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Módulo 6
6. PROCESSOS DE MOLDAGEM
Nos dias atuais uma grande gama de processos de moldação foram desenvolvidos e
estão à disposição dos fundidores. São de comum aplicação processos que utilizam
reações químicas para conseguir resistência mecânica da areia utilizada no molde,
utilizando processos diferenciados de cura como:
• Reação da massa de areia (areia e aglomerante) com um agente de cura na forma
líquida à temperatura ambiente;
• Passagem de um agente de cura sob forma de um gás ou aerossol pela massa de
areia à temperatura ambiente;
• Aquecimento da massa de areia (areia base, aglomerante e agente de cura).
A opção por um outro processo depende das características específicas de cada
produção, bem como as características e propriedades esperadas do fundido final.
Outros processos e de aplicação não tão comum são também apresentados aos
fundidos nos dias atuais, como processo a vácuo – V Process e Full Mold Process.
Ambos processos utilizam areia base seca como único constituinte da areia do molde,
sem aglomerante ou aditivos.
A qualidade de uma peça fundida está diretamente relacionada com a qualidade do
molde, sendo que uma grande parte dos defeitos apresentados em peças podem ser
atribuídos diretamente ou indiretamente ao material de moldagem utilizado ou ao
processo empregado.
2 – Areias de fundição
Uma areia de fundição pode ser definida como sendo um insumo de fundição
constituído de areia base, aglomerante, agente de cura e em alguns casos aditivos,
utilizado para a confecção de moldes e machos, devendo:
• Copiar ao máximo as formas do ferramental (modelo, caixa de macho);
• Resistir aos esforços do metal líquido quando do vazamento e durante a
solidificação da peça.
A maneira pela qual é conseguida uma areia de fundição aglomerada com argila reflete
diretamente na qualidade final dos fundidos. Pelas suas características de obtenção
podemos separar as areias como segue:
• Areias originárias de cavas, depósitos naturais, que já contem em sua composição
areia base do tipo sílica e argila. A esta areia normalmente é adicionada somente
água para se conseguir características de moldagem, constituindo um sistema
aglomerante. A esta mistura dá-se o nome de areia de barranco, terra de fundição,
terra de Sorocaba, areia natural;
• Areias originárias da modificação desta areia natural, adicionando à mesma algum
constituinte como areia base, argila ou aditivo, com o objetivo de corrigir ou melhorar
alguma propriedade apresentada pela areia natural. A esta areia dá-se o nome de
areia semi – sintética;
• Areias originárias da mistura em um misturador, dos constituintes básicos de uma
areia de fundição – areia base, bentonita, água e se necessário aditivo – tomados
isoladamente e em quantidades predeterminadas e suficientes para se conseguir
valores de propriedades necessárias a qualidade especifica para cada peça a ser
produzida. A esta areia dá-se o nome areia sintética.
A escolha da areia sintética também conhecida como areia à verde, como material para
moldagem dentre os três tipos apresentados se explica pela dificuldade em se
conseguir e repetir as propriedades necessárias para a obtenção de peças fundidas de
qualidade utilizando areias naturais ou semi-sintéticas pois nestes dois últimos tipos a
quantidade e o próprio tipo de cada constituintes, pela sua origem geológica e de difícil
determinação.
É comum o emprego do termo à verde, utilizado para designar uma moldação na qual o
molde não sofre secagem antes do vazamento da liga fundida (o termo verde vem da
madeira verde que possui água).
2.1 – Areia natural
Este tipo de areia nos dias atuais encontra pequena utilização, sendo mais empregada
na confecção de peças artísticas em moldação manual para não ferrosos. Os tipos de
areia encontrados em cavas podem conter valores de argila bem distintos:
• Teores elevados, de 20 a 30% como exemplo, necessitando por isto da adição de
areia base à mesma;
• Teores pequenos em argila, em torno de 5% como exemplo, sendo necessário
adicionar argila a mesma.
As argilas geralmente encontradas nas areias naturais são as Fireclay que possuem
pouco poder de adesão, não se conseguindo resistências satisfatórias das areias após
a compactação, mesmo com elevados teores. Isto emplica a pouca utilização deste
processo em empresas de fundição principalmente quando se deseja produzir peças de
qualidade. Como exemplo podemos citar que uma natural com aproximadamente
14%de argila requer em torno de 7 a 8% de água para desenvolver valores de
resistência a compressão à verde da ordem de 600g/cm².
A escolha do tipo de areia a ser empregada em uma moldação bem como a sua
composição é específica para cada fundição e cada tipo de produção (maquinário, liga
metálica, etc.).
Entre as razões que levam a areia sintética a ser mais utilizada pode-se listar:
• Elevada produtividade conseguida com linhas de moldagem automáticas;
• Grande velocidade e possibilidade de automação do processo;
• Baixo custo do mesmo pela possibilidade da reutilização da areia dos moldes após o
vazamento e a desmoldagem.
Esta possibilidade de recuperação da areia após a desmoldagem e da sua reutilização
na produção de moldes é atraente para os fundidores, pois a reutilização somente
implica em pequenas correção na porcentagem dos constituintes (adições de bentonita,
água, aditivos e areia base nova em alguns casos) para que a areia adquira novamente
as mesmas características iniciais, conseguindo-se assim repetitividades das
propriedades da areia do molde o que implica em baixo custo.
A quantidade das peças obtidas com este processo depende da qualidade da areia
utilizada para a confecção dos moldes. Esta qualidade é conseguida através de um
rigoroso controle de vários aspectos do circuito de areia. Estes aspectos serão
abordados no decorrer do estudo deste processo.
Após a escolha do tipo de areia a ser utilizado no molde, a maneira de se preparar o
molde também pode diferenciar caso a caso. Se o molde confeccionado for seco antes
do vazamento da liga, o mesmo é classificado em:
• Moldes de areia estufada, quando o molde for seco utilizando uma estufa;
• Moldes secos ao ar quando ocorre uma secagem superficial do molde em
temperatura ambiente;
• Moldes secos à chama ou ar aquecido quando a secagem natural é acelerada por
chamada ou ar aquecido.
2.2 – Areia estufada (Dry sand)
Este tipo de areia pode ser utilizado na confecção de moldes para produção de peças
de tamanho médio e grande em todas as ligas. Através da estufagem consegue-se
aumentar a resistência da areia do molde de valores iniciais da ordem de, por exemplo,
1Kg/cm² (areia a verde) para 20 Kg/cm² após a estufagem. A permeabilidade da areia
pode ser melhorada através da utilização de areia base de granulometria menor (grãos
maiores).
A estufagem da areia consta de secar a mesma em um forno estufa preferencialmente
por um período relativamente longo de 5 a 7 horas a uma temperatura de 300 a 400°C.
Ao se completar o período de estufagem o molde se encontra pronto para vazamento
podendo ser vazado com o mesmo ainda morno ou frio, sendo que a temperatura deve
ser tal que permita antes do vazamento a pintura do molde (neste processo é
recomendada a pintura do molde).
Quando são confeccionados moldes muito grandes, os mesmos são normalmente
secos a chama por um longo período. Com isto a umidade migra para interior do molde
e não retorna para superfície rapidamente. Porem se a espera para vazamento for
longa pode ocorrer que a umidade retorne para a superfície que foi seca, o que pode
gerar defeitos como gases, por exemplo.
Como uma das maiores desvantagens deste processo pode-se citar a baixa
produtividade do mesmo. Para se evitar defeitos de penetração pode-se utilizar pó de
sílica nas misturas de areia.
A utilização de areias sintéticas é indicada para a confecção de moldes para pequenas,
médias e grandes séries, limitando-se pela mecanização do sistema; em ligas de ferro
fundido, alumínio e cobre, podendo ser também utilizada para ligas de aço com
pequenas restrições para aços ligados.
A quantidade de uma areia de fundição bem como uma peça fundida está diretamente
relacionada com a composição da mesma bem como a qualidade de seus constituintes.
O emprego de diferentes formulações de areias em uma mesma empresa onde a
variedade de peças a serem produzidas é grande é aplicável. Em casos como este é
importante que a empresa tenha um sistema de controle da areia produzida que lhe
possibilite qualidade e rapidez nas operações bem como a repetitividade das
propriedades esperadas.
Os constituintes principais de uma mistura de areia serão estudados procurando-se
ressaltar as informações de interesse técnico que possam nos auxiliar e esclarecer o
mecanismo de formação de defeitos bem como as suas influências sobre as
propriedades das areias.
É de extrema importância notar que não existe uma “receita” geral de areia de fundição
que seja utilizável em todas aplicações das fundições. Cada empresa dispõe de uma
realidade diferente das demais no que se refere a condições de trabalho,m maquinário,
qualificação de pessoal, condições climáticas, disponibilidade de matérias primas de
qualidade, entre outros pontos.
Deve então a empresa conhecer sua própria realidade e dentro das suas características
e condições, apoiado em testes e experimentos práticos e laboratoriais, definir a areia
que deve ser empregada em cada aplicação específica de produção.
3.1 – Aglomerante
Produto adicionado à massa de areia que possibilita com o auxílio da água (em areias
sintéticas) a união (coeção) entre os grãos de areia base, permitindo o uso da mesma
em fundição.
O aglomerante utilizado em areias sintéticas é a argila, normalmente em porcentagem
de aproximadamente 6 a 9% (faixa mais comum de emprego) da mistura da areia.
Somente desenvolve suas propriedades quando em presença de água.
Argila
A força de atração entre as lamelas aumenta com a presença da água que penetra
entre as mesmas. Esta água é chamada de água de adição. Graças a esta água, a
areia adquire coesão e plasticidade, sem a qual esta força diminui.
A argila somente perde o seu aspecto untuoso e suas propriedades se for aquecida a
uma temperatura da ordem de 400°C.
Nas lamelas, em sua última camada ocorre uma substituição do Si++++ por Al+++ e este
pode ser substituído por Mg+, Fé++ ou Mn++. Com isto a lamela fica com déficit de carga
positiva, que será compensada com aplicação de cátions trocáveis (Ca++, Na+), sendo
estas ligações fracas e facilmente trocáveis. Estas substituições alteram as
propriedades das bentonitas.
Utilização:
Argilas refratárias – caulinitas, haloisitas e metahaloisitas:
• Utilizadas na fabricação de materiais refratários;
• Utilizadas em areias sintéticas especiais e regeneração de areias naturais.
Bentonitas – principais argilas utilizadas em fundição (uma boa bentonita para fundição
possui 80% de montmorilonita)
As bentonitas têm capacidade de se saturarem de íons (cátions) como Mg, Ca e mais
raramente Na e K que se ligam às camadas que constituem as lamelas. As jazidas mais
comuns têm a predominância de cátions Ca++ (Itália e França) ou cátions Mg++ (Paraíba
– Ne) são conhecidas como cálcicas naturais.
As bentonitas sódicas naturais, com predominância de cátions Na+ sãoraras e suas
jazidas mais conhecidas situam-se na região de Fort Benton, estado de Wyoming –
EUA, vindo daí o nome bentonita (pedra de benton).
As bentonitas sódicas naturas possuem melhores propriedades para fundição que as
cálcicas naturais – possuem um melhor inchamento. É possível transformar uma
bentonita cálcica natural em uma bentonita sódica artificial, cujas propriedades sse
aproxima da sódica natural.
Este tratamento que consiste numa troca de cátions ligados à bentonita, recebe o nome
de Ativação – processo industrial simples que consiste em colocar a bentonita cálcica
natural em contato com um sal de sódio – Na2CO3 (carbonato de sódio) chamado de
barrilha, em um meio aquoso. Faz-se uma agitação, ocorrendo a troca de cátions
trocáveis (Ca ou Mg por Na).
O carbonato de cálcio formado permanece como impureza na bentonita. Esta troca é
relativamente fácil espontânea e rápida, desde que usados teores de Na2CO3 certos.
Esta troca ocorre à temperatura ambiente não sendo a troca de cátions completa.
Mecanismos da água:
Quando se adiciona água argila, esta água se aloja entre as lamelas, aumentando a
distância entre as mesmas, o que provoca o inchamento. A água não se aloja entre
todas as lamelas de argila (pelo trabalho do misturador não são separadas todas as
lamelas) e várias lamelas permanecem juntas. O que ocorre é que a água fica entre
grupos de lamelas (como se fossem grãos de argila).
As bentonitas sódicas podem dispersar mais, dividir-se em agrupamentos menores e
mais numerosos que as cálcicas. A entrada de água entre as lamelas somente é
possível por ser a força entre as lamelas fraca. Esta penetração da água é que permite
às bentonitas desenvolver suas características (a água lubrifica a bentonita e lhe
confere coesão e plasticidade).
Na bentonita encontramos dois tipos de água em as constituição:
• Água de adição;
• Água de constituição ou água rígida.
A água de adição: é aquela adicionada a massa de areia no momento da mistura no
misturador, que irá se alojar entre as lamelas de bentonita, distanciando as mesmas e
provocando o inchamento da bentonita (lubrificando as lamelas, facilitando o
deslizamento entre as mesmas).
Ao aquecermos uma argila a uma temperatura de aproximadamente 250°C, esta água
de adição é eliminada. Esta perda de água não corresponde a uma perda das suas
propriedades da bentonita, pois esta perda de água é reversível (ao umedecermos
novamente a argila, esta reassume as suas propriedades).
Figura 05 – Afastamento de duas lamelas de bentonita
3.2 – Aditivos
São aditivos compostos em sua maior parte de carbono. Os principais tipos de aditivos
deste grupo são:
Pó de carvão mineral
O pó de carvão mineral do tipo “Cardiff”, tem origem nos finos de carvão mineral,
aproveitados do processo de beneficiamento do mesmo (somente 2,5% de todo
material beneficiado é aproveitado como pó de carvão).
Este material utilizado como aditivo, apresenta um baixo teor em cinzas e de enxofre
total, além de um alto percentual de matérias voláteis, sendo estes fatores
determinantes da qualidade do pó de carvão, condicionando a sua granulometria.
Cuidado deve ser tomado na sua utilização como ferro fundido nodular, pois o enxofre
liberado pode atrapalhar a eficiência da nodularização.
É um aditivo que sob a influencia do calor se decompõe numa grande variedade de
produtos. Sua principal função é a de evitar a reação do molde ou macho como metal
líquido, impedindo a oxidação do último, melhorando o acabamento superficial dos
fundidos.
Um bom pó de carvão mineral para uso em fundição, deve possuir as seguintes
características:
Matérias Voláteis 32 a 38%
Carbono fixo 58 a 65%
Cinzas 3 a 8%
Resíduo Coque 57 a 65%
Carbono Vítreo 8 a 12%
Umidade 2 a 5%
Teor de Enxofre 7% máximo
Ponto de Fusão 1527°C
Um fator que deve ser observado é a granulometria do pó de carvão mineral utilizado.
Uma especificação utilizada em fundições recomenda que 90% dos grãos de pó de
carvão deva passar pela peneira de n°70 (abertura de malha de 0,053mm). Outras
fundições utilizam uma granulometria igual a da areia base utilizada.
O teor em matérias voláteis deve ser o maior possível (com um teor em cinzas inferior a
12%), além de possuir elevado teor em carbono, baixo teor em hidrogênio, oxigênio e
enxofre (entre 0,9 a 1%).
A quantidade de Carbono Vítreo deve ser adequada, pois teores baixos não conferem
bom acabamento superficial aos fundidos, e um elevado teor pode ocasionar defeitos
do tipo enrugamento (pela de elefante), peça incompleta etc.
Quatro teorias tentam explicar a atuação do pó de carvão mneral no caombate aos
defeitos nas peças fundidas. São elas:
Teoria do colchão de gás, onde a reação metal-molde/macho é inibida por uma
camada de bolhas descontínuas, e por uma evolução de gases que se interpõem entre
a areia e o metal líquido;
Teoria do filme de carbono, onde os grãos de areia são protegidos do contato com o
metal líquido por um filme de carbono não molhável, produzido eplo amolecimento do
pó de carvão mineral;
Teoria da atmosfera redutora, onde os gases redutores oriundos da decomposição
térmica do pó de carvão mineral, pela ação da temperatura do metal, inibem a oxidação
de ferro, pois o carbono combina com o oxigênio livre, evitando a formação de óxidos;
Teoria do carbono vítreo, onde na superfície dos grãos de areia, forma-se um filme de
carbono grafítico vítreo, resultante da decomposição de hidrocarbonetos mais pesados.
Este filme funciona como barreira física contra as internações metal-molde/macho, e
não é molhável pelo metal líquido.
A influência do pó de carvão mineral sobre defeitos pode ser citada, como eficiente
combate a:
• Sinterização da areia;
• Reação molde-metal – forma uma atmosfera redutora na cavidade do molde;
• Penetração metálica – reduz a dilatação do molde;
• Penetração de óxidos;
• Veiamento (em mistura com outros aditivos);
• Erosão (lavagem, inclusões de areia);
• Pinholes.
Pode ocasionar:
• Penetração por explosão;
• Gases.
Como influência sobre as propriedades da areia cita-se:
• Um aumento na compactabilidade (aumenta a superfície específica);
• Condutibilidade térmica – retarda o aquecimento dos grãos de areia;
• Diminuição na permeabilidade à verde;
• Aumento da resistência mecânica (aumento da superfície específica);
• Resistência à quente – melhora;
• Resistência a tração à úmido – melhora.
3.2.2 – Aditivos Inorgânicos:
Óxido de ferro
Veiamento – Uma das principais finalidades da adição do óxido de ferro em uma areia
de fundição é para combater este defeito. As causas que levam ao aparecimento deste
defeito são:
• Alta densidade do molde ou macho, devido a boa fluidez da mistura;
• Dilatação da sílica (transformação de quartzo α para β);
• Amolecimento da ligação aglomerante;
• Déficit do volume devido a evaporação do solvente.
As porcentagens indicadas de óxido de ferro para combater este defeito, é da ordem de
1 a 2,5%, com uma granulometria entre 20 e 60 mesh.
A atuação do óxido de ferro no combate ao veiameno é explicado pelo mesmo evitar
que haja um aumento brusco do volume da areia quando esta é submetida a choque
térmico, o que diminuiu o coeficiente de expansão da areia evitando também assim o
aparecimento de defeitos deste tipo.
• Pinholes – O óxido de ferro elimina ou reduz a formação de pinholes, devido a
formação de uma glasura superficial da areia na interface metal-molde, evitando o
contato direto do metal com a água da areia. Indica-se uma porcentagem de 1,5 a
2%.
• Penetração metálica – É evitada devido à formação da citada glasura superficial da
areia na interface metal-molde, que evita o contato direto da areia com o metal,
conseguindo-se uma melhoria no acabamento superficial, sendo em alguns casos
possível eliminar a pintura do molde. Os teores indicados de óxido de ferro são de
3,5 a 5%.
• Sinterização – As adições de até 3% afetam muito pouco a quantidade de areia de
sílica fundida a 1100°C. Em adições de 5% ou mais, ocorre significativa redução da
sinterização em temperaturas iguais ou superiores a 1300°C, sendo que para
adições superiores a 10% e temperaturas acima de 1300°C a sinterização é quase
nula.
• Erosão – A atuação do óxido de ferro possibilita a formação de uma liga cerâmica
que evita ou pelo menos diminui a erosão da areia pelo metal líquido, diminuindo a
friabilidade da areia, evitando também inclusões de areia. Os teores indicados são
de 2 à 4%.
Quando adicionado, o óxido de ferro Fe2O3 de baixo ponto de fusão, se junta a Wustita
(FeO), a medida que esta se forma, criando assim a Magnetita (Fe3O4). Sendo assim,
a Faialita (Fe2SiO4) não se forma, devido à inundação do molde com excesso de
oxigênio desenvolvido a partir do óxido de ferro, quando o metal entra em contato com
este. Também o pentacarbonil de ferro não se forma em baixas temperaturas, devido
ao fato que o óxido de ferro, quando aquecido, libera muito oxigênio.
A enetração de metal e a queima são muito menores ou inexistente sobre a superfície
dos fundidos, já que o óxido de ferro enfatiza a espessura e a camada formada sobre a
superfície do metal-molde é mais pesada.
É importante indicar que os aditivos podem ser considerados como um mal necessário
nas areias de fundição. Eles complicam e encarecem as areias e dificultam bastante o
seu controle.
Tal como outros aditivos, também o óxido de ferro necessita ser bem dosado na areia,
sob o risco de ocorrerem variações negativas nas propriedades da areia e,
conseqüentemente, surgirem alguns defeitos, tais como: gases, enchimento incompleto,
sopros frios, protuberância na superfície superior da peça.
Pó de sílica
Inibidores de Oxidação
Para ligas de magnésio à base de S (enxofre) em pó. Cria uma atmosfera redutora,
eliminando a reação da sílica com metal,se em alto teor pode ser problemático em ligas
de Cu; ácido bórico cria uma camada vítrea no molde entre a sílica e o metal líquido.
Problemas do uso dos aditivos:
• Produzem gases;
• Acumulam material fino na areia, reduzindo a permeabilidade;
• Efeitos colaterais.
Todo aditivo possui efeitos colaterais (bons ou ruins), recomenda-se usar o menor
número de aditivos com menor teor possível. “São um mal necessário”.
5 – Misturadores
Figura 07
Esta massa argilosa forma-se (fig. 07b) visto que as lamelas de argila são separadas
por finas camadas de água.
Sabe-se que as moléculas de água, absorvidas entre as lamelas de argila, devido a seu
caráter dipolar exercem uma força de ligação entre lamelas contínuas conferindo às
mesmas a propriedade de deslizarem umas sobre as outras sob efeito de forças
externas.
A argila pode, portanto desdobrar-se e envolver os grãos de areia-base, constituindo,
assim, os filmes argilosos.
Quando se realiza a compactação da areia preparada nos moldes, os grãos envolvidos
pela argila aproxima-se nos pontos de contato entre eles forma-se as chamadas pontes
argilosas que ligam os grãos entre si (fig. 07c). Nas pontes de argila atua também a
força de ligação exercidas pelas moléculas d’água situadas entreos grupos de lamelas
que constituem os filmes.
Pode-se perceber através destas observações o mecanismo de aglomeração das
areias argilosas: apesar de ser argila o aglomerante, pode-se considerar como agente
de ligação a própria água, que une as lamelas entre si, conferindo-lhes, ainda, a tão
necessária plasticidade.
Compreende-se, desta forma, o objetivo a ser atingido com o trabalho dos
misturadores. É necessário que se consiga um posicionamento das moléculas de água
sobre as superfícies das lamelas de argila passíveis de absorver água e ainda, que
essas lamelas umedecidas sejam posicionadas de modo uniforme sobre a superfície
dos grãos de areia.
Isso exige que os misturadores de areias de moldagem sejam capazes de atritar as
partículas de argila entre os grãos de areia, de modo a subdividi-las o mais possível,
expondo, assim, as suas superfícies à interação com as moléculas de água. Esse
atritamento permite, ainda que cada grão transfira aos outros uma parcela da argila a
ela aderida, de maneira que se tenha, ao fim da operação, recobrimentos uniformes
sobre os grãos.
Esta tarefa é extremamente difícil e mesmo misturadores especialmente preparados,
operando sobre pequenas quantidades de material, só conseguem a dispersão ideal
através da reiteração de muitas operações de mistura. Isto indica que os misturadores
utilizados nas fundições têm uma eficiência que está bastante aquém do teoricamente
possível.
É óbvio, portanto que as misturas preparadas nas fundições estão bastante longe da
perfeição em termos de aproveitamento efetivo das argilas. Ora a massa argilosa não é
uniforme, não estando a água distribuída de maneira regular entre as lamelas de argila,
ora a massa argilosa não envolve completamente os grãos de sílica de modo que
algumas partes da superfície dos grãos de areia-base não recebem a sua quota de
aglomerante.
Deve-se ainda lembrar que compete a mistura a distribuição do modo mais regular
possível dos eventuais aditivos incorporados à areia.
5.2 – Misturadores
5.2.1 – Tipos
Figura 08
• Misturador contínuo de cuba giratória movida por roda dentada (fig. 09).
Figura 09
Figura 10
As hastes e os raspadores metálicos provocam a mistura da areia. A orientação dos
raspadores influi sobre as possibilidades de vazão de areia preparada e o ponto de
extração dessa areia dos misturadores.
Nos misturadores de platô rotativo, a areia é introduzida pelo centro e retirada pela
periférica, enquanto que nós de cuba rotativa a areia tanto pode ser introduzida pelo
centro e retirada pela periferia, como introduzida pela periferia e retirada pelo centro.
Alguns misturadores de cuba baixa rotativa podem ter funcionamento descontínuo,
quando de pequenas dimensões. Neste caso, a retirada de areia preparada pode ser
feita por pá ou pela remoção de uma placa de obturação do orifício de saída de areia.
Figura12
b) Misturadores contínuos de mós verticais
Existem dois tipos principais desses misturadores:
• Um, com cuba cilíndrica única como os anteriores, mas provido de uma abertura
regulável; este tipo de misturador é previsto para preparação exclusiva de areia de
enchimento, isto é, areia que não fica em contato direto com as ligas vazadas no
molde;
• O outro tipo é constituído por duas ou três cubas secantes, sendo cada uma dotada
de seu dispositivo de mistura da areia, com relação ao modelo de cuba única, o
tempo de permanência da areia em preparação é mais longo e a eficiência da
mistura é maior. São aparelhos destinados à preparação contínua de areia de
moldagem única ou mesmo, de faceamento, isto é, que constitui a face interna das
paredes de cavidade dos moldes.
A figura 13 mostra esquema de um misturador contínuo de mós verticais constituídos
por duas cubas justapostas e a figura 14, o sentido de rotação dos dois sistemas de
mós;
Figura 13
Figura 14
c) Misturadores de mós horizontes
Nestes misturadores, as mós, em número de duas ou três conforme a capacidade, são
reguladas a pouca distância da parede da cuba. Os braços que suportam as mós são
ligados ao eixo central através de uma placa de forma, sob a qual estão distribuídas
algumas aletas. A função destas aletas é provocar a difusão do ar soprado através do
fundo da cuba, por um ventilador que faz parte integrante do equipamento de mistura.
Esta insuflação de ar pelo fundo provoca uma movimentação intensa dos constituintes
da areia e os eleva forçando-os a passar entre as mós e a parede da cuba.
A figura 15 apresenta um esquema de um misturador deste tipo.
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Um tipo de misturador menos comum e que não se enquadra nos grupos anteriormente
citados é o misturador de tambor rotativo (fig. 19), apresentado principalmente como
curiosidade.
Figura 19
Este aparelho é constituído de um tambor horizontal que gira sobre roletes. No interior
do tambor um rolo amassador, montado sobre dois braços pendulares, é posto em
movimento por fricção com a areia. A areia comprimida é atritada, subindo ao longo da
parede do tambor é lançada por um agitador contra outros pontos da parede.
Uma haste metálica em forma de lâmina é o raspador. Essa haste, posicionada acima
do agitador completa o equipamento e impede a colagem da areia sobre a parede do
tambor.
A forma das pás do agitador é tal que, durante sua rotação, a areia movimenta-se na
direção da saída do misturador, de modo contínuo.
Podemos notar que a quantidade de areia que se “queima” é uma parcela pequena do
molde, influenciado pela temperatura de vazamento e pela liga vazada. Somente os
constituintes desta camada queimada devem ser repostos no momento da preparação
de uma nova mistura.
7 - Propriedades de utilização
As exigências de uma peça fundida são: ter as formas e dimensões bem precisas, bom
aspecto superficial e não apresentar defeitos internos. Para satisfazer estas exigências,
a areia deve apresentar certas propriedades, sendo que algumas são medidas em
laboratório, através de corpos-de-prova, em condições especiais, diferentes das
condições de utilização da areia na área de fundição (temperatura controlada, etc.).
Devemos por isso nos basear, quando da avaliação de uma areia, tanto nos valores
obtidos em laboratório, como na prática (conhecimentos) obtidos com a vivência do dia
a dia das fundições, adequando um valor ao outro, em um trabalho conjunto.
• Aptidão à moldação;
• Resistência mecânica;
• Permeabilidade;
• Difusividade térmica;
• Estabilidade térmico-dimensional;
• Tendência do desprendimento de gases;
• Sinterabilidade.
A máxima aptidão à moldação que uma areia poderia obter seria com um esforço
mínimo de compactação, a areia copiar os menores detalhes do modelo, apresentado o
molde densidade de compactação e dureza constantes.
Não existe um ensaio específico que mostre um valor para a aptidão à moldação.
Alguns ensaios nos dão aspectos para termos noções sobre a aptidão à moldação da
areia:
Nas 3 situações apresentadas neste exemplo, a areia que apresenta a melhor fluidez é
a areia que apresenta a melhor fluidez é a areia “a” pois consegue preencher melhor o
detalhe da peça do exemplo. A areia “c” apresenta a pior fluidez.
No exemplo anterior vemos que após a compressão a redução de altura “H” representa
a compactabilidade desta areia. O ensaio é realizado inicialmente preenchendo
completamente o tubo cilíndrico do ensaio com areia peneirada e solta, situação “a”,
sendo o excesso raspado como mostrado em “b”, logo após é realizado a compressão
na areia fazendo a mesma sofrer uma redução de altura dentro com cilindro como
mostrado em “c”. Esta redução de altura acontece por existir espaços vazios entre os
grãos de areia que se encontram dentro do cilindro.
Nesta figura podemos ver a quebra de um bolo de areia pelo jato de metal quando do
vazamento da liga, o bolo não teve resistência ao cisalhamento suficiente e rompeu.
Em um molde, atuam várias formas de esforços, tendo o molde que suportar aos
mesmos e possuir diferentes tipos de resistência mecânica, como resistência à
compressão, cisalhamento, tração e dureza. Esta resistência mecânica deve
permanecer sob condições de aquecimento.
Neste exemplo o bolo suspenso de areia do molde não resistiu e rompeu pela ação de
seu peso, devido a uma baixa resistência mecânica da areia.
7.3 - Permeabilidade
• ar da cavidade do molde;
• combustão de produtos contidos na areia aditivos;
• evaporação da água contida na areia;
• gases dissolvidos no metal, que se desprendem quando da solidificação da liga, H, N,
etc.
Estes gases tendem a sair do molde pelo caminho mais fácil, respiros, massalotes,
apartação. Se os mesmos não são eliminados, ficam retidos na massa metálica,
podendo ocasionar defeitos (cavidades bolhas).
Nesta figura podemos ver a situação de vários gases dentro de um molde e como os
mesmos deixam o interior do mesmo:
Os gases tendem a sair pelo caminho mais fácil, seja pela areia, pela apartação do
molde, pelas aberturas do molde (canais, massalotes) ou pela cama de areia utilizada
para assentar o molde.
É a capacidade da areia de transmitir calor das partes mais quentes (próximas ao metal
líquido) para as mais frias. Acontece a condução de calor de grão para grão. Esta
propriedade tem grande importância para que ocorra o resfriamento da liga.
Um molde pode ter uma boa permeabilidade, mas se produzir muitos gases, pode
acontecer o defeito (cavidades – bolhas).
7.7 – Sinterabilidade
Vários fatores têm influência sobre esta propriedade, sendo os mesmos comentados a
seguir:
As características geométricas dos grãos de areia base mais importantes são:
• Forma e estrutura;
• Dimensão;
• Distribuição granulométrica.
Forma e estrutura são determinadas através de um exame no microscópio
etereoscópio, sendo as formas e estruturas mais comuns em grão de areia base:
Formas:
• Arredondadas;
• Subangulares;
• Angulares.
Estruturas:
• Compactos;
• Aglomerados;
• Fissurados.
Dimensão
Um maior módulo representa uma areia mais fina. Seus valores são expressos em AFS.
Distribuição granulométrica
Pelo gráfico apresentado notamos que é possível obter valores de resistência mecânica
iguais para dois valores diferentes em unidade o que da a possibilidade de
trabalharmos com uma areia mais seca ou mais úmida, dependendo da necessidade da
moldação requerida.
• Aumentando o teor m argila (e água necessária) a resistência mecânica aumenta
até certo valor e depois diminui (a argila diminui a fluidez pois aumenta a coesão, se
houver um menor esforço de compactação a resistência mecânica diminui).
ë O uso de aditivos provoca influências variadas nas areias:
• Aumentando-se o teor em pó de carvão da areia:
o A resistência à compressão à verde aumenta (para teores menores de argila).
O pó de carvão desloca o máximo da curva de resistência à compressão para
direita, consumindo teores de água mais elevados;
o A resistência à compressão à verde diminui com o aumento do teor em argila.
• O uso de pó de madeira na areia diminui a resistência à compressão à verde e à
quente e facilita a desmoldagem e a contração da peça metálica.
A característica da argila:
Preparação da areia:
A resistência mecânica que uma mistura de areia pode obter está diretamente
relacionada com a qualidade que se pode conseguir desta mistura pela homogeneidade
de seus constituintes. Melhorar valores de resistência são conseguidos quando:
• Utiliza-se o misturador correto para areia a ser preparada estando o mesmo em
boas condições de utilização (conservação, detalhes construtivos);
• Utiliza-se a carga correta dentro da especificação de cada misturador, pois um
excesso em areia ocasiona uma mistura heterogênea com queda de resistência.
Dentro desta faixa, uma menor quantidade de areia a ser misturada equivale a uma
maior resistência;
• Utiliza-se o tempo correto de mistura. A resistência aumenta quando aumentamos o
tempo de mistura (existe um limite pois um tempo muito longo favorece o
aquecimento da areia e possível queda de resistência, como também a segregação
de finos). O máximo de resistência que se consegue com o aumento do tempo de
mistura normalmente são se relaciona ao máximo da propriedade mas sim ao limite
do misturador utilizado (diferentes misturadores proporcionam valores de
resistências diferentes para o mesmo tempo de mistura).
Pela qualidade da mistura a argila pode se apresentar como:
• Argila efetiva – é a quantidade de argila em uma areia que efetivamente participa
da coesão entre os grãos;
• Argila latente – é a argila que apresenta poder de coesão, mas não é aproveitada
nas ligações entre os grão por estar em excesso ou heterogênea.
Uma elevada porcentagem em argila latente ocasiona alem de desperdício, uma
redução da resistência no molde dificuldade de desmoldagem, redução da
permeabilidade, aumento da quantidade de água requerida pela mistura e conseqüente
aumento na produção de gases, etc.
Temperatura de vazamento:
Está diretamente relacionada com a areia base utilizada, sendo muito influenciada pela
permeabilidade pois quando há um grande volume de gases na areia por uma baixa
densidade de compactação e maior permeabilidade a difusividade térmica ocorre por
radiação (os gases também ajudam na transferência de calor). Quando há poucos
gases na areia ocasionado por uma alta densidade de compactação e conseqüente
baixa permeabilidade a difusividade térmica ocorre por condução.
8.5 – Variação da estabilidade térmico-dimensional
1 – Informações preliminares
Figura 32
Os corpos estranhos presentes na areia usada devem ser eliminados tanto por razões
de segurança do pessoal e do equipamento de preparação e transporte da areia quanto
por motivo de cuidado com a qualidade da areia regenerada.
Os resíduos magnéticos contidos na areia são freqüentemente muito diversificados:
rebarbas ou gotículas de metal resultantes do vazamento, resfriadores incorporados
aos moldes, pregos ou armações ou, ainda, objetos diversos introduzidos
acidentalmente durante o transporte.
A eliminação destes resíduos é feita por meio de separadores magnéticos de diversos
tipos. Para que desempenhem bem a sua função, os separadores devem atuar sobre
uma camada de areia que tenha no máximo 10cm de espessura, considerando-se as
condições normais de transportadores de areia cuja velocidade não ultrapassa muito o
valor m/s.
Os dois tipos mais usados de separadores magnéticos são:
• Os tambores ou polias magnéticas;
• Os overbands.
Nestes aparelhos, o campo magnético pode ser obtido por meio de eletroímãs ou imãs
permanentes.
Figura 33
2.2.2 – Overbands
Figura 34
Esta operação era muito importante no caso do uso de areias, naturais estufadas.
Utilizavam-se aparelhos do tipo de alguns desagregadores ou britadores, de elevada
potência, que são encontrados em instalações de recuperação de areias especiais.
Atualmente, a desagregação de torrões é mais necessária no caso de areias de forte
coesão, freqüentemente utilizadas para moldação por alta pressão. Utilizam-se,
geralmente, divisores de turbina, de potência moderada. O modelo mais
freqüentemente utilizado é um equipamento dotado de palhetas, que é posicionado
sobre o transportador de correia (fig. 36).
Figura 36
Figura 37
Através da desagregação dos torrões, a areia fica num estado que facilita a fase
seguinte, ou seja, o peneiramento. Esta desagregação ou divisão da areia, que
complementa a quebra dos moldes obtida na desmoldagem, é freqüentemente
aproveitada para a realização de operações simultâneas de despoeiramento ou de
resfriamento.
Esta operação é realizada por meio de peneiramento às vezes manual, quando se trata
de pequenas quantidades de areia, mas de um modo geral, mecanizado.
Para o peneiramento mecanizado utilizam-se peneiramentos rotativos ou vibratórios.
Estes equipamentos são geralmente constituídos por seis painéis de malhas, de forma
trapezional, montadas em torno de um eixo horizontal ou então, painéis retangulares
montados em torno de um eixo inclinado.
A figura 38 mostra o esquema de um conjunto de painéis do primeiro tipo, usado em um
peneirador rotativo.
Figura 38
Cada painel representa uma superfície de peneiramento formada por fios entrelaçados,
cujo intervalo define a abertura de malha. O conjunto, situado sob uma proteção ou
caixa metálica, é posto em rotação por um sistema de acionamento. A velocidade varia
conforme as dimensões dos aparelhos em função das vazões de areia e, também,
conforme os construtores. O número de rpm situa-se entre 10 e 40, sendo que as
velocidades menores correspondem a vazões maiores.
A areia é introduzida numa das extremidades do conjunto, passa através das malhas e
cai diretamente num silo ou, então, sobre um transportador que permite levar a areia a
diferentes pontos de estocagem. Os refugos do peneiramento saem do aparelho pela
extremidade oposta à de alimentação e são evacuadas por uma calha.
Pode se observar que a forma poligonal do conjunto de peneiramento favorece a
desagregação de torrões friáveis. Entretanto existem também peneiradores rotativos
circulares, conforme o tipo esquematizado na figura 39, onde se realiza,
simultaneamente, um despoeiramento da areia, através de um sistema de aspiração,
que também promove um certo resfriamento devido a movimentação de um certo
volume de ar.
Figura 39
Figura 40
Figura 41
No caso do peneiramento a vários níveis, sendo mais comuns os peneiradores com
dois níveis, as peneiras apresentam geralmente diferentes aberturas de malha, ficando
a mais aberta na parte superior (fig. 42).
Figura 42
2.5 – Resfriamento
Figura 44
Figura 45
Tais aparelhos são geralmente montados por grupo de dois e contém três turbinas cada
um.
A areia previamente umedecida é agitada no interior do aparelho, sob um fluxo de ar
ascendente.
As vazões de areia resfriada variam de 5 a 150 t/h.
Existem também os resfriadores com transportadores vibratórios, apresentando
perfurações através das quais passa o ar insuflado (fig. 46).
Figura 46
Figura 47
Tais aparelhos apresentam uma câmara entre duas estruturas cilíndricas, através da
qual se insufla ar para garantir a troca de calor.
Existem outros tipos de aparelhos contínuos de resfriamento como misturadores-
resfriadores, agitadores de eixo vertical de velocidade variável, resfriadores de esteira
perfurada que podem resfriar diferentes vazões de areia.
Despoeiramento
Figura 49
Uma mesma instalação pode comportar vários tipos de despoeiradores como, por
exemplo, um ciclone e um separador por via úmida.
Regeneração da areia
Dosagem de constituintes
Figura 51
• extratores vibratórios.
Estes extratores são sistemas de dosagem volumétrica que alimentam equipamentos
de preparação de areia, seja diretamente – misturadores contínuos, ou através de um
silo – misturadores descontínuos.
Neste último caso, o sistema pode permanecer volumétrico se o extrator for comandado
manualmente ou interligado a uma minuteira ou sonda de nível. Pode tornar-se
ponderal se o silo intermediário for ligado a uma balança.
Quanto a extratores descontínuos, o tipo mais conhecido utiliza um sistema de dois
conjuntos de opérculos mecanicamente acionados, conforme o esquema da figura 52.
Figura 52
Tais sistemas realizam uma dosagem volumétrica ou, em certos casos, ponderal,
quando se tem a determinação do peso de um volume constante de areia, o qual é
considerado nas adições posteriores.
A argila e a maioria dos aditivos utilizados nas areias de fundição podem estar sujeitos
a variações de densidade em função, principalmente, de seu umedecimento residual e
da compactação que sofrem nos silos de estocagem. A conseqüência deste fato é que
a melhor precisão de dosagem é obtida através de sistemas ponderais.
Além das soluções utilizadas na dosagem da areia, que também servem para estes
produtos em pó, indicam-se:
• dosadores contínuos, como os aparelhos dotados de sistema helicoidal de
extração e dosagem (fig. 54);
Figura 54
• dosadores descontínuos:
− distribuidores de tambor com alvéolos (fig. 55);
Figura 55
Divisores de hastes
Estes divisores são constituídos basicamente de duas, três ou quatro coroas providas
de hastes montadas sobre dois platôs, podendo ser um fixo e o outro giratório ou
ambos giratórios, em sentidos contrários. Este conjunto é geralmente coberto por uma
carcaça. Existem aparelhos de eixo horizontal (fig. 57) e de eixo vertical (fig. 58).
Figura 57
Figura 58
Estes divisores contêm, essencialmente, uma turbina que gira a alta velocidade e são
cobertos por uma proteção metálica.
A turbina é geralmente instalada sobre eixo horizontal e pode ser constituída por
palhetas fixas (figura 59) por palhetas articuladas ou por barras retilíneas ou de forma
especial, fixadas em discos.
Figura 59
A proteção metálica canalizada a areia dividida numa direção determinada. Ela pode
ser provida de hastes suspensas, como na figura anterior, ou de correntes, cujo objetivo
é reduzir a distância na qual a areia projetada. Pode também dispor de um dispositivo
de batidas ou vibrações para permitir a remoção da areia aderente às paredes da
proteção.
Os divisores de turbina podem ser classificados em duas categorias principais:
• Aparelhos alimentados por cima da turbina;
• Aparelhos instalados sobre o transportador de areia.
Nos aparelhos do primeiro grupo, a areia é projetada sob forma de jato alongado. A
qualidade da divisão é função, em parte do comprimento e da forma da proteção
metálica do aparelho. Aparelhos muito curtos não permitem uma divisão adequada da
areia.
Os divisores do segundo grupo, instalados sobre a correia transportadora, são dotados
de uma, duas ou até três turbinas. São utilizados para a desagregação de torrões da
areia oriunda da desmoldagem, no circuito de recuperação da areia usada, e também
para aeração da areia preparada. Do ponto de vista da montagem, apresentam a
vantagem de poderem ser integrados a uma instalação existente sem necessidade de
grandes aletarções na mesma. Vários aparelhos podem ser montados em série, num
sistema contínuo, para completar a ação do misturador.
4 – Transporte de areia
Estes transportadores são constituídos de uma correia, sem fim, estendida entre dois
tambores. Um destes tambores tema função de movimentar a correia através de um
sistema de acionamento. O outro, cuja posição é regulável, permite realizar o
tensionamento da correia.
Entre os tambores, existem roletes de sustentação da correia e em alguns casos, têm-
se roletes laterais que servem de guias para parte superior da correia.
Todo o conjunto de equipamentos, como tambores e roletes, é montado sobre uma
estrutura metálica rígida.
Os transportadores de correia podem ser montados horizontalmente ou inclinados. No
último caso, a capacidade de vazão do transporte diminui em função da inclinação.
O comprimento máximo utilizado é da ordem de 80mm e, em vários casos, até bem
menor. Isto faciliat a manutenção, reduz as dificuldades de alinhamento e, além disso,
as descargas sucessivas, no caso de uma areia de retorno, favorecem o seu
resfriamento.
As correias podem ser montadas planas (fig. 61) ou encurvadas (fig. 62).
Figura 61 Figura 62
4.4 – Elevadores
Os elevadores são equipamentos utilizados para garantir uma ligação contínua entre
dois níveis de uma instalação. Existem diversos tipos de elevadores e, nos parágrafos
seguintes, são apresentadas considerações a respeito de alguns deles.
Os elevadores de canecas são constituídos essencialmente por dois tambores, uma
correia suporte das canecas e uma proteção metálica do conjunto contendo os funis de
admissão e evacuação do material (fig. 64).
Figura 64
As canecas são fixadas à correia por meio de rebites ou parafusos, permitindo sua
substituição quando necessário. Elas são distribuídas na razão de três a quatro
canecas por metro de comprimento da correia.
Conforme a concepção dos elevadores, as canecas podem trabalhar dragando a areia
no fundo do aparelho ou, então o seu preenchimento é feito durante a queda da areia a
partir do funil de admissão, que é o sistema mais comumente utilizado, conforme
mostra a figura anterior. As potências dos motores de acionamento dependem da
vazão, da altura total e da largura das canecas, ficando em torno de 5kW para
instalações comuns.
Os elevadores de ressaltos, representam outro tipo de aparelho utilizado. Existem duas
categorias principais de elevadores deste tipo.
A primeira corresponde a elevadores onde as canecas são substituídas por ressaltados
retos de pequena altura e solidários à correia. O espaçamento destes ressaltos também
é reduzido e a velocidade da correia é maior que a do tipo anterior. A velocidade
elevada e o pequeno intervalo entre os ressaltos compensa a perda de capacidade de
cada um com relação às canecas.
São aparelhos que trabalham geralmente inclinados, permitindo reduzir um pouco a
profundidade das fossas.
A outra categoria de elevadores de ressaltos também utiliza correias ressaltos
solidários, mas, além disso, apresentam bordas de concentração do material
transportado. Essas correias podem ser usadas horizontalmente ou com uma inclinação
de até 70°, sendo possível construir aparelhos que associem um transporte horizontal e
uma mudança de nível. Entretanto, devido a inclinação as vazões possíveis são baixas
e os elevadores desta categoria são mais encontrados em pequenas instalações, no
circuito de areia de retorno.
Indicam-se finalmente, os elevadores de panelas, que apresentam uma concepção bem
diferente dos anteriores.
Eles são constituídos por duas ou mais polias sobre as quais é enrolados uma carcaça
metálica por elementos articulados que recebem uma correia sem fim constituído as
panelas.
A figura 65 apresenta um esquema de principio deste tipo de elevador.
Figura 65
As panelas são orientadas para o interior do aparelho e esta disposição exige uma
alimentação e evacuação do material transportado pelo interior do transportador.
O uso deste tipo de elevador limita-se a grandes vazões de areia e grades alturas ou
diferentes de nível nos sistemas de recuperação e regeneração.
5.1.3 – Misturadores
Os valores que seriam desejáveis neste campo não são, geralmente, suficientemente
precisos. Isto se deve ao fato de que, para a realização de determinada função de
recuperação ou regeneração de areia, dispõe-se de diversos aparelhos, de
características muito diferentes quanto a potências. Além disso, cada sistema de
recuperação e regeneração representa uma construção e uma concepção particular,
onde o número e a disposição relativas dos equipamentos podem variar em grandes
proporções, alterando as potências e áreas utilizadas.
Quanto às potências instaladas, e para capacidade variando de 10 a 100 t/h, pode-se
encontrar como valores de força motriz, de 2 a 5 kW/t/h. Convém ainda considerar as
funções de despoeiramento que podem atingir, em certos casos, 20 a 40% da potência
motriz. Assim, para um dado sistema de preparação de areia, de 100 t/h de capacidade,
pode-se encontrar de 200 a 500 kW em equipamentos de tratamento da areia e de 100
a 200 kW nos equipamentos de despoeiramento.
O quadro seguinte mostra, para cada um dos principais equipamentos de recuperação
e regeneração de areia, a faixa na qual se situa a maior parte das potências instaladas.
1. desmoldador vibratório
2. tremonha sob a grelha
3. transportador de correia
4. separador magnético tipo overband
5. caixas coletoras de resíduos
6. polia magnética
7. elevador de canecas
8. peneirador vibratório
9. silo de estocagem
10. dosador
11. misturador descontínuo
12. tremonha com correia extratora
13. elevador de canecas
14. funil
15. divisor-aerador
16. transportador de correia
O funcionamento de um tal sistema pode ser garantido por meio de um operador cujas
tarefas seriam a vigilância dos aparelhos e a dosagem manual de areia-base nova,
argila, pó de carvão e água.
A seqüência de operações desempenhadas pelos diversos aparelhos é apresentada
nos tópicos seguintes:
Alguns processos de areias com ligantes químicos, pela natureza química de seus
aglomerantes, não são compatíveis com outros processos de areias. Alguns grupos de
areia compatíveis entre si serão apresentados a seguir.
1. resinas furânicas
Podem utilizar areias recuperadas do próprio processo, de processos fenólicos, de
processo fenólico-uretânicos e de processo alquídicos (estes com algumas restrições).
2. Resinas fenólicas
Podem utilizar areias recuperadas do próprio processo, de processos fenólicos, de
processos fenólicos-uretânicos e de processos alquídicos (estes com algumas
restrições).
3. Resinas fenólico-uretânicas
Podem utilizar areias recuperadas do próprio processo e de processos alquídicos (estes
com algumas restrições).
4. Resinas alquídicas
Podem utilizar areias recuperadas do próprio processo e de processos fenólico-
uretânicos.
Ao final da regeneração das resinas de fundição é importante que a perda por ignição
ou calcinação esteja em valores controlados para evitar o aparecimento de defeitos nas
peças. Estes valores para alguns tipos de ligas são:
Liga Valores aceitáveis
Aço Até 1,7%
Ferro fundido maleável Até 1,9%
Ferro fundido nodular e cinzento Até 2,5%
Bronze Até 2,5%
Alumínio Até 2,0%
Estes valores devem ser aplicados a peças fundidas de paredes grossas com
espessura de, no mínimo, 50mm.
Valores de nitrogênio devem ser controlados nas areias, no fm da regeneração, sendo
mais preocupantes areias oriundas de resinas furânicas. Os valores aceitáveis para
ligas de ferro são de até 4% e, para aços, de até 1,5%.
Pela característica de cada processo, uma areia recuperada de um processo pode, às
vezes, ser utilizadas para outro, com algumas restrições. Existe uma certa
compatibilidade entre os processos quanto à utilização de areia recuperada. O quadro a
seguir mostra estas relações de compatibilidade entre alguns processos mais
empregados nas fundições.
Hot Box fenólico e
No-bake fenólico e
No-bake alquídico
fenólico
furânico(e)
Col Box
uretânico
furânico
furânico
Óleo
Com regenerações consecutivas, caso não seja feito um tratamento necessário durante
o processo, pode ocorrer o aumento do teor em elementos na areia não desejáveis.
O quadro a seguir mostra uma situação em que uma areia foi somente recuperada
varias vezes, sendo adicionados 5% de areia-base nova em cada mistura. A areia foi
preparada utilizando resina UF/AF com 2,9%N, e catalisador APTS. Pode-se observar a
alteração no valor de pH, perda por calcinação e teor em nitrogênio.
Aumento da perda ao fogo provoca aumento no teor em nitrogênio
Número de pH PF N residual
regenerações
0 (areia nova) 9,5 0,16 -
1 5,8 0,73 2,1
2 4,3 1,02 2,6
3 4,0 1,48 2,1
4 5,8 1,37 2,3
5 3,2 1,75 2,0
6 4,3 1,44 2,9
7 3,9 2,08 2,2
8 3,8 2,00 2,3
9 3,7 1,79 2,1
10 3,1 1,81 1,9
15 2,9 2,30 2,1
20 2,8 2,11 2,1
Um antigo processo utilizado para fabricação de peças de médio e grande porte era o
silicato de sódio endurecido pelo gás CO2. Este processo vem perdendo espaço na
indústria de fundição, dentre outros problemas pela sua baixa colapsibilidade. Veja o
quadro com uma comparação entre o processo furânico e o silicato CO2.
SENAI. DR. MG. Modelos e Caixas de Machos. 3. ed. Belo Horizonte, SFP-EMC,
1990.
SENAI. DR. MG. Resfriadores. 2. ed. Belo Horizonte: DFP/DAT, 1987. 51 p. il.
(Publicação Técnica – fundição, 18).Revista Fundição & Matérias Primas. Fundidos de
Ferro: ligas essenciais para ofuturo. Caderno Técnico 5. Publicação 06, em
Julho/Agosto de 2004.
http://www.cimm.com.br/portal
http://www.abifa.com.br/portal