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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ANA CAROLINE MAGALHÃES RODRIGUES


FERNANDA MOURÃO DE LIMA
GABRIELA PEREIRA ALVES

ANÁLISE COMPARATIVA TÉCNICA E ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE


FUNDAÇÕES PROFUNDAS: Estaca Hélice Contínua x Tubulão

Coronel Fabriciano
2018
ANA CAROLINE MAGALHÃES RODRIGUES
FERNANDA MOURÃO DE LIMA
GABRIELA PEREIRA ALVES

ANÁLISE COMPARATIVA TÉCNICA E ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE


FUNDAÇÕES PROFUNDAS: Estaca Hélice Contínua x Tubulão

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
do Centro Universitário de Leste de Minas
Gerais como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Euder de Souza Marques

Coronel Fabriciano
2018
ANA CAROLINE MAGALHÃES RODRIGUES
FERNANDA MOURÃO DE LIMA
GABRIELA PEREIRA ALVES

ANÁLISE COMPARATIVA TÉCNICA E ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE


FUNDAÇÕES PROFUNDAS: Estaca Hélice Contínua x Tubulão

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
do Centro Universitário de Leste de Minas
Gerais como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovada em: ___/_____________/____. Por:

Euder de Souza Marques, Esp. – Unileste

Marcos Ribeiro Macedo, Me. – Unileste


RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo a análise comparativa técnica e econômica


das fundações: estaca hélice contínua e tubulão. Para tal, foi feito uma revisão
bibliográfica, considerando as definições das normas técnicas da ABNT, abordando
as fundações profundas em geral. Foram revisadas as características, os processos
executivos e os tipos de solo adequados para a execução de cada fundação, além
de recalques, patologia e dimensionamento da estaca hélice contínua e tubulão.
Para o estudo comparativo, desenvolveu-se um perfil de solo hipotético e estimou-
se, para ambas as fundações em análise, uma carga padrão considerando um
prédio tradicional de 10 pavimentos. A partir destes, as fundações foram
devidamente dimensionadas e orçadas com base nas planilhas do SINAPI, com
referência em janeiro de 2018, tornando possível a comparação econômica. Assim,
foi possível concluir para as condições do solo hipotético e carga considerada, qual
das duas fundações é mais viável técnica e economicamente.

Palavras – chave: Fundações. Estaca hélice contínua. Tubulão. Comparativa.


Econômica.
ABSTRACT

The present work had the objective of comparative technical and economic analysis
of the foundations: continuous propeller cutting and tubulão. For this, a bibliographic
review was made, considering the definitions of ABNT technical norms, addressing
the deep foundations in general. The characteristics, the executive processes and
the types of soil suitable for the execution of each foundation were reviewed, as well
as settlements, pathology and dimensioning of the continuous and tubular prop rod.
For the comparative study, a hypothetical soil profile was developed and a standard
load considering a traditional 10-storey building was estimated for both foundations
under analysis. From these, the foundations were duly sized and budgeted based on
the SINAPI worksheets, with reference in January of 2018, making possible the
economic comparison. Thus, it was possible to conclude for the conditions of the
hypothetical soil and the considered load, which of the two foundations is more
technically and economically viable.

Key - words: Foundations. Continuous propeller cutting. Tubulão. Comparative.


Economical.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
2 FUNDAÇÕES ........................................................................................................... 8
2.1 Fundações Rasas ................................................................................................ 8
2.2 Fundações Profundas ......................................................................................... 8
2.2.1 Estacas .............................................................................................................. 9
2.2.1.1 Estacas Pré-moldadas ................................................................................ 11
2.2.1.1.1 Estaca Pré-moldada de Madeira ................................................................ 12
2.2.1.1.2 Estaca Pré-moldada de Aço ....................................................................... 13
2.2.1.1.3 Estaca Pré-moldada de Concreto .............................................................. 15
2.2.1.2 Estacas Moldadas “IN LOCO” .................................................................... 17
2.2.1.2.1 Estaca tipo Franki ....................................................................................... 18
2.2.1.2.2 Estaca Strauss ........................................................................................... 20
2.2.1.2.3 Estaca Injetada ........................................................................................... 21
2.2.1.2.4 Estaca Ômega ............................................................................................ 23
2.2.1.2.5 Estaca Raiz ................................................................................................ 24
2.2.1.2.6 Estaca Broca .............................................................................................. 26
2.2.1.2.7 Micro Estacas ............................................................................................. 27
2.2.1.2.8 Estaca Escavada com Lama Bentonítica ................................................... 29
2.2.1.2.9 Estaca Barrete Múltiplas............................................................................. 32
2.2.1.2.10 Estacão .................................................................................................... 33
2.2.1.2.11 Estaca Escavada com Trado Helicoidal ................................................... 34
2.2.1.2.12 Estaca Hélice Contínua ............................................................................ 36
2.2.2 Tubulões ......................................................................................................... 40
2.2.2.1 Tubulão a céu aberto .................................................................................. 42
2.2.2.2 Tubulão a ar comprimido............................................................................ 44
3 RECALQUES ......................................................................................................... 47
3.1 Recalques decorrentes de características naturais do solo ......................... 50
3.1.1 Recalque elástico ........................................................................................... 50
3.1.2 Recalque por adensamento........................................................................... 50
3.1.3 Recalque por escoamento lateral ................................................................. 51
3.2 Recalques decorrentes de ações externas ..................................................... 51
3.2.1 Rebaixamento de lençol freático .................................................................. 51
3.2.2 Solos colapsíveis ........................................................................................... 51
3.2.3 Solapamento em consequência de infiltrações........................................... 52
3.2.4 Solos expansivos ........................................................................................... 52
3.2.5 Efeito da termoosmose .................................................................................. 52
3.2.6 Outras causas................................................................................................. 53
3.3 Recalques admissíveis ..................................................................................... 53
3.4 Estabilização de recalque ................................................................................. 54
4 PATOLOGIAS ........................................................................................................ 56
4.1 Caracterização e comportamento do solo ...................................................... 57
4.2 Análises e projeto de fundações ..................................................................... 57
4.3 Execução............................................................................................................ 58
4.4 Eventos pós-conclusão das fundações .......................................................... 60
4.4.1 Alterações no carregamento próprio da estrutura ...................................... 60
4.4.2 Movimento da massa do solo ....................................................................... 60
4.4.3 Vibrações e choques...................................................................................... 61
4.5 Degradações dos materiais constituintes das fundações............................. 61
4.5.1 Concreto.......................................................................................................... 61
4.5.2 Aço................................................................................................................... 62
4.5.3 Madeira ............................................................................................................ 64
5 DIMENSIONAMENTO DO TUBULÃO ................................................................... 65
5.1 Capacidade de carga ........................................................................................ 65
5.2 Cálculo da Base ................................................................................................. 66
5.3 Cálculo do Fuste ............................................................................................... 68
5.4 Cálculo da Armação .......................................................................................... 68
6 DIMENSIONAMENTO DA ESTACA...................................................................... 70
6.1 Cálculo do Fuste ............................................................................................... 70
6.2 Capacidade de carga ........................................................................................ 71
6.2.1 Realização de Provas de Cargas .................................................................. 71
6.2.1.1 Método estático ........................................................................................... 71
6.2.1.2 Ensaio de placas ......................................................................................... 72
6.2.1.3 Método dinâmico ......................................................................................... 73
6.2.2 Métodos Semi Empíricos ............................................................................... 74
6.2.2.1 Método Decourt e Quaresma...................................................................... 75
6.3 Número de estacas ........................................................................................... 77
6.4 Cálculo da Armação .......................................................................................... 78
7 METODOLOGIA .................................................................................................... 79
7.1 Determinação da carga no pilar ....................................................................... 79
7.2 Análise do solo .................................................................................................. 79
7.3 Dimensionamento do tubulão .......................................................................... 81
7.3.1 Determinação da capacidade de carga do solo........................................... 81
7.3.2 Cálculo da base .............................................................................................. 81
7.3.3 Cálculo do fuste ............................................................................................. 82
7.3.4 Cálculo da armação........................................................................................ 82
7.3.5 Representação do tubulão ............................................................................ 84
7.4 Dimensionamento da estaca ............................................................................ 85
7.4.1 Cálculo do fuste ............................................................................................. 86
7.4.2 Cálculo da capacidade de carga estrutural.................................................. 86
7.4.3 Determinação da capacidade de carga do solo........................................... 87
7.4.4 Determinação da armação ............................................................................. 88
7.4.5 Representação da estaca .............................................................................. 89
7.5 Análise econômica ............................................................................................ 91
8 RESULTADOS ....................................................................................................... 94
9 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 95
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 96
6

1 INTRODUÇÃO

Diante da crescente evolução da engenharia de fundações no Brasil, o alto


índice de crescimento da tecnologia e as constantes inovações, procurando cada
vez mais melhorar o desempenho na execução de fundações, este trabalho tem o
intuito de comparar a aplicabilidade das fundações profundas: estaca hélice contínua
e tubulão, através de um estudo, analisando-as técnica e economicamente.
Nele se encontra uma ampla revisão bibliográfica, abordando as fundações
profundas, os tipos de estacas, tanto as pré-moldadas como as moldadas in loco e
tubulões, abordando quais tipos de solos são mais viáveis, suas vantagens e
desvantagens e o processo de execução. Em estaca hélice contínua e tubulão além
dos tópicos citados acima, detalha-se as etapas de execução, perfuração e
concretagem dos mesmos.
No item 3, aborda os recalques decorrentes de características naturais do
solo, de ações externas, de consequência das infiltrações e expansão do solo e
outras causas. A classificação das fissuras, a intensidade dos danos causados nas
estruturas eos tipos de estabilização.
O item 4 explica o quão é importante a execução de patologias nas
fundações, considerando que através dela que há a prevenção de recalques e
futuros gastos que poderão vir, caso sua execução não seja feita de maneira
correta. Os requisitos mínimos de qualidade. E evidencia eventos que podem
ocorrer mesmo após um adequado planejamento, execução e monitoramento.
Nos itens 5 e 6 são apresentados como é dimensionado o tubulão a céu
aberto e a estaca hélice contínua, utilizando o ensaio SPT, o método de Decourt e
Quaresma para cálculo das resistências de ponta e lateral da estaca, cálculo da
base, do fuste e as armações, utilizando como referência o livro de Allonso (2010) e
as NBRs 6122:2010 e 6118:2014.
Em metodologia, encontra-se passo a passo dos cálculos realizados, para o
dimensionamento do tubulão e as estacas, a representação dos mesmos e o
orçamento realizado, para comparação da análise econômica, de acordo com
planilha do SINAPI.
Em resultados, encontra-se, uma análise de desempenho das estacas hélice
contínua e tubulão e um gráfico que compara os custos para execução das mesmas,
7

evidenciando qual delas é mais econômica. E no item 9, qual conclusão os autores


chegaram diante de todo o estudo em questão, apresentando qual fundação é mais
viável sua execução diante do perfil geotécnico e a carga permanente hipotéticos em
estudo.
8

2 FUNDAÇÕES

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), para iniciar a elaboração de um projeto


é preciso fazer um reconhecimento inicial do local e ter uma prévia do desempenho
das fundações a partir de uma investigação geológica e geotécnica. Através dessas,
é levado em consideração a topografia, os indícios de instabilidade e contaminação
do solo, o estado das construções vizinhas e peculiaridades da área.
Posteriormente, é realizado o boletim de sondagem do solo, para finalmente realizar
a escolha da fundação a ser adotada. São dois tipos de fundações: a rasa (ou curta)
e a profunda.

2.1 Fundações Rasas

As fundações diretas (rasas) são aplicadas inferiores às duas primeiras


camadas do solo quando o número de golpes for maior ou igual a 8 e for
aumentando ao longo da profundidade. As cargas são transmitidas para o solo
através das tensões sob a base da fundação. São exemplos desta: blocos de
fundação superficial e sapatas (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010;
REBELLO, 2008).
Fundação superficial (rasa ou direta) é o elemento de fundação em que a
carga é transmitida ao terreno pelas tensões distribuídas sob a base da
fundação, e a profundidade de assentamento em relação ao terreno
adjacente à fundação é inferior a duas vezes a menor dimensão da
fundação (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010,p. 2).

2.2 Fundações Profundas

As fundações profundas são utilizadas em solos cujo o número de golpes do


boletim de sondagem for maior ou igual a 8 em profundidades superiores a 3,0m.
Transmite a carga ao terreno por resistência de ponta (base); resistência do fuste
(superfície lateral) ou pela combinação dos dois. As estacas e tubulões são
exemplos deste tipo de fundação (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010;
REBELLO, 2008).
A NBR 6122 (ABNT, 2010) explica que a fundação profunda serve como
elemento de transmissão de cargas para o solo através da base, do fuste ou pela
combinação de ambos e, que, deve estar assentada excepcionalmente em
9

profundidades relativas ao dobro de sua dimensão em planta e fundura mínima de


3,0 m.

2.2.1 Estacas

De acordo com Scallet (2011), as estacas são estruturas esbeltas, com


seções transversais reduzidas em relação ao seu comprimento. Podem ser cravadas
ou perfuradas. Tem como finalidade suportar e transmitir as cargas verticais ou
inclinadas de um edifício para as camadas mais profundas do solo. Ressalta ainda,
que são utilizadas quando não é economicamente viável o emprego de fundações
diretas ou rasas.
A NBR 6122 (2010, p. 24) informa que, para projetos por estacas a grandeza
fundamental é “[...] a carga admissível (projetos feitos em termos de valores
característicos) ou a carga resistente de projeto (quando é feito em termos de
valores de projeto)".
Barros (2011, p.12, grifo do autor) realça que, as estacas são essenciais para
transmitir cargas para camadas mais profundas, conter empuxos laterais (em
estacas pranchas) e compactar terrenos. "[...] podem ser divididas em estacas de
atrito ou estacas de suporte, tanto as pré-moldadas como moldadas in loco". De
atrito não chegam a penetrar ou encostar-se às camadas mais duras, apoiando-se
apenas pelo atrito lateral entre as paredes da estaca e o solo. Já as de suporte,
encostam ou penetram em camadas mais resistentes, realizando a transferência das
cargas para o solo.
Estaca é o elemento de fundação profunda executado inteiramente por
equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua
execução, haja descida de pessoas. Os materiais empregados podem ser:
madeira, aço, concreto pré-moldado (Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2010, p.3).

Segundo Scallet (2011), as estacas podem ser classificadas em pré-moldadas


e moldadas in-loco ou classificadas de acordo com o efeito que causam no solo no
momento de execução como: de deslocamento, de substituição e sem
deslocamento:
• “De deslocamento: [...] são introduzidas no solo através de um
processo sem a retirada do solo” (SCALLET, 2011, p.34, apud HACHICH et al,
1996);
10

• “De substituição: [...] o solo é removido do local que vai ser ocupado
pela estaca” (SCALLET, 2011, p.34, apud HACHICH et al, 1996);
• “Sem deslocamento: [...] não há praticamente remoção do solo na
ocasião da concretagem” (SCALLET, 2011, p.34, apud VELLOSO e LOPES, 2010).
A Quadro 1 a seguir, apresenta os efeitos de deslocamento do solo que cada
tipo de estaca proporciona.

Quadro 1 - Tipos de execução para cada tipo de estaca.


Tipo de execução Estacas

Madeira

Pré-moldadas de concreto

Grande Tubos de aço de ponta fechada

Tipo Franki

De deslocamento
Microestacas injetadas

Perfis de aço

Tubos de aço de ponta aberta (sem


Pequeno
embuchamento na cravação)

Estacas hélice especiais (deslocamento)

Escavadas com revestimento metálico


perdido que avança à frente da escavação
Sem deslocamento

Estacas raiz

Escavadas sem revestimento ou com uso de


lama

De substituição
Stauss

Estaca hélice contínua em geral

Fonte: Scallet (2011,apud VELLOSO E LOPES, 2010).

Há a classificação de acordo com a característica do solo: quando ocorre a


transferência da carga por atrito lateral “[...] em solos granulares muito permeáveis
11

ou de compactação”; quando transferem as cargas por atrito lateral, sem


compactação “em solos finos de baixa permeabilidade ou fundações em estacas
flutuantes” e/ou quando as cargas são transferidas “[...] para uma camada de solo
resistente a uma profundidade abaixo da base” (SCALLET, 2011, p.35, apud
TERZAGHI e PECK, 1967).
Segundo Scallet (2011, apud HACHICH et al, 1996), em solos argilosos muito
moles, é mais difícil utilizar estacas moldadas de concreto. Estacas pré-moldadas de
concreto podem ser ruins ou até inviáveis em solos mais resistentes, compactos ou
com presença de pedregulhos, dificultando a cravação da mesma. A presença de
matacões em solos pode dificultar e/ou impedir a cravação de estacas. Estacas de
concreto moldadas in-loco sem revestimentos ou com lama são de difícil execução
em solos com existência de água. As estacas mais lisas e/ou betuminosas são
indicadas para execução em aterros novos, construídos sobre solos de camadas
moles, onde há a presença considerável de atrito negativo.

2.2.1.1 Estacas Pré-moldadas

Segundo Barros (2011), estaca pré-moldada é uma fundação profunda, com


peças estruturais do tipo barra. Cravada no solo por percussão até que ocorra a
nega, processo em que a peça não penetra mais no solo, ou seja, irrelevante sua
penetração.
Rebello (2008) afirma que este tipo de estaca é fornecido por indústrias, já
pronto para utilização e, são cravadas no solo pelo equipamento denominado bate-
estaca.
São conhecidas também, como estacas de deslocamento. Subdivididas em
três tipos de elementos estruturais, sendo eles, madeira, aço ou concreto. Podem
ser constituídas com apenas um elemento estrutural ou misto. Neste último caso,
permitido apenas a utilização de dois elementos estruturais por vez (REBELLO,
2008).
Barros (2011) destaca que, o elemento estrutural de concreto é o mais
utilizado.
12

2.2.1.1.1 Estaca Pré-moldada de Madeira

Segundo Miná (2005), uma estaca pré-moldada de madeira (Figura 1) nada


mais é que o tronco de uma árvore, longo e reto, utilizado para suportar cargas de
uma estrutura. Sua utilização é mais viável em locais onde o nível d’água não sofra
variação e, que estejam totalmente submersas no período de vida útil (MELHADO
et. al, 2002).

Figura 1 - Estacas de madeira

Fonte: Barros, online.

Estacas de madeira são muito utilizadas em obras temporárias, como


cimbramento de pontes, devido ao fator de deterioração e, ao déficit de madeira de
boa qualidade. Tornando assim irrealizável economicamente para utilização
permanente. A madeira mais utilizada no Brasil para obras temporárias é o
eucalipto e, para obras permanentes, utiliza-se a peroba, a aroeira, a maçaranduba,
o ipê e outras (HACHICH et al.,1998; REBELLO,2008).
A interação que ocorre entre solo e madeira gera um coeficiente de atrito que
se aproxima “[...] da tangente do ângulo de atrito interno efetivo do solo”, derivados
da “[...] combinação entre o volume da estaca, deslocamento do solo e penetração
de grãos na madeira”, em solos não coesivos. Destaca-se que as estacas de
madeira são apropriadas em solos granulares para utilização como estacas de atrito
(MINÁ, 2005, p.18).
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), a ponta e o topo de uma estaca de
madeira, devem ter diâmetros maiores que 15 cm e 25 cm, respectivamente. O topo
deve ser protegido para minimizar danos durante a cravação e, quando tiver que
13

penetrar ou atravessar camadas mais resistentes, é necessário o uso de ponteiras


de aço nas pontas.
A carga admissível das estacas de madeira, do ponto de vista estrutural,
depende do diâmetro da seção média da estaca, bem como do tipo de
madeira empregada. Entretanto, costuma-se adotar como ordem de
grandeza os valores apresentados na Tabela 1. (HACHICH et. al., 1998,
p.375).

Tabela 1 – Cargas Admissíveis normalmente utilizadas em estacas de madeira.

Diâmetro (cm) Carga (kN)


20 150
25 200
30 300
35 400
40 500

Fonte: Hachich et al. (2017).

2.2.1.1.2 Estaca Pré-moldada de Aço

Segundo Gonçalves (2008), os perfis mais utilizados para estacas metálicas


são: H (laminado ou soldado); duplo I (laminado ou soldado dois a dois); tubos de
aço e trilhos.
• H: além de penetrar com facilidade na hora da cravação, possuem
mesma inércia nas principais direções.
• I: muito comum, com características similares aos perfis H.
• Tubos de aço: possuem seção circular, quadrada ou retangular,
paredes com espessura maiores que 5mm, e na cravação pode utilizar
ou não ponteiras.
• Trilhos: muito reaproveitado de linhas férreas, além de ter baixo custo
comparado a outros perfis. Pode ser simples ou composto.
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), as estacas metálicas são constituídas
por perfis de aço, laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapa
dobrada ou calandrada, tubos (com ou sem costura) e trilhos, seção I ou H (Figura
2), circular, quadrado ou retangular. Podem ser cravadas por percussão, prensagem
ou vibração, e a escolha é feita de acordo com o tipo, dimensão da estaca,
características do solo e do projeto, condições e peculiaridades do local.
14

Figura 2 - Estaca metálica.

Fonte: Serki, online.

Em solos mais compactos, as estacas de aço (ou metálicas), levam vantagem


pois, no momento de cravação, a vibração é baixa, não afetando as demais estacas
vizinhas existentes. Atuam como contenção em divisas na escavação e, em seguida,
como estrutura de fundação, dispensando a necessidade de vigas de equilíbrio. Em
solos com pouca resistência, não é recomendado seu uso, devido ao fato de ocorrer
“[...] encurvamento de seu eixo em decorrência da instabilidade dinâmica direcional”.
O contato com solos muito rochosos com inclinação pode ocorrer desvios
(GONÇALVES, 2008, p.12).
Utilizadas em situações onde as estacas de concreto não são possíveis,
como é o caso de locais muito próximos a obras já existentes e sensíveis
(monumentos históricos) e quando é necessário atravessar camadas de solo com
atrito alto. Agem como elemento de contenção do solo, na execução de subsolos em
edifícios, por conterem grande capacidade para cargas verticais, horizontais e
momento fletor, em perfis metálicos I ou H (HACHICH et al.,1998; REBELLO, 2008).
A Figura 3 seguir explica a execução de estaqueamento em estacas pré-
moldadas e metálicas:
15

Figura 3 - Método executivo das estacas pré-moldadas e metálicas.

Fonte: Serki, online.

2.2.1.1.3 Estaca Pré-moldada de Concreto

Conforme a NBR 6122 (ABNT, 2010), este tipo de estaca pode ser de
concreto armado ou protendido, vibrado ou centrifugado, com qualquer forma
geométrica da seção transversal.
Segundo Christan (2012), apresentam como vantagem: estabilidade em
camadas de solos muito moles, concreto livre dos agentes agressivos na cura e fácil
controle da concretagem, gerando boa qualidade do concreto. Melhado et.al (2002)
destaca que, este tipo de estaca requer uma fabricação por partes, com
comprimento limitado, para que sejam transportadas com eficiência. Como
consequência, geram grandes estoques, e necessitam de armaduras especiais para
transportá-las e içá-las.
Outras desvantagens encontradas são: difícil adaptação à terrenos variáveis e
solos compactos, especialmente em areias compactas, principalmente na cravação
(CHRISTAN, 2012). Para Rebello (2008), as estacas de concreto foram as mais
utilizadas durante anos, mas, nos dias de hoje, estão sendo substituídas, em
16

algumas situações, por outros tipos de fundações mais realizáveis economicamente


e tecnicamente.
Na fabricação por centrifugação, a fôrma é posta para girar à uma certa
velocidade, fazendo com que a força centrífuga adense e provoque a massa de
concreto, posicionando o concreto na periferia da estaca, dando origem a estacas
vazadas no interior, conforme Figura 4 (REBELLO, 2008).

Figura 4 - Modelo de estaca pré-moldada de concreto vazada.

Fonte: Serki, online

Pode se cravar uma estaca de concreto, de acordo com a NBR 6122 (ABNT,
2010, p. 41) “[...] por percussão, prensagem ou vibração. A escolha deve ser feita de
acordo com o tipo, dimensão da estaca, características do solo, condições de
vizinhança, características do projeto e peculiaridades do local”. A Figura 5
demonstra como é cravada a estaca pré-moldada de concreto:
17

Figura 5 -Cravação da estaca pré-moldada de concreto.

Fonte: Escola Engenharia, online.

2.2.1.2 Estacas Moldadas “IN LOCO”

Segundo Rebello (2008), as estacas moldadas "in loco" são executadas por
um furo no solo, com equipamento adequado e preenchimento do furo com concreto
armado ou não.
“Estaca de concreto moldadas in loco são executadas, preenchendo-se, com
concreto ou argamassa, perfurações previamente executadas no terreno”, conforme
Figura 6 a seguir (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010,
p.3):
18

Figura 6 - Execução das estacas escavadas.

Fonte: Brasfond, online.

A execução de uma estaca moldada in loco é mais lenta comparada às pré-


moldadas, devido ao fato que, no processo inicial é necessário escavar e montar
fôrmas para concretagem. Ela é muito utilizada em casos que se encontram rochas
no solo, causando a necessidade de perfurar em locais onde há difícil acesso de
equipamentos para cravação (FANTI, 2007).

2.2.1.2.1 Estaca tipo Franki

Moldada in loco, de concreto armado, podem ser aplicadas a qualquer tipo de


solo e abaixo do nível da água. São recomendadas em casos onde a camada
resistente encontra-se em profundidades variáveis, permitindo assim, atingir o
comprimento desejado, podendo alcançar grandes profundidades. A existência da
base alargada aumenta a capacidade de carga da estaca (HACHICH et al.,1998;
REBELLO, 2008).
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010) são executadas através de uma
cravação de um tubo por meio de sucessivos golpes de um pilão em uma bucha
seca de pedra e areia aderida ao tubo, conforme Figuras 7 e 8 a seguir:
19

Figura 7 - Processo executivo das estacas Franki.

Fonte: Sites Google, online.

Figura 8 – Execução de uma estaca Franki.

Fonte: Daldegan (2017).

“Seus maiores inconvenientes dizem respeito à vibração do solo durante a


execução, área necessária ao bate-estacas e possibilidades de alterações do
concreto do fuste, por deficiência do controle [...]” (MELHADO et al., 2002, p. 22).
20

2.2.1.2.2 Estaca Strauss

Transmite as cargas para o solo por atrito entre parede/solo, tornando


secundário a transmissão pela ponta. Não se recomendado uso abaixo do lençol
freático, mas caso seja necessário, deve-se tomar cuidado e considerar 30% a
menos da capacidade de carga da estaca (REBELLO, 2008). Melhado et al. (2002,
p.20) afirma que podem ser utilizadas em “[...] locais confinados e terrenos
acidentados”, e que não ocorre vibração na execução, tornando-se exequível em
locais próximos a residências.
A NBR 6122 (ABNT, 2010, p.4) define a estaca Strauss, “como estaca
executada por perfuração do solo com uma sonda ou piteira e revestimento total
com camisa metálica [...]”. O concreto é lançado e, posteriormente, vai retirando o
revestimento com apiloamento do concreto.
E um tipo de estaca moldada no solo que requer equipamento relativamente
simples: um tripé com guincho, um pequeno pilão, uma ferramenta de escavação, e
tubos de revestimento. A qualidade depende apenas de como ocorre a execução.
(LOPES e VELLOSO, 2010).
Segundo REBELLO (2008), executa um furo, mecanicamente, com o balde
Strauss (cilindro de aço), que é ligado a cabos por motor e lançado de um tripé à
uma altura aproximada de 4 metros. Após atingir a cota que a estaca será apoiada,
procede com a concretagem, tomando cuidado, para que não ocorra
estrangulamento da estaca, e o concreto adense adequadamente, preenchendo os
vazios. Segue nas Figuras 9 e 10 o processo de execução da estaca Strauss:

Figura 9 – Processo executivo da estaca Strauss.

Fonte: Nakamura(2013).
21

Figura 10 - Execução da estaca Strauss.

Fonte: Escola Engenharia, online.

2.2.1.2.3 Estaca Injetada

É recomendada para obras com dificuldade de acesso para o equipamento de


cravação, pois emprega equipamento com pequenas dimensões (altura de
aproximadamente 2m). Pode, por meio de ferramentas especiais, atravessa terrenos
de qualquer natureza, inclusive alvenarias, concreto armado, rochas ou matacões.
Também são utilizados como elemento de melhoramento do solo, sendo uma
espécie de reforço do solo de fundação. Apresentam resistência a tração e
compressão iguais, podendo ser usadas como tirantes. São indicadas para
estabilização de taludes e na execução de arrimos (HACHICH et al.,1998;
REBELLO, 2008).
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010) é executada através de injeção sob
pressão de produto aglutinante, normalmente calda de cimento ou argamassa de
cimento e areia, onde se procura garantir a integridade do fuste ou aumentar a
resistência de atrito lateral, de ponta ou ambas. Esta injeção pode ser feita durante
ou após a instalação da estaca.
Através das Figuras 11 e 12 pode ser mais bem compreendida a execução da
estaca injetada:
22

Figura 11 - Execução da estaca injetada.

Fonte: Sites Google, online.

Figura 12 - Representação da execução da estaca injetada.

Fonte: Sites Google, online.


23

2.2.1.2.4 Estaca Ômega

Segundo Almeida Neto (2002) é uma estaca de duplo deslocamento, com


ocorrência na perfuração e na concretagem. É representada na Figura 13 a seguir,
sua execução:

Figura 13 - Execução da estaca ômega.

Fonte: Sites Google, online.

Constituída por “[...] processo de aparafusamento do solo”, onde um longo


parafuso substitui o solo na medida em que for ocorrendo a escavação. É executada
(Figura 14 a seguir) similar ao processo da estaca hélice contínua, por perfuração,
concretagem e armação, salvo que difere na fase de perfuração. Nessa fase, a
cravação no terreno é realizada por um parafuso rotacionado, com aplicação de
torque, para que ultrapasse o solo e chegue à camada desejada (ALMEIDA NETO,
2002, p.15).
24

Figura 14 - Representação da execução da estaca ômega.

Fonte: Sites Google, online.

Como efeito de execução, o solo é compactado e aderido ao fuste. Apresenta


maior inviabilidade em solos muito resistentes, devido à necessidade de utilização
de máquinas com torque muito elevado. Como vantagens, não originam vibrações
ou ruídos, possui alta produtividade e é aplicada por monitoramento eletrônico.

2.2.1.2.5 Estaca Raiz

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010) estacas raiz são estacas que se aplicam
injeções ar comprimidas imediatamente após a moldagem do fuste e no topo do
mesmo, conforme figura 15, a seguir:
25

Figura 15 - Representação da execução da estaca raiz.

Fonte: Sites Google, online.

Usam baixas pressões (inferiores a 0,5 Mpa) que apenas garantem a


integridade da estaca. Geralmente são armadas com barra de aço. O diâmetro varia
entre 8 cm e 40cm, para ações compreendidas entre 100KN a 1000KN. Etapas de
execução da estaca raiz:
• Perfuração se processa com um tubo de revestimento;
• O material escavado é eliminado por uma corrente fluida (água, lama
bentonítica ou ar) que, introduzida por meio do tubo, reflui pelo espaço
entre o tubo e o terreno;
• Coloca-se a armadura e concreta-se à medida que o tubo de
perfuração é retirado;
Utilizadas em áreas reduzidas, locais com dificuldade para acesso, onde há
matacões, rochas ou concretos ou existem cavernas ou vazios e áreas com
inviabilidade de ruídos ou vibrações. Rebello (2008, p.86) diz que, as estacas raiz
“[...] podem atravessar maciços rochosos”, neste caso, utilizando o tricone, um
equipamento com pastilhas de vídia ou diamante. Atuam como reforço, contenção
lateral, em situações cujo os esforços horizontais são expressivos à fundação e
quando há solicitação de tração do topo das estacas (MELHADO et al.,2002).
26

2.2.1.2.6 Estaca Broca

As brocas são executadas através da perfuração de valas no solo com a


ajuda do trado, um elemento contido de quatro facas, que formam um recipiente
atado a tubos de aço galvanizado. “[...] os tubos são divididos em partes de 1,20m
de comprimento e à medida que se prossegue a escavação eles vão sendo
sucessivamente emendados”. O tubo é rotacionado e comprimido e posteriormente
retira-se a terra armazenada no equipamento (MELHADO et al, 2002, p.19). Após
todo esse processo realiza-se a concretagem. Ao contrário de outros exemplos de
estacas, o processo é todo realizado manualmente (BARROS, 2011).
Segundo Rebello (2008), não se recomenda utilizar esta estaca em
profundidades superiores a 6m, para garantir sua qualidade ou abaixo do nível
d’água por prejudicar a concretagem.
Melhado et al (2002) afirma que a broca só é viável em solos com capacidade
de carga baixa, em situações limitadas e que são executadas habitualmente por
funcionários da obra. A Figura 16 mostra as fases de execução da Estaca Broca e a
Figura 17 mostra o processo de concretagem.

Figura 16 - Representação da execução da estaca broca.

Fonte: Site Meia Colher, online.


27

Figura 17 - Concretagem da estaca broca.

Fonte: Blog Aprender Engenharia,online.

2.2.1.2.7 Micro Estacas

Estacas com pequenos diâmetros, que variam de 80mm a 250mm, e


profundidades entre 15 a 30m, são bem menores que as usuais. Suportam maior
tensão devido a área ser consideravelmente menor, comparadas à outras estacas
(SACADURA, 2009).
Na figura 18, a seguir, pode ser observado o porte de uma edificação na qual
foi utilizada a microestaca.
28

Figura 18 - Obra executada por microestacas.

Fonte: Construtora JK, online.

Apresentam como vantagens, segundo Sacadura (2009, p.4), alta capacidade


de carga em assentamentos de pequeno porte; fácil perfuração em “[...] estratos
rochosos, pedregosos ou muito brandos”. Se ocupam em diversos solos devido a
capacidade de absorção de carga em tudo quanto é direção espacial. E são
utilizadas em situações que é preciso trabalhar com atrito lateral.
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010) é executada através de perfuração
rotativa com tubos metálicos (revestimentos) ou rotopercussiva por dentro dos tubos.
No caso de matacão ou rocha, é armada com tubo metálico. A estaca comporta
duas variantes com relação à armadura, na primeira, introduz-se um tubo metálico
com função estrutural, dotado de manchetes para a injeção. E, na segunda é
constituída de barras (ou gaiolas) onde a injeção é feita através de um tubo plástico
também dotado de manchetes. Etapas de execução de micro estacas (HACHICH et
al.,1998; REBELLO, 2008):
• Perfuração com auxílio de circulação d’água;
• Instalação do tubo manchete;
• Execução da bainha;
• Injeção de calda de cimento, válvula por válvula com altas pressões;
• Vedação do tubo-manchete com eventual complemento de armadura.
29

2.2.1.2.8 Estaca Escavada com Lama Bentonítica

De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), são estacas escavadas com a
utilização de fluido estabilizante, geralmente lama bentonítica como na questão em
estudo, ou também de polímero sintético, para suportar as paredes da perfuração. A
concretagem é submersa, com o concreto expulsando o fluido estabilizante para fora
do furo, conforme Figura 19. As estacas podem ter seções circulares (também
denominadas estações), retangulares (também denominadas barretes) ou parede-
diafragma, quando contínuas.

Figura 19: Execução da estaca broca.

Fonte: Marini(2007).

As estacas escavadas e barretes podem transformar rochas moles em lamas,


solos arenosos e pedregulhos podem ficar fofos, solos compressíveis podem sofrer
“susceptíveis estrangulamentos da seção” e ainda, se torna impraticável abaixo do
lençol freático, pois a água pode causar danos ao concreto e alterar a capacidade de
carga da estaca (MELHADO et al., 2002).
Segundo Velloso e Lopes (2010), a bentonita é uma argila composta por
minerais do grupo da montmorilonita. No Brasil, quase toda bentonita utilizada
provém de depósitos naturais localizados no estado do Paraíba. São caracterizadas
30

por um brilho semelhante ao brilho de ceras ou pérolas. Em estado natural, se


encontra em forma cálcica, sendo realizado seu processamento para que tenha
forma sódica, necessária ao preparo da bentonita.
A NBR 6122 (ABNT, 2010) define a lama bentonítica como uma lama formada
pela mistura de bentonita com água limpa, em misturadores de alta turbulência, com
uma concentração variável em função de viscosidade e densidade que se pretende
obter. Após a mistura, a lama bentonítica deve ficar em repouso por 12 h para sua
plena hidratação e deve possuir as características indicadas na Tabela 2.

Tabela 2 - Lama bentonítica.

Propriedades Valores Equipamentos para ensaio


Densidade 1,025 g/cm³ a 1,10 g/cm³ Densímetro
Viscosidade 30 s a 90 s Funil March
Ph 7 a 11 Indicador de Ph
Teor de areia Até 3% Baroidsand contente ou similar

Fonte: NBR 6122 (ABNT, 2010).

Saes (1998, p.349) define 3 características muito importantes da lama


bentonítica. São elas:
• Estabilidade que se traduz pela não decantação das partículas de
bentonita por um longo período;
• Capacidade de formar rapidamente sobre uma superfície porosa uma
película impermeável (“cake”);
• Tixotropia que consiste na capacidade reversível de torna-se líquida
quando agitada ou bombeada e de gelificar (estrutura “castelo de
cartas”) quando cessado o movimento.

Segundo Saes (1998, p.349-350), a lama bentonítica tem, durante o processo


de concretagem, as seguintes funções:
• Conter o fundo e as paredes da escavação pela ação de uma pressão
hidrostática sobre as mesmas. Para que isso aconteça, é necessário a
rápida formação do “cake”. Sob ação do fluxo de lama do interior para
fora da escavação, as partículas de bentonita hidratada vão colmatando
os vazios do solo formando a película impermeável (“cake”);
• Ser facilmente deslocada e substituída pelo concreto;
• Manter os resíduos da escavação em suspensão, evitando sua
disposição no fundo da mesma ou das tubulações;
• Ser facilmente bombeável.

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), o primeiro passo para a escavação da


estaca é a cravação da camisa metálica, que dever ter pelo menos 1 m de
comprimento e 5 cm de diâmetro a mais que a estaca desejada. A escavação deve
31

ser contínua e simultânea ao lançamento da lama bentonítica, sem interrupções, e


deve ser observado o nível da lama bentonítica, a qual deve permanecer o mínimo
de 1,5 m acima do nível de água.
Após a escavação, é necessária a limpeza do fundo da estaca, na qual
geralmente se encontra uma pasta densa e viscosa formada pelas partículas mais
grossas do solo que foram incorporadas à lama bentonítica durante sua aplicação,
implicando em sedimentação e contaminação de parcela da lama. A limpeza é feita
por meio de bombeamento da parte contaminada e sua reposição por lama com
características dentro dos limites fixados por norma (SAES, 1998).
Após a colocação da armadura é feita a concretagem da estaca. Geralmente,
é utilizado o processo da tremonha, de acordo com Figura 20 que consiste em um
sistema de tubos rosqueados com um funil em sua extremidade superior. A
extremidade inferior é mergulhada até o fim da escavação e, para impedir a entrada
do fluido em seu interior, é engatada uma bola plástica que serve como uma tampa,
a qual será expulsa no início da concretagem (VELLOSO e LOPES, 2010).

Figura 20 - Representação da concretagem da estaca com a utilização da tremonha.

Fonte: Souza e Júnior (2010).

Segundo Velloso e Lopes (2010), a concretagem deve ser feita de forma


submersa, contínua e até acima da cota de arrasamento, no mínimo 50 cm ou o
valor do diâmetro da estaca. É indispensável o monitoramento e registro do
processo.
A NBR 6122 (ABNT, 2010) estabelece que o concreto utilizado deve obedecer
aos seguintes requisitos:
• Consumo de cimento mínimo de 400 kg/m³;
32

• Abatimento ou slumptestigual a (22 ± 3) cm segundo a NBR NM 67


(ABNT, 1998);
• Fator água cimento ≤ 0,6;
• Dimensão máxima do agregado: 19 mm (brita 1);
• % de argamassa em massa: ≥ 55%;
• Traço tipo bombeado;
• Fck≥ 20Mpa.

2.2.1.2.9 Estaca Barrete Múltiplas

A NBR 6122 (ABNT, 2010) define a estaca barrete como um tipo alongado de
estaca escavada com uso de lama bentonítica. A Figura 21 representa aplicação de
fluido estabilizante a base de polímero.

Figura 21 - Representação da aplicação do fluido estabilizante.

Fonte: Costa Fortuna (2009).

De acordo com Melhado et al (2002, p.25) possuem seção retangular, são


executadas por escavação, com lama bentonítica ou “[...] guindaste acoplado com
‘clamshell’”. Devido serem retangulares, apresentam melhor encaixe em espaços
restritos de pavimentos de garagens. Na escavação, em solos arenosos e com
presença de pedregulhos pode ocorrer afofamento ou transformação de rochas
moles em lamas, sendo assim, desvantajosa sua utilização para tais situações.
33

Suportam cargas altas e o solo escavado pode ser monitorado na fase de execução,
podendo assim, ser comparados com possíveis dados já existentes.
As estacas deste tipo podem alcançar 70 m de profundidade e serem usadas
para substituir tubulões a ar comprimido. Além de alcançar grandes vãos, também
tem como vantagem a ausência de vibrações durante sua execução (REBELLO,
2008). A Figura 22, a seguir, representa a execução da estaca Barrete Múltipla:

Figura 22 - Representação da execução da estaca barrete múltipla.

Fonte: Sites.Google, online.

2.2.1.2.10 Estacão

Conhecidas também como Estacas Escavadas de Grande Diâmetro, os


estacões são fundações especiais executadas na ocorrência de cargas elevadas,
podem ser escavadas ou perfuradas por rotação, com emprego de lama bentonítica
ou polímero, aplicados simultaneamente. Seus diâmetros variam entre 70cm a
250cm podendo atingir profundidades de até 70 metros (REBELLO, 2008).
Segundo Rebello (2008), crava-se um tubo de 1,5 a 2m de comprimento e
diâmetro de 10 cm maior que o da estaca. Ao mesmo tempo que ocorre a
escavação, a lama bentonítica é lançada, tendo como função estabilizar o solo em
torno da escavação ao mesmo tempo evitando a penetração de água do lençol.
A armadura é içada e colocada na estaca de forma a prever sempre a
passagem do tubo tremonha para a concretagem. É apoiada na camisa-guia, a fim
de evitar deslocamentos no momento da concretagem (REBELLO, 2008).
34

A Figura 23 a seguir representa a execução do Estacão:

Figura 23 - Representação da execução do estacão.

Fonte: Sites Google, online.

O sistema de concretagem utilizado é o submerso, executado de baixo para


cima de modo contínuo e uniforme. São montados tubos de concretagem chamados
de tremonha. Durante a concretagem, serão executados cortes na tubulação,
garantindo que a ponta do tubo tremonha fique imersa pelo menos 3,00 metros no
concreto (REBELLO, 2008).

2.2.1.2.11 Estaca Escavada com Trado Helicoidal

Segundo NBR 6122 (ABNT, 2010), são estacas moldadas in loco, em que a
execução é realizada através da concretagem de um furo realizado a trado, em
solos com características que garanta estabilidade do mesmo, sem que seja
necessário revestir ou utilizar fluido estabilizante. Sua viabilidade é limitada ao nível
do curso d’água.
Este tipo de estaca assemelha-se muito com a Strauss, pela sua capacidade
e pelo seu comportamento, entretanto, difere muito pelo método de execução, onde
o furo é feito por uma haste metálica, montada sobre uma base incorporada a
caminhões ou a chassi metálico sobre rodas, permitindo assim, movimentação
35

rápida no canteiro. O furo é executado fazendo-se girar a haste helicoidal. Se o


equipamento utilizado apresenta esse tipo de haste em toda a sua extensão, o furo é
feito continuamente até a cota prevista. A cada 2 m, a haste é posta a girar no
sentido contrário para retirada do solo. Após atingir a cota de apoio da estaca, o furo
é concretado em camadas de aproximadamente 50 cm, quando é então apiloado
(REBELLO, 2008).
A Figura 24 a seguir representa a execução da estaca escavada com trado
helicoidal.

Figura 24 - Representação da execução da estaca escavada com trado helicoidal.

Fonte: Sites Google, online.

Pela NBR 6122 (ABNT, 2010, p.83), sua introdução no solo é feita por
rotação, “[...] de um trado helicoidal constituído por segmentos de pequeno
comprimento (aproximadamente 10m) rosqueados”, e o concreto é injetado pela
própria haste central do trado, logo após sua retirada.
A Figura 25, a seguir, demonstra um equipamento utilizado para execução da
estaca escavada com trado helicoidal:
36

Figura 25 -Equipamento utilizado na execução da estaca escavada com trado helicoidal.

Fonte: Sete Engenharia, online.

2.2.1.2.12 Estaca Hélice Contínua

A NBR 6122 (ABNT, 2010, p.52) dá a seguinte definição para a estaca hélice
contínua:
É uma estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a
introdução no terreno, por rotação, de um trado helicoidal contínuo. A
injeção de concreto é feita pela haste central do trado simultaneamente à
sua retirada. A armadura é sempre colocada após a concretagem da
estaca.
Este tipo de estaca surgiu nos Estados Unidos na década de 1970 e foi
implantada no Brasil no ano de 1987. Considerada uma fundação profunda,
amplamente utilizada pela elevada produtividade e adaptabilidade a vários tipos de
solo, com exceção apenas de matacões e rochas. Além disso, não gera fortes
vibrações como em métodos a percussão, sendo adequada a grandes centros
(VELOSSO e LOPES, 2010).
A execução é feita pela rotação de uma hélice em espiral equipada com
dentes para auxiliar na escavação, a qual envolve um tubo por onde é injetado o
concreto posteriormente. A entrada de solo no tubo é bloqueada por uma tampa
37

metálica, geralmente recuperável, presente em sua extremidade inferior a qual,


durante o início da concretagem, é expelida liberando a passagem do concreto
(ANTUNES e TAROZZO, 1998).
Ao atingir a profundidade determinada em projeto, é feita a retirada da hélice
contendo o material escavado, concomitantemente à concretagem. A retirada é feita
sem rotação, exceto em solo arenoso onde há rotação no sentido da perfuração. A
velocidade deve ser constante e determinada previamente, objetivando o não
afunilamento do fuste (ANTUNES e TAROZZO, 1998). A empresa Geofix foi a
pioneira no Brasil a executar Estacas Hélice Contínua Monitorada e se destaca
executando estacas de grande diâmetro, podendo alcançar até 1,5 m, e
profundidades até 38 m (GEOFIX, online).
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), o concreto utilizado deve
apresentar resistência característica (fck) maior ou igual a 20 Mpa aos 28 dias, ser
bombeável, composto de cimento, areia e pedrisco, fator água cimento menor ou
igual a 0,6 com consumo mínimo de 400 kg/m3 de cimento, porcentagem de
argamassa em massa ≥ 55 %, sendo facultativa a utilização de aditivos.
A concretagem é feita até a superfície, e então é colocada a armação.
Segundo Velloso e Lopes (2010), há evidências de que quanto maior a pressão de
bombeamento do concreto, maior será o atrito lateral da estaca. Sua resistência de
ponta é pequena e deve ser considerada com cautela.
Conforme Lopes e Velloso (2010), a execução da estaca hélice contínua
implica na colocação manual da armadura, com ajuda da força da gravidade,
podendo haver o auxílio de vibradores e pesos de pequena carga.
A gaiola de armadura tem estribos 80~5em formato helicoidal e varia de
acordo com os esforços a serem recebidos pela estaca. A NBR 6122 (ABNT, 2010)
prevê uma armadura mínima de 0,5% da seção e um comprimento mínimo de 4 m
para este tipo de estaca. Para o caso de uma tensão média atuante menor ou igual
a 6 Mpa, não é necessário armá-la, estando a critério do projetista, com exceção da
ligação com o bloco. Para esforços apenas de compressão, é usual a aplicação de
armações e comprimentos mínimos. Já para cargas transversais ou de tração, o
comprimento da gaiola pode chegar a 19 m.
A Figura 26 demonstra o processo executivo da estaca Hélice Contínua,
representando na etapa de número 1, o posicionamento e introdução do trado até a
profundidade necessária, no número 2, a injeção do concreto pela haste central do
38

trado com retirada contínua do mesmo, no número 3, a instalação da armadura


imediatamente após o término da concretagem e no número 4, a estaca acabada.

Figura 26 – Execução de estaca hélice contínua.

Fonte: Geofix, online, com adaptações.

De acordo com pesquisas,


Os equipamentos normalmente empregados para cravar a hélice no terreno
é constituído por uma torre metálica, de altura apropriada a profundidade da
estaca, dotada de duas guias na extremidade, sendo que a guia inferior
pode ser substituída pelo limpador trado; mesa rotativa de acionamento
hidráulico com torque apropriado ao diâmetro e profundidade da estaca a
ser executada, e guincho compatível com os esforços de arrancamento
necessários. (ANTUNES e TAROZZO, 1998, p. 346).

A Figura 27, a seguir, apresenta equipamento utilizado para perfuração do


solo durante a execução da estaca hélice contínua monitorada.
39

Figura 27–Equipamento utilizado para perfuração do solo.

Fonte: Sete Engenharia, online.

A Tabela 3 a seguir apresenta os requisitos mínimos desejáveis aos


equipamentos a serem usados:

Tabela 3 – Características mínimas da mesa rotativa e do guincho.

Torque Arranque Dimensões das estacas


kNm kN Cm
< 80 400 Ø até 50 cm com comprimento até 17,0 m
80 a 50 400 Ø até 80 cm com comprimentos até 27,0 m
≥ 160 700 Ø até 120 cm com comprimentos até 30,0 m

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010).


40

Entretanto, a Geofix fundações (2012. p.3) esclarece que na verdade “[...] o


equipamento não mede torque, mas sim a pressão de injeção do óleo na bomba
acoplada à mesa de giro do trado.” Explica também que o torque é diretamente
proporcional à pressão de injeção, porém, essa relação é diferente de uma máquina
para outra e de uma marcha em que estiver o motor para outra considerando uma
mesma máquina.
A execução da estaca hélice contínua permite seu monitoramento contínuo
através de computadores conectados a sensores instalados na máquina. O Taracord
CE, equipamento mais utilizado para o monitoramento, tem origem francesa e
permite a geração de uma folha de controle com dados como velocidade de rotação,
penetração e extração do trado, pressão e sobre consumo de concreto e
comprimento da estaca (ANTUNES e TAROZZO, 1998; VELLOSO e LOPES, 2010).

2.2.2 Tubulões

De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), o tubulão é considerado um tipo


de fundação profunda e escavada, onde suas cargas são transmitidas
predominantemente pela ponta, e que pelo menos em sua fase final haverá a
descida de um operário para o alargamento de sua base ou a limpeza do fundo da
escavação.
Rebello (2008) explica que a função da base do tubulão é transferir as cargas
da superestrutura para o solo e a compara a uma sapata isolada executada em
grande profundidade. Segundo ele, evita-se armar a base para maior facilidade na
execução e seu dimensionamento é feito de tal forma que as tensões geradas
possam ser suportadas pelo concreto sem armação e, por isso, tem-se o ângulo
mínimo de inclinação de 60°.
O fuste é feito da mesma maneira que um poço e seu diâmetro mínimo é de
70 cm para permitir o trabalho do operário, quando executado manualmente. Se
executado mecanicamente, o diâmetro deve acomodar as dimensões do
equipamento e as cargas de projeto (REBELLO, 2008). As Figuras 28 e 29, a seguir,
mostram respectivamente o alargamento da base e a concretagem do tubulão:
41

Figura 28 - Escavação da base do tubulão.

Fonte: Marques (2017).

Figura 29 -Concretagem do tubulão.

Fonte: Marques (2017).


42

Entretanto, a NR 18 (ABNT, 1978) define um diâmetro mínimo permitido


equivalente a 80 cm e que o diâmetro de 70 cm poderá ser utilizado apenas
mediante a justificativa técnica pelo engenheiro responsável pela execução.
Quanto a sequência executiva, caso ajam tubulões próximos de diferentes
profundidades, devem ser executados primeiramente os mais profundos e
posteriormente os mais rasos. Entre tubulões que tenham distancias de centro a
centro inferior a 2,5 vezes o diâmetro da maior base, não é permitido o trabalho
simultâneo em bases alargadas (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010).
O tubulão é indicado especialmente para obras de grande porte, como pontes
e viadutos. Todavia, pode também ser executado em obras de pequeno porte, como
em casos especiais de difícil acesso ao terreno, inviabilizando a utilização de
equipamentos de escavação (REBELLO, 2008).
Segundo Albiero e Cintra (1996), a aplicação dos tubulões apresenta várias
vantagens comparadas a aplicação de outras fundações profundas, principalmente
em obras próximas a muitos edifícios, pois sua execução produz poucos ruídos, e
em pequenas obras, onde o custo da mobilização e desmobilização pode ser bem
menor dependendo da situação. Além disso, o pilar pode ser apoiado diretamente
sobre o tubulão, dispensando a necessidade do bloco de coroamento e há a
possibilidade de a escavação atravessar solos com pedras e matacões e até mesmo
penetrar em rochas.Quanto à execução, os tubulões podem ser divididos em:
a) Tubulão a céu aberto;
b) Tubulão a ar comprimido.

2.2.2.1 Tubulão a céu aberto

“Este tipo de fundação é empregue acima do lençol freático, ou mesmo


abaixo dele, nos casos em que o solo se mantenha estável sem risco de
desmoronamento e seja possível controlar a água no interior do tubulão”
(Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010, pág. 67).
Na Figura 30, a seguir, tem-se uma representação do tubulão em questão
para melhor entendimento.
43

Figura 30 – Representação do tubulão a céu aberto.

Fonte: Alonso (1983).

De acordo com Trindade (2015), para garantir a devida estabilidade do


terreno e dispensar escoramentos laterais durante a execução dos tubulões, o solo
deve apresentar alto índice de coesão. Segundo Tateoka (2004), o Engenheiro da
Fundacta, Daniel Rozenbaum, explica ainda, que é necessária a inspeção quanto à
presença de matéria orgânica em decomposição, pois pode causar a morte do
operário durante a execução.
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), o fuste e a base do tubulão podem ser
escavados manualmente ou mecanicamente, através de perfuratrizes. Se a base for
escavada mecanicamente, é necessária a descida de um poceiro para a retirada do
solo solto que o equipamento não foi capaz de retirar.
Antes da concretagem, o material de apoio das bases deve ser
inspecionado por engenheiro, que confirmará in loco a capacidade suporte
do material, autorizando a concretagem. Esta inspeção pode ser feita com
penetrômetro de barra manual (Associação Brasileira de Normas Técnicas,
2010, pág. 67).

Ao colocar a armadura no fuste, deve-se prevenir quanto a torrões de solo


que podem vir a cair dentro do tubulão, os quais podem prejudicar seu desempenho
final. Se penetrar na base, a armadura deve ser dimensionada de forma a permitir a
devida concretagem da base, contendo aberturas maiores ou iguais a 30 cm x 30 cm
(Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010).
Segundo Alonso (1983), se houver apenas carga vertical, não é necessária
sua armação, sendo colocada apenas uma armadura de ligação com o bloco de
coroamento no topo do tubulão.
44

A concretagem é feita imediatamente após o término da escavação através


de um funil de comprimento ≥ 1,5 m, dispensando-se o uso de vibrador. Assim, o
concreto deve ter plasticidade adequada para preencher todo o volume da base
(Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010).
Os tubulões devem ser concretados até que se alcance a cota de
arrasamento, de forma a obter uma seção plana e perpendicular ao eixo do tubulão.
O concreto utilizado deve obedecer aos critérios a seguir, de acordo com a
(Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010):
a) Consumo de cimento não inferior a 300 kg/m³;
b) Abatimento ou slumptest conforme NBR NM 67 (ABNT, 1998) entre 8
cm e 12 cm;
c) Agregado: diâmetro máximo 25 mm (brita 2);
d) Fck ≥ 20 MPa aos 28 dias.

2.2.2.2 Tubulão a ar comprimido

Segundo Rebello (2008), o tubulão a ar comprimido é executado abaixo do


nível do lençol freático, quando não há possibilidade de esgotamento com bombas
submersas devido ao alto risco de desmoronamento do solo. Durante sua execução
é aplicado o ar comprimido, com a intenção de expulsar a água existente para que
seja possível a continuação do serviço.
A pressão aplicada através do ar comprimido deve ser equivalente a pressão
da água intersticial. Em solos arenosos, deve ser um pouco maior devido a perdas
de cargas e de ar, favorecendo a estabilidade (ALBIERO e CINTRA, 1996).
Segundo Rebello (2008), ao iniciar a execução é necessária a proteção do
furo com seguimentos de até 3 m denominados camisas, que podem ser metálicas
ou de concreto armado. As camisas devem ser cravadas no solo antes da
escavação do fuste. A escavação é feita a céu aberto até que se atinja o lençol
freático, momento no qual se instala a campânula de ar comprimido na boca da
camisa para impedir a entrada da água no furo, representada na Figura31, a seguir.
45

Figura 31 – Representação da campânula.

Fonte: Alonso (1983).

A camisa é utilizada como segurança do operário durante a escavação e


como apoio da campânula. Dentre as principais dificuldades de execução do tubulão
está a manutenção da segurança dos operários, durante a compressão e
descompressão da campânula (TATEOKA, 2004). Além disso, Rebello (2008, p.
103) cita doenças causadas pelo ar comprimido, “desde dores nevrálgicas a casos
fatais de congestão cerebral”.
“[...] Nenhuma pessoa poderá ser exposta à pressão superior a 3,4 kgf/cm²,
exceto em caso de emergência ou durante tratamento em câmara de recompressão,
sob supervisão direta do médico responsável”. Além disso, nessa pressão de
trabalho o operário poderá trabalhar apenas por 4 horas seguidas e “não poderá
sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1978, p.1 ).
Devido ao limite de pressão que o ser humano pode suportar, a máxima
pressão utilizada em campânulas de ar comprimido é 3 atm (0,3 MPa), assim, a
profundidade máxima desse tipo de tubulão é de 30 m abaixo do nível da água.
(ALONSO, 1983).
46

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), a base do tubulão executado sob ar


comprimido é sempre escavada manualmente e, durante o processo, a camisa deve
estar escorada para evitar seu deslizamento. A armação do tubulão deve ser
colocada através da campânula e dimensionada de forma a permitir a devida
concretagem da base, contendo aberturas maiores ou iguais a 30 cm x 30 cm.
De acordo com a NBR 6122 (2010), a camisa do tubulão pode ser concretada
em local provisório e posteriormente ser instalada no local de implantação com
auxílio de equipamento, procedimento similar ao utilizado ao se optar pela camisa
metálica.
O concreto é lançado no tubulão até sua cota de arrasamento, através do
cachimbo de concretagem contido na campânula,devendo-se cuidar para não
interromper o lançamento antes da cota prevista, a qual deve ser estipulada em
projeto e suficiente para que não ocorra o levantamento do concreto pelo empuxo
hidrostático sofrido. Não é utilizado o vibrador, assim o concreto deve ter
plasticidade adequada para preencher todo o volume da base. “A seção resultante
deve ser plana e perpendicular ao eixo do tubulão” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2010, p. 72).
O concreto utilizado deve obedecer aos critérios a seguir, de acordo com a
NBR 6122 (2010):
a) Consumo de cimento não inferior a 300 kg/m³;
b) Abatimento ou slumptest conforme NBR NM 67 (ABNT, 1998) entre 8
cm e 12 cm;
c) Agregado: diâmetro máximo 25 mm (brita 2);
d) Fck ≥ 20 MPa aos 28 dias.
47

3 RECALQUES

Segundo Rebello (2008), recalque é definido pelas deformações que ocorrem


no solo devido à aplicação de cargas, podendo provocar movimentações na
fundação e trazer sérios danos à superestrutura, dependendo de sua intensidade. A
Figura 32, a seguir, mostra um edifício na orla marítima em Santos-SP, que sofreu
recalque diferencial.

Figura 32 – Edifício com Recalque Diferencial.

Fonte: Marques (2017).

De acordo Marques (2017), as fissuras podem ser classificadas de acordo


com seu comportamento. Quando há o crescimento ao longo do tempo são
chamadas de ativas (vivas), já quando estão estabilizadas são denominadas como
inativas (mortas).
De acordo com Calisto e Koswoski (2015, apud MILITITSKY, CONSOLI e
SCHNAID, 2005), recalque nas fundações é definido como o rompimento do contato
entre a fundação e o solo, ocorrendo um afundamento maior que o previsto em
48

projeto. Quando o recalque ocorre em toda a fundação é chamado de recalque total.


Já quando ocorre em apenas um trecho é chamado recalque diferencial.
Segundo Rebello (2008), o recalque em si pode não causar sérios danos à
estrutura. Quando ocorre de forma uniforme na fundação, há apenas o afundamento
do nível térreo, ocasionando problemas de utilização. Já quando ocorre de maneira
não uniforme, que é o caso do recalque diferencial, podem ocorrer sérios danos à
estrutura, alcançando a ruína parcial ou total.
Em toda obra há recalque em fundações. Assim, é objeto de estudo no
projeto de fundações, os recalques admissíveis, os quais determinam a partir de que
ponto são problemáticos o desempenho e a segurança na estrutura (CALISTO e
KOSWOSKI, 2015, apud MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2005).
Os recalques diferenciais geram fissuras nas alvenarias de vedação,
apresentando-se geralmente em um ângulo de 45°, provenientes do efeito da força
cortante causada. A direção em que ocorre a trinca indica o lado em que ocorreu
maior recalque (REBELLO, 2008). A Tabela 4 mostra a classificação das fissuras,
relacionando denominações com as devidas espessuras.

Tabela 4 – Classificação das Fissuras.


Denominação Abertura da Fissura (mm)
Fissura Capilar Menos 0,2 mm
Fissura 0,2 mm a 0,5 mm
Trinca 0,5 mm a 1,5 mm
Rachadura 1,5 mm a 5,0 mm
Fenda 5,0 mm a 10,0 mm
Brecha Mais de 10,0 mm
Fonte: Olivari (2003), com adaptações.

A Quadro 2, a seguir, mostra a intensidade dos danos causados nas


edificações de acordo com a abertura das fissuras.
49

Quadro 2 – Intensidade dos danos de fissuras.


Intensidade dos danos Efeito na
Abertura da
Comercial ou estrutura e no
fissura (mm) Residencial Industrial
público uso do edifício
< 0,1 Insignificante Insignificante Insignificante Nenhum
0,1 a 0,3 Muito leve Muito leve Insignificante Nenhum

0,3 a 1 Leve Leve Muito leve Apenas estética;


deterioração
1a2 Leve a moderada Leve a moderada Muito leve acelerada do
aspecto externo
2a5 Moderada Moderada Leve Utilização do
edifício será
Moderada a Moderada a afetada e, no
5 a 15 Moderada limite superior, a
severa severa
estabilidade
Severa a muito Severa a muito Moderada a também pode
15 a 25
severa severa severa estar em risco.
Cresce o risco de
>25 Muito severa a Severa a perigosa Severa a perigosa a estrutura tornar-
perigosa
se perigosa
Fonte: Marques (2017, apud VELLOSO e LOPES, 2011).

Nas Figuras 33 e 34 estão representando os tipos de fissuras provenientes de


recalques central e extremidade.

Figura 33 – Representação de fissuras provenientes de recalque central.

Fonte: Milititskyet al (2005).


50

Figura 34 – Representação de fissuras provenientes de recalque na extremidade.

Fonte: Milititskyet al (2005).

3.1 Recalques decorrentes de características naturais do solo

Segundo Santos (2014, apud CAPUTO, 2012) é possível distinguir os


recalques em três tipos devido às cargas estáticas: por deformação elástica, por
adensamento e por escoamento lateral.
Estas são deformações decorrentes de características naturais do solo.
Entretanto, podem ocorrer outros tipos de recalque provenientes de ações externas.
(REBELLO, 2008).

3.1.1 Recalque elástico

Segundo Rebello (2008), a deformação elástica ocorre em todos os materiais


quando submetido a uma carga. Ocorre imediatamente após a aplicação da carga e
são maiores em solos não coesivos, ou seja, não argilosos. Para sua determinação,
é necessário o conhecimento do módulo de elasticidade do solo, que é um valor
difícil de obter. Santos (2014, apud TEIXEIRA e GODOY, 1998) explica que pode
ser denominado recalque imediato, e que devesse considerar a rigidez, forma e
profundidade da fundação e a espessura da camada deformável do solo.

3.1.2 Recalque por adensamento

A deformação por adensamento é a mais importante e causadora dos


problemas mais frequentes de recalques das fundações. Ocorrem pela diminuição
51

de volume de solo, decorrentes da expulsão de sua água intersticial devido a grande


pressão exercida pelas cargas aplicadas (REBELLO, 2008).
Segundo Santos (2014, apud CAPUTO, 2012) são recalques lentos em
argilas devido a seu baixo coeficiente de permeabilidade.

3.1.3 Recalque por escoamento lateral

Segundo Rebello (2008), no recalque por escoamento lateral a migração do


solo se dá do centro para lateral, uma vez que ele se desloca das regiões mais
solicitadas para as menos solicitadas. Tem maior ocorrência em solo não coesivo.

3.2 Recalques decorrentes de ações externas

Rebello (2008) cita outras causas de recalque diferencial em fundações, são


elas:

3.2.1 Rebaixamento de lençol freático

O rebaixamento do lençol freático diminui a pressão neutra do solo gerada


pela água, aumentando sua pressão efetiva, provocada pelo peso do solo, o que
pode gerar recalque mesmo sem aumento de cargas externas. Quando ocorrem em
fundações por estacas, acontece seu afundamento. Quando ocorre em estacas, o
aumento da pressão efetiva do solo proporciona o aumento da carga aplicada sobre
a fundação através do atrito solo-estaca, podendo causar seu rompimento.
(REBELLO, 2008).

3.2.2 Solos colapsíveis

Segundo Rebello (2008), solos colapsáveis são solos de grande porosidade,


podendo ser arenosos ou argilosos, e tem suas partículas unidas por meio de uma
espécie de cimentação, gerada por materiais como calcário. Ao entrarem em
contato com água, suas ligações entre partículas são rompidas, causando ruptura de
sua estrutura, ocasionando um recalque bastante drástico e perigoso.
52

Mesmo sem aplicação de carga, pode ocorrer recalque. No caso de estacas,


se ela estiver embutida por completa em solo colapsível, haverá perda em sua
capacidade de carga e, se apenas o fuste estiver em tal solo, ocorrerá atrito lateral
negativo (SANTOS 2014, apud TEIXEIRA e GODOY, 1998).

3.2.3 Solapamento em consequência de infiltrações

Este tipo de recalque é completamente imprevisível, podendo ser considerado


um acidente. Ocorre por infiltração de águas pluviais malconduzidas ou por
rompimento de tubulações, sendo este último fator mais comum. A infiltração muitas
vezes demora a ser detectada e faz com que o solo seja carreado, provocando
vazios que impedem a interação entre o solo e a fundação (REBELLO, 2008).

3.2.4 Solos expansivos

Denominam-se solos expansivos aqueles que, ao entrarem em contato com a


água, tem a capacidade de expansão. Tal expansividade depende do tipo de mineral
encontrado em sua composição, esmectita é um exemplo de mineral capaz de
absorver água. “Os solos expansivos podem ser reconhecidos pela quantidade de
argila, pelo índice de plasticidade e pelo efeito eletrolítico” (REBELLO, 2008, p. 60).
A expansão do solo tem maior efeito em pequenas edificações, uma vez que pode
ser contida através da aplicação de cargas pela fundação, quanto maior a pressão,
menor a expansão. Além do levantamento da fundação, ocorre a diminuição da
resistência do solo, de acordo com a NBR6122 (Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2010).

3.2.5 Efeito da termoosmose

“Esse fenômeno também é típico dos solos expansivos. Ocorre


principalmente em climas quentes. A sombra projetada pela edificação sobre o solo
torna-o mais frio” (REBELLO, 2008, p. 60). Ocorre então a migração da umidade que
está no exterior para o solo que está sob a edificação, causando a expansão do solo
e, consequentemente, movimentos diferenciados na estrutura, podendo causar
danos estruturais.
53

3.2.6 Outras causas

Rebello (2008) cita outras causas de recalque como escavações próximas às


fundações, que tendem a desestabilizar o maciço, e vibrações devido ao tráfego
intenso de veículos, podendo causar adensamento do solo causando o recalque por
adensamento.

3.3 Recalques admissíveis

Segundo Santos (2014, apud ALONSO, 1991), os valores admissíveis são


determinados pelos especialistas envolvidos no projeto, execução e
acompanhamento da obra. Tais valores podem ser aceitos considerando a
experiência local ao longo do tempo com o tipo de solo, carga aplicada e tipo de
estrutura.
Entretanto, é difícil a fixação dos valores admissíveis pela dificuldade na
avaliação da interação entre o solo e a estrutura e pela gama de materiais
envolvidos nas construções. Vários estudos foram feitos a fim de determinar tais
valores, porém nenhum com informações completas. “Dessa forma, os autores das
bibliografias referentes ao assunto aconselham a observar os limites apresentados
por pesquisadores como de natureza exemplificativa (SANTOS, 2014, apud
ALONSO, 1991)”.
Santos (2014, apud MORAIS, 1978, p.9), “define os seguintes limites para o
recalque diferencial específico, ou seja, a distorção angular”:
• Prédios para fábricas construídos com estruturas em concreto armado:

vão vão
𝛿𝛿 = 1000 a 500
(1)

• Prédios de apartamentos, salas para escritórios em concreto armado:

𝑣𝑣ã𝑜𝑜 𝑣𝑣ã𝑜𝑜
𝛿𝛿 =400 𝑎𝑎 250
(2)
54

• Estruturas metálicas:
𝑣𝑣ã𝑜𝑜
𝛿𝛿 =500 (3)

A Figura 35 a seguir, segundo Marques (2017) sugeridos por Bjerrum (1963)


e complementados por Vargas e Silva (1973) apresenta os valores da distorção
angular (𝛽𝛽) associados aos danos.

Figura 35 – Distorções angulares e danos associados.

Fonte: Marques (2017,apud VELLOSO e LOPES, 2011).

3.4 Estabilização de recalque

Para Santos (2014), estabilização são os processos e tratamentos realizados


com a finalidade de melhorar a estabilização de maciços terrosos ou rochosos.
Em se tratando de estabilização, de acordo com Rebello (2008), o recalque
mais comum é o de adensamento, pois, caso a água encontrada nos grãos for
expulsa, não há mais a ocorrência de aumento do volume do solo, assim, não ocorre
mais danos à estrutura, e o problema é resolvido com a vedação das trincas.
55

Existem dois tipos de estabilização: a mecânica e a por adição de


aglutinantes. A estabilização mecânica é mais utilizada, mas em casos em que não
é possível sua utilização, executa a estabilização com cimento. Na estabilização
mecânica, conserva-se ou corrige a granulometria do solo, antes da compactação,
com a finalidade de “[...] aumentar a coesão ou o ângulo de atrito interno ou ambos.”
Já na estabilização por adição de aglutinantes, junto ao solo é adicionado uma
substância para aumentar a coesão ou para impermeabilizá-lo, para que não ocorra
a diminuição da resistência pela ação da água (DRENAGEM..., [20--?], p.7).

3.4.1 Congelamento do solo

Sistema desenvolvido em 1883, usado apenas em situações difíceis, como no


caso de fundações com presença de solos moles e saturados de água. Consiste na
instalação de tubos no solo, com passagem de um fluido refrigerante. “[...] a
temperatura do solo atinge o ponto de congelamento da água presente”, realizando
a estabilização do recalque durante o processo de reforço (SANTOS, 2014, p.69
apud CAPUTO, 2012).

3.4.2 Injeções de Cimento

Segundo Santos (2014), abaixo das fundações é injetado camada de cimento


através de tubos galvanizados de 2” a 3” polegadas, com a proposta de melhorar a
resistência e impermeabilização dos maciços rochosos e terrosos.
56

4 PATOLOGIAS

A NBR 6118 (ABNT, 2014) exige que as estruturas de concreto atendam aos
requisitos mínimos de qualidade durante sua construção e serviço, que são
classificados em três grupos distintos, relativos à capacidade resistente, ao
desempenho em serviço e à durabilidade da estrutura.
A capacidade resistente consiste basicamente na segurança à ruptura. O
desempenho em serviço “consiste na capacidade da estrutura de manter-se em
condições plenas de utilização durante sua vida útil, não podendo apresentar danos
que comprometam em parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada”. Já a
durabilidade “consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais
previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo contratante,
no início dos trabalhos de elaboração do projeto” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.13).
Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), as patologias nas fundações têm
sido observadas com certa frequência em todo o planeta. É envolvida uma grande
responsabilidade na etapa abordada, uma vez que ela é a responsável pela
transferência das cargas de toda a construção ao solo e tem o custo variável, sendo
em média 4% do custo total da obra e pode chegar à 15% do valor total da
construção em casos especiais.
Diante dessa análise, nota-se a grande importância do monitoramento da
execução da mesma, pois a ocorrência de patologias e a necessidade de reforço na
mesma implicam em um algo custo financeiro, podendo até mesmo inviabilizar a
continuação da execução do projeto. Assim, torna-se necessário o
acompanhamento do engenheiro em todas as etapas da obra, desde a criação do
projeto aos eventos pós conclusão (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015).
Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), inúmeras são as maneiras de
manifestação das patologias nas fundações podendo ocorrer em todas as etapas da
execução, dentre elas:
• Caracterização e comportamento do solo;
• Análise e projeto de fundações;
• Execução de fundações;
• Evento pós-conclusão das fundações;
• Degradação dos materiais constituintes das fundações.
57

4.1 Caracterização e comportamento do solo

O solo é material deformável que ao ser carregado apresenta variação de


volume, podendo ter característica expansiva, colapsiva ou compressiva. Para
manter o cronograma, economia financeira a primeiro momento ou até mesmo por
falta de conhecimento ou acompanhamento de engenheiro no projeto, muitas vezes,
esta etapa de caracterização do solo não é feita ou é mal executada, o que está
entre as principais causas das patologias observadas atualmente (MILITITSKY,
CONSOLI e SHNAID, 2015).
As principais patologias referentes à má caracterização do solo advêm dos
fatores:
• Economia em quantidade de furos na sondagem;
• Má localização do sítio da obra;
• Equipamentos com defeito ou fora de especificação;
• Falta de nivelamento dos furos;
• Má descrição do tipo de solo;
• Procedimentos fraudulentos.
O desenvolver um projeto de fundação é necessária a análise do solo, que
normalmente é feita através do método SPT, seguindo as especificações da NBR
6484 (ABNT, 2001), podendo envolver ensaios de campo e de laboratório, que visa
determinar a estratigrafia e a classificação do solo, o nível do lençol freático e a
medida do índice de resistência à penetração (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2010).

4.2 Análises e projeto de fundações

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), a partir dos resultados obtidos na


sondagem a percussão, pode tornar-se necessárias investigações complementares.
Independentemente da extensão da investigação geotécnica
preliminar realizada, devem ser feitas investigações adicionais sempre que,
em qualquer etapa da execução da fundação, forem constatadas diferenças
entre as condições locais e as indicações fornecidas pela investigação
preliminar, de tal forma que as divergências fiquem completamente
esclarecidas (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015, p.55).
58

De acordo com Milititsky, Consoli e Shnaid(2015), a má interpretação dos


estudos feitos no solo tem consequência direta com recalque, erros de cálculo,
sobreposição de esforços, bulbo, aterros adjacentes, atrito negativo, flambagem.
• Interação solo x estrutura
• Desconhecimento do comportamento real das fundações
• Erros de calculo
• Projetos baseados em obras vizinhas
• Especificações construtivas
• Casos especiais
A ocorrência de alguns casos especiais que podem ocorrer no solo, torna
complexo o estudo e uma grande dificuldade para o planejamento, uma vez que
difícil identificação,
• Influência da vegetação;
• Colapsibilidade;
• Expansibilidade;
• Zonas de mineração;
• Zonas cársticas;
• Matacões.

4.3 Execução

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015, p.87), “as falhas na execução


constituem o segundo maior responsável pelos problemas de comportamento das
fundações”. O bom desempenho da estrutura depende não somente da correta
análise do solo, do cálculo e do projeto, mas também do emprego das devidas
especificações de materiais e procedimentos para a execução e mão de obra e
qualificada, acompanhada sempre de supervisão e controle construtivo rigoroso.
Mesmo com a supervisão adequada em todas as etapas e o devido registro
do progresso da execução, deveria ser empregado métodos mais modernos, como o
PIT (Pile IntegrityTesting) e PDA (Pile Driving Analyzer) que permitem a verificação
do desempenho e da integridade da estrutura após finalizada, garantindo a
qualidade das fundações de maneira rápida e econômica (MILITITSKY, CONSOLI e
SHNAID, 2015).
59

“As fundações profundas apresentam peculiaridades que as tornam diferentes


dos demais elementos das edificações” (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015,
p.94). As condições do campo durante a execução interferem diretamente no
resultado final da estrutura, podendo haver variações no subsolo não constatadas na
etapa da investigação, limitações de alguns equipamentos antes não previstas,
podendo causar mudanças no projeto original. Assim, deve haver constante
comunicação entre o projetista e o executor garantindo que as reais condições
construtivas sejam analisadas e que o projeto esteja condizente com a realidade.
Em conformidade com Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), cada sistema de
fundação reflete de forma particular no solo e fundações já existentes, o que deve
ser considerado durante a avaliação e adequação do método de cálculo projetado,
garantindo sua eficiência e estabilidade. Dentre os principais problemas encontrados
nas fundações cravadas e escavadas, encontram-se:
• Problemas em fundações rasas
• Problemas em fundações profundas (Problemas genéricos; Estacas
cravadas; Estacas escavadas; Tubulões)
• Controle preciso do volume concretado
• Preparo da cabeça das estacas
• Ensaios de integridade
• Provas de carga
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), o conjunto de projetos relativos a uma
obra deve orientar-se sob uma estratégia explícita que facilite procedimentos de
inspeção e manutenção preventiva da construção.
Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), na busca de soluções aos
problemas encontrados, a etapa mais complexa refere-se à identificação das
causas. É demandada a fiscalização, registro e certificação dos procedimentos de
forma a identificar os possíveis elementos defeituosos. O que não ocorre na prática.
Algumas patologias podem ser identificadas ainda na fase construtiva, para isso é
necessário o devido monitoramento e acompanhamento do engenheiro na
construção. Após a identificação das causas, devem então dar início na etapa de
recuperação.
60

4.4 Eventos pós-conclusão das fundações

Diante de um adequado planejamento, execução e monitoramento de uma


fundação podem-se, ainda assim, ocorrer o mau desempenho da mesma, algum
tempo após sua conclusão, devido a fatores externos, podendo ser previstos e
outros não. (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015).

4.4.1 Alterações no carregamento próprio da estrutura

Acontecimentos não esperados como mudança da finalidade da edificação ou


a sua ampliação podem vir a alterar o carregamento, resultando em problemas de
comportamento. Exemplo típico de mudança da finalidade de uma edificação
acontece ao transformar uma sala de aula em uma biblioteca. Tais problemas de
carregamento podem provocar recalques, fissuras indesejáveis ou até mesmo
acidentes importantes (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015).

4.4.2 Movimento da massa do solo

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), a estabilidade das fundações


depende diretamente da estabilidade da massa de solo. Inúmeros são os fatores
que interferem no possível deslocamento do solo, tais como escavações, explosões,
rebaixamento do lençol freático, demolições, tráfego pesado, cravação de estacas e
compactação vibratória dos solos.
Os casos possíveis desse tipo de ocorrência são:
• Alteração de uso do terreno vizinho;
• Execução de grandes escavações próximo à construção;
• Escavações não protegidas junto a divisas ou escavações internas à
obra;
• Instabilidade de taludes;
• Rompimento de canalizações enterradas;
• Extravasamento de grandes coberturas sem sistema eficiente de
descarga;
• Oscilações não previstas no nível da água;
61

• Rebaixamento do nível da água;


• Erosão ou solapamento;
• Ações do homem ou de animais resultando em escavações indevidas.
Conforme Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), os casos possíveis de
ocorrência podem resultar em maiores deslocamentos e até mesmo ruptura
localizada e fissuras. Em casos que envolvam água pode ocorrer a saturação do
solo, erosão e solapamento, resultando também em recalques.

4.4.3 Vibrações e choques

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), as vibrações e choques provêm


de equipamentos industriais ou de compactação do solo, explosões e equipamentos
de cravação, podendo ter efeitos danosos as estruturas das fundações. Para
minimizar seus efeitos, existem algumas técnicas como a implantação de trincheiras
preenchidas por bentonita, paredes diafragma e paredes de estacas justapostas,
sempre entre a fonte da vibração e a infraestrutura.

4.5 Degradações dos materiais constituintes das fundações

Milititsky, Consoli e Shnaid (2015) afirma que, os projetos de engenharia que


abrangem elementos enterrados ou em contato com a água e o solo devem
considerar os aspectos de permanência e integridade à longo prazo. Assim, durante
o estudo do solo devem ser apontados todos os aspectos referentes ao ambiente,
identificando materiais agressivos ou contaminantes através da indicação, por
exemplo, da resistividade do solo, do pH, do teor de sulfatos e de cloretos. As
reações químicas geradas podem resultar o colapso do solo, sua expansão, dentre
outros fatores.

4.5.1 Concreto

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), sabe-se que a água é causa de


vários processos físicos e químicos de degradação, uma vez que serve de
62

transporte para os íons agressivos, sendo tais processos determinados pelo grau de
porosidade capilar do sólido.
Para amenizar a deterioração do concreto decorrente das reações físico-
químicas envolvidas, é necessária a redução do índice de porosidade e
permeabilidade do concreto, reduzindo a relação água cimento e o tempo de
evaporação da água durante a cura (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015).
Conforme Milititsky, Consoli e Shnaid (2015, apud CIRIA REPORT C569,
2002), o mais significativo agente agressivo ao concreto de fundações é o sulfato,
que tem ocorrência natural nos solos e em suas águas.
Fundações 100% submersas são menos vulneráveis aos ataques de sulfatos.
A taxa de ataque a uma estrutura de concreto com todas as faces expostas a água
com sulfato é menor do que se a umidade for perdida por evaporação a partir de
uma ou mais superfícies (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015 apud MEHTA e
MONTEIRO, 2005).
Os fatores que influenciam o ataque dos sulfatos são a quantidade e
a natureza do sulfato presente no solo, o nível da água e a variação
sazonal, o fluxo da água subterrânea e a porosidade do solo, a forma da
construção e a qualidade do concreto. Se a água com sulfato não pode ser
impedida de alcançar o concreto, a única defesa contra o ataque consiste
no controle de sua qualidade (MILITITSKY, CONSOLI e SHNAID, 2015
apud BUILDING RESEARCH ESTABLISHMENT, 2005, p.168).

Assim, determinar a agressividade do solo é um fator importante para a


construção de fundações e obras subsuperficiais em geral.

4.5.2 Aço

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), fundações executadas em aço


podem sofrer corrosão mediante o contato com o solo natural, solos contendo
materiais corrosivos e aterros, água, ar, sal marinho e constante variações de nível
d’água. A corrosão ocorre em função do pH, da temperatura, contato com oxigênio e
a química do ambiente.
Conforme Milititsky, Consoli e Shnaid (2015, apud BEAVERS e DURR, 1998),
elementos metálicos introduzidos em solo natural não sofrem corrosão significativa,
em razão do baixo nível de oxigênio contido. Somente regiões de aterros
contaminados, zonas industriais com efluentes agressivos ou ocorrência de corrente
elétrica caracterizam risco, sendo necessário o devido estudo por metalúrgico.
63

As Tabelas 5 e 6 abaixo mostram valores recomendados para taxa de


corrosão a serem utilizados em anteprojetos de estruturas metálicas, de acordo com
a European Standard EN 1993-5 (2007).

Tabela5 - Valores recomendados de corrosão (mm) para estacas metálicas em solos, com ou sem
lençol freático.

Vida útil requerida 5 anos 25 anos 50 anos 75 anos 100 anos

0,00 0,30 0,60 0,90 1,20


Solos naturais não perturbados
Solos poluídos e com contaminação
0,15 0,75 1,50 2,25 3,00
industrial
Solos naturais agressivos (pantanoso,
0,20 1,00 1,75 2,50 3,25
turfoso, etc.)
Aterros de solo não compactado e não
0,18 0,70 1,20 1,70 2,20
agressivo
Aterros de solo não compactado e
0,50 2,00 3,25 4,50 5,75
agressivo (cinzas, escoria, etc.)
Notas:
• As taxas de corrosão nos aterros compactados são menores que dos não compactados. Para
aterros compactados os dados da tabela devem ser divididos por dois.
• Os valores dados entre 5 a 25 anos são baseados em medições, já os demais valores são
extrapolados.
Fonte: European Standard EN 1993-5 (2007).

Tabela6 - Valores recomendados de corrosão (mm) para estacas metálicas em contato com água
doce ou água do mar.

Vida útil requerida 5 25 50 75 100


anos anos anos anos anos
0,15 0,55 00,90 10,15 10,40
Água doce na zona de alto ataque (linha de água)
Água doce muito poluída (efluentes industriais,
0,30 1,30 2,30 3,30 4,30
esgoto, etc.) na zona de alto ataque (linha de água)
Água do mar em clima temperado nas zonas de alto
0,55 1,90 3,75 5,60 7,50
ataque
Água do mar em clima temperado nas zonas de 0,25 0,90 1,75 2,60 3,50
imersão permanente ou de variação de maré

Fonte: European Standard EN 1993-5 (2007).


64

4.5.3 Madeira

Segundo Milititsky, Consoli e Shnaid (2015), fundações permanentes em


madeira no Brasil não são muito utilizadas, sendo empregadas geralmente em
estruturas provisórias e em estruturas de cais e ancoradouros. Nas fundações
completamente imersas, além de ocorrer ataques biológicos por insetos e moluscos
elas podem sofrer a variação do nível da água, causando o apodrecimento e sua
degradação.
A degradação da madeira ocorre com mudanças físicas e químicas,
podendo apresentar mudanças de coloração, amolecimento, variação de
densidade, com consequente redução de módulo de elasticidade,
resistência, redução significativa de seção ou mesmo perda total de
integridade (MILITITISKY, CONSOLI e SHNAID, 2015, p.176).

Entretanto,Milititsky, Consoli e Shnaid (2015) revela que mesmo a estrutura


estando aparentemente em bom estado, seu interior pode estar danificado
severamente. Em ambientes marinhos e fluviais é necessária a proteção especial
para evitar a degradação por ser um ambiente onde o ataque biológico é acelerado.
É recomendado para projetos de fundações em madeira, quando totalmente
enterradas no solo, a execução de sua base abaixo do lençol freático mínimo e a
utilização de blocos até uma cota que garanta que a variação do nível de água não
afetará as estacas (MILITITISKY, CONSOLI e SHNAID, 2015).
65

5 DIMENSIONAMENTO DO TUBULÃO

Essencialmente é necessário que se faça uma avaliação da capacidade de


carga de um elemento de fundação, para que este suporte forças exigidas em
projeto. Para tal, é de grandeza fundamental, conhecer procedimentos teóricos, ter
um projetista experiente e analogia entre campo e laboratório (CARNEIRO,1999).
Conforme Rebello (2008) o tubulão transmite as cargas principalmente pela
sua base. Os parâmetros utilizados para a determinação da resistência da altura do
fuste são imprecisos e por isso, normalmente a resistência do fuste é desprezada. O
tubulão é calculado semelhante a uma sapata isolada.

5.1 Capacidade de carga

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010), a capacidade de carga de uma fundação


profunda (estaca ou tubulão isolado) é definida como a força limite aplicada sobre o
elemento de fundação, para que suporte o peso desta sem causar inconvenientes,
oferecendo assim, simultaneamente, segurança satisfatória contrarrupturas do solo
ou do elemento da fundação.
Segundo Alonso (2010), o tubulão é um tipo de fundação usado normalmente,
para grandes cargas. Por problemas de custos, raramente são realizadas provas de
cargas sobre os mesmos. Os métodos usados para definir a capacidade de carga
são:
1° Método: Fórmula de Terzaghi ou de Skempton, analogamente ao que foi
exposto para sapatas.
2° Método: Com base nos ensaios de laboratório (argilas).
3° Método: Com base no valor médio do SPT (na profundidade da ordem de
grandeza igual a duas vezes o diâmetro da base, a partir da cota de apoio da
mesma).

σadm ≅
SPT (médio )
×100
(4)
3

Onde:
66

σ= Tensão admissível do solo, em kN/m².


“Essa Fórmula 4 aplica-se para SPT≤ 20 e devem ser acertados os valores
fora da média” (Adaptado de ALONSO, 2010, p.102).

5.2 Cálculo da Base

O dimensionamento da base de um tubulão é feito de forma que sua altura


não ultrapasse 1,8m em tubulões a céu aberto e 3,0 m sob ar comprimido, sempre
de assegurado sua estabilidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2010).
Se houver base alargada, a mesma deve ser circular ou em forma de falsa
elipse, conforme Figura 36 a seguir.

Figura 36- Representação das possíveis bases para o tubulão.

Fonte: Rebello (2008).

Segundo Alonso (1983), o dimensionamento da base do tubulão é feito de


modo semelhante ao da sapata isolada, uma vez que o atrito lateral entre o fuste e o
solo é desprezado. Assim, a área da base (Fórmula 5) será:

P
Ab = �s
(5)
σ

Onde:
P = carga sobre tubulão (kN);
67

�s = tensão admissível do solo ou taxa do solo na cota de assentamento do


σ
tubulão (kN/m²);
A𝒷𝒷 = área da base (m²).

Segundo Rebello (2008), o ângulo de inclinação da base deve ser ≥ 60° para
que seja dispensável a armação na base do tubulão, representado na figura 37 a
seguir.

Figura 37- Base de tubulões.

Fonte: NBR 6122 (ABNT, 2010).

Para se obter tal ângulo, Alonso (1983) determina que o valor da altura da
base (Fórmula 6) será:

H = 0,866x (D − d) (6)

H = altura da base;
D = diâmetro da base;
d = diâmetro do fuste.

Segundo Alonso (1983), “o volume da base (Fórmula 7) pode ser calculado,


de maneira aproximada, como sendo a soma do volume de um cilindro com 20 cm
de altura e um ‘tronco’ de cone com altura (H – 20 cm)”, ou seja:

H−0,2
v = 0,2 Ab + 3
�Ab + Af + √Ab . Af� (7)

v = volume (m³);
Ab = área da base (m²);
Af = área do fuste (m²).
68

5.3 Cálculo do Fuste

O dimensionamento do fuste é feito de forma análoga a um pilar de carga


centrada, cuja área de aço seja nula, e pode ser calculada através da seguinte
Fórmula 8 adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2014):

P × γf
Af = (8)
0,85fcd

Af = área do fuste (m²);


P = carga sobre o pilar (kN).
γf = Coeficiente de ponderação das ações conforme tabela 4 do item 8.6.3 da
NBR 6122 (2010);
fcd = Resistência de cálculo à compressão do concreto conforme NBR 6118
(2014). A resistência do concreto para cada tipo de estaca será conforme
tabela 4 do item 8.6.3 da NBR 6122 (2010) (kN/m²).

fck
fcd = γc
(9)

fck = Resistência característica à compressão do concreto aos 28 dias


(KN/m²);
Ɣc = Coeficiente de ponderação da resistência do concreto conforme
tabela 4 do item 8.6.3 da NBR 6122 (2010).

5.4 Cálculo da Armação

Para o cálculo da armação do tubulão é considerada a Tabela 7, a seguir, a


qual determina a Tensão média atuante abaixo da qual não é necessário armar a
fundação.
69

Tabela 7 - Parâmetros para dimensionamento de estacas moldadas in loco.

Comprimento útil mínimo Tensão média


Fck (incluído trecho de ligação atuante abaixo da
máximo com o bloco) e a % de qual não é
Tipo de estaca
de projeto γf γc γs armadura mínima necessário armar
MPa (exceto ligação
Armadura % Comprimento m
com o bloco MPa)
Hélice/ Hélice
de 20 1,4 1,8 1,15 0,5 4,0 6,0
deslocamento
Escavadas
15 1,4 1,9 1,15 0,5 2,0 5,0
sem fluido
Escavadas
20 1,4 1,8 1,15 0,5 4,0 6,0
com fluido
Strauss 15 1,4 1,9 1,15 0,5 2,0 5,0
Armadura
Franki 20 1,4 1,8 1,15 0,5 -
integral
Tubulões não
20 1,4 1,8 1,15 0,5 3,0 5,0
encamisados
Armadura
Raiz 20 1,4 1,6 1,15 0,5 -
integral
Armadura
Microestacas 20 1,4 1,8 1,15 0,5 -
integral
Estacas trado
Armadura
vazado 20 1,4 1,8 1,15 0,5 -
integral
segmentado
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010), com adaptações.

Além de definir parâmetros para armação, esta tabela também trata de outros
parâmetros para o dimensionamento.
70

6 DIMENSIONAMENTO DA ESTACA

Em geral, as estacas são dimensionadas como pilares submetidos à


compressão simples, desconsiderando a flambagem. Envolve o cálculo da
capacidade de carga do solo, o dimensionamento da seção da estaca e sua
armação (REBELLO, 2008).

6.1 Cálculo do Fuste

O dimensionamento do fuste é feito de forma análoga a um pilar de carga


centrada cuja área de aço seja nula, e conforme Marques (2017, adaptado de
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018) pode ser calculado
pela Fórmula 10:

P × γf
Af = (10)
0,85fcd

Onde:
Af = área do fuste (m²);
P = carga sobre o pilar (kN).
γf = Coeficiente de ponderação das ações conforme tabela 4 do item 8.6.3 da
NBR 6122 (2010);
fcd = Resistência de cálculo à compressão do concreto conforme NBR 6118
(2014). A resistência do concreto para cada tipo de estaca será conforme
tabela 4 do item 8.6.3 da NBR 6122 (2010) (kN/m²);

fck
fcd = γc
(11)

fck = Resistência característica à compressão do concreto aos 28 dias


(KN/m²);
Ɣc = Coeficiente de ponderação da resistência do concreto conforme
Tabela 7.
71

6.2 Capacidade de carga

Magalhães (2005) define a capacidade de carga de uma estaca como a


integralidade entre “cargas máximas suportadas pelo atrito lateral e pela ponta”.
Podendo assim, determiná-la por métodos teóricos, semi empíricos e práticos.
Conforme Alonso (1983, p.1) “a capacidade de carga de uma estaca é obtida
como o menor dos dois valores:”

• Resistência estrutural do material da estaca;


• Resistência do solo que lhe dá suporte.

Para o cálculo da resistência do solo de uma estaca, que é a capacidade de


carga,dois métodos podem ser utilizados segundo Alonso (1983):
• Realização de provas de carga estática ou dinâmica;
• Métodos semi empíricos, dentre os quais destacam-se o método de Aoki e
Velloso (1975) e o método de Decourt e Quaresma (1982).

6.2.1 Realização de Provas de Cargas

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010, p.24) a capacidade de carga de


fundações profundas “[...] pode ser obtida por métodos estáticos, provas de carga e
métodos dinâmicos”.

6.2.1.1 Método estático

Conforme a NBR 6122 (ABNT, 2010) os métodos estáticos podem ser


calculados por meio do método teórico ou pelos métodos semi empíricos. Os
cálculos são aplicados de acordo com as teorias e as correlações escolhidas.
O ensaio de Prova de Carga Estática consiste, “[...] em aplicar esforços
estáticos crescentes à estaca e registrar os deslocamentos correspondentes. Os
esforços aplicados podem ser axiais de tração, compressão ou transversais”
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006, p.1).
De acordo com a NBR 12131 (ABNT 2006, p.1) “[...] o dispositivo de aplicação
de carga é constituído por um ou mais macacos hidráulicos alimentados por bombas
72

elétricas ou manuais, atuando contra um sistema de reação estável”. Através do


método pode se obter informações como a das cargas aplicadas vs. deformações do
solo.
Segundo a NBR 12131 (ABNT 2006) o ensaio envolve a utilização de
carregamentos de compressão à estaca onde registra os deslocamentos
correspondentes, conforme, Figura 38 mostrada abaixo. A estaca o macaco
hidráulico e o sistema de reações formam um conjunto que será montado e utilizado
de forma que a carga aplicada atue na direção desejada, sem produzir choques ou
vibrações.

Figura 38- Ensaio de prova de carga estática.

Fonte: Teknier, online.

6.2.1.2 Ensaio de placas

O ensaio consiste em uma prova de carga direta sobro o terreno, que tem
como objetivo fornecer, por via direta, as resistências e características de
deformação do terreno a uma determinada profundidade conforme Figura 39
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010).
Segundo a NBR 6489 (ABNT, 1984, p.1) o ensaio é feito pelo carregamento
de uma placa contra o terreno, através do “[...] uso de macaco hidráulico munido de
bomba e manômetro devidamente aferidos reagindo contra uma carga de reação
(caixão carregado, ancoragem, etc)”.
73

Figura 39- Método de provas de cargas por meio de placas.

Fonte: Teknier, online.

6.2.1.3 Método dinâmico

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010, p.27) o método dinâmico consiste na “[...]
estimativa de carga de fundações profundas baseados na previsão e/ou verificação
do seu comportamento sob ação de carregamento dinâmico”. Onde o objetivo
principal é determinar a capacidade de ruptura e interação estaca- solo, para
carregamentos estáticos axiais.
De acordo com a NBR 13208 (ABNT 1993, p.2) a prova de carga dinâmica é
aplicada dinamicamente, através de golpes de um sistema de percussão apropriado.
A medição é feita através de transdutores que “[...] devem ser instalados a uma
distância mínima de dois diâmetros do topo da estaca exceto se utilizados os
dispositivos para medida direta de força”, onde se considera a área da seção
transversal e o modulo de elasticidade dinâmico. O sinal dos transdutores será
enviado com a utilização de um cabo ao equipamento de PAD, onde armazena e
processa os sinais “online”, conforme Figura 40 a seguir:
74

Figura 40- Utilização do equipamento PAD no ensaio de carregamento dinâmico.

Fonte: Teknier, online.

6.2.2 Métodos Semi Empíricos

Segundo Magalhães (2005), no Brasil, os métodos semi


empíricos,correlacionado com o ensaio SPT (Standation Penetration Test) são os
mais utilizados para estimar capacidades de cargas em estacas. A NBR 6122
(ABNT, 2010), ressalta que estes métodos são a relação entre os ensaios (SPT,
CPT etc.) e as tensões admissíveis do solo ou resistentes disposta em projeto. Estes
métodos, para efeito de cálculo, têm-se que levar em consideração as
características encontradas no solo em questão (QUERELLI,2012).
De acordo com informações de Velloso e Lopes (2011, p.132), os métodos
semi empíricos tem como introdução, “[...] definir propriedades de deformação do
solo”. A princípio, os métodos semi empíricos foram elaborados com a finalidade de
presumir recalques em areias, devido a dificuldade de desenvolver em laboratórios,
amostras e ensaios compatíveis com análises de campo. Afirmou ainda que,
posteriormente, passaram a utilizá-los, com a mesma finalidade, para argilas
parcialmente saturadas, e em seguida, argilas em geral.
As diferenças básicas existentes entre os métodos semi empíricos, métodos
de Aoki e Velloso (1975) e Decourt e Quaresma (1978), consistem na maneira como
75

são determinadas a resistência de ponta (𝑟𝑟𝑃𝑃 ) e a resistência por atrito lateral (𝑟𝑟𝐿𝐿 )

(ALONSO, 1983).
De acordo com Rebello (2008), o método de Decourt Quaresma (1982) é o
processo mais simples e, portanto, é o mais utilizado. Como o presente trabalho irá
adotar o método de Decourt Quaresma (1982) para o dimensionamento da estaca
hélice contínua, somente este será abordado.

6.2.2.1 Método Decourt e Quaresma

O método de Decourt e Quaresma estima a capacidade de carga a partir de


ensaios SPT. Inicialmente foi desenvolvido especificamente para estacas pré-
moldadas de concreto. Mais tarde foi adequada em outros tipos de estacas
(SCHNAID e ODEBRECHT, 2012).
De acordo com o método de Decourt Quaresma (1982), a capacidade de
carga para interação estaca-solo pode ser calculada através da Fórmula 12, a seguir
(adaptado de ALONSO, 1983):

𝑁𝑁𝑁𝑁
𝛼𝛼.𝐾𝐾.𝑁𝑁𝑁𝑁.𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑈𝑈.𝛽𝛽 .∑ 10.� �+1.∆𝐿𝐿
3
𝑄𝑄𝑄𝑄 = 4
+ (12)
1,3

Onde:
QU = Capacidade de carga da estaca pela interação estaca-solo (KN);
1 = Parcela relativa à resistência de ponta da estaca;
2 = Parcela relativa à resistência por atrito lateral da estaca;
α = Coeficiente proposto pelos autores (adimensional);
K = Coeficiente proposto pelos autores (KN/m²);
NP = NSPT médio da ponta, sendo 1 metro acima, na camada de apoio e 1
metro abaixo. Valores de Nspt menores que = 3, adotar 3. Valores de Nspt
maiores que 50, adotar 50;
AP = Área da seção transversal da ponta da estaca (m²);
U = Perímetro da estaca (m);
β = Coeficiente proposto pelos autores (adimensional);
76

Nm = NSPT médio ao longo do fuste; (Na prática despreza-se os 02 primeiros


metros, considerando a construção do bloco de coroamento)
ΔL = Comprimento da estaca dentro do solo (m); (Na prática despreza-se os
02 primeiros metros, considerando a construção do bloco de coroamento);
4,0 = Fator de segurança relativo à resistência de ponta da estaca;
1,3 = Fator de segurança relativo ao atrito lateral da estaca;
A capacidade de carga (Qu) é o resultado das somas das parcelas de
resistência de ponta e parcelas de atrito lateral da estaca.

Os valores de 𝐾𝐾 estão apresentados na Tabela 8, em função do tipo de solo.


E os valores de 𝛼𝛼 𝑒𝑒 𝛽𝛽 são apresentados nas Tabela 9 e 10, em função do tipo de
estaca (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012).

Tabela 8 – Valores atribuídos à variável K empregada no método de Decourt e Quaresma.

Tipo de solo K (kN/m²)

Argilas 120
Siltes argilosos (solos residuais) 200
Siltes arenosos (solos residuais) 250
Areias 400
Fonte: Schnaid e Odebrecht (2012).

Tabela 9 – Valores atribuídos ao coeficiente α empregado no método de Decourt e Quaresma (1978)


em função do tipo de estaca e do tipo de solo.

Solo/estaca Cravada Escavada Escavada Hélice Raiz (Alta


(em geral) (bentonita) Contínua pressão)
Injetadas

1,0 0,85 0,85 0,30 0,85 1,0


Argilas
Solos
1,0 0,60 0,60 0,30 0,60 1,0
intermediários
Areias 1,0 0,50 0,50 0,30 0,50 1,0
Fonte: Schnaid e Odebrecht (2012).
77

Tabela 10 – Valores atribuídos ao coeficiente β empregado no método de Decourt e Quaresma


(1978) em função do tipo de estaca e do tipo de solo.

Solo/estaca Cravada Escavada Escavada Hélice Raiz (Altapressão)


(em geral) (bentonita) Contínua Injetadas

Argilas 1,0 0,85 0,90 1,0 1,5 3,0

Solos 1,0 0,65 0,75 1,0 1,5 3,0


intermediários
Areias 1,0 0,50 0,60 1,0 1,5 3,0
Fonte: Schnaid e Odebrecht (2012).

Fator de redução em grupos de estacas (REBELLO, 2008):


• 01 Estaca no bloco: considera-se Qu calculado integralmente;
• 02 estacas no bloco: considera-se 94% do valor calculado de Qu;
• 03 estacas no bloco: considera-se 87% do valor calculado de Qu;
• 04 estacas no bloco: considera-se 82% do valor calculado de Qu;
• 05 estacas no bloco: considera-se 75% do valor calculado de Qu;

6.3 Número de estacas

Conforme Alonso (p.71) sempre que “[...] o centro de carga coincidir com o
centro do estaqueamento e se no bloco forem utilizadas estacas do mesmo tipo e
diâmetro”, o número de estacas pode ser calculado pela Fórmula 13:

Carga no pilar
N° de estacas = Carga admissí vel da estaca
(13)

Entretanto, o professor orientador determina que o número de estacas pode


ser pré-estipulado e a partir dele, calcula-se a área da seção transversal de cada
estaca e a nova tensão admissível da estrutura.
78

6.4 Cálculo da Armação

Para o cálculo da armação das estacas é considerada a Tabela 7, citada


acima, a qual determina a Tensão média atuante abaixo da qual não é necessário
armar a fundação. Preferencialmente, é conveniente adotar armadura mínima,
bastando para isto, adotar um diâmetro do fuste que possibilite a tensão média
atuante em seu topo ficar abaixo do valor limite informado na Tabela 7, desde que a
estaca esteja carregada somente por carga vertical permanente, sem momentos
fletores ou cisalhamento.
79

7 METODOLOGIA

Com o objetivo de realizar uma análise comparativa de viabilidade técnica e


econômica entre a aplicação da estaca hélice continua e o tubulão, considerou-se
um edifício hipotético de dez pavimentos.

7.1 Determinação da carga no pilar

Tendo como base o exercício proposto por Alonso (2010), na página 132,
onde determina que, para um edifício com catorze pavimentos tem-se uma carga
vertical permanente média de 3500 kN/pilar, foram realizados os seguintes cálculos:

3500 kN/pilar 14 pavimentos


X  10 pavimentos

X = 2500 kN/pilar

Assim, foi determinada a carga vertical permanente média de 2500 kN/pilar, a


qual será adotada para os cálculos do estudo em questão.

7.2 Análise do solo

Para que fosse possível a realização dos cálculos, foi desenvolvido,


juntamente com o professor orientador deste trabalho, o boletim de sondagem
hipotético apresentado na Figura 41 a seguir, o qual representa um solo argiloso
inicialmente de consistência muito mole, que a partir da profundidade 10 m adquire
uma consistência média a rija.
80

Figura 41 - Boletim de sondagem hipotético.

Fonte: Arquivo pessoal (2018).


81

7.3 Dimensionamento do tubulão

Com base na carga determinada e tentando se aproximar ao tipo de solo


predominante na região, concluiu-se que o tubulão deveria ser apoiado na cota 17
m, onde NSPT = 13.

7.3.1 Determinação da capacidade de carga do solo

Para determinar a tensão admissível do solo, foi utilizado o método com base
NSPT
no valor médio do SPT, ondeσadm = 3
. Considerando N =13, tem-se:

13
σadm= 3 = 4,33 kgf/cm² ≅ 433KN/m²

7.3.2 Cálculo da base

F
Como σ = A , onde A = área, tem-se:

2500 kN
433 kN/m² = A
= 5,77m².

π×D²
Como a área do círculo = ,tem-se:
4

π×D 2
= 5,77 m² D = 2,72 m.
4

Concluiu-se então que o diâmetro da base do tubulão é 2,75 m.

A partir disto, calcula-se a altura da base do tubulão. De acordo com a


Fórmula 6, H = 0,866 × (D − d) econsiderando o diâmetro mínimo para o fuste, tem-
se:

0,866 × (275 − 70) → H = 177,53 cm

Assim, foi adotado o valor de 180 cm para altura da base do tubulão.


82

7.3.3 Cálculo do fuste

De acordo com a Fórmula 8, a área da secção transversal do fuste é


P 0,85fck
calculada por Af = σc , onde σc = γfγc
·. Considerando NBR 6122 (ABNT,

2010),onde determina que fck máximo de projeto para tubulão é 20 MPa, γf = 1,4 e
γc= 1,8 tem-se:

P 2500 × 1,4
Af = = 20000 = 0,371 m²
σc 0,85 × 1,8

π×D²
Como a área do círculo = , tem-se:
4

π × D²
= 0,371 → D = 0,68m = 68cm
4

Conforme a NBR6122 (ABNT, 2010) o valor mínimo aceitável para o diâmetro


do fuste é 70 cm. Assim, é adotado o diâmetro mínimo.

7.3.4 Cálculo da armação

F
A tensão média atuante no fuste pode ser calculada por σ = A , assim:

F 2500
σ = π×D²
= π×0,7²
= 6,5Mpa
4 4

Para o cálculo da armação do tubulão, foi considerada a Tabela 7, a qual


determina a Tensão média atuante abaixo da qual não é necessário armar a
fundação.
Conforme a figura, a Tensão média atuante abaixo da qual não é necessário
armar o Tubulão não encamisado é 5 MPa. Como a Tensão média atuante no fuste
é 6,5 MPa, o tubulão deve ser armado integralmente.

π × 70²
Asmin = 0,5% × = 19,24 cm²
4
83

Então será adotada como armação longitudinal do tubulão 10 N1 Ø 16.


Para definir o cobrimento, foi considerado dados da Tabela 11 a seguir.
Baseando-se no elemento viga/pilar, estrutura de concreto armado e, para maior
segurança, classe de agressividade ambiental IV, o cobrimento definido foi 50 mm.

Tabela 11 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal


considerando 10 mm de tolerância

Tipo de Componente Classe de agressividade ambiental

estrutura ou elemento I II III IV


Cobrimento nominal mm

Laje 20 25 35 45
Viga/ Pilar 25 30 40 50
Concreto Elementos
armado estruturais em
30 30 40 50
contato com o
solo

Concreto Laje 25 30 40 50

protendido Viga/ pilar 30 35 45 55

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014), com adaptações.

Considerando que a carga vertical permanente de 2500 kN está aplicada no


centro de gravidade do pilar, não houve a geração de momento fletor, nem esforço
cortante. Desta forma, os estribos serão posicionados somente para possibilitar a
amarração da armadura longitudinal. Conforme discussões com o orientador deste
trabalho, uma boa prática é adotar estribos diâmetro 6,3 mm, espaçados a cada 20
cm.

Assim, a armação transversal adotada foi 85 N2 Ø 6,3 c/20 C=198.


84

7.3.5 Representação do tubulão

Conforme os cálculos desenvolvidos, o tubulão necessário para suportar a


carga de 2500 kN no solo proposto terá 17 m de profundidade, fuste com 70 cm de
diâmetro e base com diâmetro de 275 cm e altura de 1,80 cm, de acordo com Figura
42 a seguir:

Figura 42 - Representação do tubulão calculado.

Fonte: Arquivo pessoal (2018).


85

A armação foi longitudinal e transversal é representada na Figura 43 a seguir:

Figura 43 - Representação da armação do tubulão.

Fonte: Arquivo pessoal (2018).

7.4 Dimensionamento da estaca

Para o devido dimensionamento, devem ser avaliadas a área da seção


transversal do fuste e a devida quantidade de estacas a serem divididas esta área,
sua capacidade estrutural e a capacidade de carga do solo.
86

7.4.1 Cálculo do fuste

De acordo com a Fórmula 10, a área da secção transversal do fuste é


P 0,85fck
calculada por Af = σc , onde σc = γfγc
·. Considerando NBR 6122 (ABNT,

2010),onde determina que fck máximo de projeto para estaca hélice é 20 MPa, γf =
1,4 e γc= 1,8 tem-se:

P 2500 × 1,4
Af = = 20000 = 0,371 m²
σc 0,85 × 1,8

Adotando 4 estacas e conforme professor orientador, tem-se:

Af 0,371
A = = = 0,0926 m²
4 4

π×D²
Como a área do círculo = , tem-se:
4

π × D2
= 0,0926 = 0,343m² ∴ D = 35cm
4

Considerando maior facilidade na execução, foi adotado o diâmetro de 40 cm


por estaca.

7.4.2 Cálculo da capacidade de carga estrutural

Ao ser adotado o diâmetro de 40 cm para cada estaca, o valor de A será


readequado para:
87

π × D2 π × 0,42
A = = = 0,126 m²
4 4
P
Assim, para o cálculo da capacidade estrutural da fundação onde Af = σc ,

tem-se:

P × 1,4
0,126 = 20000 = 850 kN
0,85 × 1,8

850 kN × 4 estacas = 3400 kN > 2500 𝑘𝑘𝑘𝑘

Como a capacidade de carga estrutural das 4 estacas é maior que a carga a


ser aplicada, a fundação é considerada adequada.

7.4.3 Determinação da capacidade de carga do solo

Com base na carga determinada e tentando se aproximar ao tipo de solo


predominante na região, concluiu-se que a estaca deveria ser apoiada na cota 21 m,
onde N = 17. Aplicando o método de Decourt Quaresma (1982), tem-se:

17+18+16 𝛑𝛑×𝟎𝟎,𝟒𝟒𝟐𝟐
α. K. Np . Ap 0,30 × 120 × � 3
�×� 𝟒𝟒

rp = = = 19,28 kN
4 4

152

U. β. ∑ 10 �
Nm
+ 1� ∆L (π × 0,4) × 1,0 × ∑ 10 × � 19
3
+ 1� × 19
3
rl = = = 875,457 kN
1,3 1,3

Qu = rp + rl = 19,28 + 875,457 = 894,737 kN

894,737 kN × 4estacas → Qu = 3578,95 kN

É usual se desprezar o atrito lateral dos 02 primeiros metros da estaca, de


forma a desprezar a altura do bloco de coroamento e possíveis futuras escavações
88

no seu entorno (MARQUES, 2017). Para o presente trabalho, foi considerado o


bloco de coroamento com 2 m de altura.

Conforme Rebello (2008), o fator de redução a ser considerado para 4


estacas no bloco é de 82% do valor calculado de Qu.

Qu × 82% = 3578,95 × 0,82 → 2934,74 kN

Portanto, o solo em questão suporta a carga a ser aplicada de 2500 kN.

7.4.4 Determinação da armação

F
A tensão média atuante no fuste pode ser calculada por σ = A , assim:

F 625
σ = π×D²
= π×0,4²
= 5Mpa
4 4

Para o cálculo da armação da estaca, foi considerada a Tabela 7, presente na


página 69, a qual determina a Tensão média atuante abaixo da qual não é
necessário armar a fundação.
Conforme a Tabela 7, a Tensão média atuante abaixo da qual não é
necessário armar a estaca hélice é 6 MPa. Como a Tensão média atuante no fuste é
5 MPa, a estaca não precisa ser armada integralmente. Portanto, será utilizada a
armadura mínima, conforme mesma Tabela, a 0,5% × Afuste e 4 m de comprimento
mínimo:

π × 40²
Asmin = 0,5% × = 6,283 cm²
4

6,283𝑐𝑐𝑐𝑐²
= 6 N1 ∅ 12,5
1,25𝑐𝑐𝑐𝑐²
89

Então será adotada como armação longitudinal das estacas 6 N1 Ø 12,5.


Para definir o cobrimento, foram considerados dados da Tabela 11, presente na
página 83. Baseando-se no elemento viga/pilar, estrutura de concreto armado e,
para maior segurança, classe de agressividade ambiental IV, o cobrimento definido
foi 50 mm.
Considerando que a carga vertical permanente de 2500 kN está aplicada no
centro de gravidade do pilar, não houve a geração de momento fletor e esforço
cortante. Desta forma, os estribos serão posicionados somente para possibilitar a
amarração da armadura longitudinal. Conforme discussões com o orientador deste
trabalho, uma boa prática é adotar estribos diâmetro 6,3 mm, espaçados a cada 20
cm.

2100𝑐𝑐𝑐𝑐
= 105
20𝑐𝑐𝑐𝑐

Assim, a armação transversal adotada foi 105 N2 Ø 6,3 c/20 C=104.

7.4.5 Representação da estaca

Conforme os cálculos desenvolvidos, foram necessárias 4 estacas com 21 m


de profundidade e fuste com 40 cm de diâmetro para suportar a carga de 2500 kN
no solo proposto, de acordo com Figura 44 a seguir:
90

Figura 44 - Representação da estaca calculada.

Fonte: Arquivo pessoal (2018).

A armação foi longitudinal e transversal é representada na Figura 45 a seguir:


91

Figura 45 - Representação da armação da estaca calculada.

Fonte: Arquivo pessoal (2018).

7.5 Análise econômica

Para a comparação econômica dos dois modelos de fundações propostos,


foram feitos dois orçamentos baseando-se no Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), com referência no mês de janeiro de
2018. Não foi considerado o BDI, pois não influenciaria no valor final uma vez que
seria o mesmo multiplicador nas duas fundações.
92

Para o tubulão foram utilizadas 4 composições de custos, segundo Tabela


12abaixo, onde são considerados a escavação mecânica, alargamento da
base,armação e concretagem, dentre outros itens.

Tabela 12 – Orçamento referente ao tubulão.

Cód. Descrição Un. Qnt. Custo Total

97795 Tubulão a céu aberto, diâmetro do fuste de 70 cm, m³ 6,54 R$837,76 R$5.480,93
profundidade maior que 10m, escavação mecânica,
sem alargamento de base, concreto usinado e lançado
com bomba ou diretamente do caminhão.

97800 Alargamento de base de tubulão a céu aberto, m³ 5,37 R$951,45 R$5.106,70


escavação manual, concreto usinado e lançado com
bomba ou diretamente do caminhão.

95579 Montagem de armadura longitudinal de estacas de kg 272,00 R$6,53 R$1.776,16


seção circular, diâmetro = 16,0 mm.

95584 Montagem de armadura transversal de estacas de kg 42,08 R$9,29 R$390,88


seção circular, diâmetro = 6,3 mm.
Total R$12.754,67
Fonte: Arquivo pessoal (2018).

Para as 4 estacas foram utilizadas 3 composições de custos, segundo Tabela


13 a seguir, onde são considerados a escavação mecânica, armação e
concretagem, dentre outros itens.
93

Tabela 13 – Orçamento referente a 4 estacas.

Cód. Descrição Un. Qnt. Custo Total

90811 Estaca hélice contínua, diâmetro de 50 cm, m 84,000 R$242,34 R$20.356,56


comprimento total acima de 15 m até 30 m,
perfuratriz com torque de 170 kn.M (exclusive
mobilização e desmobilização).

95578 Montagem de armadura longitudinal de estacas Kg 92,448 R$6,84 R$632,34


de seção circular, diâmetro = 12,5 mm.

95584 Montagem de armadura transversal de estacas Kg 109,200 R$9,29 R$1014,47


de seção circular, diâmetro = 6,3 mm.

R$22.003,37
Total
Fonte: Arquivo pessoal (2018).
94

8 RESULTADOS

A comparação técnica entre estaca hélice contínua e tubulão foi realizada


através de cálculos, onde ambas teriam que suportar a carga vertical permanente de
2500 kN/pilar, apoiadas no mesmo perfil geotécnico hipotético. As duas fundações
atenderam ao disposto em estudo, sendo que para que o perfil suporte tal carga, foi
necessário apoiar as estacas hélice contínua na cota de 21 metros e o tubulão na
cota de 17 metros.
Para que o tubulão fosse apoiado na cota e suportasse a carga citada acima,
foi necessário um fuste com diâmetro de 70 cm, base com 275 cm de diâmetro, com
uma altura de 180 cm. Adotou-se a armação longitudinal de 10 barras de 16 mm e
armação transversal de 85 barras de 6,3 mm.
Para as estacas hélice contínua, obteve como resultado o fuste com diâmetro
de 40 cm por estaca e adotou-se armadura longitudinal composta por 6 barras de
12,5 mm e armadura transversal por 105 barras de 6,3 mm.
A partir dos cálculos, foi desenvolvido o Gráfico 1 comparativo abaixo, o qual
demonstra a comparação financeira entre as duas fundações:

Gráfico 1: Comparativo entre os custos totais para execução do tubulão e da estaca hélice contínua.

R$25.000,00

R$22.003,37
R$20.000,00

R$15.000,00

Estaca hélice contínua


R$12.754,67
R$10.000,00 Tubulão

R$5.000,00

R$0,00
Custo total

Fonte: Arquivo pessoal (2018).


95

9 CONCLUSÃO

Mediante ao estudo apresentado neste trabalho, é possível concluir que


tecnicamente ambas as fundações comparadas são capazes de atender às
especificações do projeto estipulado, suportando a carga média aplicada no perfil de
solo hipotético considerado.
Vale ressaltar que cada perfil geotécnico tem suas peculiaridades e assim, é
sempre necessário a análise técnica para definir a fundação mais adequada. Vários
itens precisam ser considerados como a profundidade do nível de água, que pode
resultar em complicações para a execução do tubulão, sendo necessária a utilização
da campânula de ar comprimido, tornando-o ainda mais perigoso para execução,
uma vez que é necessária a descida de operário para o alargamento da base. O
prazo de execução da obra também é um fator muito importante devendo ser melhor
estudado, pois o tempo gato na execução pode variar de uma fundação para outra.
Em relação à análise econômica, conforme Gráfico 1 apresentado no item 8,
percebe-se que o custo para a execução das 4 estacas hélice contínua calculadas é
de aproximadamente 183,84 % do custo da execução do tubulão calculado, sendo
quase o dobro do valor.
Assim, como as duas fundações são tecnicamente viáveis e não foi estipulado
prazo para a execução, recomenda-se optar pela que proporcione maior economia
financeira que, para a carga média de 2500 kN aplicada e o solo apresentado, é o
tubulão.
96

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