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Palavras chave:
Guia prático, Coordenação isolamentos, isolação, sobretensões transitórias, descargas atmosféricas,
ondas de choque, ondas de manobra, isoladores, hastes de descarga, disruptores de hastes
descarregadores de sobretensões, tensões suportáveis
Objecto: Emissão
- Introdução ao guia de aplicação prático sobre coordenação de isolamentos;
- Esclarecer a filosofia de coordenação de isolamentos para melhorar o
desempenho de linhas de distribuição;
- Generalizar a coordenação de isolamentos a regras práticas. ____/___/____
EDIS
2 Folhas:
Eng.º Vieira de Sousa
EDIS
1 Quadros:
Eng.º Ângelo Sarmento
LAB – ED 1 Desenhos:
Volumes:
Anexos:
Registo
_____________________ _____________________ _____________________
RL 04/08 – DED-ER
Guia de Coordenação de Isolamentos - Fundamentos
Sumário Executivo
Neste documento são expostos simplificadamente os temas associados à coordenação de
isolamentos em linhas de distribuição aéreas:
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Índice
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 8
2. NOMENCLATURA............................................................................................ 9
3. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ............................................................. 12
3.1. Geometria, caracterização e propriedades isolantes ...............................................................12
3.1.1. Nível total de isolação .............................................................................................................13
3.2. Resistência de terra dos apoios..................................................................................................14
3.3. Cabo de guarda ..........................................................................................................................14
3.3.1. Função e características ...........................................................................................................14
3.3.2. Análise de blindagem – Modelo electrogeométrico ...............................................................15
4. SOBRETENSÕES............................................................................................. 19
4.1. Sobretensões com origem no sistema de energia .....................................................................19
4.1.1. Sobretensões Transitórias ........................................................................................................19
4.1.1.1. Ligação – Energização ...................................................................................................19
4.1.1.2. Religação – Reenergização ............................................................................................20
4.1.2. Sobretensões Temporárias.......................................................................................................21
4.1.2.1. Defeitos fase-terra e Regimes de Neutro........................................................................21
4.1.2.2. Rejeição de carga ...........................................................................................................22
4.1.2.3. Combinação de ocorrências ...........................................................................................23
4.1.2.4. Caracterização das sobretensões temporárias ................................................................23
4.2. Sobretensões de origem atmosférica .........................................................................................24
4.2.1. Descrição e características.......................................................................................................24
4.2.2. Caracterização da forma de onda.............................................................................................26
4.2.3. Efeitos em linhas de distribuição.............................................................................................28
5. MEIOS DE PROTECÇÃO DE LINHAS AÉREAS CONTRA
SOBRETENSÕES DE ORIGEM EXTERIOR ....................................................... 29
5.1. Cabos de guarda e terras dos apoios.........................................................................................29
5.2. Níveis de isolação ........................................................................................................................29
5.3. Explosores da rede MT e AT.....................................................................................................30
5.3.1. Hastes de descarga...................................................................................................................30
5.3.2. Disruptores de hastes...............................................................................................................31
5.4. Descarregadores de sobretensões..............................................................................................31
5.4.1. Características .........................................................................................................................31
5.4.2. Falha do equipamento..............................................................................................................33
6. RIGIDEZ DIELÉCTRICA DE ISOLAÇÃO................................................... 34
6.1. Generalidades .............................................................................................................................34
6.1.1. Isolação auto-regenerável ........................................................................................................34
6.1.2. Isolação não-auto-regenerável .................................................................................................34
6.2. Comportamento da isolação à frequência industrial ..............................................................35
6.3. Influência das condições atmosféricas na isolação exterior ....................................................35
6.4. Probabilidade de disrupção devido a descarga atmosférica...................................................35
6.5. Influência da polaridade e forma de onda da sobretensão .....................................................37
7. COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTOS ........................................................ 38
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Lista de Figuras
Figura 1 – Exemplo de configurações de apoios MT: (a)Galhardete ; (b) Esteira horizontal; (c) Triângulo
em alinhamento.................................................................................................................................12
Figura 2 – Poste de betão com braço de metal............................................................................................13
Figura 3 – Descarga captada pelo cabo de guarda ......................................................................................15
Figura 4 – Geometria de apoios para análise de blindagem .......................................................................16
Figura 5 – Exemplo de um apoio para aplicação do modelo geométrico ...................................................17
Figura 6 – Reenergização de um cabo ligado a uma linha..........................................................................20
Figura 7 – Sobretensão por reenergização com um cabo subterrâneo carregado capacitivamente.............21
Figura 8 – Rejeição de carga, esquema.......................................................................................................23
Figura 9 – Frequência acumulada da distribuição de amplitudes de pico de corrente – descargas com
polaridade negativa descendentes .....................................................................................................25
Figura 10 – Frequência acumulada da distribuição do número de impulsos por descarga – baseado em
6000 registos em diferentes regiões do mundo [1]............................................................................26
Figura 11 – Frente de uma onda impulsiva.................................................................................................27
Figura 12 – Onda impulsiva usada em laboratório .....................................................................................28
Figura 13 – Haste de descarga normalizada ...............................................................................................30
Figura 14 - Disruptor de Hastes [12] ..........................................................................................................31
Figura 15 –Característica de dois descarregadores (Óxido de Zinco) com o mesmo nível de protecção
550kV/10kA [12] ..............................................................................................................................32
Figura 16 – Curva que relaciona a sobretensão temporária por unidade de U MCOV e a duração de tempo
que o descarregador suporta (TOV) ..................................................................................................33
Figura 17 – Característica da rigidez dieléctrica para a isolação auto-regenerável [14].............................36
Figura 18 – Característica da rigidez dieléctrica para a isolação não-auto-regenerável [14]......................37
Figura 19 – Representação esquemática das amplitudes das tensões e sobretensões num sistema de
Uc
energia eléctrica vs duração do evento (1p.u. = 2× ) [16] ....................................................38
3
Figura 20 – a) Abordagem determinística; b) Abordagem probabilística [17] .........................................39
Figura 21 – Mapa de Portugal com índices ceráunicos ..............................................................................43
Figura 22 – Exposição de linhas para o modelo do raio de atracção, (a) com b=0, (b) com b≠0 ...............45
Figura 23 – Descarga directa à linha ..........................................................................................................45
Figura 24 – Esquemático representando a influência de objectos na blindagem da linha aérea.................47
Figura 25 – Definição das fronteiras críticas ..............................................................................................47
Figura 26 – Factor de blindagem SF1 para uma situação exemplificativa...................................................49
Figura 27 – Conceito das descargas induzidas em linhas de distribuição...................................................50
Figura 28 – Exemplo de apoio com condutor de fase e condutor de neutro ...............................................51
Figura 29 – Cálculo da taxa de contornamentos/100km-anos – IVFOR, sem objectos na vizinhança.......52
Figura 30 - Fluxograma descrevendo os passos necessários para encontrar o nível de isolação
normalizado ......................................................................................................................................54
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Lista de Tabelas
Tabela 1 – Tensões nas fases sãs para os vários regimes de neutro (valores eficazes)...............................22
Tabela 2 – Sumário das características de sobretensões temporárias .........................................................24
Tabela 3 – Relação comprimento/tensão recomendada em CEI 60071-2 ..................................................42
Tabela 4 - Classes e formas de onda das sobretensões representativas de acordo com a CEI 71 ...............53
Tabela 5 – Níveis de Isolação nominal para a Classe I (neste caso apenas entre 1 kV<Um<72.5 kV) ......56
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1. Introdução
Este documento contém uma introdução ao guia de aplicação prático sobre coordenação
de isolamentos e é constituído por um conjunto de temas, problemas e soluções com a
pretensão de esclarecer o leitor sobre a essência da filosofia de coordenação de
isolamentos, tendo em vista melhorar o desempenho de linhas de distribuição.
• Nível de isolação;
• Cabos de guarda;
• Terras dos apoios;
• Descarregadores de sobretensões.
Nos níveis de tensão em causa, a grande corrente mundial está a favor da aplicação
estratégica e selectiva de descarregadores de sobretensões. Estes equipamentos com o
evoluir da tecnologia, apresentam cada vez mais uma relação técnico-económica mais
apelativa.
A sua aplicação deve ser feita de uma forma estudada e cuidada, resultando numa
relação custo/beneficio óptima. Não existe um método simples e eficaz de obter um
resultado óptimo. Existe, isso sim, um conjunto de técnicas para estudar o sistema que
permite, com um certo grau de risco, obter uma aplicação optimizada e dedicada. Esses
estudos requerem programas de análise de transitórios e um conhecimento relativamente
aprofundado do sistema em questão.
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2. Nomenclatura
Em alguns dos pontos são apresentadas em itálico as mesmas definições utilizadas na
literatura em inglês.
AT – Alta Tensão.
IDS – Índice de Descargas ao Solo, definido pelo número de descargas ao solo em 100
km2 de área por ano. Ground Flash Density – GFD.
Isolação Longitudinal – Isolação entre terminais que pertencem à mesma fase, mas que
estão temporariamente separadas em duas partes indepentemente energizadas.
Kc – Factor de coordenação
Ks – Factor de segurança
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MT – Média Tensão
SFR – Número de falhas blindagem por 100 km de linha por ano. Shielding Failiure
Rate.
SFFOR – Número de contornamentos por falhas blindagem por 100 km de linha por
ano. Shielding Failiure Flashover Rate.
U10S – Tensão para a qual existe 10% probabilidade de haver contornamento para uma
onda com de tensão 250/2500 µs (CEI 60071-1). Basic Switching Impulse Level – BSL.
Uc – Tensão composta
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Hc – Altura do condutor
Zh – Impedância homopolar
Zd – Impedância directa
α - Ângulo de blindagem
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3. Caracterização do sistema
Os níveis de tensão presentes no sistema de distribuição nacional são de:
• 10 kV;
• 15 kV;
• 30 kV;
• 60 kV.
Nas redes de distribuição são usados apoios betão e metal com várias configurações
distintas. Na Figura 1 são apresentados a título exemplificativo três tipos de apoios de
um circuito.
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O nível de isolação de que uma linha dispõe não está apenas relacionado com o
isolamento proporcionado pela cadeia de isolação. A configuração, os materiais de que
são feitos os apoios e as condições atmosféricas são elementos preponderantes no real
valor de isolação. Note-se que em condições de humidade, o nível de isolação reduz
aproximadamente para valores entre 70% e 90%.
Cada elemento usado nas infra-estruturas de distribuição tem o seu nível de isolação.
Quando combinados em série, o nível de isolação total não é a soma de cada nível de
isolação de cada um desses elementos mas algo inferior [1].
Por exemplo, um poste de metal com braços de metal, Figura 1c, o nível de isolação
entre uma linha e o solo reduz-se apenas ao nível de isolação proporcionado pela sua
cadeia de isolação. A estrutura de metal não acresce isolamento aos condutores activos.
Nos apoios de betão nos níveis de distribuição existe ligação à terra por intermédio de
um varão da armadura de aço ou condutor próprio embebido. Com os braços de metal
ligados a este condutor de terra, a estrutura de betão como na situação anterior também
não oferece qualquer isolação extra, Figura 1b.
Para um outro caso, em que o poste seja de madeira com braço de metal, o nível de
isolação entre o condutor e o solo é composto pelo nível de isolação da cadeia acrescido
do nível de isolação da madeira. Caso a madeira esteja húmida, o nível de isolação que
esta proporciona será menor.
Para este terceiro caso, entre fases, o nível de isolação é composto pela combinação do
isolamento das duas cadeias de isolação (braço de metal entre os dois isoladores de
baixo, Figura 2, não acresce isolação). Este nível de isolação pode não ser suficiente
para evitar em caso de sobretensão elevada um contornamento com aparecimento de um
arco eléctrico entre duas fases.
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Temos então:
Este método proporciona respostas com um erro inferior a 20%. Não há nenhum
método simples conhecido para determinar o nível de isolação de uma estrutura de
distribuição. Podem ser obtidas estimativas mais precisas recorrendo a ensaios em
laboratório.
Estas ligações ao solo tomam grande importância no desempenho dos cabos de guarda.
É a resistência de terra que determina a elevação de potencial no poste quando uma
corrente de origem atmosférica captada pelo cabo de guarda é escoada para o solo.
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Cabos de guarda são condutores ligados à terra colocados por cima dos condutores
activos para interceptar as descargas atmosféricas que de outra forma atingiriam
directamente as fases.
A corrente de descarga captada pelo cabo de guarda é conduzida para o solo por
ligações a este existentes nos apoios e os eléctrodos de terra, Figura 3. A ligação entre o
cabo de guarda e o eléctrodo de terra (enterrado no solo) pode ser feita através de um
condutor ou mesmo através do apoio quando este é metálico. Para um funcionamento
eficaz, caracterizado por evitar interrupções, o cabo de guarda deve ser ligado ao solo
em todos os apoios.
A eficácia dos cabos de guarda depende das resistências de terras dos apoios e do nível
de isolamento dos condutores activos. Nos sistemas de distribuição a eficácia dos cabos
de guarda é reduzida devido aos baixos níveis de isolamento presentes. Uma linha de
distribuição com cabo de guarda tem grande dificuldade em suportar uma sobretensão
de origem atmosférica caso as resistências de terra dos apoios não sejam muito
reduzidas (<10Ω).
Falha de blindagem (Shielding Failiure) ocorre quando uma descarga atmosférica não é
interceptada pelo cabo de guarda e atinge uma fase.
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A colocação do cabo de guarda, tendo em conta o modelo do salto final, é feita de forma
a blindar as fases de descargas atmosféricas com corrente de pico acima de um valor
definido pelo explorador, tendo em conta o nível de protecção que pretende.
Usualmente esse valor é definido de tal forma que todas as falhas de blindagem que
possam haver não provoquem falha de isolação.
Arco de
penetração Rg
Dc
Rg
Rg
cabo de guarda
cabo de guarda Rc Rg
α r α r
θA Rc
cond. Rc
cond.
d
d
Hg Hc
Hg Hc
a) Falha de Blindagem
b) Blindagem Perfeita
Figura 4 – Geometria de apoios para análise de blindagem
Rc R 2 − R g 2 + r 2
−1 c
Dc = α + 90º − cos (2)
57,3 2 × Rc × r
onde
Rc – Raio de atracção do condutor
Rg – Raio de atracção do cabo de guarda
α - Ângulo de blindagem (em graus)
r – Distância entre o cabo de guarda e o condutor
Hc – Altura a que se encontra o condutor
Hg – Altura a que se encontra o cabo de guarda
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d
α = tan −1 (3)
H −H
g c
H g − Hc
r= (4)
cos α
As falhas de blindagem irão ocorrer para todos os arcos de penetração Dc (em função da
corrente de descarga), até que o cabo de guarda esteja posicionado de tal maneira que o
arco seja zero (correspondendo a uma corrente de penetração máxima permitida).
Deste modo, o raio de atracção do condutor e do cabo de guarda, que definem o arco de
penetração, são dependentes da altura a que se situam e da corrente máxima de descarga
[3]:
Rc = 0,67 × H c × I 0.74
0 .6
(5)
R g = 0,67 × H g × I 0.74
0.6
(6)
Exemplo:
cabo de guarda
α r
condutor
d=2m
Hg=34.7m Hc=26.68m
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0=
0,67 × H c × I 0.74
0.6
−1
α + 90º − cos
( c ) (
0,67 × H 0.6 × I 0.74 2 − 0,67 × H 0.6 × I 0.74
g )
2
+ r
57,3 2 × 0,67 × H c × I
0 .6 0.74
×r
⇒ I = 6,86kA
Isto significa que para correntes de descarga inferiores a 6,86 kA irá haver descargas
directas aos condutores.
Para linhas com menos de 15 m de altura com espaço entre condutores inferior a 2 m,
para garantir que todas as descargas terminam no cabo de guarda e não nas fases, é
recomendado um ângulo de blindagem (α) menor de 30º.
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4. Sobretensões
As sobretensões que surgem nos sistemas eléctricos de distribuição podem ser de
origem interna, originadas por operações de disjuntores (ligação, religação, abertura),
por defeitos, por ferroressonância, por rejeição de carga, ou externa, originadas por
descargas atmosféricas. Estas sobretensões têm de ser controladas e limitadas de forma
a evitar danos nos equipamentos do sistema como também perda de continuidade de
serviço, comprometendo a qualidade de energia fornecida ao cliente.
• Sobretensões transitórias;
• Sobretensões temporárias.
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fonte. Para um sistema trifásico existindo acoplamento entre fases, para as mesmas
condições, podem verificar-se sobretensões de 2,5 até 3 vezes a tensão da fonte,
dependendo também do tempo de fecho dos pólos do disjuntor.
Quando existem transformadores de tensão ligados aos extremos das linhas1, as energias
armazenadas podem ser descarregadas através dos mesmos. Desta forma as
sobretensões descritas deixam de se verificar em processos de reenergização.
Na Figura 6 é focada uma situação em que as sobretensões por religação podem atingir
valores mais extremos face à tensão da fonte. A reenergização de um conjunto
cabo/linha (em vazio no extremo da linha), com uma tensão inicial em oposição de fase
com a tensão da fonte pode causar uma sobretensão de 6 pu. Como se pode ver pelo
diagrama da Figura 7, apesar de haver uma elevada sobretensão transitória, neste caso, a
sua duração é reduzida.
1
Nos sistemas de distribuição, os TT são usualmente ligados barramentos a montante dos disjuntores.
Nestas situações não há um percurso de descarregamento rápido para a energia armazenada numa linha.
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[ p.u.] 4 pu
4
3
2 pu
2
1
1 pu
-1
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 tempo[µs ]
-2
-3
-4
Estas sobretensões são importantes na definição dos esforços energéticos devido à sua
longa duração e na selecção de descarregadores de sobretensões.
Durante a ocorrência de um defeito fase-terra verifica-se uma sobretensão nas fases sãs.
Dependendo do regime de neutro e das características do sistema, essas sobretensões
serão mais ou menos severas. Tipicamente, a sobretensão entre fase e terra toma o valor
da tensão fase-fase.
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A sobretensão que se vai verificar durante um defeito fase-terra é determinada com base
nas impedâncias directa ( Z1 = R 1 + j ⋅ X1 ) e homopolar ( Z 0 = R 0 + j ⋅ X 0 ) do sistema.
Isolado 3 ⋅ U L −T
Efectivo à terra ≤ 1,4 ⋅ U L -T
Impedante 3 ⋅ U L −T
Ressonante 3 ⋅ U L −T
Uma sobretensão desta natureza tem origem numa perda repentina de carga
significativa. Este problema surge principalmente em redes radiais.
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Transformador Disjuntor
Linha aérea
Fonte de
Tensão
Carga
Este efeito é mais comum em cabos subterrâneos onde as capacidades são superiores.
Nestas situações as sobretensões que aparecem podem tomar valores mais acentuados
do que a ocorrência singular de cada um dos fenómenos.
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Parâmetros que
Evento que dá Parâmetros que
Tipo Duração Amplitude afectam a
inicio afectam a duração
amplitude
X do gerador, C da
Abertura de Harmónicas
linha, controlo do
Rejeição de interruptor com 0,5 a 2,0 geradas por
gerador, carga inicial, 1,1 a 2 pu
Carga perda de grande segundos saturação do
reactâncias
carga transformador
compensadoras
Uma descarga atmosférica tem origem na diferença de potencial que existe entre as
nuvens e o solo. Quando esse potencial excede o valor crítico ocorre uma disrupção no
dieléctrico e a carga armazenada é transferida. A corrente de pico de uma descarga pode
ir desde algumas centenas de amperes até possivelmente 200 kA. No entanto a
probabilidade de ocorrência de uma corrente de pico com amplitude superior a 100 kA é
próxima de 5%. Na Figura 9 estão representadas as curvas segundo Popolansky (a
verde) e a mais recente definida por Anderson/Eriksson (a vermelho) que definem a
relação da amplitude de pico das descargas com a sua probabilidade de ser excedida [5].
Estas duas curvas são apresentadas em dois gráficos sendo o primeiro em escala
logarítmica e o segundo em escala linear.
Devido à sua natureza, as características das descargas atmosféricas (forma de onda e
corrente) são variáveis e apenas podem ser definidas estatisticamente.
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U+
D
Popolansky (CIGRÉ)
[pu]
U-
P(I o ≥ io ) =
h
1
2.0
i
1+ o
25
D
+ -
U+ U- h
[kA]
a) escala logarítmica
P ( I o ≥ io ) =
1
2.6
i
1+ o
31
Popolansky (CIGRÉ)
P (I o ≥ io ) =
1
2.0
i
1+ o
25
b) escala linear
Figura 9 – Frequência acumulada da distribuição de amplitudes
de pico de corrente – descargas com polaridade negativa
descendentes
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amplitudes mais reduzidas mas podendo ter frentes de ondas mais escarpadas. Pela
Figura 10 pode retirar-se a relação entre o número de impulsos por descarga e a sua
probabilidade de ocorrência.
100
90
80
70
P-%
60
50
40
30
20
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nsf
Estas ondas impulsivas de origem atmosférica podem ser descritas por diversos
parâmetros como apresentado em [9], Figura 11.
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T10/90
T30/90
tempo [µs ]
Itrig
S10
I10
I30
S10/90
S30/90
I90
I100 Pico I
Pico
I [kA]
Em laboratório, estas ondas de frente rápida são usualmente modelizadas de uma forma
mais simplificada, por uma onda tipo côncava caracterizada por três parâmetros (Figura
12):
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A Figura 12 apresenta uma onda côncava de corrente de 1.2/50 µs (t1/t2 µs) muito usada
nos ensaios de descarregadores de sobretensões e na definição das suas características e
desempenhos a ondas de choque.
Os efeitos das descargas atmosféricas nas linhas de distribuição podem ser sentidos de
formas distintas dependendo:
As linhas que dispõem de cabo de guarda podem sentir os efeitos das descargas
atmosféricas nas três formas apresentadas. Para as linhas que não dispõem de cabo de
guarda, o primeiro tópico não é aplicável.
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• Cabos de guarda;
• Resistência de terra dos apoios;
• Níveis de isolação;
• Hastes de descarga e disruptores de hastes
• Descarregadores de sobretensões.
Podem ser aplicadas medidas ao nível do eléctrodo de terra, como por exemplo
modificar a forma dos eléctrodos de modo a reduzir a resistência de terra. Os custos
associados a estas medidas são consideráveis e quando for necessário actuar sobre uma
grande quantidade apoios pode tornar-se mesmo incomportável.
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Os descarregadores têm uma característica corrente tensão não linear, Figura 15. Nos
valores de tensão próximo da MCOV, a corrente que atravessa o equipamento anda
tipicamente em torno dos 10 mA e em situação de sobretensão descarregam elevados
valores de corrente limitando o valor da sobretensão.
Estes equipamentos são limitados pela energia que conseguem absorver e dissipar para
o exterior. Nos últimos anos a tecnologia tem permitido fabricar descarregadores com
capacidades energéticas mais elevadas.
É necessário tomar em atenção que alguns dos fabricantes definem nos seus catálogos
as tensões por unidade de UMCOV e outros por unidade de UR.
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1.7
1.6
1.5
1.4
1.3
1.2
0.01 0.1 1 10 100 1000 10000
Duração permissível da sobretensão (segundos)
Sem energia
Previamente aquecido
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6.1. Generalidades
A rigidez dieléctrica de isolação é influenciada por um número de factores, onde os
principais são os seguintes:
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isolação sólida. A rigidez dieléctrica da isolação pode ser afectada pelos esforços
mecânicos a que estão sujeitos os equipamentos.
Para as linhas aéreas, o nível de isolação U50(A) em ambiente seco é obtido a partir de
ensaios paramétricos. O nível de isolação U50(A) em ambiente húmido é estimado
multiplicando U50(A) em ambiente seco, por um factor de correcção, podendo também
ser obtido por ensaio em laboratório numa câmara de poluição.
σf
U 10 L ou U 10 S = U 50 ( A ) − 1.28 × σ f ⇒ U 10 L ou U 10 S = U 50( A ) 1 − 1.28 (7)
U 50 ( A )
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1.0
Probabilidade de contornamento
0.5
0.1
0.0
U10L
U50(A)
ou
U10S
σf
O coeficiente de variação é dado por . Para a isolação auto-regenerável, este
U 50 ( A )
valor é mais pequeno para a onda de choque do que para a onda de manobra. Para a
onda de choque, este coeficiente é cerca de 3%, enquanto para as ondas de manobra na
isolação de linhas, o coeficiente aumenta para cerca de 5%. Na isolação de subestações,
assume-se um coeficente de variação entre 6% e 7%.
Fl.36/66
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1.0
Probabilidade de contornamento
0.5
0.1
0.0 U10L
ou kV
U10S
Para ondas de manobra, existe uma frente de onda crítica (CWF) para a qual se obtêm
um U50(A) mínimo, que varia consonte o espaçamento do intervalo de ar de dois
eléctrodos. Para os intervalos de ar que são utilizados em sistemas de classe I, o efeito é
desprezável podendo mesmo ser ignorado. Para intervalos de ar utilizados em sistemas
de classe II, U50(A) mínimo será igual à onda de manobra normalizada 250/2500 µs.
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7. Coordenação de isolamentos
O bom funcionamento de um sistema de energia depende do bom desempenho de todos
os elementos em si integrados. A Figura 19, mostra uma representação esquemática
com as tensões que podem aparecer em sistemas eléctricos de energia. Estas tensões são
dadas em p.u. com base no valor de pico da tensão máxima fase-terra contínua em
função da duração do evento.
5
Tensões possíveis sem
descarregadores de sobretensão
Amplitude da (sobre-)tensão [pu]
Tensão suportável do
equipamento
3
1
Tensões limitadas por
descarregadores de sobretensão
0
Sobretensões Sobretensões de Sobretensões Tensão máxima do
originadas por manobra temporárias sistema
descargas atmosféricas (ms ) (s ) (contínuo)
(µs )
Duração da (sobre-)tensão
Figura 19 – Representação esquemática das amplitudes das tensões e sobretensões num sistema de
Uc
energia eléctrica vs duração do evento (1p.u. = 2× ) [16]
3
O eixo das abcissas é dividido em quatro tipo de eventos. As sobretensões originadas
por descargas atmosféricas (µs), as sobretensões de manobra (ms), as sobretensões
temporárias (s) e por fim a tensão máxima do sistema em operação contínua. Para cada
tipo de evento mostra-se a amplitude máxima que pode ocorrer sem utilizar
descarregadores de sobretensão nos equipamentos que constituem a rede de
distribuição. Note-se que para o caso de sobretensões originadas por descargas
atmosféricas e para as sobretensões de manobra, os valores podem ser bastante
superiores às tensões suportáveis dos equipamentos.
Os efeitos de uma falha de isolamento numa linha, fazem-se sentir não só por falha de
alimentação a jusante mas também por cavas de tensão nos barramentos a montante.
Essas cavas de tensão podem atingir valores que comprometem o fornecimento de
energia dentro dos parâmetros suportáveis e legislados.
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É necessário garantir limites de falha aceitáveis garantindo assim uma boa qualidade de
serviço prestado. Se esses limites forem ultrapassados, é necessário actuar no sistema
para melhorar o seu desempenho.
Em primeira instância deverá indagar-se quais as origens das falhas presentes. O modo
de actuação sobre o sistema depende da origem dos fenómenos presenciados.
1 1
Rigidez
Probabilidade
Probabilidade
0 0
Tensão Tensão
Risco de
a) contornamento
b)
Figura 20 – a) Abordagem determinística; b) Abordagem probabilística [17]
Abordagem Determinística:
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Abordagem Estatística:
Esta mistura de contaminantes produz uma camada condutora suficiente para haver uma
passagem de corrente, levando ao contornamento do isolador. Neste caso, a tensão de
contornamento à frequência industrial é considerada como sendo a mesma para 50Hz.
A tensão ao longo dos isoladores é a tensão fase-terra à frequência industrial, sendo que,
como foi dito anteriormente, a rigidez dieléctrica do isolador diminui com a
contaminação. A regra da abordagem determinística, consiste em igualar a tensão
suportável estatística (V3) à máxima tensão fase-terra (Um):
V3 = U m (8)
onde
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σf
V3 = U 50 ( A) 1 − 3 (9)
U 50( A)
Os materiais mais comuns usados nos isoladores são a porcelana e o vidro. Alguns
materiais mais modernos “não-cerâmicos” com superfícies hidrofóbicas apresentam
bons desempenhos face à poluição.
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3
A partir deste ponto referenciado por IDS
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determinar este indicador recorre-se ao índice ceráunico (Td), definido pelo número
médio de dias em que se ouve trovoada por ano. O índice ceráunico é determinado em
Portugal pelo Instituto de Meteorologia e refere-se a uma média de 30 anos.
Segundo [9] a relação experimental entre o índice ceráunico e o IDS, Ng, foi
determinada por vários autores. A fórmula (10) foi determinada por Erickson e foi
adoptada pela CIGRE e pelo IEEE.
em que:
• Ng – nº de descargas ao solo por km2 por ano [descargas/km2/ano];
• Td – índice ceráunico.
Existem várias propostas por autores distintos para a relação apresentada na equação 10,
no entanto os resultados obtidos não diferem significativamente uns dos outros.
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Em Portugal, como em outros países, existe um mapa (Figura 21) com a distribuição
dos índices ceráunicos. No nosso país o índice ceráunico é moderado (máximo de 24)
quando comparado com regiões equatoriais (cerca de 100). A este valor máximo
corresponde um Ndmax de cerca de 2 descargas/km2/ano.
Em alguns países do mundo usa-se outro índice mais preciso para determinar o IDS que
indica o número de horas por ano em que se ouve trovoada.
Para definir o número médio de descargas atmosféricas que uma linha recolhe por ano é
necessário ter em contas estes dois aspectos:
• Altura da linha;
• Caracterização da sua periferia.
O número de descargas directas por ano, por 100 km que incidem sobre uma linha de
distribuição em solo plano pode ser estimado pela seguinte fórmula:
N d = K0 N g
(b + 10,5H )
0,75
(11)
10
em que:
Nas linhas de distribuição a distância horizontal entre as três fases é muito reduzida face
à altura do apoio, podendo mesmo ser nula em algumas configurações. Pode fazer-se a
simplificação da equação 3 anulando a variável b sem introduzir erro significativo.
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H
H
A maioria das linhas de distribuição não dispõe de cabo de guarda. Neste caso, todas as
descargas que atingem a linha são directas à fase. Nas configurações de poste em que a
linha dispõe de cabo de guarda, apenas algumas das descargas atingem directamente a
fase.
Para o nível mais elevado de tensão da distribuição, os níveis de isolação são muito
inferiores a este valor (segundo [4] o U50(A) pode ser 250 kV ou 325 kV para linhas
Fl.45/66
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de 60 kV). Uma descarga com qualquer corrente superior a este valor provoca
contornamento do isolador. Para os níveis de tensão inferior esta situação torna-se ainda
mais evidente.
Pode assumir-se então que todas as descargas directas à fase num sistema de
distribuição provocam contornamento.
7.2.3. Blindagem
Pela Figura 22 pode determinar-se a área total de exposição de uma linha às descargas
atmosféricas para o modelo do raio de atracção.
2⋅Ra + b
Ae = L ⋅ (13)
1000
em que:
onde Ra = 14 × H s
0.6
, é o raio de atracção médio.
Segundo [5] a blindagem afecta a área de exposição de uma linha de seguinte forma:
R ⋅ (2 − SF1 ) + SF 2 ⋅ b
A e = LS ⋅ a (14)
1000
em que:
Note-se que a área exposta de uma linha aérea é reduzida na vizinhança de objectos
quando o raio de atracção da linha Ra intercepta o raio de atracção do objecto Rt, como
é representado na Figura 24.
Fl.46/66
RL 04/08 – DED-ER
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O factor de blindagem SF1 apenas se refere a um dos lados da linha. Em zonas em que a
linha esteja blindada em ambos os lados, nessas secções devem-se determinar os
factores de blindagem para os dois lados e depois somá-los com um limite máximo
de 2.
Hs
Ht
Ra F Rt
Hs
F1
F2
F3
F4
F5
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F5 = Ra + Rt (17)
- Se F3<F<F5 algum efeito de blindagem irá ocorrer se não utilizar o cálculo sem efeito
de blindagem da equação (10).
e SF2 = 1 (21)
F1 = Rt − Ra − b (22)
H
F2 = Rt 1 − s (23)
Ht
F3, 4 = não aplicável
F5 = Ra + Rt (24)
- Se F<F5 algum efeito de blindagem irá ocorrer senão utilizar o cálculo sem efeito de
blindagem da equação (10).
- Se F1<F≤F2 (um lado da linha totalmente blindado enquanto o outro lado está apenas
parcialmente blindado):
H t (Ra − Rt + F + b )
então S F 1 = 2 − (27)
Ra H t − Rt H s
e SF2 = 0 (28)
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Um exemplo dos resultados que se podem obter para SF1 é apresentado na Figura 26.
A experiência e observações mostram que muitas das falhas relacionadas com descargas
atmosféricas, têm origem em descargas que atingem o solo na periferia da linha.
Segundo [18], as tensões induzidas devido à sua maior frequência de ocorrência
constituem um factor mais importante no desempenho das linhas face a descargas
atmosféricas do que as descargas directas à fase.
As tensões induzidas nas linhas raramente excedem os 300 kV. Ensaios de campo feitos
com descargas forçadas por foguete demonstram que a tensão induzida pode ser
estimada por [14]:
30 × I × Hc × Kv
U ind = (31)
x
em que:
v
• Kv = 1 +
2 − v 2
• Uind – tensão induzida [kV];
• I – amplitude de pico da corrente de descarga [kA];
• Hc – altura média da linha [m];
• x – distância mais curta entre o ponto de impacto e a linha [m].
• v – velocidade do arco de retorno, por unidade da velocidade da luz [pu]
Fl.49/66
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A Figura 27, mostra que quando a descarga atinge o solo entre Xm e Dg, a tensão
induzida será maior que o U50 , levando ao contornamento da cadeia. Para descargas ao
solo superior a Xm não haverá contornamento da cadeia.
A distância Xm para que a tensão a partir desse ponto seja inferior à tensão U50, é
calculada da seguinte forma:
30 × I × H c × Kv
Xm = (32)
U 50
A distância Dg para a qual abaixo dela, a descarga passa a ser directa ao condutor é dada
por:
D g = Rcc − (R g − H c )
2 2
(33)
Rcc
Rg
Dg
Descarga ao
Hc condutor Uind>=U50 Uind<U50
x=Dg x=Xm
Figura 27 – Conceito das descargas induzidas em linhas de distribuição, sem objectos na vizinhança
Deste modo podemos calcular a taxa de contornamentos por tensão induzida (IVFOR –
Induced Voltage Flashover Rate) da seguinte forma:
∞
IVFOR = 2 N g × L × ∫ (X
Isc
m − D g ) f ( I )dI (34)
A corrente Isc, é a corrente para a qual acima dessa ocorrerá tensões induzidas. Esta
corrente é calculada igualando as distâncias Dg e Xm.
Exemplo:
Admite-se uma tensão U50=170 kV, Ng=1, v=0.3 e usando os raios de atracção
sugeridos por Brown-Whitehead R g = Rcc = 6.4 × I 0.75 , o valor de corrente Isc é de
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13kA, ou seja para correntes superiores a 13kA haverá tensões induzidas susceptíveis de
contornar a cadeia de isoladores. A partir da equação 34 o valor de IVFOR obtido é de
12.01 contornamentos/100km-ano. Subindo a tensão U50 para 250kV, a taxa de
contornamentos IVFOR diminui para cerca de 4.95 contornamentos/100km-anos.
30 × I × Kv Z m + 2R
U ind = H c − Hg (35)
x Z g + 2R
sendo que
30 × I × Kv Z m + 2R
Xm = H c − Hg (36)
U 50 Z g + 2R
em que:
• R – resistência de terra do apoio
• Zm – Impedância mútua de propagação de onda
• Zg – Impedância de propagação de onda do condutor de neutro ou cabo de
guarda
Uc
Ug
Hc Hg
Deste modo podemos calcular o IVFOR quando o apoio tem condutor de neutro ou
cabo de guarda com ligação à terra.
Fl.51/66
RL 04/08 – DED-ER
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Exemplo:
Consideremos uma altura do condutor de fase Hc=10m e uma altura do neutro a Hg=8m.
O condutor de neutro encontra-se ligado a uma resistência de terra de valor R=20Ω.
Para as impedâncias de propagação de onda assume-se que, Zm=130.5Ω e Zg=450Ω
sendo que a tensão U50=250kV. Calculando as equações 35 e 36 obtém-se uma valor de
Isc de 43kA, o que resulta num IVFOR de 1.67 contornamentos/100km-anos.
30
hc=10 hg=0
hc=10 hg=8
hc=8 hg=10
25
IVFOR [contornamentos/100km - anos]
20
15
10
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
U50 [kV]
Este método apresentado para o cálculo das tensões induzidas permite também estimar o
IVFOR na presença de árvores e florestas vizinhas à linha, assim como permitir uma
análise sobre a colocação óptima de descarregadores de sobretensões em linhas de
distribuição.
Fl.52/66
RL 04/08 – DED-ER
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Tabela 4 - Classes e formas de onda das sobretensões representativas de acordo com a CEI 71
Classe da Baixa frequência Transitório
sobretensão contínua temporária frente lenta frente rápida frente muito rápida
Forma de onda
da tensão
Gama das f=50 Hz 10 Hz< f <500 Hz 5000 µs ≥ Tp ≥ 20 µs 20 µs ≥ T1 > 0.1 µs 100 ns ≥ Tf > 3 ns
formas de onda Tt ≥ 3600 s 3600 s ≥ Tt ≥0.03 s T2 ≤ 20 ms T2 ≤ 300 µs 0.3 MHz <f1< 100 MHz
da tensão 30 kHz <f2< 300 kHz
Tt ≤ 3 ms
Forma de onda f=50 Hz 48 Hz ≤ f ≤ 62 Hz Tp = 250 µs T1 = 1.2 µs *)
normalizada Tt *) Tt =60 s T2 = 2500 µs T2 = 50 µs
Fl.53/66
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Características de Isolamento
Critério de desempenho
Selecção do isolamento de modo a encontrar o
Distribuição estatística
melhor critério de desempenho
Dados de entrada
Factor de coordenação Kc
Tensão suportável de coordenação Ucw
Fabrico do equipamento
Dispersão na produção
Aplicação de factores de modo a tomar em conta
Qualidade da instalação do equipamento as diferenças entre as condições de ensaio e as
condições de serviço reais
Envelhecimento do equipamento em serviço
Factor de segurança Ks
Tensão suportável necessária Urw
Condições de ensaio
Classes de Um
Acções
Resultados obtidos
Fl.54/66
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Fl.55/66
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Se por alguma razão estes factores não puderem ser avaliados individualmente, um
factor de segurança global, deverá ser adoptado.
Apenas para a isolação externa, deve ser aplicado um factor adicional para tomar em
conta as diferenças referentes às condições atmosféricas normalizadas e as que são
encontradas em condições reais de serviço.
Deste modo, a escolha das tensões suportáveis máximas para as redes eléctricas da
EDP Distribuição, será feita de acordo com a Tabela 5.
Tabela 5 – Níveis de Isolação nominal para a Classe I (neste caso apenas entre 1 kV<Um<72.5 kV)
Tensão suportável à
Tensão Tensão máxima Tensão suportável ao
frequência industrial de
nominal do do equipamento choque atmosférico
curta duração [kV
sistema Un Um [kV eficaz] 1.2/50us [kV pico]
eficaz]
3 3.6 10 20/40
6 7.2 20 40/60
10 12 28 60/75/95
15 17.5 38 75/95
20 24 50 95/125/145
30 36 70 145/170
60 72.5 140 325
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Para obter os resultados pretendidos com a melhor relação protecção/custo, existem dois
pontos-chave na protecção de equipamentos das linhas contra descargas atmosféricas,
isto é, o dimensionamento energético do descarregador e a aplicação mínima de
equipamentos. Em todo o caso devido à natureza probabilística dos fenómenos dos
quais se pretendem proteger as linhas, existem sempre riscos de falha de protecção ou
mesmo danificação de alguns equipamentos.
em que:
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Exemplos
Exemplo 1
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U R = 1,25 ⋅ U MCOV
U S máx = 1,22 ⋅ U R
Então,
Esta situação verifica-se quando se admite o valor mínimo para UMCOV. Este
dimensionamento não seria suficiente para um descarregador suportar uma sobretensão
por defeito fase-terra num regime de neutro impedante em que a sobretensão máxima
nas fases sãs é aproximadamente 3 ⋅ U L −T .
Exemplo 2
Da Figura 31 para uma duração de 0,6 segundos na curva superior pode tirar-se a
relação da sobretensão com UR:
U S máx ≈ 1,18 ⋅ U R
então,
3
UR ≈ ⋅ U L−T ≈ 1,47 ⋅ U L−T
1,18
Com a relação entre UR e UMCOV de 1,25 (relação muda de fabricante para fabricante), a
flutuação que a tensão pode ter dada por kT (como na situação anterior supõe-se
kT=1,06):
1,06 ⋅1,47
U MCOV ≥ ⋅ U L−T ⇒ U MCOV ≥ 1,25 ⋅ U L−T
1,25
Fl.59/66
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Neste caso, para que o descarregador de sobretensões suporte uma sobretensão desta
origem tem de ter uma tensão de operação contínua no mínimo 25% acima da tensão
nominal fase-terra.
Deve ser feita uma análise semelhante como anteriormente para as sobretensões por
defeito fase-terra. Usualmente o dimensionamento com base nas sobretensões por
defeito fase-terra é suficiente.
Com estes valores e com os níveis de isolação existentes nas linhas determinam-se as
margens de protecção:
U
MPL = 10 L − 1 ⋅100% > 15% (40)
LPL
U
MPS = 10S − 1 ⋅100% > 20% (41)
SPL
Fl.60/66
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7.4.1.4. Precauções
De uma forma mais simples mas menos eficaz, podem ser aplicados alguns conceitos
propostos neste documento para determinar os pontos onde devem ser colocadas as
unidades.
Fl.61/66
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Para minimizar falhas de isolamento em linhas com cabo de guarda, a aplicação dos
descarregadores de sobretensões deve ser feita em primeira aproximação nas fases com
menor acoplamento com o cabo de guarda. Nas áreas com elevadas resistências de terra
devem ser aplicados descarregadores de sobretensões em todas as fases (dependendo
das sobretensões que se podem verificar) assim como também nos dois apoios
contíguos as estas áreas.
O descarregador deve ser dimensionado energeticamente tendo em conta que poderá ser
sujeito a elevadas correntes de descarga atmosférica por não haver qualquer protecção
com cabo de guarda.
Fl.62/66
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Outra solução, possivelmente mais dispendiosa para níveis de tensão mais baixos, para
minimizar os efeitos das tensões induzidas é aumentar o nível de isolamento das linhas
para valores acima de 250 kV. Neste aspecto é importante tomar em conta o isolamento
acrescido que o apoio poderá proporcionar (capítulo 3.1.1).
7.4.1.6. Poluição
Para garantir um bom desempenho das cadeias de isolação sujeitas a poluição elevada
deve ser feita uma manutenção periódica com lavagem das mesmas.
Fl.63/66
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8. Conclusão
A diversidade e complexidade dos temas e parâmetros que influenciam a coordenação
de isolamentos obrigam à análise singular de cada caso ou à utilização de uma
ferramenta informática dedicada para a resolução deste tipo problema.
Fl.64/66
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9. Bibliografia
[2] IEEE Standard 1410-1997, “IEEE Guide for Improving the Lightning Performance
of Electric Power Overhead distribution lines”, New York 1997
[3] A.J. Ericksson, “An Improved Electrogeomtric Model for Transmission Line
Shielding Analysis”, IEEE Transactions on Power Delivery, vol. PWRD-2, nº 3, pp.
871-879, July 1987
[5] S.R. Lambert, D.E. Hedman, “Overvoltages and Insulation Coordination – Course
Notes”, Power Technologies, Schenectady 1994
[6] Mario Paolone, Carlo Alberto Nucci, Emanuel Petrache and Farhad Rachidi,
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of Periodical Grounding of Shielding Wires and of Surge Arresters: Modeling and
Experimental Validation”, IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 19, No. 1,
January 2004
[8] Almeida M., “Estudo dos Regimes de Neutro na Rede MT da EDP Distribuição –
Parte I”, Labelec – Grupo EDP, Relatório 14/02 ED, 2002
[12] Cahier Technique Merlin Gerin nº151 / p.2, “ Overvoltages and Insulation
Coordination in MV and HV”, February 1995
Fl.65/66
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[13] PC62.22, “IEEE Guide for the Application os Metal-Oxide Surge Arresters for
Alternating-Current Systems”, IEEE Standards, Draft 3 2003
[17] Ralf Hartings, “Insulation Co-ordination and selection of insulators to optimize the
availability of overhead lines”, STRI
[19] T.E. McDermott, T.A. Short, J.G. Anderson, “Lightning Protection of Distribution
Lines”, IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 9, nº 1, pp. 138-152, January 1994
Fl.66/66