a soma se faz sobre todos
5 Os passos intermediários estão em C. F. Curtisse R. B. Bird, Ind. Eng. Chem. Researclt, 38, 2515-2522 (1999), errata 40, 1791 (2001).
730 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
os 'Y (exceto 'Y = (3) de 1 a N. Agora, de acordo com as relações de reciprocidade de Onsager, aa-0 =ªºªe a,,µ= a13ª para
todos os valores de a e f3 de 1 a N.
A seguir, relacionamos os coeficientes fenomenológicos aos coeficientes de transporte. Primeiro, renomeamos ªa0 e
ªºªpara D~, os coeficientes de difusão térmica multicomponentes. Estes têm a propriedade 2,jJ~ =O. A seguir, definimos
os coeficientes de difusão de Fick,1 [DafJpor [DafJ = -cRTa,,/P,,Pw Estas difusividades são simétricas (IED,,µ = [D/J,,) e satis-
fazem à relação 2,ªw,,IED,,µ =O. Assim, a Eq. 24.2-2 fica
para os fluxos de massa multicomponentes. Esta são as equações generalizadas de Fick. Quando a segunda forma da Eq.
24.1-8 é substituída na Eq. 24.2-3 vemos que existem quatro contribuições ao vetor fluxo de massai,: o termo da difusão sob
concentração (contendo o gradiente da atividade), o termo da difusão sob pressão (contendo o gradiente de pressão), o termo
de difusão forçada (contendo as forças externas) e o termo de difusão térmica (proporcional ao gradiente de temperatura).
A Eq. 24.2-3 pode ser "virada às avessas" 1•2 e resolvida para as forças motrizes d,,:
'V X,,_X13
..e.., n
{3*a. DafJ
(h _k)
Pa P{3
(a = 1, 2, ... , N) (24.2-4)
Estas são as equações generalizadas de Maxwell-Stefan, um de seus casos especiais foi apresentado na Eq. 17 .9-1. Os[),,13
são chamados de difusividades multicomponentes de Maxwell-Stefan, e demonstrou-se que são simétricas,3 suas relações
com os [Da/J serão discutidas a seguir.
Quando a expressão para d,, na Eq. 24.2-4 é substituída na Eq. 24.2-1, obtemos
(24.2-5)
A condutividade térmica da mistura é definida como o coeficiente de proporcionalidade entre o vetor fluxo tém1ico e o
gradiente da temperatura quando não há fluxo de massa no sistema. Assim, a grandeza entre colchetes é, por concordância
geral, a condutividade térmica k multiplicada pela temperatura T. Se combinamos este resultado com a definição na Eq.
24. l-7, obtemos para a expressão final para o fluxo térmico: 3
q = -k\iT+
N Hª .
2:-J
Ma
a=1
N N cRTx,,_x/J D~
+ 2: 2:---
a=1 /l=l
a. Pa
---
f)afJ Pa
fo)
P/l
(j" (24.2-6)
{3#a
Vemos que o fluxo térmico consiste em três termos: o termo de condução de calor (contendo a condutividade térmica), o
termo de difusão de calor (contendo as entalpias parciais molares) e, finalmente, o termo de Dufour (contendo o coefici-
ente de difusão térmica e os fluxos de massas). O termo de difusão de calor, já encontrado naEq. 19.3-3, é importante em
sistemas de difusão. O termo de Dufour é usualmente pequeno e pode ser desprezado.
As Eqs. 24.2-3, 4 e 6 são os resultados principais da termodinâmica de processos irreversíveis. Agora, temos os fluxos
de massa e calor expressos em termos das propriedades de transporte e dos fluxos. A seguir, discutiremos a relação entre
1
C. F. Curtiss,J. Cl1em. Phys., 49, 2917-2919 (1968); veja também D. W. Condiff,J. Chem. Phys., 51, 4209-4212 (1969), e C. F. Curtisse R. B. Bird, lnd. Eng. Chem.
Research, 39, 2515-2522 (1999); errata 41, 1791 (2001). Os IlJ p aqui são os negativos dos Dp usados por J. O. Hirsdúelder, C. F. Curtisse R. B. Bird, Molecular Theory
0 0
of Gases and Liquids, Wiley, Nova York (1954), segunda impressão corrigida (1964), Cap. l 1.
'H. J. Merk,Appl. Sei. Res., AS, 73-99 (1959); E. Helfand,J. C/1em. Phys., 33, 319-322 (1960). Hendrik Jacobus Merk (1920-1988) realizou a inversão da expressão
para o fluxo de massa enquanto aluno de graduação em engenharia física na Universidade Técnica de Delft; de 1953 a 1987 foi professor na mesma instituição.
3
C. F. Curtisse R. B. Bird, lnd. Eng. C/1em. Research, 38, 2515-2522 (1999); errata, 40, 1791 (2001).
ÜUTROS MECANJSMOS PARA O TRANSPORTE DE rv!AsSA 731
a matriz de difusividades de Fick [D af3 e a das difusividades de Maxwell-Stefan f) af3· As duas matrizes são simétricas e de
ordem N X N, e as duas tem !N(N - 1) elementos independentes. As f) a/J são obtidas pela relação: 3
. . 2: IDla/adj BcJ-,/3
f) - XaX/3 _r_=.ª - - - - - a, f3 = 1, 2, ... , N (24.2-7)
af3 - úJabl13 L (adj B,,).r/3
;#a
onde (Ba)f31 = -[[1137 + [])"7-istoé, os componentes ,Bydamatrizde ordem (N - l)X(N - 1), que designamos Eª, e onde adj
Bª é a matriz adjunta deBª. Para sistemas binários e ternários, as relações explícitas são dadas nas Tabelas 24.2-1 e 2. Na Eq. (C)
da Tabela 24.2-1 pode ser visto que para a mistura binária[]) a/J e f) af3 diferem por um fator que é função da concentração. Entre-
tanto, eles têm o mesmo sinal, o que explica por que o sinal positivo foi o escolhido na Eq. 24.2-3 em vez do sinal negativo.
úJ1úJ1
[!112 = [!121 = X1X2 B12 (C)
Agora estamos na posição de apresentar os três resultados finais desta seção, que são úteis como pontos de partida para a solução
de problemas de difusão. Para a difusão multicomponentes em gases ou líquidos, a combinação das Eqs. 24.1-8 e 24.24 dá
- 2:N _.::._!_
XX (ºT DT) ('v ln T)
___::. - _!_ (a = 1, 2, ... , N) (24.2-8)
/3=1 Ba;3 Pa Pf3
{J=Fa
Esta equação foi escrita em termos da diferença entre velocidades moleculares vª vf3· As Eqs. (D) até (I) da Tabela 17 .8-
1 podem, então, ser usadas para escrever esta equação em termos de quaisquer dos fluxos de massa ou molares.
Se desejamos designar urna das espécies como sendo especial (por exemplo, o solvente), então a Eq. 24.2-8 pode ser
reescrita na forma (veja o Problema 24C. l):
- /J=I
2:- (º;
N X.,X/3 ---
fi,,/3 P-r
0~) ('ii'ln T)
P/3
(a = 1, 2, ... , N) (24.2-9)
todo/3
Note que na Eq. 24.2-8 aparecem N(N - 1)/2 difusividades simétricas, &afJ• e que & ªªnão aparecem e, portanto, não são
definidos. Entretanto, na Eq. 24.2-9, existemN(N + 1)/2 difusividades simétricas, mas os&ªª (N ao todo) estão presentes
e agora somos forçados a empregar uma relação suplementar 2.ª(xj&afJ) = O, onde a soma se faz sobre todos os a. A Eq.
24.2-9, com a relação auxiliar, é equivalente àEq. 24.2-8, e as duas relações generalizadas de Maxwell-Stefan são equiva-
lentes às equações generalizadas de Fick dadas pela Eq. 24.2-3, em conjunto com a relação auxiliar.
Para a difusão de gases multicomponentes a baixas densidades, a atividade pode ser substituída pela fração molar e,
com boa aproximação, o & afJ pode ser substituído por CZ!Jaf3· Estas são as difusi vidades binárias para todos os pares de espé-
cies da mistura. Uma vez que os CZ!Ja/3 variam muito pouco com a concentração enquanto os[[)) afJ são fortemente dependen-
tes da concentração, é preferível usar a forma de Maxwell-Stefan (Eq. 24.2-4) à forma de Fick (Eq. 24.2-3).
Para a difusão binária em gases ou líquidos, a Eq. (C) da Tabela 24.2-1 e Eq. l 7B.3-1 podem ser usadas para simplifi-
car a Eq. 24.2-8 como segue:
Nesta equação, introduzimos a razão de difusão térmica, definida por kr = - D~/pÕAB = +(Df/p&AB)(xAx8/wAw8). Outras
quantidades presentes são o fator de termodifusão ªr e o coeficiente de Soret O"r, definido por kr = arXAXs = O"rXAx8 T. Para
gases, ªré quase independente da composição, e O"r é a quaHtidade preferida para líquidos. Quando kr é positivo, a espécie
A move-se em direção à região mais fria e, quando é negativo, a espécie A move-se para a região mais quente. Alguns
exemplos de kr para gases e líquidos são apresentados na Tabela 24.2-3.
Para misturas binárias de gases diluídos, observa-se experimentalmente que a espécie com mais alto peso molecular
usualmente migra para a região mais fria. Se os pesos moleculares são aproximadamente iguais, então geralmente a espé-
cie com maior diâmetro migra para a região mais fria. Em alguns casos, ocorre a mudança de sinal da razão de termodifusão
quando a temperatura é reduzida.4
Líquidos:• Gases:
Componentes A-B T(K) XA kr Componentes A-B T(K) XA k
·T
C2H2Cl 4-n-C6H14 298 0,5 1,08 Ne-Heb 330 0,80 0,0531
C2H4Br2-C2H4Cl2 298 0,5 0,225 0,40 0,1004
C2H2Cl4-CC1{ 298 0,5 0,060 N1-H2c 264 0,706 0,0548
CBrçCCl4 298 0,09 O,i29 0,225 0,0663
CCl 4-CHPH 313 0,5 1,23 D2-H2d 327 0.90 0,0145
CHPH-H20 313 0,5 -0,137 0,50 0,0432
ciclo-C6H12-C6H6 313 0,5 0,100 0,10 0,0166
ªR. LScixton, E. L.Doughertye H. G. Drickariier, 1 Chem Fh;s .. 22;1166-116S, (1954); R. L. Saxton e H. G. Drickamer, 1 Chém: Phys., iz, 1287-1288
(1954); L. J. Tichacek, W. S. Kmak e H. G. Drickamei:, 1 Phys. Chem., 60, 660-66.5 (1956).
hB. E. Atkins, R. E. Bastick e T. L. Ibbs, Proc. Roy. Soe. (London), A172, 142~158 (1939).
<T. L. Ibbs,K.E. GreweA. A. Hirst, Proc. Roy.Soe. (London), A173, 543-554 (1939).
dH. R. Heath, T. L. IbbseN. E. Wild,Proe. Roy. Soe. (London), A178, 380-389 (1941).
4
S. Chapman e T. G. Cowling, The Mathematical Theory of No11-U11iform Gases, 3.' edição, Cambridge University Press (1970), p. 274.
OUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 733
No restante deste capítulo exploramos algumas conseqüências das expressões para o fluxo de massa das Eqs. 24.2-8, .9
e 10.
EXEMPLO 24.2-1
Difusão Térmica e a Coluna de Clusius-Dickel
Neste exemplo, discutimos a difusão de espécies sob a influência de um gradiente de temperatura. Para ilustrar o fenôme-
no, consideramos o sistema mostrado na Fig. 24.2-1, que consiste em dois bulbos ligados por um tubo isolado com pequeno
diâmetro e cheio com urna mistura de gases ideais A e B. Os bulbos são mantidos a temperaturas constantes T1 e T2, respec-
tivamente, e o diâmetro do tubo isolado é pequeno o bastante para eliminar, substancialmente, correntes de convecção.
Eventualmente, o sistema atinge um estado estacionário, corri o gás A enriquecido num dos finais do tubo e empobrecido
no outro. Obtenha uma expressão para xA2 - xAt• a diferença de frações molares nas extremidades do tubo.
SOLUÇÃO
Após o estabelecimento do regime permanente não mais existe movimento de A ou de B e, portanto, J~ = O. Se tomamos
o eixo do tubo na direção dez, então, pela Eq. 24.2-10 temos
(24.2-12)
Corno a dependência de kr com T é bem complexa, é costume supor kr constante a uma temperatura média T,,,. A Eq. 24.2-
12 então nos dá (aproximadamente)
(24.2-13)
digamos, A-e a que desce ficará mais rica em B. Este é o princípio de operação da coluna de Clusius-Dickel. 6-8 Com o
acoplamento de diversas dessas colunas em cascata é possível realizar uma separação. Durante a Segunda Guerra Mundial
este foi um dos métodos usados para a separação de isótopos do gás de hexafluoreto de urânio. O método também tem sido
usado com algum sucesso na separação de misturas orgânicas, onde os componentes têm praticamente os mesmos pontos
de ebulição, e a destilação não é boa opção.
A razão de termodifusão pode também ser obtida do efeito Dufour, mas a análise dos experimentos é carregada de erros
experimentais difíceis de serem evitados. 9
EXEMPLO 24.2-2
Difusão sob Pressão e Ultracentrífuga
Examinaremos a difusão na presença de um gradiente de pressão. Se um gradiente de pressão suficientemente grande pode
ser estabelecido, então uma separação mensurável pode ser obtida. Um exemplo disso é a ultracentrífuga, que tem sido usada
para a separação de enzimas e de proteínas. Na Fig. 24.2-2 mostramos uma célula cilíndrica em uma centrífuga de muito alta
velocidade. O comprimento da célula L é pequeno com relação ao raio de rotação R0 , e a densidade da solução pode ser con-
siderada como função apenas da composição. Determine a distribuição dos dois componentes no regime permanente em ter-
mos de seus volumes molares e do gradiente de pressão. Este último é obtido da equação do movimento corno
clp
dz = -pga = -pfl.Ro (24.2-15)
Por simplicidade, supomos que os volumes parciais molares e os coeficientes de atividade sejam constantes em toda faixa
de condições existentes na célula.
SOLUÇÃO
No regime permanente, jA =O, e os termos relevantes da Eq. 24.2-10 dão, para a espécie A,
Inserindo a expressão apropriada para o gradiente de pressão e multiplicando por (V8 /xA)dz, obtemos para a espécie A
(24.2-17)
/
/
I
/
/
1
l
1
1
\
\
\
' .... , ___
6
K. Clusius e G. Dickel, Z. Phys. Chem., B44, 397-450, 451-473 (1939).
7
K. E. Grew e T. L. lbbs, Tlzer;ta! Diffusion in Gases, Cambridge University Press (1952); K. E. Grew, em Transpor! Phenomena in Fluids (H. J. M. Hanley, ed.), Marcel
Dekker, Nova York(l69), Cap. 10.
8
R. B. Bird, Advances in Chemica! Engineering, 1, 155-239 (l956) Seçao 4.D.2; errata, 2, 325 (1958).
9
S. Chapman e T. G. Cowling, The Mathematical Theory of Nonuniform Gases, 3.' edição, Cambridge University Press (1970), pp. 268-271.
J
ÜUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 735
- dxB - gn. -
VA x;- = -VA RT (pV 8 - M8 )dz (24.2-18)
(24.2-19)
Agora integramos esta equação desde z = O até um valor arbitrário dez, levando em consideração que as frações molares
de A e de B em z = O são XAo e x 80 , respectivamente. Isto nos dá
(24.2-20)
V ln xA _V 1n
x 8 _ M 8VA - MAVB
(24.2-21)
B XAo A Xao - RT &ix
Tomando a exponencial de ambos os lados, encontramos
(24.2-22)
Esta descreve a distribuição de concentração no regime permanente para uma mistura binária em um campo de forças
centrífugas constante. Note que urna vez que este resultado não contém coeficientes de transporte, então o mesmo resul-
tado pode ser obtido a partir de urna análise feita com a termodinâmica do equilíbrio. 10 Entretanto, se queremos analisar o
comportamento temporal do processo de centrifugação, então a difusividade para a mistura A-B aparecerá no resultado, e
o problema não pode ser resolvido por relações de equilíbrio termodinâmico.
J~ = -c9ABXAV ln ªA (24.3-1)
Esta pode ser reescrita utilizando o fato de ser a atividade urna função de xA como
A atividade pode também ser escrita como o produto do coeficiente de atividade e da fração molar (aA = 'YAxA), de modo
que
'J'A)
J*4 = -c9AB [ 1 + - Jn-_- (ªa 1n XA
J\ix.4.
T,p
(24.3-3)
Se a mistura for "ideal", então o coeficiente de atividade é igual à unidade e a Eq. 24.3-3 toma-se a mesma que a Eq. (B)
da Tabela 17.8-2, e fJAB:::;: ®AB·
Se a mistura é não-ideal, exprimimos a difusividade binária 2DAB como
m
;:uAB =
f}(alnaA)
AB - - - = f}AB (1 + (alnyA))
--- (24.3-4)
a
ln XA T,p aln XA T,p
5,0
~ 5,0 -;f..
a: Tolueno (A) - Benzeno (B) 6 ª®AB
~ 4,0
1
b: Tolueno (A) - Tetracloreto de carbono (B) 8 4,0 a D,rn
e: Decano (A) - Hexadecano (B)
"
-o "
-o
3,0
:13,0 (a) -g"
'§ 2 Ü.l;::___,,.-<:r---o-_.,.......- -
:a
2,0
5 .L.....-----~
I
5"
~
~ 1,ob..0-----0---0---_.,.--~-i "
1,0
~-00~-'--~-'--'---'--'--~-'--~~ d 0,0
0,0
I 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,0 0,5 1,0
Fração molar x, Fração molar da acetona
Fig. 24.3-1. Difusividade em misturas líquidas, ideais a Fig. 24.3-2. Difusividade em mistura liquida não-ideal (ace-
25ºC [P. W. M. Rutten, DifWsioninLJquids, Delft Universi- tona-clorofórmio (a 25ºC) [P. W. M. Rutten, Diffusion in
ty Press (1992), p. 311. LJquids, Delft University Press (1992), p. 32!.
2,5 ~---~---~
2,0
1,5
Para misturas ideais, fJ,w e 2DAB são idênticas, e são funções quase lineares da fração molar como mostra a Fig. 24.3-1.
Para misturas não-ideais, f}AB e 2DA8 são diferentes, e funções não-lineares da fração molar; um exemplo é apresentado na
Fig. 24.3-2. Entretanto, verificou-se que o produto µ,fJAB é, para algumas misturas não-lineares, muito aproximadamente
linear em sua dependência na fr.ação molar, enquanto µ,2DAB não o é (veja a Fig. 24.3-3). Não existem razões concludentes
para a preferência de uma difusividade sobre a outra. A maior parte dos dados de difusividade apresentados na literatura
correspondem a ®AB·e não a f} AB·
ÜUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 737
~ Xa.X{J
-d"= LI~ (v1 - v13 ) +termos de difusão térmica
/3=1 =a/3
todo/J
(24.4-2, 3, 4)
A primeira destas relações decorre da definição dos dª, a segunda é urna conseqüência das relações de reciprocidade de
Onsager, e a terceira é necessária devido à introdução de uma espécie de referência a. A escolha de qual a espécie seja
designada como 'Y é arbitrária; com freqüência, é conveniente fazer 'Y = a. A escolha depende da natureza do sistema sob
estudo, e este ponto será ilustrado a seguir.
Em todos os capítulos precedentes, a única força externa considerada foi a força gravitacional. Nesta seção, faremos a
força externa por unidade de massa g" igual à uma soma de forças
Aqui, g é a aceleração gravitacional, Za é a carga elementar da espécie a (por exemplo, -1 para o íon F = 96485abs.- cn,
coulomb/g-equivalente é a constante de Faraday, <Pé o potencial eletrostático, e o subscrito m no delta de Kronecker ºª"'
refere-se a qualquer matriz restritiva, como uma membrana permeável-seletiva.
Em suma, para a solução de problemas de difusão multicomponentes em sistema isotérmicos temos agora N equações
para os fluxos de massas (das quaisN-1 são independentes), as equações de continuidade para as espécies e a equação do
movimento. Este conjunto de equações demonstrou-se útil para a solução de uma ampla classe de problemas de transfe-
rência de massa, e discutiremos agora alguns destes problemas nos exemplos seguintes.
É claro que para a solução de problemas de difusão rnulticornponentes precisamos das difusividades de Maxwell-Stefan
&af3• que ocorrem nas Eqs. 24.4-1. Muito poucas medidas foram feitas destas grandezas, que requerem medidas simultâne-
as da atividade em função das concentrações. Dentre os poucos exemplos destas medidas encontram-se aquelas realizadas
porRutten. 1
EXEMPLO 24.4-1
Centrifugação de Proteínas
As moléculas de proteínas são suficientemente grandes para serem concentradas por centrifugação contra as tendências de
dispersão do movimento browniano, e este processo demonstrou-se de utilidade para a determinação do peso molecular e
para separações preparativas em pequena escala. Mostre como o comportamento de proteínas num campo centrífugo pode
ser previsto, e qual o tipo de informação que pode ser obtida deste comportamento num tubo de centrífuga (veja a Fig.
1
Ph. W. M. Rutten, Diffusion in Liquids, Delfc University Press, Delft, The Netherlands (l992).
738 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
24.4-1). Como veremos no Exemplo 24.4-3, podemos tratar a proteína e seus contra-íons atendentes como uma única grande
molécula eletricamente neutra. Escolha a proteína como a espécie 'Y e parta de sua equação para o fluxo de massa. As
espécies iônicas pequenas necessárias para a estabilidade da protef:na não participam significativamente do processo e podem
ser ignoradas.
SOLUÇÃO
Consideramos aqui um sistema pseudobinário com uma única proteína globular P em um solvente W, que é primariamen-
te água, e inicialmente restringiremos a discussão a uma solução diluída em rotação dentro de um tubo perpendicular ao
eixo de rotação (Fig. 24.4-la) a uma velocidade angular constante D. Para este sistema, Xw = 1 e o campo do soluto em
relação ao eixo estacionário será o de uma rotação de corpo rígido, a saber, Vw = ouflr.
(a) Horizontal
Xp ( a ln 'YP) axp 1 ap
ffpw Vp, == - 1 + a ln Xp ar - cRT (4Jp - Wp) ar (24.4-6)
Vemos imediatamente que a proteína se moverá na direção radial positiva se sua fração pondera! for maior que sua fração
volumétrica - isto é, se for mais densa que o solvente. Se a Eq. 24.4-6 for multiplicada por c&pw, obtemos
onde a difusividade pseudobinária de Fick 2lipw foi introduzida. A difusividade presente na Eq. 24.4-7 pode ser estimada
usando-se a Eq. 17.4-3 como
(24.4-9)
O termo pffr não varia significativamente ao longo do tubo de centrifugação, que é pequeno em relação ao raio do rotor
da ultracentrífuga.
Agora, queremos obter uma avaliação da dependência do peso molecular no termo de gradiente de pressão na Eq. 24.4-
1
7. Para tanto, introduzimos as seguintes aproximações, válidas no limite de soluções diluídas comumente usadas no pro-
J
cessamento de proteínas:
ÜUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 739
(24.4-lOa)
(24.4-lOb)
Aqui, Vp = fÍp/Mp é o volume parcial específico da proteína. O volume parcial específico do solvente pode ser tomado
como 1 ml/g sem erro significativo, e Vp para proteínas globulares situa-se na vizinhança de 0,75 ml/g. Vemos que o fator
decisivo que permite uma centrifugação eficiente é a relação de pesos moleculares, mais importante que os volumes espe-
cíficos, já que estes não diferem muito entre as duas espécies.
Quando as Eqs. 24.4-7,8,10 e 11 são combinadas, a primeira lei de Fick para a proteína assume a fom1a
axp
Np = -é!lipwar + xp(Np + Nw)
axp
-é!tipwar + cpvmigr (24.4-11)
uma vez que o fluxo molar de água é virtualmente nulo. Aqui, a "velocidade de migração" da protefua é
Vmigr = -
Dpw [Mp (
Vp
cRT Mw VA -
)]
1 pfh
, (24.4-12)
M
Na verdade, para a solução diluída em consideração, vmigr é praticamente idêntica velocidade média molar.
A seguir, substituímos o fluxo molar da Eq. 24.4-11 na equação da continuidade da espécie
acp = _aNp
(24.4-13)
at ar
que, para o caso em que '2ilpw seja constante
(24.4-14)
2
acp) = <!!Jp,/ acp) (24.4-15)
( at " \au 2 1
e deve satisfazer a condição inicial
2
R. J. Silbey e R. A. Alberty, Physical Chemistry, 3.' edição, Wiley, Nova York (2001), p. 801.
740 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
(b) Polarização Estacionária. A seguir, consideramos o comportamento para tempos longos quando a proteína foi con-
ce'.ltrada no fundo do tubo e atingiu o regime permanente. Nestas condições, não há mais movimento radial e as Eqs. 24.4-
6, 9 e 10 dão
O gradiente de concentração pode ser medido, e todas as outras grandezas, exceto Mp, podem ser determinadas experi-
mentalmente, de forma independente do processo de centrifugação. Os coeficientes de atividade podem, por exemplo, ser
determinados a partir de dados da pressão osmótica. Portanto, o peso molecular da proteína pode ser determinado com
precisão. Apenas a espectrometria de massa pode fornecer dados mais precisos, mas não se adequa a todas as proteínas.
(e) Operação Preparativa. A velocidade da separação centrífuga pode ser grandemente aumentada inclinando-se o tubo
corno mostra a Fig. 24.4- lb. Assim, a proteína é forçada em direção ao lado externo do tubo pela ação centrífuga e o gra-
diente de densidade resultante provoca o transporte axial por convecção natural, um processo semelhante ao empregado
para partículas maiores em centrífugas de disco. 3
EXEMPLO 24.4-2
Proteínas como PartículasHidrodinâmicas
Mostre que os resultados do último exemplo são equivalentes ao tratamento de proteínas como pequenas partículas
hidrodinâmicas.
SOLUÇÃO
Se no exemplo anterior não tivéssemos usado as simplificações nas Eqs. 24.4-9 e 10, teríamos obtido para a velocidade de
migração na operação em regime permanente
f_ wp) dp Bpw
Vmigr = - \ Vp - cp dr RT (24.4-19)
Agora, nos restringiremos a soluções diluídas de modo que o coeficiente de atividade seja muito próximo à unidade, e
podemos fazer &pw = <:!llpw e usar a Eq. 24.4-8 para a difusividade e a Eq. 24.4-9 para o gradiente de pressão. Então, a
velocidade de migração fica
A seguir, reconhecemos que !Fr = g,1 (urna força de campo efetiva por unidade de massa resultante do campo centrífugo)
e queK/R = N (o número de Avogadro), para encontrar
onde empregamos a aproximação Wp = pp/(pP + Pw) = P/Pw para uma solução diluída da proteína. Fazemos ainda Vp=
(hR;)fl, o volume por proteína, e pp/cp = (!1iRi)(p<P>)Jií, a massa por mol de proteína; aqui, rfP1é a densidade da proteína
pura. Quando estas equações são introduzidas na Eq. 24.4-21 obtemos
Vmigr = -wp--
2R~(p<PJ - Pw)gef
(24.4-22)
A comparação com a Eq. 2.6-17 mostra que a velocidade de migração de uma proteína não-esférica em um campo centrí-
fugo é a mesma que a velocidade terminal de uma esfeya em campo gravitacional correspondente (dividida pelo fatorfr
para levar em consideração os desvios devidos à esfericidade).
3
Veja, por exemplo, Perry' s Chemical Engineers' Handbook, McGraw·Hill, Nova York, 7.' edição (1997), p. 18-113.
ÜUTROS MECANISMOS PARA O 'TRANSPORTE DE M"-SSA 741
Podemos também começar com a equação do movimento para uma partícula P inicialmente em repouso numa suspen-
são suficientemente diluída tal que as interações partícula-partícula sejam desprezíveis. Então, a velocidade da partícula
relativa à massa de fluido F em repouso é
Vp - VF -0Jpf ( V ln np
1 [
+ KT Vp 1
( p(P))
p (Vp),,, - Fem
Aqui, np é a concentração numérica de partículas, Vp e Rp são o volume e raio da partícula, e o subscrito oo refere-se a
condições "longe" da partícula (isto é, fora da camada limite hidrodinâmica). A Eq. 24.4-23 é a equação do movimento
com um termo adicional de movimento browniano, que é importante, por exemplo, na coleta de aerossóis. 4 O símbolo F,"'
corresponde à força eletromotriz por partícula.
A difusividade 0JPF neste exemplo corresponde a 0'!pw do Exemplo 24.4-1, e pode se observar que existe uma analogia
próxima entre as descrições por moléculas ou por partículas. Existem, de fato, apenas três diferenças significativas:
1. O coeficiente de atividade termodinâmico é considerado igual a 1 para a partícula.
2. A aceleração da partícula é desprezada.
3. Os efeitos da história prévia (isto é, a força de Basset dada pela integral na Eq. 24.4-23) são desprezados.
Na prática, os coeficientes de atividade tendem à unidade em soluções diluídas, e o termo de forças de Basset tende a ser
pequeno mesmo para partículas grandes. Entretanto, os efeitos instantâneos da aceleração podem ser apreciáveis para
partículas maiores que cerca de um mícron de diâmetro.
EXEMPLO 24.4-3
Difusão de Sais em Solução Aquosa
Considere agora, por simplicidade, um 1-1 eletrólito li,tJ+X-, como o cloreto de sódio, difundindo-se em um sistema com o
o representado na Fig. 24.4-2. Dois reservatórios bem misturados, a duas concentrações salinas diferentes são ligados por
uma restrição na qual o transporte difusivo entre os dois reservatórios se passa. O potenciômetro mostrado na figura mede
a diferença de potencial ó.</J entre os eletrodos, sem extrair corrente elétrica do sistema. Mostre como as equações genera-
lizadas de Maxwell-Stefan podem ser usadas para descrever o processo de difusão.
Capa porosa de
Ag+ x-sólido
M+ x- em c1 ~~~~;~i~ JvI+ x- em c2
Percurso da difusão Fig. 24.4-2. Difusão salina e potenciais de di-
(geometria e condições de escoamento arbitrárias) fusão. O símbolo G denota um galvanômetro.
4
Veja L. D. Landau e E. M. Lifshitz, FluidMechanics, Pergamon Press, Oxford (1987), pp. 90-91. Problema 7.
742 CAPlTuLO VINTE E QUATRO
sowç,4.o
Considera-se que o sal (S) esteja completamente dissociado, de forma que o sistema é consider11do como temário, com as
três espécies tvJ+, x- e água. Desprezamos o termo de difusão sob pressão: a pressão de referência cRT na Eq. 24.4-1 é de
aproximadamente 1350 atmosferas sob as condições normais, e as diferenças de pressão que podem ocorrer em sistemas
semelhantes ao retratado são de importância desprezível.
As suposições de neutralidade e de inexistência de corrente fornecem as seguintes restrições:
1 . 1 (24.4-27)
c9x-w (xwNx.- - xx-Nw) = -xx-V ln ax- + cRT (px-gx-(1 ú>x-) wx-p,wg,w)
A seguir, empregamos as Eqs. 24.4-24 e 25, e a expressão para a força elétrica dada na Eq. 24.4-5 para obter
_}
LT7M+W
(x,-JJs - xsNw) = -(ª Inl ªM•)vxs + (RxTs)FV<P
B n X5
(24.4-28)
1
c9x-w (:xwNs - :XsNw) = -\af alnln ax-) ( xs )
Xs Vxs + RT FV<P (24.4-29)
Note que a difusividade íon-íon não aparece, pois não há diferença de velocidade entre os dois íons quando não há
corrente.
O potencial eletrostático <P pode ser eliminado entre as duas equações por adição. A expressão resultante para o fluxo
1
Ns= - ( -cB +-cB
1 )-
1
(a ln (a,wax-))
1 . Vxs+xs(Ns+Nw) (24.4-30)
.w•w x-w B n Xs
pode ser posta na forma da lei de Fick
(24.4-32)
Sob um gradiente de concentração, o mais rápido dos dois íons tende a ficar na frente do mais lento. Entretanto, disto
resulta a formação de um gradiente de potencial que tende a acelerar o íon mais lento e retardar o mais rápido. Pode ser
demonstrado (veja o Problema 24B.2) que o assim chamado potencial de junção é descrito por
dcp = _RT 4-[<ª ln ªM·I a ln Xs)BM'w ~(a ln ªx-1 aln Xs)Bx-wJ (24.4-35)
dx 5 F Xs BM·w • Bx-w
Entretanto, estes potenciais não podem ser medidos diretamente, pois os eletrodos necessários para fechar o circuito inter-
ferem na medida (veja o Problema 24C.3). Podemos obter um valor aproximado pelo emprego de pontes salinas de cloreto
de potássio. 5
Este exemplo elementar representa uma introdução crua a um assunto complexo e importante. O leitor interessado deve
familiarizar-se com a vasta literatura da eletroquímica.6
EXHvlPLO 24.4-4
Desvios da Eletroneutralidade Local:Eletrosmose6
Deve ter ficado claro pela discussão anterior sobre o potencial da difusão que podem ocorrer desvios da neutralidade elé-
trica na difusão de eletrólitos, e que seus efeitos não são sempre desprezíveis. Para examinar esta situação considere um
longo tubo de seção circular contendo um eletrólito, do qual pelo menos um de seus componentes pode ser adsorvido pela
parede do tubo. Esta adsorção gera uma carga fixa e uma região eletricamente carregada, a dupla camada difusa, na solu-
ção adjacente à parede do tubo. Esta carga produzirá um campo elétrico no interior do tubo que varia com a posição radial,
mas não axialmente. Se uma diferença de potencial é aplicada às extremidades do tubo, o resultado será um escoamento
do fluido, conhecido como eletrosmose. Reciprocamente, se uma pressão hidrodinâmica é utilizada para produzir o esco-
amento do fluido, o resultado será uma diferença de potencial, conhecida como potencial de jlu.x.o, que se desenvolve entre
as extremidades do tubo. Estes fenômenos são representativos de uma classe conhecida como fenômenos eletrocinéticos.
Deduza uma expressão para o fluxo eletrosmótico resultante na ausência de um gradiente de pressão axial.
SOLUÇÃO
Nosso primeiro problema é o de desenvolver uma expressão para a distribuição do potencial eletrostático, após o que
podemos calcular o escoamento eletrosmótico.
O ponto de partida para o cálculo do potencial eletrostático é a equação de Poisson
(24.4-36)
r dr
(r dr
l!L d<f>) = _!!:_
E
(24.4-38)
6
Agora, seguindo Newman, supomos que a concentração de carga siga a distribuição de Boltzmann
exp(-
,
z,;F<P)""'
RT
1- zJ<f>
RT (24.4-39)
e usamos a expansão de Taylor truncada, conhecida como a aproximação de Debye-Hückel, que permite a obtenção de
uma solução explícita. Nela, o subscrito oo pode ser considerado como indicativo do centro do tubo, pois, como veremos,
5 R. A. Robinson e R. H. Stokes, Elecrrolyre Solutions, edição revisada, Butterworth, Londres, (1965), p. 571. Esta referência venerável contém grande quantidade de
dados úteis.
6 Veja, por exemplo, J. S. Newman, Elecrrochemical Systems, 2.' edição, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N. J. (1991). O Exemplo 24.4-2 origina-se da p. 215.
_ _ _ _ _....,4
744 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
a densidade de carga decai muito rapidamente com a distância da parede do tubo. Por esta mesma razão, podemos despre-
zar a curvatura da parede e supor que a carga na linha de centro seja nula, e assim
(24.4-40, 41)
Aqui, y = R - ré a distância medida da parede a um ponto no seio do fluido, e A é o comprimento de Debye que tende a
ser muito pequeno. Para um eletrólito 1-1
A segunda é obtida da lei de Gauss (veja Newman, 6 p. 75), supondo a inexistência do gradiente de potencial no interior da
parede sólida,
d<f> q,
C.C. 2: Para y = O, dy =--e (24.4-44)
(24.4-45)
Newman6 apresenta um desenvolvimento mais rigoroso que considera a curvatura da parede, mas para qualquer tubo com
raios maiores que décimos de nanômetros, isto não se faz necessário.
Agora podemos pôr estes resultados na equação do movimento, supondo que o escoamento seja laminar e permanente,
de modo que
1 d ( rdv
O=µ,-- 4 dp
- ) --+pE (24.4-46)
r dr dr dr e z
E = a<P (24.4-47)
z az
Desprezando o gradiente de pressão e usando a Eq. 24.4-36 para proceder à eliminação de p,, encontramos
µ, 1. !!._
r dr
(r dvz)
dr
+ e .! !!._ (r d<f>)E.
r dr dr •
(24.4-48)
Se, novamente, a curvatura é desprezada, podemos integrar esta equação para obter
Vz = (Àq.)
µ: E,(l (24.4-49)
A expressão no primeiro conjunto de parênteses pode ser considerada como uma propriedade do sistema experimental-
mente determinada, e exp( -y/À.) é desprezível por toda a seção transversal do tubo, essencialmente para todos os tubos.
Assim, a velocidade é uniforme exceto muito próximo à parede.
Estes escoamentos eletrosmóticos têm sido largamente usados em reatores microscópicos e em separadores -por exem-
plo, em dispositivos para diagnósticos - pois oferecem a vantagem de apresentar uma dispersão convectiva desprezível.
ÜUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 745
Note que a velocidade é independente do raio do tubo. Assim, a eletrosmose é especialmente útil em tubos de raio peque-
no, onde grandes gradientes de pressão seriam necessários para produzir as mesmas velocidades de escoamento.
:..,.;.;_·,: ____
-·-----~ .------
.;....:..._;,....__:..:.. -·--- ... --
·....._;_~-: -...~;-_,_-.
EXEMPLO 24.4-5
Forças Motrizes Adicionais para a Transferência de Massa
Até agora cobrimos todos os mecanismos de transferência de massa que são comumente considerados no contexto da ter-
modinâmica de processos irreversíveis, mas existem outras possibilidades que se demonstraram significativas. Aqui, con-
sideraremos três: a força sobre uma partícula carregada movendo-se através de um campo magnético e as forças de indu-
ção elétrica ou magnética. Estas contêm termos não-lineares, isto é, o produto da velocidade das espécies e campos de
forças. Portanto, elas estão, no sentido estrito, fora da formulação linear. Entretanto, foi determinada a legitimidade de
acrescentá-las às forças de campo presentes na Eq. 24.4-1. Desenvolva uma forma específica para a-equação resultante, e
mostre como esta pode ser usada para descrever processos de transferência de massa afetados por uma ou mais destas
forças.
SOLUÇÃO
Iniciamos por definir uma força motriz estendida para a transferência de massa, d",e""' para incluir estas forças:
(24.4-50)
Aqui, B é a indução magnética, E = í/ <Pé o campo elétrico, f ! a suscetibilidade elétrica, e r;•g a suscetibilidade mag-
1
nética.
A origem dos termos contendo (v" X B] e (E · í/E] na Eq. 24.4-50 vem da relação de Lorentz
F = q0(E + [ v X B]) (24.4-51)
onde q0 é a carga elétrica. Isto é explicitamente mostrado na Eq. 24.4-51 para uma partícula carregada que se move através
de um campo magnético (veja o Problema 24B.1), mas apenas indiretamente para a indução elétrica (E· V'E], a qual ba-
seia-se na interação de um campo não-uniforme com um dipolo elétrico.
Para mostrar a origem do termo [E· V'E] na Eq. 24.4-50, considere, por exemplo, a situação unidimensional retratada
na Fig. 24.4-3. Um campo elétrico tende a alinhar os dipolos que normalmente se dispõe aleatoriamente pelo movimento
browniano e, se o campo não for uniforme, aparecerá uma força sobre um dipolo alinhado com o valor
(24.4-52)
onde q0 é o valor da carga nos dois extremos dos dipolos e l é a distância entre os dois centros de carga.
Dipolos desalinhados
(na ausência de um campo elétrico)
c.i
ô
~ o
Em alguns casos - por exemplo, com a fonna anfótera dos aminoácidos - podemos determinar simultaneamente q0
e l da teoria molecular. Entretanto, para partículas e a maior parte das moléculas, temos apenas os dipolos induzidos: uma
·.: '·.•,~ :·'r~.
')~
· ... · 1 • .....:
separação parcial de cargas resultante da presença do campo. Nas condições de nosso interesse aqui, apenas uma pequena
parcela dos dipolos intrínsecos está alinhado com o campo, e o alinhamento parcial e a força do dipolo fn.duzido são co-
mumente supostos como proporcionais à força do campo. Todos estes fatores são coletados no que é uma quantidade
experimentalmente determinada, a susceptibilidade elétrica. A origem do tenno magnetoforese é análoga. Agora nos
voltamos para uma breve discussão de aplicações destes novos mecanismos de separação.
O comportamento de íons em movimento através de um campo magnético é a base da espectrometria de massa clássi-
ca, embora o espectrômetro de tempo de vôo seja de uso generalizado. Os dois tipos de espectrômetro são altamente de-
senvolvidos e encontram aplicações extensivas para a análise de misturas de gases inorgânicos simples até de moléculas
biológicas complexas não-voláteis como proteínas. Na verdade, quando aplicáveis, eles fornecem os mais precisos meios
para a determinação do peso molecular de proteínas, freqüentemente com erro na faixa de um dálton para o peso molecu-
lar de dezenas de milhares.
A dieletro e a magnetoforese têm sido utilizadas, desde muito tempo, para a remoção de pequenas partículas suspensas
em fluidos. Campos não-uniformes são obtidos, no caso da dieletroforese, pelo emprego de empacotamento de pequenas
partículas dielétricas, como esferas de vidro entre eletrodos (veja, por exemplo, o Problema 24B.1). Devido ao fato de as
partículas se moverem sempre na direção do campo mais forte, toma-se possível o uso de corrente alternada, comumente
de algumas dezenas de quilovolts, e assim evita-se as reações nos eletrodos. As correntes são muito pequenas e podem,
normalmente, ser desprezadas. Na rnagnetoforese, um campo não-uniforme pode ser obtido pela colocação de malhas
ferromagnéticas entre os pólos de um eletromagneto, o que pode funcionar apenas quando os materiais são paramagnéti-
cos ou ferromagnéticos. Um exemplo clássico é o da remoção de corpos coloridos constituídos de óxidos de ferro para o
branqueamento de argilas.
Novos usos da dieletroforese têm se desenvolvido com grande rapidez nas áreas de biologia,7 materiais avançados 8
incluindo a nanotecnologia, e supervisão do meio ambiente. 9 Elas incluem a classificação, análise quantitativa e manipu-
lação incluindo a fonnação de malhas ordenadas.
Diversas destas aplicações requerem modificações fundamentais da Eq. 24.4-50 para incluir forças quadripolares e até
octopolares. 10 Existem. adicionalmente, interações fortes entre forças elétricas e hidrodinâmicas, e a forma tanto do instru-
mento como das partículas podem ter efeitos profundos. 11
7
C. Polk, lEEETransactions onPlasma Science, 28, 6-14 (2000); J. Suehiro et al.,J. Physics D: Applied Physics, 32, 2814-2320 (1999); J. P. H. Bert, R. Pehig e M. S.
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J
ÜUTROS MECANlSMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 747
o
onde é a espessura da membrana e Rcurv é o raio de curvatura da superfície da membrana. Segue que o transporte de
massa é unidirecional e perpendicular à superfície da membrana.
2. Imobilidade da matriz
Vm = Ü (24.5-2)
onde v"' é a velocidade da matriz, que serve como referencial.
3. Comportamento em regime pseudopermanente
acCI. =o (25.4-3)
at
onde a é qualquer uma das espécies, incluindo a matriz m. Isto, de fato, significa que os tempos de resposta da difusão
são curtos quando comparados aos das soluções adjacentes.
Agora, queremos mostrar como estas restrições podem ser usadas para adaptar as equações de Maxwell-Stefan para gerar
descrições compactas, mas confiáveis, do transporte em membranas.
Vamos iniciar reconhecendo que a matriz deve ser considerada como de difusão das espécies, e escolhemos utilizar
equações de Maxwell-Stefan apenas para as espécies móveis. Podemos usar as Eqs. 24.4-1 e 5, e escrever para uma mis-
tura de N espécies móveis:
(25.4-4)
Note que a foi escolhida como a espécie de referência na equação para cada a e que a força que mantém estacionária a
membrana - isto é, o último termo na Eq. 24.4-5 - resultou na eliminação do termo na fração molar da expressão para
a difusão sob pressão. 1
A seguir, notamos que, do ponto de vista termodinâmico, o número de componentes é o número de espécies móveis
independentes na solução que banha a membrana, pois é a solução externa que determina o estado de equilíbrio da mem-
brana. Reconhecemos também que, para quase todas as situações, o peso molecular efetivo da matriz não pode ser deter-
minado. Assim, definimos que o sistema interno inclui apenas as espécies móveis e definimos as frações molares destas
espécies para somar um. Entretanto, como as interações de cada espécie com a membrana são bem significativas, defini-
mos também f:>'aM por
XM _ 1
(24.5-5)
BaM - B~,w
A Eq. 24.5-5 completa a redução das equações de Maxwell-Stefan para o transporte por membranas, mas ainda temos de
selecionar um conjunto de condições de contorno que sejam, de um modo geral, aplicáveis.
Estas condições são obtidas do requisito de que o potencial total de cada espécie seja constante através do contorno
va,rnéd)c
( RT Pm (24.5-6)
Aqui, o subscrito me e se referem às condições no interior da membrana e na solução externa, respectivamente. A ativi-
ªª
dade deve ser calculada sobre a composição da fase membrana, mas à pressão da solução externa, e
-
Va,méd= p - p
1 JP•-Vh (24.5-7)
m e Pt
Na prática, os solutos são normalmente considerados incompressíveis e os Vª não se alteram através da superfície.
Com freqüência, as condições no interior da membrana são muito difíceis, ou mesmo impossíveis de serem determina-
das e, nestas circunstâncias, a Eq. 24.5-6 é útil apenas para a obtenção de uma compreensão qualitativa do comportamento
da membrana. Parcialmente por esta razão, as descrições completas da membrana são raras (veja, entretanto, Scattergood
e Lightfoot 1). Introduções altamente simplificadas, mas com freqüência úteis, do transporte através de membranas estão
disponíveis numa variedade de fontes. 2·3•4 Uma aproximação venerável, especialmente útil para os biólogos é a de Kedem
e Katchalsky. 5
Entretanto, rápidos progressos estão se realizando na determinação de dados fundamentais, e muitos destes são apre-
sentados no Journal of Membrane Science. Uma área importante é a que trata as membranas microporosas. 6 Podemos,
igualmente, esperar avanços na modelagem. É bem conhecido, de longa data,7 que o teorema inverso, generalizado por
Lorentz para escoamentos lentos8 fornece uma base sólida para a extensão da teoria hidrodinâmica da difusão da Seção
17.4 para a difusão multicomponente em membranas microporosas. Técnicas computacionais recentemente desenvolvi-
das9 deverão tomar tratáveis as computações necessárias a prover um poder preditivo real. Estas técnicas podem ser tam-
bém usadas para o desenvolvimento de estruturas auto montáveis, 10 que oferecem novas possibilidades para membranas
altamente seletivas.
Este campo oferece um larga variedade de tipos de membranas e de processos de transferência de massa que neles
ocorrem. Podemos distinguir entre membranas biológicas 11 e sintéticas, 12 mas existem diversas faixas de composições e
de comportamentos dentro de cada uma destas categorias. Dentre o grupo sintético há membranas "homogêneas", nas
quais a matriz age como um verdadeiro solvente, para a espécie permeável, e membranas "microporosas", nas quais a
espécie permeável é confinada a regiões livres da matriz, e misturas dos dois tipos. Estes fatores são importantes do ponto
de vista dos materiais, mas os formalismos necessários à descrição de seus comportamentos de transporte são, para todos,
muito semelhantes.
Existe também uma ampla variedade de condições de processos de uso generalizado. Aqui, consideraremos apenas uns
poucos para ilustrar as situações comumente encontradas.
fxEMPLO 24.5-1
Difusão por Concentração entre Duas Fases Preexistentes
Considere o "soluto" A difundindo através de uma membrana colocada entre solucões binárias do soluto A no solvente B
sob a influência de gr;dientes de concentração. Esta é a situação comumente enco~trada, inclusive na diálise, oxigenação
do sangue e de muitos processos de separação de gases. 13 Existem muitas variantes, incluindo a difusão facilitada (ver o
Problema 24C.8). Hemodiálise é um caso especial, onde diferenças de pressão são empregadas para impulsionar água
através da membrana, mas a difusão por concentração de solutos é de interesse primordial do ponto de vista presente.
Suponha, por enquanto, que o fluxo do solvente, N8 , seja conhecido. Deduza uma equação análoga à lei de Fick para este
sistema.
SOLUÇÃO
Estamos interessados primeiramente no soluto A, e a equação de Maxwell-Stefan tem a fom1a
(24.5-8)
'E. L. Cussler, Diffusion: Mass Tra11sfer i11 Fluid Systems, 2.' edição, Cambridge Universicy Press (J 997), p. 580.
J W. M. Denn, A11alysis ofTransport Phenome11a, Oxford University Press (1998), p. 597.
'J. D. Seader e E. J. He!lley, Separation Process Principies, Wiley, Nova York (1998).
5
O. Kedem e A. KatchalskJ', Biachem. Biophys. Acta, 27, 229 (1958).
6
K. Kaneko,J. Membra11e Sei., 96, 59-89 (1994); K. Sakai, J. Membrane Sei., 96, 91-130 (1994); S. Nakao,J. Membrane Sei., 96, 165-181 (1994).
7
E. N. Lightfoot, J. B. Bassingthwaighte e E. F. Grabowsk:i,A11n. Biomed. Eng., 4, 78-90 (1976).
8
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10
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11
B. Alberts et ai., The Molecular Biology of the Ce/l, Garland, Nova York (1999), Caps. 10 e 11.
11
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Membrane Science andTeclmology Series, 2, Elsevier(Amsterdam) p. 718; R. van Reis e A. L. Zydney, "Prolein Ultrafiltration" em Encyclopedia ofBioprocessTeclmology
(M. C. Flick:ingere S. W. Drew, eds.), Wiley, Nova York (1999), pp. 2197-2214; L. J. Zeman e A. L. Zydney, ;V/icrofiltration and Ultrafiltration, Marcel Dek.1.::er, Nova
York (1996).
13
W. J. Koros e G. K. Fleming, 1. Membra11e Sei., 83, 1-80 (1993).
ÜUTROS MECANISMOS PARA O 'TRANSPORTE DE MASSA 749
que, por sua vez, é semelhante à lei de Fick, com o primeiro termo do lado direito correspondendo ao fluxo difusivo fickiano,
e o segundo ao termo convectivo. Entretanto, a difusividade efetiva contém agora uma contribuição de membrana, e o
termo convectivo é agora ponderado pela relação de difusividades. Esta situação corresponde à situação representada na
Fig. 24.5-1. A seta que aponta para a direita representa a difusão relativa ao solvente, modificada pela interação com a
matriz, enquanto a seta apontando para a esquerda representa o "arrasto" da membrana, que tende reduzir o transporte
relativo à convecção que ocorre na ausência da membrana - isto é, xA(NA + N8 ). Note que, em geral, existem camadas
limites de transferência de massa em ambos os lados da membrana.
Existem várias situações limites de interesse. Se a membrana interage apenas fracamente com o soluto, &~f >> &AB.
Então,
que é exatamente a lei de Fick. Entretanto, deve ser lembrado que a concentração molar e difusividade são as correspon-
dentes à fase membrana. A seguir, nos voltamos para a situação limite onde
(24.5-12)
onde os subscritos e em se referem às fases solução externa e membrana, respectivamente, e K0 é o coeficiente de distri-
buição para as duas fases. Podemos, então, escrever
(24.5-13)
onde
P = KoDA,ef (24.5-14)
B~BAB
( B~ + BAB
)[1 (ºln 'YA) J (24.5-15)
OA,ef= + aln XA T,p
Difusão relativa ao
solvente e interação
com a membrana
Concentração do soluto
(processo de diálise)
Fig. 24.5-1. Transporte de massa intramembrana.
750 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
EXEMPLO 24.5-2
Ultra.filtração e Osmose Reversa
Agora considere o processo de filtração, no qual deseja-se remover, seletivamente, um solvente pelo fluxo produzido pela
pressão através de uma membrana que rejeita o soluto. As aplicações incluem a ultrafiltração e osmose reversa, a primeira
destas aplica-se a macromoléculas e a segunda a moléculas pequenas. 14 A microfiltração e a nano filtração são formalmen-
te similares, mas a natureza das entidades que estão sendo removidas apresenta complicações adicionais que não conside-
raremos aqui. 12 Desenvolva um sistema para a descrição do fluxo de solvente e da composição do filtrado em função da
pressão aplicada.
SOLUÇÃO
Inevitavelmente, urna parcela do soluto atravessa a membrana junto com o solvente, como indicado na Fig. 24.5-1, e será
necessário considerar as equações de Maxwell-Stefan para as duas espécies. Entretanto, a filtração por membrana é um
processo complexo que requer muita informação para a obtenção, a priori, de sua descrição completa, e começamos com
um resumo do comportamento característico utilizando a Fig. 24.5-2 como ponto de partida. Nela, representa-se, esquema-
ticamente, o fluxo através da membrana e a composição do filtrado em função da queda de pressão através da membrana.
Primeiramente, note que o fluxo aumenta com a queda de pressão, vagarosamente no início da curva, mas tendendo,
assintoticamente, a uma relação linear, e a assíntota cruza o eixo de velocidade nula a um valor positivo da queda de pres-
são, D.1í,1. A relação da concentração de soluto no filtrado para a concentração da alimentação decresce com o aumento da
queda de pressão da unidade para um valor assintótico, 15 o qual é normalmente muito inferior a um. Nosso principal inte-
resse nesta breve introdução é o da explicação deste comportamento característico em termos termodinâmicos e do com-
portamento de transporte.
Esta situação difere fundamentalmente daquela descrita já que a difusão sob pressão é o principal fenômeno, e que a
solução a jusante é produzida pela transferência de massa através da membrana. Portanto, a relação de soluto e solvente é
idêntica à relação das taxas de transferência de massas. Não existe, portanto, uma camada limite no lado do filtrado, e é
quase que uma prática universal o emprego de estruturas de compósito. Tais membranas compósitas consistem em uma
fina camada seletiva s&reposta a um suporte espesso, altamente poroso e não-seletivo que fornece a resistência mecânica.
Este suporte pode ser ignorado em nosso exemplo.
Iniciamos analisando o comportamento intramembrana para o qual as equações de Maxwell-Stefan, modificadas pelas
Eqs. 24.5-4, assumem a forma
(24.5-16)
(24.5-17)
1,0 , . . - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ,
1
R. J. Petersen,J. M.embrane Sei., 83, 81-150 (1993).
'
15
Na verdade há uma lenta diminuição da concentração de soluto no filtrado, mesmo sob queda de pressão muito grande presumivelmente resultante da compressão da
membrana. Entretanto, não consideraremos aqui este efeito secundário.
l
.Á
OUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE 1v1ASSA 751
Nelas, os subscritos Se W referem-se ao soluto parcialmente rejeitado e ao solvente (usualmente a água). O tem10 x"V, foi
substituído por c"V,/c, para tornar explícita a presença das frações volumétricas
(24.5-18)
Adicionalmente, o primeiro termo à direita foi reescrito para lembrar que a derivada representa o gradiente da energia
livre parcial molar
(24.5-19)
onde a composição, a temperatura e a pressão são mantidas constantes.
Começamos pelo exame do comportamento do fluxo e, para tanto, somamos as Eqs. 24.5-16 e 17 para obter a relação
entre o transporte das espécies e o gradiente de pressão íntramembrana.
(24.5-20)
O subscrito m na pressão é posto para nos lembrar que, até o momento, calculamos apenas a queda de pressão no interior
da membrana. Empregamos ainda a equação de Gibbs-Duhem
(24.5-21)
Olhando o lado a montante da membrana, por exemplo, a Eq. 24.5-22 nos diz que é necessária uma queda de pressão finita
através da interface da membrana para mover o soluto contra uma atividade termodinâmica crescente. Então, a queda de
pressão mensurável através da membrana é
liPext =
cRT(-,-
B Nw)
Ns + --,- + Ó.7íef (24.5-23)
cff5M cffwM
onde 8 é a espessura da membra.1a, e
(24.5-24)
onde os subscritos Oe 8 referem-se aos lados a montante e a jusante da membrana, respectivamente. A pressão osmótica
intramembrana dificilmente é conhecida, mas é substancialmente menor do que os valores correspondentes da solução.
(Veja os Problemas 24C.7 e 8.) No presente estágio de nosso conhecimento, aEq. 24.5-24 explica a existência do valor da
interseção diferente de zero do comportamento assintótico, e uma eliminação das contribuições da membrana fornece um
limite superior. Fornece tan1bém uma percepção do comportamento intramembrana a partir de observações experimen-
tais, mas não uma predição, a priori, do valor da interseção.
A seguir, eliminamos o gradiente de pressão da Eq. 24.5-16 com o auxfüo da Eq. 24.5-23
Esta expressão pode ser integrada para obter-se o perfil da concentração de soluto (veja, por exemplo, os Problemas 24C.7
e 8). De um modo geral, o perfil de concentração mostra uma inclinação negativa na direção do escoamento, e este aspecto
torna-se mais pronunciado quando o taxa de escoamento através da membrana cresce - isto é, quando a queda de pressão
transmembrana toma-se maior.
Para taxas de escoamento muito baixas, Ns e Nw são relativamente pequenos e a difusão é relativamente rápida. Existe
apenas uma pequena queda de concentração do soluto através da membrana, e o resultado é uma má rejeição observada na
Fig. 24.5-2, para baixas perda de pressão. Este comportamento é sugerido pelo perfil da concentração sob fluxo zero da
Fig. 24.5-1.
1
,,,,.,!
752 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Para fluxos muito altos, por outro lado, os gradientes de concentração são altos e a difusão é fraca, exceto muito próxi-
mo do limite a jusante da membrana, onde se desenvolve um gradiente de concentração muito negativo. Próximo do limite
a montante, os dois termos de fluxos de massa são grandes comparados com as suas diferenças, e podemos desprezar os
gradientes de concentração no cálculo da relação entre os fluxos de massa:
EXEMPLO 24.5-3
Membranas Carregadas e Exclusão de Donnan16
Considere membranas contendo cargas imobilizadas consistindo em géis polieletrolíticos. Estes géis contêm grupos iôni-
cos repetidos, seguros por ligações covalentes, como mostra a Fig. 24.5-3. O interior da membrana pode então ser visto
como uma solução contendo cargas fixas espacialmente fixas, contra-íons móveis, eletrólito invasor e água. Por simpli-
cidade, supomos que as cargas fixas sejam ânions, designados por x-, e que os contra-íons sejam cátions, escritos como
i\!J+. A solução externa é de M+x- em água, fonte do eletrólito invasor M+x-. Mostre que a presença de cargas físicas
produz uma exclusão dos eletrólitos invasores.
SOLUÇÃO
Este sistema é dominado pelo comportamento no limite da membrana e, por conseqüência, nos voltamos à Eq. 24.5-6,
escrita para a água e para os sais ou M+x-. A expressão para água é
ªwe Vw Vw
ln ã;; = RT (pm - p,) = RT l:17r (24.5-27)
onde os subscritos e e m se referem à solução externa e à membrana, respectivamente. Como a concentração de eletrólito
intramembrana é sempre mais alta que a externa, resultando em atividade mais baixa para água, o interior da membrana
está a uma pressão mais alta que a solução externa (veja, por exemplo, o Problema 24B.4).
16
H. Strathrnann, "Eletrodialysis'', Seção V em Membrane Ha11dbook (W. W. S. Ho e K. K. Sirkar, eds.), Van Nostrand, Nova York (l992).
ÜUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 753
(24.5-29)
(24.5-30)
e, portanto, a concentração de sal na fase membrana é menor do que a da solução. Esta supressão do eletrólito invasor pela
presença de cargas fixas é conhecida como exclusão de Donnan (veja o Problema 24B.3).
A preponderância de contra-íons, aqui M+, no interior da membrana, tende a fazer com que se difundam para a solução
externa, enquanto os co-íons, aqui x-, tendem a se difundir para o interior. O resultado é o desenvolvimento de uma dife-
rença de potencial elétrico entre a membrana e a solução externa_ Esta é normalmente estimada desprezando-se os efeitos
osmóticos e supondo serem unitários os coeficientes de atividade:
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Reactio11E11gineering,3.' edição, Wiley, Nova York (1999).
2 M. Sahimi, Flmv andTransport i11 Porous Media and FracturedRock, Verlagsgesellschaft, Weinhcim, Alemanha (J 995); V. Slanek, Fixed Bed Operations, Ellis Horwood,
'(a) L. Rey e J. C. May, "Freeze-Drying/Lyophitization of Pharmaceutical and Biological Products", em Drugs a11d Pharmaceutical Scie11ces (J. Swarbrick, ed.), Marcel
Dekker, Nova York (1999); (b) P. Sheehan and A.!. Liabis, Biotech. and Bioeng, 60, 712-728 (1998).
5 M. Rhodes, /ntroduction to Particle Tech110/ogy, Wiley, Nova York (1998).
754 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
A previsão do transporté de líquidos e de gases em meios porosos é uma tarefa difícil e desafiante, e não existe uma
teoria completamente satisfatória. O transporte de massa em meios porosos se dá por uma multiplicidade de mecanismos:
(i) por difusão comum, descrita pelas equações de Maxwell-Stefan; (ii) pela difusão de Knudsen; (iii) pelo escoamento
viscoso de acordo com a equação de Hagen-Poiseuille; (iv) por difusão de superfície - isto é, a migração de partículas
adsorvidas ao longo da superfície dos poros; (v) por transpiração térmica, o análogo térmico do escoamento viscoso; e (vi)
por difusão térmica. Nesta discussão, ignoraremos os três últimos mecanismos.
Este problema foi atacado por muitos pesquisadores 6 e resumido por outros. 7 Damos aqui os principais resultados de
seus trabalhos. Os modelos disponíveis baseiam-se ou em canais cilíndricos ou em agregados de partículas esferoidais e
faremos uma revisão de alguns exemplos representativos. Ainda nos limitaremos a discutir duas situações limites dentro
dos poros da matriz sólida:
(i) Escoamento molecular livre, para o qual o diâmetro molecular é pequeno e o percurso médio livre é longo relativa-
mente às dimensões características dos poros. Nestas condições, não existe interação intraporo significativa.
(ii) Escoamento contínuo de gases e líquidos, nos quais os diâmetros e o distanciamento das moléculas intraporos são
pequenos quando comparados às dimensões dos poros. Aqui, o fluido intraporos pode ser descrito pela teoria hidro-
dinâmica generalizada,8 e as equações generalizadas de Maxwell-Stefan para difusão multicomponente podem ser
usadas.
Existem também fenômenos para o transporte de gases, conhecidos como fenômenos de escorregamento, para os quais o
livre percurso médio é comparável às dimensões dos poros, 9 mas estes não serão discutidos aqui.
Nela, P,1 é a pressão parcial ela espécie A em uma mistura. Note que a Eq. 24.6-1 nos diz que o transporte de qualquer das
espécies individuais nestas condições limites independe da presença das outras espécies. Assim, a taxa de escoamento
molar W:4 em um tubo é proporcional ao cubo do raio do tubo e ao inverso da raiz quadrada elo peso molecular. Esta depen-
dência no peso molecular é conhecida como Lei de Graham.
A Eq. 24.6-1 pode ser reescrita corno
deA
NA= -DAK dz (24.6-2)
que define a "difusiviclade de Knuclsen" DAf(· Entretanto, esta deve ser considerada corno uma difusividade binária para a
espécie A em relação ao meio poroso, que não é consistente com a lei de Fick, pois o fluxo molar não contém o termo
convectivo. Como resultado, DAf< não é uma propriedade de estado, uma vez que inclui o raio do tubo a. Para levar em
consideração a natureza tortuosa dos canais do meio poroso e a área da seção transversal disponível para o escoamento, a
expressão para o fluxo deve ser modificada para
(24.6-3)
'J. Hoogschagen,J. Chem. Phys., 21, 2096(1953),!11d. E11g. Chem.,41, 906-913 (1955); D. S. ScotteF. A. L. Dullien,A/ChEJaurna/, 8, 113-117 (1962); L. B. Rothfold,
AIChE Jaumal, 9, 19-24 (1963); P. L. Silverston, AIChE Jaumal, 10, 132-133 (1964); R. D. Gunn e C. J. King, A/ChE Journal, 15, 507-514 (1969); C. Feng e W. E.
Stewart, l11d. Eng. Cizem. F1111d., 12, 143-147 (1973); C. F. Feng, V. V. Kos1rov e W. E. Stewart, lnd. E11g. Chem. F1md., 13, 5-9 (1973).
7
E. A. Mason e R. B. Evans, III, J. Citem. Ed., 46, 358-364 ( 1969); R. B. Evans III, L. D. Lave e E. A. Mason, J. Chem. Ed., 46, 423-427 (1969); R. Jackson, Tra11sport
in Porous Cata!ysts, Elsevier, Amsterdam (1977); R. E. Cunningham e R. J. J. Williams, Diff11sion iu Gases and Porous Media, Plenum Press, Nova York (1980); o Cap.
6 deste livro dá um resumo da história da difusão.
'E. N. Lightfoot, J. B. Bassingthwaighte e E. F. Grabowski, Amz. Biomed. Eng., 4, 78-90 (1976).
9
R. Jackson, Transport in Porous Catalysts, Elsevier, Amsterdam (1977); R. E. Cunningharn e R. J. J. Williams, Diffusion in gases and Porous Media, Plenum Press,
Nova York ( 1980).
ÜUTROS MECANISMOS PARA O TRAi'ISPORTE DE MASSA 755
onde
(24.6-4)
e (NA) é o fluxo molar baseado na seção transversal total do meio poroso. Nesta expressão, 8 é a porosidade do meio e T é
o fator de tortuosidade. Embora existam modelos 1ª· 10 para a estimativa da grandeza de -r, a tortuosidade deve ser determi-
nada experimentalmente. 11
Como alternativa para a Eq. 24.6-4 para a difusividade efetiva de Knudsen, podemos tratar o agregado como uma coleção
de esferas imóveis (ou "moléculas gigantes" de gás) e usar a teoria cinética de Chapman-Enskog. 12 O Problema 24B. 6 mos-
tra que esta abordagem fornece predições muito similares às da Eq. 24.6-4. Existe uma notável insensibilidade do modelo.
EXEMPLO 24.6-1
Difusão de Knudsen
Dois grandes reservatórios bem misturados, cada um com volume V, comunicam-se por um duto de seção transversal S e
comprimento L, cheio com um sólido poroso com mostrado na Fig. 24.6- L Inicialmente o reservatório 1 está cheio com
hidrogênio à pressão uniforme p0 e o reservatório 2 com nitrogênio, também a p0 • O sistema é mantido a temperatura cons-
tante. No instante t = O, uma pequena válvula no duto é aberta permitindo que os dois reservatórios atinjam o equilíbrio.
Desenvolva uma expressão para a pressão total em cada reservatório em função do tempo supondo que o escoamento dos
dois gases através do duto obedeça a Eq. 24.6-1, e que a lei dos gases ideais seja aplicável em todo o sistema.
SOLUÇÃO
Iniciamos supondo o comportamento quase estacionário no duto de forma que, para ambos os gases, a taxa de transferên-
cia do reservatório 1 para o reservatório 2 é dada por
(8/3)(e / r)aS
W.1 = '~ (pAl - PA2)
Lv2r.MART
=KA(PA1 - PA2) (24.6-5)
onde WA é a taxa molar de escoamento da espécie A (nitrogênio ou hidrogênio) e a é o raio efetivo dos poros no meio que
une os dois reservatórios. Um balanço macroscópico de massa entre o reservatório 2 dá
(24.6-6)
ou
(24.6-7)
diflN2
h= 1-2iflN2 (24.6-10)
1,3
Tubo de conexão
~ 1,2 /""\. cheio com um
~ ~li .1. 2
~
Reservatono
"'
·~
6 1,0
~
1,1 .........
- ......
.-....-
/
'~ 0,9
~ 0,8 V
\ . f'.'Reservatório
1 1
1 Dois reservatórios
interconectados, cada
um com volume V
Para o hidrogênio, notamos que KH =V28/2KN = 3,74KN. Portanto, a equação diferencial para o hidrogênio é
difrm.
T. = 3,74(1 - 2tfrm.) (24.6-12)
TRANSPORTE CONTÍNUO
Até o presente momento, os modelos mecânicos para o transporte intraporos de fluidos aplicam-se a soluções binárias
nas quais as moléculas do soluto são grandes quando comparadas às do solvente. Os modelos para esta situação são
baseados na teoria hidrodinâmica da difusão estendida a estruturas porosas. 8 As descrições são obtidas por resolução
das equações para o escoamento lento para esferas (representando o soluto) através de um contínuo (representando o
solvente) em canais fechados. 15 A lista de efeitos importantes inclui a exclusão parcial do soluto na entrada do canal e
a interação seletiva com a parede do canal. Os resultados limitam-se a solutos únicos, mas o rápido desenvolvimento de
técnicas computacionais 16 permitirão, brevemente, o exame de sistemas mais complexos. A difusão hidrodinâmica pode
ser usada para membranas micro porosas, mas apenas na ausência de forças intermoleculares significativas entre o soluto
e as paredes do poro.
13
T. Graham, Phil. Mag., 2, 175, 269, 351 (1833). Thomas Graham (1805-1869), filho de um próspero industrial, freqüentou a Universidade de Glasgow de 1819 a
1826; em 1937 foi nomeado professor de química do University College, Londres, tornou-se membro da Royal Society em 1834, e no mesmo ano foi nomeado "Master
oftheMint".
"E. A. Mason e B. Kronstadt, IMP-ARO(D)-12, University ofMaryland, Institute for Molecular Physics, 20 de março de 1967.
5
' Z. -Y Yan, S. Weinbaum e R. Pfeffer, J. Fluid Mech., 162, 415-438 (1986).
16
S. Kim e S. J. Karrila, Microlzydrody11amics: Principies and Selecred Applicarions, Butterworth-Heinemann, Boston (1991).
ÜIJfROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 757
H2 3,83 3,791
He 2,66 ± 0,01 2,690
CH4 1,344 1,33 ± 0,01 . 1;3437
C2H4 1,0191 1,0162
co 1,0149 1,0169
Nz 1,0143 1.02 ± 0,01 1,0168
02 0,9487 0,960 ± 0,005 0,9514
H 2S 0,95 0,9219
Ar 0,855 ± 0,011 0,8516
NzO 0,82 0,8112
C02 0,812 0,8113
502 0,68 0,6724
A modelagem do escoamento viscoso nestes sistemas foi discutido anterionnente na Seção 6.4, e a prática usual para a
descrição destes escoamentos, para os baixos valores do número de Reynolds de nosso interesse aqui, pela expressão de
Blake-Kozeny (Eq. 6.4-9) [veja também Rhodes 5 (Cap. 5), Sahimi2 (Cap. 6), Stanek2 (Cap. 3)]:
(24.6-14)
onde v0 é a velocidade superficial. Note da discussão da Seção 19.2 que emprega-se aqui o valor médio ponderai da velo-
cidade do fluido que atravessa o material poroso.
Para obter descrições macroscópicas podemos usar as equações generalizadas de Maxwell-Stefan (Eq. 24.5-4), e nos
restringiremos a escoamentos movidos pela concentração, e pela pressão. Quando a espécie móvel é pequena relativa-
mente à dimensão do poro, então as condições de contorno são simplificadas à continuidade das concentrações e da pres-
são na interface entre o fluido externo e o intraporo.
EXEMPLO 24.6-2
Transporte em uma Solução Externa Binária
Simplifique as equações de Maxwell-Stefan para a difusão em uma solução binária diluída, de uma espécie A, grande,
dissolvida em um solvente B, em um meio macroporoso M, uma matriz com poros grandes quando comparado aos diâme-
tros das duas espécies móveis, mas pequenos o suficiente para que os gradientes laterais de concentrações dentro de cada
poro seja desprezível.
SOLUÇÃO
Inicialmente, detemlinamos a relação entre a pressão e o escoamento, e notamos que temos duas maneiras para fazer
isto: usando a equação de Blake-Kozeny (Eq. 24.6-14), ou o resultado da base difusão (Eq. 24.5-20) da seção prece-
dente.
758 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Para altas velocidades através do material poroso e poros grandes comparados às dimensões moleculares, é a velocida-
de média ponderal que deve ser proporcional ao gradiente da pressão, e podemos supor que a equação de Blake-Kozeny
governe o escoamento. A Eq. 24.6-14 é reescrita como
(24.6-1.5)
cRr(~ + ~) = -~ (24.6-16)
-9~1,1 B~M dz
Comparando os coeficientes de vA e v 8 nestas duas equações determina-se descrições para:&~M e &~M• respectivamente. Se
os poros são pequenos relativamente às dimensões moleculares e se a velocidade média ponderai não é alta relativamente
às velocidades de difusão vª - v, situamo-nos ainda em uma região de escoamento pouco estudada, e devemos obter au-
xílio de dados experimentais ou de um modelo molecular apropriado. 17
Para determinar a taxa de transporte de soluto buscamos a Eq. 24.5-25 notando que as difusividades da seção já inclu-
em o fator E:! r. Entretanto, se as dimensões dos poros são muito maiores que os diâmetros efetivos das moléculas de soluto
e solvente, a relação &AB e :&~1f será muito pequena. Podemos, então, escrever
(24.6-17)
na qual
onde o sobrescrito ext refere-se às condições na solução externa da mesma composição do fluido dos poros. A Eq. 24.6-
17 pode ainda ser escrita como
(24.6-19)
a qual é a primeira lei de Fick modificada para a porosidade e tortuosidade. Esta equação é de grande utilidade.
Exatamente como em fluidos não confinados, não podemos determinar o escoamento total, ou a queda de pressão, apenas
por considerações sobre a difusão. É necessária a vazão total, ou equivalente. Um exemplo específico é apresentado pela
secagem por congelamento, onde o vapor de água deve difundir-se através da região porosa de sólido seco e onde os gases
inertes devem ser admitidos como estacionários. Esta região é, também, de interesse devido ao fato de as condições vari-
arem desde a difusão simples, contínua, através da região de escorregamento, até a região de Knudsen.4b
Devemos ter em mente que a Eq. 24.6-19 e as equações que conduzem a ela representam o efeito direto da difusão
molecular. A dispersão convectiva que resulta da mistura entre partículas e os desvios do escoamento retilíneo devem ser
adicionados quando se emprega a média volumétrica da equação da convecção (veja a Seção 20.5, Butt 12, Seçaõ 5.2-5 e
Levenspiel1h, Seção 13.2).
17
Z. -Y. Yan, S. Weínbaum e R. Pfeffer,J. Fluid Mech., 162, 415-438 (1986).
OUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 759
6. Como podemos da Eq. 24.2-8 obter a Eq. 17.9-1? Que restrições devem ser impostas sobre a Eq. 17 .9-17
7. Qual a força motriz apropriada para a difusão: o gradiente da concentração, o gradiente da atividade ou outra grande-
za?
8. Discuta a coluna de Clusius-Dickel para a separação de isótopos.
9. Para a descrição da operação estacionária de uma ultracentrífuga não é necessário o conhecimento de qualquer pro-
priedade de transporte. Isto parece peculiar?
10. Quais os diversos fenômenos físicos que devem ser compreendidos para descrever a difusão em meios porosos?
PROBLEMAS
24A.l. Difusão térmica.
(a) Estime a separação no regime permanente do H 2 e D2 que ocorre num simples aparelho de difusão témüca
mostrado na Fig. 24.3-1 sob as seguintes condições: T1 = 200 K, T2 = 600 K, a fração molar de deutério é inicial-
mente 0,10, e o valor médio efetivo de kr = 0,0166.
(b) A que temperatura este kr deve ser avaliado?
Respostas: (a) A fração molar do H2 é mais alta em 0,0183 no bulbo quente.
(b) 330 K
24A.2. Ultracentrifugação de proteínas. Estime o perfil de concentração, no regime permanente, quando uma solução
de albumina típica é sujeita a um campo centrífugo 50.000 vezes superior ao campo gravitacional sob as seguintes
condições:
Comprimento da célula= 1,0 cm
Peso molecular da albumina= 45.000
Densidade aparente da solução de albumina= lvl/?,1 = 1,34 g/cm3
Fração molar da albumina (em z =O) xAo = 5 X 10- 6
Densidade aparente da água= 1,00 g/cm3
Temperatura= 75ºF
Resposta: xA = 5 X 10-ó exp(-22,7z), com z em cm
24A.3. Difusividades iônicas. A condutância iônica equivalente (isto é, a concentração zero), nas dimensões de cm2/ohm ·
g-equiv para os seguintes íons a 25ºC são: 1 Na+, 50,10; K+, 73,5; c1-, 76,35. Calcule as difusividades iônicas cor-
respondentes com a definição
9 =RTAm (24A.3-1)
"º F1 lzd
Note que F = 96.500 coulombs/g-equiv, RTIF = 25,692 mv a 25ºC, e 1 coulomb = Lampére · s.
24B.l. As dimensões da força de Lorentz. Mostre como a força de Lorentz sobre uma carga em movimento em um cam-
po magnético corresponde ao primeiro termo adicionado à expressão linear d0 da Eq. 25.4-51 e dá um conjunto de
unidades consistente para essa grandeza. Sugestão: Note que cRTd representa a força matriz para o movimento
0
difusivo de espécies a por unidade de volume e que as dimensões usuais da indução magnética são 1 Weber= l
Newton-segundo/Coulomb-metro.
24B.2. Potenciais de junção. Considere dois reservatórios bem misturados de sais aquosos a 25ºC, como na Fig. 24.4-2,
separados por uma região estagnada. As concentrações salinas são 1,0 N à esquerda (1) e 0,1 N à direita (2). Esti-
me o potencial de junção para o NaCl e para o KCI usando as difusividades iônicas do Problema 24A.3. Suponha
serem constantes os coeficientes de atividade. Qual dos dois compartimentos será o mais positivo? Por quê?
24B.3. Exclusão de Donnan. A membrana de ácido sulfônico usada por Scattergood2 tinha a seguinte composição inter-
na de equilíbrio quando imersa em 0,1 N NaCI:
1 R. A. Robinson e R. H. Stokes, E/ectrolyte Soiutions, revised edition, Butterworths, London (1965), Tabela 6.1.
2 E. M. Scattergood e E. N. Lightfoot, Trans. Faraday Soe., 64, 1135-l 146 (1968).
760 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
N _ _ §sa 1 í/ (248.6-1)
A - 3 T v'2r.MART p
Uma alternativa,, é a de considerar o processo de transporte corno sendo a difusão da espécie A através de um con-
junto de moléculas gigantes imobilizadas3 (estas partículas compondo o meio poroso). Este modelo gera a expres-
são
(24C.1-1)
Reescreva o segundo termo como a soma em todos os {3, e então some um termo para compensar pela alteração de
soma. Note que esta alteração introduziu na soma um termo contendo:&ªª' que não foi definido por não ser neces-
sário. Agora, temos a liberdade para defini-lo na forma mais conveniente, e escolhemos a seguinte:
(24C.1-2, 3)
Esta forma nos permite obter o lado esquerdo da Eq. 24.2-9, e também a relação auxiliar dada após a Eq. 24.2-9.
Ela é, de fato, apenas a Eq. 24C. l-3 dada anteriormente.
3
R. B. Evans, III, G. M. Watson e E. A. Mason, J. Chem. Phys., 35, 2076-2083 (1961).
OUTROS l.V1ECAN!SMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 761
(b) A seguirrepetirnos o desenvolvimento acima trocando vf3 por [vf3 + (DlfPµ)'ii ln 7], e verificamos que ambos os
termos de difusão e de difusão térmica da Eq. 24.2-8 podem ser transformados nos termos correspondentes da Eq.
24.2-9.
24C.2. Centrifugação diferencial. A destruição das células de E. coli produz uma suspensão diluída de corpos de inclu-
são, agregados rígidos e insolúveis de uma proteína desejada, células inteiras e proteínas dissolvidas indesejáveis.
Para os propósitos deste problema, todas podem ser consideradas esféricas com as propriedades aqui indicadas.
Condutância
Concentração equivalente · Difusividade Concentração Coeficienté de
molar (cm2/ohrn-equiv) (cm2/s X 105) molal atividade
o 126,45 1.61 o
0,00055 124.51
0,001 123.74 1,585
0,005 120,64
0,01 118.53
0,02 115,76
0,05 ' 111,06 0,507
0,1 106,74 1,483 0.1 0,778
0,2 101,71 1,475 0.2 0,735
0,3 0,71
0,4 0.693
0,5 93,62 . 1,474 0,5 0,681
0,6 0,673
0,7 0,667
0,8 0,659
b.9 0.657
85,76 1,484 1,0 0,657
1,2 0.654
1,4 0,655
1,5 79,86 1,495
1,6 0,657
1,8 0,662
2 74.71 1,516 2,0 0,668
2,5 0,688
3 65,57 1,563 3,0 0,714
3,5 0.746
4 57.23 4,0 0,783
4,5 0,826
5 49,46 5,0 0,874
762 CAPÍTULO VINTE E QUATRO
função da molaridade (M) e o terceiro para a molalidade (m). Para os propósitos do problema podemos supor que
Mim= 1 - 0,019m. As condutâncias equivalentes limites (isto é, a diluição infinita) são 50,10 e 76,35, respecti-
vamente. A condutância equivalente do sal é, por sua vez, definida como
(24C.3-1)
onde a condutância específica K,P = LIAR, onde Ré a resistência de um volume de solução de comprimento L e
seção transversal A. Use estes dados para discutir a sensibilidade do comportamento da solução às três difusividades
&Na+.w. &c1-.w e &Na+c1-, necessárias para a descrição da resposta à concentração da solução.
24C.4. Desvios da eletroneutralidade. Segundo Newman, estime os desvios da eletroneutralidade na região de estagna-
ção entre os reservatórios do Problema 24B.2 como segue. Primeiro, calcule o gradiente do campo elétrico d1efJI
dz2 , onde zé a distância medida desde o reservatório l na direção do reservatório 2, supondo que a concentração de
sal em g-moles/litro seja dada por
z
e,= 1,0 - 0.9[ (24C.4-1)
? F N
'ihfi = 6 :Lziei (24C.4-2)
i=1
Aqui, sé a constante dielétrica, eF/spode ser tomado como 1,392 X 10 volt-cm/g-equiv (vejaNewman, 4 pp. 74
16
e 256), o que corresponde a uma constante dielétrica relativa de 78,303. Para este problema, a soma reduz-se a
(e+ - e_).
24C.5. Forças motrizes dieletroforéticas. Quando um potencial elétrico é imposto através de um meio não condutor,
podemos escrever
(\7 ·eE) =O (24C.5-1)
onde sé a conStante dielétrica.
Mostre que esta equação pode ser usada para o cálculo da distribuição do campo elétrico E na região entre dois
eletrodos de metal cilíndricos e coaxiais de raios externo e interno R2 e R 1, respectivamente. Você pode desprezar
a variação da constante dielétrica. Em direção a qual eletrodo migrarão as partículas de suscetibilidade positiva, e
com suas velocidades de migração variarão com a posição?
24C.6. Efeito de pequenas inclusões em meio dielétrico. A produção de não-linearidades no campo por partículas in-
crustadas pode ser ilustrada considerando-se o caso limite de uma única partícula de raio R em um campo, de outra
forma, uniforme. A distribuição do campo tanto no meio externo como na partícula é definido pela equação de
Laplace, V2 </> = O, e pelas condições de contorno sobre a superfície da esfera.
e,(or · Vefi,) ec<or · Yefic) (24C.6-1)
Aqui os índices se e designam a esfera e o meio contínuo, respectivamente.
24C.7. Filtração seletiva induzida pelo atrito. Descreva o comportamento de rejeição de glicose de um celofane5•6 que
não apresenta a rejeição termodinâmica. Você pode supor que a fração molar da glicose na alimentação à membra-
na seja 0,01 e que as seguintes propriedades são dadas:
K0 = 1,0; VjV = 4;
111 B~m/B~11 = 100; B~ 111 /B~.J) = 25
Os subscritos g,w em se referem a glicose, água e à matriz da membrana, respectivamente.
Resposta parcial: A fração molar limite para a glicose no filtrado é 0,00242.
24C.8. Filtração seletiva termodinamicamente induzida. Descreva o comportamento da membrana hipotética para a
qual KD = 1,0, o coeficiente de atividade são unitários, e&',"'!&'"""= V.JV, = 4.
'J. S. Newman, Electrochemical Systems, 2.' edição, Prentice-Hall, Nova York (1991), p. 256.
5
B. Z. Ginzburg e A. Katchalsky, J. Ge11. Physiol., 47, 4-03-418 (1963).
6
T. G. Kaufmann e E. F. Leonard, A!ChE Journa/, 14, 110-117 (1968).
OUTROS MECANISMOS PARA O TRANSPORTE DE MASSA 763
Resposta parcial: A concentração de soluto no produto limite para alta vazão é O, 1 vez a concentração na alimen-
tação.
24C.9. Transporte !acilitado. Considere o transporte de um soluto S através de uma membrana homogênea da solução
externa a outra como um CS complexo com transportador C impossibilitado de deixar a fase membrana. O soluto
S pode ser considerado insolúvel na membrana e a convecção desprezível (veja a Fig. 24C.8). Suponha adicionai-
mente que:
(24C.9-1)
onde a concentração de Sé a da solução externa, e as concentrações de C e de CS são as da membrana. 7
2. C e CS seguem a expressão simples de taxa N; = D;"'l:lc;.
Desenvolva urna expressão geral para a taxa de transporte de Sem termos da quantidade total de transportador e de
seu complexo presente na membrana, da concentração da solução de S, da quantidade K 0 e das difusividades. Qual
a taxa máxima de transporte de S (isto é, quando sua concentração à esquerda do diagrama torna-se muito alta e a
da direita é nula)?
Membrana
1
Veja, entretanto, J. D. Goddard, J. S. Schultz e R. J. Bassett, Chem. Eng. Sei., 25, 665-683 (1970) e W. D. Stein, The Movement ofMolecules across Cell Membranes,
Academic Press, Nova York (1984).
De todas as mensagens que tentamos transmitir ao longo deste texto, a mais importante é a de reconhecer o papel-chave
das equações de balanço, desenvolvidas nos Caps. 3, 11 e 19. Escritas em nível microscópico do contínuo, elas são as
chaves de ligação entre os movimentos muito complexos de moléculas individuais e o comportamento observável da maioria
dos sistemas de interesse em engenharia. Elas podem ser usadas para determinar os perfis de velocidades, de pressões, de
temperaturas e de concentrações, assim como os fluxos de momento, de energia e de massa, mesmo em sistemas complicados
dependentes do tempo. Elas são aplicáveis a sistemas turbulentos e mesmo quando soluções completas não podem ser
obtidas a priori, simplificam o uso eficiente de dados através da análise dimensional. Formas integradas das equações de
balanço fornecem os balanços macroscópicos.
Nenhum texto introdutório, entretanto, vai ao encontro das necessidades de cada leitor. Tentamos, contudo, fornecer
uma base sólida nos fundamentos necessários para lidar no momento, de uma maneira inteligente, com aplicações não-
antecipáveis de fenômenos de transporte. Demos também inúmeras referências de fontes onde informações adicionais podem
ser encontradas. Algumas dessas referências contêm dados especializados ou introduzem técnicas poderosas de resolução de
problemas. Outras mostram como a análise de transporte pode ser incorporada no projeto de equipamentos e de processos.
Conseqüentemente, temos nos concentrado em exemplos relativamente simples que ilustram as características das
equações de balanço e os tipos de questões que elas são capazes de responder. Isso exigiu negligenciar bastante diversas
técnicas numéricas poderosas disponíveis para resolver problemas difíceis. Felizmente, existem agora muitas monografias
sobre técnicas numéricas e pacotes computacionais de maior ou menor generalidade. Estão também disponíveis progra-
mas gráficos que simplificam grandemente a apresentação de dados e simulações.
Deve ser também reconhecido que grandes avanços estão sendo feitos na teoria molecular de fenômenos de transporte,
desde técnicas melhoradas para prever as propriedades de transporte até o desenvolvimento de novos materiais. Dinâmica
molecular e técnicas dç simulação de dinâmica browniana estão provando ser muito poderosas para entender sistemas
variados tais como gases com densidades ultrabaixas, filmes finos, poros pequenos, interfaces, colóides e líquidos
poliméricos.
Modelos simples de transporte turbulento foram incluídos, mas esses são apenas uma introdução modesta a um grande
e importante campo. Técnicas altamente sofisticadas foram desenvolvidas para áreas especializadas, tais como a previsão
das forças e torques em aviões, os processos de combustão em automóveis e o desempenho de misturadores de fluidos.
Esperamos que o leitor interessado não pare na nossa discussão introdutória e muito limitada.
Por outro lado, expandimos grandemente nossa abordagem sobre fenômenos de camada-limite, porque sua importân-
cia e potencialidades estão sendo agora reconhecidas em muitas aplicações. Inicialmente uma área de atuação dos
aerodinamicistas, as técnicas de camada-limite são agora largamente usadas em muitos campos de transferência de calor
e de massa, assim como em mecânica dos fluidos. Aplicações abundam em diversas áreas, tais como catálise, processos de
separação e biologia.
De grande e crescente importância é o comportamento não-newtoniano encontrado na preparação e no uso de filmes,
lubrificantes, adesivos, suspensões e emulsões. Exemplos biológicos são extremamente importantes, desde a operação de
articulações em seres vivos a secreções viscosas para redução de arrasto em animais marinhos, e até mesmo o problema
muito básico de digestão de gêneros alimentícios.
Nenhuma música e nenhuma comunicação oral seria possível sem escoamento compressível, uma área que negligenci-
amos por causa das limitações de espaço. Escoamento compressível é também de importância crítii:·a no projeto de aviões,
veículos de reentrada em nosso programa espacial e na previsão de fenômenos meteorológicos. O impressionante poder
destrutivo de tomados é um exemplo desafiador desse último caso.
Alguns problemas sobre fenômenos de transporte em sistemas envolvendo reações químicas foram apresentados. Por
simplicidade, tomamos expressões de cinética química preferencialmente nas formas idealizadas. Para problemas em com-
'Ao escr~verem o posfácio, os autores começaram cada parágrafo com palavras tendo as letras O, N, W, I, S, C, O, N, S, I e N (on Wisconsin). que é o estado americano
no qual trabalham. Por razões óbvias, não foi possível reproduzir esse detalhe na tradução. (N.T.)
POSFÁCIO 765
bustão, propagação de chama e fenômenos explosivos, descrições mais realistas da cinética serão necessárias. O mesmoi
verdade em sistemas biológicos e o entendimento do funcionamento do corpo humano requererá descrições muito mais
detalhadas das interações entre cinética química, catálise, difusão e turbulência.
Em termos básicos, cada um de nós é internamente provido de energia por um ~qui valente próximo de células combus-
tíveis, com corrente transmitida principalmente por cátions, em particular prótons, em vez de elétrons. Existem também
fenômenos de transporte elétricos, que são complexos, acontecendo nos agora numerosos equipamentos microeletrônicos,
tais como computadores e telefones celulares. Fizemos uma introdução muito modesta ao eletrotransporte, mas novamen-
te o leitor é estimulado a continuar em fontes mais especializadas.
Nenhum projeto de engenharia pode ser concebido e, muito menos, completado, simplesmente através do uso de aná-
lises descritivas, tais como fenômenos de transporte e termodinâmica. Engenharia, em última análise, depende fortemente
da heurística para suplementar conhecimento incompleto. Fenômenos de transporte podem, no entanto, mostrar-se imen-
samente proveitosos fornecendo aproximações úteis, começando com estimativas de ordem de grandeza e continuando
com aproximações sucessivamente mais exatas, como aquelas fornecidas pela teoria da camada-limite. É importante en-
tão, talvez na segunda leitura deste texto, procurar descrições independentes da forma e do modelo, examinando o com-
portamento numérico de nossos modelos de sistemas.
R.B.B.
W.E.S.
E.N.L.
Al OPERAÇÕES VETORIAIS A PARTIR DE UM PONTO A.6 ÁLGEBRA VETORIAL E TENSORIAL EM
DE VISTA GEOMÉTRICO COORDENADAS CURVILÍNEAS
As grandezas físicas encontradas em fenômenos de transporte caem em três categorias: escalares, tais como temperatura,
pressão, volume e tempo; vetoriais, como velocidade, momento e força; e tensoriais (segunda ordem), tais como tensão,
fluxo de momento e tensores de gradiente de velocidade. Distinguimos essas grandezas através da seguinte notação:
s = escalar (itálico sem negrito)
v = vetor (romano com negrito)
'T = tensor de segunda ordem (grego com negrito)
Além disso, símbolos gregos em negrito com um subscrito (tais como o;) são vetores.
Para vetores e tensores, vários tipos diferentes de multiplicação são possíveis. Alguns deles requerem o uso de sinais
especiais de multiplicação que serão definidos mais adiante: o ponto simples(-), o ponto duplo(:) e o xis (x). Envolvemos
essas multiplicações especiais, ou somas das mesmas, em classes diferentes de parênteses para indicar o tipo de resultado
produzido: 2
()=escalar
(]=vetor
{ } = tensor de segunda ordem
Nenhum significado físico especial estará atrelado ao tipo de parênteses, se as únicas operações envolvidas forem adição
e subtração ou uma multiplicação, em que·,: e X não aparecem. Logo, (v · w) e ('T: Vv) são escalares, (V X v] e ['T · v]
são vetores e ( v · V'T} e ( <T • 'T + 'T · <T} são tensores de segunda ordem. Por outro lado, v - w pode ser escrito como (v -
w), [v - w] ou {v - w), uma vez que nenhuma operação com ponto simples ou comxis aparece. Similarmente, vw, (vw),
[vw] e {vw} são todos equivalentes.
'Este apêndice é muito similar ao Apêndice A de R. B. Bird, R. C. Armstrong and O. Hassager, Dynamics of Polymeric Liquids, \lo/. 1, Fluid Mechanics, 2nd edition,
Wiley-Interscience, New York (1987). Lá, na Seção 8, é dada uma discussão de coordenadas não ortogonais. Também, na Tabela A.7.4, existe um sumário das operações
de nabla para coordenadas bipolares.
2
Alguns autores de mecânica do contínuo, em geral, escrevem ;vem vez de [T • v]. A denominação produco escalar, seja indicada por ponto simples O ou ponto duplo
(:),deve se restringir ao produto de dois vetores ou de dois tensores de segunda ordem, respectivamente, em que o resultado da operação é um escalar. (N.T.)
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 767
Na verdade, escalares podem ser considerados como tensores de ordem zero e vetores como tensores de primeira ordem.
Ds sinais de multiplicação podem ser interpretados assim:
Nenhum I
X I-1
I-2
I-4
em que 2: representa a soma das ordens das grandezas sendo multiplicadas. Por exemplo, s-r é da ordem de O + 2 = 2, vw
é da ordem de 1 + 1 = 2, Õ1ô2 é da ordem de 1 + 1 = 2, [v X w] é da ordem de 1 + 1 - 1 = 1, (u: -r) é da ordem de
2 + 2 - 4 = Ü e {O'· T} = 2 + 2 - 2 = 2.
As operações básicas que podem ser feitas com grandezas escalares não necessitam ser elaboradas aqui. Entretanto, as
leis para a álgebra de escalares podem ser usadas para ilustrar três termos que aparecem na discussão subseqüente de
operações vetoriais:
a. Para a multiplicação de dois escalares, r e s, a ordem da multiplicação não é importante; assim, a lei comutativa é
válida: rs = sr.
b. Para a multiplicação sucessiva de três escalares, q, r e s, a ordem em que as multiplicações são feitas não é importante;
logo, a lei associativa é válida: (qr)s = q(rs).
e. Para a multiplicação de um escalars pela soma de escalares p, q e r, não é importante se a adição ou a multiplicação
é feita primeira; desse modo, a lei distributiva é válida: s(p + q + r) = sp + sq + sr.
Essas leis não são geralmente válidas para as operações vetoriais e tensoriais análogas, descritas nos parágrafos seguintes.
Comutativa: (v + w) = (w + v) (A.1-1)
Associativa: (v + w) + u = v + (w + u) (A.1-2)
A subtração de vetores é feita invertendo-se o sinal de um vetor e adicionando; assim, v - w = v + (-w). A construção
geométrica para isso é mostrada na Fig. A.1-1 b.
768 APÊNDICE A
(a) (b) Fig. A.1-1 (a) Adição de vetores; (b) subtração de vetores.
v~----~ Fig. A.1-2 Produtos de dois vetores: (a) produto escalar; (b)
(a) (b) produto vetorial.
EXERCÍCIOS
1. Quais são as "ordens" e das seguintes grandezas: (v · w), (v - u)w, (ab:cd), [v · pwu], [[a X f] X [b X g]]?
2. Faça um esboço para ilustrar a desigualdadenaEq. A.l-9. Há ca~os especiais para os quais ela se toma uma igualdade?
3. Uma superfície matemática plana de área S tem uma orientação dada por um vetor unitário normal n à superfície. Um
fluido de densidade p escoa, através dessa superfície, com uma velocidade v. Mostre que a taxa mássica através da
superfície é w = p(n · v)S.
4. A velocidade angular W de um corpo sólido girando é um vetor cuja magnitude é a taxa do deslocamento angular (radianos
por segundo) e cuja direção é aquela em que um parafuso de rosca à direita avançaria se girado na mesma direção. O
vetor posição r de um ponto é o vetor a partir da origem de coordenadas até o ponto. Mostre que a velocidade de qualquer
=
ponto em um corpo sólido girando é v [W x r], relativa a uma origem localizada no eixo de rotação.
5. Uma força constante F atua como um corpo se movendo com uma velocidade v, que não é necessariamente colinear
com F. Mostre que a taxa na qual F atua no corpo é W = (F · v).
Note que um determinante três por três pode ser escrito em termos do s;jk
(A.2-8)
A grandeza sijk seleciona assim os termos necessários que aparecem no determinante e fixa o sinal apropriado para cada termo.
Os VETORES UNITÁRIOS
Sejam Õ1• õ2, Õ3 os "vetores unitários" (isto é, vetores de magnitude unitária) na direção dos eixos 1, 2, 3 1 (Fig. A.2-1).
Podemos usar as definições dos produtos escalar e vetorial para tabelar todos os produtos possíveis de cada tipo
1
)-~;_, 1" 1
Fig. A.2-1 Os vetores unitários õ;: cada vetor tem magnitude
unitária e pontos na i-ésima direção.
(A.2-15)
onde oii é o delta de Kronecker e Gi'k é o símbolo de permutação predefinido na introdução desta seção. Essas duas relações
nos capacitam a desenvolver expressões analíticas para todas as operações comuns com ponto simples e com xis. No restante
desta seção e na próxima, no desenvolvimento das expressões para operações vetoriais e tensoriais, tudo o que fazemos é
quebrar todos os vetores em componentes e, então, aplicar as Eqs. A.2-14 e 15.
'Na maioria dos textos elementares, os vetores unitários são chamados i,j, k. Preferimos usar o1, o2, o3 porque as componentes desses vetores são dadas pelo delta de
Kronecker. Isto é, a componente de o1 na direção l é 011 ou a unidade; a componente de o1 na direção 2 é 011 ou zero.
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 771
Observe que um vetor associa um escalar com cada direção coordenada. 2 As v; são chamadas de "componentes do vetor
v" e elas são escalares, enquanto Ô;V; são vetores, que quando adicionados vetorialmente fornecem v.
A magnitude de um vetor é dada por
(A.2-17)
Dois vetores v e w serão iguais se suas componentes forem iguais: v 1 = W 1, v1 = w1 e v 3 = w3• Também, v = -w, se v 1 =
-w 1 e assim por diante.
Geometricamente, isso corresponde a adicionar as projeções deve w em cada eixo individual e então construir um vetor
com essas novas componentes. Três ou mais vetores podem ser adicionados exatamente da mesma maneira.
/ --------.71
(--"-- ---- 1 / :
: v3 V : :
1 1 1
1 1 1
: 1 Vz 1 2
1 _ _ _ _ _ _ _ _ !.-- .....
Fig. A.2-2 As componentes V; do vetor v são as projeções do vetor nos eixos coordenados 1, 2 e 3.
(A.2-19)
(A.2-20)
Logo, o produto escalar de dois vetores é obtido somando-se os produtos das componentes correspondentes dos dois vetores.
Observe que (v · v) (algumas vezes escrito como v2 ou como v2) é um escalar que representa o quadrado da magnitude de v.
'Para uma discussão da relação dessa definição de um vetor para a definição em termos das regras para a transformação de coordenadas, ver W. Prager, 1Vlechanics oj
Continua, Ginn, Boston (1961).
772 APÊNDICE A
= 1!:' ~ ~ 11 ;; 11 1 (A.2-21)
W1 W2 W3
Aqui, fizemos uso da Eq. A.2-8. Note que ai-ésima componente de [v X w] é dada por Li Lk s;;kviwk; esse resultado é
freqüentemente usado para fornecer identidades vetoriais.
(u. [v X w]) =
Ul
V1
U?
V2
U3
V3
I (A.2-23)
I W1 W2 W3
A magnitude de (u · [v X w]) é o volume de um paralelepípedo definido pelos vetores u, v e w desenhados a partir de uma
origem comum. Alérq, disso, o determinante ser igual a zero é uma condição necessária e suficiente para que os vetores u,
v e w sejam coplanares.
VETOR PosrçÃo
O símbolo usual para o vetor posição - ou seja, o vetor que especifica a localização de um ponto no espaço - é r. As
componentes der são, então, x1, x2 e x3, de modo que
r = 2: Õ;X;
j
(A.2-24)
Isso é uma irregularidade na notação, uma vez que as componentes têm um símbolo diferente daquele do vetor. A magnitude
der é geralmente chamada de r = Vxi + ~ +-t1, e esse ré a coordenada radial em coordenadas esféricas (ver Fig. A.6-1).
EXEMPLO A.2-1
Prova de uma Identidade Vetorial
As expressões analíticas para os produtos com ponto simples e com xis podem ser usadas para provar identidades vetoriais;
por exemplo, verifique a relação
(u X [v X w]] = v(u · w) - w(u · v) (A.2-25)
SOLUÇÃO
A componente i da expressão no lado esquerdo pode ser expandida como
(A.2-26)
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 773
EXERCÍCIOS
1. Escreva os seguintes somatórios:
3 3 3 3
(a) L k1- (b) 2; a~ (e) 2: .2: ªpPkj
k=1 k=1 j=l k=l
2. Um vetor v tem componentes vx = 1, vy = 2, vz = -5. Um vetor w tem componentes ú.lx = 3, ú.IY = -1, ú.lz = 1. Avalie:
(a) (v·w)
(b) [vx w]
(e) O comprimento de v
(d) (o1 ·v)
(e) [o 1 xw]
(f) cPvw
(g) [r x v], onde r é o vetor posição.
3. Avalie: (a) ([01 X 021·03) (b) [[~X 03] X [01 X 03]].
4. Mostre que aEq. A.2-6 é válida para o caso particular i = 1, h = 2. Mostre que aEq. A.2-7 é válida para o caso particular
i=j=m=l n=2
5. Verifique que 'L:=1 :LL
eq,.ap, =O, seaík = ªki·
6. Explique cuidadosamente a afirmação depois daEq. A.2-21 de que ai-ésima componente de [v X w] é Li LkeijkV/Vk
7. Verifique que ([v X w] · [v X w]) + (v · w) 2 = v2w 2 (a "identidade de Lagrange").
DíADAS u NITÁRIAS
Os vetores unitários oi foram definidos na discussão precedente, e então os produtos escalares (Õ1 • oi) e os produtos vetoriais
[oi X o) foram dados. Existe um terceiro tipo de produto que pode ser formado pelos vetores unitários - a saber, os produtos
diádicos Õ1Õi (escritos sem símbolos de multiplicação). De acordo com as regras de notação dadas na introdução do Apêndice
A, os produtos Õ1Õi são tensores de segunda ordem. Uma vez que Õ1e oi têm magnitudes iguais a um, iremos nos referir aos
produtos Õ1Ôi como díadas unitárias. Enquanto cada vetor unitário na Fig. A.2-1 representa uma direção coordenada única,
as díadas unitárias na Fig. A.3-1 representam pares ordenados das direções coordenadas.
774 APÊNDICE A
3 3 3
1
h2h2h-23
1 1
3
1
h2h-2h-2 1 1
Fig. A.3-1 As díadas unitárias Õ;Õ;. As setas sólidas representam o primeiro vetor unitário no produto diádico e as setas ocas representam o
segundo. Observe que Õ1Õ2 não é o mesmo que o2Õ1•
(Em problemas físicos, trabalhamos freqüentemente com grandezas que requerem a especificação simultânea de duas
direções. Po"r exemplo, o fluxo do momento x através de uma área unitária de superfície perpendicular à direção y é uma
grandeza desse tipo. Pelo fato de essa grandeza não ser, algumas vezes, a mesma que o fluxo do momento y perpendicular
à direção x, é evidente que especificar as duas direções não é suficiente; temos também de concordar com a ordem em que
as direções são dadas.)
As operações com ponto simples e com xis de vetores unitários foram apresentadas por meio de definições geométricas
dessas operações. As operações análogas para as díadas unitárias foram apresentadas formalmente, relacionando-as às
operações para vetores unitários.
Esses resultados são fáceis de lembrar: pode-se, simplesmente, fazer o produto com ponto simples (ou com xis) dos
vetores unitários mais próximos em cada lado do ponto simples (ou do xis); na Eq. A.3-1, duas de tais operações são
feitas.
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 775
(A.3-8)
4. Se as componentes do tensor forem formadas por pares ordenados das componentes de dois vetores v e w, o tensor
resultante é chamado de produto diádico deve w, e dado pelo símbolo vw:
(A.3-9)
(A.3-10)
(A.3-11)
(A.3-12)
Ou seja, a soma de dois vetores é aquele tensor cujas componentes são as somas das componentes correspondentes dos
dois tensores. O mesmo é verdade para produtos diádicos.
'Tensores são freqüentemente definidos em termos das regras de transformação; as conexões entre tal definição e aquela dada anteriormente é discutida por W. Prager,
Mec/1a11ics o/ Continua, Ginn, Boston (1961).
776 APÊNDICE A
(A.3-13)
(A.3-14)
(A.3-16)
Ou seja, a componente il de (a· -r} é _2:j crijrjl. Operações similares podem ser feitas com os produtos diádicos. É prática
comum escrever ( CT • CT} como CT2, ( CT • CT2 } como CT 3 e assim por diante.
(A.3-18)
Ou seja, ai-ésima componente de ['1' • v] é Lj r;pj· Similarmente, ai-ésima componente de [v · '1'] é Li VfI]I· Claramente,
('1' · v] ::fo (v · '1'], a não ser que,. seja simétrico.
Lembre-se de que, quando um vetor v é multiplicado por um escalars, o vetor resultante sv aponta na mesma direção
que v, mas tem um comprimento diferente. No entanto, quando o produto vetorial entre '1' e v é feito, o vetor resultante
['1' · v] difere de v tanto no comprimento como na direção; isto é, o tensor '1' "deflete" ou "torce" o vetor v para formar um
novo vetor apontando para uma direção diferente.
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 777
= :Z: :Z: :Z: :Z: ejKJÕ;Õ1r;pk = :Z: :Z: ÕiÕ1{:Z: :Z: ejktr;pk} (A.3-19)
i j k l i l j k
Por conseguinte, a componente il de ('i X v) é :Z:i :Z:k ejlffiPk· Similarmente, a componente lk de {v X 'i) é :Z:i :Z:i e;itvirjk·
OUTRAS OPERAÇÕES
Dos resultados precedentes, não é difícil provar as seguintes identidades:
[õ · v] = [v · õ] = v (A.3-20)
[uv · w] = u(v · w) (A.3-21)
[w · uv] = (w · u)v (A.3-22)
(uv:wz) = (uw:vz) = (u · z)(v · w) (A.3-23)
(7:uv) = ([-r · u] · v) (A.3-24)
(uv:-r) = (u · [v · -r]) (A.3-25)
EXERCÍCIOS
1. As componentes de um tensor simétrico 'i são
T:x:x =3 T:ry = 2 Trz = -1
'ryr = 2 T':l'J =2 Tyz = 1
Tzr = -1 Tzy = 1 Tzz= 4
As componentes de um vetor v são
vx=S v, = -2
Avalie
(a) h·v] (b) [v·-r] (e) (-r:-r)
(d) (v· [-r·v]) (e) vv (f) [-r. oil
2. Avalie
(a) ((0102 • o2] X 01] (e) (o:o)
(b) (0:0102) (d) {o· o}
sendo i
<l> = L m.[(Rv · R.)ô -
V
RvRJ (A.3-28) 1
o tensor momento de inércia.
6. A energia cinética de rotação da estrutura rígida no Exercício 5 é J
onde R,, =
K=
equações escritas na forma de componentes são válidas somente para coordenadas retangulares, para as quais os vetores
unitários Õ; são constantes; coordenadas curvilíneas serão discutidas nas Seções A.6 e 7.
lj
i
Essa coleção de derivadas das componentes do vetor v é chamada de divergente de v (algumas vezes abreviada div v).
Algumas propriedades do operador divergente devem ser notadas.
j
j
1
Não Comutativa: (V·v) * (v·V) (A.4-7)
1
Não Associativa: (V · sv) =F (Vs · v) (A.4-8) l
i
Distributiva: (V· (v + w}) = (V· v) + (V · w) (A.4-9) J
l
1
!i.
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORJAL 779
1 s1 s2 S3
O vetor assim construído é chamado de rotacional de v. Outras notações para [V x v] são rotacional v e rot v, sendo essa
última mais comum na literatura alemã. A operação rotacional, como o divergente, é distributiva, mas não comutativa ou
associativa. Observe que ai-ésima componente de[\/ X vJ é 2.i2.k e;;k(a/axi)vk.
\7v = {L Õ;_l__}{L
ax; i 11
i
Sv·} = L L S;S·_l_V·
1ax; 1
i j
(A.4-11)
Isso é chamado de gradiente do vetor v e é algumas vezes escrito como grad v. É um tensor de segunda ordem, cuja
componentel ij é ( / x ;)vi. Seu transposto é
(A.4-12)
(A.4-13)
Isso é chamado de divergente do tensor 'Te é, algumas vezes, escrito como div 'T. A k-ésima componente de [\7 · 'T] é
Li (a/ ax;)T;1:· Se 'T for o produto svw' então
(A.4-14)
(A.4-15)
2
A coleção de operadores diferenciais operando sobres na última linha é dada como o símbolo V ; conseqüentemente, em
coordenadas retangulares
a2 a2 a2
(v · v) = v 2 = - +- +- (A.4-16)
axt a~ a~
Esse é chamado de operador Laplaciano. (Alguns autores usam o símbolo .6. para o operador Laplaciano, particularmente
na antiga literatura alemã; logo, (V· Vs), (V· \i')s, V2s e ó.s são todas grandezas equivalentes). O operador Laplaciano tem
somente a propriedade distributiva, como o gradiente, o divergente e o rotacional.
Ou seja, a k-ésima compon,ynte de [V· Vv] é, em coordenadas cartesianas, apenas \i'2vk. Notações alternativas para [V· Vv]
v
são (V · V)v e 2v.
EXEMPLO A.4-1
Prova de uma Identidade Tensorial
Prove que para 'T simétrico:
(;:Vv) = (V·[•· v]) - (v ·[V·,]) (A.4-29)
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSOR!AL
SOLUÇÃO
Primeiro, escreva o lado direito em termos das componentes:
(A.4-32)
a segunda forma resultando da simetria de 'T. A subtração da Eq. A.4-31 da Eq. A.4-30 fornecerá a Eq. A.4-32.
Agora que demos todas as operações vetoriais e tensoriais, incluindo as várias operações com V, queremos salientar
que as operações de ponto único e ponto duplo podem ser escritas de uma vez, usando-se a seguinte regra simples: um
ponto implica um somatório sobre os índices adjacentes. Ilustraremos a regra com vários exemplos.
Para interpretar (v · w), notamos que v e w são vetores, cujas componentes têm um índice. Uma vez que ambos os
símbolos são adjacentes ao ponto, igualamos seus índices e, então, somamos sobre eles: (v · w) = "'i;v;w;. Para operações
de ponto duplo, tais como ('t: Vv), procedemos como segue. Notamos que 'T, sendo um tensor, tem dois subscritos, enquanto
que V e v têm um. Estabelecemos, conseqüentemente, o segundo subscrito de 'T igual ao subscrito de V e somamos; então,
estabelecemos o primeiro subscrito de 'T igual ao subscrito deve somamos. Logo, obtemos ('T:Vv) = 2.i'l;ri;(a/cJx;)v;.
Similarmente, (v ·[V· 'T]) pode ser escrito de uma vez como "'i;lp;(afax;)T;;, fazendo a operação dentro dos colchetes antes
dos parênteses.
A fim de obter ai-ésima componente de uma grandeza vetorial, procedemos exatamente da mesma maneira. Para avaliar
(7 · vL estabelecemos o segundo índice do tensor 't igual ao índice sobre v e somamos para obter l;r;P;· Similarmente, a
i-ésima componente de [V· pvv] é obtida como 2.;(a/ax;)(pvpJ Tornando-se treinado com esse método, você pode
economizar um bom tempo na interpretação das operações de ponto único e ponto duplo em coordenadas cartesianas.
EXERCÍCIOS
1. Faça todas as operações na Eq. A.4-6, escrevendo todos os somatórios em vez de usar a notação 2:.
2. Um campo v(x, y, z) é dito ser irrotacional se [V X v] = O. Quais dos seguintes campos são irrotacionais?
(a) V;r = by Vy =Ü Vz = Ü
(b) V:r bx Vy =Ü Vz =Ü
(e) V;r= by Vy = bx Vz =O
(d) V;r = -by Vy = bx Vz =Ü
3. Avalie (V· v), Vv e [V· vv] para os quatro campos no Exercício 2.
4. Um vetor v tem as componentes
3
V;= :2:
1=1
aijXj
(a)('\/ ·r) = 3
(b) [V X r] =O
(e) [r x [V· vv]] = ['\/ · v[r X v]] (em que v é uma função de posição)
782 APÊNDICE A
sendo no vetor normal unitário apontado para fora. Isso é conhecido como o teorema da divergência de Gauss-Ostrogradskii.
Dois teoremas estreitamente relacionados para escalares e tensores são
fv vs dV = Js ns dS (A.5-2) l
J
!j
Ív [v · 7] dV = fs [n · .. ]dS {A.5-3)1 i
l
A última relação é válida também para produtos diádicos vw. Note que, em todas as três equações, V na integral de volume l
é apenas trocado por n na integral de superfície.
J
l
l
TEORE.M.A ROTACIONAL DE STOKES
Se S for uma superfície limitada por uma curva fechada C, então
onde t é um vetor unitário tangencial na direção de integração de C; n é o vetor unitário normal a S na direção em que um
parafuso de rosca para a direita se moveria se sua cabeça fosse torcida na direção da integração de C. Há uma relação
lj
similar para tensores. 1
1
'Ver P. M. Morse and H. Feshbach, Methods ofT!zeoretical Physics, McGraw-Hill, New York (1953), p. 66.
'M. D. Greenberg, Foundations of App/ied Mathematics, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J. (1978), pp. 163-164. l
l
1
;~
NOTAÇÃO VETORIAL E TE:-lSORIAL 783
Essa é uma extensão da fórmula de Leibniz para diferenciar uma única integral (ver Eq. C.3-2); mantenha em mente que
V= V(t) e S = S(t). A Eq. A.5-5 se aplica também a vetores e tensores.
Se a integral for através de um volume, cuja superfície se move com a velocidade local do fluido (de modo que v5 = v),
então o uso da equação da continuidade conduzirá ao útil resultado adicional:
-d
dt
f
V
psdV == f
V
Ds
p-dV
Dt
(A.5-6)
sendo p a densidade do fluido. A Eq. A.5-6 é algumas vezes chamada de teorema do transporte de Reynolds.
EXERCÍCIOS
1. Considere o campo vetorial
V = 01X1 + 02X3 + 03X2
Avalie ambos os lados da Eq. A.5-1 sobre a região limitada pelos planos x 1 = O, x 1 = l; x2 = O, x2 = 2; x3 = O, x 3 = 4.
2. Use o mesmo campo vetorial para avaliar ambos os lados da Eq. A.5-4 para a face x 1 = 1 no Exercício 1.
3. Considere a função escalar dependente do tempo:
5 =X +y + zt
Avalie ambos os lados da Eq. A.5-6 sobre o volume limitado pelos planos x = O, x = t; y == O, y = 2t; z = O, z = 4t. As
grandezas x, y, z, t são adimensionais.
4. Use a Eq. A.5-4 (com v trocado por 7) para mostrar que, quando rki = Li E;p, xi,
2 fs n dS = fe [r X t]dC
sendo r o vetor posição localizando um ponto sobre C em relação à origem.
S. Avalie ambos os lados daEq. A.5-2 para afunçãos(,-i:,y, z) = x2 + y2 + z2• O volume Vé o prisma triangular repousando
entre os dois triângulos cujos vértices são (2, O, O), (2, 1, 0), (2, O, 3) e (-2, O, O), (-2, 1, O), (-2, O, 3).
CooRDENADAS CrLíNorucAs
Em coordenadas cilíndricas, em vez de designar as coordenadas de um ponto por x, y, z, localizamos o ponto dando os
e,
valores der, z. Essas coordenadas 1 são mostradas na Fig. A.6- la. Elas são relacionadas às coordenadas cartesianas por
'Cuidado: Escolhemos usar a notação familiar r, O, z para coordenadas cilíndricas em vez de mudar para alguns símbolos menos familiares, embora haja duas sicuações
em que pode aéontecer confusão; (a) ocasionalmente, tem de se usar coordenadas cilíndricas e esféricas no mesmo problema, e os símbolos re etêm significados diferentes
nos dois sistemas; (b) ocasionalmente, lida-se com o vetor posição r em problemas envolvendo coordenadas cilíndricas, mas a magnitude de r não é a mesma que a
coordenada r, e sim Vr!. + z2. Em tais situações, como na Fig. A.6-1, podemos usar as barras para as coordenadas cilíndricas e escrever r, e, z.Para a maior parte da
discussão, as barras não serão necessárias.
784 .APÊNDICE A
p
e~
1I:;: /I
,-
1 /
/
r/
/ 1
1
1
y y
'' / '' /
e../'-f 1 /
/
<P../'' 1 /
/
', 1 / ' ,$
_______ 1 /
-------~
X X
(a) (b)
Fig. A.6-1 (a) Coor_9.enadas cilíndricas com O~ < oo, O.;; r e<
2'lT, -oo< <oo. (b) Coordenadas esféricas com O.;; r < oo, O.;; 0 < 'lT, O.;; <fJ
1
z
< 27i. Note quer e eem coordenadas cilíndricas nãosão as mesmas quer e ()em coordenadas esféricas. Note, cuidadosamente, como o vetor
posição r e seu comprimento r são escritos nos três sistemas de coordenadas:
a a ( sene) -+a a
l
-=(cose)-+
ax ar - - r ae (0)-
az (A.6-7)
a (cose) a (0)-
-a= (sene)-+ a
ay ar - .1 - -+
ae az (A.6-8)
j_
az (0) j_
ar + (0) ae
j_ + (1) j_
az (A.6-9)
\
\ ........
__ ,..,..,.. ........ r:r--~-'-~Ôz
, , P(x, y, z) ou P(r, e, z)
....
.... ....
/
()
Fig. A.6-2 Vetores unitários em coordenadas retangulares e cilíndricas. O eixo z e o
vetor unitário ô,.
ºX)
(ax y,: =
(ªr)
ax (ªtfr) (ªº) (°"ãõot/J) + (ªz)
af + ax
y,z ax (az
a,z
ot/J) y.z r.z y,, r,8
Observe que somos cuidadosos em usar símbolos diferences X e i/J, uma vez que as funções de X e .µcom x, y, z são diferences.
f'
rr NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 785
~ Com essas relações, as derivadas de quaisquer funções escalares (incluindo, naturalmente, as componentes de vetores e
tensores) em relação a x, y e z podem ser expressas em termos de derivadas com respeito ar, 8, z.
Após ter discutido a inter-relação das coordenadas e derivadas nos dois sistemas de coordenadas, voltamos agora para a relação
entre os vetores unitários. Começamos notando que os vetores unitários õ,., ÕY, õ, (ou õt, Õz, Õ3 como os temos chamados) são
independentes da posição - isto é, independentes de x, y, z. Em coordenadas cilíndricas, os vetores unitários õ, e 08 dependem
da posição, como podemos ver na Fig. A.6-2. O vetor unitário õ, é um vetor de comprimento unitário na direção crescente der;
o vetor unitário õ 8 é um vetor de comprimento unitário na direção crescente de 8. Claramente, à medida que o ponto P se move
ao redor do plano xy, as direções de õ, e 88 mudam. Argumentos trigonométricos elementares conduzem às seguintes relações:
!
Õx = ( cos fJ)õ, + (- sen fJ)õ 0 + (O)õz (A.6-13)
r Õy = (sen fJ)õ, + ( cos fJ)õ 8 + (O)õz
Õ4 = (O)õ, + (0)õ0 + (l)Õz
(A.6-14)
(A.6-15)
A utilidade desses dois conjuntos de relações ficará clara na próxima seção.
tf Vetores e tensores podem ser decompostos em componentes com respeito a coordenadas cilíndricas, da mesma forma
como foi feito para coordenadas cartesianas nas Eqs. A.2-16 e A.3-7 (ou seja, v = õ,v, + Õãúe + õ,11,). Além disso, as
regras de multiplicação para os vetores unitários e as díadas unitárias são os mesmos que nas Eqs. A.2-14 e 15, e A.3-1 a
rr 6. Conseqüentemente, as várias operações com ponto simples e com xis (porém, não as equações diferenciais!) são feitas
como descrito nas Seções A.2 e 3. Por exemplo,
(v · w) = v,w, + v 8w0 + VzWz (A.6-16)
1
[v X w] = õ,(v0wz - VzWe) + õ8(v2w, - v,wz)
i + Õz(v;w8 - v 9w,) (A.6-17)
1
[a· 'Tl = Õ,Õ,(O'rrTrr + O'reTer + O'rzTzr)
i + õ,õe(O"rr'Tre + O're'Tee + O'rzTze)
1
!' +etc. (A.6-18)
1
r COORDENADAS ESFÉRICAS
I~
Agora, tabelamos para referência o mesmo tipo de informação para coordenadas esféricas r, 8, </J. Essas coordenadas são
r
mostradas na Fig. A.6-Ib. Elas estão relacionadas às coordenadas cartesianas por
i
X = r sen fJ COS <f> (A.6-19) r = +Vx2 + 1/2 + z2 (A.6-22)
1
1 y = r sen e sen </> (A.6-20) e= arctg(Yx2 + y2/z) (A.6-23)
1
!z = r cos e (A.6-21) </> = arctg(y / x) (A.6-24)
a (senfJsencf>)a,+
ay= a (cosersen <t>) ao+
a ( rsene
cos a
rJ<f>
</> ') (A.6-26)
}_ =
az
(cos 8) }_ + (- sen
ar r
º) }_afJ + (0) _E_a<J; (A.6-27)
1
786 APÊNDICE A
1
1
'l
1
e
Õx = (sen ecos </>)Õr+ (cose cos </>)õe+ (-sen </>)Õ.p (A.6-31)
õy = (sen e sen </>)Õr + ( cos e sen </>)õ0 + ( cos </>)Õ.p (A.6-32)
( õz = ( cos 8)Õ + (- sen e)õ + (O)õ.p (A.6-33)
7 8
EXERCÍCIOS
1. Mostre que
COORDENADAS CILÍNDRICAS
Das Eqs. A.6-10, 11 e 12, podemos obter expressões para as derivadas espaciais dos vetores unitários õ,, Õ8 e o,:
1._õ=O
ar r
1-
ar õ8 =O (A.7-1)
(A.7-2)
j -tõ. =o
dZ º
1..58 =O
az az Õ-• =o
1- 1 (A.7-3)
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL 787
O leitor deveria interpretar essas derivadas geometricamente, considerando a maneira pela qual ô,, 0 8, º=variam à medida
que Pé mudado na Fig. A.6-2.
Usamos agora a definição do operador V na Eq. A.4-1, as expressões nas Eqs. A.6-13, 14 e 15 e os operadores de derivada
nas Eqs. A.6-7, 8 e 9 para obter a fórmula para V em coordenadas cilíndricas
a a aza
V = õ, 'ãX" + õy ã}/" + õz
(A.7-5)
para coordenadas cilíndricas. Isso pode ser usado para obter todas as operações diferenciais em coordenadas cilíndricas,
de modo que as Eqs. A. 7-1, 2 e 3 são usadas para diferenciar quaisquer vetores unitários em que V opere. Esse ponto será
deixado claro no prrncimo exemplo ilustrativo.
COORDENADAS ESFÉRICAS
As derivadas espaciais de ô,, 08 e Ôq, são obtidas diferenciando-se as Eqs. A.6-28, 29 e 30:
(A.7-6)
a
aeõº = -õ, (A.7-7)
jZ_
acp Ôn V
= Ô• COS ()
<p
a~ Õ,p = -õ, sen () - Õe cos () (A.7-8)
O uso das Eqs. A.6-31, 32 e 33 e das Eqs. A.6-25, 26 e 27 na Eq. A.4-1 fornece a seguinte expressão para o operador V:
em coordenadas esféricas. Essa expressão pode ser usada para obter operações diferenciais em coordenadas esféricas, de
modo que as Eqs. A.7-6, 7 e 8 são usadas para diferenciar os vetores unitários.
Até agora, discutimos os dois sistemas mais usados de coordenadas curvilíneas. Apresentamos agora, sem prova, as relações
para quaisquer coordenadas curvilíneas ortogonais. Seja a relação entre as coordenadas cartesianas X; e as coordenadas
curvilíneas qª dada por
Essas equações podem ser resolvidas para qª a fim de obter as relações inversas qª = qª(x;). Então,1 os vetores unit<frios Ô;
em coordenadas retangulares e os ôª em coordenadas curvilíneas estão relacionados assim:
788 APÊNDICE A
(A.7-11)
(A.7-12)
sendo os "fatores de escala" hª dados por
h; = ~ (ªX;)2
laqa
= [~ (ªqª)2]-J
ax, l
(A.7-13)
As derivadas espaciais dos vetores unitários ôª podem ser encontradas como sendo
(A.7-14)
(A.7-15)
O leitor deve verificar que as Eqs. A.7-14 e 15 podem ser usadas para obter as Eqs. A.7-1a3, A.7-5 e A.7-6 a 9.
Das Eqs. A. 7-15 e 14, podemos obter agora as seguintes expressões para as operações mais simples de V:
EXEMPLO A.7-1
Operações Diferenciais em Coordenadas Cilíndricas
Deduza as expressões para (V· v) e Vv em coordenadas cilíndricas.
SOLUÇÃO
(a) Começamos escrevendo V em coordenadas cilíndricas e decompondo vem seus componentes
1
P. Morse andH. Fcshbach, Methods ofTheoretical Physics, McGraw-Hill, New York (1953), p. 26 and p. l 15.
'Para outros sistemas de coordenadas, ver a compilação extensa de P. Moon and D. E. Spencer, FieldTheo1y Handbook, Springer, Berlin (1961). Além disso, um sistema
de coordenadas ortogonais está disponível em que um dos três conjuntos de superfícies coordenadas é composto de cones coaxiais (mas com vértices não coincidentes);
tudo dai operações com V foi tabelado pelos criadores desse sistema de coordenadas, J. F. Dijksman and E. P. W. Savenije, Rheol. Acta, 24, 105-118 (l985).
1
1 NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL
r Expandindo, obtemos
f:
(V· v) = ( õ, · f,-s,v,) + ( õ, · f,s v 8 8) + ( õ, · f,s 2 v2 )
+(Õe . Õe) rl ae
ave +(Õe . Õz) r1 ae
av +r (Õo . Õe) +rVo (Õe . [-õ,))
2 V,
r +(Õz. õ,)Tzav,
+(Õz. Õe)azave
+(õz. õ,) avzaz (A.7-21)
1 Uma vez que (õ, · õ,) = 1, (õ, · Õ8) = O e assim por diante, a Eq. A.7-21 se simplifica para
i
1~
(V . v) = av, +.!. av8 +~ +avz
ar r ae r az (A.7-22)
que é a mesma Eq. A da Tabela A.7-2. O procedimento é um pouco tedioso, porém é direto.
!
k
790 APÊNDICE A
{Vv}xr= ~; (S)
avy
{Vv}"!I ::· ax (T)
av.
{Vv}r.: =a: (U)
av
(Vv}yr = ayr (V)
avy
(Vv}!l'1 = ihJ (W)
av
{Vv}yz = ihjz (X)
avr
{Vv}zr '=a:z (Y)
{Vv}Zlf =a:
av
(Z)
{Vv}zz =av.
az· (AA)
+ Ter-(ªvª)
Tr ·+· Tee f av (l
aO +. rv,) + Tez (av
8
az8)
+ Tzr ( avz) (1
ar + Tze r avz) . (ªvz)
d0 + Tzz az (C)
[Vs] =~ (D)
r ar
las
[Vs] 8 =rae (E)
[Vs].=~
• az - (F)
(K)
(L)
(M)
(N)
(O)
(P)
(Q)
(R)
792 APÊNDICE A
(í/v} = av,
"' . ar
. :.:._ 1 'ªV, Ve
{í/V }8r-r a()--,
1 avo .. V~
(í/~}ee =-rae+ r
1
{í/v}az = raif
av,
00
{í/v} =
zr
av,
az. (Y)
. . .. .. Vo
{V• Í/7'}re = (V' Í/)Tre + r (Trr - Tee) (CC)
•. . . . . . ·. V(;
{v. V-.-}er = (v. íl)Ter +r (T,, •'::-. Tee)
(v·í/,.}zr '==(v·íl)T
. zr
-~T
.r. ze (HH)
Ve . (II)
(v·V,.}ze = (v· íl)Tze + -;yTzr
(v • V7-}.. = (v · í/}T,, (JJ)
[Vs Ja 1 as
=rae (E)
[Vs).p = - 1 - as (F)
r sen eª</>.
1 a ... 1 ave
[V X v], = r sene Be (v.p sen e) - rsen (} a<P . (G)
. .· . .. avr .1 a
l
[V xvla = rsene a<1> --;:a,(rv.p) (H)
1 ·a... . .1 az>,
[V X v].p '= rar (rv rae
8) - (I)
1 a ? . 1 a .. . .. 1 a .. Tee + T.p.p
[V,,.], =-;;-a
r r (rr,,) ·+-.
· r --".-a".Cre'
sen u u sen 9) +-_-·.-."
r sen ." a,1'f'. r.pr :---r-·
:
- (J)
. • •. 1 ª(.
av,") .· 1 a (' 1
[V2v] = - - r2- +-~ -·-.--(v sen e) +--.-.-·
a . ... )' 1 . a vq,
2
". 2 .·. av, 2cota_
-2 +---.~+.;;.;___e eave
_ (O)
·~ r2 ar .. ar . . r2 ae . sea e ae <{! ·. . r1 sea e a<f>
2
r2 sen e a<1> .. r2 sen e a<1>
{Vv} = av,
rr ar (S)
{Vv} =rav, - ~
er r ae r (V)
{Vv}ee = lave
r. ae .+ ~r (W).
1 av.p .
{Vvle.p =-rao (X)
1 av, V.p
{Vv}.p, = r sen e a<P -r (Y)
1 .· ave· V.p
{Vvl,,;a = r sen () a<P ~ r cotg () (Z)
1 av,P V, Ve
{Vv}.p,,; = r sen e a<P + -y+ r cotg () (AA)
{v · V~lar = Cv · Vhar + (i)<Trr ::_ T88 ) '- ( i}Te<f> + T<f>r cotg O) (EE)
{~· VT}ea = (~· 'í/)Tea +(i)cTre +Ter) -(~)cTe,,; + Tq,a) cotg () (FF)
{v. VT}eq, =(V'. 'í/)Té<f> + (i )Tr<f> + (~)rTer + (Tee - T.pq,) cotg e] (GG)
{v. Y7}.p, = (v. V)T.pr - ( i)T.pe + (i-)rcTrr - T,,;.p) + Ter cotg e] (HH)
EXEMPLO A.7-2
Operações Diferenciais em Coordenadas Esféricas
Encontre a componente r de [V· 'T] em coordenadas esféricas.
SOLUÇÃO
Usando aEq. A.7-9, temos
Usamos agora as Eqs. A.7-6, 7, 8 e a Eq. A.3-3. Uma vez que queremos somente a componente r, selecionamos somente
aqueles termos que contribuem para o coeficiente de S,:
(A.7-26)
(A.7-27)
(A.7-28)
(A.7-29)
(A.7-30)
(A.7-31)
(A.7-32)
796 APÊNDICE A
Observe que essa expressão está correta se 'T for ou não simétrico.
EXERCÍCIOS
1. Se r for o vetor posição instantâneo para uma partícula, mostre que a velocidade e a aceleração da partícula são dadas
por (use a Eq. A.7-2):
d õ. õ .
V = dt. r = ,r -!- er8 + õ.2 Z (A.7-34)
a2 1 a 1 a2 a2
(V· V)= - 2 + - - + - -2 + - (A.7-36)
ar r ar r2 ae ai
e, então, aplique o ope:rador em v.
(b)Use a expressão para [V· 'T] na Tabela A.7-2, mas substitua as componentes para Vv no lugar das componentes de
'T, de modo a obter (V· Vv].
(e) Use a Eq. A.4-22:
e, para coordenadas esféricas, uma típica integral de volume de uma função g(r, e, </J) seria
</hJO,Jr1 g(r, IJ, </>)?-dr sen
J· e,
ç,, r,
e de drp (A.8-2)
Uma vez que os limites (r 1, r 2 , IJ1, Oi etc.) nessas integrais são constantes, a ordem da integração não é importante.
NOTAÇÃO VETORIAL E TENSORIAL
Superfície cilíndrica
de raio r
Elemento diferencial
de volume
(dr)(rd9)(dz)
Elemento diferencial
de volume
(dr)(rd8)(r sen 8d</J)
y
Fig. A.8-2. Elemento diferencial de volume, r2sen (Jdrd(Jd<f;, em
coordenadas esféricas e elementos diferenciais de linha, dr, r d8 e
r sen 8d<f;. Os elementos diferenciais de superficie são: (r d B)(rsen
ed</J) perpendiculares à direção r (sombreamento mais leve); (r sen
Superfície esférica ed </;)(dr) perpendiculares à direção e(sombreamento mais escu-
de raio r ro) e (dr)(rd8) perpendiculares à direção</; (sombreamento inter-
mediário).
Ao fazer as integrais de superfície, as situações mais simples são aquelas em que a integração é feita erri uma das
superfícies do sistema de coordenadas. Para coordenadas cilíndricas, há três possibilidades:
Na superfície r = r 0: JZ2f92
-
-1 81
f(ro, e, z)ro de dz (A.8-3)
Na superfície e= 80:
J_Z2JT'-f(r,
Lt TI
80, z)r dr dz (A.8-4)
Na superfície z = z0 :
fe-.Jr2
81
-
Tt
f(r, e, Zo)r dr de (A.8-5)
Na superfície r = r 0:
f"''fe-.
</>,
.
e,
-g(ro, e, <fJ)rf, sen ede dcp (A.8-6)
f"" f
1
Na superfície e= 8 0: g(r, eo, cp) sen eo ?- dr dcp (A.8-7)
efJ r,
O leitor deve tentar fazer esquemas para mostrar exatamente quais áreas são descritas por cada uma das seis integrais de
superfícieMtteriores.
Se a área de integração em uma integral de superfície não for uma das superfícies do sistema de coordenadas, então,
deve-se consultar um livro sobre cálculo diferencial e integral.
A notação de Gibbs é compacta, fácil de ler e destituída de qualquer referência a um sistema particular de coordenadas;
entretanto, tem-se de sabei;,o significado das operações com ponto simples e com xis e o uso dos símbolos em negrito. A
notação tensorial cartesiana indica a natureza das operações explicitamente em coordenadas cartesianas, mas erros na leitura
ou na escrita de subscritos podem ser mais agravantes. Pessoas que conheçam igualmente bem ambos os sistemas preferem
(v·w)
[vXw]
[V. -r]
\72s
[V X [Vxv]]
{T X v}
a notação de Gibbs para discussões gerais e para apresentar resultados, porém trocam para a notação tensorial cartesiana
a fim de provar as identidades.
Ocasionalmente, a notação matricial é usada para mostrar as componentes de vetores e tensores em relação aos sistemas
designados de coordenadas. Por exemplo, quando v., = yy, vY = O, vz = O, Vv pode ser escrito de duas maneiras:
(A.9-1)
O segundo"=" não é realmente um sinal de "igualdade", mas tem de ser interpretado como "pode ser mostrada como".
Note que essa notação é, de algum modo, perigosa, uma vez que se tem de inferir as díadas unitárias que são multiplicadas
pelos elementos da matriz - nesse caso, o)>x, ôxoy e assim por diante. Se tivermos usado coordenadas cilíndricas, Vv
seria representado pela matriz
~)
ysen e cos e --jtsen2 f)
í/v = 1' cos2 e -ysen e cos e (A.9-2)
( o o
onde os elementos da matriz são multiplicados por õ,o" õ,0 0 e assim por diante, e então adicionados juntos.
Apesar do risco da interpretação errônea e do livre emprego de"=", a notação matricial tem largo uso, sendo a razão
principal o fato de que as operações "com ponto" correspondem às regras padrões de multiplicação de matrizes. Por exemplo,
=
712
T")("') (TnV; +r,,v,
+
+r,,~)
+
['i ·v]
('" :11
1
31
722
7 32
723
733
V2
V3
= 721V1
731V1
722V2 723V3
+ 732V2 + 733V3 (A.9-4)
Naturalmente, tais multiplicações de matrizes são significativas somente quando as componentes são aludidas aos mesmos
vetores unitários.
B.l LEl DE NEwrON DA VISCOSIDADE
(B.1-1)"
(B.1-2)''
(B.1-3)"
(B.1-4)
(B.1-5)
(B.1-6)
em que
avx avy avz
(V · v) = - +- +- (B.1-7)
ax ay az
'Quando se considera que o fluído tenha densidade constante, o termo contendo (í/ · v) pode ser omitido. Para gases monoatômicos a baixas densidades, a viscosidade
dilatacional K é zero.
FLUXOS E EQUAÇÕES DE BALANÇO 801
av,]
[ ar + (5µ -
?
Trr = -µ 2 1<)(V. v) (B.1-8)ª
Tee = -µ [ 2( rae
1 ave + rv,)] + (jµ - 2
1<)(V. v) (B.1-9)"
(B.1-11)
(B.1-12)
av, av,J
T zr = Trz = - µ [Jz + ~ (B.1-13)
em que
(B.1-15)"
(B.1-16)ª
T<f>.p =
1
-µ [ 2( r sen e av<t
a<{J> + v, + v8rcotg e)] + (J'µ -
?
1<)(V. v) (B.l-17)ª
r
re
=To
ur
=
ar (~)
-µ[r.E.. r + lr av,]
ae (B.1-18)
(B.l-19)
(B.l-20)
em que
1
(V· v) = - - ( r 2v)
a +- a 8 sen
1 - -(v e)
1 - -av"'
+- (B.1-21)
,2 ar r r sen eae r sen e a<{J
' Quando se considera que o fluido tenha densidade constante, o tenno contendo (V • v) pode ser omitido. Para gases monoatômicos a baixas densidades, a viscosidade
dilatacional K é zero.
802 APÊNDICE B
(B.2-1)
(B.2-2)
(B.2-3)
qe = -k;
1 ar
ae (B.2-5)
q. = -k~; (B.2-6)
q, = -k~ (B.2-7)
q. = -k~~ (B.2-8)
_ -k_l_aT (B.2-9)
q.p - r sen () a<P
'Para misturas, o termo I,.(fla/1\t(,)j 0 tem de ser adicionado a q (ver Eq. 19.3-3).
FLUXOS E EQUAÇÕES DE BALANÇO
. awA
]Ar== -p!J.'bAB 7fX (B.3-1)
. awA
]Ay == -p!J.'bAB Ty (B.3-2)
. awA
]Az == -p!J.'bAB Tz (B.3-3)
. awA
]Az == -p<zl;ABaz (B.3-6)
. awA
]Ar== -p<zl;ABTr (B.3-7)
. 1 awA
]Ae == -p<zl;AB rae (B.3-8)
. - - 0J _1_awA (B.3-9)
lM - P AB r sen IJ a<1>
" De modo a obter os fluxos molares em relação à velocidade média molar, troque j,, p e w, por J~. e ex,
~
~
+ l_~(prv)
fh r
+ .!.l..(pv
rae 0) + ±-(pv)
h z
=O (B.4-2)
'Quando se considera que o fluido tem densidade constante, p, a equação é simplificada para (V· v) = O.
804 APÊNDICE B
(B.5-1)
(B.5-2)
(B.5-3)
ªEssas equações foram escritas sem fazer a suposição de que '1' é simétrico. Isso significa, por exemplo, que quando é feita a suposição usual de simetria do tensor tensão,
T,, e T,_, podem ser alternados.
(B.5-4)
(B.5-5)
(B.5-6)
b Essas equações foram escritas sem fazer a suposição de que '1' é simétrico. Isso significa, por exemplo, que quando é feita a suposição usual de simetria do tensor tensão,
T,,- T°'=O.
'Essas equações foram escritas sem fazer a suposição de que 'T é simétrico. fsso significa, por exemplo, que quando é feita a suposição usual de simetria do tensor tensão,
'T,9-1'0,=0.
B.6 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO PARA UM FLUIDO
NEWTONIANO COM p Eµ, CONSTANTES
[pDv/Dt = -\ip + µ,v2v + pgl
Coordenadas cartesianas (x, y, z):
(B.6-1)
(B.6-2)
(B.6-3)
(B.6-5)
(B.6-6)
+µ-- 1 a ( , ava) a ( a )
+-- ---(v sen()) +2-1-2- -
1 1 a2va+ -2 -av,- -2-cota
" 'e-av.p]
[ ,:; ar r·- ar r2ae sen () ae 8 r sen e a<ji2 r 2ae r1 sen e a<ji
- +pg8 (B.6-8)
~V= 2[ (~;)2 + (~;)2 + (~:z)2] + [~; + ~~T + [ ~~ + ~;T +[ªa;+ ~;T-H~; + ~; + ~:ZT (B.7-1)
.
- ~3 [.!.r ~ar (rv,)+ .!.r ava + avz]
ae az
2
(B.7-2)
2
2 [--(rv)
1a, +---(v
1 a 1 -av<PJ
--
3 i2 ar ' r sen e ae 8 sene) + -
r sen -
e Bc/> (B.7-3)
ê
P
(ªrat : : ar+
P
+V
ax
V il_ +V
Y ayz
il)
az
= +
-[ªq, + aqy aqz] - (ªln p) Dp
ax ay az . aln r P Dt
(-r:Vv) (B.8-1)ª
pCP
(ªrat + v,arar + rve arae + r v.p sen IJ
ar) = [~aç(rq,)
a<P 1 a , a
+ r sen (} ae (qe
1
sen (})
1
+ r sen a<P - (ªln
e aq.p] aln rP)p Dp
Dt - (-r:Vv)
(B.8-3)"
ªO tenno de dissipação viscosa, -(r: Vv), é dado no Apêndice A, Tabelas A.7-1, 2, 3. Esse tenno pode geralmente ser desprezado, exceto para sistemas com gradientes
muito grandes de velocidade. O tenno contendo ( ln p' ln 7)P é zero para fluidos com p constante.
Fluxos E EQUAÇÕES DE BALANÇO
ê (ªr
p p at + v il
ax + vy il
X ay + vz ar)
az = k[a2r
ar + ª2.ayr2+ a2r]
az2 + µ, <P V
(B.9-l)b
p
êp(ªr ar ~q]_
at + vr ar+ r ae + vz az il) = k[l1-
f ar
(ril)
ar + _.!_ a2r + azr]
f2 ae1 az2 + fL cI> V
(B.9-2)º
ªEssa forma da equação da energia é válida também sob as suposições menos rigorosas de k = constante e ( ln pi ln 'I),!Jp!Dt = O. A suposição de p = constante é dada
no nome da tabela, pelo fato de ser a suposição feita mais freqüentemente.
•A função <I>, é dada na Seção B.7. O tenno µ.iP, é geralmente negligenciado, exceto em sistemas com grandes gradientes de velocidade.
(B.10-1)
(B.11-1)
(B.11-2)
' Para obter as equações correspondentes em termos de X;, faça as seguintes trocas:
Troque p ú)a V ra
por v*
C.1 ALGUMAS EQ!JAÇÕES DIFERENClAIS ORDINÁRIAS E C.4 fuNÇÃO GAMA
SUAS SOLUÇÕES C.5 FUNÇÕES HlPERBÓUCAS
C.2 EXPANSÕES DAS FUNÇÕES EM SÊRIE DE TAYLOR C.6 FUNÇÃO ERRO
C.3 DIFERENCIAÇÃO DE lNTEGRAIS (FÓRMULA DE
LElBN!Z)
Neste apêndice, resumiremos infonnações em tópicos matemáticos (diferentes de vetores e tensores) que são úteis no estudo
de fenômenos de transporte. 1
Equação Solução
dy f(x)
dx = g(y) fgdy = ffdx + C1 (C.1-1)
dy
dx + f(x)y = g(x) Y = e-·ffd•<Jeffdxgdx + C1) (C.1-2)
d2y ?
dx2 + a-y =O y = C1cos ax + C2sen ax (C.1-3)
d2y
--a2y=O y = C1cosh ax + C2senh ax ou (C.1-4a)
dx2
y = C3e+ax + C4e-ª' (C.1-4b)
L~-(x2.'!r)
x2dx dx
+ a y =o 2 C1 C2
y = x cos ax + x sen ax (C.1-5)
C1 C2
1-!L(xz.'!r)-a2y=O y = -
X
cosh ax + -X senh ax ou (C.1-6a)
x2 dx dx
C3 C4
y = xe+ax + xe-ª' (C.1-ób)
'Alguns livros de referência sobre matemática aplicada são: M. Abramowitz and 1. A. Stegun, Ha11dbook of Mathematica/ Fwzctions, Dover, New York, 9th printíng
(1973); G. M. Murphy, Ordinary Dijferential Equatio11s and Their So/111io11s, Van Nostrand, Princeton, N.J. (1960); J.J. Tuma, Engineerirzg Matlzematics Handbook, 3rd
editíon, McGraw-Hill, New York (1987).
810 APÊNDICE C
Resolva a equação n2 + an + b = O, e
obtenha a raízes n= n+ e n = 1i_. Então (a) se
n+ e n_ forem reais e desiguais,
y = C1exp(n+x) + C2exp(n_x) (Cl-7a)
dx
dy
y C1 J: exp(-i 3) dx + C2 (C.1-9)
d2y
dx2 = f(x) y= J: f' fFx'Jdx dx + C1x + C2 (C.1-10)
1-
- d ( x-
Xdx
dy) =j(x)
dx
y= f.I l Jo(" xf(X)dxdx + C1 ln X+ C2
O X
(C.1-11)
d ( dy) 1 (' =1 - = - C1
1 - r? - =j(x)
-
x2 dx
d2y
dx y =
f 0
I
~ Jo xcf(X)dxdx -x + C2 (C.1-12)
2 h(y)dy + C1 -
d3y ? d2y dy
x3---:<i + ar 2 + bx- + cy = O (Cl-14)
dr dx dx
y = C1x" + C2x"' + C3x'~, em que nk são as raízes da
1
Notas:
'Nas Eqs. C.1-4 e C.1-6, as decisões de quando se deve usar as formas exponenciais ou as funções trigonométricas (ou hiperbólicas) são geralmente feitas com
base nas condições de contorno do problema ou nas propriedades de simetria da solução.
bAs Eqs. C.1-5 e C.1·6 são resolvidas fazendo a substituição y(x) = u(x)!xe então [esol'lendo a equação resultante para u(x).
'Nas Eqs. C.1-8 a C.1-13, pode ser conveniente ou necessário mudar os limites inferiores das integrais para algum valor diferente de zero.
1(d yl r=r )
+ -;:;r -
.:>. dx3
3
0
(x - Xo)3 + ... (C.2-LI
O primeiro termo fornece o valor da função em x = x0 • Os dois primeiros termos dão um ajuste linear da curva em x =Xo·
Os três primeiros termos dão um ajuste parabólico da curva em x = x0 e assim por diante. A série de Taylor é constantemente
usada quando somente alguns termos iniciais são necessários para descrever adequadamente a função.
Aqui estão algumas expansões em série de Taylor de funções padrões em tomo do ponto x = O:
(C.2-2)
TÓPICOS MATEMÁTICOS 811
i1- x3 X?
ln (1 + x)
2 +3 - 4 + ···
= x - (C.2.3)
4
erf x --=-
= ?x ( 1
y:;;.
x?- + -x - _:_
- _:_
1!3
x6 + · · ·)
2!5 3!7
(C.2-4)
Mais exemplos podem ser encontrados nos livros-texto e manuais de cálculo. A série de Taylor pode também ser escrita
para funções de duas ou mais variáveis.
que é uma função de t [ver Fig. C.3-l(a)]. Se quisermos diferenciar essa função em relação a t sem avaliar a integral,
podemos us:àf a fórmula de Leibniz
d
-d
t~
f 1
13< >
f(x, t) dx =
f ~
1
13< > a f(x, t) dx + (f(f3, t)-d
-at df3
J
-
da)
f(a, t)-d
t
(C.3-2)
A Fig. C.3-1 (b) mostra os significados das operações feitas aqui: o primeiro termo no lado direito fornece a variação na integral,
porque a própria função está variando com o tempo; o segundo termo representa o ganho na área à medida que o limite superior
é movido para a direita; e o terceiro termo mostra a perda na área à medida que o limite inferior se move para a direita. Essa
fórmula encontra muitos usos em ciência e em engenharia. A fórmula análoga em três dimensões é dada na Eq. A.5-5.
IJ(I)
Fig.C.3-1(a)AáreasornbreadarepresentaJ(t) =
J a(I)
em um instante t (Eq. C.3-1). (b) A fim de obter dJ!dt, formamos
f(x, t)dx
a cllierença I(t + ó.t) - I(t), dividida por tJ.t e então fazer ó.t ~O.
a(t) {3(t) a(t) a(t + M) f3(t) {3(t + M x As três áreas sombreadas correspondem aos três termos no lado
(a) (b) direito da Eq. C.3-2.
f(n) = f 0
1(
ln xl)n-1dx (C.4-2)
f(n)
1 1. 2 4 n
2
-1
-2
-3
-4
Círculo urútário
x2+y2=1
/Ó',,
/ ''
/
/
/
''
sen e= PQ /// senh e= P"Q',
(! = 2 x área sombreada
cosO=OQ I" cosh e= OQ '"'-
=LPOQ
tgO=PQ/OQ e= 2 X área sombreada tgh e= PQ/OQ
cotg e= l/tg e cotgh = 1 / cotgh e e
sec e= 1/cos e sech e= 1/ cosh e Fig. C.5-1 Comparação entre as fun-
cossec e= 1/sene cossech e= 1/senh e ções circulares e hiperbólicas.
TÓPICOS MATEMÁTICOS 813
/
/
----;--- -------·
/ -1
/
I
/YI =senhx
Fig. C.5-2 Comparação entre as formas das funções hiperbólicas.
-
erf x -
Jr
o
exp(-x
J"' .
2)áx
- 2
y; f (
r
-2)
exp -x ux
-= (C.6-1)
0
exp(-x 2) áx 'TT
o
Essa função, que aparece naturalmente em inúmeros problemas de fenômenos de transporte, cresce monotonicamente,
indo de erf O a erf oo = 1, e tem o valor de 0,99 em torno de x = 2. A expansão em série de Taylor para a função erro em
tomo de x = O é dada na Eq. C.2-4. É também importante notar que erf(-x) = -erf(x) e que
d 2 , du (C.6-2)
-erf u =-exp(-u-)-
dx y; dx
aplicando a fórmula de Leibniz à Eq. C.6-1.
A função intimamente relacionada erfc x = l - erf x é chamada de "função erro complementar".
D.l EQ!JAÇÃO DE BOLTZMANN D.5 FLUXOS EM TERMOS DAS PROPRIEDADES DE
TRANSPORTE
D.2 EQ!JAÇÕES DE BALANÇO
D.6 PROPRIEDADES DE TRANSPORTE EM TERMOS DAS
D.3 EXPRESSÕES MOLECULARES PARA OS FLUXOS FORÇAS INTERMOLECULARES
Nos Caps. 1, 9 e 17, falamos brevemente sobre o uso dos conceitos de livre percurso médio para obter expressões aproximadas
para as propriedades de transporte. Demos então os resultados rigorosos do desenvolvimento de Chapman-Enskog para
gases monoatômicos diluídos. Neste apêndice, daremos uma breve discussão da teoria de Chapman-Enskog, apenas o
suficiente para mostrar aquilo que a teoria engloba e para mostrar como ela fornece um sentido de unidade ao assunto de
fenômenos de transporte em gases. O leitor que deseje prosseguir mais pode consultar as referências padrões. 1
em que a/ar é idêntico ao operador V e a/ ar,, é similar ao operador que envolve velocidades em vez de posições. A grandeza
gª é a força externa por unidade de massa que atua em uma molécula da espécie a e lª é um termo muito complicado com
cinco integrais, que considera a mudança emfª devido a colisões moleculares. O termo lª envolve a função de energia
potencial intermolecular (por exemplo, o potencial de Lennard-Jones) e os detalhes das trajetórias ole colisão. A equação
de Boltzmann pode ser pensada como uma equação da continuidade em um espaço de posição-velocidade com seis
dimensões; lª serve como um termo de geração. A função distribuição de velocidades é "normalizada" em relação à
densidade expressa como número de partículas da espécie a, ou seja, f!c,(i:ª, r, t)di:,, = nª(r, t).
1
J. H. Ferziger eH. G. Kaper, Mathematical Theory ofTransport Processes ili Gases, North-Holland, Arnsterdarn (1972); S. Chapman e T. G. Cowling, The Mathematical
T1zeory of Non-Unifonn Gases, 3.' ed., Cambridge University Press (1970); J. O. Hirschfelder, C. F. Curtiss, e R. B. Bird, Molecular Theo1y of Gases and Liquids, 2.'
impressão corrigida, Wiley, Nova York (1964); Cap. 7; E. M. Lifshitz e L. P. Pitaevskii, Physical Kinetics, Pergarnon, Oxford (1981), Cap. l.
'L. Boltzmann, Sitzungsberichte Keiserl. Akmi der Wissenschaftm, 66(2), 275-370 (1872); C. Cercignani, The Boltzmann Equation and /ts Applicatio11s, Springer-
Verlag, Nova York(l988). C. F. Curtiss, 1. C/1em. Phys., 97, 1416-1423, 7679-7686 (1992), achou necessário modificara equação de Boltzmann de modo a considerar
a possibilidade de obtenção de pares de moléculas; a modificação, importante somente a temperaturas muito baixas, forneceu uma concordância muito melhor com os
dados experimentais em uma faixa limitada de baixas temperaturas.
TEORIA CINÉTICA DOS GASES 815
Uma integração por partes é feita para obter esse resultado e se usa o fato de que f,, é zero em velocidades infinitas. Se rf;ª for
uma grandeza conservada durante a colisão (ver a Seção 0.3), então podemos mostrar que o termo contendo Jª será zero. 1
Agora, admita rf;" como sendo sucessivamente as grandezas conservadas para moléculas monoatômicas: a massa mª, o
momento m"'i:ª e a energia ~m,, (r,, · i:"'). Quando essas grandezas forem substituídas por rf;ª na Eq. D .2-1 e quando o somatório
de todas as espécies a for feito para a segunda e a terceira dessas grandezas, obteremos as equações de balanço para a
massa de a, o momento e a energia, conforme segue:
Ít (~pv2 + p[n = -(í/ · (~v2 + plnv) - (í/ · q) - (í/ · [-rr · v]) + ~ ((j,, + p"'v) · g,,) (D.2-4)
Na última dessas equações, a energia interna por unidade de volume é definida como
Nessas expressões, os fluxos envolvem integrais dos produtos de massa, de momento e de energia com a "velocidade
difusional"(r,, - v) da espécie a. Note a similaridade entre a estrutura desses fluxos moleculares (ou "fluxos difusivos")
e aquela dos fluxos convectivos de massa, p"v, de momento pvv e de energia cinética ~v2v, que aparecem nas equações
de balanço, onde v é a velocidade mássica média instantânea local da mistura gasosa. Logo, os fluxos moleculares
representam o movimento difusivo de massa, de momento e de energia além daqueles descritos pelos fluxos convectivos.
Note também que a teoria molecular gera automaticamente o termo de trabalho molecular -(V· ['TI' · v]) na equação de
energia.
Por outro lado, quando há gradientes de concentração, de velocidade e de temperatura, a função distribuição é dada
como a distribuição de Maxwell-Boltzmann multiplicada por um "fatOt" de correção":
f,,(i:,,, r, t)
111
= n,, ( 21l";T
)3/2 exp[-m,,(r - v) 2/2KT] (1 + <Pa<i:a., r, t) + · · ·) (D.4-1)
sendo <{J,, < < l. Nessa expressão, nª, v e T são funções da posição r e do tempo t. Uma vez que os desvios do equilíbrio
resultam dos gradientes de temperatura, de velocidade e de concentração, </Ja(i:ª, r, t) pode ser representado, perto do
equilíbrio, como urna função linear dos vários gradientes,
onde o vetor Aª, o tensor Bª e os vetores Cª/3' todos funções dei:.,, r e t, são dados corno as soluções das equações íntegro-
diferenciais.1 As grandezas dª são "forças-motrizes difusionais generalizadas", que incluem os gradientes de concentração,
os gradientes de pressão e as diferenças de força externa, definidas como
sendo x 12 , wª e Pa a fração molar, a fração mássica e a pressão parcial, respectivamente. A Eq. D.4-3, válida somente para
uma mistura de gases monoatômicos a baixas densidades, é generalizada para outros fluidos na discussão da termodinâmica
de processos irreversíveis na Seção 24. l.
5 YmKT (D.6-1, 2, 3)
µ.=16~;
7r<TUµ,
As "integrais de colisão" adimensionais, fll' = DK = 1, lfl0 , contêm toda a informação acerca das forças intennoleculares
e da dinâmica de colisão binária. Elas são dadas na Tabela E.2 como uma função de KT/e. Se fizermos as integrais de
colisão iguais à unidade, obteremos então as propriedades de transporte para um gás composto de esferas rigidas.
Dessa fornia, as propriedades de transporte, necessárias nas equações de balanço, foram obtidas a partir da teoria cinética
em termos dos dois parâmetros u e e da função da energia potencial intennolecular. Dessas expressões, obtemos
Pr = êpµ./k = ~Cêp/êv) =~~)=~e Se= µ./pCZ'!J = ~(ü0J/flµ,) =t
sendo esses valores muito bons para gases
monoatômicos puros.
3 C. F. Curtiss,J. Chem.Phys., 24, 225-241 (1956); C. Muckenfuss eC. F. Curtiss,J. Chem. Phys., 29, 1257-1277 (1958); L. A. Viehlande C. F. Curtiss,J. Chem. Plrys.,
60, 492-520 (1974); D. Russell e C. F. Curtiss,J. Chem. Phys., 60, 514-520 (1974).
4
J. H. Irving e J. G. Kirkwood,J. Chem. Phys., 18, 817-829(1950); R. J. Bearman e J. G. Kirkwood, J. Chem ..Phys., 28, 136-145 (1958).
5 C. F. Curtiss and R. B. Bird, Adv. Palymer Sei., 125, 1-101 (1996); Prac. Nat. Acad. Sei., 93, 7440-7445 (1996); J. C/rem. Phys., 106, 9899-9921(1997),107, 5254-
Propriedades críticasu.h
·326,o
. 327,0 .b
)12;0 b
n'-:(: 6H14 342,0 b.
n~1H16. .352,0 .b . 540,f
n-:CaH1s 361,0 b· 568,7
n-:C9H20 351,0 594;6
Ciclo-hexano 313,0 d . 553,0
Benzeno 387;0 b 562,6
Outros compostos orgânicos:
cA'.~ 16,04 3,780' 154;ó 191,l 45,8 98,7
CHp 50,49 4,151 355,0 '416,3 65,9. 143,0
CH2Cl2 84,93 4,748 398,0 510,0 60,0
CfICl3 119,38 5,389 340,0 e. 536.~ .54;0 240,0
CC1 4 153;82 5,947 323,0 556,4 45,0 276,0.
C2N2 52,04 4,361 349,0 400,0 59,0.
cos 60,07 4;130 336,0 378,0 61,0
CS2 76,14 4,483 467,o . 552,0·.. 78,0 170,0 404,0
C::02F2 120,92 5,1J.6 280,0 384,7 39,6 218,0
"l O, Hir;thfelder, C. F. CurtÍ;s e R. B. Bird, Mole~ular Theory of Gases ~nd Liqcâ~, impressão corrÍ~da com notas adicionais, Wiley: NovaYork (1964). .... , . . . ,
b L. S. Tee, S. Gotoh e W: E. Stewart, lnd. Eng. C/cem. Funda/mentais, 5, 356-363 (1966). Os valores para benzeno são provenientes dos dados de viscosidade para essa substânci~JJ§~;~
~·\~~i?:~
valores para outras substâncias são calculados a partir da Correlação (iii) do artigo. · i · A,~f~
e L. Monchick eE. A. Mason, J; Cliem.Phys., 35, 1676-:1697 (1961); parâmetros obtidos a partir da viscosidade. ~.º; ~:;~;
dL. W. Rynn e G. Thodos; AIChE Joumal, 8, 362-365 (1962); parâmetros obtidos a partir da..viscosidade. .. ....,
'.:R· A. Svehla,NASA Tech. ReportR_:l32 (1962); obtidos a partir da viscosidade. Esse relatório fornece extensas tabelas dos parâmetros deLennard-Jones, capacidadés calorífkas ~prop4~~·~
de transporte calculadas. · ·.·.. . . . .·. . . .· .. · . . · . .. •.,. •. . . , , <, > ; :"~~.::i:~
f Os valor.es das constantes críticas para as substâncias puras são selecionados de K. A. Kobe e R. E. Lynn, Jr.; Citem. Rev., 52, 117-236 (1962); Amer. Petroleumlnst, ResearchProj.:#.Si•)
Thermodynarnics Research Center, Texas A&M University, College Station, Texas (1966Ji e Tlzemcàdynamics Fu11ctions o/Gases, F. Din (editor), Vais. 1-3, Butterworths, Londoii éi95.1Ç;;j
1961, Í962). . . . . . . ,. ·.J;;;)
•Os vâlores da viscosidade crítica são provenientes de O. Hougeri. é K. !VLWatsi:in, Clcemica/ Prôi:ess Principies, VóL 3, Wiley, Nova York (1947); p. 873.
::: (:;~·~-~::if2;
•Os valores da condutividade térmica crítica são provenientes de E. J. Owens e G. Thodos, AIChE Jounial, 3, 454:'461 (1957). .· . .• ..· ·. . . •. < ·: .;~;~~
1
Para ar, o peso molecular Me as propriedades pseudocríticas foram calculadas a partir da composição média do ar seco, conforme dado em lntemational. Critiéal Tab/es; Vol) (19Yí)faj
p.393. . •·' :j
KT/i
ou . OU·•.
: KT/_sAB KT/i~B···
..
0,30. 2,840 ·_2,649 2,7 1;0691 0,9782
0,35 2,676 2,468 2,8: 1,0583 0,9682
0,40 2,531 2,314 2,9 1,0482 o,9588
0,45 2,401 2,182 3,0. 1,0388 0,9500
0,50. 2,284 . 2,066 3,1 1,0300 0,9418
0,55 2,178 1,965 3,2 1,0217 0,9340
0,60 2,084 1,877 3,3 1,0139 0,9267
0,65 1,999 . 1,799 3,4 1,0066 Ó,9197
0,70 1,922 1;129. 3;5 0,9996 0,9131
0,75 1,853 1,667 3,6 0,9931 0,9068
0,80 1,790 1,612 . 3,7 0,9868 0,9008 .
0,85 1,734 1,562 3,8 0,9809 0,8952
0,90. 1,682 1,517 . 3,9 Ó,9753 0,8897
o,95 1;636 1,477 4,0 - 0,9699 0,8845
1,00 1,593 1,440 ü ·a,9647 0,8796
1,05 1,554 1,40~ 4,2: . 0;9598. 0,8748
1,10 1,518 1,375 {3 . 0,9551·· 0,8703
1,15 1,485 1,347 4,4 0,9506 0,8659
1,20 1,455. 1,320 4;5 0,9462 0,8617
1,25 . 1,427 1,296 4,6: .. 0,9420 0,8576
1,30 1,401 .l,274 ~ 4,7 . 0,9380 0,8537
1,35 1,377 1,253 4,8 0,9341 0,8499
1,40 1,355 1;234 4,9 0,9304. 0,8463
1;45 . 1,334 1,216 5,o· 0,9268 0,8428.
1,50 1,315 1;199 6,0 0,8962 0,8129
1,55 1,297 1,183 7,0 1 0,8727 0,7898
1,60 1,280 1,168 8,0 0,8538 0,7711
1,65 . 1,264 1,154 9,0 0,8380 0,7555
l,70 1;249 1,141 . 10,0 0,8244 0,7422
1,75 1,235 1,128 12,0 0,8018 0,7202
1,80 i,222 1,117 14,0 0,7836 . 0,7Q25
1,85 1;209 1,105 16,0 0,7683 0,68'(8
1~90 1,198 1,095 18,0 0;755z 0,6751
1,95 1,186 1,085 20,0 0,7436 0,6640
2,00 1,176 1,075 25,0 0,7198 0,6414
2,10 1,156 . 1,058 30,0 0,7010 0,6235
ijo 1,138 1,042 35,0'. 0,6854 0,6088
2,30. ú22 1,027 .. 40,0' 0,6723 0,5964
2,40 1,107 1,013 50,0 0,6510 0,5763
2,50 1;0933 '1;0006 75,0 0,6140. 0,5415
2,60 1,0807 0,9890 100,0 0,5887 0,5180
·~·Os valores dessa tabela, aplicáveis para o potencial (6-12) de Lertnai:d-Jones, são futerpolados a partir dos resUJtados de L. Monchick
e E. A. Ma.sori, J. Chem. Phys., 35, 1676-1697 (1961): Acredita-se que a tabel~ de Monchick-Màson seja um pouco melhor do que
a tabela.anterior de J. O. Hirschfelder, R. B. Bird e E. L. Spotz, J. Chem. Phys., 16, 968-981 (1992).
b Essatabelafoi .estendida para temperaturas menores por C. F. Curtiss, J. Chem. Phys.. 97, 7679-7686(1992). Curtiss mostrou que
a baixastemperaturas, a equação de Boltzmann necessita ser modificada de modo a considerar "pares orbitantes''. de moléculas.
Fazendo somente essa modificação, é possível conseguir uma transição suave do comportamento quântico para o clássico. Os
desvios são apreciáveis abaixo de temperaturas adirnensionais de 0,30. . .·
e As integrais de colisão foram ajustadas através de uma curva por P.D. Neufeld, A. R. Jansen e R. A. Aziz, J. Chem. Phys., 57,
1100:-01102 (1972). ccmfornié segue:
.(E.2-1)
(E.2-2)
f .2 CONSTANTES F[SICAS
As entradas nas linhas e colunas sombreadas são aquelas necessárias para converter de e para unidades do SI.
Além das tabelas, damos aqui alguns dos fatores de conversão comumente usados:
TABELA F.3-3 Fatores de Conversão para Grandezas Tendo Dimensões de FL ou ML 2/t2 (energia, trabalho, torque)
Dada uma
grandeza nessas
unidades ergs libras pés
t (g · cm2 /s 2 ) lb,,, ft 2 /s 2 ft · lbr cal Btu hp-h kWh
libras pés = lb 111 ft 2 / s2 ·:4:2140 10~ 2/ 4,2140 x 105 3,1081 X 10- 2 1,0072 X 10- 2 3,9942 X 10-5 1,5698 X 10-s 1,1706 X 10-s
ft · lb1 'J.,3558.':. 1,3558 X 107 32,1740 1 3,2405 X 10-1 1,2851 X 10- 3 5,0505 X 10- 7 3,7662 X 10- 7
calorias termodinâmicasº 4,184.-0 . 4,1840 X 107 9,9287 X 101 3,0860 1 3,9657 X 10-3 1,5586 X 10- 6 1,1622 X 10- 6
unidades térmicas inglesas i.@o ~ io 3 1.0550 x 1010 2,5036 X 10 4 778,16 2,5216 X 102 1 3,9301 X 10-•f 2,9307 X 10- 4
Horsepower-hora 2,684§' X 106 , : 2,6845 X 1013 6,3705 X 107 1,9800 X 106 6,4162 X 105 2,5445 X 10 3 1 7,4570 X 10-1
Quilowatts-hora 3,600P, ><W . 3,6000 X 1013 8,5429 X 107 2,6552 X 106 8,6042 X 105 3,4122 X 103 1,3410 1
'Essa unidade, abreviada por "cal", é usada em algumas tabelas de termodinâmica química. Para converter grandezas expressas em calorias da International Steam Tables (abreviadas na língua inglesa como"!. T. cal")
para essa unidade, multiplique por 1,000654.
TABELA F. 3 .4 F~tores de Conversão para Grandezas Tendo Dimensõesª de M!Lt ou Ft!L2 (viscosidade, densidade vezes difusividade)
•Quando moles aparecem nas unidades dadas e desejadas, o fator de conversão é o mesmo que para as unidades mássicas correspondentes.
TABELA F. 3-5 Fatores de Conversão para Grandezas Tendo Dimensões de ML!t3T ou FltT (condutividade térmica)
Dada uma Multiplique pelo
grandeza nessas valor na tabela para g· cm/s3 • K
unidades converter para ou g
t essas unidades ---? erg/s ·cm· K lb 111 ft/s 3 F lbrf s · F cal/s ·cm· K Btu/h· ft · F
lb 111 ft/s 3 F
lb1/s · F ·sóo68
2.4886
8,0068
X 104
X 105
1
3,2174 X 101
3,1081 X 10- 2
1
5,9479 X 10- 4
1,9137 X 10- 2
1,4379 X 10- 1
4,6263 ~
4,üi40><',fo2 4,1840 X 107 1,6813 X 103 5,2256 X 101 2,4175 X 102
rn
cal/s ·cm· K ,, 1
fil
Btu/h·ft · F 1;7307 1,7307 X 10 5 6,9546 2,1616 X 10- 1 4,1365 X 10- 3
1
o>•
~
TABELA F. 3-6 Fatores de Conversão para Grandezas Tendo Dimensões de L2/t (difusividade de ~
O\
momento, difusividade térmica, difusividade molecular)
Dada um~ Multiplique pelo
grandeza nessas valor na tabela para ~
tn•
unidades
!
converter para
essas unidades ___, ' rn?/s cm2 /s ft 2 /h centistokes
~
>rj
2
in /s 'W, 3,8750x.10·1 lOÓ
cm2/s 10'...;í 1 3,8750 162
ft 2 /h 2,5807 x10·:..s 2,5807 X 10-1 2,5807 X 101
centistokes 10-6 ' 10-2 3,8750..x 10- 2 1
TABELA F .3-7 Fatores de Conversão para Grandezas Tendo Dimensões de M!t3T ou F/LtT (coeficientes de transferência de calor)
Dada uma Multiplique pelo
grandeza nessas valor na tabela para W/m2 K
unidades converter para (J/m2 s: K) Btu/
! essas unidades ___, kg/s3 K W/cm2 K lb,,,/s3 F lb/ft · s · F cal/cm2 s · K ft 2 h· F
W/m2 K = kgfs3 ~( · 1 103 1,2248 3,8068 X 10-2 2,390:i' xio-s l~,76nx 10- 1
W/cm2 K 104 107 1,2248 X 10'1 3,8068 X 10 2 2,3901 X 10- 1 1,7611 X 103
g/s3 K 10-3 10-7 1 1,2248 X 10- 3 3,8068 X 10-5 2,3901 X 10-s 1,7611 X 10-•l
lb 111 /s 3 F 8;1647 x10-: 1 8,1M7 X 10- 5 8,1647 X 102 1 3,1081 X 10- 2 1,9514 X 10-s 1,4379 >< 10-1
lb/ft · s · F . 2,6269 X 101 2,6269 X 10-3 2,6269 X 10'1 32,1740 1 6,2784 X 10- 4 4,6263
cal/cm2 s · K x
4;t84.o 16'.1 4,1840 4,1840 X 107 5,1245 X 10 4 1,5928 X 103 1 7,3686 X 103
Btu/ft2 h · F 5,6782 5,6782 X 10- 4 5,6782 X 10 3 6,9546 2,1616 X 10-1 1,3571 X 10-·l 1
TABELA F .3-8 Fatores de Conversão para Grandezas Tendo Dimensõesª de MIL 2t ou Ft-/L3 (coeficientes de transferência de
massa kx ou kw)
Dada uma Multiplique pelo
grandeza nessas valor na tabela para
unidades
!
g/cm2 s 1
lb 111 /ft2 S 4,8824 X 10- 1 1
lb,,,/ft2 h 1,3562 X 10- 4 2,7778 X 10- 4 1
i
lbrs/ft3 1,5709 X 101 32,1740 1,1583 x 105
l
• Quando moles aparecem nas unidades dadas e desejadas, o fator de conversão é o mesmo que para as unidades mássicas correspondentes.
Números entre parênteses se referem a equações, seções ou tabelas em que os símbolos são definidos ou usados pela pri-
meira vez. As dimensões são dadas em termos de massa (M), de comprimento (L), de tempo (t), de temperatura (1) e
adimensionais (-).Símbolos em negrito são vetores ou tensores (ver Apêndice A). Símbolos que não aparecem com fre-
qüência não são listados.
A = área, L2
a = absortividade (16.2-1), -
a = área interfacial por unidade de volume de leito com recheio (6.4-4), L- 1
ª"' = atividade da espécie a (24.1-8), -
CP = capacidade calorífica a pressão constante (9.1-7), ML2/t2T
Cv = capacidade calorífica a volume constante (9.3-6), ML2/t 2T
e = velocidade da luz (16.1-1), Llt
e = concentração molar total (Seção 17.7), moles/V
e., = concentração molar da espécie a (Seção 17.7), moles/V
D = diâmetro do cilindro ou esfera, L
DP = diâmetro da partícula no leito com recheio, (6.4-6), L
2
0JA 8 = difusividade binária para o sistema A-E (17.1-2), L /t
CZJ,"13 = difusividade binária para o par a-(3 em um sistema multicomponente (17 .9-1), L2/t
f)a/3 = difusividade multicomponente de Maxwell-Stefan (24.2-4), L2/t
[])"13 = difusividade multicomponente de Fick (24.2-3), L2/t
D~ = coeficiente multicomponente de difusão térmica (24.2-3), M/Lt
d = diâmetro molecular (1.4-3), L
d" = força-motriz difusional para a espécie a (24.1-8), L- 1
Etot = U, 0 , + K, 0 , + <I>,0 , =energia total em um sistema macroscópico (15.1-2), i'vJL2/t2
kx = coeficientes de transferência de massa para uma única fase (22.1-7, 22.3-4, Tabela 22.2-1), mol/
tU
/Ç, /(,~ = coeficientes de transferência de massa para pequenas taxas de transferência de massa e para
pequena concentração da espécie (22.1-9, 22.4-2), molesltU
k~ = coeficiente de transferência de massa para altas taxas de transferência líquida de massa
(22.8-2a), moles/tL2
kr = razão de difusão térmica (24.2-10), -
k,. = condutividade elétrica (9.5-1), ohm- 1cm- 1
k;; = coeficiente de taxa de reação quínúca heterogênea (18.0-3), moles 1- 11/L2- 3"t
k~' = coeficiente de taxa de reação química homogênea (18.0-2), moles 1-"/L3- 3"t
L = comprimento de filme, de tubo ou de fenda (2.2-22), L
Ltot = momento angular total dentro de um sistema macroscópico (7.3-1), MU!t
1 = comprimento de mistura (5.4-4), L
10 = comprimento característico na análise dimensional (3.7-3), L
M = peso molecular molar médio (Tabela 17.7-1), M/mol
Mª = peso molecular da espécie a (Tabela 17.7-1), M/mol
Mrr,tot = número total de moles da espécie a em um sistema macroscópico (Tabela 23.1-3), mol
m = massa de uma molécula (1.4-1 ), M
m, n = parâmetros no modelo da lei de potência para a viscosidade (8.3-3), M!Lt2-n
m<>,tot = massa total da espécie a em um sistema macroscópico (23.1-1), M
N = taxa de rotação do eixo (3.7-28), t- 1
N = número de espécies em uma mistura multicomponente (17.7-1), -
N = número de Avogadro (gmol)- 1
N" = vetor do fluxo molar combinado para a espécie a (17.8-2), moles/Ut
n = vetor normal unitário (A.5-1), -
n" = vetor combinado de fluxo de massa para a espécie a (17 .8-1 ), M!L2t
11 = concentração molecular ou densidade numérica (1.4-2), L- 3
Ptot = mom~nto total em um sistema macroscópico em escoamento (7.2-1), ML!t
9P = p + pgh =pressão modificada (para p e g constantes) (2.3-10), M!Lt2
Çif' 0 = pressão característica usada na análise dimensional (3.7-4), M/Lt2
p = pressão do fluido, M/Lt2
Q = taxa de calor através de uma superfície (9.1-1, 15.1-1), ML2/t3
Qi2 = escoamento de energia radiante da superfície 1 para a superfície 2 (16.4-5), ML2/t3
Q12 = troca líquida de energia radiante entre a superfície 1easuperfície2 (16.4-8), ML2!t3
q = vetor fluxo térmico (9.1-4), Mlt 3
q11 = fluxo térmico interfacial (10.8-14), M!t3
R = constante dos gases (em p V= RI), ML2/t2T mol
R = raio de um cilindro ou uma esfera, L
R., = taxa molar de produção da espécie a por uma reação química homogênea (18.0-2), moles/tL3
R1i = raio hidráulico médio (6.2-16), L
m = parte real (de uma grandeza complexa) (4.1-43)
r = vetor posição (3 .4-1 ), L
r = ~ = coordenada radial em coordenadas cilíndricas, L
v':1.2 + il + z2 = coordenada radial em coordenadas esféricas, L
r,, taxa mássica de produção da espécie a por uma reação química homogênea (19.1-5), M!tV
51, 52 = área da seção transversal nos planos 1 e 2 (7.1-1 ), L2
5 = entropia (llD.1-1, 24.1-1), MLWT
T= temperatura absoluta, T
Ts~r = torque exercido por uma fronteira sólida no fluido (7 .3-1 ), ML2ft 2
2
Text = torque externo atuando no sistema (7.3-1), ML2/t
T1 - To= diferença característica de temperatura usada em análise dimensional (11.5-5), T
t = tempo, t
U= energia interna (9.7-1), MUIt2
U= coeficiente global de transferência de calor (10.6-15), M/t3T
NOTAÇÃO 829
rô p = densidade, MIL3
830 NOTAÇÃO
p., = massa da espécie a por unidade de volume de mistura (Tabela 17.7-1), M/L3
sigma cr = constante de Stefan-Boltzmann, Mlt3Tl
u = tensão superficial (3.7-12), M!t2
u, u 118 = diâmetro de colisão (1.4-10, 17.3-11), L
2
tau T = tensor fluxo de momento (viscoso), tensor tensão (viscosa) (l.2-2), M!Lt
To = magnitude da tensão cisalhante em interface sólido-fluido (5.3-1), M/Lt2
fi <P = energia potencial (3.3-2), ML2/t2 ·
<P 0 = função dissipação viscosa (3.3-3), r 2
<!> = 11 + pvv =tensor fluxo de momento combinado (l.7-1), M!Lt 2
ef; = arctg y!x = ângulo em coordenadas esféricas (A.6-24), -
ef; = potencial eletrostático (24.4-5), volts
cp = energia potencial intermolecular (l.4-10), ML2/t2
psi 'V1, '1' 2 = primeiro e segundo coeficiente da tensão normal (8.2-2, 3), MIL
'1',. = função de dissipação viscosa (3.3-3), t- 2
1fi = função de corrente (Tabela 4.2-1), as dimensões dependem do sistema de coordenadas
ômega nµt nk,i}y, = integrais de colisão (l.4-14, 9.3-13, 17.3-11), -
wª = fraçãornássicadaespécie a.(17.1-2, Tabela 17.7-l),-
w111 - w110 = diferença característica de fração mássica usada em análise dimensional (19.5-7), -
Overlines
t = por mol
2f = por unidade de massa
~ = molar parcial (19.3-3, 24.1-2)
X = média temporal (5.1-4)
X = adimensionál (3.7-3)
Parênteses, Colchetes, Chaves
(X) = valor médio sobre urna secão transversal de escoamento
(X), [X], (XI = usados em operações vetoriais-tensoriais quando os parênteses, colchetes ou chaves incluem
operaçõ.es com ponto ou com xis (Apêndice A)
[ TI = grupamentos adirnensionais
r= l = tem as dimensões de
Sobrescritos
xt = transposto de um tensor
x<t) = turbulento (5.2-8)
x<vl = viscoso (5.2-9)
X' = grandeza de flutuação (5.2-1)
Subscritos
A, B = espécies A e B em sistemas binários
a, [3, ... = espécies em sistemas multicomponentes
a = média aritmética da força-motriz ou coeficiente associado de transferência (14.1-3)
b = valor macroscópico ou de mistura (cup mixing) para uma corrente confinada (10.8-33, 14.1-2)
e = avaliado no ponto crítico (1.3-1)
ln = média logarítmica da força-motriz ou coeficiente associado de transferência (14.1-4)
loc = força-motriz local ou coeficiente associado de transferência (14.1-5)
m = coeficiente médio de transferência para um objeto submerso (14.1-6)
r = reduzido, relativo ao valor critico (Seção 1.3)
tot = quantidade total de uma entidade em um sistema macroscópico
O = avaliado em uma superfície
1, 2 = avaliado nas seções transversais 1 e 2 (7.1-1)
Grupos adimensionais designados com duas letras
Br = número de Brinkman (10.4-9, Tabela 11.5-2)
Ec = número de Eckert (Tabela 11.5-2)
Fr = número de Froude (3.7-11)
Gr = número de Grashof (10.9-18, Tabela 11.5-2)
Gr,., Gr.. = número difusíonal de Grashof (19.5-13, Tabela 22.2-1)
NOTAÇAO 831
expressões analíticas para, 643 em balanços em cascas, 519 mássica. Veja Difusão
global, 655 em colisões moleculares, 4 multicomponente, 512, 540, 560, 681, 730
média na área de, 659 em sistemas macroscópicos, 193, 691 ordinária. Veja Difusão
para gotas e bolhas, 653 no contínuo, 72, 556 osmótica, 512
para leitos com recheio, 651 de momento pressão, 679, 760
volumétricos, 661 angular por pressão, 494, 562
locais, 404, 641 em colisões moleculares, 5 primeira lei de Fick da, 490
Coletor de poeira, 65 em sistema macroscópico, 197, 701 profunda, 580
Colisão no continuum, 77 reversa, 512
binária,4 relação para isotropia de espaço, 559 sais em solução aquosa, 741
de moléculas, 4 em balanços em cascas, 40 segunda lei de Fick da, 557
com a parede, 23, 37 em colisões moleculares, 4 sob pressão, 734
integrais, 25, 266, 502, 821 em um sistema macroscópico, 195, 701 Taylor, 611
seção transversal, 24 no contínuo, 74, 326 témúca, 494, 562
Coluna relação com homogeneidade de espaço, 559 coluna de Clusius-Dickel para, 306, 733
de Clusius-Dickel, 18, 733 Constante fator, 732
de parede molhada, 640 de Euler, 38 l razão, 732
Combinação de variáveis, 113, 135, 137, 165, 373, de Faraday, 822 transiente entre fases, 622
380, 585, 588, 592, 598, 603, 604 de Planck, 470, 822 Difusividade
Comprimento de Stefan-Boltzmann, 273, 468-470, 822 binária, 490-491, 495, 826
de Debye, 744 solar,476 dependente da concentração, 578
de entrada, 50, 138, 141 penetração de calor, 384 efetiva, 537
de mistura, 159, 391, 627 Contradifusão eqüimolar, 557 condutividade témúca, 353
equação modificada de van Driest para, Contribuição crítica, 264 estados correspondentes e, 496
159, 629 Controlador de temperatura, 446 generalizações de multicomponentes, 730, 816
de onda de radiação, 465 Convecção iônica, 759
Concentração, notação para, 507-508 mista, 300, 422, 664 matriz, 682
Condensação, 565 natural, 299, 312, 313 Maxwell-Stefan, 730, 816
Condicões de contorno aproximação de Boussinesq, 324, 56 l medida, 523, 542, 544, 548, 616, 622, 687
d; aderência, 41 coeficientes de transferência de calor, 420 tensor,484
em interfaces, l IO, 354 placa vertical, 332, 421 teoria cinética
para problemas plano horizontal, 342 dos gases para, 500
de difusão, 518, 665 transferência de calor e de massa por dos líquidos para, 503
de escoamento, 40, 110 convecção forçada, 663 témúca, 259, 491
de transferência de calor, 282 Convenção de somatório de Einstein, 798 medida de, 377-378
Condução de calor Conversor de dióxido de enxofre, 704 turbulenta (turbilhonar), 627, 635
através de paredes compostas, 293-294 ,Convolução, 398, 726 condutividade térmica, 391
com condutividade témúca dependente da Coordenadas curvilíneas, 19, 783, 786, 796 viscosidade, 158, 163
temperatura, 313, 353 Corpo negro, 466, 484 valores experimentais, 492-494
com convecção forçada, 299 Correção de Eucken, 267, 571 Disco
com mudança de fase, 350, 382 Correlações dos estados correspondentes, 20, 263, 496 girando, fator de atrito para, 188
em um arranjo de bastões de combustível Cunha, escoamento sobre, 129, 136 paralelo
nuclear, 286 escoamento radial entre, 105
em um espaço anular, 310 D viscosímetro, 102
em um fio elétrico, 282 de compressão, 108
em um fluido com aquecimento viscoso, 288 rotatório, 581
Decomposição de Reynolds (turbulência), 153, 388, 623
em um reator químico, 290 difusão de, 581
Deformação de uma linha de fluido, 110
em um tarugo de combustível nuclear, 309 número de Sherwood para, 645
em uma aleta de resfriamento, 296 Delta de Kronecker, 17, 769
Derivada(s) para ultrafiltração, 679
em uma fusão de polímero, 310 Dispersão axial (Taylor-Aris), 611, 618
acompanhando o movimento, 78
equação, 324, 356 Dissipação viscosa
co-rotacional (Jaumann), 242
soluções de produto, 381 aquecimento, 288, 309, 321, 347, 356, 389
transiente (em sólidos), 357 hidrodinâmica, 78
interação, 507 na equação da energia mecânica, 77
Condutividade na fusão de polímeros, 311
material, 78
de calor. Veja Condutividade témúca para escoamento ao redor de uma esfera, 123
térmica, 269 substantiva, 78
temporais, 78, 242 Distribuição
correção de Eucken, 267, 570 de concentrações
dados experimentais, 260-261 Descarga de um tanque, 194, 211, 222
Deslocamento de fase, 120, 241 ao longo de uma placa plana, 595
de compósitos, 271, 353 ao redor de um cilindro longo, 572
de gases densos, 279 Desumidificação, 574
Diagrama de McCabe-Thiele, 711-712 efeito da taxa de transferência de massa
de sólidos, 270 sobre, 543
definição, 258, 730 Diálise, 639
Diâmetro de partícula, 184 em difusão com reação, 525
dependência em torno de objetos arbitrários, 602
com a pressão, 263 Dieletroforese, 746
Diferenciação de vetores e tensores, 778, 787-790 em um catalisador poroso, 536
com a temperatura, 263
Difusão, Veja também Autodifusão em um escoamento lento em torno de uma
equação de Bridgman, 270
a partir bolha, 605
para gases
monoatômicos, 266, 816 de gotícula suspensa, 545 em um escoamento turbulento, 627. 630
poliatômicos, 266, 570 de um disco rotatório, 58 l em um reator tubular, 567
para materiais anisotrópicos, 259, 273 de uma bolha, 593 em um sistema condensando, 564
teoria cinética dos gases, 265, 816 de uma fonte pontual instantânea, 618 em uma difusão gasosa com três componen-
turbulenta, 391 de uma fonte pontual na corrente, 552 tes, 540, 569
unidades, 260, 825 barreira de, 512 em uma oxidação de monóxido de carbono,
Congelamento de gota (gotícula), 350 com reação química, 525, 544, 547, 550, 554, 558, 568-569
Conservação 567, 569, 588-589, 595, 621, 627, 630, 662 evaporação em regime permanente, 519
de energia de concentração. Veja Difusão para dissolução de parede em um filme,
em balanços de energia em cascas, 281 equação, 557, 579, 808 535, 604
em colisões moleculares, 5 forçada, 494, 562, 737 para um filme descendente, 531
em sistema macroscópico, 434, 440, 441, 701 forças motrizes para, 729, 735, 816 de Maxwell-Boltzmann, 36, 815
no contínuo, 322, 559, 561 lei de temperaturas
relação com a homogeneidade de tempo, 559 de Graham da, 756-757 aleta de resfriamento, 296. 318
de massa generalizada de Fick, 730 anemômetro de fio quente, 314
834 ÍNDICE
irrotacional, 124 de eficiência em catalisador, 539, 549, 554 molecular (ou difusivo), 490, 511, 730, 815
laminar, 40 de escala, 92, 374 turbulento, 626
coeficientes de transferência de massa para, 642 de forma (em radiação), 474 molar, 490, 510-51 l
com condução de calor, 364 de perda por atrito, 201 massa, 490
conttaStado com escoamento turbulento, 150 de separação, 694-695 molecular(es), 13, 22, 258, 265, 355, 500, 509,
fatores de atrito para, 175 local, 95, 374 728, 815
lento, 55, 80, 121, 339, 375 j de Chilton-Colburn, 407, 419, 643, 648 de energia, 257, 276, 560, 815
em direção a uma fenda, 103 Filme descendente de massa, 560, 815
transferência de massa em tomo de uma com absorção gasosa, 531 de momento, 17, 34, 560, 815
bolha, 605 com dissolução de uma parede, 535 para liquidas, 28, 269, 503
molecular livre, 50, 754 com reação química, 554 para polímeros, 246, 506
potencial do externo de um tubo circular, 61 trabalho, 815
de calor, 367 em um cone, 67 térmico turbulento, 391
de fluidos, 124 em uma parede vertical, 70 turbulentos, 153-154, 388, 626
próximo a parede em ângulo, 128 em uma placa plana inclinada, 41 viscoso de momento, 34
próximo a parede abruptamente posta em instabilidade de Marangoni, 668 Fonte(s)
movimento, 114, 139 não-isotérmica, 329, 347, 378, 384 de calor, 321
próximo a parede oscilante, 119 número de Sherwood para, 642 elétrica, 282, 316
próximo a placa oscilante, 241 Fio nuclear, 286
próximo a um cilindro oscilante, 229 condução de calor em, 348 química, 290, 315, 561
próximo a uma parede oscilante, 146 perda de calor radiante a partir de, 485 viscosa, 288, 317-318, 347, 356
radial para fora, 105 Fluido(s) térmica em linha, 378
secundário compressível Força
em escoamento anular tangencial, 86 expansão livre em batelada de, 450 de arrasto
em tubos não-circulares, 152, 226 potência requerida para bombeamento, 442 na esfera, 58, 123
próximo a um cilindro oscilando, 229 imiscíveis adjacentes na placa plana, 134, 136
próximo a uma esfera girando, 91 escoamento de, 53 no cilindro, 105
sob compressão, 108 transferência de massa entre, 653, 665 de Coriolis, 49
supersônico, 439 incompressível, equação de empuxo, 57, 305, 324, 562
turbulento, 40, 150, 160, 164, 169-170 da continuidade para, 73 de Lorentz, 745, 759
Esfera da energia para, 324 em um cilindro, 189
aquecimento ou resfriamento transientes, 351, de estado para, 80 em uma esfera, 58, 123, 180
360, 362 do movimento para, 80 em uma placa plana, 136, 152
caindo em um cilindro, 189 invíscidos externa, 75, 737
coeficientes de transferência de calor, 404, 417 equação de Bernoulli para, 80, 106, 463 intermolecular, 24
concêntricas, 100-101 escoamento de, 123 sobre um turbo curvo, 20ó
escoamento ligeiramente compressível, 80 Formação de névoa, 574
ao redor de uma esfera estacionária, 55, não-newtonianos, 12, 29, 234, 237 Formas d dos balanços macroscópicos, 439-440, 708
122, 140 transferência de calor em, 381, 409-410 Fórmula
próximo a uma esfera girando, 89 newtonianos, 12, 18 de Aris da dispersão axial, 613
fator de atrito para, 179 polimérico deBlasius
girando, escoamento próximo a, 89 aquecimento viscoso em, 290 para escoamento laminar ao longo de uma
número de Sherwood para, 644 coeficientes de tensão normal, 245 placa plana, 134-135
resfriamento por imersão em líquido, 362 condutividade térmica anisotrópica, 259 para fator de atrito em esco:imento turbulento
transferência de calor de, 375 escoamento elongacional de, 245, 249 em tubos, 176
Espectro da radiação eletromagnética, 465 modelo FENE-P de haltere para, 247 de Dulong e Petit, 269
Espessura de penetração, 116, 358, 384 modelos viscoelásticos lineares, 238 de Haaland do fator de atrito, 176
Estado permanente números de Nusselt para, 409-410 de Hagen-Poiseuille, 175
oscilacão, l 47 teorias de Leibniz, 783, 811
periódico, !l9 de rede para, 246 para dedução das equações de balanço, 111,
Esteira de vórtices de von Kármán, 94 moleculares para, 246 356, 580
Estiramento biaxial, 232-233 viscosidade, 234, 243, 245, 248 para deduzir o balanço de energia
Esvaziamento de um tanque, 106 Flutuações mecânica, 215
Evaporação em escoamento turbulento, 153, 388, 397, 625 Freqüência de colisão
de gota (gotícula), 648, 686, 676 na concentração, 625 molecular, 265
de uma superfície plana, 675, 687 Fluxo(s) na parede, 23, 36
em regime combinado(s), 34, 275, 511 Função(ões)
permanente, 519, 551, 553 de energia, 275, 559-560, 562 beta, 381
transiente, 522, 584, 677 de massa, 510-511, 559-560 características e valores característicos (auto-
perda de um tanque, 313 de momento, 34, 75, 559-560 funções e autovalores), 118, 359, 366, 385,
três componentes, 540 mássico, 501 409-410
Exclusão de Donnan, 752, 759 molar, 510-5 ll de corrente, 120, 124
Expansões assintóticas concordantes, 123 convectivo(s), 33, 273, 510 em escoamento turbulento, 165, 168
de energia, 273, 560 equações satisfeitas por, l2l, 148
de massa, 507, 51l,560 para escoamento tridimensional, 121, 148
F de momento, 33-34, 560 decaimento em turbulência, 63 l
mássico, 501, 510 dissipação, 77, 806
Fator de calor turbulento, 388 erro, l 15, 358, 813
de atrito de energia complementar, 115, 813
de Barenblatt para tubos, 176 combinados, 275, 322 gama, 811
definição, 172 convectivo, 257, 273, 28 l hiperbólicas, 812
para bolhas de gás em um líquido, l 9 l molecular, 257, 282, 730 materiais (para pulimeros), 230
para colunas recheadas, 182 radiativo, 257 valor de Dirac, 696, 723
para disco rotativo, 188 trabalho, 275
para escoamento de massa turbulento, 626-627
ao longo de uma placa plana, 188 de momento, 13 G
ao redor de um cilindro, l 89 turbulento, 154
em tomo de esferas, 179 de trabalho, 275 Gás ideal
em tubo, 174 difusivo. Veja Fluxo molecular equação da energia para, 323
para tubos não-circulares, 176-177 mássico escoamento
turbulento, 175 combinado, 510-51 l através de um duto, 455
de conversão, 823 convectivo, 510-511 e mistura através de um bocal, 456
836 ÍNDICE
processo adiabático livre de atrito, 334 de corrente, 121, 124 de ordens zero e um, uso de, 724
resfriamento de, 437 equação de Bernoulli para, 80 Movimento
Grupos adimensionais, resumo de, 340 equipotencial, 125 browniano, 506
Líquido em rotação, forma da superfície de, 88 e aquecimento viscoso oscilante, 383
Livre percurso médio, 23, 265, 500 e viscosidade oscilante, 254
H complexa, 231, 240
Notação vetorial-tensorial, 766, 798
Hemodiálise, 697 M
Hipótese de regime quase-permanente, 70, 106, 190
Macromistura, 632 N
Magnetoforese, 746
Manômetro oscilante, 213 Número
Média de Biot, 297
Indicador de velocidade de subida, 69 da diferença de temperatura logaritmica, 403 de Brinkman, 290, 318, 328, 340
Indução acústica de escoamento, 229 temporais deEckert, 340
Insensibilidade de um modelo, 700 equações de balanço, 154, 390, 626 de Fraude, 92, 340
Instabilidade
grandezas (em turbulência), 153, 389, 625 de Graetz, 386, 409-410
em um fluido aquecido, 342 velocidade próxima a uma parede, 155 de Grashof, 306, 340
em um sistema mecânico simples, 170 Medidor aditividade de, 663
Marangoni, 668 de carga, 449 difusão, 572
no escoamento de Couette, 84 de Venturi, 449, 456 deHatta, 662
Interface
Meio poroso (ou coluna) de Lewis, 491
composições de líquido e de gás em, 655 coeficientes de transferência de calor para, 419 de Lorentz, 271
perfis de concentrações próximos a, 655 Lei de Darcy para escoamento em, 145 de Mach, 337, 456
móvel, 606
transporte de massa em, 753 de Nusselt. Veja também Coeficientes de
Membrana perrneável-seletiva, 737 transferência de calor, 304, 309, 394, 399,
J Memória de fluidos viscoelásticos, 227, 240 407, 646
Metais líquidos, 261, 411 de Péclet, 260, 304, 340, 572, 643
Jatos Método(s) de Prandtl turbulento, 391
colidentes sobre uma placa, 196, 200, 208 da resposta senoidal, 114, 361 de Rayleigh, 333, 340, 343, 450
escoamento laminar e turbulento em, 152 de interseções, 563 de Reynolds, 92, 340, 642
perfis turbulentos de Wenzel-Kramers-Brillouin, 385 crítico, 44, 49, 53, 56, 86, 136
de temperaturas em, 395 do balanço em cascas, 39, 281, 517 de Schmidt, 400, 492, 572, 642
de velocidades em, 164, 169 matriciais para transporte de massa, 681 turbulento, 627
resultados experimentais (turbulento), 166 Micromistura, 632 de Sherwood. Veja também Coeficiente de
Misrura(s) transferência de massa, 400, 642
com evaporação constante; 546 de Stanton, 407
L de duas correntes de gás ideal, 438 de Weber, 92
em tanque agitado, 575
Lei(s) multicomponentes
da viscosidade de Newton, 238 condutividade térmica, 267, 730
o
de conservação difusão em, 512, 560, 681, 730
em balanços de momento em case~ 40, 282, equações de balanço para, 560, 815 Onda
5!8 expressões de fluxo, 562, 730 estacionária de choque, 335
em colisões moleculares, 4, 518 fluxo de entropia e produção em, 729 sonoras, propagação de, 352
no contínuo, 72, 74, 77, 321-322, 324, 556 métodos matriciais para, 681 Ondulação de filmes, 44, 668
relação com as propriedades de espaço e viscosidade (gases), 25 Operador
tempo, 559 Mobilidade, 506 divergente, 778-779, 782, 788, 790
sumário, 559 Modelo(s) gradiente, 778, 782, 789
de Darcy, 145 de Bingham para fluidos, 251-252 laplaciano, 780, 789
de distribuição de Planck, 469 d<0esfera rotacional. 779, 782, 788-789
de Fourier da conducão de calor, 257, 562, 802 e molas para polímeros, 246, 506 Orifício, 209, 449
de Gauss, 744 • rígida, 501 Oscilações no manômetro, 213
de Graham da difusão, 756 condutividade térmica para gás, 265 Osmose reversa, 750
de Hooke da elasticidade, 238 difusividade gasosa, 501 Oxidação
de Kirchhoff, 467 viscosidade para gás, 24 catalítica de monóxido de carbono, 568
de Lambert, 472, 482 de esferas-bastões para polímeros, 254 de monóxido de carbono, 568
de Newton de filme dé silício, 578
da viscosidade, 1, 800 de transferência de massa, 521, 669, 677,
generalização de, 17-18 678, 684, 688 p
do arrasto para esferas, 181, 189 estagnado para transferência de massa, 557,
de PoiseuiUe, 49, 51, !75, 236 669, 677, 678, 684, 688 Paradoxo de d' Alembect, 127
de potência, expressão da de Giesek-us para polímeros, 243, 253, 254 Partícula de catalisador
para escoamento de haltere para polímeros, 247 difusão e reação em, 537
de polímeros em tubos, 226 de Jeffreys da viscoelasticidade linear, 239, 252 fatores de efeciência parn, 539
turbulento em tubos, 151, 161 de Oldroyd para polímeros, 243, 254 Película descendente em uma placa plana inclinada, 83
para viscosidade de polímeros, 234, 236, 238 de Ostwald-de Waele para viscosidade, 234 Perda de memória em fluidos viscoelásticos, 240
de resfriamento de Newton, 282, 309 de penetração de transferência de massa, 535, Perfil
de Stefan-Boltzmann, 468 671, 678, 684 de Barenblatt-Chorin de velocidade, 157
de Stokes para escoamento em torno de uma FENE-P do haltere para polímero, 247 de temperaturas logaritmica, 390
esfera, 58, 122, 123, 180 generalizados de Newton, 234, 409-41 O de velocidades
de Torricelli, !06 Módulo de von Kármán-Prandtl, 156
do deslocamento de Wien, 471 armazenagem e perda, 232 logarítmico, 156, 161
Leito (ou coluna) com recheio de elasticidade, 23 8 Permeabilidade, 145
altura do absorvedor, 705, 722 de relaxação, 240-241 Placa(s)
coeficientes de transferência de massa para, 651 tempo, 238 finita
condutividade térmica de, 273 de Thiele, 528-529 aquecimento transienté de, 358
escoam<0nto lento em, 97 Momento(s) com geração de calor, 380
estimativa da área interfacial em, 660 angular interno, 5, 77 oscilante, 119
fator de atrito para, 183 de inércia (tensor), 144, 778 paralelas. Veja Escoamento de Bingham em
operação transiente, 716 de ordem baixa, utilidade dos, 719 espaço entre placas planas e paralelas
Linha de ordem menor, uso de, 726 plana
ÍNDICE 837
analogias aproximadas, 602 espectro eletromagnético, 465 inercial (em turbulência), 156, 390
balanço de momento de voo Kármán, 133 térmica, 465 laminar (em turbulência), 390
coeficiente de transferência de calor, 413 transferência de calor por, 464 tampão (em turbulência), 390
com alta taxa de transferência de massa, 597 transporte em meio absorvente, 480 viscosa (em rurbulência), 156
convecção narural próxima a, 332 Raio distribuição de velocidades em, 157
escoamento rurbulento ao longo de, 152 de curvatura, 11 O Subida de polímeros em bastão, 228, 231
fator de atrito para, 188 hidráulico, 177, 189 Superfície específica, 184
solução (exata) de Blasius, 134 médio, 177, 188, 415 Suposição
transferência Reação(ões) de estado
de calor para escoamento ao longo de, heterogênea. Veja também Difusão com reação quase-estacionário, 195, 321
370, 372-373 química, 517, 525 quase-pennanente, 544, 549
de massa com reação, 595 homogênea. Veja também Difusão com reação de regime
semi-infinita química, 517, 527 quase-estacionário, 216-217, 415, 755
aquecimento transiente de, 357, 378, 382 químicas quase-permanente, 350, 578-579
com condutividade térmica variável, 382 com difusão, 525, 544, 547, 550, 554, 558, 567, Susceptibilidade magnética, 745
com fluxo térmico senoidal na parede, 361 569, 588, 589, 595, 621, 627, 630, 662 Suspensões coloidais, 505
Polarização em escoamentos turbulentos, 627, 630
de concentração, 678 heterogêneas, 517 T
estacionária, 740 homogêneas, 517
Ponto de estagnação, 95, 126, 141 transferência de massa com, 660
Reator Tanque
temperarura, 461
catalítico, 525, 553 agitado, 575
Porosidade, 145 absorção de gás com reação em, 529
Posrulado de Curie, 728 contínuo de tanque agitado, 700
análise dimensional para escoamento em, 95
Potência requerida para bombeamento, 202 escoamento empistonado, 700
partida, 715, 723 aquecimento de líquido em, 444, 458
Potencial correlações de transferência de calor, 430
complexo, 125 químico
gradientes radiais de temperaruras, 314 misrura de fluidos em, 575
de junção, 743, 759
potência cedida a um, 190
de Lennard-Jones(6-12), 25, 266, 502, 816, perfis de temperaturas axiais, 290, 315
tanque agitado continuamente, 700, 723 reação de segunda ordem em, 724
819, 821
de misrura, torque sobre, 197
regras combinadas para moléculas rubular, 567
perfil de tempera!Ura em, 290, 315 descarga
diferentes, 502
Recuo de polímeros, 227 de um ar proveniente de, 461
de velocidade, 125
Redução de arrasto (por polímeros), 230, 250 de um gás proveniente de, 463
eletrostático, 737, 742-743
Refluxo, 710 drenagem de, 107, 194, 211, 221
Prandtl retenção (controle de poluição), 692
equações da camada limite, 132, 372, 594 Regime permanente
Taxa
comprimento de misrura, 159, 39 l, 627 oscilatório, 361
número (!Urbulento), 260, 304, 340, 391, periódico, 147, 241 de cisalhamento, 230
Relações de reciprocidade de Onsager, 728 "afinamento", 232-233
491, 643
Relaxação de tensão, 252 ondas (efeito de elasticidade), 236
fónnula da camada limite, expressão do fator de
tensão, 17, 57
atrito, 176 Reometria, 225, 230
de elongação, 232
Pressão Reptação (movimento reptiliano), 507
Resfriamento do tensor defonnação, 111
baixa, 496
por evaporação, 640 Taylor
gás ideal, 37, 816
por transpiração, 330, 348 dispersão, 611, 618
modificada, 48, 79
reduzida, 21, 263 Resposta elástica de polímeros, 232, 238 séries, 810
vórtices, 87
tennodinâmica, 17
Tempera!Ura
Primeira lei de Fíck da difusão, 491, 51l,803
generalização para multicomponente, 682, 730
s da superfície de serpentina de aquecimento, 344
Problerna(s) de filme, 41!
Seção do sol, 472
de Arnold (evaporação transiente), 584, 617, 677
de Brinkman, 365 de esgotamento de urna coluna, 710 equação de balanço para, 323, 326, 562, 580, 807
de fechamento em rurbulência, 155 de retificação de uma coluna, 710 erros na medida, 483
Segunda lei de Fick da difusão, 557 estagnação, 461
de Graetz-Nusselt, 364, 384, 386
de Neumann-Stefan, 382 Sensibilidade de um modelo, 66!, 760 fluruações na turbulência, 389
de Srunn-Liouville, 113, 366 Separação média, 303
Produção de energia, 282, 321, 561-562 com isótopos, 723 de escoamento, 304
Produtos de vetores e tensores, 768-769, 771, 776- de isótopos, 734 mistura, 304
777, 782 de variáveis, 113, 359, 365 reduzida, 20, 263, 496
Propriedades por membrana, 679, 724, 746, 751-752 Tempo de retardação, 239
Separadores Tensão(ões)
críticas, 21, 264
de transporte. Veja também Viscosidade, adiabáticos, 723 cisalhance, 17
Condutividade ténnica, Difusividade, 816, 819 binários, 693, 709 de Reynolds, 154
Sifão sem tubo, 229 em dutos, 160
parciais molares, 563, 728
Símbolo de pennutação, 77, 112, 769 equações de balanço para, 171
pseudocríticas, 21
Proteína Similaridade na vizinhança de uma parede, 159
dinâmica, 91 interfacial, 93, llO, 355
centrifugação, 737, 759
geométrica, 91 efeito sobre a trnnsferência dt: calor e de
purificação, 724
Sistema massa, 665
vista como partícula hidrodinâmica, 740
disco-e-cilindro, 231 gotas e bolhas, 653
Psicrômetro de bulbos úmido e seco, 649, 676-677, 687 normais, 17, 20, 57, 74, 109
sobreamortecido, 215
subamortecido, 215, 449 em polímeros, 227, 245
R supcramortecido, 449 oscilatórias, 233
lllbo-e-disco, 147 resultante, modelo de Bingham para fluidos com,
Radiação Sólidos 251-252
absorção e emissão, 466 aquecimento transiente de, 361 superficial. Veja Tensão interfacial
corpo negro, 466 condução térmica transiente de, 381 viscosa, 17
de emissão, 467 escoamento potencial de calor em regime Tensor
efeito no psicrôrnetro, 687 permanente em, 367 defonnação infinitesimal, 238
em uma cavidade, 467, 484 Soluções fluxo de momento. Veja também Tensão, 12, 17,
entre corpos não-negros, 477 de equações diferenciais, 809 23, 33-34, 560, 815
entre corpos negros no vácuo, 472 por similaridade. Veja Combinação de variáveis gradiente de velocidade, 18, 239
escudo, 478, 484 Subcamada momento de inércia, 778
838 ÍNDICE
simétrico, 775 efeito de forças interfaciais sobre. 665 Vazão mássica, 44, 49, 53
taxa de defonnação, ! li, 234 escoamento Velocidade
tensão, 17, 34 ao longo de uma placa plana, 648 complexa, 125
combinado, 34, 560 ao redor de objetos com formas correlações (em turbulência), 153
componentes de, 17 arbitrárias, 644 de atrito, 156, 390
convenções de sinais para, 19, 560 em tomo de esferas, 644, 647 de migração, 739
molecular, 17, 32, 34 lento em tomo de uma bolha, 605 difusão, 509
simetria de, 17, 77 próximo a um disco rotatório, 645 dosam, 269
turbulento, 154 ex:emolos de, 639-640 flutuações (em turbulência), 153
urútário, 18, 775 filmeS descendentes, 642-643 mássica média, 491, 508, 510
Teorema interação das resistências das fases, 657 mêdia
de Gauss-Ostrogradskii, 782 melhoria de reação de, 587, 610-611, 627 ao longo de uma seção transversal, 44, 49,
de Heaviside da expansão em frações parciais, modelo 53, 55
363, 658 da camada limite para, 673 molar, 509
de Noether, 559 de filme estagnado, 669 temporal, 153
integrais, 782 de penetração para, 671 migração, 739
dedução das equações de balanço por, 11I, multicomponente, 681 molar média, 508, 510
356, 580 para gota (gotícula), 653 molecular, 22, 35, 265
dedução do balanço macroscópico de energia por convecção forçada média, 22
por, 215 analogia com transferência de calor, 584 superficial, 145, 183
Teoria em escoamento através de um tubo, 627 terminal, 58
cinética. Veja Rux:o molecular em filmes descendentes, 642 velocidade mêdia volumétrica, 515
de Chapman-Enskog, 814 para escoamento volumétrica média, 515
para condutividade térmica, 266, 817 ao redor de objetos de forma Ve11a contracta, 210, 449
para difusividade, 501, 817 arbitrária, 644 Vetor fluxo
para viscosidade, 24, 817 em tomo de esferas, 644 de calor, 258, 729, 816
dos gases, 22, 264, 500, 814 próximo a um disco rotatório, 645 turbulento, 388
de Enskog dos gases densos, 279 relação de Chilton-Colburn para, 648 térmico, turbulento, 391
de Eyring do estado ativado, 27 variando a área interfacial, 591 Viscoelástico
de rede para polímeros, 246 líquida de massa, alras taxas de, 597 linear, 238
do estado ativado de Eyring, 504 Transformação conforme, 125 não-linear, 242, 245, 254
hidrodinâmica, para a difusão em líquidos, 503 Transformada de Laplace, 363, 590, 658 relaxação de tensão, 252
Termodinâmica Transição laminar-turbulento, 44, 49, 53, 136, 180 Viscosidade
de processos irreversíveis, 727 Transporte cinemática, 13, 259, 491, 825-826
facilitado, 763
do não-equilíbrio, 728 complexa, 232-233, 240, 245, 252
simultâneo de calor e massa, 564
Tennopar, 298 de emulsão, 30-31
Termos Trocador de calor, 428, 440, 454, 459, 462
de gases densos, 279
de aceleração, 80 Tubo
de polímeros, 231, 243, 245, 248
circular,63
de fonte na equação de energia, 283, 286, 288, de suspensões, 30
coeficientes de transferência de calor, 403, 407, 412
290, 321, 561 de vários fluidos, 14-15
com paredes ligeiramente convergentes, 63, 251
Torque convergente, 454 dependência
em um b.Stão girando, 100 com a pressão, 21
de Pitot, 150, 219
em um cone girando, 64 difusão de Taylor em, 611 com a temperatura, 20
em um disco girando, 102 escoamento da posição, 45
em um sistema anular coaxial, 85, 88, 238 causado por um disco girando em, 147 da taxa de cisalhamento, 232-233
em um tanque de mistura, 197 compressível em, 51 dilatacional, 18, 77, 336
em uma esfera girando, 91, 98, 102 de Bingharn em, 252 de líquidos contendo bolhas de gás, 18
Trajetórias de partículas, 65, 190 de polímeros em, 226, 236 elongacional (ou ex:tensional), 232, 245, 249
Transferência laminar, 46, 65, 83 emulsão, 30
de calor e turbulento em, 150 equação de Carreau para, 235
assíntota para números grandes de Prandtl, não-isotérmico em, 365, 369, 383, 391, 396 global. Veja Viscosidade dilatacional
373-374 turbulento em, 160 lei
combinada com transferência de massa, 664 início de escoamento em, 146 de Newton da, 11
de um elipsóide, 431 não-circular, 151 de potência para polímeros, 236
efeitos de forças interfaciais sobre, 665 recuo de polímeros em, 227 reduzida, 20-21
elevados valores de taxas líquidas de transferência de calor por convecção forçada, secundária, 18, 77, 336
transferência de massa, 669 311-312, 315, 318, 327, 387 suspensão, 21
em ebulição, 424 tronco de cone, 251 teoria cinética
em escoamento turbulento através de um velocidade para escoamento turbulento em, 160 dos gases para, 22, 24, 816
tubo, 391, 392 Turbulência dos líquidos para, 27 ·
em um filme condensando, 424 energia cinêrica de, 171 Trouton, 232
para escoamento ao longo de uma placa intensidade de, 154 turbulenta, 158, 163
plana, 370, 372 isotrópica, 160 unidades para, 13, 825
por convecção livre e na parede, 159 Viscosímetro, 49, 223
forçada, 299 livre versus na parede, 158, 397 aquecimento viscoso em, 290
coeficientes de transferência de na parede, 150, 155 capilar, 49, 222, 224
calor, 407, 412-413, 419 contrastada com a turbulência livre, 159 de bola rolante, 69
em um escoamento através de um transferência de cone-e-placa, 64, 253
tubo, 315 de calor em, 391, 397, 628 aquecimento viscoso em, 318
em um escoamento entre placas de massa em, 628 de Couette, 84, 110
paralelas, 311, 315 reações químicas e, 626-627, 630 oscilante, 143
natural, 304 sistemas não-isotémúcos, 388 de disco paralelo, 102, 108, 253
radiante e convectiva combinadas, 479-480, 484 de queda-de-cilindro, 66
teoria da camada limite para, 369 oscilatório torsional, 143
de massa u Volatilidade
aumento devido a reações, 627 relativa, 694
com movimento interfacial complexo, 606, 610 Ultracentrífuga, 734 taxa de evaporação e, 586
combinado com transferência de calor, 664 Ultrafiltração, ó39, 678, 750, 759 Vórtices
controlada pela fase livres e forçados, 141
gasosa, 655 V Taylor, 87
líquida, 655 Vorricidade
correlações, 645 Variávds reduzidas, 263, 496 equação de balanço para, 111. 120, 140
e reações químicas, 660 Vaso de mistura, reação química em, 630 tensor, 243
EXPRESSÕES DE FLUXOS MOLECULARES (VERAPÊNDICE B - B.l, B.2 E B.3)
ou
Momento:
pvv ou pV;Vj
Energia:
Momento:
<!> = pvv + '1T = pvv + põ + 'í (Eq. 1.7-2)
Energia:
Nota: A grandeza ['Ti· v] é o fluxo do trabalho molecular (ver Seção 9.8) e 'Ti= põ + 'T (ver Tabela 1.2-21). Todos os
fluxos obedecem à mesma convenção de sinal: eles são positivos, quando a entidade sendo transportada está se
movendo do lado negativo de uma superfície para o lado positivo.
EM TERMOS DOS FLUXOS COMBINADOS
.. ,,.,,,, ''',c"''ºº,'~"'''º"n'~~
são válidas somente para sistemas em que a gravidade é a única força externa. Mais informações
enc:ontrad:as na Seção 19 .2.
a ~ 1
-p(U + ;;if) =-(V· e)+ p(v ·a) (Eq. 11.1-6)
at - º
(Eq. 19.1-6)
(FORMAS ESPECIAIS)
pDv
Dt
= p(ºv + [v. Vv]) = -"Vp + µ,V2v + pg
at
(Seção B.9)
ADIMENSIONAIS