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CRICIÚMA
2016
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS, ENGENHARIAS E
TECNOLOGIA - UNACET
CRICIÚMA
2016
JAMILE THÖN LANGBEHN
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof. Paulo Roberto Paes da Silva – Mestre – (UNESC) - Orientador
__________________________________________________
Eng. Aguinaldo Pereira Gonsalez – Engenheiro – (Metalúrgica Spillere Ltda)
_________________________________________________________
Prof. Luiz Rodeval Alexandre - Engenheiro - (UNESC)
DEDICATÓRIA
O processo de fundição utiliza diversos tipos de moldes para fabricação de peças metálicas,
sendo os moldes de areia os mais comuns. Entre os aglomerantes utilizados nestes moldes, as
resinas orgânicas ocupam grande espaço na indústria, com destaque para as resinas fenólicas
alcalinas utilizando catalisador do tipo éster para processos de moldagem em temperatura
ambiente (cura a frio). Ela possui vantagens como liberar menos gases durante o processo de
fundição. Apesar disso, existem poucos estudos que avaliam a influência dos parâmetros de
moldagem nas propriedades finais do molde, principalmente em relação a temperatura. O
presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência da temperatura nas propriedades
mecânicas do molde de areia utilizando resina fenólica alcalina com catalisador do tipo éster
como aglomerante. Foram avaliadas nove formulações de resina e catalisador quanto ao gel
time para determinar a velocidade de cura. As mesmas foram utilizadas para confeccionar os
moldes de areia na proporção de 1,35% de resina (massa da areia) e 25% de catalisador (massa
da resina) em temperaturas de 15, 25 e 35°C para avaliação da resistência a tração e vida de
banca. Cada formulação obteve um comportamento diferente, porém a influência da
temperatura ficou evidente na resistência mecânica dos corpos de prova. A resina CCS 35S não
apresentou bons resultados a 15°C devido a influência da baixa temperatura na reação de
polimerização, enquanto a 4850 apresentou melhores resistências nestas temperaturas. No
geral, dos três catalisadores testados a triacetina apresentou os melhores resultados em todas as
temperaturas além de ser economicamente viável. Em relação as resinas, as melhores
resistências foram alcançadas pela resina CCS 9040 nas temperaturas de 25 e 35°C.
Palavras Chave: Moldes de areia, resina fenólica alcalina, catalisador éster, resistência,
temperatura.
ABSTRACT
The foundry process use many molds for metallic parts manufacture, wherein the
sand molds are the most common. Between the binders used in these molds, the organic resins
occupy large space in industry, especially phenolic alkaline resins with ester hardener for
molding process at room temperature (no bake). It has advantages like liberate less fumes
during foundry process. Nevertheless, there are not much studies witch evaluate the influence
of molding parameters in final properties of the mold, particularly in relation of temperature.
The present work aims to evaluate the influence of temperature in mechanical properties of the
alkaline phenolic with ester hardener binder in sand mold. Was evaluated nine formulations of
resin and catalyst as gel time. The same formulations was used to manufacture the sand molds
with 1,35% of resin (sand weight) and 25% of catalyst (resin weight) in 15, 25 and 35°C for
evaluation of tension strength and bench life. Any formulation obtained a different behavior,
however it became evident that the temperature influences in mechanical resistance of the
samples. The CCS 35S resin did not show good results in 15°C, because de lower temperature
influences in polymerization reaction, while the 4850 resin showed the best results at this
temperature. In general, of the three catalysts tested, triacetin showed the best results in all
temperatures beside be economically viable. In relation of resins, the best results were achieved
by CCS 9040 resin in 25°C and 35°C temperatures.
Keywords: Sand molds, alkaline phenolic resins, ester catalyst, resistance, temperature.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 56
8 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 58
1 INTRODUÇÃO
14
trabalhos que avaliam as propriedades de moldes aglomerados com resinas fenólicas pelo
método Alphaset ou Betaset.
Alguns estudos demonstram que as resinas fenólicas alcalinas curadas com auxílio
de catalisadores do tipo éster sofrem influência da temperatura no processo de cura (MURRAY,
1993 apud DETLEFSEN, 2002), afetando também a viscosidade da resina e a vida de banca
dos moldes de areia (DAMIN e GONSALEZ, 2015), indicando uma possível influência nas
propriedades mecânicas de moldes aglomerados com este tipo de resina. Todavia, devido a
carência de estudos na aplicação destas resinas em moldes de areia para fundição, não se sabe
ao certo se existe influência real da temperatura nas propriedades mecânicas destes.
Visando um ganho de produtividade é comum a utilização de diferentes resinas
fenólicas alcalinas e diferentes catalisadores do tipo éster pelas empresas, os quais possuem
algumas variações principalmente quanto ao tempo de cura. Todavia, é necessário conhecer a
influência destes materiais sobre as propriedades dos moldes para garantir um real aumento
desta produtividade. Portanto, a grande aplicação das resinas fenólicas alcalinas na confecção
de moldes de fundição por processo de cura éster, a carência de estudos que avaliam a influência
dos parâmetros de moldagem nas propriedades finais do molde e o indício de que a temperatura
pode afetar estas propriedades, tornam viável a realização deste trabalho.
15
2 OBJETIVOS
16
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
17
3.2 HISTÓRICO DO PROCESSO DE FUNDIÇÃO
18
3.3 FUNDIÇÃO EM MOLDE DE AREIA
19
Outra grande desvantagem é a interação da sílica com aços com altos percentuais de Mn
formando silicatos de baixo ponto de fusão, levando a sérios defeitos de queima da areia
(BROWN, 2000).
Além da expansão térmica existem outras propriedades das areias que influenciam
uma boa qualidade de molde, principalmente a quanto a resistência mecânica. Uma delas é o
formato da partícula da areia (BEELEY, 2001). Como mostrado na Figura 4 existem diferentes
formatos de partícula, variando de muito angular com baixa esfericidade, a bem arredondados
com alta esfericidade.
21
Figura 4 - Formato da partícula de areia.
22
3.3.2 Aglomerantes
No processo de moldagem de areia por cura a frio a mistura de areia com um ligante
orgânico líquido e um agente de cura líquido (catalisador) causa aglomeração da areia em
23
temperatura ambiente (RAMPAZZO, 1989). Este processo requer uma quantidade muito
pequena de ligante, variando de 1 a 2% em massa (BEELEY, 2001).
Após a mistura, o molde é confeccionado em caixas onde ocorrerá a cura do ligante.
Alcançando uma resistência mecânica adequada o molde pode ser retirado da caixa. Esta cura
começa imediatamente após o catalisador entrar em contato com a resina, onde a combinação
de diferentes resinas e catalisadores culmina em diferentes tempos de cura. A sua escolha
dependerá do tamanho do molde, das características da areia e da temperatura a qual o molde
está exposto. (BALDAM e VIEIRA, 2014).
Segundo Brown (2010) existe uma faixa de temperatura ideal para confecção dos
moldes, sendo que esta deve ficar entre 20°C e 25°C, porém uma faixa de 15-30°C é
considerada trabalhável. Em uma temperatura abaixo desta faixa ocorre um retardo na cura da
resina, aumentando assim o tempo de permanência do molde na caixa de moldagem, e pode
causar problemas de descascamento. Em temperaturas a cima desta faixa, ocorre grande
redução no tempo de trabalho e aumenta a geração de fumos causando defeitos no molde.
24
3.4.1 Resinas Fenólicas
(a)
25
(b)
(c)
26
Figura 7 – Estrutura da resina Resite após a polimerização completa da resina
fenólica alcalina Resol.
A Figura 8 mostra a análise de DSC para duas resinas fenólicas diferentes. Por meio
dela observa-se que a reação ocorre apenas acima de uma temperatura ideal, como mencionado
anteriormente, além de se tratar de uma reação exotérmica (PILATO, 2010).
27
A resina resol obtida por meio da reação descrita é considerada uma resina de um
estágio, pois o processo exige apenas fenol, formaldeído e o catalisador alcalino, sem a inserção
de outro componente durante a síntese (SARKAR, 1967).
Em termos comerciais, as resinas resol se apresentam em forma líquida com
viscosidade baixa a média e coloração clara a castanho-escuro (BALDAM e VIEIRA, 2014)
com uma proporção geralmente entre 1/1 e 2/1 (formaldeído/formol). Elas são fornecidas na
forma de pré-polímero e, por isso, possuem um inibidor de cura para evitar a cura completa
antes da sua utilização (RAMPAZZO, 1989). Essas resinas apresentam vantagens sobre outras
resinas em termos de versatilidade, baixa toxicidade e fácil processamento (DETLEFSEN,
2002). Uma desvantagem desta classe de resina é a baixa estabilidade no armazenamento, pois
mesmo com a presença de um inibidor de cura começam a apresentar mudanças ao longo de
tempo (BALDAM e VIEIRA, 2014).
As resinas do tipo novolacas devido ao excesso de fenol em relação ao formaldeído
apresentam um mecanismo diferente de polimerização, ocorrendo também em duas etapas. Na
primeira etapa ocorre protonação do grupo carbonil seguida de uma substituição aromática
eletrofílica nas posições orto ou para (STEVENS,1999), conforme Figura 9 (a) e (b).
O meio ácido causa também protonação do grupo álcool favorecendo uma reação
de condensação com outro grupo álcool vizinho, como é demonstrado na Figura 9 (c). Pode
ocorrer também um intercruzamento por substituição eletrofílica envolvendo carbocátions
benzílicos e fenol (STEVENS,1999), conforme Figura 9 (d).
(a)
(b)
28
(c)
(d)
Ao final das duas etapas é obtido uma mistura de polímeros de baixo peso
molecular, devido a pequena quantidade de formaldeído presente (SEYMOUR e
CARRAHER,1992). A Figura 10 mostra uma das estruturas formadas no processo. Diferente
da resina resol que precisa apenas de calor para obtenção de uma estrutura altamente reticulada,
a resina novolaca precisa de uma adição de formaldeído para uma cura total. Por este fato, esta
é chamada de resina de dois estágios (SARKAR, 1967).
As resinas fenólicas alcalinas são muito utilizadas para aplicações em que a cura
deve ocorrer em temperatura ambiente. Para isso são utilizados catalisadores que promovem a
cura da resina sem adição de calor. O sistema mais utilizado é a cura por meio de adição de um
éster. Este processo é conhecido como ALPHASET ou BETASET utilizando um éster líquido
ou gasoso, respectivamente (RAMPAZZO, 1989). Este processo foi utilizado pela primeira vez
para a confecção de moldes para fundição pela Borden (Reino Unido) no início dos anos 1980
((DETLEFSEN, 2002; LEMON et al., 1984).
O mecanismo de cura ainda não é bem conhecido. A partir de 1993 alguns autores
tentaram explicar de que forma o éster atua na cura desta resina, porém estes autores chegaram
a diferentes conclusões. O consenso que existe entre eles é que a interação do éster com a resina
do tipo resol leva a formação de um intermediário, a metil quinona, em baixas temperaturas que
rapidamente reage de alguma forma conduzindo a cura da resina. (CONNER, LORENZ e
HIRTH, 2002; PIZZI e STEPHANOU, 1993; PARK et al., 1999; HIGUSHI et al., 1999;
KAMO et al., 2004; LEI et al., 2006). A Figura 11 mostra um dos possíveis mecanismos de
cura utilizando um éster como catalisador.
30
Fonte: DETLEFSEN, 2002.
31
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Para o presente estudo foi utilizada areia de sílica INCAST 50 de primeira utilização
com formato de partícula sub angular fornecida pela Sibelco Ltda, para confecção dos corpos
de prova para ensaio de tração.
Foram utilizados três tipos de resinas fenólicas alcalinas e três catalisadores do tipo
éster distintos, obtendo-se assim nove formulações, conforme Tabela 1. As resinas estudadas
foram a CCS 35S de cura acelerada e a CCS 9040 de cura intermediária fornecidas pela Comil
Cover Sand Ind. e Com. Ltda e a Royalphen 4850 de cura lenta fornecida pela Royal Plás
Indústria & Comércio de Produtos Químicos Ltda. Os catalisadores utilizados foram o CCS
05/20 de ação média e a Triacetina de ação lenta (padrão) fornecidos pela Comil Cover Sand
Ind. e Com. Ltda e o catalisador CM-417 de ação superlenta da Marbow Resinas Ltda.
Todos os materiais utilizados neste estudo, bem como equipamentos e espaço para
desenvolver os ensaios foram cedidos pela Metalúrgica Spillere Ltda.
A areia base utilizada para confecção dos moldes de areia foi caracterizada quanto
a distribuição granulométrica, pH e perda ao fogo.
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A distribuição granulométrica foi determinada de acordo com a norma CEMP
081/2003. 100g de areia base (previamente seca a 100°C durante 4h) foram colocadas no topo
de um agitador de peneiras eletromecânico Solotest contendo 10 peneiras (n° 12 a 270) mais o
prato. Ao final, o material contido em cada peneira foi recolhido e pesado. Foram determinados
também o módulo de finura (AFS) e o teor de finos.
O pH foi mensurado de acordo com a norma CEMP 121/2003, onde 25g de areia
foram fervidos em 100 mL de água deionizada por 5 minutos. Após resfriada a mistura foi
agitada e o pH da solução sobrenadante foi medido com auxílio de um pH-metro Quimis. O
ensaio foi realizado em duplicata.
A análise de perda ao fogo foi realizada para determinar possível contaminação da
areia base com matéria orgânica. Ela foi determinada em conformidade com a norma CEMP
120, onde 1g de areia base foi colocado em um cadinho de alumina e aquecido em um forno
mufla Quilmis da Calmex a 957°C por 4h. Ao final a massa foi medida e comparada a massa
inicial. O experimento foi realizado em triplicata.
O gel time é utilizado para determinar o tempo que a resina leva para iniciar a cura
após entrar em contato com uma quantidade determinada de catalisador. Os gel times das
composições foram obtidos cronometrando o tempo entre a adição do catalisador à resina e o
enrijecimento da mesma em temperatura ambiente de 25°C. Para isto, foram adicionados 12g
de catalisador em 50g de resina (25% em massa) mantendo-se uma agitação manual constante
com o auxílio de um bastão de vidro. Os experimentos foram realizados em triplicata. Este
ensaio dá uma prévia do comportamento destas resinas aliadas a estes catalisadores quando
adicionados a areia de moldagem.
33
de prova foram confeccionados utilizando as mesmas formulações de resina e catalisador
empregadas no gel time.
Primeiramente foi adicionada apenas a areia na batedeira e misturada por dois
minutos em velocidade média para homogeneização. Após, foi adicionada a resina e misturada
por mais 2 minutos em velocidade alta para total dispersão da mesma na areia. Por último, foi
adicionado o catalisador e misturado por mais 1,5 minutos.
34
fundamental conhecimento, pois indica o tempo máximo que se tem para moldagem. A Figura
13 mostra a caixa de macho utilizada para confecção dos corpos de prova de areia.
O procedimento foi realizado com todas as composições utilizando a resina em três
temperaturas distintas, sendo elas 15, 25 e 35°C. Para atingir a temperatura de 35°C a resina foi
aquecida em banho maria e, para a temperatura de 15°C, a resina foi resfriada em um banho de
gelo e álcool. A temperatura foi controlada com auxílio de um termômetro.
Figura 13 – Caixa de macho para confecção de corpos de prova para ensaio de tração.
Os ensaios de tração dos corpos de prova foram realizados utilizando uma máquina
para ensaio de tração de corpos de prova de areia modelo MRUD da TECNOFUND (Figura
14). Os ensaios foram realizados com 1h após a confecção dos corpos de prova para avaliação
do comportamento das formulações em um curto espaço de tempo após a moldagem. Foram
realizados também ensaios após 24h para determinação da resistência final do molde após a
cura total das resinas.
35
Figura 14 - Equipamento para ensaio de tração
36
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
38
5.2 GEL TIME DAS FORMULAÇÕES
As vidas de banca dos corpos de prova de areia estão relacionadas com o valor do
gel time das respectivas formulações de resina e catalisador. O gráfico da Figura 17 relaciona
o valor do gel time com a vida de banca a 25°C. Observa-se que o comportamento das
formulações se mantêm ao adicionadas a areia, porém há um acréscimo no tempo. Isto se deve
ao fato de a cura da resina ocorrer na presença de um grande volume de areia, a qual forma uma
espécie de barreira física que diminui a interação entre a massa total de resina.
Figura 17 - Correlação do gel time das formulações com a vida de banca dos corpos de prova
de areia mostrando o acréscimo de tempo da vida de em banca em relação ao respectivo gel
time.
Quando a temperatura das resinas utilizadas para confecção dos corpos de prova é
alterada, ocorre também uma alteração na vida de banca destes. A temperatura de 25°C foi
considerada como temperatura padrão. A Figura 18 mostra a relação da vida de banca em
função da temperatura para a resina CCS 35S com os diferentes catalisadores.
40
Figura 18 - Vida de banca dos corpos de prova aglomerados com a resina CCS 35S
(rápida) em diferentes temperaturas.
41
Figura 19 – Vida de banca dos corpos de prova aglomerados com a resina CCS 9040
(intermediária) em diferentes temperaturas.
A Figura 20 demonstra o comportamento das misturas com a resina 4850. Com esta
resina, o tempo de banca dos corpos de prova sofreram alterações tanto em alta quanto em baixa
temperatura com os catalisadores CM-417 e triacetina, porém a maior alteração se apresentou
em baixa temperatura. Com o catalisador CCS 05/20 não houve uma alteração muito
significativa a baixa temperatura, mas sim em alta temperatura.
42
Figura 20 - Vida de banca dos corpos de prova aglomerados com a resina 4850 (lenta) em
diferentes temperaturas.
43
Figura 21 - Micrografia óptica corpo de prova de areia. Aumento de 50x.
Figura 22 - Micrografias do corpo de prova de areia com aumento de (a) 200x, (b)
500x e (c) 1000x.
(a)
44
(b)
(c)
Na Figura 22 (a) observa-se a união entre as partículas de areia causada pela resina
com um aumento de 200x. O formato do grão não proporciona uma grande interação entre os
grãos e por isso necessita de uma quantidade maior de resina se comparado a partículas
esféricas. Por outro lado, estes ângulos propiciam a existência de mais poros se comparado com
45
partículas esféricas, o que aumenta a permeabilidade do molde para os gases gerados durante o
processo de fundição. A Figura 22 (b) possui um aumento de 500x destacando a união das três
partículas presentes no centro da Figura 22 (a) em destaque, e a Figura 22 (c), com um aumento
de 1000x, mostra a interação existente entre a resina e duas partículas de areia em destaque na
Figura 22 (b).
46
Figura 23 - Resistência a tração dos corpos de prova de areia após 1h de confecção das resinas
(a) CCS 35S - rápida, (b) CCS 9040 - intermediária e (c) 4850 - lenta.
(a)
(b)
47
(c)
A resina CCS 35S possui um tempo de cura acelerado e isto faz com que a
resistência em 1h seja relativamente alta, como é possível observar no gráfico da Figura 23 (a).
Observa-se também que as menores resistências em 1h são dos ensaios em 15°C. Inicialmente
isto ocorre pelo fato de a baixa temperatura aumentar o tempo de cura, como visto
anteriormente, fazendo com que 1h não seja suficiente para adquirir uma resistência mínima
como acontece em 25°C. Já a 35°C é possível observar que, utilizando a Triacetina, há um
aumento de resistência, pois diminui o tempo de cura ocorrendo o efeito contrário visto em
15°C. Porém, utilizando o catalisar CCS 05/20 há uma diminuição da resistência em 35°C. Isto
acontece, porque o início da cura da resina ocorre antes do térmico da moldagem. Uma
consequência visível deste comportamento é o esfarelamento do CP, sinal que demostra baixa
adesão das partículas de areia.
Os ensaios realizados com a resina CCS 9040 demonstram um comportamento
similar a resina CCS 35S após 1h, como se observa na Figura 23 (b). Entretanto, os valores de
resistência da CCS 9040 em 1h são, na maioria, inferiores a primeira resina. É interessante notar
que a vida de banca destas duas misturas reflete no valor de suas resistências, como era
esperado. As misturas com a CCS 35S apresentam uma vida de banca menor em relação a CCS
9040 (Figura 17), sendo assim, obtêm um valor de resistência maior em menos tempo.
48
A Figura 23 (c) mostra o comportamento da resina 4850 com os diferentes
catalisadores e temperaturas empregados. As misturas com os catalisadores CM-417 e
Triacetina apresentaram melhores resistências em maiores temperaturas, o que condiz com o
comportamento já destacado anteriormente em relação a vida de banca dos corpos de prova. O
catalisador CCS 05/20 apresentou resistência a tração dentro de uma mesma faixa em todas as
temperaturas da mesma forma com aconteceu nas misturas deste com as outras resinas.
Observando os três gráficos da Figura 23 é possível notar que a medida que a resina
tem uma cura mais lenta, sua resistência em pouco tempo de confecção é menor com todos os
catalisadores. Este dado é importante na hora de escolher a mistura de resina e catalisador para
moldes de diferentes tamanhos. A vida de banca em conjunto com a resistência mecânica em
1h determina se a mistura pode ou não ser utilizada para determinados moldes. Moldes muito
grandes exigem que a cura da resina seja mais lenta para que se consiga moldá-lo antes de a
cura iniciar, caso contrário, a aglomeração da areia será ineficaz e a chance de o molde falhar
em serviço aumenta consideravelmente. Para moldes pequenos, em que o tempo de moldagem
é pequeno, é interessante que a vida de banca da mistura seja menor. Desta forma, ele pode ser
desmoldado e utilizado mais rapidamente, aumentando assim a produtividade.
Os gráficos da Figura 24 correspondem aos experimentos de tração após 24h da
confecção dos corpos de prova de areia para as diferentes resinas empregadas.
Os resultados dos ensaios de tração das misturas com resina CCS 35S a 24h,
mostrados na Figura 24 (a), definem a resistência final dos CPs confeccionados com as
respectivas formulações. Nota-se que a mistura com Triacetina apresentou as melhores
resistências nas três temperaturas estudadas, porém apenas em 25°C e 35°C foi obtido uma
resistência a cima do mínimo estipulado.
O catalisador CCS 05/20 apresentou resistências abaixo do mínimo estipulado em
todas as temperaturas. Isto ocorre pelo mesmo motivo já descrito anteriormente. Sua cura é
muito rápida e começa antes do final da moldagem, fazendo com que não haja boa aglomeração
dos grãos de areia, mesmo em baixas temperaturas onde a vida de banca é maior.
49
Figura 24 – Resistência a tração dos corpos de prova de areia após 24h de confecção das
resinas (a) CCS 35S - rápida, (b) CCS 9040 - intermediária e (c) 4850 - lenta.
(a)
(b)
50
(c)
Autor, 2016.
Os resultados com o catalisador CM-417 e a resina CCS 35S mostram que apenas
em 25°C a resistência é satisfatória. Acredita-se que o valor da baixa resistência a 35°C se deva
a diminuição da vida de banca desta mistura em 35°C (Figura 18) provocando um efeito
parecido com o observado nas misturas com o catalisador CCS 05/20.
Um comportamento curioso ocorreu com esta resina a 15°C com todos os
catalisadores. Apesar de a vida de banca ser maior, facilitando a moldagem antes do início da
cura, as resistências encontradas foram menores do que nas outras temperaturas. Acredita-se
que a explicação para este fato esteja no mecanismo da reação de polimerização da resina. As
resinas fenólicas alcalinas têm como característica a cura espontânea a altas temperaturas, sendo
utilizado assim um catalisador, neste caso um éster, para que a cura ocorra a temperatura
ambiente. Existem diversos estudos que apresentam possíveis mecanismos de cura utilizando
diferentes ésteres (LEI et al., 2006), e alguns destes estudos demostram que a reação de
polimerização depende da concentração de catalisador e da temperatura (CONNER, LORENZ
e HIRTH, 2002; PARK et al., 1999; PIZZI e STEPHANOU, 1993). Outro estudo demostra que
a reação é dificultada à medida que a temperatura é menor, desfavorecendo a reticulação da
cadeia, gerando assim moléculas com menor peso molecular e menos reticuladas (MURRAY,
51
1993 apud DETLEFSEN, 2002). Como consequência a união entre as partículas de areia
também se torna mais fraca.
O comportamento da resina CCS 9040 em 24h, mostrado da Figura 24 (b), é similar
ao comportamento da resina CCS 35S, apresentando as menores resistências a baixa
temperatura, porém com maiores valores. Diferentemente da resina anterior, o catalisador CM-
417 apresentou boa resistência em 25 e 35°C. A Triacetina apresentou novamente os melhores
resultados, com um perfil similar a resina anterior, mas atingindo o valor mínimo em todas as
temperaturas. O catalisador CCS 05/20 obteve os menores valores de resistências pelo mesmo
motivo já discutido anteriormente. É interessante notar que este catalisador tem um
comportamento interessante ao comparar os gráficos de 1h e 24h. Quanto maior foi a sua
resistência em 1h, menor foi a resistência em 24h. Isto ocorre devido a sua cura muito rápida.
Isto é observado tanto na resina CCS 35S quanto na resina CCS 9040.
A resina 4850 apresentou um comportamento diferente em relação as resinas
anteriores, como mostra a Figura 24 (c). A triacetina e o CCS 05/20 apresentaram suas maiores
resistências em 15°C, porém em 25°C e 35°C, para a Triacetina, os valores ficaram dentro do
valor mínimo estipulado. O catalisador CM-417 apresentou suas melhores resistências em alta
temperatura, porém esta mistura não tem sua cura completa em 24h, sendo necessário realizar
o ensaio após 48h, visto na Figura 25.
Figura 25 - Resistência a tração da mistura de resina 4850 (lenta) com catalisador CM-417 após
48h.
Outro dado importante que deve ser levado em consideração é o custo de cada
formulação. A Tabela 5 traz o custo por tonelada de cada mistura.
Tabela 5 - Custo por tonelada das misturas de areia, resina e catalisador empregadas no
estudo.
Custo (R$/ton)
CCS 05/20 Triacetina CM-417
CCS 35S 131,03 118,30 129,00
CCS 9040 132,11 119,38 130,08
4850 131,16 118,44 129,14
Fonte: Autor, 2016.
54
Comparando os valores da Tabela 4 com os resultados dos ensaios de tração é
possível constatar que as misturas mais baratas, utilizando a Triacetina como catalisador, são
também as misturas que obtiveram as melhores resistências no geral.
55
6 CONCLUSÃO
56
7 ESTUDOS FUTUROS
57
8 REFERÊNCIAS
_____. CEMP 120: Materiais para Fundição – Determinação da Perda ao Fogo. 2003. 3p.
_____. CEMP 121: Materiais para Fundição – Determinação do pH. 2003. 4p.
_____. CEMP 162: Resina Cura Frio para Fundição – Determinação da Resistência a Tração
da Mistura Padrão. 2003. 9p.
_____. CEMP 182: Preparação da Mistura Padrão Utilizando Batedeira Planetária Para o
Ensaio de Resina Cura a Frio para Fundição. 2003. 3p.
CONNER, Anthony H.; LORENZ, Linda F.; HIRTH, Kolby C. Accelerated Cure of Phenol-
Formaldehyde Resins: Studies With Model Compounds. Journal of Applied Polymer
Science. v. 86. p. 3256-3263. 2002.
58
DAMIN, Keli Vanessa Salvador. GONSALEZ, Aguinaldo Pereira. Estudo do comportamento
da resina utilizada nos processos de cura frio parte 2: comparação entre a variação da vazão
mássica e o tempo de banca com a temperatura. Fundição e Matérias Primas. ABIFA. ed.
183. p. 38-42. 2015.
DETLEFSEN, William D. Phenolic resins: some chemistry, technology, and history. In:
POCIUS, A.V.; DILLARD, D.A. Adhesion Science and Engineering. Amsterdam: Elsevier
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DING, Guolo; ZHANG, Qixun; ZHOU, Yaohe. Strengthening of cold-setting resin sand by the
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