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GRADUAÇÃO

Mecânica e
Resistência
dos Materiais
ME. RONAN YUZO TAKEDA VIOLIN

Híbrido
GRADUAÇÃO
Mecânica e
Resistência
dos Materiais
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; VIOLIN, Ronan.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Mecânica e Resistência dos Materiais. Ronan Yuzo Takeda Violin. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019.
440 p. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
“Graduação - Híbridos”. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Mecânica . 2. Resistência . 3. Materiais 4. EaD. I. Título.
Design Educacional Débora Leite; Head de
ISBN 978-85-459-2114-1 Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 620.1 Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Impresso por: Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock

Coordenador de Conteúdo Fabio Augusto Genti-


lin e Crislaine Rodrigues Galan.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Designer Educacional Janaina de Souza Pontes e
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Silvia
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Caroline Gonçalves.
Editoração André Morais de Freitas.
Ilustração Natalia de Souza Scalassara.
Realidade Aumentada Autoria.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-
munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

O livro está dividido em três grandes partes, sendo primeira composta das
Unidades 1 e 2, as quais correspondem ao embasamento, contendo uma
revisão de assuntos já estudados em outras disciplinas e em relação às pro-
priedades de figuras planas. Você estudará como determinar o momento
estático, centroide, momento de inércia e raio de giração. Na Unidade 2,
veremos o conceito de tensão, os tipos de tensões, tensões normais, tensões
de cisalhamento e tensões em planos oblíquo ao eixo e suas aplicações que
serão extremamente importantes para o desenvolvimento do livro todo.
A segunda parte do livro é composta das Unidades 3, 4, 5, 6 e 7, em que
ocorrerá o aprendizado de diversos componentes. A Unidade 3 irá apre-
sentar o efeito do carregamento axial em relação à tensão e deformação;
aprenderemos a diferença entre material dúctil e frágil, além de compreen-
der a relação entre a deformação específica axial e a transversal. A Unidade
4 comentará sobre a torção, como determiná-la e suas tensões de cisalha-
mento, o ângulo de torção, seja para eixos circulares maciços ou vazados,
para peças com formato prismática e de parede delgada.
A Unidade 5 tem como objetivo desenvolver as equações base relacionadas
à flexão pura em barras prismáticas, que serão utilizadas nas unidades a
seguir. A Unidade 6 baseia-se em carregamentos transversais e seus efeitos
para determinar as tensões cisalhantes nas seções transversais. Na Unidade
7, estudaremos como realizar a análise das tensões e deformações e entender
o comportamento dos componentes das tensões e como se transformam
quando ocorre a rotação dos eixos de coordenadas.
A terceira parte do livro é composta da aplicação que corresponde às Uni-
dades 8 e 9, na qual a Unidade 8 nos conduzirá para quais preocupações
devemos ter para dimensionar vigas prismáticas, desde os cuidados com
a tensão normal e de cisalhamento. A Unidade 9 tem como objetivo de-
terminar a declividade e deformação em vigas prismáticas e também a sua
flecha máxima.
Assim, é composta a estrutura do livro com diversos assuntos que compõem
o embasamento de um engenheiro.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Me. Ronan Yuzo Takeda Violin


Possui mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (2009) e
graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Maringá (2007). Atualmente,
é engenheiro civil - Estevam e Cia Ltda; sócioadministrador - R & R Comércio e Serviços de
Protensão Ltda; responsável técnico - Hangar Empreendimentos Imobiliários Ltda; professor
da graduação e pós-graduação do Centro de Ensino Superior de Maringá; professor do Cen-
tro de Ensino Superior de Maringá (UniCesumar); professor da graduação de engenharia da
Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (Fatecie) e professor da pós-gradua-
ção de engenharia da Faculdade de Engenharia e Inovação Técnico Profissional (Feitep). Tem
experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Processos Construtivos, atuando,
principalmente, nos seguintes temas: construção civil, concreto, sustentabilidade, redução
e planejamento.
Currículo lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/3141613962170376
Propriedades de
Figuras Planas

13

Conceito de Tensão

69

Tensão e Deformação
– Carregamento Axial

113
Análise das Tensões
Torção
e Deformações

163 295

Flexão Pura Projeto de Vigas

211 337

Carregamento Deflexão das Vigas


Transversal por Integração

249 389
97 Tipo de tensões: normal,
cisalhamento e esmagamento
125 Ensaio de tração: Material dúctil
151 Coeficiente de Poisson

373 Diagramas de esforço cortante


e momento fletor

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Propriedades de
Figuras Planas

PLANO DE ESTUDOS

Determinação do Momento Teorema dos


Estático e do Centroide de Eixos Paralelos
uma Área Composta

Momento Estático de Momento de Inércia Determinação do


uma Área e Centroide de uma Área e Raio Momento de Inércia de
de uma Área de Giração uma Área Composta

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer e entender o momento estático e o centroide • Entender o teorema dos eixos paralelos para determinação
de figuras planas. do momento de inércia.
• Determinar o momento estático e o centroide de figuras • Determinar o momento de inércia em figuras compostas
planas com área composta. planas.
• Determinar o momento de inércia e raio de giração de
figuras planas.
Momento Estático de
uma Área e Centroide
de uma Área

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos começar a es-


tudar um pouco sobre as propriedades de figuras
planas para conceituar e determinar o momen-
to estático e o centroide (ou também conhecido
como centro geométrico) de uma área, que apre-
sentam enorme importância em todo o desenvol-
vimento dos assuntos que serão abordados nesta
disciplina e em seu curso de Engenharia.
A importância desse conteúdo está vinculada
às disciplinas básicas ou disciplinas de formação
que são e serão o alicerce para as disciplinas es-
pecíficas que você verá mais à frente no curso.
Até hoje, temos considerado que a atração
exercida pela Terra sobre um corpo rígido, de-
nominada de força da gravidade, é representada
por uma única força ou um único vetor aplicado
no centro de gravidade do planeta; porém, a Terra
exerce uma força em cada partícula que constitui
o corpo. Assim, a representação seria de várias
pequenas forças distribuídas sobre todo o corpo.
Uma das características que podemos utilizar para substituir as diversas pequenas
forças aplicadas no corpo rígido por uma única força é conhecida como força resul-
tante, aplicada no centro de gravidade; mas se, em vez de um corpo rígido, for uma
figura plana?
Para isso, iremos aprender um pouco sobre propriedades de figuras planas e como
determiná-las. Tudo se iniciará pela determinação do momento estático ou momento
de primeira ordem e, também, pela determinação do centroide de figuras planas.
Para determinarmos o centroide de uma figura plana de um formato irregular,
devemos partir do conceito de utilizar uma figura plana, como apresentado na Fi-
gura 1, e dividirmos em pequenos elementos com áreas infinitesimais (dA).

Centroide é um parâmetro geométrico, enquanto centro de gravidade é um parâ-


metro físico de um corpo, portanto, em centro de gravidade são computadas as
três dimensões, além do peso específico.
Algumas vezes, centroide e centro de gravidade são considerados sinônimos, mas,
ao rigor da Física e da Matemática, não são.

UNIDADE 1 15
Observe que cada pequeno elemento partirá de uma referência, ou seja, da origem de
uma coordenada x e y. Assim, toda a figura poderá ser subdivida. Utilizando conceitos
que você já possui e que foram desenvolvidos, nas disciplinas de Cálculo Diferencial e
Integral, no assunto de Integral, você deve lembrar que, para determinar a área figura,
é necessário somar todos os elementos de área (dA), porém, quanto menor forem,
melhor a aproximação do resultado esperado.

x dA

x
C
A
y
y
X

Figura 1 - Figura Plana para determinação do Centroide


Fonte: o autor.

Sobre o conceito já adquirido em Cálculo Diferencial e Integral, teremos uma defi-


nição de momento estático para o eixo x e para o eixo y.
Assim, conceituando:
Momento estático entorno do eixo x → Qx   y.dA (Eq. 1)
Momento estático entorno do eixo y → Q y  x.dA
(Eq. 2)

Notamos que os momentos estáticos de área A podem ser determinados como pro-
dutos da área vezes as coordenadas de seu centroide.
Qx = y. A (Eq. 3)
Q y = x. A (Eq. 4)

16 Propriedades de Figuras Planas


Observe que quando você determinar o momento estático em relação ao eixo x,
deverá utilizar a coordenada em relação ao eixo y. Observe, também, que será
sempre perpendicular ao momento estático e função que irá utilizar.

É possível determinar o centroide de uma figura plana isolando as coordenadas x e y


das equações 3 e 4. Assim, temos as equações para determinar o centroide, equações
5 e 6. Lembrando que a informação que buscamos obter é uma coordenada para o
eixo x e y, ou seja, um endereço a partir de um ponto de referência, que geralmente
é a origem da figura.

x
Qy

 x.dA
(Unidades em m; cm; mm) (Eq. 5)
A  dA
Qx  y.dA
y  (Unidades em m; cm; mm) (Eq. 6)
A  dA

A geometria das figuras planas é tão importante quanto as equações e os cálculos.


Temos alguns exemplos ilustrados na Figura 2, que classificam as figuras em assimé-
tricas, simétricas em relação a um eixo (x ou y) ou simétricas.

ASSIMÉTRICAS

SIMÉTRICAS EM RELAÇÃO A UM EIXO (x ou y)

SIMÉTRICAS

Figura 2 - Classificação das figuras em relação à simetria


Fonte: o autor.

UNIDADE 1 17
Observamos que, nas figuras simétricas, é possível determinar o centroide por meio
da divisão simétrica da figura. Esse processo, contudo, não é possível para o caso de
figuras assimétricas. Para elas, equações que determinam as coordenadas do centroide
ou centro geométrico possuem enorme importância.
Para o entendimento do próximo tópico, será desenvolvido um exercício para
entender como determinar o momento estático e o centroide da figura com formato
retangular. A linha de raciocínio empregada nesse exemplo pode ser utilizada para
figuras assimétricas, figuras com simetria em apenas um eixo e áreas delimitadas
por equações.

Conhecer um pouco sobre Geometria é de extrema importância para a determinação


das propriedades de figuras planas. Com esse conhecimento, é possível determinar
o centroide por meio das relações geométricas para aquelas figuras que apresentam
simetria em relação a um eixo ou aquelas que são totalmente simétricas.

18 Propriedades de Figuras Planas


Assim, podemos elucidar o exercício exemplo com a determinação das coordenadas
x e y do centroide para um retângulo, como apresentado na Figura 3.

O b X

Figura 3 - Retângulo para determinação da posição do centroide e de suas coordenadas nos eixos x e y
Fonte: o autor.

1 EXERCÍCIO Primeiramente, devemos observar se a figura apresenta simetria. Com esta obser-
vação, é possível determinar o centroide a partir da simetria da figura e concluir
b h
que o centroide é C ( ; ). Por este motivo, deve-se atentar a esse detalhe.
2 2
E se a figura não for simétrica?
• Determinação da área da figura:

Como a figura apresenta formato conhecido, é possível determinar a área da figura


por A  b·h

• Determinação do momento estático Qx :

Qx   y.dA

UNIDADE 1 19
Considerações: o elemento de área dA é determinado por uma pequena parte do
retângulo (parte hachurada), em que sua base recebe a nomenclatura de b, e sua
altura de dy, como na Figura 4.

dy
h

O b X

Figura 4 - Determinação do elemento de área dA


Fonte: o autor.

Assim, temos que dA = b.dy , logo

h h
Qx   y.dA   y.b.dy b  y.dy 
0 0

y 2 h
b
 0  b2 . h2  02  
h
Qx  b.    . y 2
 2 
 0 2
bh2
Qx 
2

• Determinação da posição do centroide em relação ao eixo y ( y ):


bh2
Q bh2 1 bh2
y x  2  ·  
A bh 2 bh 2bh
h
y
2

20 Propriedades de Figuras Planas


Como já esperado devido à simetria.
De forma análoga, é possível determinar o centroide x , com as mesma conside-
rações para determinação do elemento de área (dA).
• Determinação do momento estático Q y :
b b
Q y   x.dA   x.h.dx  h  x.dx 
0 0

x 2 b
h
 0  2h b2  02  
b
Q y  h    x2
 2 
 0 2
b2 h
Qy 
2
• Determinação da posição do centroide em relação ao eixo x ( x ):
b2 h
Qy b2 h 1 b2 h
x  2  ·  
A bh 2 bh 2bh
b
x
2
Neste tópico, aprendemos um pouco sobre as definições de duas propriedades geo-
métricas de figuras planas: o momento estático ou momento de primeira ordem e o
centroide ou centro geométrico.

Segundo Botelho (2017), momento estático é a integral de um elemento de área


(dA) por sua distância a um eixo considerado.

UNIDADE 1 21
Determinação do
Momento Estático
e do Centroide de
uma Área Composta

Neste tópico, iremos aplicar os conceitos


aprendidos no tópico anterior em figuras pla-
nas compostas, que são muitos utilizadas na
Engenharia. Suas propriedades terão funções
muito importantes para as futuras disciplinas
de seu curso, principalmente as quais envolvam
dimensionamento estrutural.
No cotidiano da Engenharia, a determina-
ção das propriedades de figuras planas (como
o centroide, por exemplo, que é nosso foco de
estudo) se dará em poucas situações, por meio
de integração (lá do Cálculo), pois a grande
maioria das figuras apresentam formato geo-
métricos conhecidos, tais como perfis de aço
formado a frio (Figura 5), perfis de madeira
(Figura 6) e vigas de concreto (Figura 7).
Figura 5 - Perfis de aço

Figura 6 - Perfil de madeira utilizado no sistema construtivo Wood frame

Figura 7 - Vigas em concreto com dimensões e formatos não usuais

UNIDADE 1 23
Nota-se que os formatos das figuras apresentadas não são usuais. Sendo assim, é ne-
cessário determinar o seu centroide ainda na etapa de desenvolvimento do projeto,
para que se chegue aos resultados esperados.
Para podermos localizar o centroide dessas figuras planas, faz-se necessário di-
vidirmos em subfiguras conhecidas, com o intuito de facilitar a determinação dos
centroides de cada figura, porém a resposta deverá ser sempre apenas uma única
coordenada em relação ao eixo x e uma única coordenada em relação ao eixo y,
independentemente da quantidade de subfiguras que a figura principal for dividida.
A Figura 8 representa bem o que foi comentando no parágrafo anterior.
y

x C
y
A2
O X
Figura 8 - Figura geométrica composta
Fonte: o autor.

Como chegar aos resultados esperados? Como determinar os valores de x e y ? Em


quantas subfiguras devemos dividir a figura principal?
Todos os questionamentos são válidos, porém precisamos utilizar os conceitos
já estudados.
As áreas e os momentos estáticos de figuras planas compostas podem ser calcu-
lados somando-se as propriedades das partes correspondentes das subfiguras.
Assim, podemos dividir a Figura 8 em três partes ou subfiguras, como descrito
na Figura 9.
y

C3
A3

C1
C2
A1 A2
O X

Figura 9 - Figura geométrica composta subdividida em três partes


Fonte: o autor.

24 Propriedades de Figuras Planas


Observe que não necessariamente a figura precise ser dividida da forma apresen-
tada na Figura 9; é apenas uma sugestão.
Independentemente da quantidade de figuras subdividas, o resultado deverá ser
sempre o mesmo.

Com a subdivisão da Figura 9 em três partes, passamos a ter três centroides e três áreas,
permitindo-nos utilizar as definições já conceituadas no Tópico 1, como determinar
o momento estático para a Figura 9.
Cálculo do momento estático Qx para Figura 9 composta:

Qx   y.dA   y.dA   y.dA   y.dA


A A1 A2 A3

Observe que o momento estático da figura é a soma do momento estático de cada


figura subdividida, e também:

Qx
y  Qx  y. A , então Qx  y. A  y1. A1  y 2 . A2  y 3 . A3 ,
A
logo, temos que,
Qx   y i . Ai ,
i

de forma análoga, temos que:


Q y   xi . Ai
i

Para determinarmos o centroide, temos que:

Qy  xi . Ai
X  i (Eq. 7)
A  Ai
i

e Q
 yi . Ai (Eq. 8)
Y x  i
A  Ai
i

Veja, por fim, que é possível determinarmos o centroide de figuras planas compostas
por meio das somatórias das propriedades geométricas das partes ou subfiguras.

UNIDADE 1 25
Sempre que houver uma equação que apresente somatória, lembre-se da possibili-
dade de transformá-la em uma tabela. Isso certamente irá lhe ajudar na resolução
do problema.

A aplicação dos conceitos pode ser desenvolvida no exercício exemplo 2, o qual


solicita determinar as coordenadas do centroide C para área indicada.

20

60

20 40 20

Unidades em mm
OP1
Figura 10 – Figura plana em formato de T
Fonte: o autor.

Sempre quando começamos um novo assunto ou mesmo um exercício, logo surge


a dúvida: por onde começar?
Assim como você tem visto ao longo de nossa conceituação, neste caso devemos,
inicialmente, dividir a figura “T” em subfiguras de formato conhecido e, obviamente,
na menor quantidade possível, para diminuirmos a quantidade de contas durante o
processo de determinação dos resultados. Essa subdivisão é demonstrada na Figura 11.

26 Propriedades de Figuras Planas


Fig.1
20

60

Fig.2

20 40 20

Unidades em mm
Figura 11 - Figura plana em formato de T subdividida OP1
Fonte: o autor.

Após a subdivisão das figuras, devemos localizar as coordenadas do centroide de


cada uma das subfiguras, adotando ou utilizando como referência a origem (ponto
“O”), como exemplificado na Figura 12.

y x1 = x2 = 40

Fig.1
20 C1

C2 y1 =70
60
y2= 30

Fig.2 x
O
20 40 20

Figura 12 - Figura plana em formato de T subdividida com a indicação das distâncias dos centroides
aos eixos OP1
Fonte: o autor.

Fizemos tudo isso para podermos estruturar uma tabela que corresponde às
equações 7 e 8.

UNIDADE 1 27
A tabela terá todas as informações das equações 7 e 8, de forma discriminada e or-
ganizada passo a passo. Então, vamos lá:
Tabela 1 – Dados das equações 7 e 8

Figura Área (mm2) x (mm) x. A (mm3) X (mm)

Fig. 1 (80x20) = 1.600 x1 = 40 (1.600x40) = 64.000 (160.000/4.000) = 40


Fig. 2 (40x60) = 2.400 x2 = 40 (2.400x40) = 96.000

Σ A= 4.000 Σ x. A = 160.000
Fonte: o autor.

Observe que o resultado obtido foi o valor de 40 mm. Nesse caso, em particular, não
necessitamos do desenvolvimento dos cálculos realizados, já que a figura apresenta
simetria em relação ao eixo Y. Como já comentado no Tópico 1, devemos, primeira-
mente, observar a simetria da figura para, então, desenvolvermos os cálculos, mini-
mizando o tempo e a possibilidade de erros.
Vamos agora determinar o centroide Y .
Tabela 2 – Dados para determinar o centroide

Figura Área (mm2) y (mm) y. A (mm3) Y (mm)


Fig. 1 (80x20) = 1.600 y1 = 70 (1.600x70) = 112.000
(184.000/4.000) = 46
Fig. 2 (40x60) = 2.400 y2 = 30 (2.400x30) = 72.000

Σ A= 4.000 Σ x. A = 184.000
Fonte: o autor.
Logo, temos as coordenadas do centroide C (40; 46) mm, representado na Figura 13.
y X = 40

20

60 Y = 46

x
O
20 40 20

Figura 13 - Figura plana em formato de T subdividida com a localização do Centroide da figura inteira
Fonte: o autor.

28 Propriedades de Figuras Planas


Nota-se que o centroide está representado dentro da figura, porém isso não é regra;
por ser um parâmetro geométrico, ele pode estar localizado fora da figura, como
veremos apresentado no exercício exemplo 2.

2 EXERCÍCIO Determine as coordenadas do centroide C para área indicada.


y

60

20

O x
20 40
Unidades em mm

Figura 14 - Figura plana em formato de L


Fonte: o autor.

Seguindo o raciocínio do exercício exemplo 1, iremos, primeiramente, subdividira


figura, determinar o centroide de cada subfigura e estruturar a tabela.
y x2 = 40
x1 = 10

Fig.1

60
C1
y1 = 40

C2 Fig.2
20
y2= 10

O x
20 40

Figura 15 - Figura plana em formato de L com subdivisões


Fonte: o autor.

UNIDADE 1 29
Tabela 3 - Determinação do Centroide X
Figura Área (mm2) x (mm) x. A (mm3) X (mm)
Fig. 1 (20x80) = 1.600 x1 = 10 (1.600x10) = 16.000
(48.000/2.400) = 20
Fig. 2 (40x20) = 800 x2 = 40 (800x40) = 32.000

Σ A= 2.400 Σ x. A = 48.000
Fonte: o autor.

Tabela 4 - Determinação do Centroide Y


Figura Área (mm2)
y (mm) y. A (mm3) Y (mm)
Fig. 1 (20x80) = 1.600 y1 = 40 (1.600x40) = 64.000 (72.000/2.400) = 30
Fig. 2 (40x20) = 800 y2 = 10 (800x10) = 8.000

 A= 2.400  x. A = 72.000
Fonte: o autor.

• Localização do Centroide na figura plana

60

C (20;30)

20

O x
20 40

Figura 16 - Figura plana em formato de L com subdivisões e coordenadas do Centroide


Fonte: o autor.

30 Propriedades de Figuras Planas


Para complementar os seus estudos, as figuras planas de formato conhecido já
possuem o centroide definido, sendo possível utilizar tabelas prontas, como apre-
sentado no livro Estática e Resistência dos Materiais para Arquitetura e Construção de
Edificações, dos autores Barry Onouye e Kevin Kane.

UNIDADE 1 31
Momento de Inércia
de uma Área e
Raio de Giração

Neste tópico, iremos conceituar o momento de


inércia de uma área e o seu raio de giração. É de
grande importância estudar esses assuntos, pois
uma das principais interpretações dos resultados
do momento de inércia é identificar o eixo que
apresenta maior resistência à flexão. O raio de gi-
ração é uma propriedade que será aplicada em
matérias de dimensionamento de estruturas de
concreto, aço e madeira.
Estamos no terceiro tópico desta Unidade 1 e
iremos continuar a conceituação das proprieda-
des de figuras planas. Observe que é uma conti-
nuação e o que será desenvolvido neste assunto
necessitará da utilização dos conceitos aprendidos
anteriormente. Também será a continuação dos
exercícios exemplos já resolvidos.
Momento de inércia

O momento de inércia de área da seção transversal de uma figura plana (caso seja
uma peça, como uma viga) seria em relação a um eixo que passe pelo seu centro de
gravidade, medindo a sua rigidez, ou seja, a sua resistência à flexão em relação a esse
eixo comentado.

Figura 17 - Viga de concreto com a indicação do eixo de simetria

Considerando uma área A situada no plano xy (Figura 18) e o elemento de área dA


com as coordenadas x e y, o momento de inércia da área A em relação ao eixo x e o
momento de inércia de A em relação ao eixo y são definidos pelas equações 9 e 10.

x dA

y
X
O

Figura 18 - Figura assimétrica situada no plano xy


Fonte: o autor.

UNIDADE 1 33
O momento de inércia da área A em relação ao eixo x é determinado por:

I x   y 2 .dA (Eq. 9)
A

Entenda que para determinar a inércia em relação ao eixo x deve-se utilizar a distância
y ao quadrado, multiplicado pela área.
O momento de inércia da área A em relação ao eixo y é determinado por:

I y   x2 .dA (Eq. 10)


A

Entenda que para determinar a inércia em relação ao eixo y, deve-se utilizar a distância
x ao quadrado, multiplicado pela área.
As integrais apresentadas para determinar o momento de inércia Ix e Iy também
são conhecidas como momento de inércia retangulares por utilizar coordenadas
cartesianas.
Para complementar, existe o momento de inércia polar que baseia-se na coordenada
em relação à origem O, representado pela letra grega Rho (ρ), apresentado na Figura 19.

x dA

ρ
y
X
O

Figura 19 - Figura assimétrica situada no plano xy com a indicação da distância Rho (ρ)
Fonte: o autor.

A equação 11 determina o momento de inércia polar (J0).

J 0   r 2 .dA (Eq. 11)


A

Observe que, na Figura 19, é possível desenvolver um triangulo pitagórico entre as


coordenas x, y e ρ, como será demonstrado na equação 12.
r 2  y 2  x2 (Eq. 12)

34 Propriedades de Figuras Planas


Relacionado as equações 11 e 12, teremos o desenvolvimento a seguir.

 
J 0   r 2 .dA   y 2  x2 .dA
A A

J 0   y 2 .dA   x2 .dA (Eq. 13)


A A

Logo, sabendo que


I x   y 2 .dA (Eq. 9)
A

e
I y   x2 .dA (Eq. 10),
A

Substituindo estes termos na Eq. 13, verificamos que o momento de inércia polar
pode ser determinado pela soma do momento de inércia em relação ao eixo x e o
momento de inércia em relação ao eixo y, representado pela equação 14.

J 0  I x  I y (Eq. 14)

Para exemplificar os conceitos comentados, para determinar o momento de inércia em re-


lação ao eixo x, eixo y e polar, iremos continuar com o retângulo exemplificado no Tópico 1.

3 EXERCÍCIO Determine os momentos de inércia Ix, Iy e J0 para figura retangular.

h x
O

Figura 20 - Figura retangular para determinar os momentos de inércia


Fonte: o autor.

UNIDADE 1 35
Primeiramente, devemos utilizar o conceito de integral por meio da discretização
da figura em pequenas partes, como apresentado na Figura 21, com a indicação das
medidas para determinarmos a área do pequeno elemento.
y

dy
h/2
y
h x
O
-h/2

Figura 21 - Discretização da Figura retangular em relação ao eixo x


Fonte: o autor.

Daremos a essa pequena área o nome de dA. Observe que a área hachurada asseme-
lha-se a um retângulo, sendo possível determiná-la multiplicando o valor da base
pela altura. Assim, temos que:

dA = b.dy (Eq. 15)

Sempre que possível, para determinar o momento de inércia, recomenda-se calcular,


primeiramente, a área, pois ela será utilizada para determinação do momento de
inércia em relação ao eixo x e y.

36 Propriedades de Figuras Planas


Após determinarmos a função do elemento de área (dA), iremos determinar os
momentos de inércia. Primeiramente, determinaremos o momento de inércia em
relação ao eixo x.
• Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo x:

2
Utilizando a equação 9 → I x   y .dA , iremos substituir o elemento de área (dA) pela
A
função encontrada. Depois, devemos substituir, na integral, os limites de integração.
Vamos lá!!!
h
2
I x   y 2 .dA   y 2 .(b.dy )   y 2 .(b.dy )
A A h
2

Ao distribuir a multiplicação e isolar as constantes, temos que:

h
2
Ix  b  y 2 .dy
h
2

Realizando a integração:
h
3 3
 y3  2 h
b  h   h 
Ix  b 
 3 
b
 y3
3
  2
h
     
3   2   2 


  h 2 
2

b   h3   h3   b   h3   h3  
Ix             
3   8   8   3   8   8  

b  2h3  b  h3  bh3
Ix     
3  8  3  4  12

Assim, determinamos o momento de inércia para uma figura plana retangular em


relação ao eixo x.
Iremos, agora, determinar o momento de inércia em relação ao eixo y, que seguirá
a mesma linha de raciocínio anterior.

UNIDADE 1 37
• Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo y:

Iremos discretizar a figura com o conceito de integral para determinar a equação da


área e, depois, realizar os cálculos. A representação da área discretizada encontra-se
na Figura 22.

y dx
x

h x
O

-b/2 b/2
b
Figura 22 - Discretização da Figura retangular em relação ao eixo y
Fonte: o autor.

Cálculo da área do retângulo hachurado -> dA = h.dx (Eq. 16)

Desenvolvimento do cálculo do momento de inércia em relação ao eixo y por meio


da equação 10.
b
2
I y   x2 .dA   x2 .  h.dx    x2 .  h.dx  
A A b
2
b b
2  x3  2 b
Iy  h  x2 .dx  h  
 3 
h
 x3
3
 b2 2 
b   b
2 2

38 Propriedades de Figuras Planas


3 3
h   b   b   h   b3   b3  
Iy              
3   2   2   3   8   8  

h   b3   b3   h  2b3  h  b3  b3 h
Iy           
3   8   8   3  8  3  4  12

Dessa maneira, também se determinou o momento de inércia em relação ao eixo y


para uma figura retangular plana.

Todas as vezes que precisar determinar o momento de inércia de uma figura re-
tangular, não será mais necessário realizar os cálculos por meio de integração, mas
sim utilizar os resultados das deduções que foram realizadas.
Lembre-se que para figuras planas de formato conhecido, existem tabelas com
equações para determinar os momentos de inércia. Aproveite!

Depois dessas várias páginas de cálculos, parece que acabamos o exercício; con-
tudo, fica a dica: sempre que achar que você acabou o exercício, leia o enunciado
novamente! Isso irá lhe ajudar a não esquecer de nenhum detalhe. Sendo assim, ainda
temos que calcular o momento de inércia polar.
• Cálculo do momento de inércia polar (J0)
O momento de inércia polar pode ser determinado pela equação 14, que representa
a soma dos momentos de inércia em relação ao eixo x e y.

bh3 b3 h bh 2 2
J0  I x  I y  
12 12 12
 h b  
Assim, foi finalizado o exercício exemplo 3, com os seguintes resultados:

3
bh
Momento de inércia em relação ao eixo x →I =
x
12
3
Momento de inércia em relação ao eixo y → b h
I y =
12
Momento de inércia polar →
J0 =
bh
12
(h 2
+b2 )

UNIDADE 1 39
Continuando o Tópico 3, iremos complementar o assunto com o chamado Raio de
Giração, que é outra propriedade importante para figuras planas e terá muita aplicação
em disciplinas específicas de seu curso.
Raio de giração de uma figura não tem significado físico óbvio. Podemos conside-
rá-lo como sendo a distância (do eixo de referência) em que toda a área da figura po-
deria ser concentrada e, ainda, ter o mesmo momento de inércia que a figura original.
O raio de giração de uma área A, em relação ao eixo x, é definido pela grandeza
de rx ou por ix, que satisfaz a relação apresentada na equação 17:

I x = rx2 . A (Eq. 17)

Isolando o raio de giração em relação ao eixo x (rx), temos:

I x (Eq. 18)
rx =
A

Em que: Ix é o momento de inércia da área da figura em relação ao eixo x. A é área


da figura plana em estudo, ou seja, de toda a figura.
De forma análoga, é possível determinar o raio de giração em relação ao eixo y;
e para o raio de giração polar, temos a equação 19 e a equação 20, respectivamente.

Iy
ry = (Eq. 19)
A
J0
r0 = (Eq. 20)
A

A relação entre o momento de inércia polar com o momento de inércia retangular,


permite-nos determinar a equação 21.
J0  I x  I y
r02 . A  rx2 . A  ry 2 . A ( A)

r02  rx2  ry 2 (Eq. 21)

40 Propriedades de Figuras Planas


Para podemos realizar a fixação do assunto de raio de giração, continuaremos com
o exercício exemplo 3.
Determinar o raio de giração rx, ry, e r0 da figura com área retangular.
y

h x
O

Figura 23 - Figura com área retangular


Fonte: o autor.

Para o desenvolvimento do exercício completo, seria necessário determinar o centroi-


de da figura; depois, calcular os momentos de inércia; e, posteriormente, determinar
o raio de giração.
Aqui, iremos somente determinar o raio de giração, pois as demais propriedades
já foram calculadas nos Tópicos 1 e 2.
• Raio de Giração em relação ao eixo x (rx):

Utilizaremos a equação 18 para o desenvolvimento

bh3
Ix 12 bh3 1 h2 h
rx
= = = = . =
A bh 12 bh 12 12

UNIDADE 1 41
• Raio de Giração em relação ao eixo y (ry):

Utilizaremos a equação 19 para o desenvolvimento

b3 h
Iy 12 b3 h 1 b2 b
ry
= == = . =
A bh 12 bh 12 12
• Raio de Giração polar (r0):

Utilizaremos a equação 21 para o desenvolvimento

2 2
 h2   b2  h2 b2
2 2 2
r0  rx  ry      
 12   12  12 12
   
h2 b2 h2  b2
r0   
12 12 12
Dessa forma, finalizamos a conceituação e desenvolvemos uma linha de raciocínio
para podermos desenvolver os futuros exercícios.

42 Propriedades de Figuras Planas


Teorema dos
Eixos Paralelos

Neste tópico, iremos conceituar o Teorema de


Steiner, também conhecido como Teorema dos
Eixos Paralelos, que é uma forma de calcular o
momento de inércia de um sólido rígido relativo
a um eixo de rotação, que passa por um ponto O,
que pode ser a origem ou mesmo uma referên-
cia predefinida. A importância desse assunto que
compõe a formação do estudante de Engenharia
está relacionada à Mecânica Clássica e à determi-
nação dos esforços internos, sejam de peças, estru-
turas ou qualquer tipo de material, por exemplo:
concreto, aço, madeira e materiais compósitos.
Esse teorema surgiu em homenagem ao grande
matemático suíço Jacob Steiner (1796-1863), que
se concentrou na Geometria pura com a busca do
aperfeiçoamento no campo sintético, excluindo a
Geometria Analítica que, segundo ele, atrapalhava
a Geometria. Por meio do rigor de suas demons-
trações e por suas fontes, foi considerado o maior
gênio da Geometria pura, desde o Apolônio de
Perga – matemático grego precursor da Geometria.

UNIDADE 1 43
O teorema dos eixos paralelos é um conceito que permite determinar o momento
de inércia de um sólido ou figura plana relativo a um eixo de rotação definido pela
origem (O), nos sistemas de coordenadas cartesianas. Nesse caso, consideramos os
eixos x (abcissas) e y (ordenadas) quando conhecemos o momento de inércia rela-
tivo a um eixo paralelo, o qual passa no centroide da figura a uma distância entre os
eixos. Resumidamente, este teorema nos fornece uma relação entre o momento de
inércia relativo a um eixo centroidal e ao momento de inércia relativo a qualquer
eixo paralelo, conforme a Figura 24.

y yc

d2 dA
x

C
xc
d1
d

O
x

Figura 24 - Aplicação da conceituação do Teorema dos Eixos Paralelos


Fonte: o autor.

Observamos que o eixo x foi deslocado a uma distância d1 para o centroide da figura
exemplificada; isso também ocorreu no eixo y para uma distância d2, notamos que
os eixos passaram a ser chamados de xc e yc, que corresponde aos eixos centroidais
(tem origem no ponto C, que é centroide da figura).
Assim, podemos determinar o momento de inércia por meio da equação 22:
2
I x    y  d1  .dA (Eq. 22)
A

44 Propriedades de Figuras Planas


No desenvolvimento da equação 22, podemos obter que:
2
I x    y  d1  .dA 
A

I x    y  d1  .  y  d1  .dA 
A

 
I x   y 2  2d1. y  d12 .dA 
A

I x   y 2 .dA  2d1  y.dA  d12  dA


A A A

Observe que, ao final do desenvolvimento, você já conhece as expressões, pois já fo-


ram apresentadas nos tópicos anteriores estudados. Dessa forma, podemos dizer que:
2
• O momento de inércia em relação ao eixo centroidal x é Ixc   y .dA
A

• O momento de estático em relação ao eixo centroidal x é Qx   ydA


A

• A área da figura estuda é A   dA


A

Assim, substituindo as correlações já estudadas na equação 22, chegamos à equação 23.

I x  Ix c 2d1.Qx  d12 . A (Eq. 23)

Para o caso de os eixos x e y passarem pelo eixo centroidal, teremos que a distância
do eixo até o centroide é nula. Nesse caso, podemos considerar que o momento es-
tático é igual a zero, ou seja, não existe momento estático. Assim, podemos reduzir
equação 23, ficando com:

I x  Ix c  d12 . A (Eq. 24)

De forma análoga, podemos determinar o momento de inércia para o eixo y. Também


podemos determinar o momento de inércia polar por meio das equações 25 e 26.

I y  Iyc  d22 . A (Eq. 25)

J o  J oc  d 2 . A (Eq. 26)

UNIDADE 1 45
A utilização das equações 24, 25 e 26 serve para determinar um momento de inércia.
- Para determinar o momento de inércia da figura, deve-se determinar, primeiramen-
te, a inércia centroidal, o Ixc, lembra? Você deverá determinar o centroide da figura
e, depois, calcular o momento de inércia da figura, como um todo ou por partes.
- Já conhecidos os valores do centroide e do momento de inércia, agora você poderá
determinar o momento de inércia da figura a partir da nova referência (ponto O),
com as equações 24, 25 e 26.
- Há uma distância ao quadrado (d2) que corresponde à distância entre os eixos, seja
para x, y e entre as origens, comumente conhecido como a distância entre centroi-
des, ou seja, o centroide da figura total e o centroide de cada figura da subdivisão.

Para melhor entendimento, iremos continuar a calcular as propriedades da Figu-


ra 20 utilizando os resultados já obtidos anteriormente. Você observará que essas
propriedades de figuras planas que estamos determinando são interdependentes e
funcionam de forma sequencial.

4 EXERCÍCIO Determine os momentos de inércia Ix, Iy e J0 para figura retangular. Observe que a
origem (O) foi deslocada.
yc
y

h xc
O

Figura 25 - Figura retangular para determinar os momentos de inércia


Fonte: o autor.

46 Propriedades de Figuras Planas


Primeiramente, iremos verificar as informações já obtidas nos tópicos estudados
anteriormente. Assim, sabemos que:

3
bh
Momento de inércia centroidal em relação ao eixo x → Ix =
12
3
Momento de inércia centroidal em relação ao eixo y →I = b h
y
12
Momento de inércia polar centroidal
0
12 (
→ J = bh h 2+ b2
)
Área da figura → A = b .h

Tudo isso talvez tenha lhe gerado alguma dúvida, porque antes conversamos sobre
momento de inércia e, agora, as expressões são para um momento de inércia centroi-
dal. Observe que, no Tópico 3, todas as inércias foram calculadas no centroide de cada
figura. Dessa forma, foi determinado o momento de inércia centroidal. O que estamos
buscando agora é determinar o momento de inércia a partir de uma referência.
Então vamos resolver.
• Momento de inércia em relação ao eixo x (Ix), utilizando a equação 24

I x  Ix c  d12 . A 
b.h3
Ix   y 2 .  b.h 
12

Mas, o que é, afinal, o y? É a distância do eixo x para o eixo xc, que corresponde à
h
metade da altura, ou seja, 2 . Assim, ao substituirmos h/2 na expressão anterior, temos:

I x  Ix c  d12 . A 
b.h3
Ix   y 2 .  b.h  
12
2
b.h3  h 
Ix     .  b.h  
12  2 
b.h3  h2 
Ix     .  b.h  
12  4 
b.h3 b.h3 b.h3
Ix   
12 4 3

UNIDADE 1 47
Agora, iremos determinar o momento de inércia em relação ao eixo y.
I y  Iy c  d22 . A 
b3 .h 2
Iy   x .  b.h  
12
2
b3 .h  b 
Iy     .  b.h  
12  2 
b3 .h  b2 
Iy     .  b.h  
12  4 
b3 .h b3 .h b3 .h
Iy   
12 4 3
E para o momento de inércia polar, temos:
Jo J o c d2 . A
2
b.h 2 2
Jo h b x2 y2 . b.h
12
b.h 2 2
Jo h b x2 y 2 . b.h
12
2 2
b.h 2 2 h b
Jo h b . b.h
12 2 2

b.h 2 2 h2 b2
Jo h b . b.h
12 4 4
b.h 2 2 b.h 2 2
Jo h b h b
12 4
b.h 2 2
Jo h b
3

Assim, foi finalizado o exercício exemplo 4 com os seguintes resultados:

3
b.h
Momento de inércia em relação ao eixo x →I =
x 3
3
Momento de inércia em relação ao eixo y → I = b .h
y 3
Momento de inércia polar →
Jo = (
b.h 2 2
3
h +b )

Finalizamos a conceituação e a aplicação dos conceitos do Teorema dos Eixos Para-


lelos no desenvolvimento de uma linha de raciocínio para aplicação em exercícios.

48 Propriedades de Figuras Planas


Determinação do
Momento de Inércia
de uma Área Composta

Neste tópico, iremos aplicar todos os conceitos


aprendidos desde o Tópico 1 até o Tópico 4, pois
iremos determinar o momento de inércia de uma
figura com área composta, ou seja, uma figura pla-
na que dividiremos em mais de uma parte – casos
que se assemelham à nossa realidade do cotidiano,
como exemplo um perfil de aço. Este pode ser de aço
laminado a quente, com as dimensões comerciais,
mas também pode ser um perfil de chapa dobrada
ou mesmo um perfil fabricado sob medida – per-
sonalizado para a solicitação. Nesse tipo de situação
que não é comercial, faz-se necessário determinar
todos as propriedades do formato do perfil. Nesse
exemplo, vemos a aplicabilidade do que nós estamos
estudando no decorrer dos tópicos.
Lembre-se que os materiais usuais e os formatos usuais estão mudando de forma
acelerada. Já pensou em construir componentes da construção em impressão 3D?
Quem irá determinar as propriedades destas figuras agora e depois de impressas
essas peças?
Quando consideremos uma área composta A constituída de várias partes, por
exemplo A1, A2, A3 etc., a integral que calcula o momento de inércia de A pode ser sub-
divida em integrais para as áreas que compõem a figura A, ou seja, a figura principal.
Assim, podemos pensar que o momento de inércia da figura A em relação a um
eixo poderá ser determinado a partir da soma do momento de inércia das diversas
subfiguras que formam a figura principal, sendo no mesmo eixo.
No entanto, antes de somar simplesmente os valores dos momentos de inércia das
partes componentes, devemos utilizar o teorema dos eixos paralelos para transferir
cada momento de inércia para o eixo desejado.
Desta forma, para ficar mais claro e elucidar o que estamos estudamos, primeira-
mente, iremos desenvolver alguns exercícios que pertencem a esta unidade de estudo.

5 EXERCÍCIO Determine o momento de inércia Ix, Iy e Jo da Figura 26 para área indicada.

20

60

20 40 20

Unidades em mm
OP1
Figura 26 - Figura plana em formato de T
Fonte: o autor.

50 Propriedades de Figuras Planas


Nota-se que é a mesma figura do exercício exemplo 1, do Tópico 2, é determinada
no momento estático e no centroide de uma área composta, permitindo a utilização
das informações já calculadas para o desenvolvimento. São elas:
Tabela 5 - Dados para obtenção dos centroides X e Y .

Figura Área (mm2) x (mm) y (mm) X (mm) Y (mm)


Fig. 1 1.600 x1 = 40 y1 = 70
40 46
Fig. 2 2.400 x2 = 40 y2 = 30

Fonte: o autor.

Conhecida as coordenadas do centroide, iremos dividir a figura em formato de “T”,


em figuras simples (retângulos) para determinação dos momentos de inércia em
relação ao eixo x e y, como apresentado na Figura 27.

Fig.1
20

60

Fig.2

20 40 20

Figura 27 - Figura plana em formato de T subdividida


Fonte: o autor.

UNIDADE 1 51
Após a subdivisão das figuras, iremos localizar as coordenadas do centroide e as
coordenadas das figuras subdivididas, utilizando como referência a origem (O),
como exemplificado na Figura 28.
y x1 = x2 = 40

X = 40

Fig.1
20 C1

y1 =70
C2
60
Y = 46

y2= 30
Fig.2
O
20 40 20 x

Figura 28 - Figura plana em formato de T subdivididaOP1


com a localização do centroide da figura inteira
Fonte: o autor.

Com as informações apresentadas e representadas na Figura 28, iremos determinar


as informações que estão faltando para determinar o momento de inércia. Para isso,
iremos calcular, primeiramente, o eixo x, e, de forma análoga, iremos repetir o pro-
cedimento para o eixo y.
• Cálculo do momento de inércia centroidal em relação ao eixo x.

b.h3 80.203
Fig. 1 → IxC 1    53.333, 33 mm4
12 12
b.h3 40.603
Fig. 2 → IxC 2    720.000, 00 mm4
12 12
• Cálculo do momento de inércia centroidal em relação ao eixo y.

b3 .h 803.20
Fig. 1 → IyC 1    853.333, 33 mm4
12 12
b .h 403.60
3
Fig. 2 → IyC 2    320.000, 00 mm4
12 12

52 Propriedades de Figuras Planas


Agora, iremos determinar o momento de inércia da figura plana completa, assim,
continuaremos com o mesmo raciocínio. Primeiramente, será determinado em re-
lação ao eixo x e, depois, em relação ao eixo y. Para isso, utilizaremos e aplicaremos
o teorema dos eixos paralelos.
• Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo x.

Ix  Ix1  Ix2

Calcularemos o Ix1 e o Ix2 para somá-los ao final.


Portanto, temos,
b1 · h13 2
Ix1 IxC1 A1 · d 2 (b1 · h1 ). y y1
12
80 · 203 2
Ix1 (80 · 20) · 46 70
12
2
Ix1 53.333, 33 1600 · 24
Ix1 53.333, 33 921.600, 00 974.933, 33 mm 4

E para,
b2 · h23 2
Ix2 IxC 2 A2 · d 2 (b2 · h2 ). y y2
12
40 · 603 2
Ix2 (40 · 60). 46 30
12
2
Ix2 720.000, 00 2400 · 16
Ix2 720.000, 00 614.400, 00 1.334.400, 00mm 4
Logo, temos que:
Ix  Ix1  Ix2 
Ix  974.933, 33  1.334.400, 00
Ix  2.309.333, 33 mm 4

• Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo y.

Iy  Iy1  Iy2

UNIDADE 1 53
Assim, calcularemos o Ix1 e o Ix2 para somá-los ao final.
Portanto, temos,
b13 · h1 2
Iy1 IyC1 A1 · d 2 (b1 · h1 ). x x1
12
803 · 20 2
Iy1 (80 · 20) · 40 40
12
2
Iy1 853.333, 33 1600 · 0
Iy1 853.333, 33 0, 00 853.333, 33 mm 4

E para,
2 b23 · h2 2
Iy2 IyC 2 A2 · d (b2 · h2 ). x x2
12
403 · 60 2
Iy2 (40 · 60). 40 40
12
2
Iy2 320.000, 00 2400 · 0
Iy2 320.000, 00 0, 00 320.000, 00 mm 4

Logo, temos que:


Iy  Iy1  Iy2 
Iy  853.333, 33  320.000, 00
Iy  1.173.333, 33 mm 4

O momento de inércia polar da figura é determinado por:

Jo  Ix  Iy 
Jo  2.309.333, 33  1.173.333, 33
Jo  3.482.666, 66 mm 4
Assim, foi finalizado o exercício exemplo 5 com os seguintes resultados:

Momento de inércia em relação ao eixo x → Ix=2.309.333,33mm4

Momento de inércia em relação ao eixo y → Iy=1.173.333,33mm4

Momento de inércia polar → Jo=3.482.666,66mm4

54 Propriedades de Figuras Planas


Contudo, questiono você a interpretar esses resultados o que significa esses valores?
Para análises estruturais, podemos entender que o momento de inércia está rela-
cionado à resistência à flexão devido à forma da figura. Dessa maneira, concluímos
que a resistência à flexão em torno do eixo x é maior do que em relação ao eixo y,
observadas e comparadas por meio dos resultados obtidos no momento de inércia.
Finalizamos o primeiro exercício exemplo determinando as propriedades rela-
cionadas a figuras planas em uma situação em que o formato das peças não é usual.
Agora, iremos finalizar outro exercício exemplo para consolidarmos o conheci-
mento adquirido.

6 EXERCÍCIO Determine o momento de inércia Ix, Iy e Jo da Figura 29 para área indicada.

60

20

O x
20 40
Unidades em mm

Figura 29 - Figura plana em formato de L


Fonte: o autor.
Nota-se que é a mesma figura do exercício exemplo 2, do Tópico 2, que determina o
momento estático e o centroide de uma área composta. Assim, permite-se utilizar as
informações já calculadas para o desenvolvimento. São elas:
Tabela 6 - Dados para obtenção dos centroides X e Y .

Figura Área (mm2) x (mm) y (mm) X (mm) Y (mm)


Fig. 1 1.600 x1 = 10 y1 = 40
20 30
Fig. 2 800 x2 = 40 y2 = 10

Fonte: o autor.

UNIDADE 1 55
Conhecidas as coordenadas do centroide, iremos dividir a figura em formato de “L”
em figuras simples (retângulos) para determinação dos momentos de inércia em
relação ao eixo x e y, como apresentado na Figura 30.
y x2 = 40
x1 = 10

Fig.1

60
C1

y1 = 40
C2 Fig.2
20
y2= 10

O x
20 40
Figura 30 - Figura plana em formato de L com subdivisões
Fonte: o autor.

Após a subdivisão das figuras, iremos localizar as coordenadas do centroide e as


coordenadas das figuras subdivididas, utilizando como referência a origem (O),
como exemplificado na Figura 31.

y x2 = 40

X = 20
x1 = 10

60
C1
C (20; 30)
y1 = 40
Y = 30

C2
y2= 10

20
Fig.1 Fig.2
O x
20 40

Figura 31 - Figura plana em formato de L com subdivisões e a localização do Centroide da figura inteira
Fonte: o autor.

56 Propriedades de Figuras Planas


Com as informações apresentadas e representadas na Figura 31, iremos determinar
as informações que estão faltando para determinar o momento de inércia. Para isso,
iremos calcular, primeiramente, o eixo x e, de forma análoga, iremos repetir o pro-
cedimento para o eixo y.
• Cálculo do momento de inércia centroidal em relação ao eixo x.

b.h3 20.803
Fig. 1 → Ix
=C1 = = 853.333, 33 mm 4
12 12
b.h3 40.203
Fig. 2 → Ix=
C2 = = 26.666, 67 mm 4
12 12

• Cálculo do momento de inércia centroidal em relação ao eixo y.

b3 .h 203.80
Fig. 1 → Iy
=C1 = = 53.333, 33 mm 4
12 12
b3 .h 403.20
Fig. 2 → Iy=
C2 = = 106.666, 67 mm 4
12 12

Iremos determinar, agora, o momento de inércia da figura plana completa. Assim,


continuaremos com o mesmo raciocínio. Primeiramente, o momento de inércia será
determinado em relação ao eixo x e, depois, em relação ao eixo y. Para isso, iremos
utilizar e aplicar o teorema dos eixos paralelos.
• Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo x.

Ix  Ix1  Ix2

Calcularemos o Ix1 e o Ix2 para somá-los ao final.


Portanto, temos,

b1 ∙ h13 2
Ix1 IxC1 A1 ∙ d 2 (b1 ∙ h1 ). y y1
12
2
Ix1 853.333, 33 (1600) ∙ 30 40
2
Ix1 853.333, 33 1600 ∙ 10
Ix1 853.333, 33 160.000, 00 1.013.333, 33 mm 4

UNIDADE 1 57
E para,
2 b2 ∙ h23 2
Ix2 IxC 2 A2 ∙ d (b2 ∙ h2 ). y y2
12
2
Ix2 26.666, 67 800. 30 10
2
Ix2 26.666, 67 800 ∙ 20
Ix2 26.666, 67 320.000, 00 346.666, 67 mm 4

Logo, temos que:


Ix  Ix1  Ix2 
Ix  1.013.333, 33  346.666, 67
Ix  1.360.0000, 00 mm 4

• Cálculo do momento de inércia em relação ao eixo y.

Iy  Iy1  Iy2

Calcularemos o Ix1 e o Ix2 para somá-los ao final.


Portanto, temos,
b13 ∙ h1 2
Iy1 IyC1 A1 ∙ d 2 (b1 ∙ h1 ). x x1
12
2
Iy1 53.333, 33 (1600) ∙ 20 10
2
Iy1 53.333, 33 1600 ∙ 10
Iy1 53.333, 33 160.000, 00 213.333, 33 mm 4

E para,
b23 ∙ h2 2
Iy2 IyC 2 A2 ∙ d 2 (b2 ∙ h2 ). x x2
12
2
Iy2 106.666, 67 800. 20 40
2
Iy2 106.666, 67 800 ∙ 20
Iy2 106.666, 67 320.000, 00 426.666, 67 mm 4

58 Propriedades de Figuras Planas


Logo, temos que:
Iy  Iy1  Iy2 
Iy  213.333, 33  426.666, 67
Iy  640.000, 00 mm 4

O momento de inércia polar da figura é determinado por:


Jo  Ix  Iy 
Jo  1.360.000, 00  640.000, 00
Jo  2.000.000, 00 mm 4

Foi finalizado o exercício exemplo 5 com os seguintes resultados:

Momento de inércia em relação ao eixo x → Ix=1.360.000,00mm4

Momento de inércia em relação ao eixo y → Iy=640.000,00mm4

Momento de inércia polar → Jo=2.000.000,00mm4

Finalizamos mais um exercício exemplo, no qual determinamos as propriedades da


figura plana em relação à sua geometria. A partir de agora, você está apto a determinar
as propriedades em qualquer formato de figura, sejam com a forma conhecida por
meio das propriedades que já conhece ou mesmo de formas irregulares, por meio
das integrais.
Continue praticando para não esquecer. Fazendo isso, certamente, você irá au-
mentar os seus conhecimentos nesses assuntos.
Ótimo estudo!!!

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 1 59
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

A seção transversal de uma viga de aço é constituída de uma cantoneira em Z


com uma placa de cobertura de 360 mm x 30 mm, soldada ao flange superior,
como apresentado na figura a seguir. Você foi contratado pela empresa para
poder determinar as propriedades da figura plana. Então, deverá fornecer as
propriedades para o seu dimensionamento futuro.

y
180 mm 180 mm
105 mm 30 mm
15 mm
30 mm

C 90 mm
y
O x
30 mm 90 mm
30 mm

120 mm

Fonte: o autor.

1. Localize as coordenadas do centroide C da área de seção transversal.


a) x = 0,00 mm / y = 52,5 mm.
b) x = 52,5 mm / y = 30,0 mm.
c) x = 30,0 mm / y = 50,0 mm.
d) x = 50,0 mm / y = 0,00 mm.
e) Nenhuma das alternativas.

60
2. Determine o momento de inércia em relação ao eixo x (Ix) e em relação ao eixo
y (Iy).
a) Ix = 109.274.062,50 mm4 / Iy = 104.565.937,50 mm4.
b) Ix = 104.565.937,50 mm4 / Iy = 109.274.062,50 mm4.
c) Ix = 104.565.937,50 mm / Iy = 141.269.062,50 mm4.
d) Ix = 109.274.062,50 mm4 / Iy = 141.269.062,50 mm4.
e) Nenhum das alternativas.

3. Determine o raio de giração em relação ao eixo x (rx) e em relação ao eixo y (ry).


a) rx = 71,13 mm / ry = 69,58 mm.
b) rx = 69,58 mm / ry = 80,87 mm.
c) rx = 69,58 mm / ry = 71,13 mm.
d) rx = 80,87 mm / ry = 69,58 mm.
e) Nenhum das alternativas.

61
LIVRO

Resistência dos materiais


Autor: Ferdinand Pierre Beer e E. Russell Johnston Jr.
Editora: Pearson Makron Books
Sinopse: um livro clássico na mecânica dos sólidos. Descreve e apresenta toda
Mecânica Clássica, abordando os assuntos comentados nesta unidade. O livro
apresenta diversos exercícios para fixação e desenvolvimento dos conteúdos.

62
BOTELHO, M. H. C. Resistência dos Materiais: Para Entender e Gostar. 4. ed. São Paulo.
Blucher, 2017.

63
1. A.

Primeiramente, iremos subdividir a figura em outras figuras com propriedades conhecidas para
podermos calcular o centroide por meio da tabela apresentada no Tópico 2.

1 2
3 4

5 x
O

6 7 8

Figura Área (mm2) x (mm) y (mm) x.A (mm3) y.A (mm3) X (mm) Y (mm)
1 5.400,00 -90,00 105,00 -486.000,00 567.000,00
2 5.400,00 90,00 105,00 486.000,00 567.000,00
3 1.350,00 -7,50 45,00 -10.125,00 60.750,00
4 3.150,00 52,50 75,00 165.375,00 236.250,00
0,00 52,50
5 900,00 7,50 30,00 6.750,00 27.000,00
6 2.700,00 -60,00 -75,00 -162.000,00 -202.500,00
7 1.350,00 -7,50 -45,00 -10.125,00 -60.750,00
8 1.350,00 7,50 -45,00 10.125,00 -60.750,00
Σ = 21.600,00 Σ = 0,00 Σ = 1.134.000,00

64
2. C.
Utilizando as informações já calculadas, iremos calcular o momento de inércia como solicitado.
Para facilitar o desenvolvimento, montaremos as informações em forma de tabela e, por fim,
realizaremos as contas.

1 2
3 4

5 x
O

6 7 8

Dimensões Momento inércia centroidal


Figura Área (mm2)
b (mm) h (mm) Ixc (mm4) Iyc (mm4)

1 180 30 405.000,00 14.580.000,00 5.400,00

2 180 30 405.000,00 14.580.000,00 5.400,00

3 90 15 25.312,50 911.250,00 1.350,00

4 105 30 236.250,00 2.894.062,50 3.150,00

5 60 15 16.875,00 270.000,00 900,00

6 90 30 202.500,00 1.822.500,00 2.700,00

7 15 90 911.250,00 25.312,50 1.350,00

8 15 90 911.250,00 25.312,50 1.350,00


Σ = 21.600,00

65
Diferença entre
Centroide da Centroide de Momento de inércia de cada
centroide ao
figura total cada figura figura
quadrado
Figura

X Y xi yi
(X-xi)2 (Y-yi)2 Ix (mm4) Iy (mm4)
(mm) (mm) (mm) (mm)

1 0,00 52,50 -90,00 105,00 8.100,00 2.756,25 15.288.750,00 58.320.000,00

2 90,00 105,00 8.100,00 2.756,25 15.288.750,00 58.320.000,00

3 -7,50 45,00 56,25 56,25 101.250,00 987.187,50

4 52,50 75,00 2.756,25 506,25 1.830.937,50 11.576.250,00

5 7,50 30,00 56,25 506,25 472.500,00 320.625,00

6 -60,00 -75,00 3.600,00 16.256,25 44.094.375,00 11.542.500,00

7 -7,50 -45,00 56,25 9.506,25 13.744.687,50 101.250,00

8 7,50 -45,00 56,25 9.506,25 13.744.687,50 101.250,00

Σ= 104.565.937,50 141.269.062,50

3. B.
• Determinação do raio de giração em relação ao eixo x.
Ix 104.565.937, 50
rx
= = = 69, 58 mm
A 21.600, 00

• Determinação do raio de giração em relação ao eixo y.

Iy 141.269.062, 50
ry
= = = 80, 87 mm
A 21.600

66
67
68
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Conceito de Tensão

PLANO DE ESTUDOS

Forças Axiais e Tensões de


Tensões Normais Esmagamento

Forças e Tensões de Tensões em um Plano


Tensões Cisalhamento Oblíquo ao Eixo

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender o conceito de tensão e aprender a diferença • Determinar a tensão de esmagamento em superfície de


entre forças e tensões. contato.
• Determinar as tensões normais devido a carregamentos • Determinar a tensões em um plano oblíquo ao eixo.
axiais.
• Determinar a tensão de cisalhamento com carregamento
cortante.
Forças e
Tensões

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos começar a


estudar um pouco sobre o conceito de tensão e
aprender a diferença entre ela e a força. Isso pro-
porcionará ao engenheiro os meios e métodos
que habilitam a análise e o desenvolvimento de
projetos de várias estruturas, sejam de máqui-
nas, estruturas de concreto, estruturas metálicas,
estruturas de madeira, ou seja, realizar a análise
em vários tipos de materiais sujeitos a diferentes
carregamentos.
A importância desse conteúdo está vinculada
às disciplinas básicas, ou seja, as disciplinas de
formação que são e serão o alicerce para as dis-
ciplinas específicas que você verá mais à frente
no curso.
A Resistência dos Materiais é um ramo da Mecânica que estuda as relações entre as
cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças internas
que agem no interior do corpo. Esse assunto envolve o cálculo das deformações do
corpo e proporciona o estudo de sua estabilidade, quando sujeita a forças externas.
Todos os conceitos comentados caminham para o equilibro do corpo em estudo ou
das peças a serem desenvolvidas ou mesmo da estrutura a ser dimensionada com os
princípios da Estática.
O desenvolvimento histórico da Resistência dos Materiais (ou Mecânica dos
Materiais) é uma combinação fascinante de teoria e com experimento – em alguns
casos, a teoria apontou o caminho para os resultados úteis e o experimento também
o fez em outros. Pessoas famosas, tais como Leonardo da Vinci (1452-1519) e Galileu
Galilei (1564-1642), conduziram experimentos para determinar a resistência de fios,
barras e vigas, embora não tenham desenvolvido teorias adequadas (pelos padrões
atuais) para explicar o resultado de seus testes. Em contraste, o famoso matemático
Leonhard Euler (1707-1783) desenvolveu a teoria matemática de colunas e calculou
a carga crítica de uma coluna em 1744, muito antes de qualquer evidência experi-
mental existir para mostrar a significância de seus resultados. Sem testes apropriados
para apoiar suas teorias, os resultados de Euler permaneceram inúteis por mais de
cem anos, embora hoje sejam a base para o projeto e análise da maioria das colunas.
Os conceitos mais fundamentais na Resistência dos Materiais são a tensão e de-
formação. Esses conceitos podem ser ilustrados em suas formas mais elementares,
considerando uma barra prismática sujeita a forças axiais.

Cargas Externas podem retratar os carregamentos aplicados a uma estrutura ou


peso próprio dessa mesma estrutura ou elemento em estudo. Essas cargas podem
ser de diversos formatos e esforços, sendo cargas concentradas ou distribuídas;
contudo, qualquer uma delas pode ser classificada como uma força de superfície
ou uma força de corpo.

UNIDADE 2 71
Por barra prismática entende-se uma peça com predomínio em seu comprimento,
ou seja, o comprimento é muito maior que as outras dimensões da peça. As forças
axiais correspondem àquelas direcionadas no sentido da barra, ou seja, ao longo
do eixo da barra, resultando em esforços de tração ou compressão.

Podemos exemplificar, como mostrado na Figura 1, que um avião, ao ser movimen-


tado durante o procedimento de decolagem, será rebocado do local de embarque até
o local de decolagem. Nesta situação, conseguimos observar o conceito de tensão e
deformação na barra do reboque, que será tracionada quando o avião for movimen-
tado para frente.

Trem de pouso Barra do reboque

Figura 1 - Membros estruturais submetidos a carregamentos. (A barra do reboque está em tração e o


suporte do trem de pouso está em compressão)
Fonte: adaptada de Gere et al. (2010).

Você também observou o trem de pouso e deve ter pensado: será que lá também
tem esforço?
Utilizando o conceito de carga externa, se realizarmos uma análise somente fo-
cando o trem de pouso, o avião pode ser considerado como uma carga externa em
relação ao trem de pouso e, por consequência, gerará um esforço de compressão.
Observe que os conceitos são aplicados em diversas situações do nosso cotidiano.

72 Conceito de Tensão
Para fins de complementação dos nossos estudos, iremos considerar somente a bar-
ra do reboque da Figura 1 e isolar um pequeno pedaço (segmento) dela como um
corpo livre (Figura 2a). Quando esboçarmos esse diagrama de corpo livre, iremos
desconsiderar o peso da barra e assumirmos que as únicas forças atuantes são as
forças axiais P nas extremidades. Assim, teremos duas situações, sendo a primeira
somente a barra antes da aplicação da carga (Figura 2b) e a segunda situação após a
aplicação das cargas (Figura 2c).
Observe somente a barra (Figura 2b). Temos a barra com o comprimento L, e
após a aplicação do carregamento, a barra passou a ter o comprimento de L + δ, onde
δ (variação de comprimento) corresponde ao aumento de comprimento da barra
devido à carga aplicada.

P P
(a)

L
(b)

m
P P
n
L+ 
(c)

m
P P
n
d  P
A
(d)

Figura 2 - Barra prismática em tração: a) diagrama de corpo livre de um segmento da barra; b)


segmento da barra antes do carregamento; c) segmento da barra após o carregamento; e d) tensões
normais na barra
Fonte: adaptada de Gere et al. (2010).

UNIDADE 2 73
Após a barra estar carregada, consideraremos uma seção imaginária mn (Figura 2c)
perpendicular ao eixo longitudinal da barra, conhecida como seção transversal, e
isolaremos a porção da barra à esquerda da seção transversal como um corpo livre
(Figura 2d). Consideraremos, também, o carregamento P aplicado na extremidade
de barra agindo com uma força distribuída e contínua sobre toda a seção transversal.
Assim, entende-se que a força está distribuída na área da seção transversal, chamada
de tensão, e denotada pela letra grega σ (sigma).
Assumindo que as tensões são uniformemente distribuídas sobre a seção trans-
versal (Figura 2d), obtemos a seguinte expressão para magnitude das tensões:

P
s= (Eq. 1)
A

Em que:
• P = Carga aplicada (N)
• A = Área da seção transversal (mm2)
• σ = Tensão normal (MPa)

Essa equação fornece a intensidade de tensão uniforme em uma barra prismática


carregada axialmente e de seção transversal de forma arbitrária.
Quando a barra é esticada pelo carregamento aplicado, dizemos que são tensões
de tração e têm indicação de sinal positivo (+); quando a barra é apertada pelo
carregamento aplicado, dizemos que são tensões de compressão e têm a indicação
de sinal negativo (-). Lembre-se sempre de observar o sentido do carregamento em
relação à barra. Por fim, chamamos de tensão normal quando o carregamento é
perpendicular à seção transversal (seção de corte).

Deve-se sempre verificar o sentido do carregamento em relação à seção transversal,


pois isso lhe ajudará a saber qual tipo de tensão você irá desenvolver.

74 Conceito de Tensão
Exemplificando: considerando a estrutura apresentada na Figura 3, que aparenta ser
uma “mão francesa”, com um carregamento aplicado de 30 kN, composto de duas
barras AB e BC, será que a estrutura suporta, com segurança, a carga aplicada no
ponto B?

1,5 m

A B

2m
30 kN
Figura 3 - Estrutura exemplo com carregamento para determinar as tensões nas barras
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Com o nosso conhecimento de Estática, deduzimos que as barras AB e BC estão sob


a ação de duas forças iguais e de sentidos contrários, atuando na direção do eixo da
barra, aplicadas em cada uma das suas extremidades: FAB e F’AB de módulo FAB, e FBC
e F´BC de módulo FBC (Figura 4).

FBC
C

B F’BC

FAB A B F’AB
Figura 4 - Diagrama de corpo livre da estrutura exemplo com carregamento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 2 75
Assim, para podermos afirmar o que foi questionado, iremos analisar o pino B.
Primeiramente, precisamos determinar os carregamentos aplicados em cada barra.
Para isso, devemos desenhar o diagrama corpo livre do pino B, compondo as forças
aplicadas no polígono de forças da Figura 5, para formação de um triângulo para
solução por meio de semelhança.

FBC

FBC
B
FAB 5
30 kN 3
4
FAB
30 kN

(a) (b)

Figura 5 - Diagrama de corpo livre no pino B; a) Sentido das cargas aplicadas no pino B; e b) Formação
de um triângulo pitagórico para determinadas cargas
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, temos que:

FAB FBC 30
= = , resolvendo por semelhança de triângulos,
4 5 3

Obtemos que FAB = 40 kN e FBC = 50 kN.


Como já foi conhecido, com a intensidade de carregamento das barras, devemos
observar o sentido das cargas em relação à barra para podermos determinar a tensão.

Não devemos comparar carga aplicada com tensão, pois são coisas diferentes.

76 Conceito de Tensão
Complementando as informações, temos que o diâmetro barra BC é de 20 mm e
possui uma tensão admissível (σadm) igual 165 Mpa. A tensão da Barra BC é calcu-
lada por meio de:

FBC 50 x103 N 50 x103 N


σ=
BC = = = 159,15 MPa
A π.d 2 π.202 2
mm
4 4

Mas, por fim, a estrutura é segura?


Com o resultado obtido, podemos afirmar apenas que a barra BC é segura,
pois tem uma tensão atuante de 159,15 Mpa, e a tensão admissível (σadm) é de
165 MPa. Para podermos afirmar que toda estrutura é segura, deveríamos realizar
verificações complementares na outra barra, pinos e demais itens que compõem
a estrutura.
Como comentado no exemplo, não podemos afirmar com total certeza que
toda estrutura é segura, pois verificações complementares devem ser realizadas.
Assim, devemos verificar não somente a tensão normal ou axial, mas também
devemos determinar as tensões de cisalhamento e tensões de esmagamento nas
diversas partes que compõem a estrutura, além das deformações que serão apro-
fundadas nos próximos tópicos.

Relembrando e reforçando, o conceito de tensão é uma relação entre força e área


da seção transversal.

UNIDADE 2 77
Forças Axiais e
Tensões Normais

Neste tópico, iremos começar a estudar um


pouco sobre a tensão normal devido a forças
axiais, que será de extrema importância para
fundamentar toda a sua formação para se tor-
nar um engenheiro. As informações que serão
estudadas explicarão a distribuição de esforços
axiais e o comportamento do concreto, aço e
madeira para o dimensionamento das matérias
futuras. Então, não deixe de querer se aprofun-
dar no assunto, o qual explicará várias situações
do seu cotidiano na engenharia.
Tensões Normais – Forças Axiais
Como comentado no Tópico 1 e na Figura 4, as forças FBC e F´BC, que atuam na
barra BC, estão na direção do eixo da barra. Este fato caracteriza as forças como axiais,
por estarem no mesmo sentido da barra.
Se realizarmos uma seção (um corte transversal nesta barra) para determinarmos
as forças internas e as tensões, observaremos que as forças aplicadas ficaram perpen-
diculares à seção transversal. Com essas considerações comentadas, permite-se a
determinação de tensão normal em uma barra sob a ação de um carregamento axial,
expressa novamente pela equação 1.

P
s= (Eq. 1)
A

Em que:
• P = Carga aplicada (N)
• A = Área da seção transversal (mm2)
• σ = Tensão normal (MPa)
Observe que, na força (P), a intensidade corresponde à resultante das forças inter-
nas que atuam na seção transversal definida pela área (A), correspondente ao valor
médio das tensões na seção transversal, e não ao valor específico da tensão em um
determinado ponto da seção transversal.
Para situações em que se é necessário determinar a tensão em um determinado
ponto, devemos considerar a mesma linha de raciocínio. Primeiramente, iremos
observar, em uma seção transversal, um ponto Q e considerar uma pequena área
∆A, como representado na Figura 6.
∆F
∆A
Q

P’
Figura 6 - Determinação de tensão normal em um ponto
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
UNIDADE 2 79
Como estamos considerando um ponto, devemos pensar em limites. Assim, se di-
vidirmos a intensidade ∆F por ∆A, determina-se o valor médio da tensão em ∆A.
Logo, fazendo ∆A tender a zero, podemos obter a tensão no ponto Q, expressa pela
equação 2.

DF
s  lim (Eq. 2)
DA0 DA

O resultado obtido para a tensão no ponto Q é diferente do valor da tensão média,


determinada pela equação 1. Dessa forma, notamos que a tensão varia ao longo da
seção transversal. Essa situação de variação de tensão fica muito clara quando, em
uma barra delgada sujeita a forças concentradas iguais e de sentidos oposto (P e
P’, Figura 7a), a variação é pequena nas seções distantes do ponto de aplicação das
forças (Figura 7c). Contudo, a variação é visível nas regiões próximas à aplicação do
carregamento (Figura 7b e 7d).

P


P’ P’ P’ P’
(a) (b) (c) (d)

Figura 7 - Distribuição interna das tensões normais


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

No cotidiano, consideraremos que a distribuição das tensões é uniforme em uma


barra carregada axialmente, com exceção das seções nas vizinhanças do ponto de
aplicação do carregamento. Assim, a tensão (σ) será igual a tensão média (σméd), de-
terminada pela equação 1.

80 Conceito de Tensão
Devemos compreender que, quando assumimos uma distribuição uniforme de tensões,
estamos considerando que as forças internas estão uniformemente distribuídas ao longo
da seção. Essa consideração rege os princípios da Estática, em que a resultante P das
forças internas está aplicada no centroide da seção transversal, ilustrada pela Figura 8.

 P

Figura 8 - Distribuição da tensão na seção transversal e a resultante do carregamento aplicado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Quando o carregamento está aplicado exatamente no centroide e a barra for retilínea,


podemos considerar a distribuição uniforme de tensões; porém, em situações em que o
carregamento é axial, mas a barra apresenta excentricidade, como a Figura 9 apresenta,
as condições de equilíbrio de uma parte da barra (Figura 9b) nos levam a concluir que as
forças internas em uma certa seção transversal devem ser equivalentes à força P aplicada
no centroide dessa seção. Nesse caso, momento M tem intensidade dada por M=P.d.
P

P d
d
C M

P’ P’
(a) (b)
Figura 9 - Barras carregadas axialmente com excentricidade
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 2 81
1 EXERCÍCIO Duas barras cilíndricas maciças são soldadas no ponto B, como indicado na Figura
10. Determine a tensão normal no ponto médio de cada barra.

760 mm 75 mm

130 kN 130 kN

1000 mm 50 mm

P = 180 kN

Figura 10 - Associação de barras com carregamento


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

O exercício solicita determinar a tensão média normal. Para isso, precisamos determi-
nar duas informações: os carregamentos aplicados e as áreas. Assim, primeiramente,
iremos determinar os carregamentos e, depois, as áreas.
• Carregamentos:

PAB 180 kN 180.000 N


PBC 180 130 130 80 kN 80.000 N

• Áreas:
p.d 2 p.502
AAB
= = = 1.963, 50mm2
4 4
p.d 2 p.752
ABC
= = = 4.417, 87 mm2
4 4
• Tensão média normal:

PAB 180.000
Trecho AB → s=
AB = = 91, 67 MPa
AAB 1.963, 50
PBC 80.000
Trecho BC → s BC    18, 11MPa
ABC 4.417, 86

82 Conceito de Tensão
2 EXERCÍCIO Duas barras cilíndricas maciças são soldadas no ponto B, como indicado na Figura
11. Determine a intensidade da força P para que a tensão normal seja a mesma em
ambas as barras.
P = 30 kN

A
30 mm
250 mm
40 kN
B

300 mm 50 mm

C
Figura 11 - Associação de barras para determinação do carregamento P
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Como nos demais exercícios já exemplificados, inicialmente, iremos extrair as infor-


mações para podermos determinar o solicitado no problema, que, neste exemplo, é a
força P em uma condição em que as barras tenham a mesma tensão normal.
Assim, para determinarmos a força P por meio da tensão normal, devemos, pri-
meiramente, determinar as cargas aplicadas e as áreas.
• Carregamentos:

PAB  P
PBC  ( P  40)kN  ( P  40.000) N

Observe que, para determinarmos os carregamentos nos trechos em questão, inicia-


remos com a determinação, pelo trecho livre, das cargas as quais são cumulativas.
• Áreas:
p.d 2 p.302
AAB =
= = 706, 86mm2
4 4
p.d 2 p.502
ABC =
= = 1.963, 50mm2
4 4
• Tensão média normal:

PAB P
Trecho AB → s=
AB =
AAB 706, 86

UNIDADE 2 83
PBC ( P  40.000)
Trecho BC → s BC  
ABC 1.963, 50

Como a s AB = s BC , teremos:
σ AB σ BC

P P 40.000
706, 86 1.963, 50

1.963, 50 P 706, 86 ∙ ( P 40.000)

1.963, 50 P 706, 86 P 28.274.400, 00

1.963, 50 P 706, 86 P 28.274.400, 00

1.256, 64 P 28.274.400, 00

28.274.400, 00
P 22.500N
1.256, 64

Assim, temos que a força é de P = 22.500 N = 22,50 kN. Para confirmarmos a afirma-
ção que as tensões são iguais, podemos substituir o valor de P nas expressões iniciais
da tensão. Assim, teremos que:

PAB P 22.500
Trecho AB → s AB == = = 31, 83MPa
AAB 706, 86 706, 86
PBC ( P  40.000) (22.500  40.000)
s BC    
Trecho BC → ABC 1.963, 50 1.963, 50
62.500
s BC   31, 83MPa
1.963, 50

84 Conceito de Tensão
3 EXERCÍCIO Uma carga axial P é suportada por uma pequena coluna W250 x 80, de seção trans-
versal uniforme e igual a A = 10.200 mm2. A carga é transmitida a uma fundação
de concreto por uma placa quadrada de 450 mm, como mostrado na Figura 12.
Sabendo-se que a tensão normal média na coluna não pode exceder 248 MPa e que
a tensão de esmagamento média sobre a fundação de concreto não poderá exceder
13,80 MPa, determine a máxima carga P admissível.
P

450 mm 450 mm

Figura 12 - Desenho ilustrativo de aplicação da força P no perfil W250 x 80


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Observe que este exercício exemplo quer que determinemos o valor da força P que
atenda tanto à tensão normal da coluna quanto à tensão de esmagamento da placa
de concreto, ou seja, terá que ser um valor seguro para as duas situações.
Primeiramente, iremos separar as informações de cada situação – a coluna de aço
e a placa de concreto – para depois iniciarmos a resolução.
• Informações do perfil W250 x 80
2
Área da seção transversal → A = 10.200mm
Limite da Tensão normal média → s Limite = 248 MPa
• Informações da placa de concreto
2
Área da seção transversal → A  450 · 450  202.500mm
Limite da Tensão normal média → s Limite = 13, 80 MPa

UNIDADE 2 85
• Cálculo da força P para o perfil
PPERFIL PPERFIL
σ PERFIL 248
A PERFIL 10.200

PPERFIL 248 · 10. 200 2.529.600 N

PPERFIL 2.529, 60kN

• Verificação se a placa de concreto suporta a carga aplicada no perfil

P 2.529.600
s=
PLACA = =
APLACA 202.500

s PLACA = 12, 49 MPa

Assim, a tensão da placa de concreto devido à carga aplicada no perfil corresponde


a 12,49 Mpa, que é menor que a tensão de esmagamento limite da placa de concreto,
que é 13,80 MPa. Logo, podemos admitir que a máxima carga admissível, para que
se atenda às condições estipuladas para os dois elementos, é de P = 2.529,60 kN.
Com o assunto estudado, será possível determinar tensões devido aos esforços de
compressão ou tração e suas diversas aplicações, que são extremamente importantes
para o cotidiano da Engenharia.

86 Conceito de Tensão
Tensões de
Cisalhamento

Neste tópico, iremos começar a estudar um pouco


sobre a tensão de cisalhamento devido a forças
cortantes em nossas peças de estudo e suas pro-
priedades que compõem as situações do nosso
cotidiano. Esses conceitos serão aplicados em
diversos conteúdos a serem estudados no curso
de Engenharia. Então, não deixe de aprimorar os
seus conhecimentos!

UNIDADE 2 87
Tensão de Cisalhamento

Nos tópicos anteriores, comentamos sobre o conceito de tensão, o qual permanece


o mesmo: uma relação entre força e área. Contudo, o que se nota de diferente entre
a tensão normal e a tensão de cisalhamento é que a carga de aplicação não é mais no
sentido axial da barra prismática em estudo.
A tensão de cisalhamento ocorre quando uma força é aplicada na direção transversal
da barra, também conhecida como força cortante, situação essa ilustrada na Figura 13.
P

A B

P’
Figura 13 - Força P (força cortante) aplicada em barra de estudo
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Com a força cortante aplicada (P), se dividirmos pela área da seção transversal, de-
terminamos a tensão média de cisalhamento para a barra em estudo, expressa pela
equação 3.

Força P
t=
média = (Eq. 3)
Área A

Em que:
• τmédia = Tensão média de cisalhamento (Pa; MPa)
• P = Força cortante aplicada (N)
• A = Área da seção transversal (mm2; m2)

A tensão média não pode ser considerada como uma distribuição de tensões na seção
transversal, da mesma forma que se é considerado em tensões normais.

88 Conceito de Tensão
O valor real da tensão de cisalhamento da superfície varia conforme a distância
da linha neutra.

A tensão de cisalhamento ocorre comumente em parafusos, rebites, pinos que ligam


as diversas partes das máquinas, estruturas e peças.
Um exemplo é uma situação em que ocorre a ligação por um conector com um
rebite, apresentada na Figura 14, em que duas chapas são ligadas por um conector.

C
E F
A
B E’
F’
D
Figura 14 – Ligação de chapas por meio de conector (rebite)
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Observe que o sentido da força (F) aplicada é perpendicular ao conector. Logo, o


local está propício a ser cisalhado. Isso é muito comum em pinos de engate de barcos.
Note que o que irá suportar a força (F) é a área da seção transversal do pino, ou
seja, a divisão da força pela área. Nesse caso, portanto, iremos determinar a tensão
de cisalhamento. Um detalhe importante é a quantidade de áreas que irão suportar
os carregamentos aplicados.
P
Retomando a equação 3, t média = , observamos que a tensão é inversamente
A
proporcional à área, logo se aumentarmos a área, a tensão de cisalhamento será menor.
Essa condição explica porque um pino tão pequeno colocado em uma dobradiça
suporta o peso de uma porta. Isso é devido à quantidade de área para suportar o
esforço, denominada “área de corte”.

UNIDADE 2 89
Assim, ilustrando a situação, como apresentado na Figura 15, em que o pino EG e o
pino HJ possuem duas áreas de corte, podemos expressar a tensão de cisalhamento
pela equação 3.

E H

F’ K C K’ F
B A
L D L’
G J
Figura 15 - Ligação de chapas por meio de conector (rebite) com 2 planos de corte
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

A determinação da tensão no pino EG ou pino HJ é dada por:

P
t média = (Eq. 4)
2A

Distorção ou Deformação Específica

A variação do ângulo reto de um elemento inicialmente retangular denomina-se


distorção. Ela é expressa em radianos e é designada pela letra γ (gamma), como
mostrado na Figura 16.

τ
τ γ

A
(a) (b)

Figura 16 - Tensões de cisalhamento atuando em um elemento


Fonte: adaptada de Nash (2014).

A tensão média de cisalhamento também deve atender às condições da lei de Hooke


para materiais dúcteis. Assim, podemos expressar que a tensão pode ser determinada
pela equação 5:

90 Conceito de Tensão
τ média = G.γ (Eq. 5)

Em que:
• τmédia = Tensão média de cisalhamento (Pa; MPa)
• G = Módulo de elasticidade transversal (Pa; MPa; GPa)
• γ = Distorção ou deformação específica

Agora, iremos aplicar o conceito de tensão de cisalhamento em alguns exemplos.

4 EXERCÍCIO Uma junta de um veículo, apresentada na Figura 17, é ligada por meio de parafuso
com diâmetro de 10 mm e possui uma força (P) de 30 kN aplicada. Verifique se a
ligação apresenta segurança, sendo que a tensão de cisalhamento de ruptura do
parafuso é de 150 MPa. Dica: será necessário determinar a tensão de cisalhamento
para os planos a-a e b-b.

P P

Figura 17 - Junta de ligação com parafuso


Fonte: adaptada de Nash (2014).

P
Nossa equação de referência é a equação 3 → t média =
A
Para desenvolvermos esse exercício, como os demais já resolvidos, primeiramente,
iremos extrair os dados apresentados no enunciado.
• Carregamento aplicado → = P 30 =kN 30.000 N

π · d 2 π · 102 π · 100
• Área da seção transversal → A     78, 54 mm2
4 4 4

• Planos de corte do parafuso → 2 planos de corte

Assim, podemos determinar a tensão média de cisalhamento do parafuso, logo:

P 30.000
τ média    190, 99 MPa
A 2 · 78, 54

Concluímos que, como a tensão média de cisalhamento calculada é maior que a


tensão média de cisalhamento de ruptura, a ligação apresenta segurança.

UNIDADE 2 91
5 EXERCÍCIO Em sistemas estruturais, é comum utilizar-se, como suporte, cantoneiras metálicas,
como mostrado na Figura 18, para transmitir cargas de uma viga para os pilares. Se
a reação da viga sobre a cantoneira é de 45 kN para baixo e se os dois parafusos, com
diâmetros de 22 mm, são utilizados, determine a tensão de cisalhamento em cada
um dos dois rebites. Consideraremos que os parafusos preenchem os furos.

45 kN

Figura 18 - Ligação cantoneira-pilar parafusada


Fonte: adaptada de Nash (2014).

Neste exemplo, observamos a necessidade de determinar a tensão de cisalhamento.


P
Logo, iremos utilizar a equação 3 → t média =
A
Para desenvolvermos esse exercício, como os demais já resolvidos, iremos extrair,
primeiramente, os dados apresentados no enunciado.
• Carregamento aplicado → = P 45 = kN 45.000 N

π · d 2 π · 222 π · 484
• Área da seção transversal → A     380, 13mm2
4 4 4

• Planos de corte do parafuso → 2 planos de corte (1 plano de corte de cada


parafuso)

92 Conceito de Tensão
Assim, podemos determinar a tensão média de cisalhamento dos parafusos. Logo:

P 45.000
τ média    59, 19 MPa
A 2 · 380, 13

Concluímos que a tensão média de cisalhamento calculada é 59,19 MPa.

6 EXERCÍCIO Considere uma estrutura tipo balcão, mostrada na Figura 19. O balcão horizontal
é submetido a uma carga total de 80 kN, distribuída de uma maneira radialmente
simétrica. O elemento central é um eixo de 500 mm de diâmetro. O balcão é soldado
tanto na sua parte superior quanto na sua parte inferior por cordões de solda de 10
mm de lado, como mostrado na figura. Determine a tensão de cisalhamento entre
o eixo e a solda.

80 kN
10 mm

10 mm

500 mm 500 mm

Figura 19 - Estrutura tipo balcão


Fonte: adaptada de Nash (2014).

Neste exemplo, observamos a necessidade de determinar a tensão de cisalhamento.


P
Logo, iremos utilizar a equação 3 → t média =
A
Para desenvolvermos esse exercício, como os demais já resolvidos, iremos extrair,
primeiramente, os dados apresentados no enunciado.

UNIDADE 2 93
=
• Carregamento aplicado → P 80
= kN 80.000 N

• Comprimento da solda → C  2 ∙ π ∙ r  2 ∙ π ∙ 250  1.570, 80mm

• Planos de corte da solda → 2 planos de corte (1 plano de corte na parte superior


do balcão e 1 plano de corte na parte inferior do balcão)
• Área da seção transversal →
A = Comprimento da Solda(C)*Largura da Solda
A  1.570, 80 ∙ 10  15.708, 00mm2

Assim, podemos determinar a tensão média de cisalhamento entre o eixo e a solda.


Logo:

P 80.000
τ média    2, 55MPa
A 2 ∙ 15. 708, 00

Concluímos que a tensão média de cisalhamento calculada é 2,55 MPa.


Entendemos, neste tópico, a determinação na tensão de cisalhamento e sua impor-
tância, desde a aplicação em conectores até situações de peças soldas. O importante
é observarmos que os conceitos podem e devem ser aplicados sempre que houver o
carregamento cortante em peças.

94 Conceito de Tensão
Tensões de
Esmagamento

Neste tópico, iremos complementar os nossos estu-


dos sobre tensão com a tensão de esmagamento. Ela
ocorre entre um conector, que pode ser um rebite,
parafuso ou mesmo um prego e o seu material de
suporte, que pode ser uma chapa metálica, uma tá-
bua de madeira ou algum outro material composto.
Lembre-se que a tensão de esmagamento, como as
outras tensões estudadas, não é influenciada pelo
tipo de material. O que interfere nos diversos tipos
de tensões estudadas é o sentido do carregamento e
a área da seção transversal do material para resistir
ao esforço.
Vamos aprimorar o conhecimento!
Os conectores, como pinos, parafusos, rebites
e pregos, provocam tensões de esmagamento nas
barras em que estão ligados, ao longo da superfície
de contato. Um exemplo é você pensar em uma
experiência com uma lapiseira e algumas folhas
de papel A4, da seguinte forma: imagine que você
consiga cravar uma lapiseira, sem quebrar, em uma
resma de folhas A4. Após essa situação, imagine que
você tracionaria as folhas para um lado e a lapiseira
para o sentido oposto.
O que teríamos de resultado? Será que as folhas de papel iriam se rasgar? Será que o
furo ficaria mais aberto? A lapiseira flexionaria?
Observou a quantidade de dúvidas? Respondendo a esses questionamentos utili-
zando um pouco da lógica: é bem provável que a lapiseira iria flexionar. Contudo, se
invertêssemos as condições: você cravaria a lapiseira, porém em apenas uma única
folha de papel, e tracionaria a folha para um lado e lapiseira para o sentido oposto.
O que ocorreria?
Nesta última situação comentada, certamente o furo iria, primeiramente, ficar em
uma forma ovalizada. Aumentando o carregamento, ocorreria o rasgamento da folha.
É nesta situação que a tensão de esmagamento deve ser determinada, pois qual é
a tensão que pode ser aplicada de forma que a folha de papel não rasgue?
Para melhor ilustrar o comentário anterior, podemos ter como exemplo uma chapa
A e B ligadas pelo rebite CD, apresentado na Figura 20. O rebite exerce, na placa A,
uma força P igual e de sentido contrário à força F, aplicada sobre o rebite.
A força P representa a resultante das forças elementares que se distribuem ao
longo da superfície interna do semicilindro de diâmetro d e comprimento t igual a
espessura da chapa.
A distribuição das tensões ao longo dessa superfície cilíndrica é de difícil obtenção.
Na prática, utiliza-se um valor nominal médio para a tensão, obtido pela relação entre
a força aplicada (P) e área de projeção do conector com área retangular, representado
pelo diâmetro do furo, como base, e a espessura, como altura. Dessa forma, é possível
determinar a tensão de esmagamento (σE).

t C
P
A d F
F’

D
Figura 20 - Tensão de esmagamento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

96 Conceito de Tensão
O que foi escrito pode ser representado pela
equação 6.

P P
σE   (Eq. 6)
A (t ∙ d )

Em que:
• σE = Tensão de esmagamento (Pa; MPa)
• P = Carga aplicada (N; kN)
• t = Espessura da chapa ou peça (m, cm,
mm)
• d = Diâmetro do furo (m, cm, mm) Tipo de tensões: normal,
cisalhamento e esmagamento
Agora, iremos desenvolver um exercício exemplo para fixação do conteúdo, deter-
minando uma área de esmagamento.

7 EXERCÍCIO Duas chapas 22 x 300 mm, como representado na Figura 21, estão emendadas por
meio de talas com 2 x 8 parafusos, com diâmetro de 22 mm (7/8”) cada. Determine
tensão de esmagamento entre os parafusos e a chapa tracionada.

300 kN 300 kN

300

t = 22 mm

Figura 21 - Ligação de chapas por conectores


Fonte: o autor.

Teremos, então, que determinar a tensão de esmagamento entre os parafusos e a


chapa. Nesse caso, podemos utilizar a equação 6, expressa por:

P P
σE   (Eq. 6)
A (t ∙ d )

Primeiramente, precisamos saber qual área iremos utilizar. Assim, por meio da repre-
sentação na Figura 22, observaremos quais as áreas que serão consideradas.

UNIDADE 2 97
d
t

Figura 22 - Corte na região dos conectores


Fonte: o autor.

Para determinar a área que representada o esmagamento, foi realizado um corte


vertical na Figura 22, em um alinhamento de furos exatamente no meio da furação.
Dessa forma, observe as áreas hachuradas que correspondem à área de esmagamento
e observe a quantidade de áreas.
Assim, teremos que:
• Área de esmagamento → A  t.d  22 · 22  484 mm2
• Quantidade de área → 4 áreas
• Força aplicada (P)=→ P 300 = kN 300.000 N

Substituindo as informações encontradas, teremos:

P 300.000
σE    154, 96 MPa
4 · A 4 ∙ 484

A intenção deste exercício exemplo, além de explicar como determinar a tensão de


esmagamento, tem como principal função observar como determinar a área que, em
muitos exemplos, é o item mais trabalhoso a ser calculado.
Finalizamos mais um tópico, cujo objetivo foi aprendermos como determinar a ten-
são de esmagamento e como determinar a área correta para avaliar esse tipo de tensão.

98 Conceito de Tensão
Tensões em
um Plano
Oblíquo ao Eixo

Neste tópico, aprenderemos como determinar as


tensões quando a seção transversal é oblíqua ao
eixo. Esse tipo de situação é muito comum em
planos inclinados, recorrentes em muitos projetos
de Engenharia, seja como uma escada, uma rampa
ou mesmo uma cobertura, com as diagonais de
uma treliça. Assim, compreender este assunto é
importantíssimo, pois, provavelmente, fará parte
do seu cotidiano.
Então, iniciamos mais um assunto importante.
Conto com você!
Trabalharemos com situações complementares
às estudadas nos tópicos anteriores, como quando
as forças axiais aplicadas a uma barra causavam
tensões normais, enquanto forças transversais
aplicadas a conectores causavam tensões de ci-
salhamento. Observamos essa dependência en-
tre as tensões normais e forças axiais, tensões de
cisalhamento e forças transversais. Devido a isso,
analisamos as tensões sempre em planos normais
aos eixos das barras e conectores.

UNIDADE 2 99
Agora, iremos verificar que as forças axiais e forças transversais causam, ao mesmo
tempo, tensões normais e tensões de cisalhamento em planos que não são perpen-
diculares ao eixo da peça ou ao conector. Esse plano comentado é conhecido como
plano oblíquo.
Para deixar mais claro, é importante que você relembre um pouco de Geometria
Analítica juntamente com decomposição de vetores. Isso irá lhe auxiliar no enten-
dimento e desenvolvimento de qualquer problema sobre este assunto.
Consideremos, inicialmente, uma barra, exposta na Figura 23, sujeita ao carre-
gamento de forças axiais P e P’. Se cortarmos a barra por um plano que forma um
ângulo θ (teta) com o plano normal (seção transversal) e desenharmos o diagrama de
corpo livre da parte à esquerda da seção, veremos que as forças distribuídas, atuando
na seção, devem ser equivalentes à P (Figura 23a e 23b).

P’ P P’ P
θ

(b)
(a)

A0
A0 F

θ
P
P’ P’ τ
V
(c) (d)

Figura 23 - Exemplo de plano obliquo em barra


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para isso, precisaremos decompor a força P em suas componentes F (Força perpen-


dicular ao plano) e V (Força paralela do plano), respectivamente normal e tangencial
ao plano da seção. Logo, podemos decompor e encontrar as equações 7 e 8, observada
na Figura 23c.

Cateto Adjacente F
cos q    F  P.cos q (Eq. 7)
Hipotenusa P

Cateto Oposto V
senq    V  P.senq (Eq. 8)
Hipotenusa P

100 Conceito de Tensão


Devemos nos atentar que não somente a força aplicada deve ser decomposta, mas que
também a área da seção transversal é inclinada. Sendo assim, podemos determinar a
tensão normal e a tensão de cisalhamento pelas equações 9 e 10.
F
σ= (Eq. 9)

e
V
τ= (Eq. 10)

Para decompormos Aθ em função da área A0, podemos desenvolver o cálculo por


Cateto Adjacente Aq
meio de cos q    Aq  A0 .cos q . Substituindo a área Aθ, determi-
Hipotenusa A0
nada na decomposição da área (A0), e os resultados obtidos das equações 7 e 8 nas
respectivas equações 9 e 10, teremos,
P.cos θ P.cos θ.cos θ P.cos2 θ
=σ = = (Eq. 11)
A0 A0 A0
cos θ

e
V P.senθ P.senθ.cos θ
=
τ = = (Eq. 12)
Aθ A0 A0
cos θ

Com as equações 11 e 12, podemos estudar um pouco sobre os valores máximos e


mínimos das tensões para a seção. Assim, observe que se θ = 0º, teremos a tensão
normal máxima; já quando o plano for ortogonal ao eixo (θ = 90º), a tensão normal
é mínima.
Quanto à tensão de cisalhamento, é nula quando θ = 0º e θ = 90º, e o seu máximo
será quando θ = 45º.
Outra situação que devemos
saber é que quando o ângulo for
θ = 45º, temos que tensão nor-
mal e a tensão de cisalhamento
Tenha sua dose extra de
são iguais. conhecimento assistindo ao
Podemos, agora, aplicar os vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
conceitos aprendidos nos exer-
cícios exemplos a seguir.

UNIDADE 2 101
8 EXERCÍCIO Duas peças de madeira de seção transversal retangular uniforme de 80 x 120 mm são
unidas por meio de uma emenda chanfrada e simplesmente colada, como indicado
na Figura 24. Sabendo que P = 12 kN, determine as tensões normal e de cisalhamento
na referida emenda.

P’ 120 mm

80 mm 22º
P

Figura 24 - Emenda chanfrada e colada com ângulo de 22º


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para resolução deste exercício exemplo, podemos partir de duas linhas de raciocínio:
1) decompor a força P e área da seção transversal A perpendicular ao eixo longitudinal
ou 2) utilizar as equações já desenvolvidas.
Iremos aplicar diretamente as equações desenvolvidas para entendermos o de-
senvolvimento e os cuidados que devemos ter.
Assim, como nos demais exercícios exemplos resolvidos, iremos separar os dados
apresentados no enunciado para podermos determinar as tensões solicitadas.
• Carregamento aplicado → = P 12 =kN 12.000 N
2
• Área da seção transversal → A0  (80 ∙ 120)  9.600mm
• Ângulo do plano oblíquo → q  90º 22º  68º

Dessa forma, teremos para tensão normal:


2
P.cos2 θ 12.000 ∙ cos 68º 1.683, 96
σ = 0 ,18 MPa
A0 9.600 9.600

E teremos para tensão média de cisalhamento:

P.senθ.cos θ 12.000 ∙ sen(68º ) ∙ cos(68º ) 4.167, 95


τ    0, 43MPa
A0 9.600 9.6000

102 Conceito de Tensão


9 EXERCÍCIO Duas peças de madeira de seção transversal retangular uniforme de 76x 127 mm são
unidas por meio de uma emenda chanfrada e simplesmente colada, como indicado
na Figura 25. Sabendo que P = 3560 kN, determine as tensões normal e de cisalha-
mento na referida emenda.

P’
127 mm

76 mm
65º
P

Figura 25 - Emenda chanfrada e colada com ângulo de 65º


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Neste exercício exemplo, iremos desenvolver as decomposições para entendermos o


desenvolvimento e os cuidados que devemos ter.
Assim, como nos demais exercícios exemplos resolvidos, iremos separar os dados
apresentados no enunciado para podermos determinar as tensões solicitadas.
• Carregamento aplicado =→ P 3= .560kN 3.560.000 N
• Ângulo do plano oblíquo → q  90º 65º  25º
• Decomposição da força P
F  P.cos θ  3.560.000 ∙ cos(25º )  3.226.455, 72 N
V  P.senθ  3.560.000 ∙ sen(25º )  1.504.521, 01N

• Área da seção transversal → A0  (76 ∙ 127)  9.652mm2


• Decomposição da seção transversal Aθ

A0 9.652
Aq
= = = 10.649, 80mm2
cos q cos(25º )

UNIDADE 2 103
Dessa forma, teremos para tensão normal:

F 3.226.455, 72
=
σ = = 302.96kN
Aθ 10.649, 80

E teremos para tensão cisalhamento:

V 1.504.521, 01
=
τ = = 141, 27 MPa
Aθ 10.649, 80

Caso quisermos aplicar diretamente as equações para obter os resultados, podemos


expressar os resultados da seguinte maneira:
Teremos para tensão normal:
2
P.cos2 θ 3.560.000 ∙ cos 25º 2.924.161, 95
σ 302,, 96MPa
A0 9.652 9.652

E teremos para tensão cisalhamento:

P.senθ.cos θ 3.560.000 ∙ sen(25º ) ∙ cos(25º ) 1.363.559,, 11


τ    141, 27 MPa
A0 9.652 9.652

10 EXERCÍCIO Um tubo de aço de 300 mm de diâmetro externo é fabricado com chapa de 6,35 mm
de espessura, por meio de um cordão de solda ao longo de uma hélice que forma um
ângulo de 22,5º com um plano perpendicular ao eixo do tubo. Sabendo-se que uma
força axial P, de 270 kN, é aplicada no tubo, determine as tensões normal e de cisa-
lhamento que atuam, respectivamente, nas direções normal e tangencial, ao cordão
de solda, como ilustrado na Figura 26.
P

6,35 mm

Solda

22,5 º

Figura 26 - Tubo de aço com emenda soldada


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

104 Conceito de Tensão


Para resolução deste exercício exemplo, devemos nos atentar à área que iremos utilizar
e ao ângulo em relação à seção transversal.
Assim como nos demais exercícios exemplos resolvidos, iremos separar as infor-
mações para podermos determinar as tensões solicitadas.
• Carregamento aplicado= → P 270 = kN 270.000 N
• Área da seção transversal → Deverá ser a área da borda da peça, pois é a área
que suportará as tensões:
2 2
π.dexterno π.dexterno
A0 Aexterna Ainterna
4 4
π ∙ 3002 π ∙ (300 (6, 35 6, 35))2
A0
4 4
A0 70.685, 83 64.827, 78 5858, 05mm2

• Ângulo do plano oblíquo → q = 22, 5º

Dessa forma, teremos para tensão normal:


2
P.cos2 θ 270.000 ∙ cos 22, 5º 230.459, 42
σ 39, 34 MPa
A0 5.858, 05 5.858, 05

E teremos para tensão cisalhamento:

P.senθ.cos θ 270.000 ∙ sen(22, 5º) ∙ cos(22, 5º ) 95.4559, 42


τ    16, 30 MPa
A0 5.858, 05 5.858, 05

Finalizamos mais um tópico e mais uma unidade. Aqui foram apresentados os concei-
tos dos tipos de tensões e como desenvolvê-los. Esses conceitos deverão ser guardados
para os próximos assuntos, pois o emprego será grande.
Mantenha o foco, pois estamos no caminho certo!

UNIDADE 2 105
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

Em uma articulação de um equipamento com características indicadas na Fi-


gura a seguir, devem ser verificadas algumas tensões para fins de segurança.
A articulação possui duas cargas verticais aplicadas no pino B. Sabe-se que o
diâmetro do pino usado em cada ligação é de 15,20 mm, o aço utilizado para
confecção dos componentes é o SAE 1020.
A
12,7 mm
12,7 mm
12,7 mm

60 º

40,6 mm B

40,6 mm 5,3 kN
45 º 5,3 kN
12,7 mm

Articulação de um equipamento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

1. As hastes AB e BC são seguras para uma tensão normal admissível de 15,00 MPa?

2. O pino B é seguro para articulação B para uma tensão de cisalhamento de 15,0 MPa?

3. As extremidades das hastes AB e BC, em B, são seguras para uma tensão de


esmagamento de 15,00 MPa?

106
LIVRO

Estática: mecânica para Engenharia


Autor: R. C. HIBBELER
Editora: Pearson Pretince Hall
Sinopse: desenvolvida para facilitar o ensino e o aprendizado! Assim pode ser
descrita esta obra de R. C. Hibbeler, que apresenta em profundidade toda a
teoria da estática para engenharia e suas aplicações. Isso fica claro quando
observamos os aprimoramentos desta nova edição. Agora em sistema interna-
cional de unidades, ela possui uma maior variedade de problemas organizados
em nível gradual de dificuldade, mais fotos e novos diagramas com vetores para
demonstrar aplicações do mundo real.

107
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

GERE, J. M.; GOODNO, B. J.; PAIVA, L. F. de C.; TASKS, A. Mecânica dos materiais. 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2010.

NASH, W. A.; POTTER, M. C. Resistência dos Materiais. 5. ed. Porto Alegre: Bookman Editora, 2014.

108
1. Determinação da área da haste AB e BC

AAB  40, 60 ∙ 12, 70  515, 62mm2

ABC  40, 60 ∙ 12, 70  515, 62mm2

• Determinação do carregamento aplicado na haste AB e BC

C. A F
Haste AB → cos(60º ) F P.cos(60º )
H P
F (10, 60) ∙ cos(60º ) 5, 30kN
F 5.300N
C. A F
Haste BC → cos( 45º ) F P.cos(5º )
H P
F (10, 60) ∙ cos( 45º ) 7, 50kN
F 7.500N

• Determinação da tensão normal

P AB 5.300
=
s AB = = 10, 28 MPa
AAB 515, 62
P BC 7.500
=
s BC = = 14, 54 MPa
ABC 515, 62

• Conclusão

Conclui-se que por as tensões normais das hastes AB e BC serem menores que a tensão normal admissível de
15,00 MPa, as hastes AB e BC apresentam segurança em relação às tensões normais.

109
2. Determinação da área do pino B

p.d 2 p.15, 22 725, 83


=A = = = 181, 46mm2
4 4 4
Quantidade de área de corte – Haste AB → 2 áreas de corte

Quantidade de área de corte – Haste BC → 2 áreas de corte

• Determinação do carregamento aplicado no pino B


C. A F
Haste AB → cos(60º ) F P.cos(60º )
H P
F (10, 60) ∙ cos(60º ) 5, 30kN
F 5.300N

Haste BC → C. A F
cos( 45º ) F P.cos(5º )
H P
F (10, 60) ∙ cos( 45º ) 7, 50kN
F 7.500N
• Determinação da tensão de cisalhamento do pino B

P AB 5.300
τ AB    14, 60 MPa
2. AAB 2 ∙ 181, 46

P BC 7.500
τ BC    20, 67 MPa
2. ABC 2 ∙ 181, 46
• Conclusão

Conclui-se que por uma das tensões de cisalhamento ser maior que a tensão de cisalhamento admissível de
15,00 MPa, o pino não apresenta segurança em relação às tensões de cisalhamento.

110
3. Determinação da área de esmagamento das hastes AB e BC

AAB  t ∙ d  12, 7 ∙ 15, 2  193, 04 mm2

ABC  2(t ∙ d )  2 ∙ (12, 7 ∙ 15, 2)  386, 08mm2

• Determinação do carregamento aplicado na haste AB e BC, na extremidade do pino B.


C. A F
Haste AB → cos(60º ) F P.cos(60º )
H P
F (10, 60) ∙ cos(60º ) 5, 30kN
F 5.300N
C. A F
Haste BC → cos( 45º ) F P.cos(5º )
H P
F (10, 60) ∙ cos( 45º ) 7, 50kN
F 7.500N

• Determinação da tensão de esmagamento para hastes AB e BC, na extremidade B.


P AB 5.300
s=
E AB = = 27, 46 MPa
AAB 193, 04
P BC 7.500
s=
E BC = = 19, 43MPa
ABC 386, 08

• Conclusão

Conclui-se que pelas duas tensões de esmagamento serem maiores que a tensão de esmagamento admissível
de 15,00 MPa, as extremidades das hastes AB e BC poderá apresentar rasgamento; assim, a extremidade de
hasta AB e BC no pino B não apresenta segurança em relação às tensões de esmagamento.

111
112
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Tensão e Deformação
– Carregamento Axial

PLANO DE ESTUDOS

Diagrama de Tensão- Problemas Estaticamente


Deformação, Lei de Hooke Indeterminados
e Módulo de Elasticidade

Deformação Deformações de Barras Coeficiente de Poisson


Específica Normal Sob Sujeitas a Cargas Axiais
Carregamento Axial

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Discutir as deformações de um membro estrutural. • Entender como determinar problemas cujas reações de
• Entender o diagrama de tensão-deformação, Lei de Hooke apoio e as forças internas não podem ser determinadas
e Módulo de Elasticidade. apenas pela Estática.
• Compreender as deformações de barras sujeitas a cargas • Compreender a relação entre deformação específica axial
axiais. e a transversal.
Deformação Específica
Normal Sob
Carregamento Axial

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos começar a


aplicar os conhecimento já estabelecido nas uni-
dades anteriores; caso precise relembrar alguma
coisa, busque o material para não prosseguir com
dúvidas. O assunto abordado aqui será sobre de-
formação específica e variação de comprimento,
muito importante no cotidiano da engenharia e
também necessário para que as nossas constru-
ções fiquem em “pé”, para que as peças se encaixem
nos espaços determinados.
Então, iniciamos um novo conteúdo com todo
ânimo!!!
Deformação

Quando uma força é aplicada a um corpo, este tende a mudar de forma e de tamanho.
Tais mudanças são conhecidas como deformações e podem ser facilmente visíveis ou
praticamente imperceptíveis se não forem utilizados instrumentos específicos para
medição (HIBBELER; MARQUES, 2010).
Podemos exemplificar este fato com uma tira de borracha, que sofrerá uma grande
deformação quanto esticada; por outro lado, elementos estruturais de um edifício
sofrem apenas leves deformações quando há carregamento ocorrendo sobre eles,
como passagem de veículos em subsolos. Não só a aplicação de carregamento oca-
siona deformação, mas a variação de temperatura também. Um exemplo clássico é a
expansão ou a contração térmica de um telhado causadas pelas condições atmosféricas
(HIBBELER; MARQUES, 2010).
De certa forma, a deformação de um corpo não será uniforme em todo o seu vo-
lume e, portanto, a variação geométrica de um segmento de reta no interior do corpo
pode variar ao longo de seu comprimento. Por exemplo, uma parte da reta pode se
alongar, enquanto a outra parte pode se contrair.
O conceito de deformação pode ser descrito pela deformação por meio de mu-
danças de comprimento de segmentos de reta e nos ângulos entre eles relacionados
com as cargas aplicadas ou as tensões que agem no interior do corpo (HIBBELER;
MARQUES, 2010).

UNIDADE 3 115
Deformação Específica Normal

Para começar, devemos definir o que é deformação específica normal em um membro,


como deformação de um membro por unidade de comprimento, denominada como
deformação específica normal (BEER; JOHNSTON JR., 2006).
Podemos traduzir esse conceito em uma expressão. Imagine uma reta AB que
pertence a um corpo não deformado, conforme apresentado na Figura 1a. A reta
AB encontra-se em eixo n e tem um comprimento inicial, que pode ser chamado de
∆s, e após um carregamento, passamos a ter A’ e B’. Perceba, no entanto, que essa reta
tornou-se uma curva de comprimento ∆s’, conforme a Figura 1b. Assim podemos
determinar a variação de comprimento da reta (δ) por meio de ∆s’ - ∆s.

B
Δs B’
A
Δs’
A’

Corpo não deformado Corpo deformado


(a) (b)

Figura 1 - Exemplo de corpo para deformação específica normal


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

Assim, definimos a deformação específica normal (ε) por meio da equação 1.


s ' s
 
s


L (Eq. 1)
Onde:
• ε = Deformação específica normal
• δ = Variação do comprimento, em unidade de comprimento (m; cm; mm)
• L = Comprimento inicial da amostra, em unidade de comprimento (m; cm;
mm)
Se escolhermos o ponto B cada vez mais próximo de A, o comprimento da reta ficará
cada vez menor, de modo que ∆s → 0, assim, B’ aproxima-se de A’, logo ∆s’ →0, desta
forma, podemos transcrever a equação 1 em:
s' s
lim
B A ao longo de n s (Eq. 2)

116 Tensão e Deformação


Caso tenhamos o valor da deformação normal, será possível determinar o comprimento
final aproximado de um segmento curto de reta na direção n após a deformação.
Outra informação importante a ser comentada é a interpretação do resultado,
pois quando ε é positivo, significa que a reta irá se alongar, e se for negativo, a reta
irá contrair. A deformação normal específica é uma quantidade adimensional, visto
que é uma razão entre dois comprimentos.

Deformação por Cisalhamento

Podemos definir deformação por cisalhamento a ocorrência da mudança no ângulo


entre dois segmentos de reta que, originalmente, eram perpendiculares (HIBBELER;
MARQUES, 2010).
A representação das informações é por γ (gama), que corresponde ao ângulo entre
as retas medidas em radianos (rad), conforme apresentado na Figura 2a.

t n
θ’
C’ B’
π
2 B
C
A’
A

Corpo não deformado Corpo deformado


(a) (b)

Figura 2 - Exemplo de corpo para deformação por cisalhamento


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

Podemos verificar que isso ocorre considerando os segmentos de reta AB e AC, que
se originaram do mesmo ponto A de um corpo e estão direcionados ao longo dos
eixos perpendiculares n e t.
Seguindo o raciocínio da deformação normal específica, após a deformação, as
extremidades das retas são deslocadas, e as próprias retas transformam-se em cur-
vas, de modo que o ângulo entre elas em A é θ’ (Figura 2b). Assim, definimos que a
deformação por cisalhamento é expressa pela equação 3.

 nt   lim ' (Eq. 3)
2 CB  A ao longo de n
 A ao longo de t

Entende-se que, se θ’ for menor que π 2 , a deformação por cisalhamento é positiva;


caso θ’ for maior que π 2 , então a deformação será negativa.

UNIDADE 3 117
O assunto de deformação não se limita somente à deformação específica normal
e deformação por cisalhamento. É importante complementar os estudos com os
componentes cartesianos da deformação.
Para este aprofundamento no conteúdo, busque, no livro Resistência dos Materiais,
do Prof. Hibbeler, o capítulo sobre Deformação e Transformação da deformação.

Após toda essa conceituação, nada melhor que algumas aplicações para fixar os
conceitos e entender para que servem. Iremos, na sequência, desenvolver alguns
exercícios exemplificativos.

1 EXERCÍCIO Uma haste muito fina é apresentada na Figura 3. Ela é submetida a um aumento de
temperatura ao longo do seu eixo, o que cria uma deformação normal específica (ε)
3
na haste de 40 10 . Assim, pode-se determinar o deslocamento da extremidade
B da haste devido ao aumento da temperatura e comprimento final da haste após a
deformação.

200 mm

Figura 3 - Haste delgada com aplicação de carga térmica


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

118 Tensão e Deformação


Para determinar o deslocamento da extremidade B da haste, devido ao aumento da
temperatura, iremos extrair as informações do exercício, temos:
• Deformação normal específica →   40 103 mm
mm
• Comprimento inicial → L0 = 200mm

Logo, o deslocamento da extremidade B será:

∙L 40 10 3 mm ∙ 200mm 8mm
L mm

O comprimento da haste após deformação será:

L  L0    200  8  208mm

2 EXERCÍCIO Uma força que atua na empunhadura do cabo da alavanca mostrada na Figura 4
provoca uma rotação nos cabos da alavanca de θ = 0,002 rad, em sentido horário.
Determine a deformação normal específica desenvolvida no cabo BC.

C B
1m

0,5m

Figura 4 - Cabo submetido à força por meio da empunhadura


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).
Neste exemplo, precisamos entender os efeitos ocorrentes para podermos resolve-los.
Notamos, na Figura 4, que a mão exerce a força comentada na alavanca AB, tracio-
nando o cabo CB no sentido horário do ângulo apresentado no enunciado.
A partir desse entendimento, começaremos a resolver o exercício, que solicita
determinar a deformação específica normal do cabo. Para isso, precisamos, primei-
ramente, determinar a variação do comprimento do cabo.

UNIDADE 3 119
Essa variação será determinada por meio da rotação da alavanca, mediante relações
trigonométricas. Essas relações são verificáveis devido à formação de um triângulo
retângulo, conforme ilustrado na Figura 5.

1m
C B B’

θ
0,5m

Figura 5 - Rotação da alavanca AB


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

Lembrando que para ângulos, em radianos, muito pequenos, é válida a relação


tan θ ≈ θ, a variação do comprimento do cabo CB será:
Cateto Oposto BB '
tan
Cateto Adjacente 0, 5
BB '
0, 002
0, 5
BB ' 0, 002rad ∙ 0, 5m 0, 001m

Logo, a deformação especifica normal é

 BB ' 0, 001m
 CB     0, 001 m m
LCB LCB 1m

3 EXERCÍCIO O diâmetro de um balão de borracha cheio de ar é 150 mm. A pressão do ar em


seu interior é aumentada até o diâmetro atingir 175 mm. Determine a deformação
específica normal na borracha.
Neste exemplo, precisaremos determinar a variação do comprimento do diâmetro
para, depois, determinar a deformação, assim temos:
• Variação do comprimento:
  Comprimento do diâmetro final - Comprimento do diâmetro inicial
  175  150  25mm

120 Tensão e Deformação


• Deformação especifica normal:

 25mm
   0,167 mm mm
L 150mm

4 EXERCÍCIO O comprimento de uma fita elástica delgada não esticada é 375 mm. A fita é estica-
da ao redor de um tubo de diâmetro externo de 125 mm. Determine a deformação
específica normal na fita.
Neste exemplo, primeiramente, determinaremos o comprimento final da fita
elástica que corresponde ao comprimento da circunferência do tubo. Depois, de-
terminaremos a variação de comprimento para poder encontrar a deformação es-
pecifica normal. Esta será a nossa linha de raciocínio para desenvolver o exercício.
Então vamos lá:
• Comprimento da circunferência do tubo:
Diâmetro 125mm
Raio 62, 5mm
2 2

Comp. 2 ∙ ∙r 2∙ ∙ 62, 5 392, 6990mm


• Variação do comprimento da fita elástica:

  Comprimento do diâmetro final - Comprimento da fita elásttica


  392, 6990  375, 0000  17, 6990mm

• Deformação especifica normal:

 17, 6990mm
   0, 0472 mm mm
L 375mm

Assim, aplicamos os conceitos para entendermos para que eles servem. A maioria
dos projetos de Engenharia envolve aplicações para as quais são permitidas somente
pequenas deformações. Assim, podemos exemplificar:
• Estruturas e máquinas parecem ser rígidas, porém as deformações ocorrem
durante a utilização e são dificilmente percebidas.
• O material que compõe a peça, que pode estar submetido a deformações
pequenas quando a deflexão em uma chapa fina ou uma haste delgada for,
aparentemente, grande.

Assim, consideramos que as deformações normais são de grandezas infinitesimais,


ou seja, são muito pequenas comparadas à unidade métrica da peça.

UNIDADE 3 121
Diagrama de Tensão-
Deformação, Lei de
Hooke e Módulo
de Elasticidade

Caro(a) aluno(a), agora, iremos aplicar os concei-


tos de tensão e deformação vistos nas unidades
anteriores por meio de diagramas (gráficos) rela-
cionados ao comportamento de materiais dúcteis
e frágeis, além da relação com a Lei de Hooke e
o módulo de elasticidade longitudinal para cada
material.
Cada vez mais estamos complementamos o
nosso conhecimento. Observe que, desde o pri-
meiro tópico da primeira unidade, os assuntos
estão relacionados e interligados. Então, não deixe
de relembrar os conceitos já vistos!!!
Ótimos estudos!!!
Para ficar mais claro, um diagrama muito importante e conhecido na engenharia
deve ser apresentado inicialmente: o diagrama de tensão-deformação. Cada material
estudado tem o seu diagrama, que permite determinar algumas propriedades im-
portantes, como o módulo de elasticidade longitudinal (E) e se o material apresenta
características de um material dúctil ou frágil, sendo também possível determinar se
as deformações na amostra do material irão desaparecer depois que o carregamento
for removido (comportamento elástico) ou se resultará em uma deformação plástica
ou permanente.

Material Dúctil

Os materiais dúcteis se caracterizam por apresentarem o escoamento a temperatu-


ras normais, como exemplo o aço estrutural e outros metais. Outra característica
importante é que a tensão última é diferente da tensão de ruptura, ou seja, o maior
valor da tensão não corresponde ao valor da tensão em que o material irá se romper,
conforme a Figura 6 (BEER; PEREIRA; JOHNSTON JR., 2006).

σ
σu
σR
σe

Escoamento εR ε
Recuperação
Estricção

Figura 6 - Diagrama de tensão-deformação para materiais dúcteis


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 3 123
Para o entendimento deste diagrama, iremos comentar cada informação contida.
Podemos começar pela:
• σu → corresponde à tensão última, ou seja, a máxima tensão que se atinge.
• σR → corresponde à tensão de ruptura, ou seja, a tensão que provoca a ruptura
do material.
• σe → corresponde à tensão de escoamento do material, ou seja, permite defi-
nir, no diagrama, quando um material dúctil, seu comportamento elástico e
o comportamento plástico.
• εR → corresponde à deformação de ruptura, ou seja, a deformação que, se
atingida, provoca a ruptura do material.

Nos eixos, são apresentados o símbolo grego σ (sigma) e ε (épsilon), que corresponde
ao eixo dos valores da tensões e das deformações.
O diagrama possui as fases de evolução, que correspondem:
1. Ao aumento lento do comprimento com pequena deformação e diretamente
proporcional a um grande carregamento aplicado que, no diagrama, repre-
senta o trecho reto da origem até a tensão de escoamento (σe), com grande
coeficiente angular, que se determina corresponde ao módulo de elasticidade
longitudinal (E).
2. Após ultrapassar a tensão de escoamento, apresenta característica de longa
deformação com pouco aumento de carregamento; logo, haverá pequena
variação da tensão.
3. Após o material ultrapassar o escoamento, o material começa a apresentar
uma recuperação em relação ao suporte de tensão, assim ocorre o aumento
da deformação proporcional ao aumento do carregamento aplicado, ou seja,
o aumento da tensão que irá atingir o seu valor máximo, conhecido como
tensão última (σu).
4. Após o material ou a amostra atingir a tensão última, apresentará a diminui-
ção do diâmetro do corpo, no caso de uma barra, conhecida como estricção,
de forma que com a diminuição da seção transversal do material e com o
carregamento aplicado, o material irá manter a deformação até a ruptura (σR).

124 Tensão e Deformação


Entendemos que um material dúctil apresenta
característica de deformação antes de seu rom-
pimento, e isso é de extrema importância, pois
nos avisará sobre condições que venham causar
danos. Assim é com o concreto armado, em que
o aço que compõe a estrutura é um material
dúctil, permitindo averiguar as deformações nos
elementos estruturais. Se não ocorrer o aumento
das deformações, assim se assegurará se é ape-
nas a deformação do material ou uma patologia.
Ensaio de tração: Material dúctil

Material Frágil

Os materiais frágeis apresentam características em ruptura por não apresentarem


deformações expressivas do material. Podemos citar exemplos como o ferro fundido,
vidro e agregado graúdo. Outra característica é que a tensão última é igual a tensão
de ruptura, ou seja, difere do material dúctil por não apresentar escoamento. Essa
análise pode explicada pela Figura 7 (BEER; JOHSTON .Jr, 2006).

σ
σu = σR

εR ε
Figura 7 - Diagrama de tensão-deformação para materiais frágeis
Fonte: adaptada de Beer, Pereira e Johnston (2006).

UNIDADE 3 125
Não se deve associar um material frágil à baixa resistência; observe que ferro fundido, vidro e pedra
apresentam enorme resistência a determinados tipos de esforços. A denominação do material frágil
está associada à forma de ruptura do material.

Para o entendimento deste diagrama, iremos comentar cada informação contida nele. Dessa forma,
podemos começar por:
• σu → corresponde à tensão última, ou seja, a máxima tensão que se atinge.
• σR → corresponde à tensão de ruptura, ou seja, a tensão que provoca a ruptura do material.
• εR → corresponde à deformação de ruptura, ou seja, a deformação que, se atingida, provoca a
ruptura do material.

Se você realizou a comparação entre as explicações dos dois diagramas, deve ter percebido que eles
possuem a mesma descrição. Isto significa que os conceitos de tensão e deformação são os mesmos
para os dois tipos de materiais.
O diagrama possui as fases de evolução, as quais correspondem ao aumento da deformação pro-
porcional ao aumento do carregamento aplicado até que se atinja a deformação de ruptura (εR), cor-
respondente à tensão de ruptura (σR) que possui o mesmo valor da tensão última (σu).
Entendemos que um material frágil apresenta característica de baixa deformação, isso também
acontece em alguns materiais imperceptíveis sem a instrumentação por sensores. Com essa situação,
este tipo de material em peças ou componentes que envolvem quesitos de segurança não possui grande
empregabilidade.

Material dúctil é a capacidade de o material se


deformar sobre a ação de cargas.
Tenha sua dose extra de
Material frágil é quando o material não apresenta
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu deformação, apenas a ruptura
leitor de QR Code. Fonte: Pfeil e Pfeil (2009).

126 Tensão e Deformação


Lei de Hooke e Módulo de Elasticidade
Longitudinal (Módulo de Young)

As estruturas atuais são pensadas e calculadas para suportarem pequenas deforma-


ções. Estas são limitadas por normativas, tais como a ABNT NBR 6118:2014 para as
estruturas em concreto armado; a ABNT NBR 8800:2008 para estruturas em aço; e
a ABNT NBR 7190:1997 para estruturas em madeira. Elas não ultrapassam os va-
lores do diagrama de tensão-deformação, mas correspondem ao trecho retilíneo do
diagrama para materiais dúcteis.
Na análise do diagrama de tensão e deformação de um material dúctil (Figura 6),
iremos estudar e nos aprofundar no trecho retilíneo do diagrama, correspondente a
um trecho conhecido como “regime elástico”, que permite o carregamento de cargas
no material causando sua deformação, porém, quando descarregado, o material re-
torna ao seu comprimento inicial. Com essas características e com alguns conceitos
básicos aprendidos em Física Geral e Experimental I, podemos realizar associação
do material a uma mola e aplicar a Lei de Hooke, que descreve a tensão (σ) sendo
diretamente proporcional à deformação específica (ε), expresso na equação 4.

  E (Eq. 4)

Onde:
• σ = Tensão (Pa; MPa)
• E = Módulo de elasticidade longitudinal (Pa, MPa, GPa)
• ε = Deformação específica normal

Nesta expressão, E representa a constante de proporcionalidade, denominada módulo


de elasticidade ou módulo de Young, nome que se deve ao físico inglês Thomas Young,
cientista quem definiu a constante.
O módulo de elasticidade é uma das propriedades mecânicas mais importantes
utilizadas e deve ser utilizada em materiais com comportamento linear elástico. Além
disso, se a tensão no material for maior que o limite de proporcionalidade, o diagrama
tensão-deformação deixa de ser uma linha reta.
Após termos conceituado os diagramas de tensão-deformação, Lei de Hooke e
o módulo de elasticidade, precisamos, agora, praticar e aplicar. Sendo assim, iremos
desenvolver um exercício exemplo.

UNIDADE 3 127
5 EXERCÍCIO Em um ensaio de tração para um aço-liga resultou no diagrama tensão-deformação
mostrado na Figura 8. Dessa forma, vamos determinar o módulo de elasticidade, o
limite de escoamento com base em uma deformação residual de 0,2% e identificar
a tensão última e de ruptura.
σ (MPa)

800
745,2 B
700
621
600 C

500 A’ A’
469
400
345 A
300
E E
200

100
rup = 0,23
(mm/mm)
O 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24
0,0008 0,0016 0,0024
0,0004 0,0012 0,0020


0,2%

Figura 8 - Diagrama de tensão-deformação de uma aço-liga


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

Todas as solicitações do exercício são baseadas na análise do diagrama de tensão-de-


formação, de onde serão extraídas as informações.
Começaremos por meio da determinação do módulo de elasticidade.
• Módulo de elasticidade
Para determinar o módulo de elasticidade, precisaremos determinar a incli-
nação da porção inicial em linha reta do gráfico.
O gráfico apresenta, em escala ampla, essa linha reta composta do ponto O até
o ponto A; assim, obtemos que a σ = 345 MPa e a ε = 0,0016 mm/mm, logo:
 345MPa
  E.  E    215.625MPa  215, 63GPa
 0, 0016 mm mm

• Limite de escoamento (σE)


Observando o diagrama, no eixo x, a deformação de 0,02 (0,2%), a deformação
residual, ou seja, a deformação limite para mudança de comportamento elás-
tico para plástico, corresponde ao ponto A’ na curva, que no eixo y é corres-
ponde ao valor de 469 MPa, assim, podemos afirmar que a tensão de escoa-
mento ou o limite de escoamento corresponde a  E  465MPa .

128 Tensão e Deformação


• Tensão última (σU)
A tensão última em um diagrama de tensão-deformação, como representado
neste exercício exemplo, para um material dúctil, caracteriza-se por ser a maior
tensão, assim, observamos que o maior valor de tensão corresponde a 745,20
MPa, logo, podemos afirmar que corresponde à tensão última.
• Tensão ruptura (σRUP)
A tensão de ruptura é a tensão que corresponde ao valor que o material se
rompeu, ou seja, o último valor para a última deformação, assim, podemos
observar o valor de 621 MPa, a tensão de ruptura do material em estudo.

Assim, para fechar os conceitos comentados, devemos relembrar:


• Um diagrama tensão-deformação é importante na engenharia porque propor-
ciona um meio para obtenção de informações sobre a resistência à tração ou à
compressão de um material sem considerar o tamanho ou a forma física dele.
• Um material dúctil, como o aço doce, tem quatro comportamentos distintos
quando é carregado: comportamento elástico, escoamento, recuperação e
estricção.
• Um material é linear elástico se a tensão for proporcional à deformação dentro
da região elástica. Essa propriedade vem da Lei de Hooke, e a inclinação da
curva é denominada módulo de elasticidade ou módulo de Young (E).
• Um material frágil, como o ferro fundido, apresenta pouco ou nenhum escoa-
mento e sofre ruptura repentina.

UNIDADE 3 129
Deformações de
Barras Sujeitas a
Cargas Axiais

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos estudar um


pouco sobre as deformações de barras sujeitas a
carregamentos axiais, que acarretam a deforma-
ção na barra, sejam para aumentar o comprimen-
to ou diminuir. É importante estudar esse assunto,
pois ele interfere diretamente no nosso cotidiano
da Engenharia. Por exemplo, os carregamentos
aplicados em uma treliça de cobertura geram es-
forços de tração e compressão nas barras que a
compõem, podendo interferir na deformação e
estabilidade de toda a estrutura.
Assim, não deixe de aprimorar os conhecimen-
tos estudando sobre deformações.
Um ótimo estudo!!!

130 Tensão e Deformação


Deformação de barras Sujeitas a Cargas Axiais

No tópico anterior, estudamos sobre a deformação específica normal e deformação


de cisalhamento, porém não foi comentado sobre qual é a variação de comprimento
que um carregamento gera. E é isso que iremos estudar neste tópico, determinando
a variação de comprimento.
Com mais esse conceito compreendido, agora podemos realizar a associação do
conceito de tensão com a aplicação da Lei de Hooke para podermos determinar a
variação de comprimento de barras com cargas axiais. Para isso, algumas considera-
ções devem ter tomadas. Utilizaremos uma barra de material homogêneo de compri-
mento constante (L) e seção transversal uniforme de área (A) com uma carga axial
concentrada (P) dentro do limite de proporcionalidade do material; assim temos:
Equações utilizadas:

P
 (Eq. 5)
A

 (Eq. 1)
L

  E (Eq. 4)

Primeiramente, iremos isolar a deformação específica (δ) na equação 1, que é o nosso


objetivo. Assim, temos a equação 6


    L (Eq. 6)
L

Agora, iremos trabalhar com as equações 1 e 3, substituindo a tensão (σ) da equação


5 na equação 4. Depois, iremos isolar a deformação específica (ε). Temos, então, a
equação 7.

P P
  E   E    (Eq. 7)
A AE

UNIDADE 3 131
Substituindo a equação 6 na equação 7, temos a equação 8:

PL
   L   (Eq. 8)
AE

Onde:
• δ = Variação de comprimento (m; cm; mm)
• P = Carregamento axial aplicado (N; kN)
• L = Comprimento inicial (m; cm; mm)
• A = Área da seção transversal (m2, cm2, mm2)
• E = Módulo de elasticidade longitudinal (Pa, MPa, GPa)

O que podemos entender desta equação 8?


Podemos compreender que a variação do comprimento depende da carga aplicada
(P), do comprimento inicial do material (L), da área transversal (A) e do módulo
de elasticidade longitudinal (E). Perceba que os itens que foram mencionados na
equação correspondem às características geométricas da barra ou peça em estudo
e características do material. O resultado da expressão pode apresentar resultados
positivos que explicam o aumento do comprimento devido ao carregamento de
tração aplicada, como também resultados negativos que explicam a diminuição do
comprimento devido ao carregamento de compressão aplicado.
Todo esse estudo foi desenvolvido para uma única barra. E se tivermos barras
associadas? Como deveríamos proceder?
Assim, para situações com várias barras associadas, podemos generalizar a equação
8 e assim temos a equação 9.
  1   2     i
P1 L1 P2 L2 PL
    i i
A1 E1 A2 E2 Ai Ei
PL
  i i i
(Eq. 9)
Ai Ei

Para melhor entendimento e fixação, iremos desenvolver um exercício exemplo.

6 EXERCÍCIO A associação de duas barras cilíndricas de aço fixadas em apoio rígido e indeformável
apresentam características conforme indicado na Figura 9, com o módulo de elasti-
cidade de 200 GPa. Determine a variação de comprimento total da peça.

132 Tensão e Deformação


A = 600 mm2 A = 200 mm2
A B C D
200 kN
500 kN 300 kN

300 mm 300 mm 400 mm


Figura 9 - Barras associadas para determinação de variação de comprimento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Como o exercício solicita determinar a variação do comprimento (δ) da peça inteira,


devemos utilizar a equação 9.

PL
  i i i
Ai Ei

Para a resolução do exercício, primeiramente, iremos determinar todas as informações


que compõem a equação para determinar a variação de comprimento.
• Determinação das Forças (P)
Iremos determinar as forças aplicadas em cada trecho, ou seja, entre AB (Trecho
1), BC (Trecho 2) e CD (Trecho 3). Devemos começar pelo trecho livre, sem o
apoio, ou seja, DC, depois CB e, por fim, BA. Dessa forma, temos:

A B C D
1 3
2 200 kN
500 kN 300 kN

P3
200 kN
C D
P2
200 kN
300 kN
B C D
P1
200 kN
500 kN 300 kN

Figura 10 - Análise dos esforços aplicados por seção de estudo


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 3 133
Adotando, por convenção, que o esforço de tração no trecho é positivo e o esforço
de compressão é negativo e, também, lembrando que em cada trecho, temos que:
P3  200kN  200.000 N
P2  200  300  100kN  100.000 N
P1  200  300  500  400kN  400.000 N

• Determinação dos Comprimentos (L)


L1 = 300mm
L2 = 300mm
L3 = 400mm

• Determinação da Área Transversal (A)


A1 = 600mm 2
A2 = 600mm 2
A3 = 200mm 2

• Determinação do Módulo de Elasticidade (E)


=E1 200
= GPa 200.000 MPa
=E2 200
= GPa 200.000 MPa
=E3 200
= GPa 200.000MPa

Com todas as informações levantadas, agora iremos determinar a variação de com-


primento da peça, assim temos:
PEÇA 1 2 3

P1 L1 P2 L2 P3 L3
PEÇA
A1 E1 A2 E2 A3 E3

400.000 ∙ 300 100.000 ∙ 300 200.000 ∙ 400


PEÇA
600 ∙ 200. 000 600 ∙ 200. 000 200 ∙ 200. 000

PEÇA 1, 00 0, 25 2, 00

PEÇA 2, 75mm

Logo, concluímos que houve um incremento na variação de comprimento de 2,75


mm em toda a peça.

134 Tensão e Deformação


7 EXERCÍCIO Um fio de nylon está sujeito a uma tração de 9,0 N. Sabendo-se que E = 3,45 GPa e
que a máxima tensão normal admissível é de 40 MPa, determine: (a) o diâmetro ne-
cessário para o fio; (b) o correspondente acréscimo percentual do comprimento do fio.
Esse exercício é um exemplo clássico de verificação de segurança, em que já pos-
suímos os resultados finais e precisamos ou determinar medidas conhecidas para
comparação, que não é o caso, ou somente conhecer os valores para aquisição, que
poderia ser a situação do exercício.
Então, vamos resolver.
Primeiramente, vamos extrair as informações que o exercício forneceu:
• Carregamento (P) = 9,0 N
• Módulo de elasticidade (E) = 3,45 GPa
• Tensão normal admissível (σ) = 40 MPa

a) Diâmetro necessário para o fio de nylon.


Para determinarmos o diâmetro, devemos utilizar a área da seção transversal que
será possível determinar por meio do conceito de tensão logo, teremos:

P
 ,
A

Isolando a área (A), temos

P
A


Substituindo pelos valores do enunciado, temos

9N
=A = 2, 61mm 2
3, 45MPa

Logo, como é um fio, sua seção transversal é de formato circular, assim temos que:

.d 2 .d 2
A 2, 61
4 4
2, 61 ∙ 4
d 1, 83mm

b) O correspondente acréscimo percentual do comprimento do fio.


Para respondermos qual a porcentagem do comprimento do fio aumentado,
aparenta que está faltando informação, porém iremos substituir pelas informações
que temos, assim podemos utilizar a equação 8.

UNIDADE 3 135
P.L  .L 40 MPa.L
    
A.E E 3, 45 x103 MPa

  12, 6984 x103.L

Assim, determinarmos a variação de comprimento em função do comprimento


inicial do nylon. Para determinar a porcentagem, podemos:

Linicial
% variação do comprimento 1 ∙ 100
Lincial

Linicial
% variação do comprimento 1 ∙ 100
Lincial 12, 6984 x10 3.Linicial

Linicial
% variação do comprimento 1 ∙ 100
1, 01269.Lincial

% variação do comprimento 1 0, 9875 ∙ 100

% vaariação do comprimento 0, 01253 ∙ 100

% variação do comprimento 1, 25%

8 EXERCÍCIO A mudança no peso de um avião é determinada pela leitura de um extensômetro A


montado em um suporte de alumínio da roda do avião. Antes de o avião ser carre-
gado, a leitura do extensômetro no suporte é   0, 00100 mm mm , ao passo que,
após o carregamento, é  2  0, 00243 mm mm . Determine a mudança na força que
age sobre o suporte se a área da seção transversal dele for de 2.200 mm2 e o módulo
de elasticidade for de 70 GPa.

136 Tensão e Deformação


A

Figura 11 - Localização do extensômetro A


Fonte: adaptada de Hibbeller e Marques (2010).

Esse exercício exemplo é uma aplicação dos conceitos de deformação em nosso


cotidiano. Essa mesma linha de raciocínio, aplicada para determinar força devido
ao carregamento, é utilizada para monitoramento de edificação ou peça que não
possuam variação ou possuam um pequeno intervalo de variação.
Assim, devemos utilizar os conceitos aprendidos da determinação da tensão por
meio da razão entre força e área e também mediante a Lei de Hooke, pois a tensão
é a mesma, seja para o avião carregado ou não. Dessa forma, podemos desenvolver:

P
 ;    .E
A

Logo, igualando os dois conceitos de tensões e isolando a força P, chegamos a:


P
.E
A
P .E. A

Para determinamos a força P, devemos definir a variação da deformação, ou seja, a


diferença entre os valores, logo:
2

0, 00243 0, 00100 0, 00143 mm mm

P .E . A

P 0, 00143.70 · 103 MPa.2200mm 2

P 220220 N 220, 22kN

UNIDADE 3 137
Problemas envolvendo variação de temperatura

Nas estruturas estudadas até agora, consideramos que a temperatura é constante


durante a aplicação do carregamento, porém devemos considerar situações em que
ocorrem a variação de temperatura, seja única ou associada com o carregamento.
Para determinar a variação de comprimento devido à temperatura, podemos
utilizar a equação 10.

 T   (t ).L (Eq. 10)

Onde:
• δ = Variação de comprimento (m; cm; mm)
• α = Coeficiente de dilatação térmica (Constante característica do material)
(/ºC; /ºF)
• ∆t = Variação de temperatura (Temperatura final menos Temperatura inicial)
(/ºC; /ºF)
• L = Comprimento inicial (m; cm; mm)

Assim, finalizamos mais um tópico desta unidade, na qual foi visto como determinar
a variação de comprimento devido a carregamentos, a deformação especifica normal
e algumas aplicações, sejam para determinar a próxima variação ou carregamentos
devido à deformação, além dos conceitos de deformação e variação de comprimento
devido à temperatura.

138 Tensão e Deformação


Problemas
Estaticamente
Indeterminados

Olá, aluno(a)! Neste tópico, os conceitos já vistos e


aplicados serão utilizados em condições em que as
extremidades das peças em estudo não estão livres
para se deformarem, acarretando um esforço de
ação no anteparo ou suporte, em que será neces-
sário determinar esse esforço, denominado reação.
Então, agora iremos revisar os assuntos an-
teriores com uma nova aplicação. Mantenha-se
firme e concentrado(a).
Um ótimo estudo!!!
Problemas Estaticamente Indeterminados

Os estudos realizados anteriormente e aplicados no exercício exemplo 1, do tópico


I, utiliza-se de diagramas de corpo livre e equações de equilíbrio para determinação
dos esforços internos produzidos pelos carregamentos aplicados para determinar-
mos as deformações. Contudo, em muitas situações, as forças internas não podem
ser determinadas apenas pelos recursos da estática, sendo necessária a aplicação de
relações envolvendo deformações, que podem ser obtidas considerando as condições
geométricas do problema. Tais problemas são ditos estaticamente indeterminados,
pois a estática não é suficiente para determinar as reações e os esforços internos.
Por meio do método das superposições, é possível determinar os esforços internos.
Para isso, uma estrutura é estaticamente indeterminada toda vez que estiver ligada
a mais suportes do que o necessário, ou seja, há mais reações do que o necessário
para manter o equilíbrio. Assim, é comum chamar um dos suportes da estrutura de
superabundantes e eliminá-los para proceder à resolução do problema. Não é pos-
sível modificar as condições iniciais do problema de modo arbitrário, então a reação
proporcionada pela ligação superabundante deve ser mantida na resolução. Essa
reação será tratada como uma força desconhecida que, justamente com as demais
forças aplicadas, deve levar à estrutura valores de deformações compatíveis com as
ligações originais.
A solução para estruturas estaticamente indeterminadas é conduzida conside-
rando-se separadamente as deformações causadas pelas cargas aplicadas e aquelas
provenientes da ação da reação superabundante. Essas deformações, ao final da
resolução, são somadas – ou superpostas – para a obtenção do resultado final.
Para entender melhor o procedimento de determinar os esforços em estruturas
estaticamente indeterminadas pelos métodos da superposição, iremos resolver o
exercício exemplo 9.

140 Tensão e Deformação


9 EXERCÍCIO Uma barra de aço, conforme a Figura 12, é presa a dois apoios fixos A e B. Determine
as reações desses apoios A e B, quando se aplica os carregamentos indicados.

A
A = 250 mm2 D 150 mm

300 kN 150 mm
C
A = 400 mm2 K 150 mm

600 kN
150 mm
B

Figura 12 - Barra de aço estaticamente indeterminada


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para resolução desse tipo de exercício, devemos partir do princípio dos métodos das
superposições, como exposto na Figura 13.
A A A
A = 250 mm2 D 150 mm A = 250 mm2 A = 250 mm2 150 mm
D 150 mm D
300 kN 150 mm 300 kN 150 mm 150 mm
C C C
A = 400 mm2 K 150 mm A = 400 mm2 A = 400 mm2 150 mm
K 150 mm
K
600 kN 600 kN
150 mm 150 mm 150 mm
B B B
δ CARGAS δ REAÇÃO

RB

Figura 13 - Aplicação do método da superposição em problemas estaticamente indeterminados


Fonte: o autor.

Assim, podemos traduzir a Figura 13, em uma equação (Eq. 11), que será:

 BARRA   CARGAS   REAÇÃO (Eq. 11)

Agora, iremos retirar as informações do problema para, depois, utilizar a equação 11.

UNIDADE 3 141
• Determinação dos dados para a variação de comprimento para as cargas aplicadas
(δCARGAS)
• Trecho BK
= PBK 0=, 00kN 0, 00 N
LBK = 150mm
ABK = 400mm 2
EBK = E
• Trecho KC
=PKC 600
= , 00kN 600.000, 00 N
LKC = 150mm
AKC = 400mm 2
EKC = E

• Trecho CD
= PCD 600
= , 00kN 600.000, 00 N
LCD = 150mm
ACD = 250mm 2
ECD = E

• Trecho DA
=PDA 900
= , 00kN 900.000, 00 N
LDA = 150mm
ADA = 250mm 2
EDA = E

Substituindo as informações coletadas, podemos escrever:


CARGAS CARGAS BK CARGAS KC CARGAS CD CARGAS DA

PBK ∙ LBK PKC ∙ LKC PCD ∙ LCD PDA ∙ LDA


CARGAS
ABK ∙ EBK AKC ∙ EKC ACD ∙ ECD ADA ∙ EDA

0, 00 ∙ 150 600.000 ∙ 150 600.000 ∙ 150 900.000 ∙ 250


CARGAS
400 ∙ E 400 ∙ E 250 ∙ E 250 ∙ E

225.000, 00 360.000, 00 540.000, 00


CARGAS 0, 00
E E E

1.125.000, 00
CARGAS
E

142 Tensão e Deformação


• Determinação dos dados para a variação de comprimento para a reação (δREAÇÃO)
• Trecho BK
PBK   RB
LBK  150mm
ABK  400mm 2
EBK  E
• Trecho KC
PKC   RB
LKC  150mm
AKC  400mm 2
EKC  E

• Trecho CD
PCD   RB
LCD  150mm
ACD  250mm 2
ECD  E

• Trecho DA
PDA   RB
LDA  150mm
ADA  250mm 2
EDA  E

Substituindo as informações coletadas, podemos escrever:

REAÇÃO REAÇÃO BK REAÇÃO KC REAÇÃO CD REAÇÃO DA

PBK ∙ LBK PKC ∙ LKC PCD ∙ LCD PDA ∙ LDA


REAÇÃO
ABK ∙ EBK AKC ∙ EKC ACD ∙ ECD ADA ∙ EDA

RB ∙ 150 RB ∙ 150 RB ∙ 150 RB ∙ 250


REAÇÃO
400 ∙ E 400 ∙ E 250 ∙ E 250 ∙ E

0, 375 ∙ RB 0, 375 ∙ RB 0, 600 ∙ RB 1, 00 ∙ RB


REAÇÃO
E E E E

2, 35 ∙ RB
REAÇÃO
E

UNIDADE 3 143
Com as informações obtidas das situações quando sem o apoio B e com uma reação
em B, podemos iniciar a resolução com a equação 11, assim temos:
BARRA CARGAS REAÇÃO

1.125.000, 00 2, 35 ∙ RB
BARRA
E E
Questionando você, estudante: a barra, quando fixada nas duas extremidades, pode
haver variação de comprimento?
Então, qual o valor da variação de comprimento se não pode haver?
Essa consideração de não haver a variação de comprimento permite afirmar que
o  BARRA  0mm , temos:

BARRA CARGAS REAÇÃO

1.125.000, 00 2, 35 ∙ RB
BARRA
E E

Subtituuindo a variação de comprimento por 0, temos:

1.125.000, 00 2, 35 ∙ RB
0
E E

E isolando RB, teremos:

2, 35 ∙ RB 1.125.000, 00
E E

1.125.000, 00 ∙ E
RB
2, 35 ∙ E

RB 478.723, 40 N 478, 72kN

Assim, determinamos o valor de reação de apoio em B; porém e o valor da reação de


apoio em A? Para determinar a reação de apoio em A, podemos utilizar as equações
de equilíbrio, logo, teremos que:

144 Tensão e Deformação


Fy  0
RA  300  600  RB  0
RA  300  600  478, 72  0

RA  300  600  478, 72 
RA  421, 28kN

Assim, finalizamos como determinar as reações de apoio em problemas estaticamente


indeterminados.

10 EXERCÍCIO A barra AB é perfeitamente ajustada aos anteparos fixados quando a temperatura é


de +25 ºC. Determine as tensões atuantes nas partes AC e CB da barra para a tem-
peratura de -50 ºC, sabendo que o módulo de elasticidade é 200 GPa e o coeficiente
de dilatação térmica é 12x10-6/ºC, como ilustrado na Figura 14.

A = 800 mm2
A = 400 mm2
C B
A

300 mm 300 mm

Figura 14 - Barra perfeitamente ajustada com variação de temperatura


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Esse exercício é um exemplo clássico do nosso cotidiano como engenheiro. Se você


for realizar o revestimento dentro de uma câmara fria de um frigorífico construído
em temperatura ambiente, assim que a câmara fria começar a funcionar, as chapas
de revestimento devem ser do mesmo tamanho que eram na temperatura ambiente?
A variação de temperatura pode ser, no exemplo supracitado, como em uma co-
bertura metálica. Assim, para poder resolver o exercício exemplo 10, devemos utilizar
os métodos das superposições de forças, juntamente com os conceitos de variação
de comprimento devido à temperatura.
Esboçaremos a variação de comprimento utilizando o método da superposição.
Teremos, então, a Figura 15.

UNIDADE 3 145
A = 800 mm2
A = 400 mm2
C B
A
ESTRUTURA
REAL

300 mm 300 mm

A = 800 mm2
A = 400 mm2
C B
A
ESTRUTURA
APOIO LIVRE

300 mm 300 mm δ variação da


temperatura

A = 800 mm2
A = 400 mm2
C B
A
ESTRUTURA RB
DE REAÇÃO

300 mm 300 mm δ reação

Figura 15 - Aplicação do método da superposição em problemas estaticamente indeterminados com


variação de temperatura
Fonte: o autor.

Assim, podemos traduzir a Figura 15, em uma equação (Eq. 12), que será:

 REAL  VARIAÇÃO TEMPERATURA   REAÇÃO (Eq. 12)

Agora, iremos retirar as informações do problema para, depois, utilizar a equação 12.
Determinação dos dados para a variação de temperatura
( VARIAÇÃO TEMPERATURA   (t ).L )
• Trecho BC
  12 x106 /º C
t  t f  ti  50  25  75º C
LBC  300mm

• Trecho CA
  12 x106 /º C
t  t f  ti  50  25  75º C
LCA  300mm

146 Tensão e Deformação


Substituindo as informações coletadas, podemos escrever:
VARIAÇÃO TEMPERATURA   BC   CA

VARIAÇÃO TEMPERATURA  12 x106.(


75).300  12 x106.(75).300

VARIAÇÃO TEMPERATURA  0, 27  0, 27

VARIAÇÃO TEMPERATURA  0, 54mm

Determinação dos dados para a variação de comprimento para a reação (δREAÇÃO)


• Trecho BC
PBC   RB
LBC  300mm
ABC  800mm 2
EBC  200GPa  200 x103 MPa

• Trecho CA
PCA   RB
LCA  300mm
ACA  400mm 2
ECA  200GPa  200 x103 MPa

Substituindo as informações coletadas, podemos escrever:


REAÇÃO REAÇÃO BC REAÇÃO CA

PBC ∙ LBC PCA ∙ LCA


REAÇÃO
ABC ∙ EBC ACA ∙ ECA

RB ∙ 300 RB ∙ 300
REAÇÃO
800 ∙ 200 x103 400 ∙ 200 x103

REAÇÃO
1, 875 x10 6 ∙ RB 3, 750 x10 6 ∙ RB

REAÇÃO
5, 625 x10 6 ∙ RB

UNIDADE 3 147
Com as informações obtidas das situações quando sem o apoio B e com uma reação
em B, podemos iniciar a resolução com a equação 12, assim temos:
 REAL  VARIAÇÃO TEMPERATURA   REAÇÃO

 BARRA  0, 54  5, 625 x106.RB

Questionando você, estudante, novamente: quando a barra é fixada nas duas extre-
midades, pode haver variação de comprimento?
Então, qual o valor da variação de comprimento se não pode haver?
Essa consideração de não haver a variação de comprimento, permite afirmar que
o  REAL  0mm , temos:

 REAL  VARIAÇÃO TEMPERATURA   REAÇÃO

 BARRA  0, 54  5, 625 x106.RB

Subtituindo a variação de comprimento por 0, temos:

0  0, 54  5, 625 x106.RB

0, 54  5, 625 x106.RB

0, 54
RB 
5, 625 x106

RB  96.000 N  96kN

Assim, determinamos o valor de reação de apoio em B, porém ela apresentou o sinal


negativo, o que significa isso?
Significa que escolhemos o sentido da reação RB ao contrário, que seria lógico, já
que a variação de temperatura foi negativa, isso significa que a peça se contraiu em
vez de dilatar, como foi apresentado na Figura 15. Se a peça se contraiu, por obviedade
é necessária uma força de reação de tração (sentido oposto ao preestabelecido) para
equilibrar o sistema.

148 Tensão e Deformação


E o valor da reação de apoio em A? Para determinar a reação de apoio em A, podemos
utilizar as equações de equilíbrio, logo, teremos que:
Fx  0

RA  RB  0

RA  RB  96kN

Assim, determinarmos as reações de apoio em problemas estaticamente indetermi-


nados. Agora, iremos calcular as tensões que o exercício nos solicitou:

P 96.000 N
Tensão AC →  AC    240 MPa
AAC 400mm 2
P 96.000 N
Tensão CB →  CB    120 MPa
ACB 800mm 2

Concluímos mais um tópico, agora com os conceitos de estruturas estaticamente


indeterminadas e como desenvolver os exercícios quando solicitados. Aprendemos
o método das superposições, que permite realizarmos algumas considerações para
este tipo de resolução. Essa situação de cálculo é muito comum em nosso cotidiano
como engenheiros.

UNIDADE 3 149
Coeficiente
de Poisson

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos estudar sobre


uma razão matemática extremamente impor-
tante, que permite determinarmos a deformação
longitudinal ou lateral de uma peça em estudo.
Claro que a nossa peça deve ser um material ho-
mogêneo e também isotrópico, conhecido como
coeficiente de Poisson, muito utilizado em todas
as engenharias.
Então, vamos complementar o nosso conhe-
cimento!!!

150 Tensão e Deformação


Coeficiente de Poisson

No início do século XIX, o cientista francês Si-


méon Denis Poisson percebeu que, dentro da faixa
elástica, a razão entre as deformações devido a
uma força axial em um corpo deformável que
não apenas se alonga, mas também se contrai la-
teralmente, é uma constante, usando os mesmos
princípios de um gás em uma transformação
adiabática.
Por exemplo, se esticarmos uma tira de borra-
cha, podemos notar que a espessura, assim como
Coeficiente de Poisson
a largura da tira diminuem; da mesma forma uma
força de compressão que age sobre um corpo provoca a contração na direção da força
e, no entanto, seus lados se expandem lateralmente.
Para atestarmos este fato, algumas condições devem ocorrer, tais como: “o material
deve ser homogêneo e isotrópico”, ou seja, deve apresentar a mesma composição
em toda a peça e apresentar as mesmas propriedades, e ser deformável.
Para determinarmos o Coeficiente de Poisson, que é expressado pela letra grega
“ν” (nu), em seu valor numérico, temos a equação 13:
Deformação Lateral 
    lat
Deformação Axial (Longitudinal)  long (Eq. 13)

Em que: Deformação lateral (εlat): é determinada pela divisão entre a variação de di-
mensão do diâmetro e a dimensão do diâmetro inicial; também pode ser determinado
por meio da divisão entre a variação da dimensão do raio e a dimensão do raio inicial.
Deformação axial ou Longitudinal (εlong): é determinada pela razão entre a variação
do comprimento pelo comprimento inicial.
A equação de como determinar a deformação específica foi estudada no Tópico I
desta unidade, então, é importante consultar em caso de dúvida ou mesmo para revisar.
Essa expressão tem sinal negativo porque o alongamento longitudinal (deformação
positiva) provoca uma contração lateral, ou seja, irá reduzir as dimensões (deformação
negativa) e vice-versa.
Observe que essa deformação lateral é a mesma em todas as direções laterais
(ou radiais); além disso, as deformações causadas pelas forças axiais não ocasionam
tensões e forças na direção lateral de forma a deformar o material.

UNIDADE 3 151
O coeficiente de Poisson é adimensional e a grande maioria dos valores estão entre
0,25 e 0,33. Um material ideal que não irá apresentar nenhum movimento lateral
quando alongado terá ν = 0,0.
Os valores dos coeficiente de Poisson possuem um intervalo de 0 ≤ ν ≤ 0,5, na
Tabela 1.
Tabela 1 - Coeficiente de Poisson

Material Coeficiente de Poisson

Ligas de alumínio forjadas 0,35

Ligas de ferro fundido 0,28

Ligas de cobre – Latão Vermelho 0,35

Ligas de cobre – Bronze 0,34

Liga de magnésio 0,30

Liga de aço – Estrutural A36 (MR250) 0,32

Liga de aço – Inoxidável 304 0,27

Liga de aço – Ferramental L2 0,32

Liga de titânio 0,36

Concreto 0,15

Plástico reforçado 0,34

Madeira selecionada de grau estrutural 0,31

Concreto asfáltico 0,35

Agregado de rocha 0,20 – 0,34

Chumbo 0,43

Vidro 0,24

Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

A borracha é o material que apresenta maior valor com 0,50, e a cortiça o menor
valor aproximado a 0,0.
Para melhor entendermos o coeficiente de Poisson e sua importância, serão de-
senvolvidos exercícios exemplos.

152 Tensão e Deformação


11 EXERCÍCIO Uma barra de aço A36 (MR250) tem as dimensões mostradas na Figura 16. Se uma
força P = 80 kN for aplicada à barra, determine a mudança em seu comprimento e a
mudança nas dimensões da área de sua seção transversal após a aplicação da carga. O
material comporta-se elasticamente e possui coeficiente de elasticidade longitudinal
de 200 GPa.
P = 80
0 kN

50 mm
1,5 m x

P = 80 kN

100 mm
z

Figura 16 - Barra de aço A36 com aplicação de carregamento axial


Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

Para a resolução desse exercício exemplo, devemos observar que há dois eixos a serem
determinados: a variação de comprimento ou, como o exercício diz, a mudança das
dimensões da seção transversal.
Utilizando os conceitos aprendidos em relação ao coeficiente de Poisson, sabemos
que ele não depende do eixo, ou seja, é um único coeficiente para qualquer eixo;
assim, consultando a Tabela 1, podemos obter que o valor do coeficiente de Poisson
(ν) para o Aço A36 = 0,32.
Para iniciarmos a resolução do exercício, primeiramente, precisamos saber a tensão
normal da barra, assim, podemos determinar por meio:

P 80 · 103N
z 16 MPa
A (100 · 50)mm 2

Agora, precisamos determinar a deformação (ε) em relação ao eixo z, ou seja, relação


ao comprimento da peça, logo, temos que por meio da Lei de Hooke que:

z z .Eaço , isolando a deformação especifica ( z ), temos

16 MPa
z
z
8 · 10 5 mm mm
Eaço 200 · 103M Pa

UNIDADE 3 153
Conhecida a deformação específica em relação ao eixo Z, podemos determinar a
deformação específica em relação ao eixo X e Y para, no próximo passo, determinar
as variações. Então, iremos determinar a deformação específica primeiramente.
Temos que o coeficiente de Poisson é uma razão entre:
Deformação Lateral 
 aço    x
Deformação Axial (Longitudinal) z

 x   aço . z , de forma análoga temos, que  y   aço . z .

Assim,

5
x y aço . z 0, 32.8 · 10 25, 6 · 10 6 mm mm

Logo, teremos que a variação de comprimento será:


Para eixo Z → z z .Lz 8 · 10 5.1500 0,12mm
Para eixo x → x x .Lx 25, 6 · 10 5.100 0, 0256mm
Para eixo y → y y .Ly 25, 6 · 10 5.50 0, 0128mm

12 EXERCÍCIO Uma barra de material homogêneo e isotrópico tem 500 mm de comprimento e 16


mm de diâmetro. Sob a ação da carga axial de 12 kN, o seu comprimento aumenta
em 300 µm e seu diâmetro se reduz em 2,4 µm. Determine o módulo de elasticidade
e o coeficiente de Poisson do material.
O desenvolvimento deste exercício envolve todos os conceitos aprendidos até
agora, desde conceito de tensão até conceitos de deformação, assim, para podermos
determinar o módulo de elasticidade por meio da equação    .E , utilizamos os
conceitos da Lei de Hooke, começaremos determinado:
• Área da seção transversal

 .d 2  .162
A   201, 06mm 2
4 4

• Tensão normal, devido à carga axial

P 12 · 103N
59, 68MPa
A 201, 06mm 2

Assim, a tensão normal está determinada. Agora, iremos determinar a deformação


especifica (ε).

154 Tensão e Deformação


Para determinar a deformação específica, teremos um valor para a deformação
específica longitudinal (εlong) e uma deformação específica lateral (εlat). Assim temos:
• Deformação específica longitudinal (εlong)

long 300 m 300 · 10 6 m 0, 30mm


Linicial 500mm

long 0, 30mm
long 0, 0006
Linicial 500mm

• Deformação específica lateral (εlat)


lat 2, 40 m 2, 40 · 10 6 m 0, 024mm
Linicial 16mm

0, 024mm
lat
lat
0, 00015
Linicial 16mm
Conhecida a deformação específica, podemos determinar o módulo de elasticidade
(E); utilizaremos a deformação especifica longitudinal, pois o carregamento aplicado
é longitudinal; assim, temos por meio dos conceitos da Lei de Hooke:

 59, 68MPa
   long .E  E    99.466, 67 MPa  99, 50GPa .
 long 0, 0006

E, para determinar o coeficiente de Poisson, utilizaremos a equação 13, assim:

Deformação Lateral 
    lat 
Deformação Axial (Longitudinal)  long

0, 00015
   0, 25
0, 00060

Chegamos ao final de mais uma unidade, em que aprendemos um pouco sobre de-
formação específica normal com sua variação de dimensão, além de saber a diferença
entre materiais dúcteis e materiais frágeis. Esse estudo complementou as situações que
precisamos determinar as reações de apoios devido a variações de comprimento. Por
fim, vimos a razão entre as deformações, conhecida como coeficiente de Poisson.

UNIDADE 3 155
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Duas amostras foram submetidas ao ensaio de tração. Após serem ensaiadas,


obtiveram-se as seguintes rupturas, conforme apresentadas na Figura 1 e Figura
2; assim pode-se afirmar:

Figura 1 Figura 2

Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


( ) A Figura 1 caracteriza uma ruptura de um material dúctil.
( ) A Figura 2 caracteriza uma ruptura de um material frágil.
( ) Na Figura 1, o que caracteriza como ruptura frágil é a deformação na seção
transversal da amostra.
( ) Na Figura 2, o material é caracterizado como material dúctil devido à estricção.
( ) A Figura 1 se assemelha às características do aço CA-50, vergalhão, usado
comumente nas estruturas de concreto armado.

Assinale a alternativa correta:


a) V-F-V-V-V.
b) F-F-V-F-F.
c) V-F-V-F-F.
d) F-V-F-V-V.
e) V-V-F-F-V.

156
2. Em estudos de diagramas de tensão-deformação, podem-se determinar pro-
priedades importantes, tais como o Módulo de Elasticidade, se o material é
dúctil ou frágil e as deformações na amostra com comportamento elástico
ou plástico. Assim, por meio do diagrama de tensão-deformação da Figura 3,
pode-se afirmar que:
σ
σ’ƒ

σu
σƒ
σe
σlp

I II III IV
A B
Figura 3
( ) Para este diagrama de tensão-deformação, pode-se considerar um diagrama
de material dúctil.
( ) Para este diagrama de tensão-deformação, pode-se considerar um diagrama
de material frágil.
( ) A região A pode-se afirmar que o comportamento é plástico.
( ) A região B pode-se afirmar que o comportamento é elástico.
( ) A região I afirma-se que há um ganho de resistência com a diminuição da seção
transversal da amostra.
( ) Na região II apresenta o escoamento da amostra.
( ) A região III apresenta o endurecimento da amostra devido à deformação até
atingir tensão de ruptura.
( ) Na região IV determina-se a tensão máxima.

Assinale a alternativa correta:


a) F-F-V-V-F-V-V-V.
b) V-F-V-F-V-F-V-F.
c) V-F-F-F-F-V-F-F.
d) V-V-F-F-V-V-F-F.
e) F-V-F-F-V-V-F-V.

157
3. Se um material é submetido a um carregamento numa direção, impedindo
qualquer deformação nas direções normais ao carregamento, à relação entre
a tensão aplicada e a deformação correspondente dá-se o nome de:

Assinale a alternativa correta:


a) Módulo de elasticidade tangencial.
b) Módulo de elasticidade longitudinal
c) Módulo de elasticidade transversal.
d) Coeficiente de Poisson.
e) Nenhuma das alternativas.

158
LIVRO

Resistência dos Materiais: Uma Abordagem Sintética


Autor: Marcelo Greco e Daniel Maciel.
Editora: Elsevier Academic
Sinopse: o livro aborda assuntos relacionados com a capacidade de resistência
dos materiais que constituem estruturas utilizadas em engenharia, com algumas
aplicações específicas para os cursos de engenharia mecânica, aeroespacial e
aeronáutica. São apresentadas ações usuais existentes em problemas de enge-
nharia, os cálculos necessários para o equilíbrio de corpos elásticos e os esforços
solicitantes associados a este equilíbrio. Posteriormente à análise do equilíbrio,
o livro apresenta propriedades geométricas e físicas dos corpos elásticos e dis-
corre sobre a correlação entre os esforços solicitantes calculados e as tensões
nas partículas internas nos corpos sólidos deformáveis que, em conjunto com
as deformações e deslocamentos, definirão o dimensionamento estrutural.

WEB

Prédio balança e água de piscina transborda após ventania em Balneário


Camboriú (SC)
Pensando na capacidade de suporte em relação a deformações, sugiro um
vídeo em que a matéria reporta o comportamento de estruturas de concreto
armado numa edificação.

159
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

HIBBELER, R. C.; MARQUES, A. S. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson, 2010.

PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de aço: dimensionamento prático. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

160
1. E.

2. C.

3. B.

161
162
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Torção

PLANO DE ESTUDOS

Ângulo de Torção Torção em barras


no Regime Elástico prismáticas

Deformações nos Eixos Estaticamente Torção em eixos vazados


Eixos Circulares Indeterminados de paredes finas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer as deformações em eixos circulares. • Determinar as tensões de cisalhamento e o ângulo de


• Determinar o ângulo de torção em eixos circulares. torção em peças prismáticas.
• Entender como determinar os esforços em eixos estati- • Determinar as tensões de cisalhamento e o ângulo de
camente indeterminados. torção em peças de eixos vazados de paredes finas.
Deformações nos
Eixos Circulares

Olá, caro(a) aluno(a)! Iniciamos mais um tópico.


Neste, iremos estudar um pouco sobre torção em
peças de eixos circulares, devido à aplicação de
carregamentos que ocasionem este efeito. Assim,
determinaremos a distribuição de tensões no in-
terior do elemento.
Estamos iniciando os estudos relacionados à
torção e acrescentaremos um pouco mais a cada
tópico.
Então, ótimo estudo!!!
Nas unidades anteriores, estudamos membros de estruturas submetidas a forças
axiais com aplicação na direção do eixo das barras, suas deformações e variações de
comprimento. Agora, iremos estudar as peças submetidas a efeito de torção que re-
sultaram de tensões e deformações produzidas em peças de seção transversal circular,
sujeitas à ação de conjugados que tendem a torcer essas peças, como apresentado na
Figura 1. Também é conhecida a nomenclatura como momentos de torção, momentos
torcionais, momentos torçores e torque, conforme bibliografias.

T
T’

Figura 1 - Momentos de torção aplicados nas extremidades da barra


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Peças submetidas à torção são muito comuns na Engenharia. Em nosso cotidiano,


iremos observar essa situação em eixos de transmissão de veículos ou eixos de trans-
missão de equipamentos em geral, que podem ser maciços ou vazados.
Para melhor compreensão, podemos ilustrar fisicamente o que acontece quando
o momento de torção é aplicado no eixo circular, considerando que este seja feito de
um material com alto grau de deformação, como, por exemplo, a borracha, ilustrado
pela Figura 2a.

Círculos continuam
circulares
T
Linhas
T longitudinais
ficam torcidas

Linhas radiais
continuam retas
Antes da deformação Depois da deformação
(a) (b)

Figura 2 - (a) Barra antes de aplicação do carregamento de torção; (b) Barra carregada e com apre-
sentação de deformação
Fonte: adaptada de Hibbeler e Marques (2010).

UNIDADE 4 165
Quando o momento de torção é aplicado, os círculos e as retas longitudinais da
grade, marcados originalmente no eixo, tendem a se distorcer seguindo o padrão
apresentado na Figura 2b.
Observando a Figura 3a, se cortarmos o eixo por uma seção perpendicular ao
eixo longitudinal em um ponto qualquer C, obteremos o diagrama de corpo livre da
parte BC, o qual possui as forças elementares de cisalhamento dF perpendiculares
ao raio do eixo, em que a parte AC exerce sobre a parte BC quando o eixo é torcido,
ilustrado na Figura 3b. Assim, para ocorrer o equilibro da parte BC, o conjunto de
forças elementares deve produzir um momento de torção interno T igual e contrário
a T’, conforme Figura 3c.

B
C dF
B
ρ
C T’
T (b)
T’ B
A
T
C
(a) T’
(c)

Figura 3 - Estudo da seção transversal da peça com aplicação de momento de torção


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Agora, iremos entender a Figura 3b na seção transversal, em que temos uma dis-
tância do centro da peça até a força elementar (dF) que será denominada de ρ. Para
expressar que a soma dos momentos das forças dF em relação ao centro tem a mesma
intensidade do momento de torção, podemos escrever

  dF  T
F dF
e, utilizando os conceitos de tensão de cisalhamento, na qual  ou, ainda,  ,
A dA
e isolando dF, temos que dF   dA , logo

  ( dA)  T (Eq. 1)

Essa expressão permite determinar a tensão de cisalhamento em qualquer seção


transversal ao eixo, porém não indica o modo que as tensões se distribuem na seção.
Contudo, devido ao princípio de Saint-Venant, assumimos que a distribuição de
tensões na seção transversal é uniformemente distribuída, exceto pontos em que
ocorrem aplicação de forças.

166 Torção
As deformações nos eixos circulares podem ser exemplificadas supondo que um
eixo circular está fixado a um suporte indeslocável por uma de suas pontas, e a outra
extremidade está livre e com um momento de torção T aplicado ao seu eixo de giro,
ilustrado pela Figura 4.

A’
A
ф
T

Figura 4 - Eixo circular fixado em suporte indeslocável B com momento de torção T aplicado em A
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

A rotação ocasionada pelo momento de torção T é representada pelo ângulo Φ,


chamado de ângulo de torção.
Nota-se que para uma certa variação no valor de momento de torção T, o ângulo
de torção é proporcional a T e, também, ao comprimento L do eixo.
Uma propriedade importante para eixos circulares é que quando o eixo circular
tem momento de torção aplicado, todas as seções transversais se mantêm planas e
conservam a sua forma. É possível observar esse acontecimento na Figura 5a, que
compara uma seção circular e uma seção retangular, na qual apresenta deformação
em todas as seções (Figura 5b).

T’ T
T’

T
(a) (b)

Figura 5 - (a) Deformação da seção transversal para eixo circulares; (b) Deformação da seção trans-
versal para eixos prismáticos
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 4 167
Nota-se que, enquanto as várias seções transversais ao longo do eixo apresentam ângulos
de torção diferentes, cada seção gira como uma placa rígida na Figura 5a.
Tomando, agora, um eixo circular de comprimento “L” e raio “c”, que foi torcido em um
ângulo de torção “Φ”, passamos à determinação da distribuição de tensões de cisalhamento
na seção transversal, conforme a Figura 6a. Retiramos do interior do eixo um cilindro de
raio “ρ”, marcando, na superfície deste, um elemento de área formado por dois círculos
adjacentes e duas geratrizes muito próximas, ilustradas na Figura 6b. Com a aplicação do
momento de torção, o elemento se transforma em um losango, observado na Figura 6c.
A Figura 6c nos mostra que quando a deformação de cisalhamento “γ” é pequena,
podemos expressar o comprimento do arco AA´ por AA’ =L.γ. Ao mesmo tempo,
quando a seção transversal é extrema, a deformação é AA’=ρ.Φ. Portanto podemos
igualar L. γ =ρ.Φ, ou

 (Eq. 2)
L

Em que:
• γ é a ângulo da deformação de cisalhamento em radianos (rad).
• ρ é raio do cilindro.
• Φ é o ângulo de torção em radianos (rad).
• L é o comprimento do cilindro.

Assim, temos que a deformação de cisalhamento em uma barra circular, seja maciça
ou vazada, varia linearmente com a distância ao eixo da barra.

c
O
ф
L
(a)

A O
ρ

L
(b)

B γ
A’ ρ
A O
ф
L
(c)
Figura 6 - Deformação de cisalhamento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

168 Torção
Para determinamos a deformação de cisalhamento máximo na superfície da barra
circular, devemos considerar que ρ = c (raio). Logo

c
 máx  (Eq. 3)
L

Eliminando “Φ” nas equações 2 e 3, podemos descrever a deformação de cisalhamento


“γ” a uma distância “ρ” do eixo da barra por

  máx (Eq. 4)
c

Tensões no Regime Elástico

No desenvolvimento deste tópico, não comentamos sobre nenhuma relação entre


tensões e deformações, mas já estudamos, na Unidade 2, em tensões de cisalhamento,
que é possível aplicar a Lei de Hooke e suas relações. Sendo assim, temos que

  G

Em que:
• τ é tensão de cisalhamento [Pa; MPa].
• γ é deformação de cisalhamento [rad].
• G: é o módulo de elasticidade transversal [Pa; MPa].

A Figura 7 representa a distribuição das tensões de cisalhamento ao longo de uma


seção circular.
Y τ máx

τ=0 X

Figura 7 - Distribuição da tensão de cisalhamento para seção circular


Fonte: o autor.

UNIDADE 4 169
Utilizando a equação 4 e multiplicando por G, temos que


G  G máx , logo temos
c

  máx (Eq. 5)
c

A equação 4 demonstra que a tensão de cisalhamento na barra circular varia linear-


mente com a distância “ρ” do eixo barra, desde que a tensão de escoamento não seja
atingida.
Assim, se unirmos a equação 1 com a equação 5, conseguimos determinar a tensão
de cisalhamento máxima devido ao momento de torção. Logo:

T     dA  (Eq. 01)


e   máx (Eq. 5)
c

Substituindo a tensão de cisalhamento “τ” da equação 5 na equação 1, temos

  
T      máx dA   máx   2 dA
c  c

Relembrando um pouco da Unidade 1, em propriedades de figuras planas, temos


que momento de inércia polar “J” é definido por   dA , assim
2

 máx J
T
c
Isolando a tensão de cisalhamento, temos

Tc
 máx  (Eq. 6)
J

O momento de inércia polar para uma barra de seção circular é determinado por:
π .D 4
J=
32
No caso de eixo circular de seção vazada, com diâmetro interno d1 e diâmetro
externo d2, o Momento Polar de Inércia (J) será dado por:
π . ( d 24 − d14 )
J=
32

170 Torção
1 EXERCÍCIO Um eixo circular vazado de aço tem comprimento (L) de 1,5 m, diâmetro interno de
40 mm e diâmetro externo de 60 mm, conforme Figura 8. A tensão de cisalhamento
máximo de 120 MPa.

T
60 mm

1,5 m 40 mm

Figura 8 - Momento de torção aplicado em eixo vazado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Qual o maior momento de torção que pode ser aplicado ao eixo? Qual o valor mínimo
da tensão de cisalhamento para esse eixo circular?
Primeiramente, para desenvolvimento deste exercício exemplo, iremos separar
a resolução em duas partes, como o próprio enunciado apresenta. Então, teremos:
a) Momento de torção máximo
Para determinar o momento de torção, devemos utilizar a equação 6. Assim temos:

 máx .J
T
c

Algumas informações já temos prontas, como a tensão de cisalhamento (τmáx) e o


raio (c). Dessa forma, precisamos determinar a inércia polar (J). Logo

 .d ext
4
 .dinterno
4
J  J externo  J interno  
32 32
 .604  .404
J   1.272.345, 02  251.327, 41  1.021.017, 61mm 4
32 32

Agora, iremos determinar o momento de torção, por meio de

 máx .J 120 ∙ 1.021.017, 61


T   4.084.070, 45 N .mm  4, 08kN .m
c 30

UNIDADE 4 171
b) Tensão de cisalhamento mínima no eixo circular
Para determinar a tensão de cisalhamento mínima, devemos lembrar do gráfico
de distribuição das tensões de cisalhamento em peças circulares (Figura 7). Notamos
que, na extremidade da peça, tem-se a maior tensão, e quando aproximamos do eixo
da circunferência, a tensão diminui. Logo, precisamos determinar a tensão para o
diâmetro interno do eixo.
Podemos utilizar a relação entre as tensões de cisalhamento. Sendo assim, temos,
por meio da equação 5, que
 20mm
∙ 120 MPa  80 MPa
   máx 
c 30mm

Logo, tensão de cisalhamento mínima, ou seja, na borda interna do eixo, corresponde


a 80MPa.

172 Torção
2 EXERCÍCIO Uma peça cilíndrica maciça tem um torque de 1,75 kN.m aplicado, conforme Figura
9. Nesta peça cilíndrica, pede-se para determinar a máxima tensão de cisalhamento
e o percentual de torque absorvido pelo núcleo de diâmetro 25 mm.

50 mm

25 mm

1,75 kN . m
Figura 9 - Peça cilíndrica maciça
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para determinar a tensão de cisalhamento máximo, será necessário utilizar a equação


6. Antes disso, iremos determinar a inércia polar e converter o momento de torção
para as unidades de trabalho. Assim:

 .d 4  .504
J   613.592, 32mm 4 , e
32 32
1000 N 1000mm
T  1, 75kN .m ∙ ∙  1, 75 x106 N .mm
1kN 1m

Dessa forma, teremos para tensão de cisalhamento máximo:

T .c 1, 75 x106 N. mm ∙ 25mm
máx 71, 30 MPa
J 613.5952, 32mm 4

Para determinar o percentual de torque absorvido pelo núcleo de diâmetro 25 mm,


será necessário determinar o torque ou momento de torção aplicado no diâmetro
25 mm. Após determinar o percentual, determinaremos a tensão de cisalhamento.
Dessa forma:

25mm
máx ∙ 71, 30 MPa 35, 65MPa
c 50mm

UNIDADE 4 173
Agora, o próximo passo será determinar ao momento de inércia, considerando como
sendo para uma peça vazada. Logo
 .d ext
4
 .dint4
J  J externo  J interno  
32 32

 .504  .254
J   5775.242, 80mm 4
32 32

Com as informações já determinadas, é possível determinar o momento de torção.


Assim temos, pela equação 6,

 .J 35, 65MPa ∙ 575.242, 80mm 4


T   1.640.592, 45 N .mm
c 12, 5mm

Conhecido o momento de torção máximo (T = 1,75 kN.m ou T = 1.750.000,00 N.mm)


e o momento torção no diâmetro de 25 mm (T = 1.640.592,45 N.mm), temos que
1.750.000, 00  100%
1.750.000, 00  100%
1.640.592, 45  x
1.640.592, 45  x

1.640.592, 45 x100
1.640.592,x45x100  93, 75%
x 1.750
93.,00
75,%
00
1.750.00, 00

Contudo, o percentual absorvido para núcleo é de

% absorvido pelo núcleo = 100% - 93,75% = 6,25%

Neste tópico, muitos conceitos novos foram apresentados. Identificamos, também, a


necessidade de relembrar as unidades anteriores, demonstrando que todos os assuntos
estão interligados e que estamos em um crescimento contínuo.
Vimos como determinar a deformação de cisalhamento e a tensão de cisalhamento
devido a um momento de torção para peças circulares, que também se aplica para
peças circulares vazadas.

174 Torção
Ângulo de Torção
no Regime Elástico

Neste tópico, iremos estudar como determinar o


ângulo de torção, complementando o tópico an-
terior, seja para barras simples ou compostas, no
regime elástico. O ângulo de torção permite infor-
mar o quanto a peça ou o elemento irá suportar
de torção de forma que não ocorra a deformação
permanente ou o colapso.
Então, ótimos estudos!!!
Neste tópico, estudaremos o ângulo de torção ocasionado pelo momento de torção
aplicado na peça e desenvolveremos uma relação entre o ângulo de torção “Φ” de
eixo circular e o momento de torção “T” que se aplica ao eixo. Algumas considerações
serão admitidas, tais como:
• as deformações nos eixos circulares, em qualquer parte do eixo estudado,
apresentará características de materiais elásticos; e
• teremos um comprimento “L” com seção uniforme de raio “c”, havendo ação
no momento de torção “T” em uma das suas extremidades, sendo a outra
extremidade fixa, conforme ilustrado na Figura 10.

Como já estudado, sabemos que o ângulo de torção “Φ” e a deformação de cisalha-


mento máximo “γmáx.” estão relacionados pela equação 3.

c
 máx  (Eq. 3)
L

γ máx

c
ф
L T

Figura 10 - Ângulo de torção no regime elástico


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Como consideramos que o eixo circular encontra-se no regime elástico, é possível


realizar a associação à tensão de escoamento, a qual não é excedida em nenhum
 máx
ponto do eixo. Podemos, então, aplicar a Lei de Hooke, em que  máx  G , e a tensão
de cisalhamento máximo, por meio da equação 6, onde  máx  Tc . Logo
J

Tc
 máx Tc
 máx   J  (Eq. 7)
G G JG

176 Torção
Igualando equação 3 com a equação 7, a fim de isolar o ângulo de torção “Φ”, temos

c  Tc
 máx   máx  
L JG
TL
 (Eq. 8)
JG

em que:
• Φ é o ângulo de torção em radianos (rad).
• T é o momento de torção (N.m; N.mm).
• L é o comprimento da peça (m; mm).
• J é o momento de inércia polar (m4; mm4).
• G é o modulo de elasticidade transversal (Pa; MPa).

O ângulo de torção pode ser desenvolvido para um único eixo, como demonstrado
até agora, mas também pode ser desenvolvido quando há associação de vários eixos,
por meio de uma expressão somatória, como apresentado na equação 9.

Ti Li
  (Eq. 9)
i J i Gi

Verifica-se, na equação 9, a possibilidade de haver, em um eixo, diferentes carrega-


mentos de momentos de torção aplicados, além de materiais diferentes e dimensões
diferentes. Isso possibilita a determinação de um ângulo de torção total do eixo por
meio da soma dos ângulos de torção referentes a cada trecho do eixo.

Caso o módulo de elasticidade transversal (G) não seja determinado, é possível,


por meio da relação entre módulo de elasticidade longitudinal (E) e coeficiente de
Poisson (ν), determinarmos mediante a relação:
E .
G=
2(1 +ν )

UNIDADE 4 177
Após termos estudado os conceitos, agora desenvolveremos alguns exercícios exemplo
para melhor entendimento e fixação.

3 EXERCÍCIO Continuando o exercício exemplo 1, do Tópico 1, outra informação solicitada para o


eixo circular vazado de aço é o momento de torção que deve ser aplicado à extremi-
dade, de modo que o ângulo de torção produzido seja de 2º. Sabemos que o módulo
de elasticidade transversal é de 80 GPa. A Figura 11 ilustra a solicitação do exercício.

T
60 mm

1,5 m 40 mm

Figura 11 - Momento de torção aplicado em eixo vazado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para a resolução do exercício, iremos nos basear na equação 8, porém algumas ade-
quações nas informações fornecidas serão necessárias. Assim, relembrando a Equação
8, temos que:

TL
 (Eq. 8)
JG

Primeiramente, iremos adequar o ângulo de 2º (dois graus) para radianos, que fica
da seguinte forma
180º   rad
180º   rad 2º  x
2º  x
2
2 x  0, 0349 rad
x  0, 0349 rad 180º
180º

178 Torção
Outra informação a ser adequada é o comprimento de metros (m) para milímetros
(mm). Assim, L = 1.500 mm. Por fim, determinamos o momento de inércia polar
(J). Logo:

 .d ext
4
 .dint4
J  J externo  J interno  
32 32

 .604  .404
J   1..272.345, 02  251.327, 41 
32 32

J  1.021.017, 61mm 4
Assim, substituindo as informações encontradas na equação 8, temos que:

TL T ∙ 1500mm
0, 0349 rad
JG 1.021.017, 61mm 4 ∙ 80 · 103M Pa

0, 0349 ∙ 1.021.017, 61 ∙ 80 · 103


T
1500

T 1.900.454,11N .mm

Neste tópico, complementamos os nossos estudos de como determinar o ângulo de


torção, seja para um único eixo, para eixos associados ou para eixos de seção trans-
versal circular. Vimos, também, as relações para determinar a deformação específica.

UNIDADE 4 179
Eixos Estaticamente
Indeterminados

Neste tópico, iremos estudar situações que são


estaticamente indeterminadas, ou seja, as extre-
midades estão confinadas. Em casos práticos –
situações do nosso cotidiano – podemos pontuar
os eixos de transmissão.
As barras e eixos estudados anteriormente
são estaticamente determinados porque todos
os torques internos ou as torções internas, além
de todas as reações podem ser obtidos a partir de
diagramas de corpo livre e por meio das equações
de equilíbrio.
Caso haja restrições adicionais, como engas-
tamentos, as equações de equilíbrio não são sufi-
cientes para determinar as reações ou os torques
internos. Assim, essas barras ou eixos são classifi-
cados como estaticamente indeterminados.
A O desenvolvimento para determinar os torques
internos ou as torções internas e as reações de
B apoio, conforme solicitado nos exercícios, segue
T
a mesma linha de raciocínio utilizada em proble-
mas estaticamente indeterminados com carrega-
mento axial, visto na Unidade 2.
(a)
O primeiro passo é escrever as equações de
equilíbrio obtidas por meio do diagrama de corpo
Barra (1) livre da situação do exercício. Assim, as reações
a serem determinadas ficam conhecidas e será
d1 d2 possível desenvolvê-las para determiná-las.
Na sequência, o segundo o passo é formular as
Tubo (2) equações de compatibilidade, baseadas nas con-
(b) dições físicas relativas ao ângulo de torção, ou
seja, substituir os valores na equação do ângulo
de torção para deixar em evidência as incógnitas
Tubo (2)
A a serem descobertas.
B
T O terceiro passo é relacionar os ângulos de
Barra (1)
torção aos torques pelas relações de torque-des-
locamento, por meio da equação 8 (   TL JG ).
L Depois de introduzir essas relações nas equações
Placa na
(c) extremidade de compatibilidade, elas também se tornam equa-
ções, tendo o momento de torção ou torque como
d1 incógnitas. Por fim, deve-se obter o momento de
A B
T1 torção desconhecido, resolvendo simultaneamen-
Barra (1)
te as equações de equilíbrio e compatibilidade, ou
seja, resolvendo por meio de um sistema linear.
(d) Para melhor compreensão de eixos estaticamen-
te indeterminados em torção, a Figura 12 permitirá
d2
a compressão do passo a passo comentado a seguir.
A
B Iremos estudar a barra composta AB, na qual a
T2
extremidade A se encontra engastada e carregada
por um torque T na extremidade B (Figura 12a).
Tubo (2) Observa-se que a barra consiste em duas partes,
(e) sendo uma barra sólida e um tubo (Figura 12b),
Figura 12 - Barra estaticamente indeterminada em torção ambos unidos a uma placa rígida na extremidade
Fonte: adaptada de Gere et al. (2010). B (Figura 12c).

UNIDADE 4 181
Para facilitar o entendimento, iremos chamar a barra sólida e o tubo, juntamente
com as suas propriedades, pelos números 1 e 2, respectivamente. Outra observação
é que existe uma pequena folga entre a barra e o tubo e, por isso, o diâmetro interno
do tubo é ligeiramente maior do que o diâmetro d1 da barra.
Quando o torque “T” é aplicado à barra composta, a placa da extremidade B ro-
taciona por meio de um pequeno ângulo “Φ” e os torques T1 e T2 são desenvolvidos
na barra sólida e no tubo, respectivamente (Figuras 12d e 12e). Assim, por meio das
equações de equilíbrio, sabemos que a somas dos torques é igual ao carregamento
aplicado. Logo, a nossa equação de equilibro é:

T  T1  T2

Observamos que temos duas incógnitas: T1 e T2. Logo, reconhecemos que a barra
composta é um problema estaticamente indeterminado. Precisamos, então, desen-
volver o raciocínio para encontrar outra equação com as mesmas incógnitas para
montarmos um sistema de equações e determinarmos os resultados.
Para determinar a outra equação, precisamos relacionar os deslocamentos de rota-
ção tanto da barra sólida quando do tubo. Assim, notamos que o ângulo de torção da
barra sólida “Φ1” (Figura 12d) e o ângulo de torção do tubo “Φ2” (Figura 12e) devem
ser iguais porque a barra e o tubo estão unidos à placa na extremidade A e rotacio-
nados juntamente. Dessa forma, determinamos a equação de compatibilidade. Logo:

1  2

Desenvolvendo a equação de compatibilidade, temos que:


T1 L T2 L T1 L T2 L
G1 J1 G2 J 2 G1 J1 G2 J 2

T1 T2
G1 J1 G2 J 2

Ainda, relacionando a equação de equilíbrio e equação de compatibilidade, podemos


determinar o torque T1 e torque T2:

Equação de equilíbrio → T  T1  T2

T1 T
Equação de compatibilidade → = 2
G1 J1 G2 J 2

182 Torção
Isolando T1, temos:
T1 T T1 T (G1 J1 ) T1 (G1 J1 )
T1
G1 J1 G2 J 2 G2 J 2 G2 J 2

T1 (G1 J1 ) T (G1 J1 ) (G1 J1 ) T (G1 J1 )


T1 T1 1
G2 J 2 G2 J 2 G2 J 2 G2 J 2

T (G1 J1 )
(G1 J1 ) T (G1 J1 ) G2 J 2
T1 1 T1
G2 J 2 G2 J 2 (G1 J1 )
1
G2 J 2
1

T (G1 J1 ) 1 T (G1 J1 ) T (G1 J1 )


T1 ∙
G2 J 2 (G1 J1 ) G2 J 2 (G1 J1 ) G1 J1 G2 J 2
1 G2 J 2
G2 J 2 G2 J 2

Isolando também T2, de forma análoga, temos:

T (G2 J 2 )
T2 
G1 J1  G2 J 2

Conhecidos os torques internos, a análise estaticamente indeterminada está completa


e, a partir destes valores, é possível determinar as tensões de cisalhamento e o ângulo
de torção.
O desenvolvimento apresentado pode ser melhor exemplificado e entendido no
exercício exemplo a seguir.

4 EXERCÍCIO Um cilindro AB tem 250 mm de comprimento e 20 mm de diâmetro, tendo uma seção


transversal circular, conforme Figura 13. Este cilindro possui um eixo de seção vazada,
com diâmetro interno de 16 mm, no trecho de 125 mm a partir da extremidade B.
Determinar o momento de torção nos apoios, quando for aplicado um momento de
torção no ponto médio do eixo AB de 120 N.m, sabendo que as extremidades são
engastadas.

UNIDADE 4 183
125 mm

125 mm

120 N . m
B

Figura 13 – Cilindro vazado engastado nas extremidades


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Ao realizar a leitura do exercício, observamos que uma parte no enunciado nos conduz
à forma de resolução do exercício, quando nos informa que as extremidades estão
engastadas. O exercício também pede para determinar as reações de apoio. Essas
condições caracterizam que o exercício será um caso estaticamente indeterminado.
Dessa forma, primeiramente, iremos determinar as equações de equilíbrio, que,
para esse caso, são descritas como

T A TB  120 N .m (I)

Após isso, determinaremos a equação de compatibilidade, que pode ser escrita como

  AC  CB

Contudo, sabemos que o eixo com as extremidades engastadas não apresentará ne-
nhuma rotação. Assim, podemos afirmar que   0 . Logo, temos que:

  AC  CB  0 ( II )

Agora, substituiremos a equação de compatibilidade pelas informações condidas no


enunciado e na figura. Assim:

TA L1 TB L2
  AC  CB   0
J1G J 2G

184 Torção
Para tanto, determinaremos
• L=1 L=2 125mm

 .d 4  .204
• J1    15.707, 96 mm 4
32 32
 .d ext
4
 .dint4  .204  .164
• J 2      15.707, 96  6.433, 98  9.273, 98mm 4
32 32 32 32

Logo, substituindo os valores de L1, L2, J1 e J2 na Equação (II), teremos


TA L1 TB L2
J1G J 2G
AC CB

TA ∙ 125 TB ∙ 125
0
15.707, 96 ∙ G 9.273,998 ∙ G

7, 9577 x10 3 ∙ TA 13, 4786 x10 3 ∙ TB 0 ( III )

Dessa forma, conseguimos formar um sistema linear. Observando a equação I e III,


temos que:

T A TB  120 N .m (I)

7, 9577 x10 3 ∙ TA 13, 4786 x10 3 ∙ TB 0 ( III )

Substituindo I em III, conseguiremos determinar as reações de apoio. Logo, isolando


TA de TB, temos
T A  120  TB

Substituindo o valor de TA na Equação (III):

7, 9577 x10 3 ∙ 120 TB 13, 4786 x10 3 ∙ TB 0

0, 9549 7, 9577 x10 3 ∙ TB 13, 4786 x10 3 ∙ TB 0

21, 4357 x10 3 ∙ TB 0, 9549

0, 9549
TB 3
44, 55 N .m
21, 4357 x10

UNIDADE 4 185
Por fim, substituindo TB = 44,55 N.m na Equação (I), encontramos:

T A  120  TB  120  44, 55  75, 45 N .m

Neste tópico, unimos os conceitos dos Tópico I e Tópico II, a fim determinar os esfor-
ços internos (torques) ou reações de apoio em situações nas quais as extremidades do
eixo em estudo estejam confinadas por meio das equações de equilíbrio e equações
de compatibilidade.

186 Torção
Torção em
Seções Prismáticas

Caro(a) aluno(a), até agora estudamos situações


somente para peças circulares. Isso é importan-
te, pois todos os conceitos são válidos e melhor
compreendidos. Agora, estudaremos, neste tópico,
peças que possuem seção prismática, quadrada e
retangular para determinarmos a tensão de cisa-
lhamento e o ângulo de torção.
Um ótimo estudo!!!

UNIDADE 4 187
Neste tópico, todas as deduções já realizadas nos Tópicos I, II e III para determinação
das tensões e distribuição das deformações provocadas por carregamento de torção
são válidas apenas para eixos de seção circulares. Foi estabelecido que as seções
transversais permanecem planas após a deformação e mantêm sua forma.
Essa hipótese depende da axissimetria da barra. Quer dizer, depende do fato de
que a aparência da barra é a mesma quando ela é observada de certo ponto e sofre
uma rotação em torno do seu eixo, de qualquer ângulo.
Uma barra de seção quadrada, por sua vez, mantém a mesma aparência somente
se girar 90º ou 180º, suportando que um eixo quadrado seja rotacionado. Podemos
mostrar que as diagonais da seção transversal da barra, bem como as linhas que ligam
os pontos médios dos lados, conservam-se em linhas retas, porém qualquer outra linha
se deformará quando a barra for torcida, devido à falta de axissimetria, e a própria
seção transversal sairá do seu plano original. Este fato é representado pela Figura 14.

T’

T
Figura 14 - Seção quadrada com aplicação de momentos de torção em suas extremidades
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Outra situação importante é que as equações referentes à distribuição de deformações


e tensões em um eixo circular de material elásticos não podem ser usadas para seções
prismáticas, pois uma barra de seção quadrada não tem a distribuição de tensões linear
a partir do eixo da barra, variando como a distância ao centro da seção, que leva a
um máximo de tensões nos vértices do quadrado. No desenvolvimento do assunto,
iremos ver que as tensões de cisalhamento são nulas nos vértices.
Quando se torce um modelo de borracha, com a forma de uma barra de seção
transversal quadrada, nota-se, facilmente, que não ocorrem deformações e tensões
nas arestas da barra (região em alaranjado), enquanto que as maiores deformação e
tensões ocorrem ao longo da parte central da cada face do modelo (região em verde).
Veja isso ilustrado na Figura 15.

188 Torção
τ máx

τ máx
T’

T
Figura 15 - Momento de torção aplicada em uma barra de borracha para aferição das deformação e
tensão de cisalhamento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

A determinação das tensões nas barras de seções prismáticas submetidas à torção


está além do alcance deste texto e, por conveniência, indicaremos alguns resultados
da teoria da elasticidade para o caso de barras de eixo reto com seção retangular
constante.
Observando a Figura 16 – uma barra de comprimento L e lado “a” (lado maior)
e “b” (lado menor) submetido a um carregamento torcional “T” – notamos que as
maiores tensões de cisalhamento ocorrem ao longo da linha central da face mais
larga da barra e o seu valor é determinado por meio da equação 10.

T’ τ máx
a
T
b

Figura 16 - Barra prismática com momento de torção aplicado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
T (Eq. 10)
 máx 
c1ab 2

O ângulo de torção, por sua vez, pode ser expresso por

TL
 (Eq. 11)
c2 ab3G

UNIDADE 4 189
Os coeficientes “c1” e “c2” são fornecidos pela Tabela 1. Eles dependem somente da
relação a/b e são válidos apenas em regime elástico.
Tabela 1 - Coeficientes para torção de barras prismáticas

Relação a/b c1 c2

1,0 0,208 0,1406

1,2 0,219 0,1661

1,5 0,231 0,1958

2,0 0,246 0,229

2,5 0,258 0,249

3,0 0,267 0,263

4,0 0,282 0,281

5,0 0,291 0,291

10,0 0,312 0,312

∞ 0,333 0,333

Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).


Outras formas de peças de seção prismáticas (Figura 17) ilustram como determinar
os valores de “a” e “b”.

b a
a b a b

Figura 17 - Outras formas de seção não circular


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Com toda essa teoria, agora precisamos aplicar esses conceitos no exercício exemplo.

190 Torção
5 EXERCÍCIO Uma barra de alumínio de formato retangular tem tensão de cisalhamento admissível
de 120 MPa e módulo de elasticidade transversal de 28 GPa, com seção de 25 mm x
70 mm e comprimento de 1 metro. Essa peça em estudo precisa ser validada e, para
isso, é necessário determinar o ângulo de torção e o maior momento de torção que
pode ser aplicado. A Figura 18 ilustra as dimensões da peça.

L = 1,00 m

70 mm
25 mm
Figura 18 - Tubo de alumínio de seção retangular
Fonte: o autor.

O desenvolvimento das solicitações do enunciado será determinado pelas equações


10 e 11.

T
 máx  (Eq. 10)
c1ab 2
TL
e  (Eq. 11)
c2 ab3G

Assim, iremos determinar as informações das equações para, depois, resolvê-las. Logo:

•  máx  120MPa

• =L 1,=
0m 1000mm

• G 28
= =GPa 28 x103 MPa

• a = 70mm

• b = 25mm
a
• = = 2, 80
70
b 25

UNIDADE 4 191
Observamos que não foram determinados os valores de C1 e C2, pois se consultarmos
a Tabela 1, não encontraremos para a razão a/b, em questão, os valores corresponden-
tes. Dessa forma, precisaremos determinar os valores por meio de uma interpolação
linear, que é muito semelhante a uma regra de três, porém em relação a um intervalo
entre os valores. Esse procedimento será demonstrado a seguir:
a/b c1 c2

2,5 0,258 0,249

2,8 C1 C2

3,0 0,267 0,263

Assim, teremos para determinar c1

3, 0 2, 5 3, 0 2, 8 0, 5 0, 2
0, 267 0, 258 0, 267 C1 0, 009 0, 267 C1

0, 5 ∙ 0, 267 C1 0, 2 ∙ 0, 009 0,1335 0, 5 ∙ C1 0, 0018

0, 5 ∙ C1 0, 0018 0,1335 0, 5 ∙ C1 0, 1317

0,1317
C1 0, 263
0, 5

E para determinar c2

3, 0 2, 5 3, 0 2, 8 0, 5 0, 2
0, 263 0, 249 0, 263 C2 0, 014 0, 263 C2

0, 5 ∙ 0, 263 C2 0, 2 ∙ 0, 014 0,1315 0, 5 ∙ C2 0, 0028

0, 5 ∙ C1 0, 0028 0,1315 0, 5 ∙ C2 0, 1287

0,1287
C1 0, 257
0, 5

192 Torção
Logo:
a/b c1 c2

2,5 0,258 0,249


2,8 0,263 0,257
3,0 0,267 0,263

Com as informações faltantes, que eram os coeficientes c1 e c2, podemos determinar


o maior momento de torção e também o ângulo de torção. Então:
• Momento de torção:
T
máx T c ab 2
máx 1
c1ab 2

T c ab 2
máx 1 120 ∙ 0, 263 ∙ 70 ∙ 252

T 1.380.750N .mm

• Ângulo de torção:
TL 1.380.750 ∙ 1000
c2 ab3G 0, 257 ∙ 70 ∙ 253 ∙ 28 x103

0,1748rad
Neste tópico, foi necessário desenvolvermos novamente aspectos conceituais, pois,
em peças prismáticas ou de seção não circular, alguns conceitos já anteriormente
trabalhados não se aplicam aqui, como a variação linear da tensão de cisalhamento.
Entretanto, conseguimos entender os conceitos e verificamos a necessidade de ter-
minar os coeficientes “c1” e “c2” para terminar as tensões de cisalhamento e o ângulo
de torção para eixos prismáticos.

UNIDADE 4 193
Torção em Eixos
Vazados de
Paredes Finas

Caro(a) aluno(a)! Chegamos ao último tópico


desta unidade e não poderíamos deixar de es-
tudar sobre torção em eixo vazadas de paredes
finas. Isso significa que após aprendermos sobre
este assunto, conseguiremos determinar todas as
tensões de cisalhamento devido aos momentos
de torção. Isso é extremamente importante, a fim
de garantir um correto dimensionamento e/ou
verificações de segurança.
Então, mantenha o foco e um ótimo estudo!!!
Os conceitos aprendidos na teoria de torção,
nas unidades anteriores, são aplicáveis a barras
sólidas ou vazadas de seção transversal circular. As
seções circulares apresentam grande desempenho
para resistir à torção e, geralmente, têm maior uso,
porém estruturas leves, como aeronaves, veículos

194 Torção
espaciais, automóveis de competição, utilizam membros tubulares de paredes finas
com seções transversais não circulares, exigindo resistência à torção. Neste tópico,
iremos estudar esses membros estruturais.
Para podermos generalizar as equações a várias formas, iremos considerar um tubo
de parede fina de seção transversal arbitrária, como na Figura 19. O tubo é cilíndrico
em forma, isto é, todas as seções transversais são idênticas. O eixo longitudinal é uma
linha reta possuindo espessura “t” da parede, que não é necessariamente constante,
mas pode variar ao redor da seção transversal. O tubo é carregado com um momento
de torção “T” atuante em suas extremidades.

y
t
a b
T d c T
O x

z x dx
L
(a)

a b
T d c T

dx

(b)

Figura 19 - Tubo de parede fina


Fonte: adaptada de Gere et al. (2010).

As tensões de cisalhamento “τ” agindo em uma seção transversal do tubo, conforme


Figura 19b, mostram um elemento do tubo entre duas seções transversais que estão a
uma distância dx. As tensões agem paralelamente aos limites das seções transversais
e “fluem” ao redor da seção transversal, como um caminho.
A variação da intensidade das tensões está relacionada à espessura do tubo. Como
o tubo apresenta pequena espessura, podemos dizer que a tensão de cisalhamento “τ”
é constante nessa direção. Caso a espessura “t” do tubo não for constante, as tensões
de cisalhamento irão variar conforme ocorrer a mudança da espessura.
A tensão de cisalhamento em qualquer ponto da parede pode ser determinada
em termos do momento torçor “T”, por meio da equação 12.

UNIDADE 4 195
T
 (Eq. 12)
2t 

Em que:
• τ é tensão de cisalhamento (Obs.: atente-se se houve variação de espessura).
• T é o momento torçor aplicado.
• t é a espessura da parede em estudo.
• A é área delimitada pela linha média da espessura da parede.

A área delimitada pela linha média da espessura da parede do elemento, conforme


a Figura 20, corresponde ao raio “r” indicado, e é determinado conforme o formato
2
da figura. Neste exemplo, A   r .
t

Figura 20 - Tubo circular de parede fina


Fonte: adaptada de Gere et al. (2010).
O ângulo de torção de um eixo de paredes finas com deformação elástica pode ser
determinado por meio da equação 13.

TL . s
(Eq. 13)
2 2G t

Em que:
• Φ é ângulo de torção (Obs.: atente-se se houve variação de espessura).
• T é o momento de torção aplicado.
• L é o comprimento do eixo em estudo.
• A é área delimitada pela linha média da espessura da parede.
• G é módulo de elasticidade transversal.
• t é a espessura da parede em estudo.
• s é o perímetro da linha média.

196 Torção
6 EXERCÍCIO Um tubo de alumínio de seção retangular de 60 x 100 mm foi fabricado por extru-
são. Determine a tensão de cisalhamento em cada uma das quatro paredes do tubo,
quando este fica submetido a um momento de torção de 3 kN.m.
• Situação 1: a espessura da parede é constante com 4 mm, conforme Figura 21a.
• Situação 2: a espessura das paredes apresenta variação, devido um defeito no
processo de fabricação, onde as paredes AB e AC são de 3 mm de espessura,
e as paredes BD e CD são de 5 mm, confirme Figura 21b.

100 mm 100 mm
A B A B

4 mm 3 mm
60 mm 60 mm
4 mm 5 mm

C D C D
(a) (b)

Figura 21 - Seção transversal de tubo de alumínio


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
Esse exercício será resolvido para paredes de mesma espessura e para paredes com
variação de espessura. Para os dois casos, será utilizada somente a equação 12.

T
 (Eq. 12)
2t 

a) Tubo de parede com mesma espessura

Determinaremos as informações para podermos resolver a equação 12. Assim, temos que:

1000 N 1000mm
• T  3kN .m ∙ ∙  3 x106 N. mm
1kN 1m

• t = 4mm

• Área delimitada pela linha média da espessura =


A  b ∙ h  96, 00mm ∙ 56, 00mm  5376mm 2

A área delimitada pela linha média da espessura deve-se descontar a metade da cada
espessura de cada lado para podermos formar um retângulo e determinarmos a área
a ser utilizada, como apresentado na Figura 22.

UNIDADE 4 197
96 mm
A B

56 mm t = 4 mm
t = 4 mm

C D
Figura 22 - Área delimitada pela linha média com espessura constante
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, conhecidos os valores, é possível determinar a tensão de cisalhamento por


meio da equação 12. Logo:

T 3 x106 N .mm
69, 75MPa
2t 2 ∙ 4mm ∙ 5376mm 2

b) Tubo de parede com espessura variável

Iremos determinar as informações para podermos resolver a equação 12. Assim,


temos que:
1000 N 1000mm
• T  3kN. m ∙ ∙  3 x106 N. mm
1kN 1m

• tAB
= tAC
= 3mm

• tBD
= tCD
= 5mm

• Área delimitada pela linha média da espessura =

3 5
b  100      100  4  96mm 2
2 2
3 5
h  60      60  4  56mm 2
2 2
A  b * h  96, 00mm * 56, 00mm  5376mm 2

198 Torção
Conhecidos os valores, é possível determinar a tensão de cisalhamento por meio da
equação 12. Logo:

T 3 x106 N .mm
AB AC 93, 01MPa
2t 2 ∙ 3mm ∙ 5376mm 2
T 3 x106 N .mm
BD CD 55, 80 MPa
2t 2 ∙ 5mm ∙ 5376mm 2

Então, finalmente, determinamos a tensão de cisalhamento para cada espessura do tubo.


Conclui-se que, além de determinar os valores que o exercício solicitou, nota-se
que sempre que houver variação de espessura, haverá uma tensão de cisalhamento
para cada espessura. Isso também é válido para o ângulo de torção.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

Neste tópico, estudamos a situação em que era neces-


sário determinar a tensão de cisalhamento e ângulo de
torção em paredes finas. Na prática, esse caso, atual-
mente, é muito comum no uso de tubos de parede
fina para estruturas de veículos, por exemplo, a fim
de seu reforço estrutural para fins de segurança. O
mesmo reforço tubular é submetido a diversos es-
forços e um deles é a torção. Não deixe de aprimorar
os seus conhecimentos sobre esses assuntos vistos
nesta unidade!

UNIDADE 4 199
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Um torque T = 50 N.m é aplicado a um membro de torção composta. O eixo 1


tem um diâmetro de 32 mm e módulo de elasticidade transversal G = 37 GPa.
O eixo 2 é feito de um material cujo módulo de elasticidade transversal é G = 26
GPa. Determine o diâmetro mínimo do eixo 2 sabendo que o ângulo de rotação
em C, em relação ao apoio A, não deve exceder 3º (três graus).

(1) T = 50 N.m
(2)
A
x
B
1.800 mm C
800 mm

Eixo associado com torque aplicado


Fonte: o autor.

200
2. Ao apertar um parafuso de roda para trocar um pneu, um motorista aplica forças
de 80 N nas extremidades dos braços de uma chave de roda. A chave é feita de
aço com G = 78 GPa. Cada braço da chave tem 200 mm de comprimento e uma
seção transversal sólida de diâmetro d = 10 mm. Calcule a máxima tensão de
cisalhamento no braço que está girando o parafuso (braço A).

80 N

200 mm
A

200 mm
80 N

d = 10 mm

Chave de roda com torque aplicado.


Fonte: o autor.

201
3. Cada uma das duas barras de alumínio mostradas na Figura está sujeita a um
torque de intensidade T = 1800 N.m. Sabendo-se que G = 26 GPa, determinar
para cada barra a máxima tensão de cisalhamento e o ângulo de torção em B.
A
60 mm

(a)

60 mm B
A
38 mm T

(b)

95 mm B

T
300 mm

Barras com momento de torção aplicado em B


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

202
LIVRO

Resistência dos materiais


Autor: Russell Charles Hibbeler e Arlete Simile Marques.
Editora: Pearson Makron Books
Sinopse: abordando a teoria e os princípios fundamentais da Resistência dos
Materiais de maneira clara, esta sétima edição – que utiliza exclusivamente
o Sistema Internacional de Unidades (SI) – confirma a obra de
Hibbeler como referência da área. Além de trazerem problemas na forma de
exemplos ilustrativos, figuras tridimensionais e exercícios, os capítulos apresen-
tam problemas propostos em diferentes níveis de dificuldade. Para completar,
situações reais são usadas para estimular o interesse do estudante pelo assunto,
bem como seções que orientam a solução de problemas diversos. Indicado para
estudantes de Engenharia Mecânica, Civil, Mecatrônica, de Produção e Elétrica,
este livro traz todos os recursos didáticos necessários para auxiliar o leitor a
visualizar conceitos complexos.

203
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

GERE, J. M.; GOODNO, B. J.; PAIVA, L. F. de C.; TASKS, A. Mecânica dos materiais. 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2010.

HIBBELER, R. C.; MARQUES, A. S. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson, 2010.

204
1. Informações comuns aos dois segmentos:

• T 50
= = N .m 50.000 N .mm

•  A  3º  0, 0524 rad

Informações por segmento

Eixo 1:

• d1 = 32mm

• G1 37
= =GPa 37 x103 MPa

• L1 = 1800mm

Eixo 2:

• d 2 = ???

• G2 26
= =GPa 26 x103 MPa

• L1 = 800mm

205
Temos que:

T1 L1 T2 L2
A 1 2 A
J1G1 J 2G2

50000 N .mm ∙ 1800mm 50000 N .mm ∙ 800mm


0, 0524
∙ 324 N N
mm 4 ∙ 37 x103 J 2 ∙ 26 x103
32 mm 2 mm 2

90.000.000, 00 40.000.000, 00
0, 0524
3.808.917.199, 00 J 2 ∙ 26000

1.538, 46
0, 0524 0, 0236
J2

1.538, 46
0, 0524 0, 0236
J2

1.538, 46
0, 0288
J2

1.538, 46
J2 53.472, 21mm 4
0, 0288

Logo, como

∙ d24 ∙ d24
J2 53.472, 21
32 32

53.472, 21 ∙ 32
d24

53.472, 21 ∙ 32
d2 4 27,17 mm

206
2. Temos uma força de 80 N aplicada em cada braço da chave de roda, assim precisamos determinar o mo-
mento de torção, logo

T 80 N ∙ 200mm 80 N ∙ 200mm 32.000 N .mm

O diâmetro fornecido é de 10 mm, logo determinamos a tensão de cisalhamento máxima, por

Tc 32.000 N .mm ∙ 5mm 160.000 N .mm 2


J .104 981, 75mm 4
mm 4
32
N
162, 97 162, 97 MPa
mm 2
3. Informações comum entre as barras:

• T 1800
= = N .m 1800 x103 N .mm

• G 26
= =GPa 26 x103 MPa

• L = 300mm
a) Figura a)
Informações da figura:

• a = 60mm

• b = 60mm

a 60
•  1  C1  0, 208 e C2  0,1406
b 60
Logo,

T 1800 x103
40, 06 MPa
c1.a.b 2 0, 208 ∙ 60 ∙ 602
T .L 1800 x103 ∙ 300
0, 0114rad
c2 .a.b3 .G 0,1406 ∙ 60 ∙ 603 ∙ 26 x103

207
b) Figura b)
Informações da figura:

• a = 95mm

• b = 38mm

a 95
•   2, 5  C1  0, 258 e C2  0, 249
b 38
Logo,

T 1800 x103
50, 86 MPa
c1.a.b 2 0, 258 ∙ 95 ∙ 382

T .L 1800 x103 ∙ 300


0, 0160rad
c2 .a.b3 .G 0, 249 ∙ 95 ∙ 383 ∙ 26 x103

208
209
210
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Flexão Pura

PLANO DE ESTUDOS

Deformações em Deformações em uma


uma Barra Simétrica Seção Transversal
na Flexão Pura

Barras Prismáticas Tensões e Deformações Flexão de Barras


em Flexão Pura no Regime Elástico Constituídas por
Vários Materiais

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Analisar barras prismáticas sujeitas a momentos, iguais • Determinar as tensões normais e o raio de curvatura para
e de sentidos opostos, atuando no mesmo plano membros em flexão pura dentro do regime elástico.
longitudinal. • Determinar se as seções transversais permanecem planas
• Analisar as tensões e deformações que existem em durante as deformações de flexão.
membros homogêneos com um plano de simetria. • Estudar as tensões e as deformações em membros
compostos por mais de um material.
Barras Prismáticas
em Flexão Pura

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos considerar a


análise de membros prismáticos sujeitos a dois con-
jugados ou momentos, iguais e de sentidos opostos,
ação e reação, atuando no mesmo plano longitu-
dinal. Esse membro é dito estar sob flexão pura.
Um ótimo estudo!!!
Quando há uma barra submetida à ação de dois conjugados iguais (momentos) e
de sentidos contrários, que atuam em um mesmo plano longitudinal, essa barra está
sujeita à flexão pura, ilustrado pela Figura 1.
M’

M
A

B
Figura 1 - Conjugados iguais aplicados nas extremidades da barra
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Se realizarmos uma seção transversal entre AB cortando na barra da Figura 1, as


condições de equilíbrio da parte AC da barra exigirão que os esforços elementares
exercidos sobre AC pela outra parte formem um conjugado equivalente a M. A seção
transversal da barra submetida à flexão pura apresentará esforços internos equiva-
lentes a um conjugado. Observamos isso na Figura 2, em que a Figura 2a apresenta
os esforços internos elementares do momento com o conjugado, e a Figura 2b é a
representação do vetor momento.

M’ M’

M M

A dF A
C C
(a) (b)
Figura 2 - Corte da seção transversal da barra AB com os conjugados dos esforços internos
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

O momento M desse conjugado é chamado de momento fletor da seção. Iremos


adotar como convenção indicar como positivo o momento M que flexiona a barra,
conforme apresentado na Figura 1, e como negativo o caso em que M e M’ têm sentido
inverso ao da figura, ou seja, olhando a Figura 1, o lado esquerdo positivo (+) é
sentido anti-horário, e olhando o lado direito positivo (+) é sentido horário.

UNIDADE 5 213
Exemplificando o que estamos comentando,
30 kN 30 kN
1,2 m 1,2 m podemos ilustrar na Figura 3, a qual apresenta
uma situação de uma viga bi apoiada com duas
cargas concentradas aplicadas a uma distância
B C dos apoios A e D de 1,20 m, representado pela
A D
Figura 3a.
Nota-se que a porção BC da viga está subme-
8m
tida à flexão pura. Cortando a viga por uma seção
(a)
qualquer E, entre B e C, e estudando os diagramas
30 kN 30 kN de corpo livre de AD e AE, vistos na Figura 3b e 3c,
verificamos que os esforços internos em qualquer
seção transversal localizada entre B e C devem ser
B C equivalentes a um conjugado de 36 kN.m.
A D Demonstrado pelo conceito de momento
E
fletor que define M  F .d .sen( ) , realizando a
30 kN 30 kN análise para uma seção em E, temos
(b)
M E 0
30 kN M E 30 ∙ x 30 ∙ ( x 1, 2) 0
1,2 m
M E 30 x 30 x 36 0
M E 36 0
B M = 36 kN . m ME 36kN .m
A E
As situações de flexão pura não são muito comuns
nas aplicações práticas, porém as conclusões e
30 kN
(c) deduções que fizermos aqui podem ser aplicadas
à análise de outros tipos de solicitações das peças
Figura 3 - Viga bi apoiada com carga concentrada
estruturais, como caso de cargas transversais e o
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006). caso de cargas normais excêntricas.

214 Flexão Pura


Como já vimos na Unidade 2, os esforços internos em uma seção de uma peça sub-
metida a uma carga normal excêntrica são equivalentes a uma força P, aplicada no
centroide da seção e a um conjugado M, representado pela Figura 4.
P P

P d
d
C M

P’ P’
(a) (a)
Figura 4 - Carga aplicada no centroide com peça excentricidade
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Por meio do princípio da superposição, conseguimos combinar as tensões obtidas


para o carregamento centrado juntamente com as tensões provocadas pela flexão pura.
O estudo da flexão pura tem, também, um papel importante na análise de vi-
gas – peças prismáticas submetidas a carregamento transversais ao seu eixo. Como
exemplo, uma viga em balanço AB, que suporta um carregamento concentrado P na
sua extremidade livre (Figura 5a).

UNIDADE 5 215
(a) P
L
C

A C

(b) P
x
C
M
A
P’
Figura 5 - Viga em balanço com carregamento concentrado
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Observamos, na Figura 5, que se realizarmos uma seção transversal em C, a uma distância


de A, veremos, pela análise do diagrama de corpo livre de AB (Figura 5b), que os esforços
internos nessa seção consistem em uma força P’ de mesma intensidade e sentido oposto
de P, e de um momento M de intensidade M = Px . A distribuição das tensões normais
pode ser obtida a partir de M, como se a viga estivesse submetida à flexão pura.
Para realizarmos a análise das tensões na flexão pura, iremos utilizar os métodos
da Estática para deduzir as relações que devem ser satisfeitas pelas tensões que atuam
em uma seção transversal de uma peça prismática em flexão pura. Assim, podemos
chamar de σ x a tensão normal em um ponto da seção, e de τ xy e τ xz as tensões de
cisalhamento na seção estudada. Já o sistema formado pelos sistemas de esforços in-
ternos que atuam na seção deve ser equivalente ao conjugado M, ilustrado na Figura 6.

y
y
τxy dA
M

τxz dA

z X X
z σxdA z
y

Figura 6 - Seção em peça prismática com tensões internas


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

216 Flexão Pura


Sabe-se que, por meio das equações de equilíbrio, um conjugado M consiste de duas
forças iguais e de sentidos opostos, e a soma destas forças em qualquer direção é igual
a zero, que significa o equilíbrio. Assim, temos que a soma das componentes e dos
momentos dos esforços elementares deve ser igual à soma das componentes e dos
momentos do conjugado M:

Fx  0  x dA  0 (Eq. 1)

M y  0  z y dA  0 (Eq. 2)

M z  M  ( y x ) dA  M (Eq. 3)

Para complementar as três equações de equilíbrio apresentadas, poderíamos adicionar


as três equações relativas às componentes das tensões de cisalhamento.
Observamos que a equação 2 torna-se simples se a peça apresentar simetria em
relação ao plano do conjugado M, e se adotarmos a posição do eixo y , como indicado
na Figura 6. A distribuição de forças normais nessa seção será simétrica ao eixo y .
Assim, é possível concluir que a distribuição real de tensões em uma seção trans-
versal não pode ser determinada somente pela Estática, sendo um problema estati-
camente indeterminado.
Neste tópico, começamos a entender um pouco sobre a associação de carrega-
mentos com tensões, em especial a parte de tensão à flexão pura, para podermos
determinar o momento fletor que ocorre devido ao carregamento.

O Sinal negativo na equação 3 indica o fato de que a tensão de tração ( σ x > 0)


provoca um momento negativo (sentido horário) da força normal σ x .dA em rela-
ção ao eixo z.

UNIDADE 5 217
Deformações em
uma Barra Simétrica
na Flexão Pura

Caro(a) aluno(a), nesse tópico veremos que as


seções transversais permanecem planas durante
as deformações de flexão. Assim, é possível desen-
volver as equações para tensões e deformações no
regime elástico.
Este tópico será fundamental para esta unida-
de. Não deixe de estudar!!!
Começaremos apresentando a Figura 7 e, a
partir dela, iremos explicar o assunto.
C

M’ M
B
A
B’
D
Figura 7 - Barra prismática flexionada
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Agora, iremos analisar as deformações que aparecem em uma barra prismática que
contém um plano de simetria. Assim, aplicam-se o conjugados M e M’, que atuam no
plano de simetria, com mesma intensidade e sentidos opostos para termos a flexão
pura. A barra flexionada sob a ação do carregamento M e M’ permanece simétrica
em relação ao plano, e o momento fletor M é igual em qualquer seção da barra, ou
seja, a barra é flexionada de maneira uniforme.
Nota-se que a linha AB, que era, antes do carregamento, uma linha reta, transfor-
ma-se em um arco de circunferência de centro C, do mesmo modo que a linha A’B’,
na face inferior da barra. Com isso, concluímos que a linha AB diminui o seu com-
primento quando a barra flexiona da maneira indicada, ou seja, quando o momento
fletor M for positivo. Como consequência, a linha A’B’ se alonga.
Complementando o assunto, a Figura 8 nos mostra que mesmo a barra prismática
sendo flexionada, qualquer seção transversal plana perpendicular ao eixo da barra
será plana.

UNIDADE 5 219
D
A B E E’
E E’

(a)
C

M’ M
A B
D
EE’

(b)
Figura 8 - Seção plana perpendicular ao eixo da barra sobre flexão
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Se a mesma barra prismática fosse subdividida em diversos cubos elementares, cujas


faces são paralelas aos três planos de coordenadas (x, y e z), quando a peça é flexionada
sobre a ação de carregamentos de momentos M e M’, os cubos elementares irão se
deformar, como ilustrado na Figura 9.
y
C

M’
M’ M
A B x

A’ B’
x z M

(a) (b)
Seção vertical longitudinal Seção horizontal longitudinal

Figura 9 - Deformação da barra prismática


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

220 Flexão Pura


Nota-se que as projeções das faces da barra repre-
sentam uma lateral e uma vista superior da barra
C
prismática, que estão a 90º entre elas. Assim, é
possível que a deformação de cisalhamento para
os planos xy e zx seja igual a zero (0), ou seja, θ
não há deformação. Logo, é possível dizer que as
tensões de cisalhamento τ xy e τ xz são nulas. Sendo
ρ ρ y
assim, as tensões σ y ,σ x e τ yz também devem ser y
nulas na superfície da barra.
A hipótese apresentada na Figura 9 pode ser A B
K y
confirmada por meio de observação experimental J
ou pela Teoria da Elasticidade em barras esbeltas D E
com pequenas deformações. A’ x B’
O
Contudo, a única componente de tensão que
não se anula é a componente normal da tensão σ x . (a) Seção vertical longitudinal
Em qualquer ponto de uma barra esbelta subme- (plano de simetria)
tida à flexão pura, teremos um estado uniaxial de
tensões: sempre que o momento fletor for positi- y
vo, a linha AB diminui de comprimento e a linha
Linha
A’B’ aumenta o seu comprimento. Dessa forma, a neutra
deformação específica ε x e a tensão σ x são ne- c
gativas na parte superior da barra (compressão)
e positivas na parte inferior (tração).
O
y
Com essa variação (uma região da barra pris-
mática apresentar compressão e outra tração), ha- (b) Seção transversal
verá uma superfície em que ocorre o equilíbrio
entre os esforços de compressão e tração, paralelo Figura 10 - Localização da linha neutra em seção de barra
à face superior ou inferior, e essa superfície da prismática
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
deformação específica ε x e a tensão σ x são nulas,
que é chamada de superfície neutra. A superfície
neutra intercepta o plano de simetria ao longo de Para melhor compreensão, iremos adotar como
um arco de circunferência DE, conforme a Figura referência e origem a linha neutra e/ou a super-
10, e intercepta uma dada seção transversal da fície neutra. A distância de qualquer ponto da
barra segundo a reta chamada de linha neutra barra à superfície ou à linha neutra será dada pela
ou eixo neutro da seção. ordenada do ponto y.

UNIDADE 5 221
Receberá o nome de ρ o raio do arco da circunferência DE (Figura 10a), e de θ o
ângulo central correspondente a DE. Podemos, assim, determinar o comprimento
de DE (L) da barra indeformada, por meio de

L   (Eq. 4)

Agora, considerando o arco JK localizado a uma distância y acima da superfície


neutra, teremos que o comprimento L’ é igual a

L '  (   y ) (Eq. 5)

Logo, a variação de comprimento L, é

  L ' L (Eq. 6)

Assim, teremos que a variação do comprimento, é

  L ' L     y    
(Eq. 7)

    y   

   y
Dessa forma, conseguimos determinar a deformação específica ( ε x )
  y
x  
L 

y
x  (Eq. 8)


222 Flexão Pura


Observando a equação 8, nota-se o sinal negativo que explica que a deformação é de
compressão, devido ao sentido adotado do momento fletor (positivo) e concavidade
da barra deformada para cima.
Sendo assim, é possível concluir que se a deformação específica apresentada pela
equação 8 é válida para qualquer ponto situado à distância y da superfície neutra,
podemos afirmar que deformação específica normal ε x varia linearmente com a
distância y à superfície neutra ao longo de toda a barra. Logo, a maior deformação
específica ε x ocorre quando y apresentar o maior valor. Podemos chamar o valor
máximo de c , que pode ser a distância da face superior à superfície neutra ou a dis-
tância da face inferior a superfície neutra. Teremos, então, que a deformação específica
com o valor absoluto máximo será:

c
m  (Eq. 9)


E também teremos a relação entre as deformações, como:

y
x  m (Eq. 10)
c

Assim, complementamos mais um item para determinar as deformações de uma


barra em flexão pura, por meio do qual aprendemos um pouco sobre a linha neutra
e as deformações específicas, as quais serão extremamente úteis para calcularmos a
tensão ou a deformação em qualquer ponto da barra.

UNIDADE 5 223
Tensões e Deformações
no Regime Elástico

Caro(a) aluno(a), neste tópico, serão estudadas


as equações usadas para determinar as tensões
normais e o raio de curvatura para membros de
flexão pura dentro do regime elástico.
No desenvolvimento do nosso conteúdo, já co-
mentamos sobre os tipos de materiais, sendo eles
dúcteis – no regime elástico e plástico – ou frágeis.
Agora, neste tópico, iremos considerar o regi-
me elástico, pois o momento fletor M tem um va-
lor em que as tensões normais se mantêm abaixo
do valor da tensão de escoamento σ e , ou seja, as
condições de tensões na barra permanecem abai-
xo do limite de proporcionalidade e do limite de
elasticidade do material. Dessa forma, não haverá
deformações permanentes, sendo a Lei de Hooke
válida para o estado uniaxial de tensões.
Considerando que o material é homogêneo com o módulo de elasticidade E, pode-
mos escrever que:

 x  E x (Eq. 11)

Assim, utilizando a equação 10 e multiplicando pelo módulo de elasticidade E, po-


demos escrever

y
 E x    E m 
c

e, assim teremos

y
x   m (Eq. 12)
c

Na equação 12, entendemos que, no regime elástico, a tensão normal varia linear-
mente com a distância à superfície neutra. Essa afirmação é expressada na Figura
11, a qual será muito utilizada não só no nosso assunto, mas também em outras
disciplinas específicas.

y
σm

σx
Superfície neutra

Figura 11 - Distribuição de tensões ao longo da seção


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 5 225
Agora, chegamos a uma parte do nosso conteúdo em que iremos unir todos os as-
suntos vistos nesta unidade.
Determinaremos a posição da superfície neutra e o valor máximo da tensão nor-
mal σ m . Assim, utilizando as equações 1 e 3 e substituindo, na equação 1, o valor de
σ m obtido pela equação 12, teremos

 y  
 x dA      m  dA   m
 c  c  ydA 0
 y  
 x dA      m  dA   m
 c  c  ydA 0
Da última igualdade, deduzimos que:

 ydA 0 (Eq. 13)

A equação 13 demostra que o momento estático da área da seção transversal em


relação à linha neutra deve ser zero (visto na Unidade 1). Quer dizer: quando a barra
é submetida à flexão pura, e a linha neutra passa pelo centroide da seção, as tensões
permanecem em regime elástico.
Assim, desenvolvendo a dedução para equação 3 em relação a um eixo horizontal
arbitrário z , temos que:

   y x dA   M (Eq. 3)

Logo, o eixo horizontal arbitrário z coincide com a linha neutra da seção transver-
sal. Substituindo, na equação 3, o valor da σ x da equação 12, podemos escrever:

 y 
  y   c  m  dA  M

m 2
c 
y dA  M (Eq. 14)

em que ∫ y dA é momento de inércia da área da seção transversal em relação à li-


2

nha neutra, como já visto na Unidade 1. Dessa forma, iremos substituir a integral na
equação 14 pelo momento de inércia I . Assim, podemos calcular o valor da tensão
máxima σ m encontrado por:

m
I M
c

226 Flexão Pura


Isolando a tensão máxima σ m :

Mc
m  (Eq. 15)
I

Para calcularmos a tensão σ x a uma distância y da linha neutra, iremos substituir


σ m , da equação 12 na equação 15 :

My
x   (Eq. 16)
I

As equações 15 e 16 são conhecidas como fórmulas da flexão em regime elástico,


e a tensão normal σ x provocada quando a barra se flexiona é chamada tensão de
flexão. Assim, quando y for positivo, a tensão será negativa. Logo, haverá compressão
acima da linha neutra, e caso y for negativo, será o oposto.

Outra informação que é possível extrair da equação 15 é sobre o módulo resistente


ou momento resistente, que é a relação entre I c , que depende da geometria da seção
transversal e é expressado pela letra W . Assim, temos que

I
W (Módulo resistente) = (Eq. 17)
c

Logo, substituindo a equação 17 na equação 15, podemos escrever a tensão máxima como

M
m  (Eq. 18)
W

Nota-se que a tensão máxima é inversamente proporcional ao módulo resistente W:


quanto maior for o valor do módulo resistente, menor será a tensão máxima. Além
disso, o módulo resistente depende da geometria da seção transversal: quanto maior
a altura (h) em uma peça de seção retangular, maior será o seu momento de inércia.
Por isso, na maioria das situações, para resolver solicitações de flexão, geralmente
busca-se primeiro aumentar a altura da seção transversal.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 5 227
A deformação da barra submetida à flexão é medida por meio da curvatura da
superfície neutra. A curvatura é definida como o inverso do raio da curvatura ρ e
pode ser calculada se utilizarmos a equação 9, em termos de 1 ρ . Assim, temos que:

1 m
 (Eq. 19)
 c

No regime elástico, também temos que  m   m E . Substituindo na equação 19 e


utilizando a equação 15, ficamos com:

1 m 1 Mc
 
 Ec Ec I
1 M
 (Eq. 20)
 EI

Agora, temos condições de desenvolvermos atividades com a fundamentação estu-


dada. Faremos, nesse momento, o exercício exemplo 1 para aplicarmos os conceitos.

1 EXERCÍCIO Considerando uma barra de aço de seção prismática retangular com dimensões 20
x 60 mm, carregado com dois momentos fletores aplicados em sua extremidade de
mesma intensidade e sentido contrário que agem em um plano vertical de simetria
da barra, ilustrado na Figura 12, determine o momento fletor M que provoca o es-
coamento no material da barra. Sabe-se que a tensão de escoamento é de 250 MPa.

20 mm

M’ M

60 mm

Figura 12 - Barra de aço com momento fletor M aplicado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

228 Flexão Pura


Para o desenvolvimento desse exercício, iremos utilizar a equação 15:

Mc
m  (Eq. 15)
I

Iniciaremos com a determinação do centroide da seção transversal. Como esta apre-


senta simetria, é possível determinar as coordenadas do centroide C, que são C(10;30)
mm, adotando como origem o canto inferior esquerdo.
Conhecido o centroide, sabemos que a linha neutra está a 30 mm da base da figura,
logo temos que c = 30mm.
O próximo passo é determinar o momento de inércia da seção. Como a seção
transversal apresenta seção retangular, podemos determinar por meio de

bh3 20 ∙ 603 4.320.000, 00


I    360.000, 00mm 4
12 12 12

Logo, temos que o momento fletor M

Mc I
m M m
I c

N
250 ∙ 360. 000mm 4
mm 2 90.000.000, 00 Nmm 2
M
30mm 30mm

1kN 1m
M 3.000.000 N .mm ∙ ∙ 3kN. m
1000 N 1000mm

Nesse tópico, tivemos várias deduções de equações. Foi um pouco pesado, não é?
Porém, veja de outras perspectivas: esse conteúdo é de enorme importância, pois será
utilizado e necessário em diversas aplicações ao longo de seu curso de Engenharia.
Sendo assim, se você ficou com dúvida, realize uma revisão para não perder nada.
Com o conteúdo estudado, será possível determinar as tensões e deformações devido
a carregamentos e o formato da seção transversal por meio do momento de inércia.

UNIDADE 5 229
Deformações em
uma Seção Transversal

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos estudar so-


bre a deformação em uma seção transversal, de-
terminando a equação para verificar a intensidade
da deformação. A deformação da seção transver-
sal será utilizada futuramente em assuntos espe-
cíficos de Engenharia. Por enquanto, estaremos
apenas fundamentando esse conhecimento.
Estudaremos, aqui, um pouco sobre deforma-
ções em uma seção transversal. Já demonstramos
que uma seção transversal se mantém plana, no
tópico 2, em uma barra sujeita à flexão pura, e não
excluímos a possibilidade de ocorrer deformações
dentro do plano da seção.
As deformações dentro do plano da seção existem quando os elementos são subme-
tidos a um estado uniaxial de tensões, com a  x  0 e  y   z  0 . Eles ocorrem
na direção axial x e nas direções transversais y e z (assunto já estudado no tópico
Coeficiente de Poisson), nas quais podemos determinar as deformações específicas
normais ε y e ε z do material usado, que podem ser expressadas por

 y   z

 z   x

ou pela equação 21

y y
y  z 
 
y y
y   z 21)
(Eq.
 

Entendemos, na equação 21, que quando o valor de y é maior que zero (0), os ele-
mentos situados acima da superfície neutra apresentam uma expansão nas direções
do eixos y e z ; quando o valor de y é menor que zero (0), ou seja, negativo, os
elementos situados abaixo da superfície neutra apresentam contração nas direções
do eixos y e z .
Sendo a seção transversal retangular, essa expansão e contração nos vários elemen-
tos, na direção vertical, será compensada, assim não haverá mudanças na dimensão
vertical da seção; porém, na direção horizontal, a expansão dos elementos acima da
superfície neutra juntamente com a contração dos elementos abaixo dessa superfície
provocam um encurvamento das linhas horizontais da seção transversal. Assim, são
transformadas em arcos de circunferência, em situação semelhante à observada para
seção longitudinal da barra, conforme a Figura 13.

UNIDADE 5 231
y
C

ρ
Superfície ρ
neutra

x
z

Linha neutra da
seção transversal

ρ’ = ρ/ν

C’
Figura 13 - Deformação transversal da seção
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
A seção transversal se encurvará até se transformar em um arco de raio  '    ,
como deduzido na equação 21 e 08.
Quando o momento fletor é positivo, o centro C do arco de circunferência se loca-
liza abaixo do superfície neutra, e do lado oposto ao centro da curvatura C da barra,
assim ficando como o inverso do raio de curvatura ρ ' representada a curvatura da
seção transversal e é conhecido como curvatura anticlástica, definida por

1 
Curvatura anticlástica   (Eq. 22)
' 

232 Flexão Pura


Não nos preocupamos, até agora, com a maneira com que os momentos fletores M e
M’ são aplicados à barra. Para podermos considerar que todas as seções transversais
da peça devam permanecer planas e sem tensões de cisalhamento, devemos garantir
que os momentos fletores aplicados nas extremidades da peça permaneçam planos e
livres de tensões de cisalhamento. Essa condição só é possível se os momentos fletores
forem aplicados por meio de placas lisas e rígidas, para que as placas transmitam os
esforços elementares de forma normal à extremidade da barra, como ilustrado na
Figura 14.

M’ M

Figura 14 - Momentos fletores aplicado sobre placa


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

O que foi comentado no parágrafo anterior é um caso ideal. Em situações do cotidiano


isso não ocorre. Contudo, as condições das placas são extremamente importantes
para que possamos visualizar as condições de carregamento que correspondem às
expressões deduzidas até agora. Mesmo que as condições reais de carregamento sejam
diferentes, o princípio das Saint-Venant nos garante que as expressões podem ser
utilizadas para o estudo das seções que não se situem em pontos muitos próximos
daqueles em os carregamentos são aplicados.
Neste tópico, estudamos sobre a deformação da seção transversal para o eixo y e
z, quando o carregamento é aplicado no eixo x. Estudamos, também, a influência do
Coeficiente de Poisson na determinação das deformações e vimos que, em condições
reais, não seria possível realizar as deduções das equações da forma que fizemos.

UNIDADE 5 233
Flexão de Barras
Constituídas por
Vários Materiais

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos estudar so-


bre a deformação em uma seção transversal, de-
terminando a equação para verificar a intensidade
da deformação. A deformação da seção transver-
sal será utilizada futuramente em assuntos espe-
cíficos de Engenharia. Por enquanto, estaremos
apenas fundamentando esse conhecimento.
Estudaremos, aqui, um pouco sobre deforma-
ções em uma seção transversal. Já demonstramos
que uma seção transversal se mantém plana, no
tópico 2, em uma barra sujeita à flexão pura, e não
excluímos a possibilidade de ocorrer deformações
dentro do plano da seção.
Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos estudar as tensões e as deformações em mem-
bros compostos feitos de mais de um material, e aprenderemos a desenhar uma
seção transformada equivalente, que representa a seção de um membro feito de um
material homogêneo.
Os estudos nos tópicos anteriores foram realizados para condições em que o ma-
terial era considerado homogêneo em um determinado módulo de elasticidade (E).
Contudo, quando a barra prismática é submetida à flexão pura, sendo ela composta
de dois ou mais materiais? Neste caso, haverá módulos de elasticidade diferentes e o
enfoque para determinar as tensões na barra deve ser modificado.
Vejamos um exemplo. Temos uma barra constituída de duas partes de materiais
diferentes, usadas como indicado na Figura 15.

1
M

Figura 15 - Barra prismática composta de 2 materiais diferentes


Beer e Johnston Jr. (2006).

A barra composta irá apresentar características de formação semelhante ao estudo no


Tópico 2, na qual a seção transversal se mantém a mesma em toda a extensão da peça
e não há nenhuma condição que envolva a relação tensão-deformação do material
envolvido. Assim, a deformação normal ε x varia linearmente com a distância y do
eixo neutro da seção, observado na Figura 16a e 16b. Sendo assim, podemos utilizar

y
x   (Eq. 8)


Outra situação que devemos nos atentar é que a linha neutra não passa pelo centroide
da seção transversal, e um dos nossos objetivos é determinar a localização desta linha.

UNIDADE 5 235
Como há dois materiais diferentes, cada material terá a sua tensão, pois cada um
apresenta módulo de elasticidade diferente, ou seja, E1 e E2. Assim, por meio da Lei
de Hooke, temos

E1 y
Material 1   1  E1 x  

E2 y
Material 2   2  E2 x   (Eq. 23)


Observamos uma distribuição de tensões que leva à construção de um diagrama que


consiste em dois segmentos retilíneos (Figura 16c).
y y

y E1y
εx = σ1 =
ρ ρ
1

L.N. εx σx
E2y
2 σ2 = ρ

(a) (b) (c)


Figura 16 - Distribuição das tensões e deformações para uma barra composta de dois materiais
Fonte: Beer e Johnston Jr. (2006).

Da equação 23, segue que a força dF1, exercida em um elemento de área dA da parte
superior da seção transversal, é

E1 y
dF1   1dA   dA (Eq. 24)


Enquanto que a força dF2 exercida em um elemento de mesma área dA da parte


inferior é

E2 y
dF2   2 dA   dA (Eq. 25)


236 Flexão Pura


Chamando de n a relação E2 E1 entre os dois módulos de elasticidade, podemos
expressar dF2 como

 nE1  y dA   E1 y
dF2    ndA (Eq. 26)
 

O que entendemos da equação 24 e 26 é que a força dF2 exercida no material da parte


inferior da barra se dará em uma área de valor n.dA do primeiro material. Para um
valor de n > 1 , ocorrerá um alargamento; para n < 1, ocorrerá um estreitamento, que
deve ser efetuado em uma direção paralela à linha neutra da seção transversal, pois é
essencial que a distância y de cada elemento à linha neutra permaneça a mesma. E
assim, uma nova seção transversal será obtida, sendo chamada de seção transformada
da barra, ilustrado na Figura 17.
b b

dA ndA

b nb
Figura 17 - Seção transformada da barra
Fonte: adaptada de Beer, Pereira e Johnston Jr. (2006).

Como a seção transformada representa a seção transversal de uma barra feita de ma-
terial homogêneo com módulo de elasticidade E1, o método desenvolvido no Tópico
3 pode ser aplicado para a determinação da posição da linha neutra, bem como para
determinação da tensão normal.
A linha neutra será desenhada no centroide da seção transformada (Figura 18),
e a tensão σ x em qualquer ponto da seção fictícia, será obtida pela equação 16

My
x   (Eq. 16)
I

Em que y é a distância à superfície neutra e I é o momento de inércia da seção


transformada em relação ao seu eixo centroidal.

UNIDADE 5 237
y y

My
σx =
l

N.A.
C σx

Figura 18 - Centroide da seção transformada e distribuição das tensões


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, conseguimos determinar qualquer tensão: seja σ 1 , localizado na parte superior


da seção transversal da barra composta original por meio da expressão de σ x (tensão
da seção transformada no mesmo ponto); seja σ 2 , localizado na parte inferior da
seção transversal da barra composta original por meio da expressão de σ x , da seção
transformada, multiplicada por n .
As deformações de uma barra de seção composta também podem ser determi-
nadas com o uso da seção transformada, com uma barra de material homogêneo
de módulo de elasticidade E1, e que se deforma do mesmo modo que a barra com-
posta. Então, usando a equação 20, escrevemos a expressão da curvatura da barra
composta, como

1 M

 E1 I

em que I é o momento de inércia da seção transformada em relação à linha neutra.


Podemos exemplificar o que foi desenvolvido neste tópico, no exercício exemplo
a seguir.

238 Flexão Pura


2 EXERCÍCIO Uma barra é constituída de aço e latão ( Eaço = 200GPa e Elatão = 100GPa ), tem
a seção representada na Figura 19. Determine a máxima tensão no aço e no latão
quando a barra estiver sujeita à flexão pura com um momento fletor de 2 kN.m.

10 mm
5 mm 5 mm

40 mm

Aço
Latão Latão

Figura 19 - Barra constituída de aço e latão


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para resolução desse exercício, primeiramente, precisamos determinar a razão entre


os módulos de elasticidade ( n ) para determinar a seção transformada. Assim, tere-
mos que

Eaço 200GPa
=n = =2
Elatão 100GPa

A seção transformada corresponderá a uma barra equivalente feita inteiramente de


latão. Dessa forma, com o n determinado, iremos multiplicar a parte central para
que tenhamos a largura correspondente ao latão. Assim, ficaremos com algo parecido
com o representado pela Figura 20.

UNIDADE 5 239
5 mm 20 mm 5 mm

c = 20 mm

40 mm
L.N.

Seção de latão
equivalente
a de aço

30 mm

Figura 20 - Seção transformada


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Como a Figura 20 apresenta simetria, a linha neutra será no meio da altura e da


largura, como já indicado. Para o próximo passo, será necessário determinar o mo-
mento de inércia. Logo

bh3 30 ∙ 403 1. 920.000, 00


I    160.000, 00mm 4
12 12 12

A maior distância à linha neutra, de qualquer fibra da barra, é c = 20mm . Assim,


conseguimos determinar a tensão máxima da seção transformada para o latão
Mc 2 · 106 N.mm ∙ 20mm
m
I 160.000, 00mm 4

40.000.000, 00 N .mm 2
m 250 MPa
160.000, 00mm 4

Logo, temos que:

 latãomáx  250MPa

aço máx 2∙ latão máx 500 MPa

Neste tópico, foram estudadas as barras compostas de dois ou mais materiais, as


tensões, as deformações e como desenhar uma seção transformada equivalente, que
representa a seção de um membro feito de um material homogêneo.

240 Flexão Pura


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

Uma peça de uma máquina de ferro fundido fica submetida à ação de carrega-
mento de momento fletor de 3 kN.m. Sabemos que o módulo de elasticidade
é de 165 GPa, e desprezando o efeito da curvatura das arestas do perfil, a peça
possui perfil semelhante a um “T”, ilustrado na Figura a seguir.

90 mm

20 mm

40 mm

30 mm

M = 3 kN . m

Figura 21 - Perfil de uma máquina


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

1. Determine as propriedades de figuras planas da seção transversal.

2. Determine as máximas tensões de tração e compressão no perfil.

3. Determine o raio de curvatura da peça fletida.

241
LIVRO

Mecânica dos Materiais


Autor: James M. Gere, Barry J. Goodno, Luiz Fernando de Castro Paiva e All Tasks.
Editora: Thomson Learning Ltda
Sinopse: esse livro tem como objetivo oferecer um conjunto de ensinamentos
sobre resistência e desempenho físico de estruturas, em obras realizadas pelo
homem ou em eventos naturais. Esta nova edição de Mecânica dos materiais
traz exemplos que ilustram os conceitos teóricos e mostram como eles podem
ser utilizados em situações práticas, incluindo demonstrações gráficas dos re-
sultados. Estruturado de forma que os conceitos teóricos sejam ilustrados por
exemplos que podem ser aplicados em situações práticas, incluindo demonstra-
ções gráficas dos resultados, a obra traz estes tópicos principais: análise e pro-
jeto de membros estruturais submetidos à tração, compressão, torção e flexão,
conceitos de tensão e alongamento, deformação e deslocamento, elasticidade
e plasticidade, energia de deformação e capacidade de suportar carga. Tópicos
de interesse geral também estão presentes, como transformações de tensão e
deformação, cargas combinadas, concentrações de tensão, deflexões de vigas
e estabilidade de colunas. Além disso, tópicos especializados incluem efeitos
térmicos, cargas dinâmicas, membros não prismáticos, vigas de dois materiais,
centros de cisalhamento, momentos fletores, centroides e momentos de inércia.

242
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

243
1. Determine as propriedades de figuras planas da seção transversal.

90 mm

1 20 mm

y1 = 50 mm C X’
40 mm Y
2
X
.
y2 = 20 mm 30 mm

Centróide

Figura Área (mm2) y (mm) y*A (mm3)

1 (90*20) = 1800 50 90.000,00

2 (40*30) = 1200 20 24.000,00


ΣA = 3000 ΣyA = 114.000,00

yA 114.000, 00
y   38mm
A 3.000, 00

Momento de inércia em relação ao eixo centroidal (Teorema dos Eixos Paralelos)

Ix Ix1 Ix2

90 ∙ 203
Ix1 I Ad y2 (90 ∙ 20) ∙ (38 50) 2 319.200, 00mm 4
12

30 ∙ 403
Ix2 I Ad y2 (40 ∙ 30) ∙ (38 20) 2 548.800, 00mm 4
12

244
Portanto

Ix  Ix1  Ix2

Ix  319.200, 00  548.800, 00

Ix  868.000, 00mm 4
2. Determine as máximas tensões de tração e compressão no perfil.

Tensão de Tração (Parte Superior)

Ctração  60mm  38mm  22mm

Mctração 3 x106 N .mm ∙ 22mm


tração 76, 04 MPa
I 868.000, 00mm 4

Tensão de Compressão (Parte Inferior)

Ccompressão = 38mm

Mccompressão 3 x106 N .mm ∙ 38mm


compressão 131, 34 MPa
I 868.000, 00mm 4

3. Determine o raio de curvatura da peça fletida.

1 M 3 · 106 N .mm
EI 165 x103 MPa ∙ 868. 000, 00mm 4

1
2, 09 x10 5 mm 1

1
47.740, 00mm 47, 74m
2, 09 x10 5 mm 1

245
246
247
248
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Carregamento Transversal

PLANO DE ESTUDOS

Determinação da Tensão Tensões de Cisalhamento


de Cisalhamento em um τ xy em Vigas de Seções
Plano Horizontal Transversais Usuais

Carregamento Determinação de Tensão de Cisa- Tensões de


Transversal em lhamento τ xy em uma Viga Cisalhamento em
Barras Prismáticas Barras de Parede Finas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Determinar as forças cisalhantes atuando nas seções ho- • Analisar a intensidade e a distribuição das tensões de
rizontais de uma viga. cisalhamento em vigas de seção transversal retangular e
• Determinar o fluxo cisalhante e as tensões de cisalhamen- vigas compostas.
to horizontais em vigas. • Determinar as tensões de cisalhamento em um ponto
• Determinar as tensões de cisalhamento sobre seções qualquer de membros simétricos com parede fina.
transversais.
Carregamento Transversal
em Barras Prismáticas

Olá, caro(a) aluno(a)! Neste tópico, iremos estu-


dar elementos estruturais submetidos a esforços
laterais, ou seja, forças ou momentos que têm seus
vetores perpendiculares ao eixo da barra para de-
terminarmos as tensões de cisalhamento e/ou os
esforços internos.
Uma situação muito comum é o carregamento
transversal que ocorre quando uma barra hori-
zontal, que é chamada de viga, é submetida a car-
regamento vertical, como ilustrado na Figura 1.
Os carregamentos verticais aplicados podem ser
concentrados em uma única carga, como apre-
senta a Figura 1a, ou três carregamentos concen-
trados aplicados ou distribuídos, como a Figura
1b. A aplicação de carregamentos concentrado e
distribuídos na mesma viga é comum.
P1 P2 P3 w0 wB

A B A B

(a) (b)
Figura 1 - Tipos de carregamentos em vigas
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para desenvolvermos a conceituação e iniciarmos os estudos, iremos considerar uma


viga em balanço AB, conforme a Figura 2a, que possui a extremidade B fixada com
um carregamento concentrado P aplicado na outra extremidade A.

A C B

P L

(a)

A C
M

V
P
(b)

Figura 2 - Viga com carregamento concentrado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

A indicação C representa uma seção transversal, conforme Figura 2b. Considerando


o trecho AC em equilíbrio do corpo livre, podemos observar as forças internas que
atuam em AC e devem ser equivalentes a uma força cortante V de mesma intensidade
que P, e também um momento fletor M de valor M = P.x, sendo x a distância de C
até a extremidade livre.
Adotamos, como convenção de sinais para a força cortante V, o sinal positivo
quando ela estiver direcionada para baixo (Figura 2b).

UNIDADE 6 251
Para expressar as forças elementares, normais e cortantes que atuam na seção, são
consideradas equivalentes à força V e ao momento M. Sendo assim, podemos escrever
suas equações. Três das seis equações envolvem apenas esforços normais já obtidos
por meio da Unidade 5. No caso de carregamento transversal, o momento fletor M
varia com a localização da seção considerada, sendo outras três equações relacionadas
às forças cortantes elementares τ xy dA e τ xz dA . Uma dessas três equações envolve
os momentos dos esforços cortantes elementares em relação ao eixo x, sendo essa
equação, neste momento, desprezada, uma vez que a peça é simétrica em relação ao
plano xy. Com relação às outras duas, envolvem as componentes nas direções y e z
das forças elementares, sendo que:

Fy  V :  xy dA  V (Eq. 1)

Fy  0 :  xz dA  0 (Eq. 2)

A equação 1 mostra que vão existir tensões verticais de cisalhamento em qualquer


seção transversal da viga, e estas serão negativas, ou seja, dirigidas para baixo. A
equação 2 indica que a tensão média de cisalhamento horizontal em qualquer seção
horizontal é nula, isso não significa que a tensão de cisalhamento τ xz é igual a zero
em todos os pontos.
Agora, analisaremos um cubo elementar localizado no planto vertical de simetria
da viga (onde τ xz deve ser nula), e as tensões que se exercem em suas faces, ilustrados
pela Figura 3.

τxy <0

σx

Figura 3 - Cubo elementar


Fonte: adaptada de Beer, Pereira e Johnston Jr. (2006).

252 Carregamento Transversal


Observando o cubo, em cada face do elemento perpendicular ao eixo x estão atuando
tensão normal σ x e tensão de cisalhamento τ xy . Como já estudado nas unidades
anteriores, as tensões de cisalhamento τ xy que atuam nas faces verticais de um ele-
mento aparecem como tensões de mesmo valor nas faces horizontais deste elemento.
Assim, podemos concluir que devem existir tensões de cisalhamento longitudinais
em qualquer barra submetida a carregamentos transversais.
Podemos exemplificar este fato quando consideramos uma viga em balanço cons-
tituída de várias lâminas superpostas, ligadas à mesma extremidade fixa, observado
na Figura 4a.

(a)

(b)

(c)

Figura 4 - Lâminas superpostas em balanço


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Nota-se que, na Figura 4b, há uma força transversal P aplicada na extremidade livre
da viga. Observamos que as lâminas deslizam uma sobre a outra; porém em uma
viga feita de material homogêneo e coesivo, o deslizamento não ocorre de fato, mas
verifica-se uma tendência a ocorrer, pela existência de tensões atuando em planos
horizontais na direção longitudinal, juntamente com as tensões atuantes nos planos
verticais transversais.
Caso as lâminas sejam submetidas ao efeito de um momento M aplicado na
extremidade livre, elas irão se deformar como arcos de circunferência concêntricos
e não sofrerão deslizamento relativo, apresentado pela Figura 4c. Assim, é possível
compreender porque não ocorrem tensões de cisalhamento em vigas sujeitas à flexão
pura, como visto na unidade anterior.

UNIDADE 6 253
Para o desenvolvimento deste conceito sobre distribuição de tensões normais em uma
seção transversal, iremos adotar a hipótese que “a distribuição de tensões normais
em uma certa seção transversal não fica afetada pelas deformações provocadas pelas
tensões de cisalhamento” (BEER; JOHNSTON JR., 2006).
A distribuição de tensões normais em uma seção transversal deve ser a mesma
quando a viga está submetida à carga transversal P (Figura 5a) ou quando está car-
regada com o momento M = P.x (Figura 5b). Assim, os carregamentos aplicados
levam ao mesmo momento fletor na seção estudada, apesar de os valores do esforço
cortante serem diferentes, considerando a mesma distribuição de tensões normais.

A C
(a) M = Px

V=P
P

A C
(b) M = Px
M = Px
V=0

Figura 5 - Seção transversal com carregamento


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Considere a origem dos sistemas de eixos cartesianos no centroide da seção trans-


versal da extremidade livre da viga, de forma que o eixo x determina a distância de
qualquer ponto até a carga P. Considere também que o eixo y determina a distância de
qualquer fibra até a superfície neutra, ilustrado pela Figura 6. Desta forma, podemos
escrever a equação 3.

My Pxy
x   (Eq. 3)
I I

254 Carregamento Transversal


y y

A C B

P
y σx
X Z
O

B’’
X

Figura 6 - Variação das tensões em relação aos eixos x e y


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Observamos que a distribuição de tensões normais em uma certa seção (x = constan-


te) é linear, como no caso da flexão pura. Desta forma, as tensões são proporcionais
à distância x entre a força e a seção considerada, de modo que a máxima tensão de
compressão na viga v corre no ponto B. A máxima tensão de tração acontecerá em
B”, com as mesmas distâncias em relação à origem, que corresponde a x = L.
Conhecida a distribuição das tensões normais na viga, é possível determinar as
tensões de cisalhamento τ xy por meio das equações de equilíbrio.
Neste tópico, vimos uma introdução sobre a determinação de tensões devido a
carregamentos transversais. Por meio da conceituação e de hipóteses, foi possível
conhecer a distribuição de tensões normais devido a esse tipo de carregamento e
determiná-la. Vimos também que, por meio das condições de equilíbrio, foi possível
determinar as tensões de cisalhamento.

UNIDADE 6 255
Determinação da
Tensão de Cisalhamento
em um Plano Horizontal

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos desenvolver


os estudos para determinar as tensões de cisa-
lhamento τ xy por meio da análise das forças que
atuam em uma seção horizontal da viga.
Nosso estudo irá iniciar pela Figura 7, onde
consideramos, novamente, uma viga em balanço
AB com um carregamento concentrado P em sua
extremidade livre A.
y y
x
C B y1 C
A
C’ c
A’ C’
P y1 x z O L.N.

(a) (b)

Figura 7 - Barras submetidas a carregamento transversal


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Quando realizamos uma seção horizontal A’C’ que passa pela distância y1 acima da
linha neutra e pela seção transversal CC’ que passa a uma distância x da extremidade
livre da viga, determina-se a região ACC’A’.
Os carregamentos que atuarão na região ACC’A’, indicados na Figura 8, incluem
uma parte de P’ da força P aplicada à viga, a força cortante V’ na seção CC”, os esforços
normais σ x dA que também agem nessa seção e a resultante das forças horizontais
devido à tensão de cisalhamento na face inferior do corpo livre, que terá o nome de
H. Por meio da equação 3, temos:

Pxy
 x dA   dA
I
V’ y

x dA
A C y1 C
P’ σx dA c
A’ y
H C’ C’
z

(a) (b)

Figura 8 - Região ACC’A.


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Por meio das equações de equilíbrio em relação ao eixo x, temos que:

Pxy
Fx  0 : H  dA  0
I

Desenvolvendo a condição de equilíbrio e sabendo que x é constante na seção trans-


versal, temos:
Px y c
I y  y1
H ydA (Eq. 4)

UNIDADE 6 257
Observa-se que a integral apresentada na equação 4 corresponde ao momento estático
de uma área (neste caso, acima da linha y = y 1 em relação à linha neutra). Sendo
assim, temos que:

y c
Q ydA (Eq. 5)
y  y1

Relembrando que:

Q = Ay (Eq. 5a)

em que A é área sombreada na seção transversal da Figura 8b, e y é a distância do seu


centroide até a linha neutra, simplificando a equação 4, podemos escrever:

PQ
H= x (Eq. 6)
I

Note que a equação 6 mostra que a força horizontal H é determinada pelas tensões
de cisalhamento na face inferior da porção ACC’A’, proporcionais ao comprimento
x dessa região. Como para um certo valor de y1 o esforço cisalhante horizontal por
unidade de comprimento ( H x ) é constante e igual a PQ I , o esforço horizontal
por unidade de comprimento é denominado como fluxo de cisalhamento e expresso
por q. Assim, podemos escrever

PQ
q= (Eq. 7)
I

Contudo, será que essa condição seria válida, caso tivéssemos realizado este estudo
na região inferior da viga? Sim, os resultados obtidos seriam os mesmos para a região
A’C’C’’A’’. A Figura 9 representa a região.

y
V’’
A C y1
H C’ C’
A’
P’’ z
A’’ σx dA
C’’ C’’

(a) (b)

Figura 9 - Região A’C’C’’A’


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

258 Carregamento Transversal


Essas considerações são válidas, pois, uma vez que os esforços horizontais de cisa-
lhamento que as duas regiões exercem uma sobre a outra são iguais e de sentidos
contrários, verifica-se que o momento estático Q da parte seção transversal que fica
abaixo da linha y = y1 em relação a linha neutra (Figura 9b) é igual em módulo, e é
de sinal contrário aquele relativo à área localizada acima da mesma linha.
A soma dos momentos estáticos da região superior e da inferior correspondem
ao momento estático de toda a área da seção transversal em relação à origem, que é
nula. Nota-se, assim, que o momento estático máximo ocorre para y1 = 0 , pois, na
integral, os elementos da seção acima da linha neutra contribuem com sinal positivo,
enquanto que os elementos abaixo da linha neutra contribuem com sinal negativo.
Então, as possibilidades da escolha da região superior e inferior já foram resolvidas,
porém, e se houver vários carregamentos aplicados? Como proceder?
No caso de uma viga submetida a vários carregamentos, concentrados ou distri-
buídos, devemos aplicar o princípio da superposição de esforços para determinar
os fluxos de cisalhamento (q) em um certo ponto C’, exemplificado pela Figura 10a.
P1 P3
w
C
A C’ B

(a)

wa P1

C’ M

V
RA
(b)

Figura 10 - Viga com diversos carregamentos


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Aplicando as condições de equilíbrio no diagrama de corpo livre (Figura 10b), é


possível determinar a força cortante V que age na seção e que corresponde à soma
das forças que se exercem na parte da viga, ficando à esquerda da seção que passa
por C’. Substituindo o P por V, na equação 7, temos

VQ
q= (Eq. 8)
I

UNIDADE 6 259
em que Q é o momento estático em relação à linha neutra, seja para área localizada
acima ou abaixo do ponto C’, e I é o momento de inércia de toda área de seção trans-
versal em relação ao eixo centroidal.
Nota-se que o fluxo de cisalhamento (q) é constante, pois os carregamentos su-
cessivos também são constantes. Dessa forma, concluímos que uma viga submetida
à flexão pura produzida apenas por dois conjugados iguais e de sentidos opostos
à força cortante V e à força horizontal por unidade de comprimento (q) são nulas.
O que estudamos neste tópico pode ser exemplificado pelo exercício exemplo 1.

1 EXERCÍCIO Uma viga de madeira é constituída por três peças de 20 por 100 mm de seção trans-
versal, que são pregadas umas às outras, formando a seção I. O espaçamento entre
os pregos é de 25 mm. Sabendo-se que a viga está submetida a uma força cortante V
de 500 N, determine a força cortante em cada prego.
O desenvolvimento desse exercício passa pela interpretação do enunciado e a
visualização da seção I, realizada pela união das três peças de madeiras pregadas,
representada pela Figura 11.

100 mm

20 mm

100 mm
20 mm

20 mm

Figura 11 - Viga em formato de “I” de madeira


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

260 Carregamento Transversal


Observa-se o prego unindo a peça superior com a peça vertical e a peça inferior com
a peça vertical. A determinação da força no preço superior e inferior será a mesma,
devido uma propriedade importante que é a simetria.
Assim, para determinar a força cortante atuante no prego, será necessário, primeiro,
determinar o fluxo de cisalhamento. Para isso, utilizaremos a equação 8.

VQ
q= (Eq. 8)
I

Começaremos determinando:
• Momento estático (Q)
Q = A. y
=
Área da seção transversal da peça pregada (A) → A 100
= x 20 2000mm 2
Centroide da figura → y = 60mm (devido à simetria)

Portanto,

Q  A. y  2000mm 2 ∙ 60mm  120.000mm3


• Momento de inércia (I)

ISeção  ISuperior  I Central  I Inferior

bh3 100 ∙ 203


ISuperior A∙ d2 (100 ∙ 20) ∙ (60) 2 7.266.666, 67 mm 4
12 12
bh3 20 ∙ 1003
I Central A∙ d2 (100 ∙ 20) ∙ (0) 2 1.666.666, 67 mm 4
12 12
bh3 100 ∙ 203
I Inferior A∙ d2 (100 ∙ 20) ∙ (60) 2 7.266.666, 67 mm 4
12 12

ISeção  ISuperior  I Central  I Inferior  16.200.000, 00mm 4

Logo, o fluxo de cisalhamento é:

VQ
q=
I
VQ 500 N ∙ 120. 000mm3 N
q  4
 3, 704
I 16.200.000mm mm

Conhecido o fluxo de cisalhamento, é possível determinar a força cortante em cada


prego, pois já é conhecida a distância entre pregos de 25 mm. Logo, temos que

UNIDADE 6 261
N
F  d .q  25mm ∙ 3, 704 
mm
F  92, 60 N

Neste tópico, estudamos como determinar a tensão de cisalhamento em plano hori-


zontal por meio do fluxo de cisalhamento, sendo possível determinar a força cortante
em conectores, como exemplificado no exercício 1. Conhecemos o conceito e a forma
de determinar o fluxo de cisalhamento ocasionado por carregamentos perpendicu-
lares à viga em estudo.

262 Carregamento Transversal


Determinação de
Tensão de Cisalhamento
τ xy em uma Viga

Caro(a) aluno(a), agora, estudaremos como deter-


minar a tensão de cisalhamento t xy em uma viga,
mais um complemento de assunto nos nossos es-
tudos. Estamos trabalhando, de forma gradativa,
cada determinação de tensão, vendo que cada
ponto estudado nesta unidade se complementa.

UNIDADE 6 263
Para desenvolvermos este tópico, iremos imaginar uma viga com plano vertical de
simetria carregada com uma carga distribuída ou concentrada neste plano. Esta seção
é a mesma situação desenvolvida no Tópico 2, que mostrou que se a força cortante
V é vertical em qualquer seção transversal, a força horizontal de cisalhamento por
unidade de comprimento ou fluxo de cisalhamento (q), em um ponto C’ dessa seção, é

VQ
q= (Eq. 8)
I

em que I é o momento de inércia da seção em relação à linha neutra e Q é o momento


estático de seção transversal da figura em estudo.
A Figura 12 apresenta a situação de uma força horizontal ∆ H que exerce em
um comprimento ∆ x da seção horizontal, passando por C’, e pode ser expressa pela
equação 9. Logo, teremos

VQ
H  q.x  .x (Eq. 9)
I

ΔA
ΔH

C’
t

ΔX

Figura 12 - Seção C’ com carregamento ∆ H


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Desenvolvendo a equação 9 pela divisão pela área A  t.x , iremos determinar a


tensão média de cisalhamento τ méd , lembrando que t é largura da seção horizontal.
Dessa forma, teremos o desenvolvimento de

H VQ x
 méd   .
A I t.x

264 Carregamento Transversal


Logo,

VQ
 méd  (Eq. 10)
It

Como já sabemos, as tensões de cisalhamento exercidas em um plano transversal e


um plano horizontal são iguais (respectivamente τ xy e τ yx ). Assim, podemos afirmar
que a expressão que determina a tensão horizontal em C’ também representa o valor
da tensão média τ xy ao longo da linha C1C2 , como ilustrada na Figura 13.
' '

τméd

τyx C’2 τméd


C
C’1

τxy C’’2

C’’1

Figura 13 - Representação das tensões para o plano transversal e horizontal


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

É possível observar, na face superior e inferior da viga, a tensão de cisalhamento


 xy  0 , uma vez que não há forças atuantes nessas faces a partir da aresta superior
e inferior da seção transversal, conforme a Figura 14.
τyx = 0

τxy = 0

τxy = 0
τyx = 0

Figura 14 - Representação das tensões de cisalhamento τ xy e τ yx


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 6 265
Outra situação que observamos é que o momento estático Q é o máximo para y = 0.
Não podemos, no entanto, afirmar que a tensão de cisalhamento média ( τ méd ) é
máxima ao longo da linha neutra, pois a tensão média depende também da largura
t da seção.
Quando a largura da viga se mantém pequena em comparação à altura da seção,
as tensões de cisalhamento variam muito pouco ao longo da linha C1C2 (Figura 13),
' '

e a equação 10 pode ser utilizada para determinar a tensão de cisalhamento τ xy em


qualquer ponto ao longo de C1C2 .
' '

Observa-se que as tensões em C 1 e C 2 (Figura 15) são maiores que a tensão em


' '

C ' . A Teoria da Elasticidade, contudo, demonstra que para vigas retangulares de


largura b e altura h, onde a relação entre b h < 1 4 , o valor da tensão de cisalhamento
em C1 e C2 não excede 0,8% do valor médio calculado para a linha neutra.

1h
2
.
L.N C2
1h C1 τmax
2

b
Figura 15 - Seção retangular com a tensão de cisalhamento C1 e C2
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para seções que não apresentam a relação de b h < 1 4 , o valor da tensão τ méd cal-
culado ao longo da linha neutra pode ser bem menor que a tensão máxima em C1 e
C2, como indicado na Tabela 1.

266 Carregamento Transversal


Para aprimorar o conhecimento da Teoria da Elasticidade, buscar o livro:
TIMOSHENKO, V. S. P.; GOODIER, J. N. Theory of Elasticity. 3. ed. New York:
McGraw-Hill, 1970, sec. 124.

Tabela 1 – Valores de C1 e C2

b h 0,25 0,50 1,00 2,00 4,00 6,00 10,0 20,0 50,0

τ máx τméd 1,008 1,033 1,126 1,396 1,988 2,582 3,770 6,740 15,65

τ mín τméd 0,996 0,983 0,856 0,805 0,800 0,800 0,800 0,800 0,800

Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Neste tópico, aprendemos a determinar a tensão de cisalhamento τ xy em uma viga,


por meio da equação 10, e sobre a conceituação e hipóteses para o seu desenvolvi-
mento. Também aprendemos que a tensão de cisalhamento nas arestas é nula. Vimos,
também, como ocorre a distribuição.

UNIDADE 6 267
Tensões de Cisalhamento
τ xy em Vigas de Seções
Transversais Usuais

Olá, aluno(a), neste tópico, iremos entender o


comportamento das tensões de cisalhamento τ xy
em vigas de seções transversais usuais, geralmente
de seção retangular. Por meio da conceituação,
será possível determinar a tensão máxima τ xy
e interpretar a distribuição das tensões de cisa-
lhamento.
Será um tópico bastante conceitual. Por isso,
será extremamente importante para o desenvol-
vimento dos próximos assuntos.
Ótimos estudos!!!
Como vimos no tópico anterior, para uma seção retangular de uma viga de largura
b e altura h, em que a relação entre b h < 1 4 , a variação da tensão de cisalhamento
ao longo da largura é menor que 0,8% da tensão média τ méd . Para o desenvolvimento
de aplicações práticas, é possível utilizarmos a equação 10 para a determinação do
cisalhamento em qualquer ponto da seção transversal. Podemos escrever

VQ
 xy  (Eq. 11)
It

em que t é igual a largura da b da viga, e Q representa o momento estático em relação


à linha neutra da área sombreada A’, indicado na Figura 16.
y
A’

C
y c = 1h
2
y
z

c = 1h
2

b
Figura 16 - Indicação dos componentes em uma seção transversal para determinação da tensão de
cisalhamento
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para determinarmos a distância da linha neutra ao centroide C’ da área sombreada


1
A’, é possível por meio de y  2  c  y  e da equação 5a, determinamos

1
Q  A' y  b  c  y  c  y  
2
1

Q  b c2  y 2
2
 (Eq. 12)

UNIDADE 6 269
bh3 2 3
Sabendo que=I = bc , podemos escrever que
12 3
b c2 y2
V∙ V ∙ b c2 y2
VQ 2 3
xy 3

Ib 2bc 2 2b 2 c3
∙b
3
3 c2 y 2
xy V
4 bc3

Como a área da seção transversal é A = 2bc , logo

3 c2  y 2 3V c 2  y 2 3V c 2  y 2
 xy  V  
4 bc 3 2 2bcc 2 2 A c 2
3V  y2 
 xy   1   (Eq. 13)
2 A  c2 

A equação 13 permite a interpretação da distribuição de tensões de cisalhamento em


uma seção transversal de uma viga retangular em formato parabólico (Figura 17).
Nota-se, novamente, que as tensões de cisalhamento são nulas no cume e na base da
seção transversal ( y   c ). Por outro lado, considerando y = 0 e substituindo na
equação 13, iremos obter o valor máximo da tensão de cisalhamento para uma certa
seção de uma viga retangular estreita. Nesse caso, temos que

3V
 máx  (Eq. 14)
2A

+c

τ
O τmáx

-c

Figura 17 - Distribuição de tensões de cisalhamento em uma seção retangular


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

270 Carregamento Transversal


A relação obtida pela equação 14 indica que a máxima tensão de cisalhamento em
uma viga de seção retangular é 50% maior (3/2 = 1,5 = 150%) que o valor V A, que
seria obtido, de forma erroneamente, se considerássemos uma distribuição de tensões
uniforme ao longo da seção transversal.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

A equação 10 pode ser usada, também, no estudo de perfis em forma I ou perfis


de abas largas. Para essas situações, podemos calcular o valor médio da tensão de
cisalhamento τ xy em uma fibra aa ' ou bb ' da seção transversal da viga, ilustrado
pela Figura 18a e 18b. Dessa forma, escrevemos

VQ
 méd  (Eq. 10)
It

t y
A B
a a’
D E F G b E F b’
C y
c c’ c c’
t τméd
D’ E’ F’ G’ E’ F’
A’ B’
(a) (b) (c)

Figura 18 - Perfil I ou Perfil de abas largas com simetria


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
Na equação 10, o V é a força cortante, t é a largura da seção da fibra estudada, Q é
o momento estático da área sombreada em relação à linha neutra cc ' e I é o mo-
mento de inércia da seção em relação a cc ' . Assim, podemos elaborar um gráfico da
distribuição das tensões de cisalhamento, tendo como eixo y a variação da tensão
média ( τ méd ), como indicado na Figura 18c.

UNIDADE 6 271
Observa-se, na Figura 18c, que a curva obtida é descontínua nos pontos em que
' ' ' '
ocorrem diferenças no valor t (quando se passa das abas ABGD e A B G D para
' '
a alma EFF E do perfil). No caso da alma do perfil, a tensão de cisalhamento varia
muito pouco ao longo da seção bb' , e pode ser considerada igual ao valor médio
τ méd . No entanto, para as abas, o comportamento é diferente.
Para exemplificar, podemos considerar uma linha horizontal DEFG . Iremos
observar que a tensão τ xy é nula entre D e E e também entre F e G , uma vez que
esses dois segmentos fazem parte da superfície livre do perfil, porém entre E e F
o valor da τ xy é dado pela equação 10, em que t = EF .
Em casos práticos, consideramos que todo esforço cortante é absorvido pela alma,
e que uma boa aproximação do valor máximo da tensão de cisalhamento se obtém
quando se divide V pela área da seção transversal da alma.
Uma observação importante é que, apesar de podermos desprezar as tensões τ xy
nas abas do perfil, não poderemos fazer o mesmo com a componente horizontal τ xz ,
que tem um valor considerável.
Neste tópico, estudamos como ocorre o comportamento das tensões de cisalha-
mento τ xy em vigas de seções transversais usuais. Por meio da conceituação, determi-
namos a equação para a tensão máxima τ xy e elaboramos um gráfico de distribuição
das tensões de cisalhamento.

272 Carregamento Transversal


Tensões de Cisalhamento
em Barras de
Paredes Finas

Caro(a) aluno(a), neste tópico, fechamos os con-


ceitos e as maneiras de determinar as tensões de
cisalhamento devido a carregamentos transversais
em barras de parede finas. Aqui, iremos entender
como o fluxo de cisalhamento ocorre nas barras e
como determinar as tensões de cisalhamento.
Ótimos estudos!!

UNIDADE 6 273
Este tópico finaliza os nossos estudos relacionados a carregamentos transversais, e
não poderíamos deixar de estudar as tensões de cisalhamento em barras de paredes
finas, pois a utilização de vigas com paredes finas é muito comum e atendem a di-
versas situações do nosso cotidiano.
Nos tópicos anteriores, estudamos a equação 08, que pode ser utilizada para de-
terminação do fluxo de cisalhamento (q) em qualquer seção longitudinal de barras
submetidas a carregamento vertical atuante no plano de simetria. Com o mesmo
raciocínio, poderíamos utilizar a equação 10, tensão média de cisalhamento.
Exemplificando pela Figura 19 – um segmento de comprimento ∆ x de um per-
fil de abas largas (Figura 19a), submetido a uma força cortante vertical V na seção
' '
transversal indicada – pela região ABB A da aba superior do perfil, notamos que é
possível determinar a força horizontal ∆ H na seção cortada, por meio da equação 15,

H  qx (Eq. 15)

em que q é o fluxo de cisalhamento na seção cortada. Substituindo o valor de q pela


equação 08 e dividindo os dois membro da equação 15 pela área A  t x , iremos
obter, novamente

VQ
 méd  (Eq. 10)
It

y Δx
B B
B’ A B’ A
A’ ΔH
t A’
(b)

z x
V
Δx (a)
Figura 19 - Perfil de abas largas com simetria
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

274 Carregamento Transversal


É importante salientar que, agora, a tensão de cisalhamento média ( τ méd ) representa
o valor médio da tensão de cisalhamento τ zx que atua em uma face vertical. Devido
à espessura t da aba ser pequena, ocorre apenas uma pequena variação de τ zx ao
longo da seção cortada.
A Figura 20, que apresenta que  zx   xz , permite concluir que a componente
horizontal τ xz da tensão de cisalhamento pode ser calculada em qualquer ponto da
seção transversal da aba pela equação 10. O momento estático (Q), na equação 10,
corresponde à área sombreada (Figura 21a) em relação à linha neutra, um situação
muito semelhante para componente vertical τ xy da tensão de cisalhamento da alma
do perfil, representado na Figura 21b.

τzx τxz

x
Figura 20 - Seção ilustrando que  zx   xz
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

y y
t t
τxz

τxy
z z
L.N. L.N.
t

(a) (b)

Figura 21 - Localização do momento estático no perfil de abas largas


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 6 275
A equação 10 pode ser utilizada em diversas barras de parede delgadas para deter-
minação da tensão de cisalhamento, como exemplo em vigas-caixão e vigas de seção
semicircular, desde que as cargas sejam aplicadas em um plano de simetria da barra,
como representado na Figuras 22 e 23.
y y
t t
τxz τxz

τxy τxy
z z
L.N. L.N.
t

(a) (b)

Figura 22 - Viga-caixão
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

τ
z
L.N. C
t

Figura 23 - Viga de seção semicircular


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Em cada situação, o corte deve ser perpendicular à superfície da barra para que a
equação 10 nos forneça a componente da tensão de cisalhamento na direção tan-
gencial à superfície.

276 Carregamento Transversal


Comparando as equações 8 e 10, notamos que o produto da tensão de cisalhamento
τ pela espessura t , em um ponto da seção transversal, corresponde ao fluxo de
cisalhamento q . Como V e I possuem valores constantes para uma determinada
seção, o fluxo de cisalhamento q é função apenas do momento estático Q . Assim,
pode ser facilmente calculado para toda a seção transversal.
No caso de uma viga-caixão, representado pela Figura 24, observa-se que o fluxo
de cisalhamento q cresce continuamente desde zero, no ponto A, até um valor má-
ximo em C e C’, na linha neutra, voltando a zero ao se atingir o ponto E. Observamos,
também, que não ocorre variação brusca na intensidade do fluxo de cisalhamento q
ao passarmos por um vértice em B, D, B’ ou D’, e que o sentido do fluxo de cisalha-
mento nas partes horizontais da seção pode ter determinado seu sentido nas partes
verticais, que coincide com o sentido da força cortante.

B A B’

q q
C C’
L.N.

D E D’

Figura 24 - Variação do fluxo de cisalhamento q em uma seção de viga-caixão


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 6 277
Exemplificamos, na Figura 25, um perfil de abas largas, em que os valores do fluxo de
cisalhamento q nas regiões superiores AB e A’B se distribuem de maneira simétrica.

q1 q2
B
A A’

q = q1 + q2
C
N.A.
q D
E E’
q1 q2
Figura 25 - Variação do fluxo de cisalhamento q em um perfil de abas largas
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Nota-se que, no ponto B, os valores do fluxo de cisalhamento q das duas meias abas
devem ser somados para obtermos o valor do fluxo de cisalhamento q na alma. O
valor máximo do fluxo de cisalhamento q ocorre em C, na altura da linha neutra.
Descendo para D, novamente se divide em duas partes iguais para cada meia aba
inferior.
O conceito de fluxo cisalhante que estamos utilizando para descrever o esforço
de cisalhamento por unidade de comprimento assemelha-se ao movimento de um
fluido em uma tubulação.
As seções transversais estudadas até agora foram seções simétricas e os carre-
gamentos aplicados no plano de simetria das barras. Em situações em que peças
estruturais apresentam dois planos de simetria, como o perfil de abas largas ou a
viga-caixão, qualquer força aplicada no centro geométrico da seção transversal deverá
ser decomposta na direção dos dois eixos de simetria, sendo que cada componente
resultante da decomposição irá provocar a flexão na barra em um plano de simetria
e a sua correspondente na tensão de cisalhamento.

278 Carregamento Transversal


Caso a seção não apresente planos de simetria ou possua apenas um plano de
simetria que não corresponda ao plano de aplicação dos carregamentos, a barra
ficará sujeita, além da flexão, também à torção, exceto quando aplicada no centro de
cisalhamento.
Neste tópico, estudamos os conceitos e as maneiras de determinarmos as tensões
de cisalhamento devido a carregamentos transversais em barras de parede finas.
Observamos que a tensão de cisalhamento média é a mesma para barras de parede
delgada. Podemos citar, como exemplo, vigas-caixão e vigas de seção semicircular, e
não somente de seção T ou I de abas largas, desde que as cargas sejam aplicadas em
um plano de simetria da barra.

UNIDADE 6 279
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
Uma viga AB é constituída por três peças coladas umas às outras e está subme-
tida a dois carregamentos de 1,5 kN, localizados a 0,4 m dos apoios A e B, res-
pectivamente (Figura a), que atua em seu plano de simetria. Sabemos que as
peças coladas formam um perfil I, com largura de 20 mm cada junta colada
(Figura b). Ainda na Figura b, está indicada a localização do centroide da seção
−6 4
transversal e o momento de inércia da seção I é 8,63x10 m .

(a) (b) 100 mm


1,5 kN 1,5 kN
20 mm
A n B Junta a
80 mm C
20 mm
n Junta b 68,3 mm
20 mm
0,4 m 0,4 m
0,2 m
60 mm

Diagrama de corpo livre e seção transversal da barra AB


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Determine para a viga AB:


a) A tensão de cisalhamento média na seção n-n da viga.
b) A tensão de cisalhamento nas juntas coladas.

280
1. Uma peça de um equipamento em forma de perfil T está submetida a uma força
atuante no seu plano de simetria, conforme a Figura a seguir.

6,7 kN n
300 mm

n
380 mm

100 mm
10 mm

50 mm

10 mm

Figura 27 - Perfil T da peça do equipamento


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Determine para a peça:


a) A máxima tensão de compressão na seção n-n.
b) A máxima tensão de cisalhamento.

281
2. Três tábuas, cada uma com uma seção transversal retangular de 40 x 90 mm,
são pregadas juntas para formar uma viga que é submetida a uma força cortante
vertical de 1,1 kN. Sabendo-se que o espaçamento entre cada um dos pares de
pregos é de 60 mm, determine a força cortante em cada prego.

60 mm
60 mm
60 mm
40 mm
40 mm
40 mm

90 mm
Tábuas pregadas
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

282
LIVRO

Resistência dos materiais: para Entender e Gostar


Autor: ManoelHenrique Campos Botelho
Editora: Blucher
Sinopse: A Resistência dos Materiais é, segundo muitos professores e especia-
listas, a matéria mais importante no ensino da engenharia e estudo essencial
nos cursos de Arquitetura. Nesta obra, os leitores entenderão como os pilares e
as colunas das edificações resistem às cargas de compressão e como os cabos
de sustentação resistem a esforços de estiramento (tração). Entre os estudos
apresentados, há a ocorrência de cortes (cisalhamento) em materiais resistentes,
como madeira, e em materiais menos resistentes, como tecidos. Incluem-se
nesta obra, ainda, os esforços resultantes da flexão (dobramento), que exigem
estruturas especiais, e as deformações causadas pelos esforços, que demandam
cuidadosos estudos e cálculos. Mais uma vez, o engenheiro MHC Botelho, autor
de diversos livros da área, apresenta o conteúdo de forma simples e altamente
prática, sem perder seu rigor conceitual.

283
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

284
1. a) A tensão de cisalhamento média na seção n-n da viga.

Primeiramente, iremos deixar a viga AB em equilíbrio. Notamos que devido à simetria as reações de apoio em
A e B correspondem a 1,5 kN.

1,5 kN 1,5 kN

A n B

A = 1,5 kN B = 1,5 kN

Por meio das condições de equilíbrio, determinaremos a força cortante atuante na seção n-n da viga.

  Fy  0 : 1, 5  V  0 V  1, 5kN

M
V

A = 1,5 kN
E a área da seção transversal é

A 2 ∙ (100 ∙ 20) (20 ∙ 80) 5.600, 00mm 2


Logo, a tensão de cisalhamento média na seção n-n da viga é

V 1.500, 00 N
 méd    0, 27 MPa
A 5.600, 00mm 2

285
b) A tensão de cisalhamento nas juntas coladas.

• Tensão de cisalhamento na junta a

Para determinar a tensão de cisalhamento, iremos utilizar:


VQ
 méd 
It

Assim,

• Força cortante (V):

=V 1,=
5kN 1500 N

• Momento estático (Q):

Q Ay1 0,100m ∙ 0, 20m ∙ 0, 0417 m 83, 4 x10 6 m3

0,100 m
0,020 m
a y1 = 0,0417 m
Linha neutra a x’

• Momento de inércia (I):

I  8, 63 x106 m 4 .

• Largura (t):

t = 0, 020m .

286
Logo

VQ 1500 N ∙ 83, 4 x10 6 m3 N


méd 724.7797, 22
It 6
8, 63 x10 m 4
∙ 0, 020m m2

méd 0, 72MPa

• Tensão de cisalhamento na junta b

Para determinar a tensão de cisalhamento, utilizaremos:

VQ
 méd 
It

Assim,

• Força cortante (V):

=V 1,=
5kN 1500 N

• Momento estático (Q):

Q Ay2 0, 060m ∙ 0, 20m ∙ 0, 0583m 70, 0 x10 6 m3

Linha neutra C x’
b b y2 = 0,0583 m
0,020 m

0,060 m

287
Momento de inércia (I):

I  8, 63 x106 m 4 .

• Largura (t):

t = 0, 020m .

Logo

VQ 1500 N ∙ 70, 0 x10 6 m3 N


méd 608.3342, 99
It 6
8, 63 x10 m 4
∙ 0, 020m m2

méd 0, 61MPa

2. a) A máxima tensão de compressão na seção n-n.

Primeiramente, é necessário determinar as propriedades da figura plano, ou seja, da seção transversal.

100 mm
5 mm

b b
C
25 mm
Y
25 mm d

10 mm

288
• Centroide

Tomando como referência a base do perfil T, temos a coordenada yc

Figura Área (mm2) y (mm) y.A (mm3) yc (mm)

1 1.000,00 55,00 55.000,00


45,00
2 500,00 25,00 12.500,00
1.500,00 67.500,00

• Momento de inércia centroidal

Ix  Ix1  Ix2

100 ∙ 103
Ix1 Ixc Ad 2 (100 ∙ 10) ∙ (45 55) 2 108.333, 33mm 4
12
10 ∙ 503
Ix2 Ixc Ad 2 (10 ∙ 50) ∙ (45 25) 2 304.166, 67 mm 4
12

Ix  Ix1  Ix2  108.333, 33  304.166, 67  412.500, 00mm 4

289
• Máxima tensão de compressão na seção n-n.

Mc
m 
I

Momento na seção n-n  M  6, 7 kN ∙ 300mm  2.010kN .mm  2.010.000 N .mm

Distância do centroide em relação a base da figura  c= y= 45mm

Mc 2.010.000 N .mm ∙ 45mm


m 219, 27 MPa
I 412.500mm 4

b) A máxima tensão de cisalhamento

VQ
m 
It

=
Força cortante V , 70kN 6.700, 00 N
6=

45
Momento estático  Q A. y 45 ∙ 10 ∙ 10.125mm3
2

Momento de inércia  Ix = 412.500, 00mm 4

Largura  t = 10mm

VQ 6.700 N ∙ 10.125mm3
m 16, 45MPa
It 412.500mm 4 ∙ 10mm

290
3. Observa-se o prego unindo a peça superior com a peça vertical e a peça inferior com a peça vertical. Nesse
caso, a determinação da força no preço superior e inferior será a mesma devido uma propriedade impor-
tante que é a simetria.
Assim, para determinar a força cortante atuante no prego, será necessário determinar o fluxo de cisalha-
mento primeiro.

VQ
q=
I

Para isso, começaremos determinando:

• Momento estático (Q)

Q = A. y

=
Área da seção transversal da peça pregada  A =
120 x90 10.800mm 2

Centroide da figura  y = 60mm (devido a simetria)

Portanto

Q  A. y  10.800mm 2 ∙ 60mm  648.000mm3

• Momento de inércia (I)

bh3 90 ∙ 1203
ISeção    12.960.000, 00mm 4
12 12

291
Logo, o fluxo de cisalhamento é:

VQ
q=
I
VQ 1100 N ∙ 648. 000mm3 N
q  4
 55, 00
I 12.960.000mm mm

Conhecido o fluxo de cisalhamento, é possível determinar a força cortante em cada par de pregos, pois já é
conhecida a distância entre os pares de pregos de 60 mm. Logo, temos que

N
Fpar de pregos  d .q  60mm ∙ 55, 00  3.300, 00 N
mm

Assim, a força cortante para cada prego é

3.300, 00 N
=Fprego = 1.650 N
2

292
293
294
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Análise das Tensões


e Deformações

PLANO DE ESTUDOS

Tensões Principais Tensões Estado Mais


de Cisalhamento Máximas Geral de Tensões

Estados Planos Círculo de Mohr para o Aplicação do Círculo


de Tensões Estado Plano de Tensões de Mohr à Análise
Tridimensional de Tensões

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Determinar como as componentes de tensão se trans- • Analisar um estado plano de tensões em seu estado mais
formam quando ocorre uma rotação dos eixos das coor- geral e a transformação de tensões associadas a uma
denadas. rotação de eixos.
• Determinar as tensões principais e tensões de cisalha- • Aplicar o Círculo de Mohr com a análise tridimensional
mento máximas. de tensões
• Determinar as tensões principais e tensões de cisalha-
mento máximas por meio do Círculo de Mohr.
Estados Planos
de Tensões

Olá, caro(a) aluno(a)! Neste tópico, iremos apren-


der como determinar as componentes de tensões
( σ x ' ,σ y ' e τ x ' y ' ) associadas ao elemento em es-
tudo após ser rotacionado por um ângulo θ , em
torno do eixo z .
Então, ótimo estudo!!!
Para o desenvolvimento deste tópico, iremos
utilizar um cubo elementar representado pela
Figura 1a, sem rotação, em que consideraremos
que um ponto Q está submetido a um estado
plano de tensões, ou seja, temos que as tensões
 z   zx   zy  0 são representadas pelas com-
ponentes de tensão σ x , σ y e τ xy relativas ao cubo
elementar. Contudo, e se houver uma rotação no ân-
gulo θ deste cubo elementar em torno do eixo z ?
Observamos que a Figura 1b ilustra essa situação questionada. Desta forma, ire-
mos desenvolver, neste tópico, como determinar as componentes de tensão σ x ' , σ y '
e τ x ' y ' em um certo ângulo θ em torno do eixo z , em função das componentes de
tensão σ x , σ y , τ xy e θ .
y y’ y
θ

σy
σy’
τ x’y’ x’
τ xy
σx’ θ
Q x Q x
σx

z
z’ = z

(a) (b)

Figura 1 – a) cubo elementar submetido a um estado plano de tensões. b) cubo elementar submetido
a um estado plano de tensões com rotação
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Iremos iniciar determinando as tensões que atuam na face perpendicular do eixo x '
– que são a tensão normal σ x ' e a tensão de cisalhamento τ x ' y ' –, considerando um
prisma elementar de faces perpendiculares ao eixos x , y , e x ' , conforme a Figura 2a.
y’ y
y’ y
(a) (b)
τ x’y’ ΔA

σx’ ΔA x’
x’ σx (ΔA cos θ) θ
θ x x
ΔA cos θ θ
τ xy (ΔA cos θ)
ΔA
z
τ xy (ΔA sen θ)
ΔA sen θ
σy (ΔA sen θ)

Figura 2 – a) prisma elementar com tensões em suas faces. b) forças elementares que atuam nos planos
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Como observado na Figura 2a, e por se tratar de um prisma elementar, chamaremos


a área da face inclinada de ∆ A. Assim, é possível determinar a área da face horizon-
tal e da face vertical do prisma por meio de relações trigonométricas, que são Acos 
e Asen , respectivamente.
Com um raciocínio semelhante ao de determinar a área, é possível determinar
as forças elementares que atuam na face horizontal e na face vertical, ilustrado pela
Figura 2b. Entende-se que não há forças atuando nas faces triangulares do prisma
elementar, pois adotamos que as componentes de tensões nessas faces são nulas.

UNIDADE 7 297
Após a identificação dos componentes apresentados na Figura 2b, é importante deixar
o sistema em equilíbrio (somatório de forças igual a zero), o que será desenvolvido
por meio das equações de equilíbrio em relação aos eixos x ' e y ' . Logo, teremos que:
Fx '  0 :
 x ' A   x  A cos   cos    xy  A cos   sen   y  Asen  sen   xy  Asen  cos   0

Fy '  0 :
 x ' y ' A   x  A cos   sen   xy  A cos   cos    y  Asen  cos    xy  Asen  sen  0

Isolando a tensão normal σ x ' no resultado da somatória de forças em x ' , teremos:


 x ' A   x  A cos   cos    xy  A cos   sen   y  Asen  sen   xy  Asen  cos   0

 x ' A   x  A cos   cos    xy  A cos   sen   y  Asen  sen   xy  Asen  cos 

 x  A cos   cos   xy  A cos   sen  y  Asen  sen  xy  Asen  cos 


 x'    
A A A A

 x '   x  cos   cos    xy  cos   sen   y  sen  sen   xy  sen  cos 

 x '   x cos 2    y sen 2  2 xy sen cos  (Eq. 1)

Isolando a tensão cisalhamento τ x ' y ' no resultado da somatória de forças em y ' ,


teremos:
 x ' y ' A   x  A cos   sen   xy  A cos   cos    y  Asen  cos    xy  Asen  sen  0

 x ' y ' A   x  A cos   sen   xy  A cos   cos    y  Asen  cos    xy  Asen  sen

 x  A cos   sen  xy  A cos   cos   y  Asen  cos   xy  Asen  sen


 x' y'    
A A A A

 x ' y '   x  cos   sen   xy  cos   cos    y  sen  cos    xy  sen  sen

 x ' y '    x   y  sen cos    xy  cos 2   sen 2  (Eq. 2)

Por meio de relações trigonométricas, como:

sen 2  2 sen cos  (Eq. 3)

cos 2  cos 2   sen 2 (Eq. 4)

298 Análise das Tensões e Deformações


Podemos reescrever a equação 1, ficando:

 1  cos 2   1  cos 2 
 x'   x    y     xy sen 2
 2   2 

ou

   y    x  y 
 x'   x   cos 2   xy sen 2 (Eq. 5)
 2   2 
Da mesma forma, podemos reescrever a equação 2 utilizando as relações trigono-
métricas. Assim:

   y 
 x' y'    x  sen 2   xy cos 2 (Eq. 6)
 2 
Para determinarmos a expressão da componente σ y ' , iremos substituir a equação
5 por um ângulo θ de   90º , que corresponde ao ângulo formado por y ' e x .
Assim passamos a ter:

cos  2  180º    cos 2 e sen(2  180º )   sen 2

Logo, passamos a ter a tensão normal σ y ' como:

   y    x  y 
 y'   x   cos 2   xy sen 2 (Eq. 7)
 2   2 
Somando membro a membro as equações 6 e 7, obtemos:

 x '   y '   x   y (Eq. 8)

Como  z   z '  0 , notamos que a soma das tensões normais em um elemento


submetido a um estado de plano de tensões independe da orientação desse elemento.

Neste tópico, aprendemos como determinar as componentes de tensões σ x ' ,σ y ' e


τ x ' y ' associadas ao elemento em estudo após ser rotacionado por um ângulo θ , em
torno do eixo z , por meio das equações 5, 6 e 7. Aprendemos, também, que a soma
das tensões normais de um elemento submetido a um estado plano de tensões in-
depende da orientação desse elemento.

UNIDADE 7 299
Tensões Principais
e Tensões de
Cisalhamento Máximas

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos estudar como


determinar o valor de θ p de θ para as tensões
máximas e mínimas, para σ x ' e σ y ' , respectiva-
mente. Os valores das tensões normais são co-
nhecidos como tensões principais no ponto em
estudo, e as faces correspondentes do elemento
definem os planos principais de tensão daquele
ponto. Além disso, estudaremos como determinar
o valor de θ s do ângulo de rotação para obter o
cisalhamento máximo.

300 Análise das Tensões e Deformações


Neste tópico, iremos estudar como determinar o valor de θ p de θ para as tensões
máximas e mínimas para σ x ' e σ y ' e também o valor de θ s do ângulo de rotação para
obter o cisalhamento máximo e, para isso, iremos precisar de algumas informações
do Tópico I, pois são assuntos complementares. Observando as equações 5 e 6, no
Tópico I, percebemos que são equações paramétricas de uma circunferência, como
visto na disciplina de Geometria Analítica e Álgebra Linear. Isso significa que se
adotarmos um sistema de eixos coordenados e marcarmos um ponto M de abscissa
σ x e ordenada τ x ' y ' , para qualquer valor do parâmetro θ , iremos sempre determinar
um ponto que encontra-se em uma circunferência.
Para demonstrar essa propriedade eliminando θ entre as equações 5 e 6, é neces-
sário transpormos para a primeira parte da equação 5 o termo  x   y  2 e ele-
varmos, ao quadrado, as duas parte da equação. Após elevarmos ao quadrado as duas
partes da equação 6 e somarmos cada parte às duas equações obtidas, teremos então:

x  y   x  y 
2 2

 x'    x' y'      xy
2 2

 2   2  (Eq. 9)

Lembrando, das propriedades de uma circunferência, que


2
x  y  x  y  2
 med  e R     xy (Eq. 10)
2  2 
transcrevendo a equação 9, teremos:

 x '   med    x2' y '  R 2 (Eq. 11)


2

Em que a equação 11 é uma equação de uma circunferência de raio R com centro no


ponto C, de abcissa σ média e ordenada 0 . Esses termos são melhores compreendidos
quando observados na Figura 3.

UNIDADE 7 301
τ x’y’

σx’
D
σmín M
R
C τ x’y’
O B A σx’
σméd

E
σmáx

Figura 3 – Representação da circunferência da equação 11


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, como a circunferência é simétrica em relação ao eixo horizontal, poderíamos


obter o mesmo resultado se marcássemos o ponto N de abscissa σ x ' e ordenada
 x ' y ' , como representado na Figura 4.

τ x’y’

σméd
C σx’
O τ x’y’
R
N

σx’

Figura 4 – Determinação do ponto N por meio de coordenadas


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

302 Análise das Tensões e Deformações


Agora, iremos desenvolver as equações para determinar o valor de θ p com base na
circunferência da Figura 3, com os conceitos de trigonometria. Assim, observando a
Figura 3, os pontos A e B em que a circunferência corta o eixo horizontal são muito
importantes, pois o ponto A corresponde ao valor máximo da tensão normal σ x ,
enquanto o ponto B corresponde ao menor valor da tensão normal. Também corres-
pondem ao valor nulo da tensão de cisalhamento τ x ' y ' b. Assim, é possível determinar
o valor de θ p do parâmetro θ , que corresponde aos pontos A e B. Agora, como já
sabemos que a tensão de cisalhamento é  x ' y '  0 nos pontos A e B, substituindo essa
informação na equação 6, teremos que:

2 xy
tg 2 p  (Eq. 12)
 x  y

A equação 12 expressa dois valores de 2θ p com a diferença de 180º ou dois valores


de θ p com diferença de 90º. Esses valores podem ser utilizados para determinar a
orientação do cubo elementar correspondente, como apresentado na Figura 5.

y’ y

σmín
θp
σmáx x’
θp
Q x
σmáx

σmín

Figura 5 – Cubo elementar com rotação de θ p


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

As faces do cubo elementar obtido desta forma definem os planos principais no


ponto Q. Observamos que, por meio da rotação do cubo elementar, é possível de-
terminar as tensões normais σ máx e σ mín que agem nesses planos, conhecidos como
tensões principais no ponto Q.

UNIDADE 7 303
O valor de  p na equação 12 foi determinado quando  x ' y '  0 , na qual conclui-se
que não ocorrem tensões de cisalhamento nos planos principais.

Analisando a Figura 3, ainda é possível determinarmos que

 máx   méd  R e  mín   méd  R (Eq. 13)

Para determinarmos os valores da σ média e R por meio da equação 10, teremos:

x  y   x  y 
2

 máx, mín       xy
2
(Eq. 14)
2  2 
Mediante essa verificação, é possível dizer qual dos dois planos principais está sub-
metido a σ máx e qual está submetido a σ mín . Para isso, é preciso substituir um dos
valores de θ p na equação 5 para determinarmos qual dos dois planos terá o maior
valor da tensão normal.
Novamente, voltando a analisar a Figura 3, conseguimos observar que os pontos
D e E correspondem ao maior valor da tensão de cisalhamento τ x ' y ' . Os pontos D
e E possuem a mesma abcissa da tensão média  média   x   y  2 , e os valo-
res de θ c do parâmetro θ correspondem aos pontos que podem ser obtidos por
 x '   x   y  2 na equação 5. Por meio dessa consideração, é possível somar os
dois últimos termos da equação que terá o resultado zero. Assim, para    c , temos

 x  y
cos 2 c   xy sen 2 c  0
2

ou

 x  y
tg 2 c   (Eq. 15)
2 xy

A equação 15 define os dois valores de 2θ c com a diferença de 180º, e dois valores


de θ c com a diferença de 90º. Os valores determinados podem ser utilizados para
determinar a tensão de cisalhamento máxima, ilustrado pela Figura 6.

304 Análise das Tensões e Deformações


y y’

σ’
σ’ θc
τ máx
Q x
τ máx θc
σ’
x’
σ’

Figura 6 – Cubo elementar com rotação de θ c


Fonte: adaptada de Beer, Pereira e Johnston Jr. (2006).

A Figura 3 apresenta o valor máximo da tensão de cisalhamento igual ao raio R da


circunferência, lembrando da segunda parte da Equação 10 que escrevemos

  x  y 
2

 máx      xy (Eq. 16)


2

 2 
Como comentado anteriormente, a tensão normal que corresponde à condição de
tensão máxima de cisalhamento é

x  y
 '   média  (Eq. 17)
2

Com todas equações apresentadas até aqui, comparamos as equações 12 e 15, e no-
tamos que a tg 2θ c é o inverso negativo da tg 2θ p . Isso significa que os ângulos θ c e
2θ p apresentam diferença de 90º, e, portanto, os ângulos θ c e θ p possuem diferença
de 45º. Assim, os planos de máxima tensão de cisalhamento formam ângulos de 45º
com os planos principais.
Para entender melhor as equações apresentadas e sua forma de utilização, iremos
desenvolver o exercício exemplo 1.

UNIDADE 7 305
O que estudamos até agora é a análise de transformação das tensões no estado
plano limitado a rotações no plano de tensões de um cubo elementar em torno do
eixo z. Caso o giro seja em torno de um eixo diferem de z, podem ocorrem tensões
de cisalhamento maiores do que as determinadas pela equação 16.

1 EXERCÍCIO Determine, para o estado plano de tensões (Figura 7):

10 MPa

40 MPa

50 MPa

Figura 7 – Plano de tensões aplicadas


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

a) Os planos principais.
b) As tensões principais.
c) A máxima tensão de cisalhamento e a correspondente tensão normal.

Para o desenvolvimento desse exercício exemplo, primeiramente, iremos extrair as


informações da figura. Podemos observar que:
• A tensão normal no eixo x de 50 MPa apresenta uma tensão de tração. Logo,
temos que  x  50 MPa .
• A tensão normal no eixo y de 10 MPa apresenta uma tensão de compressão.
Logo, temos que  y  10 MPa .
• A tensão de cisalhamento apresenta sentidos positivos dos valores. Logo, temos
que  xy  40 MPa .

Conhecidas essas informações, iniciaremos a resolução do exercício.

306 Análise das Tensões e Deformações


a) Planos principais

Teremos que determinar o parâmetro θ p . Assim, utilizando a equação 12, teremos:

2 xy
tg 2 p  (Eq. 12)
 x  y
2 xy 2  40  80 4
tg 2 p    
 x  y 50   10  60 3

4
2 p  tg 1    53,11º
3

53,13º
p   26, 6º e  p  26, 57 º 90º  116, 6º
2
b) Tensões principais

Para determinar as tensões principais, utilizaremos a equação 14. Assim, teremos:

x  y   x  y 
2

 máx, mín       xy
2
(Eq. 14)
2  2 

50   10   50   10  
2

 máx, mín      40
2

2  2 

 máx, mín  20   30    40 
2 2
 20  2500  20  50

 máx  20  50  70MPa e  mín  20  50  30MPa

Os valores determinados no item a) e b) são representados pela Figura 8.

UNIDADE 7 307
σmín = 30 MPa
B σmáx = 70 MPa

A θp = 26,6°
x
C

Figura 8 – Planos principais e tensões principais atuantes


Fonte: o autor.

c) Tensão de cisalhamento máxima

Para determinar as tensões principais, utilizaremos a


equação 16. Assim teremos:

  x  y 
2
 (Eq. 16)
 máx      xy
2

 2 

 50   10  
2

 máx  30    40 
2 2
    40   2500
2

 2 

 máx  50 MPa

Concluímos mais um tópico, em que estudamos como determinar o


valor de θ p de θ para as tensões máximas e mínimas, respectivamen-
te, além de estudarmos como determinar o valor de θ s do ângulo de
rotação para obter a tensão de cisalhamento máximo.

308 Análise das Tensões e Deformações


Círculo de Mohr
para o Estado Plano
de Tensões

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos estudar o cír-


culo de Mohr para determinar as tensões normais
máximas e mínimas, além da tensão de cisalha-
mento, por meio de considerações geométricas,
como o método alternativo, por exemplo.
Vamos, então, aprender mais um pouco sobre
o estado plano de tensões!

UNIDADE 7 309
Círculo de Mohr para o Estado Plano de Tensões

Os estudos realizados nos Tópicos I e II são extremamente importantes para deter-


minarmos as deduções de algumas relações básicas para a transformação de tensões.
O círculo foi apresentado, pela primeira vez, pelo engenheiro alemão Otto Mohr
(1835-1918) e ficou conhecido como círculo de Mohr para estado plano de tensões.
O círculo de Mohr é um método alternativo para determinar as tensões normais
máximas e mínimas e a tensão de cisalhamento máxima por meio de considerações
geométricas simplificadas, sem a necessidade de equações especializadas.
Para o desenvolvimento do círculo de Mohr, iremos considerar um elemento cú-
bico (tridimensional), ilustrado na Figura 9a, de um certo material no estado plano
de tensões com tensões σ x , σ y e τ xy exercidas no elemento.

(a) b τ
(b)
σmáx

y σmín
a Y(σy’ + τxy )
B A
σy σmáx σmáx σ
τ xy O C 2θp τxy
θp X (σx’ τxy )
O σx x σmín
σmín
1 (σx’ σy )
2

Figura 9 – a) Cubo elementar no estado plano de tensões. b) Localização das coordenadas


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Na Figura 9b, marcaremos um ponto X de coordenadas σ x e  xy e um ponto Y de


coordenadas σ y e  xy . Observamos que se τ xy (tensão de cisalhamento) é positiva,
como representado na Figura 9a, o ponto X é marcado abaixo do eixo σ , e o ponto Y,
acima; porém se τ xy (tensão de cisalhamento) é negativa, o ponto X é marcado acima
do eixo σ , e Y abaixo do eixo. Quando traçamos um linha ligando os pontos X e Y,
definimos o ponto C, que é intersecção da linha XY com o eixo σ .
Com essas informações, conseguimos desenhar um círculo de centro C e diâme-
tro XY. Neste círculo, a abscissa do ponto C e o raio são iguais, que correspondem
a σ média (tensão média) e o R (raio), já determinas pela Equação 10, do Tópico II.
Dessa forma, é possível elaborar o círculo de Mohr e interpretar que as abscissas dos
pontos A e B, onde o círculo corta o eixo σ , correspondem as tensões principais
σ máx e σ mín ao ponto Q.

310 Análise das Tensões e Deformações


Por meio da representação do círculo de Mohr, é possível determinar os pla-
nos principais. Observando a Figura 9b, vemos o ângulo formado pelo triângulo
XCA, que é igual a um dos dois ângulos 2θ p , determinados na equação 12, uma
vez que a tg  XCA   2 xy  x   y  .
O ângulo θ p , que define a Figura 9a, representa a orientação do plano principal
que corresponde ao ponto A na Figura 9b, podendo ser determinado dividindo a
metade do ângulo XCA, determinado no círculo de Mohr.
Ainda é possível observar que se  x   y e  xy  0 , como no exemplo da Figura
9a, a rotação para levar CX coincide com CA e é anti-horária, lembrando que é o
círculo que é rotacionado, e não a linha que liga XCY, correspondente ao valor de 2θ p .
O círculo de Mohr pode ser obtido, também, para as componentes de tensões
σ x ' , σ y ' e τ x ' y ' , que correspondem aos eixos x ' e y ' , representado na Figura 10a.

b
τ
y σmín
a Y’ (σy’ + τxy )

σy σmáx Y
τxy
O x σ
σx O B C A
θ y’
σy 2θ X

τxy X’(σx’ τxy )

σx
(a) x’ (b)

Figura 10 – a) Cubo elementar no estado plano de tensões σ x ' , σ y ' e τ x ' y ' . b) Localização das
coordenadas X ' e Y '
Fonte: adaptada de Beer Johnston Jr. (2006).

Na Figura 10b, localizamos o ponto X ' com coordenadas σ x ' e  x ' y ' , e ponto Y '
com coordenadas σ y ' e   x ' y ' , que estão localizados no círculo de Mohr. O novo ân-
gulo X ' CA é o dobro do ângulo x ' Oa da Figura 10a. Como sabemos que o XCA
é o dobro do ângulo xOa , vemos que o ângulo XCX ' é o dobro do ângulo xOx '.
Por meio dessas considerações, o diâmetro X ' Y ' define as tensões normais σ x ' ,
σ y ' e de cisalhamento τ x ' y ' , que podem ser obtidas pela rotação do diâmetro XY
de uma ângulo igual ao dobro do ângulo θ formado pelos eixos x e x ' , observado
na Figura 10a. Também observamos que a rotação que leva o diâmetro XY coincide
com o diâmetro X ' Y ' na Figura 10b, e tem o mesmo sentido da rotação que leva os
eixos xy a coincidirem com os eixos x ' y ' da Figura 10a.

UNIDADE 7 311
Os estudos realizados neste tópico permitiram formularmos uma propriedade que
pode ser utilizada para os planos de tensão máxima de cisalhamento que formam
ângulos de 45º com os planos principais. Assim, na Figura 11b, notamos que no
círculo de Mohr, os pontos D e E correspondem aos planos de tensão máxima de
cisalhamento, enquanto os pontos A e B correspondem aos planos principais de
tensão. Os diâmetros AB e DE, rotacionados em 90º, correspondem aos ângulos de
45º entre as faces dos elementos (Figura 11a).
d
e τ
σ’
σ’
τ máx σ’= σméd
b D

τ máx
90°
σmín 45°
a O B C A σ
O σmáx X

(a) (b)
Figura 11 – a) Cubo elementar no estado plano de tensões de cisalhamento máxima. b) Localização
das coordenadas para determinação da tensão de cisalhamento máxima
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para a construção do círculo de Mohr, deve-se observar o sentido de rotação do cubo


elementar, pois permitirá determinar os sinais de cada tensão para o desenvolvimento
dos cálculos. Assim, devemos considerar separadamente cada face do elemento usada
na definição dos componentes de tensão.
Observando a tensão de cisalhamento, quando ela, em uma certa face, tende a
rodar o elemento no sentido anti-horário, o ponto que corresponde a essa face fica
localizado abaixo do eixo σ , conforme a Figura 12.

τ τ
σ τ σ
τ
σ σ

(a) Horário Acima (b) Anti-horário Abaixo

Figura 12 – Sentido de rotação do cubo elementar


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

312 Análise das Tensões e Deformações


As tensões normais mantêm a convenção usual na qual a tração tem sinal positivo,
sendo marcada para a direita, e a tensão de compressão tem o sinal negativo e é
marcada para esquerda.
Agora, iremos realizar a aplicação dos conceitos aprendidos no círculo de Mohr
do exercício exemplo 1. Neste novo exemplo, chamaremos de exercício exemplo 2.

2 EXERCÍCIO Determine, para o estado plano de tensões (Figura 7):

10 MPa

40 MPa

50 MPa

Figura 7 – Plano de tensões aplicadas


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

a) Construir o círculo de Mohr.


b) Os planos principais.
c) As tensões principais.
d) A máxima tensão de cisalhamento e a correspondente tensão normal.
Para o desenvolvimento desse exercício exemplo, primeiramente, iremos extrair as
informações da figura e, assim, podemos observar que:
• A tensão normal no eixo x de 50 MPa apresenta uma tensão de tração. Logo,
temos que  x  50 MPa .
• A tensão normal no eixo x de 10 MPa apresenta uma tensão de compressão.
Logo, temos que  x  10 MPa .
• A tensão de cisalhamento apresentam sentido de rotação anti-horário →
abaixo, observados no eixo σ . Logo, temos que  xy  40 MPa

Conhecidas essas informações, iniciaremos a resolução do exercício.


a) Construção do círculo de Mohr
Primeiramente, iremos determinar no círculo de Mohr a posição do centro C,
por meio da tensão média

UNIDADE 7 313
x  y 50   10 
 méd    20 MPa
2 2

Definido esse valor, devemos desenhar o eixo x que corresponde ao eixo da tensão
normal σ e o eixo y que corresponde ao eixo da tensão de cisalhamento τ , além da
intersecção entre os eixos e origem O .

Assim, localizamos esse valor da tensão média sobre o eixo σ , a partir da origem O .
Após marcado o centro C, devemos determinar o raio R , por meio de

 50   10  
2
  x  y 
2

R     xy    30    40 
2 2
  40   2500  50MPa
2 2

 2   2 

Conhecido o raio R , é possível desenhar o círculo de Mohr e determinar as tensões


normais máximas e mínimas, além da tensão de cisalhamento.
Outra forma de desenhar o círculo de Mohr é utilizando os valores das tensões
e sentidos e observando o início da resolução. Assim, verificando a Figura 13, que
corresponde aos valores encontrados no exercício, é possível desenvolver o círculo
somente com a determinação de seu centro C.
τ(MPa)

10
Y

40
G C F A σ(MPa)
B O
20 R 40

x
50
τ
Figura 13 – Círculo de Mohr em desenvolvimento do exercício exemplo 2
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

314 Análise das Tensões e Deformações


Conhecido o valor do centro C, iremos desenhar o ponto X, pois temos que a tensão
normal  x  50 MPa e, também, que a tensão de cisalhamento  xy  40 MPa , no
sentido anti-horário, correspondem às coordenadas no ponto X. Para desenhar o
ponto Y, utilizaremos a coordenada da tensão normal  x  10 MPa e a coordenada
da tensão de cisalhamento  xy  40 MPa , que correspondem ao ponto Y. Traçando
uma linha que passa por XCY, é possível determinar o ângulo 2θ p em relação ao eixo
σ e, também, determinar o raio R .

Desenho final do círculo de Mohr:


τ (MPa)

σ’ = σméd = 20
D
Y
τmáx= 50
90°
B A
O C σ (MPa)
2θp = 53,1°
x
E R = 50
σmáx= 70
σmín = -30
τ
Figura 14 - Círculo de Mohr do exercício exemplo 2
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
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UNIDADE 7 315
a) Planos principal
O plano principal é determinado por uma relação trigonométrica. Podemos
escrever que:

FX 40
tg 2 p  
CF 30

 40 
2 p  tg 1    53,1º
 30 

 p  26, 6º
b) Tensões principais
Observando o círculo de Mohr, temos que

 máx  OA  OC  CA  20  50  70 MPa

 mín  OB  OC  BC  20  50  30MPa

c) Tensão máxima de cisalhamento


Observando o círculo de Mohr, temos que

 máx  R  50 MPa

Neste tópico, estudamos como determinar as tensões normais máximas e mínimas,


além da tensão de cisalhamento, por meio de considerações geométricas aplicadas
ao círculo. Além disso, vimos os procedimentos para construção do círculo de Mohr.

316 Análise das Tensões e Deformações


Estado Mais
Geral de Tensões

Olá, caro(a) aluno(a)! Neste tópico, iremos es-


tudar um estado tridimensional de tensões em
um dado ponto e desenvolver uma equação para
determinação da tensão normal nesse ponto, con-
forme um plano com orientação arbitrária. Nesse
momento, então, iremos generalizar os estados
de tensões.
Então, vamos estudar!!!

UNIDADE 7 317
Estado mais geral de tensões

Nos tópicos anteriores, estudamos e analisamos um estado plano de tensões onde


 x   zx   xy  0 , e consideramos unicamente transformações de tensões com uma
rotação em torno do eixo z . Agora, vamos estudar uma situação que consideramos
um estado mais geral de tensões (Figura 15a) e as transformações de tensões asso-
ciadas a uma rotação de eixos, conforme indicado na Figura 15b.
y y
y’ τy’x’
σy τyx σy’
τyz τy’z’
τxy τx’y’
τzy Q σx’
σx Q
σz τzx τxz
τz’y’ σz’ τx’z’
τz’x’ x’
O O

z x z x
(a) z’ (b)

Figura 15 - Cubo elementar no estado mais geral de tensões


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
Para o desenvolvimento das equações, iremos limitar a nossa análise à determinação
da tensão normal σ n que atua em um plano de orientação genérica.
Considerando um tetraedro, conforme a Figura 16, em suas três faces paralelas
aos planos de coordenadas, a face ABC é perpendicular à reta QN . Iremos chamar
de ∆A a área da face ABC , e de λx , λ y e λz os cossenos diretores da reta QN . Para
determinarmos os valores das áreas das faces perpendiculares aos eixos x , y e z ,
iremos multiplicar o ∆A pelo seu cosseno diretor. Assim, temos  A  x ,  A   y ,
e  A  z .
y
B ΔA N

(ΔA)λx (ΔA)λz
Q
A

C (ΔA)λy

x
O

z
Figura 16 - Tetraedro com faces paralelas aos planos de coordenadas
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

318 Análise das Tensões e Deformações


Considerando que o estado de tensão no ponto Q é definido pelas componentes de
tensão σ x , σ y , σ z , τ xy , τ yz e τ zx , podemos determinar as forças que são exercidas
nas faces paralelas aos planos coordenados, multiplicando as componentes de ten-
são apropriadas pela área de cada face, observados na Figura 17. Também na face
ABC age uma força normal de intensidade  n .A , com direção segundo QN , e
uma força cortante de intensidade  .A de direção desconhecida, mesmo sabendo
que é perpendicular a QN .

y τzy ΔAλz

τxy ΔAλx B σz (ΔA)λ z N


σn ΔA
τzx ΔAλz
σx ΔAλx
Q τ ΔA
τxz ΔAλx A
τyx ΔAλy
C
τyz ΔAλy σy ΔAλy
x
O

Figura 17 – Equações para determinação da força em cada face do tetraedo


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Já as faces QBC , QCA e QAB estão em direção contrária à orientação dos eixos x ,
y e z . Assim, as forças que agem nessas faces devem ter sentido negativo.
Utilizando o mesmo raciocínio para estado mais geral de tensões aplicado para
estado plano de tensões do tópico I, iremos determinar o equilíbrio do tetraedro
igualando a zero a somatória de componentes de todas as forças na direção QN .
Para determinamos a componente na direção QN de uma força paralela a x ,
iremos multiplicar a intensidade da força pelo cosseno diretor λx ; também multipli-
caremos as componentes na direção QN , de forças paralelas aos eixos y e z , pelos
seus respectivos cossenos diretores. Dessa forma, podemos escrever
Fn  0 :

 n A   x Ax  x   xy A y   y   xz Ax  z   xy A y  x   y A y   y


  yz A y  z   zx Az  x   zy Az   y   z Az  z  0

UNIDADE 7 319
Dividindo por ∆ A, temos

 n   x x2   y  y2   z z2  2 xy x  y  2 yz  y z  2 zx z x  (Eq. 18)

A equação 18 é uma equação de forma quadrática em função de λ x , λ y e λ z . Pode-


mos escolher três eixos coordenados de modo que a segunda parte da equação 18 se
reduza aos três termos contendo os quadrados dos cossenos diretores (chamaremos
os eixos de a , b e c ). Logo, teremos as tensões σ a , σ b e σ c , com os seus respectivos
cossenos diretores de QN , podendo ser escrito

 n   a a2   b b2   c c2  (Eq. 19)

Os eixos a , b e c são denominados de eixos principais de tensão e são dependentes


de orientação do estado de tensões em Q , e, por isso, da localização do ponto Q ,
ilustrado na Figura 18. Os planos de coordenadas formadas pelos três eixos são
chamados de planos principais de tensão, e as tensões normais σ a , σ b e σ c são
chamadas de tensões principais no ponto Q.

σb
σc
a

σa
Q

σa

σc σb

c
Figura 18 - Eixos principais de tensão
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

320 Análise das Tensões e Deformações


Para uma análise da determinação dos planos principais e das tensões principais,
leia Theory of Elasticity, de Timoshenko e Goodier (1970).

Estudamos, neste tópico, um estado tridimensional de tensões em um dado ponto


e desenvolvemos uma equação para a determinação da tensão normal nesse ponto,
conforme um plano com orientação arbitrária.

UNIDADE 7 321
Aplicação do Círculo
de Mohr à Análise
Tridimensional
de Tensões

Olá, aluno(a)! Neste tópico, iremos estudar o


círculo de Mohr para rotação de um elemento
cúbico em torno de cada um dos eixos principais
de tensão. Determinaremos, também, as corres-
pondentes transformações de tensão que podem
ser descritas por três diferentes círculos de Mohr.
Então, vamos estudar!!!
No tópico anterior, estudamos como determinar as tensões em estado mais geral de
um elemento em formato de cubo, por meio de equações. Agora, iremos determina-
-las com a aplicação dos conceitos do círculo de Mohr. Se o elemento da Figura 18
rodar em torno de um dos eixos principais no ponto Q, por exemplo o eixo c , como
ilustrado na Figura 19, a transformação de tensões correspondente pode ser estudada
pelo círculo de Mohr, como se fosse uma transformação em estado plano de tensões.
Logo, as tensões de cisalhamento que se exercem nas faces perpendiculares ao eixo
c permanecem iguais a zero, enquanto a tensão normal σ c , sendo perpendicular
ao plano ab , não interfere na transformação.
y b τ xy
x

σy σx a

σc

c
Figura 19 - Rotação em torno do eixo c
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Sendo assim, podemos desenhar o círculo de diâmetro AB para determinarmos as


tensões normal e de cisalhamento que agem nas faces do elemento, quando ocorre
a rotação em torno do eixo c , como ilustrado na Figura 20.

UNIDADE 7 323
τ

τ máx

C B A
O σ

σmín

σmáx

Figura 20 - Representação das tensões em cada face do cubo


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

O raciocínio aplicado para determinar o círculo de diâmetro AB pode ser aplicado


para determinar os círculos BC e CA , encontrando as tensões quando houver ro-
tações em torno dos eixos a e b . A análise não só se limita às rotações em torno dos
eixos principais, mas também pode ser demonstrado que qualquer outra rotação dos
eixos leva a essas tensões, as quais são representadas na Figura 20, por pontos locali-
zados na região hachurada. Com isso, o raio do maior dos três círculos corresponde
ao valor da tensão de cisalhamento máxima no ponto Q . Logo podemos expressar

1
 máx   máx   mín (Eq. 20)
2

onde σ máx e σ mín representam os valores algébricos das tensões máximas e mínimas
no ponto Q.
Se recordarmos os casos particulares que estudamos do Tópico I até o Tópico III
do estado plano de tensões, observamos os eixos x e y . No plano de tensões, tínha-
mos que  z   zx   zy  0 . Isso significa que o eixo z é perpendicular ao plano de
tensões e é um dos eixos principais de tensão. Representado no círculo de Mohr, esse
eixo corresponde à origem O , onde a tensão de normal e de cisalhamento é zero. Os
outros dois eixos principais vão corresponder aos pontos A e B , onde o círculo
referente ao plano xy intercepta o eixo σ .
Caso os pontos A e B fiquem opostos em relação a origem O , as tensões princi-
pais correspondentes representarão a tensão normal máxima e mínima em Q , con-
forme a Figura 21, enquanto que a tensão de cisalhamento máxima será igual a tensão
de cisalhamento máxima que corresponde aos pontos D e E do círculo de Mohr.

324 Análise das Tensões e Deformações


τ
D

τ máx

B Z=O A
σ

E
σmín σmáx

Figura 21 - Círculo de Mohr quando rotação em torno do eixo z


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

As Figuras 22a e 22b correspondem aos planos de tensão máxima de cisalhamento


que são sombreados e indicados a seguir.

b b

σb σb

a a
σa σa

Q Q
σa σa

σb σb
z z
(a) (b)

Figura 22 - Planos de tensão máxima de cisalhamento


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Se caso A e B estejam situados no mesmo lado do ponto O , ou seja, se σ a e σ b


tenham o mesmo sinal, o círculo definido é σ máx , σ mín e τ máx . Este não é o círculo
que corresponde a uma transformação no plano xy . Se  a   b  0 , teremos que
 máx   a ,  mín  0 e  máx  1 2   máx .
Para melhor entendimento e aplicação desses conceitos, iremos desenvolver o
exercício exemplo 3.

UNIDADE 7 325
3 EXERCÍCIO Determine, para o estado de tensões indicado (Figura 22).

14 MPa
12 MPa

Q 24 MPa
x

Figura 23 - Cubo elementar no estado mais geral de tensões


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

a) Os três planos principais de tensões e as tensões principais.


b) A tensão de cisalhamento máxima.

a) Planos principais e Tensões principais

Para o desenvolvimento do exercício, iremos desenhar o círculo de Mohr utilizando


os valores das tensões apresentadas na Figura 23.
Assim, iremos construir para transformação das tensões no plano xy , e começa-
remos localizando o ponto X , que será 24 unidades para direita (  x  24 MPa )
sobre o eixo σ e 12 unidades para cima (   12MPa ), pois o sentido da tensão
de cisalhamento tende a rotacionar o cubo no sentido horário. Já o ponto Y terá
o deslocamento de 14 unidades para direita (  y  14 MPa ) sobre o eixo σ e 12
unidades para abaixo (   12MPa ) do eixo horizontal. Com essas localizações e
informações, conseguimos determinar o centro C do círculo de Mohr por meio da
linha XY , conforme a Figura 24.

326 Análise das Tensões e Deformações


τ

24 MPa
X

12 MPa
C
O B F A σ

Y
14 MPa
τ
Figura 24 - Representação do círculo de Mohr para o exercício
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, temos que

x  y 24  14
 méd    19 MPa
2 2
Observando círculo de Mohr (Figura 24), e por meio do triângulo retângulo CFX ,
temos que CF  24  19  5MPa e FX = 12 MPa . Logo, o raio do círculo é

R  CX   5  12   13MPa
2 2

As tensões principais são:

 a  OA  OC  CA  19  13  32 MPa

 b  OB  OC  BC  19  13  6MPa

Para ângulo dos Planos Principais, temos:

FX 12
tg 2 p  
CF 5

 12 
2 p  tg 1    67, 4º (horário)
 5

67, 4º
p   33, 7 º (horário)
2

UNIDADE 7 327
b) Tensão de cisalhamento máxima

Podemos determinar a tensão de cisalhamento máximo por meio da equação 20

1
 máx   máx   mín (Eq. 20)
2
1 1
 máx   a  32  16MPa
2 2

Logo, teremos com resultado:


b
τ
D’
32 MPa 6 MPa
τmáx

x
O A σ
θp
32 MPa
z 6 MPa E’
a σa = 32 MPa

Neste tópico, estudamos como elaborar o círculo de Mohr para rotação de um ele-
mento cúbico em torno de cada um dos eixos principais de tensão, e determinarmos
as correspondentes transformações de tensão que podem ser descritas por três di-
ferentes círculos de Mohr.

328 Análise das Tensões e Deformações


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Para o estado de tensões dado, determine:

80 MPa

25 MPa

40 MPa

a) Os planos principais.
b) As tensões principais.

2. Para o estado de tensões dado, determine:

30 MPa

150 MPa

80 MPa

a) A orientação dos planos de máxima tensão de cisalhamento, no plano.


b) A tensão de cisalhamento máximo.
c) A tensão normal.

329
80 MPa

25 MPa

40 MPa

3. Para o estado de tensões dado, determine por meio do círculo de Mohr:


a) Os planos principais.
b) As tensões principais.
c) A tensão máxima de cisalhamento.

330
LIVRO

Resistência dos materiais: Um guia prático


Autor: Marcelo Greco, Daniel Maciel, Valério da Silva Almeida.
Editora: Thomson Learning Ltda
Sinopse: MARCELO GRECO é doutor em engenharia de estruturas pela Universi-
dade de São Paulo e trabalha como professor na Universidade Federal de Minas
Gerais, vinculado ao Departamento de Engenharia de Estruturas. Leciona disci-
plinas de Resistência dos Materiais para o curso de Graduação em Engenharia
Aeroespacial e Análise Estrutural Avançada para o Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Estruturas da UFMG. Tem experiência didática em discipli-
nas ministradas aos cursos de engenharia mecânica, civil, produção, produção
civil e ambiental. É autor e revisor de diversos artigos científicos publicados em
revistas nacionais e internacionais. Realiza pesquisas científicas sobre métodos
numéricos, análise não linear, dinâmica das estruturas e análise estrutural.

331
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

332
1. a) Os planos principais.

2 xy 2.  25  50
tg 2 p   
 x  y  40    80  120

 50 
2 p  tg 1     22, 62º
 120 

22, 62º
p   11, 31º e  p  11, 31º 90º  78, 69º
2
b) As tensões principais.

x  y    y 
2
40  80  40  80 
2

 máx, mín    x    xy       25 
2 2

2  2  2  2 

 máx, mín  20   60    25  20  3600  625  20  4225


2 2

 máx, míín  20  65

 máx  20  65  85MPa e  mín  20  65  45MPa


2. a) A orientação dos planos de máxima tensão de cisalhamento no plano.

 x   y 150  30
tg 2 c    1,125
2 xy 2  80 
2 c  tg 1 1,125   48, 37 º

48, 37 º
c   24,18º e  c  24,18º 45º  69,18º
2

333
b) A tensão de cisalhamento máximo.

   y 
2
 150  30 
2

 máx   x    xy      80    60    80  


2 2 2 2

 2   2 

 máx  3600  6400  10000  100 MPa


c) A tensão normal.

x  y 150  30
 méd    90 MPa
2 2
3. a) Os planos principais.

x  y 40  80
 méd    20 MPa  C
2 2

   y 
2
 40  80 
2

R  x    xy      25   65MPa
2 2

 2   2 

Assim, conhecido a centro C e raio, é possível desenhar o círculo de Mohr.

334
τ τmáx

80 Y

σmín 130

25
22,64°
2θ p
A C 85 σ
25 O B
σmáx
40 20 65
X

Logo, temos que


 25 
2 p  tg 1    22, 62º
 65 

22, 62º
p   11, 31º e  p  11, 31º 90  78, 69º
2
b) As tensões principais.

 máx, mín   méd  R

 máx  20  65  85MPa

 mín  20  65  45MPa

c) A tensão máxima de cisalhamento.

 máx  R  65MPa

335
336
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Projeto de Vigas

PLANO DE ESTUDOS

Diagramas de Momento Utilização das funções singulares


Fletor e Força Cortante para determinar a força cortante
e momento fletor de uma viga

Considerações Básicas Relações entre Projeto de Vigas


para o Projeto de Carregamento, Força Prismáticas
Vigas Prismáticas Cortante e Momento Fletor

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Escolher o material e as dimensões da seção transversal • Elaborar os diagramas de esforço cortante e momento
de uma viga. fletor por meio de desenvolvimento analítico.
• Determinar os valores máximos absolutos da força cor- • Verificar a segurança de uma viga em relação às tensões
tante e do momento fletor. normais, tensões de cisalhamento e carregamentos.
• Entender as relações entre carregamentos, força cortante
e momento fletor.
Considerações Básicas
para o Projeto de
Vigas Prismáticas

Olá, caro(a) aluno(a)! Agora, começaremos a ado-


tar considerações para verificarmos de que forma
devemos escolher o material e as dimensões da
seção transversal de uma viga, para que não haja
o colapso devido ao carregamento aplicado. Tam-
bém veremos sobre a deflexão de vigas.
Então, vamos lá!!! Um ótimo estudo!!!
As considerações para um projeto de vigas prismáticas envolvem assuntos já es-
tudados nas unidades anteriores, ou seja, iremos começar a realizar as aplicações
dos conceitos já estudados. Dessa forma, uma viga prismática com carregamento
transversal pode apresentar tensões normais e de cisalhamento em qualquer seção
transversal da viga, como visto no tópico de Carregamento Transversal.
Também estudamos, no tópico de Flexão Pura, que, no regime elástico, a tensão
normal σ x em uma seção apresenta variação linear em relação à distância y do eixo
da linha neutra, e o maior valor da tensão encontra-se na fibra mais distante da linha
neutra, que corresponde a y ± c .
Outro fator importante que devemos lembrar é que a tensão normal σ x também
depende do momento fletor M da seção transversal, lembrando que o maior valor da
tensão normal acontecerá quando o valor do momento fletor for o maior, seja consi-
derando o momento positivo ou negativo. Sobre o sinal do momento fletor, iremos
estudar mais à frente. Por enquanto, iremos considerar o momento fletor em módulo.
Como sabemos que o momento fletor máximo M máx determinará a tensão
normal máxima, então utilizaremos a equação estudada no tópico de Flexão Pura.
Podemos encontrar o valor máximo de tensão normal σ x por meio da equação

M C
m  máx
(Eq. 1)
I

A tensão normal pode ser correspondente à tração, como ilustrado na Figura 1, como
também pode ser à compressão.
w
y

L.N.
σm σm c
A y= c
B

L L
2 2

Figura 1 – Viga prismática com carregamento distribuído para determinação da tensão devido à flexão
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 8 339
Iremos estudar mais à frente, nesta unidade, como determinar o momento máximo
de uma viga biapoiada, com carregamento distribuído uniforme, verificando que o
momento máximo estará localizado no meio do vão (Figura 1).
Quando estudamos o tópico de Carregamento Transversal, vimos vigas de formas
usuais como vigas de seção retangulares; perfis I e perfis de abas largas; como deter-
minar a tensão de cisalhamento τ xy em qualquer seção transversal e onde apresentar
o seu valor máximo na linha neutra, bem como, que a tensão de cisalhamento τ xy
depende do valor da força cortante V na seção. O seu valor máximo irá ocorrer na
linha neutra da seção onde a força cortante V for máxima, seja de sinal positivo
ou negativo. Assim, se substituirmos a força cortante máxima V máx no lugar de V
na equação para determinarmos a tensão de cisalhamento devido a carregamentos
transversais, teremos a tensão de cisalhamento máxima τ xy , apresentado por τ m . Logo:

V Q
m  máx
(Eq. 2)
It

em que Q é o momento estático da área localizada acima ou abaixo da linha neutra


em relação a essa linha, e t é a largura da seção transversal na linha neutra.
No desenvolvimento dos nossos estudos, iremos aprender que para uma viga
biapoiada, carregada com uma carga uniforme, conforme a Figura 2, a força cortante
máxima estará na seção junto aos apoios da viga.

W
y

L.N.

A B

Figura 2 – Viga prismática com carregamento distribuído para determinação da tensão devido à
força cortante
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

340 Projeto de Vigas


Na grande maioria, o dimensionamento de uma viga está condicionado ao valor do
momento fletor máximo M máx . Assim, devemos escolher o material, a forma e as
dimensões da seção transversal de forma a atender a tensão normal máxima σ m ,
conforme apresentado na equação 1, para que não ultrapasse o valor da tensão nor-
mal admissível σ adm .
Este critério, que a tensão normal máxima deve ser menor que tensão normal
admissível (  m   adm ), é válido para materiais frágeis que apresentam ruptura à
tração em uma seção transversal (Figura 3a), e também para materiais dúcteis que
se rompem em planos de tensão de cisalhamento máximo (Figura 3b).

τ máx
σm σm
σ’

(a) (b)
Figura 3 – a) Ruptura da seção transversal em materiais frágeis. b) Ruptura em planos de tensão de
cisalhamento máximo em materiais dúcteis
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Na maioria dos materiais, o valor da tensão normal admissível σ adm é determinado


por meio do ensaio de tração, promovendo, no material ensaiado, o mesmo estado
de tensão ilustrado na Figura 3.
Para situações de vigas curtas, o dimensionamento deve ser por meio da força
cortante máxima V máx aplicada na viga. Assim, a escolha de material, forma e di-
mensões da seção transversal devem ser determinadas pela equação 2, onde o valor
da tensão de cisalhamento máxima τ m não seja maior que a tensão de cisalhamento
admissível τ adm .
Esse critério, que a tensão de cisalhamento máxima deve ser menor que a tensão
de cisalhamento admissível (  m   adm ), é válido para materiais frágeis e para materiais
dúcteis, uma vez que o estado de tensões em um ponto localizado na linha neutra
da seção transversal é determinado da mesma forma no corpo de prova, quando
submetido a um ensaio de torção, conforme ilustrado na Figura 4.

UNIDADE 8 341
τm σ’

σ’

(a) (b)

Figura 4 – a) Ruptura da seção transversal em um ponto localizado na linha neutra da seção trans-
versal. b) Ruptura da seção transversal de um corpo de prova quando submetido a um teste de torção
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Entende-se, pelo que foi comentado anteriormente, que o projeto de uma viga deve
ser iniciado pela determinação das seções críticas da viga, em que ocorre a força
cortante máxima V máx e momento fletor máximo M máx .
A verificação dos locais de uma viga com os valores máximos é melhor entendida
e simplificada quando representada por gráficos onde são marcados os valores da
força cortante V ou do momento fletor M para várias seções, em relação a uma
referência, a qual iremos utilizar a distância x .
Os gráficos são conhecidos como Diagramas de Forças Cortantes ou Diagrama
de Esforço Cortante (DEC) e Diagrama de Momento Fletor (DMF), que serão
estudados nos próximos tópicos abordando como elaborar os diagramas.
Outra forma de determinarmos os valores máximos do momento fletor e da força
cortante é por meio do uso de funções singulares, que também serão estudadas nos
próximos tópicos.
Em alguns casos que dependem do formato da seção transversal e da força cor-
tante V aplicada na seção, no momento fletor M = M máx pode ocorrer que o valor
máximo da tensão normal não seja em y   c , mas em outro ponto da seção. Essa
situação ocorre quando há uma combinação de valores altos da σ x e τ xy , próximo
à junção da alma e da aba de perfis I ou em perfis de abas largas, podendo resultar
em um valor σ máx em um dos planos principais maior que o valor σ m , determinado
por meio da equação 1, apresentado na Figura 5.

342 Projeto de Vigas


σmáx

Figura 5 - Perfil I ou de abas largas com grande σ x e τ xy , onde  máx  m


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, aprendemos os critérios para podermos determinar as informações necessárias


para um correto dimensionamento, por meio da tensão normal máxima e da tensão
de cisalhamento máxima.

A elaboração do diagrama de esforço cortante e momento fletor será útil


para o dimensionamento de vigas de qualquer tipo de material, pois o correto
dimensionamento deverá atender às solicitações de esforços internos apresentados
pelos diagramas.

UNIDADE 8 343
Diagramas de Momento
Fletor e Força Cortante

Caro(a) aluno(a), iremos estudar, neste tópico,


como determinar os maiores valores de momento
fletor e força cortante em uma viga devido ao seu
carregamento. Inicialmente, iremos estudar uma
peça de seção transversal prismática e uniforme.
Os diagramas de esforços cortantes e momento
fletor são importantes, pois apresentam a distri-
buição dos esforços internos na peça estudada,
que são úteis para o dimensionamento em qual-
quer tipo de material, seja de um material frágil
ou dúctil.
A determinação dos valores máximos absolu-
tos da força cortante e do momento fletor é facil-
mente encontrada quando estes são referenciados
em relação a uma das extremidades da viga. Utili-
zaremos, como notação, uma distância x medida
a partir de uma extremidade.

344 Projeto de Vigas


A melhor forma de compreendermos a elaboração dos diagramas é por meio de
exemplos resolvidos, que irão esclarecer os conceitos e também os procedimentos
para realização dos desenhos dos diagramas.
A Figura 6a irá apresentar uma viga biapoiada com carregamento concentrado
aplicado no centro da viga; a Figura 6b irá apresentar o diagrama de esforço cortante;
e a Figura 6c irá apresentar o digrama de momento fletor.

a) Diagrama de Corpo Livre


P
1 1
L L
2 2
C
A B

b) Diagrama de Esforço Cortante (DEC ou V)

1 V
P
2
L x
1
L
2 1
P
2
c) Diagrama de Momento Fletor (DMF ou M)
M
1
PL
4

x
1 L
L
2

Figura 6 – Exemplo de viga biapoiada com carregamento concentrado e seus diagramas


Fonte: o autor.

A determinação da função do momento fletor M em função da distância x em relação


a uma das extremidades da viga é importantíssima para definirmos a deformação
de uma viga, que será estudada na Unidade 9.

UNIDADE 8 345
A apresentação da viga e seus respectivos diagramas é para que possamos observar
o que iremos desenvolver neste tópico, ou seja, agora sabemos qual será a nossa
conclusão: a elaboração dos desenhos dos diagramas.
A obtenção dos valores para elaboração dos diagramas será realizada de forma
usual, por meio dos métodos das seções, na qual iremos passar uma seção no ponto
onde iremos determinar os esforços, considerando o equilíbrio da parte da viga lo-
calizada à esquerda ou à direita da seção, conforme a Figura 7.

P1 W P2

C
A B

x
(a)

P1 W

A C
M

V (b)
RA
P2
V’
B
M’
C

RB

Figura 7 - Viga biapoiada com vários carregamentos para determinação dos esforços internos por
meio de seções
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

É importante relembrarmos a convenção de sinal já estudada para a força cortante


V e para o momento fletor M :
• Força cortante V e momento fletor M são positivos em um ponto da
viga quando os esforços internos solicitados são dirigidos como indicado
na Figura 8.

346 Projeto de Vigas


V’
M

M’
V
(a) Esforços intertnos
(força cortante e momento fletor positivos)

Figura 8 - Convenção de sinal para os esforços internos


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

• A força cortante em C é positiva quando as forças externas (cargas e reações


de apoio) que agem na viga tendem a cortar a viga em C , como indicado na
Figura 9.

(b) Efeito das forças externas


(força cortante positiva)

Figura 9 - Convenção de sinal para os esforços externos


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

• O momento fletor em C é positivo quando as forças externas atuam na viga


e tendem a flexioná-la em C , como indicado na Figura 10.

(c) Efeito das forças externas


(momento fletor positivo)

Figura 10 - Convenção de sinal para momento fletor


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para melhor compreensão, no exercício exemplo 1, iremos desenvolver e aplicar esses


conceitos para elaboração do diagrama.

UNIDADE 8 347
1 EXERCÍCIO Uma viga biapoiada tem uma carga concentrada aplicada no seu ponto médio. Elabore
os diagramas de força cortante e momento fletor, como ilustra a Figura 11.

1 P 1
L L
2 2
C
A B

Figura 11 - Viga biapoiada com carga concentrada centrada


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
Primeiramente, precisamos deixar a viga em equilíbrio, ou seja, determinar as reações
de apoio pelas equações de equilíbrio.
Assim, iremos adotar que há uma reação em A e terá o nome de RA , com sentido
para cima ( ↑ ), e em B também haverá uma reação RB , com o sentido para cima
( ↑ ). Logo, temos

 Fy  0  RA  P  RB  0
 RA  RB  P
Por meio da equação de equilíbrio do momento, temos
L
MA 0 (sentido anti-horário) P∙ VB ∙ L 0
2
PL
2 P
VB
L 2

Logo,
VA  VB  P  VA  P  VB
P P
VA  P  
2 2
Determinamos as reações de apoio utilizando as equações de equilíbrio para que
possamos utilizar em qualquer situação, porém observando a localização da carga
em relação à viga, vemos que ela está centrada na viga. Sendo assim, por simetria, é
possível afirmar que a reação corresponde à metade da carga aplicada, como com-
provamos por meio das equações de equilíbrio.

348 Projeto de Vigas


1 P 1
L L
2 2
D C E
A B
RA = 1 P RB = 1 P
2 (a) 2
Segundo passo, e eis a dúvida: em que ponto realizar a seção?
Devemos realizar a seção sempre que houver mudança de carga, que significa
mudança de valor de carregamento, de tipo de carga, de sentido de carga, incluindo
também as reações de apoio e também regiões sem carregamento para pontos com
carga aplicada.
Assim, observando a figura do exercício, precisamos realizar uma seção no ponto
C para analisarmos o que ocorre entre AC e CB . Adotaremos que a força cortante
e o momento fletor são positivos conforme a Figura 8. Assim, iremos direcionar os
esforços internos nas seções a serem realizadas a seguir.
O estudo do equilíbrio do corpo livre AC nos leva a escrever que a soma dos
componentes verticais e a soma dos momentos em relação a C , das forças que agem
no corpo livre, são nulas.
x V
D M
A P
D C
1 M’ B
RA = P
2 V’
1
RB = P
(b) 2

• Significado da soma dos componentes verticais:


Fy  0   RA  V  0
P
V  RA 
2
• Significado da soma dos momentos em relação a C :
M SeçãoD  0 (sentido anti-horário)   RA x  M  0
Px
M  RA x 
2

UNIDADE 8 349
P
Os resultados obtidos foram que o esforço cortante na seção é 2 , o mesmo que foi
gerado pela reação de apoio RA . Assim, podemos concluir que é constante esse trecho
do diagrama entre A e C, e que o momento fletor irá variar linearmente em função da
distância x , a partir de A . Sabemos que quando estivermos sobre o ponto A, x = 0 .
Assim, o momento fletor sobre o apoio é M = 0 . Quando estivermos no ponto C ,
L Px PL
x = . Portanto, M = = . Com os resultados obtidos, podemos marcar esses
2 2 4
pontos nas distâncias determinadas (eixo x ) com os resultados no eixo y .
Agora, iremos repetir o mesmo raciocínio para uma seção após o ponto C , para
observarmos a influência do carregamento P nos diagramas.
P V
C E
A M
RA = 1 P M’ B
2
V’ E
x L x
RB = 1 P
V (c) 2

• Somatória dos componentes verticais:


Fy  0   RA  P  V  0
V   RA  P
P P
V  RA  P  P
2 2

• Significado da soma dos momentos em relação a C :

M SeçãoE  0 (sentido anti-horário)   RA x  P  x  L   M  0


M  RA x  P  x  L 
Px x x
M  Px  PL  P(  x  L)  P(  L)
2 2 2
( L  x)
M P
2

Notamos que o esforço cortante agora é negativo. Isso significa que houve a mudan-
ça de eixo. Logo, devemos deslocar o diagrama para a parte inferior da viga, sendo
esta variação a influência da carga P, que também apresenta sentido oposto à reação
de apoio em B .

350 Projeto de Vigas


Notamos que o momento fletor apresentou sinal positivo. Isso significa que devemos
deslocar o diagrama para a parte superior da viga. É importante lembrar que esse
momento fletor calculado é para o intervalo entre CB . Logo, os valores de x são
L
x = e x = L . Assim, temos os respectivos momentos M = PL e M = 0 , o que sig-
2 4
nifica que o nosso diagrama será decrescente nesta região, pois o valor do momento
está diminuindo.
Com toda esta análise, podemos, por fim, desenhar os diagramas:
• Diagrama de Esforço Cortante (DEC ou V)

1 V
P
2
L x
1
L
2 1
P
2

• Diagrama de Momento Fletor (DMF ou M)


M
1
PL
4

x
1 L
L
2

Conclusão do nosso raciocínio:


Neste exemplo, na viga submetida apenas a cargas concentradas, a força cortante
fica constante entre os pontos de aplicação de forças, enquanto o momento fletor tem
variação linear entre esses pontos. Veja que, para algumas situações, o desenho do
diagrama é muito mais fácil, simplesmente calculando os valores da força cortante
V e do momento fletor M em seções que ficam justamente à esquerda e à direita
dos pontos de aplicação das cargas e reações de apoio.

UNIDADE 8 351
2 EXERCÍCIO Esboce os diagramas de esforço cortante e momento fletor para uma viga, em balan-
ço AB de vão L , que suporta um carregamento uniformemente distribuído ( w ).
w

A B
L

Neste exemplo, iremos ser mais objetivos na resolução, que terá a seguinte sequência
de raciocínio:
• Primeiramente, determinar as reações de apoio.
• Realizar uma seção para verificar o comportamento do carregamento.
• Esboçar o diagrama de esforço cortante (DEC ou V).
• Esboçar o diagrama de momento fletor (DMF ou M).

Então, vamos lá!!!


• Reações de apoio (através das equações de equilíbrio)
Nota-se que o apoio em B é de terceiro gênero. Logo, teremos três reações a
serem determinadas ( RB , M B e H B ) e como se trata de uma carga distribuída,
é necessário determinar uma resultante ( R ).
A resultante ( R ) é determinada por meio da área da figura representada pela
carga, que, neste exemplo, corresponde a um retângulo. Logo, a resultante é
determinada por R= A= b.h = w.l

R = w.l
w
MB

A B HB
L

RB

352 Projeto de Vigas


As reações de apoio, temos:
• Eixo x:

Fx  0  H B  0
HB  0

• Eixo y:

Fy  0   R  RB  0
RB  R  wL

• Momento fletor:
L
M B  0 (sentido anti-horário)   R.  MB  0
2
L w.L2
M B  R. 
2 2
• Seção no ponto C (distância x em relação ao ponto A )

wx 1
x
2
w
M
A
C
x V
Teremos as equações:
• Esforço Cortante

  Fy  0   wx  V  0
V   wx

• Momento fletor
1
M C  0 (sentido anti-horário)   wx. x  M  0
2
w.x 2
M 
2

UNIDADE 8 353
• Diagrama de esforço cortante (DEC ou V)
Teremos:

x0  V   wx   w.0  0
xL  V   wx   w.L

Logo, o diagrama ficará:

V
L
B x
A

VB = wL

• Diagrama de momento fletor (DMF ou M)


Teremos:
w.x 2 w.02
x0  M   0
2 2
w.x 2 w.L2
xL  M  
2 2

Logo, o diagrama ficará:

M
L
B x
A

1 2
MB = wL
2

Notamos que a representação do diagrama de momento fletor é uma parábola, pois


a equação que foi determinada do momento fletor para carregamento distribuído
uniformemente é uma equação de segundo grau.

354 Projeto de Vigas


Para carregamentos concentrados, o diagrama de momento fletor será representado
por uma reta, pois é uma equação de primeiro grau.
Já para cargas distribuídas uniformemente, o digrama é representado por uma
parábola, pois é uma equação de segundo grau.
Para carregamentos distribuídos triangulares, o diagrama de momento fletor é
representado por uma equação de terceiro grau.

Neste tópico, aprendemos a elaborar o diagrama de esforço cortante e momento fletor


fundamentais para o dimensionamento de vigas, pois é possível determinar a força
cortante máxima e o momento fletor máximo.

UNIDADE 8 355
Relações entre
Carregamento,
Força Cortante e
Momento Fletor

Olá, aluno(a)! Iremos estudar, neste tópico, como


determinar os valores nas seções críticas da viga
por meio do digrama de forças cortantes e do dia-
grama de momento fletor. A determinação dos
valores do esforço cortante (V) e do momento
fletor (M) serão obtidos pelo desenho do diagra-
ma de corpo livre por meio de sucessivas porções
da viga ou por meio de relações entre carga, força
cortante e momento fletor.
Então, vamos aprofundar nos estudos!!!
Estudamos, até agora, vigas com carrega-
mentos aplicados, sejam cargas concentradas ou
distribuídas. Vimos, também, que é por meio do
método das seções que determinamos os valores
da força cortante, e para o momento fletor mar-
carmos e elaborarmos os diagramas – procedi-
mento trabalhoso.
Existem relações entre o carregamento, força cortante e momento fletor que tornam
mais fácil a construção dos diagramas de esforço cortante e momento fletor. Para
isso, iremos considerar uma viga simplesmente apoiada AB com carregamento
uniformemente distribuído w por unidade de comprimento – ou seja, força por
comprimento – conforme a Figura 12a.
(a) w

A B
C C’ D
x Δx

(b) w Δx
1
Δx
2
w

V
M M + ΔM
C C’ V + ΔV

Δx
Figura 12 - Viga biapoiada com carregamento uniforme
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Iremos estudar um pequeno trecho da viga para desenvolver o raciocínio. Trabalha-


remos entre o ponto C e C ' da viga, em uma distância ∆ x.
A força cortante e o momento fletor em C serão conhecidos por V e M e terão
sinal positivo; a força cortante e o momento fletor em C ' serão conhecidos por
V  V e M  M .
Analisando o trecho CC ' da viga, conforme a Figura 12b, iremos esboçar o seu
diagrama de corpo livre, com forças atuantes de intensidade w ∆ x e esforços internos
em C e C ' .

UNIDADE 8 357
Relações entre o carregamento e a força cortante

Continuando o raciocínio, podemos escrever que a soma das componentes verticais


das forças que agem no corpo livre CC ' é nula, ou seja, encontram-se em equilíbrio.
Assim, podemos encontrar

  Fy  0 : V  (V  V )  wx  0
V   wx

Se dividirmos os dois lados da equação anterior por ∆ x e fazermos ∆ x tender a


zero, obteremos

dV
 w (Eq. 3)
dx

É possível compreender, na equação 3, que para a viga indicada (Figura 12), o car-
regamento indica uma declividade dV dx da curva (lembrando, do Cálculo, que,
graficamente, a derivada de um ponto representa o coeficiente angular ou declividade
da curva neste ponto em questão), que representa a variação da força cortante negativa.
Assim, o resultado numérico do declive em qualquer ponto é igual ao carregamento
por unidade de comprimento naquele ponto.
Iremos integrar a equação 3 no intervalo entre os pontos C e D . Logo
xD

VD  VC    wdx (Eq. 4)
xC

VD  VC    Área do diagrama de carregamento entre C e D  (Eq. 4’)

O mesmo resultado poderia ser determinado se considerássemos o equilíbrio da


porção CD da viga, pois a área abaixo da curva do carregamento representa a carga
total aplicada em C e D .
É importante observar que a equação 3 não é válida em todos os pontos, pois em
cada um existe um carregamento concentrado aplicado. Um diagrama de esforço
cortante sempre será descontínuo no ponto da aplicação da carga concentrada.
Assim, as equações 4 e 4’ perdem a validade quando houver carregamentos concen-
trados entre o trecho em estudo C e D por não considerarem a variação brusca da
força cortante aplicada. Assim, devemos nos atentar que as equações 3 e 4 são válidas
para intervalos e não para situações generalistas.

358 Projeto de Vigas


Relações entre a força cortante e o momento fletor

Continuando a análise da Figura 12, iremos observar, no diagrama de corpo livre


(Figura 12b), que também é possível escrever uma equação de equilíbrio para os
momentos das forças aplicadas em relação a C ' . Temos que
x
M C '  0 (sentido anti-horário) : ( M  M )  M  V x 0
X
1
M  V x  w  x 
2

Se dividirmos os dois lados da equação anterior por ∆ x e fazer ∆ x tender a zero,


obteremos

dM
=V (Eq. 5)
dx

Verificamos, pela equação 5, que a derivada dM dx do diagrama de momento fletor


é igual ao valor da força cortante. Essa condição é válida somente para trecho onde a
força cortante é bem definida, ou seja, em locais de carregamento distribuído. Quer
dizer, não podemos considerar para pontos onde haja cargas concentradas.
A equação 5 permite compreender que quando a força cortante é nula (zero)
em determinados pontos, o momento fletor é o máximo. Essa condição permite a
determinação dos pontos onde é provável a ruptura da viga por flexão.
Agora, integrando a equação 5 entre os pontos C e D , temos que

xD
M D  M C   Vdx  (Eq. 6)
xC

M D  M C  (Área do diagrama de força cortante entre C e D)  (Eq. 6’)

A área sob a curva de força cortante deve ser considerada positiva quando a força
cortante é positiva e negativa para os pontos onde a força cortante é negativa.
As equações 6 e 6’ são válidas, sejam para carregamentos distribuídos ou que haja
cargas concentradas aplicadas no intervalo C e D , desde que o diagrama de esforço
cortante seja desenhando de forma correta.
As equações 6 e 6’ não serão válidas quando houve um conjugado, ou seja, quando
houver uma carga binária (momento) aplicada no intervalo C e D , uma vez que
as equações não consideram a mudança brusca do diagrama de momento fletor
provocada por um conjugado.

UNIDADE 8 359
Agora, iremos transformar a nossa teoria estudada em um exercício exemplo para
entendermos a aplicação.

3 EXERCÍCIO Elabore os diagramas de esforço cortante e momento fletor para uma viga com car-
regamento indicado na figura a seguir. Além do diagrama, identifique também a)
força cortante máxima, b) o momento fletor máximo e c) momento fletor mínimo.

100 kN 60 kN 20 kN/m

A E
B C D
L
1,8 m 2,4 m 3,0 m 2,4 m

Primeiramente, iremos adequar a nossa viga para desenvolvermos os cálculos:


• Identificando as reações de apoio em A e D.
• Determinando a resultante para carga distribuída uniformemente.

Como indicado na figura a seguir:

1,2 m 48 kN
100 kN 60 kN

Ax A
E
B C
Ay D
1,8 m 2,4 m 3,0 m 2,4 m

360 Projeto de Vigas


Preparado o esquema de cargas para a viga, iremos determinar as reações de apoio,
por meio das equações de equilíbrio.

Fx 0: Ax 0

Fy 0: Ay 100 60 D 48 0
Ay D 208

MA 0: 100 ∙ 1, 8 60 ∙ 4, 2 D ∙ 7, 2 48 ∙ 8, 4 0
180 250 7, 2 D 403, 2 0
833, 2 7, 2 D 0
7, 2 D 833, 2
D 115, 72 116kN

Logo, Ay 280 116 92kN

Com esses dados, podemos representar o diagrama de corpo livre para a viga
• Diagrama de Esforço Cortante (DEC ou V)

100 kN 60 kN 20 kN/m

A
E
B 1 C D

92 kN 116 kN

Tudo que será comentando a seguir deve ser observado juntamente com o
diagrama de esforço cortante. Isso facilitará e auxiliará no entendimento.

V (kN)
+92
(+165,6) +48 (+57,6)
(-19,2)
-8 x
(-204)
-68

UNIDADE 8 361
Para o desenho do diagrama de esforço cortante, iremos seguir o sentido dos ve-
tores perpendiculares à viga em estudo.
Assim, o traçado iniciará, pelo ponto A, que há uma reação de apoio solicitando
para subir 92 kN, como não há carga entre A e B, mantém-se constante o valor de
92 kN até o ponto B.
No ponto B, há uma carga de 100 kN com sentido para baixo, logo iremos nos
deslocar do 92 kN positivo para -8 kN, ou seja, descontamos o valor da carga
aplicada de 100 kN do 92 kN.
Do ponto B até C, mantém-se constante com o valor de -8 kN, e no ponto C, há
uma carga de 60 kN com indicação para baixo, logo, iremos somar o valor de – 8
kN mais -60 kN, passando a ter o valor de -68 kN.
Do ponto C até D, não há carga aplicada, assim, será constante o valor no
diagrama de -68 kN. Quando chegamos ao ponto D, há uma carga de 116 kN no
sentido para cima (positivo), assim somamos os valores de -68 kN mais +116 kN,
teremos o valor de +48 kN, desenhado na parte superior da viga. Notem que os
carregamentos concentrados são representados de forma brusca no diagrama de
esforço cortante.
Entre o ponto D e E, há um carregamento distribuído no sentido para baixo,
nota-se que corresponde a 20 kN/m, isso significa que a cada metro deslocado,
devemos descer 20 kN, assim, se deslocarmos os 2,40 m do trecho D e E, teremos
que descer 48 kN até o ponto E, que corresponde a uma reta com inclinação.
• Diagrama de Momento Fletor (DMF ou M)
Para elaboração do diagrama de momento fletor, iremos observar o diagra-
ma de corpo livre. Sabemos que, nos pontos A e E, o momento fletor é nulo.
Sabemos também que, por meio da área do diagrama do esforço cortante
nos trechos, é possível elaborar este diagrama.
Temos, portanto, que:
M A  0, 0
M B  M A  165, 6 M B  165, 6kN .m
M C  M B  19, 2 M c  146, 4kN .m
M D  M C  20, 4 M D  57, 6kN .m
M E  M D  57, 6 M E  0, 0

Dessa forma, o diagrama de momento fletor.

362 Projeto de Vigas


M (kN . m) +165,6
+146,4

x
-57,6
Analisando os diagramas de esforço cortante e momento fletor, podemos responder:

a. Força cortante máxima → Vmáx = 92 kN entre A e B


b. Momento fletor máximo → Mmáx =+ 165,6 kN.m no ponto B
c. Momento fletor mínimo → Mmín =-57,6 kN.m no ponto D

Finalizamos mais um tópico! Aqui, aprendemos como elaborar os diagramas de


esforços cortantes e de momento fletor por meio das relações entre estes e os carre-
gamentos em que a viga é submetida.

UNIDADE 8 363
Utilização das Funções
Singulares para Determinar
a Força Cortante e Momento
Fletor de uma Viga

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos estudar como


determinar os valores máximos da força cortante e
do momento fletor por meio de expressões do esfor-
ço cortante (V) e do momento fletor (M), mediante
funções conhecidas como funções singulares.
Não deixe de aprender mais uma maneira de de-
terminar os esforços internos. Um ótimo estudo!!
Chegamos a um tópico em que trabalharemos,
de forma mais analítica, ou seja, por meio de ex-
pressões e equações, como elaborar os diagramas
de esforços cortantes e momento fletor.
Assim como estudado no exercício exemplo
2, para uma viga em balanço com carregamento
uniformemente distribuído w , a força cortante e
o momento fletor poderiam ser representados por
funções analíticas simples – neste caso especifico
1
V   wx e M   wx 2 . Podemos fazer isso porque
2
não ocorre descontinuidade no carregamento da
viga, ou seja, não ocorre a mudança de tipologia da
carga, intensidade ou sentido.

364 Projeto de Vigas


Contudo, o exercício exemplo 1 (caso de uma viga biapoiada com um carregamento
concentro no ponto médio C), a carga P aplicada em C representa uma singularidade
do carregamento da viga, que resulta em uma descontinuidade da força cortante e do
momento fletor, em que houve a necessidade do uso de funções analíticas diferentes
para representar os diagramas antes e depois do carregamento.
O intuito deste tópico é mostrar como o uso de funções singulares torna possível re-
presentar a força cortante V e o momento fletor M por expressões matemáticas simples.
Assim, iremos desenvolver o raciocínio em uma viga biapoiada AB , de compri-
mento 2a , com um carregamento uniforme distribuído w0 do ponto médio C até a
extremidade direita da viga, como representado na Figura 13.

w0

C
A B

a a

Figura 13 - Viga biapoiada com carregamento uniforme do ponto médio ao ponto B


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para o desenvolvimento, inicialmente, iremos desenhar o diagrama de corpo livre para


toda a viga (Figura 14), adequando o carregamento distribuído pelo resultado da força
resultante, localizada no centroide do carregamento. Assim, determinamos as reações
de apoio:

w0 a 1
a
2
w0

C
A B

2a
RA RB
Figura 14 - Diagrama de corpo livre para uma viga biapoiada com carregamento uniforme do ponto
médio ao ponto B
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 8 365
As reações de apoio são:
1
MB 0 (sentido anti-horário): w0 ∙ a ∙ a RA ∙ 2 a 0
2
1
RA ∙ w0 ∙ a
4

Conhecidas as reações de apoio, consideraremos uma seção no ponto D, entre A e


C. Assim, teremos o diagrama de corpo livre de AD representado pela Figura 15.

x
D
A M1
V1

RA = 1 w0a
4
Figura 15 – Diagrama de corpo livre para uma viga biapoiada com carregamento uniforme entre AD
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Conseguimos determinar para o diagrama de esforços interno no intervalo de


0 < x < a a força cortante e o momento fletor, expressos pelas funções:

Fy 0: RA V1 x 0
1
V1 x RA ∙ w0 ∙ a
4

1
V1 x ∙ w0 ∙ a
4

e
M1 0 (sentido anti-horário): RA ∙ x M 1 ( x ) 0
1
M 1 ( x) RA ∙ x ∙ w0 ∙ a ∙ x
4

1
M 1 ( x) ∙ w0 ∙ a ∙ x
4

366 Projeto de Vigas


Realizemos, agora, o mesmo raciocínio, porém no ponto E, que está entre C e B,
como ilustrado no diagrama de corpo livre do trecho AE, representado na Figura 16.
w0 (x - a)
1
(x - a)
2

A C
M2
E
a V2
x-a
x
RA = 1 w0a
4
Figura 16 - Diagrama de corpo livre para uma viga biapoiada com carregamento uniforme entre AE
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Assim, conseguimos determinar para o diagrama de esforços interno no intervalo


de a < x < 2a , a força cortante e o momento fletor expressos pelas funções:

Fy 0: RA w0 ( x a ) V2 x 0
V2 x RA w0 ( x a )

1
V2 x ∙ w0 ∙ a w0 ( x a )
4
e
1
M2 0 (sentido anti-horário): RA ∙ x w0 ( x a ) ∙ x a M 2 ( x) 0
2
1
M 2 ( x) RA ∙ x w0 ( x a ) ∙ x a
2

1 1 2
M 2 ( x) w0 ax w0 x a
4 2

UNIDADE 8 367
Como observamos, a força cortante e o momento fletor são representados por dife-
rentes funções de x , dependendo somente se x for menor ou maior que a , devido
à descontinuidade do carregamento da viga. Assim, as funções V1 ( x) e V2 ( x) podem
ser representadas por uma única expressão:

1
V  x  w0 a  w0 x  a (Eq. 7)
4

Se especificarmos que o segundo termo deverá ser incluído em nossos cálculos


quando x ≥ a e ignorado quando x < a ; em outros termos, estamos dizendo que as
chaves deverão ser substituídas pelos parênteses usuais   quando x ≥ a
e, por zero, quando x < a .
Com a mesma convenção, podemos aplicar o raciocínio no momento fletor e
representar em qualquer ponto da viga por uma única expressão:

1 1
M ( x)  w0 ax  w0 x  a
2
(Eq. 8)
4 2

A convecção adotada, a qual segue as chaves , pode ser diferencial ou integral,

como nos parênteses usuais. Isso significa que, em vez de calcularmos o momento
fletor pelo diagrama de corpo livre, é possível integrar a expressão da força cortante
V ( x) para obter a expressão do momento fletor M ( x) , conforme demonstrado a
seguir

x x 1 x1
M ( x)  M (0)   V ( x)dx   w0 adx   w0 x  a dx
0 0 4 0 4

Depois da integração, observamos que M (0) = 0 . Dessa forma, teremos que

1 1
M ( x)  w0 ax  w0 x  a
2

4 2

Com o mesmo raciocínio aplicado ao carregamento, notamos que a carga distribuída


em qualquer ponto da viga pode ser expressa como

w( x)  w0 x  a
0
(Eq. 9)

368 Projeto de Vigas


As chaves devem ser substituídas por zero para x < a , e por parênteses para x ≥ a .
Verificando que w( x) = 0 para x < a e, sendo x  a   x  a   1 , temos que
0 0

w( x) = w0 para x ≥ a . Observando que V = 1 w0 a para x = 0 , escrevemos:


4
x x
V ( x)  V (0)    w( x)dx    w0 x  a dx
0
0 0

1
V ( x)  w0 a  w0 x  a
1

Resolvendo para V ( x) e eliminando o expoente 1, teremos que

1
V ( x)  w0 a  w0 x  a
4

As expressões x − a , x − a , x − a
0 1 2
são conhecidas como funções singulares
e, por definição, temos que para n ≥ 0 :

n  x  a n quando x  a
xa  (Eq. 10)
0 quando x  a

Notamos que sempre que a quantidade entre chaves for positiva ou zero, as chaves
poderão ser substituídas pelos parênteses usuais, e sempre que a quantidade for
negativa, estas chaves se anulam.
Com as definições das funções singulares, fica claro que

n 1 n 1
 x  a dx 
n 1
xa para n  0 (Eq. 11)

d n n 1
xa  n xa para n  1 (Eq. 12)
dx

A grande maioria dos carregamentos de vigas, encontrada no cotidiano da prática da


Engenharia, pode ser classificada como de carregamentos básicos, conforme mostrado
da Figura 16. As correspondentes funções w( x), V ( x) e M ( x) foram expressas em
termos de funções singulares, com suas representações gráficas.

UNIDADE 8 369
Carregamento Força Cortante Momento Fletor

V M
a
a a
O x O x O x
M0 - M0
(a) M (x) = - M0 < x - a >0

a P V M
O x a a
O x O x

(b) -P
V (x) = - P < x - a >0 M (x) = - P < x - a >1
w
a w0
V M
x a a
O O x O x

(c) w (x) = w0 < x - a >0 1 w0 < x - a >2


V (x) = w0 < x - a >1 M (x) =
w inclinação = k 2
a V M
a a
O x O x O x

(d) w (x) = k < x - a >1 k k w0 < x - a >2


V (x) = - < x - a >2 M (x) = -
w a 2 2 .3
V M
a
O x a a
O x O x

(e) w (x) = k < x - a >n


V (x) = - n +k 1< x - a > k
n+1
M (x) = - < x - a >n + 2
(n+1) (n+2)

Figura 17 - Carregamentos comuns e correspondentes, força cortante e momento fletor, expressos


em termos de funções singulares
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Neste tópico, aprendemos como determinar as funções singulares para diversas


situações de carregamentos em vigas. Vimos que é possível determinar a expressão
da força cortante e que, por meio da integração, determina-se a função do momen-
to fletor. Logo, aprendemos mais uma forma de elaborar os diagramas de esforços
cortantes e momento fletor.

370 Projeto de Vigas


Projeto de Vigas
Prismáticas

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos desenvol-


ver, por meio dos estudos já previamente estuda-
dos, qual procedimento devemos executar para
projetar economicamente uma viga prismática.
Iremos aplicar os conhecimentos já adquiridos.
Colocaremos em uma sequência o que vimos
anteriormente para podermos elaborar o projeto
de vigas prismáticas.
Nos tópicos anteriores, aprendemos que o pro-
jeto de uma viga depende, em essência, do valor
absoluto máximo do momento fletor M máx na
viga. Na seção crítica em que o ocorre o momento
máximo absoluto, a tensão normal máxima ocor-
re na superfície da viga, sendo determinada por
meio da equação 1. No entanto, vimos que para
certas formas da seção transversal, podemos en-
contrar o valor σ máx em qualquer outro ponto da
viga. Por fim, vimos que há situações de projeto de
uma viga em que ocorre a dependência do valor
máximo absoluto V máx da força cortante na viga
e não do momento fletor máximo.

UNIDADE 8 371
O dimensionamento correto de uma viga deve considerar todos os itens que foram
estudados e, ao mesmo tempo, também deve ser o mais econômico e seguro possível.
Isso significa que, entre vigas do mesmo material, quando outros dados coincidem,
devemos escolher aquela de menor peso por unidade de comprimento (ou seja, de
menor seção transversal).
O procedimento para o dimensionamento de uma viga deve incluir os seguintes
passos:
a) Determinarmos os valores da σ adm e τ adm do material de uma tabela de
propriedades de materiais ou de especificações do projeto ou do fornecedor
do material. Também devemos determinar os valores da σ U e τ U com os
coeficientes de segurança apropriados.
b) Com as condições de carregamento realizadas, desenhar os diagramas de
esforço cortante e momento fletor para determinarmos os valores máximos
absolutos V máx e M máx .
c) Assumindo que o dimensionamento da viga é determinado pelo valor da
tensão normal no ponto y   c na seção transversal de máximo momento
fletor, deveremos determinar o menor valor admissível do módulo resistente
W = I c . Adequando a equação 1 e utilizando σ adm no lugar de σ m , temos

M
Wmín  máx
(Eq. 13)
 adm

d) Entre seções transversais utilizáveis, iremos considerar aquela que o módulo


resistente W > Wmín , buscando a seção com menor peso por unidade de
comprimento para que seja a seção mais econômica para a qual  m   adm .
Em certas situações, podemos ficar limitados por outras considerações, tais
como restrições de dimensões da seção ou valores admissíveis para deflexão
da viga, as quais estudaremos na próxima unidade.
Após escolhida a viga, devemos verificar a resistência da força cortante, con-
siderando os valores de Q, I e t da equação 2. Aqui, determinaremos o valor
máximo τ m da tensão de cisalhamento τ xy na viga:

V Q
m  máx
(Eq. 14)
It

Caso a seção seja retangular, a tensão de cisalhamento máxima é determinada por

3 V máx
m  (Eq. 15)
2 A

372 Projeto de Vigas


Caso seja para perfis I ou perfis de abas
largas, adota-se que toda a força cortante
é resistida apenas pela alma da viga e é de-
terminada por
V
m  máx
(Eq. 16)
Aalma

Se o resultado encontrado para τ m for


maior que τ adm , devemos adotar outra
seção transversal maior; ao contrário, se
 m   adm , as dimensões da viga são acei-
Diagramas de esforço
táveis. cortante e momento fletor

e) Para perfis I e perfis I de abas largas, é importante fazer uma verificação do


valor da σ máx na junção da alma com as abas na seção de momento máximo,
para que não ocorra que σ máx seja maior que o valor de σ adm .

O roteiro para o dimensionamento limitou-se apenas aos materiais que apresentam o


mesmo valor de σ adm na tração e compressão. Quando σ adm é diferente para tração
e compressão, devemos escolher a seção transversal de modo que  m   adm , tanto
para tração quanto para compressão.
Caso a seção transversal não seja simétrica em relação à linha neutra, a maior ten-
são de tração e a maior tensão de compressão não precisam ocorrer obrigatoriamente
na seção de momento máximo M , sendo que uma delas pode ocorrer onde M é
máximo, e outra onde M é mínimo. Assim, o procedimento descrito no segundo passo
(passo b) deve incluir a determinação de M máx e de M mín ; enquanto o terceiro passo
(passo c) deve ser modificado para considerar as tensões de tração e de compressão.
Neste tópico, foi apresentado um roteiro para dimensionamento de vigas pris-
máticas e os cuidados que devem ser tomados ao longo de seu dimensionamento.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 8 373
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Elaborar os diagramas de esforço cortante (DEC ou V) e de momento fletor (DMF


ou M) para uma viga com carregamento concentrado de 20 kN em A e 40 kN em
C, conforme indicação do esquema estático na Figura a seguir.

20 kN 40 kN

B
A D
C

2,5 m 3m 2m
Viga biapoiada com carregamento concentrado
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

2. Desenhar os diagramas de esforço cortante (DEC ou V) e de momento fletor


(DMF ou M) para uma viga com carregamento uniformemente distribuído, de-
terminando o ponto de momento fletor máximo e a intensidade do momento,
conforme indicado na Figura a seguir.

20 kN/m

A C
B
6m 3m
Viga biapoiada com carregamento distribuído
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

374
3. Você foi contratado para especificar um perfil de abas largas para suportar uma
força de 67 kN, como indicado na Figura a seguir. Sabe-se que a tensão normal
admissível é de 165 MPa e a tensão de cisalhamento admissível é de 100 MPa
para o aço utilizado.

67 kN
2,4 m

A B

Viga engastada com carregamento concentrado.


Fonte: adaptada de Beer, Pereira e Johnston Jr. (2006).

Utilize a tabela de bitolas de perfis estruturais de fabricantes de aço disponível no


link indicado na seção “Novas Descobertas”.

375
LIVRO

Resistência dos materiais


Autor: William Nash e Merle C. Potter
Editora: Bookman
Sinopse: A disciplina Resistência dos Materiais, também chamada de Mecânica
dos Materiais ou Mecânica dos Sólidos, fornece a base para o projeto dos com-
ponentes de máquinas e estruturas de suporte de carga. Esta obra apresenta
explanações completas do conteúdo e segue as características da Coleção
Schaum trazendo inúmeros exercícios de fixação.

WEB

Para te auxiliar nos estudos, indico o material em pdf a seguir para que você
possa ter acesso à tabela de bitolas de perfis estruturais de fabricantes de aço.

376
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

377
1. Cálculo das Reações de apoio

Fx 0: HB 0

Fy 0: RB RD 20 40 0
RB RD 60

MB 0 (sentido antii-horário): 20 ∙ 2, 5 40 ∙ 3 RD ∙ 5 0
50 120 5 ∙ RD 0
5 ∙ RD 70
RD 14kN RA 46kN

Cálculo das Seções


20 kN 40 kN
B D
A
1 2 3 4 C 5 6 14 kN
46 kN
2,5 m 3m 2m
• Seção 1 no Ponto A

Fy 0: 20 V1 0
V1 20kN

M1 0 (sentido anti-horário): 20 ∙ 0 M 1 0
M1 0

• Seção 2 antes do Ponto B


Fy 0: 20 V2 0
V2 20kN

M2 0 (sentido anti-horário): 20 ∙ 2, 5 M 2 0
M2 50kN .m

378
• Seção 3 após o Ponto B

Fy 0: 20 46 V3 0
V3 26kN

M3 0 (sentido anti-horário): 20 ∙ 2, 5 46 ∙ 9 M 3 0
M3 50kN .m

• Seção 4 antes do Ponto C

Fy 0: 20 46 V4 0
V4 26kN

M4 0 (sentido anti-horário): 20 ∙ 5, 5 46 ∙ 3 M 4 0
M4 28kN .m

• Seção 5 após o Ponto C


Fy 0: 20 46 40 V5 0
V5 14kN

M5 0 (sentido anti-horário): 20 ∙ 5, 5 46 ∙ 3 40 ∙ 0 M 5 0
M5 28kN .m
• Seção 6 no Ponto D

Fy 0: 20 46 40 14 V6 0
V5 14kN

M6 0 (sentido anti-horário)): 20 ∙ 7, 5 46 ∙ 5 40 ∙ 2 M 6 0
M6 0

379
• Representação das seções

20 kN
M1
V1
20 kN
M2
V2
20 kN
M3
46 kN V3
20 kN
M4
46 kN V4

20 kN 40 kN
M5
46 kN V5
20 kN 40 kN
M6
46 kN V6
40 kN
M’4
V’4 14 kN
Marcação dos valores encontrados nas seções para desenho dos diagramas

• Diagrama de Esforço Cortante (DEC ou V)

V
+26 kN
x
20 kN 14 kN

380
• Diagrama de Momento Fletor (DMF ou M)

M
+28 kN . m

50 kN . m
2. Cálculo das Reações de apoio
Fx 0: HA 0

Fy 0: RA RC 120 0
RA RC 120

MA 0 (sentido anti--horário): 120 ∙ 3 RC ∙ 9 0


RC 40kN RA 80kN

– Diagrama de Esforço Cortante (DEC ou V)

O diagrama de esforço cortante pode ser desenvolvido por meio da observação dos carregamentos,
tais como:

→ A força cortante na seção à direita de A é VA  80kN , determinado pela reação de apoio em A. A

determinação da variação de esforço no diagrama de força cortante entre A e B, é possível pela de-
terminação da diferença de esforços cortantes entre o ponto B e A, cuja corresponde a resultante do
carregamento aplicado (área da representação da figura do carregamento). Assim, temos que:

kN
VB VA ( 20 ∙ 6m) 120kN
m
VB 120 VA 120 80 40kN
O diagrama de força cortante entre os pontos A e B é representado por um linha reta, pois o declivi-
dade dV   w é constante entre esses dois pontos.
dx

381
→ Entre B e C, a área sob o diagrama de carregamento é nula. Assim

VC  VB  0  VC  VB  40kN
e a força cortante é constante entre B e C.

Logo, temos o diagrama


V
a 80 kN

A (+160) D B C x
x ( 120)
( 40) 40 kN
b c
– Diagrama de Momento Fletor (DMF ou M)

Utilizando as informações do diagrama de esforço cortante, iremos elaborar o diagrama de momento


fletor.

→ Observa-se que os momentos flores das seções extremas (A e C) são iguais a zero.

→ O momento fletor máximo é observado no diagrama de esforço cortante quando ocorre a inversão do
eixo no ponto D, ou seja, quando V = 0. Assim, precisamos determinar o valor x até D. Iremos utilizar
como referência o ponto A e, por meio de semelhança de triângulo, determinaremos o valor de x.
x 6 x
  x  4m
80kN 40kN

382
→ Iremos calcular as áreas das várias partes do diagrama de esforço cortante, que vão ser marcadas
em parênteses no próprio diagrama, sendo a área do diagrama de força cortante entre dois pontos
iguais à variação do momento fletor entre esses pontos, logo

80 ∙ 4
Área triangular aAD = 160kN .m
2
40 ∙ 2
Área triangular DBb = 40kN .m
2
Área retangular BbcC = 40∙3 = 120kN .m
M D  M A  160kN .m  M D  160  0  160kN .m
M B  M D  40kN .m  M B  40  160  120kN .m
M C  M B  120kN .m  M C  120  120  0

Logo, temos o diagrama

x = 4m
160 kN . m
M 120 kN . m

A
x

– Momento fletor máximo

Momento fletor máximo é

M máx  M D  160kN .m

3. Tensões admissíveis informadas:

 adm  165MPa  adm  100MPa

V M
– Força cortante máxima máx e Momento Fletor Máximo máx

Ambos esforços ocorrem nos seus valores máximos em B. Logo

V máx
 V  67 kN

M máx
 67 ∙ 2, 4  160, 8kN .m

383
– Determinação do módulo resistente mínimo para seção

M 160, 8 ∙ 103 N .m
Wmín máx
0, 975 ∙ 10 3 m3 975 ∙ 103 mm3
adm 165 ∙ 103 N m 2

– Determinação do módulo resistente mínimo para seção

Recorrendo a catálogos técnicos (em anexo ao material) de fabricantes de perfis metálicos, verificamos
que os perfis possíveis são W530x66; W460x74; W410x60; W360x64; W310x74; W250x80, porém o que
apresentou módulo resistente mais próximo foi o perfil W410x60, que também apresentou menor peso
por comprimento.

– Verificação da tensão de cisalhamento máxima

O perfil W410x60 apresenta 7,7 mm de espessura de alma com uma seção de 407 mm de altura e área
da alma de 3134 mm2. Assim, temos que

V 67 ∙ 103 N
m
máx
21, 38MPa
Aalma 3134 ∙ 10 6 m 2

logo,  m   adm . Dessa forma, a viga escolhida é aceitável.


– Verificação da tensão normal máxima

Deve-se verificar se a tensão normal máxima, em um ponto imediatamente inferior à aba superior da
seção de momento fletor máximo, excede a tensão normal admissível.

A espessura da aba é de 12,8 mm e temos, nesse ponto,

407
y  12, 8  203, 5  12, 8  190, 7 mm
2
O momento de inércia do perfil W410x60 em relação à linha neutra é de I  216 x106 mm 4 . Assim

M .y 160 ∙ 103 N. m ∙ 0, 1907m


x 142 MPa
I 216 ∙ 10 6 m 4
Logo, como τ xy é menor que τ m , podemos verificar facilmente, aplicando a análise do círculo de Mohr,

que  máx  165MPa .

384
385
386
387
388
Me. Ronan Yuzo Takeda Violin

Deflexão das Vigas


por Integração

PLANO DE ESTUDOS

Equação da Vigas Estaticamente


Linha Elástica Indeterminadas

Deformação de uma Viga Determinação da Linha Elástica Método de Superposição


Sujeita a Carregamento Diretamente a Partir do
Transversal Carregamento Distribuído

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Determinar a deformação de uma viga com carregamento • Compreender e determinar a deformação em vigas
transversal. estaticamente indeterminadas.
• Entender como determinar a equação da linha elástica. • Determinar a deflexão por meio do método de
• Determinar a equação da linha elástica a partir de superposição.
carregamento distribuído aplicado.
Deformação de uma Viga
Sujeita a Carregamento
Transversal

Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, iremos es-


tudar outro critério que devemos nos preocupar
para o dimensionamento de vigas, que é a defle-
xão de vigas prismáticas submetidas a um dado
carregamento. Será um tópico de embasamento
para os demais tópicos na sequência.
Então, bom estudo!
A determinação da deflexão em vigas pris-
máticas submetidas a um carregamento tem o
interesse em determinar a máxima deflexão, pois
é importante, na grande maioria dos projetos de
uma viga, o valor máximo admissível para a de-
flexão.
Já estudamos, na Unidade 5, que uma viga prismática, sujeita à flexão pura, encur-
va-se tomando a forma de um arco de circunferência e que, dentro do regime elástico,
a curvatura da superfície neutra pode ser expressada pela equação 1.

1 M
 (Eq. 1)
 EI

Em que M corresponde ao momento fletor, E ao módulo de elasticidade e I ao mo-


mento de inércia da seção transversal, em relação à linha neutra.
Com a viga sendo carregada por um carregamento transversal, a equação 1 per-
manece válida para qualquer seção transversal, desde que esteja nas condições de
aplicação do princípio de Saint-Venant.
Com a possibilidade de atender qualquer seção transversal, o momento fletor e a
curvatura da superfície neutra variam de seção para seção. Adotando-se a distância x
da extremidade esquerda da viga até a seção em estudo, podemos escrever a equação
1 em função de x . Logo

1 M  x
 (Eq. 2)
 EI

Exemplificando o que foi comentado, temos uma viga AB em balanço, de vão L, sub-
metida à força P aplicada na sua extremidade livre A (na ponta do balanço), conforme
a Figura 1. Temos, também, que o momento fletor na viga tem a variação em função
de x – a distância da extremidade A até uma determinada seção de estudo. Sabendo
que M   P.x , substituindo na equação 2, obteremos

1 M ( x)  Px
 
 EI EI

B
A x
L

Figura 1 – Viga em balanço com carregamento concentrado


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 9 391
A equação determinada para o exemplo apresenta a curvatura da superfície neutra que
varia, linearmente, de zero no ponto A – onde o próprio ρ A é infinito – até −PL EI ,
que encontra-se no ponto B – onde  B  EI PL , ilustrado pela Figura 2.

P
B
A
ρA = ∞
ρB

x
Figura 2 - Curvatura da superfície neutra da viga em balanço com carregamento concentrado
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Em um outro exemplo a seguir, iremos desenvolver o raciocínio para uma viga


biapoiada com balanço, conforme a Figura 3, que apresenta duas cargas concen-
tradas aplicadas.

4 kN 2 kN
3m 3m 3m

A D
B C

Figura 3 - Viga biapoiada com carregamento concentrado e balanço.


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Por meio do diagrama de corpo livre da viga (Figura 4), calculou-se as reações dos
apoios e obtivemos os resultados de RA = 1 kN e RC = 5 kN , respectivamente.

392 Deflexão das Vigas por Integração


4 kN 2 kN

3m 3m 3m

A D
B C

R A = 1 kN R C = 5 kN
Figura 4 - Diagrama de corpo livre de viga biapoiada com carregamento concentrado e balanço
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Com as reações dos apoios determinadas, desenhou-se o diagrama de momento


fletor (Figura 5), o qual apresenta pontos nulos nas extremidades A e D, e no ponto
E, com a distância de x = 4 m do ponto A.

M
3 kN . m

E C D x
A B
4m

6 kN . m
Figura 5 - Diagrama de Momento Fletor de viga biapoiada com carregamento concentrado e balanço
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Entre A e E, o momento fletor é positivo e a viga tem concavidade voltada para cima,
e entre E e D o momento fletor é negativo e a viga tem concavidade voltada para
baixo. Essa situação é ilustrada pela Figura 6. É importante observar que o maior
valor da curvatura, isto é, o menor valor do raio de curvatura, ocorre no ponto C,
onde encontra-se o momento máximo.
4 kN 2 kN

C
A
D
B E

Figura 6 - Deformação da viga biapoiada com carregamento concentrado e balanço


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

UNIDADE 9 393
O que foi comentado até agora permite que tenhamos uma boa ideia da forma da
viga deformada por meio das informações obtidas de sua curvatura; porém, para um
projeto de uma viga, são necessárias informações mais precisas sobre a deformação
e a declividade da viga em vários pontos. A deformação transversal da viga em um
ponto é chamada de flecha.
O conhecimento da deformação máxima da viga é muito importante no dimen-
sionamento e, por meio da equação 2, iremos obter a relação entre a deformação y ,
medida em um certo ponto Q do eixo da viga e a distância x desse ponto a alguma
origem prefixada, conforme a Figura 7, como se fosse uma coordenada.

Q C
A D

Figura 7 - Referências na viga para determinação de equação da linha elástica


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Essa relação obtida é a equação da linha elástica, ou seja, a equação da curva em que se
transforma o eixo da viga ao se deformar devido ao carregamento aplicado (Figura 8).

y
P1 P2

y C
A x
D
Q
x Linha elástica

Figura 8 - Representação da deformação da viga biapoiada com carregamento concentrado e balanço


por meio da linha elástica
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Neste tópico, estudamos os conceitos e equação que precisamos para determinar a


linha elástica de vigas, juntamente com o comportamento da estrutura devido aos
carregamentos para uma breve análise da deformação da viga, mas com intuito de
determinar a máxima deflexão.

394 Deflexão das Vigas por Integração


Equação da
Linha Elástica

Caro(a) aluno(a), entendidos os conceitos de de-


formação em uma viga, o conhecimento da cur-
vatura da viga é importantíssimo, pois permitirá
delinear algumas conclusões gerais a respeito da
deformação da viga submetida a um carregamen-
to que, em muitos casos, é parâmetro de decisão.
Não deixe de se aprofundar no assunto e um
ótimo estudo!

UNIDADE 9 395
Para a determinação da linha elástica, precisamos voltar ao conceito inicial para
compor o raciocínio. Inicialmente, por meio do Cálculo elementar, a expressão que
fornece a curvatura de uma curva plana em um ponto Q( x, y ) é
d2y
1
 dx 2 (Eq. 3)
 3
  dy  2  2
1    
  dx  

Na equação 3, notamos que dy dx e d y dx 2 são, respectivamente, a primeira e a segunda


2

derivada da função y ( x) que representa a curva; porém, para a linha elástica de uma
viga, a declividade dy dx é muito pequena. Assim, o seu quadrado pode ser desprezado
em face da ordem de grandeza. Logo, podemos escrever que

1 d2y
 (Eq. 4)
 dx 2

Substituindo o valor de 1 ρ da equação 4 na equação 2, encontramos

d 2 y M ( x)
= (Eq. 5)
dx 2 EI

A equação 5 é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem que guia o com-
portamento da linha elástica. O produto E.I é conhecido como rigidez flexional, e
caso ocorra a variação ao longo da viga, em função de variação da rigidez flexional,
devemos expressá-la como uma função de x antes de realizar a integração da equação
3. Para nossos estudos, as vigas prismáticas apresentam rigidez flexional constante e,
assim, podemos multiplicar os dois lados da equação 3 por E.I e integrar a variável
x . Dessa forma, teremos

dy x
EI   M ( x)dx  C1 (Eq. 6)
dx 0
dy
em que C1 é uma constante da integração. A relação da equação 6, dx , chama-
remos de θ ( x) , que é o ângulo, medido em radianos, referente à tangente à curva
elástica no ponto Q que forma com a horizontal (Figura 9). Essa consideração do
ângulo é possível, pois o ângulo de deflexão em vigas é muito pequeno. Podemos,
então, expressar que

dy
 tg   ( x)
dx

396 Deflexão das Vigas por Integração


y

O x
y(x) θ(x)
Q
x
Figura 9 - Determinação do ângulo da tangente à curva elástica
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Logo, a equação 6 torna-se:

x
EI  ( x)   M ( x)dx  C1 (Eq. 06’)
0

Integrando os membros da equação 6, temos que

EI y     M ( x)dx  C1  dx  C2
x x

0  0 

x x
EI y   dx  M ( x)dx  C1 x  C2 (Eq. 7)
0 0

em que C2 é uma segunda constante da integração e que o primeiro termo do segundo


membro representa a função de x obtida ao se integrar duas vezes a equação M ( x)
do momento fletor. Caso as constantes de integração C1 e C2 não sejam determi-
nadas, a equação 7 permite determinar a flecha da viga em qualquer ponto Q e as
equações 6 ou 6’ permitem determinar a declividade da viga em qualquer ponto Q .
Para determinar os valores das constantes C1 e C2 , devemos utilizar as condições
de contorno ou, mais precisamente, as condições impostas à viga pelos seus apoios.
Se realizarmos a análise apenas em vigas estaticamente determinadas, isto é, em vigas
apoiadas, devemos lembrar que é possível calcular as reações de apoio por meio das
equações de equilíbrio. Neste tópico, só serão consideradas as vigas simplesmente
apoiadas, as vigas simplesmente apoiadas com balanços e as vigas em balanço, con-
forme ilustrado na Figura 10.

UNIDADE 9 397
y
Observando as Figuras 10a e 10b, os apoios são
de primeiro e segundo gênero. Nesse caso, o
B
A x esquema da viga permite a compreensão que o
ponto A se trata de um apoio articulado fixo, e
o ponto B, de um apoio articulado móvel. Estes
[yA = 0] [yB = 0]
apoios no ponto A e B impedem que ocorra o
(a) Viga simplesmente apoiada afundamento da viga, ou seja, o deslocamento
no eixo y . Assim, temos que a flecha é nula.
y Isso significa que considerando que x = x A ,
B P
A temos que = y y= A 0 e, também, que x = xB .
x
Sabendo ainda que = y y= b 0 na equação 7,
obtemos duas equações que levam aos valores
[yA = 0] [yB = 0] de C1 e C2 .
Para a viga em balanço (Figura 10c), notamos
(b) Viga biapoiada com balanço
que, no ponto A, a flecha e a declividade devem
ser nulas, por causa do apoio de terceiro gênero
y (engaste) que não permite nem deslocamento
P em y nem a rotação. Assim, temos que x = x A
A x
e, portanto, =y y= A 0 , na equação 7; temos
B também que x = x A ,    A  0 na equação 6’.
[yA = 0]
Com tudo isso, iremos obter, por meio das duas
[θA = 0]
equações, os valores de C1 e C2 .
(c) Viga em balanço Para melhor compreensão, nada melhor que
Figura 10 - Condições de contorno para vigas estaticamente
um exercício exemplo.
determinadas
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para determinarmos os valores de C1 e C2, devemos utilizar as condições de contorno e lembrarmos


de verificar as condições impostas aos apoios da viga.

398 Deflexão das Vigas por Integração


1 EXERCÍCIO Uma viga em balanço AB tem seção transversal uniforme e suporta a força P na sua
extremidade livre A (Figura 11). Determine a equação da linha elástica, a flecha e a
declividade no ponto A.
P

A B

L
Figura 11 - Viga em balanço com carga concentrada do exercício exemplo 1
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Primeiramente, precisamos determinar a equação do momento fletor em função da


variação da distância x a partir do ponto A. Para isso, iremos realizar uma seção,
como ilustrado no diagrama de corpo livre, na seção AC da viga no comprimento x .
P
V

A M
C
x

Logo, temos que

M   Px (Eq. 8)

Após determinarmos a equação do momento fletor, iremos substituir, na equação 5,


e multiplicarmos por EI . Dessa forma, temos que

d2y
EI   Px
dx 2

Integrando, temos

d2y x
 EI     Px dx
dx 2 0

dy 1
EI   Px 2  C1 (Eq. 9)
dx 2

UNIDADE 9 399
Aplicando as condições de contorno para determinar o valor C1 , temos que a extre-
midade fixa B tem o valor de x = L e que o ângulo   dy  0 (Figura 12). Substituindo
dx
na equação 9, temos
dy 1 2 1 2
EI Px C1 EI ∙ 0 PL C1
dx 2 2

1 2
C1 PL
2

[x = L, θ = 0]
y
[x = L, y = 0]
O B
x
yA
A
L
Figura 12 - Condições de contorno para viga em balanço
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Substituindo o valor de C1 , na equação 9, temos

dy 1 1
EI   Px 2  PL2 (Eq. 10)
dx 2 2

Integrando a equação 10, temos

dy  1 2 1 2
x
 EI dx  
  Px  PL  dx
 2 0 2 
1 1
EI y   Px3  PL2 x  C2 (Eq. 11)
6 2

Por meio da condição de contorno, em que x = L e y = 0 , temos que o valor de C2

400 Deflexão das Vigas por Integração


1 3 1 2
EI ∙ 0 PL PL L C2
6 2
1 3 1 3
0 PL PL C2
6 2
1 3
C2 PL
3

Substituindo o valor de C2 na equação 11, temos

1 1 1
EI y   Px3  PL2 x  PL3
6 2 3
P
y
6 EI
 
 x3  3L2 x  2 L3 (Eq. 12)

Assim, temos que


• Flecha no ponto A → x = 0
P P P
yA x 3 3L2 x 2 L3 03 3L2 ∙ 0 2 L3 2 L3
6 EI 6 EI 6 EI

2 PL3 PL3
yA
6 EI 3EI

• Declividade no ponto A → x = 0
 dy  1 1 1 1
EI     Px 2  PL2   P * 02  PL2 
 dx  A 2 2 2 2

 dy  PL2
A    
 dx  A 2EI

Neste tópico, aprendemos como determinar as equações da declividade e da linha


elástica, além de aprendermos como determinar as condições de contorno, aplican-
do-as nas equações.

UNIDADE 9 401
Determinação da Linha
Elástica Diretamente
a Partir do Carregamento
Distribuído

Olá, aluno(a), neste tópico, iremos estudar como


determinar a linha elástica para carregamentos
distribuídos ao longo da viga, observando as con-
dições de contorno a partir dos valores de con-
torno do diagrama de esforço cortante, momento
fletor, ângulo de rotação e deformação. Com isso,
desenvolveremos novas habilidades!
Determinaremos a linha elástica diretamente
a partir do carregamento, sem a necessidade de
realizar as seções para determinar a equação.
O Tópico 1 apresentou que a equação da linha
elástica é obtida por meio da resolução da equação
diferencial ordinária

d 2 y M ( x)
= (Eq. 5)
dx 2 EI

402 Deflexão das Vigas por Integração


em que o M ( x) é o momento fletor na viga em qualquer distância x a partir da
referência. Outro assunto importante para recordarmos aqui é que quando uma viga
tem um carregamento distribuído w( x) , temos que dM dx = V , ou seja, a derivada
da equação do momento fletor em função de x é a força cortante; e que dV dx   w,
a derivada da equação da força cortante é o valor da carregamento distribuído. Isso
em qualquer ponto da viga.
Assim, se derivarmos os dois membros da equação 5 em relação a x e adotarmos
EI como constante, teremos

d 3 y 1 dM V ( x)
= = (Eq. 13)
dx3 EI dx EI

Derivando novamente, teremos


d 4 y 1 dV w( x)
 
dx 4
EI dx EI (Eq. 14)

Assim, é possível concluir que a linha elástica de uma viga prismática com carga
distribuída w( x) é descrita por equação diferencial ordinária de 4º ordem.

d4y w( x)
 (Eq. 15)
dx 4
EI

Multiplicando os dois membros, ou seja, os dois lados da equação 15 pela constante


EI e integrando quatro vezes seguidas, teremos
d4y
EI  w( x)
dx 4 (Eq. 16)

d3y
EI  V ( x)    w( x)dx  C1
dx 3

d2y
EI  M ( x)    dx  w(xx)dx  C1 x  C 2
dx 2

dy 1
EI  EI  ( x)    dx  dx  w( x)dx  C1 x 2  C 2 x  C 3
dx 2

1 1
EI y ( x)    dx  dx  dx  w( x)dx  C1 x3  C 2 x 2 C 3 x  C 4
6 2

UNIDADE 9 403
Para determinação das constantes da integração C1 , C2 , C3 e C4 , é necessário a apli-
cação das condições de contorno. Dessa forma, por meio da Figura 13, podemos
observar as condições de contorno.
y y

B x
A x A
B
[yA = 0] [yB = 0] [yA = 0] [yB = 0]
[θA = 0] [MB = 0] [MA = 0] [MB = 0]
(a) Viga em balanço (b) Viga simplesmente apoiada

Figura 13 - Condições de contorno para vigas com carregamento distribuído


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

As condições de contorno incluem:

a) As restrições impostas às deformações da viga pelos apoios.


b) A condição de que a força cortante (V) e o momento fletor (M) devem ser
nulos na extremidade livre de uma viga em balanço ou de que o momento
fletor (M) deve ser nulo nos dois apoios de uma viga simplesmente apoiada.

As equações estudadas neste tópico podem ser aplicadas diretamente a uma viga
em balanço ou a uma viga simplesmente apoiada. Em casos de vigas apoiadas com
balanço, as reações de apoio provocam a descontinuidade na força cortante (na
terceira derivada de y ), podendo ser levado em conta por meio do uso de funções
singulares. Este método é aplicável às vigas que apresentam carregamento distribuído
descontínuo, se expressarmos a carga w( x) em termos de funções singulares.
O que aprendemos nesse tópico será aplicando no exercício exemplo 2, a seguir.

404 Deflexão das Vigas por Integração


2 EXERCÍCIO Uma viga prismática AB, simplesmente apoiada, tem um carregamento uniforme-
mente distribuído ( w ) por unidade de comprimento aplicado, como ilustra a Figura
14. Determine a equação da linha elástica e a flecha máxima para a viga.
w

A B

L
Figura 14 - Viga prismática simplesmente apoiada com carregamento distribuído
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Para resolução, iremos utilizar as equações já desenvolvidas no tópico. Começaremos


utilizando a equação 16.

d4y
EI  w( x)
dx 4

d3y
EI  V ( x)   wx  C1
dx 3

d2y 1
EI  M ( x)   wx 2  C1 x  C 2 (Eq. 17)
dx 2
2

Aplicando as condições de contorno, iremos determinar os valores das constantes


C1 e C2 . Temos, no apoio A, que quando x  0  M  0 ; temos também que no
apoio B, quando x  L  M  0 . Com essas condições de contorno, é possível de-
terminar as constantes. Logo

1 1
M (0)   w02  C1.0  C 2  0   w02  C1.0  C 2  C 2 0
2 2

1 1 1
M ( L)   wL2  C1.L  0  0   wL2  C1.L  C 1 wL
2 2 2

Após conhecidos os valores de C1 e C2 , substituindo-os na equação 17 e realizando


a integração mais duas vezes, temos

UNIDADE 9 405
d2y 1 1
EI   wx 2  wLx
dx 2
2 2

dy 1 1
EI   wx3  wLx 2  C3
dx 6 4

1 1
EI y   wx 4  wLx 3  C3 x  C4 (Eq. 18)
24 12

Aplicando novamente as condições de contorno, iremos determinar os valores das


constantes C3 e C4 . Sabemos que, no apoio A, quando x  0  y  0 e também
que, no apoio B, quando x  L  y  0 . Conseguimos, então, determinar as outras
duas constantes
1 1 1 1
EI y (0)   w04  wL03  C3 0  C4  EI 0   w04  wL03  C3 0  C4
24 12 24 12

 C4  0
e

1 1 1 1
EI y ( L)   wL4  wL.L3  C3 L  0  EI 0   wL4  wL.L3  C3 L
24 12 24 12

1
 C3   wL3
24

Dessa forma, temos que equação da linha elástica é determinada por

1 1 1
EI y ( x)   wx 4  wLx 3  wL3 x (Eq. 19)
24 12 24

Dividindo por EI os dois lados da equação 19, temos

w
y ( x) 
24 EI
 
 x 4  2 Lx3  L3 x (Eq. 19’)

406 Deflexão das Vigas por Integração


Assim, para determinar a flecha máxima, que encontra-se na metade do comprimento
da viga (ou seja, quando x = L 2 ), substituindo o valor na equação 19’, temos

L w  L L 3 L

4 3

y( )       2 L    L    
2 24 EI   2  2  2 

L w  L L 3 L

4 3

y( )  
    2 L    L   
2 24 EI   16  8  2 

L w  L4 L4 L4 
y( )      
2 24 EI  16 4 2 

L w  5 L4 
y( )   
2 24 EI  16 

L 5wL4
y( )  
2 384EI

5wL4
 y máx 
384 EI

Estudamos, neste tópico, como determinar a linha elástica para uma viga com carrega-
mento uniformemente distribuído, por meio de uma forma direta, sem a necessidade
de realizarmos seções. Também aprendemos como utilizar as condições de contorno
para determinarmos as constantes de integração.

UNIDADE 9 407
Vigas Estaticamente
Indeterminadas

Caro(a) aluno(a), neste tópico, iremos trabalhar


com vigas estaticamente indeterminadas, ou seja,
vigas apoiadas de tal forma que as reações de apoio
apresentaram mais incógnitas que equações de
equilíbrio. Para essas situações, o uso de condições
de contorno será importante para determinação
das variáveis indeterminadas.
Já estudamos vigas estaticamente determina-
das, ou seja, vigas em que se é possível determinar
as reações dos apoios por meio das equações de
equilíbrio. Agora, estudaremos também vigas, po-
rém estaticamente indeterminadas, situação em
será necessário a aplicação de outros métodos,
além das equações de equilíbrio.

408 Deflexão das Vigas por Integração


Consideraremos uma viga prismática AB, como a Figura 15 apresenta, que tem
uma extremidade engastada (apoio A), e é apoiada em um rolete no ponto B (apoio
articulado móvel B).
w

A B

L
Figura 15 - Viga prismática estaticamente indeterminada
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Desenhando o diagrama de corpo livre (Figura 15), iremos observar que as reações
dos apoios envolvem quatro incógnitas, enquanto são disponíveis, da Estática, apenas
três equações de equilíbrio, que são
Fx  0; Fy  0; M A  0 (Eq. 20)

wL
L/2

MA
A
B
Ax

L
Ay B
Figura 16 - Diagrama de corpo livre de viga prismática estaticamente indeterminada
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Nas equações de equilíbrio só é possível determinar o valor de Ax , e assim concluímos


que essa viga em estudo é estaticamente indeterminada.
Relembrando o que já estudamos neste livro, nas Unidade 2 e 3, as reações de
um problema estaticamente indeterminado podem ser obtidas considerando as
deformações da estrutura. Assim, devemos proceder à determinação das flechas e
declividades ao longo da viga.
Com o que foi estudado no Tópico 2, determinamos a equação do momento fletor
M ( x) para conhecer o seu valor em qualquer ponto AB em função da distância x ,
e também as expressões para θ e y que contêm duas incógnitas adicionais, C1 e C2 .

UNIDADE 9 409
Para determinação das reações dos apoios e as constantes C1 e C2 , devemos utilizar
as seis equações, sendo três equações de equilíbrio (apresentadas na equação 20), e
as três equações que descrevem as condições de contorno, ou seja, as condições que
atendem a declividade e a flecha para serem nulas em A, e a flecha que atendem as
condições para ser nula em B.
Com isso, as reações dos apoios podem ser determinadas ao mesmo tempo que
se obtém a equação da linha elástica. A Figura 17 expressa a explicação anterior.
y
w
B
A x

[x = 0, θ = 0] [x = L, y = 0]
[x = 0, y = 0]
Figura 17 - Condições de contorno para uma viga prismática estaticamente indeterminada
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

3 EXERCÍCIO Uma viga prismática com carregamento uniformemente distribuído possui apoio A
engastado e apoio B, um apoio de primeiro gênero. Determine as reações de apoio,
como ilustra a Figura 18.

A B

L
Figura 18 - Viga prismática estaticamente indeterminada para determinação das reações de apoio
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Inicialmente, devemos elaborar o diagrama de corpo livre para determinarmos as


reações de apoio, como vemos a seguir.

410 Deflexão das Vigas por Integração


wL
L/2

MA
A
B
Ax

L
Ay B
Figura 19 - Diagrama de corpo livre do exercício exemplo 3
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

• Cálculo das reações de apoio:


  Fx  0 : Ax  0
  Fy  0 : Ay  B  wL  0 (Eq.21)
1
M A  0 (sentido anti-horário) : M A  BL  wL2  0
2
• Equação da linha elástica:
Desenhando o diagrama de corpo livre da porção AC da viga (Figura 20), pode-
mos escrever:

wx x/2

MA
A
M
Ax
C
x V
Ay

Figura 20 - Diagrama de corpo livre da seção AC


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).
1
M C  0 : M  wx 2  M A  A y x  0 (Eq. 22)
2

Conhecido o valor do momento M na equação 22 e substituindo esse valor na equa-


ção 5, teremos

d2y 1
EI   wx 2  Ay x  M A
dx 2
2

UNIDADE 9 411
e, integrando

dy 1 1
EI   EI   wx3  Ay x 2  M A x  C1 (Eq.23)
dx 6 2
1 1 1
EI y   wx 4  Ay x 3  M A x 2  C1 x  C2 (Eq.24)
24 6 2

Utilizando as condições de contorno comentadas na Figura 17, x  0    0 , na


equação 23, e x  0  y  0 , na equação 24, conseguimos determinar os valores das
constantes C1 e C2 . Logo

1 1
EI   0   w03  Ay 02  M A 0  C1  C1  0
6 2
1 1 1
EI y  0   w04  Ay 03  M A 02  C1 0  C2  C2  0
24 6 2

Assim, podemos reescrever a equação 24 e teremos

1 1 1
EI y   wx 4  Ay x3  M A x 2 (Eq. 25)
24 6 2

Aplicando a terceira condição de contorno, sabemos que quando x  L  y  0 .


Dessa forma:

1 1 1
EI y  EI  0  0   wL4  Ay L3  M A L2
24 6 2

Simplificando, temos

1
3M A  Ay L  wL2  0 (Eq.26)
4

Isolando a reação Ay da equação 21, na equação equilíbrio de forças no eixo y , temos

Ay   B  wL  0

412 Deflexão das Vigas por Integração


E substituindo na equação 26, teremos que
1
3M A  ( B  wL) L  wL2  0
4
1
3M A  ( BL  wL2 )  wL2  0
4
1
3M A  BL  wL2  wL2  0
4
3
3M A  BL  wL2  0
4
3 2
BL wL
4 3 2 1
MA BL wL ∙
3 4 3
BL 1 2
MA wL
3 4

Isolando o valor de M A na equação 21, teremos

1
M A  BL  wL2  0
2
1
M A   BL  wL2
2

Igualando,
MA MA
BL 1 2 1 2
wL BL wL
3 4 2
BL 1 2 1 2
BL wL wL
3 2 4
2 BL 1 2 1 2 3 3wL
wL B wL ∙
3 4 4 2L 8

UNIDADE 9 413
Assim,
Ay   B  wL
3wL 5wL
Ay    wL 
8 8
e
1 3wL 1 3 1
M A   BL  wL2   L  wL2   wL2  wL2
2 8 2 8 2
wL 2
MA 
8
Logo, teremos as reações:
5wL wL2 3wL
=Ax 0=Ay =MA = B
8 8 8

Neste tópico, estudamos como determinar as reações de apoios para vigas estati-
camente indeterminadas. Observamos que o uso da equação da linha elástica é
importantíssimo para a determinação das reações nos apoios, juntamente com as
condições de contorno impostas pelos apoios. Essa situação de vigas estaticamente
indeterminadas é uma situação muito comum em nosso cotidiano na Engenharia.

414 Deflexão das Vigas por Integração


Método de
Superposição

Neste tópico, aluno(a), estudaremos o método da


superposição, que irá se desenvolver separada-
mente e, depois, será adicionada a declividade e
deflexão, devido à aplicação de várias cargas em
uma viga.
Assim, aprenderemos mais um método para
determinação das deflexões em vigas.
Em situações em que uma viga é submetida a
diversos carregamentos distribuídos ou concen-
trados, torna-se conveniente calcular separada-
mente as flechas e declividades provocadas devido
a cada carregamento e, depois, aplicar o princípio
da superposição, ou seja, somar ou diminuir os
resultados conforme o sentido do carregamento.
A flecha e a declividade provocada pelo carre-
gamento total são, então, determinadas pela soma
dos valores encontrados para cada carregamento
isoladamente.

UNIDADE 9 415
Para o melhor entendimento do assunto, iremos desenvolver o exercício exemplo 4
de forma comentada, para entendermos o princípio da superposição.

4 EXERCÍCIO Uma viga simplesmente apoiada com carregamento uniformemente distribuído


e um carregamento concentrado possui rigidez flexional ( EI ) de 100 x10 N .m .
6 2

Determine a flecha e a declividade da viga no ponto D, como indicado na Figura 21.

150 kN
2m
20 kN/m

A B
D

8m
Figura 21 - Viga prismática simplesmente apoiada com carregamento distribuído e concentrado
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Observando o enunciado do exercício e também a Figura 21, deve-se perceber que


a viga é estaticamente determinada e que há dois carregamentos aplicados. Como o
exercício pede para determinarmos a flecha e declividade, precisaremos tratar esse
exercício de forma separada, ou seja, determinar o que o exercício solicitou para o
carregamento concentrado separadamente e depois para o carregamento distribuído.
Assim, a declividade e a flecha em qualquer ponto da viga podem ser determinadas
superpondo-se à declividade e à flecha calculadas para a carga concentrada e a carga
distribuída separadamente. A Figura 22 explica o que foi comentado.

150 kN
150 kN
20 kN/m 2m w = 20 kN/m

A B A B
A B
D D
D x =2m
L=8m
L=8m
(a) (b) (c)

Figura 22 - Viga prismática simplesmente apoiada com deformação causada por carregamentos.
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

416 Deflexão das Vigas por Integração


Inicialmente, iremos começar a determinar os valores para o carregamento concentrado.
A carga concentrada é aplicada no ponto a um quarto do vão (ponto D), como
a Figura 22b apresenta. Assim, iremos desenvolver todo o exercício para carga con-
centrada. Teremos, então, que:
• Reações de apoio:
Fx 0: Ax 0

Fy 0: Ay 150 By 0
Ay By 150kN

MA 0 (sentido anti-horário): 150 ∙ 2 By ∙ 8 0


300 8 By 0
By 37, 5kN Ay 112, 50kN

Sendo assim, teremos que, por meio de uma seção no trecho entre A e D,
M 0
Ay ∙ x M AD 0
M AD ( x) Ay ∙ x 112, 5 x

d 2 y M ( x)
Utilizando a equação 5 ( = ), teremos a declividade no trecho entre A e D,
dx 2 EI
x x x2
EI  AD ( x)   M ( x)dx   (112, 5 x)dx  112, 5  C1  56, 25 x 2  C1
0 0 2

56, 25 x 2  C1
 AD ( x) 
EI

e, integrando novamente, teremos a equação da linha elástica


x3
 
x x
EI y AD ( x)    ( x)dx   56, 25 x 2  C1  56, 25  C1 x  C2
0 0 3

188, 75 x 3  C1 x  C2
y AD ( x) 
EI

Agora, iremos determinar as equações para o trecho entre D e B. Assim, teremos:

UNIDADE 9 417
Equação do momento fletor:

M 0
L
Ay ∙ x 150 ∙ ( x ) M DB 112, 50 x 150( x 2) M DB 0
4
112, 50 x 150 x 300 M DB 0

M DB ( x) 37, 5 x 300

Equação da declividade

x x x2
EI  DB ( x)   M ( x)dx   (37, 5 x  300)dx  37, 5  600 x  C3  18, 75 x 2  300 x  C3
0 0 2

18, 75 x 2  300 x  C3
 DB ( x) 
EI

Equação da linha elástica

x3 x2
 
x x
EI yDB ( x)    ( x)dx   18, 75 x 2  300 x  C3  18, 75  300  C3 x  C4
0 0 3 2

EI yDB ( x)  6, 25 x3  150 x 2  C3 x  C4

6, 25 x3  150 x 2  C3 x  C4
yDB ( x) 
EI

Aplicação das condições de contorno

y P
[x = L, y2 = 0]
A B x
[x = 0, y1 = 0]
D
1
[x = L, θ1 = θ2]
4
1
[x = L, y1 = y2]
4

418 Deflexão das Vigas por Integração


Temos,
x 0 yA 0

18, 75 x 3 C1 x C2 18, 75 ∙ 03 C1 ∙ 0 C2
y AD ( x) 0 C2 0
EI EI
e x 8 yB 0
6, 25 x3 150 x 2 C3 x C4 6, 25 ∙ 83 150 ∙ 82 C3 ∙ 8 C4
yDB ( x) 0
EI EI

3200 9600 8C3 C4 6400 8C3 C4


0 0
EI EI

C4 8C3 6400

e x 2 AD DB

56, 25 x 2 C1 56, 25 ∙ 22 C1 225 C1


AD ( x ) AD ( 2)
EI EI EI
x 2 AD DB

18, 75 x 2 300 x C3 18, 75 ∙ 22 300 ∙ 2 C3 525 C3


DB ( x) DB (2)
EI EI EI

Logo,
 AD   DB

225  C1 525  C3
  225  C1  525  C3  C1  C3  525  225
EI EI

C1  C3  300

e
x 2 y AD yDB

18, 75 x 3 C1 x C2 18, 75 ∙ 23 C1 ∙ 2 150 2C1


y AD ( x) y AD (2)
EI EI EI

150 2C1
y AD (2)
EI

UNIDADE 9 419
x  2  y AD  yDB

6, 25 x3  150 x 2  C3 x  C4 6, 25 * 23  150 * 22  C3 * 2   8C3  6400 


yDB ( x)   yDB (2)  
EI EI
50  600  2C3  8C3  6400 5850  6C3
yDB (2)   
EI EI

5850  6C3
yDB (2) 
EI

Logo,
x  2  y AD  yDB

150  2C1 5850  6C3


  150  2C1  5850  6C3  2C1  6C3  5850  150
EI EI

2C1  6C3  6000

Assim, resolvendo o sistema, teremos os valores de C1 e C3

C1  C3  300
  C1  525 e C3  825
2C1  6C3  6000
Assim, temos as equações para o carregamento concentrado:
• Trecho AD
56, 25 x 2  525
Equação da declividade →  AD ( x) 
EI
18, 75 x3  525 x
Equação da linha elástica → y AD ( x) 
EI

• Trecho DB
18, 75 x 2  300 x  825
Equação da declividade →  DB ( x) 
EI
6, 25 x3  150 x 2  825 x  200
Equação da linha elástica → yDB ( x) 
EI

Dessa forma, temos que para o ponto D:

56, 25 ∙ 22 525 225 525 ∙ 103


D ( 2) 3 x10 3 rad
EI 100 x106

18, 75 x3 525 x 18, 75 ∙ 23 525 ∙ 2 ∙ 103 150 1050 ∙ 10 3


yD (2) 6 6
9 x10 3 m
EI 100 x10 100 x10

420 Deflexão das Vigas por Integração


Repetiremos o procedimento para o carregamento distribuído, como a Figura 22c
apresenta. Iremos desenvolver todo o exercício para carga uniformemente distribuída.
Logo, teremos que:
• Reações de apoio:
Fx 0: Ax 0

Fy 0: Ay 160 By 0
Ay By 160kN

MA 0 (sentido anti-horário): 160 ∙ 4 By ∙ 8 0


640 8 By 0
By 80kN Ay 80kN
Assim, teremos que por meio de uma seção no trecho entre A e B,
M 0
x
Ay ∙ x 20 x ∙ M AB 0
2
M AB ( x) Ay ∙ x 10 x 2 80 x 10 x 2

d 2 y M ( x)
Utilizando a equação 5, 2 = , teremos a declividade no trecho entre A e B,
dx EI
x x x3 x2
EI  AB ( x)   M ( x)dx   (80 x  10 x 2 )dx  10  80  C1
0 0 3 2

10 x3 40 x 2 C1
 AB ( x)   
3EI EI EI

E integrando, novamente, teremos a equação da linha elástica,

x x  10  10 x 4 x3
EI y AB ( x)    ( x)dx     x 3  40 x 2  C1     40  C1 x  C2
0 0
 3  3 4 3

5 x 4 40 x3 C1 x C2
y AB ( x)    
6 EI 3EI EI EI

UNIDADE 9 421
Aplicando as condições de contorno, temos que
x 0 y 0

5x4 40 x 2 C1 x C2 5 ∙ 04 40 ∙ 02 C1 ∙ 0 C2
y AB ( x) 0 C2 0
6 EI 3EI EI EI 6 EI 3EI EI EI

x 8 y 0

5x4 40 x 3 C1 x C2 5 ∙ 84 40 ∙ 83 C1 ∙ 8
y AB ( x) 0
6 EI 3EI EI EI 6 EI 3EI EI

20480 20480 8C1 20480 20480


0 0 8C1
6 EI 3EI EI 6 3

10240 1280
C1
3*8 3

Dessa forma, as equações para o carregamento distribuído:

10 x 3 40 x 2 1280
Equação da declividade →  AB ( x)   
3EI EI 3EI
5 x 4 40 x3 1280 x
Equação da linha elástica → y AB ( x)   
6 EI 3EI 3EI

Temos que para o ponto D:

10 ∙ 23 40 ∙ 22 1280 880 880 ∙ 103


D ( 2) 2, 93 x10 3 rad
3EI EI 3EI 3EI 3 ∙ (100 ∙ 106 )

5 ∙ 24 40 ∙ 23 1280 ∙ 2 2260 ∙ 103


yD (2) 7, 53 x10 3 m
6 EI 3EI 3EI 3 ∙ (100 x106 )

Para finalizar o exercício, iremos combinar as declividades e deformações provocadas


pela carga concentrada e pela carga distribuída, logo temos que

422 Deflexão das Vigas por Integração


• Declividade no ponto D:
D D CARGA CONCENRTADA D CARGA DISTRIBUÍDA

D 3 x10 3
2, 93 x10 3
5, 93 ∙ 10 3 rad

• Flecha no ponto D:
yD yD CARGA CONCENRTADA yD CARGA DISTRIBUÍDA

yD 9 x10 3
7, 53 x10 3
16, 53 ∙ 10 3 m 16, 53mm

Finalizamos o exercício em que determinamos os valores para o ponto D. Para si-


tuações semelhantes, existem, já definidas, equações para diversos tipos de vigas
que determinam os valores de declividade e de flecha, como ilustrado da Figura 23.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 9 423
Tipos de viga e Flecha Rotação Equação da
Linha elástica
carregamento máxima nos apolos linha elástica
1
P y
L
x PL3 PL2 y = P (x3 3Lx2)
O 3EI 2EI 6EI
ymáx
L

2
w y
L wL4 wL3 y= w (x4 4Lx3 + 6L2x2)
O x 8EI 6EI 24EI
ymáx
L

3
y
L
x
ML2 ML y= M x2
O 2EI EI 2EI
L ymáx
M

4
1L P
2
y L Para x < 1 L:
x 2
O PL3 + PL2
16EI y= P (4x3 3L2x)
48EI 48EI
1L ymáx
L 2
5
P y Para a > b: Para x < a:
L
a b
b 3/2 θA = Pb(L2 b2)
a Pb (L² b²) 6EIL Pb [x3 (L2 b2)x]
B x y = 6EIL
A B A 9 √3EIL
ymáx
θB = Pa(L2 a2)
xm xm = L2 b² 6EIL Para x = a: y = Pa²b²
L 3 3EIL
6
w
y L 5wL4 + wL3 y= w (x4 2Lx3 + L3x)
x 24EI
O 384EI 24EI

L 1L ymáx
2
7
M y L ML2 θA = + ML M (x ³ L²x)
9√3EI 6EI y=
A B B x 6EIL
O ML
L ymáx θB = 3EI
L √3

Figura 23 - Equação da declividade e linha elástica conforme carregamentos


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

Nesta unidade, estudamos como determinar o valor da declividade e da flecha para


vigas com mais de um carregamento aplicado, por meio do princípio da superposição.
Este princípio também é valido para estruturas estaticamente indeterminadas, então
não deixem de estudar.

424 Deflexão das Vigas por Integração


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Uma viga prismática simplesmente apoiada AB suporta um carregamento distri-


buído uniformemente w por unidade de comprimento, como a Figura a seguir.
Determine a equação da declividade, a equação da linha elástica e a flecha
máxima da viga. Sabe-se que a rigidez flexional é constante.
w

A B

L
Viga prismática simplesmente apoiada AB suporta um carregamento distribuído uniformemente
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

2. Uma viga simplesmente apoiada com balanço, ABC, tem uma carga concentrada
P na extremidade do balanço no ponto C. Para o trecho AB da viga:
a) Deduza a equação da linha elástica.
b) Determine a flexão máxima.
c) Calcular y máx para as informações:

Perfil W = 360x101 I = 301x106mm 4


E = 200GPa P= 220kN
L = 4,50 m a= 1 20m
P

A B
C

L a
Viga simplesmente apoiada com balanço
Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

425
3. Uma viga simplesmente apoiada AB de seção uniforme:
a) Determine a reação de apoio A.
b) Deduza equação da linha elástica.
c) Determinar a rotação do eixo no apoio A.

w0

A B

Viga simplesmente apoiada com carregamento distribuído triangular


Fonte: adaptada de Beer e Johnston Jr. (2006).

426
LIVRO

Fundamentos de Resistência dos materiais


Autor: Antônio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro e Marcos Crivelaro
Editora: LTC
Sinopse: com uma didática que verdadeiramente alia a teoria à prática, Fun-
damentos de Resistência dos Materiais traz aos estudantes e profissionais das
Engenharias todo o estudo introdutório sobre o comportamento de elementos
construtivos sujeitos a esforços, de forma que poderão compreender os con-
teúdos com facilidade. 
São abordados os principais tópicos da disciplina de Resistência dos Materiais,
como as características geométricas de superfícies planas, o equilíbrio estático
de um corpo, os esforços internos solicitantes nos elementos estruturais, as
tensões em barras por forças, as treliças planas isostáticas, as deformações em
barras causadas por força axial, as deformações em barras causadas por variação
de temperatura, as tensões na flexão de barras e a torção em barras circulares.
Tudo isso em uma sequência didática que possibilita um melhor desempenho
no aprendizado dos métodos de aplicação. 
Utilizou-se uma metodologia favorável ao processo de geração de conhecimento
com a qual a conceituação básica das teorias da física é seguida de exercícios
resolvidos, apresentando o passo a passo para encontrar a solução mais apro-
priada. 

427
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. Tradução de Celso Pinto Morais Pereira. 3. ed.
São Paulo: Pearson Makron Books, 2006.

428
1. Diagrama de corpo livre: x
wx 2

A M
D
x V

RA = 1 wL
2

• Reações de apoio:

wL wL
=RA = RB
2 2
• Equação do momento fletor:

1 1
M ( x)  wLx  wx 2
2 2
• Equação diferencial da linha elástica:

d2y 1 1
EI   wx 2  wLx
dx 2
2 2
Integrando duas vezes com a rigidez flexional
dy 1 1
Declividade  EI   wx3  wLx 2  C1
dx 6 4
1 1
Linha elástica  EIy   wx 4  wLx3  C1 x  C2
24 12
• Condições de contorno:

[x = 0, y = 0] [x = L, y = 0]
A B x

429
 x  0, y  0 : Através da Eq. Linha Elástica  C2  0

wL3
 x  L, y  0  : Atraavés da Eq. Linha Elástica  C1 
24

• Equação da declividade
dy 1 1
EI   wx 3  wLx 2  C1
dx 6 4

wx3 wLx 2 wL3


   
6 EI 4 EI 24 EI

• Equação da linha elástica:


1 1
EIy   wx 4  wLx3  C1 x  C2
24 12

1 1 1wL3
EIy   wx 4  wLx3  x0
24 12 24

wx 4 wLx 3 wL3 x
EIy     
24 12 24

w
y
24 EI
  x 4  2 Lx3  L3 x 

• Flecha máxima:

 L  w
 x  2 , ymáx  : y
24 EI
  x 4  2Lx3  L3 x 

w  L L 3 L
 5wL4
4 3

y      2 L    L     
24 EI   2  2  2  384 EI

430
2. Diagrama de corpo livre:

A B
C

RA RB
L a
y P

D
A M
x
a V
RA = P
L
• Reações de apoio:

Pa  a
RA  RB  P 1  
L  L
• Equação do momento fletor:

a
M  P x (0  x  L )
L

• Equação diferencial da linha elástica:

d2y a
EI 2   P x
dx L
Integrando duas vezes com a rigidez flexional:
dy 1 a
Declividade  EI   P x 2  C1
dx 2 L
1 a 3
Linha elástica  EIy   P x  C1 x  C2
6 L

431
• Condições de contorno:

y y
[x = 0, y = 0] [x = L, y = 0] ymáx
E
B
A x A x
B
C C
xm
L a

 x  0, y  0 : Através da Eq. Linha Elástica  C2  0

PaL
 x  L, y  0  : Atraavés da Eq. Linha Elástica  C1 
6

• Equação da linha elástica:

1 a
EIy   P x 3  C1 x  C2
6 L

1 a PaL
EIy   P x 3  x0
6 L 6

PaL 2  x  x  
3

y    
6 EI  L  L  

432
• Flecha máxima:

A flecha é máxima quando a declividade for nula, logo, temos

dy PaL  x 
2

 1  3   
dx 6 EL  L 

PaL  x
2
 L
0 1  3     x  0, 577 L
6 EL  L  3

PaL 2  0, 577 L  0, 577 L  


3

 x  0, 577 L; ymáx   ymáx     


6 EI  L  L  

PaL 2 PaL 2
ymáx 
6 EI
 0, 577  0, 577 33
  0, 0642
EI
Portanto:

ymáx  0, 0642
PaL 2
 0, 0642
 220 x103 N  1, 20m  4, 50m  2

EI  200 x109 N m2 301x106 m4 

ymáx  5, 70 x103 m  5, 7 mm

433
3. Diagrama de corpo livre:

1 x
(w0 )x
2 L 1 x
x w = w0
3 L

A M
D
x V
RA

• Equação do momento fletor:

 1  w x 2  x
M D  0 :  RA x    0    M  0
 2  L  3

w0 x 3
M ( x )  RA x 
6L
• Equação diferencial da linha elástica:

d2y w0 x 3
EI  R A x 
dx 2 6L
Integrando duas vezes:
dy 1 w x4
Declividade  EI  EI   RA x 2  0  C1
dx 2 24 L
1 wx 5
Linha Elástica  EIy  RA x 3  0  C1 x  C2
6 120 L

434
• Condições de contorno:

y
[x = L, θ = 0]
[x = L, y = 0]
[x = 0, y = 0]
x

x  0, y  0  C2  0

1 w L3
x  L,   0  RA L2  0  C1  0
2 24

1 w L4
x  L, y  0  RA L3  0  C1 L  C2  0
6 120

435
• Reações de Apoio em A

1 w L3
RA L2  0  C1  0 *L
2 24

1 w L4 1 w L4
RA L3  0  C1 L  0, logo C1 L   RA L3  0
12 w24L4 2 24
RA L3  0  C1 L  C2  0
6 120

1 w L4
RA L3  0  C1 L  0  0 
6 120

1 w L4 1 w L4
RA L3  0  C1 L  0, logo C1 L   RA L3  0
6 120 6 120
Portanto,

C1 L  C1 L

1 w L4 1 w L4
 RA L3  0   RA L3  0
2 24 6 120

1 1 w L4 w L4
 RA L3  RA L3   0  0
2 6 120 24

1 w L4
 RA L3   0 
3 30

w0 L
RA 
10

436
• Equação da linha elástica

Valor da constante c1
1  w0 L  3 w0 L4
C1 L    L 
2  10  24

w0 L4 w0 L4 w L3
C1 L     C1   0
20 24 120
Equação da linha elástica

1w L w x 5  w L3 
EIy   0  x 3  0   0  x
6  10  120 L  120 
w0
y
120 EIL
  x5  2 L2 x 3  L4 x 

• Rotação no apoio A

dy w0
5 x 4 6 L2 x 2 L4
dx 120 EIL

x 0, temos

w0 w0 L3
A 5 ∙ 04 6 L2 ∙ 02 L4
120 EIL 120 EI

437
438
439
CONCLUSÃO

Chegamos ao final do livro, aqui estudamos as propriedades de figuras planas, em que


determinamos o centroide, o momento de inércia e o raio de giração, onde as primeiras
equações e integrações pareciam trabalhosas, mas serviram para melhorar a linha de
raciocínio e, principalmente, para conhecer as informações que serão utilizadas em todo
o livro.
No decorrer das unidades, aprendemos sobre os tipos de tensões e como determiná-las
por carregamento axial, ou seja, por torção; além de entender a diferença entre material
dúctil e frágil. Foram analisadas as equações para determinar a flexão pura em barras
prismáticas, base para o desenvolvimento das unidades na sequência, principalmente a
base conceitual, e, com isso, foi possível determinar as seções de cisalhamento devido aos
carregamentos transversais.
Com todos esses conteúdos estudados, realizamos a análise das tensões e suas defor-
mações para compreender o comportamento dos componentes das tensões e como se
transformam quando ocorre a rotação dos eixos.
Tudo isso foi importantíssimo para aplicação, pois vimos que devemos estudar a tensão
normal por meio do módulo resistente para realizar a escolha da nossa viga, ou seja, para
podermos elaborar um projeto de viga para o correto dimensionamento, seja na questão
segurança ou na questão economia; e não só a tensão normal, mas também a tensão de
cisalhamento que, principalmente em perfis metálicos, deve-se tomar cuidado.
Para finalizar, estudamos a deflexão em vigas, que é outro critério que deve ser consi-
derado para o dimensionamento de vigas, pois, em situações que ocorre o extrapolamento
do limite da flecha, pode ocorrer o colapso da estrutura ou a perda de equilíbrio.
Para o desenvolvimento de um ótimo engenheiro, não deixe de estudar e de aprimorar
o conhecimento. Mantenha-se sempre no foco de novas conquistas.
Não nascemos sabendo tudo, mas se tivermos iniciativa, conseguiremos alcançar todos
os nossos sonhos!!! Até a próxima!!!

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